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cidades k ciência/meio ambiente Solange Zanoni/Divulgação

Compesa multada por poluir o Velho Chico C

artão postal de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e fundamental para a economia da cidade, o Rio São Francisco não colhe os frutos do desenvolvimento da região. Trinta e cinco mil litros de esgoto sem qualquer tratamento são despejados diariamente pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) no único curso d'água permanente que beneficia o município. Para tentar conter os danos ambientais e à saúde pública, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) estabeleceu uma multa de R$ 1 milhão à companhia, que deve apresentar projetos que cessem o crime ambiental. Segundo fiscais da Amma, a proliferação de baronesas serviu como indício do crime, já que a planta aquática filtra as impurezas da água e sua presença é associada a poluição. “A consequência é a intoxicação do meio, a proliferação de fungos e bactérias, um risco à saúde humana. O mais grave é que esses dejetos despejados são levados pelos rio, chegando também a cidades vizinhas”, diz o diretor presidente da Amma, Gleidson Castro. Ele adverte que os peixes retirados próximos aos locais de despejo de esgoto não devem

ser consumidos. A Compesa tem 20 dias (a partir da última segunda-feira) para pagar a multa, recorrer judicialmente ou interromper o despejo de esgoto no rio. Caso a companhia não cumpra a decisão, à multa passará a ser acrescido um valor diário ainda não estabelecido e a empresa ficará inscrita na dívida ativa do município. Segundo a agência de meio ambiente, a Compesa já havia sido notificada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e pela Agência Reguladora do Município de Petrolina (Armupe) pelo crime. “Existe um inquérito civil para apurar o caso e o Ministério Público Federal já vinha nos pedindo para colaborar notificando a companhia”, explica Gleidson Castro. A multa cumpre a Lei Federal 9.605/98, que trata do lançamento de dejetos em rios sem o devido tratamento. A Compesa informou que só irá se posicionar posteriormente sobre o caso. “Um representante da companhia esteve na Amma hoje (ontem) pela manhã para obter esclarecimentos, mas a autora da notificação não forneceu os dados necessários para que a empresa possa se pronunciar sobre o teor da acusação”, diz em nota.

Divulgação

FLAGRANTE Agência de meio ambiente de Petrolina estipulou valor de R$ 1 milhão como punição pelos 35 mil litros de dejetos jogados no Rio São Francisco pela empresa DUAS DÉCADAS Centro já translocou 48 animais em 20 anos

Peixes-bois serão transferidos hoje

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REINCIDENTE Compesa tinha sido notificada por autoridades

aimundo, Natália, Quitéria e Clara eram bebês quando se perderam das mães e não teriam sobrevivido se não fossem resgatados, cuidados e alimentados. Mas hoje dão um passo a caminho da liberdade. Os quatro são peixes-bois marinhos (Trichechus manatus manatus) encontrados em diferentes pontos do litoral nordestino e levados ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), em Itamaracá, que está completando 20 anos de existência. Como parte das comemorações, os mamíferos serão translocados, hoje, ao cativeiro em ambiente natural de Porto de Pedras, no litoral norte de Alagoas, última medida de readaptação antes de serem soltos na natureza. Com eles, o centro contabiliza 48 animais translocados. Outros 17 continuam receben-

do atenção. “Os peixes-bois mamam até os dois anos de idade, portanto, quando se desgarram da mãe não têm condições de sobreviver sozinhos, nós utilizamos mamadeira até ele poder se alimentar por conta própria”, explica a coordenadora do CMA, Carla Marques. Uma vez com saúde e independentes, eles vão para o cativeiro e depois são marcados com um rádio transmissor para serem soltos na natureza e contribuir com a preservação da espécie. Até 2013, o CMA era o único do país que fazia esse trabalho. Agora, há também a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), do Ceará, que resgatou duas fêmeas em Icapuí e outra em Aracati. O macho foi encontrado na Praia do Mangue, no Rio Grande do Norte, por equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca.


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