Mestre Imaginário - Caderno Final

Page 1

1


2


Mestre Imaginario

3


4


V

Mestre Imaginario Um novo Mestre D’Armas proposto por suas crianças

Universidade Universidade de de Brasília Brasília Faculdade Faculdade de de Arquitetura Arquitetura ee Urbanismo Urbanismo Trabalho Trabalho Final Final de de Graduação Graduação Profa. Profa. Orientadora: Orientadora: Liza Liza Andrade Andrade Aluna: Aluna: Natália Natália Maria Maria Machado Machado Côrtes Côrtes

5


Como protagonistas desta história, gostaria

Todo esse trajeto não seria possível sem o apoio e

de expressar meus sinceros agradecimentos à

carinho de toda minha grande família, tão plural

todas as crianças, principalmente a todas as

e preciosa. Em especial gostaria de celebrar

moradoras da comunidade mestre d’armas. Que

minha mãe, pai e dudu, por acreditarem e apoiarem.

o mundo possa ser tão lindo quando os sonhos

Vocês são meu espelho e fortaleza. Carol, querida

e a imaginação de vocês! Obriagada por me

prima, obrigada por acompanhar de perto mais

ensinaram tanto em tão pouco tempo!

essa trajetória!

O mesmo ao gui e iago, parceiros de trabalho e

Às amigas, companheiras de estrada e irmãs de

presentes pra essa vida! Vocês trouxeram vida

caminhada, moranguinho,

e cor não só para o projeto como para meu

Nine, gingi, joaninha, semi, tatá e amendoim.

coração! Amo vocês e desejo tudo de melhor

Que felicidade! Mais um ciclo se inicia! Que bom

nesse mundo inteirinho pra cada um suas

podermos partilhar mais esta conquista juntas!

famílias tão acolhedoras! Ao meu querido companheiro, que trouxe à Aos mestres educadores andri, aretuza, welton

estajornada cheia de desafios momentos mais

agradeço pelas portas abertas e liberdade de

leves e divertidos!

criação! Atiru e artur! Valeu demais é nois pela força e por compartilhar tantos talentos, esse projeto também não seria possível sem vocês! <3

6


E por fim, às mulheres fortes e guerreiras, que vão à luta por seus sonhos, trabalhando em prol de uma vida mais saudável e inclusiva! Dentre elas, minha orientadora liza, pela dedicação, sabedoria, conhecimento. Que o periféricos possa ir ainda mais longe, e que seja capaz ajudar muitas vidas. Também nayana brettas, pelo acolhimento, o bate papo entre esfirras com sua amiga márcia, o carinho e seu espírito de amor. Obrigada por tantos ensinamentos e inspirações. Que todas as cidades possam brincar livremente! Força para seus projetos, ideias e sonhos!

ÀS MINHAS ANTEPASSADAS, SEMPRE A ME GUIAR! ÀS TODAS AS CRIANÇAS, SUAS HISTÓRIAS E SONHOS, QUE SEMPRE VIVAM! EM ESPECIAL AS QUE FAZEM PARTE DA COMUNIDADE MESTRE D’ARMAS À MINHA QUERIDA FLOR, QUE VIVE E DESABROCHA EM MIM.

7


8


APRESENTAÇÃO O tema deste trabalho de graduação propõem-se a valorizar e promover a participação de crianças e jovens na construção de cidades mais lúdicas e saudáveis, e está sendo desenvolvido no Setor Habitacional Mestre D’armas, localizado em Planaltina, Região Administrativa do Distrito Federal. Construído de forma participativa, o projeto busca compreender como os espaços dedicados ao lazer, arte, educação e cultura podem se tornar agentes contribuintes na reestruturação física e social local, colaborando no conhecimento do território, no empoderamento comunitário, gerando afetivididade e pertencimento da comunidade desde a infância, e assim, tornando-a ativa e consciente de seus direitos.

PALAVRAS-CHAVE Periferia; Criança e Cidade; Urbanismo para Crianças e Jovens; Intervenção Urbana Artística; Processos Participativos; Urbanismo Tático; Mudança social; Mestre D’armas; Planaltina – DF.

9


10


11


SUMaRIO 22

O PROCESSO

40

APRENDENDO COM QUEM JÁ FEZ

12

24

ONDE ESTAMOS?

14

V

INTRODUÇÃO

COMO É O DF?

26

PLANALTINA E O MESTRE D’ARMAS

30

O MESTRE D’ARMAS ATUAL

37

SOBRE O QUE ESTAMOS FALANDO

16

POR QUE O MESTRE D’ARMAS E SUAS CRIANÇAS?

18

COMO O MESTRE IMAGINÁRIO PODE AJUDAR?

20

DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL

62

REDE DE APOIO

64

PESSOAS-CHAVE

66

56

OS CRIADORES DE IDEIAS

68

58

ATIVIDADES POMPÍLIO

70

OFICINA MESTRE D’ARMAS

74

A LENDA DO MESTRE IMAGINÁRIO

78

ATIVIDADES NO JK

84

PROJETO CRIANÇA FALA NA COMUNIDADE

42

JAMAC JARDIM MÍRIAM ARTE CLUB

48

BASURAMA

52

ERÊ LAB LIVROS E INSPIRAÇÕES

60

MÃO NA MASSA!


106

ENTENDENDO O BAIRRO: AONDE ESTÁ A CULTURA?

136

ENTENDENDO O BAIRRO: ASPECTOS FÍSICOS

148

LINGUAGEM DE PADRÕES OS PADRÕES DO MESTRE D’ARMAS

DADOS SOCIO ECONÔMICOS

108

CULTURA PONTO A PONTO

110

QUEM FAZ A CULTURA NO BAIRRO?

132

OS BAIRROS VIZINHOS

138

O QUE ACONTECE NO BAIRRO?

140

CHEIOS E VAZIOS

142

OS CAMINHOS NATURAIS

144

ATÉ ONDE VAI A ESCOLA?

146

150

152

LIGANDO OS PONTOS

153

NUM PASSE DE MÁGICA

NOVO MAPA DO BAIRRO

160

REVISITANDO OS BLOCOS DE CULTURA

162

IMAGINANDO NOVOS CENÁRIOS

168

PRÓXIMOS PASSOS

186

186 REFERÊNCIAS 13


SOBRE O QUE ESTAMOS FALANDO?

14


A Trajetória deste trabalho começa com a seguinte pergunta: QUAL A IMPORTÂNCIA DA CRIANÇA NA CIDADE? As cidades atuais são construídas por adultos e para adultos. Num mundo cada vez mais globalizado, urbano e voltado para a economia, a disputa por terrenos nas cidades cresce constatemente e, em contra partida, são cada vez menores e mais raros os espaços verdes e livres. Dessa maneira, as cidades se preocupam cada vez menos com o bem estar social e priorizam seu espaço às construções e carros. Vivemos em cidades saturadas, sem ambientes de respiro, que incluam diferentes públicos, que se voltem para o lazer e para o encontro com a natureza. É nesse ambiente que muitas crianças urbanas nascem, crescem, se desenvolvem e se tornam adultos. Familiarizados com esta estrutura caótica que lhes oferece pouca vivência de qualidade nos espaços públicos, acabam por criar menos vínculos afetivos com a cidade e se tornam cidadãos menos participativos e engajados, menos preocupados com o meio e com o outro. Buscando contribuir com a contrução de cidades mais acolhedoras e inclusivas, este projeto se dedica ao movimento de redescoberta das crianças dentro das cidades. Como parte da população e futuros cidadãos, a inclusão do olhar da criança na criação da cidade nada mais é do que valorizar e entender como os espaços públicos podem ser mais inclusivos e interessantes para toda a população, fazendo com que, desde cedo, possam se sentir

parte do ambiente e, logo, com que cultivem o afeto e responsabilidade sobre ele. A escola e os espaços de lazer, como os parquinhos, são em geral os ambientes mais frequentados pelos pequenos. Sendo um local dedicado principalmente ao aprendizado, a escola pode funcionar como um espaço valioso para o ensino da pedagogia urbana. Dessa maneira, a escola pode trabalhar com processos que dialoguem e estimulem desde cedo a compreensão dos espaços urbanos, trabalhando a compreensão do território, de suas caracterísiticas, dos potenciais e problemas existentes e assim gerar soluções. Por consequência, estas crianças podem se tornar conhecedora dos espaços, dos seus direitos e deveres sobre eles, se construindo como adultos empoderados de suas cidades.

O Mestre D’Armas é uma região com raízes antigas e atualmente povoada pro muitas crianças. Como a maior parte das periferias, possui alguns problemas como a falta de estrutura, segurança, incentivo ao lazer, entre outras situações que expressam o abandono governamental. Este cenário não só deixa de aproveitar o potencial criativo das crianças ali presentes, como afeta diretamente toda a população.

Vamos agora então imaginar...

Como seria uma cidade mais lúdica, divertida, que agrege e celebre junto? Como é e como seria um Mestre D’armas dos sonhos na visão das crianças? .

Em paralelo, os espaços dedicados ao brincar e ao lazer se somam ao ensino da pedagogia urbana. Sendo a principal atividade infantil, brincar é um momento de lazer e também de experimentação. É nessa atividade onde acontecerão momentos importantes para aprender, explorar, experimentar o mundo e as relações sociais. Segundo LOPES (201?), é através do jogo que a criança compreende o mundo a sua volta, aprende regras, testa habilidades físicas, motoras e linguísticas. Como forma de aprimorar este estudo e aprendizado, foi desenvolvido o Projeto Mestre Imaginário, realizado em parceria com as escolas do bairro Mestre D’Armas, localizado em Planaltina-DF, e que trata da interação entre as crianças e a cidade.

15


POR QUE O MESTRE D’ARMAS E AS CRIANÇAS?

A escolha do local para o desenvolvimento do projeto se justifica por razões pessoais e práticas. Cidade de nascimento da autora, Planaltina é parte da periferia de Brasília, e como outras periferias, possui muitas qualidades e necessidades. A atuação no local retoma suas origens, sua infância, e vem como forma de retribuição de todo o conhecimento profissional e pessoal adquirido ao longo dos anos para contirbuir com lugar aonde cresceu.

16

O tema escolhido pra o trabalho - a visão e a participação infantil no espaços urbanos - se tornou um guia para direcionar o projeto dentro de Planaltina. Ao longo da pesquisa por locais de atuação, despontaram as escolas, pois concentram grande presença de crianças. Entre elas se destacou um caso interessante: duas escolas localizadas numa mesma rua que atendem crianças vindas de lugares variados. Assim, o Condomínio Mestre D’Armas, local das duas escolas, naturalmente se firmou como ponto de apoio para a construção do projeto. Abertas à iniciativa do projeto, as escolas se tornaram o espaço de estudo e aprendizado ao longo de todo este processo e maior porta para o contato com as crianças, os usuários escolhidos.

A razão para dar prosseguimento ao projeto se fortalece devido a constante necessidade em construir cidades mais saudáveis. Para isso, é preciso que profissionais e usuários se envolvam e juntos elaborem ideias melhores, mais completas, que beneficiem a população e os espaços de maneira equilibrada e horizontal. Esta relação forma o tripé profissional-local-usuário. Seguindo esta lógica, se encaixam nos papéis o Bairro Mestre D’Armas-os alunos-a autora.


Uma vez definido o tripé de atuação, chegamos a uma questão chave:

Como envolver as crianças? A resposta é: Por meio da arte!

A capacidade de intervir artisticamente aliada à imaginação das crianças é uma potente forma de reinventar as cidades e retomar o lúdico, que se perde ao longo dos anos. Através da arte, as crianças podem se expressar por si mesmas e, logo, pela cidade, modificando-a de dentro para fora. Acredita-se que a união de intervenções artísticas com a infância possui grande potencial curativo e revitalizante para o povo e para a cidade: a criança inventa a cidade e a cidade cria a criança.

O direcionamento de atividades que incluem o público infanto-juvenil produz, então, uma mescla de benefícios. Primeiramente, a formação singular de cada criança: em estágio de desenvolvimento, e tendo como principal atividade o ato de brincar, as crianças se tornam sementes para a construção e o resgate de cidades pulsantes. Seres ativos e detentores de verdade própria, as crianças contribuem com o espaço que as circundam, colaborando e propondo. O contato delas com ações intervencionistas amplia os conhecimentos, explora a criatividade, gera oportunidades de interação entre criança e cidade e desperta a natureza crítica, ou seja, a ocupação responsável do meio coletivo. Sendo o Mestre D’Armas um bairro repleto de crianças, trabalhar com elas e as incluir nas decisões bairro, pode se tornar uma ferramenta muito poderosa e positiva!

17


COMO O MESTRE MAGINÁRIO PODE AJUDAR?

A escolha do local para o desenvolvimento do projeto se justifica por razões pessoais e práticas. Cidade de nascimento da autora, Planaltina é parte da periferia de Brasília e, como outras periferias, possui muitas qualidades e necessidades. A atuação no local retoma suas origens, sua infância, e vem como forma de retribuição de todo o conhecimento profissional e pessoal adquirido ao longo dos anos para contirbuir com lugar onde cresceu.

18

O tema escolhido pra o trabalho - a visão e a participação infantil no espaços urbanos - se tornou um guia para direcionar o projeto dentro de Planaltina. Ao longo da pesquisa por locais de atuação, despontaram as escolas, pois concentram grande presença de crianças. Entre elas se destacou um caso interessante: duas escolas localizadas numa mesma rua que atendem crianças vindas de lugares variados. Assim, o Condomínio Mestre D’Armas, local das duas escolas, naturalmente se firmou como ponto de apoio para a construção do projeto. Abertas à iniciativa do projeto, as escolas se tornaram um espaço de estudo e aprendizado ao longo de todo este processo e uma maior porta para o contato com as crianças, os usuários escolhidos.

A razão para dar prosseguimento ao projeto se fortalece devido a constante necessidade em construir cidades mais saudáveis. Para isso, é preciso que profissionais e usuários se envolvam e juntos elaborem ideias melhores, mais completas, que beneficiem a população e os espaços de maneira equilibrada e horizontal. Esta relação forma o tripé profissional-local-usuário. Seguindo esta lógica, se encaixam nesses papéis o Bairro Mestre D’Armas-os alunos-a autora (como urbanista).


Uma vez definido o tripé de atuação, chegamos a uma questão chave:

Como envolver as crianças? Por meio da arte!

A capacidade de intervir artisticamente aliada à imaginação das crianças é uma potente forma de reinventar as cidades e retomar o lúdico, que se perde ao longo dos anos. Através da arte, as crianças podem se expressar por si mesmas e, logo, pela cidade, modificando-a de dentro para fora. Acredita-se que a união de intervenções artísticas com a infância possui grande potencial curativo e revitalizante para o povo e para a cidade: a criança inventa a cidade e a cidade cria a criança. O direcionamento de atividades que incluem o público infanto-juvenil produz, então, uma mescla de benefícios. Primeiramente, a formação singular de cada criança: em estágio de desenvolvimento, e tendo como principal atividade o ato de brincar, as crianças se tornam sementes para a construção e o resgate de cidades pulsantes. Seres ativos e detentores de verdade própria, as crianças contribuem com o espaço que as circundam, colaborando e propondo. O contato delas com ações intervencionistas amplia os conhecimentos, explora a criatividade, gera oportunidades de interação entre criança e cidade e desperta a natureza crítica, ou seja, a ocupação responsável do meio coletivo. Sendo o Mestre D’Armas um bairro repleto de crianças, trabalhar com elas e as incluir nas decisões bairro, pode se tornar uma ferramenta muito poderosa e positiva!

19


O PROCESSO Na pรกgina ao lado, temos um diagrama que descreve o processo de desenvolvimento deste projeto. Vamos conferir?

20


21


w

ONDE ESTAMOS? O CONTEXTO DO MESTRE D’ARMAS Para compreendermos melhor o contexto que envolve o Condomínio Mestre D’Armas, iremos observar as características de onde bairro está inserido. Para isso, iremos adentrar as escalas da cidade de Planaltina e do Distrito Federal.

22


TO FEDERAL I R T S I D PLANALTINA E D’ARMA R T S S E M

23


COMO É O DF? Amazônia Caatinga Cerrado Mata Atlântica Pampas Pantanal N

Mapa Biomas do Brasil Fonte: IBGE 2004 com modificações Sem escala

O Distrito Federal está localizado no Planalto Central do Brasil, bem no meio do país e do bioma cerrado. Seu relevo é formado por planaltos, planícies e várzeas.Nestas terras altas, planas e com suaves ondulações, correm rios afluentes muito importantes para o nosso país: Rio Maranhão, Rio Preto, São Bartolomeu e Descoberto. São eles que vão abastecer outros rios, ainda maiores e que ficam em outras partes do Brasil. O Clima por aqui é o tropical sazonal, com dois tipos de estação: a chuvosa e quente entre os meses de outubro e março, quando tudo está bem verdinho, e outra fria e seca entre abril e setembro, quando as árvores estão sem folhas, a grama bem seca e aparecem os ipês floridos colorindo a cidade!

N

Mapa do Distrito Federal Fonte: Codeplan com modificações Sem Escala

Paisagens 24 do cerrado Denho inspirado no Jardim de Maytrea Fonte: Autora

Falando em vegetação, essa se caracteriza por árvores de caule grosso e retorcido, o que as torna bem fortes, resistentes à pouca água, falta de umidade e acidez no solo, características comuns da região.

A região do Planalto Central do Brasil é muito rica e diversa. Segundo NOGUEIRA & FLEISCHER (2014), os povos mais antigos no território do cerrado são os indígenas, como por exemplo os Xavantes, Tapuias, Karajás. Já no Brasil colonial, chegaram os povos negros, quilombolas, gerazeiros, sertanejos. Juntos, formam as populações tradicionais do cerrado. Desde essa época, a área do cerrado vem sendo cada vez mais ocupada e o território de Goiás se torna conhecido pelos portugueses desde o final do século XVI, contudo, não havia uma frequência em sua visitação (SILVA, 2015). Com a construção da nova capital nos anos 1950, muitas pessoas migraram para o centro do país em busca da terra que prometia melhores condições para viver. Contudo, a propaganda de oportunidades em Brasília e as condições de vidas reais eram muito diferentes. Quando chegavam, os retirantes encontravam muitas barreiras, tanto para trabalho’ quanto para moradia. Desvalorizados, estes novos moradores da futura Brasília viam nos


RELEMBRANDO AS CAPITAIS DO BRASIL BRASILIA Retirantes recém chegados em Brasília.

acampamentos periféricos da cidade a única opção possível. Com o tempo, estes acampamentos foram crescendo, outros surgindo, e a periferia de Brasília foi se formando com pouca estrutura e atenção do governo, gerando pobreza e violência. Hoje, o DF tem mais de 3 milhões de habitantes, sendo que menos de 500 mil são moradores de Brasília. Assim podemos observar como é difícil morar no centro da capital, um lugar caro e restrito, que reflete a realidade da cidade com maior desigualdade social do Brasil. Em meio a todas essas dificuldades, não se apagaram o brilho, a beleza e os sonhos das periferias de Brasília. Nelas também florescem alegrias, a cultura popular e muita vontade por uma vida melhor. A criatividade dos moradores, unida ao espírito cominitário é capaz de realizar oportunidades, transformações e continuar nutrindo os sonhos por uma sociedade mais justa e cheia de oportunidades, inclusive para brincar! As crianças de hoje merecem e podem receber um futuro mais justo e promissor! De todas as Regiões administrativas, Planaltina é a mais antiga, acredita!? Essa terra tem muita história para contar, vamos conferir?

1961

O desejo antigo de desenvolver o centro do país e garantir a segurança da capital se torna real, Brasília. A cidade é fruto do projeto que ganhou o concurso para a construção da nova capital. Os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer desenharam o Plano Piloto. Foi construída por pessoas simples vindas de todo lugar, principalmente do nordeste. Chegavam à nova capital em busca de emprego e uma vida melhor.

RIO DE JANEIRO 1763

Com a crescente extração de ouro e diamantes no Sudeste, o porto desta cidade se tornou muito importante. Para proteger as riquezas de roubos e conseguir controlar melhor a colônia, a capital do Brasil é transferida para o RJ. Em 1808, a corte portuguesa se muda para a cidade, comandada por Dom João.

SALVADOR 1549

Foi a primeria capital do Brasil, comandada por Tomé de Souza, português e primeiro governador-geral da colônia. Localizada na região Nordeste, o porto da cidade era estratégico para que fosse possível levar toda a produção de pau-brasil e cana-de-açúcar para Portugal.

25


PAUSA PARA LEITURA... O cartunista Alves nasceu em 1976, na na cidade de Itabira (MG). Autodidata, ele começou a desenhar cartuns, charges, tiras e histórias em quadrinhos no ano de 1993 e não parou mais. Uma de suas obras é o livro Cerrado em quadrinhos, publicado no ano de 2015. Nesta obra, Alves ilustra paisagens, animais e o povo do cerrado, além de resgatar sua importância e destacar que precisamos preserva-lo! Nestas páginas, podemos apreciar algumas destas belas tirinhas

26

Fonte: facebook.com/cerradoemquadrinhos


Fonte: facebook.com/cerradoemquadrinhos

Fonte: facebook.com/cerradoemquadrinhos

Fonte: facebook.com/cerradoemquadrinhos

27


PLANALTINA E O MESTRE D’ARMAS

A aproximadamente 40km de Brasília se encontra Planaltina, a Região Administrativa (RA) VI. A cidadde é considerada a RA mais antiga do DF, com data de fundação oficial em 19 de agosto de 1859 e especulações que chegam a apontar quase 250 anos de sua existência. A atual Planaltina começa a surgir durante a primeira metade do século XVIII, período colonial brasileiro e de forte exploração de minas de ouro e esmeralda por bandeirantes dentro do estado do Goiás, fato que atraiu pessoas e investimentos para a região. Foi necessária então a construção da estrada real para direcionar o escoamento de dízimos territoriais à coroa portuguesa, ainda presente no Brasil. Segundo o Bertran (2011) a rota desta estrada se aproxima das atuais vias que vão em direção à cidade de Alto Paraíso de Goiás. Toda esta movimentação marca os primeiros sinais de povoação do território na atual cidade de Planaltina. A posse de seu território sofreu sucessivas disputas territoriais. Inicialmente pertencente à Vila de Santa Luzia, atual Luziânia, foi posteriormente transferida para o Julgado de Couros, cidade hoje conhecida como Formosa. Até que em 09 de setembro de 1859 a Lei nº03 da Assembléia Provincial de Goiás, que cria o Distrito de Mestre D’armas. Mas tarde, esta data é tomada como o marco oficial da fundação da cidade de Planaltina. O primeiro bairro da cidade levava o nome de Vila Mestre D’armas devido a presença de um ferreiro perito 28 no concerto de armas, que morava às margens do ribeirãov. Este ribeirão é o Rio São Bartolomeu,

e a casa do mestre ferreiro aparemente se localizava próxima ao atual centro histórico da cidade. Com seus serviços, o mestre atraía clientes das redondezas e viajantes que por ali passavam. Aos poucos, o povoado foi crescendo e tomando fama. Estes primeiros registros que relatam a existência do Mestre D’Armas, antecedem o ano de 1773, como pode ser observado no seguinte trecho escrito pelo historiador Paulo Bertran, em seu livro que narra a hitória de ocupação do Planalto Central: “Tratando-se do século XVIII, todo ele ainda com espadas à cinta, não surpreende absolutamente que um professor de esgrima - um mestre d’armas - tenha vivido às margens do ribeirão Mestre D’armas e isso antes de 1773, em que já era citado por esse nome pelo governador José de Almeida.” (BELTRAN, Paulo, 2011, p.369)

Mesmo sendo conhecido pela região e fazendo fama ao lugar, a atibuição da fundação do núcleo é dada à Jose Gomes Rabelo, fazendeiro da região. O peso social da família ainda é notável, há no Setor Tradicional, área mais antiga da cidade, uma avenida batizada com os dois sobrenomes da família.

Com o passar do tempo a Vila Mestre D’armas foi crescendo e ganhando importância. Neste meio tempo o Brasil se torna um país indepente de regime democrático. Em 1917 a pequena Vila em Crescimento é renomeada pela palavra Planaltina, que significa “o coração do planalto central”. Em janeiro de 1922, A Comissão realiza uma expedição pelo território nacional a procura de um lugar para a nova capital do país. Após a passagem e análises da Comissão Cruls por Planaltina, o então presidente da é poca Epitácio Pessoa, baixa o decreto nº 4494, determinando o assentamento da Pedra Fundamental no território da cidade, como forma de lançar o ponto exato aonde se pretendia construir a futura sede política do Brasil.


SETOR HABITACIONAL MESTRE D’ARMAS

PEDRA FUNDAMENTAL

29 Mapa de Localização de Plnalatina em relação à Brasília


Da época antiga, Planaltina conserva algumas tradições e seu centro histórico, permeado por vielas estreitas, casarões centenários e a antiga Igreja São Sebastião. Semelhante às outras cidades periféricas do DF, a expansão de Planaltina se fortificou após o início das obras de Brasília, recebendo aqueles tantos brasileiros que rumavam ao Planalto Central em busca de trabalho e uma vida melhor. Hoje a cidade conta com o maior extensão territórial do DF, são maisde 1500km² que abriga grande diversidade. Detentora da maior concentração de área rural do DF, é um importante polo agropecuário, com números expressivos na produção do quadrilátero. Na cidade, os artesãos oferecem produtos que conservam a memória da região, com destaque para a cerâmica e tapeçaria. As riquezas naturais também fazem parte da região, que abriga a mais importante reserva ambiental da América do Sul, a Estação Ecológica de Águas Emendadas. Dentro os pontos turísticos estão a Lagoa Bonita, Cachoeira do Pipiripau, o Centro Histórico e o Vale do Amanhecer, uma das maiores comunidades místicas do país. No calendário de eventos estão as festas populares tradicionais, como a Festa do Divino, a Folia dos Santos Reis e a importante Via-Sacra, teato céu aberto realizado por artistas locais que chega a receber anualmente cerca de 150 mil pessoas no Morro da Capelinha, local do evento. Mesmo com as problemáticas atuais da cidade, Planaltina guarda um tesouro ainda mais precioso: seu povo e as histórias que carregam há tantas gerações. Aqui mora a beleza e a luta pela melhora desta cidade tão vasta quanto facinante.

30

Pedra Fundamental, instalada em 1922. Igreja de São Sebastião, a “Igrejinha”, em 1975.

Comissão Missão Cruls, em visita ao Planalto Central no fim do século XIX.


Momenta da Festa do Divino, em frente à Igreja Matriz São Sebastião.

Momento da enscenação da Via Sacra, no morro da Capelinha.

Preto Resende e o Teatro Lieta de Ló.

Antônio di Pádua, o “Di”, produtor agrícola do Núcleo Rural Taquara e querido Tio da autora.

Neiva Zelaya, fundadora do Vale do Amanhecer e primeira caminhoneira reconhecida no Brasil.

31 Foto aérea da Estação Ecológica Águas Emendadas.


DAS ATIVIDADES DA CIDADE

AGROPECUÁRIA Planaltina se consagra como grande polo agropecuário do DF. Estão presentes mais do 600 produtores de 30 mil habitantes distribuídos em mais de 1500 km2 de área rural.

Uma breve descrição dinâmica de algumas das atividades que nos ajudam a compreender o potencial da cidade como polo agropecuário e religioso:

Program a de Ass entamen Dirigido to do DF (P AD/DF)

O PAD/D F é o pro de reform g a agrária rama mais bem sucedido do país, com 61 hectares entre Pla naltina e o Paranoá .

32

s de sua e u q a t s e d Dentre os ilho, que m o á t s e produção de crescimento 0% e 2017, obteve 10 7 9 9 1 e d nos is entre os a ta zona 158% ma a es tornando ras região t u o e u q produtiva mesma a m o c is naciona . extensão

Núcle

ara u q a T l o Rura

cultivo e d o l pont pularmente a p i c n i Pr F, a po uara” D o o q de tod hecida “Ta local, a i n m o o c econ a e 10 a t d n a i e d m é movi ma m or ano. u o d geran reais p e d s e milhõ

Den produ tre os prin pimen tos cultiva cipais do tão a soja (180 tona s estão o por a (4,6 milhõ ladas/mês no), es d ), por h o trigo (6,2 e sacas ect to que v are) e o m neladas em te a ndo n racujá, de cre ú scime meros nt expre ssivo o s.


RELIGIOSAS ões Além das tradiç ina cristãs, Planalt a Ordem abriga a Sede d ristã, que Espiritualista C Vale do deu origem ao i fundado Amanhercer, fo a no ano por Neiva Zelay de 1964.

v

Expansão

O Centro místico representa elementos sincréticos de origem afro-brasileira e kadercista, recebendo milhares de visitantes anualmente.

ente O local inicialm u e hoje se e c s re c o s o g li re de bairro tornou um gran xtrapolando de Planaltina, e gosos que os motivos reli opulavam originalmente p a região.

Curiosidade! te apelidada n e m a s o h n ri a C fundadora por Tia Neiva, a nhecer foi do Vale do Ama inhoneira a primeira cam cida mulher reconhe nte no profissionalme Brasil.

Atualm e unidad nte existem 8 e do Val s representa 00 e em t odo o tivas tornan mundo do-o re , c tanto n onhec ido o Bras il com o no exterio r.

33


34 Mapa de Localização do Setor Habitacional Mestre D’armas dentro de Planaltina.


O MESTRE D’ARMAS ATUAL O Setor Habitacional Mestre D’armas se caracteriza como um bairro dentro de Planaltina, e é formado por vários de condomínios. Popularmente chamado de Mestre D’Armas, o local traz o mesmo nome da primeira vila que originou a cidade e carrega os mesmos traços de outras regiões periféricas do Distrito Federal: grande diversidade cultural mesclada com problemas de insegurança, saúde e infraestrutura.

Hoje o Setor está melhor, possui parte do sistema viário completo implantado - asfaltamento, meios-fios e calçadas construídas - e o sistema de captação de águas pluviais instalado. Contudo, ainda carece de equipamentos e serviços básicos, como creches, postos de saúde e segurança, parques e praças, espaços para atividades físicas, construindo um ambiente que promova reuniões sociais, ambientes inclusivos, acessíveis e humanizados.

Com data de surgimento oficial no ano de 1979, o Mestre D’Armas foi fruto da expansão da cidade de Planaltina durante a implantação da capital. Desde o início, o bairro enfrenta problemas estruturais básicos. A posse do terreno em que se encontra, por exemplo, foi um problema que perdurou durante longos anos. O Governo, como proprietário legal, pedia a retirada dos moradores, que por sua vez lutavam pela permanência. Há tempos assentados em condições irregulares no local, foram travas intermináveis disputas judiciais. Apenas em 2009, durante o governo Arruda é que começa o processo de regularização, urbanização e de aplicação de diretrizes urbanísticas no local.

Quanto ao lazer, são poucas ou nenhuma as opções de espaços dedicados à atividades de recreação e descanso. Esta restrição poda o acesso às programas que contribuam com a saúde física e mental em todas as fases do desenvolvimento, tanto individual como coletivo, o que afeta diretamente seu bem-estar. Esta deficiência dificulta a formação de cidadãos interessados, envolvidos e participativos, e logo, que não fomentam dentro de si a valorização e o sentimento de pertencimento ao local onde habitam, pois não criam vínculos afetivos com o espaço. O bom planejamento urbano tem papel fundamental para inverter situações como esta e contribuir na construção de cidades mais inclusivas, seguras e saudáveis para todos os grupos, idades e costumes. Sendo uma comunidade viva e forte, o Mestre D’armas conta com a iniciativa dos próprios moradores para construir a vida cultural local, quebrando barreiras e trazendo força, alegria e esperança para a comunidade.

35 Rua do Condomínio Mestre D’Armas.


Dentro da extensão de todo o Setor Habitacional Mestre D’armas, foi escolhida o Condomínio Mestre D’Armas como área de atuação, localizado na porção nordeste como área de intervenção. A presença de escolas públicas, que concentram a população estudantil infanto-juvenil de todo o setor e das redondezas, juntamente com a proximidade à bacia do Rio São Bartolomeu e de manifestações de cultura e lazer realizadas por iniciativas dos moradores, expuseram esta porção como um campo fértil para a compreensão das condições relativas ao estudo e de atuação participativa.

36

A diversidade de usuários destas instituições as mostram como um canal importante, que consegue alcançar crianças, jovens e adultos residentes no local, em seu entorno e até em outras cidades, atingindo um raio de atuação para além dos limites do bairro. Ademais, as escolas já incentivam seus alunos à produções colaborativas, como por exemplo, oficinas de arte e cultura, organização de festas e eventos, cultivo de hortas, e a utilização de recicláveis como matéria-prima para a produções em benefício das próprias escolas e alunos. Outro fator interessante na área é a própria localização das escolas, que se situam ao longo da mesma rua e são vizinhas de pontos importantes dentro do Condomínio, espaços utilizados para o lazer da comunidade. Dentre eles estão o campo de futebol de terra, uma pequena praça feita pelos moradores, a Praça Carlos Marighela e alguns pontos comerciais com atividades culturais esporádicas. Observando brevemente esta composição, é possível começar a imaginar soluções que aproveitem estes espaços, integrando suas funções e estruturas. Nota-se um potencial da zona como um ponto local dedicado à diversão, arte e cultura.

Outro fator interessante na área é a própria localização das escolas, que se situam ao longo da mesma rua e são vizinhas de pontos importantes dentro do Condomínio, espaços utilizados para o lazer da comunidade. Dentre eles estão o campo de futebol de terra, uma pequena praça feita pelos moradores, a Praça Carlos Marighela e alguns pontos comerciais com atividades culturais esporádicas. Observando brevemente esta composição, é possível começar a imaginar soluções que aproveitem estes espaços, integrando suas funções e estruturas. Nota-se um potencial da zona como um ponto local dedicado à diversão, arte e cultura. Sendo assim, o primeiro contato mais íntimo com o bairro, se deu a partir das escolas, que abriram suas portas para partilhar conhecimento e experiências, que engrandeceram a caminhada deste trabalho e de crescimento pessoal dos participantes. As visitas, caminhadas e conversas pelo bairro, além de todo o processo participativo que viria a se realizar, tornaram possível o mapeamento dos pontos de lazer existentes, que já são utilizados, e dos potenciais, aquele que tem a capacidade de vir a se tornar locais de recreação.


37 Mapa de delimitação da área de intervenção, o Condomínio Mestre D’armas, com indicação da localização das escolas CEF JK e CEd Pompílio.


APRENDENDO COM QUEM JÁ FEZ Para dar dar início a este projeto, nada melhor do que aprender com que já fez! Buscando esse conhecimento, foi realizado um estudo referencial, que consiste em pesquisar e analisar outros projetos já realizados e que possam auxiliar no desenvolvimento do Projeto Mestre Imaginário. Os projetos escolhidos foram eleitos por contribuírem tanto para a inclusão das crianças e dos espaços de brincar dentro de suas cidades cidade, como para a valorização da cultura de comunidades em áreas periféricas.

38


PROJETO CRIANÇA FALA NA COMUNIDADE

TRABALHOS E PROJETOS

JAMAC - JARDIM MIRIAN ARTE CLUB BASURAMA ERÊ LAB

JUEGOS COOPERATIVOS MATERIAL GRÁFICO LIVROS E INSPIRAÇÕES

CASA CADABRA VITOR VIAJA 39


PROJETO CRIANÇA FALA NA COMUNIDADE

NAYANA BRETTAS O interesse desta paulistana pelo universo infantil se inicia ainda nos anos escolares. Após concluir o ensino médio, cursou a graduação em Ciencias Sociais pela PUC/SP e mestrado em Sociologia da Infância pela Universidade do Minho. Atuante em diversos projetos significativos ao tema da criança, fundou 40 a empresa CriaCidade no ano de 2013.

Mapa afetivo do Glicério Fonte: Portal Aprendiz

O bairro Glicério, localizado no centro da capital paulista, sediou entre 2015 e 2016 as ações-piloto do programa São Paulo Carinhosa, que discute o papel das políticas públicas para a primeira infância nas grandes cidades, tornando-se referência por tratar a infância de maneira transversal na gestão pública. As atuações envolveram e articularam mais de dez secretarias municipais, entre elas, Habitação, Verde e Meio Ambiente, Saúde, Educação e Assistência social. Esta metodologia se mostrou capaz de criar uma cidade mais humanizada, sustentável, criativa e brincante, onde a escuta se torna ação, peça ativadora para a rede colaborativa que se articula para trabalhar em prol da comunidade à que está sendo implementada.


Para a implementação da transformação do Glicério, foi traçada a parceria entre o programa e a empresa social CriaCidade, responsável pela inclusão das crianças no processo participativo de projeto de melhoria do bairro. Esta união gerou o “Projeto Criança Fala na Comunidade – Escuta Glicério! ”, que busca formar uma rede integrada por meio da implantação de três eixos de atuação. São eles: A.

Primeiro eixo Intervenção nos espaços

O primeiro passo para o desenvolvimento projetual é voltado para a escuta infantil, onde por meio de brincadeiras e oficinas, foram recolhidos dados referentes as crianças moradoras do local e suas percepções sobre o contexto de onde habitam. Este processo forma os pilares que consolidam todo o projeto, pois expõe a perspectiva dos pequenos, assim como suas considerações positivas e negativas sobre os temas trabalhados. É aí então, que as crianças dão voz a sua imaginação e visão do espaço. A partir destes depoimentos é possível formular o plano de necessidades que guiará as diretrizes de projeto.

B.

Segundo eixo Formação Profissional

Nesta segunda etapa, a atuação se volta principalmente para profissionais da educação, saúde e assistência social. Esta tríade se torna tripé preparado para trabalhar com as crianças e o espaço de maneira consciente, equilibrada e positiva, atingindo os fundamentos necessários para sua formação. As três frentes de trabalho também são responsáveis por identificar a existência e o uso de equipamentos públicos, como escolas, postos de saúde e projetos sociais, informando como atuam, suas condições e necessidades. Essa relação de troca visa estreitar os laços entre profissionais-comunidade-estrutura, sensibilizando os adultos para trabalhar empaticamente pela criança.

C.

Terceiro eixo Formação da Comunidade

Buscando a ampliação de repertório, são realizados encontros quinzenais com a população em questão. A programação cultural oferecida tem por objetivo expor os participantes à diferentes tipos de saberes. Anexo a este eixo, se incluem a formação de famílias e de líderes comunitários, identificando jovens líderes, a demanda dos moradores, e a situação das famílias, com destaque para as mães. Esta etapa é o que consolida todo o processo, pois trabalha com o empoderamento e preparação para atuação pós-projeto, tornando a comunidade mais apta a gerir suas vontades, necessidades, direitos e deveres. Além dos benefícios sociais obtidos, as ações no Glicério resultaram em melhorias na infraestrutura do bairro. Foram instalação de postes de iluminação e lixeiras, e a realização de Viradinhas Culturais.

41


VISITA AO GLICÉRIO Em dezembro de 2017 foi realizada um visita ao coração do Projeto Criança Fala na Comunidade. A atual escola do Glicério está instalada numa antiga delegacia desativada. A presença de grades, paredes grossas e poucas aberturas são algumas das condições que tornam a estrutura da escola pouco convidativa e acolhedora para o público infantil. para o pfoi o palco de atuação e experimentação de todo o programa. A partir do desenvolvimento do projeto, não só a escola, como grande parte do bairro, ganhou palavras de afeto e desenhos imaginados pelos pequenos. Além da alegria trazida pelas cores, Nayana relatou durante o encontro que foram dois anos de ocupação das ruas com bricadeiras e ações comunitárias, de realização de manifestos infantis, e da valorização da cultura brasileira com a presença musical dos comboios percussivos. Todo este processo gerou o livro A Cidade Que Brinca, que relata o processo do projeto com fotos, desenho e a metodologia aplicada, a fim de disseminar a ideia, para que se reproduza em outros lugares.

42

Livro Cidade Que Brinca Fonte: Facebook.com/nayana.brettas

Nayan Brettas passeando pelo Glicério durante a visita. Fonte: Autora


Pátio interno escola do Glicério Fonte: Autora

Fachada de casas no Glicério Fonte: Autora

Comboio percussivo em rua do Glicério. Fonte: Autora

43


Su

Co A Rua44 do GlicĂŠrio Fonte: Livro Cidade Que Brinca


ustentรกvel Criativa Brincante olaborativa Articulada 45 CriaCidade, Projeto Crianรงa Fala. Fotรณgrafa: Sheila Signรกrio.


JAMAC - JARDIM MIRIAN ARTE CLUB

MÔNICA NADOR A artista plástica largou o mundo das galerias e exposições para se mudar para o bairro paulistano periférico Jardim Miriam. Lá, abriu as portas de sua casa para torná-la o centro cultural e comunitário JAMC, oferecendo atividades de capacitação por meio da arte.

46

A artista plástica Mônica Nardor abandonou o mundo das telas e em 2004 abriu as portas de sua casa, localizada no bairro Jardim Miriam, em São Paulo, para construir um centro cultural interativo com os moradores locais. Por meio das atividades ofertadas, o JAMAC abre pontos de conexão com a comunidade. São realizados cafés filosóficos, cinemas e debates, trabalhos em estamparia, encontros mensais que privilegiam a reflexão, a troca de experiências, conhecimentos acerca de temáticas variadas do cotidiano, tratadas sempre por diferentes perspectivas. Para sua realização, conta com a colaboração dos líderes comunitários e a participação de intelectuais e professores da USP e de outras instituições de pesquisa e ensino.

Momentos no JAMAC com os participantes da comunidade.


Em 2011 se realizou a parceria do JAMAC com o Coletivo Contrafilé para a construção do Parque para brincar e pensar. A ideia foi transformar uma área abandonada na comunidade em um território de invenções, com o foco no brincar, tudo feito com parceirias, ajuda das crianças moradoras e suas famílias. A mudança mudou drasticamente a paisagem do lugar. O espaço conta com diversos brinquedos infantis, espaços para cinema, apresentações, composteira, rádio poste e até uma bicielétrica, uma bike que gera energia para a praça com suas pedaladas. Todo o material utilizado nas estruturas é reaproveitado. Já no ano no ano de 2015, o JAMAC entra em parceria com o Projeto Paço da Comunidade. Ministrado por um artista contemporâneo convidado, o projeto de formação em arte resulta em intervenções no bairro ou dentro da instituição. Foram convidadas mulheres da comunidade, que trabalharam desenhos que lembrancem sua infância e raízes. As imagens foram replicadas em tecidos, que se tornaram roupas. Durante a mostra realizada naquele ano, as participantes do projeto desfilaram com as peças produzidas por elas. Além de aproximar os laços comunitários, a intervenção deu ferramentas para que as participantes pudessem prosseguir com o uso da técnica em seus trabalhos, gerando cooperação, renda e independência.

Parque para brincar e pensar - dezembro de 2010

Parque para brincar e pensar - maio de 2011

Outra atividade intitulada como “Paredes Pinturas”, fruto do mestrado de Mônica, tem por objetivo promover processos artísticos em bairros periféricos. Utilizando a Técnica do estêncil, desenhos desenvolvidos pelos próprios moradores se tornam instrumentos artísticos culturais, pinturas superficiais que emergem a comunidade numa ação positiva, requalificando o vínculo do morador com sua casa, entorno e também do caminhante com sua jornada. Estes são alguns dos vários projetos comunitários e empoderadores realizados pelo JAMAC no bairro paulistano Jardim Miriam.

Parque para brincar e pensar - julho de 2011

47


48


Fotos da esqueda para à direita: Café filosófico. Oficina de stêncil com as mães. Desfile das mães com as roupas produzidas. Produção do projeto Paredes Pinturas.

Fotos da esqueda para à direita: Café filosófico. Oficina de stêncil com as mães. Desfile das mães com as roupas produzidas. Produção do projeto Paredes Pinturas.

49


BASURAMA

BASURAMA Fundado em 2001 na cidade de Madrid, o grupo bassurama tem hoje caráter multinacional. Profissionais de diversas nacionalidade se unem para gerar ações críticas positivas quanto ao espaço público e a produção de lixo nas cidades. Possuem sede em SP, e realizaram intervenção artística em Planaltina, no bairro

50

Fotos da produção de lambes realizadas no DF pelo grupo Basurama. Fonte: Basurama.org


No 50º aniversário da cidade de Brasília, o coletivo Basurama celebrou a capital com uma oficina de questionamento da cidade. A atividade intervencionista foi implementada nas cidades do Itapuã, da Estrutural e Planaltina, marginalizadas física e socialmente ao Plano Piloto. Dentro de Planaltina, o bairro Arapoangas foi o local de atuação do projeto. Os objetivos centrais das atividades voltaram-se à vinculação entre a cidade planejada e a cidade informal e periférica, além de compreender as características de Brasília e das cidades satélites. Por meio da atuação de jovens moradores de cada local, foram reutilizadas imagens iconográficas da arquitetura do Plano Piloto para criar uma imagineria pelas novas cidades. O trabalho foi estampado nas ruas dos três locais no formato de lambe, transformando, ocupando e dialogando sobre e para o espaço público.

51


estudos consumo novas formas questio namento pluri

52


Outro projeto de destaque do grupo é conhecido como “Ghost Train Park”. Localizado em Lima no Perú. Neste projeto foram utilizados trilhos de trens abandonados como matéria prima para a construção de percursos, objetos coloridos e interativos. Também foram explorados outros materiais reutilizáveis, como pneus que se transformam numa tela suspensa escalável. Toda a estrutura é voltada para a criação de um momento de sonho e imaginação, um parque urbano público para os pedestres da cidade que explora a criatividade de seus usuários. Este coletivo madrileno centra sua área de estudo e atuação em espaços multidisciplinares que se construam a partir da valorização das zonas pedonais e do reaproveitamento de lixo urbano. Fundado no ano de 2001, tem mais de cem projetos já relizados em quatro continentes. A base de trabalho do conjunto está estabelecida em Madri, e conta com mais duas oficinas permanentes, uma instalada em Bilbao e outra em São Paulo.

53


ERÊ LAB

ERÊ LAB Os arquitetos paulistas Roni Hirsch e Heloisa Paoli trabalham pela produção de espaços infantis urbanos que resgatem as brincadeiras de rua, a cultura e os produtos nacionais e ofereçam segurança tanto às crianças, como à quem as cuida.

54

Esta empresa de criação e desenvolvimento de brinquedos interativos tem o foco voltado para valorização da brasilidade na maneira de brincar, integrando-a ao urbanismo. Através deste trabalho, buscam recuperar e fortalecer o senso de cidadania, para que os caminhantes citadinos – passantes, crianças, pais e filhos - possam participar da cidade. Os produtos são projetados visando o livre brincar, o movimento e o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, levando em conta sua acessibilidade e segurança. Também são considerados nos projetos a locação específica dos brinquedos, o entorno, condições locais e abordagem. A matéria-prima utilizada é preferencialmente brasileira, valorizando o produto nacional. Todos os projetos e produtos seguem atendem aos requisitos da ABNT 16071. Dentre os projetos desenvolvidos, se aproximam à proposta deste estudo os conjuntos “Ah!Lagoas” e “Batata Lab”, implantados no estado de São Paulo, assim como os parques infantis desenvolvidos para as quatro vilas olímpicas do Rio de Janeiro. Adaptados à diferentes motivações e espaços, esses projetos confluem conceitualmente ao trabalharem a apropriação do espaço público de forma lúdica, permitindo o usufruto do espaço público pelas crianças.


apropriação usufruto crianças

55 Fotos de projetos executados pelo coletivo. Fonte: erelab.com.br


JUEGOS COOPERATIVOS FUNDACIÓN BICA

56


COLEÇÃO VICTOR VIAJA IARA SIDENSTRICKER ILUSTRAÇÕES AMINE PORTUGAL

CASA CADABRA BIANCA ANTUNES E SIMONE SAYEGH ILUSTRAÇÕES CAROLINA HERNANDES

57


MÃO NA MASSA! ATIVIDADES PARTICIPATIVAS NAS ESCOLAS A partir dos encontros com a comunidade, parcerias se firmaram e permitiram a realização dos processos participativos. A primeira etapa deste processo aconteceu através da aproximação com as escolas. O projeto foi apresentado para as diretorias e professores de cada instituição, seu programa propunha atividades lúdicas - oficinas e brincadeiras - como forma de escuta dos sonhos e das impressões das crianças sobre a cidade, incentivando o potencial imaginativo e a percepção do território. Todas elas seriam realizadas em sala de aula, com a participação de alunos e professores. Assim, a resposta das escolas se mostrou positiva e aberta à realização do projeto, em momentos diferentes, as duas escolas contribuíram com todo o processo. Nos primeiros meses de trabalho o CEd Pompílio ancorou as atividades, no semestre seguinte, foi a vez do CEF JK. Todas as tapas deste processos serão descritas neste capítulo:

58


DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL REDE DE APOIO PESSOAS CHAVES OS CRIADORES DE IDEIAS POMPÍLIO ATIVIDADES

OFICINA MESTRE D’ARMAS JK 59


DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL Para dar início aos processos participativos foram desenvolvidos materiais de apoio para transmitir as propostas de atividades às escolas. Estão aqui, alguns deste materias:

JOGO DO ABRE-E-FECHA

ZIGUE-ZAGUE DE IDEIAS 60

Fotos do material de apresentação do projeto. Fonte: autora


CARTILHA DE ATIVIDADES

PANFLETO DO PROJETO

61


REDE DE APOIO Inspirado na metodologia do Caso Glicério, foram priorizadas nesta etapa a aproximação e interação com os moradores e trabalhadores locais, assim como a identificação de pontos de destaque para o desenvolvimento do trabalho. A partir desta imersão, foi possível traçar uma rede de apoio, agentes atuantes em áreas diversas e com potencial de ação sobre a comunidade, em especial à infantil. Como exposto por Brettas (2013), a identificação destes agentes permite a articulação de uma rede colaborativa, que integra suas capacidades para trabalhar em prol das crianças, e por consequência, de todo o bairro.

62


63


PESSOAS-CHAVE Dentre toda a rede de apoio que abriu portas para o projeto Mestre Imaginário se destacam Gui e Iago, que participaram de todo o desenvolvimento das oficinas e a equipe de educadores do colégio CEF JK. Vamos conhecê-los?

64

Fotos das pessoas-cheve para o projeto Fonte: autora

IAGO MORADOR E ESTUDANTE DE DIREITO GUI MORADOR E ESTUDANTE DE FILOSOFIA


ADLAVI PROFESSOR

ALINE E ALEXANDRE SUPERVISORES PEDAGÓGICOS

BÁRBARA PROFESSORA 3ºF

ARETUZA

VICE-DIRETORA CEF JK

RAYANE PROFESSORA 5ºB

ANDRI DIRETOR CEF JK

MÍRIAN PROFESSORA 3ºB

65


OS CRIADORES DE IDEIAS

ALUNAS E ALUNOS DO 5ยบ ANO TURMA B PROFESSORA RAYANE

66


ALUNAS E ALUNOS DO 3º ANO TURMA F PROFESSORAS BÁRBARA E DANIELE

ALUNAS E ALUNOS DO 3º ANO TURMA B PROFESSORA MÍRIAN 67


começando as ATIVIDADES NO POMPÍLIO O contato com o professor de artes Jean Fernando abriu portas para o trabalho com os alunos do colégio Pompílio. Formado pela Faculdade de Arte Dulcina de Moraes, o professor aborda o ensino de artes integrando o conteúdo à prática, trazendo formas mais dinâmicas de estudo para os alunos.Além disso, motiva a leitura e a interpretação cênica dos livros, que resultam em novas histórias, apresentações teatrais para a escola e até mesmo rodas de conversas com os autores. Dentre as turmas do professor Jean, as visitas e a as atividades participativas aconteceram na classe do 7º ano E, com alunos entre onze e treze anos de idade. Duas atividades foram realizadas, a primeira teve como objetivo confeccionar mapas afetivos e a segunda uma versão cooperativa do jogo dança das cadeiras:

MAPAS AFETIVOS Por meio de palavras e desenhos, este mapa visa representar os principais locais e percursos percorridos diariamente pelas crianças, expressando suas emoções e sensações ao visita-los. Objetivo central da atividade é que todos possam conhecer e reconhecer os pontos mais importantes do bairro, suas qualidades e defeitos, e, a partir disso, entender a visão da criança sobre o bairro Mestre D’armas de maneira coletiva. Os alunos foram então convidados para compor individualmente dois mapas. O primeiro deveria retratar a caminho real, com os percursos rotineiros e os pontos de destaque em suas trajetórias cotidianas. Já no segundo, foi a vez do caminho dos sonhos, onde poderiam colocar tudo aquilo que imaginavam fazer parte da cidade perfeita.

68

DANÇA DAS CADEIRAS COOPERATIVA Para finalizar o encontro, todos foram convidados a participar da dança das cadeiras cooperativa. Essa brincadeira muito conhecida, tinha uma regra diferente: todos deveriam permanescer sentados!!!

E como se brinca assim?

Como na versão tradicional, as cadeiras são colocadas em círculo, e ao som da música, os participantes começam dar voltas em torno dos assentos. Quando a música se interrompe, todos devem se sentar. A novidade vem agora: a cada rodada, uma cadeira é retirada e ainda sim, todos devem permanescer sentados. O objetivo da brincadeira é, promover a interação e despertar acordos para a divisão coletiva do espaço.


O

CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO grande presença de asfalto, pouca vegetação.

NHO REAL I M A C NTO

SD ED ES

E EM L E

Q UE TA

ESCOLA COMÉRCIO ELEMENTOS NATURAIS BR-020

PONTOS DE REFERÊNCIA comércio, relações afetivas, escolas, igrejas LOCAIS DE MORADIA Por todo o Setor Habitacional Mestre D’Armas, Embrapa, BR-020 LOCOMOÇÃO Pedestres, Transporte Escolar, Transporte Público, Carro Particular POUCO OU NÃO PONTUADOS: LAZER - Campão e campinho, PEC EQUIPAMENTOS URBANOS - postos de saúde, policiais, hospitais, biblioteca...

ANÁLISE DOS MAPAS

PRINCIPAIS ATIVIDADES Viajar, falar outros idiomas como inglês, dançar, vida noturna, consumom de bebidas, atividade sexual. VIDA NO EXTERIOR Vontade de morar em outro país

MENTOS DE E L D

DO

COMIDA LAZER ASFALTO ATIVIDADES COMPLEMENTARES DINHEIRO ESCOLA VEGETAÇÃO

S NHO SO

RIQUEZA E DINHEIRO Associação com a felicidade, poder. Representação de objetos concretos e fantasiosos, como cédulas , tesouros, diamantes.

E

MI N H O

Q UE TA

CONEXÃO DO MUNDO IDEAL COM A COMIDA necessidade básica se torna destaque, desenho por restaurantes fast-food internacionais, doces, industrializados.

O CA

S

A escola aparece como pivô das vivência e experiências dos alunos na infância e adolescência. Aí se releva a importância das escolas e dos caminhos que levam até elas.

DEMANDA POR LAZER Piscina, clube para dança e encontros, parque de diversões, parque ecológico, cinema.

ES

Neste primeiro contato, foi possível perceber como os alunos se relacionam com o espaço urbano e como, ao mesmo tempo, esse meio influencia na percepção e também como o tipo de informação que chega aos jovens do bairro.

CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO Queda na representação de instituições, vegetação, ainda houve grande presença de asfalto

69


O REAL E O SONHO 70

Fotos de mapas afetivos produzidos na oficina. Fonte:Autora


Foto com a turma. Fonte:Autora

71


participando da OFICINA MESTRE D’ARMAS Outra atividade participativa aconteceu devido ao vínculo com as escolas, a entrada no projeto Oficina Mestre D’Armas. Proposto por professores do CEd Pompílio, alunos da UnB e moradores do Mestre D’armas, este trabalho teve como ideia principal a produção de um stop motion (filme feito a partir de uma sequência de fotos) criado, produzido e encenado por crianças do bairro a fim de visibilizar a Praça Carlos Marighela. O convite à participação foi aberto a todos os alunos das duas escolas públicas e estendido para a comunidade. Ao longo das reuniões o grupo trabalhou atividades com o intuito de produzir histórias que retratassem a praça e a Geladeira do Livro. Depois das criações, os participantes escolheram e adaptaram a melhor narrativa para se tornar o roteiro da produção do stop motion. A atuação foi realizada pelas próprias crianças e jovens, os cenários e figurino e maquiagem foram montadas no dia da filmagem, com a ajuda de familiares. Dos frutos obtidos pela oficina, estão o estímulo a produção de textos narrativos, ao hábito da leitura, à geração de debates e o contato com novas tecnologias e ferramentas que possam dar voz aos moradores. Quanto ao ganho social, estão tópicos importantes como o entrosamento comunitário, a ocupação do espaço designado para a Praça Carlos Marighela, a popularização de sua história assim como a do guerrilheiro que batiza o local.

72

JOGO DO ABRE E FECHA A primeira atividade realizada durante a Oficina Mestre D’Armas se chama o jogo do abre e fecha. Utilizando um modelo simples de origami, técnica japonesa de dobradura de papel, o abre e fecha está presente nas brincadeiras populares infantis, e também pode ser conhecido como unha de gato ou come come. O abre e fecha utilizado nesta dinâmica serviu como ferramenta de apoio para retratar o tema das emoções e do espaço. Do lado externo das abas, cores variadas as diferenciavam algumas perguntas. Em roda, o abre e fecha circulou. Enquanto um participante manipulava o brinquedo, o outro escolhia o número de vezes para abrir e fechar, em seguida selecionava uma das cores e descobria a pergunta a ser respondida. Passando a vez, o processo se repetia com a pessoa ao lado até que todos respondesse.

PERGUNTAS E RESPOSTAS A segunda parte da dinâmica proposta também envolveu perguntas, desta vez igual para todos os participantes. Eram elas: 1) Qual o meu maior sonho? 2) O que mais gosto em mim? 3) O que mais gosto no outro? Todos então foram convidados a expressar suas respostas por meio da escrita ou do desenho, mostrando o que sentiam, pensavam ou desejavam quando expostos a cada uma das perguntas. Após concluídas, as respostas foram circuladas aleatoriamente pelo grupo, cada um recebeu uma resposta de outro colega e pode comentar para o grupo os pontos que mais lhe chamaram a atenção, além de tentar adivinhar de quem era a resposta. Os participantes se expressaram indagativos, procurando por respostas que pudessem saciar a curiosidade sobre si e por conhecer melhor o outro. A interação se mostrou positiva, contribuinte para o autoconhecimento dos alunos, ajudando nas descobertas de seus sonhos, objetivos, vontades. Também foi possível perceber alguns traços que delineiam o perfil de cada um, suas facilidades e pré-disposições, sendo elas sociais, emocionais, profissionais.


FAZENDO UM ABRE E FECHA

1 - Dobre as pontas de cima para baixo, formando uma casinha.

3 - Fica um balão.

6 - Fica assim!

9 - Abra, ficando como no passo 6.

2 - Faça igual com as pontas de baixo.

4 - Vire o outro lado.

7 - Dobre no meio formando um retângulo.

5 - Agora repita os passos 1, 2 e 3 do outro lado, dobrando as pontas para o meio.

8 - E de novo, formando um quadrado.

10 - Agora e pinte as abas. 11 - Na parte de trás de cada triângulo (no verso), escreva adjetivos, perguntas ou frases.

12 - Enfie os dedos indicadores e polegares nos “buracos” formados pelos triângulos.

Equipe projeto Oficina Mestre D’Armas, durante gravações do stop motion. Fonte: Autora

13 - Escolha um número de 1 a 10, depois abra e feche o brinquedo conforme o número escolhido. Escolha uma cor e veja o que está escrito atrás dela!!!

73

Passo a passo abre-fecha. Fonte: divertitudo.com.br


MOMENTOS MARIGHELLA 74

Momentos das gravações do stop motion. Fonte: Autora


75


A LENDA DO MESTRE IMAGINÁRIO Há muito, muito tempo atrás, quando o Brasil ainda tinha rei, morava na beira de um vale no coração do Brasil colonial, um Mestre Ferreiro. Dentro de sua cabana, o Mestre Ferreiro trabalhava muito, era muito dedicado à criação e ao concerto de armas, e gostava especialmente das espadas. Gostava tanto, que aprendeu a usa-las, e se tornou também um mestre de esgrima. Era tão talentoso, tão caprichoso, que logo foi ficando famoso! Ficou conhecido e foi sendo procurado, quem precisava de seus serviços chegava com problemas e saía espantado! Diziam de seu trabalho: - “Nossa! Ficou perfeito, melhor do que havia imaginado! Pessoal, só pode ser um mágico!” 76


Assim, a pequena cabana no meio meio do cerrado, virou ponto de referência. Recebia os que vinham de perto e os que vinham de longe, moradores ou viajantes, fazendeiros e até bandeirantes. Acreditam que apareceram até uns animais falantes??? Os visitantes eram de todos os tipos, origens, credos e cores, todos em busca de suas obras fantásticas! Saiam transformados e com sonhos realizados!

77


Com o passar do tempo, muitos dos que iam e vinham visitar aquela área passaram a ficar, e pouco a pouco, se formou um povoado ao redor a cabana do tal mestre das armas. E a medida que crescia em tamanho e em importância, esse povoado foi sendo disputado! Uns diziam: -“Vejam esse povoado que cresceu, este povoado quando nasceu, veio do povo meu!” Outros retrucavam: -“Nananinanão, nada disso! A mais pura verdade é que este povoado é de minha propriedade!”

78


E enquanto muitos disputavam aquela terra tão especial, o mestre das armas contiuava seu trabalho tranquilo, fazendo a arte de transformar minério bruto em ferro fundido. E enquanto manejava, pensava consigo: - “Quanta bobagem! Cada vez que brigam por poder, esquecem a beleza e a magia de observar esta terra que tanto tem a nos oferecer. Não podemos esquecer, um sonho sonhado junto, tem muito muito muuuuuito mais força pra florescer!”

79


O tempo passou, passou. Daquela época será que muita coisa mudou? E será que muita coisa ficou? O que? O que desse Mestre Ferreiro permaneceu? Contam por aí que até hoje ele é um grande mistério! Dele não se conhece nem o rosto nem o nome, fala sério! Guardou-se apenas esta lenda, de que há muito muito tempo existiu um tal Mestre D’armas, o mestre mágico que plantou a semente desse lugar onde hoje vive tanta gente! Imagina só que legal seria se ele voltasse um dia e pudesse contar a verdadeira história de como surgiu esse lugar! Mas peraí... talvez fosse mais fácil se a gente criasse esse novo mestre, o nosso próprio Mestre D’Armas, o nosso MESTRE IMAGINÁRIO!!!

80


E como esse novo mestre seria???

Voltaria em formato de gente? E se fosse uma super mulher? E se de repente variasse pra animal, fruta, ET, um monstro, um ser paranormal? UAUUUUU, seria excelente! Teria uma cabeça, duas, três? Seria de uma cor só, ou de várias pra ser diferente? E se ele trocasse as armas por poderes de super-heróis, quais seriam? E o mais importante: O que ele faria hoje em dia, para transformar de maneira mágica esse bairro que leva o nome do Mestre das antigas? Poderíamos criar um bairro dos sonhos, onde nossa imaginação fosse livre pra criar e transformar! Seria uma ma-ra-vi-lha! Hmmmmmmm... Essa história toda deu vontade de botar a mão na massa! Ei você, vamos brincar de imaginar?? Começamos assim: Um mestre, um bairro e uma vida repleta de mágica...

81


criando ATIVIDADES NO JK 1.A LENDA DO MESTRE IMAGINÁRIO O primeiro encontro no CEF JK realizado dentro de sala de aula aconteceu no dia 25 de abril. Nesta oficina foram trabalhadas a contação de história da Lenda do Mestre Imaginário e a confecção dos Mestre Imaginários pelas crianças. A história, apresentada do início deste caderno, resgata o personagem histórico do Mestre D’armas, um mestre ferreiro que teria sido o primeiro morador das terras aonde hoje se encontra a cidade de Planaltina.Como existem poucos relatos sobre esta pessoa que é tão presente, inclusive no nome do Condomínio Mestre D’armas, a Lenda do Mestre Imaginário busca resgatar o valor histórico do personagem, trabalhando a história local, e adiciona a imaginação e o lúdico, dando a possibilidade da criação de um novo mestre, vindo do passado e cheio de super poderes, capaz de transformar e melhorar o Mestre D’armas. Após ouvirem a história, os alunos se dividiram em grupos para produzir o desenho coletivo de seu Mestre Imaginário. A ideia era que cada um do grupo contribuisse com algo para o desenho, agregando a ele características de todos da equipe. Inicialmente alguns dos agrupos apresentaram dificulades em equilibrar as vontades entre os participantes, respeitar as diferenças de ideias e formas individuais de desenhá-las. Outros optaram por produzir seus próprios desenhos. Com a mediação e a conversa, todos conseguiram superar os desafios e 82 apresentar o desenho dos Mestre Imaginários.

Quase todos desenharam homens, de diferentes formas e cores, contudo, quantos mais novos alunos, maior era a presença de cor e de elementos da natureza, como plantas e animais. Outra caracterísitica foi a prença de armas no desenhos. Quando analizamos as razões, encontramos a presença da violência e de armas na história do personagem, em seu nome, no nome da cidade, e no contexto social local. A ideia para os outros encontros, foi resignificar estas figuras por por novas ideias, valorizando o infantil, a imaginação e o lúdico. Para finalizar, todos apresentaram seus desenhos e participaram do jogo cooperativo “Levantar-se em grupo”, aonde todos se posicionam setados de costas uns para os outros tem o objetivo de levantar juntos, sem colocar as mãos no chão. A brincadeira rendeu muitas risadas e uma ótima finalização de encontro.


83


84


M ES

Nร

TRES IMA GI

RIO S

3ยบB

85


86


M ES

Nร

TRES IMA GI

RIO S

3ยบF

87


M ES

Nร

TRES IMA GI

S

88

RIO

5ยบB


89


2.A CIDADE REAL E A DOS SONHOS O segundo encontro aconteceu no dia 9 de maio, também dentro de sala. Devido a duração destas atividades e o calendário da escola, apenas as turmas do 3º ano F e o 5º ano B participaram destas oficinas. Estas oficinas se iniciaram com a recaptulação do encontro anterior e o início do debate de como é a cidade hoje, e como ela poderia ser. Ao longo da conversa, foram mostradas imagens do livro Cidade que Brinca, aonde Nayana Brettas relata o processo do projeto Criança Fala na Comunidade, desenvolvido no Glicério, bairro central de São Paulo. O objetivo do diálogo era questionar a estrutura da cidade atual descobrindo suas visões e sensações de crianças e jovens dentro dela, assim como fomentar a imaginação para cidades mais divertidas, aonde se sentiriam mais convidados a criar à cuidar dos espaços. O segundo momento do encontro se dividiu em duas etapas. Na primeira os alunos foram convidados a descrever, por meio de desenhos ou palavras, o percurso diário entre a casa e escola, incluindo o meio de transporte utilizado, a paisagem, os pontos de referência, objetos e tudo aquilo que pudesse identificar a rota realizada no dia a dia. Os alunos demonstraram facilidade em realizar esta etapa. Já na segunda etapa, todos foram chamados a imaginar e representar uma cidade dos sonhos, sem limites para a diversão e alegria, feitas de tudo aquilo que desejassem. Em grupo ou individualmente, poderiam descrever e desenhar este lugar dos sonhos. Animados e cheios de ideias, apresentaram diversas propostas, entre elas a cidade de doces, cidade 90 fantasma, e outras com muitos brinquedos e atividades de lazer.


91


3. + LENDA E MURAL DE PALAVRAS 1.Contação da Lenda do Mestre Imaginário

2. Demonstraçãodos Mestre Imaginários já desenhados.

O terceiro encontro foi realizado no dia 16 de maio, no pátio central da escola. A pedido dos professores e diretores, todas as turmas foram convidadas para ouvir a Lenda do Mestre Imaginário. Cada turno - matutino e vespertino - foi dividido em dois grandes grupos, totalizando quatro grupos. Primeiramente foram chamadas ao pátio as turmas do 1º ao 3º ano e logo depois as dos 4º e 5º anos. A escolha foi feita por conta da logística do espaço e número de alunos. A primeira atividade foi realizada com cada um dos grupos, na qual foi lida a Lenda do Mestre Imaginário de forma interativa, instigando-os a imaginar juntamente com a história.

3. Troca de ideias.

Logo depois, foram apresentadas três perguntas aos alunos: 1) O que mais gosto no Mestre D’armas? 2) O que pode melhorar no Mestre D’armas? 3) O que eu quero na minha cidade?

4. Reunião em grupos para a escolha de palavras.

5. Escrita das palavras escolhidas nos cartazes.

92 6. Momento de descontração durante o encontro.

Após uma breve conversa, as turmas das crianças mais novas, ainda no processo de alfabetização, voltaram pras salas de aula para desenhar os mestre imaginários e responder as perguntas com auxílio das professoras. Já as turmas que permanesceram no pátio se dividiram em grupos para debater as questões e escolher três palavras que melhor representassem respostas para cada uma delas. Foram colados na paredes do pátio cartazes com as perguntas e canetões para que pudessem escrever livremente. Ao final, foi possível perceber como as diferentes perguntas trouxeram à tona respostas parecidas, que demonstram o desejo por mais educação, segurança, brincadeiras, respeito... Tudo o que pode fazer uma cidade agradável e alegre.


Resultado de alguns dos cartazes produzidos durante a oficina. Fonte: Autora.

93


4.MAPEAMENTO E PROFISSÕES

Estre encontro foi realizado no dia 06 de junho, com as turmas do 3º ano F e do 5º ano B. e no dia 13 de junho com o 3º ano B.

Após trabalhar o histórico local, construir o personagem do Mestre Imaginário, dialogar sobre a cidade e imaginar cidades dos sonhos, este encontro trouxe a proposta de identificar os pontos e acontecimentos importantes do Condomínio Mestre D’armas e entender qual é a importancia das profissões para a comunidade e para o funcionamento da cidade.

94

Das três turmas, a primeira foi o 5º ano B. Inicialmente a oficina propunha que os alunos observassem as fotos aéreas e o mapa do Mestre D’armas. Diante da dificuldade de entender o mapa e as imagens, iniciou-se a conversa sobre como se faz a leitura de um mapa e da importância de enxergar nosso território por outros ângulos. Também foram apresentados à alguns instrumentos de trabalho de um arquiteto, e assim a conversa fluiu livremente para o assunto das profissões.

Adentrando este tema, os alunos apontaram diversos ofícios e a importe função exercida por cada um deles. No embalo, os mediadores da oficina compartilharam suas experiências como estudantes universitários - de arquitetura e urbanismo, direito e filosofia - e futuros profissionais. As professoras, também dividiram um pouco do que realizam como educadoras. Dentre as profissões mais faladas foram citadas policiais, motoristas, padeiros, professores, artistas, lixeiros... Muitos também apontaram advogados mas tinham dificuldades em definir sua função. Poucos foram os alunos que já compreendiam o papel de arquitetos e urbanistas, nenhum sabia o que era a filosofia, sua função, sendo que muitos nunca haviam ouvido a palavra. Após a conversa produtiva, os mapas e imagens foram colados nas paredes da sala, e alguns ícones e padrões foram desenhados no quadro. Depois, os alunos foram convidados a redesenhar estas imagens em papéis adesivos, e colar as mesmas no mapa, a fim de identificar os espaços, características e atividades mais comuns dentro do Condomínio Mestre D’armas na visão dos alunos.


HORA DA LEITURA!

O trabalho deste mapeamento foi muito importante para entender a visão das crianças e jovens sobre o Mestre D’armas, observando solidariedade para a realização da atividade entre os alunos, que juntos, superaram dificuldades. Também foi muito proveitoso notar que muitos dos desenhos e ícones de estruturas que ainda não existem no Mestre D’armas - como por exemplo biblioteca pública, hospital, museu - não foram desenhados e colados pelas crianças, que por sua vez identificaram sua ausência e expressaram a vontade em ter maior acesso à estes serviços. O tema das profissões foi espontaneamente incluído por meio do diálogo com os alunos, o que promoveu o enriquecemento e a qualidade do debate, tornando a oficina uma das participativas. Dessa maneira, os mediadores refletiram sobre o andamento positivo da atividade e decidiram incluir o item das profissões nos encontros com as outras duas turmas, que também contribuíram e responderam muito bem às atividades.

No dia 13 de junho foi a vez de realizar o mapeamento e a conversa sobre as profissões com a turma do o 3º ano B, que também apresentou resultados muito positivos, similares às outras turmas. Nas próximas páginas, podemos conferir a reunião de todos o ícones identificados nesta oficina e durante as visitas e encontros no Mestre D’armas!

Além da oficina, também foram entregues mais de cem gibis da Turma da Mônica, divididos entre as três turmas participantes do projeto e também doados para o acervo da bilbioteca da escola, aonde todos os alunos podem tem acesso ao material. Os exemplares foram doados da coleção pessoal do mediador e companheiro de projeto Iago, que procurou estimular a leitura e repassar as boas experiências vividas com a companhia dos gibis na infância.

95


96


97


MAPA DE ÍCONES

98 Volumétrica do Maquete Condomínio Mestre D’armas


Ícones são imagens que simbolizam elementos reais, estão ilustrados no mapa ao lago alguns dos pontos importantes do Condomínio Mestre D’armas. Eles foram agrupados por tipos. aonde podemos encontrar: ELEMENTOS NATURAIS Dentro do território do Condomínio Mestre D’armas, existem recursos naturais que sempre fizeram parte deste lugar. Existem também aqueles hábitos e elementos da natureza que vieram com o tempo, de acordo com os costumes da população. Dentre eles, são facilmente encontrados:

Vegetação

Rio

Animais de estimação

INSTITUIÇÕES Procuramos por instituições quando precisamos ter acesso a serviços como saúde, segurança e educação, momentos sagrados, falar com representantes do governo. Todos deveríamos ter acesso bom e gratuito a estes serviços. Quais instituições estão presentes na comunidade? São todas públicas?

Horta Urbana

Escola

TRANSPORTE Para ir de um lugar ao outro as pessoas costumam utilizar algum meio de transporte. Podemos encontrar no mapa alguns locais onde estão mais presentes. São eles:

Bicicletas

Carros

Skate

Ônibus

Geladeira do Livro

Presença de Lixo

Caminhada

Creche

PROBLEMAS Com a vivência diária na comunidade, podemos identificar os locais aonde existem problemas causados pela falta de segurança e maus hábitos como o acúmulo de lixo na rua. Podemos observar alguns destes pontos no mapa.

ATIVIDADES CULTURAIS E DE LAZER La vel. Atualmente, existem poucos lugares no bairro que oferecem atividades voltadas para a diversão. Podemos encontrá-los no mapa?

Futebol

Igreja

Academia Comunitária

Perigo

ATIVIDADES ECONÔMICAS São todas as atividades que podem ajudar a abastecer as necessidades dos moradores. Procuramo, por exemplo, por comida, materiais, roupas...

Praça

Comércio

99


5.CONFECÇÃO DE MAQUETES

Estre encontro foi realizado no dia 06 de junho, com as turmas do 3º ano F e do 5º ano B. e no dia 13 de junho com o 3º ano B.

Após trabalhar o histórico local, construir o personagem do Mestre Imaginário, dialogar sobre a cidade e imaginar cidades dos sonhos, este encontro trouxe a proposta de identificar os pontos e acontecimentos importantes do Condomínio Mestre D’armas e entender qual é a importancia das profissões para a comunidade e para o funcionamento da cidade.

Das três turmas, a primeira foi o 5º ano B. Inicialmente a oficina propunha que os alunos observassem as fotos aéreas e o mapa do Mestre D’armas. Diante da dificuldade de entender o mapa e as imagens, iniciou-se a conversa sobre como se faz a leitura de um mapa e da importância de enxergar nosso território por outros ângulos. Também foram apresentados à alguns instrumentos de trabalho de um arquiteto, e assim a conversa fluiu livremente para o assunto das profissões.

100

Estre encontro foi realizado no dia 06 de junho, com as turmas do 3º ano F e do 5º ano B. e no dia 13 de junho com o 3º ano B.

Após trabalhar o histórico local, construir o personagem do Mestre Imaginário, dialogar sobre a cidade e imaginar cidades dos sonhos, este encontro trouxe a proposta de identificar os pontos e acontecimentos importantes do Condomínio Mestre D’armas e entender qual é a importancia das profissões para a comunidade e para o funcionamento da cidade. Das três turmas, a primeira foi o 5º ano B. Inicialmente a oficina propunha que os alunos observassem as fotos aéreas e o mapa do Mestre D’armas. Diante da dificuldade de entender o mapa e as imagens, iniciou-se a conversa sobre como se faz a leitura de um mapa e da importância de enxergar nosso território por outros ângulos. Também foram apresentados à alguns instrumentos de trabalho de um arquiteto, e assim a conversa fluiu livremente para o assunto das profissões.


101


RELENDO OS MAPAS

MAQUETE DE ESTUDO DA ร REA DA RESERVA 5ยบB 102

REUNINDO AS MAQUETES


MAQUETE CAMPÃO 3ºB

MAQUETE PRAÇA CARLOS MARIGHELLA 3ºF

103


ENTENDENDO O BAIRRO AONDE ESTÁ A CULTURA? Conhecer as características, costumes e hábitos dos moradores e usuários do Condomínio Mestre D’armas é entender parte de sua cultura e como ela acontece. Uma vez que este entendimento acontece, é possível notar os espaços mais propícios para que esta cultura possa ganhar força e gerar mais vida dentro do bairro. Dentro deste capítulo, estudaremos os dados socioeconômicos da população e descobrir quais são os pontos de cultura dentro do bairro: 104


DADOS SOCIOECONÔMICOS

CULTURA PONTO A PONTO

QUEM FAZ CULTURA NO BAIRRO? 105


DADOS SOCIOECONÔMICOS 189.412 habitantes em Planaltina 33.000 no Setor Habitacional Mestre D’armas Título do Gráfico

< 3 Anos 3-6 anos 14% 5%

6-15 anos 20%

15 - 21 anos 5%

21 - 60 anos 5%

Grupos infantis por idade

2011

Faixa etária da população do Mestre D’armas

2013

Grupos de idade

2015 170000 170000

> 60 anos 5%

175000 175000

180000 180000

185000 185000

190000 190000

195000 195000

Taxa média geométrica de crescimento anual (TMGCA): 1,08%

Crescimento populacional

até 14 anos 15 a 24 anos

Grupos de idade infantil 0 a 4 anos 5 a 6 anos 7 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 18 anos

25 a 39 anos

51%

40 a 59 anos acima de 60 anos

Outros grupos de idade até 14 anos 15 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos acima de 60

49% 106

População do Mestre D’Armas segundo o sexo

0 a 4 anos

Grupos de idade do Mestre D’Armas

5 a 6 anos

7 a 9 anos

10 a 14 anos

15 a 18 anos


Principais estados quanto a origem dos moradores de Planaltina (PDAD 2015) Distrito Federal 52,42 hab/ha

Mestre D’armas 92 hab/ha

Densidade populacional

MA PI

BA

Dados da renda familiar dos moradores

GO MG

53 %

12 %

Planaltina

Mestre D’armas

Famílias com até 2 salários mínimos

107


CULTURA PONTO A PONTO OS PONTOS DE CULTURA E LAZER IDENTIFICADOS O processo de mapeamento dos pontos de lazer e cultura desencadeou uma série de descobertas pelo Condomínio. As pessoas e seu hábitos cotidianos, o relacionamento que constrõem com o espaço e como este mesmo espaço interferem nelas, de maneiras e em que lugares onde emergem as vozes da comunidade. O funcionamento prático e esturural local se expressam neste movimentos, sendo ao mesmo tempo relflexo e parte integrante do contexto local. A princípio foram identificados quatro pontos de lazer: A praça feita pelos próprios moradores e o campão, ambos localizados na rua de entrada e as escolas CEF JK e CEd Pompílio, que se encontram em pontos distintos ao longo da mema rua. Este estudo inicial e intuitivo permitiu o reconhecimento de dois eixos principais, perpediculares e capazes de interligar e irrigar o Condomínio com atividades de arte, lazer e conhecimento, criando um corredor cultural com as principais atividades desenvolvidas nos quatro locais apontados. Podemos observar o primeiro mapa esquemático feito com base nestas ideias:

Este primeiro desenho do caminho deu início ao processo cíclico de trabalho com as escolas, a identificação de novos pontos de lazer e a construção de propostas para um Mestre D’armas baseado na imaginação, sonhos e costumes das crianças e jovens da comunidade. Ao longo dos processos participativos realizados dentro e fora de sala de aula, foram identificados mais sete pontos principais, somando nove pontos lazer que se dividem entre os existentes e os que tem potencial para vir ser. No mapa da página ao lado, estão enumerados todos estes pontos, de maneira interligada, para que seja possível a visualização do caminho cultural, base para as futuras propostas para o bairro. Os pontos foram enumerados por ordem de localização, no sentido de trajeto que é utilizado com maior frequência. Sendo assim, o primeiro ponto se localiza na entrada do Condomínio e o último próximo à área da reserva. Para aprofundar a compreensão e o estudo deste corredor cultural, cada ponto será detalhado individualmente, ressaltando as principais caracterísiticas que os compõem.

LEGENDA PONTOS DE CULTURA

1

Lote de Entrada

2

“Praça feita à mão”

3

Campão

4

CEd Pompílio

5

CEF JK

6

Beco dos Proletas

7

Praça Carlos Marighela

8

Uma nova praça?

9

Entrada para a reserva

CORES DOS PONTOS: Existente e usado RUAS POTENCIAIS PARA IMPLANTAÇÃO DO CORREDOR CULTURAL

108

ÁREA DE LIGAÇAO ENTRE AS ESCOLAS

CEF JK

CAMPO DE FUTEBOL

CEF POMPÍLIO MARQUES DE SOUZA

PRAÇA FEITA POR MORADORES

Primeiro Mapa dos Pontos de Cultura e Lazer

Existente e pouco usado Potencial para existir Esquema percurso de enumeração dos pontos


109 Mapa de localização e conexão entre os pontos de cultura e lazer.


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

1

LOTE DE ENTRADA O primeiro terreno da rua de entrada do Mestre D’Armas é grande e aberto, porém está praticamente vazio e desocupado. Atualmente nele existe uma borracharia e há pouco tempo, foi adicionado um Ponto de Encontro Comunitário (PEC), oferecendo que oferece uma opção rasa para a prática de esporte no bairro. Ali também existe uma área de oiso pavimentado, que abre opções para a construção de uma quadra de esportes, por exemplo. Sem estrutura segue inutilizada. Antigamente, havia um posto da polícia militar neste espaço, contudo que foi desativado. Assim, o lote tem potencial para abrigar espaços interativos na entrada da cidade, tornado a entrada do bairro convidativa e interativa.

110


1

Foto da primeira vista do lote de entrada.

111


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

2

2

112

“PRAÇA FEITA À MÃO” Seguindo adiante, logo após o lote de entrada, está uma pequena praça construída pelos moradores. Iremos chama-la de “Praça Feita à Mão”. Ela se abriga em baixo das árvores e oferece alguns mobiliários artesanais para promover o encontro e o aconchego dos visitantes. É um bom local para descansar da caminhada sem proteção, próximo às casas e comércio, é permeado pelo cerrado e se encontra entre os pontos de lazer 1, 3 e 4, o que configura a Praça Feita à Mão como um espaço importante e interessante para o desenho do corredor cultural.


2

113 Fotos da “Praça Feita à Mão”.


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

3

114

“CAMPÃO” Localizado em frente ao colégio Pompílio, e no outro extremo ao lote de entrada, o Campão concentra as atividades esportivas e de futebol do bairro. Construído pela população, é uma área em terra solta, desmatada, e sem infraestrura. Este ponto é referência para a comunidade e crianças, identificado como um dos principais estar presente no imaginário que identifica os pontos principais do local, o campinho se torna uma área com grande potencial recreativo e saudável, e endereço perfeito para a criação de um corredor cultural que interligue as duas escolas, fomentando o uso e o espaço do bairro de maneira inteligente.


3

Fotos do CampĂŁo.

115


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

CEd POMPÍLIO

4

O Centro Educacional Pompílio Marques de Souza foi fundado em 13 de abril de 2005. Com pouco mais de uma década de funcionamento, a escola possui instalações mais adequadas para o ambiente de trabalho de alunos, professores e funcionários. Seu modelo de ensino tem se destacando dentro do sistema público de educação, apontando níveis superiores às médias nacionais e um número considerável de aprovações de alunos em escolas de ensino superior, incluindo a UnB. A instituição trabalha com alunos a partir da segunda etapa do Ensino Fundamental e com o Ensino Médio, dando sequência na educação às crianças formadas pelo CEF JK.Também oferece o programa de Educação de Jovens Adultos (EJA) e atividades complementares. Como infraestrutura que serve à comunidade, a escola expande seu papel de educadora e também é utilizada para outras atividades fora do horário de aula e aos finais de semana, como projetos sociais, encontros, festas e celebrações. Por tudo isso, é um importante polo cultural.

116


4

Escola Pompílio, vista externa. Fonte: Google Earth

Muro exteno escola Pompílio. Intervenções de arte feitas pelos alunos com material recilado. Fonte: Autora

Grafite no muro externo da escola, obra do artista Pena. Fonte: Autora

Horta dentro da escola. Fonte: Autora

117


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

5

CEF JK O chamado Centro de Ensino Fundamental Juscelino Kubitschek, mais conhecido como JK, é voltado para o ensino infantil e aos primeiros anos de Ensino Fundamental. Segundo a diretoria da instituição, a escola teria sido construída nos anos 1980 como estrutura temporária de ensino, e logo seria demolida e substituída por outra edificação mais adequada ao uso. Quase quatro décadas depois, a escola permanece praticamente original, mantendo o funcionamento com a infraestrutura despreparada e desgastada pela ação do tempo. A maior parte dos reparos e melhorias realizadas são feitas pelos funcionários e pela comunidade. Mesmo com as limitações prediais, a escola oferece Ensino Regular, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e algumas atividades complementares. Assim como o CEd Pompílio, a escola JK é utilizada como espaço de manifestações de cultura, arte, lazer, projetos sociais e todo tipo de encontro comunitário, o que também a torna um polo de cultura de grande importância para todo o setor.

118


5

Entrada de alunos da escola, recentemente recebeu acesso inclusivo. Fonte: Autora

Grafite na รกrea interna da quadra coberta. Fonte: Autora

119


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

6

120

“BECO DOS PROLETAS” A primeira rua perpendicular ao CEF JK forma o Beco dos Proletas. A viela que começa a cima do Bar do Chacal e desemboca na Praça Carlos Marighella é lugar de encontros de cultura periférica e manifestações do movimento negro. A proposta do beco resgata a idea de uso do espaço público ocupado, lugar de encontro dos trabalhadores e moradores da comunidade. De tempos em tempos esta rua recebe um dos princiapais eventos do Mestre D’armas, o Sarau da Resistência, realizado pela Famíia Mestre D’armas. O evento também ocupa outros lugares periféricos dentro de Planaltina, sempre trazendo arte e questionamento. No ano de 2017, o Sarau aconteceu no Bar do Chacal, localizado no topo da rua, e tomou conta de todo o beco. Dentre as programações oferecidas estão apresentações musicais de vários artistas, leitura de poesia e batalha de rap.


6

Vista do Beco dos Proletas. (2014) Fonte: Google Earth

Porta do Bar do Chacal. Fonte: Autora

121


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

PRAÇA CARLOS MARIGHELLA

7

Ao final do Beco dos Proletas, se encontra a Praça Carlos Marighella. O espaço desta praça foi conquistado pela Casa de Cultura Carlos Marighella e no ano de 2015. Porém, apesar de ter sido inaugurada com a presença do então governador do DF, Rodrigo Rollemberg, atualmente a praça ainda permanesce com o chão batito, sem qualquer estrutura, sendo muitas vezes usada como estacionamento e descarte de lixo.

122

Até hoje, os únicos objetos presentes na praça são o tótem que identifica o local e a Geladeira do Livro, doada pelo projeto Refresque Ideias, ambos conseguidos por iniciativa dos ativistas da Casa de Cultura e sem qualquer ajuda governamental.

Analisando seu espaço, é possível perceber que o entorno da praça é rodeado por comércios e casas, com portas e janelas voltadas para ela, que se torna o centro de atenção. Assim, olhar dos moradores e comerciantes funcionam como “protetores locais” pois observam e acessam facilmente o espaço da praça, o que traz mais sensação de segurança e conforto. Essa configuração reforça seu potencial em ser um ponto de encontro, de descanso, e até de vida noturna. Sendo um espaço rico e produtivo culturalmente, a rua poderia ser ainda mais utilizada, diariamente, como um ponto de lazer localizado no coração do Condomínio Mestre D’Armas, ligado a outros pontos importantes, como a escola JK e a Praça Carlos Marighella.


7

Vista da Praรงa Carlos Marighella Fonte: Google Earth

Geladeira Literรกria Fonte: Autora

123


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

8

“UMA NOVA PRAÇA?” No outro externo do Condomínio Mestre D’armas se encontram os módulo 18 e 19. Entre estes dois módulos, está uma praça, com área generosa e ampla. A pouca arborização e iluminação e a ausência de mobiliários torna o local quase ermo, sem pessoas que utilizem o espaço com frequência. Vazio, o local muitas vezes se torna ponto de perigo. Assim como a área da Praça Carlos Marighella, as casas que circundam a praça se voltam para ela, somando seu potencial como espaço de lazer seguro, povoado, e que se interligue com os outros pontos, formando um braços que irriga as possibilidades do corredor cultural. Assim, pode contribuir para aumentar a circulação de pessoas nas ruas, torando-a mais segura, e oferecer atrativos para os moradores próximos à ela.

124

Um fator interessante é o relato de skatistas na região. Oferecendo novas atividades, a praça pode formar um polo para públicos específicos, trazendo uma proposta adicional que complemente as outras praças, valorize seu contexto e enriqueça o corredor cultural.


8

Vista da Praça “Uma nova praça?”. Fonte: Google Earth

125


CULTURA PONTO A PONTO contados pelos mestres imaginários

ENTRADA PARA A RESERVA

9

126

A rua das escolas desemboca na de mata que envolve o Rio São Bartolomeu. Esta proximidade faz com que a rua sem sem saída seja uma porta de entrada pra a área da reserva. Sem fiscalização, proteção ou aproveitamento consciente deste espaço permeado por natureza, o local é quase abandonado, se torna depósito de lixo e entulho, atalho para a BR, expansão para as casas. A falta de iluminação também é forte contribuinte para que se torne inseguro. Esta situação se repete em todas as ruas paralelas à rua das escolas e que encontram com a reserva. Por outro lado, ainda há bastante vegetação, o que torna a entrada para a reserva um ótimo lugar com potencial para incentivar a preservação do cerrado, do conhecimento de espécies nativas, o estudo da água e até mesmo um parque ecológico que permita a entrada de visitantes. A proximidade com as escolas também facilita o contato das crianças com a natureza. Nas margens da reserva, também se encontra outro campo de futebol de terra, o que mostra o desejo da comunidade por espaços esportivos na região.


9

Vista da entrada para a reserva. Fonte: Google Earth

127


CULTURA PONTO A PONTO 3

5 6

4 2 1

128

Vista aérea dos pontos 1, 2, 3 e 4.

7

Vista aérea dos Pontos 5, 6 e 7.


OS BLOCOS FORMADOS Após a análise individual de todos os pontos dentro do corredor cultural, foi possível compreender que cada um deles possui três níveis de características:

8

1. Específicas: tudo o que os identifica como únicos individualmente;

3.Gerais: presentes em todos os pontos.

2. Compartilhadas: aquelas que também se apresentam em outros pontos próximos;

Desta maneira, foram identificados três grande blocos dentro do corredor cultural, que se atraem e se complementam por suas características compartilhadas.

9

Vista aérea dos Pontos 8 e 9.

O primeiro Bloco é composto pelos pontos 1, 2, 3 e 4. São unidos pela proximidade física, que torna a caminhada entre eles fluida e fácil pelo terreno, que é plano e contínuo. As ativididades de esporte, estar e educação podem se combinar para gerar um grande ambiente eclético, que acolhe todas as idades de moradores e recepciona os visitantes. Os pontos 5, 6 e 7 seguem a mesma lógica. Combinam-se em um beco cultural educacional, vivo, que pulsa conhecimento, arte, manifestação e ocupação das ruas no coração do bairro. O terceiro e último bloco une os pontos 8 e 9 retomando as atividades de esporte - como no primeiro bloco - e acrescentando o contato natural mais íntimo, duas peças que se encaixam perfeitamente. Seu terreno inclinado, que ruma ao leito do rio, é pararelo também com a proposta do corredor cultural, que pode desaguar o melhor de todas as 129 atividades nesse espaço de maneira harmoniosa.


QUEM FAZ CULTURA NO BAIRRO?

Convite VI Sarau da Resistência. Organização Família Mestre D’armas Fonte: dotmagazine.com.br

A FAMÍLIA MESTRE D’ARMAS A Família Mestre D’armas suge como um grupo comunitário de base, promovendo arte, cultura e consciência. Com o lema da luta, se define como organizadora no combate contra os inimigos do povo. Para isso, promove atividades que contribuem com a valorização da cultura negra, do rap, e a ideia da resistência diante às dificuldades históricas e atuais, como intolerância religiosa, o genocídio da população negra, o encarceramento em massa e o racismo, promovendo a crítica e o debate. Outra iniciativa do grupo é o curso pré-vestibular gratuito, que utiliza os espaços da escola CEd Pompílio para realizar aulões para os estudantes da comunidade. As aulas são ministradas por voluntários, professores, estudantes universitários e aqueles que possam contribuir com conhecimento a fim de complementar o ensino público e melhor preparar os estudantes para a entrada na universidade. Sendo um espaço rico e produtivo culturalmente, a rua poderia ser ainda mais utilizada, diariamente, como um ponto de lazer localizado no coração do Condomínio Mestre D’Armas, ligado a outros pontos 130 importantes, como a escola JK e a Praça Carlos Marighella.


Divulgação Curso Pré-Vestibular Gratuito. Fonte: facebook.com/familiamestredarmas

VI Sarau da Resistência no Beco dos Proletas Fonte: facebook.com/familiamestredarmas

131


QUEM FAZ CULTURA NO BAIRRO?

CASA DE CULTURA CARLOS MARIGHELLA Fundada em 2016, a Casa de Cultura Carlos Marighella surgiu como um movimento de intervenção social no Condomínio Mestre D’armas após um lamentável acidente envolvendo cinco jovens da comunidade. Um carro roubado fugia da polícia quando colidiu de frente com outro veículo, em que havia uma pessoa. O acidente foi fatal. No carro roubado, estavam cinco jovens da comunidade, tendo um deles apenas doze anos. Após o ocorrido, a população teve acesso a vídeos em que os policiais militares os humilhavam na cena do acidente. Indignados com a situação, os moradores fizeram uma série de manifestações e fundaram a Casa de Cultura, com o objetivo de dar visibilidade e gerar empoderamento para a comunidade por meio do acesso à arte. O movimento ganhou força e uma praça na cidade, as duas batizadas com o nome do ex-deputado constituinte Carlos Marighella, perseguido durante a ditadura militar.

132

Sem espaço apropriado, a Casa de Cultura contava com o apoio das escolas e a casa dos moradores para relizar suas atividades e oficinas, como encontros, saraus musicais, cine clubes, oficinas de teatro, fanzines, pipas, mecatrônica e hip-hop. Há poucos meses, a Casa ganhou um espaço físico para montar sua sede e oferecer uma base de apoio para a continuidade dos projetos culturais oferecidos, além da possibilidade de estrear o projeto antigo, uma biblioteca pública com direito espaço para estudo. Tudo feito de maneira colaborativa. A estréia da sede já tem data e evento marcados! No dia 18/08/2017, a partir das 14h, a Casa de Cultura celebra seu novo espaço com uma tarde de cine clube! Serão três sessões de filmes variados voltados para toda a família. Após cada obra, uma roda de conversa e análise sobre os temas relevantes. Pipoca, bolos e biscoitos deixam a programação ainda mais recheada. O intuito é divulgar o novo lar da Casa de Cultura, realizar programações culturais e reunir a comunidade. Convite III Encontro Cultural de MEstre Darmas 2017 Organização: Casa de Cultura Carlos Marighella. Fonte: facebook.com/casa-de-cultura-carlos-marighella-


Fachada nova sede da Casa de Cultura Carlos Marighella. Fonte: Autora

Carteirinha Partido Comunista do Brasil de Carlos Marighella. Fonte: vermelho.org.br

133


w

ENTENDENDO O BAIRRO OS ESPAÇOS FÍSICOS DO CONDOMÍNIO MESTRES DA’ARMAS Para entendermos a relação entre o espaço físico do bairro e as pessoas que o utilizam, é preciso perceber como se constrõem as características que o formam, como influenciam no cotidiano dos usuários e qual é o seu real desempenho. Assim, se torna possível conhecer melhor o território, enxergar seu funcionamento e entender como trabalhar com suas potencialidades e problemas. Os principais temas dentro da análise física do Mestre D’armas são: 134


OS BAIRROS VIZINHOS

OS CHEIOS E OS VAZIOS

O QUE ACONTECE NO BAIRRO?

ATÉ ONDE A ESCOLA CHEGA?

OS CAMINHOS NATURAIS

135


OS BAIRROS VIZINHOS O Setor Habitacional é formado por muitos condomínios, e entre eles, os que tem a relação física mais próxima com o Condomínio Mestre D’Armas são os que se encontram do outro lado da BR-020. Todos interagem entre si, mas como os vizinhos de porta, eles se encontram mais e dividem caracterísiticas parecidas por estarem num meio próximo. No mapa ao lado, podemos observar os doze condomínios listados como os vizinhos mais próximos ào Condomínio Mestre D’armas, que é a área de estudo deste projeto. Todos estão pintados com cores que identificam aonde estão localizados, e como se posicionam entre si. São eles: o Condomínio Parque Mônaco, Setor de Mansões Mestre D’armas I, Condomínio Mansões Mestre D’armas, Condomínio Mansões Mestre D’armas, Condomínio Mansões Itiquira, Condomínio Nova Esperança, Condomínio Mestre D’armas IV, Condomínio Estância Mestre D’armas I, Condomínio Estância Mestre D’armas IV, Condomínio Estância Mestre D’armas III, Condomínio Estância Mestre D’armas II, Condomínio Mestre D’armas V, Condomínio Rural Mestre D’armas.

136

Dois dos grandes pontos de interação entre os bairros, são as escolas que se localizam dentro do Condomínio Mestre D’Armas, pois elas recebem crianças de todo o setor e arredores, interligando formando pontos de encontro entre as famílias e moradores. Assim como é importante conhecer os vizinhos próximos que cercam nossas casas, também é importante conhecer os bairros vizinhos, que dividem muitas situações parecidas, qualidades e defeitos. Uma vez que estes vizinhos estejam sintonizados, ajudando uns aos outros é mais fácil realizar melhorias para o bairro, pois um trabalho comunitário coletivo tem mais força!


LEGENDA DOS BAIRROS: Condomínio Mestre D’armas Condomínio Parque Mônaco Setor de Mansões Mestre D’armas I Condomínio Mansões Mestre D’armas Condomínio Mansões Itiquira Condomínio Nova Esperança Condomínio Mestre D’armas IV Condomínio Estância Mestre D’armas I Condomínio Estância Mestre D’armas IV Condomínio Estância Mestre D’armas III Condomínio Estância Mestre D’armas II Condomínio Mestre D’armas V Condomínio Rural Mestre D’armas N

137 0

100

200

300

400

500 m


O QUE ACONTECE NO BAIRRO? Em geral, espaços de um bairro se formam de maneira natural, acompanhando as necessidades dos usuários. Se pensarmos como essa ordem de crescimento acontecec, normalmente, os primeiros a surgirem são os moradores, e com eles, as casas ou residências. Depois, visto que eles precisam comer e abastecer essa residência, surgem as lojas e espaços para o comércio, que oferecem produtos para serem vendidos aos moradores e visitantes. Logo, as crianças precisam estudar, os doentes precisam de tratamento, é necessário segurança na ruas, e muitas famílias costumam ir à templos religiosos ou igrejas para cultivar seu lado espiritual. Sendo assim, surgem as instituições, organizações que realizam ações para o interesse coletivo. Também existem aqueles espaços aonde não podemos construir, pois são áreas de preservação ambiental, espaços para cuidar e conservar a natureza. Sendo assim, se conseguirmos compreender melhor como são distribuídas estas funções dentro do território do bairro, fica mais fácil descobrir como e onde elas acontecem, quais são os pontos mais utilizados para cada uma delas, identificar as que faltam, e assim, perceber como o bairro está funcionando e como ele pode melhorar seu desempenho.

138

A partir do mapa ao lado, podemos obserar como e onde estão cada uma dessas funções dentro do Condomínio Mestre D’armas. Todas as residências, estão pintadas de amarelo, os comércios de vermelho e as instituições de azul. Se analizarmos cada uma das cores, é fácil perceber que a maioria dos lotes do Condomínio estão pintados de amarelo, pois são ocupados por casas e, portanto, tem o uso residencial. Já os lotes pintados de vermelho se concentram principalmente nas ruas mais próximas à BR-020, à região da Praça Carlos Marighella e à escola JK. Quanto mais próximos estiverem os lotes da reserva, menos lojas e comércio próximo as casas.

Mas por que isso acontece? Quanto mais pessoas, mais clientes!

A BR-020 é uma via de grande circulação, e é por ela que a maior parte das pessoas que vai pro Condomínio Mestre D’armas chegam. Sendo assim, é comum que os comerciantes procurem um lugar próximo a entrada do bairro para expor seus produtos, pois mais pessoas vão passar por ali, ter acesso às mercadorias, e assim, maior é a chance de realizar vendas. Também podemos perceber que quanto mais distante da entrada e da BR-020, menor é a presença de comércio. Ter espaços mais movimentados e que agreguem a população, podem distribuir melhor estes comerciantes, abrir espaço para novos e distribuir melhor os pontos de comércio dentro do bairro.

Em azul temos a presença de instituições. Dentre elas, podemos notar duas manchas maiores, que se encontram ao longo da mesma rua. Estas são as escolas CEd Pompílio e CEF JK, as únicas instituições públicas e que fornecem ensino gratuito para a população. Todas as outras manchas de dividem creches particulares, poie não existem públicas, igrejas católicas, ou evangélicas. Sendo assim, faltam instituições que facilitem e acrescentem o acesso à outras formas de ensino, aos serviços jurídicos, econômicos e políticos. A área de proteção ambiental, pintada em verde ainda é grande e rodeia as laterais do Condomínio, se prolongando para outros pontos do Setor Habitacional Mestre D’Armas. Mesmo sendo definida como uma área a ser protegida, está cada vez mais deteriorada, e desgastada. Por isso, é necessária a atenção e cuidado com esta região.

A partir do mapa de usos do bairro, é fica mais fácil perceber e entender o funcionamento do território de maneira mais ampla, e assim, de como podemos apurar e distruibuir este funcionamento, para que atenda à todos da comunidade com com igualdade.


MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Residencial Misto - Residencial + Comercial Institucional Área de Proteção Ambiental N

0

100

200

300

400

139

500 m


OS CHEIOS E OS VAZIOS Identificar os cheios e vazios num território é perceber quais são os espaços que já estão ocupados e os que ainda estão livres. Geralmente, os locais ocupados são representados pela cor preta, e os livres ficam com cores claras. No caso do Condomínio Mestre D’armas, podemos perceber que quase todo o espaço de seu território está ocupado, onde estão construídas as residências, comércios, as instituições, áreas privadas e públicas. Com o tempo, e o aumento do número de moradores, essas manchas mais que duplicaram, e hoje interior do bairro é quase todo construído, com poucos espaços livres.

140

E essa grande mancha ali na parte de cima? Nessa área fica a fazenda chamada Lagoa Bonita. Mesmo que nela quase não existam construções, pois é usada como pasto para os animais, ainda é considerada como uma barreira física, pois é uma propriedade privada e não se pode entrar ali sem autorização. Por exemplo, quem quiser ir da parte de cima da reserva ao campão, vai ter que contornar as bordas da fazenda, seguindo o caminho da cerca. E as manchas nas laterais? Estas são as áreas de proteção ambiental, também áreas não construídas, porém com a presença de recursos naturais valiosos que devem ser conservados, e por isso, tem o acesso restrito. Uma diferença evitente com relação ao respeito das normas de entrada entre a Fazenda Lagoa Bonita e áreas de proteção ambiental, é que a primeira é privada, com controle dos proprietários, e a segunda é de responsabilidade pública. Sem fiscalização e controle, a área de proteção é constamente ocupada, invadida e deteriorada. Com o tempo, isso resulta na diminuição das áreas de proteção e portanto, no tamanho de sua mancha.

Pausa para uma reflexão: Se quase todos os espaços do Condomínio estão construídos e são privados, quais são os espaços dedicados à comunidade, públicos, onde poderiam ter praças, parquinhos, feiras e outras atividades?


MAPA DE CHEIOS E VAZIOS Cheios Vazios N

0

100

200

300

400

141

500 m


LEGENDA DOS CAMINHOS MAIS INTEGRADO

MAIS SEGREGADO Fonte: DepthMap, com alterações.

142

N 0

100

200

300

400

500 m


OS CAMINHOS NATURAIS Como podemos observar, as linhas que formam o mapa ao lado, são os os principais caminhos dentro e ao redor do território do Condomínio Mestre D’armas. Estes caminhos desviam das construções, das massas de vegetação, barreiras físicas e de tudo aquilo que bloqueia a passagem. Cada linha possui uma cor representativa. Quanto mais próxima do vermelho for, maior a quantidade de encontros com outras ruas e quanto mais azul, menor o número de encontros, o que a torna mais ou menos integrada com todo o conjunto das ruas, o chamado sistema viário. Pensando um pouquinho mais a fundo faz sentido perceber que as ruas com tons mais amarelados e avermelhados são as mais movimentadas, que possuem maior presença e circulação de pessoas, carros, atividades, e portanto, estão mais próximas à BR-020. Por outro lado, quanto mais afastadas da BR020, mais próximas da reserva, ou mais internas forem as ruas, mais azuladas se tornam, pois que se distanciam do movimento do bairro. Tecnicamente este mapa também pode ser chamado de Mapa Axial, e sua utilidade é perceber quais são os pontos de maior e menor movimento nas vias, que podem gerar conflitos. Uma vez identificados, é possível propor soluções que ajudem a melhorar a circulação dentro do bairro.

143


ARREDORES EMBRAPA COND. MESTRE D’ARMAS CEd 4,7km

CEF

1,7km

0,2

km

0,5

km

0,8

km

1,

5k

m

1k

m

6km

2,5km

RODOVIÁRIA DE PLANALTINA BAIRROS DO SETOR HABITACIONAL MESTRE D’ARMAS

PROXIMIDADES DVO

N

144

0

1km


ATÉ ONDE VAI A ESCOLA? As escolas CEF JK e CEdPompílio recebem estudantes de todos os condomínios do Setor Habitacional Mestre D’armas e também de outros lugares próximos, como por exemplo, crianças que vivem nos arredores da Embrapa, do Núcleo Rural DVO, Núcleo Rural Fumal, nas chácaras próximas à Lagoa Joaquim Medeiros, Colégio Agrícola, Condomínio Samaúma e outros mais. Isso mostra como as escolas são importantes, pois conseguem fazer parte da vida de crianças e famílias de vários lugares, não apenas aonde estão. Para entendermos a importância da escola, vamos imaginar um círculo. O centro deste círculo é a escola e em sua circunferência estão as casas aonde moram as crianças estudantes. O raio seria mais ou menos a distância entre as casas e a escola Como os estudantes moram em lugares diferentes, podemos criar novos círculos com o mesmo centro e raios diferentes. Então qual é o maior raio, aquele que mais se distancia do centro do círculo? Podemos chamar esta distância de raio de alcance, pois é o quão longe esta escola consegue oferecer educação às crianças e suas famílias. O mapa ao lado mostra as zonas de localização das casas das crianças durante as oficinas de mapa afetivo, tanto no CEF JK quanto no CEd Pompílio.

145


w

LIGANDO OS PONTOS UNINDO ÀS IDEAS PARA GERAR PROPOSTAS A partir de todo o caminho traçado até aqui, é possível identificar situações e hábitos que fazem parte do Mestre D’Armas, e assim, começar a pensar o que é possível fazer para construir um bairro ainda melhor!!! Para isso, usaremos a linguagem dos padrões! Vamos conhecê-la:

146


LINGUAGEM DE PADRÕES

OS PADRÕES DO MESTRE D’ARMAS

147


LINGUAGEM DE PADRÕES A linguagem de padrões é uma metodologia de trabalho desenvolvida pelo matemático e arquiteto estadunidense Christopher Alexander. Verdadeiros códigos, os padrões por ele apresentados trabalham desde a macroescala urbana, até o alcance do detalhe, identificando situações comumente encontradas nas cidades, e traçando diretrizes que guiam à soluções para aprimorar os espaços urbanos. Por ser uma linguagem, os padrões são flexíveis, podendo ser aplicados em contextos diferentes. Construindo esta lógica de trabalho, Alexander interliga os campos de estudo da matemática, psicologia ambiental, arquitetura e urbanismo e populariza formas de trabalho antes restritas à profissionais especializados, dando às pessoas comuns, ferramentas para realizar melhorias nos ambientes urbanos. O livro “A Pattern Language: Towns, Buildings, Construction” (1997), expõem 250 padrões comumente identificados no meio urbano. O uso desta metodologia também possibilita a geração de novos padrões. As atividades realizadas ao longo dos processos participativos possibilitaram a coleta de informações essenciais à compreensão da comunidade, suas principais necessidades, problemas e anseios. Todo este conhecimento se converte numa base de dados codificada com padrões já identificados por Alexander, além de outros novos. Após serem analisados, as conclusões obtidas contribuíram para a proposição de diretrizes a serem realizadas por meio das crianças, em prol de sua comunidade.

148

DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE Para conduzir a confecção de padrões foi utilizada a base teórica das Dimensões da Sustentabilidade Urbana desenvolvidas por Sachs (1993) e também por Andrade e Lemos (2015), que levam em consideração os aspectos ambientais, ecológicos, territoriais ou espaciais, sociais, econômicos, culturais, política internacional e nacional. Dessa maneira, cada dimensão trata de uma parte importante que compõe as cidades e, então, quando somadas, guiam estudos e propostas mais completas, que trabalhem o todo urbano.


149 Colagem conceitual: processo participativos e linguagem de padrĂľes.


OS PADRÕES DO MESTRE D’ARMAS

MONTAGEM DOS PADRÕES Após o desenvolvimento de todas as oficinas apresentadas, os mediadores se reuniram para unir as peças, adicionar mais informações e selecionar os padrões de acontecimento locais mais importantes, que encaminhem a construção de novos cenários para o bairro. Guilherme e Iago, como moradores e exestudantes das escolas CEF JK e CEd Pompílio, tiveram um papel determinante neste processo. Ambos são da terceira geração do Condomínio Mestre D’armas, netos de famílias que ocuparam e acompanharam o crescimento da comunidade, cresceram e vivenciaram as experiências de serem crianças e jovens na comunidade. Hoje, os amigos são participantes ativos na comunidade e profundos conhecedores das potencialidades e dos problemas locais.

As dimensões da sustentabilidade de Sachs (1993) e a metodologia proposta por Alexander et al (1977) no livro “A Linguagem de Padrões”, foram as bases teóricas que guiaram todo o processo de confecção dos padrões. Dentro das dimensões, tiveram maior foco os temas de reeducação e revalorização do recursos naturais, infraestrutura, qualidade de vida, desenvolvimento e geração de renda.

Sendo assim, os vinte e um padrões aqui representados são a soma dos resultados obtidos nas oficinas, dos relatos e desejos das crianças, jovens, professores e funcionários das escolas, assim como de moradores do bairro. Dentro deste processo, ainda se somam a análise territorial do bairro, a observação do 150 meio e dos costumes locais durante as visitas ao Mestre D’armas e o estudo de soluções possíveis.

Descritos em forma de tabela, os padrões se encontram setorizados de acordo com suas dimensões. Cada um deles tem informações detalhadas de situações atuais do bairro, que retratam potencialidades e problemas da comunidade, e em sequência, sugestões de soluções possíveis para cada uma destas questões. Por fim, foram desenhadas imagens que representem estes padrões, a fim de facilitar a identificação visual e a leitura da mensagem.

É valido ressaltar que todos os padrões funcionam como indicações e possibilidades, ou seja, não são imposições ou determinações fixas. Todos podem ser modificados e adaptados de acordo com a vontade e necessidade da comunidade e do local de projeto. Outra possibilidade válida é a constante geração de novos padrões, buscando identificar e propor caminhos que contribuam com o florescimento do Mestre D’Armas. Esta flexibilidade dos padrões é o que os torna tão interessantes, tornando o projeto e o produto finais em algo sólido, construído ao longo de um processo de partilha, debate e empoderamento.


SITUAÇÃO ATUAL

SUGESTÕES

O território do Condomínio Mestre D’armas tem um contato íntimo com a presença da natureza, pois é contornado por um afluente do Rio São Bartolomeu e pela mata ribeirinha que o cerca, apelidada pelos moradores de “reserva”. Com o crescimento do bairro, a quantidade de desmatamento e de lixo cresceu, o que coloca em risco o recursos naturais desta preciosa fauna e e flora.

Para que a reserva continue existindo em equilíbrio com a rotina do bairro, é preciso que os moradores desenvolvam respeito e cuidado com os recursos naturais locais. Sendo assim, é sugerida a criação de programas de educação ambiental, dentro e fora das escolas, trazendo atividades e informações que trabalhem a conscientização da comunidade, visando a proteção e preservação da área de reserva.

O crescimento da comunidade tem aumentado o número de construções, diminuído as áreas verdes e absorcção de água das chuvas. Todo este impacto tem trazido aridez para o bairro, reduzido o curso do Rio São Bartolomeu e contribuído para problemas no abastecimento de água.

Além do uso racional da água, podem ser estimuladas ações como a coleta de água da chuva, técnicas de reaproveitamento das águas, uso de banheiros secos, plantio de espécies do cerrado que ajudem a manter a umidade local, entre outras técnicas que contribuam e caminhem juntas com os trabalhos dos programas de cuidado com a natureza.

PADRÃO DE PROJETO

PROGRAMAS DE CUIDADO COM A NATUREZA

PRESERVAÇÃO DA ÁGUA O problema do lixo acumulado nas ruas pode ser encontrado em locais diversos do bairro, como lotes vazios, espaços abandonados, canteiros, nas margens do bairro, espaços próximos à BR-020 e da área da reserva. Estes locais se tornam foco de doenças e contraminação do solo e dos moradores, além de poluirem a mata e o Rio São Bartolomeu.

A implantação de lixeiras em pontos estratégicos nas ruas, inclusão da rota de coleta seletiva no bairro, aliado ao uso de composteiras e hortas caseiras que absorvam o lixo orgânico, assim como o estímulo à reciclagem dos outros materiais. Também é importante a realização de campanhas de redução de consumo e de produção de lixo, valorizando o reaproveitamento dos recursos já utilizados.

LIXO CONSCIENTE

DIMENSÃO ECONÔMICA - DESENVOLVIMENTO E GERAÇÃO DE RENDA

DIMENSÃO AMBIENTAL - REEDUCAÇÃO E REVALORIZAÇÃO

l

SITUAÇÃO ATUAL

SUGESTÕES

A chegada do hipermercado no SHMD, localizado na BR-020, trouxe dificuldades para comerciantes locais. Sem condições de oferecer a mesma quantidade de opções e preços mais baixos que a grande loja, muitos comerciantes perderam seus cliente e se viram obrigados a fechar as portas de seus negócios.

Para que os comerciantes locais continuem funcionando e gerando renda para o Mestre D’armas, e assim, movimentem a economia local, deve haver a conscientização dos moradores pela preferência dos comércios menores, de dentro do bairro. Juntamente a isso, podem ser ofertados cursos de capacitação para os proprietários e seus funcionários, visando melhorar seus serviços e produtos.

Toda segunda-feira, um ônibus vindo do Ceasa, traz alimentos para serem vendidos no Condomínio. O ônibus tem um ótimo funcionamento, porém sem espaço adequado, estaciona próximo à passarela para receber seus clientes.

Aproveitando a clientela e o costume dos moradores em comprar com o ônibus da verdura, pode-se destinar um espaço mais bem estruturado para receber o comércio e ainda permitir que outros feirantes montem pequenas tendas para expor seus produtos. Assim, é possível formar feiras semanais de trocas e vendas dentro da comunidade, gendo lazer e renda.

PADRÃO DE PROJETO

VALORIZAÇÃO DOS COMERCIANTES LOCAIS

ESPAÇO PARA O ÔNIBUS DA VERDURA E FEIRANTES LOCAIS

151


SUGESTÕES

O crescimento do bairro tem causado o aumento do número de construções, e a expansão do Condomínio em direção à área da reserva, que vem sendo cada vez mais ocupada. Sem a devida proteção, é crescente a presença de lixo e insegurança na área. Por outro lado, o verde e o curso d’água estão dimuindo. Os animais por vezes procuram abrigo nas casas, aonde os moradores, despreparados e assustados, podem vir a matá-los.

Como forma de conter o crescimento e a ocupação da área da reserva, é proposta a construção de um parque linear em todo o perímetro do condomínio, com prioridade para as marge oeste e leste, devido ao grande contato com a vegetação. O objetivo é criar espaços de lazer conexos à natureza, de uso equilibrado, valorizando áreas verdes e promovendo qualidade de vida. Pode-se avaliar a possiblidade da abertura de trilhas no local.

Atualmente o Condomínio conta com três espaços de praça, a “Praça Feita à Mão”, criada pelos moradores, a “Praça Carlos Marighella”, sem qualquer estrutura urbana e a Praça no módulo 19, pouco utilizada e com estrutura precária. A falta de espaços de encontro e interação que sejam agradáveis e seguros limitam a convivência comunitária, a troca de ideias, manifestações, bem-estar psicológico, a existência de bolsões de vegetação dentro da cidade, etc.

O mapeamento de espaços livres dentro da malha urbana do Condomínio possibilita a definição de áreas de praças públicas, direcionadas à públicos e atividades específicas. Podem ser realizados multirões comunitários de planejamento, coleta de material e construção dos espaços, dando preferência à técnicas e formas acessíveis à comunidade, para que possa construir as praças com autonomia.

Muitos espaços do Condomínio não possuem iluminação pública noturna, restringindo seu uso e circulação depois do entardecer até a manhã. Sem luz, estes locais se tornam pontos de perigo e vulnerabilidade. Desta maneira, a população evita ocupar estes lugares, que se tornam ermos ou são utilizados para atividades ilegais.

A implantação de postes de iluminação ao longo dos espaços públicos aumenta a segurança e o bem estar da população, que pode circular com mais tranquilidade pelas ruas. Devem ter preferência os modelos com placas fotovoltaicas, que armazenem a energia solar durante o dia e ajudem a gerar energia elétrica durante a noite, consumindo menos recursos.

No começo dos anos 2000 o Condomínio Mestre D’armas recebeu pavimentação nas vias e calçadas. Contudo, nem todas o percursos oferecem confoto aos pedestres, pois nem todoas as calçadas têm o espaço mínimo de 1,50m exigido pela norma de acessibilidade NBR 9050/2015. Em geral, também não oferecem acesso com rampa. Muitas casas também avançam suas fachadas e ocupam as calçadas.

152

Para que a comunidade se locomova com mais qualidade e segurança, as calçadas devem ser adaptadas, tendo no mínimo 1,50m de largura, rampas de acesso e conexão fluida entre os percursos internos, tendo maior atenção à áreas de escolas, praças e parques infantis, que tem grande circulação de crianças e idosos. Também devem levar os pedestres com segurança para pontos nas margens do bairro, como paradas de ônibus.

PADRÃO DE PROJETO

l

PARQUE LINEAR NAS MARGENS DO BAIRRO

PRAÇAS ARBORIZADAS

ILUMINAÇÃO NOTURNA

CALÇADAS ACESSÍVEIS

DIMENSÃO TERRITORIAL E ESPACIAL - INFRAESTRUTURA

DIMENSÃO TERRITORIAL E ESPACIAL - INFRAESTRUTURA

SITUAÇÃO ATUAL

SITUAÇÃO ATUAL

SUGESTÕES

A população do Mestre D’armas tem pouco a acesso à academias públicas de qualidade e espaços adequados para a prática de esportes. O PEC localizado na rua de entrada do Condomínio é precário e insuficiente. Sem muitas opções, vários moradores dividem as vias com os carros para praticar caminhadas, correr, andar de bicileta e skate.

Contribuindo com espaços destinados à prática de esporte, são propostas rotas com pista de corrida e ciclovia, margeando todo Condomínio e com ênfase na área da reserva. Também é interessante interligar rotas internas com as pitas. Quanto a pavimentação, é preferível o uso de materais com acabento mais polido para a ciclovia e de concreto para corrida. Para delimitar a área de uso, inclui-se a colocação de tachões e pintura de faixas.

As duas linhas de ônibus que circulam dentro do Condomínio transitam em ruas movimentadas e com presença de crianças. Duas delas são rua de entrada e a rua das escolas. A dimensão dos ônibus os tornam perigosos, e a alta velocidade pode causar acidentes envolvendo outros veículos e pedestres, como infelizmente já aconteceu. Também há dificuldade em fazer curvas e dividir as vias.estacionados.

Sendo linhas de ônibus internas à cidade, recomenda-se a substituição destes ônibus por micro-ônibus, modelos de transporte público menores, mais leves e que se adaptam melhor às ruas com alta circulação de pedestres, oferecendo mais segurança às crianças e idosos. A baixa circulação de pessoas nas linhas também reforça a troca. Se necessário, podem ser inclusos mais horários e pontos de integração entre transportes.

O “Campão” é atualmente o ponto mais importe de lazer dentro do Condomínio. Mesmo reunindo muitas pessoas, não oferece nenhum conforto aos usuários e visitantes, pois não possui gramado ou pavimentação, espaços para organização dos times, para a torcida, estacionamento, ambulantes, assentos, iluminação, acesso à água ou sanitários públicos.

Propõem-se infraestrutura para o “Campão”, incluindo arquibancada coberta, iluminação, espaço de estacionamento misto, com preferência para bicicletas, estrutura para vestiário, sanitários e bebeduros públicos, além de iluminação com postes fotovoltaicos. Para o campo, é indicado o uso de grama sintética, que pode durar até 15 anos com baixa manuntenção. Pode ser um bom ponto para um complexo esportivo.

A Praça Carlos Marighella foi inaugurada em 2015 pelo governador, mas até hoje não recebeu nenhuma infraestrutura, apenas a geladeira do livro, implantada com esforços comunitários. Sendo apenas um espaço de terra, a área da praça está sendo ocupada por comerciantes. Pouco identificada, não é muito conhecida pelos moradores da comunidade, que ao descobrir sua existência, enxergam seu potencial.

Sendo um ponto de encontro e lazer, a praça poderia receber calçamento diferente, acessos rampados, bancos, um pequeno teatro de arena para apresentações, de maneira a delimitar os usos sem formar barreiras e vegetação. Se sugere também que os comerciantes da praça adaptem seus serviços para dialogar com o espaço, criando pontos de viência para todas as idades.

PADRÃO DE PROJETO

PISTA DE CORRIDA E CICLOVIA

SUBSTITUIÇÃO DE ÔNIBUS POR MICRO-ÔNIBUS

ESTRUTURA URBANA PARA O CAMPÃO

ESTRUTURA URBANA PARA A PRAÇA CARLOS MARIGHELLA


DIMENSÃO SOCIAL - QUALIDADE DE VIDA

l

SITUAÇÃO ATUAL

SUGESTÕES

Atualmente o Condomínio Mestre D’armas possui duas escolas, o CEF JK que leciona o primeiro fundamental e EJA em uma estrutura provisória desde os anos 1990, e o CEd Pompílio de segundo fundamental e médio, em instalações mais apropriadas, melhoradas com o tempo. Com poucos recursos, os reparos são feitos pelos funcionários e moradores. Não existem berçários ou creches públicas no bairro.

Sendo um ponto de educação e apio da comunidade, as escolas devevm receber atenção, recursos e cuidados governamentais. Além da valorização pelo poder público, também se faz importante a integração escola-comunidade, promovendo a movimentação e organização das atividades educativas de maneira adaptada às necessidades de seus usuários, estimulando a participação dos mesmos.

Sem nenhum espaço destinado ao lazer infantil, e com problemas de insegurança, poucas são as crianças que tem liberdade de brincar e ocupar as ruas do Mestre D’armas. Em geral ficam dentro de casa e só saem para ir para a escola. Esta situação poda a convivência entre as crianças, a vivência no espaço público, a persepção do território e a criação de vínculos com a comunidade.

A construção parquinhos infantis, com brinquedos interativos e estimulantes, não padronizados e adaptados à cultura local. Quanto à construção e aos materiais, podem ser realizados multirões de coleta e execução dos brinquedos, facilitando o vínculo e o cuidado das crianças e moradores para com o espaço. Dentre os espaços livres para a implantação no Condomínio, podem ser eleitos aqueles que atendam ao maior número de crianças.

Dentro da comunidade existem vários idosos, muitos deles desde o início da ocupação do bairro. Sem muitos espaços de lazer e atividades dedicadas à terceira idade, os idosos permanescem ociosos físicos e mentamelmente, diminuem as interações e vontade de aprender, além de terem que lidar com problemas de saúde.

Visando prolongar o bem estar físico e emocional dos idosos da comunidade, é importante a realização de atividades voltadas para esse público. Aulas de dança, promoção de esportes, jogos, música e poesia podem contribuir para a saúde e o envelhecimento com qualidade. Rodas de conversa, também são muito ricas, permitem a troca de saberes entre as gerações e a valorização dos mais velhos e dos ciclos da vida.

Os únicos espaços de leitura no bairro estão dentro das escolas. Também não existem locais convidativos ou programas que incentivem a leitura. Recentemente a Casa de Cultura Carlos Marighella conseguiu a implantação de uma Geladeira Literária na Praça Carlos Marighela, que sem muito acesso, permanesce com poucos usuários. Também não existem espaços para estudos fora do horário de aula.

Recentemente a Casa de Cultura conseguiu um espaço fisico para impantar sua base, realizar atividades, oficinasfdf e reuniões. O sonho antigo de montar uma biblioteca comunitária se torna mais próximo. A partir da divulgação nas ruas e escolas, podem ser organizados multirões, coletas de material, móveis, doação de livros para a o acervo, e montagem de espaços de estudo para a comunidade.

PADRÃO DE PROJETO

l

VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO

CONSTRUÇÃO DE PARQUINHOS INFANTIS INTERATIVOS

DIMENSÃO SOCIAL - QUALIDADE DE VIDA

DIMENSÃO TERRITORIAL E ESPACIAL - INFRAESTRUTURA

l

SITUAÇÃO ATUAL A presença de carros, ônibus, e insegurança nas ruas tem afastado as crianças dos espaços públicos. Muitas vezes em casa, e sem contato com outras criaças, se limitam a brincar com jogos virtuais e assistir televisão. Assim, podem se tornar sedentárias, ter menos habilidades sociais, e construções afetivas com o espaço em que vivem.

Atividades importantes para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social, as brincadeiras de rua também geram vida e movimento para cidade. Assim, são indicadas ocupações das ruas com muitas crianças, de maneira a aproveitar o espaço e a atividade do brincar. Para contribuir com o espaços mais divertidos, são indicadas pinturas lúdicas nas ruas, deixando os espaços mais criativos convidativos.

Muito comum entre as brincadeiras de rua, o Mestre D’armas também é um local aonde a brincadeira de soltar pipa é apreciada. Contudo, como as brincadeiras de rua estão cada vez mais escassas, a tradição vem diminuindo, e deixando de ser um momento de lazer e troca entre as famílias e amigos.

Uma atividade várias vezes realizada na comunidade e com bastante aderência foram os campeonatos de pipa. Assim, é interessante retomar e incentivar a promoção destes torneios, criando uma atividade de lazer e ocupação infantil dos espaços públicos da cidade. O espaço do Campão é um local interessante para a atividade, por ser amplo e permitir que as pipas possam voar livremente.

Dentro os poucos programas e atividades de lazer presentes na comunidade, estão o “Sarau da Resistência”, o “Dia de Lazer”, ambos realizados esporadicamente. Existe também o forró que acontece no comércio do módulo 2/3. A falta de frequência e variedade deixa uma lacuna nas horas de diversão do bairro.

PROGRAMAS PARA IDOSOS

BIBLIOTECA PÚBLICA

SUGESTÕES

Com poucos pontos comerciais que tenham propostas convidativas aos jovens e adultos, somados à falta de segurança, a vida noturna no Condomínio é pouco explorada. Sem muitas opções diante da demanda, muito moradores oferecem festas com acesso pago em suas casas ou saem do bairro a procura de alternativas para se divertirem, principalmente aos finais de sema.

Uma das maneiras de popularizar e ampliar as atividades de lazer é realizar programações gratuitas ou de preços acessíveis, com propostas interessantes e atentas as vontade dos moradores. Como muitos moradores possuem raízes nordestinas, o forró é uma porta para valorizar a cultura e os costumes trazidos pelas famílias. Este local pode se tornar ponto de encontro e disseminador cultural.

PADRÃO DE PROJETO

BRINCADEIRAS DE RUA

CAMPEONATOS DE PIPA

ESTÍMULO AOS PROGRAMAS ESTRUTURA URBANA DE LAZER LOCAIS PARA O CAMPÃO

Unindo a iluminação pública com a valorização da praça, é possível estimular a abertura de comércios locais voltados para o público jovem e adulto. Além de proporcionar lazer e contribuir para o bem estar social da comunidade, a atividade movimenta a economia local.

ESTÍMULO DA VIDA NOTURNA LOCAL

153


ESQUEMA LÓGICO DOS PADRÕES PIPA

MICRO-ÔNIBUS

BRINCADEIRA DE RUA

SEGURANÇA ILUMINAÇÃO

PARQUINHOS

PROGRAMAS PARA TODAS AS IDADES

PRAÇAS

VIDA NOTURNA CAMPÃO

154

BIBLIOTECA

QUALIDADE DE VIDA

USO OCU AÇÃ DO ESPA PÚBL


OE UPA ÃO OS AÇOS LICOS

PARQUE LINEAR PISTAS DE CORRIDA

SAÚDE

PRESERVAÇÃO DA ÁGUA

PROGRAMAS DE CONSCIENTIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO

VALORIZAÇÃO DAS ESCOLAS

LIXO CONSCIENTE

RENDA LOCAL INICIATIVAS INTERNAS

VALORIZAÇÃO DO COMÉRCIO LOCAL HORTAS COMUNITÁRIAS

FEIRAS 155


w

NUM PASSE DE MÁGICA UM NOVO MESTRE D’ARMAS Para entendermos a relação entre o espaço físico do bairro e as pessoas que o utilizam, é preciso perceber como se constrõem as características que o formam, como influenciam no cotidiano dos usuários e qual é o seu real desempenho. Assim, se torna possível conhecer melhor o território, enxergar seu funcionamento e entender como trabalhar com suas potencialidades e problemas. Os principais temas dentro da análise física do Mestre D’armas são: 156


IMAGINANDO CENÁRIOS!

157


158


159


BLOCO 1

160


OS PADRÕES PRESENTES NESTE CENÁRIO:

ILUMINAÇÃO NOTURNA

PISTA DE CORRIDA E CICLOVIA

VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO

PRAÇAS ARBORIZADAS

CONSTRUÇÃO DE PARQUINHOS INFANTIS INTERATIVOS

PROGRAMAS PARA IDOSOS

SUBSTITUIÇÃO DE ÔNIBUS POR MICRO-ÔNIBUS

ESTÍMULO DA VIDA NOTURNA LOCAL

ESPAÇO PARA O ÔNIBUS DA VERDURA E FEIRANTES LOCAIS

CALÇADAS ACESSÍVEIS

ESTRUTURA URBANA PARA O CAMPÃO

161


BLOCO 2

162


OS PADRÕES PRESENTES NESTE CENÁRIO:

VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO

SUBSTITUIÇÃO DE ÔNIBUS POR MICRO-ÔNIBUS

ESTÍMULO DA VIDA NOTURNA LOCAL

ILUMINAÇÃO NOTURNA

VALORIZAÇÃO DOS COMERCIANTES LOCAIS

ESTRUTURA URBANA PARA A PRAÇA CARLOS MARIGHELLA

PRAÇAS ARBORIZADAS

CONSTRUÇÃO DE PARQUINHOS INFANTIS INTERATIVOS

163


BLOCO 3

164


OS PADRÕES PRESENTES NESTE CENÁRIO:

PRAÇAS ARBORIZADAS

ILUMINAÇÃO NOTURNA

VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO

PROGRAMAS PARA IDOSOS

LIXO CONSCIENTE

BRINCADEIRAS DE RUA

BRINCADEIRAS DE RUA

PROGRAMAS DE CUIDADO COM A NATUREZA

PRESERVAÇÃO DA ÁGUA

PISTA DE CORRIDA E CICLOVIA

PARQUE LINEAR NAS MARGENS DO BAIRRO

165


LOTE DE ENTRADA

166


167


ENTRADA - PARQUINHO

168


169


CAMPÃO

170


171


POMPÍLIO

172


173


JK

174


175


JK A PINTURA DO MURO

176


177


BECO DOS PROLETAS

178


179


UMA NOVA PRAÇA

180


181


ENTRADA PARA A RESERVA

182


183


PRÓXIMOS PASSOS PRÓXIMOS PASSOS Tanto pessoalmente quanto profissionalmente, o processo foi muito enriquecedor, além de ter sido muito importante para as crianças porque desenvolveram mais consciência sobre o espaço urbano que ocupam. As ideias dessas crianças podem e vão ganhar cada vez mais espaço dentro da comunidade, a começar pela pintura do muro externo do CEF JK, que se realizará ainda esse ano. Todas as propostas feitas não foram somente para as crianças, contudo feitas por elas para todo o bairro. Algumas são simples e podem ser realizadas com a vontade e energia dos próprios moradores, outras são complexas e demandam a atenção e ação governamental. No fundo, o importante é que o aumento da consciência sobre o próprio espaço urbano dê ferramentas para construir e modificar, mas também para exigir dos órgãos responsáveis que se cumpram as demandas que o bairro considera necessárias. O caderno, enfim, é uma semente de pensamento urbanista, um impulso sobre a pedagogia urbana e, sobretudo, uma referência de que se pode imaginar e concretizar um bairro melhor a partir de desejos e sonhos.

184


185


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TONUCCI, F. (2005). La cità dei bambini. Un modo nuovo di pensare la cità. Bari, Editori Laterza. OLIVEIRA, C. (2004). O ambiente urbano e a formação da criança. São Paulo, Aleph IMA, M. S. (1989). A cidade e a criança. São Paulo, Nobel. GARCIA, E. B. Ação Cultural, espaços lúdicos e brinquedos interativos. In: D. S. Miranda (Org.), O parque e a arquitetura: uma proposta lúdica. São Paulo: Papirus, p. 15-32-102, 1996. Almeida, P. N. (1998). Educação Lúdica – Técnicas e Jogos pedagógicos. Loyola, São Paulo BÓ, Elizabeth; KURTZ, Oscar e PERETTI, Martins. BICA, Fundaçión (sem data). Juegos coperativos. Fundación Bica, Santa Fé, Argentina. FEIGELSON, Michael. Why walking is so good for parents, toddlers, and the cities where they live. October 24th, 2016. DIDONET, Vital. A Intersetorialidade nas políticas públicas para a primeira infância. Rede Nacional Primeira Infância, abril de 2015. DIAS, S. e ESTEVES JR, M. (2017). O espaço público e o lúdico como estratégias de planejamento urbano humano em: Copenhague, Barcelona, Medellín e Curitiba. Cad. Metrop., São Paulo, v. 19, n. 39, pp. 635-663, maio/ago 2017. THE STREET PLANS COLLABORATIVE. Tactical urbnist’s guide to materials and design. Version 1.0. New York, December 2016. DIDONET, V. (2015). Intersetorialidade nas políticas públicas para a primeira infância. Realização da RNPI - Rede Nacional Primeira Infância, abril de 2015. LANSKY, Samy. Na cidade, com crianças – uma etnografia espacializada. Tese de apresentação de doutorado ao programa de pós graduação da Faculdade de Educação. Orientação: Prof. Dr.ª Ana Maria Rabelo Gomes. Belo Horizonte, UFMG: fevereiro de 2012. CÔRTES, Natália Maria Machado. Arte e espaço urbano: intervenções centrais e periféricas. Ensaio teórico do Departamento de Teoria e História em Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Prof. Dr. Sérgio Rizzo Dutra. Brasília, FAU/UnB, Julho de 2017. BARBOSA, Pedro Ernesto Chaves. Plano de Bairro da Vila Cauhy Vol.1. Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Liza Andrade. BSB: FAU/UNB, Sem Data. BOMTEMPO, Natália Magaldi. A Rua do Jovem - Projeto de intervenções urbanísticas e culturais no Varjão por meio de processo participativo. Projeto da disciplina de Trabalho Figal de Graduação – TFG, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Prof. Liza Andrade. Brasília, FAU/UnB, 2015. FIUZA, Caio. A vila que reinventamos. Projeto da disciplina de Trabalho Figal de Graduação – TFG, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Prof. Liza Andrade. Brasília, FAU/UnB, 2017. BRAGA, Júlia Regina. Casa de brincar. Projeto da disciplina de Trabalho Figal de Graduação – TFG, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Prof. Liza Andrade. Brasília, FAU/UnB, 2014.

186

Berna L. Massingill, Timothy G. Mattson, and Beverly A. Sanders (2000), A Pattern Language for Parallel Application Programs, Euro-Par 2000 BERTRAN, Paulo. História da Terra e do Homem no Planalto Central: Eco-História do Distrito Federal, do Indígena ao Colonizador. Editora Universidade de Brasília. Brasília,2011. PUBLICAÇÕES ON LINE


BRETTAS, Nayana. Cidade que Brinca. Editora Paulus, São Paulo, 2017. MEDEIROS, Ethel Bauzer. O Lazer no Planejamento Urbano. Editora Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1975. LIMA, Mayumi Souza. A Cidade e a Criança. Editora Nobel, São Paulo, 1989. FRANGE, Lucimar e Vasconcellos, Luiz Gonzaga. Oficina de desenho urbano: Desenhando e Construindo a cidade no cerrado. Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2002. NOGUEIRA, Pedro Ribeiro. Cinco razões para se comemorar a aprovação do Marco Legal da Primeiro Infância no Brasil. 04 de fevereiro de 2016. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2016/02/04/cinco-razoes-para-se-comemorar-aprovacao-marco-legal-da-primeira-infancia-brasil/ SOARES, Nana. São Paulo e o sonho de uma cidade para crianças. 18 de agosto de 2017. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2017/08/18/sao-paulo-e-o-sonho-de-uma-cidade-para-criancas/ DA REDAÇÃO. Projeto lança publicação com mapas afetivos do Glicério feitos por crianças. 01 de janeiro de 2015. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/09/01/projeto-lanca-publicacao-com-mapas-afetivos-glicerio-feitos-por-criancas/ NOGUEIRA, Pedro Ribeiro. No caminho da escola, crianças redesenham o viaduto do Glicério. 30 de novembro de 2015. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/11/30/cidade-para-criancas-no-caminho-da-escola-criancas-redesenham-o-viaduto-do-glicerio/ RIBEIRO, Raiana. As crianças do Glicério têm um cortejo pra chamar de seu. 28 de agosto de 2015. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/08/20/as-criancas-do-glicerio-tem-um-cortejo-pra-chamar-de-seu/ NOGUEIRA, Pedro Ribeiro. Garantir direitos de crianças e adolescentes é uma tarefa de todo o território. 29 de maio de 2015. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/05/29/garantir-direitos-de-criancas-e-adolescentes-e-uma-tarefa-de-todo-o-territorio/ DA REDAÇÃO. Guia detalha a importância da intersetoralidade nas políticas públicas para a primeira infância. 16 de julho de 2017. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/07/16/guia-detalha-a-importancia-da-intersetorialidade-nas-politicas-publicas-para-a-primeira-infancia/ NOGUEIRA, Pedro Ribeiro. Territórios educativos: como aprender na cidade? 06 de abril de 2015. http://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/ GRUPOS ATUANTES Basurama http://basurama.org/ CriaCidade http://www.criacidade.com.br/ Erê Lab http://www.erelab.com.br/ Fundação Bernard van Leer https://bernardvanleer.org/pt-br/ AACHP - Asociação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina http://centrohistoricodeplanaltina.blogspot.com.br/ Família Mestre D’armas https://www.facebook.com/familiamestredarmas/

187


188


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.