Suplemento "CASA DAS NOVIDADES"

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Design Gráfico Suplemento Ensino Magazine

No princípio ... DESTAQUE

“A Casa das Novidades de Christiano Pereira Barata” História e Estórias de uma Tipografia de Idanha-a-Nova



...usou Gutemberg tipos móveis. Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, ou simplesmente Johannes Gutenberg (Mogúncia, 1398 —1468) foi um inventor e gráfico alemão. A sua invenção do tipo (caractere) mecânico móvel para impressão começou a Revolução da Imprensa e é amplamente considerado o evento mais importante do período moderno. Teve um papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, Reforma e na Revolução Científica. Lançou as bases materiais para a moderna economia baseada no conhecimento e a disseminação da aprendizagem em massa. A invenção de Gutenberg propriamente dita, por volta de 1439, consiste na conjugação de 3 elementos: a invenção de um processo de produção em massa de tipos móveis com uma liga metálica, a utilização de tinta à base de óleo e a utilização de uma prensa de madeira similar à prensa de parafuso agrícola do período.

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Este “novo” sistema de produção gráfica, permitiu a produção em massa de livros impressos tornando economicamente rentável o negócio para gráficas e a dissiminação geograficamente mais alargada do conhecimento aos leitores. O uso de tipos móveis permitiu o aperfeiçoamento dos manuscritos, que era o método então existente de produção de livros na Europa, e na impressão em blocos de madeira, revolucionando o modo de fazer livros na Europa. A tecnologia de impressão de Gutenberg espalhou-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo mundo. A sua obra maior, a Bíblia de Gutenberg (também conhecida como a Bíblia de 42 linhas), foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica.

Página da BÍBLIA DE GUTENBERG, também conhecida como Bíblia de 42 linhas.


“Casa das Novidades de Christiano Pereira Barata�


Coleção de postais ilustrados decidados à vila de Idanha-a-Nova produzidos na Tipografia Christiano.


SEC. XX

“A Casa das Novidades de Christiano Pereira Barata” História e Estórias de uma Tipografia de Idanha-a-Nova Na memória de muitos idanhenses, ainda está presente a figura do “Sr. Christiano”, o proprietário da “Casa das Novidades de Christiano Pereira Barata”. Nesta “casa” havia de tudo, até uma tipografia. A tipografia e a casa comercial já não existem, o velho edifício é hoje casa de habitação, mas estão preservados alguns elementos gráficos resultantes do expediente da gráfica. Entre cartazes para os jogos de futebol, das touradas, das romarias, das sessões de cinema, dos espetáculos de variedades, de livros de faturas, cartões de visita, sobressaem os postais ilustrados da vila de Idanha-a-Nova. Os postais permitem aos Idanhenses de hoje saber como era a Idanha de outros tempos. E são muitos os que hoje com o recurso das redes sociais partilham estas memórias gráficas. Não menos importante é o facto de alguém, em 1898, além de fundar a “casa comercial”, abre uma gráfica num tempo em que os caminhos de ferro, importente via de comunicação, chegava só a Castelo Branco, poucos eram os que tinham automóveis e as matérias-primas chegavam a grande custo a esta zona do país.

Cristiano Pereira Barata nasceu em Alcains, concelho e distrito de Castelo Branco a 1 de julho de 1863. Começou a trabalhar com 11 anos de idade na Casa Comercial de José Augusto Preto em Idanha-a-Nova. Alguns anos mais tarde estabeleceu-se conjuntamente com Manuel Sena Belo como proprietários da Casa Comercial, e, posteriormente como único proprietário. Em 1898, funda a “CASA DAS NOVIDADES DE CHRISTIANO PEREIRA BARATA”no antigo Largo da Senhora do Rosário em Idanha-a-Nova, com loja no rés-do-chão e a tipografia no primeiro andar. Na “CASA DAS NOVIDADES” havia quase de tudo, de farinhas e cereais, das ferragens à ourivesaria, da papelaria à tipografia. Tinha até uma secção funerária. Podiam ainda tratar-se de assuntos relacionados com a banca e seguros, pois Christiano era agente do Banco Economia Portuguesa, e agente das seguradoras Confiança Portuense, Portugal Previdente e The Mutual Life Insurance Company of New-York e correspondente dos jornais: “Século”, “Diário de Notícias”, “Diário de Lisboa” e “Comércio do Porto”. Foi Tesoureiro na Câmara Municipal de


CHRISTIAN0 Todos os rosários d’este mundo junctos não formam um rosário tão comprido como o rosário de contas em que este homem anda sempre envolvido. Petiz, homem já; afiambrado, viuvo sem descendência certa o topa-a tudo, o de todos, e de todos os negócios e empresas d’ a quem e dálem mar e terras desconhecidas, correspondente de todos os centros comerciais e não comerciais, sympathico, semicareca, esperto e dos trinta suigeneres emprehendedor e um dos primeiros financeiros da provincia. Presidente, secretário, tesoureiro e contínuo, de todas as associações da terra.” In “O Beliscão”

Idanha-a-Nova, Secretário da Misericórdia e do Hospital e Presidente da Junta de Freguesia de Idanha-a-Nova e nesta última por 50 anos. Foi ainda co-fundador da Banda Filarmónica Idanhense. Christiano era considerado grande empreendedor, dinâmico, de conduta impoluta e muito respeitado. Com estas características, chamou a atenção de um um jornal jocoso “O Beliscão” que na sua única edição fez lhe fez referencia (texto na caixa à esquerda). Christiano Pereira Barata exerceu a sua atividade durante 60 anos, vindo a falecer a 19 de abril de 1956. O jornal “A Reconquista” de 29 de abril de 1956 refere: “Era muito estimado, pelo que a sua morte constituiu verdadeiro luto para esta Vila”. Qual o contributo de um mero empresário que na passagem dos sécs. XIX / XX investiu numa tipografia em Idanha-a-Nova, deu para o Design em Portugal? Talvez seja um pedaço de história que nos lembra de onde vimos e que nos fará refletir par aonde queremos ir.

Os postais permitem aos Idanhenses de hoje saber como era a Idanha de outros tempos.


Ficha Técnica Design: Nuno Capelo Desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular - Laboratório de Design II do Mestrado de Design da ESART/FAUL 2015


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