Lenda de São Martinho

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CE ÁRIO

De um lado uma placa onde se lê “Itália”, do outro uma placa a dizer “França”. Um pouco mais atrás, montanhas (Alpes). Sobre as montanhas, nuvens escuras, chuva. Martinho aparece a cavalo, vindo do lado de Itália, em direcção a França. PERSO AGE S – Martinho, o pobre e o arauto

ACTO Ú ICO

ARAUTO- (com um “pergaminho na mão, dirigindo-se ao público)- Senhoras e senhores, meninos e meninas: d’el rei aqui estou mandado, pra vos contar uma história: a história de S. Martinho, antes de Santo, soldado. Isto, claro, se estiverdes interessados em saber tão bela história! Dizei pois se quereis ouvir a lenda que vou contar. Que dizeis? Não ouço nada!(coloca a mão no ouvido, como quem aguarda a resposta do público) Ah! Mandais-me começar! Pois prestai muita atenção, e aprendei a lição. ARAUTO (apontando para S. Martinho, que se aproxima a cavalo(?))-Era Martinho um soldado, de romano se vestia. De regresso à sua terra, montado no seu cavalo, deixava pra trás a guerra. Já perto viam-se os Alpes, cortados de neve e frio… ( o arauto sai de cena) MARTI HO (esfregando as mãos, para aquecer) - Ai, que o Senhor me proteja de tamanho temporal!! Tanto tempo andei por fora, lá nessas terras distantes, que quase não me lembrava do frio que faz por cá! (apontando os montes) Cá estão os Alpes. Que gelo! E que nevão cá caíu, que dá frio só de vê-lo! (rindo) Quem houvera de dizer que daqui a alguns anos, reis, príncipes e princesas, gastarão suas riquezas, para aqui fazerem….sssssssski! (pausa breve) MARTI HO – Ai se não fosse esta capa, que de alto a baixo me cobre, morria pelo caminho, num valado, como um pobre… Brrrrrrrr, que até me tremem os queixos, e os ossos estão tão gelados, que parecem estes seixos! (apontando para o chão) ARAUTO (saltando de novo para cena) – de repente, aparece-lhe um homem muito pobre, vestido com roupas velhas e rotas. Tem frio…e chora, coitado! (sai de cena) ME DIGO (semi-deitado no chão, sem forças, tremendo de frio)- Alguém me acuda, por Deus, que morro de fome e frio! Ai que triste fim o meu…(pausa). MARTI HO (colocando a mão sobre os olhos, em jeito de pala, procurando de onde vem o murmúrio) – Mas que ouço eu, Deus meu? Aqui nesta solidão, no meio do frio e da neve…ouço gente? E onde está? Quem me chama? (apontando para o mendigo, Martinho desce do cavalo) Oh pobre homem, que me queres?


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