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Maria só quer casar...
COMÉDIA Lilia Cabral é a protagonista de Maria do Caritó, escrita especialmente para ela por Newton Moreno Eugênia Bezerra ebezerra@jc.com.br
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rometida a São Djalminha depois que a mãe morreu no parto, Maria do Caritó está com quase 50 anos. Só que ela quer casar, e, para conquistar o seu intento, a mulher interpretada pela atriz Lilia Cabral enfrenta a resistência do pai e das pessoas da cidade onde ela mora, que a vêem como santa. O espetáculo que leva o nome da personagem é encenado amanhã e domingo, na reabertura do Teatro Guararapes, que passou por um reforma para troca de poltronas, cortinas e equipamentos de som e luz, entre outros itens. Maria do Caritó foi escrito pelo recifense Newton Moreno especialmente para Lilia. “Esta turnê passa por quatro cidades do Nordeste, começando pelo Recife. A gente deveria ter ido para o Recife há muito tempo, mas não conseguimos por falta de pauta (nos teatros). Espero que as pessoas curtam”, comenta a atriz. Lilia já conhecia o trabalho de Newton. O dramaturgo, que também é ator e diretor, faz parte do grupo Os Fofos Encenam (SP), do qual também participam Fernando Neves e Silvia Poggetti. “Fernando e Silvia são meus amigos desde a época da Escola de Arte Dramática da USP. Eu sempre estava com eles. Há bastante tempo a gente conversava. Vi a maioria dos trabalhos dele e achava Newton um autor jovem com muito talento, muita sensibilidade e que falava da brasilidade. Na obra de Newton os sentimentos são universais”, destaca Lilia. Da vontade antiga, a atriz e Newton começaram a conversar sobre o projeto. “Ele teve a sensibilidade de entender o que eu gostaria de fazer. Tinha lido textos dele e falava ‘quero que vá
COITADA Lília Cabral interpreta a solteirona que todos acham que é santa por aqui, que não vá por ali’, mas só para aflorar mesmo. Eu disse: ‘quero que seja um grande encontro no palco dos amigos e de quem sempre teve vontade de trabalhar’ e foi o que aconteceu”. Lilia também fala sobre a reação ao receber o texto pronto: “Nossa, foi muito impactante. Lógico que Newton escreveu 300 páginas e precisamos abrir mão de algumas coisas (risos), mas es-
ta parte não ficou isolada. Provavelmente, vamos trabalhar em cima disso. A história do espetáculo mesmo é como se você abrisse uma caixinha de música. A peça é engraçada nas situações. Mas na verdade ela fala do sentimento, há um equilíbrio, carinho e respeito. As pessoas podem se ver ali. É bonito. Não é estar no palco para fazer piada, mas para contar uma história
singela”. “Ele (o espetáculo) fala de como as pessoas podem ser enganadas. De que se você não acredita em algum sonho, não chega a lugar nenhum. Como a fé independe da religiosidade. É o acreditar e ir à luta das coisas. Você não precisa ter religião para ter fé. O que a gente passa é de dentro do ser humano, do coração. Se a gente fizesse a peça fora as pessoas entenderiam da mesma forma”, diz sobre as nuances do texto. Entre os personagens da peça está Fininha, interpretada por Silvia, que ajuda a amiga Maria do Caritó a fazer simpatias. Fernando interpreta o pai dela. O elenco também é formado por Eduardo Reyes e Dani Barros. “Todos dobram papéis. Os personagens são muito diferentes um do outro. Tanto que, no início, era engraçado, as pessoas diziam: ‘ué, mas só são cinco pessoas?’. Os atores são excelentes. O jogo de cena nosso é constante. Não existe a cena de um e do outro, estamos lá realmente em função da história”, explica Lilia. A turnê pelo Nordeste acontece depois de duas temporadas, no Rio de Janeiro (nove meses) e São Paulo (seis meses); uma temporada popular e apresentações em cidades como Brasília e Belo Horizonte. Depois das viagens pelo Nordeste haverá uma pausa. “Lanço o filme Julio sumiu no dia 18 de abril e tenho compromissos até meados de maio. Neste período, também começo a gravação da novela (a próxima trama das nove na Globo, escrita por Aguinaldo Silva, chamada até agora de Falso brilhante). O autor está começando a escrever agora, a gente nem capítulo tem. Costumo dizer que a história pertence ao autor. Depois, quando nossos personagens estiverem bem ouvidos e discutidos, a gente pode falar mais sobre eles”, conclui Lilia.