Aula 1

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O fenômeno da globalização Você já deve ter ouvido um cem números de vezes a expressão “Globalização”, não é mesmo? A primeira vista, “globalização” é um termo mais fortemente relacionado a uma perspectiva de análise econômica (atividades produtivas, comerciais e financeiras), representando uma crescente interconexão entre as economias dos vários países em uma perspectiva de livre-comércio, o que faz com que determinados autores aproximem o conceito de globalização ao de neoliberalismo1. Porém, relacionar o fenômeno da globalização somente à economia pode ser uma visão excessivamente simplificadora. Seguindo a perspectiva de alguns grandes pensadores, preferimos pensar a globalização de uma forma mais ampliada, compreendendo-a por intermédio de uma convergência de fatores políticos, sociais, culturais e econômicos e dinamizada, sobretudo, pelo desenvolvimento de tecnologias da informação e da comunicação que intensificam a velocidade e o alcance da interação entre pessoas ao redor do mundo. Por isso, a globalização refere-se cada vez mais a um mundo único, onde nossas ações cotidianas têm consequências para os outros e os problemas do mundo têm consequências para nós. As forças globalizantes penetram em nossos contextos locais e em nossas vidas cotidianas por meio de fontes impessoais como, por exemplo, a internet, colocando-nos em contato com pessoas de outra nacionalidade e cultura.

Alguns dados sobre a internet: “O acesso à rede mundial de computadores cresce, mas ainda é muito desigual. Segundo dados da Internet World Stats, o total de pessoas com acesso subiu de 360 milhões de pessoas em dezembro de 2000 para 2 bilhões 1

NEOLIBERALISMO. Disponível

em: http://www.suapesquisa.com/geografia/neoliberalismo.htm. Acesso em: 23 ago. 2013.


em março de 2011, mas isso ainda é menos de um terço da população mundial. A maioria dos excluídos estava na África (94,3% sem conexão). Na Ásia, há nações, como Bangladesh, Camboja e Timor-Leste, em que a exclusão chega a 98%. O Brasil lidera na América Latina em volume, com 67,5 milhões de usuários, mas está na quarta posição de inclusão pelo percentual da população no continente, com 36%, atrás de Chile, (50%), Argentina (49%) e Uruguai (38%).” Fonte: Almanaque Abril 2013

O momento inicial da Globalização Há muita discussão sobre o início da chamada globalização e três versões rivalizam entre si:  A primeira é defendida por aqueles que entendem que a globalização teria tido sua verdadeira gênese lá em meados do Século XV com o fenômeno que costumamos chamar de “grandes navegações2”. Nesse caso, a própria descoberta do Brasil teria sido uma das decorrências naturais de um sistema da organização econômica que se chamou de mercantilismo3 e que marca a fronteira entre o sistema feudal medieval e o advento do sistema capitalista.  Na segunda, os estudiosos entendem que os primeiros passos da globalização teriam sido dados em meados do século XIX. Nesse período, a Inglaterra, que era a principal potência econômica e militar do mundo, teria começado a abandonar o protecionismo e o mercantilismo em favor de uma política

mais

próxima

do

que

denominamos por

capitalismo,

sendo

posteriormente substituída pelos EUA, principalmente após as Grandes Guerras. 2

GRANDES NAVEGAÇÕES. Disponível

em: http://www.suapesquisa.com/geografia/neoliberalismo.htm. Acesso em: 23 ago. 2013. 3

MERCANTILISMO. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercantilismo. Acesso em: 23 ago. 2013.


 Na terceira, consideram que seu início é marcado simbolicamente pela queda do Muro de Berlim, em 1989, e pela derrocada dos regimes comunistas. Assim, os países que faziam parte do chamado bloco comunista foram rapidamente integrando-se ao mercado global. Esta linha tem a seu favor o fato de que foi neste período que se manifesta de forma mais veemente a Revolução Tecnológica4 dos anos 1990, principalmente referente às telecomunicações, que tem como grande destaque a Internet. De toda forma, é importante entender que nos dias de hoje a globalização não é simplesmente uma questão de comércio de matéria-prima e produtos manufaturados. Ela, na verdade, integra muitos atores dos principais setores econômicos da maior parte das economias desenvolvidas (e as em vias de desenvolvimento). Nesse aspecto, tem como característica central a interdependência entre os atores econômicos globais — governos, empresas e movimentos sociais. A globalização, portanto, é um período de crescimento da produção e do comércio mundiais. Porém, a riqueza concentra-se em um pequeno grupo de países, e isso reforça a desigualdade entre as nações. Atualmente, os países emergentes, e, sobretudo os chamados BRICS, tentam mudar essa relação.

Fatores que contribuíram para a expansão do processo de Globalização Vários são os fatores que contribuíram e continuam a contribuir para o aumento do processo de globalização, mas quatro parecem ser mais evidentes:

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Esta revolução potencializou as possibilidades de integração econômica à distância,

possibilitando maior e mais rápida circulação de capital pelo globo (facilitando os investimentos diretos, mas também os especulativos), e as cadeias produtivas se espalharam, com empresas sendo “relocalizadas” para países com menor custo de produção (salários, impostos etc.).


Fim da Guerra Fria5 e o colapso do comunismo de estilo soviético6;

Crescimento

de

organizações

internacionais

regionais7

entre

países,

aproximando-os entre si, conforme veremos na aula seguinte; 

Crescimento de tamanho e influência das corporações transnacionais8, com redes de produção e consumo que se expandem por todo o globo;

Difusão da tecnologia de informação, facilitando o fluxo de informação ao redor do globo, e difundindo nas pessoas uma visão de mundo global.

Globalização e risco

Costuma-se dizer que a globalização, sendo um processo aberto, apresenta suas contradições e muitas das mudanças geradas por ela nos são apresentadas como riscos. É verdade que os riscos sempre existiram, principalmente os riscos externos (Secas, terremotos, tempestades, entre outros.). Porém, novos tipos passam a ter maior repercussão nos dias de hoje ― os chamados “riscos produzidos”. Eles são riscos criados ao mundo natural pelo impacto da tecnologia e do nosso próprio conhecimento.

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GUERRA FRIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Fria. Acesso em:

23 ago. 2013. 6

UNIÃO SOVIÉTICA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica. Acesso em: 23 ago. 2013. 7

ORGANIZAÇÃO REGIONAL. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica. Acesso em: 23 ago. 2013. 8

EMPRESA TRANSNACIONAL. Disponível

em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_transnacional. Acesso em: 23 ago. 2013.


Um exemplo claro de um risco produzido é o aquecimento global, que é resultado de nossas próprias intervenções na natureza. Outros casos que têm grande notoriedade nos dias atuais são aqueles referentes aos transgênicos e ao uso de herbicidas e pesticidas na produção agropecuária. Poderíamos citar, também, a possibilidade de produção de alimentos manipulados geneticamente. Globalização e desigualdade

A disparidade entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento aumentou continuamente durante o século XX e a globalização não parece ser a solução para esta desigualdade. Embora existam novos fatos que apontam para uma nova perspectiva econômica mundial (com ascensão de economias emergentes e decadência de economias anteriormente consideradas fortes), a verdade é que ainda persiste uma acentuada concentração de recursos, riquezas e renda. Como foi dito, a economia global cresce e se integra de forma contínua, mas os dados demonstram que a globalização econômica é ainda concentrada. IMPORTANTE: Mais da metade de todo o fluxo de comércio no mundo concentram-se em 7 países: Estados Unidos, China, Alemanha, França, Holanda e Reino Unido.


Globalização: urbanização e consumo Urbanização não é apenas crescimento das cidades, mas a instalação dos chamados “equipamentos urbanos” (estradas, água, esgoto, energia elétrica, escolas hospitais, transportes coletivos, e serviços em geral). Por isso, o fenômeno urbano embora seja predominante no espaço das cidades, alcança também as áreas rurais. Esse processo, é claro, iniciou-se a partir do aparecimento das primeiras cidades, mas é razoável considerar que vem ganhando fortes impulsos a partir da revolução Industrial. Sabe-se que por volta de meados do Século XIX, menos de 2% da população mundial morava em cidades. Nos dias atuais, mais da metade da humanidade vive em cidades, o que mostra uma velocidade grande no fluxo campo-cidade. ALGUNS DADOS IMPORTANTES: Em 2011, 52,1% da população mundial vivia na região urbana e 47,9% em área rural. Essa é uma tendência que vem se firmando desde 2008, quando pela primeira vez na história a população das cidades superou a das áreas rurais, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU). A tendência é que esse número aumente ainda mais, já que, segundo a ONU, o crescimento populacional será maior nas áreas urbanas. Entre 2005 e 2050, a população urbana deve ter um acréscimo de 3,2 bilhões, passando de 3,2 bilhões em 2005 para 6,4 bilhões em 2050. Isso mostra que as áreas urbanas devem receber não apenas todo o crescimento populacional como também uma parte da população rural, que, entre 2005 e 2050, terá um decréscimo de 0,5 bilhão, passando de 3,3 bilhões para 2,8 bilhões. Fonte: Almanaque Abril 2013


GRÁFICO 5.1 – Evolução da população total – 1950-2000

A verdade é que o papel das cidades na nova ordem global tem atraído grande atenção dos estudiosos. São as grandes cidades que compreendem os grandes circuitos onde a globalização é mais intensa. Vamos analisar o que a famosa estudiosa no tema Saskia Sassen estabelece sobre algumas características dessas grandes “cidades globais”9:  Configuram verdadeiros “postos de comando” para a economia global;

 São pontos-chave para empresas financeiras e serviços especializados (ultrapassando as empresas manufatureiras em importância para estes grandes centros);

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Cidades como Nova York, Londres, Tóquio, Hong Kong, Cingapura, Chicago, Frankfurt, Los Angeles, Milão, Zurique, Osaka são bons exemplos. Porém, cidades como São Paulo, Madri, Moscou, Seul, Jacarta, Buenos Aires começam a despontar no âmbito dos mercados emergentes.


 Constituem mercados vigorosos para indivíduos comprarem e venderem produtos e serviços (incluindo aqueles disponibilizados pelas “indústrias financeiras”).

O Consumo e o consumismo A produção de bens de consumo em grande escala certamente é decorrência da necessidade de demanda das grandes cidades. Todavia, a cultura que envolve o consumo vem mudando. O que era uma necessidade natural acabou por se tornar o motor do crescimento econômico e símbolo de status na sociedade atual. O consumismo10 estimula novas necessidades, exigindo do planeta recursos que esse não possui. ALGUNS DADOS IMPORTANTES SOBRE ESSES RECURSOS: Os dados são do World Watch Institute: a humanidade vive hoje com padrões de consumo muito acima do que a capacidade do planeta permite. Os 6,7 bilhões de habitantes estão consumindo os recursos da Terra inteira e mais um terço dela. Traduzindo: estamos explorando solos, mares e rios num ritmo tão acelerado que a natureza não tem tempo de se recompor. Assim, contamos com cada vez menos água potável disponível, menos terras produtivas e mais problemas ambientais, como alterações climáticas e extinção de espécies. É o que mostra a “pegada ecológica” ― índice que mede a pressão das atividades humanas sobre os ecossistemas. Fonte: Almanaque Abril 2013.

10

CONSUMISMO. Disponível

em: http://www.brasilescola.com/psicologia/consumismo.htm. Acesso em: 23 ago. 2013.


Embora o ato de consumir seja inerente ao homem, o consumismo é fenômeno essencialmente novo. Ele participa diretamente dos processos da contínua reformulação das condições da vida cotidiana e, no contexto contemporâneo, estimula o crescimento econômico. Para tanto, estabelece padrões regulares de consumo promovidos pela propaganda e outros métodos, forçando as pessoas a lidarem com a descartabilidade, com a novidade e as perspectivas de obsolescência instantânea. O fato é que vivemos, em termos planetários, fora dos padrões da chamada sustentabilidade11.

Padronização Cultural X Multiculturalismo

Embora faça sentido a ideia de que o processo de globalização pode gerar uma padronização da cultura, a chamada cultura de massa12, em que as manifestações artísticas e culturais tendem a constituir uma autêntica indústria cultural, com produtos sendo colocados à venda para grandes públicos, a verdade é que há resistências a esta visão globalizante e unificadora. Um dos movimentos mais importantes da contemporaneidade é o chamado “multiculturalismo”, que defende, mais do que a tolerância, que deve ser exaltada a ideia de reconhecimento das diferenças (Étnicas, culturais, de gênero etc.) de direitos de grupos. Com isso, procura desconstruir a ideia de uma cultura única. Para alguns multiculturalistas menos ortodoxos, a defesa do reconhecimento da diferença não é em todo um ataque à ideia de igualdade, mas sim a um tipo de igualdade. 11

AUTOSSUSTENTABILIDADE. Disponível

em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Autossustentabilidade. Acesso em: 23 ago. 2013.

12

CULTURA DE MASSA. Disponível em: http://www.infoescola.com/sociedade/culturade-massa/. Acesso em: 23 ago. 2013.


Observe como Boaventura de Souza Santos, defensor de uma corrente mais amena do multiculturalismo, situou o problema: “Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem; lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize”.

A crise de 2008

Um dos fatos mais graves ocorridos neste início de século até o momento foi a Crise Financeira de 200813, quando a economia mundial foi arrastada pela crise ocorrida nos EUA, maior potência econômica do mundo. Tal crise ocorreu devido a uma série de erros na condução de sua política econômica e financeira e o ambiente fortemente globalizado propiciou que ela se espalhasse rapidamente por todo o planeta. Não foram poucas as consequências sociais na maior parte do mundo, já que ocasionou desemprego, falta de crédito nos mercados, queda vertiginosa das bolsas de valores, falências de empresas, diminuição de investimentos e muita desconfiança.

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COMO A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL COMEÇOU. Disponível em: http://atualizando-ahistoria.blogspot.com.br/2011/10/como-crise-economica-mundial-comecou.html. Acesso em: 23 ago. 2013.


Como se vê, embora incontornável, o fenômeno da globalização não gera apenas vantagens mas também riscos.

APRENDA MAIS (AULA 1) Insira a(s) indicação(ões): Veja alguns sites interessantes que complementarão o seu aprendizado:  http://www.suapesquisa.com/globalizacao/

 http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=189 25&cod_canal=42

 http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/consumismo2.html

Referências ALMANAQUE Abril 2013. São Paulo: Abril, 2013. GIDDENS, A. Sociologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2005. PINTO, Alexandre. Atualidades. Entendendo o mundo contemporâneo. Elsevier: Rio de Janeiro, 2011. SCOTT, John. Sociologia: conceitos básicos. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DA AULA 1

Questão 1: Observe a imagem que relaciona a globalização com um fenômeno de natureza econômica e depois analise as assertivas:


I – A ilustração está adequada, pois a globalização é um fenômeno exclusivamente econômico representando uma crescente interconexão entre as economias dos vários países, em uma perspectiva de livre-comércio. II – Embora a globalização seja identificada como um fenômeno econômico, ela possui uma visão mais ampliada, alcançando outras dimensões de análise, tais como a social, a política e a cultural. III – A globalização é um fenômeno que não se relaciona com as questões tecnológicas contemporâneas, pois o mundo sempre foi globalizado, mesmo quando o desenvolvimento tecnológico era precário. Está(ão) correta(s): A) Somente a assertiva I B) Somente a assertiva II C) Somente a assertiva III D) As assertivas II e III E) As assertivas I e III Gabarito comentado: Resposta correta é letra B. A assertiva I está errada quando afirma que a globalização é um fenômeno exclusivamente econômico. Como dito, ela tem repercussões evidentes nas áreas política, cultural e social. A assertiva III está totalmente equivocada, já que a globalização é cada vez mais impulsionada pelos avanços tecnológicos, principalmente aqueles relacionados à comunicação.


Questão 2: É motivo de discordância entre estudiosos o momento considerado como o inicial do fenômeno “globalização”. Refletindo sobre isso, analise as assertivas e marque a melhor opção: I – Segundo os estudiosos, foram os romanos, grandes conquistadores, que deram gênese, ainda no mundo antigo, ao que chamamos por “globalização”. II - Os primeiros passos da globalização teriam sido dados em meados do século XIX, quando a Inglaterra, que era a principal potência econômica e militar do mundo, abandonou as práticas mercantis, dando início ao que hoje chamamos de capitalismo. III – O início da globalização é marcado simbolicamente pela queda do Muro de Berlim, no fim da década de 1980 e pela derrocada dos regimes comunistas. Está(ão) correta(s): a) Somente a assertiva I b) Somente a assertiva II c) Somente a assertiva III d) As assertivas II e III e) As assertivas I e III Gabarito comentado: Está correta a alternativa D. Há divergências quanto ao momento do início do fenômeno da globalização. Porém, nenhum autor refere-se a ela como um fenômeno da Antiguidade. Todos a relacionam a um fenômeno típico da Modernidade ou até mesmo da Pós-modernidade. Neste sentido, a globalização não pode estar relacionada aos romanos ou a qualquer outro povo da Antiguidade.


Questão 3

São vários os fatores que contribuíram e continuam a contribuir para a intensificação do processo de globalização, dando um aspecto de mundo menor e de maior proximidade entre as pessoas.

Abaixo, apenas uma das alternativas NÃO representa um fator que auxilie ou tenha auxiliado no processo de globalização. Qual é?

a) Fim da Guerra Fria e o colapso do comunismo de estilo soviético. b) Crescimento de organizações internacionais regionais entre países. c) Adoção de políticas protecionistas. d) Crescimento de tamanho e influência das corporações transnacionais. e) Difusão da tecnologia de informação.

Gabarito comentado: A resposta é letra C. As demais alternativas (A,B,D e E), conforme estudamos, auxiliaram e continuam a auxiliar na intensificação do processo de globalização. É a alternativa C que está totalmente equivocada, já que o protecionismo, seja ele de que natureza for, é sempre um fator impeditivo ao processo de globalização, principalmente se tivermos em conta que esta tem um forte componente econômico (embora não exclusivamente, como já afirmamos).


Questão 4: A globalização é um fenômeno incontornável. Bilhões de pessoas em todo o planeta parecem estar ligadas por fatos que a todos atingem. Neste sentido, leia as assertivas abaixo e marque a alternativa que aponta para as afirmações corretas: I - A globalização tem conseguido melhorar a distribuição de renda e riqueza entre os diversos países, em um processo natural de participação igualitária no grande mercado global. II – O avanço da ciência e da tecnologia continua produzindo maior interconectividade e melhores padrões de vida, mas, ao mesmo tempo, globalizaram os riscos. III – O avanço da tecnologia genética é uma das conquistas tecnológicas mais importantes no campo da produção de alimentos, trazendo benefícios absolutamente seguros para a saúde humana. IV – A globalização econômica, embora tenda a aumentar de forma crescente o fluxo de negócios pelo mundo, não está sendo capaz de superar o problema da distribuição de riqueza entre as diversas nações. São corretas: a)

I e II

b)

I e III

c)

I e IV

d)

II e IV

e)

III e IV

Gabarito comentado: A resposta correta é a letra D. Como vimos, esse fenômeno “globalizou” não só as pessoas e os países, mas também os riscos para estes. E um dos exemplos citados para tratar do tema “risco” é a manipulação genética de alimentos. Embora haja quem defenda que esse tipo de procedimento possa acabar com o problema da fome e da escassez, a verdade é que não há consenso, mesmo entre os cientistas, de que inexista riscos de produzir danos à saúde, o que, ocorrendo, tem repercussão global.


No que se referem à distribuição da riqueza, os dados estatísticos demonstram que a globalização, embora tenha aumentado exponencialmente o fluxo de comércio e acesso a mercadorias, não foi capaz de diminuir as desigualdades sociais e econômicas. Pelo contrário, o que vem sendo observado no mundo é que a riqueza continua sendo, em tempos de globalização intensa, distribuída de forma ainda bastante desigual entre países e pessoas. Questão 5: O multiculturalismo tende a ser um tema tão abrangente, que, ao final das contas, tangencia quase todos os temas contemporâneos de relevo. Analise as assertivas abaixo e marque a alternativa que aponta para as afirmações corretas: I – A visão dos defensores de uma cultura globalizada coincide com aquela defendida pelos multiculturalistas. II – No mundo contemporâneo, os processos de globalização econômica e cultural e urbanização acelerada guardam evidente relação entre si, influenciando-se reciprocamente. III – O consumismo é um fenômeno que já atinge boa parte da humanidade, sendo que, segundo dados estatísticos elaborados por órgãos confiáveis, o mundo contemporâneo não é autossustentável, pois não consegue repor seus recursos renováveis na mesma proporção que os consome. IV – Uma das grandes vantagens do processo de globalização e do elevado consumismo é que fortalece as economias capitalistas, evitando possíveis crises econômicas e/ou financeiras.

São corretas: a)

I e II

b)

I e III

c)

II e III

d)

II e IV

e)

III e IV


Gabarito comentado: A resposta correta é a letra C. A afirmação I está equivocada, já que uma cultura globalizada tende a uma homogeneização cultural, o que é refutado pelas visões multiculturais, que defendem mais do que a tolerância, o reconhecimento das diferenças de grupos (étnicas, culturais, de gênero etc.). Outra afirmação errada é a IV, quando indica que a globalização blinda os sistemas das crises econômicas e financeiras. Ora, pelo contrário, qualquer crise estabelecida em um dos países que compõe o sistema acaba por contaminar todos os demais. No caso da Crise de 2008, o fato da mesma ter sido originada na principal economia do mundo (EUA), abalou de forma bastante violenta todo o sistema capitalista do planeta.


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