Europa: utopia ou distopia? Thank you. Merci. Mersi. Grazie. . Dakujem. Obrigado. Hvala. Dank u. Kiitti. Blagodaria. Merci villmahl. Efharisto. Tak. Há 23 maneiras de dizer obrigado na União Europeia. Se alguns vêm esta singularidade como uma ilustração do motivo para o fracasso da experiência europeia eu vejo-a como a razão para o sucesso. Não é a existência de diferenças que, quanto a mim, justifica o f
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” O lema da EU
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”. Este lema significa que na UE os Europeus unem esforços em
favor da paz e prosperidade e que as diversas culturas, tradições e línguas existentes servem como vantagem para todo o continente. Com honestidade é preciso reconhecer que a UE não podia estar pior: atingida pela pior crise económica e institucional do pós-guerra; dividida entre o Norte virtuoso e cansado de ser solidário e um Sul de seguidores “
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”; bloqueada no caminho da integração pelos vetos
cruzados dos países membros, em que o individual se sobrepõe cada vez mais ao bem comum e mais importante quanto a mim, vítima do desinteresse dos seus cidadãos. Segundo um estudo do Pew Research Center (de Março 2013) que envolveu mais de 7600 pessoas em oito países membros,
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f ” O declínio ou fim da EU é uma ideia muito em voga, reforçada pelos maus indicadores económicos e demográficos. Uma vez que a sua
construção foi assente em critérios económicos, políticos e geopolíticos, a UE deverá e está a ser julgada de acordo com estes mesmos critérios. As tabelas de números produzidas pelos institutos de estatísticas não deixam igualmente grandes esperanças. Hoje em dia, os 500 mil milhões de habitantes da União Europeia (UE) não representam mais de 7,3% da população mundial. É nela que se regista a taxa de crescimento demográfico mais baixa do mundo (0,05% na Alemanha, 0,7% em Itália, em 2008). É um continente gradualmente mais envelhecido no qual os jovens têm cada vez menos oportunidades (reflectido nas elevadas taxas de desemprego jovem). O crescimento económico também é baixo: 0,2% em média, desde o início de 2010, na maioria dos 27 países da EU. Em 2008, 17% da população europeia vivia no limiar da pobreza, um valor que atinge os 20% entre os mais novos. O modelo de integração existente parece estar desgastado. A política da integração passo a passo seguida até agora com vista a uma "união cada vez mais estreita", não tem conseguido colmatar todas as falhas que têm surgido mais rapidamente nas bases da Europa comunitária. Segundo esta visão, a implosão é apenas uma questão de tempo e a EU não é mais do que uma distopia na qual “quem manda é quem mais paga”.
Paradoxalmente, o sucesso da UE é também um dos seus maiores obstáculos. As pessoas dão como adquiridas muitas das suas conquistas, de tal forma que talvez só se aperceberão delas quando deixarem de existir. Só precisarão de imaginar uma Europa onde os controlos de passaporte são reintroduzidos nas fronteiras, onde não exista em lado nenhum regras de segurança alimentar, onde a liberdade de expressão e de imprensa deixe de existir nos padrões atuais e onde os Europeus que viajam para Budapeste,
Copenhaga ou Praga, ou até Paris, Madrid e Roma, sejam obrigados a trocar dinheiro e a manter um registo das suas taxas de câmbio. A noção de que a Europa é o nosso lar é vista como uma segunda Natureza. Nós já somos E
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preparada para comprometer a sua existência de forma tão despreocupada. Ainda assim, e quanto a mim há razões para acreditar que a Europa já tocou no fundo e que por isso agora é só ascensão. Os sinais podem ser falíveis e parece ser preciso uma boa (e optimista) lupa para os perceber. Apesar de ainda não termos saído do túnel, estou convicta de que se vê uma á
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Há algo que a crise financeira e a situação em que vivemos provocou inquestionavelmente: todos foram lançados para um mundo que já ninguém compreende. A ideia é cooperar ou fracassar, ter sucesso em conjunto ou fracassar individualmente. Quer signifique solidariedade económica ou unidade política, "Mais Europa" parece-me ser uma saída para a crise atual. Claro que tudo p
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dinheiro (alemão) para salvar bancos em dificuldades ou as finanças públicas de alguns, outros defendem a transferência de soberania dos Estados-membros para Bruxelas. A Europa representa uma tentativa de colocar a democracia acima das fronteiras nacionais. Apesar de todos os seus defeitos e de todas as suas feridas, a União Europeia é uma experiência fantástica e única. Quanto a mim devemos defendê-la com unhas e dentes. A UE é (também) um produto da fé na exequibilidade de uma vida comunitária, é acreditar numa utopia.