k Recife, 20 de janeiro de 2016
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QUARTA-FEIRA
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www.jconline.com.br -ano 97 - número 20 - R$ 2,00
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Frevo
Paço do Frevo, no Bairro do Recife, estreia nova exposição interativa tendo o ritmo maior de Pernambuco como pano de fundo k cidades 4 e caderno C 6
Recife I 20 de janeiro de 2016 I quarta-feira
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caderno C
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O frevo cruza todas as fronteiras Bruno Albertim
bruno.albertim@gmail.com
A
pós cruzar um pequeno túnel forrado de imagens em movimento, entramos num semicírculo onde novas imagens e sons são articulados em função da presença dos espectadores. Nesta sala, que funciona como uma espécie de útero multimídia, está, sinteticamente, o conceito que rege a exposição Frevo Experimental: Trânsitos e Experiências criativas, aberta hoje para o público, no Paço do Frevo, o museu interativo dedicado ao ritmo pernambucano reconhecido como Patrimônio da Humanidade. Gifs criados pelo artista mineiro Léo Pirata e imagens de músicos de trompete e outros instrumentos em execução são projetados na parede branca, adesivada com o nome do ritmo em função do movimento dos visitantes. As músicas do maestro Spok são também ampliadas ou reduzidas em proporção à forma como as pessoas dançam e se mexem. O efeito é o conceito: interação. “Queremos mostrar o frevo não como um patrimônio estanque, mas como algo dinâmico, em movimento, como uma plataforma que se articula com outras linguagens”, diz o antropólogo Eduardo Sarmento, idealizador da exposição. Queremos problematizar o frevo em outros lugares sensoriais”, ele diz. Coube à arquiteta Cátia Avelar e à cineasta e artista plástica Renata Pinheiro a curadoria da exposição. Na
CRIAÇÃO Equipe que montou exposição no Paço do Frevo quer mostrar sua transversalidade na vida cotidiana
primeira sala (são duas), quatro tablets dispostos na parede mostram a transversalidade do frevo na vida cotidiana e midiático-cultural brasileira. Bem urdido, um dos vídeos traz imagens editadas de programas como o antigo Cassino do Chacrinha, de filmes antigos da Atlântida, de grandes compositores e intérpretes e bailarinos contemporâneos criando e ampliando movimentos a partir da gramática gestual do frevo para exibir uma certa transversalidade do ritmo na vida cultural brasileira.
“O frevo muitas vezes é tratado de forma conservadoramente tradicionalista. Não deixa de ser uma postura política, nessa exposição, problematizar o frevo com o contemporâneo”, diz Renata, responsável pela grande instalação na primeira sala da exposição. Coberta com materiais sintéticos e tecidos dourados, várias figuras, como um astronauta, um dorso do Homem da Meia-noite, caboclinhos e outros ícones, fundem-se num só corpo onde uma tela incrustada exibe um vídeo assinado por Renata e seu mari-
do e parceiro, Sérgio Oliveira. Nele, Nido de Gijô, vestido a caráter, transita pelos diferentes lugares e épocas do Recife. Sempre na rua. “O frevo vai ao palco, mas o lugar, inclusive de expressão política dele, é na rua”, ela diz. Os materiais volumosos parecem sugerir a própria densidade do frevo, um ritmo que tem mostrado, em altos e baixos, sua elasticidade social. k Paço do Frevo – Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro Recife. Informações: 3355-9500.