MARIA INÊS RODRIGUES Gravuras em metal
COLEÇÃO IMAGÉTICA SOBRE A OBRA DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO
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O magistral SABER FAZER de Maria Inês Rodrigues A artista plástica e gravadora Maria Inês Rodrigues sabe como se faz e o faz bem feito. Trabalha as chapas de metal com afinco e grande destreza, fruto de seu profundo conhecimento das reações diversas do metal frente aos intrumentos de traço e corte, da aspereza do sulco agudo da ponta seca às nuances e vertigens causadas pela administração cáustica dos ácidos corrosivos sobre a superfície matizada do metal. Aprendeu a tempos e reaprendeu cotidianamente pela experiência de muitos acertos, de muitas ousadias, de alguns erros que temperaram a sua sabedoria cumulativa. Desenvolveu o que era complicado e redescobriu o que a ela, somente a ela, pareceu ser simples e sublime. Desde quando Goya, no final do século 18 e princípios do século 19 desvendou muito do que se sabe sobre os resultados possíveis para a gravura em metal, com sua mestria e suas audácias sombrias e voluptuosas, desde Os Caprichos até os Desastres da Guerra, desde que Pablo Picasso com a sensualidade de seu desenho inconfundível e a Arthur Luiz Piza, com a ferocidade de seu martelo, goivas e hastes pontiagudas, ferindo as chapas espessas de cobre, como se fossem esculturas e alcançando resultados de sutileza e suavidade inesperados, passando por Evandro Carlos Jardim e Marcelo Grassman, devemos render nossas homenagens à originalidade e à coragem da gravadora Maria Inês Rodrigues.
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A ambição maior de todos os artistas é a de conquistar a condição de paradigma, de construir a sua própria linguagem e a história individual de sua obra. Poucos conseguem a proeza, uma vez que encontramos milhares de artistas no mundo que, com habilidades e informações muito aprofundadas, notabilizaram-se com obras que lembram e assemelham-se ao que uns poucos artistas alcançaram nos seus esforços de invenção e originalidade. A esse método e maneira, disse-lhes que são seguidores ou que fazem citações imagéticas, ou que terão sido saudavelmente influenciados, Sempre haverá atenuantes teóricos àqueles que se parecem com Dali, Magritte, Karel Appel, Miró, Giacometti, Duchamp, De Kooning, Anselm Kiefer, Louise Bourgeois, Francis Bacon, Pollock e tantos outros criadores paradigmáticos. Assim é o mundo e atualmente tudo isso ainda evoluiu para o rótulo
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apaziguador da “apropriação”. São momentos escalofriantes de um inverno pelo qual passa, de maneira bastante sofrida, a Cultura e a Arte em geral, em todo o mundo. Maria Inês Rodrigues, no entanto, não padece dessas ansiedades reconhecíveis na obra de outros mestres. Ela cria os seus inequívocos padrões de beleza, seus próprios paradigmas, seus indecifráveis enigmas, com seus recortes, com sua forma de atacar o metal, de riscar e desenhar com as sombras em azul cobalto ou sépia ou em negro pro-Gravura em Metal MIR:ProjetoMIR_Gravuras em metal 12/06/17 19:52 Página 1 fundo, com a sutileza e a elegância de seu próprio traço, com o qual constrói o seu universo iconoclasta e individualizado. Com cavalos, que são velozes em seus skates ou em gatos que projetam sua poesia imaginária sobre patins.
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Na história de sua iconografia de gravuras em metal, há uma pequena obra-prima de 13cm x 13cm, que transborda em encantamento e atração: nela estão uma menina que corre freneticamente com seu patinete, um gato elegante, um enigmático antebraço feminino com valiosas e raras pulseiras e uma primaveril moça nua de cabelos encaracolados, além de um vaso com folhagens, em primeiro plano, a esconder o corpo feminino, numa composição magistral. Essa gravura é tão bela que poderia ter sido feita e assinada com prazer por um grande mestre da gravura universal, não pela similitude a seu trabalho, mas pela felicidade de seu belo desenho, pelo equilíbrio notável de sua composição e pela qualidade exemplar da gravura realizada e impressa. Um assombro. É nesse contexto de originalidade e de qualidade intríseca ao valor artístico das gravuras em metal, em sua plenitude e graça, que se insere o conjunto de trabalhos novos de Maria Inês Rodrigues, que reflete em imagens preciosas, o texto potente da obra do escritor João Simões Lopes Neto. É necessário observar com dedicada atenção a qualidade deste trabalho memorável.
Alfredo Aquino Artista plástico e editor de livros de arte. (Junho de 2017) Edições Ardotempo
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MARIA INÊS RODRIGUES e a permanência de sua arte Te n i z a S p i n e l l i – J o r n a l i s t a
Inspirada na literatura de João Simões Lopes Neto, com sua herança telúrica, Maria Inês Dornelles Rodrigues produziu esta nova e surpreendente série de gravuras em metal, incluindo trezentas onças de ouro, gaúchos, cavalos e um campo aberto à imaginação. A primeira vez que escrevi sobre a obra de Maria Inês Rodrigues foi na década de 1970, para o Correio do Povo, quando ela recém retornara da Inglaterra onde cursou gravura na Slade School, em Londres. Sucederam-se outros textos, inclusive para seu livro, editado pelo FUMPROARTE, da SMC de Porto Alegre e também em 2003, para sua retrospectiva no MARGS, outro marcante momento de sua carreira. Sua produção quantitativa e de qualidade impar a insere no painel dos grandes artistas do Rio Grande do Sul e, com certeza do país, onde também tem apresentado exposições em museus e galerias de renome. A trajetória artística de Maria Inês evidencia a manutenção de um estilo próprio de criar e um domínio técnico que se revela a cada série de obras que apresenta. Atenta às novas questões visuais contemporâneas, a energia criadora dessa artista é admirável. Desenho, gravura, pintura, escultura, objeto, nenhum gênero lhe é desconhecido, tudo é experimen-
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tado, tendo a intuição e a emoção como pontos de partida para expressar o melhor que cada técnica oferece. É possível perceber os infinitos caminhos configurados na vasta, rica e instigante obra da artista. O mundo onírico encontra paralelo nos mitos e rituais, na ancestralidade, no teatro de sonhos, pleno de mascarados, flautistas, tamborileiros, equilibristas, acróbatas, tantos personagens da fantasia e da realidade, mesclados com animais felinos e seres mágicos. Da temática da infância temos as cirandas, as bicicletas, as meninas de cabelos ao vento, ao encontro da mulher, com seus espelhos, buquês, florações e colheitas Ao privile-
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giar a figura feminina, em suas maternidades, e em sucessivas séries, a artista pinta figuras nuas, com braços abertos, em telas de grandes dimensões, e mulheres grandes, com seios generosos, que se desnudam com ousadia, abdicando agora dos ornamentos supérfluos e optando por cores básicas. Em outro momento de sua obra, Maria Inês registra a expressão dos rostos da diversidade
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MARIA INÊS RODRIGUES Nascida em Porto Alegre-RS. Iniciou seus estudos de desenho aos quatorze anos com os artistas Vasco Prado e Zorávia Bettiol. De 1967 a 1969 estudou na Slade School, em Londres, e, posteriormente, pintura com Ado Malagoli e Iberê Camargo. Formou-se em Artes Plásticas pela UFRGS, em 1988. Dona de um conhecimento técnico aprofundado sobre os procedimentos acerca da gravura, desenvolveu uma significativa carreira, produzindo várias séries de peças de grande qualidade, ao longo de mais de 30 anos de carreira. Seus trabalhos estão presentes em acervos importantes de museus no Brasil (MARGS, MASP, MAB-FAAP SP) e em diversas coleções particulares, no País e no exterior.
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Formação: Curso de desenho com Vasco Prado, Escola de Artes da UFRGS, Curso de gravura em metal em Londres com Bartolomeu dos Santos na Slade School. 1999 2003 2003 2005 2005 2005 2006 2006 2006 2006 2007 2008 2008 2009
Exposição de gravura em metal e Pintura em Toronto no Canadá. Museu de Arte do Rio Grande do Sul - Retrospectiva Lançamento de Livro Maria Inês Rodrigues patrocínio FUMPROARTE. MAC Museu de Arte Contemporânea do Paraná – Mostra individual de pinturas. A artista participou da exposição Brasil em Paris com gravura em metal. A exposição foi organizada pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul repre- sentando o Governo do Estado e seu nome é citado no livro SÉCULO XXI RS Diversidade Cultural do Rio Grande do Sul Inicia Projeto Escola Aberta para Cidadania - Trabalho Voluntário – Escola Osvaldo Vergara – Aulas aos domingos durante um ano. Exposição individual de pinturas recentes e gravuras em metal na Galeria Gravura em Porto Alegre, como “destaque verão 2006”. Possui 8 gravuras em metal de grandes formatos, 90x80cm, no acervo do MASP-Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. O Museu de Arte Brasileira-Fundação Armando Álvares Penteado possui em seu acervo oito gravuras grandes, 80x 70 cm, da nova coleção da artista. Esposição Retrospectiva na Câmara dos Vereadores. Exposição em gravura, pintura e escultura bronze na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, ocasião em que recebeu a Medalha Pedro Weingärtner. Publica o romance “AULA DE GRAVURA” através da Editora Movimento dia 05/08/2008 na Livraria Cultura com apresentação de Luis Fernando Veríssimo. Inaugura a Exposição de Gravuras em Metal e Instalação “Os olhos da Memória” Galeria Gravura – Porto Alegre. Circuito de exposições nas cidades de Passo Fundo, Pelotas e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. 2010/2011 Apresenta a exposição “Pinturas”, no Centro Cultural Érico Veríssimo, em Porto Alegre, ocasião em que foi lançado o Catálogo de suas obras. 2011 A Exposição Retrospectiva de 2004 á 2011 teve indicação para prêmio Açori anos de Artes Plásticas de melhor Exposição Individual de Pintura em P. Alegre. 2013 Grande Exposição de Gravuras em Metal e Pintura na Galeria Gravura – Porto Alegre/RS 2013/2014 Exposição Natal Arte 2013 – Galeria Gravura – Porto Alegre/RS 2014 Exposição Atlântida Arte 2014 / Iberê Camargo – uma homenagem / Natal Arte 2014 – Galeria Gravura – Porto Alegre/RS 2015 Exposição Natal Arte 2015 – Galeria Gravura – Porto Alegre/RS 2015/2016 Exposição Atlântida Arte 2016 – Galeria Gravura – Porto Alegre/RS 2017 Exposição Época de Simões Lopes Neto – Mitos, Lendas e Músicos – Galeria Gravura – Porto Alegre/RS
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Fotos: Lisa Roos | Design: Desenho Design
“ÉPOCA DE SIMÕES LOPES NETO MITOS, LENDAS E MÚSICOS”
NA SALA NEGRA
Abertura: 5 de julho, quarta-feira, às 19h. Vistação: até 05 de agosto de 2017. De segundas às sextas das 9h30 às 18h30 e sábados das 9h30 às 13h30
Rua Corte Real, 647 - Porto Alegre - (51) 3333 1946 www.gravuragaleria.com.br
Fernando Cacciatore de Garcia