Manifesto Arte Urbana | Projeto Editorial

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EDITOR DE ARTE Mariana Gabardo

EDITOR SENIOR Thieny Buckowski

GERENTE DE ARTE Nicole Gazzola Viana

DIRETOR DE ARTE Mariana Gabardo

DIRETOR EDITORIAL Thieny Buckowski

PRODUTOR PRÉ IMPRESSÃO Nicole Gazzola Viana

PROJETO GRÁFICO E EDIÇÃO DE DESIGN Mariana Gabardo, Thieny Buckowski e Nicole Gazzola Viana.

EDITORA Taschen Rua Orfanotrófio, 555 Alto Teresópolis, Porto Alegre • 91848440. (51) 3230-3333 uniritter.edu.com.br

IMPRESSÃO D21

dados internacionais de catalogação na publicação (cip) Manifesto, Arte Urbana. Mariana Gabardo, Thieny Buckowski e Nicole Gazzola Viana. 2015 Todos os direitos pertencentes aos autores e a editora. Esta publicação mão pode ser reproduzida em todod ou em parte, por quaisquer meios, sem autorização prévia .

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O MANIFESTO Imagine uma cidade em que o grafite não é ilegal, uma cidade em que qualquer um pode desenhar onde quiser. Onde cada rua seja inundada de milhões de cores e frases curtas. Onde esperar no ponto de ônibus não seja uma coisa chata. Uma cidade que pareça uma festa para a qual todos foram convidados, não apenas as autoridades e os figurões dos grandes empreendimentos. Imagine uma cidade como esta e não encoste na parede - a tinta está fresca.

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01

recriando uma nova paisagem 1.1 Introduzindo a arte urbana.....................................12 1.2 A história do movimento .......................................14 1.3 Os pioneiros ...........................................................15

02 03 04

OCUPANDO O MEIO URBANO 2.1 Arte urbana na atualidade .....................................18 2.2 Tipos de intervenção ..............................................22

A ARTE EM FAVOR DA SOCIEDADE 3.1 Interação com o meio.............................................30 3.2 Projetos em prol da comunidade ...........................31

talentos pelos continentes 4.1 Artistas pelo mundo ..............................................40 4.2 Os Gêmeos .............................................................42 4.3 Eduardo Kobra ...................................................... 46 4.4 Banksy ..................................................................50 4.5 Boa Mistura ...........................................................54 4.6 C215 ......................................................................58 11


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o comeรงo do manifesto

uma nova

Paisagem 13


1.1 introduzindo a arte urbana Arte Urbana, urbanografia, post-graffiti, neograffitti ou apenas street art refere a manifestações artísticas desenvolvidas em espaços públicos, sem nenhum caráter institucional ou empresarial, e distinguindo-se de outras formas de expressões artísticas tradicionais, trazendo o trabalho artístico para as ruas e pro cotidiano, democratizando a arte e fortalecendo a apropriação do meio urbano pelos seus usuários, convidando-os a participar e interagir com o meio e a não serem apenas.

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RECRIANDO UMA NOVA PAISAGEM

Tem o objetivo de causar impacto nos expectadores pela beleza, pela estética diferenciada ou muitas vezes pela mensagem irônica ou subversiva. Se destaca pelo forte elemento ativista, sempre propondo uma crítica ou uma reflexão sobre a cultura e os hábitos da sociedade inserida, por este fato e pelo fato de muitas vezes ser confundindo com um simples vandalismo ela encontra diversos opressores, ainda não sendo considerada por muitos como uma forma legitima de arte ou manifestação e empoderamento.

o começo do manifesto

E

xistem diversos tipos de manifestações e variações dentro da arte urbana, as mais comumente praticadas são: graffiti; estencil; adesivos; pôsters (tipo lambe-lambe); instalações na

cidade; entre outras. Os artistas que se propõem a se expressar nas ruas, se colocam muitas vezes em situações de risco, pela precariadade do meio ou pelo fato de em muitos lugares esse tipo de manifestação é considerada como ilegal. Porém esses artistas se destacam pelo trabalho feito totalmente pensado para cidade e

seus usuários, trazendo um diferencial de uma arte feita exlcusi-

O relevo dos significados das obras de arte urbana e sua concretiza-

vamente para o público e para cidade, dando um caráter singular

ção no domínio público dão-se em meio a espaços permeados de

e autêntico para o meio. Por mais que os artistas ainda enfrentem

interdições, contradições e conflitos. Sua efetivação porta relações

muita dificuldade de aceitação pela sociedade, cada vez mais essa

de força sendo exercidas entre grupos sociais, entre grupos e espa-

mentalidade tem mudado, com o reconhecimento cada vez maior.

ços, entre interpretações do cotidiano, da memória e história dos

A sociedade tem se dado conta da diferença entre arte urbana e

lugares urbanos. Potencialmente (sobretudo quanto às obras de

o vandalismo, percebendo assim a importância da apropriação do

caráter temporário) pode configurar-se em um terreno privilegiado

meio urbano e da livre manifestação artistica nele. Porque de fato,

para efeitos de choque de sentidos e percepções.

essas intervenções, que por muitas vezes com caráter de protesto,

Tematizar a arte urbana é pensar sobre a vida social aproximan-

representam a situação atual daquela sociedade. Além disso, cada

do-se de um certo modo pelo qual as pessoas se produzem e são

vez mais tem aumentado o número de artista, com muita qualida-

produzidas no âmbito da ordem simbólica. É pensar sobre cultura

de, trabalhando nas ruas. A arte urbana é uma prática social. Suas

urbana. Trazendo em suas raízes latinas os sentidos de criar, cuidar,

obras permitem a apreensão de relações e modos diferenciais de

cultivar (colere), a noção de cultura refere-se à maneira como nos

apropriação do espaço urbano, envolvendo em seus propósitos

relacionamos com o outro. É construção de relações de alteridade,

estéticos o trato com significados sociais que as rodeiam, seus

sendo “a maneira pela qual os humanos se humanizam por meio de

modos de tematização cultural e política. Perpassar a topologia simbólica da arte urbana é adentrar a

práticas que criam a existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e artística da arte urbana”.

cidade a partir de planos do imaginário de seus habitantes, incor-

Esta criação coletiva de ideias, valores e obras é diferenciada

porando-os, por princípio, à compreensão da sua materialidade.

para formações sociais distintas e nos modos como estas se rea-

Deste modo, as referências urbanas são enfatizadas em sua di-

lizam através da linguagem, das relações de trabalho e das suas

mensão qualitativa, abrindo-se à ambiguidade de seus sentidos.

relações com o tempo, de modo como se dão as relações. 15


a HISTÓRIA DO MOVIMENTO A arte de rua é uma das mais importantes manifestações culturais e sociais de um povo. Ela é predominante

METRÔS DE NOVA IORQUE

nas grandes e importantes cidades, como um meio de transmitir mensagens por meio da sociedade. Seja

Anos de 1980, onde o movimento começou e se espalhou pelo mundo.

de que forma for, a arte urbana é uma arte marginal, e não está atrelada a nenhum padrão estético. Sendo assim, considera-se a arte urbana uma arte livre, sendo a expressão máxima da sociedade e do ser cidadão.

A

arte urbana como conhecemos na atualidade começou com o movimento no graffiti em Nova Iorque na década de 1970, porém o habito de se expressar por meios de muros, paredes

é bem mais antigo, começou bem antes até mesmo da invenção

de quem espalhava o seu nome - ou tag - mais vezes pela cidade,

da escrita. As primeiras formas de expressões artisticas podem ser

com isso em pouco tempo os metros de Nova Iorque, principal alvo

remitidas a arte rupestre, pinturas em paredes de cavernas, que

dessas marcações, se tornaram cheios de diferentes tipos de tags

serviam para comunicar e relatar os hábitos das comunidades da

de grafiteiros de todos os cantos da cidade. A partir dessa compe-

pré-historia, e mesmo depois da invenção da escrita e dos primei-

tição, as tags se tornaram cada vez maiores e mais elaboradas, até

ros dialetos esse hábito continuou, ou como forma de gravar e

se tornarem grandes murais ou pieces - sinônimo de masterpiece,

guardar a memoria de um povo como até mesmo como o simples

giria utilizada no grafite para denominar uma “obra-prima” -. E aos

ato de marcar a presença ou de transmitir uma mensagem. Desse

poucos o grafite foi se diferenciando do vandalismo e marcação

pensamento que surgiu a definição da palavra Grafite, derivada da

de gangues e se tornando uma forma de expressão artistica e uma

palavra italiana graffito, que remete a rabisco ou ranhura, sempre

ferramenta de protestos. Crescendo principalmente em áreas mais

esteve presente desde os principios da vida em sociedade, sendo

pobres da sociedade, pelo forte carater marginal e reivendicador .

muito importante para perservar a cultura e conhecimento de uma

Porém com esse forte crescimento do grafite houve uma res-

sociedade e também para uso como ferramenta de resistência ou

posta rápida das autoridades em oprimir esse tipo de manifestação,

protesto, seja nas ruas e muros da cidade.

com isso os metros de Nova Iorque passavam por limpezas, qua-

Mas o grafite como conhecemos, começou a se desenvolver

se diarias, e cercamento de áreas públicas para evitar marcações.

na decada de 70 em Nova Iorque, mais especificamente no bairro

Mas mesmo com forte pressão da governo para cessar esse tipo o

do Bronx. No principio era fortemente ligado ao movimento do

manifestação, o cultura do grafite só cresceu e popularizou, e aos

Hip Hop, sendo definido como uma das quatro vertentes do estilo,

poucos chegaram até mesmo em museus e grandes galerias de

junto com rap, breakdacing e o DJing. No começou o grafiteiros

arte, com representantes e artistas como os grandes Jean-Michael

utilizavam seu próprios nomes ou apelidos em uma competição

Basquiat e Keith Hering, que começaram nas ruas.

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os pioneiros Basquiat e Keith Haring, dois nomes precursores do graffiti mundial, responsáveis por ajudar a infectar o mundo com o vírus “street art” e a leva-lo pra dentro de grandes galerias de arte.

J

ean-Michel Basquiat teve uma infância difícil com o divórcio dos pais, fugiu de casa e morou na rua por algum tempo. Nesse momento Basquiat conheceu diversas pessoas que

o influenciaram artisticamente, o que o levou a sobreviver da venda de seus desenhos (com tecnicas que ele aprendeu na maioria das vezes sozinho) em camisetas e cartões postais. Apos conhecer o graffiteiro Al Diaz, Basquiat passou encher os muros de Manhattan com graffitis escrevendo frases e assinando “SAMO” (abreviação de Same Old Shit) como sua tag. Com 18 anos Basquiat conheceu o mundo das drogas, e chegou a ser um dos principais artistas jovens da época. Além começar a fazer um incrível sucesso com suas pinturas de protesto e logo depois veio a amizade com Andy Warhol, lhes rendendo pinturas e exposições juntos (por diversas vezes Warhol tentou afastar Basquiat das drogas, porém não obteve sucesso). Basquiat despontou sua carreira meteorica, participou de inumeras exposições coletivas, outras numerosas individuais, chegou até a vender quadros inacabados tamanho sucesso. O artista Basquiat e Keith Haring, dois nomes precursores do graffiti mundial

morreu de overdose, em seu ateliê, mas até hoje é lembrado e imortalizados por suas obras.

Já Keith Haring não é originário de Nova Iorque, mas foi quando se mudou pra lá, após estudar design gráfico, que tomou gosto pelos graffitis que encontrou na cidade e começou a ter maior interesse pela arte. Se matriculou na School of Visual Arts e começou a ganhar notoriedade quando passou a desenhar com giz nos metrôs novaiorquinos. Ativista, Haring era homossexual assumido, e isso influenciava bastante seus trabalhos que passaram a ganhar o mundo participando de exposições individuais e coletivas, bienais e pintando murais em todo o mundo. KEITH HARING, 1983 No início dos anos 80 Keith Haring criou centenas de desenhos do sistema de metro de New York .

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TIPOS DE INTERVENÇÕES

Ocupando

Urbano

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2.1 aRTE URBANA NA ATUALIDADE Era o branco e o preto. Era o cinza do asfalto que cobria o caminho. Era o cinza que se via não importava para onde se olhasse. Era a cidade que se vestia sem cores para se camuflar. Veio então um colorido. Vermelho, azul e amarelo. Veio o roxo, o laranja e o verde. Vieram então tantas cores que nem se podia imaginar. Tantas formas, tantas letras, que era impossível vislumbrar. Mas também veio o homem, que chamou tudo aquilo de lixo. O homem que não quis viver o colorido.

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ocupando o meio urbano

Não temos nenhuma dificuldade em admitir que a cidade, no sentido mais amplo do termo, possa ser considerada um bem de consumo, ou melhor, até mesmo um imenso e global sistema de informações destinado a determinar o máximo consumo de informações. Mas a única possibilidade de conservar ou restituir ao indivíduo uma certa liberdade de escolha e de decisão e, portanto, de liberdade e disponibilidade para engajamentos decisivos, inclusive no campo político, é colocá-lo em condições de não consumir as coisas que gostariam de fazê-lo consumir ou de consumi-las de maneira diferente da que gostariam que as consumisse, de consumi-las fora daquele tipo de consumo imediato, indiscriminado e total que é prescrito, como sistema de poder, pela sociedade de consumo.

Bushwick Street Art - Brooklyn - New York City — And the sky opened up.

O papel do observador

A

saída da arte dos espaços convencionais e o seu ingresso

incisivo com uma cultura popular: Daniel Buren, Richard Long, Vito

no espaço público – a cidade – foi intermediada pelo lu-

Acconci, Gordon Matta-Clark etc. (CARTAXO, 2006, p. 73). A cidade,

gar arquitetura. Ambas, arte e arquitetura, tiveram os seus

que, no passado, era o lugar fechado e seguro por antonomásia,

limites diluídos a partir da década de 1960, quando seus objetivos

o seio materno, torna-se o lugar da insegurança, da inevitável luta

e atitudes convergiram de forma determinante e concreta no

pela sobrevivência, do medo, da angústia, do desespero.

meio urbano e no espaço social de uma cidade.

Se a cidade não se tivesse tornado a megalópole industrial,

Estas duas práticas foram afetadas por novos valores culturais

se não tivesse tido o desenvolvimento que teve na época industrial,

e encontraram uma resposta comum a este processo. A principal

as filosofias da angústia existencial e da alienação teriam bem pou-

questão que irá permear estas duas disciplinas será a tendência

co sentido e não seriam – como, no entanto, são – a interpretação

crescente de uma percepção sensual do espaço e a ênfase no

de uma condição objetiva da existência humana.

papel do observador. Foi neste momento que a arte deslocou-

O hibridismo da arte contemporânea, fundado na dissolução

-se do museu para o espaço público, dos trabalhos autônomos e

de tais categorias, acabou por romper com os espaços tradicionais

autorreferentes para instalações de site-specific, em que se exigia

da arte. Soma-se a isto o ressurgimento da categoria estética do

a participação do público. De forma uníssona, arte e arquitetura

sublime na cultura contemporânea. A infinitude da Natureza, ou o

substituíram a contemplação dos objetos pela criação de ambien-

Absolutamente Grande, confrontada à finitude do homem.

tes para serem experimentados. Nessas circunstâncias, os pioneiros de obras situadas no limite entre o ser arte e ser arquitetura estabeleceram novas diretrizes estéticas fundadas num diálogo mais 21


A manifestação artística das ruas, uma nova Forma de colorir as paredes da cidade.

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“Uma ação conjunta da prefeitura da cidade com empresas privadas possibilitou que as ruas do centro da capital ficassem mais coloridas. Os becos esquecidos do Setor Sul foram lembrados por esses artistas. As praças do bairro dividem o espaço entre as arvores e os desenhos do grafite. É assim que arte e design podem chegar ao alcance de todos.”

Arcos do Jânio, São Paulo.

Arte ao alcance de todos

O

mundo urbano vem acolhendo os ar-

restaurávamos as paredes do arco, pichadores

tistas como um espaço natural de apre-

acabavam com o trabalho da prefeitura, então

sentar seus trabalhos e foi seguindo essa

decidimos inovar”, explicou o prefeito de São

tendência que grandes metrópoles como São

Paulo Fernando Haddad.

Paulo e Nova York passaram a encher suas pa-

O assunto é sério e a prefeitura da capi-

redes com os grafites. Do marginal ao natural,

tal não poupa política para preservar a arte

a entrada da arte urbana no badalado circuito

urbana. “Governos mais truculentos lidam com

cultural permitiu que seus artistas ganhassem

esses artistas a base de bala de borracha, de-

como importantes aliados aos seus chefes.

cidimos explorar o que eles podem oferecer à

Em Nova York, o Departamento de

cidade”, explicou o prefeito. No fim de 2014 a

Transporte (DOT) conta com o DOT ART, um

Coordenadoria da Juventude da Prefeitura de

programa criado pelo departamento em as-

São Paulo determinou que os alunos do curso

sociação com organizações dedicadas à arte

de medicina da USP deveriam pagar por uma

urbana. O intuito do programa é oferecer aos

nova intervenção de artistas após apagarem

jovens talentos oportunidade de transformar

um muro de grafite para divulgar evento da

as ruas, praças, pontes e calçadas da cidade

faculdade. Os responsáveis pelo evento se

por meio de instalações, esculturas, pinturas

desculparam com os artistas e a comunidade.

de muros com graffiti, tinta e estêncis.

Em Goiânia a arte urbana também está

São Paulo não fez diferente. A prefeitura da

crescendo e se espalhando. Nos muros da cida-

cidade está abrindo espaços cada vez maiores

de, os grafites enfeitam lojas e prédios oficiais

para que os artistas grafitem seus trabalhos. Na

do governo. Uma ação conjunta da prefeitura

Vila Madalena, o Beco do Batman virou atra-

da cidade com empresas privadas possibilitou

ção turística. Os Arcos do Jânio, monumento

que as ruas do centro da capital ficassem mais

histórico esquecido pela capital, entrou re-

coloridas. Os becos esquecidos do Setor Sul

centemente na mira dos pinceis. “Sempre que

foram lembrados por esses artistas. 23


2.2 Tipos de intervenção Era o branco e o preto. Era o cinza do asfalto que cobria o caminho. Era o cinza que se via não importava para onde se olhasse. Era a cidade que se vestia sem cores para se camuflar. Veio então um colorido. Vermelho, azul e amarelo. Veio o roxo, o laranja e o verde. Vieram então tantas cores que nem se podia imaginar. Tantas formas, tantas letras, que era impossível vislumbrar. Mas também veio o homem, que chamou tudo aquilo de lixo. O homem que não quis viver o colorido.

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Stencil A Uma técnica usada para aplicar desenhos, sob um recorte em papel, geralmente cartão, com uma tinta tipo spray, utilizado pela praticidade, rapidez e fácil reprodução em grande escala. Normalmente utilizada para marcar símbolos ou desenhos com pouco contraste, espalhando o tinta pelo recorte do papel, que pode ser reutilizado inúmeras vezes sobre diversos tipos de materiais.

STÊNCIL DE BANKSY, NOVA YORK

A

Obra criada em 2007, que satiriza a repressão da liberdade de expressão

stencil art, ou arte em estêncil, é feita através de um molde, delineado por um imagem ou desenho feito em papel, papelão, metal ou outros materiais. Foi muito utilizado na década de

70 nas escolas brasileiras, para a impressão de apostilas, textos etc. A técnica pode ser usada em inúmeras superfícies, de muros e paredes ao tecido e panos utilizados. Entre os vários artistas que trabalham com stencil art, o norte-

-americano Shepard Fairey ficou internacionalmente conhecido pelo trabalho que fez para a campanha política à Presidência de Barack Obama. Dá também para citar o australiano Anthony Lister, o israelense Know Hope, entre outros. “O Stencil foi utilizado ao longo dos tempos, para diferentes fins. Da sua origem pouco se sabe, autores datam o seu início antes de 500 a.c. em países orientais como a China e o Japão. Os Fenícios inclusive, utilizavam a técnica de Stencil, para estampar tecidos.” Com o passar do tempo ela começou a ser utilizada em decorações e em assinaturas de documentos .Na segunda guerra mundial foi utilizado como forma de propaganda da guerra e também como impressão nos uniformes dos soldados. Hoje em dia se tem a Stencil art urbana , que é feita na rua para a rua expressar , seus principais suportes para a criação dessa arte são as paredes .Seus artistas muitas vezes anônimos usam isso como forma de expressão e manifesto. 25


pôsters E ADESIVOS 26

O cartaz lambe-Lambe ou pôster é um poster de papel colado com cola. É uma forma de street art muito usada e conhecida, mesmo que as pessoas não saibam seu nome técnico. Vemos muito desse tipo de trabalho em época de eleição, o que não quer dizer que, neste caso, possam ser entendidos como arte urbana – acho que, neste caso, são mais desastres urbanos. Não se sabe ao certo a origem desse tipo de arte, mas encontramos essa forma de manifestação em antigos filmes e lembranças de outras épocas remotas.


Sticker art A sticker art, é uma das artes urbanas, é uma das mais industrializadas. Mais conhecida como adesivos decorativos, a sticker art é hoje integrada à decoração residencial e comercial. Mas ainda mantém sua aura de arte urbana, ao ser fixada em muros das metrópoles. Tecnicamente, as imagens ou ilustrações são recortadas em vinil autoadesivo, protegidos por uma máscara transparente, que é retirada depois da obra ser fixada no local de destino – que deve ser um espaço liso. A vantagem do sticker art é bem mais rápido que a arte de graffitar.

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INSTALAÇÕES

Instalações de rua, podem ser encontradas de diversos tipos e estilos, podendo trazer inumeras quantidades de materiais e técnicas como escultura, pintura, etc. Porém sempre possuem o carater interativo, e propoem uma interferencia no ambiente urbano, e novo olhar sobre o meio e as cidades. 28


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projetos sociais

e da A aremtfavor Sociedade 31


3.1 interação com o meio Projetos que envolvem arte pública tem uma influência direta sobre a forma como os cidadãos se sentem sobre as áreas urbanas. A arte tem poder transformador na forma e pode servir para mudar consciências e também o próprio entendimento do mundo. Por isso, cada mural e intervenção urbana é muito mais do que uma parede pintada, é uma oportunidade de reflexão e pode agregar muito para uma sociedade, no caso dos projetos sociais envolvidos com arte.

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Projetos em prol da comunidade

O graffiti que leva esperança para a comunidade

O

COMUNIDADE DE LAS PALMITAS Intervenção em comunidade carente da cidade de Pachucas, localizada na região central do México.

Germen Crew é um grupo mexicano formado por artistas de rua, que levam sua arte para diversas cidades do país. O coletivo já é bastante conhecido, seus trabalhos são en-

contrados em grandes painéis urbanos espalhados. Recentemente o grupo surpreendeu ao fazer um projeto incrível em uma comunidade carente da cidade de Pachucas, localizada

amizades surgiram e pouco a pouco uma grande obra de arte ganhava vida das mãos de um povo esquecido.

na região central do México. O bairro de Palmitas era bastante

Primeiramente as 210 casas (aproximadamente) foram pin-

conhecido no país, era citado frequentemente nas páginas po-

tadas de branco, assim como as escadarias e vielas do local, para

liciais dos jornais. Com um índice de violência elevado em com

fazer base para a vivacidade das cores que transbordariam de suas

moradores que não se relacionavam, a vila foi escolhida para ser

paredes. E após esse processo um festival de tonalidades foi in-

o pano de fundo de mais uma criação inusitada do Germen Crew.

vadindo cada cantinho da comunidade e dando uma vida a qual

Uma parceria entre governo e o grupo de artistas deu início

aquele lugar jamais tinha visto.

ao projeto de um enorme mural urbano que se debruçaria por

Vale lembrar que após esse trabalho, pesquisas da policia local

toda Palmitas, que ocupa uma área de 20 mil metros quadrados.

apontaram que o índice de violência nos arredores da comunidade

Os organizadores da ação fizeram um convite para que os mo-

de Palmitas despencou. Provando que a arte é sim uma potente

radores os ajudassem no projeto. O resultado foi surpreendente,

ferramenta para mudar a realidade de um povo.

os membros da comunidade se engajaram naquilo que para eles era um acontecimento. As relações interpessoais foram afloradas, 33


A

lém da comunidade em Las Palmitas, aconteceu na cidade do Panamá, no bairro El Chorrillo, graças ao coletivo madrileno Boa Mistura outra intervenção que consegue agregar os

moradores de uma comunidade para, em conjunto, melhorarem

o local onde vivem. Foi escolhida a mensagem “Somos Luz” para ser gravada e colorida em 50 casas do bairro. O grupo convidou os moradores a participar nessa mudança, levando mais cor a essas 50 casas do edifício Begônia. A mensagem inspira vizinhos e pessoas que passam no local, fazendo com que a própria comunidade ganhe um novo olhar sobre seu espaço. Foram pintados mais de 2000 m2, incluindo escadas e corredores, além da fachada do edifício. A mistura de cores partiu também da escolha dos moradores, dando sentido ao conceito de comunidade.

OBRA DE OS GÊMEOS, BRASIL

Obra dos brasileiros retrata a recente tragédia em Mariana - MG, e denuncia o descaso político com a situação.

Instrumento de crítica social Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos, publicaram ontem uma incrível obra em suas redes sociais que diz tudo sobre o rompimento das barragens de Samarco, em Bento Rodrigues, Mariana (MG). Ela é uma homenagem às famílias, mas também uma cobrança aos responsáveis do Governo. “Até quando vamos viver dessa maneira, nesse descaso? A corrupção impera, o abandono em todos os setores é gritante, o governo não tem a menor consideração pela natureza nem pelo seu povo e agora mais uma tragédia de dimensões absurdas. Basta! Quanto vale a vida do ser humano? Estamos caminhando para a desordem e retrocesso.” - OS GÊMEOS 34

“Cada cor representa a alma do bairro.”


PROJETO LATA 65, EM PORTUGAL Quebrando barreiras da idade e do preconceito, projeto de Portugal coloca idosos para fazerem seus próprios rabiscos nos muros

A arte urbana tem o poder de transformar qualquer pessoa, independente da idade. A arte urbana tem o poder de mudar economica, social e culturalmente as cidades e as pessoas ela habitam.

arte de rua que não tem idade nem esteriótipos

O

projeto Lata 65, de Portugal, quebra as barreiras de idade e de preconceito. Surgiu em 2012, durante uma

conversa despretenciosa entre Lara Seixo, do grupo WOOL e Fernando Mendes, do Cowork Lisboa. A ideia inicial era a de fazer um workshop com idosos e tudo estava pronto quase que instantaneamente. Para a criadora do projeto, dar continuidade ao trabalho é importante para mostrar que é possível ter um envelhecimento ativo através da arte. Se os idosos se interessam pelo projeto? “Eles se mostram sempre com uma vontade enorme de aprender e de se divertir, ao ponto de virarem crianças e olharem sua cidade com outros olhos”. Não são apenas mais rabiscos nas paredes, como chamam alguns dos idosos que participam. As pinturas, sempre feitas na rua

(para deixar o contato com o grafite mais real), mostram estilo próprio e assumem papel de inclusão dos idosos junto com uma compreensão maior da cidade. A lata de spray tem algo de mágico: todo mundo gosta de experimentar. Idoso não seria exceção. Nas oficinas, além de saírem a campo, eles aprendem sobre a história da arte de rua e criam seus próprios stencils. 35


Pimp my carroça

P

imp My Carroça é um movimento que luta para tirar os catadores de materiais recicláveis da invisibilidade, promover a sua auto estima e sensibilizar a sociedade para a causa, com ações criativas

que utilizam o graffiti para conscientizar, engajar e transformar. Através da arte mostrar para as pessoas a presença e a importância deles e do trabalho que fazem: só em São Paulo, os mais de 20.000 catadores são responsáveis por coletar 90% de todo o lixo reciclável da cidade. Onde a população enxerga resíduo, estes trabalhadores enxergam fonte de renda e oportunidade de uma vida melhor para eles e suas famílias, e o projeto busca expor esse lado. O criador do projeto, Thiago Mundano é artiativista de São Paulo. Viu na arte de rua, feita de forma livre e independente – “graffiti papo reto”, como ele fala, uma forma de expor o que pensa e ter a chance de incomodar as pessoas, fazendo-as sair da inércia e abrir a cabeça para o mundo à sua volta e para o coletivo. “A arte na rua tem um poder de transformação social incrível, maior do que a gente pensa” – diz.

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“A arte na rua tem um poder de transformação


Women Are Heroes, Morro da Providência - rj

O

fotógrafo e artista de rua francês JR poduziu um projeto inspirador de arte pública no Rio de Janeiro. O artista é conhecido por retratos em preto e branco. Nas fotos, a mulheres heroínas na favela despertam a

vida e os detalhes de uma intrigante história envolvente e poderosa pelas lentes de sua máquina e expostas de uma maneira inspiradora. O projeto faz parte de uma série chamada 28mm – Women Are Heroes.

As fotos foram tiradas no Morro da Providência na cidade do Rio de Janeiro. JR é um agudo observador de nosso tempo, tão confortável nos aconchegantes bairros como em guetos urbanos. O artista costuma espalhar as fotos impressas em stickers gigantescos, os famosos lambes-lambes, por onde passa, e dessa vez o objetivo foi de provocar intervenções urbanas em áreas de conflitos violentos a partir das narrativas e olhares de mulheres entrevistadas. Entre os países visitados pelo artista estão Brasil, Camboja, Sudão, Serra Leoa, dentre outros. Usa-se a paisagem urbana como matéria-prima para expor as fotografias nos bairros e vilas onde elas moram presenteando os vizinhos que compartilham das mesmas dificuldades com uma energia positiva e contagiante. 37


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40


artistas renomados

ntos pelos Taleespalhados Continentes

g

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TALENTOS PELOS CONTINENTES. Arte Urbana, urbanografia, post-graffiti, neograffitti ou apenas street art refere a manifestações artísticas desenvolvidas em espaços públicos, sem nenhum caráter institucional ou empresarial, e distinguindo-se de outras formas de expressões artísticas tradicionais, trazendo o trabalho artístico para as ruas e pro cotidiano, democratizando a arte e fortalecendo a apropriação do meio urbano pelos seus usuários, convidando-os a participar e interagir com o meio e a não serem apenas expectadores.

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artistas renomados

O bombardeio sempre foi e sempre será a verdadeira essência do espírito do grafite. Seja ele como um protesto ou uma simples autopromoção, o grafite hoje disputa o espaço da cidade junto com anúncios, cartazes e muita propaganda ilegal, principalmente a política.

ARTE URBANA PELO MUNDO.

E

realizam através da linguagem, das relações de trabalho e das suas relações com o tempo, de modo como se dão as relações. Podemos perceber que nos dias de hoje, o que ve-

mos nas ruas de grandes centros urbanos vai além do que nos foi

apresentado no capítulo anterior. Da mesma forma que fatores socioeconômicos e culturais impulsionaram os jovens nova iorquinos dos anos 70 a realizarem as primeiras experiências com

bastava mais apenas querer fazer parte deste ou daquele grupo;

intervenções urbanas, a evolução da arte de rua deu-se de forma

que estava em jogo era de que forma se daria este diálogo entre

natural, simultaneamente às transformações ocorridas na socie-

o homem e a cidade e a sociedade.

dade. Podemos compreender o grafite como uma evolução da

Não existe uma unanimidade, entre os poucos autores que se

caligrafia urbana conhecida como tags ou pichação. Assim como

aventuraram em traçar um panorama da arte urbana, em re-

podemos afirmar que a atitude subversiva dos primeiros escritores

lação à categorização das modalidades que a compõem. A meu

urbanos, somada a revolução estética que estes promoviam nas

ver, o grafite - que inicialmente fez o papel de fio condutor para o

ruas de Nova Iorque, foram o estopim para o desdobramento de

aparecimento de outras categorias de intervenções artísticas no

outras modalidades da arte urbana.

meio urbano - com o tempo acabou sendo incorporado à street

Como vimos anteriormente, autores como Lewisohn destacaram a transformação sofrida pela arte urbana quando esta cruzou

art, denominação que considero mais abrangente para denominar todas as vertentes visuais relacionadas à cultura de rua.

o Oceano Atlântico e chegou à Europa (através de reportagens

Vejamos então uma sugestão de como podemos organizar as

publicadas em revistas e outros periódicos), principalmente pela

diferentes formasde intervenção urbana que, assim como em São

influência do novo contexto cultural que estava inserida. O que

Paulo, podemos encontrar com facilidade em alguns dos principais

se viu foi uma variação de técnica e suporte, seguido quase que

centros urbanos da atualidade. Assim como em outras cidades do

instantaneamente por uma proliferação de estilos e linguagens. A

mundo, São Paulo viu gradativamente seus espaços públicos serem

caligrafia restrita e de difícil compreensão nascida na América do

tragados pelo fenômeno da arte urbana, manifestada em toda a

Norte gradativamente passaria a conviver com outras formas de

sua pluralidade através não apenas do grafite, mas de outras tantas

expressão e compreensão do espaço urbano, que por sua vez atin-

formas de interação artísticas entre a cidade e seus indivíduos.

giria a sociedade como um todo, popularizando a sua linguagem. Este gênero mais amplo, do qual o grafite passaria a fazer parte, se chamaria Street art. Para os novos praticantes desta nova cena, não

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artistas renomados

os Gêmeos m O

SGEMEOS (1974, São Paulo, Brasil), Gustavo e

sonham e se inspiram, ultrapassou as ruas, se trans-

PELO MUNDO

Otávio Pandolfo, sempre trabalharam juntos. O

formando numa linguagem própria e em constante

graffiti entrou na vida dos irmãos em 1986, quan-

evolução. Transferindo suas obras para muito alem das

Os trabalhos da dupla estão presentes em diferentes cidades

do ainda viviam na região central de São Paulo onde passaram sua infância e adolescência. A cultura hip

ruas, chegando em galerias de arte, museus. A grande inspiração para todos os desenhos e fábu-

hop chegava ao Brasil e os jovens do bairro começa-

las magicas vem da forma com que a dupla refletem em

ram a colorir suas ideias nos muros da cidade. Naquela

seu interior a realidade. Nas obras deles cada pequeno

época, com apenas 12 anos, tudo era novidade e sem

detalhe conta porque são através deles que as suas

ter de onde tirar suas referências, Gustavo e Octávio

obras assumem a forma tão fascinante e reconhecedo-

improvisavam e inventavam sua própria linguagem,

ra. O olhar sonhador que possibilita a materialização de

pintando com tintas de carro, látex, spray e usando

um mundo cheio de fantasias e suas críticas incisivas

bicos de desodorizante e perfume para moldar seus

sobre as dificuldades enfrentadas por tantos cidadãos

traços; já que ainda não existiam acessórios e produtos

espalhados pelo mundo, vítimas de um modelo socio-

próprios para a prática. O que a cidade proporcionou

econômico que se encontra em grande transformação.

a eles foi essencial para o desenvolvimento de todas

Dessa união nascem obras que invocam um universo

as habilidades que se transformaram depois no estilo

tão lírico como se os próprios personagens criticassem

próprio e imediatamente reconhecível dos artistas.

com os olhos inocentes toda discrepância que existe na

Uma infância criativa, que rendeu duas vidas ao mun-

sociedade actual. Sempre trazendo uma crítica social

do da arte contemporânea. Exploravam com dedicação

em suas obras, mostrando os exluidos da sociedade.

e cuidado as diversas técnicas de pintura, desenho e

Os artistas, hoje reconhecidos e admirados nacio-

escultura, e tinham as ruas como seu lugar de estudo.

nal e internacionalmente, usam linguagens visuais

Nunca deixaram de fazer graffiti, mas, com o passar

combinadas, o improviso e seu mundo lúdico para criar

dos anos, esse universo criado pela dupla, com o qual

intuitivamente uma variedade de projetos pelo mundo.

dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política; o estilo formou-se tanto pelo hip hop tradicional como pela pichação.

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artistas renomados

DAS RUAS DE SÃO PAULO PARA AS GALERIAS DO MUNDO.

S

e hoje a arte de rua é aceita pelos pau-

Anhangabaú, e montar a mostra Vertigem,

SOBRE SUA ARTE

listanos a ponto de ocupar galerias e

visitada por mais de 74 000 pessoas.

museus (como prova a coletiva De

Oito anos se passaram desde a primeira

Dentro para Fora/De Fora para Dentro,

exposição própria, e se hoje os irmãos

no Masp), parte da responsabilidade é de

Gustavo e Otávio são referência no mun-

“Não dá para ficar quieto, fechar o vidro do carro, ligar o som e esquecer o que está em volta. O papel do artista é de fazer as pessoas fugirem das chateações do dia a dia, mas ao mesmo tempo é também de alertá-las”, explicam.

Gustavo e Otávio Pandolfo. Sob a alcunha

do da arte, não é por acaso. Suas criações

osgemeos, os irmãos, que começaram gra-

são trabalhadas de uma forma tão delicada

fitando seus bonecos de cabeção amarelo

que um universo de detalhes se abre pe-

nos muros e viadutos da cidade, exibem

rante os olhos: a face, a posição dos braços

suas criações em algumas das instituições

e até mesmo as estampas das roupas dos

mais prestigiadas do planeta, a exemplo

personagens estão cravados de expressões

da galeria Tate Modern, em Londres, e do

que dão uma riqueza inestimável às obras,

Museu do Louvre, em Paris. Mesmo muito

que são como janelas da alma, única entre

requisitada, a dupla conseguiu um espaço

os dois irmãos. Uma mistura de harmonia,

na agenda para criar o cartaz da 33ª Mostra

realismo, racionalidade e ficção; parte do

Internacional de Cinema, pintar bonecos

universo lírico e criações que por si só pare-

para um espetáculo da companhia fran-

cem criticar com os olhos toda a discrepân-

cesa Plasticiens Volants, apresentado no

cia de desigualdedes na nossa sociedade.

Em países como Estados Unidos, Espanha, Portugal, Grécia, Brasil e Chile, é comum deparar-se com suas obras de até 6 metros de altura nas ruas.

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artistas renomados

Eduardo Kobra E

duardo Kobra, assim como muitos grafiteiros, começou pichando muros,fugindo frequentemente da polícia para não ser preso. Aprendeu a desenhar sozinho e, aos poucos,

foi se envolvendo com o circuito do rap. Seu talento emerge

por volta de 1987, na periferia de São Paulo, e logo e espalha

Se para ele a rua é um ateliê, Kobra teria um acervo sufi-

pela cidade, seguindo os desdobramentos que a arte urbana

ciente para lotar um museu. O artista não sabe estimar quantas

ganhou em São Paulo. Nesse caminho, ele desenvolve o projeto

obras suas sobreviveram nas cidades. Já assinou mais de mil

“Muros da memória” que busca transformar a paisagem urbana

e tem cerca de 100 espalhadas pelo Brasil. Como a arte de rua

através da arte e resgatar a memória da cidade.

pode ser admirada por um tempo indeterminado e efêmero,

Em 1995, fundou o Estúdio Kobra, especializado em painéis

costuma tirar fotos de tudo, e seu arquivo já tem mais de três

artísticos. Sua equipe conta com doze artistas. “Faço a criação

mil imagens. Imagens vintage são a maior paixão do artista

e, como trabalho com projetos específicos em grande escala,

que pretende revisitar e apreciar variados momentos históricos

tenho que ter artistas competentes e com a mesma visão”, ava-

de diversos lugares do mundo.

lia Kobra.Kobra apresenta obras ricas em traço, luz e sombra. O

Ele também é muito reconhecido por ter desenvolvido o

resultado é uma série de murais tridimensionais que permitem

projeto “Muro de Memórias” em diversas cidades, com o obje-

ao público interagir com a obra. A idéia é estabelecer uma com-

tivo de transformar a paisagem urbana através da arte e trazer

paração entre o ar romântico e o clima de nostalgia, a estetica

de volta memórias da cidade em que ele se encontra. Para

vintage com a constante agitação característica dos grandes

suas obras, que remontam ao passado, o artista se utilizou de

centros, como é São Paulo hoje.São Paulo, onde vive, sempre

imagens históricas e tradicionais para produzir murais de cores

foi o seu cenário preferido. São mais de 50 obras na metrópole.

vibrantes, visualmente detalhados, em que ele pinta, mas também faz sobreposições e interfere com cenas e personagens das primeiras décadas do século XX. Este projeto está presente em várias cidades, além de sua cidade natal, São Paulo, como Rio de Janeiro (Brasil), Atenas (Grécia), Lyon (França), Londres (Inglaterra), Nova Iorque (EUA), Miami (EUA) e Los Angeles (EUA). 49


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artistas renomados

Banksy F Banksy: o anônimo mais famoso do mundo. Hoje suas obras se espalham por Londres, Los Angeles, Nova York, até no muro que separa Israel e Palestina. Mas tudo começou em Bristol, no interior da Inglaterra, onde Banksy já dava sinais de que iria longe.

B

anksy tornou-se o anônimo mais famoso dos últimos anos.

Mas foi pelas ações explicitamente políticas, como pintar pai-

Seu trabalho mudou o olhar sobre a arte de rua. Com spray,

néis irônicos no lado palestino do muro que separa a Cisjordânia de

faz críticas políticas, à sociedade e à guerra, mas sempre com

Israel e plantar o guantanamero na Disney, que Banksy virou “o cara”.

um humor sombrio e uma sacada inteligente e incisiva. Também

“Não é sobre o hype, não é sobre o dinheiro”, Banksy diz em

se especializou em ações espetaculares, como na vez em que

seu documentário. Mas, mesmo idealista, anônimo e contra o

pôs um boneco vestido de prisioneiro de Guantánamo dentro

sistema, Banksy está inserido no mundo da arte. “Ele é parte de

da Disneylândia. Com prováveis 40 anos, ele segue experimen-

uma geração que olhou para fora do sistema convencional de

tando: é o diretor de Exit Through the Gift Shop (“Saída pela loja

galerias, no jeito de exibir uma obra”, observa Gill Saunders, cura-

de presentes”), documentário sobre um francês que o persegue,

dora do museu Victoria & Albert, em Londres, que tem 4 peças

indicado ao Oscar.

suas. Na imprensa, ficou popular a expressão “o efeito Banksy”,

Em 1996 Banksy começou a fazer estêncil, em que o desenho é formado por buracos numa superfície. Novidade nas ruas britânicas,

para descrever o interesse em outros artistas de rua que vieram na carona do seu sucesso.

a técnica que o consagrou foi adotada por segurança: pintando di-

Mas sua escalada em popularidade não foi marcada apenas

reto na parede, ele demorava tanto que a polícia chegava. Com seu

pela conquista de diversos fãs pelo mundi, mas também por duras

rosto protegido por seus fiéis escudeiros, o artista foi muito além

críticas. Banksy chegou a pautar o debate no Reino Unido sobre

de pintar figuras irônicas e frases de efeito em paredes de prédios.

o grafite ser classificado como arte ou mero vandalismo. “Não há

Mas tambem acrescentou suas obras a grandes museus - como

nada de interessante sobre Banksy. Quando vi suas pinturas por aí,

em 2005, sua pintura de homens da caverna caçando um carrinho

pensei: é um pouco de entretenimento em um lixo no muro.”, diz o

de supermercado em muros da cidade, acabou indo pro acervo

crítico de arte Matthew Collings sobre a arte de Banksy.

permanente do Museu Britânico, onde ate hoje é conceituada. 53


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artistas renomados

Boa mistura O

Boa Mistura é um coletivo de ar-

público, em lugares como a África do

EM ENTEVISTA “Nosso plano é de continuar

tistas urbanos que surgiu no final

Sul, Noruega, Berlim e São Paulo. O co-

de 2001 em Madri, na Espanha. O

letivo já participou de exposições em

nome faz referência à diversidade de

centros de arte como e colaboraram

formações e pontos de vista dos seus

com projetos sociais junto às fundações

membros, com visões distintas que

ONCE, Intermon Oxfam, Cruz Vermelha,

que as pessoas percebem o lugar onde vivemos, implementar e

se influenciam e se misturam em prol

entre outras, e também já participaram

fazer cidade”.

de um resultado único.O grupo mul-

de várias conferências em diversas uni-

tidisciplinar espanhol escolheu a arte

versidades na Espanha.

urbana para se conectar e identificar com as pessoas e a cidade. Um pouco

boa mistura na brasilândia.

por todo o lado do mundo, também no

Com cerca de 280 mil habitantes, a

Brasil, eles se uniram a comunidades

Brasilândia (zona norte) é o quarto dis-

locais para desenvolver projetos que

trito mais populoso de São Paulo, atrás

reclamam o território de volta para a

apenas do Grajaú. O coletivo espanhol

população, melhorando o contexto em

Boa Mistura conseguiu iluminar a vida

que vivem. Com suas raízes no grafite,

de paulistanos que ali vivem espalhan-

o grupo intervém em espaços públicos

do mensagens positivas em grandes

através da arte, que consideram uma

murais espalhados por seus becos e

ferramenta de mudança. A participa-

vielas com a ajuda dos moradores.

ção, o trabalho em rede, o sentimento

Escrevendo palavras em grande escala,

de comunidade e o seu fortalecimento,

os artistas desenharam os “lemas” usan-

têm como resultado uma comunidade

do a noção de profundidade das estrei-

mais unida, forte e com uma melhor

tas ruas da favela. Com isso, é preciso

percepção da comunidade e do bairro

olhar para as pinturas de um ponto de

como lugar habitável.

vista determinado para conseguir ver

A obra do Boa Mistura se de-

toda a composição, que utiliza substan-

senvolve principalmente no espaço

tivos como “amor”, “orgulho” e “firmeza”.

acrescentando algo positivo com nossa obra. A intenção do nosso trabalho é a de inspirar, de gerar uma mudança na maneira com

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artistas renomados

C215 F Nascido em 1973 como Christian Guémy, o artista de rua francês com sede em Paris conhecido como C215 tem rapidamente tornou-se um dos artistasde estêncil no topo do mundo. Ele é considerado um dos melhores veteranos no meio, com seu apelido derivado de uma cela de prisão em que ele foi uma vez trancado.

C

215 tem criado a arte de rua por cerca de 20 anos. Ele pinta,

Cada um de seus stencils tem sua própria história, e a maioria

desenha e faz stencils, e ele realmente gosta de pintura nas

deles vêm de suas próprias imagens. Sua principal meio para a arte do

ruas. Os stencils tornam possível pintar belos retratos arte

estêncil dos grafittis é a arte de rua. Na verdade, sua coleção de obras

de rua em locais não autorizados. Ele acredita que o grafite está

se concentrando em um nome, marcando um território e arte de rua é colocar arte no local perfeito.

é tão grande, porque ele corta stencils e pinta quase todos os dias. A melhor parte sobre o trabalho do C215, em sua opinião, é que ele cria o que ele realmente ama: sua arte. O C215 não tem

Todo o seu foco está em criar retratos para os indivíduos, como

que se preocupar em trabalhar um emprego tradicional sob um

idosos, crianças pedintes, os refugiados, e baseia-se no desejo de

chefe. Ele também acredita que nunca se deve seguir ninguém,

chamar a atenção para aqueles que muitas vezes esquecemos de

nem copiar outros. Eles devem simplesmente seguir seu próprio

reconhecer na vida. Muitas vezes, ele encontra inspiração na face

estilo e sentimento, e assim criar algo único.

retratos de pessoas aleatórias que ele encontra em público.

É um artista com aclamação mundial, já tendo visitado muitas

Estes indivíduos, aqueles que a sociedade prefere esconder,

cidades, podemos citar New Delhi, Londres, Istambul, Fes, Roma

precisam de reconhecimento, tanto quanto aqueles que vemos

e Paris e em países como Brasil, Polônia, Israel e Marrocos onde o

todos os dias. C215 tenta interagir com o contexto, que é a razão

trabalho de C215 já foi criado, pintado, e/ou exibido.

pela qual ele coloca seus elementos artísticos e retratos nas ruas.

Não só é C215 um mestre de sua arte, mas o artista francês

Para C215, as partes mais importantes da matriz são os sentimentos

também executa uma variedade de arte diferentes meios de

internos, a expressão dos olhos, e a história por trás.

comunicação e instalações, tais como madeira e lona. Murais e

A respeito de seu trabalho, C215 diz que “No final, atrás dos

stencils do artista podem ser visto em toda a Internet como um

retratos, a questão é sempre a liberdade e dignidade em face de

muito popular arte de rua tendência de busca. No geral, há pouca

um sistema de vida cotidiana capitalista.” Ele acredita que “arte

correspondência com o estilo único apresentado como murais

urbana” é simplesmente a partilha de trabalhos artísticos com os

e stencils C215, por sua técnica diferenciada e cheia de cores, e

outros contra a padronização. Colocando a vida nas ruas através

impressionantes resultados, é conhecido no meio artístico como

da arte é também parte de adicionar à estética do cotidiano.

um dos melhores em Stencil Art no mundo. 61


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REFERÊNCIAS FOTOGRÁFICAS As letras ao lado dos números de página indicam a colocação das fotografias, segundo o seguinte esquema: a = alto; b = em baixo; c = centro; d = direita; e = esquerda. Página 5 - New York City Subway Crime 1980; Página 6 - Rooftop View From New York Buildings; Página 12 - Banksy Church; Página 14 - New York City Graffiti; Página 16 - Suburbio de Nova Iorque; Página 18 - Brookyn Subway 1980; Página 19a - jean Michel Basquiat; Página 19b - Keith Haring; Página 20 - Achieve Banksy; Página 22 - New York City - Street Art - Clinton Street Lower East Side &— New; Página 23 - Bushwick Street Art - Brooklyn New York City And the sky opened up; Página 24a - Street Art by David Walker at Art Festival Aubervilliers France; Página 24e - Daim Around; Página 24d - Blu Fonte Street art Utopia; Página 25 - Arcos do Jânio, São Paulo; Página 26 - Stencil Art; Página 27 - Banksy Soldiers; Página 28e - LambeaLambe; Página 28ca - Lambe-Lambe São Paulo; Página 28da - Medusa; Página 28eb - Maick Nuclear; Página 28cb - Xadalu em ação; Página 28db - Poster Vestibular; Página 29 - street art sticker; Página 30a - Reu Hongkong; Página 30e - Capture d_écran; Página 30d - intervenção urbana subúrbio; Página 31 - trespass street art; Página 32 - Peace Wall; Página 34 - Marcelo Ment; Página 35 - Mexico Laspalmitas; Página 36a - Somos Luz; Página 36c - Somos Luz; Página 36b - Os Gemeos - Desastre em Mariana; Página 37 - Lata Spray; Página 38a - Pimp; Página 38e - pimp my carroca; Página 38d - Women Are Heroes Rio de Janeiro; Página 40 - Women Are Heroes; Página 42 - ObeyMiddle-East-Mural; Página 44 - Democrart Os Gemeos; Página 46 - Gemeos Boston; Página 48 - Eduardo Kobra mural; Página 49 - Eduardo Kobra; Página 52 - Banksy Screaming; Página 54 - Banksy Graffiti Before; Página 55a - Rise of Banksy; Página 55b - Banksy Swing; Página 56 - Boa Mistura; Página 59a - Boa Mistura Las Americas; Página 59b - Boa Mistura Equipo; Página 60 - C215; Página 62 - C215; Página 63 - C215. 64


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O corpo do texto dessde livro foi composto em Myriad Pro, 9pt. Os títulos foram compostos em Aquilone 72 pt e Have Heart 100 pt. Os demais textos e dados informativos foram compostos em Myriad Pro. O papel usado no miolo é couchê fosco 150g/m². A impressâo e acabamento foram feitos em novembro de 2015 na Gráfica D21. Porto Alegre/RS, novembro de 2015 66


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