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cidades Recife I 25 de março de 2014 I terça-feira

Fotos: Guga Matos/JC Imagem

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ssim como acontece em grandes corredores do Recife, como as Avenidas Conde da Boa Vista e Dantas Barreto, um misto de bagunça, sujeira, barulho e mau cheiro se expande por outras partes da cidade. Essa realidade também toma conta do entorno da Estação Central do Metrô do Recife, no bairro de São José, no Centro. Vários camelôs reconhecem que correm o risco de sair das calçadas a qualquer instante. A maior preocupação deles é a possibilidade de não serem realocados em espaços que atendam às suas necessidades. Essa inquietação levou ontem muitos dos feirantes a realizarem uma passeata pelo Centro, com o intuito de acelerar o processo de desapropriação de imóveis para construção de shoppings populares. A manifestação, que começou na Avenida Conde da Boa Vista, seguiu até a Prefeitura do Recife, no Cais do Apolo. “Ficou decidida uma nova reunião, no dia 7, para agilizar o processo de construção dos shoppings”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal (Sintraci), Severino Alves. A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano informa que ainda segue o processo de desapropriação de cinco imóveis no Centro do Recife para construção desses espaços voltados para os camelôs da Conde da Boa Vista. A transferência deve ocorrer no início do segundo semestre. Sobre a situação crítica gerada pelo feirantes que contornam a antiga Estação Central, na Praça Barão de Mauá, a secretaria reconhece a necessidade de disciplinar o comércio informal da área para que os camelôs não ocupem as vias e calçadas de forma que prejudique a passagem de pedestres. A secretaria ainda informou que está em discussão com o Metrô do Recife para fazer uma ação de cadastramento dos feirantes, que serão realocados para outra região. Não foram dados, contudo, detalhes e prazo para ser concluída a transferência. Enquanto isso, ambulantes montam dezenas barracas, antes das 7h, para aproveitar o horário de maior pique na área. Por lá, os camelôs tomam conta de praticamente toda a faixa que leva pedestres até a entrada do terminal. Quem não tem sequer um tabuleiro para expor produtos não se intimida em se escorar nas grades que circundam a estação. Há aqueles que improvisam área de venda ao demarcarem territórios com pedaços de pano ou de madeira. Outros transtornos incluem esgoto a céu aberto e vários trechos que se transformaram em depósito de lixo. Por trás das grades da antiga estação, estão garrafas de plástico, latas de refrigerante, papéis e restos de comida. A disputa por um local é tão intensa que os usuários do metrô circulam com dificuldade e se espremem entre as barracas de brinquedos, roupas, óculos, relógios, objetos decorativos, cintos, bijuterias e todo tipo de lanche, desde pastel e batata frita a espetinho. O cheiro de fritura incomoda. Os próprios vendedores informais dizem que muitos deles já foram retirados do local pela Prefeitura do Recife por causa do uso de óleo de cozinha. “Meu vizinho foi um desses. Colocaram ele na Rua da Praia, onde a movimentação é bem fraca. É sempre assim: se tiram a gente daqui, colocam numa área pouca agitada, onde não dá para vender muita coisa”, conta a ambulante Irene da Silva, 51 anos, que tem uma barraca no entorno da estação há mais de uma década. Assim como ela, vários outros feirantes reconhecem que correm o risco de sair do local quando for inaugurada a Estação Central Capiba (ver matéria nesta página). A maior preocupação é a possibilidade de não serem realocados. “A prefeitura não se preocupa em apoiar a gente. Vivemos apreensivos”, diz a ambulante Priscila Maria Teixeira, 25.

IMPROVISO Com os ambulantes montando suas barracas antes das 7h, o acesso à entrada da Estação Central se torna um verdadeiro labirinto para o usuário

Comércio ambulante se expande no Centro

DESORDEM Entorno da Estação Central do metrô virou um exemplo a não ser seguido: dezenas de barracas se aglomeram, deixando rastro de sujeira. Ontem, camelôs realizaram protesto nas ruas centrais

Parece que, quando for inaugurada a Estação Central Capiba, seremos retirados. É ruim porque já estou aqui há seis anos e tenho meus clientes. Só espero que a gente não seja tão prejudicada”, diz a ambulante Priscila Teixeira, 25 anos

BAGUNÇA Camelôs disputam o espaço com os usuários do Metrô do Recife desde as primeiras horas da manhã

Estação Central ainda fechada

O entorno da estação é de fazer vergonha. Está tudo muito sujo, com lixo por toda parte e esgoto a céu aberto. É triste ver essa realidade numa área do Recife que recebe muitos turistas”, diz o fotógrafo Antônio Gomes da Silva, 56 anos

Pela quinta vez, em quatro anos, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) adia a inauguração da Estação Central Capiba, no bairro de São José, no Centro do Recife. Em fevereiro, foi informado que o espaço, que servirá como museu da memória ferroviária de Pernambuco, abriria as portas até o fim deste mês. Em visita ao centro cultural, a reportagem percebeu que, pelo volume de serviços e obras a ser desenvolvido até o dia 31, torna-se difícil a abertura do espaço nesse prazo. O presidente da Fundarpe, Severino Pessoa, reconhece a dificuldade para abrir as portas do prédio na data prometida há pouco mais de um mês e se justifica com o argumento de que o elevador do prédio encontra-se quebrado. “Para consertá-lo e criarmos um contrato de manutenção, o inves-

timento é de mais de R$ 8 mil. Para qualquer trabalho acima desse valor, precisamos abrir um processo de licitação. Para isso, são necessários aproximadamente mais 30 dias para inaugurar o espaço”, diz Severino. Ele acrescenta que os prazos não foram cumpridos justamente por causa de vários procedimento administrativos para contratação de serviços pela administração pública. “Agora, contudo, podemos dar mais um mês com uma boa margem de segurança.” Localizada na antiga Estação Central, na Praça Barão de Mauá, a Estação Central Capiba será composta pelo Museu do Trem, que ocupará todo o prédio principal com áreas para exposições e salas onde poderão ser ministradas aulas, palestras e oficinas ligadas à história da ferrovia. A outra área será a galeria.

Com investimento de R$ 2 milhões, o centro cultural resgatará a história dos trens, trabalhadores e passageiros do início do século 19 através de um acervo composto de relógios, apitos, escafandros, sinos, trilhos e locomotivas, entre outras peças que pertenciam à antiga Estação Ferroviária. “Muitas das 600 peças que compõem o acervo foram higienizadas e catalogadas. Faltam retoques na pintura, organização da cenografia e do mobiliário”, informa o gestor do equipamento, Márcio Almeida. Ele mostrou à reportagem que está pronto o projeto de iluminação expositiva do espaço, cujas salas estão climatizadas. “Podemos dizer que 95% dos serviços concluídos. Só estão em aberto o conserto do elevador, a finalização do projeto de jardinagem e os acabamentos”, alega Severino.


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