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Enfim, Rio Tejipió será dragado U
m dos rios mais maltratados da Região Metropolitana do Recife, o Tejipió finalmente deverá ser dragado para reduzir o assoreamento. O projeto foi apresentando ontem, pela Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) durante a 40ª Reunião Extraordinária do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Commam). O encontro foi convocado para apresentação da Brigada Salve o Rio Tejipió, criada em março com a finalidade de mobilizar as comunidades para defender o curso d’água. O assessor técnico da presidência da Emlurb, Antonio Valdo, explicou que o projeto integra o Plano Diretor de Gestão e Manejo das Águas Pluviais e Drenagem do Recife, que vai cadastrar todo o sistema de micro e macro drenagem. “O Tejipió é o grande gargalo da cidade hoje”, admite, explicando que o projeto, que só contempla 4 dos 20 quilômetros do rio, está orçado em R$ 47 milhões. “Estamos na fase de captação de recursos.” Segundo o técnico, nenhuma dragagem foi feita no curso d’água nos últimos 40 anos. Os problemas do manancial foram listados, durante a reunião, pelo ambientalista Alexandre Ramos, um dos criadores da Brigada Salve o Rio Tejipió. Ele destacou a urbaniza-
ção acelerada e descontrolada, o uso desordenado do solo em ambientes frágeis e o lançamento de lixo e efluentes industriais. Esse conjunto de fatores foi apontado como responsável pela destruição das matas ciliares e desproteção de estuários e nascentes. Na avaliação do ambientalista, o rio também perdeu sua identidade e reduziu-se a mais um espaço para o descarte irregular de lixo. “Não existe uma relação de afeto entre a população e o rio. É uma coisa tão natural ver o rio sujo que ninguém mais fica indignado”, argumentou. Para solucionar a questão, segundo o ambientalista, é preciso traçar estratégias de investimento em educação ambiental. “Além disso, é necessário olhar para exemplos de rios que eram considerados desastres ambientais e que foram recuperados, como o Tâmisa, em Londres”, completou. No dia 4 de junho, o Commam se reúne novamente para eleger as ações sugeridas em defesa do rio, durante a reunião de ontem. Como não tem poder deliberativo, o Conselho pretende articular e pressionar órgãos públicos para cumprir as medidas prioritárias. A reunião ainda contou com a participação de representantes do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa e da Compesa.
Heudes Regis/JC Imagem
POLUIÇÃO Projeto da Emlurb, apresentado ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, prevê ação em 4 dos 20 km do curso d’água
LIXO Na opinião dos ambientalistas, falta de conexão da população com o Tejipió cria as condições para que o rio seja poluído