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ENCONTRO

ACIONAL DO PT

Lula candidato: a classe trabalhadora tem respostas para o País

No início de dezembro passado, o 5!' Encontro Nacional do PT aprovou a candidatura do companheiro Lula à presidência. Esse Encontro ele eu também a nova direção nacional do partido. Entrevistamos, do novo diretório, o companheiro Valério ArcaI)'.

o 5.° Encontro do PT lançou a candidatura Lula e aprovou uma série de resoluçDes polfticas e organizativas. Que balanço voc~ faz do Encontro? o S? Encontro tem um balanço contraditório. É positivo do ponto de vista de que lança a candidatura Lula, um candidato operário. Por outro lado, revelou que existem diferenças sérias no interior do PT sobre como preservar e garantir uma ampla democracia interna. Predominou e se afirmou no S? Encontro, através da votação da resolução sobre tendências e através da votação que recusou a proporcionalidade na Executiva Nacional do partido, uma visão de que a centralização do PT se impõe de cima para baixo, sem resolver os grandes debates programáticos, teóricos, sobre a concepção do ocialismo, sobre a experiência intern~cional de luta dos trabalhadores, sobre a própria concepção do que deve er o PT. ós nos opomos a esta resolução, pensamos que ela não contribui para a construção do partido, ela é uma proposta que coloca os problemas organizativos à frente da resolução dos problemas políticos. Qual a importância do lançamento da candidatura Lula neste momento polftico? A candidatura do Lula à presidencia da República é o maior desafio que o PT foi chamado a cumprir no último período. É um fato inédito na história deste país que um trabalhador, um dirigente que simboliza a existencia da luta de milhões e miIhOCsde operários, de trabalhado-

res rurais, por melhores salários, pela estabilidade no emprego, por condições dignas de educação, saúde e transporte, contra o imperialismo e a dívida externa, se apresente perante o conjunto da sociedade disputando o poder e afirmando para toda a população brasileira que a classe trabalhadora tem respostas, é capaz de governar.

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Encontro definiu também uma resoluçao polftica e uma tática eleitoral. O que voce acha delas? Votou-se um programa de construção de uma alternativa democrática e popular que vai sustentar candidatura Lula e uma resolução sobre a tática do PT face às eleições municipais. Nós pensamos que houve uma resolução equivocada, errada, no que diz respeito à política de coligações do PT. ós pensamos que o PT deve ser um partido aberto à construção de alianças eleitorais, mas apenas no campo operário e popular. o entanto, no S? Encontro foi votada uma resolução mais ampla que define, por exemplo, que o PT deve fazer alianças com o PDT porque defende o presidencialismo, ou porque defende os 4 anos, ou porque se opõe ao governo Sarney. Nós acreditamos que o PDT, o brizolismo, assim como o PSB, são a continuidade do populismo no nosso país e portanto são partidos políticos da classe dominante, são partidos burgueses que têm um discurso pOJ'Ulistapara desviar as massas trabalhadoras das suas lutas e da sua independência como classe. O papel das candidaturas do PT em cada prefeitura é chamar a classe trabalhadora a ter

confiança nas suas próprias forças e na sua mobilização. Foi realizada este fim de semana a reuniao da direçao nacional eleita no último Encontro. Quais foram as principais resoluçOes? Globalmente as resoluções foram positivas, pois o diretório reafirmou que Lula é o candidato e nós vamos discutir o apoio do PT a qualquer outro candidato, nós vamos discutir que forças poderão apoiar o Lula no 2? turno. É verdade que esta resolução é insuficiente, que seria necessário deixar claro que Lula é candidato no primeiro e no segundo turno e que, se por acaso isso não for permitido pela legislação, o PT não apoiará qualquer candidato burguês. Porém a resolução mais importante foi de que a tarefa central do PT nos próximos três meses é participar das lutas sociais, a decisão do PT de apoiar as campanhas salariais dos trabalhadores e sua disposição de mobilizá-los em defesa das suas propostas na Constituinte. A resolução diz, textualmente: "qualquer vitória no plenário da Constituinte depende da mobi/izaçao soc '01, nilo apenas sobre a Constituinte ou por diretas mas prinCipalmente pela retomada das lutas sociais". 'Nilo basta apresença de sindicatos e entidades em Brasnia. É importante, mas ofundamentaléa luta social em todo o pais. Daf a importando, por exemplo, das campanhas pela reposiçilo salarial no primeiro trimestre ••... Agora se trata de que apliquemos esta resolução, integrando o PT às lutas que estão se dando, que não seja uma resolução formal. I

Convergência Socialista

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ossa posição o 5? Encontro do PT votou o lançamento da candidatura de Lula a Presidente da República. Estas eleições devem, assim, marcar um fato histórico: a maior liderança dos trabalhadores do País apresenta uma alternativa classista frente ao conjunto dos partidos patronais. Este Encontro, de extrema importância por esse fato, votou também uma resolução que atenta contra a democracia interna do Partido, restringindo a liberdade das tendências internas de esquerda (ver pâg. 2). Essa resolução obscurece o brilho do lançamento da candidatura de Lula e da discussão política no Encontro. Nós, militantes petistas que lutamos junto ao jornal Convergência Socialista, ajudamos a fundar o PT. Fomos a primeira corrente de esquerda a se engajar em sua construção, ajudamos a formular o seu primeiro programa. Por isso podemos nos considerar como uma de suas correntes históricas. Muitas vezes tivemos polêmicas com a direção do PT, e acreditamos que essas diferenças fazem parte normal da vida política no interior do movimento operârio. Existimos e continuaremos a existir como uma corrente do PT. Não serão estas limitações organizativas que nos afastarão do Partido. Acatamos as resoluções restritivas do Encontro, apesar de não concordarmos com elas. Continuaremos a levantar nossas bandeiras políticas, dentro das regras definidas pelo Partido. Agora, por exemplo, defenderemos que o PT mantenha sua independência política em relação aos partidos patronais até o final; não aceitamos a possibilidade de coligação com os patrões do PDT ou do PMDB de Covas no segundo turno da eleições presidenciais ou municipais. Somos parte dos petistas históricos. Defendemos o PT histórico, ligado às lutas, independente dos patrões. Ajudaremos a construir a história do PT, nos engajando na campanha de Lula para presidente. Continuaremos a nossa luta, junto a outros membros do PT, por nossas posições políticas e contra qualquer tipo de restrições (além das que foram votadas no Encontro) à democracia no PT, restrições que só ajudam a dividir o Partido, levando âgua ao moinho daqueles que não querem ver os trabalhadores construírem a sua história independente.


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Cs154 01e by Natália Granato - Issuu