O VAZIO QUE NÃO PARA NATHÁLIAGREGORY
Nathรกlia Gregory
O VAZIO QUE Nร O PARA
JUNHO DE 2020
O alimento que brota no campo
percorre um longo caminho até chegar à mesa dos cidadãos fluminenses
A qualidade desses produtos depende de uma série de fatores fisiológicos, mecânicos e ambientais. Mas é nas mãos dos trabalhadores do campo e da cidade que tais fatores são transformados em cuidado com o alimento.
O mundo para. Se escuta o vento uivando solitário nas ruas. E a cidade, não dorme mas se esconde atrás de cortinas, assim assustada, parada. Ou quase... Uma tribo de trabalhadores mantém a população alimentada. Sem proteção contra o vírus que esvazia o mundo: eles seguem. Porque eles precisam de nos manter de pé. E, porque precisam manter suas famílias, e as famílias de quem planta, e as famílias de quem transporta, e as famílias de quem não fica em casa se escondendo, e adiando por mais um dia o seu último sonho.
A pandemia do COVID-19 reformulou a vida urbana e também deixou muitas ruas e edifícios vazios à medida que as pessoas praticam o distanciamento social e por conta dessa situação emergencial, estar ativo no trabalho torna-se um evento.
E se pudessem parar? Não o fariam. Não. Não permitiríamos. Precisamos deles. São invisíveis e, da forma mais palpável possível, estão presentes em todas as casas, todas as mesas, a cada refeição. Em cima do seu prato, esse vazio que não para. 4
A orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de evitar aglomerações. Mas essas centenas de funcionários que trabalham dentro do Ceasa do Colubandê, em São Gonçalo, continuam sendo expostos. Trabalhando em equipe para carga e descarga de caminhões, manipulam diversos tipos de alimentos chegam por toda parte do Brasil, destinados ao consumo dos municípios de São Gonçalo, Niterói, Magé, Itaboraí, Rio Bonito e outros em menor escala.
grande em relação aos dois municípios abordados no ensaio a seguir, então optei por fazê-las. No início do mês de março, fui à Central de Abastecimento Unidade São Gonçalo registrar esse segmento populacional invisibilizado que tem uma brava e intermitente rotina de trabalho a ser cumprida. E, com o avanço da pandemia do novo coronavírus, no final do mesmo mês saí às ruas de Niterói para registrar o impacto do distanciamento social para aqueles que puderam cumpri-lo.
Devido ao momento histórico que vivemos, a demanda aumentou, a infra-estrutura diminuiu. Com isso, estes personagens estão vivendo em condições precárias de trabalho mas, ainda assim, não podemos deixar de perceber a felicidade e satisfação ao executa-lo. A construção da narrativa se deu através da percepção do impacto do COVID-19 no espaço urbano. Pesquisei referências visuais e de composição através do trabalho de alguns fotógrafos que estavam registrando este tema e me deparei com excelentes matérias sobre as cidades vazias publicadas no The New York Times1, The Guardian2, Public3 e Jornal O São Gonçalo4. Mas havia uma falta de informações visuais muito
www.nytimes.com/interactive/2020/03/23/ world/coronavirus-great-empty.html?utm_ medium=website&utm_source=archdaily.com.br 2 www.theguardian.com/world/gallery/2020/ mar/23/coronavirus-us-cities-quarantine-in-pictures 2 www.theguardian.com/world/2020/mar/24/ isolation-portraits-the-faces-of-quarantine 3 www.publico.pt/2020/03/23/p3/fotogaleria/ os-belgas-vao-a-janela-mostrar-os-seus-tesouros-daquarentena-400806 4 www.osaogoncalo.com.br/geral/79767/ funcionarios-do-ceasa-em-sao-goncalo-relatam-descasodiante-da-pandemia-do-coronavirus 1
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Estação das Barcas de Niterói - Centro
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Museu de Arte Contemporânea - Boa Viagem
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Praia de IcaraĂ
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Avenida Amaral Peixoto - Centro
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Avenida Visconde do Rio Branco - Centro
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Praia de IcaraĂ
Praia de IcaraĂ
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Avenida Jornalista Alberto Francisco Torres - Praia de IcaraĂ
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