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Diego Nigro/JC Imagem

TEATRO GUARARAPES Lilia Cabral brilha na reabertura da casa, com lotação esgotada. k caderno C 6

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Guararapes em grande estilo Diogo Guedes

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momento em que uma obra cômica alcança aquele equilíbrio difícil entre risos, empatia e surpresa é raro: não existe, ao contrário do que muitos roteiros e programas fazem parecer, uma fórmula para esse efeito. É preciso acertar e ousar em pontos diversos para obter o resultado parecido com o da peça Maria do Caritó, encenada pela primeira vez no Recife nos últimos sábado e domingo, na reabertura do Teatro Guararapes. Com texto do dramaturgo pernambucano Newton Moreno e elenco comandado pela atriz Lilia Cabral, a montagem lotou o espaço e agradou o público que veio conferi-la.

A história mostra uma mulher dividida entre o amor religioso e o amor terreno. Maria do Caritó, vivida com precisão e bom humor por Lilia, é demasiadamente humana, mas sempre vista pela sua pequena cidade como a pura e casta mulher destinada a um vida santa, como esposa do desconhecido Santo Djalminha, por conta de uma promessa do seu pai. Prestes a completar 50 anos, ela não desiste de buscar um marido “vivo”, como ela mesma ressalta, em suas conversas com Santo Antonio.

Assim, seus conterrâneos e seu pai – que vê na fama de milagreira da filha uma oportunidade para negócios e influência política – acreditam que ela é a mensageira do poder do Santo Djaminha, mas Maria do Caritó quer mesmo é se desfazer desse seu sobrenome. O conflito é relativamente banal, mas construído com sutileza e capacidade pela montagem, pois tanto o texto do pernambucano Newton Moreno como o humor corporal do elenco estão em boa medida. Ainda há uma representação singular do cenário do Nordeste, feita através de elementos comuns (coronéis, beatos, circo e relações tradicionais), só que sem tom muito pejorativo ou forçado.

A peça é cheia de brincadeiras, nas transições entre cenas (com dança e jogos de luz) e nos efeitos sonoros, produzidos em geral pelos próprios atores que não estão na cena principal no momento. Lilia, como é de se esperar, realmente sustenta a peça.

Seus companheiros de palco também são bons, mas é a atriz paulista que toma a responsabilidade do show para si: canta se fingindo de desafinada (com direito a referências a Luan Santana e Valesca Popozuda, por exemplo), sobe em um pau-desebo e, enfim, fica completamente à vontade em cena.

Simpática, Lilia, ao final da apresentação, ainda chamou o colega Newton Moreno para o palco a agradeceu ao público. “Nunca fiz essa montagem para um público tão grande”, confessou. “Estou muito feliz de voltar para o Recife com essa peça, um presente de Newton que estamos fazendo desde 2010. Prometemos voltar ainda com ela para cá”.

Fotos: Diego Nigro/JC Imagem

REABERTURA Teatro abriu as portas após dois meses de reforma e o público encheu a casa para ver Lilia Cabral em Maria do Caritó

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É um privilégio ter esse equipamento histórico reaberto. As acomodações estão mais confortáveis mesmo, e quem ganha é a cena de artes cênicas e música, que pode reocupá-lo”, Silvério

Pessoa, cantor e compositor.

APROVADOS Maior teatro do Estado teve assentos e carpete trocados, ganhou novos equipamentos para cadeirantes e melhorou a infraestrutura de palco, som e luz. Lilia Cabral também mereceu aplausos pela atuação

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O acesso para cadeirantes foi supertranquilo. Foi fácil de chegar até aqui e é bom ter um espaço para acompanhantes”, Neusa Liberato, arquiteta, que trouxe a sua mãe Kênia para conferir a peça.

Falta melhorar apenas os banheiros Com suas cadeiras tomadas, o Teatro Guararapes viveu uma noite de expectativas para o primeiro teste após a reforma. A Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), que mantém o espaço, investiu R$ 4,2 milhões neste ano na sua estrutura, com troca completa dos acentos e do carpete, instalação de novos equipamentos para cadeirantes, pintura e a compra de novas cortinas para o palco. Foram 45 dias fechados desde o final de janeiro.

O público, em geral, aprovou as mudanças. A climatização, um dos problemas mais frequentes dos teatros locais, está funcionando perfeitamente, e o ambiente interno é o de

um novo teatro, com cadeiras confortáveis. São, no total, 2,4 mil lugares, sendo 12 poltronas para obesos e 12 para cadeirantes, com direito a espaço para os acompanhantes. A montagem de Maria do Caritó é relativamente simples do ponto de vista estrutural, mas a aparência do palco também refletiu o bom estado do teatro após a reforma.

Um dos poréns, no entanto, foi o acesso até o espaço, pois o hall dos Guararapes estava ocupado com a estrutura do Congresso Pernambucano de Municípios, que se encerrou ontem. O público teve que encontrar espaço em meio aos estandes. Além disso, os banheiros internos do tea-

tro, que ficam junto à plateia, ainda não são novos e destoam do novos recursos do ambiente – valeria a pena investir na melhoria deles também.

O casal Alexandro Santos, engenheiro, e Alessandra Feitosa, analista de sistema, aprovou o espaço. “Essa primeira impressão é de que o teatro ficou muito bonito, está tudo bom”, atestou Alexandro. A psicóloga aposentada Célia Loreto e sua amiga, a psicóloga Joana Albuquerque, no entanto, reclamaram da excessiva quantidade de escadas. “O espaço está maravilhoso, mas senti falta de um elevador maior. O que tem é mais para pessoas que usam cadeiras de rodas”, disse Célia.

A chegada e a saída do público do teatro foi relativamente tranquila – um dos problemas já citados foi a ausência do espaço amplo do hall para dispersar o público. Algumas das próximas atrações do Teatro Guararapes já foram anunciadas: o espetáculo de humor O poderoso castiga, de Eduardo Sterblicth, no dia 22 de março; o infantil Shrek, nos dias 11 e 12 de abril; e o show de Jorge Vercillo, no dia 30 de maio.

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