(IN)formação CDI CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DA ESCOLA SUPERIOR DE DANÇA newsletter nº 26 | quadrimestral | out.2017
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(in)formação CDI Newsletter quadrimestral - nº26
EDITORIAL João Fernandes
Centro de Documentação e Informação (CDI)
(Subdiretor da ESD)
Escola Superior de Dança (ESD) Rua da Academia das Ciências 5 1200-003 Lisboa +351 213 244 789 | cdi@esd.ipl.pt http://cdi.esd.ipl.pt | https://biblio.esd.ipl.pt http://ww.esd.ipl.pt Ficha técnica Conteúdos, revisão e design gráfico: Lília Rodrigues Foto capa: Rui Morais e Castro
Colaboraram neste número: Vanda Nascimento (Diretora da ESD) Ana Silva Marques (Subdiretora da ESD) João Fernandes (Subdiretor da ESD) Amélia Bentes (Docente da ESD) Vítor Garcia (Docente da ESD)
CONTEÚDOS
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Editorial João Fernandes Mensagem da Diretora da ESD Vanda Nascimento SABIA QUE… A ESD tem o URKUND?
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AGENDA ESD outubro de 2017 a fevereiro 2018 Licenciatura em Dança Mestrado em Ensino de Dança NOVIDADES CDI AS ESCOLHAS DE…Ana Silva Marques: Pina Bausch: Sentir mais
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Dança contemporânea: Individualidade, pluralidade, complexidade... Vitor Garcia A dança contemporânea de Mary O´Donnel Fulkerson: Processos e práticas Amélia Bentes FONTES DE INFORMAÇÃO NA INTERNET 5 MINUTOS Atlas criativo: Criação Coreográfica Contemporânea REVISTAS (Assinaturas CDI)
out. 2017
O Centro de Documentação e Informação (CDI) é um serviço da Escola Superior de Dança (ESD) que promove a difusão de diversos recursos de informação que servem de apoio às atividades dos docentes, discentes e investigadores. Tem, ao longo de várias décadas de existência, aumentado o seu espólio documental com monografias e revistas de referência, mas também com a produção científica e artística de docentes, discentes e diplomados. Apesar das dificuldades económicas e financeiras da ESD, tem-se tentado que o CDI cresça, embora paulatinamente, no aumento dos seus recursos materiais; na reformulação das suas instalações e na promoção de outras iniciativas, como é o caso da Newsletter do CDI. Como subdiretor da ESD, sabendo à partida as dificuldades em termos de recursos humanos de todos os serviços da ESD, voltei a lançar ao desafio à Dra. Lília Rodrigues considerando este suporte uma mais valia para toda a comunidade da ESD. Assim, será possível aceder quadrimestralmente a diversas fontes de informação. Para além disso, promove-se também, em cada número da Newsletter, a integração de artigos de docentes sobre temáticas abordadas em determinada/s Unidade Curricular/es da ESD, neste número o desenvolvimento da dança na europa, valorizando a atividade altamente prática da instituição, decorrente da lecionação ou outras atividades dos docentes, traduzida na teoria que as suporta. Paralelamente a estas propostas procura-se também manter toda a comunidade a par das atividades a realizar ou realizadas na ESD, acreditando na criação de mais um veículo de informação e divulgação, capaz de chegar a mais gente sobre os espetáculos, eventos e atividades da ESD, sejam eles de iniciativa própria ou em parceria. O CDI, sendo um serviço da ESD, procura dentro das suas possibilidades e capacidades adotar uma postura ativa para com a comunidade. São muitas as propostas e iniciativas a longo prazo que se procuram concretizar de forma a oferecer mais e melhor a todos aqueles que o procuram. Dinamizar e apoiar a investigação científica para discentes, docentes, diplomados, ou estabelecer parcerias com outras entidades e profissionais das artes do espetáculo, permitirá tornar o CDI um pólo de receção de produção artística, concretizada em território nacional e internacional. É também a aposta nos profissionais competentes da ESD que viabilizará o crescimento da ESD e da sua extensão “fora de portas”. Valorizar o seu trabalho e as suas capacidades de iniciativa potenciará que a ESD evolua através trabalho desenvolvido internamente, mas também pela sua projeção para o exterior. Acreditando que o futuro será sempre mais promissor, apela-se à criatividade, colaboração e resiliência de todos os profissionais e comunidade da ESD, para que estimulem de forma crítica e autocrítica de maneira a que se consiga percorrer um caminho que se direciona para a modernização e atualização constante e patente na educação e nas artes performativas.
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SABIA QUE… A ESD tem o URKUND?
O software URKUND é uma ferramenta que apoia os docentes na deteção de plágio, nos trabalhos académicos dos seus alunos. O URKUND foi adquirido por todas as escolas do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL) e entrou em funcionamento na ESD no início deste ano letivo. “Plágio é a apropriação indevida de uma obra intelectual originalmente escrita por outra pessoa, assumindose como sendo autor da mesma. Existem várias formas de plágio, para além da utilização de excertos ou cópias integrais de textos sem referência à fonte, ou seja, ao autor do texto original (…)” (Sousa & Baptista, p. 13, 2011). Com o acesso ilimitado ao conhecimento através da Internet, a pesquisa de informação para a realização de trabalhos académicos é feita de forma cada vez mais rápida e fácil. É, por isso, essencial, assegurar que a produção académica é original e não uma cópia de algo que alguém já fez.
O URKUND permite detetar, monitorizar e controlar o plágio, tendo como principal vantagem a automatização dessa análise. Referências bibliográficas: Sousa, M. J., & , Baptista, C. S. (2011).Como fazer investigação, dissertações, teses e relatórios : Segundo Bolonha. Lisboa : PACTOR. Mais informações: http://www.urkund.com
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MENSAGEM DA DIRETORA DA ESD No dia 2 de outubro de 2017, iniciámos mais um ano letivo e com ele uma nova etapa de vida para todos. Saúdo, por isso, toda a comunidade ESD e desejo-vos um espetacular ano letivo de 2017/18. Um cumprimento especial aos alunos que frequentam a ESD pela primeira vez e votos para que o percurso que iniciam seja uma experiência que vos acompanhe para a vida e que sintam vontade de a partilhar. Acreditamos no projeto pedagógico e artístico da ESD e trabalhamos diariamente para que nossa Escola se continue a afirmar pela sua qualidade, pela particularidade e pela relevância do seu ensino, a nível nacional e internacional, bem como pela relação privilegiada que mantemos com a comunidade. Continuamos apostados em proporcionar aos estudantes experiências e contactos com profissionais de relevo nos domínios da dança, quer na lecionação de Unidades Curriculares, quer através da promoção de master classes, workshops ou outros projetos que consigamos tornar realidade. A nossa oferta formativa é uma “imagem de marca” de que nos orgulhámos, que queremos dar continuidade apostando, na melhoria do ensino ministrado, na formação contínua e continuada do corpo docente e na projeção do nosso projeto pedagógico e artístico. Contamos com um corpo docente de qualidade e competente, determinado em melhorar práticas e estratégias de ensino onde a teoria e a prática, de mãos dadas, dão cunho à singularidade dos Cursos da nossa Escola. Contamos, também, com colaboradores dedicados e competentes que de forma genuína participam no funcionamento adequado dos serviços e na garantia de uma vivência agradável na Escola. Não há Escola, nem sucesso, sem a contribuição, a participação e a entrega por parte dos estudantes. Por isso, apelo aos estudantes que não deixem de ter respeito consciente pelo vosso principal instrumento de trabalho: o corpo. Que sejam autónomos na procura e no estudo permanente e que não deixem de usufruir das oportunidades criadas no seio da ESD. Por fim, não deixem escapar o privilégio de viver, com paixão pela dança, uma valiosa experiência de formação pessoal, social e cultural e de conseguir, com êxito, adquirir uma formação profissional, amplamente reconhecida e titulada por um grau ou diploma. Sejam curiosos e exigentes na procura e no aprofundamento do saber e do fazer. Sejam criativos e pró-ativos Sejam críticos, mas justos Sejam…felizes nesta nossa pequena grande ESCOLA. VANDA NASCIMENTO
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AGENDA ESD * OUTUBRO 2017 – FEVEREIRO 2018 * programação sujeita a alterações
LICENCIATURA EM DANÇA
MESTRADO EM ENSINO DE DANÇA
CICLO 1, apresentações e espetáculos dos alunos ao público 06 a 10 de novembro | Átrio da ESD Entrada gratuita
Nota: Os seguintes seminários são organizados no âmbito do curso de Mestrado em Ensino de Dança (6ª ed.) e são direcionados para os alunos de mestrado da ESD. Contudo, dado o interesse e abrangência das temáticas propostas, poderão assistir às sessões outros estudantes ou docentes da ESD ou ainda convidados que poderão participar nas sessões, na qualidade de observadores. Esta participação farse-á mediante inscrição, com um mínimo de 48h prévias a cada sessão, para se que possam gerir as disponibilidades, devendo para o efeito contactar a Coordenadora do curso de Mestrado em Ensino de Dança, Doutora Vera Amorim.
WORKSHOP com Rafael Alvarez (LIGA) 14 de novembro | 11h00 | Público alvo: Turma 51 MASTERCLASS “No intervalo de uma onda” projeto de Rafael Alvarez 17 de novembro | 14h00 | Público alvo: Turma 31 WORKSHOP com Rafael Alvarez (LIGA) 21 de novembro | 11h00 | Público alvo: Turma 52
SEMINÁRIO “Técnica de Dança Clássica: Pontas. Teoria, Adequação e Prática” com Maria Luisa Carles 03 de novembro | 16h00-20h00 | Estúdio 1
MASTERCLASS com Nicolas Robillard (Estúdios Victor Córdon) 22 de novembro | 17h00 | Público alvo: Turma 5B
SEMINÁRIO “Tópicos de Composição Coreográfica” com Madalena Silva 04 de novembro | 10h00-13h00 | Estúdio 1/ Sala 2
MASTERCLASS com Enrica Palmieri 23 de novembro | 09h00 | Público alvo: Turma 5A MASTERCLASS com David Peden (Estúdios Victor Córdon) 13 de dezembro | 17h00 | Público alvo: Turma 5B CICLO 2, apresentações e espetáculos dos alunos ao público 18 a 21 de dezembro | Átrio da ESD Entrada gratuita
SEMINÁRIO “Cunningham” com Teresa Simas 24 de novembro | 16h00-18h00 | Estúdio 1 SEMINÁRIO “Dança contemporânea, uma abordagem integradora” com Enrica Palmieri 25 de novembro | 9h00-13h00 | Estúdio 1
MASTERCLASS com Irena Milovan (Estúdios Victor Córdon) 10 de janeiro | 17h00 | Público alvo: Turma 5B CICLO 3, apresentações e espetáculos dos alunos ao público 05 a 09 de fevereiro | Átrio da ESD Entrada gratuita + INFO www.esd.ipl.pt
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SEMINÁRIO “A interligação Música-Dança” com Humberto Ruaz 04 de novembro | 14h00-17h00 | Estúdio 1
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REFLEXÃO CRÍTICA ANALÍTICA SOBRE A UC com Vera Amorim 25 de novembro | 14h00-18h00 | Sala 2 Este último seminário está reservado aos alunos do curso de Mestrado em Ensino de Dança (6ª ed.)
AS ESCOLHAS DE…
NOVIDADES CDI
Ana Silva Marques
Intensified bodies : From the performing arts in Portugal
(Docente e Subdiretora da ESD)
Autores: Gustavo Vicente (ed.); Mick Greer (trad., rev.) Ano: 2017 Cota: G06-INT
Pina Bausch: Sentir mais de Claudia Galhós Pina Bausch, considerada uma lendária bailarina, e principalmente coreógrafa, é uma referência de extrema relevância devido a um percurso profissional que faz parte da História da Dança. Tal situação acontece porque deixou um legado coreográfico extraordinariamente rico e variado, em que grande parte das suas obras são uma referência extremamente importante no âmbito da dança.
Acting on the past : Historical performance across the disciplines Autores: Mark Franko, Annette Richards (eds.) Ano: 2000 Cota: G06-ACT
Devido ao reconhecimento que teve, que tem, apesar da sua ausência (morte) em 2009, esta personalidade tem sido alvo de atenção por parte de muitas pessoas que têm vindo a imortalizar a sua vida e o seu percurso profissional, a partir da análise do trabalho por ela desenvolvido.
Introduction to modern dance techniques Autor: Joshua Legg Ano: 2011 Cota: E02-LEG/MOD
No caso da obra de Cláudia Galhós, mais concretamente no livro “Pina Bausch: Ensaio Biográfico”, o qual já se encontra no Centro de Documentação e Informação (CDI) da ESD, Pina Bausch foi alvo de atenção na medida em que esta autora vai relatando a sua vida e analisando a sua obra, em que quer as suas memórias, quer a pesquisa documental foram fontes importantes. Para além da história de vida da coreógrafa, e até mesmo de que forma é que a vê, viu e sentiu, Cláudia Galhós, pretendeu igualmente dar a conhecer as histórias de quem a conheceu nas suas visitas a Portugal. Desta forma, com esta obra, fica evidenciada a forma como Pina Bausch fez/faz parte da memória do nosso país.
Os arquivos dos antropólogos Autoras: Sónia Vespeira de Almeida e Rita Ávila Cachado (organização) Ano: 2016 Cota: C03-ARQ
Jorge Salavisa (2010), no prefácio da obra referenciada, refere-se a Pina Bausch e ao seu trabalho como “uma coisa do mundo”, na medida em: “A mudança existe para além dela, nas peças e nas marcas indeléveis que deixou. Pina Bausch continua a obrigar-nos a reinventar histórias e a reinventar a dança” (p.8).
Dance and the Alexander Technique : Exploring the missing link Autoras: Rebecca Nettl-Fiol and Luc Vanier Ano: 2011 Cota: F04-DAN (inclui 1 DVD)
Esta situação que me parece ser estruturante e coerente, quer com a Newsletter que se apresenta, quer para a temática subjacente a esta edição, em que se realça o Repertório da Dança Europeia. Referência bibliográfica Galhós, C. (2010). Pina Bausch: Sentir mais. Lisboa: D. Quixote.
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RECENSÃO CRÍTICA Dança contemporânea: Individualidade, pluralidade, complexidade...
Vítor Garcia (Docente da ESD)
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dança contemporânea é um tipo de dança que se define e concretiza no impacto da sua experiência performativa. Este modo de entender a dança contemporânea é partilhado por alguns autores, nomeadamente Maria José Fazenda e Laurence Louppe na sua obra “Poética da Dança Contemporânea” (2012). É esta primeira autora que, ao introduzir a segunda, menciona: (…) a dança contemporânea é revelada, por um lado, na complexidade das suas dinâmicas históricas e, por outro lado, na pluralidade dos seus modos de pensar sobre o mundo, de o representar, mas também de contribuir para o configurar – porque a dança não é um mero reflexo de realidade que lhe é exterior, mas é sobretudo um processo de construção de formas e sentidos através da ação do corpo (Fazenda, 2012, p. 7). Desenvolvida principalmente durante a segunda metade do século XX, a dança contemporânea alicerça-se nas transformações, influências e desenvolvimentos começados anteriormente e a partir do advento da dança moderna (essencialmente nos Estados Unidos da América) e da dança pós-moderna (particularmente na Europa). Adquire uma importância e relevância diferentes devido à especificidade das suas práticas, métodos e processos, à multiplicidade de propostas e linguagens que definem e redefinem, à sua recusa na adoção de modelos exteriores ao que é, segundo Fazenda (2012), elaborado e desenvolvido a partir da noção de “(…) individualização de um corpo e de um gesto (…)” (p. 12). A consolidação da dança contemporânea é feita, então, a partir das necessidades e ideias de criadores individuais. Como menciona Jowitt (2011), através da capacidade do corpo de encontrar sentido no meio do caos que ocorre quando se rompe ou questiona a perceção “of where the parameters were about right and wrong (…)” (p.4). O coreógrafo Akram Khan acrescenta: “(…) it was about breaking all the rules that were set in my body (…)” (Ellis, 2004). O caos de que se fala aqui e que tem a ver com a própria definição ou entendimento da própria dança contemporânea é referenciado por Philippe Noisette como não sendo o que a define ou carateriza. Para reforçar esta ideia, o mesmo autor adianta “par leur formation- et presque tous en ont une -, les chorégraphes parviennent à créer une harmonie dans ce désordre apparent’’ (Noisette, 2010, p.15). É também nestas ‘formações’ que sistemas e técnicas se desenvolvem e consolidam, especialmente pelo entendimento de que, atualmente, na dança contemporânea, se verificam uma série de caraterísticas provenientes da nova ‘harmonia’ que tomam diversas designações como ‘awareness’, ‘consciência cinesiológica’, ‘consciência somática’ ou ainda segundo o coreógrafo Jonathan Burrows ‘heightened attention’. Este trabalho é continuado principalmente na Europa, a partir do
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desenvolvimento já ocorrido nos Estados Unidos, muito pela integração e consolidação de uma consistente consciência somática, que progride a partir de complementos como Alexander Technique, Pilates, Feldenkrais, Gyrotonic, entre outros. São as novas consciências que desvendam novas valências e ângulos, que definem agora estes sistemas e técnicas, não pela sua forma ou linguagem, mas pelas suas ações e qualidades de movimento. De conceitos e consciências como LMA (Laban Movement Analysis), Release Technique, Humphrey-Limón Technique, Leis de Newton, Cunningham Techique surgem direta e progressivamente as noções intrínsecas de ‘contra direção’, ‘contra tensão’ e ‘contrapeso’, ou seja as componentes essenciais da nova maneira de olhar para a dança contemporânea, através da noção de ‘contraponto’. Jonathan Burrows refere ainda em relação a esta caraterística inovadora: Counterpoint provides a way of writing or recognising a detailed connection in time and space between events. This takes rigour and patience to master. Some dancers enjoy this kind of work and some don’t. Counterpoint can also give you a momentary way to observe
what you’ve done from a different perspective: what is happening when and against what, and in how that connection might help the viewer, or not, follow what’s happening and not get bored. (Burrows, 2010, p. 140) Aqui está então o que permite olhar e entender o que até há pouco tempo era confuso, disperso e caótico. As várias vozes e contribuições de percursos e explorações individuais, com as suas consolidações e desenvolvimentos coletivos e plurais adicionaram uma complexidade que se carateriza pelo cruzamento e domínio de caraterísticas específicas na forma de competências intrínsecas tais como as noções de ‘contra tensão’ (Release Technique – Contact Improvisation), ‘contrapeso’ (Leis do Movimento de Newton – Humphrey/Limón Technique) e ‘contra direção’ (LMA – Cunningham Technique). Tudo isto permite-nos agora entender e designar os novos sistemas e técnicas da dança contemporânea como Técnicas de Contraponto. Referências bibliográficas Burrows, J. (2010). A choreographer´s handbook. New York: Routledge. Ellis, S. (2004, april 22). Dance was about breaking all the rules that were set in my body: Akram Khan, choreographer and dancer. The Guardian. Consultado em outubro 9, 2017, em https://www.theguardian.com/culture/2004/apr/22/ samanthaellis.guesteditors. Fazenda, M. J. (2012). A dança como visão da grande modernidade à época atual. In L. Louppe, Poética da dança contemporânea (pp. 7-16). Lisboa: Orfeu Negro. Jowitt, D. (2011). Introduction. In M. Bremser & L. Sanders (Eds.), Fifty contemporary choreographers (2nd ed.) (pp.1-17). New York: Routledge.
© Joaquim Leal
RECENSÃO CRÍTICA A dança contemporânea de Mary O´Donnel Fulkerson: Processos e práticas
“
Mary foi, sem dúvida, uma pioneira no
que respeita ao desenvolvimento da Dança
”
Amélia Bentes
Contemporânea Europeia.
(Docente da ESD)
M
ary O´Donnel Fulkerson é uma coreógrafa norte-americana, que pode ser enquadrada na fase em que a influência de Anna Halprin surgia em grande força em Nova Iorque. Contudo, foi na Europa, onde esteve durante mais de trinta anos, e em vários países, que Mary Fulkerson desenvolve polos de investigação do seu trabalho. Em Inglaterra, por exemplo, desenvolveu um trabalho de investigação em dança no Dartington College, e mais tarde Holanda, na School for New Dance Development. Foi uma das primeiras coreógrafas a implementar, de uma forma consistente, um processo de improvisação estruturada nas suas performances. Mary Fulkerson permite que, dentro dos conteúdos pré-organizados do espetáculo, os bailarinos introduzam as suas experiências reais, ou seja, elementos da sua vida pessoal; até mesmo os vícios que cada um tem na dança são válidos e possíveis. Mary Fulkerson interessa-se por toda a matéria que ocorra em tempo real. A sua composição assenta em 4 (quatro) grandes princípios, que designa por planos arquitetónicos: a presença - experiência em todos os momentos, a atenção - consigo e com o grupo, no momento durante a experiência, dentro e fora, a intenção – capacidade de tomar e organizar decisões rapidamente durante a experiência e a autenticidade – agir com verdade e precisão perante um todo. Os intérpretes, num dado momento, se assim o entenderem, podem manipular ou transformar o decorrer de uma ação. Isto pode acontecer de uma forma radical ou lenta, dependendo da capacidade de cada um em organizar em tempo real os quatro planos: presença, perceção, intenção e autenticidade. É o que Mary Fulkerson designa de Open Form Composition: Open Form composition is arrived at, through creating a series of processes, some fixed and some improvised in form for each dancer. These lead dancers experience live decision making on stage while also giving them definitions and outlines that act as “Holding Form” (concept MOD). (Fulkerson,
2010, p. 143)
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Há mais de 20 anos que Mary Fulkerson se dedica à evolução dos conceitos da Open Form Composition (OFC), um método em permanente evolução. Mary Fulkerson lança, deste modo, um desafio aos intérpretes: a anarquia responsável. Um conceito que surge em paralelo à OFC, mas integrado nela. Um sistema social que permite aos bailarinos navegar pela coreografia com um significado mais consistente, uma vez que são responsáveis por si próprios, pelos outros e por toda a coreografia. “Responsible Anarchy” existed as a social system in the work, as each person “lived” during the performance. They were asked to “live” their roles, rather than “perform” them. They had a full range of experience from “completing a totally set form” to “free choices” based on their own judgment of the best outcome. (Fulkerson, 2010, p. 501) O contributo desta coreografa não se deve só ao facto de ter criado um conceito de composição. É igualmente responsável pelo aparecimento e pela difusão do Contact Improvisation na Europa. Começou por convidar Steve Paxton para lecionar no Dartington College, em Inglaterra, mais tarde na Holanda, em Amsterdão, na School for New Dance Development e em Arnhem (European Dance Development Center-EDDC). Rapidamente o Contact Improvisation se difundiu por toda a Europa. Mary foi, sem dúvida, uma pioneira no que respeita ao desenvolvimento da Dança Contemporânea Europeia. Aliou a técnica do Contact Improvisation à da Release Tecnique (da qual também foi uma das fundadoras). Fulkerson continua a afirmar que ambas as técnicas fornecem ferramentas excecionais para as suas pesquisas criativas, quer para os workshops, quer para as suas performances. Referência bibliográfica Fulkerson, M. (2010). Open form composition/aesthetic commentary. In World of proximity dance is to be found everywhere: Choreographic processes and practices, from the notebooks of Mary O’Donnell 1966-2010 [cap. 5]. Consultado em dezembro 2, 2016, em: http://www.releasedance.com/ReleaseDance/pdf/chap5.pdf
FONTES DE INFORMAÇÃO NA INTERNET
Jiří Kylián URL: http://www.jirikylian.com O bailarino e coreógrafo Jiří Kylián decide lançar este site em 2012 com o objetivo deste se tornar um espaço de partilha, no mundo digital, de trabalhos que desenvolveu ao longo da sua carreira. No que respeita às suas criações, disponibiliza um conjunto de fotos, filmes, posters, documentários e entrevistas. O site contém ainda uma página com informação biográfica, bem como uma página dedicada à Kylián Foundation.
Dance Consortium URL: http://www.danceconsortium.com Dance Consortium é um grupo que reúne em parceria 19 grandes teatros localizados no Reino Unido. Para além de mostrar o trabalho em conjunto dos teatros e das suas companhias de dança, o site tem vários recursos de informação, tais como artigos, entrevistas, dados históricos, etc. que podem ser encontrados no separador Features.
Gaga. People. Dancers URL: http://gagapeople.com/english Gaga é uma linguagem de movimento desenvolvida por Ohad Naharin, coreógrafo e diretor artístico da Batsheva Dance Company. Esta técnica, que pode ser praticada por qualquer pessoa, fornece uma estrutura para descobrir e fortalecer o corpo, para adicionar flexibilidade, resistência e agilidade, ao mesmo tempo que aumenta a autoconsciência do corpo e do movimento. Neste site, pode ser encontrada informação sobre Gaga e sobre Ohad Naharin. Destaca-se o separador About Gaga, com vídeos, artigos e links úteis sobre esta temática.
ArtsAlive.ca URL: http://www.artsalive.ca/en ArtsAlive.ca é um site educacional de artes performativas produzido pelo Nacional Arts Centre, em Ottawa, Ontário, Canadá. O site apresenta várias ferramentas pedagógicas, tais como um estúdio de dança virtual, métodos de interpretação de dança e uma mediateca com diversos materiais para explorar.
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5 MINUTOS Atlas criativo: Criação Coreográfica Contemporânea O Atlas Criativo é uma ferramenta que resulta da sistematização de princípios, modos de operar e ideias representativas das práticas coreográficas atuais. Pretende-se que os conteúdos sejam experienciados individualmente como matéria de estudo e aplicação no âmbito da composição coreográfica, mas também que sejam uma ferramenta de apoio ao registo sistematizado e desenvolvimento de um processo que pressupõe a criação de uma obra ou de um exercício coreográfico. O Atlas Criativo, um recurso artístico-pedagógico que resulta da investigação apresentada na tese de Doutoramento da professora Madalena Xavier Silva, já se encontra disponível para consulta no CDI e é composto pelos seguintes elementos: - 1 livro com a compilação das entrevistas a 16 coreógrafos portugueses - 14 cartões com conceitos, definições e questões relativos a elementos biográficos - 41 cartões com conceitos, definições e questões relativos ao Processo Criativo - 1 caderno de registo/arquivo do Processo Criativo - 1 Extensão digital da ferramenta (www.atlascriativo.pt)
REVISTAS Assinaturas CDI: últimos números recebidos
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO Escola Superior de Dança | Instituto Politécnico de Lisboa outubro de 2017