PREFÁCIO Inicio destacando a importância deste livro no momento em que nos encontramos. Não que devamos menosprezar o seu grande valor em outros períodos, mas é que em tempos de distanciamento físico, em que tivemos que adotar a modalidade remota de ensino compulsoriamente, disponibilizar recursos que facilitem o trabalho dos professores é essencial. Há uns dias, vi um meme em que comparavam o posicionamento em relação ao uso do celular na educação no ano passado e agora neste momento de distanciamento físico. Dizia o seguinte: 2019 – PROIBIDO USAR CELULAR NA ESCOLA. 2020 – PROIBIDO VIR PARA A ESCOLA. USE O CELULAR. Ao ler essas frases me lembrei de uma outra de Paulo Freire que cito com frequência: Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa de pensar errado. De testemunhar aos alunos, às vezes com ares de quem possui a verdade, um rotundo desacerto. Pensar certo, pelo contrário, demanda profundidade e não superficialidade na compreensão e interpretação dos fatos...Pensar certo é fazer certo. (FREIRE, 1998, p. 37-38)
A tecnologia não é boa ou ruim, mas sim o uso que se faz dela é que vai importar. O homem está por trás das tecnologias, da sua invenção, sua alimentação com dados, seu emprego, incluindo o nível de controle e até a escolha de quando desligar. Então, por que será que o ser humano tem tanta dificuldade em lidar com as tecnologias que nós mesmos inventamos? O que mais escuto de meus colegas neste momento é “não sei usar tecnologias digitais” ou pedem para que eu explique em poucas palavras, ou de forma simples, como eles podem usar um certo ambiente virtual de aprendizagem ou um certo aplica-tivo. O interessante detalhe é que esses colegas enviam essas mensagens usando e- mails ou WhatsApp, ou postam comentários no Facebook. Logo, eles sabem usar tec- nologias digitais, o que eles talvez não saibam é como usar essas mesmas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. O momento atual não só criou problemas de saúde, mas também intensificou ou simplesmente expôs, problemas sociais graves que já ocorriam, mas que nem sem- pre eram notados ou considerados. Um deles é a exclusão digital pelas camadas mais pobres e outro é o baixo nível de letramento digital de muitos colegas professores. Há muitos anos que escrevo sobre o que chamo de processo de consciência tecnológica. Geralmente, utilizo o esquema abaixo (Fig.1)
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