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Prefeitura apresenta primeiras propostas para ocupação de 15 quilômetros do Parque Linear Caminho das Capivaras, às margens do rio, da Várzea até o Bairro do Recife. k cidades 4
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Recife I 28 de março de 2014 I sexta-feira
cidades
Capibaribe começa a ser descortinado Fotos: Edmar Melo/JC Imagem
PARQUE LINEAR PCR apresentou ontem propostas para a ocupação das margens do rio nos bairros das Graças e Derby
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O Parque Linear do Capibaribe é uma temática prioritária para a cidade. O projeto básico do trecho que será escolhido como piloto estará pronto em 30 de junho deste ano”,
diz Cida Pedrosa, secretária de Meio Ambiente do Recife
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Ao fazer a integração da Estação Ponte D’Uchoa com o baobá da margem do Capibaribe, no bairro das Graças, vamos recuperar a margem do rio para a cidade”, afirma o paisagista Luiz Vieira, professor de arquitetura da UFPE
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Prefeitura do Recife apresentou, na tarde de ontem, as primeiras propostas de ocupação das margens do Rio Capibaribe, à luz do projeto do Parque Linear Caminho das Capivaras. Uma das ideias, para o bairro das Graças, na Zona Norte, seria abrir ao público um trecho de cem metros de extensão da beira do rio, nas imediações da antiga Estação Ponte D’Uchoa. Delimitada pelas Ruas Madre Loiola e Uchoa Cavalcanti, a nova área de lazer fará a integração da estação, localizada na Avenida Rui Barbosa, com um baobá na margem do rio. Para isso, muros construídos em terreno público, e que fecham o acesso ao Capibaribe, terão de ser recuados em 16 metros. “Estamos negociando com os proprietários dos imóveis”, informa o secretário-executivo de Unidades Protegidas da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife (Semas), Romero Pereira. As duas ruas e o trecho aberto do Capibaribe serão compartilhados por carro, bicicleta e pedestres, disse o arquiteto da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luiz Vieira, ao explicar a proposta, em reunião na Central de Artesanato, no Bairro do Recife. O projeto prevê a reforma das calçadas das duas ruas. “Teremos de elevar o piso, fazer a drenagem e instalar iluminação pública”, declara Romero Pereira. O trabalho será executado pela Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), que executa a obra de restauração da Estação Ponte D’Uchoa, parcialmente destruída num acidente automobilístico em 2013. “Vamos aproveitar o contrato da recuperação da estação e incluir os serviços”, diz ele. O trecho a ser aberto na beirario é destinado à contemplação da paisagem e terá sentido único de trânsito. “Carros poderão passar, mas não se trata de uma alternativa viária”, esclarece Romero Pereira. Ele não disse quando começam as intervenções, mas adianta que será de imediato, porque estão atreladas à refor-
ma da Ponte D’Uchoa. Numa segunda etapa, ainda nas Graças, mais um pedaço da beira-rio será liberado e ganhará quiosques, passeio público, ciclovia e um jardim de contemplação, diz Luiz Vieira. Também está prevista uma passarela de pedestres sobre o rio, ligando o bairro com a Torre (Zona Oeste), no trecho do antigo Cotonifício Torre, que encontra-se em processo de tombamento. A outra proposta para a margem do rio contempla a Praça Octávio de Freitas, no Derby, área central da cidade, em frente ao prédio da Comissão do Vestibular da UFPE (Covest). No trecho de cem metros, onde o Estado vai erguer uma das estações de embarque e desembarque de passageiros do futuro sistema de transporte público fluvial, a prefeitura propõe um novo tratamento paisagístico.
Atreladas à reforma da Ponte D’Uchoa, obras nas Graças começarão logo “Em vez de colocar o estacionamento perto do rio, sugerimos uma praça aberta, para as pessoas poderem contemplar o movimento dos barcos”, diz Luiz Vieira. A garagem ficará no trecho próximo da Rua Jenner de Souza, semienterrada (90 centímetros a um metro), com capacidade para 31 veículos. Árvores existentes são mantidas. O estacionamento terá uso múltiplo, podendo servir a skatistas e ciclistas ou para feiras e exposições nos fins de semana. A prefeitura contratou a UFPE, em novembro passado, para elaborar a proposta do Parque Linear do Capibaribe – Caminho das Capivaras, que integrará 21 bairros, com calçadas, ciclovias, passarelas e áreas de lazer. O plano urbanístico do parque fica pronto no próximo mês.
Rodrigo Lôbo/JC Imagem
Flora ribeirinha alvo de estudo
VIVO São 76 espécies de árvore ao longo do rio
No trecho de 30 quilômetros onde será implantado o Parque Linear do Capibaribe – Caminho das Capivaras, da Várzea (Zona Oeste) ao Centro do Recife, há 76 espécies de árvores. São 49 arbóreas, nove arbustos e 18 plantas herbáceas, de acordo com a botânica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Carmen Zickel. Ela coordenou o grupo que percorreu a extensão do futuro parque (15 quilômetros de cada lado do rio), para fazer o levantamento da flora. Os últimos dados para esse trecho do Capibaribe, diz ela, eram de 1932. Além das árvores de mangue, os pesquisadores identificaram flamboaiã, baobá, castanhola, ingá, manga e dendê, entre outras.
“Como botânica, esperava encontrar uma um número maior”, afirma a professora Carmen Zickel, que levantou as espécies nativas e exóticas e divulgou na reunião de ontem, na Central de Artesanato, solicitada pelo Comitê de Bacia do Rio Capibaribe. O biólogo Leonardo Melo, que fez o levantamento da fauna nesse trecho do rio, registrou uma raridade: uma garçaazul por trás do prédio do Palácio do Governo, no Centro. “Há lontra, capivara, peixes, répteis e aves. O rio está vivo”, destaca o biólogo. Doze grupos de pesquisa estão integrados ao projeto do parque, diz a arquiteta da UFPE Circe Monteiro. As informações estão disponíveis no endereço www.parquecapibaribe.org.
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