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TESTEMUNHO

“Em Vez dos Mortos, Encontrei os Vivos” Por Deborah Berman

Mais de meio século depois de seus avós terem sido assassinados pelos nazistas na Polônia, os primos de primeiro grau Liora Tamir e Aryeh Shikler se reuniram pela primeira vez no Yad Vashem durante o feriado de Pessach.

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Liora nasceu na cidade de Vorkuta, um gulag soviético, em 1946. Sua mãe, Yona, prometeu que quando ela completasse 15 anos, iria revelar a história da família a ela. Mas Yona Shapira morreu quando Liora tinha apenas 12 anos, deixando-a

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sem informação em relação às raízes de sua família. Liora passou o resto de sua juventude em um orfanato em Leningrado, e acreditava que estava sozinha no mundo. Liora casou-se com Leopold e o casal teve dois filhos: Ilana e Guy. A família vivia em Israel, e quando Ilana cresceu, ficou determinada a descobrir mais sobre sua avó, Yona. Ela descobriu que Yona tinha viajado da Polônia para Eretz Israel nos anos 1920, mas foi presa e deportada pelos ingleses por causa de suas atividades comunistas. Ela acabou por ser enviada para Vorkuta, onde deu à luz Liora. Depois de, recentemente, receber documentos de um arquivo do KGB confirmando os nomes dos avós de Liora, Golda e Naftali Herz Shapira, da cidade de Brody, Ilana então se voltou ao banco de dados central de nomes de vítimas da Shoah, do Yad Vashem. Para sua grande surpresa – e alegria – ela encontrou Páginas de Testemunho de seus bisavós entregues em 1956 por um Simcha Shikler, irmão de Yona, atestando o assassinato de seus pais no gueto de Brody. Ilana então rastreou o filho de Shikler, Aryeh, em Haifa, bem como a neta dele, Limor Ganot, a quem ela descobriu via Facebook. “Eu não consigo descrever o que senti quando ouvi pela primeira vez sobre Aryeh”, disse Liora. “Foi como se eu tivesse viajado para outro mundo, onde eu não estava mais sozinha. Claro, eu tinha meus filhos, mas agora há uma família inteira. Preciso me acostumar a pensar em mim como parte de algo maior”. Liora contatou Aryeh, que confirmou que sua tia Yona, a filha de Golda e Naftali Hertz Shapira, de fato tinha estado em Israel antes da guerra, e que ela havia sido um ativista comunista. Ele também ficou chocado ao ouvir que sua prima estava viva e

morando em Israel, tendo conhecido pouco sobre os detalhes das raízes de sua própria família. “Sem as informações apresentadas ao Yad Vashem, em 1956, isso nunca teria acontecido”, disse Cynthia Wroclawski, gerente do projeto de recuperação de nomes de vítimas da Shoah. “O que é único sobre essas páginas é que no fundo é um lugar para as pessoas escreverem os nomes dos que sobreviveram, um formato que permite essas raras, mas abençoadas, reuniões”. “Eu sinto que dei a minha mãe um presente – uma família”, disse Ilana Tamir. “Tínhamos um buraco em nossos corações, e de repente uma família nasceu”.

Nos últimos anos, as novas tecnologias tornaram mais fácil rastrear indivíduos ao redor do globo. O projeto de recuperação de nomes tem a nova seção “Conexões e Descobertas” no site do Yad Vashem, que apresenta algumas das histórias marcantes de pessoas que descobriram parentes com quem tinham perdido o contato por causa da Shoah. Envie-nos uma descoberta pessoal ou uma história de reencontro para: names.outreach@yadvashem.org.il.

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