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I Apresentação

APRESENTAÇÃO

Preservar os edifícios antigos e suas localidades ilumina o passado, materializam-se partes da história e das memórias urbanas, torna-se possível compreender as primeiras fases de ocupação desse território metropolitano.

A pesquisa realizada em 1977 revelou um acervo diverso que evidencia a presença e a influência de diversos grupos étnicos, de diversos ciclos econômicos vivenciados nessa região, além das expansões e estagnações inerentes à dinâmica urbana.

Ao longo do tempo, o processo social de transmissão das heranças culturais e históricas é abarcado por um processo oficial, que escolhe e regulamenta normativas para a preservação do patrimônio edificado. Em Curitiba, essa preservação se torna parte da política municipal de forma mais efetiva a partir de 1966 com o estabelecimento de diretrizes no Plano Diretor e em 1971 quando delimitado o Setor Histórico de Curitiba.

Nesse contexto, a pesquisa de 1977 é uma das mais aprimoradas e amplas sobre o acervo de edificações antigas da região. Coordenada pelo Arquiteto e Urbanista Cyro

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Corrêa de Oliveira Lyra, a equipe, ampla e multidisciplinar, pesquisou mapas e caminhos antigos, ciclos econômicos, a história oficial e a história oral, percorreu estradas, estradinhas e becos para encontrar, escolher e registrar o acervo cultural a partir de uma base de informações regionais e de peculiaridades locais.

Configurando uma das etapas do PPAC-RMC, a pesquisa se configurou em um inventário com aproximadamente 1150 edificações pesquisadas, localizadas em Curitiba e nos 13 municípios que, à época, configuravam sua Região Metropolitana. Com uma abrangência maior, em Curitiba foram pesquisadas 577 edificações, das quais 363 foram inventariadas em uma etapa de aprofundamento de coleta e sistematização de informações. Essa pesquisa serviu de base para compor a lista constante no Decreto nº 1547/79, que definiu 586 edificações como Unidades de Interesse de Preservação (UIPs).

Na maioria dos municípios da Região Metropolitana, é uma pesquisa única, sem antecedentes, e muitas vezes desconhecida das gestões municipais mais recentes.

As informações ali presentes contribuem de diversas maneiras por meio dos dados históricos e arquitetônicos, das informações das localidades e das fotografias da época, que configuram um retrato importantíssimo desses municípios há quatro décadas, sendo base para pesquisadores, técnicos e gestores.

Para retirar esse acervo documental da prateleira e contribuir com a produção e difusão de conhecimentos sobre esse acervo patrimonial, o projeto cultural se propôs a rever o conteúdo do Plano de Preservação do Acervo Cultural (PPAC-RMC), cujos documentos originais pertencem à Comec. Iniciamos em 2016, com o projeto cultural Patrimônio Edificado de Curitiba: armazenamento digital e sistematização de informações das Unidades de Interesse de Preservação (UIPs), no âmbito da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba; e, seguimos de 2019 a 2022, com o projeto Patrimônio Edificado da Região Metropolitana de Curitiba, amparado na Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Paraná.

Nessa revisão, as etapas executadas se configuraram na pesquisa no acervo

8 PATRIMÔNIO CULTURALDA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA da Comec referente à documentação existente sobre o PPAC-RMC; na sua digitalização integral; na atualização do registro fotográfico de edifícios e lugares inventariados em 1977; e na organização e sistematização, em ambiente digital, das informações pesquisadas, produzidas e digitalizadas. A intenção é que as informações existentes possam ser utilizadas de uma forma ampla e possam se relacionar facilmente com as informações existentes nas instituições gestoras do patrimônio edificado.

Nesse processo, um momento marcou: a realização do encontro com alguns membros da equipe que fez a pesquisa em 1977, os coordenadores Cyro Correia Lyra, José La Pastina Filho, Maria Lucia Vianna Baptista e Janir Simiema, além dos então estagiários, José Tadeu Smolka e Miguel Ostoja Roguski. Ficou evidente que as experiências e recordações daquele trabalho marcaram a vida profissional de cada um.

Para além do trabalho de pesquisa documental e de percorrer os municípios para a atualização fotográfica dos edifícios inventariados em 1977, esse projeto cultural conversou com os gestores municipais para conhecer as ações e políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio cultural local. Também, foram realizadas oficinas de educação patrimonial na maioria dos municípios envolvidos no projeto, com gestores, técnicos, membros de conselhos de cultura e patrimônio cultural, professores.

Para finalizar, foi realizado o seminário Patrimônio Cultural da Região Metropolitana de Curitiba: diálogos presentes, perspectivas futuras, nos dias 08 e 09 de dezembro de 2021, na plataforma virtual Google Meet, com a participação da COMEC, Superintendência do Iphan no Paraná, Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Comunicação e Cultura e de diversos representantes das gestões municipais que participaram mais ativamente do projeto.

O processo de pesquisa e principalmente esses momentos de interação com técnicos e gestores municipais, estaduais e federais evidenciaram a reflexão sobre a tônica metropolitana da preservação do patrimônio cultural, empreendida de modo primordial em 1977 e esquecida durante as décadas que se passaram, mas que agora se apresenta potencial, em função de novos marcos legais, como o Estatuto da Metrópole e da facilidade de estabelecer redes e conexões de gestão e de integração metropolitana, inerentes ao território da Região Metropolitana de Curitiba. Fica aí uma semente e uma base para começar a pensar nas ações.

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O Plano de Preservação do Acervo Cultural da Região Metropolitana de Curitiba (PPAC-RMC) se configurou em uma pesquisa contratada pela Comec e Ipardes que visava produzir conhecimento sobre o acervo edificado que, na Região Metropolitana de 1977, constituísse exemplares expressivos como representantes da arquitetura edificada dos séculos XVIII e XIX por diferentes grupos étnicos.

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