OUT . NOV 2017
PREFÁCIO A pintura é poesia sem palavras, como disse Voltaire. Para entende-la precisamos não apenas de aprecia-la, mas sim senti-la. Como tal antes de qualquer crítica decidi senti-la apenas observando e concluí que os quadros do autor Albino expressavam memórias de uma terra desconhecida, mas também vivenciada por muitos. Ao entrarmos na realidade expressa pelo autor vemos uma Angola retratada com memórias inesquecíveis, especiais, emocionais e com retratos de uma Angola intemporal, mas muito actual.
Maçã da Eva é uma homenagem à beleza feminina, espelhada na pintura cujos contrastes destacam formas esbeltas que escondem contornos não ditos, conforme palavras do próprio autor. Elegi como gosto pessoal o quadro Calandula que retrata as minhas origens e de muitos de nós, local de que guardo memórias inesquecíveis sempre presentes e renovadas nas visitas efectuadas permanentemente as terras reais de Njinga e das misteriosas pedras de Pungo a Andongo, das planícies onde deambulam e brincam as majestosas Palancas Negras Gigantes.
Os quadros de óleo sobre a tela, apresentados por Albino, nascido em 1963 em Luanda, Bairro Marçal, formado em Pedagogia Desportiva, contam histórias de um país. São memórias da nossa querida Pátria, que passou de geração em geração, isto é, de uma Angola que será eterna na nossa história através da Cultura/ Arte através da poesia, música, pintura, escultura, etc.
Este mosaico de cores, traços, motivações e emoções despertam-nos sentimentos não só de admiração pela obra mas também e principalmente uma conexão forte com um homem de desporto, da escrita, um multifacetado homem de artes e de cultura que se destaca pelo bem-fazer e pela profundeza de uma alma nobre, alimentada pela solidariedade humana e participação inclusiva que ele tão bem retrata no seu dia-a-dia.
Retratos da Cultura de uma nação, de um povo, o povo angolano. No quadro Tundavala, o horizonte se perde nas cores lúgubres do sol que se esconde e deixa chegar cores de escuridão.
Ao encerrar esta viagem pelo tempo, a realidade desponta o quadro Aveiro que da uma dimensão cosmopolita a obra e ao imaginário das águas dos rios que se beijam com as águas do mar.
Luanda em crescimento, retrata os tempos de gentes metropolitanas, gentes de cores variadas, tempos de gentes harmonizadas pelos sinais semafóricos que se elevam no asfalto dessa Luanda de bem receber, que aliena pensamentos dos que chegam e faz deles seus filhos, suas filhas, seus irmãos, faz deles suas vidas.
Que as gerações vindouras de Angola e de outros países não só apreciem, mas apreendam a mensagem dos quadros que retratam a nossa Angola, transportando para a perenidade a história de todos nós.
Deserto do Namibe, como se refere o autor são plantas que prolongam suas folhas estendidas no infinito dos ventos e poeiras que lhe dão formas singulares germinadas em terras angolanas somente.
Carolina Cerqueira, Ministra da Cultura de Angola Luanda, Setembro de 2017
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
AO PINTOR Ao pintor, ao albino da conceição. O primeiro passo é o mais difícil de dar, Pôr vida onde parece não existir, Pintar, dar luz, dar brilho, colorir, Pegar no pincel e brincar. No primeiro traço, na primeira pincelada, da cor à forma em formas e cores, numa longa e bem traçada caminhada … se faz o artista.
As combinações cromáticas com que dá vida às suas obras, reflectem bem a sua maneira de ser, calma e serena e demonstram uma experiência visual acentuada, bem esclarecedora de que a arte é a beleza expressa na imaginação.
Em suas obras, explora temas diversos que constituem parte das imensas belezas e riquezas de Angola.
“O aluno superou o mestre.”
Viaja também por outras paragens, mas deixa sempre bem espelhada a harmonia das cores e das formas, no tempo de cada tempo.
Muito obrigada pela oportunidade de poder sentir o orgulho de ter sido um desses mestres. É a melhor compensação e a que sabia certo.
Recorrendo a uma linguagem visual simples, mas cuidada, em cada tela nos transporta a uma realidade bem marcada, não só pelas formas, mas também pelo contraste entre a luz e a cor, numa gama bem recheada de tonalidades.
O horizonte continua à espera de novas formas e novas cores.
Explora a sua criatividade artística recorrendo a técnicas como a pintura a espátula, que tão bem domina, num perfeito equilíbrio na junção das formas e das cores.
Luísa Romualdo, Professora de Educação Visual e Plástica Luanda, Setembro de 2017
O à vontade com que desenvolve temas paisagísticos, continua em evidência quando trata da figura humana. Ele próprio me confidenciou que não elabora esboços prévios e que experimenta todas as tonalidades directamente na tela.
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PATROCÍNIO
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
PLAYANGOLA Sempre acreditamos que a arte pode ter a função de unir os povos e servir de elo de comunicação absoluta entre os homens.
CARLOS PAIXÃO
CEO, Playangola
É para nós uma honra muito grande apoiar este projeto, que desde a primeira hora tínhamos perfeita consciência que pela essência e autenticidade é uma clara prova da comunicação entre africa e o resto do mundo. Sempre acreditamos ser fundamental alterar certos paradigmas e nunca tivemos duvidas do potencial do contributo africano e sempre acreditamos na igualdade e respeito entre os povos. Por isso desde o primeiro momento reconhecemos o enorme e particular talento do artista Albino da Conceição, que com a galeria Nuno Sacramento consolida a partida para o mundo de uma carreira que não temos qualquer dúvida que será de grande sucesso. É assim um orgulho fazer parte deste processo de internacionalização. Bem-haja! Carlos Paixão Setembro de 2017
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EXPOSIÇÃO
O REI ANIMAL
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Óleo s/ tela, 100x100cm, 2017
ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
MUKUA
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Óleo s/ tela, 100x70cm, 2016
ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
PAZ NO MAIO
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Óleo s/ tela, 70x100cm, 2017
ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
CONVÍVIO ASSUSTADO
Óleo s/ tela, 100x150cm, 2017
Sons indecifráveis acompanham os passos gigantes que se sacodem por todos os cantos do mato O mato que se alegra pelos barulhos cantados no leve esvoaçar de folhas que se beijam entre si e tocam carinhosamente e encontram no solo o seu leito Sons indecifráveis dos ventos que acariciam com violência o arvoredo do mato criando sussuros momentâneos que flutuam ao som do cantar dos pássaros Sons assustadores que harmonizam a amizade das flores com o areal do mato com o vento do quadrúpede enrugado pelos tempos passados as aves curiosas saídas do imaginário das cores
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
LUANDA EM CESCIMENTO
Óleo s/ tela, 100x150cm, 2017
Erguem-se em ti linhas incólumes que no imaginário da criança se abeiram do espaço celestial
Erguem-se em ti linhas que se prolongam em rosas-dos-ventos sem norte, rosas vermelhas, azuis, amarelas
Formas diferentes da criação das pessoas, formas que se reflectem no quotidiano dos citadinos, dos animais que vagueiam por ruas apinhadas de carros que se avolumam na dimensão das estradas acidentadas de problemas de todas as gentes
Rosas que se trocam por paixões e amores de casais ocasionais nascidos no ensombrado das noites intensas avolumadas por danças sensuais que esfregam corpos contra corpos e deixam vontades insaciadas que se noticiam em ondas hertzianas por ouvidos curiosos
Problemas dos que chegam de longe do sonho que correu seus sonos das histórias contadas pelos que já se foram e de notícias trazidas dos que chegam e ficam
Linhas que se inclinam para centros financeiros de cofres ocres embebidos da terra desvalorizada nos tempos do ocidente rico de democracias radicais
Problemas que calcorreia o asfalto dissimulado em mostruários enfeitados com imagens inanimadas de manequins ataviados com tecidos ocidentais, tal beleza vendida sem pregões entre o rodado de viaturas e buzinadelas estridentes afrontando-se mutuamente
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
Tempos de gentes metropolitanas, gentes de cores variadas tempos de gentes harmonizadas pelos sinais semafóricos que se elevam no asfalto dessa Luanda de bem receber, que aliena pensamentos dos que chegam e faz deles seus filhos, suas filhas, seus irmãos, faz deles suas vidas
LIGAÇÃO
Óleo s/ tela, 100x150cm, 2017
Águas longínquas rebatem-se no seu regaço
Levando sentimentos amorosos de gentes distantes que se procuram nas saudades de todos os dias
Vêm apressadas Ergue-se em firmeza testemunhal de vidas que viu passar Descem para o mar Vidas que viu chegar Levam consigo notícias de alegrias de tristezas de riquezas e de pobrezas Que viu se apagar Vêm apressadas de encontro às águas do mar e se misturam em dança atribulada de sons indefinidos e harmonias únicas que se estendem para lá e para cá por arvoredos verdejantes que escondem animais taciturnos e cantares variados levados pelo eco das águas apressadas Ergue-se altaneira e estende seus braços entre margens que sussurram palavras pelo passar de carros que vêm e vão para destinos incertos levando e trazendo notícias de tristezas de alegrias
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
Vidas que viu nascer na paisagem que se estende a seus pés Ergue-se altaneira a ponte da barra do quanza
DESERTO DO NAMIBE
Óleo s/ tela, 70x100cm, 2017
Esvoaçam areias por destinos incertos de imagens desérticas para lá da serra Sopram ventos que não se deixam arrastar por solidão e levam consigo essas areias que tragam em si poeiras e outras areias que vêm de paragens desconhecidas sibilando canções entoadas pelas gentes que se misturam com as areias e caminham para lá Gentes que caminham para onde nascem os ventos que trazem as areias e levam outras areias em cânticos singulares com notas agudas e solfejos alterados por declives e figuras montanhosas que se escondem em miragens traiçoeiras por onde desfilam garbosas avestruzes e linhas zebradas que traçam destinos que não se confundem com a vida
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
Esvoaçam areias e desnudam na sua passagem vestes que revelam aglomerados de plantas incompreendidas com seu próprio destino Plantas que prolongam suas folhas estendidas no infinito dos ventos e poeiras que lhe dão formas singulares germinadas em terras angolanas somente
CALANDULA
Óleo s/ tela, 70x100cm, 2016
O barulho silencioso corre entre pedras esculpidas pelo cair intemporal das águas dos rios
E prestam honras ao passar ruidoso das águas que vêm de longe e se destinam para mais longe pelas terras
Cursos de água que vêm de longe e seguem para tão longe,
E caem aqui Calandula
Seguem para lá das terras malanjinas Troa um batuque monofónico com agudez interrompida por cânticos teimosos de águas que teimam em chegar para lá do som das águas dos rios que vêm de longe e se misturam com chilrear de pássaros e guinchos de macacos escondidos nas sombras das copas que se erguem marginais
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
ICE CREAM BOY II
Stencil e acrĂlico s/ pano angolano, 100x70cm, 2016
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SERRA DA LEBA
Óleo s/ tela, 100x100cm, 2017
Serpenteia por entre formas que se misturam com o horizonte e se perdem no verde da vegetação que preenche as falhas concertadas entre elevações e baixas rochosas prolongadas para lá da visão das pessoas Serpenteia e desaparece no serrado dos matos de encontro as terras desérticas que se acabam no oceano Cânticos de pássaros e urros de animais estilizam sons da filarmónica que deixa no ar notas musicais selvagens e barulhos inexplicáveis de águas que escorrem por paredes sem fundo que despertam medos anseios e fobias aos que sobem e descem na curiosidade do incerto das suas formas Serpenteia Esconde-se aqui Mostra-se mais para ali Deixa-se cair repentinamente por ângulos inclinados nos limites da coragem dos amedrontados que entregam corações palpitantes às mãos dos caminhos que serpenteiam e se elevam assustadoramente abeirados por precipícios infindáveis e pedras que rolam sem eco aos ouvidos assustados Serpenteia Faz caminho a nossa serra A serra da leba
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
IRADO ANIMAL
Óleo s/ tela, 100x100cm, 2017
Tem cor a ira A ira vive por aí entre rostos e se expande em traços profundos que se entalham no ser Entalhes que se fixam no olhar escurecido pelos pensamentos que lhe dão origem A ira explode no interior por traços que vêm de dentro Emerge em sinuosos relevos escurecidos na expressão que adentra a compreensão de quem observa A ira está aí
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
REFLEXO
Óleo s/ tela, 100x100cm, 2017
Ergue-se entre elevações gemelares que se apoderam do panorama com linhas vigorosas tal qual teclas musicais com notas que encantam a natureza Reflexo sem imagem Sem som Testemunha única o esvoaçar das aves que planam nos ares que o horizinte esconde Reflexo sem imagem Simplesmente reflexo
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
MAÇÃ DA EVA
Óleo s/ tela, 150x100cm, 2017
Luzes destacam formas esbeltas que escondem contornos não ditos No brilhar das luzes pálpebras semicerram beleza sabida da fêmea vaidosa que expande sinais silenciosos que se propagam da minha espátula em traçado amoroso que vos mostro em descontinuado lençol que vos estendo aos pés e aos olhos deixo apreciar Alteiam em si ombros torneados por desejos de amores que convidam incautos machos ao leito imaginário que espalha pétalas vermelhas por onde se esconde a maçã da eva de sabor indefinido no paraíso para onde só vai quem escolhido Raiam formas de mulher que se exibe fecunda altiva poderosa em si mesmo para olhares admirados de desejos de amores e carinhos que se escondem entre rosas e maçã saídas das escrituras que condenaram pecado Oh Eva!!!
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
OUTONO DE OUTRAS PARAGENS
Óleo s/ tela, 100x50cm, 2017
O tempo tem cores As cores não são iguais no tempo que se renova todos os dias As cores são novas com novos tons com novo brilho As cores são novas no passar dos dias que renovam as estações do ano Estações que se repetem diferentes na existência do sol e da lua As cores são novas nos tempos que já estavam nos tempos que são e nos tempos que ficarão Cores alegres Cores claras Cores escuras Cores quentes e secas das folhas que repousam nas areias e se misturam em ligações que perduram nos limite de cores novas que vêm do norte invernal E fazem alegre e seco o outono de outros lados para lá das minhas florestas para lá do meu oceano
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
ZUNGUEIRA VENDEDORA DE SAPATOS II
Stencil e acrÃlico s/ pano angolano, 145x85cm, 2016
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TUNDAVALA
Óleo s/ tela, 150x70cm, 2016
Quebra-se o horizonte que se estende nos limites do início do mar Quebra-se no fundo longínquo enganado pelos recortes que se explicam na dimensão rasteira das terras de pastos de cerrados arbóreos que encobrem animais tímidos que se escondem das pessoas Recorta-se em cenário edílico de cores indefinidas e traços assustadores qual coragem de aventureiros que se empoleiram nas suas alturas Curiosos que atiram seus olhares para as profundezas dessa fenda saber Assim se faz tundavala das terras das alturas de cerros conhecidos e águas caídas por encostas pedregosas de cores bonitas sem igual
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
TUNDAVALA II, O OUTRO LADO
Óleo s/ tela, 150x70cm, 2017
Recantos para lá da beleza Recantos altaneiros e sobranceiros escondendo caminhos sinuosos percorridos por imaginações e sonhos de quem os vê Recantos escondendo enigmas de anónimos temerosos dos sons que se propagam por escarpas lúgubres fendidas por ventos, chuvas que correm por caminhos coroados por folhagem de coloração variada Recantos coloridos pelo voo de borboletas e pássaros que chilreiam cânticos e se empoleiram nos ventos que trazem Levam os sons E alargam a fenda mais para lá da beleza desse recanto que encanta angola
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ILUSÃO
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Óleo s/ tela, 100x50cm, 2017
ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
REFLEXO II
Óleo s/ tela, 100x50cm, 2017
ÁRVORE EM DÓ MAIOR
Óleo s/ tela, 100x50cm, 2017
MÁSCULO / AVEIRO NA ÍNTEGRA
Óleo s/ tela, 100x100cm, 2017
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CV
ALBINO DA CONCEIÇÃO HABILITAÇÕES ACADÉMICAS 1970/1974 - Ensino Primário, Luanda, Angola 1974/1977 - Ensino de Base do Terceiro Nível 1979/1983 - Ensino Médio em Educação Física 1985/1990 - Licenciatura em Pedagogia Desportiva e Treinamento de Andebol, Sófia, Bulgária
PARTICIPAÇÕES ARTÍSTICAS 1976 - Pintura da primeira obra 2015 - Exposição Colectiva, Galeria dos Desportos. 2015/2016 - Exposição Individual “Pinturas do Coração”, Academia BAI 2016 - Exposição Colectiva, em alusão à Cidade de Luanda
ANGOLA LUANDA, 1963
MEUS BORRÕES Não dialogo com minhas cores Misturo-me com elas e fazemos borrões que se harmonizam nas telas Não dialogo com as cores Pinto-me nelas e sou o começo do traço Sou a marca O borrão Sou também pintura que escreve sentimentos que acordam comigo e retomam imagens saídas por aí As cores dizem-me coisas sem voz, que eu oiço no acariciar do lençol que se ergue perante mim e coloco meus borrões para em vossos olhos construir e descrever imagens que estão por aí Imagens que podem ser essas Podem ser outras em qualquer sítio e saídas de outros sonhos Saídas de outras mãos que as criaram
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ALBINO DA CONCEIÇÃO REFLEXOS
CURADORIA Nuno Sacramento Arte Contemporânea PATROCÍNIO EXCLUSIVO Playangola www.playangola.co.ao MONTAGEM & COORDENAÇÃO Edna Bettencourt Lília Figueiras TEXTOS Albino da Conceição Carlos Paixão Carolina Cerqueira Luísa Romualdo FOTOGRAFIA Lília Figueiras DESIGN Nhdesign www.nhdesign.pt IMPRESSÃO Orgal, Impressores TIRAGEM 500 exemplares LOCAL Nuno Sacramento Arte Contemporânea Ílhavo, Portugal DATA Outubro 2017