ANTEPROJETO DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA ADEQUADO PARA O TRATAMENTO DAS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB NATÁLIA MARTINS CAMBOIM LUNA | UNIPÊ
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ ARQUITETURA E URBANISMO
NATÁLIA MARTINS CAMBOIM LUNA
ANTEPROJETO DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA ADEQUADO PARA O TRATAMENTO DAS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB
Trabalho final de graduação, apresentado ao Centro Universitário de João Pessoa – Unipê, com parte das exigências para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo Orientador: Vitto Bruno de Sales Germoglio.
JOÃO PESSOA I 2020
ANTEPROJETO DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA ADEQUADO PARA O TRATAMENTO DAS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB
L961a
Luna, Natália Martins Camboim. Anteprojeto de um Centro de Referência Adequado para o Tratamento das Crianças com Transtorno do Espectro Autista na cidade de João Pessoa - PB /Natália Martins Camboim Luna - João Pessoa, 2020. 88f. Orientador (a): Prof. Vitto Bruno de Sales Germoglio. Monografia (Curso de Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 1. Autismo. 2. Tratamento adequado. 3. Crianças. I Anteprojeto de um Centro de Referência Adequado para o Tratamento das Crianças com Transtorno do Espectro Autista na cidade de João Pessoa - PB
UNIPÊ / BC
CDU – 725.1:364-5
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que me deu uma família motivadora que esteve sempre ao meu lado, incentivando-me e segurando as minhas mãos nas horas que mais precisei. Aos meus pais Sérgio Beltrão e Ivanice Martins, que sempre acreditaram em mim e nunca mediram esforços para dar tudo que eu e meu irmão precisamos para realizar nossos sonhos; em especial às condições para seguir o curso de Arquitetura, o qual estou finalizando mais uma etapa da minha vida. A Tiago Martins, que além de irmão é meu melhor amigo, saiba que você foi um ponto essencial para eu chegar até aqui, sempre me influenciando profissionalmente e dando conselhos quando precisei, saiba que eu te admiro demais, e tenho certeza que você terá todo o sucesso do mundo, te admiro demais! Aos meus avôs Wilson Camboim, Fátima Martins, Ocemar Toscano e Rivane Beltrão (que nos deixou este ano, mas saiba que sou eternamente grata por tudo que a senhora fez por mim, e quero que aonde você esteja, saiba que estou vencendo mais uma etapa na minha vida, eu consegui!), que sempre estiveram comigo, acompanhando meu crescimento desde sempre e dando todo suporte quando precisei. Agradeço também aos meus tios, por me ajudarem desde pequena no tempo da escola, quando eu ia aperrear precisando de ajuda nas provas e que acompanharam todo o meu crescimento, e até hoje continuam me ajudando, vocês foram e são fundamentais para meu crescimento profissional.
Sou muito grata ao meu orientador e amigo Vitto Germoglio por todos os ensinamentos, apoio e confiança. Seu conhecimento sobre arquitetura, criatividade e o modo de ensinar às pessoas são qualidades que te fazem esse grande profissional, e com toda certeza vou levar tudo que aprendi com você para minha vida. Aos meus amigos da universidade que sempre estiveram ao meu lado caminhando juntos até aqui, em especial meu trio dos trabalhos, Lara Antonino, Larissa Mangueira e Maria Luíza, pelas noites em claro, mas que no final sempre dava certo, foi um presente que a Arquitetura me deu. Aos professores da AGV, Vitor e Gabi, que também fizeram parte desta etapa final, sempre me motivando e mostrando que eu era capaz, e abraçaram esse sonho junto comigo. Um agradecimento especial às arquitetas Fabiana Gambarra, Karol Dantas, Manuela Medeiros e Tatiana Medeiros. Com vocês ao meu lado, consegui juntar forças para encarar os desafios finais do meu curso, que com essa união eles se tornaram mais fáceis, agradeço de coração por tudo o que vocês fizeram por mim. Por fim, um agradecimento especial ao meu primo Vitor Fernando que foi a inspiração para o desenvolvimento deste trabalho. Você nos ensinou e ainda ensina a ver a vida de outra forma, vencendo cada obstáculo que a vida nos coloca, e mostra de que nada é impossível. Seu jeito nos encantou e você nos conquista a cada detalhe e avanços no seu desenvolvimento, saiba que você é muito especial para mim e toda nossa família!
RESUMO O Autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno que interfere no desenvolvimento de um indivíduo nos seus aspectos sensoriais, de comunicação, emocionais e de interação. A sua definição passou por diferentes mudanças ao longo do tempo, com estudiosos que avaliavam o processo de desenvolvimento e comportamento humano, até chegar na terminologia e conceito que conhecemos nos dias atuais – TEA. Apesar de hoje existir uma lei que determine os direitos das pessoas com TEA, no Brasil, ainda há muita precariedade no sistema de atendimento e prestação de serviços a essas pessoas com autismo, como, por exemplo, falta de locais adequados para realização dos tratamentos em termos de quantidade e funcionalidades dessas unidades. Desta forma, esse trabalho se justifica na tentativa de oferecer um local adequado para o tratamento direcionado às pessoas com autismo, a fim de minimizar essas problemáticas. O objetivo do trabalho, então, foi a proposta de anteprojeto para o desenvolvimento de um Centro de Referência com atendimento específico às crianças com autismo na cidade de João Pessoa, com ambientes destinados às
atividades necessárias para realização dos tratamentos, além de oferecer espaços de assistência familiar e áreas de convivência e interação entre os pais e ou responsáveis por essas crianças. Para realização deste projeto, foram utilizados procedimentos metodológicos, como: pesquisas bibliográficas, digitais, documentais, normas, visita em campo, sistematização e análises dos dados, para tomar partido das decisões e diretrizes projetuais no desenvolvimento do centro adequado para crianças com TEA. Feito o embasamento teórico necessário, foram determinados critérios que direcionaram a escolha do terreno para implantação do centro, e com base no lote selecionado, foi feito o estudo sobre a área, por meio de mapas e referências de legislações legais pertinentes ao bairro José Américo na cidade de João Pessoa, local onde está inserido o terreno do projeto. Palavras-chave: Autismo; tratamento; adequado; crianças.
ABSTRACT Autism, also known as Autistic Spectrum Disorder (ASD), is a disorder that interferes with an individual’s development in his sensory, communication, emotional and interaction aspects. Its definition has undergone different changes over time, with scholars who evaluated the process of human development and behavior, until reaching the terminology and concept that we know today - TEA. Although today there is a law that determines the rights of people with ASD, in Brazil, there is still a lot of precariousness in the system of care and provision of services to these people with autism, such as, for example, lack of adequate places to carry out treatments in terms of quantity and functionality of these units. Thus, this work is justified in an attempt to offer an adequate place for treatment aimed at people with autism, in order to minimize these problems. The objective of the work, then, was the proposal of a preliminary project for the development of a Reference Center with specific care for children with autism in the city of João Pessoa, with environments for the activities necessary to carry out the treatments, in addition to offering assistance spaces family and
areas of coexistence and interaction between parents and / or guardians of these children. To carry out this project, methodological procedures were used, such as: bibliographic, digital, documentary research, standards, field visits, systematization and data analysis, to take advantage of the decisions and design guidelines in the development of the appropriate center for children with ASD. After the necessary theoretical basis, criteria were determined that guided the choice of land for the implantation of the center, and based on the selected lot, the study on the area was carried out, using maps and references of legal legislation pertinent to the José Américo neighborhood in city of João Pessoa, where the project land is located. Keywords: Autism; treatment; appropriate; children.
“Em um cenário de múltiplas possiblidades, os conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo da vida não se anulam, eles podem se somar”
(Bem Oliveira)
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Dados do CDC, 2020.......................................................................................................................................................19 Figura 2: Esquema ilustrativo dos procedimentos metodológicos..................................................................................................23 Figura 3: Resumo em ordem cronológica do processo de definição e caracterização do TEA.......................................................27 Figura 4: Representação do processo de desenvolvimento da AMA...............................................................................................28 Figura 5: Tratamentos multiprofissionais........................................................................................................................................30 Figura 6: Os sentidos mais presentes nas pessoas com TEA...........................................................................................................32 Figura 7: Elementos construtivos e de percepção............................................................................................................................34 Figura 8: Advance Center for Autism. – Planta baixa.....................................................................................................................40 Figura 9: Condicionantes locais para escolha do lote......................................................................................................................51 Figura 10: Localização: João Pessoa – PB, o bairro José Américo e pontos de atendimentos e institucionais...............................51 Figura 11: Localização da AOE.......................................................................................................................................................52 Figura 12: Sistema Viário e Mobilidade..........................................................................................................................................53 Figura 13: Uso e Ocupação do Solo................................................................................................................................................54 Figura 14: Gabarito..........................................................................................................................................................................54 Figura 15: Carta solar.......................................................................................................................................................................55 Figura 16: Dados da ventilação da cidade de João Pessoa – PB.....................................................................................................55 Figura 17: Estudo topográfico..........................................................................................................................................................56 Figura 18: Funcionograma dos setores............................................................................................................................................61 Figura 19: Planta- setorização..........................................................................................................................................................62 Figura 20: Setorização geral tridimensional....................................................................................................................................63
Figura 21: Diagrama evolutivo da implantação dos blocos.............................................................................................................63 Figura 22: Planta - indicação dos acessos e fluxos..........................................................................................................................65 Figura 23: Diagramas de Forma e Volume......................................................................................................................................66 Figura 24: Diagramação da coberta.................................................................................................................................................67 Figura 25: Corte esquemático da ventilação....................................................................................................................................67 Figura 26: Materiais.........................................................................................................................................................................68 Figura 27: Elementos de composição da horta................................................................................................................................69 Figura 28: Vista da praça de chegada, auditório e estacionamento do público...............................................................................70 Figura 29: Passarela central.............................................................................................................................................................71 Figura 30: Vista para os corredores das salas de terapia de baixo e alto estímulo partindo da circulação central..........................72 Figura 31: Zona de escape...............................................................................................................................................................73 Figura 32: Vista da cantina e playground........................................................................................................................................74 Figura 33: Pátio central de ligação entre os blocos de serviço e administração..............................................................................75 Figura 34: Vista para área externa e acesso ao bloco de apoio profissional....................................................................................76 Figura 35: Vista para o bloco de diagnóstico e apoio ao cuidador...................................................................................................77 Figura 36: Vista para os blocos de terapia.......................................................................................................................................78 Figura 37: Vista para a horta sensorial.............................................................................................................................................79 Figura 38: Piscina terapêutica..........................................................................................................................................................80 Figura 39: Fachada sudoeste com vista para a parte posterior dos blocos de terapia de alto estímulo...........................................81 Figura 40: Vista superior do Centro.................................................................................................................................................83
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Quantidade de unidades de atendimento a pessoas com TEA no Brasil................................................................ 20 Tabela 2: Grau de sensibilidade aos sentidos dos autistas..................................................................................................... 32 Tabela 3: Elementos sensoriais e construtivos para pessoas com TEA................................................................................. 34 Tabela 4: Condições de conforto em ambientes para pessoas com TEA............................................................................... 37 Tabela 5: Programa e Pré-dimensionamento – Setor Administrativo.................................................................................... 44 Tabela 6: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de diagnóstico e apoio ao cuidador.................................................... 45 Tabela 7: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de terapia baixo estímulo.................................................................... 46 Tabela 8: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de terapia alto estímulo...................................................................... 47 Tabela 9: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de apoio profissional........................................................................... 47 Tabela 10: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de Serviço......................................................................................... 48 Tabela 11: Programa e Pré-dimensionamento – Área externa............................................................................................... 49 Tabela 12: Programa e Pré-dimensionamento – Infraestrutura.............................................................................................. 49 Tabela 13: Cálculo do reservatório........................................................................................................................................ 50 Tabela 14: Dados e condicionantes do lote de intervenção................................................................................................... 53 Tabela 15: Diretrizes projetuais adotadas no Centro de Referência para crianças autistas................................................... 58
ÍNDICE DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ABA
Análise do Comportamento Aplicada.
SUS
Sistema Único de Saúde.
AMA
Associação de Pais e Amigos de Autistas.
TEA
Transtorno do Espectro Autista.
AOE
Área Objeto de Estudo.
TEACCH
Tratamento e Educação para Autistas e Crianças
APA
Associação Paraibana de Autismo.
com Déficits relacionados com a Comunicação.
APAE
Associação de Pais e Amigos Dos Excepcionais.
T.O
Terapia Ocupacional.
AVD
Atividade de Vida Diária
ZNA
Zona Não Adensável.
CDC
Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
ZR2
Zona Residencial 2.
CRMIPD
Centro de Referência Municipal de Inclusão para
Pessoas com Deficiência. DSM
Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças
Mentais. FUNAD
Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador
de Deficiência. IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IL
Institucional Local.
MS
Ministério da Saúde.
NBR
Norma Brasileira.
OMS
Organização Mundial da Saúde.
ONU
Organização das Nações Unidas.
1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVO GERAL 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
2
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
23
2.1 PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS E DIGITAIS 2.2 VISITA TÉCNICA E ENTREVISTA VIRTUAL 2.3 ANÁLISE DE PROJETO CORRELATO E NORMATIVAS
23
2.4 DESENVOLVIMENTO DO ANTEPROJETO
24
24 24
19 21 21
3
REFERENCIAL TEÓRICO
26
3.1.1 DEFINIÇÕES SOBRE O AUTISMO
26 27 29
3.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - TEA 3.1.2 AUTISMO NO BRASIL 3.1.3 CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS AUTISTAS 3.1.4 TRATAMENTOS ÀS CRIANÇAS COM TEA E APOIO FAMILIAR
3.2 AUTISMO E ARQUITETURA 3.2.1 ASPECTOS SENSORIAIS E PERCEPTIVOS 3.2.2 CONFORTO AMBIENTAL
26
29 31 31 36
4
6
REFERENCIAL PROJETUAL
40
DESENVOLVIMENTO PROJETUAL
58
4.1 ANÁLISE DE CORRELATO
40
6.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO E DIRETRIZES PROJETUAIS
58
6.3 IMPLANTAÇÃO 6.4 ACESSO E CIRCULAÇÃO 6.5 FORMA E VOLUME 6.6 SISTEMA ESTRUTURAL E CONSTRUTIVO 6.7 MATERIALIDADE 6.8 VEGETAÇÃO 6.9 ESPACIALIDADES
6.9.10. FACHADA SUDOESTE
63 64 66 66 68 69 70 70 71 73 74 75 76 77 79 80 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APÊNDICE
83 85 90
6.2 FUNCIONOGRAMA E SETORIZAÇÃO
5
PROPOSTA ARQUITETÔNICA
5.1 CONCEITO 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES 5.3 ÁREA DE INTERVENÇÃO 5.3.1 LOCALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA
5.3.2 CONDICIONANTES LEGAIS
5.3.3 SISTEMA VIÁRIO E MOBILIDADE URBANA
5.3.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
5.3.5 GABARITO
5.3.6 CARACTERÍSTICAS BIOCLIMÁTICAS
5.3.7 TOPOGRAFIA
43 43 43 50 50 52 53 54 54 55 56
6.9.1. PRAÇA DE CHEGADA | AUDITÓRI
6.9.2. PASSARELAS E CORREDORES
6.9.3. ZONAS DE ESCAPE
6.9.4. ESPAÇO DE VIVÊNCIA
6.9.5. SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO 6.9.6. SETOR DE APOIO AO PROFISSIONAL 6.9.7. BLOCOS DE TERAPIA 6.9.8. HORTA SENSORIAL
6.9.9. PISCINA TERAPÊUTICA
60
1. INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO GERAL 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. INTRODUÇÃO O presente trabalho irá abordar um Anteprojeto de um Centro de Referência Adequado no Tratamento de Crianças com Transtorno do Espectro Autista, e a importância de um espaço adequado ao tratamento do autismo, com capacidade de suporte familiar e ambientes necessários e com condições de conforto para a realização dos tratamento e desenvolvimento das atividades, percepções e sensações das crianças autistas. O autismo é descrito como um distúrbio neurológico que afeta os indivíduos nas suas características comportamentais, sensoriais, perceptivas e de comunicação. O primeiro estudioso a utilizar o termo autismo foi o psiquiatra Paul Eugen Bleuler, que referencia as dificuldades de comunicação proporcionando o desvio entre contato e realidade (RODRIGUES; SPENCER, 2010). Este transtorno não se apresenta de forma única em todos os indivíduos, mas com variações no grau de desenvolvimento, com diferentes características. Segundo o Serviço Nacional de Saúde (2018), os Centros de Referência estão associados aos serviços e unidades de saúde, com maiores índices de prestação assistencial aos cuidados de saúde, com melhor qualidade e tratamentos que podem ter um custo mais elevados devido à sua complexidade. Tendo em vista o reconhecimento do TEA no âmbito social, em 1983, foi fundada a Associação de Pais e Amigos do Autista1 - AMA, por um grupo de pais e amigos que se sustentavam nas necessidades de diagnósticos e tratamentos adequados para atender o público autista. Anos depois começaram a incentivar o desenvolvimento de novas unidades em todo o Brasil e foi-se estabelecendo Leis de proteção dos direitos às pessoas com autismo, como a Lei de nº 10.216, de 6 de abril de 2001, e a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. De acordo com dados levantados pelo CDC2 (2020), estima-se que o
número de pessoas com autismo é de uma criança a cada 54 que nasce com o TEA no mundo, sendo quatro vezes maior em pessoas do sexo masculino à feminino. No Brasil, com base nos dados do IBGE, existem mais de 200 milhões de habitantes, tendo com número aproximado de pessoas com autismo mais de 3 milhões em todo o país. No Estado da Paraíba, com população estimada de mais de 4 milhões de pessoas, aproximadamente 70 mil são pessoas com autismo. Figura 1: Dados do CDC, 2020 ESTADOS UNIDOS CDC, 2020: 1 pessoa a cada 54
PROPORÇÃO DE: 1 menina a cada 4 meninos
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Com levantamento de dados no quantitativo de pessoas com autismo no Brasil e no Estado da Paraíba, é notório que existe um déficit no número de unidades de atendimentos. Em um estudo realizado por um grupo de pessoas no ano de 2017 sobre: Mapeamento dos serviços que prestam atendimento às pessoas com TEA no Brasil, representado na Tabela 1, foi analisado que a maior concentração dessas unidades se encontram em São Paulo, totalizando 431 unidades, em Roraima não contabilizou nenhuma unidade e na Paraíba foram registradas 9 unidades distribuídas em todo o estado (PORTOLESE et al, 2017).
1 Associação de Pais e Amigos do Autista. É uma entidade civil, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado, de direito privado, de caráter educativo, cultural recreativo, de assistência social, científico, esportivo e representativo. (ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DO AUTISTA). 2 Center of Deseases Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças). É um departamento de saúde dos Estados Unidos.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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Tabela 1: Quantidade de unidades de atendimento às pessoas com TEA no Brasil.
Fonte: Cristiene Silvestre, Daniela Bordini, Elaine Cristina, Joana Portolese e Rosane Lowenthal (2017). Adaptado pela autora, 2020.
As pessoas com TEA apresentam alterações no seu desenvolvimento, como: dificuldades de sociabilização, comunicação verbal e de comportamento, hipossensibilidade ou hiperssensibilidade aos estímulos, rotina regrada, limitação em interesses, padrões repetitivos e estereotipados. Ao contrário das pessoas sem o transtorno, os autistas não possuem capacidade de integração sensorial, ou seja, não conseguem utilizar muitos sentidos ao mesmo tempo, e para que consigam trabalhar os seus estímulos, faz-se necessária uma intervenção multidisciplinar que ande junto, atendendo às diferentes necessidades de cada indivíduo. Sabe-se que o autismo não tem cura, e não está limitado ao uso de medicamentos e acompanhamentos de psicólogos. Por se tratar de um transtorno, é algo um pouco mais complexo e para ajudar nas terapias, adotam-se procedimentos metodológicos, como forma de tratamento direcionado às pessoas com transtorno do espectro autista - TEA, como os métodos: Applied Behavior Analysis (ABA3), Picture Exchange Communication System (PECS4), Developmental, Individual Difference, Relationship – based model (DIR5) e Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children (TEACCH6).
Entre os métodos citados, o DIR se apresenta muito eficaz e mostra evolução no tratamento das crianças com TEA. O modelo DIR – Floortime foi desenvolvido por volta de 1990 pelos pesquisadores norte-americanos Stanley Greenspan e Serena Wieder. Este método tem como objetivos a formação de bases para o desenvolvimento das competências sociais, emocionais e intelectuais em crianças com alterações de desenvolvimentos de sociabilização, dentre elas, autistas, e a participação da família para aprimorar as atividades em casa. Para que os tratamentos apresentem bons resultados, faz-se necessário ter um bom embasamento de como os espaços arquitetônicos interferem nos tratamentos e crescimento das crianças autistas, e de como o atendimento voltado às pessoas que convivem com estes são essenciais para o seu desenvolvimento, fazendo com que o espaço seja visto como parte do processo de crescimento, afetando de forma direta os comportamentos e ações de cada pessoa. Na cidade de João Pessoa-PB, existem espaços destinados ao tratamento de crianças autistas, como: A-IMA7 AMA8, APA9, APAE10, Instituto Neuroatividade, CRMIPD11 e FUNAD12. Apesar do
3 Applied Behavior Analysis.(Análise do Comportamento Aplicada – ABA). Esse método está relacionado ao ensino intensivo e individual no desenvolvimento das habilidades fundamentais para que às crianças com autismo obtenham uma independência e melhor qualidade de vida. (INSTITUTO PENSI, 2018). 4 Picture Exchange Communication System (Sistema de Comunicação por Troca de Figuras). É um sistema que auxilia às pessoas independentemente da idade, que não consegue entender por comunicação verbal. 5 Developmental, Individual Difference, Relationship – based model (Desenvolvimento funcional emocional. Diferenças Individuais e Relacionamento). É um modo de terapia em que se baseia no desenvolvimento da criança, seja individual ou coletiva. 6 Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação -TEACCH). É um programa de educação e clínico, tendo como predominância a prática da psicopedagogia e se baseia em adaptações de espaços para ajudar a compreensão dessas crianças em relação ao seu lugar de aprendizado. (INSTITUTO ITARD, 2017). 7 A-IMA: Associação Integrada Mães de Autistas. 8 AMA: Associação de Pais e Amigos de Autistas. 9 APA: Associação Paraibana de Autismo. 10 APAE: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. 11 CRMIPD: Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência. 12 FUNAD: Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência.
20
CAPÍTULO 01
crescimento de espaços voltados para a realização das terapias, ainda é possível identificar que parte das unidades existentes apresentam dificuldades assistenciais, como: (1) redução no quadro de especialistas, (2) precariedade na infraestrutura, seja pela quantidade de pessoas que precisam do tratamento, como espaços inadequados para as atividades e tratamentos, (3) falta de organização para oferecer assistência adequada, seja para as crianças com TEA, ou seus familiares, além de (4) não apresentar acompanhamentos satisfatórios no processo do tratamento (PORTOLESE et al, 2017). O trabalho se justifica na busca de proporcionar um espaço adequado para atender o público com TEA, onde possa reunir diversas áreas de terapias em um único lugar, sabendo-se que o autista tem dificuldades de adaptação em áreas convencionais. O Centro desenvolvido neste trabalho é um edifício pensado para atender as necessidades dos usuários somados ao apoio familiar. Este trabalho é dividido em 6 capítulos. O primeiro, será apresentado os objetivos e justificativa. No segundo, os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento da proposta. O terceiro, a fundamentação teórica, que vai dar suporte ao conceito e justificativa projetual. No quarto capítulo, o referencial projetual, para melhor compreender em termos arquitetônicos, a composição espacial e funcional de um centro de referência. Quinto capítulo apresenta o programa de necessidades, justificativa e apresentação da área de intervenção e estudo do entorno. O sexto e último capítulo, contém definição do conceito e partido, estudos de zoneamento e volumetria, aplicação das diretrizes projetuais e, por fim, a proposta arquitetônica com base nas estratégias e necessidades abordadas ao longo de todo o trabalho.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Compreender o conceito e as características presentes no Transtorno do Espectro Autista – TEA; • Identificar os tratamentos necessários às crianças autistas, para desenvolvimento da configuração do espaço arquitetônico; • Analisar as condições de conforto e como ele influencia no desenvolvimento das crianças com TEA.
1.1 OBJETIVO GERAL • Desenvolver um Anteprojeto de um Centro de Referência Adequado para o Tratamento das Criança com Transtorno do Espectro Autista na cidade de João Pessoa – PB. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
21
PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS E DIGITAIS VISITA TÉCNICA E ENTREVISTA VIRTUAL ANÁLISE DE PROJETO CORRELATO E NORMATIVAS DESENVOLVIMENTO DO ANTEPROJETO
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1. 2.2. 2.3. 2.4.
2.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os métodos são caminhos de pes quisas, em que cada trabalho adota o que lhe é pertinente para se chegar a um resultado desejado. Neste trabalho, foi adotado o método monográfico, que abrange um universo de pesquisas, seja coleta de dados individuais ou coletivos, como por exemplo instituições, a fim de coletar e organizar informações desejadas. (GIL, 2008).
Este método traz a ideia de eventos ou casos de uma forma mais longa, e para isso, um estudo mais aprofundado e que adota, como tipos de casos de estudos, os meios exploratórios, explanatórios ou descritivos (GIL, 2008). Neste trabalho, fazem-se presentes as pesquisas exploratórias listadas a seguir:
Figura 2: Esquema ilustrativo dos procedimentos metodológicos.
+
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DIGITAL
+
VISITA TÉCNICA E ENTREVISTA VIRTUAL
+
+
ANÁLISE DE PROJETO CORRELATO E NORMAS
DESENVOLVIMENTO DO ANTEPROJETO
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
2.1. PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS E DIGITAIS O embasamento teórico é fundamental para melhor conhecimento sobre o autismo, a fim de compreender as suas características, tratamentos e o papel da arquitetura para o desenvolvimento das crianças com TEA. O referencial foi baseado em trabalhos de graduação, teses de mestrado e artigos relacionados às temáticas de construção do trabalho, embasados em: Oliveira (2009), Leo Kanner (1943), Gauderer (1993),
Baptista e Bosa (2002), que trazem assuntos acerca do autismo. Também foram levantados dados quantitativos estimados pelo IBGE, CDC (2020), FUNAD (2020) e PORTOLESE (2017), com objetivo de quantificar o número de pessoas com TEA dentro do Estado em que o trabalho foi desenvolvido. As leis também estão presentes, como: Lei nº 10.216 (2001) e Lei nº 12.764 (2012) que asseguram os direitos das pessoas autistas. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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2.2. VISITA TÉCNICA E ENTREVISTA VIRTUAL Nesta etapa, foram realizadas visitas técnicas no lote da AOE, com registros fotográficos e levantamento para inserção do Centro de Referência às crianças autistas. Com a dificuldade de visitas presenciais na FUNAD, previstas para análises quantitativas, devido a pandemia da Covid-19 com determinação de isolamento social, na fase de desenvolvimento do trabalho, foram realizados contatos por meio eletrônico com a FUNAD (2020) para saber os tipos de atendimentos, profissionais envolvidos, quantidade de crianças assistidas e lista de espera para os atendimentos.
2.3. ANÁLISE DE PROJETO CORRELATO E NORMATIVAS Com propósito de compreender os espaços que atendem crianças com autismo, foi realizada pesquisa de projetos de caráter adequado para atendimento a esse público, observando os aspectos estruturais funcionais, conforto, implantação, acessos e composição volumétrica. Também foram feitas pesquisas em normas, como NBR 9050, para especificações de acessibilidade, NBR 6492 para representação de projetos de arquitetura, RDC 29 que oferecem requisitos a espaços de tratamentos, mas voltados às pessoas com uso de substâncias psicoativas, entre outras.
2.4. DESENVOLVIMENTO DO ANTEPROJETO O processo projetual, vai desde o conceito problemático, ponto norteador para seu desenvolvimento, a uma proposta de solução. Logo, baseiam-se em etapas de construções projetuais, como: definição do programa de necessidades, levantamento/visita no local, estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal e projeto executivo. O trabalho aqui desenvolvido tem como objetivo desenvolver um projeto a nível de anteprojeto o qual se baseia em plantas mais detalhadas 24
CAPÍTULO 02
e definições mais específicas. A seguir serão listados os tópicos para o desenvolvimento da proposta: • Produção do programa de necessidades e prédimensionamento: determina os espaços necessários para o desenvolvimento dos tratamentos e atividades, com suas dimensões baseadas em normas, que determinam uma área mínima para escolha do terreno; • Seleção e análise do lote para implantação da proposta: é necessário para delimitar uma área que atenda o tipo de equipamento, estudo do entorno – fluxos viários, acessos, usos, altura das edificações, condições climáticas, topografia – como justificativas de escolha; • Definição do conceito e partido arquitetônico: esta etapa é importante para nortear as decisões e intenções projetuais, implantação, estrutura, volume e relação dos espaços; • Desenvolvimento projetual: neste tópico, são feitos os primeiros estudos de propostas, zoneamentos, relações entre os espaços, implantação conforme os conceitos e diretrizes determinantes, que originam plantas e volumes; • Proposta final: a última etapa apresenta a elaboração dos desenhos técnicos para entendimento da proposta, em plantas bidimensionais, volumetria e imagens renderizadas, com base na norma de representação gráfica, NBR 6492.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA DEFINIÇÕES SOBRE O AUTISMO AUTISMO NO BRASIL CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS AUTISTAS TRATAMENTOS ÀS CRIANÇAS COM TEA E APOIO FAMILIAR AUTISMO E ARQUITETURA ASPECTOS SENSORIAIS E PERCEPTIVOS CONFORTO AMBIENTAL 33
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. 3.1.1. 3.1.2. 3.1.3. 3.1.4. 3.2. 3.2.1. 3.2.2.
3.
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA 3.1.1.
DEFINIÇÕES SOBRE O AUTISMO
O termo autismo vem do grego “autos” que significa “próprio”, com acréscimo da terminação “ismo” que reflete em um estado que a pessoa se encontra sem preocupações com o mundo externo, mas se concentrando em si próprio (OLIVEIRA, 2009). A palavra “autismo” foi utilizada pela primeira vez pelo psiquiatra suíço Paul Eugen Bleuler14 em 1911, referindo-se às pessoas com dificuldades de comunicação, gerando o desvio entre contato e realidade, sendo estas características relacionadas à esquizofrenia (RODRIGUES, 2009). Em 1943, o austríaco Léo Kanner , em busca de explicações sobre a síndrome, publicou um estudo com onze crianças, sendo oito do sexo masculino e três do sexo feminino. Mediante este acompanhamento às crianças, foram observadas algumas características em comuns e outras singulares em relação ao grau do distúrbio, como: extremo isolamento, negligenciando e ignorando tudo que fosse relacionado ao mundo exterior. Kanner, após observações, denomina de “Autistic Disturbance of Affective Contact” (Distúrbios Autísticos do Contato Efetivo) – distúrbios alimentares, psicomotores, comportamentais, intelectuais e da linguagem (RODRIGUES E SPENCER, 2010, p17-18). Apesar dos primeiros estudos sobre autismo serem publicados em 1943 por Kanner, um ano após, em 1944, o psiquiatra Hans Aspeger15 também realiza estudos mais amplos, obtendo resultados que antes não foram apontados por Kanner, e divulga o artigo “A Psicopatia Autista da Infância”, no qual tais comportamentos foram nomeados de Psicopatia Autística ou Síndrome de Asperger. Os dois estudiosos usaram o termo 13 14 15 16
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CAPÍTULO 03
“autista” para se referir à qualidade comportamental social das crianças em relação a: isolamentos, ausência de socialização e dificuldades de contato “falta de reciprocidade” (BAPTISTA e BOSA 2002, p.26) Em 1976, Ritvo16 realiza as primeiras alterações sobre este conceito da psicose – antes descrita por Kanner (1956), associando o autismo a um déficit cognitivo e classificando como um distúrbio no desenvolvimento, desta forma, houve uma ligação autismo-deficiência mental passando a ser mais aceita. Logo, em alguns países como a França, não existiu essa aceitação, continuando com a definição de psicose (ASSUMPÇÃO JÚNIOR; PIMENTEL, 2013). Mediante discursões apresentadas sobre o conceito do autismo e as contestações acerca da distinção entre autismo, psicose e esquizofrenia, podem estar expostos nos manuais psiquiátricos onde catalogam as síndromes, doenças e transtornos com objetivo de uma explicação concordante aos problemas de saúde, de acordo com Bosa: As primeiras edições da CID não fazem qualquer menção ao autismo. A oitava edição o traz como uma forma de esquizofrenia, e a nona agrupa-o como psicose infantil. A partir da década de 80, assistese a uma verdadeira revolução de paradigmática no conceito, sendo o autismo retirado da categoria de psicose no DSM-III e no DSM-III-R, bem como na CDI-10, passando a fazer parte dos transtornos globais do desenvolvimento (2002, p.28).
O termo Transtorno do Espectro Autista passou a ser utilizado e compreendido como um complexo transtorno de desenvolvimento, o qual apresenta sintomas, síndromes e outros tipos de variedades de transtornos, na quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). Os sintomas de uma criança com autismo tendem a aparecer antes
Paul E. Bleuler (1857 – 1939). Foi um psiquiatra suíço reconhecido pelas suas contribuições ao entendimento da esquizofrenia. Nomeado em 1886 na clínica psiquiátrica como diretor do hospital Rheinau. Léo Kanner, psiquiatra austríaco naturalizado norte-americano, considerado o pai do autismo, foi pioneiro ao observar, estudar e publicar seus estudos sobre o Autismo. Johann Hans Friedrich Karl Asperger (1906 – 1980). Foi um psiquiatra e pesquisador austríaco. A nomenclatura da Síndrome de Asperger se deu com base eu seu nome. Edward R. Ritvo, professor de psiquiatria infantil e de deficiência mental e chefe da divisão de retrato mental e psiquiatria infantil da escola de medicina da universidade da Califórnia em Los Angeles, Estados Unidos.
dos seus 30 meses, mas nem sempre é de fácil percepção o início destes, tendo que observar o seu desenvolvimento comunicativo, de linguagem
e a forma de brincar durante os seus primeiros anos, comparando a outras crianças no mesmo período de crescimento (GAUDERER, 1993).
Figura 3: Resumo em ordem cronológica do processo de definição e caracterização do TEA.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
3.1.2.
AUTISMO NO BRASIL
Com base nos conceitos presentes pelo psiquiatra Kanner e das abordagens psicanalíticas, a compreensão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi se estabelecendo pouco a pouco no Brasil. As colaborações do governo, associadas ao suporte às crianças autistas, surgiram de forma tardia no país.
Tendo em vista a necessidade de suporte às pessoas portadoras do TEA, foi fundada a primeira associação no Brasil no ano de 1983, a AMA – Associação de Amigos dos Autistas – na cidade de São Paulo, e tendo como mentor Dr. Raymond Rosemberg (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Criada por pais de crianças com autismo, foi a primeira associação a criar um ambiente de ação inclusiva, mesmo diante de CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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dificuldades para manter o espaço funcionando, em meio aos recursos e materiais necessários para os tratamentos, apresentando nos dias atuais, parcerias com as Secretarias do Estado da Saúde e Educação (MASSON, 2017). A AMA veio com objetivo de dar apoio e suporte no tratamento das crianças diagnosticadas, e esse incentivo não ajuda apenas as pessoas das famílias que desenvolveram essa associação, mas também atingiu um público mais amplo, e ganhou reconhecimento social, podendo dar suporte a outras famílias, contribuindo para o surgimento de outras instituições. Naquela época no Brasil, não existiam associações legalizadas que dessem suporte às pessoas com autismo, representado na Figura 4 abaixo. Figura 4: Representação do processo de desenvolvimento da AMA.
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO
CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO AMA
APOIO E SUPERTE ÀS PESSOAS COM TEA
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
No ano de 1984, aconteceu o “Encontro de Amigos do Autista”, realizado pela presidente espanhola Isabel Bayonas e com participação do espanhol Angel Rivière. Este encontro abriu portas para mostrar que existiam pessoas interessadas sobre o autismo no país e com interesses em ajudar as associações, ampliando os serviços as pessoas diagnosticadas com TEA (MELLO et al, 2013). Logo após o surgimento da AMA, ainda na década de 80, aconteceu o Movimento da Reforma da Psiquiatria no país, que avaliava as fontes assistenciais às pessoas com autismo, com objetivo de melhorar a cidadania e a criação de uma rede comunitária voltados para os cuidados das pessoas com TEA. 28
CAPÍTULO 03
Tendo em vista as necessidades e a exigência de reconhecimentos e busca por direitos, foram elaboradas leis que dessem suporte às pessoas com autismo. No ano de 2001, foi promulgada a Lei de nº 10.216, de 6 de abril de 2001, a qual estabelece a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Alguns anos mais tarde surgiu, no dia 27 de dezembro de 2012, a Lei nº 12.764, que “Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” (BRASIL, 2012). Esta lei apresenta como direito às pessoas com autismo: I – a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer; II – a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; III – o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo: a. o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo; b. o atendimento multiprofissional; c. a nutrição adequada e a terapia nutricional; d. os medicamentos; e. informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento; IV – o acesso: a. à educação e ao ensino profissionalizante; b. à moradia, inclusive à residência protegida; c. ao mercado de trabalho; d. à previdência social e à assistência social.
Por último, no ano de 2013, foi lançada a primeira edição do livro “Retratos do Autismo no Brasil”, pela Secretaria de Direitos Humanos. O livro não apresenta leis especificadamente, mas sim, orientações à população acerca das condições do espectro autista. A importância desta publicação, vinda do poder público, está no maior contato das pessoas
sobre o assunto, conseguindo ampliar os conhecimentos e capacidade de entender e conviver com o autismo. Segundo Cavalcante (2002), citado por Couto et al (2016): Até o surgimento de uma política pública para saúde mental de crianças e adolescentes, no início do século XXI, esta população encontrava atendimento apenas em instituições filantrópicas17, como a Associação Pestalozzi e a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), ou em instituições não governamentais (como as instituições desenvolvidas por familiares de autistas) (COUTO et al, 2016, p. 707).
Mediante os questionamentos listados acima, “o Transtorno do Espectro Autista está ganhando cada vez mais espaço no Brasil, apesar de ter sido o último no grupo de pessoas portadores de deficiência, a ser amparado pelas políticas e a garantirem os seus direitos
3.1.3. CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS AUTISTAS As características dos usuários é um requisito indispensável quando se busca uma arquitetura de inclusão, sendo assim, os espaços planejados e construídos com base nas necessidades especiais, conforto e harmonia entre os ambientes. As primeiras caracterizações do autismo foram apresentadas por Leo Kanner em seu artigo “Autistic Disturbance of Affective Contact”, caracterizando crianças onde julgava ter desempenhos distintos. Segue as características do autismo apresentadas por Kanner (1943): • Desinteresse social – afastamento; • Um desejo pela conservação da semelhança; • Boa capacidade de memorização mecânica; • Expressão inteligência e ausente; • Mutismo ou linguagem sem intenção comunicativa efetiva;
• Hipersensibilidade aos estímulos; • Relação estranha e obsessiva com objetos. Segundo Lorna Wing, apresentado por Santo e Coelho (2006), o autismo se classifica em três grupos de perturbações - a tríade de perturbações, a qual se manifesta em três domínios, como: • Domínio social; • Domínio da linguagem; • Domínio do pensamento e do comportamento. Mais recentemente, o DSM propõe os critérios de diagnósticos do autismo, juntando todos os parâmetros de síndromes e transtornos incluídas acerca do TEA, formulando um quadro que possa ser apresentado de forma mais precisa. o DSM-5 (2014) classifica o transtorno em 4 grupos de sintomas devido ao seu grau, como: • Deficiência persistente na comunicação e interação social; • Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades; • Sintomas devem estar presentes precocemente no período de desenvolvimento; • Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo presente.
3.1.4. TRATAMENTOS ÀS CRIANÇAS COM TEA E APOIO FAMILIAR Como justificativa do centro de tratamento estar direcionado para o público infantil autista e ter um apoio aos seus familiares, dá-se pela necessidade de um acompanhamento e diagnóstico precoce, pois quanto mais cedo e também orientação familiar, melhor para o desenvolvimento e adaptação da criança no meio social nos aspectos comunicativos e interação.
17 Filantrópicas significa: profundo amor à humanidade, desprendimento, caridade, generosidade. Acredita-se que ela se refere a boas ações, serviço de doações realizadas em favor aos mais necessitados, se destina também a uma causa ou organização social.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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A importância do tratamento adequado às pessoas com TEA é inquestionável, e é necessário incluir um conjunto de especialistas para realização dos tratamentos – o espectro autista afeta o indivíduo em diferentes áreas, a depender de cada caso. É necessária a participação de diferentes campos de tratamento (acompanhamento multiprofissional), sejam eles da psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, pedagogia, psiquiatria, estimulação sensorial, terapia familiar, entre outros, demonstrados na Figura 5. Figura 5: Tratamentos multiprofissionais.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
HIDROTERAPIA
TRATAMENTO COM PLANTAS
MUSICOTERA PIA
MÉTODO DIR/ Floortime
FONOAUDIO LOGIA
PSICOPEDAGO GO
PRÁTICAS INTERATIVAS
PSICÓLOGO
TEATRO E DANÇA
NUTRIÇÃO
TERAPIA OCUPACIOANAL
PSICOMOTRICI DADE
INFORMÁTICA
FISIOTERAPIA INTEGRAÇÃO SENSORIAL
ARTETERAPIA
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
O Espectro Autista é complexo em diagnósticos e terapias. O uso de medicamentos antes era listado como papel fundamental do tratamento, mas com os avanços dos estudos, percebeu-se que estes têm apenas função de aliviar os sintomas (SANTO; COELHO, 2006). Não se 30
pode apenas também se limitar em acompanhamentos clínicos, mas buscar um equilíbrio em experiências sensoriais e comportamentais, com acompanhamentos e intervenções educacionais, como métodos de abordagens de tratamento, cujos principais métodos são ABA, PECS, DIR E TEACCH. Entre os métodos apresentados, o DIR (Developmental, Individual Difference, Relationship – Based model), traduzido como Desenvolvimento Funcional Emocional e/ou Diferenças Individuais e Relacionamento, está mostrando resultados positivos nos tratamentos relacionados às habilidades sociais e comunicativas, e está presente no centro de tratamento realizado neste trabalho.
CAPÍTULO 03
O DIR é uma forma de terapia mais recente e inovadora dos métodos citados anteriormente. Segundo Cardoso e Ribeiro (2014), o método se baseia em três elementos principais, indicados em seu próprio nome, onde o “D” se refere ao desenvolvimento e evoluções de forma gradativa, e capacidade de relacionamento entre pessoas; o “I” aponta as características individuais (biológicas); e o “R” surge das relações, que são apontadas como um dos elementos principais do aprendizado, e neste método, têm como principal estrutura a brincadeira, e contato das crianças com “o chão”. Este modelo é considerado uma pirâmide, em que a base se encontra o apoio familiar com proteção física e de segurança; no nível seguinte, os relacionamentos consistentes e contínuos – onde as crianças vão aderir habilidades emocionais e cognitivas, contribuindo para novos aprendizados; no terceiro nível estão as abordagens utilizadas pelos terapeutas (no centro) e pais (em casa), dentre elas: Floortime, atividades desenvolvidas no chão; Peer-Play, busca a relação entre as crianças com jogos e brincadeiras em pares, e o Problem-Solving Interaction visa adquirir novas habilidades por meio de interações semiestruturadas
(RIBEIRO; CARDOSO, 2014). Com base nas abordagens citadas, a mais conhecida no Brasil é a Floortime, que apresenta como estratégia de sistematizar atividades e brincadeiras com as crianças, e auxiliar nas etapas de desenvolvimento, visando a individualidade de cada paciente. O DIR/ Floortime têm como principais objetivos: proporcionar a relação entre criança e terapeuta, aprimorar as habilidades motoras, cognitivas e estimulação sensorial. Também se faz necessário uma organização espacial diferenciada dos outros métodos, como: • Chão acolchoado; • Sala ampla; • Armários para armazenamento de materiais; • Elementos que chamem atenção no piso (o foco do DIR é interagir com à criança autista no chão); • Alturas dos objetos e brinquedos baixos (facilitar a independência e comunicação).
3.2. AUTISMO E ARQUITETURA A arquitetura está presente na vida das pessoas desde os primeiros meses de vida, e ela é considerada um agente transformador de grande influência no mundo. Dentre as intervenções que apresenta na vida das pessoas, estão: diferentes relações sensoriais, causador memorável, possibilidades de constantes descobertas, além de comprimir o papel de funcionalidade, também estimulam sentidos. (DIAS E ANJOS, 2017). Diante o estudo realizado sobre as características, comportamentos, tratamentos e necessidades das crianças autistas, serão apresentadas alternativas arquitetônicas como: aspectos sensoriais e perceptivos, conforto ambiental, estudo das cores e espaços que atendam a NBR 9050 de acessibilidade ao edifício, espaços, equipamentos e mobiliários que, em conjunto, interferem no desenvolvimento das crianças com TEA.
3.2.1.
ASPECTOS SENSORIAIS E PERCEPTIVOS
Sabe-se que a arquitetura está relacionada com os comportamentos humanos ligados diretamente ao espaço arquitetônico, sejam espaços internos ou externos, com intuito de atender as necessidades de interação do homem e o espaço. A base de uma configuração espacial, valores e significados atribuídos a estes ambientes, refletem sensações nos usuários, sejam elas positivas ou negativas. A integração sensorial foi utilizada por Jean Ayres , como um método de tratamento dentro da terapia ocupacional, a qual estava direcionada para o público infantil que tinha característica de distúrbios de aprendizado. Nos dias atuais, também é utilizada em pessoas com transtornos neurológicos. Todo esse processo realizado tem como objetivo organizar informações que possam formular uma resposta adequada para organizar as sensações nos indivíduos sobre um ambiente, e desenvolvimento de habilidades motoras (CARVALHO, 2015). A sensação nos permite reproduzir estímulos quando em contato com um ambiente, mesmo que não seja percebido. A mente humana tem um processo seletivo de captar determinados estímulos que nos proporcione interesses, havendo então a percepção e consciência que promove uma resposta resultando em um comportamento (OKAMOTO, 2002). As pessoas com TEA tende a olhar para si, e tem em sua mente diversos pensamentos, os quais despertam os seus cinco sentidos de maneira mais intensa, Figura 6, e os sentidos estão sempre aparecendo de forma mais expressiva, seja por hiperssensibilidade sensorial ou hipossensibilidade sensorial, Tabela 2. Logo, é indicado que pais, terapeutas e até mesmo os espaços construídos não ofereçam muitos estímulos ao mesmo tempo às pessoas autistas, sendo recomentado em primeiro plano proporcionar o sentido da visão, para depois ter contato verbal (KWANT, 2016).
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
31
Em relação ao espaço arquitetônico desenvolvido, Okamoto (2002) afirma que: A criação do espaço arquitetônico é a criação do espaço vivencial, tanto para o indivíduo quanto para o meio social, onde está em permanente deslocamento de uma atividade para a outra. Para criálo, utilizam-se os sentidos perceptivos, os sistemas visuais, auditivos, tátil, cinestésico. Mas, além do espaço perceptivo e do movimento, existe a dimensão do espaço simbólico pleno de proposições e juízos de valor, criado pelo homem, no qual vive deslocando-se de um lado para outro. É sentir o espaço, é pensar espaço, é mover-se no espaço, é vivenciar o espaço (Okamoto, 2002, p.149 e 150).
Figura 6: Os sentidos mais presentes nas pessoas com TEA.
VISÃO
AUDIÇÃO
PALADAR
OLFATO
VESTIBULAR
TATO
PROPRIOCEP TIVO
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Tabela 2: Grau de sensibilidade aos sentidos dos autistas.
SENTIDOS
VISÃO (visual)
AUDIÇÃO (som)
CAPÍTULO 03 32OLFATO PALADAR
(cheiro)
(sabor)
HIPERSENSIBILIDADE
HIPOSENSIBILIDADE
ATRIBUTOS DOS AMBIENTES
- Inquietação com cores brilhantes e luz natural intensa - Distração com movimentos - Olhar preso à pessoas e objetos
- Ignora pessoas e objetos no entorno - Observa apenas contornos dos objetos - Se interessa por cores brilhantes e luz natural
- Espaços de transições que permitem visualizar as atividades - Organização espacial - Estrutura visual -Clareza e ordem -Cores neutras e poucos detalhes
- Incômodos com altos ruídos - Capacidade de captar os sons antes de pessoas neurotipicas - Não gosta de barulhos de fundo
- Não dar atenção quando chamado pelo nome - Não se incomoda com ruídos - Faz barulhos altos e excessivos
- Evitar eco e poluição sonora - Controlar os níveis gerais de sons - Reduzir entradas de ruídos externos - Evitar dispositivos com emissão de sons
- Comer coisas não comestíveis - Selecionar alimentos, ingerir - Gostar de odores fortes a depender da textura, odor e - Isento a determinados temperatura aromas
- Evitar eco e poluição sonora - Controlar os níveis gerais de sons - Reduzir entradas de ruídos externos - Evitar dispositivos com emissão de
AUDIÇÃO (som)
SENTIDOS
VISÃO OLFATO PALADAR (visual) (cheiro) (sabor)
AUDIÇÃO TATO (som) (toque)
OLFATO PALADAR VESTIBULAR (cheiro) (sabor) (movimento)
TATO PROPRIOCEPTIVO (toque) (senso de localização do corpo)
VESTIBULAR (movimento)
- Incômodos com altos ruídos - Capacidade de captar os sons antes de pessoas neurotipicas - Não gosta de barulhos de fundo HIPERSENSIBILIDADE
- Não dar atenção quando chamado pelo nome - Não se incomoda com ruídos - Faz barulhos altos e excessivos HIPOSENSIBILIDADE
- Inquietação com cores brilhantes e luz natural - Selecionar alimentos, ingerir intensa depender com da textura, odor e -aDistração movimentos temperatura - Olhar preso à pessoas e objetos
- Ignora pessoas e objetos no entorno - Comer coisas não comestíveis -- Observa Gostar deapenas odorescontornos fortes dos objetos - Isento a determinados -aromas Se interessa por cores brilhantes e luz natural
-- Incômodos com altos ruídos Sensibilidade a algumas -texturas Capacidade de captar os sons antes de pessoas - Incômodos comneurotipicas toques -- Não gosta de barulhos Rejeitar ficar descalço de ou fundo molhado
-- Não atenção quando Faz dar toques excessivos e sem chamado pelo nome necessidades -- Não se incomoda com ruídos Resistência a dores -- Faz barulhos altos e Resistência a temperaturas excessivos extremas
- Comer coisas não comestíveis -- Aparenta Selecionardesequilíbrio alimentos, ingerir - Muitos movimentos - Gostar de odores fortes empolgados com a depender da textura, - Incômodos aos pés no odor chão e -- Ficam Isento a determinados atividades que requer temperatura ou de cabeça para baixo aromas movimentos -- Inconscientes em relação ao Faz toques excessivos e sem seu corpo no ambiente necessidades -- Capacidade confundir Resistência ade dores sensação comaatemperaturas fome - Resistência -extremas Constuma se encostar em pessoas e objetos
- Evitar eco e poluição sonora - Controlar os níveis gerais de sons - Reduzir entradas de ruídos externos - Evitar dispositivos com emissão de ATRIBUTOS DOS AMBIENTES sons -- Espaços de transições Proporcionar espaços que de estimulapermitem visualizar as atividades çõa - horta; -- Organização espacial no centro Vegetações distribuídas -com Estrutura visual diferentes odores; -Clareza e ordem - Plantas que podem ser degustadas -Cores neutras e poucos detalhes pelas crianças. - Evitar eco e poluição sonora -- Estrutura espaços Controlar física, os níveis geraisgenerode sons sos, e de retirada - Reduzir entradas de ruídos -externos Ventilação cruzada Diferentes texturas com emissão de -- Evitar dispositivos - Piso para usar descalço sons -- Evitar eco e poluição sonora Loop de caminhada -- Tetos Controlar níveis gerais de sons altosos para acomodar saltos -- Reduzir entradas de ruídos Piso antiderrapante externos - Espaços generoroso e de retirada -- Evitar com emissão de Locais dispositivos abertos sons - Quinas curvas
- Local parafísica, se aconchegar Estrutura espaços genero-sos, Tetos para acomodar saltos e dealtos retirada - Ventilação Espaços decruzada apoio - Almofadas Diferentes texturas - Pisos não escorregadios Piso para usar descalço - Espaços amplos - Loop de caminhada Fonte: EPIFANIO, Aline Gavarelo (2018). Adaptado pela autora, 2020. - Muitos movimentos - Tetos altos para acomodar saltos - Aparenta desequilíbrio - Ficam empolgados com - Piso antiderrapante - Incômodos aos pés no chão atividades que requer - Espaços generoroso e de retirada ou de cabeça para baixo movimentos - Locais abertos CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS 33 - Quinas curvas - Sensibilidade a algumas -texturas Têm postura corporal diferenciada - Incômodos com toques -- Apresenta dificuldades em Rejeitar ficar descalço ou manusear molhado objetos pequenos
A percepção de elementos que constituem o espaço físico por um indivíduo é afetada por questões relacionadas ao grau de atenção, ao seu interesse e às suas capacidades físicas e psicológicas. Esses elementos que compõem o espaço físico seriam a forma, o tamanho, as texturas, as cores, os sons, os cheiros e os movimentos (LAUREANO, 2017, p. 50, apud DISCHINGER, 2000).
Os espaços construídos trazem consigo um conjunto de elementos construtivos, e de estimulação sensorial, ilustrado na Figura 7, que são fundamentais no uso e percepção das crianças do espectro autista, como: texturas, layout, mobiliário, ambientes externos, espaços amplos, dinamicidade, zoneamento, volumetria, materiais, cores, conforto acústico, conforto térmico e luminoso – luz natural e artificial (MIRANDA; GUARNIERI, 2018).
Figura 7: Elementos construtivos e de percepção. ELEMENTOS DE ESTÍMULOS SENSORIAIS
MOBILIÁRIO
ÁREA EXTERNA
ESPAÇOS AMPLOS
DINAMICI DADE
VOLUMETRIA
MATERIAIS
CORES
ACÚSTICA
VENTILAÇÃO LUZ NATURAL NATURAL
TEXTURA
LAYOUT
ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
ZONEAMEN TO ELEMENTOS DE CONFORTO AMBIENTAL
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Tabela 3: Elementos sensoriais e construtivos para pessoas com TEA
34
CAPÍTULO 03
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
35
Fonte: Laureano (2017). Adaptado pela autora, 2020.
3.2.2.
CONFORTO AMBIENTAL
Sabe-se que o conforto é uma sensação de bem-estar e que varia de pessoa para pessoa. O conforto ambiental está associado ao bemestar de um indivíduo em meio às condições de um ambiente em seus aspectos: térmico, acústico, luminoso, ergonômico, qualidade 36
CAPÍTULO 03
do ar e acessibilidade, e estes devem ter o nível certo de sensações e informações para oferecer a ideia de conforto e segurança ao usuário. Podendo ser obtidas por meio de diretrizes, como mostrado na Tabela 4. Os elementos arquitetônicos, como: pilares, paredes, janelas, portas, cheios e vazios, em conjunto, formam uma composição. Estas
produzem efeitos de percepção, sejam conforto, segurança, ou até mesmo desconforto e insegurança. Essas junções nem sempre possuem as mesmas regras, ou seja, um arranjo do espaço arquitetônico não é o mesmo em termos de sensações para todos os tipos de pessoas.
Segundo Troncoso e Cavalcante (2017), “acredita-se que a arquitetura possua uma capacidade de tocar a sensibilidade humana, podendo ser utilizada como instrumento terapêutico na inclusão de crianças com transtornos de comportamento [...]”.
Tabela 4: Condições de conforto em ambientes para pessoas com TEA.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
37
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
38
CAPĂ?TULO 03
4. REFERENCIAL PROJETUAL
4.1 ANÁLISE DE CORRELATO
4.
REFERENCIAL PROJETUAL
4.1. ANÁLISE DE CORRELATO O referencial projetual se faz necessário para melhor compreensão do desenvolvimento de soluções arquitetônicas acerca do tema em questão, uma arquitetura direcionada para pessoas com TEA, buscando extrair informações de uma construção real, para coletar dados funcionais de como se organiza o espaço que se pretende projetar. Foi analisado o projeto Advance Center for Autism (ver Figura 8), projetado pela arquiteta Magda Mostafa, em um lote de 4.200m² com área construída de 3.600m². Mostafa desenvolveu sete critérios de espaços destinados às pessoas com TEA, como: acústica, sequenciamento espacial, espaços de escape, compartimentalização, espaços de transição, zoneamento sensorial e segurança, além do uso de jardim sensorial com utilização de água e paredes de expressão. O projeto analisado traz consigo a ideia de independência, o qual a arquitetura afirma ser o ponto chave de uma arquitetura acessível e de inclusão. Pode-se observar alguns pontos adotados por Mostafa, como destruição espacial das áreas sensoriais, zonas de transições, compartimentação e acessos individualizados. A fim de compreender a intenção do projeto, foi examinada a planta baixa, a qual apresenta a distribuição dos blocos de forma setorizada, conforme a carga sensorial atribuída às necessidades. Pode-se observar os setores identificados por cores, como: bloco de atividades de alto estímulo (VERMELHO), bloco de atividades de baixa estimulação (AZUL), entre esses blocos tem a zona de transição (VERDE), que também dá acesso ao setor público (AMARELO), que está mais distante dos blocos de tratamento. Na planta analisada, também estão indicados os acessos independentes e principais de cada bloco, sendo indicados por setas, aos blocos de tratamentos (PRETO), e a seta (CINZA), indica a entrada ao setor público. 40
CAPÍTULO 04
CONTRIBUIÇÃO PARA O PROJETO Figura 8: Advance Center for Autism. – Planta baixa.
Fonte: Adaptado de Architecture for Autism (2020).
• Localizado em área residencial; • Atividades direcionadas ao público sendo separada das terapias; • Zoneamento por carga sensorial; • Setorização; • Zonas de escape; • Áreas de transições; • Conexões por meios de corredores de circulação longos; • Ideia de independência – arquitetura acessível; • Critérios para desenvolvimento das diretrizes projetuais conforme Magda Mostafa: 1. Acústica: Os ambientes devem ser pensados de modo que minimize os ruídos, ecos e reverberações. É importante que também exista uma variação dos sons conforme necessidades das atividades, se
são exercícios que exigem maior ou menor concentração; 2. Sequenciamento espacial: Para se trabalhar com pessoas autistas, é essencial que exista uma organização espacial clara, lógica e definida conforme o uso de cada espaço; 3. Espaços de escape: Conforme o método DIR, esses espaços são conhecidos como: espaços de acomodações, e são fundamentais para quando a criança entrar em crises. São ambientes sensorialmente neutros, ou seja, o mínimo de estimulação possível; 4. Compartimentalização: A função deste critério é de separar os setores de atividades conforme a carga sensorial (identificados por funções), evitando que os espaços se misturem e não apresentem uma definição clara de cada ambiente; 5. Transições: As zonas de transições têm como objetivo auxiliar no reequilíbrio dos sentidos nas crianças; 6. Zoneamento sensorial: Em contraponto da arquitetura pensada em zoneamento funcional, para se projetar para autistas, deve-se ter uma organização que se baseia na qualidade sensorial, sendo de baixo ou alto estímulo, e para haver a separação entre essas áreas, são implantadas as zonas de transições; 7. Segurança: Todos os espaços destinados às crianças, sejam elas autistas ou não, tem que ser dotado de espaços seguros. Mas para os autistas, estes cuidados devem ser maiores, porque muitas não possuem a ideia do corpo no espaço (sentido proprioceptivo).
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
41
5. DESENVOLVIMENTO PROJETUAL
5.1. CONCEITO 5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES 5.3. ÁREA DE INTERVENÇÃO 5.3.1. LOCALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 5.3.2. CONDICIONANTES LEGAIS 5.3.3. SISTEMA VIÁRIO E MOBILIDADE URBANA 5.3.4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 5.3.5. GABARITO 5.3.6. CARACTERÍSTICAS BIOCLIMÁTICAS 5.3.7. TOPOGRAFIA
5.
DESENVOLVIMENTO PROJETUAL
Neste tópico, será abordado o conceito e partido da proposta arquitetônica, o programa de necessidades a fim de estabelecer o dimensionamento necessário para a implantação do projeto e por fim a escolha do lote, onde serão realizados: mapa localização, análise das condicionantes legais, mapa do entorno como: fluxo viário, mobilidade, uso e ocupação e mapa de estudo solar e de ventilação.
5.1. CONCEITO Ao longo do trabalho desenvolvido, o espaço construído deve ter uma relação positiva com seus usuários, a fim das atividades e tratamentos multiprofissionais oferecidos, sejam feitos de forma positiva. O edifício deverá em sua composição incentivar no desenvolvimento da criança em seus aspectos físicos, motor, cognitivos e das suas relações sociais, tendo como elementos importantes: os espaços adequados para o desenvolvimento das crianças. Sabendo que a maior parte dos centros de tratamentos não apresentam os aspectos de estimulação sensorial de forma satisfatória, o projeto aqui desenvolvido se baseia nesta problemática existente nos dias atuais. Com isto, busca-se atender as necessidades apontadas ao longo do trabalho. O centro tem como conceito o ACOLHIMENTO e INDEPENDÊNCIA aos usuários. ACOLHIMENTO Este conceito se baseia em proporcionar aos usuários o sentimento de estarem sendo convidados pelo edifício, sentirem-se abraçados, tornar agradável, proporcionar a interação. Exclui-se a caracterização de um ambiente compacto e regrado, e adota-se a ideia um espaço acolhedor, aconchegante e agradável de se estar.
INDEPENDÊNCIA O principal ponto deste conceito é que os usuários sejam capazes de utilizar os ambientes de forma independente por meio da fácil comunicação visual, interação entre os acessos e o entendimento com o funcionamento do edifício, e auxiliar às crianças com TEA no seu desenvolvimento sensorial. Com base nestes conceitos adotados, o Centro desenvolvido neste trabalho, têm como nome CENTRO INTEGRAR, devido à capacidade de integração entre todas as partes como: tratamentos concentrados em um único edifício, relação entre usuário e espaço, pais e crianças, crianças e profissionais, pais e profissionais e interação entre os cuidadores e a possibilidade de relação e sociabilização entre as crianças em tratamento.
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades foi elaborado com base nas pesquisas realizadas ao longo do trabalho, para maior entendimento das atividades e dos tratamentos necessários às crianças com TEA e aos cuidadores. Também foi utilizado o programa de tratamentos, oferecido pela Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (FUNAD), localizado em João Pessoa, Paraíba; o programa de necessidades elaborado por MEDEIROS (2019) e os critérios apresentados por Magda Mostafa. Para a determinação das dimensões dos espaços, foram realizadas pesquisas na NBR 9050-2015, Neufert, RDC 50, Emile Pronk, NR 24, Manual do arquiteto, SOMASUS V. 02 e o site BVSMS Saúde, com aplicação de dimensões mínimas necessárias para atender as atividades dentro de um espaço. As quantidades de salas são determinadas conforme a quantidade de alunos a serem alcançadas no centro, tendo como base a lista de espera da FUNAD (2020) que contabiliza 593 crianças, cada uma com 2 atendimentos semanais. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
43
Tendo em vista a demanda por atendimento, o projeto realizado neste trabalho pretende atender a capacidade em média 636 crianças, cada uma com dois atendimentos mínimos necessários por semana, o funcionamento é de segunda a sábado de 08:00 às 12:00 e 13:00 às 18:00. O programa foi pensado e dividido em 6 setores, uma área externa e outra de infraestrutura, e estes foram separados conforme a carga
sensorial a depender das atividades realizadas, diferente do zoneamento convencional dos projetos de arquitetura, que é feito por função das atividades. No primeiro setor está presente o bloco administrativo, onde estarão dispostos todos os serviços de administração prestados ao Centro, desde as matrículas das crianças até mesmo das partes que organizam as atividades prestadas com seus respectivos dias e horários.
Tabela 5: Programa e Pré-dimensionamento – Setor Administrativo
44
CAPÍTULO 05
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
No segundo setor, encontra-se o bloco de diagnóstico e apoio ao cuidador, onde estão posicionadas salas para o atendimento inicial do paciente feito pelo neuropediatra, e apoio aos responsáveis pelas crianças em atendimento, com suporte psicológico e de assistência social. Tabela 6: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de diagnóstico e apoio ao cuidador.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
45
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
No terceiro setor, estão os blocos de terapia de baixo estímulo, que são zonas que contém atividades que exigem um ambiente mais calmo e requer maior foco na hora do tratamento, com as salas específicas a cada terapia. Não possuem banheiros destinados apenas a esse bloco, mas estão distribuídos no centro e com acessos pelas áreas externas. Tabela 7: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de terapia baixo estímulo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
No quarto setor, estão os blocos de terapia de alto estímulo, que são zonas que contém atividades que exigem maiores movimentos e requerem mais estímulos das crianças, com as salas específicas a cada terapia. Não possuem banheiros destinados apenas a esse bloco, mas estão distribuídos no centro e com acessos pelas áreas externas. 46
CAPÍTULO 05
Tabela 8: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de terapia alto estímulo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
No quinto setor, está o bloco de apoio profissional, onde estão os ambientes de apoio e suporte à equipe multiprofissional que atendem no Centro. Tabela 9: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de apoio profissional.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
47
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
O bloco de serviço está no sexto setor, onde ficam todos os suportes aos funcionários, salas de armazenamentos de equipamentos, materiais e manutenção a serem usados para limpar e abastecer os ambientes existentes no Centro. Tabela 10: Programa e Pré-dimensionamento – Setor de Serviço.
48
CAPÍTULO 05
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Na área externa, estão as atividades de vivência e interação entre os usuários, pátios internos, horta, jardins sensoriais, cantina, passeios, entre outros. Tabela 11: Programa e Pré-dimensionamento – Área externa.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
No setor de infraestrutura, estão os espaços destinados a casa de geradores, lixos, gás, estacionamento público e privado. Tabela 12: Programa e Pré-dimensionamento – Infraestrutura.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
49
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Tabela 13: Cálculo do reservatório.
CÁLCULO DO RESERVATÓRIO
CONSUMO DE ÁGUA PELA POPULAÇÃO
RESERVA TÉCNICA PARA 2 DIAS RESERVA PARA COMBATE DE INCÊNDIO
14.451L X 2
+ 20%
DISTRIBUIVAÇÃO DO VOLUME DE ÁGUA OBSERVAÇÕES:
-50L/ 6m² - Blocos de tratamentos, apoio familiar e diagnóstico , apoio ao cuidador e área de serviço - 02L por lugar - Auditório; - 50L/ 9m² - Setor administrativo
60% Reservatório inferior 40% Reservatório superior
CAPÍTULO 05
29.618,5L
35.542,2L 21.325,32L 14.216,88L
Após os cálculos, chegou-se aos volumes de 21,5m³ para o reservatório inferior e 14,5m³ para o reservatório superior Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
50
14.809,25L
O cálculo do reservatório de água foi realizado com base na NBR 5626, que fala sobre as Instalações Prediais de Água Fria, e indica que deve haver a separação em: reservatório inferior e superior. O volume de água necessário para abastecer o Centro é de 35.542,2L, onde o reservatório inferior possui 40% do volume total, o superior 60%, com mais 15% da reserva de incêndio e com reserva técnica para 2 dias.
5.3. ÁREA DE INTERVENÇÃO 5.3.1. LOCALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
Sabendo das condições necessárias para a implantação do centro, alguns pontos se mostraram essenciais como critério de escolha do terreno adequado, como: • Analisar onde já existem pontos de atendimento a pessoas com TEA; • Ser localizado em uma área calma, de preferência em zonas residenciais; • Não está locado em vias principais, devido ao grande tráfego de veículos – ruídos; • Próximo a instituições de ensino e postos de assistência familiar; • Um bairro dotado de uma boa infraestrutura urbana – prestação de serviços, fácil acesso de pedestres, e veículos.
Figura 10: Localização: João Pessoa – PB, o bairro José Américo e pontos de atendimentos e institucionais. JOÃO PESSOA - PB
1
3
2
4 5
6 7 8
JOSÉ AMÉRICO
Figura 9: Condicionantes locais para escolha do lote.
9 LEGENDA 1- AMA - Associação de Pais e Amigos dos Autistas
RESIDENCIAL
TRÁFEGO INTENSO
2- APA - Associação Paraibana de Autismo
ENSINO
SAÚDE
3- FUNAD - Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência 4- CRMIPD - Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência 5- Instituto Neuroatividade
ACESSÍVEL
PEDESTRE
MOBILIDADE PÚBLICA
VEÍCULOS PARTICULARES
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Tendo determinado os pontos de critérios para escolha do lote, começou a procura de terrenos que atendessem as necessidades estabelecidas para a implantação do centro. Como ponto de partida, fez-se necessário mapear as preexistências dos pontos de atendimentos, representado na Figura 10 e, logo em seguida, é realizada a escolha da AOE.
6- UFPB - Universidade Federal da Paraíba
LOTE DE INTERVENÇÃO
7- APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
BR - 230
8- UNIPÊ - Centro Universitário de João Pessoa - PB 9- A-IMA - Associação Integrada Mães de Autistas
AV. HÍLTON SOUTO MAIOR R. MANOEL LOPES DE CARVALHO
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Tendo em vista a análise realizada, o lote escolhido para a implantação do projeto está localizado no bairro José Américo de Almeida, na cidade de João Pessoa, setor: 41, quadra: 161, nº do lote: S/N. Tendo como acesso as ruas: Rua Radialista Severino Gomes de Brito, Rua Hebe Fernandes Gondim Costa, Rua Mauro Moura Machado e Rua Cândia Formiga, representado na Figura 11.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
51
S
Figura 11: Localização da AOE. VENTILAÇÃO PREDOMINANTE JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDAA
V. 01 V. 02
LOTE DE INTERVENÇÃO
04
O
m
90 m
,41
V. 01
,23
2,8
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03
91
2m
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2 12
L
m
01
02
V. 03 V. 02
LEGENDA: TERRENO DO PROJETO
V. 03
LEGENDA LOTE DE INTERVENÇÃO R. RADIALISTA S. G. DE BRITO R. CÂNDIDA FORMIGA R. MAURO MOURA MACHADO R. HEBE FERNANDES GONDIM COSTA
N
01
RUA HEBE FERNANDES GONDIM COSTA
02
RUA RADIALISTA S. G. DE BRITO
03
RUA CÂNDIDA FORMIGA
04
RUA MAURO MOURA MACHADO
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
5.3.2.
CONDICIONANTES LEGAIS
Após a escolha do lote, foi realizada uma análise sobre a legislação pertinente da área em estudo, tendo em vista os parâmetros construtivos da cidade de João Pessoa. Para esta análise, foram utilizados os documentos da prefeitura da cidade, como: o Código de Urbanismo, Mapa de Zoneamento e Macrozoneamento. Para identificar em qual área o lote se encontrava, foi analisado
52
CAPÍTULO 05
o Mapa de Zoneamento da cidade de João Pessoa, onde foi possível identificar que estava presente na ZR2 – Zona Residencial 2 e ZNA – Zona Não Adensável. Após identificar a zona, foi analisado no Código de Urbanismo, tendo como ZR2 o uso permitido de construções com fins educacionais, classificado no código como Institucional Local (IL).
Tabela 14: Dados e condicionantes do lote de intervenção.
Figura 12: Sistema Viário e Mobilidade. TRANS. NACIONAL AV. HÍLTON SOUTO MAIOR
R. MANOEL LOPES DE CARVALHO
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
5.3.3. SISTEMA VIÁRIO E MOBILIDADE URBANA Com base em análise realizada sobre o sistema viário da AOE, podese notar que a predominância é de vias locais e fluxo leve, sendo um dos critérios para escolha do lote de intervenção. As vias coletoras Hílton Souto Maior e Manoel Lopes de Carvalho, são derivadas da BR230, e sendo assim, vias principais de ligações entre diferentes bairros, permitindo fácil acesso para pedestres e veículos. Nota-se que existem muitas paradas de ônibus presentes nas principais vias de acesso ao lote, estas representadas por linhas de diferenciadas cores e setas de indicação do fluxo destas. Com a existência de um ponto de ônibus ao lado do lote, facilitando ainda mais o acesso de pedestres, como observado na Figura 12.
ESCALA GRÁFICA
R. ADALGISA CARNEIRO CAVALCANTE
0
100
200
300
400 500
LEGENDA LOTE DE INTERV.
R. AGOSTINHO FONSECA NETO
VIA COLETORA
R. ROSA DE PAULA BARBOSA
VIA LOCAL
R. RADIALISTA S. G. DE BRITO
PARADA DE ÔNIBUS
R. PAULO GOMES DE ALMEIDA
R. PRAIA DE MUCURIPE
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
53
5.3.4.
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
5.3.5. GABARITO
Tendo em vista a análise realizada sobre a AOE, é notório a predominância do uso residencial, com característica unifamiliar. Os usos mistos se caracterizam por abrigar mais de um no mesmo lote, o comércio se concentra principalmente em ruas de maior circulação (Av. Hilton Souto Maior, R. Manoel Lopes e Carvalho e R. Adalgisa Carneiro Cavalcante). Os usos institucionais são divididos em igrejas, creches, escolas e uso público.
Um outro ponto importante para realização de um projeto é identificar a linguagem das edificações em relação a sua altura. Na AOE do projeto do centro têm como predominância edificações térreas; em segundo lugar, terrenos sem volume construtivo e o máximo do gabarito presente no raio determinado é de térreo mais três pavimentos, o qual está presente em menor número.
Figura 13: Uso e Ocupação do Solo.
Figura 14: Gabarito.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
54
CAPÍTULO 05
5.3.6.
CARACTERÍSTICAS BIOCLIMÁTICAS
Os aspectos climáticos presente na cidade de João Pessoa, foram observadas pelo software ANALYSIS- SOL-AR 6.2. A carta solar a qual contém informações da incidência do sol sobre o lote, presente na Figura 15, esta apresenta dados da cidade de Recife-PE, sendo a mesma base utilizada para a cidade de João Pessoa PB, por apresentarem a mesma latitude. Segundo Weather Spark19(2020), durante todo o ano, o clima da cidade tem variações, entre dias quentes, chuvosos e nublados, variando entre 23ºC e 31ºC.
A Figura 16 oferece dados sobre a predominância da ventilação no lote no período diurno e noturno. Com as informações presentes no site Projeteee20(2020), pode-se notar que a ventilação está presente em todas as direções, mas com predominância no sentido Sudeste e em seguida no sentido Sul. Esta análise irá influenciar diretamente na implantação e locação das aberturas do edifício, buscando proporcionar conforto térmico, luminoso e acústico, principalmente por concentrar atividades no período diurno entre 08:00 às 18:00.
Figura 15: Carta solar.
Figura 16: Dados da ventilação da cidade de João Pessoa – PB.
Fonte: Software ANALYSIS SOL-AR 6.2. | Elaborado pela autora, 2020.
Fonte: Projeteee (2000). Adaptado pela autora, 2020.
19 Weather Spark é uma fonte online sobre as características meteorológicas, sobre o clima de diferentes cidades em todo o mundo. Disponível em: < https:// pt.weatherspark.com/y/31438/Clima-caracter%C3%ADstico-em-Jo%C3%A3o-Pessoa-Brasil-durante-o-ano> Acesso em 29 de ago de 2020. 20 Projeteee (2020). Disponível em: < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=jo%C3%A3o+pessoa&id_cidade=>. Acesso em: 29 de ago de 2020.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
55
5.3.7. TOPOGRAFIA Com a análise realizada sobre a topografia existente no lote, por meio de fotografias, banco de dados da prefeitura de João Pessoa e do Google Earth, concluiu-se que o terreno é dotado de uma topografia planta, mesmo com a existência de uma curva passando por uma de suas extremidades, que é imperceptível devido o amplo sentido do terreno. Figura 17: Estudo topográfico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
56
CAPÍTULO 05
PARTIDO ARQUITETÔNICO E DIRETRIZES PROJETUAIS FUNCIONOGRAMA E SETORIZAÇÃO IMPLANTAÇÃO ACESSOS E CIRCULAÇÕES FORMA E VOLUME SISTEMA ESTRUTURAL E CONSTRUTIVO MATERIALIDADE VEGETAÇÃO ESPACIALIDADES PRAÇA DE CHEGADA | AUDITÓRIO PASSARELAS E CORREDORES ZONA DE ESCAPE ESPAÇO DE VIVÊNCIA SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO SETOR DE APOIO AO PROFISSIONAL BLOCOS DE TERAPIA HORTA SENSORIAL PISCINA TERAPÊUTICA FACHADA SUDOESTE
6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA
6.1. 6.2. 6.3. 6.4. 6.5. 6.6. 6.7. 6.8. 6.9. 6.9.1. 6.9.2. 6.9.3. 6.9.4 6.9.5. 6.9.6. 6.9.7. 6.9.8. 6.9.9. 6.9.10.
6.
PROPOSTA ARQUITETÔNICA
6.1. PARTIDO ARQUITETÔNICO E DIRETRIZES PROJETUAIS O partido arquitetônico surge com base no conceito e setorização, onde vão refletir na implantação e volumetria a intenção da proposta arquitetônica, tendo em vista que o principal foco são os setores das atividades direcionadas às crianças com TEA. Os espaços do Centro estão distribuídos em um único pavimento (térreo), permitindo o maior contato entre os usuários e o edifício, mas variando as suas alturas para permitir a ventilação cruzada dentro do bloco e trazer a ideia de hierarquia na parte de terapia.
Sobre a questão do acolhimento será feita uma praça de entrada, pátios internos, os blocos de terapias de baixo e alto estímulo estão rotacionados e abertos em relação ao pátio central para dar a ideia de abraçar o edifício (visto desde a recepção). A independência está refletida nos acessos livres entre os blocos, eixos estratégicos de circulações, contato direito entre as salas e zonas de transições, e as áreas de serviços e administração serem separadas de toda área de terapia do Centro. Com base no desenvolvimento do trabalho, foram estabelecidas diretrizes projetuais que são pontos norteadores a serem utilizados para as decisões da criação do projeto do Centro de Referência. A seguir, pode-se observar na Tabela 15 as diretrizes adotadas para elaboração do projeto.
Tabela 15: Diretrizes projetuais adotadas no Centro de Referência para crianças autistas.
58
CAPÍTULO 06
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
59
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.2. FUNCIONOGRAMA E SETORIZAÇÃO Com base nas atividades presentes no centro, os blocos são organizados separadamente, concentrando os ambientes conforme a carga sensorial das atividades realizadas, proporcionando a melhor compreensão espacial dos setores individuais e do edifício como um todo. 60
CAPÍTULO 06
Os posicionamentos dos setores são feitos de modo que os blocos tenham acessos independentes, para que não precise atravessar um setor a fim de ter acesso ao outro, tendo ligações por meio de zonas de transições. O edifício como um todo possui dois (2) acessos, um público e um de serviço, como mostrado na Figura 18.
Figura 18: Funcionograma dos setores.
TERAPIA DE BAIXO ESTÍMULO
APOIO AO CUIDADOR
PÁTIO INTERNO
DIAGNÓSTICO
RECEPÇÃO
ÁREA DE VIVÊNCIA
SERVIÇO
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
ACESSO SERVIÇO E FUNCIONÁRIOS
INFRAESTRU TURA
AUDITÓRIO
ADMINISTRAÇÃO
TERAPIA DE ALTO ESTÍMULO APOIO PROFISSIONAL
ACESSO PÚBLICO
PRAÇA DE CHEGADA
Um dos principais aspectos que deve ser levado em consideração ao se projetar para o público autista é a setorização. Mediante esta importância, os setores foram divididos em blocos separados conforme a carga sensorial das atividades oferecidas e se deu preferência à edificação térrea, para maior interação e contato com a natureza. Como podemos observar na Figura 19 e Figura 20, os blocos estão distribuídos separadamente. No lado nordeste, concentra-se o setor administrativo e de serviço; e no lado sudoeste os setores de tratamento, proporcionando a liberdade de criação de zonas de transições e pátios internos originados dos eixos de circulações que conectam os blocos. No lado nordeste, onde está a Rua Radialista S. G. de Brito, foi determinado os acessos do lote (principal e de serviço), por ser a rua que tem o maior movimento em relação às outras, devido à passagem de ônibus, com parada nesta face do lote, e ser a rua de ligação mais próxima com a Hílton Souto Maior (via coletora). Foi pensada uma PRAÇA DE ENTRADA de forma que o acesso possa ser feito pela rua
principal e pela secundária, tendo em vista que o lote possui três frentes e uma lateral, o setor ADMINISTRATIVO, com acesso dos funcionários e do público, no qual é formado por uma recepção, secretaria, tesouraria, diretoria, sala de reuniões, sala de monitoramento, almoxarifado, sala de capacitação, auditório e sanitários; o setor de SERVIÇO junto a INFRAESTRUTURA comporta uma área para carga e descarga, grupo de gerador, gás, lixo, estacionamentos, estar funcionários, vestiários e sanitários, copa para funcionários, lavanderia, depósito de material de limpeza, manutenção, controle e depósitos gerais. Na posição sudeste foi posicionado o bloco de APOIO PROFISSIONAL, devido à aproximação com a área administrativa, estacionamento dos funcionários, e ao mesmo tempo próximo da área de tratamento, também serve como barreira acústica para os blocos de terapias, possuem ambientes que atendam às necessidades dos profissionais, como: sala de estar, copa, sala de reunião, sanitários, secretaria, sala de arquivo, depósito e depósito de material de limpeza. No lado sudoeste, foram implantados os blocos de tratamento de BAIXO ESTÍMULO e ALTO ESTÍMULO, devido à necessidade sensorial, os blocos foram posicionados mais ao fundo do lote, pois precisam de longas circulações que servem como zonas de transições para as crianças, e apesar de estar próximo a uma rua, esta não apresenta grande movimentação, o recuo oferecido com a junção da barreira de vegetação e pérgolas, protege o edifício dos ruídos e da insolação, os blocos apresentam salas para os atendimentos necessários às crianças, como: sala de assistência social, zona de escape, consultório médico, consultório de psicologia, psicopedagogo, nutrição, pediatria, neuro pediatria e fonoaudiólogo. Na posição voltada para o noroeste, está posicionado o bloco do setor de DIAGNÓSTICO E APOIO AO CUIDADOR. Este fica perto da entrada principal devido ao grande fluxo de pessoas, e serve também como isolamento contra os ruídos do fluxo de veículos. Este setor comporta salas de diagnósticos, assistência social, depósito, psicologia, psicoterapia, sala de reunião e depósito de material de limpeza. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
61
Figura 19: Planta- setorização.
62
CAPÍTULO 06
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.3. IMPLANTAÇÃO
Figura 20: Setorização geral tridimensional.
Figura 21: Diagrama evolutivo da implantação dos blocos
O terreno é de esquina, e possui três frentes e uma lateral, ponto bem positivo para a locação do Centro. O edifício foi posicionado obedecendo os recuos necessários, 5m frontais e 1,5m lateral.
RRUU AARM AADU IA RLO ISMT O AU SR .G A.M DAEC BHRA ID TO
VENTILAÇÃO PREDOMINANTE
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LEGENDA: SETOR DE SERVIÇO SETOR ADMINISTRATIVO
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SETOR DE INFRAESTRUTURA Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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A ST CO
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Para trazer a ideia de independência, os blocos de administração e serviço, e de terapia, foram posicionados de forma ortogonal, para dividir os lados das atividades e com distanciamento baseado nos recuos, e os do lado nordeste mais afastados para a criação de uma praça de entrada. AC
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63
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CAPÍTULO 06
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O terreno é de esquina e possui 3 ruas para o acesso. Para determinálos, visto que a Rua Radialista S. G. de Brito apresenta maior fluxo de pedestres e veículos além de ter uma parada de ônibus na calçada do lote, foi determinada como rua principal e posicionados o acesso principal e de serviço do edifício, as demais ruas têm um fluxo mais leve de veículos, evitando assim ruídos que prejudique no desenvolvimento da criança. O acesso principal foi implantado de forma que permitisse a entrada do público pela R. Radialista S. G de Brito e a rua lateral R. Hebe Fernandes Gondim Costa, aonde também está posicionado o estacionamento do público. O acesso de serviço junto a entrada de carga e descarga, e o estacionamento dos funcionários, também são feitos pela Rua Radialista. As circulações internas permitem que os acessos dos blocos sejam feitos de forma independente, por todos eles serem LEGENDA: diretos com as PERGOLA 3,20M circulações, e de fácil identificação pelo desenho intencional dos LAJE NÍVEL 3,20M caminhos com a criação de eixos estratégicos de circulação, fazendo LAJE NÍVEL 5,00M a divisão entre área administrativa e de serviço, com a parte de terapia e convivência derivado do ângulo de 90º do acesso principal, e um eixo de 45º que serve de acesso entre todas as áreas do edifício, e também a forma de implantação dos blocos. Além de outros recursos utilizados para identificação, como: cores, texturas, símbolo e o próprio paisagismo.
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Os acessos de serviço e o principal foram determinados pela Rua Radialista Severino ACESSO SERVIÇO Gomes de Brito, mas o ACESSO SECUNDÁRIO acesso principal também ACESSO PRINCIPAL pode ser acessado pela Rua Hebe Fernandes Fonte: Elaborado pela autora, 2020. Gondim Costa, lado do estacionamento público. Em contraponto ao volume horizontal do edifício, foi decidido verticalizar a caixa d’água.
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6.4. ACESSOS E CIRCULAÇÕES AU
A partir do ângulo formado pela junção dos blocos ortogonais que dão a ideia de acolhimento, os demais setores são implantados de forma que o centro do edifício fique ACESSO com um vazio destinado SECUNDÁRIO a ACESSO área verde, para PRINCIPAL contemplação e vivência. RU
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Figura 22: Planta - indicação dos acessos e fluxos
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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6.5. FORMA E VOLUME O volume e a forma do Centro surgiram do conceito e partido proposto neste trabalho, e para isto foi pensando emRum edifício todo RU UA AM MA AU térreo, com base nas necessidades dos usuários e funcionamento do UR RO O MO MO UR UR espaço. A MA AM AC CH HA AD DO O A volumetria é composta por blocos prismáticos de base retangular, distribuídos separadamente, tendo os principais setores de destaques os de terapia de baixo e alto estímulo. Para ter o maior foco destes blocos, A A ST ST CO CO M I posicionados de forma que sejam vistos diretamente eles foram IM na ND ND GO GO 90º S S entrada angulação de 45º em relação aos demais E DE principal, e comRUuma AR ND AN AD NA RN ACESSO R I A E assim, dando ideia de abraçarLIoST centro do lote, aonde estão as áreas de F FE SERVIÇO AS BE BE .G HE HE A . A vivências e as circulações. DE RU RU ACESSO BR ITO SECUNDÁRIO Sabe-se que a implantação e setorização foram feitos com base (ESTACIONAMENTO) na carga sensorial das atividades ACESSO e do entorno, os blocos que estão PRINCIPAL posicionados no centro do edifício, foram verticalizados em relação aos outros, que possuem caráter mais horizontal, adotando a solução de ventilação cruzada, para melhor conforto térmico e luminoso das RU AM AU R O salas. Também se optou pela verticalização do volume da caixa d’água MO UR no setor de serviço. Nas fachadas noroeste e sudoeste, devido a maior A MACH AD O incidência solar, foi adotada a locação das zonas de escape, recuando a parede da sala em relação a fachada, e uso da vegetação como barreira TA de proteção solar. (Ver figura 23.) OS M DI
Figura 23: Diagramas de Forma e Volume. RU
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6.6. SISTEMA ESTRUTURAL E CONSTRUTIVO AR
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CAPÍTULO 06
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Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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menores. Este tipo de estrutura é uma estratégia para racionalizar a construção. Tendo em vista essa diferença de vãos, a grelha estrutural se torna irregular, por apresentar proporções modificadoras criando um conjunto hierárquico com módulos de diferentes tamanhos, variando entre malha quadrada e retangular, sofrendo uma modificação geométrica nos blocos de terapias, com sua orientação rotacionada 45º em relação aos outros blocos. O volume da caixa d’água, adotou-se o modelo de alvenaria estrutural e está localizada no setor de serviço independente do edifício, criando um volume vertical contrastando com a forma horizontal do Centro. Para garantir a ventilação cruzada, foram utilizados brises horizontais fixos de madeira na parte superior do bloco, junto a grande abertura com fechamento de janela basculante, para controle da ventilação. Para a coberta dos blocos, optou-se pelo uso da platibanda com telha termoacústica com inclinação de 5%, que além dos custos, este tipo de solução garante um maior conforto ambiental. Nas circulações externas, a coberta de ligação entre os blocos é feita de laje impermeabilizada, também se utiliza deste tipo de coberta o volume da caixa d’ água, casa de gerador, lixo e gás, e na circulação central a estrutura é de pérgolas soltas do chão por meio de uma sapata de concreto que fica enterrada no solo, devido a umidade nas peças de madeira, e coberto com telha de policarbonato transparente.
Figura 24: Diagramação da coberta
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
Figura 25: Corte esquemático da ventilação
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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6.7. MATERIALIDADE Mediante o estudo realizado ao longo do trabalho, os materiais foram escolhidos conforme a capacidade de estimular os sentidos das crianças com TEA, e para isto, foram adotados materiais de caráter natural, como: pedras, concreto, madeira, ferro, tijolos e gramas. A madeira e o ferro foram aplicados nas esquadrias, a madeira também foi utilizada nos mobiliários e no piso dos decks. Nos passeios externos foi utilizado piso intertravado, e nas salas o piso vinílico Impact Roll por apresentar
boa resistência a altos impactos, é leve, aplicação fácil e rápida e reduz barulho no ambiente. A pedra e o concreto foram utilizados nas fachadas. Para as cores das paredes internas e externas, foram adotados tons acromáticos em maior área, e com cores diferentes para detalhes de identificação dos setores, levando em consideração que as crianças autistas recebem de maneira desordenada os estímulos.
Figura 26: Materiais.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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CAPÍTULO 06
6.8. VEGETAÇÃO Foi proposto um paisagismo no centro aproveitando as áreas de recuos, praça de entrada, e pátios internos para possibilitar o maior contato entre os usuários e a natureza. As vegetações foram posicionadas de forma estratégica para direcionar o olhar dos usuários para pontos de interesses. Foi desenvolvida uma horta sensorial junto a um jardim sensorial,
com função de estimular os sentidos das crianças, como: visão, olfato, tato e paladar. Para isto, foram utilizadas espécies de plantas com odores, sabores, cores e texturas. O piso do jardim também está direcionado aos estímulos, onde serão colocados diferentes materiais durante o percurso, como: areia, pedra, grama, concreto queimado, seixo e emborrachado.
Figura 27: Elementos de composição da horta
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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Figura 28: Vista da praça de chegada, auditório e estacionamento do público.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.9. ESPACIALIDADES Projetar para crianças com Transtorno do Espectro Autista, é entender como os ambientes influenciam nas suas percepções e desenvolvimento.
6.9.1.
PRAÇA DE CHEGADA | AUDITÓRIO
O Centro de Referência proporciona aos usuários uma interação com o edifício desde a sua entrada. A criação de uma praça de chegada com finalidade de gentileza urbana e área de vivência para os moradores locais, tendo em vista a preexistência da utilização destes para 70
CAPÍTULO 06
sociabilização. A proposta utiliza de bancos retos e sinuosos, para dar dinamicidade ao espaço, com caminhos e vegetações que direcionam os usuários a sua entrada principal. O estacionamento do público está locado na face noroeste do lote, devido a necessidade de um maior isolamento do edifício em relação a rua, dentro do recuo de 5m, e com deslocamento da calçada para frente do estacionamento, para proporcionar maior segurança aos pedestres. O auditório tem uma forma de um prisma de base retangular, e é plano, com variação de altura apenas para o palco, dando a possibilidade de ser utilizado para outros eventos, com assentos móveis para deixar o espaço livre para práticas de outras atividades.
Figura 29: Passarela central.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
VIVÊNCIA PERCEPÇÃO ESTÍMULOS
SENTIDOS
SENSAÇÕES
6.9.2.
PASSARELAS E CORREDORES
As circulações foram pensadas conforme a necessidade de equilibrar os estímulos das crianças enquanto se deslocam de um ambiente ao outro. Para auxiliar a orientação e proporcionar a independência de locomoção, os percursos possuem clareza, e uso de vegetação para dar a sensação de tranquilidade. Também foi pensada uma circulação central, responsável por ligar os acessos entre os blocos existentes no centro e as áreas de vivência, que partem da recepção com eixos estratégicos.
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Figura 30: Vista para os corredores das salas de terapia de baixo e alto estímulo partindo da circulação central.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
ACOLHIMENTO
INTERAÇÃO
CONFORTO SENSORIAL INDEPENDÊNCIA 72
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Figura 31: Zona de escape.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
NATUREZA
CONHECIMENTO
6.9.3.
ZONAS DE ESCAPE
As zonas de escape são espaços de fuga que proporciona às pessoas com TEA um reequilíbrio da alta estimulação que um ambiente ou atividade causa. Estas zonas estão voltadas para as áreas verdes, proporcionando maior tranquilidade para às crianças no momento de crise.
ACESSIBILIDADE CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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Figura 32: Vista da cantina e playground.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.9.4.
ESPAÇO DE VIVÊNCIA
Tendo em vista o embasamento teórico presente neste trabalho, foi possível identificar por meio do método DIR/ Floortime, a importância e necessidade do relacionamento familiar com as terapias. Conforme apontado anteriormente, foram criadas áreas de vivências para os pais e crianças assistidas no centro, como: cantina, playground e bancos existentes ao longo das circulações. Devido controle e observação das crianças, os espaços foram projetados com permeabilidade visual, possibilitando que ao mesmo tempo que os pais conversam, conseguem ver às crianças no playground.
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CAPÍTULO 06
PERCEPÇÃO EMOÇÃO
SENTIDOS
CUIDADORES COLETIVIDADE
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Figura 33: Pátio central de ligação entre os blocos de serviço e administração.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
ORGANIZAÇÃO CRIANÇAS
TERAPIAS
6.9.5.
SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO
Entre as salas de serviço e administração, optou-se por criar um jardim central, afim de proporcionar uma área de vivência entre os funcionários, e permitir a circulação da ventilação entre os ambientes.
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Figura 34: Vista para área externa e acesso ao bloco de apoio profissional.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.9.6.
SETOR DE APOIO AO PROFISSIONAL
Optou-se por criar uma área de vivência privada para os profissionais, tanto uma sala de estar fechada com copa, como uma área externa ao lado do bloco para melhor conforto e descanso, com acesso direto pelo estacionamento dos funcionários.
CORES EMOÇÃO TRANSIÇÃO
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CAPÍTULO 06
SÍMBOLOS SETORIZAÇÃO
Figura 35: Vista para o bloco de diagnóstico e apoio ao cuidador.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
PERCEPÇÃO
ESCAPE
FAMÍLIA SENSORIAL
6.9.7.
BLOCOS DE TERAPIA
Os blocos de terapia se dividem em baixo e alto estímulo, sendo composto por salas de atendimentos especializados às crianças autistas e apoio ao cuidador. As salas estão rotacionadas para dar ideia de abraçar o centro do edifício, e com corredores abertos para proporcionar o maior contato da criança com a natureza, utilizar a ventilação e iluminação natural. O setor de terapia de baixo estímulo está posicionado mais ao centro do edifício, com isto, foi adotada a solução de ser um bloco mais vertical em relação aos demais, para permitir a ventilação cruzada com uso de esquadrias basculante na parte superior. Também foi adotado o uso de cores para identificação dos blocos e entradas das salas, com tons claros que combinados com a iluminação deixa o ambiente mais agradável, além de proporcionar o equilíbrio das sensações nas crianças com hipersensibilidade. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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Figura 36: Vista para os blocos de terapia.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
DINAMICIDADE ACESSIBILIDADE INDIVIDUALISMO 78
CAPÍTULO 06
Figura 37: Vista para a horta sensorial.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
APOIO
ESPACIALIDADE PROFISSIONAIS PERCEPÇÃO
6.9.8.
HORTA SENSORIAL
A horta também faz parte das terapias às crianças autistas, estando posicionadas na circulação central para melhor acesso e visualização. Foram pensados em espaços para plantas que estimulem os cinco sentidos, e para identificação do tipo de vegetação existente, foram adotados símbolos referentes ao sentido a ser estimulado, e nomes nas jardineiras. Também foi desenvolvido uma circulação com diferentes texturas para a prática do tratamento.
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Figura 38: Piscina terapêutica.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.9.9.
PISCINA TERAPÊUTICA
A piscina está posicionada no final da circulação central, podendo ser vista desde a recepção e próxima aos blocos de terapia. Para atender as necessidades de acessibilidade, foi criada uma rampa conforme a NBR 9050 facilitando a locomoção dos usuários. A profundidade máxima adotada é de 90 centímetros, dimensionamento recomendado para piscina com público infantil.
MULTIPROFISSIONAIS
CRIANÇAS CONEXÃO
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CAPÍTULO 06
Figura 39: Fachada sudoeste com vista para a parte posterior dos blocos de terapia de alto estímulo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
6.9.10.
EMOÇÃO
TERAPIAS ZONEAMENTO
FACHADA SUDOESTE
Na fachada sudoeste, estão posicionadas a parte posterior dos blocos de terapia de alto estímulo, onde foram adotas soluções de proteção da luz solar direta. As paredes foram recuadas, dando espaço para a criação das zonas de escape que se prolongam na fachada e uso de vegetação como barreias. Para o isolamento acústico, os blocos foram recuados em relação ao limite do lote, e utilizados jardins internos, que também tem função de espaço de vivência entre as crianças e os cuidadores.
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82 CAPÍTULO 06
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notório que o autismo está ganhando cada vez mais espaço no âmbito social, e este trabalho surgiu da necessidade de criar um Centro adequado para dar suporte à estrutura das salas de terapias multiprofissionais para às crianças e cuidadores, sabendo que o suporte familiar é fundamental para o crescimento das crianças autistas, além de ambientes que promovam a interação dos usuários. O entendimento sobre o Transtorno do Espectro Autista em suas características, tipos de tratamentos, necessidades, sentidos, percepção, entre outros, e a importância da arquitetura para o desenvolvimento e estímulos sensoriais, foram essenciais para a construção deste trabalho, assim como a análise de projeto correlato para o melhor entendimento de como se organizam e funcionam os espaços destinados às pessoas com TEA. A volumetria e espacialidade da proposta reforçaram ainda mais a intenção de quebrar a ideia de um ambiente de tratamento ser conhecido
por muitos como um lugar frio e regrado. E o que se alcançou com o edifício traz a ideia de acolhimento, como uma forma de abraçar seus usuários e, ao mesmo tempo, tem um contato direto com a natureza e áreas para interações. Como também, a independência das pessoas ao utilizarem o centro – desde a entrada principal -, com as próprias circulações, paisagismo e elementos de identificação. Por fim, a arquitetura tem um papel fundamental no desenvolvimento das pessoas, por estar presente desde os primeiros dias de vida, sejam elas autistas ou não, como foi exposto no decorrer do trabalho, que as crianças com TEA possuem sensibilidades aos estímulos e de como captam e entendem o lugar. Com isto, foram adotadas soluções arquitetônicas específicas para contribuir de forma satisfatória no desenvolvimento e inclusão das pessoas com TEA, e interação entre os cuidadores para troca de informações e conhecimentos acerca do autismo.
Figura 40: Vista superior do Centro.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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REFERÊNCIAS 84
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brasília. Brasília, 2017.
APÊNDICES CENTRO DE REFERÊNCIA PARA CRIANÇAS AUTISTAS
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APÊNDICES
PERGUNTAS
Questionário direcionado para uma instituição de atendimento às crianças autistas, com coleta de dados para o desenvolvimento do Anteprojeto de um Centro de Referência Adequado para o Tratamento das Crianças com Transtorno do Espectro Autista na cidade de João Pessoa-PB.
1- Quantas crianças autistas estão sendo atendidas atualmente na instituição?
Data: 03 de agosto de 2020.
DADOS DA INSTITUIÇÃO ENTREVISTADA Nome da Instituição: Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência – FUNAD. Localização: Rua Dr. Orestes Lisboa, s/n – Conj. Pedro Gondim. João Pessoa/ PB Razão social: É um Órgão do Governo do Estado da Paraíba, vinculada à Secretaria de Estado da Educação, referência no Serviço de Habilitação e Reabilitação nas quatro áreas da deficiência – CER IV (física, intelectual, visual e auditiva), em todo Estado da Paraíba, onde são atendidas por uma equipe multidisciplinar. Público alvo: Pessoas de todas as idades com deficiência temporária ou permanente: Intelectual, visual, auditiva, física, múltipla, acidentais do trânsito, do trabalho, pessoas com transtornos globais do desenvolvimento TEA – Transtorno do Espectro Autista e pessoas com altas habilidades/ superdotação.
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APÊNDICES
Atualmente são assistidas 411 crianças autistas.
2- Idade média das crianças autistas que estão sendo assistidas atualmente na instituição? De 2 anos e 8 meses até os 12 anos.
3- Quantas crianças autistas existem na fila de espera atualmente na instituição? Atualmente existem 593 crianças na fila de espera para atendimentos.
4- Quais os tipos de tratamentos/ atividades são realizados com as crianças autistas na instituição? 01- Estimulação Precoce; 02- Habilidades Comunicativas e Comportamentais; 03- Habilidades Cognitivas; 04- Habilidades artísticas; 05- Habilidades Sociais; 06- Habilidades Musicais; 07Interação Musical; 08- Integração Sensorial; 08- Atividades de Vida Diária (AVD); 10- Habilidades Aquáticas; 11- Psicoterapia Lúdica; 12Dança; 13- Habilidades Motoras; 14- Serviços de Orientação e Apoio às Famílias (SOAF).