3 minute read

Sala Dr. Wittig

Next Article
Escadaria

Escadaria

Rebatizado para a inauguração do Museu da Histórica da Medicina do Paraná, este cômodo já foi Enfermaria Sant’ana e Sala São José, nomes que continuam na porta de entrada. O processo de restauro deixou evidenciadas as antigas nomenclaturas, o que denota os sucessivos usos diferenciados do espaço ao longo dos anos. Relíquias variadas guardadas com imenso carinho pelo Dr. Ehrenfried Wittig foram comodatadas ao Museu da História da Medicina no Paraná e estão disponíveis ao público neste espaço.

No interior da sala, os visitantes são surpreendidos com um vasto número de equipamentos e instrumentos médicos, inclusive de um pulmão de aço, fundamental para o tratamento da poliomielite na metade do século XX. A sala faz alusão ainda ao ensino da medicina, parceria da Santa Casa e da Associação Médica do Paraná e apresenta palavras-chave que permeiam o trabalho do hospital e são essenciais para a divisão dos objetos expostos, como ‘ensino e pesquisa’, ‘diagnóstico e tratamento’ e ‘assistência e cuidado’.

A sociedade precisa conhecer e homenagear estes ícones e elementos desenvolvedores da medicina, qualquer que seja seu setor, especialidade ou profissão.

“Os médicos mais jovens, evidentemente, não conheceram como foi, como se fazia e conseguia exercer a medicina há 50, 60 ou mais anos. Mas, é importante saber que pessoas promoveram estes avanços, em medicamentos ou aparelhos. Rever, reviver, relembrar, conhecer. Contribuir para as novas gerações entenderem como já foi difícil, muito difícil, árduo, limitado, espinhoso e penoso o exercício da medicina. Restaurar é também trazer à realidade passada, algo que esquecemos ou não tivemos oportunidade de conhecer, de ver, utilizar, ou seja, é um novo prazer cultural”. (Dr. Wittig)

O Dr. Ehrenfried Wittig foi um dos responsáveis por implantar o chamado “Teste do Pezinho” no Paraná. O Dr. Wittig recebeu as principais honrarias concedidas a médicos com atuação no Estado, em reconhecimento ao seu trabalho ético e humanitário. Entre elas, estão o Diploma de Mérito Ético-Profissional, pelos 50 anos de exercício exemplar da atividade, e a Medalha de Lucas – Tributo ao Mérito Médico, comenda instituída pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná, em 1996, e que neste período foi concedida a personalidades médicas de destaque.

Santa Casa no DNA da Associação Médica do Paraná

A Sociedade de Medicina que nascera na Santa Casa de Curitiba, em 1902, tinha uma visão cultural e científica. Em 1933, ela se une a outras duas instituições: a Sociedade Médica dos Hospitais, com vida orgânica e social, defensora dos princípios éticos; e o Sindicato Médico do Paraná, que defendia a classe enquanto trabalhadores de uma sociedade em conflito e transição.

A união fez nascer uma entidade moderna, forte e coesa: a Associação Médica do Paraná (AMP). Assim, visava congregar, defender e amparar a classe médica do Estado, estreitando laços e mantendo a solidariedade entre os seus membros.

O Salão Nobre da Santa Casa foi o cenário da assembleia de fundação da AMP, assim como muitas das reuniões posteriores ocorriam nas dependências do hospital ou na Biblioteca Pública do Paraná.

Além disso, a AMP estimula o respeito da ética profissional e dedica-se na divulgação dos avanços da medicina. Uma finalidade histórica foi o combate veemente ao charlatanismo, ao curandeirismo e ao exercício ilegal da medicina.

Primeira Diretoria da Universidade do Paraná. Da esquerda para direita, sentados:

Nilo Cairo da Silva, Victor Ferreira do Amaral e Silva e Euclides Bevilaqua; em pé: João Barcelos, Manoel Cerqueira

Daltro Filho e Hugo Gutierrez Simas.

Santa Casa de Curitiba e UFPR

Pioneira no atendimento médico em Curitiba, muitos dos profissionais que atuaram na Santa Casa também foram professores na Faculdade de Medicina do Paraná, federalizada em 1951. A cooperação contribuiu para a realização de avanços médicos e formação de milhares de profissionais.

Alguns destaques:

• Dr. Antonio Rodolpho Pereira de Lemos, médico da Santa Casa de 1894 a 1918 e primeiro professor nomeado para a cadeira de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do Paraná;

• Dr. João Evangelista Espíndola, médico da Santa Casa de 1895 a 1930 e diretor do Hospital de Caridade por mais de 20 anos, catedrático da cadeira de Higiene;

• Dr. Victor Ferreira do Amaral e Silva um dos fundadores da Universidade do Paraná, seu primeiro reitor e o primeiro catedrático de Obstetrícia e Ginecologia. Foi médico do Hospital Santa Casa de 1898 a 1930;

• Dr. José Guilherme de Loyola, médico da Santa Casa desde 1901, professor de Clínica Neurológica e Psiquiátrica;

• Dr. Miguel Severo de Santiago, médico do Hospital desde 1902, foi o primeiro catedrático de Anatomia Descritiva;

• Dr. Joaquim Pinto Rebello, médico da Santa Casa por quase 50 anos, desde 1911 e primeiro catedrático de Clínica Cirúrgica Infantil e Ortopedia;

• Dr. Szymon Kossobudzki, médico da Santa Casa de 1913 a 1934, iniciou o ensino da Clínica Cirúrgica, sendo o patrono do ensino da cirurgia no Paraná;

• Dr. João Cândido Ferreira, catedrático que inaugurou o ensino de Clínica Médica na sua enfermaria da Santa Casa, onde trabalhou desde 1913;

• Dr. Francisco Martins Franco, médico do hospital de Caridade desde 1916 e catedrático de Propedêutica Médica;

• Dr. Miguel Isaacson, médico da Santa Casa desde 1923 e chefe das enfermarias Santa Ana e Santa Rosa, na Santa Casa, catedrático de Ginecologia.

This article is from: