MEMÓRIA,CONVERGÊNCIA Intervenção na área da Estação Ferroviária de Sorocaba - Sp
Natasha C B A C SILVA
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IAU . TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO I . 2016
CAP
Joubert Lancha David Sperling LĂşcia Shimbo Luciana Schenk
GT
Aline Sanches Telma Correia
Natasha Cristina Bellaz do Amaral Campos Silva
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C
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DA CIDADE AO PONTO . 10 sorocaba como a cidade se move? centro estação ferroviária
ÍNDICE
DESENCONTROS . 06 nova personalidade urbana
CONVERGÊNCIA E SOCIABILIDADE . 24 diretrizes referências situação proposta REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . 24
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DESENCONTROS “É a sociabilidade, o prazer de estar com o outro, que estabelece em definitivo a diferença urbana.” Jacques Le Goff
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NOVA PERSONALIDADE URBANA
A metrópole se transformou de palco das relações humanas para cenário sem importância
da rotina. Os indivíduos que, em um passado cada vez mais distante, se preocupavam em observar o seu entorno, parecem ter esquecido que a cidade foi construída por eles. As interações sociais sofreram com consequências negativas perante essa nova forma de agir do indivíduo no meio urbano. Não existem interações entre eles, e muito menos desses para com a cidade. Tudo é irrelevante. “Essa sobrecarga de estímulos que o indivíduo sofre na metrópole – que vale ressaltar que só é percebida assim pelo contraponto estabelecido com a vida rural – gerou um comportamento defensivo, um sentimento preservacionista que ajudará a lidar ou conviver com essa sobrecarga. É esse o comportamento base da ‘nova personalidade urbana’”. (CERQUEIRA, 2013, p. 63)
A forma como a cidade passou a ser vivida teve grande influência do meio capitalista e de
produção do meio urbano. Castellis (CASTELLIS, 1999 apud CERQUEIRA, 2013, p. 83)ressalta que o rápido desenvolvimento da tecnologia estreitou as ligações entre cultura e força produtiva, entre espírito e matéria. Portanto, devemos esperar o surgimento de novas formas de interação, controle e transformação social. Podemos dizer que a sobrecarga destacada por Cerqueira é refletida no desenho das metrópoles, as quais passam a ser esquadrinhadas para o melhor funcionamento da cidade máquina, onde os indivíduos são apenas peças de produção.
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Onde estão os espaços públicos? São eles que estão
Trazer o meio urbano como palco das relações sociais
diminuindo, ou as pessoas passaram a não frequentá-los? requer, além de tudo, o resgate da memória do indivíduo. A nova personalidade urbana vem exigindo novos espaços Memória, como afirma Nora, dita pela sua importância na de convívio, instigando a arquitetura buscar novas formas sua formação, não apenas dados e fatos compilados que de interação, e, consequentemente, novos programas para chamamos de história. Resgatar esse passado tão distante esses espaços. A questão passa a ser a transformação é enaltecer que somos partes constituintes da cidade, a qual de espaços comuns, de somente passagem, para um não é formada apenas por uma composição sem sentido espaço de encontro, onde a sociabilidade seja explorada e de edifícios. a vivência da cidade seja ressaltada.
Como dito anteriormente, o indivíduo esqueceu-
se de como viver dentro do espaço urbano, sem utilizá-lo
“Memória, história: longe de serem sinônimos, tomamos
apenas como passagem. Lugares históricos passam a ficar
consciência que tudo opõe uma à outra. A memória é a vida,
em segundo plano, sendo, muitas vezes, subutlizados, e
sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está
tornando-se áreas residuais no meio urbano.
em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas,
“A aceleração da história. [...] uma oscilação
vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de
cada vez mais rápida de um passado definitivamente morto, a
longas latências e de repentinas revitalizações. A história é a
percepção global de qualquer coisa como desaparecida – uma
reconstrução sempre problemática e incompleta do que não
ruptura de equilíbrio.” (NORA, 1993, p. 7)
existe mais.” (NORA, 1993, p.9)
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Requalificar um espaço, seja pela retomada do
seu uso ou a sua reconversão para novos usos, gerando assim, espaços de encontro e sociabilidade é o que nortei este trabalho. A escolha do local partiu de um reflexo da sociedade comercial que a cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, hoje ainda tem como forte característica. No decorrer desse caderno, é possível observar historicamente a sua formação, e é acreditando no resgate desse passado que a proposta de projeto baseia-se. Com revitalização da área da Estação Ferroviára subutilizada do centro da cidade, pretende-se criar novos espaços de convívio, e resgatar o uso e a ideia de que esse foi por muito tempo o principal ponto de chegada e partida da cidade, onde encontros e desencontros aconteciam diariamente apenas pelo uso da estação, local que era tido com referência para os habitantes , sendo assim, um ponto de convergência urbana.
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DA CIDADE AO PONTO
“De vila tropeira à cidade fabril, os traços de uma forte e marcante cultura local, repleta de especificidades próprias jamais poderá ser relegada em projetos urbanos para a cidade contemporânea . Lucinda Prestes
sOROCABA
Localizada no interior de São Paulo, Sorocaba é hoje
Historicamente, a cidade sempre teve sua importância
o centro da região metropolitana que leva o seu nome, a como núcleo urbano. Nos século XVIII e XIX, Sorocaba ocupou qual é composta por 27 municípios., somando 1,8 milhões posição de relevância regional e nacional, primeiramente de habitantes. A região metropolitana é caracterizada no tropeirismo com a comercialização do gado proveniente principalmente pela sua produção agrícola e por situar-se do sul. Nesse período, essa comercialização do muar cirou entre duas outras grandes regiões industriais, São Paulo e uma comunicação intensa da cidade com o sul, e tornou a Curitiba. A cidade tem uma população de aproximadamento região como ligação com outras partes dao país, ciclo que 600 mil habitantes.
se prolongou até 1897 com suas famosas feiras. Todavia,
Sua fundação partiu da tentativa frustada dos Sorocaba foi vista pela historiograifa apenas como um
bandeirantes de encontrar ouro no morro de Araçoyaba. local de moradia dos bandeirantes e que se estrutrurou à É o bandeirante Baltazar Fernandes quem migra para as margem da economia de exportação. terras sorocabanas, assenta lar e constrói a capela de São Bento, dando origem à vila de Nossa Senhora da Ponte.
Perímetro urbano: a vila rarefeita no ano de 1770. (fonte: PRESTES , 2001, p. 194)
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Ainda no século XIX, são as implantações das indústrias, principalmente as têxteis, que trazem a prosperidade para
a cidade. No sérculo XX, acentua-se o setor de tecidos e o de transformação mineral, cal e cimento, agregandos-e outras especialidades de menor porte. Contrariando o fluxo da agricultura paulista, o algodão vai ser a cultura mais significativa, e é ele quem atrai a ferrovia para a região, a qual foi inaugurada em 1875, introduzindo na cidade uma nova técnica construitiva, abandonando assim a taipa de pilão. O trem por si nao teve um papel significativo no desenvolvimento econômico , apenas no desenho urbano quanto a consolidação da região Além Linha como área a ser ocupada pela população.
Perímetro urbano: a vila tropeira em 1839. (fonte: PRESTES ,2001, p. 194)
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Sorocaba em 1910: localização dos sobrados e fábricas têxteis. (fonte: PRESTES , 2001, p. 205)
O que hoje é chamado de região central da cidade
se conformou a partir das primeiras vias da Vila de Nossa Senhora da Ponte. A rua São Bento ainda faz parte da cidade, bem como a Rua da Ponte, hoje chamada XV de Novembro. Há também as que surgiram anos depois, como a Dr. Álvaro Soares, e a Rua do Cemitério, hoje denomidana Comendador Oetterer. Vale ressaltar que o local escolhido para a implantação do edificio da Estação Ferroviária encontra-se próximo desse centro histórico.
Centro histórico - Largo do São Bento Desenho de Renato Sêneca de Sá Fleury.. Rua da Ponte, 1900. Desenho de Renato Sêneca de Sá Fleury..
(fonte: PRESTES, 2001, , p. 200)
(fonte: PRESTES, 2001 , p. 202)
Rua XV de Novembro, atualmente. (fonte: http://i340.photobucket.com/ albums/o358/paulosergio1405/sorocaba/ ruaXVdenovembroeseuskyline.jpg)
Largo do São Bento, atualmente. (http://www.diariodesorocaba.com.br/files/ materia/216995-6111716-mosteiro.jpg)
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como a cidade se move?
O mapa ao mostra os principais pontos de tranferência do sistema público de
transporte. A área de intervenção escolhida para o projeto, encontra-se próxima dos dois terminais rodoviários das linhas municipais de ônibus, e os três pontos encontramse dentro no anel viário central, o qual circurda uma importante área de comércio e serviços da cidade. Os dois terminais são pontos importantes de conexão com o restante da cidade,uma vez que os eixos norte-sul e leste-oeste possuem pontos de transferência entre linhas, extinguindo a necessidade da população se encontrar no centro para fazer a troca de veículos. Vale ressaltar ainda que o Plano DIretor de Sorocaba feito em 2015 prevê para a cidade a implantação de veículo leves sobre trilhos (VLT), tendo as estações definidas e tambem assinaladas no mapa.
Os centros formadores de cultura são escassos na cidade, motivo pelo qual ele
será priorizado no desenvolvimento da proposta de projeto. Os poucos equipamentos culturais existentes concentram-se na região central, a qual é predomiantemente comencial, e seguem tal horário de funcionamento, o que faz com que a área fique desocupada nos períodos noturnos e aos finais de semana.
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Perímetro do município de Sorocaba, com a área urbana assinalada, bem como Rio que dá nome a cidade em azul, e a linha férrea da EF Sorocabana.
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Segundo o Plano Diretor de 2015, a Zona Central (ZC) é uma área de urbanização consolidada. A predominância da
região é comercial, tendo alguns edíficios habitacionais e de serviços. O esquema acima mostra o encontro entre os eixos viários norte-sul e leste-oeste, destacando o anel central como uma importante conexão entre todas as regiões da cidade, uma vez que ele engoba os dois terminais urbanos.O Plano ressalta ainda a importância do uso do transporte público nessa região, uma vez que é comum o engarrafamento dessas vias em horários de maior fluxo.
CENTRO 16
O primeiro mapa é uma leitura geral de como a linha
férrea divide a cidade até hoje. A área que fica a sul da linha é predominantemente comercial, com gabarito em sua maioria de até dois pavimentos, e edificios comerciais e habitacionais com mais de dez pavimentos, como mostra a foto na página enterior. Ao norte da linha, região tambem denominada Além Linha, a predominância já é de residências de baixo pavimentos, salvo algumas vias estuturais que ligam ao centro e são comerciais. A leitura ajuda a perceber a necessidade de movimentar a área em períodos noturnos, umas vez que a região central é pouco habitada.
O segundo mapa, por sua vez, aponta os pontos
de ônibues existentes na região da Estação Ferrovária, mostrando a facilidade do acesso à mesma a partir dos terminais, que, vale ressaltar, são usados para transferência de transporte sem a necessidade do pagamento de uma nova passagem. Destaca-se ainda a existência de inúmeras escolas na região, o que contribui para a escolha de um centro cultural como programa a ser implantado na área de intervenção Sendo assim, foi levantado também os esquipamentos culturais existentes na região central, mas que são pouco utilizados devido ao seu horário de funcionamento restrito.
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Em 1865, chega a cidade de Sorocaba o húngaro Luiz Matheus
Maylasky, que rapidamente ficou conhecido por sua facilidade de manuseio de maquinas industriais. Em pouco tempo, passa a investir no plantio de algodão, e logo assume a liderança comercial da cidade.
Em 1870, a cidade foi convidada a integrar a Companhia Ituana,
mas como a empresa se recusou e estender o ramal até Sorocaba, Maylasky, na liderança dos sorocabanos nessa reunião, declarou que a cidade eria sua prórpia ferrovia que a ligaria até São Paulo. No mesmo ano, fundou-se a Companhia Sorocaba, e em 1872 têm início os trabalhos da construção da sua Estrada de Ferro, juntamente com a febre da construção de vias férreas paulistas. A 10 de julho de 1875, a estrada ficou pronta, beneficiando principalmente os agricultores que no momento viviam a era do ouro branco, ou seja, o algodão.
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ESTAÇÃO FERROVIáRIA
A Estrada de Ferro tornou-se a maior malha ferroviária da Améria
Latina, e foi uma empresa pública praticamente autosuficiente,
Extensão da Estrada de Ferro Sorocabana no estado de São Paulo, (fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/ mapas/1970dnef/1970efSorocabana.jpg)
produzindo quase tudo o que precisava para o seu funcionamento, do trem até o unifrome de seus funcionários. Investiu também na formação de seus funcionários, sendo uma precursora das escolas técnincas e o SENAI, cujas vagas são concorridas até hoje nas instituições da cidade, bem como na educação formal de seus filhos.
“A vida de muitos ainda é guiada pelas sirenes das oficinas, que nos lembram a cada toque que apesar ou por causa de tudo ela sempre será parte integrante de todos nós.” (Memorial da Estrada de Ferro Sorocabana, p.3)
Vista do Complexo da Estação Ferroviária atualmente. A área conta com aproximadamente 350 mil m ², incluindo a praça com o Museu da Estrada de Ferro Sorocabana. 19
IMPLANTAÇÃO DO COMPLEXO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
6 5 4 1 20
7 3 2
1. Museu da Estrada de Ferro Sorocabana 3. Galpão anexo à estação. O edifício que hoje abriga o museu foi construído por Maylasky em 1980 para seu uso. Da casa, ele conseguia ver toda a estação e observar o seu funcionamento. A praça que se encontra a casa ganhou atualemente o nome do empreendedor.
Destinado para abrigar o Museu de Arte Moderna de Sorocaba (MACS), o galpão era utilizadado como armazém de abastecimento da estação. As obras do museu estão paradas há alguns anos, e não se tem previsão de sua retomada, e o IAB cedeu a sua sede para abrigar temporariamente o acervo do mseu.
5. Galpões da ALL
2. Chalé Francês
4. Barracão Cultural
6. Galpões de oficinas
Também localizado no Jardim Maylasky, a casa com estilo inglês e telhado francês data de 1910, quando foi construída para abrigar os engenheiros chfes da Estrada de Ferro Sorocabana. Atualmente, o prédio serve de sede do IAB Sorocaba.
Anexo à estação, o prédio é um espaço cultural, que atende à diversos tipos de eventos e palestras. Durante o funcionamento da estação, era usado para guardar a bagagem.
A America Latina Logística assumiu no final dos anos 90 o controle pelas estradas de ferro da extinta Companhia Sorocabana. Sendo assim, contruiu os galpões assinalados nesse período, e, apesar da desativação da linha em 2012, ainda contnuam em uso pela empresa.
Os grandes galpões localizados a norte da linha férrea foram usados como local de manutenção dos vagões, assim como eram os locais onde havia a preparação dos funcionários da companhia. Fotos: arquivo pessoal
Croquis de estudo dos edifícios.
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7. Estação
O primeiro edificio da estação é um marco para a cidade, uma vez que é considerado o primeiro edificio em alvenaria
de tijolos em Sorocaba, representando a nova técnica introduzida pelos imigrantes, tendo sido projetado pelo arquiteto Cantarino. A ascensão da burguesia na região culminou na intervenção do edifício em 1926, quando o arquiteto Francisco de
Paula Ramos de Azevedo foi convidado para projetar a reforma do edifício tal qual se encontra atualmente, usando aspectos do ecletismo.
“A ideia dominante do século XIX é de que a arquitetura deve ser representativa, de que deve evidenciar através da forma exterior e da
estrutura o status de seu ocupante, seja ele o Estado, seja ele o indivíduo particular.”
(FABRIS, 1993, p. 134)
Fabris (1993) também afirma que o ecletismo no Brasil possuía razões psicológicas. Existia o desejo de se formar uma
nova cultura que em nada lembrasse a velha metrópole ou os tempos de colônia, que levou o país a inspirar-se nos grandes centros europeus de civilização, importando, assim, mateirais que construíram seu futuro. A reforma da Estação Ferroviária de Sorocaba recebeu a ornamentação da Casa Francesa, a argamassa era feita a partir do cimento branco produzido na região, e o material de construção empregado como mármore, mosaicos e vitrais, era improtado e de primeira linha.
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Sorocaba em 1910: localização dos sobrados e fábricas têxteis.
A nova estação Ferroviária de 1930, encontrase bem conservada
(fonte: PRESTES , 1999, p. 205)
(fonte: arquivo pessoal)
(fotos: arquivo pessoal)
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Pierre Nora
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CONVERGÊNCIA E SOCIABILIDADE
“A memória se enraiza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto.”
O projeto desenvolveu-se a partir do conceito da indicada como um possível ponto para uma estação de VLT,
criação de novos espaços urbanos que pudessem gerar pretende-se nessa proposta adequar o edíficio da estação encontros entre a sociedade. A cidade passa a poder se parar abrigar a parada do VLT, conservando não apenas a encontrar em determinados espaços, ou ela mesma é fachada, mas também o seu uso. Assim, o que seria apenas capaz de propocionar essa experiência em seus percursos. um centro formador de cultura, passa a ser também um dos A proximidade de programas diversificados atraem para um principais locais de passagem de transuntes, fazendo com mesmo lugar as camadas sociais, convergindo a escala que haja maior possibilidade de intereção entre as pessoas. urbana em deterinados pontos. A questão cultural sempre
Como resultado da entrevista realizada, notou-se a
foi norte do projeto, uma vez que um dos principais objetivos falta de um teatro para a região, que passou a ser parte das da intervenção é fazer com o que o espaço subutilizado seja interções projetuais. Além disso, alguns disseram frquentar mais frequentado em diversos horários ao dia. A memória as atividades que costumam ocorrer no Barracão Cultural. passa então a ser foco para que o espaço criado não seja Assim, decidiu-se por manter o programa desse edifício, e apenas o resgate de um passado não tão distante, mas que do que foi destinado ao MACS, reestruturando apenas o seus ela possa fazer parte do indivíduo contemporâneo. Para acessos. tanto, a definição do programa para o Complexo da Estação
A inclusão do Jardim Maylasky com seus respectivos
se deu a partir da leitura da cidade, da área e de entrevistas edifícios ao projeto se deu pela proximidade desses instiitutos com pessoas que passavam em frente a estação, ou seja, culturais e pela sua falta de acessibilidade. Portanto, a a potenciais usuários do Centro Cultural.
conexão entre esses espaços foi o foco da primeira parte
Pensar na Estação como um ponto de convergência do projeto, pretendendo, assim, gerar espaços públicos
urbana remete ao seu uso, ou seja, é a porta de entrada caracterizados por promover o encontro de facilitar o acesso e saída da cidade, a partir de onde pode-se ter acesso à urbano. outras reegiões. Apoveitando a área de intervenção ter sido
DIRETRIZES 25
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Centro Cultural de Araras - São Paulo, Brasil (2009)
A antiga estação ferroviária da cidade foi
transformada em um centro cultural pelos arquitetos Bruno Bonesso Vitorino, André Dias Dantas, André Maia Luque, Fernando Botton e Renato Dala Marta, em um concurso realizado em 2004. O projeto teve um partido arquitetônico pautado na distribuição do programa de necessidades pelas construções originais, na criação de uma nova edificação para complementação do espaço necessário e na expansão, através de uma nova estrutura, da área coberta da antiga gare. O Centro aparece como principal referência, uma vez que seus edifícios são preservados mas adaptados para novos usos. A estrtuturação do espaço interno de um deles como área de exposição, bem como a construção de um anfiteatro. O cuidado com a preservação e o resgate da memória em uma estação ferroviária são foco que mantêm-se na proposta desse trabalho. (fonte: https://concursosdeprojeto.org/2009/10/28/centrocultural-de-araras-sao-paulo/ ùtlimo acesso: 04.jul.2016)
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REFERÊNCIAS
Passarelas em Salvador - Bahia, Brasil (Década de 50)
Como um gênio da pré-fabricação, Lelé desenvolvou as pessarelas de Salvador no
intuito de vencer as grandes barreiras físicas que as avenidas largas da cidade formavam para a acessibilidade dos pedestres, uma vez que elas separaram os moradores das reigões dos vales do centro da cidade, além de os isolarem em suas próprias regiões barrando o acesso aos outros bairros. As passarelas passam então de simple spassagem a consolidação do espaço urbano desses bairros. Somado a isso, destaca-se o fato dessas passarelas serem parte integrante de um projeto de VLT desenvolvido na época, mas que foi arquivado com o tempo.
A forma das passarelas também são relevantes nesse projeto. A treliça desenhada
permite uma permeabilidade do olhar tanto para quem está na passarela, quanto para quem está fora, e uso do material de aço, algo inovador para a época, é favorável para a leveza da forma que o projeto apresenta.
Somando todos esses aspectos, a escolha de uma passarela para transpor a avenida
que corta a área é relevante, uma vez que se trata de uma via arterial de Sorocaba, e uma das principais ligação do centro com as demais zonas da cidade. Portanto, a referência do projeto do Lelé é fundamental para que se crie uma concepção forte de urbanidade ao se criar uma ligação entre os dois lados da avenida que formam o Complxo da Estação. Além disso, a ultilização do aço no projeto foi fundamental, utilizando-se, assim, uma treliça inspirada na do arquiteto. (fonte: http://portalarquitetonico.com.br/as-passarelas-de-lele-em-salvador-e-um-pouco-de-sua-historia/ último acesso: 05.jul.2016))
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Le Fresnoy Art Center - Tourcoing, França (1991-1997)
Bernard Tschumi realiza no norte da
França uma obra de grande impacto de intervenção patrimonial. O Centro de Artes é composto por quatro edificios históricos, os quais são interligados por passarelas criadas pelo arquiteto, favorecendo a acessibilidade entre os diversos pontos do construção. Somado à isso, foi implantanda também uma cobertura que é o denominador comundo do projeto. O uso do aço expressa a contemporaneidade do projeto em contraponto aos edifícios hisóricos que foram restaurandos, e o uso de uma fachada com paineis móveis aumenta a sensação de permeabilidade do conjunto. O programa conta com um complexo sistema cultural, tendo as pessarelas como principal meio de acesso à eles, as quais também facilitam o deslocamento de um para outro quando necessário. É esse acesso externo vindo de uma cidade de cima que eu uso como referência na proposta. (fonte:
http://www.tschumi.com/projects/14/#
acesso: 05.jul.2016)
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ultimo
Fondazione Prada - Milão, Itália (2015)
Rem Koolhaas, Chris van Duijn e a OMA foram
os responsáveis pela tranformção de um antigo espaço industrial em um grande complexo que abriga a arte nas suas diversas formas. O pavilhão conta com uma arquitetura marcante, que foi explorada no máximo de sua materilidade, além da inclusão de três edificios anexos, sendo um deles um grande pavilhão de exposições com uma fachada permeável. Segundo os arquitettos, a Fondazione não é um projeto de preservação e não é uma nova arquitetura. Duas condições que normalmente são mantidas separadas aqui se confrontam num estado de permanente interação - oferecendo um conjunto de fragmentos que não congelam numa única imagem ou permitam que qualquer parte domine as outras. A busca por esse contraste, o englobamento de um programa diversificado, e claro contraste da forma e da mateialidade entre o que foi preservado e o novo acabaram por influenciar a proposta do trabalho apresentado. (fonte: http://www.tschumi.com/projects/14/# último acesso 05.jul.2016)
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Situação atual
Como di
de Sorocaba. O os quais são
maioria. Todov
uma área resid
dois pavimento
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Jardim Maylas
passado recen
40. A sua loca
e a antiga res
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32
ito, a área de projeto encontra-se na região central
O mapa mostra a implantação atual dos edificios, circundados por tipologias comerciais em sua
via, a área assinalada com o círculo trata-se de
dencial, portanto, não pública, com tipologias de
os. O segundo ponto, por sua vez, trata-se de uma
o proprietário é a prefeitura. Ela encontra-se no
sky, mas está abandandona e foi construída num
nte, com características da arquitetura dos anos
alização interfere na visão direta entre a Estação
sidência Maylasky, que hoje abriga o Museu da
rro Sorocabana. Vale ainda ressaltar que o Jardim
radeado, sendo fechado nos períodos noturnos.
ainda é cortada pela Avenida Dr. Afonso Vergueiro,
s principais vias arteriais da cidade, a qual conecta as demais áreas do Além Linha. Nesse trecho, a
vide em quatro faixas de veículos, o qual sempre
ongestionado em horário de maior movimento.
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IMP
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PLANTAÇÃO GERAL
PROPOSTA
A intervenção abrange a área que
contém o edifício da estação e seus dois anexos mais próximos, o estacionamento logo a frente da Estação, e o Jardim Maylasky com os edifícios institucionais. A prosposta é que a área se torne um complexo cultural associado a uma estação de VLT, gerando, assim, espaços capazes de produzir cultura e encontros entre indivíduos e entre pessoas e a cidade. A escolha de um espaço de preservação remete a ideia de pertencimento e resgate da memória, fazendo com que os sorocabnos possam sentir o espaço como parte de suas memórias, deles como parte da história da cidade.
Todavia, o maior desafio nesse primeiro
momento foi estabelecer uma conexão segura e que favorecesse as edificações. Para tanto, propõ-se uma passarela que utiliza o desnível acentuado do jardim para criar um percurso de passagem mas também de apreciação da paisagem.
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B’
ACESSOS E DESNÍVEL
A
B
A’
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CORTE A-A’
CORTE B-B’
38
0
0
20
20
Optou-se pela descida da passarela rente ao edificio do MACS, uma vez que a fachada nesse ponto já estava deteriorada. Além disso, o uso de vidro permite uma permeabilidade da visão, garantindo que quem passe por ali possa ter contato direto com a arte, não havendo a necssidade de entrar no espaço, garantidno, assim que a arte faça parte do cotidiano no indivíduo, e não mantenha-se reclusa em um determinado espaço. Vale a pena destacar que a mudança do acesso ao museu para a rampa também é uma maneira de diminuir essas barreiras.
O corte AA’ mostra também o como o desenho da passarela favorece
a visão do prédio da estação a partir de quem está no Jardim Maylasky. Assim, justifica-se a demolição da casa construída no começo do século XX, além do aumento do espaço público para permanência.
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PERSPECTIVAS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CERQUEIRA, Y. M. S. F. Espaço público e sociabilidade urbana: apropriações e significados dos espaços públicos na cidade contemporânea. Natal, 2013. p.122. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/12402/1/ YasminieMSFC_DISSERT.pdf FABRIS, A. A Arquietura eclética no Brasil: o cenário da modernização. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anaismp/ v1n1/a11v1n1.pdf KHÜL, B.M. O legado da expansão Ferroviária no interior de São Paulo e questões de preservação. In: CORREIA, T. B. BORTOLUCCI, M.A. (org). Lugares de Produção: arquitetura, paisagens e patrimônio. 1ed. São Paulo: Annablume, 2014, v.1, p.1320. Memorial da Estrada de Ferro Sorocabana, disponível na Secretaria de Cultura e Patrimônio de Sorocaba. NORA, P. Entre memória e história: A problemática dos lugares. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/ article/view/12101 Plano Diretor de Sorocaba de 2014. Disponível em: http://www.sorocaba.sp.gov.br/portal/servicos/plano-diretor-de-sorocaba
PRESTES, L. M. Sorocaba, o tempo e o espaço séculos XVIII-XX. São Paulo: s.n., 2001, p.294. PRESTES, L. F. A Vila tropeira de Nossa Senhora da ponte de Sorocaba: aspectos socioeconômicos e arquitetura das classes dominantes (1750-1888). São Paulo: ProEditores, 1999.
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