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RISCO Acúmulo de água nas hidrelétricas vem caindo
ONS prevê menos água para usinas
E
m mais um sinal de que o risco de racionamento cresce a cada semana no Brasil, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo sua projeção para o nível dos reservatórios no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do País, no fim de março. A expectativa do operador é de que os reservatórios encerrem este mês em 37,3% da capacidade total, ante 38,5% projetado anteriormente. No domingo passado, o nível de armazenamento nas usinas das duas regiões era de 35,70%, o mais baixo desde 2001, ano do racionamento. A nova revisão para o nível dos reservatórios reflete o baixo volume de precipitações ao longo do mês. Na semana passada, chuvas fracas a moderadas foram registradas nas bacias dos rios Uruguai, Jacuí, Iguaçu, Paranapanema e Tietê. Para esta semana, isso deve se repetir novamente nas bacias dos rios Tietê, Grande, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha, Paranaíba e São Francisco, onde estão localizados algumas das principais hidrelétricas brasileiras.
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Por conta disso, o operador também revisou para baixo a sua expectativa para a energia natural afluente (ENA), que é a água das chuvas transformada em energia, para as duas regiões. A previsão anterior era de uma ENA de 65% da média histórica para o março no Sudeste/Centro-Oeste. Agora, a expectativa é de que a ENA feche o mês em 63%, contribuindo para a lenta recuperação do nível dos reservatórios. No Nordeste, a previsão para a ENA do mês caiu de 28% da média histórica para 26% e a projeção para o nível dos reservatórios também caiu de 42,6% para 41,8%. Nesse domingo, 23, o volume de água armazenado era de 41,73% da capacidade total. A hidrologia, contudo, tem se mostrado favorável no Sul e no Norte do País, regiões em que ONS projeta ENAs de 157% e 122%, respectivamente. “Na nossa visão, se a hidrologia não melhorar em março e abril, as chances do racionamento aumentam”, avaliaram os analistas do Bank of America/Merrill Lynch Felipe Leal, Diego Moreno e Luiz Antônio Leite, em relatório aos seus clientes.
Governo confirma leilão emergencial Por meio de uma portaria publicada ontem, o governo federal confirmou a realização do leilão para compra emergencial de energia, que será realizado em 25 de abril. O documento, assinado pelo ministro Edison Lobão (Minas e Energia), determina que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realize o pregão para contratação de energia para entrega de forma imediata. Ou seja, de usinas prontas que possuam excedente disponível em sua produção. A entrega da energia contratada terá de ser feita entre 1º de maio e 31 de dezembro. O edital libera a participação de usinas térmicas, co-
mo as movidas a biomassa e gás. Todos os detalhes do processo serão conhecidos com a publicação do edital, que deve sair até 15 dias antes da realização do leilão. Cada tipo de usina participante será remunerada de acordo com o tipo de combustível usado e as tarifas compensarão os investimentos feitos, a operação e a manutenção das usinas. Os valores também devem constar no edital do leilão. O governo depende do resultado deste leilão para que os valores aportados pelo Tesouro no setor elétrico e os que serão pagos pelos consumidores ano que vem não sejam maiores que os previstos.