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jornal do commercio 5

Recife I 14 de maio de 2014 I quarta-feira

cidades

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Tecnologia para prevenir

U

m sistema meteorológico que chegou ao Nordeste durante a manhã de ontem, causando a forte chuva, ainda atinge o Recife e todo o litoral pernambucano hoje, perdendo intensidade ao longo do dia. A informação é da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), que informou ainda que a previsão é de que o acumulado seja de aproximadamente 50mm até tarde de hoje. Este dado é arrecadado através de um dispositivo chamado pluviômetro, instalado em pontos estratégicos para medir a quantidade de precipitação. Ontem, no Recife, o bairro Campina do Barreto ganhou o equipamento. Ao todo, já foram instalados 19 pluviômetros semiautomáticos em localidades descentralizadas, como o entregue aos moradores de Campina do Barreto. A ação faz parte do projeto Pluviômetro nas Comunidades, que é promovido pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em parceria com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). “Com isso, nós queremos criar uma cultura de percepção de riscos nas comunidades. Saber quando é preciso tomar medidas preventivas, depois de que quantidade de chuva, como contribuir e agir em parceria com a defesa civil”, explica a consultora do Cemaden Maria Francisca Velloso. Líderes comunitários e equipes de defesa civil passaram por capacitação para aprender a utilizar o equipamento e como mobilizar a população em caso de riscos. “A leitura é bem simples. Uma

pessoa vai até o equipamento e o datalogger indicar a quantidade de chuva acumulada em milímetros. Esta pessoa passou por treinamento e sabe a quantidade de chuva considerada um risco pra aquela comunidade. O datalogger registra o acumulado após uma horah, 24, 48, 72 e 96 horas de precipitação”, continua Francisca Velloso. A partir dai, a Defesa Civil é acionada através do 0800 081 3400. Cada dispositivo deste custa cerca de R$ 4.500, mas o município não teve nenhum custo. Quatro pluviômetros semiautomáticos ainda serão instalados, na Várzea, em Jardim São Paulo e outros dois bairros ainda a ser escolhidos. As comunidades são as de maior incidência de riscos. “Nós fizemos um mapeamento antes de entregarmos os equipamentos. Agora, esperamos que a população nos ajude com esse trabalho de prevenção permanente”, afirma o secretário secretário-executivo de Defesa Civil do Recife, coronel Adalberto Freitas. O Recife ainda tem cinco pluviômetros automáticos (que funcionam sozinhos, por meio de um chip de celular) instalados pela Apac, oito da Cemadem e mais 15 deverão ser adquiridos a partir de um acordo de cooperação entre a prefeitura e o governo federal. “Isso não anula o trabalho da Defesa Civil. Nós sempre estamos em contato com a população, que também pode nos acionar através do 0800. A ideia é uma colaboração, onde diante de uma situação de riscos esses líderes comunicam aos vizinhos e à Defesa Civil, agilizando a ação”, alerta Adalberto Freitas.

PCR/Divulgação

CHUVA Campina do Barreto ganhou 19º pluviômetro do Recife. Dispositivo mede precipitação e ajuda a população a se mobilizar

PLUVIÔMETRO O equipamento faz medições das precipitações com intervalos regulares

Barragens do Sertão perto do colapso Apesar das fortes chuvas atingirem a Região Metropolitana do Recife, o Sertão do Estado continua sendo castigado pela seca. De acordo com o analista de recursos hídricos da Agência Pernambuca de Águas e Climas (Apac) Rony Melo, a situação dos reservatórios no interior do Estado ainda é considerada alarmante. A previsão meteorológica para a região é de que o tempo continue claro a parcialmente nublado, com possibilidade de pancadas de chuvas à tarde. “De maneira isolada. Quando é pancada de chuva, a característica principal é que não dá para precisar o horário, a intensidade e nem o local do fenômeno. A chuva pode ser forte ou muito fraca”, explicou o meteorologista Roberto Pereira. O analista de recursos humanos Rony Melo explica que para alterar o nível dos reservatórios no Sertão a chuva tem que cair em grande quantidade. “E depende também em quanto tempo essa chuva vai cair. Então, não temos como precisar quando a situação vai mudar por lá.” Já na Região Metropolitana do Recife a situação é bastante confortável. “Quatro reservatórios estão sangrando, ou seja, estão registrando mais de 100% da capacidade”, explicou Rony Melo. São elas: Pirapama, Sicupema, Duas Unas e Barragem do Bita.

k ciência/meio ambiente Solange Zanoni/Divulgação

Compesa multada por poluir o Velho Chico C

artão postal de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e fundamental para a economia da cidade, o Rio São Francisco não colhe os frutos do desenvolvimento da região. Trinta e cinco mil litros de esgoto sem qualquer tratamento são despejados diariamente pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) no único curso d'água permanente que beneficia o município. Para tentar conter os danos ambientais e à saúde pública, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) estabeleceu uma multa de R$ 1 milhão à companhia, que deve apresentar projetos que cessem o crime ambiental. Segundo fiscais da Amma, a proliferação de baronesas serviu como indício do crime, já que a planta aquática filtra as impurezas da água e sua presença é associada a poluição. “A consequência é a intoxicação do meio, a proliferação de fungos e bactérias, um risco à saúde humana. O mais grave é que esses dejetos despejados são levados pelos rio, chegando também a cidades vizinhas”, diz o diretor presidente da Amma, Gleidson Castro. Ele adverte que os peixes retirados próximos aos locais de despejo de esgoto não devem

ser consumidos. A Compesa tem 20 dias (a partir da última segunda-feira) para pagar a multa, recorrer judicialmente ou interromper o despejo de esgoto no rio. Caso a companhia não cumpra a decisão, à multa passará a ser acrescido um valor diário ainda não estabelecido e a empresa ficará inscrita na dívida ativa do município. Segundo a agência de meio ambiente, a Compesa já havia sido notificada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e pela Agência Reguladora do Município de Petrolina (Armupe) pelo crime. “Existe um inquérito civil para apurar o caso e o Ministério Público Federal já vinha nos pedindo para colaborar notificando a companhia”, explica Gleidson Castro. A multa cumpre a Lei Federal 9.605/98, que trata do lançamento de dejetos em rios sem o devido tratamento. A Compesa informou que só irá se posicionar posteriormente sobre o caso. “Um representante da companhia esteve na Amma hoje (ontem) pela manhã para obter esclarecimentos, mas a autora da notificação não forneceu os dados necessários para que a empresa possa se pronunciar sobre o teor da acusação”, diz em nota.

Divulgação

FLAGRANTE Agência de meio ambiente de Petrolina estipulou valor de R$ 1 milhão como punição pelos 35 mil litros de dejetos jogados no Rio São Francisco pela empresa DUAS DÉCADAS Centro já translocou 48 animais em 20 anos

Peixes-bois serão transferidos hoje

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REINCIDENTE Compesa tinha sido notificada por autoridades

aimundo, Natália, Quitéria e Clara eram bebês quando se perderam das mães e não teriam sobrevivido se não fossem resgatados, cuidados e alimentados. Mas hoje dão um passo a caminho da liberdade. Os quatro são peixes-bois marinhos (Trichechus manatus manatus) encontrados em diferentes pontos do litoral nordestino e levados ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), em Itamaracá, que está completando 20 anos de existência. Como parte das comemorações, os mamíferos serão translocados, hoje, ao cativeiro em ambiente natural de Porto de Pedras, no litoral norte de Alagoas, última medida de readaptação antes de serem soltos na natureza. Com eles, o centro contabiliza 48 animais translocados. Outros 17 continuam receben-

do atenção. “Os peixes-bois mamam até os dois anos de idade, portanto, quando se desgarram da mãe não têm condições de sobreviver sozinhos, nós utilizamos mamadeira até ele poder se alimentar por conta própria”, explica a coordenadora do CMA, Carla Marques. Uma vez com saúde e independentes, eles vão para o cativeiro e depois são marcados com um rádio transmissor para serem soltos na natureza e contribuir com a preservação da espécie. Até 2013, o CMA era o único do país que fazia esse trabalho. Agora, há também a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), do Ceará, que resgatou duas fêmeas em Icapuí e outra em Aracati. O macho foi encontrado na Praia do Mangue, no Rio Grande do Norte, por equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca.


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