Cartilha para Organizações Feministas

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Cartilha para organizaçþes feministas



Carta ao leitor e à leitora...

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aro(a) leitor(a), você já parou para pensar em quantas mulheres trabalham nesta organização? Quantas delas estão em cargos de liderança? Termos como jornada dupla de trabalho, equiparação salarial e empoderamento feminino são recorrentes nas discussões na empresa? Segundo pesquisa do Instituto Ethos realizada em 2016 com as 500 maiores empresas do Brasil, nota-se que quanto maior o nível hierárquico, menor o número de mulheres. Por exemplo, apenas 11% do conselho de administração dessas empresas é composto por mulheres, enquanto elas fazem parte de 58,9% do quadro de estagiários. Diante de tais dados, é possível entender porque o Brasil chegou a ficar na 79ª posição no ranking global de 2016 da igualdade de gêneros de acordo com uma pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Esta cartilha procura trazer essas e outras reflexões sobre a realidade das mulheres nas organizações, aborda temáticas como liderança, estereótipos, diversidade e apresenta a comunicação interna como meio influenciador para essas discussões no ambiente organizacional. Lhe convidamos a fazer uma reflexão sobre a sua organização no decorrer da leitura desta cartilha.

Jennifer Quintas e Rúbia Pupo

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GLOSSÁRIO

Teto de vidro: quando mulheres são barradas profissionalmente, mesmo sendo qualificadas, pelo simples fato de serem mulheres e possuírem a obrigação socialmente imposta de cuidar da casa e da família. Empoderamento: processo de transformações de ideais e práticas que tem como objetivo dar espaço a indivíduos em determinado contexto. Feminismo: movimento social que luta pelos direitos das mulheres e busca a igualdade de gênero. Patriarcalismo: comportamento enraizado em todos os âmbitos da sociedade por consequência do patriarcado, sistema social, que privilegia os homens em detrimento das mulheres. Dupla jornada: termo utilizado para se referir à rotina de mulheres que precisam se articular entre a vida profissional e familiar. Estereótipo: impressões pré-concebidas utilizadas para generalizar características de indivíduos e grupos de forma negativa.


Sumário Os Direitos das Mulheres O Que é Diversidade Igualdade de Gênero nas Organizações O que é Empoderamento Feminino A representação feminina na publicidade Mude o discurso Mude o cenário Como está o empoderamento na minha organização Sugestões de uso da cartilha para a sua organização O papel da comunicação interna Nota das autoras

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Projeto Experimental de Conclusão de Curso de Relações Públicas da UNESP - Bauru sob orientação da Profa. Dra. Roseane Andrelo. Ilustrações: Lucas Castor Diagramação Náthaly Bueno Organizadoras: Jennifer Quintas e Rúbia Pupo Contato: jenniferrubia.tcc@gmail.com / (14) 98133-3501 ou (14) 98212-0777

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OS DIREITOS

Historicamente a mulher teve seu papel subjugado pela sociedade. Desde os primórdios por direitos e pela igualdade é histórica, demorada e constante. Conheça algumas

Mulheres puderam se matricular em estabelecimentos de ensino elementares

1827

Governo autoriza mulheres a estudarem em instituições de ensino superior

1852

Fundado o primeiro jornal produzido por mulheres – o Jornal das Senhoras

1879

Estatuto da Mulher Casada - permitiu que a mulher tomasse suas próprias decisões sem que precisasse de autorização do marido.

Criação da Federação Brasileira pelo o Progresso Feminino - primeira entidade feminista brasileira

1910

Fundação do Partido Republicano Feminino

1922

1932

Decreto de n° 21.076 garantiu o direito de voto feminino no País

1962


DAS MULHERES

das civilizações seu papel essencial é cuidar da casa e da família, e por isso sua luta conquistas da trajetória das mulheres no Brasil. Criada a primeira Delegacia de Defesa da Mulher em São Paulo e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) para aumentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais.

1980

SOS-Mulher - grupo criado por organizações feministas para dar apoio às mulheres

1985

Sancionada a Lei 13.104, que tipifica no Código Penal brasileiro o feminicídio, considerando homicídio qualificado o assassinato de mulheres em razão do gênero

Criado o Programa Nacional de Combate à Violência contra a Mulher

1994

Eleita a primeira governadora de um estado brasileiro

2000

2006

Sancionada a Lei 11.340/06 - Maria da Penha para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

2015

2018 Sancionada a lei Lei 13.718 que considera importunação sexual qualquer ato libidinoso, sem o consentimento da outra pessoa.

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O QUE É

A diversidade é um princípio básico de responsabilidade social, engloba raça, etnia, religião, orientação sexual, gênero, entre muitos outros fatores que definem o que cada ser humano é perante uma sociedade. Portanto, ela permite a convivência entre culturas, ideias e realidades distintas.

DIVERSIDADE NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL Para o ambiente organizacional possuir internamente essa diversidade, a organização deve incluir em seu quadro de funcionários: mulheres e homens de todas as idades; pessoas com deficiência, seja ela de qualquer tipo e não apenas física; negros, pardos e indígenas; homossexuais e transsexuais; entre outros, em todos os setores e cargos da organização. Portanto, um ambiente interno diverso significa uma grande vantagem competitiva para a organização, pois os contextos vividos por cada pessoa é diferente, o que enriquece a produção e o trabalho, ao permitir a troca de experiências e ideias entre o público interno, resultando em projetos inovadores e diferenciados perante organizações que não possuem essa diversidade em seu contexto organizacional. Contextos vividos por cada pessoa são diferentes os números comprovam como a sociedade brasileira é repleta de diversidade. Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, no Brasil: Estima-se que 20 milhões de pessoas são LGBT; 54% da população é de pretos e pardos; 51,5% são mulheres; 24% da população do país são deficientes.


DIVERSIDADE? NÚMEROS ALARMANTES Muitas empresas, apesar de propagarem entre seus valores a diversidade, são comandadas majoritariamente por homens, da raça branca, que cresceram com a mesma crença e vivenciaram as mesmas experiências. Dentro deste contexto, esquecem que seu público interno é composto por pessoas que viveram outros contextos. É urgente que as organizações levem para seu ambiente interno essa diversidade. Diversas pesquisas trazem números alarmantes do descaso que a falta de convivência com pessoas diferentes pode ocasionar. Por exemplo, 88% das ações de assédio sexual em 2016 se deram na esfera trabalhista. (Levantamento da base de dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

feito pela Kurier Analytics para a Revista Veja) *Mulheres ocupam apenas 27% dos cargos mais elevados de gerência nas organizações de mídia. (UNESCO 2016) *83% dos 60 milhões de trabalhadores domésticos no mundo é composto por mulheres (Oxfam - 2018) *Pessoas com deficiência representam apenas 2% do quadro de funcionários das organizações (Ethos) *Mulheres representam apenas 13,6% dos cargos de chefia e ganham 30% a menos que os homens. (Ethos) *Apenas 4,6% dos negros ocupam cargos executivos. (Ethos) *Não há indígenas em cargos executivos. (Ethos)

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GÊNERO ORGANIZAÇÕES

IGUALDADE DE NAS

UMA QUESTÃO INVERSAMENTE DESIGUAL No mundo, será preciso 217 anos para que a mulher tenha as mesmas oportunidades que o homem no mercado de trabalho. O Brasil ocupa a 79ª posição no ranking global, no que diz respeito à igualdade de gênero, sendo que 51,5% de sua população são mulheres. AS MULHERES:

* São 57% do total de universitários do Brasil * Possuem 0,5 anos a mais de estudos * Representam 60% dos brasileiros que já concluíram uma faculdade. * Compõem mais da metade do quadro de aprendizes e estagiários.

PORÉM:

* Nos cargos de gerência são apenas 31,3% * Em cargos executivos no setor financeiro são 10% * Ganham apenas 76% do salário que um homem ganha * Representam menos de 25% da diretoria e conselho

QUESTIONE-SE:

Quantas mulheres trabalham com você? Por que elas não fazem parte das lideranças? Leia mais em: https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/01/22/igualdade-entre-homem-e-mulher-no-mercado-detrabalho-pode-demorar-217-anos.htm?cmpid=copiaecola https://exame.abril.com.br/revista-exame/mulheres-no-topo-2/ https://www3.ethos.org.br/cedoc/diversidade-em-pauta-na-conferencia-ethos-20-anos-em-sao-paulo/ PERFIL SOCIAL, RACIAL E DE GÊNERO DAS 500 MAIORES EMPRESAS DO BRASIL E SUAS AÇÕES AFIRMATIVAS - Instituto Ethos


POR QUE A IGUALDADE DE GÊNERO É IMPORTANTE? Um ambiente de trabalho igualitário será capaz de atender todas as necessidades do público interno de uma organização. Muitas vezes, as organizações possuem em seu quadro executivo apenas pessoas com os mesmos perfis, que convivem em um mesmo contexto social - que destoa do contexto e perfil do quadro funcional - isso resulta em um planejamento fechado, que não condiz com a realidade dos funcionários. Quanto mais igualdade e diversidade dentro de uma organização, mais valioso será o resultado e mais rica será a cultura organizacional.

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O QUE É

EMPODERAMENTO FEMININO? Entenda mais sobre o assunto com a ativista indiana Srilatha Batliwala, Consultora Sênior de Knowledge Building na organização internacional CREA (Creating Resources for Empowerment in Action), que trabalha na intersecção de gênero, sexualidade e direitos humanos. Associada sênior na rede global de especialistas em gênero, Gender at Work, que apoia organizações para construir culturas de igualdade e inclusão. Seu trabalho se concentra na construção de novos conhecimentos a partir da prática, especialmente nas áreas de direitos das mulheres, capacitação e liderança feminista transformadora. Srilatha também capacitou ativistas feministas no Sul da Ásia, África Oriental, Oriente Médio e Norte da África, nos institutos de construção de liderança do CREA. Qual a sua definição de empoderamento feminino? Empoderamento é o processo - e o resultado desse processo - pelo qual (i) os membros com menos poder na sociedade ganham maior acesso e controle material, intelectual e de recursos intangíveis; (ii) desafiam as ideologias da discriminação e da subordinação que justificam o desempoderamento; e (iii) transformam as instituições e estruturas através das quais a desigualdade é sustentada e perpetuada

Por que o empoderamento feminino é importante para as organizações? O empoderamento feminino é importante para todas as organizações que declaram acreditar na igualdade social ou nos direitos humanos, ou que dizem que trabalham para a justiça social. A razão é simples: não é possível haver justiça social sem justiça de gênero. O empoderamento feminino é um caminho crucial para alcançar a justiça de gênero.

Quais os principais desafios enfrentados pelas mulheres nas organizações? As mulheres enfrentam diversos desafios nas organizações - não apenas desafios óbvios baseados na discriminação de gênero como encontramos com o “teto de vidro” e assédio sexual, mas também a questão do machismo enraizado nas organizações. Estas culturas são altamente patriarcais e masculinizadas, e não podem ser mudadas apenas com políticas e regras, ou oficinas para a sensibilização! A mudança só ocorrerá a partir


do reconhecimento estruturas.

de

tais

Como as organizações podem contribuir para o empoderamento feminino? No lugar de realizar projetos pontuais de curta duração, investir tempo, dinheiro e pessoas no processo genuíno de empoderamento feminino. O problema é que poucos têm a paciência ou o anseio de ajudar tal processo - eles querem resultados rápidos e mensuráveis, e acham que esse tipo de empoderamento é muito devagar e difícil de mensurar. Na verdade, o processo de empoderamento mostra resultados em poucos anos, que podem ser mensurados de maneira concreta, se usados os indicadores corretos. No setor privado, eles pensam que o empoderamento feminino pode ser alcançando apenas contratando mais mulheres, sem questionar a cultura patriarcal da organização e da maioria da sociedade, que tornam muito difícil para as mulheres competirem nessas estruturas, e ainda terem sucesso. Mulheres são frequentemente forçadas – tanto por suas ideias internalizadas quanto pelas pressões sociais – para sair do trabalho quando seus filhos estão crescendo,

e isso as empurra para baixo na hierarquia organizacional quando elas voltam à força de trabalho. Nós temos que repensar fundamentalmente como nossas organizações – e as maiores sociedades em que elas se encontram – têm que se

“EMPODERAMENTO É O PROCESSO - E O RESULTADO DESSE PROCESSO - PELO QUAL OS MEMBROS COM MENOS PODER NA SOCIEDADE GANHAM MAIOR ACESSO E CONTROLE MATERIAL, INTELECTUAL E DE RECURSOS INTANGÍVEIS” projetar para o empoderamento feminino em seu real sentido. Qual o impacto da liderança feminina nas organizações? Não se trata de mulheres que assim são biologicamente terem acesso à liderança. Isso é necessário e justo, mas todos nós vemos, em todo o mundo, que mulheres entrando em cargos de

liderança não é o suficiente – se elas são forçadas a se comportar exatamente como líderes homens para poderem sobreviver nessas estruturas. Apenas uma liderança feminista pode ter impacto positivo nas organizações – não importa se é praticado por mulheres, homens, transexuais ou crianças. E liderança transformadora tem uma dimensão interna (mudando nossos preconceitos patriarcais internalizados), como também uma dimensão externa, a maneira como nos mobilizamos e inspiramos outras pessoas. O que mudou no cenário das mulheres durante sua jornada? Enquanto algumas coisas mudaram para melhor, outras ficaram muito piores. Por exemplo, no meu país, Índia, há um grande índice de violência contra mulheres. Porém, meninas e mulheres jovens estão presentes hoje em espaços onde minha geração nunca foi permitida estar sem acompanhantes, como cinemas, transportes públicos, bares. Elas estão trabalhando, ganhando dinheiro, expressando suas opiniões e reivindicando o direito à igualdade. Então o patriarcado está sob ameaça - e está atacando de volta.

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A representação Feminina na Publicidade

Já se perguntou o porquê da publicidade retratar a mulher na maioria das vezes de forma estereotipada? Será que é como a sociedade de fato a enxerga? Na realidade, a resposta para essa pergunta é mais simples do que imaginamos: a publicidade ainda é feita de homens para homens. Um levantamento feito pela Meio&Mensagem no início de 2016 nas 30 maiores agências do Brasil revela que menos de 20% do criativo das agências de publicidade é composto por mulheres. As mulheres não se sentem representadas pelas peças publicitárias porque tais trabalhos, em sua maioria, são conduzidos por homens que, com a influência da sociedade patriarcal, reproduzem os estereótipos femininos que perduram por muitos anos. É sabido que não há como desvencilhar o criador da criação, assim, aqueles que estão nessa posição dentro das agências influenciam diretamente em como as peças publicitárias serão confeccionadas. A matemática é simples: junte pessoas que pensem igual (mesmas vivências) e terá um trabalho comum; junte pessoas com experiências distintas (diferentes, gêneros, etnias e culturas) e terá um ambiente propício à inovação. Apesar de estarmos presenciando uma mudança contínua em relação às campanhas veiculadas nas mídias, seja por demanda do público ou consciência das próprias organizações, a criação nas agências ainda é majoritariamente masculina e enquanto não houver uma preocupação com a igualdade de gênero inclusive nesse meio, mulheres continuarão sendo retratadas exclusivamente pelas lentes masculinas.

Leia mais em: https://www.navegg.com/blog/segmentos/infografico-o-perfil-dos-brasileiros-interessados-emveiculos/ https://www.cervesia.com.br/noticias/noticias-de-mercado-cervejeiro/3611-consumo-de-cerveja-cresce-entre-asmulheres.html http://www.profissionaldeecommerce.com.br/infografico-o-perfil-dos-brasileiros-interessados-em-esportes/


Grandes consumidoras A mudança nos padrões das peças publicitárias, além de necessária, é fundamental para que se atinja o público consumidor. Pesquisas apontam que as mulheres já são maioria no quesito de poder aquisitivo, inclusive em meio a produtos antes considerados para o público masculino: carros, cervejas e artigos esportivos. Atualmente, as mulheres são 58% dos consumidores de carros no Brasil; já em 2009 o consumo de cerveja entre as mulheres havia aumentado consideravelmente; elas também representam 55% do público consumidor de artigos esportivos.

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MUDE O DISCURSO

Algumas frases que são naturalmente utilizadas no ambiente organizacional possuem significados que implicam na desvalorização da mulher. Confira alguns exemplos e dicas de como evitá-los.

“Você precisa ter culhão!” * Essa frase geralmente é utilizada em situações que a pessoa precisa ter coragem e se impor mediante determinada situação, porém o termo culhão refere-se a um órgão genital masculino, levando a crer que somente um homem poderia agir dessa maneira. Dica: Você pode falar frases como: Você precisa se impor!; Você precisa se posicionar!; Tenha coragem! “Deve estar de TPM!” * Essa expressão é usada para se referir ao comportamento da mulher quando ela se impõe de maneira direta e defende sua opinião, comportamento que se apresentado por um homem é tido como determinação. Dica: Antes de falar essa frase, pense: Eu faria esse comentário se ela fosse um homem? “Isso é coisa de mocinha!” * Esse comentário costuma ser feito para apontar que uma atividade é de fácil execução e por isso poderia ser feita por uma mulher, subestimando o intelectual feminino. Ela também é utilizada para se referir ao homem quando este mostra sensibilidade, como se tal comportamento fosse exclusivo das mulheres. Dica: Ao taxar uma atividade como masculina ou feminina, você limita o potencial dos indivíduos da organização.


MUDE O CENÁRIO O machismo está tão enraizado na sociedade que foram criados termos para apontar situações em que a mulher é desvalorizada pelo homem, mas que passam despercebidas. Conheça esses termos e tenha consciência de seus impactos:

MANSPLAINING

BROPRIATING

Expressão que junta duas palavras em inglês: “man” (homem) e “explaining” (explicar). Refere-se à situação em que um homem faz uma explicação claramente desnecessária para uma mulher, como se não fosse capaz de entender algo que já é óbvio para ela.

Combinação de “brother” (irmão) e “appropriating” (apropriação). Acontece quando um homem utiliza a ideia já exposta por uma mulher e leva os créditos por ela, enquanto a mulher não é reconhecida.

Dica: Não desmereça a intelectualidade de uma mulher, ou de qualquer outra pessoa, antes de explicar certifique-se de que a pessoa não entende do assunto e que a explicação é relevante.

Dica: Se uma mulher propôs uma ideia e não foi valorizada, mas você acredita e concorda com ela, retome-a de maneira que os créditos sejam dados à idealizadora.

MANTERRUPTING

GASLIGHTING

Junção dos termos em inglês “man” (homem) e “interrupting” (interrupção), para designar a constante interrupção masculina enquanto uma mulher expõe sua opinião, não permitindo que ela conclua sua fala.

Termo em inglês que se refere ao que em português chamamos de abuso psicológico. É uma forma de distorcer as informações de forma tão sutil que leva a mulher a duvidar de si mesma, acreditando que enlouqueceu.

Dica: Não é educado interromper alguém no meio de sua fala, preste atenção, pois isso ocorre com naturalidade quando uma mulher está falando. Se achar necessário acrescentar comentários, espere que ela termine a fala.

Dica: Não use frases como “Não exagere”, “Para de surtar”, “Você está louca”.

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Como está o empoderamento na minha organização? RESPONDA PENSANDO EM SUA ORGANIZAÇÃO ATUALMENTE:

EXISTEM MULHERES NA DIRETORIA?

SIM

HÁ EQUIPARAÇÃO SALARIAL DE HOMENS E MULHERES NO MESMO CARGO? SIM

SIM

SIM

NÃO

SIM

BUSCA DE ALGUMA FORMA DAR VOZ ÀS MULHERES?

SIM

NÃO

ADOTA MEDIDA DE CONCILIAÇÃO ENTRE TRABALHO E FAMÍLIA? SIM

NÃO

POSSUI EM SEUS VALORES E CULTURA O COMPROMISSO COM A IGUALDADE DE GÊNERO?

NÃO

PARABÉNS! SUA EMPRESA SE PREOCUPA COM A IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO DA MULHER, CONTINUE ASSIM!

NÃO

EXISTEM AÇÕES AFIRMATIVAS PARA A CONTRATAÇÃO DE MULHERES?

NÃO

POSSUI ALGUM CANAL/OUVIDORIA PARA RELATAR CASOS DE ABUSO?

SIM

HÁ UMA PREOCUPAÇÃO COM A IGUALDADE DE GÊNERO?

NÃO

TEMAS SOBRE O EMPODERAMENTO FEMININO SÃO ABORDADOS?

NÃO

SIM

VOCÊS ESTÃO NO CAMINHO! NA PRÓXIMA PÁGINA CONFIRAM DICAS DO QUE MAIS PODEM FAZER!

NÃO

CONSCIENTIZEM-SE SOBRE A IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE DE GÊNERO. ESTA CARTILHA PODE AJUDÁ-LOS


SUGESTÕES DE USO DA CARTILHA PARA SUA ORGANIZAÇÃO A proposta desta cartilha é que ela seja utilizada como um instrumento de comunicação interna, respeitando a realidade de cada organização e suas especificidades. Ela busca promover a discussão no ambiente interno das organizações, porém não resolve o problema, é necessário que cada organização busque desenvolver-se mediante os temas apresentados. A cartilha pode auxiliar numa autoavaliação da organização para que esta possa avaliar quais os aspectos que precisam ser trabalhados e melhorados. Abaixo temos algumas dicas de utilização desta ferramenta: 3- Crie uma Comissão para a Diversidade e Empoderamento, composta por funcionários de diferentes departamentos e funções, dispostos a promover as temáticas abordadas pela cartilha. Essa comissão pode realizar eventos, cuidar da ouvidoria e mensurar a 2- Promova o contato de seus funcionários efetividade das ações. com alguma seção da cartilha que aborda um tema pouco discutido na sua organização, 4- Trabalhe a cartilha com o seu setor colocando cópias no Jornal Mural ou de Criação para que a diversidade e o sejam representados disponibilizando digitalmente por intranet, empoderamento à maneira que comunique melhor com seu também nos materiais gráficos, tanto internos quanto externos, da organização. público interno. 1- Organize Grupos de Discussão sobre os diversos temas abordados na cartilha para conhecer a opinião do seu público interno. Quanto mais diversificado ele for, mais rica será a experiência para seus funcionários.

A comunicação interna como estratégia para o empoderamento das mulheres nas organizações é um processo, portanto é contínuo e deve sempre ser avaliado, planejado e reavaliado buscando atender às demandas sociais vindas do público interno.

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O PAPEL DA COMUNICAÇÃO INTERNA comunicação

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se faz presente em todos os âmbitos da vida de um indivíduo, ela se expressa desde a maneira com que a pessoa fala até a escolha de sua roupa. Como influência, temos o contexto no qual esse indivíduo está inserido, que envolve, dentre fatores internos e externos, o momento histórico, seus valores pessoais e seus objetivos. Esses aspectos ditam a forma com que a comunicação se dá entre esse indivíduo e os demais de seu convívio comum. Isso não poderia ser diferente no ambiente organizacional, já que dentro da organização, há todo um cenário interno que deve ser levado em conta em relação à comunicação que permeia esse ambiente. É importante destacar que a comunicação vai muito além da disseminação de informações para as áreas de determinada empresa, ela envolve todo o significado que há por

trás de cada ação de comunicação realizada. Chamamos essa área de comunicação interna que é a responsável por entender as necessidades do público interno da organização e dessa maneira impactar em sua cultura organizacional, seu clima e em sua imagem. Para a compreensão do valor da comunicação interna dentro do ambiente organizacional precisamos enfatizar que antes de funcionários a empresa lida com seres humanos que possuem sentimentos, experiências e anseios diversos que, por mais profissionais que sejam, são incapazes de se desvencilhar completamente de suas vidas pessoais quando no trabalho. O ambiente de trabalho interfere diretamente no rendimento dos funcionários de maneira que quanto melhor eles se sentirem, mais produtivos eles tendem a ser. Em meio à essa realidade a comunicação interna assume o papel de possibilitar que: as informações cheguem àqueles que precisam


delas; o ambiente de trabalho seja confortável e os funcionários tenham o que necessitam, tanto no sentido operacional quanto emocional, para efetuarem seu trabalho da melhor forma possível; a organização tenha sua identidade bem definida em todas as suas áreas e todas e todos sintamse elementos importantes para o bom funcionamento na organização. Agora mais do que nunca, no cenário atual, em que as organizações possuem o público interno cada vez mais diversificado, é de extrema importância que tal diversidade seja contemplada também nas áreas

estratégicas da organização. As pessoas não querem, nem são obrigadas a, fingirem ser o que não são para se sentirem confortáveis em seu ambiente de trabalho.

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Nota das Autoras Somos jovens, mulheres e feministas. Ao longo de nossa graduação passamos por algumas experiências no mundo corporativo que nos trouxeram a esta cartilha. Fomos assediadas sexualmente e moralmente, tivemos nossa capacidade intelectual questionada, não fomos ouvidas pelo simples fato de sermos mulheres. Assim como vimos outras mulheres passando pela mesma situação. Esse cenário está tão naturalizado que muitas delas nem percebem e acabam contribuindo para a manutenção dessa estrutura patriarcal. Esta cartilha é um chamado para a conscientização da existência de tal estrutura, para que todos tenham os mesmos direitos e oportunidades. Combater o patriarcalismo não significa que queremos travar uma guerra entre homens e mulheres, a luta pelos direitos das mulheres não precisa ser só nossa, ela é de todos que entendem a importância da igualdade de gênero para a sociedade.

Jennifer Quintas e Rúbia Pupo




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