NAS BORDAS Espaços educativos para a reestruturação urbana

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ALINE CASSIA MAGALHÃES DOS ANJOS

NAS BORDAS: ESPAÇOS EDUCATIVOS PARA A REEESTRUTURAÇÃO URBANA

Trabalho Final de Graduação apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie do Estado de São Paulo como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof° Doutora Paula Raquel Jorge Vendramini

SÃO PAULO 2015



AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, ou ao universo como diz minha amiga Mayara, em seguida agradecer pelas duas manifestações que considero divinas em minha vida: meus pais – pela vida, pela educação, pelo amor, por ter me guiado quando eu ainda não sabia andar até os dias de hoje, e claro, pelo café nas madrugadas a fora. Aos meus amigos e namorado, pelas suas personalidades brilhantes, pela perspectiva de vida que cada um me proporcionou, pela capacidade de me despertar o riso fácil, por me ajudar, por estarem comigo em minhas melhores memórias, por dividirem comigo a vida. A minha orientadora Paula, pela sua dedicação, paciência e afeto na hora de me ajudar a organizar este trabalho e a enxurrada de pensamentos que vinham junto a cada capítulo. Agradeço a todos eles, que foram meu norte para construir essa conquista em forma texto. E a todas experiências que tive até hoje, que me auxiliaram a olhar para cidade, para arquitetura e o mais importante: para as pessoas.



Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não há ilhas desconhecidas, Quem foi que te disse rei, que já não há ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura, Se eu te pudesse dizer, então não seria desconhecida José Saramago


RESUMO Este trabalho tem objetivo propor um Centro Educacional Unificado que ofereça educação infantil e fundamental em período integral e ensino para adultos no período noturno, com equipamentos de lazer e serviços que proporcionem melhor qualidade de vida, contribuindo com a reestruturação de um bairro periférico carente, através da educação para cidadania e espaços públicos que possibilitem a socialização. Para isso, foi realizada pesquisa bibliográfica. Assim, a educação foi abordada em seu sentido mais amplo, como território educativo, capaz de estimular as relações sociais dentro dos bairros, fazendo com que o cidadão possa usufruir de seu direito a cidade. O trabalho se inicia descrevendo fenômenos que acontecem em grandes cidades brasileiras, que sofrem com o crescimento populacional, e as desigualdades enfrentadas pela falta de politicas públicas. Além disso, mostra as barreiras que o meio construído impõe às atividades cotidianas, e como a privação de direitos básicos, como educação, pode ser prejudicial ao bom funcionamento das dinâmicas urbanas. A partir disso, a pesquisa aproxima-se da busca por ferramentas que possam diminuir o impacto dessa realidade, e a escola aparece como um dos equipamentos acessíveis e necessários dentro das comunidades, já que são utilizadas inclusive como espaço para eventos; visto que nessas áreas, espaços públicos de qualidade são raros ou inexistentes. Por fim, propôs-se um modelo de escola compatível com essas demandas, onde os Centros de Educação Unificados apareceram como uma ferramenta capaz de criar uma nova urbanidade dentro destes bairros. Palavras- chave: Espaços Públicos,Educação,Centro Educacional Unificado.


ABSTRACT The objective of this paper is to propose a Unified Education Centers (CEU in Portuguese) which offers kindergarten and elementary full-time education and night course for adults, with leisure equipment and services that provider better quality of life, contributing to the restructuring of a poor outlying district, through education creating citizenship and public spaces that enable socialization. Bibliographic research was carried out for this. Therefore, education has been addressed in the broadest sense, as an educational zone capable to stimulate social relations within the neighborhoods, causing citizens to benefit from their right to enjoy the city. The text begins by describing the phenomena that take place in large Brazilian cities, which suffer from population growth and social inequalities, due to the lack of public policies. Furthermore, it shows the barriers created by build environment that imposes difficulties to daily activities and combined to deprivation of basic rights, education for example, can adversely affect the proper functioning of urban dynamics. Motivated by these issues, this paper aims for a tool that can diminish the impact of this reality and schools appears as an affordable and necessary equipment within the poor communities, besides an educational zone, they are used as space for events as well, since quality public area are rare or non-existent in these neighborhoods. Lastly, a school role model compatible with these demands is required and the Unified Education Centers appeared as a capable option to create a new urban area within these poor communities. Key words : Public Spaces , Education, Unified Education Center.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Traçado da cidade de Brasília 17 Figura 2: Diagramas de deslocamento entre núcleos 18 Figura 3: Infográfico que mostra modelo de cidade compacta. 19 Figura 3: Desenvolvimento do Egito ao longo do Nilo 20 Figura 4: Expansão da mancha urbana em São Paulo 1881-1995 21 Tabela 1: Relação entre a população favelada e a população do Município 22 Figura 5: Ocupações em manancial prejudicam a oferta de agua em SP. 25 Figura 6: Projeto Luz nas Vielas, favela Brasilandia- São Paulo. 26 Figura 7: Estrutura das favelas 27 Figura 8: Estruturas das Favelas 28 Figura 9: Positano,Itália. 31 Figura 10: Parque de La Vilette de Bernard Tschumi. 33 Figura 11 Parque Trianon 34 Figura 12: Parque Burlemarx 34 Figura 13: Esquema do circulo virtuoso a partir da recuperação das áreas de proteção 35 Figura 14: Criança trabalhando na produção têxtil- Herança da idade média 39 Figura 15:Manchete sobre movimento feminista década de 70 40 Figura 16: Bailarinas descalças no Morro do Adeus- Rio de Janeiro 41 Figura 17: Escola Braamcamp Freire em Lisboa 42 Figura 18: Paternon 45 Figura 19: Piramides Egipicias 45 Figura 20: Vitrais góticos 45 Figura 21: Retrato de Ramos de Azevedo. 47 Figura 22 :Plantas da Escola Normal da Capital de 1894. 48 Figura 23: Hélio Duarte 49 Figura 24: Plantas da Escola Pandirá Calógeras,arquiteto Hélio Duarte. 50 Figura 25: Programa Arquitetonico das unidades CEU 53 Figura 26: Planejamento dos Espaços Públicos 54 Figura 27: Domingo no CEU- moradores aproveitam a area de lazer e esportes. 55 Grafico 1: Em direção ao caos 59 Gráfico 2: Desenho do Caos. 59 Figura 28: Trecho Sul do Rodoanel 60 Figura 29: Modelo de desenvolvimento estrutural das cidades latino americanas- 62

Figura 30 : Principais eixos do sistema viário SBC

Figura 32:Atividades aos finais de semana Figura 31: Assembleia participativa dos alunos Figura 33 : Integração da escola com bairro.

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Figura 34: Plantas e sala de aula. 68 Figura 35: Maquete de Implantação. 69 Figura 36: Corte esquemático sustentabilidade 70 Figura 37: Planta direção dos ventos. 71 Figura 40: Planta do pavimento térreo e seu programa. 72 Figura 40: Perpectiva enfatizando a entrada do edifício. 72 Figura 42: Croqui autoral do partido do projeto. 73 Figura 41:Perspectiva aérea enfatiza o eixo do projeto com destaque para a cobertura. 74 Figura 42: Perspectiva aérea enfatiza o eixo do projeto com destaque para a cobertura. 75 Figura 43: Divisão de bairros, São Bernardo do Campo 80 Figura 44: Localizção no terreno 80 Figura 45: Densidade demografica por setor sensitario 81 Figura 46: Incidente em escola do bairro Alvarenga. 81


1 INTRODUÇÃO 1.1 Justificativa 1.2 Objetivo 1.3 Metodologia

2- EFEITOS DA SEGREGAÇÃO URBANA 2.1 Cidade real x cidade formal 2.2 Ocupações em áreas mananciais 2.3 Arquitetura improvisada das periferias 2.4 Infraestruturas e áreas verdes para a qualidade de vida nas comunidades

3- A IMPORTANCIA DE ESPAÇOS EDUCATIVOS 3.1 O papel do ensino e da família na reestruturação das comunidades 3.2 Arquitetura e Educação 3.3 Edifícios Escolares 3.4 CEU’s – Programa Arquitetônico e Educação não Formal.


4- UMA CIDADE VISTA A PARTIR DOS CORTES EM SUA MALHA 4. O impacto das rodovias no tecido urbano 4.1 São Bernardo do Campo

5.1 5.1 5.2 5.3

EMEF Desembargador Amorim Lima - São Paulo Santo Domingo Savio Kindergarten - Medellín Escola Secundária em Burkina Faso- África CEU Pimentas- São Paulo

6- PROPOSTA 6.1 Inserção Urbana

7- PROJETO 8- CONCLUSÃO REFERÊNCIAS

SUMÁRIO

5- PROJETOS REFERENCIAIS



1-INTRODUÇÃO


1-INTRODUCÃO Ao longo do tempo as cidades foram sendo desenhadas pelas relações humanas, e por sua localização no território. Pode-se observar as relações de poder e de interesse ao olhar para o traçado urbano, fenômenos como a dispersão da cidade e a fragmentação do território têm como resultados a segregação e a desigualdade social como dito por Silveira (2007). Mas como é a cidade para as pessoas? Essa é uma discussão recorrente nas mídias, nas Universidades e nos meios ditos intelectuais. Mas e que aqueles que são atingidos por essa realidade, como será que essas pessoas percebem o espaço em que vivem? E talvez o mais importante, como as pessoas que estudam estes processos e têm consciência de seus efeitos devolvem isso à cidade por meio de sua produção? Este trabalho trata de como o meio construído pode influenciar no cotidiano das pessoas; como a Arquitetura pode ser uma ferramenta capaz de transmitir o espirito de seu tempo; e as inquietações ou as estratégias de sua sociedade em forma de construção, como foi descrito por Almeida e Rocha (2008). Trata ainda de como a educação em seu sentido mais amplo, pode ser um meio eficiente de conscientizar as pessoas sobre estes processos e como ela pode ser emancipa-los através do conhecimento. Para isso são necessários ambientes que proporcionem vida social, lazer, educação e trocas de experiências, como é o caso dos Centros Educacionais Unificados (CEU’s), que são grandes equipamentos educacionais baseados nos moldes das Escolas Parque, cujo projeto, envolvia educadores e arquitetos que buscavam dar as respostas às demandas da sociedade através da educação de qualidade e boa arquitetura. Mas como a arquitetura e a educação podem ser usadas como ferramentas de escala urbana? Medellín na Colômbia é um grande exemplo de reestruturação urbana através de intervenções que priorizam territórios em conflito, proporcionando educação, espaços públicos de qualidade e conexões aos equipamentos públicos. Gustavo Restrepo (MARCHIORI, 2010),


arquiteto e urbanista colombiano que foi um dos responsáveis por essa ação, conta que este processo foi baseado no levantamento do IDH, para saber quais áreas eram mais carentes, pois os homicídios concentravam-se nos grandes centros, e não nas periferias. Nas periferias acontecia a violência intrafamiliar, onde crianças, mulheres e órfãos da guerrilha eram os mais afetados. Segundo Restrepo foi a partir dai que o plano passou a ser articulado em educação, implantado não em lugares com boa visibilidade, geralmente onde os turistas estão, mas sim onde as pessoas realmente precisavam. O terreno acidentado fazia com que a falta de espaços públicos fosse um grande problema dentro destes lugares com expansão urbana desordenada, logo foram feitos grandes parques para servirem de ponto de encontro, aumentando o convívio, diminuindo a violência. E muitas escolas pensando no futuro daquelas crianças. Hoje Medellín é um exemplo de lugar revitalizado que se baseou na inclusão social. A arquitetura para as pessoas não beneficia apenas os excluídos, beneficia a todos que vivem na cidade. Cidades equilibradas, contam com edifícios salubres, com uma sociedade educada, que sabe questionar, reivindicar e sabe apreciar o que é belo. Mesmo quando a beleza estiver em pequenos detalhes que vão desde um caixilho bem executado a quebra de barreiras que muitas vezes são invisíveis, mas são poderosas.

1.2 OBJETIVO

Propor um Centro Educacional Unificado (CEU) que ofereça educação infantil e fundamental em período integral e ensino para adultos no período noturno, com equipamentos de lazer e serviços que proporcionem melhor qualidade de vida, contribuindo com a reestruturação de um bairro periférico carente, através da educação para cidadania e espaços públicos que possibilitem a socialização.

1.3 METODOLOGIA

O método de pesquisa utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi fundamentado em pesquisas bibliográficas em livros, artigos e materiais oferecidos pela prefeitura relacionados ao assunto. Também foram utilizados levantamentos da área tanto históricos quanto físicos e visitas a equipamentos educacionais para o entendimento de seu funcionamento



2- EFEITOS DA SEGREGAÇÃO


2.1- CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL

“A novidade era o máximo Um paradoxo estendido na areia Alguns a desejar seus beijos de deusa Outros a desejar seu rabo pra ceia O mundo tão desigual Tudo é tão desigual De um lado esse carnaval De outro a fome total A novidade – Paralamas do Sucesso

Cidade – palavra com origem no latim civitas, atis que significa “cidade, reunião de cidadãos”. Em sua definição mais ampla, segundo o dicionário Houaiss é uma “aglomeração humana localizada numa área geográfica circunscrita e que tem numerosas casas, próximas entre si, destinadas a moradia e/ou atividades culturais, mercantis, industriais, financeira e as outras não relacionadas com a exploração direta do solo, urbe.” Raquel Rolnik (1998, p.8) descreve a cidade como “fruto da imaginação e trabalho articulado por muitos homens, a cidade é uma obra coletiva que desafia a natureza”. A arquiteta define a cidade em vários momentos e contextos. Primeiramente como um imã, um polo de atração que só é possível através da sedentarizarão, que acontece quando o homem começa a modificar o espaço numa tentativa de dominar o território, criando novas situações para viver, construindo templos, plantando seus alimentos, reconstruindo a relação homem versus natureza. Na forma de cidade escrita, em que aponta que esses fatos aconteceram quase que simultaneamente e correram paralelamente. Agora os moradores não apenas “sobrevivem” do básico, mas começam a exercer e usufruir de melhorias através da produção intelectual e infraestrutura; a cidade passa a produzir memória que pode ser lida através do conhecimento, das obras de arquitetura e suas tipologias, contando sua história por meio físico, tornando um grande “texto”. A cidade como política trata da necessidade e métodos de organização destes aglomerados urbanos. Conciliando modos de vida, organização de territórios, relações políticas e divisão do trabalho; assim como a palavra cidadão para os povos antigos como gregos e romanos não significava aquele que mora na cidade, e sim aquele que possuía direito sobre a vida política da cidade. Contemporaneamente podemos observar a dimensão deste significado, nas manifestações, nas apropriações urbanas com o cidadão exercendo seu direito a cidade. Por fim fala da cidade como mercado, que se instala através do comercio, da troca e necessidade de consumo. Essa situação consiste em um polo dominante que exerce poder e um padrão de conduta para que haja interação entre as regiões produtoras. A produção passa a ser especializada a fim de cumprir a demanda, o campo por sua vez passa também a ser consumidor e não


apenas produtor. Essa expansão é dada através de conexões por meio de estradas, portos e aeroportos, tornando o mercado hoje, um definidor de relações e consequentemente de territórios. Diante disso podemos observar a cidade como um resultado de fatores, passível de mudanças, sempre se desenvolvendo ou mostrando questões e necessidades inerentes à condição humana. Entender o que é a cidade é imprescindível para aprofundar a discussão sobre processos urbanos como a segregação que muitas vezes definem o modo de vida da população. O conceito de segregação é amplo e pode envolver etnias, nacionalidades ou classes sociais. O sociólogo Jean Lojikine (1997 apud ROCHA, 2011, p.6) a subdividiu em três classes: 1. 2. 3.

Segregação entre centro e periferia Classes populares versus classes privilegiadas economicamente Separatismo entre funções urbanas (áreas industriais, residenciais, comerciais).

Segundo o urbanista Flavio Villaça (2001) as diferenças entre classes define o modelo predominante nas metrópoles do Brasil. O conceito parte do princípio que os espaços urbanos não são definidos pela natureza e sim construídos pela convivência humana e relações sociais. A ideia clássica e ainda defendida por muitos, é que, a segregação trata-se do centro versus periferia, onde os mais ricos habitam o centro e os mais pobres as bordas. Mas este modelo não é o mais comum em nossas cidades, pois nem sempre a classe alta ocupa as parcelas mais caras de terra, como é demonstrado neste trecho “Entretanto a alta renda, também ocupa terra barata na periferia, na Granja Viana ou Alphaville em São Paulo, ou no recreio dos Bandeirantes do Rio” (VILLAÇA, 2001, p.146). Esse fenômeno não é novo, e é resultado da história e do processo de formação das cidades. O século 19 produziu profundas mudanças no cenário brasileiro, em sua segunda metade, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro foram foco principal da explosão demográfica influenciadas pelo poder da indústria cafeeira. Este processo somado ao incentivo do governo Getúlio Vargas à modernização do país e de seus processos de produção incluindo a implantação da indústria automobilística, deu espaço a uma rápida urbanização dessas cidades, com uma marcante característica chamada macrocefalia urbana, que é descrita por Santos (2005) como uma concentração da população, das atividades econômicas e das funções urbanas que em alguns casos, propiciam processos descompassados como ocupações desordenadas, déficit de empregos entre outros processos que geralmente acontecem em países subdesenvolvidos. Na década de 1970, o crescente desenvolvimento da cidade de São Paulo e a demanda


por mão de obra atraíram o interesse de pessoas vindas de regiões menos desenvolvidas economicamente que enfrentavam problemas em função dos monopólios de terra e do sistema de monocultura. Procuravam a melhoria de vida através das oportunidades de emprego que eram geradas com a construção dessa atual metrópole. Esses fatores foram determinantes no fenômeno do êxodo rural, culminando em taxas altas de crescimento nos anos 80, com uma situação nunca vista, onde a população urbana ultrapassa a rural. Os dados do Censo Demográficos (2000) apontam que mais de 10% dos domicílios da região metropolitana de São Paulo estão situados dentro de favelas ou lotes irregulares. Estes processos são derivados dessas ocupações massivas sem qualquer planejamento prévio de infraestrutura. Consequentemente a segregação causa um agravamento das desigualdades. As regiões mais abastadas economicamente concentram uma gama de serviços em seu entorno, tornando o bairro transitável, fazendo com que as tarefas diárias ocupem menos tempo, elevando a qualidade de vida de seus moradores, dificultando a possibilidade de uma cidade ideal para se viver. Mas o que é uma cidade ideal? Giulio Carlo Argan (1998) estabeleceu uma relação entre arte e a cidade. A cidade ideal teria sido concebida no Renascimento, e deveria ser pensada e projetada por apenas uma pessoa como uma obra de arte, ganhando uma forma simétrica, modular como Pienza e Sermoneta. Essas cidades ideais refletem uma vontade de conceber espaços quase artísticos, funcionais e belos. Mas a dificuldade de construí-la ou mantê-la se dá pelos imprevistos e acréscimos, que não são considerados, pois ela admite a dinâmica da cidade real, mas não considera tais modificações ao longo do tempo, tornando sua padronização uma barreira. A capital federal do Brasil é um grande exemplo deste modelo:


Figura 1: Traçado da cidade de Brasília

Fonte: Blog da Arquiteta,2011.


Atualmente o modelo de cidade ideal difundido, são os das cidades sustentáveis e compactas. Este modelo propõe uso misto de usos, e parques urbanos. Fazendo com que as pessoas diminuam a necessidade de longos percursos para trabalhar, estudar, morar e possam desfrutar de um ambiente de qualidade que é diverso e acessível. Essa facilidade no percurso libera o solo do sistema viário tradicional, qualificando a paisagem urbana e melhorando as condições do espaço público. Richard Rogers (2001) explica que na cidade compacta a relação do espaço público e das edificações deve ser sempre respeitada para que a privacidade e a qualidade ambiental sejam preservadas e que a densidade possa ser benéfica, estimulando o convívio de pessoas de diversas classes sociais, aumentando a sensação de segurança tornando a vida urbana muito mais desejável. Figura 2: Diagramas de deslocamento entre núcleos

Fonte: Modificado a partir de Rogers,2001.Disponivel em Vitruvius,2011.

É importante entender que os conceitos que são usados nas cidades ideais tornam-se apenas parâmetros para medir os problemas encontrados na cidade real, criando instrumentos ou órgãos reguladores que ajudam nas resoluções das problemáticas urbanas (ARGAN, 1998).


Figura 3: Infogrรกfico que mostra modelo de cidade compacta.

Figura: Tree hugger,2014.


Figura 3: Desenvolvimento do Egito ao longo do Nilo

2.2 OCUPAÇÕES EM AREAS DE MANANCIAL A água é o elemento essencial para nossa existência, foi o eixo estruturador para o nascimento de várias cidades na antiguidade, e hoje é o grande alvo das discussões nas cidades contemporâneas. Gorski (2008) descreve como as sociedades hidráulicas foram fixando-se nos territórios as margens dos rios, por questões funcionais como abundancia de agua e solos férteis, além das razões culturais e patrimoniais. Grande exemplo deste tipo de sociedade foi a Mesopotâmia entre os rios Tigre e Eufrates, algumas cidades egípcias que cresceram nas imediações do Rio Nilo e as civilizações Greco Romanas ao longo do rio Tibre. O Brasil se encontra em situação similar por ser detentor de rios extensos e grandes bacias hidrográficas. Sendo que em certas regiões como em algumas comunidades ribeirinhas, suas rotinas e atividades de lazer estão relacionadas diretamente a eles. Mas segundo a autora, este elemento que outrora era polo gerador de vida e que criava grandes espaços de lazer, além de pontos turísticos, parece ter tido seu significado alterado com o processo de urbanização. As cidades e as águas entraram em conflito, e suas relações devem ser repensadas, a fim de que sua capacidade de gerar vida possa ser preservada acompanhando o crescimento populacional.

Fonte: El ateneo.2010.


Atualmente um grande impasse nas cidades é a crise hídrica e destruição de riquezas naturais. Este fenômeno vem se agravando na Região Metropolitana de São Paulo -RMSP decorrente da degradação ao meio ambiente causada pela rápida expansão de moradias de baixa renda em direção as periferias. (ALVIM et al.,2008). Para entender este fato é necessário mencionar as forças determinantes dessa expansão. Ermínia Maricato (2003) explica que foi durante a década de 80 e 90 que a desigualdade foi acentuada, cerca de 20% da população da cidade de São Paulo passa a viver em favelas, sendo que na década de 70 este percentual era menor que 1%. Figura 4: Expansão da mancha urbana em São Paulo 1881-1995

Fonte: Emplasa, 2011.

A ocupação ilegal, ou os loteamentos irregulares acontecem por falta de oportunidades de se viver em um ambiente em que haja acesso a infraestrutura de qualidade. Essa falta de opção é gerada por dois fatores muito relevantes em nossa sociedade. No primeiro caso, trata-se dos reflexos do sistema escravocrata, em que a moradia era dada pelo patrão, assim como todas as coisas necessárias para sobreviver. Quando acontece a abolição, surge a necessidade de o antigo escravo comprar sua própria moradia e os problemas gerados a partir deste fato, são resultado da exploração do assalariado. Em alguns países isso foi resolvido pelo sistema de politicas públicas, atendimento e controle através de equipamentos urbanos. Enquanto no segundo caso, a dificuldade de entrar no mercado imobiliário legal, vem dos baixos salários que a indústria fordista fornecia aos seus trabalhadores. Essa é a situação predominante em países periféricos e semiperiféricos como o Brasil. Programas de financiamento exigem muitas vezes o dobro da renda familiar que trabalhadores regu-


larmente empregados ganham, enquanto os programas sociais de habitação dão prioridade a uma camada que esta situada abaixo dessa faixa salarial. A informalidade continuará crescendo enquanto governo e setor privado não apresentarem novas resoluções para este problema; florescendo em lugares frágeis do ponto de vista ambiental e desprezados pelo mercado imobiliário, como beira de córregos, mangues, etc. (MARICATO, 2003). Tabela 1: Relação entre a população favelada e a população do Município

Fonte: Santoro et al.,2009.

Essas áreas frágeis, geralmente são áreas de proteção manancial. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente (SMA/CEA, 2010), mananciais são fontes de água doce, que servem ao abastecimento público sendo de origem superficial ou subterrânea. Elas podem servir tanto para o consumo humano, quanto para o desenvolvimento de atividades econômicas. Além disso, é fonte para os animais terrestres e para vegetação da mata ciliar. Necessita de leis e programas que protejam a área, afim de que cumpram sua função de forma segura e eficiente, evitando erosão do solo e assoreamento dos rios e perca de diversidade biológica. GRAFICO1- Distribuição do uso do solo na área de mananciais, ao sul do município de São Paulo, em 2007 (em %)

Fonte : Santoro et al.,2009


Até a década de 1970 a implantação de sistemas de saneamento público eram proibidas nas áreas de mananciais. Essa medida servia como desincentivo ao adensamento populacional nessas áreas. “A ausência de integração entre as políticas públicas setoriais, estaduais e municipais e a falta de incentivo a atividades compatíveis com a proteção acabaram levando à ocupação desordenada destas áreas desprovidas de infraestrutura” (SMA/CEA, 2010, p.31). Ainda no final dessa década foi iniciado o processo de redemocratização, e ao ser questionado se o Brasil seria de fato um país com recursos naturais ilimitados, surgem os primeiros movimentos ambientalistas (MARTINS, 2006). Ao final dos anos 80, entram em pauta as discussões sobre politicas publicas que visam equilibrar a preservação dos recursos hídricos junto ao direito a moradia e as intervenções locais começaram a ter participação direta da população (Constituição brasileira de 1988). O maior gerador de conflito entre as esferas urbano-ambiental é que os dispositivos da constituição seguem politicas com logicas diferentes e dependem de acordos e aprovação conjunta dos poderes públicos federal, estadual e municipal para serem efetuadas. (ALVIM et al.,2008)

“Sua leitura dá margem tanto a perspectiva de ampliação de direitos sociais, apontando no sentido do direito a Cidade, quanto a articulações e modelos de mercado para o desenvolvimento urbano, que privilegiam o espaço urbano enquanto meio para valorização de capital.” (MARTINS, 2006, p.37)

Para a autora as politicas ambientais relacionadas aos recursos hídricos fazem parte do interesse difuso, enquanto as politicas voltadas a ordenação de território e politicas regionais estão mais voltadas ao interesse coletivo. Ela define que no interesse difuso não é possível saber quem são os sujeitos passivos, enquanto que no interesse coletivo estes indivíduos são determináveis. Em (1989-1992) os mananciais viram objeto de politicas e programas municipais e estaduais, a Prefeitura de São Paulo reconhece que a situação da ocupação desordenada é incontrolável e baseando-se nisso admite um recurso que garante a permanência das numerosas famílias instaladas, propondo a urbanização das favelas, na tentativa de diminuir os impactos visando manter a qualidade do abastecimento para a cidade. O estado foi dividido em 22 bacias para facilitar a gestão, mas ao passar do tempo perceberam que a qualidade de agua piorava, e denuncias de despejo de esgoto doméstico no reservatório, fizeram que houvesse intervenções a nível municipal, até chegar na criação do Programa Guarapiranga;


que consistia no saneamento de 14 áreas de sua bacia. Com algumas operações urbanas em andamento na cidade de São Paulo, muitos moradores de favelas foram retirados de suas casas, que em alguns casos, já existiam a 20 anos. Sem condições financeiras, esses moradores migraram para as áreas mananciais. Este fato fez com que em 1997 fosse aprovada uma lei de proteção aos mananciais, e as chamadas APRMs (Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais). Essa medida previa padrões para uso e ocupação do solo e garantidores da qualidade e quantidade de agua. Em 1998 surge um plano emergencial de recuperação dos mananciais, justamente pela medida anterior não ter sido eficaz, enquanto único instrumento responsável por conter a expansão urbana. O plano emergencial contem instrumentos que não devem induzir a expansão urbana, mantendo as restrições na lei de proteção aos mananciais, mas abrindo exceções para as áreas emergenciais, objetivando sanear, obtendo apoio de diversos órgãos públicos. Essa medida foi polemica, pois existe um grande debate sobre implantar ou não infraestrutura em mananciais, sendo o maior problema deste plano a execução de obras em áreas escolhidas pelo município sem estudo de impacto prévio (SANTORO et al.,2009). Atualmente alguns municípios adotam os planos locais chamados “planos de bairro”, buscando novas formas de equilibrar os conflitos entre a ocupação urbana e a necessidade de preservar o meio ambiente levando em conta as características do ambiente e as necessidades da população local. Muitas vezes essas ações não podem sair do papel, justamente por depender da iniciativa do estado, legislação e poder regional. Isso mostra que as efetividades dessas mudanças vão além das ações destes instrumentos instituídos recentemente, e que é necessária uma gama de mecanismos de negociação entre todos os envolvidos neste processo, de órgãos estaduais a pessoas interessadas nessa questão, incorporando a essas ações dinâmicas e criativas que possam realmente mudar este território (ALVIM et al.,2008). Ermínia Maricato (2001) alerta que conscientizar-se dessa realidade é imprescindível para o bom funcionamento das cidades, que devem ser olhadas como um todo, pois as segregações não são mais minorias, elas acontecem e influenciam nas dinâmicas de todo território e não só os excluídos que moram dentro das “bombas sócio ecológicas”. “Se a elite brasileira não toma as providencias para reverter essa situação de injustiça e desigualdade movida pela solidariedade, deveria fazê-lo por amor a seus filhos e para salvar os seus pescoços” (MARICATO, 2001, p.3).


Figura 5: Ocupações em Manancial prejudicam oferta de agua na grande São Paulo

Fonte: Folha de S.PAulo,2014.


Figura 6: Projeto Luz nas Vielas, favela Brasilandia- SĂŁo Paulo.

Fonte: MV agĂŞncia, 2013


2.3 ARQUITETURA IMPROVISADA DAS PERIFERIAS Atualmente as aglomerações irregulares são uma realidade consolidada, e as discussões predominantes a cerca do assunto não se baseiam mais em como fazer sua remoção e sim sua urbanização, como descreve Jacques (2011). Essa realidade trás a necessidade do tema não ser visto apenas com o olhar sócio-político, mas entendido como algo que possui uma grande carga cultural e estética. Estética essa, que ainda é tratada por alguns com certo temor e fragilidade, tornando o tema um tabu; pois geralmente a plasticidade da favela é vista como antiestética, enquanto outros se baseiam justamente neste modelo para suas criações em campos como as artes e arquitetura. Segundo Lebauspin (2001) as favelas possuem quatro tipos predominantes de estrutura. As estruturas de miolo de quadra, as de encosta, as de córrego e as extensivas. Figura 7: Estrutura das favelas

Fonte: Modificado a partir de Lebauspin, 2011.

O primeiro modelo é originado pela ocupação em loteamentos regulares nas áreas doadas para construção de equipamentos institucionais como escolas, hospitais, etc. Os primeiros a chegar ao terreno ocupam a frente do lote e constroem suas casas e comércios de forma similar a cidade formal, enquanto aqueles que chegam posteriormente ocupam os espaços no centro da quadra de forma desordenada, como é o caso da favela Dona Lola*. No segundo modelo, o autor exemplifica com a favela Nova Jaguaré* onde as ocupações de encosta situam-se em terrenos inclinados sendo possível fixar colunas, mesmo que rusticas, propiciando à construção de escadarias e rampas, que definem os acessos às moradias. No terceiro caso, as favelas de córrego crescem ao longo dos cursos d’água e passam ser fonte


do descarte de esgoto doméstico, como no Jardim Damasceno*. E por fim as expansivas que crescem em todas as direções, tirando proveito da topografia aplanada, sendo Heliópolis* o grande exemplo de uma ocupação extensiva. Figura 8: Estruturas das Favelas

Fonte: Elaborada pela autora,apartir de dados levantados.

*Favelas em São Paulo


Ainda segundo Jacques (2011) as favelas são diferentes entre si, mas possuem uma identidade espacial propria.Essas diferenças são demonstradas atraves de três relações espaciais associadas a conceitos, que servem como base de entendimento,sobre a complexidade deste espaço que funciona de modo tão singular. São elas:

1.Do corpo a arquitetura - Fragmento 2.Da arquitetura ao urbano - Labirinto 3.Do urbano ao terrirório - Rizoma

Essa primeira relação é definida pela autora a partir do conceito de Fragmento, que consiste na observação do sistema de construção de moradia,que tem carater primordial de abrigo e é construido em várias partes e fases.Inicialmente com materiais encontrados pelo proprio morador,que também é o idealizador do projeto,e posteriormente com a troca destes materiais por outros mais adequados,chegando a alvenaria. A construção quase sempre acontece em multirão,que consiste num sistema de ajuda coletiva entre pessoas proximas. Esse tipo de construção está sempre passivel de melhoras e expansão,tornado-se um projeto sem fim. Essa lógica se opõe ao raciocinio da arquitetura convencional que projeta anteriormente e determina o fim da obra. O conceito de labirinto entra para definir a segunda relação, em que essa arquitetura começa a formar espaços e modificar a paisagem,baseando-se no estudo do conjunto dos barracos e de seus percursos labirinticos, que provocam essa sensação justamente por não oferecerem a referencia espacial urbana habitual; pois estes caminhos, assim como as moradias estão em constante transformação, tornando os não habituados com o espaço, estrangeiros. Para fazer este percurso é necessário um guia, no caso um morador, porque na favela o percurso define o caminho. Nessa dinamica a relação entre público e privado é estreitada e quase indefinida, diferentemente da cidade formal, onde o espaço entre público e privado são bem delineados e formam barreiras. Na favela, durante o dia, as vielas tornam-se quase continuação das casas, formando um espaço semi- privado, enquanto as casas abrem suas portas e janelas para a viela, formando um espaço de convivencia comum, tornando a casa um lugar semi-público. Por fim o conceito de Rizoma trata da ocupação selvagem dos terrenos pelos agrupamentos de barracos, formando as chamadas comunidades, que acontecem e desenvolvem-se sem necessidade de um planejamento especifico. Pode-se dizer que sua organização é orgânica, como descrito neste trecho: “Os barracos aparecem no meio da cidade, entre seus bairros convencionais, exatamente como a erva que nasce no meio da rua, dos paralelepipedos ou mesmo do asfalto, criando enclaves, micro territórios, dentro de territórios mais vastos” (JACQUES,2011).


Essa improvisação gera alguns problemas quanto a qualidade de vida dessas pessoas, Ferreira (2012,p.30) afirma que “a boa arquitetura tem carater de emancipação e papel fundamental na promoção da qualidade de vida e desenvolvimento humano”. Para o urbanista casas que não oferecem espaço de qualidade para o lazer, estudo e convivio das familias não criam uma situação que estimule o desenvolvimento em todos os seus niveis. Atualmente as praticas arquitetonicas de qualidade em sua grande maioria, ainda restringem-se a projetos pontuais, voltados a instituições e membros da elite. Distanciando-se cada vez mais das periferias e areas necessitadas, como descreve Mendonça (2014). Segundo a autora, os arquitetos passaram a se envolver com a questão de moradia popular apenas no fim do século XIX, mas ainda assim suas ações tem vinculos com instituições de caridade, pesquisas academicas, etc. A iniciativa geralmente surge da propria comunidade, e as intervenções vem de decisões tomadas e executadas por estes multirões que tem interesse na obra, que são dispostos a produzir espaços mesmo sem ajuda de alguém com embasamento técnico, mas com base empirica. Enquanto os arquitetos, que estão dispostos a ajudar na resolução dos problemas gerados por essa falta de planejamento prévio, seguem os conceitos teóricos, esquecendo-se da real funcionalidade que o projeto deve ter de acordo com as necessidades do usuario em questão; agindo como “um reliogioso que prega sua fé” (KAPP, 2012, apud MENDONÇA, 2014, p.20). Decorrente dessa situação, os conflitos entre demandas da população e soluções oferecidas pelo planejamento urbano passam a ser constantes. A imposição de um convencional dentro de um territorio informal, acarreta em espaços impessoais, que não correspondem aos interesses da comunidade, resultando em espaços inutilizados e deteriorados.

“Por que o “Pattern” do bairro é sempre o exemplo a ser seguido em detrimento do inventivo e rico, tanto culturalmente quanto formalmente “pattern” favela? Por que não tentar seguir o “pattern favela”, tentando aprender com sua complexidade e iqueza formal?” (JACQUES, 2011, p.2).

É preciso olhar de forma menos preconceituosa e mais criativa e respeitosa para estes lugares,que o urbanismo convencional não é capaz de criar, mas que é capaz de intervir,procurando melhorar ambientes considerando suas pré-existências. Quando se percebe essas sutilezas,como defende Lesbaupin (2011), o que é degradado tem capacidade de se transformar em algo transcendente de uma beleza singular, como já acontece em alguns lugares pelo mundo. (Ver figura 9)


Figura 9: Positano,Itรกlia.

Fonte: Itally Magazine


2.4 AREAS VERDES PARA A QUALIDADE DE VIDA NAS COMUNIDADES A falta de espaços verdes é uma situação bem comum dentro das cidades no Brasil, a crescente impermeabilização do solo e desmatamento decorrentes da expansão urbana, fazem com que fiquemos cada vez mais longe da natureza e de seus benefícios. Benefícios estes, que incluem desde o controle do microclima e inundações, até áreas de encontro e recreação, contribuindo para saúde física e mental como explica Sanches (2011). Tabela 2: Serviços ambientais das áreas verdes. Fonte: Oliveira,2001 apud Sanches,2011.

Ainda segundo a autora (SANCHES,2011), a reinserção destas áreas verdes no cotidiano das cidades, pode ocorrer através da revitalização de áreas degradadas, que muitas vezes são provenientes de antigas zonas industriais, grandes infraestruturas como ferrovias e galpões de armazenagem. Essas áreas geralmente oferecem algumas restrições de uso por estarem situadas em locais contaminados ou massivamente ocupados de forma irregular, tornando muitas vezes o investimento maior do que o lucro, baixando a atratividade dessas terras. Uma solução para essa situação pode ser a implantação de espaços de caráter público, com funções recreativas e de preservação como produto final, ainda que a maioria das revitalizações e requalificações sejam muito pontuais e sirvam de apoio para outras ações ligadas ao comercio, serviços ou habitação, justamente por agregar valor as mesmas.


Atualmente uma das questões em foco é a implantação dos parques, para auxiliar nos problemas citados acima. Os parques surgiram como elemento urbano de grande importância no final do séc. XVIII na Inglaterra, em função das transformações causadas pela revolução industrial. Mas foi no inicio do século XIX, que as cidades europeias sentiram de forma relevante o impacto negativo causado pela industrialização, pela expansão urbana pela ocupação desordenada que geraram insalubridade e pioras nas condições de vida. Essas condições deram inicio a intervenções e criação de infraestrutura que eram guiadas pelos princípios do movimento higienista, como descreve Maymone (2009). As “grandes áreas ajardinadas” como descreviam os higienistas, geravam ambientes que estimulavam um modo de vida mais saudável a população. Além disso, estes parques eram como um pulmão dentro da malha urbana, melhorando a qualidade do ar e tornando o ambiente aprazível. Figura 10: Parque de La Vilette de Bernard Tschumi.

Fonte: Archdaily, 2011

Mas foi também no inicio do séc. XIX que surgiram os grandes parques contemplativos aliados a alguns ideais democráticos, que cumpriam as demandas de equipamentos para recreação e atividades para o lazer considerando o novo ritmo de vida e trabalho dentro das grandes cidades. Um exemplo mais contemporâneo de parque democrático é o Parque de La Villete em Paris, que foi direcionado para a cultura, servindo de ponto de encontro, apresentando poucos elementos verdes em sua composição, mas que permanece como um grande exemplo de implantação para revitalização urbana (FERREIRA, 2005).


São Paulo vem sofrendo com questões similares as que deram origem aos parques, ou seja, a expansão crescente, o uso indevido do solo, habitações em áreas de risco, além da perca de espaços públicos e empobrecimento das relações sociais dentro das cidades. Claramente as zonas que mais são atingidas são as periferias por reunir todas essas insalubres características. (WHATELY et al., 2008). Em São Paulo assim como nas cidades europeias, os parques tiveram sua fase de pontos de encontro como é o exemplo do parque Tenente Siqueira de Campos (antigo Trianon), depois os remanescentes de florestas e fazendas como o Parque Burle Marx e contemporaneamente vem sendo construídos a fim de cumprir as demandas do seu lugar de inserção. Figura 11 Parque Trianon Figura 12: Parque Burlemarx

Fonte: Degreas,2010.


Ainda segundo os autores os parques são divididos em quatro classificações: • Parques urbanos • Parques de beira de represa • Parques de amortecimento • Parques de contenção na ocupação Os parques urbanos são integrados a malha e apresentam diversas funções até mesmo a de preservação. O segundo caso, os parques de beira de represa são localizados a beira dos afluentes ocupando espaços que estão sendo expostos a prováveis adensamentos irregulares, servindo de requalificação e educação ambiental, sendo comumente chamados de parque linear. Os parques de amortecimento são grandes unidades de conservação e proteção ambiental, impedindo qualquer tentativa de degradação, enquanto os parques de contenção possuem as mesmas finalidades do parque de amortecimento, mas voltadas ao controle de ocupação em grandes densidades. Assim os parques além de prover suporte para a vida, serve como ferramenta de controle expansão e conexão de áreas isoladas. Isso melhora a qualidade de vida do ambiente construído, atuando inclusive no conforto higrotérmico e servindo como área de lazer, encontro e contemplação. Figura 13: Esquema do circulo virtuoso a partir da recuperação das áreas de proteção

Fonte: Sinestesia Urbana,2013.



3- A IMPORTÂNCIA DE ESPAÇOS EDUCATIVOS


3.1 ESTRUTURA FAMILIAR E ACESSO A EDUCAÇÃO A família é a primeira instituição conhecida pelo homem, desde os primórdios pode-se observar que a sociedade organizou-se em torno da família e concedeu-lhe um papel central nas dinâmicas sociais, seja educando ou apoiando, a família é considerada a base para o desenvolvimento do ser humano. Talvez por isso seja geralmente atrelada a sentimentos agradáveis como amor, afeto e respeito, ou citada como fonte de alguns problemas como violência e drogas, quando essa é ausente na formação do individuo. A morfologia e função da família vêm sendo modificadas, influenciadas pelas mudanças culturais ao longo do tempo. A família passou por três períodos distintos (Roudinesco 2003, apud Simões e Hashimoto,2012): 1-A família tradicional, que se baseava na aquisição e asseguramento do patrimônio, aonde os casamentos eram arranjados pela ramificação das famílias e o homem era o chefe da família. 2-Posteriormente o casamento passou a acontecer baseado por laços afetivos e o amor romântico. 3-Por fim a formação contemporânea é baseada no amor e prazer. Existe uma aliança enquanto houver satisfação naquela relação, quando o desejo acaba, acaba também o casamento. Daros et. al (2012) afirmam que além disso, é preciso ressaltar que a hierarquia familiar tradicional não é mais a principal, pois atualmente a sociedade comtempla novos moldes familiares como os monoparentais, famílias homossexuais ou as famílias recompostas. Ainda segundo os autores, dentro dessas mudanças é importante ressaltar duas significativas, a primeira foi o significado da infância; pois na época medieval, essa fase era encarada como imperfeição e a criança era um adulto em processo de “lapidação”, por isso deveria se comportar como tal. E a outra mudança, e talvez a mais significante a nível socioeconômico foi a reinvenção do papel da mulher no âmbito familiar, que aconteceu principalmente após o período de 1950,que foi quando ocorreu o processo de expansão da industrialização em muitos países, este foi um fator primordial para entendermos como a dinâmica nos lares e a ruptura com os moldes tradicionais e patriarcais da família interfeririam diretamente na oferta da educação publica .


Figura 14: Criança trabalhando na produção têxtil, período anterior a revolução industrial– Herança da idade média

Fonte: Historiar,2013.

Segundo Flatch (2006), no Brasil, o modelo tradicional de família era aquele em que o homem trabalhava fora e as mulheres eram responsáveis por zelar pela casa e pelos filhos. A grande diversificação de ramos industriais e avanço tecnológico fizeram com que houvesse uma maior oferta de empregos, assim como o aumento da concorrência. Esses fatores geraram uma situação onde as mulheres tiveram a oportunidade de ser inseridas no mercado de trabalho, muitas delas lutavam pela sobrevivência da família, assumindo uma rotina de assalariadas, por vezes tornando-se inclusive, a principal fonte de renda da casa, dividindo ou até mesmo assumindo o papel do pai. Após essa inserção,

as creches passam a ser uma solução para que as mulheres pudessem participar mais ativamente dessa nova realidade, como uma questão de sobrevivência. Dentro deste cenário acontecia uma grande pressão por parte da classe operaria, para melhorias de condições de trabalho e vida, enquanto os donos das fabricas cediam em alguns aspectos, visando diminuir a força destes movimentos, e controlar a vida de seus funcionários também longe do horário de trabalho. Alguns destes empresários começam a perceber inclusive que as creches são bons investimentos por deixarem as mães mais calmas e consequentemente mais produtivas. Por isso, em suma estes ambientes foram pensados primariamente de acordo com a necessidade e demanda das mulheres, e não como ambiente receptivo e acolhedor visando o desenvolvimento das crianças, o que aumentou o caráter assistencialista das unidades de educação para primeira infância.


Mas mesmo com essas novas atribuições ao cotidiano, e de sua inserção nos diversos setores do mercado de trabalho, a mulher na maior parte das vezes ainda continua a sofrendo sobrecarga nas tarefas domesticas e sendo responsabilizadas pela criação dos filhos, isso faz com que mesmo ocupando cargos importantes suas vida sejam mais restritas a esfera privada, por não ter tempo de usufruir da vida publica. Logo a escola, é um instrumento que contribui muito para a emancipação das mulheres, tanto como lugar para deixar seus filhos, quanto para os próprios estudos (CANOTILHO et. al,2014).

Figura 15:Manchete sobre movimento feminista década de 70

Fonte: Bule Voador,2014.

“Somos aquela que, depois de oito horas de trabalho e quatro horas no transporte público, ainda passa a roupa e nina o bebê. Somos quem vai no posto atrás de remédio e pra agendar consulta pra daqui a cinco meses. Somos quem cria abaixo-assinados para pedir creches. Somos quem denuncia que a vizinha apanha do marido. Somos operárias, empreendedoras, manicures, jornalistas, costureiras, motoristas, advogadas. Somos esposas, mães, irmãs, primas, tias, comadres, vizinhas. Somos maioria. Somos minoria. Pobres, pretas, brancas, periféricas. Migrante, nordestina, baianinha, quilombola, indígena” (NÓS,MULHERES DA PERIFERIA,2015).

Pode-se afirmar que na periferia essa situação de fragilidade social é potencializada pela falta de recursos. A viabilização da educação a essas camadas mais pobres é dificultada, seja pelo “efeito vizinhança”, aonde a cidade dificulta o acesso a escola, ou por problemas relacionados ao âmbito familiar. A ausência de mecanismos que possam fazer uma ruptura deste sistema faz com que este circula gerador de pobreza se repita de geração em geração (SANT’ANNA,2009).


Figura 16: Bailarinas descalรงas no Morro do Adeus- Rio de Janeiro

Fonte: Barreto,2013.


Figura 17: Escola Braamcamp Freire em Lisboa,vencedora do prêmio “Melhores Edificios de 2014” na categoria escolar promovido por Archdaily.

Fonte: Archdaily,2013.


3.2 ARQUITETURA E EDUCAÇÃO "A Educação enquanto formação humana é um esforço indiscutivelmente ético e estético. A Educação enquanto busca de boniteza necessariamente busca a decência do ser”. Paulo Freire

A arquitetura e a educação são questões complexas e pluridimensionais, pois relacionam-se com diversas escalas e sistemas. A escola, ou melhor, o edifício escolar relaciona-se com a escala da cidade, inserido num contexto urbano. Neste caso são priorizadas as relações com entorno, bairro, ruas, acessos e por fim o edifício. A educação relaciona-se com a escala humana e suas relações, situação socioeconômica, necessidades educacionais, programas pedagógicos, relação professor-aluno e questões ambientais das edificações, que devem promover o conforto e interesse dos alunos (ALMEIDA; ROCHA, 2009). A cidade e qualidade arquitetônica do edifício quase nunca são assimiladas como agentes importantíssimos na promoção da educação, mas reduzir a desigualdade escolar urbana pede que exista a articulação dessas duas áreas, para a cidade facilite o acesso à escola e que a escola seja fonte de inspiração e aprendizado. Os contextos urbanos e familiares influenciam diretamente no aprendizado das crianças. Os autores explicam que com o aumento da segregação urbana em meados dos anos 80, aumentou também a segregação de qualificações por bairro, ou seja, bairros carentes tiveram as chances de conviver com pessoas de níveis educacionais mais elevados e melhores qualificações, reduzidas. A diversidade na composição dos bairros fazia com que trocas de experiências acontecessem, apontando que crianças que moram em bairros heterogêneos aprendem melhor do que quando residem em bairros que sejam inteiramente carentes de recursos. Essa situação de homogeneidade estendeu-se também as escolas públicas dificultando a inserção dessas crianças numa sociedade mais democrática, aonde é possível compartilhar, aprender com as diferenças e ter expectativas diferentes sobre o futuro (RIBEIRO; KAZTMAN, 2008). Almeida e Rocha (2009) relatam que o edifício escolar explicita qual é a relação ali empregada entre o sistema pedagógico e os alunos. Os muros e a rigidez da construção que vem sido vistas nas escolas contemporâneas exibem interfaces nada amigáveis e estimulantes. Novamente o início dos anos 80 marcou mudanças significativas, dessa vez, no


cenário escolar público. O aumento das demandas escolares fez com que houvesse e a padronização dos elementos construtivos em favor de fatores econômicos, estes elementos serviam tanto para indústrias quanto para escolas. Portanto os arquitetos poderiam exercer sua criatividade de forma livre desde que respeitassem o padrão dos componentes e as restrições orçamentárias, o que claramente resultou em construções racionalizadas e impessoais. Nas periferias este tipo de construção tornou-se aceitável simplesmente por atender as necessidades básicas quanto à educação de áreas extremamente necessitadas, mas essa implantação sem um padrão considerável de qualidade arquitetônica gerou impactos nas relações das pessoas com o ambiente escolar. “A escola considerada como espaço, deixou de ser caminho da imaginação, para tornar-se lugar de controle a insegurança humana.” (LIMA, 1989, apud ALMEIDA E ROCHA, 2009, p.9). Entender os laços estreitos entre arquitetura e educação proporciona um novo panorama, onde o ambiente escolar pode ser criativo, artístico, livre para formas de expressão e para as descobertas. Um edifício ou território educativo deve buscar ao máximo estimular o indivíduo, ajudando a conscientiza-lo que aprender também é uma forma de inserir-se na sociedade, que a educação quando implantada com padrões de qualidade pode ser uma alavanca socioeconômica e instrumento de mudança.


3.3 EDIFICIOS ESCOLARES E A EDUCAÇÃO INTEGRAL A arquitetura é uma forma de linguagem que está muito ligada à história e à representação do seu tempo. Os edifícios representam ideais, funções e conceitos que constroem a paisagem da cidade. Além disso, como linguagem estética, a arquitetura pode transmitir emoções, expectativas e fantasias. Para exemplificar essa informação podem-se citar as grandes obras da antiguidade, que expressavam seus momentos históricos e o desejo de seu povo, como por exemplo: as construções simétricas da Grécia, que buscavam o equilíbrio e a beleza através da proporção; a monumentalidade das pirâmides egípcias, expressando o desejo pela imortalidade e conhecimento divino; ou a integração com a onipotente e a iluminação vinda dos grandes vitrais góticos (ALMEIDA; ROCHA, 2008). Figura 18 : Paternon

Fonte: Fato Novo,2013.

Figura 19: Piramides Egipicias

Fonte: La Metropole,2010.

Figura 20: Vitrais góticos

Fonte: Aum Magic,2012.

Observando estes aspectos pode-se questionar sobre os espaços concebidos para educação, o que a arquitetura escolar nos diz sobre o momento atual, sobre as inquietações sociais e o método pedagógico. Qual é a mensagem que estes edifícios passam sobre o espirito do nosso tempo?


Os primeiros edifícios escolares no Brasil, vieram com o advento da Republica no século XIX. Anteriormente as escolas funcionavam em ambientes adaptados, geralmente nas casas dos professores. Essas instalações, em sua maioria, eram precárias e atendiam o dobro do número de alunos que o local poderia abrigar. Os ideais republicanos visavam a extinção do analfabetismo, e deram início a construção da rede escolar pública. Essa rede deveria seguir um padrão de soluções lógicas norteadas pelos princípios higienistas e, quando não era possível a criação de um novo edifício, eram adaptados os existentes (MOREIRA, 2000). O ano de 1932 produziu mudanças profundas na educação. Foi neste período que ocorreu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que contava com 26 importantes intelectuais brasileiros e tinha como objetivo implementar educação de qualidade, que contasse com leitura, escrita, ciências físicas e sociais, artes industriais, desenho, educação física, musica e alimentação. Anísio Teixeira, educador, participante do movimento, foi secretário de educação e saúde do governo na Bahia e um dos pioneiros a defender a educação integral, formação essa, que deveria formar homens livres e não dóceis capazes de questionar e serem mais felizes (EDUCAR PARA CRESCER, 2011). Moreira (2000), conta que os ideais dessa época interferiram inclusive no aspecto formal dos edifícios e na localização de sua implantação. A produção arquitetônica dessa época aproximava-se da modernista, as janelas de verticais passaram a ser horizontais, e os ambientes antes inutilizados, como os sótãos, passaram a ser inseridos no ambiente escolar através da impermeabilização adequada. Mas, a tecnologia dessa época não era ainda suficientemente desenvolvida para efetuar tamanhas modificações com eficácia. Isso fez com que em 1949 fosse implantado um convenio para a construção de escolas, que deveria cumprir a lei ratificada em 1946 que estabelecia uma porcentagem mínima para investimentos na área da educação. Este convênio deveria eliminar o déficit de salas de aula até 1954, sendo que, além desta prioridade, as preocupações incluíam pesquisas sobre o rumo da educação e qual seria o ambiente propício para o aprendizado. A partir destes pontos foram propostas algumas resoluções voltadas aos edifícios escolares: • O conjunto arquitetônico deve ser voltado à criança e não ao professor; • O convênio deve resolver no momento a demanda quantitativa, logo, o conjunto deve ter todo o necessário, mas de forma econômica; • O grupo deverá ter seu mobiliário padronizado seguindo a necessidade dos ambientes; • Funcionários têm direito a um conforto simples porem eficiente; • A criação de ambientes é desejável e sempre que possível a natureza deve integrar-se a estes ambientes.


Lima (2011) explica que dois arquitetos destacaram-se dentro da arquitetura escolar paulista, e foram considerados como “modernos”, pois conseguiram implantar em seus projetos a funcionalidade aliada ao estilo arquitetônico de sua época. Destacam-se os períodos em que os arquitetos produziram suas maiores contribuições dentro deste cenário. O primeiro foi Francisco de Paula Ramos de Azevedo de 1890 a 1898 no período da Primeira Republica, e o segundo Hélio Duarte de 1949-1954 junto ao movimento Escola Nova. Segundo a autora (LIMA, 2011), Ramos de Azevedo teve seu escritório contratado para projetar algumas escolas, até hoje icônicas na cidade de São Paulo, entre elas estão a Escola Normal Caetano de Campos, a Escola Modelo da Luz e a Escola Modelo do Brás. O arquiteto possuía a habilidade mesclar o estilo clássico, como a monumentalidade e ornamentação, com aspectos funcionais como boa implantação, aberturas adequadas para ventilação da edificação e adequação do formato dos ambientes de acordo com suas necessidades.

Figura 21: Retrato de Ramos de Azevedo.

Fonte: Bontempo,2015.


Figura 22 :Plantas da Escola Normal da Capital de 1894.

Fonte: Retirado de Lima,2011.


Figura 23: Hélio Duarte

Fonte: FAUUSP,2011.

O segundo foi o arquiteto Hélio Duarte que coordenou o Convênio Escolar, implantado em 1949. Este convênio foi responsável por duplicar o número de escolas dentro do estado de São Paulo, e dentro do prazo de quatro anos o número de escolas implantadas foi de 32 para 71. Essa proposta considerava a escola como um equipamento urbano, capaz de ser um ponto de encontro, fonte de ensino, lazer e ainda um ponto de convergência dos interesses da população. Os volumes foram pensados de modo que o edifício fosse adequado a escala da criança, com ambientes iluminados e integrados a natureza. A partir destes conceitos, o programa destes equipamentos passou a ter blocos com três funções básicas: 1- Ensino: salas de aula, museu, biblioteca e salas de ginastica. Todos com grandes janelas e boa ventilação. 2 - Recreação: geralmente realizada no ginásio, que continha a sala de dramatização e os cinemas. 3 - Administração- composta por direção e assistência ao aluno (LIMA,2011).


Figura 24: Plantas da Escola Pandirá Calógeras,arquiteto Hélio Duarte.

Fonte: Retirado de Lima,2011.


3.4 CEU’s

LINHA DO TEMPO:

Ao longo do tempo, foram criados vários modelos de escolas com educação em tempo integral, todas baseadas nos conceitos de Anísio Teixeira, sendo o CEU o modelo mais recente (Ver linha do tempo). Estes edifícios mobilizaram arquitetos e educadores, em busca de uma solução viável que oferecesse ambientes públicos de qualidade para o desenvolvimento do ser humano (ANELLI, 2004).

Fonte: Elaborada a partir de Delphino,2014.


Segundo Raymundo (2013), os CEU’s foram construídos em meados de 2003, como um espaço para atender crianças, jovens e adultos, como equipamento que busca diminuir a exclusão social por meio de educação, lazer e tecnologia. Estes Centros Unificados de Educação foram planejados com quatro objetivos: 1. Desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, de jovens e adultos, 2. Desenvolvimento da Comunidade, 3. Valorização de Inovações Educacionais e de Formação Continuada, 4. Protagonismo Juvenil Raymundo (2013) descreve que a iniciativa é uma boa ferramenta, e conta que por meio de entrevistas, foram levantados alguns problemas pelos professores, como a indisciplina por parte dos alunos quando estão fora da sala, pois quando estão dentro de suas respectivas salas, eles conseguiam manter maior controle da situação. Por estes motivos os CEU’s não são tão perfeitos quanto aparentam. Mas a autora ressalta que problemas de indisciplina são atrelados a maioria das escolas atuais, em toda parte no Brasil. Além disso o bom funcionamento de uma escola está relacionado não só as instalações físicas mas a todo o sistema de gestão. É preciso entender que esses equipamentos são voltados a educação não formal. Onde o sujeito aprende por meio do convívio, de aulas de dança, de música, assistindo filmes, espetáculos teatrais, fazendo passeios coletivos e através da observação. A proposta é a educação para a cidadania como aponta Silva(2011), não a educação formal e tradicional composta de sala- aluno- professor. A educação apara cidadania aborda o espaço educativo, não só a escola. A educação não- formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo. Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de informação e formação política e sócio cultural é uma meta na educação não formal. Ela preparar os cidadãos, educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc.(GOHN,2006, apud. SILVA,2011,p.10)


O projeto de arquitetura consiste no arranjo de funções através de um sistema de composição entre blocos, que podem se adequar de acordo com o programa de necessidades e característica dos terrenos. E existe também um projeto para os espaços públicos que fazem parte do entorno, para a melhor conexão entre os CEU’s e a cidade. Figura 25: Programa Arquitetonico das unidades CEU

Fonte: Gestão Urbana,São Paulo.


Figura 26: Planejamento dos Espaços Públicos

Fonte: Gestão Urbana,São Paulo.


Figura 27: Domingo no CEU- moradores aproveitam a area de lazer e esportes.

Fonte:PISEAGRAMA.



4- UMA CIDADE VISTA A PARTIR DE SUA MALHA


4.1- O IMPACTO DAS RODOVIAS NO TECIDO URBANO As cidades foram expandindo-se, criando cada vez mais uma organização complexa, desenvolvendo sistemas para seu abastecimento, produzindo infraestruturas para a manutenção da vida. Segundo Silvieira et.al (2007), os percursos são facilitadores de relações e desenvolvem-se de acordo com a evolução urbana. Uma questão ainda sem resposta é como surgem essas rotas, pois ainda não se sabe, se são os percursos que modelam o tecido urbano ou se acontece o inverso. A questão é que essas relações entre percursos, mobilidade e acessibilidade evidenciam frequentemente o conflito que o jogo de interesses entre atores do cenário urbano, causa dentro das cidades. Estes conflitos podem ser observados ao olhar sistema de trafego, a disputa entre carros, bicicletas e pedestres em busca da mobilidade urbana. Grande parte deste problema se deu pelo investimento majoritário no urbanismo rodoviarista, que teve seu inicio em meados de 1950 no governo de Juscelino Kubitschek, e tinha como objetivo a modernização econômica do país. Posteriormente a produção automobilística foi aumentada e a cidade passou então a ser projetada em prol dos automóveis (SILVA; FERREIRA,2008). Ainda segundo os autores, a facilidade de locomoção associada à motorização, fizeram com que diversas áreas da cidade, antes isoladas, fossem conectadas ao perímetro urbano, ultrapassando barreiras naturais como os rios por exemplo. Silveira (2011) conta que este fenômeno contribuiu para a segregação, para o aumento de periferias, tanto de alta renda, que vem se isolando da cidade em condomínios de luxo, quanto a de baixa renda, que são pessoas que vêm sendo empurradas para fora das cidades, a medida que não conseguem manter-se nela de maneira formal pelas falta de condições. A fragmentação do território, favelização, problemas de mobilidade e preservação do meio ambiente, consistem em elementos que compõem o chamado “Caos Urbano” como define o autor (ver figura 1.1 e 1.2). Na observação de um tecido intraurbano, a primeira impressão é pura desordem; um cenário que pode ser visto como “caótico”. Mas quando observamos outros assentamentos urbanos, percebemos uma espécie de reincidência, como uma desordem que se repete. Mas, por outro lado, supostas desordens que se repetem podem não ser desordens, ou conjunto de fatos aleatórios; apresentam, na verdade, ordens implícitas, ou disfarçadas, ocultas, à espera que sejam desvendadas (SOBREIRA,2008 apud. SILVEIRA,2011).


Grafico 1: Em direção ao caos

Fonte: Silveira, 2011.

Gráfico 2: Desenho do Caos.

Fonte: Silveira, 2011.


4.2 SÃO BERNARDO DO CAMPO E SUAS RODOVIAS São Bernardo do Campo está localizada no extremo sul do estado de São Paulo, com quase 800 mil habitantes e mais da metade de seu território em áreas mananciais. Conhecida como a capital do móvel e principalmente a capital do automóvel (ALESP, 2011). Assim, SBC é a quarta maior cidade do Estado de São Paulo e a 22ª do país em população.

Figura 28: Trecho Sul do Rodoanel

Fonte: Vila Mascote,2010.

Aguilar (2010), explica que a sua localização é estratégica por estar entre o porto de Santos e a capital, isso torna uma região privilegiada por ser uma rota de circulação de mercadorias e pessoas. A autora descreve o processo de evolução da cidade a partir de três períodos que foram protagonistas na produção do espaço urbano de São Bernardo, e estes momentos estão ligados diretamente a implantação das Rodovias Anchieta e Imigrantes e do Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas. Em meados de 1940 a 1950 ocorreu a implantação da Rodovia Anchieta, que conecta o planalto a baixada santista. Considerada um elemento estruturador da economia da cidade, com ela vieram também as grandes industrias automobilísticas e o incentivo ao fluxo migratório de trabalhadores de cidades vizinhas em busca de emprego. Os bairros formados por operários foram crescendo e a cidade expandia-se. Já nessa época São Bernardo começou a acumular um déficit habitacional. Estudos assinados pelos arquitetos Hector Arroyo e Flávio Villaça recomendavam a construção de casas populares para comportar essa população. Esse projeto nunca foi construído, o que culminou na expansão gradativa das moradias para as Áreas de Proteção dos Mananciais. A inauguração da rodovia Imigrante foi em 1976, mesmo ano em que a Lei de Proteção


aos Mananciais foi aprovada. Isso fez com que os limites para expansão fossem reduzidos a uma porção da área ao norte da cidade, região essa com tamanho insuficiente para agregar todo o crescimento populacional. Isso piorou ainda mais a situação de ocupações irregulares às margens das áreas protegidas da Billings. Além disso, essa rodovia segregou ainda mais a população localizada no sentido oeste da cidade (ao lado de Diadema) e valorizou os bairros que se encontravam entre a Imigrantes e a Anchieta, os quais até hoje são bem servidos de serviços e equipamentos públicos. Em 1970 houve uma decisão do governo que visava a descentralização industrial da metrópole paulista, como desincentivo a migração entre regiões. Essa decisão foi refletida em 1990, ano em que o Rodoanel foi implantado, e coincidentemente foi o mesmo período em que houve uma abertura do governo às importações. Isso gerou competição entre indústrias nacionais e estrangeiras e culminou no processo de desindustrialização, e em alguns casos readequação de estratégias locais. As indústrias acabaram por transformar seu processo de produção ou vendendo as plantas industriais para o uso comercial e de serviços como aconteceu em São Bernardo, que possui toda sua estrutura econômica voltada ao setor industrial. “Dessa forma, a dinâmica da produção social do espaço urbano se modificou na década de 1990,atrelando-o ainda mais ao deslocamento da capital, pessoas e mercadorias, intensificando o processo de segregação socioespacial”. (AGUILAR, 2010, p.165) Considerando a extensão do território da cidade, e as grandes barreiras que são as rodovias, os bairros acabam ficando “ilhados” e carentes por infraestrutura.

Fatores como surgimento e crescimento de bairros periféricos, desindustrialização, desterritorializaçâo, mudança dos centros de serviço, esvaziamento de antigos centros, abandono de áreas nas quais foram feitos grandes investimentos de infraestrutura pública e, paradoxalmente, o surgimento de bairros longínquos do centro, requisitando novos investimentos em novas infraestruturas, ocasionam desperdícios, ocupações em regiões inapropriadas, que propiciam a conturbação e dispersam o tecido urbano. Isso gera um processo de crescimento, que também está sujeito a transformações espaciais. Tais transformações espaciais podem ocasionar ou não a existência de espaços vazios na malha urbana, podendo gerar a valorização, desvalorização e revalorização de áreas da malha urbana, assim como pode gerar esvaziamento de espaços urbanos (RABELLO DE MELLO,2010).


Os vazios urbanos podem gerar benefícios ou implicações negativas paras as cidades dependendo de suas características. Serão benéficas quando representarem situações que agreguem qualidade ao meio urbano, como áreas verdes, cursos d’agua, porções de terra, desde que estejam livres de qualquer tipo de construção que possa oferecer expansão para a cidade. Por sua vez, os vazios que trazem implicações negativas são aqueles subutilizados como antigas áreas industriais, edifícios e grandes estruturas ferroviárias desativadas (MAGALHÃES, 2002, apud. RABELLO DE MELO, 2010). Figura 29: Modelo de desenvolvimento estrutural das cidades latino americanas- diagrama de Borsdorf.

Fonte: Rabelo de Mello, 2010.

Com base nestes fatos, pode-se afirmar que a cidade foi se desenvolvendo ao longo das rodovias. A paisagem é vítima e fruto dessa dispersão e degradação. São necessárias politicas públicas, tanto para a costurar esse território fragmentado, quanto para conscientizar as pessoas dos espaços produzidos dentro das cidades, oferecendo infraestrutura e conhecimento para que estes ciclos que prejudicam o bom desenvolvimento urbano sejam interrompidos. Além disso, é necessário oferecer alternativas como a educação, que possam ser compensatórias a longo prazo, para as pessoas que foram afetadas por esse processo de distanciamento.


Figura 30 : Principais eixos do sistema viรกrio SBC

Fonte: IBGE/DPE/COPIS Elaborada por PROCEMPA



5- REFERENCIAS PROJETUAIS


5.1- EMEF DESEMBARGADOR AMORIM LIMA Adaptação de um edificio em buca de uma educação democrática.ww O edifício foi concebido em 1956 e fica localizado na Vila Gomes, São Paulo. As aulas seguiam os moldes padrão, salas e séries dividas por idade e desenvolvimento. A partir do ano de 1996 os moldes educacionais começam a ser mudados com a chegada da atual diretora Ana Elisa Siqueira, que percebendo como o sistema atual era ineficaz na tentativa de manter as crianças ligadas a escola, assim muitas delas acabavam abandonando os estudos(AMORIM LIMA,2012).

Figura 31: Assembleia participativa dos alunos Fonte: Faça parte,2011.

Figura 32:Atividades aos finais de semana Fonte: Amorim Lima,2012.

A partir disso a escola começou a implantar uma nova política de aproximação com a comunidade. Todas as cercas e muros são derrubados assim como a hierarquia dos professores e provas sobre os alunos, a participação da comunidade começa a ser efetiva com a abertura da escola aos fins de semana. As atividades pedagógicas são dividas não mais em séries, mas em grupos de crianças de 4 a 5 alunos por roda de discussão. Os conteúdos programáticos envolvem preocupações com meio ambiente e cidadania. Aos finais de semana além das atividades esportivas oferecidas à população, também são feitos mutirões de bordado, costura, artesanato, capoeira etc.. Sempre respeitando a autonomia do aluno e o poder da comunidade.


5.2-JARDIM DE INFANCIA SANTO DOMINGO SAVIO A Arquitetura em função do lugar

Aspectos Funcionais: O projeto fica situado em Medelín na Colômbia, numa encosta rochosa muito íngreme (cerca de 22% de inclinação) na periferia. O uso de dinamite para explodir a rocha e amenizar o declive tinha o custo muito alto e consequentemente inviável por se tratar de uma escola pública. A partir disso foi pensado num projeto em dois níveis com rampas cobertas interligando os dois volumes, com soluções de meio nível. O conjunto é organizado em forma de “cauda” com crianças menores estudando na parte mais baixa, e as maiores no patamar mais alto, onde existe um pátio de convivência linear Figura 33 : Integração da escola com bairro.

Fonte : Plan B Arquitetura.

Aspectos formais: A forma orgânica se dispõem entre os patamares no terreno. Segundo os arquitetos, os módulos são flexíveis e encaixam-se de acordo com a topografia, com cores neutras que se adequam à paisagem. A intenção é de articular-se com o entorno, evitando conflitar ou retirar as construções já existentes.


Figura 34: Plantas e sala de aula.

Fonte : Plan B Arquitetura.


Figura 35: Maquete de Implantação.

Fonte : Plan B arquitetura.


5.3- ESCOLA DE SEGUNDO GRAU EM BURKINA FASO, AFRICA Soluções simples e eficientes A escola secundária em Burkina Faso na África é projeto da Kére Architecture, fruto de um concurso com início de construção em 2011. Aspectos formais: Este foi o projeto vencedor, fica situado na zona rural, onde o acesso a educação é muito difícil. Neste caso o design está intimamente ligado a função. O projeto é um modelo de arquitetura vernacular, tijolos de terra, piso de barro e treliças feitas de barras de ferro comuns soldadas em forma de peças que podem ser montadas pelos próprios moradores, através de um sistema de encaixe. Isto mostra a preocupação do arquiteto com o desenvolvimento urbano, infraestrutura escolar e sustentabilidade. Figura 36: Corte esquemático sustentabilidade

Fonte: Holcim Awards, 2011.

Aspectos funcionais: A região é muito quente no verão, chegando a 35° graus, então o conforto térmico foi garantido pelas aberturas permitidas pelas treliças nos tetos e tubulação subterrânea. Essa medida reduz até 5° nos ambientes internos. Tanto as paredes quanto o teto são de terra compactada e absorvem o calor. A agua é escassa, por isso foram feitos pequenos poços de captação que são responsáveis pela irrigação das arvores e horta recém plantadas, ajudando a criar uma paisagem mais aprazível.


Figura 37: Planta direção dos ventos.

Fonte: Elaborado a partir de Holcim Awards,2011.


5.4- ESTUDO DE CASO CEU PIMENTAS Figura 40: Perpectiva enfatizando a entrada do edifício. Ficha técnica: Arquitetos:Biselli + Katchborian arquitetos Ano: 2010 Área construída: 16000 m² Área do terreno: 30780 m² Endereço: Pimentas São Paulo Brasil Tipo de projeto: Educacional Status:Construído Materialidade: Concreto e Metal Estrutura: Concreto Implantação no terreno: Isolado Fonte: Archdaily,2012.

Aspectos funcionais: Localizado em um terreno plano de uma região carente de equipamentos de lazer e educação, o próprio dimensionamento do estacionamento com poucas vagas demonstra que o publico alvo é a população doa arredores. A cobertura se projeta sobre a entrada, de forma a convidar o pedestre a entrar no edifício. O térreo se encontra no mesmo nível da via, transparecendo a ideia de caminhar numa rua voltada apenas as pessoas. A praça articuladora do programa possui espaços de permanência rebaixados e vazios destinados para as mais diversas atividades. Como o complexo esportivo se encontra na extremidade dessa “via”, assim como o restaurante, o grande público do CEU pode conhecer sua programação e suas funções de maneira natural e confortável. Figura 40: Planta do pavimento térreo e seu programa.

Fonte: Archdaily,2012.


Figura 42: Croqui autoral do partido do projeto.

Fonte: Guerra, 2014.

Aspectos formais: Premiado na categoria arquitetura pela Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA de 2010 e ganhador do “Prêmio Especial Rino Levi”, concedido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil/ SP, e em novembro do “ O Melhor da Arquitetura 2010” da revista Arquitetura e Construção na categoria Edifícios Institucionais o CEU Pimentas dos arquitetos Biselli e Katchborian é uma construção ao mesmo tempo imponente e magnético. O partido arquitetônico se trata de um grande eixo rodeado pelos volumes que abrigam os programas (auditórios, salas de aula, salas multiuso, restaurante, entre outros) unidos por uma grande cobertura de treliças metálicas.


Figura 41:Perspectiva aĂŠrea enfatiza o eixo do projeto com destaque para a cobertura.

Fonte: Archdaily,2012.


Figura 42: Perspectiva aĂŠrea enfatiza o eixo do projeto com destaque para a cobertura.

Fonte: Archdaily,2012.



6- INSERÇÃO URBANA


6.1- INSERÇÃO URBANA O terreno fica situado no município de São Bernardo do Campo, na zona urbana, inserido no bairro dos Alvarengas, as margens de uma rua de ligação com a Rodovia Anchieta. Possui 22.000 m² e fica ao lado de uma grande mancha verde de preservação, fazendo divisa com o bairro Batistini. Tem como ponto de referência o trecho Sul do Rodoanel. Figura 43: Divisão de bairros, São Bernardo do Campo

Fonte: PMSBC/Secretaria de Planejamento Urbano e Acao Regional. Elaboracao: PMSBC/Secretaria de Orcamento e Planejamento Participativo


A área de intervenção está localizada em região periférica de uso predominante residencial, unifamiliar de baixa renda. As construções são em sua maioria irregulares, por ocuparem área manancial, sendo uma região de baixa densidade, circuncidada por pequenos núcleos concentrados de alta densidade. Ao longo do bairro estão distribuídas algumas transportadoras e galpões industriais. Figura: Densidade demográfica por setor censitário, São Bernardo do Campo,2010.

Fonte: IBGE/Censo Demográfico 2010 –Elaboração PMSBC/Secretaria de orçamento e Planejamento Participativo.

Tabela 3: População nas áreas de proteção aos mananciais por bairro.

Fontes: IBGE/Censos Demográficos; PMSBC/Secretaria de Orçamento e Planejamento Participativo (estimativas)


A educação nesta região é muito precária, mais de 50% dos moradores são analfabetos, essa taxa é equivalente as grandes áreas rurais da cidade. A demanda por creche é alta. A falta de escola faz com que as crianças da região percorram longos caminhos por vezes perigosos. Algumas conseguem ser atendidas pelos ônibus da prefeitura que as levam para unidades no centro da cidade. Mesmo essas crianças correm riscos, pois os ônibus escolares dividem espaço com as carretas nos acostamentos da rodovia, que servem como pátio de manobra das transportadoras vizinhas. Isso ocorre em função da proximidade com o Rodoanel Figura: população analfabeta de 15 anos ou mais de idade por setor censitário, São Bernardo do Campo,2010.

Fonte: IBGE/Censo Demográfico 2010 –Elaboração PMSBC/Secretaria de orçamento e Planejamento Participativo.


Figura 46: Incidente em escola do bairro Alvarenga.

A defasagem na educação é diretamente proporcional ao crescimento desordenado. As unidades de educação infantil que foram prometidas foram interrompidas, e as existentes possuem estrutura precária, inclusive quanto as soluções construtivas, o que já acarretou em mortes de crianças por desabamento( Ver figura 46).

Fonte: ABCD Maior,2011. Tabela 4: “Ministério Público investiga a falta de parques no Rodoanel”

O Trecho sul do Rodoanel também foi alvo de discussões e sua implantação aconteceu com base em acordos ambientais com os órgãos responsáveis e moradores. Conforme a figura “x” a maioria deles não foi cumprido, ou seja, a arborização, recuperação dos mananciais, pavimentação de ruas e parques não foram entregues a população e a piora na qualidade de vida foi acentuada(Ver Tabela 4). Fonte: Arte Metro, 2011.



7- PROJETO


PROJETO Area do terreno: 22.000 m² Area construida: 11.752 m²

• Os serviços prestados pelo equipamento são: • Centro de Educação Infantil (CEI) para crianças de zero a três anos • Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) para alunos de quatro a cinco anos • Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) que também oferece Ensino de Jovens e Adultos (EJA) • Auditório com capacidade para 300 pessoas e biblioteca/tele centro. • Área de lazer e esportes com piscinas, quadras e percursos. • Área de educação ambiental, com hortas, pomares e pequenos viveiros com espécies nativas. • Possui capacidade para 900 crianças em período integral. É importante ressaltar que a metade da cidade de São Bernardo esta situada em área manancial, isso faz com que qualquer projeto inserido nessa região respeite as normas de construção e restrições, que conferem um baixo gabarito e grandes áreas permeáveis, como é o caso do projeto. O programa foi baseado no modelo dos CEU’s padrão, mas com a proposta de algumas mudanças, como por exemplo, em relação as quadras. Como foi proposto um parque com ciclovia e quadras em sua extensão a necessidade da quadra aberta foi descartada, optando pela presença apenas do conjunto aquático composto de três piscinas. A outra mudança foi em relação aos edifícios de educação infantil, fazendo com que este ambiente seja mais convidativo para as crianças, que precisam enxergar a escola como a extensão de sua casa. Para isso o bloco em que funciona a CMEI e a EMEB foi pensado com muito cuidado em relação as salas de atividades, brinquedotecas, aos próprios fechamentos da escola inclusive, sempre priorizando a presença da cor e do convívio das crianças com a natureza. O projeto se divide em três blocos principais, que seguem um eixo, de forma a distribuírem-se harmonicamente no terreno com formato triangular, e respeita a topografia acidentada, fazendo com que fosse dividido em platôs de diferentes alturas. A criação de taludes em volta destes platôs foi uma medida tomada para diminuir os gastos com bota-fora, e organizar o funcionamento do centro educacional por níveis. Todos os pátios


abertos de recreação são separados de acordo com as necessidades de cada fase de aprendizado. A concepção é de que as crianças menores fiquem em áreas mais restritas e protegidas de acordo com seu desenvolvimento ,e de acordo com seu crescimento vão se dividindo nos blocos situados em platôs mais altos, em direção a rua. O que tem significado simbólico referente ao nível de desenvolvimento, isso significa que quanto mais se emancipam, mais estarão se preparando para a saída daquela realidade, em direção a uma nova fase de suas vidas. No nível mais baixo, funciona o núcleo de educação infantil, a nível térreo que atende crianças de 6 meses a 3 anos, e o primeiro pavimento crianças de 4 a 6 anos. A intenção foi criar um edifício leve com caráter lúdico que tornasse o ambiente da primeira infância interessante e aprazível. Suas cores foram baseadas em tonalidades usadas nos brinquedos infantis, tomando parte também de seu significado. Azul tranquilidade e concentração. Vermelho vitalidade e agilidade. Laranja Criatividade. O platô intermediário abriga conexões entre os três blocos, assim como o acesso das crianças ao bloco de ensino fundamental e funciona também como pátio aberto. No ultimo nível fica o bloco fundamental e de atividades culturais, biblioteca, salas de informática e auditório. Estes tem um caráter fluido e simplório. O bloco de educação conta com uma grande cobertura que une as salas de aula ao bloco de atividades. As salas estão situadas sentido leste e a proteção é feita por meio de painéis metálicos perfurados. A intenção é que ao contrario das escolas tradicionais que exercem controle através das formas rígidas da edificação, esse modelo de escola exercesse o poder da educação através da transparência, das aberturas, demonstrando que a educação não é intimidadora, mas amigável e transformadora. Foi proposto também um parque linear que oficialize o caminho que os moradores fazem informalmente e sem segurança. Esse caminho liga a comunidade Jardim dos Oliveiras ao terreno em que está situado o projeto, além disso, serviria de contenção para o crescente adensamento da área. A ideia é que seja feito um tratamento neste córrego que desagua diretamente na represa Billings, fornecendo um amparo ambiental. Este projeto busca unir a Arquitetura e a mobilização social, no intuito de valorizar o ser humana e os espaços em que ele habita. Promovendo uma melhora mesmo que pequena na qualidade de vida dessas pessoas e a forma em que elas veem e usufruem da cidade.






IMPLANTAÇÃO CMEI + Quadras e serviço de apoio do bloco fundamental.


CMEI 0 a 4 anos Capacidade: 210 crianรงas


EMEB 4 a 6 anos Capacidade: 110 crianรงas.


ELEVAÇÕES

01

02

03

04


DETALKHE CONSTRUTIVO ESCOLA INFANTIL BRISES E VENTILAÇÃO SL4+ SCREENPANEL



PERSPECTIVAS

IMPLANTAÇÃO


Edificio Fundamental e Audit贸rio

PLANTAS



A intenção foi criar um edifcio totalmente iluminado,com desenho simples e funcional. As salas de aula ficam separadas do bloco de laboratorios ,atividades culturais e refeitório. Essa medida foi tomada para criar esse ambiente sem pontos cegos em que a propria circulação pudesse ser uma area de convivencia entre os alunos. Uma grande cobertura translucida apoiada em treliças metalica dá o fechamento. A laje holedeck seria um experimento por já possuir alveolos em toda sua extensão,fazendo com que todo sistema de iluminação seja encaixado na propria laje,além da melhor ventilação,o que proporcionaria um nivel de qualidade e segurança ao projeto,já que a cidade em que está implantado tem problemas recorrentes ligados a umidade.




CORTE GERAL

CORTE FUNDAMENTAL




8-CONCLUSテグ


8-CONCLUSÃO O Brasil enfrenta grandes problemas relacionados a expansão urbana desordenada, que somada a falta de planejamento agrava o quadro da segregação urbana, contribuindo diretamente para o aumento das desigualdades. Isso é refletido nas cidades, criando situações onde pessoas procuram áreas sem fiscalização para se alojar, sendo muitas vezes áreas frágeis do ponto de vista ambiental, pois morar nos grandes centros é inviável pelo alto custo de vida. A degradação dos recursos naturais é uma consequência dessa situação. O ideal seriam bairros compactos que oferecessem uma gama de serviços em seu entorno, proporcionando um ambiente transitável, onde as tarefas diárias ocupassem menos tempo. Lá a qualidade de vida dos moradores e a sociabilidade entre eles se elevariam, promovendo trocas de experiências e, o mais importante, criando uma rede em que as oportunidades fossem possíveis a todos. Além disso, o urbanismo rodoviarista privilegia os carros em detrimento das pessoas, incentiva o aumento da periferia rica, que se afasta dos grandes centros urbanos em busca de tranquilidade e cria infraestrutura própria para a manutenção da qualidade de vida. Por outro lado, cria barreiras para aqueles que não possuem um veículo motorizado, onde o cidadão, que já é prejudicado pela localização de sua moradia, encontra grandes dificuldades para usufruir da infraestrutura de bairros ou cidades vizinhas. Assim criam-se áreas, onde as pessoas são isoladas e não possuem muitas perspectivas de vida por conviver apenas com a realidade heterogênea da pobreza. São necessárias ferramentas e intervenções que sejam capazes de amenizar este quadro, como a implantação de espaços públicos e comunitários de qualidade, em que o acesso à educação, lazer e cultura sejam facilitados, fazendo com que o cidadão volte a se apropriar do espaço, saindo do isolamento. A educação pode ser aliada nesse processo de emancipação do indivíduo, pois apenas a conscientização e capacitação podem quebrar este ciclo repeti-


tivo. A arquitetura pode ser usada para qualificar estes ambientes de encontro e aprendizado, levando sempre em conta o lugar em que serão implantados. Um grande problema de algumas intervenções arquitetônicas em áreas periféricas é não se levar em conta a arquitetura que pede o lugar, priorizando soluções formais, para um ambiente informal, criando projetos que não incentivam o uso e com tempo ficam subutilizados. Dentro dessas necessidades os Centros Educacionais Unificados (CEUs), ou Centros de Estrutura Urbana como são chamados por seus idealizadores, são uma boa opção de proposta democrática. Baseados nos moldes da Escola Parque, têm em sua concepção, a integração entre arquitetos e educadores, que com o edifício buscam a harmonia entre pedagogia, arquitetura e cidade. Assim, este trabalho atingiu seu objetivo de propor um Centro Educacional Unificado que oferece educação infantil e fundamental em período integral e ensino para adultos no período noturno, com equipamentos de lazer e serviços que proporcionam melhor qualidade de vida, contribuindo com a reestruturação de um bairro periférico carente, através da educação para cidadania e espaços públicos que possibilitem a socialização.


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Imagem da capa: Instituto de Pesquisas Tecnologicas- Exposição Outros Olhares Foto: Inocência/ Fabiana Checchinato Silva


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