Em favor da Educação a Distância Instituições de ensino superior públicas de todo o país integram a Universidade Aberta do Brasil (UAB). O projeto do governo federal leva cursos de graduação e de especialização, através da modalidade de educação a distância, para cidades pequenas, muitas vezes, de difícil acesso e, quase sempre, longe dos municípios onde há uma universidade. Os pólos de apoio presencial estão presentes em 800 cidades espalhadas por todo o território nacional. Só no Paraná, são 13 mil alunos atendidos pelas sete universidades estaduais. Essa democratização do ensino superior, porém, está ameaçada. Isso porque, o governo federal, movido pela crise econômica que o país vem sofrendo, cortou as verbas de custeio da UAB pela metade Para tentar reverter a redução orçamentária, o Fórum Nacional dos Cordenadores da UAB, organizou uma campanha nacional em favor da educação a distância, pública e gratuita. A mobilização e o corte de recursos é o tema da entrevista com Maria Aparecida Crissi Knüppel, coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da Unicentro (Nead) e presidente do segmento das instituições estaduais do Fórum Nacional dos Coordenadores da UAB. Aproximação - De onde surgiu a campanha em favor da UAB? MAK - Essa ideia surgiu na 8ª Reunião Ordinária do Fórum de Coordenadores UAB, realizada em Brasília, no mês de julho. Ela é reflexo da necessidade que sentimos de nos mobilizarmos, nacionalmente, em favor da educação a distância devido aos problemas que ela vem enfrentando. Aproximação - O que motivou a campanha? MAK - A UAB, desde 2014, vem sofrendo um contigenciamento dos seus recursos. Isso tem dificultado que as instituições de ensino superior mantenham os seus cursos e realizem o ingresso de novos alunos. 2014 foi um ano difícil e em 2015 nós estamos enfrentando uma situação ainda pior. Falta perenidade de vagas para novos estudantes no sistema. Aproximação - Quais ações fazem parte desta campanha? MAK - Esta campanha tem o objetivo de sensibilizar, não somente quem está inserido no sistema - alunos, professores e tutores -, mas também o poder público em relação aos benefícios que a EaD proporciona as mais diversas regiões do país, a pessoas que jamais teriam acesso ao ensino superior, quer por falta de tempo ou por estar em regiões longínquas onde não existem universidades. O sistema UAB vai completar dez anos e nós acreditamos que ele não pode ser
“Não há como voltar atrás. Nós trabalhamos na perspectiva da construção de conhecimento em que as tecnologias são ferramentas para isso. Não, necessariamente, a tecnologia vai produzir o conhecimento, mas podemos utilizar essa tecnologia em favor do conhecimento de maneira equilibrada, tendo o homem como o centro desse processo”. Maria Aparecida Crissi Knüppel
apenas um programa de governo, ele precisa ser uma política de estado que perpasse qualquer governo e busque consolidar modelos de educação mais flexíveis. A EaD colabora para isso usando, principalmente, as tecnologias da informação e da comunicação em favor da sociedade. Então, é preciso investir na convergência entre o ensino presencial e a EaD para que, cada vez mais, nossa população tenha acesso não apenas aos cursos de graduação mas também a cursos de formação continuada, tão necessários ao desenvolvimento social e econômico de um país. Aproximação - O Fórum de Coordenadores UAB protocolou um pedido de Audiência Pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em Brasília. Como será essa audiência? MAK - Sim, o pedido foi apreciado e foi aceito. Estamos apenas aguardando o comunicado oficial da data em que se realizará essa audiência pública. Além da participação dos deputados federais, também convidaremos a diretoria de educação básica e a presidência da Capes e, ainda, os presidentes das entidades representantes de reitores das universidades federais, estaduais e dos institutos federais. Aproximação - Qual é o lugar da Ead e da UAB na Unicentro? MAK - A EaD na Unicentro também fará dez anos. Ela nasceu por meio de cursos de aperfeiçoamento. Gradativamente, ela foi se inserindo na legislação institucional e, hoje, nós podemos dizer que a modalidade está, de fato, institucionalizada desse ponto de vista. Mas, a EaD ainda precisa percorrer um longo caminho na convergência com o ensino presencial. Hoje, nós falamos muito mais em cursos híbridos; o modelo de atuação
da EaD no presencial e atividades presenciais no modelo de EaD. Aqui na Unicentro é preciso caminhar um pouco mais em relação a isso. Vemos também que a EaD foi ganhando espaço e que hoje ela é bem aceita por todos os nossos docentes e alunos que veem na modalidade um modelo de atuação na sociedade, que trabalha com bastante qualidade e que tem preocupação com o ensino, com o desenvolvimento do aluno. Paulatinamente ela veio crescendo e atingindo a maturidade. Atualmente, temos 19 cursos, entre especializações e graduações e penso que chegamos ao nosso limite. Tendo entre 4 e 5 mil alunos no sistema atingimos a meta que havíamos colocado no nosso PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional). Pela estrutura que temos, o plano, agora, é tentar manter esse número de alunos. Justamente, este ano não será possível por conta desse rearranjo orçamentário que tivemos. Devido a isso, estamos com 3.200 alunos. Por isso, reafirmo que precisamos consolidar esse sistema de educação. Aproximação - Quantas pessoas trabalham na equipe do Nead e estão, direta ou indiretamente, envolvidas com EaD na Unicentro? MAK - Nós temos uma média, entre professores, tutores e colaboradores, de 300 pessoas que trabalham conosco nos nossos cursos e nas nossas equipes. Aproximação - Qual a importancia da UAB para o Brasil, devido à interiorização do ensino e a sua capilaridade? MAK - Não há dúvida, ninguém diria que a Universidade Aberta do Brasil não tem importância! Ela teve um começo um pouco difícil, mas, agora, já se consolidou e não há retorno. Não