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k Recife, 30 de maio de 2014

www.jconline.com.br -ano 96 - número 150 - R$ 1,80

SEXTA-FEIRA

Via Mangue de mão única Previsto como solução para o trânsito da Zona Sul do Recife, corredor será aberto parcialmente em 8 de junho e só no sentido Centro/subúrbio. Ainda ontem, foi anunciada a implantação da faixa exclusiva para ônibus na Domingos Ferreira. k cidades 1 e 2


política www.jconline.com.br

Dilma cancela visita ao Estado Alexandre Gondim/JC Imagem

ELEIÇÕES Vistoria técnica na Via Mangue no próximo dia 3 corria o risco de ser marcada por constrangimentos. Agenda do dia 13 está mantida e Lula pode aparecer Marcela Balbino e Mariana Araújo politica@jc.com.br

P

ara evitar constrangimentos na visita da presidente Dilma Rousseff (PT) ao Recife, que aconteceria na próxima terça-feira (3), a assessoria do Planalto optou por cancelar a viagem da petista a capital pernambucana e a cidade de Caruaru, no Agreste. O estopim extraoficial é o risco de que a vistoria técnica da Via Mangue fosse marcada por vaias e outras manifestações negativas. Está mantida, no entanto, a agenda em Pernambuco no próximo dia 13, para participação na formatura de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) - uma das futuras bandeiras no palanque da reeleição. Também é aguardada a vinda do ex-presidente Lula. A agenda terá contornos ainda mais políticos. Os dois irão reforçar o palanque de Armando Monteiro (PTB), que concorre ao governo estadual, e João Paulo (PT), que disputará o Senado. A presidente estadual do PT, Teresa Leitão, confirmou que recebeu no fim da noite de ontem uma ligação da equipe de Brasília anunciando o cancelamento. Os detalhes, entretanto, não fo-

DISPUTADO Projeto passou pelas mãos de quatro prefeitos ram ditos. Nos bastidores, era de que os socialistas estavam organizando a claque às avessas para “recepcionar” a petista. Para a segunda visita de Dilma, em 13 de junho, já foram iniciados os contatos com a Executiva estadual do PT e com a equipe de Armando Monteiro. Os dois partidos aguardam a confirmação do horário da agenda para definir o formato do evento. Sabe-se apenas que será em um local fechado, com convidados, já que a legislação eleitoral só permite eventos públicos a partir de julho, quando começa o período oficial da campanha. Na próxima semana, um representante do PT nacional desembarca no Recife para começar a or-

ganizar a agenda. A ideia é fazer um grande ato, com a presença de lideranças. A agenda conjunta de Lula e Dilma em Pernambuco integra uma série de atividades que a dupla fará pelo Brasil, nos principais colégios eleitorais. A primeira será hoje, no encontro do PT de Minas Gerais, em Belo Horizonte, reduto de outro adversário político, Aécio Neves (PSDB). “Isso é parte de um roteiro que foi traçado pelo PT nacional, que é colocar Dilma e Lula em vários eventos antes do início da campanha eleitoral”, disse o senador Humberto Costa (PT). Lula é esperado em Pernambuco desde abril.

Costa: União garantiu a obra

Responsável por “tirar do papel” a Via Mangue, o ex-prefeito João da Costa (PT) fez questão de ressaltar que sem “vontade política” a obra não teria virado realidade. “A obra saiu porque está no PAC da Copa. Se não conseguisse o financiamento ou não houvesse a disponibilidade do governo federal, não teria Via Mangue”, rebateu. O petista lembrou que a obra foi aprovada junto com os corredores Norte/Sul e Leste/Oeste no plano de mobilidade da Copa, ainda quando a atual presidente era ministra da Casa Civil. “É justo que a presidente venha. Tava no PAC da Copa. Todo mundo fala que as obras não estão prontas para a Copa, aí quando fica, vem criticar. Agora eu não vou ficar falando sobre o que o secretário disse. Fui secretário por vários anos e não fiquei falando do passado, do camelódromo (projeto de João Braga)”, acrescentou. João da Costa criticou ainda

As veias abertas da Via Mangue Carolina Albuquerque e Roberta Soares politica@jc.com.br

Clemilson Campos/JC Imagem

Recife I 30 de maio de 2014 I sexta-feira

REVIDE Discretamente, ex-prefeito ironizou Camelódromo o fato de a prefeitura ter cogitado ao longo do dia de ontem realizar um segundo evento logo em seguida à vinda de Dilma, agora cancelada. “É muito ruim fazer de uma obra pública palco de disputa política”, atacou. O mesmo fez o senador Humberto Costa ao saber que a prefeitura manteve

um outro evento. “Diria que é uma falta de respeito. Deve ser a nova política do PSB, que é tomar para si a obra que foi de outro governo. Quando assumiu, a obra já estava em andamento”, alfinetou. (C.A.) k Leia mais nas páginas 1 e 2 de Cidades

E a Via Mangue entrou mesmo no fogo cruzado entre o PT e o PSB. Bastou o anúncio do que seria uma “visita técnica” da presidente às vésperas da entrega e liberação da pista oeste do empreendimento, que custou ao todo R$ 431 milhões, para expôr, sem parcimônia, as veias abertas dos dois partidos que se enfrentam na campanha presidencial deste ano. Escalado para falar tecnicamente sobre a obra, o secretário municipal de Mobilidade, João Braga, fez um discurso político na manhã de ontem, claramente endereçado ao PT. Atacou a “concepção do projeto”, o qual chamou de “defasado”. Acrescentou que é o “povo recifense quem está pagando” a conta e ressaltou que a União investiu “apenas” 4%. Para arrematar, tomou para a gestão do PSB o feito de ter “encontrado uma saída” para os problemas estruturais. Pensada ainda na gestão de Roberto Magalhães (DEM), a Via Mangue atravessou, até agora, quatro governos – os dois de João Paulo, o de João da Costa e o atual de Geraldo Julio. Mas foi com João da Costa que a obra começou a andar, atingindo quase 40% de execução. No fim da sua gestão, ele chegou a dizer que “roeu o osso” para deixar o “filé mignon”. A verdade é que agora o “patinho feio”, esquecido na campanha de 2012 pelo PT e criticado atualmente pelo PSB, quase recebia dois eventos políticos de peso - a vista presidencial e a abertura ao tráfego cinco dias depois pelo prefeito Geraldo Julio. No afã de contra-argumentar que a “paternidade” da obra não se resume ao governo federal, o secretário disparou que é “o povo recifense quem paga” os empréstimos contraídos com a Caixa Econômica Federal. “Tem lugar para todo mundo, inclusive para a PCR”, disse. Espontaneamente, Braga atacou o projeto. “Encontramos uma saída para a quantidade de problemas que encontrei. A obra já nasce equivocada, feita para o automóvel, com concepção atrasada”, pontuou.


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