A Lanterna

Page 1

A LANTERNA Nanuka Andrade

SHIJO TERIA ESPERADO. Mas o vento, frio, farfalhando as folhas das copas, impelia o menino a continuar. Estaria atrapalhando o sono de antepassados, que faziam morada em Aokigahara? Não gostaria de saber. Ao fim daquele mar de árvores, podia ver, por uma nesga pálida de luz, o indício do prado e de sua aldeia. Pulsava entre os troncos esguios, como se as chamas de uma fogueira ardessem no final de um túnel. Apertou o passo e caminhou, mesmo acreditando que fosse possível ouvir as vozes que sibilavam na mata. Saita, saita churippu no hana ga Naranda, naranda aka, shiro kiro Dono hana mite mo kireidana1 A luz, que supunha emanar de sua aldeia, no entanto, advinha da lanterna de um chouchin2, que, ali, parada, bruxuleava na escuridão na mão de uma menina. Uma menina? 1Tradução: Elas floresceram, elas floresceram, as flores de tulipa/Elas estão enfileiradas, elas estão enfilieradas, vermelha, branca e amarela/Qualquer flor que você olhe, é linda. 2 Lanterna japonesa, feita de papel de arroz.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.