Jc 19122013 foz2

Page 1

6 jornal do commercio

www.jconline.com.br Fotos: Diego Nigro/JC Imagem

cidades

Recife I 19 de dezembro de 2013 I quinta-feira

A

Secretaria Estadual das Cidades instalou três canteiros de obras na Avenida Agamenon Magalhães, área central do Recife, para construir as estações de embarque e desembarque de passageiros do Corredor Exclusivo de Ônibus Norte-Sul, no trecho previsto para a via. No entanto, afirma que não há data para começar os serviços. O corredor se estenderá de Igarassu até Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, quando estiver concluído. Apesar de os canteiros estarem prontos e funcionando, o secretário-executivo de Mobilidade Urbana do Estado, Gustavo Gurgel, garante que o governo ainda está “finalizando o projeto executivo das estações, o levantamento da supressão vegetal e o processo de contratação dos recursos para a obra na Agamenon.” Questionado sobre a necessidade de montar os canteiros, se nada estaria definido, Gustavo Gurgel informa que as áreas servem para dar início a trabalhos preliminares. “Estamos fazendo as vigas pré-moldadas que serão usadas nas estações sobre o canal”, responde. Contrariando informações repassadas pelo secretário Estadual das Cidades, Danilo Cabral, ele avisa que o serviço não será iniciado este mês. A verba virá do PAC Mobilidade Grandes Cidades, programa do governo federal. E a obra deve ser executada em 18 meses. Os canteiros, isolados por tapumes, encontram-se na frente do prédio do Ministério Público Federal, próximo da reitoria da Universidade de Pernambuco e entre a sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e o Viaduto sobre a Avenida João de Barros. Nenhuma das placas colocadas nos canteiros identifica o serviço que vai ser executado na Agamenon Magalhães. As únicas informações disponibilizadas são o nome de duas construtoras de São Paulo e de quatro engenheiros, endereço e telefone das firmas. O governo do Estado não aparece no letreiro. É uma situação bem diferente da obra do Corredor Leste-Oeste, que vai ligar o município de Camaragibe ao Centro do Recife, passando pela Avenida Caxangá. As enormes placas de sinalização estampam logomarca do governo, nome do projeto e desenhos mostrando ao público como ficará o corredor.

DESAPONTAMENTO Em vez de revitalização do espaço lateral da avenida, lugar foi isolado para servir de canteiro de obras do corredor

Obra na Agamenon corre em “segredo” CORREDOR NORTE-SUL Canteiros são instalados em vários trechos da avenida e placas não dão qualquer informação sobre a construção das nove estações de passageiros projetadas sobre o canal

O projeto do governo prevê a construção de nove estações de embarque e desembarque de passageiros sobre o canal da Agamenon Magalhães, da Fábrica Tacaruna até o Real Hospital Português. Como as placas não informam nada à população, moradores da região passaram a especular sobre a obra por trás dos tapumes. “Para mim, é uma surpresa. A gente vinha reivindicando áreas de lazer nos jardins da avenida. Imaginei que os tapumes indicavam a construção de um parque, com pista de cooper e campinho”, comenta Verônica Silva, residente no Espinheiro, perto de um dos canteiros. Ela diz que reconhece a importância do transporte urbano coletivo, mas a comunidade deveria ser consultada sobre o uso dos espaços. “Isso é uma falta de consideração grande com os moradores, que pagam impostos e estão cansados de obras que não resolvem problemas, apenas gastam dinheiro público.” Carolina Cordeiro, moradora da região, faz comentários semelhantes e destaca a diminuição da área verde do Recife, sem consulta à população. Para construir as estações, o governo vai derrubar árvores e palmeiras das margens do canal da Agamenon. Até agora não revelou quantas serão suprimidas. “Eles não são os donos da cidade”, declara Carolina Cordeiro, lembrando, ainda, que as placas não informam o prazo de execução do serviço e o valor da obra. “A pessoa não pode fazer cobrança a ninguém”, alerta. No mês passado, três entidades ambientalistas encaminharam ofício ao Centro de Apoio Operacional da Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco, pedindo esclarecimentos sobre a derrubada de árvores e palmeiras para a implantação dos Corredores Norte-Sul e Leste-Oeste. A Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan), Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (Apef) e Associação Pernambucana de Apicultores e Meliponicultores (Apime) querem saber quantas árvores serão erradicadas para a instalação dos corredores de ônibus e de quais espécies. Também perguntam o quanto a supressão representa na cobertura verde do Recife. As entidades fazem questionamentos sobre a compensação das árvores erradicadas – onde, como, quando e qual a quantidade de árvores a serem replantadas – e as licenças e autorizações ambientais e urbanísticas para a obra. O promotor Geraldo Margela, que acompanha o assunto e recomendou à Secretaria das Cidades não iniciar obras no canal até o projeto estar de todo esclarecido, informa que as licenças apresentadas pelo governo estão sendo analisadas pelo setor de engenharia do MPPE. Ele aguarda o parecer dos técnicos.

Hélia Scheppa/JC Imagem

COBRANÇAS

EM NOME DA MOBILIDADE Governo vai instalar nove estações sobre o canal da Agamenon, mas as placas indicativas da obra não têm qualquer informação sobre o projeto. Situação diferente do que ocorre no Corredor Leste-Oeste, cujas intervenções estão à vista de todos


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.