Livro de vivências

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VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, AMBIENTAL E SAÚDE Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior Giza Carla de Melo Bandeira Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca (Org.)


VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, AMBIENTAL E SAÚDE

NECAPS - CCSE - UEPA Belém-Pará 2008


Produção: Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps, do Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE, da Universidade do Estado do Pará – UEPA. Instituição Financiadora: Universidade do Estado do Pará / Pró-Reitoria de Graduação. Programa de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. Projeto de Ensino: Iniciação Científica: uma ação compartilhada no ensino Superior. Resolução Nº 958/04, de 07 de abril de 2004- CONSUN. Capa: Giza Carla de Melo Bandeira Revisão: Giza Carla de Melo Bandeira Fernanda Lílian Sousa de Jesus Maria de Jesus da C. Ferreira Fonseca Catalogação da Publicação na Fonte. UEPA/Biblioteca do CCSE Vivências Pedagógicas em Educação Científica, Ambiental e Saúde. Nº 1 / Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior, Giza Carla de Melo Bandeira, Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca (orgs.). - Belém: Gráfica Smith, 2008. ISBN: 978-85-982490-8-7 1. Educação Científica 2. Educação Ambiental 3. Educação para Saúde 4. Educação da Juventude 5. Atividades Pedagógicas.


AUTORES Alexandre Augusto Bezerra Ferraz Estagiário do Necaps (2005), Pedagogia /UEPA Andréa Cristina Soeiro Ferreira Estagiária do Necaps (2005), Pedagogia/UEPA Ariwilson Gomes dos Santos. Estagiária do Necaps (2006), Pedagogia/UEPA Beatriz Magno Moreira Estagiária do Necaps (2004), Engenharia Ambiental/UEPA Bruna Araújo Mendes Estagiária do Necaps (2005), Formação de professores/UEPA Camilla de Oliveira Broni Estagiária do Necaps (2004), Engenharia Ambiental/UEPA Carlos Alberto Saldanha da silva Júnior

Estagiário do Necaps (2005), Pedagogia/UEPA Cibele Braga Ferreira Estagiária do Necaps (2008), Terapia Ocupacional/UEPA Danielle Cristina Araújo e Silva Estagiária do Necaps (2000) Pedagogia/UEPA Danylla Darrielle Gomes Gama

Estagiária do Necaps (2006). Pedagogia/UEPA Deusimar do Nascimento Pereira Estagiário do Necaps (2007), Pedagogia/UEPA Dilma Costa Nogueira Estagiária do Necaps (2007), Pedagogia/UEPA Eliszane de Fátima Paraense da Costa Estagiária do Necaps (2004), Formação Professores/UEPA Elionai da Silva Teles Estagiário do Necaps (2008), Pedagogia/UEPA Fernanda Lílian Sousa de Jesus Estagiária do Necaps (2006), Pedagogia/UEPA Giza Carla de Melo Bandeira Estagiária do Necaps (2007), Mestranda em Educação/UEPA


Gustavo Maneschy Montenegro

Estagiário do Necaps (2006) Educação Física/UEPA Jaqueline Costa Santos Estagiária do Necaps (2006), Pedagogia/UEPA Jefferson de Abreu Monteiro Estagiário do Necaps (2008), Terapia Ocupacional/UEPA José Carlos da Silva Henriques Estagiário do Necaps (2004), Medicina/UEPA Jurema Araújo da Silva Colaboradora do Necaps (2006), Pedagogia/UEPA Luana Menezes Moreira Estagiária do Necaps (2005), Pedagogia/UEPA Lorena Rafaela Gusmão de Sousa Estagiária do Necaps (2007), Pedagogia/UEPA Mara Cristina Drago Souza

Estagiária do Necaps (2006), Pedagogia/UEPA Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca Coordenadora Necaps/ Doutora em Ciências Biológicas – Tese em Educação Murilo Henrique Moraes Cardoso Estagiário do Necaps (2008), Geografia/UVA Nahyara do Socorro Galvão Ribeiro Estagiária do Necaps (2007), Pedagogia/UEPA Patrícia Monteiro Lima Chagas Estagiária do Necaps (2004), Pedagogia/UEPA Rafael Melo dos Reis Estagiário do Necaps (2004), Engenharia Ambiental/UEPA Selma Solange Monteiro Santos Estagiária do Necaps (2005), Engenharia Ambiental/UEPA Sirley Sandra Modesto Santa Brígida Estagiária do Necaps (2007), Pedagogia/UEPA Rodrigo Carneiro Estagiário do Necaps (2005), Formação de Professores/UEPA Talita Salomão de Oliveira


Estagiรกria do Necaps (2005), Engenharia Ambiental/UEPA Talita Teixeira Pereira Estagiรกria do Necaps (2004), Pedagogia/UEPA Vitor Sousa Cunha Nery Estagiรกrio do Necaps (2007), Pedagogia/UEPA Wilton Macello Santos Teixeira Estagiรกrio do Necaps (2004), Engenharia Ambiental/UEPA


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...................................................................................................... 1. REFLEXÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS SOBRE EDUCAÇÃO...................

1.1-

Vivência em Educação (Giza Carla Bandeira).............................................

1.2-

A Proposta Educativa do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps ( Maria de Jesus da C. F. Fonseca)

1.3-

A Formação dos Jovens Pesquisadores da Necaps na Perspectiva da Pesquisa-Ação (Carlos Alberto S. da Silva Júnior)...................................

2. ATIVIDADES TEMÁTICAS E SABERES DIVERSOS............................................ 2.1- Reconstruindo o conceito de lixo: uma proposta de educação ambiental....... 2.2- Estudando a água por meio de oficinas educativas.................................... 2.3- Educação ambiental e formação de cidadania........................................... 2.4- Mural “olho de boto”: uma proposta de educomunicação socioambiental no ensino superior................................................................................................... 2.5- Reutilizando e criando artesanato como proposta de educação ambiental............................................................................................................. 2.6- Discutindo educação ambiental a partir do estudo dos vegetais................. 2.7- Formação de educadores ambientais: por uma ação compartilhada na educação superior............................................................................................... 2.8- Educação ambiental: brincadeiras e aprendizagens sobre o aquecimento global................................................................................................................... 2.9- Educação ambiental por meio da capoeira: uma ação com jovens da vila da barca - Belém /PA............................................................................................... 2.10- Um dia de coleta na floresta da Terra Indígena Mãe Maria: educação do cotidiano entre uma família de índios Gavião e Karajá....................................... 2.11- Reutilização de garrafas PET’s como proposta de discussão da educação ambiental com jovens da periferia de Belém/PA................................................. 2.12- Brincando com sucatas: construção jogos a partir de materiais reutilizáveis..........................................................................................................


2.13- Necaps na formação de jovens pesquisadores.......................................... 2.14- A experiência de atividades acadêmicas vivenciadas em grupo/núcleo de pesquisa na formação de jovens pesquisadores................................................. 2.15- Formação de professores: reflexões e ações a respeito da inclusão dos temas transversais no currículo escolar do ensino fundamental......................... 2.16- A escola e o combate à exploração infanto-juvenil..................................... 2.17- Pintura, música e poesia: em busca de uma cultura de paz....................... 2.18- Múltiplos olhares sobre a Educação Inclusiva: vivências e aprendizagens....................................................................................................... 2.19- Drogas: significados e aprendizagens......................................................... 2.20- Trabalhando a corporeidade na juventude.................................................. 2.21- Sexualidade e corporeidade: experiência da formação continuada com professores da rede pública do município de Bujarú/PA...................................... 2.22- Aplicação de jogo didático e a discussão da sexualidade juvenil.................................................................................................................. 2.23- Sexualidade, gênero e identidade: diálogos com a juventude.................. 2.24- Pedagogia da sexualidade: contribuições pedagógicas a juventude............................................................................................................. 2.25- Conversando sobre sexualidade................................................................ 2.26- Juventude e sexualidade: encarando prazeres e desafios......................... 2.27- Maternidade e paternidade na juventude: o desafio de uma gravidez precoce................................................................................................................. 2.28- Saberes da sexualidade e prática educacional: autoconhecimento e respeito................................................................................................................


LISTA DE FOTOGRAFIAS P. FOTO 01- Jovens construindo cartazes durante a oficina pedagógica FOTO 02- Atendimento aos jovens na oficina pedagógica FOTO 03- Jovens em construção coletiva na oficina pedagógica FOTO 04- Mural “Olho de Boto” exposto no Necaps / CCSE / UEPA FOTO 05- Jovens construindo artesanato em oficina pedagógica FOTO 06- Jovens discutindo a temática da oficina pedagógica FOTO 07- Participante da oficina construindo objeto FOTO 08- Jovens brincando com jogo didático-educativo FOTO 09- Jovens dançando capoeira FOTO 10- Jovens na floresta da Terra Indígena Mãe Maria FOTO 11- Jovens construindo objetos a partir do reaproveitamento de garrafas Pet FOTO 12- Jovens em trabalho, durante a oficina pedagógica FOTO 13- Trabalhos dos jovens, desenvolvidos durante a vivência FOTO 14- Jovens discutindo a temática do mini-curso FOTO 15- Professores de São João de Pirabas (PA), participantes do curso FOTO 16- Jovens produzindo material durante a vivência FOTO 17- Jovens realizando atividades durante a vivência FOTO 18- Participantes do evento FOTO 19- Jovens participando da dinâmica durante a oficina pedagógica FOTO 20- Jovens participando da dinâmica durante a oficina pedagógica FOTO 21- Professores participando de atividades durante a oficina pedagógica FOTO 22- Jovens realizando atividades durante a vivência FOTO 23- Jovens construindo cartaz durante a oficina pedagógica FOTO 24- Jovens participando de atividades durante a oficina pedagógica FOTO 25- Ministrante, durante exposição da temática FOTO 26- Jovens discutindo sobre sexualidade durante a oficina pedagógica FOTO 27- Jovens discutindo o texto lido durante a oficina pedagógica FOTO 28- Jovens em roda de conversa


Apresentação Aprender fazendo é lição que trazemos do cotidiano. Essa compreensão que em nossas vivências nascem e se materializam saberes-fazeres diversos, alimenta nosso pensar e fazer educação e constitui a base de construção do livro Vivências Pedagógicas em Educação Científica, Ambiental e Saúde, cujos autores são professores e alunos vinculados ao Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps, do Centro de Ciências Sociais e Educação CCSE, da Universidade do Estado do Pará - UEPA. O Necaps vem trabalhando, desde 1997, com professores e grupos juvenis universitários e oriundos de escolas do ensino fundamental e médio, desenvolvendo ações de ensino, pesquisa e extensão em Educação Científica, Ambiental e Saúde de forma articulada. Essa articulação possibilita um caminho de reflexão e ação, auxiliando os sujeitos participantes das diversas atividades desenvolvidas a alterar as relações que estabelecem entre si e destes com o meio em que vivem, contribuindo para seu aperfeiçoamento e transformação, a partir de um trabalho de investimento na formação científica e sustentabilidade socioambiental.. A formação científica é eixo fundante não apenas da Educação Científica, mas perpassa a Educação Ambiental e a Educação em Saúde nos trabalhos desenvolvidos no Núcleo. Os princípios da sustentabilidade socioambiental pressupõem o respeito a todas as formas de vida, responsabilidade individual e coletiva com a manutenção, no presente e no futuro, dos bens naturais e culturais em âmbito local, regional, nacional e global, pois, compreende o meio ambiente nas relações que se estabelecem entre os elementos naturais (atmosfera, hidrosfera, litosfera e a biosfera) e os socioculturais (variedade de modos de vida, de relações sociais, de construções culturais que a humanidade desenvolveu e desenvolve) na criação de cultura e tecnologia, por meio de processos históricos e sociais. Assim, temos buscado trabalhar via os programas desenvolvidos no Núcleo e consolidar uma ação pedagógica que faz interlocução e valoriza os saberes, a cultura e os modos de vida amazônica. Neste aspecto, as vivências são múltiplas e os saberes e fazeres nelas construídos incontáveis. “Vivências Pedagógicas em Educação Científica, Ambiental e Saúde” é um fragmento dessas construções. Neste livro, vamos encontrar vivências de professores e alunos que se misturam no tempo, no espaço e no movimento permanente de reflexão teórico-metodológica em que se coloca o Necaps, bem como interligam saberes e fazeres construídos em diversos contextos de interlocução (cursos, oficinas, seminários, jornadas, encontros) e em estágios diferenciados de formação de seus autores. O livro está organizado em duas partes: a primeira intitulada “Reflexões Teórico-Metodológicas Sobre Educação” traz textos que discutem concepções teóricas e metodológicas que têm orientado a ação educacional do Necaps. A segunda, “Atividades Temáticos: saberes e fazeres diversos” é uma coletânea de vivências de participantes do Necaps, ocorridas em espaços e tempos diferenciados. São 36 autores e 28 vivências em que participaram professores, alunos universitários, jovens do ensino fundamental e médio, profissionais de diversas áreas e a comunidade em geral.


Iniciar a socialização do acervo de vivências pedagógicas que integram os arquivos do Necaps é de uma imensa alegria para todos que fazem o Núcleo, especialmente pela possibilidade de publicar trabalhos de muitos autores, inclusive de alguns que hoje não participam de suas atividades. Nosso empenho é o de dar a conhecer estas, e as demais vivências arquivadas, de modo à disponizá-las para apreciação crítica de quem se interessa por temas de Ciências, Ambiente e Saúde, e que possam ser utilizadas integralmente ou adaptadas por professores em espaços educacionais. Agradeço a todos os autores deste volume a aos demais colegas que comigo aceitaram o desafio da organização desse livro pela dedicação na realização do trabalho. Nossa expectativa é em breve lançarmos um novo volume contemplando as vivências que ainda não foram publicadas nesse volume. Não poderia deixar de parabenizar toda família Necapiana (jovens das escolas, funcionários, bolsistas, voluntários e professores integrantes do Necaps) de ontem e de hoje que em cada ação desenvolvida fortalece em nós o que diz Ghandi: “somos a mudança que queremos ver”.

Profa. Dra. Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca Coordenadora do Necaps


É preciso que a educação esteja em seu conteúdo, em seus programas e em seus métodos, adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construindo-se como pessoa, para transformar o mundo, estabelecer com outros homens relações de reciprocidade, fazer cultura e história. Paulo Freire


1– REFLEXÕES TEÓRICOMETODOLÓGICAS SOBRE EDUCAÇÃO


1.1 – VIVÊNCIA EM EDUCAÇÃO Giza Carla de Melo Bandeira As sociedades crescem e se distribuem pelo planeta, cada uma se apropria de seu espaço de maneira diferente, isso não se configura apenas em distinções demográficas, mas culturais. “O fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está, exatamente, na transformação qualitativa e quantitativa do espaço habitado” (SANTOS, 1997, p. 37). Um espaço de articulação dos meios de produção do ser humano é habitado não apenas por paisagens, objetos, pessoas, mas, sobretudo, pela maneira como tudo se articula e é articulado nesse espaço. Desse modo, as pessoas modificam a si, aos outros seres, ao próprio espaço onde habitam e / ou transitam e também se (re) significam nessa interação com as “coisas”. Isto não se dá tão somente porque existe escola, ou porque existe arte, ou porque existe lingüística, ou pelas ocorrências do Estado, não é somente pelas relações de poder, nem pela natureza, mas efetivamente porque tudo isso se mistura e se constitui no que costumamos chamar “cultura, outro nome para vida” (SANTAELLA, 2003, p. 30). Nesse sentido, o fenômeno humano desvela sua dinâmica no lugar da vivência, o lugar-comum, aquele em que corriqueiramente praticamos rituais cotidianos, quase imperceptíveis, como: comer, falar, estudar, trabalhar, dançar, comprar, plantar, trocar, colher, cozer, etc. Existem muitas formas de construir a vivência. Cada sociedade cria seu modo de viver se organizando distintamente, de acordo com as possibilidades de seu espaço habitado. Crianças crescem observando comportamentos de adultos, logo, apreendem o modo de vida na comunidade e se tornam adultos aptos a darem continuidade nas práticas do grupo ao qual pertencem. No início do século passado, a prática etnográfica se tornava cada vez mais ávida em buscar por descrições densas sobre distintos modos de vivência, o que os antropólogos, com maior freqüência, costumavam chamar cultura(s). Com menos freqüência, os estudiosos das culturas se referiam às relações cotidianas e / ou cerimoniais como práticas educativas, mesmo tendo percebido que havia aprendizado entre as relações de jovens e velhos, na aquisição de caças e objetos de valor sagrado ou doméstico, na contação de histórias míticas, execução de rituais xamânicos, etc. Sobre esses saberes, Brandão (2007, p. 17) explica: [...] a sabedoria acumulada do grupo social não “dá aulas” e os alunos, que são todos os que aprendem, “não aprendem na escola”. Tudo o que se sabe aos poucos se adquire por viver muitas e diferentes situações de trocas entre pessoas, com o corpo, com a consciência, com o corpo-e-aconsciência.

Então, compreendo que a educação, bem como a cultura, existe sob formas diferenciadas, a partir da maneira como as sociedades se apropriam de determinado espaço-tempo, o que caracteriza sua vivência. A educação pode se configurar particularmente como científica, ambiental, artística, etc; e pode se dá com todos esses aspectos reunidos, borrando fronteiras entre diversos conhecimentos. Por exemplo, um catador de caranguejo, por meio de seus modos de agir, vivencia conhecimentos sobre outras espécies animais e vegetais (da / na área de


manguezais), sobre meio ambiente, sobre saúde, porém, talvez algum artista moderno (ou pós-moderno) nos diga que, em seu lugar comum, o catador de caranguejo esteja construindo uma performance, uma instalação, etc. Assim, o ato de vivenciar o espaço-tempo do mangue se torna mais do que apenas trabalho, mais do que arte, e, se colocarmos a lente da educação, esta aparecerá tão diluída que quase não a perceberemos, pois em muitas vezes, a distinguimos somente nos lugares que portam o nome “escola”. Entendo que o ato de pesquisar, aprender, saber e fazer com que outros aprendam é prática antiga, desde os primórdios das civilizações. Isso não pode ser reduzido somente à prática escolar! Ou melhor, a escola não pode se reduzir somente em seu espaço de sala de aula e cultura de currículo, com planejamentos anuais repetidos, engavetados! Entendo que a escola pode se apropriar desse “borrar de fronteiras” entre a educação e a vida, de modo a construir uma vivência com base numa cultura de educação significativa para toda a comunidade, onde todos aprendem e fazem aprender. Nesse ideal de educação, a ciência, o meio ambiente e a saúde se tornam um só, em prol de um aprendizado que gera qualidade de vida. Porém, é uma perspectiva de educação que causa rupturas com a história cultural da criação da educação institucionalizada: tanto em Platão quanto em Aristóteles, a educação é situada como formadora da moral (ética, bons hábitos, domínio próprio, base para o bem estar social e o bem). Sobretudo em Aristóteles, encontra-se “verdades imutáveis sobre um mundo acabado, fechado e finito”, o que marca fortemente a racionalidade clássica (ANDERY, 1996, p.96). Essa visão clássica nos é clara até os dias atuais, quando vemos, em planos de aula e práticas pedagógicas escolares, em pleno século XXI, o predomínio de aulas expositivas e exercícios de “fixação” como métodos principais de apreensão de conhecimentos universalizantes, como se a vida fosse imutável. Nesse tipo de realidade escolar, a dinâmica do espaço habitado está situada apenas da porta da sala de aula para fora, situação que exige uma superação do clássico, para transformar a escola em um esfuminho, possibilitando a diluição das linhas de contorno que possam existir entre a educação e a vida, concebendo suas subjetividades, presentes na dinâmica do espaço habitado. Não estou falando de um novo paradigma, pois a decadência do clássico e do moderno já é um episódio antigo. Com efeito, a crise da ciência moderna ocasionou, conseqüentemente, uma crise no paradigma educacional emergente, aquele legado da racionalidade clássica. Nesse ínterim, Heissler (apud OLIVEIRA, 2002, p.5) relaciona a esta nova visão de ciência a dialética entre várias formas de saber, uma dialética nascida nas práticas cotidianas; Castoriadis (apud OLIVEIRA, 2002, p.6) traz para esse bojo a representação simbólica, o imaginário, e a construção lógica de outra forma de pensar a realidade social; entre outros autores, mais contemporâneos, que trazem idéias múltiplas sobre a ciência emergente. O grande diferencial dessa outra concepção de ciência, mais contemporânea, é a constituição de novos atores sociais, sujeitos de práticas cotidianas de resistência, as ditas “minorias”, anteriormente estigmatizadas pelo escolacentrismo. Nesse contexto de superação do clássico, a escola incorpora mudanças a partir das influências de uma outra forma de ciência que emerge, quando Paulo Freire questiona a escola tradicional, o positivismo, o reducionismo e o determinismo, valorizando a interação entre o conhecimento escolar e o conhecimento experiencial. Dessa forma, a vida passa a ser vista como um todo, onde não se dissocia poder, conhecimento, cultura, etc.


Trata-se de uma outra ciência que gera uma outra escola e, conseqüentemente, uma outra maneira de ver o mundo, por meio do autoconhecimento e do reconhecimento do outro, ação que implica uma determinada inteligência interpessoal. Assim, no paradigma educacional emergente, a educação deverá despertar no indivíduo a sua autoconsciência e colaborar para a transcendência do seu eu individual para o eu coletivo ou transpessoal. Assim, as vivências em educação, propostas de atividades temáticas executadas pelo Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps, descritas nesta obra, representam registros de trabalhos que esse grupo de professores e estagiários têm desenvolvido no intuito de “borrar fronteiras” entre a prática pedagógica escolar e a vida, possibilitando a construção de conhecimentos significativos a todos que se dispõe a participar ativamente das experiências propostas. São vivências que surgem de inquietações de pesquisa, aliadas aos critérios metodológicos e a busca por qualidade de vida. Portanto, de modo geral, a ação educativa do Necaps se coloca a disposição dessa dinâmica do espaço habitado, com intuito de influenciar a transformação qualitativa e quantitativa desse lugar-comum, ou seja, o espaço onde se constrói a vivência das pessoas.

REFERÊNCIAS ANDERY, Maria Amália. Para compreender a ciência: uma retrospectiva histórica. São Paulo: EDUC, 1996. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007; OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de. Racionalidade Científica Moderna e PósModerna. In: Saberes, Imaginários e Representações na Construção do Saberfazer Educativo de Professores da Educação Especial. 33lf. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação-Currículo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2002; SANTAELLA, Lúcia. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003; SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo: Editora HUCITEC, 1997.


1.2 – A PROPOSTA EDUCATIVA DO NÚCLEO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, AMBIENTAL E PRÁTICAS SOCIAIS - Necaps Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca INTRODUÇÃO O Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps surgiu da necessidade de expansão das ações desenvolvidas no Programa de Aperfeiçoamento Pedagógico em Educação Científica e Ambiental - Proapecin, implantado em 1997, por minha iniciativa e da profª Maria de Nazaré dos Remédios Sodré, no Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE, da Universidade do Estado do Pará – UEPA (NECAPS, 2005). Desde sua implantação, o Necaps tem incentivado a realização de atividades de iniciação científica em contextos formais e não-formais de educação, como possibilidade de suscitar no cidadão a construção do conhecimento, a criatividade, o desenvolvimento de habilidades do pensar e de valores universais, além da inventividade. Assim, vem trabalhando na elaboração de uma proposta pedagógica que considera a realidade local e o interesse por sua compreensão, como caminho para a ação educativa. A perspectiva é tornar a aprendizagem resultado da interação entre sujeitos, em um determinado contexto sócio-histórico (VYGOTSKY, 1984), objetivando contribuir na construção de conhecimentos capazes de auxiliar a leitura de mundo dos sujeitos envolvidos no processo de ensinar/aprender, aprender/ensinar. A ação pedagógica desenvolvida visa uma formação ampla (social, cultural, econômica, política e ambiental) que impulsione o cidadão a lutar pelos direitos de cidadania e emancipação social sustentado pela compreensão crítica dos conhecimentos científicos, com base nos seguintes pressupostos: indissociabilidade entre teoria e prática, interdisciplinaridade, iniciação científica e valorização do ambiente (FONSECA, 2004), por meio de ações em Educação Científica, Ambiental e Saúde, vistas de forma interrelacionadas e articuladas em atividades de ensino, pesquisa e extensão. A perspectiva é que os participantes dos programas desenvolvidos pelo Núcleo ampliem sua compreensão sobre a realidade e possam nela intervir a partir de um processo permanente de reflexão – ação – reflexão, a partir dos temas trabalhados. Desse modo, o Necaps objetiva: • Investigar e discutir a produção do conhecimento nas áreas de Educação Científica, Ambiental e Saúde de forma articulada e incentivar práticas educativas dirigidas à juventude, sintonizadas com o desafio da construção da cidadania, melhoria da qualidade de vida e do ensino de qualidade; • Realizar ações integradas de ensino, pesquisa e extensão voltadas à educação da juventude, de modo a fortalecer a valorização dos bens naturais e culturais amazônicos e sua sustentabilidade; • Aprofundar estudos teórico-metodológicos voltados para a solução de problemas de ensino-aprendizagem no âmbito da Educação Científica, Ambiental e Saúde.


Promover eventos científicos e culturais voltados para a educação do jovem vinculados a temas de Ciências Naturais, Educação Ambiental e Saúde de forma integrada; • Fomentar ações de socialização do conhecimento científico por meio da produção de textos, do mural científico, cartilhas, livros, revistas e cursos voltados para as áreas de sua atuação; • Propiciar aos discentes dos cursos da UEPA e professores do ensino fundamental e médio, espaço para realização e participação em atividades diversas (estágio, atividades de iniciação científica, formação inicial e continuada) como contribuição ao desenvolvimento profissional. O Núcleo desenvolve suas ações com base nas seguintes linhas de pesquisa: Produção, Apropriação e Difusão do conhecimento: na qual se realizam estudos e pesquisas sobre processos de produção, apropriação e socialização do conhecimento, voltados à Educação Científica, Ambiental e para Saúde dirigidas à Educação da Juventude; Formação Inicial e Continuada: onde se investiga o processo de formação inicial e continuada em Educação Científica, Ambiental e para Saúde, voltados a diversos grupos sociais (professores, técnicos, lideres comunitários) que atuam na Educação da Juventude; Cultura Digital: buscando entender o impacto das tecnologias da informação nos processos de apropriação, produção e socialização de saberes voltados a Educação Científica, Ambiental e Saúde; Sociobiodiversidade, Sustentabilidade e Educação: cujos estudos objetivam verificar a condição de interferência da Educação Formal e Não- Formal para o conhecimento e difusão de temas relacionados a biodiversidade, sociodiversidade, especialmente aquela relacionada à Amazônia Paraense, e contribuição desses saberes para promover consciência pública de valorização do ambiente amazônico entendido na inter-relação sociedade-natureza, com vistas à formulação de ações educativas que fomentam a utilização sustentável da biodiversidade e a valorização da cultura amazônica. Cultura de Paz, que investiga processos diversos de violência que está submetida à juventude bem como práticas educacionais que auxiliam no enfrentamento de situações de exclusão e marginalização juvenil, especialmente na Amazônia paraense. AÇÕES DESENVOLVIDAS Para atingir os objetivos previstos pelas linhas de pesquisa há pouco mencionadas, o Necaps desenvolve as seguintes ações: Estudos e Pesquisa: São ações planejadas e executadas de acordo com os interesses dos integrantes do Grupos de Trabalho que integram o Núcleo, voltadas às linhas de pesquisa estabelecidas. Atividades de Formação Inicial e Continuada: São cursos, diálogos científicos e pedagógicos, oficinas, grupos de trabalho, palestras de temas diversos, relacionados às áreas de atuação do Necaps. As ações são voltadas a professores, técnicos, líderes comunitários e alunos universitários que atuam na Educação da Juventude. As atividades com orientação teórica-prática envolvem a discussão, planejamento e execução de atividades educacionais, a serem aplicadas em contexto formais e não formais de Educação. Desde 2004,


coordeno o Curso de Espacialização em Educação Ambiental Escolar, atualmente em sua quarta turma. Criação do Banco de Atividades Pedagógicas: Todas as atividades produzidas, adaptadas, testadas e avaliadas durante os programas desenvolvidos pelo Núcleo, como: textos, atividades e projetos de investigação, cartilhas, jogos, filmes, dentre outros, são cadastradas e compõem o seu banco de Atividades Pedagógicas em Educação Científica, Ambiental e para Saúde. Realização de Eventos Científicos: O Necaps realiza mostras e salão de trabalhos pedagógicos, seminários, encontros, jornadas científicas internas e itinerantes, de forma a disseminar conhecimentos diversos e ações desenvolvidas. Atividades de Difusão Científica: São ações que visam à difusão das produções do Necaps. Dentre as atividades desenvolvidas podemos citar: a organização do Caderno de Educação Científica e Ambiental, o jornal “O Sopro” e o mural científico “Olho de Boto”. Estágio Extra-Curricular: São ações que favorecem a prática vivencial em atividades de Educação Científica, Ambiental e para Saúde, constituindo-se, portanto, em espaço privilegiado para que os alunos da UEPA e professores da Educação Básica possam compartilhar experiências múltiplas, por meio do convívio entre docentes e discentes fortalecendo a formação do educador. AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES: O processo de avaliação das ações previstas ocorre de forma contínua, durante a realização das mesmas, a fim de avaliar a validade de sua aplicação e a relevância no contexto do trabalho e após sua execução, objetivando avaliar os aspectos positivos e as sugestões de melhoria, de forma a redimensionar a ação sempre que se fizer necessário. FAZER PEDAGÓGICO: O Necaps desenvolveu uma metodologia própria para orientar seu trabalho educacional, cujo princípio é promover reflexões sobre valores universais que qualificam a existência humana, incentivo à iniciação científica e busca pelo prazer no ensinar-aprender. Assim, a ação educativa com os jovens, professores, alunos universitários e comunidade atendida pelo Núcleo é realizada por meio das seguintes atividades: Atividade de Acolhida: compreendem atividades de integração grupal, em que são trabalhados conhecimentos, habilidades e valores diversos, de modo a facilitar a participação nas atividades e decisões a serem tomadas durante o trabalho realizado pelos participantes. Atividades de Conhecimento Específico: relacionam-se aos conteúdos, habilidades e valores referentes ao conhecimento das Ciências Naturais, Ciências Ambientais e da Saúde, sendo desenvolvidas por meio de atividades de iniciação científica (observações, experimentações, investigações de saberes diversos, improvisação de materiais, excursões, escrita de textos, relatórios, produção de cartilhas e artigos), de informática (construção de gráficos e tabelas), lúdicas (desenhos, jogos, música, teatros, paródias, colagem, construção de murais, maquetes etc.), relativas aos temas desenvolvidos nos projetos de ensino, pesquisa e extensão propostos.


Atividades de Despedida: dinâmicas que visam propiciar a avaliação do trabalho realizado, assim como, um clima favorável ao retorno dos participantes às próximas atividades, de forma a prevenir sua evasão do grupo. As atividades de Acolhida, Conhecimento Específico e Despedida, são realizadas de forma integrada, orientadas pelas temáticas que norteiam as ações propostas. O FAZER-APRENDER E O APRENDER-FAZER A oportunidade de conhecer diferentes espaços educacionais e práticas educativas, de dialogar com alunos e professores do ensino fundamental e médio, alunos universitários de diferentes cursos, colegas professores da universidade e grupos sociais diversos, bem como vivenciar ações de ensino, pesquisa e extensão de forma articulada têm possibilitado aos Necapian@s refletirem e reafirmarem continuadamente o papel social de educador, pois nessa relação estão sempre presentes novas palavras, novos sentidos, novos caminhos, exigindo de tod@s uma reavaliação de “nossas convicções pedagógicas” e com isso a possibilidade de sua resignificação. Participar desse trabalho de grupo, no qual cada um e tod@s são protagonistas da construção coletiva de sentidos que orientam práticas educacionais, a partir de temas de Ciência, Ambiente e Saúde, se constitui em matéria-prima necessária para qualificar o processo de ensinar-aprender. Assim, a rica interação estabelecida no Necaps onde as vozes são ouvidas e os saberes trocados contribuem para a formação de homens e mulheres capazes de entender a sociedade em que vivem e, além de instigar ações transformadoras capazes de transformar valores existentes. Nessa vivência aprendemos a respeitar o pensar do outro, a compartilhar idéias e ideais, dúvidas a debater e negociar novos sentidos, a elaborar e desenvolver práticas educativas circunscritas nas necessidades dos sujeitos envolvidos e a compreender, de forma mais clara, o nosso papel social de educador.

REFERÊNCIAS FONSECA, Maria de Jesus da C. F. Biodiversidade Amazônica no contexto escolar: algumas considerações. In: Referências para pensar aspectos da Educação na Amazônia. Oliveira, I. A. & Teixeira, E. (Org). Belém, EDUEPA, 2004; NÚCLEO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, AMBIENTAL E PRÁTICA SOCIAIS. Relatório Final. Mimeo, Belém -. Pará, 2005. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes Editora, 1984;


1.3– A FORMAÇÃO DOS JOVENS PESQUISADORES DO NECAPS NA PERSPECTIVA DA PESQUISA-AÇÃO1. Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior INTRODUÇÃO

O Necaps, enquanto espaço articulador de atividades de ensino, pesquisa e extensão, vem contribuindo significativamente ao longo de sua trajetória histórica, no que tange ao processo de formação de jovens pesquisadores, à medida emque desenvolve uma prática interdisciplinar a partir de uma concepção pedagógica humanista-libertadora, de base Freireana, que fundamenta-se no existencialismo, no personalismo e nos pressupostos teóricos de Marx e Gramsci (OLIVEIRA, 2003), ao se almejar uma formação integral que contemple os aspectos social, cultural, econômico, político e ambiental, para impulsionar o cidadão a lutar pelos direitos de cidadania e de emancipação social sustentada na compreensão crítica dos saberes produzidos socialmente. É nesse contexto e partindo da compreensão de Demo (1990), a respeito da articulação ensino-pesquisa, que a prática pedagógica do Necaps foi construída de acordo com quatro princípios que fundamentam sua ação, a saber: a iniciação científica, a indissociabilidade teoria e prática, a interdisciplinaridade e o conhecimento e a valorização do ambiente amazônico. O princípio da iniciação científica possibilita a interação e utilização de diversas metodologias de pesquisa, que colaboram para a ampliação da reflexão crítica tanto da realidade quanto do conhecimento produzido, munindo, o iniciante em pesquisa, de instrumentos capazes de enriquecer sua compreensão de mundo e de vida, e assim modificar a sua postura no processo aprender/ensinar e ensinar/aprender. Com a indissociabilidade teoria-prática, que é substancial à iniciação científica, constrói-se ainda, um contexto em que o jovem iniciante intervém sobre a realidade, passando a refletir de modo em que a ação da prática, tão necessária para a produção do conhecimento seja vivenciada integralmente, desconstruindo a cisão histórica entre teoria e prática. (FONSECA, 2006). Fonseca (2006) acredita que a articulação desses dois primeiros princípios só se efetivará mediante uma postura interdisciplinar. É a interdisciplinaridade que garantirá a análise de determinado fenômeno em todos os seus aspectos, pois buscará nas diferentes áreas do conhecimento a construtividade essencial a uma apreensão crítica, resultante da reflexão-ação, necessária à prática do educadorpesquisador. E por fim, a valorização do ambiente amazônico é apresentada como princípio da prática pedagógica necapiana 2, este, torna-se mister, pois é justamente a inter-relação das ações que o homem pratica sobre e no meio em que vive que assegurará, assim, mudanças sociais primordiais ao desenvolvimento da humanidade em sociedade e o sentido da coletividade neste desenvolvimento. 1

Este trabalho é uma adaptação e ampliação do Subitem do II Capítulo intitulado “Necaps: espaço de vivência de ensino, pesquisa e extensão em educação”, disponível em: SILVA JÚNIOR, Carlos Alberto Saldanha da et al. Formação de Jovens Pesquisadores: saberes e práticas vivenciadas no Núcleo de Estudo em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps/CCSE/UEPA. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia). Universidade do Estado do Pará, Belém/PA, 2007. Trata de um estudo no ano de 2007, a respeito das contribuições que a inserção dos estudantes de graduação em grupos/núcleos de pesquisa para sua formação enquanto iniciantes no mundo da pesquisa; 2 Termo utilizado para designar que determinado acontecimento, palavra, objeto é de exclusividade do Necaps, e neste caso específico, trata-se de uma prática pedagógica que somente acontece no âmbito deste núcleo de pesquisa.


Estes princípios são considerados em todas as atividades desenvolvidas no Núcleo de pesquisa, pois se entende que estes possuem papel importante na formação de jovens pesquisadores. Ao desenvolver sua proposta pedagógica, contemplada nestes quatro princípios, o Necaps busca propiciar aos, seus acadêmicos, oportunidades de, a partir dos trabalhos de investigação da realidade vivida, interpretar e agir no mundo de forma crítica e construtiva, assim como, manter viva a curiosidade intelectual, fortalecendo a autonomia na realização de atividades científicas e pedagógicas (FONSECA, 2006). Para tanto, o Núcleo tem adotado, na maioria das atividades que realiza, como caminho metodológico, a pesquisa-ação, por considerar que pode revelar aspectos sobre as relações sociais que envolvem o processo ensinar-aprender, bem como verificar as mudanças de atitudes e comportamentos dos sujeitos participantes envolvidos no referido processo, por meio de uma ação prática, para que, assim, esses atores tomem conhecimento da própria realidade e possam vir a atuar mais eficazmente sobre ela, transformado-a, além de que a pesquisa-ação busca, entre outras coisas, focalizar a realidade de forma complexa e contextualizada, procurando compreender o contexto da situação em que em ocorre o fenômeno estudado. (ANDRÉ, 1995). CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA-AÇÃO NA FORMAÇÃO DOS JOVENS PESQUISADORES Segundo Barbier (2002), a pesquisa-ação toma fôlego a partir da 1ª metade do século XX com o processo de radicalização epistemológica a partir de dois períodos: um primeiro, em que se encontra uma emergência e consolidação e um segundo, com radicalização política e existencial, destacando-se as contribuições de Kurt Lewin, nos anos de 1940 ao definir uma espiral auto-reflexiva com a proposta de romper com a visão positivista, funcionalista e tradicional da Ciência, principalmente nas áreas do conhecimento social e humana, num contexto de pósguerra e dentro de um enfoque de investigação experimental e de campo. Lewin, ao propor uma espiral auto-reflexiva e cíclica por meio de sucessivas etapas de planejamento, ação, observação e reflexão, marca definitivamente a pesquisa como um processo dialógico e problematizador da realidade, ao recomendar um procedimento de investigação das relações sociais para se chegar às mudanças comportamentais individuais necessárias a sociedade (ZAKRZEVSKI & SATO, 2003). Na perspectiva dessas autoras, a pesquisa-ação passa a ser uma proposta metodológica que visa à emancipação de sujeitos e de grupos que estejam envolvidos no processo de investigação, procurando concomitantemente conhecer e atuar em dada realidade que, por possuir essa natureza, acumulou ao longo de sua construção, uma diversidade de vertentes 3, isto é, enfoques e/ou tendências que, segundo Zakrzevski & Sato (2003), são, a saber: •

3

A primeira vertente chama-se de anglo-saxônica e possui um caráter diagnóstico, centrando seu foco na formação de professores reflexivos e nas práticas desenvolvidas por estes professores, e seus maiores contribuídores foram Stenhouse e Elliot;

Sobre o aprofundamento da discussão sobre as vertentes da pesquisa-ação, consultar a obra: FRANCO, Maria Amélia Santoro. A pedagogia da pesquisa-ação. São Paulo/SP: Educação e Pesquisa, v. 31, n° 3, p. 483-502, set./dez., 2005.


• •

As vertentes, espanhola e portuguesa, partem da pesquisa-ação na formação continuada de educadores tendo o mesmo princípio da vertente anglo-saxônica. Seus principais estudiosos são Pérez Gómez e Nóvoa; A vertente norte-americana parte da idéia central de Lewin, modificando-se posteriormente com as contribuições de Cohen, Finch e Evans, passando a ter um foco de investigação colaborativa ou cooperativa com uma visão mais técnica; A vertente francesa priorizou a educação não-formal, buscando a conscientização dos grupos sociais para emancipá-los, tendo Barbier como seu maior representante. Na América Latina, essa vertente foi disseminada como pesquisa participante; A vertente australiana tem como principal característica a proposta de emancipação social articulada às contribuições da teoria crítica da Escola de Frankfurt, por meio da crítica ideológica de Marx e do processo de conscientização de Freire, tendo como principais defensores Wilfred Carr e Stephen Kemmis; A vertente latino-americana conserva a fundamentação da vertente australiana, passando a ser difundida a partir de 1970 com a proposta de melhorar a condição das classes marginalizadas por meio de suas emancipações sociais, estando ainda vinculada ao pensamento de Paulo Freire no que diz respeito ao seu trabalho com as classes populares.

Esta última deu origem a mais uma vertente ligada especificamente ao trabalho de Freire, sendo conhecida posteriormente como a vertente brasileira e se diferencia justamente por sua proposta política que, segundo Zakrzevski & Sato (2003), tem no processo de pesquisa desencadeado a sinalização das problemáticas identificadas pelo grupo social estudado, o qual usará de técnicas e instrumentos diversos para se apropriar desses problemas, no sentido de construir um plano de ação que proporcione melhorias ao grupo, por meio do processo de conscientização e da problematização da realidade. A pesquisa, nesse contexto, é o subsídio para que o grupo possa intervir sobre essa realidade de maneira mais crítica e ativamente, para modificá-la coletivamente. O aspecto da emancipação é justamente o que diferencia a pesquisa-ação das demais propostas de pesquisa social. A pesquisa-ação emancipatória é que garante a libertação de valores, crenças e idéias pré-estabelecidas, dado a cientificidade necessária à proposta. A respeito da pesquisa-ação emancipatória destaca-se: (...) teoricamente significativa porque realiza uma forma de ciência educacional crítica em práticas históricas concretas, e é significativa na prática porque proporciona um modelo de como um interesse humano emancipatório pode encontrar expressão concreta no trabalho dos participantes suscitando melhorias na educação mediante esforços destes. (CARR & KEMMIS, 1986, p. 216)4.

Para Franco (2005), a partir da década de 1950, a pesquisa-ação sofre uma reestruturação no Brasil e a partir de 1980 absorve as contribuições da dialética, com a incorporação da teoria crítica de Habermas passando a ter como finalidade a melhoria da prática educativa. A autora ressalta ainda que ao se trabalhar na 4

Para maiores esclarecimentos, consultar a obra de CARR, W.; KEMMIS, W. Becoming critical education: Knowledge and action research. London and Philadelphia: The Palmer Press, 1986.


perspectiva da pesquisa-ação se deve levar em consideração ainda três conceituações distintas: pesquisa-ação colaborativa, pesquisa-ação crítica e pesquisa-ação estratégica. A pesquisa-ação será colaborativa quando esta se der para o grupo, isto é, o pesquisador não faz parte do grupo social a qual está pesquisando, mas por meio de parceria promoverá coletivamente a transformação necessária das problemáticas identificadas no contexto desse grupo. O papel do pesquisador passa a ser então o de cientificizar o processo de mudança que anteriormente já teria sido desencadeado pelos próprios sujeitos participantes do grupo. O segundo conceito é o de pesquisa-ação crítica. Nesta perspectiva, o processo se desencadeia com o grupo a partir da criticidade, ou seja, o procedimento de transformação se dá conjuntamente entre pesquisador e grupo pesquisado, por meio da valorização construtiva da cognição vivida, e ainda, pela reflexão crítica do grupo no sentido de se buscar a emancipação dos sujeitos e de suas condições tanto individuais e coletivas que forem consideradas opressivas pelo grupo social. O pesquisador, nessa conjuntura, terá o papel de acompanhar e executar conjuntamente com os sujeitos e posteriormente avaliar os resultados dessa ação previamente planejada. Tendo como referência essas contribuições de Franco (2005), acredita-se que o Necaps, ao propor suas ações de ensino, pesquisa e extensão em educação, vem se identificando com uma proposição ora da pesquisa-ação crítica ora da pesquisaação estratégica. De certo, ao se trabalhar com esse tipo de modalidade de investigação, poderá se optar por uma ou mais definições, pois ambas apresentam, em sua fundamentação epistemológica, o desejo de transformação da realidade social dos sujeitos, por meio de uma intervenção em suas realidades. Entre as diversas definições possíveis, daremos a seguinte: a pesquisaação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2005, p. 16).

Cabe ainda ressaltar que, a pesquisa-ação não é sinônimo de pesquisa participante. Apesar de ambas possuírem intrinsecamente o “aspecto da participação”, no sentido da construção/contribuição/parceria entre quem pesquisa e quem está sendo pesquisado, a pesquisa-ação se diferencia da pesquisa participante justamente por causa da ação, deste modo a pesquisa-ação é eminentemente participante. Entretanto, se toda pesquisa-ação é participante nem toda pesquisa participante é pesquisa-ação. [A] pesquisa participante é, em alguns casos, um tipo de pesquisa baseado numa metodologia de observação participante na qual os pesquisadores estabelecem relações comunicativas com pessoas ou grupos da situação investigada com intuito de serem melhor aceitos. (...) Na pesquisa-ação os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas. (THIOLLENT, 2005, p. 17).

É partindo desta compreensão que Franco (2005) acredita em uma pesquisaação que parte de uma realidade concreta, no sentido de transformá-la, superandose sempre os obstáculos encontrados, no sentido de estar preparada tanto para as


mudanças, quanto para os elementos que surgem durante o processo de transformação sob a influência da própria pesquisa. Assim sendo, a pesquisa-ação além de ser participativa, como vimos com Thiollent (2003), é ainda uma proposta pedagógica, pois, segundo Franco (2005), o fazer pedagógico é naturalmente um exercício de pesquisa-ação, visto como uma ação reflexiva que cientificiza a prática educativa, na medida em que promove a emancipação e a conscientização dos sujeitos a partir de princípios éticos que estão imersos na formação e em toda a prática pedagógica. A autora justifica ainda sua compreensão ao considerar três dimensões 5 para a pesquisa-ação: dimensão ontológica: referente à natureza do objeto a ser conhecido; dimensão epistemológica: referente à relação sujeito-conhecimento; e a “dimensão metodológica: referente a processos de conhecimento utilizados pelo pesquisador” (FRANCO, 2005, p. 489). É justamente essas dimensões, que garantem a pesquisa-ação essa característica educacional ao processo de pesquisa. Pode-se até afirmar que a pesquisa-ação é uma das possibilidades de se ter na prática de pesquisa uma metodologia que articule ensino e pesquisa, de acordo com as proposições de Demo (1990), reforçado por Franco (2005), ao apresentar seis princípios fundamentadores da epistemologia metodológica da pesquisa-ação. Deve-se, na escolha metodológica, rejeitar noções positivistas de racionalidade, de objetividade e de verdade (KARR; KEMMIS, 1986); a práxis social é ponto de partida e de chegada na construção/ressignificação do conhecimento; o processo de conhecimento se constrói nas múltiplas articulações com a intersubjetividade em dinâmica construção; a pesquisaação deve ser realizada no ambiente natural da realidade a ser pesquisada; a flexibilidade de procedimentos é fundamental e a metodologia deve permitir ajustes e caminhar de acordo com as sínteses provisórias que vão se estabelecendo no grupo; o método deve contemplar o exercício contínuo de espirais cíclicas: planejamento; ação; reflexão; pesquisa; ressignificação; replanejamento, ações cada vez mais ajustadas às necessidades coletivas, reflexões, e assim por diante (FRANCO, 2005, p 491).

Para tanto, não se pode esquecer que a pesquisa-ação, enquanto princípio educativo e ao mesmo tempo como princípio científico, parte da compreensão que pesquisa e ação e ação e pesquisa são processos concomitantes, intercomunicativos e interfecundos, não podendo ser desenvolvidos seccionados, porque se assim o for não se trataria mais de uma pesquisa-ação, pois estaria descaracterizando a própria concepção epistemológica e metodológica que a norteia (FRANCO, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS A universidade, ao se propor formar profissionais conceituados para a sociedade, deve buscar mecanismos que garantam acima de tudo uma graduação que contemple a formação acadêmica, no sentido de permitir que novos atores possam ser inseridos nos quadros técnicos e docentes da própria Universidade (UEPA) ou de outras instituições de Educação Superior e ao mesmo tempo a formação técnica e profissional essencial para que os atores possam ser absorvidos no mercado de trabalho. 5

Sobre o aprofundamento da discussão sobre as dimensões da pesquisa-ação, consultar a obra: FRANCO, Maria Amélia Santoro. A pedagogia da pesquisa-ação. São Paulo/SP: Educação e Pesquisa, v. 31, n° 3, p. 483-502, set./dez., 2005.


E, para se articular formação acadêmica com formação profissional, faz-se necessário, uma política integrada e interdisciplinar de formação que seja articuladora das atividades de ensino, pesquisa e extensão, pois estas são as funções sociais fundamentais da universidade. E neste contexto a pesquisa-ação merece destaque ao possibilitar aos acadêmicos uma metodologia pautada na realidade contextual, social, política, econômica e cultural dos grupos a que se dirige a ação. [...] A pesquisa está inserida num processo de caráter conscientizador e comunicativo, que não deve ser confundido com a simples propaganda. Os pesquisadores estabelecem canais de investigação e de divulgação nos meios estudados, nos quais a interação entre os grupos “mais esclarecidos” e “menos esclarecidos” gera e prepara mudanças coletivas nas representações, comportamentos e formas de ação. Isto corresponde a um tipo de questionamento a partir do qual são levantados e discutidos os vários aspectos da realidade, dos objetivos e dos critérios de transformação. (THIOLLENT, 2005, p. 82).

Pensar em uma prática transformadora é pensar, sobretudo, na realidade a qual esta prática será desenvolvida. É sabido que, se tratando de educação, a complexidade é um entrave que se não encarado com seriedade, responsabilidade e compromisso, tenderá a manipular, dominar e alienar cada vez mais os sujeitos. A pesquisa-ação é uma possibilidade concreta para se repensar posturas e práticas docentes, sua característica eminentemente teórico-prática, ao não admitir que haja cisão, percebe a construção do conhecimento, que nada mais é do que a própria intervenção do sujeito na realidade, modificando-a como um todo constituído de atividades de ensino e pesquisa que se complementam entre si, sem apontar onde se inicia uma e termina a outra, mas compreendendo estas como uma unidade inter-relacionada, interdisciplinar e integrada (DEMO, 1990). Deste modo, é que destacamos o Necaps enquanto espaço propício para a formação de jovens pesquisadores, ao desenvolver uma prática cuja proposta de pesquisa, trás em si a semente da emancipação social dos sujeitos participantes do processo, que é de pesquisa e ao mesmo tempo é pedagógico, que muito vem contribuindo para a articulação da tríade temática ensino-pesquisa-extensão, e mais ainda, contribuindo para a transformação da realidade dos grupos, os quais desenvolvem e constroem as suas ações, pois é justamente esse o propósito da pesquisa-ação, aliar o aspecto científico ao aspecto educativo de modo que Ciência e Educação sejam o mesmo impulsionador para a construção da cidadania de homens e mulheres que, juntos, caminharão e moverão a transformação de suas realidades.

REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli E. A.. Etnografia da prática escolar. 2ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1995; BARBIER, René. A pesquisa-ação. Brasília/DF: Plano, 2002. (Série Pesquisa em educação; Tradução de Lucie Didio);


DEMO, Pedro. Pesquisa: Principio cientifico e educativo. São Paulo/SP: Cortez, 1990; FONSECA, Maria de Jesus da Conceição Ferreira. Ações de ensino – pesquisa – extensão em educação científica, ambiental e saúde: a proposta educativa do Necaps-CCSE-UEPA. In: Revista Multiplicações n° 2; extensão universitária da UEPA/ Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Pará. Belém/PA: UEPA, 2006; FRANCO, Maria Amélia Santoro. A pedagogia da pesquisa-ação. São Paulo/SP: Educação e Pesquisa, v. 31, n° 3, p. 483-502, set./dez., 2005; OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de. Filosofia da educação: reflexões e debates. 2ª ed. Belém/PA: UNAMA, 2003; THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 14ª ed. São Paulo: Cortez, 2005; ZAKRZEVSKI, Sonia B. & SATO, Michele. Pesquisa-ação limites e possibilidades na formação de professor@s em educação ambiental. In: II Simpósio Sul Brasileiro de educação Ambiental. Itajaí/SC: UNIVALI, 7 a 10 de dezembro de 2003.


2 - ATIVIDADES TEMÁTICAS E SABERES DIVERSOS

2.1- RECONSTRUINDO O CONCEITO DE LIXO: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Beatriz Magno Moreira Rafael Melo dos Reis Wilton Macello Santos Teixeira

INTRODUÇÃO Esta vivência se deu a partir de um projeto de iniciação científica, desenvolvido em 2003 e 2004, objetivando buscar, por intermédio de um processo interdisciplinar, a sensibilização de jovens de 13 a 16 anos, de escolas do entorno do Centro de Ciências Sociais e Educação - UEPA, por meio de atividades que possibilitam a valorização do que se considera “lixo” e sua re-inserção na cadeia produtiva de forma a gerar renda e benefícios sócio-ambientais. Além disso, o projeto oportunizou a formação de agentes multiplicadores para disseminar idéias na sociedade, manter sua escola e seu bairro mais limpo, assim como promover ações de mobilização e organização comunitária pela melhoria da qualidade ambiental e da vida individual e coletiva. OBJETIVOS Realizar ações diversas sobre a problemática do lixo urbano e a valorização deste enquanto matéria-prima, de modo a favorecer seu reaproveitamento, bem como discutir sobre os inúmeros prejuízos estéticos e de saúde pública, derivados de seu acúmulo e examinar problemas da realidade cotidiana; Trocar experiências e informações sobre temas relacionados à problemática do lixo de forma a contribuir para o esclarecimento de questões que afetam a vida humana do ponto de vista individual e coletivo, favorecendo o exercício da cidadania; Oportunizar a realização de atividades de iniciação científica na abordagem de temas relacionados à questão ambiental, buscando a promoção da interação entre a Universidade do Estado do Pará e as escolas de seu entorno; Oportunizar o desenvolvimento de habilidades como: observação, atenção, memória, concentração, classificação, relação, comparação, análise, reflexão, avaliação e discutir sua importância para a vivência dos alunos; Propiciar a reflexão sobre valores como cooperação, troca, respeito mútuo, solidariedade, auto-estima, crítica, iniciativa, inovação, autonomia, coerência, responsabilidade, dentre outros, como contribuição a formação integral do aluno. AÇÕES DESENVOLVIDAS As atividades desenvolvidas no decorrer do trabalho foram: 11 Discussão e construção do conceito de lixo e de matéria-prima, por intermédio de confecção de cartazes; 11 Abordagem sobre os ciclos naturais, por meio de confecção e apresentação de cartazes ilustrados; 11 Desenvolvimento da temática “poluição”, por meio de jogos de perguntas e respostas, da observação do meio ambiente nos arredores do CCSE, da confecção de desenhos, e da construção de cartazes; 11 Discussões sobre a Política dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) e a coleta seletiva de resíduos;


11 Reflexão a partir da observação do comportamento humano na peça teatral “Pão de cada dia”, na qual é trabalhado o consumo exacerbado e a produção de lixo; 11 Realização das dinâmicas: “Círculo de cooperação”, “Teia da vida”, “Arca de Noé”, “Unidos venceremos”, “Toca do coelho”, “Defenda o seu ambiente” e “Reflexão às escuras”; 11 Confecção de flores e lixeiras com garrafas PET, cinzeiro e paliteiro de latinha de alumínio, de bandejas de papelão e folhas de jornal, e flores e animais de papel; além de reciclagem de papel; 11 Visita cultural ao Jardim Botânico Rodrigues Alves; 11 Participação no II Salão de Atividades Pedagógicas do Necaps, com exposição (aberta à comunidade) dos trabalhos desenvolvidos anualmente pelo Necaps. FAZER PEDAGÓGICO O trabalho pedagógico foi desenvolvido durante encontros semanais de 3h, na sala do Necaps, num total de 12 encontros. As atividades do Necaps seguem uma metodologia específica: acolhida, conhecimento específico e despedida, que nortearam a execução deste projeto. A acolhida se realizou em cada encontro por meio de dinâmicas de grupo, permitindo que os jovens interagissem melhor durante as atividades, o que estimulou a cooperação no processo de aprendizagem. Durante a discussão dos conhecimentos específicos, propusemos formas inovadoras e críticas de abordar os conteúdos: atividades de iniciação científica, observações in loco, jogos, desenhos, montagem, cartazes, peças teatrais, como, por exemplo, o “Pão de cada dia”, que possibilitou o envolvimento de todos os participantes do projeto na atividade. No decurso das atividades foram feitas observações, as quais foram registradas em caderno de campo, de modo a servirem de avaliação do trabalho. A despedida, enquanto proposta metodológica objetivou sintetizar os conhecimentos, habilidades e valores trabalhados durante os encontros. Ao final de cada encontro, foi confeccionado um material, possibilitando uma nova percepção acerca dos usos do “lixo”, o que permitiu também aliar teoria e prática.

FOTO 01- Jovens construindo cartazes durante a oficina pedagógica.


CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Essa atividade foi muito significativa para todos os participantes, pois houve construção e realização de atividades inovadoras com a participação dos jovens, reaproveitamento de materiais diversos, anteriormente considerados “lixo”, construção de objetos utilitários, construção de um espaço de cooperação, troca, respeito mútuo, solidariedade, valorização do ambiente, crítica, iniciativa, inovação, autonomia, coerência, responsabilidade, como contribuição a formação integral do aluno, aprendizagem de conhecimentos relacionados ao reaproveitamento e reutilização de materiais e ainda, o incentivo a ações de Iniciação Científica a serem desenvolvidas pelos jovens.


2.2- ESTUDANDO A ÁGUA POR MEIO DE OFICINAS EDUCATIVAS Wilton Marcello Santos Teixeira INTRODUÇÃO Desde os primórdios da vida no planeta Terra e da história da espécie humana, a água sempre foi essencial. Qualquer forma de vida depende da água para sua sobrevivência e/ou desenvolvimento. Todos sabem que onde não há água não há vida. Embora dependendo da água, o homem, durante séculos, considerou-a um bem público de quantidade infinita, à sua disposição por se tratar de um recurso natural auto-sustentável pela sua capacidade de autodepuração. Porém, o crescimento das cidades aumentou de tal forma a quantidade de esgoto lançados nos córregos, rios, represas e lagos, próximos às aglomerações, que a capacidade de autodepuração desses corpos receptores foi superada pela carga poluidora dos efluentes. No Brasil, estatísticas mostram que a população dos grandes centros urbanos são atendidas por serviços de abastecimento de água. Contudo, o acesso a água em Belém reflete uma situação paradoxal. De um lado, há chuvas em excesso (2.600 – 3.300 mm por ano) e relativamente bem distribuídas ao longo do ano, o que torna a água em Belém um recurso abundante. De outro lado, a qualidade da água é comprometida pela insuficiência no tratamento, pela pouca cobertura da rede pública de distribuição e escassas campanhas de esclarecimento do poder público para com a sociedade (PARANAGUÁ, 2003). Há, portanto, necessidade de se trabalhar o tema, especialmente na Amazônia e no Pará em que a água, enquanto bem coletivo, precisa de ações em busca de sustentabilidade. Assim, o Núcleo de Estudos em Educação Cientifica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps, tem disponibilizado em sua Jornada Itinerante de Educação Científica e Ambiental, para jovens de Escolas de Belém oficinas que tratam do tema como esta intitulada “H2O: O Significado da Vida” OBJETIVOS Discutir com os jovens a problemática do desperdício de água durante o seu consumo e as principais conseqüências de um consumo irracional; Refletir como está distribuída a água no planeta, articulando questões da realidade de escassez e desperdícios de água em algumas regiões no mundo; Debater as relações de consumo diário nas residências, para verificar se está ocorrendo desperdício ou um consumo racional; Promover técnicas aliadas à educação para se atingir um padrão de consumo sustentável da água nas residências. AÇÕES DESENVOLVIDAS Dinâmica de acolhida “Teia da Vida”; Conversa informal sobre a relação da água com os seres vivos;


Construção de painel demonstrativo das fases da água e seu ciclo de transformação. FAZER PEDAGÓGICO Nesta oficina foi discutido o significado da água na vida dos seres vivos, por meio da dinâmica de acolhida “Teia da Vida”, cujo objetivo foi possibilitar que os jovens percebessem demonstramos que, no Meio Ambiente, tudo está interligado, inclusive o homem. A partir desta dinâmica, os jovens perceberam a inter-relação entre sociedade-natureza. Em seguida, partiu-se para os conhecimentos específicos, sendo que se discutiu a relação da água com os seres vivos, suas múltiplas formas de uso e a quantidade de água doce disponível para o consumo humano. Posteriormente, estudou-se o Ciclo Hidrológico com a montagem do painel, pelos jovens, a fim de que eles representem o movimento contínuo da água nas fases sólida, líquida e gasosa. Seguiu-se com uma atividade em que o jovem participante pode estimar o consumo de água em sua residência. Para atingi-lo, utilizou-se o padrão de consumo médio estudado pela Organização das Nações Unidas - ONU, utilizando-se a média das diversas formas de uso da água em uma residência. Encontradas as médias de consumo, os jovens, utilizando a matemática – o que torna a atividade multidisciplinar –, calcularam a média de consumo em sua residência em um dia normal. Feitos os cálculos individuais, compararam-se os vários resultados entre si, e com as médias de consumo dos povos Africanos, Americanos e a média adotada pela ONU para o uso sustentável. Em seguida, sugeriu-se que os jovens apresentassem soluções viáveis para minimizar possíveis desperdícios individuais e coletivos de água que foram expressos de formas diversas (cartazes, poesias, construções de murais, desenhos etc) objetivando atingir a média estabelecida pela ONU para um consumo sustentável. E, como dinâmica de despedida, os jovens formaram duplas e pintaram uma imagem que representasse o desperdício e outra o uso sustentável da água.

FOTO 02 – Atendimento aos jovens na oficina pedagógica.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA


Em síntese, a oficina propôs uma reflexão da realidade que cotidianamente a população vivencia na relação de consumo e principalmente do quanto se desperdiça água durante o seu consumo, da real distribuição da água no planeta, da realidade de escassez e desperdícios em algumas regiões no mundo, do quanto consumimos diariamente em nossa residência, se estamos desperdiçando ou consumindo racionalmente e, por fim, adotamos técnicas aliadas à educação para se atingir um padrão de consumo sustentável em nossas residências, para que os jovens participantes da oficina percebessem a relação entre o homem, o consumo de água e o meio sob uma perspectiva crítica, no sentido de construírem uma percepção conscientizada para o consumo dos bens naturais existentes de modo que percebessem ainda, que esses bens naturais como água, são necessários para a manutenção e equilíbrio da própria sociedade e como tal devem ser utilizados de maneira correta.

REFERÊNCIAS PARANAGUÁ, Patrícia; et al. Belém Sustentável. – Belém: Imazon, 2003; PHILIPPI, Arlindo Jr., Saneamento, Saúde e Ambiente: Fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Editor – Barueri, SP: Manole, 2005. – (coleção Ambiental: 2).


2.3- EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE CIDADANIA Camilla de Oliveira Broni Talita Teixeira Pereira INTRODUÇÃO Quando falamos em Educação Ambiental é comum pensarmos somente no aspecto natural, com uma visão preservacionista, ou seja, uma idéia errônea de que a natureza deve ser mantida intacta. Algumas correntes teóricas não percebem também que o homem é parte integrante deste meio, colocando-o apenas na posição de dominador. Contrapondo essa idéia, o projeto Educação Ambiental e Formação de Cidadania visou trabalhar o meio ambiente em uma perspectiva na qual o ambiente não mais é visto como intocável, porém com a utilização sustentável de seus recursos, respeitando seus aspectos naturais, artificiais e sociais. O homem passa a ser considerado como um elemento a mais do meio ambiente, não só sujeito às suas leis, mas um agente participante da complexa rede de interações na natureza, modificando a realidade a sua volta. Como foi definido na Conferência de Tibilisi, o meio ambiente deve ser considerado em seus aspectos naturais, tecnológicos, social, econômico, histórico, cultural, técnico, moral, ético e estético. Para tanto é preciso compreender a cidadania como participação social e política, assim como o exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito (PCN, 1998). Dias (1993) nos deixa evidente a importância da educação ambiental para a formação de um cidadão consciente, pois compreende que ela auxilia na visualização dos problemas que afetam a sua realidade, possibilitando-o desenvolver mecanismos e habilidades para resolvê-los. Dessa forma, a compreensão das relações homem x natureza e homem x homem são fundamentais para o exercício da cidadania, e para tanto, este projeto, que atendeu adolescentes de 11 a 13 anos, de escolas públicas do entorno de Centro de Ciências Sociais e Educação/CCSE, da Universidade do Estado do Pará/UEPA, abordou assuntos relacionados ao meio ambiente, de modo a resgatar o papel do homem como parte indissociável do mesmo, bem como suas relações sócio-culturais, sendo realizado no Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais/Necaps, o qual tem como um dos seus objetivos, estimular a iniciação científica nas áreas de Educação Científica, Ambiental e Saúde em diferentes níveis de escolarização, proporcionando ao estudante universitário a vivência de ações de ensino, pesquisa e extensão, objetivando a formação de cidadãos conscientes. A fim de propiciar a formação de um cidadão com uma postura crítica e responsável, no que diz respeito a qualquer problema sócio-ambiental, procuramos, inicialmente, orientar a sistematização das informações adquiridas por meio dos meios de comunicação e assim realizar atividades para esclarecer a importância do trabalho em grupo e respeito ao próximo. OBJETIVOS


Promover discussões com os jovens sobre meio ambiente e questões envolvendo o papel de cada indivíduo e da coletividade na conservação de bens naturais e culturais; Investigar o que os jovens pensam a respeito da concepção de meio ambiente; Discutir e analisar os problemas ambientais de maneira que se possam propor alternativas eco-sustentáveis como sendo fundamentais para o exercício da cidadania. AÇÕES DESENVOLVIDAS Atividades de acolhida: estimular processo de conquista e aceitação do grupo acerca dos temas a serem abordados; Atividades de conhecimento específico: trabalhou-se questões diversas sobre a problemática ambiental. FAZER PEDAGÓGICO Contando com a participação de 12 jovens do ensino fundamental da rede pública de ensino, em Belém – PA, foram desenvolvidas no decorrer do projeto atividades de iniciação científica abordando temáticas como cidadania e meio ambiente por meio de dinâmicas que incluíram trabalhos manuais, jogos e simulações. Durante a elaboração do projeto, sem saber ainda qual seria o número de inscritos e grau de afinidade que teriam os adolescentes, percebemos o quão desastroso seria iniciarmos as atividades sem que antes nos fosse proporcionado um “contato inicial” (um momento de integração para que nos conhecêssemos e apresentássemos a eles a proposta metodológica do projeto). Sendo assim, o primeiro dia de trabalho foi destinado às atividades de acolhida, em função de terem um papel fundamental neste processo de conquista e aceitação por parte dos alunos. Foi nesse momento que percebemos que, apesar de serem todos da mesma escola, andavam sempre em “grupinhos” – meninos separados das meninas. É claro! – e possuíam grande dificuldade de trabalhar em grupo, visto que alguns eram extremamente tímidos, outros não conseguiam se concentrar e às vezes acabavam brigando por “pequenos” motivos. No intuito de promover tal interação, desenvolvemos dinâmicas oportunizando o trabalho em grupo de modo que pudéssemos construir uma relação de respeito e solidariedade entre o grupo, e a partir daí trabalhar conceitos de meio ambiente e cidadania. Após a acolhida, as atividades passaram a ter objetivos mais específicos, isto é, cada uma focalizava um tema para que pudesse ser mais bem desenvolvido. Isso facilitou o andamento do projeto, pois proporcionou uma análise gradativa, tanto em relação ao comportamento quanto à construção do conhecimento junto aos alunos. O interessante da proposta metodológica adotada consistiu na construção coletiva do conhecimento, baseada num processo de discussão, no qual os jovens têm a liberdade de expressar seus conhecimentos e opiniões, diferenciando-se de muitas práticas educativas, nas quais apenas recebem conceitos prontos, impostos, tolindo-os de seus direitos de cidadão.


E assim, realizaram-se as seguintes atividades: “Dinâmica de apresentação”: Utilizando o mapa da cidade de Belém, cada participante descreveu o meio ambiente geográfico em que mora. Na “Dinâmica do Boi,” dividiu-se o grupo maior em subgrupos, nos quais cada integrante ficou responsável por desenhar uma parte do boi. A importância desta atividade residiu no fato de podermos analisar o modo como os alunos se organizam e interagem. A “Montagem de Nosso Meio Ambiente” foi outra atividade desenvolvida, a partir da utilização de maquetes pré-moldáveis: cada participante teve oportunidade de demonstrar como gostaria que fosse seu ambiente. O “Alerta Ecológico”, foi desenvolvido por meio de uma brincadeira com bola, ao ar livre, onde os participantes distinguiram elementos da cadeia alimentar, identificando a dinâmica da natureza e o modo como cada espécie possui uma importância na teia da vida. Atividade “Contando Estória”: desenvolvida como um trabalho em equipe, no qual os alunos escolheram um tema para a construção de uma estória (por meio de desenhos), a qual foi posteriormente “exibida” em uma “televisão” (feita de papelão). Para que tal atividade fosse efetivada, os participantes deram sugestões de idéias e discutiram-nas coletivamente. A “Cidadania?!”, consistiu em uma apresentação e discussão de conceitos tratando sobre respeito mútuo, justiça e solidariedade. “Simulação: Júri Ambiental” foi uma atividade em que se sugeriu aos alunos o seguinte problema ambiental: uma indústria farmacêutica, instalada em uma pequena cidade, despeja seus efluentes no rio que abastece a cidadezinha. Tal ação, afeta diretamente os moradores, uma vez que tais efluentes – além de poluir o rio, tornando-o impróprio para o banho – contaminam as plantações, os peixes e a água para o consumo. Neste contexto, simulamos um julgamento, onde houve acusados e acusadores, vítimas e beneficiados, o júri e o juiz. Para que o veredicto fosse dado, os alunos analisaram a situação, debateram sobre o assunto e assumiram uma postura crítica para poder tomar uma decisão coerente e consciente. No “Jornal: Defensores do Meio Ambiente”, os jovens “apresentaram” um “telejornal” com abordagens críticas sobre alguns problemas sócio-ambientais. Para tanto, escolheram temas, elaboraram reportagens, entrevistas e respostas, as quais foram filmadas e, exibidas (posteriormente) a eles. E, por fim, a atividade do “Caça ao Tesouro”, na qual foram desvendados os enigmas que lhes foram dados e, que envolveram os temas discutidos ao longo do projeto, os alunos receberam dicas, instruções e bônus, que facilitaram a corrida em busca de um tesouro (o qual não foi revelado no início do jogo): mudinhas de árvores, representando a nossa preciosa floresta.


FOTO 03 – Jovens em construção coletiva na oficina.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Durante as atividades buscou-se discutir uma visão crítica da relação sociedade/natureza por meio de atividades diversas.A realização das atividades possibilitou a produção de materiais como cartazes, maquetes, textos, desenhos, telejornal, além de observações das atividades desenvolvidas pelos alunos que eram registradas pelos pesquisadores. Os resultados mostraram que a construção de conceitos melhora com a realização de atividades que possibilitam a participação ativa dos alunos, bem como sua satisfação com as mesmas e que sua produção e execução se torna necessária na formação do educador. Durante sua execução foram avaliados os interesses dos jovens em relação às dinâmicas e o grau de entendimento dos temas trabalhados, para dimensionar o nível de compreensão e apreensão dos mesmos a ação pedagógica, que nos revelaram ser bem significativos para os jovens.

REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade, cultura e orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1998; DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: Princípio e Práticas. São Paulo: Gaia, 1993;


2.4- MURAL “OLHO DE BOTO”: UMA PROPOSTA DE EDUCOMUNICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO ENSINO SUPERIOR Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca Selma Solange Monteiro Santos Talita Salomão de Oliveira INTRODUÇÃO A educomunicação socioambiental é uma linha de ação em educação ambiental que tem o objetivo de produzir, gerir e disponibilizar de forma interativa e dinâmica informações relacionadas a questões ambientais. Por entender esta ação prioritária no seu programa de trabalho, o NECAPS criou, em 2000, o Mural Olho de Boto como ação da linha de pesquisa: Produção, Apropriação e Difusão do Conhecimento, desenvolvida no Núcleo. O Mural é um espaço que o NECAPS ocupa no Centro de Ciências Sociais e Educação / CCSE, destinado à divulgação de temas de interesse diversos sobre Ciência, Ambiente e Saúde. OBJETIVOS Compartilhar informações; Dar visibilidade a estudos e pesquisas; Promover reflexões sobre questões de interesse coletivo. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. 2. 3. 4. 5.

A construção do Mural “Olho de Boto” se dá com as seguintes etapas: Seleção do tema do mês; Pesquisa sobre o referido tema; Seleção de informações-chave; Escolha da proposta visual; Confecção do Mural. FAZER PEDAGÓGICO

A produção do Mural é mensal e começa com a seleção do tema e seqüencialmente com a pesquisa bibliográfica sobre o mesmo. Do conteúdo selecionado são retiradas as informações mais relevantes para compor o texto do mural. O Mural também se apropria de recursos visuais como: figuras, fotos, objetos reutilizados e reciclados, como o intuito de atrair o maior número de leitores entre os freqüentadores da universidade, bem como para ajudar no entendimento das informações. Os principais temas abordados são: juventude brasileira, conservação da biodiversidade paraense, combate ao fumo, o estado atual da educação no Brasil, esporte, lazer, desemprego, drogas, alimentação balanceada, entre outros. CONSTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Assim, o Mural “Olho de Boto” tem se mostrado como um importante veículo de informação dentro da universidade, estimulando a prática da leitura e a reflexão diante dos temas sócio-ambientais, contribuindo para promover a consciência pública e coletiva sobre questões de interesse coletivo.


FOTO 04 – Mural Olho de Boto exposto no Necaps/CCSE/UEPA.


2.5- REUTILIZANDO E CRIANDO ARTESANATO, COMO PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Danylla Darrielle Gomes Gama Mara Cristina Drago Souza INTRODUÇÃO Este trabalho teve como público alvo, jovens de 14 a 17 anos, configurou-se como oficina pedagógica desenvolvida durante a IV Jornada de Educação Científica e Ambiental para a juventude, realizada em 20 de maio de 2006. Partindo do pressuposto de que uma educação ambiental deve pensar a sustentabilidade de sua produção a partir de reutilização, reciclagem e redução de resíduos, este trabalho buscou incentivar os participantes para a prática de reutilização de materiais que, muitas vezes, se encontram em nosso cotidiano, mas os consideramos como lixo. Dessa forma, com vista em alcançarmos resultados significativos junto aos jovens, trabalhamos de forma dinâmica, a questão ambiental. OBJETIVOS Incentivar os jovens à prática de reutilização de materiais; Estimular o desenvolvimento de atividades como: observação, identificação, criação, cooperação, construção e linguagem oral; Propiciar o diálogo sobre a importância de manter a qualidade do ambiente por meio de cooperação, respeito e valorização de materiais considerados lixos. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de acolhida: Auxílio Mútuo; 2. Atividade manual em grupo; 3. “Propaganda”. FAZER PEDAGÓGICO No primeiro momento, a atividade de acolhida, intitulada “Auxílio Mútuo”, se deu com uma dinâmica de relacionamento inter e intrapessoal, que procurou promover uma integração entre os participantes, onde foram discutidos valores e sentimentos que ressaltam a importância do próximo em nossa vida e o trabalho em coletividade. Durante o segundo momento, desenvolvemos trabalhos de construção de objetos e utensílios a partir da reutilização de materiais alternativos que estavam disponíveis em nosso cotidiano: sobras de papel em bloquinhos de anotações, sementes e sobras de isopor foram transformadas em adornos de parede, etc. O terceiro momento foi atividade de despedida, intitulada “Propaganda”, que ressaltou o trabalho manual, atribuindo valores aos artesanatos construídos pelos participantes da oficina, assim como também o valor do trabalho em equipe. CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA


Ao término da execução das atividades, foi aplicado um instrumento de avaliação (com perguntas básicas sobre a oficina). A partir da análise desse instrumento, foi verificado que os jovens apresentaram grande importância em estarem participando de atividades deste cunho, onde as atividades enfatizaram o reaproveitamento de materiais extraídos do cotidiano, anteriormente considerados lixo, obtendo assim um resultado satisfatório por meio da oficina desenvolvida.

FOTO 05 – Jovens construindo artesanato em oficina pedagógica.


2.6- DISCUTINDO EDUCAÇÃO AMBIENTAL A PARTIR DO ESTUDO DOS VEGETAIS Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior. INTRODUÇÃO Atualmente, se discute muito a importância da Educação Ambiental como uma estratégia de sobrevivência para os seres vivos, uma vez que a ação antrópica por meio do desenvolvimento tecnológico gera graves problemas sócio-ambientais. Esses problemas são inúmeros, isto é, podem ir desde as condições sanitárias e de higiene até aos comprometimentos dos ecossistemas por intermédio das queimadas, desmatamentos, extração de minerais e a pesca e caça predatória de animais, ocasionando na maioria das vezes sua extinção, sem contar ainda os problemas de poluição do ar, solo, mares e rios, biopirataria, ou seja, problemas que comprometem seriamente não só o meio ambiente como também a sua relação com a vida humana em sociedade. Uma possibilidade de reverter este quadro é a sensibilização dos sujeitos para uma interferência humana mais sustentável, que agrida menos o ambiente no qual habitamos. E esta sensibilização deve iniciar desde cedo para que esses indivíduos possam construir uma consciência ambiental e crítica, de modo a favorecer o cumprimento de políticas públicas e atitudes condizentes e racionais junto ao ambiente. Para isso, faz-se necessário que as instituições família e escola organizem práticas educativas e pedagógicas que problematizem estas questões. Foi a partir deste referido contexto e de reflexões sobre essas questões, que se realizou a oficina pedagógica “Discutindo Educação Ambiental a partir do estudo dos vegetais”, durante a V Jornada Interna de Educação Científica e Ambiental para a Juventude, em 30 de março de 2007, promovida pelo Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps/CCSE/UEPA, atendendo cerca de 10 jovens entre 11 a 13 anos. OBJETIVOS Geral: Promover a discussão da importância dos vegetais para a manutenção dos ecossistemas e a purificação do ar que respiramos, assim como, relacionar a educação ambiental com o estudo dos vegetais a partir do processo de respiração das plantas e a importância deste para um ambiente mais equilibrado termicamente. Específicos: Identificar as características de um vegetal completo; Oportunizar o desenvolvimento de habilidades como: observação, atenção, memória, concentração, classificação, cooperação, comparação, reflexão, avaliação, dentre outros; Possibilitar a discussão de valores como: produção própria e coletiva, valorização da cultura, necessidade do outro, iniciativa, organização, partilha, dentre outros; Sensibilizar os participantes a respeito da importância em conhecer os vegetais para perceber seu papel no ambiente em que vivemos.


AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de Acolhida: Dinâmica do “Assoprando o Balão”; 2. Atividade de Conhecimento Específico: “Observando os vegetais e a educação ambiental”; 3. Atividade de despedida: Dinâmica das “Mãos”. FAZER PEDAGÓGICO A metodologia utilizada se centrou na desenvolvida no Necaps, que se organiza em três momentos mais a avaliação. No primeiro momento, foi realizada a atividade de acolhida chamada “Assoprando o balão”, que consistiu numa dinâmica inicial de relacionamento inter e intrapessoal para propiciar a integração e a descontração entre os jovens participantes e discutir a relação da respiração com os vegetais, no sentido de perceber se os jovens reconhecem as funções básicas dos vegetais. Em seguida, trabalhou-se a atividade de conhecimento específico, norteada pela seguinte questão de investigação: Como um vegetal é caracterizado e de que forma o conhecimento dos vegetais pode contribuir para a discussão da educação ambiental a partir do equilíbrio ambiental e a importância para o processo de respiração e purificação do ar? Com base na questão proposta, foram mediados os seguintes conteúdos: as partes do vegetal; o processo de respiração das plantas; a relação do vegetal com o ambiente; os principais problemas ambientais relacionados ao ar; educação ambiental e qualidade de vida. Em seguida os participantes observaram as partes de diferentes vegetais, com a ajuda de uma lupa, e, após a análise, preencheram um painel integrado afixado no quadro. Para esta atividade, houve o auxilio de um texto, após a conclusão desta atividade, houve a socialização dos conhecimentos produzidos e se iniciou o debate relacionando este conhecimento com a educação ambiental, por meio de ilustrações que os participantes construíram. E, finalmente, o terceiro momento que finalizou a oficina com a atividade de despedida, por meio da “dinâmica das mãos”, na qual se refletiu o tema Educação Ambiental e os Vegetais, a partir do seguinte questionamento: O que precisamos fazer para que o ambiente seja preservado e assim termos um ar mais saudável? A partir dos comandos, os participantes desenharam o contorno das mãos sobre a folha de papel verde e recortaram; desenharam e recortaram gotas em folhas de papel azul. Cada participante colou a forma se sua mão, na copa da árvore contendo nesta o seu nome; na gota d’água escreveu uma palavra que representou a resposta do questionamento apresentado inicialmente também colada próximo a árvore e, por fim, cada um socializou o motivo pelo qual escolheu a palavra dos sentimentos, questionando-se o que a dinâmica despertou nos mesmos. CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Possibilitar a discussão da educação ambiental junto à juventude se torna significativo para se estabelecer uma relação conscientizada a respeito da relação homem-natureza. Esta oficina, em específico, revelou a necessidade de, cada vez


mais, se trabalhar temas ligados a realidade, de modo a qualificá-los de acordo com sua relevância social e cultural. O estudo dos vegetais, por exemplo, foi importante, pois permitiu entre outras coisas que os jovens passassem a compreender a flora amazônica como Ser Vivo responsável pelo equilíbrio térmico do ambiente e pela purificação do ar, assim como manter os ecossistemas e a cadeia alimentar, ou seja, despertou nos participantes outro olhar a respeito da importância dos vegetais para a manutenção da vida humana em sociedade. Considerou-se ainda, esta ação pedagógica de suma importância para a formação dos jovens participantes, pois permitiu que estes passassem a compreender a relação homem-natureza não mais como algo isolado e distante de suas realidades, mas como algo próximo e cotidiano. Ao término da oficina, os jovens responderam o instrumento de avaliação, cuja análise revelou a satisfação que tiveram em participarem da oficina proposta, pois segundo a avaliação, a atividade proporcionou aos jovens a troca de práticas e saberes, possibilitando assim estabelecer novas compreensões acerca da temática abordada, favorecendo a apreensão dos conhecimentos construídos durante o fazer pedagógico.

FOTO 06 – Jovens discutindo a temática da oficina pedagógica.


2.7- FORMAÇÃO DE EDUCADORES AMBIENTAIS: POR UMA AÇÃO COMPARTILHADA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior Jurema Araújo da Silva6 Mara Cristina Drago Souza Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca INTRODUÇÃO A formação de educadores para atuar na questão ambiental é uma das condições necessárias para o desenvolvimento e a consolidação da educação ambiental como impulsionadora da conscientização sobre o uso racional dos recursos naturais e da humanização do homem sobre as questões ambientais, vistas numa inter-relação entre o meio natural e social. A preocupação com o meio ambiente não vem de hoje. A sociedade, de um modo geral, passou a questionar até que ponto a intervenção humana sobre o meio ambiente é válida e benéfica para a manutenção da vida na Terra. Portanto, se faz necessária a realização de ações que discutam tais questões, especialmente em âmbito escolar. Com essa perspectiva, foram desenvolvidas duas oficinas pedagógicas, sendo uma delas intitulada “Educação Ambiental Escolar: construindo recursos pedagógicos a partir de materiais alternativos”, durante a 12ª Semana Acadêmica do Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE/UEPA, que ocorreu no período de 21 a 25 de maio de 2007, atendendo 30 universitários de diferentes cursos da UEPA e de outras instituições de educação superior da capital e do interior do estado do Pará; e outra intitulada “Formação de educadores ambientais”, durante o 27° Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia – ENEPE, evento realizado na Universidade Federal do Maranhão – UFMA, em São Luís, no período de 15 a 21 de julho de 2007, atendendo a 40 universitários do curso de Pedagogia de diferentes Instituições de Ensino Superior, públicas e particulares, do Brasil. OBJETIVOS Geral: Promover reflexão acerca do reaproveitamento de materiais recicláveis a partir de práticas pedagógicas a serem desenvolvidas no ambiente escolar, como alternativa de criar, preservar e conservar o meio ambiente. Específicos: Propiciar a discussão de temas sócio-ambientais a serem trabalhados no espaço escolar, como proposta de transversalizar o currículo da educação básica; Construir recursos pedagógicos alternativos, a partir de materiais recicláveis, como indicador para a diversificação metodológica do ensino da educação ambiental em espaços escolares; Proporcionar aos participantes um espaço de apropriação, construção e difusão de saberes em educação ambiental, que venham contribuir na formação continuada de educadores e/ou educandos oriundos da área de educação; 6

Pedagoga, pós-graduanda Lato Sensu em Educação Ambiental Escolar, convidada para compor a equipe de ministrantes.


Discutir os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), da educação ambiental nos níveis de educação infantil e ensino fundamental, relacionando-os ao fazer pedagógico; Incentivar um trabalho interdisciplinar a partir da construção de recursos pedagógicos alternativos, nas disciplinas da base comum do currículo a partir de atividades pedagógicas lúdicas. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividades de Acolhidas; 2. Atividades de Conhecimentos Específicos; 3. Atividades de Despedidas. FAZER PEDAGÓGICO O trabalho pedagógico desenvolvido nas duas oficinas se deu por meio de atividades diversas e suas metodologias estiveram de acordo com a proposta metodológica do Necaps - UEPA, planejada em três momentos, isto é, a atividade de acolhida, atividade de conhecimento específico e atividade de despedida, norteadas pelas discussões dos temas abordados: educação ambiental, conseqüências sócio-ambientais, reutilização de materiais alternativos, formação de educadores ambientais, seleção e reciclagem do lixo doméstico, construção de recursos pedagógicos alternativos, produção de teatro didático com os mesmos e jogo recreativo, mais a avaliação do processo educativo construído. A primeira oficina, cujo título “Educação Ambiental Escolar: construindo recursos pedagógicos a partir de materiais alternativos” teve o seu trabalho pedagógico desenvolvido por meio de atividades de acolhida diversas que são dinâmicas de relacionamento interpessoal; atividades de conhecimentos específicos nas quais se trabalharam os conteúdos, norteados pelas seguintes questões de investigação: “Como os jovens universitários compreendem a prática de reutilização de materiais alternativos como proposta da prática pedagógica em educação ambiental? Qual a relação que os universitários estabelecem entre a prática de reutilização e as questões ambientais? E verificar qual o nível de conscientização destes jovens universitários a respeito da reutilização como proposta de conservação e preservação de um ambiente mais saudável”. Nessa oficina, trabalhou-se no primeiro dia as conceituações teóricas a respeito da educação ambiental escolar e nos três dias posteriores a construção de um objeto por dia por meio de cinco grupos de trabalho e o último dia destinado ao processo de avaliação do processo educativo construído. As atividades de despedida foram desenvolvidas a partir de dinâmicas que funcionavam como momentos de avaliação coletiva das atividades desenvolvidas, a partir de dinâmicas e relacionamento interpessoal e jogos, sendo que todas as três atividades diárias foram norteadas pelas prováveis discussões dos temas abordados. Houve também, durante a oficina, produção coletiva de recursos didáticos alternativos: jogos recreativos e discussões sobre a temática e avaliação do fazer pedagógico. A segunda oficina, “Formação de educadores ambientais”, organizou-se por meio de práticas diversas, tendo também a metodologia de acordo com a proposta metodológica do Necaps, a partir da atividade de acolhida, por meio da dinâmica “Auxílio Mútuo”, na qual todos os participantes formaram um círculo e, de pé, foi


dado um pirulito para cada um, seguindo os seguintes comandos: todos deveriam segurar o pirulito com a mão direita, com o braço estendido, sem poder dobrá-lo. Primeiro, solicitou-se que desembrulhassem o pirulito, já na posição correta (braço estendido, segurando o pirulito e de pé, em círculo). Para isso, permitiu-se a utilização da mão esquerda. Em seguida, deu-se a seguinte orientação: sem sair do lugar em que estão todos devem “chupar o pirulito”, aguardando-se até que alguém tenha a iniciativa de imaginar como executar esta tarefa, que só há uma: oferecer o pirulito para a pessoa ao lado. Assim, automaticamente, os demais irão oferecer e todos poderão “chupar o pirulito”, encerrando-se a dinâmica, abriu-se a reflexão de quanto precisamos do outro para conseguir alcançar um objetivo. Em seguida, realizou-se a atividade de conhecimento específico, norteada pelas prováveis discussões dos temas abordados, a partir da seguinte questão de investigação: Qual a compreensão que os acadêmicos de pedagogia possuem a respeito da reutilização de garrafas PET’s? Com isso, verificou-se qual o nível de conscientização desses jovens universitários com relação ao processo de reutilização como proposta de preservação de um ambiente mais saudável, em que se construíram objetos a partir do reaproveitamento de garrafas PET’s. A última atividade foi a de despedida, por meio do jogo “Batalha do Conhecimento”, com perguntas e repostas (análogo ao jogo “batalha naval”). Este serviu para averiguar o nível de compreensão e apreensão dos jovens durante as discussões das atividades anteriores, de modo lúdico e informal.

Foto 07 – Participante da oficina, construindo objeto. CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA As duas experiências foram importantes para a formação do professor que pretende desenvolver sua prática pedagógica na área da educação ambiental. Todas as atividades, comentários, questionamentos, sugestões, diálogos dos participantes, que permitiram avaliar a percepção dos mesmos sobre o trabalho desenvolvido, foram registradas em “diários de campo”. A leitura e o mapeamento dos dados coletados revelaram que os participantes perceberam a importância da reutilização de materiais, tanto no âmbito


escolar com as práticas cotidianas, bem como de se trabalhar a educação ambiental em âmbito escolar incentivando a formação de agentes ambientais como multiplicadores das ações educativas. Para os participantes, a proposta da atividade foi diferenciada, crítica e criativa, sendo, portanto, um importante instrumento pedagógico a ser aperfeiçoado e adaptado a cada realidade dos participantes da oficina. As avaliações das atividades, pelos participantes, revelaram que as ações práticas e lúdicas favoreceram a compreensão dos temas discutidos, servindo de orientações e sugestões metodológicas a serem multiplicadas nas escolas da educação básica, bem como a necessidade de intensificar ações de modo a promover a formação de educadores ambientais escolares.


2.8- EDUCAÇÃO AMBIENTAL: BRINCADEIRAS E APRENDIZAGENS SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior; Danielle Cristina Araújo e Silva. INTRODUÇÃO A temática “aquecimento global” vem sendo muito discutida neste início do século XXI. A preocupação humana está justamente em desenvolver estratégias práticas para resolver essa problemática ambiental e, também, política, econômica e social. O uso indiscriminado de tecnologias, aplicadas em ambientes urbanos ou rurais, que têm emitido grande quantidade de poluentes na atmosfera, vêm contribuindo significativamente para o agravamento da destruição da camada de ozônio, camada esta que nos protege dos raios ultravioletas tão nocivos à vida humana. Tal discussão precisa ser provocada nos diversos espaços educacionais. Foi, partindo deste contexto, que se realizou a oficina pedagógica “Brincando e Aprendendo sobre Aquecimento Global”, durante a “VI Jornada Itinerante de Educação Científica e Ambiental para a Juventude”, desenvolvida no município de Santo Antônio do Tauá/PA, atendendo cerca de 10 jovens entre 11 a 14 anos. A expectativa dessa oficina foi contribuir na formação da juventude a respeito das questões ambientais, buscando promover a construção da consciência ambiental como instrumento para uma vida cidadã. OBJETIVO Promover reflexão acerca dos problemas ambientais, dentre eles o aquecimento global por meio de um jogo didático. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de Acolhida: “Dinâmica do fósforo”; 2. Atividade de Conhecimento Específico: “Jogo do Aquecimento Global”; 3. Atividade de Despedida: “Jogo Batalha do Conhecimento”. FAZER PEDAGÓGICO A oficina pedagógica foi desenvolvida de acordo com a proposta metodológica do Necaps. O início se deu a partir do desenvolvimento da atividade de acolhida denominada “Dinâmica do Fósforo”, que consistiu em uma atividade introdutória para a apresentação dos participantes, sendo desenvolvida por meio de uma caixa de fósforos que ia sendo passada de mão a mão pelos participantes dispostos em círculo. À medida que a caixa foi passando, o participante, portador da caixa de fósforos, teria que acender um fósforo e, enquanto este estivesse aceso, se apresentaria, diria o nome, idade, escola em que estuda e série, o que gosta de fazer, entre outras coisas que ele julgasse necessárias. Em seguida, a atividade de conhecimento específico, por meio da seguinte questão de investigação: “O que os jovens compreendem sobre o aquecimento global e, ainda, o que esse fenômeno representa para a sua vida em sua comunidade de origem?” Foi solicitado que os jovens se distribuíssem em quatro


equipes. Com as orientações dos mediadores, os participantes desenharam e recortaram formas de círculos médios e grandes em papéis “carmim”. Nos círculos médios, o grupo desenhou e pintou mapas de países para representar o globo terrestre. Com esta etapa concluída passou para a etapa de construção do jogo. Colaram-se oito folhas de papel 40 kg no chão e, com os círculos maiores foram, colados em cima do tabuleiro de papel feito, de modo que os círculos formassem as casas do jogo (caminho), organizadas ao redor das margens do tabuleiro até o centro, como no tabuleiro de jogo do “Ludo”. Os círculos menores foram colados em cima dos círculos maiores. Com tudo pronto, o jogo iniciou e os próprios participantes foram as peças do jogo, com auxílio de um dado feito de papel. O objetivo do jogo é dar a volta no tabuleiro e chegar primeiro no centro, porém foram incluídas nas casas minas com bomba e informações relacionadas ao aquecimento global, que poderiam fazer o participante avançar ou retornar as casas anteriores. No final, foram debatidas informações contidas no jogo e, ainda, a experiência vivida pelos participantes com a atividade. Por fim, desenvolveu-se a atividade de despedida com Jogo da “Batalha do Conhecimento”, um jogo de perguntas e repostas análogo ao jogo “batalha naval”. Essa atividade foi importante para averiguar o nível de compreensão e apreensão dos jovens durante as discussões das atividades anteriores, de modo lúdico e informal, servindo ainda de avaliação para os conteúdos trabalhados e o nível de apreensão dos mesmos pelos jovens participantes da oficina.

FOTO 08 – Jovens brincando com jogo didático-educativo.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Vivenciar atividades em educação ambiental é um momento não só de reflexão, mas, principalmente, um compromisso político com o bem estar social,


ambiental e cultural. Discutir a temática do aquecimento global junto com os jovens foi um momento muito pertinente, haja vista o cenário no qual se desenvolveu esta oficina, pois o tema do aquecimento global estava em evidência na mídia. Percebeu-se que o trabalho lúdico realizado, por meio de dinâmicas e jogos foi uma estratégia muito positiva, pois o processo de construção do conhecimento trabalhando dessa forma se deu de maneira natural e divertida. A avaliação dessa atividade evidenciou o grande nível de satisfação dos jovens em participarem da oficina, assim como também dos ministrantes com o desenvolvimento das atividades e das discussões geradas. Portanto, acredita-se ainda, que essa oficina, contribuiu significativamente para a formação acadêmica dos jovens participantes e para a formação continuada dos ministrantes.


2.9- EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DA CAPOEIRA: UMA AÇÃO COM JOVENS DA VILA DA BARCA-BELÉM /PA Gustavo Maneschy Montenegro Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca INTRODUÇÃO Este estudo é resultante de uma ação educativa realizada, entre os meses de Março a Dezembro de 2007, pelo (Necaps), com vinte jovens, na faixa etária de 12 a 18 anos, moradores da Comunidade da Vila da Barca. Esta ação é parte integrante do projeto de extensão intitulado “Ações Educativas para a Inclusão Social da Juventude da Vila da Barca”, realizado com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Pará (UEPA). A comunidade em questão se destaca por ser uma das mais carentes da cidade de Belém, caracterizada, principalmente, pelo elevado índice de violência, baixa escolaridade, ou seja, apresenta condições socioambientais precárias, caracterizada por moradias em palafitas na beira da baía do Guajará, em Belém/PA. A capoeira, que tem origem da dança N’ golo ou dança da Zebra, era praticada em Angola na África, por meio de um ritual violento, no qual os negros dançavam aplicando cabeçadas e pontapés, e os vencedores tinham o prêmio de casar com as moças da tribo. No Brasil, essa luta era praticada como divertimento entre os escravos em dia de folga. Desse modo, a prática da Capoeira foi eleita como a expressão da cultura corporal a ser trabalhada, pelo fato de estar carregada de historicidade social e corporal, possibilitando uma profunda discussão da história afro-brasileira: os desafios, as derrotas e as conquistas dos negros no Brasil; bem como a preservação e a revitalização do espaço ambiental. OBJETIVO Discutir atitudes e comportamentos mediante a preservação, a revitalização e a valorização do espaço natural, buscando a formação de agentes transformadores na comunidade em questão, bem como difundir a prática da Capoeira como uma ação corporal repleta de valores históricos e culturais. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Mobilização da comunidade para a participação dos jovens no projeto; 2. Contato com o professor Pedra, mestre de capoeira, que trabalhou em parceria com os alunos universitários do Necaps; 3. Encontros semanais com os alunos do projeto. FAZER PEDAGÓGICO Para o desenvolvimento da oficina, contamos com a participação do mestre de capoeira, “Pedra”. As aulas ocorriam aos sábados na Universidade do Estado do Pará, especificamente no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), as quais eram divididas em dois momentos:


Inicialmente, discutimos conceitos sobre a historicidade da capoeira, da sua atualização pelos negros no Brasil colônia, como recreação e instrumento de defesa, buscando uma valorização da cultura afro-brasileira e explicitando a sua importância na formação étnica e cultural do povo brasileiro. No entanto, as músicas entoadas durante as aulas assumiam importância por explicitarem uma relação entre homem e natureza baseada em valores de respeito, de preservação e de revitalização do espaço natural, foram utilizadas como instrumento pedagógico para a ação educacional desenvolvida. Em seguida, trabalhamos os movimentos da Capoeira, possibilitando aos alunos uma expressão corporal até então desconhecida para a maioria e maior conhecimento sobre o próprio corpo, suas possibilidades e limitações. Por último, foi apresentado aos alunos a “roda de capoeira”, na qual os alunos ficam de pé e em círculo e, dois ficam dentro da roda, “jogando capoeira”, se constitui como um momento de confraternização entre os alunos, para que todos superem seus limites, por meio de sua corporeidade.

FOTO 09 – Jovens dançando capoeira.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Todo o trabalho, quando desenvolvido em comunidades carentes e de alto grau de vulnerabilidade social, apresenta muitas barreiras e desafios, que vão desde a dificuldade no acesso à comunidade, a locomoção e a disponibilidade de pessoal. Apesar disso, a realização dessa ação educativa nos mostrou que são as dificuldades que enfrentamos que nos devem fortalecer a buscar o melhor para a sociedade. Sendo assim, percebemos que as músicas entoadas durante as oficinas de capoeira foram de fundamental importância nessa atividade, pois, ao retratarem o cotidiano vivido pelos participantes e a realidade sócio-ambiental amazônica, portaram-se como excelentes recursos pedagógicos para a reflexão de condutas e atitudes preservadoras da natureza, além de identificarmos que, quando o espaço de lazer assume um caráter crítico, educativo e emancipatório, o mesmo favorece a


mudanças na forma de compreensão do mundo, fomentando o questionamento da ordem social vigente. Portanto, compreendemos ser de fundamental importância a realização desse trabalho, uma vez que o mesmo contribuiu para a difusão da prática da Capoeira na Vila da Barca, para a discussão quanto à valorização da cultura afro-brasileira e a formação de condutas e atitudes pautadas na preservação e revitalização do espaço natural, que deve ser um bem comum aos indivíduos.


2.10- UM DIA DE COLETA NA FLORESTA DA TERRA INDÍGENA MÃE MARIA: EDUCAÇÃO DO COTIDIANO ENTRE UMA FAMÍLIA DE INDIOS GAVIÃO E KARAJÁ Giza Carla de Melo Bandeira INTRODUÇÃO A “educação do cotidiano” é uma forma de pensar a educação em ambientes não institucionalizados de ensino. Partindo do pressuposto de que a educação se dá em todos os modos de socializar a vida, penso que os modos de agir para com a vida implicam modos de conhecê-la e dar sentido aos atos do / no cotidiano, sendo este escolar ou não. Neste sentido, os registros de diário de campo, vivências de 01 de fevereiro de 2008 juntos aos índios Gavião Kyikatê-Jê, auxiliaram a registrar dados de observação participante, durante uma coleta de cupuaçu, na floresta da Terra Indígena (TI) Mãe Maria, junto a uma família de indígenas Gavião e Karajá. A TI Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins (sudeste do Estado do Pará), a nordeste da cidade de Marabá, abriga vasta área de floresta com espécies vegetais nativas, onde se destacam quantitativamente as árvores de cupuaçu e de castanha-do-pará. Os índios Gavião coletam castanhas e “cupus” em grande quantidade, para consumo e comércio. Portanto, esta vivência se trata de uma experiência educativa da qual participei, numa prática que se dá no cotidiano indígena da aldeia Gavião KyikatêJê. OBJETIVOS Reunir um grupo de coletores em família para a busca de frutos na floresta; Coletar cupuaçu. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Reunião do grupo familiar; 2. Caminhada em grupo pela floresta de espécies vegetais nativas; 3. Coleta de cupuaçu; 4. Observação áudio-visual da floresta; 5. Caça e transporte manual da coleta. FAZER PEDAGÓGICO Fevereiro é mês de chuva. Dia 31 de janeiro choveu muito, as árvores balançaram e os frutos caíram na floresta. Mas, dia 1º de fevereiro amanheceu um lindo dia, bom para ir buscar o que os ventos derrubaram nos dias anteriores. Esta foi justificativa para anunciar à família que no próximo dia deveríamos ir floresta adentro, rumo aos frutos. “Quem sabe até aparece uma caça animal!”, disse um dos membros da família. Reunimo-nos em grupo familiar, os da casa de seu Ropré (esposa, filho da esposa, nora, neto e um rapaz não-índio que ajuda a carregar as caças) e eu. Ao todo, o grupo foi constituído por sete pessoas em faixa etária diversa que varia de 9


a 50 anos de idade. Ropré (o mais velho de nosso grupo e chefe da família) é índio Gavião, mas sua esposa, filho, nora e neto são Karajá, estavam passando o tempo das chuvas na aldeia Gavião para ajudar na coleta de castanha-do-pará, cupuaçu e milho. Desde o início da caminhada, floresta adentro, em trilhas fechadas (nalguns momentos quase inexistentes), o homem mais velho do grupo (Ropré) toma a frente da caminhada. Em seguida, após aproximadamente 30 minutos de inserção na floresta, nos dividimos em dois grupos: Ropré, sua esposa e eu para um lado; o filho da esposa de Ropré, nora, neto e o rapaz não-índio para outro lado. Eu representava para o grupo uma pessoa sem experiência nessas coletas, sempre caminhava atrás da esposa de Ropré, que, por sua vez acompanhava aos passos do marido. A partir de determinado ponto da floresta, Ropré e sua esposa já visualizam com facilidade as árvores de cupuaçu e os frutos caídos ao chão, alguns escondidos entre as folhas secas. Achávamos os “cupus” e escondíamos atrás das árvores grandes, até que andássemos o suficiente para começar a voltar recolhendo o que havíamos encontrado. Dessa forma, se configurou a coleta de cupuaçu. Em determinado momento, achamos que já havíamos feito muitos monturos de “cupus” durante a caminhada, tendo o suficiente para carregarmos. Então começamos a voltar pelo mesmo caminho, recolhendo os frutos que escondemos atrás das grandes árvores. Com grande quantidade, Ropré já não conseguia carregar com um braço, por isso confeccionou uma espécie de mochila com a saca que havia levado consigo: extraiu alças de “Envira”, casca de uma árvore que eles chamam “unha de gato”, a qual arrancou com a mão e fez fasquias finas para amarrar com fortes nós nas pontas da saca. Depois disso, pegamos os “cupus” e colocamos na mochila, para que Sr. Ropré transportasse manualmente, nas costas, sendo que a alça da mochila tinha sustentação na testa. Com muitos “cupus” nas costas, ele quase pendia, mas não achava ruim. Sua esposa e eu carregávamos menos peso, andávamos rápido abraçando as sacas cheias de cupuaçu. Até que, encontramos o outro grupo e, tendo se passado o dia inteiro, já era mais de 16 horas (estávamos com aproximadamente 5 horas de caminhada e coleta), nos sentamos para descansar. Nesse momento, o filho da esposa de Sr. Ropré avistou um sinal de tatu com o balanço das folhas e correu atrás, mas não alcançou. Logo em seguida, outro tatu atravessou em nossa frente, era menor do que o primeiro avistado. O neto da esposa de Sr. Ropré (com 9 anos de idade) correu atrás, mato adentro, e segurou forte o rabo do bicho. Logo depois seu pai pegou e bateu na cabeça do tatu – a caça completara com satisfação um dia de coleta frutífera e animal. Terminamos o dia de coleta na floresta ao chegarmos de volta na aldeia Gavião Kyikatê-Jê.


FOTO 10 – Jovens na floresta da Terra Indígena Mãe Maria (Bom Jesus do Tocantins – PA)

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Os sons e imagens da floresta “falaram” muitas coisas: som de bando de araras, gritos de macacos “guariba”, buracos de tatu, folhas de carrapato (se não tomar cuidado eles grudam nas pernas), cipó que dá água pura, ninho de pássaro, ninho de abelhas, etc. Tantos saberes que só um dia inteiro de vivência para fazer entender, porque o tempo, os sons, as imagens, a forma de pisar o chão e empurrar os galhos, para entrar na mata, constrói o espaço educativo, na vivência com as pessoas, com as coisas e consigo. Dessa forma, um dia de coleta na floresta da TI Mãe Maria se mostrou como uma importante experiência educativa, quando observei a troca de saberes entre o grupo e o ambiente natural, seus elementos da biodiversidade amazônica local e relações sociais relativas ao grupo indígena. Percebi que o compartilhar de saberes, nesse contexto cotidiano, se configura em práticas educativas concretas, onde se aprende sobre as espécies vegetais e animais, comportamentos e características da floresta de forma participante.


2.11- REUTILIZAÇÃO DE GARRAFAS PET’S COMO PROPOSTA DE DISCUSSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM JOVENS DA PERIFERIA DE BELÉM/PA Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior Murilo Henrique Moraes Cardoso INTRODUÇÃO A discussão da Educação Ambiental se torna cada vez mais significativa, na medida em que possibilita uma reflexão da realidade, buscando evidenciar práticas que comprometem sensivelmente a qualidade de vida dos sujeitos em todos os seus aspectos, seja este social, político, econômico, educacional, cultural e/ou ambiental. A vivência de graves problemas sócio-ambientais, que assistimos todos os dias pelos meios de comunicação ou em nosso próprio cotidiano, na maioria dos casos, são resultados da modificação do ambiente por meio da interação predatória, estabelecida entre o homem e o meio ambiente, geralmente intermediado pelo uso abusivo das tecnologias que interferem drasticamente nos diversos biomas. Esses problemas podem ser inúmeros, isto é, podendo ir desde as condições sanitárias e de higiene até aos comprometimentos dos ecossistemas por meio de queimadas, desmatamentos, extração de minerais e a pesca e caça predatória de animais ocasionando na maioria das vezes sua extinção, sem contar ainda os problemas de poluição do ar, solo, mares e rios, biopirataria, ou seja, problemáticas que prejudicam seriamente não só o meio ambiente como também a sua relação com a vida humana em sociedade. Uma estratégia para se desconstruir estas práticas desconexas, é a educação como instrumento de construção de uma consciência politizada, crítica e transformadora da realidade. Para tanto, desenvolver uma prática pedagógica que prima pela concretização de ações junto aos jovens, contribui significativamente para o processo de construção, apropriação e conseqüentemente de difusão destes conhecimentos e por isso mesmo, trabalhar concepções de reutilização e reaproveitamento de materiais antes considerados lixo, pode sinalizar uma saída. Foi com este intuito e a partir de reflexões sobre as contribuições da prática da reutilização, é que desenvolvemos oficinas pedagógicas no sentido de construir um fazer pedagógico lúdico e transformador no sentido de que os jovens percebessem e reconstruíssem suas próprias concepções de utilização e reutilização dos objetos e em específicos aqueles oriundos de material poliedro tereftalo (PET). E assim desenvolveram-se três oficinas uma em 2007, intitulada “Educação Ambiental por meio da reutilização de garrafas PET’s”, executada durante a V Jornada Itinerante de Educação Científica e Ambiental para a Juventude, ocorrida na E.E.E.F.M. D. Pedro I, em Belém/PA, no dia 02 de junho de 2007, atendendo 19 jovens da faixa etária de 11 a 14 anos, e duas em 2008, a segunda intitulada “Brincadeiras e Aprendizagens sobre Educação Ambiental a partir da reutilização de garrafas PET’s”, ocorrida no Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE/UEPA, em Belém/PA, no dia 21 de junho de 2008, atendendo 10 jovens entre 11 a 14 anos e a terceira, intitulada Reutilizar garrafas PET’s para preservar o ambiente, na E.E.E.F.Dr. Gaspar Viana, no dia 13 de setembro de 2008, no município do Ananindeua/PA, atendendo cerca de 30 crianças de 6 a 10 anos. As oficinas foram


promovidas pelo Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps/CCSE/UEPA. OBJETIVOS Discutir a educação ambiental a partir da reutilização de materiais plásticos como as garrafas PET’s, no sentido de sensibilizar os jovens para o uso e condicionamento racional destes materiais; Promover uma sensibilização acerca dos processos de conservação e preservação dos ambientes sociais e naturais; Incentivar e refletir a importância da seleção do lixo doméstico para a manutenção da vida no planeta. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividades de Acolhidas: dinâmica do nome e da pegadinha animal; 2. Atividades de Conhecimentos Específicos: construindo objetos a partir da reutilização de garrafas PET’s; 3. Atividades de Despedida: jogo da batalha do conhecimento. FAZER PEDAGÓGICO As oficinas pedagógicas foram desenvolvidas a partir da metodologia trabalhada no Necaps, que se organiza em três momentos mais a avaliação. No primeiro momento realizou-se a atividade de acolhida chamada “pegadinha da reutilização” que consistiu numa dinâmica de relacionamento inter e intrapessoal que proporcionou uma integração e confiança ao grupo de jovens e pela dinâmica do Nome na qual os participantes se apresentaram. Em seguida trabalhou-se a atividade de conhecimento específico, a partir de seguinte questão de investigação: “Qual a compreensão que os jovens possuem a respeito da reutilização de materiais plásticos?”, em que se trabalhou a confecção de três objetos decorativo-didáticos por meio da reutilização de garrafas PET’s e bem como os conteúdos relacionados ao histórico do plástico, materiais plásticos reutilizáveis, problemas ambientais (assoreamento, desmatamento, desertificação, erosão e lixiviação), sendo que para a operacionalização da mesma, dividiu-se o grupo em equipes de no máximo 4 jovens e as instruções eram dadas passo a passo de modo a facilitar o processo de construção dos objetos. O terceiro momento fora a atividade de despedida denominada de “Batalha do Conhecimento”, que consistiu em um jogo (semelhante ao conhecido “Batalha Naval”), para averiguar o nível de compreensão e apreensão dos jovens durante as discussões das atividades anteriores.


FOTO 11 – Jovens, construindo objetos a partir do reaproveitamento de garrafas PET.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Verificou-se que as atividades pedagógicas desenvolvidas foram importantes ações no que tange ao processo de construção de uma consciência ambiental na juventude, pois se percebeu durante o desenvolvimento das oficinas, o interesse, a curiosidade e a importância que os jovens possuíam durante a realização dos fazeres pedagógicos. A avaliação permitiu ainda, verificar a partir da leitura e da análise não só dos instrumentos avaliativos aplicados aos términos das oficinas, mas ainda por meio do processo de avaliação coletiva junto aos jovens, que estes consideram que o processo de compreensão, apreensão e sensibilização se torna mais eficaz à medida que se articulam temas do conhecimento científico, com a realidade vivenciada e ainda, as estratégias pedagógicas lúdicas como: dinâmicas, construção de objetos alternativos e os jogos didáticos. Assim sendo, viu-se também, que os jovens consideraram as oficinas proveitosas e prazerosas tornando-as diferenciadas das atividades desenvolvidas na escola. Constatação essa que vem sendo cada vez mais significativa em nossas práticas enquanto mediador/pesquisador do Necaps, o que evidencia a necessidade das escolas e principalmente dos educadores, praticarem mudanças sensíveis em seus fazeres pedagógicos em sala de aula.


2.12- BRINCANDO COM SUCATAS: CONSTRUÇÃO DE JOGOS A PARTIR DE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS Gustavo Maneschy Montenegro INTRODUÇÃO Esta atividade foi realizada em forma de oficina durante a VI Jornada Interna do Núcleo de Educação Científica, ambiental e Práticas Sociais –Necaps- realizada em junho de 2008, no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) dirigida a alunos da Educação Básica, estudantes da rede pública de ensino das escolas do bairro do Telégrafo Belém/PA. Essa temática se deu a partir da necessidade de incluir nas aulas de Educação Física discussões sobre a reutilização de materiais como garrafas PET’s, papel entre outros, uma vez que esse assunto precisa estar incluído no programa de todas as disciplinas do currículo escolar, uma vez que a Educação Física se encontra fora desse processo, que muitas vezes se dá pela negligência de professores com a formação crítica dos alunos. Sendo assim, essa ação educativa teve como questões investigativas: qual a importância que os jovens atribuem para a reutilização de sucatas com a finalidade de conservar o meio ambiente sadio? E, identificar no grupo, que tipos de atividades as suas escolas realizam com a temática da educação ambiental? OBJETIVO Possibilitar uma reflexão dos participantes sobre a importância da reutilização de sucatas para o meio ambiente e construir jogos motores, com materiais reutilizáveis, buscando proporcionar para o aluno vivências motoras e uma maior integração social, sem, contudo, descaracterizar o jogo dos seus principais aspectos como ludicidade, criatividade e espontaneidade, além de estimular a criatividade e a socialização dos mesmos. AÇÕES DESENVOVIDAS 1. Construção de jogos (Vai-vem e Conebol); 2. Vivência desses jogos; 3. Discussão sobre reutilização; 4. Atividade de despedida (corpo falante). FAZER PEDAGÓGICO Essa oficina contou com a participação de 15 jovens na faixa etária de 12 à 14 anos estudantes da rede pública de ensino. Durante a atividade, os alunos foram divididos em 4 equipes e cada equipe ficou responsável de construir um jogo (Vaivem e conebol) a partir das orientações do mediador com os seguintes materiais: garrafa PET, jornal e tampinhas de garrafas. Passado o momento da construção, os alunos puderam vivenciar os jogos por eles confeccionados, para depois, ser apresentado aos mesmos um painel com o tempo de decomposição desses materiais na natureza quando são jogados no lixo ou nos rios e também, discutido como a não-reutilização de sucatas pode prejudicar o meio ambiente.


Depois da apresentação do painel, foi iniciada uma reflexão com os participantes sobre a importância da reutilização desses materiais para a diminuição do aquecimento global e para a preservação da natureza, na qual, procurou-se identificar que atividades pedagógicas são realizadas com esses alunos em suas escolas. Ao final, realizou-se a atividade de despedida, denominada corpo falante, na qual os alunos tinham de expressar corporalmente uma história contada pelo mediador, com o intuito de resgatar as brincadeiras de rua como uma estratégia didático-pedagógica, no sentido de proporcionar ao grupo uma concepção lúdica a partir de elementos significativos como a participação, colaboração e a promoção de relação inter e intrapessoal no grupo.

FOTO 12 – Jovens em trabalho, durante a oficina pedagógica.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Com essa atividade, pode-se perceber que a aprendizagem por meio de atividades que estimulem a interatividade e a ludicidade dos alunos se faz mais eficiente para o entendimento e o crescimento teórico do alunado, contribuindo para ampliar os espaços destinados a sensibilização ambiental de jovens, no qual, devemos buscar a formação de agentes transformadores na sua comunidade, que passem a ser sensíveis diante de suas atitudes e possibilidades, mas que possam enfrentar a problemática ambiental de forma crítica. Nesta oficina, identificamos que o espaço escolar oferece pouca oportunidade para a realização de atividades pedagógicas com a temática da Educação ambiental, gerando uma baixa oportunidade, para a formação de agentes sociais críticos em relação ao assunto. Sendo assim, avalia-se que a escola precisa estar mais atuante na discussão da preservação ambiental junto aos discentes e a comunidade escolar. A oficina mostrou-se positiva, pois pode produzir um espaço de sensibilização da juventude frente à problemática ambiental, uma vez que os mesmos atribuem


grande importância para a prática da reutilização de sucatas como meio de preservação do meio ambiente, além de oportunizar para os participantes uma manifestação lúdica de seu corpo, trazendo na sua essência o brincar com significado educativo.


2.13- NECAPS NA FORMAÇÃO DE JOVENS PESQUISADORES Ariwilson Gomes dos Santos Vitor Sousa Cunha Nery INTRODUÇÃO Este texto trata sobre a execução de uma oficina, ministrada em Jornadas Itinerantes do Necaps. A referida oficina tem como eixo principal de abordagem a educação científica no ensino fundamental, tendo por público alvo jovens, estudantes da rede pública de ensino. A relevância de tal oficina se evidencia na contribuição que a alfabetização científica proporciona aos jovens, visto que, no futuro, estes precisarão no decurso de seus estudos. OBJETIVOS Desenvolver estudos e trabalhos, na perspectiva de levar aos jovens uma maior familiaridade com procedimentos científicos, por intermédio de atividades voltadas para alunos do ensino fundamental; Integrar esta parcela do alunado ao contexto da Educação Científica; Demonstrar a importância de algumas noções preliminares acerca dos procedimentos científicos como: pequenas estórias, que os levam a conhecer as partes constituintes de um projeto, leituras, pequenos projetos, relatórios simples, etc. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de acolhida: a dinâmica utilizada na oficina teve o caráter de integração; o título da referida dinâmica é Conhecendo o outro; 2. Atividade de Conhecimento Específico: Exposição de conto: Conto “Miolo de Coco”; Atividade prática fora de sala de aula; Elaboração de um projeto; 3. Atividade de despedida: Socialização. FAZER PEDAGÓGICO Nessa proposta, trabalhamos na tentativa de ultrapassar as quatro paredes da Universidade, levando conosco algumas práticas científicas, de forma adequada à realidade dos jovens que participam das referidas atividades. Estas ocorrem por meio de oficinas, e se dividem em momentos distintos, os quais serão elencados abaixo: A oficina iniciou com a Atividade de acolhida, onde se realizou uma dinâmica de integração denominada de Conhecendo o outro que nos oportunizou conhecer os jovens participantes da oficina em questão. Esta atividade consistiu na distribuição de uma folha de papel A4 para cada participante da oficina, com a finalidade de descrever uma característica própria. Em seguida, trocam-se os papéis e se tenta adivinhar de quem é a característica. Com isso, acabamos conhecendo todos os participantes. Em seguida, desenvolveu-se a Atividade de Conhecimento Específico organizada em três etapas: Na 1ª etapa, teve-se a “Exposição do conto Miolo de Coco”, em que se utilizou o texto, como uma forma de trabalhar conhecimentos


específicos da Metodologia Cientifica, trabalhando o assunto de maneira analítica e adequada a linguagem dos alunos. Com os procedimentos estabelecidos, a fim de organizar os conhecimentos, partiu-se para a construção de uma pequena proposta de intervenção elaborada pelos alunos. A 2ª etapa foi a “Atividade prática fora de sala de aula”, na qual os alunos saíram de sala e foram identificar uma problemática para pesquisa e em seguida construíram uma proposta para elaboração de um projeto. E a 3ª etapa consistiu na “Elaboração do Projeto”, em que os alunos utilizaram para a elaboração do projeto materiais coletados na área da própria escola e outros levados pelos ministrantes da oficina como: Garrafas pet, papel, pau de picolé além de cartolinas, canetinhas coloridas, cola e fita gomada. Por fim, desenvolveu-se a Atividade de Despedida, em que se finalizou com a socialização dos trabalhos elaborados pelos alunos e posteriormente uma avaliação das atividades executadas.

FOTO 13 – Trabalho dos Jovens, desenvolvidos durante a vivência.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Por fim, cremos ser válida a continuação do trabalho na medida em que o jovem está formando a sua personalidade, sobretudo a educacional, assim estes jovens chegarão às fases posteriores de seus estudos com mais maturidade, pois já passaram por um processo de alfabetização científica no ensino fundamental. Entretanto, dar continuidade a este trabalho exige fôlego, visto que a realidade é desanimadora, no que se refere a recursos materiais e financeiros, contudo a ousadia e a esperança norteiam nossas práticas.


2.14- A EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADES ACADÊMICAS VIVENCIADAS EM GRUPO/NÚCLEO DE PESQUISA NA FORMAÇÃO DE JOVENS PESQUISADORES Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior Danylla Darrielle Gomes Gama Mara Cristina Drago Souza Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca INTRODUÇÃO A universidade pública brasileira deve oferecer aos seus estudantes de graduação, quer seja dos cursos de licenciatura, ou dos cursos de bacharelado, uma formação ampla que contemple a vivência em ações de ensino-pesquisa-extensão. Este desafio está alicerçado na perspectiva de qualificar a formação inicial e incentivar o surgimento de jovens pesquisadores. Tais ações favorecem o prosseguimento da vida acadêmica destes indivíduos, bem como incentiva a formação de profissionais com perfil para ocupar os quadros técnicos e docentes das universidades. Foi com esta preocupação que se realizou o mini-curso “Formação de jovens pesquisadores: atividades de ensino, pesquisa e extensão e da pesquisa-ação vivenciadas em grupo de pesquisa”, realizado durante a XII Semana Acadêmica do Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE/UEPA, durante o período de 21 a 25 de maio de 2007, atendendo 30 universitários de diferentes cursos da UEPA e de outras instituições de educação superior da capital e do interior do estado do Pará. É neste contexto, que a importância da realização deste mini-curso esteve na possibilidade de discussões e das contribuições que a vivência em grupos de pesquisa, pode representar para a graduação e para formação de jovens pesquisadores. Tais discussões proporcionam reflexões acerca do verdadeiro papel social das universidades públicas à medida que leva em consideração a prática concreta de um núcleo de pesquisa que trabalha numa perspectiva de iniciação científica, interdisciplinaridade e conhecimento e valorização do ambiente amazônico, a partir de ações integradas de ensino-pesquisa-extensão, aliadas a prática de pesquisa-ação. OBJETIVOS Geral: Possibilitar o conhecimento de saberes e práticas diversas decorrentes de ações inter-relacionadas de pesquisa, ensino e extensão promovidas por grupos de pesquisa, como contribuição a formação de jovens pesquisadores em educação. Específicos: Discutir a formação de jovens pesquisadores como elemento para qualificar a prática profissional em educação; Levantar saberes que os participantes possuem a respeito de grupos de pesquisa e de sua importância na formação universitária; Promover a reflexão acerca do conceito da pesquisa-ação e assim problematizar sua aplicabilidade no cotidiano da educação; Apresentar a proposta educativa do Necaps e sua contribuição para formação inicial de jovens pesquisadores;


Debater como as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas por grupos de pesquisa favorecem a formação de educadores-pesquisadores para a educação básica e superior. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividades de Acolhidas; 2. Atividades de Conhecimentos Específicos; 3. Atividades de Despedidas. FAZER PEDAGÓGICO Neste mini-curso, utilizou-se a pesquisa-ação como pressuposto metodológico do trabalho enquanto contribuição à formação dos educadorespesquisadores. O mini-curso foi desenvolvido com base na proposta metodológica do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps/CCSE/UEPA, planejada em três momentos, isto é, a atividades de acolhida, atividades de conhecimentos específicos e atividades de despedida mais a avaliação do processo pedagógico. Os temas abordados foram: conceituação de grupo de pesquisa, pesquisa, ensino e extensão universitária; pesquisa-ação; e a prática do Necaps como núcleo de pesquisa. Durante o mini-curso, desenvolveram-se trabalhos em grupo, debates, exposições dialogadas, jogo recreativo, leitura coletiva de textos, dinâmicas de relacionamento interpessoal, e a avaliação.

FOTO 14 – Jovens discutindo a temática do mini-curso.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Esta experiência demonstrou que a comunidade acadêmica do CCSE/UEPA, pouco sabe das atividades desenvolvidas em grupos/núcleos de pesquisa e


desconhece a proposta da pesquisa-ação e as atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas pela UEPA. Segundo a avaliação, o mini-curso proporcionou aos universitários, discussões pertinentes que incentivaram a participação em grupos/núcleos de pesquisa, além de esclarecer processos e procedimentos de pesquisa e vivência na produção do conhecimento, se constituindo em uma importante contribuição para a formação inicial dos graduandos, além de que contribuiu para a construção, amadurecimento e reflexão sobre a concepção de Universidade e ainda sobre a sua verdadeira função social, tendo como referência as próprias práticas da UEPA no estado do Pará.


2.15- FORMAÇÃO DE PROFESSORES: REFLEXÕES E AÇÕES A RESPEITO DA INCLUSÃO DOS TEMAS TRANSVERSAIS NO CURRÍCULO ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior; Danylla Darrielle Gomes Gama; Gustavo Maneschy Montenegro; Mara Cristina Drago Souza; Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca. INTRODUÇÃO Esta investigação consistiu numa pesquisa-ação desenvolvida por meio do projeto de extensão “Temas transversais e formação de professores do ensino fundamental: reflexões e ações”, aprovado no Programa Campus Avançado, chamada 2007, da Pró-Reitoria de Extensão, da Universidade do Estado do Pará – UEPA, em parceria com prefeituras de municípios como, Bragança/PA, no período de 02 a 06 de julho de 2007, com carga-horária de 40 h/a do qual participaram das atividades 35 educadores do ensino fundamental e São João de Pirabas/PA, no período de 09 a 13 de julho de 2007, com carga-horária de 30 h/a, com a participação de 10 educadores. Os Temas Transversais constituem uma gama de saberes essenciais a formação humana e cidadã que a escola de hoje está responsável em oferecer. Para Rafael Yus (1998), esta gama de saberes forma um conjugado de conteúdos pedagógicos ou eixos temáticos que pelo fato de não pertencerem a nenhuma disciplina do currículo em particular, podem estar presentes em todas por meio da interdisciplinaridade, pois o seu tratamento dentro do currículo seria o de transversálo, isto é, de passar pelo currículo global da escola. Por ter a característica eminentemente interdisciplinar, os temas transversais podem ser trabalhados nas diversas áreas do conhecimento, tendo em vista que estes são uma forma de superar as lacunas deixadas pelas disciplinas curriculares tradicionais no sentido de promover construção da cidadania, a partir de uma prática educacional compromissada e voltada para compreensão da realidade social, dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal e coletiva. Neste contexto, fica evidente a importância de educar os brasileiros para que ajam de modo responsável e com sensibilidade, conservando o ambiente saudável, entendendo como a saúde e a orientação sexual estão co-relacionadas e como estes temas se encontram presentes nas práticas sociais. Por isso precisam se fazer presentes nas atividades escolares como ação concreta, oriunda de um processo constante de reflexão-ação propiciada pelos processos de formação continuada em que os professores estão envolvidos. Foi nesta perspectiva que se desenvolveu e está a contribuição desse projeto. OBJETIVOS

Geral:Oportunizar discussões e ações que favoreçam a inclusão de temas transversais no currículo escolar do ensino fundamental, voltados à educação ambiental, saúde, orientação sexual e práticas sociais, por meio de ações pedagógicas interdisciplinares e com saberes diversos.


Específicos: Discutir como os temas transversais podem ser trabalhados no cotidiano escolar a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); Construir recursos didáticos por meio de atividade pedagógica de reaproveitamento de materiais alternativos, como proposta de reflexão da educação ambiental; Propiciar o debate sobre o bem-estar psicossocial e físico, a partir de ações integradas em educação, saúde e orientação sexual; Refletir como as práticas sociais estão presentes no cotidiano escolar, por meio de atividades pedagógicas que discutam a ética e a pluralidade cultural; Propor, executar e avaliar ações de ensino e planejamento em educação a partir da discussão dos temas transversais como contribuição para a formação de educadores numa perspectiva crítico-reflexiva. AÇÕES DESENVOLVIDAS

1. Atividade de Acolhida; 2. Atividades de Conhecimentos específicos; 3. Atividades de Despedida. FAZER PEDAGÓGICO

O trabalho pedagógico foi desenvolvido por meio de atividades diversas (dinâmicas e relacionamento interpessoal, exposições dialogadas, trabalhos em grupos, exibição de filme, construção de recursos didáticos a partir da reutilização de garrafas PET’s, trabalhos com jornais, jogos recreativos e construção de cartazes), baseadas na proposta metodológica do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps/CCSE/UEPA, planejada em três momentos, isto é, a atividade de acolhida, atividade de conhecimento específico e atividade de despedida, mais a avaliação. Os temas trabalhados foram: temas transversais, interdisciplinaridade; educação ambiental; saúde e orientação sexual; pluralidade cultural e ética; planejamento e avaliação de atividades com temas transversais. As temáticas trabalhadas sempre iniciavam com uma atividade de acolhida (dinâmica) que era um momento em que os participantes refletiam a temática proposta pela atividade, por meio da descontração e dos laços de fraternidade. Esta primeira atividade funcionava como um “quebra-gelo”, para tirar a tensão dos participantes deixando-os mais à vontade para as discussões posteriores. Ao todo foram executadas dez atividades de acolhida em Bragança/PA e cinco em São João de Pirabas/PA. O segundo momento fora a atividade de conhecimento especifico. Nesta atividade a ação pedagógica é conduzida no sentido de possibilitar aos participantes reflexão-ação reflexão sobre a sua prática pedagógica, tendo em vista o conhecimento produzido coletivamente. No total, executaram-se sete atividades em Bragança/PA e cinco em São João de Pirabas/PA. No 1° dia, trabalhou-se a LDB, a conceituação, origem e importância dos temas transversais para o currículo escolar do ensino fundamental; no 2° dia iniciaram-se as atividades práticas com os temas transversais tendo a educação ambiental como tema central; no 3° dia discutiu-se a questão das práticas sociais (ética e pluralidade cultural), no 4° dia as questões da saúde e da orientação sexual foram o centro das discussões e finalmente no 5° dia se discutiu o planejamento


(plano de aula e projetos) e a avaliação de atividades com temas transversais tendo a LDB como subsidio. Realizou-se também a avaliação dos cursos. E por fim, o terceiro momento foi o encerramento. Chamado de atividade de despedida, esta consistia em finalizar o encontro e incentivar os participantes a retornarem aos próximos encontros. Geralmente, utilizavam-se dinâmicas que propunham uma reflexão acerca do fortalecimento de conceitos como solidariedade, cooperação, igualdade, participação, grupo/equipe, dentre outros, no sentido de promover a sensibilização para a importância do trabalho realizado durante o curso, fortalecendo o grupo e incentivando a participação nos próximos encontros do curso. Foram realizadas cinco destas atividades em Bragança/PA e em São João de Pirabas (PA).

FOTO 15 – Professores de São João de Pirabas (PA), participantes do Curso.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA O trabalho pedagógico propiciou discussões sobre os temas trabalhados, esclarecimento de dúvidas dos educadores a respeito das temáticas abordadas, bem como a construção de recursos pedagógicos alternativos e sugestões metodológicas como contribuição para melhoria da qualidade do ensino fundamental das escolas participantes. Todas as atividades, comentários, questionamentos, sugestões, diálogos dos participantes que permitissem avaliar a percepção dos mesmos sobre o trabalho desenvolvido foram registrados em diários de campo. A leitura e o mapeamento dos dados coletados mostram que para os professores participantes, o curso contribuiu para a melhoria de sua ação docente, na medida em que ampliou o “olhar” dos mesmos para a inserção dos temas transversais na prática educativa escolar, possibilitando a vivência de atividades pedagógicas diversas e a construção de materiais didáticos possíveis de serem trabalhados em sala de aula. Por outro lado, consideraram a carga horária do curso muito pequena.


REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade, cultura e orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1998; BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996; YUS, Rafael. Temas transversais: em busca de uma nova escola. Porto Alegre/RS: ARTMED, 1998.


2.16- A ESCOLA E O COMBATE À EXPLORAÇÃO INFANTOJUVENIL Fernanda Lílian Sousa de Jesus Jaqueline Costa Santos INTRODUÇÃO Esta vivência se deu mediante a execução da oficina intitulada “A escola e o combate à exploração infanto-juvenil”. Esta oficina foi ministrada nas IV, V e VI Jornadas Itinerantes do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (Necaps), no ano de 2007 e teve por objetivo geral apresentar para a juventude a importância da escola, enquanto uma instância social permeada por princípios éticos, morais e legais, portanto uma agente difusora e defensora dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. A relevância e a necessidade de execução desta oficina se evidenciam devido ao crescimento dos índices registrados de violência, nas suas mais variadas nuances, cometidos contra crianças e adolescentes, as quais têm seus direitos violados, por meio do uso inapropriado do poder e da autoridade. Além disso, a abordagem acerca do papel social da escola em discutir problemáticas da sociedade, faz-se bastante necessária neste contexto. OBJETIVOS Dialogar com a juventude a respeito das práticas que agridem e violam os direitos infanto-juvenis; Identificar as variadas nuances da exploração infanto-juvenil tais como: trabalho infantil, prostituição, tráfico para fins sexuais, pornografia, pedofilia, trocas sexuais, etc.; Discutir as peculiaridades do contexto amazônico, no que tange a exploração infanto-juvenil. AÇÕES DESENVOLVIDAS A oficina em questão foi executada a partir das seguintes atividades: 1. Atividade de Acolhida: Dinâmica do Crachá Criativo; 2. Atividade de Conhecimento Específico: questionário e confecção de um cartaz; 3. Atividade de Despedida: apresentação do cartaz. FAZER PEDAGÓGICO A referida oficina foi ministrada em três escolas, a saber: Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Pedro I, Escola República de Emaús e Escola Estadual de Ensino Fundamental Inácio Moura. Esta última se situa no município de Santo Antonio do Tauá (PA). Para execução da oficina, obedeceu-se aos procedimentos metodológicos do Necaps, os quais consistem em atividades de acolhida, conhecimento específico e despedida. Primeiramente, no que se refere à atividade de acolhida, optou-se pela dinâmica de apresentação e integração denominada de crachá criativo, a qual consiste na distribuição de papel, lápis de cor, canetinha e afins, para cada participante da oficina e se orienta que cada pessoa deverá fazer um desenho ou


escrever uma frase, um poema - que represente algo de si. Uma vez concluídos os desenhos, frases ou poemas, cada pessoa sairá do seu lugar, mostrará seu desenho, de maneira visível, aos demais membros do grupo e procederá a sua apresentação: nome, motivo que o levou a escolher a oficina, escola de origem e explicação do desenho. Em um segundo momento, começou-se o desenvolvimento das atividades de conhecimento específico, as quais se constituíram basicamente de indagações direcionadas aos jovens sobre a temática da violência, especificamente o entendimento destes acerca da exploração infanto-juvenil. Além disso, sugeriu-se a confecção de dois cartazes, utilizando revistas, reportagens de jornais, casos de violência contra crianças e adolescentes e panfletos de instituições governamentais e não governamentais defensoras dos direitos infanto-juvenis, demonstrando também a importância social da escola nesse contexto. Dividiu-se a sala em dois grupos, cada grupo ficou responsável pela confecção de um cartaz. Por fim, como atividade de despedida, pediu-se aos jovens para que expusessem os cartazes prontos, além de avaliarem o que foi exposto na oficina, no que se refere à violência e suas principais facetas, principalmente aquelas que vitimam crianças e adolescentes todos os dias e de como a escola enquanto agente social pode intervir no ciclo da violência.

FOTO 16 – Jovens produzindo material durante a vivência.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA A oportunidade de se ministrar esta oficina em três jornadas nos permitiu verificar realidades e concepções tão diversas, que os livros não conseguiriam retratar esta experiência única. Saber o que crianças e adolescentes pensam sobre a questão da violência e de suas principais manifestações foi extremamente importante. Os relatos nas oficinas também foram valiosos na nossa formação, pois mostraram contextos diversos, como lares dissociados pelo uso de drogas, desemprego, crimes etc.


2.17- PINTURA, MÚSICA E POESIA: EM BUSCA DE UMA CULTURA DE PAZ. Deusimar do Nascimento Pereira Fernanda Lílian Sousa de Jesus Jaqueline Costa Santos INTRODUÇÃO Esta vivência é resultado da execução da oficina “Pintura, música e poesia: em busca de uma cultura de paz”. A referida oficina foi ministrada na VII Jornada Interna do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (Necaps), no ano de 2008. A referida oficina foi direcionada para crianças e adolescentes, em uma faixa etária de 12 a 18 anos, alunos dos ensinos fundamental e médio da rede pública de ensino. Teve como objetivo fundamental retratar a questão da violência e suas principais manifestações por intermédio de poesias, pinturas e músicas. OBJETIVOS Debater, de maneira lúdica, a questão da violência e suas principais manifestações na sociedade, tais como: trabalho infantil, violência doméstica, violência sexual, etc., a partir da pintura, poesia e de músicas; Apresentar, por meio das radionovelas educativas as peculiaridades do contexto amazônico no que se refere à violência sexual cometida contra crianças e adolescentes; AÇÕES DESENVOLVIDAS A oficina em questão foi executada a partir das seguintes atividades: 1. Atividade de Acolhida: Dinâmica do Crachá Criativo; 2. Atividade de Conhecimento Específico: utilização de duas radionovelas educativas∗; leitura e discussão de algumas poesias relativas à questão da violência; por fim, escutou-se a música Giramundo. 3. Atividade de Despedida: reflexões sobre a temática da violência contra crianças e adolescentes e suas manifestações. FAZER PEDAGÓGICO Esta oficina foi ministrada na VII Jornada Interna do NECAPS, que ocorreu na Universidade do Estado do Pará. A execução da oficina seguiu a metodologia do NECAPS que consiste em atividades de acolhida, conhecimento específico e despedida. De início, no que concerne à atividade de acolhida, optou-se pela dinâmica de apresentação e integração denominada de crachá criativo que consiste na distribuição de papel, lápis de cor, canetinha, tinta guache e pincéis para cada Estas radionovelas fazem parte de uma coletânea, cujo lançamento se deu no ano de 2007. A autoria é da Rádio Margarida, situada na Universidade Federal do Pará. O título da coletânea é “Radionovelas Educativas: em defesa da criança e do adolescente”. A temática central é a questão da violência cometida contra crianças e adolescentes e o objetivo principal é divulgar os direitos infanto-juvenis. 1


participante da oficina e se orienta que cada um deverá fazer uma pintura ou escrever um poema - que represente algo de si. Uma vez concluídas as pinturas ou poemas, cada participante mostrará seu desenho aos demais membros do grupo e aos mediadores e procederá a sua apresentação: nome, motivo que o levou a escolher a oficina, escola de origem e explicação do desenho ou afim. Posteriormente, começou-se o desenvolvimento das atividades de conhecimento específico, as quais se dividiram em três momentos. Primeiramente, distribuíram-se alguns textos para leitura, os quais continham quatro poemas que versavam sobre a questão da violência urbana, as ações impensadas do homem, preconceito, futuro da humanidade, bem como a busca por uma cultura pacífica e de uma sociedade mais igualitária. A seguir, apresentaram-se duas radionovelas educativas, uma denominada educar não é bater que trata sobre o cotidiano de um garoto que frequentemente sofre com as agressões físicas e verbais perpetradas pelo pai e que depois de uma dessas agressões ficou gravemente ferido. O pai foi levado juntamente com a mãe do garoto à assistente social, a qual explicou a questão da violência doméstica e o uso inapropriado de certos castigos. A outra radionovela se chama lenda de sombra e luz que discorre sobre o abuso sexual no contexto amazônico destacando personagens místicos da realidade amazônica. E retrata a tentativa de um homem em seduzir e abusar de uma menina de 12 anos. O terceiro momento destacou a música Giramundo que tece breves reflexões sobre a violência doméstica contra crianças e adolescentes. Como atividade de despedida, refletiu-se conjuntamente com os jovens sobre o que foi exposto na oficina e de como pode ser trabalhado de maneira estratégica uma temática tão polêmica e pouco discutida no espaço escolar, que é a violência contra crianças e adolescentes. Além disso, refletiu-se também o quanto é necessário difundir os direitos infanto-juvenis, a fim de que a sociedade crie uma nova noção de infância e adolescência.

FOTO 17 – Jovens realizando atividades durante a vivência.


CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Trabalhar um tema extremamente polêmico como a violência contra crianças e adolescentes e as concepções de infância e adolescência presentes na sociedade é uma tarefa difícil, principalmente quando o público é infanto-juvenil. Por isso, pensou-se em uma maneira de se aliar a temática da violência e da cultura de paz com uma abordagem mais lúdica e menos cansativa. Pois, sabe-se que este debate não deve se centrar somente nas Universidades e Instituições que estudam a temática, mas sim ser direcionado também a crianças e adolescentes, de uma maneira estratégica, com o intuito de conhecer suas reais angústias, dúvidas e anseios, no que diz respeito a este fenômeno social. A oportunidade de ministrar uma oficina com este caráter foi fundamental para se entender que é preciso conhecer mais do universo infanto-juvenil que é tão estudado, porém pouco ouvido. Oficinas que tratam sobre problemáticas sociais propiciam aos jovens um diálogo mais livre, permitindo que estes desabafem suas angústias, tirem suas dúvidas e falem de suas vivências na escola, em casa ou na comunidade. Além de compartilharem suas concepções de mundo. Esta oficina contribuiu consideravelmente em nossa formação, já que refletir sobre problemáticas sociais como a violência, também é papel do educador, pois ele lida diretamente com o público infanto-juvenil e colabora na formação deste.


2.18- MÚLTIPLOS OLHARES SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: VIVÊNCIAS E APRENDIZAGENS Cibele Braga Ferreira Dilma Costa Nogueir Elionai da Silva Telles Jefferson de Abreu Monteiro Lorena Rafaella Gusmão de Sousa Maria de Jesus da C. Ferreira Fonseca Nahyara do Socorro Galvão Ribeiro Sirley Sandra Modesto Santa Brígida INTRODUÇÃO A inclusão escolar de pessoas deficientes configura-se como um processo constante de reflexão- ação. Partindo dessa compreensão, viu-se a necessidade de se discutir esta temática no meio acadêmico, a partir de múltiplas concepções e fazeres. Para tanto, organizou-se uma atividade em que diferentes profissionais que atuam com educação inclusiva participaram contribuindo para o debate do tema. OBJETIVOS Socializar ações, metodologias de trabalho e conceitos relacionados à educação inclusiva, de modo a potencializar práticas educativas inclusivas. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Organização e promoção do “I Encontro Sobre Educação Inclusiva (Necaps)” com o tema “Compartilhar vivências a partir de múltiplos olhares”. FAZER PEDAGÓGICO Adotou-se como metodologia de trabalho a mesa redonda, possibilitando que os profissionais das diversas áreas (Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta, Pedagogo e Artista Plástico) expusessem seus pontos de vista acerca da temática levantada e, ao final, os participantes fizessem seus questionamentos, enriquecendo o debate.


FOTO 18 – Participantes do evento

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Observou-se grande interesse da comunidade acadêmica pela temática, considerando o número de inscritos e o nível das discussões realizadas. Entende-se que, potencializar a reflexão e encaminhamento de ações concretas, no espaço acadêmico, sobre a educação inclusiva, auxilia a sua visualização como uma questão de direito, além de propiciar a valorização e preservação da dignidade humana, a busca da identidade e o exercício da cidadania, valores que precisam fazer parte de uma educação plena, significativa, justa e participativa.


2.29- DROGAS: SIGNIFICADOS E APRENDIZAGENS Alexandre Augusto Bezerra Ferraz Danielle Cristina Araújo e Silva INTRODUÇÃO Este trabalho se constitui no relato de uma experiência pedagógica vivenciada no período de 2001 a 2005 no Necaps, envolvendo jovens de 11 a 18 anos, da rede pública de ensino, do município de Belém- PA, alunos da Educação de Jovens e Adultos do INCRA – palestra e Congressos, sob o tema: Drogas: significados e aprendizagens. As atividades foram desenvolvidas fundamentadas na proposta metodológica do Necaps, pautada em três momentos específicos: atividade de acolhida, atividade de conhecimento específico e por fim a atividade de despedida. OBJETIVOS Oportunizar reflexões sobre o uso de drogas e sua influência na vida cotidiana; Investigar a percepção dos jovens participantes frente às drogas; Instigar os jovens a um debate construtivo sobre as drogas na sociedade atual; Identificar as alternativas e intervenções propostas pela escola no combate às drogas; Discutir conhecimentos relacionados à questão das drogas e sua relação com a vida individual e coletiva; Debater alternativas de trabalho, no sentido da prevenção ao uso de drogas, em espaços escolares. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de acolhida: utilizada para discutir a percepção a respeito das drogas e sensibilizar o grupo para o trabalho em equipe; 2. Atividade de discutiu os seguintes temas: drogas depressoras, alucinógenas e estimulantes; diferença entre drogas lícitas, semi-lícitas e ilícitas; causas e conseqüências das drogas lícitas e ilícitas mais conhecidas – álcool, cigarro, maconha, cocaína, merla, LSD, crack, ecstasy, ópio, entre outras; drogas e meios de comunicação; drogas – família – escola – prevenção, e as características de jovem usuário de drogas; 3. Atividade de despedida: em que se discutiu o papel das drogas e o mundo atual, papel decisivo da escola e dos pais na prevenção ao uso de drogas e a compreensão dos efeitos nocivos das drogas, não apenas no aspecto biológico, mas também nos âmbitos social e psicológico. FAZER PEDAGÓGICO A oficina iniciou com uma atividade de acolhida cujo objetivo é levantar junto aos alunos sua percepção a respeito das drogas e sensibilizar o grupo para o trabalho em equipe. Durante a atividade, cada participante recebeu uma folha de


papel ofício. O mediador explicou que cada um deveria expressar, da forma que quisesse e utilizando o papel, como percebe, sente ou pensa sobre o tema drogas. O mediador enfatizou a necessidade que cada um utilize o seu potencial criativo sem usar qualquer coisa que escreva. Em seguida, cada participante apresentou com uma palavra o significado da sua criação, colocando o papel no chão a sua frente. Em seguida, o grupo se reuniu para discutir e montar uma imagem única acerca do tema, formando um painel, a partir dos papéis de cada um. Antes da apresentação, foi solicitado que o grupo desse um título para o painel. No final, o trabalho foi apresentado e o facilitador comentou com o grupo como foi expressar a sua opinião sobre o tema drogas e realizar um trabalho em conjunto sobre esse assunto, correlacionando-o com a ação preventiva. Percebemos que por meio desta atividade, muitas habilidades são trabalhadas como: concentração, classificação, interação, reflexão, dentre outras, além de valores, a exemplo do respeito ao outro, auto-estima, etc. Como atividade de conhecimento específico, trabalhamos com debates e relatos, que abordam aspectos relacionados à prevenção, além de sondagem, dinâmicas, construção de jogos e confecção de mural que foram desenvolvidas no decorrer da oficina. No desenvolvimento da referida atividade, os seguintes aspectos foram discutidos: drogas depressoras, alucinógenas e estimulantes; diferenças entre drogas lícitas, semi-lícitas e ilícitas; causas e conseqüências das drogas lícitas e ilícitas mais conhecidas – álcool, cigarro, maconha, cocaína, merla, LSD, crack, ecstasy, ópio, entre outras; drogas e meios de comunicação. Sem dúvida é o momento maior e mais interessante da oficina, pois temos possibilidade de identificar o olhar passivo e/ou crítico dos participantes diante das drogas, oportunizando relatos interessantes, muitas vezes respaldados em experiências próprias que possibilitam discussões diversas sobre a temática. Durante a oficina procurou-se destacar o papel da família como uma significativa instituição social na prevenção ao uso de drogas, enfatizando a importância de se estreitar os laços afetivos entre seus membros. Discutiu-se ainda, a importância do diálogo enquanto instrumento de trabalho na educação preventiva em que se deve estimular a formação de valores como: responsabilidade, respeito, auto-estima e solidariedade. Para finalizar, a oficina desenvolveu como atividade de despedida, dramatizações. Para tanto, foram formados grupos com número compatível ao do total de participantes. A cada grupo foi apresentado uma situação enfocando o envolvimento ou não do personagem com o uso de drogas, em que os integrantes do grupo opinam sobre a situação do personagem. Ao final da dinâmica foram discutidos aspectos como: drogas e o mundo atual, papel decisivo da escola e dos pais na prevenção ao uso de drogas e a compreensão dos efeitos nocivos das drogas, não apenas no aspecto biológico, mas também nos âmbitos social e psicológico.


FOTO 19– Jovens participando de dinâmica, durante a oficina pedagógica.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Esta oficina foi relevante para nossa vivência tanto pessoal quanto profissional, pois por meio dela conquistamos novas amizades, encontramos pessoas interessadas em discutir drogas e mudar a situação ora vivenciada, habilidades e valores foram fortificados e descobertos, os jovens demonstraram grande receptividade e externaram suas visões sobre a questão das drogas, deixando claro que o uso delas era prejudicial à saúde e extremamente reprovável. Pudemos ainda, perceber a evolução nos conceitos acerca da concepção de drogas, no sentido de conseguirmos ampliá-los nos debates. Portanto, trabalhar esses temas com os jovens é oportunidade de refletirmos nosso papel de educadores e cidadãos, ao mesmo tempo em que estamos de algum modo, contribuindo para difundir atitudes preventivas com vistas a minimizar o uso de drogas em nosso meio.


2.20- TRABALHANDO A CORPOREIDADE NA JUVENTUDE Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior Gustavo Maneschy Montenegro. INTRODUÇÃO A educação deve perpassar por uma leitura que vai além do processo ensinoaprendizagem, isto é, dos aspectos cognitivos. É preciso perceber a compreensão de o corpo está situado em um determinado contexto sócio-histórico, e que os hábitos, os modos de vida, configuram-se em diversas formas de conformação do mesmo. Portanto, orientar a prática pedagógica para a percepção da corporeidade humana numa perspectiva de que construir o outro é construir-se, é um desafio, especialmente quando o trabalho é destinado à juventude. Neste sentido, se desenvolveu a oficina pedagógica “Brincando com o Corpo”, no intuito de possibilitar um processo reflexivo e crítico junto com aos jovens a respeito de suas próprias corporeidades enquanto manifestação social, cultural, política e biológica. A oficina atendeu 15 jovens do ensino fundamental de escolas públicas do entorno do Centro de Ciências Sociais e Educação/CCSE, da Universidade do Estado do Pará/UEPA, no período de 09 de maio a 13 de junho de 2006. OBJETIVOS Promover a compreensão da corporeidade numa perspectiva lúdica, a partir de jogos e brincadeiras que incentivem a discussão acerca da importância da linguagem corporal; Proporcionar a integração entre as brincadeiras de rua e a prática de exercícios físicos como indicadores da melhoria da qualidade de vida; Promover uma reflexão acerca da importância da alimentação balanceada como estratégia de qualidade de vida; Discutir como a mídia influencia no comportamento do corpo dos jovens, assim como verificar de que forma o padrão estético do século XXI está transformando a imagem cultural da corporeidade na juventude; Possibilitar aos jovens conhecimentos sistemáticos acerca da constituição dos sistemas reprodutores masculino e feminino, assim como seus órgãos e principais funções. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Duas atividades de Acolhida: dinâmica da cadeira e dinâmica do passa a bola; 2. Duas atividades de Conhecimento Específico: brincando com o corpo por meio de jogos populares e tabuleiro da alimentação; 3. Duas atividades de Despedida: dinâmica do emboladão e dinâmica escondendo o alimento. FAZER PEDAGÓGICO


A presente oficina teve como metodologia a proposta adotada pelo Necaps, que é organizada em três momentos mais a avaliação. A estrutura didática desta oficina se deu a partir do eixo temático: A importância da Atividade Física para o Corpo e para a Vida, em que se trabalharam os conteúdos, “O que é atividade física?”; “A importância da atividade física na Juventude”; “Brincadeiras como fator do bem-estar e da auto-estima”; “Alimentação saudável”; e “Os problemas biológicos e sociais de uma alimentação não-saudável”. No primeiro dia, desenvolveram-se as seguintes atividades: Atividade de Acolhida, “Dinâmica da cadeira”, que iniciou com os participantes girando em torno das cadeiras como na tradicional brincadeira da dança das cadeiras sendo que o que a diferia era que em vez dos participantes saírem somente as cadeiras eram retiradas ao passo que todos os participantes permaneceram na brincadeira, até restar uma única cadeira para todos os participantes. Em seguida se desenvolveu a Atividade de Conhecimento Específico, “Brincando com o corpo por meio dos jogos populares”, a partir da organização de dois grupos, no qual os participantes brincaram de “Pular Corda”, por aproximadamente 10 minutos. Após o término os mediadores direcionaram a discussão acerca das percepções, sentimento e sensações que o ato de brincar de “Pular Corda” trouxe para o corpo e para aquele momento vivenciado pelo grupo, solicitando ainda que os participantes expressassem em uma palavra a experiência vivida para construir o “Mural dos Sentimentos” que serviu de instrumento para a reflexão da temática. Para concluir se desenvolveu a atividade de despedida, “Dinâmica do emboladão”, com todos os participantes em círculo e de mãos dadas foi pedido que cada um gravasse exatamente o participante que estava a sua direita e o participante que estava a sua esquerda, em seguida todos largaram as mãos e caminhem aleatoriamente, ao sinal dado pelo coordenador todos teriam que dar as mãos para as respectivas pessoas que estavam a sua direita e a sua esquerda sem sair do lugar em que estavam, e estes juntos, tentaram abrir a roda, de maneira que a roda ficasse totalmente aberta. No segundo encontro, a Atividade de Acolhida foi a “Dinâmica do passa a bola”. Em um círculo e com os participantes assentados, estes tinham que passar a bola uns aos outros, aleatoriamente e sem pensar muito, diriam o nome de um alimento qualquer devidamente anotado pelos mediadores para formar o quadro “Meu Alimento de Cada Dia” que serviu de instrumento para a discussão. Na Atividade de Conhecimento Específico desenvolveu-se o jogo “Tabuleiro da alimentação”, a partir do estabelecimento de quatro equipes. Cada equipe ficou responsável por uma peça no tabuleiro e o restante ficou responsável pela construção de um painel integrado a partir das informações encontradas nas cartas do jogo. O início do jogo se deu por um participante que sorteou no dado o maior número, em seguida este escolheu uma carta e a socializou e dependendo da informação e dos comandos da mesma poderia avançar, permanecer ou retornar as casas do jogo. Os outros participantes escreviam as informações em tarjetas e colavam no painel. O painel continha informações verdadeiras e falsas. Após o término do jogo o grupo reconstruiu as informações falsas para que o painel pudesse ser utilizado como instrumento da discussão. E a Atividade de Despedida foi a “Dinâmica escondendo o alimento”, que funcionou com todos os participantes em círculo e sentados, um dos participantes foi escolhido por sorteio para girar em torno dos outros com um alimento nas mãos até


escolher um participante e deixar o alimento atrás, o participante escolhido levantouse e correu em direção do 1º participante, mas este teria que ter o cuidado de sentar-se para que o colega não o alcançasse. Se o escolhido não alcançar o colega que colocou a alimento, este teria que escolher outro participante e assim a atividade continuaria. Caso ele tenha alcançado, este teria que pagar uma prenda no término da dinâmica que era escolhida pelo grupo.

FOTO 20 – Jovens participando de dinâmica durante a oficina pedagógica.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Ao término da atividade foi aplicado um instrumento de avaliação e a análise deste revelou que os jovens sentem mais interesse em discutir os temas propostos articulados com estratégias metodológicas lúdicas, como os jogos e dinâmicas realizadas. Percebeu-se ainda que desenvolver ações pedagógicas que tragam em sua proposta à discussão do corpo associados à compreensão social e cultural, ampliam a visão que os jovens possuem a respeito da corporeidade, desmistificando assim, velhos entendimentos como o do corpo como apenas estrutura biológica que diminui a importância da inter-relação corpo-mundo. Esta oficina contribuiu significativamente para a formação humana dos jovens envolvidos, pois possibilitou entre outras coisas, o reconhecimento de que pelo corpo se aprende e que devemos cuidá-lo para (re) educá-lo e assim aprendermos com ele.


2.21- SEXUALIDADE E CORPOREIDADE: EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA COM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE BUJARÚ/PA. Bruna Araújo Mendes; Carlos Alberto Saldanha da Silva Junior; Danylla Darrielle Gomes Gama; Gustavo Maneschy Montenegro; Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca. INTRODUÇÃO A discussão da sexualidade sempre foi um desafio à Educação Básica. Tida como tarefa das famílias, a educação sexual quando trabalhada nas escolas, geralmente priorizava as questões biológicas, no sentido de orientar os jovens para a vida sexual responsável, deixando de lado reflexões importantes como, por exemplo, as questões de gênero e identidade. Foi com esta perspectiva, que desenvolvemos o projeto de extensão “Sexualidade e Corporeidade: a prática pedagógica como instrumento emancipador na formação dos Jovens”, e por meio de uma oficina pedagógica apresentada, durante o Programa Campus Avançado, da Pró-Reitoria de Extensão – PROEX, da Universidade do Estado do Pará – UEPA, executado no município de Bujaru/PA, o qual atendeu 120 professores distribuídos em duas turmas, no período de 10 a 14 de julho de 2006. Esta oficina se constituiu enquanto uma proposta de formação continuada para educadores da educação infantil e do ensino fundamental da rede municipal, em que se buscou problematizar a prática pedagógica para a promoção de processos de reflexão-ação sobre o trabalho educativo, como um mecanismo para aproximar crianças e jovens do cotidiano escolar, sem restringir sua liberdade e a autonomia, mas buscando nesta ousadia, propostas metodológicas para inovar a prática pedagógica. Partindo desta perspectiva, durante as atividades de formação realizamos ações educacionais que possibilitaram ao educador uma percepção crítica da sexualidade e da corporeidade, por meio de um fazer pedagógico dialogado, no qual as questões de gênero, identidade, comportamento corporal e saberes diversos foram trabalhados de forma interdisciplinar para a construção do conhecimento significativo à aprendizagem desenvolvida durante o projeto de extensão. OBJETIVOS Propor, executar e avaliar ações de ensino e de planejamento que incorporassem temas relacionados à sexualidade e corporeidade tendo como foco a juventude, como contribuição à formação dos profissionais em educação; Levantar a compressão dos conceitos sexualidade, gênero e identidade dos envolvidos na ação e discuti-los a luz da concepção sócio-cultural; Avaliar a influência da mídia no comportamento corporal do jovem, tendo em vista os padrões estéticos e a imagem do corpo definidos socialmente e dinamizar a temática violência sexual, sob uma perspectiva crítica, a partir dos conceitos de abuso, exploração e aborto infanto-juvenil.


AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Quatro atividades de acolhida, a saber: quem somos nós, mexendo com o corpo, um garotinho chamado amor e o espelho; 2. Quatro atividades de conhecimento específico, a saber: discutindo sobre sexualidade, gênero e identidade, jogo da reprodução, trabalhando o jornal como recurso pedagógico e a influência da mídia no comportamento corporal; 3. Cinco atividades de despedida, a saber: leitura de mensagem de reflexão, o educador sexual que queremos, quem não é esperto dança, o escultor e a escultura e o auxílio mútuo. 4. Avaliação Coletiva. FAZER PEDAGÓGICO A metodologia do trabalho se centrou na proposta desenvolvida no Necaps, que se organiza em três momentos, mais a avaliação. A oficina pedagógica foi realizada em cinco dias, totalizando uma carga-horária de 36h. No primeiro dia, realizaram-se: Atividade de Acolhida - “Quem somos nós”, em que se distribuiu revistas e se solicitou aos participantes que escolhessem alguma imagem que representasse suas personalidades, que posteriormente foi justificada e colada em um mural por cada participante. Em seguida trabalhamos a Atividade de Conhecimento Específico – “Discutindo sobre sexualidade, gênero e identidade”, a partir da leitura coletiva da letra da música, “Amor e Sexo” e pelo acompanhamento com a música no sentido de proporcionar ao grupo uma maior interação entre a letra, a música e a temática, posteriormente questionou-se quais as impressões levantadas a respeito do que a música chamou mais atenção e com o grupo dividido em dois subgrupos expressaram suas impressões e reflexões por meio de recortes e colagens que constituíram os dois cartazes construídos e que foram socializados no fim desta atividade e como atividade de despedida foi realizada uma leitura coletiva de uma mensagem de reflexão. O segundo dia iniciou com a dinâmica “Mexendo com o corpo”, que a partir da narração de uma história eram dados comandos para os participantes realizarem um gesto com o corpo; em seguida realizou-se o “Jogo da Reprodução” em que se dividiram os participantes em duas equipes e a partir da leitura de um texto base sobre os sistemas reprodutores, iniciou-se um jogo com perguntas e desafios e a cada pergunta respondida corretamente, o participante dirigia-se a uma mesa em que se tinha peças em formas de órgãos dos sistemas reprodutores que deveria ser encaixadas em um painel afixado no quadro; e por fim encerrou-se o encontro com a dinâmica “O Educador Sexual que queremos”, a partir da divisão em duas equipes os mediadores orientaram a reflexão sobre o perfil adequado que um educador deveria assumir ao trabalhar a questão da sexualidade, em seguida, solicitou-se a uma das equipes que escolhesse palavras que expressem sentimentos, qualidades e ações, que representassem o perfil de um educador sexual e para outra equipe foi pedido palavras que fossem antagônicas, isto é, palavras que representassem um perfil inadequado para o educador sexual. Com as palavras foram escritas em tarjetas, solicitou-se que cada equipe as socializasse e justificassem-na e em seguida colassem-nas ao redor de bonecos afixados no quadro e que representavam os educadores.


No terceiro dia da oficina, desenvolveram-se as seguintes atividades: Acolhida – “Um garotinho chamado amor”, que consistiu na leitura de um texto com palavras-chave, sendo que cada palavra corresponde a um gesto corporal que foi realizado à medida que os mediadores liam-nas durante o texto; Conhecimento Específico – “Trabalhando o jornal como recurso pedagógico”, que iniciou com a divisão dos participantes em dois grupos, em seguida, distribuiu-se uma reportagem sobre a temática “violência sexual”, e solicitou-se que cada grupo identificasse a informação central das reportagens e a partir destas, construísse uma “Campanha de sensibilização contra a violência sexual na juventude”, por meio de um mural inteligente, no qual se tinha que responder ao seguinte questionamento: “Como podemos combater a problemática da violência sexual?”. Após a construção, os grupos apontaram soluções práticas para o problema. Por fim foram trabalhadas atividades de despedida – “Quem não é esperto, dança!”, que iniciou com todos os participantes em círculo e de pé, foi dado o seguinte comando “andar aleatoriamente e ao tocar a música quem não conseguisse ‘dançar junto’ teria que pagar uma prenda” a ser escolhida pelos participantes, este teve que dançar com a vassoura. No quarto dia, trabalharam-se as seguintes atividades: dinâmica “O espelho”, por meio de uma roda foi passado uma caixa que no fundo tinha um espelho afixado; “A influência da mídia no comportamento corporal”, em que se desenvolveu uma exposição dialogada seguida de debate sobre as questões que envolviam essa temática e aplicou-se a dinâmica “caixa das dúvidas”, em que os participantes depositavam suas perguntas na caixa e no final do debate foi construído um mural de dúvidas todas respondidas pelos mediadores e complementadas pelos participantes; e por fim a dinâmica “O escultor e a escultura”, em que se solicitou que formassem duplas, um seria o escultor e o outro a escultura. O escultor moldaria a escultura da forma que desejasse e após isso se invertia os papéis. No último dia, fizemos uma avaliação coletiva, a partir dos pontos fortes, pontos fracos e sugestões que os participantes deram para o aperfeiçoamento da mesma e ainda pelo preenchimento de um instrumento de avaliação e em seguida realizamos a atividade de despedida chamada “Auxílio Mútuo”, em que foram dados os seguintes comandos: esticar o braço direito segurando um pirulito e com o braço esquerdo sem o reflexionar, desembrulharia o pirulito e em seguida colocaria na boca sem flexionar o braço, que serviu de encerramento para a oficina pedagógica.


FOTO 21 – Professores participando de atividades durante a oficina pedagógica

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Esta Oficina Pedagógica nos permitiu vivenciar uma compreensão acerca dos temas “sexualidade e corporeidade” e principalmente a sensibilização e o comprometimento político dos participantes da oficina em serem agentes multiplicadores durante seus fazeres pedagógicos, pois nossa proposta metodológica foi de incentivar o desenvolvimento de atividades de responder/resolver problemas de ordem imediata, dialogicamente, problematizando e contextualizando a realidade, permitindo a construção de saberes que contribuíram para o processo de ensino-aprendizagem construído com este projeto de extensão. Com o término da atividade e a partir da avaliação coletiva e da aplicação do instrumento de avaliação, em nossa análise percebemos a satisfação dos participantes com o trabalho desenvolvido, pois de acordo com seus depoimentos as atividades de formação possibilitaram a ampliação das reflexões acerca dos padrões culturais do corpo frente à sociedade, do papel da mídia no século XXI e sua relação com a formação de padrões culturais diversos e os impactos desses padrões nos comportamentos juvenis. Para os participantes, estes conhecimentos, assim como a troca de saberes a respeito das questões relacionadas à sexualidade e corporeidade, a partir de discussões sobre os fatores biológicos e sociais e a problemática da violência sexual por meio de atividades diversas, contribuem para qualificar o trabalho pedagógico em âmbito escolar.


2.22- APLICAÇÃO DE JOGO DIDÁTICO E A DISCUSSÃO DA SEXUALIDADE JUVENIL Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior INTRODUÇÃO Por muito tempo se pensava que a sexualidade humana fosse algo distanciado da vida acadêmica. Mitos, tabus e inverdades sustentavam o imaginário de que o corpo sexuado era algo pecaminoso e que, portanto deveria ser exorcizado pela moral. No sentido de romper com esta linha de pensamento, desenvolveu-se a oficina pedagógica “A sexualidade por meio de jogo didático”, durante a III Jornada Itinerante de Educação Científica e Ambiental para a Juventude, realizada na E. E. E.F.M. Santo Afonso, em Belém/PA, no dia 02 de dezembro de 2006, uma promoção do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais – Necaps/CCSE/UEPA. Esta oficina atendeu 20 jovens do ensino fundamental, na faixa etária entre 13 a 15 anos e seu foco foi discutir uma prática pedagógica voltada para o cotidiano da juventude a partir do trabalho lúdico, o que se tornou um o desafio proposto aos educadores que pretendem inovar o seu fazer educativo no sentido de integrar estes jovens, permitindo-os serem sujeitos do conhecimento. E a necessidade de se trabalhar temas como a sexualidade na juventude, está em confrontar a realidade dos educandos com a prática docente no sentido de aproximar o jovem da vida acadêmica fazendo com que este possa agir como protagonista da ação educativa, incentivando-o a ser agente produtor de saberes em potencial. OBJETIVOS Verificar qual a relação que os jovens fazem entre sexualidade e sistema reprodutor; Promover a compreensão de conhecimentos sistemáticos acerca dos sistemas reprodutores masculino e feminino, assim como, de seus órgãos e principais funções; Discutir como as formas de expressão da sexualidade influenciam o comportamento da juventude. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de Acolhida: “Dinâmica do Nome”; 2. Atividade de Conhecimento Específico: Leitura de texto e “Jogo da reprodução”; 3. Atividade de Despedida: “Dinâmica da Contação de História”. FAZER PEDAGÓGICO A metodologia desenvolvida se centrou na proposta do Necaps que é organizada em três momentos mais a avaliação. No primeiro momento, realizou-se a atividade de acolhida chamada “Dinâmica do Nome”, propondo um quebra-gelo inicial entre os participantes e sua finalidade era evidenciar a importância de cada um deles para o sucesso da atividade, a partir da memorização dos nomes e dos


gestos que indicavam a personalidade de cada jovem, pois a cada pessoa que ia ao centro da roda formada disse o seu nome e fez um gesto, o próximo repetia o nome e o gesto do participante anterior e em seguida falava o seu nome e executava seu gesto e assim até o último participante dizer o nome e executar os gestos de todos os participantes. Em seguida, trabalhou-se a atividade de conhecimento específico, a partir da seguinte questão de investigação: “Qual o nível de conhecimentos que os jovens possuem sobre os aparelhos reprodutores e verificar se estes jovens compreendem as formas de expressão sexual?”, e a partir dos seguintes conteúdos: aparelho reprodutor masculino; aparelho reprodutor feminino; formas de expressão sexual: as relações heterossexuais, homossexuais, bissexuais e transexuais, foi discutido com os jovens quais são os órgãos da reprodução e suas principais funções, para esta atividade utilizou-se o “Jogo da reprodução”, com perguntas, desafios, peças de encaixe como um “quebra-cabeça” que foi montado mediante as perguntas respondidas corretamente e um texto sobre o tema que subsidiou o desenvolvimento de reflexão e da aplicação do jogo. Por fim, teve-se a atividade de despedida denominada de “Contação de história”, em que se buscou refletir a importância do trabalho coletivo e como a colaboração de todos influencia o resultado de uma produção, ressaltando valores como solidariedade, cooperação, criticidade, criatividade e autonomia acadêmica. Esta atividade funcionou da seguinte forma: o mediador começou a ler uma história e em um dado momento o participante que estava ao lado direito continuou a história acrescentando uma frase, ao passo que até o ultimo participante a história estava finalizada e deveria ter coerência e coesão.

FOTO 22 – Jovens realizando atividades durante a vivência.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Esta oficina foi uma importante ação política e pedagógica na área da sexualidade, uma vez que possibilitou a compreensão de maneira simples e se procurou desmistificar tabus com relação à temática, ao propor uma construção coletiva do conhecimento a partir de dinâmicas e jogos educativos. A avaliação das atividades desenvolvidas revelou que práticas pedagógicas utilizadas que privilegiam a ludicidade e dinâmicas de relacionamento interpessoal como estratégias didático-metodológicas, são bem aceitas pelos jovens para a reflexão de


temas sobre sexualidade, bem como favorecem a participação e a aprendizagem de conceitos diversos, precisando ser inseridas nas pråticas escolares cotidianas.


2.23- SEXUALIDADE, GÊNERO E IDENTIDADE: DIÁLOGOS COM A JUVENTUDE Carlos Alberto Saldanha da Silva Júnior.

INTRODUÇÃO A discussão de temas como sexualidade, junto à juventude, é o ponto de partida para estimular a produção do conhecimento de forma natural e consciente, como deve ser, derrubando tabus, desconstruindo concepções e esclarecendo as possíveis dúvidas dos jovens por meio do diálogo. Com esta compreensão foi planejada e executada a oficina pedagógica “Conversando sobre sexualidade com a juventude”, como uma das atividades do Projeto de Ações em Educação Científica, Ambiental e Saúde para a Juventude na Educação Básica, do Necaps, do Centro de Ciências Sociais e Educação/CCSE - UEPA. A Oficina atendeu 10 jovens do ensino fundamental de escolas públicas do entorno do Necaps/CCSE/UEPA, de 13 a 17 anos, no período de 29 de novembro a 20 de dezembro de 2005, com o intuito de elevar a discussão deste tema junto à juventude por meio de práticas formativas e esclarecedoras aos educandos para num posicionamento coerente e conseqüente na sociedade, a partir da sensibilização em prol da compreensão do homem enquanto ser social, biológico e cultural, que possui desejos e anseios, permitindo espaços de discussão que vão além dos currículos escolares tradicionais, buscando na Educação Sexual a práxis pedagógica presente neste contexto numa perspectiva transformadora, consolidada e consciente. OBJETIVOS Estimular nos educandos uma percepção crítica, social, biológica e cultural da sexualidade; Incentivar discussões acadêmicas sobre a temática a partir das questões de gênero e identidade; Propiciar a reflexão dos jovens acerca de sua própria sexualidade; Reconstruir conceitos biológicos e sociais a partir do trabalho coletivo; Possibilitar aos jovens conhecimentos sistemáticos acerca da constituição dos sistemas reprodutores masculino e feminino, assim como seus órgãos e principais funções de modo a avaliar como a fase pubertária influencia o desenvolvimento sócio-biológico e cultural da juventude e o desenvolvimento das características corporais masculinas e femininas e sua interferência no comportamento sexual dos jovens. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividades de acolhida; 2. Atividades de conhecimentos Específicos; 3. Atividades de despedidas. FAZER PEDAGÓGICO


A proposta da oficina se embasou numa perspectiva da construção de redes de atividades planejadas, a partir de um eixo temático, o que propiciou experiências significativas a cada encontro que combinaram para enfim (no término dos encontros, da oficina), formarem um saber construído no diálogo coletivo. Assim, esta oficina trabalhou três eixos temáticos: Sexualidade, gênero e Identidade: uma construção sócio-cultural, por meio de conceitos de sexualidade, gênero e identidade, a partir de um enfoque histórico e cultural das sociedades e as formas da sexualidade por meio das relações heterossexuais, homossexuais, bissexuais e transexuais; Conhecendo melhor nosso corpo, neste eixo, trabalharam-se os sistemas reprodutores masculinos e femininos e a fase pubertária; e por fim o eixo As relações sexuais e os fatores biológicos e sociais, em que se trabalhou a compreensão de relação sexual, os métodos anticonceptivos, a gravidez na juventude, as doenças sexualmente transmissíveis, aborto e violência sexual. As atividades foram planejadas de acordo com a proposta metodológica do Necaps, organizada em três momentos mais a avaliação. Cada encontro foi organizado de acordo com o eixo temático, buscando sempre ouvir os jovens e perceber o que estes traziam consigo de conhecimento prévio, para ser utilizado nas discussões que eram geradas nas três atividades desenvolvidas no encontro. O encontro iniciava com a Atividade de Acolhida que foi um momento em que os participantes refletiam a temática proposta pela atividade, por meio de dinâmicas de descontração que buscavam fortalecer os laços de fraternidade no grupo. Esta primeira atividade funcionava como um “quebra-gelo”, para tirar a tensão dos participantes para deixá-los mais à vontade para as discussões, permitindo aos jovens um espaço livre para colocarem suas idéias. Foram executadas sete atividades desta natureza durante a oficina. No segundo momento, eram desenvolvidas as Atividades de Conhecimentos Específicos. Para esta atividade tinham-se sempre uma Questão de Investigação ligada à temática investigadora de curiosidade e de identificação de saberes bem como de orientação à construção de novos conhecimentos sobre o tema para que ação pedagógica fosse conduzida no sentido de perceber como os participantes refletiam e agiam durante o desenvolvimento da mesma. A ação pedagógica considerava indispensáveis as falas dos sujeitos durante o processo de produção do conhecimento. No total foram executadas sete atividades de conhecimentos específicos, em que se utilizaram a música “Amor e Sexo”, textos, jogos de encaixe sobre os sistemas reprodutores, pintura, colagem, produção de murais integrados, ou seja, atividades que incentivaram não só a criticidade dos jovens, como também sua criatividade. O terceiro momento foi o encerramento. Chamado de Atividade de Despedida, esta consistia em finalizar o encontro e incentivar os participantes a retornarem aos próximos encontros. Utilizavam-se dinâmicas que incentivavam reflexões acerca do fortalecimento de conceitos como solidariedade, cooperação, igualdade, participação, grupo/equipe, dentre outros, no sentido de promover a sensibilização para a importância do trabalho realizado naquele encontro e nos possíveis encontros que ainda acontecerão. Esta atividade também foi utilizada para encerrar a oficina, sendo que se executaram sete atividades desta natureza.


FOTO 23 – Jovem construindo cartaz na oficina pedagógica

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Ao término da atividade se aplicou o instrumento de avaliação, esta por sua vez fora positiva, pois além de alcançar o objetivo proposto, o retorno dos jovens para outras atividades desenvolvidas no Necaps é o resultado e o reconhecimento maior de que pequenas ações podem fazer a diferença no processo ensinoaprendizagem. E a escola deve por sua vez se sensibilizar e redimensionar sua prática e se aproximar mais do seu educando. A análise desta avaliação revelou ainda, a satisfação dos jovens em participarem das atividades que propunham reflexão, por meio dos diálogos realizados, pois possibilitar espaços democráticos de discussão está contribuindo para uma construção crítica de cidadania e ainda uma formação política a juventude. Um dado que chamou a atenção foi o alto índice de participação feminina na atividade, evidenciando que as mulheres estão mais preocupadas e dispostas a dialogar temas considerados historicamente como tabus. Desmistificar esse imaginário foi a maior contribuição que esta ação pedagógica teve na formação político-pedagógica e humana dos participantes da mesma.


2.24- PEDAGOGIA DA SEXUALIDADE: CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS A JUVENTUDE Carlos Alberto Saldanha da Silva Junior; Danylla Darrielle Gomes Gama; Mara Cristina Drago Souza. INTRODUÇÃO A prática pedagógica deve, cada vez mais, buscar mecanismos de emancipação ao trabalhar a formação da juventude. E para isso a formação continuada dos educadores deverá estar em sintonia com as necessidades do educando. Foi com este intuito que se desenvolveu a oficina “Prática Pedagógica, Sexualidade e Juventude”, durante a XI Semana Acadêmica do CCSE/UEPA, na qual foram atendidos 25 graduandos dos cursos de licenciatura do CCSE/UEPA, no período de 23 a 26 de mais de 2006. A proposta da Oficina é uma estratégia pedagógica que auxiliará o processo de formação da juventude na Educação Básica. O educador que entende que a práxis da construção do conhecimento é como uma contribuição para o processo de ensino-aprendizagem dos jovens, se fazendo presente na resolução de problemas de ordem imediata, de caráter dialógico, problematizador e construtivo que é essencial para compreensão da sexualidade como fator inerente à vida em sociedade, certamente terá uma prática transformadora. E foi tendo em vista a perspectiva de que a discussão da sexualidade não se restringe ao fator biológico, mas, além disso, trata-se de uma construção historicamente definida pela sociedade, em um dado momento histórico da evolução humana é que se faz, cada vez mais, necessário interligá-la as questões de gênero definidas pelo seio cultural, a qual o sujeito está inserido, portanto, trabalhar a sexualidade é ir além, é buscar uma compreensão do eu enquanto expressão do corpo no mundo. OBJETIVOS Possibilitar a discussão de uma percepção crítica, social, biológica e cultural da sexualidade, gênero e identidade a partir de uma concepção sócio-cultural; Propiciar reconhecimento das funções dos sistemas reprodutores masculino e feminino; Discutir como a fase pubertária influencia o desenvolvimento sócio-biológico e cultural da juventude; Dinamizar a temática “violência sexual’ partindo dos conceitos de abuso e exploração sexual infanto-juvenil, por meio de uma prática pedagógica dialogada. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Quatro Atividades de Acolhidas: quem somos nós; construindo uma história; um garotinho chamado amor; e o caso da ponte; 2. Quatro Atividades de conhecimento específico: trabalhando a letra da música “amor e sexo”; montando os aparelhos reprodutores; dinâmica dos sentimentos em balão; e trabalhando o jornal como recurso pedagógico;


3. Quatro Atividades de despedidas: mexendo com o corpo; o educador sexual que queremos; quem não é esperto dança; e dinâmica das mãos. FAZER PEDAGÓGICO A presente oficina teve como metodologia a proposta adotada pelo Necaps, que é organizada em três momentos mais a avaliação. Durante a oficina, foram desenvolvidas quatro atividades de acolhida, a saber: A dinâmica do “Quem somos nós” na qual todos os participantes a partir de uma gravura se apresentaram e correlacionaram a gravura com a sua personalidade; “Construindo uma História”, que iniciou com os participantes de pé e em círculo, cada uma escolheu uma tarjeta enumerada de acordo com o número de participantes. Obedecendo a ordem crescente, cada participante leu o conteúdo da tarjeta, e na medida em que se liam as tarjetas essas eram afixadas em um mural, “Um garotinho chamado amor”, atividade que iniciou com os participantes em círculo, a seguir foi lido uma história que continha palavras-chave (como paz, amor, ética, solidariedade e bem-vindos) e a cada uma destas havia um gesto correspondente a ser executado pelos participantes à medida que o texto ia sendo narrado; e por fim o “O caso da ponte”, distribuiu-se o texto-atividade “O caso da ponte”, em seguida os participantes foram organizados em dois grupos, para que estes fizessem uma leitura coletiva acerca das informações de acordo com as orientações, sendo que cada participante teve que apontar as respostas individualmente e em seguida apontar as respostas do grupo para serem socializadas e debatidas entre os participantes. Foram realizadas quatro atividades de conhecimento específico em que se aprofundou a discussão dos conteúdos. Inicialmente realizou-se a atividade: “Trabalhando a letra da música Amor e Sexo”, em que foi feito uma leitura coletiva da letra da música, para que houvesse um pré-reconhecimento dos elementos textuais e em seguida se deu o acompanhamento com a música no sentido de proporcionar ao grupo uma maior interação entre a letra, a música e a temática, para subsidiar a problematização junto aos participantes, a partir das impressões que estes tiveram a respeito do primeiro momento. Em seguida se dividiu o grupo em dois subgrupos para que estes expressassem suas impressões e reflexões por meio de recortes e colagens construção e socialização de cartazes; Foi realizada ainda a atividade “Montando os Aparelhos Reprodutores”, nesta se dividiu o grupo em duas equipes e a partir da apresentação de informações acerca da temática, estudo, análise e compreensão de um texto sobre os aparelhos reprodutores, se iniciou um jogo de perguntas e desafios e montagem dos aparelhos reprodutores, e à medida que se respondiam as perguntas ia-se montando os aparelhos com peças de encaixe correspondendo aos órgãos que os compõem. Dando prosseguimento foi desenvolvida a atividade “Dinâmica dos Sentimentos em Balão”, com os participantes divididos em dois grupos, a atividade iniciou com a escolha de seis participantes de cada grupo. Individualmente cada um dos doze participantes selecionados escolheu um balão que estava afixado no quadro e cada balão tinha uma tarjeta contendo uma palavra (sentimento), cabia ao grupo julgar se o sentimento era positivo ou negativo, feito isso nos casos positivos o balão era devolvido ao quadro, circulado e justificado e nos casos negativos o balão era estourado, a tarjeta colada no quadro e também com a devida justificava;


Por fim, a atividade “Trabalhando o jornal como recurso pedagógico”, que iniciou com a divisão dos participantes em dois grupos, foi distribuída uma reportagem que tratava da temática “violência sexual”, e foi solicitado aos grupos que identificassem a informação central da reportagem para que construíssem uma “Campanha de sensibilização contra a violência sexual na juventude”, por meio da constituição de um mural inteligente no qual se respondeu ao seguinte questionamento: “Como podemos combater a problemática da violência sexual?”. Os grupos tiveram que apontar soluções práticas para o problema. Desenvolveram-se ainda quatro atividades de despedida que foram as seguintes: Dinâmica do “Mexendo com o Corpo”, em que se solicitou que todos os participantes permanecessem de pé e em círculo para executar as instruções que o mediador orientava a cada passo que a história ia sendo narrada aos participantes, estes executavam um gesto inclinando o corpo para os lados, para frente e para trás. Em “O Educador Sexual que queremos” os participantes foram divididos em duas equipes para que estes pudessem refletir sobre qual o perfil de um educador crítico ao trabalhar a questão da sexualidade, e a partir disso as equipes escolheram palavras-chave que expressassem sentimentos, qualidades, ações, que foram afixadas em bonecos, sendo que uma equipe ficou responsável por construir um perfil inadequado e outra o perfil adequado para um educador sexual; A atividade “Quem não é esperto, dança”, e iniciou com todos os participantes em círculo, e ao ser dado o comando, que era dançar junto, os participantes começaram a andar aleatoriamente e ao tocar a música quem não conseguisse alguém para dançar, pagou a prenda e teve que dançar com a vassoura; e por fim a “Dinâmica das Mãos”, que consistiu em uma atividade com os participantes sentados em que foi solicitado que estes refletissem para que em uma única palavra respondessem o seguinte questionamento: “O que precisamos fazer para que os nossos jovens desenvolvam sua sexualidade saudavelmente e dêem bons frutos?”, em seguida cada participante colou a forma de sua mão (desenhada em uma cartolina e recortada) na copa da árvore identificado pelo nome do participante; na gota d’água cada um escreveu a palavra escolhida que foi colada próximo ao regador, em seguida todos socializaram o motivo pelo qual escolheram as palavras.

FOTO 24– Jovens participando de atividades durante a oficina pedagógica


CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Esta oficina foi de suma importância para a formação tanto dos mediadores quanto para a formação dos participantes. Por ter sido uma atividade direcionada a educação superior, esta permitiu que estudantes de diferentes cursos de graduação, pudessem refletir e experimentar diversas metodologias aplicadas à temática da sexualidade na juventude, como sugestões teórico-metodológicas para um possível exercício de suas práticas profissionais enquanto futuros educadores. Ao término da atividade, se aplicou um instrumento de avaliação e a análise deste revelou, entre outras coisas, o alto nível de satisfação dos participantes com a oficina, pelo fato de trabalhar com práticas pedagógicas diferenciadas voltadas para o cotidiano da juventude, o que favoreceu não só o processo de construção do conhecimento mais ainda, melhorou a compreensão e apreensão do tema com possibilidades de enriquecimento de sua formação acadêmica e conseqüentemente de suas práticas educativas futuras.


2.25- CONVERSANDO SOBRE SEXUALIDADE Luana Menezes Moreira Talita Teixeira Pereira INTRODUÇÃO Com a proposta de promover discussões sobre questões relacionadas à sexualidade, o Necaps desenvolveu na II Jornada de Educação Científica e Ambiental para Juventude e na I Jornada Itinerante, realizadas no ano de 2004, a oficina intitulada “Conversando sobre Sexualidade”, na qual se trabalhou o tema com alunos de escolas públicas de Belém/PA. Pensamos que a orientação sexual na escola deve ser cada vez mais atuante, de modo a esclarecer aos jovens assuntos como: desenvolvimento do corpo, menstruação, sexo, sexo-seguro, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis – DST’s e tantos outros que não podem deixar de ser abordados durante a adolescência. No decorrer das atividades propostas, verificamos que muitos jovens se sentem envergonhados quando indagados quanto às mudanças que estão ocorrendo em seu corpo, mas ao mesmo tempo estes jovens mostram interesse em participar das ações relacionadas à sexualidade. OBJETIVOS Discutir a importância da comunicação em todas as situações vivenciadas; Dialogar sobre o papel da escola na educação sexual do ser humano; Possibilitar reflexões críticas sobre o próprio corpo e sua inferência na concepção de sexualidade; Fomentar uma concepção crítica e reflexiva sobre sexualidade. AÇÕES DESENVOLVIDAS As atividades consistiram nas seguintes ações:

1. Atividade de acolhida; 2. Dinâmica “Mensagem nas Costas”; 3. Conversa reflexiva sobre de que maneira os assuntos relacionados à sexualidade, têm sido abordados por várias instituições sociais nas quais os jovens estão inseridos, como a escola, a família, etc; 4. Dinâmica “O Semáforo”; 5. Construção coletiva e troca de conceitos sobre o questionamento “O que é sexualidade?” FAZER PEDAGÓGICO Preocupamo-nos em fazer uma atividade de acolhida que nos aproximasse e fizesse com que os jovens, participantes da atividade, adquirissem confiança mútua entre os participantes e os ministrantes, pois aquele era o nosso primeiro contato. Após este primeiro contato, começamos a trabalhar com as especificidades da temática sexualidade, desenvolvendo as atividades de conhecimento específico.


Propusemos uma dinâmica denominada “Mensagem nas Costas”. Nesta, o grupo de participantes formou duas filas indianas e o último de cada fila ficou responsável por transmitir a mensagem inicial que foi “desenhada” em suas costas, pelas ministrantes. A mensagem foi apresentada até o primeiro da fila, que, por sua vez a desenhou no quadro. As duas filas receberam a mesma mensagem: contornamos as costas dos participantes em forma de espiral de dentro para fora, no entanto as mensagens desenhadas no quadro, apesar de se aproximarem um pouco da original, estavam “destorcidas”, diferentes da imagem inicial. A partir dessas variações, começaram as observações dos alunos antes mesmo que fizéssemos alguma inferência. “Não são traços, são círculos”, disse um jovem que ocupava a terceira posição da fila; outra disse que “foi a Rafaela que errou” e assim as observações referentes àquela comunicação foram sendo colocadas. Concluímos a dinâmica com um debate, questionando como está sendo discutido com eles, tanto em casa quanto na escola, temas referentes à sexualidade. Aproveitamos para captar a idéia que eles tinham sobre sexualidade, pois esta seria necessária para as atividades seguintes. Esclarecemos também o que vem a ser sexualidade, diferenciando de algumas idéias genéricas sobre sexo, apresentadas pelos participantes. Outra atividade desenvolvida foi “O Semáforo”, em que os jovens tiveram a liberdade de escrever em três tiras de papel perguntas, questionamentos ou argumentações sobre sexualidade, as quais classificaram uma como difícil, outra como razoável e por fim uma fácil. Em seguida, colocaram nos círculos do semáforo (vermelho, amarelo, verde). Foi pedido que cada participante, um por vez, retirasse uma pergunta para questionamento coletivo. Dessa forma, debatemos todos os questionamentos que eles apontaram; alguns gerando grandes discussões. “O que é sexualidade?” foi a nossa atividade de despedia. Separamos três grupos, os quais expressaram, por meio de desenhos e textos, o que entendiam por sexualidade . Depois os grupos socializaram sua produção sobre “o que é sexualidade” por intermédio de uma última conversa, quando se deu o encerramento da atividade, a qual possibilitou um diálogo aberto entre participantes e ministrantes.

FOTO 25 – Ministrante, durante exposição da temática.


CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA No decorrer da primeira atividade que propusemos, uma jovem de 12 anos relata: “Não gosto das minhas pernas porque elas são muito finas!”. Isto mostrou de algum modo, a baixa auto-estima que apresentava devido se achar diferente das outras. Foi possível, com o final da atividade, que basta um pouquinho de esclarecimento para que as situações que constrangem os jovens no que se refere a dialogar sobre sexualidade sejam superadas. Ao término da oficina, nas fichas de avaliação que os jovens preencheram, sem identificação, encontramos a seguinte declaração: “Eu aprendi que a gente não deve ter vergonha de nós e do nosso corpo. Aprendi bastante, elas foram bastante compreensivas e foi legal”. Estes relatos nos levam à percepção de que a escola deve exercer um papel fundamental na orientação sexual, seja ela como tema transversal ou disciplina e não apenas dos jovens, mas a partir da pré-escola, colaborando com família e a sociedade. Todavia, muitas escolas menosprezam a importância do assunto ou ainda não permitem que temas relacionados à sexualidade sejam levados e discutidos em sala de aula.


2.26- JUVENTUDE E SEXUALIDADE: ENCARANDO PRAZERES E DESAFIOS Eliszane Paraense José Carlos da Silva Henriques Patrícia Monteiro Lima Chagas Rodrigo Carneiro INTRODUÇÃO Este trabalho trata do relato de duas atividades desenvolvidas durante a I Jornada Itinerante de Educação Científica e Ambiental para Juventude promovida pelo Necaps/CCSE/UEPA, realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental República de Portugal, no bairro da Marambaia, em Belém/PA. Inicialmente foram planejadas duas oficinas “Adolescência e Sexualidade: Encarando Prazeres e Desafios” e “Conhecendo DST’s: em busca de sua prevenção”, entretanto, pelo fato de os temas se complementarem, avaliou-se a possibilidade de agrupá-las em uma só ação pedagógica que foi desenvolvida de forma integrada com sucesso, junto a um grupo de jovens na faixa etária entre 14 a 17 anos. A discussão realizada teve como base teórica as orientações de Justo (1998) segundo o qual a sexualidade é entendida como um bem, isto é, uma propriedade que deve ser bem administrada pelo seu proprietário. Administrar, portanto, significa cuidar, ser responsável, explorar com atenção as possibilidades daquilo que se possui. O argumento posto para discussão foi que informações corretas aliadas ao trabalho do autoconhecimento e a reflexão sobre a própria sexualidade ampliam a consciência sobre os cuidados que cada um deve ter com seu corpo visto em uma perspectiva de integralidade. OBJETIVOS Investigar o que os jovens sabiam sobre sexualidade; Promover discussões sobre o tema, favorecendo a problematização e o questionamento de conceitos e situações sobre aspectos relacionados à sexualidade humana de interesse dos participantes. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de Acolhida: realização da dinâmica denominada “A teia”; 2. Atividade de Conhecimento Específico: foram apresentados e discutidos os seguintes temas: anatomia e fisiologia dos sistemas reprodutores; sexo, sexualidade e relação sexual – qual a diferença; gravidez precoce; virgindade; masturbação: o que é importante saber; tipos de hímen – o que é isto? Métodos anticoncepcionais- o uso do preservativo (masculino e feminino); DSTs, ciclo menstrual, opção sexual: como a sociedade lida com isso; 3. Atividade de despedida: construção de cartazes sobre o título “Sexualidade: o quê? para quê? para quem?” e socialização das produções. FAZER PEDAGÓGICO


A atividade teve início às 12:30h e como grata surpresa para os ministrantes, foi constatado que junto aos jovens, previamente inscritos nas oficinas, haviam três educadores de escolas públicas de Belém interessadas em participar do evento. De nossa parte, havia a expectativa quanto à diversificação de conceitos, idéias e valores que poderiam surgir em um ambiente composto por pessoas tão diversificadas. As oficinas foram estruturadas em quatro momentos específicos, segundo proposta metodológica do Necaps: no primeiro, denominado “Atividade de Acolhida”, foi realizada a dinâmica denominada “A teia”. Cada participante foi convidado a formar um círculo e se apresentar dizendo seu nome, uma qualidade e um sentimento que expresse a sua personalidade. Por meio de um rolo de barbante, fomos construindo nossa “teia”. À medida que qualidades e emoções eram expressas, pelos ministrantes e participantes, foi se construindo um clima de cordialidade, interação e afetuosidade. Valorizar a importância e o respeito ao outro na construção de nossos sentimentos era o objetivo da atividade. O segundo momento, Atividade de Conhecimento Específico, teve por objetivo trabalhar conceitos relativos aos temas das oficinas. Foram apresentados e discutidos os seguintes temas: anatomia e fisiologia dos sistemas reprodutores; sexo, sexualidade e relação sexual – qual a diferença?; Gravidez precoce; virgindade; masturbação: o que é importante saber?; Tipos de hímen – o que é isto?; Métodos anticoncepcionais- o uso do preservativo (masculino e feminino); DSTs, ciclo menstrual, opção sexual: como a sociedade lida com isso. Para abarcar este extenso conteúdo, foram realizadas atividades lúdicas diversas a fim de estimular a participação ativa de todos. Com esse intuito, foi construído um jogo pedagógico composto por um tabuleiro, peões, cartas e um dado. Foram utilizados, também, materiais didáticos ilustrativos sobre DSTs, preservativos masculino e feminino, cartazes com orientações para prevenção e uso respectivamente. As atividades possibilitaram momentos de descontração, interação, enriquecimento de informação e descobertas. Os participantes, bastante incluídos na proposta, contribuíram com depoimentos pessoais e relatos de experiências. Um dos mais significativos foi de uma professora participante, com 15 anos de magistério: “Apesar da minha idade só hoje consegui entender o ciclo menstrual e como funciona o método da tabelinha”. No terceiro momento, após todo extenso debate proporcionado pelo jogo pedagógico, os participantes formaram equipes com o objetivo de construírem cartazes sobre o título “Sexualidade: o quê? para quê? para quem?” e apresentaram aos colegas. Após esta construção todos contribuíram avaliando sobre o quê produziram e sobre a contribuição das oficinas para suas vidas. Para finalizar as atividades todos recitaram e cantaram à música “Amor e Sexo” (Rita Lee), o entusiasmo se tornou mais forte nos versos “... Sexo é escolha, Amor é Sorte...”. Será sempre assim?


FOTO 26– Jovens discutindo sobre sexualidade durante a oficina pedagógica.

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Obtivemos grandes contribuições, enquanto ministrantes desta oficina. A principal delas foi o fato de termos, no mesmo espaço, construído e contribuído com alunos e professores, com diferentes idades e experiências. A troca de conhecimentos foi muito significativa para o grupo envolvido. Este fato foi muito significativo para o Necaps, tendo inclusive inspirado o grupo a propor um projeto de formação inicial e continuada, tendo como foco um trabalho compartilhado, ou seja, vislumbrou-se a possibilidade de envolver professores e estudantes em uma ação onde todos somam com seus conhecimentos, valores e habilidades para enfrentar coletivamente os problemas surgidos na ação pedagógica. Foi possível perceber, ainda, o quanto é importante proporcionar ao aluno um clima de segurança, responsabilidade, união e afetuosidade que permita criar na relação professor-aluno laços de confiança e credibilidade. Nesse sentido, continuaremos a insistir em uma prática docente transformadora em que a relação pedagógica se paute na afetividade e na iniciação científica como descoberta do prazer de aprender. O tema escolhido foi percebido, ao término da atividade, como de urgência social por todos os participantes, uma vez que a falta de orientação adequada, seja por parte da família ou da escola, no que se refere a temas relacionados à sexualidade é uma triste realidade. Assim, persistiremos também na realização de atividades diversificadas sobre o tema, ressaltando a importância de incluirmos como pontos de discussão, dimensões culturais, afetivas e sociais, que tornem oportuno aos jovens tomar suas decisões, formar opiniões e desta maneira desenvolverem atitudes que contribuam para uma formação – cidadã responsável.


REFERÊNCIA JUSTO, T. M. Orientação Sexual na Escola. Bolando Aula. São Paulo. 1998.


2.27- MATERNIDADE E PATERNIDADE NA JUVENTUDE: O DESAFIO DE UMA GRAVIDEZ PRECOCE Carlos Alberto Saldanha da Silva Junio r INTRODUÇÃO A temática sexualidade, sem dúvida, traz consigo um conjunto de curiosidades e mitos que os jovens procuram desvelar a partir de suas experiências. E quando se trata da gravidez nesta fase do desenvolvimento humano, uma série de questionamentos é gerada e o interesse por parte da juventude aumenta consideravelmente. Com base nessa compreensão é que se realizou a oficina pedagógica “Gravidez na Juventude: maternidade e paternidade responsável” durante a IV Jornada de Educação Científica e Ambiental para a Juventude, em 20 de maio de 2006, promovida pelo Necaps/CCSE/UEPA, atendendo cerca de 20 jovens da faixa etária de 12 a 18 anos. Autores diversos têm afirmado que a sexualidade é uma discussão sóciopolítica, na qual todos os sujeitos a constroem distintamente e de acordo com a sua vivência, portanto, torna-se uma aprendizagem, e que a escola e a família devem estar de mãos dadas quando se busca educar para sexualidade. Compreendendo que esta discussão se torna importante para o jovem, conduzimos as discussões e a construção do conhecimento coletivamente e de forma participativa, proporcionando aos jovens compartilhamento de suas dúvidas e vivências OBJETIVOS Promover um processo crítico-reflexivo do tema proposto, e ao mesmo tempo sensibilizar os jovens para a tomada de consciência sobre os prós e contras a respeito da “Gravidez na Juventude”, por meio de atividades pedagógicas; Promover a discussão do sentido da gravidez para os jovens e de conhecimentos acerca dos métodos anticonceptivos, do processo de fecundação, das conseqüências biológicas e sociais da gravidez na juventude; Discutir como o aborto e violência sexual estão interligados ao tema “gravidez na juventude”. AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de acolhida chamada “Construindo uma História”; 2. Atividade de Conhecimento Específico: trabalharam-se os conteúdos sobre gravidez na juventude, métodos anticonceptivos, processo de fecundação, aborto e violência sexual; 3. Atividade de despedida, por meio da dinâmica “quem não é esperto dança”. FAZER PEDAGÓGICO A metodologia do trabalho desta oficina se centrou na desenvolvida pelo Necaps, que se organiza em três momentos, mais a avaliação. No primeiro momento, foi realizada a atividade de acolhida chamada “Construindo uma História” que consiste numa dinâmica inicial de relacionamento inter e intrapessoal, com o


intuito de proporcionar integração entre os participantes e discutir os valores humanos a partir dos conceitos: responsabilidade, prudência, humanidade, solidariedade e respeito ao próximo. No segundo momento, trabalhou-se a atividade de conhecimento específico, a qual foi norteada pela seguinte questão de investigação: como os jovens percebem o tema gravidez na juventude em seu cotidiano e como estes, analisam as conseqüências biológicas e sociais de uma gravidez precoce? Com base na questão proposta foram trabalhados os conteúdos sobre gravidez na juventude, métodos anticonceptivos, processo de fecundação, aborto e violência sexual. A seguir, os jovens estudaram um texto e confeccionaram dois cartazes a respeito das temáticas trabalhadas, que serviram para avaliar conhecimentos e saberes construídos na ação pedagógica. No terceiro momento, trabalhou-se a atividade de despedida, por meio da dinâmica “quem não é esperto dança”, na qual se refletiu sobre laços de fraternidade e afetividade entre os gêneros masculino e feminino e sua contribuição para a formação cidadã.

FOTO 27 – Jovens discutindo o texto lido durante a oficina pedagógica

CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA Ao término da atividade os participantes responderam o instrumento de avaliação, cuja análise revelou a satisfação dos jovens em participarem do trabalho desenvolvido, pois na avaliação dos mesmos a oficina possibilitou troca de conhecimento e possibilidade de estabelecer novas compreensões sobre a temática. Esta ação pedagógica, devido a sua composição metodológica, permitiu ainda, que os participantes compreendessem e apreendessem melhor os temas trabalhados e principalmente no que se refere à sensibilização e o comprometimento político dos jovens atendidos pela oficina em serem agentes multiplicadores na sua comunidade, pois a proposta metodológica da pesquisa-ação, que é empregada nas ações do


Necaps, busca entre outras coisas responder/resolver problemas de ordem imediata, dialogicamente, problematizando e contextualizando a realidade, permitindo a construção de saberes que contribuam para o processo ensino-aprendizagem tanto dos jovens atendidos quanto do mediador no seu processo de formação continuada.


2.28- SABERES DA SEXUALIDADE E PRÁTICA EDUCACIONAL: AUTOCONHECIMENTO E RESPEITO Andréa Cristina Soeiro Ferreira INTRODUÇÃO Este trabalho surgiu da percepção da necessidade de propiciar discussões, reflexões e diálogos acerca da sexualidade humana com educadores, considerando que essa temática tem permeado as relações sociais por intermédio dos meios de comunicação, informações, conversas em grupo, ações escolares, família e outros, os quais nem sempre oportunizam uma reflexão crítica sobre a sexualidade. Diante disso, percebe-se que é notória a necessidade de criar espaços em que os educadores estejam atentos e sensibilizados para perceber, entender e compreender que os jovens também precisam de lugares onde possam expor suas angústias, ansiedades e preocupações, promovendo reflexões e debates em torno das informações adquiridas, dos valores sociais e outros questionamentos que envolvem a sexualidade. É preciso ultrapassar a mera informação e se voltar para a construção de um processo mais abrangente, que envolva os aspectos ligados à vida, saúde e bemestar de cada indivíduo, contribuindo então para a formação da identidade e desenvolvimento integral do jovem. Sendo assim, consideramos que discutir a sexualidade humana deve favorecer um olhar interdisciplinar diante das ações e intervenções em seus diversos aspectos e espaços educativos. Colaborar por meio de uma ação educacional com enfoque histórico-social, psicológico e biológico à respeito da sexualidade humana é o norte deste trabalho, uma vez que é indispensável preparar professores, atualizar conhecimentos e manter contato próximo com os pais para que a escola cumpra o seu papel na sexualidade dos adolescentes, pois jovens menos ansiosos e mais felizes, certamente terão um desempenho melhor em qualquer aspecto da vida até mesmo nas matérias escolares. Foi partindo deste cenário que se desenvolveu uma oficina pedagógica durante a V Jornada Itinerante de Educação Científica e Ambiental para a Juventude, ocorrida na E.E.E.F.M. D. Pedro I, em Belém/PA, no dia 02 de junho de 2007, atendendo jovens entre 14 a 18 anos e ainda outra oficina durante a XII Semana Acadêmica do Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE/UEPA, durante o período de 21 a 25 de maio de 2007, atendendo cerca de 30 participantes entre estudantes universitários e professores da educação básica. OBJETIVOS Geral: Contribuir para a Formação Profissional dos educadores, visando um novo olhar acerca da sexualidade humana. Específicos: Colaborar com a ampliação dos saberes dos educadores frente a uma ação educativa, voltada para orientação sexual; Estimular a auto-avaliação dos adolescentes em relação ao comportamento pessoal e sua participação na sociedade.


AÇÕES DESENVOLVIDAS 1. Atividade de Acolhida: Construção de cartazes com recortes de revistas 2. Atividade de Conhecimento Específico: Conversa informal sobre sexualidade (conceitos), adolescência, gravidez não-programada, identidade sexual e apresentação de slides sobre a temática. 3. Atividade de despedida: Dinâmica do Convencimento FAZER PEDAGÓGICO A primeira atividade teve o caráter investigativo e serviu para que pudéssemos ter uma visão geral do conhecimento dos participantes a respeito da temática, pois por meio de recorte de figuras estes puderam expressar seus entendimentos com relação à sexualidade, gravidez precoce, educação familiar. O trabalho começou discutindo cientificamente o assunto, dialogando sobre os principais conceitos e mostrando ilustrações que contribuíram para o processo de apreensão da temática, sendo que os participantes participaram diretamente falando de suas vivências com relação ao tema em discussão, questionando-se e tirando suas dúvidas, o que os deixou bem a vontade para demonstrar interesse e também fazer parte do processo de construção da atividade. A partir do contexto construído, desenvolveu-se a dinâmica da caixa, que consiste em perguntas que cada participante fez no início da oficina e estas teriam que ser discutidas no decorrer da atividade. Foi importante a participação de todos, uma vez que as perguntas eram variadas e atingiram assuntos de educação sexual, orientação sexual e até tabus religiosos. A atividade de despedida foi a dinâmica de convencimento, que teve por finalidade a percepção dos participantes que a sociedade é formada por diversos grupos e que estes precisam enfrentar os preconceitos e reconhecer e respeitar as diferenças sociais, culturais e sexuais, enfatizando as dificuldades de aceitação da própria temática pela família e sociedade em geral. Foi uma atividade que mexeu com a auto-estima e com os valores pessoais e coletivos dos participantes proporcionando uma reflexão de suas práticas cotidianas, bem como de seus saberes e de suas atuações diante do assunto. Estas oficinas foram dois momentos ímpares de construção, reconstrução e reflexão de valores, o que nos permitir aperfeiçoar, cada vez mais, nossa pesquisa diante dos diferentes olhares sobre a temática.


FOTO 28– Jovens em roda de conversa.

CONTRIBUIÇÕES DAS VIVÊNCIAS A realização das oficinas nos permitiu construir um novo olhar sobre a temática da sexualidade, pois se verifica que há uma diferença sensível entre o escrever e o fazer. Quando comecei a construir esta oficina não tinha idéia do quanto cresceria profissionalmente, haja vista que a cada oficina realizada renova nosso fazer pedagógico e novas idéias vão surgindo completando o trabalho. Os participantes se envolveram de uma maneira ímpar, o que nos possibilitou explorar muito acerca do que eles pensavam com relação ao tema. Há alguns espaços em que as pessoas têm dificuldade de participar, mas a magia das atividades os fez rever seus conceitos, o que proporcionou um maior envolvimento dos participantes durante as atividades desenvolvidas. Verificou-se ainda que uma das grandes dificuldades foi o tempo de duração das oficinas, considerado insuficiente haja vista a complexidade do tema e ainda, reforça a idéia de que se precisa cada vez mais intensificar a construção de espaços de discussão da sexualidade nos ambientes escolares.


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