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#BRASร LIAPRAMIM
Ano 02 Abril/2015
EDITORIAL
ESPECIAL BRASÍLIA
EDITORIAL
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ocê conhece bem Brasília? Hoje, a cidade é muito mais que o plano-piloto. Podemos dizer, sem erro, que Brasília é todo o DF. Nestes 55 anos a cidade cresceu, transbordou, criou uma geração bonita, talentosa e que vem mostrando ao Brasil que pode sim fazer muito em arte, cultura, música, gastronomia... enfim, em entretenimento. Às vezes somos confundidos: cidade, país, política. Afinal, que Cidade é essa? A capital de todos os brasileiros
com muito orgulho. Infelizmente sempre teremos de carregar algumas pechas que são impostas justamente pelo fato de aqui estar o centro de decisões do Brasil. Mas o leitor que nos acompanha sabe que nosso objetivo é o entretenimento, a informação com pimenta. Em nossas páginas e na nossa edição on-line sempre vai poder ler e saber do melhor da cidade. Não somos um guia de Brasília. Vocês já sabem a receita: nosso negócio é adicionar o tempero. Nesta edição, vamos
Brasília
visitar a cidade pelas lentes do renomado Orlando Brito, com fotos da fundação até hoje, alguns depoimentos de quem mora e de quem foi acolhido nesta terra, perguntas e respostas para os próximos cinco anos e, lógico, as colunas de Fernando Cabral, Junior Ramalho e Taís Morais. Tenho certeza, leitor, de que atingimos em cheio essa receita de pimenta x informação! Boa leitura!
e sua história pelas lentes de Orlando Brito
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EXPEDIENTE Publisher Sérgio Donato Contaldo jornalismo@revistapepper.com.br
Redação Natália Moraes Abner Martins jornalismo@revistapepper.com.br
Publicidade
comercial@revistapepper.com.br
Revisão Conttexto.com helenacontaldo@conttexto.com
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Estagiária
Silvia Bouvier
Site Natália Moraes e equipe Gráfica Gráfica 76 Colaboradores Sérgio Assunção Pedro Abelha J. Carlos JR Ramalho Romolo Lazzaretti Renata Costa Duarte
Fernando Cabral Carlos Henrique A. Santos Pedro Wolff Janaina Camelo Julyana Santos Taís Morais Fotos da Capa Orlando Brito/ Divulgação Contatos (61) 3257.8434 faleconosco@revistapepper.com.br
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rasília, a capital da esperança, a cidade do céu entorpecente, completou 55 anos. 55 anos de loucura, de história, de segredos, da nossa cidade, a nossa querida jovem senhora. Com pouco mais de meia década, Brasília foi mudando e se adaptando para agradar a todos os que nela habitam. A lente do renomado fotógrafo Orlando Brito – mineiro, mas brasiliense de coração – conseguiu capturar a essência de Brasília e sua história.
O trabalho de Orlando Brito abrange os temas da política, questões sociais, da vida urbana e do interior, e esportes. Foi editor de fotografia da Veja SP, tem sua própria agência, onde ministra aula e workshops. Recebeu inúmeros prêmios, como o Prêmio Abril de Fotografia, e expôs suas fotos no Brasil e no mundo. #ParabénsBrasília Da Redação Fotos: Orlando Brito
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gastronomia
RECEITA DO MÊS Queijo coalho, banana da terra, mel de jataí e pimenta fagara (Sichuan) Rendimento: 3 porções Ingredientes: Queijo coalho – 300gr Manteiga de garrafa – 50 ml Banana-da-terra – 2 unidades Creme de leite fresco – 100ml Açúcar – uma pitada Mel de jataí – 100ml Água – 100ml Pimenta fagara (Sichuan) – quanto baste
Modo de Preparo Envolva as bananas em papel alumínio e asse em forno pré-aquecido a 1800C até que esteja macia. Faça um purê, acrescente o creme de leite fresco e uma pitada de açúcar. Reserve. Grelhe os cubos de queijo coalho com manteiga de garrafa e reserve. Faça uma infusão de mel, água e pimenta fagara.
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Os quatro cantos
de Brasília Os 55 anos da capital e suas diferentes facetas. Existe Brasília para tudo e para todos. Sem tirar nem pôr. Do grafite às novas gerações. Essa é a nossa Brasília. Por Natália Moraes Fotos: Divulgação / Arquivo Pessoal/ Ana Lucena e Thum Shake it
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rasília nunca esteve tão jovem. Sério. Nunca, nos 55 anos, a cidade habitou tantos jovens como hoje. E, por isso, os quatro cantos da capital estão se renovando e se adaptando, seja na gastronomia, na cultura ou nos eventos mais badalados. Brasília tem mil e uma facetas, mas, para celebrar o aniversário da jovem senhora, separamos quatro. Nossos quatro cantos.
A Brasília do grafite Existem muitas pessoas que dizem que a cor que predomina em nossa cidade é a cinza do asfalto em contraste com o azul bem azul do céu. Mas, além disso, os muros de Brasília recebem desenhos carregados de combinações de
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cores. Pelos quatro cantos, Brasília exala a arte urbana feita pelos grafiteiros, que se completa com a arquitetura moderna de suas quadras.
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A Brasília dos espaços públicos Com tantos ambientes disponíveis mal ou pouco aproveitados, Brasília está sendo tomada por uma onda de eventos culturais em locais públicos, e isso está se tornando a nova característica da cidade. O PicniK, evento que mudou o DNA life style candango, celebrou no último dia 21, junto com Brasília, seus 3 anos de existência. A comemoração foi dupla e trouxe uma programação que incluiu atividades de bem-estar, esportivas, workshops,
Entre os vários grafiteiros da cidade, Thales Fernando – conhecido como POMB – espalha a sua visão do mundo e seus sentimentos nos muros das ruas por onde passa. 25 anos de idade, formado em Desenho Industrial, Pomb conta que sempre teve o hábito de desenhar e, quando descobriu que poderia passar os desenhos dos cadernos para os muros, nunca mais conseguiu parar. Pomb, que já passou por várias cidades e países, falou que todas as suas obras têm um sentido e uma história particulares. Sua maior motivação é poder evoluir tecnicamente e espacialmente. “Quero atingir as pessoas que não teriam contato algum com esse tipo de arte”, disse. Sobre as “autorizações” para desenhar nos muros, Pomb contou que a essência do grafite é o vandal. “Mas hoje o grafite está muito mais bem aceito na cidade, e até existe um incentivo para revitalizar determinadas áreas”. Pomb também ressaltou que o espaço para o grafite tem aumentado muito. “Lá fora já tem um reconhecimento maior, e aqui está acontecendo o mesmo”, afirmou. Para ele, a Brasília do grafite representa uma cidade mais viva e colorida, exercendo um despertar de um diálogo da rua diretamente com o brasiliense.
espetáculos circenses, food trucks e vários artistas. Foram mais de 160 estandes de moda, arte e gastronomia bem “Made in Bsb”. Miguel Galvão, organizador do evento, disse que os idealizadores tinham vontade de criar um encontro diurno entre pessoas de diferentes grupos e classes. O resultado foi uma junção de pessoas que não estão buscando só festa ou bazar, mas sim muita cultura e diversão. O evento foi no Parque da Cidade, um espaço arborizado, de fácil acesso, e público. Miguel contou que o maior desafio, que era trazer as pessoas para esses espaços, já foi vencido. Em 2012 foi criada uma lei que diz que eventos de
manifestações culturais e eventos de acesso gratuito têm a isenção de taxas públicas. PORÉM, o Ministério Público vem se posicionando contrário a isso, colocando que apenas os eventos produzidos pelo GDF, ou sem fins lucrativos, podem ser encaixados na lei. “Isso pode provocar um grande retrocesso para a cidade”, afirma Miguel. Esquecendo esse embate, ele conta que as pessoas estão com sede de rua, de se encontrar, de viver a cidade. A Brasília dos eventos em espaços públicos representa uma cidade que quer se enxergar, que valoriza a diferença e o privilégio de ter um espaço urbano como o nosso. Os organizadores do evento desenvolveram um aplicativo para Android e iOS. Sim! O público pode conhecer a programação e os expositores, além de se inscrever para os workshops. “O aplicativo ajudou muito o desenvolvimento da PicniK, até porque hoje o celular se transformou numa extensão do corpo das pessoas, né?”, brincou. No fim do evento todos concluíram: Arte. Moda. Música. Dia. Bazar. Comidinhas. DE GRAÇA. Fotos: Ana Lucena e Faquini Produções
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Nesse evento, no meio de muitas outras pessoas, encontramos Fillipe Janiques. 25 anos, pósgraduado em administração de empresas, sócio e proprietário da “Vai Bem Gelados”. A ideia de montar uma empresa de gelados em Brasília surgiu pelo simples fato de que não havia uma empresa local que fornecesse produtos artesanais voltados para essa área. “Começamos a estudar o mercado e ver quais produtos estavam despontando”. Hoje, os picolés da Vai Bem Gelados são vendidos em
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da mesmice. “Eu acho que é por causa dessa comodidade que os food trucks estão crescendo bastante”, completou. O roteiro do Food Truck da Vai Bem Gelados é sempre divulgado nas redes sociais, e conta com uma clientela boa. “O público é jovem, está sempre ligado nas redes sociais, e isso facilita.” Fillipe conta também que os jovens estão fazendo dessa “nova Brasília” um lugar melhor. “Nós estamos conseguindo resgatar os eventos urbanos, desenvolver coisas novas. A juventude não está mais parada”, disse. Para ele, os jovens estão tendo ações empreendedoras, se arriscando, e isso faz com que Brasília fique mais ativa e ocupada.
A Brasília das três gerações A Brasília dos Food Trucks Nesses eventos coletivos e em espaços públicos, os queridinhos Food trucks começaram a ganhar um lugarzinho especial na rua e na preferência dos brasilienses. Os moradores da capital estão experimentando a mais nova moda da mistura de automóveis com gastronomia. As pessoas precisam sair de casa sim, mas não vão para um restaurante específico. Eles podem encontrar kombis com diversas opções de cardápio em um só lugar, num encontro de “restaurante móvel”, digamos assim. Não, não é como o improvisado “dog da tia Sônia” na entrada da quadra. É um movimento que tem como principal característica ser itinerante. No dia 21 de abril, aniversário da queridona Brasília, o encontro foi no PicNik.
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diferentes pontos da cidade e também no food truck, que anda pra lá e pra cá vendendo as delícias. Muitos podem olhar e pensar “Mais uma paleteria mexicana?”, mas Fillipe rebate “Não, não são paletas mexicanas. Isso é um modismo que tende a acabar. São picolés mesmo. Por que eu vou chamar de paleta se são picolés?”, disse rindo. O foco é fazer picolés com um toque bem brasileiro. E claro, rodar pela cidade inteira comunicando a brasilidade do produto. Para Fillipe, o brasiliense está mais propício a frequentar eventos diurnos de mobilidade urbana que contam com muitos food trucks – que vêm ao encontro dessa nova tendência. “É um comportamento mais jovem, para quem quer ter opções diferentes para aproveitar o dia”, conta. Os food trucks têm preços convidativos, sempre tem um perto e dá pra sair
Vocês já pararam pra pensar que Brasília tem apenas 55 anos, e já existem três gerações brasilienses? Pois é! E cada uma tem a sua história de amor com a cidade. A família de Cláudia Medeiros, 55 anos, já conta com as três gerações. Ela é assessora executiva; sua filha, Victoria Carolina Medeiros, de 32 anos, é agente de viagens, e sua neta, Maria Eduarda Medeiros, tem 10 anos e é estudante. Todas nascidas e criadas na capital. Para Cláudia, viver em Brasília e encontrar amigos é o melhor da cidade. “Apreciar o céu e o sol pode até parecer estranho... Mas esse clima! E as quatro estações no mesmo dia? É bem diferente, não acha?”, brincou. Ela e sua família adoram ser brasilienses. Cláudia conta que elas já viajaram para muitos lugares e não acharam nenhum lugar igual a nossa cidade. “Da nossa janela podemos ver vida! Pessoas jogando bola, sentadas nos quiosques, crianças brincando... Aqui é a capital do Brasil, e às vezes parece ser uma cidade pequena”, completou. Sobre a “raridade” de se ter várias gerações brasilienses na família, Cláudia falou: “Eu acho o
máximo! Antes éramos representações de várias cidades e hoje temos o nosso próprio sotaque e cultura”, disse. Cada uma tem seu lugarzinho preferido na cidade. Cláudia costumava brincar no foguete do então Parque Ana Lídia. Victoria gosta de fazer churrascos na beira do lago e Maria Eduarda adora o Nicolândia. A mesma cidade, épocas diferentes, e o mesmo amor. Para ela, a Brasília das três gerações representa o que é hoje, o que foi ontem e o que vai ser amanhã. Sempre uma cidade maravilhosa com pessoas felizes e histórias pra contar.
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CIDADES
Brasília na encruzilhada Por Natália Moraes Fotos: Divulgação / Reprodução
Crise econômica, atrasos, adiamento de obras, soluções? Deputados e o Secretário de Turismo falam sobre isso.
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cidade inaugurada há 55 anos para ser a capital da República enfrenta neste ano a sua pior crise econômica, por causa de uma administração que não soube respeitar os limites fiscais de arrecadação e despesas. Como resultado, houve atrasos nos pagamentos de servidores, cancelamentos e adiamentos de obras e péssima prestação de serviços.
Brasília, que já carrega o ônus de ver seu nome associado às maiores mazelas políticas do País, como a corrupção e as mordomias dos Três Poderes, agora vive o desafio de encontrar uma solução econômica que dê fim à sua brutal dependência dos recursos da União.
Advogado e deputado, Rogério Rosso assumiu o Governo do Distrito Federal em 2010, após a polêmica de corrupção do então governador José Roberto Arruda. Ele, que também já foi secretário de Desenvolvimento Econômico de Joaquim Roriz, fala da atual crise. Sobre como estimular a economia local em tempos de recessão, quando a principal atividade econômica do DF são os serviços, Rosso diz: “Exatamente porque essa é a principal atividade, e grande parte da força produtiva é formada por servidores, é que os investimentos têm que ter essa variável em destaque”. Segundo ele, Brasília tem um potencial enorme para investimentos em atividades limpas, como a indústria do conhecimento. “Podemos ser polo de diversas atividades nessa área e modelo para o País”, disse. Rosso afirma que a cidade viveu em poucos anos mazelas que não abateram cidades centenárias, mas estamos tendo mais uma vez uma chance de reescrever a história num caminho diferente. “Nossa gente mostra, novamente, que tem capacidade de enfrentar dificuldades e superá-las de forma ordeira e democrática. Os segmentos organizados também são importantes nesse processo de reconstrução da cidade e sua força de mobilização é imprescindível”, disse. Assim como Rosso, a deputada Liliane Roriz, que está em seu segundo mandato como distrital, mantém o foco de lutar por um Distrito Federal melhor para todos, por políticas públicas de proteção de minorias e redução de desigualdades.
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CIDADES
Para ela, Brasília precisa estipular metas para chegar aos 60 anos em condições de devolver aos seus moradores as boas condições de vida de que antes desfrutavam. “Uma delas é a reforma e a manutenção de todas as obras já realizadas. Muitas estão abandonadas e até monumentos nas cidades estão em situação lamentável”, disse, inconformada. Liliane tem algumas bandeiras que defende na Câmara Legislativa, como o projeto que concede desconto para empresários da W3 Sul e Norte que revitalizarem a fachada, e também criou um projeto para que o governo conceda mais estímulos fiscais para empresas novas. “Essa sobrecarga de impostos, sem dúvida, é um dos problemas que atrapalham o surgimento de novos empreendedores. Eles acabam optando por Goiás, que possui uma excelente política tributária para as empresas. Temos que mudar isso”, completou. E cadê nossos turistas? Jaime Recena, atual Secretário de Turismo do DF, nascido em Brasília, foi um empreendedor preocupado com o progresso da cidade. Hoje seu programa contempla inúmeras propostas para a melhoria do funcionamento e das relações internas das atividades de lazer e turismo. Segundo ele, “é um programa alicerçado em ideias de empreendedorismo e sustentabilidade, não somente para um setor específico.” Recena fala que uma cidade boa é aquela que responde aos anseios e necessidades dos que nela vivem e trabalham e dos que a visitam.
Questionado sobre o orçamento que o turismo do DF dispõe em 2015 para manter e recuperar os principais pontos turísticos da cidade, Recena falou que todas as secretarias ainda estão validando o orçamento juntamente com a Secretaria de Planejamento e Fazenda. “Posso adiantar que boa parte vai ser para custeio. Estamos buscando alternativas para realizar obras de investimento”, disse. Brasília é uma cidade linda e nova, e sobre o investimento em sua vocação pelo polo de turismo cívico e ecológico, o Secretário foi curto: “o turismo cívico é uma realidade para nós por razões óbvias, então temos o planejamento de intensificar esse atrativo para o visitante, como alguns pacotes mais atrativos para todos”. E o Lago Paranoá? O lago artificial é, segundo alguns turistas, um dos lugares mais bonitos da cidade. No final dos anos 90, o atual Governador Rodrigo Rollemberg deu largada ao Projeto Orla, que previa o desenvolvimento do lazer e do turismo com novos empreendimentos às margens do lago. Recena relembrou o projeto e contou que a Secretaria está revalidando-o juntamente com o novo governo. “O Projeto Orla é uma das prioridades do governo do Rollemberg, e vamos revalidar isso sim para poder implementá-lo em sua totalidade”, afirmou. O Secretário disse também que a atual realidade é bem diferente de antes, já que eram previstos apenas 11 polos. Os brasilienses que aqui vivem estão inconformados com essa crise. Agora, todos esperam melhoras. E aquelas melhoras de 50 anos em 5.
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O gostoso
é mostrar The Burlesque Take Over
Por Pedro Wolff Fotos: Levy Camargo
O burlesco acontece e a coisa vem se profissionalizando. Brasília ganha cada vez mais festas com a temática de cabaré. Então sensualize, dispa-se de preconceitos, faça um show à parte e divirta-se!
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tema se popularizou no mundo impulsionado por duas divas: do lado visual, por Dita Von Teese, e pela música, por Amy Winehouse. E hoje o burlesco se prolifera como expressão artística. O significado é bastante explícito no dicionário: “Que incita ao riso por ser ridículo (sic)”. Para alguns, essa etimologia remete à sátira da Commedia dell’arte italiana, mas contém uma pitada forte das gargalhadas provocadas da herança das nossas chanchadas. Soma-se no caldeirão cultural: o retrô está na moda. Se Brasília fervilha em festas temáticas, o eixo Rio-São Paulo andou se profissionalizando. Por exemplo, neste mês ocorreu o festival “Yes, nós temos Burlesco” na cidade maravilhosa. Hoje, as herdeiras da tradição das vedetes são verdadeiras atletas que saem em turnê promovendo seu show teatral. Mas, afinal, o que difere um show burlesco do striptease? “Se
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sua avó fosse fazer um striptease, ela faria um burlesco”, dispara o produtor cultural Ragnar Paz. Ele, que conduz uma das festas burlescas aqui no quadradinho, comenta que a coisa mais legal é que o número ocorre dentro do contexto musical, com provocação direta à plateia e com todos aqueles elementos clássicos fetichistas. O negócio é a sensualidade e brincar com ela, sendo uma coisa gostosa de ver, sem ser apelativa ou chocante. Os pasties não podem faltar no indumentário – aquela espécie de tapa mamilo com cordinhas que giram com a graça do movimento dos seios. “As mulheres não mostram os mamilos, mas você consegue ver seu corpo inteiro”, diz Ragnar, complementando “que as vedetes ficam com todos aqueles elementos fetichistas clássicos naquela coisa de esconde-esconde... Ver de repente um pouquinho mais, mas não consegue ver tudo”.
Ragnar Paz é um jovem veterano da noite brasiliense que sempre quis trazer algo diferente. E sempre teve contato com o pessoal do trio “The Burlesque Take Over”, um importante expoente do tema, de São Paulo, que faz apresentações e aulas de burlesco país afora. E resolveu trazer a trupe para concretizar a festa “Assimetria”, que hoje se encontra na terceira edição. Ele explica que a decoração em uma festa de temática cabaré deve vir carregada de tons escuros, muita cor vermelha remetendo ao sensual. Ragnar apostou na proposta sonora do jazzy, referência ao pop rock com pegada de jazz de Amy Winehouse. Outro fato que chama atenção é que o corpo das dançarinas do The Burlesque Take Over não são estilo panicat ou capa de playboy. “São mulheres com o corpo que nem o da sua vizinha. Isto é o empoderamento da mulher”, rasga Ragnar. E o público responde às performances dentro daquele misancene de brincadeira e provocação. “Já vi uma menina encantada e a vedete fez a performance para ela... Nada gay, coisa de admiração mesmo”, garante.
Tudo na máxima educação, sem baixaria ou excessos. Porém, a própria trupe burlesca avisa que não ninguém precisa se preocupar, pois deixa bem claro: “os engraçadinhos, deixa conosco; a gente se vira”. Lembrando que uma das dançarinas é lutadora de Krav Maga. Destaque inevitável no trio, a performance masculina é uma atração à parte que desperta a curiosidade até dos homens. Das mulheres então... Tanto que na segunda edição da festa ele não veio e a mulherada cobrou sua presença. Seu trabalho, diferente de um gogo boy, que seria apenas uma pilha de músculos rebolativos, tem muito conteúdo e aí entra o empoderamento da sensualização masculina, porque o cara realmente dá uma glamourizada no ato de tirar a roupa. Trazendo um resultado parcial de sua empreitada, surpreso mesmo ficou o próprio Ragnar, porque esperava receber um público mais novo, mas curiosamente a plateia era 70% feminina e em sua maioria devidamente caracterizada.
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MEIO AMBIENTE COMPORTAMENTO
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Os heróis
de Brasília Por Fernando Cabral Empresário do Setor de Alimentação Fora do Lar fcabralbr@gmail.com
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1 de abril é feriado. Que pena. O aniversário de Brasília deveria ser comemorado com trabalho. A cidade nasceu de um ideal patriótico, foi construída com planejamento e muito, muito suor. Quem está aqui há vários anos acompanha seu desenvolvimento de forma espetacular. Quem chegou há pouco, surpreende-se ao viver e conviver numa cidade muito além da linda Esplanada dos Ministérios e com qualidade de vida ainda invejável. Quem chegou há muito ou há pouco, mas não se convence de Brasília, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé. 21 de abril é feriado. Que bom. É importante que o país homenageie seus heróis verdadeiros. O primeiro, oficialmente, é o Alferes Joaquim José da Silva Xavier: Tiradentes. Alferes era um posto do exército no Brasil colônia – um suboficial que tinha como uma das mais constantes missões carregar a bandeira, ou seja, Tiradentes era também um porta-bandeira. Acabou enforcado e decapitado. Isso parece coisa do estado islâmico, só que, como naquela época não havia Internet nem TV para mostrar a decapitação, tudo foi feito em praça pública, na cidade do Rio de Janeiro. O cara era porta-bandeira, nem existiam Escolas de Samba, morreu enforcado no Rio... Depois sua
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cabeça foi levada para Vila Rica, hoje Ouro Preto. Ouro Preto, petróleo, petrolão... Roubo? Pois é, a cabeça de Tiradentes foi roubada em Ouro Preto e nunca mais apareceu! Brasília tem também seus heróis anônimos. Primeiro exemplo: no sinal da pista que corta a L2 na 408 Sul, pertinho do Pão de Açúcar (o supermercado, claro), vê-se quase diariamente um senhorzinho cheio de infláveis coloridos amarrados ao corpo. Na mão direita oferece deliciosos e finíssimos beijus, na esquerda uma raquete que ajuda a controlar a epidemia de dengue e, na outra mão, se tantas tivesse, ou encostados no poste do farol estão os sacos de lixo e os panos de chão a 5 por R$10,00. Esses últimos são dos melhores exemplos de como funciona a economia real e a inflação. Outrora já foram vendidos a 10 por R$ 10,00, depois 9 por R$ 10,00, 8 por R$ 10,00, foi caindo a quantidade e mantendo-se o preço do “pacote”. Agora são 5 por R$ 10,00 – cem por cento de inflação, mas “o preço não subiu nada”. Segundo exemplo: dia desses, bem cedo, horário da caminhada pela saúde, foi visto outro senhorzinho andando próximo ao KM 10 da DF 025 (simplificando: pista principal do Lago Sul, entre as duas pontes), distribuindo seu cartãozinho de visita mal
COMPORTAMENTO
impresso e tortamente recortado no qual apresentava, explicava, exemplificava e vendia seus serviços de limpeza de pedras, telhados, etc. Pelo cartão não parecia ter agência de propaganda, a gráfica, de tão pequena, não pagava comissão nem propina, mas a estratégia estava perfeita – abordava clientes potenciais, próximos às suas residências, ao final do período de chuvas, quando pedras e telhados realmente ficam encardidos, carecendo de boa limpeza. Terceiro herói: representado pela massa de botequeiros e restauranteiros de Brasília. Um monte de empreendedores esforçados e competentes que escolheram Brasília por amá-la e nela acreditarem. Para atender público equivalente a um décimo do de São Paulo, montaram negócios que têm a mesma estrutura básica de um restaurante paulista (cozinha, mesas, cadeiras, pratos...). Têm quase o mesmo número de funcionários de uma casa paulistana. Pagam aluguéis semelhantes ao que se desembolsa na terra da garoa. Esses heróis administram negócios com custos semelhantes aos de São Paulo, mas receita proporcional ao tamanho de Brasília. Só muita pimenta saborosa para disfarçar o gosto amargo desse heroísmo.
- A audácia e a pertinência do Presidente Juscelino e sua equipe de governo criaram a cidade da modernidade, capital das oportunidades. Gim Argello, Presidente do PTB de Brasília
- Brasília, que vontade de ter você em meus braços e abraçar as suas asas, ao mesmo tempo beijar muito sua boca e te completar com um gozo apaixonado. Anônimo
- Parabéns a uma cidade linda e única, onde o mar é o céu, pardal não voa, tesourinha não corta e camelo tem rodas. Pedro Abelha, publicitário e presidente do Sindicato dos Publicitários
- Adoro sair de Brasília. Para sentir a saudade gostosa de quem tem certeza de que vai voltar para quem ama. Sylvio Guedes, jornalista, 55 anos, 46 de Brasília
- Parabéns para essa cidade que acolhe todos os temperos e pessoas! Gente como eu, que chama Brasília de lar! Chef Dudu Camargo
- Globalizada por suas inúmeras tribos apaixonadas por sua beleza, é o lugar ideal para trabalhar e viver. Paulo Tiago A. Oliveira, advogado e leitor da Pepper - Adoro me divertir nas curvas desse avião chamado Brasília! Parabéns! Rafael Rubem, analista de sistemas, leitor da Pepper
- Brasília sempre me encantou desde criança e continua a me encantar a cada dia. Amo suas avenidas largas, as quadras arborizadas, seus parques, seu céu, sua gente... Brasília, cidade que acolhe, terra de oportunidades. A cidade que escolhi para viver e amar.
- Nasci no mesmo dia que Brasília. Tenho relação profunda com ela. Estou aqui há 35 anos, conheço seus cheiros, suas manias, suas cores. Não gosto quando falam mal dela, sou ciumento com essa grande paixão. Tão perfeita que até seus defeitos não são exatamente seus. Humberto Junqueira, publicitário, sócio-diretor da agência Vento Bravo
- Sou filho dessa cidade, nascido e criado, calango! Nas formas retas, planejadas, enxergo uma linha curva cheia de oportunidades. Brasília que acolhe, que afaga. Basta você enxergar. Brasília, te amo! Ville Della Penna, chef de cozinha
Luzinete Alves, Assessora de Imprensa, Infinito Comunicação
- Brasília é a cidade do por: há 55 anos por fazer, por ser, por haver, por medicar, por educar, por transitar, por proteger, por integrar, mas é a do mais bonito pôr-do-sol do mundo... Leonardo Mota Neto, jornalista
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MOÇA
“SABE AQUELA DO PORTUGUÊS?”
Por Taís Morais (taismoraiss@gmail.com)
Por Junior Ramalho (ramalhojunior@gmail.com)
Jeitinho Brasileiro .........................................................................................
Um capricho nos gastos .........................................................................................
Com a corrupção generalizada e institucionalizada no Brasil, o país parece estar em estado de catatonia. Em Minas Gerais, o governador condecorou com a Medalha de Tiradentes para João Pedro Stedile? Onde vamos parar com este incentivo institucional ao banditismo?
Ministério do Trabalho contratou a Partners Comunicação por 6,8 milhões de reais. A empresa é suspeita de superfaturamento no Ministério da Fazenda em 2013. Jeito petista de governar...
Intervenção Militar .........................................................................................
Brasil tem mais ministérios que a soma de todos os que existem nos governos dos Estados Unidos e do Chile. Aqui, 39 indicados sem autonomia nem metas incham a máquina administrativa. Nos EUA existem 15 ministérios, os americanos mantêm a maior potência do mundo funcionando sem inchar o governo.
As manifestações contra esse governo federal, fétido e que nada sabe, têm mostrado cenas hilárias. Pessoas pedindo intervenção militar e impeachment são as duas coisas mais ridículas que vi. Para os simpatizantes da farda ocupando o Planalto, segue a má notícia: fontes minhas lá das Forças Armadas me afirmaram que não estão nem cogitando apoiar a essa ideia absurda. Vão fazer tudo para garantir o cumprimento da constituição. E só.
Aos amigos, tudo ......................................................................................... Brasília, nem de perto, é aquela cidade boa de se viver e trabalhar de antigamente. Depois que o governo PT invadiu a cidade, os estacionamentos dos órgãos públicos estão sempre lotados, bem como as vias, que se tornaram grandes estacionamentos. Arranjar emprego também virou uma tarefa hercúlea. Apenas os amigos e indicados dos petistas têm lugar ao sol. E as escolhas nem são por competência, hein...
39 Ministérios para quê? .........................................................................................
Se inchaço da máquina adiantasse... ......................................................................................... O Chile, maior IDH da América Latina, prospera com 20 ministérios. A Argentina, 21. O México tem 20, mesmo número da Holanda. A Alemanha possui apenas 14 e a Rússia, 22. O Canadá tem a mesma quantidade que o Brasil, 39 ministérios, mas a qualidade dos serviços públicos está bem longe da nossa letárgica realidade.
E por falar em serviço público... ......................................................................................... Outro dia, no Hospital das Forças Armadas, um ministro precisava de uma ressonância magnética. Não conseguiu fazer, claro. Quando interpelado sobre a situação, sapecou a frase: - vou ser transferido
para SP, né? Sorte dele, pois os brasileiros não conseguem nem se consultar, ainda mais serem transferidos para outras unidades de saúde.
Novo Governo...???
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Rollemberg prometeu, falou, sorriu e se aplaudiu. Mas seu governo, em passos de tartaruga, mantém o DF com os mesmo problemas de antes. Ele quis cassar o último concurso do setor da saúde e até agora contratou apenas 30 pediatras. É melhor que as crianças não fiquem doentes, pois não tem hospital e nem médico para atende-las.
On the road ......................................................................................... Andar de bicicleta na cidade está impossível. Além da péssima educação dos motoristas, os ciclistas precisam desviar de buracos, bueiros abertos nos cantos das vias e, principalmente, lidar com a péssima qualidade do asfalto. Para aqueles com as magrelas de estrada, ter estômago forte e manter a boca fechada para não trincar os dentes é essencial. Sem contar que os bandidos estão fazendo a festa roubando e furtando as bikes. Tempos de Insegurança...
E por falar em estrada ......................................................................................... Você aí suando para pagar sua gasolina, né? Mas os deputados distritais em quem você votou continuam na farra do combustível. Em fevereiro, Joe Valle apresentou pedido de ressarcimento no valor de R$ 1.500,00. Por onde anda, com dinheiro público, o dono da fazenda Malunga?
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abe aquele anúncio, impresso ou eletrônico, que te faz sorrir, chorar, se arrepiar ou, no mínimo, gravar a mensagem na cabeça? Pois é: para que ele consiga cumprir essa missão de sacudir todos nós - consumidores da mídia – é necessário, ou melhor, quase obrigatório, que os meios de comunicação cumpram o seu papel, muito além dos tradicionais horários consagrados de rádio e televisão, ou das páginas dos jornais e revistas - que já são facilmente consumidos e, consequentemente vendidos a preços que muitas vezes espantam anunciantes de pequeno e médio porte. Ou seja: oferecer horários nobres e páginas tradicionais é fácil, só que colocar “calhau” nos buracos da programação que não tem audiência ou leitura e não vende é ruim e dá prejuízo tanto para os veículos como para os anunciantes. Está faltando criatividade na mídia. Com raras exceções, ninguém mais investe tempo e dinheiro em novas ideias e formatos diferenciados para ampliar o nível de atenção dos públicos e, fatalmente, de novos anunciantes, sedentos por oportunidades criativas e de custo benefício favorável para expor seus produtos. Houve um tempo em que era comum se encontrar nos veículos, inclusive nos menores, a figura do planejador de marketing, que estudava as programações e possibilidades de espaços físicos para sugerir pacotes comerciais atraentes. Desta forma, quase amarrados, os gerentes e contatos da área comercial vão para as agências e anunciantes com mesmices e conseguem vender apenas os “filés”, o que ocasiona um desperdício enorme no balanço final dos orçamentos. Tanto é verdade que, aqui mesmo em Brasília, veículos tradicionais têm experimentado sérias diminuições nos seus faturamentos e vêm perdendo espaço, cada vez mais, para as mídias digitais. Até neste ponto a falta de criatividade é nítida, já que muitos deles teriam tudo para, em vez de disputar,
aglutinar seus sites e mídias sociais para enriquecer os produtos, mas deixam de aproveitar. Lembram da Revista Foco, tão badalada durante anos? Parou de circular, a exemplo da nossa Vejinha Brasília, o que comprova que nem só os veículos pequenos sofrem da preguiça criativa e preferem continuar no “basicão”, até não resistirem mais e evaporarem do mercado. Triste. Falar é fácil? Fazer, também. Só para exemplificar: no início dos anos 90, uma emissora de rádio FM aqui de Brasília, que, por falta de orçamento, encerrava a programação diária meia noite e só voltava às seis, inventou um programa com 5 horas de duração, para um único patrocinador, que não apenas escolhia o número de inserções, como tinha o direito de selecionar o repertório musical. Vendeu rapidinho e o anunciante tornou-se o rei das madrugadas nos motéis, táxis e outros setores que funcionavam naquele período. Sucesso total e todo mundo ganhou. Na área impressa, teve também o caso de um jornal semanal que, diante da falta de grandes anunciantes, passou a pautar matérias extremamente interessantes, para vários segmentos, que eram vendidas a patrocinadores exclusivos, que bancavam a produção, sugeriam conteúdos e faziam suas publicidades através de merchandising. Agradou em cheio aos leitores e aos anunciantes. Tudo isso sem ferir nenhuma ética jornalística. Esta revista mesmo, que você tem nas mãos, é um exemplo claro de integração entre o veículo físico e o aproveitamento virtual, através do seu site. Tudo o que você lê aqui, também está lá e com uma variedade enorme de outros temas, que acabam fazendo com que a revista tenha inúmeras paginais a mais. Acessa lá e comprove como é possível ser criativo na mídia: www.revistapepper.com.br. Quem não cria, vira piada velha: ninguém quer saber.
Pensamento do mês: “O mal dessa geração é ter o corpo bonito e a alma feia...” 18
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