O Currículo dos Urubus e a educação pública. Dizem que o livro O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupery - era o livro obrigatório das misses. A fábula O Currículo dos Urubus de Rubem Alves deveria ser leitura obrigatória para todos os gestores de educação do nosso país. Nesta Fábula, O Rei Leão convoca os Urubus para determinarem a organização escolar, para garantir a educação de todos os animais. Os Urubus orgulhosos do convite, impõe que sua cor, seu modo de andar e sua preferência em alimentação são os mais adequados e devem ser seguidos por todos os animais. Rubem Alves com sua grande capacidade literária nos mostra a realidade da educação em nosso país. Normalmente, coloca-se um político, que não tem a mínima noção do que seja a Pedagogia para administrar a educação. Desta forma pessoas que só tem um único ponto de vista, determinam o currículo de uma comunidade inteira. Há uma história semelhante, onde os organizadores de uma olimpíada, entre os animais, eram os Macacos. Uma das provas era subir na árvore. Algo impossível para elefantes, peixes e tartarugas. A organização curricular, deve ser pensada não apenas em seu objetivo, ou seja, ensinar a matéria, mas também em seu público. A Educação brasileira não deve ser decidida apenas por grupo de iluminados, mas ouvindo uma grande parte da população. Um desastre que aconteceu em São Paulo foi a chamada Reorganização Escolar em 2015. Na verdade, foi uma imensa desorganização. Algum iluminado, sentado atrás de uma mesa, e a anos-luz de distância de uma escola, decidiu que o estado deveria separar todas as escolas por faixa etária. Famílias foram separadas, crianças pequenas foram removidas para escolas distantes de suas casas e a desordem estadual estava formada. Felizmente, a população enfrentou mais este desafio e conseguiu reverter a situação após meses de guerra contra o governo estadual. Esta é mais uma prova que, qualquer mudança que interfira na sociedade tem que ser debatida com as comunidades envolvidas, e não apenas decidida por um bando de urubus aristocratas.
Prof. Nilo Jeronimo Vieira 18 de agosto de 2017