“Olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1, 48)

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“Olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1, 48) Pe. Fábio José de Farias Leite, sdb Inicialmente, gostaria de dizer que não venho fazer um tratado teológico, ou coisa parecida, mas, tão somente refletir sobre uma das grandes virtudes marianas, que hoje - mais do que nunca - precisa ser realçada e enfocada, no coração da Igreja: humildade! Humilde é aquele que reconhece os próprios limites e não se orgulha ou se exalta pelos seus méritos e virtudes. É ainda aquele que não aspira reconhecimentos, louvores e honras. Eis a pessoa humilde. No mundo atual está palavra não quer dizer quase nada, já que as palavras na ordem do dia hoje são: autoafirmação, egocentrismo, vanglória, reconhecimento e exaltação, méritos e títulos. A palavra humildade acentuada no Cântico de Maria, o Magnificat, que escolhi como tema da reflexão: “ele olhou a humildade de sua serva” (Lc 1, 48) encontra muitos significados e tentativas de explicação na Sagrada Escritura. Vejamos alguns exemplos clássicos: Inicialmente, a humildade que encontramos nos textos bíblicos, talvez esteja relacionada à Ana, mãe de Samuel (1Sm 2, 1-11) que rezava para ser libertada da esterilidade, utilizando-se do termo humildade. Casando-se com o propósito de virgindade, Maria aceita de ser julgada como mulher estéril, já que não podia comunicar o segredo de sua vida. Em outro ponto de vista, podemos ver humildade como “pequenez” da serva, ou seja, olhamos até que ponto Deus envolveu Maria na sua graça, fazendo-a Mãe do Salvador. Assim sendo, de desconhecida jovem de Nazaré, agora se torna a Mãe do Senhor e aquela que “as gerações todas chamarão de bem-aventurada” (Lc 1, 48). No Antigo Testamento, a humildade é apresentada fundamentalmente como abatimento, condição de opressão, tribulação e sofrimento, sejam a nível comunitário que pessoal. Nesta condição, a humildade sobe até Deus como grito, a fim de que, o Senhor veja a humilhação e intervenha com a sua salvação. A comunidade de Qumran sublinha a humildade como abandono na misericórdia e na graça de Deus, que se compadece dos pobres e aflitos que querem professar a sua fé na aliança. Maria é aquela que canta as humilhações do seu povo e abandona-se nas mãos do seu Senhor, proclamando a salvação de Israel. Querido leitor, Deus escolhe livremente os pequenos e eleva os pobres da sua baixeza. Assim, Ele se comportou com Maria. Por isso, o Filho proclamará as maravilhas do Pai dizendo: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25) e “aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). Quando Deus chama o homem para colaborar com Ele, acontece um grande mistério: Deus só pode convocá-lo para ser colaborar, na medida em que o homem se apresenta na verdade da sua pobreza, da sua pequenez e da sua humildade. Uma única atitude é legítima diante de Deus: humildade!


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“Olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1, 48) by Jakeline Lira - Issuu