Corporeidades Pluriformes

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FACULDADE SANTA MARCELINA CURSO DE GRADUAÇÃO DESENHO DE MODA

ANA CAROLINA SANTOS CHERUBINI

CORPOREIDADES PLURIFORMES CORPOREIDADES PLURIFORMES

SÃO PAULO 2010



ANA CAROLINA SANTOS CHERUBINI

CORPOREIDADES PLURIFORMES CORPOREIDADES PLURIFORMES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso Desenho de Moda, da Faculdade Santa Marcelina, como requisito parcial para a obtenção de especialização em Desenho de Moda. Orientador: Márcio Banfi

SÃO PAULO 2010



AGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por estarem sempre ao meu lado em todas as minhas decisões, dúvidas, alegrias, tristezas, me apoiando sempre durante esta caminhada. A minha irmã, por ser minha companheira e amiga em todos os momentos. Aos meus avós, por sempre estarem tão presentes e sempre dispostos a ajudar. Ao APTO. 19, por sempre acreditar, estimular e participar das minhas idéias e por serem tão amigos. A Renatinha, minha amiga, e fiel modelo durante esses anos. A Lina, que mesmo com nossas combinações por e-mail, acreditou no meu projeto e se dispôs a ajudar, e sem ela a realização deste trabalho não teria o mesmo resultado. E por fim a todos os professores e funcionários, amigos e colegas que fizeram parte da minha formação acadêmica e pessoal.



A metafísica do corpo “A metafísica do corpo se entremostra nas imagens. A alma do corpo modula em cada fragmento sua música de esferas e de essências além da simples carne e simples unhas. Em cada silêncio do corpo identifica-se a linha do sentido universal que à forma breve e transitiva imprime a solene marca dos deuses e do sonho. Entre folhas, surpreende-se na última ninfa o que a mulher ainda é ramo e orvalho e, mais que natureza, pensmento da unidade inicial do mundo: mulher planta brisa mar, o ser telúrico, espontâneo, como se um galho fosse da infinita árvore que condensa o mel, o sol, o sal, o sopro acre da vida. De êxtase e tremor banha-se a vista ante a luminosa nádega opalescente, a coxa,o sacro ventre, prometido ao ofício de existir, e tudo mais que o corpo resume de outra vida, mais florente, em que todos fomos terra, seiva e amor. Eis que se revela o ser, na transparência do invólucro perfeito.” (Carlos Drummond de Andrade)



RESUMO RESUMO

&RUSR 3OXULIRUPH WUDWD DV UHODo}HV GR FRUSR FRP DV QRYDV PtGLDV ă D YLGHRSURMHomR LQWHUDWLYD H DERUGD FRQFHLWRV GH XP FRUSR comunicativo através de imagens que colocam em evidência a plasticidade e o polimorfismo do corpo humano. Palavras-chave: corpo, pluriforme, vídeoprojeção interativa.

ABSTRACT ABSTRACT

&RUSR 3OXULIRUPH WUHDWV WKH UHODWLRQVKLS RI WKH ERG\ ZLWK QHZ PHGLD ă WKH YLGHRSURMHFWLRQ LQWHUDWLYH ă DQG GLVFXVVHV WKH FRQFHSWV of a communicative body through images which stress the plasticity and polymorphism in the human body. Key-words: body, multifaceted, videoprojection interative.



LISTA LISTADE DEILUSTRAÇÕES ILUSTRAÇÕES

Figura 6

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Figura 1 p. 31

Figura 7 p. 14

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SUMÁRIO SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................. 09

6. COMO SERÁ A APRESENTAÇÃO .........................................49

2. O OLHAR SOBRE O CORPO .............................................12 2.1. Histórico deste olhar................................................12 2.2. Desfiguração corporal nas artes ..............................14 2.3. O corpo interventivo ...............................................19

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................50 8. ANEXOS ..............................................................................51 BIBLIOGRAFIA ........................................................................54

3. O CORPO QUE FALA...........................................................20 3.1. Identidade corporal .................................................20 3.2. Corpo e mídia .........................................................21 4. A VÍDEOARTE E A INTERAÇÃO ...........................................23 4.1. História da videoarte no Brasil .................................23 4.2. A hibridização das mídias .......................................25 4.3. A interatividade .......................................................26 5. METODOLOGIA ..................................................................27 5.1. Videoarte na moda ..................................................28 5.2. Modelagens ............................................................29 5.3. Acessórios ...............................................................30 5.4. Sobre o nu ..............................................................32 5.5. Styling .....................................................................32 5.6. Roteiro dos vídeos ...................................................34 5.6.1. Frames dos vídeos ................................................35 5.6.2. Ensaios fotográficos ..............................................38 5.6.3. Ilustrações ............................................................43

WEBGRAFIA ............................................................................55



1. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Este trabalho de pesquisa é apresentado como uma nova proposta de ver o corpo dentro da moda. Aparece aqui, nu, e seu papel é ser agente comunicador desta imagem de moda através dos signos que carrega.

Esta troca de informações, entre o corpo e ambiente circundante, entra em sintonia com um mundo em que os fluxos, movimentos e conexões se acentuam cada vez mais através da tecnologia.

Além disso, ele sai da estrutura dos padrões e do ideal de beleza, pois mostra-se desfigurado, criando uma noção de corpo diferente do convencional, determinado pelo estatuto figurativo da imagem corporal, podendo causar aflição e incômodo.

Por isso, neste trabalho a mídia de apresentação será o vídeo, que estará projetado em uma parede. Através de um software, ligarei esta imagem projetada ao Iphone, que será a interface que conecta o espectador com a obra gerando uma interação entre eles.

O objetivo então, é fazer com que as pessoas pensem sobre a noção corpórea, e a crise que esta passa, de modo a provocar uma transformação na maneira de se relacionarem com ele. É um corpo vivo e seu estar no mundo, suas transfigurações, passam a ser interrogado.

Neste trabalho veremos como as novas tecnologias podem estar associadas a um desenvolvimento de produção de moda, saindo do campo tradicional de apresentação.

Chamado aqui de pluriforme, foi representado nas artes em diferentes períodos de sua história e sempre carregou consigo o contexto social e os valores de sua época. Por vivermos num século em que as pessoas valorizam muito a imagem pessoal, seguindo tendências desenfreadas, o homem se estereotipou, e assim, para conseguir sair desta massa, busca maneiras de se expressar e mostrar quem realmente é.

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REFERÊNCIAS IMAGÉTICAS REFERÊNCIAS IMAGÉTICAS

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2. O CORPO O OLHAR OLHARSOBRE SOBREOO CORPO “O  corpo  Ê  um  dos  canais  de  materialização  do  pensamentoâ€?

2.1. DESTE OLHAR 2.1. HISTĂ“RICO HISTĂ“RICO DESTE OLHAR

(CASTILHO, Â MARTINS, Â 2008, Â p. Â 87)

Tradicionalmente  o  corpo  Ê  pensado  dentro  das  åreas  da  medicina  e  da  biologia,  no  campo  da  fisiologia  e  anatomia,  porĂŠm,  ele  se  tornou  objeto  de  investigação  histĂłrica  e  sua  relação  com  o  mundo  começou  a  ser  interrogada.  Ă‰  a  partir  dos  anos  1960,  com  a  obra  de  Foucault,  que  ele  SDVVRX D VHU SHQVDGR FRP XPD QRomR GH VXMHLWR ă VXDV GRHQoDV sua  sensorialidade,  sua  relação  com  os  objetos,  com  o  espaço  e  FRP R RXWUR ă H GH VXEMHWLYLGDGH R VXMHLWR VHQGR ÂłHX´ PDLV FRUpo  fĂ­sico,  a  interface  entre  o  cĂŠrebro  e  o  mundo. Existem  inĂşmeros  discursos  sobre  uma  identidade  unitĂĄria  para  o  corpo  atualmente.  Falam-se  sobre  a  relação  entre  o  individual  e  o  coletivo,  masculino  e  feminino,  a  vida  e  a  morte,  a  natureza  e  a  cultura,  o  natural  e  o  artificial,  a  presença  e  a  ausĂŞncia,  a  atualidade  e  a  virtualidade.  Diante  disso  o  estudo  do  corpo  se  tornou  algo  abrangente,  sendo  abordado  por  diversos  pesquisadores  de  diferentes  åreas  e  artistas  em  diferentes  Êpocas. O  corpo  neste  trabalho  serĂĄ  abordado  como  um  objeto  cultural,  responsĂĄvel  por  conectar  o  ser  e  o  mundo  atual,  atravĂŠs  da  sua  imagem,  da  moda,  das  artes  e  das  novas  mĂ­dias.

Desde  a  antiguidade  clĂĄssica  o  homem  busca  um  ideal  de  beleza  atravĂŠs  das  proporçþes  corporais. PlatĂŁo  foi  o  primeiro  a  expor  esse  pensamento  em  relação  ao  belo.  O  cerne  de  sua  filosofia  era  a  teoria  da  IdĂŠias.  Ele  acreditava  que  o  homem  participava  de  dois  mundos  diferentes,  um  mundo  fĂ­sico,  no  qual  experimentamos  atravĂŠs  de  nossos  sentidos  corporais  e  um  mundo  superior,  composto  de  uma  essĂŞncia  imaterial,  que  aprendemos  atravĂŠs  de  nossas  mentes,  que  seria  um  mundo  ideal.  Para  ele  a  realidade  era  aquela  do  mundo  das  idĂŠias,  e  o  que  existe  fora  deste  mundo  Ê  considerado  cĂłpia  ou  imitação  de  seus  arquĂŠtipos.  O  belo,  a  bondade  e  a  perfeição  existiriam  antes  da  interferĂŞncia  do  homem,  no  mundo  Ideal  e  quando  o  conhecimento  deste  tornou-se  possĂ­vel,  foi  considerado  como  o  bem  e  a  verdade. AristĂłteles  pensava  de  uma  forma  diferente,  pois  para  ele  o  belo  era  inseparĂĄvel  do  homem,  ele  era  o  criador  desta  beleza,  que  jĂĄ  estava  incorporada  em  nĂłs. Na  Idade  MĂŠdia  a  concepção  do  belo  Ê  ligada  a  Deus, Â

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como se o homem fosse reflexo da beleza de Deus. Porém com o início da Idade Moderna, o homem passa a se distanciar destes pensamentos divinos, o individualismo e a subjetividade se afirmam, o que permite o julgamento pessoal do belo. Foi então no século XIX, com Hume, Kant e Hagel, que estas teorias sobre o belo se unem e constituem uma nova disciplina chamada “estética”, que trata da relação do homem com o mundo externo, seu sentimento inclusive. A variabilidade da idéia de beleza então liga-se particularmente aos modelos de percepção que se tem do corpo. (...) Para o homem que pensa, o maior sujeito da arte é o homem ou apenas seu lado externo, sendo difícil para o artista explorar o exterior humano, como é para o sábio explorar seu interior. E o assunto mais difícil é a beleza, tão paradoxal que isso possa parecer. Mas a beleza propriamente dita não se sujeita a números e medidas. (Joachim Winckelmann, citado por JEUDY, 2002, p.25)

Quando terminou, o homem ficou surpreso com o que via, pois a imagem não teria sua aparência. Picasso então disse “Agora você só tem que se parecer com ele”. Some a necessidade da relação das imagens reais com o que é representado. Mas, à partir do século XX, com a crise do capitalismo, as guerras mundiais, os totalitarismos, ocorre um desaparecimento total dos valores da beleza. Referimo-nos a crise à uma quebra no sistema que gera algumas mudanças e reflexões sobre a definição da estrutura social. Então, os corpos, chamados de pós-modernos, assumem uma importância crescente num momento de ameaça ao “humanismo” e com isso o imaginário do monstruoso, as deformidades do apelo ao grotesco, as formas híbridas e protéticas tornam-se manifestações da quebra dos limites da espacialidade corporal e da desestruturação da estética burguesa.

No fim do século XIX e início do XX, a representação do belo é tratada como expressão, vinculada ao crescimento da subjetividade e aos modos da percepção do indivíduo. A beleza desaparece do domínio da estética.

Na recriação deste novo “corpo imaginário”, os recursos digitais e visuais alterarão sua representação, criando uma nova relação entre a tecnologia e a reflexão sobre o corpo-imagem.

Como exemplo disso, Piere-Henri Jeudy cita uma história de um homem muito rico que pediu a Picasso que fizesse seu retrato. Picasso o faria, mas o homem não poderia vê-lo pintando.

O uso de recorte e colagem, sobreposições, fragmentações, interferências e apropriações videográficas transformará o corpo comum neste corpo pós-moderno híbrido.

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2.2. CORPORAL NAS ARTES 2.2. DESFIGURAÇÃO DESFIGURAÇÃO CORPORAL NAS ARTES Essa visão do corpo pluriforme, desconstruído, desfigurado, monstruoso, inclusive, foi representada por diversos artistas, em diferentes épocas. No cubismo, movimento artístico que ocorreu entre 1907 e 1914 nas artes plásticas, tendo Cézzane, Picasso e Braque como seus fundadores, todas as faces de um objeto eram representadas ao mesmo tempo numa superfície plana, com predomínio de formas geométricas e sem compromisso com a aparência real deste. Em sua composição, “Les demoiselles d’Avignon”, Picasso, subverte por completo os moldes tradicionais de representação da figura humana, ele evidencia corpos angulosos, geometrizados, desproporcionais e rompe a linguagem tradicional humanista através dessas construções fragmentadas das formas do corpo.

Fig. 1. Pablo Picasso, “Les Mademoiselles d’Avignon” (1907), Museum of Modern Art, Nova Iorque.

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Para McLuhan (1962, p.26), “[...] o cubismo substitui o “ponto de vista”, ou a faceta da ilusão perspectivista por todas as facetas do objeto apresentadas simultaneamente.”. Duchamp, fazendo uma crítica ao cubismo, que para ele era estático, pinta em 1911, “Jovem Triste Num Comboio” e em 1912 o “Nu Descendo Uma Escada” no qual o corpo fragmentado é colocado em movimento gerando inúmeros pontos de vista.

“Há dois aspectos a considerar nesta pintura: um é o movimento do comboio, e o outro é o jovem triste, de pé no corredor e andando para trás e para frente, pelo que temos dois movimentos paralelos, cada um dos quais corresponde ao outro. Além disso, há a deformação da silhueta do jovem que eu costumo chamar em lamelas que se sucedem paralelamente e que deformam o objeto. Assim ele fica alongado como se fosse elástico. As linhas seguem paralelas umas às outras e apenas se desviam suavemente para sugerir a forma desejada. Usei o mesmo método em ‘Nu Descendo Uma Escada’.” (Marcel Duchamp citado por MINK, 1996, p. 25)

Fig. 2. Marcel Duchamp, “Nu descendo escada”, 1912.

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Fig. 3. Fotografia, Man Ray - www.manraytrust.com

Na fotografia, Man Ray participou junto com Duchamp do movimento dadaísta (movimento artístico originado em 1915, em Zurique, que negava as tradições artísticas e sociais e tinha base num anarquismo niilista) e também foi expoente no surrealismo (movimento iniciado na literatura em 1924 por Breton, que depois passou para as artes e tinha forte apelo às imagens do subconsciente, valorizava um anti-racionalismo, a livre associação de pensamentos e os sonhos, baseado nas teorias psicanalíticas de Freud).

Fig. 4. Fotografia, André Kertész - http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ posts/2010/06/01/fotografia-distorcao-1933-296257.asp

Ele utilizou várias técnicas para criar efeitos fotográficos, principalmente a solarização, técnica que buscava a desmaterialização por meio de um jogo de luz e de sombra, chamada hoje de fotograma, no qual permitiu a montagem de imagens de um corpo imaginário, descomprometido com a representação da realidade. Amigo de Man Ray, André Kertész, criou nos anos 30 uma série de fotos chamadas “Distorção”, onde ele trabalhou o corpo nu feminino como se estivessem numa casa de espelhos que os distorciam.

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Marcado pelo nazismo alemão, nos anos 40, pelo homossexualismo e pelo alcoolismo, o pintor Francis Bacon também cria uma imagem fragmentada do corpo, porém suas distorções retratam a brutalidade e violência, gerando uma fusão entre êxtase e angústia, do corpo em questão, seja seu próprio ou de fotografia que tirava de pessoas próximas a ele.

Saindo do campo tradicional das artes, podemos também citar Stelarc, artista performático que integra tecnologia robótica ao corpo. Seus primeiros trabalhos eram baseados na idéia da body art conceitual. Em uma de suas primeiras performances ele ficou suspenso do chão por ganchos fincados em sua pele. Mais tarde passou a se especializar no desenvolvimento de sistemas híbridos, que une interfaces computacionais a próteses mecânicas instaladas no corpo. Sua intenção é testar os limites corpóreos, pois para ele “o corpo é sofrivelmente obsoleto. É obsoleto porque não pode mais experimentar a informação que acumulou...” (JEUDY, 2002, p. 152).

Fig. 5. Francis Bacon - Study from the Human Body (1981).

Segundo Joëlle Moulin (2010) “Bacon pinta a carne e livra o corpo da alma! Coloca nu o corpo do homem, fora dos subterfúgios do espírito.”.

Fig. 6. Stelarc - Sitting / Swaying: Event for Rock Suspension (1976)

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Para Stelarc a solução seria incorporar artefatos tecnológicos ao corpo humano, como fez, por exemplo, na sua performance Exoskeleton (1999). Uma máquina foi construída para o corpo com seis patas, no qual o corpo é posicionado no centro de uma plataforma que se movimenta de acordo com os comandos dados. Com isso, através de dispositivos tecnológicos, Stelarc introduz as noções de um corpo misto, onipresente e coletivo que acabam também criando situações grotescas e incomuns.

Essas situações citadas acima podem ser atribuídas também para a artista francesa Orlan. Ela compartilha com Stelarc a idéia que o corpo é obsoleto e usa-o também em suas intervenções não convencionais. Nas suas performances o espaço que utiliza é a sala cirúrgica, e transforma suas operações plásticas e intervenções cirúrgicas em arte. Seu corpo transforma-se em obra e ultrapassa os limites físicos para metamorfosear-se em objeto de arte. Orlan desestabiliza a imagem tradicional atribuída ao corpo e em seu discurso mostra sua raiva contra a tirania do espelho e aborda idéias de “porque essas intervenções tem que ser estéticas?”. Em uma de suas performances ela decide colocar dois implantes de silicone em suas têmporas e transmite ao vivo a cirurgia. Além disso, os espectadores podem telefonar e fazer perguntas para ela que está lúcida. O pós-operatório também faz parte do ritual de sua apresentação. Ela se apresenta cheia de hematomas, equimoses, gases envoltas de sangue, para os que a assistem.

Fig. 7. Orlan - Orlan Still From Performance (1999) - http://santaorlan.blogspot. com/2009_03_01_archive.html

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No caso de Orlan, seu corpo é usado para transmitir uma mensagem de negação às práticas estereotípicas da cirurgia. Através desses espetáculos, cria rostos desfigurados e corpos refeitos que são como máscaras, cheias de significações irônicas sobre uma fusão entre obscenidade monstruosa, não-tradicional e beleza sublime.

O corpo torna-se uma junção de diferentes linguagens não-verbais. Vemos isso com as experiências estéticas dos happenings, iniciados nos anos 60, até as operações modificando os corpos, como o body building, no caso que vimos de Orlan, e no cybercorpo de Stelarc. Essas transformações criam certo cinismo com a idéia de beleza, pois aparecem agora incorporadas em meio a distorções à la Picasso, ao lado dos rostos desfigurados das guerras e de todas as manifestações que quebram o limite da espacialidade corporal.

2.3. INTERVENTIVO 2.3. OOCORPO CORPO INTERVENTIVO Como vimos então, desde as primeiras representações do corpo humano às performances contemporâneas de Orlan, o corpo sofreu inimagináveis metamorfoses. São as imagens corporais que produzem as intervenções com as representações do corpo na arte. Inicialmente a imagem do corpo foi representada em pinturas e esculturas que reproduziam imagens muito semelhantes às reais. Depois com o advento da fotografia, e mais tarde dos vídeos, a imagem virou a representação exata do objeto real.

“Body-builders, performers ou atores às margens do underground e do mundo da pornografia e da arte promovem práticas artísticas de modificações corporais mais ou menos radicais que vão de tatuagem ou do piercing ao transexualismo, à produção de monstruosidades ou anomalias.” (COURTINE, 2006, p. 553)

Portanto podemos supor que o corpo atualmente tem o papel não só de servir como cânone acadêmico, suporte de revestimento, personagem; ele é a linguagem, é ao mesmo tempo sujeito e objeto do ato artístico, é suporte do eu, mas também do outro.

Mas hoje em dia, as obras não ficam mais restritas a enquadramentos ou espaços demarcados, ou algo que impede que o objeto saia do lugar. Houve um rompimento entre a arte e a vida cotidiana com a exibição do corpo. Em uma outra época a mulher foi modelo do pintor. Hoje, em uma performance, por exemplo, ela é o objeto de arte vivo.

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3. O FALA O CORPO CORPOQUE QUE FALA Nosso  corpo  fala  junto  com  os  signos  da  comunicação  verbal.  Transmite  inĂşmeras  mensagens  atravĂŠs  de  nossas  expressĂľes  IDFLDLV H FRUSRUDLV ă D SRVWXUD ItVLFD R ROKDU RV JHVWRV DV FRUHV que  usamos,  os  sorrisos,  tudo  Ê  reconhecido  na  leitura  do  corpo.  AlĂŠm  disso,  Êpocas,  espaços,  etnias,  grupos  tambĂŠm  sĂŁo  identificados  nesta  comunicação  corporal. O  corpo  tornou-se  um  artifĂ­cio  cultural  a  serviço  da  construção  das  identidades  sociais  e  representaçþes  artĂ­sticas,  mais  intensos  e  criativos  que  outros  sistemas  de  comunicação. Arte  e  corpo  manifestam  sua  força  para  expressar  nĂŁo  apenas  o  dizĂ­vel,  mas  comunicam  tambĂŠm  o  indizĂ­vel  por  meio  de  afetos  e  intensidades. É  atravĂŠs  do  corpo  contemporâneo  que  vemos  aparecer  as  tensĂľes  entre  comunicação,  arte  e  tecnologia  e  uma  busca  pela  identidade,  num  momento  que  a  velocidade  da  circulação  de  imagens  provoca  a  crise  da  representação.

3.1. CORPORAL 3.1. IDENTIDADE IDENTIDADE CORPORAL Um  dos  temas  mais  importantes  da  contemporaneidade  Ê  o  esquecimento  da  identidade  corpĂłrea  do  homem,  e  foi  este Â

pensamento  que  fundou  a  modernidade  filosĂłfica. Descartes  definiu  o  humano  de  duas  maneiras  opostas:  o  corpo  como  um  objeto  qualquer  da  natureza  e  por  outro  lado  ele  sendo  uma  substância  imaterial  da  mente  pensante. “Para  ele,  apenas  a  mente,  sinĂ´nimo  de  consciĂŞncia,  de  alma  e  definidora  do  eu,  dĂĄ  expressĂŁo  à  essĂŞncia  humana,  do  qual  o  corpo  estĂĄ  excluĂ­doâ€?  (SANTAELLA,  2004,  p.15) Esse  paradoxo,  â€œcarne  e  os  corpos  sĂł  servem  como  meios  de  individualização  envelopados  pela  pele  e  carimbados  pelo  rosto.â€?  (SANTAELLA,  2004,  p.15),  fez  com  que  a  idĂŠia  do  â€œeuâ€?  entrasse  em  crise,  no  lugar  dos  antigos  â€œsujeitoâ€?  e  â€œeuâ€?  multiplicam-se  imagens  de  subjetividade.

“Fala-se  de  subjetividade  distribuĂ­da,  socialmente  construĂ­da,  dialĂłgica,  descentrada,  mĂşltipla,  nĂ´made,  situada,  fala-se  de  subjetividade  inscrita  na  superfĂ­cie  do  corpo,  produzida  pela  linguagem,  etcâ€?  (Kvale  1992  apud  Domènech  et  al  2001  :113  citado  por  SANTAELLA,  2004,  p.  17)

Entrar  em  questþes  e  discussþes  filosóficas  acerca  do  sujeito  e  o  corpo  não  Ê  o  foco  deste  trabalho,  mas  em  síntese,  para  a  filosofia  moderna,  não  interessa  a  substância  corpórea  como  total,  e  sim  o  sujeito  que  carrega  consigo  suas  experiências  e  sua  lingua-

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gem,  nĂŁo  sĂł  verbal,  mas  linguagem  dissolvida  pela  idĂŠias,  pelos  signos,  pela  imagem  que  Ê  transmitida  pelo  corpo  como  suporte.  A  sociedade  do  consumo  propĂľe  padrĂľes  de  representaçþes  corporais  que  geram  uma  perda  de  identidade  pessoal. “O  momento  atual  sofre  de  excesso  de  controle  sobre  a  produção  de  nossa  corporeidade,  seja  atravĂŠs  de  intervençþes  mĂŠdicas,  seja  atravĂŠs  de  intervençþes  de  toda  a  sorte  em  busca  de  perfeição  publicitĂĄria  anunciada  nas  imagens  midiĂĄticas  e  virtuais  na  era  do  consumo  e  do  espetĂĄculo.â€?  (VILLAÇA,  2010,  p.  160)

A  velocidade  da  circulação  das  imagens,  as  mudanças  sociais,  os  aspectos  demogråficos,  como  o  aumento  da  expectativa  de  vida,  controle  de  natalidade,  a  cultura  de  consumo  e  o  progresso  tecnológico,  mudaram  a  maneira  de  sentir,  olhar  e  agir  dos  indivíduos  em  relação  ao  seu  corpo.  AlÊm  disso,  a  estetização  do  corpo  gerada  pelo  sistema  atual,  contribuiu  para  uma  perda  da  imagem  corporal,  o  que  leva  as  pessoas  a  buscarem  tÊcnicas  estÊticas  para  a  construção  de  sua  identidade  individual,  como  tatuagens,  mutilaçþes,  escarificaçþes,  deformaçþes,  maquiagens,  cirurgias,  etc. O  percurso  da  desfiguração  das  figuras  humanas  demonstra  essa  inquietude  das  questþes  de  identidade. Essa  experiência  das  modificaçþes  corporais  permite  tambÊm  criar  ligaçþes  mais  profundas  entre  a  tecnologia,  o  corpo,  a  imagem  e  a  arte.

Novas  imagens  são  construídas  a  partir  do  corpo  e  a  cultura  visual  da  representação  cria  diversas  inovaçþes  tÊcnicas  para  a  apresentação  e  figuração  deste. As  representaçþes  midiåticas  tem  um  efeito  profundo  sobre  as  experiências  deste  corpo  e  constroem,  segundo  Foucault  uma  estÊtica  da  existência,  um  corpo  comunicativo.

3.2 CORPO MĂ?DIA 3.2 CORPOE E MĂ?DIA A  relação  entre  corporeidade  e  linguagem  artĂ­stica  -  neste  FDVR D YtGHR SURMHomR PtGLD XVDGD QR WUDEDOKR ă OHYDP D LPDJLnar,  diagramar,  fantasiar  as  imagens  do  corpo-objeto. “A  expansĂŁo  do  mundo  virtual  atravĂŠs  da  imagĂŠtica  da  atualidade,  da  fotografia,  do  cinema,  a  internet,  do  vĂ­deo,  e  o  encontro  com  as  novas  tecnologias,  veio  possibilitar  ao  indivĂ­duo,  na  sociedade  contemporânea,  novas  experiĂŞncias  estĂŠticas  e  um  novo  sistema  de  ligaçþes  onde  nada  possui  um  significado  único,  mas  mĂşltiplo  e  como  tal,  flexĂ­vel.â€?  (PEREIRA,  2008)

Hoje  em  dia,  em  plena  efervescĂŞncia  da  revolução  digital,  o  interesse  do  corpo  humano  nas  artes  foi  acentuado,  e  alĂŠm  dele  estar  ligado  ao  ambiente  atravĂŠs  de  uma  continuidade  eletromagnĂŠtica,  Ê  um  corpo  modificĂĄvel  pela  tecnologia,  tornando-o  um  objeto  permeĂĄvel,  sem  fronteiras,  â€œabalando  as  antigas  e  estĂĄveis  relaçþes  binĂĄrias  entre  mente  e  corpo,  cultura  e  corpo,  cultura  e  naturezaâ€?  (SANTAELLA,  2004,  p.126.)

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“O corpo-imagem, produto das imagens do corpo, cria, por sua vez, a imagem por difusão. É com base nessa constituição prévia (em fotografia, em vídeo ou em CD-ROM) que ele induz os cruzamentos de imagens, é a posteriori que ela pode gerar a representação de uma certa corporeidade das coisas imateriais. As tecnologias do visual introduziram uma ruptura em nossos modos de percepção corporal, inventando a relação entre o corpo e a imagem: é com base na imagem já realizada que circulam e se difundem nossas imagens corporais, e não mais nesse sentido que vai da irrupção inesperada das imagens corporais à produção de nosso corpo como imagem.” (JEUDY, 2002, p.152)

A vídeoinstalação e a projeção criam um rompimento do modo contemplativo da arte, pois inclui pontos de vista diferentes do corpo como um todo, em estado de deslocamento, pois ele apresenta-se dentro e fora da obra.

É por meio das tecnologias, para a apresentação de imagens, que podemos compreender as relações entre as pessoas e produtos em termos do estilo de vida, mundo interior do “eu” e, sobretudo, do seu invólucro corporal. A mídia construiu-se num dos principais meios para difundir a exibição do corpo como tendência de comportamento, é como se essa exibição pudesse trazer como recompensa “um renascimento identitário ou a restauração de eus danificados e identidades deterioradas” (Crillanovick 2003:331 citado por SANTAELLA, 2004, p. 126). Os objetos tecnológicos e os circuitos de comunicação não são mais somente aparatos externos ao corpo, há uma fusão deste com as redes. Neste trabalho, o corpo aparece aliado às tecnologias de duas formas: por um lado na representação imagética, e por outro, na corporalização da situação do espectador que agente do processo de existência da obra, interage e participa dela, criando um espaço para troca, entre ele, o corpo-real e o que está projetado, o corpo-virtual.

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4. A A VIDEOARTE VIDEOARTEE EA AINTERAÇÃO INTERAÇÃO Os recursos tecnológicos das mídias e da indústria do entretenimento estão cada vez mais incorporados em nossas vidas. Desde o século XIX inúmeras técnicas foram introduzidas ao nosso cotidiano e possibilitaram fluxos informacionais que são difundidos a uma grande quantidade de pessoas. O vídeo surge como um meio audiovisual, possibilitando novas formas de pensar o espaço e o tempo, assim como novas expressões no campo das artes, incluindo nele, a moda. Como observou Anne-Marie Duguet, o vídeo pode ser considerado “efêmero como espetáculo, inclusive nem ser mais objeto, mas uma ação, um acontecimento, um gesto ou processo de comunicação, uma obra de relacionamento momentâneo e sem traços materiais.” (citado por MELLO, 2008, p. 51).

4.1 VIDEOARTE NO BRASIL 4.1 HISTÓRIA HISTÓRIADADA VIDEOARTE NO BRASIL No Brasil, foi a partir da década de 60 que iniciaram-se estudos entre a comunicação e a arte, porém só no fim do século XX que as abordagens sobre o vídeo e as novas mídias foram colocadas FRPR LQWHJUDQWHV GH IRUPDV QmR ăWUDGLFLRQDLV GH H[SUHVVmR DUWtVWLFD O vídeo inserido nas artes no Brasil tem origem no ano de 1956 com o artista Flávio de Carvalho, que apresentou-se na TV usando “ a indumentária do futuro”, vestindo com meias rendadas de bailarina, saiote, blusa de nylon com aberturas laterais O artista lançou o novo traje para o verão dos trópicos. Este gesto performático porém foi registrado apenas fotograficamente, mesmo sendo a primeira intervenção com vídeo na época.

A imagem desmaterializada transmite a mensagem audiovisual que pertence aos meios de comunicação como extensões do homem, e é uma alternativa de reflexões culturais, sociais e filosóficas.

Fig. 8. Flávio de Carvalho em “Experiência 3” (1956).

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Depois  Helio  Oiticica  e  Wesley  Duke  Lee  apresentaram  suas  primeiras  vĂ­deo  instalaçþes  em  1967  e  1969,  respectivamenWH FKDPDGDV Âľ31 ă 3HQHWUiYHO LPDJpWLFRÂś H Âľ 2 KHOLFySWHURÂś

“Os  procedimentos  artĂ­sticos  com  o  vĂ­deo  no  Brasil  nos  anos  1970  traduziam,  em  sua  maior  parte,  o  conceitualismo,  a  performance  e  a  body  art,  assim  como  promoviam  uma  crĂ­tica  à  TV  e  aos  canais  hegemĂ´nicos  de  comunicação  de  massa  que  conviviam  muitas  vezes,  naquele  momento,  com  oficiais  da  censura  (funcionĂĄrios  pĂşblicos  do  estado  a  serviço  da  ditadura)â€?.  (MELLO,  2008,  p.  86)

Na  dÊcada  de  70,  artistas  fizeram  experimentaçþes  de  vídeos  em  tempo  real,  pois  os  equipamentos  de  edição  eram  raros  na  Êpoca,  e  tambÊm  porque  sofriam  grande  repressão  com  a  censura  ditatorial.

Fig.9. Â PN3 Â - Â http://bravonline.abril.com.br/blogs/arteria/2010/03/24/tres-motivos-paraprestar-atencao-em-helio-oiticica/

Fig.  10.  O  helicóptero  -  http://brmenosmais.blogspot.com/2010/08/wesley-duke-lee-ohelicoptero-1967-69.html

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Nos  anos  80  a  produção  Ê  voltada  para  alternativas  independentes  de  vídeo  e  nas  intervençþes  audiovisuais,  e  começa-se  a  comercializar  as  primeiras  câmeras  VHS  no  Brasil  e  o  videocassete.  Desta  forma,  aumenta-se  as  experimentaçþes  videogråficas  no  campo  dessas  novas  tecnologias. A  partir  dos  anos  1990,  o  vídeo  passa  a  ser  utilizado  em  procedimentos  artísticos  relacionados  às  linguagens  digitais  e  à  interatividade,  no  qual  ele  Ê  combinado  com  as  interfaces  digitais.

“O  vĂ­deo  deixa  de  ser  visto  eminentemente  como  um  produto  audiovisual  e  passa  a  colaborar  em  funçþes  discursivas  mais  abertas,  gerando  situaçþes  de  compartilhamento  audiovisual  com  açþes  artĂ­sticas  de  outra  escala,  complexidade,  dimensĂŁo  e  natureza.  Trata-se  do  vĂ­deo  diluĂ­do  no  espaço  hĂ­brido  virtual  e  sua  convivĂŞncia  em  diferentes  circuitos  midiĂĄticos.â€?  (MELLO,  2008,  p.  198)

4.2. DASDAS MĂ?DIAS 4.2. AAHIBRIDIZAĂ‡ĂƒO HIBRIDIZAĂ‡ĂƒO MĂ?DIAS Junto  com  os  avanços  dos  vĂ­deos  nos  anos  90,  se  desenvolveram  as  novas  mĂ­dias.  Com  a  expansĂŁo  dos  computadores  pessoais,  os  celulares,  a  internet  ocorreu  uma  convergĂŞncia  destas  tecnologias,  elas  se  misturam  e  dialogam  entre  si,  passamos  a  chamar  de  cultura  digital  esta  fusĂŁo  dos  meios. As  linguagens  foram  dissolvidas,  se  confraternizam  e  sĂŁo  FRPSRVWDV H VREUHSRVWDV DJRUD SRU GLYHUVDV IRQWHV ă D IRWRJUDILD desenho,  vĂ­deo,  programaçþes  de  computador,  robĂłtica,  enge-

nharia  genĂŠtica,  etc.  Em  uma  exposição  dedicada  à  fotografia  e  outros  meios,  Bellour,  pensador  desta  convergĂŞncia  escreve  a  favor  destas  prĂĄticas  da  imagem. “O  ponto  de  partida  Ê,  pois,  o  archĂŠ  da  fotografia,  contudo  deve-se  esclarecer  que,  no  nosso  entendimento,  o  â€˜fotogrĂĄfico’  nĂŁo  Ê  uma  categoria  exclusiva  à  fotografia,  nem  aos  seus  procedimentos  especĂ­ficos,  ou  seja,  o  â€˜fotogrĂĄfico’  Ê  uma  condição  transversal  a  vĂĄrios  gĂŞneros  e  prĂĄticas  da  imagem...  e  liga-se  sobretudo  a  um  campo  de  visualidade  do  qual  sobressaem  as  açþes  de  paragem  e  desdobramento  do  movimento,  bem  como  os  efeitos  que  essas  experiĂŞncias  induzem  na  percepção  de  um  tempo  (complexo,  aberto.’cristal’)  que  Ê  imanente  a  imagemâ€?.  (Bellour  citado  por  MACHADO,  2007.  p.  71).

Essas  transformaçþes  provocadas  pelo  desenvolvimento  da  tecnologia  criaram,  entĂŁo,  dentro  das  artes  novos  campos  para  experimentaçþes  entre  o  homem  e  a  mĂĄquina,  que  neste  caso,  serĂĄ  substituĂ­da  pelas  interfaces  computacionais  para  criar  novas  interaçþes. “[...]  computadores  vĂŁo  crescentemente  se  potencializando  para  novas  interaçþes  com  seu  meio  ambiente  fĂ­sico  e  humano  em  sistemas  inteligentes  de  gerenciamento  de  bancos  de  dados,  mĂłdulos  de  compreensĂŁo  da  linguagem  natural,  dispositivos  de  reconhecimento  de  formas  ou  sistemas  especialistas  de  autodiagnĂłstico  e  interfaces  de  interfaces:  telas,  ícones,  botĂľes,  menus,  dispositivos  aptos  a  conectarem-se  cada  vez  melhor  aos  mĂłdulos  cognitivos  e  sensoriais  humanos.â€?  (Pierre  LĂŠvy  citado  por  Lucia  Santaella,  DOMINGUES,  2009,  p.41)

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É graças à capacidade do computador que somos capazes de conectar imagens, sons, escrituras, todas as informações de dados ao mundo visível, audível e perceptível do homem, e é também essa tecnologia que possibilita a interação da obra com o indivíduo. A comunicação neste ponto pode alcançar o status principal de relação social.

4.3. 4.3. AAINTERATIVIDADE INTERATIVIDADE “Agora, o artista desenvolve, sob os nossos olhos, a verdadeira técnica da mente; ele nos dá um tipo de forma ou molde que podemos tanto ver como tocar.” (DOMINGUES, 2009, p. 69)

interfaces (dispositivo material e lógico, no qual se efetuam as trocas de informações entre dois sistemas) que nos conectam e permitem o envio de dados, ou seja, são os dispositivos de hardware que levam inputs, colocando os dados para dentro do computador. Após essas conexões, os processos de captura, processamento e comunicação de sinais proporcionam experiências estéticas que são ampliadas pelas tecnologias. No contexto das novas arte e mídias, proposto neste trabalho, a interface permitirá os espectadores a interagirem com a imagem projetada, onde os meios utilizados nessa interação será projeção do vídeo e a tela sensível ao toque.

Existem muitas maneiras de atingir um público e muitos graus de interatividade. No início do século já existiam teatros fora dos palcos onde os espectadores se incluíam no meio do espetáculo. Depois vieram os efeitos de iluminação e projeções que interagiam também com os espectadores. Os happenings e performances iniciados a década de 1960 criaram um processo interativo sem o uso das tecnologias. Assim, o público aos poucos foi deixando de apenas só contemplar, mas passaram a intervir na criação. Hoje a arte interativa é regida por computadores, que guardam dados nas memórias invisíveis de redes de silício, e são as

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5. METODOLOGIA METODOLOGIA Desde 2008, venho pesquisando sobre como unir moda e tecnologia. A princípio, esta pesquisa visava a união do vestuário com materiais diferentes, como leds, fibras óticas e fios de computador. O intuito era criar uma “moda tecnológica” incitando uma interação entre a pessoa que vestia e a pessoa que contemplava a roupa.

Esses cursos me mostraram as possibilidades reais de trabalhar com esses meios tecnológicos, e só aguçou minha vontade de utilizá-los neste trabalho de conclusão.

Por considerar a moda uma vertente da arte contemporânea, e por ser muito escasso o material sobre moda e tecnologia no Brasil, resolvi buscar referências na arte.

Após ver as obras de um artista chamado Odires Mlászho, decidi usá-lo como referência e passei a trabalhar com a distorção e deformação do corpo, já que em seu trabalho ele usava fotos de nus masculinos e fazia recortes, escarificações e emendas nelas criando uma imagem irreal destes mesmos corpos.

Encontrei então diversos livros, artigos e estudos sobre o tema, e estes me proporcionaram uma visão mais ampla do que era a arte e tecnologia no contexto atual na nossa sociedade.

Junto a tudo isso, no início do ano, foi dada a proposta do trabalho semestral que uniria todas as disciplinas em torno de um único tema.

Estas leituras abriram então, um leque de opções no campo da tecnologia, fazendo com que meu interesse sobre este assunto aumentasse mais. Fui em busca de cursos extra curriculares para ver de perto quais eram as possibilidades de trabalhar com esses meios. Fiz um curso de Design sensorial, depois participei de outro sobre “Criação de ferramentas para o processo criativo” que também abordava essas novas tecnologias dentro do campo das artes, da performance, da moda e da música, e por último, um workshop no FILE 2010, no qual tive contato com softwares usados para criação de obras interativas.

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O trabalho de estilo e de moulage, neste momento, foi todo baseado nestas deformações que eu fazia no corpo através de enchimentos no manequim, a burrage, e isso me despertou um interesse pelo lado oposto à beleza do corpo, queria falar sobre o corpo estranho, mas que mesmo assim podia passar uma imagem de moda que despertasse um desejo e trouxesse uma mensagem carregada de significados. Foi a partir do trabalho da disciplina de Direção e produção de moda, no qual precisávamos apresentar uma imagem de moda a partir do nosso tema, que comecei a me interessar pelo nu como uma manifestação da moda e pela vídeoprojeção como suporte e aparato tecnológico.

A partir destas referências, fiquei imaginando como queria que fosse a apresentação das imagens, a união delas com algo interativo, como seriam estas cenas, e a cada dia que passava as idéias iam mudando, ou iam se acrescentando algo ao que eu estava pensando. Para passar isto para o papel criei algumas ilustrações de como eu imaginava as cenas nos vídeos, a luz, o movimento do corpo e assim consegui elaborar como eu queria que fosse apresentado este trabalho. Serão nove vídeos diferentes projetados simultaneamente na parede, e através do Iphone os espectadores poderão escolher qual dos vídeos ele gostaria de ver em tamanho aumentado, de forma que quando ele fizer esta escolha os outros oito vídeos ficaram sobrepostos com o escolhido. O Iphone será a interface interativa da imagem com o público.

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5.1. NANA MODA 5.1. VIDEOARTE VIDEOARTE MODA Diante destes quatro assuntos que me interessavam - o corpo pluriforme, o nu, a videoarte e a interação - iniciei o desenvolvimento e a pesquisa para este trabalho de conclusão. Minhas referências vieram de vídeos que eu assisti sobre videoarte fashion, que é um novo conceito dado para a videoarte voltada para a moda, vídeos de obras interativas, vídeos experimentais com o corpo, pintores, fotógrafos e performers que utilizam o corpo como suporte e objeto da arte.

Cada vez mais produtores de moda tem apostado em novas soluções para a apresentação de coleções. A nova categoria agora que muitos tem usado são os vídeos-desfiles, no qual a vídeoarte se une a moda criando uma união cinemaXarteXmoda. Yves Saint Laurent, em sua coleção primavera/verão 2010 desenvolveu curtas-metragens paralelos aos desfiles, no qual Samuel Benchetrit fez o roteiro e a direção. Este vídeo pode

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ser assistido no site: http://www.youtube.com/watch?v=_ vayGuuFiUI&feature=player_embedded Outro estilista que tem usado a videoarte como suporta da sua apresentação é Gareth Pugh. Com o apoio do grupo do ShowStudio, do fotógrafo Nick Knight, Gareth desenvolveu para sua coleção inverno 2009 /10 um vídeo p&b, sua marca registrada, onde as peças tinham seus movimentos ressaltados, e eram bem nítidos seus volumes e suas formas amplas. Este vídeo pode ser visto no site: http://www.youtube.com/watch?v=5C_LMYdKzWY Alexander McQueen foi outro que fez parceria com a ShowStudio, e no desfile de verão 2010, criou um conceito diferente de apresentação. Além das projeções de vídeo na passarela, o desfile foi filmado por câmeras e tinha a intenção de ser transmitido ao vivo pelo site para o mundo todo, porém não obteve sucesso devido ao erro de servidor.

Com um investimento mais barato do que grandes desfiles, as marcas agora começam a se interessar pela videoarte fashion, já que está causa um impacto e chama a atenção de seus consumidores que sempre aguardam novidades.

5.2. 5.2. MODELAGENS MODELAGENS As peças usadas foram feitas de forma com quem se elas mesclassem com a pele, como se fossem uma continuação de nosso próprio invólucro e não um elemento sobreposto. A escolha dos tecidos foi feita pensando em uma forma de estarem sempre bem justo ao corpo, e que remetessem essa idéia de pele. A lycra para cinta cirúrgica emborrachada e a lycra rendada então foram os tecidos escolhidos para as peças que seriam usadas nos vídeos.

O vídeo trazia cenas da modelo Raquel Zimmermann seminua, em que ela ora aparecia deitada na areia com cobras, ora emergia de águas. O efeito é congelante, as imagens se misturavam causando uma sensação sinestesicamente real. No Brasil esse conceito de “videoarte fashion” iniciou-se a pouco tempo. Algumas empresas, como OEstúdio, Reserva e Studio Pilar passaram a fazer seus desfiles e/ou campanhas publicitárias usando esta ferramenta. Em anexos, está uma matéria que foi publicada na Folha de São Paulo dia 16 de julho sobre esta nova aposta para as grifes brasileiras.

Fig. 13. Fotos: Ana Carolina Cherubini

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5.3. 5.3. ACESSÓRIOS ACESSÓRIOS Assim como as roupas o sapato para o vídeo foi pensado para acompanhar a silhueta da perna. A bota foi feita com outro tipo de lycra cirúrgica e seu fechamento feito com colchetes para remeter a essas cintas que são usadas em pós cirurgias para deixar o corpo bem modelado e apertado. Além disso, por ser bem justa e de um material fino para sapatos também marca os dedos, que causam um certo estranhamento em quem os usa.

Fig. 14. Fotos: Ana Carolina Cherubini

Em um dos estudos fotográficos também foi usada lycra lisa no body, que havia sido desenvolvido no primeiro semestre para a deformação do corpo.

O salto possui curvas, para remeter a essa quebra de padrões, como se ele também (além do corpo), fosse um objeto estranho. Após isso foi revestido com espelhinhos junto com a sola, para criar uma composição e uma mesma linguagem com a placa de aço inox que também cria uma reflexão que neste caso deformará o corpo. Aseguir está uma ilustração de alguns estudos de calçados pensados a partir da temática deste trabalho, o desenvolvimento da bota, sua ilustração e o seu uso no vídeo.

Fig. 15. Fotos: Ana Carolina Cherubini

Fig. 16. Ilustração: Ana Carolina Cherubini

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Fig. 17. Fotos do processo de desenvolvimento: Ana Carolina Cherubini

Fig. 18. Ilustração: Ana Carolina Cherubini

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5.4. NUNU 5.4. SOBRE SOBREOO O nu que sempre foi representado na história da arte, projeta no nosso espírito a imagem de um corpo re-modelado de acordo com as tendências de uma época. Neste trabalho pensei em usar o corpo nu, porém rompendo-o com a imagem tradicional, vou fragmentá-lo, deformá-lo, distorcê-lo e desfocá-lo, criando uma linguagem que produz um sentido através deste processo de transfiguração. Tento com isso buscar novas formas de liberdade dentro da moda, questionando as convenções do corpo sendo um suporte para a roupa, e acentuando uma visão de que ele pode ser um agente comunicador, sem precisar necessariamente estar vestido. Em meio destas buscas, achei este poema que cito a seguir que faz referência ao nu.

O MINUTO DEPOIS “Nudez, último véu da alma que ainda assim prossegue absconsa. A linguagem fértil do corpo não a detecta nem decifra. Mais além da pele, dos músculos, dos nervos, do sangue, dos ossos, recusa o íntimo contato, o casamento floral, o abraço divinzante da matéria inebriada para sempre pela sublime conjunção. [...]” (Carlos Drummond de Andrade) E em anexos, encontra-se uma matéria que saiu na Folha de São Paulo recentemente, que diz que atualmente a nudez “roubou” espaço na roupa nas campanhas publicitárias e nos editoriais de moda.

5.5. 5.5. STYLING STYLING Durante o processo de desenvolvimento do trabalho, fui agrupando referências de como eu gostaria que fosse o styling dos cabelos, maquiagem e o casting de modelos que poderiam fazer parte das imagens. A tabela de cores, também serve para mostrar o clima e a intenção pretendida dos vídeos.

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5.6. DOS VÍDEOS 5.6. ROTEIRO ROTEIRO DOS VÍDEOS Usei como referência de luz do vídeo “Tribute a Guy Boudin”, que é uma luz num tom rosado, que mescla com a tonalidade da pele. Abaixo está o roteiro dos vídeos que estarão em looping, são de curta duração e cada um foca um tipo de estranhamento do corpo que é realizado ou na pós produção através da edição das imagens, ou na própria produção o ambiente e dos acessórios usados:

1- Filmar do quadril para cima, mulher pulando nua, com 1-

bota desenvolvida. Filmar do chão este corpo e a placa na mesma direção da câmera.

5- Filmar de cima um corpo no chão, nu, usando apenas o 5-

corpete desenvolvido para o trabalho. Este corpo faz movimentos com os braços e as pernas. Sobrepor o vídeo, várias camadas, criando vários braços, várias pernas,...

6- Mulher usando um body rendado que cria uma textura 6-

na pele, dentro deste body terão bexigas que criarão um corpo deformado.

7- Com uma luz mais baixa no ambiente, jogar focos de 7-

um colar. Na edição na hora do pulo o corpo se alonga como uma “mulher elástica” e quando o colar subir no momento do salto terá um slowmotion, para ajudar a idéia de alongamento.

luz em pontos do corpo, criando um movimento de sombras, no qual desaparecem algumas partes do corpo e evidenciam outras.

22- Sobrepor duas filmagens, a primeira um rosto parado

8- Filmar a mulher dançando, vestindo uma meia 7/8 e 8-

olhando para câmera, sem maquiagem, por cima deste vai aparecendo o mesmo rosto maquiado que faz movimentos com a boca o nariz e os olhos, de acordo com a opacidade ele aparece mais ou menos nítido.

luvas, e ela vai ficando desfocada, desfocada, e vira uma mancha de 3 cores, do corpo, das luvas e da meia (contrastantes).

9- Filmar do quadril para baixo uma pessoa andando, e 9-

com o andar criar um efeito de rastro.

33- Filmar de vários ângulos diferentes, com várias câmeras

juntas posicionadas em lugares diferentes, o rosto que faz alguns movimentos leves, trocar a maquiagem. Depois juntar esses ângulos criando um rosto só, cubista, com referência do trabalho do David Hockney.

4- Usar a placa de aço inox (como um espelho que de4-

forma) e filmar o corpo que está refletido nela, usando apenas a

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5.6.1. DOS VÍDEOS 5.6.1.FRAMES FRAMES DOS VÍDEOS

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5.6.2. FOTOGRÁFICOS 5.6.2.ENSAIOS ENSAIOS FOTOGRÁFICOS

Fig. 31. Fotos: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 32. Fotos: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 33. Fotos: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 34. Fotos: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 35. Fotos: Ana Carolina Cheurbini

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5.6.3. 5.6.3.ILUSTRAÇÕES ILUSTRAÇÕES

Fig. 36. Ilustração: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 37. Ilustração: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 38. Ilustração: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 39. Ilustração: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 40. Ilustração: Ana Carolina Cheurbini

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Fig. 41. Ilustração: Ana Carolina Cheurbini

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6. COMO COMOSERÁ SERÁAAAPRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Um projetor estará ligado a um computador e ao mesmo tempo este computador estará conectado ao Iphone.

diferentes, a tela do Iphone apresentará nove botões que representam esses vídeos.

As projeções estão passando na parede, assim que um espectador chega até a instalação e pega o Iphone em mãos pode escolher qual vídeo gostaria de assistir. Como são nove vídeos

Ao acionar um outro botão no Iphone, o vídeo é trocado, e fica passando até que se aperte novamente outro botão que representa outra imagem.

Fig. 42. Projeto: Ana Carolina Cherubini

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7. CONSIDERAÇÕES CONSIDERAÇÕESFINAIS FINAIS A intenção deste trabalho é mostrar para o espectador, que o corpo serve como meio de comunicação, sem precisar, necessariamente estar vestido, pois ele carrega muitas linguagens que são lidas visualmente. Além disso a quebra dos padrões de representação da imagem serve como forma para repensar a estrutura corpórea de cada ser, que em tempos hipermodernos, como chama Lipovetsky, perde sua identidade, ao tentar seguir os padrões de beleza da sociedade. E no meio de tantas novidades e recursos tecnológicos, o uso da videoprojeção interativa tem como objetivo trazer o espectador mais perto da obra, e fazer com que este participe dela, não apenas a contemple. No segundo capítulo, após a introdução, quis abordar como o corpo foi tratado ao longo da história da arte e sua representação desde a pintura, passando pela fotografia e chegando até a body-art.

No quarto capítulo foi feito um panorama geral da videoarte no Brasil, e como esta através do avanço tecnológico hibridizou-se com as novas mídias atuais. No quinto capítulo tracei um caminho metodológico para o desenvolvimento desta pesquisa, no qual conclui que a videoarte fashion é um novo conceito para a divulgação e apresentação de uma marca para os consumidores, no qual ainda é pouco explorado no Brasil. E por fim, foi apresentado como será a instalação, que se utilizará de uma interface interativa, que une o espectador com a imagem proposta da vídeo -projeção. Esta pesquisa foi muito satisfatória, apesar das dificuldades que enfrentei por ser um campo novo dentre tudo que aprendi na faculdade, como o vídeo, suas produções e essas novas tecnologias associadas a ele. Porém é um caminho que pretendo ainda explorar, para aperfeiçoar e continuar associando moda X arte X tecnologia.

No terceiro o foco foi pra uma identidade corporal nas épocas atuais, a perda desta e a busca para reconstituir essa identidade, através das manifestações artísticas do corpo, neste caso utilizando os meios tecnológicos das novas mídias.

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8. ANEXOS ANEXOS

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FOTOS FOTOSDADAPRODUÇÃO PRODUÇÃO

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