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EDITORIAL/
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Uma agenda e
tanto!
O
inverno se aproxima e junto vem o período mais interessante da agenda cultural de Poços de Caldas. Passados o fim do ano e o Carnaval, a cidade, seus moradores e visitantes se preparam para usufruir de três simpáticos eventos: Comida di Buteco (foto), Flipoços/Feira Nacional do Livro e Festa de São Benedito. Dá até para dizer que Poços, nesta época, é um prato cheio para o estômago, para o intelecto e para o espírito. A LACRÈME, como não poderia deixar de fazer, garante amplo espaço editorial para essas programações e repercute cada uma com entrevistados como o chef, escritor e apresentador de TV norte-americano Anthony Bourdain, o gastrônomo Eduardo Maya, o escritor Nelson de Oliveira e a jornalista e pesquisadora de cultura popular Jesuane Salvador. A fisioterapeuta Terêsa Cristina Alvisi, diretora de Serviços Termais da Prefeitura de Poços de Caldas, ocupa as páginas iniciais da revista, dedicadas a temas relevantes para a vida social, econômica, cultural, turística, educacional e de segurança pública do município. Terêsa fala sobre as Thermas Antonio Carlos, nosso equipamento turístico mais emblemático. Na pauta, o 80º aniversário do balneário e os processos de restauro, revitalização e ampliação dos serviços aos quais se submeterá em breve. Juruaia, um entre os vários pequenos municípios do Sul de Minas Gerais, também motiva uma das reportagens desta edição. A experiência empresarial da cidade, baseada na produção de lingerie de qualidade, caminha a passos largos no sentido de consolidar um notável e sempre exemplar APL (arranjo produtivo local). Ilha Grande, pertencente ao município fluminense de Angra dos Reis, e um roteiro para conhecer alguns importantes edifícios que ajudam a contar a história da arquitetura moderna praticada na capital paulista são as sugestões turísticas da LACRÈME 5. Em tempo: acepipe de botequim é tudo de bom, mas não custa nada saber mais sobre a comida que pode – de fato – nos ajudar a viver mais e melhor. Vale, então, conferir a reportagem que preparamos sobre alimentos funcionais. Eles não são muitos (só 16) e deveriam, sempre que possível, estar presentes em nossos cardápios. Aproveite a revista e saia de casa para aproveitar também tudo o que a cidade e a vida nos oferecem de bom.◄ Ricardo Ditchun e Valéria Cabrera, editores
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/ENTREVISTA
· Terêsa Cristina Alvisi: “Vamos comemorar os 80 anos das Thermas com um mês de atividades em julho”
ENTREVISTA: Terêsa Cristina Alvisi/
Thermas:
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Aos 80 anos, equipamento turístico mais importante de Poços de Caldas passará por restauro, revitalização e ampliação dos serviços; atendimento será mantido
revista e ampliada texto Valéria Cabrera fotos Mity
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s Thermas Antonio Carlos, em Poços de Caldas, completaram 80 anos de atividades em março deste ano. O balneário, que teve seu auge nas décadas de 1930 e 1940, entrou em decadência entre 1950 e 1970 com a proibição dos cassinos. Em seguida foi redescoberto por turistas e agora entra em uma nova fase no ano do seu octogenário. O prédio do arquiteto Eduardo Pederneiras e suas instalações passarão por restauro e revitalização, um investimento orçado de R$ 12 milhões. O espaço de atendimento ao público também será ampliado. A fisioterapeuta Terêsa Cristina Alvisi, diretora dos Serviços Termais da Prefeitura de Poços de Caldas, falou à LACRÈME sobre o futuro do balneário abastecido por águas sulfurosas e que é o equipamento turístico mais emblemático da cidade.
LACRÈME – Como é a frequência do balneário atualmente? Quem usa mais, os turistas ou os moradores da cidade? TERÊSA – Posso dizer que, hoje, 50% das pessoas que usam as Thermas são turistas e 50% moradores do município. Fazemos quase 85 mil atendimentos por ano. A frequência de poços-caldenses vem aumentando nos últimos anos e isso ocorre principalmente por causa do atendimento dirigido às pessoas que afetadas por questões sociais. Isso equivale a 24% do total. Atendemos, por exemplo, pelo SUS (Sistema Único de Saúde), pacientes que necessitam de fisioterapia. Temos uma cota mensal de 200 atendimentos para moradores da cidade com mais de 60 anos. Oferecemos ainda outra cota de 100 vagas para tratamento complementar de problemas de saúde, casos indicados por médicos da rede pública.
LACRÈME – As Thermas Antonio Carlos completam 80 anos em 2011. Como será a comemoração? TERÊSA CRISTINA ALVISI – Optamos por fazer um mês de comemorações em julho, apesar de o aniversário ter sido no dia 31 de março. A programação ainda não está fechada, mas é certo que exibiremos filmes nas paredes externas do prédio e homenagearemos os funcionários mais antigos do balneário. Tudo depende de como será o processo de restauro e revitalização das Thermas.
LACRÈME – O poços-caldense também tem outro incentivo para frequentar o balneário, que é um desconto no valor cobrado pelos procedimentos. Como isso funciona? TERÊSA – Inicialmente foi dado desconto de 50% para o morador da cidade, para qualquer procedimento, seja banhos ou limpeza de pele, às terças-feiras. Era o dia de menor movimento nas Thermas (o balneário fecha às segundas-feiras para manutenção) e passou a ser o dia mais movimentado da semana. Agora ampliamos esse benefício também para as quintas-feiras. Para ter o desconto, basta que a pessoa apresente um comprovante de residência.
LACRÈME – Quando começa esta obra e o que está previsto nela? TERÊSA – O processo de licitação está em fase final de conclusão e, se tudo correr dentro do previsto, as obras começam ainda em abril. O prédio passará por restauro e as instalações serão revitalizadas. Parte das banheiras, por exemplo, terão de ser trocadas, pois não há como restaurá-las. Também serão implementadas novas técnicas. Existe uma parte desativada nas Thermas, que era chamada de Série B, do mesmo tamanho onde hoje funcionam os banhos de imersão. Essa área será transformada. Será construída uma piscina e instalada uma academia. Haverá ainda uma casa de chá e um jardim de inverno. LACRÈME – As Thermas ficarão fechadas durante a obra? Qual a previsão de término? TERÊSA – O projeto prevê que a obra seja realizada em dois anos, sem a interrupção do atendimento.
LACRÈME – Quais são os procedimentos oferecidos atualmente? TERÊSA – Os mais procurados são os banhos de imersão (R$ 10) e de pérola (R$ 15). Há também massagens relaxante (R$ 25), mecânica (R$ 20), terapêutica (R$ 50), facial (R$ 20) e drenagem linfática (R$ 50). O visitante também poderá fazer sauna seca e úmida (R$ 15), escalda-pés (R$ 18) e inalação (R$ 15). Oferecemos limpeza de pele completa (R$ 48) e a pulverização (R$ 15), que é a limpeza do rosto sem extração manual.
THERMAS ANTONIO CARLOS – Rua Junqueiras, s/nº, Centro, Poços de Caldas. Tel.: 3697-2317. De terça-feira a sábado, das 7h às 12h e das 15h às 20h, para banhos. Outros procedimentos das 14h às 20h. Domingos, das 8h às 12h, para todos os procedimentos. É necessário agendar horário para limpeza de pele e massagens. As Thermas também alugam chinelos (R$ 2,50) e toalhas de banho (R$ 3), e oferecem sais para banho de pérola (R$ 8) e um mix calmante para o banho de imersão (R$ 7).◄
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/SULFUROSOS DA GEMA
fé
Em nome da tradição e da
texto Valéria Cabrera foto Jesuane Salvador
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os olhos das populações indígenas que habitavam o Brasil à época cabralina, o Descobrimento foi péssimo. Depois, para compor a gênese de nossa experiência econômica, vieram os negros africanos, e a escravidão foi pior. Índios e negros, assim, amargaram, para dizer o mínimo, situações de intenso sofrimento comum. A presença associada dos caiapós e dos congos na Festa de São Benedito, um santo católico, ajuda, por isso, a entender a base desse sincretismo. Pedro Antonio Ramos, ou simplesmente ‘seu’ Pedro Caiapó, é um exemplo contemporâneo da tradição que tem reunido índios e negros em torno de São Benedito, o protetor dos cozinheiros que carrega nos braços um bebê branco e que é extremamente popular no Brasil. Ex-pedreiro e ex-jardineiro, hoje com 79 anos e aposentado, ‘seu’ Pedro é um exemplo de vitalidade, sobretudo quando o assunto é a festa mais tradicional de Poços de Caldas. Chefe dos caiapós, ele é o principal personagem da encenação de retirada do grupo da mata pelos congos, que ocorre no dia 11 de maio, a partir das 16h. ‘Seu’ Pedro Caiapó nasceu na cidade de Botelhos e se mudou para Poços ainda bebê. Mais novo de sete irmãos – os outros seis são mulheres –, perdeu o pai aos 7 anos e a mãe, um ano depois. Passou a ser criado pelas irmãs. Aos 9 anos foi levado por amigos para participar da Festa de São Benedito e nunca mais deixou a tradição. Como caiapó, foi bugrinha, flecheiro e há 12 anos assumiu o posto de chefe. Atualmente prepara seu filho caçula para substituí-lo. ‘Seu’ Pedro conta que seus quatro filhos são caiapós e vários dos 45 netos seguem a tradição. Nos dias que antecedem a Festa de São Benedito, sempre de 1º a 13 de maio, sua casa no bairro São José, onde mora há 42 anos, vira ponto de encontro dos caiapós. As roupas usadas na festa são confeccionadas no local. E não é fácil tecer saias de capim-membeca e blusas com penas de galos e galinhas. “Dá trabalho, mas é a época do ano que mais gosto. É a mais animada!”, conta o chefe dos caiapós. Sua mulher Luzia, com quem é casado há 48 anos, ajuda em tudo, mas é ele mesmo o coordenador de tudo. “E isso vai acontecer até o dia da minha morte.”◄
‘SEU’ PEDRO CAIAPÓ/
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/NEGÓCIOS
Juruaia é uma festa! por Ricardo Ditchun fotos Fabiano Barbosa
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uruaia é um pequeno município do Sul de Minas Gerais conhecido como Capital da Lingerie. Neste ponto, um parêntese. A carne é fraca mesmo e a tentação de incluir um trocadilho infame em algum momento desta reportagem não deve tardar. Que venha logo, então: a cidade é sessentona (foi fundada em 1948), mas mantém seu corpinho de 20 e poucos. À parte a brincadeira, a pacata Juruaia, habitada por pouco mais de 9 mil pessoas e que dista 100 quilômetros de Poços de Caldas, é responsável por 15% de toda a produção nacional de calcinhas, sutiãs e camisolas – e um tanto de cuecas também. É o terceiro polo brasileiro do segmento lingerie de qualidade, um ranking precedido por Fortaleza (Ceará) e Nova Friburgo (Rio de Janeiro). Para se ter uma ideia do volume gerado em Juruaia, uma conta simples é suficiente. Somos 190,7 milhões de brasileiros. Descartados os homens, sobram perto de 95 milhões de mulheres. Caso sejam retirados 30% deste total (uma fatia elevada, mas que corresponderia às parcelas sociais que, por motivos variados, não teriam acesso ao consumo de lingerie), sobram ainda 66,5
milhões de mulheres. A produção de roupa íntima de Juraia é capaz de aplacar, portanto, o desejo de compra de 9,9 milhões de brasileiras! Não é por outro motivo que a cidade abriga mais de 150 confecções, empresas que geram empregos diretos para quase 45% de sua população, sem contar as ocupações indiretas, um conjunto de tarefas que, de uma forma ou de outra, tem relação com a cadeia produtiva de lingerie. Em vários casos, as linhas de produção têm como complemento econômico natural um ponto de venda, lojas com diferentes graus de requinte que exibem, em vitrines, balcões, prateleiras e araras, centenas de modelos de roupas íntimas. Nos fins de semana, desnecessário dizer, a cidade “bomba” graças ao assédio de sacoleiras, um exército de distribuidoras que o corpo de empresários de Juruaia prefere chamar de consultoras. São elas as responsáveis pelo escoamento atacadista de boa parte dos 90% da produção juruaiense. Os 10% restantes, oferecidos na operação de varejo, são disputados por moradoras das cidades do entorno e por turistas já bem informados a respeito da fama dos bons preços praticados no comércio local.
NEGÓCIOS/
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· Parte da linha de produção da OuseUse, uma das 150 confecções instaladas no município
Imagine um conjunto de calcinha e sutiã e quantos insumos são necessários para compor essa dupla. A resposta começa com 19 itens, mas pode chegar a 25. Existem, assim, fornecedores específicos para tecidos, vieses, bojos, aros, babados, malhas, laços, bordados, reguladores (de plástico e de metal), elásticos, linhas, etiquetas, tags, embalagens, enfeites e acessórios como estolas, ombreiras e corpetes. Parte destes elementos chega pronta de várias regiões do país, mas outro bocado é feito ali mesmo ou nas cidades do entorno, de modo informal, mas sempre com muita seriedade. Existem, além disso, evidente, os empregos diretos, distribuídos em funções como costureiros, gerentes (produção e loja), vendedores, estilistas, modistas e vitrinistas. Há, ainda, as ocupações de apoio, como seguranças, copeiras, faxineiras etc. Na produção, as mulheres arrebatam quase todas as vagas, mas sobram algumas para os homens que, sem constrangimento, pilotam máquinas de costura para, dia após dia, dar forma a calcinhas e sutiãs.
Cidade focada – Ainda é prematuro afirmar que existe um APL (arranjo produtivo local) consolidado em Juruaia, mas é certo que as condições estão postas e o município caminha a passos largos nesse sentido. A política local, por exemplo, é invariavelmente praticada a partir de um discurso obrigatório: fortalecimento do polo produtor de lingerie de qualidade. Para ser eleito por lá, o político terá de conhecer as artimanhas do segmento, as variáveis que influenciam seu presente e seu futuro e, principalmente, os mecanismos capazes de garantir sua continuidade e ampliação. Outro modo de estimular as confecções juruaienses foi a criação, em 1990, da Aciju (Associação Comercial e Industrial de Juruaia). Esse mecanismo permite que os empresários reforcem as condições capazes de perpetuar a excelente conjuntura da qual desfrutam. As estratégias envolvem ações que visam a união da categoria, palestras, cursos, intercâmbios, consultorias e parcerias com instituições como Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
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Ainda por meio da Aciju, a cidade realiza dois importantes eventos anuais que estimulam a venda da produção e, de passagem, funcionam como ferramentas de marketing para divulgar a cidade no Brasil e no exterior. O primeiro é a Felinju (Feira de Lingerie de Juruaia), cuja 14ª edição (a primeira foi em 1998) será realizada de 18 a 21 de abril em instalações que somam mais de 3 mil metros quadrados. A agenda inclui o lançamento das coleções de inverno e venda de lingerie em estandes, ampla programação de desfiles e ambientes para alimentação e recreação. O outro é a FestLingerie, em setembro, que, além de apresentar as novidades para os meses quentes, tem se transformado em uma espécie de festival cultural, com a participação de grupos de dança, teatro e música que se espalham pelas ruas de Juruaia e ajudam a viabilizar o município também como opção turística. Central de Negócios – O empresariado de Juruaia criou ainda, em 2009, durante a 5ª edição da FestLingerie, a Central de Negócios, ferramenta jurídica que atua no sentido de racionalizar uma série de procedimentos comuns ao segmento. Formada por 20 sócios, essa instância associativa obtém ganhos de escala na hora de comprar matérias-primas, disciplina os processos de negociação salarial, normatiza ações de marketing e a organização das feiras e ainda delibera sobre a adoção de programas de informática relacionados à produção. A compra de matérias-primas por meio da Central de Negócios, por exemplo, tem proporcionado uma economia de 20% no processo. Outro plano é a abertura de uma loja em São Paulo, de preferência em uma das tradicionais regiões de comércio atacadista da metrópole, como Brás, Bom
Retiro ou o entorno da Rua 25 de Março. Esse ponto de venda (um dos nomes cogitados é Toque Brasil) reforçaria a imagem global da lingerie de qualidade feita em Juruaia. Afora isso, o próprio calendário anual ajuda muito: queima de estoque, em janeiro; Carnaval, em fevereiro; Dia da Mulher, em março; Felinju, em abril; Dia dos Namorados, em junho; FestLingerie, em setembro; e, por fim, o período de Festas, de novembro a dezembro. De fato, é difícil imaginar bons motivos para que as mulheres deixem de comprar – ou de desejar ganhar de seus parceiros – calcinhas e sutiãs novinhos em folha. Juruaia, claro, agradece. O impacto social que o segmento de confecção provoca na cidade motiva uma entre as muitas comparações possíveis. Pensemos em Muzambinho, um dos municípios limítrofes. A população por lá é de 20,4 mil habitantes espalhados em 409.036 km². Juruaia é metade disso: apresenta 9,2 mil moradores distribuídos em 219.512 km². Apesar disso, os PIBs per capita equivalem: R$ 11.426,48 e R$ 11.060,10, respectivamente. Vale ressaltar, ainda, que Muzambinho foi fundada em 1878. As comparações são sempre tentadoras. Segue outra, desproporcional, mas curiosa: a China, o colosso econômico mundial do momento, definiu em 7% a meta de crescimento do país em seu Plano Quinquenal 2011-2015. Juruaia, desde 2005, apresenta um crescimento anual médio de 30%. A raiz macroeconômica deste fenômeno é o continuado processo de desenvolvimento sustentável que o Brasil experimenta desde 1995, quando Fernando Henrique Cardoso exerceu seu primeiro mandato como presidente da República.
De fio a pavio Para que estejam disponíveis nas lojas, para deleite de mulheres de todas as idades, as calcinhas e sutiãs são submetidos a uma série de etapas, que vão da ideia ao embrulho. • O processo começa com o desenvolvimento do produto. Empresários, modistas, designers, compradores e, claro, os responsáveis pelo orçamento, definem detalhes relacionados à criação e à escolha dos materiais; • O pessoal de compras entra em cena para a realização das cotações e análises da composição dos tecidos; o passo seguinte é a “explosão”, que consiste em efetuar todos os cálculos para a produção; os pedidos são feitos e a empresa recebe os insumos; • Após o recebimento dos tecidos, e antes do corte, eles são submetidos a um período de descanso, fundamental para que a modelagem seja perfeita; • A modelagem obedece a padrões determinados por programas de computador; os tecidos são enfestados, alfinetados, fusionados, prensados e cortados; • Os moldes seguem para as células de produção operadas pelas costureiras e supervisionadas por gerentes e subgerentes; • As peças são analisadas pela equipe responsável pelo controle de qualidade; • Caso os procedimentos estejam corretos, as peças são codificadas e recebem suas respectivas etiquetas; • Os lotes são enviados para o setor de embalagem; • Por fim, as calcinhas e os sutiãs são expostos nas lojas.
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Pioneirismo exemplar · Rosana: “estou feliz, muito além de minhas necessidades”
A cafeicultura, atividade vigorosa em todo o Sul de Minas Gerais, não desapareceu de Juruaia, mas já deixou de ser sua principal fonte de recursos. Foi um abalo na cultura do café, aliás, que, no início dos anos 1990, motivou a Prefeitura a oferecer benefícios fiscais para atrair empresas. As experiências foram tímidas, mas restou o exemplo, que umas poucas mulheres abraçaram e transformaram nas primeiras pequenas confecções e lojas. Rosana Marques é uma das pioneiras da hoje notável aventura empreendedora da cidade. Em 1994, ela fundou a OuseUse (então Ousadia). Para começar, ela dispunha de coragem e de uma trajetória profissional que se resumia a seis anos como balconista de uma farmácia e às atividades de professora do ensino fundamental. “Do ponto de vista econômico, minha família era muito modesta. Não tenho vergonha de dizer que pertencíamos à classe baixa. Mas eu também sempre acreditei muito na força do trabalho, e costumo não desistir de nada. Sobre a OuseUse, não quis nem saber se iria ganhar dinheiro. Eu queria fazer diferente, peças que surpreendessem e que atendessem às necessidades das mulheres”, conta. O mix da empresa, que reúne produção e venda, é formado por lingerie básica, fashion, sensual e noite, moda praia e fitness, além de linhas para homens e crianças. Rosana gera 75 empregos diretos e 200 indiretos. “O segredo do sucesso da lingerie em Juruaia é simples: procuramos pensar nos interesses de todo o segmento desde o começo, pois de nada adiantaria se existissem apenas algumas confecções. Estamos longe dos grandes centros urbanos e certamente ninguém iria sair deles para comprar aqui. Somos fortes por sermos unidos. A minha empresa é forte hoje porque a cidade é forte.” Referência para todas as empresárias da cidade, Rosana afirma que as crises econômicas, que de modo implacável provocam fortes abalos em muitos segmentos, passam ao largo na cidade. “As crises não chegam a Juruaia. Esses itens (calcinhas e sutiãs) são sempre necessários e têm um componente especial: elevam a autoestima das mulheres e elas não costumam abrir mão disso.” De acordo com a empresária, cuja OuseUse ocupa uma área construída de cerca de 1,6 mil m², entre produção e loja, o sonho das pioneiras da lingerie de Juruaia tem compensado. Ela produz cerca de 60 mil peças por mês e a margem de lucro do segmento é de aproximadamente 100%. “Para ter sucesso junto ao público, a lingerie precisa ser boa, ser diferente e ter bom preço. Para tanto, a empresa precisa se profissionalizar. Os colaboradores, por exemplo, têm de ser constantemente valorizados, treinados e incentivados. Do ponto de vista dos resultados, estou feliz, muito além de minhas expectativas.”
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· Juruaia vista do alto e, acima, os outdoors que enfeitam o acesso
Curvas e mais curvas Conhecer Juruaia é uma experiência curiosa. Encravada nas alturas da Serra da Mantiqueira, e rodeada de cafezais, muitos dos quais responsáveis pela produção de alguns entre os melhores grãos do mundo, uma estradinha estreita e sinuosa que parte da BR 491 (sentido Guaxupé) mostra que aquele não é um município comum. Uma série de outdoors, quase sempre com imagens de modelos exibindo calcinhas e sutiãs das confecções, emoldura o caminho do viajante. Nessa hora, toda a atenção do mundo, sobretudo se o automóvel estiver sendo conduzido por homens. São tantas as imagens de mulheres em trajes mínimos que as curvas (delas e da tal estradinha) podem confundir os sentidos. O trajeto revela outra curiosidade: os nomes das confecções. Lê-se, entre as muitas peças publicitárias: Sensual, Toque de Magia, Pura Sensação, Delicadas, Possessive, Delírio, Instinto Mulher, Encanto d’Amore, Art Desejo, Desejo Fatal, Disparo, Linda Sedução, Doce Paixão, Pimenta Doce, Íntima, Atrevida, Garota Veneno, OuseUse, Le Jolie, Estação Mulher, Lindelucy, Revelação, Snob, Mania de Mulher, Água na Boca, Toke de Sedução, Donna Dolce, Divina, Segredos da Paixão... Tarefa complicada, em Juruaia, deve ser encontrar o nome para uma nova confecção/loja capaz de: 1) despertar a curiosidade e os instintos de autoestima das mulheres; 2) ter uma pegada sensual; 3) ser inédito. Ainda na estrada, pouco antes de chegar à área urbana, um portal cujas formas evocam os seios femininos. Depois, durante o passeio pelas lojas, prepare-se para termos como: tule, babado, transparência, toque macio, bojo, bojo A, bojo C, bojo D, bojo DD, fecho em colchete, drapeado, lacinho, composê, corselete, fio dental, sustentação, cetim, body, cotton, decote, anágua, calcinha, conjunto, garter, sutiã, renda, tanga, biquíni, calcinha cavada, calcinha clássica, calcinha boxer, calcinha divertida, calcinha da sorte, calcinha maternidade, calcinha fashion, calcinha erótica, calcinha bumbum, caleçon, camisete, cinta modeladora, cinta-liga, faixa, top, modelador, segunda pele, sutiã de sustentação, sutiã com aro, sutiã sem aro, sutiã silicone, sutiã maternidade, sutiã push-up, sutiã tomara que caia, sutiã costas nadador, legging, espartilho, camisola, baby doll, short doll... Em tempo: tem cuecas também.◄
Companhia das cortinas não é só cortina! O preço do algodão sofreu significativa alta no mercado. A libra-peso, que em setembro de 2009 estava cotada em 63,38 centavos de dólar, saltou para 236,04 centavos de dólar em março de 2011, segundo o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) – ESALQ/USP. Os motivos do aumento são o rápido crescimento da demanda mundial, diminuição da área cultivada na safra 2009/2010 e a consequente queda no estoque mundial. Este panorama abre a possibilidade de outras fibras naturais, consideradas alternativas, entrarem no circuito de produção de tecidos. É o caso da fibra de bambu. Biodegradável e bacteriostático, os produtos confeccionados a partir desta fibra apresentam conforto, maciez e excelente absorção. Aprovado pela Associação Japonesa de
Inspeção de Matéria Têxtil, os produtos derivados do bambu apresentam um bom efeito antibacteriano, permanecendo inalterado mesmo após 50 lavagens. Em Poços de Caldas, a Companhia das Cortinas comercializa produtos feitos a partir da fibra de bambu. São conjuntos exclusivos de cama e banho, com toalhas, colchas, lençóis e mantas. De acordo com o fabricante LolaHome, os produtos possuem capacidade de absorção até quatro vezes maior do que a de outros tecidos, seca mais rápido, desbota menos que o algodão e não forma as conhecidas bolinhas. Além de cortinas em tecidos, persianas e toldos retráteis, a Companhia das Cortinas possui uma ampla linha de colchas, mantas, almofadas, tepetes artesanais, móveis rústicos, quadros e peças decorativas.
Rua Santa Catarina, 370 Tel.: 35 3714 7776 / 3721 5458
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Valei-nos,
São Benedito! por Ricardo Ditchun fotos Jesuane Salvador
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“Meu São Benedito, É santo de preto; Ele bebe garapa/cachaça, Ele ronca no peito”
ão Benedito, o Mouro. São Benedito, o Africano. São Benedito, o Negro. Santo católico, nascido em 1524, na Sicília – ou ali radicado por imposição para compor no sul da Itália a força de trabalho escravo proveniente da África –, embala nos braços um bebê branco. São Benedito é o padroeiro da culinária e, por isso, é costume manter sua imagem sobre o guarda-comida e, até mesmo, oferecer-lhe doses diárias de um bom cafezinho recém-coado. Trabalhou como cozinheiro em conventos e não suportava ver ninguém passando fome, justificativa suficiente para que o futuro santo subtraísse alimentos das cozinhas para dar de comer aos necessitados. A festa mais tradicional de Poços de Caldas, dedicada a ele, vincula-se ao processo de afirmação do negro na sociedade brasileira desde o período colonial. Na gênese da celebração, os brancos, proprietários, patrocinavam a diversão para exibir poderio econômico e reforçar seu status, além de aplacar os anseios libertários e as consequentes, e temidas, conjurações. Os negros, subjugados, abraçavam as oportunidades públicas de inserção, bem como a possibilidade de recompor, ainda que com brevidade, o elo perdido com alguma forma de nobreza experimentada por suas linhagens no passado transatlântico, africano.
A Festa de São Benedito realizada em Poços de Caldas completa este ano sua 107ª edição. Ocorre de 1º a 13 de maio no pátio da Igreja de São Benedito. Na programação, ternos de congos e caiapós, missas, procissões, barracas de jogos e, claro, de boa e farta comida à mineira. Participam 12 paróquias e associações de congos e caiapós. Fora do pátio, nas calçadas que circundam a igreja, a Prefeitura organiza a montagem de barracas, sobretudo para a venda de cocadas, exploradas por entidades assistenciais. O evento possui forte apelo popular e congrega moradores de Poços, das cidades vizinhas e muitos turistas. Até o fechamento desta edição da LACRÈME, a agenda ainda não estava toda consolidada, mas foram confirmadas as missas (de 1º a 12 de maio, às 19h30); a saída dos congos em procissão desde a Igreja de Santa Cruz, e passando pela Matriz (dia 3, às 18h); e a procissão (dia 13, às 16h). Para entender melhor os significados da Festa de São Benedito, a LACRÈME convidou Jesuane Salvador, jornalista, pesquisadora de cultura popular, e também cantora, a escrever uma reportagem/depoimento sobre o tema. As fotos que ilustram a reportagem também são de sua autoria. As imagens retratam personagens que dão vida aos ternos de congos e aos grupos de caiapós.
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A congada pede passagem “...Oh meu anjo da guarda, abre os caminho pra mim. Eu sou fio de Nossa Senhora do Rosário, deixa o Rosário passar...” por Jesuane Salvador*
“Ave Maria, cheia de graça, o senhor é convosco (...)”. A menina loura, vestida de anjo, levanta a coroa e as pedras que a ornamentam reluzem. Uma chuva de pétalas de rosas enche o ambiente de cheiro adocicado e, vagarosamente, ela repousa a joia sobre a cabeça da imagem de Nossa Senhora do Rosário. Vozes afinadas entoam um cântico suave e muitos devotos choram. A igreja está repleta deles, pois é dia de missa conga. Sem que ninguém diga uma só palavra, todos caminham lentamente para o altar e uma fila organizada se forma. Longas fitas coloridas pendem da tríade sagrada dos congadeiros – Santa Ifigênia, Nossa Senhora do Rosário e o padroeiro São Benedito, que reina no altar. As imagens são respeitosamente beijadas, como se o toque no cetim fosse capaz de transpor as barreiras do intangível, colocando homens e deuses à distância de mãos. Um velho senhor tira o boné vermelho e, diante do altar, ensaia uma genuflexão. Ele sorri com as gengivas evidentes e, de mãos unidas em prece, permanece por um tempo, murmurando anseios e agradecimentos. Os fiéis aguardam, sem pressa, a conversa entre o homem e os santos. Dentro da igreja há algo de memória, que capacita a fé a abrir uma fresta no tempo. Não há tempo. A cena que se desenrola sempre esteve ali, intocada pelos janeiros de cada ano. De repente, melodias agudas rasgam o silêncio. Fortes tambores ressoam
e a igreja é invadida por nova sensação. São os ternos de congos e caiapós. Girando em milhares de cores, homens de rítmica precisa e mulheres – lindas – em colares e sorrisos, cantam a toda voz. As paredes da igreja tremem cedendo ao espanto de presenciar fé suficiente para anular barreiras sociais, modismos e criar um tipo de memória dos sentidos que, desde 1904, conta um pouco da história do negro em Poços de Caldas por meio da devoção a São Benedito. “Eu vim pra dançar congo...” A congada (congado ou congo) é definida pelo Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, como uma dança dramática, de origem afro-brasileira que, na maioria dos Estados do Brasil, encena a coroação de um rei negro – o Rei Congo. Segundo Edimilson de Almeida Prereira, professor, pesquisador e autor de O Congado Mineiro, a congada representa o desafio de pobres, mestiços e negros de celebrar o sagrado a partir de diferentes linguagens. Em Poços, essas manifestações sempre estiveram marcadas pela resistência. Já a peculiaridade que envolve a presença dos “índios” junto aos negros nas celebrações ocorre, segundo congos e caiapós, porque índios se solidarizavam com a condição escrava dos negros, já que também sofriam a imposição da cultura europeia trazida pelos portugueses na colonização. Na cidade, São Benedito – símbolo da vitória da liberdade ante a opressão – é comemorado em 13 de maio, data que também marca a libertação dos es-
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/CULTURA POPULAR cravos no Brasil, mas que não é unânime nas celebrações da congada no país. Por admitir que a abolição tenha caráter econômico, a congada, em algumas regiões, está presente nas celebrações de Zumbi dos Palmares ou nas festas dos Rosários. Resistindo à quase ausência de registros escritos, de 1º a 13 de maio as ruas de Poços são invadidas por cores, sabores típicos das festas populares, cheiro de vinho quente e reza suficientemente democrática para colocar, lado a lado, um terço e uma guia de umbanda. O primeiro registro escrito da presença dos grupos na cidade é da Revista Poços, de 1904. No dia maior, o 13 de maio, congos, caiapós, a Irmandade de São Benedito e centenas de devotos unem-se em procissão. São cinco congados: os ternos de São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo, Santa Bárbara e São Jerônimo, e a congada mirim Santa Ifigênia, além de dois grupos de caiapós. No terno de São Benedito, o mais antigo da cidade, ocorre a Embaixada, auto que encena a luta entre mouros e cristãos representados pelo rei Carlos Magno e os Doze Pares de França – os melhores espadachins daquele reino. Instrumentos de sopro, pandeiros, violões, cavacos, banjos, sanfona, surdos e as caixas marcam presença. A musicalidade é característica forte no terno de Nossa Senhora do Rosário. Os tambores mais graves garantem o som predominante e as caixas são usadas para o contraponto rítmico da base percussiva. A congada mirim de Santa Ifigênia traz os filhos, netos ou bisnetos dos congadeiros. Os congos de Nossa Senhora do Carmo são responsáveis por um cortejo elegante realizado por gente como o senhor Altamiro, Elaine, Jeferson, Paulo e todos os que me receberam e ensinaram inúmeras canções. Trazendo espada sinuosa, a expressiva capitã do terno de São Jerônimo e Santa Bárbara aparece seguida das filhas e filhos-de-santo, com vestes rituais e coloridas guias nos pescoços. Ela é Orlanda da Conceição e se define como “capitã-mulher, coisa que não se acha fácil”. Os congos chegam acompanhados de dois grupos de caiapós, dos bairros São José e Vila Cruz. Os “índios” trazem rostos e corpos pintados e ostentam grandes cocares. Dançam em coreografia de guerra. Não cantam e não falam porque os índios não falavam a língua dos colonizadores. Entre seus rituais peculiares está a cerimônia do mel, a retirada dos caiapós do mato e a tradicional perseguição para o resgate da bugrinha. Um homem de vestes coloridas sapateia, fazendo ressoar os chocalhos presos ao tornozelo direito: é o moçambique. O tempo levou consigo os companheiros e apenas ele representa a dança que, há um século, acompanhava, em dezenas de bailantes, a procissão. Há tanta riqueza de detalhes, de cores e de universos dentro de universos em cada um dos grupos... Vale sentir, ver e acompanhar. Difícil é não ficar perplexo diante de tanta música, história e, sobretudo, da força da palavra “povo”. Talvez não haja definição mais perfeita para os dias que marcam a primeira quinzena de maio em Poços de Caldas senão a de um congadeiro. “Pra falar da congada não adianta só oiá as fitas que alvoroça do povo dançando... Quem quiser saber da congada tem que, primeiro de tudo, saber da angústia dos negro, dos sofrimento dos índio e da fé que enche o coração...O congo tá na nossa alma. Nóis somo povo e a fé do povo não carece de muita palavra!”. *Jesuane Salvador é jornalista, cantora, pesquisadora de cultura popular e autora do livro-reportagem Valei-me, São Benedito! – A congada em Poços de Caldas. É ganhadora dos prêmios Itaú Cultural, categoria Histórias de Cinema, e Campanha África em Nós, da Secretaria de Cultura de São Paulo. Seu trabalho une arte e comunicação, com foco na valorização da produção cultural brasileira alternativa.
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A história de uma devoção “O pretinho velho chegou trazendo uma imagem de São Benedito, que guardava em vasto oratório sempre com uma lâmpada acesa...”
O nome dele era Herculando Cintra e chegou a Poços de Caldas vindo da cidade paulista de Amparo, em 1889, um ano após a abolição. Ex-escravo que, como tantos negros, herdou o sobrenome da família a que pertencia, Herculano – que era cearense – trouxe na bagagem algum dinheiro, uma imagem de São Benedito e o desejo de construir, ao santo, uma capela. Em 1902, buscou na Câmara dos Vereadores permissão para, sob os escombros da antiga necrópole da cidade, no local chamado Campo Santo, erguer a igreja. Não bastasse a força de vontade, ele precisaria, ainda, reunir pessoas motivadas a enfrentar as dificuldades impostas pela sociedade da época e trabalhar para transformar o antigo cemitério em local de devoção. Com permissão da Câmara, a comunidade se uniu e, em 13 de maio de 1904, foi realizada a primeira festa dedicada a São Benedito. A Revista Poços, que circulava na época, convidou a população a prestigiar o evento, que pretendia levantar fundos para a construção da capela. O texto confirma, também, a presença de ternos de congos, de grupos de moçambiques e dos caiapós. “Um conto de réis” foi a renda arrecadada. O dinheiro serviu para construir a capelinha, inaugurada em 1905, com frente para a atual rua Rio Grande do Sul. Naquela época, no entanto, a cidade tinha como matriz a capela de Bom Jesus da Cana Verde que, conforme concluiu a Igreja Católica, em 1909, estava pequena para os cultos religiosos da estância. Assim, a nova matriz de Nossa Senhora da Saúde foi erguida também no terreno do antigo cemitério. Um ponto, no entanto, chama a atenção: ela foi construída de costas para a capela de São Benedito, fazendo frente para a atual rua Assis Figueiredo, como se a coexistência dos dois santos fosse tão precária quanto a de seus devotos. Com várias polêmicas em torno da questão, em 1926 São Benedito “subia” o morro do Itororó, onde fica hoje localizada a igreja que o homenageia. Era inaugurada a nova capela dedicada ao frei negro. O evento foi marcado pela tradicional presença dos ternos de congos e caiapós, além dos moçambiques que, desde sempre, contaram, em cantos e danças, a história de sua descendência. (Jesuane Salvador) ◄
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Flipoços 2011 · O Bibliotecário, de Giuseppe Arcimboldo
para ver, ouvir e, claro, ler
“A
texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação
briu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo. Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo.” Assim começa “O homem que entrou pelo cano”, um entre as duas dúzias de contos que formam Cadeiras Proibidas, de Ignácio de Loyola Brandão. Cadeiras, lançado em 1976, foi o livro que despertou para valer meu interesse pela literatura. Adolescente, na época, devorei o conteúdo surreal da obra, sobretudo por desconfiar – e depois confirmar – que Ignácio, inspiradíssimo, usou a chamada linguagem de fresta para enfrentar a ditadura imposta pelos militares no golpe de 1964. Cadeiras provocou, ainda, a vontade de conhecer melhor esse e vários outros autores brasileiros e estrangeiros. Até então, escritores como Machado, Hemingway, Amado, Drummond, Raquel, Bandeira, Cecília, Lobato, Cervantes, Hesse, Graciliano e Orwell já faziam parte de meu leque de descobertas e de preferências. Mas faltava – sempre falta, felizmente – muita coisa boa. Em 1982 foi organizada a primeira edição da Bienal Nestlé de Literatura Brasileira. O evento se revelou sob medida para quem ansiava pela chance de ver, ouvir e, quem sabe, conversar, com, por exemplo, Lygia, Scliar, Nélida, Lya, João Ubaldo, José J., além de Loyola. De quase todos, sobretudo de Fernando Sabino, guardo autógrafos, a lembrança de boas conversas e, talvez o mais importante, um sem-número de sugestões de leitura de brasileiros e estrangeiros. Estava feito. Não virei escritor, mas certamente um leitor atento e insaciável. Um vírus do bem Programações que têm o universo literário como fim possuem, portanto, o potencial de despertar e/ou alavancar o prazer único que a experiência da leitura propicia. Alguém já disse que ler é um sintoma causado pelo vírus chamado livro. E a doença só faz bem. A Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas e Flipoços, nesse sentido, é contagiosa. Realizado pela GSC Eventos Especiais, dirigida por Gisele Corrêa Ferreira, em parceria com a Prefeitura de Poços de Caldas, o evento é destaque na agenda da cidade de 30 de abril a 8 de maio. A feira, que tem a LACRÈME como parceira, ocupará todo o Complexo Cultural da Urca. Durante esse período, o público poderá comprar livros com descontos e participar de palestras, sessões de autógrafos, workshops e cursos.
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Segundo Gisele Corrêa, a sexta edição trará a Poços pelo menos 40 escritores que participarão dos ciclos Literatura (Adulto, Infantil e Juvenil, Encontro do Hip Hop, Encontro do Mangá, Hora do Suspense, Escola do Escritor e Momento da Poesia), Educação, Espiritualidade, Gastronomia e Cultural. A área de expositores será ocupada por cerca de 70 livrarias e editoras. Desta vez, a patronesse da Flipoços é Tatiana Belinky, russa radicada no Brasil desde 1929. Expoente da produção literária brasileira dedicada ao público infanto-juvenil (sua produção já ultrapassa a marca de 120 títulos), a autora de joias como O Livro dos Disparates, A Cesta de Dona Maricota, Aparências Enganam e Cinco Trovinhas para Duas Mãozinhas receberá a homenagem à distância. Notáveis O time de escritores mais conhecidos da Flipoços 2011 inclui Ignácio de Loyola Brandão, Rubem Alves, Laurentino Gomes, Frei Betto, Chico Lopes, Luis Nassif, Ricardo Girotto, Alexandra Corvo e, em uma de suas hoje raras aparições, Ariano Suassuna. Paraibano, mas morador de Pernambuco, Suassuna aproveita sua estada em São Paulo para uma esticada a Poços onde, no dia 7 de maio, profere a palestra “Raízes Populares da Cultura Brasileira”, seu tema favorito. Em São Paulo, no dia 30 de abril, o escritor e dramaturgo de 83 anos participa de uma aula espetáculo em meio à apresentação de As Conchambranas de Quaderna, peça de sua autoria em cartaz no Sesc Vila Mariana. Mais conhecido pelas adaptações da peça Auto da Compadecida (1955) para a TV, na minissérie O Auto da Compadecida (Globo, 1999), e para o cinema, no longa homônimo, ambas dirigidas por Guel Arraes, Suassuna é, no entanto, responsável por outras obras fundamentais para a dramaturgia brasileira (O Castigo da Soberba, O Santo e a Porca, A Pena e a Lei e a mencionada As Conchambranas...). Muito citada, mas pouco lida e pesquisada, a obra de Suassuna inclui ainda O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do
Vai-e-Volta, romance de 1971 fundamental para o entendimento profundo da cultura e da identidade do povo nordestino. Sua palestra em Poços de Caldas é, por esses e outros motivos, o ponto alto da programação da Flipoços. Mas a Feira do Livro de Poços de Caldas reserva mais novidades. Alex Pereira Barbosa, ou MV Bill, rapper, escritor, ator, documentarista e criador da ONG Cufa (Central Única das Favelas), fala no dia 5 de maio sobre racismo, educação e seus três livros: Cabeça de Porco (2005), Falcão – Meninos do Tráfico (2006) e Falcão – Mulheres e o Tráfico (2007). Programa imperdível para todos os que têm interesse nas questões contemporâneas que envolvem a existência nas periferias das grandes e médias cidades brasileiras. No mesmo dia, mas antes de MV Bill, para aquecer esse tema, a Flipoços apresenta o Encontro do Hip Hop, com, entre outros, o escritor, cineasta e jornalista Alessandro Buzzo e a escritora e jornalista Jéssica Balbino, de Poços de Caldas. Chico Lopes, escritor paulista radicado em Poços de Caldas, participa de vários momentos da programação. Seu grande papel no evento, no entanto, tem sido o de abrir caminho para a presença na Flipoços de alguns de seus ilustres colegas de profissão. Chico, após concluir em 2010 uma trilogia de contos, chega a esta edição com duas boas notícias: a assinatura de um contrato com a Editora 34, que abriga cerca de 450 títulos, e o lançamento, ainda este ano, da novela O Estranho no Corredor pela coleção Nova Prosa da editora, ao lado de nomes como Marcelo Mirisola, Beatriz Bracher, Fabrício Corsaletti e Wilson Bueno. Lobão é uma das atrações da agenda de 3 de maio, quando participa de uma palestra sobre 50 Anos a Mil, a autobiografia do sempre polêmico músico carioca. Ainda neste dia ocorre a apresentação de Ignácio de Loyola Brandão sobre a biografia Ruth Cardoso – Fragmentos de Uma Vida. Antes deles, Ricardo Girotto, um dos grandes desenhistas brasileiros, participa de uma palestra/workshop sobre seu delicioso Fábrica de Brinquedos, uma das novidades da Editora Ática para o público infanto-juvenil. Girotto prestigia a Flipoços nos dias 3 e 4.
· MV Bill, Ariano Suassuna e Ignácio de Loyola Brandão, escritores presentes na Flipoços 2011
LITERATURA/
‘Um encontro existencial’
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Nelson de Oliveira é um entre os notáveis escritores brasileiros com menos de 50 anos de idade. Paulista, doutorado em Letras pela USP (Universidade de São Paulo), Nelson escreveu mais de 20 livros, entre conjuntos de contos, romances e ensaios. Também é o organizador de Geração 90 – Manuscritos de Computador e de Geração 90 – Os Transgressores, importantes antologias para todos os que se interessam pela literatura contemporânea brasileira. Naquela Época Tínhamos um Gato, Treze, Subsolo Infinito, O Filho do Crucificado, A Maldição do Macho, Verdades Provisórias, O Oitavo Dia da Semana e Poeira: Demônios e Maldições são, a meu ver, alguns de seus títulos mais relevantes. A literatura de Nelson é propositiva, inquietante e, por isso – e que ótimo que seja assim –, vai muito além do entretenimento. Contemplado em 1995 com o prêmio Casa de las Américas (Cuba) e duas vezes pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), o autor faz uma palestra sobre literatura e tecnologia no dia 3 de maio, também pela Flipoços. Pouco conhecido do grande público, Nelson falou à LACRÈME: LACRÈME – Feiras literárias, bienais de literatura... Atividades como estas, a seu ver, são de fato importantes no sentido de fomentar o ato de ler ou existe muito de interesse comercial nisso tudo? Ou a mistura de ambos os propósitos são relevantes, pois não pode existir literatura sem mercado? NELSON DE OLIVEIRA – Estamos mergulhados até o pescoço na economia de mercado. Isso significa que não existe expressão artística totalmente desvinculada do comércio. Artes plásticas, música, teatro, cinema, literatura, tudo está ligado à famigerada Lei da Oferta e da Demanda. As feiras e as festas literárias ajudam a promover a literatura e os escritores, até mesmo os mais marginais. Isso é muito bem-vindo, principalmente num país como o nosso, audiovisual, povoado de não leitores. Os prêmios literários também são muito importantes como forma de divulgar a boa literatura. Só assim para os livros de ficção e de poesia conseguirem competir com a tevê, o videogame, a internet, o futebol etc. LACRÈME – Defina, por favor, a satisfação que você sente quando encontra parte de seus leitores em feiras literárias. Participar de eventos como a Flipoços ainda o emociona? NELSON – Eu sempre me espanto quando alguém diz que leu ou está lendo um livro meu. Ainda não sou um autor muito conhecido fora de São Paulo, e meus livros não são fáceis de digerir, porque escrevo para inquietar e provocar o leitor, não apenas para entreter. Então, quando alguém diz que está lendo um de meus livros, isso me emociona bastante. Sinto como se estivesse acontecendo um encontro existencial por meio da literatura.
· Nelson de Oliveira: mais de 20 livros em seu currículo
LACRÈME – Você pode, por favor, adiantar detalhes a respeito de seu próximo lançamento? Será um romance, conjunto de contos, ensaios...? NELSON – Meu próximo livro será uma coletânea de textos publicados na imprensa, principalmente na Folha de S.Paulo e no jornal Rascunho (http://rascunho.rpc.com.br). São textos sobre os mais diversos assuntos: artes plásticas, ciência, política, futebol, cultura popular, música e, é claro, literatura.◄
Confira a programação completa no site www.feiradolivropocosdecaldas.com.br
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Ilha Grande O paraíso é logo ali
· Praia do Aventureiro: com areia branca e fina, é a praia mais isolada da ilha
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texto Valéria Cabrera fotos TurisAngra / Thiago Pagin
I
nvadida e atacada por piratas, rota de tráfico de escravos, escolhida para abrigar um lazareto (antigo hospital de quarentena) e, mais tarde, um presídio que recebeu presos políticos. Tudo isso ficou no passado. A Ilha Grande, pertencente ao município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, agora é conhecida por suas incontáveis belezas naturais distribuídas em 193 quilômetros quadrados. São mais de 100 praias de águas cristalinas, algumas praticamente desertas. A vegetação, exuberante, pertence ao bioma da Mata Atlântica e abriga animais silvestres e trilhas que sempre garantem aventuras, da mais leve até a mais radical. Chamada de “capital da ilha”, a Vila do Abraão é o local com melhor infraestrutura turística. É onde fica o maior número de moradores, pousadas e restaurantes. Também é a porta de entrada da ilha. Os automóveis são proibidos e as pessoas são transportadas por meio de barcas, catamarãs e veleiros que partem do continente diariamente para o Abraão. Do Abraão também saem barcos de passeio para a maioria das praias. As
principais são Provetá, Araçatiba, Bananal, Enseada das Estrelas, Sítio Forte, Vermelha, Palmas, Dois Rios, Lopes Mendes, Aventureiro, Matariz, Parnaioca, Caxadaço, Lagoa Azul, Japariz, da Longa, Ilha de Jorge Grego e Lagoa Verde. Várias delas foram listadas entre as 7 Maravilhas da Ilha Grande (mais informações no quadro). Visitantes interessados em atividades físicas mais intensas podem optar por conhecê-las a pé. A ilha possui 16 trilhas, identificadas pela sigla T mais seu número (T1, T2...), que mapeiam quase todo seu território. Para os amantes de esportes, a Ilha Grande oferece canyoning (rapel na cachoeira da Feiticeira); trekking (caminhada); esportes aquáticos como remo, esqui-aquático e wekeboard; surf (praias de Lopes Mendes e Aventureiro) e mergulho (profundidade e snorkeling). São cinco os principais pontos de mergulho: Gruta do Acaiá, cuja entrada fica a 6 metros de profundidade; Praia e Ilha dos Meros, com rica diversidade marinha; Lage e Ilha do Guriri, onde há uma gruta com várias entradas; Ilha das Palmas, onde se pode avistar facilmente ouriços, estrelas-do-mar e gorgônias vermelhas; e a Ilha de Pau a Pino, com profundidade de até 18 metros.
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Ilha abrigou
presídio político A Vila de Dois Rios é um dos pontos mais visitados da Ilha Grande. Além de ser um lugar paradisíaco, abrigou durante décadas um presídio, desativado em 1994. A Colônia Penal Cândido Mendes, como passou a se chamar na década de 1930, começou a receber presos políticos após Getúlio Vargas assumir o poder. Entre eles, escritores como Orígenes Lessa e Graciliano Ramos, que contou sua passagem pela ilha no livro Memórias do Cárcere (1953). Agildo Barata, pai do humorista Agildo Ribeiro, e Carlos Marighella também estiveram presos no presídio por suas atividades políticas de esquerda. O Cândido Mendes abrigou ainda o travesti João Francisco dos Santos, mais conhecido por Madame Satã, e foi palco de uma das mais espetaculares fugas: o traficante José Carlos dos Reis Encima, o Escadinha, foi resgatado por um helicóptero. Em O Caldeirão do Diabo (Cosac Naify, 2001), o fotógrafo André Cypriano remonta o cotidiano do presídio por meio de um conhecido e elogiado ensaio fotográfico em preto e branco.
Você sabia? A Ilha Grande já foi uma grande produtora de café, entre 1772 e 1890. Seus grãos chegaram a ser exportados para a Europa. Com o término da escravidão, na segunda metade do século 19, a cultura do café tornou-se inviavél e foi abandonada.
· No alto, o Cândido Mendes à época de sua inauguração; nesta foto, a situação atual
· Vila do Abraão vista de uma das trilhas da ilha
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· Lopes Mendes, eleita a praia mais bonita da Ilha Grande
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As 7 Maravilhas da Ilha Grande Em 2007, a Ilha Grande foi escolhida como uma das 7 Maravilhas do Rio de Janeiro. Ficou em segundo lugar, perdendo apenas para o Pão de Açúcar. Aproveitando o concurso, o site www.ilhagrande.org realizou uma eleição que escolheu as 7 Maravilhas da Ilha Grande. Foram mais de 8 mil votos dados por brasileiros de todas as regiões e por estrangeiros que conheceram e se apaixonaram por esse pedaço do paraíso. A seguir, os pontos mais lembrados pelos internautas:
1 Lopes Mendes Considerada a mais bonita da ilha e uma das mais bonitas do mundo, a praia Lopes Mendes foi a campeã da votação. Para alcançá-la da forma mais rápida, o turista tem de pegar um barco na Vila do Abraão e seguir até a praia do Pouso. Uma trilha (T11) leve, de cerca de 1 km, leva até a Lopes Mendes. Também há a opção de seguir por trilha (T10 e T11) do Abraão até Lopes Mendes. O primeiro trecho, até a praia do Pouso, corresponde a 6 km de trilha considerada de nível médio. Neste ponto é possível recarregar as “baterias” em uma das barracas existentes na praia. Depois é só tomar fôlego e andar mais 1 km. A recompensa é “a visão do paraíso”, como quase todos costumam exclamar. Os 3 km de praia com águas cristalinas e areia branca e fina são um convite para o mergulho. No local é proibido acampar e fazer qualquer tipo de construção. Não há bares, restaurantes e pousadas. Apesar de algumas barracas venderem sanduíches, refrigerante, cerveja e água, é importante levar água potável e uma fruta. Uma atração à parte na praia é a escultura do artista plástico Silvio Cavalheiro, que usou uma boia gigante de navio que encalhou na areia.
2 Lagoa Azul A praia de águas mornas e rasas foi a vice-campeã do “concurso”. Localizada na Freguesia de Santana, extremo norte da Ilha, a praia é rodeada de ilhas (dos Macacos, Comprida, Redonda e a própria Ilha Grande). Originalmente chamava-se Praia do Sul de Fora, mas teve seu nome mudado por causa da semelhança com Port Antonio, na Jamaica, onde foi rodado o filme Lagoa Azul. Com água azul turquesa e peixes multicoloridos, ótima para mergulhos, a Lagoa Azul é uma das praias mais visitadas da Baía da Ilha Grande. O acesso só é possível de barco. Não há trilhas. Da Vila do Abraão partem saveiros e escunas que levam os turistas para um passeio que dura o dia todo.
3 Pico do Papagaio Localizado na parte leste do Parque Estadual da Ilha Grande, a 985 metros de altura, o Pico do Papagaio pode ser visto de quase todos os pontos da ilha, da terra ou do mar. Do seu cume, em dias claros, é possível avistar toda a Restinga da Marambaia e, com sorte, a Pedra da Gávea no Rio. Mas não é fácil chegar até lá. São 18 km, ida e volta, em uma trilha considerada pesada. Mas o visual compensa. Durante o percurso, não é difícil encontrar animais como saguis, bugios, esquilos e lagartos.
4 Praia do Aventureiro É a praia mais isolada da ilha, com areia branca e fina. O acesso é feito de barco (três horas em mar aberto) ou caminhando (7,4 km, ida e volta), desde a Vila de Provetá. Apesar de curta, a trilha (T9) exige preparo físico e disposição. Na praia, alguns bares simples oferecem refeições, porções e bebidas. Não há pousadas no local, mas alguns moradores alugam quartos para visitantes. O camping é possível somente em propriedades autorizadas e o turista precisa de permissão para permanecer na praia (apenas 560 visitantes por dia podem visitar a praia do Aventureiro).
5 Praia da Parnaioca Localizada no sul da ilha, entre a Ponta Alta da Parnaioca e a Ponta da Tucunduba, esta praia que faz parte do Parque Estadual da Ilha Grande é uma das mais selvagens e preservadas do local. Com poucas casas de moradores, a praia é cercada de mata habitada por macacos (bugios e micos), esquilos, pacas, cotias e diversas espécies de pássaros. Para chegar até ela, a partir da Vila do Abraão, as opções são o barco e duas trilhas (T14 e T16). A T14 percorre o antigo caminho do presídio. É considerada pesada por causa da distância, cerca de 7 km. No final, o visitante chega a Dois Rios. Para Parnaioca, é necessário percorrer a T16. São mais 8 km em uma trilha considerada de nível médio.
6 Caxadaço O sexto lugar no ranking das 7 Maravilhas da Ilha Grande tem apenas 15 metros de praia e é cercado por rochas esculpidas pela natureza. As águas cristalinas e calmas atraem cardumes de várias espécies. O difícil acesso a torna quase deserta. Chegar de barco nem sempre é possível devido às condições do mar, pois as ondas podem não permitir uma navegação segura. Por trilhas (T14 e T15), será uma caminhada de aproximadamente 11 km. Saindo da Vila do Abraão, o visitante segue pela T14 em direção a Ávila de Dois Rios. Após a Piscina dos Soldados, entra na T15 e prossegue até o Caxadaço. O visual que se tem ao chegar ao destino compensa o cansaço.
7 Praias Sul e Leste Esta é a única maravilha da Ilha Grande aqui descrita que o turista não pode visitar, pois é o maior santuário ecológico da ilha. Com 6 km de extensão e separadas apenas por uma pequena ilha, as praias Sul e Leste ficam na Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, criada em 1981, e que abrange também duas lagoas, áreas de mangue e restinga, serras cobertas de Mata Atlântica e matas inundadas, além do Parque Marinho do Aventureiro. A área é restrita a cientistas e pesquisadores. A aproximação de embarcações também é proibida. A área abriga uma complexa cadeia alimentar que inclui camarões, siris, caranguejos, tainhas e muçuns, e até mesmo lontras, mamíferos considerados em extinção.
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Como chegar Quando visitar A Ilha Grande pode ser visitada durante todo o ano. A dica é aproveitar a ilha entre os meses de março e junho e agosto e outubro, pois a chuva é rara e a temperatura agradável. Além disso, os preços na baixa temporada são bem mais atrativos.
A única forma de chegar à Ilha Grande é por meio de barcas, saveiros ou catamarãs. Como não é permitido o acesso de veículos, não há pontes nem balsas. O ponto de partida pode ser Angra dos Reis, Conceição de Jacareí ou Mangaratiba, e o destino é a Vila do Abraão, o ponto com maior infraestrutura da ilha. A travessia é realizada em vários horários, a partir das 7h30. Para saídas de Angra dos Reis, a porta de entrada mais próxima para o turista que sai de Poços de Caldas e região, a última travessia ocorre às 16h. O percurso pode demorar 45 minutos em um catamarã ou cerca de uma hora e meia, em saveiros e barcas. O preço também varia de acordo com o tipo de embarcação e o dia escolhido para a travessia, de R$ 6,50 em uma barca de segunda a sexta-feira, a R$ 25 em um catamarã. Caso o turista chegue a um dos pontos de partida para a Ilha Grande de carro, o mais indicado é deixar o veículo em um estacionamento que possua seguro. Existem várias opções e os preços variam de acordo com o período do ano.◄
· Lagoa Azul, praia de águas mornas e rasas (e); Pico do Papagaio: 985 metros de altura; e Saco do Céu, onde o visitante pode avistar estrelas-do-mar em água rasa
Tecnologia cosmética A tecnologia cosmética é muito dinâmica, característica que resulta na otimização de serviços e produtos usados nos cabelos. A equipe de cabeleireiros do Matiz Lounge acredita nesta proposta e, por isso, empenha-se na busca constante desta evolução. Nos dias 21 e 22 de março, o salão marcou presença no Curso de Colorações e Mechas promovido pela Academia L'Oreal Paris. O Matiz Lounge, assim, oferece as últimas novidades em colorações e mechas, além de todos os tratamentos já disponibilizados. Aproveite a competência dos profissionais do Matiz Lounge e garanta beleza e saúde a seus cabelos.
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arquitetura moderna paulistana
Um mergulho na
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texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação
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izem ser possível que um sujeito nascido na cidade de São Paulo passe a vida inteira, da infância à velhice, tentando visitar todas as atrações da metrópole e, lá pelos 80 anos de idade, ele conclua que pelo menos mais duas décadas de disposição plena viriam a calhar. São Paulo, de fato, possui atividades suficientes para encantar adultos e crianças sem tédio ou repetições. A mais recente é sob medida para quem aprecia arquitetura e design. Por meio da empresa SPBureau, que criou o tour Arquitetura Moderna Paulistana, fica possível organizar um grupo interessado no tema e conhecer as principais manifestações do modernismo no campo da organização espacial e dos ambientes edificados. A experiência é ímpar, pois permite que os visitantes ultrapassem os limites das fachadas e ingressem em alguns dos principais edifícios paulistanos que testemunham o empenho dos arquitetos no sentido de romper com a tradição do século 19, notadamente com o ecletismo, a partir de princípios estéticos renovadores internacionais, como as propostas da arquitetura orgânica, brutalista, construtivista, da Bauhaus, da vanguarda russa e do De Stijl. Assim, na prática, os participantes do tour informam previamente quais são os seus principais interesses arquitetônicos e o passeio é montado. A duração média é de quatro horas e custa a partir de R$ 500 (preço por grupo de três pessoas). O embarque é feito em vans e o roteiro contempla endereços de destaque, como a recém-reformada Biblioteca Mário de Andrade, projetada pelo francês Jacques Pilon, em 1943, e a Casa de Vidro, concebida em 1950 pela italiana Lina Bo Bardi para servir de residência para ela e para o marchand e crítico de arte Pietro Maria Bardi, também italiano, e com quem se casara em 1946, pouco antes de se mudarem para o Brasil. Ainda de Lina Bo, São Paulo abriga a unidade Pompéia do Sesc (1) e o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) (4), ambos os projetos também relacionados como opções. É claro que um roteiro como esse não poderia deixar de lado obras assinadas por Oscar Niemeyer. O carioca, nome fundamental da arquitetura moderna internacional, e pioneiro na exploração do concreto armado, é homenageado em dois projetos (o grupo deverá optar por um): Parque do Ibirapuera, o complexo de lazer, esportes e cultura inaugurado em 1954 (2), e Edifício Copan, de 1951 (3), a maior estrutura em concreto armado do Brasil e um dos ícones da paisagem paulistana. Além destes arquitetos, o tour Arquitetura Moderna Paulistana abrange projetos de Vilanova Artigas (FAU/USP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo ou Edifício Louveira), Paulo Mendes da Rocha (MuBE – Museu Brasileiro da Escultura ou Pinacoteca do Estado de São Paulo) e Isay Weinfeld (Hotel Fasano ou Loja Forum). ARQUITETURA MODERNA PAULISTANA – Roteiro turístico por alguns dos principais edifícios que representam a arquitetura moderna em São Paulo. SPBureau (www.spbureau.com), São Paulo (SP). Tels.: 11 3104-3577, 11 82598317 e 11 7881-9894. Preço: R$ 500 (grupo de três pessoas). Visitas monitoradas na Biblioteca Mário de Andrade podem ainda ser agendadas diretamente na instituição (www.bma.sp.gov.br). Tel.: 11 3256-5270. Entrada franca. A Casa de Vidro (Instituto Lina Bo e P. M. Bardi) também possui serviço de visita com monitoria (www.institutobardi.com.br). Tel.: 11 3744-9902. R$ 10 por pessoa.◄
ARQUITETURA/
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/HORA DO CAFÉ
Cooxupé eleva padrão da
cafeicultura nacional
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· Complexo Japy: o café passou a ser ensacado em bags
texto Valéria Cabrera fotos Batista / Divulgação
cafeicultura praticada no Sul de Minas Gerais ingressou em uma nova fase de desenvolvimento tecnológico com a inauguração, em março, da primeira etapa do Complexo de Armazenagem e Indústria de Café Japy, de propriedade da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé). A maior cooperativa de café do mundo, com apoio do Banco do Brasil e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), investirá R$ 70 milhões para modernizar e ampliar suas instalações. A cerimônia de inauguração contou com a presença do governador do Estado, Antonio Anastasia, do presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, além de cooperados e do presidente da Cooxupé, Carlos Paulino. O Complexo do Japy fica na BR 146, próximo ao trevo de entrada do município de Guaxupé. A estrutura já concluída amplia a capacidade de armazenagem da cooperativa em 1,5 milhão de sacas. São 20 silos para guardar 1,8 mil toneladas de café a granel; um galpão de recebimento de café com quatro moegas e tombadores; uma área de apoio de mil metros quadrados, com oficinas mecânica e elétrica, refeitório e banheiros; e uma portaria com balança, onde são retiradas amostras e feita a classificação dos lotes entregues pelos cooperados. A Cooxupé informa que a nova estrutura está equipada para receber cafés a granel e descarregar o equivalente a 4 mil sacas por hora. O produto, a partir de agora, é ensacado em bags e armazenado desta forma, com auxílio de empilhadeiras mecânicas. Quando for autorizada a venda, o produto é transferido por elevadores até um silo para então ser preparado para a comercialização, de acordo com as necessidades do mercado. A segunda etapa das obras do Complexo Japy já está em andamento e engloba 60 silos – cada um com capacidade para armazenar 3 mil sacas – onde ficará o café já comprado pela Cooxupé até ser preparado para venda ao mercado interno e externo. Será construído ainda um barracão com 4,7 mil metros quadrados para a instalação de máquinas de preparo, padronização, liga e embarques de café. Em 2010, a Cooxupé faturou R$ 1,771 bilhão, um aumento de 17,3% em relação ao período anterior, quando a cooperativa comercializou R$ 1,509 bilhão.
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Produção de café impulsiona PIB mineiro
Cult Coffee
O crescimento de 25,9% na safra de café de Minas Gerais em 2010 foi um dos principais responsáveis para que o Estado atingisse resultados recordes do PIB (Produto Interno Bruto). O aumento real médio foi de 10,9% em relação a 2009, índice que supera em 3,4 pontos percentuais o resultado nacional, de 7,5%. Os dados, divulgados na segunda quinzena de março pelo Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro, mostram que a taxa de expansão do PIB mineiro em 2010 é a maior da série histórica iniciada pela instituição em 1995. Apesar do excelente desempenho do café em 2010, o crescimento global da agricultura mineira ficou em 8,5%. A produção de grãos (algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, sorgo e trigo da safra 2009/2010 atingiu 10,2 milhões de toneladas, o que representa queda de 2,6% em relação à safra anterior. O cultivo de trigo sofreu a pior queda: 15,9%. O café lidera a outra ponta da balança, com um crescimento notável de 25,9% na última safra. Também foi verificado aumento na produção de laranja (9%), cebola (7,6%), banana (5,4%), tomate (3%) e batata (0,9%). De acordo com análise da Fundação João Pinheiro, este ganho substancial da safra de café deve-se principalmente ao fato de que 2010 correspondeu ao período de alta no ciclo bianual da cultura. Também houve melhoria nos preços recebidos pelos produtores. Em média, este valor foi de 12,6% maior que no ano anterior. O café de Minas Gerais representou 50,7% da produção nacional em 2010. No mesmo período, o Estado também aumentou sua participação no mercado internacional e obteve receita cambial de US$ 4,087 bilhões, valor que representa crescimento de 41,6% em relação a 2009.
Os cafés cultivados em fazendas localizadas em altitudes acima de 900 metros costumam resultar em uma bebida de melhor qualidade, com doçura natural e baixo amargor.
Após a abertura da embalagem, o café entra em contato com o ar e começa a deteriorar. Para minimizar esse fenômeno, deve-se acondicionar o produto em recipiente vedado e, se possível, mantê-lo sob refrigeração.
Maomé, Johann Sebastian Bach, Luís XV, Napoleão Bonaparte, Honoré de Balzac e Ludwig van Beethoven são alguns famosos apreciadores do café.
Beber um copo de água mineral, com ou sem gás, antes de tomar um café melhora a capacidade de perceber seus aromas e sabores.
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/HORA DO CAFÉ
Espressas Amargou · Até o fim deste ano, o preço do café deve sofrer reajustes de 35% a 50%. O aumento será sentido tanto pela dona de casa, que compra o produto no supermercado, quanto por quem frequenta cafeterias. O motivo da elevação é a escassez do produto de boa qualidade no mercado internacional.
Saúde · Um estudo recente realizado em Israel revelou que tomar café faz bem para a saúde. De acordo com a pesquisa, ingerir uma quantidade de cafeína equivalente a três xícaras de café por dia ajuda o sistema circulatório e pode proteger o organismo contra ataques cardíacos.
O melhor · O paranaense Felipe Oliveira foi o vencedor da décima edição do Campeonato Brasileiro de Barista, realizado em março, em São Paulo. Felipe, agora, será o representante do Brasil no mundial que ocorrerá em Bogotá, na Colômbia, no mês de junho.
Agenda do café Fispal A BTS (Brazil Trade Show) promove de 6 a 9 de junho, em São Paulo, a Fispal Café, feira de negócios para o setor cafeeiro. O evento, no ExpoCenter Norte, faz parte da Semana Internacional de Alimentação e Hospitalidade, que reúne a Fispal Food Service, A Fispal Hotel, a TecnoSorvetes e a Fispal Tecnologia. A Fispal Café será uma oportunidade para produtores, torrefadores, exportadores, distribuidores, profissionais do food service, baristas e donos de cafeterias conhecerem as tendências do mercado e, claro, fecharem bons negócios. Expocafé A 14ª edição da Expocafé será realizada entre 14 e 17 de junho em Três Pontas (MG). O evento, considerado o maior do agronegócio café no Brasil, é promovido pela Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Durante a feira será realizado ainda o 2º Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira, com o tema “Homem e máquina na produção da riqueza nacional”. As inscrições para o simpósio custam R$ 50 (estudantes pagam R$ 25) e poderão ser feitas a partir de 20 de abril pelo site www.expocafe.com ou no dia do evento, das 8h às 8h30. Simpósio O 7º Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil será realizado em Araxá (MG), de 22 a 25 de agosto, com o tema Articulação em Redes de Pesquisa e Novas Fronteiras do Conhecimento. Esta edição é organizada pelas instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café de Minas Gerais (Epamig, Ufla e UFV), que esperam a presença de aproximadamente mil pessoas e a apresentação de 500 trabalhos científicos. A Embrapa Café é co-organizadora. Mais informações no site www. simposiocafe.sapc.embrapa.br◄
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Celebração da liberdade feminina. Madame Bovary, de Gustave Flaubert, é mais do que apenas um romance: é uma genial constatação da tendência feminina à liberdade. A personagem principal, Emma Bovary é tida como transgressora da moral francesa do século XIX. Diferente do padrão feminino da época, Bovary não é uma princesa romântica, frágil e indefesa, presa numa torre à espera de um príncipe encantado. Ao contrário, é uma mulher cheia de desejos e que vai em a busca de satisfazê-los, no tempo em que desejo era restrito do universo masculino. M.Bovary é exclusivo a pessoas como Emma. Uma coleção de lingeries para experimentar e viver o Estilo, o Gosto e a Estética da liberdade.
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I MILÃO celebra o design texto Annike Limborço fotos Divulgação
luminação interna e externa com sistemas tecnológicos diferenciados, cadeiras exclusivas, mobiliário projetado com maestria, cozinhas inovadoras, acessórios sublimados. Criações dos melhores designers do mundo reunidas em um lugar: o Salone Internazionale del Mobile, em Milão, na Itália. Referência mundial em design industrial, o Salone, de 12 a 17 de abril, é a mais importante feira de design de móveis do mundo. A história do evento começa em 1961, quando um pequeno grupo de moveleiros milaneses se organizou para impulsionar as exportações italianas. A estratégia deu certo e o salão se revelou uma poderosa ferramenta de marketing para o setor. Com o passar dos anos, a feira cresceu e virou referência mundial. Em 1961 foram 12 mil visitantes. No ano passado, 290 mil! Os espaços também foram redimensionados: há 50 anos o salão teve 328 expositores organizados em 11 mil m². Em 2010, 2,5 mil ocuparam 200 mil m². Atualmente, o evento é dividido em Salone Internazionale del Mobile, Salone Internazionale del Complemento d’Arreado, Eurocucina, FTK – Technology for the Kitchen, Salone Internazionale del Bagno e Salone Satellite. Neste ano serão ocupados 230 mil m² do complexo Fiera Milano Rho e o público esperado é de 290 mil visitantes de 160 países. Além de proporcionar excelentes oportunidades de negócios, o Salone Internazionale del Mobile permite que os visitantes reflitam sobre os rumos do design mundial, da criatividade e da cultura. Entre os designers brasileiros presentes ao evento deste ano estão os irmãos Fernando e Humberto Campana. Em parceria com a empresa sul-africana Klein Karo, a dupla lança uma coleção de móveis e de acessórios elaborada a partir do couro de avestruz. Já a exposição Bola da Vez, com curadoria de Angelo Derenze, presidente da Casa Cor, apresentará obras inéditas de 16 designers do grupo Brazil S/A feitas a partir de uma bola cedida pela Nike. Entre os criadores estão Marcelo Rosenbaum, João Armentano, Sérgio Rodrigues e Alex Atala. Após o evento, todas as obras da mostra serão leiloadas e a renda será revertida a instituições beneficentes que trabalham com incentivo ao esporte.◄
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Alcides Mosconi Neto texto Lurdinha Camillo – Colunista social do Jornal Brand-News foto Brand-News
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hamá-lo de doutor? Deveria, mas o sobrenome Mosconi abre espaço para a intimidade de longa data com a família. Com sorriso aberto, elegante e educadíssimo, Alcides Mosconi Neto foi recebido pela colunista no salão de café do Hotel Minas Gerais. Oi pra cá, delicadezas pra lá, e perguntei: De onde vem toda essa tranquilidade, o bom humor de seu dia a dia? Eu já sabia. Claro, do convívio familiar. Alcides cresceu sabendo que para tudo é preciso ter paciência, calma. Tudo baseado em planejamento. Cumprir horários. Faz sentido um médico chegar atrasado em uma sala de cirurgia? Não faz! Formado pela UnB (Universidade de Brasília), Alcides atualmente conclui doutorado pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), onde tem grandes amigos e incentivadores, como os médicos Miguel Srougi, professor titular de Urologia, e Kátia Ramos Morena Leite, patologista da USP e do Hospital Sírio-Libanês. É concursado e contratado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, em São Paulo, e consta entre os quatro cirurgiões que dão treinamento sobre a especialidade. Divide seu tempo entre a capital paulista e Poços, onde atende na Santa Casa e em sua clínica particular. E não fica dúvida: o GreenLight HPS é sua menina dos olhos. O equipamento a laser, de novíssima tecnologia, comprado pelo Governo do Estado e doado à Santa Casa de Poços de Caldas, veio coroar de êxito os trabalhos da equipe de profissionais urologistas que operam na unidade hospitalar. A cirurgia a laser com o uso deste equipamento é adequada para a maioria dos pacientes que apresentam aumento do tamanho da próstata, patologia também conhecida por HPB (Hiperplasia Prostática Benigna). Vocação para a medicina? Longas conversas com o pai, o médico urologista Carlos Eduardo Venturelli Mosconi, e bingo, o momento decisivo: uma
tarde em um centro de cirurgia, durante o segundo ano colegial, admirando as técnicas dos médicos, entre eles o pai. Ali resolveu: vou ser médico! Maria Lúcia Ribeiro Mosconi (Ucha), ele ama de paixão. Tem um carinho especial pela mãe. Seu incentivo foi essencial. Frase que diz a que veio: “Ensino todos os dias, aprendo todos os dias. Um aprendizado mútuo”. Mais um café. Com açúcar e com afeto. E vou em frente. No que Poços é expressiva? “Na sua qualidade de vida, expoente em saúde, turismo, no povo que sabe ser amigo, na simplicidade, mas com certa sofisticação em seu dia a dia”, responde. E no que Poços faz você sorrir? “A Serra de São Domingos, nossos jardins”, afirma. “E final de semana é para andar a cavalo na fazenda da família, em Andradas, estudar para minha tese, brincar com meus filhos Caio e Arthur, conversar horas com Fabiola, a esposa que amo. Afinal, o que seria de mim e meus filhos sem ela?” Foi bom ouvir Alcides dizer que, longe das atividades diárias da profissão, dedica-se integralmente à família; que com os pais aprendeu a ter respeito por tudo e por todos, a ter fé em Deus e viver de maneira ética e profissional. Com Fabiola e os filhos, aprendeu que estarem juntos é essencial. Tudo isso, segundo ele, traz uma grande satisfação pessoal, mas, sobretudo, responsabilidade. Pelo grande desafio de atender toda a demanda existente e futura, incluindo projetos de estudos, para o desenvolvimento na área em que atua. “O que mais gosto como médico é poder acompanhar a evolução de um equipamento como o GreenLight HPS, com a importância necessária. O que me encanta são todos os desafios que encontro na área da urologia e que me impulsionam a desvendá-los.” Simples assim.◄
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O que me encanta são todos os desafios que encontro na área da urologia e que me impulsionam a desvendá-los
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Segurança, qualidade e economia na construção civil – Parte 2 por Ricardo Couceiro Bento*
Acidentes estruturais ocorridos por todo o país – desabamentos de edifícios, queda de marquises e muros e outros – tomaram conta dos noticiários nos últimos tempos. Restringindo-se somente às perdas materiais, o que fazer para se prevenir deste tipo de prejuízo na compra de um imóvel em construção? No que diz respeito ao projeto e execução das estruturas, o procedimento mais seguro é avaliar a conformidade do projeto e o controle da execução da construção e dos materiais utilizados. Estes procedimentos de fiscalização do fiel cumprimento das normas técnicas nas duas fases – projeto e execução – podem e devem ser efetuados pelos compradores do imóvel. No caso de edifícios, é um investimento de baixíssimo custo e plenamente justificável. Quanto ao projeto estrutural, deve ser verificado o cumprimento das normas técnicas definidas por lei, como cálculo da estrutura, fundações e comportamento estrutural em situação de incêndio. Os órgãos oficiais, como o CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), prefeitura e Corpo de Bombeiros, em geral fiscalizam a existência de profissional responsável, mas não têm condições de verificar o real cumprimento das especificações dos projetos. Acidentes decorrentes de erros de avaliação, ignorância das exigências e mesmo o não cumprimento das especificações técnicas por motivos econômicos pelos responsáveis podem estar acontecendo. Será que os edifícios que constantemente são lançados realmente seguem as especificações técnicas de segurança? Ou apenas têm um responsável técnico que avaliza as exigências sem atendê-las. A orientação é simples para quem compra um imóvel em grupo, como apartamentos. Deve-se designar um profissional contratado pelos compradores para avaliar as conformidades de projeto executado pela construtora antes da fase de construção. Caso seja verificado que o projeto não segue as normas técnicas exigidas, deve ser emitido um termo de aceitação provisório do projeto, onde devem constar todas as pendências a serem corrigidas. Este procedimento de baixo custo é de direito do comprador e previsto legalmente, aumentando a garantia da qualidade e a segurança na compra de um imóvel. Os projetistas e as construtoras só devem agradecer tal medida por parte dos compradores, pois previne contra possíveis falhas. Construtoras e profissionais honestos nada têm a esconder. Quem não deve não teme.
· Estrutura de edifício em Poços de Caldas *Ricardo Couceiro Bento é engenheiro civil, mestre em Habitação pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo), professor da PUC Minas do Curso de Arquitetura e Urbanismo, membro da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos) e membro do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) bento@pocos-net.com.br 35 3721-1243
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Estar em harmonia é a base para a obtenção de sucesso. E esse equilíbrio pode ser conseguido pela Cura Prânica e pelos Florais de Saint Germain, terapias oferecidas pelo Espaço Flor de Luz, em Poços de Caldas. O atendimento é personalizado, feito com hora marcada, pela terapeuta Gislene Xavier, formada no Instituto de Cromoterapia de Brasília e com especialização em Cura Prânica e em Florais.
“O Espaço Flor de Luz oferece meditação aberta ao público, toda terça-feira a partir das 19h15”
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DESENHO/
A tragédia no Japão
em desenhos solidários texto Ricardo Ditchun fotos Reprodução
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sofrimento do povo japonês comove a humanidade e, por isso, uma série de manifestações de solidariedade foi desencadeada em vários países. Uma delas, sensível e criativa, nasceu na França, tão logo as primeiras informações sobre as mortes, ferimentos e estragos materiais provocados pelo terremoto seguido de tsunami e de um pesadelo nuclear passaram a ser divulgados em 11 de março. A iniciativa, chamada Des images pour Le Japon – Tsunami, partiu da CFSL, uma comunidade virtual francesa que debate e divulga a arte e os interesses dos amantes do desenho em geral: ilustração, HQs, grafismo e mangá. Por meio do endereço http://cfsl.net/tsunami/, a trupe da CFSL convocou artistas de todas as partes do mundo para a criação de um acervo cujo tema é o desastre e a necessidade de reconstrução da Terra do Sol Nascente. A ideia é simples: os interessados enviaram seus desenhos (até 10 de abril) que passaram pelo crivo de uma equipe de edição especializada. Para ser selecionado, o desenho tinha de possuir uma mensagem de apoio que tivesse apelo universal, de preferência sem texto, e qualidade estética. O próximo passo é separar as 50 melhores ilustrações e oferecê-las em leilão a ser realizado no dia 30 de abril na Galerie Arludik, em Paris. O dinheiro arrecadado seguirá para associações de ajuda humanitária japonesas. Do ponto de vista artístico, os desenhos enviados mencionam boa parte do universo gráfico japonês que povoa o imaginário mundial. São personagens como Astro Boy, samurais, robôs e o Godzilla. Por motivos óbvios, essa “gente” aparece em situações relacionadas ao desastre, imersa no silêncio, prostrada ou em combate. Todos transmitem com convicção que muita coisa precisa ser feita. São notáveis, também, os desenhos que têm como base a simplicidade do haicai, a notável fórmula poética japonesa capaz de expressar quase tudo em quase nada, como as crianças que, ilhadas sobre um carro arrasado pelas ondas gigantes, lançam ao sabor dos ventos balões vermelhos e brancos. A mensagem é implícita, eloquente e suficiente.◄
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Cia. Bella reaparece
firme e forte
texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação
O
Instituto Cultural Companhia Bella de Artes reassume seu lugar na cena cultural da cidade. A pausa ocorreu no fim do ano passado, quando o grupo responsável pela organização e programação das atividades decidiu reavaliar e revigorar o papel da Cia. Bella de Artes, como é mais conhecida, em Poços de Caldas. Marina de Andrade, atual presidente do ICCBA, promoveu o relançamento do espaço no dia 1º de abril. A data, claro, motivou o nome do evento: 1 de Abril – Verdade. A partir de agora, moradores de Poços, das cidades da região e visitantes têm como alternativa cultural a programação da Cia. Bella de Artes. O cardápio inclui cinema, vídeo, fotografia, artes plásticas, literatura, dança, música e teatro. E as atividades já começaram. Desde a reinauguração, por exemplo, está em cartaz, na Galeria Mario Seguso, a mostra Expo Verdade, com obras de Claudio Guedes e de amigos dele que também têm a pintura como meio de expressão. Ainda em abril, a programação de vídeo terá exibições dos longas O Tempero da Vida (de Tassos Boulmetis, 2003), dia 19, e Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão (de Larry Charles, 2006), dia 26, ambos com entrada franca. CIA. BELLA DE ARTES – Rua Prefeito Chagas, 305, PL do Edifício Manhattan, Centro , Poços de Caldas. Mais informações sobre a programação pelo tel.: 35 3715-5563 ou no endereço eletrônico www.ciabella.org.br
Exposição A Infância Revisitada – Antonieta Prézia – A mostra apresenta trabalhos que lembram a infância da artista na cidade de Caldas, onde nasceu e viveu até se casar. São pequenas paisagens, cenas caseiras, brincadeiras, objetos, quintais e festividades que povoaram seu universo de menina. Complementam a mostra os coloridos estandartes religiosos. No Chalé Cristiano Osório, Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas – Rua Teresópolis, 90, Jardim dos Estados. Tel.: 35 3722-2776. Entrada franca e estacionamento gratuito. De terça-feira a domingo, das 13h às 19h. Até 1º de maio. Alécio de Andrade – Exposição retrospectiva do fotógrafo que nasceu em 1938 no Rio de Janeiro e morreu em 2003, em Paris. São imagens feitas para publicações como Manchete, Elle e Newsweek e também para a agência Magnum, da qual Alécio foi membro associado entre 1970 e 1976. No Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas – Rua Teresópolis, 90, Jardim dos Estados. Tel.: 35 3722-2776. Entrada franca e estacionamento gratuito. De terça-feira a domingo, das 13h às 19h. Até 1º de maio.
Música Sinfonia das Águas – A temporada 2011 do espetáculo musical ao ar livre tem início em abril e contará com outras quatro apresentações ao longo do ano. Na programação da Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas constam desde clássicos da música erudita até temas de filmes e sucessos da MPB. No Parque José Affonso Junqueira (atrás do Palace Hotel). Dias 15 e 16 de abril, às 21h. Cadeiras na parte da frente R$ 40 e R$ 20 (meia entrada) e cadeiras no gramado R$ 20 e R$ 10 (meia entrada). Ingressos à venda na Secretaria de Turismo e Cultura, na Estação Fepasa. Informações: 35 3697-2300.
Outros
· Cena do longa Borat, com o impagável personagem homônimo; filme será exibido com entrada franca no dia 26 de abril na Cia. Bella de Artes
8º Congresso Nacional do Meio Ambiente – O evento terá palestras e debates com profissionais envolvidos com o tema meio ambiente. Haverá ainda apresentação de trabalhos científicos e distribuição de mudas de árvores. Simultaneamente ocorrerá a Feira de Meio Ambiente. No Espaço Cultural da Urca – Praça Getúlio Vargas, s/nº, Centro. Tel.: 35 3697-2391. De 25 a 27 de maio. Informações: 35 3697-1551 e www.meioambientepocos.com.br
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Tirando casquinha da festa alheia
texto Valéria Cabrera fotos Divulgação
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Virada Cultural Paulista ainda não ultrapassou as fronteiras do Estado, mas os moradores de Poços de Caldas e região poderão mais uma vez aproveitar as atrações da festa que vai acontecer em 22 cidades nos dias 14 e 15 de maio. São João da Boa Vista, a 40 km de Poços, participa do evento pelo segundo ano consecutivo cheio de atrações. Este ano, além de shows musicais, a Virada Paulista terá apresentações de dança, peças teatrais, espetáculos de circo, arte de rua, cinema e encontros literários. Os destaques da festa em São João da Boa Vista são os cantores Lobão, Maria Gadú e Tiê. O grupo de percussão corporal Barbatuques também estará presente. Já para quem quiser ouvir samba e baião, terá de ir um pouco mais longe, até Mogi-Guaçu (94 km de Poços). Na cidade, a Virada Paulista terá shows com Diogo Nogueira, Dominguinhos e Trio Virgulino (confira a programação das duas cidades nesta página). Outras informações podem ser obtidas no site oficial do evento: www.viradaculturalpaulista.sp.gov.br
Virada Cultural Paulista “esbarra” em Poços com Lobão e Maria Gadú
São João da Boa Vista
Mogi Guaçu
Local: Theatro Municipal (palco interno) 18h - 18h30 · Abertura oficial 18h30 - 19h30 · Encontro de Dois - Quase 9 Teatro 20h30 - 21h30 · Cartas a um Jovem Poeta 22h30 - 23h30 · Barbatuques 0h30 - 2h · Tiê 13h - 14h · Oras Bolas - Cia Noz de Teatro, Dança e Animação 15h - 16h · Gaiola das Moscas - Grupo Peleja
Local: Teatro Tupec (palco interno) 18h - 18h30 · Abertura oficial 18h30 - 19h30 · Nem todo Ladrão vem para roubar Coletivo Commune 20h - 20h30 · Maria de Todos os Cantos - Cia de Teatro Parafernália 20h30 - 21h30 · Saiando - Babado de Chita - Dança, Música e Pesquisa Cênica Popular 21h30 - 22h · Opa Ateobaldo - Cia de Teatro Parafernália 22h30 - 23h30 · Claudia D›Orei 23h30 - 0h · Auto da Camisinha - Cia de Teatro Parafernália 0h30 - 2h · Trix Mix Cabaret 9h - 10h · Orquestra de Sopros da Coorporação 10h30 - 11h30 · Vovô - Cia Truks 12h30 - 13h · Encontro de bandas - em frente ao teatro 13h - 14h · Clássicos do Circo – Parlapatões 14h - 14h30 · Encontro de bandas - em frente ao teatro 15h - 16h · André Siqueira 16h - 16h30 · Encontro de bandas - em frente ao teatro 16h30 - 18h · Vania Borges, Gabriela Cerqueira, Thomas Howard e Ademar Farinha
Local: Estação Ferroviária (palco externo) 18h30 - 19h20 · DJ Tuto Moraes 19h30 - 20h30 · Beatles 4 Ever 20h30 - 21h · Intervenção - em frente ao palco 21h - 21h50 · Os Imprevisíveis 22h - 22h30 · Intervenção - em frente ao palco 22h30 - 23h30 · Leela 23h30 - 0h · Intervenção - em frente ao palco 0h - 1h30· Lobão 1h30 - 2h30 · DJ Tuto Moraes 14h - 15h · 5 à Seco 15h - 15h30 · Intervenção - em frente ao palco 15h30 - 16h30 · Quinteto em branco e preto 16h30 - 17h · Intervenção - em frente ao palco 17h - 18h30 · Maria Gadú Local: Praça Coronel Joaquin José - Fonteatro 10h30 - 11h30 · Orquestra Jazz Sinfônica de São João da Boa Vista 16h - 17h · Roda de Choro com Luizinho 7 Cordas Local: Praça Benedito Galli 11h · Teatro Infantil São João da Boa Vista 14h · Projeto Vinagrette 16h · Grupo Herança Negra Local: Cinema (Dona Sali) 15h · Cinema Infantil
Local: Avenida dos Trabalhadores, em frente ao Museu Municipal (palco externo) 18h30 - 19h20 · DJ Kri (Clássicos de Rock) 19h30 - 20h30 · Macaco Bong 20h30 - 21h · Malabarisando - Irmãos Becker 21h - 21h50 · (programação não confirmada) 22h - 22h30 · Malabarisando - Irmãos Becker 22h30 - 23h30 · Trio Virgulino 23h30 - 0h · Malabarisando - Irmãos Becker 0h - 1h30 · Dominguinhos 1h30 - 3h · DJ Kri 14h - 15h · Choro das 3 15h - 15h30 · Intervenção - em frente ao palco 15h30 - 16h30 · Samba de vitrola 16h30 - 17h · Intervenção - em frente ao palco 17h - 18h30 · Diogo Nogueira Local: Cinema 2h00 · filme de terror 4h00 · filme de terror
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/GASTRONOMIA
Cozinha
GASTRONOMIA/
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texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação / Arquivo
C
omer é tão necessário como prazeroso. Em qualquer lugar do mundo, das metrópoles aos vilarejos, passando pelas aldeias indígenas, nós, humanos, dedicamos parte de nossas preocupações com o planejamento de cardápios que possam dar conta de pelo menos três refeições diárias de boa qualidade. Esta necessidade é fisiológica, mas há momentos em que pesa mais o deleite, o hedonismo sem remorsos. É quando entra em cena um vasto cardápio que não prima necessariamente por suas qualidades benéficas. O que vale, então, é o sabor pelo sabor, seja a iguaria uma fritura, um naco de carne abastecido com uma suculenta capa de gordura, uma irresistível mistureba de miúdos ou uma deliciosa guloseima portuguesa plena de açúcar e de gemas de ovos. Mas dá para ser mais – muito mais – radical quando se trata da chamada baixa gastronomia, um termo polêmico que não significa falta de qualidade ou de sabor. Alguns exemplos: . Dezenas de culturas espalhadas pelo mundo não dispensam um bom e gorducho rato assado ou cozido; . No México, e em boa parte dos países asiáticos, os vermes e todo um universo de insetos são devorados todos os dias sem dó nem piedade por crianças e adultos; . Os morcegos frugívoros rendem sopas substanciais para chineses e vietnamitas; . Ainda hoje, na Coréia do Sul e na China, os cachorros que se cuidem, pois é grande a chance dos totós se transformarem em ingrediente principal de refeições; . Cérebros, de macacos, carneiros e porcos, são disputadíssimos entre europeus e africanos; . No Pará, sobretudo na ilha de Marajó, os caboclos adoram turu, um molusco branco, gelatinoso e comprido que habita troncos de árvores apodrecidas. O serviço é simples: com cuidado, retira-se o turu das tocas (os adultos medem cerca de 30 centímetros), arranca-se a cabeça e as tripas e, com algumas gotas de limão, eles seguem esôfago abaixo; . Fritada de caranguejeira é coisa fina para índios australianos; . Muitos japoneses e chineses ganham o dia quando aparece no prato alguns pares de suculentos olhos de atum ao natural; . Filipinos e vietnamitas apreciam fetos de patos crus e afirmam: “É para comer de joelhos!”; . Pênis de bois e de porcos – cozidos ou assados – são muito disputados em várias regiões interioranas do Brasil onde, para abrir o apetite, é costume tomar um gole de cachaça curtida com cobras, escorpiões ou aranhas; . Algumas tribos africanas têm como princípio religioso a ingestão diária de grandes porções de uma sopa cujo ingrediente principal são os cabelos das índias idosas. A lista poderia prosseguir sem descanso. A intenção, no entanto, não é chocar, mas ressaltar que comer é um ato profundamente relacionado com a cultura dos povos. Comer em restaurantes como Noma (Dinamarca), El Bulli (Espanha), The Fat Duck
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/GASTRONOMIA
(Inglaterra) ou D.O.M. (Brasil), respectivamente sob o comando dos chefs René Redzepi, Ferran Adrià, Heston Blumenthal e Alex Atala, é, obviamente, uma experiência muito diferente daquela possível no boteco da esquina ou na banca de pastéis da feira nossa de todas as semanas. Ambas as situações, no entanto, são capazes de provocar prazeres gustativos memoráveis. Baixa e alta gastronomia são conceitos, portanto, relativos, muitas vezes relacionados com o poder aquisitivo de quem prepara e consome e que envolvem diferenças técnicas. Na alta gastronomia prevalece, ainda, as tradições culinárias francesa e italiana, mas, mais e mais, ganham notoriedade as propostas das “escolas” espanhola, nórdica e norte-americana. A LACRÈME entrevistou o chef, escritor e apresentador de TV Anthony Bourdain, titular da brasserie nova-iorquina Les Halles. Segundo ele, existem diferenças óbvias entre a cozinha praticada em restaurantes sofisticados, nos botecos simples e nas casas de cada um de nós: “Mas isso não significa que uma seja melhor do que a outra. A meu ver, é tudo uma questão de entender e respeitar o local em que você está, o que você procura e, do ponto de vista da técnica, como é feito isso que você procura. Se eu for, como já fui, ao Mercado Municipal de São Paulo, por exemplo, vou me deliciar com o sanduíche de mortadela que é feito lá. Se a opção for um jantar em grande estilo no Le Chateaubriand, em Paris, ficarei maravilhado com a combinação de ris de veau (glândula timo bovina) e foie gras (fígado de ganso) ao molho de vinho do Porto. Em casa, de chinelos e bermudas, um belo bife alto com fritas fará de mim o cara mais feliz do mundo”. Bourdain, autor dos best-sellers Cozinha Confidencial (2000) e Em Busca do Prato Perfeito (2001), e apresentador do premiado programa de TV Sem Reservas, do Discovery Travel & Living, afirma que a melhor comida é a que é feita de modo autêntico, com cuidado, paixão e respeito às raízes culturais em que foram geradas. “Já participei das tradicionais cerimônias do porco que ocorrem no interior da França e de Portugal. Durante essas festas, todas as partes do animal são consumidas com uma alegria contagiante. Boa parte das pessoas que não fazem parte daquelas comunidades fica chocada com os procedimentos de matança, retirada do sangue e preparo das carnes e das entranhas. Porém, quando você se mostra aberto ao significado desse costume, as orelhas, bochechas, rabo, pés, cérebro, sangue e as vísceras do animal se revelam como iguarias, prontas para serem consumidas de cócoras, com as roupas imundas de gordura e com os tênis manchados de barro e com o sangue do porco recém-abatido.” · Anthony Bourdain, chef, escritor e apresentador de TV
GASTRONOMIA/
Festivais ajudam a perpetuar técnicas
· Eduardo Maya, idealizador dos festivais de comida de buteco
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O culto às manifestações culinárias populares sempre foi uma espécie de patrimônio imaterial das sociedades. Alguns pratos, e seus respectivos modos de preparo, por isso, têm motivado a realização de planos capazes de salvaguardar as tradições. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desenvolve programas que já resultaram, por exemplo, no registro de bens imateriais como a produção dos queijos artesanais do Serro e das serras do Salitre e da Canastra (MG), as farinhas de mandioca comercializadas na Feira de Caruaru (PE), o ofício das baianas que moldam e fritam acarajé em Salvador (BA), o preparo do tacacá (Região Norte), da cajuína (Piauí) e dos doces de Pelotas (Rio Grande do Sul). Além de ações como essas, do Governo Federal, a necessidade de preservar – e também de promover incentivos ao segmento de bares e restaurantes – motiva eventos que, em geral, são chamados de festivais de comida de botequim, ou de boteco. Cidades como Belo Horizonte, Belém, Campinas, Fortaleza, Goiânia, Ipatinga, Juiz de Fora, Manaus, Montes Claros, Poços de Caldas, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Salvador, São José do Rio Preto e Uberlândia estão entre as que já contam com seus respectivos concursos organizados pela Comida di Buteco, empresa criada em 1999 pelo gastrônomo Eduardo Maya, autor pioneiro desta simpática ideia que aos poucos vai sendo copiada Brasil afora. O objetivo é a valorização e a promoção do botequim como ambiente de socialização. No Brasil, e em muitos outros países, o bar alia entretenimento e a possibilidade de degustar bebidas e comidas variadas. Do ponto de vista empresarial, os festivais fortalecem a criatividade, o aprimoramento dos métodos de manipulação e preparo de alimentos e a assimilação de importantes noções de marketing, gerenciamento e empreendedorismo. Para os frequentadores, essas ocasiões dão acesso a experiências culinárias memoráveis e ampliam o potencial de lazer das cidades envolvidas. Eduardo Maya entende que o termo baixa gastronomia não faz justiça às manifestações da culinária praticada nos bares que aos poucos assimilam as metodologias adequadas propostas pelo Comida di Buteco: “Prefiro falar em cozinha de raiz e gastronomia. A primeira, que é a que importa para a nossa proposta, é a culinária que tem como tradição os conhecimentos familiares, simples e que são perpetuados de geração em geração. A gastronomia, ou alta gastronomia, envolve estudo e aprofundamento técnico”. A partida para a edição 2011 do Comida di Buteco em todo o Brasil ocorre em 15 de abril. Em Poços de Caldas, segundo Eduardo Maya, o evento, coordenado pela GSC Eventos Especiais, já é um exemplo de sucesso entre os envolvidos: “No ano passado, em relação às demais cidades do interior de Minas Gerais, Poços foi a cidade que apresentou o melhor nível de participação. Os números, aliás, revelam isso: foram 20 bares participantes e aproximadamente 16 mil votos registrados”. A principal característica das iguarias servidas em Poços, de acordo com o organizador, é a influência paulista (bolinhos) e o uso do porco, que aparece, por exemplo, na forma de crocantes e irresistíveis torresmos.
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/GASTRONOMIA Clássicos da baixa gastronomia (ou cozinha de raiz) mineira Influenciada pelos costumes alimentares de Portugal e de tribos indígenas do Brasil e da África, a tradicional culinária de Minas Gerais tem como base o porco, a galinha, o fubá, a couve e o quiabo. A partir destes elementos, quase sempre existentes nos quintais das casas do interior do Estado, os pratos variam em termos de preparo e de acréscimos de ingredientes. Os pratos mineiros mais celebrados – não necessariamente na ordem apresentada a seguir – são: . Frango com quiabo (ou com ora-pro-nóbis, em algumas regiões do Estado) . Dobradinha mineira . Galinha ao molho pardo . Tutu de feijão com couve . Pão de queijo . Panelada de campanha (carnes de porco, de boi e linguiças cozidas com pimentões, cenouras, mandioca, batatas, batatas-doces, cebolas, repolho, chuchus, bananas-nanicas e abóbora) . Torresmo . Canjiquinha com costelinha . Vaca atolada . Rabada com agrião . Pastel de fubá . Romeu e Julieta (queijo branco fresco com goiabada) . Cachaça (mineira, é claro)
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VEM AI
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/ESCULTURA
Coletiva mineira
no coração
de São Paulo texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação
· Mandala (2009), de GFO
ESCULTURA/
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A
rte mineira para paulista ver. As possibilidades estéticas tridimensionais obtidas da madeira e da cerâmica por artistas populares é o eixo curatorial proposto por Edna Matosinho de Pontes para a coletiva que permanece em cartaz na Galeria Pontes, em São Paulo, até 30 de abril. A mostra, Artistas de Minas Gerais, reúne 20 esculturas assinadas por Higino, Naninho, Vicentina Julião, Zézinha, Antonio Julião, GFO, Guto, Mario Teles e Willi de Carvalho. Do ponto de vista geográfico, a exposição é abrangente, pois os artistas evocam a pluralidade cultural de várias regiões do Estado. A Galeria Pontes está localizada em Higienópolis, tradicional bairro paulistano, e justamente na Rua Minas Gerais. A especialidade do espaço é arte popular brasileira, com obras de, além dos mineiros representados na exposição, Waldomiro de Deus, Antônio Poteiro, Tota e Antonio Julião. Para o visitante, Artistas de Minas Gerais tem como característica mais evidente a variedade estilística e a ousadia dos escultores na hora de encontrar soluções técnicas para suas peças. O resultado estético, no entanto, é marcado por um traço comum: a tradição colonial barroca. O acabamento é invariavelmente cuidadoso, mas quase não há preocupações com a sofisticação. Segundo Edna Matosinho, a curadora, quando o assunto é arte popular mineira “temos em mente uma forma de expressão que nos remete à história e à origem do nosso país”. Além de apreciar a coleção, o visitante também poderá comprar as esculturas em exposição por preços que variam de R$ 440 a R$ 16 mil.
· Virgem Sobre Nuvens (s/d), de Higino de Almeida; e, à direita, Músico (s/d), de Mario Teles
ARTISTAS DE MINAS GERAIS – Coletiva de nove artistas populares de Minas Gerais com 20 esculturas em madeira e cerâmica. Na Galeria Pontes – Rua Minas Gerais, 80, Higienópolis, São Paulo. Tel.: 11 31294218. Entrada franca. Até 30 de abril.
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ARTIGO/
NEPE/
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Educar crianças
para quê?
por Roberta Ecleide Kelly*
N
ascemos sem estratégias, desamparados e integralmente dependentes. A humanidade chega ao bebê por volta dos três meses, ocasião do sorriso social – gesto de reconhecimento que atrai o cuidador para uma ação específica de permanência e alívio da tensão de existir sem instinto. A falta de natureza impõe que sejamos feitos pelos outros e isso exige que a transmissão de cada detalhe se faça de modo minucioso, no miudinho, a cada traço cotidiano: educação. É preciso, pois, educar as crianças. Nosso tempo (pós) moderno é infeliz ao tentar nos desobrigar desta tarefa – essencial para todos –, quando parece dizer: “Não precisa! Espera que depois aprende!”. Educar é necessário, não é fácil e nem pode sê-lo. Pior: é chato. Dizer não, redizê-lo, tirar daqui e dali, retirar, orientar, repetir! Educar é ensinar o que deve ser feito para ter tempo e espaço de fazer o que se quer e gosta, e arcar com as consequências do feito. Educar crianças é a tarefa mais importante da humanidade e não pode
ser banalizada por ditames apressados como “criança é tudo de bom!”. Nem sempre é bom ser criança. O bom (que o adulto vê) está na inconsequência, na presumida liberdade das crianças. Ser livre é ser responsável pelos atos e felicitar-se com a capacidade de assumi-los. As crianças não são livres. Como, então, podem ser perenemente felizes? A tolerância à frustração é aprendida na delicadeza das proibições, na aspereza dos limites. Sem ela, não suportamos a dor (física, das perdas, da saudade) nem a dificuldade, infelizmente onipresente, da convivência. É da tolerância cotidiana de nossos defeitos e achaques que podem brotar a flor da paciência, o fruto da aceitação. Para que educar as crianças? Para dar-lhes a chance de aprenderem o quanto antes a difícil arte de conviver na dificuldade. Não se aprende a conviver melhor no passar das décadas. Aprende-se que é difícil, mas, com tolerância e paciência, vem a aceitação da dificuldade e do valor de se ficar junto, simplesmente isso. Aprendemos, ao educar as crianças, que ficar junto é bom quando estamos em função dos outros – de todos nós, por todos e cada um. Educar é uma ocupação, uma ação que nos ocupa, diverte e compromete. *Roberta Ecleide Kelly é psicanalista, doutora em psicologia clínica, pós-doutora em filosofia da eduação, consultora do Centro Educacional Primeiro Espaço, coordenadora do NEPE (Núcleo de Estudos em Psicanálise e Educação). Informações sobre o NEPE com Roberta ou Fernanda, às quartas-feiras, das 13h às 18h, pelo tel.: 35 3721-4469
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/POESIA
No alto dos seus dias imensos infindos de auroras inalcançáveis, no qual o tempo esfola como uma moenda fazendo tudo fragilíssimo e ríspido Seu corpo cansado tão cansado, Você observa Minha infância é o excesso de tudo que lhe incomoda. Você mulher respira intervalos de chumbo rangendo um resto de ar musculatura agônica as mãos tesas Me busca no meu chão relapsos de dias. Eu menino minhas mãos sujas de doce e tempo. O que eu tenho além disso? Me maturo no vão dos seus lábios Boca mãos pés pele cabelo unhas sob seus olhos; Você gestando um homem fora do seu útero Seu homem.
EuMenino Miguel Nicacio
o
AUTOS E CIA/
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Brasil abre espaço
para a lendária Harley-Davidson
texto Valéria Cabrera fotos Divulgação
A
s motocicletas mais emblemáticas do planeta, as Harley-Davidson, criadas em 1903, nos Estados Unidos, querem ganhar mais espaço nas ruas e rodovias do Brasil. A fabricante, que iniciou suas operações de venda no país este ano, vai comercializar 13 modelos em 2011, com preços que variam entre R$ 25,9 mil e R$ 65,7 mil. A ação faz parte da estratégia de crescimento da empresa em todo o mundo, que espera ter um aumento de 40% nas vendas fora dos Estados Unidos. Por enquanto, apenas três concessionárias, em São Paulo, Campinas e Belo Horizonte, estão credenciadas a vender as motocicletas que saem da unidade da montadora em Manaus. Outras concessionárias devem ser credenciadas nos próximos meses. As motocicletas Harley-Davidson já eram montadas e vendidas no Brasil
por um representante autorizado, mas sem acompanhamento direto da montadora norte-americana. Agora a Harley terá uma diretoria no país, ligada diretamente à matriz, que acompanhará todo o processo. O objetivo é garantir a satisfação dos clientes e, com isso, aumentar as vendas. A nova política comercial da montadora trouxe outro grande benefício para o consumidor: a redução de preços de alguns modelos, que passaram a ser totalmente montados em Manaus e tiveram impostos de importação eliminados. A Família VRSC, equipada com motor Revolution de 1250 cm³, que gera até 125 cv de potência e alcança os 9000 rpm, foi a mais beneficiada com a queda dos preços, de acordo com a empresa. Os modelos Night Rod Special e V-Rod Muscle tem valores iniciais de R$ 48,7 mil e R$ 46,5 mil, respectivamente. Mais informações: www.harley-davidson.com.br
· O modelo FXCWC Rocker C
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nosso inferno cotidiano
O paraíso ao alcance de todos:
PSIU!/
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por Fabio Riemenschneider *
obra de Freud tem por premissa básica o determinismo psíquico, e sua grande contribuição foi sem dúvida a compreensão dos fenômenos inconscientes. Para ele, o Inconsciente é fundamentado no recalque a desejos relacionados ao Complexo de Édipo. Assim, o Inconsciente se relaciona a uma interdição. É, portanto, no contexto do proibido que somos inseridos na cultura. A educação de nossas crianças consiste exatamente no exercício de proibições com conteúdo pedagógico e/ou psicológico. Os avanços assim obtidos no decorrer de nossa história são inquestionáveis, tal como a sensação de mal-estar que vivemos em nosso cotidiano. O tema foi discutido por Freud em um de seus últimos trabalhos, intitulado, justamente, O Mal-estar na Civilização (1930). Nele, o fundador da psicanálise relativiza os benefícios obtidos por meio do avanço da cultura frente aos malefícios vivenciados como sofrimento psíquico pelo sujeito. Trata-se de (mais) um conflito com o qual o homem tem de aprender a lidar: sentir-se amparado, apesar do mal-estar, ou encarar sua fragilidade e arriscar-se na busca da plenitude? Eis a questão. Definitivamente, não sabemos lidar com a ambiguidade e o resultado de tal inabilidade traduz-se como adoecer e como sofrimento psíquico. Por isso observamos uma profusão de práticas que oferecem respostas definitivas e dogmáticas para dar conta de nossas ambiguidades constitutivas: o paraíso ao alcance de todos para evitar nosso inferno cotidiano. A natureza deste inferno, ou sofrimento psíquico, tem tido várias manifestações e representações no decorrer da história. No fim do século 19 e início do século 20, a histeria era preponderante; a partir da segunda metade do século 20, e até hoje, a depressão e a naturalização da violência (duas faces da mesma moeda que dependem do sentido da violência) destacam-se como nosso inferno. Frente a tal situação, e ao sofrimento subsequente, soluções medicalizadas baseadas na solução imediata de problemas. Parafraseando Cazuza, buscamos “venenos antimonotonias” ou “remédios que deem alguma alegria”. Os grandes sucessos da indústria farmacêutica, da autoajuda e da fé evidenciam isso. A Psicanálise tem por proposta implicar o sujeito no seu sofrimento psíquico. Talvez por isso desperte tanta aversão. A obra de Freud, que já foi vetada e incendiada por regimes ditatoriais, teve sua publicação proibida por ir contra a moral e os bons costumes; hoje é criticada pelo espírito cientificista, pragmático e empirista, que não vê utilidade na sua prática. Talvez baseados nesses pressupostos, tais questionamentos tenham algum fundamento, mas essa discussão desarticula a implicação que cada um tem em relação ao seu sofrimento. É nesse ponto que está a importância da obra de Freud: reconhecer o sujeito como protagonista de suas escolhas. Talvez os questionamentos que recaem sobre a Psicanálise nos últimos anos revelem mais sobre a resistência que ocorre quando nos deparamos com nossa fragilidade e sobre a incessante busca por amparo e respostas que, em nosso íntimo, sabemos não existir. *Fabio Riemenschneider é psicólogo, professor universitário, conferencista, escritor, debatedor do Jornal do Sul de Minas e doutorando em Psicologia pela PUC-Campinas. É autor de Da histeria... Para Além dos Sonhos (Editora Casa do Psicólogo, 2004).
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/CRÔNICA
Pitaco pitaco
por Ricardo Ditchun ilustração Thiago Pagin
V
aqui,
ali,
vamos todos
ivemos tempos de roupa de franceses. Este substantivo curioso de nosso idioma significa, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “aquilo que todos se julgam no direito de usufruir, mexer, alterar”. Uma vez, lá se vão uns cinco ou seis anos, ouvi um político usar a expressão para criticar os insistentes “pitacos” que partiam de um sem-número de “gente de fora do Congresso”. “Gente de fora do Congresso”, no caso, éramos/ somos nós, cidadãos, justamente os responsáveis pela eleição de deputados como o tal federal. Pareceu-me, na ocasião, que o referido parlamentar, ainda hoje muito lembrado pela falta de atributos intelectuais, havia pinçado o substantivo em algum canto da internet e não via a hora de usá-lo. Foi assim: o repórter perguntou e ele tascou, mais ou menos, o seguinte: “Sinceramente, não acho válido ficar palpitando sobre o que os parlamentares fazem ou deixam de fazer. O Congresso sempre sabe o que faz. Quando gente de fora do Congresso se julga no direito de ficar disparando pitacos sem fundamento reina a desordem. Isto aqui (apontando para o piso de um dos salões da Câmara dos Deputados) não é roupa de franceses”. Para começar, odiei a ilogicidade, pois é notório que nem sempre o Congresso, por causa de alguns congressistas, “sabe o que faz”. Lamentei ainda o tom antidemocrático, mas, confesso, maravilhei-me com a descoberta tardia de um belo substantivo feminino. Assim, motivado pelo nobre, porém tosco engravatado em questão, fui aos dicionários e a outras pesquisas relacionadas. Roupa de franceses, depois do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009, é escrito sem hífen. Descobri, ainda, que a expressão é mais comum em Portugal, sendo empregada, por exemplo, na advertência “isto não é roupa de franceses”. Nesta situação, o sentido é de dar a entender que alguma coisa está, mas não deveria, à mercê de qualquer um. Exemplo: alguém entrega a chave do carro ao manobrista do estacionamento e, minutos depois, flagra o sujeito pagando de bacana com o possante por aí, pelas ruas. O dono do carro, entre furibundo e apoplético, dirá: “Mas isso não é roupa de franceses!”. Diria isso no exemplo. No mundo real, as reações instintivas provocariam exclamações impublicáveis. O verbete que o simpático e democrático iDicionário Aulete dedica ao substantivo é mais preciso: “coisa que os outros entendem dever ou poder apreender ou utilizar em seu proveito sem pedir licença ao dono ou a pessoa alguma; coisa comum ou que não tem dono; casa da mãe joana”. Casa da mãe joana, mais um substantivo curioso, para bom entendedor, é de bom tamanho. Outra curiosidade sobre roupa de franceses é sua origem. No início do século 19, a Europa testemunhou a Guerra Peninsu-
pitacar lar, uma entre as muitas rusgas arquitetadas por Napoleão Bonaparte, o treteiro imperador da França que exerceu o poder entre 1804 e 1814 (e durante um pouquinho de 1815 também). A briga de foice, versão resumida, é a seguinte: . Com a Espanha como aliada, a França napoleônica pretendeu destruir o sucesso comercial britânico; . Para tanto, invadiu e partilhou Portugal (motivo da vinda da Família Real e de sua corte para o Brasil), que mantinha relações comerciais de alto nível com a Inglaterra; . Mas Napoleão era Napoleão, e o próprio anticristo, segundo dona Maria 1ª, a Louca, rainha de Portugal. Velhaco, o genial estrategista militar traiu a confiança da Espanha, usurpando-lhe o poder e parte do território; . Espanha, Grã-Bretanha e Portugal decidiram unir forças até que, em 1814, Napoleão foi derrotado. Em solo português, óbvio, muitos franceses foram mortos. A população, aviltada ao extremo, não pestanejou: arrebatou dos corpos os despojos possíveis: armamentos, dentes de ouro, ornamentos e, claro, os uniformes dos ex-combatentes. Tudo aquilo estava lá, disponível, e a mistura de ódio e necessidade era imensa, dramática. Tudo, então, era roupa de franceses. A expressão ganhou força histórica e adquiriu existência própria, atemporal. Pitaco, todo mundo dá. Mas existem pitacos e pitacos. O problema é quando eles aparecem do nada e provocam uma enxurrada opinativa que afoga qualquer intenção de diálogo: alguém chega e já vai “pitacando”. Você não pede, mas o pitaco vem. Pior mesmo é quando o propósito é o estabelecimento sincero de uma linha de raciocínio qualquer, simpática e baseada em fundamentos, e o ouvinte nem mesmo dá a chance para o vislumbre de uma conclusão ou de uma síntese. Hoje, parece que todo mundo entende de tudo e, portanto, tem sempre muito a dizer sobre seja lá o que for. Poucas pessoas se mostram dispostas a ceder o mínimo para ouvir, de fato, o que alguém deseja propor e, a partir de então, experimentarem algo similar ao gozo dialético, um ideal platônico que merece ser resgatado. As relações cotidianas restam, por isso, truncadas, competitivas e repletas de jogos discursivos agressivos ou inconcludentes. A exceção, felizmente, parece ser o meio acadêmico. Muitos teóricos já se dedicaram e se dedicam ao tema. Em meio à sociologia da linguagem, por exemplo, a explicação vem, grosso modo, sob a seguinte forma: quem fala algo deseja construir e/ou demonstrar uma imagem de si. O pobre e tosco parlamentar mencionado criou uma. Minha avó, mulher simples e compenetrada, dizia, à guisa de ensinamento, que, quase sempre, a palavra pode até ser de prata, mas o silêncio é de ouro.◄
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Caderno verde
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/SAÚDE
Alimentos queridinhos
Conheça os superalimentos, um grupo seleto que garante dietas variadas, saborosas e fundamentais para a manutenção e a preservação da saúde
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texto Valéria Cabrera fotos Arquivo
de conhecimento geral que alimentação e saúde estão intimamente ligadas. O problema é que nem sempre é possível seguir uma dieta correta, rica em nutrientes e substâncias que o organismo necessita para funcionar adequadamente. Mas, mesmo com a correria do dia a dia, é bom ter em mente que, para viver mais e melhor, temos de nos esforçar, arrumar um tempinho e aprimorar os nossos cardápios. Isso pode ser facilmente conseguido com a inclusão de alimentos chamados funcionais – ou superalimentos – em nossas refeições. São facilmente encontrados em feiras e supermercados e, se consumidos com frequência, serão responsáveis por uma melhor qualidade de vida, no presente e no futuro. A LACRÈME, tendo como base o livro Super Alimentos, um bestseller de autoria dos americanos Steven Pratt e Kathy Matthews, relacionou 16 alimentos que devem ser incluídos em qualquer dieta. A maioria tem substitutos para que o cardápio possa ser constantemente variado. Como o leitor poderá verificar nas páginas seguintes, os carotenóides e os flavonóides são os nutrientes “queridinhos” do momento. Seus benefícios ainda não foram todos descobertos, mas já se sabe que são muitos. Entre as maravilhas para a saúde proporcionadas pelos carotenóides estão a prevenção contra vários tipos de câncer e doenças arteriais coronarianas. São, ainda, agentes antioxidantes que estimulam o sistema imunológico. Os flavonóides também são anticancerígenos, bem como anti-inflamatórios, antialérgicos e responsáveis pelo aumento da resistência capilar. Mas sua propriedade mais importante é ser antioxidante, o que significa que pode retardar o processo de envelhecimento e, consequentemente, aumentar nossa expectativa de vida. Suas maiores fontes são o vinho e as bagas (blueberries, morangos, amoras e framboesas). Outros nutrientes também são importantes para manter a saúde em dia, como as vitaminas, o selênio, o acido fólico, as fibras e os ácidos graxos ômega-3. O importante é combinar todos eles e, assim, melhorar a saúde e aumentar a longevidade.
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Feijão Substitutos: ervilha, grão-de-bico, lentilhas, feijões branco e verde e vagens De baixo teor de gordura, os feijões e seus “companheiros” são ricos em vitaminas do complexo B. Podem ajudar a reduzir o colesterol, combater doenças cardíacas, estabilizar o açúcar no sangue e reduzir a obesidade. Há estudos que indicam que os feijões reduzem a probabilidade de uma pessoa vir a ter câncer, hipertensão e diabetes tipo 2. Também são uma excelente fonte de fibras, que ajudam a manter baixos os níveis do colesterol ruim e elevados os níveis do bom. Recomendação: quatro porções de meia xícara por semana
Brócolis Substitutos: couve-flor, couve-de-bruxelas, repolho, nabo, couve-manteiga, acelga e folhas de mostarda Ricos em vitaminas C, K, E e B6, betacaroteno, ferro, cálcio e fibras, os vegetais chamados crucíferos estão entre as armas mais poderosas contra o câncer. Também estimulam o sistema imunológico, reduzem a incidência de catarata, sustentam a saúde cardiovascular, fortalecem os ossos e combatem os defeitos congênitos. Consuma esses vegetais tanto crus quando cozidos para obter o máximo de proteção contra o câncer e outros benefícios para a saúde. Recomendação: entre meia e 1 xícara diariamente
Aveia Substitutos: milho, germe de trigo, semente de linhaça moída e outros grãos integrais Alimento com baixo teor de calorias e alto teor de fibras e proteína. É uma rica fonte de magnésio, potássio, zinco, cobre, manganês, selênio, vitamina B1 e ácido pantotênico. Excelente fonte de carboidratos complexos de que o organismo precisa para manter a energia. Ajuda na redução de doenças cardíacas e de algumas formas de câncer. Tem grande poder redutor de colesterol, já que possui betaglucano, uma fibra solúvel que ajuda e reduzir os níveis de açúcar no sangue. Recomendação: 5 a 7 porções diariamente
Laranjas Substitutos: limões e tangerinas Fontes de vitamina C, as frutas cítricas previnem contra câncer, acidente vascular cerebral e diabete, além de darem suporte à saúde do coração. Esse grupo de alimentos também é rico em flavonóides, substância que inibe o crescimento de células do câncer, fortalecem os capilares, agem como anti-inflamatórios e são antialergênicos e antimicrobianos. A laranja possui ainda pectina, uma fibra dietética que reduz o colesterol e é útil na estabilização do açúcar no sangue. Recomendação: 1 porção diariamente
Tomate Substitutos: melancia, caqui, papaia de polpa vermelha A presença do licopeno, um tipo de carotenóide, é o principal contribuinte para o poder do tomate na promoção da saúde. Além de combater o câncer, especialmente o de próstata, esse poderoso antioxidante aumenta a proteção natural da pele contra os efeitos solares. É recomendada a ingestão de tomates crus e processados, como a massa de tomate usada em molhos para pizzas e lasanhas, pois nessas condições o licopeno está mais concentrado. Com baixo teor de gordura, é rico em fibras e vitamina C. Recomendação: 1 porção processada por dia e múltiplas porções cruas semanalmente.
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/SAÚDE Abóbora Substitutos: cenoura e outros vegetais amarelos (abobrinha amarela, batata-doce e pimentão amarelo) Fruta da família do melão, a abóbora é um dos alimentos com maior valor nutricional. Com alto teor de fibras e poucas calorias, além de concentrações consideráveis de potássio, ácido pantotênico, magnésio e vitaminas C e E, seus principais nutrientes são os carotenóides (alfacaroteno e betacaroteno). Estes diminuem o risco de catarata, de diversos tipos de câncer, incluindo de pulmão, de pele e de mama, e as taxas de doenças cardíacas. Recomendação: meia xícara por dia
Salmão Substitutos: atum, sardinha, arenque, truta, robalo, ostras e moluscos Peixes ricos em ômega-3, um ácido graxo que reduz o risco de doenças das artérias coronarianas, controla a hipertensão, previne o câncer, atenua os efeitos de doenças autoimunes – como lúpus, artrite reumatóide e doença de Raynaud – e alivia a depressão. Esse grupo de alimentos funcionais também contém potássio, selênio, proteína e vitaminas D e do Complexo B. A vitamina D previne ainda contra vários tipos de câncer, como de mama, colo, ovário e próstata. Recomendação: 2 a 4 vezes por semana
Soja Substitutos: seus derivados, como o leite de soja e o tofu Essa excelente fonte alternativa de proteína também é rica em ácidos graxos ômega-3, cálcio, selênio, potássio, magnésio, fibras e vitamina E. A soja previne contra doenças cardiovasculares, pois reduz o colesterol e o triglicérides. Também é eficaz contra o câncer e a osteoporose e ainda auxilia no alívio de sintomas da menstruação e da menopausa. A soja é fonte de isoflavonas, compostos que atuam como antioxidantes. Recomendação: comer pelo menos 15 gramas de proteína de soja diariamente
Espinafre Substitutos: couve, repolho, folhas de mostarda e de nabo, pimentões laranja Alimento rico nos carotenóides luteína e zeaxantina, que protegem contra doenças oculares, como a degeneração macular devido à idade e a catarata. O espinafre também é uma fonte de vitamina K. Como não é armazenada pelo organismo em quantidades ideais, essa vitamina, responsável pela coagulação adequada do sangue, deve ser reposta regularmente. Excelente fonte de vitaminas C, E e do complexo B, o espinafre também é saudável para o coração e combate o câncer. Recomendação: comer 1 xícara no vapor ou 2 xícaras cruas várias vezes por semana
Chás preto e verde A bebida mais tradicional do mundo possui mais de 4 mil compostos químicos, entre eles os flavonóides, o mesmo tipo que é encontrado no vinho tinto e nas bagas. Seu consumo frequente reduz a pressão arterial e o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral), ajuda a prevenir o câncer e a osteoporose e ainda promove a saúde do coração. Além de todos esses benefícios, o chá também é antiviral, anti-inflamatório, anticariógino, antialergênico e previne a catarata. Recomendação: tomar 1 ou mais xícaras diariamente
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Peito de peru Substituto: peito de frango Consumido sem pele, o peito de peru é uma fonte magra de proteína animal, pois tem teor muito baixo de gordura saturada. Também oferece uma série de nutrientes essenciais para o organismo, como niacina, selênio e vitaminas B6 e B12, que ajudam na saúde do coração e na redução do risco de câncer. O peru também é rico em zinco, importante para o sistema imunológico. Ajuda a promover a cicatrização de ferimentos e a divisão celular normal. Recomendação: comer de 3 a 4 porções semanalmente (110 gramas por porção)
Nozes Substitutos: amêndoa, pistache, sementes de gergelim, de abóbora e de girassol, amendoim, macadâmia, pecã, avelã e castanha-de-caju. O consumo regular de nozes e de outras castanhas e sementes reduz o risco de doenças da artéria coronária, além de diabete e câncer. É um grupo de alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, vitaminas E e B6, magnésio, polifenóis, fibras e potássio. Como são ricas em calorias, as nozes devem substituir outros alimentos, de preferência aqueles que possuem gorduras saturadas, como queijo ou manteiga. Um punhado com 14 metades de nozes contém 185 calorias. Recomendação: 30 gramas, 5 vezes por semana
Iogurte A sinergia dos prebióticos e probióticos presentes neste alimento inibe a proliferação de bactérias não amigáveis, reduz o colesterol e fortalece o sistema imunológico, ajudando o organismo a prevenir infecções. Estudos também sugerem que o iogurte tem propriedades anticancerígenas. Fonte de cálcio, vitaminas do complexo B, potássio, magnésio e zinco. Mas atenção! Para oferecer todos esses benefícios, o iogurte deve conter culturas vivas ativas. Recomendação: 2 xícaras diariamente
Blueberries Substitutos: morangos, amoras, cereja, uva roxa, framboesas, groselha e todas as variedades de bagas frescas, congeladas ou secas De excepcional ação antioxidante devido à presença de flavonóides, esse grupo de alimentos também tem papel importante na redução de risco de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de câncer. Contribui ainda para a saúde da pele, melhorando assim sua aparência. Existem estudos que sugerem que seu consumo pode reduzir as disfunções relacionadas à idade, como o Mal de Alzheimer e outros tipos de demência. Com baixas calorias, é rico em vitaminas C e E e fibras. Recomendação: 1 a 2 xícaras diariamente
Vinho tinto Substituto: suco de uva Estudos apontam que quem bebe vinho regularmente e com moderação reduz o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Isso porque essa bebida contribui para aumentar o bom colesterol, reduzir a formação de placas de gordura nas veias e melhorar a circulação sanguínea. Entre as suas 400 substâncias estão os flavonóides e o resveratrol, que inibem o desenvolvimento de tumores, protegem os neurônios, combatem vírus e são potentes antioxidantes e anti-inflamatórios. Recomendação: 1 a 2 taças diariamente
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Azeite Protege de doenças do coração, pois é a única gordura vegetal rica em HDL (sigla em inglês para lipoproteína de alta densidade), responsável pela manutenção do bom colesterol e pela eliminação do LDL (lipoproteína de baixa densidade) que, oxidada, cola nas paredes dos vasos sanguíneos. Pesquisas também apontam que o óleo obtido de azeitonas previne contra o câncer de mama e de próstata, mantém estável a pressão arterial, favorece o bom funcionamento do aparelho digestivo e melhora a concentração. Recomendação: 2 colheres de sopa por dia
Exemplo de cardápio ideal Café da manhã 1 copo de iogurte misturado com uma porção de morangos, sementes de linhaça moída e aveia
Lanche 1 xícara de chá preto ou verde
Almoço Salada de atum com folhas verdes, tomates e uma colher de sopa de azeite de oliva 1 porção de arroz integral 1 porção de lentilhas 1 laranja ou tangerina com bagaço
Lanche da tarde 1 porção de nozes ou castanhas-do-pará
Jantar 1 bife de frango sem pele grelhado Salada de espinafres, alface, repolho roxo picado, cenoura ralada e pimentão vermelho fatiado, regado com uma colher de sopa azeite de oliva 1 taça de vinho tinto 1 fatia de melancia
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/CADERNO VERDE O luxo do lixo
Curiosidades
ecológicas texto Valéria Cabrera fotos Arquivo / Divulgação
Upcycling é um termo criado nos anos 1990 pelo empresário e ambientalista alemão Reiner Pilz. Ele define o processo de transformar produtos não recicláveis, e que não teriam outra utilidade a não ser o lixo, em novos materiais. Esse processo é realizado pela O&K+ Arquitetura e Design, de Poços de Caldas, com retalhos de EVA (etil, vinil e acetato). O polímero é usado no preenchimento de móveis, objetos e decoração. O EVA não é reciclável e é degradável apenas a 180°, resultando em um pó tóxico. Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho da O&K+ Arquitetura e Design pode acessar o site www.oekarquitetura.com.br ou entrar em contato pelos telefones 35 3712-3162 e 35 8425-6358 ou ainda pelo e-mail oekarqdesign@arquitecto.com
De vento em popa A Inglaterra inaugurou a maior fazenda eólica do mundo fora da costa. Com 35 quilômetros quadrados e 100 turbinas, a Thanet Offshore Wind Farm produz 300 megawatts, energia equivalente ao consumo anual de 200 mil casas. Os equipamentos foram projetados para durar pelo menos 25 anos e gerar energia com ventos entre 12 km/h e 88 km/h. Com a Thanet, o Reino Unido passa a produzir um total de 5.000 MW de energia eólica.
Lâmpadas incandescentes têm os dias contados As lâmpadas incandescentes comuns serão retiradas do mercado até junho de 2016, de acordo com portaria publicada no Diário Oficial da União. A medida prevê economia de energia elétrica. Atualmente existem no mercado brasileiro 147 modelos desse tipo de lâmpada e a estimativa é que sejam responsáveis por 80% da iluminação residencial no país. O produto só não será banido do mercado caso surja uma nova tecnologia que permita às lâmpadas incandescentes se tornarem mais eficientes.
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