Livro de Resumos do XXV Simpósio Nacional de História

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FORTALEZA-CEARÁ XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA | 1


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Homenagem a obra de William Morris (1834-1896) XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA | 3



XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA HISTÓRIA E ÉTICA



ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA - ANPUH XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA

HISTÓRIA E ÉTICA SIMPÓSIOS TEMÁTICOS RESUMOS

12 A 17 DE JULHO UFC - FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

FORTALEZA, 2009


Universidade Federal do Ceará - UFC Reitor Jesualdo Pereira Farias Vice-Reitor Henry de Holanda Campos Pró-Reitor de Administração Luís Carlos Uchôa Saunders Pró-Reitora de Assuntos Estudantis Maria Clarisse Ferreira Gomes Pró-Reitor de Extensão Antonio Salvador da Rocha Pró-Reitor de Graduação Custódio Luís Silva de Almeida Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Gil de Aquino Farias Pró-Reitor de Planejamento Ernesto da Silva Pitombeira Chefe de Gabinete Luiz Antônio Maciel de Paula Diretora do Centro de Humanidades Maria de Fátima Oliveira Costa ANPUH Diretoria nacional Presidente - Manoel Luiz Salgado Guimarães (UFRJ) Vice-Presidente - Adelaide Maria Gonçalves Pereira (UFC) Secretário-Geral - Tania Regina de Luca (UNESP) 1º. Secretário - Nelson Schapochnik (USP) 2º. Secretário - Ana Maria Monteiro (UFRJ) 1º. Tesoureiro - Eduardo Victorio Morettin (USP) 2º. Tesoureiro - Almir Bueno (UFRN) Editora RBH - Regina Horta Duarte (UFMG) Editora RHH - Cristina Meneguello (UNICAMP) ANPUH - Ceará Presidente - Altemar Muniz (UECE-FECLESC) Vice-Presidente - Reinaldo Forte Carvalho (UECE-URCA) Secretário Geral - Thiago Alves Nunes Rodrigues Tavares (INTA) 1º Secretário - Gerson Gallo (UFC) 2º Secretário - Manuelina Maria Duarte Cândido (INTA) 1º Tesoureiro - Ivaneide Barbosa Ulisses (UECE-FAFIDAM) 2º Tesoureiro - Chrislene Carvalho dos Santos (UVA) Universidade Federal do Ceará - UFC Av. da Universidade, 2853 Benfica 60020-181 Fortaleza/CE Fone/Fax: + 55 (85) 3366 7300 www.ufc.br/portal/ ANPUH - Associação Nacional de História Av. Prof. Lineu Prestes, 338 Térreo do prédio de História e Geografia Caixa Postal: 8105 05508-900 São Paulo/SP Fone/Fax: (11) 3091-3047 E-mail: anpuh@usp.br ANPUH - Associação Nacional de História Seção Ceará Rua Carlos Jereissati, 268 Alto São Francisco 63900-000 Quixadá/CE Fone: (85) 9624-3835 E-mail: anpuhceara@gmail.com Projeto gráfico e edição de arte: Norton Falcão Edição de arte baseada na obra de William Morris (1834-1896)

S612h

Simpósio Nacional de História (25: 2009: Fortaleza, CE) História e ética: Simpósios Temáticos e Resumos [do] XXV Simpósio Nacional de História, Fortaleza, CE, 12 a 17 de julho de 2009/ organizado por Afonsina Maria Augusto Moreira, Ana Sara Ribeiro Parente Cortez... [et al]. -- Fortaleza: Editora, 2009. 000p. ; 00cm ISBN 000000000000 1. Brasil - História. 2. História - Ética 3. Historiografia. 1. Associação Nacional de História. II. Título CDD 907.2



APRESENTAÇÃO POR UMA EST(ÉTICA) DA BELEZA NA HISTÓRIA Nos registros, ficará escrito: durante seis dias do ano de 2009, pesquisadores, professores, estudantes e interessados em História de todo o Brasil estiveram juntos na capital cearense, Fortaleza. Nesse período, de 12 a 17 de julho, acontecem apresentações de trabalhos em Simpósios Temáticos, pôsteres de Iniciação Científica, Míni-Cursos, Lançamentos de Livros , Conferências, Exposições, Cinema, Diálogos Contemporâneos, Reuniões Administrativas. Os números impressionam, mas o XXV Simpósio Nacional de História (SNH) está principalmente marcado pela mistura daquilo que o constrói para além dos muros institucionais. Diversidade desde o primeiro momento do encontro que tematizou a História e a Ética. O espaço tradicional de secretaria foi substituído por uma acolhedora casa que convidou os diferentes habitantes da cidade para visitá-la e ficar à vontade. Na Casa da Anpuh, criada em julhode 2008, a comunidade universitária esteve ao lado de militantes de Movimentos Sociais e de Sindicatos, funcionários da Universidade, entre outros trabalhadores presentes nos lançamentos de livros, cursos, debates e oficinas que realizou. Além de espaço de reuniões e atividades de organização do Simpósio, a Casa da Anpuh esteve aberta à exposições de fotografia, lançamentos de livros, cursos voltados para professores da rede pública de ensino e interessados, além de ações para promoção da leitura, como a campanha permanente de doação de livros científicos, vendidos a preços reduzidos. A Casa se tornou livraria, espaço de convivência, trabalho e encontro de todos aqueles que desejavam pensar a História entre pátios e quintais. Uma vez por mês, aos sábados, tintas, agulhas, tesouras e barbantes foram o instrumento de militantes, universitários e trabalhadores que ajudaram a tecer o XXV Simpósio Nacional da ANPUH. As peças produzidas eram colocadas na lojinha da Casa. Quem passou pelo sobrado instalado na área II do Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará (UFC), pode apreciar as peças de artesanato, comprar ou ler os livros e as revistas expostos. Na construção desses seis dias de Simpósio, diferentes áreas do conhecimento estiveram presentes: estudantes de Arquitetura desenharam espaços, de Comunicação discutiram materiais, do PET/Historia, estudantes de História de Fortaleza e do interior do Ceará prepararamse para monitorias. Cerca de 180 estudantes de turismo, alimentação e hotelaria, que fazem parte do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Pró-Jovem) de Fortaleza, experimentaram o conhecimento na prática da composição e realização do evento. Também em 2009, as perspectivas de pesquisa foram ampliadas. Como proposta de iniciação científica, qualquer aluno com pesquisa e orientador pode se inscrever para apresentação de pôster. Toda essa diversidade pode ser materializada nos temas abordados durante o encontro. Neste livro, estão os resumos dos trabalhos apresentados em oitenta e quatro Simpósios Temáticos. Importantes questões do debate historiográfico atual estiveram presentes nas pesquisas que abordaram perspectivas e aspectos vários sobre: Poder Eclesiástico, Escravidão nas Américas, Família, Ciências e Saúde, Cultura Visual e Imagem, Império Português, Gênero, Ética, Educação Histórica, Estudos Africanos, Música Popular, Teatro, História Ambiental, Ensino de História, Ciência, Tecnologia e Sociedade, Escritas da História, Religião e Ética, Historiografia e Escrita, Migrações, Memória, Identidade, Cidadania, Práticas Religiosas, Imagens de Arte, Império e Colonização, Educação, Religião e Ética, Imprensa, História Social e Memória, Intelectuais, Biografias e Política, Ética e Linguagens Artísticas, Linguagens e Práticas da Cidadania, Mundos do Trabalho. Os Simpósios Temáticos também discutiram sobre História relacionando com: Mídias, Intelectuais e Participação Política, Tradições e Culturas do Trabalho, Esporte e Práticas Corporais, Normas e Práxis do Mundo Ibérico, Antiguidade, Índios, Instituições, Elites e Idéias na Latino-América, Quilombos, Quilombolas e Terras de Negros, Revoltas e Insurreições no Brasil, Ética Cristã, Africanos e Afro-descendentes no Brasil Colonial e Imperial, Cidades e Culturas, História Agrária, Cinema e Razão Poética, Estado e Políticas Públicas, Ética e Estética no Mundo Antigo, Fronteiras e Fronteiriços, Audiovisual, História da Saúde e das Doenças, Crime e Justiça Criminal, Patrimônio Cultural, Fontes Orais, Infância, Adolescência e Juventude no Brasil, Memórias, Identidades e Conflitos Sociais, Militares, Linguagem, Política


Externa, Desigualdades, Religião no Mundo Luso-Brasileiro, Marxismo, Cultura Moderna, Idéias, Intelectuais e Instituições, Povos Tradicionais, Mobilidades Urbanas, Gênero e Interculturalidade, Experiências Musicais, Instituições Políticas, Cultura Jurídica e Cultura Religiosa, Cultura da África e Afro-Brasileira, História do Cinema, Relações de Poder na Idade Média, Educação e Formação da Sociedade Brasileira, Biografias e Autobiografias, História Política, Relações Internacionais dos Estados Americanos, Religiões e Religiosidades, Natureza e Território, Literatura e Artes. Os que visitaram a Casa da Anpuh durante todos esses meses também foram recebidos por plantas e flores que, logo na entrada, indicavam que o mundo acadêmico bem poderia ser mais bonito, colorido, ético e estético. O jardim da casa foi de tal modo importante que nos momentos mais estressantes o bom mesmo era largar tudo e cuidar das plantinhas, como fizeram aqueles que optaram por deixar o mundo mais bonito. Assim, decidimos que não haveria modo mais terno de receber os participantes do XXV Simpósio da Anpuh do que no Jardim do Theatro José de Alencar, projetado por Burle Marx, que na sua delicadeza e sensibilidade soube deixar aquela, uma das casas de espetáculo mais bonitas do Brasil. Foi também uma homenagem ao centenário desse jardineiro fiel. Enfim, a difusão da produção acadêmica, promoção do debate, estímulo ao conhecimento interdisciplinar e aos intercâmbios foram dimensões buscadas durante o XXV Simpósio Nacional de História – História e Ética. Momento significativo, que antecede os cinquenta anos da Associação Nacional de História, comemorado em 2011. Todos os que fizeram esse Encontro, que é muito maior do que seis dias, lançam as expectativas para que o caminho do saber histórico seja fortalecido e atuante, hoje e sempre. É a esperança e o desejo da Universidade Federal do Ceará, da ANPUH Nacional e da ANPUH-Ceará, os realizadores do XXV Simpósio Nacional de História . Uma última palavra. De agradecimento comovido aos que doaram livros e revistas. Ao espírito de camaradagem na convivência de toda a Comissão Organizadora ao longo de um ano de muito trabalho. Ao convívio e apoio dos Cursos de História da URCA- Universidade Regional do Cariri, da UVA- Universidade Vale do Acaraú, da Universidade Estadual do Ceará-UECE, em Fortaleza, Quixadá e Limoeiro do Norte e da Universidade Federal do Ceará-UFC. Aos patrocínios institucionais do Governo do Estado do Ceará, da Prefeitura Municipal de Fortaleza, do Banco do Nordeste do Brasil. Ao patrocínio acadêmico da FUNCAP, FAPESP, CNPq e CAPES. Aos apoios de natureza vária: (copiar os apoios do site) Uma menção especial ao zelo e colaboração de toda a Administração Superior da UFC. Nossa gratidão aos Chefes de Departamento, Coordenadores de Curso, Diretores de Centro e Faculdades do Campus do Benfica, Imprensa Universitária, Edições UFC, Cetrede, FCPC, NPD, Rádio Universitária, Equipe de Comunicação da Reitoria, DCE, Casa Amarela Eusélio Oliveira, Restaurante Universitário, Museu da Universidade-MAUC. Nosso agradecimento muito sincero ao pessoal de limpeza, zeladoria, transportes e aos Prefeitos do Campus do Benfica. Parece que realizamos um pedaço de nosso sonho de uma Universidade de cultura e comunitária. Fortaleza, Ceará, 12 de julho de 2009


SIMPÓSIOS TEMÁTICOS E RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES DE PESQUISA


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01. Conquista, Evangelização e Poder Eclesiástico no Contexto Ibero-Americano Coordenadores: Eliane Cristina Deckmann Fleck, Marília de Azambuja Ribeiro Resumo das comunicações: Ana Stela de Negreiros Oliveira Anderson Roberti dos Reis Andre Cabral Honor André Junqueira Prevatto Ane Luíse Silva Mecenas Beatriz Helena Domingues Blenda Cunha Moura Bruna Rafaela de Lima Cristina de Cássia Pereira de Moraes Eliane Cristina Deckmann Fleck Fabiana Pinto Pires Fernanda Sposito

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Guilherme Queiroz de Souza Jean Tiago Baptista Josemary Omena Passos Ferrare Leandro Henrique Magalhães Leandro Karnal Luis Guilherme Assis Kalil Luisa Tombini Wittmann Luiz Fernando Medeiros Rodrigues Márcia Eliane Alves de Souza E Mello Marcia Sueli Amantino Maria Conceição da Glória Santos Maria Cristina Bohn Martins Maria Emília Monteiro Porto Marília de Azambuja Ribeiro

Meynardo Rocha de Carvalho Nívia Paula Dias de Assis Paulo Rogério Melo de Oliveira Raul Goiana Novaes Menezes Sezinando Luiz Menezes Suzana Maria de Sousa Santos Severs Victor Santos Vigneron de La Jousselandière Vinicius Maia Cardoso Viviane Machado Caminha Williams Bartolomeu Baracho de Lima

02. A Abolição da Escravidão e a Construção dos Conceitos de Liberdade, Raça e Tutela nas Américas Coordenadores: Enidelce Bertin, Maria Helena Pereira Toledo Machado Amanda Teles dos Santos Andressa Capucci Ferreira Camila Barreto Santos Avelino Camila Mendonça Pereira Cláudia Regina Andrade dos Santos Daniel Simões do Valle Daniela Daflon Yunes Enidelce Bertin Eric Brasil Nepomuceno Francisca Carla Santos Ferrer Gabriel Aladrén Hamilton Afonso de Oliveria Ione Celeste Jesus de Sousa Jaciana de Oliveira Xavier

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Melquiades Janete Silveira Abrão José Maia Bezerra Neto Josenildo de Jesus Pereira Juliana Foguel Castelo Vranco Luiz Gustavo Santos Cota Luiza Helena de Carvalho Lusirene Celestino França Ferreira Maíra Chinelatto Alves Marcelo Souza Oliveira Marcus Dezemone Maria Angélica Zubaran Maria Clara Sales Carneiro Sampaio Maria Rosangela dos Santos

Murilo Borges Silva Patricia Garcia Ernando da Silva Paulo César Oliveira de Jesus Rafael da Cunha Scheffer Valéria Gomes Costa Vanessa Gomes Ramos Wlamyra Ribeiro de Albuquerque

03. As Teias que a Família Tece

Coordenadores: Ana Silvia Volpi Scott, Carlos de Almeida Prado Bacellar Alanna Souto Cardoso Alina Silva Sousa Ana Paula Carvalho Trabucolacerda Ana Sara Ribeiro Parente Cortez Ana Silvia Volpi Scott Antonio Otaviano Vieira Júnior Cacilda da Silva Machado Carlos de Almeida Prado Bacellar Cristina Donza Cancela Dario Scott Denize Terezinha Leal Freitas Eliane Cristina Lopes Soares Elisgardênia de Oliveira Chaves Ipojucan Dias Campos Ismael Antônio Vannini

Jair de Souza Ramos Jane de Jesus Soares Joel Nolasco Queiroz de Cerqueira E Silva Jorge Rodrigo da Cunha Jose Weyne de Freitas Sousa Leidejane Araújo Gomes Letícia B. Silveira Guterres Lívia Nascimento Monteiro Maria Aparecida de Menezes Borrego Maria da Glória Guimarães Correia Maria Luiza Andreazza Maria Silvia Casagrande Beozzo Bassanezi Mariana de Aguiar Ferreira Muaze

Milton Stanczyk Filho Muirakytan K de Macedo Oswaldo Mario Serra Truzzi Patrícia Abreu dos Santos Paula Chaves Teixeira Reinaldo Forte Carvalho Renato Pinto Venâncio Ricardo Schmachtenberg Rogério da Palma Sara Simas Sheyla Farias Silva Silmei de Sant’Ana Petiz Silvana Alves de Godoy


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04. Ciências Biomédicas e Saúde em Perspectiva Histórica Coordenadores: Dominichi Miranda de Sá, Marta de Almeida Ana Luce Girão Soares de Lima André Vasques Vital Andrezza Christina Ferreira Rodrigues Antonia Valtéria Melo Alvarenga Arthur Torres Caser Carolina Arouca Gomes de Brito Christiane Maria Cruz de Souza Cidinalva Silva Câmara Cleide de Lima Chaves Dilma Cabral Eduardo Gomes de Oliveira Eliana Vieira Sales Érico Silva Muniz Fernanda Rebelo

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Coordenadores: Cristina Meneguello, Jens Michael Baumgarten Gilmário Moreira Brito Helouise Lima Costa Ivania Valim Susin Ivoneide de França Costa Jaime de Almeida Joana Carolina Schossler Juam Carlos Thimótheo Leticia Coelho Squeff Luana Carla Martins Campos Marcelo Robson Téo Marcos Felipe de Brum Lopes Maria Antonia Couto da Silva Maria Cristina Miranda da Silva Maria Teresa Ferreira Bastos

Marilda Lopes Pinheiro Queluz Patricia Camera Paula Martins de Barros Gioia Pedro Alexander Cubas Hernández Renato Cymbalista Rogério Pereira de Arruda Rogério Souza Silva Rosangela de Jesus Silva Sandra Sofia Machado Koutsoukos Sonia Maria de Almeida Ignatiuk Wanderley Thereza Baumann Valéria Alves Esteves Lima Wagner do Nascimento Rodrigues

06. Dinâmica Imperial no Antigo Regime Português: séculos XVI-XVIII Coordenadores: Roberto Guedes Ferreira, Maria de Fátima Silva Gouvea Adriana Barreto de Souza Adriano Comissoli Anderson José Machado de Oliveira Anna Laura Teixeira de França Bartira Ferraz Barbosa Carmen Margarida Oliveira Alveal Clara Maria Farias de Araújo Claudia Cristina Azeredo Atallah Elmar Figueiredo Arruda Érika Simone de Almeida Carlos Dias Fábio Pesavento Helen Osório Isnara Pereira Ivo Jeannie da Silva Menezes

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Marcos Chor Maio Maria Martha de Luna Freire Maria Rachel de Gomensoro Fróes da Fonseca Mariana Santos Damasco Marlene Lopes Cidrack Monique de Siqueira Gonçalves Patricia Marinho Aranha Renato da Silva Silvia Helena Bastyos de Paula Tamara Rangel Vieira Thiago da Costa Lopes Tibério Campos Sales Verônica Pimenta Velloso

05. Cultura Visual, Imagem e História Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus Ana Rita Uhle André Luiz Rosa Ribeiro Beatriz Rodrigues Ferreira Camila Dazzi Carolina Bortolotti de Oliveira Carolina Martins Etcheverry Charles Monteiro Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta Érica Gomes Daniel Monteiro Francisco das Chagas F. S. Junior Francislei Lima da Silva

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Gabriela Dias de Oliveira Gilberto Hochman Hideraldo Lima da Costa Ingrid Fonseca Casazza Jaime Larry Benchimol José Arimatea Barros Bezerra José Leandro Rocha Cardoso Julio Cesar Adiala Júlio Cesar Schweickardt Kelly Cristina Benjamim Viana Letícia Pumar Alves de Souza Lidiane Monteiro Ribeiro Lourence Cristine Alves Luis Antonio Coelho Ferla Luiz Antonio da Silva Teixeira

Joao Luís Ribeiro Fragoso Jonas Moreira Vargas José Eudes Arrais Barroso Gomes José Roberto Pinto de Góes Mafalda Soares da Cunha Marcello José Gomes Loureiro Marcio de Sousa Soares Marcos Aurélio de Paula Pereira Maria Aparecida Rezende Mota Maria das Graças Souza Aires de Araujo Maria do Socorro Ferraz Barbosa Maria Fernanda B. Bicalho Maria Fernanda Vieira Martins

Maria Lemke Marilia Nogueira dos Santos Mônica da Silva Ribeiro Nauk Maria de Jesus Nuno Gonçalo Pimenta de Freitas Monteiro Paulo Cavalcante Paulo César Possamai Rafael Ricarte da Silva Roberto Guedes Ferreira Rodrigo Ceballos Rodrigo de Aguiar Amaral Simone Cristina de Faria Virginia Maria Almoêdo de Assis

07. Discursos e Representações: Jogos de Gênero Coordenadores: Cristina Scheibe Wolff Alexandre Garrido da Silva Alomia Abrantes da Silva Ana Rita Fonteles Duarte Andréa da Rocha Rodrigues Breno Rodrigo de Oliveira Alencar Carolina dos Anjos Nunes Oliveira Claudia Regina Nichnig Cristina Scheibe Wolff Deivid Aparecido Costruba Elizabeth Sousa Abrantes Fabiana Francisca Macena Gabriel Felipe Jacomel Gabriela Miranda Marques Gilma Maria Rios Ilane Ferreira Cavalcante

Ivana Guilherme Simili Joana Maria Pedro Karina Klinke Leonardo Turchi Pacheco Lorena Zomer Luciana Andrade de Almeida Luciana de Lima Pereira Luciana Rosar Fornazari Klanovicz Mara Lígia Fernandes Costa Márcia Castelo Branco Santana Maria de Fátima Hanaque Campos Mariana Joffily Marinete do Santos Silva Mário Martins Viana Júnior Mirian Jaqueline Toledo Sena Severo

Paola Lili Lucena Paula Faustino Sampaio Pedro Vilarinho Castelo Branco Renato Riffel Rômulo José Francisco de Oliveira Júnior Sana Gimenes Alvarenga Domingues Stella Maris Scatena Franco Vilardaga Suzimar dos Santos Novais Vera Lúcia Puga Walter de Carvalho Braga Júnior


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08. Dizer Sim à Existência: Ética e Subjetividade na História Coordenadores: Glaydson José da Silva, Luzia Margareth Rago Adilton Luís Martins Aline da Silva Medeiros Ana Carolina Arruda de Toledo Murgel Andre Luiz Joanilho Anette Lobato Maia Clementino Nogueira de Sousa Daive Cristiano Lopes de Freitas Diego Souza de Paiva Dimas Brasileiro Veras Elisabeth Juliska Rago Everton de Oliveira Moraes Fabiana Luiza da Silva

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Maria Rita de Assis César Marilda Ionta Nelson de Azevedo Paes Barreto Nildo Avelino Paula Souza da Cunha Priscila Piazentini Vieira Rachel Tegon de Pinho Rosamaria Carneiro Rosane Azevedo Neves da Silva Roselane Neckel Soraia Carolina de Mello Susel Oliveira da Rosa Vânia Nara Pereira Vasconcelos

09. Educação Histórica

Coordenadores: Marlene R. Cainelli, Maria Auxiliadora M. dos S. Schmidt Andre Chaves de Melo Silva André Luiz Batista da Silva Astrogildo Fernandes da Silva Júnior Benicia Couto de Oliveira Berenice Schelbauer do Prado Cristiani Bereta da Silva Daniele Gomes dos Santos Elenice Elias Francisco Alencar Mota Isaíde Bandeira Timbó Israel Soares de Sousa Jair Fernandes dos Santos Janaína Nunes Ferreira Jucimara Rojas Julio Ricardo Quevedo dos Santos Lilian Costa Castex

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Glaydson José da Silva Haroldo Gomes da Silva Helena Isabel Mueller Herasmo Braga de Oliveira Brito Icaro Ferraz Vidal Junior José Carlos Reis Júlia Glaciela da Silva Oliveira Luana Saturnino Tvardovskas Lucas Endrigo Brunozi Avelar Luzia Margareth Rago Marcelo Santana Ferreira Maria Celia Orlato Selem Maria Ignês Manici de Boni

Lindamir Zeglin Fernandes Luciano de Azambuja Lucineia Cunha Steca Luis Mauro de Alvarenga Marnet Luzia Marcia Resende Silva Magda Madalena Tuma Marcelo Fronza Margarida Maria Dias de Oliveira Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt Maria Catharina N. de Carvalho Maria do Carmo Barbosa de Melo Maria Inês Sucupira Stamatto Maria Neusa G.Gomes Souza Maria Sigmar Coutinho Passos Mariana Reis Feitosa

Marilú Favarin Marin Marlene Rosa Cainelli Milton Joeri Fernandes Duarte Nilcéia A. F. Gavronski Osvaldo Rodrigues Junior Raimunda Ivoney Rodrigues Oliveira Ricardo José Lima Bezerra Rogério Lustosa Victor Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd Sandra Regina Ferreira de Oliveira Severino Bezerra da Silva Tania Gayer Ehlke Zilfran Varela Fontenele

10. Estudos Africanos: Dimensões Históricas das Sociedades Africanas e dos Africanos na Diáspora Coordenadores: Alexsander L. de Almeida Gebara, Maria Cristina Cortez Wissenbach Adauto Neto Fonseca Duque Alexandre Almeida Marcussi Alexsander Lemos de Almeida Gebara Andrea Barbosa Marzano Angela de Araújo Porto Camilla Agostini Cândido Eugênio Domingues de Souza Carlos Francisco da Silva Júnior Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes Cristiane Nascimento da Silva Diego Barbosa da Silva Elaine Ribeiro da Silva dos Santos

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Fábio Baqueiro Figueiredo Fernanda do Nascimento Thomaz Gabriela Aparecida dos Santos Gilson Brandão de Oliveira Junior Ingrid Silva de Oliveira Irineia Maria Franco dos Santos Ivana Pansera de Oliveira Muscalu Josane Rodrigues Boechat Juliana Barreto Farias Juliana de Paiva Magalhães Julio Moracen Naranjo Kaori Kodama Letícia Cristina Fonseca Destro Lucilene Reginaldo

Luiza Nascimento dos Reis Marcelo Bittencourt Marcos Vinicius Santos Dias Coelho Maria Cristina Cortez Wissenbach Maria Roseane Correa Pinto Lima Mônica Carolina Savieto Orlando Almeida dos Santos Patricia Santos Schermann Pedro Figueiredo Alves da Cunha Raquel Gryszczenko Alves Gomes Silvio de Almeida Carvalho Filho Sílvio Marcus de Souza Correa Víctor Baptista Varela de Barros Wolfgang Adolf Karl Döpcke

11. História e Música Popular

Coordenadores: Adalberto de Paula Paranhos, Tania da Costa Garcia Adalberto de Paula Paranhos Adriana Facina Alessander Mário Kerber Alexandre Felipe Fiuza Andrea Maria Vizzotto Alcântara Lopes Carlos Eduardo Calaça Costa Fonseca Carolina Mary Medeiros Claudete de Sousa Nogueira Cleodir da Conceição Moraes Daniela Ribas Ghezzi Dmitri Cerboncini-Fernandes Eleonora Zicari Costa de Brito Felipe da Costa Trotta Francisco de Assis Santana Mestrinel Gabriel Ferrão Moreira

Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende José Roberto Zan Juliana de Oliveira Rocha Franco Luisa Quarti Lamarão Luiz Felipe Sousa Tavares Mara Rita Oriolo de Almeida Marcelo Crisafuli Nascimento Almeida Marcelo Nogueira Diana Marcia Ramos de Oliveira Maria Amélia Garcia de Alencar Mariana Oliveira Arantes Marlon de Souza Silva Mary Aparecida de Alencar Durães Nilton Silva dos Santos

Olga Rodrigues de Moraes Von Simson Priscila Gomes Correa Regina Helena Alves da Silva Rodrigo Oliveira dos Santos Silvia Maria Jardim Brügger Tania da Costa Garcia Theophilo Augusto Pinto Tony Leão da Costa Valeria Aparecida Alves Victor Hugo Veppo Burgardt Virginia de Almeida Bessa Vitor Hugo Abranche de Oliveira


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12. História & Teatro

Coordenadores: Vera Regina Martins Collaço, Katia Rodrigues Paranhos Ana Paula Teixeira Andreia Aparecida Pantano Berenice Albuquerque Raulino de Oliveira Camila Imaculada Silveira Lima Carminda Mendes André Edelcio Mostaço Elderson Melo de Melo Elen de Medeiros Érica Rodrigues Fontes Evelyn Furquim Werneck Lima Fatima Costa de Lima Henrique Buarque de Gusmão Isabel Silveira dos Santos

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Coordenadores: Paulo Henrique Martinez, José Augusto Pádua Eliane Kuvasney Eliane Oliveira de Lima Freire Ely Bergo de Carvalho Ermelinda Moutinho Pataca Fabíula Sevilha de Souza Ival de Assis Cripa Janaina da Silva Augusto Janaina Zito Losada Jó Klanovicz Joice Fernandes José Otávio Aguiar Leila Mourão Lorena de Pauli Cordeiro Lucas Antonio Franceschi Marcelo Lapuente Mahl

Maria de Fatima Oliveira Martin Stabel Garrote Maryanne Rizzo Correa da Costa Galvão Paulo Henrique Martinez Pedro Henrique Campello Torres Petra Sanchez Sanchez Regina Coelly Fernandes Saraiva Regina Horta Duarte Roberto Carlos Massei Rômulo de Paula Andrade Silvia Helena Zanirato Tatiana da Silva Bulhões Wesley Oliveira Kettle

14. História do Ensino de História

Coordenadores: Kazumi Munakata, Arlette Medeiros Gasparello Ana de Oliveira Ana Paula Squinelo André Luiz Bis Pirola Antonia Terra de Calazans Fernandes Arlette Medeiros Gasparello Aryana Lima Costa Carlos Eduardo dos Reis Danielle Cristine Camelo Farias Diogo Francisco Cruz Monteiro Eliane Mimesse Prado Eliezer Raimundo de Souza Costa Elza Alves Dantas Frank dos Santos Ramos Gabriela Gonçalves Rosa Hermeson Alves de Menezes

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Orna Messer Levin Pâmela Peregrino da Cruz Paulo Merisio Rafael de Souza Villares Raquel Barroso Silva Roberta Paula Gomes Silva Rodrigo Seidl Rosa Ana Gubert Sérgio Onofre Seixas de Araújo Solange Pimentel Caldeira Stephan Arnulf Baumgartel Vera Regina Martins Collaço Victor Hugo Adler Pereira Vilma Campos dos Santos Leite

13. História Ambiental: Teorias, Fontes e Pesquisas Adalmir Leonidio Ana Lucia Nogueira de Paiva Britto Ana Paula dos Santos Lima André Luiz Onghero Beatriz Ramalho Ziober Carlos Alberto Menarin Carlos Eduardo Costa Barbosa Carlos Roberto Ballarotti Carolina Marotta Capanema Catarina de Oliveira Buriti Cláudia Beatriz Heynemann Cyro de Barros Rezende Filho Diogo de Carvalho Cabral Dora Shellard Correa Eduardo Giavara

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João Costa Gouveia Neto Katia Rodrigues Paranhos Kyara Maria de Almeida Vieira Larissa de Oliveira Neves Magda Maria Jaolino Torres Maria Brigida de Miranda Maria de Lourdes Rabetti Maria do Perpétuo Socorro Calixto Marques Maria Lana Monteiro de Lacerda Mariana de Oliveira Amorim Múcio Medeiros Nara Waldemar Keiserman Nicolas Alexandria Pinheiro

Iduina Mont´Alverne Braun Chaves Jackeline Silva Lopes João Paulo Gama Oliveira Jorge Antonio da Silva Rangel Julio Henrique da Silva Pereira Kenia Hilda Moreira Kleber Luiz Gavião Machado de Souza Kléber Rodrigues Santos Laura Nogueira Oliveira Luciana Regina Pomari Marcia Guerra Pereira Maria Antonia Veiga Adrião Maria Aparecida da Silva Cabral Maria Aparecida Leopoldino Tursi Toledo Miriam Bianca Amaral Ribeiro

Moroni Tartalioni Barbosa Norma Lúcia Silva Palite Terezinha Buratto Remes Patrícia Cristina de Aragão Araújo Raquel da Silva Alves Regina Celia Goncalves Rodolfo Calil Bernardes Sonia Maria Leite Nikitiuk Suely Cristina Silva Souza Tatiana Leite da Silva Thiago Figueira Boim Ubiratan Rocha Vanderlei Machado Vera Lucia Cabana Andrade Vilma de Lurdes Barbosa Yara Cristina Alvim

15. Ciência-Tecnologia-Sociedade-História

Coordenadores: Ivan da Costa Marques, Maria Amélia Mascarenhas Dantes Alessandro Machado Franco Batista Alex Gonçalves Varela Alexandre de Paiva Rio Camargo Ana Claudia Ribeiro de Souza Ana Emilia da Luz Lobato Andre de Faria Pereira Neto André Luis Mattedi Dias André Luiz Correia Lourenço Anna Raquel de Matos Castro Arthur Arruda Leal Ferreira Camila Guimarães Dantas Carlos Antonio Giovinazzo Jr. Catarina Capella Silva Cesar Agenor Fernandes da Silva Claudia Panizzolo

Deise Simões Rodrigues Eduardo Moraes Warpechowski Eduardo Romero de Oliveira Fabio Luciano Iachtechen Flavio Diniz Ribeiro Francisco Assis de Queiroz Gilson Leandro Queluz Gisela Tolaine Massetto de Aquino Heloisa Meireles Gesteira Ivan da Costa Marques Jairo de Jesus Nascimento da Silva Jose Jeronimo de Alencar Alves Luiz Carlos Borges Luiz Carlos Soares Manuela Bretas de Medina

Marcia Regina Barros da Silva Marco Antonio Rodrigues Paulo Marcos Jungmann Bhering Maria Angélica Pedra Minhoto Mirian Jorge Warde Moema de Rezende Vergara Natalia Peixoto Bravo de Souza Nelson Rodrigues Sanjad Nilda Nazare Pereira Oliveira Nilton de Almeida Araújo Odair Sass Regina Maria Macedo Costa Dantas Ricardo Silva Kubrusly Rundsthen Vasques de Nader Sheila Cristina Alves de Lima Luppi


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16. História Vivida, História Pensada, História Escrita

Coordenadores: Estevão Chaves de Rezende Martins, Raquel Glezer Adrianna Cristina Lopes Setemy Amanda Teixeira da Silva Ana Carolina Barbosa Pereira Ana Luiza Marques Bastos Antonio Paulo de M Resende Carlos Oiti Berbert Júnior Christiane Marques Szesz Cristiano Alencar Arrais Diva do Couto Contijo Muniz Edmar Luis da Silva Erivan Cassiano Karvat Fabio Franzini Fabio Sapragonas Andrioni Fernando Victor Aguiar Ribeiro Francine Iegelski

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Pedro Spinola Pereira Caldas Renato Lopes Leite Sara Albieri Silene Ferreira Claro Simone Cristina Schmaltz de Rezende e Silva Thiago Lima Nicodemo Tiago Santos Almeida Vantuil Pereira Victor Wladimir Cerqueira Nascimento Vitor Henriques Zeloi Aparecida Martins dos Santos

17. História, Religiões e Ética

Coordenadores: Fernando Torres Londoño, Elton de Oliveira Nunes Adriano de Sousa Barros Arnaldo Érico Huff Júnior Belarmino de Jesus Souza Bruno Fonseca Ratton Bruno Rodrigo Dutra Camila Corrêa e Silva de Freitas Clarice Bianchezzi Clarissa Adjuto Ulhoa Cleoneide Moura do Nascimento Edgar da Silva Gomes Edison Minami Eduardo Seixas Migowski Elias Ferreira Veras

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Giselda Brito Silva Helenice Rodrigues da Silva João Alfredo Costa de Campos Melo Júnior José Nicolao Julião Júlia Ribeiro Junqueira Luciana Pessanha Fagundes Luís Sergio Duarte da Silva Marçal de Menezes Paredes Marlon Jeison Salomon Naiara dos Santos Damas Ribeiro Oldimar Pontes Cardoso Pablo Spíndola Paula Virginia Pinheiro Batista Paulo Henrique de Magalhães Arruda

Elton de Oliveira Nunes Érika do Nascimento Pinheiro Mendes Giselle Marques Camara Igor Luis Andreo Jonas Araújo da Cunha Jorge Luiz Nery de Santana Luciane Silva de Almeida Lyndon de Araújo Santos Marcelo Timotheo da Costa Marcílio Lima Falcão Marcos Roberto Brito dos Santos Maria Cristina Pompa

Maria do Socorro de Lima Oliveira Maria Luísa de Castro Vasconcelos Gonçalves Jacquinet Maria Teresa Toribio Brittes Lemos Maxuel Batista de Araujo Ney de Souza Patrícia Ferreira dos Santos Rafael da Silva Virginio Raquel Miranda Barbosa Bueno Tatiana Machado Boulhosa Vanda Maria Quecini

18. Historiografia e Escrita da História: as Dimensões Éticas do Ofício do Historiador Coordenadores: Durval Muniz de Albuquerque Junior, Temístocles Americo Correa Cezar Alessandra Soares Santos Ana Paula Sampaio Caldeira Andre de Lemos Freixo Bernardo Medeiros Ferreira da Silva Bruno Diniz Silva Bruno Franco Medeiros Durval Muniz de Albuquerque Junior Eduardo Sinkevisque Emy Francielli Lunardi Erik Hörner Fernando Felizardo Nicolazzi Flávia Florentino Varella Francisco Firmino Sales Neto Giorgio de Lacerda Rosa

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Helena Miranda Mollo Ivan Norberto dos Santos Janaína Oliveira Joedna Reis de Meneses Joel Carlos de Souza Andrade Julio Cesar Bentivoglio Leandro Augusto Martins Junior Leandro Calbente Camara Lilian Martins de Lima Mara Cristina de Matos Rodrigues Márcio Romão Brantuas Barcia Maria da Glória de Oliveira Mateus Henrique de Faria Pereira Monica Grin

Paulo Roberto de Jesus Menezes Rebeca Gontijo Renata Dal Sasso Freitas Renato Amado Peixoto Robert Wegner Sabrina Magalhães Rocha Sérgio da Mata Sonia Maria de Meneses Silva Suellen Mayara Péres de Oliveira Taise Tatiana Quadros da Silva Temístocles Americo Correa Cezar Valdei Lopes de Araujo

19. (I)Migrações, Memória, Identidade e Cidadania

Coordenadores: Frederico Alexandre de Moraes Hecker, Ismênia de Lima Martins Ana Maria Dietrich Ana Maria Rufino Gillies André Luis Ramos Soares André Souza Martinello Andréa Telo da Corte Angela Maria Roberti Martins Beatriz Rodrigues Kanaan Cacilda Maesima Celi Silva Gomes de Freitas Daniele Sandes da Silva Eloisa H. Capovilla da Luz Ramos Endrica Geraldo Érica Sarmiento da Silva Flavia Mengardo Gouvêa

Francielly Giachini Barbosa Frederico Alexandre de Moraes Hecker Giani Vendramel de Oliveira Henrique Manoel Silva Isabel Cristina Arendt Isabel Maria Freitas Valente Ismênia de Lima Martins Leandro Pereira Gonçalves Marcio Mendes da Luz Marcio Sergio Batista Silveira de Oliveira Marcos Antônio Witt Maria Aparecida Macedo Pascal Mariléia Franco Marinho Inoue Nara Maria Carlos de Santana

Núncia Santoro de Constantino Regina Weber Rosane Aparecida Bartholazzi de Carvalho Ruben Maciel Franklin Silvana Cristina Bandoli Vargas Sydenham Lourenço Neto Syrléa Marques Pereira Valeria Barbosa de Magalhaes Valmir Freitas de Araujo Vera Lucia Bogea Borges Vitor Manoel Marques da Fonseca Vittorio Maria Cappelli


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20. Igreja – Práticas Religiosas e Culturais

Coordenadores: Francisco José Silva Gomes, Edilberto Cavalcante Reis Adriana Martins dos Santos Alcineia Rodrigues dos Santos Alexandre de Oliveira Karsburg Ana Cristina da Costa Lima Andrea Beatriz Wozniak Giménez Carlos André Silva de Moura Carolina Silveira Fróes Cleófas Lima Alves de Freitas Júnior Daniel Soares Simões Darlene Socorro da Silva Oliveira Edlene Oliveira Silva Eduardo Gusmão de Quadros Elizete da Silva Fernanda Pires Rubião Gilberto Geraldo Ferreira Giovane Jose da Silva Guilherme Ramalho Arduini

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Coordenadores: Luciene Lehmkuh, Paulo Knauss Emerson Dionisio Gomes de Oliveira Fabiana de Fátima Bruce da Silva Glauco Constantino Perez Gustavo Reinaldo Alves do Carmo Henrique Sergio de Araujo Batista Igor de Lima e Silva Isis Pimentel de Castro Jardel Sander da Silva Joana D’Arc de Sousa Lima José Augusto Alves Netto Luciene Lehmkuhl Marco Antonio Pasqualini de Andrade Maria Bernardete Ramos Flores

Maria de Fátima Morethy Couto Maria Elizabeth Ribeiro Carneiro Maria Helena da Fonseca Hermes Marize Malta Teixeira Nataraj Trinta Paulo Knauss Roberto Luís Torres Conduru Rogeria Moreira de Ipanema Rosana Horio Monteiro Sônia Maria Campelo Magalhães Stephanie Dahn Batista Thiago Rafael da Costa Santos

22. Império e Colonização: Economia, Sociedade e Política na América Portuguesa Coordenadores: Vera Lucia Amaral Ferlini Alberon de Lemos Gomes Alvaro de Araujo Antunes Ana Paula Medicci Anderson Batista de Melo Angelo Emilio da Silva Pessoa Antonia da Silva Mota Artur Jose Renda Vitorino Bárbara Deslandes Primo Bruna Coutinho Gonçalves Belchior Cassiana Maria Mingotti Gabrielli Claudia Coimbra Espirito Santo Daniel Strum Daniele Ferreira da Silva David Salomão Silva Feio

426

Maria Lucelia de Andrade Maria Lúcia de Souza Rangel Ricci Mariana Ellen Santos Seixas Maurina Holanda Cavalcante Michelle Ferreira Maia Nadia Maria Guariza Quelce dos Santos Yamashita Romilda Alves da Silva Araújo Sandra Batista de Araujo Silva Sérgio Willian de Castro Oliveira Filho Solange Ramos de Andrade Tânia Rute Ossuna de Souza Tatiane Oliveira da Cunha Valmor da Silva Wheriston Silva Neris

21. Imagens de Arte e a Ética do Olhar Agenor Soares e Silva Júnior Aldrin Moura de Figueiredo Amanda Saba Ruggiero Ana Lucia Moraes de Oliveira Arthur Gomes Valle Artur Correia de Freitas Carla Mary da Silva Oliveira Caroline Fernandes Claudia Eliane Parreiras Marques Martinez Claudia Valladão de Mattos Delano Pessoa Carneiro Barbosa Elisabete da Costa Leal

421

Iraneidson Santos Costa Jadilson Pimentel dos Santos Janete Ruiz de Macedo Jean F. Figueiredo Sirino João Paulo Fernandes da Silva Jorge Luiz Dias Pinto Leandro de Aquino Mendes Leonardo Coutinho de Carvalho Rangel Lívia Gabriele de Oliveira Mara Regina do Nascimento Marco Antonio Neves Soares Maria Aparecida Borges de Barros Rocha Maria Augusta de Castilho Maria de Lourdes Porfírio Ramos Trindade dos Anjos

Dayvison da Silva Freitas Débora Cazelato de Souza Denise Aparecida Soares de Moura Eloy Barbosa de Abreu Francisco Eduardo Pinto Gabriel Parente Nogueira George Félix Cabral de Souza Janaina Guimarães da Fonseca E Silva Joana Monteleone Karla Maria da Silva Leandro Braga de Andrade Lucas Jannoni Soares Luciene Maria Pires Pereira Marco Antônio Silveira

Marcos Celeste Maximiliano Mac Menz Milena Fernandes Maranho Pablo Oller Mont Serrath Patricia Martins Castelo Branco Raphael Freitas Santos Renato de Mattos Renato Júnio Franco Renato Pereira Brandão Rodrigo Monte Ferrante Ricupero Rossana Gomes Britto Thiago Alves Dias Úrsula Andréa de Araújo Silva

23. Educação, Religião e Ética: Perspectivas Históricas Coordenadores: Claricia Otto, Patricia Carla de Melo Martins Alceu Kaspary Cassia Maria Baptista de Oliveira Celso Joao Carminati Claricia Otto Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso Debora Maria Marcondes Querido

Divino Flávio de Souza Nascimento Fabiana Nicolau Flávia Gomes da Silva Riger João Fernando Silva de Souza Juraci Santos Lígia de Souza Junqueira Maria Cecilia Barreto Amorim Pilla

Patricia Carla de Melo Martins Pricila Damazio de Jesus Tânia Mara Pereira Vasconcelos Tatiana da Silva Calsavara Tatiane da Silva Sales Thelma Jackeline de Lima Thomas Stark Spyer Dulci


410

24. Imprensa, História Social e Memória

Coordenadores: Heloisa de F. Cruz, Laura A. Maciel Adriana Hassin Silva Alceste Pinheiro de Almeida Alexandra Lima da Silva Amanda Marques Rosa Andrey Lopes de Souza Carlos Gustavo Nobrega de Jesus César Augusto Castro Charleston José de Sousa Assis Cristina Aparecida Reis Figueira Daniel Revah Daniela Magalhaes da Silveira Débora Dias Macambira Elissandra Lopes Chaves Lima Enilce Lima Cavalcante de Souza

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Coordenadores: Angela Maria de Castro Gomes, Francisco Carlos Palomanes Martinho Fabio Muruci dos Santos Fernando César Ferreira Gouvêa Francini Venâncio de Oliveira Francisco Carlos Palomanes Martinho Gisele Sanglard Giselle Laguardia Valente Giselle Martins Venancio Jailma Maria de Lima Jorge Ferreira José Antônio dos Santos Jose Luis Bendicho Beired Lidiane Soares Rodrigues Lucileide Costa Cardoso

Maria de Fatima Fontes Piazza Maria Teresa Santos Cunha Michelle Reis de Macedo Mônica Martins da Silva Noé Freire Sandes Pablo Francisco de Andrade Porfirio Paulo Santos Silva Regina Abreu Robson Mendonca Pereira Tatyana de Amaral Maia Tereza Maria Spyer Dulci

26. Interlocuções entre História, Ética e Linguagens Artísticas – Aspectos Estéticos e Políticos do Diálogo Arte e Sociedade Coordenadores: Rosangela Patriota Ramos Alcides Freire Ramos Alexandre Pacheco Amanda Maíra Steinbach Ana Amelia de Moura Cavalcante de Melo Ana Carolina Verani André Luis Bertelli Duarte Diogo Cesar Nunes da Silva Dolores Puga Alves de Sousa Eduardo José Reinato Edwar de Alencar Castelo Branco Eliane Alves Leal Emília Saraiva Nery Frederico Osanan Amorim Lima

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Maria do Rosario da Cunha Peixoto Maria Luiza Ugarte Pinheiro Maria Rita de Almeida Toledo Marta Emisia Jacinto Barbosa Marta Eymael Garcia Scherer Marta Maria Chagas de Carvalho Otavio José Klein Rejane Meireles Amaral Rodrigues Renata Garcia Campos Duarte Ricardo Antonio Souza Mendes Roberta Ferreira Gonçalves Samuel Luis Velazquez Castellanos Sílvia Asam da Fonseca Valdir Felix da Conceição Gonçalves

25. Intelectuais, Biografias e Política no Século XX Américo Oscar Guichard Freire Angela Maria de Castro Gomes Antonio Torres Montenegro Cecília da Silva Azevedo Christiane Jalles de Paula Cibele Barbosa da Silva Andrade Cicero Joao da Costa Filho Clara Isabel Calheiros da Silva de Melo Serrano Claudia Wasserman Denise Rollemberg Douglas Attila Marcelino Fábio Cardoso Keinert

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Gilda Maria Whitaker Verri Glaucia Rodrigues Castellan Guilherme Mendes Tenório Heloisa de Faria Cruz Irene Nogueira de Rezende Jorge Luiz Ferreira Lima Katia Aily Franco de Camargo Laura Antunes Maciel Luciana Verônica da Silva Luciano da Silva Moreira Luiz Carlos Barreira Luiz D H Arnaut Maitê Peixoto Maria Daniele Alves

Heloisa Selma Fernandes Capel Henrique José Vieira Neto Hudson de Oliveira E Silva Jailson Dias Carvalho João Pinto Furtado José Bezerra de Brito Neto Julierme Sebastião Morais Souza Katia Eliane Barbosa Luciano Carneiro Alves Luiz Eduardo Jorge Marcos Rogerio Cordeiro Maria Abadia Cardoso Maria Luiza Filippozzi Martini Nádia Cristina Ribeiro

Natália Conceição Silva Barros Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos Paulo Roberto Monteiro de Araujo Reginaldo Cerqueira Sousa Renan Fernandes Robson Corrêa de Camargo Rodrigo de Freitas Costa Rosangela Patriota Ramos Talitta Tatiane Martins Freitas Thaís Gonçalves Rodrigues da Silva Thais Leão Vieira Tiago Gomes de Araújo Valter Guimarães Soares

27. Linguagens e Práticas da Cidadania

Coordenadores: Gladys Sabina Ribeiro, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira Alcides Freire Ramos Alexandre Pacheco Amanda Maíra Steinbach Ana Amelia de Moura Cavalcante de Melo Ana Carolina Verani André Luis Bertelli Duarte Diogo Cesar Nunes da Silva Dolores Puga Alves de Sousa Eduardo José Reinato Edwar de Alencar Castelo Branco Eliane Alves Leal Emília Saraiva Nery Frederico Osanan Amorim Lima

Heloisa Selma Fernandes Capel Henrique José Vieira Neto Hudson de Oliveira E Silva Jailson Dias Carvalho João Pinto Furtado José Bezerra de Brito Neto Julierme Sebastião Morais Souza Katia Eliane Barbosa Luciano Carneiro Alves Luiz Eduardo Jorge Marcos Rogerio Cordeiro Maria Abadia Cardoso Maria Luiza Filippozzi Martini Nádia Cristina Ribeiro

Natália Conceição Silva Barros Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos Paulo Roberto Monteiro de Araujo Reginaldo Cerqueira Sousa Renan Fernandes Robson Corrêa de Camargo Rodrigo de Freitas Costa Rosangela Patriota Ramos Talitta Tatiane Martins Freitas Thaís Gonçalves Rodrigues da Silva Thais Leão Vieira Tiago Gomes de Araújo Valter Guimarães Soares


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28. Mundos do Trabalho: Entre a Escravidão e o Pós-Emancipação

Coordenadores: Henrique Espada Rodrigues Lima Filho, Aldrin Armstrong Silva Castellucci Alane Fraga do Carmo Aldrin Armstrong Silva Castellucci Aline Mendes Soares Ana Luiza Jesus da Costa Beatriz Ana Loner Carlos Augusto Pereira dos Santos Carlos Eduardo C. da Costa Christiano Eduardo Ferreira Daniel Precioso Daniela Fernanda Sbravati Daniele Santos de Souza Denilson de Cássio Silva Edinelia Maria Oliveira Souza Fernando Franco Netto

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Maria Emília Vasconcelos dos Santos Martha Rebelatto Matheus Serva Pereira Melina Kleinert Perussatto Patricia Maria Melo Sampaio Rafael Maul de Carvalho Costa Regina Célia Lima Xavier Robson Pedrosa Costa Rodrigo de Azevedo Weimer Rodrigo Garcia Schwarz Sirlene de Andrade Rocha Tatiana Silva de Lima Zilda Alves de Moura

29. Mundos do Trabalho: Estado, Organizações e Lutas Coordenadores: Antonio Luigi Negro, Samuel Fernando de Souza Alejandra Luisa Magalhães Estevez Alex de Souza Ivo Alexandre Assis Tomporoski Alexandre Fortes Alisson Droppa Ana Cristina Pereira Lima Andréa Santos Teixeira Silva Carlos Zacarias F. de Sena Júnior Claudia Amélia Mota Moreira Claudio Henrique de Moraes Batalha Cristiane Muniz Thiago Deivison Gonçalves Amaral Edilene Toledo Edinaldo Antônio Oliveira Souza

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Flavia Fernandes de Souza Florisvaldo Paulo Ribeiro Junior Henrique Espada Rodrigues Lima Filho Itacir Marques da Luz Jackson André da Silva Ferreira Jacó dos Santos Souza Jônatas Marques Caratti Juliana Magalhães Linhares Karine Teixeira Damasceno Lucia Helena Oliveira Silva Lucimar Felisberto dos Santos Maciel Henrique Carneiro da Silva Mairton Celestino da Silva

Eduardo Ângelo da Silva Erahsto Felício de Sousa Felipe Pereira Loureiro Juçara da Silva Barbosa de Mello Kleiton Nazareno Santiago Mota Lara Vanessa de Castro Ferreira Larissa Rosa Correa Leonardo Ângelo da Silva Luciana Rodrigues Ferreira Varejão Luís Eduardo de Oliveira Magda Barros Biavaschi Marcelo Antonio Chaves Marcelo Badaró Mattos Marcelo da Silva Lins

Márcia Janete Espig Maria do Socorro de Abreu E Lima Maria Sangela de Sousa Santos Silva Nágila Maia de Morais Norberto Osvaldo Ferreras Osvaldo Batista Acioly Maciel Paulo Cruz Terra Philipe Murillo Santana de Carvalho Rafaela Gonzaga Matos Ruth Needleman Valeria Marques Lobo Vinicius D. de Rezende Walter Luiz Carneiro de Mattos Pereira

30. História e Comunicação: Mídias, Intelectuais e Participação Política Coordenador: Beatriz Kushnir Ana Paula Palamartchuk André Alexandre Valentini Angela Meirelles Oliveira Aureo Busetto Beatriz Kushnir Bibiana Soldera Dias Bruno Fernando Santos de Castro Carine Dalmas Cassiana Buso Ferreira Cátia Corrêa Guimarães César Henrique Porto Cláudia Schemes

Danyllo Di Giorgio Martins da Mota Eduardo Amando de Barros Filho Eduardo de Campos Lima Edvaldo Correa Sotana Elza Clementina Lopes Gomes Emanuelle Lins de Andrade Érito Vânio Bastos de Oliveira Flávio Henrique Calheiros Casimiro Geanne Paula de Oliveira Silva Ivan Lima Gomes João Ricardo Ferreira Pires Lerice de Castro Garzoni

Lívia dos Santos Chagas Luis Carlos dos Passos Martins Maria Antonia Dias Martins Maria Lindalva Silva Santos Maria Paula Nascimento Araujo Mônica Celestino Santos Osmani Ferreira da Costa Rafael de Almeida Serra Dias Ramiro Barboza de Oliveira Regma Maria dos Santos Silvia Tavares da Silva Sylvia Moretzsohn

31. Mundos do Trabalho: Tradições e Culturas

Coordenadores: Dainis Karepovs, Murilo Leal Pereira Neto Adriana Rebouças Arapiraca Adriano Henriques Machado Antonio Luiz Miranda Beatriz de Miranda Brusantin Berenice Abreu Castro Neves Cristiane Siva Furtado Cristina Ferreira Denize Genuina da Silva Adrião Erick Reis Godliauskas Zen Evangelia Aravanis Everaldo de Oliveira Andrade Fabiane Popinigis Giane Maria de Souza Gissele Raline da Cunha Fernandes Moura

Glória de Melo Tonácio Ivone Cecilia D’avila Gallo Joana Medrado Nascimento José Felipe Rangel Gallindo José Newton Coelho Meneses Josiane Thethê Andrade Kelly Murat Duarte Leonardo Affonso de Miranda Pereira Lindercy Francisco Tomé de Souza Lins Lucas de Albuquerque Oliveira Luciana Pucu Wollmann do Amaral Luigi Biondi Manoel Dourado Bastos Marcia de Melo Martins Kuyumjiam

Marco Marques Pestana de Aguiar Guedes Maria Thereza Ferraz Negrão de Mello Mariana Mastrángelo Murilo Leal Pereira Neto Patricia Gomes Furlanetto Paulo Renato da Silva Paulo Roberto Ribeiro Fontes Rosana Costa Gomes Sibeli Cardoso Borba Machado Suzi Santos de Aguiar Valéria de Jesus Leite Vinicius Possebon Anaissi William Mello


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32. História do Esporte e das Práticas Corporais

Coordenadores: Victor Andrade de Melo, Luiz Carlos Ribeiro Adilson Jose de Almeida Aline Amoêdo Corrêa Aline Lima Brandão Alvaro Vicente Graça Truppel Pereira do Cabo Ana Carrilho Romero Grunennvaldt André Maia Schetino André Mendes Capraro Antonio Jorge Gonçalves Soares Carlos Leonardo Bahiense da Silva Cláudia Maria de Farias Cleber Augusto Gonçalve Dias Cleber Cristiano Prodanov Coriolano Pereira da Rocha Junior Edson Segamarchi dos Santos

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Coordenadores: Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro, Helenice A. B. Rocha Flávia Eloisa Caimi Helena Maria Marques Araújo Helenice Aparecida Bastos Rocha Iandra Pavanati Janaina de Paula do Espírito Santo José Evangelista Fagundes José Ricardo Oriá Fernandes Lorene dos Santos Luís Reznik Luiz Alberto de Souza Marques Marcele Xavier Torres Marcello Paniz Giacomoni Marcelo de Souza Magalhães Márcia de Almeida Gonçalves

Maria Cristina Dantas Pina Maria do Socorro do Monte Silva Marieta de Moraes Ferreira Marta Margarida de Andrade Lima Mauro Cezar Coelho Nayara Galeno do Vale Patricia Bastos de Azevedo Raimundo Nonato A. da Rocha Regina Célia do Couto Sandra Alves Fiuza Silvana de Sousa Pinho Silvia Carolina Andrade Santos Warley da Costa

34. Norma e práxis no Mundo Ibérico. Séculos XV a XVIII Coordenadores: Bruno Feitler, Ronald José Raminelli Acacio Jose Lopes Catarino Alex Silva Monteiro Ana Carolina Teixeira Crispin Ana Paula Pereira Costa Ana Paula Torres Megiani André Figueiredo Rodrigues Andrea Simone Barreto Dias Bruno Feitler Camila Teixeira Amaral Carlos Alberto Ximendes Célia Cristina da Silva Tavares Daniela Buono Calainho Denise Maria Ribeiro Tedeschi Georgina Silva dos Santos

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Maurício Drumond Maurício Ghedin Corrêa Miguel Archanjo de Freitas Jr. Paula Andreatta Maduro Pedro Bevilaqua Pupo Ferreira Alves Priscila Gonçalves Soares Rafael Fortes Soares Renato Lanna Fernandez Ricardo Pinto dos Santos Sergio Ricardo Aboud Dutra Sérgio Teixeira Victor Andrade de Melo Vivian Luiz Fonseca

33. Ensino de História e Historiografia: Narrativas, Saberes e Práticas Aléxia Pádua Franco Amilcar Araujo Pereira Ana Amelia Rodrigues de Oliveira Ana Cristina Juvenal da Cruz Ana Lúzia Magalhães Carneiro Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro Beatriz Boclin Marques dos Santos Carmen Teresa Gabriel Cinthia Monteiro de Araujo Cláudia Regina Amaral Affonso Eunícia Barros Barcelos Fernandes Fabrício Gomes Alves Fátima M. Leitão Araújo Fernando de Araújo Penna

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Enny Vieira Moraes Euclides de Freitas Couto Felipe Eduardo Ferreira Marta Fernanda Célia Alcântara Silva Chaparim Hugo da Silva Moraes Joanna Lessa Fontes Silva José Carlos Mosko Laura Alice Rinaldi Camargo Luiz Carlos Ribeiro Luiz Carlos Ribeiro de Sant’Ana Marcel Diego Tonini Márcia Maria Fonseca Marinho Marcos Ruiz da Silva Maurício Barreto Alvarez Parada

Glaydson Gonçalves Matta Grayce Mayre Bonfim Souza Gustavo Kelly de Almeida Helidacy Maria Muniz Corrêa Iris Kantor Jorge Victor de Araújo Souza Jose Carlos Vilardaga Kalina Vanderlei Paiva da Silva Laura de Mello e Souza Letícia dos Santos Ferreira Lorelai Brilhante Kury Luciana Mendes Gandelman Luis Filipe Silverio Lima Maria Olindina Andrade de Oliveira

Mariana Gonçalves Guglielmo Michelle Trugilho Assumpção Neil Franklin Safier Pollyanna Gouveia Mendonça Roberta Giannubilo Stumpf Rodrigo Bentes Monteiro Rogério de Oliveira Ribas Ronald José Raminelli Ronaldo Vainfas Thiago Nascimento Krause Wolfgang Lenk Yllan de Mattos

35. Ordem Social e Fronteiras Identitárias na Antiguidade Coordenadores: Norberto Luiz Guarinello, Fábio Faversani Alexandre Galvão Carvalho Alfredo Julien Alice M. de Souza Ana Teresa Marques Goncalves Anderson Zalewski Vargas Andréa Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi Bruna Campos Gonçalves Daniel de Figueiredo Débora Regina Vogt Edson Arantes Jr.

Erica Cristhyane Morais da Silva Fabio Duarte Joly Gilvan Ventura da Silva Giselle Moreira da Mata Ivan Vieira Neto Ivana Lopes Teixeira José Ernesto Moura Knust Juliana Bastos Marques Leandro Mendonça Barbosa Luana Neres de Sousa Luciane Munhoz de Omena

Margarida Maria de Carvalho Marinalva Vilar de Lima Rafael da Costa Campos Rafael Faraco Benthien Raul Vitor Rodrigues Peixoto Regina Maria da Cunha Bustamante Renata Cerqueira Barbosa Rosane Dias de Alencar Sarah Fernandes Lino de Azevedo Uiran Gebara da Silva


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36. Os Índios na História: Organização, Mobilização e Atuação Política Coordenadores: Edson Hely Silva, John Manuel Monteiro Almir Diniz de Carvalho Junior Ana Paula da Silva Antonio Carlos Amador Gil Antônio Jacó Brand Barbara A. Sommer Claudio Costa Pinheiro Cleube Alves da Silva Edinaldo Bezerra de Freitas Elisa Frühauf Garcia Eva Maria Luiz Ferreira Fatima Martins Lopes Fernando Augusto Azambuja de Almeida Francisco Jorge dos Santos Giovani José da Silva Graziella Reis de Sant ‘Ana

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Guilherme Saraiva Martins Heitor Velasco Fernandes Guimarães Helder Alexandre Medeiros de Macedo Iraci Aguiar Medeiros Isabelle Braz Peixoto da Silva João Pacheco de Oliveira Filho Jóina Freitas Borges Jorge Eremites de Oliveira José Ribamar Bessa Freire Juciene Ricarte Apolinário Luciano Pereira da Silva Lucybeth Camargo de Arruda Maico Oliveira Xavier Maria Aparecida de Araújo Barreto Ribas

Maria Cristina dos Santos Maria da Gloria Porto Kok Maria Elizabeth Brea Monteiro Maria Hilda Baqueiro Paraíso Maria Leonia Chaves de Resende Maria Regina Celestino de Almeida Mariana Albuquerque Dantas Mário Fernandes Correia Branco Neimar Machado de Sousa Priscila Enrique de Oliveira Rafael Ale Rocha Ricardo Pinto de Medeiros Solon Natalício Araújo dos Santos Teresinha Marcis Vania Maria Losada Moreira

37. Por uma História Comparada Latino-Americana: Instituições, Elites e Idéias, Séc. XIX e XX Coordenadores: Flávio Madureira Heinz, Hernán Ramiro Ramírez Ana Carla Sabino Fernandes Ana Lucia do Amaral Villas Bôas Andrius Estevam Noronha Carina Martiny Cristiane de Assis Portela Diego Antonio Galeano Diego Nazareth Chaves São Bento Eduardo Scheidt Eugênio Rezende de Carvalho

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Mauro Marcos Farias da Conceição Michelle Schreiner Lima Rafael Rosa Hagemeyer Renato Soares Bastos Roberta Barros Meira Sandra Fernandez Sílvia Noronha Sarmento Thamar Kalil de Campos Alves

38. Quilombos, Quilombolas e Terras de Negros

Coordenadores: Eurípedes Antonio Funes, Flavio dos Santos Gomes Alan de Carvalho Souza Ana Elziabeth Costa Gomes Benedita Celeste de Moraes Pinto Carmélia Aparecida Silva Miranda Daniela Paiva Yabeta de Moraes Dilza Pôrto Gonçalves Eliane Cantarino O’dwyer Eurípedes Antonio Funes Eva Aparecida da Silva Igor Fonsêca de Oliveira Iohana Brito de Freitas

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Fábio da Silva Sousa Fernando Luiz Vale Castro Flávio Madureira Heinz Hernán Ramiro Ramírez Laura de Leão Dornelles Maria Elisa Noronha de Sá Mader Maria Eloísa Cavalheiro Mario Angelo Brandão de Oliveira Miranda

Janine Primo Carvalho de Meneses Joelma Tito da Silva José Luis Ruiz-Peinado Alonso Julia Bueno de Morais Silva Leila Maria Prates Teixeira Leila Martins Ramos Luana Teixeira Luciene Maria Alves Cordeiro da Silva Marcelo Moura Mello Maria Albenize Farias Malcher Maria Aparecida Barbosa Carneiro

Maria da Conceição Pinheiro de Almeida Maria Giseuda de Barros Machado Maria Lindaci Gomes de Souza Marinélia Sousa da Silva Nivaldo Osvaldo Dutra Rômulo Luiz Xavier do Nascimento Ronei Carlos Lima Rosa Elizabeth Acevedo Marin Rosalia de Jesus Castro da Silva Valdinéa de Jesus Sacramento Waldeci Ferreira Chagas

39. Ensino de História: Memórias, Histórias e Saberes

Coordenadores: Helenice Ciampi Ribeiro Fester, Maria Carolina Boverio Galzerani Adriana Carvalho Koyama Alexandre Pianelli Godoy Alice Mitika Koshiyama Ana Luiza Araújo Porto André Victor Cavalcanti Seal da Cunha Antonio Simplicio de Almeida Neto Arnaldo Pinto Junior Áurea da Paz Pinheiro Bruno Felippe Vieira Caroline Pacievitch Cássia Moura Celia Szniter Mentlik Cláudia Engler Cury Cláudia Laurido Figueira Elaine Lourenco

Elison Antonio Paim Emanuel Pereira Braz Francisca Simão de Souza (Simone de Souza) Ilcéia de Oliveira Pinheiro Isabella Oliveira de Andrade Virgínio Joao Batista Gonçalves Bueno Joaquim Justino Moura dos Santos Luis Fernando Cerri Manoel Pereira de Macedo Neto Maria Antônia Marçal Maria Aparecida Lima dos Santos Maria Silvia Duarte Hadler Marisa Noda Mauricio Nunes Lobo Neire Amaral de Lima

Pedrina Nunes Araújo Ramofly Bicalho dos Santos Renata Maria Tamaso Ricardo de Aguiar Pacheco Rosa Maria Godoy Silveira Sadraque Micael Alves de Carvalho Sheila Novais Rego Sheylla Barros Andrade Sousa Almeida Shirley Cardoso Gonçalves de Aguiar Stela Pojuci Ferreira de Morais Talita Veloso Cerveira Vânia Cristina da Silva Virgínia Albuquerque de Castro Buarque


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40. Religiosidades: Temas e Paradigmas de Análise

Coordenadores: Artur César Isaia, Maria Clara Tomaz Machado Alaíze dos Santos Conceição Aldilene Marinho Cesar Ana Paula Rezende Macedo André Nogueira Annie Larissa Garcia Neves Pontes Artur Cesar Isaia Cairo Mohamad Ibrahim Katrib Caroline Luz e Silva Dias Cláudia Neves da Silva Danielle Rodrigues Amaro Eduardo Guilherme de Moura Paegle Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho

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Coordenadores: Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, Marco Antonio Villela Pamplona João Henrique Ferreira de Castro Joaquim Antonio de Novais Filho Keile Socorro Leite Felix Lea Maria Carrer Iamashita Luciano Raposo de Almeida Figueiredo Luis Balkar Sá Peixoto Pinheiro Marco Antonio Villela Pamplona Neusa Fernandes

Nivia Pombo Cirne dos Santos Patricia Valim Pedro Zanquetta Junior Renata Franco Saavedra Rodrigo Leonardo de Sousa Oliveira Sérgio Armando Diniz Guerra Filho Soraya Matos de Freitas Tarcísio de Souza Gaspar Tyrone Apollo Pontes Cândido

42. A Formação da Ética Cristã (Séculos IV-XV)

Coordenadores: José Rivair Macedo, Maria Eurydice de Barros Ribeiro Adriana Vidotte Armênia Maria de Souza Bruno Pimenta Starling Carmen Lícia Palazzo Catarina Stacciarini Seraphin Cintia Maria Falkenbach Rosa Bueno Cybele Crossetti de Almeida Fabiano Fernandes Fabio Fonseca Flávio Américo Dantas de Carvalho

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Marcelo Rodrigues Dias Marcos José Diniz Silva Maria Clara Tomaz Machado Mauro Passos Onildo Reis David Paulo Augusto Tamanini Paulo Lima de Brito Rafaelle Setúbal Gomes de Abreu Raphael Alberto Ribeiro Rosângela Wosiack Zulian Victor Augustus Graciotto Silva

41. Revoltas e Insurreições no Brasil - do Séc. XVII ao XIX Adriana Romeiro Alexandre Rodrigues de Souza Andréa Lisly Gonçalves Antonio Filipe Pereira Caetano Carolina Chaves Ferro Celio de Souza Mota Claudete Maria Miranda Dias Fabiano Vilaça dos Santos Flavio José Gomes Cabral

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Elder Monteiro de Araújo Fabiane da Silva Andrade Fernanda Santos Gerson Machado Gledson Ribeiro de Oliveira Igor José Trabuco da Silva Jaqueline Mota João Gabriel da Rocha Oliveira Karina Kosicki Bellotti Lindolfo Anderson Martelli Luciana Aparecida de Souza Mendes Lúcio Vânio Moraes Marcela Melo de Carvalho

Igor Salomão Teixeira Isabel Candolo Nogueira Ivan Antonio de Almeida Johnni Langer Karla Nobre de Souza Kátia Brasilino Michelan Katiuscia Quirino Barbosa Leandro Alves Teodoro Lisa Minari Hargreaves Luciana de Campos

Marinalva Silveira Lima Priscila Aquino Silva Rafael Afonso Gonçalves Renata Cristina de Sousa Nascimento Sílvia Correia de Codes Tatyana Murer Cavalcante Terezinha Oliveira Veronica Aparecida Silveira Aguiar

43. Africanos e Afro-descendentes Escravizados no Brasil Colonial e Imperial: Trabalho, Resistência, Representações, Cultura e Educação Coordenadores: Mário Maestri, Maria do Carmo Brazil Adriana Dantas Reis Alba Cleide Calado Wanderley Alessandro Moura de Amorim Amâncio Cardoso Ana Paula da Cruz Pereira de Moraes Bárbara da Fonseca Palha Bruno Pinheiro Rodriguês Christie Hellen Tôrres de Souza Cleidivaldo de Almeida Sacramento Cristiane Pinheiro Santos Jacinto Edlúcia da Silva Costa Eliana Djubatie Francisca Raquel da Costa Isabel Camilo de Camargo

Joana Santos de Carvalho Jofre Teófilo Vieira José Alexandre da Silva Juliano Tiago Viana de Paula Kátia Lorena Novais Almeida Luciano Mendonça de Lima Márcia Maria de Albuquerque Maria Antonieta Antonacci Maria das Graças de Loiola Madeira Maria do Carmo Brazil Mariana Almeida Assunção Marileide Lazara Cassoli Meyer Mário Maestri Miguel Pacífico Filho

Mirian Cristina de Moura Garrido Mônica Luise Santos Monique Cristina de Souza Lordelo Neide dos Santos Rodrigues Nelson Henrique Moreira de Oliveira Newman Di Carlo Caldeira Patricia Gressler Groenendal da Costa Paulo Henrique de Souza Martins Rogéria Cristina Alves Sayonara Oliveira Andrade Elias Solimar Oliveira Lima Thiago Campos Pessoa Lourenço


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44. Cidades e Culturas: Configurações dos Valores na Modernidade Coordenadores: Maria Inez Machado Borges Pinto, Fabiana Lopes da Cunha Adriana Gama de Araujo Dias Alenuska Kelly Guimaraes Andrade Amanda Danelli Costa Amara Silva de Souza Rocha Ana Lúcia Fiorot de Souza Arnaldo Ferreira Marques Junior Carla Miucci Ferraresi Carlos Alberto Machado Noronha Carlos Nássaro Araújo da Paixão Célio André Barbosa Cláudia Míriam Quelhas Paixão Clóvis Frederico Ramaiana Moraes Oliveira Eda Maria Goes Edilma Oliveira Souza Quadros

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Coordenadores: Márcia Maria Menendes Motta

Fania Fridman Fernando Gaudereto Lamas Fernando H. G. Barcellos Franciane Gama Lacerda Francisco Ruy Gondim Pereira Francivaldo Alves Nunes Isabel Teresa Creao Augusto Jose Evando Vieira de Melo Juliana Alves de Andrade Leonardo Soares dos Santos Liliane da Costa Freitag Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes Márcia Maria Menendes Motta

Marco Antonio dos Santos Teixeira Maria Sarita Cristina Mota Maria Veronica Secreto Mariana Trotta Dallalana Quintans Marina Monteiro Machado Moisés Pereira da Silva Paulo Afonso Zarth Paulo Ignacio Corrêa Villaça Paulo Pinheiro Machado Pedro Parga Rodrigues Roselene de Cássia Coelho Martins Vanda da Silva Vitória Fernanda Schettini de Andrade

46. Cinema, História e Razão Poética: Problemas de Pesquisa e Ensino Coordenadores: Jorge Luiz Bezerra Nóvoa, Marcos Antonio da Silva Airton Jose Cavenaghi Alexandre Coelho Pinheiro Alexandre Maccari Ferreira Andre Luiz Mesquita Antônio da Silva Câmara Antonio Fernando de Araujo Sa Beatriz da Costa Pan Chacon Bruno Evangelista da Silva Candida Carolina de Andrade E Silva Carlos Emanuel Florêncio de Melo Diogo Carvalho Eduardo Jose Afonso Felipe Santos Magalhães

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Marcia Pereira da Silva Marcos Antonio de Menezes Marilécia Oliveira Santos Marise Magalhães Olímpio Patrícia Verônica Pereira dos Santos Regiane Cristina Custódio Renato da Gama-Rosa Costa Ricardo Jose Vilar da Costa Rita Lages Rodrigues Samara Mendes Araújo Silva Tania Maria Fernandes Veroni Friedrich Viviane da Silva Araújo Waldefrankly Rolim de Almeida Santos

45. Terra, Poder e Direitos: a História Agrária Revisitada (Séculos XVIII/XX) Aline Caldeira Lopes Ana Claudia Diogo Tavares Ana Renata do Rosário de Lima Angelo Aparecido Priori Betty Nogueira Rocha Carlos Leandro da Silva Esteves Cláudio Lopes Maia Cristiano Luís Christillino Daniel de Pinho Barreiros Eleide Abril Gordon Findlay Elione Silva Guimarães Ely Souza Estrela Emanuel Lopes de Souza Oliveira Emmanuel Oguri Freitas

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Elaine Cristina Caun Fabiana Lopes da Cunha Francisco Carlos Oliveira de Sousa Gabriela Pontin Novaes Helmara Giccelli Formiga Wanderley Jordania Maria Pessoa José Italo Bezerra Viana Keite Maria Santos do Nascimento Lima Luciana Paiva Coronel Luís Manuel Domingues do Nascimento Luiz Antonio Gloger Maroneze Maira Wanderley Neves Márcia Milena Galdez Ferreira

Flávia de Sá Pedreira Gilberto Maringoni de Oliveira Hamilcar Silveira Dantas Junior Igor Carastan Noboa Irma Viana Jaison Castro Silva Jorge Luiz Bezerra Nóvoa José Costa D´Assunção Barros José Walter Nunes Leandro Santos Bulhões de Jesus Luiz Claudio Lourenço Marcílio Rocha Ramos Marcos Antonio da Silva

Meize Regina de Lucena Lucas Nancy Alessio Magalhães Nelson Tomelin Junior Neusah Maria Romanzini Pires Cerveira Pere Petit Peñarocha Rafael Bastos Alves Privatti Ricardo Sequeira Bechelli Rodrigo Oliveira Lessa Rosangela de Oliveira Dias Sandra Maret Scovenna Soleni Biscouto Fressato

47. Estado e Políticas Públicas – Séculos XIX e XX

Coordenadores: Théo Lobarinhas Piñeiro, Sonia Regina de Mendonça Airton Jose Cavenaghi Alexandre Coelho Pinheiro Alexandre Maccari Ferreira Andre Luiz Mesquita Antônio da Silva Câmara Antonio Fernando de Araujo Sa Beatriz da Costa Pan Chacon Bruno Evangelista da Silva Candida Carolina de Andrade E Silva Carlos Emanuel Florêncio de Melo Diogo Carvalho Eduardo Jose Afonso Felipe Santos Magalhães

Flávia de Sá Pedreira Gilberto Maringoni de Oliveira Hamilcar Silveira Dantas Junior Igor Carastan Noboa Irma Viana Jaison Castro Silva Jorge Luiz Bezerra Nóvoa José Costa D´Assunção Barros José Walter Nunes Leandro Santos Bulhões de Jesus Luiz Claudio Lourenço Marcílio Rocha Ramos Marcos Antonio da Silva

Meize Regina de Lucena Lucas Nancy Alessio Magalhães Nelson Tomelin Junior Neusah Maria Romanzini Pires Cerveira Pere Petit Peñarocha Rafael Bastos Alves Privatti Ricardo Sequeira Bechelli Rodrigo Oliveira Lessa Rosangela de Oliveira Dias Sandra Maret Scovenna Soleni Biscouto Fressato


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48. Ética e Estética no Mundo Antigo: Cotidiano, Cultura e Sociabilidade Coordenadores: Fabio Vergara Cerqueira, Maria Regina Cândido Alexandre Carneiro Cerqueira Lima Aline Fernandes de Sousa Ana Alice Miranda Menescal Claudia Beltrão da Rosa Edson Moreira Guimarães Neto Fábio Afonso Frizzo de Moraes Lima Fabio Bianchini Rocha

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Fábio de Souza Lessa Fabio Vergara Cerqueira Júlio Paulo Tavares Zabatiero Kátia Maria Paim Pozzer Marcia Severina Vasques Maria Angélica Rodrigues de Souza Maria Isabel Brito de Souza

Maria Regina Candido Miguel Pereira Neto Sandro Teixeira de Oliveira Talita Nunes Silva Tito Barros Leal de Pontes Medeiros Vanessa Vieira de Lima

49. Fronteiras e Fronteiriços: Espaços, Identidades e Comportamentos Coordenadores: Cesar Augusto Barcellos Guazzelli Adilson Amorim de Sousa Alan Kardec Gomes P. Filho Almir Antonio de Souza Ana Lúcia Farah de Tófoli Andrea Cristiane Kahmann Benone da Silva Lopes Moraes Caio Figueiredo Fernandes Adan Carla Monteiro de Souza Carlo Maurizio Romani César Daniel de Assis Rolim Crhistophe Barros dos Santos Damázio

Domingos Sávio da Cunha Dora Isabel Paiva da Costa Elio Dixon Escurra Guillen Gabriel Santos Berute Gabriela Carames Beskow Graciela Bonassa Garcia Graziano Uchôa Pinto da Silva Iasson Prestes Gelatti Irisnete Santos de Melo João Maurício Gomes Neto Jose Alves de Freitas Neto Leandro Macedo Janke

Leonam Lauro Nunes da Silva Liz Andrea Dalfre Luiz Alberto da Silva Lima Luiz Eduardo Catta Maria Aparecida Silva de Sousa Maria Medianeira Padoim Pio Penna Filho Priscila Pereira Roberta Teixeira Gonçalves Rodrigo Ferreira Maurer Valéria Nogueira Rodrigues

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50. Dimensões Históricas do Audiovisual: o Ethos e o Pathos da Imagem

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51. História da Saúde e das Doenças: Implicações Culturais e Sociais

Coordenadores: Marcos Francisco Napolitano de Eugenio, Mônica Almeida Kornis Adriana Gama de Araujo Dias Alenuska Kelly Guimaraes Andrade Amanda Danelli Costa Amara Silva de Souza Rocha Ana Lúcia Fiorot de Souza Arnaldo Ferreira Marques Junior Carla Miucci Ferraresi Carlos Alberto Machado Noronha Carlos Nássaro Araújo da Paixão Célio André Barbosa Cláudia Míriam Quelhas Paixão Clóvis Frederico Ramaiana Moraes Oliveira Eda Maria Goes Edilma Oliveira Souza Quadros Elaine Cristina Caun

Fabiana Lopes da Cunha Francisco Carlos Oliveira de Sousa Gabriela Pontin Novaes Helmara Giccelli Formiga Wanderley Jordania Maria Pessoa José Italo Bezerra Viana Keite Maria Santos do Nascimento Lima Luciana Paiva Coronel Luís Manuel Domingues do Nascimento Luiz Antonio Gloger Maroneze Maira Wanderley Neves Márcia Milena Galdez Ferreira Marcia Pereira da Silva

Marcos Antonio de Menezes Marilécia Oliveira Santos Marise Magalhães Olímpio Patrícia Verônica Pereira dos Santos Regiane Cristina Custódio Renato da Gama-Rosa Costa Ricardo Jose Vilar da Costa Rita Lages Rodrigues Samara Mendes Araújo Silva Tania Maria Fernandes Veroni Friedrich Viviane da Silva Araújo Waldefrankly Rolim de Almeida Santos

Coordenadores: Rita de Cássia Marques, Dilene Raimundo do Nascimento Ana Karicia Machado Dourado Ana Paula Spini Angela Aparecida Teles Barbara Marcela Reis Marques de Velasco Carolina Amaral de Aguiar Dennison de Oliveira Eduardo Victorio Morettin Fabio Raddi Uchoa Fernando Seliprandy Fernandes

Gabriela Kvacek Betella Licio Romero Costa Marcos Francisco Napolitano de Eugenio Margarida Maria Adamatti Maria Cecília de Miranda Nogueira Coelho Maria Leandra Bizello Mariana Martins Villaca Mauricio Cardoso

Mônica Almeida Kornis Monica Cristina Araujo Lima Priscila de Almeida Xavier Rafaela Lunardi Rosane Kaminski Valeria Lima Guimarães Vicente Saul Moreira dos Santos Wolney Vianna Malafaia


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52. História do Crime e da Justiça Criminal

Coordenadores: Marcos Luiz Bretas da Fonseca, José Ernesto Pimentel Filho Alcidesio de Oliveira Júnior. Ana Vasconcelos Ottoni Angela Teixeira Artur Augusto César Feitosa Pinto Ferreira Caiuá Cardoso Al-Alam Carlos Eduardo Martins Torcato Carlos Eduardo Moreira de Araújo Carlos Henrique Aguiar Serra Carlos Henrique Moura Barbosa Caroline Von Mühlen Cláudia Mauch Cláudia Moraes Trindade Clovis Mendes Gruner Deivy Ferreira Carneiro Edlene Maria Neri de Morais

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Coordenadores: Antonio Gilberto Ramos Nogueira, Márcia Regina Romeiro Chuva Francisco Régis Lopes Ramos Hilário Figueiredo Pereira Filho Isabel Cristina Martins Guillen Jacionira Coêlho Silva Jaelson Bitran Trindade Janice Goncalves João Ricardo Costa Silva Julia Wagner Pereira Juliana Ferreira Sorgine Kênia Sousa Rios Leandro Benedini Brusadin Leandro Surya Leila Beatriz Ribeiro Lúcia Maria Aquino de Queiroz

Luciano dos Santos Teixeira Manuelina Maria Duarte Cândido Marcia Conceição da Massena Arévalo Maria Telvira da Conceição Mércia Carréra de Medeiros Nelson Porto Ribeiro Paula Silveira de Paoli Pedro Paulo Palazzo de Almeida Raul Amaro de Oliveira Lanari Ricardo Neumann Roberta Nobre da Camara Telma Saraiva dos Santos Vera Chacham Walter Francisco Figueiredo Lowande

54. História, Historiografia e Fontes Orais: Temas, Abordagens e Perspectivas de Investigação Coordenadores: Heloisa Helena Pacheco Cardoso, Yara Aun Khoury Alcides Fernando Gussi Ana Isabel Ribeiro Parente Cortez Andrey Minin Martin Carlos Meneses de Sousa Santos Célia Rocha Calvo Cícero Joaquim dos Santos Éber Mariano Teixeira Eduardo Antonio Estevam Santos Eliene Dias de Oliveira Santana Francisco Gleison da Costa Monteiro Gisélia Maria Campos Gislene Edwiges de Lacerda Heloisa Helena Pacheco Cardoso Jiani Fernando Langaro

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Maria Teresa Garritano Dourado Marilene Antunes Sant’Anna Mariseti Cristina Soares Lunckes Paulo Henrique Marques de Queiroz Guedes Raquel Caminha Rocha Regina Helena Martins de Faria Ricardo Henrique Arruda de Paula Richard Negreiros de Paula Wellington Barbosa da Silva Yomara Feitosa Caetano de Oliveira Zeneide Rios de Jesus

53. História e Ética na Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil Afonsina Maria Augusto Moreira Alenio Carlos Noronha Alencar Almir Félix Batista de Oliveira Ana Lorym Soares Analucia Thompson Anna Cristina Andrade Ferreira Anna Maria de Lira Pontes Araci Gomes Lisboa Caion Meneguello Natal Claudia Feierabend Baeta Leal Cristina Helou Gomide Dayseane Ferraz da Costa Diva Maria Freire Figueiredo Elisabeth Monteiro da Silva

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Elena Camargo Shizuno Eliane Lucia Colussi Flávia Maíra de Araújo Gonçalves Flávio de Sá Cavalcanti de Albuquerque Neto Francisco Linhares Fonteles Neto Guanambi Tavares de Luna Inocência da Silva Galvão Neta Janete Eloi Guimarães Lídia Rafaela Nascimento dos Santos Luiz Carlos Sereza Maíra Ines Vendrame Marcos Paulo Pedrosa Costa Maria Aparecida Prazeres Sanches Maria Lúcia Resende Chaves Teixeira

José Daniel da Silva José Eudes Alves Belo José Vieira da Cruz Juliana Lemes Inácio Leandro Aparecido Lopes Lucília de Almeida Neves Delgado Luis Antonio Pasquetti Luis Fernando Beneduzi Luiz Henrique dos Santos Blume Maria Gisele Peres Mariangela de Vasconcelos Nunes Paulo Cesar Inácio Paulo Roberto de Almeida Regina Beatriz Guimaraes Neto

Renata Carolina Resende Renato Jales Silva Junior Rinaldo Jose Varussa Rodrigo Barbosa Lopes Sérgio Paulo Morais Sheille Soares de Freitas Telma Bessa Sales Vagner José Moreira Vera Lúcia Maciel Barroso Viviane Prado Bezerra Wellington Sampaio da Silva Zuleika Stefânia Sabino Roque

55. Infância, Adolescência e Juventude no Brasil: História e Historiografia Coordenadores: Silvia Maria Fávero Arend, Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura Ailton José Morelli Alcileide Cabral do Nascimento Antero Maximiliano Dias dos Reis Camila Holanda Marinho Carla Denari Giuliani Cynara Marques Hayeck Denise Ognibeni Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura Fabio Macedo Felipe da Cunha Lopes Flávia Cristina Silveira Lemos Giovanna Maria Poeta Grazziotin Glaucymara Dantas dos Santos do

Amaral Hugo Coelho Vieira Humberto da Silva Miranda Ilza de Carvalho Santos Ismael Gonçalves Alves José Carlos da Silva Cardozo Judite Barbosa Trindade Lídia Noemia Silvia dos Santos Lucas Coelho Siqueira Lucia Helena Reily Luiz Carlos Vieira Marcio Santos de Santana Maria Euchares de Senna Motta Marlene de Fáveri

Michele Rodrigues Tumelero Mônica Regina Ferreira Lins Olga Brites Raquel Carneiro Amin Raul Coelho Barreto Neto Silvia Maria Fávero Arend Sônia Camara Vanessa de Souza Ferreira Vania Morales Sierra Vera Lucia Braga de Moura


410

56. Memórias, Identidades e Conflitos Sociais Coordenadores: Marco A. Santana, Icleia Thiesen Alessandra Ciambarella Ana Maria da Costa Evangelista Antonio José Barbosa de Oliveira Carina Santos de Almeida Cláudia Pereira Vasconcelos Cleusa Maria Gomes Graebin Daniela dos Santos Souza Edemir Brasil Ferreira Edson Medeiros Branco Luiz Eladir Fátima Nascimento dos Santos Elisangela Martins Fabiana Martins Bandeira Flora Daemon Genilson Ferreira da Silva

416

Coordenadores: Sidnei Munhoz, Francisco César Alves Ferraz Diogo Barreto Melo Edison Bisso Cruxen Edvanir Maia da Silveira Elton Licério Rodrigues Machado Erica da Silva Lins Francisco César Alves Ferraz Francisco Eduardo Alves de Almeida Gisele Terezinha Machado Grazielle Rodrigues do Nascimento Jonh Érick Augusto da Silva José Tarcísio Grunennvaldt Karla Leonora Dahse Nunes

Kleber da Silva Tavares Micael Alvino da Silva Ney Paes Loureiro Malvasio Paulo César Gomes Bezerra Roberto Loiola Machado Rodrigo Perez Oliveira Sandro Heleno Morais Zarpelão Sidnei José Munhoz Tania Regina Pires de Godoy Tiago João José Alves

58. Múltiplos Femininos: Gênero, Memória e Identidades Coordenadores: Temis Gomes Parente, Andrea Borelli Adriana Dias Gomide Araújo Ana Carolina Eiras Coelho Soares Ana Teresa Acatauassú Venancio Andrea Borelli Andrea Mazurok Schactae Caroline Cantanhede Lopes Celecina de Maria Veras Sales Claudio Travassos Delicato Cristiane Lima Santos Cristina Ennes da Silva Daniel Henrique Lopes Érika Cristina de Menezes Vieira Costa Fabricia Faleiros Pimenta

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Mario Sergio Ignácio Brum Mozart Linhares da Silva Niedja Lima Torres Portugal Paulo Seabra Priscila Carlos Brandão Antunes Raimundo Nonato Lima dos Santos Ricardo Medeiros Pimenta Sara Oliveira Farias Silvana Grunewaldt Sônia Maria dos Santos Carvalho Suzana Arakaki Vera Lucia Cortes Abrantes

57. Militares, Política e Estratégia Adriana Iop Bellintani Aline Cordeiro Goldoni Arlan Eloi Leite da Silva Arthur Bernady Santana Barbara Nunes Alves Loureiro Braz Batista Vas Brenda Coelho Fonseca Bruno Pessoa Villela Carlos Alexandre Rezende de Sant´Anna Christiano Britto Monteiro dos Santos Claudinéa Justino Franchetti

421

Giliard da Silva Prado Igor Alves Moreira Jayme Lúcio Fernandes Ribeiro João Batista Vale Júnior José Veridiano dos Santos Josemeire Alves Pereira Keides Batista Vicente Lucia Grinberg Luciana Leonardo da Silva Marcos Felipe Vicente Maria de Fátima Bento Ribeiro Maria Manuela Alves Maia Marilena Julimar Ap. Fernandes Mario Henrique

Gisele Thiel Della Cruz Grasiela Florêncio de Morais Janine Gomes da Silva Janis Alessandra Pereira Cassília Joseanne Zingleara Soares Marinho Julia Bianchi Reis Insuela Kety Carla de March Larissa Selhorst Seixas Lidia Maria Vianna Possas Lilian Maria Moser Lina Faria Marcelo Ribeiro de Castro Márcia Maria da Silva Barreiros Leite Mary Angélica Costa Tourinho

Nair Sutil Noélia Alves de Souza Olívia Candeia Lima Rocha Rachel Soihet Rafaella Sudário Ribeiro Rosana Falcão Lessa Rosana Llopis Alves Rosemere Olimpio de Santana Sidnara Anunciação Santana Souza Silmária Souza Brandão Suely Gomes Costa Temis Gomes Parente Zélia de Oliveira Gominho

59. Tramas da Linguagem – História, Política e Cidade

Coordenadores: Josianne Francia Cerasoli, Virginia Celia Camilotti Adriana Mara Vaz de Oliveira Carlos Eduardo França de Oliveira Celio Jose Losnak Cleverton Barros de Lima Daniel Barbosa Andrade de Faria Daniela Ortiz dos Santos Elane Ribeiro Peixoto Elisangela Sales Encarnação Elizabeth Cancelli Evelyn Dill Goyanne Orrico Fernanda Rodrigues Galve Gerlane Bezerra Rodrigues Morais Gilberto Cezar de Noronha Gilmar Alexandre da Silva Ivone Salgado

Izabel Andrade Marson Jacy Alves de Seixas Josianne Francia Cerasoli Ludmila de Souza Maia Marcia Regina Capelari Naxara Maria Elena Bernardes Maria Fabiola Arias Chavez Maria Helena de Macedo Versiani Maria Stella Martins Bresciani Mário Luis Carneiro Pinto de Magalhães Marisa Varanda Teixeira Carpintero Michelle dos Santos Milena da Silveira Pereira Paula Rodrigues Belem

Priscila Nucci Priscilla Alves Peixoto Radamés Vieira Nunes Romulo Costa Mattos Ruth Maria Chitto Gauer Sandra Mara Dantas Thaís Troncon Rosa Valdeci Rezende Borges Valter Martins Vera Lucia Doyle Louzada de Mattos Dodebei Virginia Celia Camilotti Viviane Gomes de Ceballos


410

60. Práticas Educativas e Novas Linguagens no Ensino de História

Coordenadores: Maria Thereza Didier de Moraes, Carlos Augusto Lima Ferreira Alexsandro Donato Carvalho Ana Flávia Ribeiro Santana Antonieta Miguel Carlos Augusto Lima Ferreira Cláudia dos Santos Evaristo Claudia Mendes de Abreu Furtado Claudia Sales de Alcantara Elimária Costa Marques Eric de Sales Francisco das Chagas Silva Souza Geraldo Magela Oliveira Silva

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Coordenadores: Adriano de Freixo, Mônica Leite Lessa

Gilberto da Silva Guizelin Gustavo da Frota Simões Heitor Damasceno Duarte Teixeira Isabela Gláucia de Souza Costa Baptista Jose Francisco dos Santos Juliana de Oliveira Passos Julio Gomes da Silva Neto Kamilla Raquel Rizzi Leonardo Bruno da Silva Luciana Lilian de Miranda Monique Sochaczewski Goldfeld Patricia Braga Elek Paulo José Soares Filho

Raquel dos Santos Oliveira Renato Petrocchi Rodrigo G. Pinto Rodrigo Perla Martins Sâmia Chantre Dahás Sergio Henrique da Costa Rodrigues Sheila Conceição Silva Lima Suhayla Mohamed Khalil Viana Tais Ristoff Tânia Welter Thiago de Jesus Esteves Vinicius Ayres Costa

62. Cidade e Cultura: História e Ética

Coordenadores: Antônio de Pádua Santiago de Freitas, Maria Izilda Santos de Matos Ana Flávia Goes Morais Ana Helena da Silva Delfino Duarte Ângela Tereza de Oliveira Corrêa Antônio de Pádua Santiago de Freitas Chyara Charlotte Bezerra Advíncula Dolores Martin Rodriguez Corner Eliana Ramos Ferreira Elis Regina Barbosa Angelo Erick Assis Araújo Esmeralda Rizzo Etelvina Maria de Castro Trindade Francisca Ilnar de Sousa

426

Marcos Ferreira Gonçalves Maria Aura Marques Aidar Martinho Guedes dos Santos Neto Mary Jones Ferreira de Moura Regina Maria Rodrigues Behar Ronaldo Cardoso Alves Rosangela Souza da Silva Soni Lemos Barreto Suelídia Maria Calaça Thelma Pontes Borges Washington Tourinho Júnior

61.Relações Internacionais e Política Externa: História e Historiografia Adriano de Freixo Américo Alves de Lyra Júnior Ana Luiza Bravo E Paiva Ana Regina Falkembach Simão Antonio Manoel Elibio Jr Aurora Alexandrina Vieira Almada E Santos Bernardo Kocher Camila Soares Lippi Cintiene Sandes Monfredo Claudinei Ivair de Arruda Eduardo Mei Esther Kuperman Fernanda Jasmin Guimarães

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Geraldo Magella de Menezes Neto Ivaneide Almeida da Silva Janderson Bax Carneiro Janete Flor de Maio Fonseca João Carlos Ribeiro de Andrade João de Araújo Pereira Neto Jocyleia Santana dos Santos José Luciano de Queiroz Aires Keliene Christina da Silva Lázaro José de Medeiros Cunha Lucia Falcão Barbosa

Francisco Carlos Jacinto Barbosa Gabriela Melo Silva Idalina Maria Almeida de Freitas Ines Manuel Minardi Jonas Rodrigues de Moraes José do E. S. Dias Junior Juliana da Mata Cunha Jurema Mascarenhas Pae Karla Torquato dos Anjos Luciana Ximenes Barros Manuela Arruda dos Santos Maria de Nazaré Sarges

Maria Izilda Santos de Matos Mário Ribeiro dos Santos Palmira Petratti Teixeira Paulo Marreiro dos Santos Júnio Raimundo Nonato Gomes dos Santos Rosana Maria Pires Barbarto Schwartz Roseli T Boschilia Senia Regina Bastos Sidiana da Consolação Ferreira de Macêdo Sidinalva Maria dos Santos Wawzyniak

63. Diferenças e Desigualdades

Coordenadores: Silvio de A. Carvalho Filho, Carlos Engemann Ana Carolina Sade Pereira da Silva Ana Lúcia Vieira Ana Maria da Silva Moura Carlos Alberto Dias Ferreira Cassi Ladi Reis Coutinho Clébio Correia de Araújo Daniel Mandur Thomaz Débora M Mattos Edson Beú Luiz Fabiana Maria de Carvalho Izaias Francisco José Alves

Gabriel Passold Gustavo Pinto de Sousa Irani da Silva Neves Isabel Orestes Silveira Júlio César Medeiros da Silva Pereira Júlio Cláudio da Silva Jussara Galhardo Aguirres Guerra Kleiton de Sousa Moraes Leila Maria Passos de Souza Bezerra Luciléia Aparecida Colombo Marcelo Nascimento Mendes Maria do Carmo Gregório

Marilea de Almeida Marilene Rosa Nogueira da Silva Michelle Airam da Costa Chaves Monike Garcia Ribeiro Natália Ledur Alles Pablo de Souza Oliveira Pablo Jaime Edir Campos Rangel Cerceau Netto Rita de Cássia Santos Freitas Surama Conde Sá Pinto


410

64. História e Religião no Mundo Luso-Brasileiro (Séculos XVI-XXI) Coordenadores: Margareth de Almeida Gonçalves, Evergton Sales Souza Angelo Adriano Faria de Assis Beatriz Catão Cruz Santos Caetana Maria Damasceno Cesar Augusto Tovar Silva Cláudia Bomfim da Fonseca Ediana Ferreira Mendes Edianne dos Santos Nobre Evergton Sales Souza Fabricio Lyrio Santos Fernando Antonio Mesquita de

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Coordenadores: Renato Luís do Couto Neto e Lemos, Celso Castro Nelson de Sena Filho Neuma Brilhante Rodrigues Paulo Giovani Antonino Nunes Piero de Camargo Leirner Rachel Motta Cardoso Rafael do Nascimento Souza Brasil Raimundo Hélio Lopes Renata Marques Cordeiro Renato Luís do Couto Neto e Lemos Rodrigo Patto Sá Motta Rogério Rosa Rodrigues Silvana Cassab Jeha Tiago Manasfi Figueiredo

Coordenadores: Virginia Fontes, Gilberto Grassi Calil

Irene Spies Adamy Joana Darc Virgínia dos Santos Joana El-Jaick Andrade Joao Alberto da Costa Pinto Kenia Miranda Larissa Costard Laurindo Mekie Pereira Leandro de Oliveira Galastri Ludmila Gama Pereira Marly de Almeida Gomes Vianna Martina Spohr Mirza Maria Baffi Pellicciotta Muniz Gonçalves Ferreira Paloma Alves de Oliveira da Silva

Paulo Alves Junior Paulo Julião da Silva Pedro Henrique Pedreira Campos Ricardo Gaspar Muller Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira Rodrigo Dias Teixeira Tânia Serra Azul Machado Bezerra Vanessa de Oliveira Brunow Vicente Neves da Silva Ribeiro Virginia Fontes Vívian Lara Cáceres Dan Zulene Muniz Barbosa

67. Ética, Arte, Política e Visões de Mundo na Cultura Moderna Coordenadores: João Masao Kamita, Antonio Edmilson Martins Rodrigues Adriana Barroso Botelho Alan Christian de Souza Santos André Nunes de Azevedo Antonio Edmilson Martins Rodrigues Breno Ferraz Leal Ferreira Carolina Ruoso Daniel Pinha Silva Fernando Vojniak Gerson Luís Trombetta

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Fernanda de Santos Nascimento João Ignácio de Medina João Júlio Gomes dos Santos Júnior Karla Guilherme Carloni Kátia Eliana Lodi Hartmann Kees Koonings Lauriani Porto Albertini Lina Maria Brandão de Aras Lorenna Burjack da Silveira Luiz Fernando Figueiredo Ramos Luiz Rogério Franco Goldoni Manuel Domingos Neto Maria da Conceição Fraga Maria Regina Santos de Souza

66. Marxismo e Ética em Tempo de Crise: Contradições e Revoluções Adriano Carmelo Vitorinozão Aruã Silva de Lima Camila Oliveira do Valle Carla Luciana S da Silva Cristiane Soares de Santana Danilo Enrico Martuscelli Danúbia Mendes Abadia Eurelino Teixeira Coelho Neto Felipe Abranches Demier Fernando Silva dos Santos Gelsom Rozentino de Almeida Gilberto Grassi Calil Hugo Villaça Duarte Igor Gomes Santos

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Margareth de Almeida Gonçalves Mariana Nastari Siqueira Melina de Oliveira Bittencourt Moreno Laborda Pacheco Roberta Bacellar Orazem Rossana Agostinho Nunes Tania Maria Pinto de Santana Tatiane dos Santos Duarte Vanderlei Marinho Costa Wilma de Lara Bueno

65. Militares, Política e Sociedade no Brasil Alexandre de Sá Avelar Amilton Justo de Souza Ana Paula Lima Tibola Andréa Bandeira Angela Moreira Domingues da Silva Celso Castro Clarice Helena Santiago Lira Cláudio Beserra de Vasconcelos Daniel Martins Gusmão David Antonio de Castro Netto Dayane Rúbila Lobo Hessmann Eduardo Lucas de Vasconcelos Cruz Everaldo Pereira Frade Fabiano Godinho Faria

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Medeiros Gabriela dos Reis Sampaio Geraldo Magela Pieroni Israel Silva dos Santos João André de Araújo Faria José Pereira de Sousa Junior Larissa Almeida Freire Lígia Bellini Magno Francisco de Jesus Santos Marcos Silva

Helena Vieira Leitão de Souza Isabel Cristina Fernandes Auler Isabela Maria Azevedo Gama Buarque João de Azevedo e Dias Duarte João Masao Kamita Lenin Campos Soares Manuela Aguiar Araujo de Medeiros Marcos Olender Michelly Pereira de Sousa Cordão

Patrícia Domingos Woolley Cardoso Patricia Souza de Faria Rachel Saint Williams Renata Soares da Costa Santos Rogério Luis Gabilan Sanches Victor Emmanuel Teixeira Mendes Abalada

68. Idéias, Intelectuais e Instituições: História e Ética Coordenadores: Fernando Antonio Faria Alexandra Padilha Bueno Alexandre Pinheiro Ramos Aline Marinho Lopes Ana Cristina Meneses de Sousa Brandim Ana Cristina Santos Matos Rocha Antônio de Almeida Antonio Maureni Vaz Verçosa de Melo Arissane Dâmaso Fernandes Dulce Portilho Maciel Elizabeth Santos de Carvalho Fabrício Augusto Souza Gomes

Fernando Antonio Faria Fernando Perlatto Gleudson Passos Cardoso Iara Conceição Guerra de Miranda Moura Joana de Lira Bezerra João Marcelo Ehlert Maia José Renato Lattanzi Leila Medeiros de Menezes Luiz Alberto Scotto de Almeida Maria Emilia Prado Mariana de Castro Schwab

Névio de Campos Paulo César dos Santos Renata Lima Barboza Ricardo Emmanuel Ismael de Carvalho Robson Norberto Dantas Rogério dos Santos França Sérgio Paulo Aurnheimer Filho Thiago Riccioppo Valter Fernandes da Cunha Filho Virgínia Rodrigues da Silva


410

69. Povos Tradicionais - História e Cultura

Coordenadores: Jose M. A. Neto, José A.Campigoto Ancelmo Schorner Caroline Gonzalez Vivas Cleber Alves Pereira Júnior Eveline Almeida de Sousa Fernando Barros Jr. Gabriel Passetti Giovana Acacia Tempesta Helio Sochodolak Jaci Guilherme Vieira

416

Coordenadores: Francisco A. do Nascimento, Luiz Felipe Falcão Jorge Henrique Maia Sampaio José Valdenir Rabelo Filho José Valmi Oliveira Torres Josefa Núbia de Jesus Passos Julia Santos Cossermelli de Andrade Leda Rodrigues Vieira Lenita Maria Rodrigues Luiz Felipe Falcão Marcia Cristina Pinto Bandeira de Mello Mariana Cicuto Barros Nilson Almino de Freitas Odair da Cruz Paiva Pedro Pio Fontineles Filho

Priscilla Régis Cunha de Queiroz Rafael Damaceno Dias Raimundo Alves de Araújo Regianny Lima Monte Reinaldo Lindolfo Lohn Rodrigo de Oliveira Soares Sara Krieger do Amaral Tatiane Rosa Sarat Thiago Leandro de Souza Túlio Augusto Pinho de Vasconcelos Chaves Vanessa Martins Dias Vanessa Moraes de Gouvêa Vânia Lucia da Silva Lopes

71. Relações de Gênero e Interculturalidade Coordenadores: Ana M. Colling, Losandro Tedeschi Adriano Cecatto Adriano Henrique Caetano Costa Alexandre Martins Joca Aline Martins dos Santos Ana Luiza Timm Soares Andréia da Silva Correia Andreza de Oliveira Andrade Carolina Barbosa Neder Debora Breder Dulcilei da Conceição Lima Edna Maria Nobrega Araujo

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Palloma Cavalcanti Rezende Braga Patrícia Raiol Castro de Melo Renata de Almeida Oliveira Sandra Nancy Ramos Freire Bezerra Simone Pereira da Silva Sonia da Silva Rodrigues Soraia Sales Dornelles Suzete Camurça Nobre Tereza Cristina Ribeiro

70. Mobilidades Urbanas em Tempos Modernos: Migrações, Sociabilidades e Modernização na Cidade Contemporânea Anael Pinheiro de Ulhôa Cintra Bruno Sanches Mariante da Silva Claudia Cristina da Silva Fontineles Cristiano de Jesus da Cruz Emerson César de Campos Fabiana de Santana Andrade Fabiana Machado da Silva Francisco Alcides do Nascimento Francisco Antonio Zorzo Francisco Canella Gláucia de Oliveira Assis Helder Remigio de Amorim Ivanilda Aparecida Andrade Junqueira Joao Paulo França Streapco

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Jair Antunes Jose Josberto Montenegro Sousa Kalna Mareto Teao Karina Moreira Ribeiro da Silva E Melo Libertad Borges Bittencourt Marcos José Veroneze Soares Niminon Suzel Pinheiro Oséias de Oliveira

Fabio Pessanha Bila Hugo Augusto Vasconcelos de Medeiros Luciana Martins Castro Marcia Veiga Marcos Profeta Ribeiro Margarete Nunes Santos Gomes Maria Dolores de Brito Mota Maria Emília Granduque Jose Maria Veronica Perez Fallabrino Mariana Selister Gomes

Miguel Rodrigues de Sousa Neto Mônica Sepúlveda Fonseca Nalva Maria Rodrigues de Sousa Natália de Santanna Guerellus Sandra Regina Colucci Sandro José da Silva Silvana Rodrigues de Andrade Simone da Silva Costa Udineia Braga Braga Walquiria Farias de Albuquerque

72. Olhares Musicais: Outras Leituras e Experiências Musicais Coordenadores: Francisco José Gomes Damasceno Ada Dias Pinto Vitenti Adriana Evaristo Borges Adriana Mattos de Oliveira Aluísio Brandão Ana Barbara Aparecida Pederiva Ana Claudia de Assis Bianca Miucha Cruz Monteiro Charles D’Almeida Santana Cicero Francisco Barbosa Junior Ciro Augusto Pereira Canton

Débora Dutra Fantini Edilson Mateus Costa da Silva Emy Falcão Maia Neto Fernanda Paiva Guimarães Francisco Gerardo Cavalcante do Nascimento Haroldo de Resende Joaquim Olegário Leite Júnior José Rada Neto Maria Renata Pires Estrela

Marlécio Maknamara Marlucy Alves Paraíso Michel Platini Fernandes da Silva Nilsângela Cardoso Lima Pablo de Oliveira de Mattos Raphael Diego Neves Martins Ricely de Araujo Ramos Rinaldo Cesar Nascimento Leite Tamara Paola dos Santos Cruz Tatiana de Almeida Nunes da Costa


410

73. Práticas de Memória e aprendizagens da história Coordenadores: Junia Sales Pereira Aline Antunes Zanatta Ana Maria do Nascimento Moura Andréa Borges de Medeiros Claudira do Socorro Cirino Cardoso Cleria Botelho da Costa Cristiane Tavares Fonseca de Moraes Nunes

416

Maria do Socorro de Sousa Araújo Ricardo Souza da Silva Rita de Cássia Mesquita de Almeida Sonia Regina Miranda Soraia Freitas Dutra Vera Lúcia Chacon Valença

74. Instituições Políticas, Cultura Jurídica e Cultura Religiosa: História e Ética Coordenadores: Gizlene Neder Alexandre Miguel França Ana Paula Barcelos Ribeiro da Silva Anna Marina Madureira de Pinho Barbará Pinheiro Delton R. S. Meirelles Fabiana Cardoso Malha Rodrigues Fernanda Aparecida Domingos Pinheiro Gisálio Cerqueira Filho

421

Dilton Candido Santos Maynard Elisangela Esteves Mendes Jessika Fernanda Souza dos Santos Jezulino Lúcio Mendes Braga Junia Sales Pereira Luana da Silva Oliveira Lydiane Batista de Vasconcelos

Gizlene Neder Henrique Cesar Monteiro Barahona Ramos Jefferson de Almeida Pinto Luiz Fábio Silva Paiva Marcia Barros Ferreira Rodrigues Marcos Guimaraes Sanches Mariana Emanuelle Barreto de Gois Maristela Toma

Nancy Rita Sento Sé de Assis Nivia Valença Barros Ozias Paese Neves Paulo Baía Rafael Pereira de Souza Ricardo G. Borrmann Thiago Quintella de Mattos Thiago Werneck Gonçalves Walter de Mattos Lopes

75. História e Cultura da África e Afro-Brasileira

Coordenadores: Paulino de Jesus F. Cardoso, Manuel Jauará Allysson Fernandes Garcia Antonio Vilamarque Carnaúba de Sousa Benjamin Xavier de Paula Breitner Luiz Tavares Carlos Rafael Vieira Caxile Caroline Moreira Vieira Cláudio Eduardo Rodrigues Elio Chaves Flores Fabrício dos Santos Mota Fátima Machado Chaves Francione Oliveira Carvalho Gizelda Costa da Silva Simonini Ivaldo Marciano de França Lima Jacqueline Wildi Lins

Joanice de Souza Vigorito Joceneide Cunha dos Santos José Bento Rosa da Silva José Dércio Braúna Júlio César da Rosa Juvenal de Carvalho Conceição Laiana Lannes de Oliveira Leonam Maxney Carvalho Luiz Fernandes de Oliveira Luiz Gustavo Freitas Rossi Manuel Jauará Maria Caroline de Figueiredo Veloso Maria Luzinete Dantas Lima Marionilde Dias Brepohl de Magalhaes

Marluce de Lima Macedo Martha Rosa Figueira Queiroz Michelle Maria Stakonski Núbia Challine de O. Coelho Petronio Jose Domingues Raphael Rodrigues Vieira Filho Renata de Lima Silva Solange Pereira da Rocha Taiane Dantas Martins Tatiana Reis Viviane de Oliveira Barbosa Willian Robson Soares Lucindo

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76. História no Cinema/ História do Cinema

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77. Igreja, Sociedade e Relações de Poder na Idade Média

Coordenadores: Sheila Schvarzman, Rosana Catelli Alexandre Busko Valim Alexandre Sardá Vieira Aline Campos Paiva Moço Alna Luana Mendes Paranhos Alzilene Ferreira da Silva Carlos Adriano Ferreira de Lima Carolina Ruiz de Macêdo Caroline Lima Santos Daniela de Campos

José Luiz de Araujo Quental Juliane Lassarotte Eichler Leandro Maia Marques Luís Alberto Rocha Melo Luis Felipe Kojima Hirano Marco Alexandre de Aguiar Marine Souto Alves Moacir José dos Santos Moema de Bacelar Alves

Regina Ilka Vieira Vasconcelos Rodrigo Candido da Silva Rosana Elisa Catelli Rosane Meire Vieira de Jesus Sander Cruz Castelo Sheila Schvarzman Shirly Ferreira de Souza Thiago Barboza de Oliveira Coelho Wallace Andrioli Guedes

Coordenadores: Leila Rodrigues da Silva, Maria Filomena Pinto da Costa Coelho Adriana Maria de Souza Zierer Alécio Nunes Fernandes Aline Cristina de Freitas Vian Almir Marques de Souza Junior Amanda Pereira Dias Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva Carlile Lanzieri Júnior Carolina Coelho Fortes Celso Silva Fonseca Claudia Costa Brochado Conceição Solange Bution Perin

Danielle Kaeser Merola Darlan Pinheiro de Lima Edmar Checon de Freitas Giovanna Aparecida Schittini dos Santos João Cerineu Leite de Carvalho Leila Rodrigues da Silva Leonardo Augusto Silva Fontes Luís Miguel Rêpas Marcelo Pereira Lima Marcelo Tadeu dos Santos

Marcus Silva da Cruz Maria Filomena Pinto da Costa Coelho Maria Rita Sefrian de Souza Peinado Mário Jorge da Motta Bastos Moisés Romanazzi Torres Rejane Barreto Jardim Rui Campos Dias Sandra Regina Franchi Rubim Sergio Alberto Feldman Thiago de Azevedo Porto


410

78. A Educação e a Formação da Sociedade Brasileira

Coordenadores: Wenceslau Gonçalves Neto, Carlos Henrique de Carvalho Alvaro de Oliveira Senra Antonietta de Aguiar Nunes Antonio Carlos Ferreira Pinheiro Armindo Quillici Neto Berenice Corsetti Betania de Oliveira Laterza Ribeiro Carlos Edinei de Oliveira Carlos Henrique de Carvalho Cecilia Hanna Mate Cintia Mara de Souza Palma Crislane Barbosa de Azevedo Diana Gonçalves Vidal Diomar das Graças Motta Dirce Djanira Pacheco E Zan Dorval do Nascimento Fábio Alves dos Santos

416

Marcelo Hornos Steffens Marcia Pereira dos Santos Maria Angela de Faria Grillo Mariluci Cardoso de Vargas Marta Gouveia de Oliveira Rovai Mateus Gamba Torres Paulo Roberto Rodrigues Guadagnin

Renata Jesus da Costa Ricardo Henrique Borges Behrens Rosilene Dias Montenegro Sérgio Luiz de Souza de Costa Suzane de Alencar Vieira Telma Cristina Delgado Dias Fernandes

80. História Política: Idéias, Práticas e Instituições Coordenadores: Tiago Losso, Luciano A. Abreu Adilson Junior I Brito Adriano Nervo Codato Affonso Celso Thomaz Pereira Ana Luiza Araújo Caribé de Araújo Pinho Bruno Cordeiro Nojosa de Freitas Carolina Paes Barreto da Silva Cássio Alan Abreu Albernaz Celia Costa Cardoso Douglas Guimarães Leite Elio Cantalicio Serpa Fabio Carminati Fabrícia Carla Viviani Fagner dos Santos

426

Mauro Castilho Gonçalves Miriam Waidenfeld Chaves Rafaela Paiva Costa Raquel Discini de Campos Rosana Areal Samuel Barros de Medeiros Albuquerque Sandra Cristina Fagundes de Lima Sauloeber Tarsio de Souza Sirlene Cristina de Souza Sonia Mª de Castro Nogueira Lopes Tereza Fachada Levy Cardoso Wenceslau Gonçalves Neto Wilma de Nazaré Baía Coelho

79. Memória, Narrativas (Auto)Biográficas e Literatura de Testemunho no Cone Sul da América Coordenadores: Carla Simone Rodeghero, Cláudio Pereira Elmir Antonio Maurício Freitas Brito Beatriz de Moraes Vieira Carla Simone Rodeghero Cláudio Pereira Elmir Fraya Bergamini Ianko Bett Jarbas Gomes Machado Avelino

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Felipe Tavares de Moraes Fernanda Lima Rabelo Flávio César Freitas Vieira Francisco Ari de Andrade Gabriela Pereira da Cunha Lima Iliada Pires da Silva Jacqueline da Silva Nunes Pereira Joao do Prado Ferraz de Carvalho José Carlos Souza Araujo José Damiro de Moraes Libania Nacif Xavier Marcos Paulo de Sousa Maria Angela Borges Salvadori Maria Helena Camara Bastos Mariza Silva de Araújo Marlos Bessa Mendes da Rocha

Fernanda dos Santos Bonet Javier Amadeo Jhonatas Lima Monteiro Jivago Correia Barbosa João Batista Bitencourt João Batista Carvalho da Cruz Karina Kuschnir Leonardo Dias Nunes Leonardo Martins Barbosa Luciano Aronne de Abreu Lupercio Antonio Pereira Marcelo Coelho Raupp Márcio José Pereira Marco Antônio Machado Lima Pereira

Marcos Alves Valente Martha Victor Vieira Murilo Eugenio Bonze Santos Nathália Henrich Nei Antonio Nunes Nora de Cássia Gomes de Oliveira Rafael Athaides Ricardo Virgilino da Silva Suzana Zanet Garcia Thalisson Luiz Valduga Picinatto Tiago Losso Vanessa Silva de Faria Wilma Peres Costa

81. Relações Internacionais dos Estados Americanos: História e Historiografia Contemporâneas Coordenadores: Albene Miriam Ferreira Menezes, Ana Luiza Setti Reckziegel Adelar Heinsfeld Albene Miriam Ferreira Menezes Ana Catarina Zema de Resende Ana Luiza Setti Reckziegel André Luiz Reis da Silva Andrea Helena Petry Rahmeier Andrea Marcia de Toledo Pennacchi Antonio Carlos Moraes Lessa Bruno de Oliveira Moreira Christiane Vieira Laidler Cleber Batalha Franklin

Daniel Santiago Chaves Eduardo Munhoz Svartman Elaine Gomes dos Santos Fernando da Silva Camargo Guilherme Barbosa Haroldo Loguercio Carvalho Helder Volmar Gordim da Silveira Helenize Soares Serres Henrique Alonso de Albuquerque Rodrigues Pereira Humberto de França e Silva Junior

Ione de Fátima Oliveira Iuri Cavlak Luís Henrique Silva Sant’Ana Marcelo Vieira Walsh Maria Monserrat Llairo Mercedes Gassen Kothe Paulo Raphael Pires Feldhues Ronaldo Bernardino Colvero Sabrina Steinke


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82. Biografias e Autobiografias: escritas, narrativas e invenções de si Coordenadores: Juçara Luzia Leite, Iranilson Buriti de Oliveira Ana Beatriz Silva Pessoa Ana Maria Ribas Cardoso Ana Paula Gomes de Moraes Antonio de Pádua Carvalho Lopes Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio Carla Rodrigues Gastaud Carlos Roberto da Rosa Rangel Catarina Maria Costa dos Santos Cícera Patrícia Alcântara Bezerra Deise Cristina Schell Delmo de Oliveira Arguelhes Edeílson Matias de Azevedo Fabiana de Souza Fredrigo Filomena Maria de Arruda Monteiro

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Nileide Souza Dourado Olívia Morais de Medeiros Neta Paloma Porto Silva Patricia Pereira Xavier Paulo Miguel Moreira da Fonseca Paulo Roberto Staudt Moreira Pedro Felipe Marques Gomes Ferrari Raimundo Nonato Pereira Moreira Regina Coelli Gomes Nascimento Renata Waleska de Sousa Pimenta Rita Morais de Andrade Silêde Leila Oliveira Cavalcanti Silvera Vieira de Araújo Thiago Borges de Aguiar

84. História, Natureza e Território

Coordenadores: Haruf Salmen Espíndola Alda Heizer Alfredo Ricardo Silva Lopes Álvaro Mendes Ferreira Ana Elizabete Moreira de Farias Angélica Kohls Schwanz Anicleide Zequini Antônio Alexandre Isídio Cardoso Conceição Maria Rocha de Almeida Cristiana Guimarães Alves Cristiane Fortkamp Eder Jurandir Carneiro Edison Lucas Fabrício Edna Mara Ferreira da Silva Edson Holanda Lima Barboza Eunice Sueli Nodari

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Flávia Pereira Machado Francisco Gouvea de Sousa Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro Giovana de Aquino Fonseca Araújo Giulianne Chrishina Barros dos Anjos Iranilson Buriti de Oliveira Jane Bezerra de Sousa Jaquelini Scalzer José Henrique de Paula Borralho Josemir Camilo de Melo Juçara Luzia Leite Juciene Batista Félix Andrade Lincoln de Abreu Penna Marcelo de Sousa Neto Maria Bernadete Moreira Kroeff

Fabio Ricci Flávia Preto de Godoy Oliveira Gilmar Arruda Gilmar Machado de Almeida Haruf Salmen Espíndola Helaine Nolasco Queiroz Ilsyane do Rocio Kmitta Karuna Sindhu de Paula Luilton Sebastião Lebre Pouso da Silva Luis Fernando Tosta Barbato Luiz Eduardo Simoes de Souza Marcos Fábio Freire Montysuma Marcos Gerhardt Maria Isabel de Siqueira Marlon Brandt

Miguel Mundstock Xavier de Carvalho Priscilla Gomes da Silva Rafael de Almeida Daltro Bosisio Rafael Martins de Oliveira Laguardia Samira Peruchi Moretto Sandra Regina Mendes Sandro Vasconcelos da Silva Simone Fadel Tereza Almeida Cruz Thereza Martha Presotti Valéria Mara da Silva Valéria Maria Santana Oliveira Yuri Simonini Souza

85. Sensibilidade Moderna e Valores em Mutação na Literatura e nas Artes Coordenadores: Antonio Herculano Lopes, Claudia de Oliveira Aldair Smith Menezes Amina Maria Figueroa Vergara Andre Luiz de Araujo Andreza Santos Cruz Maynard Anita Prado Koneski Antonio Herculano Lopes Beatriz Polidori Zechlinski Claudia de Oliveira Eliezer Cardoso de Oliveira Elizabeth Ghedin Kammers Elson de Assis Rabelo Fernanda Lopes Torres Francisco Francijesi Firmino Gabriela Alexandra Mitidieri Malta Cals Theophilo

Gervácio Batista Aranha Getúlio Nascentes da Cunha Gladson de Oliveira Santos Gustavo Henrique Ramos de Vilhena Igor Antonio Marques de Paiva Joëlle Rachel Rouchou José de Arimatéa Vitoriano de Oliveira José Maria Vieira de Andrade José Martinho Rodrigues Remedi Leonardo Ayres Padilha Luciana Lamblet Pereira Luiza Larangeira da Silva Mello Máira de Souza Nunes Marcelo Neder Cerqueira Marcus Alexandre Motta

Maria do Carmo Couto da Silva Marina Haizenreder Ertzogue Marisa Schincariol de Mello Maurel Ferreira Barbosa Monica Pimenta Velloso Régia Agostinho da Silva Rosangela Miranda Cherem Sandra Makowiecky Silvia Cristina Martins de Souza e Silva Tatiana de Freitas Massuno Tatiana Oliveira Siciliano



SIMPÓSIOS TEMÁTICOS


01. CONQUISTA, EVANGELIZAĂ‡ĂƒO E PODER ECLESIĂ STICO NO CONTEXTO IBERO-AMERICANO Eliane Cristina Deckmann Fleck - PUC/RS (ecdfleck@terra.com.br), MarĂ­lia de Azambuja Ribeiro – UFPE (ribeiromarilia@hotmail.com). Integrando-se ao esforço de revisĂŁo radical do paradigma da conquista, de reavaliação dos desdobramentos dos contatos inter-ĂŠtnicos e interculturais e de uma ampla releitura do processo de evangelizaomR HVWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR VH SURS}H D UHĂ HWLU VREUH RV P~OWLSORV VHQWLGRV GD FRQTXLVWD GD HYDQJHOLzação e da implantação de instituiçþes eclesiĂĄsticas na AmĂŠrica, durante o perĂ­odo que se estende do sĂŠculo XVI ao XIX.

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Stela de Negreiros Oliveira E-mail: anastelanegreiros@hotmail.com Instituição: IPHAN - Instituto do PatrimĂ´nio HistĂłrico e ArtĂ­stico Nacional Co-autoria: NĂ­via Paula Dias de Assis E-mail: np-assis@bol.com.br Instituição: UFRN TĂ­tulo: Padres e fazendeiros no PiauĂ­ Colonial - sĂŠculo XVII Apesar da atuação da Companhia de Jesus no Brasil ser um tema ainda pouco estudado, especialmente quando se trata das prĂĄticas econĂ´micas, no PiauĂ­ ĂŠ marcante a atuação dos jesuĂ­tas como fazendeiros. Durante mais de 40 anos os padres administraram fazendas de gado, sĂ­tios e utilizaram o trabalho de escravos negros e indĂ­genas. ApĂłs a morte de Domingos Afonso Mafrense, um dos maiores sesmeiros do PiauĂ­, em 1711, sem herdeiros, deu-se a conhecer que ele havia instituĂ­do em testamento todas as terras, cerca de 30 fazendas e gados que possuĂ­a, para serem administradas pelo reitor do ColĂŠgio da Bahia. Na Capitania do PiauĂ­, os padres demonstraram habilidades para administrar o patrimĂ´nio herdado. Compraram outras fazendas e exerceram grande influĂŞncia. Em 1759, o governo portuguĂŞs decretou a expulsĂŁo da Companhia de Jesus de todo o ImpĂŠrio portuguĂŞs. ApĂłs a expulsĂŁo dos jesuĂ­tas, as fazendas passaram Ă Real administração, sendo denominadas Fazendas do Fisco e, apĂłs a proclamação da IndependĂŞncia, tornaram-se patrimĂ´nio do governo imperial. MĂşltiplas relaçþes envolveram Companhia de Jesus, grupos indĂ­genas, diferentes interesses latifundiĂĄrios e autoridades coloniais. Portanto, os padres atuaram dentro do modelo econĂ´mico implantado no Brasil colonial. Nome: Anderson Roberti dos Reis E-mail: dosreiss@gmail.com Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: A Companhia de Jesus chega ao MĂŠxico: os motivos e objetivos da viagem Ă Nova Espanha segundo os jesuĂ­tas do sĂŠculo XVII Quando a Companhia de Jesus chegou ao MĂŠxico, em setembro de 1572, outras ordens religiosas jĂĄ trabalhavam naquela regiĂŁo havia quase meio sĂŠculo. Franciscanos, dominicanos e agostinianos tinham se dedicado Ă catequese dos indĂ­genas, Ă construção de igrejas e destruição dos antigos templos e Ă­dolos dos nativos. Alguns historiadores, como Robert Ricard e Georges Baudot, entendem que na dĂŠcada de 1570 se encerrou a primeira etapa da evangelização mexicana, marcada pela atuação das ordens religiosas mendicantes, pelas “conversĂľes em massaâ€? e pelo combate Ă s idolatrias. Partindo dessa hipĂłtese, os jesuĂ­tas teriam chegado ao MĂŠxico num momento de transição, em que os trabalhos missionĂĄrios estavam sendo revistos, bem como a ordem polĂ­tico-religiosa da Nova Espanha. Sendo assim, cabem duas perguntas: por que e para que a Companhia de Jesus foi ao MĂŠxico? Quais eram os seus motivos e seus objetivos na capital do vice-reinado? Para responder a essas questĂľes, nĂłs recorreremos Ă s crĂ´nicas inacianas do sĂŠculo XVII, as primeiras sobre a atuação da Companhia de Jesus no MĂŠxico. Com isso, pretendemos analisar como esses homens “apresentaramâ€? e “explicaramâ€? os motivos e objetivos dos jesuĂ­tas naquela regiĂŁo e num momento de transição. Nome: Andre Cabral Honor E-mail: cabral.historia@gmail.com Instituição: UFPB TĂ­tulo: PĂłs “Guerra dos Mascatesâ€?: o conflito entre os carmelitas da Reforma TurĂ´nica da ParaĂ­ba e os observantes de Olinda. ApĂłs as sublevaçþes em Pernambuco, posteriormente intituladas “Guerra dos Mascatesâ€?, ĂŠ possĂ­vel perceber nos documentos avulsos manuscritos

existentes no Arquivo HistĂłrico Ultramarino de Lisboa os ecos desse conflito na Capitania da ParaĂ­ba, que se apossa do discurso de fidelidade ao rei para tentar se sobressair a Pernambuco. Neste contexto, os carmelitas reformados da ParaĂ­ba, por meio do seu entĂŁo CapitĂŁo-mor JoĂŁo da Maia da Gama, vituperam os carmelitas observantes de Olinda, pedindo a entrega do convento destes Ă Reforma TurĂ´nica, expressando uma faceta do conflito eclesiĂĄstico que se iniciou na segunda metade do sĂŠculo XVII com a vinda dos carmelitas reformados para as capitanias do norte. Por meio de uma anĂĄlise documental ĂŠ possĂ­vel lançar novos olhares sobre esses conflitos eclesiĂĄsticos dentro do Brasil colĂ´nia e o contexto sĂłcio-econĂ´mico que os rodeiam. A presente pesquisa faz parte da dissertação de mestrado “O verbo mais que perfeito: uma anĂĄlise alegĂłrica da cultura histĂłrica carmelita na ParaĂ­ba colonialâ€? vinculada a ĂĄrea de concentração Cultura HistĂłrica do Programa de PĂłs-Graduação em HistĂłria da Universidade Federal da ParaĂ­ba. Nome: AndrĂŠ Junqueira Prevatto E-mail: ajprev@gmail.com Instituição: FFLCH/USP TĂ­tulo: Conceito de universal nas cartas do Primeiro MissionĂĄrio JesuĂ­ta: SĂŁo Francisco Xavier Em função dos debates promovidos pelo nĂşcleo “ReligiĂŁo e Missionaçãoâ€? do projeto “DimensĂľes do ImpĂŠrio PortuguĂŞsâ€?, acreditamos ser interessante debater mais a fundo sobre o conceito de universal presente no pensamento ibĂŠrico do sĂŠculo XVI. Enquanto França e Inglaterra formaram seus estados a partir de territĂłrios relativamente reduzidos, os ibĂŠricos projetaram suas aspiraçþes polĂ­ticas para todo mundo, formando o que Anthony Pagden chama de “monarquias universaisâ€?. Tentaremos apresentar as semelhanças e discrepâncias entre os conceitos de universal usado por Xavier (1506-1552) e o universalismo de conquista e expansĂŁo do cristianismo aplicados pela “monarquia universalâ€? portuguesa. Nome: Ane LuĂ­se Silva Mecenas E-mail:anemecenas@yahoo.com.br Instituição: UFPB TĂ­tulo: Registros da cristandade do Novo Mundo: a catequese jesuĂ­tica na antiga aldeia do Geru (1683-1759) No alvorecer do sĂŠculo XVII a ação jesuĂ­tica intensificou-se no litoral da colĂ´nia lusitana do Novo Mundo. As aldeias indĂ­genas foram sendo transformadas em missĂľes, nas quais a cultura e saberes locais foram sucumbindo diante da imposição da tradição cristĂŁ europĂŠia. A ação catequĂŠtica jesuĂ­tica nas terras situadas ao norte da capitania da Bahia resultou na produção de textos a respeito da lĂ­ngua e dos costumes dos povos que viviam Ă s margens norte do Rio Real. Com isso, foram produzidos o Catecismo, a GramĂĄtica da LĂ­ngua Kiriri e foi construĂ­da a Igreja de Nossa Senhora do Socorro, sob a responsabilidade do inaciano Luiz Mamiani. Trata-se de escritos de fundamental importância para a compreensĂŁo da mentalidade dos jesuĂ­tas no perĂ­odo colonial e de suas açþes na constituição de uma nova cristandade. Partindo da relevância de tais registros para a HistĂłria no perĂ­odo colonial, este trabalho tem o propĂłsito de apontar alguns sinais da catequese e do mĂŠtodo utilizado. A mentalidade jesuĂ­tica emerge nas linhas da gramĂĄtica e do catecismo, vislumbrando ao mesmo tempo a doutrina cristĂŁ e as normativas da lĂ­ngua kiriri. AlĂŠm disso, tais documentos refletem a influĂŞncia da retĂłrica barroca, com imagens dissimuladas, cenĂĄrios que mesclavam o vivido entre dois mundos distintos. Nome: Beatriz Helena Domingues E-mail: biahd@yahoo.com Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora TĂ­tulo: A colonização de Jamestown: entre o modelo puritano e o catĂłlico

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01 Esta comunicação compara a colonização de Jamestown, na Virginia, com aquela empreendida pelos puritanos na Nova Inglaterra, e ambas com a colonização do México e do Brasil. A idéia é enfatizar o contraste entre colonização com evangelização, como é o caso do mundo iberoamericano, com colonização sem evangelização, prática adotada no América protestante, destacando a singularidade do experimento da Virginia que tem pontos em comum tanto com os puritanos como com a colonização na Iberoamérica. Nome: Blenda Cunha Moura E-mail: moura.blenda@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Os limites da ação da igreja na Amazônia pombalina As políticas de povoamento direcionadas à Amazônia Portuguesa da metade do século XVIII sofreram uma sensível inflexão a partir da administração pombalina. A Igreja foi incisiva na sua tarefa de moralizar os costumes, mas esbarrava nos limites que o Estado Português e os próprios colonos impunham. A partir dos relatos de visitas pastorais do Fr. João de São José Queiroz (1711-1764), procuraremos entrever essa nova atribuição de papéis, que, segundo a historiografia recente, aproxima as visitas pastorais de visitações inquisitoriais, em certa medida. Nome: Bruna Rafaela de Lima E-mail: bruna_21_pa@yahoo.com.br Instituição: Unisinos Título: Pastores do progresso e dos homens sem fé: a ação jesuíta na Capitania do Rio Grande sob a ótica de Câmara Cascudo Considerando a proposta deste Simpósio Temático, nesta comunicação apresentamos uma análise da visão de Luís da Câmara Cascudo sobre a atuação dos jesuítas no processo da conquista e da evangelização da Capitania do Rio Grande, no século XVII, a partir da leitura crítica de alguns de seus artigos, que foram publicados em jornais, como A República, na década de 1940, e em revistas do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, nas décadas de 1930 e 1940, bem como de capítulos que integram as suas duas principais obras históricas, História da Cidade do Natal (1947) e História do Rio Grande do Norte (1955). Nome: Cristina de Cássia Pereira de Moraes E-mail: cristinadecassiapmoraes@gmail.com Instituição: UFG Título: Instruções Secretíssimas à irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte e São Gonçalo Garcia na capitania de Goiás no setecentos As irmandades de Nossa Senhora da Boa Morte foram criadas pela Companhia de Jesus e, através da Bula Redemptoris Nostri do papa Benedicto XIII, gozavam do direito perpétuo de atuar em todo o mundo como Arquiconfraria congregadas a Roma, onde todas as decisões no interior delas eram diretamente repassadas pelos padres da Companhia de Jesus diretamente aos seus superiores inacianos. Na Capitania de Goiás, no setecentos, houve uma capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte pelos padres jesuítas. Em 1758, um recém empossado governador João Manoel de Melo recebe instruções secretíssimas de José Sebastião de Carvalho e Mello – Conde de Oeiras - para abortar um plano de subversão engendrado pelos inacianos em conluio com o governador anterior, D. Alvaro Xavier Botelho de Tavora. Com a expulsão dos mesmos do Brasil, a irmandade se associa aos pardos devotos de São Gonçalo Garcia que edificaram uma igreja nova para acobertarem os interesses da Arquiconfraria. Nosso objetivo nessa comunicação é analisar a trama engendrada pela jurisdição real para destruir a Arquiconfraria dos jesuítas e suas estratégias de resistências no sertão dos guayazes. Nome: Eliane Cristina Deckmann Fleck E-mail: ecdfleck@terra.com.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Título: “Haciendo memoria de las cosas”: a conversão que se fez com pegadas, promessas e curas Esta comunicação se deterá na análise das cartas dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, contemplando o discurso jesuítico sobre a atuação missionária na América portuguesa no século XVI, na obra Conquista Espiritual e nas Ânuas redigidas pelo padre Antônio Ruiz de Montoya, que informam sobre o processo de conversão na América hispânica, no século XVII. A análise prevê a avaliação da importância dada, sobretudo, ao mito de São Tomé, tanto na definição das inclinações favoráveis e das inaptidões naturais dos indígenas, quanto na justificativa para o êxito do projeto de civilização e de evangelização. A ativação da memória e a valorização dos

ensinamentos da figura mitológica de São Tomé ou Pay Zumé, e, também, de outros missionários reforçaram - a um só tempo - a crença numa certa predestinação dos jesuítas e de uma predisposição dos indígenas ao Cristianismo. Nome: Fabiana Pinto Pires E-mail: piresfabiana@yahoo.com.br Instituição: UNISINOS Título: Penas como práticas de conversão nos registros das Reduções Jesuítico-Guarani da Província do Paraguai (Século XVII) Esta comunicação objetiva analisar a natureza e os possíveis efeitos das penas descritas nos registros jesuíticos das Reduções do Paraguai, no século XVII. O estudo realiza-se com análise de Conquista Espiritual de Antônio Ruiz de Montoya S. J. bem como de cartas ânuas que compõem os Documentos da História da Argentina e a Coleção De Angelis. Neste espaço de tradução, as penas são conceitos cristãos aplicados na contingência temporal, que condiciona a negociação. A pena aplicada nas Reduções tem por base as normas jesuíticas da época, cujos princípios estabelecem um ordenamento comum aos cristãos. O princípio da pena busca estabelecer as possibilidades de reconciliação do infrator, a partir do gesto caritativo da Companhia de Jesus, que consegue acolher o transgressor e levá-lo a situação de penitência. Situadas essas considerações, é possível estabelecer um rigor crítico sobre tais punições, na medida em que as variações de poder e a variabilidade do registro e da intensidade das punições corretivas provocam transformações nas categorias de pena, elencadas nas correspondências jesuíticas. Nome: Fernanda Sposito E-mail: fifaspo@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Os Índios entre a cruz e as coroas. Reduções jesuíticas e projetos coloniais do Paraguai a São Paulo (século XVII) As invasões dos portugueses de São Paulo na região do Prata e Paraguai no século XVII foram explicadas, pela historiografia tradicional, dentro do tema das “bandeiras paulistas”. Superando este modelo esquemático inicial, ao se analisar a instalação, destruição e transferência das reduções jesuíticas no Paraguai, pode-se notar como as dinâmicas espaciais e culturais das etnias ameríndias pré-existentes foram determinantes à implementação do projeto colonial. Tendo o índio como motor dessa ocupação e destruição, propõe-se matizar as formas como se davam as relações entre as sociedades indígenas e os agentes coloniais de Espanha e Portugal, tanto laicos como religiosos. Nome: Guilherme Queiroz de Souza E-mail: guilhermehistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del-Rei Título: “Amigos, sigamos a cruz, porque se tivermos fé, com este sinal venceremos”: a simbologia cristã como expressão da mentalidade de cruzada na conquista de México-Tenochtitlán (1519-1521) Esta pesquisa analisa a importância do emprego dos símbolos cristãos durante as etapas da conquista de México-Tenochtitlán (1519-1521) pelos “espanhóis”. Neste sentido, apontaremos os principais símbolos religiosos que os conquistadores carregavam, particularmente o estandarte com a imagem da Virgem Maria representada e a bandeira de Cortés com a efígie da cruz, contendo a inscrição latina: “Amici, sequamur crucem, et si nos fidem habemus, vere in hoc signo vincesus”. Tais objetos faziam parte dos componentes que ajudavam aumentar o moral da tropa, necessários ao triunfo cristão. Para tanto, utilizaremos como fontes os relatos de alguns “soldados-cronistas”. Nome: Jean Tiago Baptista E-mail: jeantb@hotmail.com Instituição: ESPM Título: Oficinas e imagens sacras: a produção da imaginária como meio de defesa e difusão de códigos missionais (Missões Indígenasjesuíticas, século XVII, Paraguai) O presente estudo procura avaliar a produção das imagens sacras missionais, particularmente aquelas provindas das oficinas (importante setor da área jesuítica) onde atua um seleto grupo de indígenas congregantes. Longe de se restringirem às orientações jesuíticas, os artífices indígenas trataram de aprimorar uma série de técnicas inicialmente orientadas por padrões cristãos ocidentais, particularmente no que se refere às reformulações estéticas (cores e formas). Exemplos desse fenômeno podem ser identificados em pinturas e esculturas indígenas, mas os jesuítas também os registraram em

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seus catecismos e correspondências. Nesses casos, as santidades ocidentais passam a ser denominadas como marangatu, neologismo missional destinado a identificar um conjunto de seres criados naquele contexto para representar e defender a moral pregada pelos índios congregantes e os padres jesuítas. Tal fato aponta à possibilidade de entender essas produções não como potentados da religiosidade experimentada nos povoados, menos ainda como reproduções restritamente vinculadas à hagiografia ocidental, mas, sim, como um conjunto de expressões e representações oriundas de um dos tantos grupos nascidos no interior do complexo central de cada Missão, carregados de uma intenção social. Nome: Josemary Omena Passos Ferrare E-mail: jferrare@uol.com.br Instituição: UFAL Título: A sacralização imagética e espacial definida pela localização do edifício-igreja como recurso persuasivo aplicado na colonização do litoral sul da Capitania de Pernambuco: alguns casos em análise Da estruturação espacial dos Aldeamentos catequéticos marcada pela disposição ímpar do edifício-Igreja, equivalente a um ponto focal absorvente da atenção sensorial dos utilizadores daquele espaço, investiga-se sobre esta intenção, também percebida na configuração dos adros definidos na edificação de “Patrimônios Religiosos” e em padrão de santuários ocorrentes na metrópole lusitana, ancorados em regulamentações régio-litúrgicas que direcionavam a visada e o sentido a ser percorrido para o alcance do ícone que representava a essência da Cristandade. O edifício-igreja resulta analisado nos partidos de espacialização citados como eixo central de orientação geo-espacializada e sócio-ideológica, que sobrepunha como reforço imagético de sua sacralização, a cruz, sempre “plantada” à sua frente. Entendendo-se que o ideário colonizador exaltava sobremaneira a imagética do edifício-igreja, da localização ao uso de adornos para suscitar a emoção através do sentido da visão, considerado “o primeiro dos sentidos, aquele que não [errava]... [e] o ver [era considerado] um prazer.” (GAMBINI, 2000, p. 194), alguns exemplares de igrejas edificadas sob este “primado do visual”, ao longo do litoral da parte sul dos limites da antiga Capitania de Pernambuco, são focos de análises. Nome: Leandro Henrique Magalhães E-mail: leandro.magalhaes@unifil.br Instituição: Centro Universitário Filadélfia - UniFil Título: O Tomismo Tridentino como marca da ação evangelizadora jesuíta na América Portuguesa O não entendimento do outro marcou a ação jesuíta na América Portuguesa. Os inacianos, influenciados pelo ideal de homem referendado pelo Concílio de Trento e marcados pelo tomismo moderno daí decorrente, buscaram, a partir de sua ação evangelizadora, integrar o índio no corpo místico do Império Português, fazendo dele cristão e súdito do rei. Partiu-se da concepção de “Lei Natural da Graça”, princípio contrareformista de base tomista, que favoreceu o entendimento de que, no caso indígena, a graça estaria encoberta pelos maus costumes e pela língua. Seria necessária uma ação que possibilitasse ao índio despertar para a memória do bem, e assim, identificar em sua prática elementos do mal, arrependendo-se. Dentre as estratégias usadas esteve a educação, cujo elemento norteador fora o Ratio Studiorum, e a manipulação da língua que, ao ser sistematizada e transformada a partir da constituição de uma gramática nos moldes europeus, levaria o índio ao entendimento da palavra de Deus e à conversão. Estas estratégias, foco do presente estudo, levaram ao não entendimento do índio brasileiro pelos jesuítas, que denominaram sua prática como “dificultíssima”, alertaram para a “Inconstância da Alma Selvagem” e entenderam os costumes indígenas como demoníacos, ou marcados pela ausência do bem. Nome: Leandro Karnal E-mail: karnal@uol.com.br Instituição: UNICAMP Título: Crônica e memória: etnias e representação do passado na América Colonial As crônicas coloniais da América colonial foram sempre tratadas como uma evidência da divisão em fontes espanholas, criollas, indígenas e mestiças. Cada vez mais este universo de “castas” e seus limites bem definidos tem sido questionado. A análise incide sobre os problemas e limites da invenção do passado na América a partir das divisões étnicoculturais. Afinal, a crônica reforça ou dissolve as barreiras da representação étnica na América?

Nome: Luis Guilherme Assis Kalil E-mail: lgkalil@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: O julgamento das crônicas: análise das diferentes interpretações sobre a conquista do Novo Mundo a partir dos relatos de Ulrico Schmidl e Hans Staden O presente trabalho visa analisar as diferentes leituras feitas dos primeiros relatos sobre as terras do Novo Mundo. Em especial, buscaremos analisar os “caminhos” percorridos pelas obras de Ulrico Schmidl, na Argentina, e Hans Staden, no Brasil, ao longo dos séculos XIX e início do XX. Período este, marcado por uma historiografia com forte teor positivista, que buscou realizar “julgamentos” das crônicas em busca do que consideravam serem informações confiáveis sobre o início da conquista das terras sul-americanas. Nome: Luisa Tombini Wittmann E-mail: luisaw@matrix.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: Léry e Nóbrega: experiências e narrativas musicais Esta comunicação discute os papéis da música em projetos missionários e coloniais na América Portuguesa, analisando principalmente as experiências e as narrativas do calvinista Jean de Léry e do jesuíta Manuel da Nóbrega na metade do século XVI. A música, parte importante do universo indígena, se mostrou eficiente na aproximação, comunicação e tradução entre índios e europeus, tendo sido por estes observada, descrita e utilizada na evangelização. Este trabalho pretende inserir a música enquanto parte importante do processo de mediação cultural, revelando que a arte sonora foi acionada de diversas formas – tanto na ação quanto na escrita – pelos sujeitos históricos envolvidos nos empreendimentos da França Antártica e da Companhia de Jesus. Nome: Luiz Fernando Medeiros Rodrigues E-mail: lmrodrigues@unisinos.br Instituição: Unisinos Título: A narrativa apologético-histórica de Lourenço Kaulen, paradigma de resistência jesuítica ao antijesuitismo pombalino O antijesuitismo constitui um fenômeno e um movimento religioso, cultural, sóciopolítico, em nível internacional. Sua origem pode ser encontrada na oposição e nas críticas à nova espiritualidade de Inácio de Loyola e propagada pelos seus companheiros fundadores da Companhia; através de censuras, desconfianças e de requisitórias inquisitoriais que suspeitavam da ortodoxia do modo de vida e da atuação pastoral do grupo fundador. Um dos mais inexoráveis perseguidores da Companhia foi Sebastião José de Carvalho e Melo, que desencadeou uma feroz campanha antijesuítica, com influências internacionais. Após a sua caída, os jesuítas sobreviventes, dispersos pelos vários reinos, ensaiaram um processo de resistência ao antijesuitismo europeu com escritos. O objetivo deste trabalho é examinar um destes escritos, a “Relação...” de Lourenço Kaulen, inserindo-o no processo de resistência ao antijesuitismo (e a sua expressão mais violenta, a jesuitofobia), como tentativa dos ex-jesuítas sobreviventes de contra-atacarem o imaginário mítico do “complot dos jesuítas” e do jesuitismo como sendo prejudicial à sociedade e fonte de toda sorte de malefícios. Kaulen inaugura um novo tipo de escrito, o “apologético-histórico”, modelo e paradigma para outros relatos e apologias filojesuíticas. Nome: Márcia Eliane Alves de Souza Mello E-mail: marciamello64@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: As Visitas pastorais e ação inquisitorial na Amazônia colonial (1727-1760) Durante o processo de colonização da América observou-se a ocorrência de comportamentos que violavam as normas do sistema social, de relações censuráveis e comportamentos desviantes. Dentre as diversas instituições presentes no Novo Mundo, foi inegável a atuação da Igreja na política de ocupação, cuja ação evangelizadora imputou medidas coercitivas para inibir tais atitudes, contribuindo assim para a manutenção da ordem social. Este trabalho tem como objetivo compreender a ação conjunta de dois mecanismos de controle e vigilância social, presentes no Estado do Maranhão e Grão-Pará, na primeira metade do século XVIII: a ação inquisitorial e a visitação diocesana. Também compreendidos como mecanismos de vigilância da fé, pelos quais se deram a persuasão de normas e valores. Importam-nos observar as diversas formas utilizadas para disciplinar uma população de maioria indígena e mestiça. Para tanto, se fez uso do cruzamento de fontes inéditas de natureza eclesiástica, bem como de processos inquisitoriais que possibilitam compreender não somente o

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01 funcionamento das instituições eclesiásticas na Amazônia portuguesa, mas também registrar os modos de vida existentes na colônia através dos relatos das visitas pastorais. Nome: Márcia Sueli Amantino E-mail: marciaamantino@terra.com.br Instituição: Universidade Salgado de Oliveira Título: A Expulsão dos jesuítas da Capitania do Rio de Janeiro: aspectos econômicos A partir da década de 1730 percebe-se que cada vez mais aumentavam os questionamentos sobre o papel desempenhado pelos Jesuítas em todo o reino português. Se antes eram vistos como aliados dos interesses reais, passaram gradativamente a ser identificados como perigosos inimigos. O ponto crucial deste embate foi a ordem de expulsão deles de todo o Reino e áreas coloniais, efetivada por Pombal em 1759. Este momento é bastante complexo e envolve uma série de fatores, mas esta comunicação pretende analisar apenas seus aspectos econômicos. O objetivo é demonstrar como estava alicerçada a base material dos inacianos na Capitania do Rio de Janeiro através de sua movimentação financeira. Para tanto, serão utilizados diferentes documentos produzidos pelas autoridades coloniais no momento em que precisavam tomar posse dos bens, das fazendas, dos engenhos, do dinheiro e dos escravos que pertenciam aos inacianos. Nome: Maria Conceição da Glória Santos E-mail: mcgsgloria@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá/UEM Título: As Relações entre a Igreja e o poder monárquico português: os sermões de Antonio Vieira como base ideológica para a manutenção da Restauração Em Portugal, no século XVII, é possível verificar ainda a permanência de uma estrutura ideológica baseada nos moldes do Antigo Regime, onde as relações entre a Igreja e o poder monárquico eram entrelaçadas, mesmo já tendo ocorrido as transformações sociais, políticas e econômicas do Renascimento. É nos momentos de instabilidade política que essas relações se evidenciam, como em 1640, quando Portugal se livra do domínio espanhol, dando início ao período da Restauração. O presente trabalho se propõe a compreender como se constituíam essas relações, tendo como objeto de estudo os sermões do Pe. Jesuita Antonio Vieira, proferidos no período, entendendo seu discurso e ação como instrumento através do qual as bases ideológicas foram postas para a manutenção da Restauração recém conquistada. Nome: Maria Cristina Bohn Martins E-mail: mcris@unisinos.br Instituição: UNISINOS Título: Uma viagem pelos “confins do mundo”. José Cardiel e a missão ao Rio Sauce (1748) Foi apenas nos inícios do século XVIII que os territórios ao sul de Buenos Aires passaram a despertar a efetiva atenção das autoridades espanholas, de acordo com a política de expansão das fronteiras desenvolvida pela monarquia bourbônica. Sabe-se que a partir de 1740 um número significativo de viagens percorreu o território da “pampa buenairense” (Barcelos, 2006; Aymara, 2008). Os missionários da Companhia de Jesus estiveram envolvidos em muitas destas empresas, numa ação que é, simultaneamente, missionária e de exploração “científica” dos territórios percorridos. O trabalho aqui proposto pretende analisar a intersecção destes interesses na missão que empreendeu, em 1748, Jose Cardiel S.J. “hacia la desembocadura del Rio de los Sauces al Mar”. Nome: Maria Emília Monteiro Porto E-mail: mariaporto2@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: Jesuítas e clérigos na Capitania do Rio Grande: proximidades e conflitos Tomamos nesse trabalho as missões jesuíticas organizadas na Capitania do Rio Grande entre 1597 e 1759 como parte de um processo amplo da Idade Moderna processado entre Europa e América. As habilidades manejadas pelos missionários os faziam cada vez mais autorizados por conta da eficiência e conveniência de sua atuação em importantes momentos da história da conquista e organização territorial. No entanto, uma série de conflitos com indivíduos e instituições integrados no processo de colonização, assim como o apoio tantas vezes irregular das forças monárquicas indicam o frágil equilíbrio em que se mantinha o problema da autoridade missionária. Apresentamos aqui alguns matizes das relações entre jesuítas

e setores clericais, procurando compreender na delicada trama em que se sustentava a autoridade missionária os processos recíprocos de afastamentos e proximidades que apontam para a dimensão política e cultural dessa relação. Nos aproximamos da compreensão desse processo através do exame da correspondência da Ordem e da correspondência do Conselho Ultramarino que nos remetem às formas como foram processados interna e externamente esses conflitos e ao potencial efeito de representação que comportam. Nome: Marília de Azambuja Ribeiro E-mail: ribeiromarilia@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: O Ensino de gramática e humanidades nas escolas jesuíticas luso-brasileiras Como atesta a famosa inscrição sobre as portas de entrada da primeira sede do Colégio Romano, “Schola di Grammatica, d´Humanità e Dottrina Christiana, gratis”, os jesuítas foram herdeiros diretos das reformulações propostas pelo humanismo renascentista para a organização das disciplinas que compunham os medievais trivium e quadrivium. No âmbito de uma pesquisa que se ocupa, mais amplamente, do estudo das humanidades no contexto da educação jesuítica íbero-americana, aqui propomos tratar das transformações que o ensino da gramática e das humanidades sofreu entre os séculos XVI e XVIII nas escolas jesuíticas do universo luso-brasileiro. Nome: Meynardo Rocha de Carvalho E-mail: meynardo@gmail.com Instituição: Fundação Educacional de Macaé Título: Jesuítas colonizadores: redes, terras e conflitos nos Campos dos Goytacazes – séculos XVII e XVIII Este trabalho objetiva discutir algumas possibilidades de resgate da história do Norte Fluminense a partir da ação colonizadora dos padres da Companhia de Jesus. A concessão de uma sesmaria a esses religiosos pelo ano de 1630 foi o marco regional de um processo de “desbravamento” que, ao derrubar fronteiras ao tempo que “costurava” a unidade, colocou-os como fundamentais numa primeira fase de extensão do Império Português a essa região da colônia. As ações para implantação e manutenção das propriedades fizeram com que os padres agissem com amplitude bem maior do que simplesmente fincar alicerces da Igreja e evangelizar os indígenas. Mas proporcionou também a atuação a partir do poder temporal, o que fomentou intrigas políticas e disputas de terras tanto com reinóis como com os beneditinos que também lá se instalaram. Jesuítas colonizadores é uma pesquisa ainda em fase inicial que, considerando a escassez de documentação direta sobre o assunto, busca se construir através dos “nós e fios” das redes históricas tecidas por aqueles atores sociais. E considera a sua expulsão em 1759, sobretudo, pelo estágio de autonomia adquirido por esse Império. Nome: Paulo Rogério Melo de Oliveira E-mail: paulo_rmo@hotmail.com Instituição: UNIVALI Título: A rebelião de Ñezú contra os missionários jesuítas no Ijuí: em defesa de su antiguo modo de vida (1628) Em 15 de novembro de 1628 o cacique e pajé Ñezú liderou uma rebelião contra as reduções jesuíticas estabelecidas na região conhecida na época como Uruguai (que hoje corresponde à região das Missões no Rio Grande do Sul), que resultou na morte dramática de três missionários da Companhia de Jesus e deflagrou uma guerra que envolveu índios cristãos, índios infiéis e espanhóis. A guerra durou quase dois meses, envolveu quase duas mil pessoas e terminou com o enforcamento de vários líderes indígenas envolvidos na conspiração. Na rebelião de Ñezú não existem apelos à terra sem mal nem promessas de salvação. Foi um movimento contra a influência crescente dos missionários nas suas terras e a ameaça de destruição do antigo modo de vida Guarani, advogado pelo cacique/pajé. Nome: Raul Goiana Novaes Menezes E-mail: raulgsp@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Blasfêmia e sacrilégio na legislação civil e eclesiástica em Portugal do século XVI O avanço de movimentos e idéias contrárias aos dogmas durante a Idade Média obrigou a Igreja a pensar maneiras de vigiar a conduta de seus fiéis. O 3º Concílio de Latrão, no século XII, tratou da figura do herege, definindo-o. Também nesse século, a constituição promulgada pelo papa Lúcio III atribui aos bispos o papel da vigilância. A este cenário somam-se os poderes delegados pelo papa Honório III, no século XIII, a recém criada

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ordem dos “frades pregadores” (dominicanos) no trabalho de vigilância acerca das questões da fé. Já no pontificado de Inocêncio IV os esforços foram empregados na formulação e formalização do modo de proceder contra os hereges e apóstatas, sistematizados no concílio provincial de Béziers. Com o desenrolar dos anos, a Igreja preocupou-se cada vez mais em legislar a respeito do que vinha a ser matéria contra a fé, classificando os delitos em seus cânones. Provavelmente tão antigos quanto à própria religião católica, as blasfêmias e sacrilégios eram dois dos crimes previstos nos códigos civis e eclesiásticos. Percorrendo a documentação legislativa em vigor no Império Português do século XVI, bem como os códices de leis que os precederam, pretendemos apresentar sob que termos, palavras e atos poderiam ser considerados passíveis de enquadramento jurídico. Nome: Sezinando Luiz Menezes E-mail: sl.menezes@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: A administração e posse de bens materiais por parte dos jesuítas no Brasil nas cartas de Manoel da Nóbrega A colonização do Brasil resultou de interesses e desejos diversos. Entre seus motivadores destacam-se a busca por ganhos materiais e a expansão da fé. A estreita relação entre a Coroa e a Igreja em Portugal, fez com que fé e proveito se constituíssem em dois aspectos distintos de um mesmo projeto colonizador. Contudo, enquanto donatários, sesmeiros e comerciantes eram motivados pelas possibilidades de ganhos materiais, a Igreja, principalmente por meio da ação da Companhia de Jesus, lutava para expandir o cristianismo combatendo o infiel e convertendo o gentio. A continuidade da obra missionária exigia cada vez mais recursos. A princípio tal necessidade era suprida por meio de esmolas, de doações e de mercês. No entanto, segundo o próprio Nóbrega “a esmola do Rei é incerta”. Sendo assim, para garantir a continuidade da obra catequética os jesuítas necessitavam de recursos materiais e coube ao Padre Manoel da Nóbrega “desenvolver uma política de posse de terras e de escravos”. Tendo como objetivo a expansão da fé, a Companhia de Jesus torna-se proprietária de fazendas, engenhos e escravos. Contudo, a participação dos jesuítas nos negócios foi obstaculizada pelas normas da Companhia de Jesus e enfrentou resistências, como pode ser observado nas cartas de Nóbrega. Nome: Suzana Maria de Sousa Santos Severs E-mail: suzanamar@terra.com.br Instituição: UNEB Título: “Sapatos ao mato”: o sentimento de “um triste homem que vem preso” pelo Santo Ofício João de Morais Montesinhos seria um anônimo na história se não fosse pela carta que escreveu aos inquisidores lisboetas denunciando os maustratos sofridos pelas mãos do familiar do Santo Ofício que, das Minas, o prendeu e o levou ao embarque, no Rio de Janeiro, para o Tribunal de Lisboa. Comerciante, seus negócios cumpriam a rota do abastecimento das Minas pela Bahia, onde nasceu e viveu. Em uma de suas viagens de negócios, em 1729, foi preso pelo Santo Ofício acusado de criptojudaismo. A carta que escreveu aos inquisidores é fonte raríssima e nos dá a dimensão do sentimento de um prisioneiro, incerto quanto ao seu fim, certo de seus sofrimentos. Nesta comunicação analisamos o conteúdo da missiva no que tange a subjetividade do réu ante seus carrascos, a violência que sofreu e como expressou sua dor. Um testemunho que não pode ser menosprezado posto que reflita a alma de qualquer indivíduo subjugado e as relações de poder emergidas das tensões interétnicas orquestradas por uma instituição eclesiástica racista. Nome: Victor Santos Vigneron de La Jousselandière E-mail: victor.jousselandiere@usp.br Instituição: USP Título: Dilemas sacramentais: José de Acosta e o III Concílio Provincial de Lima Este trabalho tem por objetivo analisar algumas diretivas adotadas no âmbito do III Concílio Provincial de Lima (1582-1583) com relação aos costumes das populações nativas. Nesse sentido, é importante destacar o contexto no qual se insere a realização dessa assembléia conciliar, marcado pela inflexão ortodoxa colocada pelo Concílio de Trento (1545-1563), mas ao mesmo tempo pelos desafios impostos à ação catequética pelas populações nativas. É entre a política de disciplina sacramental e suas soluções práticas híbridas que se destaca a figura de um dos artífices da realização do Concílio Limenho, o jesuíta castelhano José de Acosta. Concomitantemente, suas propostas homogeneizadoras no âmbito religioso, encontram (não sem tensões) um paralelo na política centralizadora levada a cabo

pelo Vice-Rei do Peru, Francisco de Toledo. Tendo em vista tal contexto, o tema sacramental mostra-se particularmente emblemático na medida em que aparece como instrumento privilegiado de disciplina por parte dos missionários. Nome: Vinicius Maia Cardoso E-mail: maia-vinicius@hotmail.com Instituição: Universidade Salgado de Oliveira Título: A Fazenda do Colégio em Macacu: possibilidades de uma comunidade escrava O trabalho discute o conceito de comunidade escrava e a possibilidade da sua existência como resultante da construção de sociabilidades entre famílias de cativos na Fazenda do Colégio, da Companhia de Jesus no vale do Rio Macacu, recôncavo da Guanabara, na capitania do Rio de Janeiro. Parte-se do pressuposto que, a prática da Companhia de Jesus de estabelecer uniões estáveis entre cativos em suas fazendas teria contribuído na constituição dessa comunidade – e outras por analogia de casos – o que já colabora para a configuração de um conceito. Essa comunidade escrava teria migrado para outros proprietários após seqüestro da propriedade pela Fazenda Real em 1759 e arrematação por terceiros. Assim, a comunidade escrava da Fazenda, dada a solidez de suas sociabilidades, construídas no tempo e em um espaço social ordenado, seria realidade no conjunto das resistências escravas no cotidiano do escravismo. Para a elaboração do trabalho foram utilizadas fontes primárias setecentistas (inventários de fazendas inacianas, lista nominativa da região do Macacu). Além destes, relatos coevos e registros de batismo de escravos em Macacu da primeira metade do século XIX. Buscou-se necessário aporte teórico de autores que abordaram o tema da comunidade de cativos. Nome: Viviane Machado Caminha E-mail: vivianecaminha@gmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Por uma análise das práticas rituais na América portuguesa Das relações tecidas por missionários e indígenas na América portuguesa nasceu uma religião caracterizada pelo hibridismo, nem essencialmente católica, tampouco tupinambá. Entender as relações de contato entre esses agentes unicamente pela lógica do conflito seria reduzi-la a uma interpretação simplista e equivocada, apesar de marcadas pela desproporção de forças e uso da violência. A estratégia missionária se baseou na utilização de elementos da cultura nativa como linguagem para veicular elementos cristãos. Entretanto, as populações indígenas não se mantiveram alheias a esse processo apropriando-se não apenas de signos exteriores do cristianismo como também da fala dos padres católicos, em uma demonstração clara de tolerância recíproca. Os religiosos de seu lado buscaram aos poucos ocupar o lugar dos pajés, percebendo a grande influência destes sobre essas populações, travaram uma disputa simbólica verificada em três frentes: a posse da palavra, o poder de cura e o domínio do sobrenatural. A partir disso, temos como proposta analisar as apropriações e re-significações das práticas rituais católicas e indígenas quando do momento de contato e relação entre seus respectivos agentes, partindo das inúmeras possibilidades de leituras sobre a noção de ritual. Nome: Williams Bartolomeu Baracho de Lima E-mail: williamslima@globo.com Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: Discursos e representações na “Relacion de las Cosas de Yucatán”: a alteridade e a interpretação da cultura na obra do frei Diego de Landa (1549-1579) Para aqueles que buscam uma releitura do passado, no tocante à ação católica na América Hispânica (século XVI), as Crônicas das Índias tem se mostrado de grandioso valor discursivo e interpretativo, ainda que não tão visitado quanto se permita. Na fuga de uma historiografia apologética é possível enxergar novas possibilidades interpretativas dos discursos de época. Com esta perspectiva, buscamos neste trabalho revisitar a obra do frei franciscano Diego de Landa, “Relacion de las Cosas de Yucatán”, dialogando com suas representações, ações e o poder simbólico exercido sobre os Maias, pondo em relevo também o antagonismo da obra, ou seja, os discursos ambivalentes e o conjunto de interesses em torno desta.

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02 02. A abolição da escravidĂŁo e a construção dos conceitos de liberdade, raça e tutela nas AmĂŠricas Enidelce Bertin – Unesp/ Franca (enidelce@terra.com.br) Maria Helena Pereira Toledo Machado - FFLCH/USP (hmachado@usp.br) 'RV Ă€QDLV GR VpFXOR ;9,,, SDVVDQGR SHODV DEROLo}HV GR WUiĂ€FR GH HVFUDYRV H SURFHVVRV GH HPDQFLSDção e pĂłs-emancipação, as diferentes sociedades da AmĂŠrica escravista produziram idĂŠias, conceitos H SURMHWRV TXH UHĂ HWLDP D UHVSHLWR GD OLEHUGDGH GRV DIUR GHVFHQGHQWHV 6HQKRUHV GH HVFUDYRV VHXV ideĂłlogos e os ascendentes estados nacionais, juntamente com os cientistas naturais, viajantes e SHQVDGRUHV VRFLDLV SURFXUDUDP FRQFHLWXDU RV OXJDUHV JHRJUiĂ€FRV H VRFLDLV QRV TXDLV RV DIUR GHVcendentes poderiam gozar de uma liberdade restrita e tutelada. Ao mesmo tempo, escravos, libertos H RXWURV JUXSRV VRFLDLV PHQRV FRPSURPHWLGRV FRP D HVFUDYLGmR EXVFDUDP UHTXDOLĂ€FDU R FRQFHLWR GH OLEHUGDGH FRORFDGR HP SDXWD SHODV HOLWHV SUHHQFKHQGR R FRP VLJQLĂ€FDGRV SROtWLFRV VRFLDLV H FXOWXUDLV DPSORV H YDULDGRV 2 REMHWLYR GHVWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR p UHĂ HWLU VREUH R SURFHVVR GH HPDQFLSDomR GRV HVFUDYRV QDV $PpULFDV D SDUWLU GR SRQWR GH YLVWD GD KLVWyULD VRFLDO H GDV LGpLDV FRP HVSHFLDO ĂŞnfase no Brasil, nos Estados Unidos e no Caribe. Para tal, o SimpĂłsio TemĂĄtico pretende colocar em GLVFXVVmR SHVTXLVDV UHFHQWHV VREUH RV WHPDV GDV DEROLo}HV GD HVFUDYLGmR H GR WUiĂ€FR GH HVFUDYRV processos de emancipação dos escravos e africanos livres e conceitos de raça/clima e mestiçagem no perĂ­odo, tomados como indicadores das diferentes percepçþes sociais a respeito da inserção/exFOXVmR GRV OLEHUWRV QDV VRFLHGDGHV DPHULFDQDV SyV HPDQFLSDomR $ UHĂ H[mR VREUH RV SURFHVVRV GH emancipação e abolição da escravidĂŁo colocada em pauta por este SimpĂłsio TemĂĄtico espera, assim, DPSOLDU D FRPSUHHQVmR GR VLJQLĂ€FDGR KLVWyULFR GDV DEROLo}HV H GD DJrQFLD GRV DIUR GHVFHQGHQWHV QD construção deste processo.

Resumos das comunicaçþes Nome: Amanda Teles dos Santos E-mail: amandateles@bol.com.br Instituição: UNICAMP TĂ­tulo: TrajetĂłrias de alforriados de pia: o caso de DionĂ­sio e sua estratĂŠgia de conquista legal da liberdade. Rio de Janeiro, sĂŠculo XIX Esta apresentação se basearĂĄ em uma ação de liberdade que chegou ao Tribunal da Relação do Rio de Janeiro em 1868. Tal ação tem como protagonistas principais DionĂ­sio, seu autor, pardo de 18 anos e suposto ex-escravo e, em lado oposto da trama, o Sr. Lacaille, proprietĂĄrio de escravos e morador de importante freguesia urbana da Corte. Segundo DionĂ­sio, o Sr. Lacaille - senhor transformado em rĂŠu - usurpara o seu direito a liberdade desde 1851, ano em que teria sido batizado e alforriado por seu ‘‘verdadeiro’’ senhor na pia batismal. Assim, a abordagem desta ação permite apontar reflexĂľes preliminares de uma das etapas de meu projeto de mestrado em andamento, sobre as alforrias de pia e os significados da liberdade e as dimensĂľes da cidadania para forros e filhos de libertos no Rio de Janeiro do sĂŠculo XIX. Dentre outros aspectos, este processo serve de alerta a futuras pesquisas sobre alforria quanto Ă necessidade de se investigar sobre o momento posterior a este ato, examinando atĂŠ que ponto estas liberdades puderam ser de fato usufruĂ­das, alĂŠm das diversas trajetĂłrias destes libertos e seus descendentes em uma sociedade escravista. Nome: Andressa Capucci Ferreira E-mail: andcapucci@yahoo.com.br Instituição: USP TĂ­tulo: O trem das 8 e Âź jĂĄ vai partir. Bota nele o Coronel, o promotor de insurreição, o italiano e suas idĂŠias de liberdade. (JacareĂ­ – 1883) Naquele dia, um grupo de homens tomou uma atitude, e resolveu um problema Ă sua maneira. JĂĄ tinham pedido ajuda ao Juiz de Direito da Comarca e este, considerando o assunto grave, encaminhou uma representação ao Governo Provincial. No entanto, nenhuma ação fora tomada por parte do poder pĂşblico. O que eles fizeram? Conseguiram botar num trem o Coronel Rocha Martins, que abertamente fazia propaganda de alforria de escravos; Antonio Henrique da Fonseca, indivĂ­duo de “proceder desregradoâ€?, que incitava escravos Ă liberdade; e o italiano NicolĂĄo Chioffi, conhecido por auxiliar aqueles indivĂ­duos. A ação, no entanto, fora negociada, pois alĂŠm de pagarem as passagens, deram Ă Fonseca, a seu “pedidoâ€?, a quantia de quarenta mil rĂŠis. A situação acima narrada aconteceu na cidade de JacareĂ­, no dia 26 de Novembro de 1883. Depois disso, solicitaram ao Governo da ProvĂ­ncia, atravĂŠs de um abaixo-assinado, que se instaurasse um inquĂŠrito a fim de averiguar as açþes daqueles indivĂ­duos. Tal abaixoassinado reuniu a assinatura de 169 homens da cidade. Entre os nomes encontramos ‘contraditoriamente’, os daqueles que no ano de 1887 teriam

fundado o Clube Abolicionista de JacareĂ­. Pretendemos, desta forma, vislumbrar pĂĄginas e personagens do processo abolicionista nesta cidade. Nome: Camila Barreto Santos Avelino E-mail: camila-avelino@bol.com.br Instituição: UNEB TĂ­tulo: Ex-escravos: uma cidadania subalterna? RetĂłricas da igualdade no pĂłs-emancipação em Sergipe (1888-1910) Este trabalho se propĂľe analisar as retĂłricas da igualdade em Sergipe na tentativa de elucidarmos os significados e as experiĂŞncias da liberdade para os homens e mulheres “de corâ€? egressos da escravidĂŁo. Investigaremos o modo como os ex-escravos foram ingressos como cidadĂŁos livres na nova estrutura social sergipana amalgamada entre brancos e negros a partir da Lei Ă urea que os colocou em nĂ­veis de igualdade, objetivando avaliar as posiçþes que os ex-escravos ocuparam nesta sociedade. Este estudo baseiase em fontes primĂĄrias, literaturas contemporâneas de diversos autores que dissertam sobre a historiografia da escravidĂŁo em Sergipe e no diĂĄlogo entre teĂłricos pĂłs-colonialistas que discorrem sobre estudos subalternos a fim de traçarmos um panorama das relaçþes e/ou conflitos sociais em Sergipe entre as classes hegemĂ´nicas e os grupos subalternos compostos por homens e mulheres “de corâ€?. Daremos ĂŞnfase aos discursos e silĂŞncios existentes na historiografia da escravidĂŁo sergipana na busca de tecermos um quadro histĂłrico e social desses “quase-cidadĂŁosâ€? pautado nas experiĂŞncias sociais que permeiam o campo da liberdade e da igualdade que floresceram apĂłs a abolição da escravatura em Sergipe. Nome: Camila Mendonça Pereira E-mail: camilampereira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: As comemoraçþes pela abolição na Corte Imperial: PolĂ­tica e Cidadania O presente trabalho pretende investigar e problematizar, sob a Ăłtica da Cultura PolĂ­tica, as primeiras açþes dos negros apĂłs a Lei Ă urea. Para isso escolhi o contexto das festas em comemoração a Abolição na cidade do Rio de Janeiro. Nesses festejos os negros atuam em busca de uma cidadania positiva atravĂŠs das suas açþes culturais, ou seja, eles fazem polĂ­tica por meio da cultura. Nome: ClĂĄudia Regina Andrade dos Santos E-mail: claregian@ig.com.br Instituição: UNIRIO TĂ­tulo: Abolicionismo e visĂľes da liberdade Neste trabalho, o tema “Abolição e abolicionismoâ€? serĂĄ tratado a partir de dois aspectos principais: a visĂŁo de liberdade dos escravos e os projetos sociais de inclusĂŁo do liberto na sociedade pĂłs-escravista. Em relação a

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este último aspecto, será abordada a relação entre a monarquia e o abolicionismo. A análise proposta se desenvolve em torno de dois eixos: o da discussão historiográfica e o do debate do século XIX. No que diz respeito a esse último campo, serão consideradas as seguintes fontes: documento produzido por fazendeiros de Vassouras em 1838; discurso de Luiz Peixoto de Lacerda Werneck em 1854; livro do francês Louis Couty, L’esclavage au Brésil; artigo de Elisée Reclus sobre o Brasil na Revue de Deux Mondes; panfleto de André Rebouças, Abolição imediata e sem indenização (1883); conferência de José do Patrocínio (17 de maio de 1885); artigos dos jornais Cidade do Rio e Jornal dos Economistas; discurso do geógrafo francês Emile Levasseur; fala do trono de maio de 1889. Nome: Daniel Simões do Valle E-mail: danielceev@ig.com.br Instituição: UFF Título: O Reformador: o discurso abolicionista na imprensa espírita no Rio de Janeiro, 1883-1888 Esse trabalho se propõe a analisar o discurso abolicionista construído pelos espíritas e veiculado através do periódico Reformador, criado em 1883 e publicado na Corte. Durante a década de 1880, os espíritas divulgaram através da imprensa suas concepções sobre a escravidão e a abolição, fundamentando seu discurso por meio do uso dos princípios doutrinários do espiritismo. Nas páginas do Reformador, a questão servil estava sempre associada à discussão de outras reformas que promovessem o progresso do país e a ampliação dos direitos do cidadão. Desse modo, o discurso abolicionista espírita vivia envolto com a garantia dos direitos à liberdade e com a defesa dos interesses nacionais. Através desse estudo, pretende-se compreender como o discurso espírita foi formulado em diálogo com os diferentes matizes do movimento abolicionista, em especial, com a imprensa republicana e a imprensa católica do Rio de Janeiro. Nome: Daniela Daflon Yunes E-mail: danieladaflon@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - PUC-Rio Título:Os anúncios de jornais no cenário abolicionista: construindo redes de amparo ao universo quilombola No intuito de compreender de que maneira estavam sendo amparados os quilombos no Brasil em finais do séc. XIX, meu trabalho pretende compreender a construção de redes não aparentes que de certa forma sustentavam a ideologia quilombola. Os chamados quilombos-abolicionistas, como pude analisar, tiveram como principal suporte a colaboração de ativistas do movimento abolicionista. No entanto, minha pesquisa, teve a tarefa de buscar que outros setores da sociedade civil colaboravam, mesmo que de maneira discreta, para tal suporte. No momento da emancipação pude verificar isso na pesquisa realizada no jornal “Cidade do Rio” nos anos 1887 e 1888 em que analisei seus anúncios como forma de reflexo da compra e venda de um jornal de cunho claramente abolicionista. Construí uma ligação entre o significado desses anúncios - como documento histórico - e o resultado de minha pesquisa, com base em textos ímpares e ainda, empiricamente separei os anúncios de forma concreta para que pudesse identificar os principais leitores e seu principal foco de circulação, para então apresentar em gráficos percentuais que atestam o alcance de tal periódico, verificando no processo abolicionista uma ampla participação de pessoas de diversos setores da sociedade, das mais diferentes profissões e interesses.

festa foi um palco onde os conflitos de todo um ano se chocavam. Ali, nas ruas, a população escrava e liberta travava contato com projetos variados de nação, como o de intelectuais e abolicionistas que defendiam o carnaval como tempo de liberdade. Neste momento a luta pela liberdade (e sua vivência) se intensifica, impulsionando alianças e conflitos. Neste contexto, se forjava uma cultura política da liberdade, ao mesmo tempo em que essa população lidava com os novos limites criados para impedir o exercício da cidadania e da brincadeira. Estudar o carnaval é uma forma de analisar outras estratégias de um grupo social, formado por escravos, libertos e seus descendentes, que viveu o momento de crise de um modelo e que tentava pelos mais variados caminhos obter a liberdade e o reconhecimento de seus direitos. Nome: Francisca Carla Santos Ferrer E-mail: carla.ferrer77@hotmail.com Instituição: USP Título: Ser livre, até quando? Os escravos pós-guerra do Paraguai no Rio Grande do Sul Esta comunicação tem como objetivo analisar o retorno dos libertos à Província do Rio Grande do Sul, após a Guerra do Paraguai. Durante a guerra da tríplice aliança o governo brasileiro passou a incentivar o emprego dos escravos na guerra, concedendo doações de prêmios honoríficos aos senhores de escravos, em troca da liberdade desses cativos para o referido combate. Em 1870, ao término dessa belicosa contenda, muitos dos combatentes negros que retornaram ao Rio Grande do sul foram recebidos com algemas, castigos por seus antigos senhores, que os escravizaram novamente. Nome: Gabriel Aladrén E-mail: gabrielaladren@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Para evitar “uma confusão contínua e um precipício irreparável”: argumentos em defesa da escravidão na fronteira sul do Brasil (século XIX) No ano de 1824, os vereadores da Câmara da Vila de Cachoeira, município localizado na fronteira sul do Rio Grande de São Pedro, receberam um projeto enviado pelo Conselho da Província que tinha como fito estabelecer medidas para melhorar o tratamento dispensado aos escravos e promover meios para sua lenta emancipação. Prontamente, emitiram pareceres recusando as medidas propostas, utilizando argumentos tais como: a instabilidade política e o perigo de rebeliões que poderiam advir da libertação, ainda que gradual, dos escravos; a importância dos rendimentos fiscais que o tráfico negreiro proporcionava ao Império; e a impossibilidade de manter e expandir a produção agrícola do país em um regime de trabalho livre. Nesta comunicação pretende-se, com base no exame dos pareceres elaborados pelos vereadores da Câmara de Cachoeira, analisar os argumentos em defesa da escravidão e do princípio da inviolabilidade do poder senhorial, procurando relacionar estas posições ideológicas com a existência de uma formação social escravista na fronteira sul do Brasil nas primeiras décadas do século XIX.

Nome: Enidelce Bertin E-mail: enidelce@terra.com.br Instituição: Unesp-Franca Título: Africanos emancipados em perspectiva atlântica A partir dos africanos livres ou emancipados e tutelados no Brasil, no Caribe e em Serra Leoa, torna-se possível o delineamento da rede que conectava as políticas de emancipação no mundo atlântico. Assim, a proposta é apresentar uma investigação do trânsito de idéias e práticas relativas aos emancipados no contexto da diáspora.

Nome: Hamilton Afonso de Oliveira E-mail: hamiltonafonso@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: Algumas considerações sobre as relações escravistas em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio De Janeiro - 1850-1888 A partir da aplicação de princípios metodológicos de cunho quantitativo e qualitativo, da história social, utilizando-se de fontes documentais como inventários post-mortem, registros de matrículas de escravos, relatórios de presidentes de Província e relatos de viajantes propôs-se a reconstituir os aspectos da vida cotidiana envolvendo escravos e senhores na região sul de Goiás entre os anos de 1850 a 1888, fazendo um estudo comparativo com as províncias de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, chegou-se a conclusão que – ao contrário da região sudeste - em Goiás a relação entre senhores e escravos não foram abaladas com o limiar dos acontecimentos que culminaram com o fim da escravidão em 13 de maio de 1888.

Nome: Eric Brasil Nepomuceno E-mail: ebnepomuceno@hotmail.com Instituição: UFF Título: Negros carnavais – A cultura política da liberdade na Corte Este trabalho pretende analisar a participação da população escrava, liberta e negra livre pobre no Carnaval carioca da década de 1880. Assim como, entender suas relações com o processo de Abolição da escravidão e sua influência nas formas de luta por cidadania na Primeira República. Essa

Nome: Ione Celeste Jesus de Sousa E-mail: ionecjs@gmail.com Instituição: PUC/SP Título: Para os educar e bem criar - tutelas, soldadas e trabalho compulsório de ingênuos na Bahia -1878-1897 Esta proposta de comunicação incide em algumas experiências das práticas de soldada e tutela de ingênuos na Bahia, entre 1878 e 1900. Os/as ingênuos/as eram os/as filhos livres da mulher escrava nascidos a partir da

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02 promulgação da Lei 2040, de 28/09/1871, “Lei do Ventre Livre”. Nosso interesse é discutir que para além da emancipação legal, estes ingênuos continuaram a vivenciar práticas de trabalho compulsório, apresentadas legalmente como benefícios de Educação - como Instrução ou como Educação Moral - enquanto estratégias na constituição de trabalhadores subalternos na derrocada da escravidão. As tutelas e soldadas eram mecanismos jurídicos de cuidado com a infância e no caso dos ingênuos foram táticas de controle da sua mão de obra, pós 1888, sob argumento de ser um acordo entre tutor/tutelado fora da lei da abolição. Fontes: processos de tutela e de soldada; anúncios de casas de mestres e aluguel de trabalhadores; assentamentos de batismos; Relatórios de Presidentes da Província da Bahia. Nome: Jaciana de Oliveira Xavier Melquiades E-mail: jaciana@gmail.com Instituição: UFF - Universidade Federal Fluminense Título: Laços e expectativas: nomes, padrinhos e devoções em um Rio de Janeiro urbano. Rio de Janeiro, 1860 - 1870 O caráter violento da escravidão pode ser visto como tentativa de ampliação de um espaço de manobra que, muitas vezes, fora reduzido quase à nulidade. As concessões e doações não poderiam ser dissociadas de conquistas, que na maioria das vezes têm esse caráter violento. Neste trabalho estas serão questões centrais, visando o cotidiano do escravizado. Admitir a agência de todos os grupos sociais permite uma leitura crítica das fontes, tornando as ações cotidianas cheias de significado e relevância política. Neste sentido, abordar as nomeações, os apadrinhamentos e as devoções de famílias escravizadas ou de seus descendentes, pode nos dar a ver a dinâmica social e explicitar símbolos presentes no cotidiano dos homens do século XIX. Rastrear laços, entender parentescos e investigar os objetos de fé, nos permite entender estas relações humanas forjadoras de tantas tradições e regras implícitas que regem a sociedade. Nome: Janete Silveira Abrão E-mail: janete.abrao@gmail.com Instituição: Universitat de Barcelona Título: Raça e projeto nacional no ideário de José Martí José Martí, além de sua significativa obra poética e crítica e de sua contribuição teórica no que se refere ao âmbito político, em seu inalterável compromisso com a independência de Cuba e a fundação de uma república e de uma identidade cubanas, há legado também considerações sobre a raça e críticas ao racismo em um contexto – o de fins do século XIX -, marcado pelo determinismo, pelo darwinismo social e por teorias que exaltavam a necessidade das nações evitarem a mestiçagem em prol de seu desenvolvimento. Neste sentido, este estudo pretende analisar, no ideário de José Martí, a questão racial e sua relação com o projeto nacional cubano. Nome: José Maia Bezerra Neto E-mail: josemaia@ufpa.br Instituição: UFPA Título: A segunda independência: Abolicionismos, história e memória da emancipação política brasileira, século XIX Ao longo principalmente da segunda metade do século XIX, as lutas contra a escravidão desenvolvidas por emancipadores e abolicionistas, ainda que pesem suas clivagens e diferenças, buscaram a identidade de sua causa em favor da liberdade dos escravos com o processo de constituição da nacionalidade e nação brasileira iniciado ainda nas primeiras décadas do século XIX. Definindo então o movimento emancipador e abolicionista, aqui tomados como abolicionismos, como movimento de aspiração nacional e patriótico, ainda que de apelo universal em seu discurso e argumento civilizador; assim sendo feito como prática política de legitimação desses movimentos face críticas dos escravagistas e opositores de que se tratava de movimento sem vínculo com os interesses nacionais e impatrióticos movidos pela influência estrangeira, afinal, os emancipadores e abolicionistas a partir da história e da memória principalmente em torno da independência brasileira postulavam a condição de herdeiros dos fundadores da pátria na consecução daquilo que chamavam de segunda independência, abolindo a herança da escravidão legada pela antiga metrópole, agindo dessa forma guiados por conceitos de nacionalidade, raça e liberdade, redesenhando uma nação brasileira, bem como o lugar que nela teria os ex-escravos. Nome: Josenildo de Jesus Pereira E-mail: p.jose@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão/UFMA Título: Imprensa, ética escravista e idéias abolicionista no Maranhão na década de 1880

Neste trabalho se explora o sentido de representações da escravidão, de liberdade e do racismo apresentadas na imprensa maranhense e, por conseguinte, a função desta, na década de 1880, tempo no qual se consolidou a decadência da agricultura mercantil escravista e de exportação. Nome: Juliana Foguel Castelo Branco E-mail: jufoguel@gmail.com Instituição: UNIRIO Título: Imigração norte americana no Brasil O presente trabalho pretende ser um estudo sobre os incentivos e desejos do governo brasileiro em estimular a imigração para o país, em especial a Norte Americana, no final do século XIX. Nome: Luiz Gustavo Santos Cota E-mail: lgscota@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Por trás da legalidade também há luta: abolicionistas e escravos nas ações de liberdade em Mariana e Ouro Preto, Minas Gerais (1871-1888) O presente trabalho tem como objeto o estudo da ação de escravos e advogados identificados com a luta pela abolição nos meandros da Justiça. As chamadas ações de liberdade, processos judiciais movidos por escravos contra seus respectivos senhores objetivando a liberdade, representaram um importante campo de luta pela abolição. Através da leitura desses processos judiciais é possível observar as estratégias engendradas pelos escravos para alcançar sua liberdade, bem como suas impressões acerca do que seria um cativeiro justo, além da forma como os advogados envolvidos nestes processos se posicionaram em relação à escravidão, e suas relações com o movimento abolicionista. No caso aqui apresentado, foram analisados processos impetrados nas cidades mineiras de Ouro Preto e Mariana, respectivamente capital da província e centro de poder religioso das Minas, entre os anos de 1871 e 1888. Foi possível perceber as ligações entre os advogados que atuaram ao lado dos escravos nas ações de liberdade com o movimento abolicionista, sobretudo da capital, fato que parece estar diretamente ligado ao considerável aumento do número de processos na década de 1880, principalmente das contendas em que o escravo alegava ser um africano importado para o Brasil após a promulgação da lei de 1831. Nome: Luiza Helena de Carvalho E-mail: luiza_helcar@ig.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: João de Mattos: O pão na luta pela liberdade e dignidade de sua classe (1876-1912) A pesquisa pretende lançar luz sobre um personagem enigmático chamado João de Mattos. Não se sabe quando nasceu, nem quando morreu, entretanto, ele deixou um testemunho importantíssimo de três momentos singulares da história brasileira: a luta pela abolição, a proclamação da República e as primeiras lutas do movimento operário no Rio de Janeiro. João de Mattos ao que parece foi membro de três associações criadas pela categoria dos padeiros: O Bloco de Combate dos Empregados de Padarias; a Sociedade Cooperativa dos Empregados de Padaria no Brasil; e a Sociedade Cosmopolita Protetora dos Empregados de Padaria. Supostamente, a história das lutas de João de Mattos se inicia em São Paulo e continua no Rio de Janeiro com a fundação do clube abolicionista Nesse sentido, o objetivo é identificar as propostas destas associações de padeiros para o fim da escravidão, questionar os motivos da adesão dos padeiros na causa abolicionista e republicana. Nome: Lusirene Celestino França Ferreira E-mail: lusireneufrj@gmail.com Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei Título: O “povo” nas ruas e as festas abolicionistas: cultura política e a abolição do Ceará nas ruas da Corte Imperial (1884) Nesta comunicação apresentaremos um mapeamento inicial dos diversos grupos sociais que participaram da luta pela abolição na década de 1880. Através das notícias veiculadas na imprensa da Corte sobre a abolição no Ceará e o movimento abolicionista pretendemos apreender as apropriações culturais e as expectativas dos diversos grupos sociais que atuaram no cenário da abolição. Além disso, discutiremos a participação do “povo” nas comemorações abolicionistas nas ruas da Corte em homenagem ao “Ceará Livre”. Assim, destacaremos uma abordagem centrada na cultura política e nas tensões sociais vividas neste período de intenso debate sobre a “questão servil”.

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Nome: Maíra Chinelatto Alves E-mail: mairachinelatto@gmail.com Instituição: USP Título: Histórias de crimes de escravos contra seus senhores: Campinas, século XIX A sociedade brasileira do século XIX estava, em muitos aspectos, permeada pela violência. O relacionamento entre senhores e escravos representava um extremo desta característica, em que a brutalidade de gestos e palavras se fazia presente de maneira estrutural e irremediável. O presente trabalho aborda este tema, já bastante explorado pela historiografia, enfocando a inversão de papéis ocorrida quando escravos, contestando e se rebelando brutalmente contra os lugares sociais que lhes eram destinados, viravam o jogo e agrediam fisicamente seus senhores, feitores ou administradores, sendo, por isso, levados aos tribunais de justiça. As motivações, repercussões e justificativas de tais crimes são analisadas a partir da leitura dos processos criminais, enquanto os respectivos inventários post-mortem, iniciados quando da morte de um senhor de posses, versam sobre o ambiente em que eles ocorreram. Procuro entender, assim, como se dava e se subvertia o relacionamento entre senhores e escravos, numa época em que a escravidão perdia legitimidade frente à sociedade, obrigando os proprietários a recorrerem ao Estado, nos instantes em que a violência senhorial não era suficiente para disciplinar as senzalas, para mediar estas relações. Nome: Marcelo Souza Oliveira E-mail: historiadormarcelo@bol.com.br Instituição: Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia Baiano Título: Traumas de uma elite em declínio: memórias de letrados sobre a abolição e os dias seguintes (Bahia, 1889-1930) Este texto analisa a produção literária e historiográfica baiana produzida entre 1889 e 1930 que trata das memórias acerca do 13 de maio e os dias subseqüentes. A escassez de informações e de referências sobre esse tema na Bahia coloca em evidência a construção de uma memória traumática sobre esse evento e a tentativa de atribuir a ele a “desgraça” ocorrida com os senhores do Recôncavo. Por outro lado, a produção literária e historiográfica dos ex-abolicionistas não reconhece a força do13 de maio como um marco da libertação dos cativos, preferindo tomar a abolição como um processo originado desde as primeiras leis abolicionistas. Tanto a Literatura quanto a História destacam a construção da memória dos atores que vivenciaram esse período e utilizaram-no como explicação para a situação decadente da Bahia nas primeiras décadas da República. Nome: Marcus Dezemone E-mail: dezemone@gmail.com Instituição: ISERJ/ Colégio Pedro II Título: Matrimônios coletivos e “filhos naturais”: família escrava, cativos e senhores na crise do escravismo – sudeste cafeeiro, século XIX O trabalho apresenta resultados de tese recentemente defendida pelo PPGH-UFF. Seu objetivo é explicar o espantoso aumento das cerimônias coletivas de matrimônio entre cativos e, depois do Treze de Maio, entre libertos, em freguesias do sudeste cafeeiro de 1887 a 1892. Tais uniões ganham relevo quando se constata que casamentos escravos celebrados pela Igreja declinaram sensivelmente entre 1871 e 1886, na comparação com a década de 1860. A reflexão diante da brusca variação nos matrimônios permitiu identificar estratégias de cativos e senhores num quadro de transformações que atingiam o escravismo. A freguesia fluminense de São Francisco de Paula, cujo ápice produtivo ocorreu entre 1880 e 1900, forneceu o material empírico analisado. Os assentamentos de casamentos escravos, ao lado dos registros batismais de ventre-livres, lançaram luz sobre os limites e as possibilidades de constituição de famílias escravas em face de ações senhoriais que restringiam matrimônios entre cativos e omitiam a paternidade nos batismos, devido aos efeitos legais que poderiam trazer, sobretudo, após a Lei do Ventre Livre. O reconhecimento legal e religioso de famílias revelaria não apenas o desejo de permanência na terra após a Abolição, mas significados assumidos pela liberdade no sudeste escravista. Nome: Maria Angélica Zubaran E-mail: angelicazubaran@yahoo.com.br Instituição: Universidade Luterana do Brasil Título: A invenção branca da liberdade negra: a narrativa dominante sobre a abolição em Porto Alegre/RS O objetivo deste trabalho é investigar como uma memória social da abolição foi construída pelas elites políticas regionais em Porto Alegre/RS, durante a “liberação dos escravos” em 7 de setembro de 1884, na mesma data da independência nacional e quase quatro anos antes da abolição na-

cional. Sugiro que o discurso regional abolicionista no Rio Grande do Sul apropriou-se da retórica de um passado glorioso de tradições libertárias, para legitimar a estratégia das elites políticas regionais de manumissão condicional e para inventar uma liberdade que era ao mesmo tempo presente e ausente, uma vez que não era imediata e completa, mas condicional à prestação de serviços dos ex-escravos aos seus ex-senhores, por um prazo máximo de sete anos, sob a nova condição social de contratados. Pretendo relativizar a narrativa oficial sobre a abolição em Porto Alegre e destacar o silêncio desse discurso regional abolicionista sobre a participação dos afrodescendentes na abolição, omitindo a participação de lideranças e sociedades negras abolicionistas. É neste sentido, que considero esta versão oficial da abolição em Porto Alegre, como uma “invenção branca da liberdade negra”, cujo impacto na memória histórica e na historiografia tradicional gaúcha parece ter sido relevante. Nome: Maria Clara Sales Carneiro Sampaio E-mail: mclarasampaio@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Colonizados e recolonizados: as propostas dos Estados Unidos de colonizar a Amazônia brasileira e outras localidades no continente americano com afro-descendentes norte-americanos na década de 1860 A Guerra da Secessão (1861-64), que opôs as regiões Norte e Sul dos Estados Unidos, não só evidenciou as contradições da escravidão no país, contribuindo para a redefinição de relações sociais para inclusão de libertos, como colocou em perspectiva o papel da instituição em outras regiões do mundo atlântico. As influências da guerra sobre a América Central, do Sul e África se fizeram perceber em diversas esferas. O tema do presente trabalho são os projetos de remoção de libertos norte-americanos para fora das fronteiras nacionais. No início da presidência de Lincoln muitos projetos de remoção de afro-descendentes do país fizeram parte das discussões do governo. Muitas frentes de negociação diplomática foram abertas com o objetivo de conseguir que países como Brasil, México, Equador, Costa Rica, Honduras, Suriname, Haiti e Libéria, entre outros, recebessem contingentes de ex-escravos provenientes de diversas localidades dos Estados Unidos. Dentre os traços comuns dessas iniciativas três são as características que merecem maior atenção: a construção discursiva de impossibilidade de convivência inter-racial nos EUA; o caráter humanitário de proporcionar aos afro-descendentes novas possibilidades e o interesse imperialista norteamericano de expansão através desse tipo de iniciativa. Nome: Maria Rosangela dos Santos E-mail: maria.rosangela.s@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Marido livre, mulher escrava, filho ingênuo: famílias mistas no ocaso da escravidão – Curitiba - Paraná, segunda metade do século XIX Buscando entender o universo das relações entre livres e escravos no período final da escravidão, este artigo analisa as famílias mistas a partir da Lista de Classificação para Emancipação de Curitiba, Capital da Província do Paraná, de 1875, produzida por determinação da Lei de 2.040, de 28 de setembro de 1871, conhecida como a Lei do Ventre Livre. Os laços familiares se fazem presentes de forma privilegiada nesta documentação, uma vez que era um dos elementos que alçavam o escravo ao topo da lista. Consideramos como famílias mistas aquelas em que pelo menos um membro não era escravo, figurando na fonte como livre, liberto ou ingênuo. Pretendemos assim compreender suas especificidades e representatividade, levando em conta as escolhas, mesmo que restritas, dos escravos, e as singularidades de um momento marcado pela crise do cativeiro e pela intervenção do Estado no âmbito do poder senhorial, em uma região de pequenos plantéis, voltada para o abastecimento interno. Nome: Murilo Borges Silva E-mail: muriloborges.historia@gmail.com Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Marcas da escravidão: representação e identidade negra na pósabolição em Goiás (1888 – 1930) Esta comunicação é parte dos primeiros desdobramentos de uma pesquisa de mestrado que trabalha com as representações sobre os negros em documentos imagéticos, tais como, jornais e textos literários. O recorte escolhido para esta pesquisa foram as primeiras décadas da República em Goiás, pois entende-se que nesse período, logo após a abolição, há uma ausência dos negros na historiografia goiana. Somente mais tarde, especialmente na década de 1930, é que os negros e a sua situação social voltam a fazer parte das discussões intelectuais, que naquele momento, acabaram divulgando a idéia da democracia racial, o que se pode configurar como uma tentativa

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02 de anular a luta e a cultura dos ex-escravos. Nesse sentido, esta pesquisa intenta contemplar essa lacuna historiográfica, analisando como foram representados e, qual foi a identidade forjada para os negros logo após a abolição da escravidão em Goiás. Nome: Patricia Garcia Ernando da Silva E-mail: patriciagarcia@usp.br Instituição: USP Título: Os possíveis significados da liberdade em São Paulo no século XIX A comunicação tem como objetivo fazer uma reflexão sobre os possíveis significados da liberdade para escravos e libertos levando em conta diferentes situações vividas por eles e reunir elementos para pensar quais poderiam ter sido as motivações dos senhores para a concessão de alforrias. Utilizaremos em nossa análise inventários, testamentos e cartas de liberdade de proprietários de escravos, referentes ao período de 1850 a 1888. Nossa discussão leva em consideração que a escravidão, cessada pela liberdade jurídica, comprovada por documentos notariais, judiciais ou eclesiásticos, poderia não deixar de existir de fato, ou seja, determinadas condições a que os forros fossem submetidos poderiam tornar seu modo de vida semelhante ao de cativos. Imposições, por parte de ex-senhores a libertos, como acompanhar ou prestar serviços por longos períodos ou por tempo indeterminado e a submissão a novos ´senhores’, por exemplo, poderiam configurar a realidade de uma escravidão de fato. Já situações em que se era escravo legalmente, mas se conquistava um grau de autonomia e mobilidade espacial diferenciado poderia alçar a condição do cativo à similaridade da de trabalhadores informais livres. Nome: Paulo César Oliveira de Jesus E-mail: paulodejesus@atarde.com.br Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título:Os homens bons e suas viagens ilícitas: negociantes de escravos da Praça da Bahia em tempos de ilegalidade (1839 – 1847) Os estudos sobre a escravidão nas últimas décadas têm respondido a muitas indagações acerca do fim do comércio de africanos para o Brasil. Tais avanços resultam entre outros fatores da utilização, com maior frequência, das informações contidas em relatos de viajantes, notícias de jornais, almanaques, relatórios de ministérios e de comissões mistas, processos de apreensão de embarcações, diários de viagens, registros alfandegários e tantas outras. Mesmo considerando a importância dos resultados obtidos até aqui, alguns aspectos deste empreendimento ainda carecem de investigações mais especificas, entre eles: a capacidade de articulação dos envolvidos em protelar ao máximo o fim de um dos mais lucrativos empreendimentos do século XIX. Experimentados nos negócios transatlânticos e hábeis articuladores comerciais os praticantes do “infame comércio” foram os principais responsáveis pela montagem e manutenção de um complexo sistema clandestino que prorrogou por mais de vinte anos a definitiva extinção do comércio de africanos para o Brasil. Neste sentido, esta comunicação apresenta resultados parciais das investigações sobre o perfil dos comerciantes responsáveis pela de sustentação do “infame comércio” entre os anos de 1839 e 1847 na terra de Todos os Santos. Nome: Rafael da Cunha Scheffer E-mail: rafaelscheffer@yahoo.com.br Instituição: Unicamp Título: A “falta de braços” e o trabalhador desejado: debates sobre o futuro da escravidão e o trabalho livre nos jornais de Campinas/SP (1875-1885) Nos anos finais da década de 1870 e início da seguinte, nos jornais de Campinas foram freqüentes as discussões a respeito do futuro da escravidão e das necessidades da lavoura. Temas como a falta de trabalhadores, a busca por imigrantes para suprir essa demanda, as próprias opções pela origem mais adequada desses trabalhadores e o futuro do trabalho escravo foram assuntos freqüentes nessas discussões. Nesse contexto, essa comunicação procura explorar as disputas em torno das expectativas sobre o trabalho servil e, principalmente, de sua comparação com um imaginado trabalhador livre. Além disso, analisamos o debate sobre o fim do comércio interprovincial de cativos e as questões levantadas pelo Club da Lavoura de Campinas frente às propostas discutidas na assembléia provincial. Buscamos entender os conflitos e articulações entre posições diversas quanto ao futuro da escravidão e quanto às próprias caracterizações dos trabalhadores cativos que eram construídas nestes jornais de Campinas. Para essa análise, exploramos os periódicos “Gazeta de Campinas” e “Diário de Campinas” entre os anos de 1875 e 1885, especialmente suas seções

de artigos e anúncios ou cartas de representantes do Club da Lavoura dessa cidade paulista. Nome: Valéria Gomes Costa E-mail: valeria_gcosta@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Herdei e deixei de herança! Africanos e crioulos no Recife PósAbolição As trajetórias dos ex-cativos e seus descendentes foram consideradas empecilho no estabelecimento do entremeio escravidão-liberdade, visto que a República “quase apagou a cor” das pessoas libertas e livres, tornandose difícil rastreá-las depois do 13 de Maio de 1888. Nesta perspectiva, a cor da pele, enquanto mecanismo de diferenciação social foi nas últimas décadas da escravidão enfatizada e estendida às questões de racialização e cidadania. Por outro lado, a linearidade do vivido pelos libertos mostrou que as ações entre o cativeiro e a emancipação se constituíram muito mais complexas que a simplória idéia escravidão versus liberdade. As redes de solidariedade, parentesco, práticas religiosas estabelecidas pelos cativos estenderam-se para além da escravidão, fazendo-se presentes nas articulações de alforrias, de reconstrução de laços comunais e simbólicos, dos projetos de liberdade dos sujeitos pós-emancipação. A presente comunicação objetiva iniciar o debate sobre as experiências de africanos e crioulos no espaço urbano do Recife neste cenário, lançando mão das informações sobre heranças que receberam de seus ex-senhores e os bens que libertos deixaram para seus parentes como indícios dos mecanismos de constituição de sua autonomia. Nome: Vanessa Gomes Ramos E-mail: nessahistoria@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Notas de pesquisa sobre “liberdades” nas manumissões condicionadas - Rio de Janeiro, 1850-1888 Em um trabalho que por ora encontra-se em desenvolvimento, tecemos uma análise sobre a temática da liberdade e seus diferentes significados para senhores e escravos, verificando a aplicação deste conceito na vida dos libertos. Para tanto, as cartas de alforrias registradas entre os anos de 1840 a 1888, na cidade do Rio de Janeiro, formam o corpus documental da pesquisa. Trabalhamos, sobretudo, com as cartas condicionais, ou seja, as que exigiam do alforriando o cumprimento de certas atividades estabelecidas pelos senhores. Discutimos a “polêmica” questão deste tipo de alforria, procurando entender a representação desta para o escravo, que vivenciava a difícil condição de ser meio cativo e meio liberto ao mesmo tempo. De forma ainda incipiente, buscamos analisar se esta manumissão representava ou não uma simples continuidade do cativeiro. Nome: Wlamyra Ribeiro de Albuquerque E-mail: wlamyra@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Rui Barbosa e os debates sobre cidadania negra no pós-abolição O objeto de pesquisa a ser analisado é o processo de racialização das relações sociais no processo emancipacionista brasileiro e a cidadania negra no pós-abolição. Considerando que o processo emancipacionista configurou uma racialização das relações sociais no Brasil, proponho a análise das estratégias políticas que garantiram a preservação de hierarquias sociais, assim como a construção de identidades raciais nas duas últimas décadas do século XIX. A pesquisa resulta do interesse pelas concepções de cidadania negra que ganhavam visibilidade entre 1870 e 1910. Utilizo como fontes a correspondência policial da província da Bahia, discursos, fotografias, textos jornalísticos e, em especial, a correspondência particular de Rui Barbosa.

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03. As teias que a famĂ­lia tece Ana Silvia Volpi Scott - Unisinos (asilvia@unisinos.br) Carlos de Almeida Prado Bacellar - FFLCH/USP (cbacellar@usp.br) 1DV ~OWLPDV GpFDGDV R HVWXGR GD IDPtOLD WHP DWUDtGR D DWHQomR GH HVSHFLDOLVWDV GH GLIHUHQWHV iUHDV No campo da HistĂłria as anĂĄlises sobre esta instituição tĂŞm crescido de maneira espetacular, tanto no %UDVLO FRPR QR H[WHULRU H RV LQ~PHURV WUDEDOKRV TXH YrP D S~EOLFR WrP FRQWULEXtGR GH IRUPD GHFLVLYD para o debate. Neste contexto de intensas discussĂľes sobre a temĂĄtica da famĂ­lia, o SimpĂłsio Nacional GD $138+ WHP VLGR XP IyUXP SULYLOHJLDGR H QRV ~OWLPRV HYHQWRV Mi VH WRUQRX XPD WUDGLomR XP 6LPSyVLR 7HPiWLFR 3DUD D $138+ GH TXHUHPRV PDQWHU R HVSDoR TXH UH~QH PXLWRV SHVTXLVDGRUHV e, se possĂ­vel, gostarĂ­amos de repetir a experiĂŞncia que tem sido sempre muito rica. O crescimento GR HVWXGR GD IDPtOLD HQWUH RV KLVWRULDGRUHV YHLR LQLFLDOPHQWH GRV WUDEDOKRV SURGX]LGRV QR kPELWR GD 'HPRJUDĂ€D +LVWyULFD VREUHWXGR D SDUWLU GDV GpFDGDV GH H &RQWXGR RV HVWXGRV VREUH D famĂ­lia se alargaram de tal maneira, principalmente por conta do diĂĄlogo com as CiĂŞncias Sociais, TXH DV UHFHQWHV SHVTXLVDV QmR VH OLPLWDP DSHQDV DR HVWXGR GR DVSHFWR GHPRJUiĂ€FR HPERUD HVWH FRQWLQXH D IRUQHFHU HOHPHQWRV LPSRUWDQWHV SDUD D FRPSUHHQVmR GD RUJDQL]DomR H GDV GLQkPLFDV IDPLOLDUHV (VVD DEHUWXUD D RXWUDV iUHDV VH MXVWLĂ€FD SHOD FRPSOH[LGDGH GR WHPD SRLV D FRPSUHHQVmR GRV VLVWHPDV IDPLOLDUHV GR SDVVDGR QmR SRGH UHVWULQJLU VH DR HVWXGR GDV YDULiYHLV GHPRJUiĂ€FDV DWp SRU FRQWD GDV P~OWLSODV VLWXDo}HV GH YLGD FRQWHPSODGDV SHOD IDPtOLD FRPR LQVWLWXLomR EiVLFD GH SUDWLFDPHQWH WRGDV DV VRFLHGDGHV $ DPSOLDomR GHVVH XQLYHUVR SDUD DOpP GR Q~FOHR FRQVWLWXtGR SRU SDLV H Ă€OKRV H RX FR UHVLGHQWHV HQJOREDQGR D SDUHQWHOD JDQKRX FDGD YH] PDLV DWHQomR GRV HVWXGLRVRV D partir do diĂĄlogo interdisciplinar com a Antropologia e Sociologia. Fundamental ainda foi a contribuição WHyULFR PHWRGROyJLFD DGYLQGD GD PLFUR KLVWyULD H GD SURSRVWD GD UHGXomR GD HVFDOD GH DERUGDJHP TXH SURFXUD VREUHVVDLU R FRPSRUWDPHQWR VRFLDO GRV DWRUHV KLVWyULFRV

Resumos das comunicaçþes Nome: Alanna Souto Cardoso E-mail: alannasouto@yahoo.com.br Instituição: Escola de Governo do Estado do ParĂĄ (EGPA) TĂ­tulo: Apontamentos para histĂłria da famĂ­lia e demografia histĂłrica da capitania do GrĂŁo-ParĂĄ (1750-1790) Na HistĂłria do Brasil ColĂ´nia, a famĂ­lia apresentou-se como uma instituição fundamental, tendo em vista a relevância de suas funçþes socioeconĂ´micas e polĂ­ticas, no decorrer desse perĂ­odo. Observa-se que os historiadores da famĂ­lia no Brasil estiveram voltados para a regiĂŁo sudeste, em especial a sociedade paulista, e poucos tĂŞm direcionado seus estudos para outras regiĂľes, nitidamente aquelas onde se desenvolveram sociedades nĂŁo diretamente vinculadas ao setor exportador da ColĂ´nia e as que nĂŁo receberam grande contingente de migrantes estrangeiros. É sabido tambĂŠm que os estudos da famĂ­lia quando associados Ă demografia histĂłrica na Capitania do ParĂĄ nĂŁo conseguiram resultados mais detalhados do que a identificação de estatĂ­sticas aproximativas da distribuição de homens e mulheres de diferentes categorias ĂŠtnico-sociais. É nesse sentido que esta comunicação, por meio do Recenseamento de 1778 da Capitania do ParĂĄ e da anĂĄlise da trajetĂłria da famĂ­lia de elite Morais Bittencourt (1750-1790), pretende delinear, ou melhor, revelar alguns indicadores das elites e hierarquias sociais da sociedade paraense dessa ĂŠpoca. Nome: Alina Silva Sousa E-mail: alinaslz@usp.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: O cotidiano familiar e a micro-histĂłria: reflexĂľes para uma pesquisa Na medida em que a Micro-histĂłria se propĂľe a revelar casos particulares, situaçþes-limite, trajetĂłrias biogrĂĄficas potencialmente esclarecedoras de aspectos rejeitados pelas anĂĄlises macroscĂłpicas e seriais, o estudo do cotidiano, e do cotidiano familiar, atrai a atenção desses historiadores posto que, lugar privilegiado do “vividoâ€?, lugar onde se desdobram correlaçþes e rompimentos com a ordem social vigente, lugar onde as personagens, na maior parte das vezes, protagonizam uma histĂłria nĂŁo exemplar, mas anĂ´nima. Na tentativa de desvelar a experiĂŞncia familiar das pessoas comuns, esta pesquisa faz ver que o protagonista anĂ´nimo trazido Ă tona ĂŠ a prĂłpria teia familiar, cujo perfil individual de seus membros escapa, uma vez que ele sĂł se revela imerso no movimento constante do dia-a-dia. Neste espaço micro, mas plural, nĂŁo hĂĄ casos particulares, mas uma rede de trajetĂłrias entrecruzadas, uma teia de vozes entrecortadas que compĂľem um cotidiano dinâmico de sucessivas tramas. E assim, a vivĂŞncia da “famĂ­liaâ€? jĂĄ nĂŁo ĂŠ mais algo da esfera do privado. As redes de sociabilidade e hostilidades que se fazem, refazem e desfazem,

no vai-e-vem desse movimento intenso ĂŠ o que se pode chamar de famĂ­lia e onde se podem perceber seus vĂ­nculos e seus desdobramentos. Nome: Ana Paula Carvalho Trabuco Lacerda E-mail: ana_trabuco@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia TĂ­tulo: Laços de amor e amizade: a famĂ­lia escrava em Serrinha-Bahia (1868-1888) O estudo da famĂ­lia escrava em Serrinha (1868-1888), atual cidade do interior do estado da Bahia, a 173 Km de Salvador, ĂŠ parte de uma anĂĄlise mais ampla acerca da escravidĂŁo nessa localidade. AtravĂŠs do cruzamento entre Registros de Batismo, Casamento e Ă“bito com Cartas de Alforria e Registros de Compra e Venda de escravos, todos correspondentes aos anos de 1868 a 1888, alĂŠm do Censo de 1872, pode-se observar a existĂŞncia, em nĂşmeros relevantes, de laços familiares de diversos tipos, inclusive os oficializados pela Igreja. De acordo com o Censo de 1872, dos 739 escravos registrados na localidade, 42,7% eram ou jĂĄ foram casados. Conforme Registros de Casamentos foram realizados 64 uniĂľes oficiais onde uma das partes ĂŠ escrava, nas quais 36% correspondem a casamentos nos quais ambos os noivos eram cativos e nos demais casos, as condiçþes jurĂ­dicas dos noivos eram diferentes. O objetivo deste trabalho ĂŠ analisar esses e outros dados relativos Ă formação da famĂ­lia escrava em Serrinha, demonstrando que o contexto dessa localidade, na qual predominava a pequena propriedade de terra, nĂŁo inviabilizou as diversas formas de uniĂľes matrimoniais entre escravos, alĂŠm de evidenciar a importância da formação de famĂ­lias para a tentativa de uma vida mais justa. Nome: Ana Sara Ribeiro Parente Cortez E-mail: anasaracortez@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: Cabras, caboclos, negros e mulatos - a famĂ­lia escrava no Cariri cearense (1850 - 1884) A famĂ­lia era uma das principais prĂĄticas de sociabilidade engendradas pelos escravos do Cariri. AtravĂŠs de sua experiĂŞncia, os cativos formaram diversos arranjos familiares, que excediam a noção tradicionalmente ideal de matrimĂ´nio e nĂşcleo familiar. Em meio a essa multiplicidade, constituiu-se uma famĂ­lia mista, na qual os laços de parentesco dos escravos ultrapassaram os limites de sua condição social e alcançaram os livres e libertos que trabalhavam e conviviam a seu lado. O processo de combinação entre condiçþes sociais diferentes desencadeou a mistura de distintos tons percebidos nas peles da população livre e cativa, tanto que, ao chegar Ă segunda metade do sĂŠculo XIX, a famĂ­lia escrava era mestiça, caracterizada pela enorme quantidade de Cabras, Caboclos, Negros e Mulatos. Pesquisa desenvolvida na Dissertação de Mestrado na Universidade Federal do CearĂĄ.

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03 Autora: Ana Silvia Volpi Scott E-mail: asilvia@unisinos.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Co-autor: Dario Scott E-mail: dscott@unisinos.br Instituição: UNISINOS Título: Tecendo teias e desatando nós: uma opção informatizada para historiadores da família Nos últimos anos temos procurado, com o auxílio da informática, soluções que facilitem a integração e cruzamento dos dados nominativos, começando com os registros paroquiais. Recentemente, no âmbito do Grupo de Pesquisa Demografia & História (CNPq), procuramos desenvolver um software baseado em um programa já existente (Nacaob), agora atualizado para rodar em ambiente visual e multi-usuário, especificamente no Projeto “Além do Centro-Sul: por uma História a População Colonial nos Extremos dos Domínios Portugueses na América” (financiamento CNPq). Trata-se de projeto integrado, associando projetos individuais de professores de instituições diversas. Tem por objetivo central a identificação, levantamento e análises de registros paroquiais da população brasileira em regiões pouco estudadas, em especial do Norte, Nordeste e Sul. A partir dos dados coletados no subprojeto “População e Família no Brasil Meridional, meados do século XVIII às primeiras décadas do XIX” (financiamento CNPq), que se referem à Freguesia N.S. da Madre de Deus de Porto Alegre, a comunicação apresentará o estágio atual de desenvolvimento do programa, bem como os desafios, dificuldades e soluções propostas. Nome: Antonio Otaviano Vieira Júnior E-mail: otaviano@ufpa.br Instituição: UFPA Título: Uma família de Familiares: a história de Familiares da inquisição no Ceará (sec. XVIII) As estratégias de poder adotadas por quatro irmãos, todos nascidos em Portugal, será abordada nesta apresentação. Eles pertenciam à família Pinto Martins, e em ações orquestradas baseadas no apoio mútuo, conseguiram burlar a origem pobre no norte de Portugal e criar no Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul uma família de comerciantes e produtores de charque. Conseguiram entrar para o rol de homens com influência nessas capitanias e também pertencerem ao quadro dos Familiares do Santo Ofício. Entre comércio, casamento, migração, imigração, inquisição essa família construiu sua base de poder na América portuguesa do século XVIII. Nome: Cacilda da Silva Machado E-mail: cucamachado@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Os “livres de cor” nos registros paroquiais de Curitiba no século XVIII A região do Planalto de Curitiba começou a ser explorada por mineradores no século XVII, que ali formaram alguns núcleos populacionais, dentre eles a povoação de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba), elevada à vila em 1693. Na medida em que se exauria o ouro, os moradores intensificaram a produção de alimentos, a criação de gado, e envolveram-se mais no tropeirismo, atividades que se vincularam à economia do Centro-sul, em função da demanda por alimentos nas Minas Gerais. Nesse processo, utilizaram amplamente a mão-de-obra ameríndia e mais tarde também o trabalho de escravos africanos e crioulos. No século XIX os administrados já eram raros e também a mão-de-obra escrava era relativamente escassa (em Curitiba, os cativos representavam apenas 18% da população total em 1804). Todavia ao longo do XVIII houve significativo incremento da população “livre de cor”, sendo que em 1804 ela já representa 76% da população livre. A idéia desta comunicação é acompanhar a trajetória de alguns indivíduos e famílias dessa população, nos registros de batismo, casamento e óbito do século XVIII, de modo a obter dados que possam contribuir para um maior conhecimento acerca do processo de formação e consolidação desse grupo social na região. Nome: Carlos de Almeida Prado Bacellar E-mail: cbacellar@usp.br Instituição: FFLCH/USP Título: População nas periferias da América portuguesa: o batismo de livres e escravos na vila de Itu, capitania de São Paulo, primeira metade do século XVIII A intenção é efetuar análises preliminares sobre a população livre e escrava da paróquia de Nossa Senhora da Candelária, da vila de Itu, através dos registros paroquiais de batismo. Iniciados em 1698, os assentos de batismo permitem observar a população ituana em um momento onde esteve voltada

para a atividade de apresamento indígena, anteriormente à introdução da lavoura açucareira. Além de analisarmos o comportamento do contingente humano livre, administrado e cativo, traçando, tendências e sazonalidades, observaremos com maior atenção os batismos de indígenas cativos, existentes à profusão, buscando melhor caracterizar o seu perfil, ainda hoje muito pouco conhecido em termos demográficos. Autora: Cristina Donza Cancela E-mail: donza@ufpa.br Instituição: UFPA Co-autor: Daniel Souza Barroso E-mail: b2rroso@hotmail.com Instituição: UFPA Título: A presença portuguesa em Belém: um olhar a partir do casamento (1891-1920) O período que compreende as últimas décadas do século XIX e início do século XX, está marcado pela intensa migração nacional e estrangeira, impulsionada pela economia da borracha na Amazônia. Dentre os imigrantes, destaca-se a expressiva presença portuguesa. A proposta desta comunicação é discutir o perfil do casamento de homens e mulheres portugueses que viveram, em Belém, neste período, destacando o número de casamentos envolvendo esses imigrantes, a idade ao casar, as atividades de trabalho por eles (as) exercidos e o lugar de origem. A partir deste perfil procuro abordar questões referentes à possível tendência na variação da faixa etária de casamento de acordo com o gênero, bem como, a existência de relacionamentos homogâmicos (ou não) em relação ao local de origem dos noivos (as). Deste modo, trabalharei com a intersecção entre migração e os marcadores sociais de gênero, geração e status social. A análise será feita tomando por base os registros de casamento coletados no Cartório Civil de Casamentos de Belém do fundo do Arquivo de Memória da Amazônia. Nome: Denize Terezinha Leal Freitas E-mail: denizehistoria@gmail.com Instituição: Unisinos Título: O matrimônio na freguesia Madre de Deus de Porto Alegre (1772 e 1806): o perfil demográfico da população livre a partir dos registros paroquiais O presente trabalho procura investigar a formação social porto-alegrense a partir da análise dos registros paroquiais de casamento do Livro 1 - Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus – Porto Alegre - 1772 a 1806. Tem como objetivo principal destacar o papel das relações matrimoniais na constituição populacional porto-alegrense durante o final do período colonial. Através da análise demográfica pretende-se identificar o perfil dos indivíduos que viveram e se casaram na região a partir do último quartel do século XVIII. Os principais referenciais teóricos metodológicos são os da Demografia Histórica, História da População e da Família. Este estudo busca dados sobre os matrimônios celebrados no período, analisando sua sazonalidade e as informações sobre os indivíduos que se casaram, como por exemplo, a naturalidade dos noivos, a legitimidade. Nome: Eliane Cristina Lopes Soares E-mail: elianesoares4@ig.com.br Instituição: UNIFAP Título: Na trilha dos testamentos e inventários marajoaras: família e relações de poder na Ilha de Marajó. Pará. Séc. XIX O estudo ora apresentado constitui-se em um fragmento da tese de doutorado, em andamento, versando sobre o compadrio e as relações de poder na ilha do Marajó. O trabalho tem como ênfase a escolha dos padrinhos e compadres como mecanismo de inserção e busca de mobilidade social, situação em que membros da elite marajoara buscaram alianças rituais com pessoas de grande prestígio, como o próprio imperador e também com as elites locais. Compadres e comadres buscavam reforçar essa busca de alianças verticais, delineando um perfil do compadrio característico, na referida ilha. Identificamos os homens que mais apadrinharam, seu perfil sócio-econômico, sua importância militar e política, dentre outras características dos compadres. Os inventários e testamentos marajoaras, utilizados através do cruzamento com os assentos de batismo, herança e constituição de riquezas, possibilitam uma visualização dos inventariados e testadores e suas relações com seus compadres. Nome: Elisgardênia de Oliveira Chaves E-mail: elis_gardenia@yahoo.com.br Instituição: UFC Título: População e família na freguesia de Limoeiro, no período de

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1870 à 1880, segundo os registros de casamentos, batismos e óbitos Na década de 1870, a configuração sócio-familiar da freguesia de Limoeiro caracterizava-se por um índice muito superior de livres em relação aos escravos, de pardos sobre brancos e destes sobre negros. A divisão por sexo se fazia por uma pequena maioria para os homens. Essa pluralidade social se fez sentir também na organização familiar, cujas formas excederam a noção ideal de matrimônio e variaram entre famílias nuclear, matrifocal e extensas. Os preceitos de ordem religiosa e econômica influenciaram nas escolhas ou recusas por determinados meses para a realização das nupcialidades, concepções, natalidades e batismos. Diante disso e das múltiplas possibilidades de análise que os registros paroquiais de casamentos, batismos e óbitos oferecem, ancorados na abordagem historiográfica da História Demográfica, buscamos compreender como se compunha a sociedade de Limoeiro e, sobre a ótica da organização familiar, como se caracterizava sua lógica na constituição de famílias seja, através do sacramento do matrimônio ou outras formas de uniões. Nome: Ipojucan Dias Campos E-mail: ipojucancampos@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC / SP) Título: Ritos matrimoniais e solteirismo em Belém no início do século XX (1916 / 1940) A presente comunicação pretende discutir na cidade de Belém do início do século XX (1916 / 1940) como a Igreja Católica e a República compreendiam a celebração dos seus ritos matrimoniais e também as estratégias que estas Instituições recorrentemente utilizavam para convencer os pretendentes a cônjuges a se matrimoniarem conforme o que Elas compreendiam ser higiênico, legal e moral. Mas, “as margens” das exigências da República e da Igreja havia os que preferiram retardar a celebração das núpcias e mesmo o não-casamento, sendo que estas opções ocorriam basicamente em virtude de ter que cuidar de algum membro da família (no caso das mulheres) e de complicações financeiras (no caso dos homens). Entretanto, esta “decisão” era sensivelmente difícil, pois tanto a Igreja quanto o Estado pressionavam os homens e as mulheres à celebração do ato solene, pois pensavam as Instituições que existia um tempo “natural” ao casamento que passava pela dimensão da idade, da Nação e do fortalecimento da família brasileira. Nome: Ismael Antônio Vannini E-mail: ismael@unipar.br Instituição: UNIPAR- Universidade Paranaense Título: Considerações a respeito da sexualidade e dos crimes de sedução e defloramento na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul e suas implicações na ordem familiar – 1938- 1958 O fenômeno histórico da imigração italiana para o sul do Brasil, assinalado a partir de 1875 e que se estendeu até a eclosão da I Guerra Mundial, trasladou uma importante massa de camponeses que se instalaram nas terras devolutas da serra gaúcha. Trazendo consigo a tradição agrícola e familiar a comunidade imigrante promoveu um acelerado processo de ocupação. A família se constituiu na célula principal na organização socioeconômica dos ítalo-gaúchos. Seguindo os moldes do catolicismo, o comportamento sexual rígido sempre foi encarado como um valor essencial na formação e manutenção do casamento e da família. O comportamento sexual desviante, além de combatido de forma veemente, sempre causou profundas conseqüências sócio morais para a família ítalo-gaúcha. O defloramento e a sedução das jovens donzelas representaram um dos maiores índices nos registros das delegacias da região. Como forma de rever a honra, as famílias recorriam aos dispositivos da justiça, enquadravam os sedutores que pela blandícia desvirginaram suas filhas. Fazendo uso de farta quantidade de inquéritos policiais, que tratavam dos crimes de sedução e defloramento, analisamos as diferentes implicações que estes delitos provocavam na família e no contexto social da comunidade ítalo-descendente. Nome: Jair de Souza Ramos E-mail: jair-ramos@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A família como objeto da política de povoamento do solo nacional (1907-1914) O caso analisado nesta comunicação revela um projeto de ação no qual poder estatal e poder doméstico parecem se reforçar mutuamente. Abordo aqui um dos aspectos da política de Povoamento do Solo Nacional implementada pelo Governo federal no início do século XX, que são as práticas dirigidas à constituição de cadeias de autoridade através da apropriação das estruturas de auto-organização dos imigrantes e colonos, isto é, suas estruturas familiares. Estas práticas punham as famílias de imigrantes e colonos no centro do

empreendimento de atração de imigrantes e montagem de colônias e construíam uma figura específica de autoridade masculina: o chefe de família. Nome: Jane de Jesus Soares E-mail: j_j_soares@hotmail.com Instituição: UEFS Título: Mulheres: chefia de família, maternidade e conflitos na Sé do século XIX Em meados do século XIX, a freguesia da Sé encontrava-se em desintegração social, de moradia de elite passou a ser habitada por uma população pobre e mestiça, constituída de funcionários públicos, pequenos comerciantes e negros (livres e libertos e escravos) ganhadores. As famílias eram em maioria chefiadas por mulheres, num total de 221 famílias, 111 eram encabeçadas por mulheres, sendo 48 dessas com filhos. Esta pesquisa estudou esse arranjo familiar constituído por mulheres de cor, dando especial atenção a relação dessas mulheres com filhos, vizinhos, compadres, assim como, os conflitos e a forma de prover a família. Nome: Joel Nolasco Queiroz de Cerqueira e Silva E-mail: jnqcs9@yahoo.com.br Instituição: UFBA - Universidade Federal da Bahia Título: A Questão Braga: família, virgindade, honra e interesses socioeconômicos e raciais na Bahia da segunda metade do século XIX No contexto de (re)elaboração das representações de casamento e da instituição de novas práticas sociais um critério parece ter ganho força como regra de conduta feminina, na Bahia, durante a segunda metade do XIX . A virgindade passou a ser defendida não só pela Igreja Católica, mas, também, pela medicina, como sinônimo de honra, honestidade e moralidade, além de saúde física e mental, servindo como parâmetro para a escolha da conjugue e para os arranjos familiares, sobretudo, entre a elite econômica, branca e intelectual. Por esse motivo a Questão Braga, caso de devolução pós-nupcial, que envolveu a filha de um rico comerciante da Bahia e o lente de partos da FMB merece destaque. A documentação levantada, composta por um longo processo de divórcio e muitos debates acadêmicos e jornalísticos, evidencia a importância da virgindade como regra de conduta social, como, também, traz à tona as representações construídas sobre a família e o casamento, bem como os códigos sociais que as compõem. Questões de gênero, estratificação social e raça, são trazidas à frente do palco da história, pelos discursos de médicos, juristas, clérigos e demais letrados. Assim, analisarei os códigos sociais que regiam a estrutura familiar e os sistemas de alianças matrimoniais da Bahia nesse período. Nome: Jorge Rodrigo da Cunha E-mail: jorgeufsj@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ Título: Mulheres chefes de domicílios na vila mineira de São José Del Rei no início do século XIX O trabalho trata de questões da família mineira do século XIX, especialmente, no que diz respeito às mulheres chefes de domicílios - fenômeno presente tanto nas áreas rurais como nas urbanas do Brasil escravista - na vila de São José Del Rei, atual Tiradentes, região do Rio das Mortes. Precisamente, partimos da análise das listas nominativas 1830/31, inventários e testamentos, a fim de perceber as estratégias específicas de sobrevivência dessas mulheres em relação ao grupo social e à composição geral dos arranjos domésticos. Entendemos que a família foi a instituição que configurou as relações sociais e definiu as normas de conduta da sociedade brasileira, entre os séculos XVI e XIX. Nesse sentido, a família independentemente do sexo do chefe e não necessariamente fundada no sacramento religioso se constituía, além da base do sistema econômico, numa rede de relações sociais que ultrapassavam os limites dos laços consangüíneos, por exemplo, os laços de parentela, de vizinhança e de solidariedade. Nome: Jose Weyne de Freitas Sousa E-mail: jweyne@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Política e Seca no Ceará A Relação entre política e seca no Ceará no século XIX ocorreu por intermédio do que denominamos de projeto Pompeu Sinimbú. Esse projeto resultou do debate e das disputas políticas em torno da importante questão das disparidades regionais entre as províncias do Norte e as províncias do Sul do Brasil, que se acentuaram na segunda metade do século XIX. O que denominamos de projeto Pompeu Sinimbú foi, na verdade, a proposta feita pelo senador Pompeu em 1860 de se aproveitar os momentos de secas para a realização de obras públicas por meio da exploração da mão de obra dispo-

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03 nível. Nas secas anteriores a 1877 eram criadas comissões de socorros para atender aos desvalidos, mas isso ocorria sem a contrapartida do trabalho proposta pelo senador. A partir da seca de 1877-79 isso mudou, pois se passou a utilizar os trabalhadores desvalidos na realização de obras públicas como açudes e estradas de ferro, com o objetivo de promover o desenvolvimento material da província cearense. Como pudemos observar posteriormente essa proposta se ampliou para as demais províncias do Norte atingidas pelas secas. No entanto, a consecução desse projeto trouxe malefícios à região porque se baseou na migração e no abandono dos domicílios por parte das famílias, fazendo surgir a figura do retirante. Nome: Leidejane Araújo Gomes E-mail: janearaujo7@yahoo.com.br Instituição: UECE Título: Casamento em recesso? O Jornal Correio da Semana e a sua luta contra o divórcio Nosso trabalho insere-se no que se convencionou denominar de estudos de gênero, tendo por objetivo perceber como a instituição do casamento e os papéis sexuais foram pensados e articulados em Sobral, especialmente pela Igreja Católica. Assim, contextualizaremos o casamento, o desquite e a família e de que maneira esses conceitos foram entendidos no tempo e no espaço, especificamente em Sobral, entre os anos 1962-1977. O Jornal Correio da Semana será o documento básico da nossa análise. O referido periódico é de propriedade da Diocese e está em atividade até os dias atuais, constituindo-se em importante instrumento de divulgação dos valores católicos na cidade. Eram comuns matérias tratando sobre fatos ocorridos em outros lugares e de como aquele acontecimento era positivo ou prejudicial à sociedade, portanto, o entendimento da Igreja sobre um dado assunto era representado como o que seria melhor para os sobralenses, na tentativa de uma moralização dos costumes. Observou-se que com a proximidade das votações da Lei do Divórcio, essas discussões ganharam maior espaço nas páginas do Jornal, constituindo-se em uma intensa campanha de defesa da família conjugal e indissolúvel. Nome: Letícia B. Silveira Guterres E-mail: leguterres@yahoo.com.br Instituição: PUC-RS Título: Nos caminhos do compadrio: família escrava e livre na Depressão Central, século XIX Esta comunicação objetiva expor o projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvida no Curso de Pós Graduação em História, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O estudo versa sobre os laços familiares, afetivos e políticos, que uniam, conformavam e significavam as famílias escravas e livres, em suas inter-relações, emergentes das redes de compadrio, no Rio Grande do Sul, na região da Depressão Central, em meados do século XIX. Tentar refletir em que medida o compadrio podia funcionar como fortalecedor dos laços que uniam as famílias de cativos às de seus senhores ou de como o apadrinhamento de escravos (suas escolhas) pode identificar a existência de uma teia de relações ligando escravos e homens livres na região são algumas das problemáticas que envolvem esta pesquisa e que busca, em última instância, contribuir com a historiografia atenta para o vislumbre de grupos familiares heterogêneos, irregulares e de universo desconhecido. Nome: Lívia Nascimento Monteiro E-mail: lnascimentomonteiro@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: O ‘bom governo’ na Câmara de São João del Rei: dinâmicas de poder, famílias e distinção social em Minas Colonial (1730-1760) O objetivo central dessa comunicação é apresentar as dinâmicas de poder ocorridas na Câmara de São João Del Rei entre os anos de 1730 a 1760. Para tanto, além de levantarmos a composição desse órgão tão fundamental para a monarquia portuguesa em todos seus domínios e no próprio reino, apresentaremos as principais famílias que dominaram essa instituição e que exerceram funções essenciais para a realização do ‘bom governo’ em Minas colonial. Com a leitura de todos os Acórdãos firmados pelos camaristas e suas parentelas no período recortado, conseguimos ‘reconstruir’ todos os assuntos discutidos por tais e assim percebemos os problemas e cotidiano administrativo da Vila. Desse modo, cuidar do abastecimento da região e da Justiça local legaram para essas famílias responsáveis por garantir o ‘bem comum dos povos’, muitos privilégios e distinções sociais, como o exercício do mando, características típicas de uma sociedade com valores do Antigo Regime português, nos trópicos. Nome: Maria Aparecida de Menezes Borrego

E-mail: maborrego@terra.com.br Instituição: Museu Paulista - USP Título: Laços familiares no universo mercantil da cidade de São Paulo (sec. XVIII-XIX) No alvorecer do século XVIII, vários agentes comerciais portugueses atuantes em solo piratininga contraíram núpcias com mulheres da elite paulistana, com vistas a maiores possibilidades de projeção social. Para as gerações seguintes, outras estratégias foram usadas. Em muitos casos, filhas e netas desposaram mercadores oriundos do reino, favorecendo a transmissão da atividade mercantil aos genros e não aos herdeiros varões, preferencialmente, encaminhados à vida sacerdotal, aos estudos em Coimbra ou às famílias naturais da terra. Com o passar dos anos, em função da nova realidade político-administrativa e econômica vivenciada pela capitania, em especial a partir de fins dos setecentos, ainda que condutas familiares e mercantis fossem modificadas, houve o aprofundamento dos vínculos parentais entre grupos que se entrelaçavam há várias décadas. O objetivo desta comunicação é acompanhar as trajetórias de membros de três destas famílias unidas por casamentos endogâmicos, que se constituíram e, em grande parte, permaneceram na cidade de São Paulo ao longo dos séculos XVIII e XIX, dentre os quais, alguns renomados personagens da história paulista em razão dos negócios praticados, das fortunas amealhadas, da participação na vida política da colônia e, posteriormente, do império. Nome: Maria da Glória Guimarães Correia E-mail: mariagcorreia@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Degredadas filhas de Eva: mulheres no Maranhão do século XVIII Desde os primeiros tempos de sua história, nas praias do Maranhão aportaram não poucas mulheres que os descaminhos da vida haviam feito enfrentar as ondas “inospitaleiras dos mareantes, madrastas dos navios” rumo a uma terra desconhecida, em situação de degredo. Pagando por erros que eram seus, mas também cumprindo pena por crimes que não haviam cometido, e tal como haviam nascido, algumas foram sós para o degredo, outras tantas levadas por seus pais, no mais das vezes, porém, acompanhando maridos condenados a pena de desterro. Terra da promissão, o Maranhão pode ter sido pelo menos para aquela donzela que, na companhia da mãe degredada, saltou para terra firme desgrenhada e maltrapilha, e foi metida no recolhimento para ter sua honra preservada, de acordo com o testemunho de uma autoridade elogiando a medida, mas como vale de lágrimas é provável que tenha se configurado para aquela mulher que, para escapar às sevícias que lhe infligia seu marido, teve que pedir divórcio em terra estranha e longe dos seus. Ou teria se dado o contrário? Esta comunicação pretende reconstituir e analisar experiências femininas, acompanhando os pedaços de história deixados por algumas mulheres que viveram no Maranhão em fins do século XVIII. Nome: Maria Luiza Andreazza E-mail: andreazza@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Alguns apontamentos a propósito das mulheres nas redes familiares das populações radicadas na porção Sul da Capitania de São Paulo nos tempos de Dom João V, Dom José e Dona Maria Em largos traços, sabe-se que nas famílias do Antigo Regime prevaleceu o paradigma patriarcal. Todavia, é importante considerar que o comportamento social, quando acompanhado de perto, caso a caso, mostra-se irregular e contraditório. Ele nem sempre se escora no modelo em que se presume inserida a ação social; ao contrário, mostra-se inesperado e inusitado. Com base nessas premissas, a comunicação de pesquisa que está sendo proposta, destina-se a apresentar o resultado de algumas reconstituições genealógicas e pequenas histórias de vida de mulheres setecentistas para verificar se e como elas negociaram suas posições no interior de suas famílias, num universo social que lhes era desfavorável. À medida que a diversidade do viver feminino impede qualquer abordagem que busque generalizações, a análise focaliza, no espaço/tempo em questão, apenas um segmento de mulheres setecentistas: aquelas a quem, por sua ascendência e condição, era atribuído o tratamento de ‘donas’. Nome: Maria Silvia Casagrande Beozzo Bassanezi E-mail: msilvia@nepo.unicamp.br Instituição: NEPO/UNICAMP Título: Pessoas em movimento: as relações sociais estabelecidas através do casamento e do compadrio entre imigrantes estrangeiros e seus descendentes

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Estudos têm mostrado que a migração é um processo criador de redes sociais, porque envolve uma grande teia de relacionamentos que são interconectados e que se apóiam, sobretudo, no parentesco, amizade e origem comum, que são reforçados pela interação regular em associações voluntárias. Partindo desta constatação, este trabalho focaliza o imigrante estrangeiro e seus descendentes na fazenda de café paulista no final do século XIX e primeiras décadas do século XX. De modo especial, procura mostrar como os imigrantes reforçavam suas relações sociais, na terra de adoção, através do casamento e do compadrio. Como se davam as escolhas matrimoniais e dos padrinhos no interior da fazenda cafeeira, onde também jogavam papel importante a organização do trabalho e do espaço e a intensa mobilidade espacial que caracterizou o período. Nome: Mariana de Aguiar Ferreira Muaze E-mail: mamuaze@click21.com.br Instituição: Fundação Getúlio Vargas Título: Construindo imagens da família O presente trabalho discute o tema da família no Império através do viés metodológico da microhistória e da análise da documentação íntima a qual pertenceu à família Ribeiro de Avellar, rica proprietária de terras, cafezais e escravos em Paty do Alferes, vale do Paraíba fluminense. Perseguindo as histórias individuais e coletivas ao longo de quase um século, foi possível refletir sobre o conceito de família, as estratégias individuais de manutenção do patrimônio, as relações intra e extrafamiliares de frações da classe senhorial e a formação de um habitus de grupo legitimado como mais um elemento de diferenciação social. Para tanto, foi utilizada uma metodologia de trabalho que privilegiou os álbuns de família, fotografias avulsas e outros documentos do arquivo privado do núcleo familiar em questão. Nome: Milton Stanczyk Filho E-mail: miltinhostan@onda.com.br Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO Título: Os afortunados e seus mecanismos de acumulação de cabedal simbólico e material. Curitiba (1695-1805) Uma das principais metas que as famílias almejavam durante o Antigo Regime português era a distinção. Mesmo nas mais longínquas localidades da América lusa, não se pouparam esforços para alçar ou para manter posições dentro da sociedade a fim de gozar de prestígio e, desta forma, distinguir-se socialmente. A nobilitação era um ideal disseminado, e, no novo mundo, havia brechas para alçá-la. Neste intuito, muito dos homens que se radicaram nos sertões de Curitiba desenvolveram estratégias com vistas a conquistar sua própria distinção. Esta comunicação lança um olhar sobre os caminhos mais recorrentes utilizados para obter privilégios entre indivíduos, com enfoque naqueles que amealharam bens nos sertões curitibanos, atento que, muitas vezes, pobreza e prestígio caminhavam lado a lado. Dado o conjunto documental de testamentos, inventários e auto de contas, somado a um cruzamento nominativo de habitantes disponíveis, foram analisadas as atividades que alguns indivíduos tiveram durante a vida – tendo em vista seu patrimônio – e em quais garantias se apoiavam para adquirir um determinado cabedal, seja ele simbólico ou material. Nome: Muirakytan K. de Macedo E-mail: muirakytan@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: Áridos cabedais: família, patrimônio e cotidiano na ribeira do Seridó colonial Apresentamos uma história da família nos sertões da pecuária da ribeira do Seridó, região colonial entre as capitanias do Rio Grande do Norte e Paraíba. A problematização que escolhemos para enfocar o tema foi percebermos a constituição dos arranjos familiares através da relação entre o patrimônio (cabedal) e o cotidiano. Vasos comunicantes que possibilitam a compreensão de uma sociedade que se formulou nas franjas do Antigo Sistema Colonial, mas se articulando a ele. Sendo assim, estudamos como as famílias coloniais viveram e sobreviveram no semi-árido da América portuguesa do século XVIII. Estudar a família nestes espaços não hegemônicos do período colonial ainda é uma tarefa muito nova, posto que a ênfase historiográfica, comumente, era dada à zona açucareira próxima ao litoral pernambucano e baiano. Assim, desenvolvemos uma perspectiva que enfatiza os usos da cultura material na constituição das famílias que viviam do pastoreio nas caatingas seridoenses, através de cartas de sesmarias, inventários, testamentos, registros de nascimento, casamento e óbitos. Nome: Oswaldo Mario Serra Truzzi E-mail: truzzi@ufscar.br

Instituição: UFSCar Título: O tempo da política: estratégias familiares e conjunturas oportunas para a entrada de imigrantes e descendentes na política local no interior paulista, 1920-1950 Procuramos investigar estratégias familiares associadas a uma camada social específica- imigrantes e seus descendentes - em uma determinada estrutura social – o oeste paulista. Desde o final do século XIX, a região floresceu capitaneada pelas oligarquias agrárias cafeeiras que dominavam em cada município, a política local. A partir de 1930, ocorrem alterações significativas, decorrentes da ampla crise da agricultura, favorecendo a ascensão política de outros estratos não diretamente ligados ao latifúndio cafeeiro. Entre estes, ressalte-se o fortalecimento das Associações Comerciais e dos sindicatos locais, onde passam a militar indivíduos de origem imigrante, que haviam se fixado nas cidades, ora como industriais e comerciantes, ora como operários e empregados. A renovação política foi também favorecida por mudanças institucionais promovidas por Vargas, empenhado em ampliar e diversificar as lideranças locais. A nova ordem precisava de elementos titulados para atuar na administração pública que então se adensava. Nosso interesse é investigar as estratégias familiares que os imigrantes e seus descendentes teceram, no intuito de adentrar o campo da política local, entre os anos de 1920 e 1950, utilizando-se exemplos colhidos em municípios de porte médio do interior paulista. Nome: Patrícia Abreu dos Santos E-mail: patriciaabreuicm@hotmail.com Instituição: UNIT Título: Relações familiares entre escravos em Aracaju no século XIX (1855 – 1888) Através de pesquisas percebemos que a constituição da família era um objetivo a ser alcançado pelos escravos e escravas.Para conseguir tal intuito, em algumas situações vários métodos foram utilizados na conquista dessa família. Ainda há poucos estudos sobre a escravidão em Sergipe, sobretudo os que trabalham com a vida familiar escrava. O objetivo é analisar as relações familiares dos escravos em Aracaju, no período de 1855-1888. Queremos compreender quais eram as formas desenvolvidas por esses, para manter os laços familiares, quais as barreiras encontradas para a constituição e manutenção dessas famílias e como esses laços familiares contribuíram para a conquista da liberdade. Para isso, utilizaremos inventários, lista para o fundo de emancipação. A metodologia utilizada é o método de codificação. Entretanto, analisamos as relações familiares dos escravos na forma considerada legitima (sob a benção da Igreja Católica), as relações consensuais e/ou matrifocais e suas estruturas. Portanto, essa pesquisa pretende contribuir para a compreensão da escravidão urbana na Província sergipana, e das relações familiares entre escravos. Nome: Paula Chaves Teixeira E-mail: paulinhact@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Articulações mercantis: o papel da família no comércio entre Minas Gerais e a Corte (c.1790-1880) No Brasil colonial e imperial, a família se apresentou como principal eixo organizador das relações sociais, econômicas e políticas. A família na base de sustentação e identificação dos sujeitos históricos foi, com sua capacidade de criar vínculos e redes de clientelas, elemento importante na construção e consolidação das redes de negócios. Essa comunicação ressalta o papel da família como meio de inserção de comerciantes nas redes de negócios e em praças mercantis distantes, pois foi a partir dos laços de parentesco e amizade que novos membros eram apresentados e creditados aos antigos e iniciados no comércio. A partir do caso de Gervásio Pereira Alvim, fazendeiro e comerciante mineiro, estudamos o processo de formação e dinâmica de uma rede mercantil entre a comarca do Rio das Mortes, província de Minas Gerais, e a Corte no século XIX. Neste comércio, sobretudo entre Gervásio e sua rede, pesou muito o contato freqüente e as relações pessoais cuidadosamente tecidas pelos familiares na comarca do Rio das Mortes nos anos finais do setecentos. Para tanto, recorremos à documentação particular de Gervásio Pereira Alvim que aliada a outras fontes nos possibilitou a reconstrução pontual da rede de comércio. Nome: Reinaldo Forte Carvalho E-mail: reinaldoforte@yahoo.com.br Instituição: Universidade Regional do Cariri-URCA Título: Elites, poder e fortuna: família e sociedade no Ceará no século XIX (1850-1890) A pesquisa intitulada “Elites, família e fortuna: poder e sociedade no Ceará

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03 no século XIX (1850-1890)”, pretende reconstruir a história das famílias aristocráticas dentro do contexto social na província do Ceará partindo da reconstituição das conjunturas locais e regionais nas décadas que antecederam a Abolição. Nossa intenção é compreender como as famílias aristocráticas foram se constituindo no “fazer-se” das elites dentro da organização da província do Ceará na segunda metade do século XIX. A análise de fontes da documentação governamental como os Relatórios dos Presidentes de Província, os Anais da Câmara dos Deputados e a legislação provincial são fundamentais na compreensão do panorama político e econômico como elemento de controle social nas relações das famílias aristocráticas na província do Ceará no século XIX. A documentação cartorial composta de inventários é importante na composição de dados sobre a composição social das famílias nobres no Ceará. Nome: Renato Pinto Venâncio E-mail: renvenancio@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: Ditos do Reino: patriarcalismo e reciprocidade nos adágios portugueses dos séculos XVII e XVIII Ao longo dos séculos XVI e XVII, fazendas açucareiras se espalharam em faixas litorâneas entre Pernambuco e Rio de Janeiro. Nessas áreas, firma-se um modelo de família baseado no patriarcalismo, ou seja, na autoridade inquestionável do homem sobre a mulher, filhos, escravos e dependentes No litoral não ocupado pela cana-de-açúcar ou nas clareiras das matas, também se observam o surgimento de uma população que não era constituída nem por senhores nem por escravos; e que, dependendo da região, recebia denominações distintas, como roceiros, caipiras, caiçaras, farinheiros, mandioqueiros, etc. Um desafio à imaginação dos historiadores tem sido o de como caracterizar a vida familiar desses últimos segmentos. Seria ela patriarcal como ocorria nas casas-grandes das fazendas açucareiras? O homem dominaria implacavelmente sobre o restante da família ou haveria outras relações de maior proximidade social e reciprocidade? Em nossa pesquisa, utilizamos os adágios portugueses dos séculos XVII e XVIII para analisar essa questão. Nome: Ricardo Schmachtenberg E-mail: cado.rs@ibest.com.br Instituição: UNISINOS Título: Cultura política, câmara municipal e os juízes almotacés de Rio Pardo (1811-1830) Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise do direito de almotaçaria na cidade de Rio Pardo – RS no período de 1811 – 1830, bem como analisar a formação de alianças ou redes – sejam elas matrimoniais, familiares ou outras – que se constituíram na Câmara Municipal para eleição dos juízes almotacés uma vez que os mesmos eram eleitos pela referida Câmara. Além disto, este trabalho também tem por objetivo analisar quem foram esses juízes, quais as alianças que se formaram em torno desses juízes, se faziam ou não parte da elite local e, se a eleição para o referido cargo não se transformou numa via de acesso aos cargos camarários. Nome: Rogério da Palma E-mail: rog.cs@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São Carlos Título: Família e mercado de trabalho: italianos e negros no contexto dos latifúndios cafeeiros de São Carlos (1907) O declínio da escravatura e a elaboração de uma política imigratória trouxeram grandes conseqüências para o perfil demográfico das lavouras cafeeiras paulistas em fins do século XIX. Dentro do debate historiográfico sobre a constituição do mercado de trabalho livre nesse contexto, muito se fala de uma segregação ocupacional entre, por um lado, trabalhadores estrangeiros e, por outro, negros libertos ou seus descendentes. Enquanto os primeiros eram encarregados da principal atividade, a ocupação de colono, os últimos estariam relegados às ocupações subsidiárias e sazonais. Devido ao colonato haver se processado como um regime calcado no trabalho familiar, alguns estudos apontam como umas das causas dessa segregação possíveis diferenças na constituição familiar entre esses grupos. A presente apresentação, por sua vez, pretende expor um levantamento comparativo sobre a configuração familiar de italianos, principal nacionalidade entre os imigrantes, e brasileiros negros que compunham a mão-de-obra das principais fazendas de São Carlos, um dos centros da economia cafeeira do Oeste paulista. Realizada mediante a consulta ao recenseamento municipal de 1907, tal pesquisa proporciona uma visualização do peso das configurações familiares na formatação do mercado de trabalho aqui tratado.

Nome: Sara Simas E-mail: sara.simas@hotmail.com Instituição: UDESC Título: Famílias com chefia feminina na contemporaneidade: fragmentos do cotidiano em Joinville/SC (1997-2009) Frente às discussões de várias áreas de conhecimento sobre a temática Família, sobretudo na contemporaneidade, esse trabalho visa focalizar as relações familiares no tempo presente sob o olhar da história. Trata-se de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento e que evidencia as famílias com chefia feminina, principalmente as relações dessas famílias com a assistência social na cidade de Joinville/SC, entre as décadas de 1990 e 2000. Além disso, esse trabalho visa discutir as relações de gênero e as experiências das mulheres chefes de família de grupos populares da cidade, bem como os diferentes arranjos familiares em que se encontram e suas relações de parentesco e redes de solidariedade com amigos e vizinhos. Nome: Sheyla Farias Silva E-mail: sheylafarias@yahoo.com.br Instituição: UFBA/UNIT Título: Casamento na norma: a busca por uniões sacramentadas em Sergipe Oitocentista Essa pesquisa tem por objetivo analisar, através dos filtros da documentação - pedidos de dispensa dos impedimentos matrimoniais e assentos de casamentos guardados no Arquivo da Cúria de Salvador e Arquivo da Diocese de Nossa Senhora da Guadalupe – as dificuldades enfrentadas pelos nubentes sergipanos para terem acesso ao casamento sacramentado. Desse modo, investigaremos quais as principais alegações utilizadas pela Igreja para a formulação de impedimentos matrimoniais, bem como quem eram os nubentes e quais as suas justificativas para solicitarem dispensas do impedimento junto ao Tribunal Eclesiástico da Bahia, a fim de terem suas uniões sacramentadas pela Igreja. Valendo-se de M. de Certeau, coligiremos a documentação pesquisada com a legislação eclesiástica da época, a fim de refletirmos sobre os hábitos cotidianos dessa população oitocentista, que mesmo frente à possibilidade do concubinato optaram por luta pelo direito ao sacramento. Atentaremos para os discursos concernentes a honra, casamento, concubinato e amor. Nome: Silmei de Sant’Ana Petiz E-mail: silmeipetiz@terra.com.br Instituição: UFRGS Título: Caminhos cruzados: senhores e escravos da Fronteira Oeste do Rio Grande, 1750-1835 Na presente comunicação pretendo apresentar uma parte da pesquisa que desenvolvo sobre as famílias escravas da capitania- depois província-, do Rio Grande de São Pedro, entre 1750 e 1835, período de pleno funcionamento do tráfico atlântico. Procuro demonstrar que diferentemente do que foi enfatizado pela historiografia tradicional, o escravo não apenas foi bastante representativo nesta região de economia interna, voltada para agropecuária, como também teve acesso a relações sociais estáveis. Para desenvolver essas idéias fundamento o presente trabalho numa associação entre análise estatística e estudos de caso que visam ampliar a capacidade de deduzir estabilidade nas relações entre cativos, ultrapassando a simples defesa da contínua presença dessas relações parentais, através da análise de gerações de cativeiro, ou seja, do estudo sobre como se comportavam determinadas famílias no interior de propriedades locais. Nome: Silvana Alves de Godoy E-mail: silgodoy@superig.com.br Instituição: UNICAMP Título: Uma trajetória: a família Fernandes e o povoamento do Planalto Paulista Este trabalho analisa a trajetória de membros da família Fernandes, habitantes da capitania paulista, entre os finais do século XVI e meados do século XVII. Descendentes dos primeiros colonos do planalto paulista, os Fernandes, além de dominarem os negócios de trigo na vila de Santana do Parnaíba, foram fundadores das vilas de Itu e Sorocaba. Assim, por meio de inventários, testamentos e contratos de dotes de membros desta família, é possível analisar aspectos mais gerais daquela sociedade: a ocupação do planalto, as estratégias de apresamento e a importância da mão de obra indígena para a economia paulista seiscentista, o relacionamento entre senhores e índios. Neste sentido, a trajetória da família Fernandes demonstra as estratégias de formação e consolidação de uma elite local.

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04. CiĂŞncias biomĂŠdicas e saĂşde em perspectiva histĂłrica Dominichi Miranda de SĂĄ - Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz (dominichi@coc.fiocruz.br) Marta de Almeida - MAST/MCT (marta@mast.br) 2 VLPSyVLR ´&LrQFLDV %LRPpGLFDV H 6D~GH HP 3HUVSHFWLYD +LVWyULFDÂľ ID] SDUWH GD SURJUDPDomR JHUDO do Grupo de Estudos de HistĂłria da CiĂŞncia e da Tecnologia (GEHCT/ANPUH), e pretende estimular R GHEDWH HQWUH RV SHVTXLVDGRUHV GHGLFDGRV D WHPDV YLQFXODGRV jV FLrQFLDV ELRPpGLFDV j VD~GH H jV GRHQoDV H j VXD DERUGDJHP FRPR REMHWRV GD KLVWyULD VRFLDO SROtWLFD HFRQ{PLFD FXOWXUDO H LQWHOHFWXDO FRP GHVWDTXH SDUD RV VHJXLQWHV HL[RV GH UHĂ H[mR $ LPSRUWkQFLD GD ŇŠVD~GHŇ‹ H GD ŇŠGRHQoDŇ‹ FRPR UHFXUVRV DQDOtWLFRV SDUD D FRPSUHHQVmR GH WHPDV FRPR D FRQVWUXomR GR (VWDGR 1DomR ŇŠFLYLOL]DomRŇ‹ PRGHUQL]DomR H GHVHQYROYLPHQWR UHODo}HV LQWHUQDFLRQDLV LQWHUFkPELRV H FLUFXODomR GH LGpLDV H WURFDV intelectuais por meio de congressos, sociedades, academias e periĂłdicos; movimentos nacionalistas; SURFHVVRV GH H[SDQVmR GD DXWRULGDGH S~EOLFD UHVSRVWDV ORFDLV QDFLRQDLV D SROtWLFDV LQWHUQDFLRQDLV SURĂ€VVLRQDOL]DomR GH FDUUHLUDV H LQVWLWXFLRQDOL]DomR GH GLVFLSOLQDV GHEDWHV pWLFRV HP SHVTXLVDV FLHQWtĂ€FDV GLIHUHQWHV FRQFHSo}HV GH QDWXUH]D UDoD H LQWHJUDomR GH SRSXODo}HV H JUXSRV VRFLDLV SUiWLFDV DJHQWHV DUWHV GH FXUDU H RXWUDV PHGLFLQDV 2V GHVDĂ€RV FRORFDGRV DR KLVWRULDGRU GLDQWH GD PXOWLSOLcidade de agentes e instituiçþes que interagem na rede de interesses, resistĂŞncias, transformaçþes, UHFHSo}HV H QHJRFLDo}HV TXH FRQĂ€JXUDP D PHGLFLQD H D VD~GH KDYHQGR D QHFHVVLGDGH GH VH DPSOLDU a noção de fontes para este campo de pesquisa. 3) O diĂĄlogo transdisciplinar suscitado pelas novas DERUGDJHQV HP KLVWyULD GDV FLrQFLDV QD KLVWyULD GD PHGLFLQD VD~GH GRHQoDV H YLFH YHUVD RV LPSDVses e convergĂŞncias teĂłrico-metodolĂłgicas desta proximidade e as novas perspectivas em andamento para a ĂĄrea.

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Luce GirĂŁo Soares de Lima E-mail: analuce@coc.fiocruz.br Instituição: Fundação Oswaldo Cruz TĂ­tulo: Construindo tradiçþes de pesquisa: Carlos Chagas Filho e o Instituto de BiofĂ­sica Criado por Carlos Chagas Filho em 1945, a partir do LaboratĂłrio de FĂ­sica BiolĂłgica da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, o Instituto de BiofĂ­sica teve um papel de destaque nas transformaçþes do campo cientĂ­fico-acadĂŞmico brasileiro, iniciadas apĂłs a dĂŠcada de 1930. O histĂłrico de sua criação reflete crescente valorização da ciĂŞncia, dos cientistas e das instituiçþes cientĂ­ficas no Brasil em suas relaçþes com o Estado e a Sociedade. A institucionalização da biofĂ­sica no Brasil foi uma novidade na qual a produção do conhecimento era tĂŁo valorizada quanto a reprodução deste campo cientĂ­fico. Dadas as suas caracterĂ­sticas inovadoras, a manipulação das instâncias de legitimação cientĂ­fica por parte de Chagas Filho identifica-se com o processo de “automodelaçãoâ€? de sua trajetĂłria cientĂ­fica, ou seja, a imposição de novos critĂŠrios de credibilidade e de validação da atividade cientĂ­fica baseados na singularidade, sua prĂłpria experiĂŞncia e na sua capacidade de acionar recursos nĂŁo apenas oriundos do campo cientĂ­fico, mas a partir de seu capital social. Esta pesquisa pretende articular a histĂłria do Instituto de BiofĂ­sica e a trajetĂłria profissional de Carlos Chagas Filho para investigar a profissionalização da ciĂŞncia no Brasil na segunda metade do sĂŠc. XX. Nome: AndrĂŠ Vasques Vital E-mail: vasques_hist@yahoo.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz TĂ­tulo: Serviço sanitĂĄrio e profilaxia contra a malĂĄria na ComissĂŁo Rondon: medicina tropical e militar na Era Tanajura Durante os anos de atuação da ComissĂŁo Construtora de Linhas TelegrĂĄficas de Mato Grosso ao Amazonas, mais conhecido como ComissĂŁo Rondon (19071915) a preocupação recorrente se concentrou no problema que as doenças representavam nĂŁo sĂł ao desenvolvimento do interior como tambĂŠm no andamento dos serviços executados. Notam-se nos relatĂłrios produzidos pela mesma os prejuĂ­zos em especial causados pela malĂĄria, que em vĂĄrios momentos foi responsĂĄvel pela paralisação dos trabalhos e perda de vidas, antes mesmo da linha telegrĂĄfica adentrar a regiĂŁo amazĂ´nica em 1909. O presente estudo busca recuperar a atuação do oficial mĂŠdico e higienista Joaquim Augusto Tanajura, chefe do serviço sanitĂĄrio da ComissĂŁo entre os anos de 1909 e 1915, analisando atravĂŠs da mesma as relaçþes entre medicina tropical e militar no contexto de inĂ­cio do sĂŠculo XX. A trajetĂłria do Dr Tanajura foi marcada pelo grande surto

de malåria de 1909-1910 e o trabalho de observação e interpretação do mal na região, sendo de sua autoria as instruçþes para o serviço sanitårio e combate à malåria, que foram seguidas pelos demais oficiais e mÊdicos atÊ o tÊrmino das construçþes da linha telegråfica. Seu legado, porÊm, vai para alÊm dos anos de Comissão jå que continuarå atuando nos povoados do Alto Madeira. Nome: Andrezza Christina Ferreira Rodrigues E-mail: andrezza_christi@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Objetos de cura, objetos de tortura: a medicina entre o compromisso de alívio e as fontes da dor O presente trabalho visa elucidar algumas das questþes historicamente constituídas no campo dos saberes mÊdicos no desenrolar do sÊculo XX. A preocupação com o combate à doença e seus males nos parece algo inerente à Êtica mÊdica, no entanto, no que tange à dor do paciente durante o processo de cura Ê algo ainda polêmico. Se a dor, enquanto sintoma pode dizer muito a respeito do quadro patológico desenvolvido pelo doente, esta tambÊm pode abrir espaço para discutirmos os meios de curar; os objetos de cura mÊdicos oscilam entre o alívio da dor e a instauração de outras dores típicas do processo curativo. O foco dessa discussão, portanto, situa-se no momento onde as ciências mÊdicas evoluem de uma fase experimental do processo de alívio da dor a uma fase comprometida com a manutenção da vida humana. Nome: Antonia ValtÊria Melo Alvarenga E-mail: valteria@bol.com.br Instituição: UESPI/UEMA Título: Elaboraçþes de vidas: marcas identitårias dos moradores do leprosårio Colônia do Carpina - PI O texto reflete sobre as memórias produzidas pelos moradores do leprosårio Colônia do Carpina, localizada em Parnaíba (PI), a respeito de suas experiências naquela instituição. Vitimas da indiferença das elites e de políticas públicas que não tratavam a saúde como questão de Estado, os doentes do mal de hansen representaram no Piauí, e de forma geral no Brasil da primeira metade do sÊculo XX, uma expressão do descaso a que são submetidos aqueles que constituem a parte economicamente menos favorecida da população brasileira. Desse modo, a partir de depoimentos de moradores do antigo leprosårio, procurou-se analisar como as lembranças da experiência trågica do asilamento atuam na construção de identidades que se manifestam como resistência às novas políticas de Estado e às decisþes sociais que afetam a vida desse grupo.

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04 Nome: Arthur Torres Caser E-mail: arthurifcs@ig.com.br Instituição: COC - FIOCRUZ Título: O medo do sertão como problema médico: a criação do serviço sanitário da Comissão Rondon De 1907 a 1915 um grupo formado por engenheiros militares, médicos militares, cientistas, membros da Repartição Geral dos Telégrafos, praças e trabalhadores contratados percorreu grandes áreas do noroeste brasileiro, nos atuais estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Estes homens formavam a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMA) que tinha como meta, além da construção de linhas e estações telegráficas, a integração daquela parcela do território pátrio ao restante da nação, um projeto no qual a agricultura e a tecnologia (representada pelo telégrafo) deveriam ser as protagonistas. Nesse trabalho, procurarei mostrar como as imagens de mistério e medo que acompanhavam os “sertões do noroeste” transformaram-se num problema médico no decorrer dos trabalhos da Comissão, tendo em vista o grande número de casos de adoecimento - causados especialmente pela malária - entre os expedicionários. Examinarei, nesse sentido, a criação do serviço sanitário da CLTEMA, que representou o reconhecimento das doenças como um grande obstáculo tanto à execução dos trabalhos da Comissão quanto à ocupação da região, procurando destacar as principais medidas postas em prática por este serviço com o fito de tornar viável a empreitada liderada por Cândido Rondon. Nome: Carolina Arouca Gomes de Brito E-mail: carolarouca@gmail.com Instituição: FIOCRUZ Título: A repercussão da Comissão Rondon nos estados do Mato Grosso e do Amazonas (1907-1915) A Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas fora, de acordo com as pesquisas contemporâneas sobre o tema, a mais ambiciosa e complexa expedição patrocinada pelo governo da Primeira República Brasileira. Apesar de amplamente discutida e analisada pela historiografia, este tema ainda possui lacunas. Com o objetivo de preencher uma dessas lacunas, proponho este trabalho, uma análise sobre o impacto do ‘projeto modernizador’, encarnado pela Comissão Rondon, nas regiões do Mato Grosso e do Amazonas e a mobilização das elites locais para a participação na formulação de políticas de exploração e proteção dos recursos naturais. Faço essa análise por meio da pesquisa em periódicos do Mato Grosso e do Amazonas no período em que a Comissão percorreu tais estados (1907-1915). Pretende-se, a partir dessas fontes, acompanhar os debates intelectuais dos quais foram instrumentos. Nome: Christiane Maria Cruz de Souza E-mail: christianecruz@hotmail.com Instituição: COC/FIOCRUZ-RJ Título: A assistência à saúde na Bahia da Primeira República: limites entre o público e o privado Essa comunicação objetiva analisar o processo de formação de uma rede de assistência à saúde na Bahia da Primeira República. Interessa-nos discutir o projeto das elites baianas, a resposta do Estado ao que estava disposto na Constituição de 1891, assim como os espaços ocupados pela filantropia e pelas associações de assistência mútua, enfatizando o caráter permeável entre o público e do privado. Esse trabalho é fruto de reflexões iniciadas durante a elaboração da nossa tese de doutorado – A gripe espanhola na Bahia: saúde, política e medicina em tempos de epidemia –, defendida em 2007, na Casa de Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-RJ). A análise inicial foi enriquecida pelas informações obtidas através do projeto de pesquisa – Patrimônio cultural da saúde na Bahia: 150 anos de história – realizado pela Casa de Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-RJ), em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (antigo CEFET-BA), cujo objetivo é estudar o acervo arquitetônico, histórico e iconográfico das instituições de saúde de Salvador, Bahia, fundadas entre 1808 e 1958. Nome: Cidinalva Silva Câmara E-mail: cidinalvasilva@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Medicina e poder: a trajetória de Aquilles Lisboa e a questão da lepra no Maranhão Estudos sobre a história da saúde e da doença no Brasil apontam as intervenções realizadas no âmbito da saúde pública como um fator de suma importância na extensão do controle do Estado brasileiro sobre o território nacional durante a primeira metade do século XX. A coletivização da saúde levou à nacionalização de políticas de controle sanitário e publicização dessas políticas; retirando as questões de saúde/doença da esfera individual e elevando-as à esfera coletiva. Nesse contexto a lepra fora identificada como um misterioso inimigo que avançava silenciosamente pelo país, corrompendo suas forças. A medicina apresentava, então, um arsenal de recursos normalizadores visíveis em discursos racionaliza-

dos, construindo um projeto de medicalização da sociedade brasileira em que o saber médico garantia a agentes e instituições o poder de nomear e classificar as doenças, suas formas de contágio e cura. Realizando uma variação do trabalho dissertativo, pretendo nesta comunicação discutir as intersecções desse processo através da trajetória de seu principal agente promotor no Maranhão: o leprólogo Achilles Lisboa. Nome: Cleide de Lima Chaves E-mail: keuchaves@hotmail.com Instituição: UFBA Título: As Conferências Sanitárias Internacionais do século XIX: o lugar da América do Sul O presente trabalho busca analisar a presença de países da América do Sul na discussão acerca dos problemas sanitários que atingiram os países durante o século XIX. O movimento de cooperação sanitária internacional surgiu da necessidade de controlar surtos epidêmicos que atingiam grandes extensões de terra e ultrapassavam as fronteiras legais constituídas entre os países. Todo o século XIX foi caracterizado pela presença de grandes epidemias, como as de cólera e febre amarela, que ocuparam um lugar de destaque entre as ações de interesse de saúde pública. Esse movimento iniciou-se na Europa e teve repercussões na América do Sul, como as Convenções Sanitárias de Montevidéu em 1873, do Rio de Janeiro em 1887 e de Lima em 1888. O objetivo é o de evidenciar esses eventos que, por muito tempo, a historiografia sobre a saúde pública (centrada nas análises produzidas por historiadores europeus e norte-americanos) desconheceu ou minimizou. No entanto, esses congressos foram fundamentais para o surgimento de instituições intergovernamentais ligadas à saúde pública, como a OPAS. Nome: Dilma Cabral E-mail: diacabral@predialnet.com.br Instituição: Arquivo Nacional Título: Uma profilaxia ímpar: o lugar da lepra entre as endemias nacionais Neste trabalho pretendemos analisar como se estruturou, a partir da construção do consenso médico da natureza bacilar da lepra e da substituição da complexa explicação multicausal da doença pela causa única, um discurso em que a disseminação da lepra no Brasil adquiriu conteúdos que a instituíram como um ‘flagelo nacional’. Essa estratégia procurava conferir à doença um lugar entre as endemias nacionais. Em consonância com a conjuntura em que a saúde pública seria tornada uma questão nacional pelo movimento sanitarista, os leprólogos mobilizaram elementos diversos e renovaram velhos argumentos que constituiriam a base de hipóteses originais sobre a transmissibilidade da lepra, anunciando em tom alarmista a disseminação da doença no país e a ausência de medidas eficazes para o seu controle. Nome: Eduardo Gomes de Oliveira E-mail: eduardo.oliveira85@hotmail.com Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Cidade e loucura: higienismo, sanitarismo e saúde mental em São Luís – MA (1890-1930) Em 1904 é assinada a Lei Estadual número 358 que tinha por preocupação a organização do Serviço Sanitário no Estado do Maranhão. Esta Lei propõe-se não apenas a organizar o serviço de saúde e higiene no Estado, mas também tenta orientar o crescimento da cidade sobre a perspectiva do pensamento sanitário e higienista. Neste movimento, pensa-se também o lugar da saúde mental que, com a predominância do discurso higienista no pensamento intelectual brasileiro no início do século XX, ganha um lugar de reflexão e articulação social, no qual a cidade teria que criar espaços para a loucura ou lugares de tratamento de doenças mentais, onde os sujeitos acometidos deveriam ser afastados dos outros enfermos para passar por tratamentos específicos. A loucura, desta maneira, entra no jogo de construção da cidade, mas não de inclusão, visto que a reserva de um espaço constitui-se também em uma maneira de excluir e não dialogar. Este trabalho propõe-se a pensar de que maneira a cidade de São Luís assume um projeto modernizador no início do século XX, consolidado a partir de referenciais sanitaristas e higienistas, criando lugares específicos para loucura. Nome: Eliana Vieira Sales E-mail: borbasales@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Combatendo o alcoolismo: uma análise das campanhas antialcoólicas nos anos 1930 na cidade do Recife O consumo de bebidas alcoólicas tem sido um dos assuntos bastante discutidos em nossa sociedade, principalmente após a implementação da Lei 11.705/2008 que altera o Código de Trânsito Brasileiro, proibindo a ingestão de álcool por condutor de veículo automotor. Este momento atual da sociedade brasileira corresponde parcialmente aos anseios dos psiquiatras da Liga Brasileira de Hi-

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giene Mental de outrora, cujo grande objetivo não era apenas obter uma lei que restringisse o consumo do álcool, mas em um dado momento à adoção da “Lei Seca” - proibição terminante à comercialização e uso do álcool - aos moldes da aplicada nos Estados Unidos. Fundamento das preocupações médico-psiquiátricas, o alcoolismo era considerado, sobretudo, uma patologia social que precisava ser combatida. As campanhas antialcoólicas se transformaram na principal arma para incutir princípios abstêmios na população. Este trabalho, portanto, propõese analisar a problemática do alcoolismo nos anos 1930, enfatizando as estratégias de controle do discurso médico nas campanhas antialcoólicas promovidas pela Liga Brasileira de Higiene Mental através dos Boletins de Higiene Mental, periódico editado pela Diretoria de Higiene Mental da Assistência a Psicopatas do Recife. Nome: Érico Silva Muniz E-mail: falecomerico@yahoo.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ Título: Para além de uma injeção: higiene e alimentação em um programa de erradicação de doença (A campanha da Bouba, 1956-1960) Título: Ser pobre não é ser sujo! Higiene e Alimentação em um programa de erradicação de doença (A campanha da Bouba, 1956-1960) Esta comunicação tem por objetivo apresentar como se estruturaram as medidas para controle e erradicação da bouba ocorridas no Brasil no período entre 1956 e 1960. O Programa de Erradicação da bouba - com seu método de injeções únicas de penicilina - percorreu em campanha itinerante os estados do nordeste e de Minas Gerais em seus primeiros cinco anos e, através da definição das principais áreas endêmicas e do trabalho do pessoal envolvido, observou também outras questões para a saúde pública de seu tempo. Desse modo, os relatórios e publicações do Programa apresentam as premissas de higiene e saúde que foram assumidas, e como uma campanha baseada na ação de uma “bala mágica” defrontou-se com outras questões encontradas pelos guardas sanitários como os quadros de fome e desnutrição no interior do país. Nome: Fernanda Rebelo E-mail: feferebelo@yahoo.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz Título: Imigração, saúde e cooperação sanitária internacional (1889-1930) Ao entendermos a migração como uma relação entre estados, os que ‘expulsam’ e os que ‘recebem’, os conceitos de emigração e imigração passam a só fazer sentido em termos de ‘Estado Nacional’. Foram das limitações dos estados brasileiros, no final do século XIX e início do XX, em atraírem e localizarem imigrantes que surgiram demandas por algum tipo de intervenção, abrindo caminho para a expansão de uma autoridade federal sobre assuntos de imigração e colonização. A emigração para as Américas era estruturada sobre uma cadeia de relações montadas a partir do topo da estrutura estatal dos países de expulsão com os de recepção. Dentro desta cadeia, países latino-americanos não possuíam uma posição dominante frente aos países de emigração europeus. A partir daí, tanto os países de emigração quanto os de imigração começam a se organizar, criando mecanismos para regulamentar o problema. A grande movimentação de pessoas, principalmente nas Américas, gerou o começo de uma profilaxia internacional, com uma uniformização da legislação sanitária nos portos, uma normatização, através de acordos feitos em conferências e convenções, por agências de cooperação sanitária como a Oficina Sanitária Internacional (1902) e a Oficina Internacional de Higiene de Paris (1907). Nome: Gabriela Dias de Oliveira E-mail: gabriela.historia@uol.com.br Instituição: UFMG Título: Entre a ciência e a lei: médicos e saúde pública nos tribunais belohorizontinos Um dos grandes entraves para a difusão do conhecimento médico nos primeiros anos do século XX era a grande receptividade dos saberes não acadêmicos de cura entre todos os segmentos da sociedade. Naquele período, o médico não era profissional mais requisitado e tampouco o mais reconhecido como prestador de um serviço melhor ou mais eficiente do que os demais terapeutas sem habilitação. Dentro desse contexto, a socialização da medicina e a credibilidade profissional dos discípulos de Esculápio não se processaram de forma imediata, linear e sem questionamentos, mas precisaram ser construídas. Esse movimento pode ser delineado nos processos-crime contra a saúde pública, cuja finalidade era garantir aos médicos o monopólio do mercado da cura. A proposta da comunicação é apresentar um dos caminhos trilhados pelos médicos para alcançar a almejada autoridade profissional, estabelecer o seu conhecimento como verdadeiro e científico e desvencilhar-se das demais artes de curar. Pretende-se, do mesmo modo, contribuir para o debate sobre a ampliação das fontes para este campo de pesquisa, por meio de uma documenta-

ção quase inexplorada e com enorme potencial investigativo para a história da profissionalização médica. Nome: Gilberto Hochman E-mail: hochman@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Co-autoria:: Renato da Silva E-mail: redslv333@gmail.com Instituição: UNIGRANRIO Título: O sal de cozinha como terapia: malária, saúde e desenvolvimento no governo JK (1956-1961) Este trabalho analisa as ações contra a malária durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e as articula com o seu projeto de desenvolvimento. Enfoca a criação de um método de combate à malária, a mistura de sal de cozinha com cloroquina e a proposta de sua distribuição gratuita para a população de áreas endêmicas. Denominado de “Método Pinotti”, foi criado por Mário Pinotti, Ministro da Saúde entre 1958 e 1960 e outros malariologistas, e foi inspirada na mistura do iodo ao sal de cozinha para combater o bócio endêmico. Esse método foi desenvolvido como uma resposta às dificuldades do controle da malária na Amazônia onde a utilização de inseticidas de ação residual como o DDT era ineficaz. Aborda como o “Método Pinotti”, apresentado como uma “invenção brasileira” obteve significativa atenção no campo da saúde internacional, em particular a partir da decisão da OMS em empreender uma campanha global de erradicação da malária a partir de 1955. Ressalta que a trajetória do sal cloroquinado acompanhou a ascensão e o ocaso de seu criador na saúde e na política brasileira com o seu abandono a partir de 1961. Nome: Hideraldo Lima da Costa E-mail: hideraldocosta@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Migração e malária no estado do Amazonas (1889-1920) Na crise final do Império Brasileiro a região amazônica dava sinal claro de consolidação de uma atividade econômica centrada no extrativismo vegetal, a borracha, que se tornaria de grande importância na pauta das exportações nacional. Com a crescente demanda internacional a região tinha que resolver o problema do déficit da mão-de-obra. Políticas de povoamento foram discutidas pelos intelectuais da região, debatendo os tipos preferenciais de imigrantes, notadamente os de origem francesa. A região amazônica, então de maioria indígena, é invadida por imigrantes, milhares de estrangeiros e dezenas de milhares de nacionais, principalmente nordestinos. Não queremos vincular o incremento das epidemias, sobretudo da malária, aos imigrantes e sim analisar como esta se transformou no grande problema a ser enfrentado pelos gestores públicos interessados na crescente arrecadação estadual. Nossa preocupação é acompanhar os mapas populacionais e correlacioná-los com os relatórios médicos responsáveis pelo diagnóstico da saúde pública do Estado. É bom lembrar que a região recebeu as expedições de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e estes expoentes da ciência brasileira emitiram suas opiniões e registraram suas análises sobre como a malária tornara-se o grande problema da saúde pública na região. Nome: Ingrid Fonseca Casazza E-mail: ingrid.casazza@gmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz Título: O Jardim Botânico do Rio de Janeiro: um lugar de ciência (19101930) A criação do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC) em 1906 teria representado a retomada de um processo de institucionalização das relações entre ciência e agricultura, construída ao longo do século XIX. O MAIC centralizou sob sua autoridade diversos órgãos científicos já existentes ou recémcriados, tendo atuado como um espaço de concentração das atividades científicas durante a Primeira República. A partir da existência da relação entre ciência e agricultura no Brasil desde o século XIX, considero o Ministério da Agricultura como lugar de produção da ciência, bem como diversas instituições que ficaram sob sua jurisdição, inclusive o reformulado Jardim Botânico do Rio de Janeiro, objeto de estudo deste trabalho. O objetivo é analisar a produção científica da referida instituição entre os anos de 1910 e 1930 e compreender de que forma a adequação institucional ao projeto modernizador da república teria repercutido no perfil e nas atividades científicas da instituição. Sendo assim, este trabalho é motivado pela busca de respostas para as seguintes perguntas: Qual é o perfil do Jardim Botânico, tradicionalmente voltado à botânica, neste novo contexto republicano? Em que medida a reformulação da instituição a insere no novo projeto de Estado? Nome: Jaime Larry Benchimol E-mail: jbench@oi.com.br

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04 Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Ferrovias, doenças e medicina tropical no Brasil da Primeira República Minha comunicação aborda o impacto da malária nas obras de infra-estrutura no âmbito da modernização republicana, basicamente as ferrovias, que assumiram então o papel de integrar o território e operar a expansão simbólica e material da nação brasileira. Em muitos casos, tais empreendimentos eram comprometidos por doenças que grassaram entre operários e engenheiros, sobretudo a malária. Os cientistas destacados para debelar os surtos epidêmicos – Carlos Chagas, Arthur Neiva, Belisário Penna e outros – não se limitaram a realizar as campanhas. Fizeram minuciosas observações sobre aspectos da doença, inclusive suas relações com hospedeiros e ambientes, contribuindo com novos conhecimentos e com a institucionalização, no Brasil, de novo campo que então se estabelecia nas potências coloniais européias: a medicina tropical. A presente comunicação busca articular essas inovações — especialmente a teoria da infecção domiciliária — com as campanhas em prol de ferrovias e com estágio subseqüente no enfrentamento da malária no Brasil, nos anos 1920. Nome: José Arimatea Barros Bezerra E-mail: ja.bezerra@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: O processo de gênese do saber em alimentação e nutrição: emergência, divulgação e aplicação social Estudo sobre o processo de gênese do saber em alimentação e nutrição, em sua fase de emergência, divulgação e aplicação prática, enfocando ações voltadas para trabalhadores e escolares, desenvolvidas entre 1944 e 1967. Em termos metodológicos, utilizou-se a história oral, complementada com documentos (fotografias, cadernos de anotações, cartilhas, documentos oficiais) e informações de jornais. A análise abrange três práticas articuladas, políticas públicas implementadas pelo Estado brasileiro, voltadas para a busca de um estado de alimentação caracterizado pelos princípios de sobriedade, moderação e equilíbrio: o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), a criação de cursos de formação de recursos humanos em nutrição e o programa de merenda escolar. Resultados indicam que, sob o respaldo do conhecimento científico sobre alimentação/nutrição e apoio do Estado intervencionista da época, essas práticas buscaram a assistência e a educação alimentar de trabalhadores e escolares (mundo do trabalho e mundo da escola), visando o propósito de superar a ignorância alimentar do povo brasileiro, em suas práticas equivocadas de alimentação, o que resultaria na conformação de homens fortes, robustos, saudáveis e produtivos, necessários ao desenvolvimento socioeconômico do país.

intervenção das autoridades responsáveis pela saúde pública e dos psiquiatras. No caso brasileiro, a mudança de perfil dos consumidores decorreu das mudanças nos canais de distribuição internacional das drogas entorpecentes, na medida em que estas foram substituídas por novos psicofármacos, e das mudanças nas políticas do Estado. Nome: Júlio Cesar Schweickardt E-mail: juliocesar@amazonia.fiocruz.br Instituição: FIOCRUZ Título: Extinção da febre amarela em Manaus (1913): um debate entre a região e a nação A febre amarela passou a ser combatida sistematicamente em Manaus somente no início do século XX. Foram criadas diferentes comissões para o combate dessa doença que atingia prioritariamente os estrangeiros, que chegavam à capital amazonense por conta da economia da borracha. Os médicos locais adotavam medidas conhecidas no cenário científico nacional e internacional, principalmente a partir da identificação do mosquito como o vetor da febre amarela, em fins do século XIX. A profilaxia adotada era, principalmente, o combate do mosquito que se reproduzia na região central da cidade. O combate sistemático dessa doença aconteceu entre 1907 a 1913, sendo mais intensificado a partir de 1910. Como a febre amarela continuava vitimando os estrangeiros, o governo pediu auxílio à União. A comissão federal foi chefiada pelo médico Theóphilo Torres, que chegou a Manaus no início de agosto de 1913. Em dezembro do mesmo ano a doença foi considerada extinta na cidade. Depois disso, estabeleceu-se um debate entre os médicos do Amazonas e os técnicos da comissão federal. O objetivo da nossa exposição é discutir a relação entre as campanhas locais e o trabalho da comissão federal, buscando entender o “fracasso” de uma e o “sucesso” de outra na extinção da febre amarela. Nome: Kelly Cristina Benjamim Viana E-mail: crysvianna@hotmail.com Instituição: UFC Título: Os práticos da arte de curar nas Minas Gerais setecentistas O objetivo desta pesquisa é analisar a arte de curar nas Minas Gerais setecentistas, expressa em tratados médicos, nas receitas médicas expedidas no período e nas Devassas Eclesiásticas. Este trabalho aborda o processo de cura no cotidiano da população das Minas, sobretudo o cotidiano dos cirurgiões, boticários e curandeiros. Procura também mostrar a fluidez de domínios entre o saber médico popular e o erudito, marcado por forte presença do “universo mágico” nas práticas médicas.

Nome: José Leandro Rocha Cardoso E-mail: jlrc@oi.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: Saúde e desenvolvimento: saúde pública e educação sanitária no Brasil do otimismo (1950-1960) O presente trabalho aborda a educação sanitária durante os anos de 1950, buscando discutir a interface entre saúde e desenvolvimento, tendo como foco a atuação de cientistas sociais na elaboração de estudos que subsidiaram as atividades de saúde pública, no interior do Brasil. O SESP consolidou seu modelo de saúde pública, associando medidas de intervenção ambiental à organização comunitária. Na Seção de Pesquisas Sociais, cientistas sociais, influenciados pelos estudos de comunidade, promoveram estudos sobre as populações rurais e seus hábitos a fim de dar suporte teórico e metodológico às atividades de educação sanitária. Essas diretrizes foram transmitidas aos demais profissionais do SESP através de cursos de formação, folhetos, boletins de circulação interna e publicações como o livro A Educação dos Grupos, que constituem as fontes para esta análise.

Nome: Letícia Pumar Alves de Souza E-mail: leticiapumar@gmail.com Instituição: COC/FIOCRUZ Título: Doença tropical, solução nacional: debates médicos sobre o combate à lepra no Brasil Nesta pesquisa analiso a apropriação do óleo de chaulmoogra e o processo de nacionalização deste tratamento pelos médicos brasileiros na tentativa de controlar a lepra, uma “doença tropical” que estava sendo definida como um flagelo nacional. Em geral, os historiadores dão ênfase, principalmente, à análise da política isolacionista encaminhada por médicos e administradores para o combate à doença. No entanto, a ênfase neste outro aspecto da campanha abre espaço para a reflexão das controvérsias e disputas do período e para a percepção de que as medidas de controle da lepra realizadas aqui não foram escolhas naturais diante de certo conhecimento científico acumulado até aquele momento, mas foram resultado de escolhas de grupos, métodos, teorias, e formas de intervenção na realidade nacional.

Nome: Julio Cesar Adiala E-mail: adiala@predialnet.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: Drogas entorpecentes e medicina na Primeira República Reconhecido como um instrumento terapêutico por todo o século XIX, o uso de drogas entorpecentes emerge como um problema de saúde na segunda década do século XX. O uso daquelas substâncias será um dos temas tratados pela elite médica do período, preocupada em discutir as conseqüências do consumo dos chamados “venenos sociais” sobre a saúde da população e sobre os destinos do país, que pretende integrar o rol das nações civilizadas. Os psiquiatras, em particular, estarão interessados nesse debate e identificarão no uso dos “venenos sociais” uma patologia mental, uma manifestação da degeneração, uma forma de loucura hereditariamente transmitida que ameaçava o indivíduo, sua prole e, de conseqüência, a inteira nação. A partir daí se iniciaria um movimento de mobilização e convencimento das autoridades sobre os riscos da propagação dos “vícios sociais” e da necessidade de medidas preventivas e saneadoras, que iriam exigir a

Nome: Lidiane Monteiro Ribeiro E-mail: lidiane_monteiro@yahoo.com.br Instituição: PPGHCS / COC / FIOCRUZ Título: A saúde na Bahia no governo de José Joaquim Seabra (1912 – 1916): da caridade à Assistência Pública O objetivo deste trabalho é analisar as ações estatais que contribuíram para a formação da rede de assistência pública à saúde na Bahia. Trabalhamos com a idéia de que as iniciativas do governo neste campo acabaram por promover uma mudança no paradigma de assistência em vigor desde tempos coloniais. Tal processo engloba toda a Primeira República, entretanto, nosso foco é o primeiro governo J.J.Seabra (1912-1916), ao longo do qual essas ações foram aceleradas. Neste período foi inaugurada a Assistência Pública do Estado da Bahia, batizada pela população de “Mãe Carinhosa”, demonstrando que no imaginário popular os cuidados à saúde estavam relacionados à dádiva e à generosidade, refletindo assim o padrão vigente até então, onde o socorro aos doentes estava entrelaçado às ações pias da Irmandade da Misericórdia. Contudo, a transferência deste ser-

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viço para o poder público significou a materialização da saúde enquanto um direito formal e objetivo a ser fornecido pelo estado. Para isso buscaremos entender quando e por qual motivo a saúde se transformou em interesse estatal, identificar as condições que criaram um ambiente favorável para que o estado promovesse ações neste âmbito e analisar o processo de transição da assistência pautada nas ações caritativas para ações estatais. Nome: Lourence Cristine Alves E-mail: loucarj@gmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: O conceito de loucura e a legitimação da psiquiatria brasileira: breve ensaio sobre suas imbricações a partir da História dos conceitos de Reinhart Koselleck O presente trabalho procura, com base na metodologia proposta por Reinhart Koselleck, acerca da História dos conceitos, elaborar um breve estudo da legitimação da ciência psiquiátrica enquanto campo autônomo, a partir do estudo do conceito de loucura. Nosso trabalho gira em torno da gestão da loucura como um advento político possibilitado por dois fatores fundamentais: em primeiro lugar, a aceitação paradigmática do conceito de loucura como doença patológica, passível de tratamento específico a ser administrada por uma determinada especialidade, a psiquiatria; e em segundo lugar – e a partir disto –, a condensação da medicina psiquiátrica enquanto campo distinto dentro da medicina orgânica geral, possuidora de seu próprio objeto de estudo e atuação. Nome: Luis Antonio Coelho Ferla E-mail: lferla@ig.com.br Instituição: UNIFESP Título: O determinismo biológico no Brasil de entre-guerras Os determinismos biológicos exerceram grande influência no Brasil de entreguerras. A noção de predisposição ao ato antissocial ajudou a orientar o pensamento oficial e as políticas repressivas da época. Esta investigação trata da influência do biodeterminismo na medicina legal e na criminologia praticadas no Brasil, de 1920 a 1945. No interior dessas disciplinas, as teses científicas que relacionavam corpo e comportamento se expressavam por meio de um discurso médico que tornava patológico o ato antissocial. A pesquisa procurou conhecer não somente tal discurso, mas também as conseqüências concretas que dele se originaram. Nome: Luiz Antonio da Silva Teixeira E-mail: teixeira@fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ Título: O controle do câncer no Brasil: 1940-1960 Esta comunicação discute a trajetória do controle do câncer no Brasil, entre os anos 1940 e o início da década de 1960. Nossos principais objetos de análise são as políticas e instituições públicas relacionadas à doença, e a ações de educação em saúde por elas elaboradas. O marco inicial se relaciona ao início do processo de construção de uma política nacional de controle do câncer, com a criação do Serviço Nacional do Câncer (SNC), em 1942, e à elaboração das primeiras campanhas de prevenção. O marco final vincula-se às transformações das diretrizes de controle da doença, num contexto de ampliação das ações privatistas, colocadas em prática pelo regime militar, a partir de 1964. No que concerne às instituições e políticas de controle, nos centramos na avaliação do processo que possibilitou a transformação do Centro de Cancerologia do Rio de Janeiro, fundado por Mário Kroef, em 1937, no atual Instituto Nacional do Câncer, hoje responsável pela formulação de políticas, pesquisas e recursos humanos para o setor. Em relação às campanhas de prevenção, analisamos um período marcado pela transformação de um paradigma educativo pautado no medo, gerado pela apresentação dramática da doença, para uma nova concepção de educação em saúde, baseada na promoção de formas de vida saudáveis. Nome: Marcos Chor Maio E-mail: maio@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ Co-autoria: Thiago da Costa Lopes E-mail: lopes_47@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Saúde e Infância na Sociologia de Guerreiro Ramos (1943-1950) O presente trabalho visa reconstruir o diálogo entre o sociólogo Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982) e os médicos pediatras em torno dos problemas sociais da infância entre as décadas de 1940 e 1950. Professor do curso de Puericultura e Administração, criado em 1943, nos Serviços de Amparo à Maternidade, à Infância e à Adolescência do Departamento Nacional da Criança (DNC), Guerreiro Ramos volta-se para os temas da mortalidade infantil e do “problema do menor”. Este órgão governamental, associado ao Instituto Nacional de Puericultura

e à Sociedade Brasileira de Pediatria, estava comprometido com a promoção de políticas sociais voltadas para a infância. Assim, em meio a um programa de assistência médico-educacional dirigido por agentes do Estado, Guerreiro Ramos, ao qualificar a ação estritamente médica e assistencialista como ineficaz, ensaia suas primeiras formulações de uma “sociologia aplicada” vinculada ao compasso da “realidade nacional” e defende a importância de uma compreensão sociológica dos termos em debate, interpelando o recorte clínico-biológico e eugênico. Nome: Maria Martha de Luna Freire E-mail: marthafreire@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: “Salvar a semente”: medicina, maternalismo e nacionalismo (Brasil, década de 1920) Este trabalho analisa a construção e difusão do discurso maternalista no Brasil que, embora tenha suas origens mais remotas, alcançou seu apogeu na década de 1920. A partir de reflexão crítica quanto ao envolvimento de múltiplos agentes e interesses na configuração do maternalismo, pretende-se evidenciar sua associação com o amplo projeto reformador republicano, o qual depositava na conservação das crianças, entre outros elementos, a esperança para a viabilidade da nação. Tal concepção, associada à valorização social da ciência, fundamentou uma convergência identitária entre saúde, educação e nação que justificou a proposta reformadora elaborada pela elite intelectual urbana, e que tinha na Higiene seu eixo central. Sob a égide da modernidade almejava-se a eliminação dos resquícios da cultura colonial, identificada com o atraso e a tradição, a incorporação de novos costumes e a configuração de novas relações sociais. Como membros da intelectualidade, o papel dos médicos higienistas nesse processo se deu, sobretudo, através da enunciação de um discurso que condenava o exercício tradicional de maternidade e visava substituí-lo pelos princípios da maternidade científica. Nome: Maria Rachel de Gomensoro Fróes da Fonseca E-mail: froes@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: A demografia-sanitária e a saúde pública no Brasil na transição do séc. XIX para o XX O papel da demografia-sanitária na reorganização do aparato institucional responsável pelas ações de saúde pública no Brasil, no final do séc. XIX evidenciouse na trajetória do médico José Luiz Sayão de Bulhões Carvalho (1866-1940). Bulhões Carvalho dedicou seus estudos, fundamentalmente, à área de demografia sanitária e foi Diretor Geral de Estatística. Seu interesse pela demografia sanitária evidenciou-se já no Boletim Demográfico publicado em 1893 no Brazil Médico, quando procurou apresentar os quadros estatísticos e sanitários e avaliar os fatores determinantes das condições sanitárias. Seus estudos inserem-se num contexto de reordenação política e de configuração de uma nova organização sanitária, entre o fim da Monarquia e o início da República. Presencia-se um quadro de crescimento populacional, de expansão do setor secundário da economia, de declínio da lavoura cafeeira, de libertação dos escravos e o agravamento das condições de vida e de salubridade nas cidades brasileiras. A sinalização de instrumentos, de subsídios e de metodologias que auxiliassem a análise das condições de salubridade, e a adoção de medidas preventivas e de combate às enfermidades, integraram os objetivos de reorganização do aparato institucional responsável pelas ações de saúde pública. Nome: Mariana Santos Damasco E-mail: marianadamasco@hotmail.com Instituição: FIOCRUZ Título: Mulheres negras na história: o ativismo das feministas negras e a questão da saúde reprodutiva no Brasil (1975-2001) Este trabalho aborda as interfaces entre gênero, raça/etnia e saúde no Brasil, entre os anos de 1975 e 2001, tendo como foco de estudo a importância da saúde reprodutiva ao movimento de mulheres negras no país. O marco inicial da pesquisa é 1975 – surgimento do movimento feminista organizado no Brasil – e se estende até o ano 2001, quando a mobilização das feministas negras adquire visibilidade na III Conferência Mundial contra o Racismo. Analiso a história do feminismo negro no país, a partir das relações entre as ativistas negras e os movimentos feminista e negro. Esta história em meados da década de 1980 muda, pois as militantes reivindicam a criação de uma identidade própria, o feminismo negro, já que não havia até então um debate amplo sobre as interfaces entre raça e gênero dentro do movimento feminista e negro respectivamente. A questão da saúde reprodutiva – que tomou por base denúncias de esterilizações cirúrgicas contra mulheres negras na década de 1980 – aparece como a mola propulsora do ativismo e da constituição de um feminismo negro no país, entre os anos de 1980 a 1990. Meu trabalho, por um lado, investiga o contexto em que emergem tais denúncias e, por outro, analisa os debates e políticas que embasaram a relação entre as ativistas negras e a saúde pública no país.

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04 Nome: Marlene Lopes Cidrack E-mail: bindja@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Escola de Visitadoras de Alimentação Agnes June Leith – história e práticas curriculares (1944-1966) Estudo sobre a trajetória da Escola de Nutrição Agnes June Leith, com foco na sua proposta curricular de formação de Visitadoras de Alimentação e no seu papel no processo de constituição do saber em alimentação e nutrição no Ceará e Brasil. Objetivo ainda explicitar como se organizava seu currículo, considerando os conhecimentos veiculados em sala de aula e rotinas escolares, e identificar o papel das visitadoras de alimentação no âmbito das políticas públicas oficiais em vigor, que buscavam a mudança de práticas alimentares em trabalhadores e escolares. Utilizo a metodologia da história oral, complementada por informações jornalísticas e outros documentos (fotografias, cadernos de anotação, documentos oficiais). Foram entrevistadas vinte pessoas: alunas, diretoras, professoras, funcionários da referida Escola e funcionários do Serviço de Alimentação da Previdência Social, órgão ao qual a Escola se vinculava. Resultados preliminares indicam que o currículo dessa Escola pautou-se por conhecimentos e práticas direcionados à intervenção social, junto às famílias de trabalhadores e às escolas, na busca de uma prática de alimentação racional, bem como exerceu papel significativo no processo de difusão e aplicação do conhecimento em nutrição no Ceará e no Brasil. Nome: Monique de Siqueira Gonçalves E-mail: monique.eco@gmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz / FIOCRUZ Título: A alienação mental nas páginas dos periódicos médicos da Corte Imperial e da Bahia (1860-1880) Durante as décadas de 60 e 70 do século XIX, a questão da alienação mental levantou diversas discussões nos principais periódicos médicos da Corte e da Bahia. Questões referentes ao seu diagnóstico, classificação e terapêutica estiveram presentes nesses veículos de divulgação demonstrando o esforço da categoria médica em compreender as diferentes manifestações desta moléstia que, segundo os mesmos, afligia cada vez mais a sociedade. Por meio destes artigos faremos uma breve análise da construção do conhecimento médico sobre a alienação mental no Império do Brasil, atentando para os principais pontos por eles abordados, assim como para as principais referências utilizadas. Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa de doutoramento desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz, orientado pelo Prof. Dr. Flavio Coelho Edler. Nome: Patricia Marinho Aranha E-mail: aranha2909@hotmail.com Instituição: FIOCRUZ Título: Ciência, território e fronteira na Comissão Rondon (1907-1915) Este estudo tem como objeto os trabalhos de demarcação de fronteiras e inventário do território norte do país no período compreendido entre os anos de 1907 e 1915, ocasião em que as realizações da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas merecem destaque. Mais conhecida como Comissão Rondon, foi organizada pelos Ministérios da Guerra, Viação e Obras Públicas e Agricultura com vistas à incorporação e integração nacionais. A comunicação tem por objetivo principal apresentar as formas pelas quais se desenvolviam os trabalhos de levantamento topográfico e geográfico do território através da atuação dos engenheiros militares enviados pelo Ministério da Guerra. Para além interessa-nos compreender quais eram as demandas deste Ministério e como o atendimento a estas se dava no interior da Comissão. Nome: Silvia Helena Bastos de Paula E-mail: silviabastos@isaude.sp.gov.br Instituição: Instituto de Saúde Título: Memória da construção da Atenção Básica de Saúde em São Paulo O conceito de Atenção Primária em Saúde data do final dos anos 1970 e teve grande repercussão a partir da Conferência de Alma Ata (1978), inclusive no Brasil, inspirando mudanças nas políticas de Saúde, a reestruturação do setor e organização dos serviços de Saúde, medidas estas que tiveram impulso significativo com o Movimento de Reforma Sanitária. O objetivo da pesquisa foi reconstituir o trajeto de implantação de atenção básica no estado de São Paulo. Utilizou-se o método de história oral e foram realizadas vinte entrevistas, gravadas e transcritas. Os sujeitos da pesquisa foram informantes-chaves, atuantes na Reforma Sanitária e no processo de criação do SUS. Obteve-se um histórico da situação da saúde pública para a população de baixa renda, do surgimento do movimento da reforma sanitária e da postura do Sindicato dos Médicos frente à situação; a universalização do atendimento; relata a fundação da revista “Saúde em Debate”; diferencia a atenção primária, medicina simplificada e reforma

sanitária; discute o conceito ampliado de saúde e sua presença na constituinte; o nascimento do SUS, a proposta para a saúde da família, a integralidade do sistema, o inicio do projeto e sua ampliação no Estado de São Paulo. Nome: Tamara Rangel Vieira E-mail: tamararangel@yahoo.com.br Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Os médicos de Goiás em perspectiva: trajetória intelectual e (re) invenção do Brasil Central (1917-1960) Partindo das análises de cientistas sociais que entre 1940 e 1960 ocuparam-se dos temas da modernização e do que viam como resistências culturais à mudança, meu objetivo com este trabalho é tecer uma reflexão introdutória sobre a trajetória intelectual dos médicos goianos, atentando para aspectos como sua formação, atuação e organização. Demarcando como recorte temporal o período compreendido entre os anos de 1917 e 1960, época que abrange o momento em que muitos deles concluem seus estudos acadêmicos nas principais faculdades de medicina do país e regressam ao interior e a fundação da Faculdade de Medicina de Goiás, considero interessante refletir a respeito da maneira como estes profissionais conseguiram obter êxito na carreira pela qual optaram em uma região, segundo diziam, alheia ao “progresso”. Assim, busco compreender de que mecanismos e estratégias se valiam estes profissionais para superar as dificuldades impostas pelo meio e, assim, construir em bases sólidas uma carreira e um campo específico de atuação. Ao salientar sua mobilidade e atuação profissional numa das regiões, segundo eles, mais ‘isoladas’ do país, este trabalho traz à tona outra concepção de sertão, capaz de redefinir a idéia, tão propalada nos anos 1910 e 1920, do Brasil como ‘imenso hospital’. Nome: Tibério Campos Sales E-mail: lopes_47@hotmail.com Instituição: UFC Título: “A medicina não é sacerdócio, mas profissão”: Virgílio de Aguiar e os conflitos em defesa dos direitos profissionais dos médicos em Fortaleza na década de 1930 Este resumo de pesquisa tem como objetivo refletir sobre o papel do “Centro Médico Cearense” e da revista “Ceará Médico” enquanto estratégia de profissionalização médica em Fortaleza, tendo como principal referência a trajetória e os textos publicados pelo médico Virgílio José de Aguiar na revista citada. Nascido em Aracati em 1883 e formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1906, Virgílio de Aguiar exerceu a profissão em algumas cidades do país se fixando em Fortaleza, somente em 1929. No mesmo ano volta a se integrar ao Centro Médico, instituição da qual foi membro fundador em 1913, e, em 1930, passa a ser o único integrante da agremiação a ter uma coluna própria na revista “Ceará Médico”, no caso a “Esculapeanas”, e permanece como um dos componentes da comissão redatorial do periódico até 1942. Em um período no qual o exercício da medicina em Fortaleza ainda era muito associado a uma ação caritativa para com os pobres, destacaremos os conflitos que Virgílio de Aguiar trava frente a outros médicos para assegurar a sua concepção sobre o exercício da profissão e sobre o papel do Centro Médico e do periódico como meio de fortalecimento da categoria. Nome: Verônica Pimenta Velloso E-mail: vervelloso@gmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: O sentido comercial da prática farmacêutica em debate no oitocentos A possibilidade de transformação das farmácias de oficinas, onde se fabricavam os medicamentos, em simples revendedoras de medicamentos já prontos, não foi passiva de discussões no oitocentos. Os debates que se travaram sobre este tema exporiam algumas tensões entre o sentido comercial e o sentido científico de suas práticas. Isto ocorreu dos dois lados do Atlântico. Neste quadro, destacam-se as discussões travadas entre farmacêuticos pertencentes à Sociedade Farmacêutica Brasileira e médicos que presidiam a Junta Central de Higiene Pública a respeito da tabela de medicamentos, registradas no periódico daquela associação; e nos debates no seio da Sociedade Farmacêutica Lusitana a respeito do regimento de preços de medicamentos.

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05. Cultura visual, imagem e HistĂłria Cristina Meneguello - UNICAMP (cmeneguello@gmail.com) Jens Michael Baumgarten - UNIFESP (jens-baumgarten@uol.com.br) 2V DJHQWHV TXH SURGX]HP H YHLFXODP D LPDJHP DVVLP FRPR RV GLIHUHQWHV VXSRUWHV GHVWD Mi Ki PXLWR VH WRUQDUDP SDUD R KLVWRULDGRU IRQWH GH SHVTXLVD H REMHWR GH UHĂ H[mR 1mR REVWDQWH R FDPSR GD FXOtura visual vem se estruturando de forma contĂ­nua e tem-se aberto em diversas anĂĄlises que implicam estudo e tratamento de diferentes fontes, produção e entendimento de novas linguagens e diĂĄlogo com RXWUDV GLVFLSOLQDV WDLV FRPR D VRFLRORJLD D Ă€ORVRĂ€D H D KLVWyULD GD DUWH D DQWURSRORJLD YLVXDO H D DUquitetura, as novas mĂ­dias e tecnologias. O SimpĂłsio TemĂĄtico Cultura Visual, Imagem e HistĂłria visa, DVVLP UHXQLU WUDEDOKRV H LQYHVWLJDo}HV QR FDPSR GD KLVWyULD HP EXVFD GD DQiOLVH IRUPDO GD LPDJHP como linguagem e da problematização do estatuto da visualidade.

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus E-mail: anammauad@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Na mira do fotĂłgrafo – prĂĄtica e autoria na experiĂŞncia fotogrĂĄfica contemporânea O trabalho analisa a construção da autoria na experiĂŞncia fotogrĂĄfica contemporânea, associada Ă s noçþes de trajetĂłria, projeto e campo de possibilidades, na primeira fase do processo de internacionalização da cultura. PerĂ­odo, em linhas gerais definido entre as dĂŠcadas de 1930-1970, no qual se delimitou o papel das mĂ­dias – imprensa, cinema, televisĂŁo, na elaboração do mundo capitalista, como comunidade imaginada. Os marcos temporais circunscrevem os processos propriamente fotogrĂĄficos, tais como o predomĂ­nio da fotorreportagem na imprensa ilustrada, pelas mudanças estĂŠticas no plano editorial das publicaçþes ou ainda pela valorização da linguagem documental. Por outro lado, assiste-se, nesse momento, Ă ampliação das trocas capitalistas no mercado de indĂşstria cultural, na produção de notĂ­cias como mercadoria, no engajamento da imagem fotogrĂĄfica e o registro dos movimentos sociais, na participação da fotografia no campo da arte experimental e suas relaçþes com a cultura pop. O foco recai sobre a problemĂĄtica dos usos e apropriaçþes da imagem fotogrĂĄfica pela imprensa e os debates suscitados pela discussĂŁo do crĂŠdito fotogrĂĄfico. Abordarei tambĂŠm a formação de agĂŞncias de fotografia e o seu papel na conformação de um olhar comprometido e engajado politicamente. Nome: Ana Rita Uhle E-mail: anauhle@gmail.com Instituição: UNICAMP TĂ­tulo: Entre a imagem e a escrita. O Ă­ndio nos monumentos pĂşblicos paulistas A diversidade das imagens que povoam as cidades atravĂŠs de monumentos celebrativos constitui-se, neste trabalho, em objeto de anĂĄlise histĂłrica. Ao seguir as apariçþes de um personagem bastante explorado nas narrativas oficiais dos monumentos, o Ă­ndio paulista (uma invenção da historiografia local), pretende-se construir uma histĂłria social dessas imagens levando em conta seu contexto de produção, os debates pĂşblicos em torno do tema e o extenso material produzido por historiadores - textos que tambĂŠm embasaram a construção dessas narrativas via imagem. A partir das imagens produzidas sobre o Ă­ndio, pretendo analisar uma memĂłria sobre o personagem construĂ­da em ambiente urbano, suas especificidades e o embasamento teĂłrico utilizado em sua produção. Nome: AndrĂŠ Luiz Rosa Ribeiro E-mail: andre.5@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz TĂ­tulo: Cultura, memĂłria e arquitetura urbano-cemiterial no sul da Bahia O trabalho tem como objetivo principal estudar o papel do acervo patrimonial arquitetĂ´nico das principais cidades do sul da Bahia no processo de construção de memĂłria regional ligada ao cultivo do cacau, cuja consolidação econĂ´mica nos mercados internacionais promoveu uma sĂŠrie de transformaçþes culturais e sociais vinculadas Ă modernização das cidades e dos seus cemitĂŠrios e Ă adoção de padrĂľes arquitetĂ´nicos de matriz europĂŠia. A nova estĂŠtica urbana, que substituiu os traços coloniais das cidades

mais antigas como IlhĂŠus, aliou elementos neoclĂĄssicos com simbĂłlicos e alegorias que referenciavam o poder econĂ´mico da lavoura cacaueira. A anĂĄlise e interpretação do conjunto arquitetĂ´nico urbano e cemiterial do sul baiano privilegiou o estudo das cidades de IlhĂŠus e Itabuna na primeira metade do sĂŠculo XX, perĂ­odo em que ocorre a emergĂŞncia dos projetos modernizantes no Brasil. Nome: Beatriz Rodrigues Ferreira E-mail: bigatrice@gmail.com Instituição: UNICAMP TĂ­tulo: Imagens mĂşltiplas – As RuĂ­nas e as diferentes possibilidades de apreensĂŁo da paisagem urbana Esta apresentação visa problematizar alguns pontos refletidos em uma pesquisa anterior sobre RuĂ­nas. Nesta, buscou-se discutir a cidade como um campo para a experiĂŞncia humana, tomando as diferentes narrativas que se faz da paisagem urbana como um modo de se agenciar a produção de discursos sobre a memĂłria e o patrimĂ´nio. Para tal, a figura da RuĂ­na ĂŠ tomada como um interessante elemento de reflexĂŁo, por circunscrever o embate crucial entre memĂłria e esquecimento. Fez-se necessĂĄrio, entĂŁo, pensar como os discursos sobre a cidade sĂŁo produtos de concepçþes sĂłcio-culturais, mas tambĂŠm experiĂŞncias plurais que articulam percepçþes e afeiçþes sobre a vivĂŞncia urbana. PropĂľe-se, aqui, discutir a inserção da imagem fotogrĂĄfica como um meio de captura de imagens urbanas em vias de desaparecimento – ruĂ­nas – e como um meio potencializador da produção de diferentes narrativas sobre a cidade. Deste modo, este trabalho serĂĄ construĂ­do a partir de dois eixos temĂĄticos, a saber: a experiĂŞncia da e na paisagem urbana e suas relaçþes com as ruĂ­nas; e a atribuição da fotografia como um modo de registro destas imagens urbanas. Busca-se, pois, propor o diĂĄlogo com os/as pesquisadores/as que pensam as intersecçþes entre produção imagĂŠtica, narrativas, memĂłrias e histĂłria urbana. Nome: Camila Dazzi E-mail: camiladazzi@yahoo.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: Dicteriade - “Profissional da luxuria, moça na idade, velha no vĂ­cio...â€? Com essas palavras o pintor Rodolpho Amoedo comenta, em uma carta direcionada a Henrique Bernardelli, a exposição das obras desse Ăşltimo no Salon parisiense de 1886: “Vi os seus dois quadros no Salon [...] Muito me agrada sua Dikteriade a qual parece-me pintada com bastante largueza e descrição, e se o quadro ĂŠ poderoso de luz, estĂĄ harmonizado com doçuraâ€?. A obra reaparece na Exposição Geral de 1890, recebendo inĂşmeros elogios de diferentes jornais da ĂŠpoca. Seria possĂ­vel um quadro tĂŁo bem sucedido, exposto em Paris e elogiado pela crĂ­tica fluminense, ter o seu nome modificado oficialmente, sendo adquirido pela Academia e figurado na Exposição de Chicago de 1893 com um nome completamente diferente? Tal mudança foi indicada pela Professora Ana M. T. Cavalcanti, que, ao pesquisar o jornal Vida Fluminense, localizou uma imagem do famoso quadro de Bernardelli, intitulado Messalina, vinculado Ă um comentĂĄrio sobre a Exposição de 1890, da qual, a obra, segundo documentação encontrada, nĂŁo teria participado. A presente comunicação procura responder algumas questĂľes especĂ­ficas: Messalina ĂŠ a Dicteriade? Que motivos existiriam para que o quadro tivesse seu famoso nome modificado? O significado da obra se modificaria conforme o nome a ela atribuĂ­do?

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05 Nome: Carolina Bortolotti de Oliveira E-mail: linabortolotti@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: A Estética da Máquina: padrões decorativos no desenho industrial e nos projetos de engenharia britânica, 1850-1880 O presente artigo procura mapear o debate acerca da estética na engenharia e as aplicações ornamentais na arquitetura do ferro, resultantes da vigorosa produção industrial que lançou uma infinidade de produtos, artefatos domésticos e todo o aparato necessário às melhorias na infra-estrutura urbana, sobretudo nas crescentes cidades inglesas do período vitoriano. A busca pela beleza da forma, aliada à sua utilidade e adequação estrutural, desde pequenos objetos às monumentais obras de engenharia, tornaramse o fio condutor das discussões acadêmicas entre críticos de arquitetura, artistas, engenheiros e paisagistas, a partir da segunda metade do século XIX. Exibições internacionais, catálogos comerciais e livros técnicos contribuíram para que o debate não ficasse restrito ao campo teórico mas principalmente, tomasse forma nos inúmeros projetos em estrutura metálica lançados em quase todos os continentes, definindo a linha tênue entre a praticidade da engenharia e a ornamentação arquitetônica através de uma estética do gosto - tão presente e difundido pela cultura das classes-médias vitorianas. Nome: Carolina Martins Etcheverry E-mail: etchev@gmail.com Instituição: PUC-RS Título: Geraldo de Barros e José Oiticica Filho e a produção de fotografias experimentais-abstratas no Brasil (1950-1964) Esta comunicação tem por objetivo contextualizar e problematizar a produção fotográfica de Geraldo de Barros e José Oiticica Filho, realizada entre as décadas de 1950 e 1960, a partir de dois eixos. O primeiro leva em conta que tais imagens de cunho experimental-abstrato dialogam com a própria história da fotografia (tanto no Brasil quanto em âmbito internacional), mas também com o momento político, econômico, social e cultural que vivia o Brasil então, trazendo à tona toda a complexidade artística e cultural desta época. O segundo eixo da apresentação aborda os diversos textos críticos existentes a respeito destes fotógrafos-artistas. Procuro trabalhar tanto com textos históricos, escritos na época em que as fotografias circularam no ambiente artístico, por críticos da época, quanto com textos contemporâneos, a fim de melhor apresentar Geraldo de Barros e José Oiticica Filho como importantes fotógrafos brasileiros que buscaram criar imagens experimentais-abstratas, fugindo da clássica idéia de fotografia como espelho do real. Assim, será possível perceber como tais fotógrafos contribuíram para a expansão do campo fotográfico brasileiro e para o alinhamento deste com as tendências que vigoravam internacionalmente. Nome: Charles Monteiro E-mail: monteiro@pucrs.br Instituição: PUC-SP Título: A construção de uma nova visualidade urbana moderna nas páginas da revista Madrugada, Porto Alegre (1926) A proposta do trabalho é problematizar o papel que a fotografia teve no processo de elaboração de novos códigos culturais modernos de sociabilidades urbanas na revista ilustrada Madrugada (1926), editada em Porto Alegre. Através da forma de edição de imagens fotográficas e textos nessa revista ilustrada estava em construção uma nova imagem de indivíduo no espaço público, de formas de sociabilidade e de consumo modernos na sociedade urbana brasileira. A interpretação das relações entre imagens e textos permite pensar a elaboração de uma pedagogia do olhar e a construção de novos códigos modernos de sociabilidades. Madrugada se apresentava como “Revista Semanal de Literatura, Arte e Mundanismo”, que pretendia misturar informação cosmopolita e cultura regional. A revista torna-se um veículo do modernismo no contexto local, mesclando temas regionalistas à poesia de influência simbolista e à divulgação de novos autores modernistas. As revistas ilustradas vêm a responder a demanda de informação e entretenimento das camadas sociais médias urbanas das grandes capitais brasileiras. Nelas a fotografia ganha um lugar de destaque ao lado da charge e da publicidade, fazendo parte de uma nova cultura visual em expansão e uma nova pedagogia do olhar. Nome: Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta E-mail: consuelo@onda.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Independência ou morte (1888), de Pedro Américo: a pintura histórica e a elaboração de uma certidão visual para a nação

Este texto aborda as relações entre arte e história a partir da análise da iconografia pictórica do século XIX, que compõe o patrimônio “biográficovisual” da nação e retrata os grandes momentos históricos e seus heróis, com destaque para a tela Independência ou Morte, (1888), de Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905). A pintura de gênero histórico é fonte de compreensão e de representação dos acontecimentos históricos e, embora não se configure em instrumento de mera legitimação simbólica do Império, encaixava-se perfeitamente na idéia de formação de um corpo coeso moldado em torno de objetivos comuns, contribuindo sobremaneira à construção de uma leitura gloriosa de nosso passado afinada com o discurso de duas instituições: a Academia Imperial de Belas Artes e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Independência ou Morte é uma obra nodal na construção da nacionalidade; conforme o discurso da época é um dos exemplos mais reveladores não só da articulação, mas também da tensão entre o pictórico e o histórico e seu autor chave para a compreensão da Pintura Histórica brasileira na época. Nome: Érica Gomes Daniel Monteiro E-mail: ericagdaniel@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Slogans da Guerra: A participação das empresas privadas norteamericanas e do OCIAA no “Advertising Project” durante a Segunda Guerra Mundial A comunicação visa analisar a formulação pelo Office of the Coordinator of Inter-American Affairs do projeto Cooperation with U.S. Advertisers in the other American Republic, a fim de perceber como este órgão incentivou exportadores, comerciantes e industriais privados norte-americanos, que anunciavam na América Latina, a continuarem a anunciar, apesar das dificuldades de se atender aos pedidos no período da Segunda Guerra Mundial, e que, em seus anúncios, publicassem mensagens que remetessem à política da boa vizinhança. O intuito será discutir a forma como a propaganda comercial de produtos norte-americanos, feita durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi um veículo de divulgação da política de boa vizinhança, buscando perceber a aliança entre os interesses do setor privado e do governo norte-americano, que, respectivamente, buscavam novos mercados de consumo e construir uma posição hegemônica sobre a América Latina. Nome: Francisco das Chagas F. S. Júnior E-mail: santiago.jr@gmail.com Instituição: UFF Título: Sincretismo e etnicização: religiões “afro-brasileiras” no cinema de Nelson Pereira dos Santos nos 1970 Esta apresentação tem por interesse mostrar como o campo cinematográfico brasileiro, na tentativa de produzir filmes que partiam do ponto de vista dos “valores populares”, como dizia Nelson Pereira dos Santos, acabou produzindo um movimento de clivagem nas imagens do Brasil. Ao realizar O Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres, o diretor considerado “patrono” do cinema novo, queria promover o “popular” e deu emergência visual às perspectivas multiculturais numa etnicização nas imagens do Brasil. Em ambos os filmes, o cineasta optou por não diferenciar mito e realidade, produzindo um deslocamento sensível nas imagens sobre as religiões populares, que no contexto dos anos 1970, sofriam pressões para se tornarem religiões “afro-brasileiras”. O campo visual cinematográfico era, porém, um terreno de disputas, e nos filmes de Nelson Pereira dos Santos, na mesma medida em que emergiam imagens de etnicização, surgia uma nova imagem do sincretismo e da mestiçagem que perturbava a afirmação das relações étnicas. A clivagem das imagens do Brasil no cinema em “afrobrasileiras”, nos anos 1970, fez-se na disputa entre valorações étnicas e sincréticas das religiões populares. Nome: Francislei Lima da Silva E-mail: francislei_silva@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Das águas jorram a juventude de Eson e a beleza de Narciso: a construção de mitos e de um imaginário das águas minerais nas estâncias balneárias de Águas Virtuosas do Lambary e Caxambú O período entre o final do século XIX e início do século XX marca o Brasil pela fase de melhoramentos urbanísticos. A partir da execução dos trabalhos de remodelação e embelezamento tinha-se o intuito de se alcançar, através do novo ordenamento do espaço citadino, a monumentalidade pretendida para as cidades. Partindo dos estudos dos projetos e planos de embelezamento propostos para as estâncias balneárias do Lambary e Caxambú, buscamos um estudo sobre o reconhecimento de imagens for-

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tes na composição de uma paisagem pitoresca e alegórica que alcançasse proporções de espetáculo. Cria-se em torno das fontes de águas minerais e de um imaginário das águas uma multiplicidade de interações sociais e um universo simbólico característico, ampliando-se os espaços de uma hidrópolis voltada a uma idéia de perspectiva histórica e para a provocação do efeito do Belo, inspirados na valorização da natureza abundante e pela fácil criação de espelhos d’água, evocados em fontes com temas oníricos relacionados às águas primaveris e de cura. Nome: Gilmário Moreira Brito E-mail: gilmariobrito@uol.com.br Instituição: DEDC/UNEB Título: A chegada da prostituta no céu, produção e leituras de xilogravuras das capas de folhetos de cordel: inter-relações entre linguagens escrita, oral e visual Nosso propósito nessa pesquisa é buscar compreender como a produção e as leituras da xilogravura da capa de folhetos de cordel e suas relações com as linguagens orais e escritas contribuíram para construção de culturas religiosas e profanas no interior do Nordeste do Brasil. Partimos de indagações para interpretarmos a xilogravura como composição visual de valores, interesses, campos de força que se apresentam nessa fonte histórica na qual se articulam as narrativas poéticas, literárias e visuais dos textos da literatura de folhetos religiosos. Os folhetos foram levantados no IEB/ USP; FCRB/RJ; FCE/BA e FJN/PE, problematizados como suportes de uma cultura material, cuja linguagem visual, produzida por sujeitos e grupos sociais, situados historicamente no tempo e no espaço, que, através de múltiplas linguagens, apresentam seus modos de ser. Assim, investigamos a xilogravura como síntese imagética de outras linguagens, cujas narrativas possibilitam uma leitura visual de grupos populares do Nordeste, distanciados de códigos escritos. Nome: Helouise Lima Costa E-mail: helouise@usp.br Instituição: MAC-USP Título: Fotografia de autor x fotografia experimental: a experiência do MAC-USP na década de 1970 Esta comunicação visa apresentar os primeiros resultados de uma pesquisa, ainda em curso, sobre o processo de legitimação da fotografia pelo sistema de arte no Brasil, cujo foco principal é o museu. Será analisada a formação do acervo fotográfico do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo durante a década de 1970. Esse estudo permitirá observar que a atuação de Walter Zanini, primeiro diretor do Museu, e as particularidades da posição do MAC-USP no sistema de arte no Brasil naquele período, resultaram no entendimento da fotografia prioritariamente no âmbito da arte contemporânea de caráter experimental e não como obra de arte autônoma, segundo os princípios da chamada fotografia artística ou de autor. Nome: Ivania Valim Susin E-mail: iviss21@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Retratos de arquitetura moderna: Acervo Edmundo Gardolinski (1936-1952) A pesquisa tem como fonte o acervo fotográfico de Edmundo Gardolinski (1914-1974), descendente de poloneses, Engenheiro Civil e fotógrafo amador. Como recorte, selecionei a porção que se refere à Vila IAPI, principal projeto profissional da vida de Gardolinski. São 269 imagens que dão conta da construção dos edifícios, das inaugurações e outros eventos, a visita de políticos, engenheiros e personalidades polonesas. O objetivo principal da pesquisa é participar da atual discussão sobre o uso da fotografia em trabalhos históricos, ressaltando a necessidade de uma leitura visual crítica para este tipo de fonte. Ao mesmo tempo, a pesquisa propõe problematizar a política do Estado Novo no tocante à habitação popular, bem como as discussões que se faziam no âmbito do urbanismo a partir da perspectiva da fotografia, definindo assim, a especificidade do trabalho do historiador com as imagens. Para isso, todas as dimensões das fotografias devem ser consideradas: o aparelho, a produção, a recepção e a reprodução até a escolha pela guarda em um acervo particular, o gênero da imagem (escolhas profissionais e estéticas, como enquadramento ou temas privilegiados), o lugar do fotografado e do fotógrafo, o uso dessas fontes e a necessidade de relacioná-las com outras categorias de documentos. Nome: Ivoneide de França Costa E-mail: neidefc@terra.com.br

Instituição: UEFS Título: O desenho como fonte histórica para estudos em História das Ciências Alguns historiadores já desenvolvem pesquisas que apontam para os estudos das imagens como documentos históricos. A imagem está se tornando detentora de informações, ampliando os tipos de fontes empregadas para discutir questões relacionadas aos contextos sociais, econômicos e políticos. No campo da História das Ciências, especificamente falando sobre as expedições cientificas, o desenho serviu para registrar as observações feitas por viajantes traçando relações entre arte - nos seus elementos estéticos - e ciências, demonstrando a importância do desenho no campo das ciências como instrumento auxiliar na investigação científica. Tendo como esse enfoque, o presente texto apresenta a narrativa do baiano e engenheiro Theodoro Sampaio na viagem pelo rio São Francisco e a Chapada Diamantina, cuja natureza da linguagem demonstra descrição pormenorizada do trajeto e dos acontecimentos, conferindo completa integração entre as descrições e os desenhos. Para tal estudo dar-se-á especial atenção a representação de alguns dos habitantes encontrados ao longo do trajeto, que apresentam personagens característicos das regiões visitadas na visão de um cientista viajante aliando sua preocupação com as condições de vida daquela população. Nome: Jaime de Almeida E-mail: jaimeida@terra.com.br Instituição: Universidade de Brasília - UnB Título: A imagem de Santa Librada no Bicentenário da Independência da Colômbia O Bicentenário da Independência é um excelente momento para discutir o sentido da presença da imagem de Santa Librada nas comemorações da Independência, entre 1813 e 1958, bem como de seu quase desaparecimento quando do Sesquicentenário (1960). Nome: Joana Carolina Schossler E-mail: joana.schossler@gmail.com Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul Título: Do pitoresco ao atrativo nos cartões postais de um balneário marítimo no Rio Grande do Sul Há mais de meio século o balneário marítimo de Torres é considerado um dos principais pontos turísticos do litoral do Rio Grande do Sul (Brasil). Já no primeiro quartel do século XIX, a pena do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire e o pincel do seu conterrâneo Jean-Baptiste Debret já haviam registrado a beleza da “paisagem natural” daquela praia. Desde então, profusos foram os relatos de viajantes estrangeiros sobre a paisagem marítima e suas Torres. Pinturas em óleo e aquarela também foram abundantes. Mas foram, sem dúvida, os cartões postais de fotógrafos profissionais que mais contribuíram para a divulgação em termos visuais daquele balneário. Essa comunicação pretende mostrar como a lente do fotografo Idio Feltes traduziu certos elementos pitorescos da paisagem marítima em aspectos atrativos no sentido turístico do termo. Trata-se de uma apropriação do pitoresco enquanto convenção de uma tradição pictórica de paisagens, sobretudo de marinhas, e de uma nova construção imagética de panoramas. Com base numa série de cartões postais, produzida por Feltes na década de 1940 e que teve grande circulação, o presente trabalho propõe uma história cultural da paisagem a partir de fontes documentais (cartões- postais) pouco exploradas pelos historiadores brasileiros. Nome: Juam Carlos Thimótheo E-mail: juamct@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: A “Ceia” de Athayde: entre a metódica e a retórica Como pintor e encarnador de peças religiosas, Manuel da Costa Athayde foi reconhecido pela coroa portuguesa como “mestre das artes de pintura e arquitetura” no início do século XIX. Sua produção, que pode ser encontrada principalmente dentro da região aurífera de Minas Gerais, destaca-se não apenas por sua engenhosidade primorosa, que é capaz de impressionar até os dias atuais, mas por se encontrar em um momento de transição histórica. Neste contexto, meu objetivo é apontar alguns elementos na construção pictórica ataidiana que seriam indícios que sua arte foi construída entre o juicio retórico e alguns apontamentos de uma subjetividade artística. Em concomitância, entrecruzar esta peça com alguns manuscritos assinados pelo mestre. Foi escolhido, como objeto para este estudo, a “Ceia”, obra realizada no então Colégio do Caraça, concluída em 1828. Sua especificidade parece evidenciar nossa hipótese que em determinado momento histórico a obra sacra colonial produzida por Athayde foi elaborada entre os preceitos retóricos persuasivos e uma metódica subjetiva.

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05 Nome: Leticia Coelho Squeff E-mail: leticiasqueff@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo- FAU/USP Título: Ilustração brasileira, moderno francês: dois livros de Vicente do Rego Monteiro O pintor Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) tem uma trajetória curiosa no modernismo brasileiro: fez a maior parte de sua formação na França, mas não deixou de estudar a cerâmica marajoara e as lendas indígenas brasileiras, incorporando-as em mais de uma criação sua. Transitando entre Paris, São Paulo e Recife, o artista deixou uma obra multifacetada, que vai da pintura à ilustração, da poesia à cenografia. Nesta oportunidade, pretendo comentar dois livros que o artista editou em Paris: Légendes, croyances et talismans des Indiens de l´Amazone (1923) e Quelques visages de Paris (1925). A intenção é discutir as ilustrações das obras tendo em vista dois aspectos, fundamentais para o modernismo brasileiro nos anos 1920: a adoção de novas linguagens, como a estampa japonesa e o art déco, entre outros; o engajamento do artista na realização de uma arte afirmativamente brasileira. Nome: Luana Carla Martins Campos E-mail: luanacmc1@hotmail.com Instituição: UFMG Título: A Cultura Fotográfica de Belo Horizonte (1897-1939) e a prática profissional híbrida Essa comunicação pretende expor alguns dos resultados e desdobramentos da dissertação de mestrado intitulada “’Instantes como esse serão seus para sempre’: práticas e representações fotográficas em Belo Horizonte (1894 – 1939)” defendida em 2008 no Departamento de História da UFMG. Buscar-se-á analisar um aspecto específico da Cultura Fotográfica da capital mineira que se relaciona ao hibridismo da prática dos profissionais que ali atuaram. Se, a princípio, os fotógrafos estabelecidos em Belo Horizonte eram profissionais híbridos, desempenhando uma atividade que necessitava de noções em diversas áreas, concomitante ao exercício de ofícios de diversas naturezas, com o passar dos anos, tenderam a se dedicar exclusivamente ao universo da fotografia. A exigência de um conhecimento amplo para a prática fotográfica se tornou menor para os fotógrafos na medida em que, por exemplo, a automatização do processo produtivo cresceu. Não deve se descartar ainda a maior estabilidade profissional que o mercado da fotografia na cidade proporcionou a seus praticantes nos fins da década de 1930. Nesta perspectiva, desejar-se-á desenvolver uma reflexão que contemple não somente a práxis dos fotógrafos, mas também as definições do termo hibridismo cultural a partir de teóricos como Néstor Canclini. Nome: Marcelo Robson Téo E-mail: marceloteo@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Tendência imaterial: artes plásticas e música na constituição da modernidade artística brasileira A história da arte brasileira tem sido explicada, de forma geral, a partir de discussões cruzadas, sempre alternadas ou divididas entre sua relação com as tradições artísticas européias e a questão da identidade nacional. É possível verificar que, de ambos os lados, a referência à música é constante, seja na condição de referencial estético na busca de autonomia das artes plásticas – ut pictura música –, seja na condição de substrato identitário capaz de exprimir essências nacionais, vivas nos ritmos do cotidiano, nos gestos, na fala e na inteligência criativa popular. Esses dois pontos de contato com a música parecem ter deixado marcas profundas na constituição da modernidade pictórica brasileira. O intuito deste texto é discutir tais presenças a partir da crítica de arte de Mário de Andrade, para quem a pintura foi ponta de lança do modernismo, e a música, ponto de contato entre a atualidade de pensamento e a realidade do país. Nesse sentido, a discussão de alguns conceitos musicais presentes ao longo de sua obra crítica – tais como polifonismo, musicalidade, entre outros – apresenta-se como essencial na análise de sua compreensão das artes visuais, bem como de algumas obras importantes da pintura moderna brasileira. Nome: Marcos Felipe de Brum Lopes E-mail: marcosfblopes@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: “Afrontou o sertão bravio”: imaginação geográfica e fotografias de uma expedição aos índios Carajá (1938) No âmbito de uma pesquisa sobre o fotógrafo austríaco Mario Baldi (1896 – 1957), este trabalho almeja articular o conceito de “imaginação geográfica” com fotografias produzidas numa expedição de filmagem dos índios

Carajá, realizada em 1938, nas margens do Rio Araguaia. Aborda-se a prática fotográfica de Mario Baldi por meio do conceito de mediação cultural, através da qual o fotógrafo narra, constrói e imagina o interior do território brasileiro a partir das noções de “sertão” e “civilização”. A fotografia desempenhou um papel importante na construção de uma geografia imaginada do Brasil, por meio da veiculação de imagens de partes de seu território ainda não conquistadas. Tomando as fotografias como destinadas a tornar visualizável o “sertão”, trata-se de identificar em que medida e de que maneira funcionaram como meios de imaginar – construir por imagens – a geografia e as populações indígenas da região do Rio Araguaia. Nome: Maria Antonia Couto da Silva E-mail: mariancouto@gmail.com Instituição: IFCH - UNICAMP Título: “Um espírito imparcial e as mais belas paisagens – considerações acerca do projeto editorial do livro-álbum Brasil Pitoresco, de Victor Frond e Charles Ribeyrolles” Pretendo neste trabalho analisar o projeto do livro-álbum Brasil Pitoresco, publicado entre 1859 e 1861, de autoria dos franceses Victor Frond e Charles Ribeyrolles, e realizado com o apoio do imperador D. Pedro II. Concebido como uma obra na qual as imagens teriam grande importância, e que procurava “atualizar” publicações como as de Debret e Rugendas, o livro causou grande impacto em sua época, tanto pelo texto como pelas litografias que o ilustraram, obtidas a partir de fotografias de Frond. Entre as ilustrações do livro, produzidas na França, podemos destacar a série de vistas do Rio de Janeiro e a que registra o trabalho escravo nas fazendas fluminenses, a mais conhecida atualmente. O livro teve muita repercussão em sua época, pelos temas tratados e pela abordagem crítica em relação à sociedade brasileira. A imprensa enfatizou o passado político de seus autores e o caráter liberal e abolicionista da publicação. As críticas foram muito positivas também em relação à nitidez e qualidade técnica das imagens. As litografias do Brasil Pitoresco, amplamente divulgadas, ganharam autonomia em relação ao livro, e trouxeram inovações formais que se revelaram importantes para a produção de pintores e fotógrafos do período, como Agostinho da Motta, Almeida Júnior e Marc Ferrez. Nome: Maria Cristina Miranda da Silva E-mail: crismiranda@superig.com.br Instituição: Colégio de Aplicação da UFRJ Título: A presença dos aparelhos e dispositivos ópticos no Rio de Janeiro do século XIX O estudo investiga a presença dos aparelhos e dispositivos ópticos no Brasil do século XIX, em especial na cidade do Rio de Janeiro, objetivando examinar os seus usuários e difusores, bem como as formas de observação e os contextos sociais de utilização dos mesmos. A pesquisa é fundamentada nos estudos do primeiro cinema e na obra do historiador da arte Jonathan Crary, nos ajudando a analisar o processo de recontextualização do uso dos dispositivos ópticos e o redimensionamento do observador da modernidade. O trabalho empírico consiste na análise dos pedidos de licença à Câmara Municipal do Rio de Janeiro para a exibição dos dispositivos, no período de 1830 a 1890, e no estudo sistemático de anúncios publicados no Jornal do Commercio, entre as décadas de 1850 e 1870. A pesquisa comprova uma relativa popularização dos referidos dispositivos e aparelhos, sobretudo nas festas de rua. Especial ênfase foi conferida à chegada da fotografia no Brasil e a precocidade com que a estereoscopia foi aqui desenvolvida pelo fotógrafo Revert Henrique Klumb. A partir dos anúncios publicados no Almanak Laemmert, entre os anos de 1844 e 1889, realizamos um levantamento dos estabelecimentos que importavam e comercializavam os aparelhos e dispositivos no período referido. Nome: Maria Teresa Ferreira Bastos E-mail: bastos.te@gmail.com Instituição: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e ECO/ UFRJ Título: Fotografia e Comunismo: imagens da Polícia Política no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro Esta comunicação objetiva desenvolver uma reflexão teórico-crítica tendo a fotografia como fonte primária e como corpus empírico os arquivos fotográficos da polícia política brasileira atuante de 1930 – 1983, sob custódia do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. Torna-se importante ressaltar a característica híbrida do acervo. São encontradas, lado a lado, imagens produzidas com o intuito de reconstituição policial ou espionagem e material apreendido em batidas policiais. No caso das apreensões, as muitas investidas na sede do Partido Comunista Brasileiro permitiram à Polícia constituir um acervo razoável da trajetória do PCB e, ironicamente,

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tornou-se sua maior guardiã. Mergulhar nesse acervo é extrair a visão da Polícia do que representava para ela seu maior fantasma: “o perigo vermelho”. Destaca-se no acervo, o trabalho do fotógrafo e cineasta Ruy Santos (1916-1989) que registrou em película muitas personalidades do PCB, entre elas, Jorge Amado, Luiz Carlos Prestes, Graciliano Ramos, além de momentos importantes da história do comunismo no Brasil. São imagens de manifestações públicas, bem como inúmeros portraits. Praticamente, as fotografias de sua autoria encontradas no APERJ são as únicas remanescentes de seu acervo, destruído em 1948, com sua prisão. Nome: Marilda Lopes Pinheiro Queluz E-mail: pqueluz@gmail.com Instituição: UTFPR Título: O olhar plural sobre o local: um estudo sobre os rótulos de cachaça das décadas de 1950 e 1960 O objetivo deste trabalho é investigar como as relações entre design, cultura e tecnologia estão presentes nos rótulos de Cachaça paranaenses das décadas de 1950 e 1960. O Brasil dos anos 1950 viveria um grande surto industrial, com fortes mudanças culturais e econômicas que se refletiram no design e nas artes gráficas. O design é uma parte integrante do processo de interação entre artefatos e pessoas, possuindo fortes implicações sociais. Alguns destes rótulos possibilitam um resgate não só do trabalho dos litógrafos, mas um olhar sobre as dimensões culturais e tecnológicas, como a convivência entre o moderno processo de offset e a litografia, um processo antigo, barato, simples, com caráter comercial e transitório, por exemplo. A tecnologia é um processo dinâmico, uma construção social, que envolve saberes e fazeres, a produção, os usos e a apropriação dos artefatos. Refletir sobre design e cultura nestas peças gráficas levou ao questionamento sobre a construção das identidades, e da própria idéia de nacionalidade. Os rótulos de cachaça, um produto considerado genuinamente brasileiro, dão visibilidade às tensões imbricadas nas representações de masculino e feminino, nos embates entre os estereótipos regionais e locais, urbanos e rurais, na diversidade cultural. Nome: Patrícia Câmera E-mail: patricia.camera@ufrgs.br Instituição: PUC-RS Título: O tempo como “categoria” analítica da memória: o caso da apresentação da identidade latino-americana na obra fotográfica do peruano Martin Chambi O objetivo do presente estudo é compreender parte do processo de construção da memória cultural do povo quéchua no contexto da IV Bienal de Artes Visuais do Mercosul (2003), considerando como objeto de estudo a obra “El Gigante de Paruro” (1925) do fotógrafo peruano Martin Chambi. Para desenvolver a análise leva-se em consideração a experiência da temporalidade na cultura humana, tendo como principais referenciais teóricos os estudos sobre tempo e memória realizados por Henri Bergson e Didi-Huberman. A visualidade do conjunto da obra de Martin Chambi é discutida no contexto histórico de produção comercial e de legitimação no circuito artístico contemporâneo. Também, algumas especificidades sobre o estatuto da fotografia são abordadas, passando por discussões pertencentes ao campo de execução (autor, referente, pose) e ao campo de difusão (comercial e artístico) deste meio. Levanta-se a problemática do sensível e da racionalidade humana referida à experiência do tempo na obra de Chambi, procurando apontar algumas contradições observadas na construção da memória visual do grupo indígena quéchua de Cuzco. Nome: Paula Martins de Barros Gioia E-mail: paulagioia@gmail.com Título: O Muro caiu e elas vieram: fotografias de brasileiras e turcas em Berlim Com o fim da Guerra Fria e a queda do muro de Berlim, a década de 1990 marcou o início de um intenso processo de “cosmopolitização” da capital da Alemanha reunificada. Imigrantes vindos de diversas partes do mundo encontram-se aí. Em minha recém-iniciada pesquisa, venho trabalhando com dois desses grupos de imigrantes: as mulheres brasileiras e as mulheres turcas vindas para Berlim entre 1989 e 2009. Entendendo e utilizando a fotografia como fonte e objeto da pesquisa histórica, investigo os álbuns fotográficos particulares dessas atrizes sociais, com o intuito de revelar por meio da imagem conflitos e jogos identitários existentes entre a experiência migratória e as idéias, expectativas e visões de mundo típicas de suas respectivas sociedades de origem. O regime visual é, portanto, o caminho escolhido para analisar as diferentes trajetórias e a comum escolha de Berlim como lugar de destino, assim como para desvendar as redes sociais por elas

aí tecidas. É também por meio da dimensão visual que busco comparar e analisar suas experiências vividas em Berlim com as imagens por cada uma delas autoconstruídas para enviar a sua respectiva terra natal. Ao Simpósio Temático proponho apresentar, portanto, conclusões parciais obtidas pela pesquisa até aqui. Nome: Pedro Alexander Cubas Hernández E-mail: pedritocubas@gmail.com Instituição: Centro de Estudos Afro-Orientais/UFBA Título: Brasil e Cuba (1920–1940): A representação da Miscigenação no vanguardismo pictórico Durante os anos vinte e trinta em Brasil quanto Cuba proliferou uma valoração positiva do discurso da miscigenação como eixo fundamental do processo de formação nacional. No Brasil, os Higienistas criticavam a miscigenação considerando-a uma doença que devia ser erradicada. Em Cuba quase ninguém mencionava a palavra miscigenação como um problema relevante para a Nação. As reflexões sobre o conceito contemporâneo da miscigenação superavam a questão da “raça” e cor da pele e começaram a se pensar como uma síntese cultural do processo histórico latino–americano. Na aquela época o escritor mexicano José Vasconcelos quase teorizava acerca duma Raça Cósmica (1925) e o poeta cubano Nicolás Guillén apresentava a metáfora da “cor cubana” (1931). Em tais contribuições é mais forte a perspectiva da cultura e suas relações com as identidades e o nacionalismo. Estas narrativas socioculturais, ideológicas e políticas se expressam nos aportes do vanguardismo pictórico latino-americano que funciona numa rede complexa e problemática de vínculos entre o artístico e o político onde os intelectuais pretendiam dignificar sua ruptura radical com as concepções elitistas e eruditas da “arte pela arte” para responder ao que seus antagonistas denominavam um simples delírio de originalidade. Nome: Renato Cymbalista E-mail: renato@polis.org.br Instituição: IFCH - UNICAMP Título: O martirológio de Benedito Calixto: identidade paulista e representações de mártires na Igreja de Santa Cecília em São Paulo Em 1907, Benedito Calixto recebe do arcebispo de São Paulo encomenda de decorar o interior da igreja de Santa Cecília. O conjunto realizado contém imagens do martírio de Santa Cecília, patrona da paróquia e morta no século III, cujo corpo foi encontrado incorrupto no século XVI na igreja que leva o seu nome em Roma. A igreja de São Paulo contém também pinturas que celebram a conversão e o martírio do jesuíta Pedro Correia, o primeiro mártir paulista, além de imagens dos doze primeiros papas romanos, sepultados na catacumba de São Calixto, assim como Santa Cecília. São também representados os doze primeiros bispos de São Paulo. Coroando o conjunto, a igreja de Santa Cecília recebe em 1909 as relíquias de S. Donata, mártir doada pelo vaticano para celebrar a promoção de S. Paulo à arquidiocese. Em um jogo visual que transcende tempo e espaço, Calixto insere São Paulo no corpo místico da Cristandade, e vai além: o pintor nasceu em 14 de outubro, dia do martírio de São Calixto, a quem deve seu próprio nome. Nasceu em Itanhaém, representada na imagem da conversão de Pedro Corrêa. Fundindo honras a São Calixto, São Paulo, Santa Cecília, os papas mártires e Pedro Correia, Benedito Calixto (que nunca havia ido a Roma) fez em Santa Cecília também um monumento pela salvação de sua própria alma. Nome: Rogério Pereira de Arruda E-mail: r.p.arruda@uol.com.br Instituição: UFMG Título: Belo Horizonte e La Plata em suas primeiras fotografias Esta comunicação apresenta duas experiências em torno do uso da fotografia. Uma em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, a outra, em La Plata, sede da província de Buenos Aires. O estudo da atuação do Gabinete Fotográfico, da Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), em Belo Horizonte, entre 1894 e 1897, e, dos álbuns executados pelo fotógrafo Tomás Bradley, sobre a construção de La Plata, entre 1882 e 1884, nos oferece a oportunidade de aproximar duas experiências latino-americanas em torno da produção simbólica então levada a efeito no processo de construção e de fundação das duas cidades. Tal produção se, por um lado, se relaciona com a criação de uma memória das origens, por outro, também estabelece o nascimento de uma cultura visual nas duas cidades capitais. Nome: Rogério Souza Silva E-mail: rogerhist@uol.com.br

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05 Instituição: Universidade do Estado da Bahia - UNEB Título: A revista Careta e a Revolução de 1930: as representações caricaturais da política e as esperanças de mudanças na vida republicana Esta comunicação pretende fazer uma discussão sobre o conjunto de imagens caricaturais produzidas pelo desenhista Alfredo Storni no semanário ilustrado carioca Careta durante os processos da Revolução de 1930. Em suas edições dos meses finais daquele ano, nomes centrais da política brasileira da época, como: Washington Luís, Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Júlio Prestes, Juarez Távora, entre outros, desfilaram nas páginas dessa revista representando diferentes papéis diante das agitações que o país vivia em tal contexto. As caricaturas criaram imagens negativas e positivas desses diferentes personagens, dando, como texto, possibilidades de leituras para entendermos outros ângulos de um dos episódios fundamentais do século XX no Brasil. Nome: Rosangela de Jesus Silva E-mail: rosangelad@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Imagens da construção de um ideal? A pintura de Angelo Agostini (1885 – 1909) Angelo Agostini(1842/3-1910), além de caricaturista, crítico de arte e jornalista, também foi pintor. Suas telas são pouco conhecidas, talvez pela quase ausência delas em coleções públicas, o que gera uma dificuldade principalmente para a realização de estudos sobre o artista. No entanto, quando se acompanha sua trajetória através da imprensa, são inúmeras as notas sobre sua atividade de pintor de retratos, assim como sua constante participação nas Exposições Gerais de Belas Artes entre 1890 e 1909. Entre as temáticas escolhidas pelo artista há paisagens, representação de gaúchos, índios e retratos. Enquanto figura atuante na sociedade carioca da segunda metade do século XIX teria o artista esboçado, através de sua pintura, seu ideal de nação? O objetivo dessa comunicação é apresentar algumas das telas do pintor e iniciar uma reflexão sobre suas escolhas pictóricas. Nome: Sandra Sofia Machado Koutsoukos E-mail: sandrakoutsoukos@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Negros Dahomeyans em exibição. Espetáculo e ciência na Exposição Universal de Chicago (1893) A partir de meados do século XIX, incrementou-se a exposição de pessoas, ao vivo ou em fotografia, como forma de entretenimento, de “estudo científico”, de registro antropológico, ou como objeto a ser incluído nos gabinetes de curiosidades e coleções. Com a organização das grandes exposições universais, displays de pessoas eram montados e explorados por meses a fio naqueles enormes centros de exibição da modernidade e do progresso. A exposição e o registro do “outro” explorava o suposto “primitivismo” daquelas pessoas, em contraste com a enorme quantidade de avanços tecnológicos, industriais, científicos e artísticos apresentados. Colocados no início da escala evolutiva humana, os índios, os negros, os outros povos colonizados e os “bizarros” (freaks) talvez fossem as exibições que mais despertavam a curiosidade do grande público que freqüentava as feiras. Tais exibições, a princípio, vinham cumprir a função de informar e suscitar o respeito por aquele “outro”, mas terminavam por incutir mais sentimentos de superioridade no branco de ascendência européia, ajudando a reafirmar teorias racistas então em voga e, assim sendo, “justificando” e “desculpando” o crescente imperialismo. Apresento os negros Dahomeyans exibidos na Exposição Universal de Chicago de 1893. Nome: Sonia Maria de Almeida Ignatiuk Wanderley E-mail: soniamaiw@gmail.com Instituição: Universidade do Rio de Janeiro - UERJ Título: Estética e Corporação: A imagem na construção de identidades da TV brasileira As imagens que forjaram as identidades visuais das primeiras emissoras de televisão no Brasil refletem não apenas a procura pela fidelidade do telespectador em um momento de afirmação do novo veículo no país e no mundo, mas, principalmente, refletem a constituição de significados que, rapidamente, se afastaram daqueles da “época do rádio”. Partindo do estudo acerca da construção das identidades visuais para as primeiras emissoras de TV do país, este trabalho procura desvelar elementos constitutivos da relação entre os campos político e cultural brasileiros entre as décadas de 1950 e 1970.

Instituição: Museu Nacional / UFRJ Título: “Paraiba en Brasil: uma visita ao ‘Gabinete de Curiosidades’ de Jan Van Kessel” Durante o período nassoviano houve uma extraordinária produção de registros sobre as terras brasílicas. Muito mais do que os textuais foram os registros iconográficos os mais relevantes –– cartografia, pinturas e gravuras retrataram os costumes, os habitantes, flora, fauna e arquitetura. Esse testemunho não só difundiu o Brasil e, mais precisamente, o nordeste, mas imprimiu no imaginário europeu uma visão muito rica e particular, possibilitando a muitos que cá não estiveram a construção de uma imagem do novo mundo. Entre esses, Jan Van Kessel (1626-1679), um artista da Antuérpia, confeccionou quatro painéis representando uma síntese dos quatro continentes. O artista organizou a composição das pinturas à feição dos mapas holandeses: uma figura central cercada por dezesseis quadros menores. A Europa e a Ásia estão centralizadas nas “cidades-símbolo”, respectivamente, Roma e Jerusalém, a “Paraiba en Brasilæ” é o tema central do painel dedicado à América. A imagem apresentada aí é evocadora de um “Gabinete de Curiosidades”, uma câmara de arte ou de maravilhas. O objetivo do trabalho é o de proceder a análise iconográfica dessa imagem, refletindo, a partir de conceitos teóricos, acerca de sua importância documental e da sua articulação com a cultura visual do período. Nome: Valéria Alves Esteves Lima E-mail: valeria-esteves@uol.com.br Instituição: Universidade Metodista de Piracicaba Título: Notas sobre Arte e Política na América Oitocentista A história da arte na América Latina, bem como o estudo do estatuto da imagem nos países de colonização ibérica, é indissociável das análises em torno da circulação e difusão de teorias, modelos e pessoas no continente, desde o período colonial. No século XIX, esse movimento está vinculado às estreitas relações entre arte e política, no momento de consolidação dos processos de independência e de afirmação de projetos de nacionalidade nos novos Estados. O presente trabalho procura desenvolver as idéias acima, abordando a oficialização do ensino artístico e, ao mesmo tempo, de uma estrutura moderna das artes no novo continente, como desdobramento inquestionável de uma estreita relação entre arte e política. Busca-se repensar a associação que em geral se faz entre vínculo político e falta de qualidade estética, e mesmo histórica, desta produção artística, enfatizando os diálogos e as transferências entre os diferentes contextos (europeu e americano), bem como a natureza essencialmente política dos contatos artísticos então realizados. Para tanto, serão acompanhadas as trajetórias de dois artistas, estrangeiros cuja atuação foi de extrema significação para os contextos artísticos do Brasil e do Chile em meados do s. XIX: Alexandre Cicarelli e Raymond A. Quinsac de Monvoisin. Nome: Wagner do Nascimento Rodrigues E-mail: wnr80@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Gatilhos da Memória: narrativas e representações fotográficas de velhos ferroviários Este trabalho trata da primeira fase de pesquisa da tese de doutorado “Território, Capitais e Trilhos”. Dois velhos ferroviários e uma filha de ferroviário – todos da antiga Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte na década de 1950 – foram entrevistados, e uma das estratégias de abordagem foi o uso de fotografias acerca do seu universo de trabalho e das atividades de lazer decorrentes. Analisaremos nesse artigo as representações e simbologias contidas em um grupo de trinta e quatro fotografias, as narrativas derivadas, direta ou indiretamente, da relação da memória dos entrevistados com essas imagens e os mecanismos alternativos de leitura das fotografias, já que um dos entrevistados é semi-cego.

Nome: Thereza Baumann E-mail: tbbaumann@uol.com.br

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06. Dinâmica imperial no Antigo Regime portuguĂŞs: sĂŠculos XVI-XVIII Roberto Guedes Ferreira - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (robguedes@superig. com.br) Maria de FĂĄtima Silva Gouvea – Universidade Federal Fluminense 2 6LPSyVLR DOPHMD HQWHQGHU D GLQkPLFD SROtWLFD H HFRQ{PLFD GR LPSpULR XOWUDPDULQR OXVR H GDV LQVWkQFLDV TXH LQĂ XtUDP HP WDO GLQkPLFD 3ULRUL]DQGR RV VpFXORV ;9, DR ;9,,, SDUWH VH GR SUHVVXSRVWR GH que a organização do impĂŠrio luso da ĂŠpoca foi presidida por concepçþes de monarquia (universus) e GH DXWR JRYHUQR GDV FRPXQLGDGHV UHS~EOLFD (P RXWUDV SDODYUDV VH SUHWHQGHP DQDOLVDU D DWXDomR GDV FkPDUDV PXQLFLSDLV DEDVWHFLPHQWR RUGHQDQoDV MXVWLoD RUGLQiULD HWF H GDV KLHUDUTXLDV VRFLDLV D HODV VXEMDFHQWHV QD GLQkPLFD LPSHULDO OXVD 'D PHVPD IRUPD R 6LPSyVLR GLVFXWLUi D FRQH[mR GH WDLV UHS~EOLFDV FRP RV SRGHUHV GR FHQWUR &RURD ,JUHMD FDVDV DULVWRFUiWLFDV HWF H DV UHGHV FRPHUFLDLV QD gestĂŁo da monarquia pluricontinental. HĂĄ menos de dez anos, provavelmente, isto causaria surpresa QR PHLR DFDGrPLFR (P Ă€QDLV GR VpFXOR ;; GLĂ€FLOPHQWH DOJXpP TXH WLYHVVH D WHRULD GD GHSHQGrQFLD como referĂŞncia pensaria na possibilidade da periferia, e de suas respectivas elites locais, interferir nos rumos da economia do mundo europĂŠia. PorĂŠm, o surgimento da noção de autoridades negociadas *UHHQH &I WDPEpP +HVSDQKD (OOLRW SRVVLELOLWRX HQWHQGHU D JHVWmR GRV LPSpULRV XOWUDPDULQRV VRE QRYDV SHUVSHFWLYDV ,VWR p DR ODGR GR SUtQFLSH H GRV FRQVHOKRV SDODFLDQRV GR UHLQR RV SRGHUHV ORFDLV WDPEpP DWXDYDP QD JHVWmR GD GLQkPLFD LPSHULDO +RMH HP GLD p FDGD YH] PDLV GLIXQGLGD D FRQFHSomR GH TXH 0RQDUTXLD &RUSRUDWLYD SUHYDOHFLD QR 6XO GD (XURSD /HLD VH R SUtQFLSH HUD D FDEHoD GD VRFLHGDGH PDV QmR VH FRQIXQGLD FRP HOD $V FRPXQLGDGHV WLQKDP D FDSDFLGDGH GR DXWR JRYHUQR H GH LQWHUSUHWDUHP R JRYHUQR GR SUtQFLSH /H 5R\ /DGXULH /HPSpULqUH 6NLQQHU ,VWR YDOLD QmR Vy SDUD R 9HOKR 0XQGR PDV WDPEpP SDUD DV FRQTXLVWDV DPHULFDQDV H GHPDLV SDUWHV GR LPSpULR XOWUDPDULQR 3RU Ă€P R 6LPSyVLR LQWHJUD SHVTXLVDGRUHV GR JUXSR $QWLJR 5HJLPH QRV 7UySLFRV &HQWUR GH (VWXGRV VREUH D 'LQkPLFD ,PSHULDO QR 0XQGR 3RUWXJXrV VpFV ;9, ;,;

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Barreto de Souza E-mail: adrianaabarreto@gmail.com Instituição: UFRRJ TĂ­tulo: Ordenanças, tropas de linha e auxiliares – mapeando os espaços militares do Antigo Regime luso-brasileiro O modelo de “ser militarâ€? da atualidade em geral nĂŁo ĂŠ pensado como um produto historicamente datado, resultado de uma sĂŠrie de açþes polĂ­ticas implementadas ao longo do sĂŠculo XIX. Desse modo, idĂŠias tradicionalmente associadas Ă carreira militar – como o domĂ­nio de conhecimentos tĂŠcnicos especĂ­ficos, a incorporação de valores e atitudes orientados por uma disciplina rigorosa e a forte unidade corporativa – sĂŁo naturalizadas e automaticamente transferidas para a anĂĄlise de forças militares das sociedades prĂŠ-industriais. A proposta desta comunicação ĂŠ, atravĂŠs de uma anĂĄlise da legislação referente ao tema, refletir sobre a cultura militar que teria estruturado as forças militares portuguesas entre os sĂŠculos XV e XVIII, uma cultura de Antigo Regime. Nome: Adriano Comissoli E-mail: adrianocomissoli@yahoo.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: Ensaio sobre a mediação: alianças entre famĂ­lias de elite e magistrados no extremo sul do Brasil entre 1808 e 1831 O fenĂ´meno de brokerage implica a mediação entre um espaço social de alcance limitado e outro de maior amplitude. No estudo em curso estamos aplicando tal leitura Ă conexĂŁo proporcionada ao Rio Grande de SĂŁo Pedro com a Corte do Rio de Janeiro. Demonstramos como a tessitura de laços familiares entre magistrados nomeados pelo poder central e famĂ­lias de elite localmente enraizadas cria uma ponte que integra ambos os espaços oferecendo-lhes um sentido de unidade. Da parte dos magistrados esta uniĂŁo com a elite local permitiu a ascensĂŁo aos primeiros cargos polĂ­ticos de tipo representativo surgidos apĂłs a emancipação polĂ­tica do Brasil frente a Portugal. Da parte dos estancieiros-militares componentes da elite abriu-se uma possibilidade de expressĂŁo polĂ­tica de acordo com um novo linguajar que rapidamente se disseminava nos agitados anos de 1820 e 1830. Embora voltado ao Rio Grande de SĂŁo Pedro o estudo demonstra a viabilidade da aplicação do fenĂ´meno a outras provĂ­ncias do

ImpĂŠrio brasileiro. Nome: Anderson JosĂŠ Machado de Oliveira E-mail: anderclau@alternex.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO TĂ­tulo: Padre JosĂŠ MaurĂ­cio: “limpeza de corâ€?, mobilidade social e recriação de hierarquias na AmĂŠrica Portuguesa A comunicação proposta, atravĂŠs da trajetĂłria do mulato JosĂŠ MaurĂ­cio Nunes Garcia, pretende refletir sobre como o acesso Ă s funçþes sacerdotais permitiu a segmentos da “população de corâ€? empreender processos de mobilidade social na AmĂŠrica Portuguesa. Da mesma forma, refletirĂĄ sobre o processo de recriação de hierarquias numa sociedade com traços de Antigo Regime onde, como afirma Giovanni Levi, as estratĂŠgias dos grupos subalternos, embora nĂŁo tenham subvertido o processo de dominação, impuseram condicionamentos e modificaçþes Ă s estruturas de poder. Nome: Anna Laura Teixeira de França E-mail: laureanna26@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco TĂ­tulo: Redes familiares e enriquecimento na formação do grupo mercantil no Recife colonial O objetivo deste trabalho ĂŠ analisar a formação e organização da sociedade recifense apĂłs a Restauração Pernambucana, existindo entĂŁo a abertura, a partir da expulsĂŁo de holandeses e judeus, de “nichosâ€? econĂ´micos e sociais no meio urbano colonial. É nesse contexto que se pode perceber o conjunto de estratĂŠgias de acesso e defesa de posição, que culminarĂĄ em Pernambuco, em princĂ­pios do sĂŠculo XVIII, na denominada Guerra dos Mascates. Para os comerciantes que residiam no Brasil, existia uma maior possibilidade de se estabelecerem como parte da elite dominante. Em vista dessa perspectiva, vĂĄrios foram os que se tornaram membros de confrarias ou irmandades religiosas, nas quais conseguiam alcançar os cargos mais prestigiosos. Muitos tambĂŠm se tornaram membros de câmaras municipais e, ainda, conseguiram habilitaçþes para as Ordens Militares de Portugal e Familiar do Santo OfĂ­cio. Podemos assim entender que, apĂłs a reconquista da capitania do poder dos holandeses, a povoação do Recife se tornarĂĄ um “celeiroâ€? para novas oportunidades de sucesso econĂ´mico e social para os colonos portugueses e que serĂŁo tambĂŠm alcançadas por alguns indivĂ­duos naturais deste ambiente urbano colonial.

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06 Nome: Bartira Ferraz Barbosa E-mail: bartiraferraz@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: Missionação na capitania de Pernambuco – o Convento de São Francisco em Olinda No século XVI o projeto missionário para a Terra de Santa Cruz se inscreveu no coração da política do padroado que atendia aos objetivos de ampliação dos domínios da Igreja e o da monarquia portuguesa. A missão da Igreja, enquanto projeto missionário era, principalmente, a de conversão dos nativos. Para tanto, a coroa portuguesa os financiou no Brasil colônia, fazendo jus à bula Inter Coetera de 1493, no qual os soberanos de Portugal e Castela ficaram encarregados das ações de povoar e de evangelizar as terras ‘descobertas’ e as por ‘descobrir’. Esta bula, portanto, trata também do direito do padroado e da política de ampliação dos domínios da Igreja Católica Apostólica Romana, já definida para a África explorada pelos portugueses, onde também ocorriam ações missionárias. As missões religiosas foram sendo construídas na Capitania de Pernambuco ocupando terras no sentido do litoral ao sertão, nelas as artes podem refletir as relações entre a Igreja, o Estado e a Sociedade colonial. Nome: Carmen Margarida Oliveira Alveal E-mail: carmenalveal@cchla.ufrn.br Instituição: UFRN Título: O sistema de comunicações jurídicas e o instituto sesmarial no Império Atlântico português As comunicações jurídicas constituíam-se numa diversa gama de mecanismos de trocas de informações jurídicas, incluindo instruções reais aos governadores, ordens régias, decisões resultantes de casos de apelação e, sobretudo, petições, todos utilizados na construção do Império português, fortalecendo os laços administrativos com suas colônias. Tendo como tema as sesmarias, pretende-se analisar como as comunicações jurídicas funcionavam dentro do sistema de administração lusitana, mostrando as possibilidades e limitações oferecidas aos administradores régios coloniais e até mesmo aos súditos. Será analisada a atuação da principal agência metropolitana, o Conselho Ultramarino, responsável pela administração das colônias, a partir do século XVII. Criado em 1642, foi o principal canal de comunicação entre as regiões coloniais e a metrópole e, por meio de documentos produzidos por esta agência e recebidos por ela, procura-se analisar a consolidação do Império português e a forma como se dava a administração colonial por parte da metrópole. Ao mesmo tempo, a eficácia do controle português sobre as colônias requereu o desenvolvimento de um conjunto de técnicas de comunicações jurídicas no tocante ao sistema de distribuição de sesmarias. Nome: Clara Maria Farias de Araújo E-mail: clmfa@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Homens de negócio e hierarquias de cor em Pernambuco no século XVIII Consultando a Coleção Patentes Provinciais, encontramos uma representação dos homens de negócio da praça do Recife solicitando em 1777 ao então governador da capitania, José César de Menezes, a conservação do preto forro Domingos Ferreira Ribeiro no posto de governador dos ganhadores da mesma praça pela utilidade do bem público. O posto era reservado a homens de cor e a manutenção da disciplina e a organização dos grupos de trabalho sob seu governo compunham algumas de suas funções. O termo ganhadores incluía uma diversidade de ofícios que, no momento estudado, de reorganização do mundo do trabalho urbano em Pernambuco, eram responsáveis pela realização de serviços e venda de mercadorias indispensáveis à população e relacionados ao abastecimento interno. Braudel, ao analisar a ligação entre produtores e homens de negócio na Europa, o que permitia a estes, acesso direto ao produto acabado, demonstra como este circuito era integrado aos grandes circuitos comerciais. O que nos faz pensar sobre os vínculos entre abastecimento interno e comércio ultramarino e que a intervenção na nomeação do governador dos ganhadores se insere nesta dinâmica, em que os homens de negócio buscam através do governador controlar o comércio responsável pelo abastecimento da cidade. Nome: Claudia Cristina Azeredo Atallah E-mail: claudiaatallah@click21.com.br Instituição: UFF Título: Inconfidência em Sabará: uma Representação dos “humildes e fiéis vassalos de Vossa Majestade”

A presente comunicação pretende discutir uma Representação ao Rei, elaborada por alguns homens bons de Sabará, sede administrativa da Comarca do Rio das Velhas, na capitania de Minas Gerais. Sem data definida, mas provavelmente elaborada entre os anos de 1772 e 1775, o documento acusa severamente o ouvidor da Comarca, José de Góes Ribeiro Lara de Moraes e o vigário geral José Correia de Lima de cometerem uma série de crimes contra a coroa na comarca sob suas jurisdições e de blasfêmias contra o Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo. Além dessas informações, a Representação nos revela a formação de redes clientelares e políticas que envolviam, de um lado, alguns homens representantes do poder local e, de outro, o ouvidor, o vigário e os membros da câmara. Conflitos de poder que demonstravam o quanto eram efêmeras as fronteiras entre as representações de poder nesse universo político de Antigo Regime, práticas que as reformas do Marquês de Pombal procuraram combater. As acusações feitas na Representação culminaram com a condenação pelo crime de Inconfidência dos dois oficiais régios em 1776, fruto desse mesmo contexto de reformas. Nome: Elmar Figueiredo Arruda E-mail: elmarfigueiredo@ig.com.br Instituição: Escola Estadual Jercy Jacob Título: O mundo do crédito: análise dos mecanismos financeiros na capitania de Mato Grosso Pense rápido: o que é melhor, vender a vista ou a prazo? E se lhe dissesse que estamos no século XVIII, o que seria melhor para o comerciante e para a população da época, a vista ou a prazo? Pois bem, provavelmente a resposta seria a mesma. Os mecanismos de lucros que conhecemos hoje, boa parte deles já se faziam prática na época. Juros, multa, penhora, compra parcelada, trocas enfim tudo isso e muito mais. A nossa pesquisa se resume à “praça” de Mato Grosso, onde os preços eram majorados por ser área de garimpo. O comerciante, o mascate, o tropeiro vendem fiado e querem vender fiado, pois a moeda de pagamento é o ouro. A coroa por diversas vezes tenta coibir, até tabelando as mercadorias vendidas na capitania. O livro borrador dos comerciantes, as listas de mercadorias retidas ou não para pagar imposto nos registros de entrada, a cobrança de dividas pela provedoria (inclusive o juizado dos órfãos e defuntos), os tipos de gêneros que se vendem nas lojas de secos e molhados, constituem nossas fontes documentais. Enfim esta comunicação tem como objetivo apresentar algumas análises acerca dos dados da pesquisa que vem sendo desenvolvidas sobre os mecanismos de lucros utilizados pelos comerciantes e as formas de créditos obtidos pela população. Nome: Érika Simone de Almeida Carlos Dias E-mail: erikasimonedias@gmail.com Instituição: Arquivo Histórico Ultramarino Título: A câmara do Recife e a coroa portuguesa: negociação e acomodação no reinado de D. Maria I Tentando compreender o governo das gentes no império português, este trabalho pretende analisar a negociação que a Câmara do Recife fez com a Coroa portuguesa no último quartel do século XVIII, principalmente após a extinção da Companhia pombalina, no que concerne a manutenção de seus privilégios e os deferimentos dos seus pedidos nos tribunais do Reino. Procuraremos analisar, através das cartas da câmara, as principais da capitania, dirigidas à rainha, e as respostas desta, através de seus tribunais (conselho Ultramarino) e Secretarias (da Marinha e Ultramar principalmente), quais as políticas para aquela periferia e como os moradores receberam e ajustaram, quando necessário, tais ordens vindas do centro do império. Para tal utilizaremos principalmente os códices do Arquivo Histórico Ultramarino, os livros de consultas, de cartas dos secretários da Marinha, responsáveis pela administração ultramarina e a correspondência do governador José César de Meneses, encarregado pela governação da capitania. Com o objetivo de apreender como a capitania de Pernambuco, que outrora tinha tido grande relevância econômica, procurava manter alguma desta importância a fim de ter seus pedidos atendidos pela Coroa. Nome: Fábio Pesavento E-mail: ffpesavento@yahoo.com.br Instituição: ESPM Título: Para além do Império Ultramarino Português: as redes trans e extra-imperiais no século XVIII O processo de crescente interação comercial entre as diferentes praças do império ultramarino português, ao longo do século XVIII, foi obtido, grosso modo, a partir das atividades dos vários agentes ligados através de redes de negócio. Essas redes poderiam cobrir grandes distâncias, em

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continentes diferentes, dentro e fora de um determinado império. Com base na amostra coletada, foram identificadas três dimensões básicas de interação de redes: transimperial, extra-imperial e intra-imperial. As redes trans-atlânticas de transporte imperial englobam agentes que estão localizados dentro e fora de um determinado império, mas estão conectados. É o caso de uma casa de negócios estrangeira situada em Lisboa, por exemplo. A rede trans pode ser “quebrada” em duas menores: redes extra-imperial e intra-imperial. Extra-imperial se refere à operação de aquisição de bens fora de um império, enquanto que por intra-imperial entende-se a operação de redistribuição desses bens para outras regiões, todas dentro do império. O objetivo do presente trabalho é apresentar o conceito de redes trans, extra e intra-imperial assim como mostrar alguns exemplos daquelas redes atuantes no império ultramarino português durante o século XVIII. Nome: Helen Osório E-mail: hosorio@via-rs.net Instituição: UFRGS Título: Guerra, mercês e negócios: a construção de uma elite econômica na fronteira meridional do império português Na conflituosa conformação da fronteira meridional do império português e estabelecimento da capitania do Rio Grande de São Pedro, a guerra e as mercês foram elementos importantes para a constituição da elite econômica. Fossem estancieiros, grandes detentores de rebanhos e terras, ou comerciantes, todos se envolveram na guerra e seus serviços, tentando obter graças variadas. Para compreender a formação da elite econômica e delinear seu perfil, analisar-se-á a naturalidade de seus membros, seu acesso a mercês, sesmarias, participação em tropas de auxiliares e cargos da governança local. Através de inventários post-mortem se podem traçar as características econômicas de sua atuação: montante do patrimônio, ramos de investimentos, alocação do patrimônio produtivo, número de escravos, entre outros aspectos. Nome: Isnara Pereira Ivo E-mail: narapivo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: O ouro de boa pinta e a abertura das minas baianas. Século XVIII A presente comunicação faz parte de um estudo mais amplo que analisa as conexões estabelecidas entre os sertões baianos e a região das minas do ouro. Os sertões em análise – Sertão de Minas Novas, Sertão da Ressaca e Alto Sertão da Bahia – foram territórios de conflito de interesses privados e palcos de uma ordem pública distante e pouco definida para estes lugares. Durante todo o século XVIII, as distantes comarcas do Serro do Frio e de Jacobina outorgavam para si a tutela administrativa dos sertões norte mineiro e baiano. O domínio político exercido pelos potentados locais escapava ao controle das iniciativas públicas dos governantes que pouco sabia acerca dos limites e fronteiras de suas atribuições. Indefinições que alimentaram os constantes debates acerca da jurisdição dos sertões e envolveram o governador de Minas Gerais e o vice-rei do Brasil e governador da Bahia, objeto de análise desta comunicação. Nome: Jeannie da Silva Menezes E-mail: jeanniemenezes@yahoo.com.br Instituição: UFRPE Título: As mulheres, as mentalidades ibéricas e a ‘boa ordem’ colonial – os usos do direito do reino na justiça local de Pernambuco no século XVIII Entre as possibilidades de abordagem das conexões imperiais e atlânticas no Antigo Regime, selecionamos neste trabalho as práticas e usos sociais que permearam o horizonte do Direito do Reino na justiça local das capitanias na América Portuguesa. Propomos uma abordagem que enredam os instrumentos normativos contidos nas Ordenações Filipinas elaboradas no Reino e as práticas da justiça empreendidas pelos súditos, especificamente as mulheres, da capitania de Pernambuco, sugeridas numa correspondência administrativa e judicial, produzida no século XVIII. O eixo de nossa discussão serão algumas experiências vividas na América Ibérica que nos remetem para os impasses entre as concepções da representação feminina nas mentalidades sócio-políticas ibéricas e as carências da situação colonial. Extrapolando os limites que a noção de Imbecillitas Sexi oferecia, a aparição de mulheres naquela correspondência requisitando propriedades, privilégios, direitos pode indiciar novos modos de ver as relações que os moradores das capitanias detinham com as instituições jurídicas manipulando as normas escritas, invocando o costume, interferindo nas decisões dos juízes, e até mesmo reelaborando a cultura jurídica européia para o contexto colonial.

Nome: João Luís Ribeiro Fragoso E-mail: jl.fragoso@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Nobreza Principal da terra e pretos: hierarquia social costumeira numa sociedade rural (Rio de Janeiro, século XVIII) Estudo da hierarquia social costumeira nas freguesias rurais do Rio de Janeiro considerando a ação dos escravos e das famílias de conquistadores da capitania. Para tanto é utilizada a noção de paternalismo de Eugene Genovese e de auto-governo da segunda escolástica Nome: Jonas Moreira Vargas E-mail: jonasmvargas@yahoo.com.br Instituição: UFRGS Título: “Entre pampas e sertões”: notas comparativas sobre as elites políticas do Rio Grande do Sul, da Bahia e do Ceará (1840-1889) A presente pesquisa apresenta uma comparação prosopográfica entre as elites políticas do Rio Grande do Sul, do Ceará e da Bahia durante o Segundo Reinado. Tal investigação possibilitou perceber que, apesar de algumas semelhanças, as mesmas também apresentavam traços peculiares de acordo com a sua formação histórica e social. A significativa presença de padres entre os cearenses, de magistrados entre os baianos e de militares entre os gaúchos revela que cada província apresentava agentes ligados a atividades profissionais que detinham um potencial eleitoral significativo em suas localidades. A existência de diferentes atributos carismáticos e de prestígio social nas províncias refletia-se no perfil sócio-político de suas elites. Portanto, enquanto na Bahia, os magistrados com vínculos nos engenhos de açúcar lideraram a política, no Sul os militares exerceram importante papel. O clero obteve destaque no Ceará, que décadas depois teria no padre Cícero uma figura política expressiva. Estas tendências muitas vezes podiam revelar características seculares das famílias da elite nos ajudando a perceber permanências de certos traços históricos que ligavam as ocupações profissionais ao prestígio político local e ao próprio status social. Nome: José Eudes Arrais Barroso Gomes E-mail: eudes.gomes@bol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: As armas e o governo da República: tropas locais e governação no Ceará setecentista Nas diferentes paragens do império ultramarino português na modernidade, as “armas”, isto é, as suas forças bélicas, cumpriram o papel de instrumento de dominação, hierarquização social e manutenção da soberania lusitana. Tomando como objeto específico de análise a capitania do Ceará setecentista, este trabalho procura discutir a participação das suas tropas locais (milícias e ordenanças) na prestação de uma grande variedade de serviços no governo da “República”, concebida como o “corpo” social formado pelas comunidades locais. Acionada a partir da noção de “bem comum”, a realização de tais serviços revela que a efetivação das ordens de capitães-mores e ouvidores junto às comunidades locais era flagrantemente dependente da autoridade dos potentados sertanejos investidos das patentes do oficialato das tropas formadas localmente. A consideração desse tipo de participação dos poderosos locais no governo das terras evidencia, assim, os jogos de negociação política envolvidos na viabilização das autoridades e na definição dos limites de governabilidade da capitania. Nome: José Roberto Pinto de Góes E-mail: joserobertogoes@gmail.com Instituição: UERJ Co-Autoria: Maria Fernanda Vieira Martins E-mail:fernandavmartins@uol.com.br Instituição: UERJ Título: Escravidão, cultura jurídica e relações sociais As atas das seções do Conselho de Estado do Império do Brasil são há muito conhecidas pelos historiadores e têm sido fonte importante de inúmeros estudos sobre o nosso passado. O Conselho de Estado chamava a si a responsabilidade pela consolidação do Estado Nacional, à luz dos princípios da civilização ocidental e do progresso. Não podia, pois, ignorar o problema da escravidão. As ambigüidades, as contradições e os impasses em que se viam metidos os conselheiros, registrados em ata, abrem uma larga janela à compreensão da sociedade brasileira que existiu durante a maior parte do século XIX. Foi isso que nos chamou a atenção, em primeiro lugar, e é do que trata o trabalho a ser apresentado. Nome: Mafalda Soares da Cunha E-mail: mafaldascunha@mail.telepac.pt

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06 Instituição: Universidade de Évora Título: Nobreza(s) e governo das conquistas da monarquia portuguesa, séculos XVI-XVII Esta comunicação tem por objetivo destacar a diversidade de estratégias políticas e sociais em jogo nos diferentes espaços extra-europeus da monarquia em diferentes conjunturas pela comparação dos perfis sociais e dos processos de recrutamento dos governantes das conquistas portuguesas em Marrocos, nos arquipélagos norte-atlânticos, Atlântico Sul e no Estado da Índia ao longo dos séculos XVI e XVII. Para tal analisar-se-ão os processos de candidatura e de tomada de decisão institucional, atendendo às imagens e representações sobre os distintos espaços veiculadas pelos sucessivos intervenientes nesse processo de comunicação política. Nome: Marcello José Gomes Loureiro E-mail: marcelloloureiro@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Título: A Segunda Escolástica, a Monarquia Barroca e a Idiografia do Prata no Século XVII Os trabalhos clássicos existentes sobre as conexões entre o Prata e a América portuguesa se concentram primordialmente em aspectos econômicos. Não questionamos o interesse econômico português no Prata, mas procuramos evidenciar três outros aspectos dessa problemática que precisam ser incorporados à historiografia atinente. Primeiro, que a gestão do problema platino pela Coroa portuguesa precisa ser analisada dentro da perspectiva de Império, portanto encadeada com a própria gestão do Atlântico. Depois, que o Prata pode ser visto como área de conquista, incorporando-se como região atrativa dentro de uma “cultura de serviços”, típica da monarquia portuguesa. Por fim, que a análise da construção da política portuguesa para o Prata a partir das informações que circulavam nos Conselhos constituintes do poder polissinodal pode permitir a visualização do lineamento e da dinâmica dessa mesma política no tempo, ou seja, de sua história. Nesse sentido, esta comunicação versa sobre a produção do saber nos órgãos consultivos da monarquia portuguesa que, dotados de auto-governo, gerenciaram a questão do Prata na pauta política da Coroa na segunda metade do século XVII. Nome: Marcio de Sousa Soares E-mail: soaresmsousa@gmail.com Instituição: UFT - Universidade Federal do Tocantins Título: O fantasma da reescravização: alforria e revogação da liberdade nos Campos dos Goitacases, 1750-1830 Os estudos clássicos sobre a alforria no Brasil consagraram a imagem de uma suposta facilidade com que os senhores praticavam a reescravização. Tal assertiva sempre foi feita com base no famoso título 63 do Livro IV das Ordenações Filipinas sem que fossem apresentadas quaisquer evidências empíricas para comprovar se era mesmo fato tão corriqueiro a revogação da alforria por ingratidão, como se supunha. O referido dispositivo das Ordenações bastava como prova da precariedade jurídica e social da condição de forro. A partir do exame da documentação cartorária, procuro demonstrar que a reescravização legal ou ilegal de libertos era algo dificílimo de ser feito. Em larga medida pela tenacidade dos libertos ameaçados na preservação da alforria, como também porque não era de interesse da maior parte dos senhores, salvo quando sua autoridade como patrono fosse abertamente desafiada por uma atitude considerada injuriosa. Argumento que, aos senhores de escravos, interessava muito mais a possibilidade da revogação da alforria do que a sua realização propriamente dita. Com efeito, embora legal ou dolosamente, a alforria pudesse ser revogada, os ganhos materiais e políticos auferidos pelos senhores seriam bastante limitados, se tais acordos não fossem freqüentemente respeitados. Nome: Marcos Aurélio de Paula Pereira E-mail: markynhos@bol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Rede de intrigas: ethos nobiliárquico e intrigas na corte de D. João V sobre as mercês e cargos no Império Este trabalho aborda a política portuguesa na primeira metade do setecentos e as discussões acerca dos melhores postos, honras e mercês dos nobres a serviço do reino, fosse na Europa ou no ultramar. Através da biografia política do Conde de Assumar, D. Pedro Miguel de Almeida Portugal, adentramos no funcionamento da corte joanina e as intrigas, partidos e situação de pressão entre os nobres da época. Norbert Elias no seu o Processo Civilizador explica que a interdependência dos indivíduos da sociedade de corte fazia dela o local social onde teriam a oportunidade de satisfazer suas necessidades. A vontade de preservar seu prestígio e de se distinguirem

motivava os nobres mais do que os interesses econômicos. Nesse meio a competição pelo favorecimento do monarca levou a substituição do conflito direto pela artimanha das intrigas. O Conde de Assumar e muitos outros próximos a ele viveram tais situações. Ao longo de seu reinado D. João V se reunia com seus amigos e conselheiros para discutir quem achava que melhor o servia. Em sua correspondência particular com o amigo e secretário Cardeal da Mota notam-se os partidos, preferências e antipatias vividas entre o monarca e a nobreza. Tudo isso tem servido para entendermos os melindres da política no império português do Antigo Regime. Nome: Maria Aparecida Rezende Mota E-mail: cidamota@centroin.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: A historiografia portuguesa oitocentista, as “causas da decadência” do Império Atlântico e “o sentido da colonização” do Brasil: apontamentos para o debate historiográfico Até que ponto a historiografia portuguesa forneceu bases para modelos que até pouco tempo predominavam nos estudos sobre o Brasil colônia? Do século XIX, quando se fixaram aqui parâmetros para a escrita da “biografia da nação”, até pesquisas atuais, interessadas na problematização dessas narrativas fundadoras, seria possível observar um diálogo intermitente com a historiografia portuguesa do XIX? Se românticos e modernos inauguraram uma história empenhada em afirmar a singularidade do Brasil (raça, língua e paisagem) em relação a Portugal, esse confronto identitário cedeu lugar, a partir dos anos 30 do século XX, ao trinômio: economia mercantil-metrópole-colônia, fundamento da lógica de nossa formação e trajetória. O exame dessa tradição de interpretação do Brasil pode, entretanto, se beneficiar da análise de discursos elaborados sob o signo do “decadentismo” lusitano. Nossa investigação dirige-se, portanto, para temas presentes em Alexandre Herculano, Antero de Quental e Oliveira Martins – em especial, o papel dos poderes locais e as “conseqüências morais” da escravidão no Império Português –, com o objetivo de discutir possíveis conexões entre esses enunciados e a emergência de um determinado padrão explicativo da sociedade colonial na historiografia brasileira. Nome: Maria das Graças Souza Aires de Araújo E-mail: gracaaires@bol.com.br Instituição: UNIVERSO Título: Relações políticas e sociais estabelecidas entre o Estado Português e Ordem Carmelita em Pernambuco entre 1580-1727 A presente pesquisa tem por objetivo analisar a relação existente entre o Estado Português e a Igreja Católica no processo de fixação e expansão da Ordem Carmelita, em Pernambuco, entre os anos de 1580 e 1727. Ao longo do trabalho buscamos entender a dinâmica política e social empreendida pelos regulares na sociedade colonial pernambucana, com o objetivo de obter o apoio das hierarquias políticas e da população. A Ordem Carmelita, ao se fixar em Pernambuco em 1580, teve que buscar mecanismos econômicos, políticos e sociais para conseguir construir os seus templos religiosos e, ao mesmo tempo, sustentar os seus respectivos regulares. Concomitantemente, percebe-se que para conseguir se fixar em terras ultramarinas as Ordens Religiosas precisavam da autorização e do apoio do Estado Português, que nesse período estava vinculado a Igreja Católica mediante a instituição do Padroado Régio. Contudo, através da análise documental, verificamos que para conseguir espraiar a sua influência na sociedade pernambucana, os regulares precisavam do apoio da Câmara do Senado de Olinda, a qual, em determinados momentos, impôs restrições ao projeto expansionista dos carmelitas. Nome: Maria do Socorro Ferraz Barbosa E-mail: slinsferraz@uol.com.br Instituição: UFPE Título: A conquista do Sertão de Dentro a partir de Pernambuco Este trabalho trata da ocupação das terras do Sertão já prevista no Regimento dado a Tomé de Souza em 1548. Explicitamente indica que estes movimentos com tropas deveriam se adentrar até atingir o rio São Francisco. Várias entradas em Pernambuco alcançaram este Rio onde os conquistadores acreditavam haver minas de ouro. Os conquistadores encontraram uma vigorosa reação dos índios caetés. Nome: Maria Fernanda B. Bicalho E-mail: mfbicalho@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Labirinto dos negócios: secretaria e secretários do Conselho Ultramarino As tramas jurisdicionais da política imperial portuguesa no Antigo Regime

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basearam-se em distintos modos de resolver e despachar os negócios. Nos séculos XVI e XVII prevaleceu o regime conciliar. Na primeira metade do século XVIII houve uma mudança nos centros de decisão política, apontando para um governo de caráter ministerial. A presente comunicação indaga-se sobre os canais de comunicação e de decisão da política ultramarina entre fins do século XVII e finais da centúria seguinte. Propõe-se a discutir os circuitos e trâmites burocráticos no interior do Conselho Ultramarino, e, sobretudo, a atuação de seus secretários. A família Lopes de Lavre deteve, por mais de um século, o ofício de Secretário do Conselho Ultramarino. André Lopes de Lavre exerceu o cargo por cerca de 53 anos. Seu filho, Manuel Caetano Lopes de Lavre, o herdou em 1730. Em 1736 foi aventado para ocupar a recém criada Secretaria de Estado da Marinha e dos Negócios Ultramarinos; e, em 1743, foi nomeado Conselheiro Ultramarino. Manuel Joaquim Lopes de Lavre, seu filho, foi secretário do Conselho até a sua morte, em 1796. O objetivo desta comunicação é relacionar os espaços e as redes de decisões políticas sobre o ultramar com a atuação destes homens na Secretaria do Conselho Ultramarino. Nome: Maria Fernanda Vieira Martins E-mail: fernandavmartins@uol.com.br Instituição: Faculdade de Formação de Professores da UERJ - FFP Título: Famílias, poderes locais e redes de poder: as bases sociais e políticas das elites no Rio de Janeiro (séc. XVIII) A historiografia contemporânea que se dedica aos estudos das últimas décadas da fase colonial brasileira vem apontando a descentralização dos poderes e a fragilidade da unidade político-territorial como aspectos fundamentais à compreensão do período, aspectos estes que começam a se reverter a partir da instalação da Corte portuguesa no Brasil. Partindo dessas premissas, o objetivo desse trabalho é investigar as bases da atuação política das elites coloniais no setecentos a partir da análise das trajetórias e redes de poder construídas por antigas famílias, identificando os fatores que permitiram sua sobrevivência e continuidade no poder superando os localismos e atravessando diferentes conjunturas ao longo de um período de intensas transformações. Assim, tomando-se por base famílias oriundas das províncias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, buscar-se-á identificar as estratégias perseguidas por esses grupos para manterem-se próximos ao poder central, considerando sua progressiva inserção na estrutura governamental. Nome: Maria Lemke E-mail: marialemke@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: O governador louco e os pardos de Goiás – subversão política em Goiás colonial No final do setecentos e início do oitocentos houve um aumento expressivo de pardos entre a população de Goiás. Nesse contexto, além de expressividade demográfica tiveram expressividade social. Atuaram em diferentes frentes, entre as quais o corpo de Infantaria Militar, trabalho que os inspirou solicitarem a Portugal maior participação em cargos públicos, como vereança. A petição ocorria em momento de extrema efervescência política, no qual o governador Dom João Manoel de Menezes seria acusado de louco e de estimular a pior casta de gente, crioulos e pardos, a desacatar autoridades. O desfecho sinaliza um efeito cascata pois além de cercear os pardos, atingiu outros atores sociais como os devotos de São Benedito, demonstrando como Portugal estava “antenada” com as subversões políticas no Sertão dos Guayazes. Deste modo, nesta comunicação, objetivo compreender como os usos das normas sociais foram empregados pelos pardos para se afirmarem na sociedade que distinguia e hierarquizava os indivíduos, entre outros elementos, a partir da cor. Nome: Marilia Nogueira dos Santos E-mail: marilia.niti@gmail.com Instituição: UFRJ Título: A Monarquia Pluricontinental portuguesa e o resgate de Mombaça, 1696-1698 Mombaça se tratava de uma fortaleza que servia, antes de tudo, para assegurar a defesa e presença comercial de Portugal na costa da ilha de Moçambique. Economicamente também era um ponto muito importante, pois servia como uma espécie de “placa giratória”, fazendo a integração do interior da África oriental com o litoral. Suas atividades giravam em torno, basicamente, do comércio de marfim, escravos e mantimentos, tudo isso trocado por panos vindo de Cambaia. Antônio Coelho Guerreiro, mercador que era, sabia muito bem da importância da praça. Por isso produziu um documento alertando ao rei D. Pedro II sobre a sua importância. No documento o que mais chama atenção é a importância dada por Guerreiro

à fé e à religião católica. O objetivo do então secretário de Estado é, a seu modo, persuadir o rei acerca da importância de lutar pela fortaleza. Segundo ele, uma empresa que teve todo o seu fundamento na religião, ou seja, na redenção de almas não poderia ser abandonada pelo rei sem ao menos lutar por ela. Afinal só de Deus é o império de Portugal. Nessa comunicação, portanto, pretendemos olhar mais de perto todo o esforço empreendido pela monarquia pluricontinental portuguesa, especialmente a mobilização ocorrida na América, para o resgate desta fortaleza. Nome: Mônica da Silva Ribeiro E-mail: monicaribeiro1981@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Ampliação jurisdicional e ascensão social: a segunda fase do governo do Conde de Bobadela no centro-sul da América portuguesa (1748-1763) O reinado de D. José I e o advento do pombalismo trouxeram modificações na forma de se pensar e de se gerir o Império, com a preocupação com uma “razão de Estado” ainda mais presente do que na primeira metade dos Setecentos. Assim, o trabalho pretende tratar o governo de Gomes Freire no centro-sul da América portuguesa a partir desse ponto de vista, no qual podemos perceber a lógica imperial das mudanças ocorridas nas formas de governação lusitana no século XVIII. A segunda metade do governo de Gomes Freire de Andrada (1748-1763), que é o período que particularmente nos interessa aqui, foi marcada pelo seu intenso deslocamento entre as capitanias que estavam sob sua jurisdição. No ano de 1748, quando a administração de Gomes Freire na América portuguesa completava 15 anos, período já extremamente extenso para um governador colonial, seu poder foi vastamente ampliado por todo o centro-sul. Além dessa ampliação jurisdicional, podemos perceber o engrandecimento dos Freire de Andrada a partir da trajetória de sucesso de Gomes Freire na governação da América portuguesa, que tornou-se o primeiro Conde de Bobadela, além de ter conseguido, durante os anos que esteve à frente da administração do centro-sul do Estado do Brasil, acumular fortuna e bens, concedidos pela Coroa. Nome: Nauk Maria de Jesus E-mail: jnauk@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados Título: Regência, regentes e ouvidores: A câmara municipal de Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá (primeira metade do século XVIII) O arraial do Senhor Bom Jesus do Cuiabá, localizado na fronteira oeste da América portuguesa, foi elevado à condição de vila e teve sua câmara criada em 1727 pelo governador e capitão-general da capitania de São Paulo, Rodrigo César de Menezes, quando esteve nas minas cuiabanas. Ao partir da vila, o governador deixou à sua câmara a regência do local, o que resultou no aparecimento da função de regente. Essa situação gerou desentendimentos entre os oficiais da câmara e regentes com os ouvidores régios que se dirigiram para a fronteira a partir de 1728, ano em que a ouvidoria foi criada oficialmente. Tínhamos, então, representantes do poder régio, na pessoa dos ouvidores, e do local, por meio da câmara. Neste sentido, a presente comunicação abordará os conflitos entre a câmara municipal e os ouvidores ocasionados, dentre outros motivos, pela função de regência e regente da câmara. Nome: Nuno Gonçalo Pimenta de Freitas Monteiro E-mail: nuno.monteiro@ics.ul.pt Instituição: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa Título: Monarquia pluricontinental e circulação das elites (1640-1820) Retomando o diálogo intelectual iniciado recentemente com outros historiadores em torno do tema da monarquia pluricontinental, esta intervenção procura, em primeiro lugar, delimitar o conceito e discutir as suas virtualidades e eventuais limites, discutindo-o em paralelo com outras taxonomias e com as respectivas genealogias intelectuais. Em seguida, procura explorar as suas virtualidades articulando a arquitetura institucional da monarquia portuguesa (1640-1820) nas suas múltiplas dimensões espaciais com os processos de estruturação, reprodução e circulação das diversas elites que nela pontificavam. Nome: Paulo Cavalcante E-mail: timeus@globo.com Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: O ethos do descaminho: sociedade de Antigo Regime e colonização portuguesa na América Este trabalho relaciona os fundamentos da sociedade de Antigo Regime

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06 e o processo de colonização dado na América portuguesa para investigar o ethos do descaminho, isto é, do conjunto de relações lícitas e ilícitas encetadas para arrecadar e desviar tributos e direitos, no caso, o quinto. Era “normal” descaminhar ou era apenas aceitável? Aceitava-se por razões fundadas no costume e na jurisprudência ou, por outro lado, por razões pragmáticas, vinculadas à necessidade de colonizar com economia de meios e à incapacidade de controlar com rigor? Qual é a relação entre a venalidade dos ofícios e o que hoje chamamos de corrupção? Entre a sociedade de mercado atual, fundada em relações impessoais, e a sociedade escravista de Antigo Regime na América portuguesa, fundada em relações interpessoais, quais são os riscos concernentes à abordagem do descaminho enquanto objeto de investigação? Numa palavra: entre a condenação moral contemporânea e a compreensão historiográfica de uma prática social, qual é o ponto ótimo de objetivação do juízo historiográfico? Nome: Paulo César Possamai E-mail: paulocpossamai@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Pelotas Título: 1723: a malograda fundação portuguesa de Montevidéu Eram antigos os planos da coroa portuguesa no sentido de colonizar o Rio da Prata, porém eles só se concretizaram com a fundação da Colônia do Sacramento, em 1680. Depois do tratado de 1701 com a Espanha, Portugal pretendeu mais do que assegurar a posse de Sacramento, a fim de garantir seu domínio sobre a margem norte do Prata. Em 1723, uma expedição luso-brasileira ocupou o local onde hoje se encontra a cidade de Montevidéu. Porém, a reação espanhola não se fez esperar e a pequena expedição logo teve que abandonar a sua posição frente às tropas espanholas e indígenas arregimentadas pelo governador de Buenos Aires. Buscaremos avaliar em que medida a frustrada povoação de Montevidéu pelos portugueses contribuiu para aumentar o isolamento da Colônia do Sacramento do restante da América portuguesa, levando ao malogro do expansionismo na região platina. Nome: Rafael Ricarte da Silva E-mail: rafa-ricarte@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: A Formação da primeira elite colonial dos Sertões de Mombaça: terra, família e poder (1706-1782) Pautado na discussão das relações sociais, na formação das elites locais, nas estratégias usadas em suas atuações sociais, políticas e econômicas como forma de construção e movimentação nos espaços coloniais, este trabalho procura compreender a produção histórica dos Sertões de Mombaça - Ceará, entre os anos de 1706 e 1782, a partir das doações de sesmarias, da implementação das fazendas de criar e através das estratégias adotadas por estes sujeitos para manter suas possessões, por meio de relações familiares e/ou econômicas como forma de constituir uma elite baseada na propriedade da terra e nas relações de parentesco. O corpus documental é composto por fontes oficiais, cartoriais e eclesiásticas. O material empírico de caráter oficial é formado por consultas, cartas, requerimentos, ofícios e provisões contidas na coletânea de manuscritos avulsos do Conselho Ultramarino referentes às capitanias do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os registros cartoriais são inventários e datas de sesmarias. Já os registros eclesiásticos são formados pelos assentamentos de batismos, casamentos e nascimentos. Nome: Roberto Guedes Ferreira E-mail: robguedes@superig.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: Hierarquias de cor em presídios africanos do Antigo Regime (século XVIII) O trabalho analisa hierarquias de cor em presídios portugueses da África Central Atlântica de finais do século XVIII. Parte integrante do Império Português no Atlântico Sul, estes presídios vivenciaram forte influência do tráfico atlântico de cativos e da escravidão. Tal como na América portuguesa marcada por múltiplas hierarquias, nos presídios a escravidão também se acoplou a molduras de Antigo Regime, remodelando-as no contexto local. Para abordar tais aspectos, o trabalho analisa, além das segmentações jurídicas entre livres, escravos e forros, classificações hierárquicas de cor. Conclui-se que o registro das cores ligava-se, também na África de léxico português, a aspectos de ordem social e política, ainda que não exclusivamente. Nesse sentido, expressava uma das hierarquias de Antigo Regime remodeladas pela escravidão.

Instituição: UFCG/CFP/UACS Título: Obedecer, pero no cumplir: a presença portuguesa na Buenos Aires seiscentista A dinâmica imperial espanhola no período da união das coroas ibéricas ampliou a rede de interesses luso-espanhóis no Rio da Prata. Na Buenos Aires seiscentista formaram-se bandos, com participação portuguesa, capazes de redimensionar as diretrizes administrativas. Alianças entre comerciantes lusitanos, governadores do Rio da Prata, seus oficiais régios e o Cabildo (Senado da Câmara) criaram uma densa teia envolvendo o próprio centro. Mesmo com o comércio portuário proibido, o direito jurídico do “obedecer, pero no cumplir” recatava as decisões reais mesmo que não fossem postas em prática. Dentro de uma complexa política de privilégios, as autoridades locais moldaram espaços originais respaldados no bem comum da republica. Fazer parte das disputas e benefícios adquiridos por uma economia de privilégios significava participar das redes de poder locais. Meu objetivo é apresentar esta dinâmica social e política no “periférico” porto de Buenos Aires e a participação lusitana construída ao longo do século XVII. Nome: Rodrigo de Aguiar Amaral E-mail: amaralrod@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Santa Cruz dos Angolares: elites e subalternos no Antigo Regime em São Tomé e Príncipe (séculos XVI-XVIII) Início do século XVI, um navio negreiro saía de Angola em direção a Bahia. Parada estratégica faria em São Tomé para fazer aguada, abastecer-se de víveres e cuidar da estrutura do navio. Começaria aí a história dos angolares. Um grupo de recém-escravizados de Angola teria sobrevivido ao naufrágio do negreiro que os transportava e ganhado a parte sul da Ilha de São Tomé. Uma parte alta, cheia de aclives e de difícil penetração. Ali teriam erguido uma povoação e sobrevivido ao tempo, conservando-se lá até os dias atuais. Nos séculos XVII e XVIII os angolares foram citados por autoridades locais na comunicação oficial entre São Tomé e Príncipe e Lisboa, o que nos permite reconstituir sua trajetória. Entre guerras e acordos, mataram e negociaram, destruíram e construíram, conseguindo manterem-se vivos diante das diversas estratégias que optaram e/ou foram constrangidos a executar. Nessa comunicação apresentamos a trajetória deste grupo social que se apresenta como “vassalo de El Rei” no século XVIII, sob a noção de estratégia de Fredrick Barth, buscando compreender as estratégias de elite e subalternos agindo de forma eqüitativa numa sociedade de Antigo Regime. Nome: Simone Cristina de Faria E-mail: simonecfaria@bol.com.br Instituição: UFRJ Título: Antes do ouro cruzar o Atlântico: notas sobre o perfil de uma elite designada para a cobrança dos reais quintos nas Minas Essa apresentação consiste de notas sobre os resultados parciais de nossa investigação do perfil e atuação dos cobradores dos reais quintos em Mariana no período de 1718 a 1733. O objetivo, além de expor alguns indicadores da caracterização do grupo dos “homens do ouro”, como tomamos a liberdade de rotulá-los, é também conferir atenção à descoberta do significado social e político do cargo, do que efetivamente denotava “ser” cobrador do direito da Coroa portuguesa sobre o precioso metal amarelo retirado das Minas nesse período. Com isso acreditamos contribuir para o entendimento do funcionamento local da arrecadação do quinto real, bem como delimitar o ciclo de agentes envolvidos no circuito do ouro antes que ele cruzasse o oceano – temas esses até o momento totalmente negligenciado pelos estudos sobre o período colonial nas Minas. Nome: Virginia Maria Amoedo de Assis E-mail: virginiaalmoedo@gmail.com Instituição: UFPE Título: Ofícios do rei: a circulação de homens e idéias na capitania de Pernambuco O alvará régio de 1557 que restringiu a jurisdição dos capitães-donatários de Pernambuco, nas alçadas cíveis e crime, inclusive derrogando o privilégio de que nela “em tempo algum entrasse correição régia”, propiciou a entrada de novos oficiais, alguns com experiência em outras regiões do ultramar português. Estudar esse novo quadro da administração judicial da capitania, onde passaram a circular novos homens e novas idéias, se conformam um dos principais objetivos da pesquisa que ora empreendemos.

Nome: Rodrigo Ceballos E-mail: rcovruski@yahoo.com.br

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07. Discursos e representaçþes: jogos de gĂŞnero Cristina Scheibe Wolff - UFSC (cristiwolff@gmail.com) A proposta deste SimpĂłsio TemĂĄtico ĂŠ reunir pesquisadoras e pesquisadores que tem discutido as relaçþes de gĂŞnero em geral e as masculinidades, em particular, no campo dos discursos, das polĂ­ticas e das representaçþes. GĂŞnero ĂŠ aqui problematizado como uma categoria de anĂĄlise relacional e que atravessa comportamentos, imagens, discursos articulando-se a outras categorias na forma de jogos TXH HQYROYHP LGHQWLĂ€FDo}HV HVWUDWpJLDV H WDPEpP SUiWLFDV GLVFXUVLYDV H FRUSRUDLV

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre Garrido da Silva E-mail: garridosilva@ig.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro TĂ­tulo: GĂŞnero, judiciĂĄrio e discurso: construção e destruição na linguagem do Direito Atualmente, importantes vertentes do movimento feminista realizam uma contundente crĂ­tica ao Direito, salientando o seu carĂĄter enviesado, produto de sociedades patriarcais. ConstruĂ­das a partir de um ponto de vista masculino, refletindo e reproduzindo seus valores sociais, as instituiçþes jurĂ­dicas mostrar-seiam incapazes de ultrapassar o discurso universalista e refletir acerca das formas reais de dominação. Neste sentido, o discurso jurĂ­dico ao consolidar certas interpretaçþes sobre a questĂŁo de gĂŞnero desconsidera, deliberadamente ou nĂŁo, outros padrĂľes mais criativos e tambĂŠm mais crĂ­ticos situados alĂŠm dos seus limites. O presente trabalho pretende analisar o descompasso entre a prĂĄtica e o discurso jurĂ­dicos no tocante Ă s questĂľes de gĂŞnero, considerando a atuação recente do JudiciĂĄrio brasileiro, bem como examinar o alcance e pertinĂŞncia de diferentes construçþes teĂłricas que buscam formular uma crĂ­tica “feministaâ€? Ă Teoria do Direito ao destacar os limites histĂłricos da linguagem jurĂ­dica e os efeitos negativos das decisĂľes judiciais sobre a mobilização e a participação dos movimentos sociais. Nome: Alomia Abrantes da Silva E-mail: alomia@terra.com.br Instituição: UEPB TĂ­tulo: “ParaĂ­ba Masculinaâ€?: honra e virilidade na “revolução de 1930â€? Um dos eventos mais (re)visitados pela historiografia na ParaĂ­ba, a denominada revolução de 1930 foi projetada ao longo de dĂŠcadas por uma larga produção de memĂłrias, especialmente em torno dos seus maiores Ă­cones: JoĂŁo Pessoa, JosĂŠ Pereira e JoĂŁo Dantas. Nomes e imagens contrapostos – o primeiro em oposição aos dois Ăşltimos –, na anĂĄlise discursiva desta produção suas imagens emergem como signos de masculinidades, cujos conflitos sinalizam a (re)configuração de um modelo polĂ­tico, e vice-versa, disputando naquele contexto sua melhor representação. Percebe-se entre eles muito em comum, no sentido em que acionam valores semelhantes no fazer-se a si mesmos: a honra, a virilidade, a coragem — isso comumente apontado como legado das raĂ­zes sertanejas e atributos considerados naturais do “machoâ€?. PorĂŠm, diferem em suas estratĂŠgias polĂ­ticas, bem como em seus signos estĂŠticos. Diferenças que tambĂŠm ressoam na construção das imagens do feminino ligadas a um ou outro modelo. Este trabalho procura, pois, confrontar tais signos, como parte de um exercĂ­cio de discutir as narrativas sobre tal evento numa perspectiva da histĂłria cultural e de gĂŞnero. Nome: Ana Rita Fonteles Duarte E-mail: anaritafonteles@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina TĂ­tulo: Jogos de gĂŞnero em narrativas de mulheres: reconstruindo vivĂŞncias no Movimento Feminino pela Anistia no CearĂĄ O Movimento Feminino pela Anistia, criado no Brasil, em 1975, uniu-se a outros movimentos de resistĂŞncia civil protagonizados por mulheres, em contraposição a ditaduras na AmĂŠrica Latina, especialmente no Cone Sul. Centenas de militantes do MFPA se uniram na tentativa de libertar parentes presos, exigindo a volta de banidos e exilados, posicionando-se contra torturas e outras formas de desrespeito aos direitos humanos, reivindicando anistia. Na ação polĂ­tica, elas lançaram mĂŁo do gĂŞnero como formas de intervenção pĂşblica, como comprovam documentos variados. No CearĂĄ, que possuiu dois nĂşcleos, essa prĂĄtica tambĂŠm pĂ´de ser verificada. Nas memĂłrias das militantes, o uso do que chamaremos de “jogos de gĂŞneroâ€?, em sua atuação, ĂŠ narrado de forma plural, revelando que a forma de utilizar esse instrumento foi e ĂŠ alvo de

disputas, discordâncias, ressentimentos, que se relacionam diretamente com posiçþes de sujeito ocupadas por essas mulheres, na dĂŠcada de 70, e, hoje, com as transformaçþes subjetivas sofridas por elas e com as transformaçþes das prĂłprias relaçþes de gĂŞnero no Brasil, nas Ăşltimas dĂŠcadas. Interpretar o significado dessas narrativas, situando-as historicamente, ĂŠ o objetivo dessa comunicação. Nome: AndrĂŠa da Rocha Rodrigues E-mail: andrear10@hotmail.com Instituição: UFBA TĂ­tulo: Honra e sexualidade infanto-juvenil na cidade de Salvador, 19401970 Este trabalho analisa prĂĄtica e representaçþes relativas Ă sexualidade infantojuvenil em Salvador, de 1940 a 1970. De acordo com a compreensĂŁo de que os conceitos de infância e adolescĂŞncia, e sexualidade, sĂŁo construĂ­dos a partir de variĂĄveis sociais e histĂłricas, procuro refletir sobre os elementos simbĂłlicos que emergem no contexto estudado, para representar estas duas fases da vida e a sexualidade. Dessa forma, os discursos elaborados sobre a sexualidade infanto-juvenil sĂŁo mais bem compreendidos tendo como referĂŞncia as relaçþes sociais e os diversos espaços que os agentes histĂłricos ocupam em sociedade. Os significados de infância e adolescĂŞncia, e as prĂĄticas a eles relacionadas, sĂŁo diferentes nos diversos segmentos da sociedade soteropolitana, no perĂ­odo, e se transformam no decorrer deste. Busca-se investigar a violĂŞncia sexual exercida sobre os corpos de crianças e adolescentes atravĂŠs do estudo de crimes contra os costumes e da legislação que regulava sua punição. Procura-se igualmente analisar os vĂ­nculos entre o conceito de honra e o controle da sexualidade feminina. Nome: Breno Rodrigo de Oliveira Alencar E-mail: brenoedai@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do ParĂĄ TĂ­tulo: “Entre a regra e as estratĂŠgiasâ€?: a escolha do cĂ´njuge na AmazĂ´nia A perspectiva desta proposta ĂŠ avançar na exposição e diĂĄlogo de minha monografia de curso com vistas ao delineamento da pesquisa de mestrado “‘Entre as regras e as estratĂŠgias’: a escolha do cĂ´njuge na AmazĂ´niaâ€?, cujo objetivo principal ĂŠ o estudo dos processos de formação de casais na AmazĂ´nia entre 1995 a 2006. Tendo como foco a escolha do cĂ´njuge em camadas mĂŠdias e populares de dois bairros de BelĂŠm esta passa a ser considerada enquanto fenĂ´meno histĂłrico-social, que reflete as representaçþes “negociadasâ€? associadas ao masculino e ao feminino na presença de diversos fatores, tais como as representaçþes acerca do pertencimento ĂŠtnico, grupo de classe, profissĂŁo, faixa etĂĄria, pertencimento religioso, local de residĂŞncia e nĂ­vel de instrução. Estes princĂ­pios classificatĂłrios, contudo sĂŁo interpretados Ă luz das principais teorias referentes Ă sociologia da escolha do cĂ´njuge, desde a tradição americana e francesa atĂŠ as orientadas pelos estudos de Pierre Bourdieu. A pesquisa conta com a metodologia de consulta a bibliografia especializada referente ao tema, banco de dados com 2.163 registros de casamentos entre 1995 a 2006 e entrevistas com nubentes das igrejas de SĂŁo Pedro e SĂŁo Paulo e Nossa Senhora de NazarĂŠ, em BelĂŠm-Pa. Nome: Carolina dos Anjos Nunes Oliveira E-mail: carol_anjinha84@yahoo.com.br Instituição: UESC TĂ­tulo: Corpos de exceção: o lugar das prostitutas na urbanização de Itabuna-BA (1940-1960) Para realização de seus misteres as prostitutas negociam as suas sexualidades, mediadas por fatores econĂ´micos, culturais e pessoais. Ă€ medida que desenvolvem suas subjetividades, constroem territorialidades. A proposta de modernização urbanĂ­stica em Itabuna, no entanto, nĂŁo abarcava formas de viver diferenciadas e procurou, sobretudo, padronizar os indivĂ­duos que deveriam habitar essa nova urbs. Nesse sentido, esse trabalho problematiza o processo

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07 de urbanização de Itabuna a partir do conflito entre as práticas das prostitutas e o projeto de homogeneização da cultura urbana, onde estas foram tratadas como corpos de exceção. Nesse contexto de reformas urbanas, não seria necessária apenas a reordenação das ruas centrais, mas urgia o saneamento moral do centro urbano dessa cidade, ocupado pelas prostitutas. A proposta dessa municipalidade moderna, que gere a vida, indicava o reposicionamento das sexualidades não-oficiais, mantendo-as virtualmente escondidas. Para a análise proposta, recorre-se à leitura dos discursos sobre a prostituição encontrados nos jornais do período, processos-crime, documentos oficiais e obras literárias de ficção como as de Jorge Amado. Nome: Claudia Regina Nichnig E-mail: claudianichnig@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Título: A busca pelo reconhecimento de conjugalidades homoeróticas no judiciário brasileiro Irei tratar as reivindicações e as demandas dos sujeitos que buscam o reconhecimento das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo, através de decisões judiciais que postulam o reconhecimento destas uniões a partir dos requerimentos de benefícios de pensão por morte junto à Previdência Social e pensões devidas aos companheiros/companheiras de servidores públicos falecidos. Com enfoque nas temáticas relativas a conjugalidade homoerótica, analisaremos as decisões proferidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, relativos aos processos que buscam os reconhecimentos destas relações e os direitos advindos das mesmas. Focalizando o período de 1988 até os dias atuais, que abarca a maioria das reivindicações dos sujeitos em prol de reconhecimento das relações homoeróticas na Justiça brasileira, analisarei através das decisões judiciais, com a utilização dos aportes teóricos da História, do Direito e da Antropologia, a busca do reconhecimento de direitos advindo das relações homoeróticas na esfera da Justiça Federal. Através de uma análise interdisciplinar, utilizando a categoria de análise gênero para observar os embates e os debates que permeiam os processos e as decisões proferidas pelo judiciário do Brasil. Nome: Cristina Scheibe Wolff E-mail: cristiwolff@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Trajetórias militantes no Feminino - Cone Sul - 1960-1985 Através da análise de trajetórias de mulheres militantes dos movimentos de guerrilha de esquerda, pretendo apresentar uma perspectiva comparativa entre os países do Cone Sul – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai. Estes países foram marcados nas décadas de 1960 a 1980 por ditaduras militares e por movimentos de guerrilha de esquerda. Nesta «nova esquerda» as mulheres tiveram um papel mais destacado do que na esquerda tradicional e a participação na guerrilha deu a muitas mulheres legitimidade política para ações posteriores na vida pública, mesmo que muitas vezes esta ação tenha se dado no exílio. Para isso utilizarei entrevistas realizadas no âmbito da pesquisa Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone Sul, do Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, em todos esses países. Dos depoimentos ressaltam certas regularidades e semelhanças que nos fazem pensar em um processo histórico que ultrapassava as fronteiras e que influenciou de maneira muito intensa a vida política dos países do Cone Sul, e que mesclava questões e propostas da esquerda armada ou não, e do feminismo. Nome: Deivid Aparecido Costruba E-mail: costrubahistunesp@hotmail.com Instituição: UNESP Título: “Conselho às minhas amigas”: Júlia Lopes de Almeida e o Livro das Noivas (1896) No final do século XIX, o Brasil passava por transformações muito rápidas em diversos campos: na política, na economia e na cultura. Depois da abolição da escravidão e posteriormente da proclamação da República, o país defrontou-se com uma profunda crise de valores, conseqüência do processo de urbanização, industrialização e instauração do recém adquirido sistema de trabalho livre e assalariado. As mulheres também merecem um destaque nesta conjuntura. Na luta pela emancipação e posteriormente ao direito de voto, buscaram igualarse aos homens com relação ao direito à instrução. Foi sob a égide da Belle Epoque que esses interesses se confrontaram e se intensificaram. Júlia Lopes de Almeida, aos seus trinta anos, vivendo as lutas e conquistas das mulheres no cenário nacional, escreveu o livro intitulado Livro das Noivas (1896), na qual aconselhava, recomendava, repudiava, execrava, divertia e orientava as atitudes das mulheres que nele tinham a ambição de instruir-se. O livro, não por acaso, teve grande vendagem a época, com diversas reedições pela Livraria Francisco Alves. A proposta da comunicação, assim, visa fazer uma leitura do Livro das

Noivas (1896), investigando qual era a imagem da mulher para a autora. Nome: Elizabeth Sousa Abrantes E-mail: bethabrantes@yahoo.com.br Instituição: Uiversidade Estadual do Maranhão Título: “De mãos abanando”: mudanças e declínio da prática do dote no Maranhão no início do século XX O presente estudo trata do declínio e das mudanças ocorridas na prática do dote no início do século XX, quando este costume deixou de ser considerado uma obrigação social das famílias proprietárias. Apresentamos os contratos antenupciais que compunham os novos arranjos matrimoniais, em que eram os noivos que dotavam suas futuras esposas, de acordo com o ideal burguês do homem como provedor do lar, em que o marido devia ser capaz de sustentar esposa e filhos sem precisar da ajuda de um dote. Apesar dos discursos condenando o uso do dote, esses casos de dotações feitas pelos futuros maridos podem ser vistos como uma resistência dos valores conservadores da sociedade para que as mulheres, especialmente das camadas médias e altas, continuassem sendo tuteladas pelos homens, na dependência econômica dos seus maridos, e não buscassem sua emancipação em uma profissão e no trabalho remunerado fora de casa. Era também uma prova do resquício da mentalidade patriarcal que considerava a mulher incapaz de sobreviver dignamente por si própria, restringindo seu espaço de atuação ao ambiente do lar. Nome: Fabiana Francisca Macena E-mail: fabianamacena@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasília Título: Representações sobre o feminino e os movimentos transitórios da modernidade: o caso da revista Fon-Fon (1907-1914) A historiografia relativa às primeiras décadas do século XX evidencia o esforço das elites políticas em inserir o país em um padrão estrangeiro de civilização e progresso. Tal empreendimento destinou-se tanto a fisionomia das cidades, como observado nas reformas urbanas no Rio de Janeiro, quanto no que dizia respeito aos comportamentos, que deveriam ser condizentes com a nova realidade. Nesse sentido, os comportamentos ditos femininos receberam atenção privilegiada, sendo questionados e controlados pelos mais diversos setores da sociedade, inclusive pela imprensa, como meio de manter a ordem e as hierarquias. O trabalho que ora apresentamos tem como foco a revista Fon-Fon, publicada no Rio de Janeiro a partir de 1907 e uma das mais importantes publicações do período. Por meio de sua análise procuraremos evidenciar que, neste periódico, o entendimento do fenômeno da modernidade está intimamente articulado a reelaboração das representações sobre o feminino, por meio de “tecnologias de gênero” que procuraram expressar as possibilidades e perigos da vida moderna. Mais do que isso, indicam as tensões e ambigüidades entre o que era considerado moderno e tradicional nas atribuições ao feminino. Nome: Gabriel Felipe Jacomel E-mail: gabrieljacomel@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Diálogos entre feminismos na cena teatral brasileira e chilena (1975-1984) Esta comunicação objetiva tecer uma discussão acerca das diversificadas experiências feministas na produção teatral de Brasil e Chile – ambos os países situados no entremeio de uma densa realidade ditatorial que marcou imensamente o período aqui estudado. Para tanto, o recorte temporal escolhido neste trabalho compreende a chamada Década da Mulher, que se estende desde o Ano Internacional da Mulher (proposto pelas Nações Unidas em 1975) até a metade da década de 1980. Compartilhando não apenas as apropriações de teorias dos feminismos mundialmente em voga, tais países também perpassaram à época diferentes experiências referentes a ditaduras militares que transformaram radicalmente as sociabilidades de então. O teatro, enxergado como uma alternativa diferenciada de militância, pôs em questão a discussão em torno das liberdades individuais, também se apropriando de debates postulados no âmbito dos feminismos para questionar outras opressões. Nome: Gabriela Miranda Marques E-mail: gabriela_mmarques@yahoo.com.br Instituição: UFSC Título: Relações entre mulheres, feminismos e Igreja Católica no Cone Sul (1974-1988) Esta pesquisa busca focalizar a relação entre o movimento feminista e a Igreja católica durante os períodos de ditadura militar e abertura democrática no Brasil, Chile e Argentina. Realizar uma análise comparativa desta relação nos diversos países permitirá um novo olhar sobre esta conjuntura e uma nova perspectiva nesta relação. Possibilita ainda verificar similitudes e diferenças nes-

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se campo, em países que vivenciavam uma prática governamental e econômica similar no mesmo período. Ressalta-se que mesmo com uma aproximação grande de práticas sociais, estes países devem ser analisados individualmente para que a posteriori se possa realizar a comparação. A participação da Igreja nas ditaduras militares e a luta das diversas organizações feministas criaram tensões novas que podem ser analisadas através dos periódicos feministas, que serão fontes primordiais nesse estudo. A Igreja no mesmo período, em toda a América Latina, passa por uma renovação em sua prática e uma revisão de sua teologia encampada pelo que hoje conhecemos como Teologia da Libertação. Tendo-se como pressuposto que o movimento feminista é múltiplo, assim como são as ditaduras militares e a Igreja, o panorama desta relação tende a ser multifacetado, permitindo, todavia, uma análise comparativa. Nome: Gilma Maria Rios E-mail: riosmaria@ig.com.br Instituição: Universidade Presidente Antonio Carlos Título: Entre silêncios e triunfos: representações das feminilidades das mulheres araguarinas nas décadas de 1940 a 1950 Este trabalho é parte do estudo sobre as mulheres araguarinas desenvolvido pelo grupo de pesquisa “História, Gênero e Cotidiano” que conta com o apoio de diversos(as) alunos(as) da Universidade Presidente Antônio Carlos/Araguari – MG. O estudo sobre as mulheres araguarinas visa localizá-las no tempo e no espaço, com base na hipótese de que elas não aceitavam tranqüilamente os modelos e práticas sociais a elas estabelecidos. O objetivo dessa comunicação é reconstruir e entrever como as mulheres eram representadas nos artigos do jornal local, Gazeta do Triângulo, nas décadas de 1940 a 1950, em Araguari, cidade do Triângulo Mineiro. Para tanto, utiliza-se a reflexão que os redatores dos artigos faziam sobre as “questões femininas” que circularam ao longo das décadas mencionadas sobre as questões de gênero. Ao estudar o que escreviam sobre as mulheres, somos capazes de conhecer comportamentos, relações sociais e entender representações e jogos de gênero nos discursos apresentados no jornal local. Possibilitando troca de saberes e fazeres nas múltiplas dimensões históricas inovadoras para compreensão do social. É vislumbrar sujeitos plurais, capazes de pensar e refletir sobre o mundo e as relações a partir de uma história que se constrói cotidianamente. Nome: Ilane Ferreira Cavalcante E-mail: ilanec@yahoo.com Instituição: IFRN Título: Virgens de papel: representações de mulheres nas décadas de 1960 e 1970 Este trabalho é um recorte da tese de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vinculada à base de pesquisa Gênero e práticas culturais: abordagens históricas, educativas e literárias e ao projeto integrado História dos Impressos e a formação das leitoras. Neste recorte, abordo as formas como a virgindade da mulher surge representada nas revistas Cláudia, Veja e Realidade entre as décadas de 1960 e 1970. Os conceitos de gênero e de representação são, portanto, eixos norteadores de toda a discussão empreendida aqui. Assim como o conceito de configuração, proposto por Elias (1970) que demonstra como se forma através das redes de inter-relações, das interdependências entre sujeitos ativos num determinado jogo social, uma determinada configuração de um período e de uma sociedade. A partir do uso e da aplicação desses conceitos à leitura dos periódicos citados, é possível traçar um retrato e analisar aspectos desse período histórico a partir da forma como a virgindade da mulher é retratada na imprensa feminina, aspectos que demonstram, até certa medida, as formas como a sociedade determina padrões de comportamento para ambos os gêneros que, por sua vez, criam táticas de desestabilização desses padrões. Nome: Ivana Guilherme Simili E-mail: 1158@associados.anpuh.org Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Moda e performances de gênero: as aparências da primeira-dama Darcy Vargas Uma das possibilidades de estudar temas e questões de gênero é através da moda. Esta comunicação tem por objetivo examinar a indumentária da primeira-dama, Darcy Vargas, conforme retratadas nas imagens fotográficas dos eventos e solenidades do poder e da política (festas, recepções), com vistas a entender a contribuição da moda na construção de aparências e nas performances de gênero. As fotografias, objeto de análise referem-se aos anos 1930 e 1945 e são provenientes do acervo do CPDOC - Fundação Getúlio Vargas. O encaminhamento será o de mostrar que os artefatos indumentários ostentados pela personagem (roupas e acessórios), ao estarem afinados com os conceitos

de bem-vestir e apresentar-se preconizados pela moda do período às mulheres, permitem deslindar e conhecer os princípios de gênero que orientavam a produção do visual e as performances femininas nos espaços e ambiências do poder dos homens e das masculinidades. A hipótese é de que ao vestir-se, a primeira-dama levava para os palcos das encenações políticas uma moda de gênero, produzindo e veiculando noções sobre corpo, aparências e performances, articuladas com beleza e feminilidade. Nome: Joana Maria Pedro E-mail: joanamaria.pedro@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Feminismo e cultura nos países do Cone Sul (1960-1995): apropriações e conflitos Os anos sessenta e setenta têm sido conhecidos no Ocidente como o período da “Segunda Onda do Feminismo”. Iniciada como feminismo radical nos Estados Unidos e na Europa, espalhou-se por diferentes países, adquirindo cores diferenciadas e adaptando-se aos contextos locais. No Cone Sul da América do Sul, países como Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, viveram, neste mesmo período, sob governos de ditaduras militares, umas mais, outras menos cruéis. Estes regimes, além de serem anti-democratas, de definirem formas de apropriação de riquezas eminentemente hierarquizadas, foram anti-feministas. Desta forma, as movimentações que se puderam observar em países onde a democracia prevalecia, não existiram nestes países. Mesmo assim, principalmente a partir dos anos setenta, várias mulheres de tais países passaram a se identificar com o feminismo. Articular estas identificações com o contexto político e cultural, vivido em cada país, é o que pretendo nesta comunicação. Nome: Karina Klinke E-mail: klinke.k@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlandia Título: A feminização da cultura escrita em exercícios do cuidado de si: experiências de uma historiadora da educação O ensaio objetiva compreender o processo de escrita da historiadora da educação Eliane Marta Teixeira Lopes como exercício do cuidado de si e experiência de feminização da cultura escrita. Sua obra inova a produção na área ao inaugurar, no final dos anos oitenta, a temática da educação da mulher na perspectiva das mentalidades, faz aproximações com a psicanálise e incorpora novas fontes na pesquisa em história da educação brasileira, como a literatura, a música, os materiais didáticos e a arte sacra; desdobrando-se até os dias de hoje em livros e artigos científicos sobre o papel da mulher na educação. Fundamentado na História Cultural, o ensaio tem como fontes textos da autora de maior repercussão acadêmica e entrevistas, cotejados. Considera-se a sua escrita como exercícios do cuidado de si, pois, nessa prática, ela se reconhece como mulher, professora e autora, ao mesmo tempo em que constrói uma História da Educação escrita no feminino, como parte do processo de feminização da cultura (Georg Simmel). Com sua escrita ela rompe com uma tradição de pesquisas em educação que enfocava a escolarização somente do ponto de vista masculino, e que considerava como legítimo unicamente o professor, quando a maioria da categoria era formada por mulheres, ocultadas na História. Nome: Leonardo Turchi Pacheco E-mail: leonardoturchi@gmail.com Instituição: UFMG/UNIMONTES Título: Discursos e representações da mulher na imprensa (esportiva): o caso de Guiomar e sua relação com Didi entre 1954-1962 Esse trabalho tem como proposta analisar os discursos e representações de gênero na esfera esportiva. Utilizando como fontes documentais as reportagens e fotos veiculadas nos periódicos O Cruzeiro e Manchete Esportiva entre o período de 1954 a 1962, os relatos de Nelson Rodrigues, Mário Filho, João Saldanha, Oldemário Toguinhó, Eduardo Galeano e as biografias sobre Didi escritas por Roberto Porto e Peri Ribeiro, pretende-se compreender o enfoque da imprensa (esportiva) sobre a relação entre Didi – jogador negro da periferia – e Guiomar – sua amante branca, cantora de classe média. Aponta-se que os discursos e representações produzidos pela imprensa sobre Guiomar são construídos ora para justificar os fracassos de Didi, ora para apontar para o perigo, a ameaça e a contaminação de desestruturação da ordem moral e sociabilidade masculina, decorrentes da presença de uma mulher num espaço reservado para a produção, reprodução e afirmação da masculinidade com é o caso do “mundo” do futebol. Nome: Lorena Zomer E-mail: lorenaazomer@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina

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07 Título: Relações de poder e símbolos construídos no romance Marysa, de Leonor Castellano, em meados do século XX em Curitiba Essa comunicação analisa gênero sob um enfoque histórico cultural e ainda um movimento social no espaço curitibano do século XX. Leonor Castellano é uma escritora inserida nos meios intelectuais, fundadora do Centro de Letras e Centro Feminino Paranaense de Cultura. Começou a escrever a partir da década de 1920 em pequenos artigos na Gazeta do Povo, um tempo que presencia o Positivismo, a revolução urbana, a República Velha, um feminismo crescente. Por meio de ensaios, colunas e romances é possível encontrar personagens literários que representam discursos sobre esse tempo. Em especial nesse artigo, é analisado o romance “Marisa”, de 1937. Esse, bastante diferenciado quanto ao “papel” da mulher de vários outros escritos da mesma autora, trata-se sobre uma mulher romântica, mas influenciada por princípios feministas “rebeldes”. Para compreender o romance é preciso investigar e traduzir símbolos construídos, que geram personagens literários, porém demonstram uma multiplicidade de experiências que Leonor achava correta. Assim é possível analisar o jogo das relações de poder e gênero, numa busca pela representação das identidades femininas e masculinas, estabelecidas naquele tempo, oportunidade essa ainda de saber a relação entre a vida privada e pública da mulher. Nome: Luciana Andrade de Almeida E-mail: luciana.andrade@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Revista A Estrella (1906-1921): Meninas e mulheres contracenam em um álbum de virtudes e modelos A Estrella foi uma revista editada por mulheres e escrita por centenas de colaboradores de ambos os sexos, entre 1906 e 1921. Feito alcançado por mãe e filha, Francisca e Antonieta Clotilde, ambas professoras e escritoras residentes no interior do Ceará. O impresso - uma “leitura amena, variada e sã” - incorporou, a partir de 1910, fotografias de leitores/as, escritores/as e famílias vinculadas à publicação, acompanhadas de legendas e poemas. O material iconográfico analisado ilumina imagens de meninas e mulheres, revelando práticas sociais e laços afetivos, além de se associar a conceitos cultivados e propagados pelas editoras, como Religião e Civismo. A Estrella contribui, assim, para o entendimento em torno de possíveis identidades e papéis femininos, registrando a mulher como mãe e esposa – mas também como inteligente e colaboradora, valorizando aspectos intelectuais e artísticos. Seu projeto redatorial pavimentou, mesmo que de forma involuntária, um caminho de maior projeção feminina no espaço público e nas letras. O corpus documental que apresento neste trabalho pronuncia uma crônica da camada dominante da população feminina no período e sugere um universo instigante e heterogêneo de representações, enlaçando distintos lugares, vestimentas, costumes e gerações. Nome: Luciana de Lima Pereira E-mail: cianamhb@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Piauí Título: A construção do modelo de masculinidade pela igreja católica em Teresina em meados do século XX O início do século XX, em Teresina, é marcado por uma pequena participação masculina nos cultos católicos, em detrimento da freqüência deles nos espaços públicos, vistos como profanos. Apesar de todos os dizeres da instituição clerical sobre o comportamento masculino e feminino tido como “moderno” e acatólico, as mulheres teresinenses eram maioria nas audiências dominicais católicas e nos rituais promovidos pela Igreja Católica local. No período PósSegunda Guerra Mundial, a Diocese e, posteriormente, a Arquidiocese de Teresina, pretendendo aumentar nos jovens da capital um sentimento religioso e amalgamar os fiéis aos princípios cristãos e morais, criou em 1949 a União dos Moços Católicos (U.M.C.). A U.M.C. se constituía num grupo formado por “moços” católicos que tinha como objetivo recuperar os jovens seduzidos pelas opções de lazer e de prazer ligados ao mundo moderno e “profano”, e formadores da “juventude transviada”. Nesta perspectiva, este trabalho pretende analisar as prescrições do modelo de masculinidade construída pela Igreja Católica em meados do século XX, lançando mão do referencial teórico em torno da temática gênero e religiosidade. Nome: Luciana Rosar Fornazari Klanovicz E-mail: lumerosar@yahoo.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Redemocratização com censura: erotismo, televisão e a revista “Veja” no Brasil dos anos 1980 Este trabalho discute a relação entre a censura e o erotismo no Brasil a partir de 1985, em meio às expectativas de mudança do movimento de redemocratização. Nesse processo houve um aumento de interesse discursivo que colocou o erotismo em evidência em propagandas, filmes e telenovelas. Percebe-se que

alguns setores buscaram estabelecer limites sobre produções culturais. A revista “Veja” foi uma das fontes de posições nem sempre liberais a esse respeito, promovendo uma “redemocratização cautelosa” onde discursos atualizavam a censura em determinadas relações. Uma censura que exaltava um erotismo bem demarcado pela heterossexualidade normativa e que suprimia outras formas. Tais vontades de censura mostraram-se eficientes. Mesmo com a supressão da censura por parte do governo federal, a prática de limitação e controle de produções culturais em revistas como a “Veja” forneceu argumentos capazes de suprimir personagens e situações, interferindo na produção artística de maneira incisiva, por meio de abaixo-assinados e telefonemas. Tal vontade de poder também contaminava algumas redes de televisão, que passaram a criar mecanismos de auto-censura, compartilhando e aderindo a uma vontade de censurar o que as pessoas poderiam ou não assistir, mesmo diante dos novos tempos democráticos. Nome: Mara Lígia Fernandes Costa E-mail: maraufpi@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Entre anjos e viragos: a produção discursiva acerca dos modelos femininos em Teresina no início do século XX Compreendendo a escrita como uma prática que exerce poder sobre os sujeitos sociais, acreditamos que a produção literária das primeiras décadas do século XX em Teresina pode apontar para uma escrita voltada para as representações dos modelos femininos vigentes naquele período. Nosso objetivo não se resume a apenas apresentar os perfis femininos, mas também problematizar como essa escrita sugere formas de ressentimentos e anseios masculinos quanto aos avanços do movimento feminista com relação à educação e ao trabalho no contexto não apenas local, mas também mundial. Nesse sentido, artigos de jornais e o conjunto literário de Clodoaldo Freitas emergem como possibilidades de análise dessa discussão em torno das imagens femininas, apresentando discursos que ora desenham mulheres como seres divinizados por exercerem o papel de “mulher-esposa-mãe”, ora apontam imagens femininas que fogem do modelo tradicional. Nome: Márcia Castelo Branco Santana E-mail: marcinhacbs51@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Piauí Título: Discursos, desejos e tramas: as reinvenções amorosas e afetivas das mulheres de Teresina na década de 1970 A segunda metade do século XX no Brasil emerge como um período de intensas mudanças sociais e econômicas, principalmente nos centros urbanos. Nesse contexto, são impressos na sociedade uma gama de novos costumes que refletem na formulação de novos comportamentos para homens e mulheres, ora moldando suas experiências às delineações tradicionais, ora trilhando por caminhos mais ousados. A partir desse panorama, indaga-se como na cidade de Teresina essas questões tiveram seus reflexos. Assim, esse trabalho enfoca Teresina, na década de 1970, buscando analisar os discursos e tramas ligados às experiências afetivas e amorosas no mundo feminino. Para isso utilizam-se as notícias, crônicas e comentários de jornais locais para evidenciar que práticas discursivas foram veiculadas e ditas como definidoras dos comportamentos femininos naquele momento. Portanto, o trabalho procura compreender que discursos permearam as vivências das mulheres de Teresina nos anos de 1970, tendo como argumento central a questão de que as experiências afetivas femininas foram moldadas entre as projeções discursivas presentes na sociedade e nas práticas femininas. Nome: Maria de Fátima Hanaque Campos E-mail: fatimahanaque@hotmail.com Instituição: UP-Portugal e Faculdade de Letras Título: Visões do Brasil: representações femininas nos relatos de viajantes O trabalho visa analisar a representação da mulher brasileira, em particular as mulheres índias e negras, através dos relatos de viajantes da modernidade produzidas nos séculos XVIII e XIX. Parte-se da analise dos livros de viajantes e das representações através das ocorrências e das cenas do cotidiano nos locais visitados. Dessa forma, deixavam aflorar informações e representações sobre a mulher, suas atividades, sua participação em espaço público e privado. É possível relacionar essas representações, a partir de um projeto de dominação colonialista dos europeus na América. A eleição dos viajantes deve-se basicamente as suas viagens cobrirem diferentes partes do território brasileiro; eles produziram obras a partir do contato direto com o objeto investigado, de forma a dar um tratamento cientifico, a produzir um acervo de imagens e textos, e posterior publicação e circulação para leitores europeus. Através do relato desses e de sua produção iconográfica, pretende-se demarcar diferenças existentes, a partir da visão que tiveram da própria experiência de viagem, da identidade e estilo

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adotado de cada um. Também é possível demarcar recorrências no discurso, quer através da visão masculina, quer da alteridade enquanto europeu. Nome: Mariana Joffily E-mail: ianemari@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Repressão política e gênero nas ditaduras militares do Brasil (1964-1985) e da Argentina (1976-1983) As ditaduras militares instauradas o Brasil e na Argentina diferenciam-se em aspectos importantes. O Brasil foi um dos primeiros países do Cone Sul a sofrer o golpe militar, ao passo que a Argentina foi o último. O Brasil teve um número relativamente baixo de mortos e desaparecidos – a despeito da inserção institucional alcançada pelo governo militar –, enquanto a Argentina, num intervalo de tempo que corresponde a um terço do que durou o regime autoritário brasileiro, teve o maior número de vítimas do Cone Sul. Entretanto, há igualmente características em comum significativas: a rotatividade dos presidentes militares, a violência política, a oposição de grupos armados de esquerda. Em ambos os países foi significativa a participação das mulheres na resistência política, de maneira que elas também foram vítimas da repressão institucional. A proposta dessa comunicação consiste em investigar as estratégias repressivas nos dois países, dentro de uma abordagem comparativa, destacando as questões de gênero envolvidas na violência política. As fontes para esse estudo são os relatórios de justiça e verdade elaborados, seja por grupos ligados à defesa dos direitos humanos (o Brasil nunca mais), seja pelo governo civil que sucedeu os presidentes militares (o Nunca más argentino). Nome: Marinete do Santos Silva E-mail: mdss@uenf.br Instituição: Universidade Estadual do Norte Fluminense Título: O caso Eduardo Serrano: onde se cruzam política e homossexualidade O presente trabalho procura mostrar o processo de cassação do mandato do prefeito da cidade de Macaé (estado do Rio de Janeiro), Eduardo Serrano, em 1960, acusado de ser homossexual. Nossa pesquisa se valeu dos Anais da Câmara de Vereadores e de periódicos como os jornais O Rebate e O Fluminense. Nesse período a homossexualidade era vista como um desvio de caráter e uma anormalidade. O discurso dos jornais, assim como dos vereadores, são veementes ao apontar a impossibilidade da continuação do prefeito no cargo, face ao que eles chamavam de ‘anormalidade degradante’ de sua conduta. Mesmo que a luta político-partidária tenha sido importante para o desfecho do caso, a homofobia teve um papel preponderante para unir adversários contra a permanência no poder do prefeito ligado ao Partido Republicano. Nome: Mário Martins Viana Júnior E-mail: mario_ufc@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Gênero e urbanização: representações e práticas na Fortaleza do século XIX Nosso trabalho tem como principal intenção investigar as relações de gênero em Fortaleza, buscando articulá-las com o processo de urbanização dessa cidade, intensificado na segunda metade do século XIX. Tomaremos como parâmetro tanto os discursos e representações em torno dos papéis sociais e sexuais dos fortalezenses, construídos e expressos nos jornais e códigos legislativos do período, bem como as crônicas e memórias de importantes escritores(as) oriundos(as) dessa cidade. Nessa perspectiva buscaremos cotejar tais representações com as práticas sociais registradas em outras fontes e âmbitos que, muitas vezes, poderiam destoar das hierarquizações e balizamentos existentes, engendrando relações de gênero distintas daquelas idealizadas. São em documentos, tais como os registros policiais, censos, almanaques e, sobretudo, nas fontes de caráter cartorial que intentamos evidenciar as contradições e conflitos inerentes às relações de gênero fortalezenses que estavam intimamente relacionadas com a constituição material da cidade. Nome: Mirian Jaqueline Toledo Sena Severo E-mail: mirianjaqueline@yahoo.com.br Instituição: UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados Título: Mulheres assentadas: suas múltiplas atuações A proposta deste trabalho é apresentar algumas discussões e resultados da pesquisa que vem sendo desenvolvida acerca dos múltiplos papéis desempenhados pelas mulheres em dois assentamentos rurais do estado de Mato Grosso do Sul. A partir das “vozes” femininas e masculinas busca-se conhecer os discursos e as representações atribuídos às mulheres. Ressalta-se a influência do sistema patriarcal, que no meio rural, permanece definidor das relações sociais entre mulheres e homens e dos espaços que estes ocupam na família. As mulheres, por sua vez, tecem novas relações tanto dentro da família quanto fora dela, por

meio das suas múltiplas atuações. Nesse sentido, enfatiza-se as ações das mulheres assentadas, suas formas de resistência como “estratégias” utilizadas para romper as barreiras, as fronteiras entre espaços público e privado. Espera-se que o presente trabalho juntamente com outras pesquisas que utilizam a categoria gênero possa vir a contribuir para trilhar novos caminhos na sociedade, desmistificando estereótipos que foram construídos em torno das mulheres e assim tentar construir uma sociedade mais igualitária. Nome: Paola Lili Lucena E-mail: paolall@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Jornal Lar Católico: espaço de representações sobre a família e a sexualidade nos anos 1950 e 1960 O Lar Católico foi um dos periódicos de maior circulação do Estado de Minas Gerais, durante os anos 1960. Idealizado pelos padres verbitas, nasceu no início do século XX, na cidade de Juiz de Fora, onde perdurou por muitos anos, até ser transferido para Belo Horizonte. Interessado na preservação da moral cristã famíliar, nos anos 1950 o Lar Católico abre um espaço significativo para as mulheres. Ao articular representações a respeito do que seria um universo feminino desejável, tal jornal procurava legitimar a divisão sexual dos papéis vigente entre os anos 1950 e 1960, enfatizando a presença da mulher na família e fazendo frente aos avanços do movimento feminista. Assinada pela militante católica Maria Magdalena Ribeiro de Oliveira, a coluna Intercambio com as Leitoras se propunha a sanar as dúvidas e aconselhar as mulheres, no sentido de uma conduta cristã. No entanto, ao analisar as cartas enviadas para essa coluna, percebe-se em alguns casos que as leitoras, mesmo conhecendo o discurso sexual do jornal, possuíam práticas sexuais e comportamentais que destoavam daquilo que lhes era ensinado. Logo, o resgate do discurso do jornal e das experiências das mulheres ajuda a entender como esses grupos construíram suas representações sobre sexualidade e família, entre os anos 1950 e 1960. Nome: Paula Faustino Sampaio E-mail: paulafaustinosampaio@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: (Des)acertos conjugais: conflitos familiares e judiciais acerca das relações de gênero em Cabaceiras, PB, 1930 e 1940 Com ampliação teórica, metodológica, temática, tendo em vista as indagações motivadas pelas experiências no presente, a história das mulheres estuda sobre relações de gênero em tempos e espaços diversos. Neste sentido, tento compreender o(s) papel(is) e os lugar(es) social(is) atribuído(s) ao gênero feminino e ao masculino pela Igreja Católica e pela Justiça, na Vila de Cabaceiras, PB, entre 1930 e 1940. A partir dessa compreensão, a intenção é pensar os conflitos familiares e judiciais em torno das relações de gênero naquela vila do interior da Paraíba. Para tanto, estudei relatos orais de memórias de mulheres com mais de sessenta anos de idade, processos crimes de defloramento e lesão corporal da Comarca de Cabaceiras e hinos e catecismo da Igreja Católica. A esta documentação inédita, aliamos as leituras acerca da construção das representações, dos discursos, das práticas e das relações de gênero, que permitem refletir acerca das formas de relações de gênero predominantes, mas sem deixar de lado as experiências que foram de encontro com as normas impostas pela Igreja, pelo Estado e pela família. Deste modo, aqui a intenção é contar uma história acerca dos (des)acertos conjugais em meio a discussão sobre moral e imoral, naquela época na Vila de Cabaceiras, PB. Nome: Pedro Vilarinho Castelo Branco E-mail: pedrovilarinho@uol.com.br Instituição: UFPI Título: Práticas e representações masculinas no Piauí do final do século XIX A intenção com o presente trabalho é analisar as representações e as práticas que dão significado à masculinidade no Piauí na segunda metade do século XIX. Os relatos de literatos e historiadores nos informam que a sociedade piauiense foi montada sob o signo da guerra e da conquista de terras e de seus habitantes. A referida movimentação de conquista se deu particularmente com o esforço privado, o Estado pouco concorrendo para a efetivação do feito. Dessa forma as figuras masculinas e as famílias que eles representam aparecem como as conquistadoras do lugar. Os homens aparecem também como figuras imprescindíveis na montagem das atividades econômicas, pessoas que tornaram viável a exploração econômica e ocupação do sertão. O mundo tradicional no Piauí aparece na escrita dos literatos e dos historiadores como espaço marcadamente masculino: são desbravadores, fazendeiros, cangaceiros, vaqueiros as figuras mais prestigiadas e valorizadas. Entender as formas de construção discursiva e as implicações desse discurso para as relações entre os gêneros no Piauí do século XIX é a questão que buscamos responder com a presente investigação.

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07 Nome: Renato Riffel E-mail: theriffel@hotmail.com Instituição: FAED/UDESC Título: Relações em descompasso: lazer, gênero e violência no Vale do Itajaí-Mirim Partindo da análise de determinadas atividades de lazer existentes na do Vale do Itajaí-Mirim pretende-se tecer algumas considerações sobre as relações de gênero e a violência, procurando discutir como alguns comportamentos e atitudes de afirmação de masculinidades geram ações violentas. Ao analisar os bailes populares e as domingueiras que faziam parte da diversão da população rural na década de 1940, percebe-se que a afirmação dos valores viris se apresenta como uma forma de manutenção do status de dominação que deve ser demonstrado não somente perante as mulheres, mas também perante o grupo aos quais os homens pertencem. Ao avançarmos no tempo, verificamos que, apesar das mudanças de comportamentos que ocorrem a partir da década de 1970, principalmente entre os jovens, a imagem modelar de masculinidade divulgada e sustentada como um ideal a ser perseguido continua prevalecendo. No entanto, a contínua diversificação dos cenários sociais possibilita ao homem a oportunidade de se repensar a partir de novos códigos vigentes, promovendo a alteração da hierarquização social que representa as relações entre homens e mulheres, podendo contribuir dessa forma para a diminuição da violência. Nome: Rômulo José Francisco de Oliveira Júnior E-mail: romulojunior@oi.com.br Instituição: UFRPE Título: Representações de Antônio Silvino: reafirmando as relações de gênero na literatura de cordel Os estudos que versam sobre as relações de gênero ganharam proporções significativas na historiografia a partir da década de 70 do século XX, e deram a ver novas formas de dizer e fazer a História. No sertão nordestino o folheto de cordel era o instrumento de divulgação dos fatos cotidianos e dos comportamentos sociais, sendo bastante comercializado nas feiras e mercados. Tendo a literatura de cordel dos poetas Francisco das Chagas Batista, Leandro Gomes de Barros e José Costa Leite como fonte, pretendemos neste trabalho, analisar as representações de gênero em torno do cangaceiro Antonio Silvino, enfatizando os comportamentos que eram dispensados a homens e mulheres no sertão nordestino no período que compreende de 1900 a 1940. Nome: Sana Gimenes Alvarenga Domingues E-mail: sanagimenes@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Título: Gênero e poder: um estudo da participação feminina no Partido dos Trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro A emancipação feminina alcançou, no estágio atual, conquistas nunca antes vistas. Ocorre que, a despeito dos avanços realmente alcançados, as mulheres ainda são cidadãs de segunda categoria. Neste cenário, a esfera política, reduto historicamente masculino, tem sido um campo extremamente problemático para a atuação feminina. E tal realidade ainda é recorrente no Brasil mesmo mais de uma década após a entrada em vigor da Lei 9.504/97, que estabeleceu, em seu artigo 10, § 3º, que os partidos devem destinar uma percentagem mínima de trinta por cento e máxima de setenta por cento de suas candidaturas para cada sexo. Cabe então questionar de que maneira os partidos políticos brasileiros têm se adaptado a essa lei, sobretudo aqueles que se autodenominam de esquerda, já que, tradicionalmente, os partidos de esquerda sempre estiveram alinhados às demandas das minorias. Para tanto, a presente pesquisa lançará olhos sobre o maior partido supostamente de esquerda brasileiro, o Partido dos Trabalhadores (PT), e buscará averiguar se a inclusão feminina tem se efetivado de forma realmente plena ou, ao menos de acordo com os ditames legais, no PT do Estado do Rio de Janeiro. Nome: Stella Maris Scatena Franco Vilardaga E-mail: stellafv@gmail.com Instituição: Universidade Federal de São Paulo Título: Relatos de viagem de mulheres: entre práticas e representações O propósito desta comunicação é refletir sobre relatos de viagem escritos por mulheres. Texto híbrido, muitas vezes apresenta-se constituído por uma mescla de gêneros - como o diário, a biografia, a epístola, a memória e a narração da viagem propriamente dita. Carrega o traço de ser atravessado pela questão da subjetividade e da individualidade, ao mesmo tempo em que veicula fenômenos coletivos e sociais, sendo depositário de noções acerca dos padrões de conduta marcados pelas relações de gênero. Tomamos como fonte de pesquisa relatos de três escritoras latino-americanas do século XIX que viajaram à Europa e aos Estados Unidos. São elas: a brasileira Nísia Floresta, a cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda e a argentina Eduarda Mansilla. Pretende-se compre-

ender o discurso construído por elas a respeito do lugar social da mulher, bem como abordar as possibilidades de contraposição a normas pré-estabelecidas de comportamento social feminino, sobretudo tendo-se em vista seus acessos a práticas naquele momento mais socialmente aceitas para os homens, tais como a viagem e a escrita. Por fim, pretende-se mostrar que seus relatos, para além de espaço de constituição de discurso, podem ser também concebidos como meios de registro de experiências concretamente vivenciadas por mulheres. Nome: Suzimar dos Santos Novais E-mail: suzinovais@yahoo.com.br Instituição: FACINTER Título: Mulheres sertanejas: política, sociedade e economia (1840-1920) A presente comunicação tem por objetivo analisar a atuação das mulheres sertanejas, especificamente no Sertão da Ressaca, identificando os espaços de efetiva participação das mulheres, destacando sua intervenção nos episódios políticos que marcaram os primeiros anos da imperial Vila da Vitória, atual município de Vitória da Conquista. Demonstraremos a participação feminina, partindo de uma análise documental, incluindo inventários e petições, em que mulheres impetravam ações de divórcio, petições de guardas de filhos e de herança e solicitações de emancipação. Discutiremos esse universo feminino que as possibilitou exercerem atividades econômicas e políticas, muitas com a incumbência de conselheiras políticas e apaziguadoras de conflitos armados entre grupos influentes e rivais da sociedade local. Nome: Vera Lúcia Puga E-mail: verapuga@prograd.ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Especialidades médicas, escolhas de gênero: Residência médica na UFU Pesquisas recentes apontam o crescente acesso à educação pelas mulheres, assim como a feminização de algumas carreiras ou profissões, anteriormente consideradas especificamente masculinas. Mesmo assim é possível constatar que os espaços acadêmicos de decisões e tecnologias permanecem eminentemente masculinizados. Para Menezes e Heilborn, com a entrada de mulheres em espaços predominantemente masculinos acontece a perda de prestígio do ofício, marcada pela queda da remuneração e mesmo sendo constatadas a presença de mulheres no chamado mundo dos homens ainda persistem ofícios e especialidades que resistem e se mantém dicotômicos, ou seja, permanecem masculinos e femininos. Este fato pode ser constatado, inicialmente em nossa pesquisa quanto às especialidades médicas. Assim, percebe-se uma hegemonia de homens nas especialidades de Urologia, Ortopedia e Traumatologia e de mulheres nas especialidades de Ginecologia e Obstetrícia e Pediatria. Em que medida a escolha por especialidade médica se dá por influência interna, dos (as) professores (as) e preceptores e colegas do curso, ou por bagagem cultural advinda das famílias de origem dos (as) estudantes? Nome: Walter de Carvalho Braga Júnior E-mail: waltercbraga@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Violência contra mulheres pobres no termo da vila da Fortaleza (1790-1820) O presente trabalho trata de uma pesquisa desenvolvida com a documentação do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC) sobre violência contra mulheres no termo da Vila da Fortaleza no início do século XIX. Esta pesquisa tem como um dos seus principais objetivos desconstruir a imagem que se criou no imaginário brasileiro de que a mulher não ocupava os espaços públicos e ainda teria se rendido à reclusão que lhe era imposta pelos homens. A intenção é mostrar como as mulheres teceram suas táticas e impuseram suas vontades de forma que confrontaram diretamente o imaginário que se construiu em torno delas. Para além do caráter denuncista dos crimes cometidos contra mulheres pobres no final do período colonial, procuro trazer à tona as estratégias a que estas mulheres recorriam para garantir seus direitos e sua segurança na misógina sociedade cearense. É importante que nós historiadores tenhamos sempre esta preocupação em perceber os “jogos de poder” e estratégias assumidas neste intenso fluxo que se estabelece entre homens e mulheres.

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08. Dizer sim Ă existĂŞncia: ĂŠtica e subjetividade na HistĂłria Glaydson JosĂŠ da Silva - Universidade Estadual de Londrina (sglaydson@hotmail.com) Luzia Margareth Rago - UNICAMP (marga_rago@uol.com.br) Contra uma cultura que privilegia o negativo, que aposta na retĂłrica em lugar da paresia (falar franco FRP ULVFR TXH FRQKHFH VREHMDPHQWH D PLVRJLQLD PDV QmR D Ă€ORJLQLD R DPRU SHODV PXOKHUHV TXH acredita na moral normatizadora, ao invĂŠs de investir nas prĂĄticas da liberdade constitutivas da tradiomR JUHFR URPDQD HQĂ€P TXH YDORUL]D R SRGHU D FRPSHWLomR H D KLHUDUTXLD DR LQYpV GDV UHODo}HV GH amizade e solidariedade, os pensamentos muito positivos de Foucault e Deleuze, inspirados em Niet]VFKH DVVLP FRPR RV IHPLQLVPRV H RV DQDUTXLVPRV FRQWHPSRUkQHRV DSRQWDP SDUD VDtGDV LQWHUHVVDQWHV 3DUD 1LHW]VFKH GL]HU VLP QmR VLJQLĂ€FD XPD DFHLWDomR SDVVLYD GR LQVWLWXtGR QmR VH WUDWD GR 6LP GR DVQR GH =DUDWXVWUD SDUD TXHP DĂ€UPDU p FDUUHJDU R SHVR GR PXQGR p DVVXPLU D UHDOLGDGH WDO TXDO HOD p Mi TXH HOH p VHQVtYHO DSHQDV jTXLOR TXH WHP VREUH R ORPER jTXLOR D TXH FKDPD GH UHDO &RPR H[SOLFD 'HOHX]H ´R DVQR FDUUHJD LQLFLDOPHQWH R SHVR GRV YDORUHV FULVWmRV GHSRLV TXDQGR 'HXV HVWi PRUWR FDUUHJD R SHVR GRV YDORUHV KXPDQLVWDV KXPDQRV ² GHPDVLDGR KXPDQRV Ă€QDOPHQWH R SHVR GR UHDO TXDQGR Ki QmR Ki YDORU DOJXP Âľ '(/(8=( ( DGYHUWH TXH QD YHUGDGH R DVQR GL] 1mR SRLV ´p D WRGRV RV SURGXWRV GR QLKLOLVPR TXH HOH GL] VLPÂľ 2 DĂ€UPDU GH TXH DTXL IDODPRV GL] respeito Ă transformação, Ă criação, Ă dança, Ă profanação e Ă vida. Nessa direção, propomos, nesse 6LPSyVLR 7HPiWLFR D DSUHVHQWDomR H D GLVFXVVmR GH SHVTXLVDV KLVWyULFDV TXH IRFDOL]HP RV VDEHUHV H DV SUiWLFDV TXH HP GLIHUHQWHV PRPHQWRV KLVWyULFRV H HP VHXV H[HUFtFLRV FUtWLFRV DĂ€UPDP D H[LVtĂŞncia, apostam na liberdade e na construção de valores ĂŠticos praticados por novas subjetividades; HQĂ€P TXH SRWHQFLDOL]DP D YLGD HP QRVVD DWXDOLGDGH

Resumos das comunicaçþes Nome: Adilton LuĂ­s Martins E-mail: adiltton@hotmail.com Instituição: Unicamp TĂ­tulo: O “decĂĄlogoâ€? da estĂŠtica da existĂŞncia Trata-se de uma comparação entre os dez mandamentos da catequese catĂłlica e elementos da estĂŠtica da existĂŞncia. O intuito deste exercĂ­cio consiste em salientar as diferenças entre a moral cristĂŁ e a estĂŠtica da existĂŞncia. Nome: Aline da Silva Medeiros E-mail: linemedeiros@gmail.com Instituição: PUC/SP TĂ­tulo: Parteiras curiosas e as economias do corpo feminino. Fortaleza, 1915-1935 Em 1915, por ocasiĂŁo da fundação da Maternidade Dr. JoĂŁo Moreira, a cidade de Fortaleza foi palco de uma sĂŠrie de investimentos mĂŠdicos que tornaram os corpos das mulheres grĂĄvidas objetos privilegiados da prĂĄtica clĂ­nica. A irradiação dos preceitos mĂŠdicos que deveriam informar a assistĂŞncia ao parto estava, no entanto, condicionada Ă supressĂŁo das chamadas “parteiras curiosasâ€? ou “aparadeirasâ€?. O presente trabalho se compromete com a reflexĂŁo sobre as prĂĄticas destas mulheres. Residindo nas zonas perifĂŠricas de Fortaleza, as “parteiras curiosasâ€? tinham suas atuaçþes tributĂĄrias do mundo rural do sertĂŁo, utilizavam de forma improvisada os objetos do mobiliĂĄrio domĂŠstico para o termo do parto, se valiam de um repertĂłrio de rezas e de apelos sobrenaturais consentâneos com o problema que enfrentavam, promoviam aproximaçþes entre os corpos e elementos orgânicos, inclusive excrementos, etc. Instauravam um regime corporal no qual o corpo da parturiente sofria mĂşltiplas influĂŞncias, se mostrando completamente permeĂĄvel Ă s forças cĂłsmicas, humanas e materiais. A reflexĂŁo sobre alguns elementos que circundavam as prĂĄticas destas mulheres se faz essencial para compor a genealogia dos cuidados sobre o corpo feminino na cidade de Fortaleza. Nome: Ana Carolina Arruda de Toledo Murgel E-mail: acmurgel@gmail.com Instituição: Unicamp TĂ­tulo: “E agora, Maria?â€?: a escrita feminista de si

HeloĂ­sa Buarque de Hollanda afirmava, num artigo publicado em 1981, olhando a pilha de livros escritos por mulheres que se avolumava sobre sua mesa: “o discurso feminista supĂľe algumas simplificaçþes e uma certa incapacidade, enquanto linguagem, para enfrentar seus fantasmas mais delicadosâ€? . Folheando os livros de algumas das poetas daquela geração, detectou em boa parte delas “sintomas de um discurso pĂłs-feminista, um novo espaço para a reflexĂŁo sobre o poder da imaginação feminina. Uma revolta molecular quase imperceptĂ­vel no comportamento, na sexualidade, na relação com o corpo e a palavraâ€?. A idĂŠia de um pĂłs-feminismo ĂŠ tambĂŠm defendida por Margareth Rago, para quem esse novo feminismo traz as ressonâncias do pensamento de filĂłsofos do pĂłs-modernismo. A proposta desta pesquisa ĂŠ perceber como essa reinvenção de si se dĂĄ na poesia escrita por mulheres, focando as obras de Alice Ruiz, Ana Cristina Cesar e Ledusha. Para problematizar essa proposta, pretendo trabalhar com alguns dos conceitos oferecidos pela filosofia da diferença e pelo feminismo inspirado na pĂłs-modernidade. Utilizo as referĂŞncias teĂłricas e metodolĂłgicas das concepçþes de Michel Foucault e as discussĂľes relativas Ă s relaçþes de gĂŞnero, nas perspectivas apontadas por Rosi Braidotti, Luce Irigaray e Margareth Rago. Nome: Andre Luiz Joanilho E-mail: alj@uel.br Instituição: UEL TĂ­tulo: Tempo em Foucault A temporalidade na obra de Foucault ainda ĂŠ tema de discussĂŁo entre historiadores, porĂŠm hĂĄ uma clara percepção temporal e ele nĂŁo ĂŠ apenas o descontĂ­nuo, hĂĄ tambĂŠm uma temporalidade difusa nas prĂĄticas discursivas que se constitui ao longo dessas mesmas prĂĄticas. NĂŁo hĂĄ uma linearidade para Foucault, mas um tempo multifacetado que se prolonga ou encurta conforme prĂĄticas e discursos entram em confluĂŞncia ou em embates. Nome: Anette Lobato Maia E-mail: anettelmaia@globo.com Instituição: Universidade de BrasĂ­lia Nome: Maria Celia Orlato Selem E-mail: orlatoselem@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP TĂ­tulo: Corpos que importam: dobras e permanĂŞncias nas materialidades trans

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08 Falamos do corpo significado em feminino no mundo das imagens desejantes e desejadas: formas, cores, cosmética, brilho. Imagem que não cessa, transmuta, transfigura e re-configura. A plasticidade do olhar do outro, sujeito inacabado e oblíquo, localiza as possibilidades da materialidade corporal e falha na totalidade da cooptação. É nessa perspectiva que estabelecemos conversas com transgêneros femininas, menos nos palcos e mais nas usinas (produção) dos desejos e subjetividades, possíveis em gestos carregados pelas marcas de gênero. Práticas cotidianas apontam para a historicidade e desestabilizações dos discursos sobre os sexos e corpos, numa denúncia de que somos sujeitos de identidades plurais e efêmeras com lugares provisórios. Alguns lugares estão renitentes e o feminino exige o suplício, a modelagem, o recorte. Ser feminina é ser em formas, contenções, práxis. É distanciar-se do abjeto amorfo, opaco, indecifrável - endividamento. Contestar as lentes binárias, que implodem o humano em masculino e feminino, implica em apontar que os corpos escapam ao peso das injunções heteronormativas – por isso as transgeneridades apresentam-se aqui como objeto - mas também pensar dobras e permanências na produção do corpo feminino incessantemente esquadrinhado e economicamente viável. Nome: Clementino Nogueira de Sousa E-mail: cnousa@uol.com.br Instituição: UNEMAT Título: Bar Lago das Rosas: gargalhadas, gritos, ruídos, passos, paixões e murmúrios dos amantes, compondo a trilha sonora de uma cartografia do desejo na cidade de Cuiabá A cidade de Cuiabá, na década de 1940, não era marcada somente pelos tempos “litúrgicos da Igreja Católica, pelos saraus e tertúlias”, pelas construções de novos prédios públicos, pelas construções de hotéis, pelas rodovias, pelas avenidas Getúlio Vergas e Treze de Junho, que representam a linha de segmentaridade, territorialidade e estratos de uma memória arborescente etc. Ela possuía outras linhas de conectar a subjetividade com o devir; ela possuía outros fluxos de desejos; outras formas de vida, outras heterotopias espaciais, outros verbos desejantes: pulsar, intensificar, desterritorializar, que fabricam corpos sem órgãos, compondo dessa forma, um quadro de multiplicidades, que modulam vidas infames que caminham entre os saberes e os poderes atiçando fogo nas essencialidades através de seu princípio de afirmação diferencial... Em suma, objetivo desta comunicação é seguir as pegadas desses sujeitos nômades, os rumores, as gargalhadas de bar em bar, os gritos de bordel em bordel, as lágrimas e alegria de garimpo em garimpo, as paixões e os sonhos dessas figuras femininas e masculinas que constituíram através das suas formas de subjetivações uma cartografia do desejo na cidade de Cuiabá. Nome: Daive Cristiano Lopes de Freitas E-mail: dcristianlopes@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: A estética do desamparo - Fragmentos de arte para uma narrativa a contrapelo da história Estudamos a produção de imagens do artista plástico Francano Salles Dounner (1949-1996) em seu livro “Art-Nula”, situando este num contexto que se caracteriza pela precarização da vida e pela exacerbação da dimensão mecânica da sociedade. Analisamos as marcas dos processos de subjetivação do artista em seu esforço com a lida da “escultura de si”, fazendo um recorte sobre o artista na condição de narrador de seu tempo, buscando estabelecer um diálogo entre sua obra e a obra de Walter Benjamim, sobretudo nos aspectos em que o filósofo indica uma articulação entre a modernidade e a tradição. Ampliamos nossa abordagem na interface com a obra de Mikhail Bakhtin “Cultura Popular na Idade Media e no Renascimento”, particularmente, no conceito de “realismo grotesco”. A partir deste enfoque teórico e do corpus da pesquisa analisamos os processos de subjetivação da e na sociedade contemporânea e suas possibilidades pedagógicas para uma análise crítica da educação. Nome: Diego Souza de Paiva E-mail: domdiegosouza@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: Por uma precariedade assumida: uma reflexão sobre o ofício do historiador Mostrando correspondência, de uma forma geral, para com a proposta do XXV simpósio nacional (cujo tema é história e ética) e, de uma forma específica, para com as diretrizes dos simpósios em questão, o presente trabalho vem no sentido de compartilhar uma reflexão sobre o caráter complexo da relação entre o historiador e seu ofício. Muito mais um ensaio que propriamente um artigo, este trabalho, voltando sua atenção para o

universo de redefinição pelo qual vem passando a história-ciência a partir da década de 1970, procura convidar à reflexão sobre algumas questões teórico-metodológicas fundamentais numa prática historiográfica dita reflexiva (o papel da imaginação, as relações entre objetividade e subjetividade, entre fato e ficção etc.). E nesse sentido defender uma proposta de história calcada numa postura menos pretensiosa, menos senhora de si e do tempo, e mais adequada à complexidade de uma realidade que deve ser sempre entendida em termos relativos. A intenção aqui não é a de defender o paradoxo semântico presente na idéia de um relativismo absoluto, mas simplesmente afirmar um dado relativismo, filho das limitações e complexidades que caracterizam o ofício do historiador. Defender essa realidade é, sem dúvida, uma questão de ética. Nome: Dimas Brasileiro Veras E-mail: dimasveras@hotmail.com Instituição: UFPE (PPGH) Co-autoria: Francisco Aristides de O. S. Filho Instituição: UFPI Título: A experiência da esperança: um “Golpe na Alma” da intelectualidade brasileira pós 1964 O trabalho tem como objetivo compreender a atuação do Serviço de Extensão Universitária da Universidade do Recife (SEC/UR) e de seu idealizador, o professor Paulo Freire, no campo intelectual e educacional da cidade do Recife na década de 1960. Nestes anos o SEC se destacou por uma multiplicidade de atividades: palestras, encontros estudantis, diálogo com outras Universidades, a criação da Rádio Universidade e da revista de cultura Estudos Universitários. No entanto, seu foco principal era o sistema de alfabetização de jovens e adultos e uma nova concepção de educação conhecida como “Sistema Paulo Freire de Educação”. São estas experiências que procuraremos analisar. Nossa preocupação neste sentido se bifurca numa história das sociabilidades e numa história cultural da educação: a experiência da esperança e o golpe na alma sofrido por esta geração de intelectuais. Este trabalho floresce da leitura do livro de memórias de Marcius Cortez “O Golpe na Alma”: narrativa que oferece ao leitor importantes reminiscências para entender atuação intelectual e educacional no Brasil e no Recife, as relações entre a cidade e a Universidade e a problemática da memória ao lidar com a dolorosa experiência da ditadura. Nome: Elisabeth Juliska Rago E-mail: bethrago@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Ética e subjetividade nas trajetórias de Francisca Praguer Fróes A proposta desta comunicação é discutir as trajetórias da médica Francisca Praguer Fróes, nascida na Bahia, em 1872, formada pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1893. Vinculou-se ao feminismo e à medicina, contra todas as objeções sociais e, depois de formada, utilizou o prestígio conferido pela profissão em favor da cidadania e da saúde da mulher. A releitura de seus escritos permite pluralizar a percepção das subjetividades femininas constituídas na experiência da vida cotidiana com relativas margens de autonomia, de acordo com as possibilidades dadas naquele complexo período histórico. Enfrentou tensões e negociações posicionando-se a favor das práticas de liberdade, forjando soluções no interior da organização de gênero, redefinindo suas próprias trajetórias e demonstrando, dessa maneira, que a dominação masculina não era total nem absoluta. São particularmente importantes, para a compreensão deste estudo, as concepções trazidas pelo feminismo contemporâneo, uma vez que podem ser elucidativas para analisar experiências femininas do passado. A médica pode ser analisada como uma pessoa atravessada por uma multiplicidade de subjetividades, que se reconstroem na prática do cotidiano, construindo novos valores éticos e reinventando-se ante as adversidades da vida. Nome: Everton de Oliveira Moraes E-mail: evermoraes@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Notas sobre a composição de um fanzine: ética e existência na escrita punk Compor um fanzine punk é recusar-se a assumir o papel de autor, tornando-se voluntariamente anônimo, para fazer dele o acontecimento que pretende, como diz Kafka, “comunicar algo incomunicável”, algo que só se pode sentir na imanência do próprio corpo. Trata-se de algumas folhas xerocadas, com textos e imagens sobrepostas, onde está em jogo denunciar e combater o fascismo do cotidiano, um exercício crítico de si mesmo, que procura problematizar as próprias condutas, pensamentos e os significados

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do punk. O fanzine é um exercício crítico da escrita que é menos a narração desse embate do que a própria arma com a qual se luta, um ato através do qual alguns homens infames se lançam em combate. Dele surgem uma infinidade de textos que escrevem a angústia e o ódio provocados por um poder que pretende tomar de assalto a própria vida. Nesse processo, inventam-se éticas e estéticas de existência. Nome: Fabiana Luiza da Silva E-mail: fabianaluiza1@yahoo.com.br Instituição: Universidade Severino Sombra Título: Das criaturas aos criadores: contribuições de Foucault para a análise de uma historiografia tripartida sobre a Guerra do Paraguai Este trabalho parte de algumas das muitas contribuições do filósofo francês Michel Foucault para o estudo da história. Priorizamos suas idéias que dizem respeito à relação saber/poder e à forma como esta pode ser considerada a criadora dos indivíduos. Acreditamos na utilidade de seus conceitos para a análise das formas através das quais Francisco Solano López e Duque de Caxias foram descritos na historiografia brasileira sobre a Guerra do Paraguai, a qual está dividida em tradicional, revisionista e contemporânea. Por essa razão, apontamos a possibilidade de se voltar maior atenção às condições de possibilidade para os indivíduos que caracterizaram os referidos personagens. Enfim, acreditamos que, mais do que repetir as descrições já feitas sobre estes dois protagonistas da guerra, é possível, ainda, identificar de que forma se deu a construção dos seus sujeitos idealizadores. Nome: Glaydson José da Silva E-mail: sglaydson@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: Expressões contrastantes - representações femininas durante o fascismo francês (1940-1944) Tem-se por objetivo nessa comunicação analisar, dentre as diferentes representações femininas durante o período de dominação alemã na França (Regime de Vichy – 1940-1944), aquelas que se ligam às proposições oficiais do Estado (sobretudo por meio de sua expressão imagética), em contraposição àquelas vinculadas aos diferentes movimentos e organizações de mulheres ligados à Resistência (expressão imagética e textual). O confrontamento desses discursos contrastantes terá como cerne a análise das normatizações em face da sua incapacidade de render à práxis social. Nome: Haroldo Gomes da Silva E-mail: hgomesrn@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: O elogio do trabalho em Luzia-Homem O século XX marca definitivamente a entrada da mulher no mercado de trabalho, momento saudado pelo que representou no aumento da autonomia social das mulheres em relação aos homens e numa maior participação delas na esfera pública. Por outro lado, verifica-se o paradoxo de introdução das mulheres na constituição do que Foucault chamou de “pedagogia universal do trabalho”, que afirma a centralidade do trabalho na vida das pessoas e a submissão da sociedade à racionalidade econômica. Este artigo pretende discutir a relação entre condição de virilidade do sertanejo e elogio do trabalho a partir do romance “Luzia-Homem”, obra de Domingos Olimpio, publicada em 1903, no Brasil, pois o desenvolvimento desse vigoroso processo de valorização do trabalho passa pela fabricação do sertanejo, configurado como tradição no Norte onde, posteriormente, seria inventada o que se conhece hoje por Região Nordeste. O romance emerge na sociedade burguesa como novo modo de produção de sujeitos e de subjetividades e, em Luzia-Homem, uma mulher é esculpida para o trabalho pela condição de virilidade, força e valentia do predicado homem que carregava. A escrita da história vive o desafio de fazer a crítica de uma ética do trabalho que hipervaloriza o labor, a escravidão do humano pela necessidade. Nome: Helena Isabel Mueller E-mail: helena.isabel@terra.com.br Instituição: Faculdade Internacional de Curitiba Título: Vício de proibir: droga socialmente reforçada Nascemos essencialmente livres. Após o susto, e o medo em enfrentar o que se nos coloca, tornamo-nos curiosos do mundo que nos cerca. Descobrimos novas formas de comunicação para além dos ruídos que emitíamos. Aprendemos, aos poucos, impulsionados pela curiosidade que nos é inerente, uma linguagem mais complexa, verbalizada e na qual corpo não é mais essencial. Curiosos, perguntamos infinitamente o porquê das coisas, o que nos leva a descobrir caminhos, ganhar autonomia, ampliar os limites

de nossos horizontes. Rapidamente, no entanto, temos que nos defrontar com impedimentos, espaços delimitados, direcionamentos, proibições. A curiosidade, antes livre para se fortalecer, agora percorre corredores e labirintos, disciplinas e imposições. Já não podemos deixar que ela aponte nosso norte, pois há o constrangimento da proibição, a restrição da liberdade. O presente trabalho tem como proposta discutir as questões acima, como metáfora, em momentos históricos tais como a Grécia Antiga, quando a curiosidade era instigada, e o surgimento da sociedade moderna com a construção/imposição da disciplina educação. Para tal, estaremos nos referenciando em Bakunin, Foucault, Castoriadis, Rancière e Deleuze. Nome: Herasmo Braga de Oliveira Brito E-mail: herasmobraga@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: A pedagogia do olhar em Oceano mar e Ensaio sobre a cegueira: reflexões historiográficas sobre a égide da pós-modernidade Sérgio Buarque de Holanda em uma das suas reflexões presente no livro Para uma nova história trata sobre dois tipos de historiadores: um que se aprofunda na documentação, mas é perfeitamente nula a sua imaginação, enquanto o outro, a imaginação é devoradora e consome toda a documentação. Que imenso historiador, afirma Buarque, não teríamos se pudéssemos associar as duas figuras emblemáticas em uma só, i.e, um sujeito erudito e compreensivo, investigador e também pensador, cheio de humildade e de lúcido discernimento. No entanto, observa-se que a formação do historiador atualmente, encontra-se distante das assertivas formuladas por Buarque e isso ocorre, a nosso ver, devido à deseducação do olhar por parte dos investigadores históricos. Hoje, o historiador parece pautar-se mais sobre modismos e excessiva teorização com pouco trabalho documental de análise e reflexão. Assim, em meio a este oceano pós-moderno de indefinições e incertezas, o historiador parece imergir de uma cegueira e um isolamento limitador. Portanto, utilizaremos as obras Ensaio sobre cegueira de José Saramago e Oceano Mar de Alessandro Barrico, no intuito de nos orientar na reflexão sobre os desafios, dificuldades e perdas de referencialidade do historiador contemporâneo. Nome: Icaro Ferraz Vidal Junior E-mail: icaroferrazvidal@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Atenção e verdade em Bergson, Nietzsche e Lost Propomos uma genealogia da atenção envolvida nos regimes de produção de verdade, a partir das narrativas trans-midiáticas contemporâneas. Adotamos a hipótese de que a emergência de narrativas estruturadas tendo como pressuposto um espectador que trabalha, na busca por uma verdade, a partir de diferentes dispositivos tecno-midiáticos, implementa uma demanda atencional que, deslocada para certas práticas sociais, passa a ser enquadrada no expansivo diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Como contraponto histórico-filosófico (na contramão de um pensamento que tende a reduzir o fenômeno da atenção a seus correlatos biológicos e retirá-lo, assim, da história) retomamos o conceito de atenção postulado por Henri Bergson, sobretudo em “Matéria e memória” (1896). Como adjacência da formação histórica contemporânea, privilegiaremos os fóruns virtuais que discutem o seriado televisivo Lost, de modo a verificar em que medidas o valor moral coletivamente atribuído a determinada leitura da série acopla-se, em um plano biopolítico, a certos regimes atencionais sócio-institucionalmente requeridos. Após o gesto genealógico, empreendemos uma valoração ética, também de inspiração nietzschiana, dos valores morais aí agenciados. Nome: José Carlos Reis E-mail: jkrs@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: A filosofia da história pós-moderna: Elias, Foucault, Bourdieu, Thompson A partir de 1989, a historiografia “mudou de pele”. Não se fala mais de estruturas, de longa duração, de classes e luta de classes, de revolução social, de ideologias, de engajamento político, de alienação, de problemas econômico-sociais, não se usam mais “conceitos” e discute-se se a história pode atingir a “verdade”. Hoje, as palavras mais comuns da hegemônica história cultural são: “pós-modernidade”, “representações”, “micro-narrativas”, “imagem”, “estética”, “história e literatura”, “história e ficção”, “história e poética”, “virada linguística”, “texto”, “enredo”, “estilo”, “retórica”, “interpretação”, “relativismo”, “nominalismo”. Neste capítulo, a nossa questão é: por que houve esta mudança tão profunda, que deixou os próprios historiadores perplexos? E como compreender e avaliar esta mudança? Os

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08 debates sobre a crise vivida pela historiografia são intensos, envolvendo historiadores, filósofos, teóricos da literatura, sociólogos, antropólogos. Nome: Júlia Glaciela da Silva Oliveira E-mail: julia.gsoliveira@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: Problematizando a violência contra mulher: por uma cultura filógina Este trabalho visa problematizar como as questões de violência contra mulher vêm sendo tratadas no cenário político brasileiro a partir de projetos de leis debatidos e aprovados entre o período da redemocratização do país até a aprovação da Lei Maria da Penha em 2006. O recorte escolhido se justifica pela expectativa que o termo “redemocracia” trouxe, como também, pelos movimentos feministas que nas últimas décadas vêm propiciando mudanças significativas na luta pelos direitos das mulheres, trazendo um novo olhar sobre o feminino e suas relações, afirmador da vida, no sentindo de “um mundo mais filógino”, como propõe Margareth Rago. A Lei Maria da Penha trouxe à tona a violência doméstica contra a mulher como um problema cultural e social, procurando uma conscientização sobre a violência de gênero ao mesmo tempo em que deu continuidade à representação do papel feminino na sociedade, restringindo proteção às vítimas de violência dentro do âmbito doméstico ou gerado por um vínculo afetivo. Teríamos motivos cabais para comemorar a aprovação desta lei? Considerando as constantes denúncias de violências praticada contra mulheres cotidianamente, temos claro que as questões políticas relativas às relações gênero ainda trazem um constante desafio a fim de subverter esta ordem cultural. Nome: Luana Saturnino Tvardovskas E-mail: luanasaturnino@hotmail.com Instituição: Unicamp Título: Rosana Paulino: “É tão fácil ser feliz?” Focalizo a produção artística de mulheres, sobretudo da brasileira Rosana Paulino (1967), que trata em suas obras dos temas do gênero e da etnicidade. A artista trabalha com as imagens de mulheres negras e mestiças e discute a construção das subjetividades atravessada pelas condições de trabalho, pelas relações de poder e pelo preconceito racial. Aponto como há um posicionamento artístico feminista por parte de Rosana Paulino que se contrapõe a essas sujeições e empreende críticas ácidas ao machismo, racismo e universalismo. Nome: Lucas Endrigo Brunozi Avelar E-mail: lucasjabora@yahoo.com.br Instituição: USP Título: Uma história “arqueológica” contra o “sujeito” cachaça Partindo do estudo das práticas sociais em que a aguardente de cana estava presente na América Portuguesa durante o século XVIII, pretendemos problematizar as funções sociais que a bebida adquiria naquele contexto, mapeando os efeitos dos usos das bebidas européias, a saber, o vinho e a aguardente de uvas, na determinação dessas representações. Nesse sentido, reconhecendo-se a complexidade do tema, o primeiro objetivo é investigar as apropriações que alguns princípios da Antiguidade Clássica sofreram em confronto com as necessidades peculiares ao ambiente científico e moral português do Setecentos, século de desenvolvimento dos mecanismos de disciplinarização dos corpos. Num segundo momento, pretende-se mapear como essas representações são atualizadas a ponto de servir de base para a criação e produção de um discurso controlador de condutas por meio da “teoria humoral” e da noção de moderação, que por sua vez se estende para a América Portuguesa. Tendo em vista as práticas sociais em que se engendraram subjetivações às bebidas alcoólicas, o questionamento se encaminha em direção aos limites e possibilidades da implantação desse projeto de controle na Luso-América. Nome: Luzia Margareth Rago E-mail: marga_rago@uol.com.br Instituição: UNICAMP Título: Afirmar o próprio nome: Criméia Alice Schmidt de Almeida Militante política, Criméia filia-se ao PCdoB nos anos sessenta e participa ativamente da guerrilha do Araguaia, entre 1969 e 1972, quando, grávida, é encarcerada nos porões da ditadura. À longa experiência da clandestinidade, sucede-se o confinamento prisional, onde as estórias vividas devem ser silenciadas e ocultas. Nesse longo período de sua vida e mesmo em liberdade, a ativista enfrenta a solidão e a dor causadas pela impossibilidade de comunicar as experiências vividas, consideradas insuportáveis; defronta-se com a necessidade de superar os obstáculos que impedem

dotar-se de sua própria história e assumir o seu próprio nome diante do olhar do outro. Em defesa desse passado por uma inquestionável exigência do presente, integra a Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, em que luta para reencontrar sinais de vidas e histórias abafadas, recusando-se a compactuar com o acordo de silêncio estabelecido no final da ditadura. Compõe progressivamente uma teia densa de relações em que inscreve o seu próprio passado e confere sentido ao presente. Essa comunicação focaliza a dor e o sofrimento resultantes da luta incessante para a afirmação de si, a partir do trabalho da memória e da rearticulação dos vínculos sociais no presente. Nome: Marcelo Santana Ferreira E-mail: mars.ferreira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: História e narração: sobre o estatuto do autor Michel Foucault problematizou a função do autor e incorporou em seus escritos a validade da experiência na elaboração do olhar a respeito do passado histórico. O autor não se posiciona supra-historicamente em relação à própria história e nem muito menos é o doador de sentido absoluto do que se escreve. Suas contribuições podem dialogar, de forma surpreendente e crítica, com as reflexões do pensador alemão Walter Benjamin, que propusera uma redefinição da biografia ao se dedicar a estudar o século XIX alemão, por intermédio de mosaicos de lembrança e esquecimento elaborados pela escrita teorética. Os dois autores citados contribuem, de forma contundente, a reflexões de natureza metodológica no instigante diálogo entre investigações sobre a subjetividade e a História. Apropriando-nos de parte do legado dos pensadores, propomos uma abordagem das vias “menores”, das memórias não ressentidas e coletivas que se produzem através de uma suspensão da necessidade do tempo histórico e do abrigo no “atual”. O propósito do trabalho é indicar as contribuições dos autores citados para a compreensão do estatuto político das narrações de si nas sociedades modernas e contemporâneas, especificamente aquelas inscritas na materialidade da cidade e nas problematizações éticas de modos de existência. Nome: Maria Ignês Manici de Boni E-mail: maria.boni@utp.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Título: “Gilda”: vivendo sob o preconceito numa cidade provinciana, um sim à vida O presente trabalho parte da biografia de Rubens Aparecido Rinque ou “Gilda”, um homossexual que viveu em Curitiba na segunda metade do século XX (1970-1983) e sempre foi visto pela população e principalmente pela imprensa como um ser excêntrico e folclórico e louco. Longe de vê-lo dessa forma, pensar a vida de “Gilda” acompanhada de Foucault permite um aprofundamento nas questões da sexualidade, em especial no cuidado de si, e superar as abordagens de gênero, vendo-as como estética da existência. Seu jeito de tratar as pessoas de forma direta e franca mesmo correndo riscos como o de ser maltratado não apenas verbalmente como também fisicamente em plena rua e à luz do dia (inclusive pela polícia) permite mostrar como esse personagem recriou sua trajetória que pode ser percebida como técnica de subjetivação, num processo de invenção de um novo modo de existir. Moldou sua vida a partir de critérios próprios que demonstravam seu compromisso ético com o presente que vivia. Suas atitudes em público no famoso espaço conhecido como “Boca Maldita” denunciavam suas críticas às imposições de valores e códigos morais de uma cidade que se diz civilizada, mas que nas palavras de Dalton Trevisan não passa de “província, cárcere, lar”. Nome: Maria Rita de Assis César E-mail: mritacesar@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Orlando ou um outro aprendizado do corpo Este trabalho dialoga com a ‘biografia’ de Orlando, de Virginia Wolf, com o objetivo de explorar as possibilidades de um corpo que não está demarcado no interior das fronteiras do sistema sexo-gênero. Orlando é apresentado como um jovem fidalgo da corte isabelina que vive metade da sua vida como homem e a outra metade como mulher. Para este diálogo contemporâneo com a obra serão abordados conceitos oriundos das obras de Michel Foucault, especialmente sobre o dispositivo da sexualidade e as abordagens sobre a invenção da homossexualidade. Além das teorizações foucaultianas, também serão realizados diálogos com autores/as como Thomas Laqueur, sobre a criação histórica do dimorfismo sexual e especialmente com Judith Butler, a respeito da crítica ao sistema corpo-sexo-gênero. Butler inspirada por Foucault teoriza sobre os corpos que escapam aos sistemas sexuais nor-

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mativos, denominados pela autora de heteronormatividade. Desse modo, Orlando e os outros corpos que escapam, em especial transexuais e travestis, podem ser tomados como corpos que resistem aos sistemas normativos, corpos que produzem outras formas mais livres e libertárias e que nos trazem outras possibilidades de entendimento do corpo, sexo e gênero. Nome: Marilda Ionta E-mail: marilda@ufv.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: Mulheres em cena nos Weblogs: reconfigurações das (inter) subjetividades Esta comunicação busca problematizar as relações (inter) subjetivas construídas nos denominados weblogs escritos por mulheres. A escritura de blogs pode ser considerada um dos fenômenos mais recentes da escrita na cultura digital e tem provocado deslocamentos significativos na comunicação entre as pessoas, sobretudo, nos laços de amizade. A amizade nem sempre se constituiu numa relação privada e íntima sem ressonância política como a que conhecemos atualmente. Contemporaneamente, ela é concebida como um ornamento afetivo compensatório as promessas frustradas do amor romântico, a crise da instituição familiar e a solidão vivenciada na “modernidade líquida”. Nesse contexto, as relações amizade merecem ser questionadas, especialmente para repensarmos seu potencial político e transgressivo. Assim, pergunta-se nesta comunicação: o que temos a dizer hoje sobre amizade tecida no ciberespaço? Quais são as políticas de relação com o outro, empreendidas nas sociedades de informação, onde o blog, com sua especificidade, é apenas um entre outros dispositivos técnicos que possibilitam interatividade? Quais são as possibilidades e os limites das relações intersubjetivas criadas pelas mulheres no interior da cultura digital? Nome: Nelson de Azevedo Paes Barreto E-mail: napbarreto@hotmail.com Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Tortura e ética médica Este trabalho tem como tema principal a tortura e Ética médica. Busca contribuir para diminuir o fenômeno da violência, sua relação com o Estado, e alguns dispositivos que nos permitem enfrentar a crescente produção. Evoca o papel do médico no exercício de sua profissão e suas alternativas diante do golpe militar de 64. Será ele médico? Ou soldado? Ou médico-soldado? Deve obediência aos princípios da Ética Médica ou a rigidez da hierarquia militar? Há outros conflitos no campo de batalha a serem resolvidos. A Ética começa e termina na relação médico paciente. Violações dos Direitos Humanos nunca podem ser justificadas. Nome: Nildo Avelino E-mail: nildoavelino@gmail.com Instituição: Centro de Cultura Social de São Paulo Título: Errico Malatesta e o agonismo da política Michel Foucault afirmou que as relações de poder são constituídas por um agonismo cujo limiar de intensidade está na ordem do poder político. As relações de poder tornam-se politizáveis quando esse limiar é ultrapassado, fazendo os riscos da luta recaírem sobre matérias de vida e morte. Afirmou também como traço fundamental das nossas sociedades o fato das relações de poder, por muito tempo configuradas sob a forma da guerra, terem se investido na ordem do governo. Este artigo propõe explorar a formulação da anarquia de Errico Malatesta por meio da qual o governo foi percebido como agravamento das relações de força, como operador estratégico que aperfeiçoa, corrige e perpetua estados de dominação. Se a tarefa do governo é conjurar o limiar de intensidade agônica da política, para Malatesta o ethos anarquista consiste em ultrapassar esse limiar, dando à luta contra o governo um valor proeminente. Em que medida a luta anarquista poderia funcionar hoje para desbloquear devires revolucionários nas pessoas? Malatesta a descreve liberando uma ética da inquietação de si mesmo. Mas, seria suscetível de provocar individuações sem sujeito, hecceidades, como diriam Deleuze e Guattari, nas quais está em jogo o devir como abertura para o indeterminado? Nome: Paula Souza da Cunha E-mail: paula_piratinha1@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Título: Jorge Cristiano: jogos das verdades na constituição do sujeito estuprador na cidade de Cuiabá (1940-2005) O presente resumo faz parte do trabalho de pesquisa que começou a ser desenvolvido ainda na graduação, tendo por objetivo no mestrado investigar a partir de um acontecimento - crime de estupro - os discursos médico/

legal, problematizando essas produções discursivas, partindo do presente. A proposta não é fazer defesas ou acusações, deixo claro que quero refletir acerca das construções discursivas que enredam os sujeitos em que discursos constituem o real. Evidentemente que trataremos como um acontecimento que nos permite pensar, questionar e problematizar os discursos que produzem sujeitos, por meio dos jogos de verdades que as noções médicas e jurídicas constroem. Além de pensar o corpo e as noções de gênero que estão embutidas. O que interessa, são exatamente as constituições discursivas e as construções da subjetividade dos discursos e não as explicações deles. O recorte temporal dado por mim nesse texto compreende a década de 90 do século XX, ora alongando-se a alguns acontecimentos recentes ora retrocedendo no tempo, sem qualquer linearidade, trabalhando numa perspectiva genealógica. Nome: Priscila Piazentini Vieira E-mail: priscilav@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: A parrhesía e a problematização do papel do intelectual em Michel Foucault Este projeto parte do interesse de Michel Foucault pela questão da parrhesía na cultura antiga, para articulá-la com as suas reflexões sobre a construção ética do indivíduo. A técnica do “falar francamente” obedecia a princípios bem definidos, como a coragem, o risco e a liberdade de dizer ao discípulo, ao amigo, ao soberano, a verdade, sem quaisquer rodeios ou ornamentos discursivos. Essa problematização integra os últimos estudos do filósofo, entre os anos de 1982-1984, dedicados a trabalhar a ética, as estéticas da existência e o cuidado de si no mundo greco-romano. Ela também se insere nas suas reflexões sobre uma “ontologia histórica de nós mesmos”, a partir de uma crítica histórica que tem por objetivo libertar e ultrapassar as condições existentes da atualidade. Dentro dessa problemática, a volta à Antiguidade, pelo estudo da parrhesía, possibilita a Foucault questionar a figura do “intelectual universal” dominante nos séculos XIX e XX e propor, através da figura do “intelectual específico”, uma nova relação entre a verdade, a política e a produção do conhecimento. Nome: Rachel Tegon de Pinho E-mail: racheltegon@gmail.com Instituição: UNEMAT Título: Dispositivos biopolíticos e a construção da nação A identificação dos loucos da cidade de Cuiabá em 1890 foi o primeiro passo dado pelo Estado, para civilizar a cidade e inserir a capital matogrossense no projeto de construção da nação, em curso no País em fins do século XIX. Para empreender tal projeto, o Estado não se furtou em lançar mão de tecnologias de poder diversas. Passando pelo cuidado com o indivíduo, pela disciplinarização e normatização dos cidadãos, a cidade pouco a pouco vai revelando seus estriamentos e os perigos que a rondam. É nesse contexto que vemos o recolhimento dos alienados de Cuiabá pelas mãos da polícia, tanto à Cadeia Pública da capital como à Santa Casa de Misericórdia. Entretanto, será com a instituição de uma outra tecnologia de poder — o biopoder —, por meio de práticas de higienização e saneamento, que veremos a intensificação do projeto civilizatório. Nesse quadro, a loucura passará a ser considerada como perigo social iminente, e ao louco se atribuirá um novo status, o de doente mental, e um novo endereço, o do hospício. Nome: Rosamaria Carneiro E-mail: rosagiatti@yahoo.com.br Instituição: IFCH Unicamp Título: Parto domiciliar: ressignificação do doméstico e cronotopias da intimidade Partindo da idéia de cronotopias da intimidade de Arfuch (2005), pretendo discutir a ressignificação do doméstico e de intimidade percebida durante meu trabalho etnográfico com mulheres que se dispõem, influenciadas pelo ideário do parto humanizado, a parir em casa, ou seja, experimentar um parto domiciliar. Para isso, explorarei a relação espaço-tempo-afetos, própria da idéia de cronotopia, no doméstico por ela significado e valorado, explorando para isso a interconectividade entre privado e público e a uma noção de intimidade pública, pública porque no entre-tempo da casa e da rua, da autobiografia, da política e da ética. Ou seja, demonstrar esse outro doméstico, sua relação com a intimidade e com a política será aqui o meu propósito, para, a partir disso, aventar ser essa ressignificação um dizer sim a experiência, de acordo com Benjamin, Scott e Braidotti, e por consequência, um sim à existência, segundo Rago. Para, por fim, sinalizar a configuração também de novas subjetividades femininas a partir dessa

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08 outra domesticidade, bastante diferente da difundida na modernidade. Nome: Rosane Azevedo Neves da Silva E-mail: rosane.neves@ufrgs.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: As patologias nos modos de ser criança e adolescente: análise das internações no Hospital Psiquiátrico São Pedro entre 1945 e 1965 Esta comunicação tem como objetivo traçar um panorama histórico das redes discursivas que caracterizam o que a sociedade considera como desviante em um determinado momento, assim como apresentar as mudanças paradigmáticas que ocorrem no próprio diagnóstico do que é patológico nos modos de ser criança e adolescente ao longo do tempo. O referencial teórico e metodológico fundamenta-se na perspectiva genealógica proposta por Michel Foucault, assim como em suas análises sobre os anormais e o poder psiquiátrico. No presente trabalho apresentaremos a análise dos motivos de internação de crianças e adolescentes no Hospital Psiquiátrico São Pedro no período de 1945 a 1965. Constata-se que as redes discursivas sobre as patologias nos territórios da infância e da adolescência permitem identificar algumas descontinuidades e continuidades: descontinuidade do ponto de vista dos diagnósticos encontrados, mas continuidade no que se refere às estratégias de exclusão social. Nome: Roselane Neckel E-mail: neckel@cfh.ufsc.br Instituição: UFSC Título: Subjetividade e sexualidade nas revistas femininas e masculinas na década de 1970 Os estudos sobre as formas de produção da subjetividade nas experiências vivenciadas na contemporaneidade têm suscitado questões importantes no debate sobre as identidades sociais, particularmente sobre as relações necessárias entre identidades hegemônicas e periféricas. A subjetividade está aqui sendo entendida dentro da perspectiva de Félix Guatarri: “a subjetividade está em circulação nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos: ela é essencialmente social, e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares” (GUATARRI & ROLNIK, 1996, p. 31). Propomos levantar algumas reflexões frente a divulgação de debates, em torno dos relacionamentos entre homens e mulheres e a sexualidade, através das revistas de comportamento nos anos de 1970. Observa-se um mundo cheio de “novos modelos”, para homens e mulheres, sobre como agir na esfera da sexualidade e dos relacionamentos. Neste contexto, antigos modelos e padrões estavam perdendo a força, e novos padrões estavam produzindo movimentos de desterritorialização. Nesse sentido, fomos pontuando os enunciados que definiram as sexualidades masculinas e femininas e outros que apresentavam mudanças mais “radicais”, contribuindo para a instauração da incerteza face à pretensa objetividade da ciência sexual.

conhecida como Danda Prado, que desde seu exílio na França, no final da década de sessenta, passou a fazer parte do movimento feminista, inventando possíveis éticos e tecendo para si “movimentos intensos de afirmação da vida”, ao problematizar constantemente a atualidade: além do auxílio aos perseguidos políticos da ditadura militar brasileira, Danda, durante os anos de exílio, fundou o “Grupo Latino-Americano de Mulheres em Paris”, responsável pela edição do periódico ‘Nosotras’. Ao retornar ao Brasil, envolveu-se na luta pela descriminalização do aborto. Nessa época narrou e publicou a história de “Cícera”, uma operária nordestina que morava no Rio de Janeiro e lutou pelo aborto de sua filha de 13 anos (estuprada e grávida do padrasto). Muitas outras reflexões seguiram-se a essa, entrelaçando discussões feministas e publicações como “Esposa, a mais antiga profissão”, “Nossas adoráveis famílias”, “O que é aborto”, “O que é família”, etc. Atualmente, temas como transexualidade e a luta das mulheres em vários países da América Latina têm inquietado Danda, mantendo-a em devir constante, devir feminista que propicia a invenção de novas possibilidades de vida. Nome: Vânia Nara Pereira Vasconcelos E-mail: vania_clio@yahoo.com.br Instituição: UNEB Título: “Mulher séria” e “cabra-macho”... por outras representações de gênero no sertão baiano Nessa comunicação pretendo refletir sobre as representações de masculinidades e feminilidades presentes no sertão baiano. Historicamente as representações de gênero ligadas ao sertão foram perpassadas por estereótipos que associam o masculino à virilidade, força e violência, representado na figura do “cabra macho” e o feminino à submissão e seriedade, embora também haja uma associação da sertaneja com a “mulher macho”, vista como forte. Considerando essas representações pretendo trazer à tona outras possibilidades de leitura sobre o sertão a partir de histórias de vida de personagens femininos e masculinos cujas práticas vão de encontro ao modelo estabelecido.

Nome: Soraia Carolina de Mello E-mail: soraiaa.mello@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Feminismos de Segunda Onda e o emprego doméstico: Brasil e Argentina A relação entre mulheres e trabalho doméstico, ainda que afirmada pelos feminismos e pelos estudos de gênero como culturalmente construída, tem seu principal aporte na idéia da naturalização das funções domésticas. A família e em especial a maternidade se mostram como as principais legitimadoras de tal relação, que traz em si o peso de séculos de reafirmação de que “ser mulher” é ter cuidado, reclusão, dedicação, paciência; é se voltar para a esfera privada, é ser esposa e ser mãe. Muito antes das lutas mais amplas de feministas pela ocupação do espaço público e do mercado de trabalho, um grande número de mulheres já trabalhava. Mulheres de classes desfavorecidas sempre precisaram trabalhar. E qual tipo de emprego seria mais “feminino” que o emprego doméstico? Proponho-me aqui a escrever uma breve história da discussão em torno do emprego doméstico nos feminismos chamados de Segunda Onda do Brasil e da Argentina, utilizando como fonte quatro periódicos feministas: os argentinos Brujas e Persona, e os brasileiros Brasil Mulher e Nós Mulheres. Discutirei com bibliografia de referência, tanto atual quanto contemporânea aos periódicos, e meu recorte temporal é dado pelas fontes (1974-86). Nome: Susel Oliveira da Rosa E-mail: susel.oliveira@gmail.com Instituição: Unicamp Título: Danda Prado e o devir feminista Neste trabalho abordarei a trajetória de Yolanda Cerquinho Prado, mais

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09. Educação histórica Marlene Rosa Cainelli - Universidade Estadual de Londrina (marlenecainelli@ sercomtel.com.br) Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt - UFPA (dolinha08@uol.com.br)

Este Simpósio se propõe a analisar e debater experiências e pesquisas em Educação Histórica. A concepção de Educação Histórica aqui entendida tem como foco central o tema da cognição histórica situada, a qual tem como objeto principal a aprendizagem histórica interpretada, essencialmente, a partir da ciência da história. Trata-se de uma linha de investigação que abriga pesquisadores que centram seu foco na necessidade de se conhecer e analisar as relações de alunos e professores com o conhecimento histórico e, portanto, nos conceitos e categorias históricas, nas idéias substantivas e idéias de segunda ordem da história, bem como na análise da forma pela qual a relação com fontes, estratégias de ensino, manuais didáticos, objetos históricos, entre outros, colaboram para a formação das idéias históricas e da consciência histórica de crianças, jovens, alunos e professores. Estas análises deverão ser ancoradas na epistemologia da História e em metodologias qualitativas de investigação educacional, baseadas em perspectivas sociológicas e antropológicas. É neste campo de investigação que se enquadram os trabalhos deste simpósio no qual serão bem vindos trabalhos cujos objetos específicos são os estudos sobre a consciência histórica; as questões da alfabetização histórica; as relações que alunos e professores estabelecem com as narrativas históricas veiculadas em manuais, por exemplo, e/ou outras narrativas historiográficas já produzidas, além da própria produção de narrativas históricas em alunos e professores em contextos de aprendizagem situada; as relações de alunos e professores com diferentes fontes históricas; as investigações dos conhecimentos prévios dos alunos sobre idéias substantivas (como cidadania, democracia, revolução industrial etc) e/ou sobre a natureza da História (como explicação, evidência, significância, temporalidade, consciência histórica).

Resumos das comunicações Nome: André Chaves de Melo Silva E-mail: andrecms@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Produções midiáticas televisivas e ensino de história: representações sociais e conhecimento histórico Esta pesquisa tem como principal objetivo a compreensão das formas pelas quais o uso das imagens em movimento (fílmicas e televisivas) nas aulas de História pode interferir na construção do conhecimento histórico dos alunos do Ensino Médio por meio de possíveis alterações em seu conjunto de representações sociais. Para tanto foi utilizada uma metodologia que reúne métodos historiográficos, recursos etnográficos, pesquisa participante, conceitos de representações sociais e decupagem, usada para o cinema e para a televisão. Sendo assim, a iniciativa procura contribuir com respostas às dúvidas dos professores de História sobre a validade do uso de filmes, séries de televisão, entre outros produtos midiáticos constituídos de imagens em movimento. Para tanto, escolhemos os conceitos relacionados ao processo de colonização, com o foco sobre o bandeirismo, presente na série de televisão A Muralha (Rede Globo de Televisão, 1999), como instrumentos para investigarmos quais são as representações dos estudantes sobre o tema e de que forma as imagens, utilizadas nas aulas e previamente contextualizadas pelo professor, podem contribuir ou não para o desenvolvimento do conhecimento histórico dos alunos. Nome: André Luiz Batista da Silva E-mail: andrepropar@bol.com.br Instituição: PPGE/UFPR Título: O uso do filme na perspectiva da eduação histórica: empatia histórica e consciência histórica a partir da narrativa fílmica de “Lutero” O presente trabalho de pesquisa tem como foco a aprendizagem histórica a partir do uso da narrativa fílmica e, para tanto, utilizou-se da produção cinematográfica de Lutero (2003). Desse modo, buscou-se fundamentação teórica específica nas concepções de filme e cinema de Ferro (1992), Rosenstone (1997), nas categorias de empatia histórica (LEE, 2003) e consciência histórica (RÜSEN, 1992). A pesquisa foi realizada com 28 alunos da sétima série de uma escola da periferia do município de Araucária/PR (região metropolitana de Curitiba). O encaminhamento metodológico partiu de uma pesquisa exploratória sobre as idéias e experiências que os alunos tinham acerca do uso do filme histórico, seguido de investigação sobre os conhecimentos prévios dos alunos relativos à temática da Reforma Luterana e o seu cotidiano presente.

Assim, observamos que o filme se constitui como um material presente na vida dos alunos, porém reafirma a perspectiva dos alunos tomarem o filme como material ilustrativo das aulas, o qual contém a “verdade” dos fatos, não o concebendo como documento histórico passível de questionamento. Estes resultados parciais indicam a necessidade de aprofundamento das investigações sobre a relação entre o uso escolar do filme e a aprendizagem histórica dos alunos. Nome: Astrogildo Fernandes da Silva Júnior E-mail: silvajunior_af@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Consciência histórica de jovens estudantes e de professores de História em escolas no meio rural brasileiro Este texto visa apresentar um projeto de pesquisa em desenvolvimento no Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia, MG. O objetivo geral é compreender como os saberes históricos e as práticas escolares desenvolvidas no último ano do ensino fundamental das escolas, no meio rural, auxiliam na formação das identidades e da consciência histórica dos professores de História e dos jovens estudantes. A metodologia privilegiada será a história oral. Ouviremos os professores de História e jovens estudantes da última série do ensino fundamental em diferentes escolas do meio rural brasileiro. Pretendemos complementar as fontes orais com variadas fontes de pesquisa: legislação educacional, programas de ensino, diretrizes curriculares oficiais do ensino de História e da educação no campo, referenciais bibliográficos sobre o Ensino de História, Educação rural, Juventude brasileira, Consciência Histórica e Identidades, produção historiográficas, livros didáticos e materiais escritos e iconográficos produzidos nas escolas. Nome: Benincia Couto de Oliveira E-mail: beniciaco@gmail.com Instituição: UFGD Título: Para além do livro didático: dilema do professor Esta comunicação tem a finalidade de apresentar alguns resultados de pesquisas sobre o uso dos recursos didáticos pedagógicos em algumas escolas das redes públicas, na cidade de Dourados-MS, nas quais constatamos que o livro didático continua sendo a principal fonte de aprendizagem para o aluno, bem como material de apoio do professor. O ensino de História se pauta nas abordagens contidas no material didático e as atividades e avaliações se restringem às sugestões do texto e nem sempre o aluno consegue realizá-las conforme

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09 o que é exigido. Diante disso, o professor de História enfrenta o dilema de ir além do livro didático e introduzir outros recursos e metodologias. Essa constatação apontou para a necessidade de aproximar universidade e escola, no sentido de contribuir para a superação de certas práticas que impedem a produção do conhecimento no ensino básico. Nome: Berenice Schelbauer do Prado E-mail: beliz05@yahoo.com.br Instituição: Secretaria de Estado da Educação do Paraná Título: História na música - Elementos de uma metodologia para trabalhar com música na EJA na perspectiva da educação histórica Esta proposta de trabalho pretende desenvolver elementos de uma metodologia para a utilização da música na Educação de Jovens e Adultos-EJA, na perspectiva da Educação História, tendo como subsídio o trabalho dos teóricos: Isabel Barca (conhecimentos prévios, unidade temática investigativa); Peter Lee (conceitos substantivos e de segunda ordem); Jörn Rüsen (consciência histórica); Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt (superação do seqüestro da cognição histórica) e dos autores Régis Lopes Ramos e Paulo Freire (objeto/tema gerador) e também as Diretrizes Curriculares para o Ensino de História e de Educação de Jovens e Adultos da Rede Pública Estadual de Ensino. O desenvolvimento metodológico dessa prática é subsidiado pelas unidades temáticas investigativas desenvolvido pela pesquisadora Isabel Barca, onde são considerados os conhecimentos prévios dos educandos e o papel do educador como um investigador social que busca compreender e transformar as idéias históricas de seus educandos. (SCHMIDT E GARCIA, 2006:22). Parte deste trabalho foi realizado por meio eletrônico no modelo de EAD com educadores cursistas do Grupo de Trabalho em Rede - GTR (professores de História da Rede Pública Estadual). Nome: Cristiani Bereta da Silva E-mail: cristianiluiz@hotmail.com Instituição: UDESC Título: Jogos, memória e conhecimento histórico no Ensino Fundamental No decorrer da pesquisa “Saber histórico escolar e jogos eletrônicos: Stronghold e Age of Empires II como possibilidades didático-metodológicas no ensino de História” - desenvolvida no Dep. de História/UDESC (Editais PIC/2007 e 2008) - sentimos a necessidade de deslocar nossas preocupações para além do âmbito puramente normativo do que se deve ensinar na escola sobre História ou como se deve ensinar História para o campo da formação histórica dos diferentes sujeitos, crianças, jovens e adultos/as. Situamos os jogos de fundo “histórico”, sobre os quais se desenvolvem as estratégias de jogabilidade, também como “veículos de memória”, pois como produtos culturais também marcam a memória e fixam sentidos sobre temas relacionados ao conhecimento histórico. Nesse sentido, apresentamos, aqui, uma parte da pesquisa que envolveu o uso do jogo Age of Empire II, realização de atividades e entrevistas orais com um grupo de 20 adolescentes, 10 meninas e 10 meninos entre 12 e 14 anos, alunos do Ensino Fundamental. A identificação das memórias e sentidos que estes adolescentes constroem e representam sobre elementos relativos à História Medieval, à própria História e ao vivido abrem possibilidades para que possamos interpretar e problematizar as relações destes alunos com a natureza da História. Nome: Daniele Gomes dos Santos E-mail: daniele_santos1@yahoo.com.br Instituição: Prefeitura Municipal de Araucaria Título: A construção de arquivos simulados e a educação histórica - os hebreus e a religião cristã Relata projeto de documentos em estado de arquivo familiar dos hebreus e da religião cristã, cujos objetivos foram compreender a escrita da Bíblia, segundo a concepção histórica, e relacionar os conhecimentos sobre o povo hebreu com os fundamentos da religião cristã.O trabalho de campo foi realizado na Região Metropolitana de Curitiba em Araucária numa escola municipal do ensino fundamental. Por meio de levantamento dos conhecimentos prévios dos educandos buscaram-se informações sobre os hebreus e a religião cristã e foi solicitado todo documento relacionado à religião como Bíblia, orações, jornais, terços e símbolos religiosos. O trabalho desenvolveu-se utilizando os documentos trazidos pelos alunos e o manual didático adotado pela escola. O projeto foi dividido em três etapas, sendo a primeira o levantamento dos conhecimentos prévios, a segunda a identificação, análise e interpretação dos documentos relacionando e comparando ao texto do manual didático adotado, e a terceira etapa foi a montagem do arquivo em ordem cronológica. O projeto aponta que o uso de objetos guardados em estado de arquivo familiar possibilita a articulação entre a história vivida e a história percebida. Nome: Elenice Elias

E-mail: elenice_elias@uol.com.br Instituição: Prefeitura do Município de Araucária Título: Documentos em estado de arquivo familiar: a construção de arquivos e a educação histórica A presente pesquisa situa-se na área de investigação histórica onde se organizou arquivo simulado com material escolar para compreender e relacionar a educação em vários tempos e espaços históricos, apreendendo suas várias finalidades. Buscou-se levantar informações acerca dos conhecimentos prévios dos alunos em relação à educação em outros tempos e espaços históricos. As narrativas produzidas pelos educandos revelaram-se, de um lado, uma apreensão do passado como algo sem dimensões, ou seja, planificado. De outro, uma percepção ambígua do par passado/presente. Cabe, portanto, ao docente da Educação Histórica promover uma intervenção pedagógica que resulte numa aquisição efetiva de consciência temporal. Dentre os vários instrumentos pedagógicos bem sucedidos, salienta-se a importância de se conhecer o que o educando previamente sabe sobre um determinado conteúdo e, sobretudo, a interferência adequada a favorecer a formação histórica. O arquivo simulado logrou tal êxito. Nome: Francisco Alencar Mota E-mail: alencarmota@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual Vale do Acaraú Título: Práticas educacionais escolares em perspectiva histórica: uma compreensão da história da educação a partir de histórias de vida de educadores O presente trabalho tem como objetivo a compreensão das práticas educacionais escolares em perspectiva histórica enquanto práticas culturais, utilizandose como recurso metodológico depoimentos de educadores em torno de suas próprias biografias. Tais práticas se inserem dentro do universo cultural do próprio narrador que as revivem a partir das lembranças dos acontecimentos passados, consistindo-se em práticas culturais visto que se referem ao universo de valores, sentimentos, visões de mundo e representações inerentes à educação auferidos a partir dos próprios sujeitos num determinado contexto histórico, que na maioria das vezes não estão registrados em documentos materiais ou oficiais, existindo apenas enquanto lembrança desses atores. As noções de cultura escolar, memória, cotidiano, dentre outras, delimitam o arcabouço teórico que serve ao trabalho, alinhado ao objetivo principal estabelecido, situando a pesquisa em meio às novas formas de abordagem histórica dos processos sociais e simbólicos. A reconstrução dessas práticas se constitui numa rica oportunidade de compreendermos o momento presente vivido pela educação, traçarmos quadros comparativos, assim como definirmos elementos para uma melhor contribuição à educação no presente. Nome: Isaíde Bandeira Timbó E-mail: isaidebandeira@hotmail.com Instituição: FECLESC-UECE Título: Livro didático de história: cultura material escolar em destaque Na primeira década do século XXI é possível afirmar que o livro didático faz parte da cultura material da maioria das escolas públicas brasileiras. Sendo assim, um dos objetivos desta pesquisa é identificar os usos dos livros didáticos de História nas escolas públicas do Estado do Ceará. Estamos usando a metodologia de observação direta em sala de aula e a realização de entrevistas com as secretárias municipais de Educação de Fortaleza e Quixadá, diretores de escolas e professores de história. E ainda trabalhamos com os livros didáticos de História adotados (2008), o edital do Programa Nacional do Livro Didático (2008) e o Guia de Livro Didático 2008. Nome: Israel Soares de Sousa E-mail: israelhistoria@gmail.com Instituição: Professor da rede municipal Nome: Severino Bezerra da Silva E-mail: severinobsilva@uol.com.br Instituição: UFPB Título: História local e identidade social em assentamentos rurais do município de Conde: vozes das professoras do ensino fundamental O presente estudo é resultado da dissertação intitulada “O ensino de história e os movimentos sociais: práticas de história local nos assentamentos do Conde”. Ele busca perceber práticas de ensino de história nos assentamentos rurais deste município, localizado no Estado da Paraíba. Para atingir o objetivo da pesquisa realizamos um estudo de caso, utilizando entrevistas orientadas com professoras do terceiro ano do ensino fundamental de escolas localizadas em três assentamentos rurais do município proposto. As perguntas realizadas foram referentes às práticas pedagógicas do educador na disciplina de história. Partimos do pressuposto da não neutralidade do conhecimento histórico e da utilização dessa área de saber pelo Estado como meio de manobra, tanto da

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população urbana, quanto da rural, de acordo com suas necessidades. Contudo, na contramão dessa tentativa, a prática do professor pode ir de encontro a esse estado de dominação e contribuir na relação entre história local, memória e identidade social da comunidade em que ele atua. Pois, a partir da inclusão da história da sua comunidade nos conteúdos, o educando passa a se perceber agente histórico ativo. Nome: Jair Fernandes dos Santos E-mail: jair_edu@seed.pr.gov.br Instituição: Colégio Estadual Francisco A. Macedo (PR); Escola Estadual Título: Experiência de aprendizagem de jovens do Ensino Médio com o filme documentário O trabalho registra e sistematiza uma experiência educativa em contexto de sala de aula, fundamentada nos referenciais teóricos da Educação Histórica e na utilização do material didático intitulado “A revolta dos posseiros, através do filme documentário 1957 – A conquista do Sudoeste”, produzido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em convênio com as instituições públicas de ensino superior (IES) do Estado, sendo que o autor deste estudo foi orientado em todo o percurso pela professora doutora Maria Auxiliadora Schmidt, da UFPR. Experiência realizada em 2008, no Colégio Estadual Dr. Francisco A. Macedo (Curitiba-PR), onde o autor leciona. Iniciou com a tabulação dos conhecimentos prévios dos alunos, investigados na sala de aula, em relação à temática abordada; avaliou o processo de aprendizagem percorrido por eles ao confrontarem diferentes fontes históricas, o desenvolvimento de outros conceitos e categorias históricas envolvidas com a temática especificada no material didático, tais como a relação passado e presente na história dos conflitos agrários e possíveis mudanças das idéias prévias. Concluiu com a discussão da categorização das narrativas produzidas ao final da unidade temática. Nome: Janaína Nunes Ferreira E-mail: nainahistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará Nome: Antonio Germano Magalhães Júnior E-mail: germanomjr@yahoo.com.br Instituição: UECE Título: Cartografia das relações de saber/poder no ensino de História nas universidades públicas em Fortaleza A formação docente e ensino de História suscitam reflexões sobre o processo de formação e atuação profissional do professor. As pesquisas sobre formação e profissão docentes apontam para uma revisão da compreensão da prática pedagógica do professor, que é tomado como mobilizador de saberes profissionais. O objeto de investigação deste trabalho são as práticas, saberes e formação dos professores que trabalham com o ensino de história nas universidades em Fortaleza. A temporalidade estabelecida para este estudo é o presente. O objetivo é fazer uma cartografia dos saberes, práticas e formação dos professores que ministram disciplinas voltadas ao ensino de história nas universidades de Fortaleza. As fontes utilizadas são as entrevistas realizadas com os referidos professores e documentos das instituições de ensino superior que possuem relação com os cursos de história. Para essa análise, o referencial teórico-metodológico se compõe dos estudos de Maurice Tardif sobre os saberes docentes e sua constituição nos espaços de formação e na prática docente e dos de Michel Foucault sobre o discurso e a instituição dos valores de verdade, constituindo os espaços de saber/poder. Os estudos de Boaventura Santos sobre a cartografia simbólica. Nome: Jucimara Rojas E-mail: jjrojas@hotmail.com Instituição: UFMS Nome: Maria Neusa G. Gomes Souza E-mail: mnggs@hotmail.com Instituição: UFMS Título: A transmissão da cultura regional Este trabalho resultou da pesquisa de doutorado em Educação na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, iniciada em 2008 e em andamento em 2009, intitulada: A cultura regional na metodologia do professor, a história, a música, os brinquedos e as brincadeiras - uma interdisciplinaridade? Duas análises nortearam os estudos, a primeira referente à reflexão sobre o que é cultura, alguns conceitos sobre cultura e a cultura regional na escola com uma perspectiva interdisciplinar. Nome: Julio Ricardo Quevedo dos Santos E-mail: j-quevedo@uol.com.br Instituição: USP

Título: A cultura afro-brasileira em sala de aula: experiências e desafios na educação histórica A discussão sobre a Educação Histórica e os seus vários desdobramentos, entre eles os desafios contemporâneos do ensino de história – desde a educação básica até o superior – a partir das discussões, análises e conclusões sobre as formas, as maneiras de conduzir a problemática concernente à cultura afrobrasileira em sala de aula, traz para o bojo da questão o tema da cognição histórica. Neste sentido, concordamos com Cainelli e Schimdt, que, tratar de tema tão delicado, meticuloso e de extrema relevância da Educação brasileira, ou seja, a contribuição dos africanos, afro-brasileiros e afro-descendentes nas culturas, identidades e história do nosso país, perpassa pela necessidade de se conhecer e analisar as relações de alunos e professores com o conhecimento histórico, a partir de conceitos e categorias históricas construídas ao longo dos processos históricos diferenciados. O tecido fornecido pela Educação Histórica permite recompor, compor, entrelaçar os possíveis diversos fios da herança cultural afro-brasileira em sala de aula, exigindo trabalho cuidadoso no resgate das idéias históricas e da consciência histórica dos alunos. Nome: Lilian Costa Castex E-mail: li.castex@ibest.com.br Instituição: Secretaria Municipal da Educação de Curitiba Título: A Ditadura Militar Brasileira (1964-1984): um conceito substantivo e as idéias históricas na educação escolar Este artigo insere-se na área de pesquisa em ensino de História, no campo de investigações da Educação Histórica. Apresenta a investigação de como os jovens alunos entendem os conceitos históricos, aqui denominados de conceitos substantivos (LEE, 2001). Destaca-se o conceito substantivo Ditadura Militar Brasileira (1964-1984). Constata-se a presença desse conceito substantivo na historiografia brasileira, com idéias de ação política e conjuntural e/ou a falta de compromisso com a democracia: na memória, com as idéias de vitimização, assim como, no caso em estudo, nas narrativas dos professores, dos jovens e dos manuais didáticos. A análise teórica, construída a partir das contribuições de Dubet e Martuccelli (1997), Lee (2001), Barca (2001), Schmidt e Garcia (2006) e Carretero et. al. (2007), fundamenta-se na categoria da experiência dos sujeitos – os jovens - com o conhecimento. Os resultados indicam a importância das diferentes interpretações historiográficas para a formação do professor de História, bem como a relevância de se tomar os conhecimentos prévios dos estudantes como referência para o ensino e a aprendizagem dos conteúdos históricos. Nome: Lindamir Zeglin Fernandes E-mail: lindazeglin@gmail.com Instituição: Secretaria Municipal de Educação Nome: Nilcéia A. F. Gavronski E-mail: zeglin@gmail.com Instituição: Secretaria Municipal de Educação Título: A Segunda Revolução Industrial e a construção de arquivo simulado com documentos em estado de arquivo familiar: uma experiência com a sétima série Relata estudo realizado com a temática da Segunda Revolução Industrial e a construção de Arquivo Simulado com Documentos em Estado de Arquivo Familiar. Está fundamentado nos estudos da Educação Histórica e em SCHMIDT (2000) e BRAGA (2007). MATOZZI (2004) contribui com o conceito de arquivo simulado como “material organizado segundo critérios de arquivologia, mas que não corresponde a um arquivo real”. O estudo de campo foi realizado em duas escolas públicas da Prefeitura Municipal de Araucária com turmas de sétimas séries do Ensino Fundamental, apoiando-se nos elementos da Unidade Temática Investigativa (FERNANDES, 2008). Os resultados apontaram que o trabalho diferenciado com os documentos em estado de arquivo familiar possibilitou uma mudança no ritmo das aulas e mobilizou o interesse da maioria dos alunos, em turmas consideradas indisciplinadas pelo Conselho de Classe. Além disso, os alunos também se sentiram partícipes da escrita da História, ao deixarem os registros de seus familiares para que outros alunos os utilizem. Nome: Luciano de Azambuja E-mail: luciano_azambuja@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Leitura, canção popular brasileira e educação histórica A pesquisa realizada no Mestrado em Literatura da UFSC consistiu na proposição e aplicação de uma prática de leitura da canção, a partir de uma perspectiva multidisciplinar que procurou relacionar Literatura, Canção Popular Brasileira e História. O recorte foi delimitado na tarefa de operacionalizar uma leitura do conceito histórico “Imperialismo” em uma canção do Mun-

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09 do Livre s/a, situada na trajetória discográfica do grupo, em simultaneidade com os desdobramentos do movimento Mangue Beat, e ao contexto histórico em que a obra emergiu e foi recepcionada. Procuramos efetivar uma tripla abordagem histórica da canção: a historicidade das condições de produção, a representação da temática histórica e a contextualização na história do grupo e do movimento. Vislumbramos uma leitura atenta a multidimensionalidade do objeto, que privilegiou os aspectos históricos em suas relações com os indissociáveis parâmetros poéticos, musicais e técnicos que constituem a especificidade e complexidade da canção. Selecionado para o Doutorado em Educação da UFPR, o atual estágio da pesquisa consiste na estruturação e aplicação de uma proposta de pesquisa em ensino de História calcada nos usos e apropriações da canção popular brasileira, a partir dos fundamentos epistemológicos da Educação Histórica. Nome: Lucinéia Cunha Steca E-mail: lwsteca@gmail.com Instituição: UEL Título: O professor de história e o ensino de história do Paraná Este artigo procura refletir sobre o ensino de História do Paraná, ministrado por professores de escolas estaduais no Ensino Fundamental II e Médio, bem como sobre a ação dos professores, para tentar compreender como os mesmos pensam e ministram aulas sobre a História do Paraná, pois no nosso entender a questão envolve alguns problemas, uma vez que se trata de um conteúdo inserido no Currículo e determinado por lei. Desse modo, busca-se analisar algumas obras consideradas clássicas sobre história do Paraná que se encontram disponíveis como fontes de consulta para professores, apontando alguns problemas enfrentados pelo docente na elaboração de suas aulas sobre esse conteúdo e procura refletir em que medida a formação inicial do professor historiador tem-lhe dado uma visão que permita trabalhar com história do Paraná, possibilitando um ensino com maior criticidade, o que colabora para a construção de uma sociedade melhor. Nome: Luis Mauro de Alvarenga Marnet E-mail: lmarnet@ig.com.br Instituição: Universidade Gama Filho Título: A República ensinada: a prática e o ensino de história no Ensino Médio sobre a Primeira República brasileira O ensino de História nos últimos anos tem se mostrado um campo fértil de pesquisas sob sua prática, seu método e suas diretrizes didáticas, assim como a forma como se relaciona com o campo da educação. Porém parece ser incerto que aplicação de novas técnicas e métodos de ensino consigam romper com velhas práticas de ensino calcadas na tradição de uma certa forma de transmissão de saberes. Nesse sentido determinados temas ou conceitos do ensino de história tornam-se enclausurados sob uma forma de ensino que insiste no método de não mudar aquilo que já está conhecido, contrariando sob esta perspectiva qualquer forma de inovação teórica ou epistemológica, por uma prática que garanta uma reprodução de ensino sem questionar os alicerces que sustentam saberes e conhecimentos tradicionalmente ancorados no caso estudado aqui: a temática da Primeira República no Ensino Médio. Nome: Luzia Márcia Resende Silva E-mail: luzia.marcia@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás, Campus de Catalão Título: O ensino de história no Sudeste Goiano: reflexões e práticas Esse projeto vem sendo desenvolvido desde 2005. Tem como objetivo mapear as práticas desenvolvidas por professores e alunos de História dos níveis fundamental e médio de ensino, nas escolas estaduais de Catalão e região. No contexto desse projeto, já foram desenvolvidos três planos de trabalho: no primeiro, “Concepções de História entre alunos e professores de escolas públicas no Sudeste Goiano”, procuramos, entre outras coisas, mapear as concepções de história ensinadas por professores e formuladas por alunos; no segundo, “A pesquisa em história em escolas públicas de Catalão -1996/2006”, buscamos compreender se a pesquisa histórica a partir de diferentes fontes e linguagens era praticada e como era praticada; no terceiro, “A prática do Ensino de história no ensino de jovens e adultos no colégio CEJA Profª. Alzira de Souza Campos em Catalão-GO”, procuramos conhecer o modelo de educação desenvolvido naquela instituição, a partir das práticas que são efetivadas no ensino de história. Consideramos esse caminho relevante porque o ensino de história por suas características e particularidades desempenha papel importante na perspectiva de construção da cidadania, sendo assim, interrogamos se as práticas de ensino de história desenvolvidas têm cumprido esse papel.

Nome: Magda Madalena Tuma E-mail: mtuma@sercomtel.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Nome: Marlene Rosa Cainelli E-mail: marlenecainelli@sercomtel.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Nome: Sandra Regina Ferreira de Oliveira E-mail: sandra.oliveira@sercomtel.com.br Instituição: UEL- Universidade Estadual de Londrina Título: “Se fosse para o futuro teria que ir e não voltar...” deslocamentos temporais e a aprendizagem de história nas séries iniciais Nesta comunicação apresentaremos resultados parciais da pesquisa “Educação Histórica: iniciando crianças na arte do conhecimento histórico”, em desenvolvimento na Universidade Estadual de Londrina, envolvendo os Departamentos de História e Educação. Esta pesquisa ancora-se nos suportes teóricos e metodológicos da Educação Histórica. O recorte aqui proposto está centrado em uma das atividades realizadas em sala de aula de quarta série de uma escola municipal de Londrina, Paraná, durante o ano de 2008. Temos por objetivo analisar a progressão do conhecimento no sentido da complexidade do pensamento histórico e nos deslocamentos temporais possíveis a partir de um elemento motivador: o filme “De volta para o futuro”. Neste sentido discutiremos os elementos expressados pelos alunos em relação aos deslocamentos temporais, à narrativa histórica, à causalidade, aos sujeitos históricos e fontes históricas. Nome: Marcelo Fronza E-mail: fronzam34@yahoo.com.br Instituição: UFPR Título: Possibilidades das histórias em quadrinhos na educação histórica: uma proposta de investigação sobre o conceito de evidência histórica e as narrativas históricas gráficas Nesse artigo desenvolverei as bases teóricas para a construção de um novo instrumento de investigação. Para isso, analisarei o conceito de evidência histórica (ASHBY, 2006) e proporei uma discussão entre a minha investigação referente à linguagem dos quadrinhos, que apresentam um caráter híbrido ao mesclar as estruturas das narrativas ficcionais com as das narrativas históricas (FRONZA, 2007; WERTSCH, 2004), e o uso de quadrinhos históricos já didatizados a partir de critérios próprios à epistemologia da História, tais como os utilizados por Peter Lee (2004). A minha hipótese é que a mobilização, pelos jovens, das idéias históricas em construtos da narrativa histórica pode ser realizada pela confrontação das histórias em quadrinhos com outras evidências históricas (no caso, os quadrinhos didatizados historicamente) que possam mitigar o seu poder ficcional e anacrônico. Buscarei compreender, com isso, se a natureza narrativa das histórias em quadrinhos modifica a natureza do pensamento histórico. Entendo que o uso de artefatos culturais próprios à cultura juvenil como as histórias em quadrinhos podem dinamizar as narrativas históricas ao permitir a construção de uma cognição histórica situada nos jovens das escolas de Ensino Médio. Nome: Margarida Maria Dias de Oliveira E-mail: margaridahistoria@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: História e historiografia do ensino de História: o que (não)diz a ANPUH O presente trabalho de pesquisa vem divulgar os primeiros resultados de uma pesquisa que tem como objetivo principal analisar os documentos exarados pela ANPUH ao longo da sua atuação de quase 60 anos sobre como os profissionais de História, formadores – por meio de suas obras e de suas atuações como formadores – de gerações de outros profissionais de História, compreendem o ensino de História, o que deve ser, o que deve norteá-lo, o que o fundamenta etc. Como afirmava em 1981 a Professora Alice Canabrava avaliando a atuação da entidade: “Sob alguns aspectos a entidade desempenha o papel de escola, no seu sentido legítimo, a congregar licenciados e graduandos para o convívio com os métodos, técnicas e interpretações que germinam nas fronteiras avançadas do conhecimento histórico”. E, sem dúvida, a ANPUH se tornou um marco para o ensino de História, seja pelo seu contundente posicionamento em relação “a questão de Estudos Sociais”, seja pelo seu papel na divulgação da pesquisa histórica no Brasil, daí entendermos que problematizar o que diz a ANPUH sobre o ensino é base para se entender, até, a historiografia sobre o ensino de História no Brasil. Nome: Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt E-mail: dolinha08@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná

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Título: Cognição histórica situada: que aprendizagem histórica é esta? Na esteira das investigações já desenvolvidas acerca da História como disciplina escolar, o escopo deste trabalho tem como objeto a análise das idéias sobre aprendizagem histórica contidas em propostas curriculares, manuais didáticos destinados a professores, bem como aqueles destinados aos alunos. A partir desta análise, a intenção é apontar alguns elementos constitutivos de concepções que fundamentam as finalidades e os processos de aprendizagens em História. O diálogo com essas concepções será feito a partir da referência e adesão à concepção da cognição histórica situada, cujos princípios e finalidades ancoram-se na própria ciência da História, bem como servem de embasamento à área de pesquisa da Educação Histórica. Conclui-se que as concepções de aprendizagem tomadas como referências nas propostas curriculares e manuais didáticos analisados, encontram guarida em teorias psicológicas representadas, atualmente, pela teoria construtivista. Esta adesão tem encaminhado os processos de cognição para fora da ciência da História, a qual tem seus próprios processos de elaboração de um aprender especificamente histórico. Nome: Maria Catharina N. de Carvalho E-mail: catharinanastaniec@yahoo.com.br Instituição: SEED e SMED Título: Projeto Shoah: holocausto e memória O Projeto Shoah foi desenvolvido com alunos dos 2º anos A e B do Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais, do Colégio Estadual Prof. Júlio Szymanski no ano letivo de 2008, em Araucária envolvendo as disciplinas de Língua Portuguesa, Arte, História e História da Educação. O presente trabalho é resultante de atividades desenvolvidas na disciplina de História utilizando os pressupostos da Educação Histórica, que tem indicado a importância em conhecer os processos e princípios da produção do conhecimento histórico, os quais sustentam o trabalho do historiador e, portanto, do professor de história. As atividades contemplam algumas etapas, a princípio o levantamento das protonarrativas dos alunos sobre o Holocausto. Após a categorização dos dados obtidos foi elaborada uma proposta de Intervenção Pedagógica em sala de aula, com utilização de textos, gravuras, imagens, documentário e materiais elaborados nas demais disciplinas envolvidas, expostos no mês de novembro de 2008, no Museu Tindiqüera. Também houve palestras sobre o tema Holocausto e o depoimento de um sobrevivente de um campo de concentração, assim como discussões buscando esclarecer equívocos conceituais sobre o tema. Nome: Maria do Carmo Barbosa de Melo E-mail: ledvan@terra.com.br Instituição: Universidade de Pernambuco Título: O lugar da Educação Histórica no diálogo da universidade com o Ensino Básico Neste trabalho busco conhecer a dimensão das relações estabelecidas entre a Formação de Professores de História e a Educação Histórica trabalhada na Escola Básica, considerando que a questão da qualidade dessa Educação pode está diretamente vinculada a formação do(a) professor(a). Nesta perspectiva, procuro identificar os saberes históricos e as práticas pedagógicas utilizados nesse ensino, a partir de pesquisa realizada em escolas públicas de Recife, que são campos de estágios dos licenciandos de História da Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata - Universidade de Pernambuco. Nome: Maria Inês Sucupira Stamatto E-mail: inescdd@digizap.com.br Instituição: UFRN - PPGED Título: Alfabetização histórica em materiais didáticos: significados e usos Apresenta resultados da primeira etapa de investigação sobre alfabetização histórica em materiais didáticos, priorizando-se livros didáticos. Partiu-se do pressuposto de que diferentes conceitos de alfabetização histórica – Historical Literacy – alteram teórica-metodologicamente o ensino de História. Têm-se como objetivos identificar significados para esta noção e distinguir seus diferentes usos associando-os ao quadro referencial empregado pelos autores. Em seguida, verificar em que medida estes conceitos embasam propostas de ensino-aprendizagem em História para os primeiros anos do Ensino Fundamental. Por fim, em uma segunda etapa da pesquisa, descobrir qual a repercussão para a aprendizagem de História da adoção e desenvolvimento de propostas que se fundamentam na alfabetização histórica. As conclusões, neste primeiro momento, decorrem da análise das coleções de História que serão adotadas nas escolas públicas no primeiro segmento do Ensino Fundamental, constantes no Guia de História – PNLD 2010. Observou-se um número reduzido de obras que consideram em sua proposta teórico-metodológica um conceito de alfabetização histórica.

Nome: Maria Sigmar Coutinho Passos E-mail: mariasigmar@gmail.com Instituição: Uneb Título: A formação do professor de História: reflexões sobre o estágio supervisionado O presente artigo busca discutir a formação do professor de História, problematizando as políticas públicas brasileiras e sua concretização no âmbito das instituições de Ensino Superior. Retoma discussões sobre a renovação do Ensino de História e sua interseção com contexto da Educação Básica, realidade acompanhada através da relação universidade-comunidade escolar estabelecida no Estágio supervisionado em História. Toma como objeto de análise a experiência desenvolvida através de práticas pedagógicas de Intervenção no alto Sertão da Bahia. Conclui apontando perspectivas e limites na formação docente do professor de História no contexto das reformas educacionais atuais. Nome: Mariana Reis Feitosa E-mail: mari_reis_16@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: O lugar da prática de ensino e do estágio supervisionado na formação inicial do professor de História: alguns apontamentos Este trabalho é parte de uma pesquisa realizada junto ao programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Londrina. A partir do eixo temático Formação inicial do professor de História, especial interesse foi dado ao significado que a disciplina Metodologia de Prática de Ensino / Estágio representa na formação inicial do professor de História. Para tanto, discutimos o significado desta no curso de História da UNESP-Assis. Elegemos como público alvo 10 ex-alunos do referido curso. Apresentaremos o entendimento desses sobre sua formação inicial, enfatizando sua experiência no estágio supervisionado e os significados que atribuíram ao estágio em sua formação, ou seja, traremos a tona dados que obtivemos com a aplicação do questionário. Nome: Marilú Favarin Marin E-mail: marin.marilu@yahoo.com.br Instituição: UFSM Título: Laboratório de ensino de história de instituições de Ensino Superior públicas e sua influência no Nível Médio, em escolas públicas (1980 - 2010) Inicialmente, o trabalho, em curso de mestrado, recuperou a experiência de professores de História do Ensino Médio, entre 1989-1997, de revisão do ensino de História apoiado em concepção crítico-dialógica, orientado pelo Laboratório de Ensino de História do Curso de História/CCSH, da UFSM, através do Projeto “O Ensino da História - Uma proposta em construção I”. O balanço da experiência mostrou aspectos positivos no ensino da história, tais como: melhoria na qualidade, valorização da disciplina, qualificação dos sujeitos envolvidos e ativa participação. Na seqüência, investigou-se a caminhada do grupo após o encerramento do projeto, em 1993, detectando-se: indisposição política das instâncias de poder, autoritarismo, não reprodução da experiência, desagregação da equipe da IES - enquanto alguns fatores responsáveis pelo fim da experiência. Neste momento, como proposta de doutorado, pretende-se ampliar o período analisado (1980-2010) e ampliar a abordagem para estudo comparativo entre Laboratórios de Ensino de História de IES públicas, e suas relações/ações/influências no ensino de História no nível médio, em Escolas públicas da sua região de abrangência. Nome: Milton Joeri Fernandes Duarte E-mail: mjoeri@terra.com.br Instituição: Faculdade de Educação da USP - FEUSP Título:A música e a construção do conhecimento histórico em aula A elaboração desta pesquisa sobre “a música e a construção do conhecimento histórico em aula” tem como principal objetivo relacionar a prática do ensino de História em sala de aula com a utilização da música, procurando entender de que forma a linguagem musical contribui na construção do conhecimento histórico, pois as representações históricas construídas pelos alunos e incentivadas pela música podem ser compreendidas e trabalhadas de maneira diagnóstica pelo professor através da linguagem musical, transformando-se assim em uma ponte entre a consciência histórica dos alunos e o passado histórico. Nome: Osvaldo Rodrigues Júnior E-mail: osvaldo.rjunior@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: As concepções de fonte histórica e as orientações para o seu uso em três manuais de Didática da História produzidos para os professores no Brasil (2003-2004) Este trabalho tem por finalidade apresentar os primeiros resultados da disser-

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09 tação de mestrado em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. Os objetivos traçados para o presente trabalho foram: i) analisar as concepções de fontes históricas presentes em três manuais de Didática da História produzidos para os professores no Brasil; ii) analisar as orientações para o uso das fontes históricas em sala de aula nos mesmos manuais; iii) analisar se existe o diálogo entre as perspectivas teóricas de concepção de fontes históricas e as orientações para o uso das mesmas; e iiii) analisar as relações do trabalho com as fontes e a constituição de uma cognição histórica. Resultados parciais indicam que nos manuais analisados está presente a concepção de transposição didática (CHEVALLARD, 2005) e de que o trabalho com as fontes não tem como finalidade a constituição de um tipo de cognição histórica, cuja referência é a relação dos alunos com a evidência histórica (ASHBY, 2006). Desta forma, partindo de Rüsen (2007) entende-se a necessidade de uma Didática da História que supere a idéia de transposição didática, no sentido da transposição mecânica do saber sábio para o saber ensinado. Nome: Raimunda Ivoney Rodrigues Oliveira E-mail: ivoneyr@yahoo.com.br Instituição: Coordenação de patrimônio histórico e cultural - SECULTFOR Título: Ensino de história nas séries iniciais: cotidiano e representações de brasilidade na família e escola pública A História é uma disciplina essencialmente formativa e emancipadora, que tem como papel central a formação da consciência histórica do indivíduo, o que irá possibilitar a construção de possíveis identidades, a compreensão daquilo que foi vivido e a capacidade de intervenção social. No Brasil o projeto educacional implantado nas décadas de 60 a 70 na escola fundamental atingiu estrategicamente o ensino de História; por meio dos Estudos Sociais foi imposta uma diluição do objeto de estudo da História. A principal conseqüência desse ensino foi formar nas crianças brasileiras, já nas séries iniciais, uma concepção auto-excludente da História. A partir disso, como formar cidadãos capazes de lutar por seus direitos sociais e políticos se vivenciamos a exclusão no cotidiano da sala de aula? O ensino da disciplina foi considerado impossível para alunos de séries iniciais, porque, segundos alguns princípios epistemológicos, não haveria condições de uma abstração suficiente para o domínio de conceitos imprescindíveis à educação histórica. Admitida a possibilidade de aprendizagem da disciplina a partir dos primeiros anos da escolarização, surgem indagações que norteiam essa pesquisa: existem etapas de domínio conceitual? Como os conceitos são formados por crianças de diferentes idades? Nome: Ricardo José Lima Bezerra E-mail: ricbez@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Pernambuco Título: Superando dificuldades e desafios no ensino da história: experiências pedagógicas no Agreste pernambucano Ao analisarmos o desempenho dos alunos do ensino médio das escolas públicas do agreste meridional de PE vimos detectando dificuldades no processo de aprendizagem da história a partir da própria complexidade específica do conhecimento histórico, mas também devido a inoperância das metodologias e práticas didáticas adotadas na construção de um contexto favorável a esta aprendizagem. Ao longo do tempo, o ensino de história esteve associado a uma narrativa de fatos. Muitas vezes desconexos da realidade escolar de cada aluno: um ensino voltado para memorização de datas e eventos históricos onde procurava-se construir um espírito de civismo e patriotismo identificado com a história das elites dominantes e dos vencedores de cada época. A prática do ensino de história consistia numa reprodutividade de saberes casuísticos e factuais acumulados, reproduzidos didaticamente através de massantes aulas expositivas e baseadas em exercícios que apenas fixavam o conteúdo ministrado. Não havia espaço para a criatividade e a participação do aluno. Ao realizarmos oficinas pedagógicas para rediscutir o ensino de História, propondo novas práticas e estratégicas didáticas-metodológicas, vivenciamos que existe uma enorme demanda por uma história contextualizada com a realidade social local e regional.

obra didática como memória-histórica, silenciando outras possibilidades que efetivamente estiveram presentes. No caso específico do passado brasileiro dos anos 1930, as narrativas predominantes contribuem na produção do esquecimento de um importante movimento da época: o integralismo. Nome: Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd E-mail: rosifgevaerd@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: A narrativa histórica como uma maneira de ensinar e aprender história: o caso da história do Paraná Partindo do pressuposto de que a História como ciência possui uma natureza narrativista, busquei verificar, em pesquisa desenvolvida no doutorado, os tipos de narrativas históricas da história do Paraná presentes no processo de escolarização, sejam aquelas difundidas pelo manual didático, pelas propostas curriculares ou pelas aulas da professora. Além disso, busquei analisar se ocorreu uma convergência dessas narrativas no sentido de dar origem a determinada aprendizagem histórica, evidenciada nas narrativas produzidas pelos alunos. A pesquisa foi pautada em investigações na área da Educação Histórica, mais especificamente, na linha da cognição histórica situada, a qual engloba estudos que têm como perspectiva a compreensão das idéias de professores e alunos em contexto de ensino – aulas de História – , tomando como referência o próprio conhecimento histórico. Algumas considerações foram apontadas, entre elas, a necessidade de um debate historiográfico que subsidie uma reconstrução curricular no que tange à história do Paraná, bem como a necessidade da incorporação, por parte dos professores, da idéia da narrativa histórica como uma maneira de ensinar e aprender história, mostrando-se fundamental e importante os debates em torno das narrativas históricas. Nome: Tânia Gayer Ehlke E-mail: taniagayer@hotmail.com Instituição: Secretaria de Estado da Educação do Paraná Título: Patrimônio imaterial e educação histórica Este trabalho analisa a importância do patrimônio imaterial como fonte de pesquisa nas idéias históricas dos alunos em duas turmas distintas: uma 6ª série e uma 7ª série do Ensino Fundamental de uma Escola da rede Pública Estadual do Paraná. A investigação, fundamentada em Isabel Barca, Maria Auxiliadora Schmidt, Tânia Braga Garcia, entre outros, propõe elementos para uma metodologia de trabalho em sala de aula com o patrimônio imaterial, na perspectiva da Educação Histórica. A intervenção utilizou material didático produzido pela autora, estruturado na forma de uma Unidade Temática Investigativa: investigação dos conhecimentos prévios; categorização; utilização de documentos/fontes - a pesquisa empírica dos saberes -; celebrações, forma de expressão; a comunicação - produção de narrativas e, finalmente, a metacognição. Os resultados indicam que o patrimônio imaterial é uma fonte importante a ser utilizada na Educação Histórica, particularmente devido ao seu potencial para estabelecimento de empatia e da multiperspectividade histórica. Nome: Zilfran Varela Fontenele E-mail: zilfran@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: Os Parâmetros Curriculares Nacionais e o ensino de história no cotidiano: olhares de gestores, docentes e discentes O presente trabalho é decorrente de pesquisa realizada através de questionários aplicados a gestores, professores e alunos de escolas públicas estaduais de ensino médio de Fortaleza para elaboração de monografia apresentada à Universidade Estadual do Ceará, no curso de Licenciatura em História. Nele aprofundamos a temática do ensino de História e observamos o conhecimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da disciplina, bem como se estão, ou não, sendo aplicados na rede pública estadual da capital cearense. Listando, a partir das respostas coletadas, as dificuldades enfrentadas, as críticas dos docentes, em especial à ausência de capacitação, além de divergências entre estes e gestores. Observamos também a visão dos alunos sobre a importância da disciplina, seu interesse, críticas e anseios dentro da escola.

Nome: Rogério Lustosa Victor E-mail: rogeriolustosa@yahoo.com.br Instituição: UFG Título: Narrar para esquecer: livro didático e integralismo O autor do livro didático, na feitura de seu texto, depara-se com uma série de fatos disponíveis e com os quais ele terá que construir uma narrativa lógica. Supomos que estes fatos já estão presentes a priori como elementos da memória-histórica. Diante dessas condições, a temporalidade dominante emerge na

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10. Estudos africanos: dimensĂľes histĂłricas das sociedades africanas e dos africanos na diĂĄspora Alexsander L. de Almeida Gebara - Universidade Federal Fluminense (algebara@gmail.com) Maria Cristina Cortez Wissenbach - USP (criswis@usp.br) Este SimpĂłsio tem por objetivo reunir pesquisadores do Brasil vinculados com a ĂĄrea geral de “Estudos $IULFDQRVÂľ 'HVWD IRUPD DV WHPiWLFDV FRPSUHHQGLGDV VmR SURSRVLWDOPHQWH EDVWDQWH DPSODV LQFOXLQGR WHPDV UHJL}HV H SHUtRGRV GLYHUVLĂ€FDGRV 6HUmR EHP YLQGDV SHVTXLVDV HP DQGDPHQWR H UHĂ H[}HV TXH WUDWHP GH TXHVW}HV WDLV FRPR DV DQiOLVHV VREUH D UHSUHVHQWDomR GR FRQWLQHQWH DIULFDQR GHVGH o perĂ­odo das primeiras viagens portuguesas no sĂŠculo XV; as relaçþes euro-africanas nos diferenWHV FRQWH[WRV KLVWyULFRV QD pSRFD PRGHUQD VRFLHGDGHV H JUXSRV KLIHQL]DGRV DV WUDQVIRUPDo}HV QDV HVWUXWXUDV VRFLDLV H VLVWHPDV SROtWLFRV DIULFDQRV QR SHUtRGR GR WUiĂ€FR HVFUDYR DV UHODo}HV FRPHUFLDLV LQWHUQDV H H[WHUQDV GR FRQWLQHQWH DIULFDQR QRV SHUtRGRV PRGHUQR H FRQWHPSRUkQHR D SUHVHQoD GH DIULFDQRV QRV FRQWH[WRV DPHULFDQRV GD HVFUDYLGmR H GD GLiVSRUD )RUPDV GH WUDEDOKR DIULFDQRV OLvres, revoltas e insurreiçþes; as comunidades afro-americanas na Ă frica e os retornados; os impactos VRFLDLV SROtWLFRV HFRQ{PLFRV H FXOWXUDLV GD LQYDVmR FRORQLDO QR Ă€QDO GR VpFXOR ;,; DV HVWUDWpJLDV LGHRORJLDV H SURFHVVRV GH GHVFRORQL]DomR GR FRQWLQHQWH D KLVWRULRJUDĂ€D DIULFDQLVWD WHQGrQFLDV GHEDtes e contribuiçþes teĂłricas; as questĂľes relativas Ă constituição dos Estados africanos politicamente LQGHSHQGHQWHV D SDUWLU GR FRPHoR GD GpFDGD GH

Resumos das comunicaçþes Nome: Adauto Neto Fonseca Duque E-mail: duqueadauto@yahoo.com.br Instituição: Faculdades INTA / Universidade Estadual Vale do Acaraú Título: Caminhos da memória e identidade coletiva em comunidades quilombolas A experiência de pesquisa em comunidades quilombolas no rio Trombetas, Estado do Parå, abriu a possibilidade de formatar uma discussão em torno da formação e ressignificação nos campos que formam a memória necessåria a uma coletividade. A presença de sujeitos e mecanismos de cerceamento de espaços, em comunidades antes isoladas, generalizou a busca por uma identidade alicerçada em um passado negro escravo quilombola, justificando as lutas contemporâneas por terra, espaço de trabalho e cidadania. O passado Ê justificativa, mas tambÊm precisou ser reelaborado de forma positiva para que a coletividade tivesse orgulho e usasse como bandeira contra os invasores de seus espaços. Conquista de terra, mas principalmente despertar de uma consciência social baseada na luta dos antepassados escravos fugidos das fazendas escravistas e feitos livres nas margens dos rios da Amazônia. Comunidades de pessoas pouco letradas, mas que mantÊm a memória firme e prontas a utilizå-las quando se sentem ameaçadas ou precisam recorrer à história para justificar a permanência em seus espaços de vivência e pråticas culturais. Individualmente, perdem a dimensão de força e ancestralidade, mas nas conversas e no sentido do coletivo se fazem ouvidos diante do poder público em sua três esferas. Nome: Alexandre Almeida Marcussi E-mail: alexandremarcussi@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Ambigßidades do conceito de crioulização entre a teoria e a empiria O conceito de crioulização, proposto pelos antropólogos Sidney Mintz e Richard Price, Ê uma das ferramentas teóricas que mais influenciou a historiografia a respeito das culturas afro-americanas, sobretudo nos Estados Unidos. Sua discussão ensejou uma acesa polêmica envolvendo diversos estudiosos que defenderam a prevalência da africanidade sobre a crioulização na constituição das culturas afro-americanas. Este trabalho Ê uma tentativa de reavaliação desse debate teórico a partir de uma leitura do ensaio seminal de Mintz e Price, procurando atentar para as ambigßidades que, jå presentes nele, determinaram e marcaram os rumos posteriores da polêmica com a historiografia norte-americana. A anålise das formas atravÊs das quais se constrói o conceito de crioulização tem por objetivo revelar um certo deslizamento teórico do conceito entre dois planos analíticos e heurísticos distintos: um empírico, relativo à história das comunidades afro-americanas, e outro teórico, relativo a uma concepção antropológica do contato cultural. Nome: Alexander Lemos de Almeida Gebara E-mail: algebara@gmail.com

Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: DaomĂŠ e o final do trĂĄfico escravo - o testemunho de Frederick Forbes, tenente do esquadrĂŁo inglĂŞs de combate ao trĂĄfico O trabalho pretende abordar a regiĂŁo do DaomĂŠ no inĂ­cio da dĂŠcada de 1850, no contexto de grande pressĂŁo inglesa para por fim ao trĂĄfico escravo, procurando compreender as respostas do Rei Gezo Ă s propostas de tratado contra o trĂĄfico apresentadas pelos representantes ingleses, que começaram a visitar oficialmente o reino a partir de 1850. A polĂ­tica inglesa para a costa ocidental africana encontrava-se em perĂ­odo de mudanças, com a ampliação das açþes repressivas e anexacionistas. Um grande bloqueio naval criou condiçþes diferentes para o comĂŠrcio exterior africano no final da dĂŠcada de 1840. Lagos tornou-se protetorado em 1851 e colĂ´nia em 1861, e diversas cidades costeiras foram bombardeadas neste perĂ­odo. Desta forma, as reaçþes de Gezo podem ser analisadas frente ao contexto mais amplo de reconfiguração das relaçþes africanas com o Atlântico. Por outro lado, tambĂŠm ĂŠ preciso refletir sobre o carĂĄter dos testemunhos europeus sobre as regiĂľes africanas. Forbes havia estado durante 5 anos na China, entre 1842-49, antes de ser deslocado para um dos navios do esquadrĂŁo inglĂŞs de combate ao trĂĄfico. Escreveu dois relatos neste perĂ­odo, um sobre o bloqueio e outro sobre a missĂŁo ao DaomĂŠ, sendo que sua opiniĂŁo a respeito da ação inglesa muda significativamente neste perĂ­odo. Nome: Andrea Barbosa Marzano E-mail: marzano.andrea@gmail.com Instituição: Interseção Africana / PUC-Rio e NUPEHC / UFF TĂ­tulo: Entre ruas e musseques: crioulidade, imprensa e colonialismo em Luanda (1870-1930) O objetivo da pesquisa ĂŠ analisar, nos jornais publicados em Luanda entre 1870 e 1930, as formas de lazer, os espaços de sociabilidade e a auto-representação das elites africanas que dominavam cĂłdigos culturais europeus, denominadas crioulas por parte dos historiadores. O cotidiano e os traços culturais serĂŁo focalizados como expressĂľes singulares dos conflitos entre os auto-designados filhos da terra, os colonos e os chamados indĂ­genas. O comportamento social e a cultura serĂŁo considerados, assim, elementos cruciais da luta polĂ­tica e dos conflitos sociais que envolviam as diferentes parcelas da sociedade luandense, sobretudo porque o status de civilizado era a principal arma de defesa contra a escravização e, posteriormente, os detestĂĄveis contratos. Paralelamente, pretende-se investigar, nos jornais, o olhar das elites crioulas e dos colonos sobre os que definiam como indĂ­genas e sua cultura, buscando ainda revelar, a despeito de todos os filtros, elementos do cotidiano dessa população. Nome: Angela de AraĂşjo Porto E-mail: aporto@fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz Co-autora: Kaori Kodama E-mail: kaori@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz TĂ­tulo: Doença e raça nos periĂłdicos e teses de medicina do sĂŠculo XIX no Brasil

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10 O trabalho expõe alguns aspectos do pensamento médico em torno da questão racial entre os anos 1830 e 1850. Procura-se investigar a relação entre a produção médica em periódicos e teses e as discussões em torno da relação raça e doença durante este período, marcado pelas tentativas de abolição da escravatura. Objetivamos situar o pensamento médico sobre o tema, no universo da ciência praticada no Brasil, confrontado à recepção de teorias raciais circulantes na Europa e EUA e à suposta rejeição aos determinismos físico-geográficos e raciais pelos médicos brasileiros. Buscamos assim verificar a hipótese da presença de uma tradição específica do pensamento médico brasileiro como expressão da experiência histórica de uma sociedade permeada pela escravidão. Nome: Camilla Agostini E-mail: camilla_agostini@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense / CNPq Título: Identidades reconhecidas, identidades forjadas e a sua expressão material no circuito África-Brasil, século XIX Diversos autores que vêm trabalhando com fontes documentais e arqueológicas referentes à África pré-colonial não têm demonstrado muito entusiasmo ou otimismo na identificação étnica ou identitária dos grupos que aí viveram. O presente estudo tem como objetivo considerar as possibilidades etnográficas da leitura dos viajantes que visitaram a África no período do tráfico de escravos no século XIX, observando quais os critérios que os levavam a definir grupos particulares. Propõem-se reflexões sobre até que ponto as informações elaboradas por eles serviram para forjar as identidades atlânticas dos africanos no além-mar. Por fim, caberá observar possíveis caminhos na compreensão das formas pelas quais os escravos, no Brasil, criaram mecanismos de auto-expressão e identificação, e de como isso pode ter se expressado na cultura material por eles produzida e utilizada. Nome: Cândido Eugênio Domingues de Souza E-mail: candido_eugenio@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Tráfico e traficantes na Salvador colonial (1700-1751) Preparar uma viagem da Bahia para a costa africana na primeira metade do século XVIII era um processo complexo: providenciar mercadorias de comercialização (tabaco, aguardente, entre outras), alimentação, tripulantes, vistoriar a embarcação, organizar os custos com credores ou sócios e preparar a documentação para a Alfândega, eram algumas das várias atividades prévias. Mas não terminavam ai as preocupações: a salvação da alma era sempre lembrada e assim eles, em geral, deixavam seu testamento para que em caso de morte no mar as cerimônias religiosas fossem feitas por sua alma e para que a família tivesse ciência de seus investimentos e bens. Assim aconteceu com José Pereira da Cruz. Nascido na cidade do Porto, este irmão da “Santa Casa de Jerusalém” capitaneava uma nau, cujo senhorio era Theodozio Rodrigues de Faria, grande traficante de escravos, financiador da decoração da Igreja do Bonfim, bem como introdutor deste culto na Bahia. Pretendo analisar a atuação de alguns desses homens de negócio que comercializavam almas nesta Salvador Colonial entendendo a sua importância na composição sócio-política. Nome: Carlos Francisco da Silva Júnior E-mail: carlos.ufba@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia - UFBA Título: Anagôs, ozos, chambás e codavis: identidades africanas na Bahia da primeira metade do século XVIII Na era da escravidão, a etnicidade desempenhou um papel crítico na construção de identidades. Pessoas de diferentes grupos étnicos foram reunidas sob a identidade de nações, categorias étnicas construídas, na maioria das vezes, pelo tráfico negreiro atlântico como forma de nomear e agrupar os indivíduos trazidos da África para o Brasil. Nesse sistema classificatório imposto pelos europeus, utilizaram-se nomes de portos, reinos e regiões, deixando de lado identidades africanas. Malgrado a nova condição, eles não esqueceram suas raízes. Em alguns momentos, a documentação oficial - inventários e testamentos, registros de batismos e óbitos - deixa transparecer certas especificidades identitárias que remetem a formas nativas de nomeação, e que podem ajudar a desvendar o “labirinto das nações” africanas em Salvador no século XVIIII. O propósito dessa comunicação é apresentar as principais nações presentes na Cidade da Bahia da primeira metade do século XVIII, bem como seus etnônimos africanos, em uma perspectiva que, aliando história dos povos africanos e do tráfico negreiro, ilumine aspectos relacionados às condições de escravização na África e a construção de identidades na Bahia setecentista.

Nome: Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes E-mail: crislyrio@uol.com.br Instituição: UFF Título: Notícias preliminares das relações comerciais entre a Bahia e Angola: 1755-1830 O presente trabalho tem por objetivo apresentar a pesquisa que por ora desenvolvo que procura estudar o tráfico de escravos, ampliando o olhar para as relações econômicas, sociais e de poder estabelecidas entre Salvador, um dos principais portos da América portuguesa e a África Central atlântica (sobretudo Ambriz, Luanda e Benguela), a partir da metade do século XVIII até os anos trinta do século XIX. Pretende discutir a presença do contingente de africanos, originários da região central africana, na Bahia de meados do setecentos e as primeiras décadas do oitocentos, e analisar as relações estabelecidas entre os comerciantes da praça de Salvador com parte do Império português (Portugal, África Central e Índia). Tomar-se-á como perspectiva de observação e abordagem as conjunturas de mudanças significativas – notadamente as do governo de Pombal, da transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro, da formação e reconhecimento do Império brasileiro e da proibição do tráfico de escravos – que configuraram um quadro diferenciado, propício ao desenvolvimento de um comércio trilateral. Nome: Cristiane Nascimento da Silva E-mail: cristianenasc@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO Título: A nação portuguesa e os muçulmanos de Moçambique O trabalho apresenta as relações existentes entre as diversas comunidades muçulmanas em Moçambique e o Governo colonial português entre as décadas 30 e 70. Pretendemos discutir a mudança de um discurso e prática do Estado português que percebia no islamismo em Moçambique uma ameaça ao projeto de um Portugal ultramarino para uma atuação que defendia a integração e a aproximação dessas comunidades ao governo. Nome: Diego Barbosa da Silva E-mail: vsjd@uol.com.br Instituição: UERJ/Arquivo Nacional Título: Encontros e confrontos lingüísticos: o local e o global na África A língua desde o Renascimento e o surgimento dos Estados nacionais tem apresentado um importante papel na construção da nação. Como dizia Renan (1997), se não fosse o poder do Estado de segregar, selecionar e classificar, dificilmente existiria a comunidade nacional. Se o Estado era a concretização do futuro da nação, era também condição para a existência de uma nação. Assim, o Estado-nacional utilizará a língua como um instrumento para exercer o seu poder, inclusive simbólico, de muitos conflitos e negociações (BOURDIEU, 1996). Nosso objetivo é analisar a política lingüística dos países africanos após os processos de independências a partir da década de 1960 e discutir, sobretudo, a escolha de línguas européias como oficiais nessas novas nações. Contudo, não podemos nos esquecer nesta análise a vasta diversidade étnica e lingüística do continente africano, dentro de um mundo cada vez mais globalizado, onde o inglês, principalmente por seu viés econômico, exerce domínio e surge como uma língua global (CRYSTAL, 2003 e LACOSTE & RAJAGOPALAN, 2005). Nome: Elaine Ribeiro da Silva dos Santos E-mail: elaine.ribeiro.santos@usp.br Instituição: USP Título: Os trabalhadores centro-africanos da expedição de Henrique de Carvalho a Lunda (1884-1888) Inserida a problemática desta comunicação no contexto mais amplo de processos históricos relacionados ao advento da política imperialista na segunda metade do século XIX e, em especial, das novas articulações em torno da exploração do trabalho no pós-abolições do tráfico atlântico de escravizados e da própria escravidão nos espaços da África Centro-Ocidental, importa-nos, a partir da análise da obra do expedicionário Henrique de Carvalho, propor uma reflexão não só sobre a participação de canoeiros, carregadores, guias, intérpretes, entre outros, deste empreendimento português, como também verificar as respostas dadas por parte dos diferentes grupos africanos às formas de trabalho às quais se encontravam submetidos. Sob tal perspectiva, a investigação sobre a vivência destes trabalhadores é uma proposta de perscrutar resistências por meio do entendimento das suas noções de direitos e de deveres, formas de organização de tarefas, práticas cotidianas, estratégias no trato com as autoridades africanas e com o comando da expedição.

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Nome: Fábio Baqueiro Figueiredo E-mail: fabiobaq@ig.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Raça e diplomacia: relações raciais na correspondência diplomática estadunidense sobre Angola, 1960-1961 Os primeiros anos da década de 1960 corresponderam ao início da guerra anticolonial em Angola, ao endurecimento da segregação racial na África do Sul e a um momento-chave na luta pelos direitos civis nos EUA, onde parte do movimento anti-racista acabou por se interessar por Angola, em decorrência de seu envolvimento na luta contra o apartheid. Por outro lado, o governo português buscava disseminar novas justificativas para o domínio sobre as “províncias ultramarinas”, a partir da aproximação, ao longo da década anterior, entre a razão colonial portuguesa e o “lusotropicalismo” de Gilberto Freyre. Em 1961, com a posse de J. F. Kennedy como presidente dos EUA, as diplomacias lusa e estadunidense entraram em choque quanto ao futuro das colônias portuguesas – o que levou, por exemplo, a uma onda de anti-americanismo por parte dos colonos brancos em Angola. Em todos esses desdobramentos, as percepções dos diversos atores sobre raça e relações raciais ocupavam um lugar de destaque. Este trabalho pretende abordar as representações sobre relações raciais elaboradas por diplomatas estadunidenses, autoridades portuguesas, nacionalistas angolanos e militantes pelos direitos civis nos EUA, baseando-se principalmente na correspondência consular estadunidense sobre Angola entre 1960 e 1961. Nome: Fernanda do Nascimento Thomaz E-mail: fefathomaz@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Projetos em disputa num projeto de Estado: relações políticas no sul de Moçambique (1907-1922) Durante o processo de consolidação do Estado colonial português no sul de Moçambique – no final do século XIX e início do XX – havia diferentes interesses em disputa. Entre esses interesses, cabe realçar o proposto por um grupo de “africanos”. Descendentes de europeus e africanos ou somente de africanos (que se auto-identificavam como “filhos da terra”), esses indivíduos reagiam à crescente chegada de colonos vindos da metrópole e o empenho do Estado para estabelecê-los na região. Nesse contexto se constrói um campo de disputa por benefícios econômicos e políticos em Moçambique tanto dentro da própria estrutura do governo que ali estava se consolidando quanto entre os “filhos da terra” e a administração colonial. É sobre o estabelecimento dessa administração colonial que versa essa apresentação. Nome: Gabriela Aparecida dos Santos E-mail: gabriela_historia@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP Título: Reino de Gaza: o desafio português na ocupação do sul de Moçambique (1821-1897) Após a Conferência de Berlim (1884-1885), acirraram-se as disputas pelos territórios africanos e a posse da província de Moçambique, em particular o sul, escoadouro natural de toda a produção da África do Sul. Nessa época uma colônia inglesa viu-se seriamente ameaçada pelo interesse britânico e por seu projeto expansionista de ligar o Cairo ao Cabo. O anseio resultou no envio de representantes ao poder que parecia desafiar e se sobrepor ao de Portugal na região – o do Reino de Gaza. Diante da ameaça crescente à posse da província, o governo português reuniu esforços concentrados, enviando tropas encarregadas de subjugar o Reino de Gaza e garantir a ocupação efetiva desse território. As expedições portuguesas encontraram, no entanto, forte resistência, centrada na figura do soberano nguni do Reino de Gaza, Gungunhana (1884-1895). Nesse sentido, o objetivo é analisar o desenvolvimento do colonialismo português, com seus avanços e retrocessos, e entender como a formação de uma ordem política africana, centralizada e autônoma, se contrapôs às iniciativas efetivas de colonização portuguesa no sul de Moçambique. Nome: Gilson Brandão de Oliveira Júnior E-mail: gilsonbass@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Institucionalização e indefinição: os estudos africanos & afrobrasileiros nos primeiros anos do CEAO Procuraremos neste trabalho identificar como os estudos pré-existentes sobre o negro no Brasil serviram de base teórica para a formação do primeiro centro de estudos africanos no Brasil em 1959 (Centro de Estudos Afro-Orientais, na então Universidade da Bahia – atual CEAO-UFBA) e como sua produção impactou e fundamentou paradigmas que podem ser vistos nesta

vertente de estudos até o presente em nosso país. Como a teorização acerca do “problema” do negro no Brasil surge no contexto das discussões acerca da viabilidade da nação. É de suma importância revisitar algumas das principais idéias que nortearam a construção da nacionalidade brasileira em meados do século XIX, além dos primeiros estudos pioneiros sobre o negro africano no Brasil e suas conseqüências, iniciados no final deste mesmo século e início do próximo, que acabaram por gerar uma grave indefinição entre o que são os estudos africanos e o que são os estudos afro-brasileiros. Ao contextualizar essas produções, poderemos identificar algumas das ressonâncias que esta indefinição marcou no processo de institucionalização destes estudos no CEAO, pioneiro no país e influente sobre as produções subseqüentes, para posteriormente apontar algumas de suas reminiscências na atualidade. Nome: Ingrid Silva de Oliveira E-mail: ingrid_historia@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural Título: O olhar de um capuchinho sobre a África do século XVII. Uma análise da construção do discurso de Giovanni Antonio Cavazzi Desde as primeiras conversões ao catolicismo registradas no reino do Congo, datadas de 1491, até a chegada do primeiro grupo de missionários capuchinhos, em 1645, várias foram as ordens católicas que deixaram registro sobre sua atuação, como os jesuítas e os carmelitas. Porém, parte da historiografia considera que a Ordem dos Capuchinhos foi, por mais de um século, a mais eficaz no trabalho de conversão dos povos localizados no interior do continente africano. Tratando da análise da missão católica dos capuchinhos na África ou da própria história do Reino do Congo durante o século XVII, alguns historiadores têm como referência a obra Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba, do capuchinho italiano Giovanni Antonio Cavazzi (1621-1678). Buscando um diálogo com esses estudos e contribuir para o debate historiográfico acerca das práticas letradas européias sobre a África, o presente trabalho tem como fonte a mesma obra, porém busca a compreensão de Cavazzi como um sujeito inserido num contexto de embate entre os interesses do Padroado português e do Papado durante o século XVII. Nesse sentido, busca-se a compreensão dos elementos que motivaram esse capuchinho a escrever tão longamente sobre o Reino do Congo e a missão católica capuchinha na região. Nome: Irineia Maria Franco dos Santos E-mail: irineiafranco@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Ancestralidade na dinâmica cultural africana Esse trabalho tem por objetivo apresentar parte da discussão acadêmica em torno da questão da ancestralidade nas religiões tradicionais em África. A partir do debate dos especialistas pretende-se aprofundar a compreensão sobre alguns elementos da dinâmica cultural africana. Quais sejam: (a) a veneração dos ancestrais como preservação da memória histórica e (b) a relação entre a dinâmica cultural e a utilização das “energias vitais” como forças de coesão social e experiência místico-espiritual. Tais elementos auxiliam na busca de um melhor entendimento sobre as práticas rituais das religiões afro-brasileiras ligadas à morte. Também se reflete a respeito da transmissão do conhecimento mágico-religioso no Candomblé no contexto das transformações desta religião nas últimas décadas em São Paulo. Nome: Ivana Pansera de Oliveira Muscalu E-mail: ivana.pansera.oliveira@usp.br Instituição: FFLCH/USP Título: Contatos e interpretações: os portugueses e o Império do Monomotapa Baseada na documentação portuguesa produzida ao longo do século XVI, a comunicação busca investigar a maneira como os portugueses descrevem e interpretam as estruturas políticas e sociais do reino do Monomotapa. Ao nos apresentar um império territorialmente vasto, organizado num sistema de senhorios e vassalagens e cuja unidade seria garantida pelo controle das rotas de comércio que ligavam o interior ao litoral, centralizado política e militarmente na corte do Monomotapa, as fontes portuguesas – produzidas no contexto da descoberta de vastos impérios centralizados nas Américas – realizam uma equivalência entre as estruturas políticas e sociais africanas e portuguesas. De outra parte, apoiando-se na idéia de império centralizado os portugueses buscaram, ao longo do XVI, equacionar a possibilidade de manter relações por meio da diplomacia, com o objetivo de acessar as minas de ouro e prata, assim como controlar as feiras e as rotas de comércio sob influência do Monomotapa. Compreender o contexto de produção dessas fontes pode elucidar questões relativas às alterações da política portuguesa de relações com o Monomotapa no século seguinte, bem como contribuir para o debate historiográfico sobre o tema.

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10 Nome: Josane Rodrigues Boechat E-mail: sofista@terra.com.br Instituição: Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO Título: O lucrativo comércio de almas ilegal: pirataria, contrabando e tráfico de africanos no município de Macaé (1830 - 1860) A presente pesquisa propõe um estudo acerca do tráfico ilegal e suas implicações na primeira metade do século XIX, no município de Macaé. A abordagem dada por Jaime Rodrigues no livro “O Infame Comércio” trata o tema do tráfico ilegal como contrabando e pirataria no Brasil, mostrando de forma abrangente que esta prática perpassou por todo o litoral do território brasileiro. Nesse sentido, instiga e abre leques para novos aprofundamentos nos estudos sobre a temática. A abordagem de tráfico e contrabando de africanos negros, de suspeitas e apreensões de navios, pelas auditorias instaladas pela Marinha Imperial Brasileira, mostra a apreensão do navio Iate “Rolha” e da garoupeira Santo Antonio Brilhante no porto de Macaé, pelo navio vapor da marinha “Urânia” com abordagem e apreensão de africanos. Nome: Juliana Barreto Farias E-mail: julianafarias@predialnet.com.br Instituição: USP Título: Sentidos históricos e dimensões atlânticas dos pombeiros no Rio de Janeiro do século XIX Derivada do termo quimbundo mpumbu, a expressão pombeiro designava, no século XVI, negros e mestiços (escravos ou libertos) e também portugueses, emissários de comerciantes europeus, que se estabeleciam nos mercados litorâneos da costa centro-ocidental africana, trazendo cativos e mercadorias de áreas do interior de Angola, Benguela ou Congo. Mais tarde, indicaria ainda atravessadores e vendedores ambulantes que atuavam em diferentes pontos da região. Além de se generalizar pela África portuguesa, a expressão atravessou o Atlântico e aqui ganhou novos contornos. De “comerciantes do mato” do contexto angolano, os pombeiros transformar-se-iam, no Rio de Janeiro do século XIX, em “mercadores avulsos” – quase sempre escravos africanos das “nações” mina, cabinda e congo – que ofereciam principalmente peixe fresco pelas ruas e mercados da cidade e atuavam como intermediários entre pescadores, lavradores e consumidores. Meu objetivo nesta comunicação é justamente dimensionar a categoria dos pombeiros na Corte Imperial, avaliando sua composição étnica, suas formas de organização e identificação. Para tanto, partirei da análise de um amplo conjunto de licenças concedidas a esses vendedores, relatórios, abaixo-assinados e requerimentos enviados à Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Nome: Juliana de Paiva Magalhães E-mail: jupaivamagalhaes@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Moçambique e Vale do Paraíba na dinâmica do comércio de escravos: diásporas e identidades étnicas, séc. XIX Minha pesquisa focaliza uma movimentação peculiar da diáspora africana: do Oceano Índico em direção ao Atlântico e, posteriormente, o estabelecimento de africanos centro-orientais como força de trabalho escrava na sociedade brasileira entre o fim do século XVIII e ao longo do XIX. O objetivo central é rastrear estes africanos em diferentes fontes do período, tais como: relatos de viajantes, inventários post-mortem de grandes proprietários escravistas e documentos eclesiásticos. A intensificação do tráfico de escravos constituiu-se no elemento de ligação entre ambos os territórios, considerando a correspondência entre a crescente demanda de escravos no Vale do Paraíba e a importância da Costa-Leste africana no suprimento dos mesmos. Nesta comunicação destaco o contexto em que as diversas populações do Leste africano se apropriaram do termo Moçambique como forma de auto-identificação na sociedade brasileira. A existência dos diferentes etnônimos da África Oriental nos permite inferir que muitas identidades étnicas foram preservadas, em algum grau, dentro do contexto escravista. Ao ser incorporada por grupos heterogêneos, a identidade diaspórica regional não substituía simplesmente as locais, ao contrário, constituía outra identidade a ser incorporada e somada às anteriores. Nome: Julio Moracen Naranjo E-mail: juliomoracen@yahoo.com Instituição: Universidade Federal de São Paulo Títulos: Reflexões sobre o teatro negro africano e como torná-lo parte integrante e importante do conteúdo do ensino de historia da Africa e da diáspora A importância do estudo das manifestações espetaculares dentro das Ciên-

cias Sociais e a Artes Cênicas aparece como questão central na perspectiva de estudar um teatro negro componente cultural da história da África e dos africanos na diáspora. Proponho então analisar a existência deste teatro negro trazendo a tona sua função social e estética e como o mesmo se apóia, em sua totalidade, em diretores, atores e dramaturgos entre os quais encontramos uma consciência étnica relacionada a cultura tanto africana como de herança africana real ou imaginária. Esta característica indica que a questão central colocada para a sobrevivência desse teatro também se relaciona com a gênese de nossos processos culturais crioulizados, propiciando novas leituras, pertenças grupais e memórias. Em função disso o mesmo deve ser estudado como um teatro de identidade com a sua própria linguagem. Nome: Letícia Cristina Fonseca Destro E-mail: leticiadestro@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: Entre o eu e o outro: a representação do africano em relatos de viagem A dinâmica imperial portuguesa integrou continentes, economias, povos e culturas, e através do atlântico vinculou o destino de regiões africanas à história das partes que compunham o império português. A história desse continente não tem como ser ignorada e os relatos de viagem nos permitem reconstituir aspectos dessas sociedades como modo de viver, religião e política. Dessa forma, os relatos de André Álvares de Almada (1594), André Donelha (1625) e Francisco de Lemos Coelho (1669 e 1684), que tratam da região conhecida como “Guiné” nos possibilitam a reconstrução de fragmentos que podem contribuir para estudos sobre as organizações africanas no período colonial. A acumulação de conhecimento relativo ao africano, viabilizado pela evolução dos contatos e maior convivência com esses, conduziu à superação de alguns estereótipos arraigados no legado cultural presente nos relatos dos primeiros encontros. Além disso, possibilitou uma nova consciência da heterogeneidade das sociedades africanas, embora se verifica ainda valores comuns ao Ocidente cristão. Essa comunicação é resultado de projeto de pesquisa desenvolvido com o apoio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Nome: Lucilene Reginaldo E-mail: lureginaldo@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Outro circuito, outros africanos: o tráfico de escravos entre Bahia e Angola no século XVIII Os estudos sobre a escravidão africana na Bahia têm chamado atenção, há décadas, para o afluxo de africanos oriundos dos portos de Angola, com destino ao porto de Salvador, sobretudo no século XVII. No entanto, para os séculos subseqüentes, impera a constatação de uma hegemonia do tráfico com a Costa da Mina que acabou por menosprezar outras regiões fornecedoras de africanos escravizados. Não se trata de negar a existência de tal hegemonia, mas chamar a atenção para a permanência de um outro circuito do tráfico baiano, quiçá menos importante em termos numéricos, mas igualmente significativo no que toca a experiência das populações escravas e seus descendentes libertos e livres. Nesta comunicação, levo em conta o debate e as investigações mais atuais sobre os números do tráfico entre Bahia e Angola, para então analisar, de forma pormenorizada, uma série de relatórios, certidões e mapas elaborados para fins de cobrança de direitos alfandegários sobre escravos embarcados nos portos de Luanda e Benguela, com destino ao Brasil. Além do número de escravos destinados a cada porto brasileiro, esta documentação nomeia navios, seus respectivos mestres e outras informações relevantes para o estudo das relações entre Bahia e Angola no decorrer do século XVIII. Nome: Luiza Nascimento dos Reis E-mail: luizanr@hotmail.com Instituição: UESC Título: O que a Afro-Ásia tem? África na revista do Centro de Estudos Afro-Orientais (1965-1995) Este texto busca constituir um panorama da(s) abordagem(ns) sobre África(s) apresentada(s) nas publicações da Afro-Ásia, a revista do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), durante seus primeiros anos de funcionamento, desde 1965 até 1995. Os artigos publicados foram marcados por conjunturas relacionadas à história e trajetória do Centro de Estudos, aos editores responsáveis pela revista, às relações com a política externa brasileira. A busca de raízes (culturais) africanas, da África que mantém relações com o Brasil e a África encontrada no Brasil (sobrevivências africanas) foram os estudos privilegiados neste periódico. Interessa construir um perfil da revista Afro-Ásia, ao

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longo desses trinta anos, no que tange à sua parte afro, ou seja, a sua secção mais expressiva e refletir sobre suas contribuições e silêncios. Nome: Marcelo Bittencourt E-mail: marcelo216@gmail.com Instituição: UFF Título: O MPLA e a Angola independente (1975-1979) A pesquisa pretende analisar a relação do Movimento Popular de Libertação de Angola com a sociedade angolana e os demais movimentos de libertação de 1975 a 1979. Serão destacadas as crises e transformações ocorridas no interior do MPLA do momento em que se consagra como o vencedor da luta pela independência, passando pela tentativa de golpe de Estado e sua transformação em partido político, em 1977, até a morte de seu presidente Agostinho Neto. Inevitavelmente, em tal percurso será abordada parte da longa e terrível guerra que opôs o governo do MPLA à guerrilha da Unita. A pesquisa constitui também, paralelamente, uma tentativa de estabelecer uma visão crítica em relação a alguns dos modelos explicativos da complexa história de Angola no período pós-independência. Nome: Marcos Vinicius Santos Dias Coelho E-mail: marvindico@hotmail.com Instituição: UFBA Título: O mundo natural dos tsongas nos discursos de Henri Junod A visão sobre o mundo natural dos povos africanos – que viveram ao sul em Moçambique no final do século XIX – é difícil de ser reconstituída. Apesar de tais povos não terem deixado vestígios sobre sua concepção de natureza, Henri Junod – um missionário suíço – coletou durante trinta anos informações sobre um grupo social que vivia nesta região. A esse grupo, o missionário denominou tsonga. Embora essas informações sejam o discurso da percepção de um europeu sobre esse grupo social, este trabalho arrisca – através das percepções de Junod – reconstruir um desenho verossímil (ainda que deformado) sobre como os tsonga entendiam suas relações com a natureza. Nome: Maria Cristina Cortez Wissenbach E-mail: criswis@usp.br Instituição: Departamento de História USP Título: De Benguela à Ambriz: noticias africanas do comércio atlântico na década de 1840 Em visita às possessões portuguesas na costa ocidental da África, o médico alemão Georg Tams narrou as viagens que realizou a África Central, assistindo uma grande expedição comercial vinda dos portos hanseáticos e articulada em torno dos planos de renovação do comércio africano. Viajando entre os anos de 1841 e 1842, descreveu pormenorizadamente a vida social e econômica das principais cidades de Angola, bem como a de sociedades africanas localizadas mais ao norte. O objetivo da presente comunicação é o de avaliar as múltiplas dimensões que confluem a este relato, sobretudo recuperar uma conjuntura tensa em que se opunham e se combinavam interesses de mercadores africanos, luso-africanos e atlânticos, de um lado e de outro, a política anti-tráfico britânica e a presença de uma relativa complacência das autoridades sediadas em Angola. Busca-se enfatizar a importância do relato de Tams que, uma vez contextualizado, se apresenta como fonte histórica para se entender as dinâmicas da África centro-ocidental, na primeira metade do século XIX. Nome: Maria Roseane Correa Pinto Lima E-mail: roseanepinto@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Negros, estrangeiros: os barbadianos na Amazônia - racismo e identidade Trabalhadores negros de diferentes áreas do Caribe migraram para a Amazônia no início do século XX. Tidos genericamente como “barbadianos”, embora de diversas origens, foram empregados por firmas inglesas e norteamericanas nos trabalhos de urbanização e infra-estrutura em cidades da região, como Belém. Discute-se a imigração e as vivências destes negros recém chegados na região, em contexto no qual cruzavam-se uma política de imigração com a perspectiva do “branqueamento” da população, razão pela qual estes foram vistos como migrantes “indesejáveis”. Traziam uma nacionalidade advinda do estatuto colonial: a inglesa, além de outros sinais diacríticos (língua e cultura/religião inglesas, afro-caribenhas) que se juntavam à cor negra e à condição estrangeira para conformar identificações por eles e seus descendentes, bem como pelos “outros”, ora como ingleses (“ingleses pretos”, “ingleses miúdos”) ora como barbadianos e/ou brasileiros; distanciamentos e aproximações operadas de forma a lidar com estigmas

em torno do ser negro e estrangeiro. Trabalho, racismo, identidade e memória são os eixos da discussão que repensa aspectos fulcrais das relações raciais no Brasil pós-abolição. Nome: Mônica Carolina Savieto E-mail: monica.savieto@ig.com.br Instituição: Fundação Santo André e Unicastelo Título: Cristianismos modificados: presença da cultura africana (bakongo) na estatuária católica O catolicismo, em seu processo de expansão, foi objeto de apreciação, leitura e tradução por parte dos povos conquistados. Os africanos ou afrodescendentes no Brasil (especificamente os da região do Vale do Paraíba - SP), submetidos às exigências econômicas e às práticas culturais metropolitanas, entraram em contato com o cristianismo, seus ritos, seus códigos e, inevitavelmente, os modificaram. A presente pesquisa se propõe a levantar as originalidades do catolicismo praticado no Vale do Paraíba, na segunda metade do século XIX e seus prolongamentos hoje, dando visibilidade à diversidade cultural. Para tal, o conceitual de Stuart Hall, entre eles os de “diáspora” e de “comunidade imaginada”, consistirá em uma grande referência. Modificado por negros que colocaram suas concepções de mundo e suas tradições em iconografias e objetos sacros (estátuas de santos católicos), o cristianismo, nessa região, passou por processos de desestabilização e de hibridismo, resultando em especificidades ricas e únicas, típicas do contexto escravista. Para resgatarmos esta originalidade e apropriação cultural serão estudadas estatuárias de santos, denominadas “nó de pinho”, elaboradas por negros ao longo do século XIX na região do Vale do Paraíba em seus elementos simbólicos e formais. Nome: Orlando Almeida dos Santos E-mail: orsan_633@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Luanda: a cidade, o comércio e a história A presente comunicação lança um breve olhar sobre a história de Luanda, prestando particular atenção ao desenvolvimento e trajetória do comércio de rua na cidade. Para tal, elabora uma panorâmica das atividades informais de rua desenvolvidas pelas mulheres, captando a sua historicidade e, tendo em consideração o quadro geral de transformações sócio-históricas, econômicas e políticas verificadas a nível local, regional e global, nas quais deram-se as dinâmicas da economia informal urbana luandense. A comunicação procura refletir em torno das seguintes questões: como as tradições africanas ligadas ao comércio feminino têm sido mantidas e/ou adaptadas no contexto da sociedade angolana? De que modo no contexto pós-independência se desenvolveu a questão do trabalho feminino no sector informal? Nome: Patricia Santos Schermann E-mail: santosschermann@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo Título: Matrizes intelectuais e acadêmicas da construção do campo disciplina História da África A primeira orientação da Lei 10639/03 que se refere à inclusão dos conteúdos da História da África e da experiência social do negro brasileiro possui relações e interações com uma perspectiva mais antiga que remonta ao processo de construção das nações africanas de busca e escrita das histórias nacionais, que corresponde aos anos 50 do século XX. Por ocasião, já nos anos 70, da elaboração de uma História Geral da África, patrocinada pela UNESCO, o historiador Joseph Ki-Zerbo assinalou qual deveria ser o papel do uso da coleção e o sentido da história ensinada nas escolas. Assim, ensinar a História da África em todos os níveis de ensino das escolas brasileiras é, na perspectiva da lei 10639/03, e também da tradição de escrita de história oriunda dos nacionalismos africanos, reparar os crimes do racismo e propiciar a participação cidadã dos descendentes de africanos nos rumos políticos, econômicos e sociais do Brasil. O objetivo desta comunicação é perceber as interações e diálogos que existem entre essas duas matrizes no processo da criação do campo disciplinar no Brasil. Nome: Pedro Figueiredo Alves da Cunha E-mail: pedrocunha@usp.br Instituição: FFLCH/USP Título: Africanos escravizados nos jogos de valentia: uma nova abordagem sobre a capoeira Prática comum entre escravos e libertos no século XIX, a capoeira foi alvo de análises ainda no início dos oitocentos. Desde então, a discussão sobre sua gênese é uma constante. Um caminho para se preencher esta lacuna é resgatar a trajetória desta manifestação no Brasil. Trabalhos recentes, sobre

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10 a prática no Rio de Janeiro, no século XIX, reforçaram a possibilidade de a capoeira estar associada ao grupo cultural formado no Brasil e chamado por Slenes de “protonação Bantu” (SLENES, 1991/1992). Nesta exposição, propomos uma abordagem diferenciada do tema, fugindo do eixo Rio de Janeiro-Salvador para enfocar sua prática entre africanos escravizados em São Paulo, nos oitocentos. Avaliando documentos da época, verificamos a expansão da identidade escrava para além aspectos mais notórios como a distinção por grupo de procedência africano: a rivalidade entre capoeiras “paulistas” e “cariocas”. Para se impor no meio hostil participariam assim de “jogos de valentia”. Mais do que entender as origens da prática, propomos uma reflexão sobre as formas de sociabilidade desenvolvidas por africanos na condição escrava. Afinal, através de novas conexões, eles poderiam se tornar “visíveis uns aos outros em meio ao anonimato despedaçador da escravidão” (MILLER, 2004). Nome: Raquel Gryszczenko Alves Gomes E-mail: rgryszczenko@uol.com.br Instituição: Unicamp Título: O horror, o horror! – Olive Schreiner e as narrativas de um outro império No nascimento do século XX, o mundo via ganhar força nas palavras de E. D. Morel e Roger Casement a denúncia à ação imperialista no Congo Belga. Joseph Conrad trazia nas páginas de seu “O Coração das Trevas” o retrato de uma ação européia na África que estava longe de ser aquela pregada por missionários. Anos antes, porém, Olive Schreiner, sul africana de origem anglófona, publicava seu “Trooper Peter Halket of Mashonaland”, criticando veementemente a exploração da mão de obra africana em prol do imperialismo britânico, tornando-se inclusive a principal opositora de Cecil Rhodes. Sua obra política foi completamente eclipsada, tornando-se a autora lembrada unicamente por seu engajamento na causa feminista. Refletir acerca dos motivos que levaram a obra política de Schreiner ao esquecimento é um dos objetivos deste trabalho. Nome: Silvio de Almeida Carvalho Filho E-mail: silvioacf@terra.com.br Instituição: UERJ/UFRJ Título: Oh, pedaço arrancado de mim!: reflexões sobre os mutilados angolanos por minas militares Analisamos a realidade dos mutilados por minas terrestres em Angola a partir das reflexões teóricas realizadas nos campos de estudos sobre a história do corpo e sobre as relações entre história e literatura. A partir dessa abordagem, objetivamos investigar os motivos bélicos que levaram a opção por esse tipo de arma, as formas como esses artefatos atingem as suas vitimas, os efeitos da minagem sobre a vida dos sobreviventes e sobre a realidade sócio-econômica angolana, a participação do Brasil no fabrico e no comércio de minas para Angola, assim como a ação do Estado angolano e das organizações governamentais no amparo a esse tipo de mutilado de guerra.

Instituição: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra/CEIS 20 Título: Sob o signo da celebração do Império: as influências do lusotropicalismo em Cabo Verde O lusotropicalismo emerge como paradigma de explicitação do modelo português de colonização. Assim como a interpretação da identidade caboverdiana é forjada, a partir deste mesmo mundo colonial, como uma versão do mundo luso e tropical, um mundo que se imaginava ser igual ao Brasil, mas de dimensão insular. Isto significa que, desde os inícios, a representação de Cabo Verde (arquipélago africano) ficou formatada internamente pela apropriação que se fez dos enunciados matriciais lançados por Gilberto Freyre e que mais tarde viriam a constituir o lusotropicalismo. Sendo assim, a defesa da caboverdianidade não surge como um discurso distanciado e contestatório das relações coloniais mas antes como uma sacrossanta fundamentação da especificidade sócio-cultural do arquipélago como parte integrante do mundo luso e tropical. Nome: Wolfgang Adolf Karl Döpcke E-mail: wolfgang@unb.br Instituição: Instituição: Universidade de Brasília - UnB Título: A Grande Depressão e o fim do liberalismo em Zimbábue Colonial (1927-1939) Propõe-se analisar um momento chave na formação da sociedade colonial na Rodésia do Sul (Zimbábue). Frente às “ameaças” difusas da crise mundial dos anos 1930, os colonos brancos abandonaram os últimos traços do ideário liberal a favor tanto de um capitalismo sob tutela do Estado, quanto de uma ordem neotradicional e “orgânica” entre a população africana subjugada. A colonização da Rodésia nunca tinha sido conceituada sob os moldes do liberalismo do século XIX. Porém, fragmentos do ideário liberal ainda chegaram a influenciar o pensamento oficial na colônia até os anos 1920. Nos anos 1930, estes fragmentos foram eliminados e deram lugar a um ideal de uma sociedade africana “tradicionalmente” hierarquizada, porém social e economicamente igualitária, e “harmônica” entre as gerações e os sexos. Firmemente fundamentado em noções de diferenças biológicas, entre brancos e africanos, o programa dos brancos radicalizados escolheu o “nativo avançado” como seu principal inimigo, denunciando aculturação como uma aberração da natureza. O trabalho vai examinar concretas manifestações destas idéias nas políticas de fortalecimento das “autoridades tradicionais” sobre as populações rurais, dos velhos sobre os jovens e dos homens sobre as mulheres, bem como na área de desenvolvimento rural.

Nome: Sílvio Marcus de Souza Correa E-mail: silviocorrea@cfh.ufsc.br Instituição: Institut national de la recherche scientifique Título: Representações da África pré-colonial em narrativas de negreiros e (ex)cativos Os relatos de viagem têm sido uma fonte importante para escrever a história da África pré-colonial. Porém, as informações dos viajantes devem passar pelo crivo de um estudo historiográfico para seu uso enquanto fonte à pesquisa. Os relatos de William Snelgrave e Theodore Canot são analisados nesta comunicação não apenas com base nas suas experiências enquanto comerciantes de escravos, mas também considerando suas experiências de cativeiro, pois eles foram prisioneiros de ingleses e franceses. A perda da liberdade, mesmo que episódica, influenciou as representações de ambos negreiros sobre a escravidão na África pré-colonial. Igualmente importantes para o estudo das representações da África pré-colonial são os testemunhos de africanos como os de Olaudah Equiano, ex-escravo cujas memórias foram publicadas em Londres (1789), fato que lhe atribui primazia entre os expoentes da literatura afro-inglesa, e dos irmãos Ephraim e Ancona, príncipes do Calabar, que foram negreiros, mas que conheceram também o cativeiro após serem capturados em 1767 e vendidos por comerciantes ingleses de escravos. Tem por objetivo apresentar certas questões metodológicas para validarem os testemunhos de negreiros e (ex)escravos na “operação historiográfica”. Nome: Víctor Baptista Varela de Barros E-mail: v-barros@hotmail.com

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11. HistĂłria e mĂşsica popular Adalberto de Paula Paranhos - Universidade Federal de Uberlândia (akparanhos@triang.com.br) Tania da Costa Garcia - UNESP/Franca (garcosta@uol.com.br) Esta proposta representa um desdobramento de outros trĂŞs SimpĂłsios TemĂĄticos que se realizaram, inicialmente, no III SimpĂłsio Nacional de HistĂłria Cultural (2006) e, em seguida, no XXIV SimpĂłsio Nacional de HistĂłria (2007) bem como no XIX Encontro Regional de HistĂłria da ANPUH-SP. Trata-se, portanto, de consolidar e ampliar as discussĂľes que convergem para o exame das relaçþes entre HistĂłria 0~VLFD 3RSXODU YDOHQGR VH SDUD WDQWR R DF~PXOR GH H[SHULrQFLDV DGTXLULGDV DR ORQJR GRV ~OWLPRV DQRV -i Ki DOJXP WHPSR FRPR TXH WDWHDQGR QRYRV FDPLQKRV RV KLVWRULDGRUHV WrP SURFXUDGR LQFRUSRUDU DR DUVHQDO GH UHFXUVRV GH SHVTXLVD RXWUDV OLQJXDJHQV SDUD DOpP GDV KDELWXDLV (VVH DWR SUySULR GH TXHP VH ODQoD DR GHVDĂ€R GH H[SHULPHQWDU QRYRV VDERUHV GRV VDEHUHV UHVXOWRX QXPD ELEOLRJUDĂ€D de produção mais ou menos recente, que valoriza objetos de estudo normalmente postos Ă margem SHOD DFDGHPLD 1HVVDV FLUFXQVWkQFLDV D P~VLFD LQGXVWULDOL]DGD YHP DVVXPLQGR FUHVFHQWH LPSRUWkQFLD FRPR IRQWH GRFXPHQWDO UHVSRQGHQGR SRU XPD SDUFHOD GRV HVIRUoRV GDTXHOHV TXH VH HPSHQKDP HP LQVXĂ DU QRYRV DUHV QDV SHVTXLVDV KLVWyULFDV ,QGHSHQGHQWHPHQWH GD WHQGrQFLD ² EDVWDQWH HYLGHQWH QR FDVR GH KLVWRULDGRUHV FLHQWLVWDV VRFLDLV H SURĂ€VVLRQDLV GD iUHD GH OLWHUDWXUD ² GH VH FRQFHQWUDU R IRFR de anĂĄlise quase exclusivamente, ou pelo menos de forma prioritĂĄria, nas letras das cançþes, a comSOH[LGDGH GR WUDEDOKR FRP P~VLFD FRQGX]LX PXLWRV SHVTXLVDGRUHV D WULOKDU FDPLQKRV SDUDOHORV 6HP TXH VH FRORFDVVH QR SULPHLUR SODQR R HVWXGR GH QDWXUH]D HVSHFLĂ€FDPHQWH PXVLFROyJLFD SDVVRX VH mais e mais, a atentar para as relaçþes de complementaridade e/ou de oposição que as letras entretĂŞm FRP RXWURV HOHPHQWRV GD REUD PXVLFDO QD VXD UHDOL]DomR KLVWyULFD RX QR VHX ID]HU VH

Resumos das comunicaçþes Nome: Adalberto de Paula Paranhos E-mail: akparanhos@triang.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia TĂ­tulo: MĂşsica, polĂ­tica e ideologia: migraçþes de sentido da canção popular Ao se tentar compreender os sentidos dos elos da cadeia que vincula a mĂşsica popular Ă polĂ­tica e Ă ideologia, uma constatação se impĂľe logo de cara. Num certo aspecto, a canção popular, como artefato social e cultural, estĂĄ indissoluvelmente ligada – ainda que, em determinados casos, por fios tĂŞnues – ao universo polĂ­tico-ideolĂłgico no qual se inscreve. DaĂ­ que toda mĂşsica, em Ăşltima anĂĄlise, se insira num campo semântico, por mais polissĂŞmico que seja, que faz dela uma obra dotada de carga polĂ­tica e ideolĂłgica, variĂĄvel conforme os contextos histĂłrico-musicais em que se mova. A partir de uma breve discussĂŁo teĂłrica em torno dessa questĂŁo, pretendo evidenciar como as cançþes passam por processos de migração de sentidos, a ponto de poderem vir a significar o avesso daquilo que, deliberadamente, representavam para seus criadores/intĂŠrpretes. Para tanto, tomarei como principal exemplo os distintos usos polĂ­ticos de “Pra nĂŁo dizer que nĂŁo falei de flores (Caminhando)â€?, de Geraldo VandrĂŠ. Nome: Adriana Facina E-mail: adriana.facina@terra.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: “Eu sĂł quero ĂŠ ser felizâ€?: mĂşsica e sociabilidade entre a classe trabalhadora no Rio de Janeiro A frase que dĂĄ o tĂ­tulo a esta comunicação foi retirada da letra de um funk muito conhecido nos anos 1990, o Rap da Felicidade, que se popularizou nas vozes da dupla Cidinho e Doca, MCs da Cidade de Deus. AlĂŠm da denĂşncia das condiçþes econĂ´micas e sociais da vida dos habitantes das favelas, uma coisa chama a atenção na letra: a reivindicação do direito Ă diversĂŁo, Ă alegria, Ă sociabilidade. Notadamente, a diversĂŁo ligada Ă fruição musical, os bailes, parte fundamental de um estilo de vida que, se por um lado tem na experiĂŞncia da pobreza e da precariedade um elemento central, por outro ĂŠ caracterizado pela recusa, mais ou menos consciente, Ă naturalização desse estado de coisas. Pensar a sociabilidade da classe trabalhadora no Rio de Janeiro, necessariamente implica refletir sobre o papel da mĂşsica popular no que podemos chamar de uma cultura de classe. Os diversos estilos musicais populares demarcam algumas fronteiras relevantes, ainda que o trânsito entre elas seja significativo. Os espaços de fruição, os artistas, produtores e pĂşblico se caracterizam por uma diversidade intraclasse, demonstrando uma multiplicidade de gostos populares, construĂ­dos a partir de referenciais geracionais, de origem familiar e mesmo de acordo com a geografia da cidade. Nome: Alessander MĂĄrio Kerber

E-mail: alekerber@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul TĂ­tulo: HistĂłria oral e lutas de representação entre o nacional e o regional na mĂşsica popular do Brasil durante o primeiro governo Vargas No presente trabalho, proponho apresentar resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado “Representaçþes musicais e mĂ­dia sonora na construção de identidades ligadas ao espaço geogrĂĄficoâ€?, financiado pelo CNPq e em execução. Especificamente, abordo as possibilidades do uso da HistĂłria Oral na perspectiva da anĂĄlise da influĂŞncia da mĂşsica popular e da mĂ­dia sonora na construção e massificação de uma versĂŁo acerca da identidade nacional brasileira em uma regiĂŁo especĂ­fica do paĂ­s durante o decorrer do primeiro governo Vargas. Nome: Alexandre Felipe Fiuza E-mail: alefiuza@terra.com.br Instituição: Universidade Estadual do Oeste do ParanĂĄ TĂ­tulo: Escondiendo verdades entre juegos de palabras: a censura discogrĂĄfica no Brasil e na Espanha na dĂŠcada de 1970 Este trabalho ĂŠ resultado de uma investigação realizada junto aos arquivos das censuras do Brasil e da Espanha, em particular junto aos pareceres da censura discogrĂĄfica de ambos os paĂ­ses. AlĂŠm da anĂĄlise desta documentação censĂłria, tal investigação tambĂŠm se ocupou da discografia, da bibliografia e de entrevistas realizadas com mĂşsicos brasileiros e espanhĂłis que estavam em atividade ao longo da dĂŠcada de 1970. Apesar das particularidades destes regimes ditatoriais, a exemplo de sua prĂłpria configuração e periodização, eles empregaram uma legislação e um modus operandi muito similar. A relação de temas interditos e as estratĂŠgias utilizadas pelos mĂşsicos para burlar tais controles tambĂŠm apontam aproximaçþes. Por outro lado, esta investigação tambĂŠm se ocupou de temas incomuns para o Brasil, como o caso da diversidade lingßística na Espanha, alĂŠm de uma forte inserção da Igreja na Censura no mesmo paĂ­s. HĂĄ que se enfatizar ainda que os arquivos da censura discogrĂĄfica espanhola, atĂŠ a realização desta pesquisa, eram praticamente inexplorados pelos investigadores. Por fim, este texto tambĂŠm aborda cançþes brasileiras censuradas na Espanha e, igualmente, as espanholas proibidas no Brasil. Nome: Andrea Maria Vizzotto Alcântara Lopes E-mail: aloandrea@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do ParanĂĄ TĂ­tulo: Ivan Lins e as “patrulhas ideolĂłgicasâ€? na dĂŠcada de 1970 Em 1978, em entrevista para o jornal O Estado de SĂŁo Paulo, o cineasta CacĂĄ Diegues criou a expressĂŁo “patrulhas ideolĂłgicasâ€? para designar um cerceamento da liberdade de criação artĂ­stica, referindo-se Ă s cobranças que os artistas recebiam para que produzissem obras com conteĂşdo polĂ­tico. Embora a crĂ­tica aberta de Diegues tenha surgido no final da dĂŠcada, no contexto de

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11 “abertura política”, esse fenômeno do “patrulhamento” já era mais antigo e percebido por vários artistas desde, pelo menos, o início da década de 1970. Nessa comunicação, pretendemos discutir a trajetória musical de Ivan Lins, artista que teve a produção inicial de sua carreira questionada por alguns segmentos da crítica especializada e que produziu transformações em sua obra procurando estabelecer novas temáticas, que passaram de uma estética influenciada pela “soul music” para canções de crítica social e marcadas pela incorporação de gêneros mais identificados com a tradição da música popular brasileira. Nome: Carlos Eduardo Calaça Costa Fonseca E-mail: cecalaca@terra.com.br Instituição: Universidade Salgado de Oliveira Título: O “Clube da Esquina” na esquina da MPB: perspectivas sociais (1970-1978) A importância do “Clube da Esquina”, “movimento” que emergiu e se consolidou na “MPB” dos anos 70 do século XX, será o matiz da comunicação a ser apresentada neste Simpósio. Identificaremos um grupo de músicos que compunha os “representantes mineiros” da “MPB”. O seu processo de interação interna com outras “entidades” formais ou informais que cerceavam a sigla “MPB” será o principal escopo de observação. Esperamos contribuir com a história das resistências culturais ao golpe militar de 1964, investigando e esclarecendo as estratégias dos músicos e intermediários para se firmarem no solo movediço da “MPB”. Em suma, ao rastrear a formação, consolidação e institucionalização do “Clube da Esquina”, estaremos oferecendo uma contribuição para a História Recente da “MPB”, considerada como um dos principais pilares de resistência cultural ao golpe institucional de 1964. Nome: Carolina Mary Medeiros E-mail: carolambar@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro/Universidade Estadual do Rio de Janeiro Título: Cálice - as ações da censura à musica popular brasileira através da obra de Chico Buarque de Hollanda (1966-1981) A questão central é que o campo de análise histórica e sociológica sobre a Música Popular Brasileira - música urbana surgida sob influência da Bossa Nova de João Gilberto e consumida em sua maior parte por jovens universitários - é ainda muito pequeno. Analisando as relações entre a censura, produto do estado autoritário, e o compositor e suas canções dentro de uma metodologia que tem como base a sociologia e a história cultural, tenho como objetivo contribuir com esse campo de estudo. A problemática principal para esse trabalho é justamente compreender as ações da censura e suas conseqüências. Entendo o meu trabalho como um esforço de ampliação das análises sociológicas sobre as relações entre censura e música. Num resumo de minhas intenções: com esta apresentação, tenho a proposta de analisar a obra e a trajetória de Chico Buarque de Hollanda no campo musical brasileiro no período, assim como as relações de sua produção musical (apesar de Chico ter multiplicado seu talento também para o cinema, teatro e literatura) com a censura imposta pelo regime militar estabelecido em 1964. A intenção é analisar as ações da censura em relação às canções de Chico Buarque desde seu primeiro LP em 66 até o LP Almanaque de 1981, ou seja, a produção musical do compositor no período militar. Nome: Claudete de Sousa Nogueira E-mail: amauri.claudete@ig.com.br Instituição: Centro de Memória/Universidade Estadual de Campinas Título: Batuque de umbigada paulista: a (re) construção de uma tradição O objetivo do presente trabalho é analisar o processo de criação e desenvolvimento de uma manifestação cultural afro-brasileira mantida no interior paulista. O batuque de Umbigada, também conhecido como tambu e caiumba, é uma manifestação cultural trazida para o Brasil pelos escravos de origem bantu e faz-se presente atualmente em algumas cidades do interior paulista (Piracicaba, Capivari e Tietê). Como categoria de análise, elegemos alguns elementos como a memória familiar e a oralidade, fundamentais para a compreensão desse contexto que envolve a Cultura afro-brasileira. Nome: Cleodir da Conceição Moraes E-mail: cleodirmoraes@uol.com.br Instituição: Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará Título: A história em cantos: musica popular brasileira na pesquisa e no ensino da história Este artigo visa refletir sobre as possibilidades de utilização da música popular brasileira no campo da pesquisa e do ensino da História. A canção popu-

lar, vista aqui em sua dupla dimensão estrutural (letra e música), encerra em si aspectos estéticos, sócio-econômicos, políticos e culturais de seu tempo e espaço, constituindo-se, assim, em uma expressão da prática social de compositores, intérpretes e ouvintes que muito tem a informar a historiadores e professores de história na produção do conhecimento acadêmico e escolar. Nome: Daniela Ribas Ghezzi E-mail: daniribas77@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: A MPB e a lógica do mudar-conservando: uma aproximação entre história e música popular Este trabalho surgiu a partir de um dos resultados preliminares da pesquisa de doutorado que venho desenvolvendo, intitulada “A Formação do Campo da MPB: a legitimidade da Bossa Nova, da Canção de Protesto, e do Tropicalismo (1958-1968)”. Um dos resultados preliminares diz respeito à forma peculiar pela qual o campo da MPB teria se realizado historicamente. Ao problematizar questões sócio-estéticas já suscitadas pelos modernistas (como a renovação da expressão musical e da identidade cultural em diálogo com a tradição popular), as transformações da MPB, inseridas num amplo processo de modernização da sociedade, teriam guardado semelhanças com o processo político da modernização conservadora brasileira. A principal semelhança seria a “forma” da transformação de ambas: molecular, em que haveria uma estratégia velada em que a inovação não exclui radicalmente a tradição. Essa “forma” seria uma das qualidades do tempo histórico captada e re-significada pela MPB. A interpretação de João Gilberto ao violão, ao transformar a música popular, teria reiterado a tradição, ainda que de forma inovadora e moderna. A MPB seria, dessa forma, mais um elemento com que poderíamos contar para a análise crítica da realidade histórica brasileira. Nome: Dmitri Cerboncini-Fernandes E-mail: dmitricf@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Da reprodução do “bom gosto” - livros infantis e música brasileira A partir dos anos 2000 começa a ser especialmente publicada para o mundo infantil uma série de biografias de seletos personagens da cena musical brasileira. Desfilam em seu rol artistas como Noel Rosa, Pixinguinha, Adoniran Barbosa, Cartola, entre outros “maiorais”. De maneira geral, pode-se afirmar que são biografias interessadas em perenizar de forma didática os lugares comuns encontrados desde tempos remotos nos discursos de agentes engajados na sustentação do ideário nacional-popular. Nesta comunicação procuro, de um lado, sublinhar o modo pelo qual tais livros selecionam fontes específicas visando à construção de biografias heroicizantes; e, de outro, tento demonstrar como a visão de seus autores pode ser enquadrada como herdeira direta dos defensores de determinada tradição na música brasileira, como é o caso dos chamados “folcloristas urbanos” das décadas de 1950 e 1960. A recriação constante de uma aura sobre determinados artistas e formas musicais pode, dessa forma, ser considerada um dos processos mais bem acabados de seleção histórica tanto de personagens que se tornariam centrais na cena musical quanto de padrões gerais para o que ainda hoje é entendido por “bom gosto musical brasileiro”. Nome: Eleonora Zicari Costa de Brito E-mail: zicari@hotmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: A Jovem Guarda em revista A comunicação procura refletir sobre o alcance da mídia na produção de representações sobre a Jovem Guarda, grupo musical de enorme sucesso nos anos 60. Em que medida seus representantes, sobretudo os três principais (Roberto Carlos, Wanderléia e Erasmo Carlos), responsáveis pelo comando do programa líder de audiência à época, foram sendo moldados pela indústria das revistas de fofocas (neste caso a revista Intervalo) e mesmo por aquelas que propunham uma visão mais analítica e “séria” sobre os comportamentos juvenis (como dizia fazer a revista Realidade)? Nome: Felipe da Costa Trotta E-mail: trotta.felipe@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Repertório e gêneros musicais: memória e valor no imaginário sociomusical compartilhado O repertório musical pode ser definido como um conjunto de canções, símbolos e procedimentos (sociais, morais e musicais) que definem determinado gênero. Construindo continuamente uma memória e canonizando autores, obras e elementos que legitimam tal prática, os repertórios acionam imaginários e pensamentos que cercam um certo gênero musical, operando

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como elemento identificador não só do próprio gênero, mas também de competências auditivas de seus admiradores. Conhecer um gênero musical é conhecer seu repertório, seus elementos formais, sonoros, seus autores e obras consagradas. Assim, um gênero musical se constitui de uma memória musical compartilhada, que se materializa no repertório e através dele se amplifica e assume um sentido de historicidade e de permanência. Neste trabalho, serão analisados os casos do samba carioca e do forró nordestino, que em suas vertentes “raiz” e “pé de serra” – respectivamente – marcam uma determinada herança cultural legítima que se manifesta em sons, melodias, temáticas e modos de fazer música. Seus repertórios consagrados estabelecem maneiras de relacionar passado e presente que funcionam como eixos de consagração e aferição de qualidade, delimitando arenas e critérios de intensas disputas por legitimidade. Nome: Francisco de Assis Santana Mestrinel E-mail: santanachico@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: A Bateria da Nenê de Vila Matilde: criação, transformação e importância de uma bateria no âmbito de uma escola de samba paulistana Este trabalho pesquisa a criação e transformações ocorridas na bateria do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, buscando uma compreensão da evolução das baterias de escola de samba de São Paulo através do estudo dos padrões rítmicos, técnicas utilizadas, breques, chamadas e ritmos tocados pela bateria da Nenê, bem como de sua trajetória ao longo dos carnavais. O trabalho busca compreender a relação entre a música e os fatores sócio-culturais presentes nesse universo e realizar um estudo das influências passadas, heranças remanescentes e características específicas do samba tocado por uma das principais escolas de samba paulistana. O autor vem realizando pesquisa de campo através da observação participante, atuando como membro da bateria da Nenê de Vila Matilde há 4 anos, além de pesquisa em acervo bibliográfico e audiovisual. Nome: Gabriel Ferrão Moreira E-mail: bilico97@gmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: A influência de Villa-Lobos na construção do nacionalismo no Estado Novo Nesse artigo pretendo trazer à tona a discussão do papel do compositor Heitor Villa-Lobos - como presidente e fundador da Superintendência de Educação Musical e Artística do governo getulista de 1930 - na construção de um nacionalismo conveniente às propostas populistas de Getúlio Vargas e estéticas de Mário de Andrade. Tal discussão será feita através de um olhar histórico-contextual e musicológico onde a inserção política de Villa-Lobos nesse governo e suas opções estéticas se somam na construção de uma ideologia que justifica a visão dele como o grande agregador das músicas regionais na construção de uma música genuinamente brasileira, e o valor dessa música na construção da nação brasileira proposta por Getúlio Vargas. Nome: Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende E-mail: gabriel_baixo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas/ Grupo de Estudos sobre Cultura Popular do CMU Título: O choro: caminhos e sentidos da tradição Propomos um estudo sobre a transcendência das ações de Pixinguinha e, em especial, de Jacob do Bandolim para o processo de definição da “tradição” musical do choro. Acompanharemos as profundas transformações pelas quais o choro, enquanto fruto de determinadas formas de sociabilidade, passou nos aproximados cem anos que separam o momento de popularização das danças de origem européia no Rio de Janeiro e a ascensão de um incipiente mercado musical, e a consolidação de um discurso que visa à construção de uma determinada tradição musical e que encontra em Jacob do Bandolim um de seus principais representantes. A almejada continuidade com o passado, artificial em muitos aspectos, é alcançada através de um processo de formalização e ritualização da experiência musical. Esse processo incide sobre uma situação musical pertencente a um passado idealizado que se busca recuperar e conservar. Entre o arcaico e o moderno, entre a boemia e a disciplina, o choro entra no rádio e encontra em músicos como Jacob do Bandolim uma nova forma de expressão. Define-se enquanto sonoridade, enquanto forma de sociabilidade e enquanto produto cultural: se transforma em tradição. Nome: José Roberto Zan E-mail: zan@iar.unicamp.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas

Título: Dialogia e transgressão nas canções de Jards Macalé O objetivo deste trabalho é analisar a produção do compositor popular e intérprete Jards Macalé, no período compreendido entre 1969 e 1974. Reconhecido pela crítica por práticas criativas, ousadas e transgressoras, Macalé atuou junto aos tropicalistas e ganhou o rótulo de cancionista maldito, especialmente após sua participação, com a música “Gotham City”, no IV Festival Internacional da Canção realizado pela TV Globo, em 1969. A produção de Macalé, durante esses cinco anos, se deu num contexto marcado pelo enrijecimento do regime ditatorial militar no Brasil, culminando na forte repressão política; pela intensificação da censura sobre as produções artísticas e culturais; pelo rápido desenvolvimento e racionalização das indústrias culturais; e pelo esgotamento das vanguardas artísticas, que durante a década de 1960 fizeram incursões importantes especialmente nas áreas de teatro, cinema, artes plásticas e música. Através de uma abordagem multidisciplinar que permita a análise das canções nas suas dimensões poética, musical e performática, pretende-se verificar até que ponto a obra de Macalé, concebida nesses anos, foi capaz de tencionar e até mesmo transgredir determinados padrões estéticos que se institucionalizavam no âmbito da música popular brasileira. Nome: Luisa Quarti Lamarão E-mail: luisaql@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: MPB no mercado: mediadores culturais, música e indústria (1968-1982) A pesquisa visa a compreender a consolidação da “Música Popular Brasileira”, a MPB, a partir da atuação dos empresários e produtores culturais do eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Pretendo recuperar as estratégias destes mediadores culturais na construção deste que não se configurou apenas como um estilo musical, mas também um porta-voz dos anseios de uma geração que vivenciou as transformações políticas e culturais no Brasil das décadas de 1960 e 1970. O projeto é delimitado temporalmente entre 1968 e 1982, acompanhando a periodização da “longa década de 1970 da MPB” proposta por Marcos Napolitano, que “começa sob o signo do Ato Institucional nº 5, um marco do ‘fim do sonho’ no Brasil, e termina com a consolidação do processo de abertura do regime militar, que, por coincidência ou não, marca o fim de um tipo de audiência musical e cultural e o começo de outra, mais jovem e ligada ao rock e ao pop brasileiros”. A relevância do projeto reside no fato de modificar o enfoque de estudo sobre a construção da MPB. Há muito a MPB é estudada a partir da trajetória dos movimentos musicais ou de seus principais artistas; porém, acredito que sua inserção no mercado deve-se também à ação dos empresários que proporcionaram o lançamento dos discos, as aparições na televisão, jornal e rádio. Nome: Luiz Felipe Sousa Tavares E-mail: lipesz@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: As orchestras invadem as salas de estar: difusão da fonografia e a redefinição dos espaços para a escuta musical no Rio de Janeiro (19271931) A inauguração do sistema elétrico de gravações nos Estados Unidos, em 1925, representou uma mudança significativa para a indústria fonográfica. Através desse processo, a qualidade da captação e registro de sons mudou consideravelmente, além de os custos de fabricação de discos terem sido reduzidos em grande escala, o que ocasionou um imediato aumento na produção desses discos e dos aparelhos destinados a sua execução. Com a chegada do novo sistema no Brasil, em 1926, pôde-se observar um crescimento vertiginoso do comércio relativo à fonografia, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Essa nova dinâmica comercial em torno do disco pode ser melhor constatada, se atentarmos para o surgimento, na cidade do Rio, de colunas de jornais e revistas de grande circulação, bem como de periódicos específicos, criados com o intuito de divulgar essa forma de entretenimento que ganhava cada vez mais adeptos. Uma análise dos textos desses periódicos e colunas, bem como dos anúncios publicitários neles contidos, revela o fato interessante de estar sendo criada uma determinada espacialização para a experiência da escuta musical, que privilegiava, em um primeiro momento, as residências – em especial as salas de estar – como espaços privilegiados para a apreciação de música através do disco. Nome: Mara Rita Oriolo de Almeida E-mail: mara.oriolo@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas - Centro de Memória Título: A roda e as manifestações culturais populares: encontro na diferença e possibilidade de transformação

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11 Este trabalho discute o significado da roda nas manifestações culturais populares como samba de roda, jongo, capoeira, samba de umbigada, de batuque enquanto possibilidade de transmissão de saberes, encontro de gerações e culturas, rememoração da história de comunidades e grupos culturais. A roda é dialética, sua forma circular pressupõe celebração e ritualidade, proporcionando a idéia de igualdade na diferença. Não há ponta, primeiro e último lugar, o que permite que todos olhem para o centro e cruzem olhares, estabelecendo contatos de estranhamento, alteridade, equidade e sentimento de pertencimento. As manifestações culturais populares no Brasil sofreram processos de desmemorização e reificação, tornando-se mercadorias e, seus participantes, meros consumidores. Originadas predominantemente nas camadas populares que sofrem constantes processos de exclusão, vêm perdendo o sentido de coletividade. Neste sentido a experiência em roda contribui para o exercício do diálogo, da reflexão e da consciência coletiva, permitindo que os sujeitos retomem seu papel de protagonistas e busquem a transformação social. Roda é momento de reflexão e encontro na diferença; em que me reconheço no outro e na relação de convívio, transmissão da memória, oralidade, constrói-se a consciência histórica. Nome: Marcelo Crisafuli Nascimento Almeida E-mail: crisafuli@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: A música e suas manifestações populares em São João del Rei O presente trabalho pretende problematizar as disputas em torno da cultura em São João del Rei entre 1877 e 1930, período este de afirmação e gênese de certos gêneros da música popular brasileira. Desta forma, pretendemos demonstrar como o lundu e o maxixe, por exemplo, tidos como gêneros populares, grosseiros e marginalizados pela imprensa daquela sociedade em questão, passam a encontrar respaldo, no caso, nos palcos do teatro sanjoanense, frequentado então pela ‘boa e seleta sociedade’ daquela época. Almejamos também situar um pretenso processo de “circularidade” dos músicos e maestros sanjoanenses entre os mundos da música erudita e popular, onde estes iam adquirindo um papel de ‘intermediário cultural’ fundamental para o caráter de síntese que a música brasileira ia contraindo. Sendo assim, pretendemos discutir um termo de difícil problematização e conceitualização no meio historiográfico como a cultura e seus desdobramentos como a bipolaridade erudito/popular, principalmente no que tange a música na sociedade sanjoanense em fins do século XIX e início do século XX. Nome: Marcelo Nogueira Diana E-mail: mdiana@iuperj.br Instituição: Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro Título: Discotecas de Copacabana: modernização, disco dance e estilo de vida no Brasil pós-ditadura Apresentar as relações entre disco music e estilos de vida controversos que surgiram com a modernização conservadora que se deu no Brasil constitui o foco central desta comunicação. Parto primeiro do entendimento de que estilo de vida e estilo musical são conceitos importantes para a análise da história da música moderna. Deixando de lado a idéia de influência – palavra que por sua banalidade não faz páreo ao conceito de encontro cultural – sugiro com o estilo musical disco e os intérpretes e produtores de música de baile no Brasil a percepção de que a prática antropofágica do modernismo, atualizada pelos experimentos tropicalistas durante a ditadura militar, em fins dos anos 1970 terá também o seu lugar na temática musical da disco. Os importes culturais (gestuais, sonoros, visuais) estrangeiros presentes no Brasil e a indústria fonográfica das décadas de 1970 e 1980 são elementos que em alguma medida explicam a emergência da disco music. A despeito disso, as coletâneas disco produzidas neste período apresentam abundantes referências à Copacabana e ao universo carioca – um universo já anteriormente cantado pela Bossa Nova e pelos tropicalistas e recuperado, na era disco, de maneira a atrair o olhar estrangeiro, bem como a excitar a música e indústria de baile – dance – no Brasil. Nome: Márcia Ramos de Oliveira E-mail: marciaramos@cpovo.net Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: O nacionalismo brasileiro como tema no repertório musical das primeiras décadas do século XX Tendo como ponto de partida o desenvolvimento do Projeto de Pesquisa “Impressões sobre os ‘nacionalismos’ no Brasil do Século XX: o repertório musical das emissoras de rádio nas décadas de 20 a 30”, propõe-se abordar nesta comunicação a questão do surgimento do nacionalismo no país, através da percepção sobre o tema nas manifestações musicais veiculadas pelo rádio nas primeiras décadas da República. O enfoque a ser desenvolvido

contempla o campo de aproximação entre a história e a música do século XX, enfatizado pelas discussões e formulações teóricas presentes na chamada “indústria cultural”, contraposta à crítica desenvolvida por Mário de Andrade, quanto a identificação dos elementos que dariam origem a uma “música brasileira”. Especialmente no que se refere a sua interpretação acerca das manifestações “popularescas”, atualmente identificadas por outras vias de abordagem como “música popular urbana”. Neste sentido, procura-se associar estas manifestações à história do fonograma e da radiodifusão no país, quando revela-se a importância deste veículo associado à história política e cultural do Brasil, redimensionando a formação da opinião pública a partir do universo da oralidade mediatizada e da performance. Nome: Maria Amélia Garcia de Alencar E-mail: ameliaalencar@cultura.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Bandas ou “furiosas”: tradição, memória e a formação do músico popular em Goiânia - GO A comunicação busca pensar a importância das bandas musicais no panorama musical de Goiânia, Goiás. À época da construção da cidade, na década de 1930, um coreto – espaço destinado à apresentação de bandas e de importância na sociabilidade das pequenas cidades do interior – foi construído em local de destaque na nova capital. No entanto, depoimentos registrados de pioneiros não mencionam o uso deste equipamento urbano. Hoje, em Goiânia, as bandas estão restritas às escolas e instituições militares, com apresentação pública em datas cívicas ou solenidades oficiais. Estas bandas participam de concursos em níveis local, regional e nacional. Pode-se pensar que sua importância na educação geral e seu caráter disciplinador tenham substituído a função de lazer que exerciam anteriormente. Por outro lado, constituem-se em importante instância de iniciação musical para parcela da juventude goianiense, desprovida de condições de acesso a outras formas de conhecimento musical. Nome: Mariana Oliveira Arantes E-mail: mel.unesp@gmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Título: O neofolclore chileno e sua relação com a cultura jovem Pretendemos analisar o fenômeno musical chileno do Neofolclore relacionando-o com as inovações estéticas e sociais dos anos de 1960, tendo em vista o posicionamento dos autores e consumidores deste repertório musical, que se constituía basicamente por grupos de jovens chilenos. Estamos nos referindo a uma parcela jovem da sociedade chilena que pretendia modificar o que se produzia no país em relação à canção baseada no folclore, renovando tal repertório, mas sem deixar que a referência à “tradição musical nacional”, representada pelo fenômeno da Música Típica, se perdesse. Tal referência à tradição situava os neofolclóricos em contraposição a outros grupos de jovens chilenos que se alinhavam a posturas contestadoras, combativas, irreverentes e transgressoras, como os representantes dos fenômenos musicais da Nova Canção ou da Nova Onda chilena. Entretanto, mesmo existindo grandes diferenças entre o Neofolclore e os demais fenômenos musicais da década de 60, analisaremos em que medida os aspectos “jovem” e “novo” podem ser um fator de interação entre tais fenômenos. Nome: Marlon de Souza Silva E-mail: marllonssilva@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São del-Rei Título: Saravá, Bethânia! – a valorização das religiões afro-brasileiras na obra da cantora Maria Bethânia (1965-1978) As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por uma busca de valorização do popular na cultura brasileira e por um processo de legitimação do candomblé. Algumas intérpretes procuraram orientar suas carreiras nesse sentido de valorização, na tentativa de consolidar um repertório popular. Tal repertório passava, também, pela religião. Podemos citar Nara Leão, Elis Regina e Elizeth Cardoso. Nos anos 1970 Maria Bethânia assume papel de destaque na valorização das religiões afro-brasileiras ao lado de Clara Nunes que, diferentemente das demais intérpretes, tiveram contato mais direto com tais religiões. Ambas foram iniciadas no candomblé e na umbanda, respectivamente. O repertório de Maria Bethânia, gravado no período de 1965-1978, está em “sintonia” com o discurso da época em torno do popular e contribui de forma significativa para a legitimação do candomblé e também, da umbanda. Nome: Mary Aparecida de Alencar Durães E-mail: mary.minas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros Título: Representações do sertão norte mineiro nas canções regionais

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do Grupo Raízes O objetivo deste trabalho é analisar as representações do sertão norte-mineiro nas canções do Grupo Raízes em Montes Claros, Minas Gerais nos anos de 1970 a 1983. Este grupo fez “música regionalista” durante o período destacado em várias cidades do Brasil. Lançaram seu primeiro LP em São Paulo, a cidade onde o grupo nasceu. Seus participantes eram estudantes paulistas, nordestinos e norte-mineiros, que fizeram questão de destacar nas canções aspectos da cultura popular norte-mineira, sendo representadas rezas, assombrações, lendas, causos, banditismo social, folias de reis, maracatu e congadas dentre outras. O estudo endossa também um estudo aprofundado da categoria sertão historicamente e sociologicamente. Procuraremos entender melhor como foi o sertão pensado e vivido no norte de minas no período estudado. A canção traz em si um manancial a ser desvendado, uma fonte de representações a ser lida. Percebe-se uma riqueza na instrumentalização musical. Há, também, um compromisso em retratar as coisas do sertão através de instrumentos. Neste universo musical que é o sertão, o grupo se destaca por entrar no campo da música popular brasileira, unindo o rural ao urbano fazendo um diferencial marcante em um estilo bastante predominante na MPB nos dias atuais. Nome: Nilton Silva dos Santos E-mail: nsantos@bighost.com.br Instituição: Universidade Candido Mendes/ Núcleo de Estudos Musicais Título: Pernambuco falando para o mundo... Trajetórias da música contemporânea em Siba e Silvério Pessoa Nesta comunicação procuraremos pôr em relação perspectivas de trajetórias autorais a partir de dois casos pernambucanos representados por Sergio Veloso, o Siba e de Silvério Pessoa. Procuraremos compreender em que medida as opções estilísticas e musicais adotadas pelos compositores dialogam com informações regionais e, simultaneamente, com as configurações da música globalizada. Nome: Olga Rodrigues de Moraes Von Simson E-mail: simson@superig.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: O samba paulista e suas histórias Baseada em documentos textuais, depoimentos orais, registros visuais e músicas tradicionais a pesquisa reconstrói a trajetória de uma mani- festação da cultura popular paulista pouco conhecida: o samba rural que saindo dos terreiros de café se fixou nos redutos negros das cidades em processo de industrialização tomando novas características como samba de bumbo, samba de roda, samba lenço, samba de terreiro. Surgido a partir das danças dos escravos que em grande número vieram da região de Angola e que trabalharam na cultura cafeeira à qual se somou a influência do samba de roda do Nordeste trazido para as lavouras de café, no final do século dezenove, ele tinha na prática da umbigada uma de suas marcas. Passaram a incorporar outros praticantes como os descendentes dos imigrantes italianos, portugueses e espanhóis nos bairros populares das grandes cidades e vai se transformar e permanecer atuante com a ajuda dos cordões carnavalescos surgidos no início do século passado e hoje, através dos novos grupos de samba que surgiram englobando agora pessoas de classe média, estudantes universitários e amantes do samba. Esses grupos atuam como novos guardiões dessa tradição que sempre teve Pirapora e a Festa do S. Bom Jesus como ponto anual de encontro dos sambistas de todo o estado de São Paulo. Nome: Priscila Gomes Correa E-mail: priscilacorrea@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Cantando a cultura brasileira: do cotidiano urbano à canção, os projetos artísticos de Caetano Veloso e de Chico Buarque Confrontando as trajetórias artísticas de Caetano Veloso e de Chico Buarque encontramos perspectivas paralelas e complementares sobre temáticas do cotidiano urbano e da cultura em geral. Um exercício concomitante com a canção, suas tradições e linguagens, delineando projetos artísticos mais amplos, embora já esboçados no limiar de suas carreiras. Neste trabalho identificamos estes projetos iniciais, suas permanências e desdobramentos em algumas canções e performances artísticas, e a similar preocupação em pensar cotidiano e cultura no Brasil, suas características e impasses. Não obstante a partir de suportes diferentes, analisamos trechos de dois importantes documentos de natureza equivalente e complementar, o livro Verdade Tropical de Caetano e a coleção de 12 DVDs: Chico a série, deparando-nos com textos e narrativas autobiográficas que expõem olhares retroativos sobre esses percursos, projetos e, sobretudo, memórias e reflexões sobre as possibilidades e limites da cultura e da arte no país.

Nome: Regina Helena Alves da Silva E-mail: regina.helena@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Co-autoria: Juliana de Oliveira Rocha Franco E-mail: judorf@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Música e culturas urbanas em tempos de redemocratização: práticas sociais e representações do universo urbano nas cenas de São Paulo e Brasília Buscamos compreender como práticas musicais podem funcionar como condensadoras de sociabilidades urbanas e qual o papel das representações sobre o espaço urbano na constituição das especificidades dessas práticas musicais. Nosso recorte é a etapa de transição democrática brasileira (1970/1985), marcada pelo surgimento de inúmeras manifestações culturais urbanas. Selecionamos as cidades de São Paulo e Brasília a partir da chamada Vanguarda Paulista e do Rock de Brasília. A opção por estas cidades se deu pela peculiaridade de cada uma: Brasília se configurou como um espaço social pensado a priori a partir de concepções do modernismo. Tal característica a transforma em um campo fértil para investigar de que modo as formas de vivência, uso e apropriação do espaço urbano são promovidas ou desencorajadas em tal espaço. Se Brasília vai se tornar o lugar que “auscultaria” os anseios de modernidade do país, São Paulo, desde muito, passa a projetar a imagem de cidade-capital responsável pela construção da nação, grande metrópole brasileira. Dentro desse contexto, a música seria constituída por e constitutiva da cultura urbana que se configura na “cena musical”, na própria tessitura de relações e significados que remetem ao próprio espaço da cidade e às formas de sociabilidade nesse espaço. Nome: Rodrigo Oliveira dos Santos E-mail: trigaoo@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: As diferentes interpretações no interior do campo historiográfico acerca do nacionalismo musical no Brasil O nacionalismo musical no Brasil será analisado em sua historicidade que remonta a variedades e divergências de visões de mundo. Os compositores situados na primeira geração do movimento, Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Camargo Guarnieri vinham se consolidando entre as décadas de 1920 e 1930. Portanto, serão analisados a partir de suas relações com uma visão de mundo legitimadora do projeto de nação defendido pelo Estado Novo. Já aqueles situados na segunda geração, Guerra Peixe e Cláudio Santoro entram em luta por hegemonia no interior do campo do nacionalismo musical brasileiro entre as décadas de 1940 e 1950. Ambos desenvolveram atuações como militantes comunistas, interagindo, portanto, com o PCB. Na primeira etapa de desenvolvimento dessa pesquisa farei uma análise historiográfica sobre o nacionalismo musical no Brasil, com o intuito de perceber as diferentes interpretações desse processo seguindo as visões mais tradicionais, defendidas por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo e Vasco Mariz, a partir de 1950. Assim como as obras de Arnaldo Contier, José Miguel Wisnik, e as dissertações de André Acastro Egg e de Analía Cherñavsky, que constroem uma visão mais crítica do movimento, escritos a partir da década de 1980. Nome: Silvia Maria Jardim Brügger E-mail: sbrugger@mgconecta.com.br Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: Clara Nunes: uma cantora popular Nesta comunicação, analiso a carreira da cantora Clara Nunes (1942-1983) problematizando sua relação com a cultura popular brasileira. A mineira iniciou sua trajetória artística em Belo Horizonte, como cantora da noite, que se apresentava com destaque nas rádios e em TV locais. Mudou-se, em 1965, para o Rio de Janeiro, ao assinar contrato com a Gravadora Odeon. Seus primeiros discos apresentam uma tônica romântica, voltada, sobretudo para a gravação de boleros. Ainda na década de 60, flertou com o iê-iê-iê. Mas os resultados não foram animadores para a gravadora, nem para a cantora. O sucesso de fato começou, a partir dos anos 70, quando sua carreira direcionou-se para as tradições populares da cultura brasileira. Mostro como essa guinada se deveu ao encontro de um produtor de formação socialista, Adelzon Alves, com uma cantora que trazia em sua história familiar os elementos populares, entendidos como definidores da nacionalidade brasileira. Analiso ainda como essa carreira se relaciona com momentos da história da música popular brasileira. Nome: Tania da Costa Garcia E-mail: garcosta@uol.com.br

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11 Instituição: Universidade Estadual Paulista - Franca Título: A “música folclórica brasileira” na Revista da Música Popular e na Revista do Rádio A valorização do que é folclore no Brasil está relacionada à institucionalização do movimento folclorista, cuja criação da CNFL data da década de 50. Neste período, o destaque dado à cultura popular relacionada ao folclore torna-se recorrente não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina, como o Chile, a Argentina e o Peru, para citar alguns. Tal simultaneidade se explica em função das transformações sociais, políticas, econômicas e culturais ocorridas na região a partir da Segunda Grande Guerra, acentuadas após o final do conflito e o estabelecimento definitivo da hegemonia norte-americana. A mundialização da cultura, via mercado, foi percebida pelos mais conservadores como uma ameaça às configurações da identidade nacional. No ambiente musical da época a imprensa especializada saio em defesa de um repertório “autenticamente” nacional, capaz de se contrapor às influências estrangeiras que descaracterizavam o nosso cancioneiro. A partir da Revista da Música Popular – periódico dedicado a monumentalização da “autêntica” música popular nacional – e da Revista do Rádio – revista de grande circulação, conectada ao mercado da música popular massiva – pretende-se mapear os distintos discursos em torno da defesa de uma “música folclórica brasileira”. Nome: Theophilo Augusto Pinto E-mail: theogp@gmail.com Instituição: Universidade Anhembi Morumbi Título: “As mais linda canções” - Exercícios da memória nas trilhas sonoras veiculadas pelo programa “A canção da lembrança”, da Rádio Nacional - 1953/54 O programa radiofônico “A canção da lembrança”, veiculado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, tinha por intenção trazer “as mais lindas canções do cinema e as melodias internacionais que em 30 anos conquistaram o maior destaque na simpatia popular”, como dizia seu locutor. Para tanto, criavamse pequenos diálogos ficcionais onde os personagens falavam da beleza daquelas melodias numa era passada, embora próxima. O presente trabalho, tendo como referencial o registro de mais de trinta destes programas, pretende refletir sobre a escolha de canções e músicas utilizadas pelos programadores e verificar como sua memória de um tempo passado recente é operada em função delas, incorporando o programa radiofônico como documento para a historiografia de maneira distinta da gravação musical fonográfica. Nome: Tony Leão da Costa E-mail: leaodacosta@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Música, literatura e identidade amazônica na primeira metade do século XX A Amazônia desde os tempos iniciais da colonização vem sendo espaço privilegiado para criação de imaginários sociais dos mais diversos. No século XX artistas, como músicos e poetas, vêm se destacando na construção de imaginários sociais sobre a região. Pretendemos nesta comunicação falar sobre esse olhar artístico e por vezes “etnográfico” que músicos e poetas fazem da região amazônica, a partir da produção artística em Belém do Pará no período entre as décadas de 1930 e 1960, fase de efervescência das idéias modernistas na região. Tentaremos mostrar como esses intelectuais ocupam papel central na construção de imaginários a partir das artes, e que, de certa forma contribuem para caracterizar o regional amazônico até os dias de hoje, assim como mostrar como músicos e literatos estão muito próximos nesses projetos de criação/reprodução de imaginários sobre essa região. Nome: Valeria Aparecida Alves E-mail: val72@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - PUC / SP Título: As múltiplas faces da Tropicália: Torquato Neto - “o roteirista” Pretende-se discutir o movimento Tropicalista - suas características, contribuições para a Música Popular Brasileira, as reações despertadas a partir da apresentação do movimento, o debate no curso da década de 60 entre a proposta da arte denominada engajada, ou seja, politizada e a arte livre e, sobretudo, as diversas tendências existentes dentro do movimento Tropicalista. O grupo baiano identificado pelo Tropicalismo, tinha como representantes: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Gal Costa, Torquato Neto, Tom Zé e Os Mutantes. Apesar disto, quando a discussão é a Tropicália, o foco centraliza-se nas figuras de Caetano Veloso e Gilberto Gil, identificados como seus idealizadores. Porém, falta discutir mais profundamente a participação dos demais representantes deste movimento. Desta forma, a pesquisa ora apresentada tem por objetivo analisar o Tropicalismo, a partir de sua he-

terogeneidade. Focar a análise sobre os demais representantes da Tropicália, refletir sobre a contribuição destes para a eclosão do movimento que tanta polêmica suscitou na década de 60. Nome: Victor Hugo Veppo Burgardt E-mail: burgardt.vhv@gmail.com Instituição: Instituto de Ensino Superior Cenecista - Unaí Título: História e música: um diálogo artístico entre índios e não índios no extremo norte do Brasil Proponho uma reflexão sobre a história da região amazônica, procurando responder a certas inquietudes que me ocorreram ao longo de minha pesquisa de doutorado, o que me levou a retomar o assunto e dirigir um olhar mais atento às produções musicais emanadas do cotidiano da cidade de Boa Vista. Analisando ritmos e letras de algumas músicas regionais, chamo a atenção para os aspectos culturais que balançam os corpos e fazem bater mais forte os corações indígenas e não indígenas. Sugerem mudanças sociais ou sinalizam para retrocessos políticos, ao tempo que constroem e desconstroem identidades. No diálogo interétnico, construtivo ou destrutivo, mas sempre fecundo, percebo a abertura de um grande horizonte artístico a ser explorado pelos inquietos olhares dos historiadores. Nome: Virginia de Almeida Bessa E-mail: vbessa@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: O teatro musicado e a invenção do sertanejo: a canção caipira nos palcos brasileiros (1912-1934) A figura do caipira ou sertanejo sempre marcou presença no chamado teatro ligeiro brasileiro. Surgida no século XIX, em textos de Martins Pena, Artur de Azevedo e Joaquim Manuel de Macedo, ela ganhou força a partir da década de 1910, impulsionada, de um lado, pelo grande número de interioranos que se dirigiam aos centros urbanos e, de outro, pela moda regionalista que imperava nos meios letrados brasileiros. Embora tenha se originado na comédia, foi nos gêneros musicados, especialmente nas burletas, operetas e revistas, que o tipo caipira adquiriu sua forma moderna. Além de fixar os atributos físicos e morais do tipo interiorano brasileiro, essas peças também ajudaram a construir um imaginário sonoro sobre o homem do campo, por meio das modas de viola, toadas, cateretês e outros gêneros “sertanejos” que permeavam suas cenas. A presente comunicação procura mostrar como boa parte do que hoje se conhece como música caipira teve nos palcos um importante espaço de gestação, adquirindo ali parte de suas feições modernas, com as quais seria, futuramente, divulgada no disco e no rádio. Nome: Vitor Hugo Abranche de Oliveira E-mail: vitorabranche@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Metamorfoses e manifestações da contracultura na obra musical de Torquato Neto O presente trabalho procura analisar as formas musicais de Torquato Neto entendendo-as como a manifestação de signos musicais. Compreendendo que a música é uma manifestação de sentidos e de valores, a pesquisa propõe através da obra de Torquato Neto entender como aspectos musicais da manifestação de contracultura do Movimento da Tropicália se manifestam. Vinculado a este movimento, Torquato nos deixa como herança o inconformismo político e um desejo quase patológico de um processo revolucionário através da arte. A obra de Torquato Neto, um artista que absorveu os traumas e as propostas de solução de sua geração e ainda, viveu (e morreu) na mesma intensidade de sua obra, parece-nos muito pertinente a esta forma de valorização dos significados da canção de sua época.

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12. HistĂłria & teatro Vera Regina Martins Collaço - UESC (vera.collaco@terra.com.br) Katia Rodrigues Paranhos - Universidade Federal de Uberlândia (katia.paranhos@pq.cnpq.br) $ LQLFLDWLYD GH SURSRU XP 6LPSyVLR TXH UHĂ HWLVVH VREUH +LVWyULD 7HDWUR FRPHoRX HP )ORULDQySROLV em 2006, no III SimpĂłsio Nacional de HistĂłria Cultural, e se consolidou em SĂŁo Leopoldo, em 2007, no ;;,9 6LPSyVLR 1DFLRQDO GH +LVWyULD H HP 6mR 3DXOR HP QR ;,; (QFRQWUR 5HJLRQDO GH +LVWyULD GD $138+ 63 (OD p UHWRPDGD DJRUD YLVDQGR UHDĂ€UPDU R VHQWLGR RULJLQDO GD QRVVD SURSRVWD H LQFRUSRUDU XP PDLRU Q~PHUR GH SHVVRDV LQWHUHVVDGDV HP VH LQWHJUDU D HVVDV GLVFXVV}HV (QWHQGHPRV R WHDWUR FRPR XP GLVFXUVR TXH FRPR XP DWR FRPXQLFDWLYR XWLOL]D FyGLJRV ² YHUEDLV JHVWXDLV YLVXDLV DXGLWLYRV FXOWXUDLV HVWpWLFRV HWF ² TXH SRVVLELOLWDP D SHUFHSomR YLVXDO GR PXQGR H D FRQVWUXomR GH XP imaginĂĄrio social, pois comunicam uma mensagem a seus receptores. Assim, com os procedimentos PHWRGROyJLFRV GD KLVWyULD FXOWXUDO WRUQD VH SRVVtYHO SHUFHEHU R WHDWUR FRPR XP HVSDoR SULYLOHJLDGR SDUD FDSWDU HP GLIHUHQWHV PRPHQWRV KLVWyULFRV DV DUWLFXODo}HV H DV QHJRFLDo}HV GH LGpLDV H LPDJHQV O teatro, portanto, caracteriza-se como um espaço plural de signos, apontando para a multiplicidade das tramas e das narrativas sociais.

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Paula Teixeira E-mail: ateixeira0@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia TĂ­tulo: Zabriskie: uma experiĂŞncia no contexto da arte teatral em Goiânia - GoiĂĄs Este trabalho objetiva analisar o percurso das montagens e cursos de iniciação teatral realizados pelo Grupo Zabriskie, da cidade de Goiânia, para o pĂşblico infantil. O Zabriskie ĂŠ uma companhia de teatro profissional, fundada por Ana Cristina Evangelista no ano de 1993 e se destaca por uma contĂ­nua atividade dirigida ao pĂşblico infanto-juvenil, com espetĂĄculos e cursos. Nesta jornada, tem desenvolvido um processo de estudo e prĂĄtica do teatro que proporcionou conhecer e se apropriar, de forma particular, das tĂŠcnicas e proposituras de Augusto Boal, do Lume, da Commedia dell’Arte, do EugĂŞnio Barba, do Ilo Krugly, de Viola Spolin, entre tantos que vieram a construir a atual formação e propositura estĂŠtico-pedagĂłgica, em leitura particular do teatro. Assim, essa pesquisa possibilitarĂĄ conhecer como o estudo e o exercĂ­cio do fazer teatral com/para crianças concretiza-se em uma singular estĂŠtica de espetĂĄculos e na metodologia de realização de cursos de teatro no Centro-Oeste brasileiro, ou seja, na periferia do teatro no Brasil. Nome: Andreia Aparecida Pantano E-mail: andreiapantano1@hotmail.com Instituição: Universidade Paulista TĂ­tulo: Um olhar sobre o corpo nas artes circenses e no teatro Este artigo pretende analisar como o corpo nas artes circenses e teatrais foi representado ao longo da histĂłria. No circo-teatro, a personagem palhaço expĂľe de forma lĂşdica e grotesca toda a misĂŠria humana. Neste sentido, o palhaço utiliza-se do corpo para provocar o riso e satirizar as prĂłprias emoçþes. Por outro lado, temos o corpo sublime dos artistas circenses, tais como: acrobatas e equilibristas que desafiam os prĂłprios limites. No teatro, assim como nas artes circenses, o corpo ĂŠ fundamental, pois o “corpo falaâ€?, ĂŠ o corpo nas palavras de Jean-Jacques Roubine, o “mediador da presençaâ€?, isto ĂŠ, antes de qualquer encenação, a forma como o corpo do ator apresenta-se, denota sua particularidade, assim como a palavra, o corpo tambĂŠm fala. Nome: Berenice Albuquerque Raulino de Oliveira E-mail: bererrau@hotmail.com Instituição: Unesp TĂ­tulo: Do mito Ă personagem teatral: Gilgamesh O presente estudo analisa a transposição de Gilgamesh para o teatro. O mais antigo poema ĂŠpico de que se tem notĂ­cia, registrado em escrita cuneiforme em pequenas tĂĄbuas de argila em aproximadamente 2700 a.C., ĂŠ adaptado para o teatro pelo diretor Antunes Filho em 1995 e resulta em um dos mais importantes espetĂĄculos realizados pelo CPT – Centro de Pesquisa Teatral do SESC SĂŁo Paulo. A encenação integra a investigação cĂŞnica

empreendida pelo artista, que tem como eixo central a busca pelo autoconhecimento. Assim, partindo de mitos sumÊrios associados ao personagem histórico, Antunes Filho, em seu espetåculo promove a sua transposição simbólica para a cena, por meio de uma atuação não pautada por cânones tradicionais da interpretação teatral, retoma em espacialidade atemporal a relação entre mitos e homens, no caminho da individuação. Nome: Camila Imaculada Silveira Lima E-mail: camilasilveira60@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Cearå Título: Entra em cena o Theatro JosÊ de Alencar: os discursos jornalísticos, os embates políticos e as relaçþes sociais (1903 - 1912) No início do sÊculo XX a capital cearense ganha uma nova casa de espetåculo, o Theatro JosÊ de Alencar. A sua construção e funcionamento foram alvos de embates políticos entre os situacionistas e oposicionistas da oligarquia acciolina nos periódicos fortalezenses entre os anos de 1903 a 1912. Assim ressaltando outro enfoque das disputas políticas no governo de Nogueira Accioly, o das ditas atividades artísticas e culturais. A proposta do presente trabalho Ê analisar os discursos jornalísticos referentes à edificação e aos primeiros anos de funcionamento do Theatro JosÊ de Alencar, percebendo os embates políticos da oligarquia acciolina e as relaçþes sociais ali estabelecidas. Accioly e seus correligionårios tinham A Republica como periódico oficial do governo. E como principais jornais oposicionistas a capital do Cearå possuía O Unitårio, pertencente a João Brígido, e Jornal do Cearå, de Waldemiro Cavalcanti. Nestes periódicos temos os conflitos políticos, como tambÊm um cenårio das atividades teatrais e cinematogråficas. Para esta anålise, Raymond Williams expþe as especificidades da atividade teatral, sua forma e sua função social e Tiago de Melo Gomes propþe a discussão acerca da hierarquização das atividades culturais. Nome: Carminda Mendes AndrÊ E-mail: carminda.stenio@uol.com.br Instituição: Intituto de Artes da UNESP Título: O teatro na sociedade disciplinar Nesse artigo analisamos e questionamos discursos e pråticas que legitimam o teatro de encenadores que surge no final do sÊculo XIX na Europa ocidental. Com ferramentas retiradas da abordagem genealógica de Michel Foucault, problematizamos as funçþes do encenador aproximando-o ao cientista clåssico. Dessa anålise indicamos uma possível penetração de um saber-poder nos processos criativos, resultando em um teatro disciplinador. Nome: EdÊlcio Mostaço E-mail: c2emo@udesc.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Na selva (antropofågica) das cidades - versão Oficina A montagem do espetåculo Na Selva das Cidades, pelo grupo Oficina, em 1969, constituiu-se numa suma de todos os procedimentos antropofågicos desenvolvidos pelo grupo desde 1967, quando da montagem de O Rei da Vela. Tais procedimentos, aqui levados a um alto grau de síntese e

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12 potência, serão ainda mais desenvolvidos na trajetória posterior do grupo, tornando essa montagem uma referência indispensável para a caracterização dos marcos simbólicos observáveis na trajetória do conjunto artístico. Conhecer seus procedimentos, bem como seus vínculos com o contexto, é uma chave discursiva para o entendimento de boa parte da produção teatral no Brasil. Nome: Elderson Melo de Melo E-mail: elmelomelo@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: O teatro de grupo no Acre: uma história a se escrever Este trabalho discute a trajetória do teatro de grupo no Acre e sua relação com a narrativa regionalista, um tema relevante tendo em vista que, em 2009, comemoram-se trinta anos do Movimento Oficial de Teatro de Grupo, representado pela criação da Federação de Teatro Amador do Acre. Embora entendamos a data firmada apenas como um marco na construção e divulgação de uma narrativa legitimadora e homogeneizadora acerca do fazer teatral no Acre, utilizá-la-emos como uma metáfora para pensarmos a prática teatral acreana e o papel sócio-político da Federação de Teatro Amador do Acre. Por considerarmos possível analisar a construção e a legitimação de uma narrativa acerca de um ‘universo acreano’ e de uma ‘identidade acreana’, refletimos sobre as questões que tangem o fazer e o pensar a arte no Estado do Acre e as representações do imaginário social a ela inerente. Embora este trabalho contemple uma reflexão sobre os processos de pesquisa em arte, sua especificidade é traçar uma trajetória do teatro de grupo e procurar desmistificar a idéia de que a valorização do caráter regional deva estar atrelada aos estereótipos construídos por práticas discursivas acerca de identidades locais. Nome: Elen de Medeiros E-mail: elendemedeiros@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: Nelson Rodrigues nos jornais: a recepção crítica contemporânea ao seu teatro Nelson Rodrigues é, hoje, o mais conhecido dentre os dramaturgos brasileiros. Também é ainda hoje um dramaturgo polêmico, seja pela receptividade de seus textos, seja pelos temas de sua obra. Em paralelo às estréias de suas peças no Rio de Janeiro, Nelson Rodrigues trabalhava como jornalista e cronista em vários periódicos cariocas, o que favoreceu ao autor divulgar e ampliar a polêmica em torno de seu teatro. Essa comunicação pretende, por meio de textos críticos publicados nos jornais das décadas de 40 a 70, apresentar e discutir alguns debates em relação às peças em cartaz no período mencionado, no sentido de mostrar como o dramaturgo lutou pela defesa de seus temas e como organizou verdadeiras querelas no tocante ao seu teatro, travando batalhas retóricas com seus principais críticos e adversários. Do mesmo modo, esses embates jornalísticos favoreceram a permanência de Nelson Rodrigues como figura pública e escritor controverso. Nome: Érica Rodrigues Fontes E-mail: ericarodriguesfontes@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: “Os Federais”: a gênese de um grupo O trabalho pretende examinar a criação do grupo de performance de literatura “Os Federais” junto à Universidade Federal do Piauí e a sua importância acadêmica e comunitária como núcleo divulgador da literatura mundial, nacional e regional. Analisa também de que forma esse grupo enfatiza a adaptação de obras literárias do cânone e desenvolve seus próprios textos dramáticos em criação coletiva com o objetivo de defesa da cidadania. Nome: Evelyn Furquim Werneck Lima E-mail: evelynfwlima@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: História de uma arquitetura ética: espaços teatrais de Lina Bo Bardi Esta comunicação objetiva discutir as relações entre a ética e a história da arquitetura teatral de Lina Bo Bardi. Compreendendo de forma audaciosa os conceitos teatrais brechtianos, criando espaços de ação e não mais de mera representação, contando com o usuário final para completar a obra, Lina idealizou uma arquitetura “aberta” e despojada que oferece ao espectador a possibilidade de “inventar” e “participar” do “ato existencial” de um espetáculo de teatro, refutando as formas tradicionais. A artista – cuja obra abrange também inúmeros cenários e figurinos para obras encenadas por José Celso e Martim Gonçalves - une sua experiência racionalista européia

à realidade crítica brasileira e sua força tropical, enfatizando a regeneração do conceito de “teatro pobre”, não no sentido meramente econômico, mas sim nos singelos meios de comunicação, trabalhando de forma artística com materiais locais, fazendo com que sua obra arquitetural unisse espaços e valorizasse as características naturais do país, favorecendo sua construção poético-espacial, numa liberdade coletiva. Os estudos de caso que problematizam a hipótese referem-se às adaptações de uso projetadas para os teatros Gregório de Mattos, Oficina e SESC da Pompéia. Nome: Fátima Costa de Lima E-mail: fatimaedinho@ig.com.br Instituição: UDESC/UNISUL/UFSC Título: Alegorias carnavalescas, os cenários da passarela do samba A alegoria carnavalesca corresponde à cenografia de uma montagem cênica. A cenografia teatral é uma das fontes históricas dos desfiles das escolas de samba. Para além da condição de referências de pesquisa, podemos detectar, nas montagens cujas linguagens são testadas em seus limites, tendências teatrais que privilegiam a experimentação dos cenários como suportes de relações entre atores e espectadores. Nos desfiles atuais das escolas de samba cariocas, as alegorias comportam-se como os elementos máximos da visualidade carnavalesca. O caráter de espetáculo, enfatizado ao máximo grau, conduz as outras possibilidades de sentido das alegorias. A ambas as modalidades cenográficas, carnavalescas e teatrais, percorrem em maior ou menor grau o pêndulo que oscila entre o espetáculo e a experimentação. Contudo, entre alegorias e cenografias, espetáculo e experimentação não precisam ser excludentes e opostos. Não necessariamente ensejam os pólos radicais das possibilidades expressivas de um cenógrafo ou de um carnavalesco, mas dobram e desdobram entre si os ambientes performáticos destas artes. Nome: Henrique Buarque de Gusmão E-mail: henrique_gusmao@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Como Nelson Rodrigues lê Casa-grande & senzala? Nelson Rodrigues, em suas peças teatrais, apropria-se de diversos elementos do livro Casa-grande & senzala. Busco entender a lógica desta apropriação de idéias da sociologia por um autor teatral. Para isso, a obra de Nelson é pensada a partir de suas condições de produção, das disputas e alianças que o dramaturgo realiza no campo cultural no qual atuava. Esta apropriação é pensada a partir de um projeto estético e teatral rodriguiano, no qual o autor busca - a partir de um ideal aristotélico - contribuir com o “nascimento da tragédia brasileira”. Ele tem a intenção de purificar o público de um processo de desumanização que estaria em marcha na sociedade através da criação do horror e a compaixão nos espectadores. Tal efeito pretendido com suas peças será buscado a partir da construção de personagens e de situações muito próximas àquelas realizadas por Freyre em Casa-grande & senzala (especialmente no que diz respeito à questão dos excessos, da explosiva sexualidade, do descontrole das paixões, da força dos indivíduos em detrimento do coletivo numa sociedade marcada pelo privatismo, etc.). Desta maneira, Nelson Rodrigues lê Gilberto Freyre a partir de suas perspectivas estéticas e teatrais, construindo diversas associações entre seu teatro e a sociologia freyreana. Nome: Isabel Silveira dos Santos E-mail: pmo.isabel@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Ciências e Letras de Osório-FACOS Título: Arthur Rocha: um dramaturgo negro no “mundo dos brancos” do final do século XIX no Rio Grande do Sul O presente trabalho analisará peças teatrais do jornalista, poeta e dramaturgo negro Arthur Rodrigues Rocha (1859-1888). Produzidas entre os anos de 1875 e 1884 e encenadas em várias cidades do Rio Grande do Sul, entre o final do século XIX e início do século XX. Arthur Rocha escreveu de 12 (doze) a 14 (quatorze) peças de teatro, sete delas publicadas em três volumes editados entre 1876 e 1884, com o título de O Teatro de Arthur Rocha. O objetivo deste trabalho é, de um lado, analisar as representações étnico-raciais construídas nas peças de Arthur Rocha e as possíveis articulações destas representações com a constituição das subjetividades e identidades negras no século XIX. De outro lado, trata-se de examinar o caráter pedagógico das narrativas teatrais de Arthur Rocha, como textos capazes de produzir e veicular ensinamentos sobre o ser negro(a). Meu propósito é através da análise das representações étnico-raciais mais recorrentes nas narrativas do dramaturgo Arthur Rocha melhor compreender as políticas de representação de negros(as) no Rio Grande do Sul do final dos oitocentos.

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Nome: João Costa Gouveia Neto E-mail: rairicneto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Piauí Nome: Edwar de Alencar Castelo Branco E-mail: Edwar2005@uol.com.br Instituição: UFPI Título: A importância do Teatro São Luís na efetivação do movimento cultural na São Luís da segunda metade do século XIX O Teatro São Luís está entre os três teatros construídos ainda no período colonial, no início do século XIX, e que ainda existe. Desde a sua inauguração em 1817, esse teatro figurou como o mais importante espaço de entretenimento, de criação de novas sociabilidades e de distinção social para as elites de São Luís, capital da província do Maranhão. Durante todo o século XIX, os eventos culturais que aconteciam no São Luís eram constantemente relatados nos jornais, mas, para este estudo, deter-me-ei somente nos dois últimos quartéis do referido século. Assim, através das notícias relatadas nos jornais veiculados na São Luís do referido período, analisarei a importância que o teatro representou para a constituição de um gosto musical entre homens e mulheres que o freqüentavam, nas noites de récitas, naquele presente, tendo como suporte principal os jornais Semanário Maranhense e A Flecha. Nome: Kátia Rodrigues Paranhos E-mail: katia.paranhos@pq.cnpq.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Dramaturgos em cena: o(s) sentido(s) do engajamento no teatro Teatro social e teatro engajado são duas denominações, entre outras, que ganharam corpo em meio a um vivo debate que atravessou o final do século XIX e se consolidou no século XX. Seu ponto de convergência estava na tessitura das relações entre teatro e política ou mesmo entre teatro e propaganda. Para o crítico inglês Eric Bentley, o teatro político se refere tanto ao texto teatral como a quando, onde e como ele é representado. Esta comunicação aborda o tema do engajamento, de modo geral, e o perfil de alguns personagens que, como figuras políticas, intervêm criticamente na esfera pública, trazendo consigo não só a transgressão da ordem (como afirma Pierre Bourdieu) e a crítica do existente, mas também a crítica do modo de sua inserção no modo de produção capitalista e, portanto, a crítica da forma e do conteúdo de sua própria atividade. Nome: Kyara Maria de Almeida Vieira E-mail: kykalua@ig.com.br Instituição: UEPB Título: Por uma “produção histórica”: teatro e homossexualidade em Campina Grande/PB (1960-1980) Transfigurar-se! Transformar-se numa coisa que não seja a mesma! Montar um cenário, criar uma história, inventar personagens para que o espetáculo aconteça! Entrelaçando-se com os códigos culturais que apontam o dizívil e o visível, ou ir à contramão, espetando o público num convite a sair de seus lugares. Eis o teatro! Tema do texto aqui proposto, re-cortado entre os anos 1970 e 1980, espacialmente demarcado em Campina Grande/PB, inspirado no diálogo com parte do elenco pós-estruturalista. Nosso script ousa pensar sobre os regimes de narrativa, as relações de poder-saber, as tramas que possibilitaram a inscrição desta cidade, a partir da década de 1960, enquanto uma cidade que respira arte; pensar sobre uma cidade que tem na construção do Teatro Severino Cabral, não apenas um dos marcos de sua história, nem tampouco espaço onde simplesmente se travam disputas em nome da arte. Assim, pensar como o teatro campinense, em sua historicidade, foi/é apropriado pelos mais variados sujeitos e seus inúmeros interesses, aqui nos remetemos aos homossexuais; pensar como o teatro campinense foi ‘re-significado’ enquanto lugar da produção de si, da composição das identidades, tanto para a cidade quanto para alguns homossexuais que com esse espaço se envolveram. Nome: Larissa de Oliveira Neves E-mail: larissadeoneves@gmail.com Instituição: Unicamp Título: A história do teatro nos rodapés de A Noticia: crônicas de Artur Azevedo Esta comunicação tem como objetivo apresentar as crônicas teatrais de Artur Azevedo, publicadas semanalmente no jornal “A Notícia”, entre os anos de 1894 e 1908. Nas crônicas, o autor, além de criticar os espetáculos em cartaz, traçou um fiel panorama do dia-a-dia do meio teatral, com informações sobre os costumes da população e as dificuldades vivenciadas

pela gente de teatro. Os textos fornecem um rico panorama de quatorze anos da história de nosso teatro, com dados sobre artistas, companhias, peças encenadas, festivais, etc. Podemos, também, por meio da leitura desse rico material, determinar a postura teórico-crítica do comediógrafo acerca da literatura dramática e dos aspectos de cena. Por fim, as crônicas, a despeito de seguirem uma temática definida (o teatro), incluem, em diversos momentos, comentários sobre outros assuntos de relevo à época, como as reformas urbanas do Rio de Janeiro, os problemas com os meios de transporte, as novas formas de divertimento que surgiam, além de referências à vida pessoal do autor. A coleção completa dos artigos, que totaliza 680 textos, vem a público pela primeira vez no livro “O Theatro: crônicas de Arthur Azevedo”, uma edição comemorativa do centenário de falecimento de autor, patrocinada pela Petrobras, com o apoio do MinC. Nome: Magda Maria Jaolino Torres E-mail: mmjt@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Sob a danação do efêmero: teatros e história “A arte acontece, […] mas a consciência de que jamais acabaremos de decifrar o mistério estético não se opõe ao exame dos fatos que o tornaram possível.” Neste trabalho, aceito a provocação destas palavras de Jorge Luis Borges e convido por minha vez a que se pense os teatros e a história, entendendo a prática do historiador como um exercício de pensamento. A questão de saber se é possível pensar diferentemente do que se pensa – e perceber diferentemente do que se vê – é indispensável para continuar a olhar e refletir, alertava Foucault. Esse parece ser o desafio na construção de objetos de pesquisa histórica e, muito especialmente, quando se trata de objetivar teatros. A presente comunicação visa contribuir para esta empreitada. Nome: Maria Brigida de Miranda E-mail: brigidademiranda@gmail.com Instituição: UDESC Título: Das ‘aflições femininas’; ervas, poções e sangrias: a representação de curandeiras e médicos no espetáculo Vinegar Tom Escrita em 1976 pela dramaturga inglesa Caryl Churchill, em colaboração com o grupo Monstrous Regiment, Vinegar Tom é uma peça feministasocialista que explora a história da bruxaria. A elaboração do texto baseouse no estudo dos autos de julgamento do século XVII, da cidade de Essex na Inglaterra. Para Churchill, Vinegar Tom é um texto sobre bruxaria, mas onde não há bruxas. Neste artigo contextualizo e apresento aspectos gerais do texto dramatúrgico para situar a primeira montagem teatral brasileira de Vinegar Tom em 2007-2008. Proponho uma reflexão ética e estética sobre a representação da curandeira (personagem Ellen) e do médico (personagem Doutor) ao discutir as opções da direção e os artifícios da encenação para realçar o antagonismo entre o conhecimento pagão e o surgimento da medicina moderna. Nome: Maria de Lourdes Rabetti E-mail: mlrabetti@gmail.com Instituição: Unirio Título: Variações cênicas para representações do Brasil: dança dos libretos e flutuação autoral no século XIX Libretos como Joko, o macaquinho brasileiro (1826), Brezila ou A tribo das mulheres (1835), Os ingleses nas Índias ou A símia agradecida (1862), as várias estampas d’ O lago das fadas (iniciado como ópera em 1839, passando por melodrama e alcançando diferentes versões em balé, até tornarse “baile fantástico” dançado no Teatro São Pedro, corte do Rio de Janeiro em 1849, com protagonismo da “rainha das fadas” Maria Baderna) constituem suporte documental diferenciado para a investigação de possíveis indícios de encenações passadas, porque consistem fundamentalmente de indicações escritas para a cena, sintéticas, condensadoras de movimentos e ações: coreografia. Além de “curioso” repertório de imagens do Brasil da época, produzidas e observadas por meio da representação cênica, o rol de libretos em questão apresenta-se como espaço significativo para discutir problema central nos estudos histórico-artísticos ligado à noção (histórica) de autoria, intrincada entre originalidade, versões, apropriações e propriedade de obras. Nome: Maria do Perpétuo Socorro Calixto Marques E-mail: mcalixtomarques@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: A moral da história de um herói de seringal Prosseguindo com a pesquisa do Projeto História Social do Teatro na Ama-

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12 zônia: Discurso e Memória, apresentaremos a análise da peça O herói do Seringal, do paraense Nazareno Tourino. Texto que retoma o espaço amazônico como cenário e como elemento de intriga entre as personagens. A peça é mais uma que coloca a Amazônia como palco para narrar a história dos migrantes nordestinos vindos para o Acre para o corte da borracha. Portanto, integra o rol do arquivo que tematiza a velha, mas em processo constante de interpretação, história da região. Para análise, observaremos como esse conteúdo histórico é espraiado no gênero no qual a peça se apresenta, além disso, somaremos a essa ferramenta teórica as discussões que versam sobre as produções discursivas identitárias do homem amazônida e como o herói, anunciado no título da peça, constrói-se na perspectiva da moral e da ética nesse espaço verde escuro. Nome: Maria Lana Monteiro de Lacerda E-mail: malanasm@hotmail.com Instituição: FUNDARPE Título: História e imagem na experiência vivencial Nosso trabalho pretende introduzir algumas possibilidades de análise dos discursos imagéticos como objeto significante de estudo da História do Teatro Brasileiro. Utilizando alguns referenciais metodológicos da História Cultural observaremos, através da experiência pernambucana do “Vivencial Diversiones” (1974-1984), diferentes leituras da história sócio-cultural do País se articulando e negociando imagens na prática teatral. Responsável por afrontar o padrão estético Armorial vigente no Recife/Olinda tal trupe se notabilizou como novo referencial artístico, em plena ditadura militar, pela difusão antropofágica do tropicalismo e do transformismo nos palcos pernambucanos. Nome: Mariana de Oliveira Amorim E-mail: basica_vr@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: O Théâtre Français na corte sob a ótica do Conservatório Dramático Brasileiro e dos Folhetins Teatrais (1843-1864) O presente trabalho propõe a análise do teatro francês na corte brasileira através dos pareceres censórios emitidos pelo Conservatório Dramático Brasileiro e pela crítica teatral contida nos folhetins teatrais de importantes periódicos a época. Criado em 1843, o Conservatório Dramático pode ser visto como a realização do desejo oficial de controle da cena teatral na capital imperial. Para garantir que o teatro cumprisse seu papel “moralizador” na sociedade, ao Conservatório Dramático foi atribuída a função de submeter à censura todas as peças teatrais a serem encenadas no Rio de Janeiro. Com olhares voltados para a Europa no tocante aos padrões de distinção e civilidade buscou-se forjar aqui um teatro baseado principalmente no modelo teatral francês – um teatro nacional e internacional ao mesmo tempo, ligado aos ideais de civilidade e modernidade européias, tendo sido visto por alguns literatos como uma verdadeira “escola de costumes”. Era comum serem apresentadas peças francesas às platéias da corte. Destarte, este trabalho busca examinar a recepção das peças francesas: qual a função atribuída a estas peças e o que era esperado delas na capital imperial brasileira, entre os anos 1863 e 1864. Nome: Múcio Medeiros E-mail: muciomedeiros@uol.com.br Instituição: UNIRIO Título: O Theatrum Sacrum e o controle do simbólico no período colonial: a formação de um corpus homini naturale a partir da alegoria do discurso essencial Esse trabalho é uma reflexão sobre a estética do discurso teatral jesuítico que, até meados do século XVIII do período colonial, representou o poder hegemônico. Nesse sentido, atuou na transformação alegórica da realidade colonial com o propósito de incorporar a massa daqueles homens, autóctones e aventureiros de além mar numa unidade corpórea. Esse processo que visava estabelecer a noção de pertencimento numa estrutura institucional tinha como prerrogativa didática a resignação diante do projeto de civilização que iniciava. Assim, ensinava, através do discurso essencial que, cada homem tinha o seu lugar no mundo colonial. Nome: Nara Waldemar Keiserman E-mail: narakeiserman@yahoo.com.br Instituição: UNIRIO Título: O corpo do ator – contribuição historiográfica Este trabalho tem como objetivo traçar um percurso reflexivo sobre o trabalho corporal do ator, a partir de pensadores cujas obras oferecem referenciais para o teatro ocidental, como Delsarte, Laban, Meierhold e Brecht.

Os dois primeiros estão vinculados primeiramente à dança e os dois últimos são encenadores que marcaram o teatro do século XX. Considerando ainda Grotowski e Barba, chega-se à contribuição de Hans-Thies Lehmann para o pensamento sobre a corporeidade do ator na cena contemporânea denominada de pós-dramática. A base conceitual que sustenta e dá unidade ao pensamento investigativo está fundada nas noções de gestualidade sensorial, de corpo inteligente e de pensar com o corpo, encontradas na Educação Somática e em José Gil. E sobre as quais se dá o pensamento/ prática da pedagogia para a formação/treinamento corporal do ator nas disciplinas que ministro, de Expressão Corporal, na Escola de Teatro da UNIRIO. Nome: Nicolas Alexandria Pinheiro E-mail: nicolas.alexandria@gmail.com Instituição: UFRJ Casa da Ciência Título: O Bilontra, uma revista-de-ano: reflexões sobre teatro, história e antropologia através da divulgação e popularização da produção historiográfica Pretendemos discutir nessa comunicação possíveis relações entre teatro, história e antropologia, tomando como referência a importância das revistas montadas no final do século XIX. Destaca-se nesse gênero a revistade-ano, espetáculo que através da ironia pretendia passar em revista os acontecimentos que marcaram o noticiário jornalístico durante o ano. Arthur Azevedo um dos principais dramaturgos dedicados a essas montagens vivenciou um estrondoso sucesso com “O Bilontra”, revista-de-ano, encenada em 1886, sobre acontecimentos de 1885. Uma recente montagem, em 2008, no Rio de Janeiro, atualizou o texto de Arthur Azevedo e uma pesquisa histórica – acadêmica – sobre “O Bilontra”, buscando colocar em relação tempos históricos distintos acionando na montagem questões sobre riso, escárnio e ética. Perseguindo uma análise que estabeleça um diálogo interdisciplinar entre teatro, história e antropologia - procuraremos no processo de pesquisa da montagem contemporânea promover uma discussão sobre questões teóricas e metodológicas entre divulgação e popularização científica da produção historiográfica e sua apropriação por outras áreas como o teatro numa perspectiva antropológica. Nome: Orna Messer Levin E-mail: orna.levin@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Formas breves e a cultura teatral no século XIX O programa teatral no século XIX era formado de um conjunto de apresentações que incluía uma peça principal seguida de cena em ato único e um número musical. As peças breves, em um ato, são parte essencial do espetáculo. Discute-se, neste trabalho, as características e gêneros a que pertencem, relacionando-os com a cultura teatral do período a partir de títulos representativos do repertório mais freqüente nos teatros. Nome: Pâmela Peregrino da Cruz E-mail: pampcruz@gmail.com Instituição: UFF Título: Desenvolvimento histórico da dimensão pedagógica do Teatro do Oprimido O Teatro do Oprimido (TO), método teatral sistematizado a partir da década de 1970 por Augusto Boal, assim como as demais perspectivas teatrais, possui uma dimensão pedagógica que necessita ser analisada para a compreensão profunda da relação entre o processo e produto artístico e os sujeitos nele envolvidos. Sua origem parte da insatisfação de Boal com o trabalho desenvolvido pelo Teatro de Arena, que ele dirigia, que pode ser entendido dentro da perspectiva tradicional de Educação. O desenvolvimento do TO baseou-se na busca pela dialogicidade e construção coletiva do conhecimento, tal qual Paulo Freire defende. Em 1976, Boal foi exilado na Europa e neste novo contexto mais uma mudança na perspectiva pedagógica: as opressões apresentadas eram, sobretudo, do campo individual. Sem a mesma conjuntura Boal desenvolveu uma vertente terapêutica do TO. Depois da volta de Boal ao Brasil (1989) mais transformações. A análise de um projeto recente, o “TO nas Escolas”, realizado no Programa Escola Aberta, revelou uma prática pedagógica basista que valoriza o conhecimento do ator-popular, do multiplicador, mas que não busca ir além das aparências, revelando o estrutural. Esse estudo apresenta uma análise que vincula o processo histórico ao desenvolvimento da perspectiva pedagógica do TO. Nome: Paulo Merisio E-mail: merisio1965@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU

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Título: “Melodrama da meia-noite”: aspectos do Teatro de Boulevard (França, séc XIX) e do circo-teatro (Brasil, séc XX) que subsidiam o espetáculo “Melodrama da meia-noite” é um espetáculo de improvisação aberto ao público e está articulado ao Projeto de Pesquisa Docente “Sentidos do melodrama: poéticas, escritas e visualidades” (Curso de Teatro/ Mestrado em Artes / UFU / 2009 - 2011). Os alunos / atores executam jogos teatrais com regras de atuação e desenvolvimento da trama baseados no melodrama e construídos na disciplina Interpretação melodramática. Esta comunicação visa analisar aspectos do melodrama praticado no Boulevard du Crime (Paris/ França, século XIX) e nos circos-teatros brasileiros (séc XX) que subsidiam os atores na construção de um repertório que, acionado no momento mesmo da cena, gera a construção de uma dramaturgia inspirada nos códigos melodramáticos. Nome: Rafael de Souza Villares E-mail: rafavillares@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista - Campus Assis Título: O golpe civil-militar de 1964: os Arezeredos mais os Benevides e o fim do CPC da UNE O início de 1964 foi marcado pelas manifestações da classe média, que saiu às ruas para protestar. O Brasil durante a década de 60 respirou ares politicamente conturbados. Após a renúncia de Jânio Quadros, o país se deparou decepcionado frente às impalpáveis explicações daquele que recebera a maior quantidade de votos até então. O governo de João Goulart, por sua vez, desde o início congregou agitações. Foi neste momento que uma polarização política e também ideológica entre direita e esquerda iria refletir ao longo da década de sessenta nas produções culturais e manifestações artísticas. O ano de 1964 começaria para Vianinha e para o Centro Popular de Cultura com a expectativa de profissionalizar o grupo, com a construção de um teatro e com a encenação de Os Azeredos mais os Benevides, que contava com um elenco de aproximadamente 35 pessoas, além da divulgação na imprensa e um possível cachê para os atores. No entanto, essa expectativa seria rompida bruscamente no dia 31 de março, quando o golpe militar põe fim à sede do Centro Popular de Cultura. Partindo deste contexto, pretende-se elaborar uma análise da referida obra, buscando uma discussão sobre seu conteúdo (lutas agrárias) e o momento em que foi elaborada (Golpe de 1964). Nome: Raquel Barroso Silva E-mail: raqbasilva@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Uma mesa chamada orçamento onde cada um tem o seu talher: a satirização do clientelismo na obra de França Júnior Joaquim José da França Júnior (1862-1889) nasceu no Rio de Janeiro e lá desenvolveu seu trabalho em diversos campos da arte e da literatura. Colaborou para jornais como A Gazeta de Notícias e Correio Mercantil como folhetinista, foi aluno da AIBA, membro do Grupo Grimm e ainda participou da vida pública se tornando secretário do governo provincial da Bahia e Curador de Órfãos da Corte. Contudo, aquilo que o tornou mais conhecido foi sua dramaturgia. Entre suas comédias mais famosas estão Caiu o Ministério! e Como se fazia um deputado. Relatando o dia a dia da política em seus folhetins e peças teatrais, a obra de França Jr. constitui num rico objeto de análise para a compreensão de alguns dos meandros da política do século XIX, entre eles o clientelismo. Através de nosso estudo buscamos analisar as relações clientelares como prática constitutiva da cidadania na segunda metade do século XIX. Nosso problema constitui em compreender até que ponto essas relações eram realmente naturalizadas pela população ou até que ponto, mesmo sendo algo legitimado pelo Estado, tal prática era encarada como absurda e injusta pelos cidadãos. Acreditamos que satirizando o pedido de favores que os cidadãos comuns faziam aos homens públicos França Jr pretendia desnaturalizar esta ação. Nome: Roberta Paula Gomes Silva E-mail: betaufu@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Da encenação à publicação: a materialidade da peça Bumba, meu queixada (1979) do grupo União e Olho Vivo Este trabalho tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre a peça teatral Bumba, meu queixada (1979), do grupo União e Olho Vivo, a partir de uma dupla abordagem. Destaco, num primeiro momento, as temáticas suscitadas no seu enredo, tais como: acidentes de trabalho, organização sindical, exploração patronal e movimento grevista. Num

segundo momento, atento para a materialidade da peça na sua versão publicada, com o intuito de identificar sua aproximação com a literatura de cordel. Nome: Rodrigo Seidl E-mail: rodseidl@gmail.com Instituição: PUC-SP Título: O negócio do ócio: teatro profissional elisabetano (1576-1603) Esta pesquisa investiga a formação do teatro profissional elisabetano em Londres no final do século XVI. Esta foi uma prática cultural nova que causou um impacto muito grande na capital inglesa. Parte da população se encantou com as novas companhias profissionais, mas outra parte sentiu-se ameaçada pelas transformações sociais associadas à nova prática. O teatro virou um ponto de conflito intenso entre vários setores da sociedade inglesa. Podemos perceber que há profundas preocupações políticas atreladas às discussões estéticas sobre o teatro. O surgimento do teatro profissional representa uma transformação cultural mais ampla do que uma simples mudança na forma artística. Segundo Raymond Williams, a referência teórica principal desta pesquisa, a cultura, é formada pelo jogo contínuo entre um ‘espírito’ recebido e a experiência prática no presente. Toda prática cultural recebe algo de um período anterior, mas há a experimentação dos valores recebidos no presente. Nesta pesquisa, buscamos perceber estes dois lados do teatro londrino: como ele absorve mudanças sociais gerais no contexto londrino e, ao mesmo tempo, como ele cria outras práticas e formas de vivência. Então, tentamos entender o teatro profissional londrino tanto como produto quanto transformador cultural. Nome: Rosa Ana Gubert E-mail: anagubert@gmail.com Instituição: Centro de Artes – UDESC/SC Título: Mulheres camponesas contam sua história através do teatro Este trabalho aborda os processos de criação e o resultado cênico da peça teatral “Na Luta se Faz História” encenada pelo Movimento de Mulheres Camponesas em Santa Catarina - MMC/ SC no ano de 2008. A peça é composta por narrativas das várias gerações de mulheres deste movimento. Através do teatro as mulheres representam e são representadas nos diversos momentos significativos durante 25 anos de luta e história. Nome: Sérgio Onofre Seixas de Araújo E-mail: sergio.onofre@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Alagoas Título: Nos caminhos do teatro alagoano A presente comunicação trata de uma pesquisa em andamento financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas - FAPEAL. A proposição inicial do trabalho nasceu da constatação da ausência completa de uma sistematização da história do teatro alagoano, sua importância e sua influência na formação daquela sociedade. E, mais, da necessidade de registrar o testemunho de diversos atores desse processo a partir de seus depoimentos, colhidos à luz dos procedimentos da História Oral. Confrontando-os com a diversidade de fontes disponíveis, nas diferentes instituições culturais e arquivísticas de Alagoas e Pernambuco. Trata-se, portanto, de proceder à escrita da trajetória histórica do fazer cênico em Alagoas entre os séculos XX e XXI, identificando as relações que perpassaram e perpassam o fazer artístico neste campo com a vida social e política daquele Estado. Assim como perceber a importância dos teatros Sete de Setembro (Penedo) e Deodoro (Maceió), como instrumentos e estímulo ao desenvolvimento e consolidação de grupos e movimentos culturais locais. Nome: Solange Pimentel Caldeira E-mail: calder@ufv.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: O contemporâneo na dança Após a Segunda Guerra Mundial, frente a um novo desmoronamento dos valores, surge um questionamento fundamental da dança que se radicaliza durante os anos 50 e 60. A dança atribuiu-se a tarefa de viver intensamente o que há de mais significativo nas angústias e nas promessas do mundo contemporâneo e de inventar os novos signos capazes de exprimi-lo. Após treinar formas e possibilidades corporais isentas de qualquer interpretação dramática, e negar a narratividade e o envolvimento emocional dos precursores da dança moderna, a dança caminha na direção da recuperação do pessoal e interno do homem e suas relações com o mundo. A emoção e as histórias passam a ser contadas pelos corpos individuais, uma dramaturgia escrita e inscrita nos movimentos dos atores-bailarinos, também co-autores, uma dramaturgia corporal que rompe os limites tradicionais entre o teatro e a dança.

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12 Nome: Stephan Arnuf Baumgartel E-mail: stephao08@yahoo.com.br Instituição: UDESC Título: Teatralidade textual e globalização: algumas reflexões e uma breve análise de 525 linhas de Marcelo Paiva O presente artigo apresenta algumas características da dramaturgia nãomais dramática no contexto da sociedade contemporânea. Ambas se mostram marcadas pela transformação midiática das relações econômicas, culturais e sociais que é discutida sob o conceito de globalização. A escrita teatral reage a esta transformação através da elaboração de formas pós-dramáticas cuja superação da fábula e da representação implica um reconhecimento do mundo enquanto estrutura opaca na qual o observador enquanto autor e diretor é inserido, de maneira que não pode mais representar o mundo atual como objeto transparente. O texto 525 linhas de Marcelo Paiva é discutido como um dos primeiros exemplos da dramaturgia brasileira a discutir este fenômeno.

que possuem um olhar próprio para o tempo vivido. A reflexão passa pela legitimação da especificidade do processo de construção do conhecimento nessa linguagem artística e pela discussão de memória, embora não se esgote nesta última. A narrativa sobre essa instituição vai contar posteriormente com outras fontes documentais como textos escritos, notícias de jornal, programas, entre outros registros que ajudarão a compor a trama histórica nessa pesquisa de doutoramento.

Nome: Vera Regina Martins Collaço E-mail: vera.collaco@terra.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Três projetos de modernização do teatro brasileiro e suas relações com as políticas culturais do Estado Novo Após a derrocada do projeto neo-liberal imposto pelas elites políticas, econômicas/sociais e culturais, questionamentos submersos emergem e desencadeiam uma nova proposição de relacionamento entre agentes culturais, para ficarmos no campo de novo foco de interesse, e o Estado. O que estamos assistindo neste início do século XXI, no Brasil, para ficarmos num foco de abrangência dominável, é uma retomada das políticas públicas de apoio as atividades culturais e artísticas que foram eliminadas com a implementação das políticas neo-liberais do governo Collor, e mantidas e exauridas nos governos brasileiros subseqüentes. Compreender e debater os projetos artístico-culturais que o Estado privilegia significa tentar evitar o descarte de projetos importantes para a sociedade em questão. Neste sentido, trago para o debate o período histórico de implantação do Estado Novo e de suas políticas culturais para o teatro quando se debatia, com o apoio do Ministério de Capanema, pelo menos três significativos projetos para a modernização do teatro brasileiro. Nesta comunicação desejo debater estes três projetos, um vinculado a um pensamento fascista, outro ao protótipo soviético e o projeto, que consegue o apoio do ministério, que se pensava neutro e voltado para a elite do país. Nome: Victor Hugo Adler Pereira E-mail: vhap@uol.com.br Instituição: UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Cantares e falas subalternas e o gosto da ópera O trabalho propõe o exame e a discussão da sobrevivência da ópera romântica como sintoma da manutenção de conflitos e figurações de relações de opressão, em meio aos processos de modernização da cultura nos grandes centros ocidentais, especialmente aquelas baseadas na diferença de gênero. Pretende, portanto, analisar questões relativas à recepção do teatro e da ópera em sua persistência no transcurso do século XIX até a atualidade. Transportando a questão ao espaço cultural brasileiro, será realizado um estudo comparativo de questões atinentes aos conflitos ocasionados pela encenação de As Asas de Um Anjo de José de Alencar e a suas relações com A Dama das Camélias de Alexandre Dumas, e com a ópera La Traviata de Giuseppe Verdi. Serão discutidos os enfoques de Cahterine Clément e Roland Barthes quanto à repercussão dessa ópera na atualidade. Nome: Vilma Campos dos Santos Leite E-mail: leitevilma2008@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Memórias e narrativas da Escola Livre de Teatro (ELT) de Santo André (SP) [1990-1992] A Escola Livre de Teatro (ELT) de Santo André (SP) é decorrente de uma ação governamental do Partido dos Trabalhadores (PT) na gestão municipal de 1989-1992, fazendo parte de uma proposta cultural ampla que deu surgimento a vários equipamentos culturais como a Casa do Olhar, Casa da Palavra, o Museu da Cidade, Escola Municipal de Iniciação Artística, além de um incentivo à produção e circulação de bens artístico das mais variadas linguagens de maneira descentralizada. É possível perceber momentos bem distintos na trajetória de dezoito anos desde a institucionalização da ELT. Nesse trabalho, detenho-me no primeiro biênio de funcionamento, inserido-o em um contexto teatral, cultural, social e político, sem desconsiderar as impressões, o significado dos sujeitos que a vivenciaram que a fizeram e

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13. HistĂłria ambiental: teorias, fontes e pesquisas Paulo Henrique Martinez - UESP (martinezph@uol.com.br) JosĂŠ Augusto PĂĄdua - UFRJ (javpadua@yahoo.com.br) 1R %UDVLO GHVGH D GpFDGD GH YiULRV HVWXGRV YrP SURFXUDQGR LQYHVWLJDU H RSHUDU HQIRTXHV WHyricos, metodologias, fontes, instrumentos de pesquisa e de anĂĄlise que contemplem os elementos da QDWXUH]D H GD LQWHUYHQomR KXPDQD QR DPELHQWH FRPR DVSHFWRV LPSRUWDQWHV GD H[SOLFDomR KLVWyULFD 8PD ERD SDUWH GHVVHV WUDEDOKRV GH IDWR VH EHQHĂ€FLRX GR GLiORJR FRP DXWRUHV FOiVVLFRV GD KLVWRULRJUDĂ€D EUDVLOHLUD TXH HQIDWL]DUDP D UHOHYkQFLD GD LQWHUDomR HQWUH VRFLHGDGH H QDWXUH]D FRPR IRL R FDVR GH 6pUJLR %XDUTXH GH +RODQGD *LOEHUWR )UH\UH H &DLR 3UDGR -~QLRU 1D (XURSD H QRV (VWDGRV 8QLGRV VRFLHGDGHV RQGH D WUDQVIRUPDomR LQGXVWULDO GD SDLVDJHP FRQWLQXRX D FUHVFHU QR VpFXOR ;; XPD ´KLVWyULD DPELHQWDOÂľ FRQVFLHQWH GH VL PHVPD GHVHQYROYHX VH DLQGD QD GpFDGD GH $ GLIXVmR GHVVD DERUGDJHP SDUD RXWUDV UHDOLGDGHV VRFLDLV H WHPDV GH SHVTXLVD H[WUDWLYLVPRV FRORQLDOLVPR LPDJLQiULR SROtWLFDV S~EOLFDV assim como sua expansĂŁo institucional em diferentes regiĂľes (Ă?ndia, JapĂŁo, AmĂŠrica Latina, AustrĂĄlia etc.) foi contĂ­nua nas dĂŠcadas seguintes. A realização deste SimpĂłsio TemĂĄtico pretende aprofundar R GLiORJR HQWUH KLVWRULDGRUHV TXH HVWHMDP VH GHGLFDQGR DR GHVHQYROYLPHQWR GD KLVWyULD DPELHQWDO QR %UDVLO UHXQLQGR SURĂ€VVLRQDLV FRP GLIHUHQWHV WUDMHWyULDV LQVWLWXFLRQDLV H YDULDGD H[SHULrQFLD HP GRFrQFLD pesquisa e atividades de extensĂŁo (incluindo educação ambiental e projetos de desenvolvimento sustenWiYHO $R SURSRU D GLVFXVVmR GH WUDEDOKRV TXH HQIRTXHP DV P~OWLSODV LQWHUDo}HV GR VHU KXPDQR FRP D QDWXUH]D PHGLDGD SHODV UHODo}HV VRFLDLV KLVWRULFDPHQWH FRQVWLWXtGDV HVWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR TXHU SURPRYHU R DYDQoR GHVVD SUiWLFD KLVWRULRJUiĂ€FD RX VHMD IRPHQWDU D TXDOLGDGH WHyULFD R DSULPRUDPHQWR GH tĂŠcnicas e mĂŠtodos de investigação, o tratamento crĂ­tico das fontes (acervos documentais ou de campo) H D FDSDFLGDGH GH GLiORJR LQWHUGLVFLSOLQDU 4XHU WDPEpP HVWLPXODU XPD PHOKRU IRUPDomR GH KLVWRULDGRUHV ambientais em programas de graduação e pĂłs-graduação.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adalmir Leonidio E-mail: leonidio@esalq.usp.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: O conceito de paisagem em histĂłria O conceito de paisagem vem sendo trabalhado sistematicamente em algumas ĂĄreas do conhecimento, como a ecologia e a geografia. Contudo, em histĂłria, apesar de alguns trabalhos temĂĄticos virem se utilizando do conceito, ele nĂŁo tem recebido a mesma atenção. O objetivo principal aqui ĂŠ fazer um balanço historiogrĂĄfico do seu uso, particularmente entre aqueles que trabalham com a histĂłria ambiental, bem como suas conexĂľes com outras ĂĄreas do saber acadĂŞmico. Trata-se de resultados parciais de uma pesquisa mais ampla, intitulada “Ocupação, uso do solo e evolução da paisagem nas regiĂľes de Rio Claro e Piracicaba/SPâ€?, que por sua vez estĂĄ inserida em projeto temĂĄtico multidisciplinar, cujo tema central ĂŠ “Mudanças socioambientais no Estado de SĂŁo Paulo e perspectivas para a conservaçãoâ€?. O temĂĄtico conta com 19 subprojetos e faz parte do projeto BIOTA, da FAPESP.

Instituição: Universidade Federal da Bahia / Universidade Estadual de Feira de Santana TĂ­tulo: PrĂĄtica cientĂ­fica no Brasil colonial: ilustrado luso-brasileiro a serviço da natureza Este trabalho trata da prĂĄtica cientĂ­fica de Baltasar da Silva Lisboa considerando sua formação ilustrada valorizando a perspectiva historiogrĂĄfica das ciĂŞncias naturais. Esse intelectual iluminista fez parte da geração de estudantes da Universidade de Coimbra que afincados na perspectiva naturalista ensinada por Domingos Vandelli elaboraram relatĂłrios acerca da utilização dos recursos naturais no territĂłrio brasileiro e desenvolveram estudos cientĂ­ficos ocupandose com os problemas referentes Ă realidade do Brasil. Para Baltasar Lisboa, o conhecimento das ciĂŞncias naturais era uma perspectiva de explicação do mundo. Considerava a Mata Atlântica um sublime celeiro da natureza, a localização de IlhĂŠus como “uma alegre vargem, embelezada por coqueiraisâ€?, o Brasil “um novo impĂŠrioâ€? que em detrimento das “violentas agitaçþes da prostrada Europaâ€? teria a exuberância natural, e ainda entendia que o corte indiscriminado de ĂĄrvores era uma “ameaça aos dons da naturezaâ€?.

Nome: Ana Lucia Nogueira de Paiva Britto E-mail: anabritto@rionet.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro - PROURB Título:Uso e apropriação das åguas urbanas: discutindo a origem dos sistemas de abastecimento de ågua e saneamento no Rio de Janeiro O objetivo deste texto Ê analisar o processo de desenvolvimento dos sistemas de abastecimento de ågua e de saneamento na cidade do Rio de Janeiro, das origens atÊ o final do sÊculo XIX. Abordaremos a lógica das intervençþes, partindo da hipótese de que neste período existe um processo de internacionalização de um modelo tÊcnico europeu de infra-estruturas, atravÊs da exportação de tecnologia e capital para a AmÊrica Latina. Este modelo se estrutura para solucionar os graves problemas sanitårios das cidades europÊias decorrentes do intenso crescimento urbano. Ele se caracteriza pela provisão de serviços de saneamento por empresas privadas e traz em si uma concepção específica do uso, apropriação e controle das åguas urbanas. O Rio de Janeiro enfrenta a partir do início do sÊculo XIX uma grave crise sanitåria; como em outras cidades latino-americanas suas infra-estruturas de saneamento serão implantadas a partir deste modelo importado da Europa, atravÊs da chegada de novas firmas, tÊcnicas e materiais. Ao longo do sÊculo XIX, um saber nacional no campo da engenharia, influenciado pelos modelos importados, vai se consolidando e, junto com ele, uma forma característica de controle da natureza e de interação entre a cidade e suas åguas que procuraremos examinar.

Nome: AndrĂŠ Luiz Onghero E-mail: andreonghero@yahoo.com.br Instituição: Universidade ComunitĂĄria regional de ChapecĂł Nome: Lucas Antonio Franceschi E-mail: scientia.lucas@terra.com.br Instituição: Universidade ComunitĂĄria regional de ChapecĂł TĂ­tulo: Rio Uruguai, usos e recursos: memĂłrias de moradores do Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul A comunicação trata das relaçþes estabelecidas historicamente com o Rio Uruguai pelas populaçþes do Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul. Com base em entrevistas, imagens e bibliografias procuraram-se abordar diversas formas de utilização do rio, pelos diferentes grupos que habitaram a regiĂŁo. Pode-se perceber que o Rio Uruguai ĂŠ um patrimĂ´nio ambiental e cultural, na medida em que sua utilização foi fundamental para o desenvolvimento dos diferentes modos de vida estabelecidos em suas proximidades. Atualmente, o Rio Uruguai tem sido utilizado para a geração de energia atravĂŠs da construção de usinas hidrelĂŠtricas. Em relação a tal fato, diversas pesquisas tĂŞm sido realizadas na regiĂŁo e esta comunicação apresenta alguns resultados obtidos atravĂŠs de pesquisa de campo, com moradores das margens do Rio Uruguai que vem sendo desenvolvida pela Scientia Consultoria CientĂ­fica, em parceria com o Centro de MemĂłria do Oeste de Santa Catarina (CEOM) atendendo ao subprograma 21.2 “Preservação do patrimĂ´nio histĂłrico, cultural e paisagĂ­sticoâ€? da UHE Foz do ChapecĂł.

Nome: Ana Paula dos Santos Lima E-mail: anaplyma@gmail.com

Nome: Beatriz Ramalho Ziober E-mail: bia_ziober@hotmail.com

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13 Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: As políticas de conservação do meio ambiente da usina hidrelétrica Itaipu Binacional no período de sua construção Este trabalho procura abordar o processo de construção da Usina Itaipu Binacional frente ao contexto das questões ambientais. Mais precisamente, os procedimentos adotados durante a construção da usina para a salvaguarda do patrimônio natural ali contido, expresso na biodiversidade da região. Para tanto, considero necessário situar o surgimento da questão ambiental e articular essa questão com a construção da hidrelétrica, num cenário marcado pelo governo militar. Desenvolvimento e impacto ambiental são as questões privilegiadas nessa discussão. É importante notar que os diretores da Itaipu Binacional, ao mesmo tempo em que estavam inseridos no âmbito de desenvolvimento econômico, defendendo a importância da construção de uma obra dessa proporção para o desenvolvimento da nação, já propunham e executavam, no ano de 1975, planos para amenizar os danos da formação do lago para a construção da hidrelétrica. Sabendo disso, é importante perceber quais foram as atitudes tomadas pela Itaipu, nesse início de sua construção, e verificar como essas atitudes correspondiam ao nascimento da questão ambiental no país. Nome: Carlos Alberto Menarin E-mail: menarin@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista - Campus de Assis Título: Conflito e apropriação de recursos naturais: os documentos judiciais como fonte para a História ambiental Os documentos judiciais são velhos conhecidos dos historiadores, sobretudo, àqueles dedicados a investigações no campo da história social. Propomos nesta comunicação discutir a utilização deste tipo de documento como fonte para a investigação histórica sob a emergente perspectiva ambiental. Esse novo olhar do historiador sobre essa documentação deve proporcionar renovado entendimento sobre a dinâmica das relações entre sociedades e os recursos naturais numa escala local e regional, expondo as tensões e conflitos sobre a apropriação e utilização desses recursos. Da grande massa encontrada sob este fundo documental, nos deteremos sobre dois processos de caráter específicos: um processo falimentar de uma usina produtora de açúcar e álcool, localizada na região de Ribeirão Preto/SP, e um processo de desapropriação indireta decorrente da criação de um Parque Estadual sobre áreas naturais pertencentes à mesma usina. A presente comunicação é resultante da pesquisa em nível de mestrado intitulada “À Sombra dos Jequitibás: Patrimônio Ambiental e Políticas Públicas na criação e implantação do Parque Estadual de Vassununga - SP (1960-2000)” desenvolvida na UNESP/Assis sob a orientação do Dr. Paulo Henrique Martinez financiada pela FAPESP. Nome: Carlos Eduardo Costa Barbosa E-mail: dunkletag@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Navegando entre as Províncias do Pará e Goiás: Séculos XVIII e XIX Com o esgotamento da mineração, os núcleos de povoamento goianos entraram num processo de decadência e tornou-se imperativo encontrar uma saída viável de contato com o litoral, ou seja, ir sertão a fora. A partir do ultimo quartel do século XVIII e o início do século XIX, há uma inversão da situação anterior: o rio, que era utilizado como caminho para o interior, sertão adentro, passa a ser visto como solução aos problemas que entravavam o desenvolvimento da Província, como caminho e como meio de salvar os núcleos de ocupação do marasmo em que se encontravam. A exploração dos leitos do Araguaia e Tocantins foi a solução dada pelos administradores ao longo do século XIX. Mas se por um lado havia a necessidade de investimentos, principalmente no setor de comunicações, para povoar e desenvolver a região, por outro não havia a certeza de que essas medidas proporcionariam os resultados esperados. Tanto os administradores designados para trabalhar na região quanto os viajantes que por lá passavam, deixaram suas sugestões ao longo do século XIX e na primeira metade do século XX. Foram, portanto, constantes os discursos sobre a necessidade de alternativas que tornassem trafegável essa via de comunicação do interior, do planalto central com o litoral. Nome: Carlos Roberto Ballarotti E-mail: ballarotti@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina - UEL Título: A criação do Parque Arthur Thomas em Londrina-Pr: aspectos jurídicos e de educação ambiental Esta pesquisa está sendo efetuada no Programa de Mestrado em História Social da UEL, sob orientação do Professor Dr. Jozimar Paes de Almeida. O objeto de estudo deste trabalho é o Parque Arthur Thomas, localizado na região sul da cidade de Londrina no Paraná. Considerado pela legislação brasileira como uma unidade de conservação ambiental, o parque apresenta vários aspectos

que estão sendo pesquisados, tais como, a sua história, a legislação referente à sua criação e manutenção, que, expressam um conjunto de forças políticosociais em tensão que gesta este espaço. O parque também é apontado como um local ideal para a educação ambiental, ao qual, exporemos aqui algumas idéias da relação homem e natureza. Nome: Carolina Marotta Capanema E-mail: carolcapanema16@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Ambiente, conflitos, mineração do ouro e formação do espaço público urbano em Mariana, Minas Gerais, nas primeiras décadas do século XVIII O trabalho propõe uma análise das relações estabelecidas entre natureza e sociedade nas primeiras décadas de ocupação das Minas Gerais no período colonial, a partir do estudo dos embates assentados em torno das atividades de exploração do ouro no Ribeirão do Carmo, atual cidade de Mariana. Entre os vários conflitos que tiveram lugar naquele contexto, alguns se deram em conseqüência dos impactos gerados pela atividade mineradora no ambiente e são apreendidos como locus privilegiados para o estudo das negociações e imposições de determinados projetos políticos e da formação do espaço público. Este é o caso de uma querela estabelecida entre duas irmandades após uma inundação do Ribeirão do Carmo em 1743 atribuída à atividade minerária na região. E de outros conflitos que tiveram origem direta no processo mineratório, como as disputas por posse de água nas datas minerais. Mediante análise de fontes históricas diversas da administração colonial, bem como de origem cartorária, privilegia-se, portanto, um viés político-ambiental, em que se busca entender esses embates, que se deram em torno das relações entre homem e natureza, como espaços de ação política e de negociação na sociedade e entre esta e os poderes públicos instituídos na formação do espaço público urbano. Nome: Catarina de Oliveira Buriti E-mail: catyburiti@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: O tempo e a cultura da natureza: uma análise das sensibilidades dos escritores regionais em relação ao semi-árido do nordeste brasileiro A literatura se apresenta como uma expressiva fonte de investigação para os (as) historiadores (as) do ambiente quando o que se almeja é atingir o reduto das significações instituídas historicamente pelas sociedades em relação ao meio ambiente que as circunda. Objetiva-se neste trabalho analisar de que forma os referenciais natural-climáticos e social-históricos influenciaram as narrativas de Raquel de Queiroz em O quinze (1930) e de Graciliano Ramos em Vidas secas (1938), escritores ligados à literatura regional do Semi-árido. O enfoque será dado, particularmente, às sensibilidades desses literatos em relação aos fatores água/vida e seca/morte configurados esteticamente nas obras sob a forma de um tempo cíclico da natureza forçosamente vivenciado pelas populações da região. Observa-se que não obstante alguns trabalhos tenham situado essa literatura como uma das maquinarias imagético-discursivas que construíram a imagem de uma natureza homogênea, “hostil”, “adversa” e “inóspita”, constata-se que cada obra configurou o Semi-árido de forma especifica. Os diálogos encetados com especialistas da Botânica, da Climatologia histórica e da Antropogeografia permitem desvendar as múltiplas faces do ambiente semi-árido e questionar os estereótipos que legitimam a vitimização do Nordeste. Nome: Cláudia Beatriz Heynemann E-mail: heynemann@uol.com.br Instituição: Arquivo Nacional Título: Floresta da Tijuca: qual história? Entre as diversas leituras sobre a Floresta da Tijuca, a análise do processo de reflorestamento empreendido na segunda metade do século XIX figura entre os mais conhecidos. Promovido em um espaço situado na capital do Império, ao qual se emprestava uma série de características relacionadas à distinção social, à salubridade pública, à filiação científica equiparada às chamadas nações civilizadas, e também à desordem, à fuga de escravos, ao desmatamento, a Floresta foi cenário de romances de José de Alencar e de Machado de Assis, exemplo de atitude ecológica, tornando-se assim um lugar catalisador das mais diferentes perspectivas historiográficas, indissociável, entre outras vertentes, da história ambiental. A proposta dessa comunicação é re-visitar o processo da Tijuca para sugerir uma interpretação calcada na história da cultura ou na história das idéias – incorporando a tradição literária, a extensa produção de paisagens da região, as concepções científicas, a idéia mesma de História, e os ideais civilizatórios que movimentaram ainda os projetos políticos predominantes. Nome: Cyro de Barros Rezende Filho E-mail: profcyro@yahoo.com.br

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Instituição: Universidade de Taubaté Nome: Joice Fernandes E-mail: joiceubt@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Taubaté Título: Caiçaras: ambientes vividos e ambientes descritos O presente trabalho é parte de uma dissertação de Mestrado que aborda a relação homem/meio ambiente, tendo como estudo de caso parte da população caiçara da cidade de Ubatuba, Litoral Norte do Estado de São Paulo; o ambiente em que essa população vivia na década de 1960; e o ambiente em que vivem atualmente. O recorte temporal se justifica pelas transformações ocorridas na cidade durante a gestão de Ciccillo Matarazzo como prefeito (19641969). O problema que se estabelece é que existem trabalhos que descrevem o cotidiano dessa população de forma superficial, sem valorizar suas práticas, e a forma como esses caiçaras perceberam e percebem seu próprio cotidiano e as transformações no mesmo. O presente trabalho pretende defender a Ecologia Cultural (DIEGUES, 1996) como ferramenta eficaz no estudo histórico de populações tradicionais, pois permite a análise sob o prisma da História das Mentalidades, da Revolução Documental e da História Oral. Tal análise é relevante por valorizar o conhecimento dessas populações, sob um procedimento ético metodologicamente, além de tornar essa análise aprofundada profícua para as práticas contemporâneas de sustentabilidade. Nome: Diogo de Carvalho Cabral E-mail: diogocabral@superig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Hinterlândia urbana de abastecimento madeireiro nos Trópicos pré-industriais: uma discussão a partir de von Thünen e Boserup Pode-se sustentar que, sob condições ideais de uma socioeconomia de mercado operante sobre um ambiente uniforme, as teorias de Johann Heinrich von Thünen e Ester Boserup convergem. Como as altas densidades urbanas representam grandes concentrações de demanda, podemos supor como hipótese teórica, que as cidades têm o efeito de estruturar a economia agrária que lhes adjaz segundo o continuum de intensidade de cultivo sugerido por Boserup. De fato, O efeito da proximidade em relação aos mercados urbanos postulado por Thünen corresponde, no plano geográfico, ao efeito que o crescimento demográfico exerce no esquema de Boserup. Em outras palavras, a gradação temporal pode ser esquematizada como uma gradação espacial na qual distância do mercado urbano e tempo de pousio estão positivamente correlacionados; Boserup encontra von Thünen, cuja teoria da intensidade incorpora, ainda que de forma implícita, a variação do tempo de pousio. Na medida em que a intensidade das práticas de exploração florestal está diretamente ligada aos regimes de pousio – e estes à distância em relação ao mercado – isto abre a possibilidade de se construir um modelo von Thünen-Boserup da estrutura espacial da hinterlândia madeireira de um centro urbano pré-industrial. Nome: Dora Shellard Correa E-mail: pdscor@uol.com.br Instituição: Centro Universitário UNIFIEO Título: A política de águas no Brasil e em Cabo Verde A água, ao lado do clima, é uma das grandes preocupações do novo século. Recursos financeiros e intelectuais têm sido mobilizados globalmente para buscar caminhos que assegurem a preservação desse bem natural. Nesta comunicação irei comparar a política de águas recente da República do Cabo Verde e do Brasil. Duas ex-colônias portuguesas que se aproximam quanto as políticas ambientais, porém não em razão de sua origem colonial e identidade cultural, mas pela ação de organismos multilaterais e das comunidades de técnico científicas regionais. Nesta comunicação defendo que os historiadores ambientais contribuem positivamente nesse tipo de debate quando teórica e metodologicamente buscam suas ferramentas nas ciências humanas. Nome: Eduardo Giavara E-mail: giavara@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Título: A natureza como negócio: viajantes e cientistas pelo interior paulista (1886-1906) A presente proposta visa fazer uma breve análise das viagens empreendidas pela Comissão Geográfica e Geológica ao interior paulista, entre os anos de 1886 a 1906, e as práticas discursivas empregadas na elaboração de textos e mapas. O período foi marcado pelo crescimento do café como produto de exportação e, essa expansão esteve condicionada, em parte, pelo desenvolvimento de instituições científicas que pudessem certificar as fronteiras do Estado, as potencialidades para agricultura cafeeira, o desenvolvimento de novas técnicas agrícolas e a implantação de mão-de-obra imigrante para suprir a falta do escravo. Em 1886, a criação da Comissão Geográfica e Geológica (CGG), procurou aten-

der esses anseios através de viagens exploratórias pelo interior paulista, produzindo uma série de textos e mapas com a finalidade de quantificar e qualificar o território paulista. Partindo da perspectiva de desconstrução da prática discursiva é possível perceber que os textos produzidos pela CGG são permeados dos pressupostos teóricos do positivismo e do evolucionismo, os quais visualizam e enquadram a natureza como produto a ser apropriado pela economia cafeeira. Dentro desse jogo discursivo o que prevalece é a reelaboração do conceito de natureza e de apropriação desses recursos. Nome: Eliane Kuvasney E-mail: ekuvas@yahoo.com.br Instituição: Centro Universitário UNIFIEO Co-autoria: Dora Shellard Correa E-mail: pdscor@uol.com.br Instituição: Centro Universitário UNIFIEO Título: Paisagem e olhares: a paisagem nos discursos geográfico e histórico O trabalho visa observar como historiadores e geógrafos apresentam a configuração territorial no planalto paulistano entre os séculos XVI e XVII, lembrando que entendemos a configuração territorial como “o território mais o conjunto de objetos existentes sobre ele; objetos naturais ou objetos artificiais que a definem” (SANTOS, 1988). A partir do conceito de paisagem e sua evolução, buscamos compreender como o pesquisador constrói a paisagem colonial a partir de seus fragmentos (levantados na documentação) e se essa construção é fruto de avanços, retrações, incorporações ou mudanças de paradigma, no âmbito dessas ciências, quanto ao uso desse conceito. Nome: Eliane Oliveira de Lima Freire E-mail: eliane723@hotmail.com Instituição: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Título: Do sonho a realidade: a criação da Reserva Ducke A Reserva Florestal Ducke, base de pesquisa do INPA foi doada a este Instituto pelo Governo do Estado do Amazonas em 28 de novembro de 1962, pela Lei nº 41, publicada no Diário Oficial de 16 de fevereiro de 1963. Está situada no perímetro urbano da periferia de Manaus, com acesso pelo Km 26 da Estrada Manaus/Itacoatiara (AM 010), possui uma área de 100 Km2. A partir da análise crítica dos documentos este estudo traz à tona o processo de sua criação. Observa-se que o INPA se esforçou para criar a Reserva Ducke, isto é visível nos investimentos realizados no processo de doação e na construção das vias de acesso e instalações. Entretanto, o idealizador foi o naturalista Adolfo Ducke, que com base nas suas vivencias na floresta, teve a sensibilidade de escolher o local que melhor representava o bioma da Floresta Amazônica Central de terra firme. No processo de criação da Reserva Ducke os interesses econômicos já eram claros, valorizavam-se as espécies de maior valor econômico em detrimento das espécies de menor valor, isto explica o fato dos primeiros anos de sua criação os trabalhos terem se concentrados na área da silvicultura. Além disso, já era visado o uso da Reserva como investimento turístico, inclusive, já se cogitava a criação do jardim botânico de Manaus. Nome: Ely Bergo de Carvalho E-mail: carvalho2010@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Título: Inspirar amor a terra ou de como desmontar os mecanismos de reprodução e auto-equilíbrio de lavradores na colonização dirigida de Campo Mourão - Paraná (1939-1964) Os conflitos sócio-ambientais pela apropriação de recursos naturais no processo de expansão da fronteira agrícola foram e são problemáticas sócio-ambientais centrais no Brasil. Muitos reclamam a falta da presença do Estado nesses processos, mas, talvez, mais importante que sua ausência seja entender o sentido da sua presença no(s) projeto(s) de modernização que, em geral, estão associados à expansão da fronteira agrícola. No caso abordado nesta pesquisa, da colonização dirigida da Microrregião de Campo Mourão, ocorrida entre 1939 e 1964, utilizando como fonte entrevistas, processos judiciais de disputa por terras e relatórios governamentais, procura-se demonstrar como os discursos propalados pelos agentes estatais colonizadores de “inspirar amor a terra” nos lavradores, significava na prática tornar inviável uma série de práticas de reprodução e auto-equilíbrio social e ecológico por parte destes lavradores. Nome: Ermelinda Moutinho Pataca E-mail: ermelinda.pataca@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo - Faculdade de Educação Título: Pelo Riacho do Ipiranga: uma experiência cultural e educacional O processo de urbanização em São Paulo ao longo do século XX alterou o espaço e os elementos naturais, inclusive os hidrográficos. Muitos dos rios fo-

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13 ram alterados pelas obras de canalização, retificação, cobertura e construção de grandes vias de transporte às suas margens. Um dos exemplos desta realidade é o Riacho do Ipiranga, símbolo da construção da nacionalidade brasileira, mas que enfrenta sérios problemas ambientais. Nesse trabalho, analisamos uma experiência cultural-educacional, a Expedição Paulista para o Riacho do Ipiranga realizada como estudo do meio no evento Este Mundo é Meu! E as sete sementes, realizado pelo Centro Cultural São Paulo em Outubro de 2008. Nosso objetivo foi de criar possibilidades para o tratamento da educação ambiental a partir de uma microbacia urbana. O roteiro, traçado da nascente no Parque do Estado, à foz do Riacho do Ipiranga, ressaltou duas instituições de extrema relevância no cenário científico, ambiental e patrimonial brasileiro: o Jardim Botânico e os jardins e o bosque do Museu Paulista. Nestes espaços ressaltamos a história institucional, seu papel como museus de história natural, como patrimônio histórico e ambiental da cidade, como unidades de conservação e as possibilidades de exploração de lazer e cultura que eles apresentam. Nome: Fabíula Sevilha de Souza E-mail: fsevilhas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista – Campus de Assis Título: Sob as Leis do Império: fontes e métodos para uma história ambiental de Goiás no Primeiro Reinado A presente comunicação tem como objetivo examinar as possibilidades de abordagens e problematizações das Leis e Decisões do Império do Brasil relativas a exploração da natureza para a construção de uma história ambiental de Goiás, de 1822 a 1831. No âmbito regional, o período caracteriza-se por uma transição entre o declínio da mineração e a consolidação da pecuária; no nacional, por ser um momento de definição das rupturas e continuidades com o passado colonial e de construção do Estado nacional brasileiro; e no mundial, por um movimento de expansão do capitalismo. Neste sentido, atentar para o domínio sócio-econômico e as relações de poder no processo de uso e apropriação do ambiente natural goiano, conforme proposto por Donald Worster no artigo Para Fazer História Ambiental, será o ponto de partida, por meio do que desdobraremos nosso exame sobre aspectos da interação entre sociedade e natureza. Constitui este um importante viés analítico das relações entre política, economia e sociedade no Brasil. Nome: Ival de Assis Cripa E-mail: ivaldeassis@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Representações da literatura Cabo-Verdiana sobre o homem e o meio ambiente A exposição irá recuperar os escritos de autoria de Manuel Lopes, escritor cabo-verdiano e um dos responsáveis pela construção do mito da identidade cabo-verdiana fundada na noção de “lusotropicalidade.” Manuel Lopes, em “Os Flagelados do Vento Leste”, quando aborda a relação entre o homem e o meio ambiente, afirma que “A diversidade de aspectos na psicologia e, mesmo nos caracteres somáticos do homem cabo-verdiano não sofreu só com o fenômeno de adaptação ao meio ambiente, mas sofre ainda com as contingências pluviais, as estiagens periódicas...” Sua obra, como iremos demonstrar, foi influenciada por Gilberto Freyre e o mito da “mistura de raças”, pois para o escritor cabo-verdiano: “As dificuldades resultantes do insulamento e da escassez agrícola, a necessidade de entreajuda e, sobretudo, a maneira de ser do português tolerante e indiscriminativo favoreceram a convivência entre brancos e negros, donde surgiu, em resultado da intensa miscigenação, uma população diferenciada, lusotropicalizada, pluriracial, adaptada às duras experiências de uma agricultura precária e aleatória...” (LOPES, Manuel. Breve Introdução à Literatura Cabo-Verdiana). Nome: Janaina da Silva Augusto E-mail: janainaaugusto@ig.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Nome: Petra Sanchez Sanchez E-mail: petrasanchez@mackenzie.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: José Antônio Lutzenberger: um olhar histórico sobre o ambientalismo no Brasil O presente artigo pretende destacar a atuação do agrônomo José Antônio Lutzenberger na formação do movimento ambiental brasileiro e seu papel na contextualização do conceito de sustentabilidade planetária. Nesse sentido, será observada a mudança histórica da transição das práticas preservacionistas e radicais, para a postura engajada e crítica a partir da criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN. A análise da trajetória de vida e do trabalho de Lutzenberger traça um pa-

ralelo com o militarismo na década de 1970. Mesmo diante do quadro político repressivo da época, suas contribuições para o processo histórico do ambientalismo nacional foram fundamentais, pois ele corroborou uma nova ética e trouxe uma visão holística ambiental. Nome: Janaina Zito Losada E-mail: jjlosada@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Discursos de natureza: a produção da história oitocentista no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro A produção do discurso histórico brasileiro é atravessada durante todo o século XIX por diversas descrições do mundo natural. Na mais oficial revista de História desfilam jacarés, tartarugas, bromélias, aguapés, pântanos, pedras preciosas, metais, montanhas e campinas. Elementos da natureza ou paisagens que permitem ao Império brasileiro se dar a conhecer de forma romântica e majestosa, utilizando as idéias, os métodos e as metáforas das ciências modernas. A escrita da história, ancorada no culto à nação e no movimento contínuo de nomear, descrever, provar, deixa ver em seu desejo de recordação, a circulação das idéias de seu tempo. A publicação dos relatos de viagem, das atas das reuniões e das homenagens realizadas se constitui em importante veículo, no qual podemos ver animais, vegetais e minerais cuidadosamente descritos. Ancorados na leitura de Michel Foucault sobre os poderes do discurso analisaremos três documentos: o discurso de Joaquim Manoel de Macedo, orador, publicado na Revista da instituição em 1859, o discurso de 1856 do secretário José Ribeiro Fontes e o do fundador José Silvestre Rebello, de 1839. Neles são reveladas idéias de história e de natureza, comprometidas com um ideal civilizador científico que permitem historiar o distante século XIX brasileiro. Nome: Jó Klanovicz E-mail: klanov@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Correção da natureza, toxicidade e perturbação da paisagem na produção de maçãs do Sul do Brasil Pretendo discutir a constituição da crença na “correção da natureza” por agentes envolvidos direta e indiretamente na produção moderna e comercial de maçãs em Fraiburgo/SC, São Joaquim/SC e Vacaria/RS entre as décadas de 1960 e 1990. Essa crença emergiu de práticas modernas de perturbação da paisagem, da alteração das relações humanos - não humanos advindas da racionalização da agricultura, e favoreceu a inscrição do discurso de “europeização” da paisagem tropical com vistas à produção de “frutas européias”. Os mais de 12 mil hectares de pomares de macieira plantados em 2000 nos três municípios-foco da comunicação revelam conseqüências ecológicas diversas, entre elas a contaminação ambiental. A publicidade nacional dada à descoberta de uma carga de maçãs contaminadas pelo agrotóxico dicofol em julho de 1989, produto banido do país desde 1985, favorece meu argumento de que a emergência desses conceitos seria mais bem compreendida por meio da leitura histórica das interações entre a biologia da macieira, a agroecologia da monocultura, e das estruturas, dos atores e dos discursos que envolvem o coletivo de humanos e não-humanos na região. Nome: José Otávio Aguiar E-mail: j.otavio.a@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: Imagens do Nordeste natural na transição Colônia-Império: olhares históricos de intelectuais itinerantes sobre os biomas do Nordeste brasileiro Este estudo propõe suscitar uma discussão em torno das imagens e visões dos viajantes naturalistas que estiveram no Nordeste do Brasil no fim do século XVIII e início do XIX. O objetivo consiste em investigar as inter-relações entre natureza e cultura na obra do naturalista viajante Manuel Arruda da Câmara, referentes aos sertões das Capitanias do Nordeste durante as últimas décadas do século XVIII e as primeiras do XIX. Nome: Leila Mourão E-mail: miranda.mourao@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Natureza e normatização: usos da terra no extremo Norte (16201800) No presente artigo se estabelece um diálogo com os autores que vem construindo as matrizes metodológicas que orientam as produções historiográficas que resultam na elaboração da história ambiental. O eixo condutor da discussão é analisar as possibilidades e perspectivas dessa abordagem na interpretação da história da Amazônia brasileira.

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Nome: Lorena de Pauli Cordeiro E-mail: lorenadepauli@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Os mananciais da Serra do Mar do Paraná: usos e desapropriações das terras para o primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba (1905 - 1929) A História Ambiental dos Mananciais da Serra inicia-se anteriormente à construção das represas do primeiro sistema de abastecimento de água de Curitiba, em 1905. Embora tenha sido sempre relacionado a um lugar inabitado, havia moradores e proprietários que venderam seus terrenos ou foram desapropriados pelo Estado do Paraná, quando o lugar - Mananciais da Serra - foi escolhido para ser o local de captação. Desta forma, essa História Ambiental começa em meados do século XIX, como apontaram os registros de terras e a documentação das desapropriações. Ela foi delineada através da identificação dos terrenos, dos proprietários ou moradores e de alguns usos e especificidades sociais e ecológicas da região, tendo em vista que o lugar foi escolhido para captação de água da capital do Estado do Paraná e sua natureza foi descrita como intocada, selvagem e edênica. Definiram-se também as atuais características ecológicas do local, através de breves comentários baseados, entre outras fontes, nos trabalhos acadêmicos produzidos sobre o local. Nome: Marcelo Lapuente Mahl E-mail: marcelolapuente@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Triângulo Mineiro Título: O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e suas representações sobre o mundo natural paulista (1894-1930) A longa história entre homem e natureza tomou novas proporções no Brasil, ao final do século XIX, quando ocorreu uma potencialização dos processos de expansão capitalista para as áreas ainda pouco exploradas do interior. O Estado de São Paulo, mais precisamente, que na época beneficiava-se com o desenvolvimento da cafeicultura, empreendeu a posse efetiva de seu território, não somente com o trabalho de migrantes e imigrantes que avançavam em busca de novas terras, mas também por meio da construção de conhecimentos técnicos e científicos sobre essas áreas que então se apresentavam em toda a sua complexidade e potencialidades econômicas. Esse processo de compreensão, expansão e domínio agrícola do interior paulista foi discutido nas páginas das revistas do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que no período se apresentavam como um valioso espaço de sociabilidade para as elites econômicas e intelectuais do Estado. Nestas publicações a natureza é retratada em sua relação com as forças que aos poucos transformavam o território, e o estudo da produção intelectual no Instituto permite uma compreensão das formas como parte significativa daqueles letrados entendia as relações entre o homem e a natureza na virada do século XIX. Nome: Maria de Fatima Oliveira E-mail: proffatima@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: Rio Tocantins: eco de diferentes vozes Esta comunicação é parte de uma pesquisa maior, que buscou compreender o processo de construção/fragmentação/reconstrução da identidade ribeirinha tocantinense. São destaques: a significativa importância que o Rio Tocantins teve para a penetração e povoamento do interior do Brasil ao longo da colonização; as transformações ambientais ocorridas na região principalmente devido à construção de barragens; e as rupturas de aspectos culturais do cotidiano da população de suas margens em resposta a estas transformações. Nome: Martin Stabel Garrote E-mail: martin_stabelgarrote@yahoo.com.br Instituição: Universidade Regional de Blumenau Nome: Vanessa Dambrowski E-mail: vdambrowski@yahoo.com.br Instituição: Universidade Regional de Blumenau Título: Antropismo no processo histórico de ocupação da Floresta Atlântica na região e entorno do Parque das Nascentes em Blumenau-SC A Floresta Atlântica no sul de Blumenau - SC possui uma História marcada pela colonização de prussianos e alemães com a formação de uma comunidade chamada Nova Rússia, que se desenvolveu com a super-exploração da biodiversidade entre 1890 até 1998, ano que foi criado o Parque Natural Municipal Nascentes do Garcia – PNMNG. A pesquisa determinou as influências antrópicas ocorridas na Floresta Atlântica pela presença da comunidade da Nova Rússia antes da criação do PNMNG (1890-1998), e também as conseqüências à comunidade. Os dados foram obtidos com uso da História Oral, bibliografias, periódicos e trabalhos científicos. A comunidade em sua História de relação com a natureza modificou o ambiente com a exploração mineral, do

solo, da água, da fauna e flora. O antropismo foi responsável pela destruição e fragmentação da floresta, com conseqüente diminuição de habitat, água e alimento disponíveis promovendo a extinção de espécies que em conjunto sustentavam a ecologia da floresta. A comunidade também foi prejudicada pelas suas ações, sofrendo com a falta de água, alimento e outros recursos, além de problemas ambientais como enxurradas e deslizamentos, perdendo qualidade de vida. Com a criação do PNMNG a floresta recupera-se e a comunidade busca a sustentabilidade na região do entorno. Nome: Maryanne Rizzo Correa da Costa Galvão E-mail: marygalvao@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA Título: Fronteira destruidora: reflexões sobre a crise do café no Vale do Paraíba no século XIX e a recente crise da agricultura no Mato Grosso Este trabalho pretende, num primeiro momento, lançar mão de algumas contribuições teóricas sobre o conceito de fronteira necessário para entender o processo histórico de avanço da fronteira agrícola brasileira. Posteriormente, utilizo alguns trabalhos de PÁDUA (1998, 2002), e de outros autores (DEAN, 1996; STEIN, 1990), que estudaram a crise do café no Vale do Paraíba no final do século XIX e notaram como os estudiosos e intelectuais da época - os pioneiros da crítica ambiental brasileira - avaliaram a crise do café como uma crise ambiental, ecológica, e não somente econômica; para tentar comparar a crise do Café no Vale do Paraíba do século XIX com uma crise de produção agrícola que eclodiu nos primeiros meses de 2006 no Estado de Mato Grosso, e que ganhou repercussão nacional com o bloqueio das estradas que ligam o Estado às demais regiões do país. Por fim, concluo o trabalho, observando que, assim como no vale do Paraíba no século XIX, a crise “agrícola” do Mato Grosso, é, na verdade, o indício de uma crise ecológica que põe em dúvida todo um sistema de produção. Nome: Paulo Henrique Martinez E-mail: martinezph@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: Mares e continentes: história dos grandes espaços e história ambiental mundial Exame de procedimentos historiográficos em análises sobre a participação e a articulação de amplos e diferentes espaços (regionais, coloniais, nacionais, continentais) no sistema internacional de trocas mercantis e, por decorrência, dos intercâmbios culturais, demográficos, técnicos e biológicos que assinalam as relações inter-espaciais no conjunto do globo. O objetivo é identificar e debater problemáticas comuns e de interesse para história ambiental e a história mundial em busca de caminhos de pesquisa para uma história ambiental mundial. Nome: Pedro Henrique Campello Torres E-mail: pedrohtorres@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro - IPPUR Título: Acidente de trem e impacto sócio-ambiental em Porto das Caixas: um estudo em história ambiental Em abril de 2005 um acidente de trem que levava 60 mil litros de óleo atingiu a Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, afetando uma grande área de mangue e o Rio Caceribu que desemboca na Baía de Guanabara. O presente trabalho tem por objetivo identificar as recentes, porém profundas, transformações – sob a ótica da relação homem e natureza - a que tem passado o município de Itaboraí, no Rio de Janeiro, sobretudo o distrito de Porto das Caixas, porta de entrada do maior empreendimento da história da Petrobrás: o Comperj. O foco de meu estudo, que está sendo desenvolvido no curso de especialização em Planejamento e Política Urbana no IPPUR da UFRJ, sob orientação do professor Henri Acserald, busca verificar os impactos sócio-ambientais que já podem ser sentidos pelo início da construção do Complexo Petroquímico da Petrobrás, tendo como estudo de caso o desastre de 2005. Nesse sentido defino o recorte, de um lado teórico, em que a História Ambiental se faz presente como referência principal e a possibilidade de seu diálogo com uma História do Tempo Presente – ou Imediata – abrindo assim a possibilidade para que metodologias e fontes sejam exploradas: tais como a história oral, os relatórios de impactos ambientais, as portarias governamentais e os periódicos. Nome: Regina Coelly Fernandes Saraiva E-mail: rcoelly@hotmail.com Instituição: Centro Universitário de Brasília - UniCEUB Título: Devastação e preservação ambiental nos 50 anos de Brasília Os 50 anos de Brasília permitem que a cidade seja vista e revista sob muitos olhares. Um olhar sobre as modificações que sofreu o espaço ocupado pela cidade parte da perspectiva de que o ato inicial da sua construção foi marcado

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13 pela devastação da natureza para, ao longo de sua história, ir incorporando uma visão de preservação que permeia a concepção de “cidade-parque” preconizada por Lúcio Costa; perpassa a compreensão e necessidade de recuperação da natureza nativa do cerrado por meio da criação de parques ecológicos; até a concepção atual de “bairros sustentáveis”. Permeada por visões de natureza que foram sendo incorporadas à sua performance urbana, Brasília comemora seus 50 anos redimensionando seu projeto inicial e repensando o cerrado, sua natureza nativa, com um olhar focado na “Capital da Esperança” não apenas com 50, mas com, 100, 200, 500... anos. Nome: Regina Horta Duarte E-mail: reginahd@uai.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: “Em nome do verde”: expansão de condomínios, história, natureza e sociedade no Brasil Entre 1950 e 1980, a cidade de Belo Horizonte conheceu crescente industrialização, expansão demográfica, tráfego de veículos, desmatamento das áreas circunvizinhas, poluição do ar, dificuldades no abastecimento de água, favelização. Nesse contexto, surgem condomínios destinados às classes médias altas, distantes do centro urbano, em regiões de paisagismo privilegiado. Esses condomínios, por sua vez, tiveram (e têm) um impacto ambiental crescente na região do entorno onde foram construídos. Nosso objetivo é avaliar essas práticas realizadas “em nome do verde”. Nossas fontes são jornais, revistas, depoimentos e documentos dos condomínios privados. A abordagem metodológica situa-se na interface entre os temas da história ambiental urbana (privilegiando as relações entre sociedades urbanas e natureza), e o debate da história política (com o enfoque da cidade como espaço de convivência e confronto entre cidadãos). A discussão abrange a ocorrência simultânea desses eventos em outras cidades latino-americanas, de modo a abordar um contexto mais amplo, para além do estudo de um caso. Nossas conclusões iniciais apontam para a desarticulação do espaço público e para a representação do espaço urbano como lugar oposto ao meio natural. Nome: Roberto Carlos Massei E-mail: rmassei@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual do Norte do Paraná - FAFIJA Título: História, cultura material e a relação homem-natureza. Uma análise comparativa das técnicas de exploração e transformação da argila na cerâmica vermelha: Centro-Sul de São Paulo e Norte do Paraná Esta comunicação propõe-se a apresentar uma pesquisa em andamento cujo objetivo é recuperar os processos técnicos de extração e transformação da argila em tijolos, telhas e blocos cerâmicos, e analisar preliminarmente conexões existentes nessa atividade – a cerâmica vermelha – em regiões próximas e cujas características parecem semelhantes: centro-sul do Estado de São Paulo (Barra Bonita e Ourinhos) e norte do Paraná (Siqueira Campos e Jataizinho). A mecanização da produção cerâmica possibilitou a coexistência de temporalidades diferentes. Técnicas, práticas e costumes, presentes nessa atividade, eram repassados de geração a geração. A investigação vai procurar entender como os trabalhadores extraem a argila e fazem uso do solo, quais são as técnicas empreendidas e qual o impacto que essa ação provocou/provoca aos ambientes e ecossistemas em que tais regiões estão localizadas, especialmente nos rios que as cortam. Há também um impacto nos modos de viver – na cultura, em suma – das populações a elas vinculadas que precisa ser dimensionado e analisado. A sustentabilidade e o uso responsável do patrimônio natural de um país passam obrigatoriamente pelo conhecimento da vontade da natureza e este pode advir, sem dúvida, dos saberes acumulados pelas populações locais. Nome: Rômulo de Paula Andrade E-mail: romulopa@hotmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz - FioCruz Título: Natureza, clima e civilização no pensamento social da Amazônia do Estado Novo O objetivo do trabalho é analisar os textos produzidos sobre a região amazônica no periódico Cultura Política, nos anos de 1941 e 1942. Autores de períodos anteriores, como Euclides da Cunha, Alberto Rangel e Alfredo Ladislau tiveram conceitos acerca do clima, raça e civilização apropriados para a produção destes artigos, com o objetivo de superar visões anteriores e de lançar um novo olhar sobre a Amazônia. Os escritos foram produzidos sob a égide do Estado Novo, e colaboraram com a construção de um novo ideário oficial acerca da região. Os artigos se inserem no contexto político e social da Amazônia dos anos 40, onde acontecimentos e projetos políticos, como a Marcha Para o Oeste e o Discurso do Rio Amazonas, representaram uma maior atenção governamental à localidade.

Nome: Silvia Helena Zanirato E-mail: shzanirato@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo - EACH Título: A precaução como um princípio para a salvaguarda do patrimônio. Reflexões em torno de experiências para a proteção dos bens culturais e naturais diante das mudanças climáticas Catástrofes naturais como terremotos, erupções vulcânicas, inundações, deslizamentos de terra, furacões, tufões, etc., são ameaças que se apresentam à conservação dos bens naturais e culturais herdados do passado, que constituem nosso patrimônio comum. A esses problemas somam-se as guerras, a pressão urbana e os interesses econômicos. As ameaças são muitas e a elas somaram-se, nos últimos anos, os riscos advindo das mudanças climáticas, que tornam o patrimônio natural e construído, os sítios arqueológicos e as paisagens culturais, extremamente vulneráveis. O presente trabalho trata de experiências de pesquisas sobre as ameaças das mudanças climáticas em lugares patrimoniais. A primeira se refere a um programa experimental, proposto para os bens patrimoniais de Cuzco, com vistas a torná-lo menos vulnerável às catástrofes naturais (deslizamento de encostas e terremotos). A segunda, de estudos sobre o impacto das mudanças globais ao patrimônio europeu, que culminaram com a elaboração de um Atlas das vulnerabilidades do patrimônio daquele continente. Através de ambos os casos, procuro verificar como o princípio da precaução está sendo aplicado aos riscos que se apresentam aos bens patrimoniais da humanidade. Nome: Tatiana da Silva Bulhões E-mail: tatianasbulhoes@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Discutindo a responsabilidade governamental sobre a Epidemia de dengue no município do Rio de Janeiro (1990-1991) Como afirma o historiador Diego Armus, em períodos de epidemia o estado da saúde coletiva e a infra-estrutura sanitária ficam completamente expostos. Este trabalho se debruça, exatamente, em um momento em que o estado de saúde do município do Rio ficou bastante exposto, a fim de compreender historicamente as ações das autoridades no combate à dengue e seu vetor e o porquê da ineficácia dessas ações, que desencadearam uma forte epidemia no município. As fontes utilizadas na investigação foram alguns veículos da imprensa carioca e documentos produzidos pelas autoridades envolvidas, como relatórios da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Este trabalho é produto do projeto “A história das epidemias de dengue no Rio de Janeiro (19862002)”, que trata dos eventos epidêmicos de dengue ocorridos no município do Rio de Janeiro, ocorridos entre 1984 e 2002, coordenado pela professora Dilene Raimundo Nascimento. Nome: Wesley Oliveira Kettle E-mail: wesleycx@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Iluminando a floresta: a Amazônia descrita por Antônio Landi e a ética diante da natureza O período pombalino foi marcado por um maior interesse da Coroa Portuguesa em relação ao norte do Brasil. O envio da comissão demarcadora de limites é um esforço para estabelecer fronteiras e conhecer a região. Componente dessa comissão, Antônio José Landi cumpria o dever de desenhador do grupo, responsável pela descrição da flora e fauna amazônica. Esse relato nos possibilita analisar a concepção de natureza resultante da interação homem - ambiente e a ética iluminista que influenciava os interesses econômicos e as relações sociais historicamente constituídas. Os vários temas tratados no relato são capazes de levar o historiador a experimentar o diálogo interdisciplinar.

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14. HistĂłria do ensino de HistĂłria Kazumi Munakata - PUC/SP (kazumi.munakata@gmail.com) Arlette Medeiros Gasparello - Universidade Federal Fluminense (arlettemg@urbi.com.br) 2 WHPD KLVWyULD GR HQVLQR GH +LVWyULD FRQVWLWXL VH FRPR OLQKD GH SHVTXLVD LQWHJUDQWH GRV *UXSRV GH Pesquisa cadastrados no CNPq e liderados pelos proponentes. O objetivo principal do SimpĂłsio TemĂĄtico HistĂłria do ensino de HistĂłria ĂŠ o fortalecimento do espaço de discussĂŁo entre pesquisadores da ĂĄrea, que em diferentes abordagens, perspectivas de anĂĄlise e fontes, procuram compreender a consWLWXLomR GD KLVWyULD FRPR GLVFLSOLQD HVFRODU 1R LQWHUFDPELR GRV FRQKHFLPHQWRV UHIHUHQWHV DR FXUUtFXOR HVFRODU j HGXFDomR H j KLVWyULD D KLVWyULD GDV GLVFLSOLQDV HVFRODUHV SURFXUD UHVSRQGHU DRV GHVDĂ€RV que o tempo presente coloca em relação aos saberes escolares, situando-os em relação aos diferentes FRQWH[WRV KLVWyULFRV H HGXFDFLRQDLV HP TXH VH FRQVWLWXtUDP

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana de Oliveira E-mail: anarj49@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A micropolítica da disciplina escolar História A temåtica do ensino da História tem, ao longo das últimas dÊcadas, crescido em importância na interconexão entre campos diferentes de produção do conhecimento. Nesse sentido, situo a temåtica indicada para este trabalho no campo curricular, mas especificamente no que se refere à produção das políticas curriculares. Na compreensão das políticas curriculares considero, como Goodson, a disciplina escolar como parte de uma estrutura mais ampla que incorpora e define os objetivos e possibilidades sociais do ensino de tal forma que tal entendimento aponta a centralidade de uma micropolítica disciplinar. Nessa micropolítica as comunidades disciplinares desempenham um papel importante na definição das políticas e no estabelecimento do corpo de saberes das disciplinas, de tal forma que as escolhas de saberes e concepçþes são marcadas por intençþes e interesses não se dando em virtude de critÊrios estritamente epistemológicos. Concluo, apontando que a atuação das comunidades disciplinares no estabelecimento de propostas curriculares coloca em tensão as tradiçþes acadêmicas das disciplinas escolares e as prescriçþes contidas nos documentos oficiais curriculares, introduzindo usos diferenciados e ambíguos desses mesmos documentos. Nome: Ana Paula Squinelo E-mail: apsquinelo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Título: Reformas curriculares no ensino de História em Mato Grosso do Sul: avanços, recuos e contextos As Reformas Curriculares promovidas no ensino de História em Mato Grosso do Sul estão intimamente ligadas aos contextos históricos de cada gestão governamental; criado no ano de 1977, o Estado foi governado por partidos de direita atÊ 1998, quando foi eleito o candidato do Partido dos Trabalhadores, JosÊ Orcírio Miranda, que se manteve no poder atÊ 2006, quando foi eleito o candidato do PMDB, AndrÊ Puccinelli. Estas mudanças no cenårio político-partidårio do Estado refletiram nas Reformas Curriculares propostas e, se materializaram em dois documentos, nos seus respectivos momentos históricos, a saber: 1) Diretrizes Curriculares. Uma proposta de Educação para Mato Grosso do Sul. Estudos Sociais e História: 1º e 2º Graus. Campo GrandeMS: Secretaria de Estado de Educação, 1992, e, 2) o Referencial Curricular para o Ensino MÊdio de Mato Grosso do Sul. à rea de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Campo Grande-MS: Secretaria de Estado de Educação de MS, 2004. Nesse sentido proponho nessa comunicação apresentar e analisar as Reformas Curriculares no ensino de História em Mato Grosso do Sul, procurando apontar os avanços, recuos e contextos, tendo como eixo analítico os documentos citados. Nome: AndrÊ Luiz Bis Pirola E-mail: andrepirola@uol.com.br Instituição: PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Livros e professores no Espírito Santo dos sÊculos XVIII e XIX: algumas contribuiçþes em dados e fontes O presente estudo foi desenvolvido no âmbito do Projeto HADES (História e Acervo Didåtico no Espírito Santo), promovido pelo Laboratório de Ensino

de HistĂłria da UFES. Seu objetivo, em uma primeira fase, foi identificar a circulação e usos de livros didĂĄticos e impressos pedagĂłgicos no EspĂ­rito Santo entre os sĂŠculos XVIII e XIX. Para tanto, foram analisados acervos documentais tanto no Estado quanto em Portugal, sobretudo, os CatĂĄlogos de Exame dos livros para saĂ­da do Reino (IAN - Torre do Tombo). Fundamentamo-nos em uma perspectiva HistĂłrico-Cultural, nos conceitos propostos por CHARTIER (1990, 2000, 2007) e estudos de ABREU (2003). Pressupomos que a anĂĄlise da circulação das obras ĂŠ fundamental Ă compreensĂŁo de como se constituĂ­ram determinadas representaçþes e comunidades de leitores neste Estado. ConcluĂ­mos mapeando algumas personagens e instituiçþes que acreditamos importantes Ă HistĂłria do Ensino de HistĂłria no Estado. Ă€ luz do processo desta circulação e usos, vislumbramos a natureza e intensidade dos câmbios realizados com diversas outras entidades nacionais e internacionais. Se temos tais indĂ­cios como vĂĄlidos, pensamos contribuir Ă compreensĂŁo de determinadas comunidades que, ainda hoje, propĂľem representar o EspĂ­rito Santo segundo seus prĂłprios interesses. Nome: Antonia Terra de Calazans Fernandes E-mail: galg@uol.com.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: Livros didĂĄticos e a integração da vida social e natural A pesquisa foca livros didĂĄticos de Estudos Sociais das dĂŠcadas de 1930 a 1950. Esse recorte insere-se em uma perspectiva de longa duração, envolvendo investigação tambĂŠm dos Estudos Sociais em outros contextos. Especificamente nessas dĂŠcadas, o estudo aponta para diferenças entre esses materiais e aos manuais de HistĂłria ou de Geografia, como comumente tĂŞm sido associados. SĂŁo distintos, principalmente, por terem como referĂŞncia inicial o Programa de CiĂŞncias Sociais, do Distrito Federal de 1934, e por conterem um empenho de integração de diferentes ĂĄreas de conhecimento, que, dependendo do contexto histĂłrico, associavam HistĂłria, Geografia, LĂ­ngua Portuguesa, Programa de SaĂşde, CiĂŞncias e Educação Moral e CĂ­vica. Muitas vezes, em um Ăşnico texto, os autores apresentavam aos alunos diferentes temas integrando elementos da vida social e natural; ou defendiam hĂĄbitos e valores considerados essenciais para um modelo de vida projetado para a sociedade brasileira. É possĂ­vel identificar nos livros, por exemplo, estudos de fenĂ´menos da natureza, higiene, saĂşde e doenças, que ganhavam, no material, funçþes pedagĂłgicas de integração dos aspectos variados que envolviam a vida da criança no mundo, incluindo sua integridade fĂ­sica e o ambiente natural que a cercava. Nome: Arlette Medeiros Gasparello E-mail: arlettemg@urbi.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: O ensino de HistĂłria no sĂŠculo XIX: a contribuição de historiadores/professores para uma pedagogia da histĂłria O estudo analisa as contribuiçþes dos historiadores franceses Langlois e Seignobos na conformação da histĂłria como disciplina escolar. O corpus documental ĂŠ formado pelo manual de metodologia da histĂłria de Introdução aos Estudos HistĂłricos, publicado em 1898 e considerado um marco na consolidação dos princĂ­pios da histĂłria metĂłdica, com especial atenção aos textos sobre o ensino de histĂłria no secundĂĄrio e superior, em apĂŞndice ao referido manual; livros da coleção didĂĄtica Histoire de la Civilization, de Seignobos, publicados na dĂŠcada de 1886 e que foram referenciais para os autores didĂĄticos de HistĂłria do inĂ­cio do sĂŠculo XX no Brasil. Discute a inter-relação histĂłria acadĂŞmica versus histĂłria escolar e a participação de intelectuais, historiadores e professores

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14 nesse processo, com apoio nas contribuições da nova história cultural da nova história intelectual. A análise permite novas interrogações sobre a constituição histórica de uma disciplina escolar e sua pedagogia. Nome: Aryana Lima Costa E-mail: aryanacosta@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba - PPGH Título: As prescrições para a formação de historiadores no Brasil Este trabalho, parte inicial de uma pesquisa de dissertação, tem como objetivo somar às discussões da historiografia do ensino de história no que se refere ao nível superior, área que ainda não possui uma produção tão vasta quanto os outros níveis de ensino. Tomando por base a bibliografia já publicada, as prescrições para a formação dos historiadores (Currículo mínimo, DCN, Projetos de Lei para regulamentação da profissão) e documentos produzidos por instituições diretamente envolvidas na área, como a própria ANPUH. Nosso objetivo é aprofundar a discussão em torno do perfil do historiador formado nos cursos de graduação. Algumas das questões postas atualmente como a relação entre licenciaturas e bacharelados, entre história e educação, revelam uma discussão de forma alguma recente e que extrapola o âmbito administrativo dos cursos, adentrando a esfera da constituição da disciplina no país e da historiografia. Este estudo visa contribuir também para a compreensão dos nossos cursos de graduação como resultados de um processo histórico, frutos das ações de diversos sujeitos, possibilitando um agir consciente e orientado nas relações que estabelecemos com a formação do profissional de História no nosso presente.

Nome: Kleber Luiz Gavião Machado de Souza E-mail: kleberluiz.ufs@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Sergipe Co-autoria: Diogo Francisco Cruz Monteiro E-mail: diogocruz_21@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Co-autoria: Kléber Rodrigues Santos E-mail: kleberrsantos2004@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: O Memorial do livro didático: uma iniciativa de resgate da memória da produção didática em Sergipe O objetivo desse trabalho é apresentar as intenções, os procedimentos metodológicos e a importância do Memorial do livro didático para a memória da produção didática em nosso Estado. O Memorial do livro didático é um site que tem como proposta recuperar e registrar as experiências de vida, itinerários profissionais e relatos de agentes envolvidos com a produção e uso dos livros didáticos em Sergipe. Além disso, ele também apresenta a iniciativa de catalogar os manuais didáticos de todas as épocas e disciplinas existentes nas bibliotecas e arquivos públicos e privados sergipanos. Não se pode deixar desaparecer a memória da feitura e dos usos dos livros didáticos, por isso a catalogação e o recolhimento de entrevistas com personagens envolvidos com esse tipo de escrito possuem tamanho valor para este site.

Nome: Carlos Eduardo dos Reis E-mail: havireis@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: A História e seu ensino nas diretrizes do Conselho Federal de Educação - 1962: moralizar a nação e construir a nacionalidade Com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Estado brasileiro tinha pela primeira vez em sua história, um instrumento de intervenção no processo educacional, que lhe permitia organizar os serviços educacionais, consagrados pela nova Lei. De acordo com a nova Lei, era atributo do Conselho Federal de Educação, indicar aos sistemas de ensino médio, cinco disciplinas obrigatórias, destinadas à formação do adolescente. O Conselho Federal de Educação manifestar-se-ia através da Indicação s/n, em outubro de 1962, que tratava da “amplitude e desenvolvimento das matérias obrigatórias que deveriam compor o ensino médio”. Entre as matérias obrigatórias estava a História e seu ensino. O Conselho entendia que o ensino de Historia tinha como objetivo proporcionar ao educando, conhecimento da experiência brasileira, pois o que importava era o estudo das nossas origens, da nossa formação e desenvolvimento, no palco da Historia Universal. O objetivo desta comunicação é analisar de que forma a História e seu ensino estavam presente nestas diretrizes e como estas apontavam para um projeto moralizador da sociedade naquele momento de sua História, e indicava quais seriam os contornos da construção da nossa nacionalidade.

Nome: Iduina Mont´Alverne Braun Chaves E-mail: iduina@globo.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Co-autoria: Tatiana Leite da Silva E-mail: tatyanaleyte@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Narrativas de professores: a formação do professor de história da UFF - cultura e simbolismos No processo de reestruturação dos cursos de Licenciatura inscrevemos o projeto “Política de Formação de Professores na UFF: movimentos instituintes na cultura acadêmica” que busca compreender a história e os movimentos instituintes que se organizam nas Licenciaturas da UFF, que vem explorando a potencialidade do diálogo entre a Faculdade de Educação e as demais Licenciaturas com vistas a: (a) Identificar as tendências instituintes que se manifestaram na construção da proposta para Cursos de Licenciatura; (b) Estudar o processamento das políticas curriculares; (c) Fazer um mapeamento da realidade e da consciência dos professores e alunos das Licenciaturas; e, (d) Proporcionar a possibilidade de novas perspectivas de atuação das Licenciaturas. A perspectiva da epistemologia da complexidade de Edgar Morin é a opção teórico-metodológica adotada para o estudo. Apresentamos, para esta comunicação, as entrevistas realizadas com ex-alunos do curso e integrantes do corpo docente do Curso de História, nas décadas de 60 a 70 e usaremos os princípios da pesquisa narrativa para o relato e análise das histórias de dois professores e os simbolismos que se relacionam com a cultura da Formação do Professor, tecendo relações entre o currículo instituído e as ênfases do currículo instituinte.

Nome: Danielle Cristine Camelo Farias E-mail: daniellecamelo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: A memória enquanto hipótese explicativa para as concepções de avaliação das aprendizagens construídas por professores de História de 5 a 8 séries do Sistema Estadual de Ensino de Pernambuco O objetivo deste artigo consiste em analisar as concepções sobre avaliação das aprendizagens construídas por professores de História de 5ª a 8ª séries do Sistema Estadual de Ensino de Pernambuco a partir de suas experiências enquanto alunos da Educação Básica. Tal discussão corresponde a uma das categorias tratadas em nossa dissertação de mestrado cujo objetivo geral consistiu em analisar as concepções sobre avaliação construídas por professores de História das séries finais do Ensino Fundamental do referido Sistema de Ensino, bem como a relação entre as concepções e sua prática avaliativa. Para a coleta das informações foram utilizados como instrumentos e procedimentos metodológicos o memorial, a entrevista e observação de situações de ensino. A categoria abordada nesse artigo foi construída a partir das informações oriundas do memorial construído por três docentes sujeitos participantes. O aporte teórico foi construído a partir das obras de Perrenoud (1999), Arroyo (2000), Tardif (2002), Catani (2003), Hoffmann (2005), Luckesi (2005). Considerando os sujeitos participantes da pesquisa, podemos afirmar que suas práticas avaliativas demonstraram aproximações com as práticas de seus professores da Educação Básica, embora, tenham sido objeto de críticas desses mesmos docentes.

Nome: Gabriela Gonçalves Rosa E-mail: gabi_gabia@ibest.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Co-autoria: Eliane Mimesse Prado E-mail: emimesse@bol.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Título: A alteridade nos livros didáticos de História para o ensino fundamental Esta pesquisa analisa como a alteridade surge nos livros didáticos da disciplina História. A justificativa para tanto decorre do aumento constante das diferenças na sociedade em contraponto ao discurso da igualdade e da inclusão. Os livros escolhidos para esta análise específica foram os correspondentes ao uso nas 6ª séries do ensino fundamental. Esta opção, por esta série de ensino, advém em função da mais aguçada argumentação dos estudantes desta faixa etária, que passam a questionar os modos de exposição dos conteúdos pelos livros didáticos. São pesquisadas todas as questões relativas ao “outro” no decorrer da História e como os professores da disciplina em sua prática pedagógica abordam essas diferenças. As fontes utilizadas para este estudo são todos os livros didáticos indicados para as 6ª séries no ano de 2008 pelo Programa Nacional do Livro Didático, e ainda as entrevistas realizadas com professores de escolas da rede estadual de ensino do Estado do Paraná que utilizam os livros relacionados em sua prática pedagógica. Concluiu-se que apesar de todos os esforços para uma melhoria nos conteúdos propostos pelos livros, esses ainda mantêm uma

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perspectiva etnocêntrica sobre os acontecimentos, fato que é em grande parte das vezes reiterado pelos professores em seu cotidiano.

aos usos desejados, à produção de sentido e ao que deve ou não ser assimilado, consumido e representado.

Nome: Eliezer Raimundo de Souza Costa E-mail: claudiaeliezer@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais /FAE Título: Grêmios estudantis: prática e ensino de nacionalismo na Escola Normal de Belo Horizonte durante a Era Vargas No período da Era Vargas, 1930-45, em Belo Horizonte, a Escola Normal Modelo de Belo Horizonte estimulou a formação de Grêmios estudantis de diferentes matizes: literários, culturais, musicais, ciências naturais. O objetivo era estimular as alunas, futuras professoras, a estudar, escrever e descobrir. Nos campos literário e cultural, as alunas produziam estudos a partir da literatura e da história, cujos resultados, demonstrados nos relatórios, exibiam a disciplina e estudo diligente das mesmas. Esse estudo faz uma abordagem dos grêmios como uma das práticas educativas que, durante a Era Vargas (1930-1945) em Belo Horizonte, foi um eficaz instrumento de estudos autônomos pelas alunas e de fortalecimento do nacionalismo brasileiro. A organização de grêmios era estimulada por importantes intelectuais vinculados ao movimento da Escola Nova, como Mário Casasanta em Belo Horizonte, Delgado de Carvalho em São Paulo e Jonathas Serrano no Rio de Janeiro. Os trabalhos apresentados pelos grêmios evidenciam a utilização de recursos de pesquisa que fortaleciam a construção de um passado memorável, cheio de ícones do sentimento de brasilidade. Assim, entendo que tais organizações têm forte contribuição na construção de lugares de memória e no fortalecimento de um imaginário nacionalista.

Nome: Jackeline Silva Lopes E-mail: jackelinelacerda@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: “Falem mal, mas falem de mim”: as representações sobre os professores de História (Feira de Santana, 1986-1991) Desde a década de 1980, têm crescido, no Brasil, os estudos sobre a História do Ensino de História e o papel dos professores nela, os quais ora colocam os professores na condição de vítimas do sistema capitalista - que limitaria suas possibilidades de atuação na transformação da sociedade através da educação -, ora listam competências, habilidades e conhecimentos necessários à formação de um bom professor de História. Enfim, giram em torno do que deveriam ser e do que não conseguiram ser, sendo poucos os que se preocupam em estudar o que eles são. A comunicação que ora vos apresento pretende ocupar parte desta lacuna, à medida que se propõe analisar como a sociedade feirense representava os professores, dentre eles os de História, entre os anos de 1986 e 1991 e os efeitos destas representações sobre tais professores. Para tanto, dialogo com o conceito de representação de Chartier e com fontes diversificadas: jornais Feira Hoje (1986-1991), depoimentos de professores de História, o Plano Estrutural (1990) e o Relatório de estágio (1993) do curso de Licenciatura em História da UEFS, buscando lê-las como representações. Assim, pretende-se demonstrar a rede de influências entre as representações socialmente construídas sobre os professores e sua postura profissional.

Nome: Elza Alves Dantas E-mail: elzinha_alves@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Um estudo de caso: reflexões sobre a História e a Geografia a partir do processo da professora primária Anna Eponina Lima Sobreira Este trabalho é um estudo de caso a partir do processo de avaliação da professora pública primária Anna Eponina Lima Sobreira realizado pelos examinadores da Instrução Pública do Ceará. O processo é composto de três exames: História, Geografia e Pedagogia e metodologia teórica e prática. Tomando essas argüições como fontes basilares foram levantadas questões sobre a Historiografia e o ensino de História no século XIX. Nome: Frank dos Santos Ramos E-mail: francomazal@yahoo.com.br Instituição: SME-TANGUÁ Título: Histórias das vovós dos alunos da 5ª série do fundamental: uma coletânea de histórias do Município de Tanguá [RJ] Este trabalho foi resultado de uma experiência com os alunos de 5ª série do Ensino Fundamental da E.M. Profª. Dearina da Silva Machado cujo objetivo foi tentar recontar algumas histórias do Município de Tanguá [RJ] através da coleta de dados feita pelos alunos junto aos seus familiares mais velhos. O resultado foi bastante interessante, pois de um desinteresse inicial por parte dos alunos acabou por se transformar num exercício de reflexão pessoal sobre o próprio futuro dos alunos dentro de Tanguá. O exercício acabou por se transformar num livro doado a biblioteca da escola e uma lição sobre a capacidade de produção do conhecimento histórico em situação adversa, no caso, numa escola com alunos bastante humildes e, aparentemente, sem perspectivas. Nome: Hermeson Alves de Menezes E-mail: pidele@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: O livro didático de História de Sergipe: investigações preliminares sobre sua produção material O presente trabalho apresenta os resultados iniciais do projeto de pesquisa apresentado ao Mestrado em Educação do NPGED-UFS, o qual trata dos livros didáticos de História de Sergipe, produzidos entre os anos de 1897 e 2007. Nossas principais indagações giram em torno da produção destes manuais, dos diversos agentes envolvidos na produção e das relações entre os momentos de produção e os livros produzidos. O objetivo é historiar a produção material de livros didáticos de História de Sergipe, bem como conhecer as alterações e permanências nos materiais e processos de produção de edições sucessivas de um mesmo livro e/ou nos livros ao longo do período estudado, compreender as relações entre os momentos de produção e os livros produzidos e investigar as relações inerentes à produção dos livros didáticos de História de Sergipe, seus sujeitos, práticas e usos no processo de ensino e aprendizagem. A nossa análise se centrará nos protocolos de leitura do autor e do editor - o conjunto de recursos que utilizam para, de forma explícita ou não, dar orientações quanto

Nome: João Paulo Gama Oliveira E-mail: jpg_oliveira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Co-autoria: Suely Cristina Silva Souza E-mail: suelycristinas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: Os ensinamentos históricos na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe (1951-1954) O presente trabalho investiga a consolidação dos ensinamentos históricos na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, primeira instituição sergipana de ensino superior voltada para a formação de docentes. Delimitamos como recorte temporal o momento da sua fundação no ano de 1951, até a formatura da primeira turma do curso de Geografia e História em 1954. Para adentramos nesse universo optou-se por lançar o olhar sobre a disciplina de História da Civilização, única disciplina presente nos três anos da formação do bacharelado nessa área, e ainda no curso de Didática, chamada de Didática Especial da História da Civilização. Dessa forma, essa era a disciplina central no ensino de História dentro de um curso que fornecia duas habilitações. Para análise, utilizamos como fontes prioritárias, as Atas e Regimentos da Faculdade, que quando questionadas revelam indícios dos conteúdos, métodos e provas realizadas no âmbito do primeiro curso sergipano de nível superior que formou professores de História. Nome: Jorge Antonio da Silva Rangel E-mail: fidelrangel@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Dois museus e uma história: Afonso d’Escragnolle Taunay e Edgard Roquette-Pinto e o ensino da História nas primeiras décadas do Brasil republicano A proposta desta comunicação tem por intenção recuperar as investidas de Afonso Taunay no Museu Paulista e de Edgard Roquette-Pinto no Museu Nacional do Rio de Janeiro, procurando abordar as relações de sociabilidades instituídas e instituintes entre estes dois intelectuais no sentido de forjar, cada um ao seu modo e estilo, considerando as experiências comuns e diferenciadas, o que podemos chamar de “museu social” republicano. Este um lugar identificado com a idéia de observatório científico da nova sociedade anunciada pela Abolição e pela Proclamação da República. Um museu social enquanto razão estratégica do Estado, reformador, capaz de influenciar o debate político em torno da estadania e da democracia liberal, promovendo também os princípios de harmonia entre as classes e os deveres recíprocos acerca dos lugares dos indivíduos e o Estado. Afonso de Taunay (1917-1946) e de Edgard RoquettePinto (1926-1935) à frente, respectivamente, Museu Paulista e Museu Nacional do Rio de Janeiro, revelam uma interconexão entre os dois museus, a partir de suas coleções e de suas redes sociais construídas a favor da evocação e da celebração da construção de uma narrativa sobre a história do Brasil que devia ser ensinada através das exposições permanentes e pela criação de museus escolares.

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14 Nome: Julio Henrique da Silva Pereira E-mail: julio_ique@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O Ensino de História na Baixada Fluminense: metodologias participativas e livros didáticos O trabalho que apresentamos é parte das pesquisas desenvolvidas no curso de mestrado em educação da Universidade Federal Fluminense ligadas aos estudos que temos realizado sobre livros didáticos, metodologias participativas e formação de professores do Ensino de História no município de Seropédica/ RJ. Segundo Allain Chopin, os livros didáticos vêm suscitando um vivo interesse entre os pesquisadores de uns trinta anos para cá, quando a história dos livros e das edições didáticas passou a constituir um domínio de pesquisa em pleno desenvolvimento. Com este trabalho, objetivamos analisar a experiência de uma metodologia alternativa de construção curricular e de ensino para escolas do ensino básico, possibilitando aos educadores do CIEP 155-Nelson Antelo Romar as atividades de docência, pesquisa e extensão interligadas na elaboração dos materiais didáticos de história. Utilizamos a História Oral e a pesquisa participante com o envolvimento do coletivo-escola na construção dos materiais didáticos. A partir disso, experimentamos uma metodologia alternativa de construção curricular e de ensino para escolas do ensino básico que possibilita aos educadores atividades de docência, pesquisa e extensão interligadas na elaboração de materiais didáticos para o ensino de história. Nome: Kenia Hilda Moreira E-mail: keniahildamoreira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista - Araraquara Título: Livros didáticos de História do Brasil utilizados entre 1889 a 1930: narrativas monárquicas e republicanas O trabalho em questão apresenta uma análise de livros didáticos de História do Brasil que circularam no contexto da primeira república (1889-1930). Partindo da constatação de que muitos dos manuais utilizados nesse período foram elaborados na fase da monarquia, enquanto outros foram feitos especialmente para servir a nova fase republicana, analisamos comparativamente o conteúdo histórico presente em 12 desses manuais, objetivando evidenciar divergências: nos conteúdos narrados por autores monárquicos e por autores republicanos; na justificativa utilizada para cada acontecimento histórico; e no realce de alguns fatos históricos em detrimento de outros. Compõem nossa análise as obras: Lições de História do Brasil de Macedo; Lições de História do Brasil de Mattoso Maia; Pequena História do Brasil por perguntas e respostas de Joaquim Maria de Lacerda; História do Brasil: resumo didático, de Raul Villa-Lobos; História do Brasil na versão curso superior e edição das escolas primárias, de João Ribeiro; Resumo de História do Brasil e Lições de História do Brasil, de Sá e Benevides; Breve História do Brasil e Lições de História do Brasil de Galanti Nossa Pátria e História do Brasil, de Rocha Pombo. Nome: Laura Nogueira Oliveira E-mail: lauranoliveira@yahoo.com.br Instituição: Centro Federal de Educação Tecnológica/ MG Título: Apontamentos sobre o compendio de história universal de Antonio Leite Ribeiro e o aprendizado escolar de Francisco Adolfo de Varnhagen da história como “mestra da vida” Neste trabalho analisa-se, primeiramente, a concepção de história e a importância atribuída a seu ensino por António Leite Ribeiro, professor de História do Real Colégio Militar, Lisboa, no início do XIX. Nos prefácios de seu Compêndio, Ribeiro apresentava a história como “mestra da vida” por ser ela fornecedora de bons exemplos de heroísmo e generosidade capazes de auxiliar na formação de homens virtuosos. Aponta-se, na seqüência, a proximidade desta concepção de história com aquela apresentada pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen nos prefácios de suas obras. Varnhagen, ex-aluno do Real Colégio, estudou no livro de Ribeiro e, assim como o mestre, fazia o elogio da história por apresentar feitos gloriosos e por fomentar o desejo da imitação e da emulação. Do mesmo modo que Ribeiro, ele atualizava a clássica compreensão dos fins e da importância da escrita da história. Nome: Luciana Regina Pomari E-mail: lr.pomari@uol.com.br Instituição: Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí Título: Discutindo a Lei 10.639/03: continuidades e rupturas O objetivo deste trabalho visa analisar a Lei No. 10.639/2003, destacando como esta lei interferiu e sistematizou os conceitos de cidadania, inclusão e democracia que estruturam a LDB. Para isso, tomamos como referência as experiências de produção de material didático que estamos desenvolvendo em parceira com professores da rede pública do Estado do Paraná. Metodologica-

mente, o material produzido tem como base o debate da “pedagogia histórico crítica” e nele buscamos desconstruir visões folclorizantes da cultura afro-brasileira. Outrossim, defendemos que a Lei No. 10.639/2003 não atendeu somente aos anseios dos movimentos sociais negros, mas tem sido um caminho necessário para democratizar a sociedade brasileira para além das ideologias e “cordialidade multirracial”. Nome: Marcia Guerra Pereira E-mail: marciawar@msn.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica/ SP Título: A Revista de História da Bilioteca Nacional e a história da África da perspectiva brasileira Neste trabalho analisamos o perfil dos estudos sobre África veiculados pela Revista de História da Biblioteca Nacional (incluindo a revista Nossa História que a antecedeu), entre 2003 e 2009. O periódico foi escolhido por ser, hoje, o principal veiculo a apresentar para não especialistas, professores de História e profissionais que atuam fora das universidades, pesquisas que nela estão sendo desenvolvidas e tendências da historiografia acadêmica no país. Nossa análise identificou temporalidades, recortes geográficos, objetos do estudo e perspectivas de análise presentes nas matérias, constatando um perfil comum quanto ao enfoque de História da África presente em suas páginas. Perfil que é um dos vetores a influenciar a escolha dos conteúdos e abordagens de História da África a integrarem a história ensinada na educação básica. Nossa premissa é de que a obrigatoriedade imposta pela Lei 10.639/03, e a vigilância sobre sua execução exercida pelos movimentos sociais, acelerou a conformação de um campo de estudos até então embrionário no país tornando-o suscetível à disputa por suas diretrizes hegemônicas. No mapeamento dos diferentes sujeitos e concepções a se confrontarem nesta “arena”, objeto de nossa pesquisa em curso, o periódico em foco desempenha papel relevante. Nome: Maria Antonia Veiga Adrião E-mail: mavaadri@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Vale do Acarau Título: Cultura escolar, política e o ensino de História Refere-se a pesquisas realizadas em escolas públicas de Ensino Médio em Sobral – Ceará e cidades circunvizinhas através de entrevistas tomados de coordenadores, diretores, professores e estudantes, de observação à prática docente/ discente, e de investigação em livros adotado, currículos, projetos, para conhecer mudanças no Ensino e na cultura escolar dessa região depois do Regime Militar, quando constatamos que a História continua vista como uma disciplina que qualquer professor pode ministrar independente se é graduado em Física, Química, Matemática ou Geografia; os alunos estudam sem livro didático sendo que só em 2007 chegou às escolas uma quantidade mínima de livros de História, em média para 10% dos alunos matriculados, sendo permitido consulta apenas no período de aula; os professores ensinam sem suportes como vídeos, pesquisas, aulas de campo; porque não podem “perder tempo”, a prioridade é o vestibular, isto diante de horários reduzidos (um ou dois tempos semanais - 90 horas para Historia e Geografia) em contraponto a disciplinas como Matemática, Português, Física e Química, sem contar que quaisquer atividades extracurriculares são realizadas nos horários dessas disciplinas permanecendo o conceito de História como disciplina “decoreba”, decorativa ou ilustrativa do currículo. Nome: Maria Aparecida da Silva Cabral E-mail: cidacabral123@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica/ SP Título: Exercitando a memória: o papel desempenhado pelos exames finais na conformação do conhecimento histórico (1890-1920) Este texto trata da análise dos exercícios mais freqüentes solicitados aos alunos durante a realização de exames finais de História, na educação secundária, entre os anos de 1890 a 1925, a partir da investigação do currículo de estudos de uma escola de instrução pública bastante renomada do Estado de São Paulo. Com essa temática pretendo enfatizar as formas de transmissão do conteúdo escolar bem como a sua verificação por meio de tais exames, com o intuito de se compreender o decurso do ensino de História no interior da própria escola e seus processos educativos. Para essa discussão, utilizo as contribuições da história das disciplinas escolares (Chervel, 1990) e da história social do currículo (Goodson, 1997) e as fontes mobilizadas são os planos de ensino, exames finais, relatórios da Instrução Pública do Estado de São Paulo e, ainda, os registros produzidos pela própria escola tais como: atas das reuniões dos professores e boletins escolares. Nome: Maria Aparecida Leopoldino Tursi Toledo E-mail: maria.leopoldino@hotmail.com

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Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: História ensinada e cidadania no Paraná (1900-1905) A história do ensino de História no Brasil tem, na década de 1980, um marco significativo. Pós-ditadura militar, a história ensinada foi tomada como objeto de análise de uma boa parcela de pesquisadores que tinham interesse em melhor compreender os “caminhos da história ensinada”. Concentrados basicamente em estudos preocupados em denunciar o caráter ideológico e acrítico que envolve a disciplina e divulgar novas experiências didáticas, grande parte dos trabalhos procurou identificar no sujeito crítico a concepção de cidadania desejada, perspectiva compreensível dado o período de grande mobilidade nacional em torno da redemocratização do pais, que culminou na promulgação da Constituição Cidadã em 1988. Os estudos que vieram se fazendo desde então têm contribuído para a reavaliação daquela noção de cidadania, desvendando processos em que o tema se inscreve e lançando bases para o tratamento da questão sob uma perspectiva de sua própria historicidade. Este trabalho, relacionando ensino de História e cidadania, procura indícios dessa relação no Paraná. Por intermédio do estudo da história da disciplina, identificou nos compêndios didáticos uma importante fonte de análise para continuar a pensar os “caminhos da história ensinada” no Brasil em suas relações com a questão da cidadania. Nome: Miriam Bianca Amaral Ribeiro E-mail: mbiancaribeiro@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: A história ensinada em Goiás: alguns elementos Quais têm sido as memórias históricas construídas sobre Goiás e como isso tem repercutido nas salas de aula? Qual tem sido a história ensinada em Goiás? Existe uma história oficial de Goiás, contada nas escolas? São questões do trabalho de doutorado em andamento. O trabalho abrangerá a criação do Lyceu de Goiás, em 1846 e alcançando o período imediatamente posterior à transferência da Capital, em 1937. Esse texto traz um recorte deste período. Aqui tratamos da primeira obra didática de história de Goiás, escrita em 1920, por Americano do Brasil, no contexto da preparação das comemorações do centenário da Independência, promovidas pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Essa obra não chegou a ser publicada para esse fim, pois o Grande Dicionário Enciclopédico do Brasil, obra comemorativa dos cem anos da Independência para o qual o texto foi originalmente escrito, não chegou a ser editado. Discutimos esse trabalho, que pode ser considerado o primeiro livro didático de história regional, a partir dos seguintes elementos: o contexto da produção da obra, os cem anos da Independência e as relações nação/região; o contexto da publicação (1932), como livro didático sobre Goiás para a escola normal, idéia de história e de historiador, as referencias teórico/metodológicas, ensino. Nome: Moroni Tartalioni Barbosa E-mail: tartalion@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica/ SP Título: Novas ferramentas, novas perspectivas: a utilização da metodologia da educação patrimonial no ensino de História Neste artigo faremos um breve apontamento acerca dos caminhos propostos à educação patrimonial, bem como a sua utilização pelos profissionais de História no âmbito escolar. Temos como objetivo no artigo mensurar as finalidades e os objetivos atingidos pela experimentação da educação patrimonial em escolas públicas. Consideramos que a proposição do Estado de São Paulo enfatizase um novo referencial curricular: Cultura é Currículo, redimensionando os debates sobre cultura e educação. Analisaremos o tópico Lugares de Aprender: a escola sai da escola. Para tanto, consultaremos os materiais propostos como subsídio aos professores, em especial, os destinados às 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. Temos interesse em destacar o conteúdo sugerido para abordagem em sala de aula, a metodologia proposta, e ainda, destacar o conhecimento escolar produzido e, além disso, traçar uma análise que leve em consideração as políticas públicas destinadas à cultura e à educação. Nome: Norma Lúcia Silva E-mail: norma@uft.edu.br Instituição: Universidade Federal do Tocantins Título: Os caminhos da institucionalização do ensino superior de História Este trabalho apresenta a trajetória da institucionalização dos cursos superiores de História destacando os obstáculos enfrentados pelos historiadores na tentativa do delineamento do campo, a disputa com as outras ciências humanas por espaço acadêmico e político e os desafios na promoção da ciência histórica. Na França, país que exerceu forte influência sobre os primeiros cursos brasileiros, a institucionalização da História como disciplina no ensino superior se deu a

partir do final do século XIX. No Brasil, a criação dos primeiros cursos data da década de 1930 com os cursos da USP e da UDF. Em algumas regiões do país a institucionalização dos cursos ocorreu bastante tardiamente, como é o caso da região norte de Goiás (hoje Estado do Tocantins) onde os primeiros cursos só foram criados em meados da década de 1980, o que acarretou uma série de implicações para o ensino de história na educação básica. Nome: Palite Terezinha Buratto Remes E-mail: etilap24@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Curitiba Título: A memória e o ensino de História Relata a experiência realizada sobre investigação acerca do uso da memória no ensino de história, tendo como referência os estudos realizados na área da educação histórica atendendo a necessidade de envolver o aluno no processo histórico como sujeito da História. Esse processo se fez em dois ambientes distintos de experiência com elementos que o aluno tinha guardado sob forma de memória sobre a História, sendo as atividades desenvolvidas com dois grupos de alunos de séries e idades diferenciadas. O primeiro grupo foi com alunos de uma 5ª série do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação, faixa etária entre 10 e 13 anos, moradores de uma área periférica de Araucária. Já o segundo grupo foi de alunos do 1º ano do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Ensino também moradores de área periférica, só que do município de Curitiba cuja faixa etária varia entre 15 a 18 anos. Ambas as turmas não tinham nenhum conhecimento de trabalho na linha de pesquisa da Educação Histórica, desconheciam o trabalho com o levantamento dos conhecimentos prévios e o uso da metacognição para conclusão. Também o trabalho utilizando o livro didático de cada turma, os quais apresentaram formas e conteúdos diferenciados sobre a história para o desenvolvimento cognitivo do aluno. Nome: Patrícia Cristina de Aragão Araújo E-mail: patriciacaa@yahoo.com Instituição: Universidade Estadual Da Paraíba Título: A formação do/a professor/a - historiador/a: uma abordagem freireana Este trabalho tem por objetivo analisar a formação do professor de história, à luz de uma abordagem freireana, procurando compreender de que o modo o professor vai construindo, a partir de sua vivência no cotidiano de sala de aula, um ensino crítico, permitindo o desenvolvimento de uma prática educativa, cuja construção de saberes possibilitem a transformação do educando, propiciando o interesse dele pela história e seu ensino. Trata-se de um artigo de revisão em que utilizando leituras sobre o ensino de história e a prática do professor construímos os eixos norteadores deste estudo. Pensar a educação a partir de uma perspectiva crítica e empreender esta criticidade no meio educativo a partir do olhar voltado para o ensino de história constituem pontos chaves de nossa discussão. O pensamento freireano constitui a âncora para tecermos nossa abordagem acerca do papel do professor de história e as reflexões em torno de sua formação. Nome: Raquel da Silva Alves E-mail: raquelalves53@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: A História deve ser ensinada na escola primária? Instrução Pública no Ceará na década de 1920 O seguinte trabalho tem como objetivo analisar o programa da disciplina de História utilizado nas escolas primárias na década de 1920 no Ceará. Os conceitos apresentados para orientar esse estudo estavam relacionados à definição de tempo. A História, enquanto disciplina, estava inserida, juntamente com o ensino da língua nacional, a Geografia e, o Ensino Moral e Cívico no contexto de construção da nação. A História era conhecida como disciplina decorativa por excelência, e dividia espaço com a questão da sua adequação às séries iniciais. O estudo centrou-se na construção dos princípios norteadores do discurso de história de vida dos alunos como mecanismos de apropriação da história nacional. Nome: Regina Célia Gonçalves E-mail: reginacg@terra.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Nome: Vilma de Lurdes Barbosa E-mail: vilmaufpb@uol.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: Impressões de uma cidade: os bairros de João Pessoa na perspectiva do ensino de História local Este trabalho apresenta-se como uma extensão do Projeto Resgate do Processo Histórico e Cultural dos Municípios Paraibanos vinculado ao grupo de

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14 pesquisa Ensino de História e Saberes Históricos cadastrado no CNPq e desenvolvido na área de concentração História e Cultura Histórica e linha de pesquisa Ensino de História e Saberes Históricos do PPPGH da UFPB. Partiu da identificação da expressiva produção de trabalhos de conclusão de curso dos alunos graduandos sobre a história dos bairros de João Pessoa. Tem como objetivo a reflexão sobre a história local na perspectiva da história dos bairros e sua pertinência reside na pesquisa histórica, produção de materiais didáticos e formação continuada dos professores para a rede pública de ensino de João Pessoa/PB. Nome: Rodolfo Calil Bernardes E-mail: rodcalil@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: O ensino de História nas escolas secundárias paulistas (19421961): legislação, livros didáticos e periódicos Este trabalho busca comunicar a fundamentação teórica, os procedimentos metodológicos e alguns caminhos percorridos na realização de uma pesquisa de mestrado que busca investigar os conteúdos disciplinares e pedagógicos da disciplina escolar História propostos nas escolas secundárias paulistas no período compreendido entre a reforma do ministro Gustavo Capanema (1942) e a LDB (1961). Para realizar a identificação e a análise do ensino de História sistematizado pelo Estado e os conteúdos explícitos e pedagógicos dos livros didáticos da disciplina, além de analisar debates referentes ao ensino de História, localizados em periódicos educacionais e de História do período, seguimos a linha de investigação de Chervel, crendo que a História constituiu-se e consolidou-se como disciplina escolar dentro da própria escola. Realizaremos as análises dos livros didáticos e dos periódicos baseados, principalmente, nos escritos de Choppin, Bittencourt e Munakata, considerando tais publicações para além do que está impresso em suas páginas. Esperamos, com este trabalho, contribuir para o entendimento da maneira pela qual o ensino escolar buscava constituir a formação intelectual e o papel social de seus alunos ao selecionar determinados conteúdos e adotar certos métodos para sua fixação. Nome: Sonia Maria Leite Nikitiuk E-mail: smniki@terra.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A pesquisa na formação do licenciando em História A pesquisa como um dos eixos fundamentais na formação do educador tem sido assumida pelas universidades, o que implica pensar o profissional do ensino como pesquisador reflexivo. Em sua formação inicial o aluno, do curso de História da UFF, recebe o título de bacharel e licenciado ao mesmo tempo. Ao final do curso deve apresentar uma monografia que está intimamente ligada a sua formação como bacharel. Pensar a pesquisa no ensino ainda não é uma realidade. Tentando criar, como diz Becker (2007), uma intersecção entre os papéis de professor e de pesquisador, venho desenvolvendo na prática de ensino o exercício de buscar na monografia do bacharelado um viés que a valide para o ensino básico. O aluno, a partir de estudos pedagógicos, utilizando o construtivismo, recorta em sua monografia possíveis conteúdos curriculares para o ensino básico, confrontando-os com os PCNs. Este exercício abre espaços para que o aluno assuma a dimensão investigativa no ensino, evitando o engessamento dos conteúdos curriculares. Nome: Thiago Figueira Boim E-mail: thiago.boim@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica/SP Título: Currículo, disciplina escolar e proposta curricular em São Paulo O presente texto fará uma breve análise da proposta curricular paulista de 2007 e das principais referências bibliográficas de teóricos do currículo e da disciplina escolar. O objetivo é contextualizar e compreender a proposta curricular do Estado de São Paulo num conceito de currículo e disciplina escolar. Com base nos principais autores curriculistas será feita a leitura dos documentos oficiais da proposta curricular e dos materiais didáticos produzidos pelo projeto “São Paulo faz escola”, responsável pela implantação da proposta nas escolas da rede pública paulista. Nome: Ubiratan Rocha E-mail: birarocha@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Os ociosos, ao fim da vida, sentirão remorso pelo tempo perdido O estudo chama a atenção para duas lógicas que marcam profundamente as organizações escolares e as suas práticas pedagógicas: o taylorismo e o behaviorismo. Embora apenas alguns de seus traços estejam presentes, combinados, eles são, no entanto, estratégicos para a ordenação econômica de pessoas no (e do) espaço-tempo escolar. A complementaridade entre o tipo de ensino ba-

seado no estímulo-resposta (o professor ensina, o aluno aprende) e as ações contra o desperdício do tempo demonstraram ser eficientes na escola excludente. No passado, o exame de admissão ao ginásio e a reprovação homogeneizava pela exclusão. Hoje a escolarização obrigatória trouxe a diversidade para a sala de aula. A escola barata baseada apenas na concentração de alunos numa sala, no rodízio dos professores e na exposição didática tornou-se insuficiente. As práticas de ensino e o estágio supervisionado têm mostrado aos estudantes de História a necessidade de compreender as lógicas que informam a instituição escolar e de desenvolvimento de pesquisas didáticas voltadas para o ensino de massa. Nome: Vanderlei Machado E-mail: vandermachado@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: Homens de papel: as representações do masculino nos livros didáticos de História Nos últimos anos, vários estudos têm buscado discorrer sobre a forma como as mulheres são representadas nos livros didáticos em geral. Porém, quase nenhuma atenção tem sido dispensada sobre as representações da masculinidade divulgadas nesses manuais. Buscando diminuir esta lacuna, propomos analisar as representações do masculino presentes nos livros didáticos de História, notadamente, nos conteúdos de História do Brasil. Neste estudo, pesquisaremos os livros de História do Ensino Médio, adotados nas escolas públicas brasileiras, através do PNLEM/2008. Esta pesquisa está inserida em projeto mais amplo, em andamento no Colégio de Aplicação da UFRGS, que visa desenvolver novas metodologias de ensino para serem aplicadas pelos diferentes componentes curriculares de Ciências Humanas no Ensino Médio. Nome: Vera Lucia Cabana Andrade E-mail: veracabana@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Colégio Pedro II Título: Benjamin Constant e a reforma da instrução pública de 1890 Este artigo, inserido na temática de pesquisa sobre a dimensão cultural e educacional brasileira, tem por objetivo analisar a Reforma da Instrução Pública de 1890. No contexto histórico de crise das instituições imperiais e mudanças políticas da República da Espada, marcadas pelas tensões sociais em oposição à tradição clássica, abordaremos a proposta educacional de Benjamin Constant, titular da Secretaria da Instrução Pública, Correios e Telégrafos do primeiro Governo Provisório. Partindo da classificação das ciências de Augusto Comte, o positivista apresenta a tese da reinstitucionalização da ciência e do conhecimento como um bem comum e propõe um currículo taxionômico para o Ginásio Nacional, padrão de referência do ensino secundário. A análise das fontes documentais nos leva a concluir que a Reforma Benjamin Constant, proposta como solução para a instrução pública republicana, se constituiu como parte da crise conjuntural da educação brasileira. As inovações dos conhecimentos técnico-científicos, em relação aos saberes escolares, se apresentaram descontextualizadas no universo escolar, produzindo um currículo enciclopédico”científico humanístico”-considerado de conteúdo conceitual teórico e prático universalista, inviável em sua aplicação. Nome: Yara Cristina Alvim E-mail: yaralvim@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: A avaliação do livro didático de História: diálogos entre pareceristas e professores à luz dos Guias de Livros Didáticos do PNLD O presente trabalho busca investigar o processo de avaliação dos livros didáticos de História contemporâneos, executada pelo Programa Nacional de Livro Didático (PNLD), tendo como foco a análise do(s) olhar(es) dos pareceristas sobre as coleções didáticas a partir dos lugares sociais que estes ocupam no contexto de avaliação e do público a que se destina tal política. Neste sentido, procuramos compreender a avaliação dos pareceristas, tendo em vista seus lugares de historiadores e de porta-vozes de uma política pública de regulamentação da produção didática privada, que se destina à escolha do professor, compreendido como um dos principais destinatários desse processo. A partir dessas premissas, discutiremos sobre a relação dialógica que os avaliadores estabelecem com os professores, destinatários finais desse processo. Procuraremos compreender este diálogo a partir da análise comparativa entre os Guias de Livros Didáticos de História do PNLD de 2005 e do PNLD de 2008. Tendo em vista a singularidade de ambos os processos de avaliação e as diferenças entre os dois Guias, buscaremos analisar as diferentes estratégias dialógicas que os pareceristas de cada um dos programas de avaliação procuraram estabelecer com os professores, a fim de informá-los sobre suas possíveis escolhas.

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15. CiĂŞncia - Tecnologia - Sociedade - HistĂłria Ivan da Costa Marques – UFRJ (imarques@ufrj.br) Maria AmĂŠlia Mascarenhas Dantes – USP (mamdantes@usp.br) O simpĂłsio CiĂŞncia-Tecnologia-Sociedade-HistĂłria faz parte da programação geral do Grupo de Estudos de HistĂłria da CiĂŞncia e da Tecnologia (GEHCT/ANPUH). O simpĂłsio CiĂŞncia-Tecnologia-Sociedade+LVWyULD SUHWHQGH UHXQLU QR ;;9 6LPSyVLR 1DFLRQDO GH +LVWyULD HP )RUWDOH]D XP FRQMXQWR GH WUDEDOKRV visando cruzar fronteiras disciplinares e pensar/ re-pensar a criação-invenção-descoberta-construçãoGHVHQYROYLPHQWR SURGXomR DGRomR GLIXVmR GH IDWRV H DUWHIDWRV FLHQWtĂ€FR WHFQROyJLFRV QR %UDVLO 1D VHJXQGD PHWDGH GR VpFXOR ;; QRYDV GLUHo}HV QD KLVWyULD QD VRFLRORJLD QD DQWURSRORJLD H QD Ă€ORVRĂ€D GD FLrQFLD H GD WHFQRORJLD H SDUWLFXODUPHQWH RV FKDPDGRV HVWXGRV GH ODERUDWyULR QD GpFDGD GH PDUcaram um deslocamento na apreciação de como acontece a feitura nĂŁo sĂł dos artefatos mas tambĂŠm GRV IDWRV FLHQWtĂ€FR WHFQROyJLFRV (VWH GHVORFDPHQWR SUREOHPDWL]RX D XQLYHUVDOLGDGH H D QHXWUDOLGDGH WDQWR GRV IDWRV H DUWHIDWRV FLHQWtĂ€FRV H WHFQROyJLFRV FRPR WDPEpP GDV LQVWLWXLo}HV H PpWRGRV HQYROvidos em sua produção, nos mesmos termos, todos eles entendidos a partir de entĂŁo como entidades, HOHPHQWRV RX SHoDV KHWHURJrQHDV H SURYLVLRQDLV QD FRQVWUXomR GDV WHFQRFLrQFLDV PRGHUQDV H FRQWHPSRUkQHDV $ XQLYHUVDOLGDGH H D QHXWUDOLGDGH GDV FLrQFLDV H GDV WpFQLFDV H SULQFLSDOPHQWH VXD GLIXVmR tornaram-se equivalentes Ă disseminação global de entidades (fatos, artefatos, instituiçþes, mĂŠtodos, FODVVLĂ€FDo}HV UHVXOWDQWHV GH SURFHVVRV FRQVROLGDGRV FRP PDLRU GHQVLGDGH QR SULPHLUR PXQGR 1HVWH TXDGUR R GHVORFDPHQWR LQGLFDGR DFLPD HYLGHQFLD D LPSRUWkQFLD ID]HU UH ID]HU DV KLVWyULDV GDV LQLFLDWLYDV GH FRQVWUXomR GH FRQKHFLPHQWR FLHQWtĂ€FR ORFDO VLWXDGR QR %UDVLO FDUUHJXHP HODV R UyWXOR GH ´VXFHVVRÂľ RX GH ´IUDFDVVRÂľ

Resumos das comunicaçþes Nome: Alessandro Machado Franco Batista E-mail: francobatista2002@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense / Fundação Oswaldo Cruz Co-autoria: Marcela Maria Freire Sanches E-mail: sanchesmarcela@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro TĂ­tulo: A trajetĂłria do movimento de alfabetização cientĂ­fica A proposta deste trabalho ĂŠ analisar no movimento de alfabetização cientĂ­fica algumas questĂľes relacionadas ao conceito que dĂĄ nome ao referido movimento. Alfabetização cientĂ­fica foi impulsionador da educação em ciĂŞncias durante praticamente toda Ăşltima metade do sĂŠculo XX, sendo ainda presente em nossos dias. Este movimento pretendeu alfabetizar cientificamente o maior nĂşmero possĂ­vel de pessoas, se nĂŁo toda a sociedade sem lograr sucesso. Assim consumindo elevados recursos financeiros e mobilizando grandes esforços. Portanto, pretendemos com esta reflexĂŁo compreender o processo de elaboração e desenvolvimento da proposta de “alfabetização cientĂ­ficaâ€?, onde percebemos trĂŞs momentos na trajetĂłria desse movimento. O primeiro de gestação, construção das idĂŠias que viriam a influenciar decisivamente a proposta, um segundo em que efetivamente tenta-se implantar uma universalização da educação em ciĂŞncias. E por Ăşltimo, o que de fato hoje chamamos de “alfabetização cientĂ­ficaâ€?. Alfabetização cientĂ­fica e Educação em ciĂŞncias. Nome: Alex Gonçalves Varela E-mail: alex@mast.br Instituição: Museu de Astronomia e CiĂŞncias Afins TĂ­tulo: A viagem filosĂłfica de JosĂŠ BonifĂĄcio e Manuel Ferreira da Câmara pelas regiĂľes mineiras da Europa central e setentrional (17901800) JosĂŠ BonifĂĄcio e Manuel Ferreira da Câmara foram arregimentados pelo governo portuguĂŞs para realizar uma viagem filosĂłfica pela Europa Setentrional e Central por um perĂ­odo de dez anos. Durante a viagem visitaram as principais escolas de minas e visitaram importantes regiĂľes mineiras. Como fruto dessa viagem, eles produziram importantes reflexĂľes sobre a administração das minas e diversos minerais atĂŠ entĂŁo desconhecidos. Muitos destes estudos permaneceram manuscritos e desconhecidos por parte do grande pĂşblico, assim como a viagem ĂŠ bastante citada, mas pouco estudada. Temos como objetivo recuperar a histĂłria desta viagem, destacando os objetivos, os locais percorridos, os textos produzidos, os desdobramentos do empreendimento para a trajetĂłria dos estudiosos e a importância da mesma para o projeto reformista ilustrado polĂ­tico-cientĂ­fico do governo mariano que visava regenerar o ImpĂŠrio portuguĂŞs.

Nome: Alexandre de Paiva Rio Camargo E-mail: camargo_alexandre@terra.com.br Instituição: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Título: As instituiçþes estatísticas na história social da ciência: algumas perspectivas e especificidades Este trabalho pretende apresentar, em linhas gerais, como as instituiçþes estatísticas podem configurar um fecundo campo de anålise para a historiografia da ciência, em duas grandes direçþes. Em um primeiro plano, temos a inserção burocråtico-pragmåtica das instituiçþes estatísticas, cuja produção Ê demandada, financiada e legitimada pela presença do Estado. Revela-se aí a dimensão materializada das políticas públicas envolvidas na construção do Estado nacional na história do Brasil. Como tecnologia de distância, as estatísticas levam às mesas dos decisores a economia, a sociedade e o território, na forma de tabelas, gråficos e cartogramas. Neste aspecto, subsidiaram importantes políticas de controle e disciplina, especialmente na Primeira República e na Era Vargas, quando contribuíram para conformar pactos políticos entre o governo central e as oligarquias locais. No plano da tecno-ciência, por sua vez, as instituiçþes estatísticas fundam as categorias de percepção social da realidade, pelas quais nos vemos (o um no outro), pelas quais são construídos os conceitos científicos. Instituem, assim, um campo singular para a investigação das traduçþes operadas entre a ciência e a política, como se verå a partir das pråticas eugênicas formuladas na Primeira República e na Era Vargas. Nome: Ana Claudia Ribeiro de Souza E-mail: acadaf@uol.com.br Instituição: Centro Federal de Educação Tecnológica - AM Título: Estradas, tecnologia e Escola PolitÊcnica Nesse artigo apresentamos a administração de João Theodoro Xavier de Mattos que em 1870 foi voltada para a urbanização de São Paulo, e esse Êlan de modernidade trazia em seu bojo o evento dos cafezais que atravÊs do Vale do Paraíba adentravam o território paulista. Esse contexto Ê apontado por diversos historiadores como um dos fatores indispensåveis para o desenvolvimento da ação tecnológica solicitada pelos comerciantes no intuito de concatenar esforços para a criação de uma rede de estradas de ferro no Estado cujo destino final seria o porto de Santos, daí se estabelecendo uma rede de conexão com o comÊrcio Internacional. As estradas de ferro foram durante o sÊculo XIX um dos ícones das mudanças sociais dessa Êpoca, pois em si estavam presentes a transformação de um metal, o ferro, e o uso de uma energia, o vapor, que permitiam percorrer distâncias em um tempo menor do que atÊ então era possível. Elas cortavam os caminhos antes percorridos no lombo de animais, expoênciando o transporte de passageiros e cargas. Com isso o percorrer dos seus trilhos alterou de maneira significativa as relaçþes com o tempo e o espaço da vida citadina das urbes europÊias.

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15 Nome: Ana Emilia da Luz Lobato E-mail: anaemilialobato@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Miséria e opulência da Amazônia colonial - um estudo sobre natureza e riqueza na obra do Pe. Jesuíta João Daniel O presente trabalho tem por objetivo discutir a relação homem-natureza no “Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas”, obra escrita pelo jesuíta João Daniel, em meados do século XVIII. Expulso pelo ministério pombalino em 1757, o jesuíta, nos catorze anos em que ficou preso em Portugal, escreveu uma extensa obra sobre a região amazônica, na qual traça um panorama de sua natureza, suas populações e sua cultura. Seus escritos, entretanto, têm por objetivo apresentar um programa de reformas nos métodos de aproveitamento das riquezas naturais da região no intuito de fomentar o aumento do Estado. Seu projeto conta com duplo alicerce: os tesouros descobertos na região e a experiência que serve de guia para o desenvolvimento dos métodos mais adequados de usufruto dos tesouros. Nome: André de Faria Pereira Neto E-mail: apereira@fiocruz.br Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Internet e história do tempo presente: uma agenda (possível) de pesquisa O mundo está passando, nos últimos 30 anos, por uma intensa e radical transformação tecnológica que tem permitido o acesso, cada vez maior e mais rápido e fácil a um incomensurável número de informações, sobretudo através da Internet. Esta transformação tem alterado profundamente as relações econômicas, sociais e culturais da sociedade contemporânea. Este fenômeno pode ser analisado historicamente de três formas, a saber: a ‘História da Internet’, quando o advento e expansão da Internet se tornam um objeto para a História; a ‘História na Internet’, quando os incontáveis sites e homepages sobre os mais variados temas históricos são analisados historiograficamente e a ‘Internet na História’, quando é investigado o impacto da Internet nas diferentes dimensões da História do Tempo Presente (econômica, social, cultural, política) e nos campos do conhecimento e atuação, como a saúde e a educação, especialmente o ensino de História. Estas dimensões de análise, apesar de distintas, encontram diferentes níveis e possibilidades de complementaridade. Esta comunicação apresenta algumas possibilidades de investigação sobre o tema e introduz algumas controvérsias epistemológicas e historiográficas próprias da História do Tempo Presente. Nome: André Luis Mattedi Dias E-mail: andre.luis.mattedi.dias@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Matemática moderna em instituições educacionais baianas (1946-1968): questionando delimitações entre o científico e o escolar A localização do tema “matemática moderna nas escolas” nas fronteiras entre a história da matemática, a história da educação e a história cultural suscita problemas sobre a matemática e o seu ensino como objetos da história. Examinarei autores que tratam esse assunto ou que podem contribuir para sua elucidação. André Chervel, no seu artigo seminal sobre a história das disciplinas escolares, defendia que os saberes escolares não são expressões das ciências de referência, mas que foram criados pelas escolas, nas escolas e para as escolas. Wagner Valente também se afasta da história das ciências e se aproxima da história da educação; Bruno Belhoste e Gert Schubring defendem uma aproximação da historia da matemática com o ensino da matemática; Roger Chartier, no seu livro clássico, afirmava que uma dos problemas centrais da história cultural era o questionamento de certas oposições como erudito-popular, criação-consumo, realidade-ficção. Em suma, argumentarei que a oposição matemática científica-matemática escolar não é própria para uma abordagem culturalista da matemática moderna nas escolas da Bahia nos anos 1940-1960. Nome: André Luiz Correia Lourenço E-mail: alcyel@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Seiscentos segundos: contribuições interdisciplinares para o ensino da história da ciência e da tecnologia O projeto Seiscentos Segundos, que tem sido desenvolvido no CEFET/ RJ, nesse último ano, tem como objetivo geral estimular a discussão sobre a presença da ciência e da tecnologia no processo histórico, incentivando o interesse no campo da história da ciência e da tecnologia. Visa-se desenvolver nos alunos a percepção do caráter integrado do ensino – relacionando ciência e a tecnologia com a vida social e o processo histórico –, eviden-

ciando a presença da tecnologia na vida social, bem como a importância dos conteúdos do ensino médio nas atividades ligadas ao mundo do trabalho. Através de entrevistas com biólogos, químicos, matemáticos, engenheiros, etc., e da produção de material em vídeo (DVDs para uso didático), tem se buscado evidenciar para os alunos que os diferentes conteúdos ministrados separadamente dentro da escola possuem elementos comuns e interdisciplinares. Esse trabalho tenta superar a visão compartimentalizada de ensino que divide as diversas áreas (linguagens, ciências sociais, exatas, etc.) mostrando que as mesmas podem contribuir para a atividade fim da instituição, o ensino tecnológico. Nome: Anna Raquel de Matos Castro E-mail: annaraquelcastro@yahoo.com.br Instituição: Museu Paraense Emílio Goeldi Título: Entre a decadência e a esperança: o botânico Jacques Huber, e seus estudos sobre a borracha na Amazônia (1907-1914) Jacques Huber, botânico suíço, chega ao Pará no ano de 1895, a convite do então diretor do Museu Paraense, Dr. Emílio Goeldi, para assumir a chefia da seção botânica daquela instituição e desenvolver pesquisas voltadas para a flora amazônica. Dentre as inúmeras produções científicas de Huber, destacam-se os extensos estudos relacionados às espécies de seringueiras encontradas naquela região. Em 1907, Huber assume a direção do Museu, e a partir de então, passa a elevar o nome da instituição e do Estado do Pará nos âmbitos nacional e internacional, devido aos seus consideráveis estudos a respeito da borracha amazônica, tornando-se referência no assunto e fazendo parte do grupo de melhores botânicos do mundo, por seus debates que abordavam desde a taxonomia até as potencialidades da exploração comercial e aplicação industrial do látex. Ressalta-se que, o período da gestão de Huber frente ao Museu (1907-1914) coincide com o momento de decadência da economia gomífera local. Desta forma, este trabalho visa abordar a importância dos estudos de Jacques Huber relativos à borracha amazônica, e seus reflexos no meio científico, político e econômico da Amazônia, em especial do Pará, durante o início do século XX, período em que a economia daquela região entrava em profunda decadência. Nome: Arthur Arruda Leal Ferreira E-mail: arleal@superig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Governamentalidade contemporânea práticas psicológicas: de Walden II a los Horcones A partir do trabalho genealógico de Michel Foucault, um dos campos possíveis para o estudo do surgimento dos saberes psicológicos é o das práticas de governo. Por práticas de governo entendem-se as formas como se estrutura a condução da conduta alheia, desde as formas pastorais do cristianismo primitivo até os modos atuais do Estado contemporâneo. O ponto chave dessa história encontra-se no século XVI, quando surgem os Manuais de Governo, fundamentados na “Razão de Estado”. Estes manuais estariam baseados na necessidade do disciplinamento e registro constante das ações dos governados, caracterizando o “Estado de polícia”. Contudo, no século XVIII surgem novas tecnologias de governo, patrocinadas pelos fisiocratas e liberais. A população é vista como um ente natural a ser governado não mais intervindo em todos os detalhes, mas acompanhando de modo científico todas as suas flutuações livres. Nestas novas formas de governo, a psicologia passa a ter especial importância. De modo mais específico, a pesquisa avaliará as técnicas de governo propostas a partir da utopia behaviorista de Skinner Walden II e encampada pela comunidade Los Horcones, existente no México. Mais do que uma técnica de governo psicológica, há aqui um governo psicológico à parte, o que a torna especial para exame. Nome: Camila Guimarães Dantas E-mail: camilagdantas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/PPGMS Título: Notas sobre a escrita da história em suporte digital A ubiqüidade das tecnologias da informação no cotidiano das sociedades contemporâneas é um fato inegável. A historiografia não é uma exceção. No entanto, se o computador já foi incorporado ao cotidiano dos historiadores, cabe perguntar de que modo esta máquina vem sendo utilizada. O computador é utilizado como mero instrumento capaz de organizar os bancos de dados da pesquisa ou ele cria possibilidades novas de pesquisa? Se é preciso investigar, de acordo com Roger Chartier, os novos modos de leitura na tela, pensamos ser necessário propor uma reflexão sobre as imbricações entre a escrita da história e as novas tecnologias da informação.

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Diante da amplitude do problema nos propomos neste trabalho a tratar de duas ordens de questões. A primeira delas diz respeito às especificidades das fontes históricas em suporte digital e das interfaces arquivísticas criadas para dar conta de acervos fluidos. A segunda ordem de questões a serem tratadas está relaciona ao fazer historiográfico. Certamente, pensar sobre as intersecções entre a tecnologia e o ofício do historiador é propor-se a uma tarefa que necessariamente ficará incompleta dada a velocidade das transformações em curso, porém consideramos possível delinear pólos desta problemática que envolve mudanças e continuidades. Nome: Carlos Antonio Giovinazzo Jr. E-mail: cgiovinazzo@pucsp.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica – SP Co-autoria: Maria Angélica Pedra Minhoto E-mail: mminhoto@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo Título: A qualidade do ensino na era dos indicadores: crítica da racionalidade tecnológica Nos últimos anos assistiu-se a construção de um consenso em torno da necessidade de se conduzirem processos de avaliação institucional e dos sistemas de ensino. O exame detalhado do contexto em que se inserem tais avaliações revela a produção de mecanismos que incrementam o controle e o exercício do poder no âmbito da educação. Parte-se do entendimento de que as políticas educacionais assumem o caráter de “tecnologia”, pois estão em conexão com instrumentos, dispositivos e invenções e se utilizam deliberadamente de conhecimentos científicos para o ajustamento e adaptação dos indivíduos ao sistema social. Esse entendimento justifica o estudo de indicadores educacionais, tendo em vista os vários significados que a noção de qualidade assume na história da educação brasileira. A fim de explorar as contradições subjacentes a tal noção, este trabalho investiga: a) as alterações do conceito de qualidade no movimento histórico das políticas educacionais, a partir de meados do século XX; b) a recente produção de indicadores, concebendo-os como expressão da racionalidade tecnológica; c) a aplicação de tais indicadores objetivando a melhoria da qualidade do ensino. Nome: Catarina Capella Silva E-mail: katecapella@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Ciência, propaganda e imaginário científico na década de 1950: o caso da revista Ciência Popular A partir da análise de anúncios veiculados na revista Ciência Popular, publicada no período entre 1948 e 1960, propõe-se evidenciar os aspectos que envolvem a propaganda e a divulgação científica no período. Muitas propagandas apresentavam implicitamente imagens da ciência e demonstravam o contexto econômico-social em que se encontrava o país na década de 1950. Além disso, os anúncios veiculavam padrões culturais, valores de comportamento, estereótipos e informações técnicas e científicas. Optando por publicar propagandas cujos temas apenas fossem de cunho científico e tecnológico, a revista projetou uma proposta de divulgação científica pautada em determinada percepção de ciência. Neste trabalho buscamos apontar quais os elementos acerca da ciência estavam sendo veiculados nos anúncios à luz do contexto histórico-social, bem como compreender como se articulavam à linha editorial da revista. Nome: César Agenor Fernandes da Silva E-mail: cesaragenor@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: Luzes, letras e civilização: a divulgação da ciência e da técnica na imprensa periódica do Rio de Janeiro e o projeto de civilização para o Brasil (1808-1850) Em 1808, após séculos de cerceamento, foi revogada a proibição para a instalação e funcionamento de tipografias no Brasil. Desde então surgiu uma gama variada de publicações nacionais que tratavam de diversos temas. A maior parte dos jornais, em suas introduções, dizia que seu objetivo era o de levar e espalhar as luzes entre os homens livres do país. No meio dessas publicações destacaram-se os periódicos literários, que foram amplamente utilizados pelos homens de letras para veicular os seus projetos de civilização para o país. Nesse sentido, a divulgação ampla dos conhecimentos técnicos e científicos foi uma constante preocupação dos jornalistas cariocas do período. Técnicas de cultivo, novos inventos, teorias sociais e raciais são alguns exemplos dos conteúdos veiculados. O objetivo do presente trabalho é compreender e descrever as nuances e contornos do projeto civilizatório para o Brasil veiculado pela imprensa periódica do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX, bem

como destacar o papel que a ciência e a técnica, itens indispensáveis para a civilização, ocuparam nesse projeto. Nome: Deise Simões Rodrigues E-mail: deiseouropreto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: Ciência e história na administração Gorceix da Escola de Minas de Ouro Preto: versões historiográficas Esta apresentação discutirá, principalmente, como a historiografia da Escola de Minas de Ouro Preto concebeu a concepção de ciência que Claude-Henri Gorceix, fundador e diretor dessa instituição, pautava em sua administração no período entre os anos de 1876 e 1891. Para tanto, à crítica dirigida ao corpus de autores que estudou a Escola de Minas de Ouro Preto impõe duas questões: haveria uma concepção unívoca de ciência atribuída nesta historiografia? Qual a relação entre tal (tais) concepções com a cultura histórica da época? Tais questões subsidiarão a discussão do objetivo proposto no âmbito da história cultural versando as categorias de ciência e de história. Nome: Eduardo Moraes Warpechowski E-mail: edumw@bol.com.br Instituição: Universidade Federal Uberlândia Título: Biotecnologia no Brasil e controvérsia na mídia Neste trabalho pretendo apresentar o modo como a controvérsia dos transgênicos se desenrolou nos principais meios de comunicação do país entre as décadas de 1980 e 1990. Em meados dos anos 80, o enfoque principal das publicações foi de divulgar o pretenso potencial científico e comercial das novas biotecnologias, principalmente para o governo e o empresariado nacional. Já no início da década seguinte, o que se percebe é a reação de diversos grupos sociais, divulgada em diversos tipos de publicações, questionando à adoção das novas tecnologias. A partir daí, inúmeros cadernos especiais, boletins de divulgação, artigos de jornais e propagandas foram publicados envolvendo inúmeros agentes sociais interessados na controvérsia gerada pela produção dos transgênicos no Brasil. Procuramos, a partir da análise desses documentos, entender: como essa tecnologia gerou tal controvérsia; em que termos se deu esse debate; que argumentos foram mobilizados para que cada grupo conquistasse adesão do público leigo. Nome: Eduardo Romero de Oliveira E-mail: eduardo@rosana.unesp.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: O conhecimento do território e as tecnologias de ocupação e controle A concepção clássica de território fundamentava-se numa distribuição de direitos sobre uma coisa (dominium), e pelos quais se exercia o governo. Em contraste, a condição moderna concebe o território em termos racionais, enquanto lugar de relações sociais, de produção de conhecimento e tecnologia e da governabilidade; delimitado pela representação cartográfica, técnicas de fortificação e prática urbanística. Contudo, novas situações apresentaram-se desde o século XIX, e em particular no Brasil: a concepção de técnicas e procedimentos em vista da utilidade humana; a expansão da produtividade agrícola e rentabilidade econômica das terras; o adensamento dos núcleos urbanos e sua regulamentação; a mobilização da mão-deobra e a migração humana. Em vista disso, parece pertinente a hipótese de que o território é o espaço no qual se articula a produção, a população e a cidade; enquanto que a tecnologia é um dos operadores da gestão contemporânea (privada e/ou pública) destes elementos. Esta comunicação visa discutir a relação contemporânea entre tecnologia e território, observando algumas situações do Vale do Paranapanema na passagem do século XIX para o XX referentes ao processo de mapeamento das terras, povoamento, exploração agrícola e implantação de sistemas de transporte. Nome: Fábio Luciano Iachtechen E-mail: fabio.luciano@gmail.com Instituição: Universidade Tecnológica Federal do Paraná Título: O belicismo e a ressignificação dos artefatos: a tecnologia aplicada em “A guerra dos mundos” de H. G. Wells Esta comunicação tem por objetivo propor uma análise sobre parte da obra ficcional do escritor inglês Herbert George Wells (1866-1946), em especial as aparições da ciência e da tecnologia presentes em “A guerra dos mundos” (1904). Esta proposição almeja identificar as aparições de distintos artefatos bélicos, principalmente os utilizados pelos marcianos em tentativa de invasão terrestre, procurando compreender a inserção deste discurso tecnológico não apenas como componente do enredo, com função pura-

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15 mente didática e instrumentalizadora do leitor, mas também ressaltando a estreita relação que este discurso guarda com a realidade tecno-científica do período de sua produção. Nome: Flavio Diniz Ribeiro E-mail: fdinizribeiro@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: As ciências sociais como tecnologia Na história das ciências sociais norte-americanas há um momento em que parte significativa da produção visa constituir tecnologia social enquanto política de Estado. Nas ciências sociais isso tem sido negligenciado, embora mereça atenção, reflexão e análise. Desde a 2ª guerra mundial a articulação ciência/Estado se institucionaliza. Cientistas participam diretamente na formulação, planejamento, acompanhamento e execução de políticas de Estado, seus desdobramentos e estratégias: desenvolvimento dependente das chamadas áreas subdesenvolvidas, propaganda ideológica e política para formação de opinião, mapeamento de conflitos e identificação de opositores para “neutralização”, e mesmo orientação e controle de práticas de tortura. Essas atividades passam a contar como novos campos para o exercício profissional de cientistas sociais e humanos, campos sempre vinculados ao poder de Estado, nas guerras admitidas como tal ou em tempos de “paz”. O Estado, principalmente por meio de suas agências de segurança e informação, está na própria origem da produção desse conhecimento elaborado por cientistas sociais, criando instituições de pesquisa destinadas especificamente para essa produção e alocando recursos vultosos em importantes centros universitários contratados para essas finalidades. Nome: Francisco Assis de Queiroz E-mail: frantota@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: As tecnologias de informação e comunicação e seus (des)usos na educação Alguns autores mostram como nos anos 1920 já se propunha explorar o potencial educacional do rádio, prevendo-se um impacto dramático da utilização desse novo artefato tecnológico, que já se fazia comercialmente viável. No início da década de 1950 a televisão foi vista com igual expectativa. O mesmo destino parece ter sido atribuído à instrução através das inovações mais recentes, como o computador e a Internet. Mas data, sobretudo do final dos anos 1940 e início dos anos 1950 o interesse pelo auxílio mais efetivo de meios tecnológicos na educação (particularmente a televisão) quando, seguindo a difusão de seu desenvolvimento comercial, a Fundação Ford, e depois o governo federal (EUA), criaram uma variedade de experimentos para estudar o possível impacto da televisão no processo educacional, incluindo da escola elementar à universidade. Pretende-se, assim, analisar em perspectiva histórica o desenvolvimento e o papel das novas tecnologias, no caso, das chamadas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), na configuração da sociedade, sobretudo, a partir de meados do século XX, caracterizada por muitos como sociedade da informação ou do conhecimento, além de suas aplicações e implicações no campo do ensino em geral. Nome: Gilson Leandro Queluz E-mail: queluz@utfpr.edu.br Instituição: Universidade Tecnológica Federal do Paraná Título: Representações de tecnologia no pensamento autoritário conservador (1930-1935) Este trabalho pretende analisar as representações de tecnologia presentes nas utopias conservadoras do período entre 1930-1935. As obras escolhidas para análise são de modernistas autoritários de diferentes vertentes ideológicas: a “Quarta Humanidade” (1934), do integralista Plínio Salgado; “No Limiar da Idade Nova” (1935) do líder da “reação espiritualista” católica Alceu Amoroso Lima; e a utopia constitucionalista “Soluções Nacionais” (1935) de Menotti del Picchia. Estas obras concediam um papel destacado para a Tecnologia. Como no caso de Plínio Salgado, cuja crítica ao capitalismo igualava-se à crítica à civilização técnica. Exaltava em contraposição a chegada da “Quarta Humanidade”, de um Brasil Telúrico, onde o papel da agricultura seria fundamental. Alceu Amoroso Lima, por sua vez, considerava que a incorporação da máquina e sua hipertrofia na civilização industrial seriam as causadoras da crise moderna, sendo um dilema central para a constituição da Idade Nova. Já Menotti Del Picchia, anunciava a crise do regime democrático, apontando sua origem no processo de socialização da instrução combinado à revolução das máquinas. Em comum nas concepções, a presença de uma visão determinista da tecnologia e a crença utópica em um estado autoritário, tecnocrático e corporativo.

Nome: Gisela Tolaine Massetto de Aquino E-mail: gi.aquino@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Contribuições da Faculdade de Engenharia Industrial no desenvolvimento do ABC paulista A região do ABC Paulista é formada por sete municípios autônomos. Compreende área de 840 km² contando com mais de 2,5 milhões de habitantes. Região muito urbanizada e com alto índice de indústrias. Detém um PIB de mais de 27,4 milhões de dólares (2,43% do PIB nacional). A participação na atividade industrial da região metropolitana de São Paulo é de 22,8% (no estado de São Paulo é de 13,8% e no Brasil é de 7%). Em 1860 a São Paulo Railway inicia a construção de uma ferrovia, ligando o porto de Santos a capital. As indústrias paulistas migram para o ABC, pois os terrenos eram planos, baratos e ficavam próximos da estrada de ferro. O desenvolvimento industrial é incrementado com a inauguração da via Anchieta, em 1947. Com o crescimento do pólo industrial, a demanda por pessoal especializado cresce muito. A solução seria capacitar o trabalhador do ABC. Desta forma, acabam se instalando na região, a partir da década de 1960, duas faculdades de Engenharia com este objetivo. Foram elas a FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e a Mauá (Instituto Mauá de Tecnologia). O presente trabalho pretende analisar, mais detalhadamente a implantação da FEI e sua contribuição na formação da mão-de-obra especializada na região do ABC. Nome: Heloisa Meireles Gesteira E-mail: heloisagesteira@mast.br Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins Título: As comissões demarcadoras de limites e a conquista territorial da América portuguesa: ciência, política, arte e técnica no século XVIII O objetivo desta comunicação é refletir sobre as condições de produção de conhecimento no contexto das comissões demarcadoras de limites que tiveram lugar durante o século XVIII, valorizando em especial as práticas de determinação de posições geográficas. Nesta comunicação partiremos da missão dos matemáticos jesuítas Diogo Soares e Domingos Capassi enviados à América portuguesa durante o reinado de D. João V, e também das partidas demarcadoras ocorridas logo após a assinatura do Tratado de Madrid (1750), em particular a comissão chefiada por Gomes Freire de Andrade enviada a região do Prata. Destas experiências restam-nos mapas, cartas, observações astronômicas entre outros registros que nos parecem ainda carecer de um estudo que valorize, em particular, as condições de produção de conhecimento na fronteira, tendo como principal objeto para nossas reflexões a utilização dos instrumentos de precisão que eram levados a campo e garantiam o esquadrinhamento mais preciso das terras pertencentes a Portugal, além de livros e outros materiais que auxiliavam no uso correto dos instrumentos. Nome: Ivan da Costa Marques E-mail: imarques@ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Multi-mistura: desnutrição infantil e limites do relativismo A partir da década de 1970, a multi-mistura foi adotada em pequena escala no combate à desnutrição no Brasil. Sua utilização cresceu e alcançou escala nacional. A expansão contou com o apoio da Fundação Banco do Brasil e a multi-mistura foi institucionalmente adotada pela Pastoral da Criança. No entanto, a partir da década de 1980 surgiram disputas e controvérsias a respeito das qualidades nutricionais da multi-mistura e dos alegados benefícios de sua adoção. Aponto historicamente limites do relativismo demarcados por linhas de fuga (Deleuze, Guattari) da multi-mistura que encenam “versões da realidade” diversas: 1) um corte epistemológico entre conhecimento científico e crença, corpo e mente, natureza e sociedade, outorga à ciência o direito exclusivo de ser assertiva quanto à realidade: o mundo de um aparato nutricional bioquímico nos limites do corpo; 2) um mundo da alimentação onde estão presentes entidades híbridas corpomente, natureza-sociedade, onde fatos científicos sobre alimentação são feitos e desfeitos em interações de coletivos heterogêneos (Law, Latour); e 3) um mundo da nutrição infantil habitado por corpo-mente-alma, encenado por uma metafísica empírica (Mol, Law, Latour) onde os elementos bioquímicos estão sujeitos a complexidade de um relativismo máximo. Nome: Jairo de Jesus Nascimento da Silva E-mail: jjnsilva@globo.com Instituição: Secretaria de Estado de Educação - PA Título: O combate a Mereba-ayba em Belém de 1884 a 1904: tiros

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de canhões, isolamento, vacina e a intolerância popular às profilaxias oficiais em tempos de epidemia Este trabalho procura desvendar como o crescimento da cidade de Belém, ao longo do século XIX, provocou ou ampliou problemas já existentes, entre os quais o da saúde pública, destacando-se o desencadeamento de freqüentes epidemias de varíola. Em termos de temporalidade o destaque foi dado à segunda metade do século XIX, quando foi intenso o debate acerca da necessidade de modernizar a cidade, sendo que o projeto modernizador em questão foi fortemente marcado pelos preceitos excludentes da Ciência da Higiene. Assim, o foco da pesquisa foi o período entre 1884 e 1904, marcado pela eclosão de três epidemias de varíola, em Belém. O objetivo principal do trabalho foi demonstrar as razões da intolerância popular às profilaxias e práticas terapêuticas encaminhadas pelo poder público, principalmente a política de isolamento baseada no discurso higienista e, também, a vacina. A experiência desenvolvida pela população de Belém com essas profilaxias oficias, ao longo do século XIX, foi bastante negativa, propiciando a conduta aversiva desta. Nome: José Jerônimo de Alencar Alves E-mail: jeronimoalves@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Bates entre a natureza e a cultura na Amazônia O objetivo desta exposição é refletir sobre as atividades cientificas do naturalista Henry Bates, entre 1848-1859, período em que ele permaneceu na Amazônia e, assim, contribuir para as pesquisas sobre as condições de emergência de um conhecimento científico em uma determinada cultura. Para isso, como mostram Bourdieur, Foucault, Latour entre outros é necessário ir além dos procedimentos lógicos e experimentais observando os aspectos culturais mais amplos que condicionam as práticas científicas. Neste sentido os relatos de Bates são interessantes, porque - como era de praxe entre os naturalistas - suas descrições sobre a natureza são acompanhadas de juízos sensíveis. Sua permanência na Amazônia modificou a imagem sobre a região aprendida nas leituras anteriores. A idealização de uma natureza como um denso viveiro de animais e com uma harmonia paradisíaca arrefeceu, dando lugar a uma natureza mais comedida que, embora aprazível e harmoniosa, tinha certa monotonia. Com relação à cultura, seus juízos tornaram-se mais positivos, pois embora continuasse a acreditar na preguiça e indolência de seus habitantes, afirmava, também, que eles viviam de modo pacífico e harmônico. Nome: Luiz Carlos Borges E-mail: lcborges@mast.br Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins Co-autoria: Manuela Bretas de Medina E-mail: manubretas@gmail.com Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins Título: Ciência, política e conversão: a cosmologia Guarani nas cartas do Padre Sepp A Companhia de Jesus desempenhou no período colonial um papel estratégico na condução da política de ocupação e dominação do Brasil, sendo responsável pela idealização e execução da política de conversão junto às populações indígenas, a qual se estendeu para além do ideal de cristianização, abrangendo a educação, a ciência e o controle de empreendimentos econômicos coloniais. Dois povos indígenas foram diretamente os mais afetados pela ação colonizadora no imaginário religioso, político e científico do Brasil colonial, os Tupinambá e os Guarani. Na História da Ciência, ambos vêm sendo objeto de estudos, no que tange aos saberes e práticas relativas à sua cosmologia. O exame dessa temática em fontes históricas relativamente aos Guarani é ainda recente. Esse povo distribuía-se por áreas sob administração espanhola, as Cartas do Padre Sepp (1655-1733) que, durante 42 anos, atuou como missionário nos aldeamentos guarani de Japeyú e São Miguel, mostram-se uma excelente fonte. Fazemos uma leitura histórica e discursiva dessas cartas, objetivando analisar de que modo os Guarani são aí representado, detectar referências ao conhecimento astronômico desse povo e verificar como o saber guarani era, ou não, apropriado pela missão jesuítica e incorporado à política e ao processo de conversão. Nome: Luiz Carlos Soares E-mail: luizcsoares@globo.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Benjamin Martin: professor itinerante e divulgador da ciência newtoniana na Inglaterra do século XVIII Benjamin Martin foi um dos grandes divulgadores da Filosofia Mecânica e Experimental Newtoniana, através dos inúmeros cursos que ministrou no

interior da Inglaterra, entre os anos 1730 e 1750. Ele procurou atrair uma diversificada clientela para seus cursos, com um esquema eficiente de propaganda que tinha suas publicações (manuais e libretos) como principais elementos de divulgação. Estas publicações eram vendidas por ele mesmo, em suas andanças por diversas cidades, ou por livreiros autorizados. Em meados dos anos 1750, Martin tornou-se fabricante de instrumentos científicos, estabelecendo-se numa loja e oficina na Fleet Street, Londres, onde ele produzia e comercializava os instrumentos que inventava ou aperfeiçoava, sobretudo, diversos tipos e tamanhos de microscópios cilíndricos e óculos para a correção da visão. Suas publicações se destinavam, principalmente, para aqueles que pretendiam iniciar na Filosofia Mecânica e Experimental e, nos anos 1760, seus livros já tinham grande reconhecimento do público leitor, contribuindo para criar, na Inglaterra, um clima de fascinação pelo Newtonianismo e pela nascente Ciência Aplicada. Nome: Márcia Regina Barros da Silva E-mail: mbarros.cehfi@epm.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo Título: Na companhia da ciência: o cinema de Benedito Junqueira Duarte O objetivo desta apresentação é discutir parte da produção do documentarista Benedito Junqueira Duarte, realizada em São Paulo, a partir dos anos 1940. Em seus filmes é possível perceber a preocupação de fortalecimento das bases de uma civilização urbana, capaz de vencer o atraso nacional. A industrialização, a racionalização do trabalho, a educação formal e o entendimento higiênico da sociedade surgem em discussões de temática diversificada, mas que confluem para uma perspectiva comum, aquela em que a coordenação do Estado seria a garantiria para o bem geral e para o progresso do país. Tais disposições estão ancoradas em uma estética própria e na associação com instâncias oficiais de poder. Um filme em particular, como “Parques e Jardins”, de 1954, estabelece claramente o ensino escolar como motor de uma possível transformação moral da infância e da juventude, ancorado sobre noções de saúde e bem estar, em que o suporte do conhecimento de bases científicas esteve sempre presente. Este filme apresenta grande coincidência de tomadas com a memória imagética dos primeiros tempos da saúde pública paulista e pode ser considerado um modelo para a produção posterior, realizada a partir da década de 1960, na qual o diretor vai buscar desenvolver filmes de temática médico-científica. Nome: Marco Antonio Rodrigues Paulo E-mail: marodriguespaulo@uol.com.br Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados Título: A estatística como tecnologia para o planejamento da instrução pública paulista (São Paulo, 1892-1920) Esse trabalho abrange as primeiras décadas posteriores à implantação do regime republicano e examina as estatísticas escolares como parte integrante do processo de burocratização e racionalização do Estado que tomou impulso com a implantação do novo regime. Concentra-se no período entre as primeiras reformas republicanas da instrução pública (1892) e a reforma Sampaio Dória (1920), período em que o Estado de São Paulo deu início à estruturação do seu sistema de ensino. Examinando-se a constituição desse instrumento, produzido e administrado pelo governo, pode-se compreender como o Estado, passou a organizar suas estatísticas ao propor políticas para aperfeiçoar e modernizar seu controle sobre o campo educacional. São fontes deste trabalho: a Coleção de Leis e Decretos do Estado de São Paulo, que apresenta o arcabouço legislativo produzido para regulamentar à organização das estatísticas escolares paulista entre 1892 e 1920; e os veículos utilizados para a divulgação dos números do ensino paulista - Relatórios/Anuários Estatísticos de São Paulo e os Anuários do Ensino do Estado de São Paulo, periódicos publicados pelo Estado de São Paulo e que tinham a função de divulgar as estatísticas escolares coligidas pelo poder público. Nome: Marcos Jungmann Bhering E-mail: marcosbhering@gmail.com Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Positivismo e agricutura na Primeira República: uma análise das políticas e dos Institutos científicos do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (1909 - 1930) Esta comunicação busca demonstrar a importância do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC) para a história das ciências no Brasil durante a primeira República. Sua relevância reside na convergência de diversos institutos de nível federal em torno deste organismo e por sua

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15 criação ter significado uma inflexão nos rumos da relação entre ciência e agricultura no país. A partir de 1906/9, período de criação do MAIC, as atividades científicas dos institutos que passaram para a sua tutela, como o Jardim Botânico e Museu Nacional, assim como os que foram criados, assumiram um caráter pragmático, ligando-se principalmente às demandas de modernização agrícola. Busca-se analisar as causas que promoveram esta inflexão, concluindo-se pela presença de valores difusamente positivistas na visão de mundo dos que lutaram por sua criação e estiveram à frente da pasta da Agricultura a partir de 1909. Será ressaltado, nesta apresentação, o projeto educacional do ministério, a partir do qual se evidencia a influência dos valores positivistas e o papel que a ciência desempenharia para o desenvolvimento do campo brasileiro. Nome: Mirian Jorge Warde E-mail: mjwarde@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Alfenas Co-autoria: Claudia Panizzolo E-mail: claudiapanizzolo@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Alfenas Título: A confluência psicologia-estatística no terreno da instrução pública paulista (São Paulo, anos de 1920 e 1930) Este trabalho examina as intervenções efetuadas por Noemy da Silveira Rudolfer e sua equipe no âmbito da escola pública paulista, entre os anos vinte e trinta do séc. XX, que consolidaram a Psicologia como ciência basilar da pedagogia prática, assim como empreenderam a convergência dos experimentos psicológicos e das explorações estatísticas. Os empreendimentos de Rudolfer, por um lado, representam a continuidade de iniciativas pioneiras que havia se dado há pelo menos uma década; por outro, rompem com os seus predecessores quer em relação às suas orientações científicas e filosóficas quer em relação a seus instrumentos e procedimentos experimentais. Se nos predecessores é possível verificar a então prevalecente filosofia social de Spencer e a psicologia do dualismo corpo-mente, nas novas iniciativas de Noemy Rudolfer são flagrantes as adesões às teorias que direta ou indiretamente nasceram no terreno do evolucionismo darwiniano. Assim, verificam-se as aproximações aos pragmatismos tanto de James quanto de Dewey, bem como à chamada Nova Psicologia norteamericana, com destaque à psicologia conexionista de E. Thorndike, um dos primeiros e maiores responsáveis pela modelação estatística de experimentos psicológicos. Nome: Moema de Rezende Vergara E-mail: moema@mast.br Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins Título: Ciência e viagem: expedição ao rio Javary (1901) Em 1901, Luiz Cruls, então diretor do Observatório Nacional, foi comissionado pelo Governo Federal para realizar a demarcação da nascente do rio Javary, elemento fundamental para determinação do limite BrasilBolívia, que em 1904 subsidiará o tratado de Petrópolis que deu origem ao Estado do Acre. O objetivo da presente comunicação é analisar como esta expedição atualmente pouco conhecida foi noticiada na imprensa da época, bem como dar visilibidade a relação entre ciência e política e a formação do território nacional. Nome: Natalia Peixoto Bravo de Souza E-mail: natipeixoto@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: A criação do grêmio Euclides da Cunha: história, memória e projeto No presente trabalho, pretendo abordar a criação de um grêmio em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, no início do século XX. Criado por ex-alunos de Euclides do colégio Pedro II poucos anos depois de sua morte, o grêmio euclidiano foi se transformando, ao longo dos anos, de instituição destinada a perpetuar a memória e a reivindicar punição ao assassino do escritor, em um lugar de construção de uma memória bastante definida: a que associa Euclides da Cunha ao positivismo. Nesse trabalho, portanto, pretendo discutir a influência de intelectuais positivistas de grande atuação, como Roquette-pinto, Venâncio Filho e Paulo Carneiro, na construção de uma memória que associa Euclides da Cunha ao positivismo. Essa construção se realizou, entre outros lugares, no Grêmio Euclidiano do Rio de Janeiro, por meio dos seus principais integrantes. Nome: Nelson Rodrigues Sanjad E-mail: nsanjad@museu-goeldi.br Instituição: Museu Paraense Emílio Goeldi Título: Ciência e política na fronteira amazônica: as expedições do

Museu Paraense ao Amapá (1895-1896) e ao Purus (1903-1905) Durante a Primeira República, o governo brasileiro estreitou relações diplomáticas com vários países vizinhos visando à demarcação dos limites nacionais. Também envolveu-se em conflitos e incidentes provocados pela tensão social em regiões de fronteira. Nesse processo de reconhecimento e apropriação do território nacional, o governo agenciou instituições, intelectuais e cientistas - envolvendo-os diretamente nas questões de Estado, como a negociação e demarcação dos limites internacionais, e na construção de infra-estrutura, como linhas de telégrafo e estradas de ferro. Essa pesquisa apresenta o caso do Museu Paraense, sediado em Belém (PA), ativa instituição científica no final do século XIX, que coadjuvou os esforços nacionais pela disputa de parte do território amazônico, no rio Purus (AM) e na antiga Guiana Brasileira (AP). Foram estudadas as expedições organizadas pelo museu a esses locais, a produção científica, os cientistas envolvidos e a forma pela qual estavam conectados à ação governamental nas fronteiras. Os resultados mostram que ciência e política, naquele contexto, eram parceiras, prevalecendo a colaboração entre governantes e cientistas, na medida em que se apoiavam mutuamente para atingir objetivos próprios. Nome: Nilda Nazare Pereira Oliveira E-mail: nilda@ita.br Instituição: Instituto Tecnológico de Aeronáutica Título: Ciência: uma fronteira mediada pela sociedade No final da Segunda Guerra Mundial foi publicado o relatório intitulado Science, the Endless Frontier, (Ciência, uma fronteira sem fim), escrito por Vannevar Bush, diretor do Office of Scientific Research and Development (OSRD). De acordo com o mesmo, as políticas governamentais para C&T deveriam financiar um modelo linear de desenvolvimento que começa com a pesquisa básica + pesquisa aplicada e o resultado seria o desenvolvimento de produtos e operações. O relatório estimulava uma visão essencialista e triunfalista da ciência, capaz de solucionar qualquer problema apresentado. Este relatório influenciou o mundo inteiro, criando um verdadeiro paradigma no que diz respeito aos conceitos e relacionamentos entre Ciência, Tecnologia, Governo e Sociedade, pretensamente responsável pelo Estado de Bem-estar Social. Entretanto, a partir dos anos 70, mesmo período em que o capitalismo entrou em crise novamente, as críticas a este modelo começaram a ganhar fôlego na Europa e nas Américas em programas de estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Hoje, embora ainda exista um forte domínio do modelo da ciência infinita, cada vez mais nos deparamos com a mediação das fronteiras da ciência pela sociedade, presente e defendida pelos Estudos CTS. Nome: Nilton de Almeida Araújo E-mail: ovelhanegr@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Campo científico e campo político: coronelismo, ruralismo e agronomia na Bahia (1902-1930) Este texto propõe a necessidade de revisão de caracterizações convencionais na historiografia sobre “coronelismo” e “oligarquias” na política da Primeira República da Bahia, a partir de resultados sobre a história da institucionalização da agronomia como campo científico no período. Focando a Escola Agrícola da Bahia (EAB), o Boletim da Secretaria estadual de Agricultura e a revista Correio Agrícola (da Sociedade Baiana de Agricultura), e a atuação de naturalistas, engenheiros civis, cientistas e, em especial, de engenheiros agrônomos formados pela EAB nestes espaços, verifica-se a relação dialética entre campo científico e campo político, mediados por organizações da sociedade civil. Nome: Odair Sass E-mail: odairsass@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - SP Título: O aluno sob medida: os testes psicológicos como tecnologia na educação brasileira A psicometria é discutida como conhecimento científico da psicologia deliberadamente aplicado para exercer o controle social do sujeito, ou seja, psicometria é aqui considerada como tecnologia. A exposição cinge-se a explorar: os testes de inteligência, considerados uma das mais importantes aplicações da psicometria no estudo do indivíduo, tomando como referência a apropriação das provas de nível mental, realizadas no Brasil, tal como as apreendeu Isaias Alves (1888 - 1968), com objetivo de se utilizar da ciência psicológica para reorganizar a escola básica brasileira, nos anos de 1930 (Alves, 1930); a variante elaborada por Lourenço Filho: os “testes ABC para a verificação da maturidade necessária à aprendizagem da leitura

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e da escrita”, na década de 1930, largamente aplicado às crianças ingressantes da escola primária brasileira e outros paises americanos e europeus (Lourenço Filho, 2008). Sustenta-se a hipótese de que as provas psicológicas aplicadas à educação estão relacionadas à racionalidade tecnológica predominante na sociedade industrial antes do que exclusivamente a uma suposta evolução epistemológica natural que as vinculam como decorrência inevitável da aproximação entre a Psicologia e as Ciências físico-matemáticas, por causa do sucesso dos métodos quantitativos. Nome: Regina Maria Macedo Costa Dantas E-mail: regina@pr2.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Co-autoria: Ricardo Silva Kubrusly E-mail: regin@mn.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Co-autoria: Rundsthen Vasques de Nader E-mail: rvnader@ov.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: D. Pedro II e a Astronomia A comunicação pretende refletir sobre alguns dos estudos que vem sendo realizados no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia/HCTE da UFRJ sobre D. Pedro II e sua relação com o desenvolvimento das ciências naturais durante a segunda metade do século XIX. Para isso, optou-se por unir as pesquisas de uma historiadora e de um astrônomo sob a orientação de um professor de História das Ciências para dar relevo ao perfil estudioso do monarca e relacioná-lo às pesquisas de uma das áreas do conhecimento - a astronomia. Visando apresentar o assunto, uma breve contextualização sobre duas instituições será necessária à construção do cenário científico e institucional do Brasil imperial: o Museu Nacional e o Observatório Nacional/RJ. A metodologia utilizada vai destacar diferentes materiais para apresentar o interesse do imperador por estudos de corpos celestes. Assim, cartas, documentos de estudos do próprio monarca, equipamentos e narrativas que, articulados, irão compor o conjunto de fontes que deverão proporcionar a elaboração do trabalho. Por fim, a reflexão pretende fortalecer o desenvolvimento metodológico utilizado entre distintas áreas do conhecimento: a História e a Astronomia, no viés multidisciplinar da História das Ciências/HCTE. Nome: Sheila Cristina Alves de Lima Luppi E-mail: sheilaluppi@gmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Eugenia e o projeto de regeneração da população brasileira nos Anos 20 Proponho discutir o projeto de aperfeiçoamento físico e moral da população brasileira elaborado pelos eugenistas brasileiros, no período entre 1900 a 1930. A eugenia aqui será tratada como um componente da cultura política, o que oferece ao historiador possibilidade de melhor compreender a natureza, o alcance e a complexidade desse ideário. A palavra deriva do grego eu = boa, genus = geração. Francis Balcon (1822 - 1911) criador do termo definia esta como uma ciência que buscava compreender as leis da hereditariedade, com o objetivo de aprimorar o que as raças têm de melhor, sejam essas características físicas ou mentais, e garantir saúde às gerações futuras. Minha principal fonte é os Annaes de Eugenia, publicado em 1919, pela Sociedade Eugênica de São Paulo. O esforço em torno do projeto de aprimoramento e regeneração da população justifica-se pela preocupação das elites políticas, econômicas e intelectuais do país com as precárias condições sanitárias e o péssimo estado de saúde da população, mas, principalmente, com a composição racial do brasileiro. Assim, no Brasil a eugenia adquire uma feição peculiar, confundindo saneamento, sexologia, higiene e saúde pública.

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16 16. HistĂłria vivida, histĂłria pensada, histĂłria escrita EstevĂŁo Chaves de Rezende Martins - UnB (ecrm@terra.com.br) Raquel Glezer - USP (raglezer@usp.br) 1R PXQGR PXOWLFXOWXUDO FRQWHPSRUkQHR H QD FRQYLYrQFLD PXOWLGLVFLSOLQDU GDV FLrQFLDV VRFLDLV D FLrQFLD KLVWyULFD EXVFD UHVSRQGHU D GXDV TXHVW}HV 8PD SDUD ´GHQWURÂľ WUDWD GH VXD OHJLWLPLGDGH HSLVWHPROyJLFD H D VXD UHOHYkQFLD WHyULFD 2XWUD SDUD ´IRUDÂľ REMHWLYD HODERUDU H DSUHVHQWDU j VRFLHGDGH XPD VXVWHQWDomR H[SOLFDWLYD GLVFXUVLYD GR VHQWLGR GH VXDV WUDGLo}HV H GD VXD FLUFXQVWkQFLD SUHVHQWH 6H SDUD D SULPHLUD TXHVWmR D FLrQFLD KLVWyULFD DVVXPH HOHPHQWRV QRUPDWLYRV GH FDUiWHU PHWyGLFR H FRQYHQFLRQDO SDUD D SUiWLFD GD GLVFLSOLQD QD VHJXQGD FRQYHUJH FRQFRUUH GLYHUJH FRQYLYH FRPSHWH QR HVSDoR S~EOLFR FRP DV GHPDLV FLrQFLDV VRFLDLV $VVLP D FLrQFLD KLVWyULFD VH FRQVWLWXL HP XP PRYLPHQWR FRQVWDQWH GH refundação, a partir de uma teoria da verdade possĂ­vel, socialmente aceitĂĄvel, culturalmente consistente D KLVWRULRJUDĂ€D p XPD FRQWULEXLomR YHURVVtPLO H SODXVtYHO D SDUWLU GH GDGRV FRQWUROiYHLV $ FRQVWLWXLomR PHWyGLFD GH XPD FLrQFLD KLVWyULFD DVVLP FRQFHELGD DYDQoD HQTXDQWR EDVHDGD HP XPD WHRULD GD SHUWLnĂŞncia empĂ­rica de seu discurso (narrativa) com relação Ă base empĂ­rica de sua pesquisa. FundamentaomR WHyULFD SUi[LV PHWyGLFD H UHOHYkQFLD VRFLDO H SRU FRQVHJXLQWH pWLFD GD FLrQFLD KLVWyULFD VmR TXHVW}HV LQWHUOLJDGDV 'R WHRU GDV UHVSRVWDV TXH VH OKHV GHU GHSHQGH HP ODUJD PHGLGD D IXQomR GD KLVWyULD como referĂŞncia de constituição pessoal e social da identidade e da legitimidade ativa. Esse conjunto de TXHVW}HV SRGH VHU WUDWDGR QR VLPSyVLR VRE GLYHUVRV DVSHFWRV GRV TXDLV VH GHVWDFD WUrV D TXH IXQGDPHQWRV Ki QD HUD GD UHODWLYL]DomR JHQHUDOL]DGD SDUD D FRQĂ€DELOLGDGH GR FRQKHFLPHQWR KLVWyULFR SDUD DOpP GD LQpUFLD GDV WUDGLo}HV E TXH OHJLWLPLGDGH SRVVXL R GLVFXUVR QDUUDWLYR GD KLVWRULRJUDĂ€D DLQGD SUHGRPLQDQWHPHQWH QDFLRQDO SDUD FRU UHVSRQGHU DR SURMHWR GH LGHQWLGDGH FXOWXUDO GD VRFLHGDGH D TXH VH GLULJH H GH TXH HPHUJH F TXH DXWRQRPLD RX RULJLQDOLGDGH SRVVXL D FLrQFLD KLVWyULFD com relação aos paradigmas de outras ciĂŞncias sociais.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adrianna Cristina Lopes Setemy E-mail: deusa_clio@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Guerra impressa: Novas fontes para uma nova perspectiva historiogråfica da participação brasileira na II Guerra Mundial Partindo da premissa de que cabe ao historiador a iniciativa de constituir como fontes históricas os diversos vestígios do passado, tem-se tarefa de superar as limitaçþes teórico-metodológicas que por vezes dificultam a crítica documental e a elaboração de novas problemåticas de pesquisa. Portanto, nesta comunicação pretendemos discutir a relevância, para a produção historiogråfica brasileira, do estudo do episódio da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a partir de uma perspectiva ampliada de fontes que considere periódicos impressos como documentos potenciais de uma Êpoca e lugar de memória que carrega em si uma determinada representação da realidade e que nos remete a questþes e conflitos relativos às pråticas sociais do período no qual foi produzido, a partir de questionamentos formulados no presente.

TĂ­tulo: Na transversal do tempo: Natureza e Cultura Ă prova da histĂłria É possĂ­vel postular uma Ăşnica matriz de interpretação da experiĂŞncia humana do tempo? Dois parecem ser os caminhos para responder esta pergunta. Num primeiro, de acordo com o princĂ­pio do multiculturalismo, tenderĂ­amos Ă relativização e negação de qualquer princĂ­pio universal, Ă exceção de um: a evidĂŞncia de que todos nĂłs, seres-humanos, pertencemos a uma mesma espĂŠcie e, portanto, partilhamos de uma natureza Ăşnica. Neste caso, tenderĂ­amos a reconhecer que a natureza humana ĂŠ universal e que, ao contrĂĄrio, a cultura ĂŠ uma variĂĄvel histĂłrica. PoderĂ­amos, ainda, extrair deste universalismo da espĂŠcie um destino comum Ă espĂŠcie, e postular um Ăşnico processo de evolução histĂłrica. Neste caso, tenderĂ­amos a reconhecer que a sociedade humana ĂŠ apenas um fenĂ´meno natural como qualquer outro. Contudo, olhamos ambas as respostas com desconfiança. Por essa razĂŁo, em lugar de “uma Ăşnica multiplicidade de histĂłriasâ€? (depreendida do princĂ­pio do multiculturalismo), propomos uma anĂĄlise da viabilidade de sua substituição por “uma Ăşnica multiplicidade de matrizes interpretativasâ€?, fundada no princĂ­pio do reconhecimento mĂştuo nĂŁo apenas das diferenças de perspectivas, como tambĂŠm das estruturas de prefiguração da realidade e dos cĂłdigos normativos dela decorrentes.

Nome: Amanda Teixeira da Silva E-mail: amandacrato@oi.com.br Instituição: UFPB TĂ­tulo: O medo de esquecer: cultura histĂłrica e necessidade de memĂłria nos contos de JoĂŁo GuimarĂŁes Rosa O objetivo deste artigo ĂŠ pensar sobre a importância que a memĂłria e o passado assumem nos contos de JoĂŁo GuimarĂŁes Rosa. SĂŁo investigadas as diferenças e semelhanças entre a histĂłria construĂ­da pelos historiadores e aquela narrada pelos homens comuns, cujo saber muitas vezes se distancia do conhecimento propriamente historiogrĂĄfico. Os contos de Rosa apresentam indĂ­cios de uma “necessidade de memĂłriaâ€? comum tanto a historiadores quanto a leigos, por isso atravĂŠs deles sĂŁo analisados elementos essenciais do trabalho do historiador, tais como as concepçþes de presente e passado, a narrativa, o testemunho e a memĂłria, percebendo de que maneira estes elementos se configuram tanto em nosso ofĂ­cio quanto no cotidiano dos nĂŁo-historiadores. Para tanto, ĂŠ utilizado o conceito de “Cultura HistĂłricaâ€? desenvolvido por Jacques Le Goff, que defende a existĂŞncia da experiĂŞncia histĂłrica em contextos aparentemente distantes da historiografia. Assim, a reflexĂŁo aqui desenvolvida versa sobre a importância que a memĂłria e o passado assumem nĂŁo apenas no “mĂŠtierâ€? historiogrĂĄfico, mas tambĂŠm na vida daqueles que nĂŁo dominam as tĂŠcnicas da HistĂłria e que nem por isso deixam de narrar o passado.

Nome: Ana Luiza Marques Bastos E-mail: analuizamarques@yahoo.com.br Instituição: USP Título: Realismo e messianismo na escrita da história nacional O sÊculo XIX figura como o porto da história contada por Oliveira Martins. Pois o objeto por excelência de suas obras, desde as historiogråficas e biogråficas atÊ os estudos sobre a economia e a política nacionais, Ê o estado em que se encontrava o espírito humano na atualidade dos oitocentos e na particularidade de Portugal. Auscultar o presente como uma realidade vivida em termos históricos, para intuir o caminho seguido e nele contribuir atravÊs de imagens projetadas no horizonte, ainda que de modo pessimista ou cÊtico. A apresentação ou o programa realista foi o meio encontrado para fazer de um instrumento, a história nacional, um campo de projeçþes dos desejos vindos do passado da humanidade. Eis a hipótese preliminar ao artigo. Para desenvolvê-la, precisaremos discutir dois pontos: primeiro, a importância que os comentadores atribuíram desde o sÊculo XIX às obras historiogråficas e biogråficas, assim como, a variante dos comentadores o definiram por historiador artista; e segundo, a ciência que Oliveira Martins tinha da composição realista e messiânica da tradição decadentista na qual estava inserido, e de que modo isso vai determinar sua visão da história e sua pråtica historiogråfica.

Nome: Ana Carolina Barbosa Pereira E-mail: ancaiana@yahoo.com.br Instituição: UnB

Nome: Antônio Paulo de M. Resende E-mail: cielo77@uol.com.br Instituição: UFPE

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Título: Narrativas e Contemporaneidade: histórias de dentro e de fora Contar/viver as histórias acompanha as travessias humanas, desde os mais primordiais tempos. As ações humanas precisam circular, trocar sentimentos, de espelhos. Daí a linguagem ser ponto de apoio que a cultura desenvolve na suas idas e vindas. Não há, portanto, um final que interrompa essas narrativas, como também com elas não definimos o sentido último da história, se é que ele existe. O que se multiplica são as formas de narrar, os alfabetos fabricados, as metodologias e os embates pela verdade. Quem não se recorda das aventuras de Heródoto e da suas ligações com as testemunhas, para fazer valer o que contava? E Tucídides já anunciando certos rigores que seu antecessor desprezava? Na contemporaneidade, a complexidade se amplia. A cultura ganha espaço como modo de construir significados e a memória aprofunda seu diálogo com o passado e as questões do esquecer e lembrar. O nosso objetivo é trazer alguns pontos desse debate para interpretação. Olhamos o mundo, mas somos observados. Os tempos se misturam, a subjetividade busca espaços. Entre a solidão e a solidariedade tecemos éticas, mergulhados nos desafios da tecnociência e numa cartografia onde os objetos tornam-se invenções inseparáveis. Nome: Carlos Oiti Berbert Júnior E-mail: oitijr@terra.com.br Instituição: UFG Título: Teoria da História e Filosofia da História: uma análise das relações entre a epistemologia, a metodologia e o pensamento especulativo Uma das características da chamada vertente pós-moderna da história é sua crítica às metanarrativas. O presente trabalho tem por objetivo destacar alguns elementos do debate entre a Teoria da História e a Filosofia da História, no século XX, a partir das reflexões da corrente estruturalista e da Filosofia Analítica. Parte-se da seguinte hipótese: o debate entre a Filosofia da História e a Teoria da História produziu reflexões fecundas, tanto para a epistemologia e a metodologia quanto para o pensamento especulativo. Além disso, a Filosofia da História comporta dimensões éticas na medida em que atua como orientadora das ações humanas com respeito ao “futuro”. Nesse sentido, muito mais do que simples rejeição da Filosofia da História, torna-se fundamental demarcar os impasses e encruzilhadas que situam os campos do saber na atualidade. Nome: Christiane Marques Szesz E-mail: cszesz@yahoo.com Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR Título: História e Sátira no romance “A Pedra do Reino” O romance da “Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta” é considerado pelos estudiosos uma obra grandiosa, na qual Suassuna manipula diversos elementos da forma popular de cultura para compor a ambientação de seu romance. Além disso, o autor utiliza-se de um processo de miscelânea, no qual condensa na narrativa uma ampla gama de tradições intelectuais, entre eles os folhetos e a picaresca. A reflexão pretende abordar os aspectos satíricos do texto de Suassuna. Nome: Cristiano Alencar Arrais E-mail: alencar_arrais@yahoo.com.br Instituição: UFGO Título: Imaginação histórica e pensamento mediado na obra de R. G. Collingwood Este trabalho procura dimensionar a evolução da proposta collingwoodiana acerca da relação entre passado e presente, sintetizada nas noções de imaginação histórica - cuja tarefa é tornar o passado um objeto acessível ao pensamento através de um modelo construtivo de interpolação entre as afirmações feitas pelas fontes com outras, deduzidas das mesmas - e de pensamento mediado - sendo o pensamento mais do que uma mera sensação, ele pode existir em diferentes tempos sem perder sua identidade, na medida em que existe um contexto adequado para sua re-constituição. Tais noções remetem à evolução de suas reflexões acerca da natureza do conhecimento histórico, concretizadas em alguns de seus escritos, tais como suas lectures de 1928, An autobiography de 1939 e em The Idea of History de 1946. Nestes escritos, ao definir como o princípio histórico da compreensão, a idéia de que o fluxo da realidade é um produto inteligível e não redutível a entidades ou leis fixas, Collingwood dota aquela primeira noção de uma função estrutural, capaz de garantir autenticidade às pressuposições das evidências históricas e orientar a crítica histórica. Enquanto que a noção de pensamento mediado procura solucionar as armadilhas de sua idéia de que “toda a história é a história do pensamento”. Nome: Diva do Couto Contijo Muniz

E-mail: divamuniz@brturbo.com.br Instituição: UnB Título: História Plural: uma leitura Na comunicação proposta, uma reflexão sobre a escrita da história, considerando a pesquisa realizada sobre a produção acadêmica – teses e dissertações – do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília. Trata-se de leitura sob uma perspectiva plural, atenta às múltiplas possibilidades de se pensar e de se escrever a história. História pensada não como sinônimo do passado, mas como produção discursiva, como discurso produzido sobre o passado e situado na história. Como tal, elaborado à luz das relações de poder, das disputas, do lugar social do autor, dos modelos e regras definidos pelas instituições e comunidade dos historiadores. Sob tal ótica, a percepção de uma cultura histórica marcada pelo pluralismo e de um conhecimento histórico não relativista, mas relativo às suas regras de produção. Nome: Edmar Luis da Silva E-mail: edmarotiao@hotmail.com Instituição: Escola Americana de Belo Horizonte Título: Compreender a vida, fundamentar a história: por uma teoria da história diltheyana Graças ao esforço de vários historiadores, já faz algum tempo que o historiador Wilhelm Dilthey saiu do anonimato do circuito historiográfico brasileiro. Essa notável presença é resultado tanto do esforço de professores e pesquisadores, que sentem a necessidade de se entender a obra desse arguto pensador das ciências do espírito; quanto é também consequência da força de suas idéias. Apesar de ser Dilthey muito mais estudado na filosofia do que no campo historiográfico, o grande objeto de toda a sua vida intelectual foi, sem dúvida, a história. Desde os seus primeiros contatos com a Escola Histórica Alemã, Dilthey via a necessidade de se pensar e estabelecer em bases epistemológicas seguras um conhecimento que fosse capaz de compreender as vicissitudes da vida. Por conta dessa meta e da vontade de alcançá-la, Dilthey pode ser considerado um dos maiores e mais importantes teóricos da história do século XIX. Nesse sentido, o objetivo de nossa comunicação é discutir os pontos capitais de sua teoria ressaltando as novidades (ainda atuais) de sua proposta. Nome: Erivan Kassiano Karvat E-mail: ekarvat@yahoo.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Título: “Interpretação Philosophica dos Factos Históricos”: Ciência e Filosofia da História em Sílvio Romero Reflexões acerca da tese de admissão de Silvio Romero para a Cadeira de Filosofia do Imperial Colégio Pedro II, apresentada em 1880, “Da Interpretação Filosófica na Evolução dos Factos Históricos”, que buscava promover a partir, e principlamente, da leitura do autor de “História da Civilização na Inglaterra”, Henry Thomas Buckle, o “metodo histórico-naturalista”. Publicado em livro em 1885, pela Laemmert, em “Estudos da Litteratura Contemporanea: notas de critica”, com o título de Interpretação Philosophica dos Factos Historicos, as observações de Romero insistem naqueles fatores que se notabilizariam, alguns anos depois, na sua canônica “História da Literatura Brasileira” (1888): a influência do meio as aptidões hereditárias, da raça e da evolução histórica sobre as ações humanas. O interesse historiográfico de Interpretação reside num aspecto que parece comum ao período e à sua escrita da história, justamente por deixar entrever a tensão entre o recurso à uma leitura filosófica de história ao mesmo tempo que exige a cientificidade do método. Nome: Fábio Franzini E-mail: ffranzini@uol.com.br Instituição: UNIFESP Título: O lugar da teoria na historiografia brasileira: balanço, limites e possibilidades Nos últimos anos, a reflexão teórica acerca da História tem ganhado espaço cada vez maior entre os historiadores brasileiros. Concretizada sob diversas formas, tal reflexão, bem como os esforços a ela associados, podem ser vistos como um significativo indicador do amadurecimento de nossa historiografia, que já não mais se limita à habitual (e necessária) coleta e análise de dados. O propósito desta comunicação, assim, é discutir algumas questões gerais a respeito da teoria da História, a sua situação no Brasil hoje e, sobretudo, a sua importância como um dos elementos definidores da identidade do historiador. Nome: Fábio Sapragonas Andrioni E-mail: fsandrioni@yahoo.com.br Instituição: USP Título: Entre profecias e prognósticos: a trajetória histórica até a ciência do futuro em “O ano 2000”

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16 O livro “O ano 2000”, escrito, em 1967, por Herman Kahn e Anthony J. Wiener, apresenta, além de previsões sobre o ano do título, um método de planejamento para a realização de tais previsões. Todavia, esta preocupação com o planejamento do futuro não foi iniciada, nem exclusiva dos anos 60 do século XX. Desta forma, o artigo busca mostrar como se deu a trajetória da transformação da visão do futuro até culminar na proposta de Kahn e Wiener. Esta análise partiu de elementos do próprio livro. Assim, parte-se desde os rompimentos com formas antigas de visão do futuro, como a grega e a judaica, conforme são feitos na introdução do livro, escrita por Daniel Bell, até a defesa, dos autores, de que seu método é uma inovação. Porém, não há uma inovação, pois a proposta metodológica do livro aproxima-se daquelas que Koselleck identificou como prognósticos racionais, as quais se destacaram na modernidade. Assim, a partir da análise dos prognósticos racionais e das diversas formas de planejamento e de entendimento do futuro, desde a modernidade até a contemporaneidade, pode-se entender o método de prognóstico defendido por Kahn e Wiener. É essa análise que o artigo pretende. Nome: Fernando Victor Aguiar Ribeiro E-mail: fvribeiro@gmail.com Instituição: USP Título: O passado colonial visto pelo DASP: A História Administrativa do Brasil Em 1956 é iniciada a publicação da História Administrativa do Brasil pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Com o objetivo de refletir sobre o passado administrativo do Brasil, inicia com os 7 primeiros volumes, dedicados ao período colonial. O objetivo desse trabalho é a estabelecer uma relação entre a visão de passado construída pelo DASP com as reformas administrativas que o órgão estava implantando no serviço público federal. O período em que a coleção é iniciada, anos após o suicídio de Getúlio Vargas, foi marcado por um evidente enfraquecimento do DASP, que via no anterior presidente um defensor de seus ideais de eficiência e modernização do Estado. Período esse que marcaria profundamente a visão do passado diante dos desafios que o órgão passava no presente. Nome: Francine Iegelski E-mail: fransauro@usp.br Instituição: USP Título: O homem e a história. A noção de inconsciente no pensamento de Claude Lévi-Strauss Este trabalho deter-se-á na análise e explicação da noção de inconsciente no pensamento de Claude Lévi-Strauss, considerada fundamental para compreender os desdobramentos de suas proposições teóricas acerca da cultura e do homem, seja no campo dos estudos científicos, seja no das indagações filosóficas. O inconsciente permite a apreensão da significação do comportamento dos homens em culturas diferentes pelo pesquisador; e permite também a transposição desta apreensão para o plano científico. Estes dois últimos movimentos são possíveis porque o inconsciente assume, no pensamento de Lévi-Strauss, o princípio efetivo de organização da vida interior humana, ou seja, o princípio lógico de nossas operações mentais. Tendo o inconsciente o caráter delimitado, nossa tarefa é apontar o papel que Lévi-Strauss delega para a história na compreensão do homem e das culturas. Dessa maneira, pretendemos expor as contribuições do pensamento lévi-straussiano acerca da história, problematizando e retomando questões por ele levantadas, mas que foram até hoje desconsideradas, em geral, pelos historiadores. Nome: Giselda Brito Silva E-mail: gibrs@uol.com.br Instituição: UFRPE Título: História Política e Análise do Discurso: uma escrita da história em construção Nesta apresentação pretendemos nos inserir nos debates das atuais possibilidades de escrita da história tomando como ponto central as contribuições da “Análise do Discurso” (AD) para a História Política. Interessanos, particularmente, mostrar dois aspectos do encontro da História com a Lingüística pelo campo da AD: a) que o conhecimento das técnicas de análise da produção de sentidos dos discursos ajuda o historiador não apenas a analisar os discursos políticos contidos em seus documentos, mas a compreender e analisar a própria tessitura dos seus discursos na escrita da história; b) apresentar uma síntese de exemplo prático de estudo dos discursos de confronto entre integralistas e Getúlio Vargas na constituição do Estado Novo, tomando como espaço o estado de Pernambuco e como do-

cumentos as Partes, Informes e Relatórios da polícia política dos anos que vão de 1933 a 1938. Ao final, a intenção é oferecer uma discussão teóricometodológica, procurando delimitar o que entendemos como discurso e algumas estratégias para analisá-los sob uma dada ótica, bem como traçar algumas reflexões sobre a utilização da AD no campo da História Política, sugerindo um possível caminho para a ampliação da análise histórica. Nome: Helenice Rodrigues da Silva E-mail: helenrod@terra.com.br Instituição: UFPR Título: A “história global”: abordagens comparatistas e cruzadas A mundialização, apreendida como um fenômeno sócio-comunicacional, econômico e político impõe um outro olhar sobre o mundo. Praticada já há algum tempo nos países anglo-saxões, essa história global se introduz, lentamente, em diferentes partes do mundo. Sua ambição consiste em conectar as histórias nacionais, até então, fechadas entre si, através de estudos comparativos para fazer emergir interações, intercâmbios, transferências e circulações. Apropriadas à história política, à história econômica, à história intelectual, à história cultural, essa história global visa a esclarecer as semelhanças, as diferenças e as circulações materiais e humanas dentro de uma dimensão da macro e da micro-história. Dessa forma, entendem-se melhor os fenômenos históricos de migrações, de transplantações e de transposições. Nome: João Alfredo Costa de Campos Melo Júnior E-mail: joao.melo@ufv.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: Fronteiras de um mesmo dialogo: Edward Thompson e Charles Tilly Intencionando promover o dialogo entre as ciências históricas e as ciências sociais, este trabalho se apoiará no debate sobre as ações coletivas promovidas por um historiador e por um sociólogo: Edward Thompson e Charles Tilly.Tanto Thompson quanto Tilly conseguiram promover, e com sucesso, a comunicação entre as ciências históricas e as ciências sociais. O primeiro autor buscou em seus estudos sobre ações coletivas e culturas populares uma aproximação fecunda entre a história e a antropologia social, enquanto o segundo pensador promoveu (e ainda continua), a aproximação da sociologia com a história ao analisar as ações coletivas e mobilizações sociais contemporâneas. Nome: José Nicolao Julião E-mail: jnicolao@ufrrj.br Instituição: UFRRJ Título: A História Filosófica de Kant e suas Implicações Éticas O objetivo deste estudo é o de analisar alguns textos de Kant sobre a filosofia da história, enfatizando o seu caráter universal e a priori e as suas implicações com a sua filosofia prática, ressaltando se há compatibilidade ou não entre as duas reflexões. Nome: Júlia Ribeiro Junqueira E-mail: juliarj83@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: Os Grandes Anais da Nacionalidade: a história do Brasil na edição comemorativa do centenário da Independência do Jornal do Commercio Na edição comemorativa do primeiro centenário da Independência do Brasil, o prestigiado Jornal do Commercio declarava que suas coleções constituíam os grandes anais da nacionalidade. Na preparação do conteúdo, que representaria a síntese da história do Brasil, os redatores não apenas lançaram mão do material anteriormente publicado, como também de fontes secundárias e, até mesmo, de outras fontes da imprensa. Ao utilizar essa estratégia, o Jornal do Commercio, cuja fundação datava de 1827, buscava dar conta do período compreendido desde a Independência até o fim da Monarquia. Neste sentido, a comunicação pretende demonstrar como a disposição das notícias foi montada de forma a compor um enredo coerente, no qual o periódico assumia as funções de um cronista, testemunho irrefutável da institucionalização do Estado Imperial. Nome: Luciana Pessanha Fagundes E-mail: lpfagundes392@hotmail.com Instituição: Fundação Getúlio Vargas - CPDOC Título: Quem lembra, quando lembra e como lembra: o diálogo da Primeira República com o passado monárquico A presente comunicação tem como objetivo discutir a problemática da

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memória coletiva na chave dos “usos políticos do passado”, compreendido através dos projetos discutidos no Congresso Nacional em prol da revogação do banimento da família imperial e da trasladação dos restos mortais de D.Pedro II e Thereza Christina para o Brasil. Analisar tal dinâmica memorial implica perceber como determinando passado é utilizado nessas ocasiões, sendo esta apenas uma dentre uma série de questões que podemos dirigir à problemática apresentada, cuja formulação tem como base os debates entre história e memória, entre memória individual e coletiva, entre os usos do passado e suas várias apropriações. Assim, retomar tais debates auxilia na compreensão dos diversos olhares dirigidos ao passado em determinando presente histórico, que no caso desta comunicação, são as discussões sobre a revogação do banimento e a trasladação dos despojos dos ex-imperadores. Por fim, nosso intuito é justamente debater como a heterogeneidade dos tempos históricos, bem como, os ritmos e polifonias características de um passado em questão, constituem referenciais imprescindíveis para se estudar os “usos políticos do passado”, possibilitando a análise do caráter inventivo que cada grupo lhes fornece em um dado presente. Nome: Luís Sergio Duarte da Silva E-mail: duarte@fchf.ufg.br Instituição: UFGO Título: Filosofia da História e Teoria da Fronteira no Ensaio Americano: ética intercultural Há uma filosofia da história (especulativa e crítica) no ensaio latinoamericano. Aporte historiográfico significativo (produtor de orientação, identidade e inovação interpretativa), o “gênero misto” registra, também, uma teoria da fronteira: a perspectiva a partir da qual tal filosofia da história é produzida. Este é um debate historicista de relevante atualidade para interessados em relações interculturais e comparação de éticas do pensamento histórico. Nome: Marçal de Menezes Paredes E-mail: marcalparedes@hotmail.com Instituição: UFRS Título: O passado (ultra)passado: formas de gerenciamento estético da alteridade portuguesa na construção historiográfica da “nação” brasileira À construção da identidade nacional brasileira impôs-se um “balanço” histórico do lastro social e estético lusitano. Pode-se dizer que nossa “nacionalidade” nasceu deste ato de demarcação memorial que, erigido no decurso do século XIX até as primeiras décadas do século XX, operou um gradativo afastamento simbólico e intelectual de Portugal. Neste processo, o certo é que a História teve papel central. Sua narrativa, prenhe de opções teóricas geradoras de evidências factuais, busca consolidar determinado sentimento de pertencimento social, acabando também por fomentar um “horizonte de expectativa” onde o nosso passado colonial devia ser ultrapassado. Disto distingue-se o “brasileiro” do “português”. O presente trabalho estuda como foi gerenciado o relacionamento identitário luso-brasileiro centrando-se em dois contextos históricos específicos: i) o final do século XIX, nomeadamente o da Geração de 1870, e ii) o modernismo brasileiro, sobretudo no que tange ao seu impulso refundacional da nação. Em ambos os casos, prestamos atenção às formas de mobilização da história na construção do padrão de relacionamento estético e identitário luso-brasileiro. Nome: Marlon Jeison Salomon E-mail: marlonsalomon@gmail.com Instituição: UFGO Título: Alexandre Koyré e a escrita da história das ciências “Itinerarium mentis in veritatem”: eis como A. Koyré define a história das ciências e do pensamento científico. Seria preciso sublinhar o modo como duas palavras desta afirmação, itinerário e verdade, relacionam-se com sua concepção de história. A história das ciências é a história de um percurso, de um caminho, de uma linha que não é dada por antecipação, mas que é um fluxo no qual o pensamento se encontra engajado. As ciências têm uma história, mas não são uma história, quer dizer, um desenvolvimento. Elas são um devir. É a busca da verdade que abre esse percurso. Há uma clara inversão da concepção clássica de verdade em que se assentava a historiografia positivista e empirista, para a qual “veritas est adaequatio rei et intellectus”. Itinerário não é adequação. Assim, a escrita da história das ciências pode deixar de ser o recenseamento dos resultados da ciência, para se tornar uma descrição do pensamento no movimento de sua própria criação.

Nome: Naiara dos Santos Damas Ribeiro E-mail: na_damas@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: O historiador, o cientista e o poeta. Johan Huizinga e a História da Cultura como Morfologia Histórica Em 1926, o historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945) foi convidado pela Universidade de Zurique, Suíça, a apresentar uma conferência sobre seu trabalho no campo da História da Cultura. Naquela ocasião, Huizinga propôs aos seus ouvintes refletir sobre a tarefa desse campo historiográfico e, num escopo mais amplo, sobre as especificidades que marcam o ofício do historiador. À luz da crítica ao Realismo histórico e dos debates sobre o estatuto científico dessa disciplina do final do século XIX, Huizinga afirmou, então, que a História, e a História da Cultura em particular, deveriam ser compreendidas como Morfologia do passado. Pensar a História morfologicamente significava, segundo Huizinga, um novo olhar tanto sobre as etapas da pesquisa e da escrita da História – consideradas na sua relação fundamental com a Arte – quanto um entendimento diferenciado sobre a tarefa ética do historiador em relação ao presente. Nessa comunicação pretendemos refletir sobre o que significava, para Huizinga, pensar a História morfologicamente e quais são os corolários dessa orientação para o trabalho do historiador a partir dos três eixos em que esta idéia de Morfologia se desdobra: a linguagem (escrita), a experiência (contato com o passado) e a realidade (autenticidade). Nome: Oldimar Pontes Cardoso E-mail: oldimar@gmail.com Instituição: USP Título: A narrativa histórica em revistas de divulgação científica e em livros didáticos brasileiros, franceses e alemães: a utilização desses materiais na sala de aula e a função social da História Esta comunicação apresenta três pesquisas complementares de pós-doutorado realizadas atualmente: a pesquisa “Concepções sobre função social da História em revistas de divulgação científica”, realizada no Departamento de História da Universidade de São Paulo/FAPESP, a pesquisa „Populärwissenschaftliche Geschichtsmagazine in Brasilien und Deutschland: ein Vergleich der Konzeptionen und Studien zur Rezeption im Geschichtsunterricht“, realizada na Cátedra de Didática da História da Universidade de Augusburg/Fundação Alexander-von-Humboldt, e a pesquisa „Populärhistorische Themen in argentinischen, brasilianischen, deutschen und französischen Schulbüchern“, realizada no Georg-Eckert-Institut für internationale Schulbuchforschung. O objetivo destas pesquisas é analisar as diferentes concepções de função social da História nos livros didáticos e nas revistas de divulgação científica dessa área no Brasil, na França e na Alemanha e o uso desses materiais na sala de aula. Estas pesquisas analisam o acervo de livros didáticos do Georg-Eckert-Institut e as edições dos últimos cinco anos das revistas brasileiras RHBN-Revista de História da Biblioteca Nacional e Aventuras na História, das revistas francesas L’Histoire e Historia, e das revistas alemãs Damals e P.M. History. Nome: Pablo Spíndola E-mail: phst@usp.br Instituição: USP Título: Teorias em disputa: Jeremy Bentham e a filosofia mecânica versus contracultura medievalizante da Inglaterra na primeira metade do século XIX O historiador Carl Schorske, em um dos seus artigos, apresenta três intelectuais do início do século XIX, que segundo ele, seriam exemplos de uma “contracultura medievalizante da Inglaterra”. Esses pensadores são: o poeta Samuel Taylor Coleridge, o arquiteto Augustus Welby Pugin e o romancista e político Benjamin Disraeli. O intuito é, baseado no texto de Schorske, por um lado, fazer um breve panorama sobre as idéias produzidas por esses pensadores e por outro, baseado nos escritos do filósofo e jurista também anglo-saxão Jeremy Bentham, complementar o panorama. Este último, considerado um dos pais do utilitarismo, pode ser visto como um modernizador ao ser equiparado com seus contemporâneos aqui mencionados. O propósito dessa comunicação é um estudo que leva em conta a orientação da história intelectual, realizando uma investigação das idéias em disputa desses intelectuais da Inglaterra do final do século XVIII e primeira metade do século XIX. Com isso é possível vislumbrar o cenário intelectual, mas também o ético da formação, estabelecimento e historicidade de determinadas idéias. Nome: Paulo Henrique de Magalhães Arruda E-mail: ph.arruda@yahoo.com.br

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16 Instituição: UFPR Título: Uma Universidade a serviço do Estado: O projeto político por trás das reformas pombalinas de ensino conimbricense Mesmo uma breve leitura da Historiografia recente produzida em Portugal acerca das reformas promovidas pelo marquês de Pombal, em especial aquelas no ensino conimbricense, evidencia uma percepção geral de insuficiência, ou mesmo de fracasso. Uma das causas apontadas é a queda precoce de Pombal quando da morte de D. José I, e a subseqüente “viradeira”, dentre outras. Não pretendemos uma posição laudatória nem contestadora desse juízo; porém, tomando-o como problemática de pesquisa, cremos na necessidade de se retornar às fontes e de se rever os métodos que se permitem chegar a uma conclusão cabal quanto ao grau de sucesso das mudanças fomentadas por Pombal. As intervenções na Universidade devem ser vistas como instrumentos da ação política, ao mesmo tempo produtos e reprodutores de determinada visão de mundo. Outros autores já perceberam a renovação cultural e mental pretendida pelas medidas pedagógicas, mais o fortalecimento do Estado e o preenchimento de cargos da administração pública. Essas e outras intenções são vistas de forma concreta nos novos Estatutos de 1772 e é somente a partir de uma análise pormenorizada desse documento que temos como montar um modelo que sirva de contraste com o alcance de fato das reformas. Este artigo vem tratar justamente desses esforços. Nome: Paula Virgínia Pinheiro Batista E-mail: paulavir@ig.com.br Instituição: UFC Título: Bastidores da escrita da História: a amizade epistolar entre Capistrano de Abreu e João Lúcio de Azevedo O presente trabalho visa analisar as práticas de leitura e escrita da história expressos na correspondência trocada entre os historiadores Capistrano de Abreu e João Lúcio de Azevedo entre os anos de 1916 e 1927. Ambos participaram ativamente do campo intelectual, respectivamente, no Brasil e em Portugal, ocupando diversas alocações importantes nesses espaços como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), o Colégio Imperial Pedro II, a Academia de Ciências de Lisboa, dentre outros. A partir dos comentários que os missivistas faziam sobre suas leituras, buscamos apreender que tipo de apropriações eles faziam desses livros partilhados, e expor algumas das condições de produção e circulação das suas obras, bem como as estratégias de publicação e divulgação das mesmas. Nome: Pedro Spinola Pereira Caldas E-mail: pedro.caldas@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: História e sabedoria: Um comentário sobre as reflexões teóricas de Jacob Burckhardt O objetivo desta comunicação consiste em tentar compreender, mesmo que de maneira introdutória, o aparente paradoxo que se encontra nas reflexões teóricas de Jacob Burckhardt e que diz respeito à dimensão formativa do conhecimento histórico. O paradoxo pode ser formulado a partir de duas perguntas: em primeiro lugar, como entender a especificidade da função coordenativa do saber histórico perante a tendência hierarquizadora e sistemática da filosofia, se o próprio Burckhardt entende que a história não reflete sobre os “mistérios profundos da vida”? Decorre desta a segunda pergunta: sendo, pois, a história um saber marcado a princípio pela resignação (dado que cabe à filosofia um saber mais radical na própria acepção da palavra), como entender a função da história como propiciadora de sabedoria? Nome: Renato Lopes Leite E-mail: renato.lopes.leite@gmail.com Instituição: Universidade de Coimbra/Portugal Título: Carlyle: o romance histórico e a experiência da “massa” Pretende-se uma reflexão em 4 níveis: a) A relação entre Carlyle e Scott: noções como massa popular, ou voz coletiva, no sentido de influência da Revolução Francesa sobre estes autores. b) Forte interfusão das fronteiras entre história/ficção. c) Carlyle como radical inovação na narrativa. d) Carlyle pretende integrar o indivíduo ao contexto histórico-social Nome: Sara Albieri E-mail: sara@usp.br Instituição: USP Co-autoria: Raquel Glezer E-mail: raquel.glezer@pq.cnpq.br Instituição: USP

Título: O tempo da história: narração e temporalidade nas fronteiras da historiografia Os escritos de ficção histórica constituem um desafio recorrente para o campo da historiografia. Eles põem em questão as fronteiras disciplinares, na medida em que incorporam vários dos elementos que marcam a confiabilidade da produção historiográfica acadêmica. Para restaurar a especificidade da pesquisa histórica, é preciso refletir sobre seus limites. Um importante traço distintivo é a forma como o tempo aparece nas narrativas. Historiadores acadêmicos que se colocam nas novas perspectivas historiográficas trabalham com as questões dos marcos temporais do estudo de duas formas, uma implícita, introjetando alguma das temporalidades braudelianas, ou de forma explícita, explorando o conceitual da história de tempo presente. As obras de “quase-história”, destinadas ao grande público, se desenrolam no tempo linear, direcionado pelas idéias de progresso e evolução, de cunho teleológico: os bons serão recompensados e os maus castigados, ainda que antes do Juízo Final. As discussões teóricas e as transformações metodológicas da história que ocorreram no século XX - da história da nação para a história dos grupos sociais; da história do herói para a história dos agentes sociais; da objetividade histórica para a subjetividade analítica, passam longe dos autores das obras de ficção. Nome: Silene Ferreira Claro E-mail: silene.claro@terra.com.br Instituição: USP Título: História em revista: análise da Revista do Arquivo Municipal de São Paulo e os modelos de produção historiográfica durante o processo de profissionalização do campo Análise da construção de estatuto da História e das tensões entre os vários campos do conhecimento durante o processo de profissionalização, por meio do periódico institucional Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, entre 1934 e 1950. Nome: Simone Cristina Schmaltz de Rezende e Silva E-mail: simoneschmaltz@bol.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: A escrita da história e a nova história política A escrita da história é fruto da constante reelaboração do pensamento histórico tendo em vista a busca de uma objetividade passível de controle, onde a pesquisa empírica e a fundamentação teórica transitam juntas e aliadas às demais ciências sociais. As reflexões realizadas pela historiografia contemporânea possibilitaram uma ampliação dos horizontes da história política, passando a considerar os espaços da política espaços de relações de poder, nem sempre explícitas e tomadas em uma perspectiva globalizante. A legitimidade dos estudos sobre a política na história é garantida na medida em que nos debruçamos sobre as fontes existentes com um novo olhar, novos questionamentos e novas perspectivas, objetivando a construção de uma nova história política. Nome: Thiago Lima Nicodemo E-mail: thiagonicodemo@uol.com.br Instituição: USP Título: Mentalidade, Forma Mentis e o aparecimento do Semeador e Ladrilhador na segunda edição da obra Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda Este trabalho propõe uma análise comparativa das duas primeiras edições da obra Raízes do Brasil, de 1936 e 1948, levando em consideração especificamente as modificações do Capítulo 4. Com a revisão feita para a segunda edição da obra, este capítulo ganhou o celebre titulo Semeador e Ladrilhador, e marca um aprofundamento na caracterização do legado ibérico na colônia como um tipo de mentalidade ou forma mentis. Por meio dessa alteração, o autor atenua a preponderância na estruturação da obra de categorias de inspiração ideal-típicas, reforçando, assim, mecanismos de explicação histórico-processuais, que foram tomando papel cada vez mais central no desenvolvimento posterior de sua obra historiográfica. Nome: Tiago Santos Almeida E-mail: tiagoalmeida@usp.br Instituição: USP Título: A história como tribunal da razão Gaston Bachelard criticou os historiadores das ciências de sua época por não estabelecerem diferença entre fato e erro, isto é, por dedicarem-se à simples prova da existência de uma idéia, sem preocupar-se com o que ela apresentou de nocivo ou fecundo ao pensamento contemporâneo. Contra uma história das ciências “relativista”, que evitava estabelecer juízos

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de valor sobre as idéias do passado, satisfeita por justificá-las no limite das verdades de sua época, Bachelard propôs um modelo “perspectivista”, isto é, que localizava as idéias no seu tempo, mas sem esquecer-se de onde fala e, por isso, capaz de julgar tais idéias a partir dos critérios de racionalidade estabelecidos pela ciência atual. Ao mesmo tempo, Bachelard criticou a visão continuísta daqueles historiadores e afirmou que a ciência não progride pelo acúmulo de informações ao conjunto de conhecimentos estabelecidos, mas que a razão está sujeita a saltos e deve ser analisada nos seus períodos de oscilação, na superação de obstáculos, nos momentos de ruptura. Assim, impôs-se o problema da competência de julgamento sobre um passado que não se efetuou de forma linear, dilema que o próprio Bachelard pretendeu resolver a partir da inserção, entre o historiador e o cientista, do ponto de vista do epistemólogo. Nome: Vantuil Pereira E-mail: vantuilpereira@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Primeiro Reinado: o discurso político como chave de entendimento da escrita da historia A Independência do Brasil foi resultado de um processo político que propiciou o surgimento do Império do Brasil. Ao longo dos decênios de 1820 e 1840, foram criadas as condições para a construção do Estado nacional. Contudo, os primeiros anos deste Império foram marcados por uma série de conflitos políticos envolvendo setores sociais originários de Portugal e grupos nacionais. Até o presente, a historiografia sobre o Primeiro Reinado fixou-se quase que invariavelmente na visão de período como uma transição entre a Proclamação da Independência e a verdadeira libertação nacional, o 7 de abril de 1831, que também fora a época da consolidação da autonomia política do Brasil . Porém, acreditamos que o cerne do debate passa pelo que se pode chamar “escrita da história do Primeiro Reinado”, isto é, que sejam questionadas as leituras deterministas, as cronologias e as explicações únicas para os eventos presentes naquele período histórico. Assim, o artigo, fruto de uma discussão iniciada no processo de elaboração de nossa tese de doutorado, pretende mapear algumas problemáticas centrais do que entendemos ser uma leitura do primeiro decênio pós-Independência do Brasil. Nome: Victor Wladimir Cerqueira Nascimento E-mail: victorwladimir@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Modernidade: uma ontologia do presente A historiografia contemporânea se encontra cindida entre a modernidade, um projeto inacabado que se caracterizaria pela relação entre consciência de tempo e racionalidade, e uma pós-modernidade, que se caracterizaria por uma crítica radical da razão e pela transformação da própria história numa mera ficção. Essa discussão torna-se pouco frutífera quando não se determina qual o conceito de modernidade que está em jogo e qual seu conteúdo normativo. Em “O discurso filosófico da modernidade”, Habermas desenvolve o conceito de modernidade a partir da noção weberiana de “desencantamento do mundo” enquanto um processo histórico de racionalização e autonomização das esferas da cultura. Esse conceito serve de base a uma crítica dos pós-modernos, entre os quais Habermas inclui Michel Foucault. O problema se estabelece porque o próprio Foucault, recorrendo também a noções weberianas, enquadra seu pensamento no seio da modernidade, fazendo uma crítica radical às ciências humanas enquanto

dispositivos de “dominação”. Esse trabalho pretende elucidar o problema a partir da leitura comparada entre Weber e Foucault, mostrando como a crítica da razão se encontra no seio do projeto moderno e como a história fornece os mecanismos para uma redefinição de modernidade enquanto uma ontologia do presente. Nome: Vitor Henriques E-mail: vitorhenriques@usp.br Instituição: USP Título: O lugar da razão e as possibilidades da história na filosofia de Nietzsche Ao se falar em pensamento pós-moderno, Nietzsche ganha o estatuto de filósofo inaugural, sendo sua filosofia irracionalista, segundo Habermas, um “ponto de inflexão” na Modernidade. A comunicação proposta faz parte da nossa pesquisa em torno de uma revisão do lugar epistêmico ocupado por Nietzsche, enquanto figura exponencial, no paradigma pós-moderno da história. Para tal, desenvolveremos dois tópicos em particular. O primeiro deles gira em torno do conceito de razão no filósofo alemão. Apresentaremos a especificidade da crítica nietzschiana em torno dele, a saber, sua crítica não se volta para a razão em si, mas para a razão socrática, que sobrepôs a razão diante das paixões. Nietzsche não falará em nome desta última, como veremos. Dentro da mesma lógica, demonstrar-se-á que a crítica de Nietzsche em relação à história se deve mais a um modo específico de operar o saber histórico do que à história propriamente. François Dosse tem razão ao dizer que “Nietzsche ataca a objetividade historiográfica que participa de um discurso teleológico”, no entanto, ao contrário de Dosse, não entendemos tal objeção como uma objeção à história. Assim apreendido e delimitado, Nietzsche pode ganhar um outro entendimento e ocupar um outro lugar na teoria contemporânea da história. Nome: Zeloi Aparecida Martins dos Santos E-mail: zeloim@terra.com.br Instituição: Faculdade de Artes do Paraná-FAP Título: A arte de escrever cartas: a experiência com as fontes O objetivo do artigo é de evidenciar questões relevantes a respeito do tratamento teórico-metodológico das fontes. Refletir sobre a metodologia do trabalho com fontes não é uma tarefa fácil em virtude das múltiplas possibilidades de enfoques. Partindo dessa constatação abordaremos alguns aspectos que envolvem o tema, a partir da experiência de trabalhar com cartas manuscritas. Revelar o que um homem guardou de significativo para sua comunidade, sua província e para o Brasil, a partir da opinião sobre si próprio, e sobre a sociedade em que viveu. Deixar o senhor Jesuíno Marcondes Oliveira de Sá revelar-se pelas cartas foi um dos objetivos da pesquisa.

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17 17. História, religiþes e Êtica Fernando Torres Londoùo - PUC/SP (vanialan@bol.com.br) Elton de Oliveira Nunes - PUC/SP (eltonnunes@uol.com.br ) 2 REMHWLYR GHVVH 6HPLQiULR p DEULU XP HVSDoR SDUD DV SHVTXLVDV TXH D SDUWLU GH HVWXGRV KLVWyULFRV antropológicos e sociológicos, correlacionam a História e a Ética como elementos que se integram articuODGDPHQWH j YLGD VRFLDO SROtWLFD HFRQ{PLFD H UHOLJLRVD GDV VRFLHGDGHV HP VHXV GLIHUHQWHV EDOL]DPHQWRV KLVWyULFRV H FXOWXUDLV

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriano de Sousa Barros E-mail: adriano_sbarros@yahoo.com.br Instituição: UFCG Nome: Cleoneide Moura do Nascimento E-mail: cleopsyque@hotmail.com Instituição: UFPB Nome: Maria do Socorro de Lima Oliveira E-mail: socorrololiveira@oi.com.br Instituição: UFCG TĂ­tulo: As mudanças no campo religioso paraibano: e o embate entre a Renovação CarismĂĄtica CatĂłlica e os Movimentos Sociais O presente trabalho pretende discutir os efeitos da ascensĂŁo da Renovação CarismĂĄtica CatĂłlica (RCC) sobre as relaçþes entre a Igreja CatĂłlica e os movimentos sociais na Diocese de Guarabira. A metodologia adotada foi a de estudo de caso, tendo sido selecionada a regiĂŁo de Guarabira, a qual se notabilizou pela ação das CEBs e pelo engajamento da Igreja CatĂłlica com as lutas sociais no campo. Dentre as principais conclusĂľes da nossa pesquisa, destacamos as seguintes: (1) observou-se, com a ascensĂŁo da Renovação CarismĂĄtica na diocese analisada, a perda de espaço das CEBs e das atividades a estas relacionadas; (2) no âmbito da Diocese de Guarabira replica-se o que acontece no campo catĂłlico nacional brasileiro: uma luta entre a orientação ligada ao sistema de valores inspirado na Teologia da Libertação e a orientação fundamentada nos valores da Renovação CarismĂĄtica. Nome: Arnaldo Érico Huff JĂşnior E-mail: huffjr_@hotmail.com Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie TĂ­tulo: Richard Shaull e a produção do projeto polĂ­tico-teolĂłgico do movimento ecumĂŞnico brasileiro As tradiçþes religiosas sistematizadas teologicamente podem constituir um campo fĂŠrtil para o estudo da produção de significados religiosos que tanto visam promover uma cosmovisĂŁo quanto propĂľem um projeto de transformação do mundo. As diversas teologias sĂŁo, nesse sentido, tambĂŠm projetos ĂŠtico-polĂ­ticos. A histĂłria das religiĂľes tem, por sua vez, na anĂĄlise da produção e re-produção social de teologias polĂ­ticas, bem como nos embates implicados na construção de conceitos religiosos, uma ĂĄrea fecunda de atuação. Nessa perspectiva, uma teologia polĂ­tica ĂŠ principalmente uma polĂ­tica teolĂłgica. O foco de nosso estudo recairĂĄ sobre Richard Shaull, teĂłlogo presbiteriano estadunidense que atuou por vĂĄrios anos no Brasil e foi figura central na produção da agenda ĂŠtico-polĂ­tica do movimento ecumĂŞnico brasileiro. Sua leitura de Marx em perspectiva cristĂŁ protestante e a construção de conceitos teolĂłgicos como o de revolução, a partir de meados dos anos 1950, constituem o objeto desta anĂĄlise. Tratar-se-ĂĄ de pensar, no contexto dos embates polĂ­ticos e teolĂłgicos do perĂ­odo em nĂ­vel nacional e internacional, o processo de produção da teologia da revolução de Shaull, aspiraçþes primevas de um ideal de ação religiosa para transformação social em perspectiva ecumĂŞnica. Nome: Belarmino de Jesus Souza E-mail: bjsouzahist@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia TĂ­tulo: Igreja CatĂłlica, lutas sociais e democracia: estudo de caso - VitĂłria da Conquista, BA VitĂłria da Conquista, no Sudeoste baiano, foi uma das muitas cidades que sentiram de imediato o impacto do golpe civil-militar de 1964. Teve o seu prefeito JosĂŠ Pedral Sampaio preso e cassado, mas superado o trauma inicial se tornaria num dos baluartes da resistĂŞncia democrĂĄtica contra a ditadura. Elegeu em 1972 um prefeito oposicionista, se manteria como centro oposionista atĂŠ o final do regime, e posteriormente sob hegemonia do “carlismoâ€? na polĂ­tica estadual, remou contra a marĂŠ e elegeu e manteve administraçþes de esquerda sob a lide-

rança do PT. Ao longo desse processo teve papel relevante clĂŠrigos e militantes leigos catĂłlicos, diferente de outras cidades baianas, lĂĄ nĂŁo ocorreram “marchas da famĂ­lia...â€?. A ação de um clero mais progressista, por meio da CEBs, defesa de posseiros, luta de assalariados rurais, retomada de um movimento sindical classista, defesa dos direitos humanos e mesmo acolhimento de militantes de esquerdas perseguidos, muito contribuiu para a construção de espaço polĂ­tico mais democrĂĄtico, ou mesmo para o desenvolvimento de uma Cultura PolĂ­tica democrĂĄtica, um tanto fora do tom ao que existia naqueles tempos no sertĂŁo da Bahia. Nome: Bruno Fonseca Ratton E-mail: bfratton@ig.com.br Instituição: UFMG TĂ­tulo: Milenarismo e Republicanismo no discurso polĂ­tico de Savonarola O trabalho tem a pretensĂŁo de abordar o encontro entre o discurso profĂŠtico e polĂ­tico de Savonarola, no final do sĂŠculo XV, a partir da anĂĄlise das “ Prediche sopra Aggeoâ€? e do “ Tratado sobre o regime o governo da cidade de Florençaâ€?. SerĂŁo objetos de nossa anĂĄlise os usos do vocabulĂĄrio polĂ­tico florentino do “quattrocentoâ€? em seu projeto de reforma moral da cristandade. Nome: Bruno Rodrigo Dutra E-mail: dutrab@hotmail.com Instituição: PUC/MG TĂ­tulo: A presença e situação da população afro-brasileira na sociedade brasileira: identidade e religiĂŁo Atualmente, uma grande população afro-descendente se afirma cada vez mais na sociedade brasileira, expressando com maior visibilidade suas manifestaçþes culturais e suas peculiaridades religiosas, o que pode contribuir para a formação e confirmação de suas mĂşltiplas identidades. No entanto, considerando o movimento da histĂłria brasileira, nem sempre essas populaçþes negras e afro-descendentes foram tratadas com a devida importância e respeito. Nesse trabalho, nos propomos verificar de que maneira os negros sĂŁo tratados pela historiografia. Pontuamos diversas observaçþes a esse respeito, intentando o conhecimento e a reflexĂŁo sobre o posicionamento de nossos historiadores clĂĄssicos. AlĂŠm disso, esse estudo se propĂľe a questionar como as identidades afro-brasileiras, particularmente a identidade religiosa, se formam atualmente. Levamos em consideração que as culturas e suas diversas formas de manifestação tendem a um processo de fragmentação devido, entre outros motivos, ao prĂłprio processo de globalização. Nome: Camila CorrĂŞa e Silva de Freitas E-mail: camilacorrea_ufrj@yahoo.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: Os Santos VarĂľes da Companhia de Jesus do Estado do Brasil: uma anĂĄlise polĂ­tica das obras de SimĂŁo de Vasconcelos (1597-1671) Nesta apresentação, pretendemos problematizar os pedidos de canonização dos padres inacianos JosĂŠ de Anchieta (1534-1597) e JoĂŁo de Almeida (1572-1653), feitos pelo jesuĂ­ta SimĂŁo de Vasconcelos em duas obras impressas no sĂŠculo XVII, a saber, “Vida do venerĂĄvel Padre JosĂŠ de Anchieta da Companhia de Jesusâ€? (1672) e “Vida do Padre JoĂŁo de Almeida da Companhia de Jesus, na provĂ­ncia do Brasilâ€?. Para tanto, nossa discussĂŁo partirĂĄ da anĂĄlise de duas questĂľes conjunturais de grande importância: os possĂ­veis significados polĂ­ticos e culturais da “santidadeâ€? no Seiscentos, de acordo com a ĂŠtica catĂłlica pĂłs-tridentina; e, ainda, o tipo de participação da Companhia de Jesus em questĂľes polĂ­ticas e eventos centrais ao longo do sĂŠculo XVII, no Brasil e em Portugal. Entre estes, destacamos a invasĂŁo holandesa ao nordeste brasileiro, a guerra de Restauração Portuguesa e a retomada de Angola pelos lusos, em 1648. NotĂłrios defensores da Restauração e agentes ativos na estruturação da sociedade portuguesa no Brasil, os jesuĂ­tas sĂŁo exemplos maiores da conjugação entre agĂŞncias polĂ­tica e espiritual, prĂłpria do Seiscentos. A busca pelo reconhecimento de “santosâ€? jesuĂ­tas do Brasil

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parece-nos, assim, uma “resposta” de Vasconcelos ao jogo político em que os inacianos estiveram envolvidos. Nome: Clarice Bianchezzi E-mail: cbianchezzi@yahoo.com.br Instituição: UFSC Título: Lembranças e narrativas: marcas de uma identidade religiosa-militante. O presente artigo é parte da dissertação de mestrado que teve como objeto de estudo a atuação de um grupo de freiras, que a partir de 1975, passou a desenvolver projetos educacionais nas áreas empobrecidas de Florianópolis (SC). Nesse breve ensaio buscamos discutir, nos valendo da memória/narrativa a nos concedida, as relações de poder e gênero as quais essas freiras enfrentaram na busca empreendida para ressignificar sua opção religiosa, optando por uma identidade coletiva religiosa-militante, em pleno governo militar, assumida sob um novo nome religioso grupal. A discussão se utilizada dos princípios de poder defendidos por Foucault, adentrando o universo religioso católico estruturado sob o domínio masculino, que foi questionado por essas mulheres. Ao mencionar a atuação religiosa-militante em Florianópolis de fins dos anos 1970, aludimos a militância social assumida por integrantes da Igreja Católica, algo que já vinha acontecendo em várias partes do Brasil e que na capital catarinense destacamos a presença, atuação e opção de um grupo de mulheres consagradas por votos religiosos. Nome: Clarissa Adjuto Ulhoa E-mail: clarissau@gmail.com Instituição: UFGO Título: Questões éticas presentes no discurso de candomblecistas e umbandistas goianos De acordo com Vázques (2006), as raízes da ética encontram-se firmadas no fato da moral, que funciona como forma de regulamentação das relações entre diferentes indivíduos e entre estes e a comunidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que a ética, compreendida como toda e qualquer discussão sobre a moral e sobre as normas que a pressupõe, varia de acordo com os micro-espaços sociais. Ou seja, apesar de existir uma moral e uma ética cristã, por exemplo, que abarca milhares de pessoas em todo o mundo, há questões éticas próprias do universo de cada uma das diferentes religiões cristãs. No âmbito do presente trabalho, objetiva-se apresentar as questões éticas presentes no discurso de candomblecistas e umbandistas goianos, no intuito de levantar os temas mais recorrentes e, assim, poder conhecer melhor o universo das religiões de influência africana em Goiás. Nesse sentido, conceitos como “marmotagem” serão discutidos, assim como a compreensão ética enunciada por candomblecistas acerca da disputa entre diferentes Babalorixás e/ou Ialorixás em torno da oferta daquilo que Alves (1979) chama de “bens espirituais de consumo”. Questões como as exemplificadas fornecem valiosos subsídios para discussões, não apenas sobre moral e ética, como também sobre poder, território e identidade. Nome: Edgar da Silva Gomes E-mail: edgarddsg@uol.com.br Instituição: PUC/SP Título: A Instalação do Bispado de São Paulo (1745): notas para uma reflexão ética na disputas entre os poderes civil e eclesiástico Com a instalação do bispado de São Paulo (1745) foi estabelecida uma nova relação de forças pelo poder na administração da capitania, apesar da instituição eclesiástica neste contexto ser mais um “departamento” da administração portuguesa houve desde o inicio uma disputa velada entre bispos e governadores. “Forçada” pelas imposições contratuais do sistema de padroado, a igreja não deixava passar a oportunidade de tentar impor a moral e os costumes cristãos e controlar o cotidiano da população. Através desta disputa percebemos uma “ética” a gerir esta relação que foi ora de alianças ora de conflitos entre as instituições civil e eclesiástica onde aparentemente prevalecia um clima amistoso. Estado e Igreja tentaram dominar o aparelho administrativo através dos interesses próprios de cada instituição. Nome: Edison Minami E-mail: edison.minami@hotmail.com Instituição: USP Título: Ética e pluralidade na família: o caso dos casamentos mistos Queremos refletir sobre o casamento misto, assim chamado pelos católicos, na cidade de São Paulo, SP (1958 - 1978), que ocorre quando um dos cônjuges é cristão de outra denominação com batismo reconhecido pela autoridade competente (P. ex: CNBB). Para os protestantes há o equivalente casamento ecumênico, mais simples, onde basta que um dos cônjuges pertença a mesma denominação religiosa. A periodização abrange o período do anúncio e celebração

do Concílio Vaticano II (1962-1965), e os pontificados dos Papas João XXIII (1958-1963) e Paulo VI (1963-1978), momento considerado pela bibliografia especializada (Libânio) de abertura dentro da Igreja Católica Apostólica Romana, em contraponto ao momento posterior, de volta á disciplina. Para a IECLB (Ig. Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) houve também um processo de abertura eclesial a partir dos anos setenta. Com conflitos entre grupos de clara identidade religiosa (Faixa de Gaza, Guerra no Iraque, Guerra no Afeganistão) de um lado; e a diversidade étnica e religiosa nas grandes metrópoles, por outro; é preciso pensar a necessidade da superação das barreiras e preconceitos religiosos nas famílias de hoje através dos diálogos ecumênico e inter-religioso para podermos chegar a uma unidade na diversidade das religiões modernas. Nome: Eduardo Seixas Migowski E-mail: eduardomigowski@hotmail.com Instituição: Universidade Gama Filho Título: Saudação à fraternidade: a ordem republicana e o progresso positivista na construção na identidade nacional O estudo apresentado pretende reconstruir uma forma de religião singular que se desenvolveu na Europa do século XIX e que, ao final do império, criou raízes no Brasil dentro do movimento republicano. Trata-se de um modelo de religião que visa o culto ao Estado, ou seja, uma religião materialista, típica de uma sociedade onde o homem passou a ser o centro das decisões e a ciência passou a ser o núcleo irradiador das novas verdades. As discussões do trabalho giram em torno do indivíduo. Assim, será abordado como este novo paradigma - com suas verdades e saberes - foi assimilado e incorporado na vida dos atores, que, ao aderirem a esta nova realidade, transformaram conceitos como nação e progresso em ideais de vida. Nome: Elias Ferreira Veras E-mail: eliashistoria@yahoo.com.br Instituição: PUC/SP Título: Experiências de fé: narrativas de milagres no jornal “A Voz da Religião no Cariri” (1860-1870) Em 13 de dezembro de 1868, apareceram pela primeira vez nas páginas do periódico “A Voz da Religião no Cariri”, publicado entre 1868 e 1870, na vila do Crato, Província do Ceará, notícias de um milagre atribuído ao missionário cearense José Antônio de Maria Ibiapina. Luzia, paralítica, aconselhada pelo missionário a banhar-se na fonte do Caldas, em Barbalha, foi curada! Analisaremos, na presente comunicação, por meio das narrativas de graças publicadas no periódico VRC, como as narrações de milagres constituem parte das experiências religiosas dos sujeitos sociais. A crença na proteção dos santos e na plausibilidade do milagre atravessa, não sem conflito, as vivências religiosas de homens e mulheres, ouvintes das missões, leitores do periódico, devotos de Ibiapina, que participaram da produção do jornal VRC e da construção de sentidos de mundo. Nome: Elton de Oliveira Nunes E-mail: eltonnunes@uol.com.br Instituição: PUC/SP Título:História das Religiões no Brasil: Teoria e Metodologia a partir da Escola Italiana No desenvolvimento das pesquisas sobre a área de História das religiões, verificamos que a mesma carece de uma definição metodológica e um aporte teórico mais acurado no Brasil. O estatuto científico dos estudos históricos da Religião sofre de problemas de aproximação e sua trajetória no Brasil ainda está longe das grandes discussões teóricas realizadas em outros países e continentes . Um dos problemas que se apresenta é sobre a forma de tratamento. Como tratar da dimensão histórica dentro das diversas abordagens da Religião? Dessa maneira, impõe-se a necessidade de enfrentar a questão da abordagem histórica da Religião dentro da área de História das Religiões, atualizando as discussões internacionais no Brasil. Além disso, os Programas de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais carecem dessa definição, como podemos constatar, seja pelo pequeno número de publicações nessa área, seja pela declaração de algumas instituições e teóricos sobre a indefinição do campo de Ciências Humanas e Sociais. Nome: Érika do Nascimento Pinheiro Mendes E-mail: erika_npm@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: Candomblé nagô de Salvador: identidade e território no Oitocentos O século XIX foi o momento de uma redefinição étnica em Salvador. Em função das guerras em solo africano, que levaram à desagregação do Império Iorubá, muitos nagôs (iorubás) foram feitos cativos e enviados para o Brasil. Além

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17 de guerrear eles viveram, na paz, as tradições de seu povo, a filiação étnica, a formação familiar, política, religiosa etc. Uma vez no Novo Mundo, a identidade étnica continuaria a ser um guia de organização social e, principalmente, religiosa. A constituição do candomblé nagô, especificamente do Axé Opô Afonjá, no século XIX, pode ser entendida como a formação de um território-religioso que amalgamou os iorubás provenientes de diferentes localidades da Iorubalândia. Assim como significou, também, a reterritorialização desses grupos na diáspora. Foi a fundação de um território-religioso, chamado candomblé, no espaço urbano de Salvador. Nome: Giselle Marques Camara E-mail: gisellemarquescamara@yahoo.com.br Instituição: PUC/RJ e Colégio de São Bento Título: Maat: O princípio ordenador do cosmos egípcio Visto que a proposta do simpósio temático em questão consiste em explorar os estudos que “correlacionam a História e a Ética como elementos que se integram articuladamente à vida social, política, econômica e religiosa das sociedades em seus diferentes balizamentos históricos e culturais”, o trabalho a ser apresentado consiste na construção de uma reflexão sobre o simbolismo manifestado pela deusa Maat, durante a existência do Egito Faraônico. Tal deusa encerrava em si os atributos de Verdade/Justiça/Ordem/Equilíbrio conferindo condição de existência e de perpétuo funcionamento aos arranjos institucionais que moviam a sociedade. Tratando-se uma cultura cuja cosmovisão se assentava no mito, e cuja função temporal de seu povo era viabilizar a reprodução e a manutenção de uma ordem perfeita existente a priore, as prerrogativas da deusa não se restringiam ao âmbito “religioso”, uma vez que foi colocada na base de toda estruturação política e social do Estado faraônico, pois representava o pacto de governabilidade do monarca para com o seu povo, e regia o comportamento do homem egípcio, sendo a medida ética que orientou sua conduta moral nos âmbitos individual e coletivo. Nome: Igor Luis Andreo E-mail: igor_andreo@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: O catolicismo renovador na Argentina e no México: ensaio para um estudo comparativo (1962-1973) Partindo de um enfoque comparativo, neste artigo propõe-se realizar uma análise sucinta das transformações ocorridas no cerne do catolicismo entre 1962 e 1973, tanto na Igreja argentina, como na mexicana, visando construir bases de onde futuramente seja possível iniciar um trabalho de maior fôlego. Em razão do espaço, optou-se por focar as atenções no “Movimiento Sacerdotes para el Tercer Mundo” (MSTM) da Argentina e na atuação da diocese de San Cristóbal de las Casas em Chiapas, no México. Nome: Jonas Araújo da Cunha E-mail: jcunhapai@uol.com.br Instituição: UFPA Título: Ética e Economia Segundo Calvino Nestes dias de crise ética do capitalismo, torna-se inevitável lembrar o clássico “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber. Oportunidade singular para se considerar o tema que alimenta o debate acadêmico por mais de um século de uma perspectiva mais do que lógica, ou seja, a partir da ampla literatura deixada por Calvino. Abordagem e procedimento que nos permitirão analisar as conexões e as imbricações do tema para além de Marx e Weber “ouvindo” desta forma o próprio Calvino. Nome: Jorge Luiz Nery de Santana E-mail: jorgenerys@yahoo.com.br Instituição: UEFS Título: Identidades nas encruzilhadas: narrativas religiosas e representações étnicas no protestantismo baiano Partindo dos conceitos de afro-diáspora, campo étnico-religioso e cotidiano, buscam-se perceber vestígios das configurações das identidades dos afro-baianos pertencentes a grupos protestantes, a partir das representações étnicas presentes em suas narrativas religiosas, situando suas trajetórias num campo religioso baiano, marcado pelo pluralismo, pelas negociações e por conflitos, que traduzem em suas apropriações, uma dinâmica própria de deslocamentos e reelaborações dos símbolos e crenças religiosas, experimentadas nas fronteiras, estruturas e circularidade sócio-culturais, onde se elabora a composição destas identidades em seus diversos lugares e relações sociais.A pesquisa em andamento parte de fontes orais(histórias de vida) e escritas:os jornais e outras publicações dos Batistas(CBBa), no período de 1947 a 1988 em Feira de Santana – BA

Nome: Luciane Silva de Almeida E-mail: lu_lu86@hotmail.com Instituição: UEFS Título:“Ecumenismo, vergonhosa capitulação!”: conflitos entre conservadores e progressistas no meio baiano (1964-1980) Em 1964, a reação conservadora à agitação social que o Brasil passava à época, atingiu seu ápice com a instalação do Governo Militar. Os batistas em geral, esforçaram-se para demonstrar sua lealdade ao Estado, na medida em que apoiavam irrestritamente o governo ditatorial na tentativa de garantir seu espaço. Contavam para isso com a prática da denúncia dos membros da denominação que mostravam-se simpáticos a qualquer projeto social fosse ele progressista, comunista ou ecumenista, que, aos olhos das lideranças da Igreja, eram iguais por serem carregados de “subversão”. Na Bahia, essa reação conservadora atingiu seu auge na questão que envolveu a Igreja Batista Dois de Julho e a Igreja Batista Nazaré, ambas localizadas em Salvador. A IB Dois de Julho era na década de 60-70, uma das principais congregações batistas de Salvador e tinha como líder o pastor Ebenézer Gomes Cavalcanti, homem conservador, abertamente contrário ao ecumenismo; a Igreja Batista Nazaré, criada durante o início dos anos 70, por ex-membros da União de Mocidade da Igreja Dois de Julho excluídos devido a suas idéias progressistas baseadas no Evangelho Social e suas práticas ecumênicas, era considerada como fruto de um grupo dissidente da Dois de Julho recebendo portanto o descrédito dos membros desta. Nome: Lyndon de Araújo Santos E-mail: lyndon@terra.com.br Instituição: UFMA Título: História de uma Ética Protestante Tropical: Memória e Trajetória da Fábrica de Chapéus Mangueira (1857-1903) Abordagem sobre a memória e a trajetória da Fábrica de Chapéus Mangueira na cidade do Rio de Janeiro, identificando o seu contexto de origem e seus principais agentes sociais. Propõe-se o debate sobre a historicidade das práticas de determinadas concepções éticas, tomando o protestantismo como experiência religiosa e histórica. Pretende-se analisar historicamente a aplicação de uma visão de mundo religiosa com sua ética ligada ao trabalho, ao mundo da produção, ao sagrado e aos valores culturais. Nome: Marcelo Timotheo da Costa E-mail: timotheo@unisys.com.br Instituição: PPGH/UNIVERSO Título:O Delta da Fé: pensando o livro Francisco de Assis: A Saudade do Paraíso Esta comunicação analisa o livro Francisco de Assis: a Saudade do Paraíso, escrito por Leonardo Boff e ilustrado por Nelson Porto, emblematicamente publicado em 1985, quando Boff se encontrava em período de “silêncio obsequioso” por determinação das instâncias doutrinárias romanas. Quer-se demonstrar que, por seu texto e iconografia, a citada obra - que faz confluírem História, Teologia, Arte e Política - objetiva reafirmar o ideário da Teologia da Libertação em tempos de provação. Nome: Marcílio Lima Falcão E-mail: limafalcao13@gmail.com Instituição: UERN Título: Páginas Redentoras:o jornal O Mossoroense e as devoções religiosas ao cangaceiro Jararaca na década de 1970 Na segunda metade do século XX os trabalhos historiográficos relacionados as pesquisas sobre religiosidade popular permitiram a ampliação das possibilidades analíticas sobre a temática. Um dos motivos para tal foi a utilização de fontes documentais jornalísticas que propiciaram novos olhares sobre a história das religiões e religiosidades. Assim, a presente comunicação tem por finalidade entender a influência que o jornal O Mossoroense exerceu na década de 1970 sobre as devoções espontâneas ligadas ao cangaceiro Jararaca. Nome: Marcos Roberto Brito dos Santos E-mail: marcosroberto13@bol.com.br Instituição: UFBA Título:Elementos para uma crítica da abordagem “institucional” Este ensaio nada mais pretende ser que apenas o esboço de uma crítica à abordagem institucional presente na literatura dedicada ao estudo da “Igreja popular” no Brasil. Iniciamos discutindo aspectos metodológicos, propondo uma resposta à indagação de Burke sobre o que seria uma historia da Igreja vista de baixo. Assim, colocamos em questão o próprio olhar do historiador sobre seu objeto de estudo. Em um segundo momento, revisitamos autores clássicos sobre o assunto como Vanilda Paiva, Thomas Bruneau e Scott Mainwaring, buscando a partir daí, traçar alguns elementos para elaboração de uma crítica a esta interpretação.

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Nome: Maria Cristina Pompa E-mail: cpompa@usp.br Instituição: USP Título:A dissolução do objeto religioso A comunicação visa apresentar elementos de reflexão para a construção de uma “História das religiões” que seja não apenas a análise das práticas culturais de sujeitos históricos, e sim a própria categoria “religião”, a partir da historicização do conjunto de conceitos analíticos que foram elaborados pelas chamadas “ciências da religião”, para apreender a especificidade da dimensão do religioso. A proposta tem como ponto de partida a metodologia da chamada Escola Italiana de História das Religiões, menos conhecida no Brasil do que a fenomenologia religiosa ou a escola histórico-cultural alemã. A partir de alguns resultados concretos de pesquisa, relativos à história missionária no Brasil, pretende-se refletir sobre as possibilidades e os limites desta abordagem. Nome: Maria Luísa de Castro Vasconcelos Gonçalves Jacquinet E-mail: luisajacquinet@sapo.pt Instituição: Universidade de Coimbra/CEAUCP Título: Atentados sacrílegos, devoção eucarística e afirmação do poder no Portugal do Antigo Regime: dinâmicas históricas e expressões artísticas. Os casos de Santa Engrácia, Odivelas e Palmela No quadro da intensa devoção eucarística que o período contra-reformista conheceu, as profanações do Altar (“desacatos”) correspondem a momentos de inaudita compunção colectiva de insuspeitadas repercussões.A “simbiose” entre integridade do SS.mo Sacramento e integridade e legitimidade pátrias - amplamente explorada no contexto da Restauração – daria aos desacatos foros de atentados contra a monarquia, e emprestaria ao desagravo (expiação) de tais irreverências um cariz eminentemente legitimatório ao serviço da coroa e da nobreza vinculada ao seu serviço (reflectindo assim estratégias, equilíbrios e flutuações de poder). Santa Engrácia (1630), Odivelas (1671) e Palmela (1779) erguem-se, neste sentido, como barómetros de momentos-chave da vida política e moral do Antigo Regime português: se os dois primeiros interpelam sucessivamente a questão dos cristãos-novos, a Restauração e a afirmação de D. Pedro, no último reconhecemos o ultramontanismo de D. Maria I face às Luzes.O fervor suscitado por tais atentados plasmar-se-ia, de resto, em formas absolutamente centrais para a cultura de então: em festejos, na oratória sacra (vd. os sermões do SS.mo do P.e António Vieira), na arquitectura religiosa e na instituição de uma observância religiosa inédita (das clarissas do Desagravo). Nome: Maria Teresa Toribio Brittes Lemos E-mail: mtlemos@uol.com.br Instituição: UERJ Título: Práticas religiosas e representações simbólicas -Festas e ritualidades :O Dia dos Mortos no México A cerimônia do Dia dos Mortos consiste em um ritual de integração social, quando os mortos da família e os mortos amigos, através da mesma trilha, dos senderos luminosos, vêm comemorar com os vivos a prosperidade e o legado que construíram para seus sucessores . Nesse período, mortos e vivos rompem as barreiras da alteridade, do antropocentrismo e se confraternizam. A interculturalidade , nesse momento, obedece a uma ética fenomenológica, estabelecida pelos limites mais profundos e obscuros para as sociedades ocidentais , que são os limites entre a vida e a morte. Deve-se assinalar que a permanência desses rituais tornou-se objeto de estudo de pesquisadores e etno-historiadores. O interesse por cerimônias religiosas e festas populares intensificou-se especialmente após o desenvolvimento da história cultural e das mentalidades, com a “Nouvelle Histoire”. A permanência dessas festas no imaginário do povo mexicano nos despertou o interesse em identificar e analisar como se estrutura a identidade cultural entre as diversas comunidades mexicanas, mesmo vivendo em áreas descontínuas e com variações em seus dialetos, como os tzoltziles e tzaltales, náhuatls e otomies entre outros. Nome: Maxuel Batista Araújo E-mail: maxbatt37@hotmail.com Instituição: Escola Estadual Imperial Marinheiro Título: Uma história em preto e branco O artigo discute alguns critérios e pressupostos necessários ao uso da experiência e da memória religiosa como fontes úteis para a historiografia da religião, especificamente para a história das religiões afro-brasileiras como a Umbanda. Esta opção metodológica tem uma série de conseqüências conceituais e permite pensar a história da religião a partir de sujeitos geralmente esquecidos como atores históricos, bem como a memória e a oralidade. Nome: Ney de Souza E-mail: ney.souza07@terra.com.br

Instituição: PUC Título: Entre a contestação e a conivência. Censura ao jornal O São Paulo durante o regime militar (1964-1985) A pesquisa realiza um estudo sobre o catolicismo e a ditadura em São Paulo a partir dos artigos censurados do jornal O São Paulo. Durante a ditadura foram censurados 87 textos (inteiros ou em parte). Essa fonte foi recuperada e este estudo apresenta não somente uma analise do totalitarismo e dos textos, mas procura devolver aos cidadãos esta parte da memória proibida naquele período. A ditadura conseguiu calar a voz de parte do catolicismo por vezes com a conivência do próprio catolicismo. O estudo revela os comportamentos muitas vezes ambíguos da instituição eclesiástica. Algumas vezes denuncia as atrocidades do regime e por outras vezes o abençoa. Com isso poder temporal e espiritual quando aliados roubaram uma possibilidade de consciência critica das almas. Nome: Patrícia Ferreira dos Santos E-mail: patrisantos2004@yahoo.com.br Instituição: USP Título: De verbo ad verbum: a ética do perdão na evangelização da sociedade mineradora no século XVIII No século XVIII, juntamente com os impactantes sermões, festividades e solenidades religiosas, as cartas e visitas pastorais do episcopado expressaram o imperativo pastoral de correção aos costumes da sociedade mineradora, considerada catalisadora de vícios. A hierarquia episcopal nas Minas empregou uma estratégia de conversão e ordenamento social a partir do oferecimento da oportunidade de perdão aos costumes corruptos. As indulgências e a reconciliação com a Igreja revelaram-se como interface melíflua da ação pastoral comumente pautada no medo e na sugestão do fiel. Nome: Rafael da Silva Virginio E-mail: rsv_dm@yahoo.com.br Instituição: UEPB Título: Seminário de Olinda: entre o discurso religioso e o liberal O presente trabalho é um estudo das influências religiosas e liberais que atuaram no discurso do Seminário de Olinda (1800-1836), tendo como referência bibliográfica central, o livro de Gilberto Luiz Alves, intitulado: O pensamento burguês no seminário de Olinda (1800-1836). A referida obra analisa o Seminário de Olinda no tocante às influências déspotas esclarecidos que atuaram sobre a instituição religiosa, trabalhando a formação pedagógico-religiosa, de padres e da população local, e finaliza com os fatores para a decadência. Partindo das informações concedidas pelo autor, observamos que no aspecto pedagógico o Seminário atua na formação religiosa dos discentes, mas ao mesmo tempo configura-se como espaço de propagação de idéias liberais, chegando a influenciar duas revoltas de caráter liberal: a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador em 1824, iniciadas em Pernambuco e expandidas por províncias do nordeste. O artigo tem o interesse de fomentar o debate acerca das contradições de um seminário de concepções religiosas, mas de influências liberais visíveis. Nome: Raquel Miranda Barbosa Bueno E-mail: rm-barbosa1976@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: A festa de Nossa Senhora da Guia: ética social ou relações de poder? A presente pesquisa propõe-se discutir as especificidades da festa popular mais tradicional da povoação do Bacalhau- GO, promovendo interseções com a realidade social do lugar que se avoluma em torno das relações de poder muito nítidas durante a Primeira República. O caráter social da festa reproduz, ao olhar do investigador atento, uma estrutura de controle e poder sobre esta manifestação religiosa popular suscitando reflexões quanto as distinções sociais em meio aos sujeitos participantes desta manifestação religiosa de cunho popular. As crises evidentes da ruptura do Estado e da Igreja ao final do século XIX podem ser representadas no âmbito desta festividade. Assim, as discussões sobre elementos que envolvem festa, cultura, poder e representações norteiam os meandros investigativos deste trabalho. Trataremos as ressignificações ocorridas na festa que demonstram a autoridade popular frente aos festejos religiosos na cidade de Goiás e nos distritos circunvizinhos conforme encontramos no caso em estudo. Nome: Tatiana Machado Boulhosa E-mail: tati_boulhosa@terra.com.br Instituição: PUC/SP Título: Contribuições da Escola Italiana para a Interpretação Histórica do Monasticismo Celta Irlandês A presente comunicação tem por objetivo identificar as principais características do método histórico comparativo proposto pelos autores da chamada Escola Italiana de História das Religiões e realizar uma análise da biografia de três san-

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17 tos irlandeses a partir das ferramentas que ele provê. Trata-se não apenas de uma reflexão embasada por leituras feitas pelo Grupo de Estudos História e Religiões da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), coordenado pelos professores Fernando Torres Londoño e Élton Oliveira Nunes, mas também de um exercício de aplicação das discussões teóricas deles surgidas a uma pesquisa específica: as vidas de três monges irlandeses que viveram entre os séculos V e VII d.C. A escolha desses três nomes tem a ver com seu papel central no processo histórico do monasticismo celta irlandês: Patricius foi o responsável pela conversão da ilha, Columba levou esta forma de espiritualidade para as ilhas britânicas e Columbanus para o resto do continente europeu. Nome: Vanda Maria Quecini E-mail: vndquecini@gmail.com Instituição: USP Título: Uma visão da transformação da ética cristã no mundo do trabalho na cidade empresarial de timoteo: o caso Acesita Para Alain Touraine a idéia de movimento social se opõe à de consciência de

classe no sentido em que o primeiro refere-se a “... um processo do desenvolvimento capitalista ou a um processo de crise social e econômica em termos objetivos”, enquanto a segunda é uma tentativa de abordagem do conflito a partir do ponto de vista dos atores. É exatamente neste processo de “construção do problema”, ou seja, na elaboração e transmissão de um programa reivindicatório fundamentado no confronto entre a sociedade existente e a desejada, que no caso dos movimentos operários ganham importância instituições como o sindicato e a igreja, que, ao se proporem a colaborar na solução dos problemas, são também as responsáveis por determiná-los, ou seja, selecionar as questões a serem solucionadas, legitimando-as na qualidade de problemas a serem resolvidos. Em Timóteo a igreja vai progressivamente passando de uma postura legitimadora da “ordem”, para uma igreja inserida na realidade social do operariado. O que significou a passagem da defesa dos interesses empresariais para a defesa dos trabalhadores, auxiliando na formação de associações e sindicatos.

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18. Historiografia e escrita da HistĂłria: as dimensĂľes ĂŠticas do ofĂ­cio do historiador Durval Muniz de Albuquerque Junior – UFRN (durvalal@uol.com.br) TemĂ­stocles Americo Correa Cezar – EHESS (t.cezar@ufrgs.br) (VWH 6LPSyVLR VH SURS}H D FRQVWLWXLU XP HVSDoR SDUD D DSUHVHQWDomR H GLVFXVVmR GH WUDEDOKRV TXH WHP QD HVFULWD GD KLVWyULD QR RItFLR GR KLVWRULDGRU H QD DQiOLVH GD KLVWyULD GD KLVWRULRJUDĂ€D VXDV SUHRFXSDo}HV QXFOHDUHV QmR GHL[DQGR GH HVWDU DEHUWR SDUD D DSUHVHQWDomR H GLVFXVVmR GH WUDEDOKRV TXH WUDWDP GH RXWUDV PRGDOLGDGHV GH YHLFXODomR H FRQVWUXomR GD FXOWXUD KLVWyULFD HQIDWL]DQGR QHVWD RSRUWXQLGDGH D DERUGDJHP das dimensĂľes ĂŠticas que envolvem esta escrita, este ofĂ­cio e os valores e princĂ­pios ĂŠticos ou morais que HVWLYHUDP RX HVWmR QD EDVH GDV YiULDV IRUPXODo}HV WHyULFDV H PHWRGROyJLFDV QR FDPSR GD KLVWRULRJUDĂ€D Trata-se de interrogar sobre as relaçþes entre as distintas formas de produção da memĂłria e as discussĂľes e lutas polĂ­ticas e sociais em torno dos valores.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alessandra Soares Santos E-mail: alessandra.historia@gmail.com Instituição: UFMG TĂ­tulo: Francisco IglĂŠsias e as interpretaçþes do Brasil: notas de um discurso historiogrĂĄfico Este trabalho pretende apresentar os resultados preliminares da anĂĄlise das obras do historiador Francisco IglĂŠsias (1923-1999) sob o ponto de vista da Teoria e da HistĂłria da Historiografia. Pretendemos refletir sobre como este autor construiu o seu discurso sobre a histĂłria e, ao mesmo tempo, como este discurso ofereceu elementos para delimitar o prĂłprio campo desta disciplina no Brasil e, em especial, em Minas Gerais. Consideramos que a crĂ­tica historiogrĂĄfica da sua produção no campo da HistĂłria EconĂ´mica, da HistĂłria de Minas e da HistĂłria da Historiografia, publicada entre as dĂŠcadas de 1950 e 1990, pode ser uma porta de entrada para o debate acerca das interpretaçþes da histĂłria mineira e brasileira, e para a discussĂŁo da especificidade da ciĂŞncia histĂłrica no contexto da institucionalização do curso de HistĂłria em Minas Gerais. Nome: Ana Paula Sampaio Caldeira E-mail: paideia@ig.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: Viver em meio a livros: a atuação de Ramiz GalvĂŁo na Biblioteca Imperial da Corte. (1870-1882) Ramiz GalvĂŁo nasceu em Rio Pardo, Rio Grande do Sul, em 1846, mas ainda criança veio para o Rio de Janeiro e foi na capital do ImpĂŠrio que fez toda a sua formação acadĂŞmica e intelectual. Ainda muito jovem, foi nomeado diretor da Biblioteca Imperial. Sua atuação, entretanto, nĂŁo se restringiu a esta instituição: fez parte ainda do Instituto HistĂłrico e GeogrĂĄfico Brasileiro, da Academia Brasileira de Letras e do ColĂŠgio Pedro II, alguns dos principais espaços almejados pelos intelectuais de seu tempo. Morreu em 1938, aos 92 anos de idade, deixando entre seus pares a imagem de um trabalhador incansĂĄvel e moralmente irrepreensĂ­vel. Este trabalho tem por objetivo analisar a atuação de Ramiz GalvĂŁo durante os anos em que presidiu a Biblioteca Imperial da Corte (mais tarde, Biblioteca Nacional) a partir da documentação encontrada sobre este intelectual nos arquivos do IHGB e no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Trata-se do inĂ­cio de uma pesquisa que visa construir uma biografia de Ramiz GalvĂŁo, atentando, especialmente, para as redes de sociabilidade em que estava inserido e os cĂ­rculos intelectuais freqĂźentados por ele. Nome: Andre de Lemos Freixo E-mail: andredelemos@gmail.com Instituição: UFRJ TĂ­tulo: HistĂłria em questĂŁo, tradiçþes em jogo: JosĂŠ HonĂłrio Rodrigues e a “evoluçãoâ€? da pesquisa histĂłrica no Brasil Assim como a HistĂłria oitocentista fabricou seus mitos identitĂĄrios - instalando uma “origemâ€? para a nação na noite dos tempos e narrando a trajetĂłria de uma nação generosa, forte, herĂłica e prodigalĂ­ssima -, a histĂłria da HistĂłria (e historiadores) elaborada por JosĂŠ HonĂłrio Rodrigues em meados do sĂŠculo XX parece tambĂŠm fortemente tributĂĄria desta perspectiva. A partir dos textos “Teoria da HistĂłria do Brasilâ€? (1949) e “A pesquisa histĂłrica no Brasilâ€? (1952), Rodrigues manifestou tal perspectiva atravĂŠs da construção de uma tradição de (e para) pesquisadores de HistĂłria no Brasil. Acredito que esta tradição tenha sido bem sucedida, pois, ainda atu-

almente, muitas vezes se assume tal linhagem como um dado, instalando-a, pois, como evidĂŞncia. Minha anĂĄlise visa apresentar a narrativa construĂ­da por Rodrigues para a histĂłria da pesquisa histĂłrica (cujo sentido seria sua vertente disciplinar e profissional), atentando para o fato de que ela buscava garantir nĂŁo apenas a autoridade (no passado exemplar) para a fala dos historiadores que se estabeleciam e eram formados nas universidades brasileiras, como tambĂŠm Ă responsabilidade por uma herança, o pertencimento a uma linhagem (uma “evoluçãoâ€?), uma identidade profissional e, se possĂ­vel, um lugar reservado nessa histĂłria da HistĂłria. Nome: Bernardo Medeiros Ferreira da Silva E-mail: bferreira@openlink.com.br Instituição: UERJ TĂ­tulo: Entre kratos e ethos: a idĂŠia de razĂŁo de Estado em Friedrich Meinecke O trabalho aborda a anĂĄlise do historiador alemĂŁo Friedrich Meinecke sobre a idĂŠia de razĂŁo de Estado, desenvolvida no livro “A idĂŠia de razĂŁo de Estado na histĂłria modernaâ€?. O livro constitui uma tentativa de repensar os termos em que Meinecke havia colocado atĂŠ entĂŁo a relação entre polĂ­tica e valores. Em um momento anterior de sua obra histĂłrica, a afirmação do poder Estado nacional fora concebida como resultado de uma sĂ­ntese entre potĂŞncia e moralidade. No livro sobre razĂŁo de Estado, a primazia das relaçþes de força e do impulso de poder na vida estatal passam a ser vistos do ponto de vista de um processo trĂĄgico em que ĂŠtica e polĂ­tica se opĂľe incessantemente. Nome: Bruno Diniz Silva E-mail: brunodiniz18@yahoo.com.br Instituição: UFOP TĂ­tulo: Linguagens PolĂ­ticas e HistoriogrĂĄficas em JosĂŠ da Silva Lisboa Esta pesquisa insere-se na perspectiva de estudo da historiografia brasileira oitocentista relacionada com o processo de formação do Estado Nacional. Tem como tema de estudo a produção historiogrĂĄfica das primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XIX. Pretende-se analisar a produção historiogrĂĄfica de JosĂŠ da Silva Lisboa (Visconde de Cairu), no intuito de identificar e compreender as linguagens polĂ­ticas e historiogrĂĄficas empreendidas por aquele autor em suas obras – no perĂ­odo de 1808 a 1830 – em resposta aos momentos histĂłricos e aos debates polĂ­ticos que decorreram em função da transmigração da Corte portuguesa para o Brasil, da suspensĂŁo do “Antigo Sistema Colonialâ€?, do estabelecimento das Cortes Constituintes em Lisboa e da declaração de IndependĂŞncia do ImpĂŠrio do Brasil. Contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento histĂłrico a cerca da produção intelectual e historiografia brasileira das primeiras dĂŠcadas dos oitocentos. Nome: Bruno Franco Medeiros E-mail: bfrancomedeiros@gmail.com Instituição: USP TĂ­tulo: O conceito de plĂĄgio e as dimensĂľes ĂŠticas do ofĂ­cio do historiador na Histoire du BrĂŠsil, de Alphonse de Beauchamp Na passagem do sĂŠculo XVIII para o prĂłximo acentuou-se a perda do carĂĄter exemplar do passado quando o conceito moderno de histĂłria impĂ´s-se como uma nova maneira de compreender o passado. AtĂŠ entĂŁo, o modelo da Historia “Magistra Vitaeâ€? havia guiado nĂŁo somente a maneira como os homens compreendiam o passado, mas tambĂŠm a forma como eles o representavam. O objetivo desta comunicação ĂŠ analisar essas transformaçþes no conceito de histĂłria a partir da polĂŞmica iniciada por Robert Southey,

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18 quando este acusou Alphonse de Beauchamp de plagiar sua History of Brazil, em 1817. Para alcançar uma compreensão mais clara do objeto dessa polêmica, vamos analisar as figurações do autor na Época Moderna e o nascimento da concepção de plágio a partir de sua legalidade e sistematização no início do século XIX, na tentativa de demonstrar que a polêmica entre os dois autores é fruto da tensão existente entre dois regimes de historicidade. O plágio, enquanto um dos sintomas da crise de representação que assola a passagem do século XVIII para o XIX, impôs o questionamento de continuidades e rupturas na constituição da historiografia oitocentista, bem como dos limites da dimensão ética do ofício do historiador. Nome: Durval Muniz de Albuquerque Júnior E-mail: durvalal@uol.com.br Instituição: UFRN Título: Na encruzilhada entre fato e ficção: as questões éticas que envolvem as artes divinatórias e outras mandingas do historiador na contemporaneidade Este trabalho versará sobre as implicações e desafios no campo da ética que estão envolvidos em todas as etapas da operação historiográfica, seja no que tange a observância e instrumentalização das regras que dirigem a produção do saber em história, ou seja, naquela dimensão do nosso ofício que podemos nomear de científica ou disciplinar, seja no que tange ao momento de fabricação do próprio texto histórico, à escrita da história, naquela dimensão que podemos nomear de artística de nosso trabalho. Em que dilemas éticos nos vemos envolvidos ao exercer a prática historiográfica, ao pesquisar e escrever história, na relação com aquilo que definimos como sendo nosso objeto ou com aqueles que nomeamos de sujeitos do processo histórico que analisamos. E, por fim, o trabalho abordará a ausência de preocupações éticas quando se trata de fazer a crítica historiográfica em nosso país, a história da história entre nós. Nome: Eduardo Sinkevisque E-mail: esinkevisque@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Dimensões éticas da escrita da história no século XVII A comunicação discute em que medida questões retórico-poéticas relativas à doutrina do estilo do gênero histórico católico do século XVII têm dimensões éticas. Trata-se de analisar a polêmica sobre os estilos ciceroniano/ anticiceroniano aplicáveis à escrita da história seiscentista. Particulariza-se a discussão, com a leitura de prólogos, dedicatórias e licenças de textos históricos (traduções portuguesas, espanholas, italianas e francesas dos séculos XVI/XVII de Tácito e de Sêneca); histórias exemplares acompanhadas de prólogos prescritivos; prosas de aconselhamento, como os espelhos de príncipe; além de tratados como o Dell’Arte Historica, de Agostino Mascardi; Prolusiones Academicae, do Padre Famiano Strada; Agudeza y Arte de Ingenio, do Padre Baltasar Gracián; Trattato Dello Stile e Dell Dialogo, do Padre Sforza Pallavicino; Delle Acutezze, de Matteo Peregrini; Brevíssima e Muito Resumida Fórmula de Elaboração Epistolar, de Desiderius Erasmus e A Arte de Escrever Cartas de Justo Lípsio, entre outros. A hipótese é a de que a polêmica dos estilos pode ser interpretada como uma história de longa duração ou longuíssima. Nome: Emy Francielli Lunardi E-mail: emy_jornalista@ibest.com.br Instituição: UFSC Título: Batalha de discursos: o papel da imprensa e da historiografia na construção das identidades políticas republicanas catarinenses (1889-1898) Em Santa Catarina a adoção do regime republicano provocou um processo de renovação das forças políticas e sociais que desembocou na formação de dois grupos partidários em luta pelo poder estadual: republicanistas x federalistas. Por muito tempo, a historiografia apontou-os respectivamente como “verdadeiros republicanos” e “restauradores disfarçados”. Contudo, a análise de seus discursos, suas configurações e suas práticas políticas demonstrou que ambos os partidos defendiam a causa republicana. Logo, se as fronteiras entre os grupos não eram tão claras e consensuais, elas foram criadas e legitimadas em algum momento. O objetivo desse artigo é, justamente, apresentar e discutir rapidamente o percurso de construção, acirrada disputa e consolidação de tais representações políticas, desde o seu surgimento nos jornais partidários “República” e “O Estado” até sua passagem para a historiografia através da atuação do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC). Nome: Erik Hörner E-mail: erikhorner@hotmail.com

Instituição: USP Título: Memória e Revolução: testemunho, crônica e história na obra de José Antonio Marinho Padre, educador, político e combatente derrotado da “Revolução Liberal”, José Antonio Marinho foi também o autor de “História do Movimento Político de 1842”, obra escrita e publicada apenas dois anos depois da pacificação de São Paulo e Minas Gerais. Comparado, em tom elogioso, a Xenofonte, Marinho foi lido por seus correligionários e adversários. Para estes fora parcial, para aqueles foi tido como porta-voz, entretanto todos os estudos realizados tomam por base o livro do Cônego Marinho seja como fonte primária, como manifesto político ou parte da historiografia específica sobre o tema. Sendo assim, o artigo aqui proposto tem como objetivo apontar os limites deste testemunho que aos poucos se tornou versão oficial da “Revolução Liberal” na tentativa de destacar onde o historiador encontra a testemunha e o homem público, e como essas diversas faces se fundiram ao longo dos anos formando a memória do movimento armado corroborando até mesmo a memória dos vencedores. Nome: Fernando Felizardo Nicolazzi E-mail: f.nicolazzi@hotmail.com Instituição: UFOP Título: A história como disputa. Dissertações históricas da Academia dos Esquecidos, 1724 Em “A pesquisa histórica no Brasil” (1952), José Honório Rodrigues elaborou uma fórmula destinada a ter vida longa nos estudos de história da historiografia brasileira: “a pesquisa histórica no Brasil nasceu com a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro”. Sem desconsiderar o papel fundador do IHGB na formação dos estudos históricos no Brasil, é possível contornar a evidência tão solidamente estabelecida pelo primeiro sistematizador da história da historiografia brasileira. Nesse sentido, esta comunicação pretende sugerir que o IHGB inaugura, sim, certo tipo de pesquisa, mas que outras modalidades de investigação histórica se encontravam disponíveis aos homens de letras antes de 1838. Assim, o foco deste estudo são algumas das dissertações elaboradas no contexto da “historiografia brasílica” do século XVIII, notadamente no âmbito da Academia dos Esquecidos, fundada na Bahia em 1724. A hipótese que perpassa a exposição é a de que o termo dissertação agrega uma série de significados que permitem entrever o esboço de algumas regras para a boa prática da escrita histórica, perpassando certa “ética historiográfica” que contribui para o entendimento sobre o conceito de história nos trópicos. Nome: Flávia Florentino Varella E-mail: flavia_varella@hotmail.com Instituição: USP Título: A possibilidade de escrita da história contemporânea: a polêmica do Correio Official com O Chronista sobre a História do Brasil, de John Armitage Nesta comunicação objetivamos analisar a polêmica travada entre os redatores dos periódicos Correio Official e O Chronista, em 1837, em relação à História do Brasil de John Armitage. Ao publicarem resenhas sobre este livro em seus jornais, os dois periodistas promoveram um intenso debate sobre um fator constituinte desta História: a escrita da história contemporânea. Nesse sentido, buscamos verificar quais eram os possíveis problemas que abarcavam a redação de uma história do presente, assim como as nuances que envolviam a problemática do envolvimento do historiador com o período relatado. Armitage, historiador inglês, viveu no Brasil durante parte considerável do período em que recortou sua História, que compreende a chegada da família Real ao Brasil – em 1808 – até a abdicação de Dom Pedro I, em 1831. Essa extensão temporal sobre o presente foi um dos argumentos utilizados para deslegitimar seu relato. Nome: Francisco Firmino Sales Neto E-mail: nassausiegen@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: Câmara Cascudo, uma memória em litígio: a escrita biográfica entre demandas sociais e posições historiográficas Singular personagem da cultura norte-rio-grandense, o escritor Luís da Câmara Cascudo passou por um significativo processo de sacralização da memória por parte de seus conterrâneos. Em função disso, seu espólio intelectual e o poder de expressão do seu nome tem sido demandados por diversos segmentos da sociedade potiguar, que sobre ele arrogam primazia: seus familiares, grupos políticos, associações intelectuais e entidades comerciais. Com efeito, problematizar essa memória em litígio impõe aos historiadores uma série de questões éticas e de posicionamentos teóricos

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no trato do gênero biográfico, entendido enquanto uma escrita da história. Assim sendo, este trabalho se propõe a refletir sobre a experiência de pesquisa em torno da memória cascudiana, apontando desafios enfrentados, limites impostos, posicionamentos assumidos e direções seguidas. Estes elementos, uma vez discutidos, trazem à baila as dimensões ética e crítica que norteiam o saber historiográfico, notadamente ao questionar as diversas formas de construção e de enquadramento da memória forjadas para e pelos sujeitos. Nome: Giorgio de Lacerda Rosa E-mail: giorgiolacerda_ufop@yahoo.com.br Instituição: UFOP Título: A Historiografia sobre D. João VI e a Corte Portuguesa no Brasil: o providencialismo na escrita da história (1808-1830) Essa apresentação está relacionada a algumas questões em aberto sobre o estatuto da escrita da história entre o período de 1808 e 1830. O principal foco recai sobre a linguagem do providencialismo, entendendo a providência como um elemento organizador dos fatos e eventos ocorridos nesse momento. As narrativas históricas estudadas têm por tema central a construção de uma imagem positiva de D. João VI e dos benefícios trazidos pelo monarca e pela própria presença da corte portuguesa em terras brasileiras. Procuramos analisar a produção historiográfica que teve por tema os eventos políticos que se iniciaram a partir de 1808 até o ano de 1830. As duas principais obras trabalhadas são: Memória dos Benefícios Políticos de El Rey D. João VI, de José da S. Lisboa, e Memória para servir a História do Reino do Brasil, do padre Luiz G. dos Santos. Constatamos que a linguagem do providencialismo se configura para além de um importante fator para a construção positiva da imagem de D. João VI e dos benefícios trazidos pelo monarca. Acreditamos que esta linguagem é também um elemento estruturante das narrativas históricas elaboradas nesse período, e que permitiu aos sujeitos do processo constituir um quadro de referências capaz de organizar, mesmo que provisoriamente, uma realidade em crise. Nome: Helena Miranda Mollo E-mail: hmollo@bol.com.br Instituição: UFOP Título: As dimensões da História na segunda metade do oitocentos: o diálogo entre os saberes A dimensão do passado sofre uma importante mudança no oitocentos, definindo sua identidade através da acumulação e da mudança, para citarmos o mínimo. Antes de o passado ser uma área exclusiva de interrogação da História, a experiência, o processo e a dinamização das ações pretéritas são compartilhadas por vários campos do saber. Coloca-se como objetivo a análise de algumas fronteiras estabelecidas entre a História e alguns campos de saber, que têm em comum o passado como sua característica, entre esses, a Geografia. As fronteiras formadas entre os campos de saber no Brasil da segunda metade do oitocentos são, por vezes, frágeis, pois partilham pesquisadores. A organização destes campos partilhados é um desafio para a segunda metade do oitocentos e o desenho deste desafio é o que se propõe como estudo neste trabalho. Nome: Ivan Norberto dos Santos E-mail: ivannorberto@gmail.com Instituição: UFRJ Título: A arqueologia do caos: os “mitos” da Historiografia brasileira acerca da escrita da História na Primeira República Esta comunicação pretende discutir algumas das concepções desenvolvidas ao longo do século XX pela Historiografia brasileira acerca da escrita da História no Brasil, no período conhecido como Primeira República. Propondo um tratamento “arqueológico”, apropriado do trabalho de Michel de Foucault, ou seja, um estudo em “camadas” da documentação, como forma de evitar, entre outras questões, a armadilha da naturalização de uma linha evolutiva para o fazer historiográfico, este artigo parte da hipótese de uma extrema complexidade, pluralidade e impremeditabilidade, tanto nas idéias, noções e projetos de História, quanto na produção efetivamente realizada pelos historiadores brasileiros no período que vai de 1889 a 1930. Este verdadeiro “caos” teria sido “apaziguado” pelo olhar retrospectivo da História da disciplina, submergindo sob juízos totalizantes, por exemplo, de uma História eventual ou História positivista a multiplicidade e riqueza de uma produção na qual conviviam ainda diferentes possibilidades e expectativas para uma escrita acerca do passado. Nome: Janaína Oliveira E-mail: janaoliveira@uol.com.br

Instituição: IFRJ Título: A primazia do presente: reflexões sobre o ofício do historiador na perspectiva da historiografia da cultura de Jacob Burckhardt Em sua historiografia da cultura, Jacob Burckhardt se recusava a por a história a serviço de um princípio a priori que tinha no futuro o lugar de sua realização. Para Burckhardt, a consciência da contingência que marca a perspectiva dos homens no século XIX sobre o passado, não resultou em uma formulação teleológica, redentora, da história. O historiador, em sua atitude serena e resignada como professor de história que desejava estimular em seu público o interesse pelo passado, compreendia que o presente como lócus central e determinante da produção do conhecimento histórico. Conhecimento que ele acreditava ser parte fundamental e indispensável da vida de qualquer indivíduo, sociedade e cultura. O trabalho ora proposto pretende apontar como Burckhardt, ao afirmar a primazia do presente sobre o futuro e também sobre o passado, não só se distanciava dos pressupostos da filosofia da história e do cânone historiográfico da época, como também chamava atenção, de forma muito peculiar, para a necessidade de todo historiador refletir sobre o conhecimento que produz não apenas em termos técnicos e/ou metodológicos, mas também considerando as dimensões éticas, políticas, sociais e culturais de seu labor. Nome: Joedna Reis de Meneses E-mail: joedna@terra.com.br Instituição: UEPB Título: As múltiplas faces de Clio e o conceito de autor Neste trabalho buscaremos destacar o conceito de autor através da análise das dissertações e teses que foram produzidas no Programa de PósGraduação em História da UFPE, entre 1977 e 2000. Os autores que se debruçaram ao exercício da prática historiográfica têm os seus discursos atravessados por elementos que ultrapassam os seus universos particulares. Michel Foucault, em um ensaio intitulado “O que é um autor?” buscou analisar não apenas o conceito de sujeito como também a função do lugar de sujeito autor. O mencionado texto de Foucault possui uma aproximação com o presente trabalho na medida em que o conceito de autor, de maneira semelhante às regras de produção da escrita histórica, sofre mudanças ao ser enunciado em épocas diferentes. O conceito de autor foi construído historicamente. Não existem rumos pré-determinados para uma escrita. Embora os textos analisados estejam atravessados por regras acadêmicas, elas não são capazes de determinar, sozinhas, a condução dos mesmos. As escritas da História se constituem em caminhos, escolhas. Opções por esta ou aquela das faces de Clio. Porque as escritas da História, hoje e comumente, falam dessa possibilidade da História ser múltipla, ser diferente, mesmo quando os historiadores se debruçam sobre um mesmo tema. Nome: Joel Carlos de Santana Andrade E-mail: jocadesoan@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: Michel De Certeau: para além do relativismo e do objetivismo? Michel de Certeau (1925-1986), jesuíta e historiador francês, foi um dos representantes da renovação historiográfica das últimas décadas, ganhando grande visibilidade acadêmica em vários trabalhos a partir da década de 1990. Nesta comunicação, discutiremos os embates que hoje se travam em torno de um direcionamento de sua produção: seria um racionalista ou um desconstrucionista? Partindo da pesquisa em algumas de suas obras, buscamos perceber a sua relutância aos enclausuramentos e aos modelos. Neste sentido, a despeito do consumo de seus vários conceitos, é importante não se esquecer o exercício lingüístico e historiográfico que Certeau faz em suas discussões sobre as artes e instituições do crer. Desses lugares de enunciação, quais as possibilidades e impossibilidades de uma dicotomização de Certeau ou de uma “mediação” de seus discursos? Nome: Julio Cesar Bentivoglio E-mail: juliobentivoglio@gmail.com Instituição: UFES Título: G. G. Gervinus: ética e poética na escrita da História Esta comunicação pretende apontar a contribuição de Georg G. Gervinus e de seu Grundzüge der Historik, redigido em 1837, para a teoria da História. Ela discute como aquele autor abriu uma nova página neste campo de estudos ao problematizar a questão da narrativa e seu estatuto para o ofício do historiador. Gervinus foi um dos primeiros historiadores a reivindicar uma poética para a História e, ao lado de outros integrantes da chamada Escola Histórica Alemã, a reiterar a necessidade de se pensar em imperativos éticos, como um horizonte das práticas historiográficas.

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18 Nome: Leandro Augusto Martins Junior E-mail: leandrojunioruerj@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: Galeria de Ilustres: Escrita Biográfica e Formação da Nação no Império do Brasil Marcada por aproximações e repúdios, a relação entre os gêneros histórico e biográfico foi caracterizada por se inscrever, em terras brasileiras, na construção de um projeto de nação baseado no princípio monárquico de governo, e em valores e práticas de um certo imaginário nacional garantidor, entre outros aspectos, do caráter unitarista e centralizador do regime então instaurado. Em tais temporalidades, o francês Sebastião Augusto Sisson produz sua Galeria dos Brasileiros Ilustres (1859-1861), obra por nós entendida como manifestação do uso da biografia na qualidade de discurso fundador e difusor da memória e da identidade da nação brasileira imperial. Pretende-se, então, investigar e caracterizar o lugar de tais textos biográficos nessas estratégias discursivas investidas da tarefa de elaborar os retratos de papel e letras daqueles personagens cujas vidas vieram a ser tomadas como referenciais para a escrita de uma história nacional. Nome: Leandro Calbente Câmara E-mail: calbente@gmail.com Instituição: USP Título: A governança dos povos na capitania de São Paulo, 1808-1834: uma nota historiográfica O objetivo da presente comunicação é discutir as possibilidades analíticas do conceito de governamentalidade para compreender as profundas transformações ocorridas no quadro social da capitania de São Paulo nos anos finais do Antigo Sistema Colonial e primeiros anos do Império brasileiro independente. Este conceito, originalmente formulado pelo filósofo Michel Foucault, possibilita a construção de uma reflexão acerca do poder na sua concretude, resgatando as práticas que tornavam factível o exercício da governança sobre as populações locais. Assim, esta perspectiva pode ser bastante útil para a compreensão de um período no qual a própria natureza do governo passava por profundas transformações. Nesta comunicação, mais do que lançar respostas definitivas, pretendo esboçar algumas idéias iniciais, discutir alguns problemas e propor algumas questões a partir do conceito de governamentalidade. Nome: Lilian Martins de Lima E-mail: lilian_martinslima@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: Os ingleses e a história do Brasil: uma história da historiografia (1809-1821) Essa comunicação pretende apresentar a produção escrita sobre a História do Brasil elaborada por ingleses durante os anos de 1809 a 1821. Nesse período, é notória a expressiva presença inglesa, seja através da figura do mercador, do viajante, do diplomata, do engenheiro e do médico, entre outros que, visitaram e escreveram sobre o país em seus múltiplos aspectos. No caso da escrita da história, os ingleses se ampararam principalmente nesses relatos de viagem para a elaboração de suas narrativas, como exemplificam os casos de Andrew Grant (1809), Robert Southey (1810) e James Henderson (1821), cujas obras são recheadas de referências aos viajantes coetâneos - como, por exemplo, Koster e Luccock -, e à produção de viajantes, sobretudo franceses e holandeses, dos séculos XVI e XVII, como Léry, Thevet, Nieuhoff, Staden, entre outros. Nesse sentido, buscamos apresentar e compreender de que forma se deu esse processo de escrita da história do Brasil empreendido por ingleses ao longo do reinado de D. João VI. Nome: Mara Cristina de Matos Rodrigues E-mail: maramr@uol.com.br Instituição: UFRGS Título: Paul Ricoeur e a apropriação da operação historiográfica de Michel de Certeau: o problema do lugar social e a opção por uma história das representações Nesta comunicação pretendo discutir o uso que Paul Ricoeur faz em sua obra “Memória, História, Esquecimento”, da estrutura triádica da operação historiográfica de Michel de Certeau, conforme os termos em que ela foi definida em “A escrita da história”. Em especial, a partir da importância que cada autor confere ao lugar social de produção da história - destacada por Certeau e mitigada pela argumentação de Ricouer em prol de uma história das representações - coloca-se o problema do papel que desempenha uma história social da História na discussão de uma epistemologia da história. O trabalho se relaciona com a temática do Simpósio Nacional na medida em que historicamente o debate sobre a dimensão ética da escrita

da história foi freqüentemente atrelado, de forma mais ou menos pertinente, às demandas do lugar social de produção da história. Nome: Márcio Romão Brantuas Barcia E-mail: marcioromaorj@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Palácio Tiradentes: que história escrever, que passado lembrar? Símbolo dos ideais republicanos das primeiras décadas do século XX, o Palácio Tiradentes, localizado no Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1926 para ser o edifício-sede do Legislativo Federal. Ele substituiria a antiga Casa de Câmara e Cadeia, construção colonial popularmente conhecida como Cadeia Velha, onde Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, havia ficado preso antes de ser enforcado. Sendo assim, os deputados republicanos não tiveram dúvida ao escolher Tiradentes para nomear o palácio que inauguraria uma nova era no parlamento brasileiro. Arnolfo de Azevedo, presidente da Câmara dos Deputados desde 1921, afirmava que a figura de Tiradentes era o elo de ligação entre a Inconfidência Mineira, a Independência do Brasil e a Proclamação da República. Dessa forma, nosso objetivo é analisar como uma peculiar história republicana foi escrita através de uma série de representações artísticas presentes no Palácio Tiradentes. Mais do que um projeto arquitetônico, a construção do Palácio Tiradentes é um projeto de consolidação dos ideais republicanos que devem ser lembrados. Porém, algo deve ser esquecido. Que história escrever, que passado lembrar, então? Situamos nosso estudo na relação entre patrimônio e história, para demonstrar como se configuram os usos políticos do passado. Nome: Maria da Glória de Oliveira E-mail: m.gloria@uol.com.br Instituição: UFRRJ Título: Ao tribunal da posteridade: biografia, memória e experiência da história no Brasil oitocentista Pretende-se examinar os usos da metáfora do “tribunal da posteridade” como uma premissa reguladora dos textos biográficos publicados na Revista do IHGB no século XIX e pontualmente presente nos estudos de Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro. A tarefa de “honrar a memória dos grandes homens”, empreendida como antídoto à voragem do tempo, não era evocada sem que nela também estivesse implícito certo dever de justiça e a convicção em uma força ajuizadora inexorável da posteridade, cujas implicações excederiam a epistemologia do conhecimento histórico para se inscreverem em uma problemática moral e ética mais ampla. Longe de aliviar os múltiplos encargos dos que se dedicavam à investigação do passado, a experiência da história como um tribunal colocaria em evidência o dilema partilhado pelos historiadores modernos entre introduzir juízos em suas narrativas com o intuito de fazer justiça à memória dos mortos, ou permitir que a história proferisse por si mesma os seus veredictos, por efeito de sua sucessão inexorável e contínua. Com a reiterada evocação de um “tribunal da posteridade”, transferia-se para o próprio decurso da história a prerrogativa ajuizadora da qual os historiadores do Oitocentos desejavam se abster ou, em última instância, delegar aos seus sucessores. Nome: Mateus Henrique de Faria Pereira E-mail: matteuspereira@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Mircea Eliade e a (re)escrita da história: em busca da síntese Procuramos pensar como Mircea Eliade em “História das Crenças e das Idéias Religiosas” se apropria do conceito moderno de História a fim de elaborar uma obra síntese da história das religiões. Para tal utilizamos como chave de leitura a aproximação que o autor realiza entre a história e a filosofia; e, a partir do instrumental da História dos conceitos, a forma como o autor cria e desenvolve conceitos (como sagrado e profano, homem religioso e homem histórico, arquétipo e repetição, hierofania, dentre outros) na tentativa de apreender e expressar as relações dos homens de outrora com o sagrado. Por fim tentamos refletir sobre como a História das religiões tal como realizadas por Eliade pode contribuir para as reflexões da história da historiografia e, principalmente, como a ambição de síntese do autor pode nos auxiliar a pensar sobre as articulações entre História e Ética. Apoio: FAPEMIG. Nome: Monica Grin E-mail: monicagrin@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: Pós-abolição e herança da escravidão: moralidade e historiografia da reparação no Brasil O pós-abolição tem sido um dos mais problemáticos campos de investiga-

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ção histórica no Brasil. De modo geral permanece constrangido e influenciado por interpretações da escravidão, ainda que as versões se modifiquem conjunturalmente, das clássicas às mais recentes; essas interpretações sobre escravidão mostram-se, não raro, mobilizadas por contextos políticos, culturais, éticos e sociais das relações raciais. Tal aspecto pode ser identificado tanto em intérpretes generalistas da ordem brasileira (Gilberto Freyre, por exemplo) quanto em especialistas cujos “informantes” encontrar-se-iam no ativismo negro (Fernandes, 1955 e 1964; Hasenbalg, 1979, entre outros). Ademais, o tipo de interpretação que se faz da escravidão desde os anos de 1950 é, não raro, resultado da forma como o ativismo negro explicita suas demandas e anseios no pós-abolição. A história do pós-abolição, como apenas efeito da escravidão, torna-se, nesses termos, uma “não história”, ou seja, torna-se lugar de diagnósticos morais que fundamentam demandas de reparação dirigidas ao Estado e à sociedade. Nome: Paulo Roberto de Jesus Menezes E-mail: pmenezes@metalmat.ufrj.br Instituição: UFRJ Título: Texto e imagem na escrita histórica do Brasil oitocentista: o papel das galerias ilustradas na complementação e difusão do conhecimento histórico Com o desenvolvimento das técnicas de produção e reprodução de imagens no oitocentos a “civilização da imagem” começou a tomar contorno mais nítido e a escrita histórica, a partir das publicações ilustradas, passou a contar com novos e fortes aliados em sua elaboração. Ao ganhar as páginas de jornais e revistas, o conhecimento histórico era complementado pela visualidade. A alusão às “personagens históricas” bem como às “vistas monumentais” mostravam a emergência de uma nova forma de apropriação cultural das imagens. Desta forma, o mundo histórico ganhou novos elementos para sua representação que, assim, complementariam o escrito tornando-o mais próximo de uma pretensa verdade. Neste sentido, as vidas exemplares foram, no Brasil oitocentista, marcas na elaboração de uma sociedade onde fosse possível entrelaçar passado, presente e futuro em uma sucessão lógica de fatos. Esta narrativa impregnada de sentido exemplar tinha no “topos” da historia “magistra vitae” sua orientação. As biografias dos “brasileiros notáveis” ao se inserirem neste tipo de escrita histórica, acompanhavam esta lógica e refletiam no presente a boa imagem do biografado. O objetivo desta comunicação é refletir sobre a influência das imagens oitocentistas na elaboração e difusão do conhecimento histórico. Nome: Rebeca Gontijo E-mail: rebeca_gontijo@hotmail.com Instituição: UFF Título: “Deturpações” e “insuficiências”: polêmica, ética e memória na crítica historiográfica de Manoel Bomfim A polêmica foi prática comum no século XIX e início do XX. Caracterizada pela retórica, fazia uso de uma linguagem repleta de insultos. Por meio dela era possível aos polemistas obter certa notoriedade, divulgando seus nomes, obras, idéias e valores. Repercutindo na crítica literária, contribuiu para consolidar uma memória acerca dos historiadores e da historiografia brasileira. Uma das críticas mais ferozes foi aquela feita por Manoel Bomfim a Francisco Adolfo de Varnhagen, apontado, entre outras coisas, como “historiador mercenário”, “deturpador da história do Brasil”, epítetos que perdurariam por longo tempo. O objetivo do trabalho é analisar a crítica de Bomfim a Varnhagen, buscando compreender os valores a ela relacionados. Em outros termos, trata-se de rastrear a dimensão ética que, supostamente, está presente em tal crítica. Isso considerando que Bomfim defendia a necessidade de explicitar as paixões e interesses por trás da escrita da história. Para atingir tal objetivo, dois caminhos serão seguidos: analisar e contextualizar a crítica de Bomfim aos historiadores do Brasil e a Varnhagen em particular; e contrapor as versões que ambos, Bomfim e Varnhagen, construíram sobre a história da Independência. Nome: Renata Dal Sasso Freitas E-mail: renatadsf@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: “Ele bebera da fonte da história”: os usos do passado em “As Minas de Prata” (1862-1865) de José de Alencar A presente comunicação tem por objetivo oferecer uma breve reflexão a respeito dos diferentes usos que o romancista cearense José de Alencar fez de registros do passado, principalmente da cidade de Salvador, no romance As Minas de Prata (1862-1865). Também serão exploradas as diferentes formas narrativas referidas ou empreendidas na escritura dessa representação do passado elaborada pelo escritor.

Nome: Renato Amado Peixoto E-mail: amado@cchla.ufrn.br Instituição: UFRN Título: Enformando a História: uma discussão do estatuto da geografia e do saber geográfico no IHGB a partir do exame do debate sobre o espaço realizado no Parlamento entre 1826 e 1836 A importância que a Geografia e o saber geográfico adquiriram no IHGB pode ser exemplificada pela urgência com que se buscou construir uma história do espaço nacional antes mesmo da afirmação do projeto historiográfico no Instituto. Na verdade, poder-se dizer que a Geografia mais enformou do que coadjuvou a História, sendo que isto pode ser mais bem compreendido se entendermos que a produção historiográfica decorre das demandas instituídas na origem mesma do IHGB, e que esta deve ser também ligada aos esforços do Estado, os quais, por sua vez, foram demandados a partir do debate instituído no Parlamento entre 1826 e 1836. Observe-se que nesse debate estiveram presentes, representando o papel central, alguns dos fundadores do IHGB, a saber, Raimundo José da Cunha Matos e José Feliciano Fernandes Pinheiro. Por conseguinte, entendemos ser necessário restabelecer o sentido mesmo do debate do Parlamento, por meio do exame das suas premissas e condições, para que se possa melhor discutir o estatuto da Geografia e do saber geográfico no IHGB. A partir da discussão desse sentido, estabelecer-se-ia um entendimento a respeito do saber que enformou o projeto historiográfico do IHGB e que permitiu estabelecer as condições que possibilitaram um consenso acerca da Identidade e da Nação. Nome: Robert Wegner E-mail: robert@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: O conceito de cultura e a escrita da história Quando o historiador lida com temas como o dos movimentos eugênicos do período entre guerras dificilmente não se defronta de modo muito claro com questões éticas do seu trabalho. Por exemplo, ao estudar que, em defesa da melhoria biológica das populações, em contextos nacionais diversos foram propostas medidas que estabeleciam a esterilização de doentes mentais e criminosos, o historiador é convidado a entrar no terreno dos valores éticos. Assim, o trabalho visa refletir sobre a escrita da história e as dimensões éticas do ofício do historiador. No desenvolvimento dessa reflexão, revisito o trabalho de Marc Bloch, Apologia da História, especialmente sua conhecida afirmação de que o historiador não deve se arvorar ao lugar de juiz. Esta afirmação não pode ser lida de forma ingênua. Por ora, vale lembrar que foi redigida sob a sombra e a consciência do perigo nazista. Ao lado disso, resgato um trabalho do mesmo período, mas produzido em contexto diverso e em outra disciplina: Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, tese desenvolvida pelo antropólogo britânico Evans-Pritchard, publicada em 1937. Neste caso, viso refletir como conceito antropológico de cultura pode ser instrutivo ao historiador na sua escrita da história, bem como às dimensões éticas de seu ofício. Nome: Sabrina Magalhães Rocha E-mail: sabrinahistoria@yahoo.com.br Instituição: UFOP Título: Revisitando a “École des Annales”: Lucien Febvre, Marc Bloch e o pensamento histórico alemão (1929-1940) O presente trabalho investiga o relacionamento dos historiadores Lucien Febvre e Marc Bloch com o pensamento histórico alemão entre 1929 e 1940. Os estudos historiográficos dedicados à “École des Annales” passaram por muitas variações temáticas e metodológicas na segunda metade do séc. XX. A partir dos anos 1980 verifica-se uma concentração de trabalhos no campo da História da historiografia. Trabalhos que investigam, por exemplo, as redes intelectuais envolvidas nesse grupo, seus processos de institucionalização, suas relações com outras comunidades historiográficas; análises que se constroem a partir de fontes como correspondências, relatórios, notas críticas. É nessa perspectiva teórico-metodológica, de um olhar mais “historicizado”, que este trabalho se insere. Através da análise das correspondências trocadas entre Febvre e Bloch e de suas resenhas de obras alemãs propõe-se questões tais como: com que autores alemães Febvre e Bloch se relacionaram? Qual a influência da ciência histórica alemã na Annales? Que julgamentos Bloch e Febvre emitem a respeito? Procuramos assim revisitar, sob uma ótica distinta, a relação entre a historiografia dos Annales e a historiografia alemã, comumente apresentada em termos de paradigmas opostos. Nome: Sérgio da Mata

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18 E-mail: sdmata@ichs.ufop.br Instituição: UFOP Título: Valores e conhecimento histórico num contexto de “Politeísmo dos Valores”: a polêmica silenciosa entre Max Weber e Ernst Troeltsch Um dos aspectos mais controversos da obra de Max Weber reside em seu postulado da “neutralidade axiológica” (Wertfreiheit) do conhecimento histórico-social, segundo o qual a ciência deve ser rankeanamente expurgada de quaisquer interesses práticos e juízos de valor. Em nome de tal postulado, Weber deixa a Associação de Política Social, depois de longa e tensa polêmica com o papa da História econômica de então, Gustav Schmoller. Não satisfeito, e pelos mesmos motivos, Weber abandonaria a Sociedade Alemã de Sociologia, que ele próprio ajudara a fundar. Pretendemos em nossa comunicação contrapor a posição de Weber a respeito com a de um dos intelectuais de quem ele esteve mais próximo, desde sua chegada à Universidade de Heidelberg: o teólogo, filósofo e historiador Ernst Troeltsch. Pelo menos desde 1900, Troeltsch representa uma perspectiva oposta à de seu colega. A partir de um pano de fundo distinto (o da História das Religiões), ele diagnostica precocemente os “problemas do historicismo” e persegue uma rearticulação entre conhecimento histórico e valores. Veremos como os pressupostos de Weber inviabilizam uma solução conseqüente para a questão do relativismo na sua obra, e que tal não é o caso de Troeltsch. Nome: Sônia Maria de Meneses Silva E-mail: sonia.meneses@gmail.com Instituição: URCA Título: A Humanidade ainda precisa dos históriadores? - reflexões sobre a escrita da história e o papel do historiador no tempo presente Esse trabalho problematiza questões sobre o ofício do historiador e os desafios colocados à escrita da história na atualidade. Proponho o olhar para os lugares fronteiriços nos quais a história se manifesta como prática humana e conhecimento social, num momento no qual a memória e o esquecimento são postos como referências fundamentais de constituição das sociedades contemporâneas. O presente, antes lugar das projeções e prognósticos, manifesta-se como o tempo da reparação e da restituição sendo capaz de influenciar a sistematização de políticas públicas de memória em grandes projetos cujo mote é o ressarcimento do passado. Paradoxalmente, vive-se também o tempo da sedução acontecimental para a qual a idéia do acontecimento espetacular se tornou presença indelével numa quase agonia por perplexidade instigada pelos recursos midiáticos. Nesse mundo multicultutalizado, saturado por vozes a se pronunciarem sobre o passado, qual o papel desempenhado pelo historiador? O que as sociedades contemporâneas esperam de nós? O que esperam que seja a história? Os problemas contemporâneos esperam por novas respostas e atitudes frente à compreensão do passado. Nesse caso, devemos enfrentar a necessidade de reflexão sobre nosso papel social e nossa atuação entre os muitos fazedores de história. Nome: Suellen Mayara Péres de Oliveira E-mail: sumaiara@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: A querela em torno de Clio na região do Prata: O Instituto Histórico e Geográfico Nacional O tema a ser apresentado nesse simpósio refere-se à fundação do IHGN, em Montevidéu no ano de 1843, o qual tinha por finalidade aplicar os estudos históricos, geográficos e estatísticos ao comércio, navegação, indústria e administração da República Oriental do Uruguai. O compromisso historiógrafo do IHGN relacionava as atividades letradas do instituto com o projeto político anti-rosista de seus fundadores, orientais e argentinos exilados por Juan Manuel de Rosas. Desse modo, os sócios do IHGN expressaram-se em defesa da escrita da história contemporânea da região do Prata. O que temos observado é que a escolha por aquela forma de escrita possuía relação, também, com a experiência do exílio político de seus sócios em Montevidéu e no Brasil. Portanto, nosso objetivo é apresentar as considerações preliminares sobre a escrita da história contemporânea e o exílio dos sócios do IHGN.

os diplomas, e mais documentos públicos antigos, discernindo os verdadeiros dos falsos ou duvidosos.” O projeto de institucionalização do seu estudo surge, em Portugal, concomitantemente ao projeto de conceitualização jusnaturalista do despotismo ilustrado, embora só venha a ser implementado em 1796 no reinado de Dona Maria I. Seu primeiro lente, o professor da Universidade de Coimbra, João Pedro Ribeiro (1758-1839), construiu com sua obra os grandes marcos da racionalidade filológica e paleográfica que caracterizam a reflexão jurídico-histórica da época. O empenho em resgatar a verdade dos documentos antigos do reino, porém, integra-se no discurso de fundamentação da soberania real. A emergência da noção de história civil de Portugal, executada nas Memórias do sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, António Caetano do Amaral, representa por fim o ápice do projeto historiográfico legitimador que será encerrado com a vitória do ideário liberal. No plano simbólico a falência da historiografia legitimadora é apresentada com o uso das fontes do direito no projeto da Portugaliae Monumenta Historica de Alexandre Herculano. Nome: Temístocles Americo Correa Cezar E-mail: t.cezar@ufrgs.br Instituição: EHESS Título: Esquecimento, perdão e ética O objetivo desta exposição é a de discutir as noções de “esquecimento”, “perdão” e dimensão ética a partir da obra de Paul Ricoeur “A memória, a história, o esquecimento”, publicado em 2000. Proponho analisar essas categorias, sem desconsiderar o importante debate acerca da memória e história, relacionando-as com duas produções intelectuais e artísticas distintas cujos fundamentos partem do que poderíamos intitular de condição histórica: 1. o livro de Georges Perec, “W ou le souvenir d’enfance”, publicado em 1975, no qual o autor francês procura retratar sua experiência memorial como criança judia que viveu sob a ocupação nazista; 2. o filme “A morte e a donzela” (música de Schubert), adaptação cinematográfica da peça teatral do chileno Ariel Dorfman, dirigida por Roman Polanski em 1994, que retrata o confronto de uma militante de esquerda, que fora presa e torturada durante um certo regime militar de um país sul-americano, com seu suposto carrasco, anos depois de a democracia ter sido estabelecida. Nome: Valdei Lopes de Araújo E-mail: valdeiaraujo@ichs.ufop.br Instituição: UFOP Título: Escrever a história do Brasil: política e formação do cânone (18081831) Pretendo discutir, nesta comunicação, as transformações na escrita da história no Brasil à época da Independência. Interessa, particularmente, os primeiros sinais de formação de um cânone historiográfico, ou seja, a reavalização crítica da produção historiográfica disponível e com a qual os autores do período imaginavam ter de dialogar para escrever a História do Brasil. Na definição do cânone percebem-se transformações nas exigências éticas da escrita da história em um contexto de progressiva politização e crise dos mecanismos tradicionais de legitimação. Partimos da hipótese de que nesse recorte as formas clássico/retóricas de escrita da História precisaram ser reestruturadas em função não apenas da emergência de um novo campo de experiência, mas também do surgimento de novas condições político-sociais e discursivas em curso desde o final do século XVIII.

Nome: Taise Tatiana Quadros da Silva E-mail: taiseq@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Verdade e legitimação - A ciência dos diplomas e a fundamentação da Monarquia Absoluta A ciência dos diplomas ou diplomática é, segundo o manual da Universidade de Coimbra de 1855, “a ciência que nos ensina a avaliar com exactidão

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19. (I)migraçþes, memĂłria, identidade e cidadania Frederico Alexandre de Moraes Hecker – UNESP/Mackenzie (fahecker@uol.com.br) IsmĂŞnia de Lima Martins – PPGH/UFF (ismeniamartins@uol.com.br) O SimpĂłsio propĂľe o encontro de estudiosos e pesquisadores do tema (I)MIGRAÇÕES, viabilizando uma oportunidade acadĂŞmica para a socialização e interação de projetos individuais e/ou coletivos que se GHVHQYROYDP QHVWH FDPSR GH HVWXGRV HP TXH SRU LQĂ XrQFLD GR GHVHQYROYLPHQWR GD +LVWyULD &XOWXUDO abordagens inovadoras entrelaçam o tema Ă memĂłria, identidade e cidadania, dentre outros, alargando VXD QRomR FOiVVLFD 3UREOHPDWL]DU RV UHIHUHQFLDLV WHyULFRV SHUWLQHQWHV DR FDPSR HVWXGDGR FRPR PHPyULD HWQLFLGDGH LGHQWLGDGH FLGDGDQLD GHQWUH RXWURV FRQWULEXLU QD LGHQWLĂ€FDomR GRV FRUSXV GRFXPHQWDLV S~EOLFRV H SULYDGRV GH GLIHUHQWHV WLSRORJLDV LQFOXVLYH DV IRQWHV RUDLV H LFRQRJUiĂ€FDV VLVWHPDWL]DU R HVWDGR DWXDO GRV HVWXGRV VREUH R WHPD QR PDLRU Q~PHUR GH (VWDGRV SRVVtYHO GHVWDFDQGR VH DV SULQFLSDLV OLQKDV GH SHVTXLVD KLVWRULRJUiĂ€FDV H PHWRGROyJLFDV YDORUL]DU D FRQWULEXLomR GH HVWXGRV VREUH D interação social dos diferentes grupos de imigrantes, assim como os processos de territorialização que vivenciaram em todo o paĂ­s, alĂŠm de oferecer oportunidade para o estabelecimento de discussĂľes sobre a questĂŁo das alteridades, das prĂĄticas e das representaçþes; proporcionar a comparação de estudos de caso; estimular o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema, assim como sua aplicação aos FRQWH~GRV SURJUDPiWLFRV GH +LVWyULD QR HQVLQR IXQGDPHQWDO H PpGLR GHVWDFDQGR VXD SHUWLQrQFLD SDUD SOHQD FRPSUHHQVmR GD KLVWyULD VRFLDO H SROtWLFD GR %UDVLO FRQWHPSRUkQHR

Resumos das comunicaçþes Nome: Francielly Giachini Barbosa E-mail: frangb@ufpr.br Instituição: UFPR TĂ­tulo: Mennonitentum: os menonitas e os processos de identificação. (Curitiba, 1934-1948) Esta comunicação analisa o grupo ĂŠtnico e religioso menonita, que vindo da RĂşssia se instala no bairro do BoqueirĂŁo, Curitiba, em 1934. Partindo do pressuposto que a identidade de um grupo nĂŁo ĂŠ algo estĂĄtico, esta reflexĂŁo recupera como em diferentes contextos e situaçþes relacionais os elementos base para identificaçþes sofrem alteraçþes, preservando, entretanto, elementos tradicionais. Para resgatar esse processo de mudança/preservação, este trabalho observa como ao longo de 14 anos, os menonitas construĂ­ram escola, igreja, cemitĂŠrio, cooperativa e tambĂŠm praticaram algumas celebraçþes que reforçaram os elementos inerentes Ă sua identidade idealizada: seu Mennonitentum, sem deixar de atentar para as interaçþes com a sociedade curitibana. A baliza temporal ĂŠ 1948, pois ĂŠ neste momento que a escola menonita que havia sido fechada no contexto da Segunda Guerra Mundial e polĂ­ticas nacionalista de Vargas, passa a ser dirigida novamente pelos menonitas, mas em contexto social e polĂ­tico diverso daquele vivido pelo grupo nos anos anteriores. As principais fontes da pesquisa sĂŁo os periĂłdicos menonitas Die BrĂźcke, Die Neue BrĂźcke e Bibel und Pflug, entrevistas com menonitas que vivenciaram o perĂ­odo de anĂĄlise, jornais de circulação regional da cidade de Curitiba e livros de memĂłria. Nome: Ana Maria Dietrich E-mail: anamdietrich@yahoo.com.br Instituição: USP TĂ­tulo: O trauma nas narrativas do Tribunal de Nuremberg - de 1945 ao Tempo Presente Tendo como inflexĂŁo inicial a anĂĄlise das narrativas de oficiais nazistas acusados de crimes de guerra, observar quais elementos as tornam especĂ­ficas de seu momento histĂłrico, ou seja, no imediato pĂłs-guerra europeu, em 1945-6, durante a realização do Tribunal de Nuremberg. Estenderemos o recorte cronolĂłgico ao Tempo Presente, atentos ao fato, que, do ponto de vista mediĂĄtico e de produção intelectual, os acontecimentos da II Guerra Mundial sĂŁo importantes objetos de reflexĂŁo na atualidade. Analisaremos as condiçþes externas como a escolha de Nuremberg para se realizar o Tribunal, cidade entĂŁo completamente destruĂ­da por bombardeios e onde era realizado o Congresso anual do Partido Nazista e o fato do julgamento ter sido organizado pelos paĂ­ses vencedores da guerra. Com base nesses elementos iniciais, aprofundaremos a anĂĄlise da lĂłgica interna das narrativas – observando aspectos verbais e nĂŁo-verbais com o intuito de antever elementos para a construção de uma memĂłria coletiva, segundo o conceito de Maurice Halbwachs, observando em paralelo se ĂŠ possĂ­vel afirmar que

houve a ocorrência de um trauma social ainda não totalmente digerido pela sociedade contemporânea. Nome: Ana Maria Rufino Gillies E-mail: rufinogillies@ibest.com.br Instituição: UFPR - FAP Título: Autoridades imperiais versus imigrantes britânicos na colônia agrícola do Assunguy, Paranå, 1860-1882 Entre os anos de 1859-60 foi inaugurada no Paranå uma colônia agrícola subvencionada pelo governo imperial com o nome de Assunguy. Localizada a cerca de 100 quilômetros de Curitiba, a colônia recebeu imigrantes europeus de vårias nacionalidades, os britânicos constituindo um dos maiores grupos. Embora sempre tivesse havido muitas reclamaçþes provenientes de todos os colonos, nenhum grupo parece tê-los superado, e sua ação revoltosa chegou a exigir a presença de força policial na colônia, a contenção dos mesmos na capital e atÊ a intervenção diplomåtica. Embora evidentes as motivaçþes para a crise e para uma ação tão determinada, ainda especula-se sobre suas possíveis motivaçþes culturais e seu apagamento da memória oficial, apesar de alguns daqueles colonos terem permanecido no Paranå, estabelecido negócios, formado relaçþes sociais e deixado descendentes. Nome: AndrÊ Luis Ramos Soares E-mail: alrsoaressan@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Maria Título: Imigração Japonesa em Santa Maria, Rio Grande do Sul: buscando visibilidade a grupos invisíveis Este trabalho apresenta a imigração japonesa da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, e parte da trajetória dos imigrantes desde a saída dos portos de Kobe e Yokohama, no Japão, atÊ sua chegada em Santa Maria em 1958. A imigração japonesa para o Brasil após a segunda guerra visava resolver o problema de superpopulação no Japão e suprir de braços para as lavouras em diversos estados do Brasil. Imbuídos do ideal de enriquecimento e retorno råpido, cinqßenta famílias partiram de suas cidades para um período de quatro a cinco anos nas lavouras para o Brasil. Um grupo de 30 famílias, objeto de nosso estudo, trabalhou em lavouras, foi submetido ao regime de colonato, atÊ a mudança de cidade atravÊs da fuga ou emprÊstimo de recursos. AtravÊs da intervenção do consulado e de dinheiro obtido junto à colônia de São Paulo vinte e cinco famílias resgatam as dívidas e migram para Santa Maria. Aqui tentaremos apresentar as semelhanças e diferenças entre estes imigrantes e seus conterrâneos em São Paulo cinqßenta anos antes, o destino destas famílias e a trajetória histórica destes grupos, bem como apresentar uma imigração recente praticamente desconhecida, seja pela pesquisa histórica ou antropológica de comunidades que se desenvolveram com uma integração tardia a sociedade nacional. Nome: AndrÊ Souza Martinello E-mail: andresoumar@yahoo.com.br

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19 Instituição: UFRGS Título: Testemunhas e Memórias das Bombas atômicas de 1945 e Imigrantes japoneses em Santa Catarina Pretende-se apresentar o silêncio de migrantes japoneses que em 1945 entraram em contato – próximos o suficiente para serem testemunhas e afastados o suficiente para permanecerem vivos – com a Bomba Atômica. A tese é de que durante certo período se tentou apagar da memória essas vivências e experiências, devido possíveis e pouco conhecidas conseqüências do contato radioativo. Migrantes japoneses que se estabeleceram em Santa Catarina não comentavam com seus filhos e demais pessoas dos círculos de relação e rede social sob aquele período e nem que eram sobreviventes das explosões do Japão de 1945. Contudo, houve um momento de ruptura, em que essa memória veio à tona. Construiu-se para registrar aquela circunstância um Monumento da paz, destacando-se no morro mais elevado do núcleo colonial. A intenção parece ser, deixar a Paisagem falar por si mesma, ou de que esse monumento crie sociabilidades. Mas por que se tentou esquecer e, depois, ativou-se a memória de serem sobreviventes das bombas de 1945? Essa é uma questão que é lançada nesse trabalho. Sendo uma das hipóteses de que, o temor de seus próprios corpos serem vestígios das explosões e que eles poderiam transmitir a outros conseqüências desconhecidas. Nome: Andréa Telo da Corte E-mail: mmoreiraazevedo@terra.com.br Instituição: UFF Título: Os Judeus em Niterói: Imigração, cidade e memória. 19101990 Fruto do trabalho desenvolvido para a tese “Os Judeus em Niterói: Imigração, Cidade e Memória. 1910-1990”, a ser defendida em março de 2009, O trabalho abordará aspectos relacionados à sua espacialização na cidade, à disputa no mercado de trabalho local em um contexto marcado pela entrada de outros grupos (I)migrantes, e à construção de sua vida institucional. As relações de gênero e à diversidade ideológica que caracterizou o grupo mencionado também serão alvo de atenção. Finalmente, o aspecto identitário encerrará a análise. Nome: Angela Maria Roberti Martins E-mail: angelaroberti@uol.com.br Instituição: UNIGRANRIO / Ensino Superior FAETEC Título: Os portugueses e o movimento anarquista no Rio de Janeiro: memória, ação política e conflitos O propósito central do trabalho é contribuir com as iniciativas que vêm ampliando o estudo do processo de imigração no Brasil. Para tanto, toma como objeto de reflexão a presença de portugueses no movimento anarquista que se constituiu na cidade do Rio de Janeiro entre os anos finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Uma primeira abordagem revela que portugueses fixados na cidade marcaram presença privilegiada tanto nos movimentos de luta política quanto nas mobilizações sócio-culturais, transformando-se em exemplos de certos processos coletivos vividos por imigrantes que se projetaram como ativos e decisivos militantes anarquistas. Aponta, também, que a contribuição dos portugueses para o movimento libertário do Rio de janeiro teve grande densidade e seguiu um longo percurso, sendo, por isso mesmo, uma história ainda por escrever.

Título: As faces do preconceito em um espaço multiétnico Nas décadas de 1930 e 1940, Londrina, localizada ao norte do Paraná, era famosa devido a fertilidade de suas “terras roxas”. Com isto, a cidade fundada em 1929, tornou-se pólo de atração de muitos migrantes e imigrantes em busca de melhores condições de vida e oportunidades de trabalho, principalmente na lavoura. Verifica-se neste período um rápido desenvolvimento econômico, dentro do contexto nacional de expansão das fronteiras agrícolas. Era conhecida entre os japoneses como “colônia internacional”, em virtude das várias etnias que compunham o povoamento da região, tais como italianos, japoneses, alemães, espanhóis, portugueses, poloneses, ucranianos e húngaros, além dos brasileiros. A partir da análise de fontes históricas, como processos-crimes envolvendo japoneses e nipo-brasileiros da comunidade local, e enfocando os tensos anos do Estado Novo (1937-1945) e o pós 2ª Guerra Mundial, este trabalho procura verificar se houve sentimento antinipônico na localidade, bem como apontar de que maneira se efetivaram as ações indiciadoras desse sentimento de hostilidade étnica. Nome: Celi Silva Gomes de Freitas E-mail: celisilva@hotmail.com Instituição: UERJ Título: Vasta Babel - os imigrantes nas ruas do Rio de Janeiro A intenção da presente comunicação é prosseguir no trabalho de pesquisa com o objetivo de identificar os textos de literatos como corpus documental para o estudo da imigração na vida social brasileira. Dessa feita, trazemos da obra de Paulo Barreto, o João do Rio (1881-1921), um conjunto de crônicas reunidas no volume “A Alma Encantadora das Ruas”, publicado originalmente em 1908, no qual são apresentadas situações que envolvem diferentes aspectos das interações sociais entre brasileiros e imigrantes realizadas no espaço urbano carioca durante os primeiros anos do século passado. Nosso principal enfoque é a questão das alteridades, das práticas e das representações, observadas através do olhar de um flâneur cujo movimento de circulação entre as ruas e becos da cidade resultou na exposição de uma modernidade em fragmentos que ultrapassava o (pre)visível campo da belle époque.

Nome: Beatriz Rodrigues Kanaan E-mail: bekanaan@hotmail.com Instituição: UFRS Título: As italianidades: um estudo dos diferentes modos de representação de pertencimento entre descendentes de imigrantes italianos na Serra Gaúcha Este artigo faz parte de uma pesquisa etnográfica sobre relações inter-étnicas entre descendentes de imigrantes italianos e sujeitos provenientes de outras regiões no nordeste do Rio Grande do Sul. Aqui, especificamente, trato de evidenciar que a noção de italianidade, apreendida como categoria ampla na construção de um nós coletivo, na verdade traduz-se em diversos modos de representação de pertencimento. A partir do amplo leque de usos dessa identidade no cotidiano dos descendentes, há uma trajetória de definições e redefinições que evidenciam a sua historicidade. As reflexões deste trabalho podem ser entendidas como uma arqueologia da italianidade, na medida em que busca relacionar o sentido das noções identitárias acionadas no presente a diferentes momentos do passado, ou seja, no processo histórico do grupo.

Nome: Daniele Sandes da Silva E-mail: danisandes@hotmail.com Instituição: UNIRIO Título: Narrativas de imigrantes: Memória e Identidade entre os Libaneses no Brasil A presente comunicação, reflexão inicial de nossa pesquisa de doutorado, objetiva, investigar a construção identitária dos principais grupos de imigrantes libaneses que se estabeleceram no Brasil: cristãos maronitas, muçulmanos sunitas e muçulmanos xiitas. A Guerra do Líbano que ocorreu entre 1975 e 1991, além das perdas materiais, provocou a saída do país de 31,7% da população. O Brasil foi um dos locais que recebeu os imigrantes. Entre esses, havia os que buscavam um exílio temporário e os que por motivos, principalmente financeiros, acabaram fixando-se definitivamente em nosso país. Partindo das reflexões de Michael Pollak (1992), buscaremos também examinar a construção de suas memórias do conflito. O corpus da pesquisa será constituído por entrevistas individuais e a análise de narrativas orais nelas inseridas será realizada de acordo com a vertente da Sociolingüística Interacional para a análise do discurso. Nome: Eloisa H. Capovilla da Luz Ramos E-mail: eloisa@unisinos.br Instituição: UNISINOS Título: Os Museus da Imigração como espaços da memória imigrante A comunicação analisa os museus da imigração como espaços onde se constrói uma memória imigrante, a partir de objetos deixados/doados pelos mesmos a estas casas de memória. Consideramos que há um grande número de museus na região de imigração no Sul do Brasil e que os objetos expostos nestes espaços nos permitem perceber a existência de uma memória dos imigrantes através de tais objetos. Estamos trabalhando com a emigração/imigração empreendida para o Sul do Brasil nos séculos XVIII, XIX e XX, considerando que quando empreende o movimento de emigração, o emigrante faz mais do que um deslocamento físico. Ele traz consigo objetos e pertences e também imagens da terra natal que vêm retidas na memória. Tais objetos e lembranças passam aqui a ter valor de peça única e memória tornando-se atestados “vivos” das origens desses grupos. Organizados nos Museus esses fragmentos são também considerados marcas da identidade desses grupos.

Nome: Cacilda Maesima E-mail: cacildasayuri@bol.com.br Instituição: UFF

Nome: Endrica Geraldo E-mail: endrica@gmail.com Instituição: UNICAMP

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Título: Prisioneiros no Benevente: identidade e cidadania A onda de greves operárias ocorrida em São Paulo e Rio de Janeiro entre 1917 e 1920 foi duramente combatida pelo governo brasileiro com perseguição, prisões e deportação de imigrantes. No final de 1919, 23 indivíduos identificados como militantes de nacionalidade espanhola e portuguesa foram presos e deportados a bordo do Benevente. Essas ações foram contestadas na imprensa operária e na Câmara, com o argumento de que esses imigrantes deveriam ser tratados como cidadãos brasileiros. Everardo Dias, um dos prisioneiros presente na embarcação, sequer chegou a desembarcar e retornou ao Brasil por força de um habeas-corpus. Em seguida, Dias narrou as situações enfrentadas por esses prisioneiros na obra “Memórias de um exilado: episódios de uma deportação”, de 1920. Esses diferentes registros apresentam indícios importantes de um processo de mobilização de identidades e solidariedades entre trabalhadores imigrantes e brasileiros nas suas reivindicações por direitos e enfrentamento da repressão. Nome: Érica Sarmiento da Silva E-mail: domecelle@hotmail.com Instituição: UERJ Título: A democracia dos excluídos: alguns pontos da política imigratória brasileira Começo do século XX. Uma incipiente democracia tentava se consolidar no Brasil da Primeira República. Através da construção material das cidades, se constituíam práticas ideológicas que ganhavam forma através do discurso, das imagens e representações. A intransigência convivia com essa nova idéia de cidade moderna, aberta para o mundo. Começaram, então, a aparecer políticas de exclusão em relação à população sem recursos e ao imigrante. O elemento vindo de fora deveria se ajustar à imagem que se exigia dele, à de trabalhador honesto, qualificado e que estivesse sempre ausente das questões políticas nacionais. Não lhe era permitido qualquer tipo de manifestação que interferisse na ordem nacional, principalmente aquelas ligadas à natureza política, sindical ou operária. Criaram-se políticas imigratórias que nasceram conforme o surgimento dos espaços físicos – as cidades –, dos espaços culturais e do sentimento de pertencer a um mesmo lugar- a identidade. Nome: Flavia Mengardo Gouvêa E-mail: mgflav@hotmail.com Instituição: UNESP Título: Imigração alemã e sociabilidades e Rio Claro nos séculos XIX e XX A presente pesquisa objetiva analisar a imigração alemã e sua rede de sociabilidades em Rio Claro no período que compreende a segunda metade do século XIX e o início do século XX. Os frutos das transformações culturais ocorridas no mundo chegaram ao Brasil, e principalmente, às cidades interioranas produtoras de café, como é o caso de Rio Claro, que sofreu um grande impulso urbanizador. Este processo começou a ocorrer na região de Rio Claro por volta de 1820-1830, propiciado principalmente pelas fazendas Ibicaba e Angélica, que pertenciam ao senador Vergueiro. Procurar-se-á enfatizar a importância das correntes imigratórias européias, que chegaram ao município no período em questão, principalmente a alemã, e sua “adaptação” em Rio Claro (questões econômicas e políticas). Enfim, averiguar-se-á como a corrente de imigração de origem alemã se inseriu na cultura urbana e/ou agrícola de Rio Claro a fim de revelar se realmente houve locais de sociabilidade entre os imigrantes alemães. Nome: Frederico Alexandre de Moraes Hecker E-mail: fahecker@uol.com.br Instituição: UNESP/Mackenzie Título: Raízes do pensamento democrático de esquerda em São Paulo A atuação dos socialistas reformistas no seio da comunidade italiana, formada por imigrantes e seus descentes, em São Paulo, no início do século XX, deixou marcas políticas na maneira de pensar a questão da democracia no Estado, e por extensão no Brasil. Eles se opuseram, não apenas ao avassalador projeto político fascista, então em plena execução - e às raízes simbólicas do seu comportamento agressivo - como enfrentaram a oposição de propostas políticas vindas do próprio campo das esquerdas. O presente artigo procura apresentar os principais interlocutores daqueles socialistas e entender como esta disputa ideológica se processou. Nome: Giani Vendramel de Oliveira E-mail: gianivendramel@hotmail.com Instituição: UEM Título: A atuação da Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (CAIC) no Estado de São Paulo

Fundada em julho de 1928, a Companhia Geral de Imigração e Colonização do Brasil tinha como principais objetivos à compra de terras, seu retalhamento e a venda dos lotes, bem como a introdução de trabalhadores agrícolas, nacionais e estrangeiros, no Estado de São Paulo. Devido ao seu fraco desempenho, em outubro de 1934 a empresa foi reorganizada passando a se chamar Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização, tendo como principal acionista e “controladora” a Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Nesta nova fase seu trabalho de colonização se focou inicialmente nas chamadas “zonas velhas”, dentro da área de atuação da Companhia Paulista, mas logo seus empreendimentos se estenderam as demais regiões do Estado. Já o setor de imigração foi desenvolvido em parceria com o Governo de São Paulo que subsidiava as passagens dos trabalhadores destinados às lavouras. Em 1961 a CAIC deixa de existir como uma empresa privada quando, juntamente com a Companhia Paulista, foi encampada pelo Governo. Assim, o presente trabalho tem como objetivo fazer uma breve análise da atuação da Companhia no Estado de São Paulo. Para tanto, serão utilizadas fontes que se encontram no Centro de Memória da Unicamp, entre elas atas de reuniões, diários, listas de compra e venda de terras, entre outros. Nome: Henrique Manoel Silva E-mail: h-manoel@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Fronteireiros: Memórias de reemigrantes no Oriente Paraguaio A colonização da região oriental do Paraguai, ocorrida desde os anos 1970, envolveu expressivo fluxo de migrantes brasileiros oriundos principalmente dos estados meridionais do Brasil, a esse contingente se somou um outro, constituído por migrantes paraguaios provenientes da região central do Paraguai. Tal movimento de populações forjou uma experiência histórica única. Esse processo peculiar, que contraria os fluxos migratórios tradicionais no sentido periferia-centro, possibilitou a constituição de um mosaico étnico, econômico e cultural que transcende as dinâmicas de ocupação das regiões de fronteira descritas pela literatura tradicional. A observância desse fenômeno, vista a partir de relatos orais tem revelado aspectos dessa experiência histórica que a documentação escrita e as narrativas oficiais não permitem atingir. A história de vida dos migrantes e suas lutas pela boa terra nos reportam a um histórico de sucessivas tentativas de se estabelecer em condições melhores na nova fronteira, possibilitando compreender a dinâmica dos processos de reemigração, não apenas em seus condicionantes macro (sociais, econômicos e políticos), mas no sentido da trajetória e vivência cotidiana dos protagonistas dessa história. Nome: Isabel Cristina Arendt E-mail: isaarendt@uol.com.br Instituição: UNISINOS Título: O estado atual dos estudos sobre o tema da imigração alemã no Rio Grande do Sul: breve sistematização Desde a década de 1990, a história da imigração no Brasil tem sido tema relevante em diversos estudos acadêmicos na área da história. Certamente alavancados pela organização de linhas de pesquisa específicas nos cursos de pós-graduação em história, além de outras áreas, já é volumosa e difícil de mensurar a totalidade de pesquisas existentes. Dada a dificuldade de fazer circular esta produção acadêmica, ainda nos dias atuais, proponho-me a apresentar uma sistematização do estado atual dos estudos sobre o tema “(i)migrações: memória, identidade e cidadania”, limitada à historiografia produzida no Rio Grande do Sul, e priorizando os estudos sobre a história da imigração alemã. Nome: Isabel Maria Freitas Valente E-mail: valente.isa@gmail.com Instituição: Universidade de Coimbra Título: Cidadania Européia e Ultraperiferia No amanhecer do séc. XXI aportámos aqui a repensar a construção européia, a reflectir sobre os principais factores que colocam a problemática da Cidadania na ordem do dia. A “civilização européia” recebeu contributos culturais de todo o Mundo e de regiões que constituem esse mosaico “rico, complexo e multifacetado”. Será possível a pertença a múltiplas cidadanias? O advento da Cidadania européia terá lugar em detrimento da nacional? O Tratado de Maastricht criou o conceito de uma cidadania européia que completa e não substitui as cidadanias nacionais. É instituída a cidadania da União. É cidadão da União qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado-membro. A cidadania da União é complementar da cidadania nacional e não a substitui. (art. 17º do Tratado que institui a Comunidade Europeia). Com efeito, a cidadania contemporânea deixou de ser exclusiva dos Estados-nação. A natureza supranacional das relações internacionais

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19 trouxe à liça uma nova dimensão que resulta de acordos, organizações ou sistemas constituídos por mais do que um Estado, com formas mais ou menos mitigadas de repartição ou de cedência de competências. A reflexão aqui apresentada procurará indagar o papel de uma das muitas Europas - “as Regiões Ultraperiféricas” - na construção da cidadania européia. Nome: Ismênia de Lima Martins E-mail: ismeniamartins@uol.com.br Instituição: UFF Título: Entrada de estrangeiros no Brasil, 1885-1910 O presente trabalho objetiva informar os resultados referentes ao 1º. semestre do projeto “Entrada de estrangeiros no Brasil”, 1885-1910, uma parceria entre o Arquivo Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principiado em 01 de outubro de 2008, e coordenado pela autora. Nome: Leandro Pereira Gonçalves E-mail: leandropgoncalves@gmail.com Instituição: PUC/SP Título: A intelectualidade integralista: Nacionalismo, Imaginário e Identidade na literatura de Plínio Salgado Este trabalho tem como objetivo desenvolver análises expressas pela linguagem do mundo visto e do não-visto, através da escrita, discutindo assim, o diálogo da história com a literatura, como um caminho que se percorre nas trilhas do imaginário, criando assim, mecanismos capazes de analisar o processo de criação nacionalista de Plínio Salgado, unificando os problemas da nação e compreendendo como a questão cultural se estrutura no interior da sociedade brasileira na busca da autenticidade da identidade nacional. O estudo tem como base de análise as obras literárias escritas pelo líder do movimento integralista Plínio Salgado. Nome: Márcio Mendes da Luz E-mail: marcio.luz@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Hermon, Sion e Ararat paulistanos: Estudo comparativo da inserção política, social e econômica de judeus, sírios-libaneses e armênios em São Paulo Este é um estudo realizado no primeiro semestre de 2008 sobre história comparada. Nele eu aplico métodos comparativos em um trabalho historiográfico de imigração e demonstro como esses métodos podem ajudar a melhorar presente historiografia. Como Truzzi (2005) bem demonstrou em seu trabalho , quem utiliza comparações em estudos migratórios consegue perceber quais são as peculiaridades e semelhanças do grupo que estuda com outros grupos, assim como o seu trabalho deixa de ser provinciano e passa a ter um aspecto mais global evitando cair em erros de análise. O autor se baseando em Nancy Green (1990) afirma que trabalhos de comparação em estudos imigratórios podem ser realizados em três níveis distintos: linear onde o se compara a situação do grupo antes e depois da experiência de imigração, convergente onde o autor compara a imigração de dois ou mais grupos na mesma região, ou cidade e divergente onde se compara a experiência de imigração de um grupo em duas regiões, ou cidades, distintas. Esses três planos de comparação não precisam ser aplicados individualmente podem ser utilizados dois planos ao mesmo tempo. No presente estudo eu utilizo o método convergente: estudar a imigração e a inserção econômica, social e política do imigrante judeu, sírio-libanes e armênio em São Paulo. Nome: Marcio Sergio Batista Silveira de Oliveira E-mail: marciodeoliveira@ufpr.br Instituição: UFPR Título: Os poloneses no Paraná e a campanha de nacionalização dos imigrantes, 1920-1945 As comunidades de imigrantes poloneses no Paraná também foram consideradas “ameaçadoras” quando o governo Vargas desencadeou a “Campanha de nacionalização”, às vésperas da Segunda Guerra. Isso parece estranho quando se sabe que, à diferença de outros imigrantes (alemães etc.), os poloneses não eram egressos de Estados com os quais o Brasil entraria em guerra. Contudo, o oficial Bethlem (1939) dedicou uma longa análise aos poloneses, criticando a idéia de que viviam em “núcleos inofensivos de agricultores”. Esta comunicação tem por objetivo compreender as origens destas imagens e o impacto da Campanha sobre as diversas comunidades de poloneses espalhadas pelo Paraná. A análise vai de 1920, quando termina o grande fluxo migratório, e estende-se até 1945. Apresentamos as linhas gerais da

imigração polonesa para o Paraná. Em seguida, apresentamos um quadro do nível de organização social dos imigrantes e seus descendentes e as relações sociais criadas entre imigrantes e poloneses não-emigrados. Discutimos enfim o impacto da Campanha nas comunidades de poloneses. Em conclusão, afirma-se que as imagens sobre os poloneses mantêm relação tanto com sua trajetória no Brasil, quanto com a história da Polônia, em especial com os projetos vislumbrados pelo Estado polonês para seus emigrantes. Nome: Marcos Antônio Witt E-mail: marcoswitt@terra.com.br Instituição: PUC/RS Título: Estratégias políticas no contexto da imigração e colonização. (Rio Grande do Sul - século XIX) O presente texto tem como objetivo analisar as estratégias políticas utilizadas por imigrantes alemães e descendentes no Rio Grande do Sul do século XIX. Além da busca pela sobrevivência através de inúmeras profissões, imigrantes e descendentes também buscaram ocupar espaço político-social na sociedade hospedeira. Religião, família e diversidade econômica foram usadas como meio de alavancagem social, visando à conquista de cargos públicos, ascensão social e enriquecimento econômico. Desta forma, os imigrantes e descendentes ora analisados são vistos como agentes históricos ativos, politicamente conscientes e capazes de se articular socialmente. Nome: Maria Aparecida Macedo Pascal E-mail: macedop@uol.com.br Instituição: Universidade de Mogi das Cruzes Título: Imigrantes Portugueses: anarquistas e comunistas sob o olhar do DEOPS No início do século XX, 90% da força de trabalho em São Paulo era formada por imigrantes estrangeiros. Os portugueses libertários que aqui chegaram encontravam forte resistência das elites, que, com apoio do Estado, da polícia e das leis pretendiam impor uma disciplina baseada nos valores burgueses e em mecanismos de controle dentro e fora das fábricas. No discurso do DEOPS, o Estado repressor deveria reprimir as massas. Os imigrantes italianos, portugueses e espanhóis viviam sob o estigma de agitadores, controladores de sindicatos, propagadores de idéias malditas entre os trabalhadores nacionais. Os anarquistas sofriam maior repressão do DEOPS porque eram estrangeiros e a maioria comunista era constituída de nacionais. Ao DEOPS caberia liquidar as diferenças e controlar, sobretudo, idéias e comportamentos. Nome: Mariléia Franco Marinho Inoue E-mail: minoue@ess.ufrj.br Instituição: UFRJ Título: Novas leituras sobre a presença japonesa no Estado do Rio de Janeiro: a relevância dos acervos iconográficos e de história oral O trabalho aborda o uso de acervo iconográfico e de história oral orientados de forma cooperativa para compreender os significados engendrados pela memória dos imigrantes japoneses e seus descendentes no Estado do Rio de Janeiro. As fontes de imagem e as falas dos protagonistas são vistas como maneiras de objetivação e comunicação através de funções sígnicas, lidas pelo autor como leitora/destinatária, uma vez que as imagens não falam por si só. A resignificação se dá de forma relacional e dinâmica para conhecer e dar novo sentido à história deste contingente social, no universo pesquisado. Nome: Nara Maria Carlos de Santana E-mail: naramcs@gmail.com Instituição: Cefet/RJ - Unidade Petrópolis Título: Imigrantes alemães e o Brasil Caboclo: memória, identidade e Projeto Nacional no Brasil O projeto imigrantista no Brasil e sua propaganda no exterior, oficial ou de empresas, feita geralmente através de correspondência, foram responsáveis pelo aumento do número de imigrantes, que no último terço do século XIX, foi quantitativamente mais relevante do que no da imigração ocorrida no período anterior. O grupo de alemães que aqui se encontrava antes de 1870, os pioneiros e os fugitivos de 1848, ou “brummer” como eram reconhecidos, já estavam relativamente aclimatados e, como foi dito anteriormente, se consideravam tão brasileiros quanto os lusos, apesar de suas reconhecidas diferenças. Mas um novo conflito no interior da comunidade alemã foi iniciado com a chegada dos alemães do império, como eram chamados. No entanto, no final do século XIX emergia entre os colonos alemães o pan-germanismo que se organizou com ambições políticas em torno da liga pan-germânica na forma de um nacionalismo étnico. Este trabalho pretende analisar como os imigrantes germânicos constroem uma memória coletiva e desenvolvem uma “adesão afetiva ao grupo” que possibilitou ao Partido Nazista no Bra-

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sil conseguir um número significativo de filiados e adeptos nos anos 30. Também analisa como este fenômeno entra em conflito com os interesses nacionalistas do governo de Getúlio Vargas.

quenas lojas localizadas na Praça de Fortaleza ou a proprietários de armazéns de importação-exportação, cujas relações geriam contínuas negociações de identidade: árabe, turco, libanês, sírio, galego.

Nome: Núncia Santoro de Constantino E-mail: nunziata@pucrs.br Instituição: Universita degli Studi di Torino Título: Imigrantes italianos na historiografia do Rio Grande do Sul: diferentes contextos e diferentes imagens O estudo aborda diferentes formas de reconhecer, de compreender e de narrar o imigrante italiano na historiografia do Rio Grande do Sul, considerando que sua inserção na mesma é recente e que acontece também em conseqüência das narrativas de “publicistas” italianos sobre o êxodo de conterrâneos. Entende-se historiografia como método e técnica da História, envolvendo os diferentes processos essenciais à elaboração do discurso histórico. Assim, leva-se em conta o modo como, em diferentes períodos, se produziu a História que, como produção cultural, caracterizou tais períodos que, de alguma forma, culminaram com a inserção deste imigrante italiano na Historiografia gaúcha, processo iniciado em 1925.

Nome: Silvana Cristina Bandoli Vargas E-mail: sbandoli@uol.com.br Instituição: Colégio Pedro II Título: Os códigos da lembrança. Narrativas e imagens da imigração italiana no noroeste fluminense Pesquisa que investiga a elaboração da memória da imigração italiana em Varre-Sai, noroeste fluminense, durante o período de 1897 a 1997, respectivamente chegada das primeiras famílias imigrantes na região e a festa da “Comemoração dos 100 anos da colonização italiana”. A análise recorta como corpus documental o acervo do Centro de Cultura de Varre-Sai, composto de documentos, relíquias e imagens, bem como de entrevistas realizadas segundo a metodologia da história oral. Todo o material é percebido como uma narrativa construída coletivamente por aquela comunidade, num processo de enquadramento da memória. A análise das narrativas elaboradas privilegia uma abordagem teórica centrada nos operadores textuais, tal como imaginado pelo filósofo Jacques Derrida.

Nome: Regina Weber E-mail: reginaw@terra.com.br Instituição: UFRJ Título: Trajetórias de espanhóis no sul do Brasil em meados do século XX A imigração espanhola para o sul do Brasil em meados do século XX, estudada por meio de entrevistas e outros documentos, aponta para uma variedade de situações de imigração. A condição dos refugiados políticos é diferente daqueles, predominantemente oriundos da Galícia, mobilizados por um “mecanismo de reprodução da emigração” para a América, que tanto emigravam em grupos familiares quanto eram jovens abertos a alternativas imprevistas. As diferentes trajetórias no novo país têm em comum a articulação com outros espanhóis, potencializando o aparecimento de “comunidades de descendência e cultura”. A fraca presença de uma intelectualidade étnica, constituída a partir de descendentes de imigrantes de períodos precedentes, que fala pelo grupo e para o grupo, certamente influencia no fato das narrativas destes imigrantes espanhóis contemporâneos serem pouco permeadas por discursos que, via de regra, padronizam positivamente o processo migratório. Nome: Rosane Aparecida Bartholazzi de Carvalho E-mail: rosanebartholazzi@hotmail.com Instituição: UFF Título: Os imigrantes italianos do noroeste fluminense na documentação arquivística italiana Estudar as famílias que deixaram o Lazio, no final do século XIX, e se instalaram em terras fluminenses, representa conhecer uma coletividade importante a ser revelada e valorizada. A História destas famílias, no período que antecede a emigração, foi baseada em fontes arquivísticas italianas existentes na capital da Província de Viterbo/Lazio e nas prefeituras dos municípios onde residiram estes emigrantes. Com tais fontes procuramos identificar a visibilidade econômica e social das famílias, através do mapeamento dos bens existentes no país de origem, bem como a inserção dos indivíduos na política local. Nome: Ruben Maciel Franklin E-mail: rbnhist@yahoo.com.br Instituição: UFC Título: Galegos, imigrantes e comerciantes: sírio-libaneses no Ceará (1888 - 1930) A presente pesquisa busca compreender as dinâmicas de inserção e atuação dos imigrantes sírio-libaneses no estado do Ceará entre fins do século XIX e primeiras décadas do século XX. Sabendo que o crescimento comercial vivenciado pelo estado nesse período proporcionou a expansão do número de lojas (calçados, ferramentas, joalherias, fazendas) e comerciantes, observamos a experiência dos sírio-libaneses engendrados na complexa rede comercial local, comercializando tecidos e miudezas como mascates, bem como abrindo pequenos estabelecimentos comerciais, sobretudo, na capital Fortaleza. A análise dos processos criminais envolvendo tais imigrantes nos permite evidenciar os conflitos cotidianos no interior das lojas e no trato comercial, do mesmo modo apreendendo um olhar crítico sobre as “notas ao commercio” contidas nos jornais e sobre os “Almanachs” do estado do período estudado nos podem levar aos ramos de preferência no comércio e ao espaço social que esses imigrantes vieram a ocupar no Ceará. Comerciantes ambulantes que recebiam mercadorias junto a patrícios detentores de pe-

Nome: Sydenham Lourenço Neto E-mail: slneto@hotmail.com Instituição: UERJ Título: Identidades e conflitos políticos na comunidade judaica brasileira: 1920-1950 Nossa questão principal é verificar de que forma os imigrantes judeus que chegaram ao Brasil nas décadas de 1920, 1930 e 1940, definiram seus grupos de afinidades, suas redes sociais. Verificamos que para um considerável contingente, acima de marcos de origem nacional ou regional, a questão política era fundamental na definição dos subgrupos de imigrantes judeus que aqui chegaram. Apesar da origem de esquerda do sionismo, em pouco tempo ele se torna um demarcador político que separa judeus sionistas, a maioria conservadores, de judeus socialista, comprometidos, em primeiro lugar, com as lutas universais dos trabalhadores, mas, também com um tipo particular de luta pela libertação dos judeus. A identidade política dos judeus que imigraram para o Brasil nas décadas referidas, determinava sua rede de sociabilidade, sua relação com o Estado brasileiro e sua relação com o restante da comunidade de imigrantes judeus. Mesmo a clássica questão do antisemitismo na Era Vargas não afetava aos grupos políticos do mesmo modo. Propormos, portanto, fazer a História Política desse importante grupo de imigrantes. Nome: Syrléa Marques Pereira E-mail: syrleamarques@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Um fio entre dois mundos: memórias de mulheres italianas no Brasil Entre 1870 e 1920, durante a “grande migração italiana” para o Brasil, um grupo de famílias se transferiu da aldeia de Oneta, localizada no município de Borgo a Mozzano, pertencente à região da Toscana, na Itália, para o distrito fluminense de Nª. Sª. do Amparo, e posteriormente se fixou na cidade mineira de Passa Quatro. No presente artigo, o fluxo migratório foi reconstruído por meio da memória de mulheres descendentes dos primeiros imigrantes que aqui chegaram, e que exercem a função de guardiãs da memória familiar. Atualmente, as guardiãs, na condição de mães ou avós, durante encontros familiares, narram histórias e casos que remetem à aldeia natal de seus antepassados, a partir de fotografias familiares e objetos pessoais que foram por elas colecionados e conservados em pequenas caixas: as “caixinhas de lembranças”. Tal prática memorial, continuamente, atualiza a memória do grupo familiar e une as duas pontas envolvidas no processo migratório. Analisando as histórias sobre o deslocamento do grupo imigrante italiano, foi possível perceber que a identidade italiana entre os descendentes brasileiros foi construída no solo do mundo privado/íntimo, para posteriormente se projetar no universo do público. Italianidade esta, muito mais aldeã e regional, que nacional. Nome: Valeria Barbosa de Magalhães E-mail: valeriabmagalhaes@gmail.com Instituição: USP Título: Brasileiros no sul da Flórida: subjetividade, imaginário e memória coletiva Histórias de brasileiros no Sul da Flórida contam-nos dramas daqueles que buscam uma segunda chance fora do Brasil. Seus relatos de vida revelam

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19 situações mais diversificadas do que imaginávamos a respeito de nossa imigração. A resposta para a pergunta “por que os brasileiros emigram?” está na combinação das dimensões político-econômica e subjetiva. A segunda, claramente presente nas narrativas de vida. Presentes na memória coletiva da imigração, as motivações para sair do Brasil são claramente desveladas em narrativas de história de vida, coletadas em meu trabalho de doutorado “Brasil no Sul da Flórida: subjetividade, identidade e memória”. Imigrar nunca é uma opção fácil e exige justificativas sobre o “abandono” do país. Admitir circunstâncias íntimas para tal decisão é por demais penoso. A segunda chance tem sido a “gota d’água” na definição de tais escolhas. O imaginário de Brasil idílico e instável e de Estados Unidos como terra das oportunidades e de povo frio sustenta justificativas objetivas e legitima a imigração, alimentando uma “saudade crônica” do Brasil. Em função da culpa por emigrar, os relatos privilegiam tais argumentos, subjugando aqueles subjetivos. Nome: Valmir Freitas de Araujo E-mail: valmir.ac@bol.com.br Instituição: UFAC Título: Memória de Turcos: os cem anos da imigração sírio-libanesa para o Acre O título do trabalho em si, “Memória de turcos” é uma provocação ao debate com os remanescentes da comunidade sírio-libanesa no Acre, considerando que todos os imigrantes recém chegados ao Acre eram indistintamente identificados como turcos. Rótulo este, considerado ofensivo, pois, Síria e Líbano estiveram submetidos ao Império Otomano. Ao desembarcarem nos portos de Belém e Manaus, os únicos documentos de que dispunham, eram os expedidos pelas autoridades otomanas, que não faziam distinção entre turcos, sírios, árabes e libaneses. No Acre, ascensão econômica e social atravessava três escalas: o imigrante ao chegar pobre, era tratado de turco. Ao se tornar regatão era chamado de sírio e ao abrir as portas de um pequeno estabelecimento comercial passavam a ser chamado de libanês. Começava aí um processo “voluntário” de assimilação para tornar-se aceito na comunidade e ser visto, não mais como um “de fora”, mas como integrante da sociedade local. Discutir o conceito de ser “estrangeiro” no princípio do século XX, perante as oligarquias extrativistas no Acre e a “metamorfose” implícita neste processo de acordo com a prosperidade do imigrante que evolui para uma nova representação: de turco para sírio e depois libanês, é o desafio deste trabalho.

objetivo de facilitar a pesquisa sobre tais fontes. Desta forma, identifica as entidades que custodiam hoje os acervos, informando responsável, endereço, horário de funcionamento, condições de acesso e serviços de reprodução, além de fornecer o histórico da própria associação que produziu o conjunto documental. Quanto aos acervos, fornece dados relativos a gêneros documentais presentes, dimensões, datas-limite e conteúdo. O Guia pode ser usado para pesquisas sobre diversas temáticas, mas será enfocada especialmente a sua potencialidade para estudos relacionados à migração, seja de nacionais ou estrangeiros, que se fixaram na então Capital Federal. Nome: Vittorio Maria Cappelli E-mail: v.cappelli@unical.it Instituição: Università della Calabria Título: In margine alla grande emigrazione: gli italiani nel nord-est del Brasile tra XIX e XX secolo Il lavoro intende illustrare le caratteristiche peculiari dell’immigrazione italiana nel nord-est del Brasile negli anni a cavallo tra il XIX e il XX secolo. Si tratta di un’esperienza migratoria quantitativamente limitata ma qualitativamente interessante. Gli italiani che approdano sul tratto della costa brasiliana compreso tra gli Stati di Bahia e Cearà provengono quasi sempre da un territorio di frontiera dell’Italia meridionale, al confine tra la Calabria, la Basilicata e la Campania. Prevalgono tra di essi gli artigiani e i contadini piccoli proprietari che si dirigono nelle città della costa (Salvador, Aracaju, Recife, Joao Pessoa, Fortaleza...) alla ricerca di occupazione e fortuna nell’artigianato, nell’industria e nei commerci. A fianco ad essi si registra un’importante presenza italiana nelle arti, nell’architettura e nell’urbanistica, che, sommandosi alla prima, imprime un segno importante nello sviluppo urbano del nord-est nel primo Novecento. Nell’insieme, questa immigrazione italiana - marginale ma significativa - costringe a parlare del fenomeno migratorio in termini di complessità e pluralità, irriducibile ai luoghi canonici del sud, compresi tra Espirito Santo, Sao Paulo e Rio Grande do Sul.

Nome: Vera Lúcia Bogea Borges E-mail: verabogeaborges@gmail.com Instituição: UERJ Título: (I)migrações na campanha presidencial: Marechal Hermes versus Conselheiro Rui Na sucessão de Afonso Pena, vários nomes foram cogitados até que se apresentassem finalmente as duas candidaturas à presidência da República que se enfrentaram em 1910. Primeiro, consolidou-se o nome do Marechal Hermes da Fonseca. Dentre os diversos pontos que compunham sua plataforma eleitoral, o candidato destacou a compreensão do Brasil como uma nação em constituição e não um país já pronto. Neste sentido, os braços para a lavoura viriam da corrente imigratória que devia ser contínua. Desta forma, a divisão territorial herdada do Império, e que a República manteve, não era eqüitativa – estados com enorme extensão territorial e de riqueza invejável em contraste com a pequenez e a pobreza de outros – esta situação tinha de ser revertida. Já em agosto de 1909, a chapa contestatória com a campanha civilista concretizou-se e Rui Barbosa retomou, sob sua ótica, essas questões. No discurso de lançamento de seu programa político, na Bahia, o candidato civilista dedicou um item inteiro à imigração e destacou três premissas econômicas e sociais para garantir com sucesso o afluxo de estrangeiros: justiça segura, subsistência barata e viação suficiente. Nome: Vitor Manoel Marques da Fonseca E-mail: vitorfonseca@terra.com.br Instituição: Arquivo Nacional Co-autoria: Francisco José Mendes Duarte E-mail: duartekiko@yahoo.com.br Instituição: UFF Co-autoria: Luiz Valentim da Silva Júnior E-mail: luizvalentimjr@gmail.com Instituição: Universidade Gama Filho Título: O Guia das Associações Cariocas e a pesquisa sobre imigração O Guia das Associações Cariocas recenseia arquivos de associações com personalidade jurídica existentes no Rio de Janeiro entre 1903 e 1916, com o

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20. Igreja - PrĂĄticas religiosas e culturais Francisco JosĂŠ Silva Gomes - UFRJ (francisco@ifcs.ufrj.br) Edilberto Cavalcante Reis - UECE (ecreis2004@yahoo.com.br) O presente SimpĂłsio TemĂĄtico pretende colocar em debate as diferentes pesquisas realizadas sobre o tema Igreja, religiosidade e prĂĄticas culturais. Tomando como ponto de partida as vivĂŞncias eclesiais FULVWmV VREUHWXGR GRV OHLJRV SUHWHQGHPRV HYLGHQFLDU DV GLIHUHQWHV IDFHWDV GRV SURFHVVRV KLVWyULFRV delas decorrentes. As prĂĄticas religiosas, colocadas a par com as determinaçþes dogmĂĄticas e morais GDV ,JUHMDV SRGHP RIHUHFHU DR KLVWRULDGRU XPD RSRUWXQLGDGH LPSDU SDUD FRPSUHHQGHU DV UHODo}HV HQWUH DV HVWUDWpJLDV LQVWLWXFLRQDLV H DV WiWLFDV 'H &HUWHDX GRV Ă€pLV 2 VLPSyVLR WHPiWLFR VHUi WDPEpP uma oportunidade para a troca de experiĂŞncias entre os pesquisadores, especialmente no tocante jV IRQWHV SDUD XPD KLVWyULD UHOLJLRVD GR %UDVLO H j VLWXDomR GRV DUTXLYRV H GDV LQVWLWXLo}HV YROWDGDV SDUD HVWH FDPSR GD SHVTXLVD KLVWyULFD 6HUi WDPEpP XPD RFDVLmR SDUD TXH SRVVDPRV WRPDU FRQKHFLPHQWR GRV WHPDV PDLV SHVTXLVDGRV H GDTXHOHV TXH HVWmR DLQGD SUHFLVDQGR VHU H[SORUDGRV (P UHVXPR R 6LPSyVLR SURSRVWR SUHWHQGH RIHUHFHU DRV KLVWRULDGRUHV QHOH LQVFULWRV D RSRUWXQLGDGH GH VH YROWDU SDUD D SURGXomR KLVWRULRJUiĂ€FD UHIHUHQWH jV SUiWLFDV UHOLJLRVDV QR %UDVLO H FRQWULEXLU GHVWD IRUPD SDUD R HQULTXHFLPHQWR GR GHEDWH DFDGrPLFR 3UHWHQGH WDPEpP DMXGDU D VLWXDU D SURGXomR GH KLVWyULD UHOLJLRVD QR FRQWH[WR JHUDO GD SURGXomR KLVWRULRJUiĂ€FD QDFLRQDO

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Martins dos Santos E-mail: martins.reli@hotmail.com Instituição: UFBA TĂ­tulo: O reino de deus no legislativo municipal: Bolinhos de Jesus, OrixĂĄs do TororĂł e outras histĂłrias Este trabalho analisa a atuação dos polĂ­ticos ligados Ă Igreja Universal do Reino de Deus na esfera municipal, na cidade de Salvador no perĂ­odo de 1989 a 2002, destacando alguns temas polĂŞmicos, como as disputas no campo religioso que acabaram se “refletindoâ€? na esfera pĂşblica, a exemplo do conflito entre evangĂŠlicos, principalmente iurdianos, e os grupos religiosos afro-brasileiros por ocasiĂŁo da normatização da venda de acarajĂŠs estabelecida pelo poder municipal e os protestos pĂşblicos promovidos por estes grupos como reação Ă instalação de esculturas de doze OrixĂĄs no Dique do TororĂł. Observa tambĂŠm como os vereadores iurdianos defenderam os interesses de seu grupo religioso, a partir de investigação do material legislativo da Câmara Municipal de Salvador, jornais locais e a Folha Universal, um periĂłdico produzido pelo prĂłprio grupo, alĂŠm de entrevistas com lideranças polĂ­ticas e religiosas, tendo como referencial teĂłrico o conceito de campo religioso de Pierre Bourdieu. Nome: Alcineia Rodrigues dos Santos E-mail: annaneia@yahoo.com.br Instituição: UFGO TĂ­tulo: Os Ăşltimos instantes e a vivĂŞncia da “boa morteâ€? no SeridĂł/RN Este artigo se propĂľe a analisar como a sociedade seridoense do sĂŠculo XIX compreendeu a temĂĄtica da morte. A partir da leitura de documentos testamentĂĄrios, discutimos as expectativas que a população do PrĂ­ncipe tinha em relação ao fim da vida e sua salvação. Assim, ao analisarmos alguns de seus testamentos, procuramos pontuar os motivos elegidos para a redação destes, bem como os cuidados com o corpo e a alma. Nesse sentido, buscamos, ainda, perceber as posturas adotadas pela população, numa tentativa de investigação da noção de boa morte desenvolvida ao longo do sĂŠculo XIX. A questĂŁo principal que nos motivou a escrever o presente artigo foi o fato de essa temĂĄtica relacionar-se ao desejo de se investigar as atitudes perante a morte e suas representaçþes, na busca de um questionamento inicial sobre como o fim da vida era pensado pela sociedade seridoense de outrora. Nome: Alexandre de Oliveira Karsburg E-mail: alexkarsburg@yahoo.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: MissionĂĄrio, eremita, taumaturgo: a construção da santidade do monge italiano JoĂŁo Maria de Agostini no Brasil do sĂŠculo XIX Um dos santos populares mais conhecidos e cultuados nos trĂŞs estados do sul do Brasil ĂŠ SĂŁo JoĂŁo Maria, ou monge JoĂŁo Maria, porĂŠm, o indivĂ­duo que deu inĂ­cio a esta tradição religiosa segue um mistĂŠrio para os pesquisadores. Chegado Ă AmĂŠrica por volta de 1837, o italiano Giovanni Maria de Agostini percorreu vĂĄrios paĂ­ses do Continente, peregrinando e fazendo trabalhos missionĂĄrios em inĂşmeras regiĂľes interioranas. No Brasil este-

ve entre 1844 e 1852, mobilizando grupos sĂłcio-culturais distintos que o tinham por lunĂĄtico desordeiro, frade pregador ou monge santo. Para ser alçado a estas categorias, precisou haver uma combinação de elementos oriundos tanto de seu comportamento quanto da cultura religiosa das pessoas a quem ele se apresentava. Portanto, nesta comunicação, pretendo elencar os componentes que geraram o processo da santidade ainda em vida deste frade italiano atravĂŠs da anĂĄlise de sua trajetĂłria em territĂłrio brasileiro em meados do sĂŠculo XIX. Nome: Ana Cristina da Costa Lima E-mail: anatina_cl@hotmail.com Instituição: UFPI TĂ­tulo: FĂŠ e devoção: o ex-voto como meio simbĂłlico de comunicação A devoção religiosa popular caracteriza-se por uma relação afetiva baseada em uma troca simbĂłlica entre o devoto e o seu santo predileto. A harmonia dessa relação ĂŠ percebida atravĂŠs de expressĂľes de satisfação, agradecimento e fidelidade do devoto que materializa a simbologia da troca atravĂŠs dos ex-votos. Essa prĂĄtica religiosa e cultural serĂĄ analisada a partir das observaçþes feitas durante o ritual das novenas perpĂŠtuas de Nossa Senhora do PerpĂŠtuo Socorro realizado hĂĄ meio sĂŠculo na Igreja de SĂŁo JosĂŠ OperĂĄrio em Teresina-PI. Nome: Andrea Beatriz Wozniak GimĂŠnez E-mail: wozniak@onda.com.br Instituição: SEED-PR TĂ­tulo:Catolicismo versus comunismo: imaginĂĄrio anticomunista catĂłlico em revistas curitibanas, 1945-1964 Constituindo-se em base identitĂĄria de grande parte da população brasileira, influenciando suas concepçþes de sociedade e prĂĄticas sociais, o Catolicismo esteve entre os grandes mobilizadores do imaginĂĄrio anticomunista no contexto que culminou com a Ditadura Militar em 1964, tendo sido impactante para sua defesa e aceitação entre diferentes grupos econĂ´micos e sociais. Buscando aprofundar a compreensĂŁo deste fenĂ´meno, o presente trabalho tem como objetivo analisar o imaginĂĄrio anticomunista catĂłlico que circulou nas principais revistas de produção e circulação na sociedade curitibana entre a redemocratização brasileira, pĂłs Segunda Guerra Mundial, e o Golpe Militar. Busca-se mapear algumas questĂľes que mobilizaram o anticomunismo catĂłlico dentro do contexto analisado, assim como discutir as estratĂŠgias de inviabilização do comunismo, ou de todos os aspectos tratados dentro deste escopo, e analisar as relaçþes existentes entre a mobilização do imaginĂĄrio, a defesa de interesses polĂ­tico-econĂ´micoculturais particulares e o reforço da dimensĂŁo simbĂłlica da Igreja CatĂłlica, enquanto instituição. Nome: Carlos AndrĂŠ Silva de Moura E-mail: casmcarlos@yahoo.com.br Instituição: UFRPE TĂ­tulo: Andrade Lima Filho e o movimento de restauração catĂłlica na imprensa pernambucana (1930 – 1937) O movimento de Restauração CatĂłlica em Pernambuco contou com a par-

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20 ticipação de vários membros da Faculdade de Direito do Recife (F.D.R.), entre eles, destacamos Andrade Lima Filho. Neste trabalho analisamos a rede de sociabilidade de tal homem das letras, católico e bacharel em Direito. Atuante na divulgação das idéias que defendiam a retomada do poder político da Igreja Católica, integrou o Diretório Acadêmico da F.D.R., Ação Integralista Brasileira e edições de jornais como o Folha Universitaria, A Tribuna e o Diario do Nordeste, defendendo a formação de uma política forte, autoritária e de bases cristãs. Nesse lócus de produção discursiva, o pensador expressou em artigos o combate às doutrinas de esquerda, a maçonaria e a defesa do catolicismo. Essas elocuções foram fundamentais para a recatolização em Pernambuco, entre os anos de 1930 e 1937, legitimando a proposta de Deus (catolicismo), Pátria (ordem) e Família (moral), junto às idéias conservadoras que circulavam no Estado no início do século XX. Nome: Carolina Silveira Fróes E-mail: csfroes@yahoo.com.br Instituição: Universidade Gama Filho Título: A imprensa católica no Rio de Janeiro do século XIX: O Apóstolo A pesquisa tem como objeto de investigação o jornal “O Apóstolo” fundado no Rio de Janeiro em 1866, sob orientação de uma das principais correntes religiosas estabelecidas no século XIX, o catolicismo ultramontano, adotado como política norteadora da Igreja neste período. Buscamos com isso elucidar aspectos pertinentes sobre esta doutrina ainda tão pouco estudada, principalmente no que se refere a sua atuação e penetração dentro da catolicidade nacional. Nome: Cleófas Lima Alves de Freitas Júnior E-mail: juniorcleofas@yahoo.com.br Instituição: UFPB Título: O uso de fontes orais e a história do protestantismo em Campina Grande O nosso trabalho tem o objetivo de pensarmos na produção da história do protestantismo em Campina Grande como um espaço que necessita ser visitado de forma mais intensa porque temos muitos temas, questões e sujeitos a serem explorados pelos historiadores nas variadas comunidades protestantes da cidade. A partir da busca que estamos realizando para produzir essa história com a análise da primeira comunidade protestante da cidade, a comunidade congregacional, analisando a construção de suas práticas protestantes quanto às identidades das mulheres e nesta reconhecemos a importância do uso de fontes orais esse, sendo isto também possível para análises de outras comunidades. Este uso de fontes orais contribui na produção de uma história do protestantismo conforme Deifelt (1994) busca ser uma história inclusiva e os estudos a construção de fontes orais de Delgado (2006), Montenegro (1994) e Thompson (1992). Nome: Daniel Soares Simões E-mail: soaressimoes@click21.com.br Instituição: UFPB Título: O jogo do medo e do escárnio: representações antiprotestantes nas obras do Pe. Júlio Maria de Lombaerde (1928-1944) Entre 1928 e 1944, o Pe. Júlio Maria de Lombaerde, de origem belga, tornou-se nacionalmente conhecido como polemista. Radicado na cidade mineira de Manhumirim, publicou diversas obras antiprotestantes, tendo em vista defender a fé católica contra os “erros” difundidos pelos “filhos de Lutero”. Dono de uma verve peculiar, em seus escritos o protestantismo era representado a partir de uma combinação de medo e escárnio, fazendo com que o mesmo devesse ser, a um só tempo, temido e desprezado. O objetivo deste trabalho é expor os principais elementos que compunham esse discurso, situando-o no contexto da romanização e da restauração católica, ambas marcadas por uma atitude apologética em relação aos demais credos religiosos. Nome: Darlene Socorro da Silva Oliveira E-mail: darlenesso@gmail.com Instituição: UFMT Título: O movimento da ação católica no Brasil e a liga das senhoras católicas de Cuiabá (1924-1935) Este trabalho tem como proposta analisar o movimento denominado “Ação Católica” no Brasil e em particular Cuiabá, no período de 1925 a 1935. Movimento esse que já havia se instalado na Europa nos anos 20 e se fazia influente no Brasil à época. Em Cuiabá, a “Ação Católica” passou a atuar também nó inicio da década de 20, provavelmente incentivada pelo Arcebispo de Cuiabá, Dom Francisco de Aquino Corrêa. A “Ação

Católica” incentivava o atendimento ás normas apregoadas e as aptidões particulares, voltando-se especialmente para homens, senhoras, juventude masculina, juventude feminina, meninos e doentes. Nesta pesquisa em andamento, procura-se pautar as análises especialmente nas “senhoras” com o objetivo de observar como foi a atuação da “Ação Católica” na formação de idéias e a recristianização da sociedade; na busca de conservação de valores morais, especialmente no que tange a família e a mulher. A questão da mulher tornou-se relevante, partindo do pressuposto que a Igreja deu a mulher grande parte da responsabilidade social de caráter disciplinador, sendo ela a “mãe e esposa”. Nome: Edlene Oliveira Silva E-mail: edlene_oliveira@yahoo.com.br Instituição: UnB Título: Entre a batina e a aliança: o movimento de padres casados no Brasil atual O presente trabalho objetiva compreender o processo de formação do Movimento de Padres Casados – MPC, institucionalizado no Brasil na década de 1980 que questiona o celibato obrigatório que se tornou o principal símbolo identitário do clero ao santificar e fortalecer a hierarquia eclesiástica, justificando sua superioridade em relação aos leigos e aos demais sacerdotes de outras religiões. Questionado publicamente pela primeira vez durante o Vaticano II, o celibato clerical foi mantido e assegurado pela Encíclica Sacerdotalis Caelibatus (1967), gerando grande fluxo migratório de padres que resolvem deixar o ministério para casar-se. Ocupando um “entre-lugar”, entre a batina e aliança, “padres casados” de todo o mundo se organizaram na tentativa de preservar os vínculos de fé que os uniam e lutar por objetivos comuns. No Brasil, o MPC congregou os anseios de milhares de “padres casados”, criando um espaço de diálogo entre estes, a sociedade e a Igreja. Por meio de várias fontes escritas e de entrevistas com os líderes do MPC, a pesquisa procurou perceber como “os padres casados” construíram suas representações, articuladas por várias vertentes, mas sempre interpeladas pela força simbólica do imaginário religioso. Nome: Eduardo Gusmão de Quadros E-mail: eduardo.hgs@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: O fato Pelágio: análise de um processo de canonização Padre Pelágio, redentorista alemão que foi missionário em Goiás no século passado, está com seu processo de canonização correndo atualmente na Cúria Romana. Este artigo estuda as demandas e a constituição de tal processo. Fazendo uma leitura crítica desta fonte, buscamos identificar as condições do dizer mais do que está explicitamente dito. Com isso, visamos analisar como a instituição religiosa modaliza as entrevistas ali contidas, o jogo de representações que está envolvido e o modelo ético que se deseja reproduzir com a edificação hagiográfica. Nome: Elizete da Silva E-mail: cliosilva@yahoo.com.br Instituição: USP Título: A morte protestante na Bahia afro-católica O binômio vida/morte ocupa uma significativa centralidade no discurso e na visão de mundo cristã, especialmente no seu ramo protestante. Não se trata de analisar a morte apenas como um fenômeno biológico, mas tomá-la na sua acepção religiosa de passagem para a vida eterna, objetivo maior das preocupações escatológicas de anglicanos e batistas, uma minoria religiosa que formava o campo religioso baiano, majoritariamente afrocatólico, nas duas últimas décadas do século XIX e início do século XX. As formas de morrer e as concepções sobre a morte também informam as preocupações, estilo de vida, o cotidiano e as representações do mundo dos vivos. As fontes para esta pesquisa são os registros de óbitos, testamentos e inventários, necrológios e epitáfios do Cemitério Britânico, além de livros de atas. M. Vovelle é uma referência ao propor uma visão social da morte, bem como o conceito de representação de Roger Chartier. Nome: Fernanda Pires Rubião E-mail: fernandinhapires@uol.com.br Instituição: UFF Título: O congado e sua relação com a igreja católica O objetivo dessa apresentação é analisar a conflituosa relação entre os participantes do Congado na cidade de Oliveira, em Minas Gerais, com os representantes da Igreja Católica entre o período de 1950 aos dias atuais. A Festa de Nossa Senhora do Rosário, como também é conhecida essa manifestação cultural, acontece nessa cidade desde o período escravocra-

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ta, porém diversas vezes foi proibida pela Igreja Católica. No intuito de reconstruir historicamente essa relação, analiso o jornal local, Gazeta de Minas, que até a década de 1980 pertencia à Igreja, sendo um veículo de comunicação onde os eclesiásticos manifestavam sua opinião sobre a devoção e a expressão festiva dos congadeiros. Atento também à memória da comunidade em entrevistas realizadas com padres da cidade e congadeiros. A partir das fontes reconstruo a conflituosa relação entre integrantes do Congado e representantes da Igreja Católica, demarcando a mudança de opinião dos últimos ao longo dos anos. Nome: Gilberto Geraldo Ferreira E-mail: gilbertogeraldo@ibest.com.br Instituição: UFAL Título: A ação de capuchinhos italianos na formação cristã de indígenas no nordeste brasileiro do século XIX A presença de ordens religiosas no Brasil teve um papel fundamental na consolidação do Império brasileiro. Desde o início do século XIX, o Nordeste recebia Capuchinhos italianos na tentativa de apaziguar conflitos, em geral, provocados por índios, pobres, brancos e negros. Esta comunicação analisa os discursos do Frei Vital de Frescarolo, escritos no início dos oitocentos e dirigidos ao rei, sobre sua intervenção no trabalho de formação cristã dos indígenas localizados nas regiões de Pernambuco e Alagoas. Além de relatar o sucesso na empreitada, o Capuchinho italiano aponta a necessidade de mantê-los intactos, entre outros motivos, pelo valor comercial do que fabricavam e os ganhos futuros da Coroa com a exportação desses produtos. Este apelo o colocava em confronto com os fazendeiros, pela necessidade de eliminar empecilho nas pretensões de expansão do projeto colonizador. Nome: Giovane Jose da Silva E-mail: giovanejosesilva@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: À margem do centro D. Vital: cultura política e ação social na obra de Jonathas Serrano Jonathas Serrano foi um influente intelectual católico na primeira metade do século XX. Seu pensamento, marcado pelo discurso da defesa da democracia, da civilização e da ação social nos meios operários, repousava em uma interpretação distinta da cultura política e identidades nacionais defendidas pelo grupo hegemônico no interior do campo intelectual católico: o Centro D. Vital. Assim, o trabalho objetiva propor, a partir da obra de Serrano, novos horizontes para a compreensão da intelectualidade católica no Brasil. Para tanto, objetiva-se demonstrar que Jonathas Serrano, a partir da leitura das obras de Júlio Maria, bem como do pensamento político nacional herdeiro do século XIX, forjou um discurso que legitimava a democracia liberal e uma inserção social da Igreja, para além das propostas ultraconservadoras e autoritárias defendidas pelo Centro D. Vital, sob a liderança de Jackson de Figueiredo. Nome: Guilherme Ramalho Arduini E-mail: guilherme.arduini@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Em busca da idade nova: Alceu Amoroso Lima e seu projeto de organização social (1928-1937) Após assumir publicamente a fé católica em 1928, Alceu Amoroso Lima tornou-se um importante nome associado à doutrina social católica e aos assuntos de natureza política. O objetivo deste trabalho é mapear sua atuação através de seus artigos e de seu relacionamento com a burocracia federal. Para tanto, recorreu-se aos seus escritos publicados na revista “A Ordem”, da qual foi editor-chefe durante o período, somados aos seus livros e às correspondências com políticos. Os temas principais abordados foram os conceitos de Revolução (a partir das experiências de 1930 e 1932), Comunismo e de um certo projeto de tons corporativistas para a organização das classes trabalhadoras nos anos 1930. Amoroso Lima destaca-se tanto na produção teórica como na ação, graças à sua contribuição para a formação de uma ideologia católica no campo das idéias sociais e sua extensa rede de sociabilidade, dentro e fora da Igreja. Alguns de seus colaboradores tornaram-se nomes importantes no Ministério do Trabalho de Vargas e na gestação do trabalhismo, cujas influências alcançam os dias atuais. Nome: Iraneidson Santos Costa E-mail: irancosta@terra.com.br Instituição: UEFS Título: Entre o reformismo e o marxismo: uma introdução à história das esquerdas cristãs no nordeste

Em 1962, aconteceu em Recife a Conferência do Nordeste, quarta e mais importante consulta realizada pelas principais igrejas protestantes do Brasil, tendo como tema “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro”. Reunindo cerca de 170 delegados de 14 denominações evangélicas de 16 estados brasileiros, constituiu-se num verdadeiro marco na construção da Teologia da Libertação na América Latina. Uma década mais tarde, em outubro de 1973, seria publicado “Eu ouvi os clamores do meu povo”, documento firmado por três arcebispos e uma dezena de bispos das principais cidades nordestinas que trazia uma contundente crítica ao alardeado “milagre econômico brasileiro”, desmascarado como a maior ofensiva da história brasileira em favor da penetração de capitais estrangeiros. Não à toa, o mesmo é tido como a declaração mais radical publicada por um grupo de bispos católicos em qualquer parte do mundo. Tomando estes dois eventos como balizas, a presente Comunicação visa apresentar uma introdução à história das esquerdas cristãs no Nordeste na segunda metade do século XX, reconstituindo o diálogo entre Cristianismo e Marxismo promovido por alguns de seus principais expoentes e iniciando uma crítica à Terceira Via (ou Social Cristianismo) proposta por alguns deles. Nome: Jadilson Pimentel dos Santos E-mail: jadangelus@bol.com.br Instituição: UFBA Título: Do frei Apolônio de Todi ao beato Antônio Conselheiro: dois mestres da arquitetura religiosa popular no sertão baiano Frei Apolônio de Todi fundou várias igrejas no nordeste. Em 1772, o frei capuchinho italiano foi exercer seu ministério apostólico no sertão da Bahia e Sergipe, alcançando, dessa forma, o título de apóstolo do sertão. Já Antônio Vicente Mendes Maciel era obcecado pela edificação e restauração de igrejas, capelas, cruzeiros e cemitérios. No início da carreira de pregador e guia espiritual, ele estabeleceu como meta construir cerca de vinte e cinco igrejas pelo sertão do nordeste do Brasil. Pautado em informações adquiridas em documentos, livros e imagens fotográficas, o presente artigo tem como objetivo analisar o santuário erguido na chamada antiga Serra do Piquaraça, em Monte Santo, e duas espécies de igrejas construídas na segunda metade do século XIX, pelo Conselheiro. Uma dessas igrejas desapareceu em virtude da guerra de Canudos: Igreja de Santo Antônio. A outra, encontra-se intacta: Igreja do Bom Jesus, localizada em Crisópolis. Por último, serão interpretadas as soluções adotadas nessas construções religiosas populares, bem como as influências de estilos, uso de materiais, soluções decorativas, dentre outros, a fim de resgatar a memória do patrimônio artístico popular do sertão de Canudos, há muito tempo esquecida. Nome: Janete Ruiz de Macedo E-mail: janetermacedo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz Título: Em nome do pai, do filho e do espírito santo: quando o ato de se benzer torna-se perigoso – distorção de práticas religiosas na capitania de São Jorge de Ilhéus Distante das malhas e das instituições de poder da Metrópole e contando com uma débil estrutura do clero pouco aparelhado para fazer frente à população colonial pouco cristianizada que acrescida da efetiva ausência da justiça eclesiástica propiciaram um terreno fértil a proliferação e distorção das mais variadas posturas e concepções defendidas pela Igreja cristã estabelecida no Brasil seiscentista. Inúmeras foram as confissões e delações apresentadas perante a Mesa do Tribunal do Santo Ofício instalado na Bahia que se referiam a práticas incorretas no exercício da fé. Legalmente tais posturas deveriam ser julgadas pela justiça episcopal, pois diziam respeito às atividades de vigilância do foro eclesiástico; todavia no Brasil a Inquisição criada para coibir as culpas heréticas, recebeu e puniu delitos que não eram da sua alçada. No bojo dessas culpas encontra-se o erro público e manifesto de Jorge Martins cavaleiro da Casa Real, almoxarife da Alfândega da capitania de Ilhéus. Nessa comunicação pretendo analisar as práticas religiosas de Jorge Martins, arroladas no processo inquisitorial ANTT nº. 2551, contextualizando-a no tempo, levando em consideração as praticas culturais envolvidas Nome: Jean F. Figueiredo Sirino E-mail: jamagistrado@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: Santuário da cruz da menina: práticas religiosas, usos e representações do sagrado Este trabalho objetiva analisar as representações construídas pela população de Patos, cidade localizada no alto sertão Paraibano, para legitimar a crença na mistificação e “santificação” do corpo de Francisca, que aos

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20 11 anos teve sua vida marcada pela dor, silêncio e ecos de várias vozes que juntas construíram seu mito. Nesse sentido, buscamos visualizar as práticas católicas desenvolvidas pelos fies para seu culto e, como a Igreja Católica se comporta diante desse fato. Para tanto procuramos confrontar e problematizar os discursos dos fies, do poder político local e da igreja católica. Dialogando com alguns autores que escreveram sobre o Santuário da Cruz da Menina, por exemplo, Damião Lucena e Elisa Maria de M. Nóbrega e os que trabalham com religiosidade, discurso e representação; Michel de Certeau, Foucault e Pierre Bourdieu. Análises que foram norteadas pelas compreensões teórico-metodológicas da História cultural em um constante diálogo com os estudos antropológicos sobre religião, ritos, mitos e práticas socioculturais. Em se tratando de uma temática contemporânea nos foi possível fazer uso da história oral como recurso primordial para a localização dos discursos veiculados na comunidade de Patos sobre o acontecimento. Nome: João Paulo Fernandes da Silva E-mail: joaopauloufc@yahoo.com.br Instituição: UFC Título: O papel da igreja católica na construção do sindicalismo cratense (1962 – 1974) O presente artigo analisa a organização dos trabalhadores rurais no município de Crato, nos anos de 1962 a 1974, período de criação dos primeiros núcleos sindicalistas rurais, tendo em vista o papel exercido pela Diocese do Crato na fundação dos mesmos em toda região. São esses sindicatos que de alguma forma abrem espaço para as reivindicações dos trabalhadores rurais, nutrindo e criando vínculos onde se permitia a troca de experiências por parte dos mesmos e a visualização das peculiaridades vividas por cada um. Desta maneira, a pesquisa almeja perscrutar os motivos que conduziram a Igreja Católica, a criar tais sindicatos. E até que ponto isso foi favorável à classe dos trabalhadores rurais, no sentido de entender, como se deram às transformações nesses sindicatos, em um contexto marcado por inúmeras divergências, sociais, políticas, culturais e econômicas, que impetraram as lutas sociais no campo. Nome: Jorge Luiz Dias Pinto E-mail: jphistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Folia de reis entre práticas e representações Este texto analisa e interpreta a Folia de Santo Reis, representado na festa de Santo Reis, levando em consideração o envolvimento do devoto, que são os integrantes do catolicismo e foliões. Tem-se como objetivo perceber quais as influências culturais dessa festa na transmissão, ordenação e normatização da vida cotidiana dos seus devotos. Com textos de Roger Chartier, a respeito das representações, e Michel de Certeau, que trata de normatizações e ordenações entre diferentes grupos, buscaremos analisar a festa e seus aspectos referentes à significação da vida de seus participantes. Nome: Leandro de Aquino Mendes E-mail: leandrodeaquino@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: O PT e a igreja católica “progressista” em Montes Claros - MG: religião e política na década de 1980 Em 1988, nas eleições municipais da cidade de Montes Claros - MG, o Partido dos Trabalhadores lançava uma chapa de candidatos à prefeitura e câmara de vereadores com algo marcante àquela época, não só na cidade, mas em várias partes do país: boa parte de seus candidatos eram ligados diretamente a movimentos da Igreja Católica, a saber, Comissão Pastoral da Terra, Pastoral Operária e Comunidades Eclesiais de Base. Essa pesquisa foi então pensada a partir de uma problemática: a relação entre a política e a religião. Escolhemos assim, dialogar com as evidências trazidas pelas práticas e discursos produzidos por esse setor da Igreja Católica, assim como pelo Partido dos Trabalhadores, tendo como espaço a cidade de Montes Claros - MG, durante a década de 1980, onde tais evidências nos apontam para uma notável relação entre esses lugares sociais, ou seja, a Igreja (aqui enfocada essencialmente enquanto comunidade) e o Partido. Apontamos aqui no sentido de que nas práticas de socialização instigadas por valores e concepções religiosas – no caso cristão-católicas – tais sujeitos se envolveram com todo um conjunto de princípios que posteriormente seriam levados para a sua atuação no campo político-partidário. Nome: Leonardo Coutinho de Carvalho Rangel E-mail: leocoutinho1987@gmail.com Instituição: UFBA

Título: “Por meio da santa vida, se segue glorioza morte”: práticas ascéticas no Convento de Jesus de Setúbal (Séculos XV-XVII) O trabalho investiga os modos pelos quais as religiosas do Convento de Jesus de Setúbal, em Portugal, se relacionavam com formas extremas de espiritualidade ascética, do século XV ao XVII. Os penosos flagelos, os jejuns “apertados” e diversas outras formas de penitência e humilhação são algumas das práticas ascéticas através das quais estas Clarissas da primeira regra buscavam atingir o ideal de perfeitas religiosas. Também procura-se explorar a relação entre esta casa monástica, que abrigava a fina flor da nobreza de Portugal, e a Coroa, especialmente sob o reinado de D. Manuel, cuja ama foi fundadora do convento. Foi utilizada, como fonte básica para a pesquisa, a memória conventual intitulada “Tratado da antiga e coriosa fundação do Convento de IESU de Setuubal”, escrita na primeira metade do séc. XVII por Leonor de S. João, uma das monjas da casa. Além desta, serviram como fontes regulamentos da Ordem de Santa Clara e a Confissão de Fé do Concílio de Trento. A análise serial das informações sobre as religiosas citadas no Tratado indica uma freqüência maior de práticas ascéticas extremas após o Concílio de Trento (1545-1563), o que pode nos levar a concluir que as orientações que dele emergiram contribuíram para a intensificação desta forma de espiritualidade. Nome: Lívia Gabriele de Oliveira E-mail: liviagab2@hotmail.com Instituição: UFOP Título: A presença da igreja nas ações abolicionistas: o caso do bispado de Diamantina/MG (1864-1888) A Igreja esteve presente nos diferentes setores da sociedade diamantinense no século XIX. Expandindo o processo de romanização iniciado por Dom Viçoso em Mariana, Dom João Antonio dos Santos assume o bispado de Diamantina na década de 1860 e estende seus ideais à seus fiéis. O bispo parece ter sido um incentivador das alforrias adotando um discurso convergente com as questões abolicionistas. Por iniciativa de Dom João, em 11 de julho 1870, foi fundada a Sociedade do Patrocínio Nossa Senhora das Mercês (SPNSM). Sua principal proposta era auxiliar na emancipação de cativos sob a guarda de Nossa Senhora da Mercês. Em consórcio com a Câmara Municipal de Diamantina, a SPNSM montou uma Comissão Especial para emancipação, sendo na mesma ocasião regulamentado o Fundo de Emancipação, o responsável pela indenização por parte do Estado. Em 1887, Dom João publica uma Carta Pastoral condenando a escravidão. Essa Carta Pastoral teve profunda repercussão nacional e foi citada diversas vezes na tramitação do projeto de lei abolicionista na Câmara dos Deputados. Dom João já havia manifestado publicamente os seus ideais abolicionistas em 1846 no jornal “Selecta Catholica” e em 1862, já em Diamantina, volta a publicá-las no jornal “O Jequitinhonha”. Nome: Mara Regina do Nascimento E-mail: mara.regina10@yahoo.com.br Instituição: UFU Título: As festas promovidas pela Irmandade do Rosário de Porto Alegre, no século XIX, e as táticas de adequação aos controles políticos e eclesiásticos Nascida sob os auspícios da atmosfera ilustrada, situada cronologicamente no auge da administração de Pombal, a Irmandade do Rosário de Porto Alegre não pôde escapar dos efeitos de uma nova era que se inaugurava: a da repressão e da intolerância com as irmandades e suas festas. Gestada mais tardiamente, possuía características muito peculiares se comparadas às suas congêneres da Bahia e do Rio de Janeiro. Analisar os Livros de Receitas e Despesas e os gastos desta associação com recursos sonoros ou elementos de apelos visuais, usados por ocasião dos festejos litúrgicos em homenagem à santa de devoção, pode abrir inúmeros caminhos de investigação para o historiador. Permite não apenas levantar possibilidades sobre as características, as preocupações e os objetivos dos “irmãos de cor” dos oitocentos, como igualmente e, sobretudo, questionar estudos generalizantes sobre tais congregações. Esta comunicação pretende-se mais como um conjunto de perguntas acerca da irmandade do Rosário Porto Alegre, do que propriamente instaurar respostas definitivas sobre este que foi um espaço diferenciado de experiência vivida por diferentes estratos sociais da capital da Província do Rio Grande do Sul. Nome: Marco Antonio Neves Soares E-mail: marco.soares@dilk.com.br Instituição: UEL Título: Sepulturas de israelitas presentes no cemitério São Rafael – Rolândia-PR Entre 1932 e 1942 famílias alemãs de origem judaica, fugindo do nazismo,

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estabeleceram-se na Gleba Roland e no município de Rolândia, norte do Paraná. Abandonaram suas atividades eminentemente urbanas e passaram a se dedicar à agricultura, mantendo alguns elementos do judaísmo e recriando outros, mas jamais se organizaram comunitariamente em torno de um ishuv. Este trabalho pretende tipificar as variações da arquitetura tumular desses israelitas presentes no Cemitério São Rafael, zona rural do município e através da análise da cultura material, propõe uma classificação desta fonte para o estudo de refugiados judeus de origem alemã, estabelecidos na localidade a partir da década de 30 do século XX. Tal classificação permite estabelecer relações entre as sepulturas e as construções identitárias que os refugiados e/ou seus descendentes constituíram em uma região distante da vida comunal organizada. Para isso utiliza instrumentos da arqueologia histórica, da antropologia e da arquivologia, mas reivindica seu lócus no campo da história. Nome: Maria Aparecida Borges de Barros Rocha E-mail: mabbrocha@yahoo.com.br Instituição: UFGO Título: O arquivo da cúria metropolitana de Cuiabá e a questão dos cemitérios públicos da cidade em 1901 Este estudo trata de um conflito numa região de fronteira envolvendo Estado e Igreja em disputa pela administração dos Cemitérios Públicos da cidade em 1901. Essa disputa não envolverá apenas essas instituições, mas, também a população, assim como diversas instâncias do poder representados pela Câmara Municipal e o Judiciário. Nome: Maria de Lourdes Porfírio Ramos Trindade dos Anjos E-mail: mlprta@ig.com.br Instituição: Instituto de Educação Rui Barbosa Título: Seminário de educadoras cristãs - SEC: coluna de civilidade nos trópicos no início do século XX Este estudo tem como objetivo inquirir a história do Seminário de Educadoras Cristãs (SEC) e recuperar o trabalho educacional e religioso desenvolvidos pelas missionárias batistas norte-americanas em Recife. O SEC é uma instituição protestante que através das décadas vem prestando relevantes serviços na formação das moças batistas. Baseando-me em fontes documentais e bibliográficas foi possível analisar os antecedentes históricos, o processo de desenvolvimento da instrução ministrada na escola. As contribuições de Elias, Chartier e Viñao Frago e Juliá, serviram como aportes teóricos da pesquisa e categorias de análises de estudo de civilização, representação e apropriação, arquitetura e cultura escolar. O resultado da pesquisa evidencia a preocupação com o analfabetismo, o rigor disciplinar, e a construção do prédio. Nome: Maria Lucélia de Andrade E-mail: luceliandrade@yahoo.com.br Instituição: UFC Título:“Filhas de Eva como Anjos sobre a Terra” A Pia União das Filhas de Maria em Limoeiro-CE (1915-1945) A presente pesquisa, desenvolvida no Mestrado em História Social da Universidade Federal do Ceará, analisa a Pia União das Filhas de Maria, irmandade leigo-religiosa de mulheres solteiras católicas em Limoeiro, Ceará (1915 – 1945). Visando formar modelos femininos de conduta moral, essa irmandade era lugar de disciplina, norma e distinção social. O estudo também examina as práticas de leitura das associadas da Pia União, articulando dimensões devocional, exemplar, instrutiva, educativa, moralizadora e de entretenimento. Tais práticas são prescritas centralmente no periodismo católico, classificando e distinguindo as leituras entre edificantes e perniciosas. A Biblioteca da Pia União participa desta pesquisa, formando um corpus documental que inclui desde as obras piedosas e exemplares aos romances. A pesquisa aborda ainda a atuação das Filhas de Maria no campo pedagógico como professoras e no proselitismo católico como catequistas. Nome: Maria Lúcia de Souza Rangel Ricci E-mail: marialucia.s.r.ricci@terra.com.br Instituição: UNICAMP Título: Manifestações religiosas e rituais esclarecendo formas de sociabilidade e cultura nos distritos de Campinas (SP) Fazendo parte de ampla pesquisa que desenvolvo sobre Bairros e Distritos de Campinas (SP), apresento ao XXV Simpósio Nacional de História, uma parte dela onde abordo algumas práticas culturais populares em seus diversos rituais (religiosos, festivos...) vivenciados em Sousas, Joaquim Egídio e Barão Geraldo e como seus moradores os singularizaram no cotidiano em

termos de valores e símbolos no permanente diálogo entre passado e presente, cultura e religiosidade. Assim, as práticas rituais e culturais populares estão situadas no âmbito das próprias relações e experiências sociais dos sujeitos históricos destes distritos, que por bom período foram ao mesmo tempo rurais – urbanas e/ou urbanas – rurais. Constatei durante a pesquisa a necessidade sentida pelos moradores destes espaços em reconstituírem as tradições, a história, a religiosidade, a identidade, a qualidade de vida a fim de que não fossem diluídas/perdidas ao longo do processo histórico, a confirmar Baudrillard quando afirmou que vivenciamos uma época onde persiste um estado em que todas as utopias realizadas através de uma reprodução indefinida de ideais, fantasias e sonhos não ficaram postos no passado. E nestes distritos, rituais, fantasias e simbolismos permaneceram vivos a demonstrar que resistiram ao longo do tempo Nome: Mariana Ellen Santos Seixas E-mail: mariseixas_hist@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Igreja presbiteriana da Bahia – algumas considerações sobre um protestantismo diferente no século XIX Esta comunicação visa identificar alguns dos valores propagados pela denominação presbiteriana na cidade do Salvador, nos últimos 28 anos do século XIX. A Igreja Presbiteriana da Bahia, ao contrário do que normalmente se pensa sobre o protestantismo dito histórico, se caracterizou, no período estudado, por uma heterogeneidade significativa em sua membresia (nacionalidades, profissões, classes sociais e “raças” diversas). Isso contribuiu para garantir uma singularidade desta denominação, pioneira no proselitismo protestante na Bahia. Do relativo sucesso desse proselitismo vieram também as cobranças relativas à mudança de comportamento requerida para um fiel presbiteriano. Através das Atas de Reunião da Igreja, pude identificar quais as principais causas de punições dos membros (ausência dos cultos, concubinato, trabalho aos domingos, agressão física a outrem, entre outros casos) e também inferir quais os valores ensinados pelos líderes desta comunidade (a importância da Igreja, da Bíblia, da família, do trabalho e da boa conduta ante a sociedade). Assim, baseada nessas informações, pretendo traçar um panorama da ação presbiteriana na cidade de Salvador, na perspectiva dos líderes e dos fiéis. Nome: Maurina Holanda Cavalcante E-mail: maurinaholanda@bol.com.br Instituição: AEUDF Título: Disputa de poder ligas camponesas X igreja católica O texto enfoca a disputa de poder na região camponesa nordestina do Brasil. A Igreja católica e o deu imaginário cristão opõe-se seu contra o imaginário revolucionário, as Ligas camponesas e o Partido Comunista Brasileiro. A Igreja repudia e reprime a organização social, os atores e os fazeres de resistência das ligas, do partido e do povo. Nome: Michelle Ferreira Maia E-mail: michellefmaia@hotmail.com Instituição: UFC Título:“Até a terra é orgulhosa”:histórias de corpos mortos e assombrações no cemitério de São Benedito, CE Aproximadamente na década de setenta em São Benedito, interior cearense, algumas pessoas foram atraídas pela balburdia: tratava-se de uma mulher desconhecida que havia sido expelida da sepultura, segundo o coveiro Sula, pela terra cemiterial. As indagações sobre o Corpo Seco, avolumaram-se com interpretações diversas, porém religiosas. O caso excêntrico, sendo compreendido como punição de Deus e da Terra pelos pecados. Além disso, anunciava a presença de outro, que viria a purificar o espaço dos mortos: o Corpo Santo que segundo a crença, a terra não o corrompe por sua santidade. Ao processo natural de putrefação é atribuído pelo imaginário cultural e religioso: o julgamento cristão. Os rituais que circundam os dois cadáveres são descritos pela teia das tradições orais e pela memória, aqui por nós estudados com suas especificidades. Nome: Nadia Maria Guariza E-mail: nadiamguariza@gmail.com Instituição: UFPR Título: Trajetórias femininas nas CEBs em Curitiba nas décadas de 1960 e 1970 A presente comunicação pretende explorar as questões relativas à construção da subjetividade feminina no movimento leigo católico. Para tanto, entende-se que a história oral se configura como uma grande oportunidade para o historiador ter acesso à subjetividade dos sujeitos históricos. A deli-

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20 mitação temporal e espacial na escolha das entrevistadas procurou respeitar as várias fases de desenvolvimento das comunidades na Vila São Pedro em Curitiba. Desse modo, selecionamos mulheres que participaram dos primeiros anos das comunidades, no final da década de 1960, e da metade da década de 1970, quando as comunidades proliferaram na região, formando dois setores: São Pedro e Carmelo. Foram entrevistadas seis mulheres com idades que variam entre 61 a 80 anos. Elas ainda são participantes ativas das comunidades e desempenham vários tipos de ministérios. Eis porque acreditamos que esse grupo de mulheres permite analisar o significado que elas atribuíram ao exercício de ministérios nas comunidades, bem como a visão delas sobre o papel feminino na Igreja e na sociedade. Gênero-histórial oral-catolicismo. Nome: Quelce dos Santos Yamashita E-mail: kelhel2009@hotmail.com Instituição: UFMT Título: Documentação paroquial e as práticas matrimoniais entre consangüíneos em Cuiabá no século XIX A presente comunicação tem por objetivo apresentar parte de pesquisa em andamento tendo como base empírica uma parcela de fontes eclesiásticas de Mato Grosso, localizada no Arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá (ACMC), na segunda metade do século XIX. Como ponto inicial, adotamos as regulamentações eclesiásticas prescritas nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, (mais precisamente as normas sobre os impedimentos de casamentos entre parentes consangüíneos ou por afinidade), e os discursos evidenciados nos Processos de Dispensa desse impedimento com vistas a perceber como os diferentes grupos étnicos, sociais e sexuais vivenciavam essas regulamentações. Pretendemos refletir a respeito das múltiplas possibilidades de construção do conhecimento histórico, com enfoque principal sobre as representações encontradas nos citados processos a respeito da conhecida fragilidade feminina e a apropriação dessa representação por parte da população para a obtenção da dispensa do impedimento consangüíneo. Em suma, pretendemos com essa comunicação auxiliar a colocar a produção histórica regional de Mato Grosso no conjunto geral da produção histórica nacional. Nome: Romilda Alves da Silva Araújo E-mail: romildaaraujo@brturbo.com.br Instituição: UCG/UEG Título: A congregação de São Pedro Ad’vincula em Mara Rosa GO: uma investigação histórica a partir das práticas, estratégias e táticas de Pe. Lorenzo Martinez Arias e dos fiéis Esta comunicação visa compartilhar resultados parciais de uma pesquisa em andamento sobre a trajetória da congregação religiosa São Pedro Ad’Vincula em Mara Rosa GO (1961-1997), cujas fontes são: os arquivos da congregação em Barcelona Espanha, e em Goiânia, e o arquivo paroquial de Mara Rosa onde constam além dos documentos oficiais, atas de associações leigas, cartas pessoais, diário pessoal, entre outros; as fontes orais que também nos levarão à arquivos pessoais dos moradores de Mara Rosa. O objetivo é a investigação histórica a partir das práticas, estratégias e táticas igreja/fiéis ,discutidas sob o modelo teórico de Michel de Certeau, por acreditarmos serem categorias de análise relevantes para se refigurar um passado, onde representações sociais e conceituais próprias de um tempo e de um espaço, deram significação à existência de uma instituição e visibilidade a seu sacerdote pe. Lorenzo Martinez Arias, missionário da Congregação estudada. Nome: Sandra Batista de Araújo Silva E-mail: sbasilva@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: Religiosidade pentecostal e letramento: alguns pressupostos teóricos para o estudo da “ação educativa” de impressos da assembléia de deus para adultos e crianças nos anos de 1935 a 1945 no Brasil O estudo, em andamento, busca analisar as especificidades da ação educativa de impressos da Assembléia de Deus, como a revista “Lições Bíblicas” da Escola Dominical e o jornal “Mensageiro da Paz”, para o sujeitoadulto e para o sujeito-criança entre os anos de 1935 a 1945 no Brasil. Fundamentamo-nos teórica e metodologicamente na História Cultural, na História da leitura e da cultura escrita, na História política, em estudos sobre oralidade e letramento e sobre religiosidade pentecostal. Utilizaremos como principais fontes a revista “Lições Bíblicas” e o jornal “Mensageiro da Paz”, bem como biografias, histórias “oficiais” da igreja, entre outros documentos. Interessa-nos, neste resumo, apresentar alguns pressupostos teóricos que norteiam o nosso estudo sobre um tipo de “ação educativa”

que parece ser efetivada por meio de certas práticas religiosas e materiais impressos que surgem e se consolidam no período de implantação da igreja no Brasil, em meio a um contexto de grandes índices de analfabetismo, poucas escolas e de grande perseguição a movimentos sociais - inclusive religiosos - e de censura a alguns materiais escritos pelo governo autoritário de Getúlio Vargas. Nome: Sérgio Willian de Castro Oliveira Filho E-mail: sergiowfilho@ig.com.br Instituição: UFC Título:Visões da morte: ritos fúnebres sob o olhar de uma missionária protestante no Ceará do século XIX Ao findar do século XIX o Protestantismo de Missão espalhou-se por vários pontos do Brasil. Um dos locais atingidos por esse movimento foi a cidade de Fortaleza que recebeu na década de 1880 o casal de missionários norte-americanos presbiterianos De Lacey Wardlaw e Mary Hoge Wardlaw. Este artigo trata da relação de alteridade entre estes estrangeiros e os habitantes da cidade ante as percepções e espantos sobre os ritos fúnebres observados por Mary Hoge Wardlaw e descritos no periódico protestante ‘The Missionary’ de Nashville. Nome: Solange Ramos de Andrade E-mail: sramosdeandrade@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: As marcas no corpo da santidade Dentre os modelos de santidade predominantes na história do catolicismo, o destaque é dado à primeira modalidade de santo, a do mártir, aquele que morreu defendendo a fé cristã, em meio às perseguições realizadas contra um cristianismo que se fortalecia e, acordo com Edgar Morin (1997), a morte sacrificial é um dos elementos-chave do cristianismo. Na religiosidade católica, a concepção de martírio é ampliada a ponto de caracterizar, uma morte violenta resultante tanto de uma doença grave ou um crime atroz, mesmo que não exista o critério adotado de que a morte seria em função da adesão à fé cristã. A proposta desta comunicação é apresentar a maneira pela qual o martírio é inscrito no corpo das santidades infantis no Brasil a partir da segunda metade do século XX. Nome: Tânia Rute Ossuna de Souza E-mail: taniarute@yahoo.com.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Co-autoria: Maria Augusta de Castilho E-mail: m.a.castilho@terra.com.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Título: A musicalidade e os projetos sociais da paróquia São João Calábria no contexto da missa afro O estudo foi pautado na pesquisa qualitativa e quantitativa, a partir da abordagem sócio-histórica, da comunidade católica estudada, bem como observações por meio de questionários e entrevistas com os agentes internos e externos, além de consulta bibliográfica e documental que embasaram o percurso do trabalho. Identificou-se a localização dessa comunidade, que apresenta uma igreja, com o desenvolvimento de atividades voltadas para a musicalidade (religiosa), projetos sociais e a missa afro-brasileira, com manifestações de cunho sincrético, isto é, possuindo uma liturgia formal católica e ao mesmo tempo promovendo rezas e cantos característicos das religiões afro-brasileiras, demonstrando uma capacidade de sobrevivência e amplitude por seus encontros realizados dentro da própria comunidade. Destaca-se, também, a criação do coral e os valores cristãos desenvolvidos pela comunidade como ponto de partida, bem como, a posição e o ponto de vista da contextualização da alteridade. A coleta de dados baseou-se também em observações in loco, registros fotográficos, análise documental (arquivo da Paróquia São João Calábria) e bibliográfica. Nome: Tatiane Oliveira da Cunha E-mail: tatianehistoria@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título:“Porta-vozes da Romanização”: capuchinhos em missões populares em Sergipe (1901-1923) O presente trabalho estuda as missões populares ocorridas em Sergipe, no período de 1901 a 1923, realizadas pelo missionário Frei Caetano de San Leo e seus companheiros Capuchinhos. Nas santas missões eles instruíam o povo nas verdades da fé através da penitência e dos sacramentos. Interferia, de igual modo, na maneira de ser dos fiéis, propondo novas forças de sociabilidades, de convívio na família e na comunidade. Essas missões estão inseridas em um contexto mais geral das transformações ocorridas no

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Catolicismo, a partir do processo de romanização, que visava transplantar as práticas européias para Igreja no Brasil. Nome: Valmor da Silva E-mail: lesil@terra.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Modelos de santidade, de Jesus Cristo ao apóstolo de Goiás, Padre Pelágio Sauter Analisa diversos modelos de santidade de acordo com as vertentes do Cristianismo, seja oficial ou popular, sagrado ou profano, público ou privado, imagético ou iconoclasta, monoteísta ou politeísta, com culto aos mortos ou só aos vivos, de tendência política ou mística, tradicional ou de libertação. Concentra-se mais sobre o conceito de santidade no Brasil, onde a referência original é a religião católica, trazida pelos colonizadores e implantada como hegemônica. Esse catolicismo luso traz práticas populares como os santos padroeiros, as festas e o culto às almas. Segue-se a influência judaica, através dos cristãos novos, os cultos indígenas cheios de magia, os africanos com seus orixás e o protestantismo centrado na Palavra de Deus. Em seguida vem a influência de missionários europeus, principalmente alemães. Nesse contexto, se inclui o apóstolo de Goiás, servo de Deus Padre Pelágio Sauter, santificado pelo povo, graças à sua dedicação às pessoas enfermas e ao seu poder taumatúrgico.

Instituição: UFMA Título: As bases sociais da vocação: seleção e recrutamento de elites eclesiásticas no Maranhão da segunda metade do século XIX O objetivo deste trabalho é discutir as perspectivas metodológicas e problematizar os resultados parciais da pesquisa em andamento sobre os mecanismos de seleção e recrutamento de elites eclesiásticas no Maranhão na segunda metade do século XIX. Através dela, busca-se apreender os processos de estruturação, funcionamento e transformações na hierarquia eclesiástica, os quais correspondem às próprias transformações do espaço católico dentro do campo do poder. Nesse sentido, o trabalho visa investigar três dimensões associadas: 1) as origens sociais do corpo de padres, através de uma pesquisa sistemática no acervo eclesiástico local (especialmente nos autos de patrimônio, gênere, vita e moribus, - resultantes do processo de ordenação sacerdotal - e de oposição, i.e, de propositura a cargos vacantes); 2) as instituições de iniciação e formação na vida eclesiástica, em especial os seminários episcopais, responsáveis pela inculcação do habitus sacerdotal (regulamentos, cadeiras, disciplina) e 3) as estratégias de elaboração e apresentação de discursos institucionais que se pretendiam adequados à realidade do Maranhão, visando legitimar a posição da Igreja como instituição capaz de falar com autoridade sobre uma gama variada de temas (especialmente através dos periódicos católicos).

Nome: Wheriston Silva Neris E-mail: wheristoneris@yahoo.com.br

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21 21. Imagens de arte e a ĂŠtica do olhar Luciene Lehmkuh – Universidade Federal de Uberlândia (lucilehmkuhl@hotmail.com) Paulo Knauss – Universidade Federal Fluminense (pknauss@uol.com.br) O SimpĂłsio pretende colocar em discussĂŁo questĂľes relativas Ă s imagens de arte e as diferentes DERUGDJHQV H SUiWLFDV GR ROKDU QR kPELWR GH XPD pWLFD GD DUWH HP SHUVSHFWLYD KLVWyULFD 7UDWD VH GH pensar a arte na sua produção, na sua circulação e no seu arquivamento a partir das questĂľes relativas j YLVXDOLGDGH SULYLOHJLDQGR VH TXHVW}HV UHIHUHQWHV DRV VHJXLQWHV WySLFRV WUDGLomR H UXSWXUD GLIHUHQWHV moralidades em torno da arte; o coloquial e o monumental; o arquivo, a memĂłria e o esquecimento; PRVWUDU H QmR PRVWUDU R HVTXHFHU QR FRQWH[WR GH VXSHU H[SRVLomR FXOWXUD YLVXDO R ROKDU FRPR IDWR moral; arte, memĂłria e polĂ­tica.

Resumos das comunicaçþes Nome: Agenor Soares e Silva JĂşnior E-mail: historiagenor@bol.com.br Instituição: UVA TĂ­tulo: CearĂĄ: a terra dos santos gigantes Analisamos as imagens religiosas produzidas em algumas cidades cearenses materializadas em uma prĂĄtica social que culmina na construção de imagens de grande, mĂŠdio e pequeno porte, com interferĂŞncias que exercem tanto no universo religioso quanto no urbano causando impacto na paisagem e no cotidiano das comunidades que Ă s abrigam. Os santos gigantes nĂŁo sĂŁo importantes apenas na esfera religiosa dos que por ali passam, mas economicamente, jĂĄ que atraem para as cidades-sede consumidores que tanto podem ser romeiros, como praticantes do chamado turismo religioso. Nome: Aldrin Moura de Figueiredo E-mail: aldrinfigueiredo@uol.com.br Instituição: UFPA TĂ­tulo: Vert-galant, capitĂŁo Francisco: moda, imaginação e narrativa visual do nascimento da AmazĂ´nia, c. 1616-1916 Em 1917, BelĂŠm do ParĂĄ assistiu a uma exposição sobre os trĂŞs sĂŠculos dos trajes e da moda paraense. O evento revisitou alguns dos temas clĂĄssicos da histĂłria nacional como a abolição da escravatura e o prĂłprio tricentenĂĄrio da cidade, por meio de uma mostra organizada pelo maranhense JoĂŁo Affonso do Nascimento (1855-1924). Foram 56 aquarelas, sĂŠpias e nanquins reproduzindo a evolução do vestuĂĄrio masculino e feminino no ParĂĄ, desde 1616 atĂŠ 1916. Nesta comunicação, analiso o processo de construção dessa histĂłria da moda como parte de um projeto mais amplo dos intelectuais da AmazĂ´nia. Tomando a figura da representação e da narrativa visual do herĂłi fundador da cidade de BelĂŠm do ParĂĄ – Francisco Caldeira Castelo Branco (1566-1619) – busco analisar os cânones da escrita da histĂłria e da prĂłpria narrativa visual do passado e suas relaçþes com as matrizes fundadoras da nacionalidade brasileira. Nome: Amanda Saba Ruggiero E-mail: amandaruggiero@hotmail.com Instituição: Asser Rio Claro TĂ­tulo: De Brazil Projects Ă Body and Soul: a arte contemporânea brasileira em Nova York, 1988-2001 A passagem para os anos 90 foi um perĂ­odo de intensas mudanças. No campo da produção cultural, o embate entre as culturas locais e a hegemonia eurocĂŞntrica foi intensificado pela disseminação do multiculturalismo, que passou a ser estratĂŠgico e freqĂźente no discurso das grandes instituiçþes, museus, exposiçþes e eventos ligados Ă s artes visuais. Neste cenĂĄrio de valorização das culturas perifĂŠricas, a exposição “Brazil Projectsâ€?, realizada no “P.S.1â€? de Nova York, em 1988, ĂŠ um marco inicial de extrema importância para a projeção da arte contemporânea brasileira em territĂłrio americano. Das mostras “Brazil Projectsâ€?atĂŠ “Brazil: Body and Soulâ€?, realizadas no museu Guggenheim de Nova York em 2001, houve um debate significativo sobre artistas brasileiros que se destacaram tanto em mostras coletivas e individuais, como de galerias a grandes museus. Este trabalho, portanto, investiga a recepção da arte brasileira em Nova York, de 1988 a 2001, identificando os atores que compĂľem este cenĂĄrio e contrapondo os principais pontos convergentes e divergentes da crĂ­tica nacional e internacional. A anĂĄlise de como se consolidou este circuito de idĂŠias e crĂ­ticas, permite delinear uma complexa trama de relaçþes, revelando os fatores que traduzem distintas visĂľes da cultura brasileira. Nome: Ana Lucia Moraes de Oliveira E-mail: ana_luciamo@yahoo.com.br

Instituição: Universidade Estadual de Londrina TĂ­tulo: Ética do olhar: a arte de expor e a arte exposta ApĂłs a Semana de Arte Moderna, a presença das exposiçþes de arte plĂĄsticas tornou-se cada vez mais freqĂźente na cena cultural paulistana. SalĂľes, clubes, galerias e museus, entre espaços pĂşblicos e privados, adotaram sistemas de seleção e exibição, segundo os quais as obras de arte foram apresentadas e expostas. Por esta razĂŁo se tornaram campos de manifestação e elaboração de representação da sociedade. Contudo, a maior parte dos diferentes eventos em torno da arte, no final dos anos 1940 e inĂ­cio da dĂŠcada de 1950, ajustou-se Ă reprodução de um modelo perspectivado de instituição da arte e de seus espaços expositivos. Neste texto, para demonstrar essa idĂŠia, apresenta-se uma reflexĂŁo das relaçþes entre a obra de arte e o museu, revelando um original programa museogrĂĄfico, que proporcionam o entendimento de um museu que buscou colocar a arte, e seus fundamentos, num permanente processo de diĂĄlogo com outras representaçþes culturais e uma ampliação da concepção de museu existente. Analisa-se em particular o projeto expositivo organizado no Masp 7 de Abril em dois momentos: 1947 e 1950. Nome: Arthur Gomes Valle E-mail: artus_agv@yahoo.com.br Instituição: Fundação de Apoio Ă Escola TĂŠcnica TĂ­tulo: Exposiçþes gerais de belas artes - 1894-1916: aspectos principais e recepção crĂ­tica Criadas em 1840, quando F.-E. Taunay era diretor da Academia das Belas Artes do Rio de Janeiro, as Exposiçþes Gerais de Belas Artes foram a principal instância de consagração artĂ­stica no Brasil do II ImpĂŠrio. Todavia, a crescente repercussĂŁo dessas mostras foi contrariada pela diminuição da sua freqßência, a ponto de apenas uma exposição ter sido realizada na dĂŠcada final do ImpĂŠrio. A insatisfação dos artistas relativa a esse estreitamento do principal espaço de divulgação de suas obras nĂŁo deixou de pesar na ampla reforma da Academia, decretada em 1890 - o equivalente, nas artes, da proclamação da RepĂşblica ocorrida exato um ano antes. Devido Ă importância crucial das Exposiçþes Gerais, nĂŁo ĂŠ de se espantar que a sua restauração tenha sido uma das açþes primordiais da primeira administração da Academia reformada. Essa ação foi tambĂŠm uma das mais bem sucedidas: a nova sĂŠrie de mostras iniciada em 1894 logo igualou a importância de sua predecessora e suas novidades contribuĂ­ram para dinamizar o meio artĂ­stico brasileiro de entĂŁo. A presente comunicação pretende apresentar um panorama das primeiras Exposiçþes Gerais republicanas, bem como do debate crĂ­tico a seu respeito, que muitas vezes punha em questĂŁo os critĂŠrios estĂŠticos da mostra e a atitude ĂŠtica de seus organizadores. Nome: Artur Correia de Freitas E-mail: arturfreitas@bol.com.br Instituição: Faculdade de Artes do ParanĂĄ TĂ­tulo: Moralidades do olhar: o corpo como obra em Antonio Manuel Na noite de 15 de maio de 1970, o MAM do Rio de Janeiro abriu suas portas aos convidados da abertura do XIX SalĂŁo Nacional de Arte Moderna. Em meio ao vernissage, um artista da vanguarda carioca, o jovem Antonio Manuel, arrancou num rompante suas prĂłprias roupas e, diante de cerca de mil atĂ´nitas testemunhas, propĂ´s aos berros seu corpo como obra: “Eu sou a prĂłpria obra de arteâ€? – disse ele – â€œĂ‰ preciso que todos me vejam e me apreciemâ€?. Desfilando nu pelo Museu, Antonio Manuel alcançou uma situação limite, criando assim um marco da histĂłria das vanguardas no Brasil. Nos dias que se seguiram ao evento, a nudez do artista teve ampla repercussĂŁo na imprensa e esteve no centro de um debate pĂşblico sobre a ĂŠtica das imagens. Das condenaçþes morais da igreja catĂłlica Ă s interpretaçþes eruditas da crĂ­tica de arte, passando pelo perfil anedĂłtico das colunas

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sociais e das charges de jornal, a ação de Antonio Manuel acabou pondo em questão os fundamentos morais que regem as formas de apreciação da arte e do corpo. Assim, partindo dos comentários publicados à exaustão pela mídia da época, e tendo em vista o contexto de acirrada censura ideológica e moral dos chamados “anos de chumbo”, esta comunicação pretende explorar alguns dos diferentes modos de existência das moralidades do olhar.

transformando suas pinturas de paisagem em veículo para divulgação de uma crítica ambiental. No entanto, os discursos visuais adotados por cada um dos dois artistas tinham características muito diversas que espelhavam, até certo ponto, suas posições políticas antagônicas junto ao governo. A partir da análise de algumas obras-chave dos dois artistas, o presente artigo pretende apontar para a importância do tema da preservação das florestas brasileiras para a construção da pintura de paisagem no Brasil do século XIX.

Nome: Carla Mary da Silva Oliveira E-mail: cms-oliveira@uol.com.br Instituição: UFPB Título: Passagem entre dois mundos, acesso ao sagrado: sentidos simbólicos da porta barroca no Brasil colonial Este trabalho pretende abordar os sentidos e significados que a porta barroca adquire no Brasil colonial, ao demarcar a passagem entre o mundo profano e o mundo sagrado, delimitando os espaços de existência concernentes às coisas do espírito e às da carne, à civilização e à barbárie. Partindo de uma breve análise da Scala Regia de Giovanni Lorenzo Bernini e de algumas idéias de um ensaio de Roger Bastide, a autora pretende ampliar a discussão teórica e estética sobre o tema, tratando-o a partir de aspectos alegóricos e estilísticos, compreendendo esta passagem entre dois mundos como um elemento primordial do grande teatro do mundo inerente à estética barroca.

Nome: Delano Pessoa Carneiro Barbosa E-mail: delanopcarneiro@hotmail.com Instituição: UFC Título: “De perto e de dentro”: a construção do imaginário litorâneo na pintura de Raimundo Cela (1930-1950) Em geral a referência feita acerca da imagética litorânea brasileira aparece na paleta de artistas europeus quando estiveram no Brasil no período que se estende do século XVII ao XIX. No final da república velha e início da segunda república encontramos na literatura brasileira descrições de tal espaço, geográfico e social, em obras como, por exemplo: a afilhada (1889), Manoel de oliveira Paiva; pescadores da Taíba (1895), Álvaro Martins; terra do sol (1912) e praias e várzeas (1915), Gustavo Barroso; mar morto (1936) e estrada do mar (1938), Jorge Amado. No primeiro caso, trata-se de pinturas produzidas a partir de um olhar de fora e de longe. No segundo, evidencia-se a construção de um tipo de imaginário litorâneo a partir de um olhar de perto e de dentro (Magnani, 2002). Assim, procuramos trazer à tona a produção imagética litorânea elaborada pelo artista plástico cearense Raimundo Brandão cela (1890-1954). Tal abordagem nos permite relativizar a idéia de região e regionalismo corrente na primeira metade do século XX, quando o nordeste do Brasil torna-se uma produção imagético-discursiva (Durval Muniz, 2006). Dito isso, buscamos, sobretudo, explicitar os expedientes de produção e circulação da imagética Celiana cotejando com questões referentes à arte e política da época.

Nome: Caroline Fernandes E-mail: soscaroline@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Um olhar sobre a cidade: a construção da pinacoteca municipal de Belém No final do século XIX foi gestado um projeto para construção da Pinacoteca Municipal de Belém, capital do estado do Pará. Com o passar dos anos a coleção ganhou forma ao incorporar diversas obras tanto de artistas locais como de estrangeiros que estavam de passagem pela cidade, reuniu um conjunto bastante representativo de imagens que circulavam pela capital paraense na primeira metade do século XX. Naquela ocasião, a pintura foi elevada ao mais alto valor artístico, merecendo destaque e investimentos inclusive do poder público local. Nesse sentido, a coleção é capaz de fornecer referenciais para se pensar os modelos pictóricos freqüentemente recorridos, identificando, assim, as tendências da arte e do gosto do público da época. Nome: Claudia Eliane Parreiras Marques Martinez E-mail: cepmarques@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: Barroco no Sul do Brasil: arte, política, imagens e representações As manifestações e as expressões barrocas agregam elementos fundamentais para se pensar não só questões relacionadas ao universo da arte e da religião, mas também aquelas referentes ao patrimônio material e imaterial, a música, a linguagem e as formas de viver e pensar de uma época marcada pela contra-reforma. Ademais, as manifestações barrocas evidenciam aspectos da política metropolitana (Absolutismo), do iluminismo reformista de Portugal (na figura do ministro Marquês de Pombal), da relação entre vassalos, monarcas e governo, entre senhores, escravos, homens livres e pobres da sociedade colonial. Nesses casos, a arquitetura, as imagens sacras e demais produções artísticas constituem indicadores desse pensamento político e sociocultural. Esta comunicação propõe investigar se existe um paralelo cultural e político de produção artística – materiais utilizados, formas arquitetônicas e plásticas, perfil socioeconômico dos pintores e dos escultores envolvidos nos processos de criação - entre os remanescentes barrocos encontrados no Sul do Brasil (com destaque para o Estado do Paraná) e aqueles localizados no Centro-Sul (especialmente a arquitetura e a imaginaria produzidas na capitania de Minas Gerais). Nome: Claudia Valladão de Mattos E-mail: cvmattos@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Os discursos sobre a preservação da natureza na pintura de paisagem de Felix Émile Taunay e Manuel Araújo Porto-Alegre Ao longo do século XIX, uma série de intelectuais vinculados ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro participou de importantes debates sobre as formas de preservação dos recursos naturais no Brasil. Dentre esses intelectuais encontravam-se os artistas Félix Émile Taunay e Manuel Araújo Porto Alegre. Considerando o tema de grande urgência para o desenvolvimento futuro da nação, ambos os artistas passaram da teoria à prática

Nome: Elisabete da Costa Leal E-mail: elisabeteleal@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Pelotas Título: Ver e adorar: imagens de arte e consagração cívica republicana no Brasil Com a campanha e instituição da República no Brasil multiplicaram-se os personagens e heróis nacionais, estes objetos de exaltação pública. Em paralelo formou-se uma juventude politizada e militante que representava diferentes setores sociais, como militares, bacharéis, estudantes, acadêmicos, escritores, artistas, etc. O trabalho analisa o incremento das artes visuais para atender as encomendas destes grupos e os diferentes usos políticos de imagens de arte para realizar a consagração cívica destes novos heróis republicanos. Discute-se também a redefinição do suporte artístico. A pesquisa centra-se nos eventos ocorridos em Porto Alegre e Rio de Janeiro em fins do século XIX e duas primeiras décadas do século XX. Nome: Emerson Dionísio Gomes de Oliveira E-mail: dionisio@unb.br Instituição: UnB Título: Obra, poesia e instituição: o lugar de Ana Maria Pacheco na arte goiana O presente estudo procurou compreender o papel da obra da artista Ana Maria Pacheco no cenário cultural e artístico goiano, em especial, a importância da coleção de obras da artista para o acervo do Museu de Arte Contemporânea de Goiás. Radicada na Inglaterra desde 1973 e louvada pelas instituições oficiais do estado como uma das pioneiras da arte contemporânea na região, Pacheco transformou-se num símbolo da arte local graças a sua bem sucedida inserção na rede internacional da arte. Seu vocabulário estilístico está voltado para a criação de personagens que navegam entre o estatuto arquetípico e os clichês mais conhecidos da estética que corteja a mística surrealista, de forte inspiração renascentista. Entender o lugar que sua coleção, eminentemente gráfica, ocupou dentro de um acervo que, desde os anos 90, procura narrar-se como contemporâneo e o lugar dessa coleção na memória “oficializada” das artes visuais do estado está entre as propostas deste trabalho. Nome: Fabiana de Fátima Bruce da Silva E-mail: fabibruce@uol.com.br Instituição: UFRPE Título: Uma outra ética do olhar: o Recife nas “sombras do frevo” Este trabalho, cuja documentação elementar são fotografias da Coleção Alexandre Berzin/Foto Cine Clube do Recife - da Fundação Joaquim

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21 Nabuco -, tem por objetivo compreender as especificidades da fotografia praticada nesta cidade, na década de 1950. São fotografias que, mesmo considerando-se seu vínculo indiciário com o real concreto, não pretendem apenas registrar e reproduzir cenas ao largo, mas se propõem a encantar e fazer imaginar cenas outras do mundo. Bem mais próximo do passante, da experiência das ruas, o fotógrafo encontra imagens que não são somente pernambucanas – não era imperativo estar atrelado à proposta regionalista, tão marcante na história de Pernambuco desde, pelo menos, Gilberto Freyre. Acompanhamos, com esse olhar, uma determinada produção de imagens do Recife, visualizando também um circuito social onde esta prática fotográfica. Esta ética do olhar possibilita ainda uma outra reflexão sobre a fabricação de novos monumentos de história: outros arquivos, outros Recifes. Nome: Glauco Constantino Perez E-mail: glauco1113@hotmail.com Instituição: UEM Título: A arte do grafismo Guarani e suas diferentes articulações Pretendemos neste trabalho apresentar os grafismos impressos em cerâmica guarani como uma forma de arte pré-histórica, e a partir destes, entender as variadas formas que a arte indígena, especificamente a arte indígena Guarani é apresentada pelos estudiosos da área. Os conceitos da antropologia estética serão apresentados, com o intuito de entender o significado da arte dentro das comunidades indígenas Guaranis e a etnoarte, como um conceito que foi elaborado para classificar tudo o que é considerado arte para os grupos indígenas, indo além das perspectivas da arte ocidental, que não envolveriam estudos de arte das comunidades da América précolombiana. A idéia é apresentar os vários conceitos de arte indígena que estão em vigência nas discussões atuais e junto ao conceito de etnoarte entender as motivações e propósitos que impulsionaram o desenvolvimento da arte dentro desse grupo social. Além disso, buscamos formas para a construção de uma metodologia apropriada para o estudo das estampas do grupo Guarani. Os grafismos Guarani analisados nesse trabalho são parte de uma coleção cerâmica do Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história da Universidade Estadual de Maringá - PR e seu estudo faz parte de uma dissertação de mestrado deste autor. Nome: Gustavo Reinaldo Alves do Carmo E-mail: gutoracarmo@ig.com.br Instituição: UFRJ Título: O Palácio Monroe e a memória urbana carioca A presente comunicação tem por objetivo analisar o processo de requalificação da arquitetura eclética/historicista, alçada à condição de patrimônio cultural, no âmbito da cidade do Rio de Janeiro. Parto do pressuposto de que a atual cultura memorialística na cidade, que elegeu o período conhecido por “Belle Époque carioca” como um lugar privilegiado na memória urbana, é um dos principais estímulos a esse processo. Utilizarei como ponto de partida a recente polêmica entorno da proposta de reconstrução do Palácio Monroe, antigo Senado Federal demolido em 1976, fato que pode ser compreendido como um exemplo local dessa “febre memorialística”. Será ainda analisado o discurso modernista que fundamentou constituição de uma memória-patrimônio nacional em nosso país, a partir da década de 1930, com a atuação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que privilegiou um tipo de arquitetura e uma época histórica específicas em detrimento de outras. Nome: Henrique Sérgio de Araújo Batista E-mail: henrique.sab@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: ... e as pedras se movem - de Lisboa a Recife: arte tumular e o olhar Em Lisboa, no ano de 1856, foi construído no cemitério do Alto de São João um jazigo singular, de grandes proporções, seguindo os padrões neoclássicos em voga. Tratava-se do túmulo do marido de Teresa de Jesus Moreira, o finado Afonso, pertencente à família abastada. Anos mais tarde, o artefato tumular foi trasladado para Recife, no Brasil, assentando-se no cemitério de Santo Amaro, projeto de Vauthier. A família, assim, assegurava a continuidade dos ritos, em torno da memória familiar e cemitério recebia um objeto de alémmar. Partindo do pressuposto que os sentidos das imagens são indissociáveis dos sujeitos sociais que as olham e que se apresentam diferentes para cada observador, como lidar com a construção de sentidos compartilhados de um mausoléu português posto em terras brasileiras? Que outros significados lhe foram agregados a partir da capacidade cognitiva dos visitantes da referida necrópole em Recife? É o que pretendemos debater.

Nome: Igor de Lima e Silva E-mail: rogilima@hotmail.com Instituição: UFMT Título: As representações de povos indígenas nas narrativas textuais e visuais do príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied Nesta comunicação analisa-se a relação entre as narrativas escrita e textual sobre os indígenas, legadas pelo naturalista alemão Maximiliano de WiedNeuwied. Entre os anos de 1815 e 1817, este viajante explorou regiões do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Enquanto fazia este percurso, representou a lápis, nanquim e aquarela diferentes aspectos culturais das populações indígenas que ali habitavam, notadamente Pataxó, Botocudo e Machacali. Após retornar à Europa, dedicou-se à re-elaboração das informações obtidas em viagem e, em 1820, publicou a obra “Reise nach brasilien in den jahren 1815 bis 1817”, cuja tradução ao português, lançada em 1940, teve como título “Viagem ao Brasil”, com vasta documentação textual e imagética sobre o Brasil oitocentista. Ao analisarmos de forma conjunta e comparativa as narrativas textuais e iconográficas (desenhos originais e gravuras publicadas) deixadas por nosso personagem, observamos a existência de incongruências em vários pontos. Estas vão desde mudanças gestuais dos corpos até alterações nas características físicas dos representados. Propõem-se aqui – tendo como base o método iconográfico desenvolvido pela escola de Warburg -, analisar as diferenças existentes no interior da obra de Wied-Neuwied. Nome: Isis Pimentel de Castro E-mail: isispimentel@yahoo.com.br Instituição: USP Título: A construção da autoridade sobre a representação do passado nas pinturas de história de Pedro Américo e Cândido Portinari A pintura de História era considerada a categoria artística mais importante por sua função didática e por incluir em sua constituição todos os demais gêneros da pintura desde o Renascimento. O questionamento da função didática da arte e a valorização do realismo deram posição de destaque aos temas do cotidiano. A pintura de História perdeu seu prestígio e autoridade. Entretanto, o gênero pintura histórica não se extinguiu com o fim das academias de arte do oitocentos, mas durante todo o século XX sofreu deslocamentos em relação a sua função. De Pedro Américo a Cândido Portinari, a pintura de História se modificou de diversas formas, entretanto a sua estreita ligação com a verdade permaneceu. Nome: Jardel Sander da Silva E-mail: jardelss@gmail.com Instituição: PUC/MG Título: Corpo e contemporaneidade: um olhar através das artes Este trabalho procura fornecer uma perspectiva sobre o corpo em suas relações com os processos de subjetivação e a cultura. Partindo da definição de corpo como dispositivo, torna-se possível visualizar tanto suas inscrições históricas, quanto suas possibilidades de resistência. Para além da evidência que o corpo assumiu em nossa contemporaneidade, buscam-se suas condições de possibilidade e seus desdobramentos. O foco recai sobre as experimentações do corpo, na sua força de criação, traçando um percurso que nos mostra potências e despotencializações, capturas e linhas de fuga. De um modo geral, procura-se oferecer uma perspectiva da contemporaneidade que não nega a percepção de um certo vazio que tomou conta da vida pública, mas que aponta para possibilidades de afirmação do presente (e de uma dimensão política deste), através das experimentações corporais. E mesmo que se parta do corpo-imagem, reconhecendo toda a espetacularização que dele é feita, procura-se ressaltar a multiplicidade para a qual os corpos se abrem, através de determinadas qualidades de expressão, principalmente no movimento corporal (em especial a dança contemporânea). A dança aparece, pois, como campo de possibilidades a um corpo que, para além da sua evidência, encontra um devir-corpo, um corporar. Nome: Joana D’ Arc de Sousa Lima E-mail: joanasoleil@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Brigada Portinari: uma experiência entre a arte, a política e a amizade de artistas plásticos na cidade do Recife nos anos 80 Era 1982, às vésperas das eleições governamentais, um grupo de artistas plásticos estava pronto de pincéis e baldes de tinta nas mãos para invadir as ruas de parte da cidade do Recife e ocupar livremente os muros cedidos por moradores com pinturas em grandes dimensões. As narrativas visuais contavam da vida dos trabalhadores, de moradores da cidade e diziam também dos candidatos ao pleito eleitoral. Estavam reunidos por muitos motivos:

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segundo os participantes havia tinta sem “pirangagem”, cerveja à vontade, desejo de mudança política e amizade. Dos estilos artísticos eram pintores, a maioria, gravuristas e exímios desenhistas. Uns já bem legitimados, outros buscando legitimação e recém chegados e, ainda, os mais jovens. Esta narrativa fala de uma época, de um lugar e de artistas que organizaram uma brigada, intitulada Portinari. Os documentos escritos a inscrevem como uma org. que fazia propaganda política, as narrativas orais de memória e as imagens dos muros contam mais que isso, contam de trajetórias artísticas, de singularidades de uma época e de histórias de vida compartilhadas, de amizades e de utopias. É destas biografias entrecruzadas com a política, a arte e os desejos que quero falar nesta comunicação que narrará parte de uma pesquisa que desenvolvo no doutorado na UFPE Nome: José Augusto Alves Netto E-mail: augustoanetto@hotmail.com Instituição: Faculdade Estadual de Educ., Ciências e Letras de Paranavaí Título: Poty Lazzarotto: os signos e os traços. O olhar do artista na formação histórico-cultural paranaense (1940 – 1960) O objeto de estudo deste trabalho reside na análise histórico-artística da produção de Poty Lazzarotto (1924-1998). Na sua trajetória de vida, o artista passou por diferentes expressões e fases: gravador, desenhista, ilustrador e muralista, firmando-se posteriormente como um mestre da xilogravura. Em 1946 conseguiu uma bolsa de estudos para o Curso de Litografia na École de Beaux Arts, em Paris, França. No ano seguinte, 1947, também por meio de bolsa de estudos, freqüentou a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Através destas oportunidades obteve uma educação artística formal e valiosa, tendo acesso ao trabalho de grandes mestres europeus, e pode conviver e estudar com os nomes mais expressivos da arte brasileira do período. Além disso, viajou e desenhou o Brasil, sua gente e seus costumes, sem perder de foco o olhar regionalista. A experiência da viagem ao exterior serviu para reforçar seu olhar memorialista. Sua obra guarda em si uma qualidade artística e cultural regional significativa, servindo em diferentes momentos de modelo para a elite política local, curitibana, divulgar o Paraná dentro e fora do Estado. Nome: Luciene Lehmkuh E-mail: lucilehmkuhl@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Distintas dimensões: dois artistas em uma coleção Esta comunicação propõe refletir acerca da visibilidade de dois artistas e suas obras no âmbito do acervo e da coleção de obras do Museu Universitário de Arte – MUnA, de Uberlândia. Maciej Babinsky e José Moraes ocupam dimensões distintas no seio da referida coleção (posicionamento na reserva técnica, quantidade de obras, acondicionamento, conservação, informação) e, da mesma maneira são distintas as ações institucionais que dão a ver suas obras (pesquisa, divulgação, exposição, publicação, referência). Serão, portanto, apresentadas as inquietações que movem a pesquisa para se pensar as razões das diferenças, por vezes díspares, certamente encetadas para além dos méritos e reconhecimentos que um e outro receberam ou continuam recebendo no meio artístico. Nome: Marco Antonio Pasqualini de Andrade E-mail: marcodeandrade@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: A produção de imagens nas artes plásticas fora dos grandes centros: o caso de Uberlândia – considerações iniciais A proposta da comunicação visa realizar uma primeira reflexão sobre a produção de artes plásticas na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, a partir das pesquisas iniciadas em 2007 (incluindo orientação de monografias, iniciação científica e mestrado) que visam criar subsídios para a construção de uma história da arte na região do Triângulo Mineiro e entorno. No caso específico da cidade de Uberlândia, de pouco mais de 100 anos e porte médio, a produção artística desenvolveu-se principalmente a partir das décadas de 1930 e 1940, de modo ainda bastante incipiente, estruturando um circuito de formação e exibição de obras apenas na década de 1970, com importante participação do curso superior de educação artística – habilitação em artes plásticas. A consolidação local da área de conhecimento, nos últimos vinte anos, trouxe a necessidade de reflexões mais profundas sobre os aspectos históricos e significativos de tal produção. Afinal, como medir o valor de uma arte regional? Seriam os parâmetros os mesmos dos grandes centros? A mudança de paradigmas da arte, em termos recentes, fornece novos referenciais e pontos de discussão. A contribuição de autores como Jean Hubert-Martin, Nikos Papastergiadis, Hans Belting e Moacir dos Anjos será abordada, junto a documentos e artistas.

Nome: Maria Bernardete Ramos Flores E-mail: bernaramos@yahoo.com Instituição: UFSC Título: Cícero Dias e o surrealismo Numa crítica à Exposição de Cícero Dias, de 1952, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a jornalista Patrícia Galvão (Pagu), num tom de lamento, declara que conheceu o artista pernambucano “no tempo em que éramos antropófagos”, quando “[Cícero] transfigurava surrealisticamente tudo, fazia Chagal com a emoção de Pernambuco”. Hoje, continua a jornalista, a pintura de Cícero Dias é a “pintura do silêncio e principalmente do pudor... Trata-se de uma arte que não se entrega senão que se recusa a participar para que veio. Silenciosa e muda, modesta e destituída de toda a sensualidade, vibra apenas nas cores, nas modulações de seu decorativismo, na graça com que se nega a nós traduzir episódios e anedotas”. O texto a ser apresentado tem a intenção de mostrar como o surrealismo foi experimentado no Brasil, mas antes que se tornasse um movimento configurado, como acontecera em Portugal, esvaiu-se na grelha da estética getulhista. Nome: Maria de Fátima Morethy Couto E-mail: mfmcouto@iar.unicamp.br Instituição: UNICAMP Título: Modos de ver, modos de exibir: a arte brasileira durante a ditadura Nos museus de arte moderna, “algo da santidade da Igreja, da formalidade de um tribunal, da mística de um laboratório experimental se mesclam a um design chique para produzir uma câmara de estética única”, afirma B. O’Doherty. Esse modelo de museu enquanto “cubo branco” serviu de referência para a criação de outros museus em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Todavia, se ele correspondia com perfeição aos ideais formalistas de análise, baseados em noções que exaltavam o visual na experiência estética, ele entra em crise nos anos 1960 /1970, quando ocorre uma forte contestação dos paradigmas modernistas no campo da arte. Mas como reagiu o museu moderno a essa produção preocupada em questionar os mecanismos dominantes de institucionalização, circulação e comercialização da arte? Para D. Crimp, durante os anos 1960/1970, o museu enfrentou uma crise de proporções consideráveis. E sua resposta a esta crise foi, segundo ele, a de “abdicar da responsabilidade com a prática artística contemporânea e se voltar com nostalgia para a arte que havia sido previamente relegada a suas reservas técnicas”. Minha comunicação tem por objetivo discutir como se deu esse processo no Brasil, buscando com isso refletir sobre a dinâmica de nossa vida cultural durante a ditadura militar. Nome: Maria Elizabeth Ribeiro Carneiro E-mail: mariaercarneiro@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Imagens de mulheres negras, arte e poderes em circulação no Brasil oitocentista Imagens de mulheres negras multiplicam-se no cotidiano brasileiro oitocentista gravadas na pedra, prata, na tela ou papel, transformando sujeitos em objetos discursivos que circulam na sociedade. Em talhes e feições particulares, elas assumem identidade fixa e manifestam uma produção pródiga, nem inocente, nem aleatória, porquanto denotativa do processo de naturalização de localizações sociais e de composição de um alfabeto iconográfico com valor artístico. Transparecem traços que estão arraigados na sociedade escravocrata entre outros que pretendem expressar a modernidade estética e o progresso civilizador e exibem a nação em seu paradoxo, dando a ler demarcações de raça, de gênero, de idade e de condição e posição social, ou a reiteração de identidades e desigualdades. A comunicação propõe um exercício de leitura de imagens que se oferecem à leitura e ensinam a olhar, a nomear, a representar os outros e as margens em relação ao centro. A recaptura de corpos cativos representados sob técnicas, texturas e luzes - campos cerrados de forças - sugere olhares e temporalidades que se cruzam e propiciam pensar a afirmação de localizações identitárias, ao tempo em que desvelam testemunhos, valores, poderes em movimento. Nome: Maria Helena da Fonseca Hermes E-mail: maryufrj@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Reflexões sobre as origens da tipologia hoteleira balneária carioca na década de 1920 Este artigo tem como objetivo apresentar caminhos da tipologia hoteleira balneária projetada na cidade carioca segundo os moldes europeus, ressaltando sua importância na construção de outro cenário urbano do início do século XX. Ao observar o promissor viés litorâneo nas vésperas do Cen-

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21 tenário da Independência em 1922, confirmado na construção de hotéis balneários como um diferencial do planejamento urbano e da valorização político-administrativa, dando início à composição de novo imaginário e na identificação da cidade desde então até a atualidade. Nome: Marize Malta Teixeira E-mail: marizemalta@uol.com.br Instituição: UFF Título: A incrível história da jarra Beethoven: percursos e sentidos de uma imagem-problema Em 1895, o artista português Rafael Bordalo Pinheiro criou uma das suas obras mais destacadas em cerâmica: a jarra Beethoven. De Caldas da Rainha, onde foi fabricada, passeou por Alpiarça e Lisboa. A ‘criatura’, para usar instigante expressão de W. J. T. Mitchell, de mais de 2,30m de altura, não conseguiu quem a adquirisse, apesar dos elogios da imprensa portuguesa. Em 1899, tomou o navio e aportou em terras cariocas, mas não houve comprador, mesmo cercada por enaltecimentos locais. Foi rifada, mas não houve sorteado. O artista, pensando na recorrência da dificuldade no transporte da jarra, preferiu não retornar com ela e a doou para o Estado brasileiro, sendo localizada no salão Pompeano do Palácio do Catete, o edifício sede da nação. Anos depois, a ‘criatura’ foi transferida para o Museu de Belas Artes e lá se encontra até hoje, esquecida em um canto apagado, sem o destaque que se pensava ser digna de merecimento. Por meio da análise crítica desses percursos e percalços, pretendemos discutir a relação entre imagem e objeto no que tange às questões de idolatria e iconoclastia referentes a um único objeto, mostrando a transitoriedade dos sentidos e o papel das instituições e dos discursos de competência no balizamento do juízo sobre um objeto de arte. Nome: Nataraj Trinta E-mail: ntrinta2@yahoo.com.br Instituição: PUC/RJ Título: Arte e linguagem na megacidade: uma releitura do campo ampliado estabelecido por Rosalind Krauss a partir da obra de Cildo Meireles O trabalho tratará de experiências artísticas contemporâneas, consideradas em seu vínculo com a paisagem urbana. Os termos em conjunção - arte e paisagem urbana- serão retomados criticamente através da obra de Cildo Meireles na década de 70. A premissa de Inserções em circuitos ideológicos é a existência de determinados mecanismos de circulação na sociedade e a veiculação da ideologia do produtor por meio deles. No projeto Coca-Cola , Cildo tirou temporariamente de circulação algumas garrafas do produto, imprimiu nelas a expressão “Yankees, go home” e as repôs no mercado. Deste modo, esses readymades “às avessas” permaneceram em seu circuito físico social em vez de serem levados para o da “arte”. Durante a ditadura o artista em questão também toca no âmago do regime propondo carimbar em cédulas a indagação, “Quem matou Herzog?”. A pergunta tão incômoda circulava livremente, afinal ninguém guardaria ou destruiria aquele dinheiro. Como questões norteadoras, pensarei a reavaliação do paradigma contemporâneo da arte no campo ampliado, estabelecido por Rosalind Krauss. Nome: Paulo Knauss E-mail: pknauss@uol.com.br Instituição: UFF Título: O retrato de Suzanne Bloch de Pablo Picasso e os sentidos da arte estrangeira no Brasil O trabalho pretende tratar uma pintura do acervo do Museu de Arte de São Paulo, que se tornou um dos ícones da instituição. A caracterização da história do quadro, datado de 1904, e adquirido permite uma consideração sobre os sentidos da arte estrangeira no Brasil. Em 1949, a obra integrou a grande exposição de arte francesa - De Manet a nossos dias realizada no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A obra do conhecido pintor de origem espanhola se afirmou como um dos ícones da chamada Escola de Paris, e compõe a coleção de arte francesa do MASP. Ao lado disso, ela também se tornou uma das obras marcantes que simbolizam a instituição brasileira. Há aí um processo de significação da obra que se oferece à análise da história da arte, demarcando como os sentidos da arte estrangeira são operados contextualmente. Nome: Roberto Luís Torres Conduru E-mail: rconduru@uol.com.br Instituição: UERJ Título: Macumba de turista? Religiões afrodescendentes e olhar es-

trangeiro no Brasil Articulando obras referentes às religiões afrodescendentes no Brasil produzidas por artistas estrangeiros atuantes no Brasil, em diferentes momentos do século XIX ao XXI - o espanhol Modesto Brocos, o argentino Hector Julio Páride Bernabó (Carybé), o alemão Karl Heinz Hansen (Hansen Bahia), o francês Pierre Verger (Fatumbi), as portuguesas Maria Helena Vieira da Silva e Cristina Lamas, os norte-americanos Mattew Barney e Arto Lindsay - pretende-se analisar algumas questões artíticas e culturais presentes na longa duração das relações entre arte e afrobrasilidade no país: representação da alteridade, modernidade e exotismo, limites do sagrado, ética e arte. Quais são as implicações da “macumba de turista”? Problemática que também pode ser observada em obras de artistas brasileiros, ontem e hoje: Antonio Gomide, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Regina Vater, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Lygia Clark, José Roberto Aguilar, Nelson Leirner, Leandro Machado, Ayrson Heráclito, Marcos Chaves, Guga Ferraz, entre muitos outros. Ao fazer “macumba” torna-se o nativo um estrangeiro e vice-versa? Nome: Rogéria Moreira de Ipanema E-mail: rogeria.deipanema@uol.com.br Instituição: Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro Título: Impressões de Don Quixote: questões de códigos e ética no Brasil de Prudente de Morais O primeiro governo civil do estado republicano brasileiro foi marcado pelo fim da Revolta da Armada e da Revolução Federalista e da pela Campanha de Canudos, e neste período, Prudente José de Morais Barros é o representante da nação. A imprensa, como constituinte do sistema simbólico das representações sociais, interagia na produção de sentidos da cena política do Brasil e, no gênero que se fazia comunicar também pelos signos estéticos da imagem, caracterizados pelos códigos específicos da caricatura, que intensificam e propõem novas significações, iam dando conta da reprodução cultural de um contexto político-ideológico complexo e divergente. As impressões de Don Quixote - jornal de Ângelo Agostini - formam um conjunto de importância para a abordagem de natureza histórico-sociológico-artística, a partir de imagens que problematizam, através das artes gráficas, os campos da comunicação e da ética, construídas segundo as ações, atitudes e comportamentos do então presidente do país diante da paisagem política brasileira. Nome: Rosana Horio Monteiro E-mail: rhorio@gmail.com Instituição: UFGO Título: A visualização médica entre a arte, a ciência e a tecnologia As novas técnicas de visualização adotadas através dos anos fizeram mais do que mudar a noção de “interior” e “exterior”. O que era oculto e mais privado agora se tornou público. Elementos que eram opacos, como a pele, agora são transparentes. O enorme aumento no uso das imagens em medicina afeta não somente como nós sabemos o que nós sabemos, mas o que nós sabemos. Em outras palavras, o conhecimento sobre o corpo humano muda com essa troca na mediação do conhecimento. Nesse artigo examino as relações entre arte, ciência e tecnologia a partir do estudo de obras de quatro artistas contemporâneas que se apropriam de imagens médicas – a brasileira Mônica Mansur, a italiana Benedetta Bonichi, a norte-americana Laura Ferguson e a inglesa Susan Aldworth. Interessa-me entender de que maneira o saber científico é lido e reconfigurado através da arte, tendo a visualização interna do corpo como foco. Assim, entendendo a imagem médica como uma representação cultural, algumas perguntas orientam esse trabalho: Como as imagens de diagnóstico interagem com uma rede de interpretações culturais e são reutilizadas fora do contexto médico? Como os conceitos de público e privado são (re)significados? Como os corpos cientificamente medicalizados são (re)construídos no contexto artístico? Nome: Sônia Maria Campelo Magalhães E-mail: campelosonia2@hotmail.com Instituição: UFPI Título: Registros rupestres. Uma linguagem do passado Enxergar na pintura rupestre uma fonte histórica em potencial ainda é uma perspectiva nova, mesmo que a incorporação da imagem às discussões teóricas da história tenha se dado já há algumas décadas. A sua entrada neste campo de estudos, como forma de olhar o passado e o homem que o representa, geralmente visto como a-histórico, requer um longo percurso a ser trilhado pela metodologia. Uma primeira proposição seria tomar as imagens produzidas na “arte rupestre pré-histórica” sob a condição de registros históricos, e em decorrência disso enxergá-los como linguagem, o que permitirá trabalhá-los como textos e discursos, na direção apontada por Foucault, em Arqueologia do Saber.

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Nome: Stephanie Dahn Batista E-mail: sdahnbatista@ufpr.br Instituição: UFPR Título: Corpo visível – corpo vidente | corpo falado – corpo falante: as inscrições discursivas no corpo imaginário na pintura acadêmica brasileira do século XIX O presente trabalho procura analisar a inscrição discursiva nas representações de nus em obras da pintura acadêmica brasileira durante o segundo Império, período no qual se percebe uma transição nas produções no Rio de Janeiro: de um corpo, a princípio idealizado e enredado em narrativas mitológicas ou literárias (nude), para um corpo real, chamado nu moderno (naked). As várias representações do corpo imaginário indicam negociações que dizem respeito ao discurso do corpo, das relações sociais, normas e valores de uma sociedade. Os nus de V.Meirelles, R.Amoedo e Almeida Junior representam os heróis ou anti- heróis da literatura romântica indianista e seus mitos, ou figuras características do interior brasileiro, fazendo parte da construção simbólica da cultura brasileira. Paralelamente ao discurso sobre a identidade nacional, outras obras desafiam a representação de um nu moderno desvendando a nudez sem justificativa moral e desafiando o ideal clássico de beleza. Nesse sentido o corpo nu em representação ocupa um lugar crucial no imaginário social e traz a tona áreas de conflito, atrito e ambigüidades, nas quais o corpo complexo é capaz de representar a si próprio e, ao mesmo tempo, oferecer um espaço de hipóteses sobre a cultura brasileira moderna.

Nome: Thiago Rafael da Costa Santos E-mail: aniquilamento@hotmail.com Instituição: UFMT Título: A compreensão do homem em Jean-Baptiste Debret O presente trabalho analisa a obra de um dos mais notáveis artistas europeus que visitaram o Brasil no século XIX: o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). A nossa leitura das imagens tem como foco de atenção as representações de tipos humanos executadas pelo artista e publicadas no seu “Voyage Pittoresque et Historique au Brésil” (Paris, 1834-1839). Através desta análise nos propomos observar sua compreensão dos povos e das sociedades que apreende. A realização deste estudo de imagens desenvolve-se com base numa pesquisa bibliográfica, buscando o necessário instrumental teórico e metodológico na História Cultural e na História da Arte. Identificamos, a Debret como um homem esclarecido, imbuído da missão de propagar as belas artes na América “selvagem” e “inculta”. Na sua obra verificamos a presença permanente do pensamento Ilustrado, e sua fé no progresso e na perfectibilidade do homem, cujo registro é elaborado numa perspectiva romântica, em que a estética do Pitoresco está sempre presente.

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22 22. ImpĂŠrio e colonização: economia, sociedade e polĂ­tica na AmĂŠrica portuguesa Vera Lucia Amaral Ferlini - CĂĄtedra Jaime CortesĂŁo (veferlin@usp.br) O SimpĂłsio procurarĂĄ discutir as noçþes de ImpĂŠrio e de Antigo Sistema Colonial, tomando o vasto HVSDoR GDV FRQTXLVWDV OXVDV GHVWDFDQGR D GLQkPLFD HVSHFtĂ€FD GDV HVWUXWXUDV FRORQLDLV GD $PpULFD Portuguesa.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alberon de Lemos Gomes E-mail: alberonlemos@yahoo.com.br Instituição: UFPE TĂ­tulo: Madeira de lei: O pau-brasil e a economia da capitania de Pernambuco na segunda metade do sĂŠculo XVIII Analisamos o impacto da extração do pau-brasil na economia do Pernambuco colonial na segunda metade do sĂŠculo XVIII, em especial em consonância com a ação da Companhia Geral de ComĂŠrcio de Pernambuco e ParaĂ­ba. Buscamos evidenciar a importância da extração e exportação do pau-brasil para a economia da capitania mesmo na fase final do perĂ­odo colonial, apontado o peso da importação deste produto na pauta geral dos gĂŞneros comercializados pela Companhia. Autor: Ă lvaro de Araujo Antunes E-mail: alvaro.antunes@ufv.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Co-autor: Marco AntĂ´nio Silveira E-mail: mantoniosilveira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto TĂ­tulo: A norma em prĂĄtica: uma anĂĄlise da institucionalização da Justiça em Mariana, Minas Gerais (1711-1808) A comunicação apresentarĂĄ os primeiros resultados do projeto “Notificaçþes de Mariana e Ouro Preto: banco de dados e inventĂĄrio analĂ­tico (1711-1888)â€?. Nosso objetivo ĂŠ traçar um quadro da administração e prĂĄtica jurĂ­dica em Minas Gerais, a partir da anĂĄlise e sistematização de cerca de quinhentas “notificaçþesâ€? referentes Ă Mariana, entre os anos de 1711 e 1808. Uma variedade significativa de assuntos em litĂ­gio ĂŠ contemplada pelas “notificaçþesâ€?, isto ĂŠ, por esse procedimento jurĂ­dico atravĂŠs do qual um ou mais indivĂ­duos eram citados para comparecer em juĂ­zo e responder a uma determinada demanda. Ainda que pouco utilizada pela historiografia especializada, as “notificaçþesâ€? permitem desvendar aspectos importantes do cotidiano, bem como nĂ­veis de institucionalização, eficĂĄcia e reconhecimento da Justiça como um canal de resolução de conflitos. A anĂĄlise desses aspectos contribui para diagnosticar o alcance e os empecilhos da prĂĄtica da justiça, considerada por alguns tratadistas do setecentos como a face mais visĂ­vel do poder rĂŠgio. Ao caracterizar os mecanismos administrativos coloniais, apreciando o seu alcance e a sua eficĂĄcia, espera-se contribuir com a anĂĄlise de instrumentos, agentes, prĂĄticas, os quais reporiam, ao menos em tese, a autoridade da Coroa. Nome: Ana Paula Medicci E-mail: apmedicci@gmail.com Instituição: USP TĂ­tulo: As arremataçþes das rendas reais em SĂŁo Paulo colonial: 17651821 Esta comunicação aponta questĂľes que envolviam a arrematação de contratos das rendas reais que incidiam sobre a produção e circulação de gĂŞneros na Capitania de SĂŁo Paulo, especialmente os dĂ­zimos e as taxas que recaiam sobre o gado transitado pelo Registro de Curitiba. Durante o sĂŠculo XVIII, tanto os membros das chamadas “famĂ­lias principaisâ€? da terra quanto negociantes portugueses buscaram se assenhorear do controle de rendas reais atravĂŠs da arrematação de contratos e dos principais postos de oficiais milicianos; pois enquanto o primeiro movimento favorecia a acumulação de grandes somas, o segundo servia tanto de meio de ascensĂŁo e reconhecimento social quanto de controle sobre grandes parcelas da população local. Sobre estes dois pontos, arremataçþes e controle das tropas de segunda linha, convergiam interesses metropolitanos e locais essenciais Ă manutenção da estrutura tributĂĄria e do territĂłrio portuguĂŞs na AmĂŠrica. TambĂŠm em SĂŁo Paulo colonial, membros de grupos de poder local participaram desse movimento

e, ainda que precisassem concorrer com negociantes lisboetas e fluminenses, se integraram Ă s polĂ­ticas metropolitanas que solicitavam apoio dos sĂşditos portugueses dotados de cabedal para a manutenção do Estado. Nome: Anderson Batista de Melo E-mail: batista@dinatos.com.br Instituição: UnB TĂ­tulo: O Governo do BarĂŁo de Mossamedes na Capitania de Goyaz e a polĂ­tica racial do DiretĂłrio dos Ă?ndios (1772-1778) Esta comunicação abrange a anĂĄlise do governo de JosĂŠ Vasconcelos de Soveral e Carvalho, o BarĂŁo de Mossamedes (1772-1778), perĂ­odo exemplar na HistĂłria da Capitania de Goyaz para entendimento da aplicação do DiretĂłrio dos Ă?ndios (1758), documento normativo que indica uma nova polĂ­tica para as populaçþes indĂ­genas da AmĂŠrica Portuguesa. Orientado pelas polĂ­ticas reformistas de SebastiĂŁo de Carvalho e Melo, o MarquĂŞs de Pombal, esse documento muda o estatuto civil das comunidades indĂ­genas envidando esforços para a alocação desses no empreendimento colonial. O BarĂŁo de Mossamedes empreendeu durante seu governo na capitania o reordenamento e reaparelhamento das forças administrativas e militares em Goyaz promovendo a inclusĂŁo dos povos indĂ­genas nesse processo. A criação do aldeamento de SĂŁo JosĂŠ de Mossamedes foi arquitetada pelas diretrizes do referido DiretĂłrio, no qual os povos indĂ­genas carajĂĄ e xacriabĂĄ foram alocados para a reeducação no modelo colonial europeu. Ao longo do trabalho serĂĄ narrada a rendição desses povos e as instruçþes seguidas para inclusĂŁo desses no mundo colonial. A conexĂŁo entre ColĂ´nia e MetrĂłpole em funcionalidade governativa ĂŠ marca desse episĂłdio da HistĂłria Colonial no setecentos. Nome: Ă‚ngelo Emilio da Silva Pessoa E-mail: emiliopessoa@uol.com.br Instituição: Universidade Federal da ParaĂ­ba TĂ­tulo: Um homem do Atlântico no sĂŠculo XVII: a trajetĂłria de AndrĂŠ Vidal de Negreiros O trabalho refere-se a uma pesquisa em andamento, que tem a finalidade de investigar a trajetĂłria de AndrĂŠ Vidal de Negreiros, que se notabilizou pelo papel na resistĂŞncia contra a ocupação holandesa nas Capitanias do Norte. ApĂłs a expulsĂŁo dos holandeses, Vidal desempenhou cargos nos governos do MaranhĂŁo, Pernambuco, Angola e novamente Pernambuco (entre as dĂŠcadas de 1650 e 1660), numa trajetĂłria que o envolveu com grandes questĂľes da ĂŠpoca, como a reorganização da produção açucareira, a reestruturação das fontes de abastecimento e de trĂĄfico de escravos, a questĂŁo indĂ­gena e as disputas por jurisdição entre diferentes instâncias de poder no mundo colonial. Se obteve fama e riqueza em vida, apesar de uma origem relativamente obscura, posteriormente, Vidal foi elevado Ă condição de herĂłi da nacionalidade no sĂŠculo XIX, por representar uma das figuras centrais do nativismo que se construiu a partir das lutas contra os holandeses. Acompanhar sua trajetĂłria ĂŠ perceber aspectos dos meandros do poder no mundo colonial e da construção do herĂłi pela historiografia posterior. Nome: Antonia da Silva Mota E-mail: motaas@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do MaranhĂŁo TĂ­tulo: FamĂ­lias de elite no MaranhĂŁo pombalino: tecendo redes de solidariedade e poder O foco maior deste estudo sĂŁo as “redesâ€? de famĂ­lias que encabeçaram o processo de colonização no MaranhĂŁo pombalino. Objetiva descrever a gestação destas redes de famĂ­lias: sua composição, as alianças, o modo de reprodução, as heterogeneidades, as hierarquias e as tensĂľes. A verificação contempla ainda o feixe de vĂ­nculos construĂ­dos por estas, focalizando os interesses pessoais, a criação e a integração (mas tambĂŠm, e sobretudo, desintegração), atravĂŠs destas redes, dos espaços territoriais, econĂ´micos, polĂ­ticos e sociais em geral, que constituĂ­ram uma das faces fundamentais da experiĂŞncia colonizadora nesta regiĂŁo. Outro desafio da pesquisa ĂŠ identificar como os vestĂ­-

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gios constituídos pelas fontes privadas, principalmente testamentos e inventários post mortem, produzidos por membros destas famílias, evidenciam as teias e os dispositivos das relações “familiares” em formação, e aparecem como que permeando as relações de propriedade, os tipos de propriedades, os tamanhos e composições das fortunas, assim como a esfera dos gastos. Finalmente, a partir de uma particularidade regional – a presença de inúmeros “estrangeiros” como chefes das famílias “principais” – o estudo manifesta a dinâmica do Império português no trato com suas colônias. Nome: Artur Jose Renda Vitorino E-mail: arturvitorino@uol.com.br Instituição: PUC-Campinas Título: A organização mercantil no Império português: as atividades de Francisco Pinheiro nos circuitos intra-ultramarinos do comércio mineiro e carioca com a costa africana no século XVIII A partir da correspondência comercial da primeira metade do século XVIII proveniente do comerciante de grosso trato Francisco Pinheiro, que de Lisboa acionava os seus agentes e correspondentes comerciais na América portuguesa, África, Ásia e praças européias, esta comunicação procurará mostrar como a demanda por escravos africanos pela América portuguesa ocasionados com a descoberta de ouro nas Minas Gerais alargou os negócios de Francisco Pinheiro para Angola e Costa da Mina (África); bem como responder se ocorreu uma interrelação dos negócios dele em Macau e Goa (Ásia), na África (Costa da Mina e Angola) com as Minas Gerais e o Rio de Janeiro (América portuguesa) na primeira metade do século XVIII. Nome: Bárbara Deslandes Primo E-mail: barbaraprimo@hotmail.com Instituição: UFF Título: Representação e poder simbólico nas jóias afro-brasileiras Estudos recentes têm procurado dar voz às minorias, aos atores sociais esquecidos até então, como é o caso das mulheres, sobretudo as negras. Mostrouse igualmente necessário analisar a sociedade do Antigo Regime sob a perspectiva dos excluídos e marginalizados, tanto quanto sob a perspectiva dos grupos dominantes. O presente trabalho, através da análise de testamentos e inventários de mulheres negras de São João del Rey, sobretudo aqueles do último quartel do século XVIII e início do XIX, procura refletir acerca da importância dos adornos e jóias para estas mulheres. Por meio da cultura material, tentei reconstituir o cotidiano delas e sua inserção na sociedade: através das jóias podemos perceber crenças e rituais ocultos, heranças africanas sufocadas em meio a uma religião imposta; percebemos o gosto pelo luxo, pela beleza, pela sedução; percebemos estratégias de ascensão social, entesouramento, sistemas de crédito. A partir das jóias, procuro traçar um panorama social, cultural e econômico de como vivia esta grupo tão particular, bem como recuperar a identidade destas mulheres, construída em meio à submissão e preconceito, suas formas de representação social, seus desejos e comportamentos. Nome: Bruna Coutinho Gonçalves Belchior E-mail: brunabelchior@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: Entre dois reinos: Conde de Palmela e a diplomacia luso-brasileira Entre os anos de 1814 e 1822, o conde de Palmela foi personagem fundamental nas relações diplomáticas do império luso-brasileiro. Representante português de destaque no congresso de Viena e nas negociações em torno de questões fundamentais como a abolição do tráfico de escravos, a fixação de limites com a América meridional ou a delicada posição da monarquia portuguesa no concerto europeu. Sua trajetória individual é, então, ponto de partida para abordar aspectos políticos fundamentais para a viabilidade do projeto de império luso-brasileiro. Momento em que a elevação do Brasil à condição de Reino Unido demarca a necessidade de definir os contornos da organização de um Império, dividido entre dois reinos e diversos interesses. Os usos do biográfico justificam-se, portanto, pela tentativa de melhor elucidar o seguinte problema: como inserir a diplomacia luso-brasileira no contexto mais amplo das concepções políticas, então em jogo, num contexto de crise de antigo regime e incerteza para as monarquias absolutistas? Ou seja, quais as relações e interpenetrações entre a conjuntura internacional e os múltiplos projetos sócio-políticos pretendidos nos anos em que o Rio de Janeiro afirmava-se como sede imperial monárquica. Nome: Cassiana Maria Mingotti Gabrielli E-mail: cassianahistoria@yahoo.com.br Instituição: USP

Título: Os primeiros anos dos capuchinhos bretões no Estado do Brasil (1642-1654) O trabalho tem como objeto a inserção dos missionários capuchinhos da Província de Bretanha no Estado do Brasil, entre 1642 e 1654. Os religiosos chegaram a Pernambuco por ação dos holandeses que ocupavam o Nordeste e haviam conquistado Angola. Capturados em São Tomé, foram trazidos a Recife. Mesmo sob a dominação holandesa, os capuchinhos exerceram sua atividade missionária entre os colonos. Contudo, sua atuação não esteve restrita à esfera religiosa, visto que participaram da guerra de Restauração de Pernambuco, inclusive como representantes dos insurretos. A proximidade dos religiosos com líderes da insurreição não agradava à monarquia portuguesa. Além disso, a ligação dos capuchinhos com a Coroa francesa causava preocupação a D. João IV. Nos primeiros anos no Brasil, os capuchinhos bretões foram por vezes considerados agentes da potência francesa. Deste modo, D. João IV buscou promover a sua saída da colônia, a fim de afastálos da guerra. O monarca português acreditava que os insurretos de Pernambuco poderiam se sujeitar ao governo de Luís XIII, se assim os conviesse, agindo os capuchinhos nesse sentido. Assim, o objetivo consiste em abordar a presença dos capuchinhos bretões na colônia, a fim de compreendê-la no contexto das disputas coloniais do século XVII. Nome: Claudia Coimbra Espírito Santo E-mail: claudiacoimbradoespiritosanto@usp.br Instituição: USP Título: Juramento d´alma e mecanismos informais de crédito: economia, religião e costume no Antigo Regime No transcorrer do século XVIII os habitantes do mundo Ibérico utilizaram o empenho da alma em juízo para cobrança de créditos e dívidas contraídas no cotidiano. Isto porque a religião e o direito costumeiro forneceram o arcabouço mental e o suporte legal para que os atores sociais desenvolvessem uma peculiar forma de acesso ao crédito: o empenho da palavra através do juramento d´alma em demandas decorrentes de dívidas. Assim, pessoas eram citadas para comparecer em juízo – civil ou eclesiástico - a fim de jurar pela sua alma se eram ou não devedores da quantia demandada pelo autor. A comparação entre as Ações de alma encontradas para Vila Rica, São Luis do Maranhão e Lisboa nos permite uma profícua análise comparativa acerca das diferentes formas de apropriação da legislação de acordo com as características da sociedade local, bem como a influência dos valores religiosos, dos costumes e da honra pessoal nos mecanismos informais de acesso ao crédito, que possibilitaram desenvolvimento das trocas comerciais cotidianas e a dinamização do mercado no Antigo Regime. Nome: Daniel Strum E-mail: danistrum@gmail.com Instituição: Universidade Hebraica de Jerusalém Título: Os cristãos novos e judeus portugueses no comércio do açúcar: repensando as redes familiares e étnicas O estudo detalhado do comércio entre os judeus portugueses de Amsterdã e os cristãos novos do Porto e do Brasil durante o boom açucareiro (mais especificamente 1595-1618) questiona a opinião prevalente de que estes mercadores escolhiam seus parceiros comerciais essencialmente dentre seus parentes ou outros judeus ou cristãos novos. Porém, na verdade, muitos de seus parceiros vinham de fora da família e mesmo do grupo. Manter múltiplas associações simultaneamente com pessoas de origens distintas nos mesmos portos de destino mitigava vários riscos, potencializava os lucros e garantia uma rede de informações de maior qualidade, que ajudava a monitorar de modo mais eficiente os outros associados nos mesmos lugares. Os dados deste estudo se baseiam em mais de dois anos e meio de pesquisa sobre as atividades econômicas e redes sociais destes mercadores nos fundos inquisitoriais e nos registros notariais das cidades do Porto e Amsterdã. Ele lança luz sobre alguns dos mecanismos que permitiram e estimularam a expansão do comércio transatlântico em geral, e o desenvolvimento da economia açucareira em particular. Nome: Daniele Ferreira da Silva E-mail: dannyufpe@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título:O Sistema Tributário Colonial na crise do Antigo Regime O contexto histórico europeu do final século XVIII caracterizou-se para civilização ocidental européia como um momento fecundo onde os acontecimentos se dão de forma acelerada: o Iluminismo, o decorrente movimento revolucionário que promoveu a demolição progressiva do Antigo Regime e a construção das novas instituições do Estado da época contemporânea entre outros fatos que se prendem ao mesmo processo estrutu-

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22 ral de ruptura do Absolutismo. Iniciada essa cadeia de acontecimentos, as colônias ultramarinas vêem afrouxados os laços de vinculação que as prendiam as metrópoles européias, situação esta, fruto das modificações no sistema mercantilista e das contradições de cunhos social e nacional de suas respectivas metrópoles. Neste contexto, o presente artigo visa analisar este momento de crise da autoridade metropolitana, tendo como objeto de análise o sistema tributário colonial, como reflexo da crise do Antigo Regime, como também tratar-se-á de um esforço para situar as mudanças implantadas por Portugal para melhoria desse sistema de arrecadação como modo de adaptação do sistema organizacional no processo de colonização. Nome: David Salomão Silva Feio E-mail: davidfeio@yahoo.com.br Instituição: UFPA Título: Administração, elites e exercício de poder na Amazônia colonial de início do século XVIII O objetivo da comunicação é o de apresentar análises assentadas nas relações entre centralização monárquica, política ultramarina e elites coloniais do Estado do Maranhão e Pará da primeira metade do século XVIII. Desse modo, pretende-se enfatizar o emaranhado de poder que envolve a composição heterogênea das câmaras municipais de Belém e São Luis, os “maus procedimentos” de ouvidores gerais e provedores da Fazenda, bem como o papel desempenhado pelo governador geral; todos inseridos no contexto das diretrizes da política administrativa colonial, levadas a cabo pela Coroa portuguesa após a União Ibérica. Esta perspectiva se justifica, já que, para boa parte da historiografia, as relações beligerantes entre colonos e missionários pela posse da mão-de-obra indígena alcançaram um estado de proeminência fundamental para entender a ocupação portuguesa na região. Assim, a nossa intenção é estabelecer uma discussão que ressalte uma história em que o poder se configure como base de análise capaz de tangenciar os vários planos da vivência histórica dos homens que compunham o Antigo Maranhão, destacando-se a temática da administração em seu aspecto político. Nome: Dayvison da Silva Freitas E-mail: dayvison.freitas@gmail.com Instituição: UFPE Título: Comércio e crise no sistema escravista: uma análise da economia pernambucana, 1831-1855 No momento em que a economia açucareira passava por um novo período de expansão, retomado após 150 anos de crise, dava-se início o processo de abolição gradual da utilização da mão-de-obra escrava que por cerca de quatro séculos havia sustentado este setor. O presente estudo se propôs a analisar quais os impactos das leis antitráfico na economia provincial, que medidas seriam tomadas pelas autoridades para impedir o tráfico de escravos e, ainda, que estratégias seriam utilizadas pelos traficantes pernambucanos para burlar a fiscalização e preservar uma atividade tão lucrativa quanto o comércio de almas. Para compreender o funcionamento de tal atividade é necessário compreender a sua dinâmica e que lugar ocupava os negociantes de escravos dentro da sociedade. As correspondências enviadas ao presidente da Província pelos cônsules estrangeiros e os ministros do Império nos revelam que à medida que a fiscalização e a execução das leis iam se colocando de forma mais taxativa, mais especializado e clandestino tornava-se o comércio ilegal de africanos. Nome: Débora Cazelato de Souza E-mail: deboracazelato@yahoo.com.br Instituição: UFOP Título: Administração e justiça: a criação do cargo de Juiz de Fora no termo de Mariana em 1730 As interpretações dedicadas às instituições metropolitanas na colônia, que retratam a política administrativa da Coroa na América Portuguesa, abordam de maneira difusa a criação do cargo de juiz de fora no termo de Mariana em 1730. Encontramos nessas interpretações uma forte posição dualística pautada nas divergências entre o poder da autonomia local e na imposição do poder metropolitano na América Portuguesa. Dentro desse quadro, a criação do ofício de juiz de fora agilizou a circulação do direito letrado e desafogou as atribuições dos membros da Câmara, cujo exercício de poder refletia diretamente os desejos da Coroa por um controle efetivo numa região distante do centro do poder metropolitano. O objetivo geral dessa comunicação é compreender o contexto de estabelecimento desse ofício e quais eram os argumentos apontados para a instalação desse magistrado na colônia. Mariana recebeu o primeiro juiz de fora de Minas, em detrimento de outras comarcas e termos, o que demonstra a importância da região no interior do Império

Português. A chegada de um juiz letrado contribuiu para o ordenamento social da região, constituindo-se como um elemento perturbador da política local ao enfatizar a necessidade de eficácia da administração metropolitana. Nome: Denise Aparecida Soares de Moura E-mail: dmsoa@bol.com.br Instituição: UNESP Título: Circuitos mercantis complementares no comércio colonial (Santos, Bahia e Pernambuco, 1765-1822) O objetivo desta comunicação é discutir o papel dos portos periféricos na costa do Brasil nas conjunturas de reorientação do sistema da colonização portuguesa até o advento da independência política de 1822. O foco da pesquisa é o porto de Santos, que vem sendo percebido como pólo integrador da parte centro-oeste do território do Brasil no conjunto da Monarquia mercantil portuguesa. Este porto e os negociantes que nele atuavam foram responsáveis pelo funcionamento de circuitos mercantis complementares com portos das capitanias do norte, onde obtinham mercadorias européias e asiáticas, que a partir do sistema Santos-Caminho do Mar-São Paulo, eram redistribuídas nos mercadores consumidores do oeste de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Esta constatação permite perceber o nível de autonomia dos negociantes dos portos periféricos, especialmente os de Santos, em relação ao Rio de Janeiro e sua movimentação em circuitos costeiros que promoviam a constituição de sub-sistemas essenciais para o funcionamento do comércio colonial. A documentação utilizada é de caráter administrativo e as balanças de comércio de Santos, Bahia e Pernambuco. Nome: Eloy Barbosa de Abreu E-mail: eloyabreuclio@gmail.com Instituição: UFPB Título: Festas religiosas e representações sociais na São Luís colonial Este trabalho busca compreender os sentidos da festa de Corpus Christi na São Luís Colonial, celebração que com suas insígnias, bandeiras, guiões e danças, saía em procissão pelas ruas da cidade, fazendo um giro que perpassava as principais ermidas, até retornar à Matriz. Realizada em datas móveis do calendário cristão, a festa ocorria entre os meses de maio ou junho e era promovida pelo Senado da Câmara de São Luís, instituição que ocupava local de destaque nos cortejos e missas das celebrações de Corpus Christi. Um mergulho nas fontes que indiciam sobre tais festas leva a refletir sobre as festas públicas profanas e religiosas na América Portuguesa, que se constituíram em expressões da cultura política do estado barroco português. O triunfo eucarístico representado nas ruas de São Luís, além do seu caráter de doutrinamento cristão, também refletia a leitura e ideal de sociedade que os poderes locais e de centro tinham da sociedade colonial. Organizado hierarquicamente, com as categorias sociais e profissionais devidamente representadas, os cortejos em louvor à hóstia consagrada eram também um espaço de sociabilidade, de conflitos e ludicidade. Este escrito, em linhas gerais, versa sobre a apropriação da festa de Corpus Christi, durante os séculos XVII e XVIII, por parte do Sena Nome: Francisco Eduardo Pinto E-mail: chicogoes@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Medir, demarcar e esquadrejar sesmarias: tensões, conflitos e fraudes no inexato do exato Nesta comunicação, consideraremos alguns autos de medição e demarcação de sesmarias da Comarca do Rio das Mortes, com vistas a perceber os conflitos e os seus encaminhamentos jurídicos. Nossa intenção é verificar em que medida as reformas levadas a cabo em Portugal, no período pombalino, trouxeram ou não mudanças significativas na condução destes processos. Para tanto, de forma mais ou menos aleatória quanto aos nomes dos sesmeiros e os lugares das sesmarias, escolhemos alguns casos, considerando, é óbvio, o volume de cada processo. A priori, os processos pequenos – que são a maioria e têm no máximo dez folhas – passam a impressão de que a medição e posse foram “tranqüilas”, pelo menos não se recorreu judicialmente delas. Os mais volumosos, ao contrário, tendem a trazer mais elementos de análise e, se observados isoladamente, sinalizam que os procedimentos de medição e demarcação eram, muitas vezes, acompanhados de longos litígios. Outra questão a considerar era a pretensa objetividade das medições e demarcações nos termos dos processos que, na prática, não era possível acontecer. Nome: Gabriel Parente Nogueira E-mail: parentenogueira@gmail.com Instituição: UFC Título: Fazer-se elite na periferia: Os Homens bons da vila de Santa Cruz

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de Aracati e suas práticas distintivas (1748-1824) Santa Cruz do Aracati foi durante o século XVIII e início do XIX a principal praça da capitania do Siará grande, tendo polarizado por meio das charqueadas a principal região de criatório da capitania (a ribeira do Jaguaribe) sendo também o principal entreposto no abastecimento da região. Baseado na comercialização do charque, a vila manteve relações comerciais intensas com outras praças, como Recife. O presente trabalho tem por objetivo principal discutir a constituição de uma elite na periferia do Império, buscando perceber as dinâmicas e práticas de distinção construídas pela elite da vila de Santa Cruz do Aracati. Tendo os “homens bons” da vila como o circuito de sujeito a serem analisados, buscaremos discutir de que forma estes sujeitos se apropriavam de espaços de poderes e distinções (como as Câmaras, as Ordenanças, os postos de Familiares do Santo Ofício dentre outros) como forma de arregimentação de prestígio e poder. Levaremos em conta a dimensão periférica da vila, buscando percebê-la em uma rede de poderes, a partir da qual, ligava-se a “centros imediatos” como a capitania de Pernambuco. Da mesma forma buscaremos perceber a constituição desta elite relacionando este processo com a dimensão central ocupada por Aracati, se pensada como principal pólo de uma região. Nome: George Félix Cabral de Souza E-mail: georgecabral@yahoo.com Instituição: Universidade de Pernambuco Título: A elite mercantil do Recife colonial: agentes e estratégias (16541759) Pernambuco foi desde o século XVI um dos mais ativos núcleos de colonização portuguesa na América. A grande porta de entrada e saída de riquezas era o porto do Recife. Inicialmente uma pequena aldeia portuária, o Recife passou por um considerável crescimento urbano na primeira metade do século XVII. Após a Restauração pernambucana, o porto e seus arredores mantiveram-se como um animado burgo, no qual, um grupo de comerciantes paulatinamente e a custo de muitos embates ascendeu econômica, política e socialmente. Procuramos traçar um perfil deste grupo mercantil entre a Restauração e o momento em que se instala a Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba, em 1759. Por meio da análise de algumas trajetórias individuais, buscamos identificar a origem, as estratégias, as rotas e os interesses dos integrantes da elite mercantil do Recife. A metodologia aplicada é a prosopografia, que já foi amplamente testada com resultados satisfatórios em numerosos estudos sobre a América hispânica e em algumas importantes investigações sobre a América portuguesa. A partir de fontes primárias do Arquivo Histórico Ultramarino e da Torre do Tombo, pretendemos oferecer uma contribuição ao estudo das multifacetadas dinâmicas internas do atlântico português, a partir do caso do Recife colonial. Nome: Janaina Guimarães da Fonseca e Silva E-mail: guimaraes.janaina@gmail.com Instituição: UFPE Título: Redes de comércio cristão-novas: trajetórias, parceiros e praticas culturais A apresentação proposta tem como objetivo central proceder a uma análise da construção das redes de comércio formadas majoritariamente por cristãonovos nas Capitanias de Pernambuco, Paraíba e Itamaracá durante fins do século XVI e começo do século XVII . Muitos dos participantes estavam ligados por laços de parentesco e solidariedade com outros cristãos-novos dispersos pelo mundo e também com os judeus de origem portuguesa devido ao caráter recente da expulsão dos mesmos de Portugal em 1496 e conversão forçada, em 1497. Buscamos assim traçar algumas, trajetórias e parcerias desenvolvidas pelos cristãos-novos entre os anos 1542-1630, nas capitanias supracitadas. Nome: Joana Monteleone E-mail: joana@alamedaeditorial.com.br Instituição: USP Título:A economia da moda (Brasil-Inglaterra, 1780-1830) No final do século XVIII, a economia mundial estava se transformando rapidamente. A Inglaterra pós-revolução industrial precisava encontrar novos mercados para escoar a crescente produção de tecidos. A Índia, tradicional fornecedora de tecidos (como a chita, a seda ou o algodão bruto), em poucos anos passou de grande exportadora global para importadora de tecidos ingleses. No Brasil, a moda, no espaço de poucas décadas, refletiu esse movimento econômico. Se até cerca de 1820/30, as mulheres eram descritas como portadores de roupas coloridas e quase orientais no estilo e corte, a partir da abertura dos portos ocorreu uma lenta, mas progressiva adoção de tecidos fabricados na Inglaterra. Nesta comunicação, este tema será abordado mais profundamente, a partir das relações entre moda e economia.

Nome: Karla Maria da Silva E-mail: kamasil@bol.com.br Instituição: UNESP/Assis Título: O papel das Câmaras Municipais no Brasil colonial: novas possibilidades de análises O presente trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em História – UNESP, financiada pela Capes, em que um dos objetivos é analisar o papel desempenhado pelas Câmaras Municipais no Brasil entre fins do século XVIII e início do XIX. Esta comunicação analisa a produção historiográfica relativa às Câmaras e estabelece uma comparação entre as funções políticas e administrativas por elas exercidas durante o período colonial (sob a vigência do Código Filipino) e após a Lei de 1º de outubro de 1828, que definiu o formato e as atribuições das câmaras para o Império. Utilizam-se como fontes as Ordenações Filipinas (1603) e o texto da Lei de 1º de outubro de 1828. Busca-se verificar se as práticas adotadas pelo poder local eram tão amplas e invasivas quanto relatam escritos de pensadores contemporâneos. Embora o papel representado pelas câmaras seja tema controverso na historiografia, é ponto pacífico que a elas foram delegadas inúmeras funções relativas ao funcionamento e à manutenção do interior da colônia, o que, somado à denúncia dos escritos mencionados, levanta a hipótese de que as concepções e as práticas mercantilistas não eram exclusividade dos agentes históricos do outro lado do Atlântico. Nome: Leandro Braga de Andrade E-mail: leandrobrandrade@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Riqueza e trabalho no universo de senhores e camponeses mineiros. Termo de Mariana. 1821-1850 Na primeira metade do século XIX o perfil das unidades produtivas mineiras caracterizava-se pela ampla diversificação das atividades econômicas, utilizando o trabalho livre e escravo. Em um período em que se consolidava as atividades agropastoris como o principal setor da economia mineira, a distribuição da riqueza dos proprietários também ganhava contornos, de acordo com a região e sua inserção no mercado. A Freguesia de Furquim no interior do termo de Mariana apresentava, entre 1821 e 1850, um perfil demográfico e econômico semelhante ao contexto geral da capitania/província. Isto torna esta análise sub-regional esclarecedora no que diz ao funcionamento das unidades produtivas, das possibilidades de acumulação de riqueza e pode revelar o nível das desigualdades no universo rural mineiro (sobretudo no acesso à mão-de-obra escrava. Dessa forma, o objetivo do texto é analisar a aplicação do trabalho livre e do trabalho escravo bem como a distribuição da riqueza entre proprietários. Para tal intento a investigação conta com o cruzamento e análise das listas de habitantes de 1821, 1831 e 1838 e com o arrolamento de bens em inventários pós-mortem. Nome: Lucas Jannoni Soares E-mail: jannoni@usp.br Instituição: USP Título: Varnhagen e a colonização portuguesa: centro da História Brasileira? A obra histórica de Francisco Adolfo de Varnhagen propõe um paradoxo para o historiador da historiografia. Pois, se são evidentes as limitações de seus trabalhos (como ser avesso à teoria, preso à cronologia, parcial em relação aos personagens e aos eventos que lhe tocassem o coração ou a mente (por exemplo, seu pai ou Pedro I), defensor incondicional da centralidade do Estado Imperial - o que o levaria a distorcer todo o evento que parecesse contrariar a tendência de sua unificação etc.), também não se pode fugir à constatação de que o Visconde de Porto Seguro tornou-se o cânon da historiografia brasileira, dando-lhe as linhas gerais ou, nos dizeres de Capistrano de Abreu, seus “quadros de ferro” até, pelo menos, o primeiro quartel do século XX. Esta apresentação visa discutir as alterações operadas da primeira para a segunda edição da História Geral do Brasil que visavam ressaltar, segundo procuraremos demonstrar, o caráter nacional do esforço de reconstrução histórica operada por Varnhagen; preservando, contudo, o fator colonial como elemento central de sua obra. Nome: Luciene Maria Pires Pereira E-mail: lucienehist@hotmail.com Instituição: UNESP/Assis Título: A colonização do Brasil: aspectos de um debate acerca da constituição do Império português Na segunda metade do século XX instaurou-se um debate em torno do processo de formação do Brasil em que as interpretações até então vigentes

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22 foram questionadas. Nesse debate encontramos desde autores que pretenderam aprofundar essas interpretações, dando-lhes novas dimensões, como é o caso de Fernando Novais, até aqueles que as questionaram, como é o caso de Ciro Flamarion. Com isso, novas questões e aspectos da formação colonial foram trazidos ao debate, ampliando a compreensão da colonização. A compreensão desse debate e as novas questões levantadas pela historiografia são fundamentais para entendermos a dinâmica desenvolvida pelos portugueses no momento da colonização destas terras, em especial os objetivos e os interesses que estiveram presentes na montagem da estrutura políticoadministrativa. Pretendemos, neste trabalho, apontar as principais características desse debate, destacando os principais autores e as especificidades de suas teorias, a fim de tratarmos da seguinte questão: até que ponto o Brasil tornou-se uma simples extensão do território português e em que medida as terras portuguesas na América tornaram-se importante instrumento para a manutenção do Império Português, fortalecendo o país no contexto das relações comerciais mundiais do início do século XVI. Nome: Marcos Celeste E-mail: marcos_celeste@yahoo.com.br Instituição: UNESP-Franca Título: Divisas e administração nas “Cabeceiras do Rio Pardo”: possibilidades de diálogo entre a ocupação do nordeste paulista e a restauração de São Paulo em 1765 Foram os estudos sobre a ocupação nas “Cabeceiras do Rio Pardo” – pesquisa que enfoca a ocupação (século XVIII) da atual região de Caconde-SP localizada no nordeste paulista – que surgiu o interesse em abordar o tema das divisas entre São Paulo e Minas Gerais. As “Cabeceiras” tiveram como um dos motivos principais de sua ocupação as divisas. A pesquisa se volta mais, neste momento, para as questões da administração paulista: compreendendo a relação entre a restauração da capitania paulista em 1765 com as questões das divisas. Tal análise possibilita o dialogo das questões locais envolvendo a ocupação com as questões administrativas promovidas pelas reformas pombalinas e o governo de Morgado de Mateus. Pode-se perceber que com a restauração de São Paulo em 1765 os conflitos nas divisas das “Cabeceiras do Rio Pardo” se acentuaram. As medidas de ocupação ordenadas pelo Morgado de Mateus passaram a acontecer após um de seus enviados a região constatar que os mineiros de Jacui/MG se organizavam para ocupar a região em questão. Infere-se a partir disso que o estabelecimento dessas divisas por São Paulo corresponde a questões burocráticas e militares da capitania paulista. Nome: Maximiliano Mac Menz E-mail: maxmacmenz@hotmail.com Instituição: UNIFESP Título: O comércio de importações de Angola no século XVIII A comunicação tratará do comércio de importações de Angola no final do século XVIII e início do XIX, discutindo o ramo angolano do tráfico português de escravos nos quadros da economia Atlântica. Para tanto, serão apresentados os resultados preliminares de minha análise sobre os dados das alfândegas de Luanda e de Lisboa, além de uma nova interpretação dos números das entradas de embarcações em Angola que permitem repensar a economia do tráfico e a sua relação com diferentes setores das economias européia, e americana. Nome: Milena Fernandes Maranho E-mail: milena.f.maranho@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: As várias razões do Estado do Brasil – algumas considerações acerca da colonização sob pontos de vista diversos nos anos iniciais do século XVII Em 1616, em pleno andamento da união das Coroas Ibéricas, o sargentomor do Estado do Brasil, Diogo de Campos Moreno, escreveu a obra “Razão do Estado do Brasil” para demonstrar suas grandes possibilidades. Até 1621, devido a uma guinada de interesses dos europeus pela América portuguesa e de conjunturas relativas às guerras do período, havia grande pressão ocasionada pelos ataques estrangeiros nas possessões espanholas, além de um processo de centralização de poderes. Ao mesmo tempo, vereadores, em sua maioria senhores de engenho, e mercadores travavam uma batalha de argumentos em prol do adiamento ou do pagamento de dívidas relativas à produção de açúcar. Em meio a tantas preocupações, conseguia o seu intuito aquele que convencesse melhor o soberano com seus argumentos. Nestes anos iniciais do século XVII, as súplicas e explicações dos senhores de engenho ecoavam nas mentes de oficiais régios como o sargento mor Diogo de Campos Moreno, que em seus escritos se mostravam favoráveis aos vassalos da terra. O objetivo desta comunicação é analisar a confluência de idéias em

determinado momento histórico, e demonstrar que nem sempre a opinião da maioria prevalecia perante os interesses régios no processo colonizador. Nome: Pablo Oller Mont Serrath E-mail: pablo.montserrath@gmail.com Instituição: USP Título: Negociação, ajuste e exploração colonial no Atlântico português (1640-1808) A sistematização da administração ultramarina lusitana foi evidente nos planos e nas práticas políticas e econômicas de Portugal para reordenar e manter a exploração de suas possessões ocidentais, podendo ser apreendida num movimento que se iniciou com a restauração de Portugal (1640) e teve momento de ruptura durante as invasões napoleônicas, período em que a corte lusa instalou-se no Brasil e abriram-se os portos da colônia americana às nações estrangeiras (1808). Aprimorando-se e sofisticando-se a partir de certo legado da união ibérica e com as diretrizes dos reinados bragantinos, a máquina estatal manteve a plasticidade como principal característica da administração de seu Império, moldando, quando necessário, os desígnios da Metrópole às realidades de cada conquista, no tempo e no espaço, para melhor efetivá-los. A negociação, que resultou em arranjos múltiplos, em vez de indicar autonomia das partes, foi estratégia de acomodação e dominação no processo de expansão do comércio e da exploração colonial no espaço atlântico do Império português. Nome: Patrícia Martins Castelo Branco E-mail: patcastelo@hotmail.com Instituição: UNIFIL/UNOPAR Título: O impacto da criação da Companhia Geral Portuguesa (1649) para a Companhia das Índias Ocidentais Este trabalho pretende demonstrar a pesquisa desenvolvida para compreender a Companhia das Índias Ocidental (de origem Holandesa) e o nascimento da Companhia Geral do Comércio do Brasil (de origem Portuguesa) entre o período 1640-1654. No caso da Holanda, a Companhia permitiu constituir uma nova rota comercial Brasil-Holanda e a empreender ainda mais uma lucrativa ação, a dos corsários. Enquanto que, para Portugal, sua Companhia deveria garantir a manutenção e intensificação da Rota do Brasil – comércio de açúcar –, investido na expansão dos negócios, ao tentarem garantir a segurança das embarcações. Desta forma ao analisar a historiografia que discute Portugal e Holanda no Atlântico do século XVII, percebe-se que estas instituições foram responsáveis por intensificar o desenvolvimento comercial marítimo entre Brasil e Europa. Sendo assim, a Companhia das Índias Ocidentais (1619) sofreu um impacto com a criação da Companhia Geral portuguesa (1649). proporcionar à busca de fatores identitários da constituição destas Companhias, que refletem as representações políticoreligiosas ambas as nações desta época. Nome: Raphael Freitas Santos E-mail: raphaelfsantos@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: O tráfico de escravos pela rota dos Sertões: as relações entre o norte da capitania de Minas Gerais e Salvador durante ao longo do século XVIII A partir da crise na mineração, após a segunda metade do século XVIII, a sociedade e a economia mineira viveram momentos de reformulação e re-arranjo, de acordo com a nova realidade econômica da região. Algumas regiões buscaram na agricultura de subsistência e/ou na ocupação das áreas de fronteira uma solução para superar essa crise. Outras, viram no promissor comércio com o Rio de Janeiro uma possibilidade de crescer sem as riquezas geradas pela extração mineral. No entanto, essas não teriam sido as únicas alternativas mineiras para a crise da mineração. A partir de quase um século de registros, ancorados em 750 inventários post-mortem, foi possível vislumbrar uma hipótese que explica os re-arranjos na economia da comarca do Rio das Velhas, a maior capitania de Minas Gerais, após a crise da mineração. A hipótese central é a de que, após a redução da extração aurífera, o comércio com a Bahia, pelo Rio das Velhas/São Francisco, teria ganhado importância, em detrimento ao comércio com o Rio de Janeiro. Tais conclusões preliminares foram possíveis a partir da análise de inventários post-mortem e dados referentes ao comércio internacional de escravos. Nome: Renato de Mattos E-mail: rntmattos@yahoo.com.br Instituição: USP Título: Política, administração e negócios: a capitania de São Paulo e sua inserção nas relações mercantis do Império português (1788/1808)

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Partindo das investigações realizadas em torno da chamada “lei do porto único”, pretendemos problematizar a “decadência” e “pobreza” da capitania de São Paulo na segunda metade do século XVIII, mapeando a atuação dos grupos mercantis da região, na tentativa de compreender não só o quadro econômico e social da capitania, mas também as articulações e conflitos engendrados entre esses setores e autoridades metropolitanas, tomando-se como referências as reformas pombalinas e suas implicações nas relações coloniais, particularmente após 1780, quando estas se tornaram mais evidenciadas. Nesse sentido, e reconhecendo-se a complexidade do tema, o objetivo primordial é o de discutir, por intermédio da bibliografia e fontes selecionadas, a inserção da capitania de São Paulo nas linhas de comércio e crédito do Império português, entre 1788 (início do governo de Bernardo José de Lorena) e 1808 (chegada da Corte portuguesa à colônia), privilegiando-se os grupos mercantis paulistas e suas articulações com a metrópole e com as demais capitanias da América Portuguesa, em especial com a Praça do Rio de Janeiro, sede do vice-reinado e principal eixo comercial dos domínios portugueses na América, a partir da segunda metade do século XVIII. Nome: Renato Júnio Franco E-mail: renatojunio@hotmail.com Instituição: USP Título: Dinâmica confrarial das Misericórdias na América portuguesa, séculos XVI-XVIII O surgimento das Misericórdias a partir de 1498 e a centralização dos serviços hospitalares representaram verdadeira renovação no atendimento à pobreza em Portugal e seus domínios. As Misericórdias juntamente com as câmaras municipais foram, durante toda a Época Moderna, o binômio central sobre o qual se apoiava uma rede de serviços mais amplos do que aqueles fornecidos por outras irmandades, voltadas para uma sociabilidade verticalizada entre os pares. O rápido florescimento das Misericórdias, contudo, não implicou a operacionalização de serviços regulares na América Portuguesa. Repleta de especificidades, a dinâmica assistencial no território americano conviveu, durante três séculos, com uma parca rede de serviços regulares e ritmos diferenciados de implantação, a depender da região e de sua constituição social. Assim, longe de se constituir numa relação óbvia entre institucionalização e fornecimento de serviços, as Misericórdias americanas tiveram dinâmicas diferenciadas que impossibilitam generalizações tópicas. A presente comunicação apresentará a dinâmica da criação das Misericórdias a partir de uma visão imperial, buscando ressaltar as especificidades da experiência colonial. Nome: Renato Pereira Brandão E-mail: renatobrand@gmail.com Instituição: Universidade Estácio de Sá Título: A longitude da China e o Tratado de Madri: o saber científico jesuítico em conflito com os interesses mercantis do império O Tratado de Madri, celebrado em 1750 entre as Coroas de Portugal e Espanha sobre as fronteiras a serem estabelecidas na América do Sul, foi o marco inicial na superação do limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, em favor da expansão territorial brasileira. Considera-se que nele ficou consagrado internacionalmente o princípio do utis possidetis, em conformidade às instruções dadas por Alexandre de Gusmão ao representante da Coroa de Portugal nestas negociações. Por outro lado, o conflito instaurado no processo de demarcação da nova fronteira entre a América portuguesa e espanhola é considerado como a razão maior da expulsão dos missionários jesuítas do império português. O objetivo deste artigo é discutir de que modo a ação dos matemáticos jesuítas na corte imperial da China no século XVIII poderia vir a trazer graves riscos aos interesses mercantis do circuito imperial que enlaçava o Brasil a Macau. Discutiremos ainda como esta ação empreendida pelos sábios jesuítas no cálculo das longitudes na China acabou por fornecer, involuntária e tragicamente, para a Companhia de Jesus, os elementos de natureza técnica que deram fundamentos à argumentação reivindicatória, preparada por Gusmão, a partir da qual pode ele apoiar o princípio do utis possidetis.

com suas idas e vindas, procuravam responder aos problemas encontrados e enquadrar o processo em curso aos seus interesses. A passagem de um período inicial em que os conquistadores gozaram de grande liberdade para um período marcado pelo estabelecimento dos nexos coloniais não foi um processo indolor, nem tão pouco isento de conflitos entre os vários interesses em jogo. Nome: Rossana Gomes Britto E-mail: rossanabritto@ig.com.br Instituição: UERJ Título: Luteranos nas teias do Santo Ofício: processos inquisitoriais portugueses no Brasil Colonial Trata-se de uma pesquisa de doutoramento em História Política na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – que tem como tema o estudo dos primeiros protestantes em terra brasílica que foram perseguidos e processados pelo Santo Ofício Lisboeta entre os séculos XVI e XVII. Serão apresentadas as histórias dos réus processados pelo crime de luteranismo, como também as confissões e as denunciações das Visitas Inquisitoriais à colônia nos séculos XVI, XVII e XVIII. Nome: Thiago Alves Dias E-mail: thiagoalvesdias@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: Os comerciantes vão à Câmara: contratadores e mercadores da praça mercantil e o Senado de Natal no século XVIII Os responsáveis pelas atividades mercantis coloniais locais, que formavam intricadas redes familiares e tinham em grande medida o objetivo de garantir a ascensão social, encontraram na administração pública municipal uma forma de ascenderem, fazendo dos cargos públicos tanto uma fonte de renda complementar quanto uma forma de se projetar socialmente. Nesse sentido, não foram somente os ‘homens de grosso trato’ que se beneficiaram com a política pombalina de aproximação entre fidalguia e comércio, como apontou a historiografia da década de 1990, pois, os laços de afinidade entre administração municipal e comércio local também vão se estabelecer a partir da segunda metade do século XVIII, formando e consolidando elites locais e promovendo mercadores em ‘homens bons’. Compartilhando das idéias de Manuel Hespanha ao estudar as elites, procurando identificar ‘indivíduos’ antes de lugares institucionais, fixar ‘rostos’ individuais antes de posição de classes, iremos nesse trabalho traçar alguns aspectos da trajetória socioeconômica de alguns contratadores de Natal durante o século XVIII, buscando perceber de que forma esses ‘homens do comércio’, individualmente ou em família, acabaram por se envolver dentro da administração municipal, reunindo para si, cargos e privilégios. Nome: Úrsula Andréa de Araújo Silva E-mail: uaasb@yahoo.com Instituição: Universidade Potiguar Título:O olhar jesuítico sobre a morte: o caso de Samuel Fritz A morte deveria ser para nós um fato natural já que sabemos que essa é a única certeza que temos ao longo da vida desde que nascemos. Contudo, esse evento ainda é muito estranho a nós, o que provoca uma série de reações e questionamentos quando nos deparamos com ela ao nosso redor. Mas, sempre foi assim? Como os indígenas comportavam-se perante a morte? E os religiosos? Considerando essas perguntas queremos apresentar o relato da morte de um missionário jesuíta, Samuel Fritz, que atuou na Amazônia Colonial junto aos índios Omágua. Esse missionário produziu um diário onde narra sua experiência neste local e a descrição de sua morte foi feita por outro jesuíta, Pablo Maroni, que nos oferece uma leitura hagiografia da sua passagem.

Nome: Rodrigo Monteferrante Ricupero E-mail: rricupero@yahoo.com.br Instituição: USP Título: Diretrizes coloniais: legislação e práticas de dominação O caráter pioneiro da experiência portuguesa de colonização agrícola das terras americanas exigiu da Coroa a elaboração das diretrizes do processo, pari passu ao esforço material e humano de conquista e aproveitamento do território. As linhas mestras do que chamamos de Antigo Sistema Colonial foram ganhando forma no desenrolar do processo de ocupação, nas instruções aos administradores coloniais e na legislação elaborada pela Coroa, que,

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23 23. Educação, religiĂŁo e ĂŠtica: perspectivas histĂłricas Claricia Otto – UFSC (clariciaotto@yahoo.com.br) Patricia Carla de Melo Martins - UNESP/SĂŁo JosĂŠ (martins.pesquisa@gmail.com) Este simpĂłsio pretende fomentar um debate em torno de pesquisas que abordem a relação entre eduFDomR H pWLFD H RX HQWUH UHOLJLmR H pWLFD QD SHUVSHFWLYD GH HYLGHQFLDU D KLVWRULFLGDGH GHVVHV FRQFHLWRV e tambĂŠm da ĂŠtica no exercĂ­cio da pesquisa. De diferentes maneiras, a educação escolar (tanto laica TXDQWR UHOLJLRVD H D H[WUD HVFRODU FRQWLQXDP IRUPDQGR JHUDo}HV ,QYHVWLJDU HVVHV SURFHVVRV KLVWyULFRV de formação de sujeitos contribui para a compreensĂŁo das correlaçþes de poder entre os indivĂ­duos enYROYLGRV H GDV FRQGXWDV pWLFR VRFLDLV SRU HOHV DVVXPLGDV HP FRQWH[WRV HVSHFtĂ€FRV JĂĄ no Brasil imperial, a uniĂŁo entre Igreja e Estado, base da polĂ­tica monĂĄrquica, garantiu Ă religiĂŁo uma posição estruturante das prĂĄticas e representaçþes sociais. A queda das monarquias e a separação entre ,JUHMD H (VWDGR DEULUDP FDPLQKRV SDUD D LQVWLWXFLRQDOL]DomR GD UHOLJLmR 8WLOL]DQGR VH GDV YLDV GR GLVFXUVR GHPRFUiWLFR RV JUXSRV TXH VH PDQWLYHUDP Ă€pLV DRV SULQFtSLRV UHOLJLRVRV FRQWLQXDUDP DSRLDGRV HP prĂĄticas educativas. A religiĂŁo passou a integrar as disputas pela liderança dos bens culturais, construinGR XP GLVFXUVR EDVHDGR QD pWLFD 'HVVH PRGR QDV LQVWkQFLDV UHOLJLRVDV Ki XP GLVFXUVR TXH SURFXUD VH mostrar superior aos demais justamente por manter em suas bases a discussĂŁo moral e ĂŠtica. Assim, a religiĂŁo continua participando da complexidade sĂłcio-cultural representando um campo de permanĂŞncias H RX GH UXSWXUDV GH WHQV}HV H GH FRQFLOLDo}HV 1HVVH VHQWLGR HVWH VLPSyVLR HVWi DEHUWR D DFROKHU RV WUDEDOKRV TXH GLVFXWDP RV SURFHVVRV HGXFDWLYRV YLD HVFROD H RX UHOLJLmR $ HVFROD H D UHOLJLmR RFXSDP XPD GLPHQVmR VDOXWDU QD FRQVWLWXLomR KLVWyULFR FXOWXUDO GDV VRFLHGDGHV H QDV UHODo}HV QHODV HVWDEHOHFLGDV FRQWULEXLQGR RX QmR SDUD D IRUPDomR pWLFD GRV VXMHLWRV ,JXDOPHQWH VmR EHP YLQGRV RV WUDEDOKRV TXH MXQWDPHQWH FRP D WHPiWLFD WDQJHQFLHP VREUH D pWLFD QR H[HUFtFLR GD SURĂ€VVmR GR KLVWRULDGRU SULQFLSDOmente da ĂŠtica na HistĂłria Oral.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alceu Kaspary E-mail: kasparyal@hotmail.com Instituição: Instituto Federal de Educação de Santa Catarina Título: A Igreja Católica e o processo de modernização em Santa Catarina O processo de modernização ao afetar a estrutura social, segundo a Igreja, afetaria diretamente os referenciais humanos. O temor não era relativo a questão da mudança em si, mas as implicaçôes que ela produziria. As transformaçþes sociais decorrentes das mudanças produtivas despiriam a Nação dos seus verdadeiros valores cristãos, devido a propagação do ensino laico e a disseminação das seitas. Diante dessa situação, a Igreja propunha a ampliação das suas atividades educativas e formativas junto aos leigos atravÊs de uma ação religiosa/evangelizadora e por meio da ampliação da imprensa católica. Nome: Cassia Maria Baptista de Oliveira E-mail: cassiaufrrj@gmail.com Instituição: UFRRJ Título: Templos de consumo, ensino religioso e escola na contemporaneidade Este trabalho examina em correlação com o fato inÊdito do retorno da obrigatoriedade do ensino religioso às escolas públicas estaduais do Rio de Janeiro os desafios singulares do capitalismo contemporâneo que perpassam a educação. AtravÊs do que acontece no ensino religioso, são destacadas as tensþes políticas singulares entre escola pública, religião e contemporaneidade. Em busca dessa compreensão, tornou-se fundamental aventurar-se pela cidade; a Avenida Brasil e a Avenida das AmÊricas foram escolhidas como elementos de referência e funcionaram como rastros que enunciam a modernidade leve. Considera-se que os templos de consumo em que os citadinos vivem evidenciam que a religião na educação deve ser analisada pela via da politização do ensino religioso. A importância de uma reflexão sobre o ensino religioso, se deve a uma preocupação em relação aos desafios gerados no âmbito da cultura brasileira e provocados pelo fenômeno religioso. Recursos na história e na sociologia foram buscados, a fim de refletir sobre o conceito de tempo/espaço e emancipação, em que as narrativas da condição tendem a se desenvolver. O principal apoio consistiu no livro Modernidade Líquida, de Bauman, em que ele examina a profunda mudança que este tipo de modernidade produziu na condição humana. Nome: Celso João Carminati E-mail: cjcarminati@hotmail.com Instituição: UESC Título: Intelectuais e políticos na expansão do ensino superior catarinense na dÊcada de 1950 No presente trabalho, discutimos a contribuição de intelectuais e políticos na expansão do ensino superior Catarinense na dÊcada de 1950. A fundação e a consti-

tuição histĂłrica da Faculdade Catarinense de Filosofia ocorreram num momento de afirmação da educação no paĂ­s, onde os pilares educativos se voltavam para a formação de profissionais para as redes de ensino que se institucionalizavam, assim como para a formação de intelectuais que passaram a ser referĂŞncia na implementação de polĂ­ticas no nascente sistema pĂşblico estadual de educação. Os desafios postos naquele processo colocavam em evidĂŞncia o envolvimento de lideranças polĂ­ticas e intelectuais, que imbuĂ­das de interesses pessoais, sociais e governamentais, respondiam aos anseios e aos desafios de expansĂŁo do ensino superior. Neste sentido, a fundação de uma Faculdade de Filosofia em Santa Catarina, consolidaria os desejos de um grupo social preocupado com a formação e trajetĂłria de uma elite cultural, interessada em formação superior, sobretudo, no âmbito da Filosofia, das CiĂŞncias e Letras. Nome: FlĂĄvia Gomes da Silva Riger E-mail: flaviariger@gmail.com Instituição: UFSC Nome: Claricia Otto E-mail: clariciaotto@yahoo.com.br Instituição: UFSC TĂ­tulo: O ensino de HistĂłria como pesquisa em educação Neste artigo discute-se sobre o papel da formação inicial de professores de HistĂłria e a relação que esses profissionais estabelecem com o saber histĂłrico erudito – aprendido na universidade – e o aprendizado informal que resulta da histĂłria vivida, antes e depois da graduação. Nessa investigação acerca da constituição de identidades docentes, foram entrevistados sete professores de HistĂłria da rede pĂşblica estadual de Santa Catarina, tendo entre cinco e dez anos de experiĂŞncia. O repertĂłrio de saberes desses professores possibilitou a composição de um quadro em que ĂŠ possĂ­vel identificar como eles se compreendem como profissionais da educação e afirmar a articulação com a cientificidade nesse campo de pesquisa. Ou seja, na perspectiva da HistĂłria Cultural foram identificadas as representaçþes, as prĂĄticas culturais e o processo de apropriação dos referidos professores. Nesse sentido, o foco da discussĂŁo tangencia e busca estabelecer um entrecruzamento do ensino de HistĂłria com a histĂłria educacional, haja vista que ambos sĂŁo compreendidos como prĂĄticas sociais e histĂłricas. Nome: Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso E-mail: tina_valenca@yahoo.com.br Instituição: UFBA TĂ­tulo: Reformas educacionais: a presença do professor paulista Carlos Silveira em Sergipe. (1908-1920) Com a implantação da RepĂşblica no Brasil foi possĂ­vel perceber a uma intensificação das açþes governamentais voltadas para a regulamentação da educação escolar pĂşblica. Este estudo tem como objetivo analisar a influĂŞncia da reforma educacional paulista na educação sergipana das primeiras dĂŠcadas republicanas.

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Para o desenvolvimento da pesquisa foi necessário o levantamento, a coleta e a interpretação de fontes como: relatórios de diretor da instrução pública, artigos de jornais, conferências de professores, mensagens presidenciais e a legislação do período. Compreender a extensão que a reforma paulista conquistou no campo educacional sergipano foi primordial não só para perceber a influência desta, mas as formas como os intelectuais da educação sergipanos se apropriaram dos princípios reformadores paulistas. Nome: Debora Maria Marcondes Querido E-mail: debora_querido@yahoo.com.br Instituição: USP Co-autoria: Fabiana Nicolau E-mail: fabiana.n@usp.br Instituição: USP Título: Educar cristãos e honestos cidadãos - uma análise sobre a implantação dos Salesianos no Estado de São Paulo e de Santa Catarina Os padres salesianos (Sociedade São Francisco de Sales) iniciaram sua obra no Brasil em 1883, na cidade de Niterói. No ano de 1885 se estabeleceram em São Paulo e a partir de 1916 no Estado de Santa Catarina. Esta comunicação, produto de análises provenientes das nossas pesquisas de mestrado em desenvolvimento, visa discutir o processo de implantação dos salesianos nos estados de São Paulo e Santa Catarina com o objetivo de compreender como o mesmo foi constituído, destacando aquilo que lhes é comum e divergente. Para tanto criamos três categorias de análise (percurso territorial, laços de sociabilidade e formação histórica) que nos permitem desenhar as intenções salesianas na criação de obras pastorais-educativas nos estados citados. Apoiando-nos na perspectiva da História Cultural e rompendo com a linearidade, acreditamos que a análise de contextos históricos, a princípio distintos, permite construir as redes discursivas e históricas que possibilitam, através das categorias escolhidas, analisarem as ações da congregação como um conjunto de práticas que constituem a “salesianidade”. Termo este usado para assinalar o sentido desta congregação oficializada pelo Papa Pio IX em 1860 sob a política ultramontana, estabelecendo ao longo dos anos relações singulares com o Vaticano. Nome: Divino Flávio de Souza Nascimento E-mail: dvnflavio@gmail.com Instituição: UFSC Título: Beijo-lhe respeitosamente o anel: o Centro da Boa Imprensa como veículo educativo no apostolado de dom Joaquim Domingues de Oliveira No presente artigo procuro analisar a epistolografia de Dom Joaquim Domingos de Oliveira – especificamente as correspondências enviadas e recebidas da Ação Católica Nacional e do Centro da Boa Imprensa – e suas implicações e influência na formação de uma militância política e religiosa em Santa Catarina. Contextualizo também a atuação da igreja (apostolado e laicato) frente as possíveis ameaças advindas do cinema e da imprensa não alinhada aos valores culturais e religiosos da Igreja Católica sob a condição do ‘Instaurare ominia in Christo’ face ao diálogo racional pertinente à modernidade que implica em observar as possíveis tensões entre liberdade e autoridade. Associo em seguida todas essas situações aos diversos fatores que estavam em jogo no campo educacional em Santa Catarina com suas disputas no âmbito das representações e da demarcação das disputas políticas sobre a implementação dos projetos de formação do homem brasileiro a partir do advento da República brasileira. Nome: João Fernando Silva de Souza E-mail: joaodefloripa@gmail.com Instituição: UFSC Título: Una Brava Bambina - Construção da italinidade na escolarização de meninas das colônias italianas do Sul de Santa Catarina Este trabalho visou compreender aspectos do nacionalismo italiano no Sul Santa Catarina no período entre 1875 e 1937. A partir do estudo da escolarização proporcionada as filhas dos imigrantes pelo governo italiano, com a análise das cartilhas escolares enviadas pela Itália através da Sociedade Dante Alighieri, além das fontes orais das pessoas que viveram o período, foi possível entender o emprego de representações da nação italiana, que foi idealizado por este projeto de nacionalização. O discurso político didatizado nas cartilhas se volta principalmente para evidenciar uma Itália forte e que se desenvolvia para ser soberana às outras nações. Para tanto, o povo deveria se unir em torno do rei e manter a italianidade, desfazendo os laços regionais e unificando os imigrantes, de forma que prevalecesse a identidade nacional da Itália unificada. Conclui-se que a escolarização se voltava para a necessidade de criar vínculo ao sentimento de pertença à nacionalidade italiana nas comunidades de ítalo-descendentes para proporcionar facilidades no comércio exterior da Itália com o Brasil. Porém, este projeto fracassa, não apenas devido a nacionalização do ensino no período do Estado Novo, mas também pelo fato dos próprios imigrantes não se submeterem a este plano do governo italiano.

Nome: Juraci Santos E-mail: ju.juraci@gmail.com Instituição: UFPR Título: Internato do ginásio paranaense: entre uma administração laica e religiosa (1919-1942) O presente texto é uma abordagem sobre a trajetória do Internato do Ginásio Paranaense (1919-1942) criado como uma instituição pública para ofertar o ensino secundário para os alunos do Interior do Estado. Mas no decorrer da trajetória dessa instituição, a mesma passou a ser administrada pela Igreja Católica, primeiramente por meio dos padres lazaristas e posteriormente pelos Irmãos Maristas do Sul. O Internato foi criado em um contexto em que a defesa pela escola pública e laica era um dos lemas do novo regime (A República). Nesse sentido, a narrativa construída neste texto tem como objetivo trazer a tona quais foram as estratégias utilizadas pela a Igreja Católica de Curitiba para garantir seu espaço juntos aos ginasianos desta instituição e prosseguir no processo de romanização do Estado. No ano de 1925 o Internato foi transferido para um espaço católico, nesta data o governo do Estado nomeou o padre lazarista Fernando Taddei para exercer o cargo de subdiretor, entretanto a administração geral continuou a cargo de uma direção laica, a partir de então o Estado e a direção geral passaram a se utilizar de algumas estratégias com intuito de garantir as decisões do Internato sob sua tutela. Entre as estratégias da Igreja Católica e do Estado estava a defesa da formação dos jovens. Nome: Lígia de Souza Junqueira E-mail: ligiasjunqueira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del-Rei Título: O ensino religioso nos primeiros grupos escolares de Juiz de Fora descortinado através das práticas das excursões e auditórios (1945-1960) Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado em andamento desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São João Del-Rei.O sistema educacional brasileiro passou a ser laico a partir da Proclamação da República, porém mais tarde adquiriu novamente um caráter também religioso, quando passou-se a ministrar o ensino religioso nas escolas públicas oficiais do país. Comprova-se tal fato, sobretudo nos relatos das educadoras dos primeiros Grupos Escolares de Juiz de Fora – José Rangel e Delfim Moreira – encontrados nos registros das excursões e auditórios escolares realizadas nas referidas instituições, diante disso tal pesquisa objetiva analisar a influência do ensino religioso, principalmente o católico, nas práticas educacionais dos respectivos Grupos, bem como investigar como a Igreja utilizava a educação para difundir seu ideário. Para tanto este trabalho vem recorrendo ao acervo dos Grupos Escolares de Juiz de Fora, que contém documentos e registros das atividades escolares realizadas nos mesmos, além de apoiar-se nos textos legais da Reforma – decreto n° 7970-A, sobre o Regulamento de Ensino Primário e o decreto n° 8094, sobre os Programas do Ensino Primário – ambos de 1927, e na vasta literatura pertinente ao tema. Nome: Maria Cecilia Barreto Amorim Pilla E-mail: ceciliapilla@yahoo.com.br Instituição: PUC/PR Título: Guia dos atributos cristãos: manual de piedade para moças Os manuais para uma saudável vivência cristã, em especial os tratados de piedade, ainda estavam em voga no século XIX. Neles as regras de comportamento se apresentam relacionadas à moral, à ética, ao valor interno dos indivíduos e aos aspectos externos que se revelam nas suas relações com os outros e com Deus. Aqui o objeto especial de investigação é o “Livre de la Pieté de la Jeune Fille” que se constituiu num importante instrumento pedagógico utilizado no Brasil por algumas escolas católicas femininas com o propósito da aprendizagem das virtudes cristãs. Seu conteúdo trazia muito mais que preceitos de bom comportamento, havia ensinamentos formativos do caráter virtuoso. Esse livro constituía uma fonte das vivências cristãs a serem edificadas durante os anos em que as alunas passavam no colégio. Além de contribuir para a implantação da missão católica de inspiração ultramontana, o “Livre de la Pieté de la Jeune Fille” garantiu um ensino feminino voltado para a introjeção das virtudes cristãs sob o invólucro da polidez, e capaz de velar pelas almas puras femininas protegendo-as do modernismo cientificista e liberal do ensino laico. Nome: Patricia Carla de Melo Martins E-mail: martins.pesquisa@gmail.com Instituição: UNESP/Franca Título: Teoria da História e Neotomismo no paradigma educacional brasileiro do século XIX Este trabalho tem como proposta apontar aspectos políticos da teoria da História implantada no Brasil durante o século XIX, por intermédio do ensino médio e superior, a partir da análise de dois manuais de Filosofia: Lições: Filosofia Elementar Racional e Moral de José Soriano de Souza e do Compêndio de Filosofia Católico Racional do Frei Firmino de Centelhas. A primeira, foi utilizada como obra do

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23 curso de Filosofia oferecido no secundário do Ginásio Provincial de Pernambuco e a segunda, no curso secundário e no curso superior para padres do Seminário Episcopal de São Paulo. Tais obras foram publicadas e utilizadas pelos seus próprios autores, que atuavam como professores de Filosofia. Verifica-se que o neotomismo produzido na França no final do século XVIII é uma característica predominante das obras. Construídos na década de 1850, tanto o Ginásio Provincial de Pernambuco como o Seminário Episcopal de São Paulo, apresentavam-se, cada qual na sua província, como escola modelo se projetando na educação da elite política durante o apogeu e declínio do Império brasileiro. Tais colégios estavam submetidos ao poder do Estado, caracterizando-se como elemento constitutivo da ideologia monárquica brasileira, em vigor na segunda metade do século XIX. Nome: Pricila Damazio de Jesus E-mail: priciladamazio@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco Título: O amor no Brasil: uma história de prodígios de sentimentos e de expressões ligadas e designadas pelo seu tempo Esta proposta busca expor o amor como um prodígio de sentimentos e uma expressão ligada ao seu tempo, relatando o caminho do amor e das manifestações amorosas no Brasil ao longo dos séculos. Observa-se que, antes do final do século XIX, todo o Ocidente cristão viveu um cenário de opressão ilimitada e, desde a vinda dos portugueses, os versados em Teologia habituavam-se em aniquilar tudo o que se referia ao corpo, repelindo o prazer e enaltecendo a pureza feminina, o que levou à imposição de uma severa ética sexual, que durou até os anos 50 do século passado, e que embebia as mentalidades e proibia a união entre amor e sexo. Foi graças à força dessa cruzada moral contra a união do corpo e da alma, travada pela igreja e praticada pela família e pela educação, que se percebe que os brasileiros passaram de uma fase em que o amor era algo ideal e inalcançável, para uma nova, onde se buscou receosamente ligar o espírito à matéria, retornando para outra, na qual a Igreja e a medicina ansiaram isolar a paixão e a amizade. Em seguida, importou-se o Romantismo oitocentista e, enfim, as revoluções contemporâneas, em que o sexo tornou-se uma questão de higiene e o amor ressurgiu como um ideal inatingível, que hoje incita uma sexualidade maquinal, despida de amor e subjugada ao prazer físico. Nome: Tânia Mara Pereira Vasconcelos E-mail: taniahisto@yahoo.com.br Instituição: UNEB/USP Título: Celebrar a fé em Deus e o amor à Pátria: religião e civismo na escola paroquial de Serrote-BA (1941-1957) Este estudo se propõe a analisar concepções e práticas da Escola Paroquial do Povoado de Serrote no sertão da Bahia; essa escola fazia parte de uma rede de escolas fundadas pelo Padre austríaco cisterciense, Alfredo Haasler, que tinha como principal objetivo catequizar a população, contando com o apoio de parte da elite local. A escola paroquial possuía uma estrutura simples, funcionando com uma única classe, no sistema de ensino multisseriado, oferecendo ensino primário gratuito para crianças e adolescentes, oriundas de diferentes condições sociais. Os ideais presentes na escola estavam em sintonia com os valores patrióticos e nacionalistas propagados pelo Estado Novo, mesmo após a sua queda, sendo o civismo, ao lado da religião, um forte componente disciplinador. As festas cívicas e religiosas eram comemoradas com muito empenho, constituindo verdadeiros espetáculos, que envolviam toda a comunidade. A idéia de formar um cidadão católico, civilizado, higienizado e disciplinado, constituía o principal objetivo dessa escola. No entanto, havia resistências a esse sistema, identificadas através do cruzamento das diferentes fontes utilizadas na pesquisa (depoimentos orais, documentos escolares, jornais e fotografias), sendo possível perceber uma distância entre a norma e prática.

Nome: Tatiane da Silva Sales E-mail: tatianeieq@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Educação e Sociedade Maranhense na Primeira República O início do período republicano representou para a educação um espaço de maior discussão e investimento, foi um momento histórico importantes para as instituições de ensino do país e do Maranhão onde algumas foram criadas, estabelecidas e justificadas como referencial, a exemplo do ensino Superior. Em meio à efervescência deste período é que este trabalho objetiva analisar a história da educação maranhense a partir da institucionalização de leis e decretos implementados no período republicano, onde serão observados os registros de gastos do governo estadual com a instrução pública, as possíveis mudanças ocorridas com o sistema de ensino a partir da implementação da República, as leis de incentivo à educação e a reação social ao sistema educacional vigente. Assim, juntamente com as leis e decretos deste período, analisaremos também os jornais, que esboçavam a sociedade quadros da educação maranhense. Nome: Thelma Jackeline de Lima E-mail: thelmajackeline@hotmail.com Instituição: Instituto de Ensino Superior Santa Cecília Título: A instrução pública na Província de Alagoas. 1835 a 1846 O Ato Adicional de 1834 descentraliza o ensino no Brasil, ficando sob responsabilidade das províncias (futuros estados) promover e estruturar as escolas de nível elementar e médio. O trabalho aqui proposto tem por objetivo analisar aspectos do processo de organização da instrução pública na Província das Alagoas entre 1835 e 1846, tomando como fonte os relatórios emitidos pelos presidentes da província, e a legislação produzida durante período em estudo. A pesquisa empreendida procura sublinhar como os gestores públicos tratam da problemática instrucional na referida província. Em avaliação preliminar da documentação citada, é possível perceber a preocupação com o assunto nas palavras do então Presidente Machado d’Oliveira quando este diz ser a instrução pública o fanal da razão e o mais poderoso sustentáculo das instituições livres. (Relatório provincial de 15 de março de 1835) Nome: Thomas Stark Spyer Dulci E-mail: tqualquer@ig.com.br Instituição: USP Título: Produção de infames: ensaio sobre procedimentos punitivos a agentes escolares como prática de verdade Nos últimos anos, parece haver crescido, de modo acentuado, o número de punições dos agentes escolares no âmbito da educação pública. Embora não existam estatísticas oficiais a esse respeito, o aumento das queixas desses agentes no interior das escolas públicas, o volume do trabalho jurídico dos sindicatos na defesa de seus associados e as numerosas reportagens de teor criminal veiculadas na mídia sobre o tema, indicam “agitações” político-morais que concernem ao tema da punição no interior das relações escolares. Sendo assim, despontam cada vez mais nitidamente certas acepções sobre os indivíduos que acabam por ser processados, no sentido de atribuir-lhes um papel infame perante a sociedade e a comunidade escolar. Esses processos funcionam como inquéritos que veiculam e distribuem técnicas de poder que permitem dar visibilidade ao “infame”. A partir delas, consegue-se, por meio de uma condensação moral, um deslocamento no sentido “original” do uso de inquéritos, de modo a virtualizar os fatos e acontecimentos, a fim de que se atribua uma conduta a um indivíduo e que possa, ao mesmo tempo, se possível, avaliar seu potencial perigo à instituição.

Nome: Tatiana da Silva Calsavara E-mail: tatianacalsavara@usp.br Instituição: USP Título: A militância anarquista através das relações mantidas por João Penteado – Estratégias de sobrevivência pós anos 20 Este trabalho tem por objetivo resgatar a militância do educador anarquista João Penteado após o fechamento da Escola Moderna do Belenzinho, em 1919, buscando traços de continuidade das práticas libertárias até então presentes no cotidiano escolar. As questões colocadas pela militância anarquista a partir do fechamento da Escola Moderna relacionam-se às mudanças vividas pelo operariado no contexto político e social do período (tanto local quanto mundial). O movimento libertário mantido depois dos anos 20 é geralmente abordado pela historiografia de forma indireta, sobretudo em obras que têm como foco central o PCB e a legislação trabalhista. Esse trabalho busca contribuir no preenchimento dessa lacuna na História do Movimento Operário no Brasil e das práticas libertárias pós anos 20, assim como busca, também, a atuação dos militantes libertários no que se refere à educação dos trabalhadores.

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24. Imprensa, HistĂłria Social e memĂłria Heloisa de F. Cruz – PUC/SP (cruzhelo@uol.com.br) Laura A. Maciel - Universidade Federal Fluminense (lauramaciel@uol.com.br) Aberto a pesquisadores e pesquisas de diferentes ĂĄreas, este SimpĂłsio TemĂĄtico propĂľe problematizar R FDPSR GD KLVWyULD GD LPSUHQVD EUDVLOHLUD VHJXQGR LQWHUSHODo}HV TXH OKH VmR LPSRVWDV SHODV OXWDV sociais em diferentes momentos de sua atuação. Com essa compreensĂŁo, abre-se a discussĂŁo de SHVTXLVDV TXH SURSRQKDP D UHĂ H[mR VREUH RV GLIHUHQWHV HVSDoRV VRFLDLV H PRGRV GH ID]HU LPSUHQVD SUREOHPDWL]DQGR D FRQĂ€JXUDomR GDV SXEOLFDo}HV HP VXDV GLIHUHQWHV IRUPDV KLVWyULFDV H YDULHGDGH GH YHtFXORV TXH LQFOXHP GHVGH RV MRUQDLV GLiULRV MRUQDLV DOWHUQDWLYRV RX GH KXPRU DWp DTXHOD SURGX]LGD SRU PRYLPHQWRV VRFLDLV H SRSXODUHV H RV GLYHUVRV JrQHURV H OLQJXDJHQV TXH KLVWRULFDPHQWH DUWLFXODP D PDWHULDOLGDGH GDV SXEOLFDo}HV DV GLIHUHQWHV FRQĂ€JXUDo}HV KLVWyULFDV H PRPHQWRV GH DWXDomR GRV SHULyGLFRV GD LPSUHQVD SRSXODU H alternativa e que se propĂľem veĂ­culos de vozes alternativas e/ou dissidentes visando contribuir para GDU PDLRU YLVLELOLGDGH D PHPyULDV DLQGD SRXFR YDORUL]DGDV H UHFRQKHFLGDV - as disputas travadas na e pela imprensa que coloquem em causa a liberdade de imprensa, o direito a informação e a liberdade de expressĂŁo dos cidadĂŁos e a democratização da comunicação em difeUHQWHV PRPHQWRV KLVWyULFRV - as redes de comunicação social no interior das quais os periĂłdicos se constituem e atuam e que UHPHWHP DR HVWXGR GRV JUXSRV SURGXWRUHV H S~EOLFRV OHLWRUHV TXH VmR PRELOL]DGRV H VH PRELOL]DP enquanto um campo de forças na feitura e na leitura do periĂłdico. DV DUWLFXODo}HV HQWUH RV SHULyGLFRV H RV SURMHWRV VRFLDLV H FRQMXQWXUDV QRV TXDLV YLHUDP D S~EOLFR entendendo que a imprensa se constitui numa das dimensĂľes importantes das lutas sociais na cidade, HP SHUPDQHQWH WHQVmR FRP RXWUDV IRUoDV WDPEpP LGHQWLĂ€FiYHLV HP VXDV SUySULDV FROXQDV QRV WHPDV e sujeitos que articula. - os usos de materiais da imprensa na pesquisa e no ensino visando a discussĂŁo de procedimentos teĂłrico-metodolĂłgicos que coloquem em debate perspectivas de investigação e docĂŞncia.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Hassin Silva E-mail: ahassin@gmail.com Instituição: UFRJ Título: Modernidade em progresso: a construção de discursos de modernidade e o projeto continental estadunidense nas revistas ilustradas - Brasil e Argentina (1956-62) O presente trabalho propþe-se a analisar os discursos de modernidade e progresso construídos e veiculados nas revistas ilustradas brasileiras e argentinas entre os anos de 1956 e 1962. Tais discursos, veiculados na imprensa periódica ilustrada, para alÊm de construir, parecem ter feito circular, entre os anos de 1956 e 1962, a idÊia de país em franco desenvolvimento. A composição histórica deste desenvolvimento, se considerada a conjuntura mundial de polarização econômica e alinhamento político em favor de um dos blocos econômicos, condicionou uma aproximação entre AmÊrica Latina e Estados Unidos para alÊm das instâncias diplomåticas; consolidou um conjunto de diålogos que acabaram por redundar no atrelamento econômico latinoamericano às políticas de fomento estadunidenses, em parceiras econômicas para o chamado desenvolvimentismo do período, que assumiria motes de modernização e industrialização como bases da gênese de uma identidade (renovada) de nação (renovada). No contexto destes desenvolvimentismos, o Brasil de Kubitschek e a Argentina de Frondizi assumiram identidades de modernidade construídas e consumidas nas påginas das revistas; um fotojornalismo feito sob a pauta do progresso. Nome: Alceste Pinheiro de Almeida E-mail: apal@terra.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O Apóstolo, um jornal católico no ImpÊrio, ano I Trata-se de um levantamento dos principais temas abordados no jornal O Apóstolo no seu primeiro ano de publicação, de abril de 1866 a abril de 1867. O periódico Ê o jornal que marca o que Oscar Lustosa considera a Fase de Consolidação da imprensa católica no Brasil. Por ser editado na Corte tinha grande penetração e influência nas outras dioceses, com correspondentes em todo o país. Fundado pelo cônego JosÊ Gonçalves Ferreira, que o dirigiu por dezessete anos, circulou atÊ 1901. Semanårio a maior parte do tempo, diårio entre 1874 e 1875, na República foi acusado de participar de uma pretensa conspiração monarquista e empastelado pelos Jacobinos. O trabalho Ê o resultado de pesquisa que pretende levantar a ação dos intelectuais católi-

cos – eclesiĂĄsticos e leigos – pela imprensa no sĂŠculo XIX, quando a Igreja no Brasil passa por um processo de grande reforma, de muita combatividade e de estabelecimento de estratĂŠgias contra o que a instituição considerava grandes inimigos: a dependĂŞncia do Estado, os liberais, os maçons e os protestantes. O ApĂłstolo foi importante instrumento de hegemonia e pelas suas pĂĄginas ĂŠ possĂ­vel perceber como a Igreja abordava as importantes questĂľes em discussĂŁo no Brasil, da segunda metade do sĂŠculo XIX atĂŠ os primeiros anos da RepĂşblica. Nome: Alexandra Lima da Silva E-mail: alexandralima1075@gmail.com Instituição: UFF TĂ­tulo: Imprensa, mercado editorial de livros didĂĄticos e culturas letradas no Rio de Janeiro, 1870-1920 Este trabalho busca uma reflexĂŁo sobre a importância da imprensa e do mercado editorial de livros didĂĄticos, na construção de culturas letradas na cidade do Rio de Janeiro na passagem do sĂŠculo XIX para o XX. Objetiva mapear a diversidade de experiĂŞncias, prĂĄticas e sujeitos envolvidos na produção de tais impressos, pontuando as possibilidades de usos dos mesmos por grupos sociais distintos, com destaque Ă s lutas e conflitos em torno da construção de memĂłrias e da cidadania. Nome: Amanda Marques Rosa E-mail: amar_historia@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU TĂ­tulo: “Jornal do CDPâ€?: a atuação da imprensa alternativa como produtora de memĂłrias na cidade de Uberlândia (1989-1991) Propomos uma discussĂŁo sobre o papel da imprensa alternativa no perĂ­odo de 1989-1991, investigando-a como sujeito social que disputava espaço na produção das memĂłrias dos movimentos sociais (sindicais e populares), na cidade de Uberlândia. As fontes de pesquisa utilizadas sĂŁo um conjunto de jornais alternativos, produzidos por integrantes do Centro de Documentação Popular (CPD) neste perĂ­odo, na referida cidade, intitulados “Jornal do CDPâ€?. Tais materiais compĂľem, hoje, uma coleção no Centro de Documentação e Pesquisa em HistĂłria – CDHIS/UFU, juntamente com periĂłdicos sindicais, polĂ­tico-partidĂĄrios, panfletos, cartazes. A pesquisa tem como eixo central a discussĂŁo sobre a preocupação de sujeitos ligados a movimentos sociais em registrar e preservar suas memĂłrias e histĂłrias, no sentido de recompor e problematizar as injunçþes histĂłricas presentes na teia das relaçþes sociais vigentes na cidade, que tensionavam a disputa entre memĂłrias alter-

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24 nativas e hegemônicas. O objetivo é investigar os sentidos presentes no ato de produzir a imprensa alternativa, e avançar a fim de entender esta prática social, como uma das formas de registro das lutas dos diversos movimentos sociais daquele momento e, portanto produtoras de memórias. Nome: Andrey Lopes de Souza E-mail: adyhistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: Sentidos de movimento estudantil: notas sobre a História Social, imprensa e memórias na construção de percepções sobre o movimento estudantil A História Social tem se preocupado cada vez mais com o tratamento metodológico atribuído as fontes. Por isso, corroborando com as propostas metodológicas crivadas pela História Social, propomos analisar a imprensa, dentre outras fontes, como práticas sociais que expressam relações sociais urdidas em um terreno e enredo comum aos sujeitos que vivem na cidade. Ao propor como foco o movimento estudantil em Montes ClarosMG nos anos 1980, percebemos que tanto a imprensa quanto outras formas de linguagens, produzem percepções e memórias sobre o que vem a ser um movimento estudantil. Algumas práticas estão dando sentido a outras e, consequentemente, produzindo uma miscelânea de significados do movimento estudantil. Cotejar as variadas memórias produzidas sobre o movimento estudantil, dentre elas as hegemônicas e dissidentes sobre o viver na cidade de Montes Claros, torna-se o objetivo primeiro deste trabalho para compreender esse amálgama que é o social. Priorizaremos a análise do Jornal do Norte que, criado em 1979, foi editado ao longo dos anos 1980, expressando um jogo de correlação de forças entre os diversos sujeitos que transitavam por Montes Claros na disputa pelo viver a/na cidade em todas as suas dimensões. Nome: Carlos Gustavo Nobrega de Jesus E-mail: cnobregadejesus@yahoo.com.br Instituição: Unesp-Assis Título: Revista Gil Blas e o nacionalismo de combate O intuito deste trabalho é estudar o periódico Gil Blas, revista fundada por Álvaro Bomilcar e Alcebiades Delamare em 1919 e que circulou no Rio de Janeiro até 1923, perfazendo 200 números. Tal publicação constituiu-se no esteio de concepções nacionalistas radicais, fato que, por sua vez, faz dela importante fonte para entender as propostas de intelectuais brasileiros que se organizaram em torno de um nacionalismo extremado na década de 1920. No que se refere à temática dos artigos e seções, observa-se que ambos primavam pela grande diversidade: esporte; literatura; política; operariado, ainda que, na maioria das vezes, o foco estava direcionado ao nacionalismo xenófobo e extremado. Do ponto de vista teórico-metodológico, trata-se de tomar a revista como fonte e objeto, procurando pontuar suas propostas para nação, sua idéia de cidadania e sua relação de oposição ao nacionalismo português surgido nesse mesmo momento. Nome: César Augusto Castro E-mail: ccampin@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Co-autoria: Samuel Luis Velazquez Castellanos E-mail: samuel.uema@hotmail.com Instituição: UNESP - Campu de Araraquara Título: A imprensa educacional no Maranhão República O presente trabalho está inserido em um projeto mais amplo que visa estudar a imprensa educacional maranhense desde o século XIX até a Primeira República. Neste texto analisamos a imprensa periódica produzida pelos alunos do Liceu Maranhense em momentos distintos. Essa escolha deve-se ao papel que essa instituição tem na constituição do campo da educação no Maranhão desde 1837. Os periódicos analisados são – A Inúbia, Lábaro e a Voz do Liceistas. A voz de Inúbia representava um grito de alarme e de apelo pela melhoria da educação no Maranhão. O lábaro objetiva ser a porta voz de um grupo de estudantes pela melhoria da ciência, da literatura e da historia. A voz do Liceistas tinha a finalidade de abrigar os que procuravam a expansão das idéias elevadas e dignas de apreço nacional e patriótico. Entretanto, os três periódicos apresentam similaridades quanto as críticas ao ensino e seus métodos, a reivindicação pela ampliação e qualificação do corpo docente e a garantia de direitos dos alunos a meia passagem em trens, bondes e cinemas da capital. Adotamos como percurso da investigação um mapeamento de todo a imprensa periódica educacional na Primeira República e a análise dos jornais acima foi realizada através da análise de conteúdo cujas temáticas foram categorizadas.

Nome: Charleston José de Sousa Assis E-mail: charleston.assis@ibest.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Diretas, Cruzado e Constituinte: cultura política e participação popular na longa década de 80 O envolvimento popular com temáticas de ordem socioeconômica e política foi um dos elementos centrais da longa década de 80, compreendida aqui como o período que se inicia com as greves do ABC, em 1978, e termina com o lançamento do Plano Real, em 1994. Os movimentos sociais do final dos anos 70, o processo eleitoral de 1982, a Campanha Diretas Já, o Plano Cruzado, a Constituinte, o processo eleitoral de 1989 e o impeachment de Collor foram alguns dos momentos fundamentais da década, mas não os únicos, tendo em vista o sem-número de greves, protestos e quebra-quebras ocorridos. Esta comunicação tem como objetivo refletir acerca dos motivos que levaram milhões de brasileiros às ruas naqueles dias, utilizando como fonte, primordialmente, registros da grande imprensa, assim como sobre os limites e as possibilidades que tais fontes apresentam. Em função da natureza deste trabalho, recortamos apenas três momentos emblemáticos do período – as Diretas, o Cruzado e a Constituinte –, que, contudo, são capazes de propiciar a reconstrução da cultura política predominante entre as camadas populares nos anos 80, seja porque seus integrantes deixaram inúmeros registros, seja porque se envolveram em ações através das quais, de acordo com Hobsbawm, podemos inferir seu pensamento. Nome: Cristina Aparecida Reis Figueira E-mail: crisvivi@uol.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP Título: A revista A Vida e o jornal Spartacus: espaços sociais de produção e circulação de idéias e práticas da educação libertária A Revista A Vida que circulou entre 30 de novembro de 1914 a 31 de dezembro de 1915, e o jornal Spartacus editado entre 02 de agosto de 1919 a 10 de janeiro de 1920, ambos produzidos e lançados no Rio de Janeiro, sob a direção do professor José Oiticica, constituem-se no objeto de estudo desta pesquisa. Buscou-se apreender aspectos essenciais destes periódicos no que diz respeito a sua organização e funcionamento, bem como, as suas estratégias de circulação no espaço social do debate junto à rede de produtores e leitores participantes desta imprensa. A análise de cunho historiográfico priorizou os editoriais e os artigos de seu diretor, em especial, aqueles que discorriam sobre o tema da educação. Das incursões de pesquisa delineou-se o espaço social dos embates de idéias entre os sujeitos das redes de intelectuais da imprensa libertária para, com isso, reconstituir as estratégias e táticas acionadas no debate em torno das práticas educativas libertárias. Nome: Maria Rita de Almeida Toledo E-mail: m.rita.toledo@uol.com.br Instituição: PUC/SP Co-autoria: Daniel Revah E-mail: revah@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo - Campus Guarulhos Título: A revista Escola e a política educacional do regime militar Este trabalho apresenta um estudo sobre a difusão, pela revista Escola, da Reforma de Ensino instituída pela lei 5.692/71. Lançada pela editora Abril em outubro de 1971, a revista circulou em 27 números, desaparecendo em abril de 1974. Seu público-alvo era o professor de 1o Grau, a quem o periódico se oferece como “instrumento de diálogo e cooperação”, como instrumento a “serviço da Reforma” instituída pela política educacional do regime militar, como “uma ponte permanente de comunicação entre todos os professores brasileiros”, de modo a colaborar com seu trabalho em sala de aula. Nesta comunicação são analisados editoriais que fazem referência à Reforma, matérias que a colocam em foco e os principais dispositivos materiais que organizam a revista. O objetivo é evidenciar as estratégias da Editora para difundir um novo produto comercial associando-se à Reforma e sua divulgação. Cabe salientar a significativa diferença desse periódico em relação ao padrão vigente de periódicos destinados aos docentes primários e secundários (dos anos 1950 e 1960) e sua semelhança às outras revistas comerciais da Abril. Conclui-se que este novo periódico busca forjar no campo educacional um novo leitor, afeito aos padrões da indústria cultural. Nome: Daniela Magalhaes da Silveira E-mail: danielasilveira@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: Os jornais femininos e a educação das “classes feminis” Ao longo do século XIX, as mulheres tinham a sua disposição uma enorme

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gama de publicações. Eram jornais e revistas pensados de acordo com aquilo que acreditavam interessar a elas. Por sua vez, muitos de seus redatores e redatoras investiram em estratégias calculadas para aprimorar a educação feminina. Ora orientaram a formação de mães e jovens moças destinadas a cuidar dos futuros cidadãos do império, ora ofereciam instrumentos para que suas leitoras pudessem conquistar mais liberdade dentro e fora de seus lares. As assinaturas de boa parte dessas colunas pertenceram tanto a médicos, quanto a literatos. Minha apresentação terá como centro a discussão das idéias de Machado de Assis, em diversos momentos de sua carreira como escritor de jornais e revistas fluminenses. Pois, enquanto escrevia para aquelas páginas, além de formular respostas para os vários debates propostos por diversos colaboradores, ainda pensava e reestruturava suas próprias histórias. Nome: Débora Dias Macambira E-mail: deboradm@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: O novo e o velho: idéias de transformação e permanência nos almanaques cearenses O objetivo do trabalho é identificar que idéias centrais são apresentadas e discutidas pelos intelectuais e colaboradores dos almanaques produzidos e em circulação no Ceará durante a virada do século XIX e primeiros anos do século XX. Periódico anual, os almanaques foram objeto dos primeiros esforços editoriais visando o aumento de impressos no Brasil do século XIX, assim como importantes aliados para formação de um público-leitor local. O culto à ciência, os ideais para instrução, o controle social exercido por meio da educação, com o intuito de promover o progresso, estão representados nesses impressos. Mas também aquilo que remete à permanência, ao que é da tradição. A análise parte do Almanach Administrativo, Estatístico, Mercantil, Industrial e Literário do Estado do Ceará, produzido a partir de 1895 pelo “veterano da imprensa” local, João Câmara. Inclui ainda o Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro e o Almanak do Rio Grande do Sul, que tiveram circulação no Estado, como demonstram os colaboradores de diversos municípios cearenses que enviavam cartas, textos e charadas publicadas nos impressos. Nome: Elissandra Lopes Chaves Lima E-mail: elissandra.ap@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Liceu boemia e política: o movimento ginasiano em Manaus, 1920 - 1930 O artigo tem como objetivo analisar as motivações do pensamento político de estudantes ginasianos na cidade de Manaus nos jornais estudantis por eles elaborados, bem como, a iniciação na vida literária e talvez boêmia instigada pelas poesias versadas em suas publicações. Diante disso, buscamos identificar as razões que norteavam a divulgação dos ideais estudantis nos jornais alternativos de Manaus, correlacionando-os à postura literária dos ginasianos às disparidades políticas daquele momento, compreendendo os jornais estudantis, como espaço alternativo não somente na forma explícita ou marginal de protesto, mas principalmente na forma implícita contida em suas crônicas, versos e prosas. Tal postura nos permitirá trabalhar o tema da participação dos ginasianos na vida política de Manaus como ocupantes de um espaço fundamental no período histórico ao qual nos propusemos pesquisar, 1920 a 1930, marcado pela despadronização do poder vigente na Primeira República. Nome: Enilce Lima Cavalcante de Souza E-mail: enilcelima@yahoo.com.br Instituição: IFCE - Inst. Federal Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Título: Campo e palavras. O jornal Terra Livre, cultura camponesa e memória militante (1954-1964) Este trabalho propõe a análise das formas de comunicação social voltadas à luta camponesa, pelo jornal Terra Livre, como documento e memória, oferecendo o inventário das lutas camponesas no Brasil e demonstrando que seu conteúdo possibilita apreender variados níveis do debate, nas conjunturas, entre meados de 1950 e início da década de 1960, bem como dimensões da cultura camponesa e das memórias militantes. Nestas páginas da imprensa comunista e militante se descortinam os personagens dos mundos do trabalho que aglutinam ideais e estratégias de luta e inserção nos espaços sociais. Assim também, se percebe a construção de um mundo letrado, coletivo solidário, paralelo ao proposto institucional das forças políticas de então. Nome: Gilda Maria Whitaker Verri E-mail: gmverri@yahoo.com.br

Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Relações de notícias na Província de Pernambuco entre 1795 e 1803 A maneira de cercear ou liberar a impressão, a divulgação e a circulação de “Relações de notícias”, que “resultam graves inconvenientes” para Portugal, foi a Carta Régia promulgada nos seiscentos, ordenando “não se possam imprimir sem as licenças ordinárias”, nem antes de serem “examinadas com especial cuidado”. Quase um século depois, o efetivo e constante controle das publicações estendeu-se também aos tipógrafos que pretendessem exercer o ofício no Ultramar. Ao final do século XVIII e começo do XIX, a circulação de impressos em Pernambuco ocorria mediante autorização da Real Mesa Censória e, junto com livros de assuntos vários, chegaram os noticiosos trazidos por negociantes que incluíram nos caixotes o “Mercúrio histórico, político e literário de Lisboa”, a “Gazeta de Lisboa”, alguns Almanaques. Precursoras dos periódicos, as folhas de notícias guardavam o formato de livro, contendo matérias diversas e “Novas fora do Reino” destinadas a alcançar um número expandido de homens de letras, padres-mestres, leitores em busca de ilustração pessoal ou de informações sobre vida social e religiosa, atualidades, acontecimentos na administração e na política. Requerimentos à Mesa Censória existentes na Torre do Tombo permitem a contextualização desses noticiosos na sociedade colonial. Nome: Glaucia Rodrigues Castellan E-mail: glaucas@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Imprensa, subversão e repressão: jornalistas, escritores e trabalhadores gráficos sob o olhar policial (1930-1945) O presente trabalho é um recorte da pesquisa em nível de mestrado “Artesãos da Subversão. Os Trabalhadores Gráficos e o DEOPS: repressão e resistência durante a Era Vargas (1930-1945)”, que integra o conjunto de pesquisas então desenvolvidas junto ao PROIN - Projeto Integrado Arquivo Público do Estado e Universidade de São Paulo. Com base na documentação da Polícia Política de São Paulo nos propomos discutir e problematizar um dos capítulos mais fascinantes de nossa História recente, qual seja: a relação entre a palavra impressa, a subversão e a repressão, esta empreendida por um Estado Autoritário dedicado ao saneamento ideológico da sociedade brasileira como um todo, ou seja, um projeto político homogeneizador que pretendia impedir a circulação de idéias ditas “perigosas” à ordem política e social. Cabe, portanto, investigar e identificar a produção de jornais e publicações, bem como a ação política de jornalistas, escritores e gráficos interpretados como uma frente de resistência ao governo Vargas; onde estes não figuravam apenas como coadjuvantes, mas como agentes sociais de uma complexa engrenagem política por meio de incontáveis jornais, livros e panfletos, muitas vezes impressos na clandestinidade e, apreendidos pelo Deops como prova do crime político. Nome: Guilherme Mendes Tenório E-mail: guica26@ig.com.br Instituição: UERJ Título: A imprensa caricata e os operários (1902-1910) Partindo das considerações de Paulo Meksenas a respeito dos vínculos entre cidadania e comunicação, este trabalho explora qual abordagem a imprensa caricata, especialmente O Malho, deu ao movimento dos trabalhadores na Primeira República. O que se pretende aqui é pensar a relação entre o lugar social de produção daquela revista, o seu público leitor e o conteúdo político das charges que tinham por tema as greves. Nome: Heloisa de Faria Cruz E-mail: cruzhelo@uol.com.br Instituição: PUC-SP Título: Para além da imprensa alternativa - 1960/1990 Imprensa alternativa, pequena imprensa, mídia independente, imprensa popular, mídia comunitária são apenas algumas das muitas e diferentes denominações que organizam pesquisas e debates recentes sobre história da Imprensa e da comunicação, em diferentes áreas acadêmicas, e que tem como foco projetos que se reivindicam autônomos ou contra-hegemônicos em relação à chamada grande mídia. Articulando-se as lutas e debates pela democratização da mídia em nosso país, o estudo de diferentes formas históricas dessa imprensa parece se constituir como campo de memória e de crítica, espaço de reflexão e inspiração para a invenção de possibilidades mais democráticas para o espaço comunicativo em que vivemos. Na área da História da Imprensa, dialogando com um “passado não revelado” das lutas contra a ditadura militar, os esforços concentram-se nos estudos sobre a chamada imprensa alternativa produzida entre anos 1964 e 1985. Assu-

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24 mindo as interpelações colocadas pela agenda pública para este campo de estudo, esta comunicação discute experiências de fazer imprensa articuladas às lutas populares daqueles anos, tendo como espaço de reflexão a pequena e volumosa imprensa de jornais e boletins produzida pelos movimentos sociais e populares emergentes entre os anos 1960 e 1980. Nome: Irene Nogueira de Rezende E-mail: inrezende@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo - USP Título: O Universal: um jornal mineiro no tempo da Regência (18251842) A configuração do Estado nacional se constituiu num processo complexo assinalado por conflitos de diferentes tendências e a imprensa foi um mecanismo dos mais atuantes no recrudescimento dos embates políticos que eram a expressão dos conflitos de interesses. Durante o período que sucedeu a Independência, as províncias testemunharam o aparecimento de inúmeros periódicos, fato que veio enriquecer o debate político que se alastrava pelo território brasílico naquele momento. Este trabalho objetiva apontar alguns aspectos da vida cotidiana dos mineiros através do jornal O Universal, que circulou na província de Minas Gerais, mais especificamente em Ouro Preto, durante os anos de 1825-1842, abrangendo, portanto, todo o tempo da Regência. A imprensa coeva configura importante fonte para o conhecimento do cotidiano, privilegiando informações que raramente se encontram em outra documentação. Minas Gerais possuiu na primeira metade do século XIX, uma imprensa ativa e combativa com o surgimento de mais de cinqüenta periódicos. As primeiras folhas mineiras datam do início da década de vinte e publicavam artigos sobre política, história, trechos de autores clássicos – principalmente franceses –, questões locais, documentos oficiais, anúncios variados, avisos e cartas de leitores. Nome: Jorge Luiz Ferreira Lima E-mail: jorgehistoriaufc@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Cultura letrada e sociabilidade urbana: gabinetes de leitura na Região Norte do Ceará 1870-1920 Este trabalho busca mapear os gabinetes de leitura fundados na Região Norte do Ceará entre os anos de 1870 e 1920. Compreendemos ainda que tais instituições constituíam parte de uma “rede de comunicação” configurada na região, através da qual circulava uma ampla variedade de material impresso graças, principalmente, à presença da Estrada de Ferro de Sobral. Junto com a informação impressa temos o desenvolvimento de práticas ligadas à cultura letrada – fundação de grupos teatrais, grêmios literários, gabinetes de leitura, imprensa – e às formas e espaços de sociabilidade tipicamente urbanos. Neste sentido, a presença de um gabinete de leitura na cidade, bem como a publicação de um jornal, representam formas de se evidenciar a chegada do “progresso” às pequenas cidades e vilas da região. Utilizamos, como fontes, jornais e revistas publicadas na região, bem como livros contábeis de firmas comerciais. Indicamos como sujeitos desta pesquisa os indivíduos envolvidos em práticas letradas no período, entre eles jornalistas, poetas, padres, telegrafistas, tipógrafos, etc. Por meio dos gabinetes de leitura e da imprensa estes homens empreenderam grande esforço no sentido de difundir a cultura letrada na região. Nome: Katia Aily Franco de Camargo E-mail: kaily@uol.com.br Instituição: UFRN Título: François Buloz e os publicistas franceses Mais do que simples repositórios de produção esparsa de críticos e autores específicos, os periódicos merecem ser objeto de estudo em si mesmos. Jornais e revistas são materiais de leitura de valor relativamente efêmero para o seu contexto de produção, pois, via de regra, trazem textos e discutem assuntos de interesse mais imediato para o momento em que são produzidos. Contudo, é justamente essa intrínseca relação entre o periódico e seu meio de produção (o qual abarca tanto as decisões editoriais daqueles envolvidos na escrita, editoração e publicação dos textos que compõem seus números, como a relação entre esse tipo de impresso e o público leitor visado e, portanto, seu contexto sócio-cultural mais amplo) que permite ao estudioso tomálo como um registro vivo e dinâmico da produção intelectual e cultural de uma época, em diversas instâncias. É nesse sentido que procuraremos, ao longo da presente comunicação, analisar os critérios de François Buloz para selecionar seus colaboradores, mais precisamente aqueles que escreveriam sobre o Brasil na afamada Revue des Deux Mondes (1829-1893) e de que maneira isso contribuiu para se formar uma determinada representação (interna e externa) de nosso país.

Nome: Laura Antunes Maciel E-mail: lauramaciel@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: “evocar o passado, reger o presente, descortinar o futuro”: imprensa e memórias populares Reconhecendo a existência de múltiplas apropriações e entendimentos sobre memória e imprensa, que resultam em diferentes abordagens historiográficas e fundamentam distintas explicações históricas, proponho uma reflexão sobre essas concepções problematizando opções de ensino e pesquisa em história. Como uma prática social, a imprensa atua elaborando percepções sobre a realidade, produzindo e difundindo parâmetros para a vida social e disputando a produção da memória social, em diferentes temporalidades. A memória também desempenha papel crucial no interior dos mecanismos de poder e se explicita, por exemplo, nas disputas em torno de quais experiências sociais são dignas de integrar, com legitimidade, um passado comum e de compor o acervo historiográfico a partir do qual é possível ampliar e alterar a interpretação histórica e política da sociedade. Nesta comunicação procuro refletir sobre um conjunto de pequenas folhas produzidas por uma diversidade de trabalhadores urbanos, que se constituem como sujeitos sociais no Rio de Janeiro a partir do final do século XIX. Sugiro um novo olhar para esses periódicos que constituem registros de dimensões significativas de sujeitos e memórias dissidentes, problematizando as razões de sua invisibilidade na história da imprensa brasileira. Nome: Luciana Verônica da Silva E-mail: luciana.veronica@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: A imprensa alternativa como força ativa dos movimentos sociais: Unibairros, um estudo de caso Assim como em todo o Brasil, a década de 80 em Juiz de Fora, MG, foi marcante para os movimentos sociais, que aproveitaram o momento e dinamizaram suas atividades. Este é o caso do UNIBAIRROS surgido na cidade no início dos anos 80 com o propósito de reunir grupos de jovens e trabalhadores de vários bairros em busca de melhorias econômicas, sociais e políticas. Uma de suas principais ferramentas nesta empreitada era o “UNIBAIRROS – O Jornal dos Bairros de Juiz de Fora”, que circulou na cidade entre 1980 e 1990. Inicialmente, o jornal era a principal atividade do grupo e era por ele que o movimento era conhecido. Tinha a proposta de ser um local para o exercício da democracia e da participação, abrindo espaço para que cada bairro expusesse suas demandas. Procurava ainda, despertar nas pessoas um maior interesse pela vida política do país através de textos, poesias e um pouco de humor. Estudos iniciais apontaram que, a utilização deste veículo de comunicação, teria contribuído para fortalecer as relações entre a comunidade e o movimento. Analisando ainda os panfletos e cartilhas produzidos, foi possível perceber a marcada presença de bandeiras políticas e ideológicas mais amplas, uma das principais diferenças entre o UNIBAIRROS e os tradicionais movimentos comunitários. Nome: Luciano da Silva Moreira E-mail: lusilvamoreira@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Entre manuscritos e impressos: o periodismo e a formação dos espaços públicos na Província de São Paulo no Primeiro Reinado e nas Regências O presente estudo detém-se sobre os periódicos paulistas no período circunscrito entre 1823 e 1840. O enfoque deste trabalho é a formação dos espaços públicos em sua relação com os veículos de comunicação, notadamente as folhas manuscritas e impressas que circulavam pela Província de São Paulo. Nesse sentido, será analisado o processo de construção de um clima de opinião no Primeiro Reinado e seu desenvolvimento no sentido de uma “opinião pública” no período Regencial. Enfatiza-se que, inicialmente, São Paulo foi palco das chamadas “gazetas manuscritas”, as quais sinalizam para a permanência de práticas de Antigo Regime no debate político, cedendo lugar para os jornais impressos ao final do reinado de D. Pedro I. Órgãos da elite letrada, os periódicos paulistas veiculavam uma imagem dos conterrâneos como propugnadores da unidade nacional, o que lhes conferia capital simbólico na arregimentação das demais elites regionais no processo de constituição do Estado Imperial. Nome: Luiz Carlos Barreira E-mail: luizcarlosbarreira@gmail.com Instituição: Universidade de Sorocaba Título: A educação libertária nas páginas do Boletim da Escola Oficina n.º 1 (Lisboa, 1918)

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Nesta comunicação, apresento resultados da análise de um boletim publicado em Lisboa, no ano de 1918, denominado Boletim da Escola-Oficina N.º 1. A escola que dá nome a este periódico foi criada em 1905 e pertencia à Sociedade Promotora de Escolas, uma instituição maçônica assumidamente republicana. A presença de professores libertários – como Adolfo Lima, Emílio Costa e Deolinda Lopes Vieira (Pinto Quartim), dentre outros – no corpo docente dessa escola, dois anos após a sua abertura, resultou numa “verdadeira revolução silenciosa no campo da educação escolar”, na avaliação de António Candeias, um dos principais estudiosos portugueses do assunto. Esses professores teriam sido os principais responsáveis por uma nova forma de educar, orientada por saberes e práticas de inspiração libertária. Por essas razões, o Boletim da Escola-Oficina N.º 1, apesar de editado por apenas um ano, entre janeiro e dezembro de 1918, fez-se objeto e fonte de fundamental importância para o conhecimento de algumas das práticas escolares dessa singular – e, para alguns, “modelar” –, instituição de ensino. Nome: Luiz D. H. Arnaut E-mail: luarnaut@ufmg.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Republica versus Monarquia: a luta pela memória (poemas, política e memória nos jornais da Corte, 1870-1889) A campanha pela República no Brasil assumiu a forma de uma competição entre monarquistas e republicanos para estabelecer ligações de afinidade ou de oposição entre liberdade e a monarquia existente ou a proposta republicana. A imprensa foi um dos palcos desta luta na forma de publicação de poemas através dos quais vislumbramos um trabalho de construção e outro de desconstrução de um senso comum e de uma legitimidade política. O trabalho de solapar o locus do Império, do imperador e da Monarquia passava pela desconstrução da organização da memória e/ou da história. Há paralelamente a discussão política propriamente dita, nas iniciativas de validar e justificar a monarquia e na sua negação, uma disputa em torno da organização do tempo histórico. Monarquistas e republicanos justificam a legitimidade de suas propostas na economia do tempo histórico, na construção de uma memória nacional. Os monarquistas apresentavam o Império como o momento da liberdade enquanto os republicanos o retratavam como continuidade do julgo colonial. Assim, este embate assume a forma de uma luta pela memória que contrapõe o Sete de Setembro à Inconfidência Mineira. Nome: Maitê Peixoto E-mail: maitepeixoto@yahoo.com.br Instituição: PUC/RS Título: O quarto poder vermelho: embates teóricos e político-ideológicos entre anarquistas e comunistas nos jornais A Plebe e Voz Cosmopolita (1917-1927) A presente pesquisa propõe à comunidade acadêmica uma breve análise sobre o conteúdo dos textos impressos na mídia libertária de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente com os jornais A Plebe e Voz Cosmopolita, ambos articulados entre os anos de 1917 e 1927, adjacentes ao cenário de formação do Partido Comunista do Brasil (PCB). Através do estudo dessas publicações, que contavam com a colaboração de lideranças do movimento ácrata e fundadores do PC do Brasil, é possível compreender de que forma a imprensa operária estruturou seu discurso político, bem como verificar a base ideológica que norteou esse processo. Alerto que tal trabalho deriva de uma pesquisa mais ampla que contempla outros aspectos do desenvolvimento político e ideológico da mídia impressa operária no período em destaque, visando ainda abarcar as estratégias utilizadas para a seleção dos textos publicados nos periódicos e o público alvo a que eram destinados. Vale mencionar que agregado ao trabalho analítico dos jornais há o cospus documental que inclui a correspondência internacional do partido, cartilhas e relatórios difundidos a partir de congressos e assembléias operárias realizados no Brasil e na União Soviética. Nome: Maria Daniele Alves E-mail: danicrato@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE Título: Produzindo notícias: a imprensa cratense e as transformações sociais advindas com o surgimento desta O presente estudo propõe analisar o surgimento da imprensa na cidade do Crato - CE, a partir do jornal O Araripe – sendo este o primeiro que circulou pelas ruas da cidade entre os anos de 1855 a 1865 – e as transformações sociais advindas com o aparecimento deste, contextualizando e caracterizando o espaço onde o referido jornal fora produzido e veiculado. Para isto, abordaremos as características gerais do O Araripe, destacando suas particularidades, ou seja, as idéias centrais que este procurava propagar e calcar na

sociedade cratense através da imprensa escrita. Vários acontecimentos foram registrados nas seções do jornal, momentos que compunham uma vida citadina e suas práticas sociais. Contudo, vale ressaltar que, os anúncios e notícias veiculadas no jornal tinham um caráter documental pelas informações que estes faziam circular, por abrangerem aspectos da vida social, cultural e ideológica de uma determinada comunidade. Nome: Maria do Rosario da Cunha Peixoto E-mail: direcaofcs@pucsp.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Imprensa popular e memória: São Paulo, 1980 / 90 Esta comunicação tem como objeto de reflexão um tipo particular de imprensa produzida nos anos 1980-90, em São Paulo, por grupos sindicais e oposições, e por movimentos populares urbanos em suas lutas pelo direito à cidade. Desenvolvida nos arquivos do CPV, essa investigação faz parte do projeto Dimensões da Imprensa Popular Paulista nos anos 1980-1990. Trata-se de, no interior do movimento histórico que institui a imprensa de massa, e os periódicos que se propõem populares, problematizar seus espaços de constituição. Lidar com o rico material impresso, jornais, boletins, panfletos, por meio dos quais sujeitos sociais expressaram suas lutas e perspectivas de transformação, coloca questões teóricas e metodológicas: ampliação da própria noção de imprensa e de imprensa alternativa, incluindo fanzines, boletins e outros, e pensá-las no interior dos processos tensos e contraditórios de constituição de memórias hegemônicas e alternativas; definição do lugar desses grupos, como sujeitos ativos na resistência à ditadura militar; criação de novas formas de linguagens que se expressam nos padrões de escrita e de oralidade, características gráficas e composição, sem considerá-los como fruto de pouca escolaridade ou de mera carência econômica. Nome: Maria Luiza Ugarte Pinheiro E-mail: malu@ufam.edu.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Imprensa e cultura letrada no Amazonas, 1889-1930 A comunicação aborda o processo formativo do periodismo no Amazonas, analisando suas características gerais e suas principais linhas de força, bem como inquirindo acerca de sua articulação no interior de um contexto social marcado por forte tradição de oralidade, onde nem a escrita e nem mesmo a língua portuguesa mostravam-se como hegemônicas. Associado ao processo migratório fomentado pela economia de exportação da borracha, o surto urbanístico que marca a virada do século XIX para o XX na Amazônia, projetando Belém e Manaus, instaurou e buscou consolidar um estilo de vida urbana, onde os referenciais estéticos vinculavam-se à chamada Belle Époque. Apresentando-se como um dos mais significativos “emblemas da modernidade”, o periodismo tendeu a reforçar os ideais “civilizatórios” e a crença no progresso material e espiritual patrocinado pela cultura burguesa em expansão. Nome: Marta Emisia Jacinto Barbosa E-mail: martaemisia@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Quando a palavra mobiliza: imprensa e história Este trabalho se preocupa em pensar as relações de força entre a grande imprensa brasileira que circula em papel e um universo de informações produzidas e difundidas virtualmente que traçam conformações outras a movimentos sociais, a indivíduos, desafiando-nos a discutir os sentidos, os rumos da produção de comunicação no Brasil. Em meio a muitas questões que podem ser suscitadas, destaca como dimensão mais ampla a relação entre mídia e democracia, como núcleo fundamental de reflexão e, especialmente, campo de possibilidade para transformações dos meios, dos produtores, e dos novos cidadãos leitores. Pretende, também, discutir o que significa, no presente, a democratização dos meios, refletir sobre como os espaços virtuais podem ser compreendidos enquanto movimentos alternativos para a circulação de idéias, para posições e práticas dissidentes com força de mobilização. Nome: Marta Eymael Garcia Scherer E-mail: martascherer@gmail.com Instituição: UFSC Título: ‘Balas e sustos’ na imprensa republicana da primeira hora - um estudo das liberdades e censuras observadas pelo jornalista Olavo Bilac A história da imprensa no Brasil foi marcada por contradições entre dispositivos reguladores da censura e supostas liberdades de expressão. No mesmo ano em que a imprensa foi estabelecida foram também nomeados os censores régios, posteriormente substituídos por uma vigilância velada. E, ao contrário do que se esperava, com o advento da República houve um

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24 retrocesso no que tange à lei de imprensa. Este trabalho analisa a imprensa brasileira no período dos primeiros anos republicanos através das crônicas de um dos jornalistas mais atuantes da época: Olavo Bilac. Apesar de ser mais conhecido como o grande poeta parnasiano, Bilac participou de forma ativa na vida de imprensa, escrevendo diariamente durante 20 anos para jornais e revistas cariocas. Entre seus textos em crônica verificamos relatos minuciosos da vida de imprensa de então, encontrando aí observações que nos falam do cerceamento explícito do governo, da falta de seriedade dos jornalistas, da autocensura e do jogo de interesses dos proprietários dos jornais. Eram as condições de trabalho que os homens de letras dispunham e que moldaram o fazer jornalístico desde sempre, num eterno jogo de poder e disputa entre o interesse do público e os mandos e desmandos de governantes, poderosos e proprietários. Nome: Marta Maria Chagas de Carvalho E-mail: mchagas.carvalho@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Usos do impresso e estratégias de remodelação escolar: Lourenço Filho e a escola paulista em 1930 A comunicação tratará de estratégias editoriais de um grupo de intelectuais brasileiros articulado, nos anos 1920 e 1930, em torno de projetos de reforma da sociedade pela reforma da escola. Constituindo-se como grupo e ganhando visibilidade nacional nos anos 1920, passaram a disputar espaço político nos Estados. Na posição de reformadores do aparelho escolar, institucionalmente investidos em cargos de Diretores dos sistemas de ensino público, consolidaram posições na grande imprensa e no mercado editorial como autores, tradutores, editores e organizadores de coleções pedagógicas. Nos embates que travaram, valeram-se de múltiplas estratégias: publicação de revistas; edição de livros, programas e guias curriculares; organização de bibliotecas escolares e de bibliotecas centrais especializadas para professores; iniciativas editoriais de organização de coleções especializadas etc. Nas disputas estava em jogo o controle técnico, doutrinário e político do aparelho escolar. Em São Paulo, um dos integrantes do grupo referido, Lourenço Filho, foi protagonista, em 1930, da disputa que esta comunicação mapeará, identificando os seus objetivos e dando visibilidade aos seus oponentes e às estratégias editoriais que mobilizou como programa de formação docente e de remodelação da escola. Nome: Otavio José Klein E-mail: oklein@upf.br Instituição: Universidade de Passo Fundo Título: O direito à liberdade de opinião e expressão, 60 anos depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos Na atualidade, o sujeito moderno encontra crescentes dificuldades para o exercício da liberdade de opinião e expressão. Ela é proporcional à abrangência da mídia e se ressalta no sistema privado que se tem caracterizado pela concentração em grandes redes. Na mídia de proximidade, comunitária ou local, esse espaço ainda é significativo. O presente trabalho procura mostrar que: o artigo 19 da DUDH, que diz “todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão”, visava, na época do seu surgimento, enfrentar principalmente, a problemática da dominação dos estados em relação às liberdades de opinião e de expressão, hoje encontra-se diante da problemática do mercado, que domina os meios de comunicação e que controlam a participação cidadã; as iniciativas recentes na formulação de políticas para a democratização da mídia não estão sendo suficientes para garantir espaço de participação da sociedade civil nos processos hegemônicos de comunicação. O trabalho é uma revisão bibliográfica de conceitos, teorias e práticas buscando compreender as dificuldades de participação dos cidadãos brasileiros nos processos de comunicação midiatizada, por ocasião do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, situando-as na relação entre sociedade civil, Estado e mercado. Nome: Rejane Meireles Amaral Rodrigues E-mail: 790@associados.anpuh.org Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros 38 Título: Os assuntos da roça na pauta do dia O presente texto tem por objetivo algumas manchetes dos jornais “Montes Claros” e “Gazeta do Norte”, dos anos de 1916 a 1918, que nos permite entender como a imprensa do Norte de Minas travava o cotidiano do trabalhador rural e indicava práticas e normas de plantio modernos. De vinculação local na cidade de Montes Claros- Norte de Minas, ambos os jornais permite-nos debater práticas sociais e políticas ali retratadas, em relação à agricultura. Nestas manchetes, percebemos a intenção de ampliar o público leitor destes jornais, uma vez que estas colunas eram diferentes das demais

e eram um projeto para um público específico – os fazendeiros. Assim estas publicações revelam um projeto social de “acabar com o sertão”. Utilizaremos as colunas “Assuntos da Roça”, “Calendário do Lavrador” e “Pelo Sertão” para debater o projeto de saneamento do sertão que fora vinculado pelos jornais supramencionados e pensar os conflitos vividos pelos sertanejos norte – mineiros e a Primeira República. Nome: Renata Garcia Campos Duarte E-mail: renatagcd@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: “Fac et spera. Pro nobis laboremus.”: a ação da Associação Beneficente Tipográfica no movimento operário de Belo Horizonte (19001930) Faze e confia.Trabalhemos por nós.Com esse lema era fundada a Associação Beneficente Tipográfica em 1900.Criada com propósito de “trabalhar pelo reerguimento e nivelamento social da classe [dos tipógrafos], pela solidariedade entre seus membros e (...) pelo interesse coletivo da mesma (...)”. Caracterizado por uma ação mais harmônica,o movimento operário de Belo Horizonte evitava o embate entre classes.Utilizava a conciliação entre instâncias do poder para resolver questões relativas à classe operária. A imprensa, nesse quadro, ostentava relevante papel, através das expressivas publicações da Associação e demais periódicos que tornavam pública a condição do operariado. Este trabalho busca perceber a peculiaridade desse movimento operário, a partir da análise da atuação política da Associação, tendo-se em vista o debate acerca de uma ideologia de classe alternativa à revolucionária. Pretende-se identificar concepções políticas da Associação; apontar a relação entre a mesma, sócios e outros personagens e setores da sociedade; e construir um breve histórico da Associação, relacionando-o com os tipográfos, observando suas reivindicações, condições de vida e trabalho etc. Serão utilizados documentos de várias tipologias e de grande contribuição para essa parte da história da cidade, muitas vezes olvidada. Nome: Ricardo Antonio Souza Mendes E-mail: rasmric@oi.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Perspectivas sobre a revolução cubana Esta apresentação consistirá das primeiras anotações referentes ao trabalho desenvolvido como parte do projeto “O Rio de Janeiro e a experiência democrática nas páginas dos jornais: ideologias, culturas políticas e conflitos sociais (1946-1964)”, fomentado pela FAPERJ e coordenado pelo Profº Jorge Ferreira. A análise que apresento diz respeito às imagens e representações que as direitas brasileiras construíram acerca do contexto histórico vivido a partir de suas percepções sobre a Revolução Cubana. Entendo que uma forma de perceber estas imagens é através das perspectivas elaboradas sobre uma de suas principais lideranças: Fidel Castro. Num primeiro momento indicarei como alguns dos principais atores políticos envolvidos no movimento de 1964 – udenistas, membros do IPÊS/IBAD e militares -, caracterizavam a Revolução Cubana mesmo sem referir-se diretamente a Fidel. Isto será feito a partir de uma amostragem de documentos oriundos de revistas, boletins e publicações organizados por estes grupos. Mesmo sendo os mesmos veículos de circulação limitada, indicam algo da perspectiva destes setores acerca dos reflexos da Revolução no contexto brasileiro dos anos 1960. A pesquisa centrará sua atenção na grande imprensa carioca, particularmente nos Jornais O Globo e Tribuna da Imprensa. Nome: Roberta Ferreira Gonçalves E-mail: robertagon@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Identidade nacional e pensamento social na revista O Tico-Tico: apontamentos de uma pesquisa O Tico-Tico foi a primeira revista em quadrinhos produzida no Brasil. Criada em 1905, circulou na cidade do Rio de Janeiro até 1957. A revista apresentava duas faces importantes: uma recreativa – histórias em quadrinhos, jogos e brincadeiras – e outra pedagógica, representada pelos ensinamentos morais, complementar às disciplinas escolares. A criação da revista O TicoTico foi creditada a quatro importantes figuras do jornalismo carioca do início do século XX: Luiz Bartolomeu de Souza e Silva, jornalista e dono d’O Malho; Renato de Castro, também jornalista; Cardoso Júnior, poeta; e Manoel Bomfim, pensador social. Todos foram atuantes no periódico O Malho, conhecido pela caricatura irreverente e pela crítica política, e envolveram-se na discussão sobre a definição do caráter nacional brasileiro. Manoel Bomfim, na época da criação d’O Tico-Tico, empenhava-se em justificar o atraso da nação a partir da ignorância e falta de educação do povo brasileiro. Posteriormente, reflexões acerca da educação serão de importância em seus

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escritos. O trabalho cujos apontamentos serão ora apresentados busca verificar como o pensamento de Manoel Bomfim e, ao mesmo tempo, a ligação d’O Tico-Tico com o grupo editorial O Malho, definiu uma idéia de nação presente na criação e execução da revistinha. Nome: Sílvia Asam da Fonseca E-mail: silvia.tps@uol.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: A cultura traduzida - a ação da AMCHAM (Câmara Americana de Comércio) na seleção do leque editorial da Biblioteca do Espírito Moderno (1936 -1945) Esse trabalho é parte de minha tese de doutorado que estuda a Biblioteca do Espírito Moderno, coleção voltada para o “leitor médio” que se propunha a formar uma biblioteca de “civilização e cultura”. Publicada de 1936 a 1977, é uma coleção de grande longevidade, com 163 títulos em quatro séries (Filosofia, Ciências, História/Biografia e Literatura) e 2.246.377 volumes impressos. Por estar centrada em traduções, fundamentalmente do inglês, a Biblioteca do Espírito Moderno da Companhia Editora Nacional, desempenhou papel importante nas negociações de títulos da editora e teve como seu primeiro e fundamental organizador o educador Anísio Teixeira que, dentro do possível, tentou imprimir algumas de suas escolhas pessoais à coleção. Para esse trabalho, comparo a ação da Câmara de Comércio dos Estados Unidos com as práticas tanto do Consulado Britânico quanto do governo francês, no que se refere à negociação de títulos para tradução. Para desenvolvê-lo, utilizo as correspondências do arquivo histórico da Companhia Editora Nacional, que permitem desvendar algumas das dificuldades burocráticas e comerciais nas negociações de traduções. O período analisado na comunicação refere-se a momento especialmente importante tanto na história da coleção quanto do Brasil e dos Estados Unidos. Nome: Valdir Felix da Conceição Gonçalves E-mail: felixvaldir@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista - UNESP - Campus de Assis - SP Título: Anarquismo e imprensa alternativa no Brasil censurado: a experiência do jornal O Inimigo do Rei (1977-1988) Nesta comunicação, pretendemos apresentar um jornal anarquista brasileiro que circulou em pleno período do regime militar instaurado em 1964. O jornal, que foi chamado ironicamente O Inimigo do Rei, teve sua primeira edição em 1977 e seu final é em 1988. Trata-se de um jornal todo confeccionado e distribuído pelos próprios editores e colaboradores em pleno período de censura aos meios de comunicação no Brasil. O jornal, totalmente influenciado por movimentos ligados à contracultura, apresenta uma nova tonalidade no discurso clássico do movimento anarquista brasileiro, o que renovou algumas de suas idéias. Iremos trabalhar nessa pesquisa com a importância desse estudo dentro da linha teórica - metodológica da nova história política, que sugere novas abordagens de análises de temas políticos na história. Iremos também fazer uma análise da importância da imprensa como fonte de pesquisa em história, principalmente esse tipo de imprensa que tecnicamente pode ser classificada como Imprensa Alternativa.

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25 25. Intelectuais, biografias e polĂ­tica no sĂŠculo XX Angela Maria de Castro Gomes - Fundação GetĂşlio Vargas/CPDOC (angela.gomes@fgv.br) Francisco Carlos Palomanes Martinho – UERJ (franciscomartinho@globo.com) A presente proposta de SimpĂłsio TemĂĄtico pretende aglutinar comunicaçþes de professores e pesquiVDGRUHV TXH GHVHQYROYHP LQYHVWLJDo}HV QD iUHD GD +LVWyULD &RQWHPSRUkQHD QRV FDPSRV GD +LVWyULD Social, PolĂ­tica e Cultural. Sua ĂŞnfase recairĂĄ sobre a presença dos intelectuais entendidos como agentes GD UHĂ H[mR H RX GD DWXDomR VREUH RV DFRQWHFLPHQWRV KLVWyULFRV 6HUmR HQIRFDGDV DV GLIHUHQWHV LQWHUSUHWDo}HV DFHUFD GRV PRPHQWRV FUXFLDLV UHVSRQViYHLV SHOD IRUPDomR GR PXQGR FRQWHPSRUkQHR EHP como as idĂŠias de crise, estabilidade, continuidades, descontinuidades, revoluçþes e contra-revoluçþes. 7DPEpP VHUi GDGD UHOHYkQFLD jV KLVWyULDV GH YLGD GHVVHV LQWHOHFWXDLV FRQWULEXLQGR SDUD R IRUWDOHFLPHQWR GRV HVWXGRV ELRJUiĂ€FRV QR FDPSR GD +LVWyULD EpisĂłdios dramĂĄticos como as duas guerras mundiais, a guerra fria, as revoluçþes socialistas, as experiĂŞncias autoritĂĄrias na Europa e na AmĂŠrica Latina, as lutas de libertação nacional, os golpes de (VWDGR DV FULVHV H PRYLPHQWRV LQWHUQDFLRQDLV HQWUH RXWURV VHJXLUmR DV FRRUGHQDGDV GH XPD ´KLVWyULD SUREOHPDÂľ RQGH D KLVWyULD p YLVWD FRQFRPLWDQWHPHQWH FRPR ´FLrQFLD GR SDVVDGRÂľ H ´FLrQFLD GR SUHVHQWHÂľ DV GXDV LOXPLQDQGR VH UHFLSURFDPHQWH FRP YLVWDV j IRUPDomR GH XPD FRQVFLrQFLD FUtWLFD diante de uma realidade cada vez mais complexa. Ao mesmo tempo, a conduta dos indivĂ­duos, seus ROKDUHV H LQWHUSUHWDo}HV D UHVSHLWR GR WHPSR YLYLGR WHUmR LPSRUWkQFLD HTXLYDOHQWH 1HVWH FDVR LQWHressa sobretudo, como o intelectual percebe o acontecimento e sua relação com a ruptura ou com a WUDGLomR KLVWyULFD 7DO Ă€R FRQGXWRU VH QXWULUi GH XPD SHUVSHFWLYD LQWHUGLVFLSOLQDU IXQGDGD QXP KRUL]RQWH SOXUDO LQFHQWLYDGRU GR FRQIURQWR HQWUH SDUDGLJPDV WHyULFRV SHUVSHFWLYDV KLVWRULRJUiĂ€FDV H DERUGDJHQV PHWRGROyJLFDV GLYHUVDV FLHQWH GH TXH R HQWUHFUX]DPHQWR GDV GLIHUHQoDV SURPRYHUi R ELQ{PLR DPSOLDomR UHQRYDomR GR FRQKHFLPHQWR KLVWyULFR

Resumos das comunicaçþes Nome: AmĂŠrico Oscar Guichard Freire E-mail: americo.freire@fgv.br Instituição: FGV/CPDOC TĂ­tulo: Marcio Moreira Alves: jornalismo, exĂ­lio e polĂ­tica A famĂ­lia de MĂĄrcio Moreira Alves, seguindo o exemplo de familiares de outras importantes figuras dos meios culturais brasileiros, organizou um excelente portal na internet sobre a trajetĂłria profissional daquele que ĂŠ um dos mais prolĂ­ficos jornalistas da sua geração. Em cinquenta anos de carreira, Marcito escreveu um total de dezessete livros, entre ensaios e reuniĂŁo de crĂ´nicas polĂ­ticas publicadas em jornais da grande imprensa carioca. Na pĂĄgina de abertura do portal, Marcito ĂŠ apresentado ao pĂşblico por meio de mĂ­dias que registram dois momentos-chave de sua trajetĂłria pessoal e profissional: um filme sobre o seu papel na crise polĂ­tico-militar que resultou na edição do AI nÂş 5 e um breve e cortante texto sobre as diferentes dimensĂľes do exĂ­lio. Nos anos de exĂ­lio, Marcito, ao lado de atuar na militância polĂ­tica contra os desmandos da ditadura militar, escreveu quatro livros – trĂŞs ensaios e uma tese de doutorado – que, em seu conjunto, podem vistos como a sua principal contribuição para os debates que tomavam corpo entre as esquerdas sobre os rumos da chamada “Revolução Brasileiraâ€?. A proposta do trabalho consiste em apresentar uma primeira leitura dos principais temas e questĂľes que estĂŁo presentes na literatura de exĂ­lio de Marcito. Nome: Angela Maria de Castro Gomes E-mail: angela.gomes@fgv.br Instituição: Fundação GetĂşlio Vargas/CPDOC TĂ­tulo: RepĂşblica, educação cĂ­vica e histĂłria pĂĄtria: Brasil e Portugal Este texto quer assinalar a centralidade do perĂ­odo que decorre do fim do sĂŠculo XIX aos anos 1940 para a constituição de uma escrita da HistĂłria PĂĄtria no Brasil e em Portugal, cuja importância ĂŠ fundamental para a construção e consolidação de uma cultura polĂ­tica republicana nos dois paĂ­ses. O objetivo ĂŠ sustentar o vĂ­nculo que uma espĂŠcie de pedagogia da nacionalidade estabelece com a construção de uma cultura polĂ­tica republicana, e especificamente com um passado histĂłrico, que precisava ser ensinado atravĂŠs de uma narrativa acessĂ­vel, que mobilizasse meios capazes de atingir um grande pĂşblico. Para tanto, o texto irĂĄ trabalhar com dois intelectuais amplamente conhecidos e reconhecidos por suas contribuiçþes: o portuguĂŞs JoĂŁo de Barros e o brasileiro JosĂŠ VerĂ­ssimo.

Nome: AntĂ´nio Torres Montenegro E-mail: antoniomontenegr@hotmail.com Instituição: UFPE TĂ­tulo:Atuação de Padres Europeus:Nordeste 1950/1960 Este trabalho ĂŠ resultado de um projeto de pesquisa com apoio do CNPq em que investigo acerca da atuação de padres que vieram de outros paĂ­ses para atuar no Brasil e, em especial, no Nordeste, nas dĂŠcadas de 1950 e 1960. O movimento catĂłlico que os mobilizou para esta ação missionĂĄria foi a encĂ­clica Fidei Donun que pregava a ação de padres contra o protestantismo, o espiritismo e o comunismo. Um dos aspectos que a histĂłria de vida desses religiosos irĂĄ revelar ĂŠ como, depois que chegam ao Brasil, com o passar dos anos, começam a ser perseguidos como comunistas. Ao mesmo tempo, a forma como constroem seus relatos de vida, suas experiĂŞncias sociais, culturais e polĂ­ticas, institui um rico documento, possĂ­vel de mĂşltiplas leituras e diferentes entrecruzamentos. Nesta apresentação, o meu interesse ĂŠ analisar como descrevem algumas experiĂŞncias de vida e a relação destas com uma visĂŁo imperialista e colonialista muito prĂłpria da cultura em que foram educados e da instituição que representam. Ao mesmo tempo, ĂŠ possĂ­vel perceber deslocamentos e choques culturais produzindo mudanças de comportamento, sobretudo em face das experiĂŞncias cotidianas das lutas sociais especialmente junto Ă s camadas populares. Nome: CecĂ­lia da Silva Azevedo E-mail: ceciliasa@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Intelectuais Desde alguns anos os historiadores tĂŞm procurado tratar as relaçþes entre EUA-AL de novo modo, tomando como referĂŞncia as teorias pĂłs-coloniais. Elas ensinam a evitar as dicotomias, reconhecendo a heterogeneidade dos encontros e as mĂşltiplas e disposiçþes de seus agentes. Entre outros “os empreendimentos de conhecimentoâ€?, as redes intelectuais tĂŞm se mostrado um campo privilegiado para anĂĄlise de negociação e emprĂŠstimos culturais. Neste trabalho, analisaremos a experiĂŞncia do NACLA, criada em 1966 em Nova York por estudantes da New Left interessados em denunciar as açþes do governo e das grandes corporaçþes dos EUA na AmĂŠrica Latina, tomando por base as teorias da dependĂŞncia. O NACLA e sua revista viraram referĂŞncia para estudantes, jornalistas e interessados na regiĂŁo. Mas seu ativismo nĂŁo se expressava apenas nas pesquisas e textos que publicava. Frequentemente seus integrantes participavam em debates em instituiçþes de ensino e na mĂ­-

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dia, confrontando representantes do Departamento de Estado. Na década de 60 e 70, seus integrantes participaram e divulgaram ações de comissões de direitos humanos, comitês de solidariedade a presos políticos, imigrantes, mantendo estreito contato com intelectuais latino-americanos. Nome: Christiane Jalles de Paula E-mail: christiane.jalles@fgv.br Instituição: CPDOC/FGV Título:Contra o Século: Gustavo Corção na imprensa brasileira. (1953-1978) O texto analisará o itinerário de Gustavo Corção, destacando a sua consagração/deslegitimação pela intelectualidade carioca. Esse personagem é um intelectual católico que, em meados dos anos 30, conquistou rapidamente lugar de destaque no panteão do laicato brasileiro, e na década de 1970 teve contestado esse reconhecimento em função de suas posições públicas. O enfoque é a relação da religião com a política como produtora de escolhas, dilemas, conciliações e rupturas que, enfim, fornece sentido à trajetória de Corção. Nome: Cibele Barbosa da Silva Andrade E-mail: cibele.barbosa@fundaj.gov.br Instituição: Fundação Joaquim Nabuco/Universidade Sorbonne Paris IV Título: Cartas de Paris: os intelectuais e a recepção da obra de Gilberto Freyre na França A obra de Gilberto Freyre foi traduzida na França nos anos cinquenta, sendo introduzida para o grande público francês através das palavras de Lucien Febvre, então historiador expoente da cena intelectual francesa e diretor da revista dos Annales. Além deste, vários intelectuais franceses saudaram a publicação da obra “Maîtres et Esclaves”, embalados em uma atmosfera política propícia às idéias presentes na obra do sociólogo brasileiro, como atesta a sua participação em fóruns internacionais do período. Desse modo, proponho, na presente comunicação, abordar as especificidades da recepção da obra de Gilberto Freyre na França e o papel desempenhado pelo autor na elaboração e propagação de uma escrita histórica brasileira no exterior. Textos e correspondências, bem como escritos biográficos me permitirão retraçar a rede de relações interpessoais mantidas por Freyre e sua conseqüente inserção na cena intelectual francesa, em especial dentre os intelectuais ligados à revista dos Annales. Nome: Cícero João da Costa Filho E-mail: cicerojoaofilho@gmail.com Instituição: USP Título: Silvio Romero : construção da idéia de nacionalidade brasileira Silvio Romero da Silva Ramos foi no Brasil um dos maiores expoentes e expositores na contribuição do pensamento social brasileiro da segunda metade do século XIX. Bacharel em direito, formado pela célebre Faculdade de Direito do Recife, parlamentar, divulgador das idéias científicas de sua Geração de 70 Silvio Romero é concebido como o maior divulgador das idéias naturalistas de seu tempo que ecoavam sobretudo da França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Enfrentando uma nova conformação sócio-política a partir da lei que cessava o tráfico inter-continental de escravos em 1850, este bacharel pensou a formação de um Estado Nacional brasileiro a partir da multiplicidade de idéias européias assimiladas de certa forma na Faculdade de Direito do Recife pela qual estudou. Silvio Romero se embebedou do “bando das idéias novas” que veio surgir se contrapondo ao modelo de ideário nacional erigido pelos polígrafos do romantismo, onde se utilizavam do símbolo nacional indígena, falseavam a realidade em detrimento da gigante e maravilhosa natureza que excluía negros e mestiços das análises sociais brasileiras oriundos da herança social brasileira. Nome: Clara Isabel Calheiros da Silva de Melo Serrano E-mail: claraisabelmeloserra@sapo.pt Instituição: CEIS20 da Universidade de Coimbra, Portugal Título: Augusto de Castro: esboço biográfico de um “intelectual orgânico” do Salazarismo A biografia continua a ser um gênero historiográfico de grande actualidade. O reconhecimento da importância crucial do sujeito individual na construção da realidade histórica, bem como do papel decisivo do historiador na produção/interpretação das visões dessa realidade, trouxe-a de volta ao primeiro plano das pesquisas históricas, embora numa óptica completamente distinta da reinante na primeira metade do século XX. Desta forma, impõese retratar Augusto de Castro Sampaio Corte-Real (1883-1971), figura incontornável da vida diplomática, política e cultural do século XX português,

um dos principais periodistas portugueses, que dirigiu, em momentos-chave (1919–1924; 1939–1945; 1947–1971) um dos mais significativos matutinos, o Diário de Notícias. No simples esboço biográfico que nos propomos apresentar, procuraremos, compreender e desvendar o diplomata, o jornalista e o ideólogo do Estado Novo. Intentaremos responder a questões tão importantes como: de que forma se processavam as relações e a admiração de Augusto de Castro para com António de Oliveira Salazar? Qual o grau de cumplicidade existente entre ambos? Como é que o seu sistema de idéias, valores e princípios fundamentou e orientou a forma de agir e de pensar do Presidente do Conselho e, consequentemente, do regime? Nome: Claudia Wasserman E-mail: claudia.wasserman@ufrgs.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: América Latina: dependência X desenvolvimento no pensamento marxista Entre os anos 50/70, a intelectualidade da América Latina viveu um de seus períodos mais produtivo e original. Surgiram correntes teóricas e políticas que, para além de seus enfoques e soluções diferentes, convergiam em torno de problemas e perguntas. O tema do desenvolvimento terminou por organizar toda a reflexão teórica latino-americana e orientou um conjunto de investigações científicas. Pretendo abordar o significado do conceito desenvolvimento para a corrente marxista da teoria da dependência; as disputas políticas em torno do tema; de que modo, temáticas e problemas correlatos foram vinculados ao problema central, como é o caso de desenvolvimento x subdesenvolvimento e desenvolvimento x dependência. O interesse recai, sobretudo, na chamada Teoria da Dependência em sua vertente marxista, representada por autores como Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos, entre outros, que conviveram em instituições como a UNB (Brasília) e, no exílio chileno, no Centro de Estudos Sócio-Econômicos, da Universidade do Chile ou no México, no Centro de Estudos Latino-americanos, da UNAM. O tema central da análise é a interessante convergência ocorrida entre as teorias desenvolvimentistas, hegemônicas no pensamento latino-americano e mundial a partir do final dos anos 1940, e o marxismo. Nome: Denise Rollemberg E-mail: deniserollemberg@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Ditadura, Intelectuais e Sociedade: o Bem-Amado de Dias Gomes Pesquisas têm demonstrado a efervescência cultural nos anos 60, centradas nas atividades das esquerdas e no seu projeto de construção de Nação. Nas décadas de 60 e 70, entretanto, o regime ditatorial preocupou-se em elaborar uma política cultural. Ao fazê-la, assumiu referências da esquerda. O nacionalismo e a crença em valores positivos do povo permitiram a aproximação. Os meios de comunicação (em particular a Rede Globo, base de apoio do regime) também absorveram intelectuais identificados a esses valores. Dias Gomes, militante do PCB, demitido da Rádio Nacional, em 1964 (AI), tornou-se funcionário da Globo em 1969. Entre janeiro-outubro de 73, foi ao ar sua novela O Bem-Amado, sobre a política e o cotidiano de uma cidade do interior, ironizando a “moral e os bons costumes” e o autoritarismo da nossa vida política. A pesquisa estuda a novela visando a compreender as relações entre o intelectual, o regime e a sociedade, mas não segundo a abordagem freqüente nos estudos do tema: sob o viés da resistência, a incorporação como um meio de resistir por dentro do sistema. Tampouco para apontar colaborações, no estilo caça às bruxas. O objetivo é compreender a riqueza do universo no qual se encontram o intelectual, a mais poderosa rede de comunicação do país e o grande público. Nome: Douglas Attila Marcelino E-mail: douglasattila@gmail.com Instituição: PPGHIS/UFRJ Título: A morte e os funerais de presidentes como momentos de reescrita de suas biografias e da memória nacional Esta pesquisa procura refletir sobre a morte e os funerais de presidentes como instrumentos para a análise das reconstruções da memória nacional, entendendo tais episódios como momentos favoráveis à reescrita da biografia do morto ilustre e de uma determinada versão da história do país. O caso escolhido para estudo foi o da morte e dos funerais de Tancredo Neves. Seu adoecimento e morte pouco tempo antes de assumir a presidência da República, num momento considerado crítico da história do país, teve um papel importante na ampla veiculação de uma representação da nação com forte carga emocional e alto grau de identificação coletiva.

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25 Paralelamente, consolidavam-se representações heroicizadoras e santificadoras da sua personagem que, além de possibilitarem uma reconstrução da sua memória, o apresentavam como o único político brasileiro capaz de promover a superação da crise institucional que o país atravessava naquela conjuntura. Nome: Fábio Cardoso Keinert E-mail: fabiock@usp.br Instituição: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP Título:A geração de cientistas sociais pós-68 no Brasil: itinerários intelectuais em tempos de profissionalização O novo ideal de profissionalismo que emerge no cenário das ciências sociais, no Brasil, a partir de fins dos anos de 1960, longe de ser vivido como consenso, está na origem da constituição de uma diferença muito marcada entre estilos intelectuais caracterizados, de um lado, pela construção de projeto de inovação acadêmica e, de outro, pela recusa desse ideal. Esta questão é analisada através do exame dos itinerários de uma geração de cientistas sociais e, para tanto, toma como baliza as instituições, em que se destacam a USP, o IUPERJ e o Museu Nacional. Trata-se de pensar as escolhas inscritas num percurso acadêmico, através do deslindamento do universo mental que molda as atitudes que vão dando feição a uma trajetória. A análise dos enquadramentos institucionais revela o gênero de injunções a que os itinerários estavam expostos, tornando possível conferir historicidade às ações que respondem sempre à visão de mundo que lastreia a formação de grupos, de escolas e de tradições intelectuais. Assim, a polaridade entre o “moderno” e o “tradicional” corresponde à nomenclatura estruturante das divisões entre os itinerários, ordenando o intrincado jogo classificatório que define os móveis de identificação e de afastamento entre os agentes. Nome: Fábio Muruci dos Santos E-mail: fmuruci@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo- UFES Título:José Enrique Rodó e a crise da civilização européia fin-de-siècle O debate sobre o papel dos letrados e intelectuais na defesa da alta cultura recebeu bastante atenção na virada do século XIX para o XX em todo o ocidente. Para autores preocupados com o impacto da democracia de massas sobre a vida cultural e a arte do bom governo, como Ernest Renan, era necessária uma enfática afirmação do papel dos homens de saber na condução do ordenamento político e a criação de princípios cuidadosos de seletividade cultural. Essas idéias tiveram influência na América Latina naquilo que ficou conhecido como corrente arielista, exemplificada especialmente pelo uruguaio José Enrique Rodó. Para Rodó, um episódio marcante teria sido a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a qual teria significado uma séria ameaça aos valores da civilização. Esta comunicação pretende explorar alguns textos em que o autor desenvolveu essa perspectiva e o impacto que o evento teve em sua trajetória biográfica. Nome: Fernando César Ferreira Gouvêa E-mail: gouveafcf@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: A CAPES em tempos de Anísio Teixeira: entre impressos e impressões (1951-1964) O presente trabalho tem como objetivo estudar o Boletim Informativo CAPES na gestão de Anísio Teixeira (1951-1964) e nesse percurso captar a contribuição de Anísio para a institucionalização da pós-graduação no Brasil. O ponto de partida do estudo se pautou na importância do periódico enquanto instrumento que buscava intervir e influir num determinado contexto a fim de consubstanciar os posicionamentos, renovações e transformações propostas por um grupo que – no caso específico da CAPES – tinha a responsabilidade de elaborar políticas para o aperfeiçoamento dos quadros de nível superior do país. Tal situação assume proporções significativas no estudo do periódico visto ser o Boletim Informativo CAPES porta-voz oficial da instituição. A análise do contexto histórico dos momentos que antecederam e dos momentos que testemunharam a criação da CAPES, a sua consolidação e a compreensão da sua dinâmica interna possibilitaram uma acurada percepção das estratégias de irradiação, articulação e mobilização utilizadas pelo Boletim Informativo para a construção de uma rede que teve na institucionalização da pós-graduação no Brasil o seu objetivo central. Nome: Francini Venâncio de Oliveira E-mail: fvo@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: João Cruz Costa e a questão do intelectual no Brasil dos anos quarenta e cinqüenta

O presente trabalho tem como proposta reconstruir o itinerário intelectual do filósofo e historiador das idéias João Cruz Costa tendo em vista analisar o projeto político que perpassa o conjunto de sua obra, bem como discutir o papel e o peso que instituições como a Universidade de São Paulo, o ISEB, entre outras, tiveram não somente para sua trajetória, mas também - e sobretudo - para o direcionamento da nova maneira encontrada pelos intelectuais do período em questão para discutir os problemas de formação e de identidade nacionais. Nome: Francisco Carlos Palomanes Martinho E-mail: franciscomartinho@globo.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título:O Depoimento de Caetano Marcello Caetano (1906-1980) foi um dos mais destacados dirigentes políticos do Estado Novo português (1933-1974). Foi também um importante intelectual, tanto na área do Direito como na História. Quando da Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974, ocupava o cargo de Presidente do Conselho de Ministros desde 1968, em substituição ao antigo ditador, Oliveira Salazar. Exilado no Brasil, preocupou-se imediatamente em defender-se das acusações que a ele eram imputadas pelos revolucionários que derrubaram o regime. Como instrumento principal de defesa, publicou um livro pela editora Record, cujo título era Depoimento. Neste texto Caetano escreveu sobre os problemas principais de seu governo, sobretudo as mobilizações militares e a questão ultramarina. Trata-se, assim, de uma memória construída no próprio tempo histórico vivido. É sobre a construção desta memória que o presente texto tratará. Nome: Gisele Sanglard E-mail: sanglard@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Título:Ataulfo de Paiva e Guilherme Guinle: uma radiografia da filantropia no Rio de Janeiro. (1900-1929) Este trabalho se propõe a refletir sobre a ação da filantropia laica no Brasil nas primeiras décadas do século XX a partir do estudo prosopográfico dos principais benfeitores à saúde no Rio de Janeiro, durante a República Velha. Pretendemos contribuir, assim, para melhor compreender a relação da elite com a manutenção de hospitais na cidade. Estaremos partindo do pressuposto que a análise prosopográfica dos benfeitores destes hospitais ajuda a dar sentido à ação política deste grupo social, sem contar que também nos permite explicar as mudanças, tanto ideológicas quanto culturais, que se operam na relação da elite com a filantropia à saúde. Tomaremos como exemplo a ação de dois destes homens – o jurista Ataulfo de Paiva e o industrial Guilherme Guinle – que na primeira década do século estiveram envolvidos em diversos projetos filantrópicos voltados para a criação e manutenção de hospitais na cidade. Para tal, estaremos nos baseando na produção intelectual do primeiro e na análise da biblioteca do segundo, recentemente descoberta. Acreditamos que uma análise conjunta destes dois filantropos torna-se extremamente rica por permitir compreender suas relações, muitas vezes complexas, e de seus laços com o conjunto da sociedade. Nome: Giselle Laguardia Valente E-mail: giselle1960@gmail.com Instituição: UNIRIO Título:Sérgio Buarque de Holanda como adido cultural:intercâmbio cultural Brasil-Itália no segundo pós-guerra A inserção de Sérgio Buarque de Holanda no jogo entre esquecimento e memória, que atuou como diretor do Museu Paulista por dez anos (19461956), desenvolveu projetos educativos e instituidores de proteção do patrimônio cultural, não nos parece privilegiada nas análises empreendidas pela produção teórica do pensamento social brasileiro e, nesse sentido, procuraremos delinear aspectos ainda não explorados que se referem aos vínculos do pensamento social brasileiro e a produção museológica. No decorrer da pesquisa ficou evidenciada a importância das relações culturais estabelecidas entre o Brasil e a Itália, através dele, que no período de 1952-1954, esteve na Itália em missão cultural. Refletir sobre o intercâmbio cultural Brasil-Itália, realizado pelo intelectual brasileiro permitirá dimensionar a amplitude de sua contribuição para as relações internacionais brasileiras e trocas culturais estabelecidas através das palestras, exposições, cursos e publicações por ele realizadas. Sérgio Buarque de Holanda pode ser compreendido como um agente que ultrapassou a esfera do erudito, utilizando como instrumentos as universidades e os museus no Brasil e no mundo, contribuindo para a consolidação do amplo sistema de produção de bens simbólicos.

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Nome: Giselle Martins Venâncio E-mail: gmvenancio@yahoo.com Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título:Fran Paxeco: um intelectual a serviço do luso-brasileirismo. (1895-1952) Manuel Francisco Pacheco (ou Fran Paxeco) nasceu em Setúbal, Portugal, em 1874, e morreu em Lisboa, em 1952. Paxeco viveu longos anos no Brasil, entre o Maranhão e o Pará, nos períodos de 1895 a 1916 e, posteriormente, entre 1923 a 1952. Nos momentos em que permaneceu em terras brasileiras, Fran Paxeco buscou transformar sua vida em uma experiência pioneira de intercâmbio cultural, tendo se dedicado intensamente ao projeto de (re) conciliar as duas margens atlânticas do mundo luso-brasileiro, ideal para o qual contava com o apoio de seu mestre e amigo português Teófilo Braga. Em seus livros, textos e cartas, Paxeco buscava traçar os contornos de uma história da literatura de língua portuguesa que deveria aproximar Portugal e Brasil, motivo pelo qual se pode considerar que ele foi um dos idealizadores do chamado luso-brasileirismo da virada do século XIX para o XX. Neste sentido, esta comunicação pretende, por meio da investigação atenta da produção intelectual de Manuel Francisco Pacheco - especialmente aquela elaborada e publicada no Brasil, mais particularmente em São Luis do Maranhão -, contribuir para um maior conhecimento das relações Brasil-Portugal no período em tela, bem como evidenciar aspectos significativos da historia intelectual de ambos os países. Nome: Jailma Maria de Lima E-mail: jailmalima@ig.com.br Instituição: UFRN Título: João Café Filho: entre confissões humanas e imagens políticas sobre o “golpe preventivo” de 1955 João Café Filho, político norteriograndese, foi eleito vice-presidente da República em 1950, pelo PSP, na chapa com Getúlio Vargas (PTB). Em 1954, em meio à crise política que culminou no suicídio de Vargas, assumiu a presidência da República. Em novembro de 1955, com novas/velhas crises políticas e militares, Café Filho afastou-se da presidência, alegando problemas cardíacos. Dias depois, ao tentar reassumir o cargo, foi impedido por tropas militares, que contaram com a aprovação do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). O “golpe preventivo”, como o episódio ficou conhecido foi liderado pelo Marechal Henrique Teixeira Lott. Nesse sentido, a comunicação objetiva analisar olhares e interpretações de João Café Filho sobre o “golpe preventivo”, presentes em seu livro de memórias Do sindicato ao Catete: memórias políticas e confissões humanas, publicado em 1966. Um dos objetivos, segundo o autor, era retificar “distorções” em relação à sua passagem pela presidência e, principalmente, sobre seu impedimento. Nome: Jorge Ferreira E-mail: jorge-fer@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Panfleto. O jornal do homem da rua Como é comum em organizações de esquerda, o grupo nacional-revolucionário do PTB liderado por Brizola tinha o seu jornal: Panfleto, o jornal do homem da rua. Mas Panfleto também se apresentava como porta-voz da Frente de Mobilização Popular, frente de esquerda fundada pelo próprio Brizola. De periodicidade semanal e com 32 páginas, o primeiro número surgiu em 17 de fevereiro de 1964. A seguir, vieram mais seis, sendo que o último tinha data de 30 de março do mesmo ano. Com editoriais escritos por Brizola e matérias criticando o governo, denunciando falcatruas e privilégios, mostrando a pobreza do povo, elogiando os processos revolucionários cubano e chinês, além de entrevistas com líderes de esquerda, o jornal ainda apresentava colunas fixas, a exemplo de “Trincheira dos sargentos” e o “Evangelho. Ontem, Hoje e Amanhã”. Uma parte de Panfleto era dedicada à área cultural, com matérias sobre carnaval, teatro, futebol, música, cinema e poesia. Também estavam presentes no jornal caricaturas e tiras de histórias em quadrinhos. Os grupos e partidos políticos organizados na FMP tinham em Panfleto um veículo de comunicação que expressava suas idéias, projetos e estratégias, mas que, ao mesmo tempo, respondia aos anseios políticos e culturais dessas mesmas esquerdas. Nome: José Antônio dos Santos E-mail: joseants@hotmail.com Instituição: PUC RS Título:Inventário de si. O Arquivo Dario de Bittencourt (1901-1974) A partir dos documentos selecionados e arquivados por Dario de Bittencourt, essa comunicação vai se deter naqueles aspectos que dizem respeito à sua produção intelectual e ao elenco de intelectuais que povoam os seus

alfarrábios. Ele deu início ao arquivo guardando o espólio deixado pelo avô paterno, Aurélio Viríssimo de Bittencourt (1849-1919), tipógrafo, jornalista, poeta, alto funcionário público, secretário particular de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, e seguiu a sua sina de preservar documentos. Nas primeiras décadas do século XX, foi um dos responsáveis pela manutenção do jornal O Exemplo (1892-1930), líder integralista, advogado, poeta e escritor, colecionador de livros, cartas entre amigos e recortes de jornais, fez parte dos quadros sociais de clubes e circulou em terreiros de batuque da comunidade negra de Porto Alegre. Dario inventou uma biografia – Curriculum Vitae - sobre si, criou racionalidades em busca do branqueamento e estratégias discursivas para cruzar os dados da sua trajetória com as de pessoas reconhecidas no meio intelectual gaúcho. A sua disposição de guardar cartas e documentos de alguns conhecidos e outros tantos desconhecidos, nos deu a possibilidade de resgatar e inventariar outras biografias além da sua. Nome: José Luis Bendicho Beired E-mail: jbbeired@assis.unesp.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Título:Intelectuais e imprensa: a configuração de uma rede hispano-americana no espaço atlântico Objetivamos discutir a difusão do hispano-americanismo entre fins do século XIX e a década de 1930. Esse ideário ganhou uma nova dinâmica a partir nos anos 1890 em função da política exterior dos Estados Unidos para a América Latina e de sua intervenção na guerra de independência de Cuba. O hispano-americanismo orientou a construção de uma “comunidade imaginária” que visava afirmar a unidade histórico-cultural da Espanha, Portugal e América Latina, assim como a sua autonomia diante dos Estados Unidos e das potências européias. O movimento hispano-americanista foi encabeçado fundamentalmente por intelectuais e por órgãos da imprensa espanhola e latino-americana, que por meio de suas idéias, debates e iniciativas acabaram por arquitetar uma rede internacional de sociabilidade. Neste trabalho vamos analisar os fenômenos que condicionaram o desenvolvimento dessa rede, as idéias sustentadas e alguns dos seus principais agentes. Refletiremos como certas questões históricas levaram à articulação de problemas nacionais e internacionais por agentes situados em diversos países, num processo que conduziu ao fortalecimento de uma identidade supranacional de caráter hispano-americano. Nome: Lidiane Soares Rodrigues E-mail: bailadoraandaluza@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título:Desenvolvimento e dependência de uma polêmica Este estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla que pretende reconstituir o debate estabelecido entre um grupo de cientistas sociais, oposicionistas do regime militar, de meados dos anos setenta até o início dos anos oitenta. Nesta pesquisa, as intervenções de Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Francisco Weffort no que tange à democracia – suas possibilidades e limites, articulados ao problema da modernidade nacional – constituem nosso principal objeto de análise. Para a realização desse propósito, o exame das filiações teóricas, dos encaminhamentos interpretativos e do itinerário institucional, de cada um dos autores, constitui um exercício estratégico. No interior desse escopo, propõe-se então a apresentação que segue, acerca de Dependência e desenvolvimento na América Latina, de Enzo Faletto e Fernando Henrique Cardoso, que completa quarenta anos de sua primeira edição no Brasil. O objetivo dessa exposição consiste em expor as idéias centrais do livro, as principais polêmicas estabelecidas em torno do mesmo, e aventar antecedentes e desdobramentos delas na no itinerário intelectual de Fernando Henrique Cardoso. Nome: Lucileide Costa Cardoso E-mail: lucileidecardoso@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título:Jacob Gorender na mira do DEOPS/SP O presente trabalho recupera a trajetória política do historiador Jacob Gorender durante os anos de vigência da ditadura militar no Brasil. Para tanto analisa os processos na Justiça Militar (Projeto BNM) e os Dossiês preparados pelo DOPS paulista. Considerado por muitos um ícone na história da esquerda brasileira, Gorender produziu uma vasta obra que, ultimamente, vem sendo objeto de análises e polêmicas no cenário historiográfico. Diferenciando-se deste enfoque, fizemos um contraponto entre a dimensão testemunhal de sua produção (componentes biográficos e autobiográficos) e a sua contribuição para a historiografia do período, especialmente com a publicação do livro Combate nas Trevas. Cruzar tais fontes com os dados e versões produzidas pelos órgãos repressivos permitiu também identificar o

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25 grau de vigilância que se abateu sobre ele, familiares e amigos, bem como as suas estratégias de sobrevivência na clandestinidade e durante a prisão. Nome: Maria de Fátima Fontes Piazza E-mail: md.piazza@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Portinari e o campo cultural estadunidense: história, arte e política A comunicação pretende discutir uma rede de sociabilidade intelectual (Trebitsc, Gomes, Venâncio, Gontijo), tendo como epicentro o pintor Cândido Portinari, com alguns missivistas que moravam no hemisfério norte, com destaque para o historiador da arte Robert C. Smith, o historiador em civilização americana Lewis Hanke e o poeta e diretor da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso dos USA Archibald MacLeish, entre outros. As correspondências apontam para uma troca epistolar que tem como eixo: os quatro murais da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso dos EUA, executados por Portinari, em 1941: Descobrimento, Desbravamento da Mata, Descoberta do Ouro e Catequese. O ponto nodal da discussão será averiguar através do corpus documental - correspondências, artigos de periódicos, apontamentos de textos, entre outros - existente no acervo do Projeto Portinari: Quais as conexões das políticas de amizade do campo cultural brasileiro com o estadunidense? Qual a orientação historiográfica seguida pelo pintor para os murais, a de Robert Smith ou a de Lewis Hanke? Como se formou essa rede de sociabilidade intelectual? Dessa rede de sociabilidade intelectual, começa a aparecer no suplemento “Pensamento da América” do jornal “A Manhã” a obra poética e artigos de Archibald MacLeish. Nome: Maria Teresa Santos Cunha E-mail: mariatsc@gmail.com Instituição: UDESC Título: O bacharel, o político, o intelectual e a construção de redes de sociabilidades. O acervo de José Arthur Boiteux /Florianópolis/ (1890-1934) José Arthur Boiteux (1865-1934) foi um catarinense, fundador de instituições que marcaram o campo político/cultural nas primeiras décadas do século XX em Florianópolis, como a Faculdade de Direito, a Academia Catarinense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico, local que detêm a guarda de seu acervo composto por cerca de 50 mil documentos distribuídos cartas, recibos, cartões postais, certidões, recortes de jornais, folhetos, bilhetes, livros, fotografias. Pretende-se realizar um exercício interpretativo em seu acervo de cartões postais e suas dedicatórias que tematizam, pela imagem, a cidade de Florianópolis, problematizando a memória urbana em sua relação com as complexidades da modernidade e as singularidades das histórias tecidas entre os finais do século XIX e inícios do século XX., e evidenciam, pela escrita, diferentes modos e manifestações de sensibilidades e convivialidades na passagem do século XIX ao XX, caracterizando uma fomação/ manutenção de uma rede de sociabilidades políticas e pessoais perceptíveis nas trocas postais. O viés de análise privilegiará diálogos com a História da Cultura Escrita. Nome: Michelle Reis de Macedo E-mail: michellereis2001@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Em Tempo de memória: a “nova esquerda” e a reinterpretação da experiência trabalhista no Brasil Em fins da década de 1970 e início da década seguinte, o Brasil viveu o processo de redemocratização e diversas críticas foram formuladas contra a ditadura. Nesse contexto, surgem novas organizações de esquerda, que procuraram atuar como porta-vozes dos trabalhadores. O jornal “Em Tempo” foi um meio de comunicação que na época expressou idéias, programas e propostas de parte dessas esquerdas. Essa “nova esquerda”, que desmerecia as tradições formuladas por comunistas e trabalhistas no período anterior a 1964, teve que lidar com a volta do exílio de Leonel Brizola e sua proposta de construir um “novo PTB”. O objetivo do meu trabalho é analisar a maneira como as esquerdas organizadas em “Em Tempo” avaliavam o passado trabalhista brasileiro. Nome: Mônica Martins da Silva E-mail: moniclio@uol.com.br Instituição: UFG Título: Diálogos Epistolares e a Construção do Campo: O movimento do folclore em Goiás através de cartas. (1948-1978) O movimento institucional do folclore em Goiás iniciou-se em 1948 com a criação da Comissão Goiana do Folclore (CGF), que por sua vez estava ligada à Comissão Nacional do Folclore (CNFL) instituída pelo IBECC/ Unesco no ano anterior. Parte da história desse movimento pode ser discu-

tida através do diálogo epistolar estabelecido entre os membros dessas comissões, especialmente entre os anos de 1948 a 1978, pois indica algumas características do movimento, sob o ponto de vista de seus secretários-gerais. Nesse sentido, as cartas expressam uma “escrita de si” que identifica particularidades na percepção dos folcloristas sobre o povo, a cultura e a história, bem como na construção de um campo intelectual próprio. Nome: Noé Freire Sandes E-mail: noe@fchf.ufg.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Lembrança, arquivo e ressentimento: as memórias de Paulo Duarte Paulo Duarte, na composição de suas memórias, evoca o passado de modo distinto: a memória pessoal segue o fluxo dos sentimentos sem a clara definição de um roteiro a ser seguido. A memória política implica procedimento diverso: o jornalista lembra com base em seu arquivo: documentos, livros, cartas, jornais e fotos dirigem a lembrança em curso. A memória flerta com a história, mas o ressentimento aponta para o caminho inverso, a subjetividade. Nome: Pablo Francisco de Andrade Porfírio E-mail: pabloporfirio@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: A trajetória política de Francisco Julião: Considerações sobre as idéias de revolução e anistia no Brasil Este trabalho é parte integrante da pesquisa de doutorado sobre a trajetória política de Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas no Nordeste do Brasil na década de 1950 até 1964 e ex-deputado estadual e federal por Pernambuco durante o mesmo período. Julião, ainda nesse momento, foi produtor de um discurso que englobava a idéia de revolução armada, sobretudo para a viabilização da reforma agrária radical. Nesse sentido, esteve presente na discussão sobre o modelo de revolução para o Brasil, sobretudo durante a década de 1960. Essas dimensões políticas anteriores ao golpe de 1964 passaram a povoar as memórias, sobre a trajetória política de Julião, produzidas no período da sua volta do exílio em 1979 e influenciaram em sua busca por inserção política do ex-líder camponês após a anistia. Desse modo, este trabalho se propõe a entender a relação entre os posicionamentos de Julião sobre a idéia de revolução e as memórias políticas produzidas no processo de anistia no Brasil no final da década de 1970, tentando assim promover novos entendimentos sobre o período de redemocratização do país. Nome: Paulo Santos Silva E-mail: psantos@atarde.com.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia - Uneb Título: Personagens em tempos sombrios: o Estado Novo e o discurso liberal na produção literária de Nestor Duarte Guimarães Nestor Duarte Guimarães (1903-1970) figura entre os intelectuais da Bahia que mais se destacaram na oposição a Getúlio Vargas e ao interventor Juracy Magalhães. A partir de argumentos liberais, atuou nas fileiras partidárias de grupos baianos desalojados do poder pela “Revolução de 1930”. Ocupou de 1935 a 1937 a Assembléia Legislativa, tendo sido eleito deputado pela Concentração Autonomista da Bahia, corrente que agregava remanescentes das oligarquias locais desprestigiadas e dispostas a retomar as rédeas do poder em âmbito estadual. Ao lado de larga produção no campo jurídico, escreveu ensaios de natureza sociológica e romances. Sua obra ficcional tem como matéria questões sociais e políticas, com recorte temático concentrado em torno da repressão durante o Estado Novo e do “trabalhismo”. Sua atuação política e intervenção intelectual foram fundamentais para consolidar o “autonomismo baiano” e assegurar bases para a construção da União Democrática Nacional (UDN) na Bahia. Nome: Regina Abreu E-mail: abreuregin@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO Título: Ecos e Murmúrios de uma Trajetória Incomum: Sergio Arouca e o Projeto de Saúde Coletiva Pesquisa sobre a trajetória do sanitarista Sergio Arouca sinaliza o papel decisivo de intelectuais na produção de acontecimentos, revelando ainda a expressão coletiva destas trajetórias “incomuns”. Traçar a posteriori estas “histórias de vida” consiste por si só num empreendimento multifacetado onde os narradores reconstroem uma experiência a partir de múltiplos pontos de vista. Fazer a crítica das fontes ou apropriar-se de recursos metodológicos não garante o tão ansiado caminho seguro. É preciso deixar-se atravessar pela polifonia de vozes contraditórias, conseqüência da multiplicidade de afetos que estas narrativas evocam, deixando entrever a relação entre os intelectuais e acontecimentos precisos que inauguraram mundos. Rompendo com

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qualquer tipo de hagiografia ou monumentalização, é preciso discernir quais ações e pensamentos estes intelectuais foram capazes de produzir e reverberar. Os “ecos e murmúrios” que nos chegam postumamente falam de uma tradição construída e perpetuada. O legado de Sergio Arouca relaciona-se com movimento pelos direitos à saúde iniciado nos anos de 1970, que gerou e fortaleceu instituições como o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e a FIOCRUZ, consolidando-se na Constituição de 1988 e institucionalizando-se com o Sistema Único de Saúde. Nome: Robson Mendonça Pereira E-mail: robsonper@terra.com.br Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título:Escrita íntima e retratos do poder: o diário de governo de Altino Arantes. (1916-1924) A análise crítica da escrita auto-referente vem apresentando enormes possibilidades no âmbito da história política, pois permiti desvendar a natureza das atitudes e das ações dos atores políticos, nos seus aspectos mais recônditos. Neste sentido, pretendo discutir o diário íntimo de Altino Arantes como registro íntimo e projeto autobiográfico. O autor inicia sua feitura quando da posse como presidente paulista em maio de 1916, registrando o cotidiano do círculo restrito do poder, produzindo apreciações interessantes sobre seus pares e momentos de reavaliação de seus atos diante de eventos críticos para oligarquia cafeeira como a greve anarquista de 1917 e a pandemia gripal de 1918, no qual revela hesitação e incerteza. Entre outros assuntos tratados, reflete sobre seus sonhos, aspirações, os filhos órfãos de mãe, a saudade da falecida esposa. No âmbito dos relacionamentos pessoais e íntimos, destaca-se a tensa amizade com seu conterrâneo Washington Luís e os acordos de bastidores tramados com seu principal mentor o conselheiro Rodrigues Alves. O diário adquiri ainda uma dimensão intelectual, pois seu autor discute idéias e projetos político-institucionais que aparecerão mais tarde em seus livros. Nome: Tatyana de Amaral Maia E-mail: tatyanamaia@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A cultura como guardiã do espírito cívico nacional: a ação dos intelectuais do Conselho Federal de Cultura na ditadura civil-militar (1966-1975) O Conselho Federal de Cultura foi criado em 1966 para organizar as ações culturais do Ministério da Educação e Cultura, tornando-se responsável pela institucionalização do setor nos governos militares. Nesta comunicação, buscamos compreender as políticas culturais promovidas pelo CFC a partir do ideal de civismo, constitutivo da relação entre o Estado e a sociedade civil nos anos autoritários. Os conselheiros, experientes e reconhecidos “homens de pensamento e ação”, buscaram forjar os pilares sustentatórios da cultura nacional através da valorização do regionalismo e da preservação da memória. A defesa da cultura foi considerada fundamental para a formação de cidadãos conscientes tanto de seu papel de devoção à pátria quanto da necessidade de solidariedade social. No civismo, os direitos políticos, civis e sociais dos cidadãos podem ser restringidos em favor da harmonia social e da segurança nacional. O conceito foi habilmente utilizado para redefinir a relação entre o Estado e o cidadão, num período marcado por Atos Institucionais que feriam os princípios da cidadania, mas estavam perfeitamente ajustados aos princípios do civismo. Nome: Tereza Maria Spyer Dulci E-mail: terezaspyer@hotmail.com Instituição: FFLCH - USP Título: Discursos de política externa e projetos de integração da América Latina na Revista Brasileira de Política Internacional O objetivo deste trabalho é estudar a constituição dos discursos de política externa presentes na Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI). Essa revista foi fundada no Rio de Janeiro em 1958 – pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) órgão subordinado ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil – sendo a mais antiga publicação especializada em relações internacionais em circulação no país. De modo especial, a RBPI tratou, ao longo de seus 50 anos, da realidade política, econômica, social e especialmente, intelectual do Brasil e da América Latina. Pretendemos analisar as diferentes doutrinas e premissas teóricas acerca dos projetos de integração dos países latino-americanos formuladas, principalmente, por acadêmicos, diplomatas e militares brasileiros entre os anos de 1958-1988.

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26 26. Interlocuçþes entre HistĂłria, ĂŠtica e linguagens artĂ­sticas - Aspectos estĂŠticos e polĂ­ticos do diĂĄlogo arte e sociedade Rosangela Patriota Ramos – Universidade Federal de Uberlândia (patriota-ramos@uol.com.br) 2 GLiORJR PXOWLGLVFLSOLQDU GH PDQHLUD VLVWHPiWLFD WHP VH DPSOLDGR QR kPELWR GD SHVTXLVD KLVWyULFD SDUticularmente pela atuação de pesquisadores que se deslocam, dadas as suas inquietaçþes teĂłricas, para RXWUDV iUHDV GH FRQKHFLPHQWR (VWHV SDUD DOpP GR LQWHUHVVH HP REMHWRV HVSHFtĂ€FRV YLVDP WDPEpP UHĂ HWLU VREUH D DPSOLDomR GR WHUULWyULR SURSULDPHQWH GLWR GH DWXDomR GR KLVWRULDGRU

Resumos das comunicaçþes Nome: Alcides Freire Ramos E-mail: patriota.ramos@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: João Batista de Andrade e Eduardo Coutinho: aspectos estÊticos, políticos e Êticos na luta contra a ditadura militar Os cineastas João Batista de Andrade e Eduardo Coutinho, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), tiveram grande atuação política por meio de seus filmes. Nesta comunicação, abordaremos a trajetória de ambos salientando os aspectos estÊticos e Êticos desse embate contra a ditadura militar, com especial atenção para o trabalho que ambos tiveram na televisão brasileira (TV Cultura e Rede Globo) e o impacto disso para suas obras cinematogråficas. Nome: Alexandre Pacheco E-mail: nelsonfonseca4@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Rondônia Título: Como governei o Amazonas: a Êtica do literato e historiador Arthur Cezar Reis diante do poder (1964-1967) Neste trabalho, temos o intuito de analisar as relaçþes entre o capital literårio acumulado pelo historiador Arthur Cezar Reis e sua ascensão ao poder do Estado do Amazonas durante os anos de 1964 a 1967. Neste sentido, pretendemos demonstrar como sua obra intitulada Como governei o Amazonas (1967) contÊm a representação, a partir de um discurso apolítico, da postura tecnocråtica adotada pelo historiador quando esteve à frente dos negócios de seu Estado. Postura que apesar de relacionar-se historicamente aos habitus de outros intelectuais que estiveram à frente do poder na Êpoca, revela-nos paralelamente a configuração da Êtica ao qual Arthur Cezar Reis se pautou para governar e que incorporou disposiçþes advindas de sua visão histórica sobre os problemas da região Amazônica. Visão histórica, enfim, que se materializou em um grande capital literårio, que não só abriu os caminhos do poder para Arthur Cezar Reis, como tambÊm legitimou muitas de suas açþes nos órgãos estatais que esteve à frente nas dÊcadas de 1950 e 1960. Nome: Amanda Maíra Steinbach E-mail: amanda_steimbach@yahoo.com.br Instituição: UFS Título: Resistência política na Medeia de Vianinha Oduvaldo Vianna Filho nasceu em 1936 e, vítima de câncer, faleceu precocemente em 1974. Durante os 38 anos de sua vida Vianinha atuou em muitas frentes. Foi um dos líderes do principal movimento de renovação do teatro brasileiro, o Arena, e, posteriormente, liderou o primeiro Centro de Cultura Popular (CPC) do Brasil, o da UNE do Rio de Janeiro. Seu teatro sempre foi político e engajado. Sem perder de vista a questão estÊtica da arte, sempre buscou um teatro que falasse do povo e para o povo. Contrårio à luta armada posicionou-se a favor da resistência contra o regime militar. Por essa relação tão íntima de sua obra com um projeto político silenciado pelo regime militar instaurado em 1964 no Brasil ele, nas påginas de sua obra, pareceu-nos rica fonte documental de um momento da história de nosso país. Sua MedÊia Ê de uma beleza ímpar e muitas vezes não damos a ela o devido valor, escrita em 1972 e veiculada pela Rede Globo de Televisão, ela possui passagens que possibilitam interpretå-la como uma obra de resistência democråtica e de crítica social. Assim, tentaremos mostrar por excertos do referido texto, metåforas que são exemplos de resistência ao regime e luta pela redemocratização, no período em que a censura e a perseguição atuaram de forma mais significativa, os anos do AI. Nome: Ana Amelia de Moura Cavalcante de Melo E-mail: anameliademelo@gmail.com

Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: 1945. Os escritores e a questĂŁo da democracia Em janeiro de 1945 seria realizado em SĂŁo Paulo o I Congresso Brasileiro de Escritores, organizado pela Associação Brasileira de Escritores, fundada em 1942. A reuniĂŁo teria um carĂĄter polĂ­tico inegĂĄvel. Os temas discutidos no Congresso eram a luta contra o fascismo, a democratização da cultura e a liberdade criativa. A postura de engajamento de certa literatura jĂĄ se vislumbra na geração de 30 como marcas essenciais de escritores como Graciliano Ramos, Jorge Amado, Raquel de Queiroz, etc. A prisĂŁo de alguns deles durante o Estado Novo e as vinculaçþes com o Partido Comunista revelam um comprometimento com as causas da democracia. A realização em 1945 do I Congresso de escritores brasileiros e a elaboração de um manifesto contra a falta de liberdades coloca explicitamente o tema do ativismo polĂ­tico. Neste trabalho buscar-se-ĂĄ refletir sobre a tensĂŁo entre o ideĂĄrio estĂŠtico destes escritores e sua atuação polĂ­tica, a partir dos debates surgidos no âmbito da Associação Brasileira de Escritores e da realização do Congresso de 1945. Nome: Ana Carolina Verani E-mail: anacarolv@ig.com.br Instituição: ColĂŠgio Estadual MĂĄrio Tamborindeguy TĂ­tulo: Lima Barreto: loucura e literatura como crĂ­tica social O trabalho tem como objetivo analisar a obra do escritor Lima Barreto, privilegiando dentro desta obra o tema relativo Ă loucura e a instituição psiquiĂĄtrica, e relacionando-a ao contexto especĂ­fico da ĂŠpoca. Ao investigar a obra do escritor, e mais especificamente os seus escritos relativos a questĂŁo da loucura, ĂŠ possĂ­vel interpretar a obra analisada como um questionamento do novo cenĂĄrio urbano que se desenvolvia no perĂ­odo, assim como os valores dominantes no contexto de modernização. O trabalho busca, enfim, verificar a hipĂłtese de que Lima Barreto usa a temĂĄtica da loucura como uma estratĂŠgia de reflexĂŁo e crĂ­tica sobre questĂľes mais amplas da sociedade. Partindo deste pressuposto, ĂŠ possĂ­vel tentar perceber como o escritor questiona, a partir de sua produção literĂĄria, o processo de modernização brasileiro. Os personagens de sua obra que sĂŁo considerados loucos sĂŁo aqueles que, na verdade, sĂŁo incumbidos de transmitir os valores considerados verdadeiros pelo escritor, em oposição aos valores predominantes na ĂŠpoca. Nome: AndrĂŠ Luis Bertelli Duarte E-mail: andrebduarte@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU TĂ­tulo: A Companhia EstĂĄvel de RepertĂłrio de Capa, Espada e Nariz: aspectos da encenação de Cyrano de Bergerac no Brasil em 1985 O processo de restabelecimento do estado de direito no Brasil ocorrido na dĂŠcada de 1980 marcou de forma determinante a produção teatral do perĂ­odo. Ă€ luz da nova configuração polĂ­tica, a cena brasileira viu-se Ă s voltas com a necessidade de estabelecer novos paradigmas de atuação, tanto estĂŠticos quanto polĂ­ticos. Nesse sentido, o presente trabalho propĂľe um enfrentamento estreito com alguns dos caminhos trilhados pelo teatro no perĂ­odo a partir da anĂĄlise da encenação de Cyrano de Bergerac pela Companhia EstĂĄvel de RepertĂłrio no ano de 1985, com direção de FlĂĄvio Rangel e Antonio Fagundes no personagem-tĂ­tulo. Com efeito, busca problematizar, na senda das relaçþes HistĂłria/EstĂŠtica, as novas configuraçþes do diĂĄlogo Arte/ Sociedade; Teatro/PolĂ­tica, propondo, assim, um alargamento da compreensĂŁo sobre determinadas prĂĄticas culturais no Brasil em meados da dĂŠcada de 1980. Nome: Diogo Cesar Nunes da Silva E-mail: diogodcns@gmail.com Instituição: UERJ TĂ­tulo: HistĂłria cultural, literatura e subjetividade: a realidade como construção dos sentidos

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Com a chamada “crise epistemológica” anunciada pela Annales, em 1988, a História Cultural passou a se configurar, na metáfora de Burke, em um “amplo guarda-chuva”, que vê surgir sob suas abas novas e/ou renovadas modalidades, como a Psico-História e a História do Imaginário. Como sugere Chartier, o historiador da cultura busca se aproximar da consciência do sujeito. Neste sentido, o “refluxo do estruturalismo” abre portas ao diálogo com a Psicologia e à abordagem da Literatura como fonte capaz de revelar preciosos dados sobre a subjetividade humana. Como afirma Todorov, a literatura não nasce no vazio, mas no âmago de “discursos vivos”. Logo, requer análise que não se limite à materialidade do texto, mas que a compreenda enquanto representação: manifestação de uma realidade histórica construída pelos sentidos, pela percepção, ou seja, por sistema simbólico compartilhado entre indivíduos. Assim, embasado nas idéias de Chartier, Ricoeur, Ginzburg e Merleau-Ponty, o trabalho pretende refletir sobre a relação entre o ficcional e o real, atento às contribuições da fenomenologia ao estudo cultural que investiga, na literatura de ficção, os indícios, as pegadas, através das quais se pode “extrair os procedimentos pelos quais o social é construído”. Nome: Dolores Puga Alves de Sousa E-mail: dolorespuga@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: As determinações estéticas e políticas da encenação da peça “Gota D’água” Foi por meio de um exercício de análise da produção cênica da peça “Gota D’água” – escrita por Paulo Pontes e Chico Buarque em 1975 e encenada a partir desse mesmo ano no Rio de Janeiro e em São Paulo – que seus diversos fatores de apresentação para o público se tornaram fundamentais para a pesquisa. Quais as idéias abordadas pelo diretor Gianni Ratto ao desenvolver esse projeto? Compreendendo sua história profissional foi possível apontar alguns caminhos possíveis para a reflexão da obra, construindo uma investigação do cenário e da cena e buscando interligar esses elementos com as particularidades do período histórico e dos sujeitos envolvidos nesta produção. Para tanto, o trabalho procura aprofundar nas discussões a respeito do programa da peça, das propostas estético-políticas do diretor – adquiridas através de revistas sobre encenação e entrevistas com Ratto, além dos livros “A mochila do Mascate” e “Antitratado de Cenografia” ambos deste intelectual –, bem como das fotos do espetáculo – analisadas partindo-se do livro “A ilusão especular: introdução à fotografia” de Arlindo Machado –, que conduzem a uma possível visão da obra. Nome: Eduardo José Reinato E-mail: reinatto@uol.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Distância entre intenção e gesto: D. João VI e a construção estética do poderoso Império Atlântico A transferência da Corte portuguesa difundiu sensibilidades, imagens e sociabilidades marcadas por práticas de comportamento espelhadas nos moldes estéticos europeus. Ao mesmo tempo, a guerra na Europa produziu o que se denomina de “Estética do conflito”. Como o projeto de construção de um Império poderoso - luso brasileiro - em meio a crise, a construção de uma estética cortesã no Brasil, mantém contradições com o modelo heróico (napoleônico).O que se pretende nesse estudo é analisar o confronto entre os modelos de construção heróicos, baseados na estética romântica européia e a construção de um modelo específico na América portuguesa, não heroificada, que é D. João VI identificada com um projeto centralista e unitário de império. Nome: Edwar de Alencar Castelo Branco E-mail: edwar2005@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: O cinema curtição dos anos 60/70: Câncer, Sem essa aranha e Meteorango Kid Este trabalho, subproduto de estudo mais amplo que indaga sobre as potencialidades históricas do chamado Cinema Marginal, apropria-se dos filmes Câncer (1968), Sem essa aranha (1970) e Meteorango kid (1969), respectivamente de Glauber Rocha, Rogério Sganzerla e André Luiz de Oliveira, procurando, a partir de tais filmes, refletir sobre como parcelas da arte jovem no Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, se valiam deste “cinema curtição” para tensionar os limites históricos de sua época. Do ponto de vista do trabalho, os filmes possibilitam compreender como estes cineastas se valiam de filmes experimentais para, articulando horror e humor, driblar a censura e configurar um discurso jovem e contestatório não apenas no âmbito macropolítico, mas tematizando aspectos do cotidiano urbano brasileiro nos anos de chumbo. Câncer, Sem essa ranha e Meteorango Kid atacam o Brasil e o

mundo, dilaceram nossos sonhos tropicais e mostram a crueza do mal-estar que, à época, consumia nossas convicções positivas. Nome: Eliane Alves Leal E-mail: elianealeal@gmail.com Instituição: UFU Título: O texto e a cena teatral enquanto possibilidades da pesquisa em História: considerações sobre a tradução e a encenação de Dom Juan [Molière, 1665] por Fernando Peixoto, no Teatro Oficina [1970] Anatol Rosenfeld, em “Prismas do Teatro”, ensina que “o texto contém apenas virtualmente o que precisa ser atualizado e concretizado pela idéia e formas teatrais”. Nesse sentido, ao empreender um estudo sobre a encenação de “Dom Juan” a pesquisa possui dois focos: o texto utilizado como matéria-prima para o palco e a cena, ou seja, a maneira pela qual as idéias foram atualizadas e concretizadas na forma teatral. Assim, nos colocamos na postura de valorizar a historicidade inerente a este processo de tradução e roteirização da peça francesa de Molière e sua conseqüente montagem cênica, por Fernando Peixoto. Vale mencionar que a criação da peça consiste em um momento raro da trajetória intelectual e artística de Peixoto. Uma vez que, para ele, foi “a oportunidade de exorcizar meus fantasmas pessoais, numa descompromissada linguagem cênica”. Esta linguagem concretizou o olhar que lançou sobre seu tempo presente, recheado de contradições sociais e políticas, pois de um lado encontrava-se a Ditadura Militar e do outro a Contracultura, bem como tantas outras formas de contestação. Posto isso, esta apresentação empreenderá análises que abarquem as interlocuções existentes entre texto, cena e o conhecimento histórico, mediados pelos sentidos atribuídos pelo diretor brasileiro. Nome: Emília Saraiva Nery E-mail: emilia.nery@gmail.com Instituição: UFPI Título: Imprensa cantada de Tom Zé e o desdém de uma linha evolutiva na música popular brasileira (dos meados dos anos 1960 aos meados dos anos 1980) Trata-se de um estudo sobre um novo acordo tácito de fazer música na MPB, expresso nas letras de músicas do músico baiano Tom Zé entre os meados dos anos 1960 aos meados dos anos 1980. Esse novo acordo tácito pode ser entendido como um jornalismo cantador de temas políticos, sociais e artísticos, performático e experimental dos versos e dos sons das canções. As referidas letras ainda podem ser analisadas tendo em vista a objetivação histórica do conceito de linha evolutiva na MPB a partir da marcação da arte de Tom Zé com o destaque da sua participação no movimento tropicalista. Neste quadro, a obra de Tom Zé pode ser apresentada como desdenhadora das deferências centralizadoras sobre os papéis e os lugares da arte e do artista no interior do Tropicalismo e das divisões musicais, desencadeadas na Música Popular Brasileira. O estudo também reflete sobre as maneiras como Tom Zé se inseriu nos debates políticos e cotidianos de sua época, favorecendo a discussão de temas tais como: a cidadania; as dicotomias entre tradição popular/nordestina e modernização vivenciada nas cidades; o controle populacional e as desigualdades sociais. Nome: Frederico Osanan Amorim Lima E-mail: frederico.osanan@hotmail.com Instituição: Faculdade Piauiense - FAP Título: Táticas caminhantes: a contracultura na cinematografia piauiense dos anos 1970 A principal proposta deste trabalho consistiu em se apropriar de filmes produzidos em equipamentos de Super-8 durante a década de 1970 na cidade de Teresina e que puderam ser utilizados como material de análise do período, pois permitiram enxergar as condições de existir de uma pequena parcela da juventude teresinense de então, notadamente no que diz respeito ao comportamento e a chegada dos elementos da contracultura na cidade. Para trabalhar com as fontes foi utilizada, principalmente, a noção de Contracultura de Theodore Roszak. Nome: Heloisa Selma Fernandes Capel E-mail: hcapel@gmail.com Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Retórica da ironia e estética moral em os Caprichos de Goya A comunicação enfatiza as relações entre ética e estética por meio das imagens produzidas na série Os Caprichos de Goya (1797-1799), considerada pelos ilustrados como um livro de poesia moral. Para alcançar a discussão, o trabalho investiga a obra de arte em sua dimensão hermenêutica e da linguagem, considerando seus significados e formas sob a perspectiva da história

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26 cultural da imagem. A imagem artística não como reflexo da realidade social, nem como um sistema autônomo de signos em relação com a sociedade, mas como testemunha cultural que ocupa uma variedade de posições em relação a tais extremos. Ao interpretar o mundo em que vivia, Goya jogou com a tradição e os próprios projetos de sentido em disputa: a adoção do projeto nobiliárquico e real como pintor da corte, por um lado, a sedução da razão oferecida pelo projeto ilustrado, por outro, e a tempestade de sentimentos que transborda em sua visão romântica. A retórica imagética e irônica de Goya só teve força de expressão por ter sido acolhida em imaginário ilustrado pela recepção crítica do século XIX, a partir da conjunção com a conturbada cena política espanhola da era napoleônica. Por meio das gravuras da série Os Caprichos, é possível compreender mudanças nas sensibilidades do pintor e de sua época. Nome: Henrique José Vieira Neto E-mail: hjvneto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: O Tronco: obra literária de Bernardo Elis (1956) e fílmica de João Batista de Andrade (1999) e as relações entre História, Cinema e Literatura O trabalho em questão trata-se de uma análise histórica do filme O TRONCO, realizado em 1999 pelo cineasta mineiro João Batista de Andrade; o filme é uma adaptação do romance homônimo do escritor goiano Bernardo Élis(1915-1997), editado pela primeira vez em 1956. Tal análise histórica é centrada nas imbricações que envolvem a tríade confluência entre História, Cinema e Literatura, respaldada pelas teorias do meu núcleo de estudo em Linguagens, Estética e Hermenêutica. Escrito em 1956, o romance de Bernardo Élis, aborda a questão das guerras pelo poder entre as oligarquias goianas no início do século XX, ou seja, na República Velha. Élis ainda aponta para o ‘esquecimento’ do referido Estado pelo governo central do país e o domínio das oligarquias coronelistas e clãnicas. O filme de J.B.de Andrade faz uma ponte entre o passado histórico e o presente em que foi produzido, desferindo uma poderosa crítica ao Brasil dos anos de 1990 e resgatando sua própria trajetória como artista, intelectual e cidadão. Através do estudo da estética fílmica e literária, destrinchamos a historicidade contida na obra de arte em questão, apontando para uma pluralidade interpretativa que abrange a política, a sociedade e a cultura da época em que as referidas obras foram gestadas. Nome: Hudson de Oliveira e Silva E-mail: hudsonhistorian@gmail.com Instituição: UCG Título: Uma representação de identidade latino-americana na estética do “Real Maravilhoso” em “Os Passos Perdidos” de Alejo Carpentier O objetivo dessa comunicação é relacionar história e literatura, buscando na obra “Os Passos Pedidos”, de Alejo Carpentier, um espaço de debates e de construção de identidades. Buscando compreender o processo de construção de uma identidade (latino)-americana na estética do “Real Maravilhoso”. Onde o lúdico funciona como elemento de singularidade identitária. Ao percorrer os labirintos do Orinoco, a personagem central faz um regresso simbólico ao útero, “purificando” o “eu/identidade” na natureza “selvagem”. O “útero” simbólico ou o passado ancestral da América aliado ao desejo de se construir o (latino)-americano, busca findar a existência ficcional daqueles que na América se encontram. Nome: Jailson Dias Carvalho E-mail: carvalho_jailson@yahoo.com.br Instituição: E. Est. Sérgio de Freitas Pacheco Título: Uma cena de Montes Claros (MG) nas páginas d’O Malho (1907): um convite à reflexão acerca dos estímulos da modernidade e os primórdios do cinema no município Uma pequena fotografia protagonizada pelos moradores de Montes Claros (MG) durante uma comemoração carnavalesca e publicada na revista O Malho, no ano de 1907, constitui o ponto de partida de uma reflexão acerca dos estímulos provocados pela modernidade no município e entre os seus cidadãos. Esse evento suscita ao pesquisador do cinema brasileiro algumas ponderações: a representação dos moradores na revista denota que os meios de transporte e comunicação permitiram um intercâmbio (da própria revista, de pessoas, do cinema) no mínimo bastante curioso; uma nova cultura visual, moderna e acessível era proporcionada pelas revistas ilustradas (O Malho, por exemplo), e é provável que elas contribuíram na assimilação do processo modernizador em curso na época. A presente comunicação terá por objetivo estabelecer estas conexões.

Nome: João Pinto Furtado E-mail: jfurtado@ufmg.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Cronistas de um novo tempo: Chico Buarque e Ruy Guerra relêm alguns dos novos dilemas políticos no Brasil dos anos 1970 O trabalho procura abordar aspectos da História Política e Cultural do Brasil a partir dos anos 1970. Tomando como referência a produção de dois artistas considerados como bons cronistas das transformações pelas quais passava a sociedade brasileira dos anos 1970, procuraremos perceber a emergência de um novo modo de ver a vida, a história a e política. Enfocando a polissêmica idéia de traição, expressa no conjunto textual e no cancioneiro da peça Calabar (1973), procuraremos evidenciar algumas mudanças expressivas que se haviam operado nas próprias concepções de utopia política e na questão da mulher, agora postulante objetiva e militante de uma nova posição na até então conservadora sociedade brasileira. A idéia central é a de que a diversidade presente na sociedade brasileira de então pode ser percebida a partir dos diferentes registros culturais remanescentes, os quais anunciam a existência de diferentes sub-culturas políticas à época. Em nossa perspectiva, os temas e representações culturais analisados expressam parte substantiva da problemática política do período por ser este um dos momentos centrais em que se pode perceber o processo de redefinição da concepção da cultura política de esquerda no Brasil. Nome: José Bezerra de Brito Neto E-mail: josebritos2005@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Entre “Vernissages” e “Pelejas”. Arte e política nos Salões de pintura de Pernambuco Os limites que relacionam a arte com a política implicam na enunciação de territórios que interrogam a produção artística segundo sua própria potência de ação, de modo que sua existência, em diversos momentos da história irá adequar-se às “regulamentações” de uma certa ordem dominante. O presente artigo tem como problema central discutir as negociações políticas e culturais exercidas no cotidiano das artes plásticas no período do Estado Novo, de 1930 a 1945, entre os pintores e as políticas governamentais no estado de Pernambuco. Isto através da análise dos espaços competitivos e sócioculturais, intitulados de Salões de Belas Artes de Pernambuco, criados para premiar aqueles artistas que se enquadravam nas normas exigidas por editais redigidos de acordo com o posicionamento político do governo em vigor. Nome: Julierme Sebastião Morais Souza E-mail: juliermehistoriador@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: Paulo Emílio Salles Gomes e historiografia do cinema brasileiro: qual o valor estético das chanchadas? Partindo da hipótese de que os artigos presentes na obra “Cinema: trajetória no subdesenvolvimento”, do crítico e historiador Paulo Emílio Salles Gomes, compõe-se em uma matriz interpretativa da história do cinema brasileiro, este trabalho tem como parti pris a demonstração de um processo no qual ocorreu uma excessiva desvalorização das chanchadas. Nesta medida, buscaremos dialogar a todo o momento com ao menos duas interpretações possíveis acerca do valor estético das chanchadas, bem como demonstrar que sua desvalorização estética é oriunda, antes de tudo, de uma perspectiva ideológica de construção de significado de um movimento considerado vigoroso esteticamente (Cinema Novo). Nome: Katia Eliane Barbosa E-mail: kat.eliane@hotmail.com Instituição: UFU Título: Diálogos com a redemocratização: a dramaturgia rodrigueana sob o olhar de Antunes Filho Esta pesquisa propõe levantar novas questões acerca da dramaturgia rodrigueana a partir das encenações Nelson Rodrigues O Eterno Retorno (1981), Nelson 2 Rodrigues (1984) e Paraíso Zona Norte (1988) realizadas pelo diretor Antunes Filho. Essa opção justifica-se não só pelo contexto em que estão inseridos os espetáculos - luta contra o regime instaurado no Brasil em 1964, redemocratização, retorno do Estado de Direito, críticas a censura da imprensa - mas também pelas inovações estéticas apresentadas, pela linguagem cênica em consonância com as tendências mais modernas do teatro contemporâneo. Contrariamente às interpretações que vêem o autor Nelson Rodrigues como um dramaturgo reacionário por não ter abraçado o teatro engajado e que o criticam por não ter sujeitado sua arte a formas pré-concebidas, este estudo procura interpretar sua obra para além destas questões. Os espetáculos rodrigueanos, ao trazer para o palco dramas individuais numa perspectiva trágica,

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suscitam uma reflexão sobre a essência do homem contemporâneo como indivíduo, como ser social e político, ampliando assim seus significados em termos coletivos a partir dos diferentes níveis de interlocução com o processo histórico. Nome: Luciano Carneiro Alves E-mail: lcalves@cpd.ufmt.br Instituição: UFMT - Campus Rondonópolis Título: A linguagem da canção: a historicidade do verbal e do musical na relação entre rock e MPB No esforço de construção de um novo referencial teórico-metodológico para o uso da canção pelos historiadores, enfrentar o desafio interdisciplinar tem sido imprescindível. Forma híbrida, resultante de uma articulação particular entre texto escrito e linguagem musical, a canção requer uma abordagem que vá além da mera análise dos temas e conteúdos de suas letras. Do contrário, separa-se, com grande prejuízo para o resultado da análise, um conjunto de significantes que só podem ser apreendidos em sua plenitude se entendidos enquanto um todo inseparável. Desde meados da década de 1990, primeiro no âmbito do mercado e, mais recentemente, também no meio acadêmico, está em curso um processo que busca construir legitimidade simbólica para a produção musical da “geração coca-cola”, destacando seu valor estético e intelectual. Os artistas também buscaram esta legitimação por meio da linguagem. Neste trabalho, apresento uma reflexão sobre como tal processo pode ser percebido nas canções de bandas de rock brasileiras que surgiram nos anos 1980 e mantiveram sua posição de destaque nas décadas seguintes (Titãs, Paralamas do Sucesso, Ira, entre outras) apontando como é possível perceber nos arranjos e interpretações das canções uma aproximação entre o rock e a MPB. Nome: Luiz Eduardo Jorge E-mail: lejorge@terra.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: A estética do cinema documental como representação histórica do cotidiano O cinema documental, por sua vasta possibilidade de percorrer a essência do espírito humano, faz nascer, pelo seu caráter histórico e por sua transversalidade, múltiplas e distintas formas de representar a realidade. Significa dizer, entretanto, que esse gênero cinematográfico seguiu sua história desenvolvendo formas estéticas de olhares compartilhados nas idéias, no fazer e nas experiências específicas de inúmeros autores que investigaram, e continuam investigando a vida humana nos mais diversos lugares e nos mais diferentes territórios culturais pelo viés do mundo mítico, psicológico, histórico e antropológico. Uma busca incessante, direcionada à interiorização do homem e de sua expressão artística, para ver como os sujeitos são e estão na vida real marcados pelas diferenças étnicas e sociais, sem contudo, ficcionar ou exotizar o cotidiano. Enfim, como a narrativa do cinema representa a realidade por meio da forma estética do documental. Este trabalho resume o resultado de uma pesquisa com o propósito de demonstrar como o cinema documental, desde sua origem, deslocou-se em direção ao “outro”, em busca do inusitado, do diferente. Uma ferramenta que serve para revelar as diferentes culturas humanas e suas formas de organização social, política, econômica e religiosa. Nome: Marcos Rogerio Cordeiro E-mail: r.cordeiro1@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Ambiguidade ética e duplicidade narrativa em Machado de Assis Proponho a análise da personalidade do narrador do romance Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, com o fim de melhor definir os contornos de seus valores éticos. A hipótese a ser demonstrada é que Brás Cubas conserva e reproduz os valores sociais como se fossem próprios, aparecendo como legítimo representante da classe abastada e ociosa do Brasil oitocentista. Assim, mediante uma retórica bem armada, Brás apresenta os valores da sociedade de modo invertido, o que acaba por realçar toda perversidade que se esconde por trás da ideologia dominante. Através desta análise, veremos que valores ético-sociais e comportamento dramático-narrativo se encontram interligados numa fatura estética indissolúvel. Veremos, então, que Machado de Assis se mostra um analista perspicaz e malicioso das normas sociais vigentes em seu tempo, e que sua obra se revela um ponto de partida importante para o estudo da formação ético-social do Brasil. Nome: Maria Abadia Cardoso

E-mail: ma_cardoso_h@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Sobre a produção intelectual de Anatol Rosenfeld: as interconexões entre a história e a estética Privilegiando as intrínsecas relações entre a História e a Estética, especificamente uma abordagem que procura compreender a historicidade no âmbito da teoria crítica e da prática criativa, este trabalho pauta-se em investigar a produção de Anatol Rosenfeld. Produção essa que contempla principalmente textos de teoria sobre literatura e teatro e textos de crítica teatral. Uma das hipóteses centrais a ser investigada é a possibilidade de um projeto intelectual em Anatol Rosenfeld e, conseqüentemente, as “bases” de sua fundamentação. Desta forma, objetiva-se refletir sobre os seguintes aspectos: a articulação entre teoria e crítica na sua produção; a função social do crítico Anatol Rosenfeld; a sua importância para o teatro brasileiro e, por fim, todo este exercício deve ser pautado em situar a historicidade de suas construções. Nome: Maria Luiza Filippozzi Martini E-mail: lmfmartini@yahoo.com.br Instituição: UFRGS Título: História e ética dos anos 70: “pode ser que seja só o leiteiro lá fora” (Caio Fernando Abreu) Esta peça de Caio Abreu é indício da sensibilidade de seu tempo, onde aparecem valores, atuação na história e conceito, escrita. Dá a ver uma ética própria da contracultura, num tempo em que foi marcada pela decifração do destino. Palavras chaves tais como “saturno na casa X”, a “torre fulminada”, no tarô, e outras, devolvem um vocabulário do maravilhoso na cultura ocidental como instrumento de conhecimento. Aos poucos esse estoque de palavras escasseia na obra de Caio Abreu, mas aqui e ali reaparecem. Interessa a reaparição, o que indica uma forma de permanência. Como? Atadas a que modulações de sensibilidade, história, e escrita? Nome: Nádia Cristina Ribeiro E-mail: nadiacribeiro@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Gianfrancesco Guarnieri: interpretações sobre o Brasil em diferentes momentos históricos Este trabalho discute algumas obras dramatúrgicas de Gianfrancesco Guarnieri entendendo a necessidade de sistematização de seus escritos e desfazendo alguns marcos construídos pela historiografia do teatro, entre eles, a divisão do seu trabalho em fases distintas. É ainda, uma oportunidade de pensar o engajamento político por meio do teatro, uma vez que a vida de Guarnieri desde o início foi marcada por questões políticas: a vinda de sua família para o Brasil em 1936 deveu-se à perseguição política, pois se opuseram ao fascismo italiano. Entendida como um marco em sua trajetória está a peça Eles não usam Black-Tie encenada pelo Teatro de Arena em 1958. Ao lado desse primeiro trabalho têm-se outros que procuraram discutir a realidade brasileira e as diferentes maneiras de intervenções possíveis. Entre eles estão Gimba, A Semente, O Filho do cão, O Cimento, História de um soldado, escritos antes do Golpe Militar. Em seguida, escreve como resposta ao estado autoritário Arena Conta Zumbi, Arena Conta Tiradentes e Animália. O endurecimento do regime requer também medidas alternativas e o uso constante das metáforas, uma vez que o cerceamento da liberdade era cada vez maior por parte dos governos militares. Mesmo assim, Guarnieri cria utilizando-se das brechas desse Sistema. Nome: Natália Conceição Silva Barros E-mail: nataliabarros24@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Arte aqui é luxo: práticas artísticas, crítica e educação do gosto na imprensa do Recife nas primeiras décadas do século XX Este artigo pretende dar visibilidade as práticas artísticas e aos discursos críticos sobre artes plásticas na cidade do Recife entre as décadas de 1920 e 1930. Havia nas páginas dos jornais e revistas, ainda que modestamente, espaço para registrar as práticas artísticas da cidade, as tensões entre os considerados modernos e acadêmicos. As disputas entre artistas de diferentes tendências, as reações do público às esparsas exposições e as orientações para a construção do interesse do público para as artes plásticas estão representadas no jornalismo dos anos vinte e trinta. Notícias, produtos, valores, opiniões, imagens e discursos circulando, estreitando espaços geográficos, alterando a noção de tempo e, muito lentamente, uniformizando visões de mundo. Os considerados grandes jornais e as revistas circulavam na cidade imprimindo suas marcas no cotidiano permeado de tensões entre o antigo e o novo. Numa época em que as artes plásticas se renovavam do ponto

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26 de vista técnico e temático, a intervenção de uma incipiente crítica de arte ganhava contornos e efeitos mais visíveis nos jornais e revistas. Nome: Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos E-mail: paulohcv@uol.com.br Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás Título: O daguerreótipo moral: o teatro alencariano e o projeto civilizador do Brasil no século XIX Fazer um “Daguerreótipo moral da sociedade”, com estas palavras José de Alencar definia sua intenção na carreira de dramaturgo que iniciava em 1857. Retratar da forma mais real possível temas como a escravidão ou a ascensão de uma burguesia, discussão que não tinha modelo no estilo realista francês, produzindo assim uma vertente dessa forma teatral só possível na América e mais especificamente no Brasil tornando-se um espaço privilegiado para a discussão do Brasil no século XIX. Explicador do Brasil, construtor de uma idéia de nação, crítico da sociedade, sonhador de realidades. José de Alencar é um dos personagens de maior interesse na história do Brasil. Temido em seu tempo, tripudiado em alguns círculos, sua obra traz ainda hoje a marca da polêmica e da genialidade. Alencar tinha objetivos claros para suas comédias: fazer rir, sem fazer corar; educar uma platéia (o Brasil) criando um modelo de nacionalidade refinada, civilizada. Usar a família burguesa como personagens buscando entender sua moralidade e lançando-os no mundo da modernidade. Esse trabalho busca perceber o papel do teatro alencariano na construção de um projeto civilizador para o Brasil e pergunta: Daguerreótipo moral ou fotografia retocada? Nome: Paulo Roberto Monteiro de Araujo E-mail: prmaraujo@uol.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: Anselm Kiefer – história, ética e existência A obra de Anselm Kiefer traz em seu bojo a preocupação de dialogar tanto com a cultura alemã como com a história da arte a partir da temporalidade, que, em sua concepção, não ocorre no interior dos períodos históricos em que ocorrem as produções artísticas. Como salienta Klaus Honnet: “As suas pinturas recordam a imagem da Natureza apresentada pelos românticos e pelos expressionistas, mas revelam como, perante as graves ameaças que pairam sobre o nosso mundo, essa imagem está fora do tempo” (ver: Arte Contemporânea. Colônia, Taschen, 1992, p.52). Deste modo, o dialogar de Kiefer com o passado não se restringe à preocupação de elaborar uma interpretação histórica das épocas passadas, mas de elaborar imagens, em sua obra, que expressem o caminho existencial das sociedades ocidentais, principalmente a alemã. Eis o motivo de Kiefer elaborar uma linguagem estética fundada em preocupações ético-existenciais da história das sociedades contemporâneas. O objetivo, então, da nossa comunicação é analisar a linguagem artística de Kiefer sobre o prisma ético-existencial. Nome: Reginaldo Cerqueira Sousa E-mail: reginaldo-cerqueira@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Representações da liberdade: teatro e política em Curitiba (19641978) O trabalho, parte de pesquisa para a dissertação de mestrado, investiga a relação teatro e política em Curitiba de 1964 a 1978. Período este de vigência da ditadura militar caracterizado pela institucionalização, por parte do Estado, da violência sob variadas formas, sendo destacado aqui a censura ao teatro. Para perceber os diferentes modos de resistência ao arbítrio estabelecido pelos militares, priorizamos o corpo documental composto de Revistas Programas das Peças e Dossiês da DOPS sobre grupos de teatro da cidade. Para compreender a experiência político-cultural dos agentes teatrais curitibanos, encontramos, nos estudos de Michel Foucault e de Pierre Ansart sobre análise dos discursos, as relações de poder e as formas de legitimação desse poder, suportes para entender como, no teatro, práticas de oposição às distintas modalidades de autoritarismos, constituíram-se em espaços de sociabilidade onde era possível a circulação de informações, a realização de debates políticos, o fortalecimento dos laços de amizades entre os militantes e a vivência de experiências de “democracia” numa época em que o país encontrava-se sob a égide da repressão e censura. Nome: Renan Fernandes E-mail: renanfernandes2003@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: Dois macbeths em cena: as resignificações do texto de William Shakespeare no Brasil, através da Fagundes Produções Artísticas e Grupo Macunaíma (1992)

No Brasil, a partir de 1985 – após o fim da ditadura militar e o retorno às liberdades democráticas – todos os segmentos sociais passaram por significativas mudanças, sendo observadas também nos fazeres artísticos, em especial no teatro. Se, antes as produções voltavam seus olhares majoritariamente para a composição cênica de espetáculos que priorizavam temáticas ligadas ao engajamento em uma ação contra a opressão estabelecida, agora as reflexões perpassam pela questão comercial, assim como a busca por novas concepções de linguagens estéticas. Dentro dessa perspectiva, a proposta deste trabalho é a análise do texto teatral Macbeth, (1606) de William Shakespeare, bem como as suas encenações no ano de 1992, pela Fagundes Produções Artísticas (direção de Ulysses Cruz) e pelo Grupo Macunaíma (direção de Antunes Filho). Portanto, é buscado suscitar discussões que, dentro da perspectiva histórica, permitam a compreensão das circunstâncias em que o texto foi escrito, e posteriormente, as formas pelas quais a cena teatral contemporânea o utiliza, resignificando-o de acordo com as discussões do presente; momento que a própria cena teatral brasileira passa por mudanças e revisões. Nome: Robson Corrêa de Camargo E-mail: robson.correa.camargo@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Teatro e revolução Este trabalho procura estabelecer os nexos e aspectos das formas das manifestações teatrais nos séculos XVIII e XIX e os processos políticos e culturais. Centra-se em manifestações tais como o teatro de feira, a pantomima e o melodrama. É fruto das pesquisas realizadas com o espetáculo do melodrama durante minha pesquisa de doutorado O Espetáculo do Melodrama (2005), ECA/USP. Nome: Rodrigo de Freitas Costa E-mail: rfreitascosta@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Leituras e debates estéticos por meio da Cia do Latão em 1997: a presença de Bertolt Brecht no teatro brasileiro dos últimos anos Esta comunicação pretende discutir as questões sociais, políticas e culturais no momento de formação da Cia do Latão, em 1997. Nesse contexto é preciso avaliar o peso dos trabalhos teóricos de Bertolt Brecht, em especial os Diálogos de A Compra do Latão, no processo de constituição do primeiro trabalho do grupo paulistano, além de pontuar as características da formação intelectual de Sérgio de Carvalho, diretor da Cia. O debate acerca do engajamento artístico, assim como as posições estéticas assumidas durante a formação Cia do Latão, constitui o norte da apresentação que se propõe. Nome: Rosangela Patriota Ramos E-mail: patriota-ramos@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Pela palavra e pela imagem, a ética materializada nos palcos brasileiros - apontamentos sobre o fazer teatral do Grupo TAPA Esta apresentação por intermédio da temática geral do XXV Simpósio Nacional de História visa discutir as escolhas dramatúrgicas e cênicas do Grupo TAPA [sediado na cidade de São Paulo], uma das mais importantes companhias de teatro em atividade no Brasil. Sob a liderança do diretor Eduardo Tolentino de Araújo, o TAPA tem, ao longo de seus trinta anos de carreira, promovido um instigante diálogo entre textos que compõem o repertório artístico internacional e a realidade brasileira, com vistas a discutir questões e práticas constantes do cotidiano não só do Brasil, mas também do cenário internacional contemporâneo. Assim, com essa preocupação, analisaremos as montagens de “Major Bárbara” [Bernard Shaw] e “Camaradagem [Strindberg] com o intuito de apreender como cenicamente diretor, atores, cenógrafo, figurinista, iluminadores trouxeram, sob a égide do simbólico, a Ética para o centro da ribalta. Nome: Talitta Tatiane Martins Freitas E-mail: talittatmf@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: Diálogos entre o palco e a sociedade: análise da encenação de Sete minutos (2002), de Antonio Fagundes A proposta desta comunicação é abordar alguns aspectos acerca do teatro contemporâneo brasileiro. Para tanto, elegeu-se como objeto de trabalho a encenação da peça Sete Minutos (disponibilizada em DVD), escrita e protagonizada em 2002 por Antonio Fagundes. Assim, parte-se do pressuposto de que o tempo presente também se configura como um campo de investigação para a o historiador, tornando-se primordial compreendê-lo dentro de suas especificidades. Partindo disso, buscar-se-á entender qual o lugar do teatro e do público na sociedade contemporânea, em especial a cena paulistana, levando em consideração seus múltiplos aspectos – questões formais, de produção, estéticas e de recepção.

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Nome: Thaís Gonçalves Rodrigues da Silva E-mail: thgoncalves@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE Título: Pensamento e ação: política e(m) dança A relação entre arte e poder é mais imbricada do que geralmente pode ser percebida. As estéticas incentivadas por governos têm muito a revelar sobre os modos de controle da subjetivação de um povo e de uma nação. Adolf Hitler percebia bem essa relação, a ponto de apostar na Dança Expressionista Alemã como um modo de forjar o novo homem que estava buscando, o inédito, o que ainda não havia sido instaurado. A partir de conceitos de Hannah Arendt sobre pensamento e ação, este artigo questiona a relação entre a dança e poder fazendo um percurso pela história desta linguagem artística e trazendo indagações sobre a sua presença corriqueira em projetos sociais.

de regionalismo e renovadas maneiras de pensar e sentir o que é o Brasil e o que é ser brasileiro, a partir de um ideário e uma imagética do que seria a modernidade e a modernização. A um só tempo operação de re-escrita da história e de pedagogia política com vistas à formação de subjetividades revolucionárias, deixa à mostra uma influência do marxismo como modelo de interpretação do social e como agenda de atuação política. Isto posto, atentando para os constrangimentos e a historicidade da produção e a intencionalidade da escrita, procuro perceber como vai sendo tecida, pela via do discurso literário, o sertão-Nordeste, buscando visualizar como ele foi sendo instituído, como ali se produziu uma dada maneira de ver e dizer um lugar e uma gente “reais”.

Nome: Thais Leão Vieira E-mail: thaisleaovieira@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Título: A comédia engajada na esquerda de pouco riso A esquerda no Brasil, particularmente durante o período da ditadura militar, pautou-se em grande parte, do ponto de vista estético, por meio da seriedade, do drama ou da tragédia. A cultura cômica, o riso, não fecundou entre a esquerda na medida em que expressava um tom não sério para as idéias ideológicas. No entanto, muitos artistas utilizaram a comédia aliada à idéia da aproximação entre artistas e cultura popular. Engajamento é sinônimo de seriedade e a historiografia que discute a arte durante o período da ditadura militar privilegia trabalhos de perspectiva dramática. Essa comunicação tem como objetivo analisar as opções feitas pela arte comprometida durante o período da ditadura militar, fundamentalmente até o início da década de 1970 por Oduvaldo Vianna Filho. O tom cômico afirmou-se para Vianinha como a forma capaz de expressar a relação do artista com a cultura popular, e, de maneira geral, sua relação não restrita à hierarquia dos gêneros, que constituía por sua vez de uma condenação do riso em relação aos matizes da seriedade. Assim, a justificativa dessa proposta dá-se no intuito de compreender mais profundamente a guinada de Vianinha para a comédia, especialmente o teatro de revista pós-64 entendendo a adoção do cômico como uma ousadia frente ao engajamento. Nome: Tiago Gomes de Araújo E-mail: tiagohistoria@pop.com.br Instituição: Universidade de Brasília (UnB) Título: Possíveis representações de um conflito: Machado de Assis e a Guerra do Paraguai (1865-1870) O pretexto em trazer a narrativa machadiana como possibilidade de representação social se alude ao fato de que o literato é um homem inserido em sua própria época, e, por isso, elaborou emoldurações simbólicas e representacionais que servem para caracterizar o contexto sociopolítico no qual viveu. As fontes selecionadas (romance e contos) referem-se à Guerra do Paraguai (1865-1870), elevada enquanto motivo da narrativa literária machadiana. Tais linhas indicam os motivos que conduziram alguns indivíduos aos campos de batalha paraguaios. Os personagens de Machado que se alistam para a Guerra o fazem por ensejos que não necessariamente possuem vínculo patriótico ou mesmo relacionado à defesa “sincera” da nação brasileira “ultrajada”. As figuras alegóricas do Bruxo do Cosme Velho geram representações sociais indicativas de que nem toda ação dispensada no front seguia uma lógica baseada em atos de heroísmo e bravura, comportamentos muitas vezes relacionados com o evento guerra. Ao fornecer esta visão sobre o conflito platino Machado de Assis colabora para o entendimento de uma certa ineficácia do projeto político imperial brasileiro de dotar todos os brasileiros e brasileiras de sentimentos patriotas unívocos, coesos e que pudessem atender diretamente aos interesses do Estado. Nome: Valter Guimarães Soares E-mail: vgsoares@uefs.br Instituição: Universudade Estadual de Feira de Santana Título: Configurações do ético, do estético e do político: uma leitura de Seara Vermelha, de Jorge Amado A literatura, leitura possível no processo de recriação do real, é atravessada, entre outras dimensões, pela confluência entre o ético, o estético e o político. Partindo desse a priori, procuro interpretar como se dá esta configuração em um caso particular, tomando como pretexto o romance Seara vermelha (1946), de Jorge Amado, escritor que ocupou espaço significativo tanto no solo específico das letras, como na vida cultural e política do país. Seara inscreve-se no conjunto de textos que instauram novas formas

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27 27. Linguagens e prĂĄticas da cidadania Gladys Sabina Ribeiro – Universidade Federal Fluminense (gladysribeiro@uol.com.br) Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira – UERJ (bessone@uol.com.br) O objetivo geral da proposta apresentada ĂŠ estudar as particularidades que permearam o longo e peculiar FDPLQKR SHUFRUULGR SHOR IHQ{PHQR GD FLGDGDQLD QR %UDVLO HP HVSHFLDO TXDQWR jV GLĂ€FXOGDGHV H UHDOL]Dçþes na busca do que se convencionou denominar de cidadania plena. O tema pressupĂľe aprofundar os estudos quanto aos vĂ­nculos dos cidadĂŁos com o governo e das instituiçþes com o Estado, bem como os YDORUHV H DV SUiWLFDV VRFLDLV GHĂ€QLGRUDV GD HVIHUD S~EOLFD 3UHWHQGH VH LJXDOPHQWH SULYLOHJLDU RV SURFHVsos de participação polĂ­tica, com exercĂ­cio do direito polĂ­tico de representar e de se fazer representado MXQWR DR JRYHUQR EHP FRPR LQĂ XHQFLDU QD WRPDGD GH GHFLV}HV $V DQiOLVHV GD SROtWLFD OHYDUmR HP FRQsideração nĂŁo apenas os diplomas legais e a constituição de direitos a partir dos poderes instituĂ­dos pela &RQVWLWXLomR GH PDV UHVVDOWDU VH i D FRQVWLWXLomR GH GLUHLWRV D SDUWLU DV YLYrQFLDV GRV LQGLYtGXRV no cotidiano e os movimentos populares. As açþes consideradas serĂŁo as de rebeldia e de contestação, mas igualmente aquelas de participação pelos canais formais, tais como ser jurado, eleitor ou peticionar ao governo. Como o relacionamento dos cidadĂŁos com o Estado se caracteriza pela regulamentação da YLGD FROHWLYD D DQiOLVH GDV OHLV VHUi XP FDPLQKR LPSRUWDQWH SDUD H[DPLQDU D VXD FRQĂ€JXUDomR GD PHVma forma que serĂĄ importante considerarmos as sociabilidades estabelecidas atravĂŠs da vida associativa no sĂŠculo XIX. Outros aspectos que serĂŁo privilegiados dizem respeito a temas como as manifestaçþes QDV LUPDQGDGHV UHOLJLRVDV DV DVVRFLDo}HV Ă€ODQWUySLFDV LQWHOHFWXDLV DVVLVWHQFLDLV H SURĂ€VVLRQDLV $ LQWHQomR p UHYHU DV GLYHUVDV SHUVSHFWLYDV KLVWRULRJUiĂ€FDV PRUPHQWH DTXHODV TXH FRVWXPDP DWULEXLU DR Brasil um lugar de exceção no processo de construção da cidadania no mundo ocidental.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre Mansur Barata E-mail: ambarata@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora TĂ­tulo: A Revolta liberal de 1842 em Minas Gerais Seguindo o exemplo dos liberais paulistas, em 10 de junho de 1842, na cidade de Barbacena, os liberais mineiros aclamaram JosĂŠ Feliciano Pinto Coelho da Cunha como presidente interino da provĂ­ncia. O objetivo principal da revolta era “sustentar a Constituição polĂ­tica do ImpĂŠrio, o trono (...) e defender estes sagrados objetos dos ataques que lhe eram feitos diretamente pela lei das reformas dos CĂłdigosâ€?. Apesar da vitĂłria em alguns combates com as tropas legalistas, os rebeldes acabaram por ser derrotados, em Santa Luzia, em 20 de agosto de 1842. Tratada por grande parte da historiografia como um dos Ăşltimos obstĂĄculos para a consolidação da ordem imperial centralizada, o estudo da revolta liberal de 1842 possibilita melhor compreensĂŁo de algumas questĂľes que serĂŁo objeto desta comunicação: anĂĄlise das relaçþes entre o Estado Imperial e as elites regionais; anĂĄlise dos valores, comportamentos e formas de pensar a ordem polĂ­tica imperial. Nome: Aline Pinto Pereira E-mail: alineppereira@yahoo.com.br Instituição: UFF TĂ­tulo: RetĂłrica e convencimento: a polĂ­tica como prĂĄtica cidadĂŁ no Parlamento e na imprensa - Primeiro Reinado Inspirando-nos nas reflexĂľes de Hannah Arendt sobre o que ĂŠ polĂ­tica, pretendemos discutir as funçþes da imprensa e do parlamento imperial como prĂĄticas polĂ­ticas instrutivas e representativas, no Primeiro Reinado. Interessa-nos dialogar com a autora para analisarmos nosso objeto de pesquisa e refletirmos sobre as aproximaçþes entre liberdade, soberania e cidadania – termos complementares e que julgamos somente serem compreendidos se tomados de forma indissociada. Ocupando maior espaço de atuação polĂ­tica por meio da crĂ­tica e das tensĂľes que protagonizaram com o Executivo, ambas as instâncias desafiavam o poder do soberano, que nĂŁo mais seria o Ăşnico mediador das vontades. Para tanto, contaram com o discurso retĂłrico, o jogo de palavras e o desejo de ser convincente entre os seus pares para fazer polĂ­tica e tomĂĄ-la como prĂĄtica cidadĂŁ: aquela que diz respeito Ă s experiĂŞncias vividas pelos homens, que, quando em defesa de seus interesses, exerciam sua liberdade conquistando maior inserção na coisa pĂşblica. Nome: Ă lvaro Pereira do Nascimento E-mail: alvaropn@uol.com.br Instituição: UFRRJ - IM TĂ­tulo: Uma biografia para JoĂŁo Cândido A comunicação apresenta os primeiros resultados de pesquisa sobre a vida

do marinheiro JoĂŁo Cândido Felisberto, que liderou um dos mais famosos movimentos sociais do Brasil. Nessa ocasiĂŁo revelaremos uma parte do trabalho, que abordarĂĄ o caminho percorrido por um rapaz descendente de escravos, ao sair da provĂ­ncia do Rio Grande do Sul direto para a Capital da RepĂşblica. O significado da experiĂŞncia desse marinheiro no perĂ­odo pĂłs-abolição ajuda-nos a ilustrar as possibilidades de mobilidade social para homens negros naquele momento histĂłrico. Com a revolta dos Marinheiros de 1910 prestes a completar 100 anos, entendemos ser fundamental relembrar e marcar essa data com produçþes acadĂŞmicas diversas que cheguem ao grande pĂşblico. Nome: Andre Roberto de Arruda Machado E-mail: andremachados@yahoo.com.br Instituição: CEBRAP TĂ­tulo: O papel do Parlamento nos desdobramentos do golpe de 1831 no GrĂŁo-ParĂĄ Em agosto de 1831, pouco apĂłs o recebimento da notĂ­cia da abdicação de D. Pedro I, um golpe armado no ParĂĄ depĂ´s o Visconde de Goiana, presidente da provĂ­ncia nomeado pela Corte, sob o argumento de estar defendendo a manutenção da ordem social. Na sequĂŞncia, vĂĄrios homens identificados como um grupo polĂ­tico radical foram deportados para territĂłrios longĂ­nquos e inĂłspitos da provĂ­ncia. Nessa comunicação pretende-se demonstrar que o Parlamento instalado no Rio de Janeiro foi uma peça central para os desdobramentos desse episĂłdio inicial, tendo grande influĂŞncia nas disputas polĂ­ticas do ParĂĄ. Na provĂ­ncia, o grupo que esteve Ă frente do golpe buscou colar sua imagem a destacados parlamentares que teriam derrubado D. Pedro I e agora governavam o paĂ­s sob o lema da “moderaçãoâ€?. Nos anos seguintes, aqueles que tinham sido deportados em 1831 acusavam parlamentares de nĂŁo estarem fazendo valer a lei para todos, pois os golpistas ou nĂŁo estavam sendo punidos ou os processos que se abriam contra eles na provĂ­ncia eram contestados no Parlamento sob o argumento de se tratarem de perseguiçþes. SerĂĄ destacada tambĂŠm a atuação dos representantes paraenses em torno dessa questĂŁo, na Câmara e no Senado, defendendo as Ăłticas das partes envolvidas, propondo puniçþes ou anistias. Nome: Anita Correia Lima de Almeida E-mail: anita.correialima@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO TĂ­tulo: IncĂŞndios do Rio de Janeiro oitocentista nas pĂĄginas dos jornais O que se pretende ĂŠ discutir os primeiros passos de uma pesquisa sobre os incĂŞndios que a cidade do Rio de Janeiro sofreu, desde o incĂŞndio do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto (em 1789) atĂŠ os dos Ăşltimos anos do sĂŠculo XIX, e a maneira como o tema do incĂŞndio figurou em telas,

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relações, memórias e, principalmente, nas páginas dos jornais. A partir daí, a proposta é analisar as idéias sobre a vida urbana presentes nas narrativas sobre incêndios. Nome: Antonio Evaldo Almeida Barros E-mail: eusouevaldo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: Festa, desigualdade e cidadania no Maranhão dos Bumbas (c. 1900-40) Na primeira metade do século XX, durante os festejos juninos, a ilha de São Luís se convertia num mundo de festas marcado particularmente pelos grupos de bumba-meu-boi. Através de uma etnografia histórica desses festejos, podem-se reconstituir experiências de diferentes sujeitos e setores sociais, formas de exercício do poder numa sociedade hierarquizada, modos como os sujeitos lidavam com diferenças e desigualdades, e notar a manifestação de processos originais de reivindicação de cidadania naquelas primeiras décadas do Brasil republicano. Tempo de ritualização das hierarquias sociais, nessa ocasião festiva, as práticas e linguagens de cidadania podiam se confundir com as práticas e linguagens da festa, sobretudo quando a própria cidade constituía o tema das negociações entre os brincantes, geralmente oriundos das zonas rurais e dos subúrbios, e os setores dominantes, ocasião em que o povo-de-boi não raro conseguia relativizar ou modificar os códigos legais que proibiam que suas organizações festivas fossem até as áreas urbanas centrais. Para muitos homens e mulheres, especialmente pobres e negros, a última semana de junho era uma ocasião para se cantar a existência, manifestar a alteridade e também reivindicar direitos. Na e através da festa promovia-se a mudança social. Nome: Argemiro Ribeiro de Souza Filho E-mail: mirovisky@hotmail.com Instituição: Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR Título: Sociabilidade política entre a Bahia e o Rio de Janeiro na dissolução do Antigo Regime português na América (1822-1823) O mapeamento das tendências políticas em evidência no território do Brasil de princípios de 1822 sugere a prevalência de uma forte articulação entre residentes nas províncias da Bahia e do Rio de Janeiro, possibilitando a conformação de um projeto distinto do proposto pelas Cortes de Lisboa. Perspectiva que, até o presente, parece não ter recebido a devida atenção por parte da historiografia. Dessa maneira, o objetivo da nossa comunicação será analisar alguns indícios que apontam para a existência de uma rede de sociabilidade envolvendo representantes da classe senhorial baiana, os quais, no transcurso da dissolução do Antigo Regime português na América, colaboraram para que as duas províncias mais importantes do Brasil viessem a reforçar o projeto de monarquia constitucional sob a direção do herdeiro de Bragança, D. Pedro de Alcântara. Nome: Ariel Feldman E-mail: aridu18@yahoo.com.br Instituição: USP Título: A cidadania no final do primeiro reinado (1830): Lopes Gama e as instituições representativas No final da década de 1830, o Padre Miguel do Sacramento Lopes Gama defendeu que o povo brasileiro não estava apto para a democracia, e que por isso as instituições representativas deveriam ser reduzidas. Este ideário foi veiculado no jornal “O Carapuceiro” (1832-1842), um imenso sucesso editorial. Cabe, nesta comunicação, analisar como Lopes Gama enxergou a cidadania e as instituições representativas no periódico “O Popular”, redigido em 1830. Se durante o regresso conservador (a partir de 1837) seu pensamento foi importante para diminuir o poder das instituições eletivas, cabe agora verificar como esse jornalista se posicionou no contexto anterior, justamente a época na qual os cargos eletivos ganharam enorme destaque. Sabe-se que, em fins do Período Regencial (1831-1840), Lopes Gama foi um crítico da idéia de que um oficial da Guarda Nacional pudesse ser escolhido através do voto, assim como não lhe agradava o imenso poder que detinham os juízes de paz, outro cargo eletivo. Agora, convém analisar seu pensamento no período em que essas instituições estavam sendo instaladas ou formuladas. Nome: Carlos Eduardo Valencia Villa E-mail: cvalenciavilla@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: La soberanía económica individual de los negros libres y su inserción en el mercado a mediados del siglo XIX en Richmond y Río de Janeiro

A mediados del siglo XIX se dio un fuerte crecimiento demográfico de los negros libres de Richmond y de Río de Janeiro. Este aumento no parece estar claramente correlacionado a incrementos en la renta real que estos grupos percibían por la venta de su fuerza de trabajo. Sin embargo, sí parece estar vinculado al crecimiento del mercado de esas dos ciudades. Por tanto, parecería generarse una situación ambigua en la que el grupo poblacional aumentó su tamaño, al mismo tiempo en que creció el mercado de bienes y servicios, pero no elevó sus rentas provenientes del mercado de fuerza de trabajo, que era el lugar que supuestamente le correspondía, según el proyecto político hegemónico en esos años. La hipótesis que proponemos para resolver esa ambigüedad es que ese grupo poblacional logró romper la dualidad de la propuesta de funcionamiento del mercado y consiguió mezclar sus roles como miembros de la oferta y demanda. Nome: Carlos Gabriel Guimarães E-mail: cgg@uol.com.br Instituição: UFF Título: O negociante João Rodrigues Pereira de Almeida e a negociação do empréstimo de resgate do Banco do Brasil em 1821: a trajetória de um homem de negócio no Império Português e do Brasil O trabalho tem como objetivo analisar a atuação do negociante, sócio da firma comercial Joaquim Pereira de Almeida & Co, deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação deste Estado do Brasil e conselheiro, João Rodrigues Pereira de Almeida, na negociação do empréstimo para resgatar o Banco do Brasil em 1821. Nomeado por D. João VI, João Rodrigues Pereira de Almeida contou com a confiança de Silvestre Pinheiro Ferreira, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra do gabinete constitucional de 1821, para negociar o empréstimo nas praças da Europa. Tal empreitada foi dificultada com as Cortes reunidas em Lisboa, e o dito empréstimo não ocorreu. Com o fracasso da empreitada e ficando em Portugal até depois da independência do Brasil, teve João Rodrigues Pereira de Almeida os seus bens seqüestrados no Brasil pelo decreto do Ministro da Fazenda Martin Francisco. Após o recurso do seu procurador no Rio de Janeiro, os seus bens foram restituídos, e em 1823 já retornava aos negócios de grosso, como o comércio de escravos. Seus negócios, assim como a sua influência política, cresceram e, em 1828, D. Pedro I concedeu-lhe o título de Barão de Ubá, vindo a falecer em 1830. Nome: Célia Regina da Silveira E-mail: crs@sercomtel.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: Erudição e ciência: as procelas de Júlio Ribeiro (1845-1890) O presente trabalho busca mostrar que as intervenções textuais de Júlio Ribeiro denotam sua busca “incansável” da sobrevivência pelo manejo da pena e que disso resultava também a importância conferida pelo escritor à legitimação no universo letrado da segunda metade do século XIX. Nesse sentido, o trabalho de construção de sua imagem apegou-se ao traço da polêmica como forma de impor-se no debate político. Nome: Dilton Oliveira de Araújo E-mail: diaraujo@ufba.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: A conjuntura política da Bahia após a Sabinada: a imprensa e a proposta de retorno ao absolutismo Após a derrota da Sabinada, a elite política da Bahia iniciou uma pregação contra a alegada impunidade dos que participaram da rebelião. Queria uma punição exemplar, mas desejava, sobretudo, evitar que novas rebeliões viessem a ocorrer, colocando em risco a unidade da nação. Para isso, medidas de contenção deveriam ser adotadas, destacadamente mudanças nos códigos Crime e de Processo Criminal. No entanto, não eram unânimes as posições dessa elite a respeito das mudanças. Foi nesse contexto que surgiu nas páginas do jornal Correio Mercantil, uma proposta de retorno ao absolutismo, com a supressão do Legislativo e a concentração de poderes nas mãos do imperador. O ano era o de 1839. Um correspondente que assinava com o pseudônimo de Lavrador do Recôncavo direcionou duros ataques aos rebeldes, construindo também uma contundente crítica à inércia e à corrupção dos deputados, que tardavam em adotar as medidas, argumentando que os males vividos eram decorrentes das mudanças liberais do “século das luzes”, com destaque para a constituição e o sistema de representação. Ao tempo que reclamava da existência do parlamento, já fazia a denúncia de que o sistema não seria mudado, pois era importante para a formação e sustentação das redes de clientes próprias daquele momento histórico.

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27 Nome: Gladys Sabina Ribeiro E-mail: gladysribeiro@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A radicalidade dos exaltados em questão: jornais e panfletos no período de 1831 a 1834 Em recente artigo que escrevi com Vantuil Pereira, voltei ao marco de 1831 para fazer proposta mais global de entendimento do período do Primeiro Reinado e Regências, de modo a ultrapassar a datação tradicional . Então, 1820 seria o início do período, que ultrapassaria o marco final da Abdicação e chegaria a 1837, quando o Regresso assinalaria um outro momento na política brasileira e a posterior Maioridade, em 1840, teria sido um momento de inflexão importante para o destino do segundo reinado. Mais do que nos ater à cronologia, pretendemos compreender a problemática daqueles anos. Haveria, portanto, três momentos a serem considerados: o primeiro, de 1820 a 1825/1826; o segundo, teria ganho força com a reabertura do Parlamento, com as discussões sobre a lei da liberdade de imprensa, com a reforma da Justiça, que ganharia contornos mais nítidos até desembocar nos Códigos Criminal (1830) e Penal (1832), com o papel da tropa no cenário nacional, com o ódio popular contra os estrangeiros revigorado e com a participação dos corpos militares na Abdicação. Tudo isto tinha como pano de fundo a edição de jornais e panfletos, chamados de incendiários, e uma movimentação popular ativa que visava ver seus direitos reconhecidos, respeitados e ampliados. Nome: Guilherme Pereira das Neves E-mail: neves.gp@gmail.com Instituição: UFF Título: Miguel António de Melo e seu Projeto de uma Lei Fundamental para Portugal após a Constituição outorgada por D. Pedro em 1826 Quase desconhecido, Miguel António de Melo (1766-1836) foi governador de Angola (1797-1802) e dos Açores (1806-1810) e, posteriormente, conselheiro da fazenda e ministro de D. João VI. Após a morte do rei, que o tornara conde de Murça, enquanto D. Pedro I outorgava uma constituição para Portugal, semelhante à brasileira de 1824, D. Miguel publicava em Paris em 1827 ou 1828 uma obra de título interminável, em que desenvolvia o projeto de uma lei fundamental, conforme tinha prometido D. João, depois da reação ao movimento liberal, conhecida como Vila Francada. Esta comunicação pretende analisar esse projeto como meio para compreender melhor as linguagens políticas em uso no mundo lusobrasileiro do período, em particular o lugar nele ocupado pela religião e pelas Luzes. Nome: Hilton Meliande de Oliveira E-mail: hmeliande@yahoo.com.br Instituição: UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A idéia de cidadania e suas representações no Brasil e em Buenos Aires de 1808 a 1826 O trabalho irá abordar a idéia de cidadania e suas representações no Brasil e na Região do Prata, especificamente Buenos Aires, no início do século XIX, tendo como base para sua compreensão o estudo e a análise da imprensa de época e da imprensa oficial. O ano de 1808 se mostra relevante, ao enfocar transformações ocorridas na Europa, que redefiniram as relações políticas entre as metrópoles européias e suas colônias americanas, desencadeando os processos de independência e, por conseguinte, as dimensões políticas com relação à idéia de constituição e de cidadania. Assim, será discutido como a Constituição de Cádiz refletiu-se no movimento Liberal do Porto, no processo de independência do Brasil, na Constituição de 1824 e na Assembléia Geral de 1826, bem como, nos decretos estabelecidos em Buenos Aires a partir de 1810 até 1826, que colocaram a região citada como sede político-econômica da Região do Prata. Para tal estudo, os aspectos político-sociais deverão ser analisados sob a perspectiva historiográfica da História Comparada, associada à Nova História Política e a História dos Conceitos, visando entender como as respectivas sociedades e suas elites apresentam traços comuns e distintos, com relação à cidadania e sua representatividade. Nome: Humberto Fernandes Machado E-mail: humbertouff@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: José do Patrocínio e a luta contra a indenização aos “Republicanos de 14 de Maio” José do Patrocínio foi reconhecido como um dos baluartes do abolicionismo no Rio de Janeiro, divulgando nos seus jornais as mazelas da escravidão. No entanto, o reconhecimento de seu empenho no processo de

desagregação do escravismo não serviu para atenuar as críticas que sofreu, por parte dos republicanos, devido ao seu apoio à Princesa Isabel. Apesar de ardoroso defensor da República e crítico contumaz do regime monárquico, Patrocínio sempre priorizou a luta contra o cativeiro. Nome: Isabel Lustosa E-mail: ilustosa@rb.gov.br Instituição: Fundação Casa de Rui Barbosa Título: “O debate sobre os direitos do cidadão na imprensa da Independência” Entre 1821 e 1823, três primeiros anos do reinado de D. Pedro I (como regente e como Imperador) a jovem imprensa brasileira foi o cenário onde houve um intenso debate do qual participaram não só os redatores dos jornais, como também os leitores. Temas como liberdade de imprensa, pacto social, opinião pública, eleições, etc. foram francamente enfrentados. Essa comunicação analisa os termos em que se deu esse debate e os elementos da cultura política do período que se fizeram presentes nos textos. Nome: Ivan de Andrade Vellasco E-mail: vellasco@ufsj.edu.br Instituição: UFSJ Título: Juizes de Paz, Câmaras Municipais e as eleições: espaços de cidadania A comunicação apresentará resultados ainda preliminares de uma pesquisa que intenta acompanhar a formação e o exercício dos poderes judiciais no institucionalmente profícuo período do final do primeiro reinado e Regência. Nela buscar-se-á, através do cruzamento de dados de atas eleitorais, listas de qualificação de eleitores e listas nominativas, elucidar aspectos do perfil do eleitorado e das formas de mobilização eleitoral no período em que emerge a figura do juiz de paz eletivo no cenário político local. Nome: Janaina Cardoso de Mello E-mail: janainamello@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: Textos infames, discursos profanos: a construção de uma cidadania polimorfa nos periódicos políticos oitocentistas no Brasil e Portugal O surgimento de periódicos de combate político em Portugal, conforme os estudos de Alfredo Cunha, só ocorreu no primeiro quartel do século XIX, estimulado pelas invasões napoleônicas ou pela entrada das idéias revolucionárias e liberais, em luta contra o ideário absolutista. Fundaramse ainda folhas para defender ou atacar a independência do Brasil. Para Marco Morel e Mariana Barros, o desenvolvimento de uma consciência política no âmbito da esfera pública é marcado por mudanças significativas na estrutura política da Península Ibérica e de seus domínios ultramarinos. Nesse sentido, o estudo dos espaços de formação de uma opinião pública no Brasil e em Portugal, tendo como mote os movimentos de contestação social como a Cabanada (pernambucana - alagoana) e a revolta do Remexido na região do Algarve, remontam discussões aproximadas e divergentes sobre a construção de uma cidadania polimorfa entre liberais e absolutistas. Nome: Janaína Lacerda Furtado E-mail: jana_lacerda@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: Nação e identidade no Império: o museu industrial do Barão do Bom Retiro Luiz Pedreira do Couto e Ferraz, então presidente do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, idealizou em 1873 um museu industrial que deveria ser construído no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, depois de, segundo suas próprias palavras, ter “visitado alguns dos principais museus industriais da Europa” e de ter reconhecido as vantagens que tais instituições prestavam aos seus respectivos países. Político influente do Império, amigo pessoal do Imperador, Senador e Conselheiro do Império, e membro do IHGB, Luiz Pedreira do Couto e Ferraz ou Barão do Bom Retiro fazia parte de um grupo que, consciente de que vivenciava um período de crise, buscava soluções para assegurar a manutenção do Império. Várias foram as iniciativas deste grupo no intuito de manter a integridade do Império, ao mesmo tempo buscavam definir uma identidade e nação brasileiras nos moldes das “grandes” nações civilizadas européias. Neste sentido esta comunicação objetiva discutir o papel do museu idealizado por Ferraz como espaço de representação e divulgação das idéias de nação, modernização e identidade no Brasil do final do XIX.

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Nome: Jefferson Cano E-mail: jeffersoncano@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Linguagens e identidades políticas no Rio de Janeiro regencial Entre a abdicação de D. Pedro I, em 1831, e sua morte, em 1834, organizou-se um novo regime, sob uma regência eleita, cuja estabilidade e sobrevivência estiveram constantemente ameaçadas pelo fantasma de uma restauração. Durante esse período de pouco mais de três anos, toda a disputa política se orientou pelos termos definidos por essa questão em aberto. Esse foi também um momento de considerável crescimento da imprensa no Rio de Janeiro, a qual serviu de palco, bem como de instrumento principal do conflito que se desenrolava, no qual facilmente podia-se passar da retórica inflamada aos confrontos de rua. Essa comunicação apresenta resultados parciais de uma pesquisa que busca compreender em que termos se formulavam as definições partidárias naquela conjuntura política, tomando como base os debates na imprensa que opunham figuras como o Visconde de Cairu, Evaristo da Veiga e Monte Alverne. Nesse sentido, tentamos resgatar, no interior de um debate específico, o processo de construção de sentidos para conceitos políticos como revolução, constituição ou democracia. Nome: Lucia Maria Bastos Pereira das Neves E-mail: lb@uol.com.br Instituição: UERJ Título: Folhinhas e almanaques: história e política no Império do Brasil (1824-1836) O presente trabalho apresenta como objetivo a análise das folhinhas (calendários) e Almanaques, publicados entre os anos de 1824 e 1836 no Império do Brasil, estabelecendo-se uma comparação entre estes e aqueles publicados na mesma época em Portugal. Por meio desses instrumentos, é possível apreender as diversas linguagens e práticas da política de um período conturbado, como foi o dos anos 20 e 30 do século XIX, nos dois lados do Atlântico, em que se opuseram de um lado, forças liberais ou radicais e, de outro, forças conservadoras. Utiliza-se, para atingir tais pressupostos, a perspectiva de que o vocabulário político e a própria organização dessas publicações elaboram questões e as respondem a partir de um quadro mental de noções e princípios que, em certa medida, aceitam e/ou contestam idéias e convenções predominantes num determinado momento histórico. Nome: Lucia Maria Paschoal Guimarães E-mail: luciamp@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A quimera da Atlântida e a luso-brasilidade (1915-1921) A comunicação apresenta os resultados preliminares da pesquisa que privilegia a coleção da revista Atlântida, o mais expressivo veículo de divulgação de um projeto político-cultural, intentado nas primeiras décadas do século passado, em defesa da formação de uma comunidade luso-brasileira. Dirigida no Rio de Janeiro por Paulo Barreto, o popular João do Rio, e em Lisboa por João de Barros, a Atlântida circulou mensalmente entre 1915 e 1920. Constituiu um espaço de fermentação intelectual e de sociabilidade. Ao lado da permanente reflexão doutrinária acerca da conveniência do estreitamento das relações entre Brasil e Portugal, o periódico ocupavase de questões literárias, históricas e artísticas contemporâneas, o que lhe conferia um alcance político e ao mesmo tempo cultural. Nome: Luisa Rauter Pereira E-mail: lpereira@iuperj.br Instituição: IUPERJ Título: O conceito de soberania do povo no Brasil nos séculos XVIII e XIX Esta história do conceito de soberania revela desagregação dos significados da tradição, cujas bases remontam aos primórdios do reino português. Um primeiro movimento consistiu no desenvolvimento da idéia da soberania real originada do consentimento dos povos, que ganhou relevo já em finais do século XVII. Tal concepção passou a abalar o tradicional conceito da soberania por direito de conquista, doação e ordenamento divino. A transformação se acelerou com o movimento constitucional. Embora os significados tradicionais tenham continuado presentes, a soberania do povo e o problema de sua efetivação trouxeram ao conceito novos elementos. O povo e o rei, que antes tinham seus lugares estáveis no interior de uma concepção de soberania, se transformaram em conceitos problemáticos numa realidade cada vez mais complexa e contingente. A partir dos anos de 1820, o conceito passou a encerrar dilemas fundamentais: A sobera-

nia seria exercida diretamente pelo povo ou através de uma representação controlada? A soberania pertenceria ao povo ou ao povo e ao monarca? A soberania seria exercida de forma centralizada ou seria partilhada com os poderes provinciais? Tais dilemas e outros presentes já nos primeiros anos da Independência acompanharam a história política de todo o Império. Nome: Luiz Fernando Saraiva E-mail: saraivalf@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título: Eleições, representação política e a construção do poder imperial na Minas Gerais 1821 - 1893 O presente trabalho parte do princípio que o sistema eleitoral implantado no Brasil consistiu em um processo de racionalização e burocratização do Estado brasileiro desde suas origens. Esse processo ocorreu conjuntamente com a expansão de uma economia e de uma sociedade escravista e liberal o que aguçou contradições e, colocou limites a noções como cidadania e participação política mais ampla. Dessa forma, a legislação eleitoral sofreu diversas modificações no período, bastando dizer que entre 1821 até 1891 tivemos 11 leis “gerais” alterando modelos, circunscrições de votantes e formas de se realizar as eleições. Estas leis organizaram eleições em todo o território da nação que se construía e que também excluía grande parte de sua população. O histórico dos processos eleitorais demonstra fraturas que ocorriam entre os setores que se consolidaram no exercício do poder desde a independência. Como exemplo, o presente artigo pretende investigar a distribuição do poder político na Província, depois Estado de Minas Gerais, entendendo que as formas de organização administrativas da província provocaram descompassos entre número de eleitores, votantes e representantes em cada uma de suas sub-regiões, além de promover distorções na representação política e “fidelidades fragmentadas”. Nome: Marcello Otávio Neri de Campos Basile E-mail: marcellobasile@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: Propostas radicais no Parlamento regencial: república, religião e escravidão Espaço político onde o campo de debates era geralmente mais circunscrito e contido, em ambiente de austeridade preservado tanto quanto possível das idéias e ações mais radicais observadas em outras arenas (como a imprensa e os movimentos de rua), o Parlamento regencial não ficou imune a alguns temas candentes e explosivos. Considerados quase tabus ou subversivos nas décadas de 1820 e 1830 – seja porque tocavam em questões delicadas, que mexiam com valores cristalizados na sociedade brasileira, seja porque violavam preceitos constitucionais – três assuntos altamente polêmicos chegaram a ser então objeto de proposições e discussões, ainda que isoladas e malogradas, na Câmara dos Deputados: a implantação imediata ou futura do governo republicano; a plena liberdade de culto e a separação entre Igreja e Estado ou entre as Igrejas brasileira e romana; e a extinção efetiva do tráfico negreiro e o fim gradual da escravidão. Em sua maioria, tais projetos – analisados neste trabalho – foram propostos por deputados vinculados ao grupo dos “liberais exaltados” (que já abordava essas temáticas na imprensa), em particular, pelo representante baiano Antonio Ferreira França. Nome: Marcelo Balaban E-mail: marcelo_balaban@uol.com.br Instituição: Cecult - Unicamp Título: As cores da cidadania: racialização em imagens de negros da caricatura e da literatura das três últimas décadas da escravidão no Brasil Apesar de cuidadosamente silenciada nos textos legais, a cor da pele era um dos elementos definidores da condição social e constituía parte importante da concepção dominante de cidadania política no Brasil oitocentista. Partindo desta idéia trabalhada, mas não esgotada pela historiografia, esta apresentação busca investigar, analisando romances e caricaturas, como, ao longo das três últimas décadas da monarquia, a questão racial foi percebida e politizada por autores de tais narrativas e por trabalhadores negros, nelas tematizados com freqüência crescente nas décadas de 1860 a 1880. Privilegio pontos de vista diversos do processo de racialização que integrou os debates políticos sobre a abolição do trabalho escravo no Brasil. Busco debater algumas questões: é possível desvendar a experiência de trabalhadores negros – escravos, libertos e livres –, a forma como entendiam e politizavam sua cor e o conceito de raça em sua relação com os direitos políticos e sociais através do estudo de fontes indiretas? O que tais fontes podem nos ensinar a respeito daqueles sujeitos? Com base no exercício

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27 de interpretação de alguns romances e caricaturas, a apresentação objetiva testar as possibilidades e potencialidades destas perguntas, que dão suporte a uma investigação ainda em fase inicial. Nome: Marcelo Cheche Galves E-mail: marcelocheche@ig.com.br Instituição: Universidade Estadual do Maranhão Título: “Cidadãos constitucionais”: os primeiros ecos da Constituição de 1824 no Maranhão Os meses que sucederam a “adesão” do Maranhão ao Império brasileiro, oficializada em 28 de julho de 1823, assistiram a uma curiosa transformação na ordem constitucional vigente. Até aquela data, o jornal “Conciliador”, único periódico da província, construíra uma pedagogia que vinculava os “cidadãos constitucionais” – “verdadeiros portugueses” -, à Constituição elaborada pelas Cortes portuguesas, resultado do movimento conhecido como Revolução do Porto. Com a “adesão”, “português” tornara-se sinônimo de “déspota”, “absolutista” e, no limite, “anti-brasileiro”. Em maio de 1824, o tenente-coronel José Félix Pereira de Burgos voltou ao Maranhão, vindo da Corte, com a Carta constitucional, recém elaborada. Desde então - e especialmente a partir dos jornais que circularam no início de 1825 -, “constitucionais”, “déspotas” e “absolutistas” ganharam novos sentidos, parte constitutiva das primeiras relações entre a província e o novo centro de autoridade, que se consolidava no Rio de Janeiro. Nome: Marcos Ferreira de Andrade E-mail: m.f.andrade@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ Título: Política, vínculos familiares e moderação: a trajetória dos Veiga no sudeste do Império (1827-1837) A presente comunicação é resultado de um projeto de pesquisa mais amplo, que vem sendo desenvolvido desde o início de 2008, com recursos do CNPq, sobre a trajetória política de Evaristo Ferreira da Veiga, no Primeiro Reinado e nos primeiros seis anos da Regência. O publicista teve participação política de destaque naqueles tempos, seja através da divulgação de suas idéias em periódico de sua propriedade, a Aurora Fluminense, ou como deputado geral pela província de Minas Gerais, em duas legislaturas. O recorte cronológico escolhido se reporta ao primeiro ano de circulação da Aurora (1827) e o da sua morte (1837). Dentre os vários aspectos que estão sendo investigados, têm-se procurado discutir em que medida os seus vínculos familiares consangüíneos no Sul de Minas representaram importante capital político na constituição da hegemonia liberal moderada e o papel desempenhado pelas elites regionais na construção do Estado Imperial. Os dois irmãos de Evaristo, Bernardo Jacinto da Veiga e Lourenço Xavier da Veiga, que se mudaram para Campanha nas primeiras décadas do século XIX, seguiram caminhos semelhantes ao do irmão, dedicando-se à imprensa local, ao comércio e também às atividades políticas. Nome: Mariza de Carvalho Soares E-mail: marizacsoares@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Resultados do projeto Acervo Digital Angola Brasil O projeto foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores sob a coordenação geral de Mariza Soares, com recursos do Pro-África 2006 do CNPq. Reuniu uma coleção digital de cerca de 50 mil imagens de documentos relativos à África (especialmente Angola). Foi um projeto interinstitucional e colaborativo com a participação da UFF (LABHOI, NEAF, CEO), UERJ, IHGB e AHA-Arquivo Histórico de Angola. A comunicação vai apresentar um panorama da coleção e de seu potencial para promoção de novas pesquisas sobre a história da África, assim como dos meios de acesso para consulta. Nome: Paulo Cesar Gonçalves E-mail: paulocg@usp.br Instituição: FFLCH/USP Título: L’Amazzonia è nostra: emigração e interesses comerciais nos vapores da linha Gênova-Belém-Manaus (1897-1906) Em meio ao grande fluxo migratório italiano na virada do século XIX, um grupo genovês constituiu a Società Anonima di Navigazione Ligure Brasiliana. A companhia tomou forma quando o deputado Gustavo Gavotti, um fretador de navios que distribuía emigrantes do porto de Gênova para a América do Sul, resolveu trabalhar com vapores próprios, estabelecendo ligações comerciais entre Itália e Brasil e, de forma pioneira, comerciar com o Amazonas e o Pará através da rota Gênova-Belém-Manaus. O objetivo era criar um canal para desenvolver trocas e conquistar mercados para

produtos italianos. Na defesa de seus interesses, Gavotti patrocinou a revista L’Amazzonia. O periódico possuía respeitados colaboradores genoveses e publicava estudos de geografia, dados sobre produção e comércio (sobretudo da borracha), análises políticas e questões relacionadas à emigração. No Brasil, a Ligure Brasiliana era representada por Angelo Fiorita, italiano radicado no Rio de Janeiro, sogro de Gavotti, e principal responsável pela vinda de imigrantes para as fazendas de café. Para dar suporte ao empreendimento, Fiorita estabeleceu uma casa de exportação e importação e uma agência marítima em Belém – parceria que permite identificar a existência do “grupo Gavotti-Fiorita” atuando nos dois lados do Atlântico. Nome: Raimundo Cesar de Oliveira Mattos E-mail: raimundomattos@bol.com.br Instituição: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Valença e UERJ Título: Estratégias de cidadania e de sociabilidade no oitocentos através das cartas de um comerciante português A busca pela cidadania e de redes de sociabilidade no Brasil oitocentista criou uma série de estratégias, em especial no Vale do Paraíba fluminense, local onde o comerciante de origem portuguesa, Manoel Antônio Esteves, estabeleceu-se inicialmente na cidade de Vassouras e, mais tarde, vindo a casar-se com a filha de um cafeicultor da vizinha cidade de Valença, transferiu-se para esta última. A análise das cartas que se encontram arquivadas em sua antiga propriedade, a Fazenda Santo Antônio do Paiol, permite esclarecer como eram organizadas as estratégias para se alcançar prestígio, mediante uma intrincada rede de sociabilidade, em demanda da cidadania e do reconhecimento social. Este trabalho procurará demonstrar como isso ocorreu. Nome: Ricardo Salles E-mail: ricardohsalles@gmail.com Instituição: Unirio Título: Abolição da escravidão, classes sociais e intelectuais Esta apresentação visa reconstruir o quadro interpretativo do processo de abolição no Brasil, mais especificamente, o movimento abolicionista a partir da década de 1880. Esse processo tem, reiteradamente, colocado um problema histórico que ainda se encontra em aberto. Podemos sintetizar este problema com as seguintes questões: qual o caráter social do abolicionismo? Qual seu sentido histórico? Foi uma revolução ou apenas um lance na transição para o capitalismo no país? Que interesses defendia o movimento abolicionista? Que grupos sociais protagonizaram o movimento? Qual o papel dos escravos no processo? O que defendiam e quem representavam os intelectuais abolicionistas? Estas e outras questões permitem levantar algumas hipóteses – e este é o objetivo da comunicação – para pensar a relação entre o lugar dos intelectuais abolicionistas e a formação, ou o “acontecimento”, para seguir a terminologia thompsoniana, da população escrava e liberta enquanto uma classe nacional no período final da escravidão no Brasil. Em caráter secundário e na medida em que realiza uma análise histórica concreta, estas hipóteses permitem também uma reflexão de natureza teórica sobre os conceitos de classe e de intelectuais a partir de sua matriz gramsciana. Nome: Rodrigo Fialho Silva E-mail: fialhosilva@gmail.com Instituição: UERJ Título: Notícias constitucionais: pedagogia política na imprensa mineira (1827-1829) Esta comunicação tem por objetivo apresentar os elementos discursivos acerca do constitucionalismo na imprensa mineira na primeira metade do século XIX. Os redatores se valiam de uma linguagem metafórica com objetivo de “ensinar” os “novos” assuntos e temas após o processo de independência do Brasil. Dentre eles, destaca-se a elaboração de um pensamento constitucional difundido pela imprensa mineira. Nome: Silvana Mota Barbosa E-mail: silmotabarbosa@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título:Participação e projeto político: um estudo sobre o partido progressista (1860-1868) No início da década de 1860 organizou-se na Corte um novo grupo político, formado da reunião de alguns conservadores e uns tantos liberais. Tratava-se do que se convencionou chamar de liga ou partido progressista. Tendo em vista a construção das identidades políticas e de suas linguagens próprias, na medida em que se definem historicamente, o objetivo desta comunicação é discutir o conceito de “progressista”. Entendemos,

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com Koselleck, que os conceitos nos oferecem a possibilidade de captar uma dupla dimensão: de um lado, a experiência, o modo de pensar já consagrado e, de outro, a mudança, aquilo que está em projeto. Pretendese demonstrar que, ao adotar a expressão “liga progressista” para se referir a este novo partido que estava em gestação no início dos anos 60, estes políticos e homens de letras do XIX revelaram uma série de projeções para a luta partidária, e, também, pareciam dialogar com a experiência anterior denominada conciliação. Espera-se, assim, contribuir para as reflexões em torno da cidadania no século XIX, particularmente pelo viés da participação e representação políticas. Nome: Silvia Carla Pereira de Brito Fonseca E-mail: silviacarlabrito@bol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Federação e República na imprensa baiana no Segundo Reinado: o Guaycuru (1843-1860) Esta comunicação apresenta como tema a imprensa federalista e republicana da Bahia entre as décadas de 1840 e 1860, focalizando em especial o jornal O Guaycuru que circulou em Salvador entre os anos de 1843 e 1860. O periódico era redigido por Domingos Guedes Cabral, ex-redator do jornal republicano O Democrata (1833-1836), além de combativo integrante dos movimentos federalistas baianos nos primeiros anos da Regência, bem como da Sabinada (1837-1838).

Nome: Wlamir José da Silva E-mail: wmsilva@mgconecta.com.br Instituição: UFSJ Título: O Regresso na província de Minas Gerais O Regresso conservador é pouco valorizado e estudado pela historiografia, em especial quanto às províncias. Nas abordagens contextuais ele é reduzido à mera imposição de uma coalizão de burocratas da Corte ou reflexo da ascensão do café no Vale do Paraíba. Nossas pesquisas observam no Regresso uma importante inflexão política com dinâmica provincial. Sua implementação como nova direção hegemônica implicou a conquista da opinião pública e exigiu a construção de uma nova pedagogia política de cunho regressista. A Província de Minas foi base do poder regencial e era essencial que o Regresso conquistasse espaço naquela região. Essa inflexão no espaço público em âmbito regional se fez numa dura polêmica entre periódicos progressistas-liberais, como O Universal (1837-1839) e O Guarda Nacional Mineiro (1838-1840), de Ouro Preto, e o Astro de Minas, de São João del Rei, e os regressistasconservadores A Razão (1836), de Sabará, e O Unitário (1838-1839), de Ouro Preto, O Paraibuna (1836-1839). A disputa que envolveria versões sobre as revoltas regenciais, a eficácia dos institutos liberais relativos à justiça e a oposição entre centralização de descentralização. Num processo dialético entre a nacionalização da dinâmica provincial e provincianização das questões do poder central.

Nome: Suzana Cavani Rosas E-mail: suzanacavani@uol.com.br Instituição: UFPE Título: Cidadania, trabalho, voto e antilusitanismo no Recife em 1860: os meetings no bairro popular de São José A presente comunicação procura problematizar o antilusitanismo no Recife, procurando inseri-lo no contexto mais amplo das lutas por direito ao trabalho, contra a escravidão e também pelos direitos políticos, na década de 1860. Neste sentido, ela está centrada nos meetings organizados pelo republicano Borges da Fonseca que, após a Rebelião Praieira, ainda mobilizava a gente do bairro popular de São José, constituída de trabalhadores livres em geral, pequenos produtores e comerciantes nacionais, em reuniões e protestos. Tais eventos, amplamente alardeados e temidos por alguns, não se limitaram a acirrar o antilusitanismo entre a população em defesa da nacionalização do trabalho e comércio, discutiram também diversos temas como a escravidão, recrutamento, república e a importância do voto para a população não identificada com as elites. Esses encontros buscaram engajar os trabalhadores e pequenos negociantes na disputa eleitoral, a principio, de forma independente e depois em aliança com candidaturas das elites. Entretanto, apesar de realizadas de modo pacífico, sem o recurso aos “mata-marinheiros” e valendo-se do apelo ao sufrágio em defesa de seus interesses, nem assim essas reuniões no espaço público foram poupadas da vigilância e da repressão policial. Nome: Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira E-mail: bessone@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Título: Reverenciando as letras: espaços de consagração e construção da cidadania O presente texto pretende analisar esse instrumento de difusão cultural, elo entre sociedade e indivíduo, o livro, que junto com o leitor, o editor, seus colecionadores, críticos e divulgadores criaram espaços privilegiados, e de instâncias de consagração para os seus autores. No Rio de Janeiro, da segunda metade do século XIX, sedimentou-se em torno do livro, um forte laço entre os homens de cultura, no momento em que os intelectuais ainda estavam construindo elos políticos vinculados ao poder. Neste período havia uma ainda incipiente rede de sociabilidades, ao lado de uma nova relação entre intelectuais e cidadania. Dentro desta perspectiva, estudaremos alguns agentes que consideramos importantes para a difusão cultural deste período, bem como da construção de espaços de sociabilidade e de consagração definidos a partir dos livros. Nome: Vitor Izecksohn E-mail: vizecksohn@gmail.com Instituição: UFRJ Título: As milícias e a concepção local de defesa: soldado cidadão? Neste trabalho analiso a concepção local de defesa. Discutirei as estratégias de inclusão e os benefícios obtidos através da participação voluntária nas organizações de milícias.

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28 28. Mundos do trabalho: entre a escravidĂŁo e o pĂłs-emancipação Henrique Espada Rodrigues Lima Filho – UFSC (henrique.espada@globo.com) Aldrin Armstrong Silva Castellucci – UNEB (aascastellucci@uol.com.br) (VWH 6LPSyVLR SUHWHQGH DWUDLU DSUHVHQWDo}HV VREUH RV PXQGRV GR WUDEDOKR H VXDV WUDQVIRUPDo}HV QDV sociedades escravistas e de pĂłs-emancipação, sobretudo no Brasil e nas AmĂŠricas. Uma das quesW}HV DTXL p LQYHVWLJDU DV DPELJ LGDGHV TXH VH HQFRQWUDP QD WHQWDWLYD GH GHĂ€QLU OLPLWHV FODURV HQWUH ´HVFUDYLGmRÂľ H ´OLEHUGDGHÂľ WUDEDOKR IRUPDO H LQIRUPDO EHP FRPR VHXV VLJQLĂ€FDGRV QD H[SHULrQFLD GRV WUDEDOKDGRUHV 2 6LPSyVLR SUHWHQGH DWUDLU VREUHWXGR PDV QmR H[FOXVLYDPHQWH WUDEDOKRV TXH DERUGHP DV VHJXLQWHV iUHDV GH HVWXGR ‡ (VFUDYLGmR H DV YiULDV IRUPDV GH WUDEDOKR FRPSXOVyULR QR %UDVLO H QDV $PpULFDV VREUHWXGR HQWUH RV sĂŠculos XIX e XX, incluindo os estudos comparativos; ‡ 'LYHUVLGDGH GDV IRUPDV H DUUDQMRV GH WUDEDOKR LQFOXLQGR RV FKDPDGRV ´LQIRUPDLVÂľ R WUDEDOKR GRPpVWLFR R WUDEDOKR HYHQWXDO HWF ‡ $V IRUPDV GH QHJRFLDomR GLVSXWD H FRHUomR HFRQ{PLFD H H[WUD HFRQ{PLFD GRV WHUPRV GR WUDEDOKR ‡ 'LVFXVV}HV VREUH D ´WUDQVLomRÂľ HQWUH R WUDEDOKR ´HVFUDYRÂľ H ´OLYUHÂľ EHP FRPR D GLVFXVVmR VREUH D SUySULD SHUWLQrQFLD GR FRQFHLWR GH ´WUDQVLomRÂľ ‡ $VSHFWRV OHJDLV OLJDGRV jV WUDQVIRUPDo}HV GR WUDEDOKR FRPR D LQWURGXomR GH IRUPDV GH UHJXODomR IRUPDO H ´FRQWUDWXDOÂľ GDV UHODo}HV ODERUDLV ‡ 5HODo}HV GH WUDEDOKR HQYROYHQGR WUDEDOKDGRUHV HVFUDYL]DGRV OLEHUWRV H OLYUHV QR FDPSR H QD FLGDGH FRP VHXV VHQKRUHV H HPSUHJDGRUHV ‡ 5HODo}HV VRFLDLV QD HVIHUD GR WUDEDOKR WHPDWL]DQGR TXHVW}HV GH UDoD HWQLD JrQHUR H UHOLJLmR ‡ &RQWLQXLGDGHV H UXSWXUDV QDV OXWDV H QDV IRUPDV DVVRFLDWLYDV GRV WUDEDOKDGRUHV HQWUH D HVFUDYLGmR H R SyV HPDQFLSDomR GLVFXWLQGR DV YiULDV IRUPDV GH RUJDQL]DomR TXH HQYROYHUDP WUDEDOKDGRUHV PHVPR TXH QmR GLUHWDPHQWH OLJDGDV GH PRGR PDLV HYLGHQWH j HVIHUD GR WUDEDOKR VLQGLFDWRV H RUJDQLzaçþes polĂ­ticas, mas tambĂŠm associaçþes ĂŠtnicas, recreativas, religiosas e laicas; ‡ $EROLFLRQLVPRV Do}HV H LGHRORJLDV SROtWLFDV HQWUH D HVFUDYLGmR H R SyV HPDQFLSDomR ‡ 7UDMHWyULDV GH LQGLYtGXRV H GH JUXSRV HQWUH D HVFUDYLGmR H R SyV HPDQFLSDomR

Resumos das comunicaçþes

biografado militou.

Nome: Alane Fraga do Carmo E-mail: alanefraga@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: O cotidiano nas fazendas de cafÊ da Colônia Leopoldina: relaçþes de trabalho, mecanismos de controle, acesso à terra O presente trabalho pretende analisar aspectos das relaçþes cotidianas entre escravos e colonos estrangeiros no processo de colonização do extremo sul da Bahia durante o sÊculo XIX. O caso da Colônia Leopoldina fundada em 1818 na região de Vila Viçoza, formando um conjunto de 40 fazendas destinadas à cultura do cafÊ para exportação, possibilita vislumbrar as vicissitudes destas relaçþes de maneira privilegiada pela variedade de fontes, e relevância da presença escrava no processo de formação e desenvolvimento desta colônia. Os processos cíveis e criminais serão fontes privilegiadas no presente trabalho por oferecerem informaçþes detalhadas sobre a economia de subsistência empreendida pelos escravos aos domingos e feriados bem como o acesso de cativos e libertos à terra. Esses documentos são ainda de fundamental importância para a anålise das tensþes e conflitos subjacentes às relaçþes de trabalho no sistema escravista. Analisaremos a distribuição da propriedade escrava nas propriedades cafeeiras, estrutura e organização do trabalho, perfil dos administradores das propriedades, bem como os mecanismos de controle por eles utilizados.

Nome: Aline Mendes Soares E-mail: alinesoares2003@hotmail.com Instituição: UFRRJ TĂ­tulo: “Precisa-se de um pequenoâ€?: o trabalho infantil no pĂłs-abolição no Rio de Janeiro, 1888-1927 Durante todo o sĂŠculo XIX constavam nas pĂĄginas de anĂşncios do Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, inĂşmeros pedidos de mĂŁo-de-obra. Nesta sessĂŁo, alguns anunciantes buscavam trabalhadores do sexo feminino ou masculino, crianças ou adultos, para realizar os mais variados serviços. O presente trabalho utilizarĂĄ como fontes estes anĂşncios, particularmente, aqueles em que o interesse era “alugarâ€? ou dizia-se “precisarâ€? especificamente da mĂŁo-de-obra infantil, a partir de 1888, perĂ­odo no qual a escravidĂŁo foi extinta legalmente, atĂŠ 1927, quando foi promulgado o CĂłdigo de Menores como medida de assistĂŞncia e proteção ao menor no Brasil. Inicialmente serĂĄ realizada uma abordagem quantitativa destas fontes, verificando a incidĂŞncia destes anĂşncios no pĂłs-abolição, assim como padrĂľes de sexo, idade, cor, nacionalidade, tipos de trabalho e remuneração destacados. Em um segundo momento da pesquisa, analisarei qualitativamente estas fontes, buscando revelar principalmente em que medida o processo emancipatĂłrio interferiu e provocou mudanças nas relaçþes sociais, condiçþes de vida e de trabalho, especificamente no universo do trabalho infantil. Trata-se de compreender o cenĂĄrio no qual liberdade, pobreza e mercado de trabalho se articulam nos marcos da nascente RepĂşblica.

Nome: Aldrin Armstrong Silva Castellucci E-mail: aascastellucci@uol.com.br Instituição: UNEB Título: Classe, cor e política na trajetória de Ismael Ribeiro dos Santos (1857-1931) A comunicação reconstitui a trajetória do alfaiate negro Ismael Ribeiro dos Santos (1857-1931), indivíduo que iniciou sua militância engajando-se nas causas da Abolição e da República, e que depois foi um dos protagonistas do movimento operårio e socialista na Bahia ao longo da Primeira República. Atenção especial foi dada à luta que o personagem travou por cidadania para si e para seus companheiros de classe a partir de sua atuação nas eleiçþes, quando chegou a receber sufrågios suficientes para conduzi-lo ao cargo de membro do Conselho Municipal de Salvador. Utilizamos uma gama variada de fontes, tais como inventårios e testamentos, imprensa operåria e grande imprensa, alÊm dos estatutos, atas de reuniþes e relatórios anuais do Partido Operårio da Bahia e do Centro Operårio da Bahia, duas das principais organizaçþes onde nosso

Nome: Ana Luiza Jesus da Costa E-mail: anajcosta@gmail.com Instituição: USP Título: Sociedade Civil e Educação Popular Oitocentista: tempos, espaços, pråticas e discursos Este trabalho pretende analisar o papel da sociedade civil oitocentista na educação das classes populares, para isto focalizaremos diferentes tipos de Associaçþes que funcionavam na Corte e na Província do Rio de Janeiro, tais como: Associaçþes de Auxílio Mútuo, de caråter profissional, de Instrução e de Beneficência. Buscaremos ainda apreender quem são os sujeitos envolvidos, as dinâmicas e pråticas educativas empreendidas para sua auto-formação e para o público atendido. Para isto serão analisados os estatutos e relatórios dessas sociedades que dão a ver suas assemblÊias, eleiçþes, reuniþes, administração, as definiçþes de direitos e deveres dos sócios, bem como as atividades educativas de caråter

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formal realizadas por algumas delas. Num momento em que é efervescente o debate público sobre a educação popular, vista como estratégia civilizatória e alardeada como solução para os problemas da nação, quando o Estado imperial procura responder a demanda por um tipo de intervenção educacional que vinha se constituindo, ainda que de maneira fluida, sob uma forma escolar, optamos por adotar um referencial mais amplo de educação para a análise das práticas destas Associações. Para tanto, utilizaremos o referencial teórico de E. P. Thompson, especificamente, a categoria de experiência. Nome: Beatriz Ana Loner E-mail: bialoner@gmail.com Instituição: UFPel Título: De loterias a casamentos: algumas estratégias e uma “Feliz Esperança” Nessa comunicação pretende-se acompanhar as estratégias de alguns sócios da entidade negra Feliz Esperança, na cidade de Pelotas, dos anos de 1877 a 1888, com o objetivo de libertar-se da situação de escravo. Para tanto, vai-se examinar as trajetórias individuais de alguns indivíduos e também o esforço coletivo feito pela entidade ao participar da campanha abolicionista. A Feliz Esperança foi se formando como associação lotérica durante os anos finais da década de 1870 e assumiu estatuto de sociedade beneficente a partir de 1880. Nas diretorias compiladas daquela década, sempre encontramos muitos nomes de escravos e libertos e pretende-se aqui detalhar as formas pelas quais seus membros utilizavam a entidade, com o intuito de lutar pela liberdade dos escravos. Nome: Carlos Augusto Pereira dos Santos E-mail: carlosaugustus@bol.com.br Instituição: UVA Título: Um pé em cada porto: trabalhadores cearenses em busca da sobrevivência nos portos do país. Camocim-CE. 1920-1950 O trabalho pretende mostrar a “diáspora” de trabalhadores cearenses, com foco nos portuários e estivadores com atuação no Porto de Camocim-CE em busca de trabalho nos portos do país. Desta forma, pretende-se analisar os aspectos que motivam a saída destes trabalhadores em busca da sobrevivência, bem como, o tipo de relações que se estabelecem no âmbito dos sindicatos para promover essa saída. Por outro lado, perceber as relações que este trabalhador trava ao ter contato com outros trabalhadores de outros portos e, o cotidiano de outros sindicatos, aspectos constituidores de uma experiência de trabalho que conseguem nestes espaços e que acabam por trazer para seu sindicato de origem. Assim, há um interessante intercâmbio de idéias, formas de trabalho e até de aperfeiçoamento profissional e pessoal. Neste sentido, buscar-se-á compreender através das fontes disponíveis, como atas dos sindicatos, ofícios, cartas e depoimentos dos trabalhadores camocinenses, esse momento de intenso movimento em que os mesmos dizem “ganhar o mundo” para sobreviver e conquistar uma aposentadoria um pouco mais decente. Nome: Carlos Eduardo C. da Costa E-mail: carlos.hist@gmail.com Instituição: UFRJ Título: O Mundo Rural no Pós-abolição: A participação política e a migração de ex-escravos e de seus descendentes. Valença e Nova Iguaçu (18881940) O Pós-abolição vem se destacando como um importante tema para a compreensão das experiências de ex-escravos e de seus descendentes no Brasil e nas Américas. Esta comunicação pretende ampliar o estudo da participação política de ex-escravos e seus descendentes e suas conseqüências para estabilidade familiar no campo. Centralizamos, prioritariamente, nossa análise no Município de Valença, local este que concentrou, nos últimos anos da Monarquia, uma parcela expressiva de cativos no Sudeste cafeeiro. Ao longo da Primeira República, com o declínio do café, novos investidores ampliaram a produção de gado e eucalipto que avançavam sobre as pequenas roças, conquistas ainda da escravidão. Somado a isso, devemos questionar quais os parâmetros políticos que permitiram, em certa medida, a permanência e/ou expulsão, dos mesmos, das fazendas. Em virtude desses acontecimentos muitos libertos migraram do Vale do Paraíba, durante a década de 20 e 30 do século XX, e se dirigiram, em boa parte, para a região da Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro. Esse trabalho, em andamento, pretende qualificar o processo migratório da população de pretos e pardos do Estado do Rio de Janeiro. Nome: Christiano Eduardo Ferreira E-mail: christianoeduardo@gmail.com Instituição: FACINTER Título: “O senhor é morto”: colonato e criminalidade em duas localidades paulistas (1900-1901)

A expansão do cultivo de café no Brasil a partir de meados do XIX só foi possível através da importação maciça de mão-de-obra estrangeira. Dentre os grupos de imigrantes que compuseram a mão-de-obra das fazendas de café naquele período, os oriundos do Reino da Itália tiveram papel fundamental, especialmente no interior do estado de São Paulo. A assimilação desses imigrantes ao cotidiano das fazendas cafeeiras não foi um processo isento de violência, e a interpretação de alguns casos de crime envolvendo brasileiros e italianos permanece uma frente valiosa para o estudo da história da imigração no Brasil. Baseado em tal pressuposto, a análise de dois assassinatos de fazendeiros por seus empregados permite que se vislumbrem as relações de trabalho e as estruturas de poder presentes naquele momento histórico. Os processos criminais, resultantes dos crimes citados, foram utilizados como ponto de partida para a reconstituição dos mecanismos de poder local de Rio Claro e Jaú ,na virada do século XIX para o XX, revelando aspectos do trabalho nas fazendas, das formas de assimilação dos italianos no interior paulista e da percepção dos nacionais sobre as origens regionais dos trabalhadores imigrados. Nome: Daniel Precioso E-mail: daniel.precioso@gmail.com Instituição: UNESP-Franca Título: Os músicos pardos em Vila Rica (c.1758-c.1822) Este trabalho pretende discutir o estatuto social do músico em Vila Rica, entre 1758 e 1822. Os estudos pioneiros de Francisco Curt Lange nos arquivos particulares das irmandades mineiras revelaram a presença abundante de indivíduos que se dedicavam à “arte musical”. Em 1758, quando remeteram uma missiva ao Conselho Ultramarino, os pardos confrades de S. José de Vila Rica identificaram-se como “[...] mestres em artes liberais, como os músicos”, dentre outras ocupações. Assinalaram também a primazia do grupo no desempenho de atividades musicais nos templos e nas procissões públicas. A comunicação, procurando dialogar com os fragmentos históricos reunidos por Curt Lange – que arrolou músicos (e identificou as famílias cujos membros se dedicavam ao ofício), recuperou partituras musicais e inventariou a contratação de música por parte da Câmara e das irmandades – e com dados coletados no Arquivo do Museu da Inconfidência de Ouro Preto (AHMI) e no Arquivo da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto (APNSP), pretende discutir o perfil social dos músicos pardos de Vila Rica, assinalando a integração na vida social de homens de ascendência africana através da participação em irmandades e em tropas de milícias. Nome: Daniela Fernanda Sbravati E-mail: dani_sbravati@hotmail.com Instituição: UFSC Título: Senhoras de (in)certa condição em Desterro na segunda metade do século XIX A presença de mulheres proprietárias de escravos - viúvas e solteiras - foi recorrente na cidade do Desterro (Florianópolis) na segunda metade do século XIX. Esse texto pretende analisar trajetórias individuais de algumas dessas mulheres para tentar compreender as estratégias que usaram para construir suas vidas, lidar com as incertezas do cotidiano, tecer relações sociais e ter acesso a recursos materiais e imateriais. As fontes pesquisadas são os registros notariais, sobretudo as cartas de liberdade e contratos de locação de serviços, testamentos, inventários post-mortem, anúncios de jornais, livros de receitas e registros financeiros da Câmara Municipal. Com base nesses documentos, esse trabalho tenta demonstrar a importância da propriedade escrava para as estratégias de sobrevivência dessas mulheres, assim como os conflitos, tensões e negociações que faziam parte de uma sociedade escravista. A propriedade de escravos era, para as mulheres que muitas vezes viviam sozinhas, não apenas uma garantia econômica. As relações entre escravos (as) e suas proprietárias poderia dar espaço a algumas formas de companheirismo amistoso e ligações de afeto. Nome: Daniele Santos de Souza E-mail: daresouza@gmail.com Instituição: UFBA Título: “Mais parece uma Nova Guiné”: trabalho de ganho em Salvador na primeira metade dos Setecentos Esta comunicação pretende analisar o trabalho de ganho nas ruas de Salvador na primeira metade do século XVIII. Crioulos, mestiços, angolas, minas, dentre outros africanos, labutavam nas ruas da cidade, onde ofereciam seus serviços ao “ganho”, ou seja, alugando sua força de trabalho a terceiros. Transportavam diversas mercadorias, cartas e tudo mais que se precisasse, sendo muito comum o uso de redes para o transporte de pessoas. O trabalho de ganho incluía também negras que vendiam quitutes e iguarias, bem como cativos especializados em ofícios como ferreiro, barbeiro, sapateiro, cujo aprendizado era, muitas ve-

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28 zes, ministrado pelos próprios senhores. Através da análise de inventários postmortem para o período referido é possível construir um perfil da mão-de-obra escrava empregada na Cidade da Bahia. Além disso, este trabalho busca analisar as tensões, conflitos e negociações que cercavam o cotidiano de trabalho escravo na cidade. Para isso, utilizarei as Atas da Câmara de Salvador, posturas municipais, juntamente com os alvarás do Tribunal da Relação e as ordens régias. Através desta documentação é possível perceber as experiências da população escravizada e as formas de solidariedade por elas tecidas no enfrentamento às condições do cativeiro. Nome: Denílson de Cássio Silva E-mail: denicult@hotmail.com Instituição: UFF Título: Debates sobre a escravidão: Matizes do Emancipacionismo (São João del-Rey, segunda metade do Século XIX) O presente trabalho busca analisar as idéias e práticas sociais em torno do problema da escravidão nas últimas décadas do século XIX. O foco principal da pesquisa concentra-se nas discussões travadas no âmbito judicial, envolvendo escravos e senhores em litígio, e no debate ensejado na imprensa local relativo à formação de um clube abolicionista. Ao se perceber as tensões e ambigüidades vividas pela sociedade são-joanense, quando entrava em cena o referido mote, aventa-se a hipótese do chamado processo de abolição ter apresentado diferentes facetas, permitindo-nos questionar análises historiográficas tendentes a destacar o caráter ameno e ordeiro dos anos finais do escravismo em Minas Gerais. Assim, procuramos apreender como foram experimentados os conceitos de liberdade e propriedade e, mais especificamente, na década de 1880, como se caracterizaram os esforços de senhores e escravos para a redefinição das relações sociais e a construção de um novo regime de trabalho. Nome: Edinelia Maria Oliveira Souza E-mail: edisouza7@hotmail.com Instituição: Uneb/BA Título: O pós-abolição em foco: hierarquias, lealdades e tensões sociais no Recôncavo sul baiano durante a Primeira República Este trabalho é uma reflexão sobre o Pós-abolição no Recôncavo sul baiano, a partir do uso de fontes locais ainda caras às produções historiográficas, como memórias, documentos cartoriais e periódicos, articulados a um debate com estudos clássicos sobre a Primeira República. Tem como foco as formas de sobrevivência, a organização social e as relações de poder constituídas entre trabalhadores rurais egressos do cativeiro e os proprietários de terras e/ou fazendeiros da localidade. Assim, procura enfatizar os laços de compadrio e lealdade que faziam parte do jogo de interesses e comportamentos constituído na cotidianidade dos indivíduos. Nome: Fernando Franco Netto E-mail: fernando@unicentro.br Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste Título: Estrutura Fundiária e Trabalho Escravo em Guarapuava Neste trabalho, procura-se entender algumas características de ocupação de uma localidade no sul do Brasil, que nas primeiras décadas do século XIX, foi palco de intensas manobras militares com a intenção de abertura de fronteira, bem como de defesa territorial. Nesse período, Guarapuava se tornou um importante ponto de passagem das tropas que vinham do extremo sul do país, como também foco importante da atividade pecuária, com os tropeiros fazendo parte desse processo, além das imensas terras a serem desbravadas, tornandoas propícias às invernadas. A participação dos escravos, apesar de pequena, foi importante no processo de ocupação e desenvolvimento da localidade, e suas características demográficas permitem inferir que o crescimento endógeno de sua população foi um dos fatores de manutenção das escravarias. A posse de terras também foi fator fundamental para o entendimento das estruturas sociais e econômicas da localidade, visto que a partir delas se consolidou o poder político e econômico. Nome: Flavia Fernandes de Souza E-mail: flaviasza@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: “Empregam-se todos os que precisam trabalhar”: o serviço doméstico e o mundo do trabalho na cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX A proposta deste trabalho consiste em apresentar parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida sobre a inserção do serviço doméstico no mundo do trabalho, na cidade do Rio de Janeiro, entre os anos de 1870 e 1900. Tendo esta investigação como um dos seus objetivos recuperar e analisar elementos inerentes a esse setor de trabalho, propõe-se, para esta comunicação, expor resultados até

aqui alcançados e que demonstram algumas características da esfera de trabalho em que atuavam os chamados ‘criados de servir’. Trata-se, então, de apresentar, de forma sintética, uma reflexão que abrange três grandes questões: a primeira trata da importância que os serviços domésticos assumiram no mundo do trabalho carioca ao ocupar um enorme contingente de trabalhadores; a segunda aborda alguns aspectos da organização desse campo de trabalho, sobretudo no que se refere ao funcionamento de agências de emprego; e a terceira discute as definições da época para o que se entendia ou não como sendo as ocupações domésticas. A proposta deste estudo, portanto, caminha ao encontro do debate que envolve a diversidade e a complexidade do mundo do trabalho no contexto da crise da escravidão e da imediata pós-emancipação, sobretudo no tangente às formas e aos arranjos de emprego da população pobre e trabalhadora. Nome: Florisvaldo Paulo Ribeiro Junior E-mail: florisvaldo.jr@uol.com.br Instituição: UFUb Título:“O jogo, o álcool e o lupanar”: astúcias da (des)ordem nos sertões de Minas Gerais nas primeiras décadas republicanas Ao dialogarmos com as fontes documentais relativas às regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, no Estado de Minas Gerais, procuramos interpretar as representações acerca da tríade do mal – jogos de azar, alcoolismo e prostituição – à luz dos processos de produção da imagem do trabalhador nacional, durante a Primeira República. Notamos que a constituição do mundo do trabalho articula-se à moralização e criminalização das práticas sociais, especialmente das classes populares. Na passagem do trabalho escravo ao trabalho livre, essas práticas emergiram como obstáculos, significando resistências aos projetos de modernização que as elites proprietárias, políticas e intelectuais da região focalizada tentaram empreender. Nome: Henrique Espada Rodrigues Lima Filho E-mail: henrique.espada@globo.com Instituição: UFSC Título: Arranjos de vida e moradia de ex-escravos no Desterro no século XIX a partir das fontes cartoriais A análise intensiva de fontes seriais, em cruzamento com outras fontes complementares, em especial os processos judiciais e inventários post-mortem, é capaz de permitir não apenas a recuperação de fragmentos vitais de trajetórias individuais, mas também reconstruir redes de sociabilidades e solidariedades e as estratégias de ação que davam substância e organização ao cotidiano dos ex-escravos. Esta apresentação irá expor os resultados parciais de uma pesquisa em andamento, sobre a vida dos libertos e seu descendentes na Ilha de Santa Catarina durante o século XIX, antes e depois da Abolição. Nesta apresentação, os arranjos de moradia dos libertos e seus descendentes serão discutidos, sobretudo a partir dos registros de compras e vendas de imóveis, doações e procurações envolvendo ex-escravos, procurando levantar as possibilidades presentes no horizonte desses sujeitos sociais, suas estratégias de construção de territórios próprios através da aquisição de propriedade imobiliária nos espaços urbanos e não-urbanos. Relacionados aos arranjos de moradia, procuraremos explorar também as alianças e relações de co-dependência construídas para além da escravidão, procurando compreender o modo pelo qual se organizavam as vidas e o cotidiano desses sujeitos. Nome: Itacir Marques da Luz E-mail: itacirluz@hotmail.com Instituição: SEDUC-PE Título: Mestres de Todas as Artes: A Presença Negra no mundo dos ofícios urbanos do Brasil Oitocentista O presente texto se propõe a discutir o mundo do trabalho no Brasil da primeira metade do século XIX, a partir da presença e da atuação dos profissionais negros no segmento dos ofícios especializados; problematizar os efeitos da configuração desse contingente dentro da dinâmica do espaço urbano, de modo a considerar o seu papel no desenvolvimento dessas atividades; além de sua importância no conjunto das estratégias sub-reptícias de resistência e sobrevivência ao sistema escravista vigente, por parte daqueles profissionais em condição cativa. Para tanto, nos pautamos em levantamento de registros desses sujeitos, os quais vão, desde o trabalho de ganho retratado em litografias, anúncios de jornais da época e documentos governamentais, até a expressão mais institucionalizada da prática, do ensino e da regulação dessas atividades, através das associações e irmandades religiosas instaladas com base nos ofícios. Partindo do diálogo entre a história cultural e alguns estudos sobre a temática em questão desenvolvidos por autores como E. P. Thompson, além da literatura existente sobre o Brasil oitocentista, espera-se trazer, dessa forma, novos elementos para a reflexão sobre o mundo do trabalho nesse contexto e nele, uma nova perspectiva sobre o papel dos profissionais negros.

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Nome: Jackson André da Silva Ferreira E-mail: jacodai@hotmail.com Instituição: UNEB Título: Escravos, Senhores e Agregados em uma vila da Chapada Diamantina (Morro do Chapéu-Ba, séc. XIX) A presente comunicação tem por objetivo principal discutir as relações sociais estabelecidas entre escravos, senhores e agregados no norte da Chapada Diamantina (Bahia), mais precisamente na então Vila de Nossa Senhora da Graça de Morro do Chapéu, durante a segunda metade do século XIX. Esse trabalho tem origem em um projeto de pesquisa intitulado A vida de escravos e libertos em Morro do Chapéu-Ba, século XIX. Procuraremos discutir as estratégias paternalistas utilizadas por escravos, senhores e agregados nas policulturas, pecuária e mineração (atividade desenvolvida com a extração diamantífera na década de 1860, que logo entra em crise, sendo retomada com o carbonato anos depois, cuja comercialização gerou um coronelismo que teve em um negro, cujo avô tinha sido escravo, a figura mais importante do poder local); os conflitos existentes entre esses sujeitos; as formas de resistência dos escravos; assim como um breve comentário sobre as formas utilizadas pelos senhores morrenses para criar vínculos de dependência com vista à formação de agregados. Nome: Jacó dos Santos Souza E-mail: jacocachoeira@hotmail.com Instituição: UNEB Título: Agitando a cidade: conflitos e tensões em Cachoeira às vésperas da abolição, 1887-1888 O objetivo deste trabalho é analisar o envolvimento/participação do abolicionista Cesário Ribeiro Mendes na desestruturação do sistema escravista em Cachoeira, Bahia. Acusado de agitar a população escrava e promover o acoitamento de diversos cativos do Recôncavo baiano, esse abolicionista foi levado à prisão em julho de 1887, despertando grande indignação em populares insatisfeitos com a sentença promulgada pelo Juiz Municipal em exercício. O nome de Cesário Ribeiro Mendes aparece com grande freqüência na documentação da época sinalizando que a atuação dos abolicionistas daquela localidade deixou sobressaltados diversos senhores de escravos. Preocupados, estes não mediram palavras e nem tinta quando decidiram desmoralizar as ações dos abolicionistas, reclamando, até mesmo, providências do Presidente da Província. Desse modo, articulando diferentes documentos do período como processos-crimes, jornais, correspondências policiais, entre outros, buscamos refletir sobre a atuação dos abolicionistas cachoeiranos nos instantes finais de vigência do escravismo. Nome: Jônatas Marques Caratti E-mail: jonatascaratti@gmail.com Instituição: UNISINOS Título: O chão da liberdade: as trajetórias da preta Faustina e do pardo Anacleto pela fronteira rio-grandense no contexto do processo abolicionista uruguaio (1842-1862) Esta apresentação tem por objetivo mostrar os resultados obtidos até o momento em nossa pesquisa de mestrado. Propusemo-nos a estudar as experiências de escravos e libertos em regiões de fronteira entre a província de São Pedro do Rio Grande do Sul e a República Oriental do Uruguai, durante as décadas de 1840 a 1860. Esse período foi marcado pelas leis abolicionistas uruguaias (1842 e 1846), que impactaram as formas de escravidão e liberdade no lado brasileiro. A partir das vivências da preta Faustina e do pardo Anacleto, iremos aprofundar essa temática, buscando compreender de que forma os escravos planejavam suas fugas para o Uruguai, como viviam em estâncias uruguaias e as estratégias senhoriais, tanto para impedir a fuga como para resgatar os cativos quando fugiam. Faustina e Anacleto foram, também, vítimas de tráfico ilegal terrestre pela fronteira, sendo vendidos diversas vezes, não apenas para lucro dos traficantes, mas também visando ao escape jurídico, uma vez que ambos eram livres. A primeira, por ter nascido no Uruguai (mas era filha de uma escrava rio-grandense fugida) e o segundo, porque trabalhou durante dois anos na República Oriental do Uruguai, cuidando de ovelhas numa estância pertencente ao seu senhor moço. Nome: Juliana Magalhães Linhares E-mail: jullinhares@yahoo.com.br Instituição: UFC Título: As Experiências dos Trabalhadores Escravos e Libertos em Fortaleza No decorrer da segunda metade do séc. XIX é possível observar um quadro de mudanças ocorridas em Fortaleza, sobretudo relacionadas à estrutura da cidade. Simultaneamente tornam-se perceptíveis algumas transformações ligadas às relações de trabalho, entre senhores e escravos como também entre empregados e patrões tendo em vista o processo de transição do trabalho cativo para o livre.

A partir de 1871 oficialmente se inicia o processo de extinção gradual do elemento servil com a lei do ventre livre, complementando e tornando legal algumas ações já empreendidas pelos escravos, como a formação do pecúlio para a compra da alforria. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo analisar as experiências dos trabalhadores escravos e libertos na cidade de Fortaleza entre 1871 e 1888 (a abolição ocorre no Ceará em 1884), a partir das relações sociais estabelecidas com seus senhores e com os homens livres como também avaliar algumas condições de trabalho, como os ofícios e locais de trabalho. Pretendemos assim através da análise das fontes (como os jornais, Ofícios do chefe de Policia, Relatório do Presidente da província, Códigos de posturas, Livro de matrícula de criados, dentre outras) perceber o que representa para os libertos essa mudança na sua condição social de escravo para liberto. Nome: Karine Teixeira Damasceno E-mail: damascenokarine@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: Estratégias de Sobrevivência de Mulheres Negras em Feira de Santana (1900-1932) Feira de Santana, nos primeiros anos do pós-abolição, com a sua grande feira semanal, ao longo do século XIX foi se construindo como a principal cidade do interior da Bahia. Além de pólo atrativo para os que queriam realizar bons negócios, a cidade revelou-se bastante atrativa para migrantes negros(as) egressos(as) da escravidão. Dentro desse contexto, as estratégias de sobrevivência de mulheres negras constituem-se como objeto desta pesquisa na qual buscamos compreender as relações de trabalho entre libertas e ex-senhores(as) em Feira de Santana no período de 1900 a 1932. A partir da análise de processos crimes envolvendo mulheres negras, propomos a investigação dos significados do passado escravista, assim como os limites e formas de exercício da liberdade no pós-abolição, na cidade de Feira de Santana. Nome: Lucia Helena Oliveira Silva E-mail: luciasilva@assis.unesp.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: Emergindo do silêncio: libertos e afro-descendentes no pós-abolição (1888/1930) O texto versará sobre os resultados parciais da pesquisa voltada a mapear a população negra que vivia no Estado de São Paulo no pós–abolição. A idéia é entender as ações da comunidade, entre si e com o próprio Estado. Já neste período ocorrem várias ações de políticas públicas para a vinda e permanência de imigrantes europeus. São objetos de nosso interesse as políticas de mão-deobra, as manifestações da comunidade negra em periódicos, o envolvimento de libertos e afro-descendentes em ações do campo jurídico em processos crime e cíveis, as vivências no campo e cidade. O marco temporal é o período de 1888 a 1930, ou seja, do momento da emancipação política até o final da primeira fase do regime republicano. Nome: Lucimar Felisberto dos Santos E-mail: lucrioularj@ig.com.br Instituição: UFBA Título: Africanos e crioulos no âmbito de uma economia em expansão. Rio de Janeiro - 1870 - 1900 Esta comunicação tem por objetivo apresentar as propostas da tese de doutoramento que pretendo desenvolver na UFBA, sob o seguinte título: “A negação da Herança social – africanos e crioulos no âmbito de uma economia em expansão”. Tal proposta tem como fim último problematizar a participação de africanos e crioulos – escravos, livres e libertos – na economia urbana de Rio de Janeiro, nas últimas décadas do Século XIX. Proponho investigar como africanos e crioulos buscaram superar a herança social da escravidão, no sentido de criarem meios de ultrapassarem as barreiras construídas para limitar suas atuações no mercado de trabalho livre e assalariado em conformação no período. A questão envolve não somente as estratégias pensadas por este grupo para afastarem-se do legado da escravidão, mas também, as mudanças estruturais que ocorreram na sociedade brasileira em decorrência das novas orientações sociais, econômicas e culturais que contribuíram por determinar o lugar social que caberia aos negros, no pós-abolição. É minha intenção inserir o estudo proposto na trilha dos trabalhos intelectuais que trataram ou vêm tratando da questão da classe operária brasileira. Utilizando o tema do trabalho para convergir interesses e perspectivas entre a história da escravidão e do trabalho. Nome: Maciel Henrique Carneiro da Silva E-mail: macielcarneiro@gmail.com Instituição: IFPE Título: Trabalho, Gênero e Raça: Escravas Domésticas e outras criadas nas Literaturas Baiana e Pernambucana

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28 O objetivo desta pesquisa é articular as imagens construídas pelos escritores baianos e pernambucanos no pós-abolição sobre as escravas domésticas e as criadas em geral, no sentido de flagrar resistências, cotidianos, racializações, solidariedades de gênero e classe entre as trabalhadoras domésticas. Em que medida os escritores criaram imagens verossímeis do cotidiano de mulheres escravas e pobres, e em que medida são criados e instituídos os seus lugares sociais e raciais? São questões que permeiam a análise dos textos ficcionais selecionados. Nome: Mairton Celestino da Silva E-mail: mairtoncelestino@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Piauí Título: Uma mão para bater, outra para educar: O Colégio Agrícola de São Pedro de Alcântara e as discussões em torno da mão-de-obra escrava no Piauí Tendo por objetivo discutir a criação do Colégio Agrícola de São Pedro de Alcântara na Província do Piauí, durante a década de 1870, o presente trabalho busca estabelecer uma relação entre tal evento com as discussões em torno da desagregação da instituição escrava na Província. Dessa maneira, a hipótese levantada pelo autor é a de que enquanto no resto do império buscava-se criar condições para a substituição da mão-de-obra escrava para a assalariada e estrangeira, contudo, nessa parte do Brasil, o objetivo era o de forjar, entre aqueles recém-saídos do mundo da escravidão, inclinações ao trabalho cuja sustentação residiria numa suposta “educação moral e religiosa, e na instrução primaria e agrícola dos menores”. Nome: Maria Emília Vasconcelos dos Santos E-mail: emiliavas@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Nem brancos, nem escravos:Trajetórias de libertos e seus descendentes na zona da Mata Sul de Pernambuco, 1870-1910 O presente trabalho analisa as vivências da população não-branca e recém egressa da escravidão, que moraram na Mata Sul de Pernambuco, entre os anos de 1870 e 1910, buscamos acompanhar os percursos de mulheres, homens e crianças e de famílias, em fins do século XIX até o início do século XX. Pretendemos identificar e analisar as estratégias utilizadas pelos ex-escravos nesse momento de mudanças da utilização da mão-de-obra na região. Investigamos ainda sobre seus destinos nos anos que se seguiram a 1888, como se relacionaram com os antigos senhores e quais as estratégias de acesso à cidadania e à igualdade construídas em fins do século XIX e início do XX. Nome: Martha Rebelatto E-mail: martharebelatto@hotmail.com Instituição: UFMG Título: Estrutura da posse escrava em Minas Gerais na década de 1830 O objetivo deste trabalho é discutir a posse de escravos em Minas Gerais durante a década de 1830. O material básico de análise são as listas nominativas. Estas listas descrevem os habitantes e trazem informações amplas sobre o caráter e a organização da população descrita, enfatizando: condição, sexo, idade, relações de dependência e de parentesco, organização econômica, etc. Para esse estudo iremos utilizar as informações referentes às localidades coincidentes nas listas de 1831 e 1838. Esta análise possibilita conhecermos a formação e distribuição do plantel cativo mineiro, articulando o diálogo com estudos referentes a outras províncias. A partir da evidência de que parcela significativa dos escravos pertencia a pequenos e médios proprietários, questiona-se sobre a importância e significado do trabalho cativo na sociedade em questão, destacando suas especificidades e semelhanças em relação ao escravismo brasileiro. Através da verificação das características da população escrava de Minas Gerais pretendese contribuir para a reflexão sobre o emprego desta mão-de-obra na primeira metade do Século XIX. Nome: Matheus Serva Pereira E-mail: emaildoserva@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: A difícil viagem: do navio negreiro à cidadania. Quintino de Lacerda e as possibilidades de integração dos ex-escravos no Brasil oitocentista Através de sua atuação como liderança no Quilombo de Jabaquara, articulando a mediação entre o quilombo e o resto da sociedade, Quintino de Lacerda tornou-se, nas duas últimas décadas do século XIX no Brasil, uma figura central nos movimentos sociais e debates políticos que surgiam nesses agitados anos. Nesse sentido, o presente trabalho se apresenta com o principal objetivo de reconstruir a trajetória de vida, até então pouco visitada pela historiografia, desse obscuro personagem do século XIX. Focando a análise nas duas últimas décadas de sua existência, pretendo contribuir para as discussões sobre as relações

entre identidade racial, escravidão, trabalho livre e cidadania no Brasil oitocentista, assim como demonstrar os significados específicos e mutáveis do conceito de cidadania decorrentes da luta pela emancipação dos escravos e do advento do regime republicano. Busco fazer um elo entre o processo que culminou com o fim do sistema escravista no Brasil com o que essa ação trouxe de novo para um amplo setor da população possuidor de traços que a mantinha conectada à experiência da escravidão. Nome: Melina Kleinert Perussatto E-mail: melinaperussatto@yahoo.com.br Instituição: UNISINOS Título: Liberdade, trabalho e direitos nos anos finais da escravidão, Rio Pardo/RS Pretendemos apresentar um recorte em nossa pesquisa sobre experiências de escravos e libertos nos anos finais da escravidão. A partir da análise de fontes judiciais, administrativas e notariais, evidenciaremos a busca e a garantia de direitos nos espaços jurídico-legais e as negociações em torno da liberdade e do trabalho. Como local de observação, o município de Rio Pardo/RS. Desse modo, acreditamos ser viável apreender e analisar possíveis formas pelas quais esses trabalhadores participaram do processo de mudança nas relações sociais e de trabalho. Nome: Patricia Maria Melo Sampaio E-mail: patricia@pq.cnpq.br Instituição: UFAM Título: Mundos cruzados: etnia, trabalho e cidadania na Amazônia Imperial Os “Africanos Livres” configuram uma categoria particular de escravos liberados pelas ações britânicas contra o tráfico ilegal nas primeiras décadas do século XIX. Por conta de seus diferentes destinos, suas experiências na fronteira da escravidão e da liberdade marcaram as sociedades em que viveram. Partindo de documentação inédita dos arquivos do Pará e do Amazonas, o texto se propõe a recuperar a presença dos Africanos Livres na Amazônia, entre 1854 e 1866. Pretende identificar as diferentes modalidades pelas quais esses homens e mulheres foram inseridos no mundo do trabalho na região acompanhando, também, as estratégias locais quanto ao uso do trabalho compulsório das populações indígenas com a finalidade de buscar experiências em comum que conectaram índios e africanos. O trabalho se alinha a um esforço historiográfico que se propõe a lançar luz sobre estas outras experiências de escravidão e liberdade no Império Brasileiro e, ao mesmo tempo, colocar em cena as trajetórias desses indivíduos em áreas de fronteira, até aqui bem pouco investigadas nessa perspectiva. Nome: Rafael Maul de Carvalho Costa E-mail: rafamaulc2@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Trabalhadores livres e escravidão: seguindo pistas sobre as lutas e projetos de organização do mundo do trabalho no Rio de Janeiro de fins do XIX Este trabalho tem por tema as lutas empreendidas por trabalhadores livres pelo fim da escravidão, especialmente na Corte imperial. Evidentemente não se compreende a luta destes trabalhadores como isolada de todo o resto do contexto de lutas abolicionistas e, portanto, não se tem a expectativa de encontrar um movimento, único e original. Os trabalhadores não-escravizados estavam presentes nas lutas em espaços diversos, grande parte das vezes de maneira anônima, aparecendo representados por militantes abolicionistas mais conhecidos, com os quais se aliavam, conviviam, convergiam e divergiam no que diz respeito às práticas e visões políticas. Os óculos da história, dos documentos desgastados pelo uso de centenas de pessoas, só conseguem seguir os passos de alguns destes trabalhadores. Esses representam hoje a luta das centenas de trabalhadores e trabalhadoras, de diversos ofícios, que agiram e formularam idéias sobre o mundo do trabalho no Rio de Janeiro antes da abolição. As reflexões apresentadas neste trabalho são frutos de pesquisa financiada pelo Programa Nacional de Apoio à Pesquisa da Fundação Biblioteca Nacional – instituição que agradeço – e estão inseridas em projeto de doutorado desenvolvido no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Nome: Regina Célia Lima Xavier E-mail: regx@uol.com.br Instituição: UNICAMP Título: Classificações raciais e a perspectiva abolicionista Esta apresentação pretende propor inicialmente uma reflexão sobre a forma como alguns intelectuais, atuantes no final do século XIX e início do XX, realizaram em seus escritos algumas classificações raciais, consoantes muitas vezes

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com as teses raciais européias. Em seguida, será analisado como estas taxonomias dialogaram com suas percepções sobre a sociedade brasileira e com suas idéias abolicionistas. Nome: Robson Pedrosa Costa E-mail: robsonpc@gmail.com Instituição: UFPE Título: Liberdade e Soberania Doméstica: um estudo sobre o clero católico e o poder senhorial escravista A partir de 1850 as discussões acerca da “questão servil” se acirraram, e a Igreja Católica não podia ficar de fora deste debate. A exemplo disto, as principais Ordens Religiosas do Brasil (carmelitas, beneditinos e franciscanos) tomaram decisões que buscavam acompanhar os novos rumos direcionados pelo Estado Imperial, antecipando-se, muitas vezes, ao próprio governo, como a libertação do ventre, de escravos de certa idade ou mesmo de todas as suas posses, já na década de 1870. Mas, o discurso oficial destes grupos esbarrou nas práticas senhoriais construídas por seus membros desde os primeiros anos de colonização, que passaram a compartilhar as noções de “soberania doméstica” e “direito de propriedade” com os demais setores senhoriais. Buscaremos, com isso, discutir acerca das práticas senhoriais do clero na segunda metade do século XIX, assim como, os embates cotidianos com seus escravos. Seguiremos os rastros deixados por dois personagens que trazem importantes elementos para nossa discussão: o frei carmelita João do Amor Divino Mascarenhas e o escravo Ubaldo, que teria fugido no ano de 1870, utilizando-se das brechas deixadas pelas redes opressivas, levando seu senhor a uma caçada bastante reveladora do caráter senhorial compartilhado por tantos outros clérigos no Brasil. Nome: Rodrigo de Azevedo Weimer E-mail: rod_weimer@hotmail.com Instituição: UFF Título: A família de Felisberta: experiências negras no pós-abolição A presente pesquisa propõe-se a analisar experiências negras no norte do litoral gaúcho no período posterior ao fim do sistema escravista, enfocando aspectos como trabalho, relações familiares, produção para si e para outrem, compadrio e nominação, dentre outros. Para tanto, tomou-se como fio condutor a trajetória do casal de ex-escravos Felisberta e Manuel Inácio, e de sua descendência ao longo de três gerações. Discute-se o que esta família tem de representativa e o que possui de excepcional em relação a outras famílias contemporâneas na mesma região.

o avançar das propriedades monocultoras e consequentemente, o aumento da população cativa. A proposta deste trabalho é examinar comparativamente, a experiência dos negros africanos e crioulos escravizados, procurando dar destaque às sociabilidades construídas no âmbito do cativeiro. Desta forma, analisaremos a configuração da população cativa em Campos dos Goytacazes – Brasil e em Matanzas – Cuba. Para tanto será levado em conta tanto semelhanças quanto peculiaridades relativas à montagem socioeconômica de plantation nas duas regiões. Nome: Tatiana Silva de Lima E-mail: tatiana_lima_7@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Significados do trabalho doméstico no Recife do século XIX A abrangência e a importância do trabalho doméstico no Recife do século XIX são registradas pela historiografia e pela documentação histórica. Não obstante este reconhecimento, torna-se pertinente refletir sobre os significados atribuídos a este trabalho. Nesta perspectiva iremos perscrutar os sentidos construídos para o trabalho doméstico no/sobre o século XIX no Recife, a partir de documentos elaborados pelos contemporâneos e de produção intelectual e acadêmica. Tais significados são complexos, desenham uma teia intricada de sentidos, ligados à história do gênero, das famílias, das variadas formas de trabalho e dos seus muitos arranjos. Nome: Zilda Alves de Moura E-mail: zilda.moura@terra.com.br Instituição: UFSC Título: As múltiplas formas de exploração e de resistência do escravo no sul de Mato Grosso. Séculos 18 e 19 No período inicial da formação e povoamento do Brasil e, por conseqüência, da região mato-grossense, o seu desenvolvimento deu-se, sobretudo, à custa do braço escravizado. História essa, muito pouco divulgada. Na mesma história e sociedade em que paulistas e portugueses cintilaram como homens “fortes e corajosos”, houve outros personagens históricos, sem nomes, entre os quais se destacavam os ameríndios e africanos. Este texto dá especial destaque à história do trabalhador negro, suas atividades, suas relações sociais, e por conseqüência, sua contribuição no desenvolvimento do sul de Mato Grosso dos séculos 18 e 19.

Nome: Rodrigo Garcia Schwarz E-mail: rgschwarz@gmail.com Instituição: PUC Título: Vidas cativas: a escravidão contemporânea nas fronteiras da Amazônia Legal O presente trabalho analisa o fenômeno da escravidão contemporânea no Brasil (Amazônia Legal), suas diferentes manifestações e suas relações intrínsecas com as estruturas do passado, estruturas que, de certa forma, reproduzem até hoje o contexto fático em que a escravidão se inseria em diversos pontos do país. O processo econômico, político, social e cultural de que decorreu a passagem da utilização do trabalho escravo para o trabalho livre no Brasil revela que, sobretudo no âmbito das relações rurais, não houve uma ruptura substancial no campo da regulamentação do trabalho, mas apenas renovados processos de recomposição do modo de produção. Desmente-se, assim, a história conservadora do direito do trabalho no Brasil, descrita a partir de um processo linear e cronológico que rompe com a exploração do trabalho escravo. O presente trabalho pretende, assim, resgatar e valorizar a “pré-história” do direito do trabalho no Brasil, voltando-se para as estruturas do passado a fim de nelas encontrar a chave do presente, para compreender as expressões contemporâneas da escravidão, avultadas, sobretudo, a partir da década de 1970, com os largos incentivos oficiais à exploração da região amazônica e os correspondentes movimentos migratórios massivos. Nome: Sirlene de Andrade Rocha E-mail: sirleneufrj@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Cotejos atlânticos: demografia e experiências escravas em Campos dos Goytacazes e Matanzas (Brasil/Cuba –1790-1830) O período situado entre 1790 e 1830 é caracterizado pela historiografia como um momento de redefinições políticas, sociais e econômicas no mundo atlântico. Em sociedades escravistas podemos perceber dois movimentos contraditórios emergirem: se por um lado vemos um aumento da pressão pelo fim do tráfico, do outro vemos novas áreas de monocultura escravista surgirem em diversos pontos do Atlântico. No Brasil e em Cuba podemos ver neste período

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29 29. Mundos do trabalho: Estado, organizaçþes e lutas Antonio Luigi Negro – UFBA (negro@ufba.br) Samuel Fernando de Souza – CECULT/Unicamp (samusouza@gmail.com) 2 6LPSyVLR FHQWUDUi VHXV GHEDWHV H UHĂ H[}HV VREUH DV IRUPDV LQVWLWXFLRQDLV H QmR LQVWLWXFLRQDLV GH RUJDQL]DomR GRV WUDEDOKDGRUHV VHP ID]HU GR (VWDGR HP VHJXQGR OXJDU XP IRFR FHQWUDO QHFHVViULR H VXSHULRU GDV OXWDV RSHUiULDV PDV UHVVDOYDQGR VXD LPSRUWkQFLD QR RUGHQDPHQWR GR OXJDU GR WUDEDOKR QD VRFLHGDGH EUDVLOHLUD 1R FDPSR RX QD FLGDGH SDUWLGRV VLQGLFDWRV JUHYHV H OXWDV GH XP ODGR LUmR VH KDYHU GRXWUR ODGR FRP RV PXQGRV GR WUDEDOKR WDPEpP GHGLFDGRV j VRFLDELOLGDGH H jV vĂĄrias formas de associação por fora dos lugares clĂĄssicos. AlĂŠm das prĂłprias representaçþes que os WUDEDOKDGRUHV FRQVWUyHP GH VL GH VXD H[SHULrQFLD H GRV RXWURV LPSRUWD HP DFUpVFLPR HVWXGDU DV UHODo}HV HVWDEHOHFLGDV FRP VHXV SDWU}HV FRP FKHIHV H DXWRULGDGHV H FRP FRUUHQWHV SROtWLFDV YiULDV GLPHQVLRQDQGR D LPSRUWkQFLD GH DJrQFLDV S~EOLFDV QHVVDV UHODo}HV H UHSUHVHQWDo}HV

Resumos das comunicaçþes Nome: Alejandra Luisa MagalhĂŁes Estevez E-mail: ally_estevez@yahoo.com.br Instituição: Programa de PĂłs-graduação em Sociologia e Antropologia UFRJ TĂ­tulo: As relaçþes de autonomia e dependĂŞncia entre os trabalhadores e a Igreja de Volta Redonda Este trabalho, de maneira geral, analisa as atividades desenvolvidas durante o bispado de D. Waldyr Calheiros (1966-1999) e D. JoĂŁo Maria Messi (19992008) na cidade de Volta Redonda (RJ). Propomos, portanto, uma dupla esfera de anĂĄlise: tanto a relação desses bispos com a instituição catĂłlica como sua relação com os movimentos sociais da regiĂŁo. De maneira mais especĂ­fica, pretendemos verificar as relaçþes de dependĂŞncia e/ou autonomia adotadas pelos movimentos sociais, em ambos os bispados, bem como compreender, de um lado, a importância da figura de um bispo ou religioso na condução dos movimentos populares em uma dada regiĂŁo e, de outro, a criatividade dos movimentos sociais em burlar/negociar esse “controleâ€? do bispo ou padre local. A metodologia utilizada baseia-se na anĂĄlise da documentação produzida pela diocese e pelos sindicatos de Volta Redonda, em conjunto com depoimentos realizados de acordo com a metodologia da HistĂłria Oral. Nome: Alex de Souza Ivo E-mail: alexivo@gmail.com Instituição: IFBA TĂ­tulo: Discursos e EstratĂŠgias PolĂ­ticas na Greve Petroleira de 1960 No dia 1Âş de novembro de 1960, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, amanhecia paralisada. A unidade pioneira de refino do petrĂłleo construĂ­da e controlada pelo governo brasileiro era o palco da primeira greve de operĂĄrios do petrĂłleo no paĂ­s. Os grevistas reivindicavam equiparação salarial com os trabalhadores de CubatĂŁo. A parede logo ganhou grande destaque na imprensa local e os jornais tornaram-se campo de disputa entre as partes em litĂ­gio. De um lado, estavam os petroleiros, que tentavam convencer a opiniĂŁo pĂşblica de que a greve havia sido a Ăşnica alternativa para o impasse e que sĂł chegaram atĂŠ ela por causa da intransigĂŞncia dos diretores da Petrobras. Do outro, estavam os prĂłprios diretores da empresa, que chamavam atenção para o carĂĄter especial da estatal do petrĂłleo, que supostamente nĂŁo deveria ficar a mercĂŞ das reivindicaçþes dos trabalhadores dado o seu carĂĄter estratĂŠgico para a economia nacional. A presente comunicação pretende analisar os principais aspectos da greve petroleira de novembro de 1960, conhecida como “equipara ou aqui pĂĄraâ€?, bem como a estratĂŠgia discursiva empregada pelos dirigentes do Sindipetro/Refino para justificar a paralisação dos trabalhos em Mataripe. Nome: Alexandre Assis Tomporoski E-mail: assis.historia@gmail.com Instituição: UFSC TĂ­tulo: Entre o patrĂŁo e o coronel: A atuação da Lumber Company e as disputas polĂ­ticas no pĂłs-Contestado, 1917-1920 Esta comunicação trata da atuação da Southern Brazil Lumber and Colonization Company – madeireira e colonizadora norte-americana – na regiĂŁo do planalto norte catarinense, no perĂ­odo imediatamente posterior ao tĂŠrmino da Guerra Sertaneja do Contestado, (1912-1916). Um dos reflexos da reorganização territorial, resultante do Acordo de Limites entre ParanĂĄ

e Santa Catarina, foi o acirramento dos embates polĂ­ticos naquele territĂłrio (resultando em uma cisĂŁo do Partido Republicano de Canoinhas), em meio ao fenĂ´meno do “coronelismoâ€?, que orientava o jogo polĂ­tico nacional. O abalo nas relaçþes entre a Lumber Company e o governo estadual resultou no assassinato do subdelegado de polĂ­cia de TrĂŞs Barras no ano de 1920, crime organizado e executado por trabalhadores da empresa. Tomando este processo criminal e os embates entre as facçþes rivais do Partido Republicano na imprensa local como fios condutores, o intuito ĂŠ acompanhar a relação estabelecida entre a Lumber Company, os representantes do Partido Republicano de Canoinhas e o governo do estado de Santa Catarina, naquele perĂ­odo chefiado por HercĂ­lio Luz, desvelando, assim, parte das tramas polĂ­ticas do pĂłs-Contestado. Nome: Alexandre Fortes E-mail: alexfortes@globo.com Instituição: UFRRJ TĂ­tulo: Dos movimentos sociais ao Governo Lula: memĂłrias de militantes do PT O projeto de histĂłria oral do PT resulta de uma parceria estabelecida em 2004 entre a Fundação Perseu Abramo e o CPDOC-FGV, sendo coordenado por Marieta de Moraes Ferreira (CPDOC-FGV) e Alexandre Fortes (UFRRJ). Os objetivos do projeto envolvem a publicação de trĂŞs livros - o primeiro deles lançado em 2008 - com versĂľes editadas de cerca de quarenta entrevistas, bem como a criação de um acervo pĂşblico com as versĂľes integrais dos depoimentos, com gestĂŁo compartilhada pelas duas instituiçþes promotoras. Esta comunicação examina um subconjunto das entrevistas jĂĄ realizadas: aquele constituĂ­do por militantes histĂłricos petistas que vieram a exercer papĂŠis de destaque no governo Lula. Em foco, os nexos constitutivos por esses atores entre a sua experiĂŞncia prĂŠvia de vida e de militância e sua vivĂŞncia do exercĂ­cio do poder de Estado. Destacaremos tambĂŠm a formulação de reavaliaçþes da atuação prĂŠvia e as redefiniçþes referentes a conceitos, teorias e ao sentido estratĂŠgico da sua ação polĂ­tica. Nome: Alisson Droppa E-mail: alissondroppa@yahoo.com.br Instituição: UNISINOS Co-autoria: Magda Barros Biavaschi E-mail: alissondroppa@gmail.com Instituição: CESIT/IE/UNICAMP TĂ­tulo: A terceirização e a Justiça do Trabalho: a histĂłria da terceirização no setor papel e celulose no RS A terceirização ĂŠ uma das formas de contratação flexĂ­vel que mais avançou no Brasil a partir dos anos 1990, sendo, hoje, prĂĄtica corrente em quase todos os segmentos econĂ´micos das esferas pĂşblica e privada. Ela pode expressar tanto um fenĂ´meno interno quanto externo ao contrato de trabalho que vem sendo adotado no PaĂ­s como mecanismo para reduzir custos, partilhar riscos e aumentar a flexibilidade organizacional das empresas, em um cenĂĄrio de transformaçþes econĂ´micas e de baixo crescimento. O texto apresenta os primeiros resultados de uma pesquisa, focaliza sua anĂĄlise nas terceirizaçþes que ocorreram nas dĂŠcadas de 1980 e 1990 na indĂşstria do papel e celulose no Rio Grande do Sul. A pesquisa foi desenvolvida a partir de processos judiciais, da jurisprudĂŞncia e de entrevistas com magistrados, servidores, advogados e membros do MinistĂŠrio PĂşblico, e envolveu um conjunto representativo de decisĂľes e atores, abrindo um campo de investigação novo. Isto ĂŠ, um olhar

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sobre o mundo jurídico por meio de caminhos historiográficos. Valendo-se dos processos judiciais como fontes primárias prevalentes, a pesquisa acabou por se inserir em outra discussão, muito atual, sobre a necessidade de se desenvolver estudos envolvendo preservação dos processos judiciais. Nome: Ana Cristina Pereira Lima E-mail: anacris.historiaufc@gmail.com Instituição: UFC Título: “Obreiros Pacíficos”: Direitos e Deveres no Círculo de Operários e Trabalhadores Católicos São José (Fortaleza, 1915 – 1931) Propomo-nos analisar a atuação do Círculo de Operários e Trabalhadores Católicos São José junto aos trabalhadores de Fortaleza entre os anos de 1915 e 1931. Como parte do movimento operário na cidade, o Círculo São José desenvolveu - com o objetivo de difundir no meio operário os princípios do Catolicismo Social - um amplo programa de atração dos trabalhadores, com a organização de uma caixa de socorro mútuo, uma escola, espaços de sociabilidade (cinema e teatro). Pretendemos discutir as relações entre Igreja e Trabalhadores no Círculo São José, notando a noção de direito em torno do salário justo, do descanso semanal e da moradia. Fazem parte também desta discussão, as motivações de ingresso dos trabalhadores no Círculo Operário, os projetos, atividades e discursos sobre as necessidades e sonhos do operariado. Nome: Andréa Santos Teixeira Silva E-mail: andreastsilva@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Trabalhando e seguindo a estrada: experiências camponesas na reconstrução da Bahia-Feira (1948-1960) Em meados do século XX, parte dos camponeses de Feira de Santana atuou na reconstrução da estrada Bahia-Feira, responsável pela ligação entre esta cidade e a capital baiana. Egressos de famílias que viviam tradicionalmente da produção agropecuária e de farinha de mandioca, muitos jovens buscaram alternativas diferenciadas de trabalho na reconstrução desta via, experimentando variadas situações narradas atualmente em seus depoimentos. Tal realidade, quando confrontada com jornais baianos das décadas de 1940 e de 1950 e com fotografias, aponta para a dinâmica de transformações vivenciada num período em que a expansão capitalista e industrial se processava no Brasil, e em especial, na Bahia. Nesta análise, utilizaram-se como referências os estudos desenvolvidos por Edward Thompson sobre as sociedades tradicionais inglesas do século XVIII e de Raymond Williams sobre as relações desenvolvidas entre o campo e a cidade também ingleses. Nome: Carlos Zacarias de F. Sena Júnior E-mail: zacasenajr@uol.com.br Instituição: UEBA Título: Um espectro ronda o mundo do trabalho: os comunistas e a escalada grevista na Bahia 1945-1946 O período de 1945 e 1946 marcou, para a classe trabalhadora, os anos finais de uma fase histórica que no Brasil havia sido iniciada com a instalação do Estado Novo em 1937. Sob o impulso inicial dos estertores da Segunda Guerra Mundial, que intensificou a crise de desabastecimento e provocou o encarecimento dos gêneros de primeira necessidade, os trabalhadores adentraram a cena política e econômica do país, talvez animados com os resultados das mobilizações massivas que haviam levado o Brasil a enviar tropas para combater o nazi-fascismo na Europa, talvez, simplesmente, premidos pela necessidade. Em todo caso, após muitos anos, os trabalhadores protagonizaram uma intensa movimentação grevista que em pouco tempo alcançou todo o território nacional, pondo os patrões, o governo e a imprensa em polvorosa vigília. Na Bahia, estado brasileiro que tinha assistido gigantescas manifestações pelo envio de soldados à Europa, a mobilização operária ganhou proporções inauditas para a década, tendo os comunistas, alcançado grande participação e notoriedade, ante os episódios que movimentaram inúmeras cidades na conjuntura. O objetivo deste trabalho é discutir a escalada grevista e a atuação dos comunistas baianos nos diversos movimentos que tiveram lugar na Bahia entre os anos de 1945 e 1946. Nome: Claudia Amélia Mota Moreira E-mail: morbarros@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Letras, Arte e Revolução: Os tipógrafos no cenário da Manaus do início do século XX. Novos ritmos e sinais Os tipógrafos se constituem como uma categoria peculiar na formação do operariado na cidade de Manaus no início do século XX, e em boa medida representam uma boa expressão do trabalhador moderno do início do século XX. O resgate do conjunto de experiências vividas e apreendidas por esta ca-

tegoria e seu processo de luta é o tema central desta comunicação que busca entre outras coisas também compreender as formas de disseminação da cultura letrada entre os operários amazonenses durante a híbrida modernidade amazônica. Enfatizando o ambiente citadino como campo de correlação de forças, esses trabalhadores que se desejam e se forjam como lideranças entre o operariado local, encontram nas páginas dos jornais Gutemberg (1891), Vida Operária (1892) e Lucta Social (1914) um ambiente fértil para a construção de sua identidade. Nome: Cláudio Henrique de Moraes Batalha E-mail: batalha@unicamp.br Instituição: UNICAMP Título: Relançando o debate sobre o mutualismo no Brasil: Relações entre corporações, sociedades mutualistas e sindicatos à luz da produção recente Uma série de trabalhos recentes, e outros nem tanto, ao criticarem as análises que ressaltaram aspectos de continuidade e de substituição entre corporações, sociedades mutualistas e sindicatos, tenderam a afirmar que o mutualismo deve ser estudado como um fenômeno próprio e desvinculado de formas organizativas anteriores e posteriores. A própria noção de uma cronologia nas formas organizativas dos ofícios de trabalhadores manuais tem sido objeto de crítica dessa produção. Essa comunicação pretende reabrir um debate que me pareceu prematuramente encerrado, reafirmando a legitimidade da busca de rupturas e continuidades no estudo sobre o mutualismo e enfatizando a especificidade do mutualismo dos ofícios qualificados de trabalhadores manuais, que não pode ser confundido ou reduzido ao fenômeno mais amplo e diversificado do mutualismo. Nome: Cristiane Muniz Thiago E-mail: cristhiago@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: O componente individual na trajetória do Sindicato dos Gráficos nos anos de exceção (1964 – 1985) No Brasil a opção pela militância vinculada ao sindicato ou à política partidária rendeu uma vigilância constante dos órgãos da Polícia Política sobre trabalhadores, intelectuais, profissionais liberais e estudantes, mesmo em momentos chamados de democráticos. Nosso objetivo é analisar a trajetória de um grupo de trabalhadores gráficos, da cidade do Rio de Janeiro, que impuseram diferentes formas de resistência à ditadura civil-militar. Muitos desses indivíduos têm sua trajetória de vida acompanhada detalhadamente pelos órgãos de censura do governo. Suas histórias permitem entender a trajetória do próprio Sindicato dos Gráficos e os espaços ocupados por esses indivíduos na ausência de um campo democrático dentro da instituição. Nosso ponto de partida é a documentação da Polícia Política, no entanto as entrevistas, os boletins sindicais e as memórias dos militantes serão incorporados na análise como forma de criar um paralelo em relação ao material da Polícia Política. A partir da pesquisa podemos concluir que o componente individual é fundamental para analisarmos a construção da história de uma instituição coletiva como o Sindicato, assim como para entendermos esse momento específico da história política do país. Nome: Deivison Gonçalves do Amaral E-mail: deivison.amaral@uol.com.br Instituição: UFMG/UEMG Título: Cultura militante católica em Belo Horizonte: trabalhadores, patrões e poder público Analisar a relação tríplice que se estabeleceu, em Belo Horizonte, nas décadas de 1920 e 1930, entre a militância leiga católica e suas organizações, o poder público municipal e estadual e, por último, os patrões. Essa relação foi permeada pelo catolicismo social, bastante presente no discurso e no agir dos trabalhadores e de suas organizações, mas também presente no discurso e agir do poder público. A mediação entre as partes era feita pelas organizações de trabalhadores de orientação católica, sobretudo pela Confederação Católica do Trabalho, bastante expressiva entre os trabalhadores da cidade. Nesse sentido, é possível perceber como os pilares do catolicismo social – harmonia entre as classes, anti-socialismo, ordem social, etc – obteve êxito em conquistar espaço entre os trabalhadores de Belo Horizonte e, não coincidentemente, estava presente nas falas dos políticos quando o assunto era a questão social. Tal relação é estudada a partir da análise do Annaes do Conselho Deliberativo, de documentos e discursos de políticos sobre o tema e, por último, da imprensa operária em geral. Nome: Edilene Toledo E-mail: edilene.toledo@unifesp.br

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29 Instituição: UNIFESP Título: Do Sindicalismo Revolucionário ao sindicalismo controlado pelo Estado: sindicatos e sindicalistas na cidade de São Paulo entre o fim da Primeira República e os primeiros anos da Era Vargas A apresentação tem por objetivo refletir sobre a trajetória de alguns sindicatos e sindicalistas da cidade de São Paulo no período compreendido entre os anos finais da Primeira República, período de crescimento da ação sindical, e os anos iniciais do período Vargas, num esforço de compreensão de como estes se posicionaram diante de um Estado que prometia alterar os rumos da política trabalhista, previdenciária e sindical, e os significados que eles atribuíram a suas ações de recusa ou aceitação das propostas e imposições que este lhes apresentava. O fato de grande parte desses sindicatos se concentrarem na luta econômica, de fazerem um constante apelo à unidade da classe, e de declararem um “apoliticismo”, em termos de não-adesão a um partido ou corrente específica, aspectos relacionados a uma tradição sindicalista revolucionária, foi compreendido pelo governo Vargas como um fator positivo no esforço de efetivação de seu projeto sindical. Procurarei perceber os elementos de continuidade histórica do movimento dos trabalhadores, isto é, em que medida a tradição de luta do movimento não foi destruída, embora seus espaços de ação tenham diminuído substancialmente. Nome: Edinaldo Antônio Oliveira Souza E-mail: edyaos@ig.com.br Instituição: UNEB Título: Trabalhadores e Patrões nos Tribunais do Trabalho (Recôncavo Sul, BA, 1940 - 1960): Algumas considerações sobre o Sentido da Conciliação As reclamações trabalhistas movimentadas nas Comarcas do Interior oferecem uma importante janela de acesso às experiências de algumas categorias de trabalhadores que raramente figuram nos estudos que se dedicam às grandes unidades de produção e às formas convencionais de organização e mobilização classistas (sindicatos, partidos, greves). A partir de um conjunto, constituído de 125 processos movimentados, entre 1940 e 1960, em três Comarcas (Cachoeira, Nazaré e Santo Antonio de Jesus) do Recôncavo Sul da Bahia, este texto pretende rediscutir o sentido da conciliação, questionando a idéia de um incólume triunfo dos propósitos conciliatórios do projeto trabalhista. Sustenta a hipótese que a realização de acordos era, geralmente, precedida de sondagem e cálculos, envolvendo noções – variáveis conforme as circunstâncias - do que poderia ser considerado justo, possível, vantajoso, admissível pelo trabalhador. E mais, que a iniciativa do acordo também poderia partir do próprio reclamante ou encontrar guarida nas suas reais expectativas. Nome: Eduardo Ângelo da Silva E-mail: eduardo.ufrrj@yahoo.com.br Instituição: UFRRJ Título: Experiências urbanas e fabris da classe trabalhadora em Volta Redonda-RJ (1974-1984): cultura, organizações e identidade de classe A proposta desta comunicação é apresentar resultados parciais do trabalho desenvolvido, em nível de mestrado, junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A nossa pesquisa consiste em uma investigação acerca da construção da intensa mobilização dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na década de 1980, identificada dentro do âmbito do “novo sindicalismo” e marcada pela atuação conjunta dos movimentos operário e popular. Considerando que as pesquisas acadêmicas sobre os trabalhadores da cidade não avaliaram de forma precisa como as mobilizações dos anos 80 tiveram início e apresentaram tal forma e intensidade, recuamos nosso olhar para um período anterior marcado pela vigência da ditadura militar e pela última grande expansão das instalações da CSN, a qual levou a um grande processo migratório para a cidade e a novas formas de gestão dos operários. Tendo como inspiração a historiografia social do trabalho, objetivamos compreender como esta nova condição de classe, vivenciada nos bairros e na fábrica, relacionou-se à construção das lutas sociais nos anos 80. Nesse sentido, enfocamos o processo de reelaboração cultural de experiências a partir das tradições e organizações coletivas envolvidas nessas lutas. Nome: Erahsto Felício de Sousa E-mail: erahsto@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Autonomia do feireiro – uso da economia na emergência subalterna da feira-livre de Itabuna-Ba (1950-1957) O início da década de 1950 começou em Itabuna com as exigências das classes hegemônicas ao poder público local, no sentido deste construir um

mercado municipal para a cidade. As críticas à feira-livre ressaltavam o roubo nos pesos e medidas, a condição anti-higiênica do ambiente e o desrespeito à fiscalização por parte dos feirantes (ou feireiros). A intervenção urbana e o tabelamento de preços pareciam as únicas soluções capazes de frear a carestia dos preços de alimentos e insubordinação daquele território ao poder público local. Entretanto, os feirantes enfrentavam tais investidas com o aumento dos preços tabelados e com a ameaça ao abastecimento interno da cidade – naquele período a feira-livre tinha o monopólio do abastecimento, não haviam super-mercados e todos os comércios de alimentos para consumo rápido compravam da feira-livre. Esta tática dos feirantes só se tornava possível porque Itabuna estava no centro de um região monocultora de cacau para exportação, e que não destinava atenção à produção de subsistência para a própria região. Jogando com a situação econômica local os feirantes conseguiram instituir um domínio territorial da feira-livre impedindo o funcionamento do tabelamento de preços e a construção do mercado municipal. Nome: Felipe Pereira Loureiro E-mail: fpeloureiro@gmail.com Instituição: USP Título: Trabalhadores submissos? Greves e contestação sindical durante os governos Jânio Quadros e João Goulart (1961-64) O artigo visa analisar as greves de trabalhadores ocorridas nos setores industrial e de serviços durante os governos Jânio Quadros e João Goulart (1961-64). A partir de uma listagem elaborada por meio da consulta de jornais operários e de dois periódicos de abrangência nacional (O Estado de São Paulo, SP; e Última Hora, RJ), pretende-se contribuir para uma melhor compreensão dos problemas políticos enfrentados pelas administrações janista e janguista, especialmente no que diz respeito à dificuldade de aplicação de programas de estabilização econômica. Além disso, mediante diálogo com trabalhos clássicos da historiografia sobre o tema – tais como os de Kenneth Erickson, Lúcia de Almeida Delgado e Salvador Sandoval –, objetiva-se verificar a plausibilidade da utilização do conceito de populismo para se entender o padrão de relacionamento entre Estado e movimento sindical no início da década de 1960. Nome: Juçara da Silva Barbosa de Mello E-mail: jsbmello@oi.com.br Instituição: PUC-Rio Título: Trabalho, cidadania e cultura numa comunidade fabril (19301960) Trilhando o caminho aberto por autores como Thompson, voltamos o foco de nossa pesquisa para o desenvolvimento de formas particulares de consciência social entre os trabalhadores numa interface com o contexto político e social mais amplo, destacando as experiências dos operários das indústrias têxteis de um local específico: Santo Aleixo. Consideramos, tal como Thompson, que a construção de direitos perpassa a própria formação da classe trabalhadora, e deita raízes nas características peculiares assumidas pelas suas configurações em diferentes contextos históricos. A tradução de processos históricos particulares e sua inserção em contextos mais amplos, como o da história do trabalho e a conquista da cidadania, exigem o cuidado de que o traduzido não perca aquilo que define sua identidade. Partindo desta perspectiva, nossa intenção é a de contribuir com o conjunto de pesquisas que dão vozes a trabalhadores comuns e apontam para a evidência de que estes atuam ativamente na construção de sua própria história e, simultaneamente, na construção da história de nosso país. Nome: Kleiton Nazareno Santiago Mota E-mail: kleitonmota@yahoo.com.br Instituição: UFC Título: “Com a Máxima Mutualidade”: A Sociedade Beneficente do Pessoal da Estrada de Ferro de Baturité - Fortaleza de 1891 aos anos de 1930 Em 29 de março de 1891, os trabalhadores ferroviários das oficinas, apoiados pelo engenheiro chefe Ernesto Antônio Lassance Cunha criam a Sociedade Beneficente do Pessoal da Estrada de Ferro de Baturité com o intuito de melhorar as condições de vida dos empregados da companhia. A Sociedade prestava auxílios em caso de doença, acidente, invalidez, morte e velhice. O acesso ao serviço médico-farmacêutico ganhou destaque a partir de 1916, aliado a concessão de empréstimos e à assistência jurídica, atendendo a um sonho antigo dos ferroviários. No entanto, as aspirações dos trabalhadores abrangiam necessidades que iam além da assistência. O que fez da Sociedade um importante espaço de sociabilidade dos ferroviários. Desse modo, a constituição da Sociedade Beneficente tem sido encarada como um dos aspectos de relevo na formação da classe trabalhadora na cidade de Fortaleza. A partir

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de meados dos anos de 1930, a organização passa por mudanças significativas, devido à implementação do sistema previdenciário organizado pelo Estado, com a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões. Trabalho, saúde, direito e conflito foram partes dessa experiência de sobrevivência e de luta. Nome: Lara Vanessa de Castro Ferreira E-mail: laravcf@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Obras Contra as Secas: Trabalhadores retirantes na “terra da promessa” (1915-1919) Em 1915 foi criada a comissão de Obras Novas Contra as Secas com o objetivo de combater a seca daquele ano. Essa comissão visava à construção de obras que possibilitasse o escoamento de água, dando trabalho ao maior número de retirantes. Rapidamente, essas construções se tornaram um lugar de aglomeração de retirantes na busca por ocupação. Dentro desses espaços os trabalhadores retirantes vivenciaram uma rica experiência histórica, já que a condição de retirante numa situação limite – a seca, foi o diferencial para a existência de uma multiplicidade de experiências diferentes. Dessa forma, o objetivo principal desse trabalho é perceber o cotidiano desses sujeitos e os embates ocorridos dentro do espaço das obras, explorando questões como: as retiradas em busca das construções de açudagem, como era o lugar de trabalho das obras, a forma de alojamento, a alimentação fornecida, quem eram esses trabalhadores, as diferentes funções que ocupavam, como exigiam e de que forma eram qualificados os serviços realizados, entre outros. Assim, se ao Estado era cobrado o dever de auxiliar os retirantes, a exigência para o merecimento dessa assistência social era o trabalho árduo, disciplinado e mal pago. Nome: Larissa Rosa Correa E-mail: larissarosacorrea@hotmail.com Instituição: UNICAMP Título: Os conflitos individuais na Justiça do Trabalho: a luta dos trabalhadores pela garantia de direitos na cidade de São Paulo, 1953 – 1964 Esse estudo tem como o objetivo compreender os caminhos percorridos pelos trabalhadores na Justiça do Trabalho quando buscavam reivindicar seus direitos individuais. A compreensão do rito judicial contribui para a análise dos diferentes significados atribuídos pelos trabalhadores ao papel desempenhado pela justiça trabalhista. Assim, procuro observar, a partir dos conflitos individuais e negociações entre patrões e empregados na JT, o posicionamento dos magistrados em relação aos interesses dos trabalhadores e como empregados e empregadores utilizavam o trâmite judicial para orientar o rumo das negociações, durante o período de 1953 a 1964. Nome: Leonardo Ângelo da Silva E-mail: leoangelo13@gmail.com Instituição: UFRRJ Título: Nacional desenvolvimentismo e classe trabalhadora: urbanidade e política em Volta Redonda (1941-1964) A pesquisa visa uma abordagem da formação da classe trabalhadora em Volta Redonda relacionada com a construção da urbanidade local. As experiências do mundo do trabalho e da luta sindical não serão consideradas separadas da vida cotidiana, das formas de entretenimento, das organizações comunitárias e dos pontos de encontro dos trabalhadores. Ao expandirmos a análise em direção ao comportamento da classe trabalhadora e sua formação, na dinâmica entre os espaços fabril e urbano, conseguiremos demonstrar que estes espaços se articulavam como duas vertentes complementares, revelando que as estratégias utilizadas nos bairros e em outras instâncias locais de organização eram tão importantes como o processo de trabalho em si na construção de uma postura autônoma dos trabalhadores. Assim, política e cidadania ganham contornos mais dinâmicos não sendo explicados apenas através do viés estatal (discurso trabalhista e cidadania regulada), ou seja, a heteronomia não será a característica da classe trabalhadora para o período. Revelador se torna o processo de emancipação política da cidade de Volta Redonda (1954), em que a cidade majoritariamente operária, forjada pelo discurso trabalhista é emancipada através das mãos de setores médios da população e terá como grande força política o PSD. Nome: Luciana Rodrigues Ferreira Varejão E-mail: lucianatual@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Trabalho, Direitos e Justiça: Problematização das Ações Impetradas por Trabalhadores Têxteis no Recife de 1961 O trabalho proposto traz uma discussão acerca do conteúdo das ações impetradas pelos trabalhadores empregados no setor têxtil recifense em 1961 jun-

to ao Tribunal Regional do Trabalho em sua 6ª Região. Trata-se de uma época onde vigorava no cenário político estadual o estilo populista de governo, havendo, em alguns momentos, ganhos para as camadas menos favorecidas da sociedade. Nosso estudo foca-se no trabalho de mulheres desta categoria, que abrigou ao longo da história uma parcela significativa da mão-de-obra empregada nessas indústrias. Fizemos um estudo exploratório dos documentos judiciais do TRT e detectamos que muitas das ações encontram-se sem desfecho ou que representam muitas vezes perdas para os trabalhadores. Os direitos, por mais que fossem assegurados por lei, eram constantemente burlados por parte do patronato: licenças-maternidade, férias, horas extras, aviso prévio, adicional noturno, estabilidade no emprego após dez anos de serviços prestados numa mesma empresa, entre outros. Algumas questões, como o fenômeno de desistência de estabilidade, merecem melhor investigação. Para tanto, pretendemos fazer no desenvolvimento desta pesquisa um trabalho com fontes orais, no intuito de procurar sanar as lacunas deixadas pela documentação explorada. Nome: Luís Eduardo de Oliveira E-mail: profluiseduardo@gmail.com Instituição: ISECC - Juiz de Fora Título: A luta dos trabalhadores cariocas pelo Abono de Natal: o surgimento da reivindicação Entre 1945 e 1946, no momento em que as classes trabalhadoras da cidade do Rio de Janeiro e seus sindicatos retomavam as lutas por aumentos salariais, denunciavam o recrudescimento da carestia e se mobilizavam para garantir a ampliação dos direitos sociais na nova Constituição do país, uma proposição de caráter redistributivista veio à tona na opinião pública da antiga Capital Federal: o pagamento do abono ou gratificação de Natal. Além de analisar os primeiros debates travados nos jornais em torno dessa importante medida trabalhista, somente consagrada em lei, em julho de 1962, procurarei demonstrar que a sua formulação e reivindicação se processou, nessa fase inicial, no curso de um esforço mais geral das lideranças sindicais comunistas para firmar sua presença e liderança junto às bases fabris das mais importantes categorias profissionais cariocas dessa época, especialmente os metalúrgicos e os têxteis. Nome: Marcelo Antonio Chaves E-mail: teochaves@gmail.com Instituição: Unicamp Título: D.E.T. versus M.T.I.C.: “revolução” e “contra-revolução” nos albores da legislação trabalhista A intervenção do estado nas relações de trabalho muda em qualidade e intensidade no imediato pós-revolução de 1930. O robustecimento do aparelho de estado no plano federal, principalmente com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), gera reações contraditórias no meio operário e também entre empresários, fato já bem destacado pela historiografia. Entretanto, a minha pesquisa faz uma nova aproximação, a partir de uma nova perspectiva trazida por fontes inéditas, revelando um aspecto ainda não estudado: a criação do MTIC encontrou no estado de São Paulo, um órgão que exercia funções similares, justamente ali, onde a reação ao governo federal assumiu aspectos de uma guerra civil. O Departamento Estadual do Trabalho (DET) existia naquele estado desde 1911, possuía forte estrutura, que foi modelar para o próprio MTIC e protagonizou episódios curiosos que bem refletem as tensões no processo de federalização política e econômica, que ainda carecem de estudos. Este artigo revela alguns aspectos dessa ainda desconhecida e inusitada relação entre o DET e o MTIC no estado de São Paulo, nos primeiros anos da década de 1930. O DET só se extingue em 1952. Nome: Marcelo Badaró Mattos E-mail: mbadaro@uol.com.br Instituição: UFF Título: Classe trabalhadora no Brasil recente: experiência e organização Após os efeitos destrutivos produzidos pelo processo de reestruturação produtiva capitalista e, em paralelo, pela tentativa de desconstrução teórica dos conceitos de classe social e luta de classes por significativos setores entre os cientistas sociais e historiadores, como analisar a classe trabalhadora na história recente do Brasil? Esta comunicação propõe-se – a partir de uma definição conceitual de classe trabalhadora calcada na melhor tradição de crítica aberta e razão ativa do materialismo histórico – a apresentar um balanço sintético da experiência atual da classe. Para tanto, serão levadas em conta o perfil dos(as) trabalhadores(as), suas experiências de trabalho e vida comum, bem como a trajetória das suas formas organizativas – no

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29 plano sindical, dos movimentos sociais e da política partidária –, no período das duas últimas décadas. Nome: Marcelo da Silva Lins E-mail: marcelolins2005@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Os Trabalhadores do Cacau: entre lutas, Sindicato, Partido e revolução Esse texto pretende demonstrar parte das lutas dos assalariados agrícolas da região cacaueira da Bahia na década de 1930, principalmente a partir da criação do primeiro sindicato de assalariados agrícolas da Bahia em 1934. Greves, protestos, manifestações de rua, mas também solicitações constantes de fiscalização e intervenção por parte do Ministério do Trabalho, demonstram que, ao mesmo tempo em que os trabalhadores, através do seu sindicato, assumiam a postura de disputa e acirramento dos conflitos de classe, eles buscaram se utilizar da estrutura de regulamentação das relações trabalhistas do Estado, principalmente do Ministério do Trabalho para tentar garantir conquistas de direitos. Cabe ressaltar que no período em questão as leis trabalhistas existentes referiam-se apenas aos trabalhadores urbanos. Outro aspecto interessante a ser analisado é a posição da maioria das lideranças do referido sindicato que, ligados ao PCB, por vezes atuavam no sentido de implementação da linha política e das definições partidárias - que naquele momento passava por uma fase de defesa de insurreição imediata - e por outras, pressionados por fatores diversos, lutavam para o atendimento de demandas mais imediatas dos trabalhadores por vezes utilizando-se da estrutura sindical oficial vigente. Nome: Márcia Janete Espig E-mail: marcia.espig@terra.com.br Instituição: ULBRA Título: O Corpo de Segurança da Linha Sul da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande e a repressão aos turmeiros (1908-1910) Conhecidos como “turmeiros”, os operários que trabalharam na construção da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande (EFSPRG) no trecho conhecido como Linha Sul (União da Vitória a Marcelino Ramos, passando, portanto, pelo interior de Santa Catarina) estiveram sujeitos à ação de um grupo paramilitar organizado pela empresa construtora, a Brazil Railway Company. Este Corpo de Segurança serviria, supostamente, para a proteção dos próprios trabalhadores; contudo prestou-se à repressão e disciplina, com vários casos de violência. As raras fontes existentes sobre o assunto fizeram com que a historiografia dedicasse pouco espaço ao mesmo, em geral relacionado ao movimento do Contestado, posteriormente ocorrido na região. Em minha comunicação desejo aprofundar a análise sobre a constituição e as ações repressivas do Corpo de Segurança da EFSPRG, ampliando o conhecimento sobre o tema. Verifica-se que o Corpo de Segurança acabou por representar, para os turmeiros, a face mais visível da empresa a que serviam, tornando-se ainda um fator inibidor de sua luta enquanto classe. As fracas tentativas do poder público para controlar esta polícia mostraram-se completamente ineficazes. Nome: Maria do Socorro Abreu e Lima E-mail: msabreuelima@gmail.com Instituição: UFPE Título: Oposição sindical metalúrgica nos anos 1970 em Pernambuco: organização e lutas O estado de Pernambuco, apesar de não ter uma classe operária grande, à exceção dos têxteis, sempre teve expressão nas lutas dos trabalhadores. O setor metalúrgico era importante politicamente, elegendo um vereador de esquerda no final dos anos 1950. Em maio de 1963 chegou a realizar uma greve vitoriosa de três dias. Com o golpe de 1964 o sindicato sofre intervenção, mas em agosto de 1965 toma posse uma diretoria eleita. O número de sindicalizados, contudo, caíra bastante. A partir de então a diretoria adota uma postura bastante conciliadora, ao longo de toda a ditadura. Em Pernambuco, assim como em São Paulo, vai se formar uma Oposição Sindical Metalúrgica, com vistas a tomar o sindicato das mãos dos pelegos. Formada a partir de movimentos ligados à Igreja Católica, conta com remanescentes ou participantes de partidos clandestinos, organizando várias lutas e publicando um boletim chamado Zé Ferrugem. Esta comunicação procura abordar particularmente a atuação das forças de esquerda na Oposição Metalúrgica, que conseguiu tomar o sindicato em 1981. Este trabalho vem sendo desenvolvido a partir, fundamentalmente, de fontes orais. Nome: Maria Sangela de Souza Santos Silva E-mail: sangelasousa@yahoo.com.br

Instituição: UNICAMP Título: Os trabalhadores têxteis e a Justiça do Trabalho em Fortaleza nos anos 1950 A pesquisa analisa os processos da Justiça do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho, 7ª região, em Fortaleza, dos trabalhadores têxteis, nos anos de 1950. Os Sindicatos dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem, de Aracati e de Fortaleza, entram na justiça com dissídio coletivo de natureza econômica, o primeiro recorre inicialmente como reclamação na Delegacia Regional do Trabalho, e posteriormente no Tribunal Regional do Trabalho, contra a empresa Cotonifício Leite Barbosa S.A., proprietária da Fábrica Santa Teresa. E o segundo contra o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em geral, no Estado do Ceará. Nosso objetivo é compreender as relações entre trabalhadores, empregadores, Sindicato e Justiça do Trabalho, atentando para as negociações, conciliações e os conflitos desses no âmbito da Justiça do Trabalho. Além da discussão bibliográfica, realizamos entrevistas aos ex-operários da citada fábrica e ex-dirigentes sindicais. Os depoimentos são reveladores de conflitos e significados em torno das condições de vida e de trabalho dos operários têxteis. Nome: Nágila Maia de Moraes E-mail: nagilamaia@hotmail.com Instituição: UECE Título: Sobe e desce das ondas: o dia-a-dia de trabalho dos catraieiros no Porto de Fortaleza (1903-1904) O presente trabalho teve o objetivo de analisar a greve dos catraieiros, ocorrida entre o final de 1903 e início de 1904, quando esses trabalhadores se negaram a servir à Armada da Marinha, em conseqüência do processo de sorteio e alistamento, presentes no artigo 87, § 4º da Constituição de 1875. Utilizamos o conceito de experiência de E P. Thompson para compreender como a greve foi organizada, e aproximar o olhar sobre o cotidiano de trabalho no Porto de Fortaleza, bem como sobre as adversidades que englobavam a atividade de carga e descarga dos navios. Além da necessidade de analisarmos as ações dos catraieiros diante do processo de recrutamento, buscamos perceber as relações que se estabeleceram entre os trabalhadores, contratadores e os grupos políticos oposicionistas à oligarquia de Antônio Pinto Nogueira Accioly. Nome: Norberto Osvaldo Ferreras E-mail: ferreras@vm.uff.br Instituição: UFF Título: A Argentina e o Brasil no sistema internacional do Trabalho: A Organização Internacional do Trabalho na década de 1930 Neste trabalho, apresentaremos as tentativas realizadas, desde 1919, para conformar um sistema que integrasse leis e instituições trabalhistas, no marco da criação de um sistema de organização das Nações, no imediato Pós Primeira Guerra Mundial. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada como uma forma de dar cause a que se previa como a principal questão social do período, a questão trabalhista. A OIT tinha como objetivo ser um marco para as discussões entre os três setores interessados na resolução dos conflitos existentes na área, os Estados, os patrões e os trabalhadores, e ao mesmo tempo, pretendia constituir-se como a base para um sistema legal e jurídico para todas as nações. Da criação da OIT participaram países da América Latina como a Argentina e o Brasil e eles serão a nossa guia para compreender as possibilidades e limitações apresentadas por esta instituição, neste primeiro momento. A nossa aproximação terá como base uma perspectiva comparada entre a Argentina e o Brasil. Nome: Osvaldo Batista Acioly Maciel E-mail: os.maciel@yahoo.com.br Instituição: UFAL Título: Mutualismo e Trabalhadores em Maceió (1869-1920) Discutimos a experiência organizativa dos trabalhadores de Maceió a partir das associações mutuais existentes entre 1869 e 1920. Apesar da produção historiográfica mais recente apresentar resultados acerca da especificidade do fenômeno mutual no contexto da discussão da história operária, trabalhamos aqui aspectos mais diretamente ligados à relação do mutualismo com o lento e longo processo de formação da classe trabalhadora em Maceió. Além de apresentar as principais sociedades de auxílio, socorros mútuos e beneficentes que congregassem artesãos, artistas e operários, identificamos seus objetivos, formas de prestação de serviços em geral, além de um pouco da trajetória, embates e conflitos destas entidades. Para tanto, além do diálogo com a historiografia mais recente produzida no Brasil sobre o tema, nos utilizamos de estatutos, correspondências, algumas atas e relatórios produzidos pelas associações mutuais, além de notas esparsas sobre o assunto saídas na imprensa maceioense do período.

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Nome: Paulo Cruz Terra E-mail: p003256@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Trabalhadores portugueses na luta por garantia e alargamento de direitos (Rio de Janeiro, Primeira República) Neste trabalho investigo a participação dos imigrantes portugueses nos movimentos dos trabalhadores no final do século XIX e primeiras décadas do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Busco analisar a atuação deles na garantia e alargamento de direitos, além de tentar entender que direitos estavam sendo requeridos e as formas encontradas para alcançá-los, fossem através das associações ou mobilizações. Pretendo ainda discutir o papel dos trabalhadores lusos no processo de construção da cidadania no Brasil e com isso rever alguns papéis atribuídos a eles, como os que os qualificam como passivos e menos conscientes. Nome: Philipe Murillo Santana de Carvalho E-mail: philipesantana@yahoo.com.br Instituição: UNEB Título: Nas franjas dos Coronéis: histórias de insubordinação de trabalhadores na região sul da Bahia (1915-1930) O objetivo principal do trabalho é investigar experiências de conflitos entre trabalhadores e patrões coronéis na região sul da Bahia nas décadas de 1915 e 1930. Nesse período, os coronéis do cacau ocupavam os principais cargos do poder público e detinham parte considerável das propriedades de cacau que movimentavam a economia local. Esses elementos ofereciam as condições para que as práticas coronelísticas fossem predominantes nos municípios de Ilhéus e Itabuna. Apesar da expressão política e econômica dos coronéis locais, a ação de grupos de trabalhadores parecia colocar em questão o controle exercido pelas elites. Os roubos de cacau, as ameaças de invasão às fazendas e a insubordinação de trabalhadores às ordens dos jagunços são indícios de que havia uma agência “dos de baixo” nas franjas das imposições dos coronéis. Utilizando-se de periódicos locais e de processos criminais da comarca de Itabuna como fonte de pesquisa, pretendemos discutir as relações de força entre trabalhadores e patrões no sul da Bahia entre 1915 e 1930. Nome: Rafaela Gonzaga Matos E-mail: rafaelagonzaga22@yahoo.com.br Instituição: UEFS Título: Experiências de Ferroviários e Legislação Trabalhista na Bahia (1932-1952) Esta pesquisa tem como finalidade estudar as experiências de ferroviários baianos no espaço da Ferrovia Leste Brasileiro entre os anos de 1932 a 1952. Para tanto, utilizamos fundamentalmente os periódicos da época e processos trabalhistas movidos por trabalhadores da empresa neste período, ao lado de outras fontes de natureza diversa. O objetivo do estudo é investigar experiências operárias neste contexto repleto de particularidades. Em 1932 os ferroviários fizeram a primeira greve do período que foi amplamente divulgada pelos jornais, sendo seguida por duas outras em 1935 e 1937. Contudo, a partir da implantação do Estado Novo as greves “desapareceram” destas fontes sendo possível captar a resistência operária através de processos trabalhistas de ferroviários da empresa que reivindicaram seus direitos sociais devido a acidentes ocorridos no trabalho. Além disso, em 1938 os ferroviários tornaram-se funcionários públicos e a eles foi vedada a possibilidade de fazer greves. Pretende-se problematizar esta “aparente desmobilização” ferroviária, e o uso de novas estratégias, analisando de que forma os ferroviários baianos fizeram uso da legislação trabalhista em 1930 e 1940 para adquirir direitos sociais numa República excludente. Nome: Ruth Needleman E-mail: rneedle@iun.edu Instituição: Universidade de Indiana Título: Re-Conceitualização da História Operária através do Estudo da Greve de 1919 nos EUA O objeto dessa comunicação é a greve nacional de 1919, nos EUA, da qual participaram cerca de 365.000 trabalhadores metalúrgicos. Foi um conflito marcado pela violência policial e pela grande unidade operária. A metodologia utilizada é conhecida nos EUA como “interseccionalidade entre raça, classe e gênero”. Fontes primárias incluem uma narração em forma de livro, escrita por um dos organizadores da campanha, além de jornais nacionais e locais, informes policiais e militares de inteligência. Apesar da participação efetiva dos afro-americanos, eles acabaram por ser responsabilizados pela derrota. Em Gary, Indiana, o Exército e a Milícia ocuparam a cidade com o pretexto de que havia um motim racial, deslocando o significado e as reivindicações operárias do movimento grevista. As mulheres, por outro lado,

tiveram papel importante na greve, mas não alcançaram reconhecimento histórico. Minha pesquisa demonstra que, onde se fez esforço para incluir afro-americanos, existia solidariedade mais do que divisão. Finalmente, nos jornais, pude avaliar a importância da participação feminina. Para os que querem fortalecer o movimento operário, esses erros e omissões tornam impossível chegar a um entendimento compreensivo da greve. Nome: Valeria Marques Lobo E-mail: val.lobo@oi.com.br Instituição: UFJF Título: Exclusão, cidadania e desemprego no discurso sindical dos anos dourados A comunicação é resultado de uma pesquisa que analisou um grande volume de documentos sindicais com o objetivo de verificar a incidência na pauta sindical de temas relacionados à proteção social e ao desemprego nos anos 1950. Constatou-se que, embora nesse período a sociedade brasileira vivesse um clima de forte otimismo, fomentado e reforçado pelo desenvolvimentismo juscelinista, a preocupação com o desemprego, com a proteção ao desempregado e aos excluídos do mercado formal de trabalho, isto é, com os contingentes que não se inscreviam no universo da cidadania regulada, já estava presente no temário dos congressos sindicais, revelando a face menos reluzente dos anos dourados. Nome: Vinicius D. de Rezende E-mail: vdrezende@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título:”O absenteísmo é uma doença grave para a indústria e o progresso da Nação”: disciplinarização, conflitos fabris e mediação judicial na indústria de artefatos de borracha (Franca-SP - 1960) Nos anos 1960, as indústrias de saltos e solados de borracha do município de Franca-SP, principal pólo produtor de calçados masculinos do país, empregavam cerca de 2 mil funcionários no setor. A partir da análise de processos trabalhistas, tenho como objetivo interpretar as formas de disciplinarização da força de trabalho e o papel da Justiça do Trabalho como mediadora de conflitos fabris. Abordarei especificamente os casos relacionados à aplicação de penalidades disciplinares a trabalhadores que faltaram ao trabalho. Os processos trabalhistas são fontes privilegiadas para se analisar as disputas em torno do controle do tempo: permitem vislumbrar diferentes expressões de como os trabalhadores tentavam se reapropriar do tempo que deveria ser dedicado exclusivamente ao trabalho, os diferentes significados de tais ações, a reação das indústrias em relação a essas práticas e o papel do Estado, enquanto mediador dessas disputas, seja confirmando o poder de comando das empresas ou impondo limites quando ficasse caracterizado o rigor excessivo na aplicação de penalidades. Dessa maneira, abordarei questões relacionadas tanto à formação de uma cultura fabril forjada em grande medida a partir das experiências comuns de trabalho, como à intervenção estatal nos conflitos do chão de fábrica. Nome: Walter Luiz Carneiro de Mattos Pereira E-mail: walterpereira@globo.com Instituição: Univ. Veiga de Almeida - Cabo Frio / UFF Título: Companhia Nacional de Alcalis e os trabalhadores: estratégias e lutas na Região dos Lagos Fluminense (1960/1964) A Companhia Nacional de Alcalis, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, foi fundada em 1943 e iniciou suas atividades integrais a partir de 1960. Entre os anos 60/64, a CNA passou por um período extremamente turbulento, em função das agressões internas e externas, que vinham de trustes e cartéis, assim como atos de sabotagem que tentavam inviabilizar a única empresa nacional produtora de barrilha. A capacidade de mobilização dos trabalhadores da CNA, manifestada em greves ocorridas durante o governo JK, em 1960, além da rejeição à intervenção decretada pelo governo Jango, em 1962, possibilitou também, a construção de um marco de solidariedade e de ampliação da consciência de classe entre os trabalhadores da Região dos Lagos fluminense, entre os quais, portuários, salineiros e estivadores. Parte de um tripé de empresas estatais, juntamente com a CSN e a FNM, a história da CNA e de seus trabalhadores consagra-se como um laboratório de experiências e estratégias da classe trabalhadora no Brasil, notadamente quando atreladas ao Estado, enquanto patrão e instituição repressora e desestabilizadora do processo produtivo, como no caso da CNA. A ação política dos trabalhadores foi possível, pela incorporação de diversos atores à luta, como partidos políticos, sindicatos e jornais.

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30 30. História e comunicação: mídias, intelectuais e participação política Beatriz Kushnir - Arquivo Geral da Cidade do RJ (bkushnir@uol.com.br) ,QVHULGR HP XPD WHPiWLFD GD +LVWyULD GR 7HPSR 3UHVHQWH WDO SURSRVWD WHP FRPR WySLFRV R WUDEDOKR LQWHOHFWXDO H D TXHVWmR GD pWLFD FHQWUDQGR VH QDV SUiWLFDV GH XP RItFLR ² D GR LQWHOHFWXDO MRUQDOLVWD¤ ² e nas regras a se seguir. Como tambÊm e, especialmente, nos momentos de ruptura dessas normas. $VVLP PRWHV FRPR R SHUFXUVR GH MRUQDLV UHYLVWDV UiGLRV 79V FRQJORPHUDGRV GH LQIRUPDomR HWF FRPR WDPEpP GRV VHXV MRUQDOLVWDV VmR RV LWHQV D VHUHP FRQWHPSODGRV 3RQGHUDo}HV GH FXQKR WHyULFR H RX DQiOLVHV GH SURFHVVRV KLVWyULFRV VH WRUQDP DTXL LJXDOPHQWH LPSRUWDQWHV H QHFHVViULDV Questþes como o acesso à informação e o interdito, a Censura; a percepção da imprensa como empreVD SULYDGD TXH YHQGH XP VHUYLoR GH XWLOLGDGH S~EOLFD H D DWXDomR GH LQWHOHFWXDLV >MRUQDOLVWDV KRPHQV GH MRUQDO@ HQJDMDGRV SROLWLFDPHQWH D HVTXHUGD RX D VHUYLoR GR (VWDGR >(DUWKO\ DXWKRULW\ RX LQWHOHFWRFUDWDV@ H VHXV LWLQHUiULRV H HQJDMDPHQWR SROtWLFRV D FRQVWLWXLomR GDV HVIHUDV S~EOLFDV H D IXQomR GD imprensa versus o processo de cidadania republicana brasileira são demandas importantes a serem aglutinadas. As redes de convivência e os códigos de sociabilidade no interior desses grupos de jornalistas/intelectuais se tornam tambÊm a clave para compreender os valores e as propostas constituídas nessas comunidades e sua sintonia com o panorama político no Brasil do sÊculo XX. As pråxis jornalísticas percebidas como uma encenação das regras sociais, de uma suposta vigília ao poder e da utopia de uma liberdade de expressão absoluta, remetem a temas tão presentes e contemSRUkQHRV $VVLP WDO IyUXP GHVHMD FRQWHPSODU DQDOLVHV WDQWR QR TXH VH FRQYHQFLRQRX FKDPDU +LVWyULD GR 7HPSR 3UHVHQWH FRPR WDPEpP QDV UHODo}HV GR KLVWRULDGRU H RX GRV FLHQWLVWDV VRFLDO WLGR FRPR RV ´UHVSRQViYHLV¾ SRU WDO ´+LVWyULD¾ H RV MRUQDOLVWDV H VXD ´+LVWyULD GR LPHGLDWR¾

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Paula Palamartchuk E-mail: paula.tchuk@gmail.com Instituição: Universidade Estadual da ParaĂ­ba TĂ­tulo: Quando escritores e jornalistas se encontram na luta por direitos A Sociedade Brasileira de Escritores foi criada em SĂŁo Paulo, em 1942. Logo considerada, por vĂĄrios grupos de escritores, uma importante iniciativa, tornou-se nacional, passando a denominar-se Associação Brasileira de Escritores. JĂĄ com sede no Rio de Janeiro, vĂĄrias seçþes estaduais foram sendo criadas. Funcionando em pleno Estado Novo, sĂł pode realizar seu primeiro Congresso Nacional em 1945, mesmo assim com pouquĂ­ssima cobertura da imprensa nacional. Foi considerado um dos eventos mais importantes contra o Estado Novo e conseguiu reunir diferentes grupos polĂ­ticos e partidĂĄrios de escritores. Apesar da unidade programĂĄtica e polĂ­tica do inĂ­cio, a ABDE encontrou muitos problemas a partir de 1947, chegando a um “rachaâ€? em 1948/1949. O objetivo deste trabalho, portanto, ĂŠ recuperar a trajetĂłria dessa efĂŞmera organização de escritores, assim como dos sujeitos envolvidos, entre eles muitos jornalistas, e os interesses em disputa.

de idÊias na AmÊrica Latina das dÊcadas de 1930 a 1940 com o intuito de aclarar a existência de uma rede sul-americana de intelectuais antifascistas. As frentes antifascistas surgidas na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai representaram um foco circunstancial de pensamento e ação unificados da intelectualidade em reação à onda de fascismos proveniente dos países europeus. A materialidade deste intercâmbio, que expressaria uma rede de intelectuais antifascistas, serå investigada nas publicaçþes e manifestos que funcionavam como instâncias de divulgação e debate. Para esta investigação serå feito um estudo sobre as publicaçþes Nueva Gaceta (Argentina), Aurora de Chile (Chile), Unidad (Uruguai) e O Homem Novo e A Rua (Brasil). O eixo norteador serå a anålise das trocas simbólicas e intercâmbios intelectuais entre estes distintos contextos nacionais, no intuito de compreender a rede de relaçþes que se estabeleceu entre estes.

Nome: AndrĂŠ Alexandre Valentini E-mail: aavalentini@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de MaringĂĄ TĂ­tulo: 1935 - uma anĂĄlise do polĂ­tico na histĂłria do anticomunismo no Brasil Nesse trabalho propomos discutir o carĂĄter polĂ­tico que envolveu as rebeliĂľes armadas de novembro de 1935 no Brasil, analisando as açþes do governo Vargas, que associou as revoltas Ă s prĂĄticas perigosas, ligadas a manobras externas, caracterizando-se naquele perĂ­odo, pela traição Ă pĂĄtria sob o jugo do anticristo soviĂŠtico. PorĂŠm, procuramos enfatizar que essa visĂŁo xenĂłfoba foi retratada, com ĂŞnfase polĂ­tica, pelo jornal O Globo do Rio de Janeiro no mesmo ano, demonstrando traços de sua “Hegemonia Liberal Burguesaâ€?.

Nome: Ă ureo Busetto E-mail: aureohis@assis.unesp.br Instituição: Universidade Estadual Paulista/Assis TĂ­tulo: Sintonia com o contemporâneo – a televisĂŁo como fonte e objeto da histĂłria A TV tem sido apenas mencionada como um dado na historiografia ocupada com o estudo do perĂ­odo mais contemporâneo ou em alguns ocupados com temĂĄticas cronologicamente circunscritas Ă segunda metade do sĂŠculo XX. Trata-se de mençþes ou citaçþes bastante pontuais sobre a existĂŞncia da TV ou do impacto ocasionado pelo meio na vida social contemporânea. A produção televisiva quase nunca ĂŠ utilizada como fonte documental pela historiografia do contemporâneo, e o meio nĂŁo tem sido tomado como objeto de pesquisa na seara da HistĂłria. AusĂŞncia que nĂŁo deixa de chamar a atenção quando se vĂŞ o crescimento dos estudos histĂłricos voltados Ă anĂĄlise da produção cinematogrĂĄfica e da imprensa. Situação paradoxal, ainda mais no Brasil, onde a TV tem sido o meio soberano do universo da comunicação social desde a dĂŠcada de 1970. Como entender tal situação? Quais as alternativas para transcendĂŞ-la? Em que sentido estudos histĂłricos sobre a TV podem contribuir com o estudo do meio e da sociedade contemporânea? QuestĂľes cuja reflexĂŁo se revelam em um fĂŠrtil caminho para sintonizar a HistĂłria Ă vida social contemporânea.

Nome: Ă‚ngela Meirelles Oliveira E-mail: angelamo@usp.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: Rede sul-americana antifascista - diĂĄlogos intelectuais na imprensa: 1930 – 1940 Esta comunicação pretende abordar o processo de circulação internacional

Nome: Beatriz Kushnir E-mail: bkushnir@uol.com.br Instituição: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro Título: Da manchete à notinha de canto: os furtos do patrimônio público, a privatização dos acervos do cidadão As notícias sobre os numerosos furtos de bens culturais, na cidade do Rio,

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ocorridos entre 2001 e 2008, vêm impondo a perplexidade aos pesquisadores e à sociedade. A divulgação destas informações cria uma imagem, falseada, de que vivemos algo novo. Certamente, nas proporções experimentadas e anunciadas, é inusitado. No cerne da discussão está um questionamento: como salvaguardar relíquias quando se plasmam os episódios de furto e destruição, confiscando esses salvo-condutos. Totalidades à parte, no universo da racionalidade, compactua-se que o acesso ao passado garante uma possibilidade de apreensão, captura, entendimento. Para avalizar sua compreensão e a imprescindível função do documento/passaporte, pela via dos vestígios/documentos/relíquias, é que esta análise coloca-se. Nome: Bibiana Soldera Dias E-mail: bibiana.dias@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: Diferentes pontos de vista sobre a morte de Getúlio Vargas no jornal “Correio do Povo” de Porto Alegre: uma leitura da edição de 25-08-1954 O estampido da bala que Getúlio Vargas direcionara contra seu próprio peito pode ser visto apenas como o começo de uma análise historiográfica daquele período. A carga simbólica imbuída nessa morte será trabalhada aqui através da análise de algumas mensagens divulgadas no jornal Correio do Povo, bem como do editorial do periódico de Porto Alegre, na edição do dia 25 de agosto de 1954. Segundo Ângela de Castro Gomes a construção do mito Getúlio Vargas deu-se nos anos 30 e 40, durante o Estado Novo, estruturando-se através da intensa propaganda feita em torno da sua figura naquele período. Portanto, na ocasião da sua morte, o mito já estava praticamente consolidado. A experiência traumática da morte levanta questionamentos sobre a vida, sobre a organização da sociedade e sobre a própria morte. Nessa análise do principal jornal do Rio Grande do Sul na década de 1950 é importante perceber qual o papel que esses atores sociais estavam representando no momento em que fizeram as declarações que constam naquele jornal. Analisar a contribuição destes na legitimação/consolidação do mito e perceber como elementos que evidenciavam o aspecto anti-mítico de Vargas tiveram espaço nessa publicação são os objetivos deste trabalho. Nome: Bruno Fernando Santos de Castro E-mail: brunofernandocastro@yahoo.com.br Instituição: CPDOC-FGV Título: História política e imprensa nos anos 1920-30 - o lugar de Aparício Torelly e seu jornal “A Manha” Abordaremos aqui a chamada “crise dos anos 1920” a partir da ótica do jornalismo desse período, o qual atuava explicitamente como agente social de organizações políticas, ou em nome delas. Mesmo com a série de avanços e inovações que a imprensa passou nesse período, a profissão de jornalista ainda era secundária na vida daqueles que nela atuavam, ou encarada como um degrau necessário para galgar postos e posições políticas específicas. Entretanto, nosso enfoque mais preciso destoa um pouco dessa característica da imprensa e de seus profissionais. A partir de um jornal combativo, feito quase que artesanalmente por um homem só, lançando mão duma linguagem humorística virulenta, Aparício Torelly com sua empresa, o jornal A Manha, teve importante participação em todo esse contexto. Por conta disso, o estudo de seu jornal se mostra muito profícuo para buscarmos na suas inversões cômicas de valores e acontecimentos, o que caracterizava alguns dos costumes e experiências no campo político e jornalístico do início do século XX no Brasil. Escolhemos aqui abordar o processo que culminou na Revolução de 1930 a partir deste jornal, período no qual Apporely ascende de “nosso querido diretor” para “Barão de Itararé” marcando sua influente presença na história do Brasil e da imprensa brasileira. Nome: Carine Dalmas E-mail: cadalmas@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: As políticas culturais do Partido Comunista do Brasil entre 1934 e 1956: o tratamento dessa problemática na historiografia brasileira Esta comunicação tem o propósito de apresentar uma abordagem crítica de trabalhos acadêmicos que tomaram como objeto de estudo as políticas culturais desenvolvidas pelo Partido Comunista do Brasil no campo da produção artística, entre 1934 e 1956. Pretende-se ressaltar as relações apontadas entre os pressupostos políticos culturais implementados por esse partido e as determinações político-culturais do Movimento Comunista Internacional (MCI) que, liderado pelo Partido Comunista da União So-

viética sob a tutela de Stálin, definiu e procurou desenvolver os parâmetros político-culturais do realismo socialista. Nessa perspectiva, objetiva-se destacar como diferentes autores analisaram o caráter e o desempenho das políticas culturais do PCB durante a implementação do realismo socialista no MCI, os debates que tais pressupostos provocaram entre intelectuais e artistas comunistas e a maneira como esses novos parâmetros foram adequados à realidade brasileira. Esta proposta encontra respaldo na intersecção entre os campos de análise abertos pela história política renovada e pela história cultural, constituintes de um espaço teórico que dialoga com diferentes áreas centradas em estudos culturais e temas da sociologia da cultura. Nome: Cassiana Buso Ferreira E-mail: cassiana@peretz.com.br Instituição: Universidade de São Paulo - FFLCH Título: A representação dos saques e quebra-quebras deflagrados em São Paulo no ano de 1983 na grande imprensa paulista A comunicação tem por objetivo expor a trajetória e os resultados da pesquisa acerca das representações dos saques e quebra-quebras deflagrados na capital paulista, em abril de 1983, nos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. Ainda na fase inicial do trabalho — levantamento das fontes —, duas constatações revelaram-se surpreendentes: o número expressivo de matérias jornalísticas suscitadas pelas manifestações e a repercussão dessas nas diversas esferas da sociedade e do poder. Contudo, a profusão e diversidade de materiais — reportagens, notícias, editoriais, artigos assinados, cartas de leitores, comunicados pagos e anúncios publicitários — e as possibilidades de análises propiciadas por eles nos colocaram alguns desafios acerca dos critérios e metodologias a serem adotadas na seleção e no tratamento das fontes. Para superar tais obstáculos, foram de grande valia reconhecidos trabalhos historiográficos sobre a imprensa brasileira, bem como, pesquisas e reflexões teórico-metodológicas desenvolvidas por especialistas das áreas — Comunicação, Filosofia e Ciências Sociais. Nome: Cátia Corrêa Guimarães E-mail: catiaguimaraes@fiocruz.br Instituição: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio - Fiocruz Título: Jornalismo de informação: o fragmento como método de hegemonia O trabalho estuda a coerência histórica entre a hegemonia de um ‘jornalismo informativo’ e a emergência de uma nova configuração do capitalismo, acompanhada por uma ‘crise dos fundamentos’. Desnaturaliza o método jornalístico contemporâneo, apontando sua objetividade e factualidade como ideológicas. Adota a proposta de Adelmo Genro Filho, de pensar o jornalismo como uma forma de produção de conhecimento que parte sempre do foco no singular, mas que precisa, seguindo o esquema hegeliano, articulá-lo dialeticamente com as dimensões do particular e do universal. Defende que, preso na ditadura do novo, o jornalismo informativo, que ‘nasce’ no século XIX nos Estados Unidos e se inicia no Brasil na metade do século XX — coerente com as mudanças do capitalismo e a emergência do discurso pós-moderno —, produz apenas singulares. Supõe que o método atual, portanto, ajuda a não evidenciar o universal que está contido no fato, servindo ao mascaramento ideológico que mostra a realidade como fragmentos desconectados e desprovidos de história, representando um novo formato da luta por hegemonia. Por fim, elege o Estado, no sentido ampliado de Gramsci, como espaço para a produção de um jornalismo dialético como ferramenta de luta contra-hegemônica. Nome: César Henrique Porto E-mail: cesarportoporto@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros Título: O programa nuclear iraniano e mídia brasileira em 2008 O objetivo dessa comunicação é analisar a cobertura midiática acerca do programa nuclear iraniano ao longo do ano de 2008. Desde a cobertura da Revolução Islâmica no Irã, em 1979, observa-se a tendência, por parte da Imprensa brasileira em reproduzir versões, conceitos e preconceitos das grandes agências internacionais, sobretudo dos Estados Unidos. Atualmente, com a pressão internacional cada vez maior sobre o programa nuclear iraniano, a mídia brasileira endossou mais uma vez o discurso ocidental na elaboração ou reelaboração de um repertório que desqualifica o país e seu governo. A ênfase é dada aos testes realizados no Irã com mísseis de médio e longo alcance. A mídia no Brasil insiste na tese de que o país estaria desenvolvendo armas nucleares. Em edição do dia 09 de julho do Jornal Nacional, ressaltou-se a preocupação dos candidatos à presidência dos EUA em relação aos testes dos mísseis iranianos. Para a realização dessa

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30 pesquisa utilizou-se a imprensa escrita – jornais e revistas – bem como fontes audiovisuais como internet e televisão. Portanto, a presente comunicação visa apresentar análises preliminares de uma pesquisa de Doutorado, cujo objeto é uma “A Reflexão do Islã na Mídia Brasileira: televisão e mundo muçulmano, 1969-2008” com previsão de término para 2011. Nome: Cláudia Schemes E-mail: claudias@feevale.br Instituição: FEEVALE Título: História e memória de uma comunidade: Mário Alberto Gusmão e o Grupo Editorial Sinos Esta pesquisa trata da história e da memória do Grupo Editorial Sinos (Novo Hamburgo/RS) sob a perspectiva da biografia de um de seus sócios fundadores, o jornalista Mário Alberto Gusmão. Utilizamos como fundamentação teórico-metodológica as discussões acerca da memória e biografia histórica, e a análise do discurso, baseada nos estudos de Patrick Charaudeau, intentando a compreensão da realidade social estabelecida pelo periódico e, também, as noções basilares de Dominique Maingueneau a respeito do discurso. Dessa forma, procuramos desvendar as seguintes questões: de que forma a imprensa privada pode estar a serviço de uma comunidade; como foi o itinerário profissional e a atuação e/ou engajamento político dos fundadores do Grupo; e de que forma os discursos jornalísticos do referido Grupo mantêm a articulação com a realidade social na qual são produzidos. Pretendemos, também, perceber como o jornal construiu, através de suas produções discursivas, os conceitos relativos ao processo de estruturação da memória e identidade da comunidade pela mídia impressa, e como ele elaborou e/ou assumiu o desenvolvimento empresarial e modernizador da região. Nome: Danyllo Di Giorgio Martins da Mota E-mail: dandigiorgio@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás - UFG Título: Reivindicação política e conhecimento científico: Monteiro Lobato e os discursos intelectuais da década de 1910 Este trabalho tem como objetivo organizar algumas reflexões sobre a atuação intelectual e a produção literária de Monteiro Lobato relacionando-as com as transformações no campo intelectual durante a década de 1910. Neste período o trabalho intelectual esteve marcado pela relação com as questões sociais e pela apropriação dos discursos científicos como forma de afirmação de suas atividades. Analisaremos uma parte da produção lobatiana desse período buscando mapear as relações estabelecidas entre a atividade intelectual e as ações políticas e sociais que encontraram sua afirmação nos discursos próprios da ciência. Nome: Eduardo Amando de Barros Filho E-mail: dudaabarros@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista /ASSIS Título: Uma revista antenada na TV: possibilidades e iniciativas à televisão brasileira nas páginas de “O Cruzeiro” – década de 1950 No Brasil, igualmente aos EUA e opostamente à Europa, a TV nasceu privada. Os telespectadores brasileiros somente veriam o surgimento de modelos de TV educativo-cultural pública após quase duas décadas do funcionamento regular da primeira emissora - a TV Tupi, Canal 3, de São Paulo, então lançada em setembro de 1950. Porém, já durante a década de 1950, a imprensa impressa não deixaria de apresentar e divulgar propostas e reflexões de outros rumos à TV brasileira que não se restringissem ao modelo comercial. Neste quadro se destacaria a revista O Cruzeiro. E não poderia ser diferente, pois o periódico - com circulação nacional desde 1928 e já posicionado como importante veículo nacional da crônica social, política e cultural - integrava o condomínio comunicacional de Assis Chateaubriand, um dos maiores interessados no desenvolvimento da televisão no Brasil, posto que já concessionário de outras emissoras espalhadas pelo Brasil. Assim, esta comunicação objetiva precisar e analisar historicamente as projeções sobre os rumos da TV brasileira que foram apresentadas nas páginas de O Cruzeiro e a forma como o material ocupado com tal questão foi divulgado no periódico em tempos dos primeiros passos do meio em terras brasileiras. Nome: Eduardo de Campos Lima E-mail: soubugi@ig.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: O debate católico sobre a comunicação social da igreja brasileira, 1985-1995 Esta comunicação trata de reflexões preliminares do debate católico sobre

o uso dos meios de comunicação pela Igreja brasileira. Reflexões que integram minha pesquisa de mestrado, cujo objetivo é o estudo histórico das relações encetadas no interior dos campos religioso, político e midiático que possibilitaram a formação da Redevida de Televisão. Nesta direção, busca-se entender e compreender historicamente, por meio da análise da Revista Eclesiástica Brasileira e da revista católica Família Cristã, as proximidades e os distanciamentos que teólogos, membros da hierarquia, integrantes do clero e leigos católicos apresentaram no interior do debate acerca da atuação da Igreja brasileira no campo da comunicação social, em geral, e do campo televisivo, particularmente. Debate que nacionalmente se desenrolou dentro de um quadro político pautado pelo processo de redemocratização e num contexto midiático-religioso marcado pelo avanço das igrejas evangélicas. Ademais, o debate se desenrolaria durante o pontificado de João Paulo II, o qual embora procurasse incentivar mais intensamente o uso dos meios de comunicação social como arma para potencializar a evangelização católica, não economizava esforços para suprimir ações progressistas de várias ordens religiosas e de intelectuais católicos. Nome: Edvaldo Correa Sotana E-mail: edsotana@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista - FCL/Assis Título: A produção das representações sobre a paz mundial na imprensa brasileira (1945-1953) A Segunda Guerra Mundial produziu uma enorme destruição e modificou a vida das pessoas nela envolvida. Com o seu desfecho se fortaleceu as aspirações pacifistas mundo afora. Porém, o início da Guerra Fria interrompeu a breve expectativa em torno da paz mundial. Ainda em 1946, a oposição entre EUA e URSS provocou a divisão do mundo em dois blocos que passaram a rivalizar. Tais tensões mobilizaram inúmeras campanhas pacifistas, pois o temor de uma nova guerra figurava na conjuntura internacional. Nesse quadro, o pacifismo figurou como tema dos jornais brasileiros, tal como pode demonstrar os periódicos O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã, Diário de S. Paulo, Correio da Manhã e Jornal do Brasil. Desse modo, esses jornais publicavam notícias sobre a paz mundial no espaço reservado para tratar de assuntos internacionais. Para isso, nutriam-se de material enviado pelas agências internacionais de notícias e publicavam entrevistas ou pronunciamentos de Ministros de Relações Exteriores do Brasil. Deve ressaltar, igualmente, que também tratavam do tema em editoriais, artigos assinados, colunas fixas e charges. Assim, essa comunicação objetiva pensar os processos jornalísticos utilizados pela imprensa impressa brasileira para a produção do noticiário sobre a paz mundial entre 1945 e 1953. Nome: Elza Clementina Lopes Gomes E-mail: elzaclgomes@yahoo.com.br Instituição: Universidade Severino Sombra Título: A força da ZYD-7 – mídia de comunicação em Montes Claros 1944 a 1964 Este trabalho, objetiva apresentar algumas notas acerca do tema de minha dissertação de mestrado, na qual, se contemplou o estudo da trajetória da Rádio Sociedade Norte de Minas -ZYD-7, nos anos 40/60 e sua influência na sociedade norte-mineira montesclarense. A cidade de Montes Claros recebe em 1944 a ZYD-7, mídia de comunicação, tornando-se um agente transformador na sociedade local, principalmente no viés cultural proporcionando novo lazer, social com serviço de utilidade pública, e política, usada como máquina de poder. Nome: Emanuelle Lins de Andrade E-mail: emanuellelins@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Jornalismo dos anos de 1930: informação e doutrinação Na primeira metade do século XX, assim como hoje, a força da imprensa era considerável, podendo transformar um jornalista ao status de imperador. Foi este o caso de Assis Chateaubriand, criador dos Diários Associados, que de um simples jornalista passou a líder de um verdadeiro império da comunicação, ou a líder de um Estado dentro do Estado, tal era o poder daquela associação. A imprensa era um dos principais meios através do qual se poderia ganhar notoriedade. O jornalismo servia como intermediador para a aquisição de um emprego público, o acesso a um lugar na política, ou a consagração intelectual. Devido às dificuldades dos meios editoriais, principalmente os especializados, os jornais eram os principais veículos de informação. Destarte, quem queria fazer-se conhecido teria necessariamente que recorrer ao jornal. Este teria suas potencialidades exploradas como mecanismo de doutrinação no governo de Getúlio Vargas de 1930 a 1945, o qual viu na imprensa um instrumento capaz de angariar

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apoio e difundir suas ideologias, tarefa desempenhada através da cooptação ou da coação. Assim, dada a importância dos jornais nos anos de 1930, estes são de grande valia para qualquer estudo acerca da política, da cultura ou da sociedade do mesmo período. Nome: Érito Vânio Bastos de Oliveira E-mail: eritovanio@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: A voz da Amazônia nos anos 30: rádio, intelectuais e política O texto aqui apresentado procurou analisar as relações que alguns intelectuais, sobretudo literatos que atuavam na imprensa paraense durante os anos 1930, estabeleceram com a primeira emissora de rádio da Amazônia, o Rádio Clube do Pará, tentando garimpar os espaços e as ações de sociabilidades construídos e vividos por esses intelectuais, tanto de dentro como de fora do rádio paraense, seja organizando jornais radiofônicos, programas artísticos e educativos ou transmitindo palestras e discursos políticos, recebendo e promovendo autoridades da época. A intenção foi perscrutar minimamente, as práticas e relações envolvendo o rádio, os intelectuais e a política no Pará dos anos 1930. Nome: Flávio Henrique Calheiros Casimiro E-mail: flaviocaiero@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João Del-Rei Título: Cultura e política no Brasil (1989-2002): entre o consumismo exacerbado e o ceticismo na política A proposta consiste em discutir o quadro de ceticismo da sociedade brasileira em relação à política nacional, tendo como recorte temporal o período de 1989 a 2002. Nossa hipótese é a de que essa situação seria, antes de tudo, uma questão cultural. Neste sentido, apontamos a influência do consumismo e de uma visão imediatista, característicos da contemporaneidade, na configuração desta crise de credibilidade e mal-estar em relação à política. O objetivo é analisar de que forma essa “cultura da imagem” opera uma mudança no quadro de valores sociais e de socialização da sociedade brasileira. A partir daí, é importante compreender as novas formas de configuração do poder na sociedade e o próprio papel do Estado diante desta desvalorização do espaço público e da própria ação política. Pautado na perspectiva teórico-metodológica da História do Tempo Presente serão utilizadas como fontes primárias periódicos de circulação nacional, visando analisar estas discussões nos veículos de comunicação. Além da utilização de pesquisas de opinião provenientes do banco de dados do CESOP-UNICAMP. Vale ressaltar a importância de analisar o campo político, tendo em vista sua multiplicidade e sua relação com os campos econômico, cultural e social. Nome: Geanne Paula de Oliveira Silva E-mail: geannesilva@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Imprensa ilustrada e Estado Novo Este trabalho pretende apresentar os resultados obtidos com uma pesquisa monográfica desenvolvida entre os anos de 2006/2008 na Universidade Federal de Uberlândia que teve como documento privilegiado a coleção da revista Ilustração Brasileira de maio de 1935 a janeiro de 1944 - uma das muitas publicações da imprensa ilustrada no Brasil –, cujo objetivo principal foi, a partir de uma breve análise da propaganda política do Estado Novo veiculada nas páginas da referida revista, evidenciar o esforço e investimento estadonovista numa propaganda de si mesmo e de seu governante, nas funções de seu aparelho propagandístico, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em atingir tanto trabalhadores, analfabetos - as classes subalternas -, como também, as classes hegemônicas. Na oportunidade também se pretende apresentar as primeiras reflexões de um Projeto de Mestrado em História Social em andamento - já que esse é o desdobramento maior da pesquisa inicialmente citada - que continua tendo a revista Ilustração Brasileira como documento privilegiado, entretanto, agora mais que fonte, também como objeto de estudo. Nome: Ivan Lima Gomes E-mail: igomes2@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título:O Brasil em quadrinhos: a construção de um imaginário social sobre o Brasil na revista Pererê, de Ziraldo (1960-1964) O artigo pretende analisar a visão sobre a questão nacional produzida pela revista em quadrinhos de Ziraldo Pererê (1960-1964, Editora Gráfica O Cruzeiro), destacando algumas HQs que primaram por apresentar, ao longo de seus 43 números, um olhar específico sobre o Brasil da primeira

metade dos anos 1960. Além de contar com elevado índice de vendas (chegando a contar com tiragens de mais de 100.000 exemplares em certos momentos), foi a primeira revista exclusiva para um autor brasileiro. O artigo desenha-se da seguinte maneira: inicialmente estabelecemos breve balanço de alguns debates que avaliamos relevantes sobre nação e nacionalismo; em seguida discutimos como a nação é construída em Pererê: priorizamos aqui a análise de algumas histórias veiculadas pela revista, pensadas a partir de pares de oposição nelas recorrentes e que nos ajudam a caracterizá-las, tais como local x estrangeiro e campo x cidade, muitas vezes superpostos. Além disso, procuramos sempre relacionar a perspectiva assumida pelos quadrinhos de Pererê junto ao mercado de HQs e a sua inserção no campo cultural de fins dos anos 1950 e início dos 1960. Por fim, sintetizamos os principais pontos apresentados aqui em uma conclusão, procurando nela destacar a especificidade do Brasil imaginado por Ziraldo em Pererê. Nome: João Ricardo Ferreira Pires E-mail: joaopires77@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Apontamentos sobre a imprensa alternativa da década de 1970 Na segunda metade da década de 1970 com o lento processo de distensão do regime militar o cenário da imprensa brasileira começou a mudar. Acompanhando as lutas pelas liberdades democráticas, o jornalismo brasileiro ganhou novos espaços de divulgação e novos públicos. Foi um período de intensa atividade da imprensa alternativa. O presente trabalho propõe apresentar, baseado no acervo do Projeto República da UFMG, uma discussão sobre as linhas editorias de determinados jornais ou revistas do período. Privilegiando dentro dessas linhas as estratégias usadas para escapar da censura e as opções éticas e intelectuais permitidas pelo período e as efetivamente tomadas pelos seus jornalistas. Nome: Lerice de Castro Garzoni E-mail: lerice.garzoni@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: “Nós, em nome do povo, cujo direito defendemos”: o “Correio da Manhã” e a campanha contra as carnes verdes em 1901 Fundado no Rio de Janeiro em junho de 1901, o jornal Correio da Manhã em pouco tempo se firmou com um dos periódicos da chamada “grande imprensa” carioca. O trabalho a ser apresentado no Simpósio Temático pretende acompanhar a primeira campanha desenvolvida por seu diretor e proprietário, o advogado Edmundo Bittencourt. Discutindo a questão das carnes verdes na capital federal, o jornal mobiliza certas estratégias para a composição das notícias e artigos relativos a esse tema. Uma parte da pesquisa se centra, portanto, na análise desses textos no que diz respeito a sua forma e linguagem. Outro foco de estudo se volta para as questões políticas envolvidas nessa campanha, o que implica em acompanhar as próprias origens do jornal (composto a partir da aquisição do espólio do jornal A Imprensa, que circulou entre os anos de 1898 e 1900, voltando a ser publicado em 1901) e das ligações de seu proprietário com Rui Barbosa (redator chefe de A Imprensa e advogado da Empresa de Carnes Verdes criticada na campanha). O objetivo do trabalho apresentado é refletir sobre as peculiaridades dessa nova folha e sua inserção em um campo de debates, tendo em vista as relações pessoais estabelecidas pelo seu proprietário. Nome: Lívia dos Santos Chagas E-mail: liviaschagas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: Futebol e política na revista “Veja”: a imprensa e o esforço de legitimação do governo militar Em 1970, enquanto o Brasil vivia os momentos mais duros da ditadura militar, a mídia mostrava um país tomado por uma euforia nacionalista. Visando estabelecer o consenso, a propaganda política divulgava idéias de identidade e participação nacional, pelo estímulo à popularidade do presidente e promoção de feitos do regime. Uma das estratégias da propaganda foi a associação do futebol à imagem do governo. Na divulgação dos ideais do regime como nacionais, a imprensa foi fundamental. Além do controle dos meios de comunicação pelo aparato de censura e propaganda, os governantes contavam com a colaboração de alguns desses veículos. As preocupações em controlar a mídia são justificadas ao se entender que fatos divulgados nos jornais são aceitos como verdadeiros e acabam incidindo nas representações sociais e participando da construção de memória e identidades sociais. Ao tutelar a imprensa, o governo controlava essa construção. Reportagens mostravam o futebol como elemento da identidade nacional e relacionado ao regime. No texto será feita a análise de construções dis-

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30 cursivas da revista Veja de 1970 com o tema do futebol. Essas construções orientam a produção de sentidos sobre os acontecimentos e são controladas por questões históricas, sociais e ideológicas. Nome: Luis Carlos dos Passos Martins E-mail: luismart86@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - RS Título: Democrático, mas não muito: a percepção do jornal “Correio da Manhã” sobre a democracia brasileira no segundo governo Vargas Com este trabalho, iremos analisar a percepção que o jornal Correio da Manhã (CM) apresentou sobre a política brasileira durante o segundo governo Vargas. Nosso objetivo será avaliar não a posição do referido jornal frente a este governo, mas a forma como o CM percebia e representava a dinâmica do regime democrático do período. Apesar de ser um jornal tradicionalmente identificado ou mesmo se auto-identificar com a defesa de princípios democráticos e com a própria instalação do regime em questão, o CM deu apoio ao golpe Civil-Militar que encerrou o mesmo, em 1964. Nesse artigo, pretendemos defender a hipótese de que tal inflexão pode ser compreendida, não apenas pelas mudanças conjunturais da década de 1960, mas também pela forma como o CM compreendia e criticava, ainda nos anos 50, o funcionamento real da democracia brasileira (carência de cidadania, falhas do processo representativo, ausência de elites). Essa percepção negativa do regime vigente, ao nosso entender, apresenta traços da tradição de pensamento autoritário brasileiro (como encontramos em Oliveira Viana) e ajuda a entender o compromisso apenas parcial do jornal com a defesa das instituições democráticas do período. Nome: Maria Antonia Dias Martins E-mail: mariaantonia.dm@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: A Identidade ibero-americana em revista: “Cuadernos Americanos” e “Cuadernos Hispanoamericanos” - 1942-1955 O artigo aborda a questão da identidade ibero-americana, suas aproximações e distanciamentos bem como a utilização do passado nos artigos das revistas Cuadernos Americanos e Cuadernos Hispanoamericanos, no período de 1942 a 1955. Cuadernos Americanos foi fundada por Jesus Silva Herzog, em 1941, sendo que seu primeiro número entrou em circulação em 1942. Além de contar com a participação de renomados intelectuais latino-americanos também tinha entre seus fundadores, exilados do regime espanhol. É uma revista bimestral que ainda se mantém em circulação. Atualmente a edição da revista está sob a responsabilidade da Universidad Nacional Autônoma de México. Cuadernos Hispanoamericanos foi promovida por órgãos do governo espanhol, com o objetivo de conquistar aliados na hispanoamérica como forma de fugir do isolamento em que vivia desde o fim da Segunda Grande Guerra. Outro objetivo da revista era servir como canal de resposta a Cuadernos Americanos. Entrou em circulação em 1948 e continua em vigor até hoje. Nome: Maria Lindalva Silva Santos E-mail: lindarrais@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: O colosso do Monte Castelo: a construção de um lugar de memória Este artigo apresenta resultados parciais da pesquisa “História, Memória e Mídia televisiva na Teresina dos anos 70” e se propõe discutir um pouco da trajetória da TV Rádio Clube-canal 4, primeira emissora piauiense, analisando como ela aparece representada na memória dos pioneiros dessa modalidade comunicativa. Delimitam-se questões sobre o seu surgimento, episódios e personagens. Devido o descaso com a guarda e restauração de fontes que preservassem essa trajetória, utilizei, a História Oral como referência metodológica e os aportes teóricos oferecidos por autores que discutem a categoria memória. Nome: Maria Paula Nascimento Araujo E-mail: mp-araujo@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: A imprensa de esquerda durante as ditaduras militares no Brasil e na Argentina (décadas de 1960 e 70) Jornais e revistas de esquerda tiveram uma grande importância na vida política da América Latina. O presente trabalho enfoca, especificamente, os casos do Brasil e da Argentina, durante as décadas de 1960 e 70. A Argentina tem uma larga tradição de revistas políticas, atuantes e influentes no cenário nacional. No Brasil durante a ditadura militar, a chamada “Imprensa Alternativa” cumpriu um importante papel na resistência de-

mocrática, sobretudo durante a década de 1970. Nos dois países jornais de esquerda, com circulação clandestina, faziam a vinculação entre os militantes políticos. Da mesma forma, revistas políticas brasileiras e argentinas, editadas no exílio, realizaram reflexões importantes e procuraram interferir no cenário político de seus países. Embora diferentes, a revista argentina, Controvérsia, editada no México e a revista Brasil Socialista, editada na França, promoveram um importante debate sobre a luta armada. Controvérsia era uma revista legal, na qual escreviam intelectuais e jornalistas argentinos conhecidos, com seus nomes verdadeiros; Brasil Socialista era uma publicação clandestina, seus textos eram assinados por dirigentes de organizações políticas, com pseudônimos, mas ambas empreenderam uma reflexão semelhante sobre as lutas políticas do período. Nome: Mônica Celestino Santos E-mail: monicacs75@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Cala-te a boca, Major! – apontamentos sobre censura na Bahia calmonista (anos 1920) Este texto trata da censura à imprensa na Bahia dos anos 1920 - fase repressiva pouco abordada pela historiografia brasileira -, a partir das relações entre o jornalista por mais de 70 anos, trovador, rábula, assistencialista, militante de causas políticas e sociais, deputado estadual e vereador seabrista Cosme de Farias (1875-1972) e seu maior adversário, o governador do Estado entre 1924 e 1928, Francisco de Góes Calmon. Entre 1924 e 1925, o jornalista foi acusado de atentar contra o chefe do Estado, ficou foragido, foi preso e teve pelo menos uma de suas lavras, a coletânea de artigos Lama & Sangue, retirada de circulação sob alegação de ofensa ao governador. Este paper resulta do levantamento e da sistematização de documentos, periódicos e bibliografia, efetuados na tentativa de propiciar a compreensão de como o Major Góes Calmon lidava com a admoestação, as formas e causas de repreensão e sanção a jornalistas. Portanto, busca tanto revelar fragmentos do pensamento, dos valores, das ações e dos conflitos deste sujeito engajado na tragédia cotidiana, quanto subsidiar a compreensão de aspectos sociais e políticos da história contemporânea da Bahia, a partir de quem transitava entre os “de baixo” e quem detinha poder político e econômico no período republicano inicial. Nome: Osmani Ferreira da Costa E-mail: osmanicosta@uel.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: A formação da TV no Paraná: notas e avaliações da imprensa (1954-1964) Em janeiro de 1954, empresários, profissionais liberais e políticos – liderados pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado, Raul Vaz – criaram, em Curitiba, o movimento pró-televisão no estado e aprovaram o estatuto da Rádio Televisão Paraná. Naquele ano, o grupo realizou transmissões experimentais de TV na capital e em três cidades interioranas. De 1957 a 59, houve uma divisão entre as lideranças do movimento pró-televisão, surgindo, assim, um segundo grupo liderado por Nagibe Chede, que inaugurou, em outubro de 1960, a TV Paranaense (Canal 12), a primeira no Sul do Brasil. Em dezembro do mesmo ano, ainda na capital, aquele grupo pioneiro, ligado aos Diários e Emissoras Associados, de Assis Chateaubriand, colocou no ar a TV Paraná (Canal 6). Outro conglomerado de empresários, tendo à frente também Chateaubriand, pôs em funcionamento, em setembro de 1963, a TV Coroados (Canal 3); instalada em Londrina, norte do Paraná. O objetivo central desta comunicação é apresentar uma análise histórica das práticas e representações que os dois mais importantes jornais do PR – Gazeta do Povo e Folha de Londrina – investiram no registro da primeira década da televisão no estado, sempre buscando compreender as relações destes diários com as nascentes TVs e seus respectivos grupos diretivos. Nome: Rafael de Almeida Serra Dias E-mail: r_asd@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista/Assis Título: Vida na fábrica: quando a voz do trabalhador se confunde com a do patrão Este trabalho é uma parte de um estudo mais amplo sobre a publicação mensal Made in Japan (M.i.J.), produzida pela Editora Japan Brazil Communication (J.B.C.), com circulação e redação no Brasil e no Japão, com o mesmo conteúdo, totalmente escrita em português, iniciada em novembro de 1997 perdurando até os dias de hoje. Os resultados da pesquisa mostram que a linha editorial da revista é o contrário do proposto em suas páginas, sendo parcial e ambígua. Ter uma circulação em dois países, com

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realidades muito distintas, transforma a já tensa redação de qualquer meio de comunicação em algo muito mais complexo. Nas páginas da M.i.J. há pouco espaço para a “voz” do público leitor, porém os relatos dos dekasseguis sobre a vida na fábrica e no Japão sempre tiveram o seu lugar. Por meio do estudo desse espaço privilegiado na revista, pretende-se estabelecer como os textos da revista se relacionam com a dura realidade do trabalhador brasileiro na linha de montagem do Japão e os interesses dos anunciantes da Made in Japan. A historiografia moderna tem destacado a imprensa como instrumento de manipulação de interesses, concebendo-a como agente da história que ela também registra e comenta. Nome: Ramiro Barboza de Oliveira E-mail: miro.cont@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del-Rei Título: Jornalistas católicos contra a “crise”: um olhar conservador sobre o Brasil dos anos 1920 e 1930 As décadas de 1920 e 1930 podem ser consideradas como um verdadeiro turbilhão ideológico. A ordem liberal construída ao longo do século XIX foi colocada em xeque após a Primeira Grande Guerra, enquanto a Revolução Russa vislumbrava a possibilidade de realização das propostas comunistas. Diante deste contexto, considerado pelos grupos conservadores como uma grave crise que ameaçava os destinos da humanidade, nasceria uma nova direita política com um discurso nacionalista, antiliberal e anticomunista. No Brasil, este campo político contou com o engajamento de intelectuais que se sentiam provocados a participarem da construção de um novo projeto político para o país. Dentre eles, destacavam-se os intelectuais católicos, que se valiam de vários meios, como a imprensa, para reafirmarem os valores cristãos como norteadores de uma boa sociedade. Em Belo Horizonte, dois jornais católicos dos anos 20 e 30, “O Horizonte” e seu sucessor “O Diário”, constituíram-se como um espaço no qual diversos intelectuais católicos empenhavam-se em defender a doutrina social da Igreja. Pretende-se abordar, desta maneira, a visão conservadora elaborada pelos jornalistas católicos mineiros a partir do pressuposto compartilhado pelo grupo de que o país enfrentava uma grave crise social e institucional.

que nos revelam as muitas astúcias dos profissionais (apresentadores, produtores, técnicos) envolvidos nesse empreendimento para desenvolverem uma programação voltada aos interesses da cidade e que despertasse um reconhecimento dos telespectadores citadinos com aquela emissora. Assim, nos inícios dos anos de 1960 os campinenses passaram a contar com mais um meio de comunicação, apropriado e consumido no seu dia-a-dia de múltiplas maneiras. Nome: Sylvia Moretzsohn E-mail: sylviamoretz@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A dona da história: a memória seletiva da “Rede Globo” na reconstituição da memória coletiva Este artigo apresenta o site Memória Globo como uma das estratégias da maior rede de televisão do país para estabelecer sua própria história e a história de momentos decisivos da vida nacional. A análise se concentra no material reunido no link “polêmicas históricas”, que trata de cinco episódios marcantes: dois sobre a própria emissora e três relativos a momentos críticos da política brasileira, nos anos 1980. O artigo procura demonstrar como o discurso adotado na reconstituição desses casos se insere na estratégia de legitimar essas versões para o estabelecimento da própria história e da história do país, “contada” através das reportagens. Busca apontar a eficácia dessa estratégia, que “fala direto” ao público – esse mesmo público que garante a liderança de audiência à emissora cujo slogan clássico a define como “o” lugar de encontro dos brasileiros. Discute a confiabilidade dos trechos de telejornais disponibilizados no site, considerando a possibilidade de reedição do material bruto arquivado na empresa. Finalmente, aponta a restrição de acesso a esses arquivos para uma pesquisa independente, o que é particularmente grave em se tratando de uma concessão pública que atua diretamente na constituição da memória coletiva.

Nome: Regma Maria dos santos E-mail: regma.santos@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Meios de comunicação e política nas crônicas de Rachel de Queiroz Rachel de Queiroz apresenta, em diversas de suas crônicas, aspectos cotidianos de sua vivência pessoal, transitando dos sentimentos mais íntimos aos sentimentos coletivos, extensivos também à política local ou nacional. As temáticas de suas crônicas são, em geral, ligadas a fatos publicados na imprensa, notícias que ouviu no rádio, comentários sobre o que se ouviu ou leu. Nesse sentido, pretendemos, nesta comunicação de pesquisa, analisar algumas crônicas de Rachel de Queiroz nas quais estão presentes as discussões sobre os meios de comunicação em meados do século XX no Brasil. Dentre essas “O quarto poder”; “Imprensa americana” e “O Telefone”. Procuramos perceber nas mesmas, a dimensão que ocupam os elementos responsáveis pela modernização da sociedade na obra da referida escritora. Dotadas de uma preocupação política, as crônicas acima destacadas compõem essa perspectiva sempre presente no discurso da autora. Mas, esse aspecto é abordado não apenas em tom de denúncia, como na crônica “Imprensa americana”, como também em tom de humor e ironia como na crônica “O Telefone”. Nome: Silvia Tavares da Silva E-mail: silvia.hist@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Campina Grande - PB Título: As primeiras experiências com o fazer televisão em Campina Grande: a formação de uma identidade televisiva local Este trabalho é parte do nosso texto de dissertação sobre a história da mídia televisiva em Campina Grande, cidade do interior da Paraíba. Abordamos a recepção dos campinenses ao novo meio de comunicação que chegava à cidade como mais um símbolo da modernidade. Nos anos de 1963, com a instalação da primeira emissora de TV os campinenses começaram a viver a experiência com o novo meio de comunicação responsável pela criação de uma identidade televisiva local. A TV Borborema logo nos seus primeiros anos de transmissões experimentais passou a produzir uma grade de programação local o que propiciou aos campinenses, mais curiosidade e entusiasmo com relação ao fazer e consumir televisão em Campina Grande. Nesse sentido, tentamos (re)criar as primeiras experiências na produção e transmissão dessas programações a partir da TV Borborema

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31 31. Mundos do trabalho: tradiçþes e culturas Dainis Karepovs – Unicamp (dakar@uol.com.br) Murilo Leal Pereira Neto – Faccamp (mlealpereira@terra.com.br) (VWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR GHVWLQD VH D UHFHEHU WUDEDOKRV TXH SHUPLWDP DSURIXQGDU R GHEDWH FRQFHLWXDO HP WRUQR GD SUREOHPiWLFD GR OXJDU GD FXOWXUD H GDV WUDGLo}HV QR PXQGR GR WUDEDOKR H SHUPLWDP DLQGD DPSOLDU RV KRUL]RQWHV GH QRVVRV FRQKHFLPHQWRV D SDUWLU GH SHVTXLVDV HVSHFtĂ€FDV VREUH DV P~OWLSODV manifestaçþes e materializaçþes dessas culturas.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Rebouças Arapiraca E-mail: adri.arapiraca@oi.com.br Instituição: PUC/SP Título:Cotidiano e Identidade: a greve dos trabalhadores da Cia Empório Industrial do Norte - O caso da Vila Operåria (1893-1907) A primeira greve dos trabalhadores têxteis da Fåbrica da Boa Viagem, de propriedade da Cia. Empório Industrial do Norte, em setembro de 1907, quando entendemos pela articulação desse movimento, que estes se compreenderam como membros de um mesmo grupo social, a classe operåria. O papel da vila operåria, adjacente a fåbrica, nesse processo de transformação dos interesses e conflitos individuais em coletivos, jå que a sua função era de fixar para disciplinar e controlar o cotidiano dos operårios. Numa Salvador com uma elite que ansiava por banir as características que remetiam ao passado de antiga capital da colônia para a construção de uma cidade moderna. Nome: Adriano Henriques Machado E-mail: bozo.rqop@gmail.com Instituição: PUC-SP Título: A influência dos setores católicos na formação do Partido dos Trabalhadores (1978-1982) Juntamente com os sindicalistas e os grupos de esquerda, os setores católicos foram uma das forças sociais que formaram o Partido dos Trabalhadores (PT). Desse modo, o presente trabalho busca compreender e discutir como os setores católicos, hierarquia e leigos (CEBs, Pastoral Operåria, entre outros grupos) atuaram no surgimento e formulação desse partido; analisando as relaçþes e tensþes existentes entre esses grupos dentro do PT e na própria instituição católica. A abertura política e o crescimento dos movimentos sociais no final dos anos 1970 traziam novos desafios para os grupos católicos que haviam construído uma forte oposição à ditadura militar. Analiso essas relaçþes entre os anos de 1978, quando emergem as greves do ABC e as primeiras discussþes sobre a criação de um novo partido, perpasso a sua fundação em 1980 e sua estruturação atÊ 1982, ano em que o partido participa pela primeira vez das eleiçþes; focalizando o estudo na região metropolitana da Grande São Paulo. Nome: Antônio Luiz Miranda E-mail: alm@unesc.net Instituição: UNESC Título: A constituição do espaço urbano no sul de Santa Catarina atravÊs das vilas operårias do setor carbonífero na primeira metade do sÊculo XX: Habitação, controle e modos de vida A categoria de trabalhadores mineiros de carvão do sul de Santa Catarina, formada a partir das primeiras dÊcadas do sÊculo XX, Ê considerada a mais organizada entre todas. As experiências de lutas, como greves, paralisaçþes, formação sindical, lhes confere a condição de ter desenvolvido um grau de identidade e consciência que os torna referência para as demais categorias de trabalhadores. Um dos fatores que pode ser considerado na formação da identidade desse grupo de trabalhadores são as vilas operårias criadas pela empresas mineradoras no início do processo de mineração. Nome: Beatriz de Miranda Brusantin E-mail: bbrusantin@yahoo.com.br Instituição: Unicamp Título:Bora pro samba! Visþes sobre as tradiçþes culturais dos trabalhadores rurais dos engenhos de açúcar da zona da mata norte de Pernambuco do final do sÊculo XIX e XX Dialogando com as pesquisas sobre Charivaris realizadas por E. P. Thompson e Natalie Z. Davis nas quais os autores exploram seus objetos de estudo de forma histórica e com grande apoio da antropologia social; almejo interpretar a realização do Cavalo Marinho e do Maracatu Rural (festas folclóricas realizadas

na zona da cana (PE –Brasil) como possĂ­veis meios usados pela comunidade para construir uma identidade classista e (re) significar Ă ordem social vigente. Assim como os pesquisadores de culturas festivas no Brasil, as coletâneas de IstvĂĄn JancsĂł e Kantor, e Carnavais e outras F(r)estas de Clementina Cunha, procuro analisar as manifestaçþes populares Ă luz dos contextos sociais, econĂ´micos e polĂ­ticos em que estavam inseridas. Verificamos, por exemplo, que as festas do Cavalo Marinho e do Maracatu eram realizadas pelos escravos dos engenhos pernambucanos, e algumas vezes eram alvos de preocupação por parte das autoridades que suspeitavam serem as reuniĂľes focos de possĂ­veis rebeliĂľes em prĂł da liberdade. A partir desses fatos, pretendo sugerir um caminho de pesquisa sobre o folclore brasileiro nĂŁo apenas como vestĂ­gios da tradição popular, porĂŠm, tambĂŠm, como objetos de investigação sobre a histĂłria social dos trabalhadores rurais. Nome: Berenice Abreu Castro Neves E-mail: bereniceabreu@msn.com Instituição: Universidade Estadual do CearĂĄ TĂ­tulo:Entre terra e mar: cultura e tradiçþes de jangadeiros Por ocasiĂŁo das viagens dos jangadeiros de Fortaleza ao Rio de Janeiro, em 1941 e 1942, para reivindicar direitos sociais ao Presidente Vargas e para participar de filme dirigido por Orson Welles, esses trabalhadores revelaram Ă sociedade brasileira aspectos de cotidiano vivido entre a “terraâ€? e o “marâ€?. Da “terraâ€?, despontam as relaçþes estabelecidas com seus pares nas colĂ´nias, nas bodegas, a rusticidade da vida material vivida em famĂ­lia, alĂŠm do cĂ­rculo maior que os envolvia na “praiaâ€?, jĂĄ freqĂźentada pela gente elegante da cidade. No mar, o saber adquirido com as geraçþes passadas, a localização dos pesqueiros, o manuseio da jangada e demais apetrechos de pesca, a direção dos ventos, a sombra da morte espreitando a afoita jangada. Nessas revelaçþes, demarcadas entre culturas e tradiçþes, expressavam, acima de tudo, a disposição para serem reconhecidos como parte da nação brasileira e, assim, terem seus “direitosâ€? bĂĄsicos atendidos. Nome: Cristiane Silva Furtado E-mail: crisfurtado@hotmail.com Instituição: UCAM Co-autoria: Suzi Santos de Aguiar E-mail: suziaguiar@yahoo.com.br Instituição: Museu da Vida (FIOCRUZ) TĂ­tulo:As relaçþes sociais tecidas entre patronato e operariado nas festas da Cia TĂŞxtil Brasil Industrial Este trabalho tem como objeto de estudo a Companhia TĂŞxtil Brasil Industrial com vila operĂĄria localizada na atual cidade de Paracambi no Estado do Rio de Janeiro. Essa antiga fĂĄbrica de tecido foi construĂ­da por um grupo de franceses e ingleses, fundada em 06 de dezembro de 1871. O objetivo da pesquisa ĂŠ a compreensĂŁo da experiĂŞncia histĂłrica vivida neste complexo atravĂŠs de formas culturais desenvolvidas no cotidiano. Delimitamos assim, como ponto fundamental para nossa anĂĄlise duas grandes festas realizadas pela Cia TĂŞxtil Brasil: a festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da fĂĄbrica patrocinada pela direção da mesma com participação do operariado, e a comemoração do 1° de Maio, dia do trabalho que os operĂĄrios atribuem um sentindo cristĂŁo Ă festa atravĂŠs da devoção a SĂŁo Jorge, padroeiro oficial dos operĂĄrios. A proposta consiste em analisar atravĂŠs desses dois momentos de suspensĂŁo do mundo do trabalho, o aspecto ambĂ­guo e contraditĂłrio da prĂĄtica religiosa do operariado tĂŞxtil e do patronato fabril, na medida em que “tanto legitima a ordem estabelecida quanto sĂŁo apropriadas pelos operĂĄrios tornando-se uma expressĂŁo de seus sentimentos e de sua culturaâ€?, procurando compreender o significado dessas manifestaçþes culturais nas relaçþes entre patronato e operariado. Nome: Cristina Ferreira E-mail: cris@furb.br Instituição: UFSC

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Título:Contrastes e prazeres nas formas de sociabilidade dos trabalhadores de Blumenau (1970-1984) O estudo propõe-se à análise das formas de sociabilidade dos trabalhadores em Blumenau, no período politicamente dominado pelas ações do governo militar, marcado por constantes conflitos e excessivo controle sobre as ações dos trabalhadores. A proposta é desvendar as relações entre a cultura associativa dos membros das associações recreativas e desportivas e suas práticas culturais e de lazer. Os clubes recreativos formulavam objetivos ligados à integração entre os associados e seus familiares, porém a identificação dos sócios não ocorria apenas em relação às atividades trabalhistas e recreativas, mas principalmente através de símbolos e ritualísticas capazes de garantir coesão e identificação grupal, bem como comprometimento com as funções de trabalhador. O elemento mais marcante dessa pesquisa é a diversidade de opções das atividades de sociabilidade. Essa característica possibilita aos indivíduos realizar escolhas mais adequadas às suas necessidades, tornando-as desejadas e agradáveis, pois representam sua vontade e desejo pessoal. Isso é um indicativo de que as atividades coletivas não são apenas instrumentos de controle social, pois os trabalhadores engendram suas próprias formas de sociabilidade em meio aos contrastes e prazeres da vida. Nome: Denize Genuina da Silva Adrião E-mail: deadriao@ig.com.br Instituição: Museu Emílio Goeldi Título:Mudanças nas relações de trabalho: tradição e cultura entre pescadores artesanais na Amazônia Esta análise focaliza o processo de mudança nas relações de trabalho de pescadores artesanais, frente ao turismo balnear em Salinópolis. Esta população tradicionalmente em contato com a vida mais simples e dependente dos recursos da natureza passa a conviver com costumes introduzidos pelo afluxo de veranistas que solicitam os serviços destes pescadores para diversas atividades. Salinópolis pertence à micro região do Salgado - “vocacionada” para o turismo e transformada em “Estância Hidromineral” em 1966, como programo governamental no setor político-econômico. Fato que, de certo modo, foi um dos principais catalisadores de mudança na região. A memória da cidade, até os anos 50 do século passado, esboçada por seus moradores, é de um pequeno povoado de pescadores artesanais que esporadicamente mantinham relações com o mercado extra-local. O direcionamento, cada vez maior para a vida da cidade balnear, produzindo para o comércio e vivendo na expectativa do veraneio, provocou desestruturação nas formas de organização social na pesca e de se relacionar com a natureza. Nome: Erick Reis Godliauskas Zen E-mail: erickzen@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título:Identidade em Conflito Propomos investigar as formas de estruturação e as relações entre as comunidades lituanas radicados na Argentina, Brasil e Uruguai. De forma comparada, buscaremos compreender as referências identitarias deste grupo nacional durante o processo de desenraizamento territorial e a formação dos laços de solidariedade ao longo do processo de inserção nos diferentes Estados nacionais. Ao mesmo tempo, analisaremos como estas comunidades se relacionavam, para além das fronteiras dos países em que se estabeleceram, construindo intercâmbios de experiências e organizando movimentos sociais e políticos. Das diferentes posturas políticas identificaremos os conflitos no interior das comunidades e destas com os Estados e a sociedade argentina, brasileira e uruguaia. Ainda consideraremos o papel do governo lituano nas formações comunitárias, durante o período de independência do país (1918 – 1940). Procuraremos observar a relação entre os lituanos de origem judaica com a estruturação das comunidades nacionais lituanas. Adotaremos como balizas temporais os anos de 1920 a 1950, contemplando os dois principais momentos desta imigração para a América do Sul. Nome: Evangelia Aravanis E-mail: aravanis.ev@cpovo.net Instituição: UFRGS Título:A Educação Formal Implementada Pelos Operários no Rio Grande do Sul no Início da 1a. República O trabalho se propõe a apresentar um breve panorama da educação implementada pela militância operária gaúcha do início da 1ª. República e como tal ação educativa se constituiu em um patrimônio cultural desta classe. A análise se centra nas cidades de Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre por serem os principais pólos industriais da época e também as regiões de atuação significativa do movimento operário gaúcho.

Nome: Everaldo de Oliveira Andrade E-mail: everaldoandrade71@gmail.com Instituição: Universidade Guarulhos Título:Mário Pedrosa e as repercussões iniciais do “Manifesto por uma Arte Revolucionária e Independente” (1938) na América Latina e no Brasil A comunicação terá como objetivo central analisar as repercussões iniciais do Manifesto na América Latina e no Brasil. Para isso pretende-se utilizar principalmente a correspondência e produção escrita do militante e crítico de arte brasileiro Mário Pedrosa nos anos seguintes ao pós 2ª Guerra no Brasil. Como fontes documentais complementares serão utilizadas as colunas do jornal Vanguarda Socialista de 1945 e 1946. Em julho de 1938 no México o poeta francês André Breton, o pintor mexicano Diego Rivera e o militante revolucionário russo Leon Trotski lançaram um célebre manifesto político cultural que, em linhas gerais, defendia a liberdade e autonomia dos artistas revolucionários, buscando se contrapor às injunções que tanto o realismo socialista como as vertentes nacionalistas buscavam impor ao mundo da cultura. Nome: Fabiane Popinigis E-mail: fpopinigis@gmail.com Instituição: UFSC Título:Trabalhadores do comércio e trabalhadoras sexuais - Rio de Janeiro final do século XIX e início do XX Esta comunicação discute as experiências de trabalho e lazer entre os trabalhadores pobres do Rio de Janeiro nos primeiros anos do século XX, enfocando em particular as relações e conflitos entre trabalhadores do comércio – os caixeiros – e as prostitutas do centro da cidade. Nossa escolha ao abordar esses dois grupos baseia-se na experiência comum desses homens e mulheres, que partilhavam ambientes de trabalho que também eram de diversão: a labuta de alguns era o lazer de outros. Bares, botequins e teatros eram lugares de encontro dos mais diversos grupos de trabalhadores, que ali teciam suas relações. Além disso, queremos argumentar que estas ocasiões constituem um prisma privilegiado para discutir aspectos da cultura do trabalho carioca no período. Através de conflitos que resultaram em processos criminais, estes homens e mulheres expressavam diferentes visões de justo, evidenciando suas estratégias de empregar recursos judiciais a seu favor. Nome: Giane Maria de Souza E-mail: gianesc@bol.com.br Instituição: Fundação Cultural de Joinville - Estação da Memória Título:Apontamentos históricos sobre a Museu da Indústria em Joinville Esse artigo apresenta um diagnóstico parcial da pesquisa realizada pelo Grupo de Trabalho para a Reestruturação do Museu da Indústria iniciada no segundo semestre de 2008, sob a coordenação da Gerência de Patrimônio, Ensino e Artes da Fundação Cultural de Joinville. Para a análise histórica de como se forjou a criação do Museu da Indústria na década de 1970, foi necessário estabelecer uma metodologia que arrolasse fontes primárias e secundárias no Arquivo Municipal para perceber como a industrialização se consolidou na cidade e determinou aspectos sociais e econômicos. Foram investigados documentos como: atas, boletins, jornais e iconografia. Esses acervos corroboraram para a visualização de uma releitura urbana de imagens e discursos relacionados ao mundo do trabalho. Esse artigo apresenta-se como reflexão acerca de uma pesquisa em andamento, que pretende contribuir, para uma elaboração teórica e científica sobre os sentidos da comunicação museológica, da educação patrimonial e arqueologia industrial. Porque, os industriais pioneiros e operários, seus usos e costumes, os equipamentos, as máquinas e os ofícios são patrimônios culturais materiais e imateriais, portanto são possibilidades de tematização e problematização da história da indústria e do trabalho. Nome: Gissele Raline da Cunha Fernandes Moura E-mail: gissele_raline@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título:Capoeiras e “valientes”: construção de territórios em Itabuna no anos 1950 Em meio ao contexto da remodelação urbana em Itabuna na década de 1950 é possível identificar uma relação intrínseca entre capoeiras e “valientes”. O termo “valientes” era utilizado pelos periódicos da época para se referirem aos brigões de rua, que estavam cotidianamente envolvidos em contendas e estabelecendo relações de constante conflito com a ordem vigente. Os capoeiras, com comportamento similar, dado ao exibicionismo, atuavam também nas ruas. Esses sujeitos históricos, em sua maioria, compunham a camada social mais pobre, sendo trabalhadores de variados setores da sociedade, e em geral moradores do subúrbio. Faziam das ruas, um espaço de sociabilidade, um local de trabalho, de lazer e de acertos de contas. As relações sociais advindas desse espaço público têm como característica fundamental a variedade de uso que se

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31 faz dele. O trabalhador do dia é o mesmo do lazer da noite, o arrimo de família pode ser o mesmo “arruaceiro” bêbado das sombras da cidade após as dezoito horas. O mendigo ou “vadio”, tem nas ruas um lugar de moradia e sobrevivência. Assim, o que para uns não passa de um lugar comum, para outros são a sua própria casa. É a partir dessas experiências que procuro discutir as formas de construções de territórios implementadas por esses grupos sociais. Nome: Glória de Melo Tonácio E-mail: gloria.guinevere@gmail.com Instituição: CP II/ U. CENTRO; FAETEC Título: A exclusão de alunos do ensino superior: o curso normal superior do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro Este estudo faz parte de uma pesquisa desenvolvida no Doutorado em Educação na UFRJ, na área de instituições educacionais, em andamento desde o ano de 2007. O objetivo desse texto é o de discutir, a partir dos estudos de Bourdieu sobre a os sistemas ensino de ensino escolar, as condições de formação dos estudantes do Curso Normal Superior no ISERJ. Para a análise, além de categorias de Bourdieu, obteve-se como empiria depoimentos de estudantes em sítios eletrônicos, construídos pelos próprios estudantes, que hospedam comunidades virtuais. Como achados desse estudo, pode-se dizer que, a experiência dos dias atuais confirma a validade da teoria de Bourdieu sobre a escolarização na sociedade de classes, sobre os mecanismos pelos quais a escola, ao mascarar as diferenças de oportunidades entre as classes, reproduz as desigualdades sociais e sobre como os indivíduos internalizam ideais e mistificam condições objetivas da vida social em ideários, de ordem subjetiva. Dada a delimitação do estudo entre estudantes que legitimam sua própria trajetória, algumas questões permanecem incompreendidas tais como: O que pensam estudantes do CNS que se contrapõem ao ideário estabelecido? Que estratégias expectativas têm? Nome: Ivone Cecila D´ávila Gallo E-mail: ivonegallo@superig.com.br Instituição: PUC-Campinas Título:Fourierismo na América do Sul O contexto Europeu dos anos 30 até 50 do século XIX favoreceu uma imigração de socialistas europeus para a América do Sul, também afetada seja pelos movimentos independentistas, seja pela ingerência da França e da Inglaterra na disputa pelos seus territórios. Algumas iniciativas foram feitas no sentido de investigar e mapear a presença no Brasil, Uruguai e Argentina, de socialistas, entretanto o assunto ainda reclama uma maior atenção, sobretudo no que diz respeito ao papel desempenhado por esta militância que permanece pouco explorado. A nossa proposta dirige-se para a tentativa de apresentar um balanço da questão e de levantamento de hipóteses que nos permitam elucidar as ramificações e diferentes vertentes do fourierismo que permaneceram atuantes na América do Sul em um momento conturbado. Nome: Joana Medrado Nascimento E-mail: joanamedrado@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título:Boi encantado, vaqueiro ideado: um olhar sobre as tradições de resistência nas entrelinhas do folclore Nesta comunicação irei focalizar as narrativas folclóricas sobre o cotidiano de trabalho dos vaqueiros muito difundidas nas regiões de pecuária da Bahia desde o último quartel do século XIX. Tais narrativas, criadas por poetas e cantadores e difundidas através de cordéis ou, entre as elites, através dos folcloristas, tinham um papel ativo na construção da crítica e do imaginário social. Longe de constituir um “retrato” da sociedade ou simplesmente um delírio ficcional as histórias sobre bois e vaqueiros encantados formatavam e expressavam a própria cultura de resistência desses trabalhadores e as concepções de liberdade vigentes no período. A análise dessa fonte permite constatar que esse era um espaço privilegiado de construção e confirmação de valores que elevavam o prestígio social do vaqueiro ao tempo que pressionava sutilmente o estabelecimento de uma relação de trabalho imbuída de respeito, dignidade e autonomia laboral. Tendo essa análise complementado o estudo realizado no meu mestrado sobre as relações de trabalho e cultura política na pecuária será possível, nesta comunicação, confirmar a relevância de investigar as tradições culturais e os valores que norteavam as ações dos sujeitos para entender as peculiaridades e diversidades das relações de trabalho Nome: José Felipe Rangel Gallindo E-mail: felipegallindo@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título:O Trotskismo no campo – o caso Jeremias (1962/1963), ou como se impede o surgimento de uma tradição revolucionária através dos “silêncios da história”

Este trabalho, que constitui a minha dissertação de mestrado em andamento na UFPE, procura, a partir da análise do caso Jeremias, ou seja, Paulo Roberto Pinto, militante do partido trotskista, que atuou na organização dos trabalhadores rurais da cidade de Itambé na zona da mata norte de Pernambuco, entre 1962 e 1963, encontrar “o fio e os rastros” que permitam compreender por que uma pequena organização incomodou tanto as lideranças locais da esquerda “oficial”: o PCB, as Ligas Camponesas de Francisco Julião e o governo de Miguel Arraes. Preso pela polícia de Arraes, assassinado pelos latifundiários da região, Jeremias poderia ter se transformado num ícone trotskista nas lutas sociais dos trabalhadores rurais. As investigações sobre a sua morte em nada resultaram, a tentativa de seus companheiros de partido de continuarem com o trabalho político em Itambé foi abortada com a detenção pela polícia militar no dia de abertura de um congresso de camponeses e o início de um “culto popular” no seu túmulo foi interrompido quando seu corpo foi levada para São Paulo.Até hoje a produção acadêmica local e as publicações governamentais ignoram a atuação dos trotskistas no período. Produzem um “silêncio da história” que necessita de um “acabamento” para ser rompido. Nome: José Newton Coelho Meneses E-mail: jnmeneses@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Saberes ilustrados para a terra do sol: O Manual do Agricultor Brasileiro e as propostas para a formação rural de uma nação escravista O Manual do agricultor brasileiro, editado pela primeira vez em 1839, nos informa sobre as propostas produtivas e de formação técnica para o mundo rural em uma nação nascente e escravista. Carlos Augusto Taunay, seu autor, visava a educação da elite escravista para a gestão da produção agrícola. O Manual, entretanto, problematiza mais que a educação técnica e gerencial, elegendo uma diversidade de problemas da sociedade escravista como objeto de reflexão. Taunay se apresenta como um ilustrado francês bem adaptado ao sol e à realidade dos trópicos. A presente comunicação visa interpretar suas preconizações técnicas e produtivas. Elas ditavam aos proprietários e seus filhos, cursos agronômicos em “fazendas-modelos”. É clara a visão de formação de um homem produtor de riqueza, apto à sociabilidade do império escravista e não apenas de um técnico ou prático em gestão de propriedade rural. Aos escravos o ensino deveria ser pautado na evangelização, na disciplina do trabalho e pelo trabalho e, essencialmente, no castigo corretivo. As prédicas educativas e econômicas evidenciadas no texto nos levam a pensar em uma aproximação entre o arcabouço de uma ilustração francesa e as concepções ilustradas luso-brasileiras que viam no Brasil uma clara vocação agrícola. Nome: Josiane Thethê Andrade E-mail: jothethe@hotmail.com Instituição: UNEB Título:Lugares de prosa: práticas de sociabilidade em um povoado rural As práticas de sociabilidade, bem como, as formas de diversão e lazer da população do povoado rural do Tabuleiro, localizado no município de Mutuípe, Estado da Bahia, entre os anos de 1960 a 1985, são objetos de analise deste trabalho de pesquisa histórica. Dentre os aspectos estudados se enfatiza, a festa da burrinha, os adjutórios e as vendas, estabelecimentos comerciais. Estas últimas se destacam por serem verdadeiros “observatórios populares” como as definiu o historiador Sidney Chaulhoub. Já os adjutórios organizados pelos moradores do povoado para ajudar na lida com a lavoura, constituíam um importante momento de solidariedade e diversão, no qual trabalho e lazer se confundiam. E por fim, a festa da burrinha, que aproximava as pessoas que “brincavam”, favorecendo o desenvolvimento de relações sociais. Na pesquisa foram usadas, sobretudo, narrativas orais que possibilitaram através das memórias dos moradores deste pequeno povoado rural observar e discutir tais práticas cotidianas. Nome: Kelly Murat Duarte E-mail: mduarte.12@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Co-autoria: Nivia Valença Barros E-mail: niviabarros@globo.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título:O disciplinamento dos corpos através do trabalho e a infância empobrecida Este trabalho tem como proposta realizar uma reflexão, a partir da Revolução Industrial, acerca do processo de construção de uma cultura de disciplinamento dos corpos voltado para o trabalho desde a infância. No Brasil, a presença de crianças em atividades laborativas desde o período escravocrata, e posteriormente nas indústrias, nos campos e no exercício de diversos outros ofícios, demonstra como o país concebeu a questão do trabalho infantil durante os séculos. Pensar as formas de controle das classes empobrecidas apresenta-se

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como instrumentos para este debate. Diante de tal discussão, pode-se perceber os rebatimentos na vida social de crianças e adolescentes envolvidas nesta dinâmica na contemporaneidade. Nome: Leonardo Affonso de Miranda Pereira E-mail: lamper@terra.com.br Instituição: PUC-Rio Título:A dança das identidades: Trabalhadores, associativismo e ritmos nacionais em Buenos Aires e no Rio de Janeiro (1874-1933) Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, os habitantes do Rio de Janeiro e de Buenos Aires testemunharam a proliferação de um grande número de pequenos clubes dançantes nos bairros pobres e nos subúrbios de cada uma das duas cidades. Embora constituídos por trabalhadores de diversas origens, tais sociedades dançantes foram por tempos ignoradas, tanto no Brasil quanto na Argentina, pela historiografia que se entregou à tarefa de analisar o processo de constituição da classe trabalhadora em cada um dos dois países. Ainda assim, tais clubes se transformaram na base de um processo que, a partir da década de 1930, definiria a especificidade cultural de cada país. Representada pelas diferenças que separariam o samba do tango, tal especificidade seriam capazes de marcar não só uma imagem diferenciada para a classe trabalhadora de cada localidade, mas também um perfil original para a própria cultura nacional de cada um dos dois países. Investigar o sentido de tal processo da perspectiva dos trabalhadores que compunham tais clubes é o objetivo desta apresentação. Nome: Lindercy Francisco Tomé de Souza Lins E-mail: lindercy@gmail.com Instituição: UERN Título: Um dia, muitas histórias: trajetória e concepções do Primeiro de Maio em Fortaleza - da Primeira República ao Estado Novo O Primeiro de Maio, cujas origens remontam às lutas por melhorias, nas condições de trabalho da classe trabalhadora do final do século XIX, se configurou ao longo do tempo, como o principal rito operário, tanto pelo caráter internacionalista, e pelo significado de sua comemoração. No decorrer da história, observa-se constante disputa em torno do mote político-ideológico do Primeiro de Maio, ora se constituindo como “dia do trabalho”, sob forma de homenagem prestada pelo Estado aos “colaboradores do progresso”, sobretudo durante o varguismo (1930-1945), ou como “dia do trabalhador”, ou seja, data destinada à reflexão dos trabalhadores sobre sua condição, cujo intuito era de se sociabilizar, ou lutar contra o capital, ao rememorar os Mártires de Chicago. Esta pesquisa teve como finalidade analisar a trajetória das comemorações de Primeiro de Maio em Fortaleza, durante o período que se inicia na Primeira República ao fim do Estado Novo. Dentre os objetivos, tentou-se apontar as principais apropriações e significados de que o rito operário se caracterizou ao longo do período, notadamente as disputas em torno de seus significados pelos trabalhadores, Estado e Igreja Católica. Nome: Lucas de Albuquerque Oliveira E-mail: ironxx_us@yahoo.com Instituição: UFMT Título:Os caminhos e descaminhos do trabalho nos engenhos de rapadura de bom sucesso- várzea grande – MT Atualmente os manufatureiros da rapadura da comunidade ribeirinha bonsucesso sustentam uma produção pequena, mas que abastece as feiras da várzea grande e da capital, Cuiabá. Os mais velhos mostram resistência na conservação da ruralidade, por meio do trabalho nas roças e através da conservação de espaços de trabalho (como o engenho e a fornalha), da educação e de sua religiosidade, enquanto seus filhos e netos preferem traçar rumos urbanos. Este trabalho se baseou num estudo de caso, e num acompanhamento das atividades em três domicílios familiares. A observação ocorreu durante dois anos, e teve como meta observar o trabalho no engenho e na fornalha, e a reprodução dos conhecimentos sobre o processo de trabalho e das relações familiares. A produção atual das comunidades das margens do rio Cuiabá ficou comprometida por causa das transformações sócio-ambientais que se sucederam. Os jovens da comunidade se vêem diante de novas possibilidades fora do campo. Conforme aderem ao trabalho formal; abandonam ambientes como o engenho, a fornalha e o canavial. Mesmo assim ainda é possível vê-los como ajudantes na produção de rapadura. A casa e a roça ainda organizam as relações sociais no âmbito do trabalho do grupo doméstico, conforme são divididas as tarefas. Nome: Luciana Pucu Wollmann do Amaral E-mail: luwollmann@yahoo.com.br Instituição: UERJ- FFP

Título:Quando o apito não tocou: experiência operária e identidade de classe em um bairro operário em declínio (Barreto - Niterói) O presente trabalho tem como objetivo analisar o impacto da crise e posterior falência da Cia. Fluminense de Tecidos - centenária fábrica localizada no bairro do Barreto na cidade de Niterói – RJ - em seus antigos trabalhadores. É nosso interesse perceber como a progressiva diminuição dos postos de trabalho – verificada a partir do final da década de 70, combinada à desestruturação do antigo bairro operário e a ausência de melhores oportunidades no presente, contribuíram para um reforço da identidade operária deste grupo de trabalhadores e corroboraram para um exercício de re-significação de sua própria trajetória de trabalho dedicado à Companhia. Mesmo diante das transformações verificadas no mundo do trabalho nas últimas décadas, acreditamos que tal processo não deve pormenorizar a centralidade a categoria trabalho exerce na re-elaboração das identidades sociais da classe-que-vive-do-trabalho em geral e deste grupo de trabalhadores em especial, não só por razões óbvias de sobrevivência, mas também em seu aspecto simbólico, cultural, identitário. Nome: Luigi Biondi E-mail: luigi.biondi@unifesp.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo Título:Cultura operária e identidade nacional no associacionismo italiano nas Américas O fenômeno imigratório dos italianos nas Américas, em particular na Argentina, Uruguay, Brasil e Estados Unidos, entre o fim do século XIX e as três primeira décadas do século XX, teve como uma de suas características a formação de diversos grupos associativos nacionais entre os trabalhadores urbanos imigrados. Neste trabalho apresentaremos, com objetivos comparativos, os embates e diálogos entre as identidades nacional, regional e de classe, no seu fazer-se, como elementos constituintes das associações de operários italianos nas principais áreas urbanas de imigração nas Américas. Nome: Manoel Dourado Bastos E-mail: manoeldb@uol.com.br Instituição: Unesp Título:Vai dar samba: homologias e mediações entre o mundo do trabalho e o samba Podemos dividir a historiografia sobre o samba em duas grandes vertentes: uma, interessada basicamente nas raízes étnicas do samba; outra, focada principalmente na expressão malandra de certa ética do trabalho à brasileira. Ainda, os componentes cancionais do samba tendem a ser compreendidos ou desde fora (cultural ou socialmente) ou separando aspectos literários e aspectos musicais. Isto posto, não parece despropositado perceber uma homologia destas cisões com dificuldades encontradas nos estudos do mundo do trabalho no Brasil. O cerne está na dificuldade em encontrar as mediações de mundo do trabalho e questão racial. Este imbróglio vem sendo enfrentado de maneira cada vez mais eficaz pela historiografia afeita ao tema. Somando a este enfrentamento, sugerimos que um estudo do samba, como expressão privilegiada do problema da cisão entre raça e trabalho, pode comparecer aí como instância crítica. Para tanto, ancorado na noção de mediação, pretende-se apresentar alguns sambas em seus aspectos cancionais como sedimentação de dinâmicas históricas do mundo do trabalho no Brasil, do qual ele faz parte. Este recurso permite ainda reconhecer a identidade entre os aspectos raciais e de classe, enfeixada na fatura cancional destes sambas escolhidos para análise. Nome: Márcia de Melo Martins Kuyumjiam E-mail: marciak@unb.br Instituição: Universidade de Brasília Co-autoria: Maria Thereza Ferraz Negrão de Mello E-mail: therezanegrao@gmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título:Realidade urbana e discurso: A História e o trabalho em terreno movediço A proposta constitui um esforço de reflexão que articula discursos que afloram das interações entre frações do real, modos como o pesquisador torna legíveis os sentidos construídos sobre o mundo do trabalho e reativações de práticas historicamente construídas e reelaboradas no cenário da cidade moderna. A ambiência observada alude a pesquisa realizada com trabalhadores informais na cidade de Brasília, no viés da história cultural. A informalidade é vislumbrada como uma produção de efeito que produz também efeitos a partir das práticas e representações que engendra. São priorizados como categorias de análises a cidade como fenômeno sócio-histórico cultural, o mundo do trabalho e nele o trabalho informal, observados em perspectiva histórica.

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31 Nome: Marco Marques Pestana de Aguiar Guedes E-mail: marcompag@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título:O associativismo cultural dos trabalhadores cariocas das duas primeiras décadas do século XX: cultura, cidade e trabalho Este trabalho tem como objetivo analisar o movimento de associativismo cultural levado a cabo pelos trabalhadores cariocas nas duas primeiras décadas do século XX, entendendo-o como parte de um processo mais geral de formação da classe trabalhadora da cidade. Dessa forma, busca-se compreender a contribuição específica desse aspecto da experiência da classe – enquanto elemento capaz de concorrer para a construção e afirmação de uma consciência de classe, através das vivências comuns, da percepção de afinidades e da elaboração de costumes e valores partilhados –, sem, evidentemente, perder de vista a necessidade de relacioná-lo com os demais níveis relevantes para uma compreensão holística do processo em questão. Nesse sentido, são exploradas as relações entre as distintas associações culturais mantidas por trabalhadores (teatrais, carnavalescas, etc) e outros elementos importantes em seu cotidiano, como a geografia da cidade (em especial as áreas de concentração de suas moradias) e os diversos tipos de trabalhos a que se dedicavam. Tal abordagem nos permite perceber como um arcabouço cultural comum elaborado pela classe encontrou formas diversas de manifestação, variando de acordo com sua interação com os demais aspectos da experiência cotidiana dos trabalhadores. Nome: Mariana Mastrángelo E-mail: mariana_mastrangelo@hotmail.com Instituição: Universidad de Buenos Aires Título: Orality and radical culture inside of the Argentine in the decade of 1930 and 1940 This paper looks at the existence of a radical culture in Argentina, outside the main urban centres. Especially we study two cities: San Francisco and Río Cuarto in Córdoba province, in the decades of 1930 and 1940. The use of Oral History helps us discover a rich world unkown to us. Analyzing a series of interviews to workers, intelectuals and political militants, we found a new conception of politics, culture, and militancy. Most of interviewees tend to explain their politization as natural derivation of their life experience rather than as what we perceive as a traditional process of politicization. Nome: Murilo Leal Pereira Neto E-mail: mlealpereira@terra.com.br Instituição: Faccamp (Faculdade Campo Limpo Paulista) Título:História da classe trabalhadora, marxismo e nova história cultural Este trabalho propõe-se a discutir os novos temas, conceitos e problemas suscitados pela influência da nova história cultural na historiografia brasileira do mundo do trabalho. A temática da classe trabalhadora e do movimento operário foi objeto de estudos de historiadores militantes “amadores” desde os anos 1960 e de historiadores acadêmicos desde os anos 1970. Em ambos os casos, a produção foi influenciada pelo marxismo, ou pelos marxismos, de diferentes vertentes. Construiu-se, assim, um campo de pesquisa, com sua problemática, seus temas e conceitos. A “virada” para os estudos culturais que as ciências humanas e a História sofreram desde o final dos anos 1960 repercutiu nos estudos sobre classe trabalhadora e movimento operário. A problemática das “culturas de classe” não apenas ampliou a visão a respeito do assunto, mas transformou o modelo interpretativo e a idéia que temos sobre o que seja “classe trabalhadora”. Assim, trataremos de mapear, ainda provisoriamente, algumas das questões teóricas e dos desenvolvimentos práticos da pesquisa historiográfica sobre os mundos do trabalho no Brasil, promovidos pela influência da nova história cultural, focalizando especificamente as mudanças no paradigma marxista. Nome: Patrícia Gomes Furlanetto E-mail: patriciafurlanetto@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título:As Sociedades italianas de Socorro Mútuo entre o movimento grevista e a identidade nacional Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre as associações mutualistas e de que como elas se situam dentro do processo de desenvolvimento de núcleos urbanos no interior do estado de São Paulo, formados no decorrer da economia cafeeira. Visto como um conjunto de estratégias diante de tantas contingências, o assistencialismo correspondia a meios práticos de provisionar a própria existência de uma população fronteiriça, que é a imigrante. Em especial, os imigrantes italianos desenvolveram diversas ações em favor da edificação de um sentimento de italianidade, lançando mão de vários mecanismos de sobrevivência no interior da sociedade de adoção. Desse modo, a construção da identidade nacional italiana e a inserção na sociedade de adoção dotada de status sócio-econômico, se tornaram um horizonte, e num contexto vin-

cado de contradições acaloradas em torno da representatividade identitária, construiu-se, também, a própria relação de classes sociais – ao mesmo tempo em que os associados das mutuais se envolviam em questões de classe, buscavase preservar a identidade étnica, alimentando um diálogo constante entre a questão da identidade e o conflito de classe. Nome: Paulo Renato da Silva E-mail: pauloparesi@yahoo.com.br Instituição: UFT/UNICAMP Título:Nem tão fanáticos: discurso peronista, desvio e excesso (19461955) O fanatismo era considerado por Evita uma “força espiritual” do peronismo. No entanto, analisando-se o próprio discurso peronista e representações dos setores populares na literatura argentina do período, encontramos um quadro que destoa da “defesa entusiasta e fervorosa da doutrina peronista”, como Eva Perón definia o fanatismo. Parece ter existido um desnível entre o discurso peronista e as práticas de sua base social, o que encontramos tanto em escritores antiperonistas como Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares como em escritores aliados e simpatizantes do governo como Luis Horacio Velázquez e Joaquín Gómez Bas. Esse desnível nos leva a repensar a adesão dos setores populares ao governo de Perón. Nome: Paulo Roberto Ribeiro Fontes E-mail: pfontes@fgv.br Instituição: CPDOC/Fundação Getúlio Vargas Título:Associativismo popular e clubes de futebol amador em São Paulo (1945-1964) Entre os anos 1940 e 1970, São Paulo foi palco de uma extraordinária expansão urbana e industrial, que implicou em profundas transformações na geografia social e política da cidade. Os trabalhadores expressaram e confrontaram os desafios desta era por meio de uma série de estratégias. Suas redes sociais foram fundamentais não apenas para o processo de migração, vivido por muitos, mas também para o enfrentamento das dificuldades da vida urbana e dos dilemas do mundo do trabalho. Tais redes também estavam na base de uma ‘onda associativa’ e de parte da ação política experimentada pelas classes populares naqueles anos. Nesta comunicação analiso os clubes de futebol amador nos bairros de trabalhadores da cidade entre os anos 1945 e 64. Disseminados em São Paulo, estes clubes são fascinantes exemplos das conexões entre a cultura popular e política na vida cotidiana das classes populares. Para além de espaços de lazer e recreação popular, tais clubes eram freqüentemente associados às forças políticas locais, empresas e outras instituições, como sindicatos. Com regularidade, também tiveram um relevante papel na criação e apoio a associações de moradores e outros movimentos sociais e são elementos importantes para a compreensão das dinâmicas do associativismo popular daquele momento. Nome: Rosana Costa Gomes E-mail: zanacgomes@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título:A vida no vai-e-vem das águas: mulheres marisqueiras de Salinas da Margarida, trabalho, cultura e meio ambiente (1960-1990) Esta pesquisa se refere ao cotidiano das marisqueiras de Salinas da Margarida, município localizado no Recôncavo Sul da Bahia, situado na Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu, na Baia de Todos os Santos. A mariscagem feita por estas mulheres é uma prática que consiste no processo de catar pequenas conchas nas areias das praias, das quais são retirados os mariscos, conhecidos no local como chumbinho ou sarnabitinga. Esta atividade envolve relações de trabalho em grupo, que perpetua uma tradição marcada por aspectos próprios, referenciando a luta pela sobrevivência das marisqueiras e suas famílias. É no espaço das areias das praias embebidas pelas lamas dos manguezais, que elas se lançam vivificando uma tradição que lhes foi passada por gerações de outrora. Mesmo com o avanço tecnológico no campo da ciência moderna, e diante da evolução urbana pela qual Salinas da Margarida tem atingido no contexto da globalização, a arte de mariscar, não perdeu importância na vida dessas mulheres que se engajam com vigor na sedenta peleja em prol da sustentação de suas vidas. Nome: Sibeli Cardoso Borba Machado E-mail: sibeborba@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título:Entre consonâncias, dissonâncias e possibilidades: espaços de educação e as políticas patrimoniais no município de Maracajá-SC Maracajá é um município que se destaca por suas propostas de Educação Patrimonial. Desde 1990, com a inauguração do Parque Ecológico, vêm se intensificando propostas que buscam valorizar, fortalecer e/ou consolidar uma identidade cultural (comum) no município. Em 2004, cria-se o Centro Histó-

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rico Cultural e, com ele, o Museu do Trabalho que assume o papel de preservar as memórias coletivas; atua como dinamizador da cultura local e entrelaça e (re)significa os novos ‘velhos espaços’ públicos. Em se tratando de políticas educativas, no ano de 2006, insere-se na grade curricular municipal a disciplina de Educação Patrimonial e Ambiental, o que revela à preocupação dos gestores em despertar nos indivíduos a identificação e o gosto pelo patrimônio. De um lado, acentuam-se as propostas de fortalecimento de uma identidade cultural que será ‘consagrada’ e salvaguardada no museu para outras gerações e, de outro, procura-se disseminar uma identidade cultural construída com múltiplas memórias, entendidas como plural e mais democrática, que deve ser apropriada pela coletividade em detrimento das memórias de alguns segmentos que eram prioritariamente considerados. Deste modo, pretende-se discutir como a patrimonialização é sentida pela população e como ela é pensada por seus representantes. Nome: Valéria de Jesus Leite E-mail: lela.leite@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título:Modos de vida de trabalhadores têxteis em Montes Claros/MG. (1975/2008) O termo cultura, como se sabe, envolve muitas polêmicas. Aqui propomos discutir culturas, no plural. Assim, trabalhando com culturas e buscando compreendê-la enquanto modos de viver e produzir sentidos procuramos neste trabalho tratar de aspectos relativos às vivências de trabalhadores têxteis na cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerais. Na tentativa de trazer à tona as trajetórias e memórias desses trabalhadores, nosso enfoque recai sobre como estes, oriundos ou não do meio rural, lidam com os problemas referentes à moradia, à educação, ao lazer e quais significados dão a essas conquistas; que dimensão as questões religiosas têm em sua vida, qual seu envolvimento com os problemas de seu bairro, como se relacionam no trabalho e qual importância este adquire em sua vida. Com isso, tais questões e, a maneira como são tratadas fazem parte das várias dimensões da vida, aqui tomadas como culturas. Nome: Vinicius Possebon Anaissi E-mail: vinicius.possebon@gmail.com Instituição: UFSC Título:Vivenciando uma Cidade em Transformação: Cotidiano de classes populares no centro de Florianópolis (1889-1920) Nas duas primeiras décadas do século XX, Florianópolis vivenciou transformações especificas tanto nas relações sociais quanto no espaço urbano. A análise da legislação municipal dos primeiros decênios das administrações republicanas aponta para um lento e gradual processo de exclusão sócio-espacial do centro da cidade. Esta se caracterizou pela proibição e taxação de hábitos tradicionais de trabalho e moradia das classes populares, e simultâneo “relaxamento” destas normativas nas localidades mais afastadas. Nosso objetivo é, através da analise dos processos criminais do referido período, apontar as maneiras com que as classes populares interagiram com traços dos mecanismos de controle e exclusão que se engendravam sobre seu cotidiano. É certo que esses dispositivos não foram percebidos de forma homogênea dentre o heterogêneo grupo que estamos tratando por “classes populares”. Dentre os processos analisados figuram principalmente trabalhadores ligados a atividades típicas dos centros urbanos, sejam estes: marítimos, carregadores, funcionários do comércio e prostitutas. Em relação a este grupo, buscou-se perceber traços de sua interação com: a regulamentação de categorias de trabalho “informal” e da legislação municipal como mediadora do acesso a direitos e serviços no espaço urbano Nome: William Mello E-mail: wmello58@gmail.com Instituição: UECE Título:Integralismo e a Legião Cearense de Trabalho - Identidade e Classe em Fortaleza (1932-1945) O surgimento de organizações conservadoras da classe operária ao longo do tempo constitui um aspecto importante de como noções relativas a identidade de classe e formação de classe espelham aspectos particulares do desenvolvimento social, econômico e político da sociedade. A história do Ceará, e da cidade de Fortaleza em particular, oferece uma experiência rica e variada de organização classista com orientações políticas conservadoras, tais como a Legião Cearense de Trabalho e os Círculos Operários. Igualmente importante e axiomática para o surgimento destas organizações foi o apoio da classe operária ao Integralismo e à Ação Integralista Brasileira (AIB). Esta linha de pesquisa contrabalança tanto o trabalho predominante na história social que prioriza as respostas políticas da classe operária de esquerda e socialista bem como a tradição histórica que considera o Integralismo primordialmente como uma organização de classe média.

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32 32. HistĂłria do esporte e das prĂĄticas corporais Victor Andrade de Melo - PPGHC/UFRJ (victor.a.melo@uol.com.br) Luiz Carlos Ribeiro – UFPA (ribeiro@ufpr.br) Dando seqßência aos encontros realizados desde o SimpĂłsio Nacional de HistĂłria/ANPUH/2003 (JoĂŁo Pessoa), o objetivo desse SimpĂłsio TemĂĄtico ĂŠ promover a troca de idĂŠias e experiĂŞncias de pesquisa HQWUH KLVWRULDGRUHV TXH WrP R HVSRUWH H DV GLIHUHQWHV SUiWLFDV FRUSRUDLV LQVWLWXFLRQDOL]DGDV HGXFDomR ItVLFD dança, ginĂĄstica, capoeira, entre outras) como objetos de investigação. A partir de uma perspectiva multidisciplinar, essa proposta busca na interface disciplinar contribuir para a consolidação de um campo de pesquisas relacionado a tais prĂĄticas sociais. Nesse sentido, pretendemos aproveitar este SimpĂłsio tanto SDUD ID]HU XPD DYDOLDomR GR SHUFXUVR KLVWyULFR GD KLVWyULD GR HVSRUWH QR %UDVLO RUJDQL]DQGR D PHVD +LVWyULD GD +LVWyULD GR (VSRUWH QR %UDVLO $YDOLDQGR 7UDMHWyULDV TXDQWR SDUD PHOKRU RUJDQL]DU Do}HV IXWXUDV GRV SHVTXLVDGRUHV HQYROYLGRV FRP D VXEGLVFLSOLQD RUJDQL]DQGR XPD VHVVmR HVSHFtĂ€FD SDUD WDO GHEDWH 7DPEpP HVWmR HQYROYLGRV FRP D SURSRVLomR GHVVH 6LPSyVLR 3URI 'U /XL] &DUORV 5LEHLUR 8)3U QD FRQGLomR de sub-coordenador), Profa. Dra. AndrĂŠa Moreno (UFMG), Profa. Dra. Maria Cristina Rosa (UFOP, tambĂŠm FRRUGHQDGRUD GR *UXSR GH 7UDEDOKR ´0HPyULD GR (VSRUWH H GD (GXFDomR )tVLFDÂľ GR &ROpJLR %UDVLOHLUR GH CiĂŞncias do Esporte) e o Prof. Dr. AndrĂŠ Capraro/UFPr).

Resumos das comunicaçþes Nome: Adilson JosĂŠ de Almeida E-mail: adilsonj@usp.br Instituição: Museu Paulista da USP TĂ­tulo: HistĂłria do Corpo e Formação do Estado: soldados do ExĂŠrcito brasileiro no sĂŠculo XIX O estudo das formas de mobilização do corpo do soldado do ExĂŠrcito brasileiro durante a segunda metade do sĂŠculo XIX indica que, a despeito da idĂŠia sobre a desorganização e ineficiĂŞncia das instituiçþes militares sustentada por boa parte da historiografia sobre o tema, vigia um padrĂŁo corporal na apropriação da força fĂ­sica dos homens para fins bĂŠlicos, que desde a ColĂ´nia era definido nĂŁo pelo ExĂŠrcito, mas fora dele, na relação paternalista dos senhores com escravos e dependentes. Portanto, se deve dizer que um padrĂŁo corporal originado numa sociedade escravista e patrimonialista se impunha aos comandos militares e determinava o modo de atuação do ExĂŠrcito. Por outro lado, a implantação da atividade de educação fisica, de prĂĄticas desportivas e o fim do recrutamento forçado e dos castigos fĂ­sicos como principal meio de disciplina significam a mudança da forma de apropriação da força fĂ­sica dos homens segundo uma racionalidade burocrĂĄtica contraposta Ă quelas relaçþes mais diretas dos senhores com os estratos que lhes eram subordinados. Assim, desenvolvendo a questĂŁo da formação e preparação de tropas militares, a histĂłria do corpo militar pode contribuir para a anĂĄlise das transformaçþes histĂłricas da organização e atuação do ExĂŠrcito e de sua importância na formação do estado. Nome: Aline AmoĂŞdo CorrĂŞa E-mail: aliamoedo@yahoo.com.br Instituição: UERJ TĂ­tulo: “A construção da modernidade e o controle do nĂŁo-trabalho na sociedade brasileira: uma analise do Serviço Social do Comercio (SESC)â€? Nossa proposta “A construção da modernidade e o controle do nĂŁo-trabalho na sociedade brasileira: uma analise Serviço Social do Comercio (SESC)â€? traz em sua gĂŞnese a HistĂłria Social, pensando como podem ser variadas as possibilidades de entendimento acerca da investigação histĂłrica no que diz respeito a classe operĂĄria, Estado e empresariado na construção da modernidade no Rio de Janeiro na dĂŠcada de 40.Com o objetivo de pensar sobre as instituiçþes pĂşblicas e privadas, no contexto dos movimentos sociais, em suas formas de organização, resistĂŞncias e contradiçþes, ĂŠ que decidimos investigar a criação e o funcionamento do Serviço Social do ComĂŠrcio (SESC), fundado em 1946 durante o governo Dutra - instituição privada de serviço social, mantida por empresĂĄrios do Setor TerciĂĄrio . Pensando ainda nas vĂĄrias dimensĂľes teĂłricas que estes movimentos podem nos trazer, ĂŠ que decidimos direcionar nossa anĂĄlise para o estudo do lazer dos trabalhadores e de suas famĂ­lias dentro de tal instituição, sobretudo com a perspectiva de perceber suas construçþes e apropriaçþes neste contexto. Nome: Aline Lima BrandĂŁo E-mail: brandao.aline@globo.com

Instituição: FGV / CPDOC TĂ­tulo: O Club Med e a criação do conceito de resort Mais do que um empreendimento hoteleiro de alto padrĂŁo, o resort se caracteriza como destino turĂ­stico no qual o hĂłspede encontra, em um Ăşnico lugar, contato com a natureza, lazer, conforto, alimentação e entretenimento. A partir do caso Club MĂŠditerranĂŠe (Club Med), pioneiro na criação do conceito de resort, o objetivo desta proposta de comunicação ĂŠ analisar historicamente o fenĂ´meno dos hotĂŠis de lazer, recuperando a criação do conceito do “all inclusiveâ€?. Nesse sentido, pretende-se entender as condiçþes de possibilidade da emergĂŞncia destes hotĂŠis como espaços lĂşdicos altamente cobiçados mundo afora e discutir, em diĂĄlogo as teorias da modernidade, o lugar ocupado hoje pelo lazer. Nome: Alvaro Vicente Graça Truppel Pereira do Cabo E-mail: alvarodocabo@yahoo.com.br Instituição: UERJ TĂ­tulo: Uruguai/1930 - O pontapĂŠ inicial do espetĂĄculo O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a realização da primeira Copa do Mundo de Futebol realizada no Uruguai a partir do discurso da imprensa local. Utilizando fontes escritas coletadas na Biblioteca Nacional de MontevidĂŠu dos jornais: La Tribuna Popular, El Dia, El Plata, La MaĂąana e El PaĂ­s, pretende-se observar o discurso emitido pela imprensa uruguaia sobre a organização do evento, a participação da torcida local, e as principais partidas do torneio. Ademais, a cobertura jornalĂ­stica uruguaia da primeira final em uma Copa do Mundo de futebol disputada entre dois paĂ­ses sul-americanos rivais, Uruguai e Argentina, ĂŠ um dos pontos de destaque na pesquisa que estĂĄ sendo elaborada dentro do Mestrado em Comunicação Social PPGCOM-UERJ, dando continuidade tambĂŠm aos trabalhos realizados junto ao LaboratĂłrio do Sport IFCS/UFRJ. Assim sendo, investigar a primeira Copa do Mundo a partir do olhar da imprensa uruguaia ĂŠ uma forma de contribuir para a construção da memĂłria desse grande acontecimento que transformou-se ao longo do sĂŠculo XX em um dos maiores espetĂĄculos globais. Nome: Ana Carrilho Romero Grunennvaldt E-mail: anagrunennvaldt@uol.com.br Instituição: UFMT TĂ­tulo: A Educação FĂ­sica em Sergipe: uma proposta afinada com as novas iniciativas educativas (1931-1947) O trabalho buscou compreender como se configurou o processo de institucionalização da disciplina educação fĂ­sica na rede escolar sergipana no perĂ­odo de 1931-1947, realizando um levantamento de fontes e organizando um quadro interpretativo para as fontes jĂĄ coletadas acerca da temĂĄtica, procurou estabelecer relaçþes entre o projeto educacional da ĂŠpoca com a concepção de educação fĂ­sica que estava se instituindo. O estudo constatou que o perĂ­odo ĂŠ marcado pela presença expressiva do Estado sobre a sociedade, na educação ocorram reformulaçþes justificadas pelo processo de modernização dos serviços

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públicos e alinhadas com o ideário da Escola Nova. Neste sentido, a educação física por certo foi beneficiada, fomentando uma ambiência favorável às disseminações das práticas corporais em Sergipe. Os dispositivos regulamentares e a intervenção estatal promoveram e agregaram fundamentos e valores, definiu uma perspectiva metodológica que amparou a formação de professores, a conformação do campo profissional, a apropriação de um espaço físico e a atuação pedagógica a ser adotada nas aulas de educação física. Nome: André Maia Schetino E-mail: andreschetino@pop.com.br Instituição: Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix Título: Apontamentos sobre esporte e tecnologia na industrialização brasileira (1930-61) Surgido na Inglaterra no contexto da Revolução Industrial e do advento do capitalismo, o esporte moderno dialoga com o campo da tecnologia, especialmente através do surgimento e evolução dos materiais e espaços esportivos. No Brasil o esporte chega como novidade, prática cultural símbolo da modernidade e do progresso, importada junto com todos os aparatos dos países desenvolvidos. Se tal construção se dá desde meados do século XIX, o diálogo com a tecnologia em solo brasileiro é mais fértil em um período posterior, no qual o país experimenta maiores avanços na área de tecnologia e no processo de industrialização. O objetivo deste trabalho é investigar as relações entre esporte e tecnologia no contexto da industrialização brasileira, mais especificamente o período entre 1930 e 1961. Utilizamos para isso alguns apontamentos de nossa pesquisa – ainda em fase inicial –, advindos especialmente dos governos de Getúlio Vargas (1930-1945) e Juscelino Kubitschek (1956-1961). A partir de fontes como a Revista Fon-Fon e o Jornal dos Sports, percebemos que o constante discurso sobre a modernidade e a tecnologia nesse período de nossa industrialização tem no campo esportivo um interlocutor privilegiado. Nome: André Mendes Capraro E-mail: andrecapraro@onda.com.br Instituição: UFPR Título: O Enredo da Vitória: Copa do Mundo e Identidade Nacional (1958-1970) Final da década de 1950. O futebol já se encontrava devidamente inscrito como elemento central da cultura brasileira, assumindo um papel de agente afirmador da identidade nacional. Não se questiona mais, agora, sobre o caráter civilizador ou descivilizador das práticas físicas, assim, a temática esporte como lugar comum da afirmação nacional elege novos problemas, como a questão racial e a profissionalização dos atletas e da imprensa esportiva. Era um momento não só de forte intervenção do Estado e de um aparato intelectual legitimando um ideário de brasilidade, como também de consolidação do futebol como um esporte de massa, cuja maior expressão encontrou-se na “trágica” derrota na Copa de 1950 e o desfecho (provisório que seja) nas vitórias nos Mundiais de 1958 e 62, contando com um “prólogo” a partir dos Mundiais de 1966 e de 1970. Mas como a crônica esportiva, a partir de um grupo específico, apresentaria uma determinada concepção de identidade nacional? Nome: Antonio Jorge Gonçalves Soares E-mail: ajsoares@globo.com Instituição: UFRJ Título: Raça, racismos e preconceito na literatura do futebol brasileiro O debate instalado na produção histórica e sociológica sobre a relação raça, racismo e futebol foi aquecida no final do Séc. XX. O estudo revisita a produção acadêmica das diferentes disciplinas que, a partir nos anos de 1990, construíram diferentes interpretações sobre a popularização do futebol no Brasil. Um consenso na literatura é que o futebol foi introduzido no Brasil pelas elites e estas tinham nesse esporte, em conjunto com outros produtos culturais, mais uma das formas de apropriação dos valores modernos. Outro consenso é que esse esporte foi rapidamente apropriado pelas camadas populares e esse fato produziu tensões inter-étnicas, preconceito de cor e classe e, até mesmo, segregação racial. Se acordo parece prevalecer em relação a esses dois processos interdependentes, o dissenso se localiza no peso dado aos processos de apropriação, integração e resistência produzido no espaço público e privado do futebol nas primeiras décadas do Séc. XX pelas camadas populares, especialmente, os afrodescentes. O objeto de nossa análise são os entraves teóricos e metodológicos presente na recente produção sobre o futebol brasileiro que toma as categorias da raça, do racismo e do preconceito como centrais em suas interpretações. Nome: Carlos Leonardo Bahiense da Silva E-mail: cllbahiense@bol.com.br Instituição: FIOCRUZ Título: A fabricação do soldado: a educação física militar no contexto da

Guerra do Paraguai (1864-1870) Com a materialização da Guerra do Paraguai, os médicos do serviço de saúde do exército refletiram mais detidamente sobre o corpo do soldado. A idéia era produzir um combatente ideal, que resistisse às vicissitudes das frentes de batalha. Tal questão era cara ao facultativo Eduardo Augusto Pereira de Abreu. Participante da conflagração, através de sua obra “Estudos hygienicos sobre a educação physica, intellectual e moral do soldado - escolha do pessoal para a boa organização do nosso exército”, Eduardo de Abreu entendia que o bom militar deveria se basear na doutrina cristã, visto que a religião lhe daria o equilíbrio emocional necessário para tolerar as dificuldades do front. E não apenas isso. Na concepção do esculápio, o soldado ideal deveria ter como modelo o guerreiro antigo, anteparado no binômio determinação e treinamento. Não por outra razão Eduardo de Abreu sustentava a prática de esportes entre os militares, por exemplo: esgrima; natação e equitação. Nome: Cláudia Maria de Farias E-mail: cdfarias@ig.com.br Instituição: UFF Título: Trajetórias, narrativas e memórias de mulheres esportistas O trabalho reafirma a importância dos estudos de gênero para a compreensão dos processos históricos contemporâneos através dos quais se deu a inserção, permanência e ampliação da participação das mulheres no campo esportivo brasileiro, entre os anos de 1960 e 70. Através das narrativas orais de duas atletas – Eliane Pereira de Souza e Aída dos Santos –, são examinadas as múltiplas intersecções do gênero com outros componentes de diferenciação social, como classe, raça/etnia e geração, fundamentais para a reconstrução das experiências que marcaram os projetos, as carreiras, trajetórias e memórias dessas mulheres durante a vigência da ditadura militar brasileira. Nome: Cleber Augusto Gonçalve Dias E-mail: cag.dias@bol.com.br Instituição: UFRJ Título: Sobre Modernidade, Lazer e Natureza: Primeiras notas para a História da formação de um costume (1808-1889) O objetivo deste trabalho é apresentar as linhas gerais pela qual pretendemos conduzir a realização de uma pesquisa sobre a história do lazer na natureza no Brasil. A idéia, atualmente em curso como tese de doutoramento, pretende, mais precisamente, investigar as origens e o desenvolvimento histórico desse tipo de hábito de lazer em particular. Em outras palavras, pretende-se identificar-lhes sua gênese, seus impulsos primordiais e sua estrutura de desenvolvimento. Nesse sentido, estamos considerando que o contexto mais geral de modernização permitiu a criação de uma sensibilidade e de uma disposição moral para apreciar e estar em contato com a natureza, onde o espectro do tempo livre teria sido um dos veículos privilegiados para a efetivação desses ideais. Nome: Cleber Cristiano Prodanov E-mail: prodanov@feevale.br Instituição: FEEVALE Título: O futebol no Rio Grande do Sul e sua identidade: Dos portos e fronteiras para as regiões coloniais Este artigo analisa a formação das equipes de futebol no Rio Grande do Sul, um dos estados pioneiros nessa prática esportiva e líder na criação de clubes exclusivamente de futebol. Pretende, também, estudar o movimento de entrada dessa prática esportiva, notadamente marcada pelo contato de fronteira com os países platinos, além das regiões portuárias, em um movimento de expansão para as regiões coloniais, especialmente de origem alemã, na formação de clubes de futebol. Procura analisar, ainda, as origens desses clubes e sua forma identitária tipicamente gaúcha de jogar futebol, bem como sua organização e forma de gestão. Nome: Coriolano Pereira da Rocha Junior E-mail: coriolanojunior@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: Vida Sportiva: A Presença do Esporte em Salvador e no Rio de Janeiro nas décadas iniciais do Século XX – Uma História Comparada Este texto aborda os primórdios do esporte em Salvador (SSA) e no Rio de Janeiro (RJ) e a relação deste com o projeto de modernização destas cidades no início do século XX. Estas ações se deram sob influência européia e buscaram reordenar o espaço urbano e o modo de vida dos cidadãos, tendo as mudanças se dado em tempos diversos e não lineares, sendo em SSA posterior ao RJ. Junto a isso o esporte surge como uma expressão da modernidade e se fixa a partir das realidades culturais de cada cidade e também como a modernização, entra na sociedade pelas camadas da elite. A relação entre modernização e esporte nos dá a chance de compreender os fundamentos históricos destes

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32 tempos nestas cidades, permitindo-nos compará-las para buscar o que as entrelaça ou distancia. Em SSA e no RJ o esporte surge com “modos” europeus, o que se vê nos nomes de clubes e nos esportes praticados e com o tempo ganha o envolvimento popular e das mulheres, popularizando a idéia de participação nas práticas e no espetáculo, a contragosto das elites. As diferenças são as condições políticas e econômicas das cidades, já que SSA ao contrário do RJ vivia uma decadência e assim o período de efetivação de um projeto de modernização e de um campo esportivo específico se dá após o que ocorreu no Rio de Janeiro. Nome: Edson Segamarchi dos Santos E-mail: edsega1@ig.com.br Instituição: PUC/SP Título: Jogos Escolares do município de Sorocaba: história das primeiras edições Este estudo tem por objetivo recuperar, uma das possíveis histórias das primeiras competições escolares ocorridas no município de Sorocaba, os Jogos Escolares. Retratamos o período histórico referente ao início dessas competições, que foi a partir dos anos 1940. Para produzir a pesquisa, recorremos a fontes documentais, escritas e, principalmente, orais. Encontramos nos depoimentos informações, que permitiram identificar os personagens, e os fatores que determinaram o início desse processo, tendo em vista que as competições escolares estão presentes até os dias atuais. Também realizamos um diálogo, com alguns dos principais autores da produção historiográfica dos anos 1980 e 1990, da Educação Física brasileira. Através das informações colhidas nas fontes, procuramos questionar as teses apresentadas por alguns deles. Encontramos no decorrer da pesquisa consistentes informações que nos permitiram concluir que as demandas sociais locais e a iniciativa de pessoas simpatizantes das atividades esportivas, naquele período, determinaram o surgimento, realização, bem como a continuidade dessas competições colegiais em Sorocaba. Nome: Enny Vieira Moraes E-mail: ennymoraes@hotmail.com Instituição: UESB Título: Mulher e futebol no Brasil: esses diferentes corpos e a subversão da feminilidade O presente trabalho discute a invisibilidade da mulher no futebol feminino no Brasil, atribuindo este fato ao preconceito social imposto a elas – esses diferentes corpos, que, essencialmente, subvertem padrões de feminilidade impregnados em nossa cultura. A importância deste estudo está em questionar as formas desiguais como são tratadas essas atletas até os dias de hoje, muito embora as conquistas e o reconhecimento – inclusive internacional – já tenham ocorrido. Concordando com LOURO (2005), abordamos essa discussão a partir do enfoque que esta autora apresenta e considera como ex-cêntrico - algo que foge do centro, da normalidade - e, nesse caso, observamos esses diferentes corpos diante de uma suposta “masculinidade”, em sentido contrário ao que se convencionou como integrante e característico da natureza feminina - fragilidade e docilidade. É sabido que outros tipos de corpos e comportamentos femininos sempre estiveram presentes historicamente em nossa sociedade, e mesmo no esporte, mas a desvalorização e formas de exclusão social acompanharam as histórias dessas mulheres, especialmente por não traduzirem corporalmente um modelo “adequado” de mulher, o que nos sugere elementos para repensar a construção de outras relações sociais em nosso cotidiano. Nome: Euclides de Freitas Couto E-mail: efcouto@terra.com.br Instituição: UNA Título: Contestação, rebeldia e crítica social: futebol e política na obra de Henfil Este trabalho investiga as manifestações políticas presentes nas charges e cartuns publicadas por Henfil, durante as décadas de 1960/70. O eixo principal enfoca as formas de exteriorização da rebeldia, da contestação política e do inconformismo presentes no discurso visual construído pelo autor. As charges, as caricaturas e os cartuns constituem-se como importantes elementos na história da cultura jornalística brasileira. No período da ditadura militar, a efervescência cultural observada em vários segmentos da sociedade, tinha como principais motivadores a busca pela liberdade de expressão e o protesto contra o autoritarismo e as ideologias presentes no regime militar. Os jornalistas não se mostraram isentos a este processo. Tomando o universo futebolístico como pano de fundo, Henfil se utilizou de personagens reais e fictícios para expressar suas opiniões políticas. Por meio da construção de sátiras e narrativas, os acontecimentos políticos assim como as críticas sociais, ganhavam dramatizações representadas no universo do futebol. Analisamos as amostras da sua obra presentes no Jornal dos Sports, Jornal Opinião, no jornal O Pasquim e ainda,

na revista Placar. Nome: Felipe Eduardo Feirreira Marta E-mail: fefmarta@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: As filhas de Marte adotadas por Salus e Victória: da necessidade ao sentido moderno Atualmente as artes marciais são partes da cultura corporal da brasileira. Em outras palavras, qualquer pessoa, pode facilmente ter acesso a essas práticas corporais originadas nos países do extremo oriente. Como um elemento de uma cultura tão diferente pôde se estabelecer no Brasil? A esse respeito observou-se que a introdução das artes marciais em muito deve a imigração dos povos de origem oriental iniciado no século XX. Porém questionou-se se o sucesso da disseminação das artes marciais no Brasil teria relação com questões relativas à sua situação no momento pré-vinda, algo que muitas vezes costuma passar despercebido. Falamos de um processo de modernização, que teria agido no sentido de tornar a prática menos estranha aos brasileiros. A esse respeito baseados em pesquisa bibliográfica e documental, verificou-se que essa modernização se expressou na adoção em seus países de origem, de padrões europeus de trabalho corporal, destacando-se o esporte, entendido segundo Bourdieu (1990 e 1983) e Elias (1992); e a ginástica. Um processo que teve no “controle da violência potencial” uma das características mais marcantes. Assim, entendese que no momento de sua introdução no Brasil essas práticas não eram tão orientais assim, pois as artes marciais já apresentariam um sentido moderno. Nome: Fernanda Célia Alcântara Silva Chaparim E-mail: fernanda.chaparim@itelefonica.com.br Instituição: SECULT/ SP Título: As práticas corporais e a ginástica no Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora de 1897 a 1997 O Liceu Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas- SP, foi fundado em 1897 e, deste então, adota o sistema educacional salesiano que afirma priorizar as práticas corporais como meio educativo e de recreação. O presente trabalho apresenta os dados parciais da pesquisa documental, iconográfica e de depoimento oral que objetiva compor um panorama da trajetória histórica das práticas corporais e gmínicas nesta instituição de 1897 a 1997. Para isto caberá identificar, caracterizar, contextualizar e analisar as práticas corporais e gmínicas desenvolvidas nesta instituição, além de verificar o nexo das práticas corporais com o sistema educacional salesiano. A porta de entrada da pesquisa documental e icnográfica foi o arquivo histórico que esta instituição preserva, constituído de fotografias, anuários e publicações deste a sua fundação. Optamos por iniciar a pesquisa por este arquivo, mesmo cientes que estes documentos foram preservados pela instituição com o intuito de divulgar e engrandecer a imagem da instituição. Para uma melhor elucidação, confrontação e ampliação dos dados obtidos pela pesquisa documental e iconográfica será utilizado a metodologia de depoimento oral com ex-alunos, ex-funcionários, salesianos e ex-salesianos que estudaram e/ou trabalharam no Liceu. Nome: Hugo da Silva Moraes E-mail: sumonnerat@yahoo.com.br Instituição: UERJ-FFP Título: Além das Arquibancadas: Costumes, hábitos e tensões sociais entre os clubes de futebol na década de 20 O futebol é uma manifestação cultural que transcende os limites do campo e das arquibancadas. No início do século, o seu conteúdo civilizador, educativo, moralizador ditaram os hábitos e costumes de um determinado grupo social da cidade do Rio de Janeiro. Porém, no decorrer das décadas de 10 e 20, os clubes de futebol foram agregando outras atividades e eventos. Os torneios esportivos, espetáculos teatrais e cinematográficos, feijoadas, canjicadas, picnics e até mesmo o carnaval agitavam o dia-a-dia dos clubes, provocando uma relação associativa mais intensa entre os seus sócios e também entre estes e os membros de outras entidades futebolísticas. Acompanhando todo o processo, encontramos na década de 20 uma chave interessante para discutirmos de maneira pormenorizada estas relações sociais dentro e entre os clubes de futebol deste período, percebendo as rupturas e permanências de costumes, hábitos, valores e tensões existentes no meio social. Nome: Joanna Lessa Fontes Silva E-mail: joanninha.lessa@gmail.com Instituição: UFPE Título: Significados do Futebol Amador: reflexões a partir da história O futebol brasileiro nasce das elites e passa por um complexo processo de difusão no território. Rapidamente adquire popularidade nas várias camadas sociais e torna-se uma das grandes paixões brasileiras. Durante esse processo,

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vai sendo praticado em diferentes figurações sociais, as quais se consolidarão no cotidiano das cidades. Entre elas, o futebol amador. Esta figuração surge durante o processo de profissionalização deste esporte e segue trilhando caminhos diferenciados, mas em contato direto com a matriz profissional. A partir de alguns estudos históricos do futebol, das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, este trabalho procura recortar a história do futebol, dando ênfase ao surgimento de um futebol amador. Dialogando com as teorias de campo e figuração social (respectivamente Pierre Bourdieu e Norbert Elias), refletimos sobre a consolidação deste futebol, suas relações de interdependência com o futebol profissional e sua permanência na realidade social a partir do caso recifense. Nome: José Carlos Mosko E-mail: zemosko@gmail.com Instituição: UFPR / Universidade Positivo Título: Biografias e Futebol: personagens esportivos e contexto histórico (1990-2008) Este texto intenta investigar historicamente o fenômeno do futebol. Considerando a Nova História Cultural e a sua defesa em torno do rompimento entre as ações racionais e as irracionais, observa-se que o futebol deve ser compreendido a partir de elementos fundamentais de sua constituição, como a paixão, a emoção e o drama, entre outros. A relação entre futebol e literatura abre um campo possível de investigação, que permite análises em torno desta subjetividade que envolve este esporte e a sua relação com a sociedade. Diante da necessidade de novos métodos e novas fontes para estudos históricos interdisciplinares, como este que se apresenta, a proposta é utilizar as biografias de personagens do futebol como fontes de pesquisa e procurar compreender como os autores, a partir destas obras biográficas, tentam captar e apresentar o contexto da época em que viveu o personagem biografado. Ainda intenta-se observar qual o grau de envolvimento e/ou distanciamento em relação ao seu objeto de estudo, demonstrado pelos autores em suas obras biográficas. Com esta investigação objetiva-se obter uma perspectiva singular sobre a construção da carreira do jogador de futebol brasileiro, apresentando sua relação com o mercado de trabalho destes profissionais. Nome: Laura Alice Rinaldi Camargo E-mail: laurarinaldi@hotmail.com Instituição: UFPR Título: Uma abordagem metodológica para o estudo dos clubes sóciorecreativos e a constituição do hábitus esportivo brasileiro Conforme dados da Confederação Brasileira de Clubes - CBC, atualmente, há no Brasil 13.500 clubes sócio-recreativos com sede própria, distribuídos em todo o território nacional. Desses, existem 127 clubes centenários em atividade, cadastrados na CBC, contemplando clubes do século XIX, como a Sociedade Germânia, no Rio de Janeiro, fundado em 1821, e a Sociedade Germânia em Porto Alegre, fundado em 1855, entre outros. É possível considerar que essa característica de vida associativa é o resultado de uma série de fatores, nos quais o processo de imigração, com destaque o de origem alemã, provocou grande influência nessa questão. Considerando que essas instituições contemplam em seu interior um conjunto diversificado de atividades, compondo toda a programação de lazer oferecida ao seu quadro associativo, e que nesses, a presença das atividades de característica físico-desportiva aparece em destaque, pela quantidade, no cotidiano dos clubes (RUIZ da Silva, 2007), procurou identificar, a partir de um trabalho de revisão bibliográfica, se a Teoria Configuracional de Elias pode constituir-se como marco metodológico para estudos futuros sobre a influência dos clubes sócio-recreativos na constituição do habitus esportivo brasileiro. Nome: Luiz Carlos Ribeiro E-mail: ribeiro@ufpr.br Instituição: UFPR Título: Mercado globalizado de jogadores de futebol Tendo como referência as transformações dos últimos trinta anos na relação comercial de jogadores de futebol entre a Europa e o Brasil, a presente comunicação pretende uma análise das práticas mercantis, assim como o impacto na política (legislações nacionais, FIFA, UEFA e CBF) e no desempenho esportivo (clubes e selecionados nacionais) dessas duas regiões esportivas. Nome: Luiz Carlos Ribeiro de Sant’ana E-mail: ppanaceia@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Ginga: ama nacional, expressão universal (representações e aspirações de nacionalidade e pertencimento) Ensaio a partir da análise de três peças fílmicas (dois longas e um curta-metragem), a saber: “Nós que aqui estamos, por vos esperamos”, “Ginga - a alma

do futebol brasileiro” e o curtíssimo “Tem Gringo no Samba”. Interessa-nos evidenciar e desdobrar as idéias de particular (nacional) e global (universal) nessas produções que envolvem movimento (esporte/dança), além de explicitar a operacionalização (pelas mesmas obras) de uma lógica de inserção na esfera da modernidade. Nome: Marcel Diego Tonini E-mail: marceldt@gmail.com Instituição: USP Título: Negros no futebol brasileiro: olhares e experiências de dois jornalistas brancos Fruto de uma pesquisa que visa estudar o negro em suas manifestações sociais no futebol brasileiro, entre 1970 e 2010, este trabalho traz as visões e as experiências de dois jornalistas brancos: Juca Kfouri e Celso Unzelte. Valendo-me do conjunto de procedimentos da história oral, realizei essas entrevistas, as transcriei e tento, neste momento, fazer algumas análises a partir delas. Ascensão social, racismo institucionalizado, discriminação social e racial são apenas alguns dos temas levantados pelos jornalistas, que ora convergem, ora distanciam seus olhares. Ao final, procuro mostrar como a história oral pode auxiliar e inovar no tratamento desta importante questão, vislumbrando, no limite, uma rediscussão das relações raciais no Brasil. Palavras-chave: Negros, futebol, história oral. Nome: Márcia Maria Fonseca Marinho E-mail: marcitamarinho@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: A modernidade chegou para jogar bola: associações esportivas e sociabilidades urbanas (Natal, 1920-1941) As reformas urbanas que se deram na passagem do século XIX em grandes centros como Paris, Viena, Rio de Janeiro e Recife foram fontes de inspiração às elites natalenses e impulsionaram ações governamentais e privadas em prol da modernização da capital norte-riograndense. A modernidade tão desejava pelas elites locais, que aqui se instalou de maneira tímida, dependente de empréstimos estrangeiros e da boa vontade de particulares interessados no desenvolvimento da cidade. Segundo a elite local para que Natal se tornasse como moderna seria imprescindível que novas sociabilidades urbanas fossem implementadas na cidade. Das muitas tentativas de promover novos hábitos citadinos na população, poucas atingiram vastamente os natalenses como as associações esportivas. De maneira indireta o modismo esportivo movimentou o cotidiano dos natalenses no início do século, cunhando nos morados da cidade a sensação de que o tempo rugia, e que assim como os músculos dos desportistas, Natal não parava. Nome: Marcos Ruiz da Silva E-mail: mruiz4@hotmail.com Instituição: SMCC Título: Uma abordagem metodológica para o estudo dos clubes sóciorecreativos e a constituição do hábitus esportivo brasileiro Conforme dados da Confederação Brasileira de Clubes - CBC, atualmente, há no Brasil 13.500 clubes sócio-recreativos com sede própria, distribuídos em todo o território nacional. Desses, existem 127 clubes centenários em atividade, cadastrados na CBC, contemplando clubes do século XIX, como a Sociedade Germânia, no Rio de Janeiro, fundado em 1821, e a Sociedade Germânia em Porto Alegre, fundado em 1855, entre outros. É possível considerar que essa característica de vida associativa é o resultado de uma série de fatores, nos quais o processo de imigração, com destaque o de origem alemã, provocou grande influência nessa questão. Considerando que essas instituições contemplam em seu interior um conjunto diversificado de atividades, compondo toda a programação de lazer oferecida ao seu quadro associativo, e que nesses, a presença das atividades de característica físico-desportiva aparece em destaque, pela quantidade, no cotidiano dos clubes (RUIZ da Silva, 2007), procurou identificar, a partir de um trabalho de revisão bibliográfica, se a Teoria Configuracional de Elias pode constituir-se como marco metodológico para estudos futuros sobre a influência dos clubes sócio-recreativos na constituição do habitus esportivo brasileiro. Nome: Maurício Barreto Alvarez Parada E-mail: mparada@ig.com.br Instituição: PUC-Rio/Universo Título: Corpos bons em mentes sãs: políticas públicas para a juventude no Estado Novo brasileiro 1938-1945 O jovem nacional foi uma preocupação constante das políticas públicas do Estado Novo, sua inserção no imaginário político do Estado Novo se fez a partir de discursos e ações que viam a juventude como um recurso, uma reserva

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32 política que deveria ser cuidada. Se as massas políticas do passado, devido a seus vícios, foram responsáveis pelas “ameaças” à segurança da nação fazendo revoluções, as massas do futuro deveriam ser cuidadas e disciplinadas para não apresentar estes desvios e vícios. Assim sendo, as políticas para a juventude passaram a ter um lugar de destaque dentro das prioridades do governo do Estado Novo. O jovem nacional passou a ser um recurso a ser gerenciado ao mesmo tempo em que se tornava um avalista das possibilidades de futuro planejadas pelos dirigentes políticos do regime. O gerenciamento deste recurso foi exercido por diversas instituições, entre as quais estava o Ministério da Educação. Esta comunicação apresenta um quadro das políticas públicas para infância entre 1938 e 1945 enfatizando o cotidiano escolar (com a implementação da disciplina de educação física) e ações públicas como os desfiles cívico-escolares que se tornaram freqüentes nas cidades brasileiras nesse período. Nome: Maurício Drumond E-mail: msdrumond@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Estado Novo, esporte e desporto: usos políticos do esporte no varguismo e no Salazarismo (1933-1945) A utilização política do esporte foi um fator comungado por diversos regimes autoritários ao longo do século XX. Como um dos principais fenômenos culturais da sociedade de massas, o esporte foi uma importante ferramenta de mobilização social e de identificação nacional, sendo assim de grande valia na construção de um novo imaginário de nação. Partindo desse pressuposto, este projeto visa estudar as relações entre esporte e política nos governos de Getúlio Dorneles Vargas (1937-1945) e António de Oliveira Salazar (1933-1945), ambos denominados “Estado Novo”, no Brasil e em Portugal. Em ambos os regimes, pode-se averiguar a criação de instituições destinadas à regulamentação, ao incentivo e ao controle dos esportes, o que demonstra a existente preocupação e valorização do fenômeno esportivo, e seus distintos meios de funcionamento e graus de intervenção exibem as diferentes características de cada modelo. O estudo comparado entre os regimes de Vargas e Salazar, que compartilhavam tanto grandes afinidades como enorme diferenças, poderá ser de grande utilidade não só para o melhor entendimento de suas realidades locais e suas relações com o esporte, mas também poderá trazer novas luzes sobre a formação identitária dessas nações e suas relações com a juventude. Nome: Maurício Ghedin Corrêa E-mail: mauricioghedin@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: Futebol e paternalismo: Criciúma-SC (1950-1970) A cidade de Criciúma foi intensamente marcada pela mineração de carvão. O futebol seguiu os mesmo passos e somente um time na cidade, o Comerciário, não possuía relação com nenhuma carbonífera. Temos aqui, portanto, um contexto de futebol de fábricas. Dentro deste contexto, algumas relações políticas tecidas no interior da cidade só podem ser enxergadas e analisadas a partir do seu contato com o futebol. A principal delas é o paternalismo de fábrica, que se manifestava unicamente na relação dos mineradores com os times de futebol. Nesta comunicação pretendemos debater a forma como o futebol protagonizou os conflitos deste paternalismo de fábrica e como mineiros e mineradores utilizaram-se do esporte para construir sua imagem no espaço público. Um time – o Metropol – recebeu pesados investimentos financeiros no intuito de enfraquecer a atuação do sindicato. Para compreender os desdobramentos dessa questão, o golpe de 1964, juntamente com o AI-5 são de fundamental importância. Além disso, as tensas relações entre mineiros e mineradores são importantíssimas para compreendermos o futebol de Criciúma em termos de profissionalização, de política ou das relações de poder que o esporte protagonizava na cidade. Nome: Miguel Archanjo de Freitas Júnior. E-mail: mfreitasjr72@ibest.com.br Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa Título: Copa do Mundo de 1950: a criação de uma cultura da desculpa O objetivo do presente estudo é demonstrar as estratégias discursivas utilizadas por alguns cronistas de um periódico carioca, para tentar justificar a derrota sofrida pelo selecionado brasileiro de Futebol na final da Copa do Mundo de 1950. Este resultado adverso fez com que o desejo de vitória expresso por estes literatos não fosse concretizado e na busca de tentar diminuir a frustração nacional, inúmeras justificativas foram apresentadas, criando uma verdadeira “Cultura da Desculpa”. Esta cultura auxiliou para que os cronistas tentassem influenciar os sentimentos dos torcedores, pois partindo destas desculpas eles usavam suas crônicas diárias para tentar influenciar nos sentimentos dos torcedores. Trabalhando com sentimentos como: medo, expectativa, confiança no futuro e resgate de

pontos positivos, mesmo diante de situações adversas. A leitura destes documentos revelou que eles representam a visão de uma determinada camada da sociedade e principalmente o desejo de vitória como sendo expressão de um país que buscava entrar no compasso dos países desenvolvidos. Nome: Paula Andreatta Maduro E-mail: pmaduro1@gmail.com Instituição: UFRS Título: As mulheres no automobilismo em Porto Alegre: de espectadoras a protagonistas do esporte O automobilismo de rua chegou à cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, na segunda metade da década de 1920. Nas décadas seguintes, o Rio Grande do Sul transformou-se em um pólo do automobilismo nacional. Justamente nesta fase, no final da década de 30, as mulheres que até então estavam presentes em gincanas, largadas de provas e premiações das provas automobilísticas, começam a ocupar outros espaços. Posteriormente, as mulheres começaram a participar das competições, tornando-se mais visíveis no cenário esportivo da cidade. Este estudo objetiva identificar como ocorreu a participação das mulheres na condição de pilotos das provas automobilísticas em Porto Alegre. Apresenta como aporte teórico-metodológico a história cultural e o estudo de gênero. A pesquisa foi realizada através da consulta a fontes impressas e orais. Além da pesquisa documental em jornais, revistas, Atlas, entre outros, foram gravadas entrevistas com mulheres praticantes deste esporte. Após a análise das fontes foi possível identificar a influência da família na escolha das mulheres pelo automobilismo, ou seja, alguém da família já era piloto, proporcionando com isso, o ingresso em uma prática considerada de domínio masculino. Palavras-chave: automobilismo, mulheres, memória esportiva. Nome: Pedro Bevilaqua Pupo Ferreira Alves E-mail: pedrobpfa@gmail.com Instituição: UFPR Título: A constituição do montanhismo como campo de disputas e o surgimento da escalada esportiva O presente artigo apresenta alguns dados e reflexões sobre a constituição do montanhismo enquanto campo de disputas. Para isto realizou-se uma reconstituição histórica do montanhismo no Paraná, pela qual se identifica, através das fontes, um processo de esportivização dessas práticas e que acaba resignificando a prática da escalada em rocha, atribuindo novos sentidos a essa prática que culmina com o surgimento de uma modalidade esportiva com características únicas e irredutíveis – a escalada esportiva. Este artigo tem como finalidade indicar a partir de que período as práticas sociais do sub-campo do montanhismo podem ser consideradas um esporte sob o entendimento do esporte moderno. Este estudo utiliza como aporte teórico a sociologia reflexiva de Pierre Bourdieu e os escritos de Norbert Elias e Eric Dunning. Nome: Priscila Gonçalves Soares E-Mail: Priscilagsoares@Yahoo.Com.Br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: Práticas Corporais e Entretenimento em Juiz de Fora\MG: O Discurso da Imprensa Este trabalho focaliza a imprensa na busca de compreender o desenvolvimento das práticas corporais em Juiz de Fora/MG. A pesquisa encontra-se em andamento e elegemos o jornal “O Pharol” com fonte devido à grande representatividade deste perante a sociedade juizforana no contexto pesquisado. Investigamos a circulação e as matrizes dos discursos produzidos por instituições e intelectuais que influenciaram a adesão da população juizforana às práticas corporais: lazer, esporte, dança, entre outros. Os primeiros indícios nos demonstram a grande representatividade das práticas corporais na imprensa local. No O Pharol pudemos perceber noticias, anúncios ou mesmo pequenas notas que remetiam ás práticas corporais: circos, teatro, tourada, luta, carnaval, festas religiosas. Nome: Rafael Fortes Soares E-mail: raffortes@hotmail.com Instituição: UFF Título: Uma revista de Terra, Mar e Ar: o período poliesportivo de Fluir Conhecida como principal revista de surfe do Brasil, Fluir, quando de seu lançamento, em 1983, tinha como subtítulo “Terra, Mar e Ar” e se dedicava a três modalidades esportivas: surfe, bicicross e vôo livre. Na segunda edição, incorporou o skate. Esta situação – à qual se propõe denominar período poliesportivo – durou cerca de um ano, até que os esportes fossem abandonados um a um e restasse apenas o surfe. Este trabalho busca discutir o discurso da publicação a respeito das modalidades associadas a terra e ar (bicicross, skate e vôo livre), chamando a atenção para diferenças e semelhanças na construção

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imagética das três em relação ao surfe, que ocupava o centro das atenções. Por exemplo, o bicicross é apresentado como um esporte “limpo”, ao contrário do skate, que, segundo um colunista, tem por objetivo “horrorizar as massas”. A atuação de Fluir é articulada com o contexto dos anos 1980, destacando-se traços importantes como: expansão do mercado de revistas no Brasil; ascensão dos jovens como agentes relevantes para o setor artístico (manifestações da cultura pop) e como público consumidor; processo organizativo (criação de entidades, organização de campeonatos e circuitos, obtenção de patrocínio etc.) das modalidades em questão. Nome: Renato Lanna Fernandez E-mail: renatolanna@oi.com.br Instituição: CPDOC/FGV Título: Futebol, Identidades e Representações - Caso do Fluminense Footbal Club Este trabalho tem por objetivo apresentar dados e reflexões acerca da pesquisa que estamos desenvolvendo sobre o Fluminense F C. Um clube fundado em moldes europeus tendo como marca principal a distinção e a fidalguia. Sendo um espaço de convivência, onde a elite carioca pudesse praticar esportes, realizar exercícios físicos e manter boas relações sociais. Tendo como pressupostos teóricos os trabalhos de Benedict Anderson sobre as comunidades imaginárias e de Hobsbawm sobre a invenção das tradições. Busco levantar explicações, sobre a formação dessa identidade tricolor e sua relação com o desenvolvimento do futebol na cidade do Rio de Janeiro e no país. Para isso, analisaremos, em especial, o papel do escritor Coelho Netto, que via no futebol um esporte moderno, promotor de um tipo de civilização adaptado aos modelos idealizados pela Europa. Os clubes de futebol, enquanto comunidades imaginárias seriam, representantes de uma série de valores simbólicos e tradições construídas historicamente por intelectuais, jornalistas e escritores, que dariam ao futebol brasileiro uma determinada identidade. A cada clube será atribuída uma representação dentro dessa tradição. Coube ao Fluminense o papel de representar um clube baseado em uma identidade fidalga, elitista, branca e européia. Nome: Ricardo Pinto dos Santos E-mail: ricardobull@ime.eb.br Instituição: UFRJ Título: Futebol pelo Brasil: semelhanças e diferenças na constituição de um esporte nacional Notadamente os estudos sobre o futebol no Brasil são, em sua maioria, desenvolvidos tendo como recorte espacial as grandes capitais. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre são algumas das cidades que mais avançaram sobre o tema, bem como foram as mais utilizadas como objeto destas pesquisas. Marcados por estarem centrados em suas localidades, estas pesquisas têm seus potenciais abreviados por não apresentarem as questões desenvolvidas de forma que transcendessem o regionalismo. Podemos dizer que é quase nulo o número de trabalhos que, comparativamente, apresentem a articulação, os diálogos e as interferências de um estado sobre o outro na formação das sociedades e, fundamentalmente, do seu cenário esportivo. Marcada por inúmeras tensões o futebol brasileiro, preservada as especificidades de cada região, recepcionou questões de diversas esferas e amplitudes. Neste sentido, será desenvolvido um estudo sobre os primeiros anos da República brasileira, onde a comparação entre grandes capitais do país (Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Porto Alegre), deverá nos promover uma melhor compreensão sobre a formação destas cidades e, especificamente, da presença e importância do futebol nas transformações ocorridas no período. Nome: Sergio Ricardo Aboud Dutra E-mail: sergioaboud@uol.com.br Instituição: UFF Título: Futebol é coisa de homem, só tem macho: a difícil prática desportiva para homens gays Este trabalho é parte de um Projeto de Pesquisa do Instituto de Educação Física da Universidade Federal Fluminense, coordenado pelo Prof. Dr. Edmundo Drummond, do qual sou pesquisador. Nesta apresentação estarei fazendo uma análise comparativa entre dois grupos de futebol composto por homens gays. Um, já extinto, do Rio de Janeiro, o Roza (2001-2007), e outro de São Paulo, ainda ativo e que não tem nome pois apresenta outra configuração, questão, aliás, que pretendo dar conta no texto. Os principais teóricos, no que diz respeito às questões de gênero serão Pierre Bourdieu e Judith Butler. Os dois grupos desde a sua formação tiveram uma configuração bem distinta. O Roza surge enquanto bandeira de luta política da comunidade LGBT e teve vida ativa de 6 anos. Já o grupo paulista começou com um número pequeno de amigos gays e peladeiros que resolveram procurar um canto para se divertirem, esse grupo vem crescendo. Um dos meus interesses é refletir na diferença da gê-

nese dos grupos, e suas diferenças regionais, considerando o espaço geográfico. Outra questão é analisar o perfil dos membros. Mas principalmente discutir um pouco a questão de lazer entre homens gays. Nome: Sérgio Teixeira E-mail: val.ser@centershop.com.br Instituição: Prefeitura Municipal de Uberlândia Título: O lazer e a recreação no regime militar como mecanismos de controle social Este trabalho busca identificar estratégias de controle social utilizadas pelo regime militar brasileiro, através do emprego do lazer e da recreação como dispositivos educacionais destinados à população. Para isso, é utilizada como fonte a Revista Brasileira de Educação Física e Desportos (RBEFD), periódico editado entre os anos de 1968 e 1984. No meu entendimento, a RBEFD passou por duas fases, a primeira abrangendo do ano de seu lançamento até meados da década de 1970 e a segunda de meados da década de 1970 até o final de sua edição. Neste trabalho, foco a primeira fase da RBEFD, que coincide com o momento em que o país vivia sob a égide do “milagre econômico“, período caracterizado pela adesão de boa parcela da população ao ideário militar. Como fundamentação teórica, utilizo conceitos de Michel Foucault referentes à disciplina, à biopolítica, à normalização e à governamentalidade, especificamente na fase em que o autor desenvolve seus estudos genealógicos, nos quais busca mostrar a correlação entre discursos e práticas sociais, com enfoque explícito na temática do poder. Dessa forma, pretendo analisar o predomínio da utilização de táticas positivas de regulamentação da população sobre as posturas repressivas comumente atribuídas ao regime militar. Nome: Victor Andrade de Melo E-mail: victor.a.melo@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: A (não) presença do esporte nas artes plásticas brasileiras do século XIX e décadas iniciais do XX Melo (2009) argumenta que a representação do esporte em obras de arte é notável a partir do momento em que o campo artístico passa a, notadamente, melhor expressar o conjunto de mudanças que marca a construção do imaginário e ideário da modernidade. É compreensível, assim, que seja presença constante em obras da Inglaterra (que, aliás, já possuía desde o século XVIII um gênero denominado “pintura esportiva”), França e Estados Unidos do século XIX, produzidas que foram em países que estavam na vanguarda do processo de mudanças, inclusive na arte. Naquele momento, o Brasil passava por um conjunto similar de transformações, mas se encontrava em posição periférica, tinha que lidar com um grande conjunto de particularidades e só mais tardiamente sintonizar-se-ia mais profundamente com o que ocorria no cenário internacional. Tendo em vista essas considerações e partindo do princípio de que obras de arte podem ser consideradas como fontes para investigar representações do esporte em um cenário sociocultural, esse artigo tem por objetivo discutir a presença da prática esportiva na produção artística brasileira do século XIX e décadas iniciais do XX, momentos iniciais da configuração do campo esportivo no país. Nome: Vivian Luiz Fonseca E-mail: vivisfonseca@gmail.com Instituição: CPDOC/FGV Título: A História na Memória - mobilização da história formal nas falas de mestres de capoeira Ao longo do trabalho de campo, passando por inúmeras rodas de diferentes estilos e mestres, uma questão se mostrou recorrente para os capoeiristas com quem tive contato: o passado. Ainda que, até hoje, um número expressivo de mestres não tenha tido acesso ao processo completo de educação formal, todos eles utilizam em suas falas conhecimentos históricos para explicarem a trajetória da capoeira e, claro, deles mesmos. Essa constante menção histórica se dá nas entrevistas que realizei, em relatos escritos publicados por esses mestres e também em músicas cantadas durante as rodas. O presente trabalho busca analisar como essa história é apropriada pelos mestres de capoeira e como eles recuperam momentos históricos dando significados diferentes a eles. Como o principal método de produção de fontes foi a história oral, é analisado, ainda, seu papel em um processo de recuperação desse passado. Essa interpretação histórica nos faz compreender a visão desses mestres sobre seus estilos: capoeira esporte, arte, luta, dentre outros aspectos. Também é objetivo do trabalho analisar como os mestres constroem essas continuidades em uma história repleta de conflitos e rupturas como é a história da capoeira.

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33 33. Ensino de HistĂłria e Historiografia: narrativas, saberes e prĂĄticas Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro – UFRJ (anamont@superig.com.br) Helenice A. B. Rocha – UERJE (helarocha@gmail.com) 2 HQVLQR GD GLVFLSOLQD HVFRODU KLVWyULD H VHXV VXSRUWHV YHLFXODP YDORUHV HQWUH RXWUDV IRUPDV DWUDYpV GD IRUPXODomR GH VHXV FRQWH~GRV FXUULFXODUHV (OHV VmR FRQFUHWL]Do}HV GH SRGHUHV LQVWLWXtGRV HP XP MRJR WHQVR HQWUH VXD PDQXWHQomR H D EXVFD GH PXGDQoD 3HVTXLVDU UHĂ HWLU H GLYXOJDU SHVTXLVDV VREUH R HQVLQR GH KLVWyULD QR GLiORJR FRP D KLVWRULRJUDĂ€D HVFRODU WRUQD VH DLQGD PDLV UHOHYDQWH HP momento como o da contemporaneidade brasileira, em que sĂŁo realizados severos questionamentos sobre tal ensino e seu impacto. Este simpĂłsio temĂĄtico busca abrir um espaço para a discussĂŁo de pesquisas sobre a produção, cirFXODomR H FRQVXPR GRV GLVFXUVRV KLVWRULRJUiĂ€FRV GHVWLQDGRV DR S~EOLFR HVFRODU QDV HVFRODV H IRUD GHODV HP GLIHUHQWHV WHPSRUDOLGDGHV H PDWHULDOLGDGHV 'HVGH DV SHVTXLVDV TXH VH YROWDP SDUD D KLVWRricizacĂŁo e problematização da produção e veiculação de materiais didĂĄticos relacionados a disciplina HVFRODU KLVWRULD LQFOXVLYH DV TXH IRFDOL]DP FRPR GHWHUPLQDGRV WHPDV VmR DERUGDGRV QRV OLYURV GH KLVWyULD GD HVFROD DWp RV TXH VH YROWDP SDUD RXWURV PDWHULDLV GH FLUFXODomR VRFLDO VREUH D KLVWyULD nas salas de aula do passado e do presente. Volta-se, tambĂŠm, para pesquisas sobre as condiçþes e IRUPDV GH UHDOL]DomR GR GLVFXUVR KLVWRULRJUiĂ€FR HVFRODU FRP RX VHP D PHGLDomR GH PDWHULDLV FRPR livros didĂĄticos, a partir de uma interlocução entre as ĂĄreas de Historia e Educação. Focaliza-se com especial atenção a questĂŁo do currĂ­culo sobre os saberes produzidos e mobilizados SRU SURIHVVRUHV H DOXQRV QD DomR GRFHQWH GH IRUPD D FDUDFWHUL]DU D HVWUXWXUD QDUUDWLYD FRQĂ€JXUDGD QHVVDV FRQVWUXo}HV GR VDEHU KLVWyULFR HVFRODU 1HVWH VHQWLGR EXVFD VH DEULU HVSDoR SDUD DV SHVTXLVDV TXH VH YROWDP SDUD D LQYHVWLJDomR VREUH R VDEHU KLVWyULFR HVFRODU EHP FRPR SDUD DTXHODV TXH VH voltam para os saberes docentes, aqueles mobilizados e elaborados pelos professores para tornar o saber possĂ­vel de ser ensinado.

Resumos das comunicaçþes Nome: Amilcar Araujo Pereira E-mail: amilcarpereira@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: HistĂłria das lutas dos negros no Brasil nas salas de aula: pesquisa, ensino e a implementação da Lei 10.639/2003 O objetivo deste trabalho ĂŠ refletir sobre a importância das discussĂľes sobre a questĂŁo racial e sobre histĂłria e cultura afro-brasileiras nas escolas, assim como apresentar possibilidades de utilização nas salas de aula de pesquisas histĂłricas recentes sobre a histĂłria das populaçþes de origem africana no Brasil, tendo em vista a implementação da Lei 10.639/2003. A lei citada tornou obrigatĂłrio o ensino de histĂłria e cultura afro-brasileiras em todas as escolas do paĂ­s e passou a exigir tambĂŠm que seja incluĂ­do em seus conteĂşdos programĂĄticos a “HistĂłria da luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacionalâ€?. Nesse sentido, como um dos exemplos de pesquisas histĂłricas recentes nessa ĂĄrea, serĂĄ utilizado neste trabalho o livro HistĂłrias do movimento negro no Brasil, organizado por Verena Alberti e por mim, e publicado em 2007 pela editora Pallas e pelo Centro de Pesquisa e Documentação de HistĂłria Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV). Nome: AlĂŠxia PĂĄdua Franco E-mail: alexiapadua@centershop.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia TĂ­tulo: Prescriçþes curriculares oficiais e livros didĂĄticos de HistĂłria para sĂŠries iniciais do ensino fundamental: entre mudanças e permanĂŞncias Nesta comunicação analisarei as mudanças e permanĂŞncias ocorridas nas diferentes ediçþes de uma coleção didĂĄtica de HistĂłria produzida para as sĂŠries iniciais do ensino fundamental, durante os anos 1990 e 2000, perĂ­odo em que a disciplina Estudos Sociais implementada durante o governo militar foi substituĂ­da pelas disciplinas HistĂłria e Geografia. A coleção escolhida para anĂĄlise foi a Viver e Aprender HistĂłria de Elian Lucci e Anselmo Branco da Editora Saraiva, por ser muito adotada pelas professoras das escolas pĂşblicas, apesar de recomendada com ressalvas pelos pareceristas do PNLD. Observarei como seus autores apropriaram-se das polĂ­ticas pĂşblicas de avaliação dos livros didĂĄticos (PNLD), das prescriçþes curriculares do MEC (PCNs), das inovaçþes pedagĂłgicas e historiogrĂĄficas, das demandas do mercado e dos usuĂĄrios dos livros (professores e alunos). Discutirei como as mudanças gradativas nas diferentes ediçþes da coleção indicaram a tendĂŞncia de romper com a redução do ensino de HistĂłria ao estudo de datas cĂ­vicas fragmentadas e ampliar o espaço para as questĂľes histĂłricas, acompanhando timidamente as inovaçþes teĂłrico-metodolĂłgicas do ensino de

HistĂłria quando elas se transformaram em prescriçþes oficiais, para nĂŁo perder espaço no mercado. Nome: Ana AmĂŠlia Rodrigues de Oliveira E-mail: ameliahistoria@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: Educação cĂ­vica e escrita da HistĂłria: o projeto educativo do Museu HistĂłrico e AntropolĂłgico do CearĂĄ (1971 - 1976) O museu ĂŠ um sistema simbĂłlico que atua como mediador na relação homem/mundo e que, atravĂŠs de objetos, fotos e palavras, constitui-se num sistema de comunicação capaz de compor um discurso museolĂłgico. Quase sempre, o discurso que se compĂľe em um museu estĂĄ associado aos interesses de quem o cria e de quem define aquilo que serĂĄ exibido em suas exposiçþes. Em 1971, OsmĂ­rio de Oliveira Barreto assumiu a direção do Museu HistĂłrico e AntropolĂłgico do CearĂĄ com o plano de “popularizarâ€? o Museu, de tornĂĄ-lo acessĂ­vel Ă maior quantidade de pessoas possĂ­veis. O trabalho a ser realizado pelo diretor teria como meta principal fazer do Museu uma extensĂŁo da sala de aula. Apesar da função educativa do Museu estar sempre subentendida nas açþes das gestĂľes anteriores, ĂŠ na gestĂŁo de OsmĂ­rio Barreto que se cria, de fato, um projeto sistemĂĄtico de cunho educativo. O presente trabalho tem como objetivo investigar os motivos que levaram OsmĂ­rio Barreto a criar um projeto educativo para o Museu, refletindo sobre a função de lugar de instrução pĂşblica, onde os objetos expostos aparecem com a intenção de ensinar e de construir representaçþes sobre a histĂłria do CearĂĄ. Nome: Ana Cristina Juvenal da Cruz E-mail: a_amhara@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de SĂŁo Carlos TĂ­tulo: A institucionalização da Lei 10.639/03 e o Ensino de HistĂłria: embates teĂłricos e efeitos pedagĂłgicos sobre metodologias de ensino O ensino de histĂłria, associado a problemĂĄticas metodolĂłgicas e conceituais vem sendo modificado pelas recentes polĂ­ticas pĂşblicas em educação. Profissionais da ĂĄrea de HistĂłria e do campo da educação de forma geral sĂŁo tomados a reavaliar suas prĂĄticas pedagĂłgicas e se inserirem no debate de forma mais aprofundada. Teorias preocupadas com a temĂĄtica das diferenças culturais, questĂľes de identidade cultural, diferenças geracionais, de gĂŞnero, fĂ­sicas e mentais, as relaçþes raciais e seus efeitos nos currĂ­culos, nas prĂĄticas pedagĂłgicas, na formação de professores e na formulação de polĂ­ticas educacionais. A Lei 10.630/03 que institui o ensino de HistĂłria da Ă frica e Cultura AfroBrasileira e Africana ĂŠ resultado das atuaçþes do movimento negro brasileiro, que historicamente se ocupou da importância da educação para a população negra como modo de resistĂŞncia e desenvolvimento social. Este texto se propĂľe a pensar os efeitos da referida Lei nas instituiçþes de ensino, ressaltando a

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proposta de articular o debate racial ao ensino de História e os efeitos teóricos com o mote das relações étnico-raciais. Nome: Ana Lúzia Magalhães Carneiro E-mail: luziacarneiro@uol.com.br Instituição: Centro Universitário São Camilo Título: Ética e ensino de História: da proposição de novas orientações curriculares ao trabalho em sala de aula Desde 2006, as escolas públicas da rede municipal de São Paulo estão trabalhando a partir de novas orientações curriculares desenvolvidas por especialistas e professores das áreas de conhecimento. As discussões para a elaboração do novo documento tiveram início em 2006 e a implementação das propostas ocorreu em 2008, com a publicação dos documentos oficiais e o trabalho de formação de coordenadores pedagógicos como multiplicadores das propostas. A presente comunicação se ocupa em apresentar os resultados da reflexão sobre as formas de apropriações dessas propostas curriculares por parte dos professores da área de História. Foram consideradas as mudanças sugeridas pelas novas Orientações Curriculares em relação às propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais elaboradas para área em 1997. Destes documentos, a pesquisa selecionou as proposições de temas sobre a valorização da diversidade étnica e cultural, a importância da preservação da memória e identidade, a importância das negociações e dos movimentos sociais pela igualdade de direitos para entrecruzar com as práticas de professores de história da rede municipal de São Paulo, no que diz respeito a ações e projetos cujos objetivos declaravam-se direcionados a contemplar o tema da ética como conteúdo e prática escolar. Nome: Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro E-mail: anamont@superig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Professores e o currículo de história: narrativa e argumentação no saber histórico escolar Nesta comunicação apresentaremos alguns resultados de análise realizada sobre dados da pesquisa “A história ensinada: saber escolar e saberes docentes em narrativas da história escolar”, em fase de finalização, e que foram produzidos a partir da investigação dos saberes mobilizados por professores de história em aulas no ensino fundamental e médio.Considerando que o currículo é prática sócio-cultural de significação, que produz e é produto de uma cultura escolar, e que produz identidades e diferenças, buscamos, no diálogo com a historiografia (Hartog, Rüsen, Koselleck) subsídios teóricos para investigar se e como as aulas de história se constituíram em narrativas na busca de produção de significados pelos professores nas construções da história escolar. Ao mesmo tempo, os argumentos utilizados pelos docentes, como comparações com o presente, ilustrações com os alunos e a narrativa de casos particulares também foram objeto de análise, uma vez que se articulam na negociação de sentidos entre professor e alunos sobre o saberes ensinados e aprendidos. Nome: Beatriz Boclin Marques dos Santos E-mail: beatrizboclin@terra.com.br Instituição: Colégio Pedro II Título: A história da disciplina escolar História no Colégio Pedro II - década de 70: História X Estudos Sociais A presente pesquisa tem como objetivo investigar a história do currículo da disciplina escolar História no Colégio Pedro II, a partir da análise da dinâmica da construção sócio-histórica do seu currículo na década de 1970. Focaliza o problema da construção histórica da disciplina escolar História para investigar como foi possível garantir os padrões de estabilidade expressos na manutenção da disciplina História no currículo do ensino de 1º grau do Colégio Pedro II, em um contexto de governos autoritários que exerciam forte pressão para a sua substituição pela disciplina Estudos Sociais. Nesse estudo, partimos da hipótese de que o fato do Colégio Pedro II não ter adotado os Estudos Sociais no currículo, apesar da forte pressão externa sob a forma da Lei 5692/1971, que estabelecia as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com o agravante, de ser oriunda de um governo caracterizado por uma ditadura militar, pode significar o resultado de disputas internas da comunidade disciplinar. O currículo tradicional, marcado pelas “humanidades”, se contrapondo a uma proposta de integração de duas disciplinas, História e Geografia, representantes de um modelo de ensino. Tomamos como base, nessa pesquisa, as contribuições do teórico inglês Ivor Goodson. Nome: Carmen Teresa Gabriel E-mail: cartesa@alternex.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Currículo de História e Identidades narrativas: diálogos com Paul Ricoeur

Este texto tem por objetivo explorar a potencialidade analítica do conceito “identidade narrativa” de Paul Ricoeur para a compreensão dos processos de produção do conhecimento histórico recontextualizado e hibridizado nos currículos de história. Inserido no campo da discursividade esse processo seleciona e mobiliza tramas combinando passados e futuros e cuja atribuição de sentido ocorre em terreno contestado, instável e fluído onde as diferenças são produzidas. Nesse estudo focalizo os discursos sobre brasilidade no momento da configuração narrativa do conhecimento histórico em textos escolares, procurando ressaltar o papel do tempo narrado nas lutas hegemônicas contemporâneas. Defendo aqui, que a fertilidade teórica desse conceito consiste em abrir um caminho alternativo para pensar as interfaces currículo de história, memória, identidade/diferença e poder, que permita simultaneamente a problematização dos essencialismos identitários e a construção de uma narrativa nacional sobre outras bases. Nome: Cinthia Monteiro de Araujo E-mail: cinthiaraujo@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Título: Uma outra história é possível? O saber histórico escolar em tempos “pós” Diante de tempos em que vemos muitas de nossas velhas certezas abaladas, as novas cartografias de tempo e espaço nos interpelam sobre o significado do ensino de história. Acreditando nas inúmeras possibilidades trazidas pelo fato de o tempo histórico trabalhar, ao mesmo tempo, com passados de experiências e horizontes de expectativas, acredito na urgente necessidade de repensar o saber histórico escolar sob a égide desses tempos “pós”. Nessa direção, este texto apresenta uma aproximação da discussão acerca das especificidades do saber histórico escolar. Considerando as contribuições das teorias pós-estruturalistas e pós-coloniais, pretende colaborar para a compreensão dos saberes como espaços de enunciação. Aqui se coloca o desafio de articular as dimensões simbólica e epistemológica dos saberes com a dimensão crítica, aspecto que tradicionalmente vem sendo relacionado ao saber histórico. Nesse sentido, o trabalho desenvolve uma reflexão sobre o saber histórico escolar como lugar de negociação de sentidos capazes de produzir diferenças e identidades, buscando identificar nas relações entre sujeitos e saberes as possibilidades de construção de discursos híbridos e ambivalentes com potencial emancipatório. Nome: Cláudia Regina Amaral Affonso E-mail: claudiaaffonso@terra.com.br Instituição: UGF/CPII Título: Novos Horizontes da Pesquisa Escolar em Ensino de História Como parte do processo de construção do novo currículo e materializando sua compreensão da articulação teoria / prática, a equipe da licenciatura em História da UGF/Rio criou, pela primeira vez naquela universidade, uma linha de pesquisa institucional intitulada “Escritas da História”, cujo foco fundamental é a pesquisa sobre o ensino de História e a geração de metodologias alternativas nesta área. Patrocinada pelo Programa de Iniciação à Pesquisa Científica do CNPq e co-patrocianda pela UGF, e tendo como campo de ação os Colégios Gama Filho e Pedro II, a linha de pesquisa vem se dedicando à investigação no campo do desenvolvimento da pesquisa científica em História no ambiente escolar. Divididos em subprojetos, os professores e alunos trabalham hoje em Pesquisa escolar no campo da História Ambiental, da História Local; da relação Memória e História e da formação de Professores de primeiro segmento do ensino fundamental para o ensino da História. O presente trabalho pretende comunicar o estado atual desses estudos. Nome: Eunícia Barros Barcelos Fernandes E-mail: euniciaf@puc-rio.br Instituição: PUC-Rio Título: Os índios e os livros escolares de História: textos e imagens A temática indígena tem sido paulatinamente valorada pela historiografia como campo de reflexão. Tal valoração pode ser pensada no Brasil a partir principalmente de 3 chaves: o diálogo entre a história e a antropologia – que já se desenvolve há décadas -; a mobilização indígena – considerando o rápido crescimento de associações a partir da década de 80 – e, mais recentemente, a mobilização governamental, com a lei 11645/2008 que inclui a História Indígena obrigatoriamente nos currículos do Ensino Fundamental e Médio. No âmbito do Ensino de História, a temática também ganhou espaço, como as reflexões pioneiras de Circe Bittencourt sobre a presença dos índios nos livros escolares ou através de publicações como ‘A temática indígena na escola’. Entretanto, a despeito de tais esforços e alguns resultados nos livros escolares, vários estereótipos e equívocos acerca dos índios e de sua relação com a sociedade brasileira continuam a preencher os materiais utilizados nas escolas. A comunicação pretende comentar alguns livros escolares utilizados no Rio de

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33 Janeiro, observando suas narrativas visuais e textuais, problematizando a proximidade ou a distância de suas propostas na comparação com atuais reflexões acadêmicas sobre a temática. Nome: Fabrício Gomes Alves E-mail: fabriciogomesufpb@yahoo.com.br Instituição: PPGH- UFPB Título: Folheando as páginas de um antigo periódico: a Revista de História e o ensino de história O trabalho que ora pretendemos apresentar foi elaborado a partir dos resultados parciais, a que chegamos depois de 1 ano de pesquisa enquanto aluno de pós-graduação. Nesse, procuramos discutir os aspectos que dizem respeito à Revista de História, periódico fundado pelo historiador Eurípedes Simões de Paula, durante o primeiro semestre do ano de 1950. O levantamento que empreendemos em torno dessa documentação revelou a riqueza que esse material proporciona, tanto para os estudos de caráter historiográfico quanto para os que se relacionam ao ensino de história. No que se refere a este último, gostaríamos de destacar a importância de uma das seções da revista, intitulada Seções Pedagógicas, para a reflexão em torno do ensino de história. É justamente em torno da análise dessa seção, que o nosso trabalho se constituiu. Assim, partindo de um levantamento que fizemos das publicações veiculadas nas Questões Pedagógicas, discutiremos o lugar que esse periódico reservou para as questões que dizem respeito ao ensino de história. Inevitavelmente, essa preocupação nos conduzirá para outros aspectos, que dizem respeito, por exemplo, à fundação da USP e à missão francesa, responsável por ajudar a criar as Universidades no Brasil. Nome: Fátima M. Leitão Araújo E-mail: fatimamleitao@yahoo.com.br Instituição: UECE Co-autoria: Maria do Socorro do Monte Silva E-mail: socorromonteh@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Instituto Histórico do Ceará: Memória e Ensino de História A criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838, constituiu marco na configuração da historiografia que promoveu a gênese da nacionalidade brasileira. A construção de uma identidade nacional é idéia definidora dos rumos teóricos e metodológicos de seus congêneres provinciais. O Instituto Histórico e Geográfico do Ceará, fundado em 1887, propiciou a inserção do Ceará nos debates nacionais ao tempo em que forjava a identidade local. Fincando suas bases no positivismo e no fervor nacionalista, os membros do Instituto do Ceará passam a consolidar o ideal de pátria cearense. Como os saberes produzidos no Instituto se faziam presentes em outros espaços sociais, em particular, nas instituições escolares, buscamos, no presente trabalho, compreender a influência do pensamento desta instituição na literatura didática, já que a escrita de manuais, livros e compêndios de História do Ceará cristaliza o ideário elaborado pelos fundadores do instituto. O recorte temporal da pesquisa corresponde às décadas de 1880 a 1890 e às duas primeiras décadas do século XX, tendo por fontes as Revistas do Instituto e as obras de João Brígido, Cruz Filho e Filgueiras Sampaio. Nome: Fernando de Araújo Penna E-mail: f_penna@yahoo.com Instituição: UFRJ Título: A explicação no ensino de história Esta comunicação terá como objetivo discutir a explicação histórica realizada pelos professores de história, de educação básica, nas suas aulas. Paul Veyne, na sua obra “Como se escreve a história”, afirma que o termo explicar pode ser tomado em dois sentidos, um primeiro associado às ciências hipotético-dedutivas que podem deduzir e prever, no qual significa “atribuir um fato a seu princípio ou uma teoria a outra mais geral”. O autor defende, no entanto, que a explicação histórica se enquadraria num segundo sentido familiar do termo, similar ao gênero de explicação que se pratica na vida quotidiana ou em qualquer narrativa, no qual explicar equivale a “fazer compreender”. Defendo aqui, que a explicação histórica realizada pelos professores também poderia ser entendida da mesma forma. O fato de ser entendida num sentido familiar do termo, similar à explicação praticada no discurso cotidiano, apenas reforçaria a minha proposta de utilização da Teoria da Argumentação (Perelman & Tyteca) para analisar as explicações realizadas pelos professores, porque, segundo esta teoria, as mesmas técnicas de argumentação se encontram em todos os níveis, tanto no da discussão ao redor da mesa familiar como num debate num meio especializado.

Nome: Flávia Eloisa Caimi E-mail: caimiribeiro@via-rs.net Instituição: Universidade de Passo Fundo/RS Título: História convencional, integrada, temática: uma opção necessária ou um falso debate? O presente estudo circunscreve-se no cenário de discussões acerca da organização curricular da história escolar, partindo do pressuposto que este tema extrapola abordagens de caráter didático-pedagógico e dialoga com diferentes campos de análise, tais como relações de poder, função social da escola, políticas públicas, dentre outros. Em tal cenário, o estudo objetiva analisar as tendências curriculares presentes no debate do ensino de história, questionando se as opções em torno da história convencional, integrada ou temática se tratam de uma efetiva necessidade pedagógica ou de um falso debate. Para constituir o estudo, buscou-se primeiramente perscrutar as tendências teórico-historiográficas que consubstanciam as atuais tendências curriculares da história escolar, apontando fragmentos da sua trajetória recente. Na seqüência, cartografou-se a configuração destas tendências no livro didático de história, tomando como fonte o Guia de Livros Didáticos do PNLD 2008 - Área da História. Por fim, estendeu-se o olhar para o chamado currículo em ação, buscando explicitar os modos como os professores mobilizam os saberes docentes em sala de aula e os desafios que se apresentam à formação profissional, no que respeita à organização curricular da história escolar. Nome: Helena Maria Marques Araújo E-mail: hmaraujo@ig.com.br Instituição: UERJ/ PUC-Rio Título: Os museus comunitários como espaço-tempo de memória e de construção de identidades culturais Este trabalho insere-se em minha pesquisa de doutoramento na PUC-Rio situando-se no campo dos Estudos Culturais. Analiso o conceito de identidade e suas representações na preservação da memória e no fortalecimento identitário de grupos populares. Procuro entender a formação dos museus comunitários no fortalecimento de identidades de resistência no Rio de Janeiro. Para discutir o conceito de memória dialogo com Jacques Le Goff, Maurice Hallbawchs, Eclea Bosi, Eric Hobsbawm, Michel Pollack e Mário Chagas. Para o conceito de identidade, trabalho com referenciais teóricos de Stuart Hall, Denys Cuche, Tomaz Tadeu da Silva e Manuel Castells. Durante muito tempo a concepção de museu foi a de preservar a memória de classes sociais abastadas, ou da ideologia do Estado. Atualmente o museu e a concepção de museu está passando por um processo de democratização, ressignificação e de apropriação cultural. Portanto, ao fazer uma pesquisa sobre os museus comunitários, mapeando-os na cidade do Rio de Janeiro e procurando entender o processo de seu surgimento, pretendo contribuir para a democratização da concepção de museu, assim como do acervo de sua memória coletiva, além de procurar entender como se fortalecem, ou não, identidades de resistência em espaços educativos não formais. Nome: Helenice Aparecida Bastos Rocha E-mail: helarocha@gmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: O que é a escrita da história na escola? Uma abordagem discursiva da escrita histórica escolar A escrita da história é alvo de reflexão de historiadores, sendo objeto consolidado sob diferentes perspectivas historiográficas. Pesquisas que se voltam para a escrita da história escolar, ou seja, o conhecimento histórico que circula na escola, tendem a privilegiar a escrita presente nos livros didáticos, por conta de sua tradição, estabilidade e facilidade de acesso às fontes. Neste trabalho faço um exercício de organização de uma tipologia de gêneros que circulam pela escola, procurando compreendê-los em sua dimensão discursiva: quem escreve, para quem escreve, o que escreve, atendendo a quais necessidades ou funções sociais. Para isto, utilizo corpora de textos inéditos, recolhidos em uma escola pública e outra privada, onde foi realizada pesquisa sobre a linguagem oral e escrita na aula de história. Para além da organização tipológica, a busca é de compreender como o conhecimento histórico se constitui nesses textos, a partir de alguns textos analisados. O referencial teórico utilizado para a organização tipológica é a proposta bakthiniana para os gêneros discursivos e os elementos para a análise dos textos quanto a sua dimensão especificamente historiográfica são buscados em diversos autores, tais como de Certeau, Hartog e Prost. Nome: Iandra Pavanati E-mail: iandrapavanati@hotmail.com Instituição: EGC/UFSC, UDESC, INESA Título: Ensino de História, Educação, Tecnologia e Cibercultura Ao observar o papel desempenhado pelas Tecnologias de Comunicação Digi-

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tal – TCD no cotidiano das novas gerações evidencia-se a necessidade de um estudo acerca dos limites e possibilidades da presença destas tecnologias no espaço escolar, e sua utilização no desenvolvimento do conhecimento histórico na sala de aula. Partindo dos estudos de Pierre Lévy acerca da cibercultura, que a define enquanto cultura desenvolvida coletivamente numa realidade multidirecional, virtual, sustentada por computadores, é possível perceber que esta cibercultura transforma os modos humanos de perceber e de estar no mundo. Assim sendo, constitui-se num desafio à educação do presente, que já não pode mais ignorar tal realidade e, para ser significativa precisa, urgentemente, repensar-se e refletir sobre a presença das TCD, objetivando, tal como defende Edith Litwin, ser mais que a mera incorporação de modernas tecnologias a metodologias já ultrapassadas. Entende-se como um desafio possível à História manter-se reflexiva num universo de forte presença midiática. Nome: Janaina de Paula do Espírito Santo E-mail: janainapes@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa Título: Usos do passado como produção de sentido O que pensam os jovens brasileiros e argentinos sobre a História, a identidade nacional? Como o ensino de História pode atender melhor às demandas por qualidade? Na década de 90, os países da Europa testemunharam um amplo survey no qual essas questões foram pesquisadas, através de questionários aplicados a professores de História e a alunos de 15 anos de idade em praticamente todos os países europeus. O survey possibilitou afirmações generalizáveis sobre o estado e os resultados do ensino de História naqueles países. Na presente comunicação, pretendemos expor discutir alguns dados levantados a partir de um projeto de pesquisa piloto similar. Centra-se na análise do uso do conhecimento histórico e, portanto, do passado como espaço de produção de sentido e orientação para a vida prática, a partir das questões levantadas por Jorn Rüsen. Para ele, o ensino de História é um espaço em que a orientação e compreensão ocupam espaço central na natureza da disciplina escolar. Os alunos precisam desenvolver estruturas históricas úteis para que se orientem no tempo. Rüsen define uma tipologia básica da consciência histórica, pressupondo um uso do passado como orientação do presente, uso este que pode repetir, modelarse, negar ou integrar o passado como fundamento das ações do agora. Nome: José Evangelista Fagundes E-mail: fagundespe@uol.com.br Instituição: UFRN Título: O olhar sobre si: o ensino das temáticas locais em escolas do ensino fundamental A comunicação tem como objetivo principal refletir sobre o lugar reservado à história local no nível fundamental de ensino em escolas potiguares. Tomou-se como base as pesquisas “A história local e seu lugar na História: histórias ensinadas em Ceará-Mirim” (UFRN) e “Assú sob o olhar de Clio: o município na percepção dos professores de História” (UERN). Os dados principais das pesquisas foram construídos a partir de entrevistas com professores de escolas públicas e privadas, sendo consideradas as suas concepções de disciplina escolar e de ensino como importantes elementos para identificação do espaço reservado à história local. Para análise das falas dos professores, tomou-se como parâmetro as contribuições de Chervel (1990) e Bittencourt (2004). Os resultados indicam que a história local ensinada nas escolas ocupa um espaço secundário dentre os conteúdos escolares, predominando os conteúdos de história geral e história do Brasil. As temáticas locais, por sua vez, são contempladas em datas específicas, como a alusiva à semana de emancipação dos municípios e em situações em que, ao ser abordada uma determinada temática nacional, o professor considera pertinente fazer relações com questões locais. Nome: José Ricardo Oriá Fernandes E-mail: groof@uol.com.br Instituição: Câmara dos Deputados Título: “Sem história não há pátria!”: Viriato Corrêa e a literatura escolar para o ensino de História A comunicação faz parte da tese de doutorado que apresentamos, neste ano, à Faculdade de Educação da USP, sob a orientação da Profª Dra. Circe Bittencourt, intitulado A História contada às crianças: Viriato Corrêa e a literatura escolar para o ensino de História (1934-1961). Pretendemos analisar a produção didática do escritor maranhense e “imortal” da Academia Brasileira de Letras - Viriato Corrêa (1884-1967) e sua relação com o ensino de história na escola primária. Viriato foi autor de grande sucesso junto ao público infantojuvenil, com livros que tematizam a história nacional, durante as décadas de 30 a 60 do século XX. Daremos destaque à História do Brasil para crianças (1934) que, em 28 edições, circulou durante cinqüenta anos no mercado editorial e recebeu a chancela e registro do MEC, conferindo-lhe o status de “manual di-

dático”. A partir das contribuições teóricas de Choppin, Escolano e Juliá (livro didático como objeto da cultura escolar), analisaremos a concepção de História presente nessa obra e sua articulação com o discurso da identidade nacional (Canclini e Carvalho), calcada no culto à ação dos grandes homens que construíram a pátria e em aspectos pitorescos e anedóticos do passado, como forma de despertar nas crianças e jovens o interesse pela história do país. Nome: Lorene dos Santos E-mail: lorenedossantos@gmail.com Instituição: PUC MG Título: Saberes e práticas no contexto de reconfigurações curriculares: a temática africana e afro-brasileira na Educação Básica Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa de Doutoramento em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da FaE/UFMG, que tem por objeto os saberes e práticas sobre a temática africana e afro-brasileira que têm sido mobilizados no interior de escolas e salas de aula da Educação Básica, no bojo do processo de recepção da Lei 10.639/03. Busca-se compreender as múltiplas formas com que o “saber histórico escolar” comparece na Educação Básica, recorrendo-se a aportes teóricos de diferentes campos de conhecimento, especialmente as áreas do currículo e da formação e trabalho docente, privilegiando-se as categorias analíticas “saberes escolares” e “saberes e práticas docentes”. No nosso quadro de análise procuramos evidenciar as relações entre as políticas, diretrizes e movimentos identificados no plano macro-social e os desafios, dilemas e configurações do trabalho desenvolvido no micro-espaço da escola. A pesquisa de campo está sendo realizada no município de Contagem, Minas Gerais, e os primeiros resultados apontam para configuração de um quadro multifacetado de saberes e práticas nucleados em torno da perspectiva de positivação da história e cultura africana e afrobrasileira. Nome: Luís Reznik E-mail: lreznik@puc-rio.br Instituição: PUC-Rio e UERJ Título: Democracia e desenvolvimento nos livros didáticos de História do Brasil da década de 1950 Democracia e desenvolvimento foram conceitos que impregnaram o ambiente intelectual, cultural e político na década de 1950 no Brasil. Como todos e quaisquer conceitos, os seus usos variados, polissêmicos, indicavam as tensões perante as transformações sociais no Pós Guerra e as expectativas desejadas para a sociedade e o Estado brasileiros. Compreendendo a historiografia como uma prática cultural, imersa em seu tempo histórico, buscamos apreender os usos, significações e apropriações desses conceitos pelos historiadores no seu exercício profissional. Mais especificamente, analisaremos os principais livros didáticos de História do Brasil, publicados nesse período, procurando na escrita historiográfica escolar as marcas, heterogêneas e múltiplas, de sua época. Nome: Luiz Alberto de Souza Marques E-mail: bettamar2@terra.com.br Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina Co-autoria: Marcelo Nascimento Mendes E-mail: marcelojpt@gmail.com Instituição: Unisul Título: Retalhos etnográficos na escrita da história: visibilidade cultural dos grupos étnicos formadores do povo do Rio Grande do Sul na produção didática para o ensino fundamental O presente estudo resulta de pesquisa bibliográfica realizada junto ao grupo de pesquisa Educação, Cultura e Sociedade do curso de Mestrado em Educação/ Unisul, com a contribuição de bolsistas PIBIC, analisando nove autores e dez produções didáticas sobre a história do Rio Grande do Sul, destinadas ao ensino fundamental nos últimos 40 anos, objetivando identificar os componentes culturais que prestam visibilidade aos grupos étnicos formadores do povo gaúcho: indígenas, africanos, europeus e asiáticos em suas múltiplas etnias. Constitui num recorte de um estudo que vem sendo realizado nos três estados do Sul do Brasil, tendo como lastro teórico estudos de Bittencourt, Canclini, Carretero, além de obras de historiadores e antropólogos sobre a contribuição cultural dos diferentes povos formadores. Os dados obtidos apontam a necessidade de revisão do discurso histórico escolar evidenciados nos textos didáticos, visando à inserção da história local nas construções espaciais, sociais e econômicas, além das elaborações culturais presentes no cotidiano dos povos nativos, povoadores ou imigrantes, vistos até então através de traços simbólicos ou da folclorização de suas manifestações. Nome: Marcele Xavier Torres E-mail: marcele.torres@gmail.com

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33 Instituição: UNIFLU/Faculdade de Filosofia de Campos e UFRJ Título: Interpretando sentidos de prática na formação de professores de História pela voz dos sujeitos formadores Neste trabalho investigo o currículo da formação de professores de História produzido na Faculdade de Filosofia de Campos/RJ, após a reforma curricular em 2005. Particularmente, focalizo os sentidos de prática na formação de professores a partir de um enfoque teórico advindo do campo do Currículo. Seu foco empírico incide sobre o coletivo de sujeitos formadores de um curso específico: a Licenciatura em História da instituição. Articulando diferentes fontes, procuro compreender a construção dos sentidos de prática produzidos pelos sujeitos formadores do curso de Licenciatura em História, em suas iniciativas formadoras no interior dos componentes das Práticas Pedagógicas. Analiso a história do referido curso a partir de seus projetos pedagógicos e de outros documentos do Curso de História da FAFIC, detendo-me aos embates travados entre os sujeitos formadores desse curso. Além disso, procuro perceber a construção de uma identidade da formação docente a partir da produção de um ‘novo’ currículo para a formação de professores [o currículo das práticas]. Para tanto, tomo os depoimentos dos professores formadores do Curso de História da Faculdade de Filosofia de Campos em uma tentativa de dar voz a tais sujeitos produtores de ‘novos’ sentidos para a formação de professores. Nome: Marcello Paniz Giacomoni E-mail: forquetalee@yahoo.com.br Instituição: UFRGS Título: Possíveis Passados - representações da Idade Média no ensino de história Tal comunicação pretende abordar como o olhar referencial renascentista e iluminista influenciou e continua influenciando as representações da Idade Média nos livros e manuais didáticos. A partir do referencial teórico foucaultiano de “dispositivo”, foi possível analisar uma ampla gama de discursos, principalmente escritos, que por sua vez compõe olhares pautados pela generalização, pelo contraste valorativo e pelas subjetivações. Recortamos as análises em três períodos, analisando a representação da Igreja Católica em livros da primeira metade do século XX e livros das décadas de 80/90, além dos livros aprovados pelo PNLD de 2008. Nos primeiros dois recortes, mesmo com valorações aparentemente conflitantes da Igreja, ambos constroem representações com um “fundo” negativo, caótico e cruel: a realidade medieval. Nos livros atuais, constatamos a manutenção de algumas premissas iluministas através da prática do contraste, sendo o medievo o antagonista ao pensamento das luzes, e das generalizações. Todavia, neste recorte também percebemos outro olhar, mais próximo das pesquisas historiográficas, que parece ter se voltado para a pluralidade das condições de vida na civilização medieval, evitando muitos dos preconceitos constatados em publicações anteriores. Nome: Marcelo de Souza Magalhães E-mail: marcelosmagalhaes@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A República presente nos manuais didáticos brasileiros: um relato no calor da hora Aos 120 anos da República no Brasil constata-se a existência de um considerável número de textos produzidos, sobretudo, por políticos e intelectuais, acerca dos acontecimentos de 15 de novembro de 1889 e dos tempos iniciais do novo regime. Já existe um consenso entre historiadores e cientistas políticos sobre os primeiros anos republicanos, identificados como de profunda instabilidade, em que diversos projetos de República concorriam entre si. Esses eram anos em que antigas e novas forças políticas passaram a atuar em instituições que acabavam de ser criadas, o que implicava, dentre outras coisas, a invenção de tradições diferentes do fazer política: outro vocabulário, outros cargos, outros rituais, outras formas de se relacionar etc. O trabalho tem por objetivo analisar a forma de tratamento dada a instauração da República nos livros didáticos editados entre 1889 e 1909. Interessa compreender a forma como os autores construíram interpretações sobre o início da República, fazendo o que se chamaria hoje de história do tempo presente. Os livros analisados foram produzidos para os ensinos primário e secundário. A análise dos livros estará preocupada com: 1) os personagens citados, 2) os títulos atribuídos aos capítulos, 3) as ilustrações, 4) a narrativa dos acontecimentos. Nome: Márcia de Almeida Gonçalves E-mail: agmarcia@uol.com.br Instituição: UERJ - Puc-Rio Título: Fundadores do Brasil: biografia, história e política em manuais escolares brasileiros da década de 1940 A escrita biográfica e a historiografia garantem, cada uma à sua maneira, a sobrevida de alguns mortos ilustres. Possuem, assim, a função de uma escritura

mortuária; ao buscar suprir faltas constitutivas e preencher lacunas. Elaboram, por meio da construção de personagens, valores e ações que representificam a comunidade política imaginada como nação. Para além da eleição de quem não deve ser esquecido, é estabelecida a dimensão de como certos mortos ilustres serão lembrados, em um jogo metonímico em que cada parte - o indivíduo - possa ser o todo, naqueles termos, a sociedade nacional. Em manuais escolares tais usos do biográfico são recorrentes e atendem à criação de uma pedagogia para formar, de acordo com seus contextos específicos, súditos ou cidadãos. Tais questões informam o objetivo do presente trabalho que pretende investigar as formas de apresentar os protagonistas da independência política do Brasil em manuais, destinados à terceira série do ciclo ginasial, em consonância com as determinações da Reforma Capanema de 1942. São eles: História do Brasil, de Otávio Tarquínio de Sousa e Sérgio Buarque de Holanda; História do Brasil Colonial, de Hélio Vianna, e História do Brasil, de Benjamin A. Salles Arcuri. Nome: Maria Cristina Dantas Pina E-mail: mcristina.pina@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: O Brasil sob as lentes da Bahia republicana: nação e escravidão no manual didático de Borges dos Reis O texto analisa como a nação brasileira e nela a escravidão foi retratada no manual de História do Brasil de Antônio Alexandre Borges dos Reis (1915), utilizado no Ginásio da Bahia entre o final do séc. XIX e o início do séc. XX. Buscou-se perceber as especificidades do discurso histórico do professor baiano, testemunha das contradições de uma região que clamava por manter sua posição no cenário nacional. Por intermédio da revisão bibliográfica e de fontes primárias o objeto foi analisado segundo três categorias: nação, trabalho e classe social. Constatou-se que, semelhante a outros autores didáticos da época, Borges dos Reis defende um caminhar evolutivo do Brasil em direção ao modelo de civilização européia, fortalecendo uma identidade nacional branca, cristã e liberal. Condena moralmente a escravidão, mas a justifica como necessidade econômica; e, admite o papel do negro na construção do país, porém sem ação decisiva no destino do Brasil. Todavia, diferentes daqueles manuais, o autor chama atenção para o processo de interiorização e de mistura entre as raças na formação da nação, defendendo que as diversidades regionais deveriam ser consideradas na História do Brasil. Dessa forma, a obra caracteriza-se pelo patriotismo e nacionalismo, embora referenciado no contexto baiano. Nome: Marieta de Moraes Ferreira E-mail: marieta@fgv.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Perfis e trajetórias dos professores universitários de História no Rio de Janeiro Este artigo tem como objetivo analisar a trajetória dos professores que atuaram na implantação dos primeiros cursos universitários de História no Rio de Janeiro. Isto significa investigar a criação do curso de História na Universidade do Distrito Federal (UDF) e na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil. A proposta é pesquisar principalmente três momentos: os projetos iniciais elaborados na criação da UDF, em 1935; sua extinção, em 1939; e a estruturação e consolidação do novo curso da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A idéia básica é a de estudar as trajetórias das primeiras gerações de profissionais de história e geografia num momento de institucionalização deste campo profissional. Através do perfil de seus membros é possível acompanhar a formação, as maneiras de recrutamento, suas relações com outros segmentos da sociedade e instituições, as mudanças, os conflitos e as disputas no campo da constituição da história como ensino universitário. A estratégia de trabalho adotada é o estudo das biografias coletivas dos professores de história da UDF e de história e geografia da FNFI, já que a partir de 1939 as duas formações passaram a estar juntas no novo curso. Nome: Marta Margarida de Andrade Lima E-mail: martallima@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Um diálogo entre a construção do conhecimento histórico escolar e a formação sociocultural e profissional dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental Neste texto, apresentamos uma pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP sobre a construção do conhecimento histórico escolar dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, de escolas públicas de Pernambuco, a partir das relações estabelecidas entre o conhecimento histórico e os saberes que constituem suas práticas pedagógicas. Por se tratar de

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um estudo sobre a constituição do conhecimento histórico escolar, inserimos nossa discussão teórica nos campos da construção epistemológica e das práticas escolares, considerando como exigência dessa análise o diálogo entre as categorias conhecimento escolar, saberes docentes e formação histórica. Estes aportes nos possibilitam compreender o processo de construção do conhecimento histórico escolar, visto que apontam o campo educacional como produtor de saberes com natureza própria, tecidos no diálogo entre os elementos históricos, pedagógicos e culturais presentes no conhecimento histórico científico e nos saberes da formação cultural e profissional dos professores. Os procedimentos da pesquisa etnográfica associados à análise documental comporão o percurso metodológico trilhado por este estudo. Nome: Mauro Cezar Coelho E-mail: mauroccoelho@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: A moral da história – ensino de história e formação para a cidadania: uma perspectiva a partir da abordagem que as populações indígenas recebem em salas de aulas. O presente trabalho considera o lugar e a importância que a formação para a cidadania e, conseqüentemente, a formação moral e ética, conhecem no Ensino de História. Para tanto, o trabalho aborda a forma pela qual o conteúdo curricular de História trata as populações indígenas. Baseado, fundamentalmente, na literatura didática, o trabalho recorre a análises feitas em escolas do município de Belém, no Pará, nos quais a prática docente foi perscrutada. O trabalho evidencia que autores de textos didáticos e professores comungam da mesma perspectiva: o de que o Ensino de História tem uma missão fundamentalmente moral, a qual, em nossa prática docente, constitui-se em uma visão tida como progressista, mas que, ao fim e ao cabo, reiteram a discriminação dispensada às populações indígenas. Nome: Nayara Galeno do Vale E-mail: nayaraghist@gmail.com Instituição: UFRJ Título: Delgado de Carvalho e o ensino da História: trajetória e atuação de um “pardal de Clio” no campo intelectual do Rio de Janeiro (19311955) Este trabalho visa investigar a trajetória intelectual de Carlos Miguel Delgado de Carvalho (1884-1980), sobretudo no que diz respeito à suas concepções e atuação no ensino da História. Trata-se de analisar como este autor constrói suas reflexões teórico-metodológicas sobre a História e de que forma essa compreensão marca suas posições nos debates acerca do ensino escolar e acadêmico da disciplina. De formação eclética, Delgado de Carvalho foi figura atuante na conjuntura dos anos 1930 a 1950 nos principais espaços onde se desenvolviam discussões acerca dos rumos da educação nacional. Sua atuação mais efetiva, no ensino da história se deu na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, onde lecionou, desde 1943, como catedrático interino, e a partir de 1946, como catedrático efetivo da cadeira de História Moderna e Contemporânea no curso de História e Geografia. Estudar seu pensamento reveste-se de grande importância para entendermos a constituição da História como campo de conhecimento específico no Brasil. Ao mesmo tempo, reconstituir sua trajetória nos possibilitará visualizar como suas posições acadêmicas se definem a partir de sua inserção como intelectual no universo cultural da época, bem como, nos embates em torno da produção acadêmica e escolar da História. Nome: Patricia Bastos de Azevedo E-mail: patriciabazev@yahoo.com.br Instituição: UFRuralRJ/UFRJ Título: Ensino de história: a argumentação e a construção de sentido na história ensinada. Neste artigo pretendemos discutir a construção de sentido via argumentação na história ensinada. Utilizaremos subsídios obtidos em pesquisa realizada em uma sala de aula de história, no ano de 2003. Buscamos revisitar e repensar algumas questões à luz de elementos teóricos vinculados ao currículo, cultura e linguagem. Destacamos este exercício como uma possibilidade de aproximação teórica dos conceitos vinculados a esse três campos de conhecimento relacionando-os a um espaço concreto, a sala de aula de história. No trabalho que apresentamos, trazemos para o espaço de escrita e argumentação autores e percepções que se desenvolvem em nossas reflexões atuais acerca da história ensinada. Neste processo argumentativo estaremos dialogando mais estreitamente com três autoras – Gabriel, Goulart e Monteiro. As três autoras constroem suas argumentações tendo como espaço teórico os campos do currículo, linguagem e cultura, com perspectivas teóricas convergentes e dialógicas. O desafio que nos propomos é dialogar com a teoria proposta pelas autoras buscando compreender a construção de sentido na história ensinada via argumentação.

Nome: Raimundo Nonato A. da Rocha E-mail: raimundononatorocha@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: História local e formação de identidades nos currículos escolares O trabalho tem por objetivo analisar a percepção de História Local de professores do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, bem como propor, acompanhar e avaliar a aplicação de estratégias metodológicas – com temáticas geradas a partir do local – usadas por docentes no cotidiano escolar. Três conceitos são fundamentais para a sistematização do trabalho: currículo, culturas e identidades. A partir da compreensão dos currículos escolares como expressão de culturas, a investigação analisa como o uso das histórias locais pode contribuir na formação de identidades dos alunos. A meta é perceber como os professores ultrapassam o localismo e procuram reconstruir as histórias dos lugares instigando as multiplicidades interpretativas. O texto está dividido em três partes. Na primeira, analisam-se depoimentos de professores sobre os conteúdos ministrados no ensino de História e as relações desses conteúdos com as histórias dos lugares vividos pelos alunos; na segunda parte discutem-se as interfaces entre a historiografia acadêmica e a produção didática sobre história local, relacionando essas interfaces com os depoimentos dos professores; finalmente, a terceira parte apresenta ações pedagógicas com a história local e identifica articulações estabelecidas entre conteúdos escolares. Nome: Regina Célia do Couto E-mail: couto-regina@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Pampa Título: Espaços de fronteira: leituras diversas de práticas diversas Neste texto objetivamos socializar alguns resultados da pesquisa cujo mote central consiste, em problematizar como são significadas identidade e diferença na região fronteiriça entre Brasil (Jaguarão) e Uruguai (Rio Branco). Brasileiros e uruguaios coexistem num mesmo espaço e em espaços diferentes separados pelos limites geográficos e ou imaginários. A convivência é marcante entre estes povos. Isso corrobora para pensarmos nos aspectos inerentes à identidade e diferença. Questionamos: Levando-se em consideração que habitamos uma região de fronteira, como as identidades nacionais, brasileira e uruguaia, são representadas no cotidiano dos habitantes desta região, dentre eles, aqueles que ensinam história na rede pública? Para tanto, observamos durante um ano como é a convivência entre estes dois povos e entrevistamos os professores formados no Programa Especial para formação de professores em Serviço, nas Redes de Ensino da Região Sul do Estado do Rio Grande do Sul, turma 9 (2002), curso de Pedagogia, na cidade de Jaguarão, bem como, analisamos os currículos de história por eles utilizados no espaço escolar. Nome: Sandra Alves Fiuza E-mail: safiuza@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: “Fazer história” e “contar histórias”: a operação histórica na sala de aula Nesse trabalho procuro aproximar as “operações” que comandam as atividades da pesquisa histórica, tais como descritas por Michel de Certeau, com as atividades realizadas pelos professores de história em sala de aula. Parto da hipótese que a prática do ensino de história se dá também a partir de diversas “operações”. Os professores de história as realizam para: avaliar as funções atribuídas pela sociedade ao ensino de história e, assim, dar um sentido à matéria ensinada a partir de um “lugar” teórico e social; selecionar e utilizar ou não o livro didático e outros materiais didáticos; construir narrativas orais ao explicar e recompor os acontecimentos passados — conforme os estudos de Ana Maria Monteiro sobre as narrativas da história escolar; entre outras. Considerando estas “operações” arquitetadas como criações advindas dos saberes docentes, discorrerei sobre duas questões em especial: 1ª) as aproximações e distâncias entre as “operações” que envolvem a pesquisa histórica e o ensino de história; 2ª) as “operações” realizadas por alunos e alunas do curso de graduação em história durante o estágio supervisionado em experiências de planejamento e execução de aulas em escolas públicas do ensino fundamental e médio. Nome: Silvana de Sousa Pinho E-mail: arquivosilvanapinho@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: Relações temporais na historiografia do ensino de história O presente trabalho analisa as abordagens historiográficas que articulam as relações temporais presente-passado-futuro no ensino de história. A nossa indagação recai sobre as propostas de ensino de história voltadas para o estudo do passado, do presente ou a multiplicidade do tempo histórico. De acordo com REIS (2000) a mudança na concepção de história e, por conseguinte, no ensino tem como condição básica a mudança na noção de tempo. Entretan-

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33 to as mudanças historiográficas têm sido compreendidas de forma genérica como uma diferença de método: novos objetos, novas fontes, novas técnicas, novos conceitos, novas instituições, obras e historiadores-modelos. Dado a importância da relação presente/passado para aproximar o conhecimento histórico da realidade do aluno e das possibilidades de efetuar mudanças sociais pretendemos analisar os aspectos teóricos e metodológicos das abordagens historiográficas que apresentam as articulações temporais (presente/ passado/futuro). Nome: Silvia Carolina Andrade Santos E-mail: silviacarol_as@yahoo.com.br Instituição: UFS Título: Uma análise historiográfica de livros didáticos de História Regional Este artigo é parte do projeto “História regional para crianças: o texto didático em questão”, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas em Ensino de História (GPEH/UFS). O projeto tem como objetivo analisar os livros didáticos de história regional para as séries iniciais distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático - PNLD 2007, apresentando um perfil dessa escrita em seus aspectos lingüísticos, gráficos, pedagógicos e historiográficos. Neste texto, será apresentada uma análise historiográfica de cinco manuais de história regional, avaliados, adquiridos e distribuídos pelo PNLD 2007, abordando alguns elementos da narrativa histórica: os personagens, os cenários, as ações e as formas de recortar o tempo. Nome: Warley da Costa E-mail: warleydacosta@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Saberes escolares, cultura e poder: imagens que circulam no currículo de História A discussão acerca dos saberes /conhecimentos presentes nos currículos escolares tem ocupado ultimamente um espaço significativo no campo da educação e em especial no campo do currículo. A produção, a reelaboração, a circulação e o consumo do conhecimento escolar envolvem subjetividades em torno do qual o currículo se inscreve, principalmente aquelas referentes às relações de poder. Assim, no presente trabalho, pretendo, apoiada nas contribuições das teorizações curriculares recentes (Lopes, Gabriel, Monteiro), discutir as tensões que envolvem os saberes escolares na disciplina de História a partir das imagens de livros didáticos selecionados na minha pesquisa de dissertação de Mestrado. A veiculação de algumas imagens, e não outras, para o estudo da escravidão no Brasil, nos instiga a analisar e problematizar, nos discursos historiográficos destinados ao público escolar, o jogo de poder que envolve a produção desses saberes.

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34. Norma e prĂĄxis no Mundo IbĂŠrico. SĂŠculos XV a XVIII Bruno Feitler – Unifesp (feitler@uol.com.br) Ronald JosĂŠ Raminelli – Universidade Federal Fluminense (rraminelli@uol.com.br) Dando continuidade Ă colaboração iniciada entre os membros do projeto temĂĄtico FAPESP “DimensĂľes GR ,PSpULR SRUWXJXrVÂľ &iWHGUD -DLPH &RUWHVmR ))/&+ 863 H GR SURMHWR 3URQH[ &13T ´&RPSDQKLD GDV ĂŒQGLDVÂľ ,&+) 8)) QD $138+ QDFLRQDO GH -RmR 3HVVRD FRQWLQXDGD QR VHPLQiULR ´2 JRYHUQR GRV SRYRVÂľ 3DUDW\ QD $138+ QDFLRQDO 6mR /HRSROGR H UHJLRQDO 6mR 3DXOR 6mR 3DXOR HVWH 6HPLQiULR 7HPiWLFR YLVD FRPSDUDU H FRPSDUWLOKDU DV SHVTXLVDV HP DQGDPHQWR QRV GRLV JUXSRV GH LQYHVWLJDomR PHQFLRQDGRV PDV QmR H[FOXVLYDPHQWH VREUH D GLQkPLFD GDV KLHUDUTXLDV VRFLDLV GDV LQVWLWXLo}HV UHOLJLRVDV SROtWLFDV H DFDGrPLFDV YLJHQWHV QR PXQGR DWOkQWLFR SRUWXJXrV GD pSRFD PRGHUQD 2 HVFRpo espacial alargado deste simpĂłsio visa abrir Ă pesquisa maiores possibilidades de estudos comparados, SRVVLELOLWDQGR WDPEpP TXH VH IDoDP HVWXGRV FRQH[RV TXH SHUPLWLUmR PHOKRU FRPSUHHQGHU DV P~OWLSODV UDt]HV FRPXQV GRV GRLV LPSpULRV HVSDQKRO H SRUWXJXrV $ TXHVWmR GD QRUPD H GD SUi[LV p XP SULVPD GH HVWXGR LQWHUHVVDQWH SDUD FKHJDU D LVWR SRLV GH XP PRGR RX GH RXWUR HVWi SUHVHQWH HP WRGRV RV QtYHLV WRGRV RV kPELWRV GD VRFLHGDGH

Resumos das comunicaçþes Nome: AcĂĄcio JosĂŠ Lopes Catarino E-mail: akalopes@yahoo.com.br Instituição: PPGH-UFPB TĂ­tulo: Hierarquias intermediĂĄrias: Inspetores e artĂ­fices no Arsenal de Guerra de Pernambuco A comunicação reporta-se Ă instituição pela coroa portuguesa das inspetorias enquanto hierarquias intermediĂĄrias nas dinâmicas administrativas do Antigo Regime tardio, concomitante Ă introdução de procedimentos estatĂ­sticos e da disseminação da vigilância preventiva sobre os habitantes das cidades. Os desafios postos pela crescente complexidade da sociedade colonial e necessidades do abastecimento aos corpos militares impunham a reformulação dos cĂłdigos de referĂŞncia e comportamento acerca do trabalho sobre grupos urbanos muito especĂ­ficos. PropĂľe-se aqui abordar o Trem (Arsenal de Guerra) em Pernambuco como um locus iniciĂĄtico desta reconversĂŁo sob o comando de seus inspetores militares: assim como o SeminĂĄrio de Olinda e o Curso JurĂ­dico representaram suportes de atualização das elites com relação aos saberes europeus, o Trem atuou como acelerador cultural do meio artesanal, ao mesmo tempo em que rompia as hierarquias internas e subordinava a cadeia de reprodução dos artĂ­fices. Nome: Alex Silva Monteiro E-mail: alexsmonteiro@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo:“ConventĂ­culo HerĂŠticoâ€?: criptojudaĂ­smo feminino no Portugal seiscentista A comunicação tem como objetivo analisar a participação feminina na formação de grupos de resistĂŞncia da fĂŠ judaica em meio Ă perseguição inquisitorial lusitana na cidade de Leiria no sĂŠculo XVII. A organização desses grupos permitiu a ascensĂŁo de novas formas de lideranças na transmissĂŁo da fĂŠ hebraica, o que caracterizou uma reorganização da hierarquia social nas comunidades de descendentes de judeus onde os homens eram os lĂ­deres mais tradicionais. O intuito, desta forma, serĂĄ discutir o papel da mulher na sobrevivĂŞncia do judaĂ­smo em meio Ă s perseguiçþes inquisitoriais, bem como as novas formas de disseminação do ensino das “coisas da fĂŠâ€? hebraica na comunidade cristĂŁ-nova lusitana. Nome: Ana Carolina Teixeira Crispin E-mail: anacrispin@gamil.com Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: “Rompendo estruturasâ€?: as milĂ­cias negras e seus oficiais na dinâmica colonial - Minas Gerais (1750 - 1808) Este trabalho – que tem como objeto de investigação as ordenanças e tropas auxiliares de homens pretos e pardos – visa discutir o tema das hierarquias sociais que pautavam as relaçþes sociais no mundo ibĂŠrico. Tendo como instrumento de anĂĄlise as cartas-patentes e confirmaçþes de postos oficiais e pedidos de mercĂŞs feitos por estes indivĂ­duos se pretende, aqui, discutir as possibilidades e “preçoâ€? (as formas) se empreendiam estratĂŠgias que concedessem a estes homens maiores possibilidades de mobilidade social. No espaço das Minas Gerais, seus habitantes nem sempre vivenciavam na prĂĄtica

a investida normatizadora da MetrĂłpole. A existĂŞncia e permanĂŞncia destas milĂ­cias negras obedecem a normas que hierarquizam a sociedade. Mas, ao mesmo tempo em que obedecem tambĂŠm a subvertem, pois fora atravĂŠs da atuação destes homens como oficiais de alta patente que estes homens negros conseguiam, em certa medida, honra e poder. Nome: Ana Paula Pereira Costa E-mail: anappcosta@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro TĂ­tulo: Potentados locais e seus escravos armados na comarca de Vila Rica na primeira metade do sĂŠculo XVIII: notas de pesquisa Na historiografia sobre o perĂ­odo colonial cada vez mais autores destacam a importância e a recorrĂŞncia do uso de escravos armados por parte da elite colonial para realização de suas diligĂŞncias em prestação de serviços Ă Coroa portuguesa a fim de adquirirem mercĂŞs rĂŠgias. De fato, nos pedidos de mercĂŞs de variados tipos ĂŠ comum encontrar relatos dos indivĂ­duos que as solicitavam remetendo ao uso de seus escravos armados em situaçþes, tais como: combate a levantes e conflitos, cobrança de impostos, ataque a quilombos e povoamento de novos territĂłrios. Neste sentido, o trabalho pretende analisar o modo pelo qual as relaçþes sociais entre um segmento da elite colonial, os potentados da Comarca de Vila Rica em Minas Gerais, com seus escravos, criaram solidariedades, alianças e reciprocidades para assim entendermos, por um lado, como as ligaçþes estabelecidas com os escravos puderam auxiliar na aquisição e manutenção do poder dos potentados. Por outro lado, levando em consideração que toda relação social ĂŠ recĂ­proca, analisaremos tais relaçþes tambĂŠm do ponto de vista dos escravos, isto ĂŠ, focando os possĂ­veis benefĂ­cios e ganhos que estes adquiriram nestas interaçþes. Nome: Ana Paula Torres Megiani E-mail: megiani@usp.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: “DicionĂĄrio das Antiguidades de Portugalâ€?: autores, fontes e referĂŞncias na composição de um manuscrito Esta comunicação pretende apresentar um estudo acerca da prĂĄtica da cultura do manuscrito em Portugal, entre os sĂŠculos XVII e XIX, a partir do estudo do documento do IHGB denominado “DicionĂĄrio das Antiguidades de Portugalâ€?, cujo original ĂŠ atribuĂ­do a Manoel Severim de Faria. Nesse sentido, apresentaremos uma anĂĄlise das referĂŞncias utilizadas pelo(s) autor(es) envolvido na elaboração do texto. A leitura sistemĂĄtica do dicionĂĄrio tem revelado que se trata de uma obra composta em trĂŞs sĂŠculos diferentes, tendo recebido intervençþes de vĂĄrias mĂŁos. Os autores nĂŁo revelados, contudo, deixaram suas pistas, podendo ser identificados ou sugeridos em nossa pesquisa. Nome: AndrĂŠ Figueiredo Rodrigues E-mail: andrefr@usp.br Instituição: Faculdades de Guarulhos TĂ­tulo: TrajetĂłrias e redes de poder: estratĂŠgias da famĂ­lia Resende Costa na defesa de seu patrimĂ´nio apreendido pela devassa da InconfidĂŞncia Mineira em 1791

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34 Na comunicação analisaremos as estratégias utilizadas pela família do sedicioso mineiro José de Resende Costa para salvaguardar seu patrimônio, em meio ao processo de seqüestro empreendido em suas propriedades pela devassa da Inconfidência Mineira em 1791. Com base nos documentos do seqüestro, é possível analisar quais bens de seu universo doméstico, agrícola e escravista foram apreendidos pela coroa portuguesa; assim como, os destinos dados àqueles bens após sua liquidação judicial em 1804. De 1791 a 1804, enquanto o patrimônio familiar permaneceu apreendido pela devassa, quem gerenciou e como foram administrados aqueles bens? A venda daquele patrimônio, em 1804, rendeu algum dividendo para a coroa portuguesa? Será que ao final do seqüestro, a família ficou destituída realmente de seu patrimônio? Nome: Andrea Simone Barreto Dias E-mail: andreasbd@ig.com.br Instituição: SEE/PE e UFCG Título: Festa, Poder e Protesto: Os incômodos da cor parda em Pernambuco (décadas de 1730 e 1740) Pretende-se aqui discutir as rivalidades tidas por motivos das diferenças das cores envolvendo o Clero Pernambucano, bem como, a postura da Igreja e da Coroa na Capitania de Pernambuco nas décadas de 30 e 40 do Setecentos em relação aos pardos. Tal instituição religiosa foi o palco de inúmeros casos de resistência ao elemento mestiço, bem como também configurando um espaço de integração social desses indivíduos. Nome: Bruno Feitler E-mail: feitler@uol.com.br Instituição: Unifesp Título: Regra e práxis nas Constituições primeiras do arcebispado da Bahia As Constituições primeiras do arcebispado da Bahia, promulgadas durante o primeiro e único sínodo diocesano realizado no Brasil colônia, em 1707, é um texto normativo típico do Antigo Regime. A partir da análise de algumas de suas partes, veremos como esta afirmativa se justifica, mostrando que a distância existente entre as regras por ele ditadas e a prática observada no cotidiano não é necessariamente um defeito, mas apenas a resultante de uma consciente impossibilidade de observá-las, ou para mais bem dizer, de uma cultura jurídica específica à época, que não esperava necessariamente que as regras ditadas fossem observadas rigorosamente no dia-a-dia. Nome: Camila Teixeira Amaral E-mail: camilatamaral@gmail.com Instituição: UFBA Título: Tensões e conflitos: as relações entre poder secular e poder eclesiástico na Bahia (1640-1750) A colaboração entre o poder secular e o poder episcopal era, segundo a norma, um pressuposto. As especificidades dos domínios ultramarinos tornavam ainda mais incisivas as recomendações da coroa para que houvesse efetiva colaboração entre os dois poderes. Entretanto, a pesquisa nos arquivos Municipal de Salvador (AMS) e Público da Bahia (APB), além do levantamento realizado nos CDs do Projeto Resgate, deixa entrever que a realidade cotidiana estava longe de ser sempre harmoniosa. Principalmente no que se refere aos espaços em que havia imbricação entre os dois poderes, os conflitos eram notórios. Essas contendas, na história da Bahia colonial, merecem mais atenção do que aquela dedicada pela historiografia brasileira até hoje; algumas delas duraram um curto espaço de tempo e outras se arrastaram durante anos, produzindo uma documentação significativa. A sociedade baiana dos séculos XVII e XVIII, como toda sociedade de Antigo Regime, era profundamente marcada por uma hierarquia social, política e econômica, na qual um simples privilégio poderia constituir um importante elemento de distinção e ponto inicial de uma contenda. Nesse intuito, essa comunicação visa descrever alguns desses conflitos e compreendê-los dentro da dinâmica imperial portuguesa seiscentista e setecentista. Nome: Carlos Alberto Ximendes E-mail: caximendes@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Maranhão Título: “Nomes no pelouro”: as eleições da Câmara de São Luís, durante a segunda metade do século XVII A Câmara de São Luís ocupou um papel de destaque na gestão da cidade. Portanto fazer parte desta instituição era um privilégio reservado à “nobreza da terra”. Neste sentido o processo de escolha dos membros do conselho municipal se revestia de cuidados especiais, pois se procurava deixar evidente para todos a legitimidade e a lisura do processo eleitoral. Assim

pretende-se neste seminário baseado nos “Termos de Acordões” evidenciar as permanências e transformações na forma como o Senado de São Luís procedia à eleição de seus membros durante a segunda metade do século XVII (1646-1700). Nome: Célia Cristina da Silva Tavares E-mail: celiatavares@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A Inquisição e a Companhia de Jesus diante do “Gentilismo” Tanto indígenas, no litoral do Brasil, quanto populações indianas na cidade de Goa e arredores, depois de batizados e, em geral, levemente doutrinados, na maior parte das vezes por padres jesuítas, tendiam a praticar a nova religião dentro dos parâmetros daquelas crenças em que haviam nascido, mas misturando a ritualística católica. Diante desta realidade, inquisidores e jesuítas produziram inúmeros textos onde registraram muitas vezes perplexidade e, outras vezes, tentaram interpretações para estabelecer uma aproximação e obter alguma explicação sobre essas atitudes. Em geral, chamavam estas práticas de “gentilismo”, expressão derivada da palavra “gentio”, que designava os pagãos, no senso comum, o que pode conduzir a uma confusão muito freqüente de achar que o gentilismo é uma prática de pagãos. Importante, já fazer um esclarecimento: trata-se de práticas pagãs incorporadas à ritualística católica e desenvolvidas por convertidos ao catolicismo. A presente comunicação pretende analisar o olhar da Inquisição e da Companhia de Jesus sobre este fenômeno resultante do processo de conversão no Império português. Nome: Daniela Buono Calainho E-mail: calainho@globo.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Norma e práxis na medicina luso-brasileira setecentista O objetivo desta comunicação é analisar alguns aspectos da medicina lusobrasileira no século XVIII confrontando a documentação de processos de réus penitenciados pela Inquisição por curandeirismo com a dos tratados médicos acadêmicos. Percebemos que as práticas curativas e os ingredientes que eram utilizados o eram também por médicos, demonstrando que havia efetivamente uma circularidade destes saberes. A diferença é que estes agentes de cura eram vistos de modo bastante distinto pelas esferas do poder, considerados os primeiros como feiticeiros, portanto hereges e passíveis de condenação por parte da Igreja – o Santo Ofício, no caso -, e outros como agentes totalmente legítimos, aceitos e consagrados. Verificamos que muitos tratados de médicos consagrados no meio acadêmico português vão expressar esta fluidez que existia entre ciência e magia, a exemplo dos médicos Curvo Semedo e Luis Gomes Ferreira. O estudo destes tratados vem demonstrando o tradicionalismo da medicina portuguesa ainda no século XVIII, quando os grandes centros europeus, a exemplo de França e Inglaterra, já estavam há muito inspirados pelos ventos do racionalismo e da Ilustração. Nome: Denise Maria Ribeiro Tedeschi E-mail: dedetedeschi@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP Título: Norma e prática na Câmara de Mariana: as despesas camarárias e a fiscalização régia na segunda metade do século XVIII Nas Vilas e cidades coloniais da América Portuguesa, a Câmara era instituição político-administrativa responsável pelo provimento dos serviços essenciais a conservação de seu Termo: arrendar terras, cobrar taxas, licenças, arrematações de obras públicas, festividades, fiscalizar o comércio, publicar editais e posturas. Essa série de medidas visava garantir a manutenção da ordem urbana. Nosso objetivo nesta comunicação é apresentar os resultados da pesquisa realizada nos livros de Receita e Despesa da Câmara de Mariana no período de 1745-1800. O objetivo foi compreender como este órgão local empregou seus recursos, sobretudo na manutenção do espaço urbano da cidade. A cada ano o Tesoureiro encarregava-se de contabilizar todos os registros de saída e entrada de recursos nos cofres da Câmara. No ano seguinte, o Provedor, funcionário régio, analisava os gastos e arrecadações. Caso encontrasse irregularidades, usos indevidos, ou abusos em desacordo com os regimentos e as determinações das Ordenações Filipinas, as glosava. Exigia então, que os vereadores devolvessem os valores glosados. Em nossa análise, cruzamos os regimentos encontrados, que normatizavam o uso dos recursos da Câmara, com a prática administrativa dos funcionários locais e régios nos livros de Receita e Despesa. Nome: Georgina Silva dos Santos E-mail: georginasantos@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense

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Título: Entre o claustro e a rua: o cotidiano nos conventos femininos portugueses do século XVII No Portugal seiscentista, da Estremadura ao Alentejo, as freiras desfrutaram de uma liberdade desconhecida a muitas mulheres laicas. O uso indiferenciado do espaço conventual, o pleno domínio da vida material e administrativa da instituição e a condescendência das autoridades eclesiásticas diante deste quadro faziam parte do cotidiano feminino nestas casas religiosas, facultando, inclusive, a formação de lideranças contrárias ao credo católico e a propagação de heresias. A análise da rotina conventual, objeto desta comunicação, demonstra como o contato constante entre o claustro e a rua marcou a história dos conventos portugueses no período barroco, contrariando o espírito da regra de cada ordem religiosa. Nome: Glaydson Gonçalves Matta E-mail: gmatta@oi.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Culturas de ofícios na Lisboa do século XVIII: tensões sociais e resistências corporativas No Antigo Regime, a formação da identidade social dos trabalhadores urbanos esteve balizada por um sistema de apreensão e inserção no tempo vivido, de técnicas, valores morais, éticos, e religiosos, delineando o que podemos chamar de cultura de ofícios. O século XVIII foi um período de importantes mudanças no mundo do trabalho em Portugal, revelando uma tendência revisionista na organização das associações profissionais. O aumento da circulação de mercadorias, os fluxos migratórios e as pressões do governo pombalino para uma “abertura” da economia dos ofícios ameaçavam a estrutura corporativa, que prezava os monopólios sobre produtos e serviços, o controle da jornada de trabalho, as regulações sobre a qualidade das obras e a especialização da produção. Ante as novas exigências sociais, observam-se tentativas de organizar o mundo do trabalho, seja pela Coroa ou por iniciativa dos próprios oficiais, o que faz emergir a luta por status e posições sociais. Este estudo traz à tona a extensão destas tensões sociais e as alternativas criadas pela Câmara e pelos oficiais mecânicos para manter em funcionamento a estrutura arcaica das corporações de ofícios, ressaltando seu papel no ordenamento social e sua contribuição na reprodução de uma sociedade excludente e de privilégios. Nome: Grayce Mayre Bonfim Souza E-mail: graycebs@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: “Para o descargo da Consciência e pelo zelo da fé” - Denúncias da Bahia em Cadernos do Promotor da Inquisição de Lisboa Receber e encaminhar cartas de denunciações ou mesmo confissões constituía-se em papel de grande importância dentre as atribuições inquisitoriais, sobretudo devido à freqüência com que esse tipo de prática ocorreu. Pessoas ávidas por se livrar de um peso na consciência, ou ainda preocupada em colaborar com as autoridades inquisitórias, por obrigação de bom cristão – muitas orientadas e amedrontadas por seus confessores –relataram do próprio punho ou por meio de Comissários do Santo Ofício o que sabiam por ver, ouvir dizer ou tinham praticado. Também é possível que algumas dessas denúncias fossem criadas objetivando prejudicar alguém ou mesmo tirar proveito. E assim que encontramos os cadernos do promotor, repletos de cartas denúncias que se reverte em importes fontes de conhecimento e informações acerca da vida cultural, política, religiosa e do cotidiano do império português e em nosso caso especifico, da Bahia colonial. Pretendemos então com esta comunicação apresentar algumas denúncias da Bahia constantes em aproximadamente 30 cadernos do promotor distribuídos entre fins do século XVII e XVIII. Nome: Gustavo Kelly de Almeida E-mail: gustavinson@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A “mais Real imagem” de D. João IV. O infante D. Duarte de Bragança e a diplomacia portuguesa (1641-1649) Desde o ano de 1634, D. Duarte de Bragança (1605-1649) lutou a serviço do imperador do Sacro Império no embate que envolveu praticamente toda a Europa: a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Em 1641, entretanto, a conjuntura internacional faria com que descansasse sua espada, recebendo uma amarga recompensa pelos serviços prestados. Após dezembro de 1640, o secundogênito do duque D. Teodósio II passaria a ser irmão do novo rei de Portugal, D. João IV. Status que o transformaria em alvo de seu primo Filipe IV de Espanha, não mais soberano das coroas ibéricas. Acusado de crime de lesa-majestade, o infante seria preso em Ratisbona pelas forças de Fernando III, a quem anteriormente servia e, tempos depois,

entregue em mãos castelhanas. Pintado como símbolo da vilania espanhola e exemplo de herói português, sua figura e destino constituíram um dos pilares da propaganda restauracionista na causa contra Castela. Não obstante o reconhecimento do esforço diplomático despendido, esta apresentação procura ir além: explorar o papel ativo do infante que, mesmo cativo e sem desfrutar de um cargo administrativo, representou na prática um dos centros de decisões diplomáticas de Portugal, arrogando a si um poder efetivo, que por vezes poderia não estar em sintonia com as decisões do irmão rei. Nome: Helidacy Maria Muniz Corrêa E-mail: helidacy.correa@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Maranhão Título: O Papel das Câmaras na Política de Conquista e Defesa dos Domínios Luso-Imperial na América Portuguesa O domínio da região norte da América portuguesa, durante o século XVII, apresentou-se como uma superação à soberania luso imperial dadas as dificuldades de vencer os desafios naturais de uma geografia ainda desconhecida dos experientes navegadores portugueses, as constantes ameaças que a presença francesa, inglesa e flamenga constituíam à Coroa portuguesa e a necessidade imperiosa de interiorização e alargamento das fronteiras a partir da capitania do Maranhão. Diante de tais dilemas o remédio seria a efetivação de uma política de conquista e defesa voltada para a consolidação dos domínios imperiais na América portuguesa. Nesse sentido é criada, em 1619, a Câmara de São Luís. A despeito das amplas funções exercidas por esse Concelho, refletirei aqui, especificamente, sobre a vinculação da Câmara de São Luís às normas da política luso imperial de conquista e defesa com vistas a problematizar a prática vivenciada pela mencionada Câmara tanto no trato com os moradores quanto com o Conselho Ultramarino. Nome: Iris Kantor E-mail: iriskantor@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: O acesso à informação geográfica na América Portuguesa A comunicação pretende explorar o repertório de roteiros náuticos, atlas e impressos de natureza geográfica nas bibliotecas e coleções das academias eruditas e militares luso-americanas. Visa-se re-dimensionar o problema do “sigilo” das informações praticado pelas coroas ibéricas desde os primórdios da expansão mercantil. O rastreamento do consumo e circulação dessas obras nos permitirá avaliar os modos de acumulação e partilha do conhecimento geográfico à escala luso-americana. Quais eram as condições efetivas de acesso à informação geográfica disponíveis entre os administradores, militares, comerciantes e demais segmentos da sociedade? Quais eram as condições para exercício da cartografia de “gabinete” e de “campo” no contexto do reformismo ilustrado? São estas questões que procurarei encaminhar no âmbito do simpósio. Nome: Jorge Victor de Araújo Souza E-mail: peterdejode@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Com a cruz em uma mão e a espada na outra: possibilidades de ascensão dos capelães durante as guerras aos holandeses - Notas de pesquisa Os contextos de guerra são responsáveis por diversas reconfigurações sociais. A partir dos conflitos com os holandeses na América portuguesa surgiram várias possibilidades de grupos reposicionarem-se no tecido social. Nesta comunicação serão apresentados os capelães, participantes pouco conhecidos destes conflitos. Um Capelão-mor presente nas tropas na América portuguesa tinha como principais funções: o cuidado com os feridos, oferecimento dos sacramentos em locais de batalha e enterros dos mortos. Todavia, não faltam relatos sobre capelães que pegaram em armas durante os combates. O cargo de capelão estava eivado de ambigüidades e tensões: a quem um capelão devia obediência, ao capitão-mor ou ao seu superior eclesiástico? Um caso exemplar é o de frei João da Ressurreição, beneditino e capelão das tropas de João Fernandes Vieira. Além da identificação destes religiosos e suas respectivas ordens, este trabalho pretende apontar certas estratégias que estes indivíduos acionavam, ambicionando determinada ascensão ao prestarem um serviço muito valorizado em épocas conflituosas. Para tal, o corpo documental analisado é composto por pedidos de confirmação do cargo e remunerações presentes no acervo do Arquivo Ultramarino, assim como relatos de cronistas do período. Nome: José Carlos Viladarga E-mail: jvilardaga@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo

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34 Título: Um governador nos rincões: Dom Francisco de Souza na vila de São Paulo no início do século XVII Entre os anos de 1599 e 1602 esteve na vila de São Paulo, como Governador Geral do Brasil - o sétimo na contagem -, Dom Francisco de Souza, Conde do Prado e Senhor de Beringel. Ali sediado, mas atuando também no seu entorno, teria permanecido ainda entre os anos de 1603 e 1606, quando já estava fora do Governo Geral. Em 1606 foi a Lisboa e depois a Madri para novamente voltar a São Paulo como governador da Repartição Sul entre 1609 e 1611, quando morreu, na miséria segundo alguns, na própria vila. Governando e atuando em meio ao contexto da União Ibérica, alegadamente a presença de Dom Francisco em São Paulo sempre teve como pretexto as tão sonhadas minas de São Paulo; entretanto, nesta apresentação buscamos compreender seu papel na articulação da economia local e da região, bem como o impacto de sua presença na vila no campo demográfico e social. Por fim, pretende-se analisar a sua polêmica ação política - já que ficou conhecido como “Francisco das Manhas” em função de sua suposta liberalidade e flexibilidade no trato –, como um estudo de caso das práticas políticas e das montagens de redes clientelares na sociedade colonial do Antigo Regime. Nome: Kalina Vanderlei Paiva da Silva E-mail: kalinavan@uol.com.br Instituição: Universidade de Pernambuco Título: Cultura cortesã espanhola, ética barroca e o sistema de valores da elite açucareira de Pernambuco (século XVI-XVII) Maravall defende a existência de uma estrutura histórica na Espanha do século XVII, a cultura barroca, onde religião, arte e mentalidade teriam sido rigidamente direcionadas pelo Estado absoluto. A partir desta tese, e de D’Oliveira França que discute a fidalguia portuguesa nos séculos XVI e XVII, consideramos a existência de um sistema de valores barroco elaborado em torno da nobreza cortesã Habsburgo em Castela, onde noções como honra e decoro, além de uma rígida etiqueta, eram basilares. Esse sistema de valores produziu uma ética própria da nobreza, refletida em tratados e manuais de comportamento que, de Castela, exerceu forte influência sobre a fidalguia portuguesa. Analisando a relação dos senhores de engenho de Pernambuco com as cortes Habsburgo, buscamos a formação de um sistema de valores por essa elite, construído através da transposição de noções como honra, decoro, ócio, e das práticas em torno da etiqueta e ostentação. Trabalhamos com obras literárias escritas por integrantes da elite açucareira, como as Memórias Diárias da Guerra do Brasil de Duarte de Albuquerque Coelho, analisando a inserção de seus autores no cenário cultural espanhol, e relacionando-os, obras e autores, com os tratados de comportamento castelhanos, como os de D Juan de Silva e Baltazar Gracián. Nome: Laura de Mello e Souza E-mail: laurams@usp.br Instituição: USP Título: Aspectos da vida privada dos governadores na América Portuguesa: regras disciplinadoras, sociabilidades possíveis Longe do rei e da corte, a vida privada dos governadores da América portuguesa mostrou-se vacilante, incompleta, por vezes atrofiada ou tecida em pequenos nichos abertos pelas práticas do dia-a-dia. O cargo interrompia a vida familiar, trazia medos e impunha regras disciplinadoras, necessárias à organização da vida no além-mar. Esta comunicação trata justamente da necessidade desses parâmetros normativos a fim de que a sociabilidade se tornasse possível em terras tão distintas, preservando traços familiares aos padrões europeus e, ao mesmo tempo, re-elaborando-os ante as novas necessidades de um mundo diverso. Viajar, exercitar-se, escrever cartas, escolher moradias, exercer a hospitalidade foram algumas das práticas que organizaram a sociabilidade cotidiana dos governantes, atenuando, para eles, a sensação de desterro e enraizando, localmente, traços da cultura européia do Reino. Nome: Letícia dos Santos Ferreira E-mail: ferreira.leticiadossantos@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Verso e reverso da fiscalidade: honra e ruína, regra e negociação Nesta comunicação pretendemos analisar o discurso dos homens bons da câmara ponderando a forma como esses construíam um conjunto de representações sobre a contribuição para o donativo do dote e paz, e de que maneira esta mediava a relação entre o rei e os súditos. Para tanto destacaremos o pedido feito pelos vereadores por uma melhor representação do Estado do Brasil nas reuniões de cortes que naquele momento simboliza-

vam o conjunto do reino. Investigaremos os argumentos que justificavam essa solicitação, destacando a inclusão da contribuição para o donativo do dote e paz. Por fim, a análise considerará o processo de assimilação da contribuição que inicia com uma pronta aceitação, evolui logo em seguida para pedidos de prolongamento e alivio, chegando mesmo ao pedido expresso de sua suspensão. Assim, procuraremos compreender o processo que transformou a imagem do donativo de promotor de glórias a de um agente de infortúnios. Nome: Lorelai Brilhante Kury E-mail: lolakury@gmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz Título: As ciências no espaço público (Rio de Janeiro, início do séc. XIX) Desde a gazeta Idade d’Ouro do Brasil (1811- 1823), baiana, e do jornal O Patriota, publicado no Rio de Janeiro em 1813 e 1814, os artigos científicos começaram a se tornar cada vez mais presentes na imprensa do Brasil. A Impressão Régia do Rio de Janeiro publicou uma quantidade significativa de textos científicos, originais e traduzidos. Publicaram-se obras dos médicos Bichat, Richerand, de Joaquim da Rocha Mazarém, José Correa Picanço, Manuel Vieira da Silva, tratados de matemática, economia, botânica, agricultura e mineralogia. Este processo de valorização das ciências na imprensa foi subsidiário de uma ação mais ampla de exploração dos aspectos naturais, econômicos locais, em um período marcado pela diminuição da produção aurífera das Minas e pela busca de diversificação da produção. Os temas científicos se fizeram cada vez mais presentes e se legitimaram a partir de um discurso que inventava a ciência e a expertise como uma necessidade. A atuação das instituições técnicas e científicas criadas ou reformadas na época é fundamental para a compreensão da desse novo espaço público ocupado pelas ciências e pela técnica. Nome: Luciana Mendes Gandelman E-mail: lucianagandelman@yahoo.com.br Instituição: Cátedra Jaime Cortesão USP Título: Grandes cabedais: uma indagação acerca das relações entre riqueza e distinção social no século XVII O financista reinol residente na Bahia João de Mattos de Aguiar conseguiu, ao longo de sua vida, quase todas as distinções reservadas aos chamados homens bons do período. Como principal marca dessa conquista aparecem inquestionavelmente seus “grandes cabedais”. A proposta dessa comunicação é, a partir desse estudo de caso, indagar acerca da relação entre riqueza e promoção social no Império português no século XVII. Nome: Luis Felipe Silvério Lima E-mail: lfslima@unifesp.br Instituição: Unifesp Título: Sonhos muçulmanos em folhetos cristãos: panfletos setecentistas portugueses sobre o Islã e o Quinto Império Na primeira metade do século XVIII, panfletos escritos pelos letrados José Freire de Montarroio Mascarenhas (1670-1760) e por Vitorino José da Costa (?-1750?) traziam notícias do mediterrâneo islâmico. Alguns deles descreviam prodígios e maravilhas que teriam ocorrido no mundo árabe e no Império Otomano anunciando a derrota iminente do Islã pelas forças cristãs. Dois deles, em particular, narravam sonhos proféticos que chegaram ao ouvido desses letrados e viajantes e que, em analogia ao sonho de Nabucodonosor, vislumbravam o fim do domínio dos reinos orientais. A proposta dessa comunicação é analisar esses panfletos: 1) observando o sentido da sua circulação em Portugal durante o reinado de D. João V, 2) traçando as tópicas e os lugares evocados para compor esses sonhos, em especial na referência aos sonhos do Quinto Império, e 3) verificando as possibilidades de contato e influências das narrativas muçulmanas na constituição desses textos. Nome: Maria Olindina Andrade de Oliveira E-mail: mariaolindinaoliveira@bol.com.br Instituição: SEMED Título: Olhares inquisitoriais na Amazônia portuguesa e os desvios dos costumes (XVII/XVIII) A Igreja foi de crucial importância no processo de conquista, colonização e catequização da Amazônia. Ao contrário do que se supunha, desde 1620, o Tribunal do Santo Ofício já atuava na região. A partir da pesquisa em diversas fontes inquisitoriais, localizamos centenas de denúncias anteriores ao período da famosa visitação no Grão-Pará (1763-1769). A nossa proposta é refletir sobre a distância existente entre normas e costumes e o

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papel do Tribunal nesse processo, considerando as especificidades da sociedade luso-brasileira e a natureza dos delitos, os quais se sobressaem não apenas os relativos às práticas mágicas e feitiçaria, como também os que dizem respeito à natureza dos costumes como os de bigamia. Portanto, devemos ampliar a perspectiva sobre a atuação do Tribunal do Santo Ofício no Estado do Maranhão e Grão-Pará, indo além do período da visitação, explorando as múltiplas possibilidades de estudo que se oferecem em relação ao tema. Nome: Mariana Gonçalves Guglielmo E-mail: marigugli@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: De comerciante ao “mais rico e poderoso vassalo de Portugal no Brasil”: A trajetória de ascensão social de Joaquim Vicente dos Reis Em 1804, o tenente-coronel Manuel Martins do Couto Reis apontava Joaquim Vicente dos Reis, proprietário da fazenda dos Jesuítas em Campos dos Goitacases desde 1781, como o “mais rico e poderoso vassalo de Portugal no Brasil”. Antes de se tornar senhor de terras, porém, Vicente dos Reis, natural da cidade de Lisboa, fora comerciante: inicialmente em Sacramento, onde possuíra uma “grande casa de negócio”; depois, no Rio de Janeiro, onde aportou em 1777 devido à tomada espanhola de Sacramento. Como outros indivíduos, nossa personagem abandonou sua terra de origem em busca de riqueza na América. Conseguiu, no entanto, mais do que apenas fortuna e coroou sua carreira mercantil com o almejado “título” de senhor de engenho e prestigiosas honrarias régias. Após exercer os postos de alferes, capitão do forte da Praia vermelha, coronel agregado de milícia e ser um dos fundadores e provedores da Misericórdia em Campos, tornou-se cavaleiro da Ordem de Cristo em 1801, contrariando as normas estabelecidas pela reforma das Ordens Militares de Dona Maria I. O objetivo da comunicação é, portanto, compreender como nosso protagonista explorou as possibilidades que suas posses e as necessidades da Coroa lhe franqueavam, numa prática muito efetiva, ainda que nem sempre de acordo com a norma. Nome: Michelle Trugilho Assumpção E-mail: michelletrugilho@gmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro - FFP Título: Família e Inquisição na América Portuguesa (1591 – 1595) Este trabalho faz parte de uma pesquisa através da qual almejamos contribuir para o estudo da história da família na América portuguesa. Para tanto, utilizaremos como fontes as denúncias e confissões apresentadas durante a primeira Visitação Inquisitorial ao Brasil, destinada à Bahia e a Pernambuco, no final do século XVI. Nossa pesquisa está voltada, sobretudo, para os casos de bigamia a fim de demonstrar que a contração de novos laços matrimoniais nessas terras, estando vivo o primeiro cônjuge, era uma tentativa de homens e mulheres no sentido de reconstruírem suas vidas e alcançarem legitimidade diante da comunidade, dada a importância do casamento in facie eclesiae no Ocidente cristão, especialmente no contexto da Contra-Reforma. A análise detalhada desses casos permite-nos, pois, compreender a distância que existia entre as normas impostas pelas instâncias oficiais de poder e o cotidiano dos nossos colonos, as motivações que levaram os bígamos a incorrerem em tal delito e as estratégias utilizadas pelos mesmos a fim de serem socialmente aceitos e criarem novos laços de afetividade, formando não só uma nova família, mas um novo território, construtor de identidades e construído a partir do estabelecimento de uma nova rede de relações sociais. Nome: Neil Franklin Safier E-mail: neil.safier@ubc.ca Instituição: Universidade da Colúmbia Britânica Título: Circuitos de conhecimento: José Mariano da Conceição Veloso e o Arco do Cego A figura do José Mariano da Conceição Veloso e a Casa Literária do Arco do Cego são indissociáveis. O Arco do Cego é o fruto de um projeto mais amplo de Dom Rodrigo de Sousa Coutinho para difundir conhecimentos práticos aos senhores e naturalistas luso-brasileiros dos dois lados do Atlântico. A instituição foi chefiada por Conceição Veloso, que reuniu um grupo de jovens brasileiros em Lisboa na última década do século XVIII para levar adiante um programa de publicações. Uma quantidade impressionante de obras saiu da casa tipográfica num período relativamente curto, que vai de 1799 a 1801. Mas até hoje, não há nenhum estudo aprofundado sobre a maneira como Conceição Veloso percebeu o seu papel ao liderar esta empreitada editorial, apesar das provas da sua missão serem evidentes nos prefácios que escreveu para boa parte das obras. Este trabalho apresenta uma pesquisa em andamento sobre os prefácios que Conceição Veloso

compôs para várias edições do Arco do Cego, e tenta compreender este projeto editorial a partir de uma perspectiva que enfatiza não só a circulação e as formas de conhecimento, como também a maneira com que os conhecimentos foram conduzidos pelos agentes do império nos últimos anos do século XVIII. Nome: Pollyanna Gouveia Mendonça E-mail: pollyannagm@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense - UFF Título: Padres de Nação: uma família de cristãos-novos governando o bispado do Maranhão setecentista Os padres das famílias Rodrigues de Távora e Camello de Britto, todos descendentes de tronco comum por parte de Duarte Rodrigues de Távora, são um interessante exemplo do fosso que separava teoria e prática no que concerne às ordenações sacerdotais. Os membros dessa família foram acusados durante quase todo o século XVIII de serem cristãos-novos, judaizantes, de terem sinagoga em casa, de açoitarem e profanarem imagens de santos, de enterrarem cachorro com cerimônia rezada em latim, etc. Entretanto, dentre os padres seculares e regulares que saíram dessa linhagem, alguns ocuparam cargos muito importantes no bispado do Maranhão como os de secretário do bispo, visitador, provisor, juiz das inquirições de genere e, inclusive, vigário geral. Nas inúmeras denúncias que correram contra eles nos juízos eclesiástico, civil e inquisitorial é enfatizado o poder da referida família, sua relação de amizade com os padres da Companhia de Jesus e com os sucessivos governadores locais que, segundo consta, tudo faziam para defender e encobrir as muitas denúncias feitas contra eles. O objetivo dessa comunicação é traçar a trajetória familiar e a ascensão desses padres que ocuparam cargos honoríficos no bispado, malgrado sua fama de cristãos-novos. Nome: Roberta Giannubilo Stumpf E-mail: robertastumpf@gmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Trajetórias ascensionais dos cavaleiros do ouro na Capitania de Minas Gerais Com base na Lei do Estabelecimento das Casas de Fundição de 1750, 89 vassalos residentes na Capitania de Minas Gerais solicitaram ao monarca um hábito militar em retribuição à contribuição de mais de 8 arrobas anuais aos cofres reais. Os 42 suplicantes que foram agraciados com tal mercê régia iniciaram um processo de nobilitação que culminou com a obtenção do título de cavaleiro, após a realização das provanças pela Mesa de Consciência e Ordens. No entanto, a análise destas provanças nos revela que a maioria destes súditos precisou ser dispensada de seus impedimentos pessoais e/ou ancestrais para ser habilitada, pois não apresentava os atributos que tradicionalmente eram associados à idéia de nobreza em Portugal. Pelo que se pretende, com esse estudo, investigar como a flexibilização dos critérios hierárquicos, na segunda metade do Setecentos, permitiu a satisfação dos desejos nobilitantes de muitos plebeus cujas qualidades os desabonava, em teoria, a pertencerem ao patamar superior da sociedade portuguesa. Nome: Rodrigo Bentes Monteiro E-mail: rodbentes@terra.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Regiões e império: Vieira na América portuguesa na segunda metade dos Seiscentos Durantes as invasões neerlandesas, Vieira identificou o “Brasil” à Bahia e a Pernambuco. Mas em seu retorno à América portuguesa em 1653, o jesuíta viveria numa “remotíssima região”. No Maranhão e Grão Pará, as questões assumiam configurações locais. Os obstáculos suscitavam comparações: o Maranhão seria “a Rochela de Portugal”; o Ceará, a “Genebra dos sertões”. Observa-se nessas analogias o aspecto de cerco ou localidade, diferente das percepções abrangentes da estada anterior. No Maranhão, Vieira interveio na sociedade com seus sermões. De volta à Bahia em 1681, o jesuíta ainda atuaria mediante cartas escritas a autoridades, pedindo auxílio para livrar a si e aos seus da acusação de morte do alcaide-mor, amigo do governador-geral. Valia-se dos bons relacionamentos na corte. Nesse tempo ainda seria instado a opinar sobre o envio de uma missão jesuíta ao quilombo dos Palmares, que assolava o sertão de Pernambuco. Vieira destrói a proposta, condenando os quilombolas à escravidão sem catequese. Pretende-se evidenciar nesta comunicação a percepção de Antônio Vieira da América portuguesa fragmentada em diferentes regiões, não coincidentes às unidades políticas, e como essas experiências plurais são significativas na formulação da idéia de império.

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34 Nome: Rogério de Oliveira Ribas E-mail: ro.ribas@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Mouriscos cavaleiros e mouriscos de bens no Império Português Mesmo com o avanço cristão na Península Ibérica ao longo da Baixa Idade Média, parte da população muçulmana permaneceu nos reinos hispânicos, bem como em Portugal, sempre por mercê régia sob a denominação de mudéjares (palavra derivada do árabe muddajan, ou seja, aquele a quem se permite que fique). No caso português o decreto de D. Manuel (1496) expulsando as minorias moura e judaica, sob pena de morte e confisco de bens ou, em opção, a sua conversão ao cristianismo, fez surgir no reino a comunidade conhecida como mourisca. Entretanto, não obstante a pobreza e degradação que, no geral, marcavam as condições dessa comunidade mourisca, incluindo cativos e forros, em sua maioria de africanos, é-nos possível constatar, alguns mouriscos e mouriscas que desfrutavam de certas posses que os faziam passar por gente rica. Houve mesmo casos em que alguns mouriscos obtiveram o título e cavaleiros, alcançando graças, mercês e posições, que os levaram a gozarem de honras e liberdades que tangenciavam privilégios de fidalgo e certa respeitabilidade em termos de status. A comunicação, com base nos Livros das Chancelarias Régias e nos Processos da Inquisição Portuguesa do século XVI, busca mostrar alguns desses casos, ocorridos na comunidade mourisca do reino e domínios do Portugal quinhentista. Nome: Ronald José Raminelli E-mail: rraminelli@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Nobreza e Pureza de sangue dos chefes tupis (1571-1733) O tema da limpeza de sangue é ainda pouco visitado. Quando tratado, porém, os historiadores abordaram-no quase exclusivamente sob o prisma dos cristãos-novos, Para ingressar como familiares no Santo Ofício ou como cavaleiros nas Ordens Militares, índios, mulatos e pretos enfrentaram os definitórios e as habilitações que lhes impediam de gozar de honras e privilégios inerentes às elites militar e religiosa. De origem gentílica, e não heréticos como judeus e mouros, os pretos e os mulatos, em alguns momentos, seriam definidos como “raça de infecta nação”. Igualmente gentios, os índios jamais receberam essa denominação, nem foram impedidos de receber tais mercês. Entre D. Sebastião e D. João V, nove chefes indígenas receberam da monarquia títulos de cavaleiro de uma das Ordens Militares. Seus descendentes, particularmente os mestiços, receberam não apenas títulos de cavaleiros, mas de fidalgo-cavaleiro, condecorados com brasão de armas, postos na administração e patentes militares em tropas regulares. Atuariam ainda como familiares do Santo Oficio, pois enfrentaram com sucesso a gentilidade de seus antepassados. Sorte semelhante não beneficiaria os descendentes de pretos, impedidos de ingressar nas instituições religiosas por “mulatice”.

dinâmica baseada na ideologia do serviço/recompensa. Servir a Coroa tornou-se um modo de vida e estratégia de ascensão social para certos grupos. Muitos dos vassalos, porém, eram oriundos de estratos inferiores, de maneira que em suas habilitações apareciam defeitos mecânicos, o que, de acordo com os definitórios das Ordens Militares, deveria impedi-los de alcançar os hábitos. Na prática, porém, quase todos foram dispensados pelo monarca. Pretendo aqui entender o porquê destas dispensas, considerando a situação política da monarquia lusitana e os serviços dos vassalos que os tornaram merecedores desta mercê adicional. Atentarei também para a relação entre o monarca e a Mesa de Consciência e Ordens, muitas vezes em discordância, bem como o fato destes serem vassalos coloniais afetava este processo. Por último, procurarei explicar as diferenças de incidência de defeito mecânico na Bahia e Pernambuco. Assim, discutirei se a dispensa da mecânica era uma prática tão difundida que, apesar de contrariar a norma escrita, não acabaria por ser uma norma implícita. Nome: Wolfgang Lenk E-mail: wlenk@bol.com.br Instituição: Facamp Título: “Em necessidades não há leis”: norma e prática da Fazenda Real na Bahia (1624-1654) A antiga máxima do direito, necessitas vincit legem, foi repetida em diferentes ocasiões por governadores e provedores da Fazenda Real da Bahia durante a guerra com os holandeses. As necessidades financeiras da defesa da Bahia exigiram uma reorganização da fiscalidade na capitania. Ao longo deste processo, o provedor-mór e seu regimento (de viés fiscalista) passaram por anos difíceis, de isolamento político, até o extremo da perseguição. A superação da crise no ofício apenas ocorreu com a delegação de várias de suas funções ao Senado da Câmara de Salvador e com o exercício da “suavidade” no governo da Fazenda Real – i.e., o relaxamento das normas em favor da composição política com a fração mais poderosa dos senhores de engenho. O episódio oferece diferentes sinais da importância relegada pela Coroa para o bom relacionamento com os senhores da colônia, principalmente em seus interesses mercantis, com o explícito objetivo de manter a economia colonial (a produção de açúcar) em funcionamento. Nome: Yllan de Mattos E-mail: yllanmattos@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: A última Inquisição: os meios de ação e funcionamento da Inquisição no Grão-Pará pombalino (1763-1769) Este estudo analisa a Visitação do Santo Ofício ao Estado do Grão-Pará, tomando as relações político-institucionais entre a administração colonial, a Inquisição e o bispado com o fito de explorar o como e indagar os porquês da Visita em um contexto aparentemente tão anacrônico.

Nome: Ronaldo Vainfas E-mail: rvainfas@terra.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A fortuna da diáspora: judeus portugueses no Brasil holandês A comunicação pretende oferecer um panorama geral da inserção dos judeus portugueses na economia e sociedade do Brasil holandês. Serão apresentados quadros e tabelas sobre ocupações, bens, redes comerciais e outros indicadores com base em banco de dados alimentado por informações de fontes manuscritas da Inquisição e personálias variadas, como as organizadas por Gonsalves de Mello, Arnold Winitzer e o casal Egon e Frida Wolf. Utilizaremos, ainda, informações de tipo sócio-econômico fornecidas pelas ashkamot de 1648, além de dados extraídos da bibliografia especializada. Alguns exemplos específicos serão enfim apresentados à guisa de ilustração. No conjunto, buscar-se-á examinar a estratificação da comunidade judaica no Brasil holandês, seu peso na economia, relações com a WIC e processos de mobilidade social. Nome: Thiago Nascimento Krause E-mail: thiagokrause@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A dispensa de defeitos mecânicos dos vassalos luso-brasílicos e a remuneração dos serviços na luta contra os neerlandeses: prática ou norma? Bahia e Pernambuco, c. 1641- c. 1680 Em 1640, a Restauração exigiu uma recriação dos laços entre a Coroa portuguesa e seus súditos. A economia de mercê exerceu aí um papel crucial, inserida em uma sociedade com características estamentais, fundada numa

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35. Ordem social e fronteiras identitĂĄrias na Antiguidade Norberto Luiz Guarinello – USP (guarinel@usp.br ) FĂĄbio Faversani – UFOP (faversan@ichs.ufop.br ) O SimpĂłsio tem o objetivo de congregar estudiosos da Antiguidade ClĂĄssica e MĂŠdio-Oriental em torQR GR WHPD GDV GLIHUHQWHV IRUPDV GH RUGHQDPHQWR VRFLDO GRV SURFHVVRV GH QHJRFLDomR GH FRQĂ LWRV H FRQWHVWDomR GDV GLIHUHQWHV IRUPDV GH RUJDQL]DomR VRFLDO GHQWUR GR kPELWR PDLV YDVWR GR SURFHVVR GH LQWHJUDomR GRV SRYRV DR UHGRU GD EDFLD GR 0HGLWHUUkQHR $QWLJR LQYHVWLJDQGR DV IURQWHLUDV RX OLQKDV GH demarcação, construĂ­das ou impostas, entre sociedades polĂ­ticas (cidades, impĂŠrios e outras formas) e LGHQWLGDGHV pWQLFDV H VRFLDLV 7UDWD VH GH GHEDWHU R SURIXQGR LPSDFWR TXH D DPSOLDomR UHFHQWH GR kQJXOR GH YLVmR HVSDFLDO H WHPSRUDO VREUH HVVDV VRFLHGDGHV H[SHULPHQWRX QDV ~OWLPDV GpFDGDV WHQGHQGR D YHU R 0HGLWHUUkQHR FRPR XP YDVWR HVSDoR GH LQWHUDomR H GH GDU HVSHFLDO rQIDVH SDUD RV SUREOHPDV GH GHĂ€QLomR LGHQWLWiULD

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre GalvĂŁo Carvalho E-mail: galvaocarvalho@uol.com.br Instituição: UESB TĂ­tulo:Max Weber, a GrĂŠcia e o antagonismo entre Ocidente e Oriente Max Weber, em seus estudos sobre o mundo antigo, teceu reflexĂľes instigantes acerca da relação entre Ocidente e Oriente Ă luz de seu arcabouço teĂłrico. Tomando a pĂłlis, a cidade e o capitalismo como tipos ideais, Weber traçou diferenças fundamentais entre as sociedades mediterrâneas e as sociedades do Antigo Oriente PrĂłximo. Discutir alguns aspectos da construção deste modelo e suas repercussĂľes em obras de autores posteriores, como Karl Polanyi e Moses Finley ĂŠ o objetivo desta comunicação. Nome: Alfredo Julien E-mail: alfredojulien@yahoo.com.br Instituição: UFS TĂ­tulo:Epicteto: Ética ĂŠ PolĂ­tica A presente comunicação tem por finalidade apresentar os resultados do trabalho de pesquisa que resultou na publicação do livro “Epicteto: Fragmentos e Testemunhosâ€?, enfocando principalmente as relaçþes entre ĂŠtica, polĂ­tica e identidade. Nome: Alice M. de Souza E-mail: asspqr@gmail.com Instituição: Universidade Federal de GoiĂĄs TĂ­tulo:A MemĂłria sob controle: o governo de TibĂŠrio CĂŠsar Augusto na HistĂłria Romana de VelĂŠio PatĂŠrculo Este trabalho analisa de forma concisa o contexto Auto-Imperial do governo de TibĂŠrio Caio CĂŠsar, dando relevância ao tratamento e controle da MemĂłria neste perĂ­odo de afirmação do governo Imperial, em que a seletividade da memĂłria se fazia necessĂĄria para a construção da Identidade e defesa do novo governo. Para realizar esta anĂĄlise, utilizamos a HistĂłria romana escrita por VelĂŠio PatĂŠrculo durante o perĂ­odo em questĂŁo, que nos dĂĄ um exemplo do controle da memĂłria exercido na ĂŠpoca. Nome: Ana Teresa Marques Gonçalves E-mail: anteresa@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de GoiĂĄs TĂ­tulo:A Festa como Fronteira: Repensando o Ordenamento do Poder na Roma Imperial TrĂŞs conceitos e suas variadas possibilidades de anĂĄlise alicerçam esta discussĂŁo: festa, fronteira e poder. Nesta comunicação, pretendemos refletir sobre como a realização de cerimĂ´nias pĂşblicas pode se amalgamar com os estudos acerca das fronteiras sĂłcio-culturais que marcavam o ImpĂŠrio Romano e as reflexĂľes concernentes Ă s diversas formas como se percebe a constituição e manutenção do poder pelos PrĂ­ncipes Romanos. Para tanto, propomos a releitura da obra “HistĂłria Romanaâ€? de Dion CĂĄssio. Nome: Anderson Zalewski Vargas E-mail: zalewski@adufrgs.ufrgs.br Instituição: UFRGS TĂ­tulo:RetĂłrica e histĂłria: a invocação da “mĂ­tica clĂĄssicaâ€? em “Os sertĂľesâ€?, de Euclides da Cunha A rebeliĂŁo de Canudos, ocorrida no inicio sĂŠculo XX no interior do esta-

do da Bahia, deve sua transformação em evento-marco da histĂłria brasileira Ă obra de um Ăşnico indivĂ­duo. Criticada e incensada em diversos sentidos desde sua publicação, Os sertĂľes persiste sendo objeto de estudo e estĂ­mulo para estudos acadĂŞmicos ou criaçþes como “A Guerra do fim do mundoâ€?, de Mario Vargas Llosa. A compreensĂŁo da função e da importância da herança greco-romana na sua constituição, contudo, ainda pode ser desenvolvida, especialmente neste momento em que se desenvolve a pesquisa sobre usos da Antiguidade sob o gĂŞnero da HistĂłria da Recepção e se investiga as relaçþes entre histĂłria, narrativa e retĂłrica. Espera-se mostrar isso avaliando o emprego, por Euclides da Cunha, de elementos que associamos ao universo da “mĂ­tica clĂĄssicaâ€?, particularmente helĂŞnica. Nome: AndrĂŠa LĂşcia de Oliveira Dorini Carvalho Rossi E-mail: andrealdocrossi@yahoo.com.br Instituição: UNESP - Faculdade de CiĂŞncias e Letras de Assis TĂ­tulo:O Conceito de Liberdade e de EscravidĂŁo em Dion CrisĂłstomo Ao analisar os discursos 13, 14, 15 e 80 ĂŠ possĂ­vel identificar a concepção de Dion CrisĂłstomo sobre os conceitos de Liberdade e de EscravidĂŁo baseados na educação filosĂłfica do autor bitiniano. Este trabalho visa abordar e analisar as influĂŞncias filosĂłficas cĂ­nico-estĂłicas e o tom especial dado pelo autor que, segundo parte da historiografia e das crĂ­ticas literĂĄria e filosĂłfica, participa da Segunda SofĂ­stica. Uma anĂĄlise dos discursos filosĂłficos e morais de Dion CrisĂłstomo demonstram que a linguagem filosĂłfica, com todo o seu processo retĂłrico, ĂŠ ela mesma uma ferramenta que permite entender as formas de pensar dos habitantes do impĂŠrio. As anĂĄlises das metĂĄforas e das comparaçþes, que parecem ser particularmente significativas sobre os discursos de Dion CrisĂłstomo, colocam em evidĂŞncia a sua maneira de utilizar a retĂłrica para redefinir, na tradição de vĂĄrias correntes filosĂłficas, uma cultura grega compatĂ­vel com as novas estruturas sociais e polĂ­ticas que permitiram aos gregos das cidades ao mesmo tempo acreditarem em si mesmos e se sentirem livres no ImpĂŠrio Romano. Nome: Bruna Campos Gonçalves E-mail: bruna.camposg@gmail.com Instituição: UNESP/Franca TĂ­tulo:TemĂ­stio e Amiano Marcelino: Concepçþes de realiza no ImpĂŠrio Romano Barbarizado (sĂŠculo IV d.C.) Buscaremos, nesse projeto, pesquisar os ideais de realeza que se propagaram em Roma no sĂŠculo IV d.C. Mais especificamente nos relatos de dois autores da ĂŠpoca assinalada: o filĂłsofo TemĂ­stio (317-388 d.C.) e o militar Amiano Marcelino (325/330-395 d.C.). Ambos autores revelam em seus testemunhos as virtudes que um Imperador deveria apresentar, para ser considerado um bom governante a seus olhos. Preocupar-nos-emos em observar como desenvolveram tais ideais em relação a trĂŞs governantes distintos, sendo eles os imperadores: Joviano (363-364 d.C.), Valentiniano I (364-375 d.C.) e seu irmĂŁo Valente (364-378 d.C.). NĂŁo devemos nos esquecer que, durante todo o sĂŠculo IV d.C., a sociedade romana estava adquirindo novas caracterĂ­sticas, voltamos nosso olhar com uma atenção especial para o processo de construção de Identidade e/ou Alteridade, no qual o bĂĄrbaro desempenhava um importante papel. Dessa maneira, buscamos compreender, de forma comparativa, como um autor militar e um filĂłsofo, ambos com influĂŞncia na corte imperial, lidavam com essa interferĂŞncia. Para tanto, utilizaremos a narrativa de Amiano Marcelino, obra intitulada “Res Gestaeâ€?, especificamente os livros XXV, XXVI e XXVII, e dois panegĂ­ricos de TemĂ­stio, oração V (a Joviano) e oração VI (a Valentiniano e a Valente).

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35 Nome: Daniel de Figueiredo E-mail: d.fig@uol.com.br Instituição: UNESP Franca Título:Percepções da historiografia acerca do Imperador Juliano A historiografia sobre o Imperador Juliano é uma das mais vastas em relação a de qualquer outro governante da Roma Antiga. Os escritos deixados pelo próprio Juliano fizeram dele o Imperador que, em toda a história daquele Império, mais evidências deixaria sobre seus feitos administrativos, militares, legislativos, políticos e também sobre a sua formação intelectual (“Paideia”). Tais documentos, em que ele expõe muito da sua vida, tanto privada quanto pública, permitem-nos especular em relação à sua complexa personalidade e, por extensão, o complexo ambiente político-cultural da Antigüidade Tardia. Objetivamos traçar um panorama de como “as imagens” de Juliano foram construídas no decurso da História e em que medida o uso do seu passado foi utilizado para respaldar atitudes do presente. Nossa intenção é contribuir para desfazer alguns mitos e deslocar as abordagens sobre Juliano para o campo político-cultural. Analisaremos três biografias do Imperador para investigar as maneiras pelas quais as percepções sobre ele, na atualidade, podem servir de suporte para descortinar o seu complexo contexto político-cultural. Subjacente a isso, também buscaremos identificar como as preocupações relativas ao tempo do historiador influem na sua narrativa. Nome: Débora Regina Vogt E-mail: deboravogt@yahoo.com.br Instituição: UFRGS Título:A história como instrumento pedagógico: leitura e recepção dos antigos no Behemoth de Thomas Hobbes Este trabalho tem como objeto o estudo da recepção e uso dos antigos por Thomas Hobbes em seu livro sobre a Guerra Civil Inglesa, Behemoth ou o Longo Parlamento. Escrito no final da vida do filósofo, em 1668, ele só teve publicação oficial após sua morte. Ao longo de sua obra, o autor faz constantes paralelismos entre a história inglesa e a Antigüidade. O sentido dessas comparações pode ser buscado no seu contexto histórico - cultural, caracterizado pela busca de sentido no Mundo Antigo. Estabelecer este paralelismo entre a história dos antigos e a vivida pelos contemporâneos insere-se na concepção antiga de historia magistra vitae, ou seja, ela é vista como coletânea de exemplos que ensinam e guiam o proceder político. Compreende-se o passado e pode-se prever o futuro ou, no caso de pensador, é possível prevenir seus contemporâneos sobre a constante ameaça de guerra. Esta busca de respostas na Antigüidade pode ser percebida de maneira geral nas obras do filósofo, mas torna-se um elemento diferenciador quando se insere na sua narrativa histórica, pois ela é colocada no sentido de fortalecer seus argumentos e de convencer seu leitor, pela retórica. A história para ele tem um papel pedagógico, no sentido de guiar o proceder dos homens e orientar em relação à natureza humana. Nome: Edson Arantes Jr. E-mail: arantesmega@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título:Regime de memória romano: os usos da mitologia em Luciano de Samósata A produção de memórias depende de mecanismos metanarrativos que influenciam o regime de memória de uma determinada época. No mundo greco-romano, os mitos forneciam exemplos para a (re)apresentação de elementos narrativos do passado mítico de determinada comunidade ou povo. Os escritos de Luciano de Samósata evidenciam algumas pistas para a compreensão dos usos da mitologia na segunda sofística, movimento intelectual filohelênico. Os mitos não são usados aleatoriamente, transmitem sinais e valores que são compreendidos pelos leitores/ouvintes. Nesta comunicação, temos o objetivo de analisar a maneira como o regime de memória romano orienta os textos Luciânicos, expediente que viabilizará a perscrutação das múltiplas identidades presentes no seio do Império Romano. Nome: Erica Cristhyane Morais da Silva E-mail: cristhyane@gmail.com Instituição: UNESP/Campus de Franca Título:A desordem pública em Antioquia no séc. IV d.C.: A perspectiva de João Crisóstomo A cidade antiga de Antioquia foi considerada uma importante metrópole do Império Romano Tardio pelos escritores antigos. Em obras como do cristão João Crisóstomo, Antioquia aparece com um status igual ou, por vezes, superior ao de Roma e Alexandria. Na historiografia, Antioquia é

exaltada por seus mosaicos, seus habitantes, sua arquitetura, seus aquedutos, sua educação, e é retratada como uma cidade impar. Não obstante, como outras cidades importantes do Império, Antioquia foi palco de irrupções de vários conflitos sociais significativos. Na presente comunicação, discorreremos sobre a maneira como João Crisóstomo concebe Antioquia no que diz respeito à ordem pública após os acontecimentos que ocorreram em 387 e que ficaram conhecidos como Levante das Estátuas. Nome: Fábio Afonso Frizzo de Moraes Lima E-mail: fabio.frizzo@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título:Dominação, Negociação e Resistência no Império Egípcio da XVIIIª Dinastia (1550-1323 a.C.) O Reino Novo, período considerado áureo da antiguidade egípcia, iniciase com a expulsão dos invasores hicsos da porção norte do território ao redor do Nilo e sua perseguição pela Ásia Menor. Este processo é o marco genealógico do imperialismo egípcio, que estendeu seu território de Kadesh (atualmente parte da Síria) até Kush (hoje no Sudão). Esta comunicação busca analisar as relações centro-periféricas de negociação e conflito entre o Império Egípcio e suas fronteiras na Ásia Menor, na Líbia e na Núbia. Neste sentido, partiremos de autores como Antonio Gramsci e Nick Kardulias e seus respectivos conceitos de “potência hegemônica” e “periferia negociada”. Nome: Fábio Duarte Joly E-mail: joly@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título:Ordem imperial e fronteiras identitárias nos Anais, de Tácito Esta comunicação objetiva discutir como o historiador latino Tácito representa a ordem imperial romana em sua narrativa do Principado, de Augusto a Nero. O foco recairá na figura do imperador como avalista de certas fronteiras identitárias, como livre/escravo, na configuração da ordem imperial. Este trabalho insere-se no Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR), em projeto financiado pelo CNPq. Nome: Gilvan Ventura da Silva E-mail: gil-ventura@uol.com.br Instituição: UFES Título:Construindo fronteiras religiosas no Império Romano: João Crisóstomo e a polêmica com os judeus e judaizantes em Antioquia Na medida em que o cristianismo deriva do judaísmo, poderíamos afirmar que, ao longo do Império Romano, todos os gentios que abraçaram a crença em Jesus o fizeram adotando, em maior ou menor grau, concepções e práticas judaicas. Mesmo que, desde o final do século I, a liderança do movimento cristão tenha se empenhado em demonstrar que havia uma contradição insolúvel entre o judaísmo e o cristianismo, como atesta a literatura ‘Adversus Iudaeos’ que começa então a se constituir, no nível da piedade popular constatamos uma configuração socioreligiosa que aponta para a formação e perpetuação de modalidades sincréticas de judeu-cristianismo. Tomando por base essas considerações, nos propomos a lançar alguma luz sobre o fenômeno da judaização, uma modalidade de hibridismo cultural bastante comum no Império, em especial na ‘pars Orienti’, tendo como referência a atuação de João Crisóstomo, que entre 386 e 387 proferiu uma série de oito sermões destinados a coibir a prática do judaísmo entre os membros da sua congregação, numa clara tentativa de fixar os limites das fronteiras religiosas em Antioquia, uma cidade que se caracterizava, à época, por uma notável pluralidade religiosa. Nome: Giselle Moreira da Matta E-mail: giselle_da_mata@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Goiás Título:Teatro, mulheres e cidadania em Aristófanes O objeto deste trabalho se direciona para análise das personagens femininas de algumas obras do comediógrafo Aristófanes, extraindo delas, questões importantes para as discussões relativas à “cidadania feminina” na Atenas Clássica. Sabendo disto, nos voltamos especialmente, para a representação da esposa ideal do cidadão ateniense nas comédias Aristofânicas. Suas personagens femininas abrem espaço para discussão das fronteiras da cidadania democrática ateniense. Como fio condutor, destacamos a lei de Péricles que restringiu a cidadania a filhos de pais e mães atenienses do segmento dos Eupátridas, bem como, a presença feminina nos ritos oficiais citadinos. As obras selecionadas (Lisístrata, As Mulheres que Celebram as Tesmophorias e Assembléia das Mulheres) nos proporcionam um debate concernente à presença feminina fora do gineceu, destacando seus me-

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canismos de atuação social para coesão e estrutura poliade. Enfim, Uma análise da cultura política Falocêntrica, nos leva a entender que as mulheres atenienses, particularmente as eupatridai, não devem ser entendidas como “passivas” no que se relaciona a cidade. Atualmente a historiografia comporta o feminino em Atenas de uma forma mais ampla e ativa do que o mero modelo de confinamento ao gineceu transpareceu. Nome: Ivan Vieira Neto E-mail: ivan.historia@ymail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título:O paganismo de Jâmblico de Cálcis: o neoplatonismo e as religiões provinciais (sécs. III e IV d.C.) Entre os séculos II e V d.C., o Império Romano sofreu com crises sucessivas nos diversos âmbitos de sua organização social, o que culminou no re-ordenamento das estruturas imperiais romanas. Discutiremos, nesse interim, os aspectos religiosos da cultura romana, destacando principalmente a oposição constituída entre o culto oficial romano e os cultos provinciais helenísticos dentro dos limites territoriais do Império. Propomos, assim, uma análise da obra “Sobre os Mistérios Egípcios”, na qual o filósofo Jâmblico de Cálcis empreende sua apologia à cultura híbrida helenística diante do esfacelamento dos cultos oficiais romanos e levanta sua voz contra a cristianização, defendendo o paganismo minguante ao associar religião e filosofia. Nome: Ivana Lopes Teixeira E-mail: arque.ivana@gmail.com Instituição: FFLCH/USP Título:Império romano, arte grega e identidades na História Natural de Plínio, o Velho Busca-se analisar a construção de uma identidade romana e da cidade de Roma como centro, no Império à época dos Flávios, a partir da História Natural de Plínio, o Velho (23-79 d.C.), empreendendo uma análise dos aspectos político-ideológicos da retórica de Plínio dentro dos debates historiográficos recentes sobre identidades e alteridades nas ciências humanas. Uma análise das questões identitárias, de fronteiras étnicas e de ordenamento social no Império romano do século I d.C. - entendendo que identidades/alteridades criam, destroem e recriam fronteiras que influenciam na ordem/desordenamento social - possibilita-nos uma compreensão mais significativa, por comparação, da crise das identidades vivida pelas sociedades pós-modernas no contexto da globalização que tem gerado diversos conflitos sociais: étnico-culturais, político-religiosos, entre outros. Nome: José Ernesto Moura Knust E-mail: zeknust@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título:Chefes escravos e racionalidade da organização do trabalho rural em Catão Entre os séculos III e II a.C. importantes transformações históricas afetaram a economia rural italiana. O crescimento urbano, o acesso a novos mercados e as crescentes demandas do exército geraram um aumento na demanda por produtos agrícolas que, juntamente com a incorporação de uma grande massa de escravos nos campos, tornaram necessárias importantes mudanças nas relações de produção e na administração da mão-deobra pelas classes proprietárias romanas. O tratado “De Agri Cultura” de Marcos Pórcio Catão, escrito neste período, é uma valiosa fonte para a análise de tais transformações, se analisada com os necessários cuidados. Um dos pontos mais destacados das prescrições catonianas acerca da mão-deobra rural é a figura do chefe escravo. Analisando tal figura pretendemos identificar alguns dos princípios fundamentais dos conselhos e descrições de Catão acerca da organização do trabalho rural e a partir de tais princípios analisar a racionalidade que os norteia e quais os objetivos de tais estratégias de ação. Desta forma, pretendemos entender não só como a elite romana visualizava e planejava sua produção rural, mas também como pensava o controle da ordem social nos campos. Para tal, utilizaremos o conceito ampliado de racionalidade como racionalidade social, proposto por Godelier. Nome: Juliana Bastos Marques E-mail: jbastos@usp.br Instituição: USP Título:Espaço cognitivo e fronteiras identitárias em Amiano Marcelino Este trabalho propõe a leitura da obra de Amiano Marcelino sob a ótica de uma apreensão cognitiva da ordem espacial do Império Romano no séc.

IV d.C. O texto de Amiano Marcelino é particularmente apropriado para tal questionamento, ainda embrionário nos estudos sobre o autor, pois ele estabelece um mapa percebido das relações espaciais entre Roma como ainda centro do Império e as províncias - onde estão de fato o imperador e o poder-, o que é de muitas maneiras incongruente com a realidade retratada. Seu texto revela, de forma consciente ou não, uma multiplicidade de centros que é muito mais complexa do que o mostrado pela clara dicotomia anterior da ordem no Império. Nome: Júlio Paulo Tavares Zabatiero E-mail: jzabatiero@uol.com.br Instituição: Faculdade Unida de Vitória Título:Mecanismos de diferenciação identitária no Antigo Israel - séc. VIII-VII a.C. Nos sécs. VIII-VII a.C. o antigo Israel foi submetido e, posteriormente, conquistado pelos neo-assírios e neo-babilônicos, resultando no fim do estado monárquico centrado em Jerusalém. Nesse período, diferentes grupos de intelectuais judaítas desenvolveram defesas da identidade judaíta em oposição à presença impositiva das religiões mesopotâmicas. Nesta Comunicação enfoco um desses grupos, denominado na pesquisa histórico-crítica de Movimento Deuteronômico, responsável pela elaboração de ampla obra histórico-traditiva. No livro do Deuteronômio, parte dessa obra, encontramos significativos mecanismos de diferenciação entre Judá/ Israel e outros povos (tais como: afirmação da exclusidade do Deus de Israel, criação discursiva dos “cananeus” como o outro-anatgônico, utilização da metáfora da família para descrever o povo israelita), mecanismos estes que serão analisados com metodologia sêmio-discursiva, na perspectiva da história cultural. Nome: Leandro Mendonça Barbosa E-mail: leandromemorialista@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título:A Identidade Políade: o caso do dionisismo Neste trabalho tentaremos compreender como argumento central a questão de como o culto ao deus Dioniso se instalou e de que forma foi aceito nas poleis helênicas. Segundo seu mito fundador, Dioniso possui características orientais que o fazem distinguir entre os gregos. Para esta análise utilizaremos de algumas imagens presentes na cerâmica ática- essêncialmente após as tiranias gregas, como a de Pisístrato - e fontes escritas, como a peça “As Bacantes”, do tragediógrafo Eurípides. A peça é uma fonte que nos oferece subsídios para pensarmos como Dioniso inseriu-se nas poleis e quais as resistências que esta divindade sofreu. Nome: Luana Neres de Sousa E-mail: neresluana@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título:A Pederastia ateniense durante o período clássico no banquete de Platão e Xenofonte O Banquete de Xenofonte é uma obra pouco explorada pela historiografia brasileira quando comparada à obra homônima de Platão. Nosso objetivo neste trabalho é analisar a pederastia ateniense no período clássico realizada durante os banquetes, a partir da análise do diálogo ‘O Banquete’ do filósofo Platão e da obra homônima de Xenofonte, ressaltando a importância da relação entre erastas e erômenos enquanto processo de formação social do futuro eupátrida em Atenas e o festim do banquete enquanto local destinado à realização da pederastia. Nome: Luciane Munhoz de Omena E-mail: lucianemunhoz34@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título:Deusa Ísis, um festejo de metamorfoses Nessa comunicação analisaremos a festa da deusa Ísis representada no romance Metamorfoses, de Lúcio Apuleio. Documento situado no século II d.C., apresenta o festejo com detalhes minuciosos e mostra a posição dos sacerdotes e do povo na procissão, vestimenta entre outros aspectos. O que viabiliza a compreensão da ordem social, pois interpretamos a festa como um fenômeno social e não simplesmente por particularidades de cunho individual; a compreendemos por meio de uma ação coletiva que implica, necessariamente, na ênfase dos sentimentos e emoções experimentadas pelos participantes. Nome: Margarida Maria de Carvalho E-mail: margomc@terra.com.br Instituição: UNESP - Campus de Franca

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35 Título:Construção de identidades num cenário de barbarização do exército romano no séc. IV d.C.: estratégia e heroificação do imperador Juliano em Amiano Marcelino A documentação do próprio imperador Juliano e de seus testemunhos denotam suas atitudes no campo político, filosófico, administrativo e militar. Escolhi como testemunho de análise a “Res gestae” de Amiano Marcelino, cidadão romano de Antioquia contemporâneo do Príncipe (355-363 d.C). Analisarei especificamente os livros de 15 a 25 que tratam do relato dos feitos militares de Juliano enquanto “César” e “Augusto”. Nesta comunicação interpretarei um conceito de estratégia militar atribuído a esse imperador em contexto de fragilização das fronteiras do Império romano. De fato, a obra é redigida no período do renascimento teodosiano quando, não só ocorrerá a intensificação do processo supracitado, como também uma acentuada barbarização do exército romano. A apresentação vinculará o conceito de estratégia militar ao processo de heroificação do Imperador considerado por Amiano no momento da compilação e redação de suas memórias. Ao mesmo tempo em que Amiano nega o bárbaro, esse autor admira Juliano que saberia ministrar táticas e estratégias de guerra às quais fortaleceriam a construção de uma identidade plural entre aqueles estrangeiros e os próprios romanos. Nome: Marinalva Vilar de Lima E-mail: iramlima@ig.com.br Instituição: UFCG/USP Título:Tito Lívio, fabricador de identidades exemplares: cartografia de Marco Fúrio Camilo Uma Roma enquanto lugar de exempla de uirtutes é que as representações livianas vão nos possibilitar acessar. Identificação que se estabelece a partir do exercício oposicional entre o homem/mulher de uirtus e seu/sua desviante. Sua escritura focaliza o período da República como momento da História de Roma de maior profusão de cidadãos zelosos da tradição. É, por exemplo, em meio a um momento de grande turbulência da história romana, à época republicana, em que a ameaça do retorno eminente de mais um enfrentamento entre Roma e Véios, cidade com quem já há tempos era alimentada uma antiga contenda, que Lívio localiza a entrada em cena de Marco Fúrio Camilo. Camilo, típico político que representa uma gens tradicional de Roma, nos é apresentado por Tito Lívio em muitos outros momentos de perturbações cívicas a que sua uirtus poderia vir a pôr fim. Em um desses momentos, ele também é apresentado em completa consonância com as atitudes de devoção das matronas, mantenedoras da purificação da cidade. Situação discursiva em que Lívio articula, em um mesmo homem, grandeza de liderança e respeito à tradição religiosa no cumprimento de seu próprio destino. É, portanto, a partir de um exercício didático, realizado através da edificação de exempla que Lívio povoa sua escritura. Nome: Miguel Pereira Neto E-mail: migpernet@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título:A ética platônica e a interferência estrangeira nos saberes de Atenas O trabalho terá como fontes principais os diálogos de Platão na tentativa de estabelecer a relação do autor clássico na produção de saberes e fomentador de práticas para a pólis na Atenas Clássica. O aspecto da interferência estrangeira é o ponto controverso na construção de Platão, ele foi um dos maiores refutadores do movimento sofístico em Atenas através de seus diálogos e da composição de Retórica como termo que diferencia a Filosofia da Retórica; mas Platão se baseia em concepções de outros estrangeiros para discutir os problemas da produção de saber, em especial nas concepções de Parmênides de Eléia. A tensão entre estrangeiros e atenienses permeia os diálogos, mas estão presentes na própria formatação do lugar espacial e ético dos gregos no Mundo Antigo. A partir de François Hartog, entendo que o mundo grego deve ser vislumbrado também a partir da relação com o mundo bárbaro e com s “heranças” e apropriações culturais da Hélade provenientes de outros espaços. Nome: Rafael da Costa Campos E-mail: rafaeldacostacampos@hotmail.com Instituição: USP Título:Consolidação política do Principado: questões sobre o governo de Tibério A presente comunicação tem como objetivo explorar um conjunto de questionamentos referentes a um complexo momento histórico na política da sociedade romana. Nosso foco direciona-se a alguns aspectos que

caracterizam politicamente o Principado de Tibério César Augusto (14 – 37 d.C.): a análise das prerrogativas que constituíram a representação do Imperador durante o momento de consolidação de uma nova forma de constituição política que foi determinante para o estabelecimento de uma ordem imperial, englobando a organização social, política, identitária e cultural da sociedade romana, por meio das narrativas de autores contemporâneos deste este período. Nome: Rafael Faroco Benthien E-mail: rfbenthien@hotmail.com Instituição: USP Título: Camille Jullian: as “Antigüidades Nacionais” e o sentido da política Camille Jullian (1859-1933), embora pouco lembrado hoje, foi talvez o mais influente dos historiadores franceses de inícios do século XX. Tendo seguido a via real de formação dos grandes latinistas (a École Normale Supérieure e a École Française de Rome), ele acabou sendo reconhecido como especialista em uma disciplina até então não institucionalizada: a das “Antiquités Nationales”. O propósito da presente comunicação é apresentar os resultados de uma investigação acerca de tal trajetória, na qual se atenta para as condições sociais de produção e consagração de uma inovação no campo historiográfico. Nome: Raul Vitor Rodrigues Peixoto E-mail: soliduspetrus@gmail.com Instituição: UFG Título:A caracterização do conceito de estratégia na obra Estratagemas de Polieno Polieno foi um autor macedônio que viveu na cidade de Roma por volta da segunda metade do século II d.C. Ele exerceu a função de advogado por grande parte de sua vida e só na velhice, como ele mesmo declarou, decidiu escrever compêndios que tratavam de assuntos militares. À série de oito compêndios que escreveu Polieno, deu o nome de “Estratagemas”, e os dedicou todos, primeiramente aos então Imperadores Lucio Vero e Marco Aurélio e em segundo lugar a todos aqueles que possuíssem uma cargo de comando na guerra. Essa comunicação tem como objetivo a analise do conceito de Estratégia proposto por Polieno, que possui fortes raízes na cultura grega, mais especificamente nos poemas homéricos. Nome: Regina Maria da Cunha Bustamante E-mail: rmbustamante@terra.com.br Instituição: UFRJ Título:Fronteira identitária e ordem social na arena: suplícios de morte no anfiteatro na África Romana Um dos mosaicos mais completos e realistas sobre atividades no anfiteatro romano foi encontrado numa “villa” atualmente denominada de Dar Buk Ammerah na cidade líbia de Zliten. Nele, além dos combates gladiatoriais (“ludi gladiatorii”) e caçadas (“venationes”), há cenas de execuções públicas de condenados à morte através da exposição às feras (“damnatio ad bestias”). Para o presente trabalho, selecionamos estas cenas de suplício para análise, objetivando compreender esta prática social inserida no contexto histórico específico de construção da fronteira identitária romana na Tripolitânia durante o Alto Império (séculos I e II), quando a ordem romana se afirmava frente às populações nativas da região. Nome: Renata Cerqueira Barbosa E-mail: renata7barbosa@hotmail.com Instituição: Unesp Título:Moral e sexualidade: Uma interpretação temporal dos Vitorianos O tempo, que nasce com o homem, não pode ser compreendido através de uma análise meramente objetiva e quantitativa. Deve ser visto essencialmente, no modo como é especificamente vivido por um sujeito determinado. Muitos estudos desenvolvidos durante o século XIX na Inglaterra buscavam modelos e padrões que poderiam ser utilizados como exemplos para o seu desenvolvimento, em clássicos da cultura Greco-romana, sem levar em conta a temporalidade vivida pelos antigos. Neste sentido, o presente trabalho, tem por objetivo, abordar a questão da moral no tempo dos vitorianos, tendo em vista o fato de alguns trabalhos populares do período sugerirem que os romanos clássicos deixaram para os ingleses uma civilização que se dirigiu quase que diretamente para o estado moderno inglês. Nome: Rosane Dias de Alencar E-mail: rosanealencar@terra.com.br

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Instituição: Universidade Federal de Goiás Título:Ser Romano: uma análise das obras Vita Constantini e Panegírico de Constantino Augusto Os discursos Vita Constantini, escrito por Eusébio de Cesaréa em 337 d.C, e Panegírico de Constantino Augusto, produzido pelo panegirista Nazário em 321 d.C, trazem impressos as especificidades do seu lugar de produção, com todas as peculiaridades do contexto em que foram produzidos; mas junto com essas diversidades a análise dessas fontes aponta também para discursos com uma uniformidade de valores relacionados à Humanitas, que permitem ao leitor uma leitura possível acerca da identidade romana neste período a partir desse aspecto; uma reflexão que será feita a parir do confronto das duas obras supramencionadas. Nome: Sarah Fernandes Lino de Azevedo E-mail: sarahflazevedo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título:Interações sociais, personagens femininas e construção da imagem imperial no principado de Nero Nesta pesquisa, pretendemos demonstrar como se dá o processo da construção da imagem do Imperador Nero, assim como de seu governo (5468 d.C.), a partir de análises das interações sociais nas fontes referentes ao período neroniano, enfatizando as relações interpessoais estabelecidas com personagens femininas. A principal fonte analisada são os Anais de Tácito. Pretendemos compreender como estas relações interpessoais, privadas ou públicas, interferiram na política do principado. Como se constituíam as relações de poder dentro da corte, e como as mulheres, mesmo sem possuir direitos políticos, influenciaram em decisões políticas. Qual a importância política ou social dessas mulheres no relato de Tácito? Como a historiografia trata a influência política (ou a ausência) das mulheres no Império Romano? Como apreender a conexão entre as formas de hierarquias sociais e políticas formais e informais em que estavam inseridas? Assim, pretendemos ainda compreender como Tácito, através de mecanismos retóricos, construiu em seu relato, uma imagem tanto do imperador quanto de seu governo, e como associou as personagens femininas com essa imagem de governo. Nome: Uiran Gebara da Silva E-mail: uirangs@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título:Bagaudae: desafiando os limites da Ordem Imperial Bagaudae é o nome que a tradição documental associa a certos grupos insurretos na Gália sob o Império Romano, entre os séculos III e V d.C., isto é, durante as épocas de crise do domínio romano sobre o Mediterrâneo. A determinação das características sociais dos agentes destas insurreições – camponeses, escravos? – é uma tarefa difícil, uma vez que a própria documentação parece querer silenciar o que podem ter representado. A historiografia já os associou a meros bandidos, a movimentos revolucionários e, mais recentemente, a exércitos pessoais de grandes proprietários insurretos. Esta comunicação apresentará os primeiros passos de uma investigação a respeito de como as diferentes fronteiras, identitárias, políticas, econômicas, instituidoras da Ordem Romana tornaram difícil a compreensão das características sociais destes grupos à margem, ou fora da ordem imperial.

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36 36. Os Ă­ndios na HistĂłria: organização, mobilização e atuação polĂ­tica Edson Hely Silva – UFPE (edson.edsilva@gmail.com) John Manuel Monteiro – UNICAMP (johnmm@unicamp.br) (P DQRV UHFHQWHV D WHPiWLFD LQGtJHQD WHP RFXSDGR XP HVSDoR FDGD YH] PDLRU HQWUH RV KLVWRULDGRUHV Este seminĂĄrio temĂĄtico visa dar continuidade Ă s atividades em torno deste tema realizadas regularPHQWH QRV 6LPSyVLRV 1DFLRQDLV GHVGH D DGRomR GHVWH IRUPDWR GH WUDEDOKR DWLYLGDGHV HVVDV TXH WrP HQIRFDGR SULRULWDULDPHQWH R SDSHO GHVHPSHQKDGR SRU tQGLRV HQTXDQWR DJHQWHV KLVWyULFRV &RPR HP anos anteriores, o SimpĂłsio TemĂĄtico estĂĄ aberto, em princĂ­pio, a todos os recortes temĂĄticos comSDWtYHLV FRP D KLVWyULD GRV tQGLRV FRP HQIRTXH HVSHFLDO QR %UDVLO SRUpP QmR UHVWULWR D HVWH HVSDoR QDFLRQDO WHUULWRULDO 'DUHPRV SULRULGDGH QR HQWDQWR D WUDEDOKRV TXH DSUHVHQWHP SHVTXLVDV RULJLQDLV e enfoques inovadores sobre formas de organização, mobilização e atuação polĂ­tica. Estas formas DEUDQJHP YiULDV SRVVLELOLGDGHV WDLV FRPR R SDSHO GH OLGHUDQoDV LQGtJHQDV GR VpFXOR ;9, DR ;;, D articulação de movimentos de protesto, reivindicação e rebeliĂŁo; a formação de alianças em situaçþes militares, polĂ­ticas e administrativas; a relação intrĂ­nseca entre polĂ­ticas indigenistas e a atuação polĂ­tica dos Ă­ndios; o papel de mediadores nĂŁo-Ă­ndios; as relaçþes entre Ă­ndios e outros grupos sociais (quilombolas, afrodescendentes, camponeses, mestiços) na luta pela terra e outros direitos; os usos da KLVWyULD QD DUWLFXODomR GH PRYLPHQWRV HWQRSROtWLFRV $ VHOHomR GH WUDEDOKRV OHYDUi HP FRQWD D RULJLQDOLGDGH GD DERUGDJHP D GHQVLGDGH GD SHVTXLVD H R GLiORJR FRP D ELEOLRJUDĂ€D YLJHQWH

Resumos das comunicaçþes Nome: Almir Diniz De Carvalho Junior E-mail: almirdcjr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas TĂ­tulo: Mulheres entre mundos: indĂ­genas e nĂŁo indĂ­genas como mediadores culturais Em meados do sĂŠculo XVIII, no Estado do GrĂŁo-ParĂĄ e MaranhĂŁo, algumas mulheres cristĂŁs indĂ­genas e nĂŁo indĂ­genas sofreram o peso da repressĂŁo inquisitorial. Suas vidas foram registradas na documentação daquela instituição. ReconstituĂ­das pelo olhar dos inquisidores, estas vidas deixaram hoje vestĂ­gios nĂŁo somente dos padrĂľes referenciais atravĂŠs dos quais foram representadas, mas tambĂŠm, no hiato, nas lacunas que os discursos deixaram escapar, permitem a percepção dos estranhamentos dissonantes destas padrĂľes, demonstrando, entre outras coisas, o dinamismo dos processos de apropriação atravĂŠs de prĂĄticas e estratĂŠgias de sobrevivĂŞncia. Esta comunicação quer apresentar alguns exemplos destes processos criativos engendrados nos confins das vilas e missĂľes de Ă­ndios cristĂŁos na AmazĂ´nia portuguesa colonial. Nome: Ana Paula da Silva E-mail: anap_almex@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro TĂ­tulo: MemĂłria oral e PatrimĂ´nio indĂ­gena no Brasil nas crĂ´nicas do sĂŠculo XVI O trabalho ĂŠ fruto do projeto de pesquisa, em andamento, no programa de pĂłs-graduação em MemĂłria Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Nosso objetivo pretende identificar e valorizar os registros da tradição oral indĂ­gena nas crĂ´nicas do sĂŠculo XVI, sobre o Brasil, buscando mapear o seu legado cultural atravĂŠs da tradição oral e da concepção de patrimĂ´nio cultural imaterial presentes nos relatos dos cronistas, contribuindo assim para uma histĂłria das representaçþes das memĂłrias dos povos indĂ­genas que habitaram o Brasil no perĂ­odo colonial. Pois, o processo colonial significou, para a maioria dos Ă­ndios, a desestruturação de seus mundos, a extinção de suas lĂ­nguas e a destruição de grande parte do saber acumulado milenarmente pela tradição oral. A historiografia ocidental estudou esse processo apenas do ponto de vista dos europeus, que deixaram testemunhos escritos presentes na documentação da ĂŠpoca, sobretudo nas crĂ´nicas. A visĂŁo indĂ­gena, baseada na oralidade, nĂŁo foi incorporada sistematicamente ao estudo dos povos indĂ­genas, considerados etnocentricamente como “povos sem histĂłriaâ€?. Nome: Antonio Carlos Amador Gil E-mail: tomgil001@hotmail.com Instituição: UFES

Título: Do indigenismo à autonomia: organizaçþes indígenas e as lutas pela reestruturação do Estado Nacional Mexicano Discutiremos os mecanismos de reformulação da identidade nacional que são tensionados por processos de criação e/ou renovação de identidades Êtnicas articuladores de novas formas de sociabilidade e pertencimento. Ao centrar o eixo da pesquisa no MÊxico examinaremos as transformaçþes que ocorrem num país que possui parcelas significativas de grupos indígenas lutando pelo reconhecimento de seus direitos. Privilegiaremos a ação e os discursos de organizaçþes indígenas que participam destes embates de representação. Os indígenas alcançaram um nível organizacional que transcende o âmbito comunal e local, logrando uma presença política significativa em nível nacional. Ao mesmo tempo, os povos indígenas fortaleceram suas identidades Êtnicas ampliando simultaneamente seu horizonte político. As reivindicaçþes autonômicas contemporâneas tentam romper com as políticas de incorporação do governo mexicano e conduzem à busca de um Estado multiÊtnico que reconheça o direito dos povos indígenas ao autogoverno. O crescimento de movimentos em que o índio surge como novo sujeito político e a crescente valorização da etnicidade tornam mais complexas as relaçþes entre a noção de índio e de nação. Pretendemos lidar com estas mobilizaçþes que tensionam e transformam a identidade nacional mexicana. Nome: Antônio Jacó Brand E-mail: brand@ucdb.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Título: As Fronteiras Guarani No Prata (1536-1750) A pesquisa pretende aprofundar as investigaçþes sobre a historicidade do território Guarani, no Mato Grosso do Sul, para alÊm da política republicana de confinamento, implementada pelo Serviço de Proteção ao �ndio, SPI. Seu objetivo Ê tratar do território indígena guarani antes das terras terem passado para o domínio português, com a criação da província do Mato Grosso (1748) e ratificação dos limites pelo Tratado de Madri (1750). O recorte temporal pretende passar pelo início da colonização espanhola no Prata entre a fundação de Buenos Aires (1536) e o Tratado de Madri (1750). Os Guarani ocupavam, desde o sÊculo XVI, amplo território na bacia do rio da Prata, como vem bem documentado nas fontes coloniais e pesquisas arqueológicas, desde o período colonial, em terras sob a jurisdição das autoridades espanholas. Com a ratificação jurídica da posse destas terras sob o domínio lusitano, houve uma reconfiguração das fronteiras, com implicaçþes sobre o modo de ser destas populaçþes, confrontadas com novos estados nacionais em vias de consolidação, mediante o estabelecimento de núcleos como os fortes e presídios em Iguatemi e Miranda, erguidos em território tradicional Guarani. Nome: Barbara A. Sommer E-mail: bsommer@gettysburg.edu Instituição: Gettysburg College

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Nome: Claudio Costa Pinheiro E-mail: ccp@pobox.com Instituição: Unicamp Título: Expressões etnopolíticas, Arte e Narrativas não-ocidentais de História e Modernidade: os Chitrakars da Bengala Ocidental, Índia Patua é um tipo de arte popular tradicional sul-asiática que consiste de poemas pintados, encenados em histórias cantadas. Um dos grupos que realizam esta forma de arte são os Chitrakars (Bengala Ocidental, Índia), casta de Dalits (intocáveis), cuja origem histórica remonta o século XIII; caracterizados por uma marcante capilaridade na absorção de temáticas, assim como na inovação nas técnicas de pintura. Diferentemente de outras castas que realizam o mesmo tipo de arte, propõem-se interpretar tanto épicos indianos (Mahabarata, Ramayana), quanto temas seculares ocidentais (queda da Bastilha, 11 de setembro) desde seu próprio universo moral e semântico. Tais características contribuíram na capitalização de prestígios e recursos financeiros, transformando-os em artistas populares com trânsito internacional, ao mesmo tempo que aumentou sua mobilidade socio-economica localmente; que se vê na melhoria de suas casas, na compra de terras de lavoura, na venda de seus trabalhos em galerias de arte internacionais e no plágio de seu estilo por outras castas superiores. Este trabalho analisa como essa casta apresenta uma configuração singular no cruzamento entre religião, hierarquias e repertórios de expressão artística associados a estratégias etno-políticas de mobilidade socio-economica Nome: Cleube Alves da Silva E-mail: cleubesilva@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Indígenas e não-Índios no Médio Rio Tocantins: uma longa luta que não chegou ao fim (1749-1999) Esse estudo busca fazer um descrição das formas de contato entre indígenas e não-indígenas no norte de Goiás (hoje estado do Tocantins), em especial a região do médio rio Tocantins, descrevendo elementos e valores da cultura indigena, procurando ver as diferenças culturais manifestadas nos contatos entre indígenas e colonizadores ao longo do tempo e identificando os modos de reconfiguração das vivencias indigenas no contato. É um trabalho que procura se desvencilhar da visão segundo a qual o indígena torna-se uma vítima da força destruidora do modo de vida europeu e seus métodos de conquista, mas, pelo contrário, ressalta as formas e os elementos criados pelos indigenas para permaneceram com uma identidade construída na diferença com o não-índio. Procuramos compreender como o povo indigena Xerente em mais de trezentos anos de contato conseguiram manter viva uma cultura que é vivenciada no grupo com reconhecimento deste na diferenciação com outras culturas. Nome: Edinaldo Bezerra de Freitas E-mail: edinaldo@unir.br Instituição: Universidade Federal de Rondônia Título: Índios de Rondônia. Vozes da (des) integração e Imaginário da sobrevivência Legitimado enquanto continuidade do processo colonizador brasileiro, a história da ocupação da Amazônia, a partir da condução estratégica dos militares nas décadas de 60 e 70, tornou-se sobremaneira, um momento de extrema violência física e cultural imposto sobre as diversas populações indígenas. Fazer com que as vozes dos sobreviventes testemunhem sobre os acontecimentos, torna-se uma oportunidade de analisarmos complexos mecanismos de história, cultura, etnicidade e resistência, onde diferentes situações de conflito e reações foram possíveis. Nesse sentido, as narrativas do povo Arara de Rondônia, dão parâmetros para reflexões críticas sobre como os próprios indígenas constituíram seu imaginário sobre os acontecimentos, e de como lêem sua própria condição de mediatização entre o passado e presente Nome: Elisa Frühauf Garcia E-mail: elisafg@terra.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Projetos indígenas durante a emancipação política americana: Andresito Artigas e a província de Misiones (Rio da Prata, c.18111820) No processo de emancipação política das Américas, alguns grupos indígenas, principalmente suas lideranças, travaram contato com as idéias que embasavam as reivindicações dos partidários da independência. Tais idéias, associadas, de formas diversas, com a representação política de Antigo Regime, foram utilizadas pelos índios envolvidos nos conflitos para projetar

o seu lugar e o das suas comunidades na realidade que então se construía. A partir da análise da trajetória do guarani Andresito Artigas, incluindo as suas leituras e os seus posicionamentos em diferentes situações, pretende-se perceber como ele projetava o futuro da província de Misiones e as alterações no estatuto jurídico dos índios, diante da propagação dos ideais de igualdade e liberdade. Nome: Antônio Jacó Brand E-mail: brand@ucdb.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Nome: Eva Maria Luiz Ferreira E-mail: evam@ucbd.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Nome: Fernando Augusto Azambuja de Almeida E-mail: azambujahist@yahoo.com.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Nome: Neimar Machado de Sousa E-mail: n-machado@uol.com.br Instituição: Universidade Católica Dom Bosco Título: As Fronteiras Guarani no Prata (1536-1750) A pesquisa pretende aprofundar as investigações sobre a historicidade do território Guarani, no Mato Grosso do Sul, para além da política republicana de confinamento, implementada pelo Serviço de Proteção ao Índio, SPI. Seu objetivo é tratar do território indígena guarani antes das terras terem passado para o domínio português, com a criação da província do Mato Grosso (1748) e ratificação dos limites pelo Tratado de Madri (1750). O recorte temporal pretende passar pelo início da colonização espanhola no Prata entre a fundação de Buenos Aires (1536) e o Tratado de Madri (1750). Os Guarani ocupavam, desde o século XVI, amplo território na bacia do rio da Prata, como vem bem documentado nas fontes coloniais e pesquisas arqueológicas, desde o período colonial, em terras sob a jurisdição das autoridades espanholas. Com a ratificação jurídica da posse destas terras sob o domínio lusitano, houve uma reconfiguração das fronteiras, com implicações sobre o modo de ser destas populações, confrontadas com novos estados nacionais em vias de consolidação, mediante o estabelecimento de núcleos como os fortes e presídios em Iguatemi e Miranda, erguidos em território tradicional Guarani. Nome: Fatima Martins Lopes E-mail: fatimaml@ufrnet.br Instituição: Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte Título: Oficiais das Ordenanças de Índios: novos interlocutores nas Vilas da Capitania do Rio Grande Na criação das Vilas de Índios na segunda metade do século XVIII, o Diretório dos Índios determinou uma política de diferenciação social, econômica e política entre os índios vilados, principalmente quando privilegiou elementos mais atentos aos interesses da Coroa para ocuparem os cargos coloniais como os de Oficiais das Ordenanças dos Índios. Analisando a documentação oficial sobre as vilas da Capitania do Rio Grande do Norte, principalmente as reivindicações de mercês e direitos, identificou-se motivações individuais para obtenção de benefícios econômicos ou de prestígio social. Esses Oficiais, ao se apropriaram dos valores europeus mais rapidamente, constituíram-se em novos interlocutores entre o mundo colonial e o indígena, podendo ter possibilitado as redefinições culturais indígenas frente à colonização. Nome: Francisco Jorge dos Santos E-mail: fj-santos@ufam.edu.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Dois governadores, duas políticas indigenistas diferenciadas sob o mesmo diploma legal na segunda metade do século XVIII, na Amazônia portuguesa Esta comunicação tem como objetivo central analisar a política indigenista executada na Amazônia portuguesa pelos governadores João Pereira Caldas e Manuel da Gama Lobo d`Almada. Não obstante essas autoridades, formalmente, serem fiéis as diretrizes legais contemporâneas da Metrópole, a executaram assimetricamente. Partindo desse pressuposto, a minha exposição caminhará no sentido de analisar os elementos explicativos para essa “assimetria política”. Devo anunciar que o período que ora se analisa, foi muito denso em diversos sentidos: no poder real, no geopolítico, na economia política e, sobretudo na política de relacionamento com as populações indígenas, sejam elas aldeadas ou tribais. Desse modo, ao se decompor as especificidades de cada um desses elementos históricos, se poderá ensaiar uma explicação plausível

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36 para o problema levantado. Um elemento importantíssimo a ser considerado nesta exposição, será a reação dos índios à política em questão: a política indígena, atitude dos povos indígenas até bem pouco tempo bastante negligenciada pela grande historiografia brasileira. Dar-se-á, então visibilidade as ações políticas desses protagonistas, fato esses que a novas pesquisas estão trazendo à tona aos borbotões.

do Ceará e a WIC a se aliar em primeiro lugar e que tipo de conflitos e tensões existiam nessa aliança. Pode-se também entender o episódio como uma tentativa por parte das lideranças indígenas locais de executar uma política de alianças independente, aproveitando-se do relativo isolamento do Ceará como região periférica durante a guerra entre Portugal e a WIC no Brasil.

Nome: Giovani José da Silva E-mail: giovanijsilva@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Título: Índios na História da fronteira Brasil-Bolívia: Organização, Mobilização e Atuação Política dos Chiquitano, século XX A comunicação tem por objetivo apresentar resultados parciais de uma pesquisa que resultou em tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG). Trata-se de um estudo a respeito da trajetória etno-histórica de populações indígenas Chiquitano, localizadas na fronteira Brasil-Bolívia ao longo do século XX. Partindo de considerações teóricas sobre aproximações e distanciamentos entre História Indígena e Antropologia, o trabalho começa por desvelar a história dos Chiquitano do atual Oriente boliviano. Recuperando-se os principais eventos ocorridos com estes grupos, surgem personagens e tramas que envolveram o processo histórico de migração para alguns e de “encapsulação” em terras brasileiras para outros. Com tais informações, o objetivo central passa a ser a percepção e o entendimento de como os Chiquitano, durante o século XX, elaboraram identidades e práticas culturais para viverem e quais as estratégias adotadas pelos grupos que lhes garantiram a sobrevivência física e cultural até os dias atuais, em uma região transnacional. Nesta elaboração estão presentes importantes elementos, tais como a memória social, as fronteiras, as culturas de migração e as identidades étnicas e nacionais, analisados em perspectiva histórica.

Nome: Heitor Velasco Fernandes Guimarães E-mail: h-velasco@hotmail.com Instituição: PUC-RIO Título: Postos indígenas e inspetorias regionais do Centro-Oeste brasileiro: perspectivas iniciais de análise da atuação do SPI na Era Vargas O presente trabalho tem a intenção de apresentar reflexões acerca das relações estabelecidas entre frentes de expansão da sociedade nacional e sociedades indígenas no Brasil nas décadas de 30 e 40 do século XX. Trata-se de investigar historicamente os desdobramentos dos contatos estabelecidos entre os funcionários do órgão oficial do Estado responsável pela questão indígena na época – o Serviço de Proteção aos Índios – e os grupos indígenas que habitavam o Centro-Oeste brasileiro na temporalidade indicada. É importante lembrar que a idéia de “transitoriedade do ser indígena” era uma noção corrente na época. Os índios eram considerados homens em um estado inferior de evolução, cabendo ao Estado desempenhar um papel civilizatório – legitimado por lei – promovendo sua transição afim de que se transformassem em trabalhadores agrícolas incorporados à nação. Era uma época em que se acreditava firmemente que as sociedades indígenas caminhavam para a extinção. Esta comunicação tem também como objetivo refletir sobre a hipótese de que as reações culturais e ações políticas indígenas dos diversos grupos étnicos contactados implicavam na constante reformulação das práticas indigenistas. As fontes primordiais de análise são registros documentais do SPI produzidos a nível local/regional.

Nome: Graziella Reis de Sant ‘Ana E-mail: santana.gra@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: “Somos todos parentes”. Discursos, mobilizações e associativismo étnicos no Mato Grosso do Sul, o caso da ARPIPAN A ARPIPAN – Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal – é uma associação que agrega várias etnias: Kadiwéu, Guató, Terena, Kinikinau, Kaiowá e Guarani. Fundada no final de 2007, tem como objetivos unir as etnias do MS e buscar soluções para suas demandas, com foco especial na gestão ambiental das Terras Indígenas. O desejo de unificar em torno de demandas comuns, e também especificas, não é uma novidade. Desde os levantes indígenas da década de 70, várias foram as iniciativas nessa direção em todo o país. Alguns autores ressaltam, contudo, que após a constituinte de 88 – que possibilitou a formalização das associações indígenas – e nas décadas que se seguiram, a tendência foi a atomização desse processo, com o surgimento de associações de uma só etnia, de uma só aldeia, etc. No MS, a tendência de unificar e constituir associações regionais, com ecos na arena nacional, nunca saiu da pauta dos discursos e mobilizações, o que nos leva a problematizar as discussões sobre a atomização do movimento. A presente comunicação trará uma discussão sobre o associativismo étnico brasileiro através da etnografia da ARPIPAN, contribuindo para o debate nesse campo ainda em aberto para novas pesquisas e experiências histórico-etnográficas. Nome: Guilherme Saraiva Martins E-mail: guilhermemartins13@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: A revolta indígena de 1643-44 no Ceará: alianças e conflitos no Brasil holandês Entre finais de 1643 e começo de 1644 a guarnição neerlandesa no Ceará, cerca de quarenta ou cinquenta soldados e seu comandante, Gedeon Morris de Jonge, foi destruída em um ataque indígena. Os índios que mataram os soldados da Westindische Compagnie (A Companhia das Índias Ocidentais Holandesa, a WIC) no Ceará eram quase certamente os mesmos que, no ano de 1637, os haviam chamado ao Ceará em pirmeiro lugar, para ajudar a expulsar os portugueses do Forte de São Sebastião. Nesse trabalho, procuramos entender que fatores levaram esses índios a mudar sua atitude frente aos neerlandeses no Ceará em período tão curto e que tipo de consequências a revolta teve para as relações entre indígenas, portugueses e neerlandeses no Brasil Holandês como um todo. Tratamos o episódio da revolta como um momento excepcional e exemplar, que nos permite adentrar em questões como os motivos que levaram os indígenas

Nome: Helder Alexandre Medeiros De Macedo E-mail: heldermacedox@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Índios e mestiços no sertão da Capitania do Rio Grande do Norte (séculos XVIII-XIX) Na primeira metade do séc. XVIII foi ereta, no sertão do Rio Grande, a Freguesia do Seridó, instância religiosa e elemento de governabilidade do Império Português. No seu vasto território a ocidentalização possibilitou a constituição de uma sociedade mestiça composta de elementos luso-afrobrasílicos e índios. Neste trabalho, refletimos sobre a presença de índios e mestiços no cotidiano dessa sociedade, a partir de um recorte microhistórico centrado em duas histórias: a do índio Tomé Gonçalves, natural de Mecejana, Ceará Grande, que viveu na freguesia entre o fim do séc. XVIII e início do seguinte, onde teve seis filhos e exerceu cargo público no Senado da Câmara da Vila do Príncipe; e a do vaqueiro Policarpo Carneiro, filho do pardo José Carneiro e da índia Bibiana da Cruz, que, perante a Justiça Pública, requereu seu quinhão na herança paterna, excluído no momento do inventário. Fontes paroquiais, cruzadas com inventários post-morten, justificações de dívida e ações cíveis, a partir do método indiciário, nos permitiram traçar um perfil, ainda que fragmentário, de como se processaram as relações entre índios e mestiços na Freguesia do Seridó entre o fim do século XVIII e início do século XIX, época em que viveram Tomé Gonçalves, Policarpo Carneiro e suas famílias. Nome: Iraci Aguiar Medeiros E-mail: iraci@ige.unicamp.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: A relação movimento indígena/universidade: análise de uma experiência de inclusão de indígenas no ensino superior Com base em pesquisa de campo, esse trabalho analisa uma experiência de relação movimento indígena/universidade para formação de professores indígenas, realizada na Universidade do Estado de Mato Grosso. Nos anos 90, a formação de professores indígenas ganhou força na pauta do movimento indígena, implementando em várias regiões do país, muitos projetos educacionais específicos para a realidade sociocultural e histórica de determinadas sociedades indígenas, adotando a prática da interculturalidade e o bilingüismo. A formação de indígenas surgiu da reivindicação do movimento indígena, por ocasião da Conferência Ameríndia de Educação Escolar Indígena realizada em Mato Grosso, em 1997, com a presença de representantes de 86 povos indígenas e iniciou-se na UNEMAT em 2001, com 3 cursos: Línguas, Artes e Literatura; Ciências Matemática e da Natureza e; Ciências Sociais. Na 1ª turma, 196 professores formaramse, envolvendo 36 etnias e 26 idiomas. O artigo discute em que medida

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essa experiência contribui para capacitação e organização do movimento indígena, especialmente dos professores indígenas, que lutam pela transformação de suas escolas, vistas como espaço de resistência, instrumento de afirmação da identidade, sempre ligada a outros direitos, como a demarcação de terras. Nome: Isabelle Braz Peixoto da Silva E-mail: isabellebraz@fortalnet.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: O Relatório Provincial de 1863 e a expropriação das terras indígenas O Relatório Provincial apresentado pelo Presidente José Bento da Cunha Figueiredo Júnior à Assembléia Legislativa do Ceará em 09 de outubro de 1863, por ocasião de sua instalação, é marco da historiografia cearense e é considerado por muitos como o ato final do governo do Estado, relativo à “extinção” dos índios no estado do Ceará. De fato, referido decreto é mais conhecido na historiografia brasileira como o decreto da extinção e é também comum se ouvir no âmbito do movimento indígena que, no Ceará, os índios foram extintos por decreto. Referido Relatório é um extenso documento e é parte de uma série de relatórios provinciais, visto que, a cada ano de instalação de uma nova Assembléia Provincial, por dever de ofício o presidente da Província apresentava o seu Relatório, prestando contas de sua gestão no ano transcorrido, aos novos membros da Assembléia. O objetivo deste artigo é mostrar como tal documento insere-se no contexto de expropriação das terras indígenas no século XIX e como as apropriações feitas de seus enunciados transformaram o Relatório em Decreto da extinção. Nome: João Pacheco de Oliveira Filho E-mail: jpo.antropologia@gmail.com Instituição: Museu Nacional/UFRJ Título: Um museu indígena? Cultura e política entre os Ticunas contemporâneos O fenômeno da descolonização e a critica aos modelos desenvolvimentistas nas agências internacionais teve suas consequencias no plano acadêmico, em disciplinas como a antropologia e a história. Os pesquisadores, assim como os ativistas, passaram a buscar as expressões de saberes subalternos, recuperando em suas análises o ponto de vista dos dominados e buscando falar a partir da perspectiva do nativo. Se foram importantes como demarcadores de uma virada política, hoje já se percebe os seus limites e a necessidade de novos conceitos, problemáticas e metodologias. Apoiandose numa análise de dilemas contemporâneos do movimento indígena na região do Alto Solimões (AM), esta comunicação procede a um esforço crítico sobre estratégias e processos presentes na formação de uma unidade política e de representação dos indígenas, que se estabelece em resposta a pressões e estímulos exteriores ás aldeias e operantes em múltiplas escalas. Nome: Jóina Freitas Borges E-mail: joinaborges@uol.com.br Instituição: UFPI Título: Entre o espanto e o conflito: as reações dos nativos à chegada dos primeiros europeus à Costa Leste-Oeste Em 1508 iniciou-se uma série de disputas judiciais, por iniciativa dos herdeiros de Colombo, as quais ficaram conhecidas como Pleitos de Colón. A partir dos depoimentos de capitães, pilotos e tripulantes, presentes nas primeiras expedições espanholas que atingiram a costa setentrional brasileira, em janeiro e fevereiro de 1500, cotejando-os com as narrativas dos cronistas Pedro Mártir, Oviedo, Gomara, dentre outros documentos, examinamos a recepção dos indígenas da costa norte da América do Sul à chegada dos adventícios. Nas poucas informações sobre os “índios”, é possível observar, entre o “esconder-se”, o comércio e o conflito, as diversas reações de grupos indígenas provavelmente bem diferentes entre si. Tais informações, apesar de escassas e, por vezes, desencontradas, compõem os poucos relatos referentes aos primeiros contatos na região, e refletem a reação imediata à intrusão estrangeira. Somadas a dados arqueológicos e etnográficos, constituirão importante fonte de análise, para a construção de um quadro que esboce a ocupação indígena no litoral norte do Brasil, na época da “descoberta”, imprescindível para o estudo da movimentação dos grupos frente ao contato com os europeus. Nome: Jorge Eremites De Oliveira E-mail: eremites@ufgd.edu.br Instituição: UFGD Título: Terra indígena Ñande Ru Marangatu: laudo pericial de natureza antropológica e histórica sobre parte de um território Kaiowa na fronteira

do Brasil com o Paraguai Em atendimento à Justiça Federal, realizou-se em 2007 uma perícia judicial, de natureza antropológica e história, sobre uma área em litígio conhecida como Ñande Ru Marangatu, localizada em Antônio João (MS). O objetivo maior do estudo foi averiguar se essa área é ou não terra indígena, conforme determina o Art. 231, § 1º, da CF 1988. Foram aplicados procedimentos metodológicos próprios da antropologia, história e arqueologia, o que se deu em um cenário marcado por tensões e conflitos pela posse da terra. Demonstrou-se que a área periciada é de fato uma terra indígena imprescindível para a reprodução física e cultural da comunidade Kaiowa que a reivindica. Esclareceu-se ainda que os índios sofreram violento processo de esbulho perpetrado em fins da década de 1940 e meados da de 1950, protagonizado pelos fazendeiros que ali se instalaram após adquirirem a área do governo de Mato Grosso, quem as vendeu como sendo terras devolutas. Com isso muitas famílias Kaiowa buscaram refúgio em comunidades vizinhas, como as de Pysyry, no Paraguai, e Pirakua, no Brasil, embora algumas delas, como a do “capitão” Alziro Vilhalba, continuaram em uma pequena parte do território a se organizarem para a reivindicação de seus direitos, sobretudo os territoriais. Nome: José Ribamar Bessa Freire E-mail: bessa_18@hotmail.com Instituição: UERJ/UNIRIO Título: Memória oral e Patrimônio indígena no Brasil nas crônicas do século XVI O trabalho é fruto do projeto de pesquisa, em andamento, no programa de pós-graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Nosso objetivo pretende identificar e valorizar os registros da tradição oral indígena nas crônicas do século XVI, sobre o Brasil, buscando mapear o seu legado cultural através da tradição oral e da concepção de patrimônio cultural imaterial presentes nos relatos dos cronistas, contribuindo assim para uma história das representações das memórias dos povos indígenas que habitaram o Brasil no período colonial. Pois, o processo colonial significou, para a maioria dos índios, a desestruturação de seus mundos, a extinção de suas línguas e a destruição de grande parte do saber acumulado milenarmente pela tradição oral. A historiografia ocidental estudou esse processo apenas do ponto de vista dos europeus, que deixaram testemunhos escritos presentes na documentação da época, sobretudo nas crônicas. A visão indígena, baseada na oralidade, não foi incorporada sistematicamente ao estudo dos povos indígenas, considerados etnocentricamente como “povos sem história”. Nome: Juciene Ricarte Apolinário E-mail: apolinarioju@hotmail.com Instituição: UFCG Título: Ações políticas multifacetadas dos Tarariú nos sertões das capitanias no norte entre os séculos XVI e XVIII Revisitando a documentação colonial de antigas capitanias do norte, esta pesquisa propôs um deslocamento da perspectiva sob a qual tem sido abordado a história dos índios nesta região buscando analisar as fontes, a partir de uma abordagem histórico–antropológica acerca dos discursos coloniais. que contam as práticas políticas dos indígenas Tarariú. Grupo este que aparece na documentação referente às capitanias do norte entre os séculos XVI e XVIII. Destarte, no percurso da pesquisa foi possível detectar a permeabilidade e a flexibilidade que marcaram os contatos entre conquistadores e os Tarariú (Tapuia). Estes últimos souberam dialogar a partir das fronteiras interétnicas e mesmo com a imposição da política indigenista, souberam desenvolver práticas de resistência multifacetadas. No caminhar das leituras documentais procurou-se ir além das visões dualistas de indígenas e conquistadores, valorizando eventos contrastantes, surpreendentes e imprevisíveis, especialmente no que diz respeito às mobilizações e diálogos construídos pelos Tarariú no pós-contato, capazes de criarem espaços de negação, adaptação, transformação e permanências. Nome: Luciano Pereira da Silva E-mail: anorei@terra.com.br Instituição: UNEMAT Título: A História no movimento de professores indígenas: narrativas, conceitos e protagonismos Trata-se da análise de conceitos historiográficos a partir de narrativas escritas produzidas por 30 professores indígenas de 14 etnias do Estado de Mato Grosso, por ocasião das disciplinas de História e História de Mato Grosso nas licenciaturas plenas do Programa de Educação Superior Indígena Intercultural realizado pela UNEMAT. A disciplina de História foi

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36 dividida em sete blocos: História e Presente; História: pressupostos teóricos e de ensino; História: textos e documentos; História, crises e protestos; História e sociedades indígenas; História e afro-descendentes; História e gênero. Em torno destes objetos, entre outros, os professores indígenas responderam as seguintes perguntas: O que é História? Para que serve a História? Quem se beneficia com a História? Qual a importância da História? Para você o que é documento ou fonte da História? As narrativas e conhecimentos produzidos refletem a relação entre cultura, identidade e (des) continuidades em face de uma historiografia indígena pronunciada por “historiadores indígenas”, em que pese o poder da escrita entre índios. Assim como importantes considerações sobre os seguintes problemas históricos: território, política e alteridade; ensino, escola e interculturalidade; direito civil e movimento social; vida e cotidiano. Nome: Lucybeth Camargo de Arruda E-mail: lucybeth.arruda@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: A produção indígena nos postos de aldeamento em Mato Grosso – trabalho, ação indígena e política indigenista Esta apresentação tem como objetivo lançar um olhar atento ao trabalho desenvolvido por índios de vários povos que foram aldeados em postos indígenas em uma espacialidade, tida como sertão mato-grossense, numa temporalidade do início do século XX. Nesse cenário, além dos índios, estão funcionários do Serviço de Proteção aos Índios desempenhando um papel de mediadores para cumprir uma política indigenista de incorporação desses povos no processo de construção da emergente nação brasileira, que estava em franca expansão rumo ao Oeste. Tenho como ponto de partida para essa análise, imagens desses índios no trabalho dentro dos postos, produzidas pelo SPI e, ainda, documentos administrativos que nos darão conta desse processo de incorporação por meio do trabalho. O exercício de reflexão possível indicará possibilidades e limites entre a atuação dos índios como sujeitos históricos nas jornadas de trabalho nos postos e a política indigenista. Estarei atenta em ver no cruzamento desses documentos as permanências de uma identidade cultural que estava sendo “transformada”, pelo menos aos olhos do SPI. Nome: Maico Oliveira Xavier E-mail: maicoliveira@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: A visibilidade indígena nas fontes paroquiais de Vila Viçosa Real – (1840-1887) Relatos administrativos da província do Ceará apotam que, a partir da década de 1830, as autoridades passam a dizer que os índios estavam confundidos na massa geral da população. Assim, acordados com governantes imperiais, os membros da Assembléia executaram políticas para benefício do Estado e particulares em detrimento dos interesses nativos, sendo suas terras alvo de cobiça dos luso-brasileiros. No início da década de 1860, os índios são tidos como seres extintos de vez do cenário político-social. Neste trabalho se analisa a visibilidade dos índios de Vila Viçosa Real através de registros paroquiais do Arquivo da Cúria Diocesana de Tianguá-Ce, notando com que frequência eles aparecem, diante da versão de inexistência indígena no século XIX. Ademais, investiga-se um relato sobre os nativos de Pimenteiras (Termo de Vila Viçosa), feito por um morador local e entregue a Freire Alemão quando da passagem da Comissão Científica Imperial pelo Ceará. Estas fontes possibilitam reflexões no sentido de se entender as relações entre índios e brancos, numa época em que também, diante da imposição da categoria genérica caboclo, afirmaram que: “Cabôcullos são os brancos, e elles são Índios...” Nome: Maria Aparecida de Araújo Barreto Ribas E-mail: cidabarretoribas@bol.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Título: Sola Scriptura: a (re) evangelização dos brasilianos na lei de Calvino A presença dos neerlandeses calvinistas (1630-1654) nas capitanias do norte do Brasil inaugurou um novo momento na evangelização dos naturais da terra. No chamado Brasil holandês, tal missionação resultou num grande esforço por parte da Igreja reformada em alfabetizar o indígena, a fim de que este pudesse ser instruído nos fundamentos da fé reformada a partir dos textos sagrados. Pois os reformados consideravam a leitura de textos religiosos ferramenta imprescindível para inculcar a fé. A crença na eficácia da leitura, aliada à máxima da reforma protestante do contato pessoal e familiar com o texto bíblico, demandou, também, a elaboração de um corpus de material literário religioso voltado para a catequese dos brasilia-

nos. A elaboração desse material, e especialmente do Catecismo Brasiliano, foi fonte de conflitos entre a Igreja local na colônia e a Igreja-mãe na metrópole, exprimindo tensões latentes e manifestas no terreno cultural e religioso. O objetivo deste trabalho é analisar historicamente o projeto de missionação calvinista entre os brasilianos, com ênfase nos problemas atinentes à comunicação, aos usos da língua, à alfabetização, à leitura e à tradução de um idioma para outro, no bojo do processo de conversão de uma alteridade à identidade religiosa reformada. Nome: Maria Cristina dos Santos E-mail: mcstita@pucrs.br Instituição: Universidade Complutense de Madrid Título: Política e Cultura entre os Grupos Indígenas do Rio do Grande do Sul O último volume da Coleção História do RS foi dedicado à temática dos Povos Indígenas. Durante a organização dos textos que virão a compor este volume, surgiram algumas constatações e outras tantas dúvidas que serão objeto desta comunicação. Nos estudos oriundos tanto da História quanto da Antropologia, uma das constatações se refere que as características dos grupos estudados condicionam, de certa forma as escolhas temáticas, teóricas e metodológicas utilizadas nos estudos. Grosso modo pode-se dizer que com os Kaingang sobressaem temáticas e abordagens teóricas vinculadas às questões da política indigenista; já com os Guarani os temas e as abordagens teóricas são aquelas de cunho mais cultural. Claro que em ambos os casos, existem exceções, que serão oportunamente mencionadas. Considerando que estas escolhas temáticas ou teóricas, ocorrem em função estratégias e das características políticas, sociais e culturais dos grupos estudados, os Kaingang e Guarani apresentam-se não só como agentes históricos, mas atuam como intermediários intelectuais entre suas respectivas culturas e a produção do conhecimento sobre eles. Nome: Maria Da Gloria Porto Kok E-mail: kokmartins@uol.com.br Instituição: UNICAMP Título: “Peregrinações, conflitos e identidades indígenas nos aldeamentos de São Paulo colonial” Na esteira das lutas entre grupos nativos e bandeirantes, uma constelação de aldeamentos despontou sobre as terras indígenas ao redor da vila de São Paulo: Itaquaquecetuba (1560), São Miguel (1560), N. S. dos Pinheiros (1560), N. S. da Conceição dos Guarulhos (c.1585), N. S. da Escada de Barueri (1609), N. S. da Escada ou Guararema (1611), N. S. da Graça de Carapicuíba (1615), N. S. do Rosário do Embu (1624) e N. S. dos Prazeres de Itapecerica da Serra (século XVII). Diferentes grupos étnicos, “descidos” à força pelos bandeirantes, foram incorporados aos aldeamentos, a fim de suprir as demandas de mão-deobra e de “viveiro de catecúmenos” no planalto. O objetivo desta apresentação é garimpar as peregrinações indígenas entre os diversos atores e espaços coloniais, bem como as (re)criações identitárias no contexto dos aldeamentos paulistas. No cenário da história colonial de São Paulo, permeada de negociações e conflitos, destacaram-se lideranças indígenas, trabalhadores ameríndios que se evidenciaram na expressão de uma cultura luso-americana e grupos “inquietos” de índios aldeados, que minaram, anos a fio, a existência dos próprios aldeamentos. Nome: Maria Elizabeth Brea Monteiro E-mail: mebrea@terra.com.br Instituição: Arquivo Nacional Título: Fazenda Santa Cruz: laboratório de projetos de colonização A fazenda Santa Cruz, administrada pela Companhia de Jesus ao longo do século XVII até a expulsão da ordem do Brai=sil, foi palco, ainda no período colonial, de projetos de colonização estrangeira, como a colônia dos chineses de Macau chegados em 1815 para a criação do bicho da seda e o plantio de chá; no mesmo ano 145 espanhóis formaram a Aldeia dos Espanhóis e foram empregados no curtume e na olaria e, em 1817, chegaram os portugueses do Minho para trabalharem na agricultura. Foi também foi um local de experimentações manufatureiras após a revogação do ato que proibia a indústria no Brasil. Apesar de tratar-se de um território indígena, são escassos os registros dos povos que ali habitavam e os destinos dessas populações, face aos diferentes processos de ocupação e de reordenamento espacial pelos quais essa fazenda passou. Identificar os movimentos dos grupos indígenas dentro desse espaço e as possíveis ligações com aldeias próximas, distribuídas pelo vale do Paraíba é a proposta do presente trabalho.

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Nome: Maria Hilda Baqueiro Paraíso E-mail: mhparaiso@terra.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Marcellino José Alves: de índio a caboclo, de “Lampião Mirim” a comunista, uma trajetória de resistência e luta no sul da Bahia No aldeamento de N. Sra. da Escada, a partir de 1758, Vila de Olivença conviveram Tupinikins e outros grupos descidos. As relações tornaram-se mais complexas exigindo dos índios novas estratégias adaptativas e formas de inserção na sociedade. Os conflitos e negociações se intensificaram quando a vila se tornou distrito de Ilhéus, em 1912, e sua área foi invadida por cacauicultores para veraneio e exploração de madeira e piaçava. A revolta de 1929, liderada pelo índio denominado Caboclo Marcelino, buscava evitar o acesso dos ilheenses a localidades ainda sob controle indígena. Julgado e absolvido em 1931, Marcelino, seus seguidores e parentes com o apoio do Partido Comunista, refugiaram-se no P.I. Caramuru-Paraguaçu, no Município de Itabuna, área vista pelo PCB como viável para atuar e refúgio de comunistas após a Intentona de 1935. Envolvido na “Revolta do Posto Indígena”, Marcelino e outros 4 índios de Olivença foram julgados e condenados pelo Tribunal de Segurança no Rio de Janeiro em 1937, sendo beneficiados pela decisão governamental de 1937 de libertar presos políticos que não tinham culpa formalizada. Retornou a Ilhéus e desapareceu sem deixar rastros. Nome: Maria Leonia Chaves De Resende E-mail: leonia@ufsj.edu.br Instituição: Universidade Federal de São João del-Rei Título: Minas Gerais: as resistências indígenas no século do ouro Esta comunicação aborda as formas de resistência indígena nas Minas Gerais setecentista. Na primeira parte, aborda a ocupação dos territórios indígenas, analisando a natureza dos conflitos com os colonos posseiros e com as expedições de conquista, na região leste de Minas, fronteira com Bahia e Espírito Santo, que acabou por culminar na decretação da guerra contra os botocudos pela Carta Régia de 1808. Na segunda parte, trata ainda da luta dos índios e/ou seus descendentes, de diversas procedências étnicas que desterrados de suas aldeias, passaram a viver nas vilas de Minas Gerais. Tratados como mestiços, esses índios vão rejeitar tal atributo, acionando a Justiça colonial para demonstrar sua origem indígena (“indianidade”), num movimento de reconstrução identitária, e por prerrogativa da lei, garantir o direito à liberdade. Nome: Maria Regina Celestino de Almeida E-mail: reginacelestino@uol.com.br Instituição: UFF Título: Índios e Moradores nas aldeias e freguesias do Rio de Janeiro: algumas reflexões sobre o vaivém entre alianças e conflitos (de meados do século XVIII ao XIX) Após as reformas pombalinas, as complexas interações entre índios e não índios, que já se faziam desde o século XVI, tornaram-se muito mais intensas. Ao incentivar a mestiçagem e a presença de não índios no interior das aldeias, a nova legislação indígena levou à intensificação dessas relações e dos conflitos por terras das antigas aldeias indígenas. De um modo geral, observamos, neste período, câmaras municipais e moradores investindo contra as terras e patrimônio dos índios aldeados que reagiam reafirmando antigos direitos. Porém, houve ocasiões em que índios, moradores e câmaras se aliaram em oposição a outros índios e/ou outros moradores. Isso nos leva a complexificar a questão e a desconstruir a idéia de pensar índios e moradores como blocos monolíticos. Suas atuações podiam oscilar entre acordos e desavenças, conforme as diferentes condições que se lhes apresentavam. O objetivo deste trabalho é refletir sobre essas oscilações procurando identificar os possíveis interesses dos agentes envolvidos, nos contextos específicos. Pretende-se enfocar mais diretamente a aldeia de Mangaratiba, onde no final do século XVIII e início do XIX, os índios se dividiram entre conflitos e alianças com os moradores não índios por questões de terra e de liderança. Nome: Mariana Albuquerque Dantas E-mail: m_adantas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Estratégias indígenas: dinâmica social no Aldeamento do Ipanema e em Águas Belas Com a extinção dos aldeamentos no Nordeste em finais do século XIX, intelectuais e políticos informaram o desaparecimento das populações que os habitavam juntamente com a espoliação de seus terrenos. Autoridades provinciais alardearam que existiriam apenas mestiços identificados como

índios, ocorrendo o abandonado das terras das aldeias. A afirmação dessa mestiçagem leva a uma invisibilidade dos grupos indígenas, no entanto a referida invisibilidade pode ser abordada a partir da flexibilidade das culturas em questão, apontando para uma reelaboração das identidades em contato. Assim, os próprios índios aparecem como agentes de mudanças numa situação histórica específica. O objetivo do presente trabalho é analisar a dinâmica social do Aldeamento do Ipanema na relação com a cidade de Águas Belas, situada em Pernambuco, entre o final do século XIX e início do XX. Ao escolher o estudo de uma população indígena específica, a intenção é analisar as estratégias locais utilizadas por esses índios enquanto coletividade para atuar na administração de suas terras e na vida política local através de alianças com não-índios ou de petições contendo suas demandas. Nessa linha, percebemos uma dinâmica microssocial mais complexa vivenciada entre os habitantes do aldeamento e da cidade. Nome: Mário Fernandes Correia Branco E-mail: sj1549@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Flecheiros d’el Rei: índios e jesuítas na resistência ao domínio holandês 1630-1638 O objetivo desta comunicação é apresentar uma breve exposição dos acontecimentos que se desenrolaram a partir de 1630, quando tropas da West Indische Compagnie ocuparam a Vila de Olinda e o porto do Recife. A análise se estende até 1638, ano em que forças navais e terrestres da WIC, então comandadas por João Maurício de Nassau Siegen, sitiaram a cidade de Salvador na Bahia. O cotidiano desses primeiros anos do Brasil holandês foi marcado pela guerra. Por conseguinte, o foco da análise é ressaltar a capacidade dos indígenas no sentido agirem politicamente quando se aliaram ao projeto da resistência pernambucana, cuja liderança indígena mais conhecida foi Filipe Camarão. De fato, para enfrentar o mais poderoso exército europeu enviado aos trópicos no século XVII, os remanescentes das tropas coloniais tiveram de se valer do apoio prestado pelos soldados da terra, passando a adotar táticas de combate aprendidas dos indígenas, sobretudo a emboscada. Naquela conjuntura de enfrentamento armado, os índios flecheiros dos aldeamentos jesuíticos tiveram papel preponderante na resistência aos invasores calvinistas, para o que certamente também colaborou a presença constante dos missionários da Companhia de Jesus junto aos nativos. Nome: Priscila Enrique de Oliveira E-mail: priscila@circonavegador.com.br Instituição: UNICAMP Título: Políticas de saúde no/do SPI (1910-1967) Este trabalho é fruto de uma pesquisa de doutorado em andamento. Tratase de uma pesquisa sobre as políticas de saúde para os indígenas no período em que estiveram sob a tutela do Serviço de Proteção aos Índios S.P.I (1910-1967). Não serão apresentados resultados finais, conclusões acerca do tema, mas sim algumas reflexões e questionamentos que o momento atual da pesquisa permite. A diversidade das fontes não garante a veracidade das hipóteses, visto que se trata de diferentes narrativas e, portanto, pontos de vistas, interesses e contextos distintos. O problema central é como evidenciar a agência dos indígenas, mesmo quando a via de acesso aos índios vem de terceiros: antropólogos, chefes de postos, viajantes. A periodização escolhida neste momento segue a ordem cronológica na qual o SPI foi transformando suas ações e se inseriu em diferentes contextos políticos e econômicos e ideológicos. Neste sentido, suas práticas e discursos acerca da saúde, medicalização e higienização igualmente sofreram transformações, e as respostas dos indígenas a estes processos também foram distintas ao longo destes diferentes contextos. Nome: Rafael Ale Rocha E-mail: rafael_ale_rocha@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Os índios nas câmaras das vilas do Estado do Grão Pará e Maranhão: uma política do estado português Esta comunicação intenta compreender quem eram as lideranças indígenas que alcançaram postos oficiais nas câmaras municipais do Estado do GrãoPará e Maranhão durante a segunda metade dos setecentos. Através da análise de uma documentação específica, os termos de eleição dos eleitores e os termos de abertura dos pelouros das vilas de Melgaço e Portel (capitania do Pará), podemos afirmar que o estado português tentou formar uma elite camarária baseada nas famílias mais antigas das referidas vilas. A família era um elemento comum às elites camarárias constituídas em outras vilas da América Portuguesa inclusive em alguns povoados do Pará,

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36 mas, no caso das vilas de Melgaço e Portel, o processo de formação de uma elite indígena baseada na estrutura familiar foi um investimento do estado. Isto se explica em função do contexto geopolítico característico da segunda metade dos setecentos, onde, a partir deste, a Coroa portuguesa intentou ocupar o território colonial a partir de uma política indigenista específica inclusive através da elevação dos aldeamentos em vilas, caso das vilas de Melgaço e Portel, e da formação de uma elite indígena local. Levaremos em consideração a atuação política, ainda que de modo muito incipiente, destes índios oficiais das câmaras. Nome: Ricardo Pinto de Medeiros E-mail: rpinto@elogica.com.br Instituição: UFPE/UFPB Título:Trajetórias políticas de povos indígenas e índios aldeados na capitania da Paraíba durante o século XVIII A comunicação pretende, a partir da pesquisa em fontes primárias oriundas principalmente do Arquivo Histórico Ultramarino e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, acompanhar a trajetória política de alguns grupos indígenas existentes no sertão da capitania da Paraíba no século XVIII, analisando a política de alianças e guerras entre os mesmos e os conquistadores, a participação de lideranças militares indígenas da capitania na implantação da política pombalina, as transferências compulsórias durante a implantação da mesma e suas conseqüências para as populações indígenas reduzidas em vilas.

Nome: Vania Maria Losada Moreira E-mail: vania.vlosada@gmail.com Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: Os índios e o Império: história, direitos sociais e agenciamento indígena As cenas envolvendo índios durante o oitocentos são dispares e inquietantes. Em 1830, um abaixo-assinado de índios da província do Espírito Santo denunciava o “deplorável estado de nossas famílias, de nossas casas e de nossas lavouras” e definindo-se como “cidadãos brasileiros” clamavam “por seus direitos ofendidos e quebrantados”. Pouco tempo depois, em 1840, Francisco A. Varnhagen discorreria sobre a importância de se criar no IHGB uma seção de etnografia, quando afirmou que os “autochones d´esse território pertencem a uma geração, que já ia e vae decadente”. O objetivo da comunicação é refletir sobre o processo de exclusão dos índios do presente-passado-futuro da nação, durante a primeira metade do século XIX, por meio da constituição de um olhar predominantemente etnográfico sobre eles. Pretende-se abordar a questão a partir de duas perspectivas diversas: a dos índios da província do Espírito Santo, que em diferentes situações históricas e sociais manifestaram posições sobre seus deveres, direitos e ambições; e a da elite política e intelectual do Império, que durante o debate indigenista do IHGB produziu algumas propostas e representações importantes sobre os índios.

Nome: Solon Natalício Araújo dos Santos E-mail: s_natalicio@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Políticas Indígenas nos aldeamentos da Vila de Santo Antonio de Jacobina (1803-1816) Analisaremos a recriação de identidades culturais dos índios aldeados da missão do Bom Jesus da Glória, localizada na Vila de Santo Antonio da Jacobina, no inicio do século XIX. A partir do estudo de uma carta que relata as reivindicações dos índios para que as suas terras fossem desocupadas, percebemos que esses grupos indígenas integrados à colônia portuguesa, se apresentam como povos afirmadores de sua identidade, que se reconhecem como índios e que lutam juridicamente pela preservação e manutenção das terras e dos aldeamentos que lhes foram concedidos, ainda no princípio do século XVIII. A partir de uma perspectiva etno-histórica, esta discussão busca refletir sobre o papel dos índios dentro do processo de povoamento e “civilização” do Sertão da Bahia no século XIX, em específico, da Vila de Santo Antonio da Jacobina. Como afirmou Maria Celestino de Almeida, em Metamorfoses Indígenas, pensando os aldeamentos como algo a mais do que um simples espaço de dominação e exploração dos grupos indígenas pelos colonizadores, entende-se que nestes ambientes foi possível o desenvolvimento de uma cultura de resistência adaptativa que possibilitou aos índios aldeados aprender novas práticas que lhes permitiram negociar com a sociedade colonial. Nome: Teresinha Marcis E-mail: tmarcis@gmail.com Instituição: UFBA Título: A implantação do Diretório dos Índios na Capitania de Ilhéus: uma análise dos discursos, impressões e interesses, 1758-1768 O diretório dos Índios, legislação integracionista imposta por Pombal, prescrevia um novo modelo de relacionamento com os indígenas. Dentre o conjunto de reformas, decretava a extinção dos aldeamentos transformando-os em vilas e dos índios equiparando-os aos demais súditos da Coroa com direitos políticos e de obterem bens e ganhos com seu trabalho e comércio. Objetivando a assimilação, tornava obrigatória a língua portuguesa, incentivava a convivência e os casamentos mistos. Originalmente voltado para o Pará e Maranhão, em 1758 foi estendido a toda Colônia, prevendo a flexibilização das normas e as devidas adequações às condições de cada localidade. Na Bahia, a responsabilidade pela implantação foi atribuída ao Conselho Ultramarino da Bahia, cujos membros promoveram diversas ações como diagnósticos, levantamentos e debates para identificação das condições sócio-econômicas e políticas dos aldeamentos extintos. Os documentos produzidos revelam expressivas informações quantitativas e qualitativas, além dos discursos e representações construídos segundo os interesses e conflitos diversos envolvendo colonos, autoridades e índios. Esse trabalho objetiva analisar os discursos e ações empreendidas para a implantação do Diretório na Capitania de Ilhéus no período de 1758 a 1768.

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37. Por uma HistĂłria comparada Latino-Americana: instituiçþes, elites e idĂŠias, SĂŠc. XIX e XX FlĂĄvio Madureira Heinz – PUC/RS (flavio.heinz@pucrs.br) HernĂĄn Ramiro RamĂ­rez – Universidade Estadual de Londrina (hramirez@uel.br) 2 6LPSyVLR +LVWyULD FRPSDUDGD ODWLQR DPHULFDQD LQVWLWXLo}HV HOLWHV H LGpLDV VpFV ;,; H ;; GHYHUi UHXQLU WUDEDOKRV RULHQWDGRV SHOD FRPSDUDomR KLVWyULFD GDV VRFLHGDGHV SROtWLFDV ODWLQR DPHULFDQDV H especialmente daquelas do Cone Sul do continente, tomadas no plano regional ou nacional. A proposta QmR VH OLPLWD FRQWXGR DR FDPSR GH XPD +LVWyULD 3ROtWLFD PDV LQFOXL WDPEpP WUDEDOKRV TXH RULJLQDQGR VH HP RXWUDV HVSHFLDOLGDGHV GR FDPSR GD +LVWyULD GHĂ€QDP D RULHQWDomR FRPSDUDWLYD FRPR HL[R GR WUDEDOKR 1RVVD LQWHQomR p WUD]HU j GLVFXVVmR HVWXGRV HPStULFRV RX HQVDLRV GH QDWXUH]D KLVWRULRJUiĂ€FD que privilegiem esta orientação ou que ofereçam, ao menos, a partir da experiĂŞncia singular de pesTXLVD GH FDGD XP HOHPHQWRV SDUD SHQVDU D FRPSDUDomR KLVWyULFD GH QRVVDV VRFLHGDGHV UHJLRQDLV H nacionais. 1HVVH VHQWLGR R 6LPSyVLR VH HVWUXWXUDUi HP WRUQR GH WUrV HL[RV FHQWUDLV D SULPHLUR D DQiOLVH KLVWyULca comparada das instituiçþes e do Estado, bem como dos modelos nacionais de controle polĂ­tico e expansĂŁo de direitos que marcaram diversos paĂ­ses latino-americanos no sĂŠculo XX, como, por exemplo, R YDUJXLVPR R SHURQLVPR R EDWOOLVPR H R FDUGHQLVPR E VHJXQGR R ROKDU FRPSDUDWLVWD VREUH D DomR H R SHUĂ€O GDV HOLWHV SROtWLFDV PDV WDPEpP VREUH JUXSRV HPSUHVDULDLV EXURFUDFLDV H FHUWRV JUXSRV SURĂ€VVLRQDLV TXH GHWHQGR UHFXUVRV GH SRGHU DWXDP WHPSRUiULD RX SHUPDQHQWHPHQWH QR HVSDoR SROtWLFR (c) terceiro, a investigação em torno da ação dos intelectuais e da circulação de idĂŠias polĂ­ticas, bem FRPR GH LGpLDV HFRQ{PLFDV WUDGLo}HV Ă€ORVyĂ€FDV H RX FRUUHQWHV GH SHQVDPHQWR TXH QRWDGDPHQWH D partir das segunda metade do sĂŠculo XIX, informaram a experiĂŞncia republicana e o ideĂĄrio reformista no Brasil e nos demais paĂ­ses latino-americanos.

Resumos das comunicaçþes

de uma Intelligentzia local.

Nome: Ana Carla Sabino Fernandes E-mail: anacarlasabino@ig.com.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos TĂ­tulo:“Archive-seâ€?. HistĂłria, documentos e memĂłria arquivĂ­stica (CearĂĄ/ sĂŠculo XIX) Este trabalho aborda a trajetĂłria de uma instituição, do Arquivo PĂşblico do ImpĂŠrio na ProvĂ­ncia do CearĂĄ, dada ao longo do sĂŠculo XIX. Analisando, contudo, prĂĄticas de sujeitos que trabalhavam no e/ou para o arquivo e que corroboravam na significação do documento. Para tanto, ĂŠ relevante o estudo do Fundo Executivo Provincial, SĂŠrie MinistĂŠrios (1822-1909) – acervo do Arquivo PĂşblico do Estado do CearĂĄ –, composto por Avisos, OfĂ­cios (documentos manuscritos) e “Anexosâ€? (leis, decretos, artigos da Constituição imperial, recortes de jornais e demais impressos) concernentes aos ditames dos MinistĂŠrios do ImpĂŠrio e da ProvĂ­ncia do CearĂĄ, pois possibilitarĂĄ identificar os processos de produção, circulação, recolhimento, guarda de documentos e os sujeitos envolvidos, antes, durante e apĂłs inauguração do Arquivo PĂşblico na provĂ­ncia do CearĂĄ, que nĂŁo sĂł aqueles bacharĂŠis, protagonistas dos Institutos histĂłricos, e polĂ­ticos de carreira (presidentes de provĂ­ncia, conselheiros, senadores, etc.), mas os auxiliares do segundo escalĂŁo da Monarquia, ou seja, funcionĂĄrios pĂşblicos chefes de seção, diretores, escrivĂŁes, secretĂĄrios, arquivistas, amanuenses, pessoas que davam “fĂŠâ€? aos tantos avisos e ofĂ­cios, e que legitimaram o documento de arquivo como prova do direito e do valor histĂłrico.

Nome: Andrius Estevam Noronha E-mail: andriusds@hotmail.com Instituição: PUC-RS TĂ­tulo:Perfil da elite econĂ´mica regional: estudo de caso de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul em contexto de industrialização O presente trabalho circunscreve o perfil, recrutamento e a trajetĂłria de uma elite econĂ´mica regional no interior do Rio Grande do Sul, tendo como estudo de caso a biografia coletiva dos dirigentes empresariais da cidade de Santa Cruz do Sul. A escolha desta proposta nos permite compreender as estratĂŠgias de construção da identidade regional de comunidades do interior do Brasil. Vale destacar que Santa Cruz do Sul possui uma formação cultural e econĂ´mica peculiar ao do contexto nacional e nos fornece uma sĂŠrie de elementos para o entendimento das especificidades da histĂłria local/regional interiorana. Colonizada por imigrantes de origem germânica, em regime de pequenas propriedades familiares, passaram a se dedicar na cultura do fumo dando base para um rĂĄpido desenvolvimento urbano que permitiu o recrutamento de uma elite industrial e comercial ao longo do sĂŠculo XX. Essa pesquisa lançarĂĄ mĂŁo do mĂŠtodo prosopogrĂĄfico e “investigarĂĄâ€? a trajetĂłria dos empresĂĄrios diretamente envolvidos na diretoria das duas principais entidades empresariais da cidade: a Associação Comercial e Industrial e o Sindicato da IndĂşstria do Fumo, desde a sua fundação, em 1918 e 1947, respectivamente, atĂŠ a nova polĂ­tica econĂ´mica nacional de 1966, que passou a privilegiar as empresas multinacionais.

Nome: Ana Lucia do Amaral Villas Bôas E-mail: alvillasboas@yahoo.com.br Instituição: Museu de Astronomia e Ciênicas Afins Título:Modernidade e Tradição: projeto nacional, positivismo e reestruturação na AmÊrica Latina A colonização de vastas regiþes do planeta realizada por naçþes europÊias no sÊculo XVI Ê freqßentemente tratada de forma homogênea e empurrada para a vala comum das påginas da história econômica como um momento essencial da acumulação prÊvia de capital - base da edificação capitalista. Assim reduzida, a anålise perde o foco de ter sido o processo colonial na AmÊrica Latina, diferenciado dos outros países que sofreram influência germânica ou anglo-saxão. Esse trabalho apresenta um panorama ideológico/cultural da AmÊrica Espanhola no período das revoluçþes atlânticas, apresentando o modo diferenciado da entrada do positivismo nas antigas possessþes espanholas como instrumento ideológico preferencial das elites dos oitocentos para subsidiar a formulação de projetos nacionais que garantissem seu ingresso na modernidade e a formação

Nome: Carina Martiny E-mail: carina_cmy@yahoo.com.br Instituição: Unisinos Título: A elite política local de uma região marcada pela imigração (final do sÊculo XIX) Nesta comunicação, analisamos a Câmara Municipal de São Sebastião do Caí, no último quartel do sÊculo XIX como um locus privilegiado da atuação de uma elite política local, formada por lusos e teuto-brasileiros. A região do vale do rio Caí foi alvo de um intenso processo de colonização desde o sÊculo XVIII, tendo assistido a um notåvel incremento demogråfico e econômico na segunda metade do sÊculo XIX, que viria a justificar a criação do município de São Sebastião do Caí, em 1875. Para a anålise pretendida, nos utilizamos de instrumentos metodológicos próprios da prosopografia e da micro-história, buscando problematizar o conceito de elite e demonstrar que a origem Êtnica não foi determinante para garantir a coesão do grupo. Pretendemos, sobretudo, evidenciar os padrþes de comportamento dessa elite local, a partir de

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37 uma abordagem biográfica e de estudos de caso que permitem pensá-la em sua heterogeneidade. Nome: Cristiane de Assis Portela E-mail: ciseportela@yahoo.com.br Instituição: UNB Título:A noção de indigenismo na formação das nações latio-americanas: Estudo preliminar da presença indígena em José Martí e Varnhagen O texto aqui apresentado busca identificar elementos de uma noção de indigenismo, colocando em diálogo um breve momento do pensamento social hispano-americano e brasileiro, a partir da obra de dois intelectuais que exerceram grande influência na produção histórica do século XIX na América Latina: o cubano José Julian Martí y Pérez, pensador por excelência da pan-americanidade, e Francisco Adolfo de Varnhagen, considerado o primeiro historiador brasileiro. Dois artigos serão objetos de discussão neste texto: “Nuestra América” de José Martí (parte da Antologia “Nossa América” publicada no Brasil em 1991) e “Os índios perante a nacionalidade brazileira” de Varnhagen (inserido como Discurso Preliminar da obra História Geral do Brazil, em 1857). O tema comum, por meio do qual busco analisar as duas obras, é a presença do indígena em suas propostas de formação das nações americanas, considerando essas propostas como representações exemplares de uma “noção de indigenismo” que será formulada posteriormente. Considero que esta noção se esboça no século XIX, constituindo-se como discurso intelectual e prática indigenista em diversos contextos americanos e por diferentes autores desde o início do século XX, concebendo assim o que entendemos como indigenismo. Nome: Diego Antonio Galeano E-mail: dgaleano.ufrj@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título:O tempo das trocas: um estudo sobre os livros de viagem de policiais brasileiros e argentinos (1890-1910) O objetivo deste trabalho é analisar as “visitas de estudo” que diferentes policiais sul-americanos realizaram primeiro à Europa e depois às outras cidades do continente americano, entre 1890 e 1910. Para isso serão estudados os livros escritos pelos policiais, relatórios de viagem ou análises comparativas feitas a posteriori a partir da informação coletada nas visitas. O primeiro caso examinado é a viagem de Agustín Drago (médico da polícia argentina) a Bruxelas, Viena, Londres, Madrid e Paris. Nesta última cidade visitou o gabinete antropométrico de Alphonse Bertillon e, no regresso à Argentina, criou a primeira Oficina de Identificação Antropométrica da América Latina. Serão analisados também os livros dos policiais João B. Silvado (O serviço policial em Paris e Londres, 1895) e Manuel Mujica Farias (La Policía de París, 1901), produtos de viagens européias. E, por último, outros escritos vinculados a intercâmbios entre as próprias polícias sul-americanas: A polícia argentina e a polícia brasileira (Rio de Janeiro, 1905); La Policía en Sudamérica (Buenos Aires, 1905). Estas visitas regionais se intensificaram no começo do século XX, pouco antes do inicio das primeiras conferencias sul-americanas de polícias, e deixaram as viagens européias em segundo plano da cooperação. Nome: Diego Nazareth Chaves São Bento E-mail: nazareth_diego@hotmail.com Instituição: UFF Título:A Agenda Neoliberal e o empresariado industrial no Brasil e na Argentina: Conflitos e Alianças em torno de um projeto hegemônico O Trabalho se propõe a analisar, enfocando o estudo da produção político-ideológica e da ação política dos empresariados industriais argentino e brasileiro, os processos que iniciados durante a década de oitenta, resultaram fundamentais para as transformações estruturais, como o processo de privatizações, a redução dos “gastos” públicos, a “dinamização do trabalho” com a conseqüente precarização das relações laborais e a reestruturação do setor produtivo da década seguinte. Tomando as políticas de reforma do aparelho estatal como referência, o objetivo é mostrar as mudanças do paradigma político realizadas neste período. Em outras palavras, a proposta é dar conta do processo em que o conjunto das políticas neoliberais cresce em legitimidade e passam a ser percebidas como a “única alternativa possível” frente às crises econômicas e políticas enfrentadas pelos dois países nos anos de pós-redemocratização. Desta forma, além do empresariado industrial, também verificamos tal mudança do paradigma político também no interior da classe trabalhadora organizada nos dois países, com a defesa de propostas de carater neoliberal. Nome: Eduardo Scheidt E-mail: escheidt@ig.com.br Instituição: Universidade Severino Sombra / Universidade Gama Filho Título:Idéias de América em Esteban Echeverría e Francisco Bilbao

O trabalho consiste numa análise comparativa da produção bibliográfica de dois destacados intelectuais latino-americanos do século XIX: o argentino Esteban Echeverría e o chileno Francisco Bilbao. Ambos os autores participaram ativamente dos acirrados debates ideológicos em meio ao conturbado processo de construção dos Estados nacionais no subcontinente. Centramos nossa análise nas idéias de América, elaboradas por Echeverría e Bilbao ao longo de suas trajetórias intelectauis, utilizando como fontes livros, ensaios e manifestos redigidos por ambos. Nome: Eugênio Rezende de Carvalho E-mail: erezende@fchf.ufg.br Instituição: UFG Título:As contribuições de José Gaos e Francisco Romero à história das idéias na América Latina A comunicação pretende explorar comparativamente as contribuições do filósofo espanhol exilado no México, José Gaos (1900-1969), e do filósofo argentino de origem espanhola, Francisco Romero (1891-1962), para a constituição do movimento intelectual latino-americano de história das idéias, em torno de 1940. A partir d’El Colégio de México (antiga Casa de España no México), fundado por Gaos em convênio com a Universidade Autônoma do México (UNAM), bem como do centro filosófico denominado Cátedra Alejandro Korn, fundado por Romero no Colegio Libre de Estúdios Superiores da Argentina, ambos os filósofos dariam início, de forma independente e paralela, a um amplo e intenso trabalho de produção, organização, orientação, incentivo e difusão dos estudos de história das idéias, inicialmente restrito ao âmbito de seus respectivos países. Tais iniciativas pioneiras de Gaos e Romero iriam paulatinamente se integrar, a partir de 1940, num amplo movimento intelectual de história das idéias que logo se estenderia a todo o continente americano, numa vigorosa corrente de reflexão e estudos sobre a história do pensamento latino-americano, bem como sobre aquelas que seriam as características essenciais e originais desse pensamento. Nome: Fábio da Silva Sousa E-mail: fabiosilvasousa@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista, Julio de Mesquita Filho Título:Revolução Publicada: olhares conflitantes da Revolução Mexicana na Imprensa Brasileira No inicio do século XX, enquanto o Brasil ainda fincava as bases de sua recém proclamada República, no México, eclodiu uma Revolução que tomou caminhos imprevisíveis, tornando-se um dos eventos mais emblemáticos da História Latino Americana. Não ficando circunscrita em seus limites territoriais, esse evento foi acompanhado com entusiasmo pelo nascente movimento operário brasileiro, por meio de seu principal meio de comunicação, os jornais operários. Nessa comunicação, apresentaremos como a Revolução do México começou a ser publicada por essas folhas de combate e como esses textos impressos entraram em choque com o que era publicado pela grande imprensa. Quais foram os interesses políticos que estavam por trás das noticias do México Revolucionário? Qual o desafio metodológico que essa diferença de enfoque impresso representa ao historiador? Existe uma verdade sobre a Revolução Mexicana? Essas são as principais questões que a presente comunicação se propõem a responder. Nome: Fernando Luiz Vale Castro E-mail: valecastro@superig.com.br Instituição: UFRJ Título:A América Latina nas páginas da Revista Americana Este trabalho versa sobre a análise de projetos elaborados para o Continente latino-americano por seus intelectuais, principalmente diplomatas, ao longo das duas primeiras décadas do século XX, com especial destaque para as reflexões presentes na Revista Americana, publicação oriunda das fileiras diplomáticas brasileiras, que circulou entre 1909 e 1919, tornando-se local de divulgação, dentre outros aspectos, da política, da cultura e da história sul-americana e tendo contado com a participação de uma série de intelectuais e diplomatas de destaque na cena continental. Como toda construção cultural, a Revista pode ser entendida pela dialética entre a produção e a recepção da mensagem, em que coexistem sempre várias formas de apropriação pelos vários grupos e subgrupos que formam uma dada comunidade de leitores. Ao se observar uma revista como local onde se realiza uma prática social de produção de sentido sobre a experiência coletiva, torna-se fundamental observar a questão da produção do discurso. Nesta perspectiva é fundamental recuperar a identidade histórica das obras intelectuais, por meio de uma metodologia histórica e intertextual que apresenta como objetivo alcançar o sentido do texto em seu tempo, afastando-se, portanto, de possíveis visões anacrônicas e reducionistas.

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Nome: Flávio Madureira Heinz E-mail: flavio.heinz@pucrs.br Instituição: PUCRS Título:Engenheiros e funcionários: a Secretaria dos Negócios de Obras Públicas do Rio Grande do Sul (1891-1930) e a formação de uma elite estatal no sul do Brasil – perfil, dinâmicas e comparação histórica A análise da administração pública no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, no período que vai da implementação de sua primeira Constituição republicana (1891) à chamada Revolução de 1930, põe em evidência a importância central da Secretaria dos Negócios de Obras Públicas no conjunto das secretarias e agências do Estado. Fortes indícios de estabilidade e longevidade funcional, presença ativa de engenheiros à frente do órgão e ocupação dos espaços centrais na administração pública regional, atestam para a importância desta agência na condução das políticas gerais do Estado e na constituição de um locus privilegiado de constituição de uma elite ‘técnica’ estatal. A análise prosopográfica dos engenheiros-funcionários desta Secretaria permite estabelecer os contornos de uma elite estatal em formação, bem como comparar este processo à formação de outras elites ou burocracias ‘técnicas’ regionais brasileiras e, notadamente, à constituição daquelas do estado nacional uruguaio nas primeiras décadas do século XX. Nome: Hernán Ramiro Ramírez E-mail: hramirez@uel.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título:Arranjos empresariais, tecnocráticos e militares na política. Perspectivas comparativas entre Brasil e Argentina, 1960-1990 Nesta comunicação, pretendemos analisar comparativamente a forma como atuaram segmentos empresariais, tecnocráticos e militares na política, tomando como casos Argentina e Brasil, entre os anos de 1960 e 1990. Com tal estudo, buscamos conhecer como se imbricaram esses grupos de interesse, articulando-se interna e externamente, tanto com outros atores como com o Estado, para desenhar e conduzir determinadas estratégias políticas. Longe de serem monolíticos, esses segmentos possuíam clivagens muito marcadas, que os levavam, inclusive, a sérios enfrentamentos internos e relacionamentos casados, gerando arranjos particulares entre eles, que foram decisivos para a concepção e sucesso de determinadas políticas públicas. Desse modo, pretendemos comprovar, como, apesar desses países terem desenvolvimentos e estruturas sociais mais ou menos equivalentes no início do recorte temporal proposto, foram se distanciando com o tempo, não apenas constituindo trajetórias diferentes, mas chegando a ter desempenhos opostos, os que podemos compreender melhor a partir dessa chave interpretativa, já que o fator determinante não estaria apenas na presença desses atores, mas, fundamentalmente, nas relações que se estabeleceram entre eles. Nome: Laura de Leão Dornelles E-mail: athena04@ig.com.br Instituição: PUCRS Título:A nação do além-mar: A construção do ideário nacional, nos contextos italiano e rio-grandense da primeira metade do século XIX, a partir da visão de Giuseppe Mazzini e das lideranças farroupilhas Ao longo do século XIX, os espaços italiano e brasileiro foram palco do processo de construção de seus estados nacionais. Na Itália, esse período histórico ficou conhecido como Risorgimento, que iniciou por volta de 1815 e levou à criação de um reino unificado na Península, em 1861. Giuseppe Mazzini se insere no contexto do Risorgimento como um ativista intensamente engajado no ideal de Unificação Italiana. A figura desta personagem acaba ligando os espaços italiano e brasileiro, já que na Província Sul Rio-grandense, deste último, eclode a chamada Revolução Farroupilha (1835-1845), onde uma geração de ativistas italianos influenciados pelo ideário mazziniano acabam por se engajar no movimento ao lado dos insurgentes farroupilhas. Nome: Maria Elisa Noronha de Sá Mader E-mail: maisa@puc-rio.br Instituição: PUC_Rio Título:A República argentina de Sarmiento: projeto e construção de uma nação Domingo Faustino Sarmiento foi um dos mais importantes intelectuais da chamada Geração de 1837 na Argentina. Esta Geração tomou para si como principal tarefa a construção de “uma nação para o deserto argentino”. O projeto de nação elaborado por Sarmiento estava profundamente identificado à idéia de república. Neste sentido a presente comunicação pretende analisar a concepção de república e de ordem política unitária no projeto de Estado nacional de Sarmiento. A ordem política da República argentina imaginada por ele – fosse ela mais próxima de uma concepção de república liberal, de

uma república forte ou da antiga idéia de república inspirada no humanismo cívico – deveria ser baseada no unitarismo, que variou de uma concepção mais radical dos tempos do Facundo, para um entendimento mais realista e pragmático após a queda de Rosas, e, posteriormente nos debates com Juan Bautista Alberdi. Nome: Maria Eloísa Cavalheiro E-mail: mecavalheiro@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados Título:Desenvolvimento sul-rio-grandense (1930-1945): atuação da elite política e econômica na região do Planalto Médio Este estudo teve a finalidade de investigar as articulações políticas estabelecidas pelas elites regionais gaúchas, bem como a contribuição das mesmas, no desenvolvimento econômico sul-rio-grandense entre 1930 a 1945, nos municípios de Passo Fundo e Carazinho. A hipótese levantada partiu do pressuposto de que as elites políticas delimitavam sua esfera de poder através do poder econômico, numa demonstração de que àqueles que representavam as forças econômicas dos municípios pesquisados eram os mesmos que se salientavam na vida política regional, ocupando cargos importantes, sendo escolhidos pelo favoritismo do governo Vargas e dos partidos que o apoiaram em sua trajetória. Concluímos que as elites políticas faziam parte do contexto institucional de modo direto ou indireto, ocupando cargos e posições de confiança dos partidos políticos que davam suporte ao governo, ao passo que as elites econômicas atuavam nos diversos segmentos da sociedade, destacando-se em diferentes ocupações e profissões. Nome: Mario Angelo Brandão de Oliveira Miranda E-mail: marioangelomiranda@gmail.com Instituição: PUC-Rio Título:A Deposição de Juan Perón e sua repercussão no ambiente político das eleições presidenciais brasileiras de 1955 Este trabalho tem por objetivo tentar compreender algumas interpretações dadas ao episódio político de deposição do Presidente da república Argentina Juan Perón, em setembro de 1955, no Brasil. Não se trata aqui de realizar uma análise do movimento peronista a luz da historiografia brasileira, mas sim discutir estas interpretações através dos formadores de opinião presentes na imprensa brasileira no calor do momento. Analisando assim, quais foram os usos e influências destas interpretações para as discussões acerca do momento político vivido no Brasil. Em sua análise sobre o episódio, os órgãos de imprensa procuram realizar análises comparativas entre a experiência peronista na Argentina e varguismo no Brasil. Assim, definem cenários políticos futuros para o Brasil, que neste momento se encontrava às vésperas de eleições presidenciais, a partir de aproximações e distanciamentos entre estas experiências. Os articulistas dos jornais também fazem uso freqüente de conceitos como revolução e guerra civil, que aparecem de maneira muito significativa nas manchetes dos jornais, e a eles atribui significados variados. Este trabalho procura também, apoiado nas perspectivas da história conceitual, discutir estes diferentes usos. Nome: Mauro Marcos Farias da Conceição E-mail: mauromfc@gmail.com Instituição: UERJ Título: “A serra amanhece prenhe de esperança” - Mariátegui: Teoria e ação política aos indígenas bolivianos O tema desta pesquisa visa investigar as relações que se estabelecem – teórica e prática – entre as observações que José Carlos Mariátegui desenvolveu, quanto às questões indígenas, e os procedimentos realizados por estes personagens entre os anos de 1930 a 1952 na Bolívia. O desenvolvimento de um novo estado de compreensão – e intervenção – política, dos índios na Bolívia, adquiriu impulso maior ao final do século XIX e uma nova e superior dimensão e expressão política ao final dos anos de 1930. A guerra do Chaco – envolvendo a Bolívia e o Paraguai entre os anos de 1932 a 1935 – tornou-se, de certa maneira, a estimular uma virada nas ações de mobilização, na consciência e nas demandas nativa. Contribuíram, também, para estes novos procedimentos as circunstâncias, internas e externas, que afetaram os diversos cenários políticos, econômicos e sociais em todo no planeta durante a primeira metade do século. Por este período o domínio hegemônico dos EUA, sobre o continente, promoveu significativos confrontos internos às nações, tanto por ação direta dos norte-americanos quanto às manifestações antiimperialistas decorridas destas movimentações. A Bolívia – considerada a mais indígena das nações latinoamericanas – permite-nos estabelecer relações, étnicas e políticas, nas análises Nome: Michelle Schreiner Lima E-mail: mischreiner99@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP

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37 Título:Autobiografia e Identidade Nacional em Domingo Faustino Sarmiento e José de Alencar: um contraponto O estudo proposto quer realizar um contraponto entre as autobiografias de Domingo Faustino Sarmiento e José de Alencar, com o intuito de refletir sobre os fundamentos e significados deste gênero literário no processo de formação da identidade nacional argentina e brasileira no século XIX. Tal cotejo possibilita, por um lado, retomar o debate teórico sobre a importância da autobiografia na América Latina como um veículo para a história das novas nações independentes; e por outro, problematizar, a partir do texto autobiográfico – tendo como referência “Mi Defensa” (1843) e “Recuerdos de Província” (1850), de Sarmiento, e “Como e porque sou romancista” (1873), de José de Alencar – as fronteiras da memória que nos auxilia a compreender a argumentação e os interesses políticos dos autores na reconstrução do passado e em suas ações presentes. Enquanto o autor argentino faz das suas memórias a história da própria nação, Alencar as utiliza como forma de legitimar sua carreira profissional, o que nos leva a formular a hipótese de que os escritores do período no Brasil, embora preocupados em encontrar uma originalidade que pudesse conformar uma identidade genuinamente brasileira, não se reconhecem nas manifestações do nacional, dentre elas o índio e o sertanejo. Nome: Rafael Rosa Hagemeyer E-mail: rafaelhage@yahoo.com.br Instituição: UDESC Título:Popularizando o canto da nação: a regulamentação dos hinos do Brasil e da Argentina e as tentativas de modernizá-los pela música popular Nesse estudo, pretendemos comparar os diferentes processos de oficialização, formatação e regulamentação dos hinos nacionais no Brasil e na Argentina, a partir das tentantivas pós-ditaduras em rearranjar, modernizar e popularizar o canto nacional por parte de artistas contemporâneos. Uma vez que no século XX a difusão desses hinos está intimamente relacionada com sua reprodução e difusão através do disco e dos meios radiofônicos e televisivos, procuramos compreender em que medida o uso de instrumentos da música pop em versões que marcaram a apropriação desses hinos por artistas engajados no processo de democratização nesses países entraram em choque com a regulamentação existente. Para tanto, discutimos o processo de regulamentação e o alcance da padronização e obrigatoriedade do canto no contexto da primeira metade do século XX. Nome: Renato Soares Bastos E-mail: soaresbastos@usp.br Instituição: USP Título:Empresariado e Desenvolvimento Econômico na América Latina (1950-1970) O estudo sobre a atuação do empresariado brasileiro entre 1950 e 1970 enquanto agente econômico e político, foco da pesquisa em andamento, requer uma ponderação sobre a utilização de um conceito controverso: o de burguesia nacional. Conceito utilizado largamente pelos intérpretes marxistas em toda a América Latina teve no Brasil, ao lado da formulação de sociedade dual, fortes implicações para a teoria e prática de comunistas e outros agentes políticos. Pretende-se, nesse simpósio, realizar a crítica às formulações sobre a idéia de uma burguesia nacional gestada pelo pensamento nacional-desenvolvimentista, em especial pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), cotejando com outras formulações de pensadores latino-americanos. Principalmente a idéia de uma aliança política entre a burguesia industrial e os setores médios e populares, incluindo o operariado, para o combate aos setores tradicionais e o imperialismo visando à transformação de toda a sociedade. A comparação sobre a ação e o perfil dos grupos empresariais enquanto elite política - situando o Brasil, Argentina e Peru nessa exposição - pode aclarar alguns dilemas do pensamento político sobre o padrão de desenvolvimento dessas sociedades e as alternativas para a correção das fortes desigualdades sociais. Nome: Roberta Barros Meira E-mail: rbmeira@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título:A influência do modelo cubano na modernização da agroindústria açucareira brasileira À medida que se transformou na maior produtora de açúcar mundial, Cuba passou a representar um modelo a ser seguido pela atrasada indústria açucareira brasileira. Assim, nosso trabalho tem como objetivo comparar a produção açucareira cubana e brasileira durante a introdução de um novo sistema produtivo, os engenhos centrais. Focalizaremos, portanto, o estudo sobre os aspectos particulares que levaram ao sucesso da experiência cubana e, em contrapartida, ao relativo fracasso dessa tentativa brasileira de modernização. Isso nos levar

a atentar para questões como: o estudo da estrutura econômica desse setor, ou melhor, a disponibilidade de capital necessário para a aquisição dos novos maquinários; as medidas adotadas pelos produtores e pelo Estado; a implantação de um eficaz sistema de transporte; a introdução de maquinários mais modernos, como os fornos de queimar bagaço verde, que auxiliaram a reduzir os gastos da produção com lenha e mão-de-obra; a mentalidade diante desse quadro; etc.. Restou-nos, então, examinar as comparações feitas entre os dois países no período, seja pelos estadistas, técnicos ou produtores de açúcar. É de destacar, na vasta obra produzida nesse momento, o trabalho do engenheiro Frederic Sawyer. Nome: Sandra Fernandez E-mail: srfn@ciudad.com.ar Instituição: CONICET/UNR Título:Entre la regulación y la prescindencia: el Primer Congreso Nacional del Comercio Argentino (Rosario, 1911) y su agenda de problemas En el año de los festejos del Centenario, un muy granado grupo de empresarios, líderes de la Bolsa de Comercio de Rosario, decidieron organizar un congreso de alcance nacional que reuniera a sus pares. varios fueron los objetivos de tal evento, entre ellos y más importante por cierto, estuvo la formulación y discusión de una agenda de problemas que tenían como base común las necesidades y expectativas del sector. el fortalecimiento de las corporaciones existentes, la creación de nuevas instituciones, la organización de cámaras en su interior, la injerencia directa sobre los poderes públicos, la defensa sectorial, la problemática de tarifas y transportes, patentes e impuestos, entre otros fueron presentados en las distintas sesiones del congreso como urgentes temas de debate. temas todos ellos coronados por las intenciones mayores de constitución de redes de solidaridades empresariales materializadas a partir de una organización federativa bursátil. Esta ponencia pretende exponer la dinámica de tales discusiones resaltando puntos de contacto y de confrontación entre los actores participantes, así como la jerarquización que la organización del congreso otorgó a problemas tales como la interlocución con el gobierno nacional. Nome: Sílvia Noronha Sarmento E-mail: silvianoronha@gmail.com Instituição: UFBA Título:A Raposa e a Águia - J. J. Seabra e Rui Barbosa na Política Baiana da Primeira República Em 1912, o bombardeio de Salvador por seus próprios fortes de defesa assinalou a ascensão de um novo “chefe” na política baiana: o ex-deputado e ex-ministro J. J. Seabra. Amparado pelo governo federal, Seabra foi o primeiro político a estabelecer um domínio duradouro sobre a Bahia republicana, desestabilizando a relação consagrada entre Rui Barbosa e todos os governadores precedentes. Durante 12 anos, a Águia de Haia teve que se confrontar com a grande sagacidade de Seabra, que se revelou uma verdadeira raposa política. Apesar de suas diferenças, Rui e Seabra tinham muitas características em comum – ambos encarnavam o desejo de resgatar a grandeza histórica da Bahia e de colocar a “boa terra” nos trilhos do progresso e da civilização. Esta comunicação pretende investigar aspectos do embate entre Rui Barbosa e J. J. Seabra, como chave para compreensão da dinâmica política da Bahia na Primeira República. Nome: Thamar Kalil de Campos Alves E-mail: welltha@ig.com.br Instituição: UNISAL - SP Título:O ensino de História da América Latina na Educação Básica brasileira O trabalho propõe apresentar parte da investigação em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação, Doutorado. A pesquisa se refere à História do ensino de História da América na Educação Básica brasileira. O período da pesquisa compreende a década de 1940 ao início século XXI. A análise focaliza o ensino de História da América, mais especificamente a América Latina, via as propostas curriculares oficiais de ensino. Para tal, se encontra dentre os objetivos, analisar historicamente o currículo de História da América no Brasil da Educação Básica; compreender como a História da América Latina, se apresenta nas propostas curriculares oficiais do Ensino Médio. Sendo assim, na metodologia utiliza-se a pesquisa teórica, o estudo bibliográfico. E principalmente os próprios documentos oficiais, que são os currículos referentes à História da América no período que envolve a década de 1940 ao início do Século XXI.

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38. Quilombos, quilombolas e terras de negros Eurípedes Antonio Funes – UFC (eufunes@terra.com.br) Flåvio dos Santos Gomes – UFRJ (escravo@prolink.com.br) Ao deparar com as comunidades negras descendentes de quilombos, e, considerando que a maioria GHODV HVWD QRV PHVPRV HVSDoRV RQGH VH ORFDOL]DUDP DR ORQJR GH VXDV KLVWyULDV DOJXPDV LQTXLHWDo}HV VH FRORFDP FRPR VREUHYLYHUDP jV Do}HV UHSUHVVLYDV" 4XDLV RV PHFDQLVPRV GH UHVLVWrQFLD H LGHQWLGDGH FULDGRV SRU HVVDV VRFLHGDGHV TXLORPERODV" (QÀP TXDLV DV VXDV H[SHULrQFLDV KLVWyULFDV" 3HUJXQWDV TXH SRGHP SDUHFHU VLPSOLVWDV PDV TXH UHPHWHP D XPD TXHVWmR QR PtQLPR LQVWLJDQWH RQGH HVWDYDP RV H[ TXLORPERODV HVVHV DJHQWHV VRFLDLV TXH DWp HQWmR HVWLYHUDP IRUD GH FHQD QD KLVWRULRJUDÀD EUDVLOHLUD GHL[DQGR D YDJD LPSUHVVmR GH TXH MXQWR FRP D GHVWUXLomR GRV TXLORPERV YHLR R ÀP GD KLVWyULD GRV TXLORPERODV

Resumos das comunicaçþes Nome: Alan de Carvalho Souza E-mail: ppunk_alan@hotmail.com Instituição: Universidade Severino Sombra TĂ­tulo: Paty do Alferes: o sentido migratĂłrio de sua insurreição (Rio de Janeiro, 1838) O referido trabalho propĂľe analisar a insurreição ocorrida no ano de 1838 na freguesia de Paty do Alferes vila de Vassouras, destacando-o dos estudos anteriores ao abordar como uma migração de escravos para a fundação de uma comunidade em que estivessem livres dos mandos e desmandos de seus senhores e nĂŁo apenas com o intuito de formação de um quilombo e diferenciando ainda de uma fuga reivindicatĂłria, pois nĂŁo estava em busca de uma melhor condição de trabalho e de vida dentro do dia-a-dia da fazenda. O evento contou com a participação de cativos de proprietĂĄrios distintos, mas sendo condenados apenas peças da escravaria do capitĂŁo mor Manoel Francisco Xavier e um deles, Manoel Congo, sentenciado a forca como o lĂ­der dos revoltosos. A base para essa abordagem se encontra na grande quantidade de pertences carregados: ferramentas, roupas, animais de criação, alimentos, dinheiro e sem contar armas e pĂłlvoras e na anĂĄlise da comunicação das autoridades envolvidas na captura dos sublevados, quando afirmaram que tinham tudo para fundação de uma nova fazenda. Nos depoimentos no processo de insurreição, aberto logo apĂłs o confronto, vĂĄrios prisioneiros afirmaram que as ferramentas seriam usadas para realizarem suas obras no mato ou respondiam indiretamente que levavam seus concernes. Nome: Ana Elziabeth Costa Gomes E-mail: anaecgomes@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia TĂ­tulo: HistĂłria, resistĂŞncia, cultura e identidade ĂŠtnica em uma comunidade quilombola na BaĂ­a de Camamu A presente pesquisa procura compreender o processo de reconhecimento da identidade ĂŠtnica e conquista dos direitos de cidadania em uma comunidade quilombola, denominada de Porto do Campo, localizada na BaĂ­a de Camamu, Estado da Bahia. Ao refletir sobre identidade(s) em Porto do Campo e analisar vivĂŞncias desse grupo social, verifica-se que as memĂłrias que dĂŁo sentido Ă sua histĂłria e cotidianidade estĂŁo alicerçadas, sobretudo, nas tradiçþes que passam de geração em geração, ambas relacionando-se e sedimentando-se em um campo vivencial multifacetado no qual identidades sĂŁo construĂ­das. Nota-se que a experiĂŞncia da comunidade de Porto do Campo, de certo modo, se conecta Ă s experiĂŞncias de outros grupos sociais espalhados pela AmĂŠrica Latina, sobretudo no Brasil frequentemente marcados pela exclusĂŁo social e pelo racismo. Embora muito se tenha escrito sobre a histĂłria do negro no Brasil, as transformaçþes ocorridas na sociedade brasileira, principalmente apĂłs a promulgação da Constituição de 1988, exigem algumas reflexĂľes sobre as diversas formas de organização dos povoados negros, principalmente na ĂĄrea rural. Nome: Benedita Celeste de Moraes Pinto E-mail: celeste.pinto@bol.com.br Instituição: UFPA TĂ­tulo: Quilombos, memĂłria, resistĂŞncias e territorialidade no norte da AmazĂ´nia O presente estudo recupera, por meio da memĂłria oral e de documentos oficiais, indĂ­cios de formação e consolidação de antigas comunidades quilombolas na regiĂŁo do Tocantins, nordeste do ParĂĄ – norte da regiĂŁo AmazĂ´nica – destacando, tanto as estratĂŠgias de sobrevivĂŞncia e resistĂŞncia utilizadas por negros fugitivos da escravidĂŁo, quanto a importância feminina na formação e liderança de povoados

negros rurais, remanescentes daqueles redutos negros, mesclados aos seus mais variados modos de se relacionarem com a natureza, conduzirem modos de trabalhos, rituais religiosos, arranjos familiares e constituição de territorialidade. Nome: CarmĂŠlia Aparecida Silva Miranda E-mail: carmelia15@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia (UNEB) TĂ­tulo: MemĂłria, tradição e identidade: os quilombolas de Tijuaçu-BA A referida pesquisa tem como objetivo discutir sobre as experiĂŞncias histĂłricas da comunidade negra rural de Tijuaçu, que pertence ao municĂ­pio de Senhor do Bonfim, localizado ao norte da Bahia, MicrorregiĂŁo do Piemonte da Chapada Diamantina. Seu reconhecimento pela Fundação Cultural Palmares, enquanto comunidade quilombola, aconteceu em fevereiro de 2000, apĂłs quase uma dĂŠcada de luta e enfrentamento nos diferentes ĂłrgĂŁos estaduais e federais. O perĂ­metro quilombola conta hoje com quase 9.000 habitantes e cerca de 9 povoados, compreendendo trĂŞs municĂ­pios baianos. Esses agentes sociais teimam em dar continuidade a sua identidade ĂŠtnica, atravĂŠs dos costumes, relaçþes de trabalho, compadrio e manifestaçþes culturais. Ao longo dos sĂŠculos, criaram mecanismos de resistĂŞncias em diferentes espaços do territĂłrio quilombola. Com o objetivo de ouvir os ecos dos moradores, dessa comunidade negra rural, analisamos documentos oficiais, especificamente, registros de terras eclesiĂĄsticas, Livro de Notas, Testamentos e InventĂĄrios, como tambĂŠm, ouvimos as narrativas dos mais velhos moradores de Tijuaçu. Vozes significativas de um tempo recente e que consolidam a histĂłria desses mocambeiros. Nome: Daniela Paiva Yabeta de Moraes E-mail: danielayabeta@gmail.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro TĂ­tulo: NotĂ­cias da Marambaia – A Auditoria Geral da Marinha contra o trĂĄfico de africanos livres na ilha do comendador Breves (RJ - 1851) A lei 581 de 04 de setembro de 1850, conhecida como “EusĂŠbio de Queirozâ€?, alterou a tramitação dos processos judiciais referente ao trĂĄfico de africanos para o Brasil. Entre as novas atribuiçþes estava previsto que o apresamento das embarcaçþes e a liberdade dos africanos apreendidos seriam julgados em primeira instância por um tribunal especial – a Auditoria Geral da Marinha, e em segunda instância pelo Conselho de Estado. Neste trabalho apresento o processo de apreensĂŁo de 455 africanos – homens, mulheres e crianças, incluindo um recĂŠm nascido de poucos dias. Todos estavam a bordo do patacho Actividade, que de acordo com informaçþes fornecidas pelos prĂłprios africanos, saiu do porto de Benguela e encalhou na Ilha da Marambaia, propriedade do comendador Joaquim JosĂŠ de Souza Breves, em 05 de fevereiro de 1851. As autoridades chegaram atĂŠ os africanos apĂłs receber uma denĂşncia do administrador da Fazenda da Armação, Antonio Joaquim de Oliveira, localizada na parte interna da ilha. Ao chegarem Ă corte, os apreendidos foram batizados, separados por sexo e numerados. Com a ajuda de um intĂŠrprete suas idades e procedĂŞncias tambĂŠm foram anotadas. Em seguida, todos foram remetidos a Casa de Correção, onde aguardavam a decisĂŁo do auditor sobre suas respectivas liberdades. Nome: Dilza PĂ´rto Gonçalves E-mail: dilza.porto@bol.com.br Instituição: PUC/RS TĂ­tulo: Manuel do Rego: a construção de identidades quilombolas a partir de uma Congregação da Igreja Luterana do Brasil Durante uma pesquisa sobre identidade germânica em Canguçu, municĂ­pio localizado no sul do Rio Grande do Sul, despertou-me interesse a Congregação Manuel do Rego, que faz parte da Igreja EvangĂŠlica Luterana do Brasil, e seus

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38 membros, são maioria negros. A visibilidade do Coral desta Congregação originou a Associação de Quilombolas. Neste trabalho, que é parte integrante de uma pesquisa de mestrado, analisam-se as construções identitárias de “alemães” e “negros”, numa região rural influenciada pela cultura da imigração e pela ética protestante, onde se construiu uma cultura de valorização do trabalho, que interfere nas relações de convivência entre esses grupos. A metodologia utilizada foi a História Oral e o aporte teórico direcionado para memória-identidade. Nome: Eliane Cantarino O’Dwyer E-mail: odwyer@alternex.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Profetismos e práticas de cura: saber tradicional dos remanescentes de quilombo de Oriximiná-PA As comunidades negras rurais remanescentes de quilombo de Oriximiná-PA invocam seus direitos constitucionais pela procedência comum, o uso da terra, dos recursos ambientais e pelo domínio que exercem sobre o território, simbolizado mediante os relatos sobre seus famosos e reconhecidos curadores ou “sacacas”. Os profetismos e curas tornam os membros destas comunidades como depositários locais de um saber tradicional e de conhecimentos terapêuticos, os quais atualmente têm sido associados à bioprospecção de espécies farmacologicamente ativas para conversão de medicamentos tradicionais em remédios industrialmente desenvolvidos. Nome: Eurípedes Antonio Funes E-mail: eufunes@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Mocambos: memória, cultura e identidade Falar em comunidades negras, descendentes de quilombos na Amazônia, em particular no oeste do Estado do Pará, é remeter a uma história marcada por conflitos, resistências de cativos que romperam com a sua condição social, ao fugirem dos cacoais, das fazendas de criar, das propriedades dos senhores de Óbidos, Santarém, Alenquer e de outros centros urbanos. É navegar nas reminiscências vivas que marcam as experiências sociais e vivências desses afro-amazônidas, descendentes daqueles negros que constituíram no alto dos rios Trombetas, Erepecurú e Curuá, e lagos da região os seus espaços, onde ser livre era possível.Hoje recuperar esse passado tem um duplo sentido: afirmação de uma identidade e legitimação da titulação e posse da terra. Nesse sentido as narrativas e as práticas culturais, por serem lugares de memórias, constituem os pilares basilares do ser remanescente, ser mocambeiro e o sentido de pertença. Na relação com a terra está outra marca da ancestralidade destes descendentes de quilombolas. Nome: Eva Aparecida da Silva E-mail: evasilva5@hotmail.com Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Título: Ser remanescente de quilombo em comunidades do Vale do Mucuri/ MG Este trabalho retrata, por meio dos relatos orais de algumas das lideranças de comunidades remanescentes de quilombo da mesorregião do Vale do Mucuri, Minas Gerais, coletados em entrevistas com roteiro previamente elaborado, as representações sociais desses sujeitos acerca do ser remanescente de quilombo. Tomando como referência que remanescente de quilombo é toda comunidade negra rural com “história própria, dotada de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida” (Instrução Normativa 49, INCRA) e que frente à possibilidade de acesso às políticas públicas específicas e de titulação das terras ocupadas, muitas delas se deparam com o dilema de se reconhecerem ou não remanescentes, questionou-se sobre: o significado, para o grupo, de se reconhecer remanescente de quilombo, já que está definição vem de fora para dentro; como se dá o processo de construção da identidade quilombola nas comunidades do Vale do Mucuri. Nome: Igor Fonsêca de Oliveira E-mail: igor.fons@hotmail.com Instituição: UNEB Título: Da senzala ao quilombo: Sergipe D’el Rey, século XIX Da Senzala ao Quilombo revela o universo interligado entre estas habitações na menor província do Império brasileiro, Sergipe D’el Rey. Adentrando no cotidiano de diversos negros fugidos, nota-se que quilombos e senzalas serviram de palco para acordos políticos variados, demonstrando assim que a política imperial não estava restrita as polis. Esta reflexão toma como ponto de partida a promulgação da Lei do Ventre Livre, no ano de 1871, tida pelas autoridades locais como a grande responsável pela acentuação no número de fugas escravas e concomitantemente a uma maior emergência de núcleos quilombolas por toda a província. Os quilombolas buscaram erguer seus mocambos nos arredores das matas dos engenhos. Esta proximidade, a primeira vista ousada, propiciou o sur-

gimento de uma ampla rede de relação informal envolvendo diversos segmentos sociais, desde oprimidos até mesmo opressores. Toda esta conturbada realidade é demonstrada através de densa análise crítica de fontes dispersas, onde informações a respeito de estratégias, organizações sociais, objetivos, dentre outras questões aparecem em formas de indícios. Nome: Iohana Brito de Freitas E-mail: iohanaf@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O Quilombo de Santa Rita do Bracuí e a luta pela titularização de suas terras Em 29 de setembro de 1879, o Comendador José de Souza Breves registra em cartório o inventário de seus bens, deixando a Fazenda de Santa Rita do Bracuhy, na Comarca de Angra dos Reis, em benefício das pessoas ali residentes, sendo as terras de pleno direito daqueles que ali existirem após três gerações. O ato do Comendador não foi suficiente para garantir aos moradores da antiga fazenda de Santa Rita do Bracuhy o direito à terra, sendo necessário o enfrentamento em várias frentes de luta a fim de tornar concreto à população atual o direito conquistado por seus antepassados. Aliados as ações de Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Movimento Negro, Movimentos Culturais e Religiosos e, aproveitando o momento de revisão constitucional, a luta quilombola se fortalece. Pautados nas memórias e tradições de seus antepassados, os moradores da comunidade do Bracuí redescobrem suas origens e reinventam identidades, fortalecendo a luta pela titularização de suas terras, contra a instalação de grandes complexos turísticos e imobiliários e, principalmente, pela união comunitária. O presente trabalho busca interpretar as narrativas destes quilombolas a partir de seus depoimentos, procurando não apenas falar sobre esta comunidade, mas com estes moradores e suas histórias. Nome: Janine Primo Carvalho de Meneses E-mail: nineprimo@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Livramento – liberdade conquistada, território de negro A história do povo de Livramento foi construída a partir da fuga de negros que encontraram no alto da Serra Grande do Pajeú vista panorâmica e difícil acesso. Sobreviveram abrigados pelas grandes pedras e rochas numerosas no local, alimentando-se de plantas e animais que conseguiram capturar. Após constatarem que ali era um lugar de escassa movimentação, decidiram estabelecer morada, denominando o local de Livramento, pois sentiram que ali haviam alcançado a liberdade. Hoje Livramento é reconhecido como Comunidade Remanescente de Quilombo Sítio Livramento. O presente trabalho apresenta uma pesquisa sobre a história dessa comunidade, baseada na memória e em documentos manuscritos das últimas décadas da escravidão. Livramento se localiza no Planalto da Borborema, na divisa entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, fica próxima a um dos pontos culminantes do Nordeste, o Pico do Papagaio, com 1.360 metros de altitude, a 14 km da cidade Triunfo (sertão de Pernambuco), distante de Recife cerca de 430 km. Nome: Joelma Tito da Silva E-mail: joelmatito@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Quilombos no Rio Grande do Norte: história e legislação Esta comunicação apresenta os resultados da pesquisa que ora desenvolvo em uma comunidade rural negra, localizada no município de Currais Novos/RN e reconhecida como remanescente de quilombolas em 2006. A partir dessa experiência de pesquisa com os “negros do Riacho”- como são conhecidos naquela região – proponho uma discussão sobre a aplicação do Artigo 68 do ADCT de 1988 nas comunidades rurais negras do Rio Grande do Norte e, em particular, entre os moradores do Riacho. A idéia quilombo recria o grupo étnico sob um termo jurídico, positiva identidades marcadas historicamente por estereótipos, legitima a emergência de novos sujeitos políticos e transforma antigas formas de vida em uma genealogia da resistência, marcada pela permanência secular de famílias negras em terras doadas, apossadas, herdadas ou compradas. Por outro lado, o termo quilombo está em disputa não apenas pelas famílias que desejam confirmar juridicamente a posse antiga, mas, igualmente, por políticos, proprietários de terras, Estado, movimentos sociais e estudiosos com seus laudos. No RN – e em todo território nacional – o ritmo do processo de titulação dessas áreas caminha de acordo com os tons das diferentes parcialidades que disputam, dissecam, refazem e utilizam a categoria quilombo. Nome: José Luis Ruiz-Peinado Alonso E-mail: luigiruizpeinado@ub.edu Instituição: Universidad de Barcelona (España) Título: Mocambos e indigenas en espacios de frontera. Rio Trombetas

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Durante todo el siglo XIX y XX una importante area de la frontera norte del Brasil estuvo controlada por las comunidades mocambeiras del rio Trombetas. Su supervivencia paso por crear importantes redes de información y de comercio con los centros urbanos/plantaciones de las cuales habían huido y tambien con los diferentes grupos indigenas con los cuales entraron en contacto. De estas intensas relaciones con los pueblos indigenas se dieron alianzas y enfrentamientos, matrimonios y raptos. De todas estas relaciones se creación nuevas redes de intercambio que transpasaban el mundo colonial y el brasil independiente. Y a su vez se extendieron para establecer contactos con otros grupos indigenas situados fuera de las hipoteticas fronteras de Barsil y que, a su vez, mantenin tambien intercambios con los bosh-negroes (quilombolas) de la Guayana holandesa. Las estrategias de subsistencia y la creación de estas redes al margen del control del Esatado representan una forma de resistencia y de ocupación del territorio que amplia nuestra visión acerca de la importancia de los mocambos en los tiempos afroindigenas. Nome: Julia Bueno de Morais Silva E-mail: juliabueno44@hotmail.com Instituição: Unb/UEG Título: História ensino e ética nas escolas quilombolas O objetivo ou finalidade do ensino de história se insere e se integra na constituição ou transformação paradigmática de um determinado campo do conhecimento. A manutenção de uma disciplina escolar no currículo deve-se a sua articulação com os grandes objetivos da sociedade no caso da implementação da Lei 10.693/03, que constituem na diminuição do preconceito e na criação de uma sociedade mais consciente. Nome: Leila Maria Prates Teixeira E-mail: lmprates@hotmail.com Instituição: UNEB Título: Mulheres de Tomé Nunes/BA: história e luta quilombola Tomé Nunes é uma comunidade negra rural localizada a margem direita do Rio São Francisco, que se reconheceu quilombola desde o ano de 2004. O presente texto objetiva analisar as relações sociais existentes entre homens e mulheres que fazem parte do cotidiano desta localidade. A fonte oral é a principal metodologia aplicada a este segmento da pesquisa, visando conhecer as formas de sobrevivência e resistência criadas por essas mulheres negras ao longo dos anos, sendo analisadas sob a perspectiva teórica da história social. A partir das entrevistas é possível observar uma cumplicidade entre moradores, de maneira geral, e as mulheres. Este fator vem suscitando significativos benefícios sociais para o grupo citado, sendo inclusive relatados com orgulho pelos habitantes e agentes pastorais ligados ao povoado. É possível também observar este prestígio feminino pela sua marcante participação nas questões políticas, fazendo-se continuamente presentes nas reuniões que pretendem melhorias para a comunidade e, sua regularidade no grupo que preside a associação de moradores. No que concerne às questões culturais, estas têm apresentado um papel fundamental, mantendo acesas as práticas antepassadas nesta antiga comunidade. Nome: Leila Martins Ramos E-mail: leilalmr@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Coimbra Título: A noção de identidade das comunidades quilombolas no Brasil frente às políticas de constituição do patrimônio cultural brasileiro O objetivo deste artigo é discutir a formação cultural das comunidades quilombolas, mais especificamente a constituição de seu patrimônio cultural, enquanto elemento de construção de sua(s) identidade(s), levando em consideração também a importância da existência, em tempo presente e não só histórico, dos aspectos ou características definidoras de uma comunidade quilombola. Para tal será necessário a análise da política de patrimônio cultural no Brasil, começando por sua instauração no Estado Novo, discorrendo sobre sua implementação e também sobre o processo de construção desta no cenário das políticas culturais brasileiras. Considerando que mais tarde, a nível internacional, se tem a ampliação do conceito de patrimônio com a incorporação da noção de patrimônio cultural imaterial, será de fundamental importância avaliar como isso foi discutido no cenário nacional levando à conceituação existente hoje em torno das políticas do patrimônio cultural imaterial. A partir de então será possível estabelecer as conexões teóricas, entre o conceito de memória e patrimônio cultural salientando alguns dos usos que lhe são atribuídos para construção indentitária de tais comunidades. Nome: Luana Teixeira E-mail: luateixeira1@yahoo.com.br Instituição: NUER-UFSC/Iphan-AL

Título: Quilombos e dinâmica das relações de trabalho em uma região agropecuarista do Império (serra rio-grandense, últimas décadas da escravidão) Há 150 anos a região serrana da província do Rio Grande do Sul ainda não tinha recebido os inúmeros imigrantes europeus que as histórias do século XX sempre lembrariam. Uma série de fatores, como a disseminação da propriedade escrava entre a população proprietária, o baixo padrão de posse de escravos, a baixa densidade demográfica, a alta incidência de habitantes de origem africana, a imbricação dos poderes públicos e privados, os conflitos pela terra e a desigualdade de acessos a recursos jurídicos e econômicos tornavam essa região bastante semelhante a muitas outras partes economicamente periféricas do Império. Outra característica que aproximava a serra dessas regiões foi a existência de quilombos, ou seja, de grupos de escravos, bem como de homens livre, organizados e manejando formas específicas de sobrevivência no contexto dessa sociedade agrária oitocentista. Partindo de uma análise acerca das relações de trabalho estabelecidas no contexto serrano nas últimas décadas da escravidão e das informações guardadas na memória de uma comunidade remanescente de quilombos da região (São Roque, em Praia Grande) buscarei nesse trabalho problematizar alguns elementos sobre a inserção dos quilombos na sociedade escravista. Nome: Luciene Maria Alves Cordeiro da Silva E-mail: lucienecordeirosbu@hotmail.com Instituição: Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim- PE Título: História, memória e resistência: a comunidade quilombola Serrote do Gado Bravo Este trabalho busca registrar a história e a memória dos remanescentes de quilombos. Contando atualmente com mais de 450 famílias, moradoras do Sítio Serrote do Gado Bravo e adjacências, localizado no Município de São Bento do Una - Agreste de Pernambuco. Pretendemos nesse estudo, elucidar como a Comunidade constituiu, transmite e significa as suas práticas e tradições culturais na contemporaneidade. Através das lembranças e recordações individual e coletiva, contribuindo para o debate interdisciplinar através da história oral, foi possível potencializar o registro de diferentes testemunhos para a (re) construção da história local. Dessa forma, esperamos não apenas registrar a memória que os remanescentes quilombolas têm sobre o passado da sua própria comunidade, mas compreender como os seus integrantes se percebem como sujeitos da história e (re)significam as suas reminiscências, fazendo nesse sentido um contraponto entre presente e passado. Nome: Marcelo Moura Mello E-mail: mouramello@yahoo.com.br Instituição: PPGAS Museu Nacional Título: Raízes e rotas da terra. Formação de um território negro no Brasil meridional Amparado em fontes escritas e orais, reconstituo o histórico da formação territorial da comunidade negra rural de Cambará, situada na região central do Estado do Rio Grande do Sul. Longe de remeter a um processo homogêneo, a trajetória histórica da comunidade cobre um longo período histórico e variadas formas de acesso à terra. A territorialização de famílias negras se deu na primeira metade do século XIX, através da aquisição de quinhões por dois preto-forros, nos anos imediatos pós-abolição (décadas de 1880 e 1890), por meio da acolhida de exescravos pelas famílias que já viviam no lugar, e na década de 1910, novamente mediante a compra de terras. Durante toda a sua história, o grupo sofreu vários espólios, patrocinados pelos fazendeiros da região. Atualmente, os moradores de Cambará vêm reivindicando a identidade de remanescente de quilombos, e a titulação de suas terras. A partir deste caso, busco articular diversas dimensões no estudo da formação de territórios negros, tais como família escrava, relações de gênero, formas de acesso à terra, os destinos de ex-escravos no pós-abolição, bem como proceder a um balanço crítico de conceitos como campo negro, campesinato itinerante e territórios étnicos. Nome: Maria Albenize Farias Malcher E-mail: geomalcher@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Territorialidade e identidade nos grupos rurais negros: o caso da comunidade de Igarapé Cravo em Concórdia do Pará A construção de uma identidade quilombola introduz novas relações simbólicas e matérias no território, onde a comunidades passa a valorar seus traços culturais, de pertencimento, relações coletivas com o território e o direito a terra. A terra torna-se um valor de vida, um espaço de relações vividas, fruto da memória e da experiência pessoal e compartilhada. O território para essa comunidade não se constitui apenas como uma extensão territorial e sim espaço de reprodução material e de significados simbólicos e culturais da comunidade. É através da memória, que as histórias dessas comunidades estão “contadas”. Ouvi em campo, na comunidade de Igarapé Cravo, histórias como “O terreno da santa”, área onde

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38 se concentra a igreja, o posto de saúde, a área de lazer, os principais comércios, a escola além de grandes espaços ocupados coletivamente, o arraial. Construir morada no arraial requer consentimento da comunidade, e isto só permitido a aqueles que por algum motivo, principalmente laços de parentesco e vizinhança, o merecem. Essa história é marcada pelo lugar, lugar esse tão importante, ‘pois é o que define o negro não como um sujeito genérico, mas sim o negro de uma comunidade ou grupo que ocupa um determinado território, uma terra que lhe pertence’. (GUSMÃO, 1999, p.145). Nome: Maria Lindaci Gomes de Souza E-mail: mlgsouza26@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual da Paraíba Co-autoria: Maria Aparecida Barbosa Carneiro E-mail: ccarneiro2007@oi.com.br Instituição: Universidade Estadual da Paraíba Título: Tradição oral, memória e lembranças: jogos e brincadeiras infantis tecidas pela voz das mulheres idosas da comunidade remanescente de quilombolas Matias - PB Este trabalho é fruto de uma pesquisa iniciada em uma comunidade rural negra, propondo discutir sobre as mudanças/permanências de jogos e brincadeiras infantis. O conhecimento elaborado em diferentes temporalidades, a partir do saber da experiência, ao entrelaçar com outras formas de saberes, o da tradição oral, transmitido de geração em geração, que passa a ser reinventado. Assim esse texto é resultado de um projeto, que parte da trajetória de vida de mulheres idosas, com base na matriz narrativa, para identificar, nos discursos das mulheres da comunidade remanescente de quilombolas, a importância atribuída aos jogos e brincadeiras infantis no cotidiano social. Dessa forma examinaremos a partir dos relatos, as táticas utilizadas para manter, recriar ou resignificar os jogos e brincadeiras infantis na comunidade. Portanto tendo em vista que a memória não é tão somente uma eterna repetição do mesmo, é potencialmente uma ação reflexiva, sendo considerada uma trama dos vestígios de diferentes épocas. Pretendemos realçar o papel da memória individual, principalmente articulada com a história da comunidade, buscando verificar como corporificam nas práticas culturais, a partir dos seus lugares sociais e épocas de sociabilidades, os momentos de ludicidade e de brincadeiras infantis. Nome: Maria da Conceição Pinheiro de Almeida E-mail: msconceicao14@yahoo.com.br Instituição: CEEFM Prof. Rubem almeida Co-autoria: Rosalia de Jesus Castro da Silva E-mail: rosinhasilvapho@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: O “novos quilombos”: estudo histórico sobre o processo de identidade das comunidades remanescentes de quilombos da Baixada e do Litoral Norte do Estado do Maranhão O Maranhão foi importante pólo produtor em tempos de escravidão, sobretudo, a partir da segunda metade do século XVIII, em função das reformas pombalinas, quando se inseriu de vez no sistema agroexportador do período colonial. A partir de então aumentou significativamente a entrada de escravos no Maranhão, chegando a representar 66% da população total no século XIX. E como foi comum durante o regime escravista, ocorreram a formação dos quilombos como uma das estratégias de resistência ao sistema. Muitos desses quilombos se localizaram na região da Baixada e no litoral norte do Estado. Esse sentimento quilombola retorna hoje nas atuais comunidades remanescentes de quilombos, que, apoiadas pelo art. 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias de 1988, assim se auto-definem, ainda que nem todas possuam tradições que as relacionem com antigos quilombos. O Maranhão está entre os estados brasileiros que concentra maior número dessas comunidades, com destaque para a região da Baixada Maranhense e alguns municípios do litoral norte como Guimaráes, Cedral, Cururupu, Turiaçu, etc. A nossa pesquisa tem por objetivo estudar as múltiplas formas de preservação da identidade negra nas comunidades remanescentes de quilombos nas áreas citadas do Estado do Maranhão. Nome: Maria Giseuda de Barros Machado E-mail: barros_mac@hotmail.com Instituição: UPE Título: História e memória na formação de identidades no Castainho: busca de significados aos quilombolas em Garanhuns-PE Este trabalho tem por objetivo compreender como tem se construído a formação de identidades na Comunidade Castainho, nos seus múltiplos significados, considerando sua inserção na história de quilombos, haja vista referências de outros pesquisadores em estudos da expansão palmarina, no Agreste de Pernambuco, na região de Garanhuns. Usou-se como metodologia os relatos de memórias de seus membros que revelam tênues fronteiras com a história. A análise permitiu

identificar implicações com as suas identidades culturais, que por sua vez também são impactuadas com diferentes (re)interpretações atribuídas ao ser negro na contemporaneidade. No entanto, esses quilombolas continuam a reivindicar o seu papel inclusivo, socialmente, na perspectiva de serem percebidos na valorização de sua humanização nas relações étnicas que se processam em lutas coletivas, além do caráter individual. Nome: Marinélia Sousa da Silva E-mail: silvamarinelia@yahoo.com.br Instituição: UEFS/UFBA Título: Memórias e rastros da liberdade Este texto enfoca memórias sobre a formação das “terras de preto” Macaco e Beira de Cerca na Fazenda Harmonia município de Candeal – BA. Utilizo como fonte entrevistas realizadas com moradores das comunidades maiores de 50 anos de idade. Busco a partir das memórias alguns entremeios da micropolítica cotidiana que possibilitaram as sucessivas gerações de descendentes de escravos da propriedade a permanecerem no lugar fortalecendo laços comunitários tecidos a partir do parentesco. Este trabalho se insere nas discussões sobre o período da pós-abolição no Brasil que tem contribuído para construir outras interpretações sobre temáticas como cor, escravidão, cidadania, liberdade, ao tempo em que, re-visita o modelo da cidadania tutelar que fomentam as justificativas do clientelismo político no sertão baiano. Nome: Nivaldo Osvaldo Dutra E-mail: nartud@yahoo.com.br Instituição: PUC-SP Título: Território e resistência negra no Alto Sertão e Médio São Francisco O presente trabalho é resultado das pesquisas desenvolvidas em varias comunidades negras rurais do Alto Sertão e Bacia do Médio São Francisco. Para obtermos essas informações foi utilizado o método da História Oral, sendo feita varias entrevistas com os moradores dessas comunidades. O que apresentamos são resultados parciais bastante significativos, principalmente em relação às experiências de solidariedade, as lutas e resistências pela permanência desses moradores em seus territórios. Destacamos ainda as experiências de enfrentamento na luta pela terra contra grandes proprietários da região, bem como as experiências de negociação junto aos Órgãos e Instituições Públicas a nível regional, estadual e federal, assim como os embates travados para o reconhecimento desses trabalhadores como descendentes de antigos quilombos, condição essa significativa para a demarcação e titulação de seus territórios. Nome: Rômulo Luiz Xavier do Nascimento E-mail: romuloxavier7@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Capitão-do-mato e senhor-de-engenho: Jan Blaer e o Brasil Holandês No Brasil Holandes, um dos personagens mais importantes na história da escravidão foi o Capitao Blair. Adaptado a guerrilha com a vida no Brasil, Blair veio a se tornar um exímio capitao-do-mato, destro na arte de capturar quilombolas. Vale dizer que iniciou a sua carreira no Brasil no trato com índios em 1634. Este trabalho visa contar um pouco da trajetória brasílica deste militar que, além de ter realizado a conhecida expedição aos Palmares, exerceu o papel de plantador de cana-de-açúcar. Nome: Ronei Carlos Lima E-mail: roneilima@uol.com.br Instituição: Universidade de Brasília Título: O território no fio da espada: os Bernardos de Santana do Tabuleiro - MG No âmbito da História Cultural, esta pesquisa tematiza a história oral de vida dos narradores/colaboradores da comunidade negra rural dos Bernardos, em Santana do Tabuleiro - MG. Os enfrentamentos de luta e resistência do passado possibilitaram a apropriação das terras, ou seja, o território onde hoje vivem e exercem hábitos e costumes baseados na experiência ancestral. O intenso deslocamento da agroindústria cafeeira para a Zona da Mata Mineira, a partir de 1970, em especial na ambiência pesquisada, provocou a abertura de fronteiras para a produção em alta escala por meio do acirramento das lutas de representações sociais. Desmantelando os marcadores simbólicos existentes nesta região, desencadeiam-se os elos desses agentes sociais com seu território, e a agroindústria avança sobre suas terras. Deste modo, o êxodo rural surge como alternativa, pois essa estratégia desorganiza sua base comunitária, enfraquece os elos culturais e induz ao abandono social. Nome: Rosa Elizabeth Acevedo Marin E-mail: ream30@hotmail.com

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Instituição: Universidade Federal do Pará Título: “Terra gurupá”, direito à terra de quilombolas “senhores e possuidores” “Terra Gurupá” é a expressão utilizada pelos quilombolas do rio Arari e rio Gurupá para produzir o reconhecimento de direitos à terra. Na fala associam a “Terra Gurupá” à família Batista da Silva. Documentos que contemplam direitos à terra dos que se auto-identificam como quilombolas são por eles guardados e preservados zelosamente. O senhor Manoel Camilo Dias dos Santos mostrou a “Certidão de 1853” e passamos a interpretá-lo como fala sobre e do direito. Neste sentido, combina-se a leitura desta peça legal (relevante), com a “fala dos mortos que fala pelos vivos”, como sentenciou o senhor Manoel Camilo. Para os objetivos deste trabalho, a Certidão de Luiz Antonio aprofunda a perspectiva de direitos do grupo ao território quilombola do rio Arari e rio Gurupá. Nos anos 70/80 do século passado, grupos familiares que haviam organizado modos de vida e formas culturais na margem esquerda do rio Arari, município de Cachoeira do Arari, ilha de Marajó, foram deslocadas compulsoriamente desse território de conquista para o rio Gurupá e igarapé Aracaju. Semelhante ocorrência registrou-se na margem esquerda do rio Gurupá - entre os igarapés Boca Fina e Sororoca – adentrando nas terras até o igarapé Caju, em direção à baía do Marajó. Nome: Valdinéa de Jesus Sacramento E-mail: valdineajs@hotmail.com Instituição: UFBA/CEAO Título: Estratégias econômicas e de resistência na dinâmica de construção dos mocambos do Borrachudo, Barra do Rio de Contas, 1835 Este texto pretende analisar a trajetória histórica dos Quilombos do Borrachudo, durante a década de 1830, destacando a natureza das relações sociais, econômicas e políticas criadas nos universos dos quilombolas e partilhadas por outros agentes sociais. Ao que se sabe, não há trabalhos de cunho historiográfico que dissertassem sobre esses quilombos, o que não significa que estes sejam desconhecidos pela academia. João da Silva Campos, em sua obra “Crônicas da Capitania dos Ilhéus”, faz menção ao quilombo do Borrachudo. De todo modo, a documentação aqui analisada sugere não a existência de um único, mas uma série “quilombos do Borrachudo”. O estudo desses mocambos permitiu examinar padrões de rebeldia escrava no sentido mais amplo e apontam, de maneira empírica, para a gestação de uma organização socioeconômica construída por comunidades de fugitivos e compartilhada por escravos, libertos e livres das vilas de Camamu, Ilhéus e Maraú, no século XIX. Imprimindo tons, cores e lógicas próprias à sociedade local e adjacências, africanos e crioulos, na condição de fugitivos, conseguiram modificar as vidas daqueles que continuavam no cativeiro. Nome: Waldeci Ferreira Chagas E-mail: luadeluanda@ig.com.br Instituição: UEPB - Campus de Guarabira Título: A identidade negra e quilombola entre os moradores (as) de Mituaçu: Conde - PB No Brasil a implantação de políticas públicas para a população negra se constitui resposta à demanda reivindicada pelo Movimento Negro desde os anos 1970, o que resultou na concretização de uma serie de medidas, entre as quais o reconhecimento das comunidades negras remanescentes quilombolas e por extensão a concessão do título de terras a essas populações. Essa ação à medida que garantiu visibilidade política e cultural à comunidade negra também abriu espaço para a ascensão da identidade negra e quilombola, uma vez que faz parte do processo de reconhecimento das comunidades o auto reconhecimento. Frente a essa questão o nosso propósito nesse trabalho é analisar como tal identidade foi e vem sendo forjada entre os negros (as) de Mituaçu. Essa antecedente a implantação das políticas públicas para as populações quilombolas, e está imbricada nas ações do Movimento Negro ou começou a emergir a partir da implantação das políticas e surge como uma conseqüência dessas, ou seja, como uma tática dos negros (as) para ter acesso e se beneficiar do que o governo brasileiro passou a propor a partir de 2003?

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39 39. Ensino de História: memórias, histórias e saberes Helenice Ciampi Ribeiro Fester – PUC/SP (heleciampi@uol.com.br) Maria Carolina Boverio Galzerani – Unicamp (mcboverio@gmail.com) $ SURSRVWD IXQGDPHQWDO GR 6LPSyVLR 7HPiWLFR (QVLQR GH +LVWRULD PHPyULDV KLVWyULDV H VDEHUHV p SRVVLELOLWDU D UHà H[mR R TXHVWLRQDPHQWR H D WURFD GH H[SHULrQFLDV HQWUH KLVWRULDGRUHV H SURIHVVRUHV GH +LVWyULD TXH WHQKDP HVWHV FRQFHLWRV QR FHQWUR GH VXDV SUHRFXSDo}HV WHyULFR PHWRGROyJLFDV

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Carvalho Koyama E-mail: ackoyama@hotmail.com Instituição: Fundação PrĂł-MemĂłria de Indaiatuba/ FE UNICAMP TĂ­tulo: Arquivos como espaços educativos: apontamentos sobre o projeto educativo proposto pelo “National Archives and Records Administrationâ€? (NARA), suas concepçþes de documento, histĂłria e patrimĂ´nio Proponho a apresentação de parte da pesquisa “Projetos de educação patrimonial em arquivos inseridos na rede mundial, suas concepçþes de histĂłria e de seu ensinoâ€?, focalizando o projeto de Educação Patrimonial do Arquivo Nacional dos Estados Unidos - National Archives and Records Administration (NARA), analisando suas concepçþes de documento, histĂłria e patrimĂ´nio Ă luz dos referenciais de histĂłria e progresso, de Walter Benjamin e de educação dos sentidos, de Peter Gay. Nesse quadro, para compreender alguns aspectos da proposta de ação desse projeto, busco apontar alguns de seus laços com as propostas educacionais entretecidas na economia e culturas do novo capitalismo (Sennett). Nome: Alexandre Pianelli Godoy E-mail: le.godoy@terra.com.br Instituição: UNIFESP TĂ­tulo: LaboratĂłrio de PrĂĄticas de Ensino e Pesquisa HistĂłrica: um projeto integrado e interdisciplinar de formação de professores de HistĂłria O presente trabalho pretende discutir o desenvolvimento de um projeto de formação de professores de histĂłria dentro do curso de licenciatura em histĂłria da Universidade Camilo Castelo Branco da cidade de SĂŁo Paulo. O projeto procura integrar a prĂĄtica da pesquisa histĂłrica e o ensino de histĂłria. Para tanto, procura articular de forma interdisciplinar a histĂłria do ensino de histĂłria e da histĂłria da educação com a preocupação de formar professores pesquisadores dentro de seu campo de atuação. Nome: Alice Mitika Koshiyama E-mail: alicemitika@yahoo.com Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo - ECA-USP TĂ­tulo: A ditadura no Brasil e o ensino de jornalismo na ECA-USP (19751976): presença da censura e da repressĂŁo Este trabalho lembra, enquanto momento de ação de intelectuais orgânicos, fatos ligados ao ensino de jornalismo na Escola de Comunicaçþes e Artes da Universidade de SĂŁo Paulo, em 1975-1976. Esta reflexĂŁo sobre a histĂłria mostra a escola como um espaço de embates polĂ­ticos. Essas lembranças foram ativadas pelo editorial do jornal Folha de S. Paulo (17 de fevereiro de 2009) atribuindo a cotação de “ditabrandaâ€? para o regime militar do Brasil (1964-84). HĂĄ uma correspondĂŞncia entre o campo da escola de jornalismo e a histĂłria do jornalismo no Brasil na ĂŠpoca, marcado pela complacĂŞncia da maioria da imprensa com o regime e a resistĂŞncia dos alternativos ou nanicos (cf. B. Kucinski, 2003), ou pela total adesĂŁo ao projeto da repressĂŁo polĂ­tica, cujo exemplo mais marcante ĂŠ a Folha da Tarde, da Empresa Folha da ManhĂŁ (cf.: B.Kushnir. 2004) e o apoio crĂ­tico ao sistema como foi a ação dos jornais do grupo Estado, O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, marcantes no caso Herzog e o apoio Ă abertura polĂ­tica do general Geisel. Este estudo reconhece no jornalismo um instrumento para a construção de um estado democrĂĄtico pleno, embora esta nĂŁo tenha sido uma meta das forças polĂ­ticas dominantes na histĂłria do Brasil. Nome: Ana Luiza AraĂşjo Porto E-mail: aluizaporto@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Alagoas TĂ­tulo: O curso de HistĂłria na Universidade Federal de Alagoas: dos primĂłrdios Ă sua consolidação (1952-1979) O propĂłsito fundamental deste texto concentra-se na HistĂłria da Formação do Profissional de HistĂłria na Universidade Federal de Alagoas, das origens do cur-

so atĂŠ a dĂŠcada de 1970, quando ele se consolida. Constitui uma pesquisa em HistĂłria da Educação que busca acompanhar a constituição do primeiro curso universitĂĄrio de HistĂłria em Alagoas, no contexto de fundação da Faculdade de Filosofia, na dĂŠcada de 50 do sĂŠculo XX que, na ĂŠpoca era um curso de HistĂłria e Geografia. Este trabalho enfoca, portanto, um bom perĂ­odo do itinerĂĄrio do curso, desde a fundação, com seus primeiros professores e os seus primeiros currĂ­culos, passando pela ditadura instaurada em 1964, com destaque para a criação da licenciatura curta em Estudos Sociais. Entendendo que a formação do profissional de HistĂłria ocorre em diversos espaços e dimensĂľes da vida do sujeito, para alĂŠm da formação na universidade, a pesquisa buscou estabelecer um diĂĄlogo entre a HistĂłria do curso e o Arquivo PĂşblico de Alagoas, como elemento passĂ­vel de influenciar o curso, seus projetos e suas prĂĄticas. AlĂŠm de levantamento bibliogrĂĄfico e da documentação institucional a ser compulsada, foram fontes deste estudo tambĂŠm as entrevistas com ex-professores e professores atuantes que foram alunos do curso. Nome: AndrĂŠ Victor Cavalcanti Seal da Cunha E-mail: andrevseal@yahoo.com.br Instituição: UERN TĂ­tulo: Livros didĂĄticos de HistĂłria: uma anĂĄlise das apropriaçþes pela prĂĄtica pedagĂłgica dos professores Esta investigação teve como tema as apropriaçþes dos livros didĂĄticos de HistĂłria pela prĂĄtica pedagĂłgica dos professores. A pergunta que materializou nosso problema foi: Quais apropriaçþes das possibilidades didĂĄtico-pedagĂłgicas presentes nos livros didĂĄticos de HistĂłria sĂŁo realizadas pela prĂĄtica pedagĂłgica dos professores da disciplina? Estamos elegendo como sujeitos da investigação (4) professores graduados na licenciatura plena em Historia. O campo da pesquisa compreende o ensino de HistĂłria nos anos finais do ensino fundamental (do 6° ao 9° ano) em 4 escolas pĂşblicas municipais de MossorĂł. Em nossa investigação a opção foi pela utilização da entrevista e da observação como procedimentos de coletas de dados. Visando garantir registros mais fidedignos, as entrevistas e observaçþes foram gravadas em ĂĄudio, com a transcrição integral das informaçþes. Desta forma, esta pesquisa visou contribuir para o debate social e acadĂŞmico sobre este importante material didĂĄtico-pedagĂłgico. Atualmente envolve recursos considerĂĄveis na sua compra por parte do Estado brasileiro e tem sido um instrumento disponibilizado Ă s nossas escolas pĂşblicas. Com ela buscamos preencher algumas lacunas nas investigaçþes do campo do ensino de HistĂłria e da educação acerca dos seus usos na sala de aula. Nome: AntĂ´nio SimplĂ­cio de Almeida Neto E-mail: toninhosaneto@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de SĂŁo Carlos TĂ­tulo: MemĂłria e representaçþes: deslocamentos e significados sobre o ensino de HistĂłria Este trabalho tem por propĂłsito discutir a utilização de relatos orais de professores – que tem por esteio a memĂłria – como fonte documental em pesquisa sobre o ensino de HistĂłria, imbricando-a com a teoria crĂ­tica das representaçþes apresentada por Henri Lefebvre, como possibilidade metodolĂłgica que supere e nĂŁo se restrinja Ă simples verificação de elementos factuais dos eventos relatados e da dualidade falso/verdadeiro, uma vez que nĂŁo existem representaçþes falsas ou verdadeiras, mas “verdadeiras como respostas a problemas ‘reais’ e falsas como dissimuladoras das finalidades ‘reais’. Nessa perspectiva, pensar relatos orais como representaçþes implicaria compreender “menos sobre eventos que sobre significadosâ€?, entendendo o processo pelo qual essas representaçþes se formam, ganham força, circulam e deslocam, mobilizando açþes e inĂŠrcia, desejos e descrenças, projetos e simulacros. Nome: Arnaldo Pinto JĂşnior E-mail: apjbrasil@uol.com.br Instituição: Unicamp

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Título:A (re)construção de memórias nacionais através dos livros escolares: contribuições do professor autor Joaquim Silva na coleção didática História do Brasil Os resultados da crescente produção de pesquisas relativas aos livros didáticos nas últimas décadas reafirmam a importância desse tipo de recurso em sala de aula. Na história da educação brasileira, esses produtos culturais voltados ao trabalho pedagógico tiveram papel fundamental. Vale lembrar que esta condição ainda perdura em grande parte dos estabelecimentos escolares. Problematizando as práticas de ensino de história relacionadas aos referidos materiais, procuro analisar a reconstrução de memórias históricas a partir dos estudos propostos por Joaquim Silva, autor da coleção História do Brasil para o Curso Secundário, publicada pela Companhia Editora Nacional entre 1940 e 1963. Amalgamando discursos liberais e românticos, o autor tece em seus textos a idéia de um país grandioso, progressista, sem preconceitos, justo, pacífico, religioso e fruto do cruzamento de raças que gerou homens notáveis que alicerçaram nossa civilização. As obras focalizadas sintetizam a história da nação e consolidam determinadas memórias coletivas, tendo como base diversas referências, entre as quais se destacam os programas oficiais para o ensino da disciplina, as produções historiográficas do IHGB, as visões de Oliveira Vianna e outros livros didáticos valorizados no mercado editorial da República. Nome: Áurea da Paz Pinheiro E-mail: cliocolibri@gmail.com Instituição: UFPI Título:Celebrações: santos e devotos na tradição oral Nos apropriamos dos métodos da história oral, etnografia e antropologia visual para apresentar formas, cores, movimentos, dramatizações, teatralizações e diálogos mediados entre devotos e santos protetores. Narramos histórias de fé, de religiosidade e de espiritualidade. Histórias de devoção popular que marcam o cotidiano de uma comunidade, que definem, aprofundam e fortalecem os vínculos de indivíduos uns com os outros e com seus ancestrais. Histórias presentes nas ruas, nas praças, nas casas, nos lugares de memória vivenciados, praticados e consumidos por fiéis em rituais, festas e celebrações tradicionais da cultura brasileira, nordestina e piauiense em particular. Histórias de homens, mulheres e crianças marcadas pela tradição cultural de um tempo presente, em rápida e constante transformação. O trabalho [ livro e documentário foram produzidos via Edital do Programa Monumenta/Iphan, do Ministério da Cultura, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e apoio técnico da Unesco. Atualmente, realizamos a distribuição e divulgação dos produtos audiovisuais acompanhadas de oficinas de educação patrimonial com alunos, professores da escola básica (ensino fundamental e médio) e ensino superior nas comunidades pesquisadas e seu entorno. Nome: Bruno Felippe Vieira E-mail: unesp.bruno@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: O ensino da história na permanência do patrimônio Visto o passado na perspectiva da perda em relação a um tempo de mudanças que forçosamente nos faz progredir, resgatar seus fragmentos através dos patrimônios históricos torna-se, mais que um ato, a representação de sua permanência. Acontece que a responsabilidade pela proteção da entendida herança de uma sociedade recai sobre frações de classes e na eleição que fazem acerca do que será preservado em nome da memória e da história da coletividade. O patrimônio torna-se, efetivamente um patrimônio, apenas dentro de um espaço social específico onde é reconhecido como tal, cabendo aos outros, o culto ignorante do processo. Partindo desta problemática e tendo como objeto de análise o município de Amparo, interior de São Paulo, este estudo visa um aprofundamento no conceito de patrimônio em seus correlatos: história e memória. Entendendo ser o pensamento do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), ainda muito ressoante neste sentido, sobretudo no significado que confere aos termos “experiência” e “aura”, “memória” e “história”; esta pesquisa procura uma aproximação destes com o conceito de patrimônio e com a prática educacional, (re)significando ambos para uma reconstrução sincrética das histórias e das memórias dos cidadãos. Nome: Maria Antônia Marçal E-mail: pacievitch@gmail.com Instituição: UEPG Nome: Caroline Pacievitch E-mail: ariammarcal@yahoo.com.br Instituição: Secretaria de Estado da Educação PR Título: Professores de História: identidades em construção Este artigo surgiu do entrecruzamento de projetos de pesquisa sobre o professor de História. Indagações sobre constituição e auto-constituição docente integra-

vam de forma geral os questionamentos. O artigo é fruto destes olhares: de um lado tem-se a reflexão sobre o fenômeno da consciência histórica e a formação de identidades e representações por parte de professores de história, com e apesar da formação institucional. Por outro lado, têm-se as reflexões relativas ao processo de constituição docente e os movimentos de autonomia e heteronomia evidenciados nos processos de formação continuada institucional desenvolvida tanto pela mantenedora e instituições de ensino superior. A autonomia, tema central desta pesquisa é concebida em movimento. Pretende-se consolidar reflexões sobre as experiências vividas dos professores de História, o processo de constituição de identidades e o ensino de História. A metodologia consiste nos dados obtidos nos dois trabalhos de pesquisa acima mencionados acrescidos ainda da experiência do mini-curso realizado durante a ANPUH (2008). Os aportes teóricos para o desenvolvimento deste são os escritos sobre consciência histórica, narrativa e identidade de Rüsen e Agnes Heller e as considerações de Freire, Giroux e Apple. Nome: Cássia Moura E-mail: cassia.moura@gmail.com Instituição: UFPI Título: História, memória e historiografia Iniciado em 2006, o projeto Histórias do Piauí tem por objetivo sistematizar e permitir o acesso à produção historiográfica piauiense e ao acervo documental público e privado para a construção de trabalhos na área de História. A proposta é disponibilizar material de pesquisa e didático de fácil acesso e consulta a todos aqueles que se interessam pela história do Brasil e do Piauí em particular. Acreditamos que pesquisas desta natureza possibilitam a construção de material didático e de pesquisa para alunos de graduação, pós-graduação, professores e alunos da escola básica. É importante assinalar a obrigatoriedade do ensino de História do Piauí nas escolas de ensino fundamental e médio do Estado, no entanto poucos são os recursos didáticos disponíveis, o que torna o ensino dessa temática problemático. Logo, em uma sociedade da informação, do conhecimento, não se pode negar o papel da comunicação via internet como instrumento didático cada vez mais acessível. Assim, disponibilizamos os resultados da pesquisa gradualmente no site www.historiasdopiaui.com. Nome: Célia Szniter Mentlik E-mail: csm2008@terra.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: O nome próprio como tema motivacional no ensino de História O propósito dessa comunicação é desenvolver a proposta da pesquisa do nome próprio e sobrenome de família do aluno como tema de atividade motivacional e de agregação de conteúdo nas séries iniciais de introdução do ensino de História. O signo de identificação que distingue cada indivíduo ao longo de sua existência parece constituir, em várias culturas, um bem simbólico de valor inestimável. Como palavras-chave ao campo do simbólico, tais signos abrem as portas a conteúdos importantes da herança cultural e afetiva de cada um, deflagrando várias vertentes de trabalho. Enquanto expressão do laço de pertinência à cadeia de gerações pregressas, e às particularidades herdadas, ou como investigação sobre a origem dessa escolha dos pais ou familiares e dos sobrenomes que a criança compartilha com seu núcleo familiar, bem como seus referenciais no espaço e no tempo, o tema concentra em si inúmeras possibilidades, uma vez que vincula diretamente a experiência vivida à herança individual e coletiva. A proposta envolveria inclusive a pesquisa, pela criança, das informações contidas nos documentos que atestam fatos sobre sua existência, como certidão de nascimento, carteira de saúde ou cédula de identidade, provendo assim suas primeiras experiências com a investigação histórica. Nome: Cláudia Engler Cury E-mail: claudiacury@terra.com.br Instituição: UFPB Nome: Isabella Oliveira de Andrade Virgínio E-mail: isabellavirginio@gmail.com Instituição: UFPB/PPGH Título: Educação patrimonial: possibilidades para o ensino de história Ao longo dos últimos dez anos os estudos acerca da educação patrimonial como possibilidade para o ensino de história têm se avolumado. O crescente interesse pelo campo de pesquisa e suas possibilidades para o ensino de história permite que pensemos em alguns movimentos que a sociedade brasileira, ou pelo menos parte dela, tem realizado na direção de uma relação com seu passado que leve em consideração: memórias, sensibilidades e “experiências” no sentido benjaminiano. As complexas relações existentes entre a memória, a história, a cultura, o ensino de história e a educação patrimonial, foco de muitas das reflexões que se dedicam ao tema, nos levou ao desenvolvimento de uma pesquisa cujo tema central é o estudo das práticas educativas que articulem a questão do Patrimônio

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39 Histórico e Cultural como objeto de construção/veiculação de uma cultura histórica escolar no município de João Pessoa/PB. O aporte teórico-metodológico está amparado na premissa que, a educação patrimonial constitui um elemento marcante de alfabetização cultural, na medida em que possibilita a formulação, por parte dos sujeitos sociais, de sensibilidades e identidades com relação à cidade onde circulam todos os dias entretidos com seus afazeres cotidianos. Nome: Cláudia Laurido Figueira E-mail: lauridofigueira.claudia48@gmail.com Instituição: CEULS/ULBRA Título: Identidade, memória e poder: o significado social do Sairé, prática cultural, reconstruída por moradores de Alter do Chão em 1973 O Sairé constitui numa prática cultural festejada na vila de Alter do Chão em Santarém do Pará. É uma festa popular que em 1943 foi proibida pela Igreja Católica. Moradores da vila em 1973 reorganizaram a festa a partir das lembranças dos antigos e romperam com o esquecimento ao trazerem para o cenário social sua compreensão de tradição, cultura e poder. O presente texto discutir a trajetória desses moradores que afirmaram sua identidade local através da memória entendida como instrumento de poder. Os fragmentos de lembranças foram articulados para compreender o sentido da memória que (re)significou o Sairé como festa expressiva da cultura local, por isso, utilizou-se a História Oral como metodologia para construir uma analise dos discursos dos sujeitos sociais envolvidos no processo de reorganização da festa, como lideranças e moradores antigos de Alter do Chão tendo como foco de discussão o período de 1973 a 1996. Nome: Elaine Lourenço E-mail: elainelou@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: O ensino de Estudos Sociais/História em São Paulo - década de 1970 O ensino de História pode ser olhado de diversos ângulos. Um deles se constitui nas práticas realizadas em sala de aula. Este trabalho tem como objetivo discutir a atuação de dois professores de Estudos Sociais/História, na rede pública estadual, no ensino de 5ª a 8ª séries do 1º grau, ao longo da década de 1970. Verificar como se processava a dinâmica das aulas, a utilização ou não de livros, os outros possíveis materiais utilizados, a relação com o currículo do período, expresso nos Guias curriculares propostos para as matérias do núcleo comum do ensino de 1o grau, conhecido como “Verdão”, por meio das entrevistas realizadas é o foco do trabalho. Nome: Elison Antônio Paim E-mail: elison@unochapeco.edu.br Instituição: UNOCHAPECÓ Título:Fazer-se professor em Escolas Multiseriadas no Oeste Catarinense: ensino de história No Oeste Catarinense as atividades educacionais foram se constituindo com a intensificação da colonização a partir de 1917. Inicialmente as atividades educacionais aconteceram apenas em algumas comunidades nas quais pessoas de forma individualizada preocupavam-se com a escolarização. Nas comunidades, especialmente as descendentes de alemães, foram sendo construídas as primeiras salas de aula em que se ensinava em dialetos das línguas de origem, pois havia uma quase total ausência do Estado enquanto promotor da educação até a década de 1940. Com a Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro proibiu que os imigrantes e seus descendentes falassem em suas línguas de origem. Assim, intensificaram-se as preocupações governamentais em levar uma educação mais formal para que, dentre outras coisas, os alunos fossem ensinados a falar português. Nesta pesquisa procuramos através de rememorações visibilizar os sujeitos realizadores da escolarização – os professores. Os dados foram buscados através de depoimentos orais. Aqui darei ênfase na metodologia de trabalho com conteúdos históricos. Esta pesquisa teve financiamento pela modalidade Balcão de Projetos da UNOCHAPECÓ. Colaboração da bolsista Lucélia Fellipeto. Nome: Emanuel Pereira Braz E-mail: epbraz@yahoo.com.br Instituição: UERN Título: A exploração dos conhecimentos prévios no ensino de História: habilidades cognitivas dos futuros professores de história O estudo aborda a exploração dos conhecimentos prévios no ensino de história, cujo objetivo de estudo está em investigar as habilidades cognitivas dos futuros professores para proporem atividades de ensino que possibilitem explorar os conhecimentos prévios no ensino básico sobre determinada temática dos conteúdos da disciplina história. É uma pesquisa de cunho exploratório, subsidiada pelas perspectivas da História Cultural e da pedagogia sócio-construtivista. A pesquisa registra que os futuros professores compreendem a exploração dos conhecimen-

tos prévios como uma necessidade pedagógica contemporânea sem estabelecer conexão lógica com o ensino baseado nos paradigmas da História Cultural. Nome: Francisca Simão de Souza E-mail: simonesouzahistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Co-autoria: Sheylla Barros Andrade Sousa Almeida E-mail: sheyllafroes@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Liceu do Ceará: a cultura escolar na visão dos memorialista Desenvolvendo conceitos de construção da memória da Instituição de ensino Liceu do Ceará, procuramos compreender as práticas escolares, assim como a formação dos professores que ali lecionavam, através da memória dos liceístas Gustavo Barroso, Blanchard Girão e outros. Da mesma forma, analisaremos os currículos do Liceu que ensejam práticas e saberes, em momentos históricos diferenciados pelos memorialistas, que fizeram parte do alunado do colégio em fins do século XIX e primeiras décadas do século XX. O padrão de ensino considerado de excelência e referencial para outros estabelecimentos escolares, a disciplina escolar, a avaliação de aprendizagem, além da participação significativa dos educandos nos movimentos sociais na cidade de Fortaleza e as práticas docentes expressas nos registros de memória dos liceístas, também serão objeto de análise. Portanto, procuramos compreender a cultura escolar da Instituição pública, formadora intelectual dos filhos da classe média, mas de difícil acesso a outros setores da sociedade cearense, devido o rigor dos exames de admissão, ocasionando exclusão de segmentos populares. Nome: Ilcéia de Oliveira Pinheiro E-mail: ilceiapinheiro@yahoo.com.br Instituição: UFF- Universidade Federal Fluminense Título :A política do livro didático de História: um estudo a partir do Programa Nacional do Livro Didático Este trabalho apresenta um estudo em andamento sobre a Política de distribuição de Livros Didáticos de História em todas as redes de ensino público pelo MEC/PNLD _ Programa Nacional do Livro Didático_ em contextos distintos: Estado Novo, Anos de Ditadura Militar e retorno a Democratização do país. Faremos nossa apresentação por meio de amostragens de resultados parciais através da pesquisa oral, com foco no aproveitamento e uso desse material no espaço escolar. Nome: João Batista Gonçalves Bueno E-mail: joaobgbueno@hotamil.com Instituição: Unicamp Título: Imagens visuais em livros didáticos de História - estudo de propostas de leituras Esta pesquisa estuda das variadas propostas de práticas de leitura de representações iconográficas, que se encontram em livros didáticos de História, a partir do final da década de 1960 até o final da década de 1990. Trabalho com mais destaque a relação entre os textos imagéticos, os textos escritos e os exercícios de aplicação de conteúdos. Proponho que os atos de visualidade dos documentos iconográficos detêm historicidade e que a prática de leitura de iconografias resultante desses atos é construída através dos interesses cognitivos de cada época. Procuro também, analisar algumas práticas de composição editorial das épocas de composição dos livros, algumas formas de apresentação dos exercícios e os textos que apresentam orientações teóricas sugeridas nos manuais dos professores procurando desvendar os caminhos que representem as transformações da visualidade na prática discursiva. Nome: Joaquim Justino Moura dos Santos E-mail: jjmsantos@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: Memórias, saberes e identidades do lugar O artigo trata de duas frentes de investigação desiguais que trilham um mesmo caminho: o do conhecimento e ensino da historia. Interessei-me a principio em explicar mudanças ocorridas entre 1950 e 1980, no bairro de Inhaúma (RJ). Ampliando de bairro para as freguesias de Inhaúma e Irajá, retrocedi à chegada dos primeiros colonos locais em fins do século XVI até a década de 1920, sob o prisma econômico e social, em terras hoje ocupadas por cerca de 50 bairros. Alvo de dissertação e depois de tese de doutorado, o estudo abriu uma nova frente de pesquisa, associada ao ensino médio e fundamental à qual dei o nome de História do Lugar. Articulando os resultados de meus estudos com a história das localidades do subúrbio em que lecionava no ensino médio, contei com a participação ativa de alunos: seu grau de interesse pela pesquisa superou todas as expectativas iniciais. Nosso objeto de reflexão aqui se insere nos campos da preservação da memória, dos saberes e identidades, que abordadas pelas comu-

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nidades escolares, são capazes de gerar, reproduzir e difundir saberes e formas de expressões culturais, essenciais para a preservação das identidades locais, afetadas pela invasão de práticas e visões homogeneizadoras e globalizantes que dominam a cena internacional da atualidade. Nome: Luis Fernando Cerri E-mail: lfcronos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa Título: Consciência histórica de jovens brasileiros, argentinos e uruguaios: dados preliminares A comunicação relata os dados iniciais da pesquisa “Jovens e a História”, desenvolvida pelos autores a partir de 2007. Trata-se de um survey intercultural que visa levantar os elementos pertinentes à aprendizagem histórica, consciência histórica e cultura política de jovens de 15 anos nos três países. O projeto é ainda um piloto para um survey mais amplo, e baseia-se em um questionário para alunos e outro para professores. Nos primeiros resultados já disponíveis, existem centenas de dados interessantes, mas nos ocuparemos de alguns dos mais destacados: a) embora participem das mesmas aulas, professores e alunos têm percepções distintas sobre a freqüência e a intensidade de metodologias e temas; b) os dados revelam que a renovação metodológica é escassa, mas alguns avanços historiográficos já são perceptíveis nas concepções dos alunos; c) os jovens concentram sua atenção em objetivos e interesses individuais e familiares, havendo significativo descrédito quanto a identidades político-territoriais mais amplas; e d) a visão predominante entre os alunos quanto ao regime militar é negativa, prevalecendo a opinião sintonizada com os seus opositores de fracasso econômico e crise dos direitos humanos e liberdades civis. Nome: Manoel Pereira de Macedo Neto E-mail: macedohistoria@uol.com.br Instituição: UFPB Título: Ensino de História no Brasil do século XIX e início do século XX: o papel do IHGB e do positivismo na construção do saber histórico a ser ensinado na sala de aula O presente artigo é produto dos debates e pesquisas realizados no âmbito do Mestrado em Educação da Universidade Federal da Paraíba. Na nossa pesquisa de mestrado sobre formação e prática educativa do professor de História na cidade de João pessoa, em andamento, desenvolvemos estudos acerca da constituição e evolução da História como disciplina escolar, que possibilitaram a elaboração desse trabalho. A proposta do artigo é fazer uma reflexão sobre a evolução do ensino de História no Brasil, especialmente sobre a influência do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do pensamento positivista na construção de saberes históricos ensinados na sala de aula. Para isso, analisamos a importância do IHGB na constituição da História como disciplina escolar no Brasil sua influência no ensino de História voltado à exaltação patriótica. Nesse processo, destacamos a importância de personagens como Joaquim Manoel de Macedo e Rocha Pombo, sócios do IHGB e professores do Colégio Pedro II, para a construção de saberes históricos utilizados em sala de aula. Dessa forma, concluímos que o ensino de História, longe de ser neutro, tem se constituído ao longo dos tempos em um espaço de permanentes lutas entre projetos e concepções diferentes. Nome: Maria Aparecida Lima dos Santos E-mail: maria_lima_historia@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Título: A expressão dos saberes históricos em textos escritos de crianças e adolescentes De uma maneira geral, é possível afirmar que o ensino escolar tem desconsiderado a natureza dialógica e multifacetada da linguagem no enfrentamento das dificuldades de leitura e escrita dos alunos. Nesse contexto, as formas de dizer dos estudantes têm sido consideradas como sintomas de falta, de insuficiência e mesmo de inferioridade. Assumindo como pressupostos reflexões produzidas no campo do ensino de História que tomam a escola como espaço dotado de uma cultura escolar, na qual os sujeitos que a compõem são portadores de saberes de diferentes naturezas, e considerando referenciais da Psicologia Cognitiva, da Lingüística e da Didática da Língua, pretendo apresentar nessa comunicação algumas reflexões advindas da análise dos textos escritos dos estudantes produzidos no âmbito das aulas de História. O objetivo principal da apresentação será destacar que o enfrentamento das questões que envolvem o desenvolvimento da competência escritora do estudante requer o cultivo de uma postura de responsividade ativa por parte dos docentes de História frente aos escritos dos estudantes. Compreendidas como espaços de trabalho lingüístico e de constituição de sentido, essa forma de olhar favorece o desenvolvimento de comportamentos pautados pela ética.

Nome: Maria Silvia Duarte Hadler E-mail: msilviadh@uol.com.br Instituição: Escola Comunitária de Campinas e FE/Unicamp Título: Cidade, educação dos sentidos e ensino de história A partir de discussões encaminhadas por diversos autores como Walter Benjamin, G.Simmel, R.Sennett, este trabalho se propõe a pensar nas diversas implicações que a movimentação, a circulação dos indivíduos pelos espaços da cidade podem produzir nas formas de sociabilidade, nas sensibilidades, nas formas de vinculação com esses espaços. A cidade e seus diversos equipamentos urbanos, expressando relações sócio-culturais e de poder, exercem, não de forma homogênea, uma função educadora sobre seus habitantes, contribuem para modelar formas de viver esse espaço. Na pesquisa realizada, com foco principal na cidade de Campinas, São Paulo, recortou-se, em momentos significativos, a presença dos bondes no cenário urbano. Assim, discute-se como, dentre os diversos equipamentos urbanos, o bonde, ao lado da imprensa, participou de um processo multifacetado de educação urbana dos cidadãos, de educação de suas sensibilidades. Essa discussão nos permite pensar a importância de se atentar para diversos processos de educação dos sentidos presentes no espaço urbano, processos esses que também configuram uma espécie de educação histórica, são portadores de concepções e saberes diversos imbricados em experiências vividas no espaço urbano e que de alguma forma adentram também os espaços escolares. Nome: Marisa Noda E-mail: marisanoda@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual do Norte do Paraná Título: Elaboração e efetivação de currículos oficiais: um estudo de caso das Diretrizes Curriculares de História do Estado do Paraná A idéia desta pesquisa é resultante das minhas atividades enquanto professora da rede pública de ensino básico e posteriormente docente de um curso universitário que forma professores, tem como objetivo de estudar o processo de elaboração e implementação das Diretrizes Curriculares de História da Educação Básica do Estado do Paraná, de 2006. Visa entender o caminho de um currículo. Como um documento curricular se transforma em aula? Qual o entendimento do professore sobre as Diretrizes? Existem dificuldades em se cumprir um currículo? Quais seriam estas dificuldades? É possível o cumprimento geral de um currículo? Quais seus limites? Assim a pesquisa visa entender o alcance de um currículo. Como os professores trabalham um novo currículo. Como o mediam em sala de aula. A discussão e a reflexão sobre este processo pode auxiliar na implementação de documentos oficiais no sistema escolar. Nome: Maurício Nunes Lobo E-mail: mauricio.lobo@unimes.br Instituição: Universidade Metropolitana de Santos Título: Diálogos de formação: a Proposta Curricular do Estado de São Paulo numa perspectiva de formação de professores de História De tempos em tempos são propostas reformulações nos currículos escolares dos sistemas públicos de educação básica no Brasil. Tais medidas propagam “uma melhor organização dos sistemas de ensino”, a tão falada melhoria da “qualidade da educação”, e ainda o “aprimoramento dos profissionais que integram tal sistema”. Malgradas as críticas freqüentes diante de quaisquer inovações, estas reformulações são impostas a todos os envolvidos no sistema educacional em questão, em especial, professores e alunos. Em 2008, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo elaborou uma “Proposta Curricular” por disciplinas para ser seguida por todas as escolas que integram esta rede estadual. As conseqüências de uma implementação curricular são múltiplas e interferem tanto nos agentes que já atuam na educação da rede, quanto os futuros agentes, ou melhor, os cursos de formação de professores. Nosso objetivo é investigar de que forma a “Proposta Curricular” do Estado de São Paulo interfere nos saberes e nas práticas necessárias para a formação dos futuros docentes de História. Para isso, propomos o diálogo entre professores e futuros professores de História, através de entrevistas organizadas a partir da mediação com o GT- Ensino de História da ANPUH –SP, e da análise do material coletado. Nome: Neire Amaral de Lima E-mail: neireamaral@bol.com.br Instituição: Faculdade Ipiranga Título: Memórias, identidades e culturas: Histórias, vivências e caminhos da comunidade negra de Pitimandeua (Inhangapi-PA) A pesquisa procura analisar a trajetória histórica da Comunidade Negra de Pitimandeua, localizada no município de Inhangapi, a 90 km de Belém. A memória dos moradores relacionadas à doação da terra e à ocupação por quilombolas, representam ponto de análise no trabalho, bem como, o cotidiano vivido, lutas políticas e sociais, as práticas culturais de trabalho, escolarização, religiosidade, saberes tradicionais e lazer. No entrecruzamento dos saberes empíricos, conheci-

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39 mentos historiográficos e antropológicos, desenvolvo a pesquisa. Além do mais, desenvolvo uma proposta pedagógica para professores do Ensino Fundamental, como caminhos para se pensar e realizar o ensino de nossa disciplina através dos estudos de História local. Nome: Pedrina Nunes Araújo E-mail: pedrinanunes@hotmail.com Instituição: UFPI Co-autoria: Áurea da Paz Pinheiro E-mail: cliocolibri@gmail.com Instituição: UFPI Título: Senhoras da fé. Identidade e patrimônio: uma análise historiográfica dos rituais de reza e cura das rezadeiras em Teresina (1960-2008) A pesquisa teve início ainda na graduação e atualmente está em fase reconstrução e se materializará em dissertação de mestrado [2009-2011]. O objeto de estudo são os rituais de cura e reza das rezadeiras da cidade de Teresina. A proposta é analisar as práticas, identificar nesses rituais elementos de sentimento e identidade piauienses, identificar essas práticas ritualísticas como manifestações de patrimônio imaterial. As formas de aprendizado das senhoras rezantes caracterizam uma maneira de transmissão oral da tradição construída em espaço familiar de solidariedades. O aprendizado está ligado ao sentimento e desejo de satisfação pessoal e demanda cultural do espaço onde vivem. Não há uma maneira única de aprendizado das rezas, cada senhora rezadeira desenvolve sua maneira própria de transmissão e execução das rezas. O suporte metodológico e teórico será buscado nas relações entre história, memória, patrimônio cultural, antropologia e etnografia. Nome: Ramofly Bicalho dos Santos E-mail: ramofly@gmail.com Instituição: UFRRJ Título: O projeto político-pedagógico emancipador e o ensino de história O projeto político-pedagógico (PPP) como possibilidades de expressão da gestão democrática e emancipatória, de valorização da escola como local de construção da cidadania plena, contrária às ações reprodutivistas e produtora das desigualdades, envolve-se na luta pela inclusão social e a defesa dos direitos humanos. Um projeto de educação que respeite educadores e educandos, as diferentes realidades de vida e a consolidação de culturas que valorizem os conflitos de idéias e a igualdade na produção do conhecimento. A conquista desse PPP constitui parte de um projeto nacional de disputa pela hegemonia, e inscreve-se como um dos componentes indispensáveis da estratégia das forças políticas em luta pelo alargamento da democracia na sociedade brasileira. As formas de pressão, de negociação, os mecanismos de decisão adotados e as tensões permanentes nas relações entre os envolvidos podem contribuir para a construção da consciência crítica e para o fortalecimento da autonomia intelectual. O PPP em sua relação com o ensino de história pode fortalecer espaços na luta pelo reconhecimento, identificar diferentes possibilidades de resistir coletivamente e assumir a inadiável implementação de escolas que valorizem os costumes, o cotidiano e as histórias de vida de brasileiros e brasileiras. Nome: Renata Maria Tamaso E-mail: renatamaria@uol.com.br Instituição: FIMI e Centro Paula Souza Título:Um passeio pela memória: experiências no ensino de História O Ensino de História nos últimos anos vêm ganhando espaço junto às associações e editoras como objeto de investigação. Além de outros fatores, entendemos que tal fato se deve pela necessidade de pensar a história como prática docente que vise acompanhar as transformações das últimas décadas que vêm levando a sociedade ao “presenteísmo” e transformando tudo em que vê em mercadoria, inclusive a história. Neste contexto, por estar ancorada no passado, a história é o objeto a ser descartado, já que não se aplica ao imediatismo exigido pelo presente. Sendo assim, grande parte das memórias e histórias “do lugar” passam a ser desconsideradas, ações estas justificadas em nome de um pseudo-progresso econômico-social ao qual a sociedade se sente amarrada. Tendo como premissa tais considerações, trazemos para discussão experiências docentes pautadas na interdisciplinaridade que buscaram por meio de objetos e documentos variados, refletir sobre a história local e regional como fator de preservação da memória. Tais experiências foram desenvolvidas em escolas de Ensino Fundamental e Médio ao longo de vários anos como docente em escolas públicas e privadas no Estado de São Paulo e que agora - como docente de Metodologia de Ensino de História - as transformo em objetos de reflexão. Nome: Ricardo de Aguiar Pacheco E-mail: pacheco_ricardo@yahoo.com.br Instituição: UFRGS

Título:Educação patrimonial e Estudo do Meio: metodologias de ensino na educação básica. Os PCN´s (1997) propõem que o ensino de história na educação básica parta de temas e objetos próximos ao contexto social do educando relacionando-os a outros tempos e/ou espaços. Para atender essa perspectiva muitos educadores utilizaram as metodologias da Educação Patrimonial e do Estudo do Meio. A primeira, segundo Maria de Lourdes Horta, é desenvolvida nas etapas da observação, registro, exploração e apropriação com vista a sensibilizar o educando para a importância da preservação dos elementos culturais. A segunda, para Circe Bitencourt, propõe a mediação didática da metodologia de pesquisa resumida nas etapas da problematização da realidade, coleta e análise dos dados, e intervenção no contexto estudado. No chão da sala de aula, contudo, estas metodologias têm se imbricado e inspirado experiências pedagógicas originais. Aqui desejamos refletir sobre as possibilidades dessas práticas pedagógicas contemporâneas. Nome: Rosa Maria Godoy Silveira E-mail: rosaclio@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: Cultura histórica e formação ética:os objetivos atitudinais no ensino de história Entre os objetivos do ensino das mais diversas disciplinas, na Educação Básica, com vistas à formação para a cidadania, os atitudinais são os de execução mais complexa. De um lado, porque, usualmente, em vários documentos oficiais e não oficiais, a eles é dada uma conotação genérica e moralista. De outro, porque os cursos de formação de professores não os abordam, centrados que são nos objetivos conceituais e procedimentais, decorrentes de uma perspectiva cientificista arraigada em tais cursos. Este trabalho empreende uma reflexão, com base em Ricouer, Benjamin e outros autores, e aponta sugestões práticas, sobre como trabalhar os objetivos atitudinais no ensino de História, a partir de seus conteúdos específicos, no sentido de construir pessoas com sensibilidade para a convivência fraterna na alteridade. Nome: Sandraque Micael Alves de Carvalho E-mail: micaeldicarvalho@hotmail.com Instituição: UFRN Título: Ensino de história e a formação da identidade local Essa comunicação visa expor os resultados de uma pesquisa cujo objetivo consistiu em discutir a relação entre os conteúdos da história local em Mossoró e a memória oficial da cidade, difundida pelo poder público municipal. Por meio de questionários aplicados aos alunos das escolas municipais de Ensino Fundamental identificamos a forte presença da história/memória oficial da cidade nesses dados. Assim, destacamos a maneira como os alunos explicitam os conteúdos da história local que já estudaram. A análise destas respostas aponta para uma possível fragilidade dessa identidade homogeneizante, que o poder local tenta difundir através de mecanismos de (re)memoração. Nome: Sheila Novais Rêgo E-mail: sheilarego3@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE Título: Uma compreensão em torno da formação, prática e saberes dos historiadores educadores formadores de professores nos cursos de licenciatura em História no estado do Ceará nos de 1980 a 2000 O presente texto tem como objetivo fazer uma compreensão sobre o papel do historiador educador formador de professores nos cursos de licenciatura em História no Estado do Ceará nos anos de 1980 a 2000. Busca por meio de uma cartografia mapear os percursos de formação, prática e saberes desses profissionais, que, em nosso entendimento assumem o papel de ser político e social prudente que visa o desenvolvimento do ser humano com base nos fins naturais, sociais e individuais. Portanto sua ação é a sua própria finalidade. Dessa forma, esse artigo ainda busca mostrar a face desses professores a partir de seus saberes em especial dos saberes experenciais ou específicos. Para tanto estudos foram necessários, como as idéias de Maurice Tardif que apresenta de forma satisfatória as diversas formas dos saberes docentes bem como os escritos de Michel Foucault, sobre o discurso e a instituição dos valores de verdade e ainda da professora Selva Guimarães sobre o ensino de História. Nome: Shirley Cardoso Gonçalves de Aguiar E-mail: shirleydeaguiar@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba Nome: Vânia Cristina da Silva E-mail: vaniac_historia@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: História, ensino e radiofusão: o projeto educacional varguista O ensino de História foi inserido nos currículos escolares como disciplina na

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primeira metade do século XIX logo após a independência cujos pressupostos eram orientados por uma tradição européia, em especial a francesa. A História nesta conjuntura vem a ser a disciplina, por excelência, formadora do espírito de nacionalidade, tornando-se deste modo, um instrumento poderoso na construção do Estado Nacional. Este artigo propõe apresentar a educação e o ensino de História produzido pela Era Vargas enquanto disseminação de um conjunto de idéias direcionadas para a criação de uma nova identidade nacional, volvida para o grande ideal que orientou a maioria das ações varguistas: a promoção da unidade nacional. Partindo dessa visão, apresentaremos o intercâmbio dos conhecimentos referentes ao currículo escolar, à educação e à história, por meio do uso do ensino de história, do rádio, da imprensa e propaganda, pois no elenco dos objetivos do governo de Vargas, a educação inseria-se como ferramenta de caráter político-ideológico, nos permitindo analisar o processo educacional e seus instrumentos pedagógicos como armas de propaganda do regime. Nome: Stela Pojuci Ferreira de Morais E-mail: cicimorais@terra.com.br Instituição: Universidade da Amazônia Título: O ensino de História nos tempos de ditadura: memórias de professoras normalistas em Belém do Pará O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa que tem como tema “A História nos cursos de formação de professores: uma análise histórica dos seus saberes e práticas”, o qual propõe-se a investigar que concepções historiográficas e educacionais nortearam o ensino de História no curso de formação de professores das séries iniciais, no período de vigência da Ditadura Militar, tendo como locus a antiga Escola Normal, intitulada no período acima identificado como Instituto de Educação do Pará, e como os professores e professoras formados por essa instituição de ensino ensinaram e estão ensinando a disciplina História em escolas públicas estaduais e municipais da cidade de Belém. Nome: Talita Veloso Cerveira E-mail: tvcerveira@gmail.com Instituição: UNESA Título:O estágio supervisionado de ensino de História na universidade privada: uma nova perspectiva O estágio supervisionado é disciplina obrigatória para os cursos de licenciatura no Brasil. O contato entre graduandos e o ambiente escolar proporciona aos prováveis futuros professores a oportunidade de conhecer a estrutura de seu ambiente de trabalho, bem como a vivenciar as diferentes relações nele inseridas. Especificamente em relação ao ensino da História, as Universidades públicas proporcionam a realização desta vivência, pois os alunos do meio acadêmico podem fazer a relação entre a teoria ensinada na faculdade e a prática nos colégios diretamente relacionados a ela. Nas universidades particulares, contudo, a realidade não é a mesma. Não existem colégios Aplicação. Nestas os alunos precisam procurar seu estágio nas escolas públicas ou particulares de acordo com a oferta. Este trabalho não tem como objetivo fazer uma crítica nem ressaltar essas diferenças, mas propor um novo olhar sobre o estágio supervisionado na Universidade particular, a partir do exemplo da experiência do trabalho desenvolvido no curso de História da Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro. Esse novo olhar pretende mostrar que o estágio no ensino de História no ensino superior pago não é pior do que no ensino público, mas possui suas especificidades. Nome: Virgínia Albuquerque de Castro Buarque E-mail: v-buarque@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título:Ensino de História e identidades locais: um projeto de formação docente Em 2008, no bojo da disciplina Estágio Supervisionado de História, graduandos e professora propusemo-nos a repensar a formação docente através da implementação de um projeto pedagógico, por nós denominado “Ensino de História e Identidades Locais”. Tal projeto volta-se à reconstituição da historicidade dos distritos de Mariana-MG (município que sedia o Curso de História da UFOP), tendo por protagonistas alunos do ensino básico regular (7ª. e 8ª. séries do nível fundamental). Sob uma perspectiva teórica e historiográfica, o projeto visa interpretar a realidade vivida pelos alunos de forma inter-relacional (global-local), dialógica (identidades plurais-direitos universais) e politizante (ética cidadã-políticas públicas). Já sob uma ótica social, este projeto intenta estabelecer novos laços entre a universidade, o espaço escolar e as comunidades, em prol do fortalecimento de uma consciência crítica e afetiva sobre o espaço vivido.

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40 40. Religiosidades: temas e paradigmas de análise Artur César Isaia – UFSC (arturci@uol.com.br) Maria Clara Tomaz Machado – Universidade Federal de Uberlândia (mclaratmachado@yahoo. com.br) 2 VHPLQiULR WHPiWLFR 5HOLJLRVLGDGHV WHPDV H SDUDGLJPDV GH DQiOLVHV VH SURS}H D VH WRUQDU XP HVSDoR GH trocas de experiências entre os diversos pesquisadores que têm como foco de suas análises a religião e a complexidade e dimensão que suas práticas assumem na vida dos sujeitos sociais investigados.

Resumos das comunicações Nome: Alaíze dos Santos Conceição E-mail: alaizesantos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: “Olhados e quebrantes, com dois te botai com três eu te tiro”: práticas culturais e catolicismo popular no cotidiano das rezadeiras. Governador Mangabeira – Recôncavo Sul da Bahia (1950-1970) A comunicação presente visa refletir acerca de algumas práticas culturais que permeiam o cotidiano e/ou universo religioso das Rezadeiras do município de Governador Mangabeira, levando em consideração a presença do catolicismo (re) significado, tido como popular, um misto das contribuições do catolicismo europeu associado a contribuições das populações afro-brasileiras. Assim, pretende-se investigar de que maneira o apego religioso pôde contribuir para pensarmos na formação identitária das Rezadeiras. Nome: Aldilene Marinho Cesar E-mail: aldicesar@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Transformações na cultura religiosa: os ciclos pictóricos da vida de Francisco de Assis na Itália dos séculos XIII ao XVI O objetivo desta comunicação é discutir algumas mudanças encontradas em alguns ciclos pictóricos da vida de São Francisco de Assis, produzidos na Itália, entre os séculos XIII e XVI, e suas relações com algumas transformações na religiosidade católica ocorridas na Península na época. Desde o primeiro grande conjunto de pinturas figurando cenas da vida do santo, executado por Giotto di Bondone, na Igreja superior da Basílica de Assis, é possível perceber que os ciclos que foram produzidos posteriormente, repetiam até o século XV, muitas vezes, as mesmas cenas e se inspiravam no modelo iconográfico construído por Giotto. Todavia, na iconografia franciscana produzida a partir das primeiras décadas do século XVI, verifica-se o surgimento de novas cenas, no lugar daquelas que até então compunham a legenda franciscana e o afastamento da tradição giottesca. Dessa forma, este trabalho pretende discutir algumas possíveis relações entre as mudanças verificadas nessa iconografia e alguns dos aspectos das transformações na cultura religiosa católica da Itália desse período. Nome: Ana Paula Rezende Macedo E-mail: aprm_7@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: Educação patrimonial, museu e religiosidade - uma experiência educacional no entorno da Usina Serra do Facão - GO Dentre as ações compensatórias da construção da usina Hidrelétrica Serra do Facão / Goiás, destacamos o Programa de Preservação Histórico – Cultural e mais especificamente as oficinas de educação patrimonial realizadas com os professores da rede pública dos municípios no entorno da construção da barragem. Tal atividade culminou com a criação de um museu temporário em que professores, alunos e comunidade envolvida expuseram objetos de cultural material e imaterial significativos para a memória, a tradição e a identidade cultural local, entre eles mereceram destaque aqueles que se referenciavam a religiosidade, as festas e crenças populares regionais. Neste viés, avaliamos a importância do patrimônio cultural e da religião para as cidades do interior do país, que são, inclusive, traduzidos na constituição de um museu que simbolicamente expressou suas raízes fundantes, comportamentos e ética social. Nome: André Nogueira E-mail: guazo08@gmail.com Instituição: COC/FIOCRUZ

Título: Os calundus e as Minas (século XVIII) A presente comunicação objetiva descortinar as diversificadas práticas coletivas de africanos e descendentes nas Minas Gerais do século XVIII, nomeadas geralmente como calundus. Interessa-nos sublinhar seus aspectos morfológicos – não raro impregnados de forte mestiçagem cultural –, as motivações por trás dessas cerimônias e as ações persecutórias que pesavam sobre seus agentes, com destaque para a atuação da Inquisição e das devassas eclesiásticas realizadas sob a égide dos bispados. Nome: Annie Larissa Garcia Neves Pontes E-mail: larissa_neves@yahoo.com.br Instituição: Escola Municipal do Ensino Fundamental Sen. Humberto Lucena Título: Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos: festas e funerais na Natal oitocentista As diversas Irmandades Religiosas criadas no Brasil durante os períodos Colonial e Imperial tinham como modelo as organizações fraternais portuguesas, difundidas desde o medievo. Tratavam-se de organizações fraternais com o objetivo de promover o culto a um santo devoto, e tinham por base a solidariedade e a sociabilidade, criando uma matriz de auto-ajuda e assistência que se desdobraria, assumindo características próprias de acordo com o contexto histórico das regiões em que cada uma delas se fixou. Entendendo o próprio ritual das procissões e ritos fúnebres como meios de ensino de uma História Bíblica Tridentina permeada de dogmas cristãos, calcados em um saber histórico de matriz ibérica e barroca, este trabalho pretende discutir dentro deste recorte a História e a Cultura Histórica natalenses do XIX, com foco especial sobre o imaginário que circunda o universo das irmandades religiosas potiguares, tomando como objeto a Irmandade de Senhor Bom Jesus dos Passos e as práticas ligadas às festas por ela organizadas e também às exéquias de seus irmanados, incluindo a análise de seus testamentos. Nome: Artur Cesar Isaia E-mail: arturci@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Apreensões contemporâneas da religião Esta comunicação tem como objeto a análise de algumas apreensões da religião reveladas por analistas contemporâneos. São aqui analisadas, sobretudo propostas centradas no diálogo ciência e religião, notadamente as contribuições dos chamados neo-darwinistas e seus detratores. Nome: Cairo Mohamad Ibrahim Katrib E-mail: cairo@pontal.ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlandia - Campus do Pontal Título: Nos caminhos da f(é)sta: sentidos sagrados e profanos da Festa do Congado em Catalão-GO A referida comunicação visa socializar os resultados obtidos com a pesquisa realizada sobre o Congado da cidade de Catalão-GO, localizada na região sudeste do Estado de Goiás, inserido no contexto das comemorações em louvor a Nossa Senhora do Rosário, fruto da tese de doutoramento onde procurei analisar como essa prática cultural foi sendo recriada no cotidiano dos congadeiros para continuar existindo e persistindo até os dias de hoje como parte fundante da cultura do município, sendo uma das maiores comemorações de cunho festivo-devocional do interior do país. Nos festejos, a partir do uso da memória e da oralidade, procurei recompor as histórias vividas, sentidas, os pertencimentos, as rupturas, os valores e todos os significados sagrados e profanos partilhados, principalmente, pelas famílias congadeiras que mantêm viva a prática do Congado como sinônimo de vida, de fé e de festa.

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Dessa forma, a intenção é refletir como a Festa, por meio de suas comemorações, ao longo de seus mais de 130 anos de realização, se transformou numa importante vitrine de projeção social e política à população do município, nelas se incorporando as teias de significados que compõem a festa de Nossa Senhora do Rosário em Catalão-GO. Nome: Caroline Luz e Silva Dias E-mail: c.decristo@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Neopentecostalismo e “Visão Celular no Modelo dos 12”: novas formas de ser protestante no Brasil A Reforma Protestante do século XVI e XVII apresentou diversas formas de se pensar e praticar o cristianismo e se distinguiam em diversos grupos, zwinglianos, luteranos, anglicanos, presbiterianos e anabatistas. No início do século XX, o protestantismo se tornou mais plural com o surgimento dos pentecostalismos que reelaboraram algumas doutrinas e práticas religiosas em relação ao protestantismo histórico. O pentecostalismo teve na reviviscência do pentecostes bíblico e o exercício dos dons do Espírito Santo o grande ponto de conflito doutrinário com o protestantismo histórico. No final da década de 1970 surgiu o neopentecostalismo, uma nova forma de ser protestante que se articulou com a cultura do mercado através da Teologia da Prosperidade, incentivando doutrinariamente seus adeptos a buscarem a felicidade e o enriquecimento, permitindo um novo engajamento nas questões sociais e políticas. A presente pesquisa tem como sujeito/objeto a “Visão Celular no Modelo dos 12”, um grupo neopentecostal que encontrou um grande número de adesões em Feira de Santana e baliza teórica a História Cultural e os conceitos de representação e apropriação de Roger Chartier e campo religioso de Pierre Bourdieu. Nome: Cláudia Neves da Silva E-mail: claudianeves@sercomtel.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: As ações assistenciais promovidas pelas igrejas pentecostais: um tema de investigação para a história das religiões A partir da constatação de que o crescimento das igrejas pentecostais tornou-se um importante fenômeno religioso, e tendo por objeto histórico a religião, mais especificamente, a história das religiões, surgiu o interesse de investigar como o aumento do pentecostalismo repercutiu na sociedade brasileira, mais especificamente na assistência social e as motivações de determinadas igrejas pentecostais ao se voltarem para esta área, até poucos anos atrás um campo inexplorado por seus líderes espirituais. Por meio de entrevistas com os pastores das igrejas que mantêm ou mantiveram instituições sócio-assistenciais, objetivou-se conhecer as razões que os levaram a ir além da oração para o atendimento aos excluídos de bens materiais e serviços sociais da comunidade. Nome: Danielle Rodrigues Amaro E-mail: danielle.amaro@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: A cruz desconhecida pelos demônios Em agosto de 2006, o artista Alexandre Vogler inscreveu a imagem de um tridente no Morro do Cruzeiro, localizado no município de Nova Iguaçu/ RJ. O desenho fez parte da oficina de arte pública, no Projeto Interferências Urbanas, evento promovido pela FUNARTE que contou com o apoio da prefeitura do município. Nas semanas que se seguiram após a realização do trabalho, este ganhou destaque em jornais populares devido a reposta da população e das autoridades locais ao trabalho do artista: o mal fora instalado na cidade de Nova Iguaçu, “uma cidade de Deus” segundo o prefeito Lindberg Farias, pelo artista Alexandre Vogler. O artista tentou ainda alegar que o tridente era, na realidade, uma associação ao deus Netuno (ou Poseidon), podendo ainda ser estabelecida uma leitura também em relação ao orixá Exu. O trabalho a ser apresentado, portanto, pretende analisar a ordem do discurso que se estabeleceu na cidade pela população e pelas autoridades políticas em resposta a imagem instalada pelo artista no Morro do Cruzeiro e a contra-resposta do artista. Deseja-se ainda relacionar o trabalho com uma análise histórica e sociocultural do tridente como parte iconográfica do Diabo, de Netuno e de Exu e as particularidades que o personagem Diabo toma no âmbito cultural brasileiro. Nome: Eduardo Guilherme de Moura Paegle E-mail: edpaegle@hotmail.com Instituição: UFSC Título: O culto com show entre os evangélicos brasileiros O trabalho busca relacionar os aspectos litúrgicos presentes entre os evangélicos brasileiros, trazendo e questão a idéia da visão do culto enquanto show ou espetáculo.

Nome: Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho E-mail: edumeinberg@gmail.com Instituição: UDESC Título: O rock n’roll de Rodolfo Abrantes como expressão musical da Bola de Neve Church: mídia, mercado e espetacularização da fé no tempo presente A forma de apropriação do “mercado dos bens de salvação (conforme Bourdieu)” visa, através de diferentes mídias, utilizar os conteúdos religiosos para conquistar o envolvimento e a adesão emocional de fiéis. É o “marketing de Deus”, identificado especialmente à canção gospel, que associa a mercantilização do sagrado e a utilização de linguagens contemporâneas. Entendo que as diferentes representações do discurso religioso inserido no tempo presente se moldam a uma sociedade do mercado, da mídia e do espetáculo, e tomando como exemplo dessas “igrejas midiatizadas” a Bola de Neve Church, pretendo abordar a sua reificação e inserção num mercado de bens simbólicos. Como expressão maior da canção gospel desta igreja neopentecostal uso como modelo o rock n’ roll de Rodolfo Abrantes, ex-líder do conjunto brasiliense Raimundos. Nome: Elder Monteiro de Araújo E-mail: araujoelder@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Co-autoria: Therezinha de Jesus Pinto Fraxe E-mail: tecafraxe@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Reflexões sobre as manifestações do pentecostalismo na comunidade Bom Jesus (AM) Este trabalho visa refletir sobre as manifestações religiosas na comunidade Bom Jesus, situada no município de Manacapuru (AM). Eminentemente pentecostal, a comunidade possui escola, associação de moradores e uma igreja evangélica, mas, apesar deste último fato, boa parcela dos seus moradores opta por freqüentar a igreja evangélica localizada na comunidade vizinha, Vila Sião. Esta divisão religiosa está vinculada a uma divisão política e a compreensão da relação entre esses grupos nos revela uma perspectiva de como está se desenvolvendo o “movimento evangélico” na Amazônia. Nome: Fabiane da Silva Andrade E-mail: fabhist@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia - Campus V Título: Cultura e religiosidade popular no Terno de Reis Humildes em Alegria - 1966 a 1993 A presente pesquisa se dedica a analisar as festividades do Terno de Reis Humildes em Alegria, que se desenvolveram na rua da Alegria, localizada no bairro do Andaiá, na cidade de Santo Antonio de Jesus –BA, entre os anos de 1966 e 1993. Para tanto, priorizamos as narrativas dos moradores da localidade a fim de levantarmos discussões acerca das peculiaridades do festejo organizado por D. Maria Bernardina de Jesus, senhora negra e moradora de um bairro periférico que, através de um sonho, recebeu a revelação para que fizesse a festividade de Reis, o que dá início não apenas a uma devoção pessoal, mas a uma festividade que passa a perpassar as vivências de grande parte dos moradores da localidade, mudando a dinâmica social da rua e ampliando as relações de poder estabelecidas entre D. Bernardina e os moradores locais. Assim, através das narrativas buscamos compreender as ressignificações da Festa de Reis do Humildes em Alegria, uma vez que, ao longo dos anos novos elementos foram agregados às apresentações do grupo expressando não apenas características do catolicismo popular, mas também elementos que rememoravam a religiosidade afro-brasileira. Nome: Fernanda Santos E-mail: fesantos09@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Espaços de negociações, conflitos e desistências de negros em Uberlândia (1980-2000) A proposta para esta comunicação é refletir sobre as práticas culturais afrobrasileiras presentes na cidade de Uberlândia enquanto um dos caminhos trilhados por negros em sua busca por espaço e reconhecimento social em uma sociedade que, freqüentemente, desqualifica e descaracteriza as suas práticas sociais. Nessa análise, privilegiamos os espaços relacionados à religiosidade de matriz africana, à congada, ao carnaval popular de rua, entre outros lugares que se constituem em palco das negociações e acordos, das pressões e enfrentamentos possíveis, bem como das muitas desistências que marcam a atuação histórica de mulheres e homens negros nessa cidade. Assim, são fontes históricas importantes a imprensa local, as narrativas orais, a documentação produzida

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40 por grupos de congados, escolas de samba e irmandades religiosas, como folders, atas e estatutos, projetos e ofícios encaminhados à Prefeitura Municipal de Uberlândia, bem como as respostas recebidas, entre outras, que nos ajudam a entender as múltiplas relações construídas por parcelas do segmento negro local, assim como os diferentes interesses envolvidos Nome: Gerson Machado E-mail: tounde@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Religiosidades afro-brasileiras em tempos pos-modernizantes Esta pesquisa discute aspectos de como as religiões afro-brasileiras, costumeiramente marcadas pela oralidade e pela tradição, se enfeixam em espaços marcados por relações e identidades líquidas que parecem atingir todas as consolidadas estruturas da sociedade ocidental. A pesquisa, sobretudo, aposta na viabilidade do uso das fontes orais para a análise dos discursos religiosos contemporâneos e enfoca duas temporalidades sucessivas, na cidade de Joinville/ SC. A primeira marcada pela consolidação das relações de capital e trabalho apoiadas no parque industrial e em discursos de identidades étnicas monolíticos que estabeleceram a fisiognomia da cidade e outra, mais recente, atingida pela desterritorialização do capital e das identidades. É importante destacar que as estratégias de consolidação desses espaços sagrados e das teias de relações que o constituem acabam se metamorfoseando em meio aos apelos que a sociedade apresenta. Os relatos colhidos apontam para o fato das pessoas, das mais variadas historicidades, transitarem e/ou ocuparem esses espaços religiosos motivados por variadas causas, mas todos, buscando uma pedra de ancoragem onde possam se apoiar. Nome: Gledson Ribeiro de Oliveira E-mail: gled.yeshua@gmail.com Instituição: UFC & Instituto PRAESERVARE Título: Sedução e conversão: igrejas batistas e presbiterianas no campo religioso cearense (1960-2000) Nessa pesquisa proponho investigar a experiência sócio-histórica das igrejas batistas e presbiterianas a partir do campo religioso cearense dos anos 1960 ao ano 2000. Caracterizado, ao mesmo tempo, como um período de eventos conturbados, repressivos, criativos, e de ‘abertura’ política que reconfiguraram o espaço social brasileiro este período também foi aquele em que o campo religioso católico e evangélico tornou-se o epicentro das lutas, conflitos e transformações sociais ao irromper “as portas das igrejas” e ganhar o espaço público. Microuniverso dessas transformações, no Ceará, e mesmo que o catolicismo e o pentecostalismo possuíssem, aparentemente, uma estrutura mais eficiente e organizada de produção e reprodução de seu habitus (Bourdieu) ou ‘estrutura de sentimentos’ (Raymond Williams) os batistas e presbiterianos conseguiram manter um crescimento e influência proporcionais às dificuldades no campo religioso. O reconhecimento social dessas igrejas nos últimos 40 anos, traduzido na ampliação de membros e de igrejas no espaço público, parece ser equivalente ao conjunto de estratégias bem sucedidas na produção e reprodução desse habitus. Com efeito, perguntamos pelo processo sócio-histórico em que essas estratégias de investimento se realizaram no campo religioso cearense. Nome: Igor José Trabuco da Silva E-mail: igorjtrabuco@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: A Assembléia de Deus de Feira de Santana em sua atuação político – religiosa “Tu não participarás!” Este mandamento bíblico foi seguido pelos grupos protestantes ao se defrontarem com diversos aspectos da vida social mundana, sobretudo valores que pudessem levar à corrupção do homem, como a vida política, conforme atestavam os mesmos. Para alguns grupos ainda é regra de ouro, para outros mereceu uma revisão. Ou seja, grupos religiosos oriundos do protestantismo passaram de uma oposição à atuação política para uma participação propriamente dita, com membros de seu grupo religioso se candidatando a cargos políticos de modo a expressar valores e interesses protestantes amplamente. São os grupos que aderiram à atuação política com membros exercendo funções nas variadas esferas política o objetivo desta comunicação. Será discutido, mais especificamente, a atuação política do grupo pentecostal da Assembléia de Deus de Feira de Santana, dada a visibilidade deste grupo religioso em um período de mudanças de valores e costumes do grupo religiosos, bem como na cidade feirense em um momento de crescente modernização da cidade decorrente da instalação do Centro Industrial do Subaé. O período em questão envolve os anos de 1972 a 1990, que tomam por base a atuação política do assembleiano Gerson Gomes, por este ter se destacado na atuação política feirense.

Nome: Jaqueline Mota E-mail: jaquemota@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Casamento e corpo na confissão dos índios em um manual de penitentes em tupi da primeira metade do século XVIII no Pará O tema da pesquisa é a confissão indígena, situada temporalmente no século XVIII e espacialmente no Pará. A justificativa do projeto é a possibilidade de delinear um quadro acerca da sexualidade indígena na confissão dos índios da região do baixo Amazonas na primeira metade do século XVIII. A fonte principal é o confessionário de 1751, documento anônimo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A problemática reside em apresentar, por meio da análise das perguntas dos confessionários, qual o ideal de casamento e do corpo cristão que os padres almejavam construir entre os índios missionados. Por meio das perguntas do confessor ao índio, serão analisados o casamento, as concepções de luxúria e de corpo tomadas pelos jesuítas na região do Baixo Amazonas (Pará) no século XVIII. O confessionário jesuítico de 1751, manuscrito e específico para aquela região, será comparado com o Confessionário de Araújo (1618/1686) que representou a versão oficializada do discurso jesuítico cristão em tupi, já que foi impresso(1618) e reeditado (1686) para todas as missões da Companhia de Jesus. Nome: João Gabriel da Rocha Oliveira E-mail: john.minolta@gmail.com Instituição: UFRRJ Título: Gênero e literatura religiosa na Gnose Cristã dos séculos II e III d.C. A partir de um corpo selecionado de textos relacionados à tradição dos movimentos gnósticos cristãos, tais como alguns dos presentes na Biblioteca de Nag Hammadi e no Papiro Berlinense, por exemplo, buscaremos distingui-los por temática, traçando pontos de convergência e divergência. Abordaremos as relações que envolveram homens e mulheres nesse ambiente de efervescência cultural e religiosa; atravessando a sua produção textual de modo a encontrar nela um apoio para situar os vestígios de sua organização. Procuramos, ainda, enfatizar o pensamento representado na sua forma escrita, no intuito de proporcionar uma referência gráfica das diversas formas de contato com o divino. Então, através desse esforço, alçar à luz características que nos permitam aprofundar a compreensão, do ponto de vista sócio-cultural, sobre a disposição desses grupos gnósticos cristãos. Mergulhando na literatura produzida, poderemos chegar a conclusões relativas às representações mentais inerentes a esses indivíduos e como esses textos refletiram ou sintetizaram, de alguma forma, o pensamento desses microcosmos sociais e seu posicionamento, principalmente, no que concerne à questão sexual e a estrutura relacional da díade homemmulher, antagonias e complementaridades. Nome: Karina Kosicki Bellotti E-mail: karinakbellotti@yahoo.com Instituição: UNICAMP Título: “Desfrutando a vida diária”: a cultura do bem-estar na mídia evangélica no Brasil (anos 1980 a 2000) Apresentamos os resultados parciais da pesquisa de pós-doutorado em História financiada pela Fapesp, em que analisamos sob a perspectiva da História Cultural os discursos sobre o bem-estar físico, material e emocional presentes na mídia evangélica no Brasil dos anos 1980 até os 2000, produzida por autores evangélicos brasileiros e americanos de grande circulação em nosso país. Estudamos uma “mídia de manutenção” para evangélicos adultos, que oferece ferramentas para permanecer na fé cristã em meios às adversidades do cotidiano. Além disso, por meio dessas fontes investigamos como a autonomia religiosa é fomentada por esses ministérios, e como essa mídia aconselha os evangélicos a viverem bem no “mundo”, sem fazerem parte dele. Lançamos a hipótese de que esse discurso divulga uma mentalidade que alia consumo e bem-estar espiritual e material, servindo de importante suporte para o supermercado cultural evangélico pós-moderno. Ao direcionar seu foco para o empreendedorismo individual em sintonia com um plano divino, esse discurso aponta um caminho seguro em que os evangélicos adultos estabeleceriam uma parceria com Deus no governo de sua saúde, de seus relacionamentos, de seu emocional e de seu espírito. Nome: Lindolfo Anderson Martelli E-mail: lindolfomartelli@yahoo.com.br Instituição: UFSC Título: O pentecostalismo em alteridade ao comunismo: construções imaginárias sobre “o mal que precede o fim dos tempos” Logo após a formação do Concílio das Assembléias de Deus nos Estados Unidos (1914), os missionários suecos de orientação pentecostal que vieram para

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o Brasil (1911) passaram a organizar os neófitos e estruturar em moldes mais burocráticos o grupo de fiéis alinhando-se às orientações do movimento pentecostal estadunidense. Rapidamente intensificou-se a presença de missionários estadunidenses, que trouxeram não somente a teologia, mas concepções de mundo e sociedade. Esta pesquisa discute como os princípios teológicos-escatológicos defendidos nos EUA são resignificados pelos pentecostais no Brasil, e de que maneira fortaleceu um posicionamento anticomunista dentro das Assembléias de Deus brasileiras nos primeiros 30 anos da igreja. Ao investigar a construção deste imaginário sobre o fim dos tempos é possível perceber que os comunistas são inseridos como parte do processo de aniquilação do mundo e do extermínio do mal, representados como cooperadores das forças do diabo. Elucidar como esse imaginário é construído na literatura assembleiana trabalhando na dinâmica da alteridade e da guerra religiosa entre as forças do bem e do mal é a proposta deste trabalho. Nome: Luciana Aparecida de Souza Mendes E-mail: lucianahistoria@hotmail.com Instituição: UFMS Título: Um olhar histórico sobre as Folias e Reis em Três Lagoas e sua circularidade religiosa A presente comunicação tem por objetivo refletir a respeito da Festa de Santos Reis na cidade de Três Lagoas-MS, que se inicia anualmente no dia vinte e quatro de dezembro com término em seis de janeiro. A partir do panorama dado pela discussão em torno do religioso e do sagrado, pontuaremos a forma como as Folias de Reis atuam na cidade, e como seus devotos vivenciam esta experiência. É importante ainda apontar os trânsitos religiosos que ocorrem na festa na referida cidade, pois mesmo que os devotos dos Reis Magos definam-se unanimemente como católicos, é possível observar como transitam por outros grupos religiosos como o espiritismo e a umbanda. Nome: Lúcio Vânio Moraes E-mail: lucio.v.m@bol.com.br Instituição: UFSC Título: Concorrência mercadológica e reprodução do imaginário católico: o uso do Catecismo na Escola de Educação Básica Manoel Gomes Baltazar- Maracajá-SC (1959) Esta comunicação pretende entender a reprodução do imaginário católico em uma escola pública na cidade de Maracajá, sul de Santa Catarina, analisando a atuação do pároco frei Eusébio Ferreto na constituição do educandário e formação do currículo. A pesquisa evidenciou que o pároco trouxe religiosas da Congregação de Santa Catarina- Rio de Janeiro, a fim de trabalhar na direção da escola e divulgar o saber católico aos estudantes. A leitura que se faz é baseada nos pensamentos de Peter Berger que trabalha com a noção de mercado religioso, ao investigar as preocupações de frei Eusébio ao presenciar a chegada de outras agências religiosas na cidade. Notou-se que como a Igreja Católica estava no campo de disputas no mercado, a mesma desejava sair vencedora e isso despertou que o frei atuasse no campo da educação para reproduzir o saber católico. Percebeu-se que além do material produzido pelas religiosas, dos livros que estavam incluídos no programa da educação, o Catecismo era também considerado um livro didático para ser utilizado principalmente pela professora de Religião e pela catequista. Nome: Marcela Melo de Carvalho E-mail: marcelamcarvalho@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO Título: Candomblés na belle époque carioca A presente comunicação visa esboçar um mapa dos candomblés na belle époque carioca a partir das informações encontradas nas reportagens publicadas por Paulo Barreto (João do Rio) na Gazeta de Notícias e na Revista Kosmos em 1904 e 1905. Somando-se a isto, pretende-se realizar uma reflexão sobre o lugar social dos candomblés na belle époque carioca sob o olhar curioso e temeroso das elites. Nome: Marcelo Rodrigues Dias E-mail: marcelohistorialambari@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ Título: Repressão ao curandeirismo na Comarca do rio das mortes na segunda metade do oitocentos Os artifícios das curas mágicas e das feitiçarias ocorreram intensamente nas Minas Gerais da segunda metade dos oitocentos. Na região que abrange a comarca do rio das mortes não foi diferente. É o que atesta a documentação criminal pertencente às fontes do Arquivo do Museu Regional de São João delRei e do Acervo do Fórum de Oliveira. Os documentos revelam aspectos da repressão às práticas consideradas ilegais de cura disseminadas na sociedade da

época, assim como as práticas de feitiçaria, mostrando quais eram seus métodos, seus saberes e sua inserção nos diversos grupos sociais, bem como as ações de criminalização que buscavam coibir estas práticas. Os processos datam de 1847 a 1898 e são originais e importantes fontes para o esclarecimento do tema. Parece inquestionável que no bojo de um processo civilizatório em que a ciência preconizava o desencantamento do mundo, a influência do misticismo e das práticas mágicas sobre a mentalidade da sociedade era mais poderosa do que se podia imaginar. E apesar da intolerância oficial das autoridades, os curandeiros e feiticeiros exerciam um significativo papel social nas Minas Gerais da segunda metade do século XIX. Nome: Marcos José Diniz Silva E-mail: diniz.silva@secrel.com.br Instituição: UECE Título: Maçons, espíritas e católicos nos embates religiosos da Primeira República no Ceará Entre as décadas de 1910 e 1930, confrontam-se no espaço público cearense diversos agentes adeptos da Maçonaria e do Espiritismo, boa parte deles com dupla pertença, com representantes da hierarquia católica e sua intelectualidade laica. Estava em jogo, para os primeiros, o exercício da liberdade religiosa e dos fundamentos laicos do Estado brasileiro, estabelecidos pela Constituição de 1891, como condições para a difusão de outras perspectivas religiosas, como o Espiritismo e a religiosidade de corte esotérico-cristão, presente na Maçonaria; para os últimos, em processo de recomposição institucional num Estado secularizado, colocava-se a defesa pela hierarquia católica de seu predomínio no campo religioso cearense. Percebe-se, nas relações entre os dois campos em disputa, a constituição de uma configuração ou rede intelectual de caráter moderno-espiritualista, constituída primordialmente de maçons e espíritas imprimindo, por exemplo, uma nova orientação moral e religiosa no enfrentamento da “questão social”, com amplo apoio da imprensa leiga, em grande parte formada e dirigida por maçons; enquanto enfrentavam campanha diária de desqualificação religiosa, institucional e política, por parte do clero e intelectualidade católica através do jornal O Nordeste. Nome: Maria Clara Tomaz Machado E-mail: mclaratmachado@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Os desvalidos da sorte: a Santa Casa de Misericórdia e o controle dos excluídos sociais (Uberlândia - 1918-1980) A partir do século XIX as artes e os ofícios de curar exercidos por práticos cederam lugar para uma medicina alopática, cujas estratégias pressupunham um controle dos corpos como parte da consolidação de mundo burguês. Este trabalho elege a Santa Casa de Misericórdia como uma instituição que integra uma rede de dispositivos de controle dos excluídos sociais de Uberlândia-MG. Os Vicentinos, em nome do assistencialismo e da caridade religiosa, foram partícipes dos projetos políticos da ordem e do progresso, cujo principal intento era a dominação e disciplinarização urbana. Nome: Mauro Passos E-mail: mauruspax@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Título: Do singular ao plural – história e desdobramentos do catolicismo em Belo Horizonte: 1970 - 1980 Esta comunicação visa estudar o movimento do catolicismo em Belo Horizonte, a partir de diversos atores históricos no arco de tempo de 1970-1980. Procuro analisar as rupturas e permanências que circunscrevem sua história. Esse tema faz parte de uma pesquisa mais ampla intitulada: “Entre cruzes e encruzilhadas: história, movimento e desdobramentos do catolicismo em Minas Gerais (1960-1990)”, iniciada pelo Grupo de Pesquisa: “Cristianismo, Política e Educação no Brasil Republicano”. Várias questões norteiam o trabalho, tais como: o que une os diversos atores em torno de trajetórias coletivas? Como cristãos se constroem como sujeitos históricos? Que dilemas enfrentam para equacionar fé e política? Como entrelaçar o movimento religioso com as questões sociais? O período que antecede ao Concílio Vaticano II comporta uma série de movimento no catolicismo, envolvendo leigos e padres. Após esse evento novas experiências foram feitas no campo religioso, por um lado. Por outro, surgiram também conflitos e problemas. O eco conciliar trouxe novas motivações que modificaram o cenário religioso em Belo Horizonte. O catolicismo foi abrindo novos percursos em sua prática e em seu movimento. Tudo isso traduzia a necessidade de unir fé e ação. A tessitura de uma nova história começava seu trajeto. Nome: Onildo Reis David E-mail: ordavid@ig.com.br

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40 Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Viva Santo Reis: fé, tradição, cultura e memória de comunidades negras rurais na Chapada Diamantina-Ba (1930-2000) Muitos reisados da zona rural tiveram origem ou foram reforçados a partir de promessa feita por algum membro da comunidade. A folia de Santo Reis da comunidade negra do Mulungu, situado a cinco quilômetros da sede do município de Boninal, na zona agrícola da Chapada Diamantina existe há pelo menos 150 anos, mas correu o risco de acabar, quando uma forte seca na região, em 1932, ocasionou a fome e a emigração dos mulunguenses para Barra da Estiva, grande produtora de farinha à época. Foi então que Onorina Maria da Conceição fez a promessa de festejar Santo Reis com reza e comida para por fim a crise e evitar o completo êxodo. O propósito desse trabalho é discutir a relação entre a tradição do reisado, a seca, a migração e o contexto político em comunidades rurais negras da região da Chapada Diamantina-Ba entre 1930 - 2000. Nome: Paulo Augusto Tamanini E-mail: paulo.udesc@terra.com.br Instituição: UDESC Título: O cantinho do ícone: o uso da imagem sagrada como linguagem simbólica e instrumento modulador da cultura A Igreja ortodoxa, como instituição, contribuiu na modelagem da cultura de certos grupos étnicos (gregos, ucranianos e russos) servindo também como veículo de normatização de condutas, impedindo que possíveis rupturas pudessem eclodir, em nome da Tradição e costumes. O presente artigo pretende analisar como a imagem iconográfica presente na Igreja Ortodoxa Ucraniana era percebida, sentida e usada na experiência cotidiana de famílias imigrantes ucranianas em Papanduva – SC, município localizado no norte catarinense. Observa-se que a Igreja ortodoxa, presente na cidade desde 1931, se apresentava como instituição formadora e reguladora das formas do viver dentro da família, casas, vizinhanças que, de certa forma, estava relacionado com o poder da imagem e a imagem do poder desta instituição religiosa. Para as análises, busco observar relações que possibilitem reflexões acerca das categorias como identidade religiosa e imagem entrelaçadas com a imigração, onde é possível perceber construções culturais e rupturas. A análise do discurso, na perspectiva da construção de subjetividades, auxilia no entendimento de como o grupo de imigrantes tece para si a auto-imagem. Nome: Paulo Lima de Brito E-mail: plimabrito@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Vale do Acaraú Título: Práticas fúnebres e religiosas: “memórias” e “esquecimentos” no cemitério municipal São José. Fortaleza/CE (1920-2007) Esta pesquisa tem por objetivo identificar e analisar alguns dos elementos representativos dessas crenças identificadas nesse cemitério municipal, administrado pela Prefeitura de Fortaleza. Sendo eles: cristã (católicos e protestantes), espíritas, culto afro descendente: (candomblé, umbanda e quimbanda), Maçons. Encontramos nele uma série de representações simbólicas, que integram as diversas ritualísticas em relação à morte dos sepultados ali; e uma vez transposto para o cemitério, são acrescidos de outros valores e significados. Objetivando entender como se efetiva a “memória”, e ou o “esquecimento” neste espaço “sacralizado”. Realizaremos um inventário para cada jazigo selecionado; segundo as fichas inventarias da pesquisadora Tânia Andrade de Lima (1994), também com base nas pesquisas desenvolvidas no cemitério dos Imigrantes de Joinville (Fontoura, 2007) e um manual elaborado por Eliane Veras da Veiga (2004) que indicou quais as categorias deveriam compor um inventário. Adaptando essa pesquisa ao inventário juntamente com as tipologias de Borges (2004) e Bellomo (2008); levando em consideração às particularidades encontradas no Cemitério São José. Utilizando a metodologia proposta por Erwin Panofsky, em seu livro “O Significado nas artes visuais”. Nome: Rafaelle Setúbal Gomes de Abreu E-mail: rafaellesetubal@hotmail.com Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Os ex-votos de Trindade e a cultura popular As questões do Imaginário e do Religioso ganharam uma inegável importância na historiografia mundial. Tentar buscar e compreender os nexos e as relações sociais e religiosas como forma de expressão humana, tem conduzido os historiadores a discutirem e investigarem esse tema. Diferentemente do caráter religioso oficial, as práticas votivas possuem características de uma sociedade miscigenada, com influências de culturas européias, africanas, indígenas brasileiras, o que a deixa distante em relação à liturgia oficial. O tema desse trabalho é o estudo das práticas votivas na Cidade de Trindade – GO, surgido pela necessidade de uma compreensão de uma possível inserção do ex-voto

na religiosidade popular. O ex-voto enquanto Cultura Popular é uma fonte reveladora dos aspectos da relação do homem/mulher, com Deus, a presença do sagrado e do milagre na vida desses indivíduos, o que contribui aos historiadores, um estudo das práticas populares religiosas. Os ex-votos como fonte utilizada, permitem um contato com alguns aspectos da religiosidade popular. Mas isso só é possível quando ocorre um contato com as imagens e as legendas dos ex-votos. Confessar uma doença, uma situação de aflição, revela aspectos da vida cotidiana e da vivência religiosa. Nome: Raphael Alberto Ribeiro E-mail: raphaelhis@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Loucura, espiritismo e obsessão: práticas de intervenção psiquiátrica/espírita na cidade de Uberaba-MG (1933-1980) A legitimação do espiritismo no Brasil foi marcada, em boa parte de sua história, pelas práticas assistencialistas. O imaginário de que os espíritas são pessoas caridosas ajudou a diluir a carga negativa que circunda entorno desta religião, vista por muitos como doutrina diabólica, que “mexe” com espíritos. A perspectiva deste trabalho é pensar o cuidado que esta religião destinou ao tratamento da loucura. Desta perspectiva, será enfocado o Sanatório Espírita de Uberaba/MG, criado em 1933 e mantido pelos espíritas. O inusitado desta instituição é o fato de que o psiquiatra era também espírita e promovia um tratamento no viés desta religião, o que não ocorria nas diversas outras cidades brasileiras. Desde ponto de vista, será de fundamental importância analisarmos as relações de disputas na cidade de Uberaba pela disputa da memória, pela legitimação do espiritismo, utilizando-se de práticas de institucionalização da loucura travestidas de caridade. Nome: Rosângela Wosiack Zulian E-mail: rzulian@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa Título: O céu como pátria: uma leitura da carta pastoral de 1957 de D. Antonio Mazzarotto, primeiro bispo da Diocese de Ponta Grossa (PR) D. Antonio Mazzarotto foi o primeiro bispo da Diocese de Ponta Grossa (PR) no período 1930-1965. Nesta sociedade, locus de disputa de projetos múltiplos e desiguais, D. Antonio representou o esforço unificador e normatizador da instituição católica. Para isso, comunicou-se com os fiéis, dentre outras formas, por meio de cartas pastorais, veiculando o programa da Restauração Católica para a diocese. Inserido numa determinada tradição espiritual suas representações discursivas explicitaram simultaneamente a influência da formação e a construção de sentidos singulares na mensagem anunciada. Em uma de suas cartas pastorais, intitulada A Nossa Pátria (1957), argumentava que, se a Redenção tem força de projeção infinita, também outros mundos com outros habitantes poderiam ter recebido a mensagem salvífica e teriam a possibilidade de partilhar da bem-aventurança da Jerusalém celeste. D. Antonio jogou não apenas com a certeza de racionalidades existentes ou pré-existentes em outros orbes, mas, ao unir passado, presente e futuro na perspectiva da salvação, atualizou teológica e discursivamente o drama da Paixão e Morte de Cristo e a Redenção “de todo o universo”. Compreender os sentidos desse jogo discursivo é a proposta da comunicação. Nome: Victor Augustus Graciotto Silva E-mail: victoraugustus@yahoo.com.br Instituição: PDE/SEED Título: Benzedeiras de Curitiba: tradição ou modernidade? A partir do registro e identificação das benzedeiras como patrimônio cultural de Curitiba, que resultou no mapeamento de parte significativa das benzedeiras de Curitiba atualmente em atividade, propomos neste simpósio levar reflexões resultantes da pesquisa realizada, que em síntese preocupou-se em compreender o fenômeno religioso da crença nas benzedeiras através da percepção que elas têm de si e que a sociedade tem delas. Neste contexto de sociedade moderna desencantada que se percebe atualmente retornando a uma religiosidade, onde a modernidade e a tradição estabelecem conflitos e práticas que resignificam o contexto cultural, buscamos analisar as causas e compreender o processo histórico da construção da representação e do imaginário dessas benzedeiras categorizadas pela historiografia como tradicionais. Para tanto utilizaremos metodologias e conceituações oriundas de estudos sobre a religiosidade popular, da antropologia religiosa, da história oral e memória coletiva, tendo como fontes jornais de época e entrevistas com benzedeiras e benzidos.

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41. Revoltas e insurreiçþes no Brasil - do SĂŠc. XVII ao XIX Luciano Raposo de Almeida Figueiredo – Universidade Federal Fluminense (lucianoraposo@ uol.com.br) Marco Antonio Villela Pamplona – PUC/RJ (pamplona@puc-rio.br) Estudiosos de diversas partes do Brasil debateram aspectos das lutas polĂ­ticas e discutiram experiĂŞncias de pesquisa entre os sĂŠculos XVII e XIX. A riqueza das discussĂľes torna mais ainda vĂĄlidas as palavras com que anunciamos aquele encontro, a ser renovado e ampliado. &RQVLGHUDPRV R WHPD GR QRVVR VLPSyVLR ² ´5HYROWDV H LQVXUUHLo}HV QR %UDVLO VpFV ;9,, ;,;Âľ ² RSRUWXQR SDUD VH UHWRPDU XP YHOKR H DLQGD LPSRUWDQWH GHEDWH R GDV UHYROWDV H LQVXUUHLo}HV SRSXODUHV HQTXDQWR IRUPDV HVSHFtĂ€FDV GH OXWD SROtWLFD SRU YH]HV DV ~QLFDV SRVVtYHLV SDUD RV PXLWRV SDUWLFLSDQWHV de grupos e setores das sociedades sem representação institucional junto ao Estado.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Romeiro E-mail: adriana.romeiro@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais TĂ­tulo: Entre a rebeldia e a submissĂŁo: protesto, tradição e cultura polĂ­tica em Minas Gerais, na primeira metade do sĂŠculo XVIII Esta comunicação pretende examinar o repertĂłrio de concepçþes polĂ­ticas, presentes no discurso polĂ­tico dos protagonistas das revoltas mineiras da primeira metade do sĂŠculo XVIII, com o objetivo de problematizar a emergĂŞncia de valores ligados Ă cultura polĂ­tica de carĂĄter popular do Antigo Regime portuguĂŞs. Trata-se de investigar, para alĂŠm dos motins e revoltas, a existĂŞncia de uma linguagem polĂ­tica comum, ancorada, por sua vez, em idĂŠias e valores disseminados por todo o universo luso-brasileiro. Nome: Alexandre Rodrigues de Souza E-mail: axrs@bol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: FamĂ­lia, poder e revolta em Minas no sĂŠculo XVIII Na AmĂŠrica portuguesa, mesmo as comunidades mais afastadas do poder rĂŠgio, procuraram estabelecer seus privilĂŠgios, tendo em vista a manutenção de seus domĂ­nios. A regiĂŁo do sertĂŁo do SĂŁo Francisco desde seu processo de povoamento esteve sob a ocupação de grandes “potentadosâ€? locais, que ao longo dos anos foram erguendo uma sociedade baseada nas relaçþes sociais e de parentesco. Pretendemos analisar como se deu a formação dos laços familiares e das redes de sociabilidade estabelecidas pela famĂ­lia Cardoso no sertĂŁo do SĂŁo Francisco durante o sĂŠculo XVIII, particularmente em dois acontecimentos marcantes. Primeiramente, no processo de povoamento do sertĂŁo e posteriormente no contexto da revolta de 1736. Desse modo, procura-se compreender, por meio desses acontecimentos, a importância que essa famĂ­lia exerceu nesses dois episĂłdios. Nome: AndrĂŠa Lisly Gonçalves E-mail: alisly@terra.com.br Instituição: UFOP TĂ­tulo: As revoltas do perĂ­odo Regencial e o poder camarĂĄrio: Minas Gerais, 1831-1833 Os personagens que serĂŁo aqui apresentados estiveram envolvidos nas mobilizaçþes polĂ­ticas que ocorreram na provĂ­ncia de Minas Gerais, nos anos iniciais da RegĂŞncia. Em um perĂ­odo de intensas disputas polĂ­ticas em torno de diferentes projetos de organização do Estado Nacional, aqueles que serĂŁo examinados se destacaram como lideranças restauradoras, estando Ă frente da sedição de 22 de março de 1833, registrada como a Revolta do Ano da Fumaça. Um conjunto de fatores identificaria esse grupo que se uniu em torno da restauração: o fato de ocuparem postos elevados nas milĂ­cias, uma forma de organização militar tributĂĄria do perĂ­odo colonial; a disposição em mobilizar setores Ă­nfimos da população em torno de suas disputas polĂ­ticas, fiando-se na força dos vĂ­nculos clientelares tecidos em um contexto social que reproduzia, naturalmente, as hierarquias e a eleição da Câmara como lĂłcus privilegiado de exercĂ­cio de poder polĂ­tico. Uma perspectiva que nĂŁo se confunde com o fato de atuarem restritos ao que futuramente se configurariam como ĂłrgĂŁos de poder local, mas na perspectiva de que as Câmaras seguiam sendo o ĂłrgĂŁo de representação corporativa – e nĂŁo representativo, como era de se supor em uma Monarquia Constitucional – que melhor promovia a relação entre os sĂşditos e o monarca.

Nome: Antonio Filipe Pereira Caetano E-mail: afpereiracaetano@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Alagoas TĂ­tulo: Entre drogas e cachaça: a Revolta da Cachaça, a Revolta de Beckman e a polĂ­tica colonial portuguesa A AmĂŠrica Portuguesa viu emergir os movimentos contestadores no sĂŠculo XVII, em 1660 os proprietĂĄrios de terra do interior da capitania se inflamavam contra Salvador Correia de SĂĄ e Benavides; e, vinte e quatro anos depois, era a vez dos moradores de SĂŁo Luis usurparem o poder de Francisco de SĂĄ e Menezes. Apesar de estarem temporalmente e geograficamente distintas, as duas revoltas guardam muitas semelhanças em suas prĂĄticas que vĂŁo alĂŠm das estruturas do Antigo Regime na AmĂŠrica. Sendo assim, a presente comunicação tem por objetivo apresentar alguns elementos que aproximam e que afastam os dois movimentos sociais seiscentistas. Nome: Carolina Chaves Ferro E-mail: carolina.ferro@gmail.com Instituição: UFF TĂ­tulo: Uma opção Ă rebeliĂŁo na Bahia: prĂĄticas de contestação diferenciadas na ĂŠpoca moderna Diversas revoltas e insurreiçþes ocorreram durante toda a Idade Moderna na AmĂŠrica Portuguesa. Sabemos que muitas dessas contestaçþes em nada se diferem de prĂĄticas exercidas em Portugal e em outras localidades da Europa, especialmente no que tange aos direitos costumeiros. As prĂĄticas barrocas sĂŁo as mais variadas, contudo costumam conter um teatro, mais ou menos organizado, no qual os indivĂ­duos dos mais diversos grupos sociais se unem em prol do bem comum. Esta apresentação pretende mostrar que existem outras formas de contestação, que nĂŁo as mais conhecidas pela historiografia, mas que irritavam igualmente tanto os homens da governança local, como aqueles que se encontravam no Reino. Assim, identificamos na Bahia setecentista e em outros locais, formas polĂ­ticas distintas, com grupos sociais especĂ­ficos e reivindicaçþes bastante direcionadas. Entretanto, assim como nas revoltas mais conhecidas, tais prĂĄticas fazem parte da cultura barroca nas mais diversas localidades. O trabalho tem como objetivos identificar tais prĂĄticas e comparĂĄ-las com as que estavam em atuação na Europa no mesmo perĂ­odo. Nome: Celio de Souza Mota E-mail: celio.mota@bol.com.br Instituição: UNEB TĂ­tulo: “Cada um soldado ĂŠ cidadĂŁo mormente os homens pardos, e pretos...â€?: a luta dos homens de cor fardados por ascensĂŁo social em Salvador, em 1798 Esta comunicação aborda a luta dos homens de cor, livres ou libertos, membros das organizaçþes militares em Salvador, no final do sĂŠculo XVIII, por ascensĂŁo social, numa complexa teia de tensĂľes sociais e raciais, que ganham visibilidade na “Revolução dos Alfaiatesâ€?. Assim, para compreender o papel desempenhado pela população livre de cor, naquele sĂŠculo, notadamente, os “pardosâ€?, ĂŠ fundamental analisar os espaços reservados a essa camada de cor na sociedade baiana nesse perĂ­odo, determinando suas condiçþes de vida, mobilidade ocupacional e grau de interação na sociedade mais ampla. Nessa sociedade marcada pela diversidade de “coresâ€? e hierarquias, a organização militar foi palco das reivindicaçþes desses homens. Nesta perspectiva, analisando-se as reformas de suas estruturas institucionais e os desejos e aspiraçþes sociais dos “pardosâ€?, toma-se o conflito de 1798 como janela privilegiada de observação do mundo dos homens de

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41 cor fardados em Salvador no final do século XVIII. Nome: Claudete Maria Miranda Dias E-mail: clau@ufpi.edu.br Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: A Balaiada 170 anos depois Entre dezembro de 2008 a agosto de 2011, completa-se 170 anos da Balaiada, um dos mais importantes movimentos sociais do século XIX, ocorrido no Maranhão e Piauí - estendendo-se para o Ceará, Bahia e Pará. Iniciado em 13 de dezembro de 1838 prolongou-se até meados de 1841, insere-se no longo, penoso e violento processo de lutas pela Independência política do Brasil (1789 a 1850). Após 170 anos é preciso mostrar a importância de um movimento que teve intensa participação da população em luta pelo fim da escravidão, das arbitrariedades do recrutamento militar e da Lei dos Prefeitos. De um lado, grandes proprietários de terra e escravos, autoridades provinciais e comerciantes - as oligarquias locais que ascenderam ao poder político com a “proclamação da independência” do Brasil; de outro, vaqueiros, artesãos, lavradores, escravos e pequenos fazendeiros - mestiços, mulatos, sertanejos, índios e negros. Ao final de quase três anos de violentos combates e intensa repressão armada o movimento é derrotado pelas tropas armadas comandadas por autoridades do governo regencial que passaram para a história como heróis enquanto os rebeldes ficaram conhecidos como bandidos. Nome: Fabiano Vilaça dos Santos E-mail: fabianovilaca@bol.com.br Instituição: Revista de História da Biblioteca Nacional Título: A Sedição do Engenho do Itapecuru: um projeto de troca de soberania no Grão-Pará (1755) O ano de 1755 foi pródigo em mudanças para o Estado do Grão-Pará e Maranhão. As mais importantes foram as leis de liberdade dos índios, consubstanciadas no Diretório (1757) e a criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, encarregada, dentre outros objetivos, do fornecimento de mão-de-obra africana. Tais inovações alteraram sensivelmente o cotidiano dos colonos da região, transformando-a em palco de um ensaio de sedição que previa a troca de soberania: os “féis” súditos de D. José I, sentindo-se injustiçados com a privação do braço indígena, estariam dispostos a prestar vassalagem ao monarca francês. Segundo relatos de autoridades, a sedição teria sido urdida por jesuítas em conluio com senhores de engenho descontentes com a “violência” da medida tomada pela Coroa portuguesa. Os proprietários teriam supostamente escrito uma carta ao governador de Caiena, prometendo facilitar a conquista do Estado pelos franceses, caso o seu rei mantivesse a escravidão indígena. À luz da produção historiográfica recente, serão abordados, além das características e motivações da sedição, outros aspectos correlatos, como certa experiência da revolta na região amazônica – evocada pelas autoridades – vinculada à questão da liberdade dos índios e à fundação de companhias monopolistas. Nome: Flavio José Gomes Cabral E-mail: gomescabral@uol.com.br Instituição: Faculdades Integradas da Vitória de Sto Antão Título: “A notícia do Porto já se transmitiu aqui”: armações sediciosas em Pernambuco - 1820 Em meados de novembro de 1820 foi descoberta em Pernambuco uma sedição planejada nas casas e nos quartéis com o objetivo de derrubar o governador régio e instaurar na província um governo de junta provisória conforme recomendava a revolução constitucionalista deflagrada naquele ano na cidade portuguesa do Porto. A pesquisa procura demonstrar que durante as articulações sediciosas, tudo feito na surdina, além da propaganda de boca em boca muito importante para se cooptarem pessoas, os insurgentes utilizarem velhos recursos para denunciar o regime absoluto como cartas, bilhetes e pasquins além de ter contado com o apoio da maçonaria que atuava na clandestinidade. Após a descoberta da sedição muitos foram presos e suas principais lideranças expulsas para a Ásia e para a África. Nome: João Henrique Ferreira de Castro E-mail: jhfcastro@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: A repressão no Império ultramarino português: o caso da Revolta de Vila Rica Os estudos sobre as revoltas do período colonial concentram-se na lógica da organização dos levantes. A motivação dos revoltosos e suas formas de ação foram avaliadas pelos historiadores, em especial pelos que atribuem a lógica das revoltas como um sinal de insatisfação com o poder imposto

pela metrópole. Todavia, tais estudos não se atem a lógica da repressão. Tal situação deixam vagas as formas de repressão a estes movimentos que estão inseridas na lógica do Império Ultramarino Português e do direito jurisdicionalista do Antigo Regime. O caso da Revolta de Vila Rica, em que o conde de Assumar é constantemente acusado pela historiografia de abusar de sua jurisdição nas punições, ganha um novo sentido quando se analisam algumas correspondências trocadas entre Brasil e Portugal durante a década de 1710 em que representantes da Coroa no Brasil solicitam poderes para punir eventuais revoltosos. Recomendações da Coroa portuguesa aparecem na documentação e legitimam as formas de repressão usadas na revolta. Este trabalho se propõe a resgatar este cenário mostrando como o rigor e a violência se legitimam como instrumentos de ação dos oficiais portugueses a partir deste período e que o caso da revolta mineira está inserido em um processo amplo que engloba todo o Império Português. Nome: Joaquim Antonio de Novais Filho E-mail: novaisfilho@yahoo.com.br Instituição: UESB Título: Antonio Conselheiro sob dois pontos de vista contemporâneos da guerra de Canudos A comunicação pretende apresentar aspectos relevantes da representação de Antônio Conselheiro nos escritos de dois contemporâneos da guerra de Canudos (1896-7). De um lado, a representação jornalístico-literária, do já célebre, Machado de Assis. De outro, a representação épica, sem muito engenho, do tropeiro Manuel Pedro das Dores Bombinho. Este concluiu em 1898, com base na sua participação na quarta expedição militar, um longo poema sobre o conflito no sertão baiano. Com múltiplas representações, Antônio Conselheiro tornou-se centro das atenções na imprensa desde bem antes da guerra. Era corrente a idéia de que Canudos era um foco monarquista. Estava preparada assim a legitimação do massacre. No entanto, temos aqui duas opiniões que trazem particularidades reveladoras. Na capital federal, Machado de Assis é um dos poucos que protestam, ainda que ambiguamente, contra o tratamento dispensado aos sertanejos e seu líder. No teatro de operações, o sertanejo Manuel Bombinho assume atitude de exaltação dos militares que combateram os seguidores do Conselheiro. Sendo assim estamos diante de duas representações contrastantes desse episódio. Ambas, entretanto, permitem iluminar aspectos relacionados ao local de produção e da percepção da guerra por seus contemporâneos. Nome: Keile Socorro Leite Felix E-mail: keilefelix@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: “Espíritos Inflamados”: divergências de projetos políticos no Ceará para a construção do Estado nacional brasileiro, 1831-1840 Esta pesquisa analisa a revolta que teve início em 1831 no Ceará e que a historiografia convencionou chamar de revolta de Pinto Madeira. Em contato com as fontes pesquisadas: ofícios e avisos ministeriais, atas das câmaras, constituição de 1824, código do processo criminal, jornais, correspondências, entre outros, percebemos que mais do que disputas e rixas locais a revolta foi fruto de divergências políticas de como deveria ser conduzido o processo de independência e até mesmo se esse processo deveria ser realizado. Assim, nosso objetivo é analisar como se deu a discussão no Ceará sobre o processo de construção do Estado Nacional compreendendo como foi se dando a formação dos principais grupos que levaram a frente a defesa de seus projetos e a que interesse cada projeto se vinculava e ainda, refletir sobre a participação das elites regionais na configuração do Estado imperial. Nosso objeto de pesquisa está inserido num período de transição, do sistema colonial para a formação do Estado Nacional, e por isso é rico em possibilidades de análises, à medida que pesquisamos percebemos o quanto o Ceará é marcado pela falta de consensos e como estes grupos locais vão, tomando por base o debate nacional, buscar manter-se no poder a partir da defesa de projetos políticos divergentes. Nome: Lea Maria Carrer Iamashita E-mail: leacarrer@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasília Título: A historiografia das rebeliões regenciais e as representações políticas rebeldes A proposta do artigo é refletir sobre as representações políticas de grupos rebeldes populares, discutindo a tendência historiográfica de articular as rebeliões regenciais ao processo de independência do Brasil, atribuindo às rebeliões o significado político de frustração pela não obtenção das promessas e expectativas geradas nas lutas da independência.

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Nome: Luciano Raposo de Almeida Figueiredo E-mail: lucianoraposo@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Tradição interpretativa e caminhos recentes nos estudos dos movimentos sociais - (I) Cultura barroca e Antigo Regime Os motins, sedições e protestos que ocorrem na América portuguesa vem merecendo estudos em todos os quadrantes. Se guardam em comum a rejeição ao nativismo e simplificações que marcaram algumas das tradições interpretativas, as contribuições recentes aparecem hoje dispersas, pouco convergentes a uma primeira mirada. Não é apenas um balanço historiográfico que se propõe aqui. Pretende-se também nessa comunicação examinar as linhas de força do contexto histórico em que as revoltas se formaram. Algumas perguntas podem auxiliar no encaminhamento: é possível identificar matrizes interpretativas comuns? De que maneira se conectam com o conceito de Antigo Sistema colonial, interpretação fundadora da revisão historiográfica sobre o Brasil colônia? Quais seus vínculos com as recentes análises baseadas no poder e nas teorias corporativas do Antigo Regime? Tal esforço pode vir a servir para aproximar os padrões das investigações que vem emergindo nas ricas análises de estudos de caso. Nome: Luis Balkar Sá Peixoto Pinheiro E-mail: balkar@ufam.edu.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: O ensaio geral da Cabanagem: Manaus, 1832 A história da cidade de Manaus (outrora Vila da Barra do Rio Negro) é repleta de episódios marcantes, embora pouco freqüentados pelos estudiosos de seu passado e de todo desconhecidos de seus moradores. Desde seus primórdios, ainda como acanhado núcleo colonial adstrito à fortificação militar erguida em 1669, o lugarejo já enfrentara dissensões e revoltas que, por vezes, colocavam em risco sua sobrevivência. Sem direitos ou garantias e inexistindo canais de representação política, os populares de Manaus nem por isso deixavam de participar da cena política e, como em outros lugares, encontraram nos motins um espaço por onde podiam encaminhar suas reivindicações e protestos. Assim, durante toda a primeira metade do século XIX, Manaus vivenciou diversos levantes populares, que tinham como características invariáveis um senso muito particular de justiça popular pautada na ação direta e violenta que incidia contra aqueles que eram identificados pela massa oprimida como sendo os responsáveis por suas desventuras. Em 1832 a cidade explode numa de suas maiores insurreições e é possível ver nela, seja por seus ideários, seja por seus atores e métodos, as marcas maiores que caracterizariam, anos depois, o mais importante movimento popular de massas ocorrido em toda a Amazônia: a Cabanagem. Nome: Marco Antonio Villela Pamplona E-mail: pamplona@puc-rio.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / PUCRio Título: Tradição interpretativa e caminhos recentes nos estudos dos movimentos sociais - (II) Crise do Antigo Regime e lutas de independência É nosso objetivo apresentar um panorama geral dos referenciais de análise que têm marcado o estudo dos movimentos e revoltas nas Américas portuguesa e espanhola de final do século XVIII e início do século XIX. Recorrendo à contextualização, sublinharemos a maior participação popular e a crescente politização propiciadas pela conjuntura das guerras de independência. À luz de trabalhos monográficos mais recentes sobre alguns desses casos, e numa perspectiva de comparação com manifestações semelhantes ocorridas à época em outros espaços americanos, proporemos repensar certos lugares comuns das interpretações correntes da historiografia do protesto popular. Nome: Neusa Fernandes E-mail: neusafer@terra.com.br Instituição: Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro Título: A Revolta do vintém Movimento de revolta popular, no Rio de Janeiro, no início do ano de 1880, marcou um novo estilo político na cidade que, pela primeira vez, assistiu um confronto armado entre os manifestantes e as autoridades policiais. O aumento de 20 réis, isto é, um vintém, novo imposto criado para o transporte urbano foi o motivo desencadeante para uma revolta violenta, que reuniu conflitos distintos e expôs as tensões populares. Passeatas, comícios, reuniões públicas, relações entre parlamentares, advogados e os líderes do motim, imprensa militante, caracterizam a revolta que significou

uma transformação da cultura política da cidade e firmou o exercício da cidadania no Rio de Janeiro. Nome: Nivia Pombo Cirne dos Santos E-mail: niviapombo@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Sedição e liberdade: conjuração e abertura dos portos na Bahia (1798-1808) Mal pisara em terras soteropolitanas, o príncipe regente D. João recebeu de José da Silva Lisboa uma representação dos comerciantes de Salvador solicitando o fim da exclusividade do comércio com Portugal. Queixavam-se do imenso prejuízo provocado pelo acúmulo de caixas de açúcar e tabaco nos portos, após o bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte em 1806. Nas entrelinhas da petição, percebe-se a insatisfação colonial e a intimidade dos seus proponentes com a linguagem do liberalismo econômico europeu. A idéia de liberdade de comércio não brotou naquele momento. Fora plantada em terreno fértil dez anos antes, em 1798, quando Salvador serviu de cenário para uma revolta de mulatos pobres que apavorou as autoridades. No dia 12 de agosto, as ruas da cidade apareceram repletas de panfletos sediciosos. Reivindicavam soluções para problemas imediatos, como o aumento do soldo das tropas, mas também reformas ousadas, como o fim da escravidão e a liberdade de se comerciar com outras nações. O objetivo é refletir sobre o ideário de liberdade econômica presente na Conjuração dos Alfaiates e na Abertura dos Portos, e apresentar subsídios para as reflexões em torno dos mecanismos de circulação das idéias e das formas de sociabilidade no Brasil em fins do século XVIII. Nome: Patricia Valim E-mail: patriciavalim@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Quando a frouxidão administrativa é cara ao Real Ânimo: projetos políticos por ocasião da Conjuração Baiana de 1798 A circunstância das investigações dos partícipes e dos réus da Conjuração Baiana de 1798 leva-nos à atuação política de um grupo de notáveis daquela sociedade liderados pelo então Secretário de Estado José Pires de Carvalho e Albuquerque, que encabeçou o movimento de “prontaentrega” de escravos à justiça. Esse episódio é paradigmático da atuação política pouco ortodoxa desse grupo nos principais órgãos da administração local, decorrente, segundo alguns contemporâneos, da “frouxidão” com a qual d. Fernando José de Portugal e Castro conduzia os interesses metropolitanos na Bahia. Não obstante, o modus operandi do governador agradou e muito o Real Ânimo, pois tudo leva a crer que suas ações fazem parte de um projeto político envolvendo o grupo de notáveis de sua administração que, no final do século XVIII, coexistia em oposição ao projeto político do grupo de d. Rodrigo de Sousa Coutinho. Na expectativa de encontrar formas de superação às tensões políticas e econômicas daquela conjuntura, o projeto político vencedor foi o do grupo de d. Fernando José de Portugal e Castro, que assume o Vice-Reinado em 1801. A hipótese a esse respeito é que o desfecho final da Conjuração Baiana de 1798 foi determinante, pois demonstrou a reversibilidade da crise política do sistema colonial. Nome: Pedro Zanquetta Junior E-mail: pedro.zanquetta@hotmail.com Instituição: UNESP Título: As zonas de sombra da memória (estudo sobre as Sedições militares ‘exaltadas’ no Rio de Janeiro de 1831) Este trabalho tem como proposta um estudo sobre a memória histórica construída acerca das Sedições Militares, de influência liberal exaltada, ocorridas em julho e outubro de 1831 no Rio de Janeiro pós-Abdicação. Tal estudo pretende analisar, com base nas considerações expostas por François Dosse, Pierre Nora e Hanna Arendt em relação à problematização da memória pela história, as interpretações relativas a esses eventos realizadas pela historiografia. Tendo como base a análise realizada em 1871 pelo membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Manoel Duarte Moreira de Azevedo e o estudo de 1967 do professor da Universidade de São Paulo, Paulo Pereira de Castro publicado na coleção História Geral da Civilização Brasileira, objetiva-se primeiramente, identificar o porquê desses eventos situarem-se em uma zona de sombra e esquecimento dentro da memória nacional e ainda, avaliar, nos momentos em que foram eleitos para uma abordagem, quais traços de seu presente foram buscados pelos autores nas suas construções sobre as Sedições Militares de 1831, visando justificá-los, negá-los ou reconstruí-los de acordo com a temporalidade em questão.

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41 Nome: Renata Franco Saavedra E-mail: refsaavedra@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: Marimbondos: política e estado no Brasil do século XIX O presente trabalho faz uma reflexão acerca da revolta popular citada em seu título, explorando o lugar do Estado no imaginário dos revoltosos, cujas ações ressignificam papéis estatais. A Guerra dos Marimbondos foi uma revolta popular ocorrida em 1852, em reação a dois decretos que instituiriam o registro formal da população brasileira: o Regulamento do Registro de Nascimentos e Óbitos e a Lei do Censo. Os revoltosos – concentrados na província de Pernambuco – pautaram-se pelo boato de que tais decretos seriam apenas um pretexto do governo, já que o objetivo real do Estado seria a escravização dos homens livres e pobres. Tomando a Guerra dos Marimbondos como ponto de partida para uma reflexão acerca da dinâmica política-sociedade no Brasil oitocentista, abordo principalmente as seguintes questões: a(s) cidadania(s) e suas formas de exercício, discutindo-a(s) sobretudo como objeto de disputa; a instabilidade da escravidão enquanto instituição e prática; o processo de secularização, consolidação dos estados e positivação do direito (em que se inserem as estatísticas e recenseamentos, como suporte administrativo) em que se localiza o Brasil oitocentista; e a discussão, inspirada em Thompson, das diferentes esferas do direito e suas funções como mediador cultural. Nome: Rodrigo Leonardo de Sousa Oliveira E-mail: rodufop@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Bandos armados e instituições políticas nas Minas setecentistas Este Trabalho pretende enfocar as relações entre a criminalidade coletiva e instituições políticas nas Minas setecentistas. Para isso, analisamos as ações dos bandos armados da Mantiqueira e Macacu. Em seguida, construímos uma série de hipóteses que pudessem explicar as razões que levaram os respectivos bandoleiros a atuar por um relativo espaço de tempo em suas áreas. A quadrilha da Mantiqueira agia por meio da rapina nos sertões da Mantiqueira entre os prováveis anos de 1780 a 1784. Eram compostos por ciganos e mestiços carijós. Já o bando do “Mão de Luva” agia nos sertões das Cachoeiras de Macacu nos anos que vão de 1765 a 1786. Composto por brancos, escravos, libertos e indígenas, este bando ocupava-se do extravio de ouro para o Rio de Janeiro, procurando, dessa forma, fugir dos registros e dos destacamentos localizados naquelas proximidades. Em geral, consideramos que a busca efetuada por diversos atores sociais por lucro e por prestígio, a litigância do aparelhamento policial, a configuração geográfica dos sertões, a ineficácia das “áreas proibidas” e os interesses privados propiciaram o relativo sucesso dos salteadores em estudo. Nome: Sérgio Armando Diniz Guerra Filho E-mail: sergioarmando@ig.com.br Instituição: Secretaria da Educação do Estado da Bahia Título: 1831 e as definições nacionais na Bahia: debates antilusitanos O ano de 1831 tem, para a história brasileira, o signo das tensões em torno do Imperador Dom Pedro I, que desaguaram na sua abdicação. Na Bahia, as notícias chegadas do Rio de Janeiro precipitaram atritos e embates em torno da figura do imperador, mas também em torno dos portugueses que moravam na província. Reavivavam richas que, desde 1822, contrapunham portugueses e brasileiros, algumas vezes de forma violenta, como nos episódios conhecidos como “mata-marotos”. No calor dos acontecimentos, vários documentos – petições, listas, abaixo-assinados, resoluções – endereçadas às autoridades provinciais, exigiam a expulsão de portugueses e outras providências contra os mesmos, ou iam em sua defesa. Tais documentos desvelavam posições políticas, noções de Estado, cidadania e concepções identitárias acerca da nação brasileira, remetendo-se a temas e episódios do período da “Guerra da Bahia”.

reio Barsiliense - não só o que veio a ser noticiado, mas, particularmente, a forma como tais notícias vieram a circular, buscando assim identificar o maior ou menor silenciamento sobre a experiência em questão, bem como as comparações e/ou ilações com o que então ocorria no Reino do Brasil e em outros domínios ultramarinos de Portugal, entre 1808 e 1822. Por meio dos discursos veiculados por esses dois periódicos, interessa-nos, como enfoque específico no âmbito desse trabalho, identificar os sentidos do conceito de revolução na maneira como esse veio a ser empregado nas alusões ao Haiti, em tempos de instabilidade e mudança quanto às relações entre colônias americanas e suas respectivas metrópoles. Nome: Tarcísio de Souza Gaspar E-mail: tarcisio.gaspar@gmail.com Instituição: UFF Título: “Mais facilmente se conhecem, mais brevemente se descobrem e mais prontamente se evitam”: uma história o Palácio Velho de Ouro Preto O Palácio Velho de Ouro Preto constitui a primeira residência dos governadores e capitães-generais da capitania de Minas Gerais fixada em Vila Rica. Às vésperas de completarem-se trezentos anos da criação da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, primeira unidade administrativa do Estado Imperial Português a incidir sobre os territórios auríferos, a trajetória do Palácio Velho, enquanto lócus privilegiado do processo de centralização política de Minas Gerais, merece ser resgatada. Desconhecido e pouco estudado, o Palácio Velho encontra-se esquecido, não obstante o seu envolvimento em alguns dos principais processos políticos e culturais da formação histórica de Minas Gerais e de Ouro Preto, em especial. Este obscuro imóvel já foi terra de potentado; residência de governadores; abrigo de uma lenda africana; casa de escravos forros; antes de arruinar-se. E, mesmo aí, quando posto em pedras, sua história ainda pulsa. Nome: Tyrone Apollo Pontes Cândido E-mail: tyronecandido@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: Rasga-Listas no Ceará: aspectos de uma sedição sertaneja A comunicação apresenta a onda de sedições sertanejas ocorrida nos meses finais de 1875 em reação à nova lei do recrutamento militar brasileiro, com a qual a escolha dos soldados passaria a ser feita através de sorteio. Esse movimento - conhecido como Revolta dos Rasga-Listas ou Guerra das Mulheres - é abordado em sua complexa ambiência social, o contexto econômico, a composição social dos sediciosos e o protagonismo feminino num tempo de exaltada hostilidade às reformas liberais. Discute-se com isso os possíveis sentidos atribuídos a uma lei impopular a partir dos padrões culturais dos próprios sertanejos.

Nome: Soraya Matos de Freitas E-mail: sorayafreitas_3@hotmail.com Instituição: UERJ/ FFP Título: Entrelinhas da revolução: o dito e o não dito nas páginas do Correio Braziliense e da Gazeta do Rio de Janeiro sobre a Revolução Haitiana (1808-1822) Este trabalho, parte de pesquisa de mestrado em desenvolvimento, objetiva caracterizar as notícias e repercussões, em terras brasileiras, relativas às sublevações de escravos e às lutas de emancipação na colônia francesa de Saint Domingue (Haiti). Nosso interesse é investigar, por meio da análise comparativa entre dois periódicos - a Gazeta do Rio de Janeiro e o Cor-

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42. A formação da ĂŠtica cristĂŁ (SĂŠculos IV-XV) JosĂŠ Rivair Macedo – UFRS (jrivair@uol.com.br) Maria Eurydice de Barros Ribeiro – UnB (maeurydice@yahoo.com.br) 1mR UHVWD D PHQRU G~YLGD GH TXH D ,GDGH 0pGLD LQDXJXURX XPD QRYD FLYLOL]DomR TXH UHSRXVRX HP XPD QRYD pWLFD D pWLFD FULVWm 0DLV GR TXH XPD UHOLJLmR PRQRWHtVWD TXH VXEVWLWXLULD R SROLWHtVPR GD Antiguidade, o cristianismo construiu as bases de uma nova sociedade com valores prĂłprios que atuaUDP GLUHWDPHQWH QDV UHODo}HV VRFLDLV SROtWLFDV HFRQ{PLFDV LPSUHJQDQGR D FXOWXUD $OpP GR VHX SDSHO DWXDQWH FRPR D ~QLFD LQVWLWXLomR TXH VREUHYLYHX j TXHGD GH 5RPD D ,JUHMD RFXSRX R ´YD]LRÂľ DEHUWR SHOD GHUURFDGD Ă€QDO GR ,PSpULR GR 2FLGHQWH VHQGR D ~QLFD IRUoD KLVWyULFD FDSD] GH RUJDQL]DU R FDRV VXEVWLWXLQGR R (VWDGR HP WRGD SOHQLWXGH GR SRGHU FRQIRUPH DĂ€UPD 6RXWKHUQ ´'H IDWR D ,JUHMD IRL XPD VRFLHGDGH FRHUFLWLYD GD PHVPD IRUPD TXH R (VWDGR 0RGHUQR GH KRMHÂľ

O objetivo do Simpósio Temåtico A formação da Êtica cristã (sÊculos IV-XV) Ê discutir temas e problePDV UHODFLRQDGRV FRP D pWLFD H D PRUDO FULVWmV SUHVHQWHV QR PHGLHYR VHMD QR kPELWR GD FXOWXUD FOHULFDO VHMD QR kPELWR GRV GLVFXUVRV SROtWLFRV H QR kPELWR GD YLGD VRFLDO &RP LVWR VH SUHWHQGH DYDOLDU R PRGR pelo qual a cristandade medieval inaugurou novos valores Êticos e morais, legados à posteridade no Ocidente.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Vodotte E-mail: adrianavidotte@uol.com.br Instituição: UFMG TĂ­tulo: Conversos e judeus em Castela: da inquisição ao decreto de expulsĂŁo A expulsĂŁo dos judeus de Castela, em 1492, foi uma consequĂŞncia lĂłgica do processo que se iniciou com o estabelecimento da Inquisição em 1480. Embora a Inquisição se ocupasse apenas dos cristĂŁos, sobretudo dos conversos, suas açþes afetaram diretamente as comunidades judaicas da Espanha. Procurando nos afastar de esquemas interpretativos fundados nas consideraçþes acerca da tolerância e da intolerância, apresentaremos algumas reflexĂľes sobre esse processo, feitas a partir da leitura das obras de dois cronistas da ĂŠpoca: Fernando del Pulgar e AndrĂŠs BernĂĄldez. Nome: ArmĂŞnia Maria de Souza E-mail: armenia1004@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de GoiĂĄs TĂ­tulo: A utilidade das virtudes cardeais para a formação ĂŠtica do governante cristĂŁo segundo D. Frei Ă lvaro Pais (1270-1349) Neste trabalho propomos discutir a concepção do frade franciscano D. Ă lvaro Pais (1270-1349), sobre o papel do rei cristĂŁo na PenĂ­nsula IbĂŠrica. Segundo este autor, o governante ibĂŠrico (rex fidelissimus) deveria pautarse por uma formação ĂŠtica tendo como base as virtudes cardeais (a prudĂŞncia, a temperança, a justiça e a fortaleza), cujos preceitos lhe propiciariam – nĂŁo sĂł na condição de monarca, mas, primeiramente na de cristĂŁo –, a realização de um bom governo almejando como fim Ăşltimo, o bem comum. Foi com essa finalidade que o frade galego dedicou o Espelho dos reis a Afonso XI (1212-1350), de Castela. Frei Ă lvaro recolheu na filosofia greco-romana, particularmente na corrente de pensamento estĂłica, os ensinamentos ĂŠticos de CĂ­cero, de SĂŞneca e de MacrĂłbio, sobre as virtudes e os vĂ­cios, encontrando um sĂłlido fundamento teĂłrico para as suas idĂŠias. Nome: Bruno Pimenta Starling E-mail: starlingbp@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais TĂ­tulo: A ĂŠtica cristĂŁ e o ideal cavaleiresco na Livro da Ordem de Cavalaria de Raimundo LĂşlio A formação do ideal cavaleiresco esteve intimamente ligada Ă ĂŠtica cristĂŁ. Em seu Livro da Ordem de Cavalaria, Raimundo LĂşlio, autor catalĂŁo do sĂŠculo XIII, busca adentrar ainda mais esta ĂŠtica na concepção medieval de cavalaria. Procura, atravĂŠs da inserção de ideais cristĂŁos, ordenĂĄ-la, guiĂĄ-la e, num certo sentido, recuperĂĄ-la, para que encontre e justifique o seu lugar na sociedade. Desta forma, LĂşlio tenta aderir Ă cavalaria laica o conceito de ordem, termo pertencente ao vocabulĂĄrio religioso. As consideraçþes feitas pelo autor deste verdadeiro manual de comportamento do cavaleiro estĂŁo intrinsecamente ligadas ao ideal cristĂŁo. Seja no momento da sagração do cavaleiro, seja num momento onde ĂŠ analisada a simbologia das armas cavaleirescas ou, ainda, na constante comparação do ofĂ­cio do cavaleiro na luta contra o infiel, ao do clĂŠrigo que, em sua luta espiritual, assume o papel de um miles christi. Enfim, Raimundo LĂşlio acredita que a ordem

dos bellatores e a dos oratores sĂŁo as mais prĂłximas em suas finalidades: a proteção e a salvação, seja terrena ou espiritual, do povo cristĂŁo. Nome: Carmen LĂ­cia Palazzo E-mail: carmenlicia@yahoo.com Instituição: UniCeub TĂ­tulo: Profecia, mĂ­stica e ĂŠtica em Hildegarda de Bingen, Al-Farabi e Ibn Sina A presente comunicação analisa os conteĂşdos mĂ­sticos do monaquismo cristĂŁo e do IslĂŁ nas obras de Hildegarda de Bingen, Al-Farabi e Ibn Sina. Trata-se de um significativo corpus de textos que se constituem em fontes privilegiadas para a anĂĄlise de elementos mĂ­sticos nos quais podem ser identificadas reflexĂľes importantes sobre profecia e ĂŠtica. A idĂŠia de um IslĂŁ apegado Ă literalidade do CorĂŁo nĂŁo era corrente atĂŠ o sĂŠculo XII da mesma forma que os textos oriundos do monaquismo cristĂŁo abriam a possibilidade de interpretaçþes desatreladas da ortodoxia. A monja visionĂĄria Hildegarda de Bingen, em seus escritos, fez uso do pensamento simbĂłlico e dele extraiu referĂŞncias que deram forma Ă s suas idĂŠias. As percepçþes de Hildegarda sobre a natureza sĂŁo essenciais para que se possa entender sua ĂŠtica, tributĂĄria da ĂŠtica monĂĄstica dos sĂŠculos XI e XII mas, em muitos aspectos, bastante original e mais voltada para as virtudes do que para os pecados. Al-Farabi e Ibn Sina, filĂłsofos do IslĂŁ, abordaram temas tais como as virtudes, a revelação e a atividade profĂŠtica e, em alguns aspectos, ĂŠ possĂ­vel dizer que estiveram muito prĂłximos dos textos monĂĄsticos cristĂŁos, o que remete a uma herança grega comum, aristotĂŠlica mas tambĂŠm – e talvez ainda mais importante – neo-platĂ´nica. Nome: Catarina Stacciarini Seraphin E-mail: cathystacciarini@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de GoiĂĄs TĂ­tulo: Sexualidade e corpo feminino na literatura mĂŠdica de Pedro Hispano (sĂŠculo XIII) Na Idade MĂŠdia, o discurso acerca da sexualidade e do corpo feminino estava presente em escritos religiosos, filosĂłficos e mĂŠdicos. O presente trabalho visa analisar a partir da obra mĂŠdica Thesaurus pauperum (Tesouro dos pobres) e do comentĂĄrio sobre o Viaticum (Questiones super Viaticum), atribuĂ­dos ao fĂ­sico e religioso Pedro Hispano a representação da sexualidade e do corpo feminino. O Thesaurus pauperum foi provavelmente composto na ItĂĄlia por volta de 1250, quando o autor integrava a cĂşria de cardeais. Esta obra constitui-se em uma compilação de receitas, incluindo medicina popular com recursos mĂĄgicos e astrolĂłgicos. Durante o perĂ­odo no qual Pedro Hispano ensinou medicina em Siena (1246-1250), ele escreveu um comentĂĄrio mĂŠdico sobre o Viaticum, obra traduzida do ĂĄrabe para o latim por Constantino o Africano, no sĂŠculo XI. Nestes escritos mĂŠdicos de Pedro Hispano ĂŠ possĂ­vel perceber uma discussĂŁo acerca da sexualidade e do corpo feminino, temas como o aborto, a concepção, a esterilidade e o desejo erĂłtico sĂŁo abordados de maneira clara e inovadora. Nesta perspectiva, o presente estudo busca perceber como o corpo e a sexualidade das mulheres estĂŁo inseridos na literatura mĂŠdica medieval do sĂŠculo XIII. Nome: Cintia Maria Falkenbach Rosa Bueno E-mail: cintiafalk@yahoo.com.br

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42 Instituição: Universidade de Brasília Título: Seguindo a estrela: Mateus e o apócrifo de Pedro na epyphania de Giotto em Padua O objetivo deste trabalho é estabelecer a influência do evangelho de Mateus e do apócrifo de Pedro sobre a imagem do afresco da adoração dos magos de Giotto na capela Scrovegni em Pádua. As questões levantadas abordam a provável origem dos reis magos, a polêmica suscitada pela trajetória da estrela e se ela é um fenômeno astronômico ou teológico. Também explora os aspectos judaico-cristãos do evangelho de Mateus e a questão do reconhecimento do menino Jesus como o messias profetizado pela estrela de Jacó em números 24.17 a mesma estrela de Davi. O messias que viria para unificar o povo de Israel e traria a salvação aos judeus e a todos os povos. O fundador de uma nova ética que apesar das mudanças sofridas continua em seus aspectos mais significativos presente nos dias de hoje. Nome: Cybele Crossetti de Almeida E-mail: ccrosset@terra.com.br Instituição: UFRGS Título: Ética cristã, riqueza e poder: reflexões sobre a composição da elite dirigente da cidade de Colônia na Idade Média tardia A cidade renana de Colônia foi, durante a Idade Média, uma importante metrópole comercial e cultural, não apenas na região do Reno, mas em todo o oeste do Sacro Império e centro da Europa, com uma vasta produção artesanal e redes de comércio do Báltico ao Atlântico. A riqueza obtida com o comércio e a produção artesanal possibilitaram a obtenção de privilégios reais, como o direito de recolhimentos de impostos, que, por sua vez, foram decisivos para consolidar o poderio da cidade. Política e economia estavam, portanto, intimamente entrelaçadas e, por isso é compreensível que alguns dos maiores historiadores alemães, ao estudar a história de Colônia, tenham afirmado que a elite dirigente da cidade após 1396 era formada basicamente por grandes comerciantes. A inexistência de estudos prosopográficos desta elite é, em grande parte, responsável por esta concepção, pois uma análise detalhada dos indivíduos atuantes politicamente permite questionar esta visão até então dominante e as generalizações sobre as quais, muitas vezes, esteve baseada. Este é o objetivo desta apresentação, problematizando a questão dos indivíduos e suas motivações e, por vezes, conflitos internos entre a vontade de acumulação, a vontade de servir sua cidade e os preceitos da ética cristã. Nome: Fabiano Fernandes E-mail: fabfer2007@hotmail.com Instituição: UNIFESP Título: Na “ribalta” das inquirições: a dissolução da Ordem do Templo e as comendas de Ega, Soure, Redinha e Pombal. 1308-1310 Nesta comunicação pretende-se tratar de alguns aspectos do cuidadoso processo de construção de uma determinada memória sobre as relações entre a ordem do Templo e o poder real em Portugal no decorrer da primeira década do século XIV. Abordaremos esta temática a partir do estudo da situação específica de quatro importantes comendas, a saber, as de Soure, Ega, Redinha e Pombal O processo de “enquadramento” desta memória aparece particularmente nas inquirições e cartas de sentença no período de 1308-1310. Estas inquirições foram utilizadas para justificar a apropriação dos bens feita pelo poder régio diante do clero e dos poderosos do reino. Posteriormente esta mesma memória construída pelos agentes do poder real foi muito importante na consolidação de uma determinada memória local, que registrada pelos inquiridores de 1314 durante os “interrogatórios” junto a população da região estarão na base da propaganda real para a criação da Ordem de Cristo em 1319. As cartas de sentença e inquirições trazem indícios tanto do processo de dissolução da Ordem do Templo quanto de uma determinada ética de serviço que norteia a atuação de leigos e homens de Igreja nos alvores do século XIV. Nome: Fabio Fonseca E-mail: fabioarte72@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasília Título: O triunfo do bem sobre o mal no sertão nordestino Vencendo o dragão para libertar a princesa, Juvenal, personagem do cordel “juvenal e o dragão” de Leandro Gomes de Barros, parece ser uma das formas de representação da vitória do bem sobre o mal presente no imaginário popular nordestino. Com uma história, oriunda da idade média, calcada na de São Jorge, elementos éticos e morais cristãos podem ser identificados na epopéia de Juvenal. O tema da luta contra o dragão foi amplamente retratado por artistas desde o medievo e continua presente mesmo nos dias atuais, tanto na religião como na arte. Representada pelo

gravador pernambucano Gilvan Samico, a história narrada no cordel revela um aspecto medieval presente na cultura popular do nordeste brasileiro. Transmitido através da cultura oral, da literatura ou das artes plásticas, a permanência do tema pode ser vista como um enraizamento da ética cristã na sociedade brasileira. Nome: Flávio Américo Dantas de Carvalho E-mail: flavio_americo@yahoo.com.br Instituição: PPGH-UFRN Título: O mundo como claustro: a exegese franciscana e a secularização da santidade O objetivo desse trabalho é discutir como a mudança do paradigma filosófico neoplatônico para o aristotélico e as alterações econômicas e sociais pelas quais passava a Europa durante a Idade Média Central contribuíram para que São Francisco de Assis e seus primeiros seguidores, durante o século XIII e o início do XIV, alterassem a relação da Cristandade com a sociedade. A mudança paradigmática gerou uma nova exegese bíblica da palavra latina “mundus”, pois as passagens bíblicas que ordenam o não amor pelo “mundo” deixaram, gradativamente, de ser interpretadas como ordens para que o cristão fugisse da vida em sociedade e procurasse a solidão do deserto ou do claustro monástico. O desprezo pelo mundo foi substituído por um processo de secularização da santidade, que fez com que a vida piedosa se aproximasse da vida secular. Para fazer esse trabalho, foram analisados os discursos construídos por São Francisco de Assis, para poder entender como ele interpretou a relação do cristão com a sociedade. Também foram analisados os discursos (escritos e iconográficos) do Franciscanismo do século XIII e início do XIV para entender como eles viveram a relação com o mundo. Portanto, a santidade entrou no “saeclum”, pois passou a ser possível viver piedosamente a fé cristã em sociedade. Nome: Igor Salomão Teixeira E-mail: teixeira.igor@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: Santidade oficial, inquisição e processos de canonização: a disciplina do culto dos santos no final da Idade Média O culto dos santos é um objeto de estudos cada vez mais procurado pelos historiadores interessados em discutir santidade, escrita hagiográfica e devoção. Entretanto, entendendo o processo histórico e as transformações em direção ao reconhecimento da santidade no Ocidente Medieval, é possível perceber também as relações entre grupos envolvidos em processos de canonização, o funcionamento jurídico e o que André Vauchez chamou de “disciplinarização” do culto dos santos. A instituição de um procedimento inquisitorial para o reconhecimento ou não da santidade seguia a prática dos inquéritos contra heresias. É interessante perceber que mesmo os processos de canonização sendo instituídos antes do tribunal do Santo Ofício, não existem “manuais” para canonização como os manuais para inquisidores. Porém, o funcionamento e os elementos presentes eram praticamente os mesmos, diferenciando-se, obviamente, no objeto da investigação. Além disso, a busca pela verdade faz-se presente em ambos os casos. Pode-se, então, perguntar: qual o limite entre santidade e heresia? Pretendemos analisar, nesta comunicação, a relação entre santidade e heresia a partir da atuação da Ordem dos Dominicanos no século XIV, durante o pontificado de João XXII. Nome: Isabel Candolo Nogueira E-mail: icandolo@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasília - Unb Título: Betsabéia e os livros de horas medievais Nesta exposição nos propomos a refletir sobre a presença de Betsabéia nos livros de horas medievais iluminados. Nesses livros, sua figuração encontrase claramente associada aos vícios e virtudes, personificações dos valores que poderiam conduzir o cristão à salvação ou à condenação. Gradativamente, a imagem foi sofrendo alterações iconográficas e, simultaneamente, sua leitura foi se atualizando. A nudez feminina, antes velada ou esquemática nas iluminuras dos manuscritos, passou a ser cada vez mais evidenciada na figura de Betsabéia, tornando-a veículo para um gênero de nudez com apelo erótico, bem como um contraexemplo para a moralidade da época em que esse signo proliferou-se - a saber, a da passagem da iluminura para a gravura como elementos ilustradores de textos, no século XV. Nome: Ivan Antonio de Almeida E-mail: aquilasacra4@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: O cristianismo vivo em Clemente de Alexandria

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42 de um acordo de paz, representa os atributos femininos que, segundo o pensamento medieval era necessário suprimir: ela estava sempre sujeita ao seu desejo de seduzir seu sobrinho adotivo Tristão e, assim, consumar o adultério. A mulher considerada como o maior elemento de temor dos homens, constitui o grande fator de transgressão dos princípios éticos cristãos, principalmente aqueles ligados ao comportamento sexual exigido pela Igreja. Analisar portanto a narrativa de Tristão e Isolda, tomando os princípios da ética cristã medieval como base, podemos compreender em profundidade os valores que comandavam o amor, o casamento e, principalmente, o comportamento sexual, todos estritamente relacionados com os códigos e ideologias vinculadas à religiosidade da Alta Idade Média e início da Idade Média Central. Nome: Marinalva Silveira Lima E-mail: marisl@usp.br Instituição: USP Título: Reflexões sobre a plenitude do poder papal Com o esfacelamento do Império Romano a Igreja surge como uma instituição capaz de se autogovernar. Com seu incipiente corpo administrativo e uma idéia em torno de unidade, essa Ecclesia trilhará um longo caminho até se consolidar como uma das instituições mais poderosas, talvez a mais poderosa, de toda a Idade Média. As transformações pelas quais ela viria a sofrer seriam fundamentais para a preparação de um futuro discurso de dominação que tinha como mote a supremacia papal sobre todos os demais poderes, inclusive sobre os dos reis e imperadores. Dentro desse contexto, levantarei algumas questões em torno da procedência dessa reivindicação de poder por parte do papa, explicitando qual a sua fundamentação e o que se entende por plenitudo potestatis. Ressalte-se que, embora o foco do presente trabalho se restrinja aos séculos XIII e XIV, será necessário retroceder ao século II d.C para que possamos compreender como a idéia em torno do poder papal ganhou corpo, vindo a constituir a Doutrina da Plenitude do Poder. Nome: Priscila Aquino Silva E-mail: priscila.aquino@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Ética e poder: o exercício da justiça no reinado de D. João II (Portugal-século XV) Um rei piedoso e ao mesmo tempo forte no exercício da justiça. Amigo da justiça, mas temperado em sua execução. E mesmo sendo “Senhor das leys, se fazia logo servo dellas pois lhe primeiro obedecia” . Um rei que nunca usou na justiça de poder absoluto, um “homem de grandioffimo esforço, e de alto e muy ardido coraçam” E todos seus altos pensamentos eram a “feruiço de Deos, honra e acrescentamento de feus Reynos” . O rei medieval possui o importante papel de árbitro entre as forças. A prerrogativa do poder é, afinal, cuidar para a manutenção da paz e da justiça, sempre concedendo o perdão e cultivando virtudes como a clemência, a temperança e a bondade. E a imagem edificada para D. João II (1481-1495), seja a encenada no teatro do poder através das cerimônias e rituais de corte, seja a narrada pelas hábeis mãos dos propagandistas régios, não poderia fugir desse eixo que edifica as características necessárias ao rei medieval: grandiosidade, perfeição e justiça. Mas o imaginário possui sólida base no vivido. A intenção da comunicação é resgatar ações régias e o exercício da justiça na época joanina que permitiram que os cronistas atribuissem a esse rei o forte epíteto de Príncipe Perfeito. Nome: Rafael Afonso Gonçalves E-mail: rafael_ag13@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: Os muçulmanos dos relatos de peregrinação nos séculos XIII e XIV A peregrinação medieval à Terra Santa caracteriza-se não somente como uma prática religiosa que levou o viajante em busca de um contato místico com Deus, mas também com uma empreitada que o colocou face aos habitantes dessa região, em especial os mulçumanos, povo considerado seguidor de uma religião infiel e possuidor de hábitos viciosos. No entanto, com o avanço muçulmano sobre as terras que as cruzadas conquistaram, sobretudo a partir de meados do século XIII, percebe-se que os relatos de peregrinação passam a destacar outras características desses povos. A fim de justificar aquelas incursões vitoriosas, consideradas pelos peregrinos como uma possível desaprovação divina em relação à conduta dos cristãos, as descrições contidas em seus relatos procuram enfatizar também as virtudes morais e éticas desses povos e não somente os “erros” de sua religião. A

derrota cristã, desse modo, adquire um caráter moral, sendo necessário aos cristãos o exercício mais rigoroso de hábitos considerados virtuosos para a retomada da cidade “santa”. A proposta desta apresentação é perceber como os relatos de peregrinação, ao procurar justificar o domínio mulçumano na Terra Santa, produziram, a partir da descrição de um povo infiel, um conjunto de virtudes que deveriam ser seguidas pelos cristãos. Nome: Renata Cristina de Sousa Nascimento E-mail: rntcrsss@terra.com.br Instituição: UFG (Campus de Jataí)/UEG Título: Os privilégios e os abusos da nobreza em Portugal no século XV: o governo de D. Afonso V (1448-1481) A presente comunicação analisa os privilégios e os abusos da nobreza no governo de D. Afonso V, rei de Portugal, durante os anos de 1448 a 1481. O estudo geral das opressões causadas aos povos pelo rei D. Afonso V perpassa pela análise específica das principais queixas, dirigidas em cortes, contra os abusos cometidos pelos nobres. Sabe-se que a ordem nobiliárquica fundamenta-se em princípios hierárquicos consolidados, não querendo, de modo algum, abrir mão de seus privilégios. Apesar deste princípio, as disposições relativas a conduta social, incluindo aí a nobreza, encontramse juridicamente prescritas no Código Afonsino, revelando, desta forma, a crescente tentativa de centralização régia, embora neste momento, o contrário tivesse a passar. Se as reclamações dos concelhos poucas vezes conseguiram frustrar as doações régias aos fidalgos, por outro lado representavam a gradual ingerência popular em um mundo em transformação. Dentro do exposto pretendemos analisar os abusos cometidos contra os povos, e, em que sentido estes feriram a legislação em vigor. Nome: Sílvia Correia de Codes E-mail: silviacodes@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: As narrativas maravilhosas em Lençóis (Bahia) e suas origens medievais Essa comunicação tem por objetivo apresentar algumas considerações acerca da pesquisa que começo a desenvolver no Mestrado em História da Universidade Estadual de Feira de Santana. Seu objeto são as narrativas maravilhosas contadas pelos moradores do município baiano de Lençóis, na Chapada Diamantina. As estórias, lendas, contos e casos como o do lobisomem, da mula-sem-cabeça, do cavaleiro dourado, do pote de diamante e das aleivosias, famosas na região, são aqui interpretadas a partir do conceito de maravilhoso, conforme descrito pelo medievalista francês Jacques Le Goff. A partir da análise dessas narrativas, procuramos compreender práticas cotidianas associadas a este imaginário, e de que modo estas se inserem numa cultura de base e moral cristã, e servem de instrumentos pedagógicos para prescrever costumes e normatizar condutas sociais. Nesta comunicação, através do diálogo com as fontes orais e a historiografia especializada, dar-se-á especial atenção a estas narrativas enquanto resultado da apropriação e ressignificação de tradições discursivas e representações imagéticas do catolicismo medieval ibérico. Nome: Tatyana Murer Cavalcante E-mail: tatyonca@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: A importância do bem-comum e do ensino na ética cristã de Tomás de Aquino (SÉC. XIII) Este trabalho tem por objetivo discutir algumas relações entre ética e educação no pensamento de Tomás de Aquino (1224-5? – 1274). No século XIII, em diferentes cidades, as recém criadas universidades foram espaços para discussão e transmissão do conhecimento. As cidades, fruto de profundas transformações no Ocidente medievo, provocaram modificações na forma de viver dos homens, a partir dos novos ofícios, da nova organização do trabalho e de novas necessidades sociais. Naquela realidade social mais complexa, tornou-se necessário repensar a sociedade cristã. É sob esta perspectiva discutiremos a concepção de ética em Tomás de Aquino, tomando como objeto o debate sobre as virtudes necessárias à salvação, presentes na obra Suma de Teologia e discutindo-a a luz da historiografia atual, em especial, em diferentes obras de estudiosos da História e da História da Educação. Compreendemos que a produção do Aquinate expressa a preocupação com a definição de regras que propiciem o bem-viver dos homens em suas novas condições históricas, bem como sublinha a importância do conhecimento e do ensino de valores morais para o bem-viver em sociedade, ao criar condições para a ação humana consciente, entendida como livre-arbítrio.

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Nome: Terezinha Oliveira E-mail: teleoliv@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Ensino e prudência: aspectos essenciais da ética em Santo Tomás de Aquino O objetivo deste trabalho é tecer algumas considerações sobre o entendimento de homem, no século XIII, a partir do olhar de Tomás de Aquino. Neste sentido, torna-se relevante compreender a realidade histórica do autor bem como suas proposições. Dois aspectos serão destacados nesta análise. O primeiro vincula-se à ambiência citadina que se espelha nas corporações de ofícios, sendo a Universidade uma delas. A segunda diz respeito ao conceito de pessoa e conhecimento que este ambiente constrói e no qual o mestre dominicano Tomás é um de seus maiores expoentes. Para nós, estes dois ângulos se explicitam na forma como se processa o ensino no qual a prudência é uma de suas características vitais. Cumpre destacar que para o primeiro aspecto de nosso texto nos basearemos na historiografia e em autores medievos e para o segundo nos pautaremos, especialmente, nas questões 39 e 40 da Suma de Teologia (Ia- Iae). Nome: Veronica Aparecida Silveira Aguiar E-mail: veronica.ap@ig.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Algumas considerações acerca da penitência franciscana nos textos normativos da Ordem dos Frades Menores A palavra penitência de origem grega metanóia adquiriu um significado específico no movimento franciscano do século XIII. Com a conversão em 1206, Francisco iniciou uma pregação penitencial conforme descrito no seu Testamento. No ano de 1209, o Papa Inocêncio III confirmou o propósito de vida e autorizou verbalmente que Francisco pregasse a “penitência em todos os lugares”. Por isso, o objetivo desta comunicação é fazer um exercício de análise do conceito de penitência explícito nos textos normativos da Ordem do Frades Menores. Este conceito não se limitou a uma simples conversão ou a imitatio Christi. Apesar de um dos aspectos da poenitentia franciscana estarem relacionada com a mortificação exterior no tocante ao corpo, prescritas na Regra não bulada e bulada, através de jejuns, vigílias, abstinências no beber ou no comer, uso de cílicio, ato de esmolar, uso de hábito pobre ou uma disciplina rígida de pobreza com muitas privações materiais e físicas. No entanto, houvera também uma manifestação no sentido interior com o trabalho voluntário dos frades, que poderia se expressar no serviço prestado ao próximo, principalmente na dedicação de obras caritativas nos leprosários, hospitais e hospedarias. Em suma, a penitência foi vista como um meio de alcançar a perfeição evangélica.

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43 43. Africanos e afro-descendentes escravizados no Brasil colonial e imperial: trabalho, resistĂŞncia, representaçþes, cultura e educação MĂĄrio Maestri – Universidade de Passo Fundo (maestri@via-rs.net) Maria do Carmo Brazil – Universidade Federal da Grande Dourados (mc.2708@hotmail.com) Os rastros da escravidĂŁo, indiscutivelmente permanecem como instigantes temas de investigação e GH SURGXomR QD iUHD GDV KXPDQLGDGHV (VWXGRV UHDOL]DGRV VREUH HVFUDYLGmR H D YLGD VRFLDO QR SHUtRdo pĂłs-abolição tĂŞm procurado focalizar experiĂŞncias e perspectivas dos segmentos subalternizados nos diversos cantos do paĂ­s, envolvendo debates sobre relaçþes de poder, instituiçþes, mobilizaçþes VRFLDLV H UHFRQVWUXo}HV LGHQWLWiULDV 1HVVD OLQKD GH DERUGDJHP SURSRPRV QHVWH VLPSyVLR HVWDEHOHFHU D PHVPD FRQJUXrQFLD H FLQJLU RULHQWDo}HV HSLVWHPROyJLFDV TXH SULYLOHJLDP VREUHWXGR D GHĂ€QLomR GRV IDWRV IHQ{PHQRV VyFLR HFRQ{PLFRV H VHXV HQFDGHDPHQWRV QHFHVViULRV 2 6LPSyVLR GHYH DEDUFDU FRPXQLFDo}HV GLVFXWLQGR R WUiĂ€FR GH DIULFDQRV HVFUDYL]DGRV DV P~OWLSODV IRUPDV GH H[SORUDomR H GH UHVLVWrQFLD GR WUDEDOKDGRU HVFUDYL]DGR j HVFUDYLGmR QR %UDVLO GR VpFXOR DR VpFXOR 3) a sociedade escravista, nos seus aspectos polĂ­ticos, ideolĂłgicos, culturais, comportamentais, etc. DV UHSUHVHQWDo}HV QR %UDVLO GR WUDEDOKR HVFUDYL]DGR TXDQGR H DSyV D HVFUDYLGmR DV IRUPDV GH H[SORUDomR GH RUJDQL]DomR H GH UHVLVWrQFLD GD SRSXODomR FRP DIUR DVFHQGrQFLD DSyV 6) TrajetĂłria de luta, nĂ­veis de conquista e os limites da prĂĄtica educacional envolvendo o segmento negro brasileiro no perĂ­odo pĂłs Abolição.

Resumos das comunicaçþes

brasileiro, pela cultura, histĂłria e memĂłria desses antepassados.

Nome: Adriana Dantas Reis E-mail: adrihis@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana TĂ­tulo: Casamentos de escravos na Bahia: novas perspectivas Esse trabalho apresenta registros inĂŠditos de casamentos de escravos sendo realizados na Freguesia Nossa Senhora do Ă“ de Paripe, recĂ´ncavo da Bahia, entre 1775 e 1827. Apesar de nĂŁo possuirmos dados precisos sobre a população escrava nessa freguesia no perĂ­odo, em termos comparativos sabemos que era menor do que as principais regiĂľes tambĂŠm produtoras de açúcar do recĂ´ncavo baiano como: SĂŁo Francisco do Conde, Santo Amaro da Purificação, Santiago do Iguape. Por isso ĂŠ surpreendente que naquela freguesia, entre 1775 e 1827, tenham sido registrados aproximadamente 154 matrimĂ´nios envolvendo escravos, com os mais variados arranjos. O proprietĂĄrio com maior quantidade de escravos casados nessa freguesia foi o CapitĂŁo Manoel de Oliveira Barrozo, proprietĂĄrio de Engenho AratĂş, que entre 1779 e 1805 realizou 33 casamentos envolvendo escravos. Paradoxalmente, esse proprietĂĄrio era solteiro, e vivia amancebado com uma escrava gĂŞge com quem teve 6 filhos, todos eles legitimados e instituĂ­dos seus herdeiros. A proposta desse trabalho ĂŠ discutir as diversas variĂĄveis que aparecem nas fontes, apontando novas possibilidades para o estudo da famĂ­lia escrava na Bahia.

Nome: Alessandro Moura de Amorim E-mail: ale.histor@gmail.com Instituição: UFPB/PPGH TĂ­tulo: HerĂłis e anti-herĂłis negros: Cultura histĂłrica, movimento negro e ensino de HistĂłria O Projeto de Pesquisa “HerĂłis e Anti-HerĂłis Negros: Cultura HistĂłrica, Movimento Negro e Ensino de HistĂłriaâ€?, estĂĄ em desenvolvimento junto ao Programa de PĂłs-Graduação em HistĂłria da Universidade Federal da ParaĂ­ba. Tem por objetivo fazer uma apreciação da cultura histĂłrica que, a partir dos anos de 1970, gestou representaçþes histĂłricas (historiografia e cultura histĂłrica) de trĂŞs protagonistas negros do sĂŠculo XVII, Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares e Henrique Dias. A anĂĄlise serĂĄ em torno da produção intelectual (ClĂłvis Moura, DĂŠcio Freitas e Joel Rufino dos Santos) e da atuação das lideranças dos movimentos sociais negros criados entre os anos de 1970 e 1990, como por exemplo: Oliveira Silveira (jĂĄ entrevistado), Milton Barbosa, Vanda Menezes, Jurema Batista, Gilberto Leal e Edna Roland. A proposta ĂŠ compreender pela revisĂŁo historiogrĂĄfica e pela pesquisa oral as implicaçþes pedagĂłgicas das escolhas de intelectuais ativistas e “militantesâ€? negros sobre as interpretaçþes das experiĂŞncias da resistĂŞncia negra e a construção de significados, no qual alguns sĂŁo reconhecidos (Zumbi dos Palmares) e outros “desqualificadosâ€? (Ganga Zumba e Henrique Dias).

Nome: Alba Cleide Calado Wanderley E-mail: amoroma44@hotmail.com Instituição: UFPB Título: Um entrelace necessårio: Cultura, memória e história como substratos na construção da identidade Afro-Brasileira O artigo discute a impossibilidade de construímos a identidade afro-brasileira nos espaços das Irmandades do Sertão Paraibano sem recorremos à história, a memória e a cultura de nossos antepassados. A identidade afrobrasileira exige a afirmação e a apropriação de uma história da população negra que não se recusa a negar a sua origem e indagar sobre quem somos. A compreensão do que Ê ser afro-brasileiro e do espaço onde celebra a sua ancestralidade renova a vida de novos e velhos atravÊs da história, da cultura e da memória, formando assim, um sentimento de pertença à cultura de matriz africana. Para essa discussão recorremos aos pensamentos de Hall, Geertz, Williams, Bosi, Halbwachs e outros. A partir dessa fundamentação e dos dados coletados no campo de pesquisa, entendemos que a construção da identidade afro-brasileira nos espaços das Irmandades do Rosårio do Sertão Paraibano centra-se na tradição africana, reconstruída em espaço

Nome: Amâncio Cardoso E-mail: acneto@infonet.com.br Instituição: Instituto Federal de Sergipe Título: Perfis de escravos: Sergipe, sÊc. XIX O artigo analisa os perfis morais de escravos representados pelos senhores atravÊs de anúncios de fuga em jornais do sÊculo XIX. Desta forma, obtêm-se alguns atributos dos cativos imaginados pelos proprietårios. Tais peculiaridades compþem um acervo que alude ao grau de humanidade que se vislumbraria mesmo num regime escravista. Nome: Ana Paula da Cruz Pereira de Moraes E-mail: anacruce@yahoo.com.br Instituição: PPGH-UFCG Título: Histórias de liberdade: escravidão e alforrias no sertão da Paraíba: 1725-1750 O presente trabalho trata sobre histórias de busca de liberdade por parte de escravos no Sertão da Paraíba, mais especificamente, nas Ribeiras do Rio

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no século XVIII, por meio de ações de libelo cível. Sabe-se que no Brasil escravista havia diversas formas de se libertar um cativo, e a historiografia sobre escravidão, no século XIX, tem demonstrado a importância que a luta contra a escravidão assumiu no campo jurídico, ao menos a partir da década de 1860. Argumentamos que recorrer à justiça foi um recurso que os escravos e libertos já utilizavam no século XVIII para lutar por suas alforrias. Infere-se que, ao recorrer à justiça para pleitear direitos e tornar públicas contendas particulares, havia, por parte desses sujeitos, a expectativa de que aquele fosse um canal com alguma possibilidade de resolução de tais conflitos. Nome: Luciano Mendonça de Lima E-mail: lmlig.com@ig.com.br Instituição: UAHG-UFCG Título: Matriarcas e patriarcas negros na Campina Grande-PB oitocentista Os estudos sobre a família escrava no Brasil avançaram bastante nas últimas décadas, com especial destaque para as pesquisas inspiradas pela pelo paradigma da história social e das técnicas da demografia histórica. Nesse sentido, pretendemos apresentar os resultados de pesquisa recentemente concluída sobre os vínculos biológicos e espirituais estabelecidos entre africanos e seus descendentes no antigo município de Campina Grande, situado do agreste paraibano. Com base no chamado método nominativo e partindo da utilização de um corpus documental em que se destacam os inventários, processos crimes, ações de liberdade e listas nominativas, pretendemos mostrar a importância de uma rede social tecida cotidianamente pelos escravos e seus aliados no sentido de sobreviverem e resistirem às agruras do cativeiro. Nome: Márcia Maria de Albuquerque E-mail: mar.justa@hotmail.com Instituição: UNIFOR Co-autoria: Francisca Ilnar de Sousa Título: Educação para os afro-descendentes: a escola cumpre sua função social? A comunicação tem por objetivo analisar a Lei n. 10.639/2003, que acrescenta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional o art. 26-A, dispositivo que obriga a inclusão do ensino da história e culturas africana e afro-brasileira nos currículos oficiais das escolas da rede pública e particular de ensino. A Lei n. 10.639/2003 foi uma conquista do Movimento Negro, dentre outras lutas empreendidas pela população negra e afro-descendente desde o período em que foram duramente escravizados no Brasil, condição esta que embora tenha sido afastada com a publicação da Lei Áurea faz surgir uma história de vida para esta população marcada pelo racismo, discriminação e preconceito conduzindo-os a uma situação social excludente, sendo a escola ao mesmo tempo um espaço de negação de direitos e um campo de possibilidades de tratamento humanitário da questão suscitada pela publicação da Lei. Nome: Maria Antonieta Antonacci E-mail: mantonacci_8@hotmail.com Instituição: USP Título: Corpos e cosmologias africanas recriando Áfricas no Brasil A expansão da modernidade européia, com o escravismo, o colonialismo, o pensamento iluminista e o conhecimento científico letrado, sob a égide da formação do Estado Nação, marcaram profundamente o Ocidente e suas formas de olhar outros tempos e espaços, povos e culturas, corpos, saberes e sensibilidades. As lentes de seus filtros técnico-culturais condicionaram leituras e literaturas, crenças e valores a suas concepções de movimento, progresso, desenvolvimento e história. Estranhamentos e intolerâncias, desde então historicamente produzidos, colocaram à margem do encontro/ confronto da Europa com as Áfricas e Américas, falares, viveres, memórias, ritmos e performances, códigos de escrita e formas de comunicação de povos de ancestrais tradições de oralidade, como africanos e ameríndios. Entendendo que história é cultura e que seu conhecimento resulta da sistematização de experiências culturais vivenciadas, memorizadas e transmitidas, propomos trabalhar fragmentos de literatura oral relacionados à diáspora no Brasil, tentando apreender como sociedades de matrizes orais africanas recriaram Áfricas no Brasil, preservando seus saberes, poderes e cosmologias, repassados e atualizados de geração a geração. Nome: Maria das Graças de Loiola Madeira E-mail: gloiola@bol.com.br Instituição: UFAL

Co-autoria: Mônica Luise Santos Título: Anúncios de fuga de escravos em periódicos - espaço de visibilidade da condição social dos cativos alagoanos No Brasil Império era comum na imprensa escravagista a circulação de anúncios de escravos fugidos cujo teor se prestava para além do propósito de captura do escravo, por expor de forma descritiva as mutilações do corpo do negro. Esta comunicação pretende analisar o teor desses anúncios que circularam nos jornais de Alagoas, entre os anos de 1870-1880, no Diário das Alagoas, n’O Liberal e o Orbe. Nos referidos anúncios os senhores de escravos tratavam de detalhar tanto os aspectos físicos, mutilações de dedos, braços e pernas, marca a ferro, como também o domínio das letras, de contabilidade e de algum ofício. Se por um lado esses anúncios criavam condições de captura do negro fugido, ao detalhar suas características, por outro havia uma espécie de auto-denúncia das perversões sofridas e da exposição dos saberes que dominavam, o que talvez os tornassem mais valiosos para seus senhores. Embora publicados em espaços de pouca visibilidade nos periódicos, essas notas nos fornecem elementos para se entender com maior propriedade a condição social do escravo no final do Império. Nome: Maria do Carmo Brazil E-mail: mc.2708@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados Título: Escravidão em Mato Grosso: um balanço historiográfico [1980-2009] A presente comunicação se inscreve na corrente de esforço acadêmico no sentido de garantir a visibilidade à história e historiografia da escravidão de Mato Grosso. O trabalhador escravizado dessa região ficou omitido pelas representações historiográficas durante o passado escravista, aspecto agravado no presente com o silêncio historiográfico sobre este domínio. Esse quadro perdurou até a década de 1980, quando alguns estudiosos arriscaram a alterá-lo. A proposta analisa, portanto as contribuições pioneiras de Lúcia Helena Gaeta Aleixo, Luiza Rios Ricci Volpato, Edvaldo de Assis, Maria de Lourdes Bandeira, Elaine Cancian, Zilda Moura entre os poucos que tomaram o negro escravizado como objeto de reflexão científica. Retoma a produção historiográfica, da década de 1980 até hoje, sobre o papel do cativo africano e afro-descendente no centro-oeste brasileiro, a partir, sobretudo dos ensaios produzidos em torno do tema na região. Enfim, reúne estudos relacionados à escravidão, elaborados, principalmente às vésperas do centenário da Abolição, como parte de construção de suporte referencial historiográfico e como contribuição para novas análises e interpretações. Nome: Mariana Almeida Assunção E-mail: marianaassuncao@uol.com.br Instituição: UFBA Título: “Ocupações e produção de renda dos escravos nas alforrias cearenses (século XIX)” Nessa comunicação pretendo discutir alguns dados coletados numa série de cartas de alforria da Fortaleza oitocentista que se encontra guardada no acervo do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). Proponho-me centrar atenção nas evidências de atividades que os alforriados desempenhavam, e assim analisar como eles produziam renda e adquiriam bens que transformados em pecúlios viabilizaram a compra de liberdades. Por meio da análise de casos exemplares que revelam importantes traços da vida laboral de escravos e escravas no meio urbano ou nos arrabaldes da cidade, pretendo apresentar alguns dados que contribuam para um melhor conhecimento acerca das ocupações desenvolvidas por estes indivíduos. A análise destes documentos também permitirá compreender algo sobre o modo como os escravos tiveram acesso à economia monetária, que lhes permitiu o acúmulo de pecúlios. Este trabalho é parte de minha tese de doutorado em desenvolvimento no Programa de Pós-graduação em História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia. Nome: Marileide Lazara Cassoli Meyer E-mail: ml.meyer@uol.com.br Instituição: UFMG Título: Termo de Mariana, 1850-1888: Ações de Liberdade ou “Arranjos de Vida” Ao analisar as relações entre a História Social e o Direito, Sílvia Hunold Lara, enfatiza a importância das fontes judiciais como documentos que possibilitaram uma leitura do cotidiano de atores históricos “cujas vozes não haviam sido registradas nos chamados ‘documentos oficiais’”. A partir principalmente da década de 1980 muitos dos estudos históricos relacio-

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43 nados à história do trabalho e dos trabalhadores no Brasil elegeram essas fontes como informantes preciosos, não somente da criminalidade ou dos mecanismos de justiça, como também, da percepção e das noções de direito e de justiça, que foram construídas por senhores, escravos e libertos acerca do domínio senhorial nos séculos XVIII e XIX. Esta comunicação tem por objetivo, a análise das percepções de direitos e justiça, no universo escravista do Termo de Mariana, nas três últimas décadas da escravidão no Brasil, analisando regionalmente as acomodações e/ou resistências que foram construídas a partir de uma intervenção cada vez mais marcante do Estado Imperial nas relações escravistas, via leis, e, sobretudo a partir da Lei do Ventre Livre em 1871. Nome: Mário Maestri E-mail: maestri@via-rs.net Instituição: Universidade de Passo Fundo –RS Título: A Reabilitação Historiográfica da Escravidão: Determinação, Autonomia, Totalidade e Parcialidade na História Os relatos coevos à escravidão desqualificaram racial e socialmente a resistência do cativo, que viveria no Brasil melhor do que na África. Na República Velha, a historiografia enfatizou o patriarcalismo do escravismo devido às idiossincrasias do colonizador luso-brasileiro. Desde os anos 1950, pensadores materialistas definiram as condições de existência como determinação da ordem escravista, no contexto da resistência servil, compreendida como luta de classes. Nos anos 1980, propondo a “crise de paradigma” dos “grandes relatos” e necessária superação da “reificação econômica” do cativo e restabelecimento de sua “subjetividade” como “protagonista de sua própria existência”, afirmou-se que a dominância de negociações e acomodações sistêmicas entre escravizadores e escravizados levara o cativo a vergar as condições de dominação em favor próprio a tal ponto que passara a interessar pela defesa da escravidão. Com a autonomização da existência de exploradores e explorados das determinações materiais de produção, completou-se a reabilitação da escravidão, através da sua proposta de sociedade consensual. Palavras chaves: Historiografia, escravidão, luta de classes. Nome: Miguel Pacífico Filho E-mail: miguilim01@terra.com.br Instituição: UFT Título: Tática, sociabilidade e práticas sociais dos homens negros nas Minas Gerais do século XVIII Desenvolvemos estudo sobre as práticas sociais dos homens negros nas Minas Gerais do século XVIII, Comarca de Vila Rica, caracterizando-as como táticas das quais se utilizaram para a obtenção de benefícios que de acordo com o estatuto da escravidão não lhes seria permitido alcançar. Para visualizar tais práticas delimitamos as fugas e as reivindicações judiciais realizadas pela população negra do período. Utilizamos como fonte os seguintes registros históricos: ações de justificação, termos de prisão e alvarás de soltura e correspondências oficiais redigidas e recebidas pelos governadores da capitania. A análise destas fontes privilegiou uma abordagem qualitativa demonstrando que as fugas, tradicionalmente compreendidas como ato de enfrentamento radical à sociedade escravista, também pediam a observação constante em busca de determinadas circunstâncias que se mostrassem mais favoráveis. A busca pela liberdade pôde ser observada também pelas ações de justificação nas quais se verificam tentativas da população negra em movimentar-se nas entrelinhas da lógica escravista. Concluímos que a tática constituía-se em elemento permanente no cotidiano da população negra, permitindo-lhe exercer influência direta na organização da vida que se desenvolveu durante o setecentos mineiro. Nome: Mirian Cristina de Moura Garrido E-mail: miriangarrido@hotmail.com Instituição: UNESP Título: O passado escravista e sua influência em livros didáticos contemporâneos A experiência escravocrata brasileira influenciou a sociedade do país nos mais diversos períodos, sendo os afro-descendentes a parcela mais afetada pela instituição escravista. O presente trabalho propõe uma reflexão acerca das representações possíveis, presentes em manuais didáticos com relação a temas importantes, como escravidão e emancipação. O esforço é uma discussão inicial do que virá a ser dissertação de mestrado da autora. A proposta se justifica por pelo menos dois motivos: 1) os livros didáticos são objetos de ampla inserção na sociedade brasileira contemporânea e seu conteúdo além de constituir identidades, torna-se a noção de História desses cidadãos; 2) os movimentos negros têm reivindicado a inserção e/ou

renovação dos conteúdos que possam constituir identidades positivas, um resultado parcial seria a aprovação da Lei 10.639/03. Metodologicamente optou-se pela análise do discurso, pautado nas discussões de Eni Pulcinelli Orlandi; e pelo conceito de representação de Roger Chartier. Preliminarmente, pode-se definir que mesmo após a Lei 10.639, não houve a inserção significativa de conteúdos e que as explicações consagradas foram mantidas, sendo as diferenças entre os materiais didáticos resultante das opções dos autores dos livros didáticos. Nome: Monique Cristina de Souza Lordelo E-mail: moniquelordelo@gmail.com Instituição: UFMT Título: Escravos negros na capitania de Mato Grosso no século XVIII: fugas, capturas e formação de quilombos na fronteira oeste A criação da Capitania de Mato Grosso, no ano de 1748, teve como principal objetivo a segurança da fronteira. Conseqüência disso foi a fundação, pelo capitão general Rolim de Moura, de Vila Bela da Santíssima Trindade, em 1752, para ser a capital da capitania. Ao redor da vila capital desenvolveram-se arraiais dedicados à mineração, e para trabalhar nas minas foram adquiridos escravos negros. De um modo geral, esses escravos, ao fugir de seus senhores dirigiam-se para refúgios em locais de difícil acesso, dando origem a quilombos. Para controlar essas fugas, as duas Coroas, de Espanha e de Portugal, possuíam acordos que garantiam a devolução dos capturados para seus senhores. Isto posto, o objetivo da pesquisa é levantar documentação que, juntamente com a pesquisa bibliográfica, permita analisar a periodicidade das fugas, os locais de quilombos, o comércio de escravos para a capitania e os registros sobre presença negra em território castelhano, na fronteira lusoespanhola no século XVIII. A documentação básica consiste nos “Anais de Vila Bela 1734-1789”, nos “Anais do Cuiabá 1719-1830”, no documento “Viagem ao Brasil” de Alexandre Rodrigues Ferreira e em documentação manuscrita pertencente ao Arquivo Público do Estado de Mato Grosso. Nome: Neide dos Santos Rodrigues E-mail: nedari@bol.com.br Instituição: IPAD BRASIL Título: Estratégias de Resistência dos Africanos e Afrodescendentes Escravizados no Paraná de 1853 a 1855 A maioria dos escritos sobre o sistema escravista procurou negar a violência do escravismo e a capacidade dos escravizados de resistir e lutar. No entanto, diante da violência dos escravizadores, os negros resistiram das mais variadas formas. Da resistência individual às insurreições urbanas, até o quilombismo, tudo foi tentado. Muitas vezes a resistência foi um processo contínuo, permanente, aberto ou dissimulado, e teve um caráter tanto racial, como social, representando motivo de preocupação para os proprietários. Esse trabalho não destaca apenas as ações explícitas e diretas dos cativos, mas, leva em conta as atitudes e estratégias sutis de confrontação implícitas e diluídas em documentação oficial. Pesquisaram-se correspondências disponibilizadas pelo Arquivo Público do Estado do Paraná, no Catálogo Seletivo de Documentos Referentes aos Africanos e Afrodescendentes Livres e Escravizados, dos quais foram selecionados 22, porém analisadas apenas 15. Embora tenham sido analisados poucos documentos, a resistência dos escravizados ficou explícita. Procurou-se dar visibilidade para as relações entre os sujeitos e as situações em que os africanos e seus descendentes ofereciam maior resistência. Nome: Nelson Henrique Moreira de Oliveira E-mail: nelsonaranha@oi.com.br Instituição: UFFRJ Título: Forros Senhores da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu (1782-1798) Esta pesquisa propõe analisar a mobilidade social de egressos do cativeiro na Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu, região do Recôncavo da Guanabara, no final do século XVIII. Aborda a inserção social de ex-cativos como proprietários de escravos e de outros bens, buscando compreender a dinâmica de suas relações sociais, observando como cor, condição econômica e status social interferiam, moldavam e (re)definiam sua posição social na sociedade escravista e de Antigo Regime. As principais fontes utilizadas são óbitos e testamentos, que os qualificam e caracterizam em tal sociedade e que, aliados a outras fontes, auxiliam na reconstrução de suas trajetórias de vida, cuja análise se baseia no método da micro-história. Palavras-Chave: Forros. Mobilidade Social. Relações Sociais. Nome: Newman di Carlo Caldeira E-mail: newmancaldeira@yahoo.com.br Instituição: UFRJ

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Título: Buscando a liberdade: fugas internacionais de escravos na fronteira oeste do Império do Brasil (1829-1870) A independência dos países sul-americanos não foi acompanhada de imediato pela elaboração de tratados que fossem capazes de firmar compromissos bilaterais ou multilaterais entre os países, o que criou alguns hiatos sobre questões que repercutiram nas relações diplomáticas do Império do Brasil. Embora pouco estudadas, as fugas internacionais de escravos negros compõem uma parte significativa nas negociações que pretendiam regulamentar os casos de repatriação ou extradição. O objetivo principal deste trabalho será demonstrar o desenvolvimento dos processos de legitimação e defesa da propriedade escrava, por parte do Império do Brasil, em seus contatos com a República da Bolívia. O debate entre os países acerca da validade do direito de propriedade, reclamado pelos cidadãos da província de Mato Grosso, entrará em contradição com o direito à liberdade, defendido pelos países que concediam asilo territorial aos cativos. Palavras-chave: Escravidão. Fronteiras. Diplomacia. Nome: Patricia Gressler Groenendal da Costa E-mail: pgressler@gmail.com Instituição: UFGD Co-autoria: Maria do Carmo Brazil Título: As representações do brasileiro em tempos diversos: cultura dominante e sua influência no Ensino de História Segundo alguns estudiosos, a sociedade atual vive no período pós-moderno, e isso significa dizer que grandes esquemas explicativos teriam sido desacreditados. Parte destes estudiosos, como por exemplo, Nestor Garcia Canclini, contempla a chamada cultura híbrida, onde os limites ou os sinais de ruptura nesse processo recente são analisados. Reconhecemos a relação entre o estado da arte deste tema com as teorias explicativas da cultura brasileira, desde o período do Brasil Império, e postulamos que estes fenômenos não devem ser entendidos de forma estanque, independentes das realizações das diversas instituições e movimentos sociais, mas ao contrário, como um meio eficiente de compreender como forças dominantes forjaram e continuam forjando a identidade brasileira, especialmente no contexto escolar e no currículo do Ensino de História. Nestes temas, interessa-nos analisar a cultura escolar atual na interface dos diferentes momentos históricos acima citados. Nome: Paulo Henrique de Souza Martins E-mail: paulinho_henriquesm@yahoo.com.br Instituição: UVA Título: Histórias e Memórias da Escravidão na Fazenda Malhada Grande, Santa Quitéria – Ce: Os Bragas em Preto e Branco O artigo discorre sobre as relações sociais experimentadas por escravos e senhores da fazenda Malhada Grande, atualmente distrito de Santa Quitéria - CE. A discussão é feita com base nas memórias sobre a escravidão no lugar, e, com o diálogo que estabelecemos entre essa fonte e os registros de nascimento e casamento da Paróquia de Santa Quitéria, depositados no Arquivo da Cúria Diocesana de Sobral. O sobrenome “Braga” é o principal fio condutor da discussão. Ele é o elemento simbólico comum entre as famílias de origem senhorial e as de origem escrava. É, nesse sentido, objeto de reflexões e instrumento de poder localmente falando. Entrevistamos um descendente da família do fazendeiro Domingos Braga, proprietário da fazenda Malhada Grande, e uma descendente das escravas desse mesmo senhor. Suas visões de mundo e impressões sobre a escravidão na referida fazenda são objeto de interpretação nesse artigo. Violência sexual contra as escravas, embates simbólicos e identitários, coisificação, ascensão social de descendentes de escravos, são alguns dos elementos que constituem o conjunto das lembranças vivificadas nas entrevistas. Nome: Rogéria Cristina Alves E-mail: rogeriaufop@yahoo.com.br Instituição: UFMG Título: Meras escolhas ou estratégias?: uma proposta de pesquisa acerca da vida dos alforriados nas Minas Setecentistas Este artigo é parte introdutória da minha pesquisa de mestrado iniciada em março do corrente ano. A proposta de nosso estudo almeja lançar luz sobre as estratégias cotidianas e a mobilidade social. O nosso objeto é constituído pelos alforriados. O cenário eleito para empreendermos tal análise é a cidade de Mariana, durante a segunda metade do século XVIII, uma área de expressiva concentração urbana e diversidade econômica. O objetivo é analisar as estratégias que os alforriados lançavam para afirmarem a liberdade e “moverem-se” socialmente, ressaltando as escolhas deste grupo no tocante às opções materiais e, especialmente, aos relacionamentos que instituíam. Assim, a mobilidade não é vista só pelo prisma econômico, mas considera os aspectos sociais, como a inclusão destes indivíduos em redes de solidariedades locais. Acreditamos que

a construção de uma identidade social - fundamentada na condição de libertos – pelos forros, conjugaria vários fatores e escolhas, dispostos singularmente por cada indivíduo, por cada trajetória pessoal, configurando um verdadeiro “mosaico de estratégias”. Para atingir as proposições acima, utilizar-me-ei de um corpo variado de fontes (inventários, testamentos, ações cíveis). PalavrasChaves: Minas Gerais, Século XVIII e Alforriados. Nome: Sayonara Oliveira Andrade Elias E-mail: sayonara.a@hotmail.com Instituição: FIJ-RJ Título: O meu corpo é meu? Papéis das mulheres negras na colonização do Brasil Este trabalho visa abordar alguns aspectos do cotidiano das escravas e dos senhores de engenho. A investigação pode trazer, à luz dos novos estudos coloniais, características importantes do fenômeno escravidão em geral. A compreensão desta relação entre as escravas e seus senhores, pode esclarecer alguns pontos que tratam da negação da identidade feminina negra na atualidade. Nome: Solimar Oliveira Lima E-mail: s.olima@bol.com.br Instituição: UFPI Título: Tropeiros do sertão: A Comercialização de gado das fazendas escravistas do Piauí A disputa por terra entre gado e cana afastou alguns senhores do fértil litoral. Os animais, tão necessários à produção açucareira, resistiram ao confinamento de sobras de canaviais. Criadores e rebanhos adentraram, então, no inóspito e vasto território dos sertões. Em pouco tempo rês e vaqueiro estavam tão incorporadas às paisagens como o sol e a seca. Do gado tudo se extraia, da pele ao osso, couro, sedém, carne verde e seca, sebo, graxa, em pouco tempo, do gado tudo se vendia. A exploração econômica do rebanho foi, por séculos, o único elo entre o sertão piauiense e o Brasil. Uma das atividades decorrentes do pastoreio era a tropeada, e apresentava-se como essencial para a realização da produção, uma vez que era responsável pela circulação da mercadoria. A presença de trabalhadores escravizados nas tropas era uma constante, sendo alguns alugados. Nas tropeadas possuíam diversas atribuições como guias das tropas, cargueiros e tangedores. As tropeadas eram também responsáveis pela circulação de mercadorias diversas e necessárias ao desenvolvimento do sertão piauiense. Contudo, a sua existência estava atrelada essencialmente a economia do gado. Nome: Thiago Campos Pessoa Lourenço E-mail: tcpessoa@hotmail.com Instituição: UFF Título: O universo escravista no Império dos Souza Breves Os irmãos José e Joaquim de Souza Breves certamente conformavam uma das mais ricas e comentadas famílias da segunda metade do século XIX. Ambos, Comendadores, marcaram presença na política do Segundo Reinado. Participaram também do já condenado comércio de africanos no início da década de 1850. Nessa mesma época, confirmavam a posição de maiores produtores de café do Brasil Império, conformando uma riqueza que rendeu a Joaquim a fama de “Rei do Café”. Segundo nos contam alguns estudos memorialísticos, e trabalhos historiográficos centrados nos oitocentos, as propriedades dos Comendadores se espalhavam por todo o Estado do Rio de Janeiro, contando ao todo com mais de 6000 escravos. A partir dos inventários dos respectivos Comendadores, somados aos livros de controle interno das suas inúmeras fazendas, conseguimos mapear parte desse império territorial e humano, comandado pelos Souza Breves. No presente trabalho, utilizaremos os óbitos registrados nas diversas fazendas de Joaquim Breves, entre os anos de 1865 e 1875, como instrumento para traçarmos um perfil das propriedades e suas respectivas escravarias nas duas últimas décadas que antecederam a abolição da escravatura.

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44 44. Cidades e culturas: configuraçþes dos valores na modernidade Maria Inez Machado Borges Pinto – USP (mimborgespinto@ig.com.br) Fabiana Lopes da Cunha – UNESP (fabiana@ourinhos.unesp.br) $ SURSRVWD GR 6HPLQiULR 7HPiWLFR p GLVFXWLU D KLVWRULFLGDGH GRV DVSHFWRV GD PRGHUQLGDGH H GR SURFHVVR GH XUEDQL]DomR GDV FLGDGHV EUDVLOHLUDV EXVFDQGR DERUGDU RV P~OWLSORV YDORUHV SULQFtSLRV H QRUPDV TXH VH DSUHVHQWDP QR SURFHVVR GH FRQĂ€JXUDomR GRV HVSDoRV FLWDGLQRV DOpP GDV LQ~PHUDV WHQV}HV que perpassam a formação dos seus tecidos urbanos. Pretende-se abrir espaço para discussĂľes sobre os impasses, tensĂľes, ambigĂźidades e contradiçþes das tentativas de normatização da população das FLGDGHV EUDVLOHLUDV HP GLIHUHQWHV FRQWH[WRV KLVWyULFRV SDXWDGRV SRU GLIHUHQWHV YDORUHV H YLYHQFLDGRV por diferentes grupos de atores sociais. 7UDWD VH GH UHĂ HWLU VREUH TXHVW}HV WHyULFDV H KLVWRULRJUiĂ€FDV UHIHUHQWHV DRV YDORUHV TXH SDXWDP DV tensĂľes entre as prĂĄticas e representaçþes dos processos de urbanização das cidades brasileiras, enfocando as relaçþes de poder, exclusĂŁo e reelaboração, presentes em diferentes contextos urbanos. 3URS}H VH UHĂ HWLU FRPR HVVDV UHODo}HV VH DSUHVHQWDP HP XPD SOXUDOLGDGH GH PDQLIHVWDo}HV FXOWXUDLV WDLV FRPR DV OLWHUiULDV WHDWUDLV DXGLRYLVXDLV HQĂ€P HP LQ~PHUDV IRUPDV GH OLQJXDJHP FXMDV H[SUHVsĂľes perpassaram a plasticidade da reinvenção das tradiçþes na sociedade brasileira, e apresentar a crĂ­tica da disseminação de valores e representaçþes apologĂŠticas que informavam as prĂĄticas dos contraditĂłrios processos de urbanização e de modernização das cidades brasileiras. A proposta visa diaORJDU FRP R HQWUHFUX]DPHQWR GH SHVTXLVDV TXH WUDEDOKDP FRP DV UHSUHVHQWDo}HV SOXUDLV GD FLGDGH EXVFDQGR HQWHQGHU FRPR RV YHOKRV H QRYRV YDORUHV SUiWLFDV H UHSUHVHQWDo}HV DWXDP QD FRQĂ€JXUDomR GDV UHODo}HV GH SRGHU QR DPELHQWH XUEDQR H HVPLXoDU SURFHVVRV VLPXOWkQHRV SRUpP GLIHUHQWHV TXH envolvem problemĂĄticas das exclusĂľes sociais, culturais e polĂ­ticas. Assim, o SimpĂłsio busca agregar discussĂľes que lancem perspectivas mĂşltiplas de reflexĂŁo sobre os valores e as prĂĄticas presentes no processo histĂłrico de modernização das cidades brasileiras.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Gama De Araujo Dias E-mail: adricaslz@hotmail.com Instituição: UFRN TĂ­tulo: Cidade, espaços e modernização em SĂŁo Luis na Primeira RepĂşblica: a representação do pĂşblico e do privado a partir da literatura de Nascimento Moraes A proposta deste trabalho ĂŠ discutir a imagem construĂ­da pelo discurso literĂĄrio de Nascimento Moraes, em sua obra Vencidos e Degenerados, escrita em 1915, acerca da caracterização dos espaços pĂşblico e privado na cidade de SĂŁo LuĂ­s do MaranhĂŁo na primeira RepĂşblica. A investigação se concentra nas relaçþes estabelecidas entre diversos grupos sociais que atuam nesses espaços atravĂŠs de suas prĂĄticas cotidianas. PartĂ­cipe de uma geração de intelectuais envolvidos com o ideal de fazer reflorescer a literatura do MaranhĂŁo, Nascimento Moraes traz em sua obra uma crĂ­tica apurada sobre os valores e costumes da SĂŁo LuĂ­s republicana. O autor auxilia na re-elaboração dos significados e representaçþes culturais e espaciais. Pensando as transformaçþes sofridas pelo espaço fĂ­sico urbano no contexto de modernização pelo qual passavam as cidades brasileiras nesse perĂ­odo, buscaremos refletir sobre a articulação entre esses espaços e as açþes dos atores sociais que sĂŁo, ao mesmo tempo, construtoras e construĂ­das por eles. No que se refere aos atores sociais analisam-se atitudes do cotidiano domĂŠstico, das relaçþes de trabalho, das manifestaçþes culturais e polĂ­ticas. Todas baseadas num discurso legĂ­timo que ĂŠ representante do mundo social e construtor de uma identidade. Nome: Alenuska Kelly Guimaraes Andrade E-mail: alenusk@hotmail.com Instituição: UFRN TĂ­tulo: O “envelhecimentoâ€? dos bondes elĂŠtricos: construçþes de valores na modernidade natalense (1911-1937) No inĂ­cio do sĂŠculo XX os bondes elĂŠtricos começaram a correr em Natal, ligando bairros da cidade antes isolados. O bonde foi o primeiro serviço de transporte urbano e sua chegada foi narrada como a materialização dos valores da modernidade da ĂŠpoca, provocando mudanças na sensibilidade da população, enredada que estava pelo fascĂ­nio exercido por uma das vedetes da tĂŠcnica, a velocidade. Acompanhando as matĂŠrias e crĂ´nicas publicadas nos jornais locais entre 1911 e 1937, nas quais o bonde elĂŠtrico aparece como principal protagonista. Percebemos que sobre o bonde, que inicialmente ĂŠ traduzido como

sĂ­mbolo do moderno, vai sendo progressivamente projetada uma imagem de decadĂŞncia, de velhice, de um passado preso aos trilhos. Refletindo sobre o “envelhecimentoâ€? do bonde narrado pelos cronistas como parte de estruturas materiais e mentais, nas quais bonde e cronista estavam inseridos, buscamos analisar essa dinâmica de valores na modernidade natalense. O bonde elĂŠtrico, convivendo com as inovaçþes automotivas, tornou-se lento, essas impressĂľes ajudaram a deslegitimar esse tipo de transporte e a criar demandas de um mundo cada vez mais ĂĄgil e veloz. Nome: Amanda Danelli Costa E-mail: amandadanelli@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO TĂ­tulo: Projetos de cidade maravilhosa: o caso da modernidade carioca O objetivo da presente comunicação ĂŠ estabelecer um fio interpretativo que entreteça os projetos de reforma para a cidade do Rio de Janeiro, durante o sĂŠculo XIX e o inĂ­cio do sĂŠculo XX – RelatĂłrio Beaurepaire, ComissĂŁo de Melhoramentos e Reforma Pereira Passos, buscando analisar, sobretudo, as continuidades relativas aos diagnĂłsticos dos problemas da cidade e Ă s proposiçþes de soluçþes para ela encontradas. A hipĂłtese deste trabalho ĂŠ a de que os projetos para a cidade buscaram os resultados da modernidade, mas nĂŁo conseguiram traduzi-los de acordo com as especificidades cariocas. Este argumento ĂŠ tambĂŠm entrecruzado com a obra do cronista JoĂŁo do Rio, que elaborou uma crĂ­tica sobre a tensĂŁo moderna que a cidade do Rio de Janeiro enfrentou nas duas primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo passado. Nome: Amara Silva de Souza Rocha E-mail: amara.souzarocha@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro TĂ­tulo: Consumo Cultural nas periferias urbanas As periferias urbanas tĂŞm assumido um papel cada vez mais expressivo na dinâmica cultural e social das cidades contemporâneas. Este projeto, financiado pela Fundação de Amparo Ă Pesquisa do RJ (FAPERJ) e desenvolvido no Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ, tem como objetivo principal mapear fontes e bibliografia para o estudo das periferias e teorias da cultura e a formação de um banco de dados sobre consumo cultural nas periferias urbanas do Rio de Janeiro. Nome: Ana LĂşcia Fiorot De Souza E-mail: afiorot@ig.com.br

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Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Álbuns de cidades na “construção” de memórias e difusão de valores: São João del Rey, Juiz de Fora e Belo Horizonte no limiar do século XX As cidades brasileiras, no final do século XIX e inicio do XX, se adequaram aos princípios de modernização e progresso incorporados pelo regime republicano. Em especial, analisaremos as cidades mineiras de São João del Rey, através do álbum produzido pelo ítalo-brasileiro André Bello em 1918, do Álbum do Município de Juiz de Fora de 1915, organizado por Albino Esteves e Oscar Vidal Barbosa Lage e do Álbum de Bello Horizonte, datado de 1911, organizado por Tito Livio Pontes e Raymundo Alves Pinto, respectivamente. A produção de álbuns nesse período teve o condão de agregara função didático-pedagógica para os cidadãos locais (educação pelo olhar), com o papel de artefato propagandistico, difundindo melhorias e benfeitorias urbanas, e bem assim, ,sendo também, consideradas ferramentas imprescindíveis à construção das identidades locais e da memória social e oficial. Portanto, interessa-nos entender como modernidade, cidade e fotografia se entrecruzam e conformam nas respectivas representações dessas três cidades mineiras. Nome: Arnaldo Ferreira Marques Junior E-mail: afmj@uol.com.br Instituição: Edições SM Ltda Título: Os espaços públicos urbanos brasileiros entre a escravidão e a modernidade Ao longo do século XIX as elites brasileiras procuraram implantar no país os novos equipamentos e hábitos que surgiam nas maiores cidades do Ocidente. Contudo, a simples importação de melhoramentos como bondes, paralelepípedos, iluminação a gás, água e esgoto encanados, não foi suficiente para modificar as formas tradicionais de uso dos espaços públicos urbanos no Brasil, tidos como locais de passagem e de trabalho. A explicação para tal persistência se encontra na manutenção da escravidão, a qual implicava em uma rígida segregação social dos espaços. Para exercitar a sociabilidade ao ar livre, símbolo dos novos tempos, em lugar dos bulevares elegantes as camadas dominantes implantaram parques públicos porém fechados, excludentes, onde podia passear sob o abrigo de grades e agentes da “ordem”. Nome: Carla Miucci Ferraresi E-mail: miucci@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: O cinema e a modernidade no processo de elaboração das sociabilidades paulistanas. São Paulo na década de 1920 São Paulo na década de 1920 passou por mudanças de natureza econômica, social, administrativa e cultural que transformaram sobremaneira os modos de percepção do tempo e do espaço de seus habitantes. Tais mudanças interferiram diretamente nos processos de interpretação e reelaboração dos signos que constituíam o repertório léxico-cultural daquela sociedade. Em meio ao complexo e fluido cenário que conformava a cidade de São Paulo entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX, ampliava-se a circulação e o consumo das novas tecnologias de lazer, especialmente o cinema, assim como um rol de atividades comerciais ligadas à ele, como as salas de exibição, os periódicos especializados na crítica cinematográfica, as revistas sobre a vida das estrelas e os cartazes dos filmes em exibição. É nesse contexto que nos interessa abordar a relação entre a recepção do cinema – especialmente das produções hollywoodianas que dominaram o mercado nacional partir de 1915 - e suas influências nos processos de elaboração e reelaboração dos novos valores e sociabilidades, da conformação dos novos espaços sociais, urbanos e de consumo que marcaram a vida cotidiana dos habitantes da São Paulo dos anos de 1920. Nome: Carlos Alberto Machado Noronha E-mail: calhis2@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Uma cidade em disputa: Lima Barreto e a modernização do Rio de Janeiro Esse trabalho discute a constituição da imagem de nação moderna para o Brasil, no início do século XX, através da perspectiva do literato Lima Barreto acerca da modernização da cidade do Rio de Janeiro. As suas opiniões expressas em artigos e crônicas publicadas na imprensa da época, diários, correspondências e por meio das representações construídas nos seus contos e romances sobre o Rio de Janeiro foram confrontadas com as de outros escritores e ações modernizadoras dos governantes. A partir do diálogo com as propostas teóricas de Roger Chartier acerca da representação do mundo social e as de Michel de Certeau relacionadas ao estudo das práticas cotidianas, objetivamos, então, com aquela confrontação, analisar a disputa pela imagem da cidade do Rio de Janeiro; perceber como Lima Barreto expressa a apropriação pelas elites das

representações de modernidade forjadas, principalmente, na Europa com o intuito de ordenar o seu mundo social e compreender as possíveis alternativas apresentadas por Lima ao formato de cidade moderna defendido pelo regime republicano e por outros literatos. Nome: Carlos Nássaro Araújo da Paixão E-mail: nassaro_batera@yahoo.com.br Instituição: UNEB Título: A cidade quer luz: a instalação e os problemas da usina elétrica municipal em Alagoinhas - BA (1930-1949) Para se falar da vida nas chamadas cidades modernas é necessário desvendar as experiências e as sensibilidades dos indivíduos frente a novas técnicas e elementos como, por exemplo, a luz elétrica. É preciso entender a maneira pela qual os habitantes destas novas cidades reagiram a todo um turbilhão de mudanças provocadas pelo aparecimento de novas tecnologias que viriam alterar a vida citadina. Em Alagoinhas, no interior da Bahia, o caso da energia elétrica é um bom exemplo. A partir de sua instalação, os alagoinhenses adotaram novos hábitos, consumiram novos produtos, e se dedicaram a novos tipos de entretenimento, como dormir mais tarde, o rádio e o cinema, respectivamente. Isto gerou uma demanda maior por energia que resultou em problemas de abastecimento, com corte de fornecimento, escuridão nas ruas e de constantes defeitos no maquinário da Usina. O que surgiu como o sonho de modernidade, transformou-se em um problema para a população e para o poder público da cidade solucionar. Nome: Célio André Barbosa E-mail: celio.ab@uol.com.br Instituição: USP Título: A Fiesp e o Estado Nacional: de escudeiros e opositores (uma breve história do empresariado industrial paulista e a crise do regime autoritário) 1979 a 1985 Esta dissertação apresenta um estudo sobre a história da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP – desde sua formação em 1928, até o final do governo autoritário em 1985. Enfoca a história da industrialização brasileira, enfatizando a concentração industrial no estado de São Paulo, de seu auge até o início do processo de desconcentração industrial no estado e de colapso do modelo “Desenvolvimentista”. O governo do General João Batista Figueiredo (1979-1985), é o palco principal de análise sobre a crise do modelo econômico e de importantes mudanças na postura das lideranças do empresariado industrial paulista. A FIESP, sob a gestão de Luís Eulálio Bueno Vidigal Filho, deixa de ser colaboradora e co-participante da elaboração e implantação de políticas econômicas do Governo Federal, tornando-se crítica e até de opositora ao governo e mesmo ao sistema autoritário propriamente dito, defendendo a Abertura e a Redemocratização. Nome: Cláudia Míriam Quelhas Paixão E-mail: cmqpaixao@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O uso do espaço urbano do Rio de Janeiro durante o início do século XX: populares e engenheiros A partir do início do século XX a cidade do Rio de Janeiro sofreu inúmeras transformações na sua formas urbana, a fim de adequá-la aos modelos idealizados de cidade vigentes desde a segunda metade do século XIX. A busca em torno do ideal de cidade pontuou uma disputa implícita onde grupos sociais diferentes, cada qual com sua noção ou necessidade de cidade, pensava também de maneira diferente sobre o uso do espaço urbano. De um lado estão os “produtores do espaço”, representados por engenheiros, arquitetos, médicos, sanitaristas e políticos, que imbuídos de um discurso científico atribuíram para si a função de construir o espaço moderno urbano no Rio de Janeiro, deixando além de uma rede de relatos, a própria reforma registrando o seu discurso. Do outro lado estão os próprios habitantes da cidade, em especial os de baixa renda, cuja relação se dá através do uso do espaço urbano e não da intervenção técnica. Nesta apresentação pretendo discutir como esses dois grupos sociais, engenheiros e moradores populares, perceberam o desmonte do morro do Castelo ocorrido entre 1920 e 1922, em especial, focando na maneira como os populares lidaram com a perda de sua moradia. Nome: Clóvis Frederico Ramaiana Moraes Oliveira E-mail: clovisramaiana@gmail.com Instituição: UNEB/UnB Título: Com os pés na lama e a cabeça no Olimpo: Aloísio Resende e a re-escrita da história de Feira de Santana, 1928-1940 Já foi dito que a edificação de uma cidade tem homologias com a escrita de um texto. As palavras escolhidas para figurar no papel, são memorizadas em

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44 detrimento daquelas preteridas, esquecidas. A escolha de um modelo de rua, de prédio ou de passarela, é feita como forma de fixar memórias e fomentar práticas de lembrar. O que não é aproveitado nas construções é soterrado pelas edificações triunfantes, ou empurrado para as margens do território citadino, os subúrbios e, em qualquer dos dois casos, esquecido. A partir da década de 1920, a cidade de Feira de Santana-Ba, situada na região fronteiriça que separa a capital do sertão, experimentou um processo de escritura arquitetônica que metaforizava a urbe como um pólo irradiador de progresso e civilização. Na contramão desta escrita, o poeta Aloísio Resende (1900-1941) produziu uma obra repleta de imagens suburbanas, tirando das sombras do esquecimento personagens e práticas que seriam excluídas pela urbanização feirense, invertendo, assim, a escrituração da história local, saindo das margens para o centro. Neste trabalho, pretendo explorar as contradições da prática literária do poeta com os modelos de escrita da cidade, expressos no projeto urbanizador. Para tal farei uso das noções de escrita, esquecimento e memória. Nome: Eda Maria Goes E-mail: edagoes@fct.unesp.br Instituição: UNESP Título: Em busca da temporalidade perdida: contribuição ao estudo da cidade contemporânea Abordando a questão da violência, no âmbito dos estudos sobre a cidade contemporânea, buscamos demonstrar a importância dos estudos históricos entre as pesquisas interdisciplinares necessárias ao enfretamento da complexidade que caracteriza o urbano. Utilizando principalmente entrevistas, voltamos nossa atenção às representações sociais da violência e a sua expressão, material e simbólica, nessas realidades não metropolitanas do Estado de São Paulo. Problematizamos a atuação da mídia e a própria noção de violência urbana, com vistas ao desvendamento das relações de poder subjacentes, e a identificação das práticas sociais que combinam permanências, representadas pela associação entre violência e pobreza e outros estereótipos, com mudanças, materializadas, por exemplo, nos altos muros que assinalam a presença de novas formas de habitar na cidade, chegando a um processo que tende a fragmentação da cidade e a sua privatização, a despeito das particularidades identificadas em cada uma das cidades pesquisadas. Nesse processo, que não pode ser compreendido sem a dimensão temporal, o distanciamento, cada vez mais radical, entre moradores da cidade, se expressa de maneiras variadas, se inscrevendo nos diferentes espaços da cidade. Nome: Edilma Oliveira Souza Quadros E-mail: eoquadros@gmail.com Instituição: UNEB Título: Transformações na cidade: vivências urbanas em Santo Antonio de Jesus/Ba (1950-1970) O tema abordado neste estudo é a constituição das vivências que permearam o cotidiano dos moradores da cidade de Santo Antonio de Jesus, nas décadas de 1950-1970, momento em que a cidade dava os primeiros passos em um processo de urbanização marcado sobretudo pela modernização do seu espaço. Para tanto, utilizamos como fontes: depoimentos orais, jornais, fotografias, documentos oficiais do Legislativo e Executivo, processos trabalhistas, entre outras. Discute-se a coexistência dos costumes rurais e citadinos e as novas formas de viver em Santo Antonio de Jesus, configuradas pelos seus moradores, concomitantemente às transformações processadas, num contexto em que os sujeitos forjaram estratégias de sobrevivência nas suas práticas cotidianas e se envolveram numa multiplicidade de negociações e tensões para manter-se na urbe. A partir do diálogo com a historiografia recente sobre cidade e respaldado nos postulados teóricos da história social e cultural, destaca-se o advento da energia elétrica em Santo Antonio de Jesus e evidenciam-se alterações experimentadas pelos moradores nos espaços públicos e privados, assinalando a sua participação nas atividades ligadas ao lazer. Nome: Elaine Cristina Caun E-mail: nannyk1@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: A modernidade e o engenheiro: Antônio Soares Romêo e a arquitetura do progresso na belle époque em Ribeirão Preto (1913-1923) O objetivo desta pesquisa é o de refletir sobre as transformações urbanas, tanto arquitetônicas, quanto urbanística, sofridas pela cidade de Ribeirão Preto, no período conhecido como belle époque. A cidade é apresentada, com suas novas experiências urbanas, através da figura de Antônio Soares Romêo, engenheiro municipal entre os anos de 1913 a 1923. O engenheiro deste período, este diretamente ligado as acepções de racionalidade e racionalismo, a uma epistemologia dos saberes técnicos e principalmente a razão. Antônio Soares Romêo, homem culto e formado pela Escola Politécnica de São Paulo, se apropriou dos

modelos de civilização, progresso e transformação urbana em voga nas grandes metrópoles mundiais, Paris e Londres fin-de-siécle. O ecletismo e a racionalidade entram em cena como um estilo a ser alcançado, é valido lembrar que a proposta é extremamente elitista sendo esta a cultura própria de uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso e as novidades especialmente quando melhoravam sua condição de vida. Nome: Fabiana Lopes da Cunha E-mail: fabiana@ourinhos.unesp.br Instituição: UNESP Título: Carnaval ilustrado: a participação da inteligentsia no carnaval carioca durante a belle époque Nosso trabalho busca compreender através da análise das revistas ilustradas Fon-Fon! e Careta, a participação da inteligentsia brasileira na formação e modificação do carnaval (desde meados do século XIX até o início do XX). Queremos demonstrar que cronistas e caricaturistas que participaram ativamente das festividades carnavalescas, o faziam não apenas pelo divertimento e prazer, mas também porque viam nelas uma forma de expressar sua arte, criação, suas críticas sociais e políticas. A participação na construção da imagem da festa, através de crônicas, caricaturas e até mesmo na organização de blocos ou clubes carnavalescos tinham como um dos objetivos lançar para a sociedade um novo projeto civilizatório que para parte desta intelectualidade somente seria inteligível à grande massa se divulgado de forma lúdica e bem humorada. Tal projeto muitas vezes se confundia com novas formas de encarar a vida: mais moderna e mais efêmera, e com as transformações que a cidade do Rio de Janeiro sofria com os projetos de remodelação urbana. Nome: Francisco Carlos Oliveira De Sousa E-mail: franciscocarlos@cefetrn.br Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Título: Resíduos do progresso: urbanização, modernidade e limpeza pública em Natal na Primeira República Sob a visão dos republicanos, alçados ao poder com a ruína da Monarquia no Brasil, os melhoramentos implantados durante a transição do século XIX para o século XX, colocavam Natal nos trilhos da modernidade prometida pela nova forma de governo. Nesse contexto marcado por tensões, agravadas por intermitentes migrações, a questão da limpeza pública provocou significativos desafios a determinados setores da população. Em especial, àqueles situados nos extremos da pirâmide social da capital potiguar. Para as elites locais, condutoras do processo de modernização, sem uma intervenção drástica o saneamento e o aformoseamento da urbe estariam comprometidos pelos munícipes mais humildes. Era preciso disciplinar o crescimento e higienizar a cidade para evitar o caos urbano. Mais ainda, resolver essa questão implicaria em conquistar a inserção na modernidade. Nome: Gabriela Pontin Novaes E-mail: gabriela_pontin@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Identidade, distinção cultural e estigma na “belle époque” piracicabana. O papel da imprensa na construção de imaginários da cidade moderna. O início do século XX foi marcado por muitas transformações, mas também permanências de muitos aspectos da vida cultural e social. Na urgente busca por uma modernidade, diversas cidades implantaram seus projetos urbanos a ponto de excluir de forma violenta aqueles que estavam em seu caminho. Este trabalho procura analisar o papel da imprensa na construção de imagens de uma cidade ideal moderna e como os diversos grupos sociais aparecem nestes discursos. Nome: Helmara Giccelli Formiga Wanderley E-mail: helmaragiccelli@hotmail.com Instituição: CEFET-PB Título: Os caminhos de ferro: moda comunicação e lazer em pombal (1932-1959) Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas mudanças de sensibilidade e subjetividade ocorridas em Pombal a partir da chegada do trem do ferro, o que aconteceu num contexto de modernização da cidade. Neste sentido, analisamos o impacto desta conquista material sobre a moda, a agilização nas comunicações e também as novas práticas cotidianas de diversão e lazer ocorridas entre os anos 1932 2 1959. Teoricamente faremos uso dos conceitos de modernidade do historiador Gervácio Batista Aranha; de sensibilidade de Bresciani; de usos e invenções de Michel de Certeau; da lazer e diversão de Antonio Clarindo Barboza e de cultura material de Daniel Roche. Quanto à

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metodologia utilizaremos a bibliografia existente; os documentos ditos oficiais; a iconografia, assim como as memórias dos homens e mulheres que viveram aqueles anos. Nome: Jordania Maria Pessoa E-mail: pessoajordania@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual do Maranhão Título: Euforia fabrilista e ações modernizadoras: a constituição de uma cidade fabril O presente texto é parte constitutiva da dissertação de mestrado intitulada: “Entre a Tradição e a Modernidade: A belle époque Caxiense – práticas fabris, reordenamento urbano e padrões culturais no final do século XIX”. Nesse texto, abordamos os discursos e as práticas encampadas pela elite caxiense que constituíram uma cidade fabril e conectaram Caxias, no Maranhão, aos símbolos modernos, como a ferrovia. Esses discursos instituíram imagens de uma cidade grandiosa denominada euforicamente de a “Manchester Maranhense” em que os sujeitos desejantes percebiam a interiorana Caxias adentrando nos tempos modernos. Destacamos, contudo, que o sentido de modernidade estará relacionado à constituição de novos padrões culturais ligados a uma política, uma economia e a uma estética; e não a um período histórico. Isto só denota o quanto a modernidade é ambivalente e contingente, pois possibilita a emergência do acaso, desconstruindo uma ordem que os tempos modernos nunca vivenciaram. Nome: José Italo Bezerra Viana E-mail: italobezerra776@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Orgulhosa(mente) cratense: o Instituto Cultural do Cariri e o pensamento intelectual sobre a cidade. (Crato: 1950-1960) Esta pesquisa tem como objeto de estudo as práticas e representações socioculturais produzidas em Crato, nas décadas de 1950 e 1960, em relação ao trato com a cidade, sob um enredo que se articula pela implicação das concepções de modernidade e progresso. Em 1953 comemorou-se o centenário de elevação do Crato à categoria de cidade e dentre as atividades empreendidas para a celebração nasce uma entidade de cultura disposta a perpetuar, pelas letras, fatos marcantes da história e da cultura da região do Cariri. Com a idéia de que “desde o começo seu povo é dominado pela vocação do progresso”, o Instituto Cultural do Cariri - I.C.C buscou o reconhecimento do Crato como uma cidade progressista, moderna e marcada pelos sinais de “adiantamento” a partir da idealização de um passado “heróico e liberal”. Dessa forma, interessanos perscrutar as visões e ações de uma elite culta que se amparou em uma “herança civilizatória” para arrogar um lugar diferenciado àquela responsável pelo “despontar da civilização” na Região do Cariri. Nome: Keite Maria Santos do Nascimento Lima E-mail: keitem@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Imagem e modernização no sertão baiano: Alagoinhas (19001930) A crise dos paradigmas da escrita da História nos anos de 60 e 70 do século XX provocou uma revisão dos instrumentos de pesquisa, bem como dos temas e problemáticas dos estudos históricos. A ampliação dos objetos, as novas posturas metodológicas e a renovação dos conceitos contribuíram para a emergência dos estudos sobre cidade no campo da historiografia. Entre as múltiplas possibilidades de acesso ao fenômeno urbano, os discursos e as imagens proporcionaram aos historiadores da cultura analisar a cidade a partir de diferentes dimensões que se interpenetram. É nesta perspectiva que proponho analisar, pelo uso da imagem fotográfica, o complexo processo de expansão da cidade de Alagoinhas, ocorrida com a chegada da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, e sua vida urbana nas primeiras décadas do século XX. E discutir as imagens como veículo de representações sociais e construção simbólica de uma cidade tida como moderna e civilizada. Para a realização da pesquisa a documentação foi recolhida a partir de acervos privados de fotógrafos, famílias e instituições o que demonstra que ao longo da história a fotografia na cidade cumpriu diversas funções sociais a partir dos usos de seu artefato. Nome: Luciana Paiva Coronel E-mail: lucoronel@cpovo.net Instituição: USP Título: A voz do outro: a literatura de periferia na cena urbana contemporânea Desde o seu início, o processo de modernização ocorrido no Brasil revelou sua feição conservadora e excludente. As tensões advindas da urbanização e da industrialização no país se fizeram presentes com toda evidência nas represen-

tações literárias que acompanharam essas grandes mudanças. O modernismo de 1922 já trazia no bojo de suas propostas a revelação dos descompassos de uma modernidade que não rompia com o atraso, nem com as desigualdades sociais e políticas. Da década de 50 para cá, na medida em que os limites da modernidade brasileira se evidenciavam, a literatura não deixou de representar esses impasses. Recentemente, a literatura de periferia tornou-se evidência na cena cultural nacional, revelando a voz daqueles para quem as benesses da vida moderna ainda não chegaram. São essas vozes, dotadas de forte teor de crítica à exclusão social e cultural vigente no país, que se vai analisar, evidenciando seus valores, sua poética, sua história e sua ética. Nome: Luís Manuel Domingues Do Nascimento E-mail: luismdomingues@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Modernizações urbanas no Recife: a expressão crítica aos seus encantos Entre o final da década de 1960 e fins dos anos de 1970, a área central do Recife foi modernizada para se integrar de forma cabal aos padrões de uma sociedade de consumo e industrial, a partir do seu reordenamento urbano, da reurbanização viária em si e no seu entorno, da instalação de novos equipamentos urbanos e da remodelação de suas paisagens. Modernização que foi arquitetada através de ações instituídas e constituídas pelos poderes públicos, associados ao capital havido por novas oportunidades de negócios e aliados as classes sociais mais abastadas interessadas numa mobilidade territorial eficaz num tempo hábil, impondo sobre as classes subalternas os custos dessa modernização. No bojo desse processo, produziram-se desvelamentos, análises e críticas sobre essa modernização, dando voz e vez aos sonhos, aos projetos, as experiências de vida, as histórias e aos dramas das classes subalterna, através da expressão de alguns de seus sujeitos e da voz e vez adquirida através de escritores como Osman Lins, Rostand Paraíso e Carlos Pena Filho. A nossa comunicação procura operar uma reflexão crítica quanto ao conteúdo crítico dessas expressões e sua relação com a modernização urbana no Recife no período. Nome: Luiz Antonio Gloger Maroneze E-mail: luizmaroneze@feevale.br Instituição: PUC-RS Título: A crise da cidade moderna através dos cronistas contemporâneos de Porto Alegre: a ética do cotidiano Temática de relevo em discussões nas ciências humanas desde o início do século XX, cidade e discurso cultural moderno balizaram interpretações sobre o urbano em diferentes tradições teóricas. De Simmel, passando pela Escola de Chicago, pelos urbanistas e pela Nova história cultural, entre outros caminhos, as reflexões sobre o homem nas cidades contemporâneas continuam na ordem do dia. Principalmente porque o próprio discurso moderno, fundamento maior do mundo urbano, vive sua própria crise. Essa relação, portanto, entre a crise do moderno e as sociabilidades urbanas atuais torna-se uma questão incontornável aos historiadores. Diante deste quadro é que propomos aqui resgatar e interpretar as percepções dos cronistas de Porto Alegre sobre a crise dos valores modernos expressos nas sociabilidades e na estética social contemporânea ( espacial e simbólica ). Trata-se, assim, de utilizar a crônica jornalística - gênero literário colado ao seu tempo - como fonte para se pensar uma história da cidade contemporânea. Nome: Maira Wanderley Neves E-mail: mairawanderley@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: O binóculo que observa Belém e a Belém transcrita por outras perspectivas: análise do discurso da imprensa paraense O jornal O Binóculo circulou em Belém, no Pará, a partir do ano de 1897, trazia em seu subtítulo as alcunhas de “critico, político e noticioso”, como muitos jornais paraenses que se dedicavam a informar seus leitores sobre os acontecimentos da cidade. No entanto, o dito jornal vinha com um discurso que o diferia, em tom satírico e humorístico, compondo jogos, tanto com a imprensa, como com as representações da cidade. Com a imprensa no sentido de construir um jornal aos moldes da imprensa noticiosa, mas atravessa essa forma com um discurso boêmio, centrado em festas, prostitutas, brigas, e dessa forma passa a enfocar a cidade de Belém, que vivia em meio a belle époque, sob uma perspectiva discursiva e local que não tinha espaço nos meios oficiais, a noite, seus acontecimentos, seus personagens. Nesse sentido, meu trabalho enfoca a relação entre imprensa e cidade, a construção e legitimação das representações urbanas e sociais e o jogo satírico construído pelo jornal O Binóculo. Nome: Márcia Milena Galdez Ferreira E-mail: milenagaldez@hotmail.com

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44 Instituição: UEMA Título: Malandros, poetas e degenerados: representações da São Luís do pós-abolição na obra de Nascimento Moraes Busca-se analisar representações da cidade de São Luís no período imediatamente posterior à abolição da escravidão a partir da obra Vencidos e Degenerados de autoria do jornalista e literato Nascimento Moraes. Publicada em 1915, o tempo narrativo da obra tem início no dia 13 de maio de 1888, quando a notícia da abolição é aguardada por abolicionistas, letrados e escravos. A narrativa prossegue acompanhando os passos de um jovem mulato, filho natural de escravos e adotado pela família de um jornalista, até sua maturidade. Com fina ironia o autor representa os costumes e tradições de São Luís nos primeiros anos da República adentrando, através de seus personagens, desde os luxuosos bailes da elite até o submundo dos poetas, passando pela malandragem da rua e pelos grêmios dos jovens escritores que sonhavam reviver a Atenas Brasileira. Através do diálogo entre História e Literatura intenta-se uma incursão pelo mundo da “verdade do simbólico”, concebendo tal obra enquanto um documento riquíssimo para o estudo das representações da cidade, de suas ‘crendices e usanças” no curso de sua modernização. Nome: Marcia Pereira Da Silva E-mail: marciapereirasilva@gmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista Título: Cidade, urbanização e aplicação da justiça: Franca na primeira metade do século XX O município de Franca sofreu, nas primeiras décadas do período republicano, um processo de acumulação capitalista oriundo dos lucros obtidos com a produção cafeeira. Semelhante a outras cidades do interior paulista, tal processo foi coordenado por uma elite que queria gozar das benesses da modernidade e viver num mundo que elegeu determinados comportamentos como civilizados. A urbanização e significou a convivência entre concepções de civilização e velhos hábitos de uma população rural, considerados inadequados. A administração da cidade empreendeu diversos esforços e usou vários artifícios para normatizar a vida urbana, entre eles a aplicação da justiça. Apresentaremos as contradições do tripé urbanizar/modernizar/civilizar verificadas em Franca, por meio de processos-crime relacionados à ordem, aos costumes e ao comportamento social. Analisamos ocasiões em que a administração local se propôs a ordenar o espaço público divulgando normatizações que, não raro, iam de encontro com as determinações nacionais revelando, assim, as peculiaridades do projeto de urbanização e desenvolvimento local. Nome: Marcos Antonio de Menezes E-mail: pitymenezes@terra.com.br Instituição: UFG Título: Baudelaire: um poeta a auscultar a cidade Depois de o poeta de Les fleurs du mal ter traduzido, em versos, as mudanças que a nova cidade do século XIX provocava na alma e no mundo físico, muitos outros se ocuparam de tal tarefa. Mas, ainda assim, a cidade parece ser material inesgotável, sempre passível de novas abordagens – mesmo porque, a nova cidade renova-se a cada dia. Nesta, os conflitos ganham contornos mais nítidos, como se os corpos dos seus habitantes, antes, estivessem presos às suas pedras. Pedras serão deslocadas e explodirão em miríade sobre as cabeças convulsas dos seus atônitos citadinos. Nome: Marilécia Oliveira Santos E-mail: leciasantos@click21.com.br Instituição: UFMG Título: Salvador: “uma cidade que nada tenha a invejar” Esta comunicação tem como propósito analisar alguns aspectos da administração pública da cidade de Salvador após a implantação da República Brasileira. Discute-se aqui os embates travados entre os Conselheiros Municipais e o intendente, Luiz Tarquínio, durante o curto período em que o mesmo permaneceu no cargo. Nestes embates estão presentes as questões ligadas a ordenação e embelezamento do espaço público e o anseio desses homens de tornar a capital baiana um exemplo de cidade moderna tal o modelo idealizado naquela conjuntura. Perpassa nessas discussões a tentativa de supressão dos signos e elementos denunciadores de uma realidade sob vários aspectos distante da idealizada. Algumas dessas discussões resultaram em posturas municipais que sequer chegaram a ser aplicadas e algumas que foram aplicadas tornaramse objetos de querelas entre citadinos e a administração pública. Interessa sobretudo conhecer os projetos de intervenção para a cidade e as reações dos moradores a estas intervenções. Nome: Marise Magalhães Olímpio E-mail: marisecefet@hotmail.com

Instituição: UFC Título: “De dia falta água, de noite falta luz”: trajetórias e experiências dos primeiros moradores do Conjunto Habitacional Prefeito José Walter (1970-1982) O Conjunto Habitacional Prefeito José Walter, mais um dos conjuntos habitacionais financiados em todo o Brasil pela política habitacional da Ditadura Militar, foi construído em 1970 na região sul de Fortaleza objetivando reduzir o déficit habitacional ocasionado, principalmente, pelo elevado número de migrantes que chegaram a cidade nas três décadas anteriores. Esta pesquisa procura perceber como os primeiros moradores deste Conjunto lidavam com as dificuldades vivenciadas (falta de água, ineficiente meios de transporte públicos, ausência de mercantis) e que meios, dentro de sua diversidade de trajetórias e experiências (enquanto migrantes originados de diversas regiões do Estado), (re)criavam para tentar superá-las, destacando toda rede de sociabilidades e tensões existentes dentre os moradores, assim como entre os moradores e o Poder Público. Para tanto dialogamos com historiadores, geógrafos e cientistas sociais que se dedicaram ao estudo das migrações e, para além, à relação entre a cidade e seus novos “cidadãos”. Dentre as principais fontes utilizadas destacamos jornais da década de 70, documentos oficiais e narrativas produzidas pelos moradores do Conjunto sobre o período, observando as metodologias e reflexões históricas no uso de suas especificidades. Nome: Patrícia Verônica Pereira Dos Santos E-mail: patriciaufrb@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título: Fortificações da cidade do Salvador: história, memória e patrimônio material As fortificações são patrimônios da cidade do Salvador, e em seu entorno aconteceram fatos marcantes da história da Bahia e se constituíram nos séculos XVI e XVII em pontos estratégicos para a defesa da cidade contra invasões estrangeiras. A escolha deste tema deve-se não só pelos valores históricos e culturais, e sim por as fortificações representarem uma fonte viva de pesquisa e testemunho da memória da história de Salvador, servindo de subsídios a estudantes, profissionais e curiosos a respeito dos fatos que aconteceram nas suas proximidades, embora no caso concreto, Salvador seja um museu ao ar livre. As fortificações da cidade do Salvador representam a força portuguesa do período colonial nas terras de Além-Mar. Os fortes de Salvador constituem-se em uma parte essencial na sua reconstrução histórica, que identifica e a localiza nas necessidades de defesa do seu sítio, ao tempo sua construção registra fatos e feitos de um momento de guerra da metrópole portuguesa para defender a sede do governo geral. Por isso, com este estudo, procuro estabelecer uma relação entre o passado e o presente, possibilitando a reflexão sobre as fortificações como espaços de preservação da memória local. Nome: Regiane Cristina Custódio E-mail: rccustodius@hotmail.com Instituição: UNEMAT Título: Mato Grosso pós–1970: experiências entretecidas, expressões múltiplas A década de 1970 constituiu-se um marco na história do Brasil. Sob o regime militar uma política de integração nacional foi pensada para a área da Amazônia Legal possibilitando a expansão da fronteira agrícola. Esta comunicação abordará a inserção de Mato Grosso ao processo produtivo nacional e a implementação de projetos de colonização privada. A operação histórica transformou em fontes de análise algumas reportagens sobre Mato Grosso que propagam a idéia de uma nova “terra de riquezas”. Veiculadas em jornais e revistas de alcance nacional, as cidades de Mato Grosso são, em geral, representadas como alternativas para uma “vida melhor”. No entanto, não há uma condição única, o processo de expansão dos núcleos urbanos neste estado é múltiplo, multifário, multifaces. Com o crescimento das cidades está a crescer uma expressiva desigualdade social não mencionada nas representações. Às fontes escritas somam-se alguns relatos que, na perspectiva da história oral, descortinam tensões, possibilidades e limites presentes na trama social. A partir dos relatos, rompe-se a idéia de homogeneidade presente nas representações sobre o estado e um amplo mosaico cotidiano é tecido. Surgem embates, conquistas, perdas, trajetórias itinerantes, sonhos e alteridades. Nome: Renato da Gama-Rosa Costa E-mail: rgrc@coc.fiocruz.br Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Nome: Tania Maria Fernandes E-mail: taniaf@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz Título: Gestão urbana em Manguinhos. Histórias de um bairro popular

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O geógrafo Marcel Roncayolo define a cidade como o lugar da centralidade, da cultura urbana e da luta de classes. Manguinhos, espaço importante de cultura, localizado na periferia do Rio de Janeiro, compõe um dos lados desta luta de classes. A cidade como lugar e objeto desta luta suscita algumas questões: Como se distinguem os movimentos urbanos dos movimentos sociais mais globais? Qual é a capacidade possível de absorção destes conflitos pelas sociedades existentes? A gestão urbana e a participação da sociedade expressam espacialmente o resultado deste jogo político? Como nos alerta Roncayolo, não é suficiente estudar a composição desta sociedade para se entender uma cidade, é preciso estudar a natureza das suas relações sociais e seus efeitos sobre a gestão urbana. Quando nos propomos a estudar a história das comunidades de Manguinhos, percebemos que, talvez, esta fórmula devesse ser ampliada: estudar a história de uma cidade é perceber a relação entre a gestão urbana e a mobilização social e seus efeitos sobre o espaço urbano. Contar a história das comunidades de Manguinhos é contar a história de parte das áreas carentes de nossa cidade, história de um lugar desvalorizado pelo tempo, deixado quase que completamente ao abandono e à falta de assistência das políticas públicas. Nome: Ricardo Jose Vilar Da Costa E-mail: rjvilar@yahoo.com.br Instituição: UFRN e Colégio Impacto Título: Natal e a “aprazível” Cidade Nova (1904-1930) Este trabalho almeja entender as maneiras de viver das elites citadinas de Natal, nas primeiras décadas do século XX, momento em que novas condutas familiares e sociais marcavam os hábitos urbanos nas cidades brasileiras. Analisamos as mudanças em curso nas habitações em paralelo com as alterações da vida urbana, enfocando, sobretudo, os novos elementos de um estilo de vida “moderno” que se afirmava na capital. Estudamos a ocupação da região da Cidade Nova na perspectiva de um processo no qual a família nuclear, e suas casas burguesas, experimentavam uma vida “aprazível”, repleta de novos significados e valores. Apresentamos a relação entre o bairro e suas casas, que fomentavam o cotidiano das “boas famílias”. Buscamos compreender as cenas domésticas como momentos de legitimação dos modelos de vida desejados pelas elites da Cidade Nova, o que pode ser percebido pelo embelezamento das residências, pelo afastamento em relação a rua, pela crescente compartimentação dos cômodos, etc. Pesquisamos jornais e textos literários referentes ao período, destacadamente o jornal local A República e o livro Gizinha, de Polycarpo Feitosa, que nos apresentam possibilidades investigativas acerca dos referenciais do viver bem entre as famílias mais aquinhoadas da capital. Nome: Rita Lages Rodrigues E-mail: ritalagesrodrigues@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais/Universidade FUMEC Título: O indivíduo e a cidade: Luiz Olivieri e Belo Horizonte O objetivo desta comunicação é analisar a presença de sujeitos na cidade a partir da figura de Luiz Olivieri, arquiteto que chegou a Belo Horizonte em 1897. Membro da Comissão Construtora, abriu o primeiro escritório de arquitetura da capital, recebendo então encomendas de plantas e obras para casas particulares na capital. Olivieri teve mais de 400 projetos aprovados para construção na cidade. Mais de 20 obras de sua autoria são tombadas pelo município. Existe um acervo considerável, estatuetas, fotografias e objetos, no Museu Histórico Abílio Barreto. Partindo de questões oriundas da Micro-História, buscar-se-á trabalhar com a relativa liberdade do indivíduo, com consciência das limitações do sistema normativo e prescritivo em relação à liberdade individual, como nos informa Giovani Levi em seu texto sobre os usos da biografia. Os problemas ao se abordar a questão da biografia dentro do conhecimento histórico passam por questões de fundo da própria teoria do conhecimento: relações entre normas e práticas, entre indivíduo e grupo, entre determinismo e liberdade ou entre racionalidade absoluta e racionalidade relativa. Refletir sobre a presença do sujeito na cidade e sobre o espaço de ação restrita deste sujeito é tarefa fundamental para se pensar o urbano a partir do século XIX. Nome: Samara Mendes Araújo Silva E-mail: samara.mendes@ig.com.br Instituição: Universidade Estadual do Piauí Título: festa do vaqueiro: práticas culturais e religiosas sertanejas nas cidades piauienses no século XXI A Festa do Vaqueiro, dia do novenário dedicado e organizado pelos vaqueiros, analisada a partir da ótica da cultura, denota a manifestação e a manutenção, além da (re)invenção, de práticas culturais e religiosas sertanejas nas cidades piauienses na contemporaneidade; demonstrando, assim, que mesmo nos espaços urbanos piauienses persistem traços da cultura vaqueira, a qual delineou e definiu as conformações sócio-culturais e econômicas do Piauí ainda no sé-

culo XVII. Para os filhos das cidades piauienses, a festa é, também, o momento de reencontro familiar e rememoração dos acontecimentos e histórias transcorridas na cidade, posto que as pessoas que migraram para outros lugares e os integrantes das ramificações das diversas famílias escolhem, em geral, o dia da festa do vaqueiro para retornarem a sua cidade natal; acontecendo, desta forma o encontro de gerações e a troca de experiências entre familiares, agregados e conhecidos. Nesta análise, nos apoiamos nas produções históricas sobre cultura, especialmente as que abordam a temática da cultura popular; observamos e registramos a ocorrência da referida festa nas cidades piauienses durante os festejos da padroeira, e coletamos de relatos orais de organizadores da festa na cidade de Brasileira, onde a festa acontece desde 1965 Nome: Veroni Friedrich E-mail: veroni@irapida.com.br Instituição: UEM Título: Cine Horizonte - Desafios à preservação do patrimônio cultural em Maringá-PR No ano de 1988 a cidade de Maringá-PR instituiu a lei 2.29787 que criou o Serviço de Proteção ao Patrimônio Histórico e instituiu o tombamento como instrumento de salvaguarda de seus bens culturais. Neste sentido, o presente artigo apresenta e faz algumas considerações acerca das dificuldades existentes à efetivação de uma política patrimonial que efetivamente garanta o patrimônio cultural da cidade. Para tal fim tomamos como estudo de caso o recente processo de tombamento do Cine Horizonte. Inaugurado no ano de 1962, foi um dos primeiros cinemas e opção de lazer, bem como, um espaço de sociabilidades na cidade que estava sendo formada. Nome: Viviane da Silva Araújo E-mail: vivianedasa@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO Título: Da marginalidade à centralidade: quiosques e pés rapados entre o espaço urbano e o retângulo fotográfico O presente trabalho tem o objetivo de analisar a série fotográfica dos quiosques cariocas, produzida por Augusto Malta em 1911 sob a luz do seguinte questionamento: por que o fotógrafo oficial da Capital Federal era incumbido de registrar os quiosques existentes na cidade, se o poder público os via como degradantes? Ou seja, por que registrar esse elemento representativo da desordem urbana pela fotografia, retendo-o para a posteridade? Aqui, se ensaiará responder a tais questões a partir da hipótese de que estes elementos marginalizados socialmente no espaço urbano, num outro lugar daquela mesma modernidade que os desprezava e destruía, poderiam estar presentes como elemento central: na forma de modelo fotográfico. Isto porque aquilo que era considerado inadmissível no convívio urbano seria, contudo, aceitável e desejável preso à imagem fotográfica, por uma sociedade ávida pelo consumo de imagens das mais diversas situações, inclusive as condenáveis. Procura-se então refletir sobre a idéia de que a fotografia, entre outros atributos, era vista socialmente como um lugar possível para o velho em meio ao novo, para barbárie em meio à civilização: o que não se desejava ter nas ruas, se desejava olhar na fotografia. Nome: Waldefrankly Rolim De Almeida Santos E-mail: wrolim@hotmail.com Instituição: UNIT Título: Modernização e “Cidade” na experiência republicana sergipana (1890– 1926) Na atualidade, grande parte dos estudos sobre o início, desenvolvimento e modernização das cidades sergipanas a partir da implantação do Regime Republicano no Brasil tem se concentrado nas discussões sobre o desenvolvimento da cidade de Aracaju. Contudo, o ideal republicano não se estendeu apenas a experiência aracajuana. Outros núcleos urbanos apresentaram um projeto de modernização nos anos que se seguiram a 1890 com peculiaridades que nos permitem visualizar aspectos da cultura urbana no Estado, forjados nas interrelações desenvolvidas entre tradição e modernidade, saber técnico, polícia e política. Nesse sentido, pretendemos inserir a análise das normas produzidas para essas cidades como estratégias para garantir o ideário de “cidade moderna” e confrontá-las com as ações dos consumidores desses espaços em suas relações de apropriação e prática. O objetivo desta comunicação é analisar a experiência das atuais cidades de Divina Pastora, Santa Luzia, Pacatuba e Aracaju - no contexto do final do século XIX e início do XX - com a pretensão de evidenciar as características do desenvolvimento nelas empreendido, como também, as fortes contradições existentes nas diversas representações e práticas exercidas sobre o urbano.

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45 45. Terra, poder e direitos: a HistĂłria agrĂĄria revisitada (SĂŠculos XVIII/XX) MĂĄrcia Maria Menendes Motta – Universidade Federal Fluminense (marciam@vm.uff.br) 2 6LPSyVLR 7HPiWLFR 7(55$ ( ',5(,726 $ +,67Ă?5,$ $*5É5,$ 5(9,6,7$'$ 6e&8/26 ;9,,, ;; REMHWLYD GLVFXWLU RV IXQGDPHQWRV H D GLQkPLFD GH FRQVROLGDomR GD SURSULHGDGH LQGLYLGXDO D SDUWLU do sĂŠculo XVIII e os embates entre posse e propriedade (vinculada ou alodial). Pretende-se ainda DQDOLVDU DV KLVWyULDV GRV FRQĂ LWRV IXQGLiULRV VHXV DJHQWHV H HVWUDWpJLDV GH DWXDomR (P RXWUDV SDODYUDV SURS}H VH DTXL UHĂ HWLU VREUH D KLVWyULD GR GLUHLWR j WHUUD QR %UDVLO H D UHDWXDOL]DomR QR WHPSR GDV OXWDV QR FDPSR 1HVWH VHQWLGR VHUmR SULYLOHJLDGRV RV WUDEDOKRV TXH DVVXPHP R GHVDĂ€R GH DQDlisar os fundamentos do direito Ă terra em sua relação com os conceitos de campesinato, fronteira e SROtWLFD DJUiULD 3DUWH VH GR SUHVVXSRVWR TXH DV QRYDV SHVTXLVDV DFHUFD GDV H[SHULrQFLDV KLVWyULFDV GRV SREUHV GR FDPSR H GD GLQkPLFD GH LQFRUSRUDomR GH WHUUDV LOXPLQDP R GHEDWH VREUH DOJXPDV GDV TXHVW}HV TXH IXQGDPHQWDP QRYDV SHVTXLVDV HP KLVWyULD DJUiULD RX KLVWyULD VRFLDO GD DJULFXOWXUD $OpP GLVVR SULYLOHJLDUHPRV WDPEpP RV WUDEDOKRV TXH LQYHVWLJDP D SROtWLFD DJUiULD HVWDEHOHFLGD HP determinada conjuntura para deslindar os jogos de força que se instauram para garantir uma dada FRQFHSomR GH SURSULHGDGH HP SUHMXt]R GH RXWUD SDXWDGD ² SRU H[HPSOR ² QR FRVWXPH H QD SRVVH imemorial. Por conseguinte, serĂŁo bem-vindas as pesquisas voltadas para a anĂĄlise dos projetos de reformulação fundiĂĄria/ reforma agrĂĄria no Brasil, tendo como base as legislaçþes agrĂĄrias e as Cartas 0DJQDV GR SDtV 2 6LPSyVLR HP WHOD REMHWLYD SRU Ă€P UHYLJRUDU D KLVWyULD DJUiULD QXP LQWHQVR HVIRUoR de recuperação de suas principais marcas interpretativas, Ă luz das novas questĂľes suscitadas pelo entendimento do processo de constituição das noçþes de posse, propriedade e direito Ă terra no Brasil. 2V UHVXOWDGRV GRV GHEDWHV GHVWH HQFRQWUR VHUmR UHJLVWUDGRV QR WHUFHLUR OLYUR SXEOLFDGR SHOR 1~FOHR GH ReferĂŞncia AgrĂĄria. Assim, o SimpĂłsio busca agregar discussĂľes que lancem perspectivas mĂşltiplas de reflexĂŁo sobre os valores e as prĂĄticas presentes no processo histĂłrico de modernização das cidades brasileiras.

Resumos das comunicaçþes Nome: Aline Caldeira Lopes E-mail: aline.caldeira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro TĂ­tulo: Remanescentes de quilombos na imprensa: discursos sobre a propriedade privada no Brasil A inclusĂŁo do artigo 68 nos Atos das Disposiçþes Constitucionais TransitĂłrias da Constituição Federal de 1988 ocorre num perĂ­odo de amplo debate na sociedade em torno da reforma agrĂĄria que culminou em perdas aos movimentos sociais de luta pela terra como conseqßência da garantia da legalidade da propriedade produtiva independente de sua dimensĂŁo, remontando o histĂłrico de concentração fundiĂĄria no paĂ­s. O artigo 68 representa uma polĂ­tica compensatĂłria que obscurece um conflito de dimensĂŁo social mais ampla, o que Motta chamou de uma “brecha negra em livro brancoâ€? (2002). O artigo que declara que o Estado emitirĂĄ o tĂ­tulo de propriedade a comunidades remanescentes de quilombos abriu campos de disputas em diversos setores da sociedade, tendo como palcos privilegiados o poder judiciĂĄrio, o congresso nacional e a grande imprensa. Recortamos nossa pesquisa em torno do debate na grande imprensa ocorrido no perĂ­odo de 2005 a 2008, com atenção especial Ă fala de entidades representantes de grandes proprietĂĄrios de terra envolvidos em conflitos com comunidades remanescentes de quilombos, buscando perceber em que medida a negação da identidade como remanescente de quilombo de determinado grupo pode ter o escopo de fortalecer o discurso da propriedade privada absoluta. Nome: Ana Claudia Diogo Tavares E-mail: anaclaudiatavares@yahoo.com Instituição: PĂłs-Graduação de CiĂŞncias Sociais da UFRRJ TĂ­tulo: TĂĄticas jurĂ­dicas na luta pela terra: a atuação dos advogados do MST de 1995 a 2006 no Rio de Janeiro As disputas pela terra no Brasil, em geral, foram (e ainda sĂŁo) levadas ao JudiciĂĄrio pelos grandes senhores/proprietĂĄrios de terras ou por pequenos posseiros ameaçados de expulsĂŁo. Silva, ao analisar os efeitos da Lei de Terras de 1950, conclui que as classes dominantes nĂŁo precisam de leis, pois podem usar outros mecanismos, como a violĂŞncia e o paternalismo, embora sintam a necessidade de regulamentação, ante a insegurança gerada pela violĂŞncia dos conflitos entre elas (1996). Em outro sentido, Mota analisa o recurso Ă s açþes judiciais, especialmente pelos pequenos posseiros, indicando que a

busca pela legalidade e a conseqĂźente propositura de uma demanda judicial poderia gerar limites aos poderes absolutos dos senhores de terra (1998). Apesar do papel de mediação exercido pelos advogados na inserção das lutas por terra no JudiciĂĄrio, percebemos que a academia tem negligenciado seu estudo. Buscamos examinar o papel dos advogados que atuaram e/ou atuam nos conflitos fundiĂĄrios na defesa de trabalhadores organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Rio de Janeiro no ano de 1995 a 2006, ressaltando as tĂĄticas e estratĂŠgias jurĂ­dicas, que conformam e sĂŁo conformadas pelo aparato legislativo existente, bem como pelos contextos dos conflitos fundiĂĄrios. Nome: Ana Renata Do RosĂĄrio De Lima E-mail: anarenata@unifap.br Instituição: Universidade Federal do AmapĂĄ TĂ­tulo: Terra e trabalho como componentes das lutas cabanas no AcarĂĄ - PA (sĂŠc.XIX) Em estudos sobre nĂ­veis de revoltas e lutas camponesas no AcarĂĄ, especialmente nas primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XIX, percebo que açþes do tipo ocupaçþes de terras, saques, roubos de fazendas e sĂ­tios, alĂŠm do comĂŠrcio clandestino, foram ligadas (por grupos anti-cabanos), Ă criminalidade e banditismo. NĂŁo podemos esquecer, que “rebeldesâ€? e autoridades, com suas diferentes formas de sentir e estar no mundo, sĂŁo componentes tĂ­picos e especĂ­ficos, de um cenĂĄrio agrĂĄrio, no qual camponeses livres e escravos, sujeitos, por exemplo, ao arrendamento e/ou trabalho compulsĂłrio, empreenderam diferentes tipos de enfrentamento Ă s pessoas, ao poder estabelecido e atĂŠ ao latifĂşndio e ao comĂŠrcio de exportação. Num territĂłrio como da vila do AcarĂĄ, que possuĂ­a no sĂŠculo XIX, um total de 71,9% de suas terras ocupadas pela plantação de cana-de-açúcar, tambĂŠm ĂŠ possĂ­vel encontrar pistas de uma pequena economia camponesa familiar, que, em tempo de revolta, o trabalho de homens e mulheres especialmente nas roças de mandioca, fosse em terrenos prĂłprios e principalmente nos ocupados, recebe outras significaçþes, que talvez em nada se assemelhassem Ă idĂŠia de crime. Nome: Angelo Aparecido Priori E-mail: aapriori@uem.br Instituição: UEM - Universidade Estadual de MaringĂĄ TĂ­tulo: A revolta camponesa de Porecatu A revolta camponesa de Porecatu foi um movimento de resistĂŞncia, articulada por camponeses em defesa da posse da terra, na regiĂŁo Norte do Estado

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do Paraná, no final da década de 1940 e início da de 1950. No entanto, a resistência camponesa tomou corpo e forma a partir da intervenção de militantes e dirigentes do Partido Comunista Brasileiro, que através de uma ampla rede de solidariedade conseguiram organizar a luta armada por um período superior a dois anos. O estudo foi realizado tendo como base os documentos e relatórios produzidos pela Delegacia de Ordem Política e Social do Paraná (DOPS/PR), pelo Partido Comunista Brasileiro, pelo Fórum da Comarca de Porecatu e por uma ampla gama de reportagens sobre o episódio, publicadas em jornais e revistas da época. Com isso foi possível compreender as artimanhas elaboradas pelos camponeses na luta e defesa da posse da terra, bem como os mecanismos de repressão instituídos pelo Estado, através do DOPS, da Polícia Militar e do Judiciário. Constatou-se que o uso da força policial repressiva foi decisivo na derrota e desarticulação do movimento camponês armado. Como resultado da ação, milhares de camponeses foram deserdados e expulsos de suas terras e deslocados para outras regiões do Estado. Nome: Betty Nogueira Rocha E-mail: bettyrocha33@gmail.com Instituição: CPDA/UFRRJ - EHESS/França Título: De migrante à “pau-rodado”: migração, propriedade da terra e relações de poder no Cerrado Mato-grossense A política federal de regularização fundiária, conduzida durante o período da ditadura militar e aplicada dentro dos princípios do Estatuto da Terra, resultou em inúmeros processos de arrecadação, legitimação e/ou adjudicação de terras públicas para fins de “reforma agrária” nos anos 1970 e 1980. A ocupação das terras localizadas na Amazônia Legal era considerada prioritária em um contexto onde a estratégia geopolítica destacava a região como uma fronteira agrícola a ser explorada e para onde designou-se inúmeros projetos de colonização. O objetivo deste trabalho é identificar e analisar alguns aspectos da relação entre movimento migratório, propriedade da terra e poder no norte mato-grossense utilizando como fontes de pesquisa decretos, documentos e correspondências oficiais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Diário Oficial da União, bem como relato orais dos migrantes. Nome: Carlos Leandro da Silva Esteves E-mail: carlean2005@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O “estatuto” antes do Estatuto: uma discussão sobre as relações entre as políticas públicas para a agricultura em Goiás (1961-1964) e as principais diretrizes aprovados no Estatuto da Terra (1964) O trabalho tem como objetivo problematizar abordagens consagradas pela historiografia sobre os grupos em disputa na elaboração do Estatuto da Terra (1964) no que tange às concepções que partem da dicotomia existente no Gret entre “tributaristas/sem experiência de campo” e “distributivistas/com experiência de campo”. Tal visão deriva de uma leitura devedora da memória construída pelo grupo de São Paulo, produzida em torno das intervenções de José Gomes da Silva. Partindo da análise dos projetos implementados em Goiás no início da década de 1960 mediante a atuação de Paulo de Assis Ribeiro é possível afirmar que as principais diretrizes aprovadas no ET, tanto no âmbito da legislação agrária quanto na nova conformação das agências estatais, já estavam sendo postas em prática a nível dos executivos estaduais através do trabalho de escritórios de consultoria tecnoempresarial associados ao IPÊS. Nesse sentido, as políticas de intervenção no agro formuladas durante o governo Castello Branco e consagrada como hegemônica no ET é menos o resultado de uma ruptura promovida por novos agentes do que a viabilização e institucionalização de uma visão pautada pela tecnização da agricultura. Nome: Cláudio Lopes Maia E-mail: maiaclaudio@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Os donos da terra: a disputa pela propriedade e pelo destino da fronteira - A luta dos posseiros em Trombas e Formoso 1950/1960 A luta dos posseiros de Trombas e Formoso na década de 1950 e na primeira metade de 1960, foi considerada como uma das ações do Partido Comunista Brasileiro no espaço rural. Nesta pesquisa, diferentemente de ressaltar esta ação partidária, concentramos nossa atenção no processo da luta e nos aspectos particulares dos grupos sociais envolvidos nas diversas fases do conflito. Diante desta opção metodológica compreendemos que a constituição da consciência social dos posseiros seria mediada pelos seguintes aspectos: uma experiência pretérita de exploração; o processo de migração, mediado pelas promessas do Estado de acesso facilitado a terra; a condição de fronteira

das terras, aberta as diversas modalidades de ocupação, grupos e projetos de integração e o processo de sociabilização próprios dos grupos camponeses, marcados pela solidariedade de vizinhança e formas diversas de ajuda mútua. Diante deste quadro concluímos nesta pesquisa que a luta dos posseiros de Trombas e Formoso deve ser compreendido como um todo complexo em que se relacionam os aspectos particulares dos grupos envolvidos nas diversas fases do conflito e as condições organizativas do espaço da fronteira, fatores que só podem ser interpretados, em sua relação dialética, no momento particular do conflito social. Nome: Cristiano Luís Christillino E-mail: christillino@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A pecuária no Brasil Meridional: a estrutura dos rebanhos e a classificação dos criadores Os estancieiros sul-rio-grandenses não conformaram um perfil único quanto as suas atividades e nem em relação à extensão dos seus rebanhos. As informações referentes aos criadores apresentadas pelas câmaras municipais em 1858, permitem discutir a estrutura produtiva da principal atividade econômica da Província do Rio Grande do Sul, a partir de três regiões distintas: na Serra, no Planalto e na Campanha. Os dados analisados mostram a predominância dos pequenos e médios criadores, quando os grandes rebanhos se restringiam a um pequeno número de pecuaristas. Esta conjuntura da pecuária levou os fazendeiros a buscarem novas alternativas econômicas, especialmente a exploração da erva-mate e comercialização das terras florestais a imigrantes, no Planalto, nas Missões e na região da Serra, um processo que acelerou a apropriação e os litígios de terras na Província Meridional. Nome: Daniel de Pinho Barreiros E-mail: daniel.barreiros@ie.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Fronteira agrícola, Estado e trabalho assalariado no pós-Abolição: entraves estruturais ao emprego de imigrantes asiáticos (década de 1890) Após a extinção do trabalho escravo no Brasil, severos entraves na economia agrícola fluminense foram finalmente evidenciados: a perda de competitividade, somada à perda de vocação produtiva, bem como a escassez de força de trabalho. Este artigo analisa o fracasso do projeto, conduzido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com investidores privados, de suprir a agricultura de trabalho barato, através da importação de “cules” chineses. Defendemos que a impossibilidade de retenção de assalariados livres à serviço do latifúndio monocultor se deveu à pressão exercida pela fronteira agrícola aberta e pela expansão das áreas urbanas. Nome: Eleide Abril Gordon Findlay E-mail: efindlay@terra.com.br Instituição: Universidade da Região de Joinville- Univille Título: A ocupação territorial e a política agrária na província de Santa Catarina no século XIX A comunicação visa analisar as falas dos Presidentes da Província de Santa Catarina junto à Assembléia Legislativa, e os relatórios enviados à Assembléia Geral Legislativa pelo Ministro do Império e Ministro da Agricultura no período Imperial. O estudo tem como objetivo identificar a concepção oficial sobre a política de ocupação territorial e a política agrária defendida pelos governantes. Já que, parafraseando Márcia Motta “as fontes sussurram”, as falas dos governantes provinciais e ministeriais impuseram a necessidade de se “ouvir” as entrelinhas das falas e relatórios das autoridades. Entre as informações coletadas observou-se que os governantes provinciais tinham uma posição extremamente favorável ao processo de colonização estrangeira. No entanto, às vezes lamentavam que os nacionais não tivessem as mesmas possibilidades, incentivos e benefícios concedidos aos estrangeiros para a aquisição de terras. Mas também, em alguns momentos, criticavam o que entendiam ser uma falta de disposição de parcela da população nacional para a aquisição de novas técnicas produtivas. Dessa forma a ocupação territorial da Província, principalmente pelos estrangeiros, além de um empreendimento econômico, era entendida como a possibilidade de modernização das atividades agrícolas provinciais. Nome: Elione Silva Guimarães E-mail: elioneguimaraes@yahoo.com.br Instituição: Arquivo Histórico de Juiz de Fora-PJF Título: “Terras em Comum”: direitos e conflitos Proponho apresentar os resultados iniciais de uma pesquisa que pretende analisar aspectos da história da propriedade fundiária no Vale do Paraíba mi-

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45 neiro entre os anos de 1850-1920, enfocando a dissociação entre as normas legais e as práticas sociais. Busco compreender as relações de posse e propriedade nas terras pró-indivisos e os conflitos vivenciados pelos diversos atores sociais que disputaram interesses concorrentes sobre o direito a estas terras. Analiso as condições de ocupação das terras em comum e os conflitos latentes que poderiam emergir com a chegada do “estrangeiro” e nos momentos de quebra dos acordos informais, estabelecidos na convivência cotidiana. É por meio das ações possessórias e dos documentos a elas juntados, relativos à propriedade da terra, e da vasta documentação cartorial, que pretendo analisar os litígios jurídicos e costumeiros vivenciados pelo homem do campo, e a dissociação entre as normas legais e as práticas sociais que colocaram em confronto proprietários das mais diferentes categorias. Nome: Ely Souza Estrela E-mail: elyestrela@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: Expropriação do campesinato e resistência no Médio São Francisco Baiano (1970-2000) O propósito desta comunicação é deslindar a resistência empreendida pelos camponeses do Médio São Francisco Baiano, entre os anos de 1970 e 2000, ao amplo processo de expropriação de que foram vítimas, após a implementação na região das políticas desenvolvimentistas resultantes da aplicação do dispositivo constitucional que reservava um por cento (1%) do orçamento da união para investimento na região, consubstanciada, através da criação, em 1948, da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco CVSF autarquia, substituída pela Superintendência do Vale do São Francisco – Suvale (1967) e, mais tarde, pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – Codevasf (1974), como também pelas ações e medidas financiadas pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene (criada em 1950). Essa resistência deu ensejo à criação de movimentos de trabalhadores sem-terra (MST, OLT, MLT, CETA), da resistência indígena, da emergência das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e das Associações de Fundo e Fecho de Pastos. Nome: Emanuel Lopes de Souza Oliveira E-mail: emanueldominus@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Múltiplas faces dos conflitos de terra: escravos, lavradores pobres e senhores no final da escravidão na Mata Norte de Pernambuco Não foram poucos os conflitos na Mata Norte pernambucana. O artigo trata do envolvimento dos escravos em “questões de terra” nas freguesias de dois importantes municípios da região açucareira, Goyana e Nazaré da Mata, nas décadas de 1870 e 1880, sendo o primeiro de incrementado mercado interno. Através das mudanças na dinâmica da posse da terra e de escravos podemos redimensionar interpretações que primam por uma relação automática entre estrutura fundiária e controle social, e assim englobarmos muito mais uma discussão de múltiplas relações de força, diluídas entre os diversos grupos sociais. A contrapartida da resistência dos lavradores de roça, arrendatários e, sobretudo dos escravos, diante do controle da política senhorial, propõe novos debates sobre o processo histórico do acesso à terra. Neste contexto, o final da escravidão foi marcado por um forte sentimento de defesa das terras, do qual a roça dos escravos imprimiu significados de autonomia e liberdade. Nome: Emmanuel Oguri Freitas E-mail: manel_adv@yahoo.com.br Instituição: CPDA/UFRRJ Título: A terra e os trabalhadores: um estudo de caso sobre a função social da propriedade O artigo aborda a utilização da categoria trabalho escravo como elemento principal da tentativa de desapropriação da Fazenda Cabaceiras, localizada no município de Marabá, no Pará. No ano de 2004, o Governo Federal decretou a desapropriação desta terra de propriedade da família Mutran, por conta da reincidência de utilização do trabalho escravo e pelo descumprimento da legislação ambiental. Este caso é emblemático, pois marca uma série de disputas que ocorrem no espaço público, onde a tensão entre o Estado e a sociedade civil seria elemento central numa possível reconstrução das relações de trabalho no campo e na sua valorização enquanto justificativa da existência da propriedade privada rural. O presente estudo percorreu a história de luta pela terra que envolve o imóvel, bem como a atuação dos diversos atores que participam desse universo. CPT, MST, INCRA, Ministério Público do Trabalho, trabalhadores escravizados e proprietários se encontram neste cenário de disputa, onde propriedade e trabalho são mediados pelo instituto constitucional da função social da propriedade.

Nome: Fania Fridman E-mail: fania@ippur.ufrj.br Instituição: IPPUR- Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: A formação de um território na província fluminense Diante da lacuna na historiografia referida às regionalizações, às inovações institucionais e aos sujeitos da ordenação espacial no longo curso, minha contribuição será apresentar alguns resultados de uma pesquisa em andamento dedicada à história urbana e territorial do Rio de Janeiro desenvolvida no âmbito do Grupo de Estudos do Território e de História Urbana vinculado ao Ippur/Ufrj. O presente trabalho dedica-se ao estudo da região sul fluminense em meados do século XIX - período de definição de estratégias dos novos agentes que surgiram na cena econômica, política e espacial - através de um repertório dos diversos programas de intervenção, ordenamentos legais e dos atores que acabaram por consolidar novas territorialidades por meio da acumulação dos patrimônios fundiários. Na perspectiva de um ensaio de interpretação, a base empírica reúne um levantamento de material documental primário bem como de mapas, croquis e iconografia de época depositados no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e no Arquivo Histórico do Exército. Foram ainda recolhidas informações disponibilizadas na bibliografia de referência. Nome: Fernando Gaudereto Lamas E-mail: fglamas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Transformações na forma de aquisição de terras na área central da Mata Mineira na primeira metade do século XIX – (1820-1850) A intenção desse artigo é analisar o nascimento e o desenvolvimento do mercado de terras entre as décadas de 1820 e 1850 na área central da Zona da Mata de Minas Gerais. Para atingirmos nosso objetivo faremos uso de fontes cartoriais que indicam a fase de transformação da terra em mercadoria nessa região. Acreditamos que somente após o apaziguamento dos conflitos com os indígenas esse mercado tornou-se viável. Nome: Fernando H. G. Barcellos E-mail: fernando.barcellos@globo.com Instituição: CPDA/UFRRJ Título: Intelectuais, sindicalismo e luta por terra O objetivo do trabalho é discutir o papel do intelectual na ação sindical, em especial no que se refere à luta por terra no estado do Rio de Janeiro. O recorte temporal é demarcado pelo período entre 1964 e 1982. Inicialmente, os intelectuais serão entendidos como heterogêneos, agentes da reflexão e/ou atuação na elaboração de questões que perpassam o sindicalismo rural. A âncora do texto é a construção de interpretações frente às leis agrárias do século XX, a atribuição de direitos e as práticas sociais e políticas de organização e luta. Pressupomos sistematizar como historiam as condições dos conflitos, privilegiando diferentes posições sobre o que é qualificado como legítimo de reivindicar. Levantaremos investimentos temáticos, teses, conceitos e categorias acadêmicas, jurídicas e políticas. Destacaremos percepções sobre a ação dos órgãos públicos. Além disso, resgataremos bandeiras de luta, visões costumeiras de justiça e de apossamento de terra. Apontaremos dimensões de legitimidade social na dimensão legal, no ato de interpretação da função social da terra, aprofundando o conhecimento sobre os intelectuais e a luta por terra no Brasil. Nome: Franciane Gama Lacerda E-mail: fgl@amazon.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Agricultura e extrativismo na fala dos poderes públicos: um estudo sobre os Estados do Pará e do Amazonas (início do século XX) A partir da análise de pronunciamentos oficiais dos poderes públicos do Pará e do Amazonas, após a crise da borracha no início da década de 1910, a comunicação pretende investigar as múltiplas compreensões acerca da Amazônia. Trata-se entender quais os significados dados a essa parte da Amazônia brasileira, a partir de reflexões acerca da agricultura e do extrativismo, com o objetivo de compreender também as diversas intervenções que esse território sofreu a partir da crise da produção do látex. Nome: Francisco Ruy Gondim Pereira E-mail: ruygondim@gmail.com Instituição: Escola E.F.M. Franlin Távora Título: Catolicismo e conflitos agrários nos Sertões do Ceará (19801990) A ruptura nas antigas relações de trabalho entre moradores e proprietários

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de terra, dominantes na paisagem sertaneja até a década de 1970, desfez as bases das relações tradicionais, até então alicerçadas na reciprocidade desigual paternalista. Itapiúna, região “marginal” do Sertão Central, pode ser vislumbrada como medidor das tensões sociais que afetaram o campo na passagem das décadas de 70 e 80, quando, então, pastorais e comunidades eclesiais católicas passaram a ser o eixo de mobilização por onde os camponeses organizaram seu protesto e demandaram uma política estatal de distribuição de terras. Politizando a questão agrária – e explicitando determinados recortes de classe, integrados nas experiências de resistência – o catolicismo progressista contribuiu para soterrar o poder dos grandes proprietários e, ao mesmo tempo, ampliar a presença dos trabalhadores rurais na arena política, garantindo a concretização de parte de suas reivindicações. Este estudo analisa a relação estabelecida entre as lutas camponesas e a ação da Igreja em Itapiúna, na medida em que esta ofereceu uma “nova” linguagem, através da qual, contradições a muito silenciadas puderam se expressar, ampliadas pelo surgimento de uma nova cultura dos pobres do campo diante do rompimento dos vínculos de dependência.

E-mail: julianadeandradee@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Entre a conservadoria e a expansão: a influência de José Mendonça de Mattos Moreira na política agrária em Alagoas (1795-1820) No presente trabalho, propomo-nos a fazer um estudo do espaço enquanto produto da interação que os homens estabelecem com a natureza e com outros homens por meio do Trabalho. Dessa forma, entendemos que, os espaços são construídos a partir de uma complexa rede de sociabilidades e poderes, onde determinados grupos sociais passam a definir suas formas produção. Essas forças podem ser dimensionadas pelo estudo das configurações espaciais, uma vez que, não são estáticas. Assim, para compreendermos essas disputas e suas implicações na Mata Norte de Alagoas, entre o final do século XVIII e as três primeiras décadas do XIX, procuramos observar o papel do Senhor de Engenho e Ouvidor José Mendonça de Mattos Moreira, na organização da política fundiária em Alagoas, ou seja, buscamos identificar as estratégias empreendidas pelo senhor de engenho para a expansão de suas propriedades, através da politica de Conservação das Matas.

Nome: Francivaldo Alves Nunes E-mail: francivaldonunes@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Agricultura e as terras de Floresta da Amazônia do século XIX A associação entre a cobertura vegetal e a fertilidade do solo é comum nos debates sobre a atividade agrícola no Brasil. Na Amazônia, tornaram se costumeiros os discursos das autoridades provinciais, durante as ultimas décadas do Segundo Reinado, de evocação da exuberância da mata e da relação com a capacidade produtiva do solo; chegava-se inclusive a dizer que o agricultor nessas bandas do Brasil não se preocuparia com os trabalhos de adubagem das terras, pelo contrário, lutaria em combater a superabundância da vegetação, conseqüência da fertilização natural das terras de floresta. Atento aos debates que envolveram agricultura e as áreas florestais na província do Pará, analisaremos esses discursos na perspectiva de entender que não apenas foram responsável pela construção de uma imagem da Amazônia como região em que as áreas agrícolas deveriam ser expandidas, mas serviram de referência para justificativa das políticas públicas de colonização, das formas de ocupação desse espaço e de relação que estabeleceram com a natureza.

Nome: Leonardo Soares dos Santos E-mail: leossga20@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Vozes urbanas da Reforma Agrária: o papel das camadas urbanas na construção da questão – anos 50 Este trabalho procura lançar luz sobre a participação de segmentos das camadas urbanas junto às lutas e debates sobre a Reforma Agrária na década de 50, com especial ênfase em grupos situados no Rio de Janeiro. Uma preocupação central de muitos estudos sobre a questão da Reforma Agrária no campo das Ciências Humanas era reconstruir as disputas em torno desta questão tomando como fonte precípua a fala dos agentes que seriam os maiores interessados nessa questão – os “homens do campo” ou os “trabalhadores rurais”. Outros estudos dedicariam espaço importante para traçar as estratégias e as “contra-reformas” daqueles agentes que atuariam contra os anseios “de quem vivia da terra” – os grandes proprietários. Mas o que tinha a dizer sobre isso as camadas urbanas? Qual a sua participação e contribuição na luta pela terra? Qual a leitura por ela feita dessa questão? Teria esse segmento atuado como um simples “mediador” ou como alguém que teve papel decisivo na construção do movimento e na configuração de identidades e grupos do campo? Tendo em conta tais indagações analisarei dois pontos específicos: a) a forma com que a bandeira da Reforma Agrária era introduzida na pauta de segmentos urbanos; b) a atuação de “mediadores” de origem urbana junto a movimentos de luta pela terra.

Nome: Isabel Teresa Creao Augusto E-mail: isabelaugusto@gmail.com Instituição: Funbosque Título: Estratégias de concessão e posse de terras no termo de Belém do Grão-Pará nos anos da Independência Durante o período de transição promovido pela adesão à Independência do Brasil, proprietários e lavradores do termo de Belém solicitavam e justificavam ao Judiciário a concessão ou posse de terras no entorno da cidade. Através dos autos de justificação formalizados à Fazenda Real, desejamos promover um olhar sobre o discurso apresentado pelos solicitantes, segundo o perfil desejado e as condições estipuladas pela administração local, bem como as redes construídas entre interessados visando garantir a posse da terra. Nome: Jose Evando Vieira De Melo E-mail: evandomelo@ig.com.br Instituição: USP Título: Dos engenhos as usinas: o processo de modernização do setor açucareiro paulista (1875-1910) A agromanufatura escravista açucareira brasileira passou por um processo de transformação tecnológica e social que culminou em sua superação, com a criação das usinas e a abolição do trabalho escravo, no final do século XIX e início do século XX. O processo teve início em 1875, com o projeto imperial de incentivo à instalação de engenhos centrais, nas várias áreas produtoras de açúcar do País, que pretendia separar a atividade agrícola e fabril e incentivar a substituição do trabalho escravo pelo livre, e teve continuidade com a descentralização republicana que levou várias unidades da Federação a financiar usinas modernas. Este artigo discute esse processo de modernização desse setor em São Paulo, cujo complexo cafeeiro criou um amplo mercado consumidor de derivados de cana, que garantiu a sobrevivência da produção paulista e nordestina, quando essa foi expulsa do mercado externo, no primeiro decênio do século XX. Em São Paulo, proprietários ligados à produção de açúcar e café e à construção de ferrovias levaram a cabo a instalação de 4 engenhos centrais, dentro da política engendrada pelo Império, e mais 6 usinas, nas duas primeiras décadas republicanas. Tal processo gerou grandes mudanças na posse da terra. Nome: Juliana Alves De Andrade

Nome: Liliane Da Costa Freitag E-mail: lilianefreitag@uol.com.br Instituição: UNICENTRO Título: Entre o céu e a terra: litígios na fronteira A história territorial brasileira é tecida em processos de apropriação e (re) apropriação de espaços-região, bem como das significações entabuladas por sujeitos, memória e também pela escrita da história É a história de “homens no tempo” em suas relações e experiências com a terra. Na esteira dessa compreensão, a história territorial paranaense, e em especial, a história territorial extremo-oeste paranaense, é marcada por práticas de (re)ocupação regional. Indissociáveis do universo de representações, essas estiveram presentes na cartografia, nas soluções políticas para questões limítrofes, em discursos tecido na e pela sociedade, ou ainda em políticas de nacionalização do espaço. No entanto, pouco foi explorado acerca de conflitos e, quase nada, das dinâmicas dos sujeitos ou agentes envolvidos nesses processos. Assim sendo, optamos em estudar uma documentação, que, coloca em cena conflitos pela terra, sujeitos e Instituições como personagens de primeira grandeza da história territorial extremo-oeste paranaense. Trata-se do Livro Tombo n. I da Paróquia de Palotina. Ressalta-se que a situação agrária naquela faixa de fronteira era dúbia. Tratava-se de uma vasta área litigiosa entre União e Governo Estadual. Nome: Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes E-mail: liufernandesc@yahoo.com.br Instituição: UNEB Título: Helvécia – arranjos cotidianos dos homens e mulheres no convívio com a eucaliptocultura Este artigo discute a questão da luta pela terra no distrito de Helvécia-BA, área remanescente de quilombo. O cenário desta disputa foi implementado com a introdução da atividade do agronegócio da eucaliptocultura no referido distrito a partir da década de 1980. O enfoque dado neste texto diz respeito às relações construídas entre os habitantes de Helvécia e os representantes das empresas da monocultura de eucalipto, que ali passaram a

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45 atuar, bem como os impactos resultantes desta atividade no cotidiano daquela comunidade. Fez-se uma análise, através da realização de entrevistas, de falas e silêncios tecidos pela memória de habitantes de Helvécia a respeito do que significava viver naquele lugar antes da implantação da eucaliptocultura e como eles se (re) inventaram para viver com eucaliptos. Na relação dos homens e mulheres de Helvécia com a terra, outras dimensões, que não apenas a questão da propriedade da terra associada ao modo de organização econômica se fizeram presentes. Entre elas, as novas relações de poder que se estabeleceram na comunidade após a implantação da eucaliptocultura e do reconhecimento do distrito como área remanescente de quilombo. Nome: Márcia Maria Menendes Motta E-mail: marciam@vm.uff.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Direito e conflito nos morgadios do setecentos. Apontamentos de pesquisa O presente trabalho parte das ilações do clássico estudo de B. Clavero sobre o sistema de mayorazgo espanhol para discutir a experiência da propriedade vinculada na América Portuguesa em sua relação com os morgadios ibéricos. Parte-se aqui do pressuposto de que as discussões sobre o sistema de sucessão e a questão da primogenitura permitem-nos deslindar os mecanismos de manutenção da propriedade vinculada em uma região de fronteira aberta, cuja sociedade é marcada pela escravidão. Mais do que investigar a origem do patrimônio, pretende-se também demonstrar como e porque a ocupação de terras em proporções incomensuráveis já era questionada por diversos agentes sociais, que ora operavam no âmbito da lei, ora construíam estratégias de luta em relação a potentados locais, ora se submetiam aos ditames dos potentados e procuravam assegurar sua posse, no interior das grandes propriedades. É possível ainda discutir as tentativas de transplantar modelos consagrados nos Impérios e suas releituras nas experiências tropicais. Identificados – a meu ver – como exemplos emblemáticos do poder e da riqueza, os morgadios nas Américas foram experiências históricas que firmaram a clássica noção de um feudalismo tropical, onde honra e privilégio conformaram uma sociedade de latifúndios. Nome: Marco Antonio dos Santos Teixeira E-mail: mateixeira@gmail.com Instituição: CPDA/UFRRJ Título: Sindicalismo rural e conflitos de terra na Baixada: 1967-1979 Após o golpe de 1964 iniciou-se um período de refluxo nas lutas no campo fluminense. Todavia, já em 1965, o sindicalismo rural retomava algumas atividades, centrando-se, sobretudo, na reorganização das entidades sindicais. Com as eleições da Contag em 1967 e alteração da linha política da entidade, algumas mudanças começaram a ocorrer. Esse é o ponto de partida deste trabalho, que busca entender como se deu a atuação do sindicalismo rural entre 1968 e 1979, em suas esferas municipal, estadual e nacional. Analisamos ainda como essa estrutura sindical se articulou com os conflitos de terra ocorridos na região da Baixada, estado do Rio de Janeiro. Além disso, buscamos entender as organizações sindicais em suas relações com outros atores, como a Igreja Católica e o Estado. Nossas análises encerram-se em 1979, quando ocorreu o III Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais da Contag, apontando pela literatura como um importante momento de retomada das lutas sociais no campo no país e pela necessidade de atualização das práticas sindicais. Para desenvolver este trabalho, além da bibliografia sobre o tema, foram utilizadas a análise documental e a história oral. Nome: Maria Sarita Cristina Mota E-mail: saritamota@gmail.com Instituição: UFRRJ Título: O pobre posseiro e o orgulhoso sesmeiro: identidades rurais e acesso à terra no Rio de Janeiro no século XIX Ás vésperas da proclamação da Independência o regime de concessões de sesmarias cedia lugar à ocupação primária das terras por homens e mulheres livres e pobres, caracterizando o que a historiografia tem denominado “a fase áurea do posseiro”. De acordo com esta linha interpretativa, tal fato representaria “o triunfo do colono humilde, do rústico desamparado, sobre o senhor de engenhos ou fazendas, o latifundiário sobre o favor da metrópole”. Posseiros e sesmeiros constituem duas realidades jurídicas e econômicas em permanente conflito em relação à apropriação da terra no Brasil. Findo o sistema de sesmarias em 1822, a posse institucionalizou-se como costume e o posseiro como personagem emblemático na história agrária do país, muitas vezes identificado como camponês. No entanto, a categoria “camponês”, utilizada para definir o homem livre e pobre que produz para si e sua família e/ou para o mercado interno, obscurece a diversidade das situações sociais

existentes. É preciso, pois, qualificar este camponês como sugeriu Pierre Vilar, para não se incidir no erro de cristalizar uma visão homogênea do mundo rural. Esta comunicação pretende revisitar a historiografia recente sobre o campesinato frente às condições de acesso à terra na Corte do Rio de Janeiro no século XIX. Nome: Maria Verônica Secreto E-mail: veronica.secreto@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Propriedade: os percalços de uma definição (Brasil 1850-1988) O nosso trabalho se propõe historiar e analisar o conceito de propriedade, suas definições e apropriações na interface entre os dois grandes marcos: a Lei de Terras de 1850 e a Constituição de 1988, tendo como fonte o corpo legislativo, os escritos dos juristas e publicitários e os processos de demarcação de terra, restituição de posse, manutenção de posse e outros processos, assim como laudos em que aparecem definições da propriedade e dos usos da terra. Pretendemos reconstruir o caminho, com suas continuidades e rupturas, que levou à absolutização do critério de produtividade, restringindo toda a função social à esfera econômica, que já estava no cerne nas primeiras teorizações sobre a propriedade individual do século XVIII. O objetivo é analisar os mecanismos através dos quais se operou esta redução. Nome: Mariana Trotta Dallalana Quintans E-mail: maritrott@yahoo.com.br Instituição: CPDA-UFRRJ Título: Judiciário, direito e reforma agrária no Brasil no final do século XX. A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Reforma Agrária (Lei 8.629/93) atribuíram ao poder judiciário um papel relevante no processo de Reforma Agrária. As interpretações destas leis ao longo dos anos têm sido disputadas em processos judiciais que se configuram numa verdadeira arena de disputa, já que cabe ao judiciário o monopólio de “dizer o direito” para cada conflito. Em última instância quem resolverá este conflito dizendo quem tem direito será o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão máximo do poder judiciário brasileiro. Recentemente, chamou a atenção da sociedade o discurso de posse do novo presidente do STF no qual foi destacado o papel do judiciário na concretização da democracia, na garantia dos direitos da cidadania através da Reforma Agrária e na limitação das ilegalidades cometidas pelos movimentos sociais. A fala do novo presidente sinaliza para a presença do tema nos debates dentro do poder judiciário. O objetivo do trabalho é apresentar a visão do STF sobre a Reforma Agrária, tendo como fonte suas decisões judiciais, apontando os casos em que o judiciário tem sido uma das “marchas” e os casos em que se apresenta como “contramarcha” da Reforma Agrária. Nome: Marina Monteiro Machado E-mail: marinamachado@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Nas fronteiras, nos sertões: a ocupação das terras no interior do Rio de Janeiro (séc. XIX) Pretendemos analisar diferentes trajetórias de dois sesmeiros, que ambicionavam títulos de terras em áreas consagradas pela ocupação de índios no Aldeamento de Valença, no sul Fluminense.Visamos ainda compreender as relações construídas no convívio entre índios e brancos, no interior do Aldeamento e as diferentes realidades e interesses constituídos e implícitos nos pedidos por terras. O convívio entre os grupos representou um desafio cotidiano, dentre conflitos e realidades, no qual a ocupação das terras torna-se um tema central. No final do setecentos a dinâmica da ocupação territorial ganha novo horizonte agregando novos valores à terra, bem já disputado. O avanço para o interior refletiu uma nova fase de avanço sobre as terras indígenas. Dedicaremos especial atenção a temática da Fronteira, buscando compreender as relações nesse particular espaço para a análise de encontros e desencontros. Nome: Moisés Pereira da Silva E-mail: mosico100@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Josimo: sua produção poética e o seu engajamento – considerações sobre um intelectual da terra A análise dos escritos do Padre Josimo enquanto produção intelectual faz-se à luz dos escritos de Gramsci (1978, 1989, 2004) e é correlata à necessidade de revisão do sentido do Ser Intelectual no contexto social brasileiro e, especialmente em um espaço, a Região do Bico do Papagaio e em determinada época, entre as décadas de 60 e 70 do século XX. A proposição de um olhar sobre o indivíduo Josimo como intelectual brasileiro, portanto, obedece critérios que se relacionam tanto com a consciência de si e do seu fazer social

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que compreende intersubjetividade e habilidade empírica nos tratos com as questões sociais evidentes nos escritos de Josimo, quanto pela sua ação política pedagógica que, enquanto membro da CPT e padre católico adepto da Teologia da Libertação, movimento que procurava responder às problemáticas próprias da igreja católica latino americana (CATÃO, 1986:63) significou a opção por um engajamento político, correlato às idéias de Sartre (1977, 1984, 1989) que o levou a desenvolver um trabalho pedagógico libertador em favor do campesinato da Região aonde desempenhava o seu trabalho. Portanto, não é tanto a espiritualidade, ou as convicções do padre que interessa, mas a relação do homem com o mundo circundante e, conseqüentemente, as características do seu trabalho. Nome: Paulo Afonso Zarth E-mail: p.zarth@uol.com.br Instituição: UPF e UNIJUÍ Título: Conflitos em torno do uso do território: o Norte do Rio Grande do Sul As terras do Norte do Rio Grande do Sul foram palco de intensos conflitos em torno de diferentes concepções de uso do território envolvendo povos nativos, imigrantes, latifundiários, companhias de colonização e o estado. Uma primeira leitura revela o caso clássico da colonização do Brasil: grandes estabelecimentos são implantados em “campos devolutos” tomados dos indígenas. Os invasores ocupam os campos nativos e se dedicam a pecuária com auxílio de escravos e de peões. Um segundo movimento se desenvolve com a formação de um contingente de camponeses que penetram as florestas para o extrativismo de erva-mate, regulamentado pelas câmaras municipais que estabelecem uma concepção de uso público dos ervais. Os camponeses também se dedicam a agricultura de subsistência através do sistema de posses. Com base nos fundamentos legais da lei de terras de 1850 uma nova concepção se consolida através dos projetos de colonização num sistema de pequenas propriedades comercializadas para imigrantes europeus. Planejada pelo estado e por companhias de colonização, o território foi transformado num imenso campo de comércio de terras. O texto discute como os regulamentos jurídicos e as diferentes visões de uso do território se transformaram num processo excludente e desigual de acesso a terra. Nome: Paulo Ignacio Corrêa Villaça E-mail: pi.villaca@uol.com.br Instituição: Secretaria Estadual de Educação Título: Terra e poder no sertão paulista. Dominação de classe e conflito de terras no Pontal do Paranapanema (1890-1940) A comunicação pretende abordar as perspectivas de investigação com fontes do judiciário, particularmente os Autos de Ações julgadas na Comarca de Presidente Prudente, entre 1890 e 1940, para a apreensão da consolidação da grilagem de terras devolutas na região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo, durante a Primeira República. A apresentação analisará as relações entre o Estado – mais especificamente o campo do judiciário – e a sociedade civil, investigando a materialização dos interesses da grande propriedade capitalista nas agências e instituições do Estado Republicano. Neste sentido, trata-se de investigar a introdução das relações sociais capitalistas na região do Pontal. Nome: Paulo Pinheiro Machado E-mail: pmachado@mbox1.ufsc.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Remanescentes do Contestado: os grupos de Palhano, Fabrício e Alonso Após a destruição dos últimos redutos rebeldes, entre dezembro de 1915 e janeiro de 1916, as forças oficiais deram como encerada a Guerra do Contestado. Entretanto, a ocorrência de agrupamentos de devotos de João Maria, armados e em redutos próprios, foi identificada na região de Concórdia, nas décadas de 1920 e 1930, com a atuação dos grupos de Fabrício das Neves e Palhano e em 1942, com o grupo liderado por Elias Mota e Júlio Alonso. A presente comunicação procura avaliar os distintos contextos políticos onde estes grupos atuam. Nome: Pedro Parga Rodrigues E-mail: pedroparga@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Título: Augusto Teixeira de Freitas e o Registro Geral de Imóveis no Império Trata-se de refletir sobre a concepção de propriedade Augusto Teixeira de Freitas, um jurisconsulto do Brasil Império, manifestada durante os debates

relacionados à construção do Registro Geral de Imóveis. O autor se posicionou sobre o assunto em sua obra e em casos judiciais, divergindo da forma dos fazendeiros do XIX de imaginar o mundo rural. Defendia que o Registro Geral de imóveis não deveria importar prova de propriedade. Nome: Roselene de Cássia Coelho Martins E-mail: roselenecm@uol.com.br Instituição: Universidade Severino sombra. Título: Discutindo trabalho e terra: Vale do Paraíba fluminense - Século XIX O trabalho em questão é resultado de uma pesquisa referente ao pensamento das elites políticas e intelectuais, especificamente nos municípios de Vassouras e Valença, no que tange à estrutura fundiária na região cafeicultora do Vale do Paraíba fluminense, na década de 1880. Assim como a transformação do trabalho escravo para o trabalho livre, a questão da estrutura fundiária do Brasil, marcada pelo predomínio de grandes propriedades monocultoras de café no século XIX, mantenedoras do poder econômico nacional e também do poder político local, acabou por fazer parte das discussões e de projetos que tratavam do assunto. Os municípios de Vassouras e Valença participaram dos principais problemas que assolavam o Brasil e é mister que também tenham acompanhado as discussões referentes aos projetos abolicionistas e, concomitantemente, à questão da terra. Ao analisarmos as fontes dos referidos municípios deparamo-nos com documentos que nos permitem conhecer a discussão travada e os projetos para a transformação do trabalho e da estrutura fundiária na região. Assim, analisaremos fatos e discursos que, se não mostraram diretamente o que pensavam a respeito, deixaram nas “entrelinhas” seus pensamentos e projetos para a transformação do trabalho e da estrutura agrária para a região. Nome: Vanda Da Silva E-mail: vvsilva@terra.com.br Instituição: Arquivo Público de Mato Grosso Título: Os conflitos de terra entre sesmeiros e agregados na capitania de Mato Grosso Diferentes fatores contribuíram para a ocorrência de litígios nas terras coloniais, além do não cumprimento da legislação por parte das autoridades régias, o surgimento de diferentes categorias sociais estranhas aos olhos da lei como arrendatários, agregados e posseiros, passaram a questionar o direito de ocupação das terras. Na Capitania de Mato Grosso o processo de concessão de sesmaria foi marcado por diversos litígios em torno do direito de ocupar a terra. Os processos judiciais encontrados referentes a esta capitania, envolvendo estas categorias, demonstram que o processo de concessão de terra não se resumiu no binômio, administração régia e requerente de terra. Neste sentido, esta comunicação tem como objetivo analisar os conflitos de terra entre duas categorias sociais, agregados e sesmeiros, e o direito do domínio legal da terra, bem como, as diferentes interpretações da legislação sesmarial que possibilitavam as autoridades estabelecerem jogos de interesses que permitiam sempre o favorecimento de uma das partes envolvidas, sem estarem “burlando a lei”. Nome: Vitória Fernanda Schettini de Andrade E-mail: vfschettini@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/CPDA Título: Conflitos, catequização e redes de sociabilidades no aldeamento dos índios Puris e Coroados em São Paulo do Manoelburgo A presença de índios Puris e Coroados às margens do rio Muriaé antes da chegada dos primeiros desbravadores é fato constatado na história da Zona da Mata Mineira. Porém, entende-se que a relação entre estes nativos e os envolvidos no processo de ocupação não se deu de maneira harmoniosa devendo ser analisada a partir de uma ótica ampliada, pois, apresenta características que lhe são peculiares. Envolto a terra, vários seriam os interesses em jogo em uma região de fronteiras a expandir. Neste sentido a posse pela terra ganha tom de cobiça e a catequização mecanismo de defesa. Visando entender as relações construídas entre os primeiros desbravadores da região e os nativos já instalados, este trabalho tem como objetivo discorrer sobre os meios de sobrevivência utilizados por brancos e índios a partir da catequese, das tensões daí decorrentes e das redes de sociabilidades proveniente da pia batismal. Serão utilizadas para esta análise, fontes batismais da Matriz São Paulo, reflexões sobre os índios da Província de Minas Gerais existentes no arquivo do Senado Federal e ações cíveis do Fórum de Muriaé.

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46 46. Cinema, HistĂłria e razĂŁo poĂŠtica: problemas de pesquisa e ensino Jorge Luiz Bezerra NĂłvoa – UFBA (jlbnovoa@yahoo.com.br) Marcos Antonio da Silva – FFLCH/ USP (marcossilva.usp@uol.com.br) (VWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR VH GHGLFD D GLVFXWLU UHODo}HV HQWUH FRQKHFLPHQWR KLVWyULFR H FLQHPD QD SHVTXLsa e no ensino. Estuda tambĂŠm as relaçþes entre o cinema, as ciĂŞncias sociais e os processos sociais. 8P GHEDWH FOiVVLFR VREUH WDLV UHODo}HV SULRUL]RX D DWLWXGH GR KLVWRULDGRU DR WUDWDU R FLQHPD FRPR XP GH VHXV REMHWRV GH PRGR FRHUHQWH FRP D XQLYHUVDOL]DomR GR FRQFHLWR GH ´REMHWRÂľ RX GH ´GRFXPHQWRÂľ TXH PDUFRX GLIHUHQWHV WHQGrQFLDV PHWRGROyJLFDV HP KLVWyULD DR ORQJR GR VpFXOR ;; 3UHWHQGHPRV DPSOLDU HVVD GLVFXVVmR HQFDUDQGR R Ă€OPH H VHXV DXWRUHV FRPR ´VXMHLWRVÂľ GH LQWHUSUHWDomR GDV KLVWRULFLGDGHV donde o apelo ao conceito de razĂŁo poĂŠtica. $VVLP R 6LPSyVLR EXVFD DJUHJDU GLVFXVV}HV TXH ODQFHP SHUVSHFWLYDV P~OWLSODV GH UHĂ H[mR VREUH RV YDORUHV H DV SUiWLFDV SUHVHQWHV QR SURFHVVR KLVWyULFR GH PRGHUQL]DomR GDV FLGDGHV EUDVLOHLUDV

Resumos das comunicaçþes Nome: Airton Jose Cavenaghi E-mail: cavenagh@usp.br Instituição: Anhembi Morumbi TĂ­tulo: Qual ĂŠ a inocĂŞncia de InocĂŞncia? ReflexĂľes histĂłricas e sociais do romance do Visconde de Taunay e do filme de Walter Lima JĂşnior Objetiva-se, na anĂĄlise do filme InocĂŞncia de Walter Lima Jr, demonstrar a perspectiva historiogrĂĄfica na abordagem de uma documentação filmĂ­tica de temĂĄtica histĂłrica. Procuram-se, na percepção da obra realizada, as matrizes mnemĂ´nicas da obra original de Taunay. É perceptĂ­vel que em InocĂŞncia, o filme, encontra-se muito da InocĂŞncia, o livro. Mais do que a simples comparação, percebem-se narrativas e historicidades variadas. HĂĄ muito de Taunay na captação das imagens feitas por Walter Lima Jr, por exemplo.Cada ator e seu personagem, apresentam-se “sujeitosâ€? da historicidade vivenciada e filmada. Nesta perspectiva indaga-se:qual ĂŠ a inocĂŞncia de InocĂŞncia? Nome: Alexandre Coelho Pinheiro E-mail: lecocp@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz TĂ­tulo: Construção de uma memĂłria silenciada: representaçþes da ditadura militar (1964-1985) no cinema brasileiro O presente projeto de pesquisa apresenta uma preocupação essencialmente histĂłrica, pois tem por objeto a representação da Ditadura Militar (19641985) pelo cinema nacional. Pretende abarcar como a produção cinematogrĂĄfica, em especial de 2004 em diante, tem refletido a respeito desse perĂ­odo e quais tipos de memĂłrias tĂŞm ajudado a construir. A pesquisa serĂĄ orientada pelos conceitos de memĂłria, notadamente o de “memĂłria socialâ€?, formulado pelo sociĂłlogo Maurice Halbwachs, e o de “lugar de memĂłriaâ€?, formulado por Pierre Nora. Utilizaremos, tambĂŠm, o conceito de representação, formulado por Roger Chartier. A partir desses conceitos, buscaremos analisar as relaçþes entre os sujeitos sociais, que nĂŁo participaram diretamente dos principais eventos narrados pela histĂłria oficial, mas que determinaram memĂłrias nĂŁo escritas daquele perĂ­odo, preocupaçþes constantemente reveladas pelo cinema nacional dos Ăşltimos anos. Nosso corpus de pesquisa se debruça sobre os filmes “Batismo de Sangueâ€?, de HelvĂŠcio Ratton, “Zuzu Angelâ€?, de SĂŠrgio Rezende, e “O ano em que meus pais saĂ­ram de fĂŠriasâ€?, de Cao Hamburguer. Busca-se compreender como se dĂĄ a representação e conseqĂźente reconstrução/preservação de memĂłrias que focalizam suas atençþes nas variadas formas de vivĂŞncia, refletindo sobre as intencionalidades das narrativas. Nome: Alexandre Maccari Ferreira E-mail: alexandrus1@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Maria TĂ­tulo: Paul Thomas Anderson e a aurora capitalista norte-americana em “Sangue Negroâ€? O californiano Paul Thomas Anderson ĂŠ considerado por estudiosos um dos novos expoentes da direção cinematogrĂĄfica. Em seu filme mais emblemĂĄtico, Sangue Negro (2007), ele reconstrĂłi a formação do espĂ­rito competitivo norte-americano pelo poder e fortuna na virada do sĂŠculo XIX para o XX. O diretor realizou o ĂŠpico a partir da trajetĂłria do protagonista Daniel Plainview que, de garimpeiro em procura por metais preciosos no sudoes-

te dos Estados Unidos, passa a ser um investidor na busca de campos de petrĂłleo. Sua histĂłria ĂŠ narrada atravĂŠs de alegorias que explicitam os sentimentos estabelecedores do emblema formador do capitalismo com base na exploração do trabalho e na formação do monopĂłlio. Valendo-se do filme como objeto de pesquisa, tendo suas representaçþes enquanto signos de ĂŠpoca histĂłrica, nosso objetivo serĂĄ pesquisar os elementos constitutivos do estabelecimento, bem como do confronto do “espĂ­rito do capitalâ€? e da ĂŠtica religiosa, enfatizando os valores morais do tema e a estĂŠtica cinematogrĂĄfica que cria um ambiente de obsessĂŁo. Assim, estudar uma produção norteamericana que se revela um tratado sobre ambição e decadĂŞncia moral a partir de uma crĂ­tica ao modelo capitalista ĂŠ uma forma de ver que ainda hĂĄ espaço em Hollywood para boas histĂłrias e para obras de arte. Nome: Andre Luiz Mesquita E-mail: xdedex@hotmail.com Instituição: USP TĂ­tulo: “Real, from the heart!â€? – a explosĂŁo improvisada de John Cassavetes Os filmes de John Cassavetes (1929-1989) inventaram e reinventaram o cinema independente norte-americano lutando e sobrevivendo como antĂ­tese Ă mĂĄquina capitalista das produçþes hollywoodianas. Diretor de “Shadowsâ€? (1959), “Facesâ€? (1968), “Husbandsâ€? (1970), “Uma mulher sob influĂŞnciaâ€? (1974), “Noite de estrĂŠia (1977)â€?, entre outros, suas produçþes eram realizadas com baixo orçamento e com o elenco formado por amigos e famĂ­lia, uma comunidade fiel que entre cenas improvisadas, planos longos e catarse explorava a complexidade do principal motor de sua obra: o amor. Este trabalho pretende analisar criticamente algumas das passagens da contribuição do cinema-verdade de Cassavetes, no qual histĂłria e vida cotidiana dialogam a partir do intenso embate entre razĂŁo e emoção. Nome: AntĂ´nio da Silva Câmara E-mail: adscamara@yahoo.com.br Instituição: UFBA Co-autoria: Bruno Evangelista da Silva TĂ­tulo: A representação do “novo homem soviĂŠticoâ€? no cinema de Dziga Vertov Esta anĂĄlise insere-se na pesquisa As Representaçþes sociais no cinema documentĂĄrio. Visando compreender o surgimento do cinema documentĂĄrio e a inovação na linguagem fĂ­lmica posta a serviço de uma perspectiva polĂ­tico-ideolĂłgica tomamos como objeto de estudo o filme “Entusiasmoâ€?(1931) de Dziga Vertov, no qual o “novo homem soviĂŠticoâ€? ĂŠ representado. Interessa-nos, sobretudo, compreender como o cineasta construiu essa imagĂŠtica, utilizando-se de prerrogativas clĂĄssicas que serĂŁo doravante retomadas pelo cinema verdade. AtravĂŠs do filme, Vertov sustenta que a constituição e a liberdade do “novo homemâ€? estĂŁo condicionadas Ă superação de formas de dominação contra-revolucionĂĄrias, associadas explicitamente ao modelo de “homem elĂŠtrico perfeitoâ€?. Assim, o cineasta propĂľe a confluĂŞncia homem/mĂĄquina, utilizando a montagem fĂ­lmica como elemento difusor de novos valores, notadamente aqueles referentes ao trabalho como atividade prĂĄtica aprazĂ­vel, necessĂĄria Ă legitimação da revolução. Nome: Antonio Fernando de Araujo Sa E-mail: afsa@ufs.br Instituição: UFSE

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Título: Para além do regionalismo: O sertão contemporâneo na literatura e no cinema Esta comunicação tem por objetivo estudar as metamorfoses da idéia de sertão na cultura brasileira contemporânea, demonstrando sua atualidade para se pensar o Brasil. Com as ambigüidades e as contradições inerentes à categoria sertão, buscamos pensar a luta constante entre a tradição e a ação no presente, por meio do romance “Galiléia”, de Ronaldo Correia de Brito, e o filme “Árido Movie”, de Lírio Ferreira, os quais revelam a revitalização da temática sertaneja na produção cultural, em seu diálogo com o mundo globalizado. Tanto o romance quanto o filme interrogam a tradição intelectual sobre o sertão, que remonta a Euclides da Cunha e Guimarães Rosa, não mais valorizando o passado, mas trazendo consigo as contradições da modernidade, no cotidiano das cidades do sertão nordestino. Nome: Beatriz da Costa Pan Chacon E-mail: biachacon@hotmail.com Instituição: USP Título: Mulher-Maravilha: Estudo sobre a representação da mulher e do feminino nas histórias em quadrinhos O objetivo deste trabalho é realizar um estudo sobre a representação da mulher e do feminino dentro do universo das histórias em quadrinhos, tendo como referência a personagem da Mulher-Maravilha. Para isso, a proposta é analisar a personagem desde sua criação em 1941 até 2002 e traçar elementos comparativos com dois outros personagens, da mesma editora, a Detective Comics (também conhecida como DC) quanto ao tratamento editorial que estes três personagens tiveram no Brasil, de modo a poder abordar aspectos significativos como, por exemplo, as questões e as variadas expressões do ‘poder’. (Os personagens escolhidos são: Super-Homem e Batman). O recorte temporal da pesquisa tem por finalidade considerar e privilegiar dois ângulos de análise. 1o.) Ao retratar as transformações vivenciadas pela personagem no decorrer desse período, relacioná-las, tanto quanto possível, com a formação de um processo de globalização e suas implicâncias múltiplas; 2o.) Considerar que, nos últimos 40 anos, em termos de mundo e, há cerca de 30 anos, para o Brasil, um novo campo historiográfico surgiu e deve ser continuamente investigado e ampliado, isto é, a ‘História das Mulheres’. Nome: Candida Carolina de Andrade e Silva E-mail: candida_andrade@hotmail.com Instituição: UnB Título: Metáforas de uma guerra: a lírica cotidiana da guerra civil espanhola no filme “La lengua de las mariposas” O filme La Lengua de las Mariposas, de Manuel Rivas, narra uma história de suma importância para a construção da memória e para o exercício da reflexão histórica. Seus personagens são sujeitos cujas práticas cotidianas revelam sentimentos, sensibilidades e lutas. A luz de Walter Benjamin e Michel de Certeau procurei nesse artigo apontar algumas questões sobre o cotidiano no período da guerra civil espanhola, bem como alguns significados do presente imbricados na construção dessa História. O filme se passa durante a II República, momentos antes de o exército franquista se rebelar, e por abaixo a democracia republicana. Naquele período a Espanha fervia as vésperas de sua guerra civil. O cenário dominante da película não é de batalhas beligerantes, mas sim do dia a dia de pessoas simples que viviam seus medos, dilemas e alegrias em um pequeno povoado da Galícia. A tentativa de simbolizar e re-significar o mundo visível como o não-visível amplia e recria as possibilidades de interpretação e compreensão desse período histórico. Logo, a análise aqui proposta revela uma outra perspectiva do cenário da guerra espanhola: a vivência de pessoas que em boa parte da historiografia tradicional figuram apenas como espectadores. Nome: Carlos Emanuel Florêncio de Melo E-mail: carlosderrida@yahoo.com.br Instituição: UNIT Título: Um ilustre desconhecido: Kracauer precursor dos estudos de cinema e sociedade Se Siegfried Kracauer é de suma importância para o estudo da história e da sociedade, principalmente por sua originalidade crítica da estética, para lhe fazer justiça é preciso acentuar suas pesquisas sobre a relação entre o nazismo e o cinema alemão, particularmente aquele da segunda e terceira década do século passado. Observamos a formação e as transformações psicológicas que fazem com que o povo alemão desemboque no nazismo. Kracauer foi assim, um grande precursor da utilização do cinema como novo objeto de pesquisada reflexão histórica. Através do cinema ele busca os elementos históricos provenientes da psicologia dos povos, do inconsciente alemão para explicar o surgimento da adoração da figura do grande

líder, no início do século XX até a década de 40. Sociólogo da Escola de Frankfurt reuniu o melhor da sociologia, da literatura e da filosofia e busca sintetizar Marx e Freud nas suas análises através do cinema alemão em “De Caligari a Hitler”. Herdeiro de Lukács e de outros críticos radicais, queremos mostrar sua experiência da modernidade estética e discutir as afinidades e críticas com os posteriores teóricos da Escola de Frankfurt na análise dos fenômenos da cultura de massas, da indústria cultural, desembocando na conceituação do totalitarismo nazi-fascista, no século XX. Nome: Diogo Carvalho E-mail: diogocarvalho_71@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Película Vermelha: da Revolução a desestalinização A desintegração da URSS foi considerada um dos maiores desastres geopolíticos que o processo histórico produziu. Contudo, a vida, a cultura, os costumes, a mídia, a TV e o cinema entre outros assuntos, foram pouco estudados pelos acadêmico. É muito raro encontrar produções que fujam dos temas: política e economia. Talvez, destes assuntos citados o cinema seja aquele que consegue obter uma relevância em termos de produções acadêmicas. Com o colapso do socialismo real e posteriormente com a popularização da internet e das redes de compartilhamento de dados, é possível aos historiadores dos mais diversos países, estudar documentos que pertencem a um período inexplorado pela relação entre o cinema e a História. Período este que se estende de 1929 a 1957, ascensão e decadência do Stalinismo. O presente artigo visa contribuir para discussão do cinema soviético, para isso foi realizada uma análise comparativa entre três diferentes fases da produção cinematográfica, onde estão contemplados períodos cruciais de produção, inclusive o já citado. Nome: Eduardo Jose Afonso E-mail: tchorla1@terra.com.br Instituição: FFLCH Título: “Filmes norte-americanos para trabalhadores sul-americanos verem” Trata-se de trabalho que descreve a ação do governo norte-americano, durante e após a Segunda Guerra, pelas mãos do O.I.A.A. (Office of the Coordinator of Inter-American Affairs) e do Departamento de Estado, em propagandear, através de filmes, a vida do operário norte-americano, com vistas a permitir aos trabalhadores sul-americanos, no caso os brasileiros, o seu engajamento ao AFL-CIO (American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations), organismo que tinha como intuito combater a CTAL – Confederación de Trabajadores de América Latina – instituição condenada pelo governo americano e acusada de ser um braço do comunismo internacional. Nome: Felipe Santos Magalhães E-mail: felipesm1@hotmail.com Instituição: UFTO Título: Em busca do “meu Brasil brasileiro”: um olhar sobre a obra de Walter Salles Entre a produção de “Terra Estrangeira” (1995), “Central do Brasil” (1998) e “O primeiro dia” (1999) é possível perceber-se uma linha de contínua de preocupação do cineasta Walter Salles; a cultura popular. No primeiro longa desta lista, a cultura popular não aparece de modo efetivo, mas a ida do protagonista para Portugal representaria a tentativa de se encontrar o Brasil na sua essência. Em Central do Brasil, a viagem de Dora até o nordeste na tentativa de encontrar o pai do menino, acaba sendo um encontro dela com ela própria, pois sai do espaço corrompido, violento e desumanizado da grande metrópole e chega até o sertão nordestino. Enquanto a paisagem vai mudando, a personagem vivida por Fernanda Montenegro sofre modificações importantes. Seria mais uma viagem de encontro ao “coração” do Brasil, à “essência” do Brasil já perdida nos grandes centros. Em “O primeiro dia” mais um encontro, o da mulher de classe média, com um presidiário na véspera do primeiro dia do novo milênio. Nestas buscas, viagens e tentativas de se encontrar o Brasil em sua essência, o cineasta vai tocar em um importante elemento: a cultura popular. Neste sentido, o objetivo desta proposta é pensar estes três filmes como partes de uma mesma busca do cineasta, o encontro do “Brasil brasileiro”. Nome: Flávia de Sá Pedreira E-mail: flasaped@uol.com.br Instituição: UFRN Título: Cenas panamericanistas: Orson Welles e Carmen Miranda O ideário do pan-americanismo remonta ao século XIX, desde as con-

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46 cepções bolivarianas de uma América Latina solidária e unida, até o ideal monroísta em prol da “América para os americanos”. Entretanto, ao longo das primeiras décadas do século XX, o conceito de pan-americanismo foi sendo relacionado à inauguração de determinado domínio cultural, propriamente dito, nos países latino-americanos pelos Estados Unidos. De certa forma, o jeito “hard” de tratar os vizinhos latino-americanos que caracterizara a política externa norteamericana anterior, o conhecido intervencionismo político e militar, chamado de Big Stick, não mais se adequava aos novos tempos. Daí a reorientação da política externa norte-americana, nos termos em que Franklin Delano Roosevelt adotou a partir dos anos 1940, preferindo a “diplomacia do dólar” dos Rockefeller à utilização da força militar. Pretende-se aqui fazer uma abordagem sobre as diferenças identitárias colocadas nesse contexto de Política da Boa Vizinhança, em que os filmes hollywoodianos com a participação de Carmen Miranda internacionalizaram uma determinada imagem de Brasil, ao mesmo tempo em que os esforços de Orson Welles para conseguir finalizar o seu “It’s All True” foram em vão: seu filme sobre aspectos da cultura brasileira ficaria para sempre inacabado Nome: Gilberto Maringoni de Oliveira E-mail: maringoni@uol.com.br Instituição: Fundação Casper Libero Título: Os 70 anos de “Vinhas da Ira”, cinema, literatura e sociedade Neste trabalho busca-se verificar os parâmetros sociais e estéticos que norteiam a narrativa cinematográfica do filme de John Ford, baseado no romance de John Steinbeck Nome: Hamilcar Silveira Dantas Junior E-mail: hamilcarj@bol.com.br Instituição: UFS Título: Cinema-História: diálogos necessários na compreensão da história da educação do corpo A disciplina “História da Educação Física”, nos Cursos de formação de professores de Educação Física no Brasil, vem se baseando na exposição das políticas educacionais e idéias pedagógicas circulantes no país como determinantes das práticas educativas corporais. Tomando por princípio que uma educação do corpo reflete relações sociais complexas e manifestas visualmente, entendo que a visualização das representações, visões de mundo, imaginários e hábitos, torna-se uma via fundamental para compreensão da história. Este trabalho pretende relatar a experiência desenvolvida nessa disciplina, ao longo de um ano no seio da Universidade Federal de Sergipe, em diálogo com a expressão imagética central da modernidade: o cinema. Apropriandome da relação Cinema-História, tomando-o como agente, fonte e representação histórica, oportunizou-se a compreensão de um novo instrumento e linguagem para o ensino de História, além de uma nova tecnologia para a pesquisa. No âmbito pedagógico percebeu-se que: há necessidade de desenvolvimento de um novo olhar para essas produções; as plurais representações cinematográficas de corpo e das práticas corporais na história, demonstraram outras dimensões de projetos higiênicos, eugênicos, pedagógicos e esportivizantes vigentes no Brasil no século passado. Nome: Igor Carastan Noboa E-mail: quinntets@gmail.com Instituição: USP Título: Deklato Prosko - O Dia em Que a Terra Parou, a proposta dos cientistas para resolução das crises e a bomba atômica A Ficção Científica é um gênero atualmente respeitado e que prima por pensar o debate da sociedade com suas práticas científicas, religiosas e supersticiosas. Este trabalho procura ver de que forma uma idéia de organização da sociedade foi apresentada no pós-guerra como único caminho para a paz e controle da bomba atômica, suas contradições e influência partindo da análise do filme de Robert Wise, O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still, 1951); e, como estas idéias surgidas no pós-guerra foram importantes para o gênero ficção científica no cinema americano da década de 50 e princípios dos anos 60. Nome: Irma Viana E-mail: irmaviana@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Acerca das relações do intelectual com o poder no cinema de Glauber Rocha Este trabalho procura resgatar a importância do cineasta Glauber Rocha como crítico social, já que seu cinema, como diz Raquel Gerber, exercia o mesmo papel das ciências sociais, ou seja: de análise crítica da sociedade e

da história. Partindo de como o próprio Glauber coloca o problema, por meio de um questionamento das relações do intelectual com o poder, no filme Terra em Transe (1967). Que apresenta – através dos conflitos do poeta Paulo Martins com o processo político no Brasil na década de 1960 – uma visão crítica tanto do ideário político da direita, golpista (vista como uma crítica ao populismo), quanto da ideologia da esquerda, de orientação socialista (vista como uma revisão do marxismo), com o objetivo de “desmistificar o povo, desidealizando o proletariado que tinha sido romantizado pelo socialismo europeu”. Nome: Jaison Castro Silva E-mail: jaisoncastro@gmail.com Instituição: IFET Título: Metrópole e melancolia - A ansiedade pela captação da realidade urbana no cinema brasileiro dos anos 1960 Esse trabalho dedica-se ao estudo da produção cinematográfica sessentista, debruçando-se, particularmente, sobre sua ênfase em captar a realidade da cidade através de imagens documentais ou semi-documentais das metrópoles, inserindo-as em narrativas ficcionais que almejavam uma espécie de cinema-verdade. Uma tendência comum nos movimentos cinematográficos europeus do pós-guerra, a citar o Neo-realismo e a Nouvelle vague, mas que também aportou na cinematografia brasileira. Dos vários exemplos possíveis, nesse trabalho escolhemos dois filmes para a análise, “Noite vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri, e “São Paulo S. A.” (1965), de Luís Sérgio Person. Ambos os filmes tentam captar à sua maneira a São Paulo efervescente das imagens reais, destacando o sentimento de desorientação e crise existencial dos personagens urbanos. Em comum nos dois filmes é possível perceber a eleição de um personagem como ponto central onde as dúvidas e o caos de experiências da cidade se encontram e a transformação da “realidade” captada pela câmera em um suporte para a reflexão filosófica, arrancando dessas imagens “reais” da cidade uma representação imagética poética e perturbadora, ao evocar tanto os motivos da perda, quanto os da possibilidade utópica. Nome: Jorge Luiz Bezerra Nóvoa E-mail: jlbnovoa@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Visões da crise. Modernidade e “civilização ocidental”: algumas representações cinematográficas O cinema tem sido um termômetro extraordinário para a compreensão do século XX. Este, que consideramos haver começado antes do término do século XIX, diferentemente do que sustenta Hobsbawm, é, de fato, o longuíssimo século da modernidade que se definiu como a idade do capitalismo. Ele já ultrapassou quase uma década do segundo milênio fazendo crescer a lista de filmes que pode nos servir de laboratório para apreendê-lo. O arsenal de sua representação filmográfica é enorme e extraordinariamente interessante para se discutir questões como a crise da “civilização ocidental”, o declínio modernidade e/ou o aparecimento de uma pós-modernidade. O próprio cinema está na substância desse processo de “enceramento”, ou transição que pode não alcançar historicamente a outra margem desse oceano caudaloso que se interpõe entre a modernidade capitalista e outra modernidade pós-capitalista ou mesmo uma pós-modernidade tout court. Suas películas alimentam o imaginário dominante de nossas formações sociais de verdades e mentiras sobre nosso tempo e espaço. Nome: José Costa D´Assunção Barros E-mail: jose.assun@globo.com Instituição: Universidade Severino Sombra Título: Cidade-Cinema: Uma Proposta Conceitual para o estudo das Cidades Criadas e Recriadas pelo Cinema Definem-se como “Cidades-Cinema”, para efeito de desenvolvimento conceitual, as cidades idealizadas pelo Cinema a partir de produções fílmicas específicas. A ênfase recai sobre as cidades imaginárias e realistas produzidas pelo Cinema de diversas épocas, examinando elementos de sua arquitetura, espacialidade, organização social, e buscando perceber a sua articulação com o roteiro do filme. A hipótese de trabalho apresentada é a de que mesmo as cidades imaginárias sempre expressam, de alguma forma, os medos, angústias, anseios, esperanças ou demandas da sociedade que as produziu. Neste sentido, operacionaliza-se aqui a postura metodológica que considera o real e o imaginário não como dimensões separáveis, mas complementares e constituintes de uma unidade complexa. O conceito prepara a esteira teórica para o estudo de algumas cidades-cinema a serem abordadas posteriormente, já que o presente ensaio se coloca como uma proposta de pesquisa mais sistemática a ser desenvolvida futuramente. Palavras-Chave: Cinema; Cidade; Imaginário

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Nome: José Walter Nunes E-mail: necoim@unb.br Instituição: UnB Título: Narrativas fílmicas interculturais: (des)encontros de vozes? Debato, neste trabalho, algumas questões em torno da temática da narrativa fílmica intercultural, procurando examinar certas ambigüidades nesse processo de interpretação, em que seu realizador, ao tentar construir o outro, constrói a si mesmo também. Emergem daí aspectos teórico-metodológicos que tensionam os campos da história, da memória e da identidade. Esta reflexão faz parte do trabalho de pesquisa que desenvolvo em torno do chamado cinema intercultural. Nome: Leandro Santos Bulhões de Jesus E-mail: leohist@hotmail.com Instituição: UnB Título: A reorganização de um Novo Mundo abaixo da linha do equador: cineastas viajantes e construções visuais como prática de dominação Ao longo do século XX, os EUA utilizaram os veículos de comunicação de massas como instrumentos políticos. Neste processo, o cinema exerceu papel crucial na exploração dos novos territórios geográficos, etnográficos e arqueológicos, popularizando nos quatro cantos do mundo, imagens captadas por pequenos grupos, ressignificando práticas imperialistas. Quantas vezes os pioneiros da imagem gravada questionaram a esfera das relações de poder que lhes permitiram representar outras terras e culturas? Tendo como base a “teoria da visão” de Frederic Jameson e os estudos de Ella Shohat e Robert Stam sobre imagens eurocênctricas, problematizamos o acervo imagético das experiências visuais de uma Expedição composta por profissionais da arte cinematográfica (“liderados” pelo produtor Walt Disney) e financiada pelo governo norte-americano em 1941, que percorreu os países da América Latina no contexto da “Política da Boa Vizinhança” em busca de inspirações para feitura de filmes. Trata-se da “problemática da coisificação ou reificação” do visível em objeto, através de um olhar que passa a ser uma forma de dominação. Esse olhar colonial ou colonizante é a manifestação da visibilidade como colonização, perceptível nas imagens construídas pelos cineastas aventureiros. Nome: Luiz Claudio Lourenço E-mail: luizim@yahoo.com Instituição: UFBA Título: Ensino, cinema e história: termos de uma narrativa da realidade Através da reflexão da experiência como docente e da direção de um documentário procura-se evidenciar e explorar alguns diálogos possíveis na construção das narrativas sobre a realidade: o primeiro deles, entre retratar e construir significados da realidade, o segundo entre procedimentos científicos e produção cinematográfica e o terceiro entre a relação de um trabalho individual e uma realização coletiva. Nome: Marcílio Rocha Ramos E-mail: mar_canaan@hotmail.com Instituição: Secretaria da Educação do Estado Bahia Título: Cinemação: práticas educomunicativas com linguagens áudiovisuais Há mais de um ano a Coordenação de Educomunicação vem realizando atividades com cinema nas escolas de educação integral, praticando um dos princípios da educação na Bahia: a valorização das inovações e o uso das modernas tecnologias como instrumentos pedagógicos, considerando a cultura dos educandos como matriz estruturante do conhecimento. Dentro do principio glauberiano (“uma idéia na cabeça uma câmera na mão” ) educadores e educandos desenvolveram argumentos e construíram roteiros que resultaram em produções audiovisuais – filmes e vídeo-reportagem – realizados com máquinas filmadoras dos celulares, após rápidos cursos de filmagem e formação em áudio e vídeo. Em torno das relações escolafamília-educando, violência, meios de comunicação, juventude e arte foram realizados filmes em curta metragem com grande significação para a escola e a comunidade, como “Pulando o muro para estudar,” “Vida e morte na escola”, “Clipping: a semiótica da paixão,” “Painel da imaginação”. O potencial criativo dos educandos está caracterizado pela qualidade das produções, mesmo em situações de estrema dificuldades sob o limite de tempos, espaços e equipamentos. Nome: Marcos Antonio da Silva E-mail: marcossilva.usp@uol.com.br Instituição: USP Título: A Classe Média Se Mantém No Inferno (sobre o filme “Tropa de Elite”)

O filme “Tropa de elite”, de José Padilha, conquistou grande público em cinema e foi muito divulgado em dvd’s piratas. Ele aborda tráfico de drogas e violência urbana, temas tratados pela visão de policiais honestos e dedicados. Os traficantes são muito sumariamente caracterizados. Há uma forte dicotomia entre cidadãos dotados de um projeto (os militares abnegados), por um lado, e criminosos e consumidores de drogas omissos, por outro. Realizado depois da ditadura de 1964/1984, o filme retoma o mito do intelectual de classe média que pensa sobre o país. A ação desse cidadão é justificada de qualquer maneira, acima da lei e da ética. Esta comunicação reflete sobre essa reposição de militares e homens de classe média como sínteses de um Brasil digno, contraposto a um resto que pode ser descartado – como o é, no filme. Nome: Meize Regina De Lucena Lucas E-mail: meizelucas@gmail.com Instituição: UFC Título: O sertão no cinema brasileiro (1994-2007) O filme é ao mesmo tempo fonte e objeto, forma imaterial e material, expressão artística e político-econômica. A partir dessa compreensão de imagem, a pesquisa foca sua análise no estudo do cinema brasileiro pós 1994, mais precisamente, nos filmes de ficção cuja narrativa se desenrola no/em relação no/ao espaço do sertão. Espaço recorrente na cinematografia brasileira e marca do movimento cinemanovista, é proposto aqui um estudo comparativo das duas fases de produção. A comparação é necessária na medida em que o Cinema Novo é um cânone na cultura cinematográfica assim como seus temas. A importância do estudo reside na análise da cultura visual e a compreensão do espaço geográfico como categoria de compreensão do país Nome: Nancy Alessio Magalhães E-mail: necoim2@gmail.com Instituição: UnB Título: Memórias de Angola no filme “O herói”, de Zezé Gamboa Pretendo aqui analisar opções narrativas e estéticas do cineasta Zezé Gamboa (Luanda, 1955), no filme O Herói (2004), que tem como personagem central Vitório, um sargento que passou 20 anos lutando na guerra civil, retornando à Luanda, com uma perna mutilada pela explosão de uma mina. Ele experimenta sua saga por essa cidade, para recomeçar sua vida social, interrompida aos 15 anos, quando teria sido enviado para combate. Proponho um contraponto com memórias de estudantes angolanos na UnB, por mim entrevistados, resultantes de pesquisa que realizo desde 2002, e com outras fontes por mim consultadas neste processo de interpretação. Busco levantar temáticas incluídas nesse filme e nessas entrevistas, traçando proximidades/descontinuidades narrativas entre os mesmos, em que há experiências temporais singulares, alterando-se essas narrativas, dependendo da procedência e da posição dos indivíduos, como de relações interpessoais e no âmbito social mais amplo. Num processo de ciclo vital, tradições e vínculos com antepassados e a infância são valorizados como referências de raízes básicas para se estar no mundo. Ao mesmo tempo, procura-se um pensar crítico, acerca de poderes normativos cristalizados, distanciados do exercício ético de vínculos de solidariedade, e de direitos em aberto. Nome: Nelson Tomelin Junior E-mail: nelsontomelin@yahoo.com.br Instituição: Centro Universitário SENAC Título: A experiência ética e o modo de reprodução da vida: uma análise histórica do filme a rotina tem seu encanto (1962) de Yasujiro Ozu A partir de uma leitura possível da narrativa fílmica da obra “A rotina tem seu encanto” (1962) de Yasugiro Ozu, pretende-se pensar a ética e a experiência na histórica como o que explica e se explica na história. Ozu inventa sua obra a partir de dentro da experiência, particularmente da experiência do Japão daquele momento: pós-guerra, reerguimento econômico, ocidentalização intensa, crise de identidade. A ética como prática, como o movimento da história pelas formas de participação dos sujeitos históricos junto ao poder social, com as contradições e experiências que aí se inventam ao tempo mesmo em que são inventadas, marca a construção dialética do movimento das imagens e do trabalho dialógico e polifônico pelo qual se sustentam por dentro as personagens do filme a rotina tem seu encanto, numa concepção de história que não comporta as noções de fora e dentro, como a história de que nós, espectadores do filme, também fazemos parte. A obra de Ozu é histórica porque nós também somos, sendo este um dos sentidos maiores produzidos por este cineasta, como um trabalho de reencantamento do tempo e da vida pelo sentido de experiência.

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46 Palavras-chave: Ozu; ética; narrativa fílmica; imagem; experiência; a rotina tem seu encanto. Nome: Neusah Maria Romanzini Pires Cerveira E-mail: ninacerveira@yahoo.com.br Instituição: Secretaria de Educação e Cultura do RN Título: A ditadura brasileira de 1964: O registro cinematográfico da resistência Nos últimos anos, ficou clara para os profissionais da História, a necessidade do diálogo aprofundado com um período recente da História do Brasil: a ditadura de 1964. Refletindo sobre a historiografia, sentimos a necessidade de multiplicar e diversificar as fontes de análise para o entendimento de um período tão complexo. A atualização do papel do trabalho do historiador que estava restrito a documentos escritos e a poucos outros mais, se mostrou incapaz para essa análise. A história do século XXI busca cobrir essa lacuna criando conexões com outras áreas das ciências humanas. A expressão artística, em todas as suas dimensões, começa a ser considerada como importante fonte de compreensão dos fatos e períodos históricos. O diálogo que a História tem feito recentemente com o Cinema tem resultado em propostas relevantes, estabelecendo chances de desenvolverem um diálogo frutífero e promissor. Nome: Pere Petit Peñarocha E-mail: petitpere@hotmail.com Instituição: UFPA Título: Ramón de Baños, cineasta catalão em Belém do Pará nos tempos da borracha (1911-1913) Esta comunicação faz parte da pesquisa sobre o cinema mudo em Belém do Pará e Barcelona (Catalunya), centrada, especialmente, na história de vida e produção cinematográfica do barcelonês Ramón de Banõs (18901980), que residiu em Belém de setembro de 1911 a dezembro de 1913, quando retornaria a Barcelona. Ramón de Baños produziu em Belém mais de 30 filmes documentários para a produtora The Pará Films, cujo proprietário era Joaquim LLopis, gerente da firma exportadora de caucho Suárez Hnos. Ltda. Os documentais de Baños foram apresentados entre outros cinemas do Pará, Manaus, São Luís, e nos cinemas de Belém, Odeon e Rio Branco, de Joaquin Llopis. Nesses cinemas também foram apresentados filmes eróticos europeus e os cine-jornais sobre a atualidade política, social e cultural de Belém produzidos por Ramón de Baños. O trabalho de pesquisa, especialmente em Belém e Barcelona, está sendo alimentado pela autobiografia deste cineasta catalão, obra de inestimável valor para História do Cinema mudo no Brasil e na Europa e para a história da Amazônia brasileira nos últimos anos do denominado primeiro “ciclo da borracha”, obra intitulada Memòries de Ramón de Baños: Un Pioner del Cinema Català a l’Amazònia (Barcelona, 1991). Nome: Rafael Bastos Alves Privatti E-mail: rafaelbastosalves@gmail.com Instituição: UERJ Título: Cinejornais e História: corações e mentes na (des)construção da territorialidade O trabalho possui por objetivo analisar, e problematizar, construções, desconstruções e reconstruções de questões pertinentes à territorialidade a partir de fontes cinematográficas (cinejornais de curta metragem pertencentes à Agência Nacional e à Atlântida Cinematográfica), com especial atenção voltada para filmes sobre favelas, suas remoções e as construções de conjuntos habitacionais, particularmente nos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro entre os anos de 1962 e 1974, em articulação transdisciplinar com diversas áreas de interesse das ciências humanas, tais como a História, a Geografia, a teoria do cinema, a antropologia e a sociologia. Explora-se também o grau de importância dos cinejornais para a historiografia, tendo em vista a volatilidade dos acervos, pela ação do tempo, agentes externos (incêndios e inundações), displicência com relação a seu armazenamento, falta de tratamento adequado, comparativamente a películas de longa metragem, etc., a dificuldade de articulação entre os vários curtas existentes em busca do preenchimento de lacunas historiográficas, a perda de parte ou totalidade dos documentos de filmagem (contratos, roteiros, etc.) e a escassa produção historiográfica que trate especificamente do trabalho com cinejornais para a escrita da História. Nome: Ricardo Sequeira Bechelli E-mail: ricardo_bechelli@uol.com.br Instituição: USP Título: A guerra de Canudos - cinema e história

Fazer uma reflexão sobre o filme a guerra de canudos em relação à História e a obra de Euclides da Cunha. Serão enfatizados três aspectos centrais: a discussão sobre a guerra de canudos, a forma retratada no filme e a forma trabalhada por Euclides da Cunha, procurando mostrar as diferenças, proximidades, e como as três podem ajudar a ilustrar o conflito. Nome: Rodrigo Oliveira Lessa E-mail: rodrigo.ciso@gmail.com Instituição: UFBA Título: A Representação do Contexto de Conflito Social no Campo em “O País de São Saruê” O objeto de pesquisa deste estudo compreende a representação de um contexto de conflito social no campo no filme “O País de São Saruê” (1966), de Vladmir Carvalho. Nesta obra, o autor defende a tese segundo a qual a não distribuição das terras entre os camponeses pobres é a causadora dos conflitos sociais e econômicos no sertão nordestino. Parte-se do entendimento de que o cinema documentário é um instrumento efetivo de captação e reflexão sobre traços fundamentais da vida rural e dos atores que dela participam na disputa por recursos sociais e econômicos nesse espaço social e, ademais, de que significados e asserções esteticamente articulados em uma obra de arte também sofrem a influência das condições sociais, as quais envolvem a existência de concepções de mundo, ideologias e discursos permeando o imaginário e a reprodução coletiva do pensamento. Nome: Rosangela de Oliveira Dias E-mail: lc.silva1952@uol.com.br Instituição: Universidade Severino Sombra Título: A representação do Rio de Janeiro na chanchada carioca O objetivo desta comunicação é discutir como foi representada a chamada Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro, no cinema dos anos 50, mais especificamente na chamada chanchada carioca. Neste filmes o Rio de Janeiro, ainda a Capital Federal, aparecia como cidade cosmopolita e hospitaleira. O que chama nossa atenção é o fato de que a famosa “cidade partida”, expressão cunhada pelo cronista/jornalista Zuenir Ventura em seu livro homônimo para definir o Rio, não aparece nestes filmes. Entretanto, podemos considerar que nesta década as diferenças e desigualdades sociais explodem no Rio de Janeiro, em função, principalmente, da forte migração rural que a cidade sofre. Os personagens e as tramas das chanchadas, entretanto não apontam para este quadro. Fuga da realidade? Ou uma forma de expressar o descontentamento social, utilizando a carnavalização e o deboche? Esta comunicação pretende discutir esta questão a partir de duas produções da chanchada carioca: Rio fantasia e Camelô da rua larga. Nome: Sandra Maret Scovenna E-mail: sandramarenna@yahoo.com.br Instituição: USP Título: “Belmonte”, um documentário A apresentação deste trabalho tratará do documentário de 11 min. elaborado por Ivo Branco sobre Belmonte, caricaturista, chargista e cronista famoso na imprensa paulistana dos anos 20/30/40, mas atualmente pouco lembrado. O documentário sobre sua obra, realizado em 1980-81, permite-nos apresentar o artista ao público e discutir a conjuntura política e econômica na qual ele estava inserido, assim como aquela que existia quando da feitura do filme. Nome: Soleni Biscouto Fressato E-mail: sol_fressato@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: “O homem que copiava”: a juventude em busca de uma identidade na “sociedade do espetáculo” A sociedade que se apresenta em “O homem que copiava” (direção de Jorge Furtado, 2003) é a de mercadorias e de valorização do dinheiro, a própria “sociedade do espetáculo” que transforma tudo e todos em mercadorias, com um valor de compra. Nessa sociedade cinco jovens se movimentam, vivem suas angústias, seus medos, buscam alternativas e formam suas identidades. Esse é o tema do presente artigo, analisar como esses cinco jovens, que podem ser considerados como a representação, ou ainda, o retrato da juventude brasileira, formam suas identidades. Nome: Thiago de Faria e Silva E-mail: thiago.faria@usp.br Instituição: USP Título: Imagens do lixo no cinema brasileiro O depósito de lixo, pelo menos desde a década de 60, é uma presença per-

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sistente nas imagens do cinema brasileiro. Desde o curta “Um Favelado” (Marcos de Farias, 1962), reunido no filme “Cinco Vezes Favela” (1962), passando por “Ilha das Flores” (Jorge Furtado, 1989), “Boca de Lixo” (Eduardo Coutinho, 1992) e “Estamira” (Marcos Prado, 2005), essas imagens têm estabelecido um complexo e instigante debate acerca desse lugar social marcado pelo esquecimento: o lixão. O intuito principal do texto é estabelecer um diálogo com os filmes, procurando discutir, na diversidade da linguagem cinematográfica, as tensões sociais e as violências presentes nas relações de poder na sociedade brasileira. Essas imagens têm lembrado daquilo que não quer ser lembrado, nem pelos governos ditatoriais, nem pelos “cidadãos de bem” e nem por governos com preocupação social. As imagens do lixo são, no fundo, paradoxalmente, imagens do esquecimento, das vidas apagadas das propagandas eleitorais, das estatísticas, dos programas econômicos (sejam eles desenvolvimentistas ou neoliberais). Nesse sentido, o cinema torna-se uma maneira de lembrar daquilo que foi feito para não ter história. Nome: Vanessa Miranda E-mail: vangmira@hotmail.com Instituição: PUC-SP Título: Mamma Roma, Mãe São Paulo Discuto o filme “Mamma Roma” (1962), de Pier Paolo Pasolini, na articulação com as produções históricas sobre os sentidos sociais das cidades. A cidade é encarada como um espaço de construção pública da identidade do homem, incluindo faixas etárias como infância e juventude e também a questão dos gêneros. O filme de Pasolini é feito quase duas décadas após a queda do Fascismo italiano. Ele apresenta outros graves conflitos sociais que as normas democráticas não conseguem superar porque submetidas à ideologia liberal do esforço pessoal. Refletirei comparativamente sobre experiências brasileiras paralelas, levando em conta a ditadura de 1964/1984 e seus desdobramentos mais recentes, conforme abordados no cinema nacional em filmes como “Pixote - A lei do mais fraco”, de Hector Babenco (1981), e “Central do Brasil”, de Walter Salles (1998). Nome: Veruska Anacirema Santos da Silva E-mail: veruska.anacirema@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: Memória e afetividade: a importância das emoções nas sociabilidades do cinema O propósito dessa comunicação é discutir algumas noções como a memória e a afetividade, a partir da compreensão de que os afetos são traços presentes nos fundos de saberes e fazeres elaborados e armazenados na vida social, naquilo que chamamos de ciência e na memória social de um povo e de seus estratos sociais diversos. Queremos, pois, a partir dessa hipótese geral, buscar articular tais noções com a experiência cinematográfica, vendo nesta uma possibilidade de significação e constituição de afetos e saberes diversos na construção de uma memória coletiva. Para tanto, buscamos apoio nos estudiosos da cultura, a exemplo de Nestor Garcia Canclini e em autores que se debruçam sobre a relação cinema-história. Tentaremos mergulhar, assim armada, no laboratório do cinema brasileiro contemporâneo para verificar empiricamente em que medida os processos de constituição de uma memória dos anos de chumbo pode variar segundo as gerações. Tomaremos como exemplo, os filmes “Terra em transe”, “O que é isso companheiro”, “O ano em que meus pais saíram de férias”. Palavras-chave: memória, afetividade, cinema.

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47 47. Estado e polĂ­ticas pĂşblicas – SĂŠculos XIX e XX ThĂŠo Lobarinhas PiĂąeiro – UFF (theopineiro@hotmail.com) Sonia Regina de Mendonça – Unioeste (srmend@ar.microlink.com.br) O SimpĂłsio propĂľe-se a discutir as relaçþes entre o Estado e as polĂ­ticas dele emanadas, no decorrer dos sĂŠculos XIX e XX, a partir da perspectiva das relaçþes entre essas e grupos de interesses espeFtĂ€FRV 6HX REMHWLYR PDLV DPSOR p SURSLFLDU XP SDLQHO KLVWyULFR GDV PDLV GLVWLQWDV SROtWLFDV S~EOLFDV UHVXOWDQWHV GDV GLVSXWDV TXHU QR kPELWR GD VRFLHGDGH FLYLO TXHU QR GD VRFLHGDGH SROtWLFD $ SURSRVWD WHP SRU EDVH DV DWLYLGDGHV GHVHQYROYLGDV SHOR 1~FOHR GH 3HVTXLVDV VREUH (VWDGR H 3RGHU QR %UDVLO FXMD PDUFD FRQVLVWH QD XWLOL]DomR GR UHIHUHQFLDO WHyULFR JUDPVFLDQR HP VXDV SHVTXLVDV H UHĂ H[}HV H que vem regularmente apresentando simpĂłsios temĂĄticos junto Ă ANPUH Nacional.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre Macchione Saes E-mail: xixosaes@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Alfenas Título: Energia elÊtrica e legislação no Brasil no início do sÊculo XX A dÊcada de 1890 marcou o período de concentração e modernização dos serviços públicos no Brasil, especialmente aqueles relacionados à introdução da eletricidade na urbanização das cidades brasileiras. Os serviços de energia elÊtrica tornar-se-iam somente uma realidade para as mais modernas cidades brasileiras durante o início do sÊculo XX. Mas, como uma realidade embrionåria, sua legislação era tão rudimentar que poderia ser considerada como inexistente. Eram os municípios os verdadeiros órgãos concedentes dos serviços de eletricidade, e a relação entre poder local e empresårios tornou-se a base para definir concessþes. O artigo apresenta o caminho da regulamentação do serviço de eletricidade no Brasil. O interesse das elites em promover uma råpida modernização urbana pode ter dificultado a aprovação de leis e regras objetivas e federais na organização do setor, deixando a cargo do poder público local e de suas relaçþes com os empresårios a definição dos critÊrios de funcionamento das concessþes dos serviços de eletricidade. Assim, vale recuperar o percurso de Alfredo Valladão, jurista e conhecedor das legislaçþes sobre as åguas na Primeira República, que somente conseguiu aprovar o Código de à guas do Brasil trinta anos após a apresentação deste na Câmara dos Deputados. Nome: Amålia Cristina Dias da Rocha Bezerra E-mail: amaliadias@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O associativismo docente na regulamentação do estatuto econômico da profissão: contratos de trabalho e registro profissional (1932-1945) Investigamos a profissionalização do magistÊrio particular de ensino secundårio, em face do contexto histórico de organização das relaçþes trabalhistas e da expansão do setor privado no ensino. A partir da atuação do associativismo docente, examinamos as correlaçþes de força entre órgãos do Governo, empregadores e magistÊrio particular na definição de contratos de trabalho, registro profissional e salårio, a fim de compreendermos os sentidos que foram impressos a estas políticas públicas destinadas a regular o estatuto econômico do professorado. Compartilhando da concepção de Estado Ampliado em Antonio Gramsci, notamos que, longe de ser algo imposto por um Estado uniforme a uma sociedade apåtica, a legislação Ê produto de relaçþes sociais e de relaçþes de poder. Sob a Êgide do Estado no pós-1930, estas relaçþes foram canalizadas para o interior das agências estatais, o que, contudo, não anulou as dimensþes de conflito intra-estatais e entre sujeitos coletivos organizados. Compondo o Estado, estes grupos, por meio de comissþes, relatórios, anteprojetos, substitutivos, pareceres e campanhas, encaminharam suas propostas, manifestaram resistências, articularam alianças e disputaram a hegemonia do processo decisório, segundo seus interesses de classe. Nome: AndrÊ Vianna Dantas E-mail: andredantas@fiocruz.br Instituição: Escola PolitÊcnica de Saúde Joaquim Venâncio/FIOCRUZ Título: Gestão Participativa em Saúde: entre a contra-hegemonia e a legitimação da dominação A gestão participativa tem sido festejada nas últimas dÊcadas, por seguimentos importantes da esquerda, como marco da conquista de novos espaços democråticos de participação nas políticas de Estado. O campo da Saúde ocupou destacado lugar na redemocratização brasileira, com papel decisivo nas conquistas coletivas gravadas na Carta de 1988, com desta-

que para o SUS – a reboque do qual se efetivou o “controle socialâ€? da SaĂşde. O novo padrĂŁo de acumulação do capital, no entanto, instituiu, de forma correspondente, tambĂŠm um novo padrĂŁo de relaçþes sociais de dominação, que tem promovido a “colonizaçãoâ€? das prĂĄticas e dos discursos tradicionalmente reivindicados pelas forças de esquerda, investidas formalmente da “participaçãoâ€? e do “controleâ€?, mas tragadas pela falĂĄcia de uma “agenda comum consensuadaâ€? – que escamoteia as contradiçþes de classe em nome da “conciliaçãoâ€?. Assim, julgamos oportuno recolocar o tema da “participação popularâ€? sob uma perspectiva transformadora, que contribua para a superação do “formalismoâ€? da democracia burguesa e do anestesiamento das forças potencialmente contra-hegemĂ´nicas, posto que faz parte do script da ideologia dominante apontar para a inexistĂŞncia do conflito como forma de manter a sua posição de relevo no interior do mesmo conflito que nega. Nome: AndrĂŠa Lemos Xavier Galucio E-mail: andrealemos.xg@gmail.com Instituição: UFF TĂ­tulo: Estado e polĂ­tica editorial Para uma anĂĄlise da polĂ­tica editorial brasileira entendemos que alĂŠm de abordar as polĂ­ticas culturais pĂşblicas para o livro, originadas das iniciativas governamentais, devemos tambĂŠm considerar os diversos interesses empresariais da ĂĄrea do livro. Do conjunto desses setores, selecionamos para anĂĄlise aquele que expressa as principais questĂľes debatidas em torno da polĂ­tica empresarial livreira, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e o principal ĂłrgĂŁo do governo para a polĂ­tica pĂşblica do livro, o Instituto Nacional do Livro (INL). A função de cada um deles foi analisada com objetivo de dimensionar os embates e acordos dos empresĂĄrios junto ao governo. Nome: Antonia Almeida Silva E-mail: antoniasilv@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana TĂ­tulo: “Viradasâ€? polĂ­ticas e desafios educacionais na Bahia no alvorecer dos anos 90 O trabalho foca a educação bĂĄsica na Bahia problematizando os movimentos operados pela classe dirigente no curso da transição polĂ­tica brasileira, mais precisamente da Nova RepĂşblica, para recomposição do poder e viabilização das reformas do Estado e da educação nos anos 90. A tese que mobiliza este ensaio ĂŠ a de que a atitude de “agente interessadoâ€? na justiça social assumida pelo Estado na dĂŠcada de 1980 foi fundamental para reagregar a classe hegemĂ´nica e garantir a continuidade do seu projeto de classe. A anĂĄlise situa a vitĂłria do grupo polĂ­tico liderado por Antonio Carlos MagalhĂŁes nas eleiçþes de 1990, num cenĂĄrio em que a gestĂŁo do chamado governo da mudança, liderado por Waldir Pires, fracassa como alternativa polĂ­tica capaz de alavancar o desenvolvimento no estado da Bahia. Nesse processo, a politização do debate educacional e sua aproximação com o projeto de construção de uma educação pĂşblica, gratuita e de qualidade para todos e em todos os nĂ­veis, que era uma caracterĂ­stica dos anos 80, deixa de ter o mesmo Ă­mpeto para dar lugar a formulaçþes “menos polĂ­ticasâ€? e mais instrumentais nos anos 1990. Nome: AntĂ´nio ClĂĄudio Barbosa Rabello E-mail: tuninho@unir.br Instituição: Universidade Federal de RondĂ´nia TĂ­tulo: O local e o nacional: estado ampliado e hegemonia em regiĂŁo de fronteira (Anos 50) Os anos 50 marcam o inĂ­cio de um planejamento para a “valorização econĂ´mica da AmazĂ´niaâ€?. Um conjunto de polĂ­ticas passava a ser adotado pelo Estado brasileiro, substituindo açþes isoladas e extemporâneas. As propostas polĂ­ticas para o desenvolvimento da regiĂŁo deveriam, a partir de entĂŁo,

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ser integradas ao desenvolvimento nacional. A fronteira amazônica seria, enfim, incorporada ao Estado Ampliado. Uma “Fronteira Ampliada”. O nacional-desenvolvimentismo tornou-se fala corrente dos discursos e política hegemônica do projeto nacional e a indústria o seu carro-chefe. As classes dominantes viam a Amazônia como um grande potencial de recursos a participar do programa de desenvolvimento. As classes dominantes regionais, fração dominada da classe dominante nacional, incorporaram a defesa do desenvolvimentismo e do programa industrial, adequando a Amazônia a este novo cenário, redefinindo seus papéis políticos e econômicos, sem, entretanto, sair da cena da política local. O presente trabalho analisa este momento da política regional e a (re)fundação dos grupos hegemônicos locais em novas bases discursivas.

popular caminharam juntas nesse período republicano e os embates cotidianos com a polícia e as brigadas sanitárias eram de toda ordem. Nossa hipótese é a de que o crescimento da atuação da DGSP teve uma forte motivação político-econômica, onde os códigos sanitários ganharam força em conjunto com as grandes obras pela reforma urbana que estava em curso. O estilo repressivo de intervenção na atuação da DGSP para executar a parte que lhe cabia aparece então como elemento que desperta curiosidade pela investigação. Considerando a relevância do saneamento e da erradicação de doenças naquele período, mas buscando ver como evolui o trabalho do órgão governamental, temos a intenção de aprofundar numa investigação acerca do impacto gerado na sociedade da atuação da DGSP em suas diferentes frentes.

Autor: Antonio Germano Magalhães Junior E-mail: germanomjr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará Co-autora: Sarah Bezerra Luna Varela E-mail: sarahvarela@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: Mito e ritos do Ruralismo Pedagógico na Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte A história da humanidade está repleta de narrativas míticas formuladas para justificar ou dar sentido a vida e a necessidade de explicação e verdades. Algumas instituições escolares ficaram conhecidas na história como fundadoras de alguns movimentos educacionais, representando através de processos ritualísticos a materialização do que concebiam como verdade e reproduziam dando sentido ao que acreditavam. O objetivo da investigação é compreender a constituição do mito e dos ritos pedagógicos ruralistas da primeira escola de formação de professores para o meio rural no Brasil, a Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte (ENRJN), instalada em 13 de março de 1934. A demarcação temporal representa os anos de formação das três primeiras turmas da ENRJN, sendo 1939 o marco de formatura da terceira turma. As fontes de pesquisa utilizadas foram: o Jornal O Lavrador, tendo sido localizados 112 exemplares do periódico, publicado de maneira irregular, entre as décadas de 1930 e 1970 e entrevistas a estudantes das três primeiras turmas da escola. O referencial teórico-metodológico se fundamenta na relação entre mito e realidade, em especial nos escritos de Mircea Eliade. Ao final da investigação compreendemos a utilização dos ritos escolares na constituição do mito do ruralismo pedagógico.

Nome: Carolina Torres Alves de Almeida Ramos E-mail: carol_taar@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Educação, reforma agrária e sindicalismo rural no Brasil O trabalho pretende analisar a atuação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), ao longo dos anos de 1970 e meados da década de 1980, em relação a duas temáticas principais: a educação rural e a reforma agrária. Espera-se averiguar quais as propostas e metodologias da equipe educacional desta agremiação, notadamente nos cursos referentes à formação sindical. Em relação à reforma agrária, pretende-se estudar as principais reivindicações e ações da CONTAG e seus embates com demais organizações representativas dos trabalhadores rurais. Intenta-se ainda observar de que forma tais propostas da CONTAG para a educação e para a reforma agrária se articulam com as políticas públicas perpetradas para estes setores. Pretende-se com tal análise discutir a dupla (e muitas vezes contraditória) atribuição conferida a CONTAG: a representação dos interesses dos trabalhadores rurais e a colaboração com órgãos do Poder Público.

Nome: Beatriz Rietmann C. Cunha E-mail: beatrizccunha@gmail.com Instituição: UFF Título: As propostas para o ensino secundário nos anos iniciais da República: o exame de madureza Este trabalho objetiva analisar as propostas da sociedade política para o ensino secundário, no início da República, elegendo como foco o exame de madureza. Estabelecido pela reforma Benjamin Constant, de 1890, possivelmente, um de seus aspectos mais combatidos e de execução sempre protelada, este exame, ao fim do secundário, aferia a cultura intelectual assimilada pelos alunos. Para tanto, há que se ter em perspectiva o papel atribuído ao ensino secundário, encarado, desde o Império, quase que somente, como via de acesso aos cursos superiores, o que colaborou para reduzi-lo aos preparatórios exigidos para a matrícula nas faculdades, gerando polêmicas que permaneceram na República. A despeito da iniciativa da reforma Constant, conferindo a essa modalidade de ensino um caráter essencialmente formador, desligando-a de sua função preparatória, no que tange aos debates acerca do ensino secundário, havia uma não disfarçada hostilidade da ilustração brasileira, em relação aos currículos adotados, que privilegiavam os estudos clássicos, em detrimento das disciplinas de cunho científico. Além do levantamento historiográfico integrou a pesquisa um corpus documental que envolveu fontes tais como: a legislação republicana, os regulamentos institucionais e os relatórios ministeriais. Nome: Bruno da Silva Mussa Cury E-mail: mussacury@gmail.com Instituição: UNIRIO Título: Saúde pública e controle social: a atuação da Diretoria Geral de Saúde Pública no Rio de Janeiro (1903 - 1909) Numa conjuntura onde o Brasil e o Rio de Janeiro passavam por transformações, procuraremos elucidar algumas questões a respeito da relação do Estado brasileiro com a sociedade partindo da atuação do órgão público que direcionava suas ações às questões sanitárias, a Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP). A exclusão social, a repressão policial e a resistência

Nome: Cíntia Régia Rodrigues E-mail: regia_rs@hotmail.com Instituição: Faculdade Internacional de Curitiba Título: As práticas políticas para as populações nativas do Brasil: o caso dos nativos no Rio Grande do Sul O presente trabalho analisa a política indigenista construída para as populações nativas do Brasil entre o Império e a República. Tendo como pano de fundo a questão de terras no Brasil, visto que as populações nativas impediam o avanço das frentes nacionais. Também aborda as propostas estabelecidas para os nativos por outros segmentos da sociedade, como os positivistas. Apresenta a situação dos nativos do Rio Grande do Sul no século XIX, e no contexto da elaboração da política indigenista em âmbito nacional a partir da criação do SPILTN (Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais) relacionando este códice, com a política indigenista instituída no RS. Palavras Chave: Política Indigenista – Terra – Positivismo. Nome: Claudia Peçanha da Trindade E-mail: cptrindade@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O Programa de Aceleração do Crescimento – Infra-estrutura / Urbanização de favelas O Programa de Aceleração do Crescimento, anunciado pelo governo federal no início do ano de 2007, em sua vertente de infra-estrutura – urbanização de favelas, organiza-se através de três instâncias de governo (federal, estadual e municipal) na região de Manguinhos, no Rio de Janeiro. O objetivo deste trabalho é fazer os apontamentos iniciais da análise da implantação da política pública, não perdendo de vista o histórico das intervenções ocorridas na região e examinando o processo de negociação para implantação do programa enquanto política estatal. Apresentar a estrutura inicial que se montou para implementação do PAC-Favelas e as negociações políticas que a modificam no decorrer do processo, examinando se há embates entre diferentes projetos, é a tônica da apresentação. Nome: Cláudia Regina Salgado de Oliveira Hansen E-mail: claudia.hansen@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: “Os Guinle” como agentes do Clube de Engenharia No presente trabalho analisamos a participação do “Grupo Guinle” no Grupo Dirigente do Clube de Engenharia, uma agremiação de engenheiros e industriais fundada no Brasil em fins do século XIX, mediante a ocupação de cargos e envolvimento nas discussões temáticas. Apoiando-

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47 nos nas reflexões de Gramsci sobre o Estado, apreendemos o Clube de Engenharia como “partido” já que essa agremiação, tanto no momento da sua fundação quanto nos momentos posteriores, defendia questões específicas das frações de classe que procurava representar, e como unificava interesses e também difundia visões de mundo, atuava como dirigente, tornando possível a inserção dessas frações em diferentes esferas de poder. E o “Grupo Guinle”, tal como constatamos, a partir da leitura das Atas do Conselho Diretor e da Revista da associação, especialmente Gabriel Ozório de Almeida, foi parte integrante significativa do grupo de agentes do Clube de Engenharia que tentava impor um projeto hegemônico através da inscrição de porta-vozes em agências da sociedade política. Nome: Daniel Henrique Diniz Barbosa E-mail: danielhdiniz@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Poder público e planejamento econômico em Minas Gerais: O Plano Estadual de Eletrificação de 1950 e o papel da intervenção estatal Esta comunicação se propõe a discutir o planejamento da economia de Minas Gerais no século XX, com especial atenção ao “Plano de Eletrificação de Minas Gerais”, documento elaborado e publicado em 1950, sob o comando da Secretaria de Agricultura do Governo do Estado de Minas Gerais. Não obstante documento essencialmente técnico no que concerne aos dados que analisa e às proposições que encaminha, tal Plano pode ser compreendido como elemento político significativo no âmbito do planejamento da economia regional. Nesse sentido, elementos como o atraso relativo da economia mineira, a necessidade de desenvolvimento industrial de Minas Gerais e os entraves da ausência de uma efetiva política pública de eletrificação são compreendidos na mesma perspectiva apresentada pelo “Plano de Recuperação Econômica e Fomento da Produção”, publicado em 1947, também pelo governo estadual, e que pressupunha papel ampliado ao poder público e às elites técnicas regionais como formas de equacionamento dos entraves econômicos mineiros - em detrimento de um empresariado compreendido como ausente, frágil ou pouco afeito à modernização da esfera da produção. Nome: Daniela Abritta Cota E-mail: danielaac@uol.com.br Instituição: UFMG Título: A parceria público-privada na promoção do desenvolvimento urbano: política e planejamento urbanos no Brasil no contexto econômico e político dos anos 1960 e 1970 Este trabalho objetiva refletir sobre a atuação do Estado na produção capitalista do espaço no Brasil, com ênfase na sua relação com a iniciativa privada no contexto dos anos 1960 e 1970. Busca-se verificar, a partir dessa discussão, que a parceria público-privada não constitui algo novo se pensarmos na relação entre o poder público e a iniciativa privada na promoção do desenvolvimento urbano. Desde a institucionalização do planejamento urbano no país nos anos de 1960 e especialmente a partir do II PND, o Estado brasileiro se constituiu no principal responsável pela dotação das chamadas condições gerais de produção como suporte ao processo de desenvolvimento econômico que, em sua essência, pode ser caracterizado como uma forma de parceria público-privada. É a partir desse resgate histórico – com base em Ianni (1977), Monte-Mór (2007), Becker (1991), Tavares (2002), dentre outros autores – que buscaremos evidenciar que este tipo de parceria não constitui algo novo no que se refere à relação entre o poder público – entre 1964 e os anos oitenta, fortemente centralizado no governo federal – e a iniciativa privada. Nome: Demian Bezerra de Melo E-mail: demian_pesquisa@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O plebiscito de 1963: inflexão de forças na crise orgânica O propósito desta comunicação é apresentar o resultado de uma pesquisa de mestrado, que versou sobre as lutas políticas levadas a cabo pelo presidente João Goulart e um amplo espectro de forças políticas pela liquidação do sistema parlamentarista, ao longo do ano de 1962 e início de 1963. Desde sua posse, em setembro de 1961, Goulart deixou clara sua intenção de antecipar o referendo – previsto na lei que institui o parlamentarismo – e retornar o mais rápido possível ao sistema presidencialista. Para isto contou com a ajuda de lideranças políticas interessadas em concorrer às eleições presidenciais em 1965, como Magalhães Pinto, Juscelino Kubitschek, Leonel Brizola, forças políticas da esquerda, como comunistas e trabalhistas – que dirigiam importantes entidades do movimento sindical

e popular – além de militares nacionalistas e alguns setores da imprensa. Em 15 de setembro de 1962, tais forças políticas conseguiram que o Congresso aprovasse a antecipação da consulta popular para o dia 6 de janeiro de 1963, quando o parlamentarismo foi rejeitado pela maior parte dos eleitores, numa proporção de cinco a cada seis. Nome: Edison Antonio De Souza E-mail: edisonas@terra.com.br Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Título: O poder na fronteira: hegemonia, conflitos e cultura no Norte de Mato Grosso O objetivo desta comunicação é refletir sobre o norte mato-grossense, a disputa hegemônica pela direção e controle político, manifestada entre os agentes e agências da sociedade civil e da sociedade política. Os interesses que estão em jogo, ação e pressão sobre as políticas públicas para a região, discutindo as disputas entre as frações da classe dominante para obter hegemonia política dos seus projetos. Procuramos trazer para o debate os resultados das nossas pesquisas, destacando as relações de poder e dominação numa região de fronteira analisadas pela perspectiva da História Social. Nome: Edneila Rodrigues Chaves E-mail: edneila21@hotmail.com Instituição: UFF Título: Classes dominantes na formação do Estado imperial: a instrumentalização do aparelho estatal (Brasil, século XIX) Este artigo trata da atuação de classes dominantes no sistema político do Brasil, na primeira metade do século XIX. Considerando essa sociedade de caráter classista, observam-se formas de organização das classes sociais em nível nacional, regional e local. As classes dominantes disputaram a hegemonia de seus projetos e buscaram reafirmar seus interesses, por meio da instrumentalização do aparelho estatal, impondo uma direção e uma dominação na sociedade. Nome: Emiliano Côrtes Barbosa E-mail: corteseb@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Escola Politécnica da Bahia: um perfil institucional 1897 – 1920 O objetivo deste trabalho é apontar a trajetória e o perfil institucional de um estabelecimento de ensino - Escola Politécnica da Bahia “EPBA”. Fundada pelo Instituto Politécnico da Bahia – IPBA – em 1897, uma instituição nascida no bojo da sociedade civil baiana, visando formar engenheiros em detrimento da primeira escola formadora de engenheiros agrônomos na Bahia - Escola de Agrícola da Bahia “EAB”. Ao analisarmos as fontes primárias, percebemos que o perfil do corpo discente da escola, pensado inicialmente a atender a classe proprietária e média urbana de Salvador, nos chama a atenção o fato que durante seus primeiros 12 anos, a escola tinha em sua maioria de matriculados, militares e filhos de militares. Após 1912 é que a escola de fato vai ter em suas cadeiras, filhos da classe média urbana de Salvador. Porque uma instituição criada a princípio para atender a elite local se arremeterá a atender militares e filhos de militares? Porque a classe média urbana soteropolitana só vai dominar os quadros discentes apenas 14 anos depois da criação da escola? São estes os apontamentos que vou procurar colocar de forma embrionária na estrutura desde trabalho. Nome: Fábio Koifman E-mail: fkoifman@pobox.com Instituição: Universidade Estácio de Sá Título: Os técnicos estrangeiros “de mérito excepcional” e a política imigratória no Estado Novo brasileiro Durante o Estado Novo (1937-1945) o governo brasileiro estabeleceu uma política restritiva de imigração. Pretendia-se controlar a entrada de estrangeiros visando à melhoria, a longo prazo, do que chamavam de “composição étnica do povo brasileiro”. Entretanto, no mesmo período, as leis e controles relacionados à imigração mantiveram abertas as possibilidades de concessão de visto permanente para “técnicos de mérito excepcional que encontrem no Brasil ocupação adequada às suas aptidões”. Independente da nacionalidade e da origem étnica do proponente, o interesse governamental em absorver “bons técnicos” pôde ultrapassar, em determinadas situações, os rígidos e seletivos critérios gerais estabelecidos. A comunicação é uma avaliação da prática relacionada aos processos de concessão de visto, especificamente a engenheiros, no período de 1941 a 1945, tempo em que o controle imigratório esteve ao encargo do Ministério da Justiça e Negócios Interiores.

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Nome: Fabio Maza E-mail: fabiomaza@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: Engenheiros e ação política O objetivo dessa apresentação é tornar público o andamento de pesquisa que venho realizando sobre o pensamento tecnocrático. Centrada em um grupo social, os engenheiros, ela busca compreender o papel dessa categoria social na constituição das ações políticas no âmbito de suas entidades de classes e do Estado. Do ponto de vista temporal a pesquisa tem como escopo as práticas dos engenheiros brasileiros nas três primeiras décadas do século XIX, quando a expressão do pensamento tecnocrático se fortalece em diversos países, tais como, Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra. Como esse pensamento se aproxima das práticas e soluções engendradas por engenheiros brasileiros na sua ação política é a preocupação central dessa comunicação. Nome: Fernanda da Costa Monteiro Araújo E-mail: fernandacma@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Título: Políticas públicas e ativismo político nos anos 50: o caso de Lucas Lopes A atuação dos agentes responsáveis pela formulação e aplicação das políticas públicas no interior do Estado brasileiro está intrinsecamente ligada às disputas de interesses estratégicos no âmbito político e econômico. Entendendo, portanto, o Estado a partir da matriz gramsciniana de “Estado ampliado”, o trabalho em questão, através da análise da trajetória política de um desses agentes governamentais, o engenheiro e empresário Lucas Lopes, caracterizando-o como um “intelectual orgânico”, pretende apresentar algumas questões referentes a conjuntura política e econômica que se instaurou na década de 50, mais especificamente no governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek. Através da análise das políticas públicas de cunho autoritário desenvolvidas pelo grupo à frente do governo JK, ao qual Lucas Lopes estava integrado, o objetivo é conectar tais políticas com as ideologias que nortearam o processo de mudança de regime em 64. Nome: Gustavo Alves Cardoso Moreira E-mail: gacmoreirahistoria@yahoo.com Instituição: UFRJ Título: Autoridade provincial e poderes locais nos caminhos do café fluminense (1835-1840) A recém-criada província do Rio de Janeiro, na segunda metade da década de 1830, enfrentava um importante desafio: prover seu território de um sistema de transportes eficiente, capaz de conduzir para o litoral, com os menores custos possíveis, a produção de café que se concentrava nas regiões altas do Vale do Paraíba. O reduzido orçamento de sua Presidência, insuficiente para colocar em execução todas as obras necessárias de infra-estrutura, obrigava as autoridades a lançar mão de expedientes como a contratação de empreitadas com particulares e as subscrições apresentadas aos proprietários estabelecidos nas municipalidades beneficiadas. Tal processo coincidiu, politicamente, com o período em que o liberalismo moderado do Padre Feijó e de Evaristo da Veiga deu lugar ao Regresso conservador de Bernardo Pereira de Vasconcelos e dos componentes da futura Trindade Saquarema. Este trabalho visa demonstrar, sucintamente, como os primeiros presidentes da província fluminense buscaram conciliar os aspectos operacionais urgentes com a contemplação dos interesses econômicos locais, favorecendo seletivamente os homens que acompanhavam sua orientação política. Nome: Ignacio José Godinho Delgado E-mail: ignaciodelgado@oi.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: A idéia de desenvolvimento e os desafios da política industrial e de inovação no Brasil Comunicação discorre sobre a trajetória da idéia de desenvolvimento no Brasil, considerando as formulações que o associam ao alcance da industrialização através da proteção à produção doméstica e ao fechamento do mercado interno. Salienta, em seguida, as perplexidades que aparecem durante a crise do desenvolvimentismo e os desafios que se apresentam para o Brasil, diante da abertura crescente dos mercados nacionais e da liberalização do fluxo internacional de capitais. Aponta, por fim, as diferentes modalidades de política industrial que se conectam a cada passo da trajetória analisada, focalizando a política industrial em curso no país, de modo a avaliar seu potencial para reversão de um velho problema do desenvolvimento brasileiro: a reduzida propensão das empresas à inovação tecnológica.

Nome: Iracema Oliveira Lima E-mail: iracema965@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São Carlos Título: A política desenvolvimentista baiana e a instituição de pólos geoeducacionais Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada acerca das políticas públicas para a educação superior instituídas pelo governo baiano a partir da década de 1970. Objetivando compreender a organização da educação superior pública estatal baiana buscou-se analisar os fatores que contribuíram para re-locar a política estadual desenvolvimentista, que a exemplo do governo federal, investia prioritariamente na construção de grandes obras de duvidosa repercussão sobre os níveis de bem estar da população realizada principalmente na Região Metropolitana de Salvador, para o interior baiano. A conclusão do Plano de Desenvolvimento da Bahia -1965 reafirmou a necessidade de ampliar as ações governamentais tanto na esfera geográfica quanto setorial. Neste contexto foram organizados os pólos geoeducacionais que tiveram como referência para seu estabelecimento as micro-regiões econômicas já existentes. A análise documental possibilitou a visualização dos pactos estabelecidos entre o governo estadual e a elite interiorana que levaram à organização das faculdades de formação de professores que, na sua maioria, posteriormente, foram transformadas nas atuais universidades estaduais baianas. Nome: Jean Mac Cole Tavares Santos E-mail: maccolle@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN Título: Cotidiano reinventado: (res)significações das políticas educacionais dos anos 90 Nossa comunicação discute a construção do currículo escolar no ensino médio a partir das reinterpretações e das adaptações realizadas pelos professores que atuam nessa modalidade de ensino. A discussão parte das falas de professores que atuam em escolas públicas do interior cearense relacionando-as com as bases legais que constituem o projeto do “Novo Ensino Médio” implementada nas escolas brasileiras durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). No currículo percebemos uma interação entre o que determina a legislação da reforma do ensino médio, consolidada através dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), e as práticas condicionadas pelo cotidiano escolar. Assim, nos propomos a confrontar e detectar apropriações e resistências às determinações oficiais, apresentando como os PCNEM foram sendo acomodados no dia a dia da escola. Esta acomodação foi se dando pela mesclagem de elementos oriundos da realidade escolar com os elementos trazidos pela proposta da reforma. Nome: Márcia Regina da Silva Ramos Carneiro E-mail: marciarrcarneiro@hotmail.com Instituição: Instituto Superior Anísio Teixeira Título: Entre a Academia e o Congresso - a Ciência e um povo por fazer-se Nas primeiras quatro décadas republicanas, médicos brasileiros procuravam organizar-se, enquanto intelectuais e profissionais da Saúde, em grupos definidos entre interesses científicos, em meio às tentativas de intervenção sanitária e projetos de construção de modelos de políticas públicas que, se não explícitas, definidas, a partir de suas participações ativas nas sociedades civil e política. Entre a Academia Nacional de Medicina, Faculdades e o Congresso, médicos definiam suas prioridades no âmbito das suas práticas, entendendo-as como possibilidades de ampliação de seus usos na diversificação da aplicação de técnicas adquiridas pelos seus estudos, grande parte trazidos da Europa. Enquanto os órgãos oficiais limitavam as intervenções à questões pontuais, como o combate a epidemias e endemias, alguns desses intelectuais buscavam traduzir suas pesquisas em ações mais perenes como da construção de um projeto de saúde a partir da gestação dirigido às camadas populares. Este artigo tratará das quatro primeiras décadas da instalação da Maternidade de Laranjeiras, hoje Maternidade-Escola da UFRJ, procurando estabelecer as redes entre seus administradores e trazer à discussão suas iniciativas que antecederam muitas vezes às políticas públicas de saúde nessa instituição. Nome: Maria Letícia Corrêa E-mail: leticiacorrea@globo.com Instituição: UERJ/Faculdade de Formação de Professores Título: Políticas públicas e nacionalismo nos governos de Jânio Quadros e João Goulart (1961-1964)

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47 O objetivo da comunicação é apresentar resultados de investigação sobre o processo de formação de políticas públicas no Ministério das Minas e Energia, no período desde fevereiro de 1961, data de instalação da pasta, até 1964, quando da mudança do regime. São analisadas em especial as ações relacionadas às empresas estrangeiras atuantes em setores na alçada do ministério e da Comissão de Nacionalização de Serviços Públicos, bem como a participação de quadros técnicos e políticos na sua definição. O estudo é tomado como ponto de partida para o estabelecimento de uma necessária interlocução com interpretações correntes na historiografia recente sobre os temas do nacionalismo e do desenvolvimentismo no Brasil. Nome: Mário Luiz de Souza E-mail: maraols@uol.com.br Instituição: Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense Título: Educação, nova sociabilidade e Estado: o admirável mundo novo da burguesia industrial Este trabalho tem por objetivo apresentar os dados e reflexões sobre a pesquisa que estamos desenvolvendo sobre o pensamento educacional do empresariado industrial, presente nos artigos dos membros dessa fração de classe da burguesia brasileira, publicados no jornal Folha de São Paulo, no período 1999-2006. Tendo como pressuposto teórico e metodológico a matriz marxista, em especial o pensamento de Antonio Gramsci, trabalhamos esses artigos partindo da hipótese de que não são simples instrumentos de expressão, desprovidos de interesse de classe e de fração de classe. Mas sim, instrumentos políticos onde seus autores, atuando como sujeitos políticos coletivos, buscam criar um consenso ativo, na sociedade civil e na sociedade política, tentando colocar suas idéias, suas propostas e suas demandas como elementos norteadores da agenda das políticas públicas. Nesse sentido, esse artigo analisa o papel e os princípios da educação escolar presentes no projeto societário do empresariado industrial, difundido na Folha, destacando sua função na configuração de uma nova sociabilidade, através da formação de um novo trabalhador no embate aos problemas sociais do país, por meio da ação concreta e orgânica do tripé: empresa privada, terceiro setor e o Estado. Nome: Mônica de Souza Nunes Martins E-mail: monicamartins@bol.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: A Economia Política no século XIX e a sua difusão no Brasil Economia Política no século XIX designava o campo de investigação dos problemas das sociedades relacionados à produção, circulação, distribuição e acumulação de riqueza. Teve nas idéias de Smith, Ricardo, Malthus e Mill seu centro irradiador a partir do século XVIII. A crítica da Economia Política desenvolvida por Karl Marx na segunda metade do século XIX, especialmente expressa em O Capital, foi fundamental para atribuir a essa ciência um caráter histórico, propondo novos objetos e nova metodologia em uma reelaboração do próprio conceito de Economia Política. Num segundo momento o artigo analisa o surgimento da Economia Política no Brasil, uma das iniciativas singulares do período Joanino. No início do século XIX ela começou a ser divulgada especialmente a partir da publicação dos textos de José da Silva Lisboa que desenvolveu um entendimento próprio a respeito dos Estudos do Bem Comum. Nome: Monica Piccolo Almeida E-mail: monica.piccolo@uol.com.br Instituição: UFF Título: Reformas neoliberais no Brasil: a privatização no Governo Collor Este estudo propõe-se a analisar os (des)caminhos do processo de introdução das reformas neoliberais no Brasil a partir do início dos anos noventa. Tomando como ponto de partida as distintas interpretações acerca da crise do capitalismo mundial em 1973, será objeto de investigação o processo que transformou o projeto neoliberal como hegemônico na condução e estruturação das políticas públicas no Brasil durante o Governo Fernando Collor (1990-1992). Na análise do projeto de reforma implementado pelo então presidente Collor, será especificamente analisado o Programa Nacional de Desestatização (PND), particularmente no que se refere ao processo de privatização da Usiminas, marco central e definidor das privatizações no Brasil a partir de então. Nome: Pâmella Passos Deusdará E-mail: pamellapassos@yahoo.com.br Instituição: UFF/ IFRJ - Campus Maracanã

Título: O Ipês para além do anticomunismo: o projeto de nação no filme “O conceito de empresa” O presente trabalho é parte integrante de um projeto de doutorado desenvolvido na Universidade Federal Fluminense, e busca analisar o projeto de nação defendido pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipês) através de filmes e boletins produzidos pelo instituto. Para esta comunicação, destacamos a temática empresarial, na qual analisaremos o curta “O Conceito de empresa” buscando refletir acerca do projeto ipesiano que estava sendo divulgado nesta produção cinematográfica. Propomos também uma comparação entre os enunciados do filme e os que estão presentes em textos como: “Preservando o conceito de livre empresa” e “A empresa privada como comunidade de trabalho: seu papel no desenvolvimento econômico e na distribuição da renda”, publicados nos boletins mensais do instituto. Como metodologia de análise, recorreremos a Análise do Discurso de base enunciativa, objetivando delinear no projeto do Ipês, aproximações e afastamentos com a estrutura empresarial vigente no Brasil na década de 1960. Nome: Pedro Eduardo Mesquita de Monteiro Marinho E-mail: pedromarinho@yahoo.com.br Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins / MCT Título: Porta-vozes em uma era de incertezas: o Clube de Engenharia e a construção da Inspetoria Geral das Estradas de Ferro do Brasil Esta comunicação tem como foco a construção da Inspetoria Geral das Estradas de Ferro, agência organizada pelo grupo dirigente do Clube de Engenharia, vitorioso nos embates do 1º Congresso de Estradas de Ferro do Brasil (1882). Este congresso marcou definitivamente a importância do grupo dirigente do Clube, sua capacidade de mobilização de quase todos os representantes das companhias de estradas de ferro do Império, a participação dos principais dirigentes políticos, inclusive o Imperador, nas treze sessões deste Congresso e, sobretudo, a capacidade de inscrição na sociedade política de algumas das demandas vitoriosas nas diversas seções. Naquela década do final do século, as ações políticas estavam mais complexas e já não passavam única e exclusivamente pelos tradicionais partidos políticos. O intricado processo de formação do bloco no poder no Brasil que se elaborava por disputas entre as diferentes frações - lutando, cada qual, pela prevalência de seus interesses particulares sobre o conjunto da nação - comportava cada vez mais porta-vozes e agências em disputa. Uma agência que centralizasse todo o sistema viário do país teria forte impacto sobre a correlação de forças políticas vigentes, mesmo em uma era de incertezas. Nome: Rafael Vaz da Motta Brandão E-mail: rafabrandao@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O PROES e a Privatização dos Bancos Estaduais O trabalho apresenta uma discussão em torno do Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (PROES), criado pela Medida Provisória 1.514, de 07/08/1996. A primeira parte procura destacar as principais características do PROES, identificando os principais grupos financeiros privados – nacionais e estrangeiros – beneficiados pela política de privatização dos bancos públicos estaduais. Na segunda parte, será apresentado o estudo de caso do Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ), privatizado em 1997, cujo controle acionário passou para o poder do Grupo Itaú, um dos maiores conglomerados financeiros privados do país. Nome: Sônia Aparecida Lobo E-mail: soaplobo@hotmail.com Instituição: CEFET-GO/UEG-Anápolis Título: Estado e produção de medicamentos no Brasil: entre a produção de mercadorias e a produção de saúde A produção de medicamentos se dá na órbita da produção capitalista cuja finalidade primeira é a produção de mais valia. Porém, o medicamento é uma mercadoria que se relaciona com a reprodução societal. Encontrase no limiar entre os objetivos do capital e as condições de sobrevivência da humanidade. Frente a essas contradições, o Estado se apresenta como mediador. Para Mészáros, a existência do Estado moderno é uma exigência para assegurar e proteger, permanentemente, a produtividade do sistema do capital, atuando no sentido de controlar as contradições do funcionamento desse sistema. Pensar a intervenção do Estado na produção de medicamentos é pensar que as forças do capital, influenciam e disputam esse espaço, mas também o constituem, buscam nele a solução para seus impasses. Nesse trabalho oferecemos um retrospecto histórico da ação do Estado brasileiro frente à produção de medicamentos tendo como referên-

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cia as contradições apontadas acima. A ação corretiva do Estado brasileiro frente às contradições inerentes à produção da mercadoria medicamento tem sido feita de maneira sistemática, mas não sem conflitos entre os que defendem uma intervenção mais profunda sobre a produção, o consumo e o controle da produção e aqueles que defendem a liberalização completa do mercado. Nome: Sonia Regina de Mendonça E-mail: srmend@ar.microlink.com.br Instituição: UNIOESTE Título: Estado e políticas públicas: uma reflexão teórico-historiográfica O ensaio explora a concepção de Estado Ampliado elaborada por Antonio Gramsci, destacando sua importância para o estudo das políticas públicas de uma maneira geral e no Brasil em particular. Partindo desta premissa teórica, analisa, de uma perspectiva crítica parte da produção historiográfica dedicada ao tema, enfatizando a atual resignificação do conceito de Sociedade Civil promovida pela intelectualidade afinada ao Neoliberalismo e as repercussões teórico-metodológicas daí decorrentes.. Palavras-Chave: Estado – Sociedade Civil – Sociedade Política – Políticas Públicas Nome: Tarcísio Motta de Carvalho E-mail: tarcisiomcarvalho@hotmail.com Instituição: Colégio Pedro II e Universidade Federal Fluminense Título: Coerção e consenso na Primeira República: o caso da Guerra do Contestado O presente trabalho pretende discutir as formas de articulação entre a Guerra do Contestado e o processo de formação do Estado Republicano. Levando-se em conta que a Guerra é, em si mesma, o “Estado em ação”, pretendemos superar a forma superficial como esta constatação é encarada e discutir como a ação coercitiva do Estado, através do exército, esteve diretamente associada à tentativa de fabricação de um consenso que caracterizava os rebeldes contestados como fanáticos e “inimigos do progresso”. Esta caracterização tornou-se essencial para reforçar a idéia da necessidade de um trabalho pedagógico/civilizador sobre os trabalhadores nacionais/ caboclos. Ou seja, a violência física empreendida por este Estado ampliado favoreceu, naquele contexto histórico, a violência simbólica que se empreenderia com cada vez mais vitalidade. Neste simpósio nos propomos apresentar alguns elementos desta relação no nível da sociedade política, durante o governo Hermes da Fonseca. Autor: Théo Lobarinhas Piñeiro E-mail: theopineiro@hotmail.com Instituição: UFF Co-autor: Saulo Santiago Bohrer E-mail: saulo.bohrer@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A Casa de Corretores do Rio de Janeiro: disputas e controle A Casa de Corretores de Seguros do Rio de Janeiro foi uma das principais agências do Estado Joanino e do Primeiro Reinado, atuando no controle do crédito mercantil entre 1810 e 1831. Foi também um lugar de disputa entre os Negociantes do Rio de Janeiro, importante fração de classe

no processo de ruptura com Portugal e na construção e consolidação do Estado Imperial Brasileiro. O controle das políticas de financiamento dos riscos marítimos foi uma das formas das mais importantes preocupações para o cálculo da empresa mercantil escravista e de atuação dos homens de negócios no Oitocentos. Seu estudo permite reconstruir a estrutura dos mecanismos de controle e analisar as disputas entre as frações dos homens de negócios da Corte pela produção de políticas públicas para o setor. Permite também aprofundar as análises sobre crédito e finanças nas primeiras décadas do século XIX e compreender os diferentes mecanismos de acumulação e ação coletiva do grupo mercantil carioca. Nome: Thiago Fontelas Rosado Gambi E-mail: thiago.gambi@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Alfenas Título: Política e negócios no Banco Saquarema Em meados do século XIX, políticos e negociantes entrelaçaram-se na constituição de um banco que se tornaria o detentor do monopólio da emissão de moeda no império e que, portanto, teria o poder de controlar, pelo menos em parte, o volume do meio circulante nas praças de comércio. Para entender a relação ao mesmo tempo harmônica e conflituosa entre políticos e negociantes que comandavam o governo e o banco é importante levantar como a diretoria dessa instituição foi formada, quem eram seus principais acionistas e sua relação com o projeto político saquarema. Essas são as três questões discutidas brevemente nas linhas a seguir. Nome: Saulo Santiago Bohrer E-mail: saulo.bohrer@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Co-autoria: Théo Lobarinhas Piñeiro E-mail: theopineiro@hotmail.com Instituição: UFF Título: Companhias de Seguro e Construção do Estado A transferência da Corte, em 1808, para o Rio de Janeiro proporcionou a cidade uma série de importantes mudanças. Dentre elas, houve a criação de série de instituições públicas que compunham o Estado Joanino no Brasil. A criação da Provedoria de Seguros do Rio de Janeiro junto a Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação cumpria o objetivo de se organizar os negócios do Reino no momento turbulento. Os negociantes do Rio se aproveitaram da situação para que pudessem ampliar seus empreendimentos. Assim, surgiram as principais Companhias de Seguro do Rio de Janeiro ligadas ao comércio de abastecimento da corte. Os negreiros por necessitarem de uma boa estrutura de crédito e cobertura da travessia do Oceano Atlântico, estavam interessados em controlar as seguradoras, para que assim também mantivessem seus interesses seguros. O controle da Provedoria, portanto, seguia na estratégia dos homens de negócios de manter o controle das diversas faces dos negócios e, ao mesmo tempo, demonstra a forma pela qual estes atuavam na organização do Estado no Brasil.

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48 48. Ética e estĂŠtica no Mundo Antigo: cotidiano, cultura e sociabilidade Fabio Vergara Cerqueira – USP (fabiovergara@uol.com.br) Maria Regina Cândido – UERJ (medeiacandido@gmail.com) 2 VLPSyVLR VH SURS}H DERUGDU VRE SHUVSHFWLYDV YDULDGDV XPD DPSOD UHĂ H[mR VREUH DV UHODo}HV HQWUH D pWLFD H D HVWpWLFD QR 0XQGR $QWLJR SURSRQGR WUrV YHUWHQWHV GH REVHUYDomR GHVWD LQWHUIDFH DV experiĂŞncias e prĂĄticas da vida diĂĄria, as formas de sociabilidade e as expressĂľes culturais. Em vĂĄrias civilizaçþes do Mundo antigo, os temas da ĂŠtica e da estĂŠtica foram abordados de forma articulada, seja no viĂŠs polĂ­tico, religioso ou moral, com impactos variados sobre a vida comum e sobre as formas de pensamento e representaçþes sociais. Foi entre os antigos gregos que a associação entre a ĂŠtica e HVWpWLFD VH WRUQRX PDLV FRQKHFLGD VHQGR D EHOH]D H R EHP FRQVLGHUDGRV YLUWXGHV SROtWLFDV LQGLVVRFLiYHLV VHMD HVWD EHOH]D FRPSUHHQGLGD HP XP VHQWLGR ItVLFR RX PRUDO 2 LGHDO GR NDORV NDJDWKRV ² EHOR H ERP ² HUD FRQVLGHUDGR XPD DUHWp YLUWXGH GLVWLQWLYD QD YLGD SROtWLFD $ NDORJDWKLD IRL XP GRV LGHDLV TXH PRYHUDP R SHQVDPHQWR SROtWLFR GD GHPRFUDFLD DQWLJD H TXH VRPHQWH ID]LD VHQWLGR QR kPELWR GD FXOWXUD GR 0XQGR DQWLJR e QHVWD SHUVSHFWLYD TXH R SHQVDPHQWR SODW{QLFR YLQFXOD D QRomR GR %HP H GR %HOR QD EXVFD GD YHUGDGH Ă€ORVyĂ€FD (VWH VLPSyVLR WHP FRPR REMHWLYR DERUGDU FRPR HVWH LPEULFDPHQWR entre uma noção moral e uma noção estĂŠtica ocorre em diferentes culturas do Mundo Antigo.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre Carneiro Cerqueira Lima E-mail: cipselo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Produção e circulação de imagens em Corinto Arcaica A presente comunicação tem como objetivo compreender a atividade dos pintores de vasos coríntios no período arcaico. Buscaremos investigar a produção e a circulação de cenas da cerâmica coríntia. Para tal, iremos identificar as principais temåticas representadas, bem como a circulação/ assimilação das cenas de vasos em pinturas parietais etruscas. Nome: Aline Fernandes de Sousa E-mail: alinefersou@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título:O rei divino: pråticas e representaçþes no Egito faraônico O mito do rei divino era o ponto em que convergiam todas as variantes da cosmogonia egípcia. O faraó era encarado como uma figural dual, descendente do deus criador, herdeiro do cosmo completo e o grande responsåvel por manter o equilíbrio e a ordem, assim como por impedir a volta do caos ao mundo organizado. A idÊia de uma conexão do faraó com o divino era de extrema importância para a consolidação do poder real, jå que a monarquia era encarada como um pilar da organização social. A figura do soberano, com sua parcela humana e divina, ia ao encontro das dualidades existentes no pensamento mítico-religioso egípcio sem provocar contradiçþes. Por ser um deus, o monarca distinguia-se do resto da humanidade e, por essa razão, as características da realeza provenientes da sua ligação com o divino deveriam ser visíveis aos seus súditos. A presente comunicação tem por objetivo analisar, atravÊs de exemplos oriundos da XVIII dinastia, os mecanismos pelos quais a monarquia egípcia era legitimada e as formas encontradas para enfatizar o caråter divino do faraó. Nome: Ana Alice Miranda Menescal E-mail: ana.alice.menescal@globo.com Instituição: CLIO - Ensino e Pesquisa Título: Educação, Êtica e cidadania na República de Platão Em sua República, Platão nos apresenta uma anålise completa dos condicionantes para o estabelecimento de uma sociedade ideal, sendo a seu ver, a república criada por si mesmo a melhor representação da idealização da sociedade perfeita e plena de felicidade, esta última condição seria para o filósofo grego o grau måximo de perfeição. Mas como chegar à plenitude? Para Platão, a resposta estå na formação do cidadão, mas não do bom cidadão, pois a cidadania por si, em sua concepção, jå Ê plena e, portanto, boa. Surge, então, um segundo questionamento: como formar o cidadão? A cidadania Ê uma condição criada pelo homem e, sendo assim, faz-se necessåria a orientação dos caminhos a serem seguidos pelo homem, pois são os caminhos traçados que levarão a sociedade à possibilidade de plenitude.

A melhor forma de orientar a humanidade ĂŠ pela educação, entĂŁo, PlatĂŁo propĂľe em sua RepĂşblica que desde a infância o homem seja orientado para a sua formação como cidadĂŁo. O objeto da discussĂŁo proposta ĂŠ uma anĂĄlise da educação do cidadĂŁo ideal de PlatĂŁo e a percepção do carĂĄter ĂŠtico de sua formação cidadĂŁ. Nome: Claudia BeltrĂŁo da Rosa E-mail: crbeltrao@gmail.com Instituição: UNIRIO TĂ­tulo: Poesia e polĂ­tica no Carmen Saecularis de Quinto HorĂĄcio Flaco O “Canto Secularâ€?, executado na celebração dos Jogos Seculares de 17 a.C., consagrou HorĂĄcio como um dos maiores poetas de seu tempo, assim como foi um dos principais veĂ­culos da propaganda augustana. Pretendemos uma anĂĄlise das relaçþes entre a lĂ­rica horaciana e a ĂŠtica augustana, com base no cotejamento do Canto Secular e das Odes Romanas, buscando o desenvolvimento semântico dos conceitos polĂ­ticos: “virtusâ€?, “fortunaâ€? e “necessitasâ€?. Nome: Edson Moreira GuimarĂŁes Neto E-mail: edson.moreira.neto@terra.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: GĂŞnero e sexualidade na Atenas ClĂĄssica: um estudo comparativo entre as cortesĂŁs e as esposas atenienses Propomos como objeto de estudo as representaçþes erĂłticas do feminino na Atenas do PerĂ­odo ClĂĄssico (sĂŠculos V e IV a.C.), ĂŠpoca de maior concentração na produção intelectual do Mundo HelĂŞnico e que, portanto, nos proporciona uma maior quantidade de documentos provenientes daquela cultura. Para tanto, analisaremos os cotidianos dos grupos femininos que consideramos serem mais destacados pela documentação proveniente da sociedade ateniense no PerĂ­odo ClĂĄssico: as esposas atenienses e as hetaĂ­rai (cortesĂŁs de luxo). Procuraremos observar em que nĂ­vel estes grupos estavam inseridos polĂ­tica e socialmente na dialĂŠtica cultural-ideolĂłgica polĂ­ade, nos utilizando dos documentos provenientes da literatura e da cultura material ĂĄtica, alĂŠm dos conceitos que relacionam corpo e cultura elaborados por JosĂŠ Carlos Rodrigues, as relaçþes de poder (incluindo a construção da sexualidade) e os pressupostos da HistĂłria de GĂŞnero. Nosso trabalho se desenvolverĂĄ pautado nas propostas de JĂźrgen Kocka para o estudo comparativo. Nome: FĂĄbio Afonso Frizzo de Moraes Lima E-mail: fabio.frizzo@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Dominação, negociação e resistĂŞncia no ImpĂŠrio EgĂ­pcio da XVIIIÂŞ Dinastia (1550-1323 a.C.) O Reino Novo, perĂ­odo considerado ĂĄureo da antiguidade egĂ­pcia, inicia-se com a expulsĂŁo dos invasores hicsos da porção norte do territĂłrio ao redor do Nilo e sua perseguição pela Ă sia Menor. Este processo ĂŠ o marco genealĂłgico do imperialismo egĂ­pcio, que estendeu seu territĂłrio de Kadesh (atualmente parte da SĂ­ria) atĂŠ Kush (hoje no SudĂŁo). Esta comunicação busca analisar as relaçþes centro-perifĂŠricas de negociação e conflito entre o ImpĂŠrio EgĂ­pcio

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e suas fronteiras na Ásia Menor, na Líbia e na Núbia. Neste sentido, partiremos de autores como Antonio Gramsci e Nick Kardulias e seus respectivos conceitos de “potência hegemônica” e “periferia negociada”. Nome: Fabio Bianchini Rocha E-mail: fabiobianchini@ufrj.br Instituição: UFRJ Título: Relações entre ética e estética no esporte antigo: o caso dos hipódromos no Período Clássico (Séc. V e IV a.C.) As práticas esportivas na Grécia antiga configuravam-se entre as principais atividades do cotidiano dos cidadãos plenos. Os ambientes de treino e competição, fossem eles ginásios palestras ou hipódromos, eram locus privilegiados para a interação social, para a afirmação da masculinidade, para o desenrolar das relações de identidade e alteridade entre os grupos políades e para a tão importante modelagem de um corpo perfeito. Entre esses ambientes esportivos, destacamos o hipódromo. Locais das competições eqüestres eram tradicionalmente dominados pelos grupos mais abastados da Hélade e, por conseguinte, loci privilegiados para os estudos que envolvem os Kaloi Kagathoi – belos e bons, bem nascidos – e da areté, ideais tão caros às sociedades helênicas. Verificamos estas assertivas claramente na documentação por nós utilizada: as imagens de competições eqüestres pintadas em suporte cerâmico ático e nas Odes Olímpicas do poeta tebano Píndaro. Temos por objetivo, portanto, nesta comunicação, investigar de que forma estas virtudes éticas e estéticas dialogavam em um ambiente esportivo específico. Nome: Fábio de Souza Lessa E-mail: fslessa@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: Os textos imagéticos no estudo das práticas esportivas As imagens pintadas nos vasos áticos do Período Clássico (séculos V e IV a.C.) se constituem em documentação fundamental para o estudo das práticas esportivas entre os gregos antigos. Temos uma quantidade significativa de cerâmicas cuja temática é o atleta em cenas de treinamentos, disputas e premiações. Nesta comunicação, propomos pensar as formas pelas quais os pintores apreenderam as práticas esportivas, as vinculando ao ideal do kaloskagathos e, ao mesmo tempo, refletir acerca dos usos dos textos imagéticos pelos historiadores contemporâneos. Nome: Fabio Vergara Cerqueira E-mail: fabiovergara@uol.com.br Instituição: USP Título: Ética e estética na música grega : a educação e o ideal da kalokagathia Ética e estética são duas dimensões absolutamente imbricadas no pensamento musical grego. Os princípios morais contidos, por exemplo, na teoria do ethos musical, norteiam a apreciação das formas musicais, no que se refere à escolha dos instrumentos, dos gêneros ou dos modos musicais (escalas). A importância que os gregos conferiam a esta intersecção entre a estética e a ética na música assumia grande relevância política, como pode ser verificado no destaque dado à educação musical. Ao avaliar a biografia dos principais homens públicos atenienses, recorrendo-se a obras como as Vidas Paralelas de Plutarco, constata-se o quanto se valorizava a influência da formação musical sobre as qualidades políticas de um cidadão. Considerava-se que a música desempenhava importante papel para a constituição da virtude da kalo-kagathia (beleza-bondade), que era considerada o bem maior para um cidadão: o sentido do reconhecimento do belo e de escolha do bom, do justo. Vê-se, assim, a existência de uma pedagogia política, calcada nas noções de ética e estético, na qual o ensino musical merecia bastante atenção, como demonstram as recomendações de Platão e Aristóteles. Nome: Júlio Paulo Tavares Zabatiero E-mail: jzabatiero@uol.com.br Instituição: Faculdade Unida de Vitória Título: Mecanismos de diferenciação identitária no Antigo Israel - séc. VIII-VII a.C. Nos sécs. VIII-VII a.C. o antigo Israel foi submetido e, posteriormente, conquistado pelos neo-assírios e neo-babilônicos, resultando no fim do estado monárquico centrado em Jerusalém. Nesse período, diferentes grupos de intelectuais judaítas desenvolveram defesas da identidade judaíta em oposição à presença impositiva das religiões mesopotâmicas. Nesta Comunicação enfoco um desses grupos, denominado na pesquisa histórico-crítica de Movimento Deuteronômico, responsável pela elaboração de ampla obra histórico-traditiva. No livro do Deuteronômio, parte dessa obra, encontramos significativos mecanismos de diferenciação entre Judá/Israel e outros povos

(tais como: afirmação da exclusidade do Deus de Israel, criação discursiva dos “cananeus” como o outro-antagônico, utilização da metáfora da família para descrever o povo israelita), mecanismos estes que serão analisados com metodologia sêmio-discursiva, na perspectiva da história cultural. Nome: Kátia Maria Paim Pozzer E-mail: pozzer@terra.com.br Instituição: Université Paris I - P. Sorbonne Título: A estética da guerra na Antiga Mesopotâmia: relevos assírios e representação social A constituição do grande império neo-assírio na Antigüidade foi marcada por conflitos militares que foram imortalizados em relevos parietais assírios. A prática cultural de criação de relevos monumentais está associada ao momento político de construção de grande impérios. A imponente quantidade de cenas e a sua própria continuidade indicam uma função amplamente documental. A maioria das cenas representadas evocam a guerra, mais exatamente as campanhas militares empreendidas pelos assírios contra seus inimigos. A metodologia foi efetuada por meio de análise interdisciplinar entre a história e a arte, tendo como referencial teórico os estudos de Erwin Panofsky. As representações imagéticas serviam como propaganda política, social, econômica, religiosa, com uma forte carga ideológica, que tinha como objetivo legitimar o poder dos governantes perante seus súditos Este estudo possibilita detectar a função política do relevo, pois o mesmo exalta a pessoa do rei, impõe seu poder e registra suas ações para outros povos. Os relevos, que em sua maioria situavam-se no interior dos palácios, eram de visualização restrita, em locais freqüentados somente por convidados e pela corte. (CNPq/FAPERGS/ULBRA) Nome: Marcia Severina Vasques E-mail: msvasques@hotmail.com Instituição: UFRN Título: Religião e ética no Egito Romano: o “Livro das Respirações” e os costumes funerários Propomos discutir alguns aspectos da religião e da ética no Egito Romano por meio da análise dos costumes funerários de então, tendo por foco de estudo o “Livro das Respirações” e documentos arqueológicos provenientes do mobiliário funerário da área tebana como caixões e máscaras funerárias. O “Livro das Respirações”, texto funerário cuja origem remonta ao final do Período Tardio ou Baixa Época (c. 350 a.C.), destaca os papéis de Ísis, Osíris e Thot como realizadores do texto e também possui claros indícios de sua relação com os cultos desenvolvidos na região tebana, local provável de sua criação. Pela comparação do texto com os dados arqueológicos das tumbas do período podemos vislumbrar as adaptações da sociedade egípcia, sob domínio estrangeiro, aos novos tempos. Nome: Maria Angélica Rodrigues de Souza E-mail: mangelicards@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: As indumentárias das atenienses do período Clássico constituindo discursos Nos propomos, nesta comunicação, pesquisar formas de linguagem das esposas bem-nascidas atenienses através, entre outros, da tecelagem, dos bordados nos tecidos e dos adereços (brincos, broches e espelhos), pois acreditamos que estas nos permitirão vislumbrar com maior clareza a vivência dos grupos de esposas na sociedade dos atenienses se expandindo para esfera extra-doméstica. Ao longo de nossa vivência nos deparamos com situações que refletem sobre as diversificadas maneiras de se comunicar das mulheres: no caso específico dos bordados temos dois mitos presentes no imaginário coletivo da sociedade ateniense: o Mito de Philomela e o Mito de Aracne. Em nossa contemporaneidade Zuleika Angel Jones, Zuzu Angel, estilista brasileira reconhecida internacionalmente, silenciada pela ditadura militar, após a prisão, tortura e assassinato de seu filho Stuart que foi dado como desaparecido político, lançou mão de sua produção (roupas contendo signos que estavam associados ao desaparecimento de cidadãos e outros no governo militar) para se comunicar mundialmente objetivando mais espaços para os direitos humanos. Nome: Maria Isabel Brito de Souza E-mail: bellysis@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: Gênese do cristianismo: Paulo e seu discurso em Antioquia Este trabalho tem o objetivo de apresentar algumas análises a respeito da atuação de Paulo na questão de Antioquia, Gl 2, 11-14. Tendo em vista que o discurso de Paulo na cidade de Antioquia marca sua postura dentro da gê-

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48 nese do cristianismo. Este trabalho faz parte do texto de dissertação de mestrado em andamento financiado pela FAPESP, que tem por objetivo traçar a relação entre judeus e gentios, judeus cristãos e gentios cristãos no contexto de formação do cristianismo. Compreender os fatos narrados em Gálatas 2, 11-14, é antes de mais nada entender as multiplicidades de pensamentos que permeavam os primeiros cristãos de Antioquia, sem percebermos essa conjuntura multifacetada, não poderemos compreender o discurso de Paulo. Nome: Maria Regina Cândido E-mail: medeiacandido@gmail.com Instituição: UERJ-Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Qual a atitude ética no infanticídio de Medeia? O termo ética qualifica-se como um adjetivo substantivo cuja formação deriva da palavra grega - êthos definido como maneira de ser, virtude pessoal, caráter. O termo se aproxima também da palavra - éthos, traduzido como costume, maneira de proceder, de agir diante da vida em sociedade. Como podemos observar são conceitos que se completam. O termo ethos mantém familiaridade com o pensamento filosófico e tem em Aristóteles o seu expoente mais remoto a definir que a virtude ética se desenvolve na vida prática e se encaminha para a consecução de um fim. Consideramos pertinente analisar neste ensaio a ação de Medeia a partir do conceito de ética que transita no mundo ocidental, pois o conceito coincide com a história da ética filosófica no Ocidente. Medeia passou para o mundo ocidental a imagem de mulher decidida, de esposa traída e mãe corajosa que provoca a morte dos próprios filhos em razão de ter sido rejeitada pelo marido. Tanto os gregos quanto a modernidade julgam o procedimento de Medeia a partir da citação de Eurípides que a qualifica de “ mulher de cruel caráter e hedionda natureza” atributos considerados pertinentes a povos de cultura bárbara. Nome: Miguel Pereira Neto E-mail: migpernet@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: A ética platônica e a interferência estrangeira nos saberes de Atenas O trabalho terá como fontes principais os diálogos de Platão na tentativa de estabelecer a relação do autor clássico na produção de saberes e fomentador de práticas para a pólis na Atenas Clássica. O aspecto da interferência estrangeira é o ponto controverso na construção de Platão, ele foi um dos maiores refutadores do movimento sofístico em Atenas através de seus diálogos e da composição de Retórica como termo que diferencia a Filosofia da Retórica; mas Platão se baseia em concepções de outros estrangeiros para discutir os problemas da produção de saber, em especial nas concepções de Parmênides de Eléia. A tensão entre estrangeiros e atenienses permeia os diálogos, mas está presente na própria formatação do lugar espacial e ético dos gregos no Mundo Antigo. A partir de François Hartog, entendo que o mundo grego deve ser vislumbrado também a partir da relação com o mundo bárbaro e com as “heranças” e apropriações culturais da Hélade provenientes de outros espaços. Nome: Sandro Teixeira de Oliveira E-mail: olisante@bol.com.br Instituição: ULBRA – Canoas Co-autoria: Kátia Maria Paim Pozzer E-mail: pozzer@terra.com.br Instituição: Université Paris I - P. Sorbonne Título: A arte de esculpir relevos parietais: o efeito normativo do poder imperial assírio configurado nas cenas de guerra A relevância deste estudo, parte integrante da pesquisa científica “A Representação da Guerra na Iconografia neo assíria, com apoio do CNPq/FAPERGS e ULBRA, se insere no panorama de representação da Nova História Cultural. Ao analisar a arte de esculpir relevos parietais do império neo assírio nos deparamos com características peculiares deste povo na confecção de lajes. Tais obras artísticas destacam mais que a combinação de formas, motivos ou ângulos. Elas transmitem mensagens, implícitas ou explícitas, veiculadas por intermédio das cenas. No caso deste estudo, cenas de guerra. O efeito de transmitir mensagens estava condicionado a três perspectivas distintas: a violência configurada em diversas batalhas, a autoridade indiscutível do rei sobre todos os aspectos e a produção visual, por meio do simbolismo, imortalizado nos relevos parietais dispostos nas salas dos palácios e que expressavam, para quem os admirassem, fossem nativos ou estrangeiros, a máquina de guerra assíria, capaz de desenvolver técnicas de batalha, armas ou cerco ao inimigo, além de torturar e mutilar aquele que se tornasse uma ameaça a ordem estabelecida. Neste contexto, é pertinente mencionar que os relevos tomavam um efeito de linha reguladora e normativa da ideologia a ser seguida sendo orientada pelo rei. Nome: Talita Nunes Silva

E-mail: talita_nunes_18@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: As mulheres “transgressoras” na trilogia Oréstia de Ésquilo (Atenas, v a.c) Este trabalho tem por objetivo contrapor a ideologia de submissão feminina da sociedade clássica ateniense - o modelo mélissa - com as formas de transgressão a partir da análise das personagens da trilogia Oréstia de Ésquilo. Neste intuito utilizamos os conceitos de cultura, tática e estratégia de Michel De Certeau ao procurar no âmbito do cotidiano as astúcias femininas utilizadas para burlar a ideologia de submissão feminil imposta pela sociedade ateniense do período clássico. Podemos observar como o texto trágico está impregnado dos discursos e das ideologias presentes na Atenas do V a.C. Assim sendo, o fato do modelo mélissa ser tão insistentemente reafirmado pelos autores antigos se deve provavelmente a que o mesmo não era cumprido à risca e além do mais, se as personagens trágicas assumiam uma postura muitas das vezes transgressora ao comportamento que lhes era reservado pela sociedade, acreditamos ser possível supor que as atenienses também transgrediam de alguma forma o modelo mélissa. Nome: Tito Barros Leal de Pontes Medeiros E-mail: titobarrosleal@hotmail.com Instituição: Clio - Ensino e Pesquisa Título: Tragédia, filosofia e a construção do agir ético-histórico na Grécia entre os Séculos V e IV a. C. A psicologia social grega do período de transição (século V e IV a.C.) estava fortemente marcada por uma indagação constante sobre as questões morais do agir humano e tal fato justifica a idéia de proto-ética defendida neste estudo. Essa nova problemática introduzida de forma definitiva no cotidiano da pólis, desde o pensamento socrático, configurou-se numa questão central do novo modos vivendi que surgiria no período clássico e ganhou expressão máxima na Ethica Nichomachea de Aristóteles. O trabalho ora proposto visa articular a construção do agir das personagens trágicas sofoclianas (em especial o agir edípico) com a propositura aristotélica do agir ético. Pretende-se, assim, compreender a proposta ética de Aristótles como fruto de um movimento histórico anterior ao filósofo de Estagira que levou o homem grego à consciência de sua responsabilidade ético-política abrindo espaço para a plenificação que o homem iniciasse seu caminho como construtor de sua própria História. Nome: Vanessa Vieira de Lima E-mail: vanessa_v_lima@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Retórica e política em vida de Sertório de Plutarco É entendendo Retórica, em linhas gerais, como a “arte da persuasão” e observando a tradição retórica romana de engrandecimento do inimigo, que nos voltamos para Vida de Sertório de Plutarco. Isto porque tal obra se utilizou bastante destas práticas ao retratar os desdobramentos políticos da Revolta de Sertório, ocorrida na Península Ibérica durante as guerras civis romanas do último século da República. Especificamente o capítulo XVI de Vida de Sertório se configura em um discurso exemplar de tais dinâmicas, sendo ele estruturado em torno de uma complexio e embasado em um argumento ético. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma leitura retórica do referido capítulo, buscando analisar, por um lado, os mecanismos de persuasão dos hispanos aos ideais de Sertório e, por outro, a já citada tradição romana de valorização da imagem do inimigo, cuja visava ao enaltecimento da vitória.

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49. Fronteiras e fronteiriços: espaços, identidades e comportamentos Cesar Augusto Barcellos Guazzelli – UFRS (cguazza@terra.com.br) Dentro do marco mais geral indicado pelo tĂ­tulo do XXV SimpĂłsio Nacional de HistĂłria da ANPUH, “HisWyULD H eWLFDÂľ R SUHVHQWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR SURSRVWR SHOR *7 )URQWHLUDV $PHULFDQDV WHP SRU REMHWLYR UHXQLU LQYHVWLJDGRUHV LQWHUHVVDGRV HP GHEDWHU DERUGDJHQV H WHPDV GLYHUVRV GD KLVWyULD H KLVWRULRJUDĂ€D GDV IURQWHLUDV DPHULFDQDV FRPR DVSHFWRV WHyULFR PHWRGROyJLFRV H KLVWRULRJUiĂ€FRV DV LQWHUDo}HV H FRQIURQWRV HQWUH GLIHUHQWHV JUXSRV VRFLDLV H FXOWXUDLV QRV HVSDoRV IURQWHLULoRV R FKRTXH HQWUH SRGHUHV locais e centrais; diferentes experiĂŞncias e prĂĄticas sĂłcio-culturais fronteiriças nas AmĂŠricas, em perĂ­oGRV GLYHUVRV RV FRQĂ LWRV HQWUH LPSpULRV FRORQLDLV H (VWDGRV QDFLRQDLV HP IRUPDomR QHVWHV WHUULWyULRV a oposição entre identidades regionais e centrais; a construção de representaçþes literĂĄrias e culturais VREUH IURQWHLUD H UHJLmR GDV GLVSXWDV WHUULWRULDLV GDV EXVFDV GH KHJHPRQLD SROtWLFD GDV UHODo}HV LQWHUnacionais, das identidades, dos crimes e contravençþes, das buscas por internacionalização de idĂŠias H PRYLPHQWRV DSHQDV SDUD FLWDU DOJXPDV GDV SRVVLELOLGDGHV TXH VH DEUHP H SRU Ă€P D XWLOL]DomR GH YDULDGDV IRQWHV SDUD SHVTXLVDV VREUH R REMHWR )XQGDPHQWDOPHQWH EXVFDPRV XPD UHĂ H[mR VREUH DV DPELJ LGDGHV H R FDUiWHU ´IURQWHLULoRÂľ TXH DSUHVHQWDP RV FRPSRUWDPHQWRV ² VRFLDLV SROtWLFRV H FXOWXUDLV ² H GDV LGHQWLGDGHV GDV SRSXODo}HV TXH YLYHP HP HVSDoRV GH IURQWHLUD

Resumos das comunicaçþes Nome: Adilson Amorim de Sousa E-mail: diouesb@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia TĂ­tulo: O estado plurinacional e o movimento indĂ­gena no Equador: o projeto polĂ­tico da Conaie O Movimento IndĂ­gena equatoriano, por intermĂŠdio da Confederação de Nacionalidades IndĂ­genas do Equador (Conaie), formulou recentemente um Projeto PolĂ­tico que propĂľe a modificação do modelo estatal em vigor no paĂ­s. Tal proposta defende a construção de uma organização polĂ­tica baseada no respeito Ă s diferenças culturais, histĂłricas e sociais das distintas nacionalidades, num Estado Plurinacional. Tal projeto confronta-se diretamente com o modelo de Estado-Nação vigente, o qual tem negado sistematicamente a diversidade histĂłrica e cultural dos distintos grupos indĂ­genas. Nesse trabalho, buscamos, tanto atravĂŠs da discussĂŁo conceitual quanto do estudo da prĂłpria dinâmica do Levante IndĂ­gena no Equador, compreender melhor o Projeto de formação do Estado Plurinacional e/ou multi-ĂŠtnico presente nas mobilizaçþes de diversos grupos indĂ­genas da AmĂŠrica Latina. Nome: Alan Kardec Gomes P. Filho E-mail: alankardecpacheco@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual do MaranhĂŁo TĂ­tulo: Um militar a serviço da coroa portuguesa no sul do MaranhĂŁo Francisco de Paula Ribeiro foi um militar portuguĂŞs que prestou relevantes serviços Ă Coroa portuguesa como chefe da guarnição militar, na capitania do MaranhĂŁo, durante vinte e trĂŞs anos (1800 a 1823). A partir dessa função, tornou-se sertanista, memorialista e logrou ao impĂŠrio portuguĂŞs, por meio de elaborados roteiros e descriçþes pormenorizadas, o domĂ­nio do vasto territĂłrio do Sul do MaranhĂŁo, atĂŠ entĂŁo desconhecido da Coroa. Este trabalho pretende analisar a obra “Descrição do territĂłrio de Pastos Bons nos sertĂľes do MaranhĂŁoâ€?, escrita por Paula Ribeiro em 1819, e publicada trinta anos depois pelo IHGB, visando a problematizar a questĂŁo das fronteiras na, entĂŁo, capitania do MaranhĂŁo. Nome: Almir Antonio de Souza E-mail: almirhl@hotmail.com Instituição: UFSC/FUCAP TĂ­tulo: Senhores e caçadores - os primeiros tempos da ocupação da selva sulbrasileira pelas migraçþes(1820-1850) O presente ensaio visa demonstrar as origens e a formação das tropas de caçadores de Ă­ndios na selva sulbrasileira em seus primeiros momentos(1820-1850). Um pensar sobre uma nova discussĂŁo com a historiografia, o desmonte dos grandes esquemas de migraçþes, para as pequenas, onde o migrante ocupa, invade, caça e, ĂŠ caçado na selva sulbrasileira. A procura dos momentos decisivos para os primeiros anos da guerra aos botocudos da selva sulbrasileira, que ocupavam a regiĂŁo como seus legĂ­timos senhores. Trinta anos de formação e atuação de senhores e caçadores na selva

sulbrasileira(1820-1850) e a tentativa de descobrir uma nova perspectiva para os contatos entre migrantes e populaçþes indĂ­genas na historiografia brasileira. Nome: Ana LĂşcia Farah de TĂłfoli E-mail: analutofoli@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: A garantia do territĂłrio atravĂŠs das retomadas de terras: entre o truncado processo de demarcação da terra indĂ­gena Tapeba e o efetivo controle dos espaços Este trabalho apresenta uma pesquisa de Mestrado em Sociologia com o tema das retomadas de terras efetuadas pelos Ă­ndios Tapeba de Caucaia – CE. Apesar de existirem registros da presença indĂ­gena na regiĂŁo desde o sĂŠculo XVII, a partir da segunda metade do sĂŠculo XIX se consolidou a oficialização do discurso da nĂŁo existĂŞncia de indĂ­genas no CearĂĄ. Dessa forma, atĂŠ a dĂŠcada de 1980 os Tapebas estiveram desassistidos pelo ĂłrgĂŁo indigenista federal e Ă mercĂŞ das relaçþes de poder e fundiĂĄrias locais. Podese falar na existĂŞncia de sucessivos processos de territorialização aos quais os mesmos foram submetidos e que resultaram na heterogĂŞnea organização espacial em que se encontram atualmente – divididos em 13 localidades em torno de Caucaia. O processo pela regularização fundiĂĄria da TI Tapeba jĂĄ passou por trĂŞs estudos de delimitação nos Ăşltimos vinte anos, sem ter sido ainda consolidada. Diante da lentidĂŁo nos processos legais e do avanço da urbanização da cidade sobre seu territĂłrio, as retomadas – ocupação de ĂĄreas tradicionais que nĂŁo lhes ĂŠ permitido o acesso – tĂŞm sido a forma encontrada para garantirem maior controle sobre o espaço. Esta pesquisa pretende compreender o processo em que se consolidaram as retomadas e sua relevância para a gestĂŁo do territĂłrio pelos Tapebas. Nome: Andrea Cristiane Kahmann E-mail: cdarolim@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul TĂ­tulo: Fronteira, identidade e tradição: uma (re)visĂŁo sobre a gauchidade a partir dos contos fronteiriços de Sergio Faraco Este trabalho propĂľe uma anĂĄlise sobre os influxos platinos no sistema literĂĄrio sul-rio-grandense e as construçþes nos planos simbĂłlicos de referĂŞncia por meio dos personagens dos contos fronteiriços de Sergio Faraco. Rompendo com algumas tradiçþes inventadas ou promovendo outras, o gaĂşcho de Faraco expĂľe as fraturas do embuste nacionalista e celebra o hibridismo nas relaçþes interpessoais e na esfera cultural, compondo uma narrativa caracterizada pela imbricação e que deixa Ă mostra a crise da centralidade. Pretende-se, pois, abordar a (re)absorção da tradição da gauchidade amparada no resgate memorialĂ­stico que acabou por renovar o regionalismo sul-rio-grandense, apresentando o platino nĂŁo como inimigo, e sim como mais sobrevivente ao interstĂ­cio da Nação. O acolhimento do homem “do lado de lĂĄâ€? na obra de Faraco ilustra a disposição de trazer ao debate as semelhanças narrativas, histĂłricas, culturais e ideolĂłgicas que voltam a unir um pampa outrora sem alambrados. Essa perspectiva de fronteira traz Ă

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49 tona a idéia de permeabilidade, possibilitando o fluxo de pessoas, produtos, idéias, heróis e “causos”. Pretende-se, com esta pesquisa, contribuir para o estudo de fronteiras e do contrabando de imaginários, incitando novos temas dos quais os historiadores não se podem furtar. Nome: Benone da Silva Lopes Moraes E-mail: benonelopes@gmail.com Instituição: UFMT Título: Discutindo a fronteira oeste a partir da “Idéia Geral” de Luís de Albuquerque O Tratado de Santo Ildefonso assinado entre as Coroas de Portugal e Espanha, em 1777, apresentou a linha de fronteira a ser demarcada entre os domínios ibéricos na América do Sul. Para o governador da capitania de Mato Grosso, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, a fronteira prevista neste Tratado apresentava diversos problemas. O ponto mais delicado era a Linha Reta que no texto negociado em 1777, partiria da boca do rio Jaurú e seguiria até a margem do rio Guaporé em frente ao rio Sararé. Isto deixaria para os castelhanos uma substanciosa região já ocupada pelos lusos, como a própria capital de Mato Grosso, Vila Bela da Santíssima Trindade. Pensando reformular o traçado, Luís de Albuquerque preparou um conjunto documental composto de mapas e ofícios, ao qual deu o nome de “Idéia Geral”. Através dele, o governador pretendia preservar as áreas que os súditos lusitanos ocuparam em solo espanhol, que – conforme o Tratado – não lhes cabia. Nesta comunicação, tendo como suporte a “Carta Geográfica da Capitania Geral do Mato Grosso”, que faz parte da “Idéia Geral”, pretende-se discutir o contexto que envolveu as decisões do governador para alterar a Linha Reta e os interesses da coroa portuguesa, de forma a demonstrar as estratégias portuguesas para expansão da fronteira. Nome: Caio Figueiredo Fernandes Adan E-mail: caioadan@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Colonial comarca dos Ilhéus (1763-1815): representações cartográficas e táticas de intervenção territorial O objetivo desta comunicação é apresentar questões referentes à pesquisa intitulada “Colonial Comarca dos Ilhéus: soberania e territorialidade na América Portuguesa (1763-1815)”. A reflexão que se pretende desenvolver diz respeito ao processo de construção territorial e discursiva do objeto estudado, a Colonial Comarca dos Ilhéus, dando-se ênfase, sobretudo, às representações cartográficas deste território, e aos diferentes sentidos que envolveram a produção desses registros. Criada em 1763, como conseqüência da anexação do território da antiga donataria de São Jorge dos Ilhéus pela Capitania Real da Bahia, a comarca insere-se no bojo de um amplo processo de redesenho das fronteiras da colonização portuguesa no continente americano durante a segunda metade do século XVIII, voltado não apenas para a consolidação de seus limites exteriores, como também para uma nova lógica de gestão do território colonial, notadamente sobre aquelas áreas em que o domínio e a exploração colonial ainda não tinham se efetivado por completo. Nesse sentido, busca-se problematizar a utilidade do conceito de fronteira para pensar as dinâmicas territoriais vivenciadas naquele espaço durante as últimas décadas do período colonial, evidenciando a atuação de diferentes agentes envolvidos neste processo. Nome: Carla Monteiro de Souza E-mail: carlamont59@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Roraima Título: Etnicidade e ancestralidade, seus sentidos e significados nas narrativas de “gaúchos” migrados para Roraima Os migrantes e as migrações são elementos fundamentais na configuração da sociedade roraimense. Desde os seus primórdios Roraima recebe indivíduos provenientes dos quatro cantos do Brasil e do exterior. O processo de expansão da fronteira amazônica trouxe para o extremo norte indivíduos e famílias das mais diversas regiões brasileiras, sendo notória a participação dos migrantes sulinos neste processo. Este trabalho enfoca narrativas orais de naturais do Rio Grande do Sul descendentes de italianos migrados para Roraima a partir dos anos 1980, iluminando as formas como a etnicidade e a ancestralidade são reivindicadas na composição da identidade regional sulina, nos processos de narratização do eu migrante e como mediadoras das estratégias de inserção na sociedade roraimense. Neste sentido, a etnicidade, tomada como uma ação social, como elemento organizador das relações sociais, explicita-se nas trajetórias de vida narradas através das referências a um passado imigrante e “colono”, que conectado ao presente dá forma a marcadores e diacríticos, e um sentido à migração e ao ser “gaúcho” em um outro lugar.

Nome: Carlo Maurizio Romani E-mail: caromani@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Imperialismo em disputa. O conflito do Amapá Este trabalho apresenta e discute as estratégias de exploração científica e econômica empreendidas em um território que permaneceu durante mais de dois séculos sem soberania definida, o Contestado franco-brasileiro. O período estudado coincide com o momento histórico da emergência dos imperialismos dos países europeus. O território litigioso, atualmente incorporado ao estado brasileiro do Amapá, foi um lugar onde nenhum dos dois estados pode exercer legalmente o monopólio da violência coercitiva. Assim, esse espaço se apresenta como um lugar privilegiado para o estudo dos impactos que as relações comerciais de empresas com capitais de origem francesa, inglesa e brasileira (e aqui englobamos desde a empresa capitalista propriamente dita, seja privada ou estatal, até os empreendimentos realizados por aventureiros isolados) provocaram nas populações locais: indígenas, ribeirinhos e camponeses posseiros. A partir dessa cartografia da exploração comercial serão analisados os conflitos que passaram a ocorrer quando foram encontrados recursos naturais e minerais muito valiosos como, por exemplo, o ouro, minério que exerceu uma atração irresistível sobre a população, tanto a nativa quanto aquele proveniente de outras paragens. Nome: César Daniel de Assis Rolim E-mail: cdarolim@ig.com.br Instituição: Faculdades Porto Alegrense de Educação Ciências e Letras Título: Nacionalismo popular e jacobinismo na ação política de Leonel Brizola entre 1959 e 1964 Este trabalho analisa os conceitos de nacionalismo e jacobinismo presentes na ação política de Leonel Brizola entre 1959 e 1964. Frente ao Executivo sul-rio-grandense, de 1959 a 1962, Brizola fornece bases para o trabalhismo, especialmente nos dois últimos anos, que se caracterizam pela eclosão de movimentos sociais de porte, colocando em tela o sistema de propriedade fundiária em vigor. A partir da ascensão de Brizola como Deputado Federal do Estado da Guanabara, no início de 1963, o viés jacobinista de sua ação política torna-se mais nítido e aproxima-se do jacobinismo republicano do final do século XIX. Isso pode ser constatado por algumas bandeiras da formação política trabalhista, das quais Brizola se apropria: a defesa intransigente da República, o contraponto ao imperialismo estadunidense associado à oligarquia rural, a defesa do controle da economia nacional por parte do Estado (opondo-se frontalmente à concepção liberal), o projeto político de emancipação nacional em relação ao jugo do capital financeiro internacional, e, por fim, a aproximação com os setores subalternos das Forças Armadas. Nome: Crhistophe Barros dos Santos D’Amázio E-mail: crhistophebsd@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Monstes Claros - Unimontes Título: Retratos do São Francisco: a população ribeirinha vista por Teodoro Sampaio Após uma prolongada seca que devastou o sertão nordestino (1877-1879) e que resultou na morte de aproximadamente 300.000 pessoas, o governo imperial começa a olhar com maior cuidado e atenção para a região. Desse modo, o visconde de Sinimbu, presidente do gabinete ministerial entre 1878-1880, criou a Comissão Hidráulica, que iria realizar explorações e pesquisas no vale do rio São Francisco que serviriam de base para futuros melhoramentos na navegação fluvial. Além disso, a Comissão deveria realizar estudos acerca das riquezas naturais da região a fim de servirem de base para a implementação de políticas públicas que promoveriam o desenvolvimento econômico local. A expedição que deveria percorrer toda a extensão navegável do grande rio era chefiada pelo engenheiro norteamericano Willian Milnor Roberts e composta por outros profissionais estrangeiros e brasileiros. Dentre esses últimos, destacou-se o engenheiro baiano Teodoro Sampaio que escreveu um diário de viagem onde descreveu os aspectos geofísicos do vale do rio São Francisco, além de relatar as peculiaridades cotidianas das populações ribeirinhas, tais como relações de trabalho e produção, conflitos políticos locais, religiosidade e outros, que nos ajudam a compreender a dificuldades e problemas locais. Nome: Domingos Sávio da Cunha E-mail: domingos-garcia@uol.com.br Instituição: UNEMAT Título: Uma fronteira aberta: a fronteira oeste do Brasil na era dos impérios

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Este trabalho discute as peculiaridades da fronteira oeste do Brasil no período entre 1870 e 1920, procurando ressaltar a importância geopolítica dessa região, situada entre os atuais estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre, desde a sua incorporação ao império português na América, no século XVIII. Destacando os elementos de fragilidade no domínio do Estado brasileiro sobre essa região, em particular durante o período de instabilidade política dos primeiros anos da República, ressalta as consequências dessa fragilidade no momento da expansão colonialista contemporânea e dialoga com a historiografia sobre o Brasil, que não destaca, ignora ou mesmo nega possíveis ações colonialistas das grandes potências estrangeiras do período naquela região. Nome: Dora Isabel Paiva da Costa E-mail: dora@fclar.unesp.br Instituição: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Título: Fronteiras nas Américas: tamanho e composição dos domicílios rurais no oeste do Brasil e Estados Unidos na primeira metade do século XIX* A análise do tamanho e da composição dos domicílios rurais na transição de sociedades tradicionais para as modernas é um instrumento de análise muito útil, para se entender as formas e modelos de organização de grupos domésticos das sociedades do passado, bem como as possibilidades de sobrevivência e estratégias de acumulação material. O objetivo deste artigo é comparar o tamanho e a composição dos domicílios rurais em duas regiões fronteiriças distintas das Américas: o oeste dos Estados Unidos e oeste de São Paulo, Brasil, na primeira metade do século XIX. Entende-se como fronteira o estabelecimento das primeiras levas de povoamento do Noroeste e Sudoeste dos E.U.A, assim como o do Oeste paulista. Os resultados apresentam-se surpreendentes numa perspectiva comparativa, pois as médias norte-americanas foram significativamente mais altas do que as brasileiras. Foram comparados domicílios fronteiriços do sul dos Estados Unidos onde havia escravidão e os do norte com os do Oeste paulista. As fontes utilizadas para ambos os países foram os censos manuscritos de população. Nome: Elio Dixon Escurra Guillen E-mail: dixon.disan@superig.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiás Título: Outros imigrantes Ao falar desses “outros imigrantes” refiro-me aos cidadãos dos países vizinhos do estado do Acre, Peru e Bolívia, ligados historicamente, seja através da chamada “Guerra”ou”Revolução Acreana”e também pela posição geográfica dos três países que fazem parte da chamada Região Amazônica dentro da América Latina. Na narrativa destes Imigrantes tem variados motivos que os levaram a se estabelecer no Acre-Brasil, dentre os quais se destacam dois motivos fundamentais: instabilidade econômica e política que traz como consequência uma falta de democracia sólida, corrupção nas altas esferas dos governos de turno seguida de perseguições políticas e o surgimento de resistência armada por parte de grupos ou partidos clandestinos, tudo se resume na falta de oportunidades em todos os sentidos, principalmente para os jovens, talvez sejam os motivos, na versão oral, de imigrarem para outros paises “para melhorar a vida”. As dificuldades que esses imigrantes enfrentam para se estabelecer no Acre são múltiplas, passa pela sua legalidade, considerado “mais importante”, e outros de ordem cultural, língua, clima, alimentação e o “pior”também enfrentarão o preconceito de serem vistos e tratados de forma pejorativa como “sujeitos de segunda categoria”, porem alguns assimilaram a cultura do novo lar. Nome: Gabriel Santos Berute E-mail: gabrielberute@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: “Sob o domínio das forças rebeldes”: a atividade econômica rio-grandense em tempos de guerra (meados do século XIX) No período colonial o Rio Grande do Sul mantinha laços mercantis estreitos com o Rio de Janeiro. Ainda que este quadro permanecesse preponderante nos primeiros anos do século XIX, era possível perceber através dos produtos desembarcados no seu principal porto que seus parceiros comerciais começavam a se diversificar, principalmente a partir de 1830. A economia rio-grandense permanecia como fornecedora de charque para o mercado interno e de couros para o exterior. Tendo em vista esta característica é plausível supor que os períodos de guerra nos quais o Rio Grande do Sul esteve envolvido durante a primeira metade dos oitocentos – as Guerras Cisplatinas, 1811-1828, e a Guerra dos Farrapos, 1835-1840 – tenham influenciado o ritmo da sua atividade econômica. Pois bem, o objetivo desta comunicação é investigar o impacto que estas tiveram na economia

da região. A principal fonte utilizada são as escrituras públicas de compra e venda, crédito e sociedade registradas em Rio Grande na primeira metade do século XIX. De tal modo, foi possível perceber que os bens ligados ao setor rural apresentaram uma redução no número de transações e quedas importantes no seu valor, especialmente nos primeiros anos do conflito farroupilha, concomitante a valorização dos bens urbanos. Nome: Gabriela Carames Beskow E-mail: gabrielabeskow@bol.com.br Instituição: UFRRJ Título: As representações sobre homem rural brasileiro na série “Tipos e Aspectos do Brasil” Propomos neste trabalho analisar as representações construídas sobre o homem rural e o campo durante o Estado Novo (1937-1945), tomando como fonte as imagens da série “Tipos e Aspectos do Brasil”, de autoria de Percy Lau, publicadas na Revista Brasileira de Geografia. A elaboração e difusão destas imagens contribuíram para a consolidação de um imaginário positivo sobre homem rural brasileiro, legitimando as ações políticas reais implementadas pelo Estado em relação ao campo. Entre estas ações, devemos salientar a necessidade de modernização do campo e a sua colocação como atividade complementar à industrial, a consolidação de um mercado interno e a integração econômica do país. As ações promovidas pelo Estado e todo um imaginário criado para legitimá-las foram reunidos sob a bandeira da Marcha para Oeste. Neste contexto, as representações dos tipos regionais apresentavam o homem rural em toda a sua diversidade cultural, racial, social e ambiental, atribuindo a ele os papéis de guardião das tradições nacionais, de explorador das riquezas naturais e de conquistador dos espaços “vazios” do território brasileiro, promovendo a integração destes ao projeto de desenvolvimento nacional. Nome: Graciela Bonassa Garcia E-mail: graccielag@yahoo.com.br Instituição: UFRGS Título: O fim da escravidão em uma região de pecuária: Campanha rio-grandense, 1870-1888 Os escravos, ao contrário do que grande parte da historiografia afirmou até pouco tempo atrás, foram fundamentais como mão-de-obra na pecuária, principal atividade produtiva da Campanha rio-grandense. Na segunda metade do século XIX o plantel de escravos nessa região vai escasseando, gradativamente. No entanto, a escassez não gera o aumento do seu valor, ao contrário: o preço dos cativos também sofre sensível redução nas últimas décadas do regime escravista. Analisar essa conjuntura, a partir da investigação de inventários post-mortem e cartas de alforria, produzidos entre os anos de 1870 e 1880, é o objetivo do presente trabalho. Nome: Graziano Uchôa Pinto da Silva E-mail: graziano.uchoa@gmail.com Instituição: UFMT Título: A ditadura paraguaia: os movimentos 14 de mayo e FULNA e a insurgência contra a repressão de Stroessner (1954-1961) Concernente à história recente da América do Sul, com destaque ao período em que as Forças Armadas despontaram como protagonistas no cenário político (1960-1970), o Paraguai não tem o devido reconhecimento do importante papel que exerceu nas relações entre os países do Cone Sul. A presente comunicação visa colocar em discussão os primeiros anos (19541961) em que a “Nação Mediterrânea do Prata” esteve sob a batuta do Gal. Alfredo Stroessner. A ditadura stronista a exemplo de outras que ocorreram na América Latina utilizou-se, além da violência, de um persistente discurso ideológico nacionalista para justificar uma ‘proteção’ a Nação. A falta de perspectiva de reivindicação dos direitos básicos por meios legais fez com que começassem a surgir agrupações armadas (guerrilhas) com a finalidade de tomar o poder das mãos do stronato. Dentro deste contexto, dois grupos tiveram maior expressão: o 14 de mayo e a Frente Unida de Liberacion Nacional (FULNA). A ‘caça’ a qualquer opositor foi à marca do governo Stroessner. Para isso, pode contar com o apoio externo do EUA e do Brasil, e também com o discurso da Doutrina de Segurança Nacional, implantando no Paraguai um regime ditatorial marcado pela repressão e que, com efeito, deixou os civis por mais de três décadas longe do poder. Nome: Iasson Prestes Gelatti E-mail: iasson_prestes@hotmail.com Instituição: UCDB Título: A mão de obra indígena Terena nas fazendas da região de Buriti no início do século XX

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49 Este artigo tem por objetivo evidenciar a mão de obra indígena Terena na região de Buriti no início do século XX. Contextualizar a relação da mão de obra Terena com os fazendeiros localizados na região de Buriti. Localizado no Estado de Mato Grosso do Sul, entre os municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, hoje, Terra Indígena do Buriti. A Guerra contra o Paraguai (1864-1870) o processo de desterritorialização, política do então S.P.I (Serviço de Proteção ao Índio) e o processo de territorialização refletiram nos aspectos culturais dos Terena, e por conseqüência a sua mão de obra na região. Nesta abordagem de estudo com fontes bibliográficas, estabelecendo os aspectos da história do trabalho braçal dos Terena para importância no desenvolvimento econômico dos latifúndios na região de Buriti, e posteriormente ao tal fato, o processo de territorialização e por fim a constituição de suas Reservas. Nome: Irisnete Santos de Melo E-mail: irissmelo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Cartografando os sertões: narrativas de espaço e violência nos registros da imprensa maranhense (1900-1920) Essa pesquisa enseja refletir sobre espaços e territorialidades que se constituem no acumulo das práticas sociais e culturais, assim como nos diversos sentidos que lhes são dados. Com intuito de conferir sentido e interpretação as práticas culturais que fabricaram os sertões do Maranhão, nas duas primeiras décadas do século XX, como um espaço de disputas, é que me proponho a analisar narrativas de espaço produzidas, sobretudo nos relatos da imprensa escrita local, e outras fontes escritas. Nesse cenário, são tecidas redes de solidariedade, estratégias e negociações coletivas e individuais, que assinalam um campo de disputa em que o recorte espacial apresenta-se engendrado num jogo de forças que interagem e operam na composição e produção de significados e sentidos para essa territorialidade. As fontes arroladas, sobretudo os registros da imprensa local, colocam em cena uma série de interesses sociais de grupos em combate pelo poder de apropriação dos espaços, em especial dos núcleos urbanos localizados na área dos sertões. Tratando-se de uma espacialidade marcada por tensões e conflitos, é valido apontar o papel que a violência física e simbólica assume nas práticas de apropriação de espaços de sujeitos que a sua maneira elaboraram a configuração de uma cartografia fluida. Nome: João Maurício Gomes Neto E-mail: mauriciocern@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: A ponte e a fronteira: o potiguar e a sedução ao outro Questões referentes a identidades locais/regionais têm proporcionado grandes debates nas produções historiográficas contemporâneas, dentro das quais este trabalho procura se enquadrar. Partindo de indagações feitas por diversos atores sociais norte-rio-grandenses sobre o que seria ou se existiria um Ser potiguar, buscamos problematizar de que maneira noções como fronteira e alteridade (HARTOG) são colocadas dentro das discussões sobre a suposta identidade potiguar. Neste sentido, temos nos utilizado de fontes diversas, tais como revistas do IHG-RN, jornais e metanarrativas clássicas que versam sobre a história do Estado. Nome: Jose Alves de Freitas Neto E-mail: jafneto@uol.com.br Instituição: UNICAMP Título: Carniceros degolladores: as fronteiras da civilização em Echeverría (1805-1851) – uma abordagem sobre literatura e política na origem argentina A proposta desta comunicação é investigar as projeções e preocupações políticas expostas no conto “El Matadero” (1838) do argentino Estebán Echeverría. O discurso literário concomitante às questões políticas da fundação da nação constrói um percurso de diferenciações ao abordar os semelhantes (“o argentino”) no discurso da jovem República. No conto, à parte a famosa proposição do embate entre “civilização e barbárie” e entre a capital e o interior na Argentina do século XIX, descreve-se a população urbana de Buenos Aires que apóia o governo do caudilho Juan Manuel de Rosas e a violência política daquele período, na qual federalistas e unitaristas se enfrentavam. As fronteiras do modelo civilizador de Echeverría são perceptíveis na temática da violência e da radicalidade política no período Rosas (1829-32;1835-1852). A violência, no entanto, não reside apenas da descrição física dos conflitos políticos da época, mas na própria composição do relato com as formas e juízos estabelecidos pelo político literato sobre o povo que emerge de suas páginas. O texto de Echeverría permite uma reflexão histórica sobre o imaginário da primeira metade do século XIX argentino rastreável em um de seus relatos fundacionais.

Nome: Leandro Macedo Janke E-mail: lmjanke@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Co-autoria: Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack E-mail: gonzalez.alessandra@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Título: Território e população na construção da nação brasileira: uma abordagem comparativa A construção do Estado imperial brasileiro insere-se no contexto de emergência do Estado-nação. Neste sentido, dois conceitos adquirem relevância e são referências obrigatórias no estudo das construções políticas modernas: nação e soberania. Foram muitos os intelectuais que se dedicaram a pensar a Nação brasileira ao longo do século XIX. Imbuídos de um pensamento pragmático, elaboraram projetos políticos, ponderando questões essenciais para a construção dessa Nação, colocando em evidência o território e a população, importantes expressões de sua soberania. Objetivando, portanto, analisar a importância que estes dois elementos tiveram ao longo do processo de construção do Estado imperial, destacaremos de que forma os dirigentes imperiais operavam com o território e a população em dois momentos distintos desta experiência histórica: as reuniões da Assembléia Constituinte, em 1823, e a publicação, pela Revista Guanabara, em 1851, do texto Memorial Orgânico, elaborado por Francisco Adolfo de Varnhagen. Nome: Leonam Lauro Nunes da Silva E-mail: leonam10@yahoo.com.br Instituição: IFET - Campus Pontes e Lacerda Título: Caminhos Abertos pela “Guerra Grande” (1865-1868) Nesta comunicação reportamo-nos às rotas comerciais inauguradas durante a Guerra com o Paraguai, responsáveis em colocar em contato direto populações do oriente boliviano com os militares paraguaios estabelecidos em Corumbá, na Província de Mato Grosso. Esses caminhos emergem como protagonistas da história, fomentando muitas das análises e reflexões. A atmosfera que envolveu os trabalhos logísticos proporciona vida a personagens que, outrora, dispunham de escasso espaço no palco do conflito, tais como índios, empresários, comerciantes e políticos, cujo âmbito de atuação era local. Intentamos ainda valorizar as sociedades originárias, indígenas, inserindo-as no processo de uma construção identitária latinoamericana. Nome: Liz Andrea Dalfre E-mail: liz_dalfre@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Território e nação: o IHGB e as reflexões sobre as fronteiras americanas Nosso objetivo nessa comunicação é refletir sobre a idéia de fronteira e nação no pensamento sul-americano de meados do século XIX, priorizando neste momento, reflexões desenvolvidas por pensadores vinculados ao IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), que refletiram acerca da política brasileira em relação aos demais países sul-americanos e sobre a consolidação da nacionalidade na segunda metade do XIX. Considerando as reflexões de Craig Calhoun, segundo o qual o nacionalismo deve ser entendido primeiramente, como uma formação discursiva, buscamos identificar aspectos relativos à elaboração de uma idéia de fronteira e a implicação dessas representações com a idéia de território e nação nas Américas. Nome: Luiz Alberto da Silva Lima E-mail: luizalberto_lima@yahoo.com.br Instituição: UEFS Título: Decahidas, mundanas e horizontais na cidade culta e adiantada: Feira de Santana 1920-1940 O presente texto tem por objetivo apresentar parte da pesquisa em andamento que desenvolvo junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Feira de Santana. O referido texto analisa as redes de sociabilidades femininas nos espaços do centro da cidade de Feira de Santana através do Jornal Folha do Norte nas décadas de 1920 a 1940. Destacamos a análise acerca das imagens e representações sobre os sujeitos ditos “marginais”, que neste caso, referem-se às mulheres que viviam nas zonas de meretrício, estabelecendo uma ampla relação com o espaço central da urbe, enviesado por becos e vielas, relacionando-se com os farristas, policiais, entre outros homens, que também se configuravam como sujeitos constituintes desses territórios. Contudo, os poderes públicos e os meios de comunicação escritos não pouparam críticas e julgamentos de valores sobre o modo de vida e o comportamento daqueles sujeitos, sendo assim, lançou mão dos mecanismos discursivos para estabelecer uma

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ordem moralizante e normatizadora que visava à depreciação das formas de vida e das experiências dessas mulheres e homens tidos como infeccionantes sociais. Nome: Luiz Eduardo Catta E-mail: penacatta@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE Título: População pobre e educação numa cidade de fronteira A região da “tríplice fronteira” na fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai esteve por muito tempo afastada das decisões econômicas e políticas de seus respectivos países, conseguindo, apenas no final do século XX ter uma projeção em face dos projetos que ali se desenvolveram, principalmente a construção da maior usina hidrelétrica do mundo, Itaipu. Até o início daquele grandioso projeto, cada uma das cidades apresentou um processo de organização e crescimento específicos, sempre mantendo uma relação íntima entre seus moradores na imensa faixa de fronteira, a despeito das interferências governamentais, e das disputas políticas e territoriais que colocavam frente a frente os projetos de domínio geopolítico dos mesmos. Com a construção de Itaipu, e o concomitantemente desenvolvimento de um frenético comércio de fronteira, um número extraordinário de pessoas de todas as partes dos três países se dirigiram àquela região em busca de trabalho, provocando um processo acelerado de exclusão social. Tal processo afetou de maneira significativa, em outros aspectos, a já combalida educação dos segmentos mais pobres daquela região, visto que muitos dos moradores do campo e das cidades de toda a “tríplice fronteira” buscavam em Foz do Iguaçu uma escola pública para a educação de seus filhos. Nome: Maria Aparecida Silva de Sousa E-mail: mariacida3@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Título: Bahia: de capitania a província, 1808-1823 No início dos anos 1820, a Bahia manifestou sua adesão ao constitucionalismo português evidenciando que uma parcela dos seus residentes não estava alheia aos acontecimentos políticos que anunciavam a desagregação do absolutismo monárquico em várias partes da Europa. A partir de então, a intensidade das alterações políticas exigiu uma nova conformação de poder condizente com os encaminhamentos da crise do Antigo Regime na América. Embora as contradições desse movimento tenham adquirido maior visibilidade nesse período, os elementos reveladores da instabilidade podem ser apreendidos anos antes, quando a monarquia bragantina decidiu implementar importantes ajustamentos para a preservação do seu Império. A comunicação propõe discutir como a instalação da sede da Corte portuguesa no Rio de Janeiro em 1808 e, posteriormente, a elevação do Brasil à categoria de Reino (1815) alteraram as relações entre as partes americanas, enfatizando o comportamento das classes proprietárias da Bahia no difícil processo de mudança da configuração política de capitania para província. Nome: Maria Medianeira Padoim E-mail: mepadoin@terra.com.br Instituição: UFSM Título: Fronteira e identidade: Gaspar Silveira Martins e a Quarta Colônia de imigração italiana no Rio Grande do Sul E, em 1878, foi criada a Quarta Colônia Imperial de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, situada próxima as terras de Santa Maria da Boca do Monte, denominando-se de Silveira Martins. Acredita-se que exatamente o nome dado a Quarta Colônia foi um dos principais motivos do descaso e o não investimento do “novo” governo estadual de Julio de Castilho (PRR) na região, pois esta região não obteve o mesmo desenvolvimento econômico das primeiras três colônias de imigração italiana. Tal realidade atual colaborou para que a comunidade local questionasse o porquê de sua denominação ou o porquê recebeu o nome de um Senador do Império pertencente a classe social e política da metade sul, vinculada a tradição fronteiriça e latifundiária, e de um “perdedor na Revolução Federalista” . Assim, o presente estudo visa trabalhar a relação da construção da identidade local/regional com a figura do fronteiriço Gaspar Silveira Martins, bem como retomar a história política no RS no final do século XIX. Nome: Pio Penna Filho E-mail: piopenna@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Fronteiras do medo: vigilância, espionagem e repressão no Cone Sul (1966-1984) O presente trabalho busca demonstrar como a ditadura militar brasileira utilizou de todos os meios disponíveis para conter as vozes discordantes ao

novo regime, sobretudo, mas não exclusivamente, nas suas áreas de fronteira mais ativas, como aquelas do Uruguai, Paraguai e Argentina. Com o Golpe de Estado de 1964, o regime instalado no país implicou na montagem de um amplo e complexo sistema de informações que teve como objetivo primordial a manutenção do poder militar. Gradativamente os militares constituíram um verdadeiro sistema de informações que abrangia não só todo o país mas que ia além, operando no exterior com o suporte do Ministério das Relações Exteriores. O regime contou também com uma convicta colaboração de autoridades dos países vizinhos, independente do regime político em vigor. Assim, utilizando fontes primárias produzidas pelas ditaduras brasileira e paraguaia, esse trabalho discute o modus operandi dos sistemas responsáveis pela repressão e sua atuação principalmente nas áreas de fronteira entre os países da região. Nome: Priscila Pereira E-mail: perecilapp@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: “¡Alijuna con la labuna!”: Inodoro Pereyra e a gênese de um (anti) herói do pampa argentino Esta comunicação apresentará uma leitura dos quadrinhos de Inodoro Pereyra, personagem criada pelo humorista argentino Roberto Fontanarrosa em 1972. Nascido nas páginas de uma revista de humor de Córdoba, Inodoro é um gaucho “macho y cabrío” que vive no pampa argentino, e cuja aparição se dá por ocasião das comemorações do centenário de Martin Fierro, de José Hernández. Neste sentido, este gaúcho nasce como uma paródia da literatura gauchesca, do radioteatro e do folclore argentinos, e sua trajetória retoma a metáfora sarmientina civilização e barbárie, que atravessa ao só a história desse país, mas se inscreve na tradição política de toda a América Latina. Enfim, a comunicação pretende reconstruir o itinerário desse (anti) herói do pampa argentino, cuja incursão nos desfiladeiros da paródia é tributária das inúmeras narrativas de fronteira surgidas no momento de consolidação do Estado Argentino, no século XIX. E como todo “gênero de fronteira”, também os quadrinhos de Inodoro Pereyra se caracterizam pela polissemia e porosidade de sua leitura, que está assentada na disputa pela voz do que seria “el gaucho”. Ou seja, o próprio texto da gauchesca se converte em uma fronteira, já que exibe tanto suas demarcações internas quanto o excesso que permanece no seu exterior. Nome: Roberta Teixeira Gonçalves E-mail: betaquintana@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: Os dois lados da banda: a construção territorial uruguaia O objetivo deste trabalho é analisar a retórica que buscou legitimar a ocupação do território Cisplatino, entre os anos de 1825-1828. Neste sentido, será utilizada a imprensa periodista das duas regiões envolvidas na disputa pela Banda Oriental, a saber: As Províncias Unidas do Rio da Prata e o Brasil. O interesse pela Banda Oriental faz parte de um longo processo histórico que deita raízes ainda no período colonial. Portugal, desde 1530, empreende missões colonizadoras na região do Prata, reprimidas pelo governo espanhol. A política expansionista lusa e as tentativas da coroa de Espanha de rechaçá-las explica em parte os contornos dados à ocupação do território, como por exemplo, a fundação de Montevidéu. Porém, é o século XIX que traz novas nuanças a essa contenda. Mudam os atores, entra em cena o prematuro Império do Brasil e a ainda frágil confederação das Províncias Unidas do Rio da Plata. Mas a grande novidade é que aos velhos sonhos expansionistas soma-se uma nova cultura política, na qual entra em jogo a necessidade de afirmação de dois diferentes modelos políticos. Deste complicado contexto emerge a guerra, e com ela, todo um aparato retórico para legitimá-la, amplamente difundida na imprensa do período, e que parecem radicalmente distintas nos dois diferentes Nome: Rodrigo Ferreira Maurer E-mail: ferreiramaurer@bol.com.br Instituição: Universidade de Passo Fundo Título: A confirmação do povo conversor e a irresponsabilidade amenizada: o caso do julgamento de 1759 nas missões orientais do Rio Uruguai O ano de 1759 entraria para a história como o ano em que a redução de San Francisco de Borja, apresentaria a sua diferença quanto povo das demais reduções orientais do rio Uruguai. Esta condição veio a provar o não comprometimento da mesma perante os pedidos de auxílio no processo da Guerra Guaranítica; mais precisamente no caso da batalha de Caiboaté em 1756. Pelo inquérito de 1759 existente na Coleção de Pastells com o título de “Declaraciones de nuevos testigos de cada uno de Los Siete Pueblos”,

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49 fica nítido que o povo de San Borja, na sua proporção, não fez esforços para participar de tal condição. Isto pode ser atribuído pelo simples fato desta redução sempre ter se mostrado como uma redução confiável para o “Projeto Madri”. Através das declarações compiladas do referido inquérito, delimitar-nos-emos a comprovar os posicionamentos destes povos no contexto social e político das missões. Desta forma, compararemos as declarações expostas, a fim de registrar os fatos históricos da época, como um legado para a retórica da pesquisa missioneira em tese, em vista ser esta indagação mais uma peça para o “grande quebra-cabeça” da historiografia, denominada de os Sete Povos das Missões. Nome: Valéria Nogueira Rodrigues E-mail: val.hist@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Título: Os kadiwéu no século XIX: alteridade, identidade e transculturação No século XVII alguns grupos pertencentes à família linguística Guaykuru atravessaram o Rio Paraguai estabelecendo domínio sobre extenso terri-

tório, assaltando espanhóis e outros indígenas. No século seguinte os luso-paulistas chegaram à região voltados à exploração mineral e à captura de indígenas. Os conflitos com os Guaykuru não tardaram e, na medida em que buscavam se estabelecer, mais se convenciam da impossibilidade de vencê-los. Nestas circunstâncias, variados grupos Guaykuru passaram a viver num território limitado e manifestando comportamento diverso em relação aos segmentos sociais que viviam na Província de Mato Grosso. Dentre estes grupos os Kadiwéu é que nos interessa, pois buscavam viver mais afastados e ainda realizam algumas incursões. Nosso objetivo, portanto, é perceber como os Kadiwéu receberam esses novos elementos culturais e como desempenharam um novo papel na sociedade imperial, analisando a política indigenista e as transformações deste grupo em relação a seus ancestrais Guaykuru. Essa análise se apóia nos conceitos de alteridade, identidade e transculturação. Nesse sentido, buscar-se-á discutir como os Kadiwéu reconstroem sua identidade através do contraste com os outros, da alteridade, percebendo a transformação da cultura, através da transculturação.

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50. DimensĂľes histĂłricas do audiovisual: o ethos e o pathos da imagem Marcos Francisco Napolitano de Eugenio – USP (napoli@usp.br) MĂ´nica Almeida Kornis – CPDOC/FGV (monica.kornis@fgv.br) O objetivo do seminĂĄrio temĂĄtico ĂŠ discutir a potencialidade do audiovisual em gerar uma retĂłrica que WHQKD D KLVWyULD FRPR PDWpULD HP WRGDV DV VXDV LPSOLFDo}HV SROtWLFDV H HVWpWLFDV PRELOL]DQGR HWKRV H SDWKRV QD FRPXQLFDomR FRP DV DXGLrQFLDV $VVLP VH D DPELJ LGDGH HQWUH HVWDV GXDV LQVWkQFLDV GD UHWyULFD p FRUUHQWH QR PXQGR GR DXGLRYLVXDO FRPR XP WRGR XP GRV VHXV JrQHURV HVSHFtĂ€FRV ² R PHORGUDPD ² DUWLFXOD RV GRLV HOHPHQWRV GH PDQHLUD PXLWR SDUWLFXODU TXH SRGHUtDPRV GHĂ€QLU FRPR XPD ĂŠtica das paixĂľes, um sentimentalismo em torno do real que tende a cristalizar uma determinada moUDO S~EOLFD IRUWHPHQWH DQFRUDGD HP LGHRORJLDV HYLWDQGR PDWL]HV H FRQWUDGLo}HV QDV UHSUHVHQWDo}HV fĂ­lmicas do real. Se no melodrama estas caracterĂ­sticas da retĂłrica do audiovisual aparecem mais desWDFDGDPHQWH LVWR QmR TXHU GL]HU TXH HP RXWURV JrQHURV Ă€FFLRQDLV RX PHVPR QRV Ă€OPHV GH QDWXUH]D GRFXPHQWDO RX MRUQDOtVWLFD R MRJR HQWUH (WKRV H 3DWKRV VHMD PHQRV PDUFDQWH 1R FDVR GR GRFXPHQWiULR D GLPHQVmR SROtWLFD H PRUDO TXH SUHVLGH VHX ROKDU QR UHJLVWUR GDV LPDJHQV WrP VXD H[WHQVmR QR WUDEDOKR GH HGLomR GR PDWHULDO REWLGR GXUDQWH DV Ă€OPDJHQV (VWH DVSHFWR UHPHWH j UHODomR GR FLQHDVWD FRP R VHX REMHWR H FRP RV WHVWHPXQKRV H PDWHULDLV GH DUTXLYR LQFRUSRUDGRV HP XP Ă€OPH 1R WHVWHPXQKR H QR DUTXLYR R SDVVDGR SDUHFH VH PDQLIHVWDU SRU VL TXDQGR QD YHUGDGH p R DUUDQMR SURSRVWR QR GLVFXUVR ItOPLFR TXH HVWi QR FHQWUR GDV UHSUHVHQWDo}HV KLVWyULFDV TXH HVWmR HP MRJR 3RUWDQWR neste SeminĂĄrio TemĂĄtico discutiremos fundamentalmente o quanto o audiovisual (cinema e televisĂŁo; Ă€FomR H GRFXPHQWiULR PRELOL]D XPD GHWHUPLQDGD ´pWLFDÂľ GDV LPDJHQV DUWLFXODQGR UHSUHVHQWDo}HV GR passado. Neste processo, as estratĂŠgias da retĂłrica, seja apelando para a verdade ou para a paixĂŁo, GLĂ€FLOPHQWH VH H[SUHVVDP HP QDUUDWLYDV VHP FRQWUDGLo}HV RX DPELJ LGDGHV H p D SDUWLU GHVWDV Ă€VVXUDV TXH VH GHYH H[HUFLWDU D FUtWLFD GR DXGLRYLVXDO FRPR IRQWH KLVWyULFD

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Karicia Machado Dourado E-mail: anakaricia@yahoo.com Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: “SĂł quem ĂŠ de lĂĄ sabe o que aconteceâ€??: possibilidades e impossibilidades histĂłricas de um encontro e suas representaçþes Entre lances cĂ´micos e peripĂŠcias melodramĂĄticas o esperado final feliz vai se desenvolvendo e acontece: o Samba casa-se com a Canção em 1933. O sucesso da opereta Canção Brasileira (Luis Iglesias e Miguel Santos) foi estrondoso. Por mais de cinco meses - algo absolutamente notĂĄvel para a ĂŠpoca-, o pĂşblico carioca foi assistir essa comunhĂŁo que dramatizava uma outra, desejada, simbĂłlica, entre o Morro e a Cidade. Em um outro momento histĂłrico (1957) nĂŁo hĂĄ comunhĂŁo e as dificuldades de uma aproximação confraternizante sĂŁo explicitadas por Nelson Pereira do Santos quando o sambista surge sĂł, abandonado Ă solidĂŁo de sua classe entre os que nĂŁo sĂŁo seus iguais. A perspectiva neo-realista de Rio Zona Norte desfaz a feliz uniĂŁo. Mais recentemente, em Quase dois irmĂŁos (2004), de LĂşcia Murat, drama social com componentes trĂĄgicos, a utopia do encontro desmorona e transmuta-se em uma ilusĂŁo perdida quando a crĂ­tica do passado recente brasileiro explicita que a oportunidade histĂłrica, nĂŁo realizada, de superação efetiva de clivagens sociais foi seguida por um desencontro dos que estiveram pela Ăşltima vez irmanados sob a condição de presos. Quais questĂľes ĂŠticas e estĂŠticas implicadas na representação desse encontro, real/ imaginado, os trĂŞs momentos acima nos permitem pensar? Nome: Ana Paula Spini E-mail: anapaula.spini@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia TĂ­tulo: Construindo imagens; a detração e o resgate dos veteranos do VietnĂŁ no cinema de Hollywood Na dĂŠcada de 1980 foram produzidos em Hollywood vĂĄrios filmes sobre a guerra do VietnĂŁ a partir de depoimentos dos prĂłprios veteranos. VietnĂŁ era uma das matĂŠrias-primas preferidas da indĂşstria cultural. A derrota na guerra nĂŁo produziu o tabu, mas a tentativa de cura da ferida atravĂŠs da superexposição do trauma. Apesar de nĂŁo representar o veterano exclusivamente de forma negativa, o cinema consolidou a imagem de desajustado, drogado e assassino descontrolado. Na dĂŠcada de 1990, a Guerra do Golfo devolveu a confiança da população no ExĂŠrcito dos Estados Unidos e com

ela emergiram uma memĂłria e imagens positivas da guerra e dos veteranos do VietnĂŁ, em particular, e do soldado de uma forma geral. O objetivo desta comunicação ĂŠ analisar esta construção da memĂłria cinematogrĂĄfica da guerra, considerando os combates de memĂłria dos veteranos e a guerra de imagens produzida em Hollywood no perĂ­odo de 1980 a 2002. Nome: Ă‚ngela Aparecida Teles E-mail: teles.angela@uol.com.br Instituição: FACIP-UFU TĂ­tulo: As propostas estĂŠticas de desconstrução do olhar melodramĂĄtico no cinema brasileiro (1960/80) Este trabalho discute as propostas estĂŠticas de contestação e de desconstrução do olhar melodramĂĄtico no cinema brasileiro. Investiga atĂŠ que ponto as construçþes imagĂŠticas do cineasta Ozualdo Candeias elaboram uma nova ĂŠtica das imagens por meio dos procedimentos de agressĂŁo e ruptura com a narrativa clĂĄssica representada no cinema hollywoodiano. Para representar a realidade brasileira de maneira a engajar o espectador, a continuidade narrativa tecida pelas intrigas baseadas em fatos inverossĂ­meis e patĂŠticos, no maniqueĂ­smo e no sentimentalismo foi alvo de contestação de mĂşltiplas experiĂŞncias estĂŠticas agrupadas genericamente sob a denominação de Cinema Novo e Cinema Marginal. A nova verdade brasileira seria captada por meio da filmagem em locaçþes fora das convençþes e dos ideais de beleza e fotogenia consagrados. O cinema de Ozualdo Candeias, especificamente, propunha uma desconstrução de clichĂŞs cinematogrĂĄficos elaborando personagens “tĂ­picasâ€? brasileiras como alteridades ao viril cowboy e Ă femme fatale. Cabe pensarmos as ambigĂźidades, as tensĂľes e as composiçþes dessa nova ĂŠtica das imagens com o discurso melodramĂĄtico. Nome: BĂĄrbara Marcela Reis Marques de Velasco E-mail: barbbiemm@hotmail.com Instituição: Universidade de BrasĂ­lia TĂ­tulo: “Algumas coisas que dizem sobre eleâ€?: a construção de uma memĂłria sobre Hanns Elard Ludin Em 2005, lembrando os 60 anos do final da Segunda Guerra, vĂĄrios foram os lançamentos de livros e de filmes documentĂĄrios que trazem Ă luz narrativas de vida de sujeitos do cotidiano do III Reich. Essas narrativas, algumas autobiogrĂĄficas, expressam uma espĂŠcie de tentativa de remissĂŁo de uma possĂ­vel culpa. Apresentam uma reconfiguração da experiĂŞncia pela memĂłria; relato no pĂłs-guerra da personagem do conflito ĂŠ emoldurado

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50 pelas significações do presente sobre a Alemanha nazista. Abrem-se caminhos para discussões a respeito de identidade e de memória. Cria-se um “terceiro tempo”. 2 ou 3 coisas que sei sobre ele (2 oder 3 Dinge die ich von ihm wei), é um documentário alemão de 2005, dirigido por Malte Ludin. A narrativa é uma seqüência de entrevistas com as filhas e a mulher do ex-oficial nazista Hanns Elard Ludin. Em diversos momentos é possível perceber o incômodo e a insatisfação das entrevistadas com o diretor do audiovisual – também filho de Hans – principalmente quando questionadas sobre suas impressões a respeito de um parente nazista. Tomando por fonte de análise este documentário, o estudo a ser realizado pretende perceber a maneira pela qual a família de um ex-oficial nazista da SS remonta e tenta justificar a participação dele no alto escalão nazista. Nome: Carolina Amaral de Aguiar E-mail: amaral_carol@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: As revoluções latino-americanas no documentário de Chris Marker: dilemas do cinema militante no início dos anos 1970 A pesquisa investiga a visão e as representações das revoluções latino-americanas no documentário engajado de Chris Marker na década de 1970. Para isso, foram escolhidas três produções sobre diferentes processos revolucionários do continente: “La Bataille dês dix millions”, de 1970, retrata o fracasso da meta de produção de açúcar estabelecida por Fidel Castro; “On vous parle de Brésil: Carlos Marighela”, de 1970, realizado um ano após a morte do guerrilheiro brasileiro; “La Spirale”, de 1975, uma reflexão sobre o golpe que depôs o governo de Salvador Allende no Chile. Nas produções escolhidas, o cineasta se depara com o desafio de realizar um cinema militante e engajado em contextos de derrotas, que começaram a ser constantes nos movimentos de esquerda após 1968. Neste sentido, a pesquisa investiga as estratégias e reflexões que constroem o discurso dos documentários. Nome: Dennison de Oliveira E-mail: kursk@matrix.com.br Instituição: UFPR Título: A História acontece diante dos nossos olhos: o caso da minissérie televisiva “The Time Tunnel/O Túnel do Tempo” (EUA, 1966/67) O objeto da pesquisa é a série televisiva de origem norte-americana de enorme sucesso no Brasil e em todo o mundo, “The Time Tunnel/O túnel do tempo”. Originalmente filmada a cores, a série teve apenas uma temporada, entre 1966 a 1967, sendo exibida em versão dublada no Brasil pouco tempo depois. O tema da série é a viagem no tempo realizada por dois cientistas norte-americanos, no bojo de um gigantesco projeto militar ultra-secreto. Os períodos da História que os dois viajantes percorrem englobam não só várias épocas históricas conhecidas, mas também o futuro. A série é marcada por uma completa adesão ao Naturalismo, característico das produções cinematográficas e televisivas norte-americanas. Os episódios reconstituem fatos e épocas históricas “tal qual eles realmente aconteceram”, tudo referendado pela ciência da História, também colocada a serviço daquele projeto militar. Todos os episódios são marcados por evidente maniqueísmo. Personagens e instituições raramente são definidos de forma racional. Através de apelo afetivo ou sentimental, são enquadrados em apenas duas situações possíveis: o “bem” ou o “mal”. Pretende-se interpretar a retórica, estética e conteúdo desta produção que tanto impacto provocou entre audiências do mundo todo. Nome: Eduardo Victorio Morettin E-mail: cunhamorettin@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Melodrama, ciência e história: uma análise de O Segredo das Asas (1944), de Humberto Mauro A comunicação analisará O Segredo das Asas (1944), de Humberto Mauro, filme produzido pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). Dentro do quadro das produções educativas do instituto, preocupado com as tradições patrióticas e com a valorização positivista da ciência, a obra recupera a tradição do melodrama, expressa pelo romance idealizado entre as personagens de Lydia Mattos, paralítica, e o de Celso Guimarães, aviador que devido a uma pane momentânea de seu aparelho faz uma aterrissagem forçada. O encontro casual é a oportunidade para mostrar os trabalhos de preparação de um oficial pela FAB. Enquanto Guimarães relata o empenho necessário para atingir a perfeição exigida pela função, vemos todas as etapas de treinamento junto à Escola de preparação dos cadetes. A intenção é, a partir do exame fílmico de Segredo, avaliar o sentido da retomada do gênero melodramático na proposta de um cinema educativo construído a partir do pressuposto que razão e emoção representam campos distin-

tos, que não devem se misturar, tal como aparece em filmes anteriores de Mauro vinculados ao projeto, como Descobrimento do Brasil (1937) e Os Bandeirantes (1940). Nome: Fabio Raddi Uchoa E-mail: fabiouchoa@bol.com.br Instituição: Escola de Comunicações e Artes - USP Título: Traços e ironias ao desenvolvimentismo na produção documental de Ozualdo Candeias Embora conhecido como um dos deflagradores do cinema marginal paulista, Ozualdo Candeias possui uma considerável produção de cinejornais e documentários institucionais. Aqueles produzidos durante as décadas de 1950-60, como Jogos noroestinos (1955-60), Marcha para Oeste no. 3 (1960-65) e Marcha para Oeste no. 5 (1960-65), possuem traços desenvolvimentistas, apresentados sob a chancela do discurso oficial do Governo do Mato Grosso. A trama destes cinejornais é caracterizada por ambigüidades, decorrentes da tarefa de apresentar pacatas cidades do oeste brasileiro, como Campo Grande e Corumbá, enquanto pilares da expansão econômica do país na região. Faz parte do discurso oficial, por meio da racionalidade dos narradores dos filmes, enfatizar a forte industrialização, a disciplina e a capacidade de organização de tais cidades. As imagens são construídas com base em uma série de procedimentos, que monumentalizam prédios oficiais e apresentam, de forma patética, movimentos do trabalho e da industrialização. Em alguns momentos, entretanto, a disparidade entre a eloqüência da voz off e o provincianismo das paisagens abre espaço para a ironia: brechas onde o discurso oficial e a moral por ele veiculada podem ser questionados. Nome: Fernando Seliprandy Fernandes E-mail: seliprandy@usp.br Instituição: USP Título: Combate pela memória: a vocação realista do testemunho e da imagem nos filmes “O que é isso, companheiro?” e “Hércules 56” Propõe-se aqui uma análise comparativa entre o filme de ficção “O que é isso, companheiro?” (Bruno Barreto, 1997) e o documentário “Hércules 56” (Silvio Da-Rin, 2007), com foco no modo como ambos articulam o estatuto de verdade do testemunho e o efeito de realidade da imagem na elaboração de representações divergentes sobre o episódio do seqüestro do embaixador norte-americano, ocorrido em 1969. O combate se dá no campo de batalha da construção da memória da resistência armada à ditadura militar no Brasil. Parte-se da premissa de que o testemunho pessoal e a imagem cinematográfica possuem uma “vocação realista” oriunda da conjugação de regimes de leitura específicos e estratégias narrativoretóricas; articulados nos filmes, geram uma certificação do narrado que induziria o espectador a confundir representação e evidência, instituindo um “real passado” com profundas implicações ideológicas. Ficção e documentário dão margem para tal leitura reificante do discurso, o que varia de acordo com as opções adotadas na manipulação da linguagem cinematográfica e dos testemunhos, além dos nexos entre a representação do passado e o presente de sua produção e recepção. Nome: Gabriela Kvacek Betella E-mail: gabrielakvacek@uol.com.br Instituição: USP e Unifai Título: O “melodrama em falso” de Bento Santiago no romance Dom Casmurro e na microssérie Capitu: o lugar de uma pedagogia social Detendo-se sobre aspectos estéticos da microssérie de Luiz Fernando Carvalho, a proposta é analisar a capacidade dos discursos literário e audiovisual de representar particularidades do Brasil do século XIX, bem como de apontar problemas existenciais do representante de classe que, por sua vez, conduz o enredo. É possível argumentar acerca da dramática luta de classes presente na narrativa machadiana e suprimida pela adaptação da Rede Globo, mas pode-se examinar o modo através do qual o drama existencial é exposto, reforçando um determinado tipo de recepção entre leitores/espectadores. As imagens apostam no anticonvencional mantendo-se baseadas no texto literário, assim como sustentam uma forma de rever o passado histórico. Entre as soluções encontradas por Machado ao apresentar a tensão entre representação e verdade (bem como entre produção de emoção e de reflexão) estão a transfiguração do pathos de tragédia e a mobilização da discussão da figura patriarcal para o viés melodramático em Dom Casmurro. Embora acrescidas de uma ironia orquestrada pelos elementos cênicos na versão audiovisual, tais soluções machadianas tendem a perder a força de desmascaramento dos sujeitos sociais.

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Nome: Licio Romero Costa E-mail: camaradalicio@bol.com.br Instituição: UFPB Título: Conhecimento histórico e novas tecnologias em tempos de globalização: possibilidades de interpretação da história do presente boliviana a partir do documentarismo de Carlos Pronzato Em história, é possível percebermos um paulatino alargamento de horizontes, no tocante aos seus métodos, abordagens e problemas. Essas mudanças não são mais novidade, e remetem, entre outras questões, a circunstâncias concretas que emergem das mudanças históricas ocorridas no Ocidente, em direção a um mundo efêmero e descentralizado, permeado pela tecnologia, pelo consumismo e pela chamada indústria cultural, onde a clássica política de classes aparenta ceder terreno a uma série de políticas identitárias difusas. Nesse contexto de globalização cultural intensa, onde as tecnologias da informação cumprem um papel de extrema importância para tais trocas sócio-culturais, pretendemos discutir as possibilidades do cinema – e de maneira específica, do documentário – tanto para história, em sua condição de disciplina, no intuito de compreender a cultura histórica impregnada nesses artefatos culturais; como para uma ampla plêiade de novos atores sociais que protagonizam lutas e ações na contemporaneidade, a partir dos documentários produzidos pelo argentino Carlos Pronzato sobre a situação política boliviana nesta primeira década do século XXI, que culminou na eleição do presidente de origem aymara Juan Evo Morales Ayma, em dezembro de 2005. Nome: Marcos Francisco Napolitano De Eugenio E-mail: napoli@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: A música em Rio, Zona Norte: os impasses de um projeto estético-ideológico de esquerda nos anos 1950 O filme Rio, Zona Norte (Nelson Pereira dos Santos, 1957), ao lado de Rio, 40 Graus do mesmo diretor, ocupa um lugar central na historiografia do cinema brasileiro. Via de regra, visto como a gênese de um novo projeto estético que culminará com o Cinema Novo dos anos 1960. Por outro lado, Rio, Zona Norte recupera uma outra tradição, a do musical que tenta representar os circuitos, carreiras e sociabilidades da música popular brasileira, numa linha que remonta à Favela dos Meus Amores (Humberto Mauro, 1935) e Tudo Azul (Moacyr Fenelon, 1952). A partir desta chave, tomarei o filme Rio, Zona Norte como o síntoma de um debate em torno do papel da música no projeto da esquerda nacionalista no Brasil dos anos 1950. Mais do que incorporar a música como decorativa ou reiterativa do drama narrado, o filme trabalha este elemento – sobretudo no nível das inserções musicais diegéticas – como um dado estruturante de sua tese central: a dificuldade da construção do idioma cultural nacional-popular, em função de contradições sócio-culturais profundas que marcam a vida brasileira. Neste sentido, analisarei em especial os encontros e desencontros de dois personagens do filme: o compositor popular Espírito Santo da Luz (Grande Otelo) e o compositor erudito Moacir (Paulo Goulart). Nome: Margarida Maria Adamatti E-mail: mmadamatti@hotmail.com Instituição: Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) Título: Pathos e glamour. Dimensões do estrelismo na construção imagética do cinema brasileiro de 1950 Nas revistas de fãs Cena Muda e Cinelândia existe uma dicotomia na representação do cinema brasileiro entre o discurso textual e o imagético. Os artigos opinativos discutem a situação da nossa cinematografia, com especial atenção a suas dificuldades, lidando com o universo da racionalidade e do Ethos a partir do poder de nomeação dos críticos com o intuito de desvendar o processo de produção do período aos leitores. Por outro lado, a apresentação imagética inverte estas bases pela utilização do Pathos, lidando com as paixões coletivas via sex appeal, escopofilia e narcisismo, englobados no discurso do glamour. Procurando imitar os padrões de representação do estrelismo hollywoodiano, busca-se construir uma crença no papel do glamour para alcançar o sucesso do cinema nacional que quase nenhuma relação tem com o sistema brasileiro de produção da época. A partir da análise das fissuras na construção destes dois discursos revelam-se nas imagens das estrelas brasileiras as deficiências em relação à geração do star system norte-americano no que tange à representação do glamour. Além disso, é possível através da desconstrução da apresentação imagética proposta por estas revistas revelar também a dimensão da dinâmica do sistema de produção dos estúdios e de suas insuficiências.

Nome: Maria Cecília de Miranda Nogueira Coelho E-mail: ceciliamiranda@usp.br Instituição: USP-FIL-PPG Título: Velhos discursos e novas imagens: retórica, política e cinema Na Retórica de Aristóteles, lógos pode ser caracterizado como a estrutura argumentativa de um discurso, páthos e éthos corresponderiam, respectivamente, às paixões produzidas no espectador por quem fala ou escreve, e ao caráter (e credibilidade) de quem busca persuadir. Articulados a outros conceitos, são parte da defesa aristotélica da retórica como téchne, contra o ataque e censura de Platão à atividade persuasiva, principalmente se desenvolvida pelos sofistas “produtores de falsas imagens e discursos” (Sof., 233-234). Nesta comunicação pretendo: a) analisar aspectos da história destes três conceitos e sua recente revalorização; b) discuti-los por meio do filme de Paulo Saraceni, Ao sul de meu corpo (1982), adaptação de Duas vezes com Helena (1977), de Paulo E.S. Gomes, em particular por meio de uma seqüência, em que se destaca a inserção de uma cena documental com o crítico, registro histórico que parece ser uma estratégica retórica dando credibilidade à releitura do conto pelo cineasta e lembrando, reflexivamente, a estreita relação entre mestre e discípulo para justificar as opções estéticas de Sarraceni na tentativa de fazer aquilo que, segundo ele, Paulo Emílio não pode: questionar a ditadura daquele período. Nome: Maria Leandra Bizello E-mail: mleandra23@hotmail.com Instituição: UNESP Título: Ação Entre Amigos: a história e a memória em movimento Este artigo tem como objetivo analisar o filme de ficção Ação Entre Amigos, dirigido por Beto Brant (1998). A análise parte das relações cinemahistória para centrar-se na memória como um aspecto dessas relações e ao mesmo tempo no filme como um lugar de memória para romper um possível processo de esquecimento. No filme, quatro amigos entre 40 e 50 anos encontram-se para uma viagem de pescaria pelo interior. Colegas desde a juventude, a amizade entre eles foi compartilhada no passado comum da resistência à ditadura, na humilhação da tortura, na reconstrução da vida adulta e no amadurecimento. Um deles insiste na procura do torturador de todos eles. Essa procura, que parte do presente, é representada pela busca e perseguição ao torturador e pelas lembranças da ação guerrilheira que os levou à prisão e à tortura. Entretanto as lembranças remetem tanto ao coletivo quanto ao individual, a experiência política de cada um entrelaça-se com a repressão do período mais duro da ditadura militar dos anos 1960 e 1970, revela conflitos que esconderam medos geradores de traições e da vingança no presente. Por fim, examinaremos como o filme representa, em relação à memória, o cruzamento de duas subjetividades, como nos diz Paul Ricouer, a privada e a coletiva. Nome: Mariana Martins Villaca E-mail: marimavi@uol.com.br Instituição: FFLCH-USP Título: Repercussões do Nuevo Cine Latinoamericano em revistas francesas, nos anos 60 e 70 O destaque advindo da participação e de algumas premiações de filmes latino-americanos nos festivais europeus, nos anos 60 e 70, contribuiu para conferir status de movimento ao então chamado Nuevo Cine Latinoamericano. Nessa comunicação, analisaremos as repercussões dessa produção, focando duas revistas francesas: Positif e Cahiers du Cinema. Procuramos discutir as razões que levaram a crítica francesa a se aproximar, e depois a se distanciar, do cinema latino-americano, bem como a oscilante trajetória da “moda latino-americanista” que pode ser acompanhada por meio das histórias de festivais como Cannes, Nantes, Biarritz e Toulouse. Apresentamos os realizadores, as temáticas e as estéticas que foram especialmente valorizados por esses veículos e espaços de difusão, bem como a importância dessa recepção para os meios cinematográficos latino-americanos. Nome: Mauricio Cardoso E-mail: maucardoso@gmail.com Instituição: Depto. de História FFLCH - USP Título: A teledramaturgia de Guel Arraes e Jorge Furtado: anti-drama, literatura e história A comunicação pretende refletir sobre o conjunto da produção televisiva e cinematográfica de Guel Arraes e Jorge Furtado tendo em vista a identificação de três elementos fundamentais da linguagem destes diretores. Em primeiro lugar, o diálogo explícito com a tradição literária brasileira – presentes em adaptações para minissérie (como Agosto e Memorial de Maria Moura, roteirizados por Furtado), nos filmes O Auto da Compadecida e

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50 Lisbela e o prisioneiro. Em segundo lugar, o tratamento paródico, de tons alegóricos, dado a diversos elementos da narrativa fílmica, cujo resultado é uma interpretação original e anti-dramática da cultura brasileira. Finalmente, a abordagem dos temas históricos, no conjunto, sugere um esforço de síntese do “caráter nacional”, graças à incorporação de elementos de tradição popular e das diferentes regiões do país. A comunicação pretende ainda lançar uma reflexão sobre o entrelaçamento da produção televisiva e cinematográfica na obra dos dois cineastas e na constituição do núcleo Guel Arraes, na Rede Globo. Nome: Mônica Almeida Kornis E-mail: monica.kornis@fgv.br Instituição: CPDOC/FGV Título: Linha Direta - Justiça e a reconstrução do passado: os casos Zuzu Angel, Wladimir Herzog e Frei Tito Episódios e fatos da história brasileira vêm sendo tratados pela televisão para além de uma programação ficcional e/ou documental. Tal é o caso do programa Linha Direta, exibido pela Rede Globo que, a partir de 2005, passou a produzir dramatizações sobre algumas vítimas do regime militar (1964-1985). Acionando imagens de arquivo e entrevistas com variadas personalidades em meio a uma simulação baseada em fatos biográficos, a reconstrução das trajetórias de vida de Zuzu Angel, Wladimir Herzog e Frei Tito em Linha Direta se realizou em meio às características típicas do formato narrativo desse programa, justificado em última instância pelo objetivo de “fazer justiça”. É no interior desses parâmetros que a história é “revelada”, e nesses termos constitui-se como expressão de verdade para o grande público. Examinar como os três casos tratados por esse programa organizaram uma história do regime militar é o objetivo desse trabalho, que possui como pressuposto que as “histórias de grande circulação” se legitimam na medida em que operam uma síntese do conhecimento histórico, apoiada na resolução dos fatos via punição do mal e do reconhecimento da virtude a partir de valores afetivos e morais. Nome: Mônica Cristina Araújo Lima E-mail: moni.ca@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: La hora de los hornos (1968): projeto de radicalização política e estética O objetivo desta comunicação é discutir o projeto estético e político do grupo Cine Liberación, através do filme La hora de los hornos. O filme foi produzido na Argentina, na metade dos anos 60, período de radicalização das disputas de classes, que culminaram com o golpe militar de 28 de junho de 1966. Fernando Solanas, Octavio Getino, Gerardo Vallejo, entre outros diretores, constituíram o grupo a partir da realização do filme La hora de los hornos (1968). Eles pretendiam realizar e exibir filmes com uma estética original e com proposta crítica e de transformação social. Criaram um circuito alternativo de exibição nos sindicatos, escolas, universidades, igrejas etc. O grupo produziu inúmeros documentos importantes sobre o cinema e a situação política da América Latina, entre os quais o Manifiesto del Tercer Cine, que ajudou a fomentar os debates sobre o Nuevo Cine Latinoamericano. La hora de los hornos mostra a oposição destes diretores à ditadura argentina e ao autoritarismo que tomou conta da América Latina. Entre as bases teóricas que inspiraram o filme está o livro Os condenados da Terra, do médico argelino Frantz Fanon, um dos principais autores que tratam das lutas de libertação nacional do período. Nome: Priscila de Almeida Xavier E-mail: priscila.xavier@usp.br Instituição: ECA-USP Título: O Instituto Butantan e sua divulgação científica através do cinema: uma proposta de análise histórica O filme de divulgação científica é uma realidade encontrada nos institutos de pesquisa, isso não é diferente no caso do Instituto Butantan, de São Paulo. Tradicionalmente conhecida por sua pesquisa em relação aos ofídios peçonhentos, a própria instituição tem por representação a questão da produção do soro antiofídico, conforme podemos identificar em seus filmes documentários de divulgação científica, apesar de desenvolver outras atividades científicas, como a produção de vacinas, por exemplo. A história institucional do Butantan mostra evidências de rupturas e mudanças do projeto político de direção, no entanto, sua representação fílmica não corrobora tais modificações. Através da proposta de análise de um filme do acervo arquivístico cinematográfico da instituição, a saber, “O Instituto Butantan” (BR, 1940), uma produção da Rossi Film (que tinha uma expressiva atividade na cidade de São Paulo nos primeiros anos do cinema

brasileiro, principalmente no que diz respeito à produção de não-ficção), pretendemos identificar como o Butantan se apresentava ao público externo não especializado e qual o discurso construído para esse intento, utilizando-se dessa linguagem cinematográfica, que se diferencia dos meios de divulgação comumente empregados pelos cientistas. Nome: Rafaela Lunardi E-mail: rafa_lunardi@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Elis Regina: um Ensaio para a consagração. Análise do Programa Ensaio com Elis Regina (TV Cultura, 1973) O trabalho tem o intuito de analisar a participação de Elis Regina no Programa Ensaio da TV Cultura, de 1973, para pensar as modificações na trajetória musical da cantora na transição das décadas de 1960/70. O Ensaio foi e ainda hoje é considerado um veículo de informação e difusão da MPB em rede televisiva e, por isso, constitui em importante documento para compreender a carreira de Elis. O formato do programa, considerado ousado para as linguagens televisivas, filmava o entrevistado em big-close e sem edição, captando pequenas expressões e gestos e propiciando intimidade entre artista e telespectador, dando a sensação de confidência/verdade nos depoimentos. Apesar do sucesso, a trajetória de Elis, no momento em questão, estava marcada por críticas de teor político, devido à participação nas Olimpíadas do Exército, em 1972, bem como artístico, por suas performances vocal e gestual, nos anos 1960. O programa situa-se num momento da carreira de Elis de afirmação de um novo estilo e persona, com performances mais sóbrias, representando-se como mais intelectualizada e afinada ao discurso político-ideológico de esquerda. Elis Regina parece encontrar no programa um veículo ideal para se impor em rede nacional, de forma íntima e incisiva, contra àqueles que a desqualificavam. Nome: Rosane Kaminski E-mail: rosane.kaminski@bol.com.br Instituição: UFPR Título: A fala do cineasta: relações entre os filmes e o discurso autoral na primeira fase ficcional de Sylvio Back Três momentos podem ser identificados no discurso do cineasta Sylvio Back sobre seus filmes. Primeiro, entre 1966-69, destaca-se sua defesa a um cinema “crítico e comunicativo”, referindo-se, sobretudo ao Lance Maior (1968). Depois, entre 1972-76, Back passa a divulgar um “cinema sulino”, discurso que surge logo depois de A Guerra dos Pelados (1971) e culmina com a afirmação de uma “trilogia do sul” quando da estréia de Aleluia, Gretchen! (1976). Na passagem de um discurso a outro, nota-se a afirmação do lugar em que o cineasta atua e, ao mesmo tempo, uma variação no seu foco retórico, antes voltado ao público e depois enfatizando o conteúdo político. Num terceiro momento, Back defende um “cinema torto” e “desideologizado”, isento de verdades a priori. O foco discursivo passa a ser a sua afirmação como autor, desde 1976 até meados dos anos 1980. Além da modificação no perfil discursivo de Back, vê-se também um deslocamento do foco retórico dos filmes em si, formando um arco que vai das preocupações com o público, passa pelo interesse na mensagem política, para depois se centrar na figura do autor. O objetivo desta comunicação é contextualizar tal variação no discurso do cineasta e confrontá-la aos principais traços estilísticos identificados nos três filmes. Autor: Valeria Lima Guimarães E-mail: valeria@turismo.uff.br Instituição: UFF/ Departamento de Turismo/Prof. Assistente Co-autor: Vicente Saul Moreira dos Santos E-mail: vsaul@uol.com.br Instituição: PPGHPHC - CPDOC-FGV Título: “Eu sou assim” - Samba e Rio de Janeiro no documentário “Paulinho da Viola: Meu tempo é hoje” O documentário “Paulinho da Viola: Meu tempo é hoje”, dirigido por Izabel Jaguaribe, com roteiro de Zuenir Ventura, foi lançado comercialmente em 2003. Segundo o próprio texto de apresentação do dvd, “é um perfil afetivo do cantor, instrumentista e compositor”. Contudo, pretende-se nessa comunicação pensar as relações narrativas da obra com uma tradição do samba e com o espaço urbano carioca, analisando a importância do tempo e de alguns “lugares de memória” cujos significados simbólicos são fundamentais na preservação de identidades culturais. Os cenários do filme podem ser elaborados como locus que ao contar a história estabelecem vínculos com as representações históricas sobre a cidade e o meio musical carioca. Os encontros musicais com Elton Medeiros, Marina Lima, Zeca Pagodinho, Marisa Monte e com integrantes da Velha Guarda da Portela,

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as cenas no subúrbio, na casa do artista e no Centro da Cidade revelam as influências e revisitam a própria obra de Paulinho da Viola, traço de união entre diferentes grupos sociais da “cidade partida”, como um dia escreveu o roteirista deste documentário. Nome: Wolney Vianna Malafaia E-mail: wolneymalafaia@ig.com.br Instituição: Colégio Pedro II e Fundação Getúlio Vargas (Doutorando) Título: O Brasil a 24 quadros: o Cinema Novo e as metamorfoses da identidade nacional Símbolo da idéia de modernidade, o cinema estabelece desde os seus primórdios uma relação de mútua influência com o processo de construção de identidades nacionais, geralmente vinculando-se à noção de progresso, quando não de industrialização. No Brasil não será diferente, inclusive podemos identificar os surtos de produção cinematográfica justamente com momentos de expansão econômica, crescimento industrial e urbani-

zação, como na Belle Époque carioca, entre 1905 e 1914, e na chamada Era Vargas, nos anos trinta e quarenta. O Cinema Novo é fruto de um desses momentos, os anos JK, segunda metade dos anos 50, quando, em um momento singular da história brasileira, fundiram-se ideais de modernidade, industrialização e participação política, resumidos na ideologia nacional-desenvolvimentista. Tal relação prossegue nos anos 60 e 70, tendo os cinemanovistas intensa participação nos debates políticos e culturais da época. A compreensão desse movimento político e cultural, de suas relações estabelecidas com a sociedade e o Estado em sua trajetória, demonstra a complexidade dessa relação construída em torno da identidade nacional tendo como parâmetros dois critérios: as ambigüidades ou contradições existentes nesse processo e o contexto histórico em que é gerado.

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51 51. HistĂłria da saĂşde e das doenças: implicaçþes culturais e sociais Rita de CĂĄssia Marques – UFMG (rcmarques63@yahoo.com.br) Dilene Raimundo do Nascimento – Fiocruz/COC (dilene@coc.fiocruz.br) (VWH 6LPSyVLR SUHWHQGH UHXQLU WUDEDOKRV TXH FRQWULEXDP SDUD D UHĂ H[mR VREUH D VD~GH H DV GRHQoDV D SDUWLU GH XPD SHUVSHFWLYD KLVWyULFD DPSOD IXQFLRQDQGR FRPR XP FDQDO GH LQWHUORFXomR H GH WURFD HQWUH RV SHVTXLVDGRUHV TXH VH GHGLFDP D WUDEDOKRV YROWDGRV SDUD HVVD WHPiWLFD e QRVVD H[SHFWDWLYD WDPEpP DPSOLDU H IRUWDOHFHU D DWXDomR GR *7 +LVWyULD GD 6D~GH H GDV 'RHQoDV HQWUH RV SHVTXLVDGRUHV H HVWXdantes da ĂĄrea.

Resumos das comunicaçþes Nome: Allister Andrew Teixeira Dias E-mail: allisterdias@hotmail.com Instituição: FIOCRUZ TĂ­tulo: Loucura, psiquiatria e o HospĂ­cio Nacional de Alienados no Rio de Janeiro (1901-1920): questĂľes e conflitos A presente texto/apresentação tem como objetivo discutir as principais questĂľes e conflitos vigentes no contexto do saber, da assistĂŞncia e da prĂĄtica psiquiĂĄtrica no Rio de Janeiro das dĂŠcadas de 1900 e 1910. Enfocamos, principalmente, o cotidiano de suas principais instituiçþes, tanto do ponto de vista da AssistĂŞncia pĂşblica Ă questĂŁo da loucura, quanto da sua consolidação enquanto ciĂŞncia mĂŠdica: o HospĂ­cio Nacional de Alienados e o PavilhĂŁo de Observação desta instituição (lugar de triagem de pacientes para o HospĂ­cio e de aulas da clĂ­nica psiquiĂĄtrica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro). Para tanto, analisamos documentaçþes relativas a estas instituiçþes e a questĂŁo da loucura na cidade: ofĂ­cios, avisos e relatĂłrios trocados entre o Diretor e mĂŠdicos e do HospĂ­cio e do PavilhĂŁo com o Ministro da Justiça e NegĂłcios Interiores (e seus assessores) – documentação manuscrita do acervo do Arquivo Nacional; livros de observação clĂ­nica de pacientes do PavilhĂŁo de Observação do HospĂ­cio – parte do acervo da Biblioteca do Instituto de Psiquiatria da UFRJ; e, por fim, o periĂłdico da PolĂ­cia da capital (Boletim Policial), instituição que, no seu Serviço MĂŠdico-Legal, estava totalmente articulada com o HospĂ­cio no controle e repressĂŁo da loucura na cidade. Nome: Anna Beatriz de SĂĄ Almeida E-mail: bela@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz TĂ­tulo: “Insanas-tĂ­sicasâ€?: histĂłria e memĂłria do PavilhĂŁo Nossa Senhora dos RemĂŠdios da ColĂ´nia Juliano Moreira (1940-1950) O foco da nossa pesquisa ĂŠ analisar a histĂłria do PavilhĂŁo Nossa Senhora dos RemĂŠdios (PavilhĂŁo RemĂŠdios), criado no inĂ­cio da dĂŠcada de 1940, dentro da ColĂ´nia Juliano Moreira (CJM), na cidade do Rio de Janeiro, para tratar pacientes doentes mentais tuberculosas, e que foi desativado ao longo da dĂŠcada de 1970. A histĂłria da saĂşde pĂşblica no Brasil nas dĂŠcadas de 1940 e 1950 estĂĄ permeada por profundas mudanças no campo das polĂ­ticas e das instituiçþes de saĂşde e, especialmente, em relação Ă doença mental a e Ă tuberculose, quer seja nas polĂ­ticas de prevenção e controle destas doenças, quer seja nas terapĂŞuticas e na percepção social das mesmas. A documentação relativa Ă s pacientes da CJM ĂŠ bastante rica e tem nos possibilitado analisar diferentes caracterĂ­sticas da população internada, do seu cotidiano, dos tratamentos ofertados tanto em psiquiatria como em tuberculose, entre outras questĂľes. Da mesma forma, o conjunto da documentação oficial da CJM e os periĂłdicos mĂŠdicos tambĂŠm tem sido importantes fontes para a pesquisa sobre a histĂłria do PavilhĂŁo RemĂŠdios. Nome: Anny Jackeline Torres Silveira E-mail: anejack@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais TĂ­tulo: O flagelo da varĂ­ola – Minas Gerais, sĂŠculo XIX Entre as molĂŠstias que marcaram a vida de Minas no sĂŠc. XIX, nenhuma alcançou tanta proeminĂŞncia como a varĂ­ola. Durante o perĂ­odo, parece nĂŁo ter havido ano em que a doença nĂŁo assolasse parte da provĂ­ncia. Os relatĂłrios das autoridades sĂŁo fartos em dados sobre bexigas que, ordinariamente, assumiam um carĂĄter terrĂ­vel. Muitas vezes, as manifestaçþes da varĂ­ola foram consideradas benignas (baixo nĂşmero de vĂ­timas e propagação circunscrita a certas vilas e povoados). Em outras, a doença expandia-se, atacando diversas localidades num mesmo perĂ­odo. Um aspecto que chama a atenção no caso da varĂ­ola ĂŠ o fato de ser esta uma das Ăşnicas doenças infecciosas que contava com uma prĂĄtica de controle imunitĂĄrio estabelecida – a vacinação. Entretanto, alĂŠm da resistĂŞncia popular, outros problemas fizeram da vacina uma

prĂĄtica pouco eficiente. Mas, apesar dos insucessos, podemos afirmar que o serviço de vacinação era uma das principais açþes que integravam a escassa agenda da saĂşde pĂşblica no paĂ­s e, por extensĂŁo, da provĂ­ncia, durante o sĂŠc. XIX. AtravĂŠs deste trabalho, que ĂŠ fruto de um projeto de pesquisa financiado atravĂŠs do CNPq e a FAPEMIG, buscamos narrar e discutir aspectos da histĂłria da varĂ­ola na provĂ­ncia mineira e da atuação do poder pĂşblico no combate Ă doença. Nome: Antonio Nelorracion Gonçalves Ferreira E-mail: nelorracyon@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ (UFC) TĂ­tulo: A fundação do LeprosĂĄrio de CannafĂ­stula: enfim a salvação de todos? Neste artigo analisamos brevemente os primeiros momentos do funcionamento do LeprosĂĄrio fundado em CannafĂ­stula, em agosto de 1928, atual municĂ­pio de Redenção, no Estado do CearĂĄ. Detemo-nos, mais especificamente, na festa de inauguração, na chegada de seus primeiros habitantes, na composição de sua estrutura fĂ­sica, nas suas dificuldades financeiras, e nas figuras que faziam parte de tal instituição. TambĂŠm, tentamos reconstituir as implicaçþes simbĂłlicas, antropolĂłgicas e sociais trazidas pela emergĂŞncia de um espaço leprĂłtico; assim como, os medos, fantasias, imagens que perpassavam esse espaço e sua vizinhança. AlĂŠm disso, fizemos uma breve abordagem das formas de resistĂŞncia dos leprosos ante a esse martĂ­rio da clausura – o LeprosĂĄrio. E por fim, debruçamo-nos sobre a “naturezaâ€? simbĂłlica e envolta de tabus da lepra, como tambĂŠm sobre as suas ligaçþes com o saber cientĂ­fico. Nome: Carlos Eduardo Romeiro Pinho E-mail: cadu_ropi@ig.com.br Instituição: Universidade de Pernambuco TĂ­tulo: Cidades enfermas: 1918, a gripe espanhola em Recife e Salvador Gripe Espanhola, Pandemia Gripal, acometeu o mundo em 1918, provocando discussĂľes acerca da higienização, urbanização e polĂ­ticas de saĂşde pĂşblicas. A abordagem escolhida tem como foco o impacto que os discursos proferidos acerca da nĂŁo existĂŞncia da enfermidade e seu posterior surgimento e que forma sĂŁo percebidos, ou nĂŁo, pela sociedade nas cidades de Recife e Salvador. A escolha do tema procura uma maior compreensĂŁo da negação da doença e suas repercussĂľes, que razĂľes para negar algo que estaria tĂŁo evidente. Muitos se beneficiavam com as doenças, jornais do perĂ­odo dedicam anĂşncios de remĂŠdios milagrosos e de profissionais da cura. AtravĂŠs, dos jornais, obituĂĄrios, a fala dos interlocutores sĂŁo observadas que a princĂ­pio estavam como representantes de uma “verdadeâ€?. Em pesquisas na Santa Casa de MisericĂłrdia, Salvador, o nome influenza aparece poucas vezes nos obituĂĄrios, sendo comum nomes como gastroenterite, debilidades, Gripe, molĂŠstias diversas que nos levam a discutir qual precisĂŁo e ou razĂľes para a pluralidade de nomes que remetem muitas vezes a sintomas semelhantes. A influenza era escondida da população tanto pelos governadores, J.J. Seabra, Bahia, quanto Manoel Borba, PE, dados que nĂŁo condiziam com os fornecidos pela oposição. Nome: Carolina Pinheiro Mendes Cahu E-mail: cpmcahu@hotmail.com Instituição: UFPE TĂ­tulo: A voz da Mirueira: a atuação dos leprosos de Pernambuco na luta contra a “lepraâ€? Um ano apĂłs as primeiras altas concedidas pelo Hospital ColĂ´nia da Mirueira – instituição destinada ao isolamento dos leprosos de Pernambuco desde 1941 - um grupo de pacientes, deste mesmo hospital, envia para o VI Congresso Internacional de Leprologia, realizado em Madrid, em 1953, um memorial solicitando que medidas fossem tomadas no sentido de fornecer os meios necessĂĄrios para a reintegração social e sobrevivĂŞncia dos pacientes curados que saiam dos diversos hospitais-colĂ´nia do paĂ­s naquele momento.

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Segundo os internos da Mirueira, a cura da doença era apenas uma vitória da medicina. Era preciso acabar com o estigma da lepra, criar maneiras de transformá-la em uma “doença comum”, que não suscitasse pavor, repulsa, nem a destruição de famílias ou a segregação social do doente. Os pacientes da Mirueira pediam, sobretudo, pela criação de uma nova terminologia para a doença. Neste sentido, apresento aqui algumas análises acerca da participação desses internos e ex-internos da Mirueira no que diz respeito ao fim do isolamento compulsório, na luta contra o estigma da doença e, posteriormente, na criação do termo “hanseníase” em oposição ao termo “lepra”. Nome: Claudia Freitas De Oliveira E-mail: claudiahist2003@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: As relações espaciais em torno da construção do Asilo de Alienados no Ceará A construção de um asilo para alienados representou um projeto inovador inserido em práticas e discursos institucionais modernos em que alienistas europeus e brasileiros tematizavam sobre os conceitos, as intervenções e os tratamentos referentes à loucura. A originalidade do projeto alienista pode ser observada na medida em que, antes da fundação dos hospícios, os loucos não possuíam lugar específico para serem recolhidos ou tratados, permanecendo geralmente em estabelecimentos denominados de instituições totalitárias, tais como cadeias públicas ou hospitais gerais. O asilo de alienados do Ceará, construído em 1886, apresentou semelhanças quanto à proposta adotada por alienistas como Pinel e Esquirol ao estar localizado numa área distante do centro de Fortaleza, na vila de Arronches. Este trabalho propõe compreender as especialidades de Fortaleza e de suas adjacências como forma de percebermos a inserção do Asilo de Alienados São Vicente de Paula nas redes sociais e políticas historicamente constitutivas da cidade e de seu cotidiano, em fins de século XIX, como forma de analisarmos a construção da percepção de loucura. Nome: Cybele Morais Costa E-mail: cybele_mcosta@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: A constituição da província do Amazonas e sua estruturação no campo da saúde pública Ainda em meados do século XIX os habitantes da província do Amazonas eram visitados reiteradamente por doenças como as febres intermitentes, disenterias, sarampo e verminoses. A insalubridade das suas vilas e freguesias era situação comum. Ausência de lugares adequados aos enterramentos, moradias insalubres construídas às margens dos igarapés, uso comum das fontes de água potável entre a população e os animais domésticos e sujeira das ruas estreitas da capital, convertiam-se em preocupação das administrações do período. Esta realidade chamava a atenção dos viajantes e naturalistas que passavam pela região ao longo do século XIX. Sem recursos financeiros disponíveis e com pouco poder de barganha no cenário político do Segundo Reinado, a administração provincial encontrou dificuldades para sanar tais problemas. A ideologia política do século XIX associada à ideologia médica defendia que o progresso material e social de um Estado estava diretamente relacionado às condições de saúde de sua população. Daí a preocupação em se construir uma província, que se queria próspera, com base na “civilização” de sua população e na resolução de seus problemas sanitários. Nome: Dhenis Silva Maciel E-mail: dh_maciel@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Alicerçado na dor: cólera-morbo na vila Maranguape (1849-1862) O presente trabalho objetiva analisar a relação entre os saberes médico, religiosos e político em Maranguape durante os anos circundantes a crise de cólera-morbo de 1862. Iniciando o estudo nas questões que advém junto à formação da freguesia de Maranguape após o seu desmembramento das paróquias de Fortaleza e Messejana em 1849, buscando entender a influência deste fato no processo eleitoral local e nas disputas entre as elites políticas, que se desdobra em disputas pelo local da sede da nova paróquia e até no “rebaixamento” do então padroeiro São Sebastião, que retorna após grande súplica do devocionário popular durante a crise de cólera-morbo, que matou em Maranguape mais do que em qualquer outra localidade da Província do Ceará (em termos per capita). Busca também perceber como se deu, ou não, a ação do poder público na contenção e extinção desta epidemia. Utiliza como fontes: obras literárias, jornais partidários que compreendem a disputa política (O Cearense e O Araripe), relatórios de Presidente de Província, atas da Câmara Municipal (que serviu de enfermaria para o tratamento dos coléricos) e documentos eclesiásticos tais como relatórios qüinqüenais de ar-

cebispos e livros de tombo paroquiais (alerte-se para o fato que o primeiro pároco morreu vitima da cólera-morbus). Nome: Eduardo Matos Lopes E-mail: eduardo_matoslopes@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: A cidade (in)desejada: um estudo do sanitarismo em Natal na década de 1920 a partir do Leprosário São Francisco de Assis O objetivo deste trabalho é analisar a idealização, a construção e o funcionamento do Leprosário São Francisco de Assis, enquanto instituição médicosanitária, inserido em um amplo projeto de modernização da sociedade brasileira. A partir da segunda metade do século XIX, a idéia de modernidade surgida nos países europeus trouxe para o Brasil novos ideais de “limpeza”, tanto no âmbito higiênico como no social. Em Natal, a implantação de diversas instituições, dentre elas o leprosário, explicita à adoção de práticas sanitaristas. A construção dessa instituição ocorreu em meados da década de 1920, em razão da criação dos incentivos do Governo Federal, do aumento do número de infectados no Estrado e das iniciativas locais. Com a construção do Leprosário São Francisco de Assis, pretendia-se dotar o Rio Grande do Norte de um espaço modelo para tratamento dos leprosos. A meta era construir uma microcidade, com as características de uma “estação de recreio”, dotada de toda uma infra-estrutura de que necessitavam os confinados. Seria uma cidade com um ambiente aprazível. No entanto, esses ideais não se concretizaram na prática, pois o resultado foi a solidão, a segregação, as constantes fugas, a depressão, a violência e, em muitos casos, a falta de um bom tratamento de saúde. Nome: Elaine Aparecida Laier Barroso E-mail: elaineaplaier@yahoo.com.br Instituição: Faculdade Estácio de Sá JF e Faculdade Machado Sobrinho JF Título: As Políticas de Saúde Pública em Juiz de Fora em fins do século XIX – as elites e os subalternos nas tramas do sanitarismo Nossa pesquisa é resultado da defesa da Dissertação de Mestrado na qual abordamos - através da História Social da Medicina - o perfil das políticas de saúde pública na cidade de Juiz de Fora. Nossa análise parte da comparação do padrão estabelecido pelas principais capitais brasileiras na I República que, inspiradas pelas capitais européias, também nortearam a condução da saúde pública em Juiz de Fora. As elites médico-políticas locais ansiavam pela implantação de um projeto sanitário modernizante através da Câmara Municipal, que pudesse situar o município no rol das grandes cidades, sendo fundamental para tanto a reestruturação urbana com vistas à contenção das epidemias e o embelezamento da cidade. Amparados no aparato legal criado as autoridades sanitárias formadas por médicos e políticos fiscalizavam, intimavam e multavam intensamente os citadinos. Estes, por sua vez, reagiram de forma velada ao movimento sanitário, procurando esquivar-se das medidas profiláticas e das multas aplicadas que intervinham diretamente em seu modus vivendi. Em suma, o objetivo neste trabalho é o de demonstrar que as práticas sanitárias ocorridas em Juiz de Fora se revelam bastantes similares Nome: Elizabete Vianna Delamarque E-mail: betedelamarque@yahoo.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Título: A Junta Central de Higiene Pública: vigilância e polícia sanitária Nesta comunicação pretendemos analisar no processo de criação da Junta Central de Higiene Pública as questões referentes à prevenção e controle de danos à saúde, buscando compreender e identificar os parâmetros de origem do que hoje se constitui como Vigilância Sanitária. Destacaremos os principais debates e atores envolvidos nesta questão na Academia Imperial de Medicina, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na Câmara dos Deputados, na Comissão Central de Saúde Pública e na Junta Central de Higiene Pública a partir dos relatórios e anais produzidos por estas Instituições, contextualizando-os em função do panorama político e social. Buscaremos, também, perceber nestes debates, a recomendação de prioridades nas medidas indicadas à preservação da saúde pública, onde se observa um destaque para as ações voltadas à defesa sanitária através da vigilância dos portos. Nome: Fernando Sergio Dumas dos Santos E-mail: fdumas@fiocruz.br Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Usos tradicionais de plantas medicinais entre os caboclos da Amazônia Ao longo dos séculos, as populações tradicionais amazônicas elaboraram estratégias de cura que incorporaram os conhecimentos disponibilizados pelos diversos agentes culturais com os quais se relacionaram. O trabalho apontou

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51 para uma tradição de uso de plantas medicinais que tem por base saberes ancestrais, acrescidos de elementos oriundos da medicina popular européia, da medicina científica ocidental e da tradição africana, fruto da movimentação de populações nordestinas na área. A metodologia escolhida foi a da História Oral, voltada para a produção de uma História Social, pois uma pesquisa nestes moldes atua não somente como um mecanismo de conhecimento histórico, mas também como uma tentativa de valorizar e recuperar experiências pessoais e coletivas. O arcabouço terapêutico encontrado possui, de um lado, as práticas dos pajés e rezadores, e, de outro, os saberes acerca dos usos curativos das plantas, dominados por outros especialistas, alguns deles treinados com base nos preceitos da terapêutica científica ocidental. Os principais resultados da pesquisa relacionam as maneiras de viver das populações amazônicas às doenças que lhes afetam e às formas de tratamento de que se valem. Nome: Georgina da Silva Gadelha E-mail: georgina_gadelha@yahoo.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Título: A formação de um corpo médico cearense durante a segunda metade do século XIX A presente pesquisa, que ainda se encontra em fase inicial, procura analisar como se deu a formação de um corpo médico no Ceará. Durante a segunda metade do século XIX, formaram-se nas Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia oitenta médicos cearenses. Desses, trinta estabeleceram residência no Ceará como clínicos ou funcionários públicos. Geralmente eram provenientes de famílias importantes, seguindo posteriormente carreira política. O título adquirido pela formação médica servia de degrau para a política, ficando as atribuições médicas, na maioria das vezes, em segundo plano. Ao exercício da medicina, vinculada a outras funções públicas, atribuía-se o sinônimo de caridade, formando a clientela dos três “pés”: pobres, parentes e protegidos (SAMPAIO, 1966:94-95). Desse modo, através do conceito de “personificação das relações” (CORADINI, 1997) adquirido por meio da “aquisição de capital social” (BOURDIEU), procuramos refletir sobre quais elementos tornaram possível a ascensão profissional médica e qual a relação diploma escolar/política e práticas sociais. Nome: Gláubia Cristiane Arruda Silva E-mail: glaubiacristiane@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: Tecendo histórias com os aromas da vida: enredos, tramas e dramas da epidemia de malária no Baixo Jaguaribe-Ce (1937-1942) Entre os anos de 1937 e 1942, a região do Baixo Jaguaribe, uma das zonas agrícolas mais ricas do Estado do Ceará, foi atingida por uma epidemia de malária, considerada por muitos especialistas como a maior já vivenciada no Brasil, haja vista o legado de problemas sócio, econômicos e culturais deixados pela referida epidemia. Busco, através desta pesquisa, compreender, através do diálogo estabelecido com as diversas fontes históricas, como a população local experienciou, em nível de suas vivências cotidianas, o sofrimento imposto pela recrudescência do surto epidêmico; As inúmeras histórias do “tempo da malária” levam-nos a inferir o quanto, profundamente, a epidemia marcou as trilhas das memórias daqueles que a viveram. Nessas diversas trilhas, se acham armadas uma rede de significados construídos em torno da epidemia, na qual repousam vivências, sentimentos, racionalidades, hábitos e valores que marcaram uma sociedade e uma época. É importante ressaltar ainda que, o sucesso da campanha de erradicação da malária no Brasil, neste período, tornou-se, desde então, referência mundial no combate às pestes maláricas. Possibilitando ao Brasil, inclusive, receber prêmios internacionais. Nome: Ivan Ducatti E-mail: ducattivan@gmail.com Instituição: USP/SP Título: A hanseníase na Noruega segundo os arquivos de Bergen. Para refletir sobre as implicações do isolamento compulsório no Brasil A batalha contra a hanseníase na costa oeste da Noruega teve alta prioridade durante o século XIX. Por décadas, Bergen fora o centro internacional para a pesquisa em hanseníase. Naquele período, Bergen concentrava o maior número de hansenianos da Europa. Além disso, o governo norueguês distribuiu mais recursos para a questão da hanseníase do que para outros tipos de doenças. Isso fez com que o sistema de saúde norueguês se tornasse referência, angariando interesses à medida que crescia seu trabalho de combate à hanseníase. Em Bergen, encontram-se os Lepraarkiva (Arquivos da Hanseníase), considerados um marco para a história da medicina, com importantes avanços científicos tanto em microbiologia como epidemiologia. Os arquivos são também uma importante parte da história para se pensar hoje um programa

de saúde pública moderno e de referência. A legislação norueguesa para a saúde tem como modelo, o trabalho contra hanseníase. Os arquivos também contêm a história de milhares de vidas que se encerraram em sanatórios para o tratamento de hanseníase. O registro de pacientes permite um claro testemunho de como famílias e comunidades foram marcadas por tal tragédia. Nome: Jacimara Souza Santana E-mail: jacimaras@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual da Bahia Título: A Saúde da População Africana na Bahia do Século XIX As condições moral, social e de vida reservadas aos povos africanos traficados para a diáspora debilitavam suas condições de saúde e tornavam-nos receptíveis a uma série de doenças. Na Bahia, ao longo do XIX, a população africana e seus descentes formaram o maior contingente, de modo especial, em Salvador e a quantidade de mortes nesse segmento permaneceu alta durante todo esse período. A situação de saúde dessa população chegou a ser percebida pelo governo como um grave problema, sobretudo, devido às ameaças de epidemias. Em especial na primeira metade dos oitocentos, os serviços de saúde ficavam mais a cargo dos curandeiros, benzedores, parteiras, barbeiros, sangradores e cirurgiões. Essa comunicação pretende discutir as condições de saúde da população africana na Bahia, pontuando iniciativas de africanos/as no enfrentamento dos problemas de saúde que os atingiam. Nome: Jean Luiz Neves Abreu E-mail: jluizna@hotmail.com Instituição: Universidade Vale do Rio Doce Título: Pela educação higiênica do povo: os serviços de saúde em Minas Gerais (1889-1930) A proposta da presente comunicação é realizar uma análise dos serviços de saúde em Minas Gerais, entre 1889 e 1930. Desde fins da década de 1910 houve esforços no sentido de modernizar os serviços de saúde e tornar a medicina acessível às populações do interior. A partir da análise de tais aspectos, procura-se evidenciar as mudanças na política de saúde e as formas de enfrentamento das endemias no Estado, bem como os obstáculos enfrentados nesse processo. Este trabalho apresenta os resultados iniciais do projeto “Saúde, higiene e sociedade: o sanitarismo em Minas Gerais (1889-1930)”, financiado pela FAPEMIG/MG.. Nome: Jorge Luiz Prata de Sousa E-mail: pratadesouza@terra.com.br Instituição: Universidade Salgado de Oliveira Título: Campanha de Vacinação contra a varíola durante a guerra contra o Paraguai, 1865-1870 Durante o século XIX o governo Imperial desenvolveu um amplo esforço de dotar o Estado de instituições voltadas para questões de profilaxia das doenças, política de higiene e medidas de sanitarismo público. Os dados trabalhados nesse artigo procedem da Junta Central de Higiene Pública, órgão criado por decreto em 14 de setembro de 1850 e regulamentado em 1851 pelo governo imperial, cujos objetivos foi o de estruturar os serviços ligados à higiene, ao sanitarismo e às ocorrências de saúde do país. No Brasil, a campanha de vacinação era agravada pela falta de recursos; uma vez que as pústulas eram importadas da Europa, a dificuldade de transporte para províncias distantes e o fato de a vacina não garantir a completa imunização despertou um alto índice de desconfiança por parte da população. Em suma, a população brasileira não se fiava no processo de vacinação, o fato de o vacinado ter que retornar após oitos dias e a exigência de o vacinado ficar à disposição das autoridades geravam situações desconfortantes para os homens livres que geralmente, tinham os fiscais da saúde em seu incauto. Durante a guerra, o esforço por fiscalizar e por recrutar homens livres para os batalhões desdobrou-se, aumentando as desconfianças e os estratagemas para fugir das autoridades do governo. Nome: Jucieldo Ferreira Alexandre E-mail: jucieldof@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: São Sebastião, valei-nos! Imaginário sobre o cólera nas páginas do jornal O Araripe – meados do século XIX As doenças devem ser analisadas como fenômenos que ultrapassam a esfera do “natural”, porque são vivenciadas a partir de diferentes contextos e espaços, sendo interpretadas socioculturalmente pelos sujeitos históricos, que encetam múltiplas representações e práticas na busca de dar sentido às mesmas. Essa percepção problematizada do adoecer fundamenta uma Historiografia das Doenças. Esse trabalho dialoga com tal campo historiográfico. Nosso objetivo central aqui é demonstrar como a epidemia de cólera, que atingiu

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a cidade do Crato-CE, na segunda metade do século XIX, foi representada a partir de um tradicional imaginário que via a doença como castigo divino, instituindo práticas votivas e penitenciais que buscavam redimir a população para assim alcançar o perdão celeste. Como fonte, temos o jornal O Araripe, órgão do Partido Liberal, que entre os anos de 1855 e 1864 veiculou diversas notícias, matérias, orientações médicas, orações, entre outros textos, que tratavam do cólera. Nome: Kassia Rodrigues E-mail: florasepia@yahoo.com.br Instituição: UERJ/ FFP Título: Manuais de Fazendeiros e saúde escrava, em Vassouras (18201870) Este trabalho é parte da minha pesquisa, em andamento, do mestrado. O objetivo é estudar as doenças e as práticas de saúde como um espaço para a observação das relações, conflitos e negociações entre senhores e escravos. Acredito que tal análise poderia revelar aspectos do cotidiano dos cativos e da sociedade escravista. Para percebe essa relações, sugiro como fonte os manuais de fazendeiros e os inventários da região de Vassouras. Esses manuais trazem prescrições sobre a administração das fazendas e, em especial, dos escravos. Os autores dessas obras, pela primeira vez, falavam em nome da classe senhorial e, por isso, buscavam soluções para o problema da falta de mão-de-obra africana. Afinal, o fim efetivo do tráfico atlântico não significava que os senhores estavam dispostos a abrir mão dos escravos. A solução passava pela reprodução interna dos cativos, fosse pelo estímulo ao nascimento ou as (com crase) melhorias materiais. Aqui os inventários podem revelar se, e até que ponto, as recomendações dos manuais eram seguidas pelos senhores e se estavam redefinindo as relações escravistas. Tornar a escravidão interna, territorializando sua reprodução, era garantir a sobrevivência da ordem escravista e reestruturar suas formas culturais e suas relações de poder. Nome: Keila Auxiliadora Carvalho E-mail: keilahis2002@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Memórias de leprosos: hansenianos e suas lembranças sobre o isolamento compulsório O objetivo desta comunicação é discutir as contribuições da História Oral para a compreensão do processo de construção da memória das pessoas atingias pela política de isolamento compulsório dos “leprosos”. Particularmente, tratamos dos ex-internos da Colônia Santa Izabel situada em Minas Gerais. A partir da metodologia de História Oral, e da atenção às questões referentes à problemática da memória, pretendemos entender como estes indivíduos atingidos pela lepra, ao serem retirados da sociedade, conseguiram reconstruir sua “identidade” dentro do leprosário. Sendo assim, procuramos indicar as possibilidades oferecidas por esta metodologia, bem como elucidar certos preceitos básicos que envolvem o trabalho com fontes orais. Nome: Keith Valéria de Oliveira Barbosa E-mail: keithbarbosa@hotmail.com Instituição: UFRRJ Título: Doenças, mortalidade e senzalas: caminhos e percursos A partir do encontro de reflexões em torno da história da escravidão e das doenças procuramos destacar nesta comunicação alguns cenários sobre a vida escrava até então pouco acessíveis ao olhar do historiador. Pretendemos apontar as possibilidades analíticas que surgem para o universo da temática da escravidão – especialmente para os múltiplos cenários atlânticos de escravidão e doenças– de abordagens comparativas cruzando escravidão, mortalidade e doenças. Desta forma, ressaltamos a importância e possibilidades de se pensar as experiências escravas em torno da doença e da morte esquadrinhando variados aspectos do cotidiano e seus arranjos sociais específicos. Debruçar-se sobre um tema como esse implica estabelecer um diálogo constante com áreas de conhecimento diversas. Assim, procuramos explicitar a importância da Doença na análise histórica refletindo sobre o debate que passa a ganhar fôlego entre pesquisadores da saúde e da escravidão, apontando para as múltiplas e complexas relações tecidas nestes espaços sociais marcados pela experiência do cativeiro. Nome: Leandro Carvalho Damacena Neto E-mail: lcdneto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: A epidemia de gripe espanhola de 1918 na cidade de Goiás-GO Constituído através de um quadro de diálogo entre História e Medicina com

ênfase na temática história da saúde e das doenças, este trabalho visa analisar a representação social da epidemia de gripe espanhola que grassou na cidade de Goiás no final do ano de 1918 e início de 1919. A pesquisa visa romper com o silenciamento do tema na historiografia de Goiás. No decorrer do século XX, várias doenças como a varíola, a malária entre outras, foram diagnosticadas, mas outros males surgem com poder destrutivo constituindo uma nova ameaça infecciosa. Segundo Brito, apesar de promissora, a revolução genética ainda não conseguiu minimizar a vulnerabilidade humana no planeta. Por isso, continuam incitando o afloramento de remotos sentimentos de medo às ‘pestes’. (BRITO:1997, p.27) A relevância da pesquisa é percebemos os significados desse ‘medo’ com a ameaça no ano de 1997 de uma epidemia de gripe aviária, a chamada “gripe do frango” havendo a possibilidade desta se tornar uma pandemia global, a esquecida gripe espanhola é relembrada, possibilitando várias argumentações sobre o devir. E no ano de 2008, com os surtos de febre amarela em Goiás e o de dengue no Rio de Janeiro e em outras regiões do Brasil. Nome: Leicy Francisca da Silva E-mail: leicyfs@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Goiás/Universidade Federal de Goiás Título: A “Conspiração do Silêncio”: os discursos e a institucionalização da lepra em Goiás Esse trabalho busca observar na história goiana o processo de medicalização da sociedade e de organização do espaço público subordinado ao saber médico, no que concerne a política antileprótica no período de 1930 a 1962. Observa-se um novo modo de pensar a saúde, onde o discurso e a prática medicalizada, estabelecem o processo de bio-política e a institucionalização da saúde pública. Em Goiás, o ataque aos males endêmicos, o controle do indivíduo pelo discurso e poder médico, a educação sanitária e a higienização do espaço público eram fundamentais, haja vista que o processo de desenvolvimento do capitalismo e a urbanização da região dependiam da própria estruturação do corpo do trabalhador e conseqüente incentivo à produção. A construção de instituições para dar resposta a esse problema ocorre no Governo Pedro Ludovico Teixeira. Constrói-se uma rede de mecanismos médicos de atenção e ataque à lepra, em termos institucionais a Colônia Santa Marta, o Preventório Afrânio de Azevedo e os Dispensários; ainda define-se a legislação específica para o serviço de saneamento o Regulamento de Saúde e organiza-se a sociedade médica no estado. Os discursos e os silêncios se expressam dentro desse quadro. Nome: Liane Maria Bertucci E-mail: liane@ufpr.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Pesquisas e debates sobre a gripe durante a epidemia de 1918 Durante a epidemia de 1918, parte da comunidade científica nacional, no Rio de Janeiro e em São Paulo (as duas maiores cidades do Brasil), informada sobre estudos de diferentes lugares do mundo, debateu teses e pesquisou hipóteses sobre a gripe, “espanhola” ou não, buscando definir a etiologia da moléstia e descobrir um tratamento para combater e prevenir a doença. As pesquisas foram centralizadas em torno da questão do agente causador da enfermidade: um bacilo ou um vírus, e os estudos e experimentos feitos pelos doutores Aristides Marques da Cunha, Octavio de Magalhães e Olympio da Fonseca Filho, no Instituto Oswaldo Cruz, divulgados nacionalmente conquistaram, também, notoriedade internacional. Mas, outras pesquisas foram realizadas no Instituto Butantã, em Manguinhos e em hospitais do Rio de Janeiro e de São Paulo, com o intuito de elucidar a causa da gripe e determinar um tratamento eficaz contra a moléstia. O objetivo deste texto é discutir estas outras pesquisas, efetuadas em meio ao tratamento dos gripados de 1918. Nome: Luciano Marcos Curi E-mail: luciano.curi@bol.com.br Instituição: UFMG Título: Foucault e os Annales: olhares sobre a doença Após o estudo de Foucault sobre a loucura e seus apontamentos sobre a peste e a lepra evidenciou-se para os historiadores que as doenças continham muitas complexidades nunca dantes imaginadas. A história da loucura de Focault começa com o desaparecimento da lepra na Europa. Para ele a loucura tornou-se herdeira da lepra. Nesse mesmo livro ele mostra que o Stultifera Navis, embarcação que na Idade Média era utilizada para colocar os loucos, mais tarde toda espécie de marginália, e depois lançada ao mar sem jamais ter o direito de aportar em qualquer cais, constituía um mecanismo social de exclusão dos indesejáveis que o Ocidente fez apenas renovar e remodelar. Leituras surpreendentes sobre a doença. Foucault mostrou que em torno das

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51 doenças gravitam discursos que engendram práticas que em inúmeras circunstâncias históricas tornaram-se tão assimiladas que começaram a parecer “naturais”. Neste contexto ele se insurge e procura demonstrar que tanto a clínica como as representações correntes de muitas doenças são produtos históricos, frutos de trajetórias descontinuas, que desembocaram em muitas práticas sociais atuais. A lepra e a peste legaram seculares mecanismos de exclusão que revelam a seletividade da sociedade ocidental. O poder se serve da doença. O poder-disciplinar também. Nome: Maria Concepta Padovan E-mail: concepta.padovan@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: “Demônios da Rua” e “Anjos do Lar”: a mulher, o espaço urbano e a loucura no Recife das décadas de 1930-1945 Este trabalho tem como objetivo o estudo das relações entre as experiências corporais e os espaços em que as pessoas vivem, de forma a se observar como as categorias de loucura feminina são construídas. Com a modernização ocorrida na cidade do Recife entre as décadas de 1930-1945, observou-se uma mudança significativa nos usos do perímetro urbano. Neste contexto, para que a ordem fosse preservada, a psiquiatria atuou juntamente ao governo, de forma que as preocupações se voltaram para as mesmas áreas: escola, trabalho, e principalmente a família – onde a mulher tinha papel fundamental. A problematização voltou-se para a atuação da mulher no meio urbano, tido como “potencial superfície de emergência da loucura”, de forma que a desobediência dos trajetos destinados as figuras femininas, numa relação direta com os papéis sociais traçados para elas, fossem associados a uma das formas de loucura da época. Autora: Maria Terezinha Bretas Vilarino E-mail: tevilarino@univale.br Instituição: Univers. Vale do Rio Doce Co-autora: Patrícia Falco Genovez E-mail: patricia.genovez@superig.com.br Instituição: Univale Título: Memórias e história do Serviço Especial de Saúde Pública em Governador Valadares (1942-1960) A coleta dos testemunhos que marcam a formação de uma dada memória social da atuação do SESP, em Governador Valadares (MG), foi efetuada a partir da metodologia de História Oral. As narrativas e testemunhos coletados contribuíram para indicar as relações de poder e as práticas culturais constitutivas dos novos espaços que estavam surgindo rapidamente em virtude do acelerado processo de crescimento demográfico vivenciado pela região. Ricoeur ressalta que uma cidade pode confrontar no mesmo espaço temporalidades diversas, sedimentando uma história multicultural que pode ser lida pelo historiador. O processo de análise do material coletado nos permite descortinar testemunhos do tempo vivido. Dessa forma, a memória, narrada como testemunho, apresenta indícios de uma rede de relações históricas que lhe conferem sentido e a projeta em sua dimensão social, permitindo a emergência de outras leituras das configurações sociais e dando voz aos conflitos entre os novos territórios criados com o processo de urbanização e saneamento pelo qual a região passou. Nome: Rebecca Coscarelli Cardoso Bastos E-mail: beccacosca@ig.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Título: Entre o dom da cura e o poder da razão: a auto-representação dos médicos 1850-1906 O estudo das representações pode ser considerado um meio privilegiado para uma melhor compreensão da organização e dos conflitos sociais na medida em que na historiografia cultural as mesmas fornecem indícios sobre o lugar social ocupado pelos agentes de determinada sociedade. Neste sentido, o tema específico deste trabalho que trata da auto-representação dos médicos na sociedade brasileira do século XIX da mesma maneira torna-se importante para o entendimento da mesma. A análise do discurso desses profissionais nas teses médicas do período torna possível compreender a maneira como elaboravam seus argumentos a respeito de si, da sociedade e de determinados indivíduos e doenças, como a epilepsia, por exemplo. Através desta documentação o lugar social, ocupado por estes profissionais, ganha contornos mais nítidos, bem como suas concepções de mundo e o lugar que buscavam ocupar pode ser delineado através de uma determinada responsabilidade social que acreditavam ser própria de sua profissão. Nome: Renata Palandri Sigolo E-mail: rpalandri@hotmail.com Instituição: UFSC

Título: Bem-estar, saúde e universos alternativos nas revistas Planète e Planeta A partir dos anos 60, presenciamos uma modificação profunda na existência cotidiana e na construção da individualidade e da intimidade. A diversidade de opções e influências permitiu ao indivíduo orientar suas atividades diárias e formar sua auto-identidade tendo em vista a construção de um estilo de vida, importante não só para a auto-definição como para o norteamento das tomadas de decisão e do comportamento dos mesmos. A construção de um estilo de vida alternativo à sociedade industrial fez parte de diferentes circuitos de debate nos anos 60 e 70. Tendo em vista este contexto, a proposta desta pesquisa, que recebeu apoio financeiro da CAPES, é de pensar as questões de saúde através de um prisma mais amplo proporcionado pela idéia de bem-estar. Escolhemos como fontes principais os discursos veiculados nos primeiros anos da revista Planète, na França, e Planeta, no Brasil. Assim, procuramos analisar os questionamentos, conceitos e diálogos que fizeram parte de dois contextos diferentes, porém convergentes e que nos permitem traçar um quadro da busca por bem-estar presente no período. Nome: Ricardo dos Santos Batista E-mail: kadobatista@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Lues venerea em foco: implicações sociais da sífilis no interior baiano (1930-1940) Esse trabalho tem como objetivo fazer uma análise sobre as implicações da sífilis para a sociedade baiana no início do século XX, especialmente na cidade de Jacobina nos anos de 1930-1950. As fontes utilizadas são as Teses produzidas na Faculdade de Medicina da Bahia, que contribuem para perceber como o mundo acadêmico pensava a doença; os Atestados de óbito do Arquivo Municipal de Jacobina-Ba, que fornecem dados sobre os perfis dos mortos a exemplo de idade, sexo, profissão, etc; o Jornal O Lidador, periódico que circulou na cidade entre 1930-1943, e traz notícias do cotidiano daquela sociedade. Ao verificar a propaganda do jornal foi percebido um número grande de elixires que prometiam curar a sífilis, mas como a penicilina ainda não havia sido produzida em escala industrial, sabe-se que as pessoas morriam contaminadas. Em contrapartida, os óbitos revelam um número reduzido de registros de sífilis como causa mortis, o que leva a crer que existiu uma proliferação de discursos morais e tentativa de ocultar a doença, que era considerada para pessoas promíscuas e libertinas. Nesse contexto a sífilis proporciona comportamentos sociais como a repulsa às prostitutas consideradas culpadas pela transmissão, e aos curandeiros, que “ameaçavam” o saber medico que lutava para se sobrepor. Nome: Roberto Kennedy Gomes Franco E-mail: kennedyfranco@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Piauí/Universidade Federal do Ceará Título: Politização do viver com HIV/AIDS no Nordeste brasileiro Problematizo em minha experiência de Doutoramento a memória social compartilhada por ativistas que vivem e aprendem a lutar conscientemente contra o HIV/AIDS no Nordeste do Brasil. Objetivo analisar o engajamento político, com ações de luta coletiva deflagrada pelos ativistas da RNP+ Nordeste, Rede Nacional de Pessoas Vivendo e Convivendo com o Vírus do HIV/AIDS. Metodologicamente, o fio condutor das entrevistas são as experiências do corpo na saúde e nas doenças em tempo de HIV/AIDS. Entre os antagonismos históricos da Região os ativistas denunciam à fome, o desemprego estrutural, a comercialização da saúde e a mercantilização dos direitos. A taxa de analfabetismo, por exemplo, cerca de 20,0%, ainda é o dobro da média do Brasil, representando aproximadamente 7,4 milhões de nordestinos. Dos 1793 municípios, apenas 53 possuem programas municipais de DST`AIDS. Estas injustiças sociais, entre outras, além de excluir direitos humanos fundamentais, potencializam a vulnerabilidade social em relação à pandemia da AIDS, em decorrência das múltiplas formas de ALIENAÇÃO, o vírus vem interiorizando-se nos corpos das classes não hegemônicas e mais pauperizadas da região. Nome: Tânia Salgado Pimenta E-mail: taniaspimenta@hotmail.com Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Título: Espaços das Artes de Curar: mapeando sangradores (Rio de Janeiro, século XIX) A sangria era um recurso terapêutico fundamental na medicina européia oitocentista, contudo se considerava um ramo menor da cirurgia. Na sociedade escravista brasileira foi relegada a escravos e forros, africanos ou descendentes, que possuíam concepções próprias de doença e saúde. Os sangradores, pro-

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vavelmente, executavam a sangria, justificando-a de modo diferente do paradigma hipocrático-galênico. Convém destacar que muitos escravos e forros viam nesta atividade oportunidade de acumular pecúlio, comprar a liberdade e melhorar suas condições de vida. Entre os sangradores, construíram-se redes que envolviam mestres, discípulos e aqueles que dividiam a mesma loja. À medida que a corporação médica se organizava, contudo, a sangria foi sendo considerada complexa demais para escravos e forros, gerando tensões entre médicos, sangradores, doentes e governo. Através do mapeamento dos lugares onde se ofereciam os serviços de sangria, esperamos tornar visíveis algumas relações significativas que até então nos escapam e contribuir para uma melhor compreensão do exercício dessa arte de curar na cidade no século XIX. Para tanto, utilizamos como fontes: relatos de viajantes e cronistas da época, legislação, documentos da Câmara Municipal, da Fisicatura-mor e anúncios do Almanak Laemmer. Autor: Tiago Alves Jaques E-mail: jaquestiago@yahoo.com.br Instituição: COC - Fiocruz Co-autor: Huener Silva Gonçalves E-mail: huenerufmg@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: O Ministério da Saúde adverte: origem e consolidação do Programa Nacional de Combate ao Fumo no Brasil (1985-1998) A partir do uso de fontes oficiais, de matérias jornalísticas de semanários, como Veja e Isto é, o nosso trabalho tem como objetivo vislumbrar as origens do Programa Nacional de Combate ao Fumo, com o surgimento do Grupo Assessor do Ministério da Saúde para o controle do Tabagismo em 1985, e sua consolidação em 1989, com a passagem de sua coordenação para o Instituto Nacional do Câncer. Veremos também a expansão da legislação que regulamenta o uso de tabaco no país, na década de 1990, que tornou o Brasil referência mundial em controle do tabagismo. Procuraremos focar os instrumentos legais que levaram a realização de campanhas neste período, das dificuldades enfrentadas quanto a interesses antagônicos e como estas ficaram retratadas na mídia. Nesse sentido, nos centraremos na utilização do discurso da medicina em relação aos males do tabagismo através da evolução das campanhas promovidas pelo Ministério da Saúde desde 1986. Este discurso se vale da competência da Medicina, através de sua suas pesquisas em relação ao hábito de fumar e da posição que ocupa na sociedade no tocante às suas ações em relação à saúde no século XX. Nome: Iamara da Silva Viana E-mail: ia.viana@ig.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Doenças de escravos em Vassouras, 1840-1880: principais causas mortis e suas diferentes implicações O presente trabalho objetiva apresentar algumas considerações em torno das doenças de escravos na sociedade escravista de Vassouras nos anos de 1840 a 1880. Os dados colhidos e analisados em nossa dissertação de mestrado, viabilizam pensar a relação entre as instituições de poder e os cativos. Suas doenças motivavam as preocupações senhoriais antes de sua aquisição, pois alguns traços físicos poderiam ajudá-los na precaução de gastos futuros. Nesse sentido, pretendemos cotejar a maneira pela qual as moléstias são mencionadas em um documento religioso, os livros de óbitos da paróquia, e, nos inventários post mortem, um documento político. As condições de morte analisadas apresentam aspectos sociais sobre manutenção da ordem e reprodução de valores sociais, legitimados pelos diferentes agentes sociais. Nome: Vanda Arantes do Vale E-mail: vandaval@acessa.com Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Saúde e ensino profissional na Manchester Mineira: Juiz de Fora (1880-1930) A Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora (SMCJF) foi fundada em 1889. Na instituição, foram discutidas as questões que, envolviam a Medicina do período. Destacam-se as questões sobre Higiene, Saneamento e a afirmação da profissão. Dentre as inúmeras ações da SMCJF está o apoio de seus membros à instalação das Escolas de Farmácia e Odontologia (1904), parte do projeto da criação de uma Universidade Metodista. Estes religiosos, pertencentes à vertente do protestantismo norte-americano, fundaram o Colégio Granbery em Juiz de Fora no ano de 1889, mesmo ano da fundação da SMCJF. A permanência dos médicos, dentistas e farmacêuticos, membros da SMCJF nas escolas confessionais, até 1912, foi plena de conflitos. Neste ano uma parte da congregação se separou do Granbry e fundou a Faculdade de

Farmácia e Odontologia de Juiz de Fora. Dissertações e teses têm estudado questões ligadas ao ensino e a organização da Saúde na cidade. Este texto tem a proposta de apresentar contribuições para a área. Destaca discursos de membros da SMCJF, documentos dos arquivos do Granbery e consulta a bibliografia sobre o assunto. Nome: Vanessa Lana E-mail: vanlana@uol.com.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz / FIOCRUZ Título: “Legitimação retórica das ações em saúde”: câncer e propaganda em meados do século XX Os cancerologistas brasileiros fizeram larga utilização de artefatos de propaganda com o intuito de informar e sensibilizar o grande público acerca da problemática do câncer. As campanhas faziam parte de uma série de estratégias que visavam evidenciar a enfermidade para o público em geral e para as autoridades governamentais e engendrar uma política nacional sólida e permanente de identificação, controle e tratamento da enfermidade. Tais campanhas, por sua vez, estiveram articuladas com semelhante movimento em outras partes do mundo. Nesta comunicação, analisaremos as estratégias de educação em saúde contra o câncer no Brasil numa perspectiva comparada às campanhas norte-americanas. Argumentamos que, nos EUA, as primeiras campanhas estiveram voltadas prioritariamente para os cânceres femininos e a saúde da mulher. Já no Brasil, não houve uma especificidade das propagandas, quer por gênero ou localidade do tumor. Contudo, em ambos os países, a bandeira principal será a defesa do diagnóstico precoce na possibilidade de cura da doença. No Brasil, entretanto, houve uma sensível mudança de perspectiva nas estratégias de propaganda. Primeiramente, a chamada era a da morte proeminente e, depois, o foco desvia-se para o lócus da prevenção e da expectativa de cura e extirpação do tumor. Autora: Vera Regina Beltrão Marques E-mail: verarbm@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Co-autora: Liliana Müller Larocca E-mail: liliana@ufpr.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: “Eu não tava acostumada com gente sem braço, sem perna...” Com a palavra ex-doentes do Mal de Hansen Considerados asquerosos, pecadores e de comportamento no mínimo duvidoso, hansenianos foram enclausurados em leprosários e condenados à segregação social e espacial. No estado do Paraná, o Hospital São Roque, inaugurado em 1926, era considerado um estabelecimento modelar, atendendo aos modernos preceitos da higiene, embora fosse um depósito de doentes, afastado da cidade e dado a ver pela imponência dos prédios. Nesse trabalho trazemos à tona histórias de pessoas que contraíram a doença e foram asiladas no “São Roque” e após na colônia construída no entorno, como verdadeira cidadela da exclusão compulsória. Essas histórias de vida evocadas por pessoas curadas, que vivem nas proximidades do Hospital de Dermatologia Sanitária, ex-São Roque foram cotejadas pelo acervo documental oriundo da instituição, apontando aspectos do viver em uma colônia de reclusão e vigilância, nos anos de 1940 até 1962, quando através de decreto federal, o internamento obrigatório deixou de vigorar Os mecanismos de resistência construídos, as redes de solidariedade criadas e os encontros entre iguais que se estabeleceram, revelaram formas de (re)construir a existência para além dos muros que a instituição lhes reservava, embora o peso da exclusão não tenha se esmaecido de suas vidas. Nome: Zilda Maria Menezes Lima E-mail: zildammlima@yahoo.com.br Instituição: UECE Título: Ações de combate a lepra no Estado Novo: o caso de Fortaleza (1937-1945). O Regime instaurado em 1937 se constituiu em decorrência de uma política de massas que se foi definindo no Brasil a partir de 1930 com a ascensão de Getúlio Vargas. Esse tipo de política se desenvolveu no período entre as guerras, a partir das críticas ao sistema liberal considerado incapaz de solucionar os problemas sociais. Uma das propostas para a solução da crise colocada era o controle social através da presença de um Estado forte comandado por um líder carismático. A partir do golpe de 10 de novembro de 1937 sob a liderança de Getúlio Vargas com o apoio do exército e de outros setores autoritários, foi necessário um redimensionamento do papel do Estado no Brasil.

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52 52. HistĂłria do crime e da Justiça criminal Marcos Luiz Bretas da Fonseca – UFRJ (marcos@bretas.net) JosĂŠ Ernesto Pimentel Filho – UFPB (jpima2001@yahoo.fr) 1RV DQRV RV KLVWRULDGRUHV SDVVDUDP D VH XWLOL]DU PDLV VLVWHPDWLFDPHQWH GDV IRQWHV FULPLQDLV Primeiro buscando temĂĄticas externas Ă s suas condiçþes de produção, depois tentando cada vez mais compreender a produção destas fontes e o lugar da violĂŞncia e do crime na sociedade. O projeto deste VLPSyVLR p FRQJUHJDU RV KLVWRULDGRUHV TXH WUDEDOKDP VREUH WHPDV H IRQWHV GD YLROrQFLD GR FULPH H GD justiça criminal, criando a oportunidade para debater metodologias de pesquisa e resultados obtidos. 'DV LQYHVWLJDo}HV VREUH DV IRQWHV QRV DQRV RLWHQWD RV KLVWRULDGRUHV SDVVDP D WUDEDOKDU GLYHUVRV WHPDV TXH GmR GLQkPLFD DR FDPSR ,QĂ XHQFLDGRV WDPEpP SRU DQiOLVHV H PHWRGRORJLDV LQWHUQDFLRQDLV LQYHVWLJDP VLWXDo}HV TXH SRGHP VHU DJUXSDGDV QHVVDV OLQKDV SULQFLSDLV 2 FULPH H RV FULPLQRVRV 9DULDo}HV DR ORQJR GR WHPSR ² RX UHJLmR ² VXUJLPHQWR GH QRYRV WLSRV H HVWXGR GDTXHOHV TXH IRUDP KLVWRULFDPHQWH LGHQWLĂ€FDGRV FRPR DXWRUHV GHVWHV FULPHV WDQWR HQTXDQWR grupos sociais como individualmente; $V LQVWLWXLo}HV S~EOLFDV TXH WUDWDP GR FULPH R VXUJLPHQWR H R IXQFLRQDPHQWR GH DSDUDWRV OHJDLV MXdiciĂĄrios, policiais e prisionais enquanto forma de lidar com o crime. Pode ser tratado do ponto de vista GD KLVWyULD GR GLUHLWR H GDV QRUPDV OHJDLV VREUH R HVWDEHOHFLPHQWR GH LQVWLWXLo}HV RX HQWmR HQTXDQWR XPD KLVWyULD VRFLDO GHVWDV LQVWLWXLo}HV VHXV PRGRV GH IXQFLRQDU H DV Do}HV GDTXHOHV TXH SDUWLFLSDP delas; 3) A polĂ­cia e Ă s açþes repressivas diretas, ponto derivado do anterior, mas com uma produção espeFtĂ€FD GHVWDFDGD QR FDPSR $V UHSUHVHQWDo}HV VRFLDLV D UHVSHLWR GR FULPLQDO QRWDGDPHQWH D LPSUHQVD PDV LJXDOPHQWH D OLWHUDWXUD &RPR D RSLQLmR S~EOLFD DV PHPyULDV H RXWUDV IRUPDV GH DFHVVDU R S~EOLFR SURFXUDP FRQVWUXLU narrativas que dĂŁo sentido ao crime e produzem determinadas imagens daqueles que os cometem. )RUPDV KLVWyULFDV GH SXQLomR H D SUREOHPiWLFD GR QDVFLPHQWR GD SULVmR H GDV SHQDV TXH IRUPD conexĂŁo com o debate sobre as penas alternativas.

Resumos das comunicaçþes

vida e Ă propriedade lhes fossem assegurados.

Nome: Alcidesio de Oliveira JĂşnior. E-mail: alcidesio_jr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina. TĂ­tulo: “NĂŁo sĂŁo criminososâ€?: apropriaçþes do determinismo biolĂłgico na Criminologia Nesta comunicação tratarei da relação entre as glândulas endĂłcrinas e o comportamento social, em outras palavras, de teorias endocrinolĂłgicas na Criminologia, que relacionavam distĂşrbios orgânicos com distĂşrbios comportamentais. Tomarei como modelo a problemĂĄtica gerada pelo “modelo arco-reflexoâ€?. Abordarei neste tema, a questĂŁo do automatismo, seus desdobramentos no comportamento involuntĂĄrio e inconsciente e, conseqĂźentemente, a repercussĂŁo na questĂŁo jurĂ­dica da responsabilidade e culpabilidade. Se tematicamente tratarei da forma como ocorreu a construção do ‘endocrinopata criminal’, ou seja, da personalidade criminosa conseqĂźente de distĂşrbios ou mĂĄ-conformação glandular, cronologicamente procurarei me deter nas dĂŠcadas de 1930 atĂŠ a de 1960.

Nome: Angela Teixeira Artur. E-mail: arturangela@yahoo.com.br Instituição: USP TĂ­tulo: “PresĂ­dio de Mulheresâ€?: as origens e os primeiros anos de estabelecimento. SĂŁo Paulo, 1930-1950 Em 1940 entrou em vigor um novo CĂłdigo Penal e com ele apareceu a primeira diretriz legislativa para a separação fĂ­sica de homens e mulheres no interior do complexo prisional brasileiro. Tal cĂłdigo determinava pelo Art. 29Âş, em seu 2Âş parĂĄgrafo que: “As mulheres cumprem pena em estabelecimento especial, ou, Ă falta, em secção adequada de penitenciĂĄria ou prisĂŁo comum, ficando sujeitas a trabalho internoâ€?. Atendendo Ă determinação do CĂłdigo, em 1942 foi inaugurado, nos terrenos da PenitenciĂĄria do Estado, o “PresĂ­dio de Mulheresâ€? sob os cuidados das freiras da Congregação do Bom Pastor d’Angers. A criação do presĂ­dio foi precedida por um debate que se estendeu pelos primeiros anos de seu estabelecimento e foi promovido por advogados, mĂŠdicos, autoridades penitenciĂĄrias, polĂ­ticos e intelectuais. A presente proposta ĂŠ de mapear e sistematizar o debate, identificando seus agentes, a argumentação que justificava a criação de uma instituição prisional especifica para mulheres, a natureza e as funçþes dessa instituição. Para isso, privilegiaremos artigos de livros e revistas especializados publicados entre 1930 e 1950 e legislação (leis, decretos, cĂłdigos etc.) do mesmo perĂ­odo. Propomos, nesse sentido, a anĂĄlise de discurso, sua inserção no debate e a confrontação com a legislação.

Nome: Ana Vasconcelos Ottoni E-mail: anavasottoni@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo:“Cidade saqueadaâ€?: imprensa carioca, gatunagem e populares pobres no Rio de Janeiro (1900-1920) Esta comunicação pretende analisar como a imprensa tratava a questĂŁo da gatunagem no Rio de Janeiro, durante 1900-1920, a partir dos discursos veiculados pelo noticiĂĄrio criminal da ĂŠpoca sobre as classes pobres da cidade. Naquele momento, os principais jornais “popularesâ€? cariocas - Jornal do Brasil, Correio da ManhĂŁ e Gazeta de NotĂ­cias - ressaltavam que a cidade do Rio estava sendo infestada por ladrĂľes e salteadores, que amedrontavam a população com os roubos e assaltos realizados tanto Ă noite quanto em plena luz do dia. Ao examinar tais notĂ­cias, a pesquisa conclui que os jornais e os repĂłrteres policiais da ĂŠpoca - jornalistas nĂŁo pertencentes Ă elite intelectual e econĂ´mica-, vistos aqui como mediadores, ou seja, profissionais cujas posiçþes oscilavam entre a Ăłtica e os interesses da elite e das classes populares, tratavam a questĂŁo da gatunagem no Rio de janeiro de maneira ambĂ­gua, ora criminalizando os pobres urbanos, com o objetivo de incentivar um maior controle e repressĂŁo policial sobre tais grupos, ora atravĂŠs de discursos que os retratavam como “bons trabalhadoresâ€? e vĂ­timas freqĂźentes das açþes dos ladrĂľes urbanos, com a finalidade de garantir que os direitos dos populares Ă

Nome: Augusto CÊsar Feitosa Pinto Ferreira. E-mail: augustocesarferreira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: A estruturação do Tribunal do Júri na comarca do Recife (18331841) O Tribunal do Júri, a partir da aprovação do Código de Processo Criminal de 1832, passou a ser uma instituição fundamental do Poder Judiciårio brasileiro. A atribuição de julgar grande parte dos processos criminais tornava o Júri uma importante instância de controle da ordem pública e da violência. A decisão dos julgamentos era de responsabilidade dos jurados, os quais eram escolhidos entre os cidadãos. Esse Tribunal, portanto, representava tambÊm um espaço de ampliação da participação cidadã nos assuntos do Estado. Vårias das críticas ao seu funcionamento, no entanto, recaíram justamente sobre a conduta destes jurados. O objetivo principal deste trabalho Ê apresentar

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informações sobre a estruturação do Júri na cidade do Recife (1833-1841). Relatórios provinciais, correspondências entre autoridades, atas das sessões do Júri e artigos publicados na imprensa são as fontes utilizadas neste trabalho. Através desta documentação, é possível encontrar informações sobre os tipos de crimes julgados, os problemas enfrentados para consolidar esse Tribunal, bem como as práticas para torná-lo mais eficiente em sua função de controle da criminalidade. Nome: Caiuá Cardoso Al-Alam E-mail: caiua_alam@yahoo.com.br Instituição: PUC-RS Título: “Respondeu a ele ofendido que tinha asco dos baianos!”: Policiais e soldados na Pelotas do final do século XIX Esta comunicação abordará alguns processos crimes que demonstram as formas de relações entre policiais e soldados do exército na cidade de Pelotas no final do século XIX. Uma cidade que apresentava entre as décadas de 1880-90 o seu auge econômico, recebendo quantia significativa de imigrantes, aumentando a urbe e complexificando as relações sociais dentro desta. Policiais e soldados disputavam o discurso de autoridade nas ruas, entrando em conflitos violentos seja com a população ou com as diversas corporações normativas do lugar. Observaremos questões como moral, territorialidade, perfil social dos envolvidos, buscando relacionar este estudo com outros trabalhos produzidos no Rio Grande do Sul e no país. Nome: Carlos Eduardo Martins Torcato E-mail: carlos.torcato@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: O poder público e o jogo do bicho: o caso de Porto Alegre O jogo do bicho foi uma loteria inventada no Rio de Janeiro em 1892 com intuito de gerar fundos para o recém inaugurado Zoológico da cidade. Rapidamente tal modalidade de jogo tornou-se um sucesso na capital da República e exportada para outras cidades da federação. Em Porto Alegre as autoridades judiciais e policiais viram na popularização deste jogo uma grande catástrofe social, pois “essa desastrosa orgia de fraudes” desvirtuava, graças a grande “ingenuidade do público”. Uma ação enérgica foi tomada pelo poder público e uma verdadeira “guerra” foi travada. Os Processos Crimes e Relatórios Policiais são as fontes pelas quais se reconstituiu a repressão a esta “escandalosa e detestavel rifa”. Também a partir destas fontes foi possível reconstruir o perfil social destes “exploradores sem escrúpulos sem honra e sem fé”. (preservada grafia original entre aspas). Nome: Carlos Eduardo Moreira de Araújo E-mail: libambo@hotmail.com Instituição: Unicamp Título: Encarcerados do Império: a Casa de Correção do Rio de Janeiro e seus detentos. 1830 – 1861 Este trabalho analisa a construção da primeira prisão com trabalho do império brasileiro: a Casa de Correção do Rio de Janeiro. Tentamos fornecer outro olhar para o tema das prisões no Brasil. Tratando-se mais da história institucional e dos trabalhadores que ergueram o primeiro complexo prisional do país, e menos das questões que envolveram os debates em torno do clássico Vigiar e Punir de Michael Foucault. O filósofo francês examinou as relações entre os modos de exercício do poder, a constituição dos saberes e o estabelecimento da verdade, apontando a passagem da punição do corpo para a alma dos condenados em fins do século XVIII e início do XIX na Europa. Embora o Brasil abrigasse inúmeros estudiosos das novas formas de punir disponíveis no velho continente naquele momento, a vigência da escravidão alterou profundamente a implantação desse novo tipo de punição. No período regencial surgiu uma nova categoria jurídica no país, os africanos livres. Estes últimos, somados aos escravos, sentenciados, homens livres e libertos foram os grandes responsáveis pela construção da primeira Casa de Correção do Brasil. A partir da atuação desses trabalhadores apresentaremos um panorama do trabalho prisional no século XIX. Nome: Carlos Henrique Aguiar Serra E-mail: chaserra@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A arte de punir na contemporaneidade: cultura punitiva e estado de exceção no Brasil Pretende-se refletir a respeito da arte de punir na conjuntura atual, atentando mais especificamente para a articulação existente entre cultura punitiva e estado de exceção na formação histórico-social brasileira. Há toda uma lógica punitiva na sociedade brasileira que traz consigo permanências autoritárias, de longa duração, e que no estado de direito contemporâneo, contudo, se

coaduna na formulação teórica e no exercício punitivo imposto pelo estado de exceção. Objetiva-se, nesse sentido, dialogar com as proposições teóricas de dois autores: Michel Foucault e Giorgio Agamben. A partir deste diálogo, tentar-se-á ilustrar o embasamento teórico do trabalho com situações dramáticas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro a partir do ano de 2008. Nome: Carlos Henrique Moura Barbosa E-mail: henrique.mb@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Policiais e criminosos em Fortaleza durante a “República Velha” (1889-1930) O presente trabalho é um esforço de compreender, não só, a instituição policial, mas, também, enxergar os criminosos enquanto sujeitos que faziam as autoridades policiais reorganizarem ou reelaborarem as suas estratégias de controle. O entendimento desta relação faz emergir um campo de tensões que pode fornecer muitas possibilidades para a compreensão do período proposto. No decorrer deste período percebe-se uma série de modificações na organização burocrática da instituição policial que revela muito sobre as disputas políticas do momento, mas, também, deixam transparecer a relação entre criminosos e policiais na Fortaleza de 1889-1930. Nos anos iniciais do século XX, principalmente na segunda década, enxerga-se, a partir do discurso policial, uma forte preocupação em tornar a polícia mais científica. Nesta pesquisa utiliza-se uma vasta massa documental que está acondicionada no Arquivo Público do Ceará. Esta documentação foi produzida nas salas dos Delegados da Capital e na sala do Chefe de Polícia, como: ofícios expedidos, livros de “despesas secretas”, livros de entradas de presos, regulamentos policiais, relatórios policiais, processos-criminais, quadros e tabelas estatísticas dos crimes e róis de culpados. Ainda, lanço mão de guias turísticos, jornais e memorialistas. Nome: Caroline von Mühlen E-mail: carolinevm7@hotmail.com Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Título: Exclusão e criminalidade no Grão-Ducado de MecklenburgSchwerin, século XIX O Grão-Ducado de Mecklenburg-Schwerin, localizado ao norte da Alemanha, permitiu, em 1824, que prisioneiros das Casas de Correção (Rural e de Trabalho) de Güstrow, Bützow e Dömitz emigrassem para o Brasil. Devido às inúmeras transformações ocorridas na Europa, pequenos camponeses foram expropriados de suas terras e os artesãos ficaram desempregados. A emigração, bem como o estabelecimento de ex-prisioneiros na Colônia Alemã de São Leopoldo foi ocultada pela historiografia. Nesse sentido, através das listas de saída, anexadas aos autos do processo de recrutamento de prisioneiros do Mecklenburg-Schwerin, objetivamos apresentar algumas reflexões sobre os crimes cometidos pelos 318 apenados, bem como compreender aspectos do contexto no qual os prisioneiros estavam inseridos. Descartados ou excluídos pela industrialização, a criminalidade vai ser a “brecha” que encontraram no sistema normativo, ou seja, o crime pode ser entendido, especificamente nesse caso, como uma reação ou sublevação diante das transformações, instabilidades e das péssimas condições de vida, mas também como um meio de sobrevivência (individual e/ou familiar). Nome: Cláudia Mauch E-mail: claudia.mauch@ufrgs.br Instituição: UFRGS Título: Policiais sob suspeita. Uma análise de inquéritos administrativos contra policiais na República Velha O trabalho apresenta resultados de pesquisa em inquéritos administrativos abertos contra policiais de Porto Alegre nas primeiras décadas da República. Diferente do que ocorre na maior parte das fontes produzidas pelo sistema de justiça criminal, nessa documentação os policiais são chamados a falar de seu trabalho e justificar suas ações, permitindo uma aproximação às suas concepções sobre ordem e desordem, sobre os critérios de suspeição que empregavam e sobre a própria autoridade de que estavam imbuídos. Dos 57 inquéritos pesquisados, dez partiram de queixas de homens e mulheres encaminhadas ao Intendente Municipal em torno de casos de abuso de poder, violência física ou intimidações. Os demais descrevem policiais flagrados em infração ao regulamento, ou tratam de conflitos entre policiais e populares ou membros de outras corporações fardadas. Em relação às indisciplinas e punições registradas em grande quantidade nas fichas de pessoal da instituição, o número dos inquéritos é pequeno. Mas é significativo para um estudo das relações de poder entre policiais e segmentos da sociedade local ou da própria administração pública, na medida em que permite analisar, sob diferentes pontos de vista, onde se situava o limite entre o considerado justo e injusto nas atividades policiais.

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52 Nome: Cláudia Moraes Trindade E-mail: claudiat@ufba.br Instituição: UFBA Título: Para além da ordem: um olhar sobre a comunidade prisional baiana, a partir das correspondências de presos – Século XIX A comunicação tem o objetivo de discutir a comunidade prisional na Bahia Oitocentista, a partir das correspondências de presos. Faço uma análise dessa documentação buscando reconstruir parte do cotidiano dos presos, pressupondo a existência de uma ordem paralela, com igual ou maior força do que a oficial, mas que não anulava a arbitrariedade e a violência desta última. Entretanto, essa ordem paralela podia ser rompida, a qualquer momento, através de situações de confronto direto, resultando em represálias por parte da administração. Dentre os tipos de protesto, a escrita foi um dos mais utilizados pelos presos e, dependendo da estratégia sugerida nas cartas, era possível conquistar espaços sem romper com a ordem prisional. O recurso à escrita foi utilizado por presos, letrados ou não, de diferentes condições jurídicas – escravos, libertos e livres -, independentemente do tipo de pena que estivessem cumprindo. Nome: Clovis Mendes Gruner E-mail: clovisgruner@terra.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná/Universidade Federal do Paraná Título: Humanizar e defender: a ciência criminal entre o humanismo e a defesa social Em 1905, o presidente do Estado do Paraná, Vicente Machado, justifica em Mensagem ao Congresso Legislativo o convênio, firmado entre o governo e a Santa Casa de Misericórdia, para a aquisição do Asilo de Alienados e sua posterior transformação em Penitenciária, apelando às razões de estado, mas também as de “simples humanidade”. Ecoa assim as críticas de diferentes segmentos da sociedade curitibana – da imprensa às autoridades ligadas à segurança pública – que acusam as péssimas condições da cadeia pública da capital paranaense. Nas entrelinhas desta preocupação “humanista”, no entanto, é possível identificar, na mensagem presidencial, mas também nos relatórios que dão conta da evolução do problema penitenciário em Curitiba, uma preocupação de outra ordem. Ao tentar assegurar condições salubres de existência aos penitenciados, a intenção é também – e principalmente – defender a sociedade contra o perigo que aqueles representam apelando à ciência e às ferramentas postas à disposição do Estado pelo saber criminológico nos anos inaugurais da Primeira República brasileira. Nome: Deivy Ferreira Carneiro E-mail: deivycarneiro@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Ordem e Honra: a relação entre população e justiça a partir de processos criminais de calúnia e injúria (Juiz de Fora - 1854-1941) O objetivo deste trabalho é mostrar a análise realizada, por meio dos processos criminais de calúnia e injúria, de alguns elementos da relação entre parte da população de Juiz de Fora e a justiça criminal. Realizamos algumas considerações a respeito dos motivos que levaram ao aumento do número de processos no final do XIX e seu declínio no século XX, bem como percebemos a inviabilidade de tratarmos o sistema judiciário do ponto de vista puramente estruturalista, institucional ou como órgão de dominação de uma classe. Nome: Edlene Maria Neri de Morais E-mail: edlenemorais@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Título: O assassinato de “Chocolate”: representações jurídicas do homicídio nos grupos populares (Recife, década de 1940) Os processos criminais são uma fonte riquíssima no estudo do comportamento dos grupos sociais. Eles revelam os valores morais, religiosos, familiares, socioculturais etc. dos indivíduos num determinado lugar e tempo histórico; muito embora com a ressalva de que são fontes de natureza profundamente violentas e, portanto, chocantes. Não obstante capazes de “recuperar” o cotidiano dos grupos, principalmente os populares. Neste trabalho, avalio as representações jurídicas dos profissionais do direito acerca do homicídio, na prática cotidiana da justiça, mostrando que, embora as lutas entre os atores sociais tivessem sido provenientes de xingamentos, bofetadas no rosto, ofensas aos parentes etc. resultaram em ajustes de tensão. Essas são as principais “motivações” elencadas nos homicídios dolosos analisados. Por sua vez, os atores jurídicos deram significados antagônicos na disputa jurídica e bem diferentes daqueles engendrados pelos atores sociais, utilizando-se para tanto, das normas, das regras e dos métodos do direito penal; bem assim dos valores socioculturais dominantes. A partir da apropriação das falas dos acusados e

das testemunhas, eles construíram representações conflitantes para o mesmo fato, através de um ordenamento e disciplinamento jurídico-social do campo do direito. Nome: Elena Camargo Shizuno E-mail: elena.shizuno@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: As Narrativas Policiais no Hebdomadário, Noticioso, Crítico e Doutrinário Vida Policial Neste trabalho a nossa proposta é refletir sobre a produção de determinadas publicações da revista chamada Vida Policial. Nosso objeto de investigação é um semanário, portanto um hebdomadário, cujo subtítulo designava-se hebdomadário noticioso, crítico e doutrinário, criado na cidade do Rio de Janeiro e publicado entre os anos de 1925 a 1927. Escolhemos como foco de análise o folhetim e o conto policial publicados na revista. Meu objetivo é compreender quais eram as formas de classificação do mundo social construídas sobre o mundo do crime e os criminosos presentes nestas narrativas. As narrativas ficcionais eram centrais na organização na revista Vida Policial. No periódico a publicação dos contos e do folhetim ocupava longas páginas e desde o seu surgimento criou um público fiel. Estes materiais jornalísticos caracterizados como parte do gênero literário policial foram construtores da mediatização de novos personagens urbanos e possibilitaram formas de interpretação deste universo. Nome: Eliane Lucia Colussi E-mail: colussi@upf.br Instituição: PUCRS Título: Justiça criminal no contexto da república e das autonomias regionais A evolução da justiça criminal e de seus desdobramentos no âmbito legal e operacional assistiu no período da República Velha brasileira, um momento crucial. Romper com a tradição da cultura jurídica e policial centralizadora do século XIX foi tarefa árdua e de muitos obstáculos. O presente trabalho analisa aspectos relacionados ao referido período e os conceitos de ética e de autonomia do poder judiciário. Pode-se afirmar que as noções de ética, tanto na política quanto na justiça, constituíam-se numa representação mais ampla do estágio de desenvolvimento da sociedade brasileira. Na base dessas noções apresentava-se a permanência de uma sociedade elitista, conservadora e patrimonialista. Tomaram-se como objeto de análise, processos criminais ocorridos, no período, no Rio Grande do Sul. De tais processos, evidenciou-se a falta de autonomia do poder judiciário, a parcialidade nos encaminhamentos e decisões, a indefinição em relação às diferentes instâncias e suas respectivas atribuições, a força dos poderes políticos, o amadorismo na formação dos operadores do direito, os regionalismos aplicados ao código penal e de processo penal. Assim, o quadro cultural e social no Brasil republicano admitia que justiça criminal e ética se distanciasse no cotidiano das práticas sociais. Nome: Flávia Maíra de Araújo Gonçalves E-mail: flaviagoncalves@usp.br Instituição: FFLCH/USP Título: Práticas sociais e arranjos institucionais na Cadeia Pública e na Casa de Correção da cidade de São Paulo (1830-1888) Com base na pesquisa em curso, analisamos as relações entre Estado e sociedade nas duas principais instituições carcerárias da cidade de São Paulo. Num primeiro momento, veremos quais os objetivos do governo em relação aos aparatos judiciais e como estes se alteraram durante o século. Do ponto de vista político, a inauguração da Casa de Correção se encontra no bojo de uma série de outras feitas no país durante a década de 50. Ainda que em caráter provisório – e até por isso mesmo –, parecem responder à demanda de organização e reestruturação do Estado vivida nesse período. Entretanto, as propostas de modernização dos aparelhos repressores, baseadas nos modelos europeus e norte-americanos de punição e correção, não puderam ser efetivamente organizadas, especialmente levando-se em conta o crescimento populacional e o alto custo para sua implementação em grande escala. Portanto, ao longo dos anos, foram deixadas de lado. Optou-se assim pelo simples isolamento e contenção dos criminosos e não por sua regeneração. Na outra ponta, observamos o modo de vida da população carcerária, qual a relação que mantinham com os funcionários, de quais caminhos se valiam como forma de resistência e de que maneira as regras impostas sofreram acomodações em resposta aos conflitos surgidos. Nome: Flávio de Sá Cavalcanti de Albuquerque Neto E-mail: flaviosaneto@ig.com.br Instituição: UFPE

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Título: A Casa de Detenção do Recife nos primórdios do Período Republicano No final do século XIX, a psiquiatria tomou pra si as rédeas de projetos de normatização das mais variadas condutas sociais e individuais, ditando padrões disciplinares a partir da diferenciação do normal e do patológico, no nível da doença mental. Este saber vai adentrar as prisões, sendo a criminalidade um dos temas privilegiados pelos alienistas e psiquiatras brasileiros. Foi também neste período que emergiram os enunciados da Antropologia Criminal, que via o crime não como um ato jurídico ou, em outras palavras, como uma quebra ao “contrato social”, mas como um fenômeno de ordem bio-social, exigindo um tratamento calcado em bases científicas. A pena deveria ser imposta de acordo com o grau de culpabilidade do indivíduo e das condições sociais e biológicas deste, e não mais ser medida de acordo com o dano em si, como rezava o Código Criminal do Império. É dentro deste contexto que pretendemos lançar nossos olhares para a Casa de Detenção do Recife. Nome: Francisco Linhares Fontenele Neto E-mail: franciscolinhares@uern.br Instituição: UERN Título: Crimes impressos: a imprensa como fonte de pesquisa para a história social do crime A historiografia brasileira tem valorizado e usado com muita maestria fontes criminais como os processos-crime, os registros de ocorrências das delegacias e os relatórios de chefes de polícia para estudar o cotidiano das camadas pobres e as tentativas dos administradores públicos em combater a criminalidade no espaço urbano. Porém, os jornais aparecem como uma fonte “marginal” para o estudo do crime. Diante da quase ausência de trabalhos que problematizem a imprensa e sua validade para o estudo da história social do crime, o presente artigo busca mostrar algumas possibilidades de pesquisa nesse campo. Nome: Guanambi Tavares de Luna E-mail: guanambiluna@yahoo.com.br Instituição: UFPB/PPGH Título: O crime político e a criação da Dops: legislação repressiva e atuação da polícia política brasileira nas primeiras décadas do século XX(1900 – 1938) O presente trabalho tem como objetivo analisar a conjuntura sociopolítica e os principais atos executivos que possibilitaram a criação de uma polícia política brasileira (DOPS) voltada a vigiar e coibir as manifestações sociais nas primeiras décadas do século XX. É de nosso interesse identificar não só os principais crimes políticos cometidos neste período, como também compreender como a questão da legalidade penal pode ser discutida a partir do olhar do historiador, visto que o crime político de ontem torna-se o ato a favor da justiça e da liberdade para as gerações futuras. Neste sentido, há uma transmutação do criminoso em herói com o passar do tempo, através da constante (re)escrita da história. O Estado, que antes o condenava, passa a exaltar os seus feitos. Assim, encontramos no crime político características que lhes sejam próprias e que necessitam de maiores reflexões. Considerando que a atuação da DOPS envolve diversos aspectos, fizemos uma análise das principais características dos grupos políticos considerados “alvos” deste órgão e da legislação que possibilitava sua atuação. Esperamos que este trabalho possa contribuir para identificar as ações dos principais atores sociais neste período e para uma maior reflexão acerca dos atos repressivos no período em questão. Nome: Inocência da Silva Galvão Neta E-mail: inogalvao@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Gênero e sistema judiciário: crimes e maus tratos nas relações conjugais e sociais (1920-1940) A presente comunicação se propõe a analisar as relações de gênero em Pernambuco, a partir da ação da Justiça criminal e da discussão da imprensa sobre os crimes contra a mulher, no início do século XX. Processos crime e jornais que circulavam no início da primeira república apresentam inúmeras possibilidades de pesquisa, como a análise dos discursos jurídicos e médico, as estratégias e contatos da lei e dos envolvidos nos processos sejam eles os próprios réus ou as testemunhas. Os objetivos deste trabalho são analisar as relações de gênero em Pernambuco, a partir da ação da Justiça criminal e da discussão da imprensa sobre os crimes contra a mulher, no período de 1920 a 1940. Nesse sentido buscamos compreender noções de honra, divergências ideológicas entre Jurisconsultos e população, influência das teorias científicas nos discursos da Justiça e se as sentenças julgadas eram favoráveis ou não às mulheres vítimas dos crimes. Nome: Janete Eloi Guimarães E-mail: jntguimaraes@hotmail.com

Instituição: UFSC Título: Arbitrariedade policial e práticas ilegais em Florianópolis nas primeiras décadas republicanas O advento da República não acarretou uma desestruturação na Força Pública catarinense. Tal fato pode ser observado pela permanência de alguns oficiais de comando da instituição. Além disso, as propostas de municipalização da polícia, que colocariam a segurança e a ordem pública sob o comando de uma guarda civil, quedavam-se limitadas a sugestões e debates, motivando críticas para com a estrutura vigente. Primeiro, pelo seu caráter militarizado, inadequado à natureza civil do serviço que deveriam prestar a uma população agora assegurada por direitos, e, segundo, pela própria dinâmica interna da instituição, que promovia uma constante mobilidade de seus componentes, tanto com o deslocamento das praças para diversas regiões do Estado, quanto pela rotatividade dos engajamentos e baixas, descaracterizando constantemente as relações entre população e os agentes da ordem. Busca-se aqui apontar de que maneira a Força Policial, tanto a instituição quanto seus componentes, travaram relações entre si e com a população urbana da capital; considerando que, por diversas vezes, eram estes os promotores de desordens e arbitrariedades, que incluíam prisões ilegais, abuso de poder e uso de violência; e as formas, lícitas e ilícitas, dessa população agir e reagir aos ditames da lei. Nome: Lídia Rafaela Nascimento dos Santos E-mail: lidiarafaela@gmail.com Instituição: UFPE Título: Sociabilidades sob vigilância: controle ao lazer dos escravos e homens livres pobres em Pernambuco (1822/1855) O controle social a escravos e homens livres pobres foi uma grande preocupação para as autoridades brasileiras durante a primeira metade do século XIX. Mudanças institucionais, de hábitos, de costumes, entre outras, marcaram esse momento. Havia uma progressiva busca pelo enquadramento no que a elite acreditava ser “civilizado”. Época de organização do Estado Nacional brasileiro foi preciso resolver questões institucionais, organizacionais, constitucionais e também sociais. Uma série de agitações, rebeliões, insurreições e motins marcaram a sociedade pernambucana. Garantir a ordem e a tranqüilidade pública eram necessidades primordiais. Manter sobre controle os momentos de lazer dos “homens comuns”, bem como os ambientes comumente freqüentados por eles foi uma das estratégias utilizada para alcançar tal objetivo. Batuques, bebedeiras, encontros em tavernas eram freqüentes. Durante esses momentos de lazer essas pessoas teciam importantes sociabilidades e freqüentemente causavam perturbações à ordem pública. Nome: Luiz Carlos Sereza E-mail: serezabr@yahoo.com.br Instituição: UFPR Título: Os “amigos do alheio” de Sylvio Terra ou como realizar a “profilaxia social” A seção “Quando chega a técnica policial... o crime nada vale para o criminoso...” escrita por Sylvio Terra, chefe do gabinete antropométrico do Rio de Janeiro e delegado de polícia foi editada nos primeiros anos da revista X-9, periódico policial carioca publicado entre 1941 e 1970. Na seção, Terra realizava uma crônica dos “novos” processos policias que chegavam ao Brasil e apontava a competência policial na resolução de crimes. Com isto, Terra imprimiu uma imagem a instituições como: polícia, crime e ciência criminal, assim como popularizou sua proposta de “profilaxia social”. Nesta comunicação pretendemos realizar uma analise da seção “Quando chega a técnica policial... o crime nada vale para o criminoso...” em relação ao pensamento criminológico de Sylvio Terra durante meados de 1940. Nome: Maíra Ines Vendrame E-mail: vricamaira@yahoo.com.br Instituição: PUCRS Título: Valores camponeses do outro lado do Atlântico: honra e justiça nas regiões de colonização italiana no sul do Brasil (1875-1915) Esta pesquisa procura analisar os sistemas de valores que serviram de base para a organização das comunidades rurais nas regiões de colonização italiana do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1875 e 1915, percebendo como questões de honra e justiça eram vividas por estes estrangeiros. Os imigrantes passarão por um processo de rupturas e continuidades ao se estabelecerem em uma nova terra do outro lado do Atlântico, ajustando-se a uma realidade distinta, dando início a um processo de interação e adaptação com a população local e as normas e leis do Estado brasileiro. A partir de processos-crime, está sendo possível ver como questões como honra e justiça popular eram vividas no meio rural italiano formado no sul do Brasil, percebendo, igualmente, o choque entre concepções diferentes de justiça: a local, popular e rural, assentada

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52 em tradições trazidas da Itália, e a do Estado brasileiro, preocupado em se fazer presente, ser aceito entre estas mesmas comunidades. Nome: Marcos Paulo Pedrosa Costa E-mail: marcos_costa@bol.com.br Instituição: UFPE Título: Trabalhadores da prisão: agentes da ordem punitiva. Presídio de Fernando de Noronha, século XIX A idéia corrente sobre o encarceramento é que os guardas exerceriam uma relação sádica e brutal com o preso. Na verdade, não seria essa a constante. Muito pelo contrário. No regime imposto pela prisão, o detento busca um ‘modus vivendi’ de equilíbrio. Uma boa relação com os guardas amplifica o alcance da mobilidade do detento, criando-se, desse modo, um complexo padrão de relação social. Essas relações sociais, no entanto, nem sempre eram harmônicas e livres de conflitos. Trabalhar em um presídio longínquo, em meio a homens periculosos, constituía uma tarefa perigosa e de baixa remuneração. No Presídio de Fernando de Noronha, os agentes da ordem, administração e força pública, representavam, em 1865, menos de 11% da população do Presídio numa relação de 1 para cada 5,5 presos. A insegurança obrigava a administração a uma relação dúbia com os sentenciados, mantendo privilégios e acordos com alguns, para poder permitir a ordem e preservar suas próprias vidas. Diante da desproporção numérica entre presos e administração, a força não poderia ser o instrumento preferencial de controle. Assim, buscamos compreender as motivações e relações de trabalho na perspectiva dos agentes administrativos e punitivos – diretores, guardas e carcereiros – num ambiente prisional. Nome: Maria Aparecida Prazeres Sanches E-mail: cidaprazeres@ig.com.br Instituição: UEFS Título: O crime de defloramento e a conformação de famílias para o bem estar da nação O objetivo deste trabalho é analisar a forma pela qual o debate e a punição do crime de defloramento, assim como o investimento para conformação de famílias a partir do casamento legal, refletiram um projeto maior associado às ideias de progresso, de civilização e de ordem social. Mas ao mesmo tempo o debate em torno das noções de honra e da moral sexual acabou reforçando as hierarquias de gênero e criou dificuldades para os legisladores estabelecerem os princípios segundo os quais a honra sexual seria definida e defendida. A honra sexual considerada a base da família e por extensão a base da nação, tornou-se, na República, um componente fundamental da missão civilizadora sem a qual o projeto burguês republicano de ordem e progresso era considerado impossível de ser implantado pelos seus idealizadores. Mas esse discurso incidiria diferentemente sobre homens e mulheres uma vez que, era na honestidade sexual das mulheres, principalmente, que estaria a “força moralizadora” da nação que impediria a dissolução da família e consequentemente o aumento da criminalidade e do caos social. Nome: Maria Lúcia Resende Chaves Teixeira E-mail: chavesmlr@yahoo.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Crimes e criminosos: o impacto da legislação penal no território da Capitania das Minas (1771-1820) A generalização das mudanças administrativas, em paralelo com as recorrentes críticas ao funcionamento da justiça régia, impôs um amplo quadro de inovações na segunda metade do século XVIII. Mais do que qualquer outra área do direito, o penal sofreu os maiores impactos que o caráter transitivo implantou na sociedade desse período. A premência de uma administração ativa e centralizada do Estado, medida através dos resultados técnicos auferidos, arrogou para o rei o direito de punir e publicou um conjunto maciço de legislação penal, colocando a ordem social no cerne da pauta administrativa. Associada a este conjunto de transformações, a queda na produção aurífera também contribuiria para criar o clima de perseguições criminais e instabilidade no território mineiro resultando uma série histórica de comportamentos na Vila de São João del Rei. Nas “redes do poder” e emaranhados na utilidade dos vadios, os criminosos locais, inscritos no rol de culpados, seriam cada vez mais constrangidos a responder aos processos criminais nos quais estavam envolvidos, restando-lhes fugir ou cuidar de seus livramentos na condição de réus presos ou livres por carta de seguro. Nome: Maria Teresa Garritano Dourado E-mail: ts.dourado@uol.com.br Instituição: USP Título: Crimes e punições na Guerra do Paraguai (1864-1870)

A concentração de grande massa de combatentes e não combatentes de um acampamento militar exigiram a necessidade de garantir a ordem e a disciplina. As deserções, os atos de covardia e de insubordinação, os homicídios, as brigas, os roubos, os atentados contra a propriedade, as violações e outros delitos estavam longe de serem raros, muito pelo contrário, eram bastante frequentes e constam em profusa documentação. Esta comunicação, que é parte de uma tese de doutorado em andamento, se propõe a analisar o funcionamento da Junta de Justiça Militar em um acampamento do Exército brasileiro que vivia sob indispensáveis regras disciplinares, muitas vezes quebradas, privilegiando fontes como memória de combatentes (oficiais e praças) e ordens do dia, em arquivos públicos e particulares. Nome: Marilene Antunes Sant`Anna E-mail: mari.historia@terra.com.br Instituição: PPGHIS/IFCS/UFRJ Título: Discursos sobre presos e prisões no início da República brasileira No início do século XX, as prisões no Rio de Janeiro, bem como histórias de famosos prisioneiros ganharam uma maior visibilidade nos escritos jurídicos, literários e nas páginas dos jornais cariocas. Nossa comunicação busca apresentar alguns desses relatos, analisando os argumentos pelos quais as prisões – principalmente as Casas de Correção e Detenção da cidade – eram observadas e encaminhadas à opinião pública. Por um lado, na produção jurídica e médica, tais espaços deveriam servir de estudo e referência às teses da escola penal positiva e as mudanças jurídicas implementadas nas novas leis republicanas. Todavia, tais espaços herdaram uma estrutura de funcionamento precária e, além disso, abrigavam uma população de negros, mulatos, brancos, menores, nacionais e estrangeiros, classificados em sua maioria de vadios, bêbados, desordeiros que se apresentavam como uma ameaça aos ideais da República no Brasil. Assim, a história das prisões e seus prisioneiros nos mostram constantes tensões motivadas pela divulgação das teorias científicas, pelas práticas arbitrárias de condução do Estado Republicano e de maneira geral, pela curiosidade dos habitantes do Rio de Janeiro sobre as histórias de vida e o dia a dia dos homens e mulheres que viviam por trás dos muros dessas instituições. Nome: Mariseti Cristina Soares Lunckes E-mail: mcslunckes@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Tocantins – UFT Título: Aspectos do cotidiano policial da 4ª Companhia Isolada de Pedro Afonso-GO (1930-1964) No presente trabalho busca-se entender o cotidiano de uma instituição militar e as práticas dos soldados policiais para obterem seus meios de sobrevivência em espaços e instituições rígidas e regidas pelas normativas que nem sempre dão conta dos meios básicos de vida dos sujeitos que dela fazem parte. Sendo o cotidiano o lugar da “invenção” que produz criatividade, ele também é o espaço do desvio da norma estipulada pelas instituições de controle social que primam pela hierarquia, disciplina e vigilância dos costumes. Os policiais militares de baixa patente apresentam pequenas e criativas resistências, muitas vezes insignificantes, quase invisíveis, mas presentes em seu universo de trabalho. A partir das colocações acima, busca-se enxergar a existência dos policias militares em seu cotidiano e suas práticas de sobrevivência por suas necessidades mais elementares, como proteção dos perigos, alimentação, vestuário, moradia, baixos salários e o permanente atraso dos mesmos. Assim como suas esperanças e medos, sentimentos autênticos que desnudam sua realidade na busca de alternativas para seus dramas profissionais e pessoais. Nome: Paulo Henrique Marques de Queiroz Guedes E-mail: profpaulohenrique@gmail.com Instituição: UFPE Título: Insegurança pública e impunidade: os discursos oficiais sobre a criminalidade na província da Paraíba do Norte A aplicação da lei foi uma das preocupações centrais do Império do Brasil. Assim, fazer cumprir a lei, punindo os súditos por crimes e atos de rebeldia social ou política praticados, estava no cerne dos debates proferidos pelas autoridades. Neste sentido, analisamos os temas da insegurança pública e da impunidade, na Província da Paraíba, tomando por base os discursos das autoridades administrativas e jurídico-policiais. Estes agentes do poder formal procuraram sustentar a idéia de que a legislação deveria estar, a todo custo, acima dos costumes. Principalmente nas áreas distantes dos centros do poder, temos por hipótese que os laços de poder informal, parentesco e as clientelas possam, em parte, explicar a razão de um regime judicial tecnicamente liberal não conseguir ser aplicado a contento das autoridades. Para tanto, fizemos uso de uma bibliografia especializada e privilegiamos como fontes os relatórios dos presidentes de província e dos chefes de polícia para percebermos os problemas institucionais e sociais relacionados ao tema. Metodologicamente,

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escolhemos duas palavras-temas para balizar o estudo (insegurança e impunidade) a partir das quais procuramos realizar uma análise temática acerca da criminalidade na Paraíba oitocentista. Nome: Raquel Caminha Rocha E-mail: raquel.rcr@hotmail.com Instituição: UECE Título: Briga de mulher: crimes femininos na primeira metade do século XX Esta pesquisa percebe o crime como revelador de sintomas da normalidade, isto é, uma forma de relação social passível de historicização já que ele se mostra intimamente ligado às condições da vida em sociedade. Debruçamonos sobre a temática da relação entre a mulher, o crime e, conseqüentemente, as instituições policiais e jurídicas. São crimes de ferimentos e crimes contra a honra que nos levam a repensar o papel do aparelho policial e da justiça criminal para os diferentes indivíduos envolvidos nos processos. A articulação dos processos criminais com outros tipos de fonte como os Códigos Penais, os jornais, os escritos médicos, entre outros, se faz necessária para que se possa perceber a circulação de idéias existentes acerca das relações sociais e das relações de gênero do período. Assim, poderemos perceber que o impulso disciplinador das feições urbanas da capital cearense teve continuidade nas décadas de 1930 e 1940 devido ao rápido adensamento populacional de Fortaleza e ao impacto da Segunda Guerra Mundial. Desta forma, o crime pode e deve ser visto para além do seu aspecto excepcional, percebido como revelador da normalidade, aponta para conflitos e também para solidariedades, mesmo sendo este um aspecto que muitas vezes as sociedades tentam ocultar e repudiar. Nome: Regina Helena Martins de Farias E-mail: rhfaria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Policiamento em Área de Fronteira Interna: o caso da Colônia Militar do Gurupi, no Maranhão Oitocentista O processo de construção do Estado Nacional brasileiro incluiu a estruturação dos aparatos de policiamento e a delimitação das fronteiras políticoadministrativas internas e externas. Seguindo o modelo delineado por Portugal, o Brasil independente manteve dois tipos de aparatos distintos para o exercício do poder de polícia: a polícia judiciária e a administrativa. Ao longo do Império, diversas instituições integraram tais aparatos, o que ocasionava freqüentes conflitos sobre suas esferas de atuação e respectivas competências. O objetivo da comunicação é descrever e analisar alguns conflitos dessa natureza ocorridos na Colônia Militar São Pedro de Alcântara do Gurupi, um empreendimento estatal implantado, em 1854, à margem direita do Gurupi, rio que faz a divisa entre as províncias do Maranhão e do Pará. Essa definição de fronteiras ocorrera em 1852 e a Colônia tinha, entre outras atribuições, demarcar o espaço de atuação fiscal e policial da província do Maranhão. O núcleo colonial era dirigido por oficiais do exército investidos com amplos poderes policiais. Nas duas décadas e meia de existência, seus diretores entraram em confronto com outras autoridades policiais da região (subdelegados e comandantes da Guarda Nacional), tanto do lado do Maranhão, quanto do Pará. Nome: Ricardo Henrique Arruda de Paula E-mail: ricarruda@yahoo.com.br Instituição: Laboratório de Estudos da Violência -UFC Título: Representações e a auto-representações sociais de pistoleiros no Estado do Ceará O presente trabalho baseia-se em parte dos trabalhos desenvolvidos em minha tese de doutorado em Sociologia (UFC), em que investiguei as diversas construções sociais (auto) atribuídas aos matadores de aluguel no Ceará, partindo da imprensa, literatura, inquéritos policiais, processos judiciais, narrativas e autobiografias. Nome: Richard Negreiros de Paula E-mail: negreirosdepaula@gmail.com Instituição: COC/Fiocruz Título: A cadeia e o hospício: crime e loucura no Rio de Janeiro entre os séculos XIX e XX Partindo da investigação de casos onde os réus eram suspeitos de sofrerem de alienação mental, o presente trabalho expõe parte dos debates travados entre médicos, advogados e magistrados. Neste âmbito, serão investigados alguns dos modos como as leis foram apropriadas pelos atores históricos, principalmente por meio das manobras dos advogados que tentavam livrar seus clientes de uma possível condenação. Por outro lado, o trabalho também mostra as formas como os médicos apresentavam suas opiniões ao público leigo, sobretudo no âmbito dos tribunais.

Nome: Wellington Barbosa da Silva E-mail: wellington.ufrpe@gmail.com Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Crime e cotidiano no Recife Imperial (1830-1860) A criminalidade é um fenômeno social muito antigo, remontando certamente à origem da humanidade. No entanto, aqui não ficaremos presos àquilo que Marc Bloch chamou de “ídolo da tribo dos historiadores”, ou seja, a obsessão pelas origens. Não queremos fazer a sua genealogia. Sendo assim, partindo do que ficou registrada em múltiplas fontes manuscritas e impressas (como os jornais, os relatos publicados por estrangeiros, os relatórios dos presidentes de província, os diversos ofícios trocados entre as autoridades policiais e judiciárias etc.), esta comunicação pretende traçar um rápido panorama da criminalidade no Recife durante os anos 1830-1860. Neste período, a sociedade recifense passou por intensas transformações sócio-econômicas e culturais. Mas, parafraseando o Padre Lopes Gama, junto com o crescimento econômico e material, também houve o “progresso dos tiros e facadas”. Além da percepção da sociedade e das autoridades da época sobre o fenômeno, também será nosso objeto de análise a estrutura jurídico-policial e carcerária que a capital pernambucana dispunha no período em tela. Nome: Yomara Feitosa Caetano de Oliveira E-mail: yomaraoliveira@viacabo.com.br Instituição: PPGH_UDESC Título: A honra masculina como defesa nos autos de processo de homicídio (década de 1940 e 1950, Itajaí-SC) A partir de três processos de crimes de homicídio, ocorridos na comarca de Itajaí (SC), na década de 1940 e 1950, observam-se os discursos que exacerbam a defesa dos acusados tendo como referência a honra masculina, absolvendo-os. A honra, entendida como uma ‘atribuição de coragem’ dos homens que agiram em defesa das mulheres envolvidas nestes conflitos sociais. Nos processos, noto que as mulheres, embora alvo dos crimes, nem sempre figuram como testemunhas ou informantes. Nesta perspectiva da construção do discurso da masculinidade, que aparece nos enunciados dos discursos jurídicos contidos nos processos – testemunhos, interrogatórios, e outras peças de um processo penal de homicídio – que é permeada de construções ligadas socialmente ao gênero masculino, percebida em algumas das dinâmicas prescritivas e aceitas na sociedade da época. Para tanto, Michel Foucault auxilia na percepção desta construção, através da análise dos discursos contidos nas fontes estudadas. Evidencia as representações masculinas, tanto do judiciário, quando dos homicidas, de que o direito de defesa de suas mulheres compensa o homicídio e afirma masculinidades. Palavras chave: discurso jurídico, masculinidades, organização social, defesa da honra. Nome: Zeneide Rios de Jesus E-mail: zeneiderios@hotmail.com Instituição: UFBA Título: Garimpeiros brigões: “indivíduos de má procedência que não passaram pela bateia do alfabeto, da educação, da civilização” Este trabalho demonstra com base em processos crimes como os garimpeiros das serras de Jacobina-BA, nas décadas de 1930 e 1940, foram enquadrados como “desordeiros” e acusados de protagonizarem brigas, bebedeiras, jogatinas, crimes de lesão corporal, espancamentos e até homicídios. Para o poder judiciário, esses trabalhadores ameaçavam a ordem de uma “cidade pacata” e, portanto, as ações da justiça deveriam ter um caráter exemplar a fim de conter tanto os abusos dos envolvidos nos processos, quanto daqueles que em função do “caráter aventureiro” ousavam cometer ações consideradas “fora da lei”. Para a imprensa, essa categoria representava atraso e ameaça aos ideais de cidade moderna e civilizada. O jornal local “O Lidador” reproduziu a linguagem da polícia ao noticiar os acontecimentos que envolviam os garimpeiros disseminando a idéia de que havia uma forte relação entre violência e garimpo, dando a entender que esses trabalhadores criavam uma imagem negativa para a cidade de Jacobina ao transformarem os garimpos, segundo a imprensa e o poder judiciário em locais que abrigavam indivíduos perigosos que tornavam aquelas “paragens” constantemente “manchadas de sangue”, portanto, tratavam-se pessoas que “não passaram pela bateia do alfabeto, da educação, da civilização”.

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53 53. HistĂłria e ĂŠtica na preservação do patrimĂ´nio cultural no Brasil Antonio Gilberto Ramos Nogueira – UFC (antonioantonio@uol.com.br), MĂĄrcia regina Romeiro Chuva - IPHAN mrrchuva@terra.com.br 1R %UDVLO D WHPiWLFD GR SDWULP{QLR VH FRORFD KRMH QXPD SHUVSHFWLYD UHODFLRQDGD j TXHVWmR GDV LGHQWLdades, visando garantir a singularidade de expressĂľes e modos de vida bem como o direito Ă memĂłria dos diversos grupos formadores da sociedade brasileira. Os problemas, temas e questĂľes postos na agenda da contemporaneidade no campo da cultura passaram a ser tratados sob a Ăłtica da patrimoQLDOL]DomR H WrP QRV OHYDGR D UHĂ HWLU VREUH D pWLFD QR RItFLR GR KLVWRULDGRU GR SDWULP{QLR L H GRV SURĂ€VVLRQDLV TXH UHĂ HWHP VREUH HVVD WHPiWLFD DFDGHPLFDPHQWH H RX D SDUWLU GD VXD LQVHUomR GR FDPSR GR SDWULP{QLR FXOWXUDO FXMD SUiWLFD UHODFLRQD VH j SURGXomR GH QDUUDWLYDV TXH FRQIHUHP VHQWLGRV H valores simbĂłlicos a determinados bens, prĂĄticas e manifestaçþes culturais. Neste sentido, o SimpĂłsio SUHWHQGH UHXQLU WUDEDOKRV SURGX]LGRV HP GLIHUHQWHV FDPSRV GLVFLSOLQDUHV YDORUL]DQGR XPD PXOWLSOLFLGDGH GH ROKDUHV TXH H[SORUHP RV SURFHVVRV GH SDWULPRQLDOL]DomR GH EHQV H SUiWLFDV FXOWXUDLV GHVWDFDQGR DVSHFWRV pWLFRV TXH R HQYROYHP WDLV FRPR D FRQVWUXomR GH QDUUDWLYDV GH SDWULP{QLR TXH DPDOJDPDP JUXSRV GH LGHQWLGDGH R FRQIURQWR HQWUH GLIHUHQWHV WHPSRUDOLGDGHV DR VH WUDEDOKDU FRP SUiWLFDV FXOWXUDLV SULQFLSDOPHQWH DTXHODV WUDGLFLRQDLV H D DomR GR SRGHU S~EOLFR GH SDWULPRQLDOL]DomR H JHVWmR GHVVDV SUiWLFDV 3) as relaçþes entre o mercado e a patrimonialização de bens e prĂĄticas culturais, que agrega valor VLPEyOLFR H SRU FRQVHJXLQWH HFRQ{PLFR DR SDWULP{QLR PRELOLiULR H WDPEpP DR SDWULP{QLR LPRELOLiULR urbano; R GLUHLWR j PHPyULD D SDUWLU GD SURGXomR GH IRQWHV GRFXPHQWDLV VREUH R SDWULP{QLR FXOWXUDO H D FRQVWLWXLomR GRV DFHUYRV GDV LQVWLWXLo}HV GH SDWULP{QLR D GLVFXVVmR DFHUFD GR QDFLRQDO FRQVLGHUDQGR LQFOXVLYH RXWURV UHFRUWHV GH LGHQWLGDGH SRVVtYHLV contidos e/ou relacionados ao(s) nacional(is). +LVWRULRJUDĂ€D GD SURGXomR GRV KLVWRULDGRUHV GR SDWULP{QLR FXOWXUDO HP VXDV GLIHUHQWHV IRUPDV GH inserção polĂ­tico-institucional.

Resumos das comunicaçþes Nome: Afonsina Maria Augusto Moreira E-mail: afonsinamoreira@gmail.com Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ (CNPq/FUNCAP) TĂ­tulo: Gustavo Barroso: missĂŁo nacional e escrita folclorista A intenção ĂŠ analisar a relação entre o popular e o nacional na “escrita folcloristaâ€? e memorialĂ­stica de Gustavo Barroso (1888-1959). Autor cearense com mais de cem livros publicados que residiu no Rio de Janeiro dos 22 anos de idade (1910) ao ano de sua morte. Temas como identidade nacional, cultura popular e folclore prestaram-se, muito frequentemente, Ă intenção de legitimidade polĂ­tica. NĂŁo foram poucos os que falaram em nome do povo, que buscaram indicar-lhe uma alma, uma essĂŞncia compositora dos traços de brasilidade. Entre a saudade da cultura popular e a elaboração escrita Gustavo Barroso aprimorou a “vocação nacionalâ€?. Nome: AlĂŞnio Carlos Noronha Alencar E-mail: aleniocarlos@hotmail.com Instituição: PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica de SĂŁo Paulo – PUC/SP TĂ­tulo: Um breve olhar sobre o PatrimĂ´nio Cultural Cearense Esse trabalho busca relatar as experiĂŞncias adquiridas junto ao projeto de Mapeamento do PatrimĂ´nio Material e Imaterial do Estado do CearĂĄ, no ano de 2007, realizado pela Secretaria de Cultura do CearĂĄ, na qual foram levantadas informaçþes sobre os 184 municĂ­pios que compĂľe o Estado, e que me fez pensar uma sĂŠrie de questĂľes sobre o patrimĂ´nio cultural cearense. A cada municĂ­pio percorrido, seja no sertĂŁo, litoral ou serra, nas suas ruas e estradas, casas e comĂŠrcios, sĂ­tios e fazendas, em cada pessoa entrevistada, se deslumbrava um outro CearĂĄ, permeado por uma multiplicidade de manifestaçþes culturais em suas mais vĂĄrias formas, expressĂľes, hĂĄbitos e costumes. Chamo atenção aos inĂşmeros sujeitos sociais desses lugares, enquanto portadores de memĂłrias e histĂłrias, que vĂŁo (re)inventando e (re)significando, atravĂŠs das suas prĂĄticas cotidianas, novas formas de se expressar culturalmente. O presente trabalho nasceu da vontade de se pesquisar o por que desses aspectos culturais “quase nuncaâ€? sĂŁo relatados/difundidos na histĂłria do CearĂĄ? O que podemos chamar de patrimĂ´nio cultural cearense? Busco problematizar a concepção de memĂłria e de histĂłria definidoras da construção desse patrimĂ´nio na cultura cearense.

Nome: Almir FĂŠlix Batista de Oliveira E-mail: almirfbo@uol.com.br Instituição: Memorial do MinistĂŠrio PĂşblico – RN TĂ­tulo: Preservação e Ética: memĂłrias do ensinar, memĂłrias do preservar... O presente trabalho objetiva discutir a memĂłria dos mestres-artesĂŁos do Projeto Oficina-Escola de JoĂŁo Pessoa na transmissĂŁo das suas experiĂŞncias aos jovens aprendizes que se encontram na busca de uma formação para poderem ingressarem no mercado de trabalho. Artes (marcenaria, serralharia, alvenaria etc) muitas vezes esquecidas devido ao processo de modernização das tĂŠcnicas de construção, sĂŁo utilizadas atualmente para preservação do patrimĂ´nio arquitetĂ´nico pessoense e como campo prĂĄtico de trabalho dos jovens aprendizes. Buscando despertar a conscientização nesses jovens a respeito do patrimĂ´nio cultural, a preservação desse patrimĂ´nio e viabilidade econĂ´mica da revitalização tanto para a cidade, quanto para os profissionais que a partir desse projeto sĂŁo formados. Nome: Ana Lorym Soares E-mail: analorym@gmail.com Instituição: PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica do Rio de Janeiro – PUC/RJ TĂ­tulo: Revista Brasileira de Folclore: intelectuais, folclore e polĂ­ticas culturais (1961-1976) Esta pesquisa objetiva estudar a atuação e a produção intelectual dos folcloristas congregados em torno da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro entre os anos de 1961 e 1976, atravĂŠs de sua revista institucional, a Revista Brasileira de Folclore, veĂ­culo de expressĂŁo das idĂŠias e açþes desse grupo. Nesse perĂ­odo as atividades desses folcloristas foram planejadas e, em certa medida, executadas, tendo em vista o duplo objetivo de conseguir um lugar para o folclore nas polĂ­ticas pĂşblicas voltadas para a cultura, atravĂŠs da sua institucionalização, bem como, a utilização de seu conteĂşdo como lastro de uma identidade nacional. Acreditavam que o elemento folclĂłrico era portador de uma aura que individualizava a nação, por tanto, deveria ser a todo custo preservado da ação destruidora da modernidade sobre o seu carĂĄter tradicional. E, exatamente por isso, coletavam, classificavam, registravam os fatos folclĂłricos, construĂ­am museus, organizavam exposiçþes e apresentaçþes de manifestaçþes folclĂłricas isolando-o do contexto transformador do elemento que definiam como essĂŞncia. Paralelo a isso, elaboravam o discurso que propiciava a crença na autenticidade dessa

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suposta essência, o que possibilitava serem vistos como patrimônios culturais passíveis de culto e consumo estético. Nome: Hilário Figueiredo Pereira Filho E-mail: hilario.pereira@iphan.gov.br Instituição: IPHAN Nome: Analucia Thompson E-mail: anathompson@uol.com.br Instituição: IPHAN Título: Memória Oral e IPHAN: fontes, metodologia e reflexões no campo do patrimônio A partir da experiência vivenciada na elaboração e na execução do projeto Memória Oral da Preservação do Patrimônio Cultural, desenvolvido no programa da Gerência de Pesquisa da Copedoc/IPHAN de Memória e Documentação, surgiram questões teórico-metodológicas que exigiam um exercício mais aprofundado sobre a especificidade do tema. Os objetivos do projeto são realizar uma reflexão sobre as práticas e o pensamento institucionais e trabalhar a documentação produzida pela Instituição conservada nos arquivos do IPHAN como também de gerar nova documentação sobre o patrimônio cultural, a partir da metodologia da história oral. A adequação dessa metodologia aos objetivos definidos gerou a necessidade de revisão da literatura teórica sobre as relações entre memória e história e entre a criação intencional de fontes e sua preservação em um contexto institucional. Nesse sentido, o objetivo desse artigo é apresentar os resultados desses estudos que apontam para os limites - como também para as possibilidades - éticos e metodológicos do desenvolvimento de tal projeto. Nome: Anna Cristina Andrade Ferreira E-mail: anna.cristina.a@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba - UFPB Título: Os engenhos de cachaça e rapadura do município de Areia. A cidade de Areia é um dos mais recentes sítios históricos tombados como patrimônio nacional, devido a sua arquitetura e implantação urbana, sua história, suas personalidades artísticas e políticas, e seu valor paisagístico, formado pela ambiência natural, acrescida dos engenhos de cachaça e rapadura. Dentre os diversos ciclos econômicos por que passou desde a sua fundação, e que contribuíram para sua formação, a cana-de-açúcar foi o único que não chegou a ser abolido totalmente da região. Os primeiros engenhos no município surgiram em meados do século XVIII, e em 1909 já contavam 102. Devido a este elevado número de unidades produtoras a cidade se consolidou como centro comercial, político e administrativo da região. Os engenhos existentes no município são símbolos deste passado, porém não foram incluídos no processo de tombamento da cidade, e ao longo dos anos têm sido vítimas de diversas descaracterizações, e até mesmo abandono. A intenção é demonstrar o estado dos conjuntos e a situação econômica em que se encontram os engenhos, e a necessidade de ações de proteção que possam inibir as alterações que vêm sendo realizadas e acabam por desfigurar este patrimônio arquitetônico, tão importante na formação da identidade cultural do município. Nome: Anna Maria de Lira Pontes E-mail: annamaria.lira@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba - UFPB Título: Memórias, vivências, alegoria: as ruínas do Centro Histórico de João Pessoa, Paraíba Uma alegoria do passado, mas nem sempre presente. À luz da valorização dos espaços de memórias e da correlação existente entre a formação e desenvolvimento das cidades com seu passado, torna-se necessário um estudo mais aprofundado sobre as ruínas: suas implicações, necessidades e, principalmente, sua inserção no contexto da cidade. Um tipo peculiar de patrimônio, as ruínas existem enquanto representação do que o monumento uma vez foi, com uma carga adicional de simbolismos do momento presente. Elas são, assim, elementos ativos na formação e vivência das cidades por fazerem emergir tantos sentimentos em torno de si e os transmitirem no cotidiano por vezes unicamente devido a sua presença em meio às demais edificações. Por isso, tal estudo de pós-graduação vem a refletir sobre o conceito de ruína a partir de propostas de Walter Benjamim e Cesare Brandi em conjunto com a análise do papel e da presença das ruínas existentes no Centro Histórico de João Pessoa, Paraíba, na vivência e delinear da cidade. Através desta discussão, busca-se encontrar uma correlação entre a permanência e a valorização daquilo que é tido como “abandonado” e/ ou “morto” em meio à sociedade. O que nos faz pensar que as ruínas, de fato, estão mais vivas do que aparentam. Nome: Araci Gomes Lisboa E-mail: araci@mast.br

Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins Título: Patrimônio científico: uma discussão em voga O presente trabalho apresenta o debate sobre a criação de museus de ciência ocorrido, no Brasil, entre cientistas na década de 1980, marcado por denúncias sobre a dispersão do acervo histórico da cultura científica. Sabemos que a escolha de bens a serem preservados - a partir das perspectivas artísticas, históricas, científicas e acima de tudo políticas, do momento em que se realiza um determinado inventário para fins de preservação - determinará um “apagamento” ou uma “perpetuação” de representações de um passado linear ou ideal. Todos nós precisamos de memória e a proteção de evidências da humanidade são importantes porque nos remete a um período que nem sempre presenciamos. Mas não basta somente identificar os objetos: Faz-se necessário construir os elos que os ligam à realidade coletiva: Mas lembrar o quê? Para quem isso é importante? Trata-se de legado ou patrimônio? São questões fundamentais para os profissionais da área e para aqueles que se aventuram nesse campo. Nesse sentido, proponho discutir tais questões debatidas e as soluções encontradas por estes cientistas do Brasil da década de 1980. Nome: Caion Meneguello Natal E-mail: caionnatal@hotmail.com Instituição: Unicamp Título: A retórica da tradição: tempos e espaços da arquitetura neocolonial no Brasil, 1914-1930 Este trabalho busca compreender o processo de construção de uma arquitetura “tipicamente” brasileira – ou de construção de uma tradição arquitetônica nacional –, tendo em vista as noções de temporalidade histórica empregadas para fundamentar esta mesma arquitetura e/ou tradição. A linguagem neocolonial aqui estudada esteve em voga nas principais capitais brasileiras desde princípios de 1910, alcançando grande prestígio entre as elites urbanas, destaque para Rio de Janeiro e São Paulo, até fins do decênio seguinte. O vocabulário neocolonial encontrou nas figuras de José Mariano e Ricardo Severo seus maiores inventores e defensores, os quais lutaram por estabelecê-lo como “estilo oficial da nação”. Contemplando um período de aproximadamente duas décadas, o presente estudo ressaltará as relações entre passado, presente e futuro em jogo na definição de uma estética que representasse o Brasil, os discursos e imagens utilizados para a ordenação do tempo histórico e para a delimitação do espaço simbólico nacional. A arquitetura neocolonial será abordada, portanto, segundo suas potencialidades monumentais, sua materialidade emblemática, ou seja, como ordenadora de tempos e construtora de espaços que fossem, em essência, brasileiros. Nome: Claudia Feierabend Baeta Leal E-mail: claudialeal@iphan.gov.br Instituição: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN Título: As Missões da UNESCO no Brasil: Michel Parent, 1966-1967 O inspetor Michel Parent, técnico do Serviço Principal de Inspeção dos Monumentos e de Inspeção de Sítios na França, esteve no Brasil em missão financiada pela UNESCO nos anos de 1966 e 1967, tendo produzido o relatório Protection et mise en valeur du patrimoine culturel brésilien dans le cadre du developpement touristique et écononomique. Seu texto, além fornecer uma visão das ações, iniciativas e perspectivas daquele organismo no que concernia ao conhecimento e preservação dos bens culturais em uma abrangência mundial, contribui para se entender a relação estabelecida ao longo dos anos entre o órgão brasileiro responsável pela proteção do patrimônio cultural, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), e a UNESCO, assim como para se acompanharem as mudanças ocorridas na própria forma de se pensar o patrimônio nessas duas organizações. Esta apresentação pretende, dentro da perspectiva da pesquisa da história da preservação no Brasil, introduzir questões que marcaram a relação entre DPHAN e UNESCO e chamar a atenção para alguns dos pontos levantados pelo perito em seu texto, situando sua missão dentro dos contextos internacional e brasileiro a partir um rico acervo guardado no Arquivo Central do IPHAN/ Seção Rio de Janeiro. Nome: Cristina Helou Gomide E-mail: cristinahelou@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Rio Vermelho como referência cultural Este trabalho trata do Rio Vermelho como referência cultural para a cidade de Goiás - antiga capital do estado de Goiás. A abordagem está dividida em quatro partes. Em um primeiro momento, o rio abordado pela literatura, sobretudo de Cora Coralina - poetisa e moradora local; em segundo, o Rio conforme representações de moradores locais; em terceiro, o Rio como referência cultural para os veículos de comunicação, tais como jornais do estado de Goiás; e,

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53 finalmente, a catástrofe da enchente de 2001 no local, retratada em cartõespostais. Procuramos, enfim, investigar o movimento histórico que envolve o Rio Vermelho, o modo como foi lido/vivido e interpretado por moradores e veículos de comunicação. Nome: Dayseane Ferraz da Costa E-mail: dayseaneferraz@yahoo.com.br Instituição: Secretaria de Estado de Cultura do Pará Título: Patrimônio, museus e história: a história da Amazônia em lugares de memória em Belém do Pará (1998-2008) Os museus, os históricos em especial, têm sido inquiridos, acerca das versões sobre a escrita da história, dos discursos acerca de preservação da memória histórica e das efemérides elencadas para serem lembradas nos lugares de memória. Na esteira destas reflexões, este trabalho analisa uma versão da escrita da história da Amazônia, na última década, construída em dois museus em Belém do Pará: O Museu do Forte do Presépio e o Museu de Arte Sacra do Pará. Os dois espaços selecionados, construídos originalmente como uma fortificação portuguesa, uma igreja e colégio jesuítico, podem ser entendidos como marcos da presença européia, militar e religiosa, na Amazônia. Os usos dessas edificações e as narrativas construídas acerca delas serão analisados, à luz do ofício do historiador e sua atuação na seara da preservação do patrimônio histórico. Cabe, portanto, questionar se estamos diante de museus que ainda constroem somente uma história dos vencedores, ou se os mesmos trazem também, na tessitura de seu discurso, a memória dos vencidos. Vale ressaltar ainda que tais espaços comunicam seus discurso a um público amplo tendo a chancela de uma história oficial. Nome: Diva Maria Freire Figueiredo E-mail: coordenacaohistoriaufpi@gmail.com Instituição: IPHAN Título: Entre terços e guias: O INRC nas Comunidades Quilombolas do Piauí e a problematização da relação Estado, pesquisadores e comunidades Este trabalho surge das impressões obtidas durante os percursos das pesquisas de campo e de análises histórico-antropológica do Inventário Nacional de Referências Culturais das comunidades quilombolas sítio Piauí e tem por objetivo apresentar o processo de construção e execução do INRC/CQ no Piauí e analisá-lo de forma crítica, problematizando as ações interventivas de proteção, guarda e salvaguarda dos bens materiais e imateriais que foram identificados pelo INRC. Percebendo que o mesmo surge dentro de um contexto de mobilização cultural, tendo como objetivo a reafricanização da cultura afro-brasileira, pretende-se perceber as ações que potencializaram a legitimação de uma identidade negra, afro-brasileira nas comunidades quilombolas do Piauí e quais os riscos apresentados nesse processo. Além de perceber a relação entre Estado, pesquisadores e comunidades e, o conflito de memória daí emergido. Nome: Elisabeth Monteiro da Silva E-mail: bethmonteiro@yahoo.com.br Instituição: Colégio Pedro II Título: Inventário do arquivo histórico do Colégio Pedro II Apresenta o Inventário Sumário do arquivo histórico do Colégio Pedro II. Destaca o valor social do arquivo para a produção de novos conhecimentos e a sua representação como bem simbólico e patrimônio intelectual. Descreve a metodologia para a construção do inventário sumário a partir do estudo de textos das teorias arquivísticas e da classificação e a utilização das normas ISAAR(CPF) E NOBRADE para a padronização e elaboração do registro de autoridade e descrição arquivística do fundo, séries e subséries. Ressalta a importância do arquivo para subsidiar a compreensão da evolução do ensino secundário no país. Faz um levantamento da legislação sobre educação e o colégio entre 1838 a 2009. O acervo documental é constituído de 600 livros e 60 pastas contendo documentos diversos. O arquivo histórico está localizado no NUDOM – Núcleo de Documentação e Memória do Colégio Pedro II. A importância documental do arquivo histórico revela o caráter cultural, intelectual e simbólico do Colégio Pedro II, como lugar de memória da educação no Brasil, qualificando o NUDOM como espaço que subsidia a pesquisa.Nesse sentido o trabalho contribuirá para divulgar a documentação histórica do Colégio, além de viabilizar para o pesquisador, o acesso aos documentos. Nome: Francisco Régis Lopes Ramos E-mail: regisufc@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Cultura material e ensino de história Com base nos estudos realizados na disciplina “lugares de memória no ensino de história” (UFC), são desenvolvidas abordagens metodológicas e perspectivas teóricas para a utilização da cultura material em problematizações do co-

nhecimento histórico construído em sala de aula. Trata-se da continuidade da pesquisa que foi primeiramente sistematizada no livro “Danação do Objeto: o museu do ensino de história” (2004). Amplia-se, desse modo, a reflexão para a história dos objetos fora do espaço museológico, levando-se em consideração as relações entre escrita da história e memória da cultura material, conforme as orientações de Michel De Certeau e Michel Serres. Além disso, passa a configurar nas preocupações o conceito de memória da natureza, como instrumento de interpretação e construção da consciência histórica, tal como pensa Gadamer. Questiona-se, assim, o sentido do conceito de preservação para o trabalho do historiador. Nome: Isabel Cristina Martins Guillen E-mail: iguillen@uol.com.br Instituição: UFPE Título: Mercado de São José: contando histórias em um lugar de memória O Mercado de São José, inaugurado em 1875, em Recife, foi tombado cem anos depois como patrimônio nacional devido à sua magnífica arquitetura (construído em ferro, trata-se de uma réplica do mercado de Grenelle). Ao longo deste último século tornou-se o maior centro de distribuição de folhetos de cordel e de artesanato, o maior mercado de produtos religiosos (principalmente das religiões afro-descendentes) da região metropolitana do Recife, ervas e raízes necessárias para a prática da medicina popular. No Mercado de São José e na praça em frente reuniam-se emboladores, cantadores, fotógrafos (lambelambe), barbeiros, prostitutas, vendedores de todos os produtos imagináveis. Acompanhando as transformações ocorridas na cidade do Recife e no Bairro de São José, o mercado demonstra em sua história e na memória daqueles que comerciam em seus mais de quinhentos boxes, que é um lugar de memória em seu sentido pleno: o lugar da cultura popular. Este trabalho pretende discutir a experiência de projeto de pesquisa financiado pelo IPHAN que objetivou inventariar o mercado como lugar com o propósito de fornecer aos que detém sua memória subsídios para registrá-lo como patrimônio imaterial do Brasil. Nome: Jacionira Coêlho Silva E-mail: jaconira@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Arqueologia, memória e patrimônio cultural: interfaces na construção da identidade No Brasil, o patrimônio cultural se firmou como fundamento concreto de identidade, a partir do movimento de renovação cultural da Semana de 22. O repensar a cultura brasileira sacralizou os bens culturais como símbolos da nação. O resgate e a preservação da memória constituíram o passo seguinte, ao torna-los bens públicos. Atualmente, abrangem desde os monumentos contemporaneos, no sentido atribuído por Le Goff, aos pré-históricos. Leis e orgãos foram criados e funções e campos de atuação estão sendo ampliados. A sacralização do patrimonio, contudo, acontece à revelia dos representados nessa simbologia. Ambiguidades se manifestam mais, ou menos, claramente, dependendo do nível de representatividade adquirida na sociedade. Os arqueólogos ultrapassam os demais agentes institucionalizadores da cultura contemporânea, na “criação” da identidade. Fazem escolhas, tomam decisões, a subjetividade permeando a valoração dos bens coletados: fundam a memoria de povos extintos. Nome: Jaelson Bitran Trindade E-mail: jbt9sr@terra.com.br Instituição: IPHAN - Instit. do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Título: Bens Culturais: O Saber Histórico e a Coletividade Numa atitude diferenciadora dentro da instituição, para a Regional do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sediada em São Paulo, os elementos da cultura, os “fatos e coisas” deviam indicar enfaticamente o conjunto de problemas e soluções dadas num determinado espaço, por uma dada população (grupos sociais), numa dada época. O estudo, apreciação e consideração deles deviam estar relacionadas “com os fenômenos dos quais (...) participaram ou decorreram”; eles deviam ser entendidos dentro dos quadros de uma sociedade, de uma economia, de uma cultura: uma abordagem de território. Tal atitude desencadeia desde cedo - começos da década de 1940 - uma experiência de pesquisa histórica, tendo como hipótese de trabalho a busca das teses que caracterizaram a formação social. É uma pesquisa pública, na qual o valor social e valor científico se imbricam. Para considerar a contribuição da história no exercício da preservação do patrimônio cultural é preciso ter em conta que o profissional, nessa prática, está tratando de situações cujas formas e conteúdos se referem a processos sociais, a atos, atividades e relações sociais. Entendidos como produtos das práticas os objetos (produtos, obras, coisas)

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não se destacam das relações sociais. Nem da história. Nome: Janice Gonçalves E-mail: janice_goncalves@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: O SPHAN e seus colaboradores: construindo uma ética do tombamento (1938-1972) O Decreto-Lei n.25/37 forneceu as diretrizes de atuação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, marcando os critérios que orientariam a seleção dos bens a serem preservados: haveria interesse público na conservação de bens vinculados “a fatos memoráveis da história do Brasil” ou com “excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.” Ao mesmo tempo, o SPHAN, nos primeiros anos de sua estruturação, dependia da colaboração de diversos profissionais, em diferentes áreas (muitos deles, intelectuais de projeção nacional ou regional), que, situados nas várias unidades da federação, indicariam bens e apresentariam estudos a seu respeito. As colaborações tendiam a colocar em xeque, ou ao menos a tensionar, as orientações gerais do SPHAN, pois punham em causa a questão do “regional” em contraponto ao “nacional”. Considerando, sobretudo, a atuação de Rodrigo Melo Franco de Andrade e Lúcio Costa, entre 1938 e 1972, a comunicação proposta pretende examinar alguns aspectos das relações entre o corpo de funcionários do SPHAN e seus colaboradores, destacando o desafio de construção do campo disciplinar e profissional do patrimônio cultural no Brasil, inclusive em seus aspectos éticos. Nome: João Ricardo Costa Silva E-mail: joaoricardocs@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: O Processo de Patrimonialização do Centro Antigo de São Luís: práticas patrimoniais desenvolvidas pelo poder público O trabalho tem por objetivo fazer uma análise das ações patrimoniais desenvolvidas pelo poder público que possibilitaram ao Centro Antigo de São Luís, um lugar considerado símbolo do atraso da cidade durante diversas décadas do século XX, ser alçado a como um local representativo do período áureo vivenciado pela Província, quando a mesma detinha destaque a nível nacional. A análise tentou compreender como o conjunto arquitetônico tem sua imagem construída ou talvez melhor reconstruída a partir do fato de ser legitimado como um bem de valor patrimonial. O Centro Antigo transmuta-se em Centro Histórico através das ações patrimoniais desencadeadas pelos diversos tombamentos efetivados constituindo um valor legitimado pelas políticas oficiais de preservação do patrimônio. A pesquisa aponta que os diversos tombamentos feitos pelo órgão federal de gestão do patrimônio a partir da década de 1940, que consolidaram uma prática patrimonial possibilitando que o referido espaço urbano da cidade fosse construído como Centro Histórico. A institucionalização do Centro Histórico tem seu ápice com o tombamento federal do conjunto urbano feito pelo IPHAN em 1974. Essa ação legitimou as intervenções urbanísticas de revitalização do sítio histórico na década seguinte pelo poder público. Nome: Julia Wagner Pereira E-mail: juwp@hotmail.com Instituição: UNIRIO Título:”Tombar” também é narrar Este trabalho tem por objetivo apresentar a medida de preservação denominada “tombamento”, instituída pelo Decreto-Lei n. 25 em 1937, como um processo de construção de narrativas da nação. Ao relacionar os bens culturais com os contextos políticos, econômicos e sociais da formação brasileira o “tombamento” contribui, por intermédio da proteção física e dos valores atribuídos aos bens, para a consolidação na memória social de determinados eventos, períodos, personagens e racionalidades, cuja reclassificação como “objetos-portadores-de-sentido” da nação os insere no seleto grupo do “Patrimônio Histórico e Artístico Nacional”. Desse modo, é importante que os historiadores e demais profissionais envolvidos na patrimonialização dos bens culturais compreendam que o “tombamento”, para além de um instituto jurídico, considerado neutro e técnico no reconhecimento dos valores dos bens, é um processo de atribuição de outros sentidos e significados, no qual os bens tombados tornam-se elementos estruturantes das narrativas nacionais. O “tombamento” pode ser entendido, portanto, como uma prática políticosocial dinâmica que, sob novos termos, conceitos e disputas, permanece até a atualidade narrando a nação. Nome: Juliana Ferreira Sorgine E-mail: jusorgine@yahoo.com.br Instituição: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Título: “Salvemos Ouro Preto!” A campanha em benefício de Ouro Preto (1949-1950) A gestão do conjunto arquitetônico e urbanístico tombado de Ouro Preto na transição da década de 1940 para a de 1950, destacou-se por um conjunto de ações empreendidas pela então Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (hoje IPHAN). Nesse curto período inserido na duradoura gestão do jornalista e jurista mineiro Rodrigo Melo Franco de Andrade à frente da instituição foram empreendidos: uma campanha de angariação de fundos particulares em benefício do casario da cidade; um inventário da situação do conjunto urbano tombado, feito por técnicos da DPHAN e, por fim, uma série de intervenções para a recuperação de exemplares selecionados do conjunto, custeadas com o montante arrecadado na campanha. Sobretudo, foi um momento em que integrantes das elites intelectuais, artísticas, econômicas e políticas do país foram chamados a colaborar com a preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, então entendida como uma causa, figurando com destaque na pauta dos principais jornais da Capital Federal, de outras regiões do país e do exterior.A tentativa de compreensão dessas práticas ao seu tempo dá-se a partir de interrogações hodiernas acerca da atuação da agência nacional de preservação do patrimônio cultural, na tentativa de melhor entender os seus dilemas hoje. Nome: Kênia Sousa Rios E-mail: keniata13@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Rio Jaguaribe: historia e patrimônio ambiental O Rio Jaguaribe é um dos maiores rios secos do mundo e suas águas contam a historia do Ceará nos seus mais variados temas e abordagens. Desse modo, a presente pesquisa busca fazer uma reflexão histórica tentando perceber o Rio Jaguaribe como um território patrimonial porque pleno de historia e memória. Nome: Leandro Benedini Brusadin E-mail: leandrobrusa@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Título: Patrimônio Cultural e o Turismo: abordagem interdisciplinar Ao longo destes anos de auge do turismo de massa e da crença generalizada de que o turismo pode transformar drasticamente as economias locais, a tendência tem sido explorar todos os recursos, naturais ou culturais, da forma mais lucrativa possível. Isso tem levado à degradação de alguns lugares em diversos níveis e aspectos. Essa questão faz parte do processo de análise deste trabalho, mesmo porque esses valores não são universais. O turismo cultural empregado com o devido planejamento permite que a comunidade, de alguma forma, engaje-se no processo de recuperação da memória coletiva, de reconstrução da história, de verificação de fontes. Nome: Mércia Carréra de Medeiros. E-mail: merciacarrera@hotmail.com Instituição: FLUP - Faculdade de Letras de Universidade do Porto Nome: Leandro Surya E-mail: leandrosurya@yahoo.com.br Instituição: FLUP - Faculdade de Letras de Universidade do Porto Título: A importância da educação patrimonial para a preservação do patrimônio A presente comunicação tem como propósito destacar a educação patrimonial como um mecanismo fundamental para sanar ou minimizar a falta de conscientização das comunidades sobre a importância da preservação de seus bens culturais. Para tanto, será demonstrado uma breve retrospectiva do campo do patrimônio cultural, sua própria legislação e a importância da pesquisa arqueológica na construção do processo de valorização e preservação do patrimônio. Nome: Leila Beatriz Ribeiro E-mail: leilabribeiro@ig.com.br Instituição: UNIRIO Título: Diretamente do Borel: Narrativas visuais do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca Discutir coleções narradas por uma escola de samba significa refletir como os indivíduos estabelecem seu circuito de comunicação social que se materializa em suportes de transmissão – os objetos culturais e imateriais – transformados em bem coletivo, traduzindo-se no plano da cultura. Acompanhamos a Unidos da Tijuca, escola de samba do Rio de Janeiro, que escolheu para enredo do carnaval de 2008 o tema: Vou juntando o que eu quiser, minha mania vale ouro. Sou Tijuca, trago a arte colecionando o meu tesouro. Com suas seis galerias, a escola contou a céu aberto – através de uma grande exposição museológica – sua narrativa fantasiosa sobre o hábito da humanidade de

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53 guardar de quinquilharias aos mais relevantes objetos. Essas coleções, cobertas de significações visuais simbolizam tanto o espaço imaginário das atividades humanas como o novo patrimônio. O samba carioca tornou-se, em 2007, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, sob registro no IPHAN. Investigar a quarta escola de samba mais antiga do Brasil, cujo enredo tematiza questões ligadas às diversas formas de colecionamento e as instituições como lugares de memória, justifica-se uma vez que o samba-enredo, “como uma nova estética e uma nova modalidade”, é uma das matrizes de salvaguarda da imaterialidade cultural brasileira. Nome: Lúcia Maria Aquino de Queiroz E-mail: luciamaqueiroz@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título: Projeto Caminhos do Recôncavo - Proposição de Novos Roteiros Histórico-culturais para o Recôncavo Baiano O Recôncavo baiano é uma região de intenso fascínio, sobretudo como fonte para a realização de estudos turísticos, por se constituir em um amplo repositório da cultura de matriz africana no Brasil. O declínio econômico vivenciado por essa região, ao tempo em que a conduziu a uma estagnação não superada até o presente momento, possibilitou que fossem preservados traços marcantes da cultura regional que hoje se traduzem em um valioso patrimônio intangível. A percepção das potencialidades do Recôncavo propiciou a que esta região fosse objeto de amplo estudo. Objetivou-se a proposição de alternativas concretas para o desenvolvimento sustentável do turismo histórico-cultural, através da implantação de roteiros turísticos integrados que contemplem as potencialidades de municípios detentores de um valioso patrimônio históricocultural, como Cachoeira, Maragogipe e Santo Amaro, e propiciem a inserção das comunidades locais. O estudo teve como produto final um Inventário do patrimônio cultural dos municípios de Santo Amaro, Cachoeira e Maragogipe, em que foram levantadas informações referentes à produção artística e à artesanal, às manifestações, identidades e tradições, grupos culturais, espaços culturais, bens imóveis e instituições culturais. Nome: Luciano dos Santos Teixeira E-mail: luciano@iphan.gov.br Instituição: IPHAN Título: Civilização material, história e preservação em Afonso Arinos A Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nos seus primeiros números, apresentava a proposta de consolidação de um novo espaço institucional e intelectual - a preservação do patrimônio cultural brasileiro - que demandava novas abordagens, adequadas aos novos objetos eleitos pelos que se dispunham a pensar e atuar na preservação desses bens culturais. A idéia de uma história da civilização material, apresentada em um curso ministrado por Afonso Arinos de Melo Franco aos técnicos do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1941, pode ser um eixo interpretativo útil para se compreender as concepções de História e de patrimônio que informaram a criação das primeiras políticas preservacionistas no Brasil. Concepções marcadas por noções de cultura, civilização e passado de fortes vinculações com obras de antropólogos e filósofos de grande influência na época, como Frobenius, Spengler, Franz Boas e do Gilberto Freyre de Casa Grande e Senzala, reapropriadas em uma nova perspectiva, voltada para a “defesa dos valores da arte e da história do país”. Tentaremos investigar as implicações do(s) uso(s) da noção de civilização material nesse curso, o qual teria um grande impacto nas práticas de preservação desenvolvidas naquele momento pelo SPHAN. Nome: Manuelina Maria Duarte Cândido E-mail: manuelin@uol.com.br Instituição: Instituto Praeservare - Preservação do Patrimônio Cultural Título: Museus como espaço de interdisciplinaridade e o ofício do historiador Os museus são instituições que preservam referências patrimoniais e, por meio delas, propões reflexões amplas sobre o homem, seu meio ambiente e suas atividades, por isso se vinculam necessariamente ao conhecimento interdisciplinar. Hernandez-Hernandez (2006, 331) afirma que o discurso museológico deve ser aberto, plural, diversificado, multilíngüe e multifacetado como é a experiência das diferentes sociedades que formam a história da humanidade. A Museologia é uma disciplina aplicada, voltada para a comunicação do conhecimento produzido por áreas básicas e que se insere em um campo relacional: homem – objeto – cenário. Portanto, é intrinsecamente interdisciplinar. Entre as áreas básicas dos museus a História é muito presente, além do fato de que todo museu é histórico, pois as referências patrimoniais lá reunidas, mesmo que por outros critérios (artísticos, científicos), são historicamente produzidas e se encontram inseridas em uma temporalidade que transcorrerá durante toda existência do objeto no museu, criando novos sentidos e significados. Por esta

razão, o museu é um espaço propício para o exercício do ofício do historiador, juntamente com outros profissionais. Trazemos neste trabalho uma reflexão sobre limites e afinidades entre História e Museologia. Nome: Marcia Conceição da Massena Arévalo E-mail: nanyufop@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: O Registro como instrumento na preservação municipal do patrimônio cultural O presente trabalho objetiva apresentar o caso de São Bartolomeu, pequena comunidade rural de Ouro Preto MG, tantas vezes conhecida pelo seu patrimônio material: igrejas, casarios, mas detentora também de um patrimônio imaterial de grandes proporções. No ano de 2005 a prefeitura municipal, através da Diretoria de Promoção Cultural, deu inicio ao Registro das suas manifestações culturais imateriais, sendo seu primeiro Registro municipal a “Produção artesanal de doces de São Bartolomeu”, um saber-fazer conservado pela comunidade a mais de 300 anos e que hoje não somente é sua fonte de renda, mas é tido como estilo de vida. O trabalho apresenta a metodologia da equipe que criou esse registro, as ferramentas legais usadas e dá ênfase na metodologia da história oral, essencial para a finalização desse trabalho. Nome: Maria Telvira da Conceição E-mail: mtelvira@yahoo.com.br Instituição: URCA Título: A Cultura da Preservação da Memória na Dinâmica Educativa das Instituições Escolares no Cariri: discursos, consensos e indagações A reflexão desse artigo é resultado da pesquisa de iniciação científica em andamento desde 2007 e atualmente financiada pelo CNPq, intitulada Historia com L: historicidades locais e bens patrimoniais: Um estudo sobre a emergência de uma educação histórica de salvaguarda no Cariri. A partir de um referencial teórico situado no campo da História cultural e de procedimentos metodológicos da história oral e análise documental a pesquisa tem como objetivo geral discutir as relações entre cultura, memória e educação no contexto do Cariri. Em sua segunda etapa de execução, o estudo problematiza as relações que se estabelece entre uma possível cultura da preservação da memória e sua inserção na cultura escolar nas instituições educacionais no Cariri. O campo de abrangência do estudo incluiu 43 instituições educativas de 22 municípios da Região do cariri cearense e um universo 50 professores de História e gestores educacionais das referidas instituições. Nome: Nelson Porto Ribeiro E-mail: nelsonporto.ufes@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo Título: Técnica, patrimônio e ética Já há algum tempo que a ciência da preservação vem estimulando, no campo da preservação do patrimônio edificado, a utilização das ‘técnicas construtivas históricas’ como diretivas a serem respeitadas, não apenas porque - em linhas gerais - elas se adéquam melhor sob o ponto de vista da compatibilidade física com o artefato histórico, mas, sobretudo, porque a preservação deste ‘fazer histórico’ ganhou ‘status’ próprio de patrimônio, enquanto cultura imaterial e intangível. Por outro lado, a moderna ciência dos materiais do século XX, nas últimas décadas, vem colocando para os profissionais que trabalham no campo da preservação dos monumentos edificados uma série de produtos conhecidos pelo nome genérico de resinas, as quais, devido às suas qualidades de compatibilidade, permeabilidade, coesão, neutralidade etc. têm se mostrado ‘ideais’ para a restauração. O propósito da presente comunicação é justo o de procurar problematizar como a técnica e o desenvolvimento desta, no campo do patrimônio histórico arquitetônico, colocam questões relativas à conservação dos bens culturais diretamente relacionadas não apenas à utilização das possibilidades tecnológicas de sua época, mas, sobretudo, quando estas entram em confronto direto com uma ética do respeito ao ‘fazer histórico’. Nome: Paula Silveira De Paoli E-mail: pauladepaoli@ig.com.br Instituição: UFRJ/FAU/PROURB – IPHAN Título: Patrimônio material, patrimônio imaterial: dois momentos da construção da noção de patrimônio histórico no Brasil O objetivo do trabalho é indagar sobre algumas questões que estão na base do conceito de patrimônio histórico empregado hoje no Brasil. Este conceito desdobra-se em duas dimensões: material e imaterial. No entanto, a noção de patrimônio histórico é o produto de um processo histórico, sendo a preservação do patrimônio imaterial bem mais recente do que a do patrimônio material. Num primeiro momento, a noção de patrimônio histórico esteve atrelada, na maior parte dos casos, a bens imóveis de caráter monumental, que

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constituem o cerne do chamado patrimônio material. Por sua vez, a década de 1960 representou uma mudança de rumos na prática patrimonial, com a difusão internacional da temática da preservação e a ampliação das categorias de bens a serem preservados, o que permitiu a inserção, no campo do patrimônio histórico, do chamado patrimônio imaterial. Neste quadro, a hipótese defendida no trabalho é que a distinção entre o patrimônio dito “material” e aquele dito “imaterial” refletiria, mais do que uma substancial diferença na natureza física dos bens, a existência de dois momentos distintos na história da prática da preservação, carregados de uma série de conotações sociais e políticas, com a valorização de novos atores sociais na construção da chamada “cultura nacional”. Nome: Pedro Paulo Palazzo de Almeida E-mail: pedro.palazzo@gmail.com Instituição: Centro Universitário Euro-Americano Título: Patrimônio edificado e ideologia modernista A prática de preservação patrimonial no Brasil representa um recorte parcial da teoria patrimonial tal como esta foi constituída nas convenções internacionais e nas práticas européias e norte-americanas, com forte ênfase na consciência historicista. Partindo desses precedentes, esta comunicação estudará os marcos teóricos que têm informado a preservação do patrimônio material imóvel, com conseqüências para as identidades profissionais que se constituem em torno da prática de preservação e do patrimônio preservado. Nome: Raul Amaro de Oliveira Lanari E-mail: ralanari@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: As populações indígenas na política editorial do SPHAN durante o Estado Novo Este artigo tem como objetivo discutir as interpretações tecidas a respeito da cultura indígena veiculadas na Revista do SPHAN, bem como em monografias editadas pelo órgão durante os anos do Estado Novo. A despeito da constatação de que a gestão do patrimônio histórico e cultural brasileiro teria, em seus primeiros anos, se detido prioritariamente nos bens móveis religiosos e civis, é possível identificar, nas publicações editadas pelo órgão, um intenso debate sobre a cultura indígena, atribuindo a estes um lugar na constituição da nacionalidade. Artigos de profissionais como Roquette Pinto, Heloísa Alberto Torres, Raimundo Lopes, Carlos Estevão, Gastão Cruls e Curt Nimuendaju explicitam um intenso debate que tem raízes anteriores ao período estudado, mas que encontraram na política editorial do SPHAN um campo fértil de discussão. Tais artigos também levantam questões sobre a relação do SPHAN com diversos órgãos - Museu Nacional e Museu Goeldi, principalmente - que já se notabilizavam no campo da identificação e preservação de determinados patrimônios culturais brasileiros. Nome: Ricardo Neumann E-mail: ricardoneumann@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Santo Antonio dos Anjos da Laguna: um patrimônio, muitas memórias A cidade de Laguna, em Santa Catarina, fundada em 1676 por bandeirantes, foi durante o período colonial um importante porto, que servia de base para as lutas de defesa e conquista no sul da colônia portuguesa. Durante o período Imperial, na Guerra dos Farrapos, a cidade foi a capital da República Juliana, sede dos revoltosos catarinenses, aliados ao Rio Grande do Sul. No final do século XIX, a cidade foi ponto de chegada das levas de imigrantes italianos que colonizaram o sul de Santa Catarina. No entanto com a criação do porto de Imbituba, que podia receber navios maiores, a cidade perde importância na região. Essa memória está viva no patrimônio edificado de Laguna, que com suas casas em estilo colonial português e seus casarões ecléticos matem acesa a história da cidade, do estado e do país através de seus edifícios. Nosso trabalho vai ao encontro do projeto de extensão que estamos realizando pela Universidade do Estado de Santa Catarina, onde estamos trabalhando, através da educação patrimonial, as questões da memória e da valorização do patrimônio cultural da cidade. Nesse sentido, buscaremos, através do estudo da história da cidade e de seu patrimônio, compreender quais as memórias e os patrimônios que viraram semióforos, e quais as memórias que estão ocultas na história. Nome: Roberta Nobre da Camara E-mail: alicebetac@gmail.com Instituição: Museu da Vida - Casa de Oswaldo Cruz- Fiocruz Título: Patrimônio Genético- Que Patrimônio é esse? O presente trabalho tem por objetivo apresentar e discutir o processo de patrimonialização de material genético brasileiro, utilizando como principal re-

ferência a legislação de salvaguarda relacionada. Como estudo de caso, é apresentado o histórico da Coleção de Fungos Filamentosos da Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, uma coleção viva, iniciada em 1922 e fiel depositária de patrimônio genético nacional, e analisada a real proteção dessa coleção, de acordo com os referenciais dos estudos patrimoniais. Ao final do trabalho, são discutidas as possibilidades de divulgação dessa coleção, sobretudo em museus de ciência, para que esse patrimônio seja valorizado e apreendido. Os estudos realizados permitem concluir que, na forma como compreendemos a proteção do patrimônio, as coleções científicas não se encontram protegidas de forma apropriada para usufruto de gerações futuras. Nome: Telma Saraiva dos Santos E-mail: saraiva5@hotmail.com Instituição: Universidad de Málaga/Espanha Título: Além da argila: Um estudo sobre os saberes tradicionais na produção dos artesãos ceramistas de Icoaraci Nesta comunicação apresento um estudo sobre a cultura imaterial presente no artesanato cerâmico produzido em Icoaraci (Distrito de Belém/PA), especialmente após a introdução da cerâmica Marajoara que aconteceu na década de 1960, destacando principalmente o fenômeno intangível que está presente nesses processos revelando sua importância como bem cultural de natureza imaterial, com o intuito de auxiliar futuros estudos sobre a salvaguarda e manutenção de patrimônios de cultural imaterial. Partindo para isso de uma análise desses saberes tradicionais utilizados nessa produção e também de uma perspectiva cultural e política de como surgiu o interesse do poder público municipal em criar uma escola no bairro, com uma política pedagógica de inclusão desses saberes tradicionais no currículo escolar e a possível contribuição da comunidade na criação dessa escola e suas preocupações com a preservação desses saberes tradicionais. Nome: Vera Chacham (Diretora de Proteção e Memória do IEPHA-MG) E-mail: vchacham@hotmail.com Instituição: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de MG Título: O valor da fazenda: a construção da casa grande como lugar de memória nacional em Casa Grande e Senzala Um tipo de bem cultural reconhecido pelo SPHAN desde os anos trinta e quarenta, a sede de fazenda dos séculos XVIII e XIX tem a sua importância, enquanto patrimônio histórico e artístico, reafirmada ao longo do século XX em uma série de tombamentos realizados pelos órgãos de proteção do patrimônio cultural. Perante o caráter recorrente deste lugar de memória, cabe trazer à tona um dos discursos fundadores do valor histórico e nacional da fazenda, em cuja casa encontram-se não somente vestígios da “boa tradição” da arquitetura brasileira, mas sobretudo o testemunho histórico do Brasil patriarcal. O objetivo desta comunicação é apontar os elementos que, em “Casa-grande e senzala”, contribuem para fazer da fazenda um lugar digno de memória nacional, e que são essenciais, no nosso entender, para se compreender a construção e a sobrevivência do valor da fazenda como patrimônio histórico. Nome: Walter Francisco Figueiredo Lowande E-mail: wartelowande@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: Discursos diversos: histórias da arquitetura residencial nacional nas práticas preservacionistas (Luiz Saia, Nestor Goulart Reis Filho e Carlos Lemos) Proporei aqui uma análise dos textos de história produzidos por três arquitetos paulistas ligados aos órgãos preservacionistas nacionais (Luiz Saia, Nestor G. R. Filho e Carlos A. C. Lemos). Ela se ancora em pressupostos em certa medida diversos daqueles propostos por uma corrente historiográfica consolidada a partir da década de 90, para a qual, pode-se dizer, tais práticas foram fundamentadas por uma “formação discursiva hegemônica”. O “PHAN” teria sido, portanto, um instrumento institucionalizado nas mãos de uma elite intelectual vencedora, legitimando, desta forma, discursos que proporcionariam a construção de uma memória e identidades nacionais específicas. Dispondo de um conjunto de fontes alternativo, pretendo demonstrar que o “PHAN” somente pôde sustentar-se, ao longo destas mais de sete décadas, em função de ter sido capaz de acomodar dissensos, e não de impor consensos, abrigando assim diversas perspectivas sobre a nacionalidade. Para tanto, proponho que estes textos de história sejam analisados como ações de indivíduos visando produzir efeitos nas práticas preservacionistas. Apresentarei definições para linguagem e para os processos de institucionalização que são, a meu ver, mais eficazes no intuito de lidar com estas diversidades discursivas.

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54 54. HistĂłria, Historiografia e fontes orais: temas, abordagens e perspectivas de investigação Heloisa Helena Pacheco Cardoso – Universidade Federal de Uberlândia (hhpcardoso@bol.com.br) Yara Aun Khoury – PUC/SP (yara.klr@gmail.com) 2 SURSyVLWR GHVWH 6LPSyVLR p UHXQLU SHVTXLVDGRUHV FXMDV IHUUDPHQWDV GH WUDEDOKR KLVWRULRJUiĂ€FR LQFOXDP DV fontes orais. Pretendemos, com isto, propor o debate sobre os vĂĄrios temas que tĂŞm sido pautados por estes WUDEDOKRV EHP FRPR FRORFDU HP IRFR DV GLIHUHQWHV SHUVSHFWLYDV GH DERUGDJHP FRP DV IRQWHV RUDLV H D FRQWULEXLomR TXH WDLV SHVTXLVDV SURSRUFLRQDP j KLVWRULRJUDĂ€D PDLV UHFHQWH Acreditamos que as fontes orais tĂŞm sido um instrumento metodolĂłgico que nos coloca frente a outros sujeitos que reclamam outras possibilidades de interpretação, o que tem nos levado a prestar atenção Ă s diferenças, UHGLPHQVLRQDQGR DVVLP QRVVRV FRQFHLWRV REULJDQGR QRV D XP UHSHQVDU GR SDSHO GD KLVWyULD H GD KLVWRULRJUDĂ€D QD OXWD SROtWLFD 7UDEDOKDQGR WHPiWLFDV FRPR PRYLPHQWRV VRFLDLV WUDEDOKR H WUDEDOKDGRUHV FXOWXUDV H UHOLJLRVLGDGHV SUHVHUYDomR H SDWULP{QLR FDPSR H FLGDGH SURSRPRV VXVFLWDU R GHEDWH VREUH D SURGXomR GH PHPyrias, os diversos atributos das experiĂŞncias, da consciĂŞncia social, e das vĂĄrias tensĂľes que emergem nas formas de narrar e nas linguagens presentes na produção das fontes orais. $ SURSRVWD p UHXQLU SHVTXLVDGRUHV TXH SURFXUHP UHĂ HWLU RV VLJQLĂ€FDGRV GHVWDV OLQJXDJHQV HQWHQGLGDV FRPR SUiWLFD H HOHPHQWR FRQVWLWXLQWH GRV VXMHLWRV H GDV QDUUDWLYDV QD KLVWyULD H QD KLVWRULRJUDĂ€D WHQWDQGR DYDQoDU QR HQWHQGLPHQWR GH TXH HODV VmR SUiWLFDV VRFLDLV QXP XQLYHUVR DPSOR GLYHUVLĂ€FDGR Ă€UPDQGR SHUVSHFWLYDV FRP DV TXDLV WHQWDPRV GLDORJDU SDUD FRQVWUXLU RXWUDV KLVWyULDV R TXH LQFOXL SRVsibilidades de pensarmos outra sociedade.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alcides Fernando Gussi E-mail: agussi@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: O “Trabalho da MemĂłriaâ€? nas narrativas biogrĂĄficas de bancĂĄrios em tempo de privatização Este trabalho analisa a dimensĂŁo da memĂłria construĂ­da nas narrativas biogrĂĄficas de trabalhadores de um ex-banco pĂşblico estadual paulista, privatizado em 2000. Partindo dos impactos do tempo presente marcado pelas mudanças decorrentes da privatização, as narrativas desses bancĂĄrios evocam um tempo passado, entre lembranças mitificadas do banco antigo, quando era pĂşblico, e o esquecimento de contradiçþes que fundam historicamente as relaçþes de trabalho bancĂĄrio, sobretudo deste banco, marcadas por uma estrutura burocrĂĄtica e paternalista descrita por uma pesquisa etnogrĂĄfica realizada pelo antropĂłlogo Geraldo Romanelli nos anos 70. Ainda, as narrativas dos bancĂĄrios evocam um tempo mais que pretĂŠrito, o das suas infâncias e adolescĂŞncias, revelador de uma intensidade de vida que se contrapĂľe ao tempo presente, simbolicamente representado por mortes, sobretudo a de uma identidade sĂłcio-profissional. Entre a lembrança e o mito, o esquecimento e a histĂłria, trata-se de pensar, nos dizeres de EclĂŠa Bosi, o “trabalho da memĂłriaâ€? nas narrativas biogrĂĄficas desses trabalhadores – entre passagens de mortes e (re)nascimentos - e o que isso permite compreender acerca dos processos de mudanças do trabalho bancĂĄrio.

Nome: Andrey Minin Martin E-mail: andrey_mm@hotmail.com Instituição: UEM Título: Entre memórias e experiências: os (des) caminhos da reforma agråria e a luta pela terra em Mato Grosso do Sul A partir da dÊcada de 1970, observa-se no Estado e no município de Três Lagoas a emergência de movimentos sociais de luta pela terra, oriundos de múltiplas de questþes ocorridas neste período. O objetivo deste trabalho Ê analisar as trajetórias de tais movimentos, assim como as memórias e experiências dos sujeitos participantes, de suas primeiras ocorrências atÊ a formação do Assentamento Pontal do Faia, no ano de 2000. A partir desta delimitação, buscamos analisar os múltiplos caminhos atÊ o assentamento, o processo de acampamento, a relação com os agentes mediadores destas lutas e as memórias e representaçþes construídas na vida no assentamento. Para tanto, as fontes orais nos proporcionam plurais possibilidades de interpretação, que no diålogo com outras fontes, expressam as experiências narradas pelos sujeitos. O que procuramos observar Ê como nestes movimentos contemporâneos tecem-se diferentes posicionamentos, tendências e concepçþes sobre a luta pela terra e a volta para o campo, fazendo com que estes espaços, como os acampamentos e assentamentos se tornem campos onde se manifestam plurais discursos, pråticas e representaçþes acerca dos agentes envolvidos na luta, como tambÊm sobre a vida no campo. Possibilidades estas, tecidas no diålogo com as fontes orais.

Nome: Ana Isabel Ribeiro Parente Cortez E-mail: belparente@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Cearå Título: Memórias Descarrilhadas: o trem na cidade do Crato Pesquisa desenvolvida em dissertação de Mestrado na Universidade Federal do Cearå, Memórias Descarriladas interpreta a construção de narrativas a partir de lembranças do trem na cidade do Crato. Na oralidade, os entrevistados inventaram e reinventaram suas memórias sobre a måquina fÊrrea engendrando inúmeras relaçþes que precipitaram seus enredos para fora dos trilhos. O descarrilamento destas memórias permitiu a construção de inúmeras relaçþes com outros aspectos. Nesse sentido, a cidade do Crato Ê redimensionada e surge múltipla, formulada de acordo com as referências pessoais de quem a descreve; assim como, as viagens, os momentos na estação e os acidentes fÊrreos são interpretados a partir de constantes relaçþes com o vivido e o esperado. Nessas narrativas o trem Ê reconstruído, transformado atravÊs de cores, cheiros, sons, e sabores.

Nome: Carlos Meneses de Sousa Santos E-mail: menesesufu@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Relaçþes de classe na Uberlândia do início do sÊculo XXI. Apontamentos sobre o uso das fontes orais O interesse da comunicação proposta Ê discutir os encaminhamentos adotados na utilização das fontes orais frente à pesquisa que venho desenvolvendo. A questão se coloca devido o enfrentamento da produção e do uso desta documentação na produção do conhecimento histórico. Ao procurar problematizar o modo como se vive a cidade de Uberlândia, no final do sÊculo XX e início do sÊculo XXI, as fontes orais são pensadas como possibilidades instigantes de evidenciação histórica. Parto da compreensão de que as relaçþes vividas na cidade se fazem na historicidade mantida no convívio entre seus moradores. Percebo que essa convivência vem sendo estabelecida em um estado constante de tensão social, onde a constância dessa tensão pode ser apresentada a partir das experiências dos sujeitos. O objetivo Ê

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repercutir os modos como essa tensão vem sendo vivida. O desafio é evidenciar a maneira como os diversos trabalhadores se relacionam na cidade, colocando em questão o modo como elaboram identificações e constroem dissidências na formulação de suas práticas sociais. Nesse sentido, as fontes orais se constituem como um recurso para a repercussão das trajetórias dos sujeitos, um recurso, portanto, para a repercussão de valores, de interesses, de projetos e de avaliações sobre o vivido. Nome: Célia Rocha Calvo E-mail: celiarochamg@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Narrativas orais, fontes para investigação histórica: culturas, memórias e patrimônios da cidade Esta comunicação tem como objetivo apresentar reflexões obtidas em pesquisas históricas com narrativas orais, desenvolvidas nos projetos sobre Cultura e Cidade vinculados ao Núcleo de Pesquisa e Estudos em História, Cidade e Trabalho - INHIS.UFU. Refletir sobre a produção de narrativas orais, enquanto fontes para a interpretação histórica sobre as mudanças da vida social. Nesse sentido temos compreendido que as narrativas orais traduzem-se enquanto atos de narrar, interpretar o tempo presente-passado, cujos sentidos e significados são constituídos na relação entre o pesquisador e o entrevistado, e na maneira como compartilham um diálogo e, por meio dele, de modos específicos, inscrevem-se no fazer-se das historias e das muitas memórias. Sob esta perspectiva as narrativas orais emergem como evidências que possibilitam a produção de memórias e histórias focadas em práticas, experiências e modos de viver de agentes pertencentes as classes não hegemônicas. Essas fontes / evidências possibilitam compreender os modos como esses agentes narram e constroem os significados de suas vivências, necessidades e expectativas, enquanto dimensões constitutivas de suas culturas, compreendidas enquanto modos de viver e de lutar na/pela cidade. Nome: Cícero Joaquim dos Santos E-mail: cjoaquims@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará – UECE Título: No entremeio dos mundos: a morte da Rufina como um evento fundador A presente pesquisa pretende refletir sobre a tradição oral da morte trágica no Cariri cearense, a partir de um evento singular: a morte da Rufina, possivelmente ocorrida entre os fins do século XIX e o início do século XX. Tida como uma personagem milagrosa, sua cruz tornou-se um objeto de devoção popular. Para isso concorreram diversos fatores, como o tipo de morte sofrida violentamente, o que elevou sua imagem de mártir entre os narradores. Além disso, a falta dos ritos fúnebres, entendidos como necessários para a passagem da alma para o outro mundo aumentou seu sofrer. Tomando a tradição oral como núcleo de investigação, o trabalho prioriza narrativas dos devotos da “Santa Cruz da Rufina”, em maioria, idosos residentes nas proximidades do lugar de devoção no município de Porteiras, sul do Ceará. Tida por muitos como um evento fundador, a morte da personagem fundou múltiplas temporalidades no cotidiano dos devotos. Nesse contexto, além da divisão social do tempo, fundou também um espaço sagrado, vivenciado através do pagamento de promessas e ritos fúnebres infantis. Portanto, o que poderia ser o fim se tornou o princípio dos tempos e de experiências religiosas. Nome: Éber Mariano Teixeira E-mail: ebermt@yahoo.com.br Instituição: PUC-SP Título: Cultura e cidade: modos de vida e relações de trabalho de cortadores-de-cana em General Salgado, SP (1980-2008) Neste trabalho propõe-se como objeto de pesquisa refletir sobre as experiências e práticas sociais de trabalhadores cortadores-de-cana na cidade de General Salgado, localizada na região noroeste do Estado de São Paulo. Investigando os sentidos e os significados da transformação histórica; busca-se tornar visíveis dimensões das problemáticas vividas por esses trabalhadores; expressas nas formas próprias de viver, agir, interpretar, nas relações de trabalho, nos modos de morar, de sociabilizar, ao qual constituem e impregnam pela/ e na cultura urbana. A partir das narrativas orais dos trabalhadores é possível compreender como retomam a situação de vida nos outros locais em que viveram; o que representa a terra, a casa, a propriedade, o trabalho, o viver e o morar na cidade. A vinda desses trabalhadores para General Salgado representou novas situações/tensões; pelas quais é possível perceber na própria cidade e na imprensa regional que lida com essas questões que se instituem/constituem no viver urbano. A partir

dessas problemáticas postas no presente é que se inicia a reflexão sobre a presença significativa dos trabalhadores cortadores-de-cana na cidade de General Salgado, disputando lugar e firmando presença na cidade. Nome: Eduardo Antonio Estevam Santos E-mail: eduardoestevame@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP Título: A força social da história oral - o “aforamento” na experiência de moradia no São Pedro (1967-2002) O presente artigo analisa as narrativas de sujeitos que imprimiram um significado diferente ao contrato jurídico que estabelecia as condições de posse e morada. Esses significados foram resultados de suas vivências, valores e costumes apreendidos em seus modos de vida. Em 1967 teve início o loteamento São Pedro, só “registrado” em cartório em 1978, sob o regime jurídico do arrendamento e sem atentar para as normas jurídicas, urbanísticas e os decretos municipais que tornaram ilegal o loteamento e o pagamento do foro. Dentro dos marcos da ilegalidade urbana, esses sujeitos edificaram suas casas, dotaram o espaço de significado social e deram os passos (mutirão) fundamentais para a urbanização do bairro. Os moradores imprimiram na linguagem o termo aforamento (instituto jurídico da época colonial) e passaram a entender enquanto tal. Este estudo articula, por meio da história oral, as impressões, interpretações e sentidos do aforamento na experiência de moradia e na constituição do bairro São Pedro. Analisa também a importância da história oral como instrumento de mudança, uma vez que os depoimentos orais foram peças imprescindíveis para a publicação dos decretos que proibiram a cobrança do foro. Nome: Eliene Dias de Oliveira Santana E-mail: elieneoliveira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Título: Narrativas orais e identidade: o migrante nordestino em Mato Grosso do Sul Esse trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre o processo de constituição da identidade de determinado grupo social como um processo contínuo e fluido. No caso específico, através de narrativas orais de migrantes nordestinos ou descendentes desse grupo, hoje residentes no Estado de Mato Grosso do Sul, pretende problematizar o sentimento de pertencimento e/ou despertencimento desses sujeitos aos seus grupos sociais de origem. Pensar o tempo e o espaço para o migrante, é pensar em sintonia e diacronia, imiscuindo tempos e lugares do passado a tempos e lugares do presente. Nessa perspectiva, alcançar os significados desse processo de constituição de identidades através de suas narrativas apresenta-se como um caminho para nuançar essa discussão. Nome: Francisco Gleison da Costa Monteiro E-mail: gleison.monteiro@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual Vale do Acaraú Título: A vida cotidiana de meretrizes em torno das relações familiares. Uma reflexão a partir da História Oral e Memória A partir da metodologia da História Oral e Memória, foi possível analisar as relações de sociabilidade de mulheres que dividem suas ocupações entre os afazeres domésticos, a família e a vida no meretrício. O contexto histórico, desenrolados numa Zona de Baixo Meretrício na cidade de Tianguá, Ceará – fechada no ano de 2002, pelo Juizado da Infância e Juventude – nos permite trazer à tona o viver e o conviver na família das meretrizes. Nome: Gisélia Maria Campos E-mail: giselia.maria.campos@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Barrados pelo “progresso”: memórias e vivências de trabalhadores rurais e moradores de Nova Soberbo O propósito desse trabalho é (re)pensar como as relações entre história e memória, a partir do diálogo com as fontes orais, podem constituir-se num caminho importante para o desenvolvimento de minha pesquisa iniciada no doutorado em História na UFU/MG em março de 2009. O projeto de pesquisa intitulado - Barrados pelo “progresso”: memórias e vivências de moradores e trabalhadores rurais de Nova Soberbo - objetiva abordar o processo de destruição do distrito de São Sebastião do Soberbo/MG em conseqüência da implantação da Usina hidrelétrica de Candonga, em funcionamento desde 2004. Portanto, trata-se de um processo ainda em disputas no tempo presente. Nesse estudo serão ressaltados os modos de viver dos trabalhadores rurais e famílias de São Sebastião do Soberbo, região inundada em 03 de maio de 2004, buscando compreender as mudanças e permanências nesses modos de vida, bem como nas formas de sociabilidade a partir da expropriação e transferência para o povoado de “Nova

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54 Soberbo”. Desenvolver essa pesquisa significa a possibilidade de me inserir nessa discussão sobre uma realidade que marca decisivamente o cenário nacional e que tanto me incomoda. Compreender essa realidade em sua desigualdade e contradição, pode ser uma possibilidade de transformá-la. Nome: Gislene Edwiges de Lacerda E-mail: gisleneel@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Memória e história oral: o Movimento Estudantil em Juiz de Fora (MG) no processo de redemocratização brasileira Este trabalho tem por objetivo analisar o Movimento Estudantil da cidade de Juiz de Fora (MG) no período de 1978 a 1984 sob a perspectiva da história oral, realizando o resgate da memória do movimento através dos diferentes sujeitos históricos que dele participaram. Nesta pesquisa focamos na atuação do Movimento Estudantil no processo de redemocratização brasileira partindo de uma analise das lutas e relações internas do ME em JF buscando perceber como o mesmo encampava a luta nacional em prol da democracia em âmbito local. Realizamos uma reflexão sobre o sentido da memória como fonte histórica e sobre a construção da memória, buscando perceber de que forma ela se constitui uma possibilidade de interpretação de um determinado momento histórico e como ela se coloca como elemento essencial em nossa pesquisa. Nome: Heloisa Helena Pacheco Cardoso E-mail: hhpcardoso@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Fontes orais na História Social: desafios e caminhos de interpretação As interpretações de muitos historiadores sobre o processo histórico e as configurações do momento atual têm apontado para a identificação de crises a partir dos anos de 1960, acentuadas na década de 1980, trazendo a necessidade de repensarmos os caminhos do pensamento historiográfico. O renovar da historiografia colocou na mesa de discussões a importância das experiências sociais, entendidas nas suas diferenças e nos seus embates, valorizando as pessoas enquanto sujeitos nas suas práticas cotidianas. Os diálogos que estabelecemos com as pessoas são portadores de sentidos, de subjetividades, que precisam ser analisados como indícios de vivências individuais construídas nas relações sociais. Entendemos que trabalhar com “história oral” não é produzir uma “outra história”, mas sim interpretar as narrativas dos diversos sujeitos sociais como fontes importantes na problemática de pesquisa que escolhemos e na qual nos colocamos também como sujeitos do conhecimento que produzimos. Nessa proposta, o objetivo da comunicação é colocar em debate os caminhos da história social hoje e, neles, como os trabalhos com fontes orais têm contribuído para o entendimento do social nas suas transformações, em uma perspectiva que aponta para outra relação entre passado/presente, invertendo a equação. Nome: Jiani Fernando Langaro E-mail: angarbr20@hotmail.com Instituição: PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Título: Brasil e Paraguai em memórias de imigrantes de fronteira (Santa Helena – PR, 1970-2005) O trabalho tem por objetivo discutir trajetórias de brasileiros que se dirigiram para o leste do Paraguai e, posteriormente, retornaram ao Brasil, para o município fronteiriço de Santa Helena – PR. Rotulados de “brasiguaios” ou simplesmente “paraguaios”, essas pessoas são rejeitadas e tratadas como se não tivessem direitos àquele lugar. Diante desse quadro, observa-se as narrativas desses migrantes, buscando entender como eles projetam o Paraguai como o “lugar de atraso” e o Brasil como “lugar de futuro”. Analisa-se os sentidos políticos e a forma ativa que essas narrativas e memórias expressam, tornando-se meios para afirmação política dessas pessoas e base para reivindicação de direitos. Nome: José Daniel da Silva E-mail: danielhistoria@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Festas e saudade: memórias de Folia Momesca, São João e Festa do Comércio na Caruaru dos anos 1950 a 1980 Utilizando a História Oral como uma das ferramentas, pretende-se analisar as memórias das festas populares de Caruaru-PE (o Carnaval, o São João e a Festa do Comércio) nas décadas de 1950 a 1980. Caruaru é conhecida pelos seus festejos juninos. O formato atual é baseado na empresa turística e na atuação dos poderes públicos e econômicos na sua gestação. Contudo, entre os anos 1950 a 1980, as festas de São João tinham seu feitio direta-

mente protagonizado pela população, com palhoças nas ruas, quadrilhas, forrós e outros eventos. Outras duas festas da cidade, o Carnaval e a “Festa do Comércio”, também eram executadas pela população. Apesar de perderem sua representatividade para Caruaru, hoje praticamente inexistindo, continuam como memórias vivas e românticas de tempos anteriores. Em pesquisa em andamento, a partir das entrevistas, descobriu-se um conjunto de memórias populares nos quais, mesmo defendendo Caruaru como o “melhor São João do Mundo!” ou “Capital do Forró”, crê-se que as festas (Carnaval, São João e “Festa de Ano”) das décadas citadas eram melhores, mais “puros”, tradicionais e autênticos. A idéia da pesquisa é revisitar e analisar estas memórias como componentes das narrativas da História de Caruaru. Nome: José Eudes Alves Belo E-mail: eudes_contadordehistorias@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Uma cidade narrada: memórias, histórias e representações da cidade de Garanhuns - PE na década de 1950 As cidades são narradas. Deste modo, criam com narrativas elos de sensibilidades entre o presente e o passado. Este trabalho objetiva analisar representações da cidade de Garanhuns – PE, na década de 1950, que emergem de narrativas orais, em encontro com outras fontes. A cidade guarda em suas ruas e esquinas histórias contadas por seus habitantes, pelo jornal O Monitor, pelos arquivos, públicos e privados. O cruzamento dessas fontes constrói uma narrativa múltipla, labiríntica em que tempo e espaço, fragmentam-se possibilitando vários olhares sob a cidade. Neste sentido, a noção de Certeau, de espaço como “lugar praticado” conduz reflexões acerca das formas de apreensão das relações cotidianas a partir dos vestígios do passado, onde histórias emergem nas múltiplas faces da cidade, enquanto estudantil, comercial, religiosa, turística e cultural. Assim busca-se apresentar formas de (res)significação da vida na cidade, como também despertar novas indagações das experiências, desafios e seduções do viver na urbe. Nome: José Vieira da Cruz E-mail: josevieiradacruz@uol.com.br Instituição: Universidade Tiradentes/Universidade Federal da Bahia Título: Memórias efervescentes: estudantes, artistas e os movimentos culturais em Sergipe em tempos de sombras (1964-1985) As duas décadas que se seguiram ao golpe de 1964 fazem parte de um passado ainda muito presente. As discussões historiográficas e os estudos relacionados à construção social dessa memória, a partir das contribuições da história oral e dos documentos escritos disponíveis, revelam a atuação de estudantes, artistas e movimentos culturais em Sergipe. Estes segmentos foram compelidos a se amoldarem a uma nova ordem política o que em termos práticos representou o cerceamento da liberdade de expressão, a censura e a repressão. Entretanto, alguns desses atores sociais redimensionaram o foco dessa tentativa de gestão política através de suas formas de inserção e atuação nos movimentos artístico-culturais. Discutindo a política com relativa irreverência, um pouco de liberalidade e, sobretudo, revelando diferentes entrelaçamentos sociais. O entendimento das tensões vividas e produzidas por parte da sociedade em Sergipe frente à nova ordem política estabelecida à sombra do golpe civil-militar de 1964 revela um ângulo de análise capaz de ressaltar particularidades da arte e da cultura política fora dos grandes centros urbanos do país. Nome: Juliana Lemes Inácio E-mail: julianalemes05@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Trabalhadores e espaços sociais: a história oral e a História Social na articulação de interpretações A proposta deste texto é problematizar o trabalho com as fontes orais a partir de discussões sugeridas na dissertação de mestrado intitulada “A gente tem que ficar onde tem serviço”: memórias e experiências de trabalhadores no Distrito de Tapuirama, Uberlândia / MG. A história oral, a partir do diálogo proposto com a História Social, permitiu problematizar as múltiplas experiências sociais vivenciadas por trabalhadores “migrantes” no Distrito de Tapuirama em Uberlândia/MG. As narrativas tornaram-se instrumentos fundamentais para o entendimento das relações de sociabilidades e de trabalho construídas por sujeitos vindos do Estado da Bahia para essa região mineira e que tinham como objetivo promover outras oportunidades nas suas vidas. Nas entrevistas percebe-se como disputas são travadas em torno da garantia do (sobre)viver e do direito à cidade, permitindo pensar sobre os espaços sociais criados pelos trabalhadores à medida em que eles participam ativamente na sociedade.

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Nome: Leandro Aparecido Lopes E-mail: leandroaplopes@gmail.com Instituição: Centro Universitário Claretiano – CEUCLAR Título: Imigração, religião e identidade étnica: história oral da imigração síria e libanesa para Guaxupé-MG Esse trabalho tem como finalidade realizar uma interpretação relativa à presença dos imigrantes de origem síria e libanesa no município de Guaxupé, interior do estado de Minas Gerais, e a construção de sua identidade. A partir de relatos orais de imigrantes e seus descendentes, a pesquisa tenta adentrar num mundo de experiências vividas historicamente, fundamentadas nas realidades locais, trabalhando com a diferença e com a multiplicidade. Tem ainda a capacidade de apresentar o que há de concreto na dinâmica social e no cotidiano desses imigrantes, buscando compreender os conflitos e as solidariedades enfrentadas por eles ao se estabelecerem no município de Guaxupé. Ao focalizar a formação da identidade religiosa, procura demonstrar o papel de fundamental importância na formação da comunidade sírio e libanesa e em sustentar a sua identidade étnica, principalmente, nos primeiros anos do movimento imigratório em inícios do século XX. Nome: Lucília Almeida Neves Delgado E-mail: lucilianeves@terra.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Título: O Jornal Última Hora e a construção da memória e identidade sindical nas décadas de 1950 e 1960 O Jornal Última Hora, fundado na primeira metade da década de 1950, foi importante periódico, que em muito contribuiu para a construção de identidades de trabalhadores nos anos de 1950 a 1964. Expressivos líderes sindicais trazem registrada em suas lembranças a importância que o referido jornal apresentava como divulgador de suas mobilizações e de suas reivindicações. A presente comunicação, na perspectiva da história política cultural, analisa a produção historiográfica sobre o assunto, o conteúdo das reportagens e editoriais do jornal, e o registro da memória de antigos líderes sindicais sobre a importância do periódico no seu cotidiano de lutas. Nome: Luis Antonio Pasquetti E-mail: pasquetti45@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasilia Título: Histórias vividas na luta pela Terra: 1984-2004 Neste artigo analisa-se a formação do MST e como a luta pela Terra e pela Reforma Agrária foi sendo ressignificada pelos trabalhadores rurais Sem Terra, entre os anos de 1984-2004. A pesquisa parte dos seguintes elementos: (a) a radicalização da ocupação como um novo jeito de fazer a luta pela terra; (b) a combinação de outras formas de lutas: (c) a atuação como rede multidimensional: (d) visibilidade e ressignificação do conceito de Reforma Agrária . A pesquisa realizada para a construção deste artigo teve como corpus oral entrevistas e textos escritos por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A partir destas fontes analisa-se a formação do Movimento e como a luta pela Terra e pela Reforma Agrária foi sendo ressignificada nos últimos vinte anos (1984-2004). Primeiramente, são narrados o contexto e os fatores que influenciaram a criação do Movimento. Em seguida, é analisado o processo de ressignificação desta luta a partir de quatro grandes elementos: (a) a radicalização da ocupação como um novo jeito de fazer a luta pela terra; (b) a combinação de outras formas de lutas: a simbologia das marchas, ocupações de espaços e prédios públicos e as jornadas de lutas; (c) O movimento social como rede de articulações (d) visibilidade, atuação nacional e amp. Nome: Luis Fernando Beneduzi E-mail: luis.beneduzi@unibo.it Instituição: Università degli Studi di Torino Título: Tramando lembranças: a entrevista como espaço de tessitura mnemônica da experiência imigratória A experiência imigratória envolve um processo de desestruturação do vivido, em um certo sentido, uma dinâmica de perda e de morte. A expatriação é marcada pela vivência de uma passagem, onde a viagem representa o momento de gestação e porta de entrada para uma nova realidade existencial. Por outro lado, pensando ao objeto central da pesquisa, a Itália está vivendo um aumento no número de imigrantes sem precedentes e a elaboração de uma imagem fortemente negativa do extra-comunitário: o culpado dos males da nação. No bojo desses dois processos, o objetivo do presente trabalho é discutir o processo de reelaboração mnemônica presente no ato narrativo da experiência imigratória, na rememoração de sua trajetória, que a entrevista permite. Trabalha-se com imigrantes brasileiras

e argentinas que chegaram na Itália entre finais dos anos 80 e meados dos anos 90 do século XX, utilizando o diálogo sobre a vivência da imigração – decisão de partir, viagem e pós-chegada – como estratégia para entender as dinâmicas de reelaboração do vivido. O momento da entrevista se constitui efetivamente em um espaço de produção do próprio processo imigratório, mesmo que em uma estrutura fragmentária do vivido: a experiência revivida dá-se a conhecer pela teia da lembrança. Nome: Luiz Henrique dos Santos Blume E-mail: luizblume@yahoo.com.br Instituição: UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz Título:“Histórias de pescador”: ética e memória popular - narrativas orais de pescadores artesanais e marisqueiras em Ilhéus, BA, 19602008 Esta comunicação procura problematizar as relações entre ética e memória popular, dialogando com narrativas orais de marisqueiras e pescadores artesanais de Ilhéus, BA. Diante da modernização e das políticas para a pesca na Bahia, das diversas instituições que lidam com os pescadores artesanais, percebemos uma defesa das artes da pesca tradicionais nas memórias e narrativas das marisqueiras e pescadores. Estes modos de vida encontramse no centro de um diálogo sobre tradições, mercados de abastecimento, organização de associações e colônias de pescadores, instituições da pesca e universidade. Nossa perspectiva é de nos colocarmos em condição de co-autoria, na medida em que esta pesquisa dialoga com as experiências de vida e trabalho de pescadores artesanais e marisqueiras na defesa da pesca artesanal, presentes na memória e na vida cotidiana dos pescadores de Ilhéus. Neste sentido, pergunto-me em que medida posso dialogar com as experiências de pescadores e marisqueiras de Ilhéus, ao tratar das suas memórias? A questão do poder está sempre colocada na relação entrevistadornarrador/pesquisador-sujeito. Este questionamento realizado no campo da História Oral possibilita a visibilidade de outras histórias e memórias de grupos subalternos até então excluídos da História. Nome: Maria Gisele Peres E-mail: mariagiseleperes@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título:“O trabalho da gente es a vida da gente”: experiências, memórias e narrativas orais de trabalhadores latinos em Uberlândia – MG Esta comunicação tem como objetivo expor algumas reflexões sobre a pesquisa realizada no curso de Mestrado em História da Universidade Federal de Uberlândia. Neste trabalho foram problematizados os significados sociais e as tensões presentes nas relações estabelecidas por trabalhadores latino-americanos (não-brasileiros) em suas trajetórias, memórias e culturas, assim como o modo que se fazem visíveis na paisagem social das cidades, ocupando e imprimindo suas maneiras de ser, suas culturas e modos de viver e trabalhar. Por intermédio de suas narrativas e partindo da perspectiva da História Social foi possível problematizar a dinâmica social vivida por esses sujeitos na cidade de Uberlândia, o trabalho que realizam e as estratégias que são criadas nas relações estabelecidas por eles, para permanecer no Brasil, ou mesmo para continuar suas andanças. Para esta comunicação o foco será a produção social de seus trabalhos e as disputas pelos direitos aos espaços da cidade, uma vez que a partir desta problemática tornou-se possível perceber as estratégias de viver e trabalhar, as formas utilizadas para se opor às dificuldades que lhes são impostas para continuar com seus trabalhos nos espaços públicos das cidades. Nome: Mariangela de Vasconcelos Nunes E-mail: mariangelanunes@ig.com.br Instituição: UEPB Título: Relatos de História Oral: os lavradores dos Cariris velhos ( Paraíba, 1937-1966) Este texto discute a importância do uso das “entrevistas de história de vida” para o trabalho do historiador. Tais registros são fundamentais na reconstrução da história de determinados grupos sociais, tangenciados pela historiografia tradicional. Pretendo ainda expor trechos de algumas entrevistas, elaboradas por mim, com lavradores dos Cariris Paraibanos, em que destacarei categorias como memória e subjetividade. Para tal empreitada monumentalizo as fontes e as contextualizo. Nome: Paulo Cesar Inácio E-mail: paulocesarinacio@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Memórias em campo: classe e cultura em Goiás na segunda metade do século XX

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54 As redefinições do campo e das cidades, na segunda metade do século XX, na região sudeste de Goiás, identificadas em uma memória hegemônica, alija os trabalhadores como protagonistas desse social, exclusão que aponta na miséria econômica as causas da apatia política, o que é assumido pela historiografia. Na pesquisa que desenvolvemos no doutorado em História Social, identificamos as transformações nas memórias dos trabalhadores que as vivenciaram de onde propusemos avançar o debate, no interior dos estudos culturais, como maneira de abrir a idéia de um campo que permita incorporar as diferentes maneiras de disputas que se estabeleceram nas transformações da segunda metade do século XX, com indicações para compreendermos, nas pressões que os trabalhadores exerceram, a reconfiguração das cidades e a formação de um novo perfil desse trabalhador. Em fontes como processos-crime, jornais, entrevistas produzidas, obras literárias, temos nos valido na percepção dessas fontes enquanto práticas sociais, não apenas reveladoras do social, mas fundamentalmente produzidas em seu interior impregnadas por movimentações em busca de hegemonias, que trazem nas diversas linguagens alguns termos dos embates vividos pelos diversos protagonistas. Nome: Paulo Roberto de Almeida E-mail: almeidap@triang.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: O massacre nosso de cada dia: sete de outubro de 1963 e as condições de vida dos trabalhadores na década de 60 No dia 07 de outubro de 1963, o governo de Minas Gerais em nota oficial à imprensa, relatava “ Incidentes ocorridos entre operários da Usiminas e vigilantes que constituem um policiamento particular da empresa vinham, já há vários dias, provocando clima de tensão e desentendimento naquela localidade(....) efetivamente, foram feridos operários e populares daí resultando sete mortos”. Por meio das narrativas daqueles que participaram diretamente do acontecimento ou daqueles que lá estiveram, encontramos muitas memórias e histórias sobre o acontecimento. Assim, neste trabalho, procuramos trazer á tona, essas outras histórias, os elementos da memória oficial disseminada e assimilada, os conflitos entre o vivido e o narrado, a reelaboração á luz das medidas tomadas depois do massacre, o enredo construído pelos diversos sujeitos e suas diversas posições diante dos acontecimentos. Nome: Regina Beatriz Guimarães Neto E-mail: reginag@terra.com.br Instituição: UFPE Título: Memória e relatos orais: tempo e espaço na escrita da História Este texto reflete sobre o uso das fontes orais na produção da narrativa histórica, segundo as regras próprias do campo da história. As análises enfatizam a importância da estrutura narrativa da escrita, ressaltando as relações que se estabelecem entre memória, tempo e espaço, em que os relatos orais se constituem como fontes documentais privilegiadas. Eles revelam diferentes trilhas da memória que fragmentam o tempo, significam os espaços (espaços praticados) e capturam o movimento de homens e mulheres no curso de suas trajetórias de vida. Espaço e tempo se entrecruzam em vários caminhos nas narrativas orais de memória. As análises têm como referência um projeto de pesquisa que desenvolvo com apoio do CNPq: Memória, estratégias políticas e práticas culturais nas cidades – áreas de ocupação recente na Amazônia brasileira. Nome: Renata Carolina Resende E-mail: reresende7@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: A invenção de uma tradição: Festa Nacional do Milho (Patos de Minas 1959-1990) O trabalho aborda como a Festa Nacional do Milho vai sendo construída, e quem são os sujeitos envolvidos nessa idealização do evento. Como a união de interesses entre as classes dominantes pode incorporar a esse evento os pequenos produtores rurais, e como esses se vêem frente a festa. Aliados as políticas governamentais os idealizadores da Festa Nacional do Milho, legitimam esta tradição baseados na produção rural, porém com vistas ao fomento do comércio e modernização da cidade. Nome: Renato Jales Silva Junior E-mail: rehistoriador@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: “Cultura caipira” e modos de vida: trajetórias de trabalhadores do campo na cidade de Uberlândia (1970-2008) Este trabalho tem como interesse refletir sobre uma categoria amplamente “usada” nos estudos acadêmicos contemporâneos: cultura. A minha in-

tervenção neste debate se dá a partir de um processo vivido na cidade de Uberlândia por um conjunto de trabalhadores que vieram do campo para esta cidade, pensando o conceito não como algo pronto, mas sim como problema a ser analisado historicamente. Um dos meios para colocar este conceito movimento está em trabalhar com as entrevistas orais. As entrevistas têm um sentido amplo em meu trabalhado na medida em que são lidas como construção de significados para o que estamos vivendo numa relação dialógica com as leituras do social que os entrevistados fizeram naquele momento e no sentido de, também em diálogo com os sujeitos, projetar o futuro. Temos encontrado nos enredos construídos pelos trabalhadores termos significativos como humildade, honestidade, simplicidade. Inspirando-nos nos textos de Beatriz Sarlo temos nos esforçado para ler estes enredos para além da simples aceitação das desigualdades ou resignação, mas perceber onde estes constroem pontos de aceitação ou pontos de dissidência frente aos valores dominantes na cidade, apontando para outros sentidos de viver em Uberlândia. Nome: Rinaldo José Varussa E-mail: angri@certto.com.br Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná Título: Fazendo-se metalúrgico: histórias e memórias de trabalhadores sobre o processo de constituição das indústrias metalúrgicas da região de Jundiaí-SP, décadas de 1950 e 2000 Tomando-se como referência entrevistas com trabalhadores aposentados que viveram o processo de instalação das indústrias metalúrgicas na região de Jundiaí-SP, esta comunicação visa interpretar as dinâmicas pautadas por aqueles trabalhadores acerca daquele processo, discutindo o processo de constituição dos trabalhadores daquelas indústrias, tendo em conta a participação daquele setor industrial, naquela região, no processo inicial da implantação da metalurgia ligado ao setor automobilístico, no Brasil. Neste sentido, partindo das experiências dos trabalhadores, buscarei analisar as dinâmicas constituídas naquele momento com vistas à formação de uma categoria profissional, seja no que se refere à constituição de uma identidade enquanto categoria profissional – os metalúrgicos – entendendo aqui o aprendizado do ofício, ritmos e disciplinas de trabalho, seja com vistas às relações constituídas no conjunto da sociedade, notadamente, na formação dos modos de vida, na organização e mobilização daqueles trabalhadores, bem como no delineamento das dinâmicas constituintes das cidades da região. Nome: Rodrigo Barbosa Lopes E-mail: lopesrb@yahoo.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Relações, disputas e valores. Um estudo sobre os fiéis da Igreja Universal em Uberlândia Esta apresentação é fruto de pesquisas, reflexões e estudos sobre os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus em Uberlândia nos últimos cinco anos. Trata-se de uma reflexão sobre como sujeitos elaboram as disputas e tensões que existem na cidade dentro de um espaço religioso. É mostrar como a pesquisa desdobrou-se em diálogos com os fiéis, questionando como e por que estes escolheram a doutrina neopentecostal e, a partir disto, expor como outras questões pertinentes às práticas sociais destes sujeitos se desenvolveram. Nome: Sérgio Paulo Morais E-mail: sergio@pontal.ufu.br Instituição: Universidade Federla de Uberlândia Título: Construindo narrativas, identidades/identificações sobre a pobreza na cidade de Uberlândia. 1990-2006 Espero apresentar reflexões sobre linguagens, memórias e identidades/identificações de sujeitos que recebiam bolsas e subsídios do poder público na cidade de Uberlândia, durante a década de 1990 e anos iniciais do século XXI. Atentando para as dimensões do vivido e do narrado, busco discutir questões que permearam os debates em torno de “éticas” de distribuição e de recebimento de tais auxílios, a partir das perspectivas e das ambiências vividas pelos “narradores”. Nome: Sheille Soares de Freitas E-mail: sfsheille@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Vivendo a cidade, disputando valores. As fontes orais no trato das transformações sociais Este trabalho destaca as relações sociais construídas em Uberlândia-MG nos últimos 10 anos, problematizando um processo tenso de disputa por modos de viver a/na cidade. Nesse sentido, o foco perpassa as práticas

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55. Infância, adolescĂŞncia e juventude no Brasil: HistĂłria e Historiografia Silvia Maria FĂĄvero Arend – UESC (silvia@newsite.com.br) Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura – USP (esmeraldamoura@usp.br) 1RV ~OWLPRV HQFRQWURV QDFLRQDLV RUJDQL]DGRV SHOD $VVRFLDomR 1DFLRQDO GRV 3URIHVVRUHV 8QLYHUVLWiULRV GH +LVWyULD ² $138+ RV VLPSyVLRV WHPiWLFRV SURSRVWRV VREUH +LVWyULD GD LQIkQFLD GD DGROHVFrQFLD H mais recentemente, da juventude, revelaram-se espaços oportunos de interlocução entre pesquisadores das vĂĄrias regiĂľes do Brasil. A presente proposta pretende dar continuidade a esse debate, indicaWLYR VHP G~YLGD GH TXH D +LVWyULD GD LQIkQFLD GD DGROHVFrQFLD H GD MXYHQWXGH WRUQRX VH QDV ~OWLPDV dĂŠcadas, um campo de estudos valorizado internacionalmente. Consolidada, tambĂŠm, no Brasil, essa OLQKD GH SHVTXLVD FRQĂ€JXUD FDPSR GH HVWXGRV DLQGD HP DEHUWR XPD YH] TXH DV DQiOLVHV WrP FRQIHULGR SULRULGDGH DR PXQGR XUEDQR HP TXH VREUHVVDHP JUDQGHV FLGDGHV EUDVLOHLUDV jV LQVWLWXLo}HV ² VREUHWXGR FRUUHFLRQDLV jV PRGDOLGDGHV GH DEDQGRQR j LOHJLWLPLGDGH DR WUDEDOKR LQIDQWLO GHQWUH RXWUDV TXHVW}HV D GHPRQVWUDU TXH RV WHPDV DIHLWRV j LQIkQFLD j DGROHVFrQFLD H j MXYHQWXGH FRQWLQXDP D DSUHVHQWDU QmR REVWDQWH D GHQVD SURGXomR KLVWRULRJUiĂ€FD H[LVWHQWH D UHVSHLWR DPSODV SRVVLELOLGDGHV GH DERUGDJHP 3RVVLELOLGDGHV TXH VRPDGDV j FHQWUDOLGDGH TXH LQIkQFLD DGROHVFrQFLD H MXYHQWXGH DSUHVHQWDP QR %UDVLO H QR PXQGR FRQIHUHP PDLV GR TXH PHUD DWXDOLGDGH VHQWLGR j SHVTXLVD KLVWyULFD H SRUWDQWR DR LQWHUHVVH GRV KLVWRULDGRUHV H KLVWRULDGRUDV TXDQWR j TXHVWmR

Resumos das comunicaçþes Nome: Ailton JosĂŠ Morelli E-mail: ajmorelli@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de MaringĂĄ TĂ­tulo: Infâncias e historiografia Discutiremos alguns pontos da produção historiogrĂĄfica que analisa as infâncias e a influĂŞncia da sociologia da infância nesse campo. Os trabalhos nos Ăşltimos anos afastam-se um pouco da anĂĄlise de grupos em situação de risco e ampliam as preocupaçþes com a cultura das crianças e adolescentes. Retomando preocupaçþes de meados do sĂŠculo passado nessa busca de compreender, por exemplo, a formação do discurso das crianças. Nome: Alcileide Cabral do Nascimento E-mail: alcileide.cabral@gmail.com Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco TĂ­tulo: GĂŞnero e infância: desafios da pesquisa histĂłrica A temĂĄtica de gĂŞnero marca uma virada na produção do saber, sobretudo, nas ciĂŞncias humanas que enriqueceram com a incorporação desta categoria de anĂĄlise. Neste sentido, proponho discutir aqui os resultados e desafios na anĂĄlise das relaçþes de gĂŞnero, tomando como base as pesquisas que desenvolvo e oriento em Pernambuco no campo da HistĂłria da Infância, especialmente a infância considerada perigosa - aquelas crianças de origem incerta, abandonadas na Roda dos Enjeitados, que haviam sobrevivido ao sistema de criação e se tornaram um problema para o poder pĂşblico nos anos 30 do sĂŠculo XIX. As polĂ­ticas assistenciais Ă s crianças sem famĂ­lia foram marcadas por uma perspectiva de reprodução/afirmação de uma hierarquia de gĂŞnero e procuraram territorializar o espaço pĂşblico como lugar privilegiado para a realização dos homens. Garotos e jovens foram enviados para os arsenais da Marinha e de Guerra, escolas de arte e ofĂ­cios, a fim de se profissionalizarem e/ou tornarem-se soldados da pĂĄtria. Meninas e moças tiveram uma educação voltada para as prendas do lar que as habilitariam para o trabalho domĂŠstico e para a procriação, assinalando o espaço privado como esfera de suas vivĂŞncias. É preciso entender como o conceito de honra sustentou a lĂłgica da manutenção de relaçþes desiguais. Nome: Antero Maximiliano Dias dos Reis E-mail: antero.reis@bol.com.br Instituição: UDESC TĂ­tulo: A dura face do trabalho flexĂ­vel no mundo juvenil: o caso McDonald’s (FlorianĂłpolis, 2000-2007) Nesta pesquisa buscamos analisar como se operam as relaçþes de trabalho no mundo juvenil a partir das experiĂŞncias dos trabalhadores e trabalhadoras na cadeia de fast-foods McDonald’s da cidade de FlorianĂłpolis/SC, no perĂ­odo entre 2000 e 2007. Constatamos que o sistema de produção e serviço vigente nesta rede de restaurantes ĂŠ norteado por estratĂŠgias que vĂŁo do fordismo ao toyotismo. Tal sistema procura forjar um determinado tipo de trabalhador de caracterĂ­sticas “mutifuncionaisâ€?, “intercambiĂĄveisâ€? e “descartĂĄveisâ€? na medida em que, sob o

eufemismo da flexibilização, o utiliza na quantidade, no lugar e pelo tempo desejado. Ao evidenciarmos, atravĂŠs das fontes documentais, os discursos e as prĂĄticas acerca dos atendentes da referida empresa de comidas rĂĄpidas, procuramos descrever a filosofia aplicada ao treinamento, bem como interpretar o porquĂŞ da grande rotatividade destes funcionĂĄrios juvenis. Por fim, buscamos descrever como acontecem as sociabilidades entre estes jovens construĂ­das no âmbito do trabalho e fora dele. Nome: Camila Holanda Marinho E-mail: camila_holanda@oi.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: Quando a rua ĂŠ a minha morada - Percursos vividos e trajetĂłrias afetivas de crianças e jovens moradores de rua Esse paper pretende apresentar uma discussĂŁo destacando a infância e a juventude como segmentos que ocupam a esfera pĂşblica do mundo da rua. A idĂŠia central ĂŠ compreender as diversas formas de sociabilidade e construçþes de significados sobre o modo de viver nas ruas. SerĂĄ tomado como referĂŞncia as redes afetivas que sĂŁo constituĂ­das por esses personagens com as pessoas que encontram e que convivem quando estĂŁo nas ruas. Parto da idĂŠia que estas redes constituĂ­das podem se configurar como pontos de atração que fortalece os vĂ­nculos com a rua, estabelecendo o tempo de permanĂŞncia nesses lugares. Nessas circunstâncias, se produzem amplas teias de identificaçþes e significados. Para isso, ĂŠ necessĂĄria uma reflexĂŁo sobre os aspectos histĂłricos relacionados ao surgimento do fenĂ´meno social dos “meninos e meninas de ruaâ€?, discutindo a partir deste marco os diversos motivos que, ao longo da histĂłria, os levam a ter a sociabilidade na rua como um referencial. A partir dos elementos histĂłricos de formação desse fenĂ´meno, pode-se tambĂŠm refletir sobre as transformaçþes que vem atravessando algumas instituiçþes que compĂľem o cotidiano de crianças e jovens, ao longo do tempo, e suas influĂŞncias sobre esta problemĂĄtica social. Autora: Carla Denari Giuliani E-mail: denarigiuliani@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Co-autora: Vera LĂşcia Puga E-mail: verapuga@prograd.ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU TĂ­tulo: Antidiscidiplina: gravidez na adolescĂŞncia Uberlândia sĂŠculo XXI Quando pensamos no objeto de estudo que ĂŠ o ato de engravidar das adolescentes no sĂŠculo XXI, depois da revolução da pĂ­lula e do nascimento do feminismo, torna-se claro o contra-poder exercido por elas quando se opĂľem Ă s polĂ­ticas pĂşblicas e ao prĂłprio conceito de verdade estabelecido pela sociedade contemporânea, que traduz a gravidez na adolescĂŞncia como um problema e ou erro. Esse estudo foi desenvolvido a partir de fontes escritas e orais obtidas com entrevistas com as gestantes adolescentes inseridas em uma instituição filantrĂłpica, denominada de Lar de veneranda, localizada na cidade de Uberlândia MG, juntamente com as falas de adolescentes em uma comunidade do Orkut. Observamos que apesar do pensamento hegemĂ´nico traduzido pela mĂ­dia, pelos programas de

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55 saúde, pelo próprio ensinamento médico, e pelo mundo contemporâneo de erro ou problema as pessoas resistem e reescrevem novos juízos de valores. Nome: Cynara Marques Hayeck E-mail: cyhayeck@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: A violência contra crianças e adolescentes ao longo dos séculos e os atuais trâmites institucionais de atendimento aos sujeitos vitimizados A violência não é um fenômeno histórico novo, pois sempre fez parte dos processos civilizatórios, sendo esta, parte constituinte das sociedades e culturas mais diversas no Ocidente desde a Antiguidade. O presente trabalho visa analisar, entre tantas práticas sociais violentas existentes, as que se tornaram notáveis por serem perpetradas contra crianças e adolescentes, focando na violência sexual, uma das mais inquietantes, tendo em vista os obstáculos existentes para o alcance da dimensão real do problema. No Brasil, o estudo sobre a violência contra infantes e adolescentes se configurou, historicamente, juntamente com a impunidade das relações incestuosas e abusadoras, sob o domínio do patriarcalismo próprio da sociedade colonial e escravocrata, características que permaneceram, em grande medida, no período republicano. A despeito das intervenções do Estado, a gravidade do problema permaneceu por muito tempo obscurecida e somente com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, quando as notificações sobre os casos se tornaram mais frequentes e são criadas políticas públicas que atendam às vítimas, houve maior visibilidade e reconhecimento desse tipo de violência. Nome: Denise Ognibeni E-mail: deniogni@hotmail.com Instituição: PUCRS Título: Arqueologia da infância: a criança e a infância na Porto Alegre do século XIX O presente trabalho objetiva apresentar uma proposta de estudo sobre a criança e a infância no decorrer do século XIX no Brasil, em especial a porto-alegrense, por meio do estudo da dimensão material da cultura. Nosso foco será os artefatos recuperados em sítios arqueológicos do período associados as demais fontes materiais como jornais, publicidade, lápides funerárias, fotografias, relatos e diários, entre outras. Busca-se aqui compreender o papel e o espaço social dado a criança e a infância no século XIX investigando o modo como esta é apresentada nos discursos correntes. Pretende-se observar como se dá a penetração de novos modos de vida e valores dentro de um quadro de profundas modificações sócioeconômicas bem como identificar uma possível inculcação de valores de classe na formação dos segmentos médios e de elite, no século XIX, no sul do país. Nome: Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura E-mail: esmeraldamoura@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Formas de educar: infância e educação na Assembléia Nacional Constituinte de 1934 No primeiro meio século de governo republicano, no Brasil, os debates sobre a condição econômica e social das crianças e sobre o papel da infância no futuro da nação foram significativos. Em meio a esses debates conferiu-se lugar proeminente à educação em sentido amplo, isto é, para além da estrita escolarização. Esta comunicação pretende analisar os debates por ocasião da Assembléia Nacional Constituinte de 1934, momento em que os discursos oscilaram entre uma dimensão concreta – dada pela explicitação de diagnósticos quanto à ausência de investimentos em educação no país – e outra abstrata, consubstanciada em propostas de intervenção no presente das crianças, com vistas ao futuro. Diagnósticos e propostas que, no caso das crianças pobres e de suas famílias, enredaram-se a outras tantas questões, tais como imigração, ilegitimidade dos nascimentos, obrigatoriedade do exame pré-nupcial, à mercê de claros ideais eugênicos, entendida a educação, também, como aresta da medicina social. A Constituinte de 1934 e os dispositivos que, de seu recinto, migraram para a respectiva Carta Magna demonstram que a sociedade brasileira, por mais que se atribuísse ares democráticos, estava a pleno caminho para os tempos que seriam instituídos à sombra da Constituição Federal de 1937. Nome: Fabio Macedo E-mail: fmacedobrasil@gmail.com Instituição: École des Hautes Études en Sciences Sociales Título: Por uma história da adoção internacional de crianças. Brasil, França e o Contexto mundial (1900-2000) Introduzido pelos Estados europeus após os genocídios e massacres cometidos durante as duas Guerras Mundiais, a adoção internacional de crianças teve por objetivo realocar, em famílias estrangeiras, um grande número de crianças órfãs vítimas dos conflitos. Contudo, foi a partir dos anos 1950 que o fenômeno

adquiriu a forma atual, com a multiplicação do fluxo e dos deslocamentos de homens e mulheres oriundos dos países centrais em direção aos países periféricos com o objetivo de adotar crianças. Nesse contexto, de um lado, a adoção internacional tornou-se uma febre na França e por outro, o Brasil surge como uma “fonte” possível para os candidatos à adoção. A intensificação desta modalidade de filiação durante a segunda metade do século XX inquietou as autoridades políticas em escala mundial. Estados Nacionais, instâncias internacionais, ONG’s e Igreja Católica se viram aproximados com o objetivo de compreender e regulamentar esse novo formato da família contemporânea. A partir de documentação dos Estados Francês e Brasileiro, das Nações Unidas e de ONG’s com atuação mundial, buscar-se-á determinar o lugar dessas múltiplas instituições face o fenômeno, assim como a sua relação com a evolução das noções de infância nas sociedades Francesa e Brasileira, do século XX aos nossos dias. Nome: Felipe da Cunha Lopes E-mail: felipe.cunha21@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: História e subjetividade: a constituição do dispositivo “infância desvalida” entre as estratégias “punição” e “instrução” na cidade de Teresina (1852-1930) Este artigo tem por objetivo a análise de como o discurso do governo no Estado do Piauí pensava a infância pobre da cidade de Teresina entre os anos de 1852 e 1930. Neste sentido, identifiquei duas linhas discursivas que recorrentemente apreciam nestes discursos: instrução e punição. Estas “linhas” atuaram como estratégias que ajudaram a constituir o dispositivo “infância desvalida” que associava as crianças pobres ao vício, à sujeira e à criminalidade. Embasadas nestes pressupostos foram-se desenvolvendo uma série de políticas públicas que ora afirmava ser necessário defender às crianças pobres do meio vicioso no qual viviam, ora alegavam ser preciso defender a sociedade destes “criminosos em potencial”. Percebi também que estas “estratégias de marginalização” estavam associadas ao processo de modernização/urbanização da cidade de Teresina no período supracitado. A metodologia empregada ao longo desta pesquisa foi de caráter estritamente qualitativo. Nome: Flávia Cristina Silveira Lemos E-mail: flavialemos@ufpa.br Instituição: UFPA Título: O Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil na Nova República Pretende-se, por meio desta apresentação pensar as continuidades e descontinuidades dos acontecimentos após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, inaugurando uma concepção de direitos e deveres fundamentada na doutrina de proteção integral e como efeito de uma organização de forças que constitui uma reconfiguração das políticas de atenção. Nos Códigos de Menores de 1927 e de 1979, o objeto era o menor; no ECA, o objeto é a criança e o adolescente enquanto sujeitos de direitos. O Estatuto não se restringe à atenção após a violação de direitos, permite a antecipação da violação e torna-se um marco histórico frente ao horizonte jurídico anterior. Contudo, que novas forças entram em jogo, depois de aprovação do ECA, com a intensificação dos processos de internacionalização do direito, da economia e da cultura? Sabe-se que os princípios jurídicos estão baseados em regimes de verdade e, que estes são correlatos às práticas médicas, pedagógicas, econômicas, culturais, sociais e políticas. Deste modo, o panorama traçado será o foco desta comunicação, a partir de interrogações suscitadas em diversas pesquisas baseadas no aporte teórico-metodológico foucaultiano, a respeito dos direitos de crianças e jovens, no Brasil. Nome: Giovanna Maria Poeta Grazziotin E-mail: giovannapoeta@yahoo.com.br Instituição: UDESC Título: Perfil da infância nos processos de investigação de paternidade (Florianópolis 1980-1990) Este trabalho pretende analisar o perfil da infância presente nos processos de investigação de paternidade instaurados nas Varas da Família de Florianópolis nas décadas de 1980 a 1990. Partindo das informações colhidas nos autos se construiu uma amostra do perfil etário das crianças que reivindicavam em juízo a filiação paterna. De 30 processos pesquisados, a idade dos menores variou de 0 a 13 anos, porém 50% possuíam até 5 anos. A idade avançada de algumas crianças foi observada principalmente naqueles autos da década de 1980 e, possivelmente, estaria relacionada às leis proibitivas em torno da questão da paternidade extraconjugal observadas na legislação brasileira anterior a Constituição de 1988, além da dificuldade de se angariar provas contundentes sobre a pretensa paternidade, tal empecilho que seria amenizado com a incorporação do teste de DNA pelo Poder Judiciário de Florianópolis no início da década de 1990 e que

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se popularizaria ao longo de toda aquela década. Tal tecnologia facilitou o acesso ao direito a identidade paterna, o que pôde ser constatado pela pouca idade da maioria das crianças que buscavam seus direitos e se utilizavam do exame de DNA. Nome: Glaucymara Dantas dos Santos do Amaral E-mail: glaucymaradantas@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Infância amparada: filantropia e puerilcultura na Bahia republicana O presente trabalho insere-se no contexto da Bahia Republicana do início do século XX, momento em que os cuidados com a infância consolidam-se com a implantação de instituições de amparo às crianças como a criação do IPAI Instituto de Proteção e Assistência à Infância. A produção historiográfica ainda se encontra muito limitada no que tange aos estudos sobre essa temática e, por isso, esse trabalho apresenta-se de forma inédita, quando problematiza a criança dentro desses espaços institucionais, criados exatamente para abrigar, acolher e recepcionar às mesmas, bem como, a análise das mudanças do comportamento desta sociedade. Numa perspectiva da História Social da Infância e da Medicina, busca-se compreender a chamada modernização da Bahia, no qual, dentre outros aspectos que permeiam as mudanças no pensamento e nas práticas sociais, está a introdução de um sentimento moderno em relação à infância. Nome: Hugo Coelho Vieira E-mail: hugocoelhovieira@gmail.com Instituição: UFRPE Título: Aprendizes castigados: a infância sem destino nos labirintos do arsenal de guerra de Pernambuco (1827-1835) Esta comunicação tem como objetivo mostrar a pesquisa iniciada em 2007, sobre a criação e o funcionamento do Arsenal de Guerra de Pernambuco, antigo Trem Militar, que foi uma das instituições de inserção e assimilação dos meninos enjeitados entre os anos de 1831 a 1835. O referencial teórico utilizado nesta pesquisa é a Nova História, especificamente, a Histórica Cultural, que servirá como instrumento para compreender o poder disciplinar que começava a se entranhar nas instituições de gestão da população. Assim, disciplinar as crianças através do trabalho foi uma prática comum no Brasil Imperial, sendo implementada em Pernambuco pela Administração Geral dos Estabelecimentos de Caridade, criada em 1831. Uma das importantes instituições que absorviam e profissionalizavam parte dos meninos expostos, pobres e órfãos foi o referido Arsenal, uma “instituição total” que buscava controlar e regular o cotidiano e a vida dos internos que nem sempre aceitaram o que lhes era imposto e não se tornaram passivamente “corpos úteis e dóceis”. Nome: Humberto da Silva Miranda E-mail: humbertosmiranda@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Meninos do Recife: nas ruas e prisões da cidade Os documentos que retratam o mundo da infância nas ruas e nas prisões do Recife, são documentos que nos falam de histórias de meninos. Meninos que vendiam jornais e eram atropelados pelos bondes durante o trabalho, que carregaram frete, que furtavam comida no Mercado de São José, que se envolveram em brigas... Meninos que se tornaram “menores” e que passaram a carregar a pecha de vagabundo, gatuno, vadio e delinqüente. O objetivo do nosso trabalho é de historicizar o cotidiano dos meninos nas ruas e nas prisões do Recife, tendo como problema central da investigação a análise de como e por que essas crianças e jovens que viviam no mundo das ruas e/ou do trabalho e foram recolhidas na Casa de Detenção do Recife, nas escolas correcionais e em outras instituições de confinamento, durante o período de 1927 a 1937. Nome: Ilza de Carvalho Santos E-mail: ilzac@terra.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiás - UCG Título: O conjunto de medidas em “defesa” da criança e do adolescente: o caso do adolescente infrator Busca-se resgatar as diferentes concepções de infância e adolescência que no decorrer da história moldaram o modo de ver e pensar sobre esta faixa etária. Em decorrência deste pensamento, emergiu um conjunto de medidas em sua defesa. Não diferente da história de seu povo, afirma-se que a história da criança e do adolescente, em tudo se parece. Principalmente quando se relaciona à classe trabalhadora do país, marcada pelo empobrecimento, abandono e exploração. As desigualdades sociais existentes na sociedade brasileira e as políticas econômicas adotadas principalmente na década de 80, mobilizaram a sociedade pela redemocratização do país. Assim, a soma dos esforços dos movimentos sociais em torno da mudança da legislação e da implementação de políticas públicas, resultou em avanços que foram incorporados na Constituição Federal de 1988. Os

novos referenciais jurídicos da Constituição aliados ao Estatuto de Criança e do Adolescente - ECA, contribuíram para uma mudança de paradigma no tocante ao cuidado e a proteção a esse segmento, sob a ótica de seus direitos. Nome: Ismael Gonçalves Alves E-mail: ismaelmaya1@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Desde pequeninos bons trabalhadores católicos Após a divulgação da Carta Encíclica Quemadmodum em 1946, que versa sobre as condições das crianças tidas com indigentes, a Igreja Católica Apostólica Romana junto com suas congregações religiosas femininas e masculinas, inicia um intenso trabalho assistencial junto às camadas populares. Este trabalho tenta investigar a ação do grupo de religiosas da Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência para as famílias mineiras que habitavam a vila operária Próspera em Criciúma, Santa Catarina entre os anos de 1950 e 1960. Dentre os trabalhos realizados pelas religiosas na vila operária Próspera, estas dispensaram boa parte de sua atenção para as crianças, filhos e filhas de mineiros. Com atividades diferenciadas para meninos e meninas (noções de puericultura, aulas de bordado, corte e costura, pintura, times de futebol, coral, etc.), elas tentaram implementar junto às famílias operárias a noção de infância burguesa, onde a criança deveria tomar o lugar de centralidade na família, necessitando de atenção e cuidados especiais para que se desenvolvesse com plenitude e chegasse a fase adulta como homens e mulheres em equilíbrio com o mundo burguês. Nome: José Carlos da Silva Cardozo E-mail: jcs.cardozo@gmail.com Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Título: A tutela de crianças em Porto Alegre: mudanças na organização familiar entre os anos de 1900 e 1930 O período da Belle Époque brasileira (1900 a 1930) foram anos em que se viveu de forma intensa a esperança de felicidade e de conforto advindos das transformações promovidas pela modernização da sociedade, porém essa esperança, para muitos, acabou se transformando em tristeza e lamento. Nesse contexto de mudanças a instituição que mais sofreu essas transformações foi a família que era a geradora dos novos cidadãos para a nascente república brasileira e, conseqüentemente, a criança que seria o alvo de suas ações. Este texto analisa essa situação na sociedade Porto-Alegrense através dos processos de tutela do Juízo dos Órfãos, juízo este que influenciou a regularização da estrutura e organização das famílias que tinham suas querelas encaminhadas para esta instituição judiciária que primava pela saúde e educação das crianças. Nome: Judite Barbosa Trindade E-mail: trindade@ufpr.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Diabrura e vandalismo infanto juvenil: inícios do Sec. XX e do XXI Atos de vandalismo e críticas às atitudes infanto juvenís, povoam hoje o noticiário dos jornais e, sobretudo os telejornais. Observando estas referencias e o destaque que elas tem merecido, me reporto ao início do século XX período da minha pesquisa sobre menores. Naquele momento, primeiras décadas daquele século, não eram poucas as noticias sobre Diabruras e Vandalismo. O horror que estas atitudes causavam, então, não era menor ao observado nestas primeiras décadas do século XXI. Nesta comunicação, não se pretende traçar um paralelo entre os dois momentos, mas sim destacar os termos utilizados, para se referir e qualificar estas atitudes, sobretudo o vandalismo, ontem e hoje. A discussão está ancorada, em uma fonte específica o qual seja os jornais de circulação diária. Para o século XXI, serão acrescentados telejornais, sempre que possível dada a fluidez desse meio de informação. Nome: Lídia Noêmia Silvia dos Santos E-mail: lidianoemia@uol.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP Título: Nas trilhas dos rabos-de-burro. Juventude e gênero na cidade de Fortaleza (1950-1970) Os “rabos de burro” eram jovens ditos “transviados”, que durante os anos 50 e 60 cometeram diversos crimes e delitos na cidade de Fortaleza, tornando-se uma referência do comportamento juvenil na época. É intento dessa comunicação, tecer analogias entre a trajetória dos “rabos de burro” e a da própria cidade de Fortaleza, no período compreendido entre o início dos anos 50 e os anos 60, atentando para a emergência e o impacto na cidade de novos comportamentos juvenis, incidindo sobre os costumes locais, as desigualdades de gênero e classe, e para as inquietações e desejos suscitados com a apropriação de novas referências, sobretudo norte-americanas, difundidas pelos meios de comunicação de massa. Nome: Lucas Coelho Siqueira E-mail: lucasiqueirabh@yahoo.com.br

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55 Instituição: UDESC Título: Relatos da segunda geração Esta pesquisa faz parte de um projeto de dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em História da UDESC, sob orientação da professora Gláucia de Oliveira Assis. Consiste na análise de entrevistas realizadas com jovens de 11 a 26 anos, focando as trajetórias, vivências e experiências da segunda geração de imigrantes brasileiros nos EUA. A análise dos relatos - como a história de duas irmãs com experiências opostas; o jovem que teve o cabelo raspado para poder freqüentar a escola; e a estudante, que já sentia dificuldades em falar o português, mas foi obrigada a voltar devido à crise mundial - forma um quadro que nos ajuda a melhor compreender como estes jovens lidam com a distância, a relação com a terra-natal e sua formação identitária no contexto migratório. Autora: Raquel Carneiro Amin E-mail: raquel.amin@gmail.com Instituição: Unicamp Co-autora: Lúcia Reily E-mail: lureily@terra.com.br Instituição: Unicamp Título: Estudo documental do “Mês das Crianças e dos Loucos” em São Paulo – 1933 O “Mês das Crianças e dos Loucos” foi organizado por Flávio de Carvalho e Osório César em agosto de 1933, em São Paulo, no Clube dos Artistas Modernos (CAM). Foram reunidas em uma exposição produções artísticas de crianças de escolas públicas e de internos do Juquery, junto a conferências proferidas por médicos e intelectuais, mobilizando a imprensa da época. Este estudo tem uma importância histórica ao mostrar o discurso de reconhecimento da expressividade da infância numa época em que se registrou o interesse por parte de adultos educadores e pais em relação a essa produção, com o intuito de constituir novos modelos de educação. Destarte, materializando tais questões, alguns exemplos despontaram dentro da paisagem brasileira, atuando como educadores ou mesmo incentivadores do desenho da criança. É o que vemos acontecer com as figuras de Mário de Andrade e Flávio de Carvalho, ao colecionarem desenhos infantis; ou então em Anita Malfatti, professora para crianças na Escola Americana Mackenzie; na professora Lenyra Fraccaroli, criadora da Biblioteca Infantil. Nesta época também surgem os Parques Infantis, que promoviam a convivência de crianças de diferentes idades. Tais fatos evidenciam uma época de reflexão sobre as relações entre o mundo psicológico e o artístico na infância. Nome: Luiz Carlos Vieira E-mail: lcvcso@hotmail.com Instituição: CPDA/UFRRJ Título: A construção social da categoria jovem a partir de um recorte geracional: uma leitura a partir de uma pesquisa O trabalho traz como proposta analisar como se deu a construção da percepção do ser jovem num assentamento rural no município de São Mateus, região norte do estado do Espírito Santo. No assentamento Vale da Vitória (local da pesquisa), pude perceber a constituição e existência de três gerações distintas, que foram construídas durante a trajetória deste assentamento rural que foi fundado na década de 1985 do século passado. Estas gerações são formadas pelos fundadores do assentamento, pelos jovens casados e jovens solteiros, termos que adotei para diferenciá-las. O assentamento possui um grande número de jovens que ainda permanecem com residência fixa e alguns já têm família constituída. Pude perceber a constituição destas gerações tem ligação com o processo de formação deste assentamento na sua trajetória histórica e constitui-se ainda hoje em disputa que determina a participação mais efetiva nas atividades coletivas do assentamento. Um outro aspecto levado em consideração neste aspecto é a representação que cada uma destas gerações atribui a outra sobre ser ou não jovem. Parto do princípio que, a construção da categoria jovem e velho se faz de acordo com cada ambiente social e a divisão entre adultos e jovens bem como esta identificação é relacional. Nome: Márcio Santos de Santana E-mail: marcios-santana@uol.com.br Instituição: USP Título: A Questão Social e as novas gerações O trabalho reflete sobre a tomada de consciência do fardo negativo que a Questão Social representava para os anseios nacionais por desenvolvimento e ingresso no primeiro escalão do cenário internacional, bem como a atribuição desse fardo às novas gerações como forma de renovação estrutural da sociedade, mas também como garantia de formação de novos agentes para liderar tal renovação. O mundo novo demandava homens novos.

Autora: Maria Euchares de Senna Motta E-mail: euchares@puc-rio.br Instituição: Departamento de Psicologia - PUC-Rio Co-autora: Nívia Valença Barros E-mail: niviabarros@globo.com Instituição: UFF Título: As propostas de reformas do Estatuto da Criança e do Adolescente - criminalização da pobreza? Este trabalho busca traçar um breve histórico referente às legislações específicas que embasaram a política para a infância e adolescência no país a partir da década de 1920 até a década de 1990, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que sendo considerada uma legislação de perspectiva progressista não se constata a sua materialização de forma mais ampla, principalmente através da manutenção de velhas concepções e práticas presentes nos antigos Códigos de Menores no que se refere a criminalização da pobreza. Na atualidade o crescente debate social e midiático que vem sendo travado acerca da redução da maioridade penal é uma das formas de criminalização de adolescentes e jovens das camadas mais empobrecidas. Nome: Marlene de Fáveri E-mail: mfaveri@terra.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Título: Estratégias familiares e jogos de gênero na instituição da Lei do Divórcio A análise de processos judiciários de pedidos de divórcio, nos primeiros anos da instituição da Lei do Divórcio no Brasil, tem mostrado que nem só de maridos provedores e mulheres submissas constituía-se o universo conjugal: mulheres chefes de família emergem das descrições nos autos, e algumas com contundente declaração de independência. Do universo pesquisado, ou 542 processos entre 1977 e 1985, em Florianópolis, mais de metade não requereu pensão alimentícia no ato da separação legal, evidenciando práticas que sugerem novos comportamentos e a incorporação de novos arranjos no cotidiano das famílias. Se a maioria dos juristas recorria a diversas convenções e normas sociais para embasar suas argumentações, como a da necessidade de recondução da mulher a um lar e um outro cônjuge provedor, bem como aos seus filhos, e apregoavam o perigo da dissolução da família e dos valores tradicionais a ela agregado, encontramos mulheres que rompem com estas convenções. Entrelaçando classe social e gênero, competência técnica e saberes, percebe-se condicionamentos históricos, sociais, morais, religiosos e jurídicos que atravessam os princípios básicos do Direito de Família. Nome: Michele Rodrigues Tumelero E-mail: micheletumelero@gmail.com Instituição: UDESC Título: Representações sobre os cuidados da criança difundidos pela LBA, em Chapecó, 1950 O presente trabalho é um recorte da pesquisa de mestrado iniciada em 2008 no Programa de Pós-Graduação em Historia/UDESC, sob a orientação da Profa. Dra. Cristiani Bereta da Silva intitulada: As Ações Estudar as Ações da LBA, no Oeste Catarinense em Chapecó, 1945 a 1970. Essa pesquisa tem como objetivo procurar analisar de que forma a LBA - através de um discurso direcionado a proteção à maternidade e a infância desamparada – produz e faz circular, entre a população chapecoense do período, representações sobre a saúde e seus cuidados em relação à criança, desde a gestação até a tenra idade. Nome: Mônica Regina Ferreira Lins E-mail: monica-lins@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: A infância culpada e a pobreza como crime na cidade do Rio de Janeiro no pós-Abolição O texto em questão refletirá como se constituiu a lógica de aliar a instrução ao trabalho como estratégia de controle da “marginalidade infantil” e como forma de encarar as necessidades econômicas de um país que substituía a mão-de-obra escrava. O Estado brasileiro no pós-Abolição, em transição para o modelo capitalista urbano-industrial, produziu duas infâncias através da diferenciação entre “menor” e “criança” e as instituições educacionais serviram como espaços públicos de “prevenção” e “correção”. No século XIX as concepções cientificistas proclamavam as diferenças entre as raças, formatando como elemento discursivo e das práticas sociais a superioridade dos brancos e a inferioridade dos negros. Os cidadãos se relacionavam com o Estado na qualidade de objetos da normatização da vida coletiva e o liberto e seus descendentes continuavam estigmatizados com a sua imagem associada à vadiagem, a degenerescência, a improdutividade. Um objetivo central deste texto será refletir sobre as concepções de ordenamento do espaço urbano do Rio de Janeiro e sua relação com o intenso fluxo migratório

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que aconteceu após a Abolição e a gênese da criminalização da pobreza e da “infância desamparada”, que produziu políticas sociais de controle e prevenção distanciadas das perspectivas do direito. Nome: Olga Brites E-mail: olgabrites@uol.com.br Instituição: PUC/SP Título: Infância, imprensa e linguagens O presente trabalho discute representações de infância através da Grande Imprensa e de produções institucionais. A partir dessas fontes, privilegio temas como Saúde, Lazer e Educação, visando a problematizar imagens construídas da infância e intervenções que indiquem procedimentos adequados a serem adotados por Estado, Família e Educadores. As fontes indicadas são vistas em sua produção social como elementos que interferem nas experiências dos sujeitos estudados. Nome: Raul Coelho Barreto Neto E-mail: raulbarretoneto@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: “Voga picada”: disciplina, contravenção e castigo na Escola de Aprendizes-Marinheiros da Bahia (1910-1945) Criada em 1855 pela Armada nacional, a Escola de Aprendizes-Marinheiros da Bahia era, na primeira metade do século XX, uma das poucas alternativas voltadas à formação profissional do jovem de baixa renda no estado. Este trabalho, parte de um estudo mais amplo, tem como objetivo discutir aspectos ligados à rotina da instituição e seus sujeitos no referido período, mais precisamente entre os anos de 1910 a 1945. Na condição de importante centro preparatório dos quadros navais, inicialmente analisamos como a Escola se estruturava no que diz respeito à hierarquia e à disciplina, destacando seus principais mecanismos de controle e vulnerabilidades. Em seguida, identificamos as infrações mais comuns praticadas pelos internos, bem como as possíveis razões que os levavam a cometer tais atos e as penalidades a eles aplicadas por seus superiores. Por fim, lançamos nosso olhar para além das grades do estabelecimento. Encontrando os meninos recrutas pelas ruas de Salvador – tanto os licenciados quanto os fugitivos –, percebemos que, apesar da maior liberdade por eles gozada, a vigilância dos militares também era exercida no espaço externo. Assim, livrar-se dos “voga picada” itinerantes, assíduos fiscais dos bares e bordéis, consistia em mais um aprendizado da vida maruja que se iniciava. Nome: Silvia Maria Fávero Arend E-mail: silvia@newsite.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Infância, exploração sexual e políticas sociais no Brasil (1980-2005) Durante o século XX o Estado brasileiro procurou regulamentar as relações de trabalho infanto-juvenis através das legislações menorista e trabalhista. Determinadas atividades laborais desempenhadas por crianças e jovens de ambos os sexos passaram a ser consideradas ilegítimas e, posteriormente, ilegais pela sociedade brasileira. Entre estas atividades laborais destaca-se a prostituição. A partir da década de 1990, foram instituídos, nos municípios brasileiros de médio e grande porte, programas sociais que prestam atendimento às crianças e aos jovens vítimas de violência sexual e/ou exploração sexual. Nesta pesquisa, tendo em vista um conjunto de prontuários de pessoas do sexo feminino atendidas pelo programa social “Sentinela”, da cidade de Florianópolis, procura-se conhecer como os diferentes discursos serviço social, médico, jurídico e psicológico constroem o sujeito menor de idade que labuta no ramo da prostituição. Estas representações sociais, que oscilam entre vitimização e patologização, são de fundamental importância, pois podem definir os rumos das políticas sociais para esta área no Brasil. Nome: Sônia Câmara E-mail: soniacamara@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Por uma política de assistência à infância: a Liga Brasileira Contra a Tuberculose e a criação dos preventórios nas primeiras décadas do Brasil Republicano Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre as políticas de assistência à infância, empreendidas pelo campo médico nas primeiras décadas do Brasil Republicano. Centralidade assume as ações promovidas pela Liga Brasileira Contra a Tuberculose, especialmente, a criação do Preventório Dona Amélia, primeiro de tipo marítimo a funcionar no país. Criado na Ilha de Paquetá, em 1927, o preventório atendia a crianças débeis, especialmente as filhas de pais tuberculosos. Concebido pelo Presidente da Liga Contra a Tuberculose, Doutor Ataupho de Paiva e organizado pelo Médico Almir Madeira, o Preventório direcionavase as crianças do sexo masculino que recebiam atendimento necessário ao seu desenvolvimento físico e intelectual, bem como o tratamento direcionado a sua

a sua cura. Para isto, propunham a realização de atividades ao ar livre e ao sol, bem como sua instrução. Observa-se o reconhecimento, por parte do Estado, do valor político das ações de saúde pública e assistência como parte do projeto de intervenção estatal e, por conseguinte, de reforma social. Neste movimento, as iniciativas enfeixadas pela Liga devem ser problematizadas como parte de uma cruzada civilizadora da infância do país. Nome: Vanessa de Souza Ferreira E-mail: vanessaufu@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Atendimento à infância uberlandense: creches comunitárias sob a ótica da imprensa (1983-1988) Esta pesquisa é financiada pela CAPES e se vincula à linha de pesquisa “História e Historiografia da Educação”, do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia-UFU. Objetiva apresentar algumas considerações acerca do contexto histórico da Educação Infantil em Uberlândia, Minas Gerais, priorizando, a organização, atendimento e manutenção das creches comunitárias, que se configuraram na arquitetura política da chamada “Democracia Participativa”, no período compreendido entre 1983 a 1998, marcado por transformações políticas, em âmbito nacional e principalmente local. Metodologicamente, assumimos os seguintes procedimentos: analisamos a bibliografia referente à história da infância e sua escolarização, elencamos nomes dos sujeitos envolvidos no processo de constituição e consolidação das creches comunitárias em Uberlândia para a realização de entrevistas, constituindo-se como fontes orais da pesquisa, buscamos referenciais na legislação como forma de identificar as questões acerca das creches. Para além da análise de fontes documentais, orais e legislação, o estudo das representações da imprensa periódica escrita neste contexto, possui grande relevância para a compreensão do pensamento que fundamentou a organização e expansão das creches comunitárias. Nome: Vânia Morales Sierra E-mail: vaniasierra@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: A política de institucionalização de “menores” no estado do Rio de Janeiro e a trajetória de crianças com deficiência nas instituições da FEEM A história da política para crianças e adolescentes no Brasil expressa “mentalidade social” da época que se reflete no Direito e no trabalho das instituições que a colocam em prática. São elas as responsáveis pela execução da política social e, por isso, seu funcionamento revela as contradições, que servem a denúncia da lacuna existente entre o real e o ideal. Neste sentido, é que a questão “teoria versus prática”, “legislação e realidade” tem validade porque é com base no trabalho das instituições que se identifica essa distância. Nesta pesquisa procuramos perceber como, numa determinada época, a dinâmica institucional envolvia as famílias e lidava com a questão da infância e da adolescência institucionalizada, com destaque para o problema da deficiência. A investigação foi realizada a partir de um conjunto de informações fragmentadas, contidas nos registros dos assistentes sociais e laudos médicos. Na Fundação para Infância e Adolescência, consultamos os arquivos de crianças que foram internadas e apresentavam algum tipo de deficiência. Nossa intenção era tentar compreender como a instituição lidava com essa questão. Buscamos identificar as dificuldades no trato com as famílias, as falhas no relacionamento com as crianças e a percepção dos profissionais acerca do problema. Nome: Vera Lúcia Braga de Moura E-mail: verabragam@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: A criança como modelo ideal na construção da República (Recife-1906-1927) Esta pesquisa busca mostrar de que forma foi desenvolvido os referenciais que deram outra dimensão ao lugar da criança nas décadas inicias do XX. A sociedade brasileira através do poder público, intelectuais, saber médico, jurídico e pedagógico procuraram estabelecer diretrizes para formar um novo conceito para a infância através do projeto de criança, cidadã, futuro da nação. Então, as bases de uma sociedade moderna também eram pensadas e articuladas a um novo lugar social que a criança passa a ocupar. Pernambuco, especificamente a capital recifense será palco desse nosso estudo. Utilizaremos como fontes documentais, artigos de jornais, revistas, a legislação pró-infância, dissertações, teses, artigos e a historiografia em geral que aborda a infância nesse período.

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56 56. MemĂłrias, identidades e conflitos sociais Marco A. Santana - IFCS-UFRJ (msantana@ifcs.ufrj.br) Icleia Thiesen – Unirio (icleiathiesen@gmail.com) O presente SimpĂłsio visa discutir os processos de construção e reconstrução da memĂłria social, numa SHUVSHFWLYD LQWHUGLVFLSOLQDU UHĂ HWLQGR VREUH DV HVWUDWpJLDV GH DSURSULDomR H XVRV GR HVSDoR WDQWR ItVLFR FRPR VRFLDO H VHXV UHĂ H[RV QD DĂ€UPDomR GD LGHQWLGDGH GH JUXSRV JrQHURV FRPXQLGDGHV HWQLDV 1HVVH VHQWLGR HVWDUmR HP WHOD DV UHODo}HV GH SRGHU H UHVLVWrQFLD JHUDGRUDV GH FRQĂ LWRV VRFLDLV GLYHUVRV SRU H[HPSOR QR kPELWR GD FXOWXUD H GR WUDEDOKR EHP FRPR RV SRVVtYHLV SUREOHPDV pWLFRV HQYROYLGRV HP WUDEDOKRV VREUH R WHPD

Resumos das comunicaçþes Nome: Alessandra Ciambarella E-mail: acpaulon@globo.com Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: “Anistia ampla, geral e irrestritaâ€?: as relaçþes Estado e sociedade na campanha pela anistia no Brasil (1977-1979) A comunicação visa analisar um dos processos mais importantes da histĂłria nacional: a abertura polĂ­tica promovida durante a ditadura civil-militar de 1964, momento decisivo em que o Estado autoritĂĄrio e setores da sociedade civil disputavam espaços legais de ação. Considerando a lembrança dos 30 anos da decretação da Lei da Anistia, o ponto de partida serĂĄ a campanha pelo anistiamento polĂ­tico, desenvolvida, sobretudo, em fins da dĂŠcada de 1970, a partir da ação de dois importantes grupos sociais de pressĂŁo: o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA) e o ComitĂŞ Brasileiro pela Anistia (CBA). Nome: Ana Maria da Costa Evangelista E-mail: anaevangel@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Os caminhos rememorativos do Serviço de Alimentação da PrevidĂŞncia Social/SAPS, no Brasil (1940-1967) O presente estudo procura deslindar fundamentos teĂłrico-metodolĂłgicos, que funcionem como pilares para a compreensĂŁo do sentido dado pelas camadas populares, Ă polĂ­tica estatuĂ­da pelo governo Vargas, em 1940, traduzida como Serviço de Alimentação da PrevidĂŞncia Social (SAPS). Fornecer alimentação digna e barata para a classe trabalhadora, atravĂŠs de Restaurantes Populares, era a proposta central do SAPS. Agregadas a esses restaurantes nasceram as Bibliotecas e Discotecas Populares, tambĂŠm destinadas Ă s camadas mais baixas da população. Esses serviços foram extintos pelo governo ditatorial militar em 1967. O SAPS e sua instituição sĂŁo marcados pela inextricĂĄvel teia de relaçþes inerentes a uma sociedade, onde, a contradição capital trabalho gera tensĂľes e conflitos. No palco das relaçþes sociais dos grupamentos humanos se entretecem subjetividades, singularidades, aprendizado, partilha, troca de experiĂŞncias e saberes como fruto das interaçþes ali travadas. Essa comunicação objetiva analisar o cotidiano do SAPS como um processo que, a despeito de abortado, continua vivo e repleto de possibilidades, atravĂŠs da reconstrução de sua memĂłria. Nesse sentido, se faz uma reflexĂŁo que busca interligar pontos dentre os pressupostos teĂłricos de M. Bakhtin, E. P. Thompson e Paul Ricoeur. Nome: Antonio JosĂŠ Barbosa de Oliveira E-mail: antoniojboliveira@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro TĂ­tulo: A casa de Minerva: entre a ilha e o palĂĄcio - A problemĂĄtica dos discursos e lugares Este trabalho objetiva contribuir para o aprofundamento das reflexĂľes sobre o processo de construção de uma identidade nacional tambĂŠm a partir da estruturação da instituição universitĂĄria no paĂ­s, pela observação constitutiva da Universidade do Brasil, considerada pelo governo federal, entre os anos 1930 e 1950, como modelo Ă s instituiçþes existentes. Considerando que os diversos discursos constituem campo de disputa e assim revelavam as lutas dos diversos sujeitos, objetiva-se depreender como tais discursos buscavam a manutenção ou transformação social/institucional; como entremeavam as disputas na instituição diante da realidade histĂłrica daquele perĂ­odo. Problematizar a simultaneidade do inĂ­cio das obras de construção da Cidade UniversitĂĄria da UFRJ (Ilha do FundĂŁo) e a incorporação do prĂŠdio do HospĂ­cio de Alienados, no bairro da Urca-RJ, que se tornou sede da Reitoria da universidade. Perceber como os discursos oficiais produzem significados e memĂłrias que se relacionam com a construção da identidade institucional e assim, estĂŁo diretamente

ligados aos sentidos pretendidos pelos grupos que os constroem no decorrer do processo histĂłrico. HistĂłria permeada por silĂŞncios (que significam) e de documentos textuais que diluem a problemĂĄtica em narrativas oficialmente construĂ­das. Nome: Carina Santos de Almeida E-mail: carina_almaid@yahoo.com.br Instituição: UNISC TĂ­tulo: Identidades negociadas: a narrativa de memĂłria e histĂłria de jovens herdeiros da migração em busca da (des)territorialização As cidades configuram-se pĂłlos atrativos Ă mobilidade espacial, e a composição socioeconĂ´mica, ĂŠtnica e cultural destes territĂłrios pode se alterar a medida que novos atores do desenvolvimento passam a integrar a sociedade. É neste sentido que o territĂłrio representa um espaço de negociação de identidades, sendo que estas estĂŁo articuladas com a condição de homo situs e seu habitus social. As migraçþes redesenham o perfil das cidades e afetam as concepçþes de pertencimento, alteridade e identidade, porĂŠm, a juventude se configura como agente do desenvolvimento, sendo capaz de minimizar ou evidenciar os conflitos sociais presentes no territĂłrio, sobretudo quando os jovens sĂŁo herdeiros da migração. Os jovens sĂŁo influenciados nĂŁo somente pela memĂłria coletiva da comunidade em que vivem, mas pela herança patrimonial e convĂ­vio geracional. Com isso, a juventude herdeira da migração negocia sua(s) identidade(s) a partir das suas narrativas de memĂłria e histĂłria, podendo estas estarem em acordo com os valores da sociedade acolhedora, ou ainda em desacordo, indicando conflitos sociais e atĂŠ violĂŞncia simbĂłlica. Este trabalho aborda um estudo de caso realizado com jovens migrantes e filhos de migrantes no Brasil meridional atravĂŠs do uso da metodologia da HistĂłria Oral. Nome: ClĂĄudia Pereira Vasconcelos E-mail: claudia.educ@gmail.com Instituição: UFBA TĂ­tulo: A tensĂŁo identitĂĄria entre sertanidade e baianidade O presente texto ĂŠ parte da pesquisa Ser-TĂŁo Baiano: o lugar da sertanidade na configuração da Identidade Baiana, concluĂ­da em 2007, que tratou de investigar como e em que sentido o discurso hegemĂ´nico da baianidade, centrado na cidade de Salvador e seu RecĂ´ncavo, se afirmou como Ăşnica referĂŞncia identitĂĄria para os baianos e nĂŁo-baianos. Problematiza a visĂŁo totalizante dessa “cultura baianaâ€?, bem como, verifica os motivos da negação da presença de uma tradição rural/sertaneja na Bahia. Visando a compreender a construção da idĂŠia de SertĂŁo e no sentido de analisar tais questĂľes, a pesquisa parte de um estudo do contexto nacional, no processo de construção do texto identitĂĄrio da brasilidade, perpassando pela formulação da nordestinidade, para, finalmente, refletir sobre a baianidade e a sua relação com a sertanidade. O trabalho considera o corpus correspondente Ă obra de Jorge Amado como referĂŞncia principal do texto convencionalmente conhecido como baianidade. Por sua vez, toma o trabalho de Eurico Alves como principal discurso de afirmação da sertanidade como possibilidade de inserção nas referĂŞncias da Bahia. Nome: Cleusa Maria Gomes Graebin E-mail: cleusagr@terra.com.br Instituição: Unilasalle TĂ­tulo: Funçþes sociais e simbĂłlicas das festas do EspĂ­rito Santo: reinvençþes da cultura açoriana em Porto Alegre e FlorianĂłpolis (2000-2010) O trabalho tem como foco as festas do EspĂ­rito Santo em Porto Alegre (RS) e FlorianĂłpolis (SC). Remete Ă questĂŁo da “açorianidadeâ€?, categoria de apelo identitĂĄrio, Ă emergĂŞncia da “cultura açorianaâ€? nesses Estados e ao desvelamento de culturas locais em um contexto de globalização. Tem como objetivo geral descrever, de forma comparada, as Festas do EspĂ­rito Santo em Porto Alegre e

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Florianópolis ao longo da década de 2000, analisando suas funções sociais e simbólicas. As festas são entendidas no trabalho, como processos comunicacionais e, como objetos de pesquisa, são abordadas de forma comparada, a partir de conceitos relacionados ao campo da História Cultural, dialogando com a Antropologia. Metodologicamente, trabalha-se a partir de instrumento de pesquisa que produza dados que permitam a construção da(s): a) cartografia das festas; b) memória; c) perfil; d) mensagem ; e) mediações. Nome: Daniela dos Santos Souza E-mail: danyclavedesol@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ Título: Mulheres devotas na Irmandade do Rosário: relações de sociabilidade e identidades em São João del-Rei (1800-1850) Na primeira metade do século XIX em São João del-Rei, Minas Gerais, os livros de entrada de irmãos da irmandade do Rosário registraram a associação de homens e mulheres de origens diversas. Estavam ali reunidos escravos e livres que se organizaram em grupos num espaço em que a ética católica e os significados simbólicos da fé regulavam a conduta. A presente pesquisa pretende analisar os membros dessa instituição, especialmente o grupo feminino, considerando suas relações de sociabilidade, os tipos de alianças e negociações engendradas naquele contexto com o objetivo de formular e reformular memórias, identidades e poder. Nesse processo, buscaremos investigar como foi a participação dessas mulheres na confraria, quem eram elas e em que medida a escolha da devoção funcionou como mecanismo de preservação da identidade e autonomia do grupo na irmandade. Nome: Edemir Brasil Ferreira E-mail: edemirbrasil@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Quinta-feira da explosão popular - ditadura, multidão e o quebraquebra em Salvador 1981 O artigo explora o primeiro dia de protestos populares em Salvador no ano de 1981. A capital baiana experimentou 14 dias de quebra-quebras em suas ruas e avenidas, onde cerca de 400 ônibus foram depredados - alguns incendiados - bancos e lojas tornaram-se alvo da multidão. Nem mesmo os governantes foram poupados da fúria popular, o prefeito Mário Kertézs e governador Antonio Carlos Magalhães conheceram de perto a força da multidão. O estudo procurou entender a origem dos protestos, as passeatas do Movimento Contra a Carestia (MCC) e sua transformação em ação direta violenta. Procurou desvendar os “rostos da multidão” – os sujeitos envolvidos na ação que criou mais tensão ao processo de abertura política durante a ditadura militar brasileira. Para isso, a pesquisa baseou-se em ampla investigação aos jornais do período, onde foi possível extrair um cenário cronológico dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que, evidenciamos o sentimento de perplexidade e surpresa da sociedade soteropolitana. Nome: Edson Medeiros Branco Luiz E-mail: edsonmbluiz@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A atuação política da Ordem dos Advogados do Brasil durante o Governo Geisel A pesquisa visa analisar como a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB atuou durante os anos de 1974 a 1979. Período governado pelo General Ernesto Geisel, governo integrante do regime militar - que ocorreu entre os anos de 1964 a 1985. Alguns anos após ter conferido apoio ao golpe militar, a OAB converteu-se em entidade mobilizadora contra os abusos e barbáries cometidas no regime militar. A resistência democrática conferida pela OAB durante o governo Geisel é o foco da pesquisa em tela. As balizas de fundamentação da mesma são feitas através de extratos das atas do Conselho Federal da OAB, Revista da OAB, “Órgão de Divulgação” - Jornal Institucional dos Advogados Fluminenses; bem como do “Jornal do Brasil”, jornal impresso de ampla circulação; e ainda de livros e artigos científicos sobre o tema e o período. Nome: Eladir Fátima Nascimento dos Santos E-mail: eladirsantos@uol.com.br Instituição: UNIRIO Título: A identidade do favelado na cidade do Rio de Janeiro - questão de espaço e memória O objetivo da comunicação é dar continuidade a uma discussão iniciada na pesquisa para a Dissertação de Mestrado defendida pelo PPGMS da UNIRIO que teve como tema as ações da FAFERJ. Nela procurou-se explicar a ausência de uma identidade espacial dos favelados da cidade do Rio de Janeiro, até meados do século XX, a partir da memória e do sentimento de “provisoriedade” que estava contido na situação de “habitar o espaço favela”. Quando

essa identidade ocorria, ela era bastante tênue e não suficiente para acarretar a organização de ações coletivas que visassem à permanência no lugar ou a melhoria das condições de vida no território da favela. A construção da identidade espacial do favelado somente teve lugar a partir do momento em que se dissipou o sentimento de que os moradores das favelas ali estavam instalados provisoriamente. Inicia-se então um processo de organização política com a criação das primeiras Comissões de Moradores e Uniões Pró-Melhoramentos, passando por organizações de maior abrangência espacial como a União dos Trabalhadores Favelados e a Coligação dos Trabalhadores Favelados, culminando com a organização, em 1963, da entidade federativa dos favelados da cidade – a FAFEG (Federação de Associações de Favelas do Estado da Guanabara), atual FAFERJ. Nome: Elisangela Martins E-mail: elimacuxi@ufam.edu.br Instituição: UFAM Título: História e política em Roraima: uma abordagem da memória do Regime Militar na historiografia e arquivos públicos em Roraima Este trabalho é parte das reflexões produzidas no âmbito da pesquisa sobre a “Memória do Regime Militar em Roraima” e visa apresentar os indícios da formação/manutenção de uma memória local que trata do Regime Militar como período bastante positivo. Para tanto, se vale da análise da produção historiográfica local e dos acervos públicos disponíveis para pesquisa no atual Estado de Roraima. Dando atenção ainda ao aparecimento da Universidade Federal e de seu curso de História em fins dos anos de 1990, busca demonstrar a disputa que se trava no Estado, desde então, através da história escrita, pelo que seria a versão correta do passado recente daquele lugar. Pretende com isso, contribuir para a discussão sobre a multiplicidade de interpretações históricas acerca do Regime Militar brasileiro, bem como sobre suas implicações éticas e políticas, em nível local, para a construção de uma sociedade mais democrática. Nome: Fabiana Martins Bandeira E-mail: bibaband@gmail.com Instituição: UNIRIO Título: Da “cidade negra” da Corte Imperial: identidades, conflitos sociais e cultura popular Partindo do estudo do recrutamento de praças para a Armada Imperial no final do século XIX, este trabalho analisa a apropriação do espaço da zona central da Corte empreendida pelas camadas populares – escravizadas e livres – enquanto local de práticas culturais e identitárias. Esta região concentra a chamada Cidade Velha e a zona portuária, local de moradia e de trabalho de homens pobres que se tornaram alvo do recrutamento militar como medida ordenadora da população e do espaço urbano. Constituída como a porção negra e mestiça da cidade, a zona central é o palco de conflitos sociais que revelam a emergência de valores ordenadores em voga nos últimos anos monárquicos, como o higienismo e o racismo. Como parte da pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História das Instituições pela UNIRIO, este trabalho busca contextualizar as transformações no espaço – enquanto medidas das autoridades da “ordem” – bem como as suas resistências, a partir das práticas culturais populares. Para tal fim, este trabalho utiliza-se da bibliografia especializada sobre o espaço urbano, bem como a relativa aos aspectos culturais das populações pobres, marcados pela experiência da escravidão urbana. Nome: Flora Daemon E-mail: floradaemon@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense - UFF Título: Espaço e cicatriz: Por uma cartografia política do cárcere A presente reflexão parte de um lugar geralmente esquecido pela sociedade, um local para onde são levados os inaptos ao convívio social que, rotineiramente, ocupam as páginas dos grandes jornais: os presídios e penitenciárias do Rio de Janeiro. Desta vez, porém, não se propõe analisar o tratamento dado por esses veículos aos “marginais”, mas observar de perto as relações de poder que operam nesse cenário composto por esses “personagens sem voz”, os ditos “pivôs” da violência urbana. Nossa proposta é apresentar um breve retrato do presídio Evaristo de Moraes, no Rio de Janeiro, a partir de um percurso que tem início no universo extramuros e prossegue dentro da referida unidade penal atuando nos corpos e mentes daqueles que se encontram enclausurados. Nome: Genilson Ferreira da Silva E-mail: gensil@bol.com.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: Tempo e ócio nas comemorações do primeiro de maio na Bahia Da luta histórica da classe trabalhadora que reivindica oito horas para o trabalho, oito horas para o lazer e oito horas para o ócio é que nascem as comemo-

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56 rações do Primeiro de Maio, tomado como data símbolo para as manifestações dos trabalhadores a partir do Segundo Congresso da Segunda Internacional, reunida em Bruxelas na Bélgica. No Brasil as comemorações do Primeiro do maio datam de 1895 e na Bahia, o que tudo indica, em 1899. Mas o que é a data Primeiro de Maio? Quais suas relações com tempo e ócio? Esse trabalho busca compreender a temporalidade primeira de maio a partir de observações do operariado baiano da Primeira República até o período que se convencionou chamar Estado Novo. Nome: Giliard da Silva Prado E-mail: giliardprado@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasília - UNB Título: Uma história da memória: as comemorações das mortes de Fausto Cardoso e Olímpio Campos (1906-2006) Este trabalho analisa as batalhas da memória presentes nas comemorações dos aniversários das mortes de Fausto Cardoso e Olímpio Campos, no período compreendido entre 1906 e 2006. Líderes políticos de grupos antagônicos, Fausto Cardoso e Olímpio Campos foram assassinados em decorrência de uma revolta ocorrida em Sergipe no ano de 1906. Desde então, faustistas e olimpistas empreenderam projetos concorrentes para o estabelecimento das memórias de seus líderes. Dentre as homenagens que compuseram o processo de mitificação dos dois políticos, constam: as missas fúnebres, as romarias cívicas, os discursos veiculados na imprensa; a reprodução e distribuição de seus retratos; a atribuição de seus nomes a logradouros públicos e a inauguração de seus monumentos. A maior parte dessas homenagens repetia-se anualmente durante as comemorações de suas mortes. Com o intuito de compreender que imagens póstumas foram construídas em torno das figuras de Fausto Cardoso e Olímpio Campos, é empreendida uma história da memória, identificandose as mudanças por que passaram as comemorações ao longo do tempo, bem como os pontos de inflexão que marcaram os cultos às suas memórias. Nome: Igor Alves Moreira E-mail: igoralvesmoreira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará - UFC Título: A arena das memórias Padre Hosana de Siqueira e Silva assassina Dom Expedito Lopes, Bispo de Garanhuns-PE, seu superior hierárquico, no dia 01 de Julho de 1957. Caíam sobre o padre denúncias de que tinha engravidado sua prima e empregada doméstica, Maria José Martins. O crime gerou memórias escritas e orais. Memórias em defesa do padre e outras em defesa do Bispo Dom Expedito. Falas e escritas (jornais, revistas, cordéis, livros, entre outros) a revenciar o padre e, ao mesmo tempo, exaltar o bispo. Ambas as situações a querer lançar cada um para a posteridade, para o devir. São usos do passado no presente. Nome: Jayme Lúcio Fernandes Ribeiro E-mail: jaymelucio@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Entre a China e o Brasil: o pensamento maoísta e Revolução Chinesa no Partido Comunista do Brasil na década de 1950 Em 1950, o Partido Comunista do Brasil lançou a toda sua militância uma nova linha política, denominada Manifesto de Agosto. A nova orientação do partido consolidava uma política que, estabelecida em 1948, colocava o PCB numa posição de extrema radicalidade. A luta armada revolucionária estava na ordem do dia. A partir da análise de um variado número de fontes, é possível perceber influências da Revolução Chinesa e do maoísmo na linha política do Manifesto de Agosto. Diversas fontes atestam o fenômeno. Documentos do partido, memória de militantes e ações práticas do PCB permitem verificar ressonâncias do pensamento maoísta e do episódio revolucionário chinês, de 1949, no interior do partido na década de 1950 e na elaboração de sua linha política radical. Nome: João Batista Vale Júnior E-mail: valteriaval@hotmail.com Instituição: UESPI Título: Narrativas em movimento: disputas pela memória e história do movimento estudantil brasileiro O texto abordou as disputas ideológicas e identidades afetivas celebrativas e/ ou ressentidas, na literatura jornalística e historiográfica sobre o movimento estudantil brasileiro. Escolheu-se, para análise, quatro obras historiográficas, e dois documentários em vídeo. Obras canônicas que contribuíram para cristalizar posições e falas estratégicas em torno de uma representação hegemônica das entidades e manifestações estudantis de maior expressão nacional: “UNE: instrumento de subversão”, Sônia Seganfredo (1963); “O Poder Jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros”, Artur Poerner (1968); “Memorex: elementos para uma história da UNE”, DCE-Livre Alexandre Va-

nuchi Leme/USP (1979); “Memórias Estudantis: da fundação da UNE aos nossos dias,” Maria Paula Araújo (2007). Além das obras citadas, os filmesdocumentários “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil” e “O afeto que se encerra em nosso peito juvenil”, do cineasta Silvio Tendler (2007) também foram tomados como objetos de análise. Nome: José Veridiano dos Santos E-mail: veridianosan@ig.com.br Instituição: ASCES Título: Tradição e invenção: Mestre Vitalino protótipo da “Cultura Popular” O personagem Vitalino Pereira dos Santos, agricultor e artesão que morreu em 1963 na cidade pernambucana de Caruaru foi transformado em herói daquela cidade e também símbolo da própria cultura nordestina, emergindo de homem simples e comum a mito da “cultura popular”. O presente trabalho pretende mapear as tramas da linguagem perseguindo as trilhas das práticas discursivas e não discursivas que se arrolaram para produzir diversas imagens e inventar o personagem como símbolo identitário da cidade e um dos ícones das tradições do Nordeste. De forma específica o trabalho objetiva elucidar como discursos, monumentos, museus, músicas, cordéis, e reportagens estão entre um conjunto de práticas que se somaram para instituir e manter a memória desse personagem como elemento constitutivo da identidade social local e regional. Nome: Josemeire Alves Pereira E-mail: josemeire@gmail.com Instituição: UNICAMP Título: Memória e representações na constituição das relações sociais em contexto urbano: a favela e a cidade Investigar o papel das representações acerca da memória, no processo de constituição das relações sociais entre a favela e a cidade é a principal finalidade desta proposta. O ponto de partida é a análise da mobilização da comunidade do Aglomerado Santa Lúcia, em Belo Horizonte/MG, em torno do processo de tombamento de um casarão do século XIX. Este episódio põe em evidência, desde 1992, quando o imóvel situado no Aglomerado foi tombado, expectativas e tensões em torno da temática da memória e sua relação com os discursos sobre o patrimônio histórico na capital mineira, naquele período, que parecem indicar aspectos importantes dessas relações, ao longo da história da cidade. Nome: Keides Batista Vicente E-mail: keidesbatista@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: A (re) construção de uma identidade goiana após o acidente com o Césio 137 O presente trabalho propõe identificar e discutir as identidades e construídas e reconstruídas do conceito de modernidade da cidade de Goiânia e do Estado de Goiás, diante do acidente e pós-acidente com o elemento radioativo césio 137 no ano de 1987. Para tanto, propõe-se utilizar a produção discursiva da imprensa local através dos jornais O Popular e Diário da Manhã; do discurso político goiano; da produção do conhecimento histórico produzido em Goiás, especificamente na Universidade Federal de Goiás e Universidade Católica de Goiás; na construção de uma dada memória histórica produzida pelo arquivo da Superintendência Leide das Neves – responsável pela assistência aos afetados pelo acidente. Nome: Lucia Grinberg E-mail: luciagrinberg@gmail.com Instituição: UNIRIO Título: Justiça Federal na Guanabara e no Rio de Janeiro, 1965 a 1988: história e memória Em 1965, o Ato Institucional n. 2 (AI-2) provocou uma drástica intervenção no campo político com a extinção dos partidos e a atribuição ao Executivo do poder de cassar mandatos parlamentares. Entre outras medidas, o AI-2 também recriou a Justiça Federal de Primeira Instância, extinta no Estado Novo. Em 2004, a partir de iniciativa do Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), realizamos um projeto de História Oral sobre as atividades da instituição entre 1967 e 1988. Compreendendo portanto o período entre a nomeação dos primeiros juizes e a promulgação da Constituição de 1988. Entrevistamos juizes e servidores da Justiça Federal das seções da Guanabara e do Rio de Janeiro. As relações entre Executivo e Judiciário foram tratadas em diversos depoimentos, as narrativas indicam a especificidade das atividades da Justiça Federal naquele contexto autoritário. Os juízes e servidores da Justiça entrevistados preocuparam-se em reafirmar a independência de suas decisões frente ao Executivo, apesar da ditadura. Os entrevistados enfatizaram sempre a importância dos

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princípios jurídicos e dos procedimentos da administração judiciária mesmo naqueles tempos, lembrando as tensões vividas naquela conjuntura. Nome: Luciana Leonardo da Silva E-mail: luleosilva@gmail.com Instituição: UFF Título: Os usos da memória: A trajetória de Clementina de Jesus: Um campo de possibilidades Se a memória pode ser considerada como narrativa histórica, pode combinar representação e fatos. Se passado pode se tornar um campo de possibilidades a ser interpretado por diferentes grupos sociais, de acordo com seus interesses, as reapropriações do passado - da própria memória - pode ser uma forma de legitimar lutas políticas. O trabalho de enquadramento da memória, enfim, pode ser analisado a partir do investimento político de certos de grupos. Todas as questões acima expostas formam a base de analise de meu trabalho sobre a biografia da cantora Clementina de Jesus, no período entre 1961- 1981. Sua trajetória de vida e sua memória podem ser consideradas como uma forma de investimento por parte de grupos políticos que buscavam fortalecer suas próprias identidades. Assim busco neste ensaio tratar da construção da trajetória e repertório da cantora a partir do enquadramento da memória da escravidão e da luta contra o racismo, realizado por intelectuais de esquerda e do movimento negro. Sem desconsiderar a atuação de Clementina, pretendo priorizar, neste trabalho, a ação dos grupos políticos ligados à cantora. A metodologia escolhida para este trabalho foi a analise de duas biografias produzidas sobre a cantora e de recortes de jornais do período entre 1961/1981. Nome: Marcos Felipe Vicente E-mail: calangojoe@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: Índios ou caboclos? Redefinições identitárias na Vila de GuaranyCE no início do século XX Com a gradativa destruição dos espaços indígenas ao longo dos séculos de colonização e o silêncio produzido pelas autoridades e até mesmo pela historiografia nacional durante o século XIX, os índios ressurgem no cenário nacional no século XX. Isso pode ser percebido já nos primeiros anos do novo século. Nesse contexto, esse trabalho buscou analisar como esses indivíduos ressurgem nesse novo momento, especificamente analisando as disputas pela posse das terras da vila de Guarany, no interior do Ceará nos primeiros anos do século XX. Analisou-se, assim, as redefinições identitárias que os Caboclos descendentes dos índios Paiacu do Ceará construíram ao longo do tempo, as relações que desenvolveram com a terra e a forma como usaram essas identidades para reivindicar as terras para si. Para tanto, analisou-se fontes institucionais, jornais e revistas, bem como se fez uso da História Oral. Nome: Maria de Fátima Bento Ribeiro E-mail: mfabento@hotmail.com Instituição: UNIPAMPA Título: Impacto produzido na História da Transformação da Natureza: Projeto de Itaipu Neste trabalho são abordados três aspectos importantes deflagrados a partir da construção da Hidrelétrica de Itaipu: as indenizações feitas a proprietários rurais; o esquecimento sobre a questão de cerca de 40.000 barrageiros abandonados a própria sorte após a conclusão da usina e a influência que Itaipu exerceu sobre a “zona” de meretrício de Foz do Iguaçu. A representação de Itaipu contida nas narrativas daqueles que estiveram envolvidos diretamente com as desapropriações são muitas, sendo marcante a presença da natureza, da técnica e da religião. As imagens de Itaipu são muito fortes, lembram as cartas de um baralho esotérico onde se mesclam tradições culturais indígenas e ocidentais. Neste contexto, construiu-se num período compreendido entre 1973 e 1991, representando 18 anos de construção da Hidrelétrica e da implantação do Projeto de Itaipu na Região Oeste do Paraná. Nome: Maria Manuela Alves Maia E-mail: mariamanuelaa@gmail.com Instituição: Mackenzie/ Rio Título: O “Caso Para-Sar” como fenômeno de desestabilização da memória Ocorrido em extensão aos acontecimentos do período da ditadura civil-militar, pós 1964, o “Caso Para-sar”, episódio em que o então capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho se opôs, em 1968, ao plano do brigadeiro João Paulo Burnier de explodir o gasômetro do Rio de Janeiro e a represa de Ribeirão das Lajes e de inculpar os “terroristas” pela ação. O fato, ainda pouco explorado, envolve inúmeras contradições. Do ponto de vista do principal protagonista, fixa-se uma história que poderia ter tido um desfecho com requintes de crueldade, covardia ou, como definia o próprio capitão Sérgio, uma “história

macabra”. Na perspectiva da Aeronáutica, a mesma é reduzida a uma fabulação criada pela mente insana do jovem oficial. Este trabalho se propõe a discutir essas diferentes narrativas com o objetivo de (re)focalizar o tema e, ao mesmo tempo, analisar a seletividade da memória construída e enquadrada de acordo com os interesses políticos dos grupos envolvidos no referido episódio. Nome: Marilena Julimar Ap. Fernandes E-mail: julimar@superi.com.br Instituição: UEG/UFG Título: Por esse Goiás Afora... Memórias, (Res)Sentimentos, Esquecimentos e Silêncios O presente texto propõe a partir das obras: Memórias de Pedro Ludovico Teixeira (1973) e Por esse Goiás afora... de Joaquim Rosa (1974) discutir se é possível desassociar memória dos sentimentos, ressentimentos, silêncios e esquecimentos. Nas lembranças/memórias dos dois autores existem zonas de sombra, silêncios, “não ditos”? O que esses não ditos podem nos dizer? Porque esses silêncios/esquecimentos implícitos ou não nas obras? O que esses não ditos podem nos dizer? Então, é possível dissociar memória, ressentimento, esquecimento e silencio? Os autores, em suas autobiografias, dão destaque à “Revolução de 30” em Goiás, contudo suas opiniões sobre os fatos são totalmente divergentes. Pedro Ludovico, por intermédio de suas Memórias, busca resgatar, retomar e fortalecer sua imagem como um político íntegro, honesto e capaz de qualquer sacrifício em benefício do progresso, do Estado e bemestar do povo goiano. Já Joaquim Rosa escreveu uma memória anti-ludovico, destacando a manutenção das práticas políticas do governo após 1930, ou seja, a idéia de continuidade entre os tempos dos Caiado e Ludovico norteia o pensamento de Joaquim Rosa. Nome: Mario Henrique E-mail: amoroso.mauro@gmail.com Instituição: FGV Título: Visões da História sobre uma memória de lutas: o olhar do historiador sobre “As lutas do povo do Borel” O objetivo do presente trabalho é realizar uma análise histórica sobre a obra As lutas do povo do Borel, de autoria de Manoel Gomes, lançada em 1980 e prefaciada por Luiz Carlos Prestes. O referente texto é o testemunho pessoal de um antigo morador da favela do Borel sobre como se desenvolveu a ocupação e expansão dessa área, assim com o processo mobilizatório de seus moradores em torno da luta pela permanência no local perante as ameaças de despejo e reivindicações de posse sobre o terreno. Tal mobilização resultou na criação da União dos Trabalhadores Favelados, uma das primeiras associações de moradores de favelas surgidas no Rio de janeiro, e cujo resgate de seu passado é um dos principais objetivos do texto de Manoel Gomes. Desse modo, pretende-se analisar, à luz do contexto histórico em questão, a articulação de interesses e dos atores envolvidos na produção e elaboração da obra. Também será elaborada uma reflexão sobre as representações contidas nessa memória, seus significados e possíveis usos perante a problemática da habitação popular e a situação política de princípios da década de 80. Nome: Mario Sergio Ignacio Brum E-mail: mariobrum@yahoo.com.br Instituição: UFF - PPGH Título: De favelados a favelados: a Cidade Alta (Rio de Janeiro) e as memórias e re-significações da favela num Conjunto Habitacional O tema deste é a permanência e a re-significação do estigma de favela no Conjunto Habitacional da Cidade Alta, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, surgido no projeto de erradicação de favelas executado pelos governos estadual e federal nas décadas de 1960/70 para abrigar moradores removidos de favelas e que, completando quarenta anos, para muitos moradores ainda mantém o estigma de favela. Trata-se de, a partir de um estudo de caso, discutir a validade do termo favela como construção histórica e social, no que usamos como fontes documentos do Estado sobre as remoções (e o significado de favela para as autoridades da época) e depoimentos de moradores e suas visões sobre o que é uma favela. Percebemos em muitos depoimentos a visão da favela de origem como um local de desordem e precariedade, e que a ida para o conjunto, no fim da década de 1960, figura como uma ‘melhora’, pois o conjunto habitacional em seu início é relatado como local da ordem e da ‘beleza’, posteriormente tendo se tornado uma favela, por uma ‘descaracterização’ das construções e principalmente, pela intensificação da violência cotidiana. Assim, vemos através dos depoimentos dos moradores que o termo favela pôde adquirir variados significados através das quatro décadas de sua existência. Nome: Mozart Linhares da Silva E-mail: mozartt@terra.com.br

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56 Instituição: PUCRS Título: Educação e etnicidade na região de Santa Cruz do Sul – RS O objetivo deste artigo é analisar as relações entre educação, etnicidade e mobilidade social em região de colonização alemã no Rio Grande do Sul, sobretudo em Santa Cruz do Sul, cidade com forte discurso identitário germânico. Em que pese ser uma cidade caracterizada pelo germanismo, o que se constatou nas pesquisas até aqui realizadas, abrangendo os últimos quatro anos, é que a região em questão possui significativa população de não-brancos, embora invisibilizada socialmente e excluída do processo de pertencimento identitário da comunidade regional. As pesquisas realizadas nas escolas municipais, estaduais e privadas na região de Santa Cruz do Sul permitem uma análise pontual das relações entre a educação e a imobilidade social, cujo resultado pode ser avaliado na dinâmica da visibilidade/ invisibilidade identitária e processos de exclusão comunitário destes grupos, nomeadamente dos afro-descendentes e pardos. Nome: Niedja Lima Torres Portugal E-mail: niedjaportugal@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Estudantes em movimento Este trabalho, resultado da pesquisa desenvolvida no Mestrado em História Social da Universidade Federal do Ceará concluída no ano de 2008, trata das experiências dos estudantes da Universidade Federal do Ceará entre os anos de 1969 e 1979. Num contexto em que, pelo recrudescimento da ditadura, o movimento estudantil se viu espoliado das suas entidades representativas, os estudantes reinventaram seus espaços e suas atuações. Assim, os estudantes continuaram em movimento e mantiveram o movimento estudantil, buscando sempre a criação de novos espaços e a possibilidade de existência das entidades representativas legítimas do corpo discente. Através de entrevistas com ex-militantes, jornais da época, documentação da Universidade Federal do Ceará e da legislação concernente ao movimento estudantil do período, procuramos reconstruir a memória de um movimento atuante e importante para universidade e para a sociedade onde se insere. Nome: Paulo Seabra E-mail: pauloseabra@yahoo.com.br Instituição: Colégio Pedro II Título: O mito Caxias e construção da identidade local Nossa problemática tem como delimitações as seguintes premissas: o nascimento de Luiz Alves de Lima e Silva, na Fazenda São Paulo, em Taquaraçu, na época pertencente à Vila de Magé, e posteriormente a Vila de Estrela; a transformação de Duque de Caxias em herói do Exército, a partir da década de 1920; a construção da identidade territorial com a mudança do nome da estação de Merity para Caxias, em 1930, por grupo de comerciantes e moradores e atendida pela E.F. Leopoldina; a identificação das terras pertencentes ao Oitavo Distrito em sua ‘terra natal’; a emancipação do distrito, se transforma em município, passa a ser denominado como Cidade de Duque de Caxias, em 1943; a criação por parte das instituições públicas e privadas do município de uma mitologia e simbologia ligada ao patrono do exército, e como se tentou forjar a identidade da cidade como o “berço histórico” de Luiz Alves de Lima e Silva. Nome: Priscila Carlos Brandão Antunes E-mail: priscila_brandao@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Entre a ética e o direito à verdade na pesquisa relacionada à violação dos Direitos Civis e Humanos Esta apresentação aborda uma das faces da pesquisa que vem sendo realizada sobre a construção do Sistema Brasileiro de Inteligência de Segurança Pública no país, na virada do século XX. O mapeamento de tal sistema implica o uso de fontes orais compostas por um grupo heterogêneo, em contato muito próximo com o poder. Agentes de Inteligência, delegados de polícia, militares da reserva, policiais civis e policiais militares compõem um universo em que disputas corporativas e geracionais revelam um complexo emaranhado de relações sociais, agravadas pela possibilidade de abuso do poder coercitivo e por um conflito de identidade, gerados a partir da Constituição de 1988, que impôs, junto a um sistema acostumado à autonomia e impunidade, restrições de difícil adequação. A pesquisa busca, por um lado, explorar a face humana e as fragilidades existentes por trás de posturas rígidas, obediência hierárquica e subordinação ao poder político, impostos pelas estruturas normativas do país. Por outro, expor os conflitos éticos vividos por um pesquisador, ao acessar informações relacionadas à violação dos direitos civis e humanos, cujo conteúdo e dados não podem ser explicitamente colocados, em um contexto em que a reivindicação pelo direito à verdade é uma realidade concreta do país.

Nome: Raimundo Nonato Lima dos Santos E-mail: robsonlim@ig.com.br Instituição: UFPI Título: Violência urbana: discurso midiático e manipulação da realidade O artigo analisa a construção da identidade de “cidade-sem-lei”, atribuído à cidade de Timon-MA, a partir da produção de discursos operada pela imprensa escrita de Teresina-PI, nos periódicos “O Dia” e “O Estado”, com matérias publicadas sobre esta cidade maranhense na década de 1980. Discute também o conceito de violência urbana e o processo de manipulação da realidade realizado pela mídia impressa que contribuiu para a construção de uma memória social deturpada. Nome: Ricardo Medeiros Pimenta E-mail: ricardo.pimenta@gmail.com Instituição: UNIRIO Título: Um rio de lembranças: trabalhadores da Renault Île Seguin de Paris em disputa pela memória No ano de 1992 a fábrica Renault da região parisiense de Boulogne-Billancourt fechou suas portas colocando milhares de trabalhadores, dos quais muitos imigrantes, em dúvida quanto ao futuro de seus trabalhos e de suas vidas. Não demorou muito, em 2004, cada pedaço de concreto da fábrica havia sido extirpado de um cenário urbano do sudoeste parisiense que devia sua história aos homens e mulheres que ali trabalharam. Localizada no rio Sena, a Île Seguin é o espaço de luta onde antigos trabalhadores, a própria Renault e o poder público se digladiam em busca do direito à memória. Neste contexto, este artigo, que se apresenta como parte da tese de doutorado em Memória Social já em fase de conclusão, busca analisar esta experiência vivida no âmbito da Associação dos Trabalhadores Renault da Île Seguin (ATRIS) que, buscando uma ação legítima junto à classe que representa, luta pela criação de um “lugar de memória” no espaço onde antes havia a fábrica. Segundo eles, lutando pela preservação de uma “memória viva”, contribuindo para a história e para o futuro; impedindo que se faça tabula rasa da realidade que os trabalhadores viveram. Esquecendo parte da História e memória da própria Paris. Nome: Sara Oliveira Farias E-mail: sarafarias@uol.com.br Instituição: UNEB Título: Confrontos e poderes na Mineração Morro Velho na cidade de Jacobina-BA O estudo pretende reconstruir algumas das experiências dos trabalhadores acometidos de silicose, doença sem cura e letal, contraída no subsolo da empresa de exploração de ouro Jacobina Mineração e Comércio S/A (antigamente denominada mineração Morro Velho), na cidade de Jacobina (Bahia), na década de 1980 e 1990. Nesse percurso, os depoimentos constituíram-se em fontes importantes que levavam a múltiplas histórias desconhecidas sobre a prática do trabalho na mineradora. A análise dos discursos dos atores sociais em relação ao trabalho enfoca trajetórias que vão desde a procura pelo emprego em uma cidade como Jacobina, passando pelas atividades desenvolvidas, destacando a forma como se trabalhava, a organização sindical, as lutas travadas indo desde a reivindicação por melhores salários até a reivindicação por melhores condições de vida, denunciando que o trabalho desenvolvido conduziu o trabalhador a contrair a silicose. A construção do texto, a partir das narrativas dos dirigentes sindicais, amplia o debate sobre a silicose, porque, em muitos casos, foram eles que denunciaram a prática perigosa e inadequada do trabalho. Aspectos significativos para a construção da história da mineração em Jacobina. Nome: Silvana Grunewaldt E-mail: silvanagrunewaldt@smail.ufsm.br Instituição: UFSM Título: Memória, identidade e processos de desterritorialização Desde o final do século XIX, as cidades passam por processos de modernização, onde o poder público promove a remodelação dos locais e, consequentemente transfere pessoas para áreas mais afastadas, gerando uma série de contradições sociais e, muitas vezes, culminando em conflitos e violência policial. Esse não é só um processo de expulsão das pessoas, mas também de perda de identidade a partir do apagamento de marcos de afetividade dessas. Assim, a noção de lugar/espaço/ território fica desestruturada e, com ela, parte da memória da cidade e de seus cidadãos. Sendo através da memória que as pessoas se identificam com a cidade e se situam enquanto sujeitos históricos, buscaremos, nessa comunicação, pensar esses processos de perda da identidade a partir da desterritorialização e nova territorialização, tendo como palco a experiência do bairro Renascença, em Santa Maria/RS.

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Nome: Sônia Maria dos Santos Carvalho E-mail: professoradauespi@hotmail.com Instituição: UESPI Título: Entre narrativas e representações: história, memórias e imagens de si Analisamos as representações construídas sobre Dom Avelar Brandão Vilela [arcebispo de Teresina entre os anos de 1955-1971]. Utilizamos como fontes textos presentes na mídia impressa e narrativas elaboradas por historiadores e pelo próprio arcebispo. Buscamos compreender como os autores daquelas narrativas representaram, a seu modo, Teresina, cidade capital do Piauí, e os espaços de sociabilidades vividos pelo religioso católico [relações político-sociais, valores, crenças, identidades...]. A atuação de Dom Avelar, portanto, não é só pretexto, mas fio condutor do objetivo de pensar Teresina e seus narradores, enquanto trabalhadores inseridos em lugares sociais específicos e tempos históricos diferenciados. Desejamos analisar as representações construídas em três narrativas - a jornalística: impressos como O Dia e Jornal do Piauí e entrevistas publicadas em revistas de circulação nacional; documentos oficiais e cartas assinadas pelo clérigo e historiográfica. Nome: Suzana Arakaki E-mail: arakaki@uems.br Instituição: UEMS Título: Terra e política no Mato Grosso do Sul: questões para o presente O estado de Mato Grosso do Sul é relativamente novo. “Nasceu” em 1977 da divisão do antigo Mato Grosso. Aspiração antiga dos habitantes da porção sul e rejeitada por longo tempo pela porção norte, a divisão se deu muito mais por conveniência política do governo militar. Desde a divisão novos atores políticos são lançados no espaço político estadual e vem construindo o que denominamos de memória política. Analisados sob o prisma de uma nova concepção da história política, vislumbramos a atuação de outros segmentos sociais como os sem-terra, os indígenas, os quilombolas, os sindicatos e os partidos políticos, além da tradicional classe proprietária. Tais segmentos vêm ocupando seus espaços políticos com maior intensidade desde o final do governo militar, perpetrando conquistas por um lado e fazendo inimigos de outro. É a situação vivida pelos sem-terra e pelas classes proprietárias. Outras lutas vêm sendo travadas, como a dos indígenas que ganharam o direito a terra com a Constituição de 1988 e mais recentemente os quilombolas e remanescentes vem requerendo seus direitos. Este trabalho visa apontar algumas conquistas desses novos atores sociais no espaço político do estado. Nome: Vera Lucia Cortes Abrantes E-mail: vera.cortes@skydome.com.br Instituição: UNIRIO Título: Trabalho feminino com o sisal na Bahia (1962): fotografia, memória e espaço. O ato fotográfico possibilita a construção de histórias e memórias, e as múltiplas possibilidades de abordagens e conexões entre a fotografia e a memória constituem-se num dos principais vetores de estudo da imagem fotográfica. É nesse sentido que analisaremos fotografias do trabalho feminino, infantil, familiar desenvolvido com o beneficiamento do sisal, no município de Irecê, Bahia, em 1962. No conjunto das fotografias, recorte da “coleção” Tibor Jablonszky, observamos representações das trabalhadoras em seus locais de trabalho marcadas por valores culturais e sociais que definem os lugares das mulheres e meninas, diferenciados e desiguais. Há trabalhos de homens e trabalhos de mulheres, sendo que um trabalho masculino “vale” mais do que um trabalho feminino, conforme veremos.

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57 57. Militares, polĂ­tica e estratĂŠgia Sidnei Munhoz - UEM e UFRJ (sidneimunhoz@pq.cnpq.br) Francisco CĂŠsar Alves Ferraz – Universidade Estadual de Londrina (fcaf64@hotmail.com) Os campos temĂĄticos abrangidos pela presente proposta serĂŁo aqueles originados da inter-relação HQWUH D KLVWyULD SROtWLFD KLVWyULD PLOLWDU H GRV HVWXGRV HVWUDWpJLFRV 6HUmR DFHLWRV WUDEDOKRV TXH YHUVHP VREUH 3ROtWLFD GRXWULQDV H Do}HV HVWUDWpJLFDV VREHUDQLD QDFLRQDO DOLDQoDV LQWHUQDFLRQDLV GH FXQKR HVWUDWpJLco; polĂ­ticas de defesa nacional; polĂ­ticas internas e externas de intervenção armada, relaçþes sociais e SROtWLFDV HQWUH JUXSRV H FODVVH FLYLV H DV LQVWLWXLo}HV PLOLWDUHV FRQH[}HV HQWUH FRQĂ LWRV LQWHUQRV H H[WHUnos Ă s naçþes, potenciais ou reais; +LVWyULD PLOLWDU KLVWyULD GDV LQVWLWXLo}HV PLOLWDUHV SUHSDUDomR GHVHQYROYLPHQWR H FRQVHT rQFLD GDV JXHUUDV QD VRFLHGDGH LQVHUomR GD LQVWLWXLomR PLOLWDU QDV HVWUXWXUDV GR (VWDGR 1DFLRQDO KLVWyULD VRFLDO GRV FRQĂ LWRV DUPDGRV (VWUDWpJLD H UHODo}HV LQWHUQDFLRQDLV IRUPXODomR GHVHQYROYLPHQWR H FRQVHT rQFLDV GH WHRULDV H GRXWULQDV HVWUDWpJLFDV DVSHFWRV FRQMXQWXUDLV GRV FRQĂ LWRV LQWHUQDFLRQDLV H VXDV FRQH[}HV FRP DV OXWDV SROtWLFDV QRV kPELWRV LQWHUQRV H H[WHUQRV jV QDo}HV Em suma, a essĂŞncia do campo temĂĄtico proposto ĂŠ o conjunto de estudos do uso da força na polĂ­tica, estatal ou nĂŁo, e suas conseqßências.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Iop Bellintani E-mail: bellinta@ibest.com.br Instituição: UnB TĂ­tulo: O Positivismo e o ExĂŠrcito Brasileiro A doutrina positivista de Augusto Comte (1798-1857) encontra muitos adeptos no Brasil, e entre os principais representantes estĂĄ o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e o ExĂŠrcito Brasileiro. Esta filosofia estĂĄ baseada na cientificidade e na hierarquia das ciĂŞncias, onde para Comte a matemĂĄtica estĂĄ em primeiro lugar. AtĂŠ 1920 o positivismo ĂŠ a doutrina militar desenvolvida nas academias e escolas militares. “Ordem por princĂ­pio e progresso por fimâ€?, eis o lema de nossa bandeira e de nossa instituição militar. Mas a doutrina positivista defende o fim dos exĂŠrcitos e das guerras, pois afirma que com a evolução cientĂ­fica a sociedade viverĂĄ num estado pacĂ­fico. Para Comte, o progresso humano aliado ao progresso industrial determina o fim do estado de beligerância. A doutrina positivista se desenvolve nas casernas e embasa a formação profissional do soldado-cidadĂŁo, considerado um civil de farda, que com pouco grau de instrução militar, participa ativamente da polĂ­tica. Este militar se considera mais cidadĂŁo do que propriamente um soldado, o que acarretou prejuĂ­zo para o ExĂŠrcito. Nome: Aline Cordeiro Goldoni E-mail: alinegoldoni@gmail.com Instituição: UFRJ TĂ­tulo: Conflito e negociação: as dificuldades de realização do recrutamento de Guardas Nacionais durante a Guerra do Paraguai na provĂ­ncia do Rio de Janeiro O objetivo do presente trabalho ĂŠ mostrar que, na provĂ­ncia do Rio de Janeiro, com o advento da Guerra do Paraguai, a relação de clientela estabelecida entre as elites locais e a Guarda Nacional precisou ser revista. A grande necessidade que havia de se recrutar homens para o front interferiu, de maneira determinante, na capacidade do poder local de gerir o recrutamento de guardas. NĂŁo se podia mais deixar os “protegidosâ€? fora das “garrasâ€? do recrutamento. Neste sentido, com o estabelecimento do conflito, toda a dinâmica do recrutamento precisou ser reavaliada para possibilitar um maior engajamento por parte dos cidadĂŁos Ă s fileiras do ExĂŠrcito Imperial. A demanda por soldados aumentava a cada dia, pondo em xeque quase todos os procedimentos que usualmente atrapalhavam a aquisição de homens para engrossar os corpos do ExĂŠrcito. Desta maneira, durante a Guerra do Paraguai, tornou-se muito difĂ­cil para as elites da provĂ­ncia do Rio de Janeiro continuar gerindo o recrutamento, principalmente no que concerne a Guarda Nacional. Neste sentido, a intervenção do poder central para extração de recrutas se deu contra vontade das lideranças locais, que tradicionalmente “controlavamâ€? esse processo. Nome: Arlan Eloi Leite da Silva E-mail: eloihistoriador@yahoo.com.br Instituição: UFRN

TĂ­tulo: RĂĄdio Patrulha: policiamento ostensivo e tecnologia na cidade de Natal (1965-1970) Analisa o surgimento da RĂĄdio Patrulha no Rio Grande do Norte, como policiamento ostensivo com apoio de tecnologia, isto ĂŠ, veĂ­culos motorizados, rĂĄdio-comunicação, armamento especĂ­fico e treinamento tĂŠcnico diferenciado, no perĂ­odo da ditadura militar, bem como procura discutir a relação da polĂ­cia patrulheira com o pĂşblico natalense. Nome: Arthur Bernady Santana E-mail: arthurbernady@yahoo.com.br Instituição: UFMT TĂ­tulo: A BR-163: “ocupar para nĂŁo entregarâ€?, a polĂ­tica da ditadura militar para a ocupação do “vazioâ€? amazĂ´nico Este trabalho pretende analisar o recente processo de ocupação ocorrido nas trĂŞs Ăşltimas dĂŠcadas do sĂŠculo XX no estado de Mato Grosso. Para compor nossa narrativa o espaço selecionado diz respeito Ă parte norte do estado, sobretudo, o territĂłrio cortado pela BR-163. Abordamos nosso objeto a partir da polĂ­tica de segurança nacional, em que as medidas tomadas pelos governos militares possibilitaram a rĂĄpida ocupação da regiĂŁo. O ponto de partida, para desenvolvermos nosso estudo, ĂŠ a criação do Programa de Integração Nacional, de 16 de junho de 1970. No decorrer de nossa narrativa os aspectos referentes ao ambiente de fronteira, e Ă multiplicidade ganham maior destaque. Para desenvolvermos nosso trabalho procuramos atentar para as questĂľes polĂ­ticas, econĂ´micas e sociais da sociedade do perĂ­odo, sobretudo, o processo de migração que ocorreu a partir da dĂŠcada de 1970. Naquele momento Mato Grosso recebeu o maior fluxo de migrantes em seu territĂłrio, resultando em um crescimento muito elevado da população do estado. Nome: Barbara Nunes Alves Loureiro E-mail: bn.loureiro@gmail.com Instituição: UNIRIO TĂ­tulo: MemĂłria e histĂłria de um presĂ­dio polĂ­tico: a PenitenciĂĄria Milton Dias Moreira Os anos de chumbo da ditadura militar, perĂ­odo compreendido entre os anos de 1968 e 1974 caracterizam-se pela promulgação de leis que possibilitaram o fechamento do regime. O Ato Institucional nÂş 5 e a Lei de Segurança Nacional foram decretados com o objetivo de concretizar a ditadura. Nesse momento, formou-se uma resistĂŞncia organizada ao governo. A deflagração da luta armada foi a causa muitas prisĂľes. Com isso, houve um aumento do contingente de presos polĂ­ticos nos cĂĄrceres. A legislação criada apĂłs o fechamento do Congresso, ocorrido devido ao AI 5, permitia formalização da violĂŞncia e definia o grau de abrangĂŞncia do que era considerado crime contra o Estado. A Lei de Segurança Nacional considerava todo tipo de reivindicação como crime. Dessa maneira, cidadĂŁos que realizassem qualquer manifestação crĂ­tica ao sistema poderiam ser seqĂźestrados sem ordem judicial e sujeitados a tortura. Se condenados posteriormente pela justiça militar eram enquadrados na LSN e condenados a prisĂŁo. Esse trabalho busca caracterizar o espaço, a experiĂŞncia prisional e o funcionamento da PenitenciĂĄria Milton Dias Moreira, utilizando

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como fontes os depoimentos dos ex-presos políticos que vivenciaram esse momento, documentos coletados em arquivo e bibliografia sobre o tema. Nome: Braz Batista Vas E-mail: brazbv@uft.edu.br Instituição: UFT Título: Os percalços da burocracia na Guerra do Paraguai – 1865 a 1870 Esta comunicação objetiva problematizar e lançar mais luz ao conjunto de problemas e dificuldades vivenciadas pelas forças militares terrestres brasileiras que atuaram na Guerra contra o Paraguai em função da burocracia do estado Imperial brasileiro e como um importante elemento condicionante da prolongação do período de conflito e aumento exagerado de dificuldades técnicas que resvalaram substancialmente na condução política e militar da guerra. Trata-se de uma análise reflexiva sobre as questões mais gerais que envolveram a burocracia destinada a manutenção dos esforços de guerra, como parte da amplitude dos estudos de História Militar brasileira, num projeto de estudo que ainda esta em curso. Nome: Brenda Coelho Fonseca E-mail: brendacoelho@bol.com.br Instituição: UFRJ Título: A política externa brasileira na visão de um cronista anônimo A política externa do Império se pautou em duas matérias até meados do século XIX: a questão do tráfico internacional de escravos e a posição brasileira no Rio da Prata. O impasse da intervenção ou não-intervenção na região do Prata já vinha sendo discutido pelos políticos brasileiros desde a década de 1830. A entrada de Paulino José Soares de Sousa no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 1849, iniciou uma política intervencionista brasileira naquela região. Em sintonia com a política implementada pelo Gabinete conservador, José Maria da Silva Paranhos, o futuro visconde do Rio Branco, expõe quase que semanalmente suas idéias em relação às questões do Prata nas cartas Ao amigo ausente, publicadas entre 1850 e 1851, no Jornal do Commercio. O tema Rio da Prata foi o ponto alto das suas discussões. Das 44 cartas, 26 tratavam da política brasileira no Prata de forma minuciosa e crítica. São suas primeiras manifestações mais sistemáticas sobre a política externa brasileira e foi a partir delas que Paranhos ingressou no campo diplomático, destacando-se como diplomata, principalmente, a partir de sua ação frente à Guerra do Paraguai. Nome: Bruno Pessoa Villela E-mail: pessoa@predialnet.com.br Instituição: UFF Título: A conquista da fronteira Centro-Oeste brasileira: braço forte, mão amiga e o verde-oliva no coração Este trabalho tem por objetivo analisar a importância do Exército na constituição das fronteiras da região centro-oeste brasileiro. Este estudo sobre militares e política se insere no contexto histórico-político da primeira República no Brasil que foram delineados pela construção do Estado territorial, pela delimitação das fronteiras e pela construção da nacionalidade brasileira. Será neste contexto que o General Cândido Mariano da Silva Rondon, engenheiro por formação, mas militar por profissão, ajudará a desenvolver uma missão civilizadora no sertão Centro-Oeste e Norte do Brasil, promovendo a integração do interior ao litoral, seja através da construção de linhas telegráficas, símbolo do progresso e de modernidade, seja pelas demarcações das fronteiras como fechamento de um ciclo aonde no Brasil vinha-se de longa data tentando-se estabelecer um domínio sobre o território que antes pertencia a Espanha e que foi incorporado ao espaço colonial português e posteriormente passa a pertencer ao Estado brasileiro com sua independência política. As ações representadas pelos projetos desenvolvidos pelo general Rondon, perpassaram desde a construção das linhas e estações telegráficas, pela criação e direção do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1910, pela expedição científica Roosevelt. Nome: Carlos Alexandre Rezende de Sant´Anna E-mail: carsantana@ig.com.br Instituição: UFF Título: A construção de uma Estratégia Nacional de Defesa – a correlação da política de defesa nacional com a Políticas Externa Independente e do Pragmatismo Responsável A promulgação da Estratégia Nacional de Defesa consolidou um processo de maturidade do Estado Brasileiro, pois deu forma física de maneira clara e transparente, sobre o modo de garantir os objetivos nacionais brasileiros. Entretanto, como afirmou Clausewitz e Raymond Aron, demonstrou que uma Estratégia Nacional só pode ser efetiva se existir unidade na Política Externa, representada pela atuação do diplomata e do soldado. Assim é proveitoso

discutir a relação entre estes dois agentes no período republicano brasileiro. Reconhecendo a amplitude do tema, podem-se destacar dois momentos distintos: o primeiro entre 1961-1964 referente à Política Externa Independente, e segundo entre 1974-1979, marcado pelo Pragmatismo Responsável. Foram dois períodos em que o Estado Brasileiro buscou uma maior independência das ações no campo externo, fugindo de um tradicional alinhamento com os Estado Unidos. Para esta comunicação, pretendo apresentar reflexões iniciais de um projeto de pesquisa em desenvolvimento, para verificar como se deu a articulação entre a política externa e política de defesa, sem deixar de lado os obstáculos enfrentados, ainda que conduzidas por líderes tão diversos como Jânio Quadros (1961), João Goulart (1961-1964) e Ernesto Geisel (19741979). Nome: Christiano Britto Monteiro dos Santos E-mail: chrisbrt03@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Videogames, II Guerra Mundial e o “Military-Nintendo Complex” Neste trabalho, apresentamos o resultado de nossa pesquisa, que relaciona videogames com as representações de suas interfaces envolvidas com valorização de símbolos da II Guerra Mundial. Destacamos uma memória enquadrada que utiliza lugares de memória e a imagem dos veteranos das Forças Armadas dos EUA, que são expostos como heróis e patrimônios da história dos EUA. Trabalhamos também com o referencial teórico do Military-Nintendo Complex, desenvolvido por John Naisbitt para explicar a organização das maiores empresas de videogames do mundo. Nome: Claudinéa Justino Franchetti E-mail: claudineapersistente@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Páginas de intolerância política: a guerra psicológica contra o Monstro Vermelho na Revista Lei e Polícia (1948-1950) O presente estudo é fruto de dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá. Tem por objetivo analisar a posição política e ideológica da revista Lei e Polícia de junho de 1948 a janeiro de 1950, recorte temporal de publicação daquele periódico que está compreendido no governo de Eurico Gaspar Dutra e pode ser considerado como um momento de continuação da intolerância política no Brasil. Nessa direção, examinaremos a relação dessa revista com a luta contra o comunismo e a sua contribuição para a difusão da propaganda anticomunista no Brasil. Ver-se-á que essa ideologia sofreu mutações de acordo com os diferentes contextos socioculturais e históricos em que se desenvolveu e foi divulgada pelos mais variados meios de comunicação possíveis. Ademais, ela manifestou-se na cultura e no imaginário popular, e seus articuladores e militantes se empenharam fortemente na conquista de adeptos para a causa. Na cultura popular brasileira o imaginário anticomunista fez parte de um processo social e cultural pelo qual as pessoas (individual e/ou coletivamente) criaram e recriaram suas representações e práticas em relação à ideologia comunista, e nesse processo o trabalho da “Lei e Polícia” foi notório. Nome: Diogo Barreto Melo E-mail: melodiogo@gmail.com Instituição: UFRPE Título: Maio de 1968, Direitos Humanos e o AI-5: repercussões sobre as minorias em Pernambuco Com a eclosão do movimento de maio de 1968, nascia com aquela geração transformadora da realidade existente um novo conceito de ordem: vista de baixo para cima, era uma escalada social que, para atingir seus objetivos, defendia os ideais revolucionários de construção de algo novo. Ao mesmo tempo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos representava a garantia desse novo: a liberdade, o direito de ir e vir, a religião e a concepção do diferente na sociedade estavam atrelados à ordem vigente em cada país. No Brasil, o AI-5 se encarregou de estabelecer os direitos humanos e as transformações de 1968 através de regramentos e da exclusão de determinados segmentos sociais que estiveram constantemente presentes e empenhados na luta para reaver aquilo que lhes pertencia de fato: serem eles mesmos. Palavras-chave: AI-5, Ditadura, Censura, Maio de 1968. Nome: Edison Bisso Cruxen E-mail: edisoncruxen@hotmail.com Instituição: Centro Universitário Metodista - IPA Título: Arquitetura militar e fronteiras na Península Ibérica Medieval (séculos XIII e XIV) Durante o período medieval as fortificações da Península Ibérica foram dis-

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57 postas criteriosamente como “peças de um xadrez”, montado para garantir a integridade de territórios conquistados ou recuperados a caro custo. No final do século XIV a coroa portuguesa tentava controlar, nos mais diferentes níveis, a organização militar do reino, um esforço iniciado por D.Dinis, considerando sempre como fundamental o reparo e modernização das fortificações localizadas na raia (fronteira) castelhana. Interpretar a distribuição das fortificações peninsulares pressupõe um pensamento estratégico e intencional, uma vez que estas eram dispostas em “linhas defensivas” que deveriam integrar uma articulação em diferentes níveis no território (local, regional e “nacional”). Questões referentes a evolução da arquitetura militar medieval da Península Ibérica, relações belicosas e diplomáticas entre os reinos de Portugal e Castela nos séculos XIII e XIV e a mobilidade e funcionamento das fronteiras medievais peninsulares serão tratadas nesse trabalho. Nome: Edvanir Maia da Silveira E-mail: didisilveira@bol.com.br Instituição: UVA Título: Militares, cidade e poder político em Sobral-Ce (1964-1966) A participação dos militares na política brasileira é um fato muito antigo. Durante o regime militar de 1964-1984, essa atuação ficou mais evidente. Na cidade de Sobral no Ceará é possível perceber a ação dos militares no poder local, entre 1964 e 1966, período em que o poder municipal esteve nas mãos de Cesário Barreto de Lima. De acordo com as fontes esse administrador foi um forte aliado do regime, recebendo a visita do primeiro presidente da ditadura, Castelo Branco, duas vezes em Sobral durante sua administração, para inauguração de obras. Os investimentos em infra-estrutura na cidade e a proteção diante dos conflitos locais denotam o prestigio deste administrador junto ao regime. O nosso objetivo é investigar se a aliança entre o poder local e os militares se reverte em ganhos materiais para cidade de Sobral-CE. Jornais, depoimentos, crônicas, e outros documentos escritos, nos ajudarão nesta investigação. Nome: Elton Licério Rodrigues Machado E-mail: etn.lic@uol.com.br Instituição: AMAN Título: Escola Militar do Realengo: a abolição da mentalidade do soldadodoutor na formação do Oficial do Exército (1912-1944) Nos primeiros anos do século XX, na busca por modernização, o Exército Brasileiro inicia diversos planos com a finalidade de proporcionar melhores condições para atender as exigências técnicas e doutrinárias imposta pelos novos tempos. É neste contexto que ocorre a criação de uma escola de formação que se tornará um dos marcos daquele projeto, a Escola Militar do Realengo. O presente trabalho pretende identificar alguns pressupostos do projeto de modernização no que diz respeito à formação do Oficial combatente do Exército bem como apresentar a importância deste estabelecimento de ensino na formação de gerações homens que produziram uma determinada mentalidade militar que privilegiava o aprimoramento técnico e profissional. Para este fim, se fez necessária a análise de momentos importantes da história da escola com base em fontes documentais e bibliográficas, que contribuíram para reproduzir a conjuntura da Escola Militar. Por fim, percebe-se esse estabelecimento de ensino como uma das instituições que mais colaboraram, dentro da Força Terrestre, para que o exército vagaroso dos anos mil e novecentos adquirisse, no século seguinte, a dinâmica necessária para se manter em um permanente estado de aprendizado doutrinário. Nome: Erica da Silva Lins E-mail: lins.erica@yahoo.com.br Instituição: Faculdade Integrada de Patos Título: Um triângulo nada amável: os estudantes, os militares e o Jornal Diário da Borborema A presente comunicação tem como objetivo, analisar a Cultura Política instaurada pela “ditadura militar” entre os anos de 1964 a 1968, fazendo uso em suas atribuições dos noticiários do Jornal Diário da Borborema, na cidade de Campina Grande - PB. Problematizaremos os discursos da mídia, sobre estes governos, caracterizados pelo autoritarismo, mas, no entanto, as notas do Jornal Diário da Borborema tentavam omitir e/ou suavizar os acontecimentos que reprimiam a população deslocando os signos, que passavam a vangloria o governo em gestão, porém, a cada repressão os movimentos se intensificavam até a divulgação do Ato Institucional número cinco (AI-5). Neste sentido, percebemos que os militares para implantarem a sua Cultura Política, não se utilizavam apenas da força bruta, como também simbólica, articulando os noticiários do periódico a seu serviço, projetando um discurso de provocadores da desordem sobre os movimentos dos estudantes campinenses, vistos pelos militares como sujeitos subversivos que atentavam contra a ordem estabelecida pelo governo em gestão. Palavras chaves: Ditadura Militar, Jornal Diário da Borborema, Estudantes.

Nome: Francisco César Alves Ferraz E-mail: fcaf64@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: A Escola Superior de Guerra e a política brasileira, 1949-1964: balanço historiográfico A Escola Superior de Guerra (ESG) foi criada, em 1949, como instituto de altos estudos, voltada para formar elites para a gestão da segurança nacional. Seu caráter singular advinha de seus critérios de acesso, pois admitia, além de oficiais superiores das forças armadas, membros escolhidos da elite civil. Reunindo grupos politicamente congruentes, a ESG defendia, em seus currículos e conteúdos, os valores da integração plena do país ao capitalismo mundial, além de um marcante tom anticomunista e antipopulista. Por expressar esse perfil político, a ESG foi posteriormente apontada, desde o golpe de 1964, como uma das instâncias articuladoras da conspiração militar e civil, e a partir da consolidação do regime militar, como a instituição produtora das idéias que nortearam as ações do regime militar e de sua elite dirigente. O objetivo desta comunicação é realizar um balanço historiográfico sobre a ação política da Escola Superior de Guerra (ESG), desde sua fundação, em 1949, até a derrubada de João Goulart, em abril de 1964, dimensionando seu papel efetivo nas crises político-militares das décadas de 1950 e 1960, culminando com o exame das ações políticas de elites militares e civis envolvidos no golpe de abril e no regime militar que se seguiu. Nome: Francisco Eduardo Alves de Almeida E-mail: mh.almeida@uol.com.br Instituição: UFRJ Título: O poder marítimo sob o ponto de vista estratégico: uma comparação entre as concepções de Alfred Mahan (1840-1914) e Herbert Richmond (1871-1946) Essa pesquisa tem o propósito de, utilizando a metodologia comparativa de Jurgen Kocka, comparar as concepções político-estratégicas de emprego do poder marítimo do historiador norte-americano Alfred Thayer Mahan (18401914), considerado um dos fundadores da historiografia naval contemporânea e do historiador inglês Sir Herbert William Richmond (1871-1946). Essa investigação comporta, além da utilização de metodologia de história comparada, incursões nos campos da história política, história social e história dos conceitos. O período abarcado pela pesquisa abrange como marco inicial o reinado de Elizabete I na Inglaterra até o fim da Segunda Guerra Mundial, marcos de referência de ambos os historiadores. A hipótese a ser investigada propõe a considerável influência do pensamento de Mahan sobre a concepção teórica de Richmond. Nome: Gisele Terezinha Machado E-mail: gisatmachado@hotmail.com Instituição: UFSC Título: “Formar bem para servir sempre”: a Escola de Aprendizes-Marinheiro de Santa Catarina (1889-1930) A instalação da República no Brasil se caracterizou por uma série de transformações que visava à construção de uma identidade nacional republicana. Para isso, foram adotadas políticas higienistas de rearranjamentos urbanos e políticas educacionais pautadas no cientificismo, por meio das quais se esperava que fosse possível legitimar e consolidar o Estado Nacional. No contexto desse projeto de reforma social e de difusão da educação, como dispositivo que agiria, por meio do controle dos sujeitos, sobre os maus hábitos, é que o presente artigo irá examinar, no período de 1889 a 1930, a Escola de Aprendizes-Marinheiro de Santa Catarina (EAMSC). Com esse olhar, estudar-se-á a localização, o público-alvo e a missão que a EAMSC assume, percebendo como ela se apropria de tais reformas e constrói uma cultura escolar própria, de docilização do corpo, promovendo o afastamento de tais indivíduos, bem como sua integração aos preceitos republicanos de civilidade, sem desconsiderar, no entanto, que toda a ação de poder permite outra de resistência. Nome: Grazielle Rodrigues do Nascimento E-mail: graziellerodrigues379@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Um arquipélago teleguiado: Fernando de Noronha na relação do Brasil com os Estados Unidos Ao final dos anos de 1950, os governos do Brasil e do EUA estreitavam seus laços diplomáticos em nome da segurança do hemisfério norte. Como um dos pontos acordados entre ambos, foi instalada uma base militar “americana” na ilha de Fernando de Noronha, um lugar que para alguns era tido como “terra de ninguém”. Nesta ilha, sem que fossem solicitadas escolhas e incertezas, corria um cotidiano repleto de disciplina dos quartéis e de “esquecimentos”. Na ordem dos quartéis, tanto brasileiros como estadunidenses, se estabeleciam

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como dois grupos distintos em culturas e disciplinas. E inserido no “esquecimento” existia um ordenamento social que configurava o dia-a-dia da ilha, com suas relações sociais e de poder em um constante movimento. As relações estabelecidas entre Brasil e Estados Unidos podem ser revisitadas nos relatos e registros documentais trazidos por quem viveu esse período. Como era a relação entre americanos e brasileiros em Noronha? Por que Fernando de Noronha entra no discurso de salvaguarda da democracia do “hemisfério Norte” como um imperativo de defesa? São alguns questionamentos feitos ao longo da pesquisa e que pretendemos responder nesse trabalho ora esboçado. Nome: Jonh Érick Augusto da Silva E-mail: jonhaugusto@gmail.com Instituição: UFMT Co-autoria: Maria Adenir Peraro Título: A Guarda Nacional na província de Mato Grosso 1850 a 1864 O presente trabalho é parte da pesquisa que desenvolvo no mestrado. A temática central dedica-se ao estudo da organização da Guarda Nacional na província de Mato Grosso entre os anos de 1850 a 1864, ou seja, dos anos que se seguem a centralização da instituição até o inicio da Guerra com o Paraguai, procurando analisar sua trajetória nesta região que tem por especificidade ser o antemural do império brasileiro. Utilizaremos para tanto, documentos oficiais pertencentes ao Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR/UFMT), tais como os Relatórios de Presidentes de Província, as correspondências entre os Presidentes de Província e os comandantes da Guarda Nacional, Livros de matriculas e ainda, a Coleção de Leis do Império do Brasil. Nome: José Tarcísio Grunennvaldt E-mail: jotagrun@uol.com.br Instituição: UFMT Título: José de Siqueira Meneses: um homem formado para intervir em diversos lugares Este trabalho ao focar a atuação de Siqueira Menezes, buscou compreender como os militares formados pelo Exército se fizeram intelectuais intervindo em diversos postos e esferas da sociedade brasileira. Assim, propôs-se um diálogo com os resultados da pesquisa de doutorado desenvolvida em 2005 na qual se constatou que a formação dos oficiais do Exército propiciou elementos para o exercício de funções intelectuais, preparando o Exército para a direção da sociedade. O objetivo geral é reconhecer o Exército como protagonista da implementação do processo civilizador em Sergipe na Primeira República e os específicos: Compreender as iniciativas do Exército em Sergipe como ações que procuravam instituir modos de civilidade e progresso para além da leitura que dicotomiza as funções civis e militares; Apontar iniciativas do Exército e seus sujeitos políticos, os oficiais como agentes de implementação da modernidade em Sergipe. Para respaldar a pesquisa os Relatórios dos Presidentes de Estado de Sergipe foram utilizadas como fonte primária privilegiada confirmando-se a hipótese que os militares intervindo em diferentes lugares exerceram funções intelectuais. Palavras chave: Exército; Siqueira Menezes; lugares. Nome: Karla Leonora Dahse Nunes E-mail: karla.nunes@unisul.br Instituição: UNISUL Título: Militares em prontidão: resistência legalista em Santa Catarina à Revolução de 1930 Quando em outubro de 1930 os políticos e militares dos estados do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais deflagraram o movimento que culminou naquilo que o repertório histórico convencionou designar como a “Revolução de 1930”, as tropas constituídas pelas Forças Revolucionárias do Rio Grande do Sul marcharam objetivando unir-se aos aliados e combater àqueles os quais eram tidos como legalistas. O objetivo era chegar à então capital do Brasil e depor o presidente Washington Luiz. A estratégia consistia em concentrar toda a força revolucionária em Ponta Grossa, no Paraná, para, a partir dali, seguirem mais fortes rumo à capital, prevendo-se um confronto armado com as Forças Federais Legalistas em Itararé (SP). Mas o estado de Santa Catarina estava geográfica, política e militarmente no caminho das tropas revolucionárias gaúchas, pois seu governador, Fúlvio Aducci, manteve-se contra a Revolução e disposto a empreender defesa pela manutenção da ordem política vigente. Este trabalho evidencia e analisa aspectos das ações militares legalistas no estado de Santa Catarina na tentativa de resistência ao avanço das tropas revolucionárias. Nome: Kleber da Silva Tavares E-mail: kleberstavares@yahoo.com.br Instituição: UFES Título: A ética castrense e intervenção militar no Brasil O trabalho propõe uma análise das intervenções militares no Brasil, em espe-

cial o caso de 64. Apontando para uma reflexão que contempla o estudo da existência de motivações éticas para ação militar que se desenrolou no período. Dentro de uma perspectiva de análise sociológica weberiana (sociologia da compreensão) verifica-se nessa análise a definição do conceito de ética, dentro da história do pensamento filosófico, bem como a possibilidade de se investigar o caso de 64 como uma “ação social racional referente a valores”. (MAX WEBER) Nome: Micael Alvino Da Silva E-mail: micaelxp@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Política, guerra e “súditos do eixo”: opção brasileira e argentina O ano de 1943 foi decisivo para os “súditos do eixo” que residiam na parte brasileira da Tríplice Fronteira. Após o final de 1942 e inicio daquele ano, a DOPS paranaense arquivou documentos sobre a repressão naquele espaço. Entre os documentos, um cita uma retirada, por parte da delegacia, dos “súditos do eixo” da faixa de fronteira. O mesmo documento afirma que, mais ou menos 300 famílias deixaram suas casas e rumaram para Guarapuava, por determinação do delegado regional, tendo em vista a segurança nacional. Este caso específico se insere num contexto mais amplo. No ano em questão, o Brasil já havia declarado guerra às potências do Eixo, e a tendência “americanófila” se fazia maioria no governo Vargas, que adotava medidas contra os súditos daqueles países. Enquanto isso, a Argentina mantinha uma neutralidade pouco favorável aos Estados Unidos, o que refletia em uma não-intervenção contra os alemães radicados no país, especificamente na Província de Misiones – vizinha do Estado do Paraná. Sendo assim, a opção política de cada país refletia a ação dos agentes do Estado sobre os estrangeiros das pátrias beligerantes. Nome: Ney Paes Loureiro Malvasio E-mail: neymalvasio@gmail.com Instituição: UFRJ Título: Distantes estaleiros: os Arsenais de Marinha e sua inserção na reforma naval portuguesa da segunda metade do século XVIII Este trabalho traz o resultado de uma pesquisa sobre os incentivos à construção naval no Estado do Brasil e Grão-Pará durante o Reinado de D. José I (1750/1777), concentrando-se no estudo dos Arsenais de Marinha coloniais (estaleiros), criados ou mantidos nesse período, alinhando o de Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Santos e Salvador. A pesquisa, extrapolando os resultados obtidos com os estaleiros, culminou na efetiva descoberta de uma reforma da Marinha Real portuguesa no período pombalino. A reforma naval e os Arsenais de Marinha são estudados no âmbito do Império Ultramarino e, portanto, partícipes da política e do “modus vivendi” no mundo lusitano, na segunda metade do século XVIII. Dessa forma, os Arsenais de Marinha são analisados como elementos mantenedores das rotas marítimas e comerciais entre os dois lados do Atlântico, além de dedicados à defesa dos Domínios Ultramarinos. Outro ponto analisado de forma detalhada neste trabalho é a militarização da marinha portuguesa, com criação de postos específicos para a profissionalização da marinha e, sua maior ligação com os ditames do Estado lisboeta. Esses elementos são demonstrados por meio da Legislação e das decisões, práticas políticas e administrativas que trouxeram à luz uma reforma pombalina. Nome: Paulo César Gomes Bezerra E-mail: pcgomesdf@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: A constituição de uma autoridade na narração do passado. Entre a história e a memória: a atuação dos bispos católicos na ditadura militar brasileira Diversas são as modalidades discursivas para se narrar o passado. No caso deste trabalho, o objetivo principal é comparar as diferentes narrativas construídas a respeito da atuação de alguns bispos católicos na ditadura militar brasileira. Estes bispos, chamados “progressistas”, destacaram-se pela oposição que ofereceram ao autoritarismo dos militares que governaram o Brasil entre 1964 e 1985. Portanto, apresentaremos, inicialmente, a maneira como alguns relatos biográficos construíram uma memória da atuação dos bispos naquele período. Em seguida, trataremos da maneira como a historiografia vem lidando com esse tema. A intenção é evidenciar os conflitos existentes entre essas diferentes construções discursivas e demonstrar como as possíveis relações entre a memória e a ciência histórica aparecem nessas análises. Sabe-se que a memória pode servir como fonte para a história, mas também pode ela mesma constituirse como objeto de estudo. Do mesmo modo, os estudos históricos podem tanto corrigir memórias equivocadas como reforçar determinados estereótipos fundamentados por aquelas. A partir do estudo desse caso, pretendemos demonstrar de que maneira um determinado discurso histórico emerge como

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57 autoridade na escrita de relatos sobre as experiências de um determinado grupo no passado. Nome: Roberto Loiola Machado E-mail: roberto.loiola@yahoo.com.br Instituição: Escola de Guerra Naval Título: O submarino nuclear brasileiro No final de 2008 foi publicada a “Estratégia Nacional de Defesa” que, dentre outros assuntos, trata da construção do submarino de propulsão nuclear. Este projeto, para ser desenvolvido e concretizado, exigirá um enorme esforço de vários segmentos da sociedade e uma adequada profissionalização de todos aqueles que estiverem envolvidos. Ademais, a simples intenção de construí-lo é capaz de provocar desdobramentos industriais e militares de grande vulto e significância. A participação da Marinha tem sido evidenciada, pois ela, motivada pela construção do submarino empreendeu significativos esforços em diversas áreas correlatas e pertinentes. Suas ações, já implementadas, engendraram significativas transformações técnico-científicas no país, e provocaram também, e aí talvez esteja o seu maior mérito, uma discussão sobre o futuro securitizacional da nação brasileira. Dois temas são de suma importância para se obter um entendimento básico sobre o emprego do submarino em ações empreendidas visando obter um incremento na sensação de segurança: poder de dissuasão e ocultação. O primeiro confere a este meio militar-naval um grande valor estratégico e o segundo permite que ele não seja percebido e identificado com facilidade. Nome: Rodrigo Perez Oliveira E-mail: rodrigo_historiaufrj@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: As armas e as letras: a Guerra do Paraguai na memória militar (1890-1901) Em 24 de maio de 1901, uma multidão compareceu à Praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro, então capital federal. Tratava-se de uma grande comemoração, organizada pelo alto escalão do governo civil, Presidente Campos Salles, e pela alta burocracia militar, Ministro da Guerra marechal João Nepomuceno de Medeiros Mallet, do 35° aniversário da batalha do Tuiuti (24 de maio de 1866), uma das principais da Guerra do Paraguai (1864-1870). Tal cerimônia representou a criação de uma memória oficial que fez da Guerra do Paraguai o principal referencial simbólico do exército brasileiro no começo do século XX. É possível observar no primeiro periódico oficial do Estado Maior do Exército Brasileiro, “A Revista do Exército Brasileiro” (1882-1889), o projeto de desenvolvimento de uma modalidade de escrita da história, baseada na retórica testemunhal, que apresentava a Guerra do Paraguai como “o grande ato militar que fez do exército brasileiro a única instituição verdadeiramente nacional”. Examinar, através da análise dos periódicos oficiais do Estado Maior do Exército e de alguns dos principais jornais da imprensa civil, a modalidade de escrita da história que resultou na construção dessa memória é o principal objetivo do trabalho que pretendemos apresentar no XXV simpósio nacional de história. Nome: Sandro Heleno Morais Zarpelão E-mail: sandrohmzarpelao@hotmail.com Instituição: UEM Título: A longa Guerra do Golfo sob a ótica das Doutrinas Powell e Carter (1991-2003) Em janeiro de 1991, os Estados Unidos colocaram em movimento a sua máquina militar através da Operação “Tempestade no Deserto” contra o Iraque. Era a Doutrina Powell sendo aplicada no campo militar e estratégico conjugada com a Doutrina Carter nas searas econômica e política. Contudo, tal conflito não terminou em 1991. A “longa Guerra do Golfo” continuou com a invasão estadunidense sobre o Iraque, em março de 2003, fato que possivelmente foi também influenciado pelas mencionadas doutrinas. O objetivo do trabalho, então, é analisar os conflitos no Golfo sob a ótica das Doutrinas Powell e Carter, demonstrando que tanto a Primeira como a Segunda Guerra do Golfo podem ser consideradas como um longo embate.

formações nos conflitos militares ao longo das últimas décadas e em relação ao papel dos EUA no conturbado cenário mundial do início do século XXI, com base nas análises efetuadas por especialistas em estratégia militar e nos críticos da política externa estadunidense. A abordagem será ainda alicerçada na literatura especializada, com enfoque na política externa estadunidense. Nesse campo, serão enfocados de forma privilegiada os trabalhos de Williams, McCormick, LaFebber e Hogan, Ambrose e Brinkley. Em paralelo, serão analisados estudos focados na transformação das guerras contemporâneas, na defesa nacional, nos debates sobre as estratégias militares e a segurança doméstica estadunidense, no terrorismo e na instabilidade internacional contemporânea. Para a consecução dos objetivos propostos, serão analisados, entre outros, os estudos de Noonan, Johnson, Daalder e J. M. Lindsay, Barber, D´Arcy, O´Hanlon, Orszag, Shapiro, Steinberg, Krepinevich, Heymann e Boniface. Nome: Tania Regina Pires De Godoy E-mail: taniagodoy@terra.com.br Instituição: Academia da Força Aérea Brasileira - AFA Título: O pragmatismo no ensino de História Militar na Academia da Força Aérea: limitações na formação do pensamento estratégico de sua liderança Mais do que qualquer formação acadêmica existente, o ensino de História Militar nas academias de formação da oficialidade tem o objetivo bem específico de dotar seus futuros líderes de um conhecimento que substitui a experiência direta em combate, ao privilegiar o objeto da guerra enquanto ação cognitiva profissionalizante e fundamentação teórica na construção do pensamento do futuro estrategista das forças singulares. Apresentarei o ensino de História Militar na Academia da Força Aérea Brasileira (AFA), analisando seus objetivos gerais e operacionalizados e os fatores limitantes que a abordagem pragmática do estudo da História para a formação de líderes militares proporciona em seu exercício profissional futuro, no qual terão de tomar decisões para cumprir a basilar missão de proporcionar a operacionalidade da Força Aérea Brasileira na defesa da nação, segundo sua definição constitucional. Além da análise da Lei de Ensino da Aeronáutica, do projeto pedagógico da AFA e do programa curricular de História Militar, abordarei especificidades acerca do desempenho do docente civil em um ambiente castrense de ensino, carregado de aspectos ao mesmo tempo fascinantes e frustrantes, pelo controle cotidiano sobre os cadetes e a prática pedagógica do docente no ensino militar brasileiro. Nome: Tiago João José Alves E-mail: tiagojjalves@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: A política do PCB no início da Guerra Fria A fundação do PCB aconteceu em 1922 e foi o resultado da unificação de diversos grupos políticos do Brasil. Esses grupos acompanharam os acontecimentos no Brasil e no mundo: foram influenciados pelos ideais da revolução russa, viveram os processos de industrialização e urbanização, e participaram dos primeiros passos da organização do movimento operário brasileiro. Já em 1924, o PCB é aceito na III Internacional e passa a ser uma seção oficial da Internacional Comunista: recebe orientações, envia quadros para a URSS, divulga notícias, documentos e é estimulado a realizar suas intervenções nacionais. A trajetória do PCB foi marcada por uma forte ambição de participar da vida política brasileira, e com isso, se tornou um dos partidos de esquerda de maior expressão política. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o mundo foi dividido em dois blocos: os EUA representando o projeto capitalista e a URSS representando o projeto comunista. Esse período foi marcado por uma grande disputa ideológica, política, econômica e cultural, dessa forma, o PCB não ficou imune a esse vendaval. Esse contexto afetou diretamente a vida política da organização, nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo estudar as mudanças ocorridas na política do PCB no marco da guerra fria.

Nome: Sidnei José Munhoz E-mail: sidneimunhoz@pq.cnpq.br Instituição: UEM e UFRJ Título: Perspectivas sobre o debate relacionado à segurança doméstica estadunidense, ao combate ao terrorismo e às guerras do século XXI Neste trabalho, serão analisadas algumas das principais perspectivas relacionadas ao debate sobre a segurança doméstica e a respeito das denominadas ameaças externas aos Estados Unidos, com enfoque particularizado no campo militar e no combate ao terrorismo. Em adição, discorrer-se-á sobre as trans-

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58. MĂşltiplos femininos: gĂŞnero, memĂłria e identidades Temis Gomes Parente – UFTO (temis@uft.edu.br) Andrea Borelli - UNICSUL e PUC-SP (andrea.borelli@uol.com.br) 2 6LPSyVLR SUHWHQGH UHXQLU WUDEDOKRV H GHEDWHV TXH DERUGHP TXHVW}HV UHODWLYDV j FDSWDomR GDV P~OWLSODV LGHQWLGDGH IHPLQLQDV LQVHULGDV HP HVSDoRV H WHPSRV KLVWyULFRV GLVWLQWRV 3UHWHQGH DLQGD HQIDWL]DU D FDWHJRULD ´JrQHURÂľ HP VHX FDUiWHU PXOWLGLVFLSOLQDU YLVDQGR JDUDQWLU RV SURItFXRV GLiORJRV GHYLGR j SUHVHQoD GH DQiOLVHV H LQWHUIDFHV FRP RXWURV FDPSRV GR FRQKHFLPHQWR SHUPLWLQGR FDSWDU DV H[SHULĂŞncias e compreender a construção de comportamentos femininos visĂ­veis e invisĂ­veis, na complexa GLQkPLFD VyFLR FXOWXUDO 1HVWH ;;9 6LPSyVLR 1DFLRQDO SUHWHQGH VH TXH DV FRPXQLFDo}HV DVVHJXUHP DV GHVHMDGDV LQĂ H[}HV D SDUWLU GR WHPD JHUDO +LVWyULD H eWLFD $ LGpLD p GH DPSOLDU RV GHEDWHV UHFRQKHFHQGR RV GLOHPDV QR FDPSR GRV HVWXGRV GH JrQHUR PDV UHFRQKHFHQGR D JUDQGH SRVVLELOLGDGH H D ULTXH]D WHyULFD SURYHQLHQWHV GR WUDEDOKR GH SHVTXLVD HPStULFD QHVVH FDVR GD UHFXSHUDomR GDV PHmĂłrias, de uma nova demanda com relatos capazes de superar a construção dos fatos enquadrados SRU XPD KLVWyULD LQVWLWXFLRQDOL]DGD

Resumos das comunicaçþes Nome: Julia Bianchi Reis Insuela E-mail: julinhabianchi@hotmail.com Instituição: UFF TĂ­tulo: A memĂłria da mulher na luta armada A comunicação apresenta a pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa de PĂłs-graduação em HistĂłria da Universidade Federal Fluminense, em fase inicial. Trata-se da memĂłria da participação das mulheres na luta armada, a partir da trajetĂłria paradigmĂĄtica de Iara Iavelberg. Procuro recuperar as visĂľes acerca das militantes entre os anos 1968 e 1972, no interior das organizaçþes da esquerda armada, nos ĂłrgĂŁos de repressĂŁo e informação do regime e na grande imprensa. Trabalhando com um instrumental teĂłrico-metodolĂłgico de memĂłria, gĂŞnero e biografia, busco perceber as construçþes dessa memĂłria ao longo das dĂŠcadas seguintes entre as ex-guerrilheiras e na grande imprensa. Ou seja, de que forma o papel das mulheres na luta armada foi elaborado e reelaborado, no sentido de responder mais a questĂľes colocadas no presente e menos visando Ă compreensĂŁo do passado. O estudo paralelo das percepçþes das mulheres – e da Iara, em particular - na luta armada em trĂŞs nĂ­veis – nas organizaçþes, nos ĂłrgĂŁos de repressĂŁo e informação e na grande imprensa – sugere muitas aproximaçþes (pouco perceptĂ­veis de imediato), para alĂŠm das evidentes diferenças, que dizem respeito Ă s representaçþes das mulheres na sociedade da ĂŠpoca e suas mudanças e continuidades nas dĂŠcadas seguintes. Nome: Adriana Dias Gomide AraĂşjo E-mail: adriana.gomide@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP TĂ­tulo: A velhice recriada Refletir sobre a prĂĄtica do Grupo de Cantigas de Roda Meninas de SinhĂĄ, formado majoritariamente por mulheres negras, da terceira-idade, moradoras de uma favela da cidade de Belo Horizonte que ganharam reconhecimento com a prĂĄtica de difusĂŁo das cantigas de roda. Essa atividade propiciou a reconstrução da auto-estima e a criação de objetivos comuns para as participantes do grupo. Reconhecendo as mĂşltiplas configuraçþes e representaçþes da velhice, discutiremos a histĂłria de formação e desenvolvimento do grupo correlacionando-a com os estudos das relaçþes sociais de sexo, trabalho e territĂłrio habitado. A reconstrução da trajetĂłria de formação e desenvolvimento do grupo por meio das histĂłrias de vida das integrantes aponta para a importância das respectivas histĂłrias de trabalho no processo de criação e vivĂŞncia de uma velhice enraizada na cultura. Nome: Ana Carolina Eiras Coelho Soares E-mail: hanaakif@hotmail.com Instituição: UERJ TĂ­tulo: Os caminhos da felicidade feminina: a conjugalidade em debate nas folhas da Revista Feminina O presente trabalho faz parte de minha pesquisa de doutorado que busca compreender as representaçþes a respeito do casamento e de desquite, nos anos iniciais da promulgação do cĂłdigo civil de 1916, atravĂŠs do discurso da Revista Feminina. Os conceitos de “casamentoâ€? e “famĂ­liaâ€? dados e definidos pelas prĂłprias fontes de ĂŠpoca servem de parâmetro para pensar no

que representavam de fato esses conceitos na vivĂŞncia e sensibilidade das pessoas do inĂ­cio do sĂŠculo XX. AlĂŠm disso, o reflexo oposto, expresso na idĂŠia de desquite – inovação e conquista do novo cĂłdigo – passam a fazer parte do universo comportamental das relaçþes dos gĂŞneros, e precisam ser agregados enquanto componentes conceituais necessĂĄrios para o estudo. Os espaços femininos de reivindicação tĂŞm o seu lugar e o seu momento em ambas as fontes. Nas letras jurĂ­dicas pelos limites impostos passĂ­veis de sançþes legais. Nas revistas pela possibilidade de reprovação moral social. A questĂŁo que se impunha nĂŁo era da ordem jurĂ­dica, mas o desquite ameaçava a prĂłpria felicidade da mulher. Procuro perceber os conceitos como construçþes de experiĂŞncias vivenciadas pelo coletivo daquele momento histĂłrico, expresso representativamente nas opiniĂľes dos artigos impressos e nas leis escritas, sancionadas e aceitas socialmente. Nome: Ana Teresa AcatauassĂş Venancio E-mail: anavenancio@coc.fiocruz.br Instituição: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Co-autoria: Janis Alessandra Pereira CassĂ­lia E-mail: janis_ufrj@hotmail.com TĂ­tulo: O feminino entre a doença mental e a tuberculose (Rio de Janeiro, 1940-1945) O trabalho discute o modo como a identidade feminina foi constituĂ­da pelo discurso mĂŠdico dentre doentes mentais tuberculosas internadas na ColĂ´nia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, no inĂ­cio da dĂŠcada de 1940. A dimensĂŁo relacional da categoria gĂŞnero aparece na contraposição entre, de um lado, os mĂŠdicos que afirmavam patologias no feminino e, de outro, as pacientes que eram alvos deste discurso, as quais, nas entrelinhas, respondem Ă s representaçþes a seu respeito. No conjunto de 111 prontuĂĄrios analisamos tanto as representaçþes sobre o feminino, ali contidas, quanto variĂĄveis como, estado civil, cor, profissĂŁo, faixa etĂĄria e tempo de internação. ConcluĂ­mos que a identidade feminina no universo pesquisado estava centrada no estigma da doença mental, o qual era associado a afirmaçþes sobre o exercĂ­cio de uma sexualidade desviante, expressa de modos variados pelos mĂŠdicos. Na maioria das vezes, a identidade de paciente tuberculosa nĂŁo necessariamente reforçava a identificação entre gĂŞnero femininodoença-sexualidade desviante. Nos casos em que a presença da tuberculose corroborava a afirmação dessa trĂ­ade, verifica-se o uso da categoria especĂ­fica da “vadiagemâ€?, do mesmo modo em que ĂŠ observĂĄvel a discordância feminina em relação a esta representação. Nome: Andrea Borelli E-mail: andrea.borelli@uol.com.br Instituição: UNICSUL e PUC-SP TĂ­tulo: Mulheres e cidadania: algumas consideraçþes sobre o direito brasileiro. 1890-1930 O sistema jurĂ­dico, lugar de preservação dos direitos, apresenta-se Ă sociedade como impermeĂĄvel Ă s questĂľes de gĂŞnero, etnia e classe. Portanto, o conjunto de regras nele exposto atingiria as pessoas de maneira uniforme e igualitĂĄria. Contudo, um olhar mais atento permite verificar que o sistema capta os indivĂ­duos de forma diferente e excludente. Neste sentido, o direito representa a institucionalização das prĂĄticas hierĂĄrquicas dentro da sociedade, favorecendo os grupos dominantes considerados os “verdadeiros

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58 sujeitos do direito”. A emergência da noção de individuo, no período iluminista, como protótipo do ser humano abstrato, que tinha direitos e que passava a ser considerado natural e universal a todo e qualquer membro do grupo. Com base nestes direitos, o indivíduo tinha acesso à cidadania plena. Como esses conceitos se aplicam as mulheres? O presente trabalho pretende discutir algumas questões sobre o tema da mulher e da cidadania no Brasil. Nome: Andrea Mazurok Schactae E-mail: aschactae@gmail.com Instituição: UFPR/UEPG Título: “Heroísmo, bravura e abnegação”: Tiradentes e o ideal de masculinidade na Polícia Militar do Paraná Este trabalho tem como objetivo analisar a construção de uma identidade para Polícia Militar do Paraná, na primeira metade do século XX, a partir dos discursos sobre o herói Tiradentes. Esses discursos são analisados numa perspectiva de gênero. Observando como a construção de um mito nacional e de uma identidade institucional, representam uma identidade generificada, expressa nas características identificadoras de um ideal de masculinidade. O policial militar ideal é aquele que possui as qualidades do herói nacional, que representa um modelo de masculinidade. A análise dos discursos dirigidos ao mito, publicados nos Boletins Gerais da Polícia Militar, possibilita pensar a construção de uma identidade institucional vinculada a uma identidade nacional, que representa a pátria enquanto um espaço do militar, do masculino e do cristão. Sendo assim, a nação e a instituição militar são espaços para pessoas que detêm bravura, coragem, força e abnegação. Nome: Caroline Cantanhede Lopes E-mail: caroline.cantanhede@gmail.com Instituição: FUNARTE/FGV Título: Fragmentos de memória feminina e radiodifusão (1952-1953) Este trabalho pretende compreender o relevo do programa de rádio Madame Danjou enquanto espaço de diálogo e troca de experiência para suas ouvintes, no início da década de 1950, bem como investigar que tipo de representação social essas mulheres faziam de si mesmas. As fontes utilizadas são as cartas de ouvintes e os roteiros do programa, os quais integram o acervo do Arquivo Privado Família Vianna, constituído pela documentação de três titulares: Oduvaldo Vianna, Deocélia Vianna e seu filho Oduvaldo Vianna Filho, mais conhecido como Vianninha. Além de colaboradora de seu marido, um dos principais autores de radioteatro do país, Deocélia escreveu radionovelas e outros programas radiofônicos. Dentre eles, destacamos Madame Danjou, um programa escrito e apresentado por Deocélia Vianna e irradiado pela Rádio Difusora de São Paulo, entre 1952 e 1953. Os casos radiodramatizados eram selecionados a partir das cartas enviadas pelas ouvintes que, através de pseudônimos, pediam conselhos. Deocélia Vianna, interpretando a personagem título do programa, oferecia respostas aos mais diversos questionamentos. Assim, as cartas das ouvintes, dão visibilidade, a sujeitos históricos cuja possibilidade de expressão era restrita, abrindo espaço para os seus sentimentos, aflições e opiniões. Nome: Celecina de Maria Veras Sales E-mail: celecina@secrel.com.br Instituição: UFC Título: Mulher rural e memória das lutas camponesas Estudar a construção da história social das famílias assentadas, sob a perspectiva da dimensão cultural, a partir do olhar das mulheres, requer uma pesquisa que evidencie os modos como os sujeitos percebem e narram suas próprias vidas. A investigação tem como foco conhecer as experiências históricas de resistência das mulheres no contexto das lutas camponesas. As transformações que vem ocorrendo no campo influenciam o processo de construção de valores culturais transmitido pelas famílias assentadas. Estudar o espaço social dos assentamentos nos remete a compreensão não linear da história, implica romper com evidências e certezas. Trabalhar com a dimensão da memória é chegar ao passado através da narrativa do presente. É entender, como diz Certeau, que a memória é tocada pelas circunstâncias. Sendo uma pesquisa qualitativa, privilegia-se o trabalho de campo utilizando técnicas que possibilitem a escuta, a experiência das mulheres. O resultado da pesquisa demonstra a importância das mulheres no processo de produção e reprodução de saberes das famílias assentadas nas práticas cotidianas, assim como identifica os sistemas de hierarquização no interior das famílias, as relações de gênero, as tensões intergeracionais e os fatores que implicam em mudanças de atitudes.

Nome: Claudio Travassos Delicato E-mail: ct.delicato@bol.com.br Instituição: UNESP Título: Desejos, memórias e velhices Há um momento em que sabemos que a velhice chegou? O fim da “inquietude”, da capacidade de continuar desejando, poderia ser um indicativo da velhice no sentido pejorativo que a palavra assume quando o referencial é o frescor da juventude. Aparentemente, a velhice é um marco em relação à mocidade. Além dessa referência física, senilidade avançada geralmente está associada à diminuição da memória, mas atualmente também podemos relacionar a falta de memória ao novo. A imediatidade do mundo contemporâneo e a abundância de informações instantâneas podem dificultar a reflexão sobre o passado e nossa capacidade de recordar. A perda de memórias, a dificuldade do indivíduo se narrar e, consequentemente, a possível perda de identidades podem ser relacionadas à “modernidade” como expressão da maior importância do “novo” em detrimento do “passado” que não mais interage com o “presente”. Se a História tem como papel elementar a contínua reconstrução do passado interagindo com o presente, a memória é um elemento básico dessa relação. É central à aproximação entre História e Memória a questão da narrativa e, portanto, é fundamental a importância da valorização das “lembranças” como objeto de estudo e dos conceitos de “memória” e “identidade”. Nome: Cristiane Lima Santos E-mail: cricalima04@hotmail.com Instituição: UEBA Título: Usos e normas de uma cotidianidade: honra e moralidade sexual na Feira de Santana dos Anos 40 E 50 A presente proposta de pesquisa busca realizar uma análise, sob uma perspectiva de gênero, das tensões emergentes do “espírito urbano”, que favoreceram novos modos de sociabilidades, preconizando uma redefinição dos tipos e/ou entendimentos de honra e moralidade que permeavam o cotidiano feirense, vislumbrando o cotidiano das mobilizações da juventude feirense no campo da moralidade e honra sexual, o que está diretamente articulado a uma maior cumplicidade da história com a ética. No processo de consolidação da interiorização da modernização e da modernidade, impulsionado no Brasil, durante os anos 50 e 60 do século XX, Feira de Santana viria a passar por uma acentuada expansão comercial, alcançando uma visibilidade nacional que implicaria para o cotidiano da cidade uma reorganização e mesmo alteração dos hábitos e condutas que estivessem concernentes à configuração da urbe moderna. Neste momento, os conceitos de honra sexual, e o “despreparo da juventude” ocupariam a pauta dos grandes debates, suscitando discussões em torno da moralidade e dos costumes em Feira de Santana, de onde advinha a necessidade de um código de moralidade. Nesse código, o comportamento sexual feminino seria utilizado como referencial para todas as argumentações acerca dos conflitos e comportamentos modernos. Nome: Cristina Ennes da Silva E-mail: crisennes@gmail.com Instituição: PUC/RS Co-autoria: Paula Regina Puh Título: Brincadeiras de meninas: os lazeres femininos possíveis Nosso estudo tem por objetivo analisar os lazeres femininos realizados na cidade de Novo Hamburgo na década de 60 do século XX. Interessa-nos compreender as transformações dos tipos de atividades realizadas pelas mulheres, numa região de origem alemã, ao longo de suas trajetórias de vida, bem como, analisar a relação e a vinculação do tipo de atividade de lazer realizada com aspectos como: estado civil, maternidade, escolaridade, etc. Para a realização deste estudo optamos, num primeiro momento, pelo trabalho com fontes documentais existentes em clubes e associações desportivas e recreativas. Após, nos ativemos na análise de periódicos, para verificar os eventos de lazer e posteriormente utilizamos a metodologia de história oral visto que, a memória explicitada através das entrevistas se configura como fonte privilegiada de estudo quando se trata das impressões e concepções dos sujeitos envolvidos nos processos históricos. Nome: Daniel Henrique Lopes E-mail: danielhl1@yahoo.com.br Instituição: UNESP Título: Gênero e memória: (re)pensando as relações de poder e as identidades dos homens e mulheres da cidade de Marília/SP na década de 1990 O presente trabalho procura evidenciar outras tessituras acerca das relações

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de poder a partir do resgate da memória e das relações de gênero dos homens e mulheres da cidade de Marília/SP na década de 1990. Buscamos (re)construir as identidades e subjetividades de sujeitos enquanto membros do “campo” da educação formal, resgatando a vida cotidiana, trajetórias e performances vivenciadas por atores sociais que elaboraram simultaneamente práticas de dominação e de resistências em um processo repleto de mudanças e permanências. O contexto da abordagem é o das transformações ocorridas ao longo do século XX, sobretudo a partir do processo de redemocratização do país que evidenciou as lutas dos movimentos sociais e feministas, bem como as ausências acerca das suas abordagens. Nesse contexto, propomos mostrar que as experiências vivenciadas pelos homens e mulheres envolvidos no processo de escolarização na cidade de Marília/ SP nos anos de 1990, embora consideradas emancipadoras, também foram segregacionistas, pois os modelos permaneceram androcêntricos. Nome: Érika Cristina de Menezes Vieira Costa E-mail: erikajus@bol.com.br Instituição: ACEG-FAEF e UFSCar Título: A dimensão plural dos relatos orais dos operadores de direito nas destituições do Poder Familiar em Marília/SP, na perspectiva do gênero O Poder Familiar é considerado a soma de direitos e obrigações assumidas pelos pais ou responsáveis legais, instituído com o objetivo de garantir a proteção legal dos interesses de subsistência, saúde e de educação dos filhos. Referido poder é atribuído aos pais pelo Estado e este é fiscalizador do exercício legal do mesmo. Ao Estado compete fiscalizar e controlar a relação entre as partes integrantes do Poder Familiar (pais e filhos), para que os direitos e deveres sejam cumpridos, sem desrespeito aos ditames da lei e os seus limites. Para efetivação deste estudo, a metodologia utilizada foi a História Oral, em que se buscou por meio de relatos registrados pelo gravador, verificar a representação que os operadores do direito têm a respeito dos problemas que culminam na destituição do Poder Familiar, bem como a conseqüente política judiciária na comarca de Marília. Ressaltaram-se ainda as significativas alterações legislativas -decorrentes da transição de comportamentos e valores (modernidade), ocasionado pela modernização- em que o poder antes concedido apenas ao pai (Pátrio Poder) passou a ser exercido igualmente pelo pai e mãe (Poder Familiar). Por fim, analisou-se o discurso jurídico dos entrevistados à luz das construções das relações de gênero. Nome: Fabricia Faleiros Pimenta E-mail: fabricia.pimenta@yahoo.com.br Instituição: UnB Título: Políticas feministas e os feminismos na política: o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1985-2005) Em um contexto de incorporação das demandas dos movimentos feministas e nas lutas pelo seu fortalecimento e autonomia, em 1985 é criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, órgão que buscava promover e estimular a participação da sociedade civil junto à administração pública, e que representou os interesses dos movimentos feministas e de mulheres e foi o responsável, até certo ponto, pelo planejamento, articulação e implementação de políticas públicas para as mulheres. É a partir da sua criação que foram trazidos para o espaço público a necessidade de discutir e elaborar políticas públicas que levassem em consideração a diversidade e a multiplicidade dos movimentos feministas, os quais, pela sua heterogeneidade, possuem diferentes necessidades e interesses. Com uma maior expressão feminina principalmente no âmbito dos poderes do Estado e da sociedade civil organizada, no trabalho que apresento indico indícios da influência das atitudes reivindicatórias dos movimentos feministas e de mulheres junto às gestões político-administrativas do CNDM. Nome: Gisele Thiel Della Cruz E-mail: giselethiel@hotmail.com Instituição: ISE - SION Título: A narrativa de ficção de Marilene Felinto: a construção do feminino em “Rísia” e “Jaqueline” Se para a historiografia tornou-se fundamental a discussão e a construção de conceitos como feminino e gênero, fortalecendo os estudos sobre mulheres nas décadas de 1970 e 1980, não poderia ser diferente na literatura. Nesse período, apareceram alguns trabalhos da/sobre a mulher na literatura brasileira, sejam elas autoras ou personagens. Esses passaram a ser, recentemente, resgatados nos programas de Pós-graduação do país, em distintas linhas, com diferentes posturas teóricas, metodológicas e críticas nos quais é possível encontrar alguma menção à obra de Marilene Felinto. O presente trabalho analisa nas obras da autora, As mulheres de Tijucopapo e Obsceno abandono, a construção das personagens femininas Rísia e

Jaqueline, apresentando suas estratégias de atuação e afirmação social sob o ponto de vista de uma narrativa feminina. A abordagem leva em consideração o deslocamento entre duas temporalidades, o início da década de 1980, com o romance de estréia da autora (1982) e o último trabalho, uma novela, em 2002. Em ambos, a identidade das personagens, suas relações com o universo e sua condição feminina passam pelo resgate da memória, seja ela pessoal ou de seus antepassados. Essas vozes emergem da própria mulher e criam uma nova identidade para o corpo/sujeito feminino. Nome: Grasiela Florêncio De Morais E-mail: gfofa@hotmail.com Instituição: UFRPE Título: O “belo sexo” sob vigilância: um estudo sobre o controle das práticas cotidianas e formas de resistência das mulheres pobres livres e escravas no Recife oitocentista (1830-1850) O espaço social desse trabalho é a cidade do Recife, na primeira metade do século XIX (1830-1850), uma cidade com ares cosmopolita e que passava por transformações de ordem política, econômica e social. Em seu espaço eminentemente urbano vivia uma numerosa população; a maior parte dela era composta por escravos e sujeitos pobres e livres. Logo, fazia-se necessário controlar os passos dessa população, tida como indócil e indesejável pelas autoridades citadinas. Dessa forma, o Estado passa a atuar com mais vigor no espaço público, a fim de controlar e corrigir os “maus hábitos” das pessoas na cidade. Assim se procurava “fabricar” um novo sujeito social que não representasse um empecilho ou ameaça aos interesses da nova nação que se queria construir nos oitocentos. A partir desse contexto, o nosso trabalho se centrará no cotidiano das mulheres pobres livres e escravas que viviam nos limites da cidade, no período em tela. Portanto, pretendemos analisar a questão do controle social incidido sobre suas práticas cotidianas, bem como as suas variadas formas de resistência. Dessa forma, procuraremos descortinar as suas trajetórias marcadas por relações conflituosas e pela exclusão social. Nome: Janine Gomes da Silva E-mail: janine.gomes@univille.net Instituição: UNIVILLE e AHJ Título: Gênero, memória e o patrimônio cultural de Joinville Esta comunicação apresenta algumas discussões da pesquisa “Lugares de memória, memórias de lugares... Diferentes olhares para o patrimônio cultural de Joinville”, financiada pelo FAP/UNIVILLE e tem por objetivo, a partir da metodologia da história oral, problematizar alguns aspectos do patrimônio cultural de Joinville, por meio de memórias femininas. Salienta-se que a diversidade de histórias sobre a cidade de Joinville/SC vem contribuindo para inserção de diferentes personagens na história, bem como, numa mais ampla problematização sobre lugares e práticas que compõem a trama urbana. Todavia, notadamente na questão do patrimônio cultural imaterial, pode-se dizer que muitas ainda são as temáticas a serem pesquisadas. Assim, no entrecruzamento da categoria gênero com os estudos da memória, estamos procurando perspectivar diferentes formações discursivas presentes nas dimensões recentes dos estudos sobre o patrimônio cultural. Nome: Joseanne Zingleara Soares Marinho E-mail: joseannezsm@gmail.com Instituição: UESPI Título: Entre letras e bordados: o tecer das tramas na história das normalistas As moças que estudaram na Escola Normal de Teresina, estado do Piauí, durante as décadas de 1930 e 1940, passaram por uma formação educacional que preparava para o trabalho no magistério primário, mas também para a realização das tarefas domésticas consideradas como tipicamente femininas em um futuro casamento. Cabia à instituição escolar esse papel formador porque os poderes públicos em suas várias instâncias defendiam o ideário de que o exercício competente das funções de professora, esposa e mãe pelas normalistas eram atribuições imprescindíveis que forneciam uma base significativa para o desenvolvimento da nação e engrandecimento da pátria brasileira. Palavras-chave: normalistas, magistério e funções domésticas. Nome: Kety Carla De March E-mail: kety_historia@yahoo.com.br Instituição: UFPR Título: Mulheres defloradas em Guarapuava: representações femininas e identidade deteriorada entre 1932 e 1941

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58 Este trabalho tem como objetivo estabelecer a noção de identidade deteriorada, ou identidade negativa, associada às mulheres defloradas na Comarca de Guarapuava, região central do Estado do Paraná, entre os anos 1932 a 1941. A identidade das mulheres defloradas foi analisada a partir das representações sociais, presentes nos discursos dos personagens envolvidos nos processos-crime de defloramento, além da auto-representação das ofendidas, enfocando principalmente as manipulações e racionalizações perante os preconceitos que envolvem o fato. As fontes foram analisadas tendo como base para as discussões teóricas os trabalhos de Goffman (1988), Cuche (1999) e Woodward (2004). A amostra foi composta por vinte processos de um total de cinqüenta e oito inquéritos apurando crimes de defloramento instaurados nessa Comarca no período estudado. As jovens defloradas apresentavam entre dezesseis e vinte e um anos de idade, sendo essa faixa etária possuidora de direitos relativos à proteção da honra, segundo o Código Penal de 1890 – em vigência até 1942. Nome: Larissa Selhorst Seixas E-mail: larissasels@gmail.com Instituição: UFPR Título: Associações femininas e a inserção das mulheres na esfera pública: o Centro Paranaense Feminino de Cultura (Curitiba, 19331958) Nossa pesquisa tem como tema o Centro Paranaense Feminino de Cultura (CPFC), uma associação de mulheres sediada na cidade de Curitiba-PR, fundada no ano de 1933 e ainda hoje ativa. A periodização escolhida para a pesquisa estende-se de 1933 até 1958, período marcado pela organização do movimento feminista brasileiro e a ascensão de políticas públicas de assistência social, sendo que o CPFC estava ligado a ambos. O estudo das primeiras décadas dessa associação permite vislumbrar os objetivos das fundadoras e suas transformações pelas gerações seguintes de mulheres que participaram do Centro. As intenções que inicialmente são apresentadas pelas centristas, como são chamadas as participantes, eram fazer do CPFC um centro irradiador de cultura e formação intelectual da mulher paranaense, ao mesmo tempo em que pretendiam atuar frente alguns problemas sociais. Amparadas por relações com a elite curitibana, as centristas conseguiram angariar espaço, margens de ação e poder para as mulheres na esfera pública, construindo uma associação que mesclava ideais feministas com ações filantrópicas. Esta pesquisa situa-se no campo dos estudos de gênero e pretende compreender a organização e o lugar das associações femininas na luta pela inserção das mulheres no espaço público. Nome: Lidia Maria Vianna Possas E-mail: lidia.possas@uol.com.br Instituição: UNESP Título: As múltiplas representações da viuvez: conciliando redes de sobrevivência e ação política A pesquisa objetiva ampliar os estudos de gênero a partir da análise da construção das representações da “viuvez”, considerada estágio final da cadeia matrimonial e que recentemente é caracterizada por uma “feminização” diante das novas conjunturas no advento do séc. XXI. A viuvez, como categoria tem sido negligenciada pela historiografia e acha-se reforçada por imagens, estereótipos reguladores que a história reproduz. A historiografia abordando “gênero” apesar de dar destaque para as suas performances que observam as distinções de classe, de etnia e de raça ainda tem–se mostrado tímida para o entendimento da complexidade do estado de viuvez no que tange as subjetividades e formas de empoderamento. Em que tempo, em que lugar e segmento social podemos observar sinais de mudança? O que representou para as mulheres a “viuvez compulsória” nos anos de chumbo das ditaduras militares latino-americanas? Como os feminismo(s) deram conta dessa situação? Portanto é de suma importância captar através da experiência da memória, como “narrativas subterrâneas”, os percursos possíveis de mulheres viúvas nas lutas, na construção de redes e estratégias de sobrevivência empreendidas em distintos contextos, seja na luta armada como na institucional. Nome: Lilian Maria Moser E-mail: lilian.msr@gmail.com Instituição: UFRO Título: Mulheres de Rondônia: construção do feminino a partir da migração das décadas de 1970 a 1990 Essa pesquisa integra o Projeto (Re) Construção da História em Rondônia no Processo da Colonização Recente: A Trajetória das Famílias do PICOuro Preto-RO, com o Sub-projeto História Oral de Vida com as Mulheres do PIC – Ouro Preto – RO. Nela procuramos refletir o papel exercido

pela mulher durante o período migratório, em que as tarefas relacionadas aos afazeres da casa, educação dos filhos e no auxílio ao marido na lavoura, são impostas e cujo modelador é o masculino. A própria condição feminina está carregada da radicalidade na questão de gênero, em que a sociedade pensa, age e planeja no masculino e o imaginário é expresso na linguagem e delimita o feminino, e seu valor baseia-se na identificação com o masculino. Verificamos que essas mulheres iniciaram um processo de reconstrução, através de suas experiências e memória, o ¨feminino¨ e sua identidade feminina. Palavras-chaves: Mulher, Migração, Identidade. Nome: Lina Faria E-mail: linafaria@ims.uerj.br Instituição: UERJ Título: Aspectos históricos e sociológicos da formação profissional de Educadoras Sanitárias e Enfermeiras de Saúde Pública no Brasil Este é um estudo sobre a história da formação profissional de Educadoras Sanitárias e Enfermeiras de Saúde Pública da primeira metade do século 20 aos dias atuais, destacando a importância do trabalho da enfermagem de saúde pública, que supervisiona o Programa de Agentes Comunitários da Saúde, e sua participação destacada no Programa de Saúde da Família. A sociologia e a história proporcionam um instrumental teórico e metodológico fundamental para a análise e interpretação das relações entre instituições, poder e identidades profissionais, que conduziram à demarcação de um território de decisões e de atuação feminina no campo da Enfermagem. O movimento de reconfiguração do campo da saúde pública no Brasil – iniciado nos anos de 1920, estreitamente ligado aos debates sobre a nacionalidade e a modernização social – buscou instaurar novas práticas e concepções, ao mesmo tempo em que passou a exigir o concurso de novos agentes no espaço urbano em expansão. Acentuou-se a especialização em saúde pública ou higiene, campo emergente, em que a participação feminina foi marcante. Nome: Marcelo Ribeiro de Castro E-mail: marceloribeiroc@oi.com.br Instituição: Centro Universitário São Camilo-ES Título: Gênero e higienismo na reconstrução das identidades das mulheres escravas e das mulheres prostitutas residentes na Corte do RJ Neste trabalho, estudam-se as relações entre gênero, feminismo e as múltiplas formas de poder e opressão que procuravam normalizar os corpos das mulheres escravas e das mulheres prostitutas que residiam na Corte do Rio de Janeiro. Para isso, parte-se do princípio que esses corpos devam ser compreendidos como provedores de saberes e fazeres que os qualificavam na condição plena de sujeitos históricos do século XIX. Essas mulheres, dotadas de múltiplas capacidades físicas e intelectuais tornavam-se, lentamente, sujeitos responsáveis pela produção de novos modos de ser e tornar-se feminino no século XIX. Tudo isso, consolidava-se de encontro com o pensamento positivista dos médicos sobre os corpos femininos oprimidos da Corte. O regime escravocrata qualificava esses corpos na condição de objetos materiais pertencentes exclusivamente aos interesses e caprichos dos seus proprietários e, ainda, a toda sorte da Corte. Os médicos do Império, por sua vez, imputavam a esses corpos a responsabilidade pela proliferação de endemias, epidemias, entre outras doenças de ordem moral capaz de corromper os homens das boas famílias residentes na Corte. Nome: Márcia Maria da Silva Barreiros Leite E-mail: marciambarreiros@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana/BA Título: Memórias femininas de transgressão na Bahia do século XIX O estudo analisa aspectos da trajetória singular da escritora baiana Anna Teófila Filgueiras Autran (1856-1933), em particular, o impacto da sua literatura para a crítica da condição feminina na Bahia do século XIX. Na cidade de Salvador, no ano de 1871, a jovem Anna Autran, filha da aristocracia baiana, é a protagonista de uma importante polêmica literária travada com o jornalista Belarmino Barreto (1840-1882) nas folhas do Diário da Bahia, veiculo da grande imprensa do Estado. Com uma visão de mundo crítica e transgressora para o contexto senhorial soteropolitano, a adolescente nos legou escritos literários pioneiros na defesa dos direitos femininos. O debate intitulado “A Mulher e a Literatura”, mote da grande contenda, foi publicado durante três meses no periódico e, em linhas gerais expressava, de um lado, o pensamento conservador, cristão e antifeminino do jornalista e, do outro, as idéias vanguardistas da adolescente Anna Autran. Numa série de artigos e entre muitas discordâncias, a memorável polêmica entrou para os anais da imprensa baiana, incomodando os rigores morais da cultura oitocentista. Com uma narrativa autobiográfica, Anna

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Autran se revelava uma leitora culta e reflexiva da condição feminina da época. Nome: Mary Angélica Costa Tourinho E-mail: margel_12@hotmail.com Instituição: UFMA Título: Normalistas em evidência na imprensa no início do séc. XX no Maranhão O presente trabalho inscreve-se na temática que se movimenta entre a História da Educação e as relações de gênero. A partir de um discurso dominante sobre as mulheres na transição do século XIX para o XX, observa e analisa como as mulheres vão ser retratadas na imprensa maranhense, especificamente aquelas que estudavam ou eram instruídas pela Escola Normal do Maranhão, localizada em São Luís. Como sujeitos munidos de instrução em uma instituição que lhes dava distinção – por conta do destaque que as Escolas Normais adquirem no contexto da Primeira República – eram traduzidos pelos que dominavam a imprensa local? Entendemos que apesar de toda carga discursiva construtora de um imaginário de mulher dócil, meiga e recatada, mulheres munidas de um capital institucional, vão construindo um perfil onde o trabalho e a projeção pública, não desconsiderando os limites sociais impostos às mesmas, não se constituíam mais em absoluto, em questionamentos a sua moralidade. No Maranhão do início do século XX, mulheres, munidas do arsenal da instrução, participaram da vida cultural da cidade e receberam por conta dessa participação tanto agravos quanto elogios. Nome: Nair Sutil E-mail: nsutil@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Musa tropical: fronteiras do corpo e da palavra em Leila Diniz Nas décadas de 1960 e 1970 mulheres rompiam tabus e ganhavam fama de libertárias. Leila Diniz, ícone de uma geração, é protagonista de uma revolução no que tange os comportamentos ditos ‘feminino’. Rompendo paradigmas, é símbolo de uma transformação. Seu irreverente vocabulário e a sua forma livre e aberta de lidar com o corpo e com a sexualidade, fazem parte dessa nova construção do feminino e do ser mulher no Brasil desse período. Em plena vigência da ditadura militar, agrediu o moralismo numa entrevista ao jornal Pasquim, em 1969. Leila Diniz, musa do Pasquim, desfraldou o estandarte do amor livre, da liberação do corpo, do despudor verbal e da alegria. Em seguida, chocou o país exibindo sua gravidez de biquíni em plena praia, rompendo de vez com a “moral e os bons costumes” tão ferrenhamente preservados. Buscamos compreender a lógica do comportamento e da corporalidade de Leila Diniz, musa do Pasquim, na perspectiva das fronteiras do corpo e da palavra, tomando como fonte as publicações de “O Pasquim”. As reflexões de Foucault acerca da sexualidade e do poder subsidiam as questões propostas. Michel Foucault aponta para as táticas sociais que fazem do corpo da mulher superfície para o exercício do poder, para a histerização, para a saturação em sexualidade. Nome: Noélia Alves de Souza E-mail: noelia.as@uol.com.br Instituição: UECE Título: Rituais de partos domiciliares no sertão do Ceará: memórias femininas Este trabalho pretende analisar as memórias de mulheres sertanejas acerca de seus rituais de partos domiciliares. Para tanto trabalhamos com entrevistas tanto de parteiras como de mulheres que utilizaram os serviços das mesmas. Através destas entrevistas pretendemos resgatar as práticas do parto domiciliar no sertão do Ceará no período de 1960-2000. Acreditamos que estas práticas construíram redes de solidariedade entre mulheres submetidas a condições difíceis em seus processos de parturição. Perceber que tipo de memórias foram preservadas sobre estes rituais constitui nossa maior preocupação. Nome: Olívia Candeia Lima Rocha E-mail: florbela@mail.com Instituição: UFPI Título: Cultura letrada, magistério e reconhecimento intelectual feminino Nas primeiras décadas do século XX, a cidade de Teresina vivenciava um processo de modernização evidenciado pela urbanização e por novas formas de sociabilidade. O deslocamento das fronteiras de gênero resultou na ampliação das possibilidades femininas no espaço público em atividades relacionadas à educação, lazer e trabalho. A atuação feminina na imprensa

local e a organização de periódicos redigidos por mulheres davam ressonância a discursos feministas encetados em publicações, como a Revista Feminina. O acesso feminino a educação e ao magistério favoreceu o reconhecimento intelectual das mulheres e a maior participação feminina nos periódicos locais. Contudo, os espaços de publicação são perpassados por relações de poder e a alteração das tradicionais configurações de gênero envolve subterfúgios e conflitos. Palavras-chaves: gênero, educação, imprensa e feminismo. Nome: Rachel Soihet E-mail: rachelsoihet@globo.com Instituição: UFF Título: Mulheres em luta contra a violência: forjando uma cultura política feminista O processo de transformação da violência de gênero de algo silencioso, próprio da intimidade, em uma questão pública nos anos 1980 constitui-se no objetivo desta comunicação. Na concretização desse processo considera-se fundamental a formação de uma cultura política feminista que levou as mulheres a atuar a partir de “parâmetros previamente articulados por uma rede de sentidos e de conceitos” Nesse sentido, são observadas as ações desenvolvidas pelas feministas, dentre as quais ressaltam aquelas reunidas no SOS-Mulher/RJ. Estas buscam a conscientização das mulheres vítimas de violência, assim como a denunciar tais situações, através dos meios de comunicação e às autoridades, no que contribuíram decisivamente na criação das Delegacias das Mulheres. Nome: Rafaella Sudário Ribeiro. E-mail: rafaella.sudario@hotmail.com Instituição: UnB Título: Dentro e fora da vida: história das mulheres Fleury, uma história de Goiás (1896 – 1960) O presente trabalho tem por objetivo analisar a produção ficcional e não ficcional de Augusta Faro e suas filhas Maria Paula e Nita Fleury; mulheres da família Fleury, que residiram na Cidade de Goiás, desde 1896 até as primeiras décadas do século XX. As experiências que constituíram estas mulheres são percebidas através da leitura de suas obras. Tais experiências possibilitam a compreensão e interpretação do conjunto de representações e do imaginário instituído da sociedade goiana. Augusta Faro e suas filhas escreveram artigos para jornais e revistas na passagem do século XIX até a década de 60 do século XX. Essas mulheres publicaram livros de contos, crônicas, poemas e memórias. Engendradas nas relações sociais, viram na literatura, local de fala e espaço de resistência. A partir desta produção bibliográfica tentaremos compreender a experiência em que viveram essas mulheres e as representações que teceram o imaginário em que elas estavam inseridas. Nome: Rosana Falcão Lessa E-mail: rosana.lessa@ig.com.br Instituição: UEFS Título: Ser pobre, ser negra e ser mulher em São Gonçalo dos Campos: uma incursão pelas hierarquias sociais O município de São Gonçalo dos Campos, localizado no interior da Bahia, faz parte da região do Recôncavo no qual a cultura fumageira foi predominante até meados do século XX, sendo que, esta foi base de todo seu desenvolvimento econômico e um dos fatores que contribuíram para seu desmembramento de Cachoeira em 1884. Essa lavoura era caracterizada por ser uma lavoura que utilizava poucos recursos financeiros em seus cuidados, por isso conhecida como uma lavoura pobre, onde todos poderiam trabalhar. Proporcionando o acesso à participação de famílias pobres inteiras em seu cultivo, tendo destaque a participação feminina por ser uma cultura que exigia mais habilidade e paciência do que força física. Dessa forma, pretendo dar visibilidade à condição social, étnica e econômica, legadas às charuteiras pela história do município e a forma como a visão de mundo dessas mulheres foi moldada a partir de seu lugar, ou não-lugar na sociedade sangonçalense. Nome: Rosana Llopis Alves E-mail: rllopis@uol.com.br Instituição: CPII - NUDOM / UFF Título: Trajetórias femininas no Colégio Pedro II Fundado em 1837, o Colégio Pedro II, em seu decreto de criação, não especificou destinar-se exclusivamente à educação de meninos. Segundo os costumes da época, no entanto, era essa a clientela possível. O ingresso das mulheres no corpo discente do Colégio somente efetivou-se noventa

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58 anos após a sua fundação, em 1927. Essa conquista, de certa forma, pode ser considerada como um atendimento a uma das reivindicações do movimento feminista que naquela década lutava, principalmente, pelo acesso das mulheres a uma maior escolarização e inserção social. Antes mesmo dessa vitória feminina, no entanto, outros caminhos foram trilhados por diferentes mulheres na referida instituição. Algumas trajetórias causaram impacto, inúmeras outras foram interrompidas. Avanços e retrocessos marcaram a presença feminina no Colégio Pedro II, até que a mulher, de fato, pudesse ocupar seu lugar nesse estabelecimento de ensino. Elas são, hoje, alunas, professoras, funcionárias e diretoras. Esse trabalho procura, assim, descortinar algumas das diversas trajetórias femininas no Colégio Pedro II. Nome: Rosemere Olimpio de Santana E-mail: rosemereolimpiodesantana@hotmail.com Instituição: UFF Título: Por uma cartografia das práticas amorosas: os raptos consentidos como espaço de outras sensibilidades na Paraíba moderna – 1920-1940 Pretendemos a partir dos casos de raptos consentidos, analisados através dos processos crime, compor, ou melhor, cartografar uma história dos sentimentos, das sensibilidades entre os populares, problematizando os espaços e os lugares construídos e os instituídos para os relacionamentos. Mas também, através dos indícios, tentar compor uma história para o amor, na Paraíba nas décadas de 20, 30 e 40 do século XX. A cartografia dos espaços empreendida nesta pesquisa tentará acompanhar os contornos, as mudanças e as rupturas, bem como as multiplicidades que envolvem os comportamentos, os sentimentos e a sensibilidade dos sujeitos envolvidos na prática dos raptos consentidos. Assim, também estaremos atentos para os sujeitos envolvidos em cada caso de rapto, principalmente as mulheres, uma vez que estas eram circunscritas naquela sociedade com uma identidade expressa nos seus gestos, comportamentos, linguagens e sentimentos. No entanto, apesar de assumirem o lugar de submissas, ou seja, de mais fracas, elas também aproveitavam os momentos propícios para transgredir. Nesta perspectiva, não deixaremos de lado as discussões acerca da relação de gênero, pois, havia homens e mulheres que optavam por formas diferentes de viver as suas identidades de gênero. Nome: Sidnara Anunciação Santana Souza E-mail: sidnarasouza@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: As Mães Protetoras - Mulheres de elite e suas práticas sociais em Cachoeira No final do século XIX, por meio da prática da caridade, muitas mulheres organizavam-se em associações e reuniam-se frequentemente para executarem tarefas relacionadas ao cuidado de pessoas necessitadas. Evidentemente, estavam submetidas às normas de moral da Igreja e, como suas cooperadoras, tinham a incumbência de transmiti-las às crianças que estavam sendo amparadas, em especial as do sexo feminino. As Mães Protetoras formavam a Associação feminina de caridade, responsável pela normatização de conduta de meninas órfãs que habitavam o único Asilo feminino da cidade de Cachoeira na época: o Asilo Filhas de Ana, fundado em 1891. É bem provável ainda, que essas mulheres que participavam das obras sociais do Asilo, estivessem concomitantemente atreladas ao ato da leitura, da escrita e da partilha de idéias com suas iguais, algumas até mesmo publicando artigos em revistas femininas. De modo que, tenho procurado analisar a projeção social dessas mulheres, já que mediante o trabalho caritativo exercido na cidade, mesmo que de modo informal, fora do lar e, de algumas de suas atribuições literárias, elas evidenciavam a conquista de certa visibilidade no espaço público, que em geral era concebido como masculino.

na Salvador oitocentista. Destaca-se a contribuição feminina para a dinâmica da sociedade, o enriquecimento de uma nação e, sobretudo, para o movimento da história, seja nas lidas domésticas ou em distintas funções laborais, no exercício de sua autonomia, na adoção de estratégias e modos de ação que revelam os micro poderes, nos muitos caminhos que nortearam a vida plural dessas personagens. Palavra-chave: Mulheres; Bahia Oitocentista; Trabalho e Poder. Nome: Suely Gomes Costa E-mail: suelygom@oi.com.br Instituição: UFF Título: Política e sexualidade: o ideal da sororidade na segunda onda feminista. Rio de Janeiro, anos 1980 Fontes documentais e orais sobre a segunda onda feminista localizam mulheres, - feministas e não feministas, no Rio de Janeiro dos anos 1980, em movimentos por direitos reprodutivos e novas concepções de “saúde da mulher”. Neles, uma pedagogia de reflexão e ação – a linha da vida – parece materializar a experiência da “sororidade”, uma presumida identidade biológica entre mulheres desiguais e diferentes. Na mesma conjuntura, revista e criticada por feministas francesas, essa identidade, na região e no Brasil, se expande e forma redes e ações sociais que, numa forma singular de prática política, atenua e esconde desigualdades e diferenças. Nome: Temis Gomes Parente E-mail: temis@uft.edu.br Instituição: UFTO Título: Vulnerabilidade da adolescente: uma questão de gênero? Nesta comunicação apresentaremos algumas reflexões preliminares da pesquisa Gravidez e adolescência: vulnerabilidade e exploração sexual no norte do Brasil (Edital MCT/CNPq/MS-SCTIE-DECIT/CT-Saúde), que tem como objetivo estudar os fatores de vulnerabilidades das/os adolescentes exploradas/os sexualmente em uma região considerada como fator de risco as margens das rodovias federais identificado pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal, financiada pela OIT – Organização Internacional do Trabalho nos anos de 2007/2008. A região norte do Estado do Tocantins, vulgarmente conhecido como Bico do Papagaio, é uma das regiões mais distantes dos centros administrativos do Estado. Fica a 800 km da capital, Palmas. Devido a sua localização muitos programas de governo são fragilizados quanto a sua aplicabilidade, dentre estes, os mais afetados são aqueles direcionados aos adolescentes, o que permite ao jovem uma maior ou menor suscetibilidade aos riscos sendo a gravidez precoce muito comum, gerando rupturas no projeto de vida da adolescente, o que nos permite vislumbrar algumas questões de gênero. Nome: Zélia de Oliveira Gominho E-mail: zgominho@uol.com.br Instituição: UFPE Título: O Movimento Feminino em prol da Democracia. Recife, 19451955 Movimento Feminino era o título de uma pequena seção do jornal Folha do Povo (PE), de 1947, que foi ganhando mais espaço aos poucos. A proposta é estudar a experiência democrática de mulheres num intervalo delicado da história do país, quando elas sobressaem, em grupo ou individualmente, lutando pela democracia. Organizadas nos Comitês em Prol da Democracia, nas Associações de Donas de Casa, em clubes, etc; concorrendo e conquistando cargos eletivos; a atenção se volta para o que, o como e de que lugar se expressam a respeito das mudanças sociais e políticas em curso, bem como sobre a própria problemática da mulher no universo dominador masculino das décadas de 40 e 50.

Nome: Silmária Souza Brandão E-mail: sil.brandao@ig.com.br Instituição: UFBA Título: Múltiplas mulheres em Salvador na segunda metade do século XIX O presente estudo aborda a atuação de mulheres residentes em Salvador na segunda metade do século XIX, que atuaram no segmento do comércio e serviços. O estudo objetivou focar as mulheres, a partir das relações de gênero e poder desenvolvidas numa sociedade conservadora e provinciana, a partir das múltiplas funções exercidas pelas mulheres não só no trabalho formal, mas nos diversos papéis que compõem o universo feminino, como mãe, esposa, chefe de família. A trajetória dessas personagens não está deslocada do contexto econômico, social e moral em que estiverem inseridas, questionando-se até que ponto foram submissas e docéis as mulheres que responderam as demandas da luta pela sobrevivência e da criação dos filhos

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59. Tramas da linguagem – HistĂłria, polĂ­tica e cidade Josianne Francia Cerasoli – Instituto de HistĂłria/ UFU (josiannefc@gmail.com) Virginia Celia Camilotti – UNIMEP (vicamilotti@terra.com.br) 2 6LPSyVLR ´7UDPDV GD OLQJXDJHP ² KLVWyULD SROtWLFD H FLGDGHÂľ DR REMHWLYDU GHEDWHV H UHĂ H[}HV HP WRUQR GDV UHODo}HV HQWUH OLQJXDJHP H KLVWyULD EXVFD UHXQLU SHVTXLVDGRUHV LQWHUHVVDGRV HP H[SORUDU DV YiULDV OLQJXDJHQV TXH VH SUHVHQWLĂ€FDP QR SROtWLFR DV GLPHQV}HV SROtWLFDV LPSOLFDGDV QR IXQFLRQDPHQWR GH YiULRV JrQHURV GLVFXUVLYRV OLWHUiULR PHPRULDOtVWLFR LPDJpWLFR FLHQWtĂ€FR WpFQLFR DV WUDPDV GD OLQJXDJHP QD VREUH D FLGDGH DV OLQJXDJHQV VREUH RV GLIHUHQWHV HVSDoRV TXH SRU DĂ€QLGDGH RX FRQWUDSRVLomR LQWHUIHUHP QD GHĂ€QLomR GD FLGDGH ORFXV SRU H[FHOrQFLD GD KLVWyULD H GR SROtWLFR $ SURSRVWD TXH EXVFD FRQĂ XLU GRLV YHLRV LQYHVWLJDWLYRV SUHVHQWHV QR FDPSR KLVWRULRJUiĂ€FR FRQWHPSRUkQHR ² D JHVWmR GR SROtWLFR H D TXHVWmR XUEDQD ² WHP R SROtWLFR FRPR KRUL]RQWH FRPXP D QRUWHDU RV seus processos de inquirição e na abordagem interdisciplinar o seu modo de operação. O primeiro dos YHLRV SDUWH GD SUHPLVVD GH TXH D KLVWyULD H D FXOWXUD SROtWLFDV Vy SRGHP VHU FRPSUHHQGLGDV OHYDQGR VH HP FRQWD D LQWHUYHQomR GH PRWLYDo}HV D XP Vy WHPSR FRQVFLHQWHV H LQFRQVFLHQWHV QDV Do}HV KXPDnas, individuais e coletivas, colocando em pauta investigaçþes que focalizam a presença dos sentimentos, sensibilidades e paixĂľes nas açþes polĂ­ticas e na gestĂŁo do polĂ­tico. GestĂŁo compreendida D SDUWLU GDTXLOR TXH 3LHUUH $QVDUW GHĂ€QH FRPR ´FOtQLFDÂľ H LQWHUYHQomR LQVWLWXFLRQDO PDV WDPEpP FRPR JHVWXDO GH FRQGXWDV H IRUPDV 2 VHJXQGR DR FRPSUHHQGHU D FLGDGH VHMD QD FRQGLomR GH IHQ{PHQR KLVWyULFR RX GH REMHWR GH FRQKHFLPHQWR FRPR LQWULQVHFDPHQWH KHWHURJrQHD H FRPSOH[D LQDSUHHQVtYHO VRE D yWLFD GH XP ~QLFR FDPSR GLVFLSOLQDU RX VHQVtYHO SUREOHPDWL]D R XUEDQR HP VXDV GLPHQV}HV SOXUDLV DERUGDQGR R D SDUWLU GRV FDPSRV FRQFHLWXDLV TXH R FRQVWLWXHP KLVWRULFDPHQWH $GHQWUDU D FLGDGH D SDUWLU GH VXDV ´SRUWDV FRQFHLWXDLVÂľ LPSOLFD R HVFUXWtQLR GDV IRUoDV H OLQJXDJHQV SOXUDLV TXH D estruturam, inevitavelmente, no e pelo debate polĂ­tico.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Mara Vaz de Oliveira E-mail: amvoliveira@uol.com.br Instituição: Universidade Católica de Goiås Nome: Elane Ribeiro Peixoto E-mail: elanerib@hotmail.com Instituição: Universidade Católica de Goiås Título: Jardim Goiås, o bairro de um dono O Jardim Goiås Ê um bairro de Goiânia, criado em 1950. Seu plano, de Francisco Prestes Maia, remete aos bairros homônimos de São Paulo. Lourival Louza, o empreendedor, não se empenhou para a ocupação imediata do bairro. Durante trinta anos, este bairro, próximo ao centro, permaneceu com ocupação rarefeita, sendo seu maior proprietårio o Sr. Louza. Uma curiosa relação estabeleceu-se entre o poder público e o dono do Jardim Goiås. Na dÊcada de 1970, åreas foram doadas para a construção do Estådio Serra Dourada, do Autódromo de Goiânia e de uma Escola de Líderes. No final dos anos de 1980, o intrÊpido fazendeiro construiu o primeiro shopping center da cidade, que garantiu o futuro do bairro por meio da abertura de avenidas e da construção de grandes superfícies de abastecimento. Nos anos 1990, o Jardim Goiås sofreu um boom imobiliårio, mais uma vez, Louza agiu com tirocínio, estabelecendo uma parceria com o AlphaVille, construiu, nos seus limites, condomínios horizontais. Ao lado dessa ocupação institucionalizada, uma parcela do bairro foi apropriada ilegalmente. Assentamentos irregulares surgiram nos fundos de vale e nas åreas desocupadas. Esta pesquisa objetiva reconstituir a história deste bairro, contando com os vestígios de sua ocupação e as memórias de seus moradores. Nome: Carlos Eduardo França de Oliveira E-mail: sutchaman@msn.com Instituição: USP Título: Imprensa e política em São Paulo, 1827-1832 Este trabalho tem como objetivo analisar o debate político desenvolvido pelos periódicos O Farol Paulistano (1827-1831) e O Observador Constitucional (1829-1832), que por sua vez representam os dois primeiros jornais impressos na Província de São Paulo. Ao levar em consideração o papel fundamental que a imprensa desse período desempenhou como veículo de produção, discussão e disseminação de ideais e projetos políticos vinculados a grupos de interesses distintos, a anålise dos periódicos selecionados possibilita aprofundar o entendimento não apenas da imprensa paulista e dos elementos envolvidos na sua implementação e manutenção, mas tambÊm da inserção da Província de São Paulo no interior de um processo histórico mais amplo que foi o da construção das bases políticas do ImpÊrio. Nesse sentido, busca-se aqui problematizar o posicionamento político dos periódicos em questão, partindo da hipótese de que não constituíam conjunto homogêneo, aspecto esse que ajuda a compre-

ender as nuanças polĂ­ticas da ProvĂ­ncia de SĂŁo Paulo no Primeiro Reinado e no perĂ­odo inicial da RegĂŞncia. Nome: CĂŠlio JosĂŠ Losnak E-mail: losnak.blv@terra.com.br Instituição: Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - UNESP-Bauru TĂ­tulo: Cidade na imprensa: tensĂľes polĂ­ticas e texto jornalĂ­stico Uma linguagem possĂ­vel e importante para problematizar dimensĂľes da constituição da cidade e suas articulaçþes com o debate polĂ­tico ĂŠ o jornalismo e seu suporte mais tradicional, a imprensa. Esta comunicação propĂľe-se a apresentar o mapeamento de tematizaçþes produzidas por um jornal (O Penapolense), nas primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XX, como fonte para pensar sobre tensĂľes presentes no debate em torno da constituição do urbano, sobre a administração tĂŠcnica e polĂ­tica da cidade imersas em fluxos de saberes e forças sociais em confronto. Um jornal local apresenta-se como uma via de intervenção no debate polĂ­tico em torno da cidade, um espaço de defesa de determinadas formas de espacialidade e materialidade da urbe, bem como sobre formas de viver nela, contrapondo-se a outras perspectivas e agentes sociais. Ao mesmo tempo, essa linguagem reveladora de projetos polĂ­ticos entreabre-se para desvelar tensĂľes alimentadas por saberes e prĂĄticas, representaçþes e sentimentos de pertencimento e de domĂ­nio, de diferenciação e de exclusĂŁo, de hierarquias e divisĂľes. Nome: Cleverton Barros de Lima E-mail: cleverton76@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas TĂ­tulo: Representaçþes românticas do “povoâ€? no romance de Amando Fontes (FAPESP-UNICAMP) O romance social brasileiro de meados dos anos 1930 estĂĄ fielmente alinhado com as premissas do romantismo. NĂŁo seria possĂ­vel aludir ao romance escrito no paĂ­s nesse perĂ­odo sem perscrutar o ardor romântico de vĂĄrios escritores a respeito dos pobres e trabalhadores esquecidos do norte. Imerso nessa retĂłrica, Jorge Amado, Amando Fontes e tantos outros escritores, tornaram suas escritas como um meio de descortinar as agruras de um povo, tido como simples, nĂŁo obstante, ser visto como sujeito passĂ­vel de conhecimento. Atento a esta peculiaridade, busco nesta comunicação entender a relação do romance escrito por Amando Fontes com as especificidades do movimento romântico, atentando, desta maneira, Ă s assertivas dessa estĂŠtica ao que foi proposto por esses escritores brasileiros de meados do sĂŠculo XX. Nome: Daniel Barbosa Andrade de Faria E-mail: krmazov@hotmail.com Instituição: UFU TĂ­tulo: Da fantasia ao fantĂĄstico: cidades ficcionais e projeçþes polĂ­ticas no Brasil

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59 Nesta apresentação proporei um confronto entre quatro cidades ficcionais, inventadas no Brasil dos anos 1920 e 1930. Erópolis, criada por Monteiro Lobato em 1926, em seu romance de ficção científica O Presidente Negro, uma espécie de paraíso erótico da política eugênica. Itacoatiara, a cidade sublime, utopia amazônica relatada como um sonho por Mário de Andrade em seu diário de viagem. A Maceió de Angústia, de Graciliano Ramos, cidade do estranhamento, do crime, da repressão meticulosa. E, por fim, simplesmente A Cidade, de Murilo Rubião, lugar fantástico onde o poder se revela como encobrimento do absurdo. As quatro fantasias urbanas comporão um quadro com as alternativas políticas do Brasil contemporâneo, do romantismo de viés autoritário ao fascismo e suas teias de “desilusões”. Nome: Daniela Ortiz dos Santos E-mail: danielaortiz@ig.com.br Instituição: PROURB/FAU/UFRJ Nome: Mário Luis Carneiro Pinto de Magalhães E-mail: mario.mag@ibest.com.br Instituição: PROURB/FAU/UFRJ Nome: Priscilla Alves Peixoto E-mail: priscillapeixoto@gmail.com Instituição: UFRJ Título: A questão do assentamento na modernidade de José Bonifácio: ‘para huma nova civilização e para novo assento das Sciencias’ Este trabalho visa apresentar um olhar sobre a dimensão material – o lugar, posição e forma – das propostas de José Bonifácio para o Brasil e, para dessas, extrair o sentido de modernidade de sua visão de mundo. Nosso recorte vertical privilegia como objeto de estudo os debates da interiorização da capital e, a partir dos escritos de Hipólito José da Costa em 1813, percorre os anos que antecedem a “Representação oferecida a assembléia constituinte e legislativa do império brasileiro” em 6 de junho de 1823 por José Bonifácio e lança luzes sobre os posteriores reflexos desse pensamento na ocupação do território brasileiro em meados do século XIX. Acredita-se que este debate é representativo de seu pensamento sobre a natureza do assentamento humano e ocupação do território no país, dialogando com outras propostas de sua autoria, como os assentamentos de índios e negros. A visão bonifaciana parece dialogar com um amplo espectro de atores no campo das idéias no exterior e no Brasil. Tudo indica que este cadinho, fervilhante nestes anos, vem se consolidando como importante âncora na construção de uma tradição disciplinar contemporânea e brasileira no campo do urbanismo. A presente contribuição faz parte de um esforço de sistematização de uma antologia do pensamento ‘pré-urbanístico’. Nome: Elisangela Sales Encarnação E-mail: elisousada@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: A Bahia inventada: uma discussão acerca do poder da literatura e d’outras artes em forjar identidades Contribuições importantes como as de M. Foucault e de P. Bourdieu nos mostraram o poder simbólico do discurso dito, escrito, visto em instituir identidades, espaços, poderes. No presente trabalho visamos discutir o processo histórico de produção de um referencial imagético-discursivo sobre a Bahia e os baianos, em especial as baianas, nas obras de Jorge Amado. Fortemente influenciado também pelas concepções teóricas de E. Said e Durval M. Albuquerque Jr., investiga a construção da identidade a partir de choques e problematiza a produção histórica e cultural de uma região geográfica a partir da construção da identidade enquanto alteridade. A literatura amadiana mediou por quase todo o século XX a percepção de brasileiros e estrangeiros desse espaço geográfico fortemente identificado, na sua obra, pela sensualidade, exotismo, misticismo, exuberância da natureza e de suas mulheres, imagens que se cristalizaram no imaginário social e que vem direcionando a fala e olhar sobre a Bahia. Essa foi a Bahia apropriada pelos diversos meios de comunicação e é sempre a este “estoque de verdades” que se recorre quando as mídias necessitam representá-la. Faz-se necessário então, perceber o jogo de interesses, a rede de poder que sustentou e é sustentada por essa identidade de Bahia criada. Nome: Elizabeth Cancelli E-mail: cancellie@yahoo.com.br Instituição: USP Título: A trama da desobediência civil: uma nova linguagem Este trabalho tenta um aprofundamento sobre as tramas discursivas sobre a questão do racismo e da desobediência civil nas décadas de 1950 e 1960. Como ponto de partida, a releitura de Hannah Arendt sobre o problema do Imperialismo e suas implicações na agenda dos direitos civis nos Estados Unidos e no Brasil.

Nome: Fernanda Rodrigues Galve E-mail: fgalve@ig.com.br Instituição: PUC-SP Título: A Barcaça: a Espanha e o poeta João Cabral de Melo Neto (19471950). O texto faz uma articulação da História com a Literatura, numa reflexão do “ser” na Espanha (1947-1950). Estudo sobre o poeta João Cabral de Melo Neto. Ler a lógica de uma obra literária é um modo de ligar-se a uma realidade histórica e ao mesmo tempo reconhecer os processos biográficos e a busca da identidade do poeta João Cabral. Seu trabalho com a palavra se faz na construção das imagens e dos fatos, pois não existe para ele poesia sem os acontecimentos e sem História. Assim, a abordagem do contexto histórico que origina a obra literária se coloca como compreensão da própria obra. Poesia com a qual se estabelece um diálogo constante, na perspectiva de pensar conceitos importantes como Arte e política. Neste caso a pesquisa propõe um novo olhar histórico que utiliza- se de uma obra poética como fonte. Pondera também, uma obra literária como percepção critica e histórica da sociedade Espanhola dos anos 50. Nome: Gerlane Bezerra Rodrigues Morais E-mail: atena.geo@hotmail.com Instituição: UNIRIO Nome: Vera Lucia Doyle Louzada de Mattos Dodebei E-mail: dodebei@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Nome: Evelyn Dill Goyanne Orrico E-mail: evelyorrico@uol.com.br Título: Monumentos de Vitória da Conquista: patrimônio cultural e discursos de memórias Este trabalho discute o processo de construção da memória social a partir dos discursos que se circunscrevem em torno de dois monumentos da cidade de Vitória da Conquista, BA: o monumento em homenagem aos índios e o monumento em homenagem aos bandeirantes. Numa perspectiva histórica discursiva analisamos a relação entre a sociedade urbana e a memória social a partir da promoção das imagens públicas. Para tal, apropriamo-nos de um quadro teórico-conceitual interdisciplinar, no qual tecemos algumas reflexões a partir do pensamento de autores como Halbwachs, Pollak, Paulo Knauss, Dodebei, entre outros, buscando compreende a construção social da memória articulada a partir de um processo histórico e político que tem no campo do discurso patrimonial citadino uma de suas bases legitimadoras. Finalizando, o texto se propõe a uma reflexão sobre o domínio patrimonial em que a polifonia discursiva atravessa o campo histórico e político, no qual a cidade apresenta contradições, conflitos, apropriações, rupturas e continuidades como fenômeno de (re)construção tanto da história quanto da memória social. Nome: Gilberto Cezar de Noronha E-mail: noronha.gilberto@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia - UFU Título: Reminiscências dorenses: representações do Oeste de Minas do início do século XX, nas páginas d’O Liberal (1973-1989) O trabalho é uma proposta de retomada das formas de representação do Oeste de Minas Gerais do início XX construídas nas páginas do jornal O Liberal, de Dores do Indaiá, como estratégia para discutir a construção de memórias sobre este tempo e espaço específico da história de Minas. Estes são resultados parciais de uma pesquisa mais abrangente sobre as formas de representação do Oeste de Minas Gerais e dos processos de identificação a este lugar. A proposta de análise se constitui no deslocamento teórico da problemática da memória social para uma discussão das configurações sociais, especialmente as funções da percepção do espaço na construção das identidades. Nome: Gilmar Alexandre da Silva E-mail: gilmarxande@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Com a cidade, seus “tipos”: um encontro imaginário entre Serafim Ponte Grande e “Jorginho” (O Bandido da Luz Vermelha) O presente trabalho procura discutir algumas relações conceituais e semânticas existentes entre a literatura produzida por Oswald de Andrade, entre as décadas de 1920 e 1930, e o cinema realizado pelo cineasta Rogério Sganzerla, entre as décadas de 1960 e 1970, no Brasil, por meio de dois personagenschave: Serafim Ponte Grande (no campo literário) e “Jorginho”, O Bandido da Luz Vermelha (no âmbito do cinema). Neste sentido, procuramos analisar o espaço da cidade (aqui, a referência é São Paulo) como um horizonte de articulação cultural e histórica que perpassa a composição política de ambas as personagens. A mediação cultural realizada por Rogério Sganzerla em alguns

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de seus filmes engendra, de certa forma, um diálogo artístico (no plano político das subjetividades) com alguns trabalhos literários de Oswald de Andrade. Para além de ser apenas uma “inspiração” ao cinema produzido por Sganzerla, Oswald de Andrade talvez tenha se tornado um esteio necessário antevisto pelo cineasta no tocante à problematização de categorias, tais como a “antropofagia” e a “invenção”. Assim, Sganzerla se propõe a levar às telas aspectos sócio-históricos relacionados à cultura brasileira dentro de um ligeiro enfoque literário proporcionado por Oswald de Andrade. Nome: Ivone Salgado E-mail: frances0@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Campinas Título: Saberes práticos e saberes teóricos nas obras públicas da Província de São Paulo O trabalho destaca uma experiência histórica situando a presença de profissionais no campo da engenharia civil nas obras públicas da Província de São Paulo no quadro mais amplo de transformações da profissão da engenharia. Procura abordar dimensões diversas implicadas no discurso científico e técnico discutindo as mudanças importantes que se referem ao status do engenheiro, a outras profissões, a um complexo contexto social, mas, sobretudo, às mudanças relativas ao trabalho do engenheiro, tanto no que se refere á questões operativas, como à questões teóricas que modificariam as várias tradições da prática profissional. Em São Paulo, a formação de um Gabinete Topográfico em 1836 procurou suprir a falta de profissionais no campo da engenharia e foi uma iniciativa visando a realização dos chamados “melhoramentos” da Província que, em grande parte, constituía-se numa rede de estradas de rodagem, com todas as obras necessárias para a sua boa circulação, como as pontes, aterros. Neste contexto, destaca-se a atuação de Carlos Rath que, através de levantamentos geológicos, geográficos e administração de estradas revela saberes os diversos que contribuíram para a formação da nova profissão da engenharia civil. Nome: Izabel Andrade Marson E-mail: imarson@unicamp.br Instituição: UNICAMP Título: Da “restauração” da monarquia à “conciliação” com a república: diálogo entre textos, escolhas políticas de Joaquim Nabuco e episódios da primeira década republicana A comunicação tem por objetivo assinalar o imbricamento entre o discurso jornalístico/ historiográfico e a política. Nesse sentido, pretende compreender o percurso de Joaquim Nabuco na primeira década republicana - o trânsito entre a monarquia e a república – relacionando a argumentação do jornalistahistoriador divulgada em Por que continuo a ser monarquista (1890), O dever dos monarquistas, Balmaceda, A intervenção estrangeira e a Revolta da Armada (1895) e Minha Formação (1900), e sua ressonância nas leituras do tema “revolução” inscritas em Um Estadista do Império. Nome: Jacy Alves de Seixas E-mail: jacy@ufu.br Instituição: UFU Título: Linguagens do desconcerto: do “outro exótico” à exotização do eu No final do século XIX, Oscar Wilde escreve o romance O Retrato de Dorian [1891], pintando com traços tensos e trágicos a silhueta e aspirações do homem moderno às voltas com o espaço público, os jogos de poder e sedução, do ser/parecer/aparecer e os desejos íntimos de juventude e perenidade. Minha intenção nesta comunicação é, a partir desta figuração literária carregada de historicidade, interrogar os caminhos e formas (noção que empresto de Simmel) trilhados pela persona e sujeitos modernos. Interessa-me particularmente focar momentos de enunciação deste “autrui exotique” (Balandier) – indivíduos, povos, grupos e classes sociais, configurações culturais e raciais – nas sociedades capitalistas contemporâneas e seus efeitos na própria noção de sujeito e ação histórica, na sua acomodação em múltiplas figuras identitárias impermeáveis à alteridade e extremamente permeáveis ao exercício da violência física e simbólica, à própria desubjetivação. Nome: Josianne Francia Cerasoli E-mail: josiannefc@gmail.com Instituição: Instituto de História - UFU Título: Inspirações (inter)nacionais para a América: o sentimento de nacionalidade nos debates em torno do moderno e do tradicionalismo nas artes As mudanças técnicas e estéticas decorrentes da difusão dos preceitos da arte moderna, no início do séc. XX, intensificaram discussões sobre as diretrizes dos estudos e usos das artes, em suas manifestações. Na área da arquitetura, mobilizaram debates em torno dos elementos técnicos decorativo das obras construtivas, desdobrando-se em redefinições para o ensino de arquitetura,

tanto sobre o papel do estudo das histórias e das artes de cada nação para a formação dos arquitetos quanto sobre a defesa dos patrimônios culturais e históricos nacionais. “A arte moderna não é contrária à tradição” é primeira tese do IV Congresso Pan-Americano dos Arquitetos. No Brasil, o debate envolveu vários intelectuais e profissionais desde a déc. de 1910 (com manifestações acaloradas na imprensa e em outras publicações), além do poder público, sobretudo devido às consequências dessa temática na definição de orientações oficiais nos cursos ligados às artes, bem como na proteção do patrimônio nacional. O entrecruzamento desse debate com a questão da identidade nacional e o internacionalismo, tensionado pela controvertida defesa do estilo neocolonial como expressão do moderno nacional/pan-americano, é entendido como ponto crucial na constituição de certa ética (da impropriedade e inadequação) no Brasil. Nome: Ludmila da Souza Maia E-mail: ludmilasmaia@yahoo.com.br Instituição: Unicamp Título: Um estudo sobre algumas das temporalidades do romance “Clarissa” de Samuel Richardson Este estudo encontra-se no interior do debate entre literatura e história, e tenciona mapear as principais temporalidades que permeiam a pesquisa. O nosso foco de análise é a discussão de algumas das categorias de tempo presentes no romance epistolar “Clarissa” de Samuel Richardson do ano de 1748. Pensar sobre o tempo é tarefa imprescindível ao trabalho historiográfico, dessa feita, este romance é - para este propósito - solo fértil. A ambientação e publicação do “Clarissa” no século XVIII inglês nos impele à discussão dos debates filosóficos contemporâneos relativos à moral e à virtude. Ao mesmo tempo, o cenário da cidade de Londres em oposição ao campo - presentes na obra - engendra o debate de como as categorias de espaço e tempo estão imbricadas. Essas discussões serão realizadas à luz da carta ficcional, a partir da qual a obra se constrói. Nome: Marcia Regina Capelari Naxara E-mail: mrnaxara@uol.com.br Instituição: UNESP-Franca Título: Perspectivas do olhar: cidade e cidades, campos, sertões Partindo da proposta de reflexão sobre as “relações entre linguagem e história”, tendo por foco as “tramas da linguagem na/sobre a cidade”, escolhi dar continuidade a indagações que vinculam as formulações sobre os diferentes espaços considerados como citadinos à contraposição do que se considera seja o seu ou os seus contrários; isto é, o quanto as diferentes linguagens e suportes que possibilitam a construção das também diferentes tramas e imagens dos espaços compartilhados pelos homens e que deles dizem, são elaborados no espelhamento do outro(s), conhecidos e/ou imaginados como similares ou diferentes. Tenho interesse por privilegiar como os espaços intermédios, fronteiriços, foram historicamente construídos e, em sua polissemia, foram e são dados à percepção da leitura e do olhar em impressionante variabilidade. O foco dirige-se à fugidia noção de fronteira em suas múltiplas significações, como componente fundamental para se pensar a(s) cidade(s) – considerada(s) “lócus por excelência da história e do político” – na modernidade e para pensar a confluência e (des)encontros entre o civilizado e o não civilizado, tomando o espaço/tempo que se forma entre seus extremos, como o que simultaneamente liga (eventualmente integra) e afasta o que é considerado estranho, inóspito. Nome: Maria Elena Bernardes E-mail: meb@unicamp.br Instituição: UNICAMP Título: Cidade civilizada e a cena lírica: o Teatro Municipal de São Paulo (1910-1930) O Teatro Municipal de São Paulo, inaugurado em 1911, projetado e construído por Ramos de Azevedo, foi inspirado no L`Ópera de Paris, o que por si só conferia a ele o status de elegância e bom gosto. Sua construção veio responder aos anseios de uma elite que via a cena lírica como consolidadora de um imaginário estético de refinado gosto, propiciadora de status e, mais do que tudo, talvez, pretexto para uma vida social que se pretendia elegante e mesmo luxuosa. Ir à ópera, ouvir música de reconhecimento internacional, ver e ser visto no espaço de sua representação, tornaram-se momentos legitimadores de identidade social. Mas nem tudo foi tranqüilo e sem conflito, e os administradores do Teatro tiveram que enfrentar apimentados debates, pois havia aqueles que acreditavam que uma casa de espetáculos nas proporções do Municipal, gerido pelo poder público, não deveria servir unicamente a uma parcela da sociedade. Nome: Maria Fabiola Arias Chavez E-mail: aicf78@hotmail.com

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59 Instituição: Escuela Nacional de Antropologia e Historia Título: Movimiento Social en el Istmo de Mexico. La COCEI en la construccion de dos tipos de discurso el discurso de clase y el discurso étnico La ponencia versará entorno al movimiento social que despliega la Coalición Obrero Campesino Estudiantil de Juchitán (COCEI) en la región del Istmo de Tehuantepec en México. La ponencia se enfoque en dos momentos diferentes en la trayectoria política de COCEI. En 1974 en su primera participación electoral por el municipio de Juchitán de Zaragoza, y en 1981 cuando la COCEI triunfa en las elecciones, conquistando el municipio de Juchitán. En estas dos etapas el uso de la lengua zapoteca en los discursos políticos de la organización, jugó un papel importante para la construcción de discursos diferentes. En 1974, la COCEI construyó un discurso de clase, que logro la identificación de obreros y campesinos. Mientras que en 1981, desarrolla un discurso étnico, que intenta desvanecer las diferencias sociales, y engloba a campesinos y obreros, en un discurso identitario, que exalta los valores étnicos de la cultura zapoteca. El propósito, es explicar por qué se dio este cambio de discurso, que a la postre, a sumergido a la organización en un mar de contradicciones, entre la dirección política de la COCEI y los zapotecos comunes. Nome: Maria Helena de Macedo Versiani E-mail: m.versiani@globo.com Instituição: Museu da República Título: Sobre o Estado e a cidadania no Brasil: breve análise de um conjunto de cartas enviadas ao Congresso entre 1985 e 1988 Nesta Comunicação pretendo examinar algumas concepções de cidadania e sobre o papel do Estado que emergem da leitura de um conjunto de cartas enviadas por populares ao Congresso Nacional entre 1985 e 1988, com pedidos e sugestões para a nova Constituição que então se pretendia elaborar. Esse acervo reúne cartas assinadas individualmente por brasileiros de diferentes regiões do país, muitos sem instrução básica e demonstrando pouco domínio da escrita. Nessas cartas, não há qualquer menção dos missivistas sobre possuírem vínculos formais com a sociedade organizada, tratando-se, sim, de iniciativas independentes, levadas a termo por pessoas que não pertenciam a setores intelectualizados ou a grupos de formadores de opinião. Hoje guardado no Arquivo Histórico do Museu da República, esse acervo foi produzido num contexto de ilegitimidade constitucional no Brasil e de superação da ditadura pela democracia. Nas ruas, sindicatos, associações e grupos diversos desencadeavam campanhas pela participação de todos na definição de novos rumos para o país. A criação de instrumentos jurídicos formais de participação era uma exigência. Nosso objetivo é investigar determinadas noções de cidadania e de governo ideal que esse acervo de cartas populares revela. Nome: Maria Stella Martins Bresciani E-mail: sbrescia@lexxa.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: Luiz Ignacio de Anhaia Mello: esboço de trajetória profissional Constitui traço essencial da cidade de São Paulo a ação articulada do capital privado e a administração municipal, o que conferiu à cidade as características urbanísticas e arquitetônicas. Soma-se a isso a íntima correlação dos professores e ex-alunos das duas Escolas de Engenharia fundadas na década final do século XIX – Escola Politécnica (1893) e Engenharia Mackenzie (1894). Autor de vários textos, Anhaia Mello desempenhou papel essencial como professor da Escola Politécnica (1918-1961) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo desde sua criação em 1851 e do Liceu de Arte e Ofícios desde 1927. Destacou-se como teórico do urbanismo e do planejamento urbano e regional, como professor e autoridade municipal e buscou incessantemente divulgar suas idéias em instituições da sociedade civil, tal como a Sociedade Amigos da Cidade, fundada em 1935, e em órgãos públicos. Convencido de que “tal como qualquer técnica, o planejamento é politicamente neutro” e não está subordinado a contextos políticos, Anhaia Mello se empenhou em dar à prática urbanística uma configuração profissional. Nome: Marisa Varanda Teixeira Carpintero E-mail: mvcarpin@uol.com.br Instituição: UNICAMP Título: Arte, técnica e política na trajetória de um urbanista Este trabalho trata de analisar a trajetória intelectual e política do engenheiro Francisco Prestes Maia. O fato de Prestes Maia ter sido ex-aluno e professor da Escola Politécnica de São Paulo e ainda ter sido por duas vezes prefeito da cidade de São Paulo entre os anos de 1938 -1945 (como interventor) e 1961-1965 (como prefeito eleito), possibilita investigar a teia que encobre a relação entre o corpo técnico de engenheiros, sobretudo aqueles advindos da Escola Politécnica de São Paulo, a Prefeitura e a política do Estado Novo. Esses estudos fazem parte de uma série de questões presentes no projeto de pós-doutoramento em

história desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas e também do Projeto temático saberes eruditos e técnicos na configuração e reconfiguração do espaço urbano - estado de São Paulo, séculos XIX e XX, financiado pela FAPESP coordenado pela Profa. Drª Maria Stella Martins Bresciani. Nome: Michelle dos Santos E-mail: michelle.santos0803@gmail.com Instituição: UEG/CNPQ Título: E a imaginação se fez cidade: Brasília impressa nas tramas dos jornais (1956-1960) Ao apreender e significar a construção de Brasília pelos imaginários sociais, mudancista e antimudancista, moldados entre os anos de 1956 e 1960, os jornalistas – autores e atores do mundo da transferência da capital do litoral para o interior – esboçaram objetivos e organizaram não apenas seu presente, mas também seu passado e seu futuro. Para isso, a imprensa escrita foi considerada como um canal de expressão dos anseios, necessidades e aspirações individuais e coletivas, configurando-se também num veículo de destaque tanto para a coesão quanto para a dispersão de propósitos modernistas e de projetos de modernidade. A mídia impressa levantou, conduziu e acendeu universos de representações e de debates extremamente férteis. Foi um espaço social privilegiado, que gerenciou e reproduziu alianças e divergências que procederam e circularam no domínio público. Partimos, pois, do pressuposto de que as especificidades da “cidade capital” conferem contornos peculiares à problemática que aflora do trinômio urbe– cotidiano– trabalho. Nome: Milena da Silveira Pereira E-mail: milena.silveira@bol.com.br Instituição: UNESP Título: A sociabilização dos letrados na configuração do escritor nacional do século XIX O Rio de Janeiro, ao longo do século XIX, notabilizou-se não somente por ser a mais importante cidade do Império, do ponto de vista político e econômico, como também pela sua centralidade, do ponto de vista cultural, em relação ao restante do Brasil. Foi na capital que prosperou a Rua do Ouvidor, rua conhecida e tida pelos homens daquele tempo, e igualmente pela historiografia posterior, como o lugar por excelência da propagação das letras e da sociabilização dos letrados. Nesta rua, ou nas suas proximidades, encontrava-se a maior parte dos principais cafés, jornais e livrarias da época, fazendo com que a vida literária se constituísse e se animasse, sobretudo, nesse ponto da capital do país. Analisando estudos sobre a vida literária brasileira oitocentista que gravitavam em torno da Rua do Ouvidor e examinando as declarações dos letrados daquela época, o objetivo da presente comunicação é indagar o papel dessa sociabilização na construção do escritor nacional, ou melhor, indagar em que medida esse modo de convivência dos homens de letras cumpriu algum papel no que veio a ser o escritor daquele tempo. Tal questionamento tem como alvo entender que contorno ganhou a vida literária ao longo do século XIX, com o intuito de compreender um pouco melhor quem era o escritor nacional. Nome: Paula Rodrigues Belem E-mail: paulabelem@gmail.com Instituição: PUC-RIO Título: Um olhar pela época de emancipação do Reino do Brasil através dos conceitos de Povo e Nação A presente comunicação tem como objetivo mostrar um pouco da experiência vivida na época em que o Reino do Brasil se tornava independente. Para isso, será feita a análise das continuidades e ressignificações dos conceitos Povo e Nação e, também de outros que lhes são correlatos. O caminho escolhido para obter esse resultado se deu, principalmente, através da análise das idéias contidas em alguns exemplares do Revérbero Constitucional Fluminense dos anos de 1821 e 1822, periódico de grande expressão política no período. Outras fontes de época também complementam essa comunicação. A análise dos conceitos de Povo e Nação terá como principal referência teórica, o autor alemão Reinhart Koselleck. Um olhar atento sobre esses conceitos deve ser considerado como artifício que expressa pensamentos, idéias, sentimentos e convicções de uma sociedade. Por isso, além de serem um fator, também indicam uma experiência histórica. Nome: Priscila Nucci E-mail: priscilanucci@yahoo.com.br Instituição: Dep. Sociologia - IFCH - Unicamp Título: Em busca da África: Abdias Nascimento e a composição de um tema político e intelectual Desde fins da década de 1940 a temática da África desponta na produção da militância negra vinculada ao Teatro Experimental do Negro e ao jornal

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Quilombo, o que pode ser visualizado em artigos do periódico e em peças produzidas pela companhia teatral. O militante e intelectual Abdias Nascimento tem participação central nesse processo, que seria radicalizado em momentos posteriores de sua trajetória e produção intelectual e política. Nesta comunicação pretendo mostrar o contraponto entre momentos diversos da trajetória do autor e as composições que elabora quanto ao tema África em sua obra. Para isso, utilizo fontes e retomo as concepções presentes em depoimentos, biografia e textos produzidos por Nascimento entre as décadas de 1950-2000, quando o tema da África foi retomado em outra escala. Meu objetivo é mostrar as diferenças na instrumentalização do tema ao longo do tempo, e como ele se torna essencial para a definição de um dado rumo político da militância negra/ afrodescendente que utilizou como termo central a referência à origem cultural africana. Nome: Radamés Vieira Nunes E-mail: radamesnunes@yahoo.com.br Instituição: UFG Título: Pena na mão, olhos na rua, cidade(s) nas folhas: Rio de Janeiro nas crônicas de Lima Barreto e Olavo Bilac (1900-1920) Este trabalho tem como objetivo principal pensar, a partir dos cronistas Olavo Bilac e Lima Barreto, as concepções de cidade criadas em torno do Rio de Janeiro, que circulavam nas folhas cotidianas da imprensa, através das crônicas, durante as duas primeiras décadas do século XX. Nessa perspectiva, cruzando as leituras e interpretações para perceber a complexidade das posições e os projetos na Capital Federal, intentamos perscrutar pela literatura de crônica, as transformações no campo de atuação dos cronistas, a construção simbólica do espaço urbano como civilizado e moderno, e o papel ativo exercido pela imprensa nesse debate, em sintonia com o cotidiano e as questões em voga. Olavo Bilac e Lima Barreto deixaram, nas crônicas, suas visões sobre um período efervescente da vida carioca, transformaram em texto escrito uma complexa trama de tensões e relações sociais. As crônicas de Lima Barreto e Olavo Bilac revelam forças em luta, projetos conflitantes, projetos vencedores e projetos vencidos, sonhos concretizados e sonhos adiados. Os cronistas trataram a cidade e suas transformações cada um a seu modo, criando, nas folhas da imprensa, a partir da cidade física, cidades desejadas: cidade-capital desejada que se remetia também ao que vislumbravam para o Brasil. Nome: Romulo Costa Mattos E-mail: romulomattos@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A palavra favela na Primeira República O objetivo deste trabalho é analisar o processo de substantivação da palavra favela. Ou seja, como o termo, que pertencia exclusivamente ao Morro da Favela, generalizou-se, assumindo uma nova forma, substantivada e com f minúsculo. No início do século XX, os jornais cariocas promoviam campanhas em prol da ordem, do progresso e da civilização. Isso se explicava pelo contexto maior de construção de estratégias políticas e sociais de dominação, decorrente da dupla tentativa de imposição de uma ordem social capitalista e de consolidação da República em nosso país. Assim, o Morro da Favela foi visto como uma negação àqueles ideais propagados pela grande imprensa. Dentre outros discursos negativos, o Morro da Favela passou a ser considerado o principal território das “classes perigosas” no Rio de Janeiro. Na verdade, essa noção foi fundamental para a substantivação da palavra favela na década de 1920, período em que esse tipo de moradia se expandiu pela capital republicana. Nome: Ruth Maria Chitto Gauer E-mail: chitto@pucrs.br Instituição: Universidade de Coimbra Título: A linguagem e a norma Lévi-Strauss articulou várias técnicas oriundas da ciência moderna para demarcar o limite entre natureza e cultura como fundamento de suas investigações sobre as relações sociais. Buscou compreender o obscuro, o não aparente na aparência de uma “realidade” que se manifesta enquanto significante de toda ordem social. A interpretação decorrente desse esforço pode ser denominada como uma espécie de jogo abstrato que se relaciona com a “realidade”, pois se articula com oposições binárias ligadas a estruturas mentais que revelam os processos cerebrais inerentes à lógica racional. Essa lógica não é percebida apenas quando se manifesta através da racionalidade científica: podemos observála nos mitos e nos ritos. Nome: Sandra Mara Dantas E-mail: sandra.dantas@netsite.com.br Instituição: Universidade Federal do Triangulo Mineiro Título: A fabricação do urbano. Civilidade, modernidade e progresso em

Uberabinha/MG O objetivo dessa comunicação é discutir a constituição do urbano e seu corolário na cidade de Uberabinha, atual Uberlândia, em Minas Gerais, no final do século XIX e primeiras décadas do século XX. Após sua emancipação, os grupos sociais dominantes de Uberabinha lideraram um processo de configuração do espaço urbano com a implementação de serviços e a modernização dos equipamentos e, à proporção que a face da cidade se transformava, enunciavam um discurso de convencimento para validar as representações e as práticas que postulavam devessem ser cumpridas para se tornar moderna e civilizada. Fruto de concepções liberais, o projeto de civilização executado construiu uma urbe marcada pelos conflitos entre os diversos grupos sociais que disputavam espaço para expressar suas representações, excluindo outras possibilidades e ocultando contradições que, vez ou outra, vinham à baila, manchando a imagem dominante. Em certa medida, a elite local logrou êxito ao criar um conjunto de práticas que visavam viabilizar seus interesses, presentes nos códigos de postura e regulamentos diversos, nos artigos dos periódicos e na defesa da educação como garantia de civilização e de cidade proeminente em meio às demais da região. Nome: Thaís Troncon Rosa E-mail: thaisrosa@yahoo.com Instituição: TEIA - Casa de Criação Título: Tramas e jogos de mediações: produção e apropriação de um espaço urbano em disputa Ao investigar a já tão debatida questão da produção do espaço urbano a partir das favelas e periferias, a pesquisa que movimenta este texto buscou entendê-la de forma indissociável da apropriação que se faz desses espaços. Considerando a historicidade própria aos processos de produção e apropriação dos mesmos, pretendeu trazer à tona a complexidade de relações estabelecidas entre os diversos atores neles envolvidos. Para tanto, debruçou-se sobre a trajetória do espaço conhecido como Gonzaga (São Carlos/SP), perscrutando os tortuosos caminhos percorridos desde sua emergência, em meio a loteamentos de periferia, como uma ocupação irregular logo caracterizada como “favela” até sua transformação oficial, após diversas intervenções públicas, em “bairro de periferia”. Este texto pretende refletir sobre tramas e jogos de mediações estabelecidos, ao longo do processo de produção e apropriação do espaço em foco, a partir de relações que se articulam entre práticas socioespaciais dinâmicas dos moradores e diversas intervenções do poder público, em movimentos que podem ser de constrangimento, de sobreposição, de deslocamento, de negociação, de invenção, mas que se configuram fundamentalmente como disputa e apontam para os sentidos políticos da experiência urbana que também ali se constroem. Nome: Valdeci Rezende Borges E-mail: valdecirborges@terra.com.br Instituição: UFG;CAC/NIESC Título: José de Alencar nas tramas históricas, políticas e culturais da linguagem literária e da Língua Portuguesa A cidade do Rio de Janeiro novecentista, a Corte, e nela os campos intelectual e político, configuraram como espaços de lutas por uma forma de narrativa literária moderna, brasileira e nacional, por volta de meados do século XIX. Em tais campos de batalhas, o escritor José de Alencar foi combate ativo e apaixonado por uma linguagem literária própria, com estilo particular e escrita numa língua portuguesa abrasileirada. Sua ação política batia contra os modos consagrados de representação defendidos pelos simpatizantes da tradição, do estilo e da velha língua portuguesa clássica no exercício literário. Suas militância e intervenção nessa arena visavam edificar uma literatura com a missão de construir uma identidade cultural para a jovem nação, consolidando a independência política, de 1822, em relação a Portugal. O objetivo é abordar as idéias de José de Alencar no ensaio “Questão Filológica”, de 1874, e seus embates com escritores defensores do velho português e do estilo clássico como forma de representação literária da nação brasileira. Sua conduta ficou plasmada nas tramas da linguagem de vários de seus ensaios críticos, sendo o texto acima, objeto de luta representativo dessa experiência histórica. Nome: Valter Martins E-mail: valterirati@yahoo.com.br Instituição: UNICENTRO Campus de Irati - PR Título: O mercado de hortaliças e a cadeia. A intensa vida social em um pequeno espaço da cidade. Campinas, século XIX Inaugurado em 1871, o mercado de hortaliças de Campinas ficava em frente à cadeia. No centro da cidade, em um lugar coberto e fechado, o poder municipal esperava ordenar, controlar e melhorar o comércio de gêneros alimentícios de primeira necessidade. Frequentado pelas classes populares, cujos peculiares modos, falas e atitudes eram deplorados pelos vereadores e pela imprensa local,

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59 conferiam àquele espaço um cotidiano diurno e noturno de intensas relações sociais. Lugar movimentado, o mercado de hortaliças herdou várias normas do mercado municipal como a proibição de gente desocupada, algazarras e “atentados contra a moral pública”. Criado para o abastecimento urbano, serviu como dormitório de mendigos e local para furtivos encontros, sendo visitado regularmente pelos gatunos. A presença das quitandeiras ajudava presos e policiais a passarem o tempo, observando seus meneios, dirigindo-lhes gracejos. Este trabalho apresenta aspectos de um espaço público multifacetado, marcado pelos contrastes entre os desígnios das autoridades municipais e as práticas culturais das classes populares, em um período de importantes transformações urbanas em Campinas nas últimas décadas do século XIX. Nome: Virginia Celia Camilotti E-mail: vicamilotti@terra.com.br Instituição: UNIMEP Título: A profissão de Jacques Pedreira de João do Rio – anti-romance de formação da República no Brasil Na confluência de duas leituras sobre o início do século XX, uma, tributária das formulações nietzscheanas relativa ao processo decadencial experimentado pela civilização ocidental, outra, concernente aos descaminhos da jovem república brasileira, João do Rio, em 1910, concebeu seu primeiro romance - A profissão de Jacques Pedreira. Tão logo o volume foi editado, o autor solicitou da justiça o direito de destruir todos os exemplares. Pouco restou dessa dupla intriga à posteridade, exceto dois ou três exemplares, na biblioteca do próprio escritor, no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Espécie de anti-bildungsroman, A Profissão de Jacques Pedreira tematiza a recusa de um jovem a qualquer processo de formação. Expressa alegoricamente os sentimentos morais que enformavam a “era” e o horizonte posto à jovem república, em conformidade com tais sentimentos. “A Profissão de Jacques Pedreira de João do Rio – anti-romance de formação da República no Brasil” objetiva explorar tal romance focalizando sua fortuna crítica, seu enredo, e o gênero a partir

do qual ganha forma em relação às duas leituras do tempo imbricadas na sua composição. Nome: Viviane Gomes de Ceballos E-mail: viviane_ceballos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: Memórias que edificaram a “Capital da Esperança” – uma leitura possível sobre Brasília Anos 50. Envolta numa atmosfera de otimismo e proposição Brasília ganha vida no Planalto Central brasileiro. Sua existência está atrelada à vida de milhares de pessoas que mobilizadas pela possibilidade de “fazerem a vida” no Planalto Central, se dispuseram a viver uma nova experiência, caracterizada por muitos como uma grande aventura: edificar a nova capital do Brasil. As falas dos candangos trazem o sentimento de terem ajudado Juscelino a construir a cidade: “(...) nós somos praticamente os criadores de Brasília, juntamente com Juscelino, que ele não poderia fazer Brasília sozinho”, afirmava o senhor Gabriel Nogueira, morador da Vila Planalto. Falas também marcadas por um misto de esperança e decepção; fascínio e abandono. Este trabalho discute o investimento na elaboração de uma memória institucionalizada da cidade que vai, a meu ver, informar as falas e o viver de seus moradores. Com os depoimentos de alguns desses personagens, busco entender quais os significados atribuídos por eles aos símbolos de modernidade erguidos na cidade, bem como perceber até que ponto em seus depoimentos esses personagens acabam por incorporar o sentido de projeto atribuído à cidade como sendo parte de sua própria trajetória.

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60. PrĂĄticas educativas e novas linguagens no ensino de HistĂłria Maria Thereza Didier de Moraes – UFPE (mariamoraes5@uol.com.br) Carlos Augusto Lima Ferreira - UCSal e UNEB (calfferreira@gmail.com) O SimpĂłsio TemĂĄtico tem como objetivo a discussĂŁo das prĂĄticas educativas e das novas linguagens, propondo experiĂŞncias de pensamento que façam do ato didĂĄtico um processo de produção de sentido, com um discurso que dĂŞ lugar Ă participação ativa do sujeito, nas atividades de ensino desenYROYLGDV HP VDOD GH DXOD GRV UHODWRV GH H[SHULrQFLDV H GD GLYXOJDomR GRV WUDEDOKRV GH JUDGXDomR SyV JUDGXDomR H[WHQVmR H GH LQYHVWLJDo}HV FLHQWtĂ€FDV O ST pretende repensar a formação do professor e as prĂĄticas educativas relacionadas ao ensino de KLVWyULD &RQVLGHUDPRV LPSRUWDQWH R GLiORJR HQWUH FDPSRV GH FRQKHFLPHQWR GD KLVWRULRJUDĂ€D H GD HGXFDomR SDUD GHPDUFDU DV HVSHFLĂ€FLGDGHV FXOWXUDLV H VRFLDLV GHVVHV FDPSRV GH HVWXGR 1R PRYLPHQWR GH FUtWLFD H GHEDWH VREUH DV FRQFHSo}HV GD KLVWyULD HYHQHPHQWLHOOH GD KLVWyULD SUREOHPD GD KLVWyULD SURJUHVVR SURFHVVR GD YLUDGD OLQJ tVWLFD FRPR VH FRQĂ€JXUDP QRYRV UXPRV SDUD VH SHQVDU D +LVWyULD H VHX HQVLQR" 5HIXWDQGR D FRQFHSomR GH TXH R SURIHVVRU p DSHQDV XP WUDQVPLVVRU GR FRQKHFLPHQWR muitas pesquisas em educação ampliam a compreensĂŁo desse ofĂ­cio e cria novos paradigmas de pesquisa e pensamento sobre os saberes docentes. HĂĄ que se buscar, nesse sentido, a formação integrada do pesquisador e professor, atĂŠ porque o professor nĂŁo pode ser considerado um mero reprodutor GR FRQKHFLPHQWR PDV DOJXpP TXH R SURGX]

Resumos das comunicaçþes

uso de novas linguagens na construção do conhecimento histórico.

Nome: Alexandro Donato Carvalho E-mail: lualexnatal@superig.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte TĂ­tulo: Infância, formação de professores e ensino de HistĂłria Discute questĂľes relacionadas Ă infância, formação de professores e ensino de histĂłria. Ao longo do sĂŠculo XX vĂĄrias pesquisas, envolvendo vĂĄrios campos do conhecimento, se preocuparam em conhecer a criança. E como nĂłs, profissionais da educação temos tratado o tema? Pois, se a infância ĂŠ uma construção histĂłrica, nĂłs nĂŁo estamos livres de construirmos nossas concepçþes sobre elas. A experiĂŞncia na formação de professores para a educação infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, tem mostrado o quanto nĂŁo conhecemos quase nada sobre o tema. Temos uma imensa dificuldade de perceber como sĂŁo elas de fato. Como entĂŁo desenvolver o nosso ofĂ­cio reconhecendo o papel social da criança? JĂĄ faz algum tempo que vĂĄrias mudanças atingiram o cotidiano de professores e alunos. Os mĂŠtodos de ensino tĂŞm se associado Ă s novas tecnologias: o uso da televisĂŁo, do vĂ­deo, do computador, da Internet, ou seja, o que chama hoje de “cultura das mĂ­diasâ€?. A partir de proposiçþes apresentadas por autores ligados ao tema, refletimos sobre uma proposta pedagĂłgica para o ensino de HistĂłria do 2Âş ao 5Âş ano do ensino fundamental, levando em consideração as transformaçþes do mundo contemporâneo. Conclui com uma reflexĂŁo sobre como ensinar HistĂłria nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Nome: Carlos Augusto Lima Ferreira E-mail: calfferreira@gmail.com Instituição: UCSal e UNEB TĂ­tulo: Ensino de HistĂłria nas instituiçþes de ensino superior baianas: uma primeira anĂĄlise Esta investigação situa-se no espaço interdisciplinar educação-histĂłria, territĂłrio de fronteira, no qual se constituem se produzem e se reproduzem o ensino e a aprendizagem em HistĂłria como campo de pesquisa cientĂ­fica e disciplina escolar. Nesse sentido, este artigo inicial visa apresentar as primeiras coletas e analises de dados referentes aos TCC’s, Dissertaçþes e Teses de diversas Instituiçþes de Ensino Superior da Bahia, escritas no perĂ­odo de 1993-2006. Ao propormos esse estudo, queremos nĂŁo sĂł compreender essa produção como tambĂŠm avaliar seus avanços e seus impactos, contribuindo para a formação teĂłrica e epistemolĂłgica de professores e pesquisadores de histĂłria e ĂĄreas afins.

Nome: Ana Flåvia Ribeiro Santana E-mail: saaninha@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: O saber histórico e as pråticas educativas: potencialidades e limites Uberlândia (2000 a 2004) Para pensar o ensino de história hoje, necessårio se faz indagar sobre o tipo de história que Ê ensinada aos alunos. Se uma história dinâmica, ou uma história ligada aos grandes fatos, heróis, ou ainda uma história fragmentada, ora destacando somente a cultura, ora a economia ou, por vezes, a política. Enfim qual história estå sendo lecionada? Neste sentido o presente trabalho tem por objetivo analisar o papel dos professores em suas pråticas docentes bem como os processos seletivos de ingresso à Universidade Federal de Uberlândia e os primeiros períodos do curso de História com o intuito de compreender a relação estabelecida entre alunos e professores. Analisamos tambÊm a relação dos alunos do Ensino MÊdio com a disciplina história e sua relação com os processos seletivos da UFU. Segundo a pesquisa que foi realizada, verificamos que ainda hoje o ensino de história estå muitas vezes ligado à história factual. Nome: Antonieta Miguel E-mail: tuca10@hotmail.com Instituição: UNEB Título: O progresso acadêmico do aluno de 5ª sÊrie e o ensino de História A chegada ao 6º ano (5ª sÊrie) representa um momento de transição em que o ambiente escolar exige maturidade e o domínio de procedimentos desconhecidos pelos alunos. O ensino de História, neste contexto, pode facilitar o amadurecimento intelectual da criança ao introduzir procedimentos de pesquisa e o

Nome: ClĂĄudia dos Santos Evaristo E-mail: claudiaevaristo@hotmail.com Instituição: Faculdade SĂŁo Luis de França TĂ­tulo: Ensino de HistĂłria e novas tecnologias: uma anĂĄlise dos sites contidos na coleção “Saber e Fazer HistĂłriaâ€? É quase impossĂ­vel pensar o mundo sem internet. Com as inovaçþes tecnolĂłgicas ocorridas na ultima dĂŠcada o uso ĂŠ cada vez maior. No âmbito educacional, a nova realidade virtual e a confecção do material didĂĄtico se aproximam. Os livros didĂĄticos de HistĂłria, com uma freqßência crescente, disponibilizam informaçþes que podem ser consultadas tanto por alunos como por professores em diversos sites, estabelecendo assim uma relação estreita entre educação histĂłrica e novas tecnologias. Partindo dessa premissa, escolhemos a coleção “Saber e Fazer HistĂłriaâ€?, que abrange do 6Âş ao 9Âş do Ensino Fundamental. SerĂŁo analisadas as informaçþes disponibilizadas nos sites arrolados pelos livros da coleção, bem como a forma que estas informaçþes estĂŁo sendo apresentadas. Nome: Claudia Mendes de Abreu Furtado E-mail: claudiamdea@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da ParaĂ­ba TĂ­tulo: O papel dos meios didĂĄticos na construção do currĂ­culo de HistĂłria da Educação de Jovens e Adultos Este trabalho deriva da necessidade de compreender a relevância dos meios didĂĄticos no processo de seleção dos conteĂşdos de HistĂłria para construção do currĂ­culo planificado para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino MĂŠdio. Entendendo o currĂ­culo como sendo o espaço em que se configuram as relaçþes estabelecidas de poder, cultura, economia e conhecimento pela sociedade, fez-se necessĂĄrio compreender como os professores se utilizam dos meios didĂĄticos, tradutores do currĂ­culo prescrito para construção de um currĂ­culo tĂŁo especĂ­fico como o da EJA. A partir de uma abordagem qualitativa, foram realizadas entrevistas com dois professores de HistĂłria do Ensino MĂŠdio da EJA da Rede PĂşblica Estadual de Pernambuco, bem como a anĂĄlise da literatura e documentos que puderam esclarecer a influĂŞncia que

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60 os meios didáticos exercem na seleção dos conteúdos que compõem o currículo de História do Ensino Médio planificado pelos professores da Educação de Jovens e Adultos. Nome: Geraldo Magela Oliveira Silva E-mail: magelaoliveira@yahoo.com.br Instituição: Prefeitura Municipal de Fortaleza Nome: Claudia Sales de Alcantara E-mail: claudia.comunicacao@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: “Ler ou não ler, eis a questão”: o uso das histórias em quadrinhos na educação brasileira Atualmente as histórias em quadrinhos são mais aceitas como produção artística e cultural por parcelas cada vez maiores da sociedade, inclusive a brasileira. Um exemplo disso é a história em quadrinhos MAUS, ganhadora do prêmio Pulitzer, um dos mais conceituados do meio jornalístico e literário e que nunca antes tinha premiado um comics. Esse trabalho as trata como uma ferramenta educacional muito eficaz, possuindo a capacidade, através do seu currículo cultural, de divertir, transmitir uma forma de ser, sentir, viver e se comportar no mundo, podendo ser utilizadas de maneira interdisciplinar nos diversos conteúdos escolares, inclusive no ensino de história. Como referencial teórico será utilizada a idéia de cultura defendida pelos Estudos Culturais britânicos, da Universidade de Birmingham, que se preocuparam com produtos da cultura popular e dos mass media que expressam os sentidos que vêm adquirindo a cultura contemporânea. Nosso desejo é que cada vez mais as histórias em quadrinhos conquistem espaço na literatura escolar, mas, sabemos que para isso existe um longo caminho a ser percorrido. Nome: Elimária Costa Marques E-mail: elimariaprof@hotmail.com Instituição: UESPI Título: A linguagem como instrumento de comunicação e compreensão no ensino de História Considerando o ensino de História como um meio de orientação para os educandos ampliarem suas opiniões e participações como cidadãos, é relevante ao educador no de processo de ensino-aprendizagem possibilitar a compreensão e análise dos acontecimentos, facilitando aos educandos a tomada de posição diante da realidade social. As atuais metodologias de ensino exigem permanente atualização e incorporação de diferentes “fontes de informação” na sala de aula. Nessa perspectiva, descrevemos uma experiência realizada com os alunos do 6º ano do Colégio Sagrado Coração de Jesus – CSCJ, em Teresina - PI, nos anos de 2007 e 2008 referentes à relevância dos conceitos e significados das palavras no processo de aprendizagem do contexto histórico. As palavras utilizadas para veicular os conteúdos históricos são as mesmas da fala cotidiana, mas seus significados, a partir do contexto historiográfico, nem sempre são os mesmos daquela. Foi possível perceber no decorrer da experiência como a compreensão de alguns termos conceituais contribuiu no processo de aprendizagem e compreensão do conhecimento histórico dos alunos. Nome: Eric de Sales E-mail: malkerik@yahoo.com.br Instituição: Universidade de Brasília - UnB Título: O documentário na sala de aula: uma verdade absoluta para o aluno? Não há consenso se o uso de documentários em sala de aula é uma forma de mostrar a “verdade” para os alunos. A polêmica vem das classificações e subclassificações dos diversos gêneros de filmes, que hierarquizou as produções cinematográficas e, conseqüentemente, seu uso em sala de aula. Esta comunicação busca apresentar algumas possibilidades de como desenvolver o uso de filmes do gênero documentário junto ao aluno na sala de aula. A proposta é analisar estas películas através de um olhar crítico, compreendendo que há subjetividades nas abordagens – como a visão do diretor, a perspectiva do roteirista, a escolha das falas e das imagens. Através deste ponto e análise fornecer aos alunos subsídios para entender a produção cinematográfica cumprindo, assim, um dos pontos tão almejados pela atual política educacional brasileira: tornar o aluno um cidadão crítico. Nome: Francisco das Chagas Silva Souza E-mail: franciscosouza@cefetrn.br Instituição: IF-RN Nome: Soni Lemos Barreto E-mail: sonnilemos@yahoo.com.br Instituição: UERN Título: Ensinar a ser, conhecer e conviver: os temas transversais meio ambiente e diversidade cultural nas aulas de História na educação de jovens

e adultos Diante dos múltiplos desafios do século XXI, a educação se apresenta como uma oportunidade de construir uma sociedade mais justa e cidadã. Impõe-se à educação do futuro preocupar-se com a ética, com o respeito às culturas, com a condição humana e com a preservação da vida do planeta. Nesse novo cenário, inclusão social, diversidade cultural, natureza e transdisciplinaridade tornaramse palavras de ordem, exigindo revisões curriculares e na prática docente. Esta comunicação visa debater a prática da transversalidade no ensino de História na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Consideramos que a adoção dessa postura pelo professor de História contribuirá para que os educandos da EJA, geralmente vistos de forma preconceituosa, transponham os limites impostos pela educação tradicional, superem os estereótipos e ajudem a construir os ideais de paz, de liberdade e de justiça social tão necessários aos novos tempos. Nome: Geraldo Magella de Menezes Neto E-mail: geraldoneto53@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Pará Título: A literatura de cordel no ensino de História: um estudo da Era Vargas a partir de folhetos O professor de História se depara com vários desafios na sala de aula. Um deles é colocar em prática o conhecimento adquirido na universidade, estimulando a pesquisa nas aulas e não apenas a mera transmissão de conhecimento. De fato, e também com o objetivo de atrair a atenção do aluno, muitos docentes utilizam recursos nas aulas, tais como filmes, música, jornais e revistas. Nosso propósito neste trabalho é discutir a utilização da literatura de cordel como recurso didático no ensino de História. As fontes utilizadas são folhetos de cordel da editora Guajarina, de Belém do Pará, produzidos nas décadas de 30 e 40. Neste período foram publicados vários folhetos com temas históricos, como a ascensão de Getúlio ao poder em 1930, a Revolução Constitucionalista de 1932, o golpe do Estado Novo, Lampião e o cangaço, o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial. O objetivo é possibilitar aos alunos o contato com uma fonte de linguagem popular, distinta daquela encontrada nos livros didáticos. Além disso, o cordel permite uma maior participação dos alunos nas aulas, com o método da leitura coletiva, e o estímulo à pesquisa, analisando a posição política dos poetas populares diante dos acontecimentos. Desse modo, o cordel pode representar uma nova linguagem para o ensino de História. Nome: Ivaneide Almeida da Silva E-mail: neidinha.almeida@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: A implantação da Lei 10.639/03 e seus desdobramentos no ensino de História nas escolas municipais de Porto Seguro – BA A promulgação da lei 9.394/1996 estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, para tanto, tem havido iniciativas para atualização dos conteúdos dos níveis de ensino médio e fundamental, tanto com as metodologias e técnicas de ensino, quanto aos conteúdos. Essas iniciativas tornaram-se ainda mais necessários a partir de 2003, com a promulgação da lei 10.639, que tornou obrigatório, nos níveis de ensino fundamental e médio, o estudo de história e cultura afro-brasileira. Essa lei provocou muitos processos nos diferentes níveis de ensino e demandou maiores investimentos para a adaptação à nova lei. Em Porto Seguro foi criada uma Resolução do Conselho Municipal de Educação, que estabeleceu o ensino das disciplinas História da Cultura Afro-brasileira e Diversidade Afro-descendente. Houve uma demanda criada por essas legislações, mas também existiu uma preocupação por parte dos professores para que os temas propostos pela lei fossem devidamente abordados nas salas de aula de educação básica. O presente trabalho pretende identificar as circunstâncias de aplicação dessa resolução, os debates entre os professores, o impacto dos novos assuntos na carga horária curricular e as condições estruturais e materiais, entre elas a formação e preparação dos docentes. Nome: Janderson Bax Carneiro E-mail: jandersonbax@ig.com.br Instituição: Universidade Cândido Mendes Título: As religiões afro-brasileiras e o ensino de história: as contribuições da história cultural para a prática docente O presente trabalho tem como objetivo a divulgação da dinamização da abordagem acerca das religiões afro-brasileiras entre os alunos do ensino fundamental do município de Armação dos Búzios-RJ. A partir da investigação das possibilidades didáticas do instrumental teórico da história cultural, empregamos múltiplas fontes de pesquisa, focando a diversidade cultural inerente ao espectro religioso brasileiro. Cruzamos relatos pré-concebidos dos alunos com textos como as crônicas de João do Rio e poemas de Gregório de Mattos, empreendendo um esforço reflexivo calcado nos conceitos de representações, hibridismo e circularidade, o que propiciou a leitura crítica dos manuais di-

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dáticos disponíveis. As experiências aqui discutidas foram fomentadas pelas novas demandas do ensino fundamental, e pelas especificidades do município em questão, que abriga uma comunidade remanescente de quilombolas, consideravelmente preterida e, simultaneamente, incomodada com as práticas sócio-religiosas de seus primeiros habitantes. As experiências desenvolvidas junto aos alunos partiram de oficinas realizadas entre os professores, e resultaram da busca de uma relação dialogal entre a práxis docente e o universo acadêmico, em um processo de incentivo a atuação do professor/pesquisador. Nome: Janete Flor de Maio Fonseca E-mail: flormaio@oi.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: A viagem e a História: por uma nova aprendizagem Pretendemos na apresentação deste trabalho abrir um espaço para a reflexão da viagem como um eficiente instrumento de educação e de ensino da História. Observamos que na realização das viagens coordenadas exista mais do que apenas uma transposição didática dos conteúdos históricos, e sim a problematização, por professores e alunos, de temas como a preservação do patrimônio artístico e cultural, as diversas produções materiais e simbólicas dos homens no tempo, as diferentes intervenções humanas na natureza tanto no que concerne a sua degradação quanto preservação, os usos sociais da memória, as organizações sociais e urbanísticas, entre outros. Nesse sentido o uso da viagem como instrumento de aprendizagem já é uma prática reconhecida e legitimada por muitos professores e instituições de ensino, porém, carente de reflexões. Nosso trabalho se constitui numa pesquisa desenvolvida no UNIFEMM para construir a memória sobre as viagens realizadas pelo curso de licenciatura em História de 1999 a 2008. Através da coleta e análise de depoimentos e objetos biográficos de professores, alunos e ex-alunos nos foi possibilitado perceber como os conteúdos eram trabalhados durante as viagens e como esta se tornava um laboratório importante para a aprendizagem dos futuros educadores. Nome: João Carlos Ribeiro de Andrade E-mail: andrade1968@gmail.com Instituição: Escola Municipal Maria Helena da Cunha Paz Título: Ensinar e aprender História por meio de Tecnologias da Informação e comunicação aplicadas à educação: reflexões sobre uma experiência Na sociedade contemporânea os professores de História podem utilizar várias linguagens tecnológicas para construir novos significados e sentidos para o ensino desta disciplina. Nesta comunicação pretendo relatar uma experiência que está sendo desenvolvida por mim com alunos/as do terceiro ciclo de uma escola municipal de BH/MG envolvendo a experimentação intencional de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação –TICE – no movimento de ensinar e aprender História. Esse trabalho leva em conta as considerações de Coscarelli (2007) que nos alerta que o uso em si das tecnologias não resolverá todos os déficits do ensino e aprendizagem. Inspirados também em Monteiro (2007) inferimos que, após uma compreensão e reflexão sobre a realidade dos educandos e o conteúdo histórico com o qual se vai trabalhar, o professor de História deve buscar a melhor TICE para mediar os processos do ensinar e aprender o conteúdo de História. Pretendo, ainda, ao final do referido relato, refletir sobre as contribuições das TICE utilizadas para o ensino e aprendizagem em História, contribuindo, dessa forma, com esse campo do saber. Nome: João de Araújo Pereira Neto E-mail: joaoapneto@uol.com.br Instituição: UERN Título: Apropriações da Teoria da Evolução nos livros didáticos de História Esta pesquisa procurou indagar como na atualidade a teoria da evolução é apresentada nos livros didáticos de História do segundo seguimento do ensino fundamental. Possuiu como objetivos a percepção de como a teoria darwinista está sendo apropriada e quais suas inserções na produção didática, bem como identificar as atualizações e permanências desta nos manuais escolares. A metodologia aplicada foi o da pesquisa qualitativa com análise documental, sendo seu corpus composto por quatro coleções de História referentes a nível supracitado. Os resultados preliminares apresentam o uso de imagens canônicas, porém estas já são problematizadas, tendo identificadas a perspectiva da representação da evolução humana enquanto um arbusto. Desta forma, detectamos apropriações recentes da temática, apresentando-a enquanto um fenômeno cientificamente comprovado, e não como um dogma científico ou ato de fé. Nome: Jocyleia Santana dos Santos E-mail: jocyleiasantana@gmail.com

Instituição: Universidade Federal do Tocantins Título: Ética no ensino de História com linguagens contemporâneas Este trabalho propõe uma reflexão sobre a Ética no ensino de História atentando para a possibilidade de se investir em novas propostas e troca de experiências pedagógicas nas disciplinas práticas do ensino e estágio nas licenciaturas do ensino de História. Para ocorrer uma aprendizagem significativa se faz necessário “tocar” nas sensibilidades éticas do educando e do educador. Preocupado em aproveitar tais sensibilidades éticas, o professor de História precisa deixa o comodismo e incorporar outras formas de se ensinar a disciplina História. Tais como o cinema, a música, a visita a museus, ao patrimônio natural e cultural, a literatura, jogos, etc. Esta mudança ocorrerá também na medida em que a dinâmica da sociedade virtual e contemporânea for incluída nos currículos escolares e integradas ao cotidiano do educando. A ampliação das fronteiras do conhecimento histórico trará em seu bojo mudanças ligadas há avanços teóricos e conceituais, mudanças nas abordagens, na incorporação de novos objetos e sujeitos históricos. A análise do processo ensino-apredizagem deve levar em conta a ética e as mudanças ocorridas nos métodos da pesquisa histórica e na diversificação das fontes e das abordagens que se refletirão na escrita e no modo como se ensina a disciplina História. Nome: José Luciano de Queiroz Aires E-mail: joseluciano5@hotmail.com Instituição: UEPB- PROFESSOR Título: Pintando o herói da República: a construção do imaginário mitificado de Tiradentes e o ensino de História O objetivo da presente comunicação consiste em interpretar as pinturas históricas sobre Tiradentes, no contexto da Primeira República. A problematização que norteará esse texto envereda pelos caminhos da produção cultural, mas também da recepção, procurando compreender qual(is) pintura(s) foi(ram) recepcionadas de forma positiva ou negativa, em consonância com a ideologia dos republicanos de 1889. Do ponto de vista teórico-metodológico, a fundamentação desse trabalho tem na nova história política seu aporte, procurando as interfaces entre o poder, a simbologia e os usos das artes. Autores como Maurice Aguilhon, Hobsbawm, José Murilo de Carvalho, Thaís Nívia Fonseca, Maraliz de Castro Crhisto e Balandier, são fundamentais para as interlocuções dessa narrativa. Por fim, é a produção de artigos que possam contribuir com a renovação do ensino de História e a formação continuada do profissional, que justifica a escrita da presente comunicação. Nome: Keliene Christina da Silva E-mail: kelienechristina@yahoo.com.br Instituição: Prefeitura Municipal de João Pessoa – Escola Municipal Leôni Título: História e histórias em quadrinhos: um diálogo possível As representações por meio de imagens ocupam um espaço significativo na história da humanidade muito antes da escrita, essa forma que o homem desenvolveu para representar seu tempo e seu ambiente diversificou-se, abriu vários caminhos, e um deles é o das histórias em quadrinhos. Nascidas no século XVIII, período do advento da comunicação de massa, essa linguagem visual evoluiu e, como toda representação artística, sofreu influência do contexto em que foi produzida, bem como carrega consigo os interesses do indivíduo ou do grupo que a forjou. O presente estudo é fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em História da UFPB, tendo como base os recentes debates em torno da Cultura Histórica pretende-se observar, em uma visão ampla, as mudanças ocorridas nas histórias em quadrinhos ao longo dos anos e as influências que as mesmas adquiriram do contexto histórico em que foram produzidas, bem como analisar as possibilidades de utilização dessa linguagem pelos professores em sala de aula, devido à proximidade que essa forma de comunicação tem junto aos alunos, o que facilita a participação dos mesmos como sujeitos no processo educativo. Nome: Lázaro José de Medeiros Cunha E-mail: lazarojmc@yahoo.com.br Instituição: UnP Título: O ensino de história através da música nos livros didáticos A pesquisa tem como objetivo refletir sobre as maneiras como a música popular brasileira do século XX vem sendo trabalhada nos livros didáticos de história, do ensino fundamental II, aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) 2008. Serão analisadas em específico, as quatro coleções que tiveram rendimento considerado “ótimo”, pela comissão de avaliação, no critério documentos e fontes; que são: História em projetos, Projeto Araribá, Saber e fazer História e Historiar: fazendo, contando e narrando a História. Seja como instrumento metodológico, recurso didático, documento ou simples ilustração, as canções vêm aparecendo com freqüência nesses livros,

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60 seguindo as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de utilização de novas linguagens no ensino de história. Desse modo, a pesquisa pretende investigar e analisar as propostas de atividades apresentadas nos livros, em busca de observar como a música pode contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. A problemática será direcionada no sentido de responder as seguintes indagações: que canções e/ou músicos aparecem com mais freqüência nos livros didáticos? Em qual período histórico ou recorte temporal as canções são mais exploradas? De que maneira elas aparecem e com qual intuito são trabalhadas? Nome: Lucia Falcão Barbosa E-mail: urugute@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: O ensino da História e suas múltiplas linguagens Um exercício provocativo a qualquer indivíduo que se queira historiador é fazer uma genealogia acerca do seu sentido herdado de história, pois que nos leva obrigatoriamente a desfolhar as camadas de uma compreensão, forjada no tempo e no espaço, que vai desde um formal conceito da história enquanto ciência, à vivência da história urdida entre a memória individual e social, o privado e o público, entre tantas vivências do tempo, e vários saberes, dentre os quais, o acadêmico — ainda que se toquem e se entrelacem. Da mesma forma que o literato, o historiador deve ter consciência de que a narrativa, assim como a música, dentre outras linguagens, é capaz de dilatar ou contrair o tempo, pode propor continuidades ou ressaltar interrupções, ela pode tomar a forma de uma fuga ou de um adágio. Sendo assim, não apenas os fatos/ fragmentos/vestígios históricos são o instrumento de trabalho do historiador. A narrativa também o é. E nela está implícito o nosso condicionamento cultural de apreensão do tempo, do espaço, da causalidade, da finalidade etc. Este trabalho pretende pôr em discussão as práticas da escrita e da narração de histórias no ensino de História e suas múltiplas linguagens. Nome: Marcos Ferreira Gonçalves E-mail: mfgoncalves@uneb.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia - UNEB Título: História e cinema: saberes necessários e uma experiência Gostaria que existisse uma História dos Olhares disse Roland Barthes, porém já se sabe que o homem da modernidade tardia é um ser imagético, a linguagem visual domina hoje diversas áreas do conhecimento. Os livros de história trazem sempre ilustrações que possam levar o leitor a pensar o tema abordado partindo da interpretação das imagens, também muitos professores têm usado o cinema como um recurso nas aulas de história, mas pouco se tem socializado sobre os resultados destas experiências com alunos do ensino médio. O trabalho em pauta mostra uma experiência desenvolvida ao longo de três anos com alunos e alunas de uma mesma turma do ensino médio da Escola Polivalente de Aratú, região metropolitana de Salvador - BA, onde foram usados filmes nacionais e estrangeiros para trabalhar conteúdos diversos da História e criar o que os teóricos da imagem têm chamado, com base nos argumentos de Durkheim, de cultura fílmica. Por fim, serão tecidas algumas considerações sobre saberes necessários para trabalhar com a imagem no ensino de História e do próprio professor, também serão evidenciados alguns resultados pedagógicos obtidos ao longo desses três anos da ação pedagógica. Nome: Maria Aura Marques Aidar E-mail: aura_aidar@yahoo.com.br Instituição: UNIUBE Título: O computador e a internet, novos espaços, novas práticas para o ensino de História A realidade contemporânea apresenta a necessidade de novas formas de viver o tempo e os espaços, e nos impõe a necessidade de pensar a partir da perspectiva da descontinuidade. Destaca-se a importância do papel do professor-educador, especificamente, o de História, do qual se espera visão interdisciplinar, formação global e articulação entre teoria e prática; predomínio da formação sobre a informação; capacidade para lidar com a construção do conhecimento de maneira crítica no desenvolvimento de conteúdos. A Educação a distância apresenta a peculiaridade de facilitar o encontro de professores e alunos que se encontram geograficamente longe uns dos outros, possibilitando o ensino, a aprendizagem, a troca de experiências e a democratização do ensino. As estratégias dos Fóruns de discussão e Blogs são instrumentos para ampliação dos conhecimentos adquiridos durante as leituras do material de apoio e das videoaulas permitindo a troca de idéias sobre os temas e por serem ferramentas assíncronas os alunos têm mais tempo para reflexão e problematização dos conteúdos disponibilizados, bem como a correção pelos professores de conceitos não assimilados corretamente. São

formas de avaliação dinâmicas que apresentam o desenvolvimento do estudante e suas mudanças através do tempo. Nome: Martinho Guedes dos Santos Neto E-mail: marttinho@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Formação de professores e ensino de História: significações para o exercício da docência Muito se afirma que a formação do professor ocorre ao longo da vida, que a construção do profissional docente se processa no cotidiano da profissão. Em se tratando do profissional de História essa assertiva é verdadeira, mas, devemos considerar que é na universidade que os saberes históricos são mobilizados inicialmente para serem aplicados, discutidos e postos em discussão na práxis da docência. Para isso a formação do profissional de história requer múltiplos saberes e uma dinâmica plural de compreensão da sociedade, ou seja, uma formação integrada às demandas do corpus social; o profissional de história, no espaço da escola, também produz conhecimento e promove a construção coletiva da cidadania histórica. Formar teoricamente o profissional de história, portanto, não deve ser o único ponto na sua formação, novos saberes, novas linguagens, novas temáticas e novos eixos formativos devem permear a formação do profissional de história para que as aulas de história tenham significado e problematize o homem em sociedade. A significação formativa do profissional de história é o desafio quando da proposta de uma história problematizadora da sociedade no seu aspecto participativo, integrador, crítico e cidadão. Nome: Mary Jones Ferreira de Moura E-mail: historiaviva@gmail.com Instituição: Universidade Virtual do Maranhão Título: O ensino de História e as novas tecnologias: da reflexão à ação pedagógica O presente trabalho é o resultado de uma investigação sobre o Ensino de História e as novas tecnologias, partindo de reflexões quanto à ação pedagógica. Visa fomentar debates sobre o ensino de História e a sua relação com as novas tecnologias, com enfoques nas abordagens do campo historiográfico, na trajetória do ensino de História no Brasil e das novas tecnologias na educação. Destaca também a contribuição metodológica das Novas Tecnologias para o ensino de História, com análise na formação acadêmica do professor e na sua prática pedagógica. Para a construção deste trabalho, a pesquisa conta também com a análise de dados e a interpretação dos resultados sobre a relação das novas tecnologias e o ensino de História, feita através da aplicação de questionários aos estudantes do V, VI e VII período do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão – Campus de Imperatriz; aos professores de História do ensino básico da rede pública estadual e aos estudantes do ensino básico de escolas públicas estaduais da cidade e de alguns relatos de experiências nas aulas de História com as novas tecnologias. Nome: Regina Maria Rodrigues Behar E-mail: rmrbehar@uol.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: Ética, estética e representação: a realidade social no cinema brasileiro Esta comunicação tem como pressuposto o importante papel do cinema na representação das sociedades contemporâneas, numa dimensão que se revela em discussões de grande impacto cultural a propósito do presente ou do passado histórico. Ao levar às telas questões relacionadas diretamente com nossas matrizes identitárias ou nossos problemas políticos e sociais, o filme, mais do que qualquer outra representação artística, tem colocado em pauta pública, os dilemas de nosso “tempo presente”, por outro lado, não podemos deixar de pensar o cinema fora da lógica do mercado, e os filmes como produtos de uma indústria cultural cujos interesses passam ao largo de um questionamento sobre a “ética” mobilizada nas representações. Assim, voltando-nos para o debate da cena cultural contemporânea, utilizaremos dois filmes de nossa cinematografia que têm a favela como lócus de suas tramas: Rio, 40graus (1955) e Tropa de elite (2007), voltados para a análise das perspectivas ideológicas e políticas, com as quais os filmes dialogam, cada qual em sua temporalidade. A discussão em torno da(s) leitura(s) da realidade social que legitimam é do interesse dos historiadores/professores de história tendo em vista a importância das representações fílmicas na constituição/disseminação da cultura histórica. Nome: Ronaldo Cardoso Alves E-mail: ronaldoc_br@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo FEUSP Título: Consciência histórica e identidade

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O conceito de consciência histórica tem fornecido referenciais importantíssimos para o estudo da formação do pensamento histórico nos indivíduos e, por isso, é referência em grande parte dos estudos da Didática da História no Brasil. No entanto, apresenta limitações à medida que dialoga prioritariamente (e não poderia ser diferente) com interlocutores do contexto histórico europeu, lugar de gênese dessa teoria. Nessa perspectiva, seu objetivo primeiro é responder à demanda inerente à construção de uma identidade européia que, concomitantemente, respeite a diversidade identitária de cada país e ainda discuta a pluralidade étnico-cultural derivada do amplo movimento migratório advindo de suas antigas colônias. Ao ser aplicada num contexto não europeu, como o latino-americano, mais especificamente o brasileiro, a construção da consciência histórica necessita de maior parametrização à medida que precisa dialogar com outras vertentes, tais como a aviltante desigualdade social, a fragilidade das instituições democráticas e a pluralidade existente no que se refere à formação de identidade(s), entre outras.

o ensino de História como fator importante que gera o desenvolvimento da noção de tempo. Nome: Washington Tourinho Júnior E-mail: macwtourinho@oi.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Da teoria ao livro: pressupostos para uma análise do livro didático da História Da teoria ao livro estuda o transcurso da teoria desde a sua formulação até a sua difusão nos meios escolares; tomando o livro didático como um instrumento responsável pela inculcação de valores vigentes e um instrumento através do qual a ação pedagógica se concretiza, realiza uma extensa análise do livro didático de História, partindo de três eixos: o processo de apropriação das concepções teóricas de cada teoria; o contexto de elaboração e difusão do livro didático de História e a reprodução destes pressupostos, feita por cada autor.

Nome: Rosangela Souza da Silva E-mail: nozipo13@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Espaço escolar, identidades e ensino de História O presente trabalho discute questões que envolvem o espaço escolar, identidades e ensino de História. Trata de uma abordagem sobre experiência/vivência com estudantes do EJA, realizada em uma escola estadual da cidade de Feira de Santana/BA. A partir do ensino de História, foram realizadas reflexões, oficinas e exposições para contribuir no desvelamento dos aspectos que dificultam e/ ou impedem a identificação com referenciais (estéticos, políticos, religiosos), valores civilizatórios e saberes da comunidade negra. Diante disso, este texto fará uma análise dessas intervenções e uma discussão sobre como nos espaços escolares elementos estéticos (tranças, colares, roupas etc.), que fazem parte de um repertório político e cultural de uma identidade negra, ainda são vistos de forma preconceituosa e depreciativa pelos/as estudantes, através do entrecruzamento com práticas de ensino de história. Nome: Suelídia Márcia Calaça E-mail: 2546@associados.anpuh.org Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: O processo ensino-aprendizagem de História no ensino fundamental: reflexões sobre a história ensinada A aprendizagem em História dos/as alunos/as no 5º e 6º ano do ensino fundamental é o objeto de estudo deste trabalho. Esta delimitação dá-se em virtude do entendimento que nesta série é mais perceptível os limites e as possibilidades de contribuição do ensino de História para a formação de uma consciência crítica e da construção da identidade social do/a aluno/a ao longo de sua vida estudantil. Parte-se da hipótese que os limites e as possibilidades que ora o ensino de história apresenta em sala de aula tem haver com a compreensão de história que alunos/as e professores/as têm da disciplina enquanto conhecimento escolar e também como esses sujeitos percebem a importância desta disciplina no currículo da escola. Enfoca-se a aprendizagem e parte-se dos seguintes objetivos: caracterizar a aprendizagem de História e avaliar a compreensão de professores/as e alunos/as de 5º e 6º ano sobre os conceitos básicos da disciplina histórica, mas também de conceitos definidos em outras áreas do conhecimento como a Sociologia e a Antropologia, a fim de caracterizar o ensino de História no ensino fundamental. Nome: Thelma Pontes Borges E-mail: thelb@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Tocantins Título: Desenvolvimento da noção de tempo e o ensino de História O trabalho discute como o desenvolvimento da noção cognitiva de tempo se faz necessária para os aprendizados, especificamente para o aprendizado de História. A epistemologia genética nos oferece elementos que possibilitam verificar como ocorre o processo de desenvolvimento da inteligência, e nos mostra como a noção de tempo está imbricada no processo do raciocínio representacional e operatório. O conhecimento sobre o real envolve o desenvolvimento de categorias como espaço, causalidade e tempo. O tempo é, portanto, fator essencial na análise do real e oferece condições cognitivas para que o sujeito organize seu pensamento num todo coerente e reversível. A construção da noção de tempo passa por três momentos, o tempo sensório-motor, o tempo intuitivo e o tempo operatório, além de apresentarem duas operações que são a ordem dos acontecimentos e a duração destes. Percebemos que o desenvolvimento da noção de tempo, essencial a evolução da inteligência no ser humano, é condição para o aprendizado dos fatos históricos. Da mesma forma, percebemos que o desenvolvimento da inteligência, por ocorrer em processos dialéticos, coloca

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61 61. Relaçþes internacionais e polĂ­tica externa: HistĂłria e Historiografia Adriano de Freixo CEFET/RJ (adrianofreixo@hotmail.com) MĂ´nica Leite Lessa - UERJ (monicaleitelessa@mac.com) 'HYLGR DR FUHVFHQWH LQWHUHVVH H LPSRUWkQFLD GR HVWXGR GDV UHODo}HV LQWHUQDFLRQDLV REVHUYD VH XP Q~PHUR FDGD YH] PDLRU GH FXUVRV FRQJUHVVRV VHPLQiULRV H HQFRQWURV TXH VH WUDGX] HP XP VLJQLĂ€FDWLYR DXPHQWR GR Q~PHUR GH SHVTXLVDV DFDGrPLFDV H GDV SXEOLFDo}HV HVSHFLDOL]DGDV 7DO IHQ{PHQR traduz o incremento das relaçþes interestatais, assim como uma certa democratização dos assuntos internacionais ou de polĂ­tica externa, antes reservados apenas aos agentes diretamente envolvidos, e, atualmente, cada vez mais, ao alcance dos estudiosos e pesquisadores acadĂŞmicos. HĂĄ, igualmente, XPD UHGHĂ€QLomR GR FDPSR GDV UHODo}HV LQWHUQDFLRQDLV QmR PDLV FLUFXQVFULWR H[FOXVLYDPHQWH jV UHlaçþes interestatais, o que ampliou o leque de possibilidades de pesquisas multiplicando seus temas. +i SRU ~OWLPR QmR DSHQDV R UHFRQKHFLPHQWR GD DXWRULGDGH GRV WUDEDOKRV DFDGrPLFRV SURGX]LGRV QDV ~OWLPDV GpFDGDV PDV DLQGD R UHFRQKHFLPHQWR GD XWLOLGDGH GRV PHVPRV SDUD DV SROtWLFDV H[WHUQDV dos paĂ­ses.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriano de Freixo E-mail: adrianofreixo@hotmail.com Instituição: CEFET-RJ TĂ­tulo: Para alĂŠm da “Fraternidade Luso-Brasileiraâ€?: as repercussĂľes da Revolução dos Cravos no Brasil A Revolução dos Cravos que pĂ´s fim Ă quase cinqĂźentenĂĄria ditadura salazarista-marcellista, em 1974 - bem como o processo de descolonização da Ă frica portuguesa que se seguiu Ă ela - teve uma ampla e livre cobertura por parte da imprensa brasileira, apesar do Brasil ainda estar, naquele momento, sob a ĂŠgide do regime ditatorial inaugurado em 1964 e desses acontecimentos terem tido sua origem em movimentos polĂ­ticos de esquerda. Neste trabalho procuraremos mostrar que tal fato se deve nĂŁo somente a uma menor pressĂŁo da censura sobre o noticiĂĄrio internacional dos principais veĂ­culos de comunicação do paĂ­s – questĂŁo esta jĂĄ abordada em vĂĄrios estudos sobre a mĂ­dia durante a ditadura e o processo de transição democrĂĄtica - mas tambĂŠm aos interesses gerais da polĂ­tica externa brasileira naquele perĂ­odo, dentro da lĂłgica do “Pragmatismo ResponsĂĄvelâ€?. Nome: AmĂŠrico Alves de Lyra JĂşnior E-mail: americodelyra@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Roraima TĂ­tulo: PolĂ­tica externa do Brasil nos Ăşltimos anos do ImpĂŠrio: uma leitura a partir de Salvador de Mendonça A polĂ­tica externa do Brasil sofreu mudanças no perĂ­odo compreendido entre as dĂŠcadas de 1870 e a de 1880. Na primeira, situa-se o tĂŠrmino da guerra no Sul, a qual permitiu a ascensĂŁo e a queda dessa polĂ­tica. Por meio dela, pretendia-se tornar o paĂ­s uma potĂŞncia perifĂŠrica regional autoformulada, contĂ­nua e racional por que guiada por objetivos prĂłprios. Antes da derrocada da Monarquia, no ano de 1889, essas mudanças de fundamento da polĂ­tica externa se manifestaram por tendĂŞncias de distensĂŁo e de universalismo atĂŠ a emergĂŞncia da RepĂşblica. No tocante ao universalismo, a ação externa brasileira baseava-se na busca de extensĂŁo e prestĂ­gio com o imperador visitando diversas regiĂľes do mundo. Nesse momento, o Brasil inicia sua aproximação com o pan-americanismo em companhia dos Estados Unidos. Por certo, a diplomacia imperial tinha reservas com a citada aproximação porque sua prioridade era a Europa. Mas a aproximação com os Estados Unidos aconteceu e propĂľem-se observĂĄ-la por meio de Salvador de Mendonça. Ele acompanhou, na qualidade de representante diplomĂĄtico, todo processo de construção da relação Brasil/Estados Unidos na Monarquia e na RepĂşblica bem como suas dificuldades de aceitação no interior das elites intelectuais e polĂ­ticas brasileiras. Nome: Ana Luiza Bravo e Paiva E-mail: analbpaiva@yahoo.com.br Instituição: Programa de PĂłs Graduação em HistĂłria Comparada UFRJ Co-autoria: Cintiene Sandes Monfredo E-mail: csandes2@yahoo.com.br Instituição: Programa de PĂłs-graduação em HistĂłria ComparadaUFRJ

TĂ­tulo: O papel das migraçþes internacionais na construção do cooperativismo Sul-americano em perspectiva comparada A migração internacional ĂŠ um processo social relacionado ao desenvolvimento econĂ´mico com ĂŞxito a partir do processo de globalização. Muitos pesquisadores tĂŞm analisado o fenĂ´meno das migraçþes atestando suas diversidades, significados e implicaçþes. Ao pensarmos as propostas de integração regional na AmĂŠrica do Sul, observando prontamente o caso do Mercosul, nĂŁo podemos distanciar as questĂľes sociais como os fluxos migratĂłrios que se intensificam diante de situaçþes diversas e dificuldades econĂ´mico-sociais e atĂŠ polĂ­ticas encontradas em seus paĂ­ses de origem. A grande questĂŁo ĂŠ que ao analisar as polĂ­ticas migratĂłrias acordadas entre paĂ­ses membros podemos verificar um grau de crescimento e fortalecimento do Mercosul e da integração regional importantes a partir da diminuição das assimetrias sĂłcio-econĂ´micas. Neste sentido recorrer historicamente Ă anĂĄlise de fluxos migratĂłrios nas regiĂľes da AmĂŠrica do Sul e Ă anĂĄlise de acordos bilaterais sĂŁo imprescindĂ­veis. Nome: Ana Regina Falkembach SimĂŁo E-mail: anasimao@terra.com.br Instituição: UFRGS TĂ­tulo: A diplomacia presidencial e o processo de inserção internacional do Brasil: um estudo da polĂ­tica externa do Governo de Fernando Henrique Cardoso Na Ăşltima dĂŠcada, a polĂ­tica externa adotada pelas Grandes, MĂŠdias e Pequenas PotĂŞncias tem mobilizado o interesse de diferentes segmentos da sociedade, que passaram a observar com atenção seus rumos e as distintas formas de inserção internacional escolhidas pelos mais diferentes paĂ­ses. Esta pesquisa analisa a polĂ­tica externa brasileira desenvolvida, sobretudo, durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998). Tal polĂ­tica foi edificada num cenĂĄrio de crescente complexidade internacional, especialmente em decorrĂŞncia das incertezas do final da guerra fria e de uma ordem internacional em transformação. Diante deste contexto, o Brasil passou a buscar caminhos capazes de colocar o paĂ­s em sincronia com o mundo globalizado, marcado pela euforia do mercado. Com o objetivo de realizar uma reflexĂŁo acerca da inserção internacional do Brasil, o presente estudo propĂľe um olhar sobre trĂŞs aspectos relevantes para a anĂĄlise da polĂ­tica externa de FHC: a estabilidade econĂ´mica e o projeto de globalização do paĂ­s, a diplomacia presidencial e, por Ăşltimo, a integração regional e o fortalecimento dos compromissos com os paĂ­ses SulAmericanos. Nome: Antonio Manoel Elibio Jr E-mail: tonyelibio@unisul.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC TĂ­tulo: A polĂ­tica externa brasileira na AmĂŠrica Latina (1939-1945) A correspondĂŞncia trocada entre autoridades diplomĂĄticas brasileiras e autoridades latinas permite perceber os contenciosos polĂ­ticos na regiĂŁo durante a II Guerra. Em carta enviada por Fontecilla ao Ministro das Relaçþes Exteriores do Chile, Marcial Mora, em agosto de 1940, o autor elabora uma digressĂŁo sobre as relaçþes diplomĂĄticas brasileiras na AmĂŠrica Latina. Para ele o Brasil mantĂŠm com a Argentina, Paraguai e Uruguai uma “constante reciprocidade e visitasâ€?. Com a BolĂ­via o Brasil tratava de questĂľes

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comerciais através da ferrovia que ligava os dois países, além de um intenso intercâmbio. Com Peru e Equador a relação se dava pela mediação no que dizia respeito às fronteiras em litígios entre os dois países. Observa-se, ainda, especial atenção a posição do Brasil quanto a II Guerra. O autor coloca que o país procurava reafirmar sua “neutralidade” e seu princípio diplomático de “autodeterminação dos povos”. Todavia, o atrito com outros países latino americanos, durante a II Guerra, colocava o Brasil em uma situação bastante delicada. Ao consultarmos a correspondência trocada entre os Ministros das RE da Argentina e do Chile com o Presidente Vargas e com o Presidente dos EUA, F. Roosevelt, observamos as bases instáveis que se assentavam as relações entre esses países. Nome: Aurora Alexandrina Vieira Almada e Santos E-mail: auroraalmada@yahoo.com.br Instituição: Universidade Nova de Lisboa Título: O Comitê de Descolonização da Organização das Nações Unidas e a legitimação da luta armada nas colônias portuguesas: 19651974 Em 1961, a Organização das Nações Unidas criou um órgão que ficou conhecido como Comitê de Descolonização. Esse Comitê tinha como principal missão ajudar os povos sujeitos à dominação colonial a alcançarem a autodeterminação e a independência. Neste sentido, um dos seus principais alvos foram as colônias portuguesas. Desde o início das suas atividades convidou insistentemente o governo português a participar nas suas sessões. Mas, como Portugal sempre recusou esses convites, o Comitê de Descolonização virou a sua atenção para os movimentos de libertação das colônias portuguesas. Nos seus trabalhos adotou diversas resoluções condenando o colonialismo português e contendo medidas de apoio aos movimentos de libertação. Uma dessas medidas foi o reconhecimento, a partir de 1965, de que o uso da força era um meio legítimo para alcançar a autodeterminação e a independência. Neste sentido, pretendemos tentar perceber o porque de o Comitê de Descolonização ter optado por sancionar o recurso às armas como forma de se obter a autodeterminação e a independência. De igual modo, procuraremos demonstrar quais as implicações dessa decisão no processo de descolonização português entre 1974 e 1976, pois somente os movimentos que estiveram envolvidos na luta armada participaram nas negociações Nome: Bernardo Kocher E-mail: bkoc@vm.uff.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A diplomacia transformacional: uma nova abordagem da política externa norte-americana para o terceiro mundo O que é a Diplomacia Transformacional? Esta pergunta é necessária já que a temática surgiu para o grande público recentemente, em 18 de janeiro de 2006, em discurso de uma das formuladoras da política externa norte-americana, a Secretária de Estado, Condoleezza Rice. Até o presente momento a expressão freqüenta apenas poucos órgãos de imprensa e de pesquisa na área. Trata-se, constatamos, não apenas de um slogan, mas de uma orientação inovadora da política externa norte-americana, ainda não beneficiada por nenhum tipo de produção bibliográfica específica. A relação entre os EUA e os Estados saídos da descolonização é historicamente problemática. Apontaríamos que, além da agenda do 3º. Mundo (neutralidade e desenvolvimento) consolidar-se por fora da bipolaridade, num segundo momento ocorreu o insucesso da intervenção no Iraque. A partir de então, desde 2006, uma nova abordagem, focando o 3º. Mundo, passa a compor o cardápio da política externa norte-americana: a Diplomacia Transformacional. Sem abandonar os princípios “clássicos”, procura-se agora uma atuação para além dos cânones realistas, que envolveriam apenas os governos dos Estados envolvidos, alcançando os cidadãos daqueles países. Nome: Camila Soares Lippi E-mail: camilalippi@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Gênero e a participação da sociedade civil na Conferência de Roma: independência ou extensão dos Estados? Em 1998, a Conferência Diplomática de Plenipotenciários de Roma aprovou o Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional (TPI), que atribui responsabilidade penal individual a algumas das maiores violações de direitos humanos. No artigo 7º, § 3º, o tratado adota uma definição de gênero. Se a definição de gênero adotada no Estatuto de Roma terá efeitos positivos ou não, há divergência na literatura. A visão do trabalho aqui proposto é a de que a definição presente nesse tratado é ambígua e confusa; porém, dadas a complexidade do processo de negociação e a

necessidade de se agradar a todas as partes nele envolvidas, ela se tornou necessária. A Conferência ocorreu na década de 1990, no contexto da década das Conferências, que tem como característica o incremento da participação da sociedade civil nos foros internacionais. O foco do trabalho proposto é a participação da sociedade civil na Conferência de Roma. A participação da sociedade civil em torno do debate sobre gênero se deu de forma independente, ou ela acabou por se tornar uma extensão dos interesses dos Estados? O estudo aqui proposto se baseará em fontes primárias, principalmente na ata da Conferência de Roma, e em fontes secundárias, através de revisão bibliográfica. Nome: Claudinei Ivair de Arruda E-mail: claudineyarruda@hotmail.com Instituição: Escola Estadual Marechal Mascarenhas de Moraes Título: O protagonismo da sociedade civil em questões internacionais no final do século XX Este estudo pretende analisar o crescimento do número de ONGs, fenômeno mundial que marcou as últimas décadas do século XX. Fazendo uma relação entre a ascensão da sociedade civil com as grandes mudanças ocorridas no mundo neste período, levando em conta a globalização da economia como também a universalização dos valores. Levantando a questão do papel exercido pelas ONGs no campo político, através mobilizações por direitos humanos no período da ditadura e até direitos ambientais num período de maior democracia, temas anteriormente pouco discutidos anteriormente no cenário político. Nome: Eduardo Mei E-mail: x-mei@uol.com.br Instituição: FHDSS (Unesp-Franca) Título: Teoria da História e relações internacionais: limites da objetividade histórica e objetividade prática em Raymond Aron A obra de Raymond Aron (1905-1983) é referência no estudo das relações internacionais, tanto pela importância da sua teoria como pelas suas análises históricas do pós-guerra. Aron assenta os fundamentos de sua obra na sua tese de doutorado de inspiração neokantiana (Introduction à la philosophie de l’histoire: Essai sur les limites de l’objectivité historique). Admitindo contra o positivismo, então predominante na universidade francesa, que o conhecimento histórico depara-se com limites infranqueáveis, o problema crucial que Aron se propõe a resolver é o da superação de tais limites, isto é, como evitar que a demarcação de tais limites implicasse numa solução relativista ou mesmo cética e niilista? A superação dos limites da objetividade (“cognitiva”) histórica impõe, necessariamente, a admissão da universalidade humana, para além de toda a diversidade histórica e social dos vários agrupamentos humanos. Assim, a tentativa de superar o relativismo encaminha Aron para uma reflexão sobre a história universal. Mas uma história universal só é possível se os limites cognitivos da objetividade histórica são transpostos pela objetividade prática, isto é, se uma moral universal, na acepção kantiana, também é possível. Nome: Esther Kuperman E-mail: estherkuperman@gmail.com Instituição: Colégio Pedro II Título: Bancos Centrais, políticas públicas e hegemonia: um debate Este trabalho propõe uma abordagem das agências do Estado, em especial os Bancos Centrais, aqui demarcados como espaço de definição da hegemonia no Brasil e na América Latina, ao longo dos últimos 50 anos. Como decorrências, nestas agências têm sido articuladas e definidas as políticas públicas, bem como as relações econômicas e políticas entre estes países. Nome: Fernanda Jasmin Guimarães E-mail: jasmin.ri@hotmail.com Instituição: UERJ Título: A importância da PEI para as relações internacionais do Brasil Política Externa Independente, lançada em 1961, no governo Jânio Quadros, e encerrada com o golpe de 1964 que destituiu o governo João Goulart, pretendeu fugir as exigências de alinhamento e atingir a autonomia frente aos dois pólos de poder da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética. Dirigia-se aos interesses nacionais, entendidos como essencialmente diferentes dos interesses das potências. Compreendendo a proximidade de interesses que ligavam os países do Terceiro Mundo, O governo Jânio Quadros procurou diversificar os contatos externos do país e ampliar as exportações. Novos mercados passaram a ser procurados na África, Ásia e nos países socialistas. As relações diplomáticas com a URSS, rompidas em 1947, foram restabelecidas. Naturalmente, a atitude de independência criou

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61 fortes expectativas negativas entre as potências ocidentais, particularmente durante a gestão João Goulart. Durante seu governo, o ambiente fortemente polarizado, tanto externa quanto internamente, ampliou o clima de suspeição sobre as propostas autonomistas. Nome: Gilberto da Silva Guizelin E-mail: gilmax38@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: Tráfico e política externa: a conjunção de interesses atlânticos, platinos e amazônicos na “abdicação” da preeminência atlântico-africana do Império do Brasil Em vista do indiscutível apego à atividade negreira por parte da sociedade brasileira Oitocentista – herdeira de uma favorável e centenária conjuntura histórico-social com as costas de além-mar – não é estranho afirmar que a política externa imperial, durante a primeira metade do século XIX, encontrava-se voltada na defesa do que podemos designar como preeminência atlântico-africana do Império. Daí a razão do retardamento da supressão definitiva do tráfico pelo Brasil; do duradouro contencioso com a Grã-Bretanha; e da colocação em segundo plano das questões americanas. Todavia, entre as décadas de 1840 e 1850, diante do agravamento das relações anglo-brasileiras e da emergência de questões tão relevantes quanto o tráfico para a construção e manutenção do Império, era chegada a hora de mudar os rumos da política externa imperial. Neste ínterim, o presente trabalho pretende resgatar as implicações conjunturais de âmbito político e ideológico da diplomacia imperial em um momento crucial de sua história: a negação de sua sensibilidade diplomática gestora – a defesa do comércio negreiro – resultando na “abdicação” de seus interesses atlânticos em prol da resolução de interesses mais próximos e urgentes no Prata e no Amazonas – a demarcação das fronteiras nacionais. Nome: Gustavo da Frota Simões E-mail: gufrotasimoes@hotmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Política externa e geopolítica no Governo Castelo Branco O golpe militar de 31 de Março de 1964 praticado com apoio da opinião pública, tinha por objetivo afastar setores “subversivos” do poder, conforme anunciou o novo Presidente, o Marechal Humberto Castelo Branco, eleito pelo Congresso Nacional em 11 de abril do mesmo ano. Essa preocupação em romper com o governo anterior foi oficializada, em termos de política externa, no discurso proferido aos formandos do Instituto Rio Branco alguns meses mais tarde. O presidente anuncia a chamada teoria dos círculos concêntricos e diz que os interesses do Brasil estarão subordinados a uma ótica geográfica. Interessa para o novo governo, portanto, priorizar suas relações hemisféricas, ajudando os países da região a manter afastado o fantasma do comunismo. A ESG advogava a importância do estudo geográfico para a atuação externa do país desde os anos 1950. De fato, uma série de ensaios e estudos sobre a matéria são reunidos no livro Geopolítica do Brasil lançado no mesmo ano. Estudar o período Castelo Branco e sua política externa é estudar também a geopolítica da época. Nome: Heitor Damasceno Duarte Teixeira E-mail: heitordt@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: José Silvestre Rebelo e Condy Raguet: olhares dos ministros plenipotenciários de Brasil e Estados Unidos Reconhecida a independência do Brasil pelos Estados Unidos da América em 1824, as duas nações enviaram seus representantes oficiais. Os ministros plenipotenciários José Silvestre Rebelo e Condy Raguet uma vez estabelecidos respectivamente em Washington e no Rio de Janeiro documentaram ricamente em seus ofícios e correspondências as dicotomias entre as sociedades, os costumes, as instituições políticas e a noção de cidadania e representação. Os traços mais marcantes da diferença entre as realidades brasileira e americana eram o embate entre iberismo e americanismo, as instituições, religião e, sobretudo, a forma de governo. República e monarquia, provavelmente um dos pontos de maior debate no reconhecimento da independência e das relações entre os dois países, tinham conceitos e modelos muito diferentes de participação política e representatividade. Por isso, este exercício de certa forma comparativo, pretende trabalhar citadas tais conceitos a partir das fontes primárias já citadas e de autores que trabalham o americanismo e/ou antiamericanismo. Nome: Isabela Gláucia de Souza Costa Baptista E-mail: isiglaucia@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro

Título: A legitimação do uso da força nas práticas discursivas sobre intervenções humanitárias no pós Guerra Fria O conflito ocupa espaço importante nas discussões sobre o Estado-nacional já que ele é o único detentor do uso da força e o ator responsável pela harmonização dos conflitos dentro do Estado. As missões de paz da ONU e de outras organizações multilaterais são, contudo, modalidades de resolução de conflitos que operam em contextos de guerras contínuas e pós-conflitos e que utilizam a força para alcançar seus objetivos. Estas missões têm princípios estabelecidos que devem ser seguidos dentro do desenvolvimento de uma missão. Um destes princípios é o do não uso da força que deve estar determinado no mandato dado pelo Conselho de Segurança, no qual as linhas gerais da missão de paz são descritas. Com o crescimento da participação de organizações multilaterais em guerras intra-estatais, os princípios têm se modificado, o uso da força, principalmente, tem aumentado em participação e penetrado em aéreas que antes não atuava. Esta mudança é refletida nos documentos das Nações Unidas que regulamentam as operações de paz, documentos normativos e políticos. Assim, desejamos entender como o uso da força vem se legitimando dentro das práticas discursivas das intervenções humanitárias no pós Guerra Fria. Nome: Jose Francisco dos Santos E-mail: chiquinhoo2@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: A relação Brasil e Angola, os agentes históricos, no processo de independência angolano, em dois momentos, em 1961-1964 e 1975 A presente comunicação pretende problematizar a participação do Brasil no processo de independência de Angola, visto que em 1961, o presidente Jânio Quadro procura alterar a política externa, em relação ao continente africano, em especial as colônias portuguesas. Além do discurso oficial do governo de ter uma política autônoma, em relação à África, nesse momento (década de 1960), há o surgimento de grupos que procuram junto ao governo brasileiro apoiar a independência da África Lusófona, em especifico nessa comunicação ver como deu esse processo com o Movimento Afro-brasileiro de Pró-libertação de Angola - MABLA, que ocorreu em São Paulo e Rio de Janeiro. Como também o reconhecimento da independência de Angola (11 de novembro de 1975) pelo Brasil (regime militar de direita), sendo o primeiro país a fazê-lo, mesmo Angola tendo o Movimento de Libertação de Angola – MPLA (esquerda) que liderou a independência e tinha apoio da URSS e Cuba, isso em plena Guerra-Fria. Nome: Juliana de Oliveira Passos E-mail: profhistju@hotmail.com Instituição: UERJ Título: “Operação Aliança”: entre a Operação Pan-Americana e a Aliança para o Progresso A Aliança para o Progresso, lançada em 1961 como parte de uma nova política externa dos Estados Unidos para a América Latina, foi apresentada como uma ruptura em relação aos padrões tradicionais da política externa estadunidense para a região, que envolviam o trinômio: dinheiro, armamento e homens. O ponto de partida dessa nova política estava em desenvolver setores estruturais deficitários dos países latino-americanos, dentre os quais se destacavam as áreas de educação, agricultura e saúde. Uns dos principais divulgadores da Aliança para o Progresso no Brasil foi o embaixador norte-americano Lincoln Gordon que, através de sua obra O Progresso pela Aliança, apresentou as bases político-filosóficas dessa empreitada, tentando comprovar que os interesses dos EUA estavam em consonância com os do Brasil. Nesta obra, Gordon argumenta que tal convergência de interesses devia-se principalmente à afinidade existente entre um dos pilares da política externa de JK (Operação Pan-Americana) e a Aliança para o Progresso, possibilitando assim o surgimento da “Operação Aliança”, termo criado pelo próprio embaixador para definir a proximidade entre as duas nações, naquele contexto dos anos de 1960. Nome: Julio Gomes da Silva Neto E-mail: gomesnt@usp.br Instituição: Universidade Federal de Alagoas Título: Lições do passado: uma interpretação sobre a História dos debates que precederam o Sistema Monetário Internacional de 1944 O fracasso do padrão libra ouro e a Grande Depressão dos anos 1930 representaram, na verdade, a constatação de que, tanto na produção quanto na circulação de capital, os postulados do sistema capitalista, amparados na livre dinâmica do auto-ajuste de valores internos diretamente vinculados a valores externos, não podiam ser sustentados sem um elemento contra cíclico que lhes garantisse a continuidade da realização acumulativa. Neste

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caso, as dificuldades de se estabelecer e restabelecer o câmbio fixo, bem como, as dificuldades ainda maiores da sua manutenção, foram absolutamente determinantes para os últimos episódios que antecederam o acordo do novo padrão monetário de 1944: a crise dos anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial. Uma vez desfeita a perplexidade geral com a catástrofe cíclica que se abatera sobre o mundo, sucedem-se ondas de manifestações reativas que, num curto espaço de tempo, irão promover uma verdadeira revisão das expectativas econômicas e políticas, através de uma nova arquitetura institucional para sustentação de seus postulados. No que tange aos interesses deste trabalho, as lições oferecidas pela solução da regulação keynesiana são, seguramente, a chave inicial para a abordagem de seu correspondente de regulação externa, descrito pelo acordo de Bretton Woods. Nome: Kamilla Raquel Rizzi E-mail: kamillarizzi@hotmail.com Instituição: UFRGS Título: O Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: direcionamentos e aproximações (1989-2006) O paper propõe uma análise da história da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a partir da visão da política externa brasileira. O recorte dado é 1989 - reunião dos Chefes de Estado e de Governo, em São Luis, Maranhão - e 2006 - final do primeiro governo Lula da Silva. Nota-se claramente que os objetivos de ordem político-econômica e até mesmo diplomática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, criada em 1996, estiveram lado a lado daqueles de ordem cultural no processo. Entende-se que a criação da CPLP está dentro de uma linha de ação da política externa brasileira, não obstante os constrangimentos internos e externos, especialmente da década de 1990. Logo, se buscará mostrar – através da análise de documentos oficiais dos respectivos Ministérios das Relações Exteriores e da Comunidade (Tratados, discursos, atos bilaterais), bem como análise bibliográfica –, como conceitos essenciais da política externa brasileira, como multilateralismo, desenvolvimento e regionalismo podem ser identificados nesse direcionamento do país à CPLP e seus membros, desde 1989. Nome: Leonardo Bruno da Silva E-mail: leo.bruno13@gmail.com Instituição: Universidade Estácio de Sá Título: Nos porões - A relação entre Portugal e o Brasil independente Esta comunicação discute o processo de reconhecimento da independência do Brasil sob a ótica dos interesses portugueses em relação a manutenção do tráfico de escravos. Observa a triagularidade das operações comerciais entre Brasil, Portugal e África, que tinham por finalidade diminuir as perdas da burguesia e da Coroa Portuguesa com a independência da sua mais rica colônia. O estudo preliminar se baseia em documentos da diplomacia portuguesa da época e nos tratados firmados para reconhecimento da independência. Nome: Luciana Lilian de Miranda E-mail: mirandahist@yahoo.com.br Instituição: Universidade Nova de Lisboa UNL Título: Proximidades e distanciamentos nas relações político-culturais entre Brasil e Portugal no final do XIX e início do XX A nossa pesquisa, realizada no doutorado, busca analisar as representações construídas reciprocamente pelas elites intelectuais e políticas portuguesas e brasileiras acerca das relações luso-brasileiras nos anos finais do século XIX até o término da I República Portuguesa, em 1926. Nos propomos a recuperar como esses segmentos sociais pensavam a herança cultural portuguesa no Brasil e o legado brasileiro na História de Portugal. Nesse processo, compunham reflexões sobre identidade (s) nacional e alteridade. Nas representações elaboradas por essas elites, podemos apreender manifestações de proximidades e também de rupturas e distanciamentos, as quais configuravam as relações entre Brasil e Portugal no período. Para recuperar as visões produzidas sobre essas relações devemos recorrer às revistas luso-brasileiras, às comemorações dos centenários históricos e às obras produzidas nesses eventos, aos discursos diplomáticos e aos instrumentos da propaganda nacionalista xenófoba brasileira. Nesse momento foram produzidos estereótipos e preconceitos que tais elites recorreram para entender a sua própria formação como nação em busca das suas raízes e influências culturais. Nome: Monique Sochaczewski Goldfeld E-mail: sbmonique@uol.com.br Instituição: CPDOC-FGV

Título: Constantinopla e Rio de Janeiro: capitais de impérios periféricos do século XIX A capital de uma entidade política, seja ela um Estado-nação, um império ou mesmo uma colônia é, a princípio, a cidade principal, onde se encontra a sede dos poderes públicos. Trata-se de centro e símbolo de poder, uma “vitrine” da entidade, tanto quanto instrumento político. O intuito nesta comunicação é refletir sobre as mudanças ocorridas em Constantinopla e no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX e buscar as conexões entre estas e o processo de adesão à sociedade internacional por parte do Império Otomano e do Brasil. O sultão Abdul Hamid II e o imperador Dom Pedro II formaram coleções de fotografias que retratavam as sedes de seu poder, abrigadas em importantes bibliotecas da Turquia e do Brasil, e estas serão nossas guias principais para as reflexões sobre as transformações ocorridas nas capitais em questão. Nome: Patricia Braga Elek E-mail: patriciabraga57@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: A Operação Pan-Americana: uma discussão entre política interna e política externa no governo Juscelino Kubitschek A Operação Pan-Americana (OPA) é uma medida de política externa tradicionalmente considerada de menor importância. Ampliando o debate acerca desta medida, este trabalho procurou analisar as variáveis internas e externas do processo de tomada de decisões presidencial, considerando a sua repercussão na opinião pública da época. Neste sentido, foram consideradas duas variáveis de análise, correspondentes cada uma a um âmbito de ação da política externa: o âmbito internacional e o âmbito doméstico. No âmbito internacional, procuramos apresentar o quadro geral do sistema bipolar da Guerra Fria, no mundo e na América Latina, e a sua influência sobre o processo de estruturação da OPA; já no âmbito interno, buscamos analisar os agentes sociais e políticos que efetivamente foram levados em conta neste processo. Por fim, a pesquisa procurou analisar a posição da opinião pública acerca do tema, entendendo-a como uma das inúmeras variáveis que compõem as políticas interna e externa dos Estados. Nome: Paulo José Soares Filho E-mail: paulinhojsf@hotmail.com Instituição: UEM Título: Política imigratória tutelada japonesa: uma política do Estado japonês O processo imigratório sempre fez parte da vida humana, desde as tribos nômades até os dias atuais o ser humano é voltado a mudanças de ambiente e local, sempre em busca de realizações, essas mudanças podem ser geradas de diversos fatores como perseguições, como no caso do nazismo, podem ser ainda dadas por motivos econômicos, entre outros, o que buscaremos nesse artigo é entender uma forma de imigração que consideramos especial, a imigração tutelada, tentaremos demonstrar como se deu parte do processo emigratório japonês focalizando suas estruturas a partir do governo nipônico, como este agente desencadeou uma política para desenvolver a questão emigratória para o Brasil. Considerando que esta ação do governo nipônico passou a ser uma política de Estado observaremos uma colônia do interior paulista chamada Colônia “Novo Oriente”, tentaremos perceber as relações políticas, culturais e econômicas que o governo japonês manteve com este organismo entre 1928 até 1942 quando há a quebra de relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão. Nome: Raquel dos Santos Oliveira E-mail: raquelsantoso@gmail.com Instituição: Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST Título: A participação do Observatório Nacional na União Astronômica Internacional: instrumentos da diplomacia (1919-1938) O ano de 1919 foi marcado pela criação de organizações internacionais que visavam contribuir para a manutenção da paz. A inserção do Brasil nestas novas organizações do período entreguerras, é analisada neste trabalho através de sua participação na União Astronômica Internacional (IAU). O governo brasileiro aderiu a IAU em 1922, sendo que o diretor do Observatório Nacional, Henrique Morize (1860-1930) foi o representante do Brasil nesta organização. A colaboração do Observatório Nacional na IAU ocorreu a partir dos trabalhos desenvolvidos por Lélio Gama no serviço de Variação de Latitude. Porém, a participação do Brasil na IAU não se esgota ao aspecto técnico-científico da cooperação científica instituída por este serviço. O posicionamento do Brasil no cenário geo-político da década de 1920, como liderança na América Latina e requerente de um assento permanente no Conselho da Liga das Nações, torna o ingresso na IAU um

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61 mecanismo de visibilidade de âmbito internacional. Portanto, neste trabalho buscamos desenvolver a hipótese de que a participação do Brasil em uma sociedade científica internacional no período entreguerras deve levar em conta a política externa do período, e particularmente o pleito do Brasil de ter um assento permanente no Conselho da Liga das Nações. Nome: Renato Petrocchi E-mail: petrocchi@puc-rio.br Instituição: Escola de Guerra Naval (EGN) / PUC-Rio Título: As fontes internas dos conflitos internacionais O predomínio quase absoluto das guerras civis sobre as guerras internacionais na história dos últimos sessenta anos foi demonstrado, mediante provas empíricas, por E. A. Henderson e J.D. Singer no estudo, Civil War in the Post-Colonial World, 1946-1992, “Journal of the Peace Research” XXXVII, 2000. De 1946 a 2001, há o registro de 163 conflitos, acrescidos de 21 casos de confrontos entre Estados e grupos não estatais que atuaram fora do próprio território, mas o fato essencial revelado por essa pesquisa foi o de que a maior parte dos conflitos armados do Pós-1945 ocorreu em âmbito “interno” e não internacional. Tal notícia não pode ser ignorada por quem discute o problema de anarquia nas relações internacionais e contrapõe ordem interna estatal à violência naturalizada nas relações interestatais. Pode-se deduzir dessas informações que há mais anarquia nos Estados do que entre os Estados. Descobre-se no contexto contemporâneo que tanto, os Estados são muito mais instáveis do que o mito do Estadoordem fez acreditar quanto, que a conflitualidade interna pode dar origem a graves confrontos e crises internacionais. Se há menos guerra entre os Estados do que dentro dos Estados pode-se propor a hipótese de que é a desordem interna, a causa principal da anarquia internacional. Nome: Rodrigo G. Pinto E-mail: rpinto@gvpt.umd.edu Instituição: Universidade de Maryland (EUA) Título: Activist Globalization?: Transnational Biodiversity and Bioenergy Campaigns, 1780s-1960s This paper process traces episodes of transnational biodiversity and bioenergy (i.e. fuel from processed or unprocessed biomass) campaigns involving Brazil-based activists (i.e. cause-oriented nonstate actors, advocacy networks or social movements) through ten chains of causal mechanisms. It leverages emerging historiography on the 1780s-1960s period to argue that socioeconomic globalization (i.e. flows of people and commerce across continents) and transnational environmental(ist) activism have long and coupled histories (e.g., Martin 1918; Cleven 1926; Bell 1939; Dozer 1948; Weaver 1961; Luz 1968; Crampton 1972; Doughty 1975; Nowell 1983, 1985, 1994; Castro Santos 1985; Smith 1990; Goldstein 1992; Pádua 1992, 2000, 2002; Dean 1995; Grove 1995; Petitjean & Domingues 2000; Franco 2002; Finlay 2004; Franco & Drummond 2004; Maio 2005; Duarte 2006; Natale Netto 2007; Diggs 2008). Counter to prevailing explanations that emphasize variation in inter-/trans-governmental internationalism (e.g., Young 1997; Tarrow 2005; van der Heijden 2006) or in global environmental degradation (e.g., Lipschutz 1992), variation in socioeconomic globalism causes a comparable amount of directly proportional change in transnational activism—measured in proxy episodes traced through the said processes. Nome: Rodrigo Perla Martins E-mail: rodrigomartins@feevale.br Instituição: PUC/RS Título: Produção regional calçadista e inserção internacional brasileira: 1969-1979 Este trabalho tem por objetivo apresentar os números da produção calçadista do Rio Grande do Sul, especificamente da região do Vale do Sinos, e cruzá-los com a exportação de manufaturados brasileira no período do regime civil-militar brasileiro (1969-1979). As discussões teóricas que o trabalho faz recaem sobre os postulados da CEPAL e como os preceitos desenvolvimentistas do período dialogavam com os mesmos. Com isso buscamos estudar como a região produtora de calçado articulou-se entre si para produzir o produto em larga escala, e relacionou-se com o projeto desenvolvimentista a partir da venda externa do produto. Nome: Sâmia Chantre Dahás E-mail: samiacd@gmail.com Instituição: USP Título: Muito além da imigração: as relações Brasil - Países Árabes no século XX

No que concerne às relações sócio-culturais do Brasil com os Países Árabes, encontra-se numerosa bibliografia. Uma abordagem específica às relações político-diplomáticas, contudo, mostra que apesar do significativo intercâmbio que se deu ao longo do século XX, pouca referência lhe tem sido feita nos trabalhos sobre as relações internacionais ou a política externa do Brasil – ou por estar próximo no tempo e, por isso, ser de interesse recente, ou por não demonstrar certa regularidade, aparentando dar-se “ao sabor dos acontecimentos”. Este trabalho pretende apresentar o andamento de nossa pesquisa e discutir as relações entre o Brasil e os Países Árabes (século XX) para além das heranças deixadas pela imigração e dos marcos comumente indicados pela historiografia. Nome: Sergio Henrique da Costa Rodrigues E-mail: sergio@lgrinformatica.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: A intervenção norte-americana na República Dominicana em 1965 e a participação brasileira na Força Interamericana de Paz da Organização dos Estados Americanos Em 1965, os Estados Unidos empregavam mais uma vez a intervenção direta em uma república da América Central, como tantas outras que ocorreram anteriormente e que causavam tantas manifestações anti-imperialistas contra os EUA. Nesse momento, a política externa brasileira viria a se tornar o que os analistas chamaram de “alinhamento estratégico com os EUA”. Por meio das documentações das embaixadas brasileiras em Santo Domingo, em Washington, do Itamaraty e da Delegação do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos, a presente comunicação trata da participação da diplomacia brasileira no conflito. Nome: Sheila Conceição Silva Lima E-mail: shistuff2005@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Golpe de Espada sobre a Cruz: linguagens da diplomacia no Portugal Joanino Esta comunicação tem como objetivo analisar o cisma entre Portugal e Roma - ou seja, o corte das relações diplomáticas entre as duas cortes-, ocorrido entre 1728 e 1738. O episódio resultou, no nível mais imediato, de recusa de Roma em conceder paridade a Portugal diante das outras cortes européias, negando a ascensão do Monsenhor Vicente Bicchi, ao título de cardeal. Tal política inseria-se em uma linguagem diplomática tradicional, para a qual Roma permanecia o centro da Cristandade. Em compensação, distanciavase bastante, apesar da visão dos estrangeirados como D. Luís da Cunha, dos verdadeiros loci de poder no setecentos, representados pelas monarquias que consolidavam - na França, na Inglaterra, na Áustria, na Prússia e até na Rússia -, operando a partir de uma razão de estado secular, ou seja, a linguagem diplomática moderna, que configurou o tabuleiro político europeu entre os Congressos de Utrecht e de Viena Nome: Suhayla Mohamed Khalil Viana E-mail: suhaylakhalil@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Política Externa Independente: fundamentos e reflexos nas relações internacionais do Brasil (1961-1964) A PEI (Política Externa Independente) foi uma política constituída durante o Governo do Presidente Jânio Quadros. Embora tivesse certo caráter de continuidade em relação às políticas nacionalistas e desenvolvimentistas implementadas em algumas das gestões anteriores, como as de Vargas e Kubitschek, a Política Externa Independente foi uma grande inovação e demonstrou seu caráter relevante ao estabelecer os princípios e diretrizes que iriam orientar a política externa brasileira a partir dos anos 1960, dentre eles a universalização e a autonomia. Diversas foram as circunstâncias que levaram à elaboração dessa política, dentre elas a criação de um novo perfil de sociedade brasileira, em que há a emergência das massas através do nacionalismo, e a existência de necessidades vinculadas ao setor externo do desenvolvimento industrial brasileiro. Seu reflexo no desenvolvimento da Política Externa brasileira se fez sentir, principalmente, na busca pela multiplicação de parceiros no sistema internacional e na atuação isenta de compromissos ideológicos. O presente trabalho se propõe ao estudo do contexto histórico que levou ao surgimento da PEI, bem como de seus fundamentos e reflexos na Política Externa brasileira dos Governos Jânio Quadros e João Goulart. Nome: Tais Ristoff E-mail: taisristoff@gmail.com Instituição: UFRJ

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Título: As transformações no capitalismo mundial e a crise do keynesianismo Este trabalho tem como objetivo discutir as transformações estruturais e conjunturais fundamentais no capitalismo mundial que desmantelaram a ordem política e econômica criada após a Segunda Guerra Mundial e suas instituições. Foi quando o modelo econômico adotado de forma geral pelos países do bloco ocidental da Guerra Fria, que permitiu décadas de sucesso, entrou em crise e passou a ser questionado. Analisaremos o fim do consenso construído em torno do keynesianismo que correspondeu à ascensão de uma nova ideologia, o neoliberalismo, que surge então como solução para os anos de crise. A vitória política e ideológica do neoliberalismo no mundo está intimamente relacionada com a estratégia de poder da potência hegemônica, os Estados Unidos, que vinham tendo sua hegemonia fortemente contestada com a instabilidade na arena internacional e da ordem por eles criado após a Segunda Guerra Mundial. Nome: Tânia Welter E-mail: twm1986@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título:A “crise de deportações” de migrantes brasileiros na Espanha em 2008 vista através da mídia de massa Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa que busca entender “As representações sobre os novos migrantes brasileiros rumo a Europa: gênero, etnicidade e preconceito”. Com esse trabalho procuramos entender em que medida as representações produzidas pela imprensa reforçam ou não o processo de criminalização das migrações contemporâneas, em especial das novas migrações de brasileiros rumo à Europa. Com esse novo contexto vemos que as imagens dos migrantes que surgem na imprensa vieram se modificando nos últimos anos, sobretudo nos EUA e Europa. Nota-se historicamente que, ao retratar o fenômeno, os meios midiáticos acabam por resignificá-lo alterando sua dinâmica. Para exemplificar, tomamos como recorte histórico o ano de 2008, no qual 2500 turistas brasileiros foram barrados em aeroportos da Espanha na chamada “Crise de Deportações”. Concluímos que a grande quantidade de matérias produzidas sobre o fato e a abordagem sensacionalista agrada, em nossa opinião, os partidos de direita em campanha ou eleitos recentemente na Europa bem como os grupos que se beneficiam da mão de obra barata migrante, pois amedrontam os possíveis novos imigrantes e os já emigrados ao fortalecer um contexto de negativização, criminalização e fragilização da condição migrante.

fundamentais do modelo de desenvolvimento econômico e participação política a ser implementado e consolidado de maneira efetiva nos governos seguintes, notadamente o do presidente JK. As estratégias para elaboração e implementação de tal projeto foram responsáveis pela redefinição do papel do Estado no tocante aos empreendimentos estratégicos da economia e aos mecanismos de captação de recursos e investimentos, com a criação de novas agências e áreas da burocracia para gerí-los de forma isolada de pressões políticas. No presente caso, a importância reside no fato de que, ao buscarmos compreender e analisar o papel primordial da atuação deste banco de novo tipo no cenário nacional, a nossa principal preocupação de estudo está centrada na consideração de que este se tornou uma das agências recém-criadas fundamentais para o debate em torno da formulação e implementação das diretrizes e estratégias a serem adotadas como condição para a realização dos empreendimentos estratégicos necessários ao projeto de desenvolvimento econômico recémelaborado.

Nome: Thiago de Jesus Esteves E-mail: thiagoesteves@hotmail.com Instituição: Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET-Uned Nova Iguaçu Título: Meio ambiente e comércio: uma breve análise da inserção da temática ambiental na Organização Mundial do Comércio Mesmo com todas as evidências da degradação ambiental, foi somente a partir da década de 1960 que esta questão passou a ser tratada de fato como um problema mundial, em parte, como decorrência da poluição atmosférica, transfronteiriça e de rios e mares. Foi neste período, que a questão ambiental passou a fazer parte da agenda de negociações do General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), antecessor da Organização Mundial do Comércio (OMC). Desde então, as questões envolvendo o meio ambiente e o comércio vêm crescendo em importância nos diferentes fóruns existentes na OMC, em especial, nos últimos anos, quando as nações passaram a buscar um modelo de “desenvolvimento sustentável” e ficou evidente a oposição entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento no que se refere ao tema. Atualmente, encontrasse em processo de negociação a Quarta Conferência de Ministros da OMC, que se iniciou em novembro de 2001 em Doha, Catar. A Rodada de Doha seria a oportunidade para que os países membros chegassem a resultados triplamente favoráveis, uma vez que os principais temas desta rodada de negociações são: o comércio, o desenvolvimento e o meio ambiente. Sabendo destas questões, busco analisar a inserção da temática ambiental na OMC, com ênfase sobre a Rodada de Doha. Nome: Vinicius Ayres Costa E-mail: vinicius_ac_uff@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: A criação do BNDE no segundo governo Vargas (1951-54): um projeto desenvolvimentista A criação do BNDE e sua inserção num projeto desenvolvimentista, elaborado ainda durante o segundo governo Vargas, nos possibilita vislumbrar o surgimento de determinados aspectos que viriam a constituir as balizas

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62 62. Cidade e cultura: História e Êtica Antônio de Pådua Santiago de Freitas – UECE (paduasantiago@terra.com.br) Maria Izilda Santos de Matos – PUC/SP (mismatos@pucsp.br) 2V HVWXGRV KLVWyULFRV VREUH DV FLGDGHV YrP DFRPSDQKDQGR DV VLJQLÀFDWLYDV PXGDQoDV FRQWHPSRUkQHDV EHP FRPR DV WHQV}HV HPHUJHQWHV QD 8UEH 5HFRQKHFHQGR DV FLGDGHV FRPR HOHPHQWRV FRQVWLWXWLYRV GD WUDPD FXOWXUDO H KLVWyULFD GH VHXV à X[RV H GLQkPLFDV RV KLVWRULDGRUHV DV REVHUYDP FRPR WHUULWyULRV TXH FRQGLFLRQDP P~OWLSODV H[SHULrQFLDV SHVVRDLV H FROHWLYDV WHFLGRV GH PHPyULDV GR SDVVDGR H GH LPSUHVV}HV UHFROKLGDV DR ORQJR GDV GLYHUVDV H[SHULrQFLDV XUEDQDV $V SUREOHPiWLFDV GD FLGDGH VmR GHOLQHDGDV FRPR TXHVW}HV VLJQLÀFDWLYDV QDV TXDLV HPHUJHP WHPiWLcas variadas, entre elas merecem destaques as que têm como mote as questþes Êticas, entre outros, objetos da presente proposta. Sob a perspectiva da História Cultural, este seminårio temåtico se propþe a implementar o diålogo enWUH SHVTXLVDGRUHV TXH SULRUL]HP HP VXDV LQYHVWLJDo}HV DVSHFWRV GLIHUHQFLDGRV GDV WHPiWLFDV &LGDGH H FXOWXUD KLVWyULD H pWLFD

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana FlĂĄvia Goes Morais E-mail: anamoraisfg@hotmail.com Instituição: UECE TĂ­tulo: â€œĂ” mĂŁe caridosa ĂŠ um pedido de uma mĂŁe para mĂŁeâ€? - Fragmentos da atuação de LuĂ­za TĂĄvora no projeto polĂ­tico de VirgĂ­lio TĂĄvora Este trabalho tem como objetivo compreender a atuação assistencialista de LuĂ­za TĂĄvora no meio polĂ­tico em prol de seu esposo, VirgĂ­lio TĂĄvora, nos governos de 1963-1966 e 1979-1982, analisando as formas utilizadas para alcançar os objetivos desejados. Para isso, investigaremos as estratĂŠgias discursivas empregadas pelos missivistas no envio de suas solicitaçþes no Primeiro Veterado (1963-1966) e pouco antes no decorrer da campanha eleitoral. AlĂŠm de analisar como LuĂ­za TĂĄvora se articulava nas campanhas eleitorais utilizando de sua “proximidadeâ€? com as classes populares em defesa dos interesses de seus coligados. Nome: Ana Helena da Silva Delfino Duarte E-mail: anaduarte@ufu.br Instituição: PUC TĂ­tulo: Iconografia Popular: cultura, arte e circularidades poĂŠticas Este trabalho tem como premissa pesquisar objetos no contexto da Arte e da Religiosidade CatĂłlica Popular, buscando interlocuçþes entre essas linguagens. Tem-se a intenção de entender e analisar trĂŞs recortes de anĂĄlises especĂ­ficos: objeto/ex-voto, objeto/atributos do santos e objeto/obras de Arte. SĂŁo os histĂłricos e historicidades dos objetos associados aos sujeitos em sua dimensĂŁo criativa que nos possibilitam construir esse ambĂ­guo mosaico da metalinguagem dos objetos, e suas qualificaçþes artĂ­sticas seja na “arte dos milagresâ€? e na arte instituĂ­da. PropĂľe-se averiguar esses objetos no contexto da Arte e da ReligiĂŁo, observando que um mesmo objeto pode adquirir diversos significados conforme a intencionalidade do sujeito criador, do apropriador e a caução dada ao espaço no qual ele for inserido. Dessa compreensĂŁo percebe-se os “nĂŁo-lugaresâ€? e os movimentos espaciais dos objetos, as mĂşltiplas re-significaçþes atribuĂ­das a um mesmo objeto e a ĂĄurea sĂ­gnica/ semiĂłtica que os envolvem. Nossa proposta de pesquisa pretende efetuar os recortes de anĂĄlises que integram Arte-Cultura-HistĂłria-ReligiĂŁo. Nome: Ă‚ngela Tereza de Oliveira CorrĂŞa E-mail: angelatoc@globo.com Instituição: Escola de Aplicação/UFPA TĂ­tulo: BelĂŠm: mĂşltiplas imagens Buscar-se analisar as representaçþes dos intelectuais que visitaram a capital do ParĂĄ e/ou que nela moraram e que fizeram publicar suas impressĂľes sobre a mesma. Para esses intelectuais, de um lado BelĂŠm apresentava-se como uma cidade moderna, culta e elegante, com ânsia de progresso e aprimoramento. Por outro lado, aspectos ligados a beleza natural, primitivos e exĂłticos sĂŁo ressaltados. Com essa imagem dĂşbia a cidade era obrigada a conviver. Nas narrativas, BelĂŠm apresentava-se como Ă cidade luz, sol, sombra, sorriso, das mangueiras e como a MetrĂłpole da AmazĂ´nia, delineando-se assim fisionomias da urbe e buscando estabelecer uma nova identidade para a cidade. Nome: AntĂ´nio de PĂĄdua Santiago de Freitas E-mail: paduasantiago@terra.com.br

Instituição: UECE Título: Cartografia da violência: justiça e subjetividade nas organizaçþes de lutas sociais da periferia de Fortaleza (1970-1980) A equipagem de uma subjetividade ditatorial no Brasil entre os anos 1964 e 1985, demarcou o território da violência para alÊm dos limites da segurança nacional e da própria ditadura. Os moradores da periferia pobre de Fortaleza viram seu quotidiano invadido por representaçþes e por pråticas efetivas de medo, de tortura e de extermínio. Quando os agenciamentos formais da ditadura militar foram postos em xeque, o sistema de modelização da violência, não só conservou seus territórios, como consumiu grande parte dos desejos de justiça e paz dos mais pobres. Um duplo efeito se transformou em tentação e dilema para a população dos bairros populares e favelas: interiorizar a violência policial e revertê-la contra a própria polícia e seus pares ou criar um devir de justiça e não-violência. A temåtica desse trabalho estå situada temporalmente entre 1975 e 1990. A anålise volta-se para as representaçþes e sensibilidades provocadas pelo medo, pela violência e pelo extermínio a partir de duas compreensþes: a primeira estå relacionada com a persistência da ditadura militar atravÊs das delegacias e dos grupos de extermínios; a segunda se reporta a produção de uma singularização pautada na justiça social e na não-violência, inspirada no referencial católico da teologia da libertação. Nome: Chyara Charlotte Bezerra Advíncula E-mail: chyaraufcg@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Como abastecer uma cidade? Um inventårio sobre a ågua na cidade da Parahyba do Norte no início do sÊculo XX Quando pensamos no saneamento båsico da capital da Paraíba, imediatamente, o associamos a figura do engenheiro Saturnino de Brito. Este, na dÊcada de 1920, projetou e executou o esgotamento sanitårio da cidade da Parahyba do Norte. Contudo, a idealização do sistema de abastecimento de ågua em rede, que completaria o saneamento båsico da capital, coube ao engenheiro Miguel Raposo (1910). Brito apenas ampliou o suprimento desse líquido. Pensando nisso, propomos fazer um inventårio sobre as formas de fornecimento de ågua à capital paraibana. Assim, iniciaremos a discussão pelas åguas das fontes e dos poços, bem como a sua vendagem de porta em porta. Por fim, falaremos do abastecimento oficial, ou seja, o suprimento em rede idealizado pelo engenheiro Miguel Raposo e sua ampliação pelo engenheiro Saturnino de Brito. Ao propormos este inventårio, procuraremos perceber as representaçþes que alguns grupos construíram sobre este elemento natural, bem como as novas sensibilidades gestadas pelo alargamento do seu consumo. Nome: Dolores Martin Rodriguez Corner E-mail: doloresmartin@terra.com.br Instituição: PUC-SP Título: Um olhar sobre os imigrantes espanhóis na cidade de São Paulo As marcas da presença dos imigrantes espanhóis na cidade de São Paulo são muito frågeis, quase inexistentes. No espaço cidade, os atores sociais interagem nas complexas modalidades da cultura possibilitando perceber seus håbitos do país de origem. Na São Paulo dos anos cinqßenta, a diversidade cultural estabelecida pelos imigrantes que chegavam aos milhares, Ê perceptível em suas manifestaçþes culturais: gastronomia, dança, música e nas demais artes.

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Nome: Eliana Ramos Ferreira E-mail: lia64@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Cidade de malvadezas ou de matar “bicudos? Belém entre a Cabanagem e a Belle époque Belém na segunda metade do século XIX era uma cidade em profunda mutação, pois a economia gumífera propiciou o ambiente para a efetivação do processo modernizador. Assim, uma “cidade do progresso” emerge com serviços de saneamento, higienização e urbanização. Há uma produção historiográfica regional significativa, porém, pouco esclarecedora sobre em que base estava sendo erguida essa cidade “civilizada”, já que Belém da primeira metade do século XIX é uma cidade insurreta. Palmilhar quais as marcas que estavam sendo apagadas e o impacto da Cabanagem no espaço urbano de Belém, bem como as tensões e de que forma foram vivenciadas por seus habitantes, notadamente as mulheres, são algumas das questões que se pretende refletir no presente trabalho. Nome: Elis Regina Barbosa Angelo E-mail: elis@familiaangelo.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: As festas do Divino Espírito Santo nas Ilhas Terceira e São Miguel nos Açores e a Festa em São Paulo - Vila Carrão: As marcas e expressões da cultura. O presente artigo focaliza as marcas e traços da cultura que atravessaram gerações nas Ilhas Açorianas Terceira e São Miguel numa tentativa de verificar as Festa do Divino Espírito Santo enquanto elo com o Brasil no que concernem as continuidades festivas da Vila Carrão em São Paulo. No caso das festas, percebe-se uma forma de identificação pela tradição, pelo singular e particular, demonstrando um sinal de pertencimento; muitas vezes visto como “diferente”, ou como “grupo”, outras como “invisível”, buscando o pertencer ao local. Parece existir um sentimento e uma tentativa de agrupar os membros das comunidades por meio do “sagrado” que inclui as missas, terços e a própria festa na qual a coroação é o ato mais importante da celebração, numa dicotomia entre sagrado e profano que perpassa os momentos distintos das festividades. Nome: Erick Assis Araújo E-mail: erickassis2003@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: “O Mau Vizinho”: padrões de civilidade em Fortaleza (193745) Este texto procura analisar o papel da Igreja Católica, a Polícia de Costumes, as pregações do DEIP (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda) mostrando as preocupações em traçarem um perfil moral dos moradores da cidade de Fortaleza no período aqui abordado. O comportamento ideal indica quem deve ser perseguido e o que deve ser condenado: práticas do jogo de bicho, o comportamento da meretriz e da mulher “moderna”, as religiões afro-ameríndias, o pobre perigoso. A apresentação do delituoso está inserida na construção de uma trama social e moral. É neste campo que florescem os estereótipos do ladrão incorrigível, a ilegitimidade das falas de pessoas inadequadas – meretrizes -, a imagem dos pobres como elementos indesejados, as ameaças e represálias às testemunhas, a proteção política às ações arbitrárias de policiais e referências aos antecedentes do delituoso. Nome: Esmeralda Rizzo E-mail: erizzo@mackenzie.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: Polícias na cidade de São Paulo e mulheres policiadas Esta pesquisa faz parte do projeto de integração entre o arquivo público do Estado de São Paulo e a Universidade Presbiteriana Mackenzie (Promack): Documentos do DEOPS Paulista: uma história da repressão, na qual sistematiza parte da documentação do acervo DEOPS, Departamento de Ordem Política e Social, reunida no Arquivo Público do Estado de São Paulo. O Objetivo deste artigo é destacar os mecanismos de repressão utilizados pelas polícias urbanas e da “inteligência” no controle das mulheres trabalhadoras italianas socialistas e comunistas na cidade de São Paulo. Nome: Etelvina Maria de Castro Trindade E-mail: etelcastro@uol.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Título: Cidade violenta: trajetória de um imigrante nas malhas do conflito urbano (Curitiba, 1959) Em 8 de dezembro de 1959, foi deflagrada, em Curitiba, a chamada “Guerra do Pente”, um conflito em que estiveram envolvidos os habitan-

tes locais em tumultuosa oposição aos comerciantes árabes, judeus e italianos, estabelecidos na cidade e genericamente denominados “turcos”. Agiu como estopim do movimento, a adoção de uma nova legislação de arrecadação tributária promovida pelo governo Moisés Lupion. No “quebra-quebra” que se instaurou contra os estabelecimentos comerciais, M.H., imigrante de origem síria, reagiu à ação dos manifestantes, com uma ação e uma fala que reafirmavam seus direitos ao trabalho e à cidadania. A comunicação que está sendo proposta pretende recuperar aquele momento da trajetória da cidade quando o surto de violência fez aflorar manifestações ligadas a questões embutidas nas malhas do preconceito e reações fundamentadas na construção de uma identidade tipicamente apoiada no critério da alteridade. Nome: Francisca Ilnar de Sousa E-mail: ilnars@yahoo.com Instituição: Universidade de Fortaleza Título: Pelos caminhos da cidade: histórias e memórias afetivas de experiências com a pesquisa acadêmica A comunicação tem por objetivo discutir distintas experiências adquiridas com a pesquisa acadêmica em que o fio condutor relaciona as temáticas da cidade, da noite e da prostituição. Compreender as múltiplas práticas cotidianas e noturnas que acontecem nas cidades em um outro contexto em que deixam de ser contempladas como objetos marginais e transgressores ganham lugares privilegiados, a partir de novos olhares e de outra concepção de ciência e de história, uma vez que contribuem para o entendimento de valores e de comportamentos arraigados e naturalizados socialmente. O fenômeno da prostituição de rua e de bordéis, principalmente, abriu as possibilidades para repensar as diferentes abordagens teóricas e metodológicas, assim como a postura do pesquisador e as questões inerentes à ética na pesquisa. Estas múltiplas experiências compartilhadas no trabalho e na vivência do campo são vitais para resguardar “nossos objetos de estudo”, da mesma maneira que reforçam a necessidade de compromissos com a construção de outras histórias, recuperando o cotidiano de grupos que, mesmo na contemporaneidade são percebidos como mal necessário. Nome: Francisco Carlos jacinto Barbosa E-mail: caljacinto@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE Título: Cidade, saúde e doença: epidemias, endemias e serviços de saúde em Fortaleza (1838-1851) A proposta de comunicação aqui apresentada pretende refletir sobre a relação entre a cidade de Fortaleza, Nordeste do Brasil, e a ocorrência das doenças, a produção discursiva sobre as mesmas, a organização e efetivação dos serviços e da estrutura de saúde e as formas diversas de apropriação destes, entre os anos de 1838, momento em que é ocupado o cargo de “médico da pobreza” -, responsável a partir de então, pelo atendimento aos indigentes, a sistematização das ações, a elaboração de relatórios e a divulgação da clínica – e 1851, quando eclode uma grave epidemia de febre amarela, fenômeno que contribui para evidenciar a precariedade estrutural da Capital e a deficiências dos recursos de saúde. Nome: Gabriela Melo Silva E-mail: gabimelohst@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: O percurso e as tramas do moderno em São Luís: Analise dos discursos da questão urbana de 1901 a 1979 São Luís, como tantas outras cidades do mundo, finalizou os últimos anos do século XIX e o século XX, pretensiosa de ser moderna, de alcançar as dimensões do dito mundo civilizado europeu, norte-americano e da vizinha Buenos Aires em termos de arte, cultura e expressões urbanas. Para tal fim, instaurou o obstinado culto ao progresso sob postulados de ideal revolucionário, criando novos cenários por meio da remodelação da capital. Claro que nem tudo foi sonho ou concretização, muita coisa ficou perdida, ou simplesmente, tornou-se conflito ou fragmentos de modernidade. Sendo assim, problematizamos os percursos que nortearam o planejamento urbano da capital maranhense, nas sete primeiras décadas do século XX, arrolados na concepção de que o espaço carecia de ser civilizado. Compreendendo a urbe como um lugar de conturbações, onde personagens (habitantes, intelectuais e governantes) receptivos ou não a mudanças, a problematizam a partir da introjeção e resignificação dos elementos estruturais (políticos, econômicos, sociais e culturais), provocando embates com a tradição ou, de maneira inversa, retendo esses confrontos. Nome: Idalina Maria Almeida de Freitas E-mail: idalicera@yahoo.com.br

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62 Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Medicina Legal, Corpo e Relações de Gênero em Fortaleza (1910-1950) Este trabalho tem como objetivo discutir as questões em torno da medicina legal em Fortaleza na primeira metade do século XX, dialogando com a capacidade de pesquisa em torno dos discursos médicos na perspectiva do corpo e das relações de gênero na história. Através da análise de processos crime, revistas médicas, anúncios de jornais, percebem-se questões ligadas às representações de corpos masculinos e femininos. O desenvolvimento da medicina no debate dentro das escolas carioca e baiana, também fomentou a produção de saberes e medicamentos que influenciaram na conduta dos corpos em Fortaleza. As relações de gênero também estiveram presentes na elaboração de papéis através de anúncios publicitários, representações imagéticas e estéticas priorizando a robustez e força masculina, legitimando o papel de provedor, enquanto a dimensão feminina restringiu-se a beleza e maternidade saudável. Todos esses aspectos trouxeram elementos de exclusão social, marginalizando a feiúra, velhice, raça, lançando olhares sobre os sujeitos numa lógica de controle e poder. Nome: Ines Manuel Minardi E-mail: iminardi@uol.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: Interfências Femininas na cidade De São Paulo: as mulheres anarquista do início do Século XX Esta pesquisa é resultado do projeto de integração entre o arquivo público do Estado de São Paulo e a Universidade Presbiteriana Mackenzie (Promack): Documentos do DEOPS Paulista: uma história da repressão, na qual sistematiza parte da documentação do acervo DEOPS, Departamento de Ordem Política e Social, reunida no Arquivo Público do Estado de São Paulo. Este fragmento tem por objetivo investigar a interferência das ações das mulheres anarquistas italianas articulando as manifestações culturais na cidade de São Paulo, por meio do teatro e centros de cultura. Nome: Jonas Rodrigues de Moraes E-mail: jonasacroa@yahoo.com.br Instituição: PUC/SP Título: A música de Luiz Gonzaga no território da “invenção das tradições” A música de Luiz Gonzaga representa o Nordeste simbolicamente, não corresponde somente à representação do campo, mas, ela emerge na sua trajetória de migrante, no “entre lugar” campo e cidade. É nesses espaços intersticiais e de deslocamento do Sertão nordestino e o Sudeste do país que o repertório musical de Gonzaga será construído. Ao examinar as composições musicais emitidas pela voz anasalada e de forte sotaque regional do sanfoneiro Gonzaga, vemos a recorrência das imagens-lembranças dos ambientes em que a musicalidade do baião, antes de ganhar popularidade nacional, era produzida. Em rústicas cabanas de chão de barro batido, com lampiões e lamparinas acessas, o baião sacudia a poeira de casas e dos vilarejos indo até o “dia raiá”. Essa “paisagem sonora” é percebida nos sons onomatopaicos da música-falada do Luiz Gonzaga “Samarica Parteira” que com uma linguagem do português arcaico produz em imagens sonoras que levam o ouvinte/receptor a uma cena típica vivenciadas pelas mulheres e homens no cotidiano nordestino das décadas de 1940 a 1950. Nome: José do E. S. Dias Junior E-mail: jespiritodj@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: A prática cultural do Boi Bumba na cidade de Belém: uma representação suburbana Uma das expressões mais emblemáticas da cultura popular brasileira é o Bumba Meu Boi, peça popular de caráter lúdico que se manifesta em várias partes do país. Em alguns Estados ele está relacionado ao ciclo natalino, de novembro ao dia de reis em janeiro; na região norte e parte do nordeste vincula-se às festas juninas. Nas cidades do Estado do Pará é denominado de Boi Bumba, prática que teve vários significados simbólicos ao longo do século XX. Tomando como objeto de análise os artigos encontrados nos vários periódicos que circulavam em Belém, na segunda metade do século XX, objetivo discutir a mudança de representação do Bumba que era organizado nas periferias de Belém da época, visto que havia um cunho político-social muito forte em sua representação. Analiso quanto há de remanescência da escravidão e da luta dos escravos para sobreviver na sociedade escravocrata brasileira em sua encenação e como esta representação foi sendo moldada pelos agentes sociais que

nela estavam inseridos de modo a servir-se dela como instrumento de resistência social e construção de identidade cultural coletiva nas periferias da cidade. Nome: Juliana da Mata Cunha E-mail: julidamatta@yahoo.com.br Instituição: IPHAN Título: O “rufado” dos tambores na cidade do santo: “mapeamento histórico” das religiões afro-amazônicas na cidade de Belém (19001939) O trabalho analisa a organização sócio-espacial das religiões de matriz africana na cidade de Belém (PA) no início do século e na atualidade, sendo o estudo fruto do projeto de pesquisa desenvolvido no âmbito do Programa de Especialização em Patrimônio (PEP/IPHAN). A pesquisa se detém à discussão da organização sócio-espacial do que seriam as possíveis casas de culto afro-religiosas nas três primeiras décadas do século XX na cidade de Belém do Pará. Trazendo importantes informações sobre repressão à “práticas mágico-religiosas”, as colunas policiais de jornais da época foram analisadas no sentido de se mapear tais manifestações e compreender como as mudanças e transformações decorrentes do desenvolvimento urbano neste período interferiram na organização e utilização dos diversos espaços da cidade pelos praticantes das religiões afro-amazônicas. Assim, será possível realizar uma análise comparativa com a distribuição dos terreiros em Belém na atualidade e perceber variações e permanências nesta relação com a cidade e com a própria sociedade. Neste sentido, é importante destacar que o estudo também deverá fornecer subsídios à definição de planos de ação da 2ª SR/IPHAN para o reconhecimento destas práticas religiosas enquanto significativas referências culturais para a sociedade. Nome: Jurema Mascarenhas Pae E-mail: juremapaes@terra.com.br Instituição: PUC SP Título: Brás com Fritas Este trabalho aborda através da história Oral e fontes musicais o processo de emersão da casa de Forró de Pedro Sertanejo, uma das primeiras casas de forró da cidade de São Paulo, seu cotidiano de trabalho e sociabilidade, suas práticas e estratégias de luta e trocas de saberes e poderes no entrelugar Campo cidade. Nome: Karla Torquato dos Anjos E-mail: karlator4@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: Os subúrbios (n)a cidade entre tramas e tensões Este trabalho se apresenta como uma contribuição ao estudo da formação das áreas suburbanas de Fortaleza, durante o processo de urbanização pelo qual passava a Cidade durante a seca que assolou a região do Ceará entre os anos de 1877 e 1879. Nossa atenção se dirigiu para tudo que demonstrasse a relatividade da concretização dos anseios, desejos e ordens empreendidas pelos administradores urbanos nesse conturbado período. Assim, avaliamos como o subúrbio esteve sempre em contato com a Cidade e ligado a ela tanto através da contínua circulação dos retirantes pelos diversos espaços da urbe, apesar da fiscalização do governo, como também pela própria ocupação que os pobres urbanos faziam dela, aproveitando-se ora dos espaços destinados aos retirantes, como os abarracamentos, ora dos espaços por eles habitados antes mesmo da seca. Nesse sentido, procuramos trabalhar com fontes que nos possibilitassem visualizar a intensa relação entre essas duas categorias que ocupavam a Cidade, assim utilizamos especialmente os relatórios de comissários dos abarracamentos, as listas de famílias domiciliadas na Capital que recebiam socorros do governo, ofícios da Câmara Municipal, notícias de jornais e algumas memórias escritas por pessoas que vivenciaram o período. Nome: Luciana Ximenes Barros E-mail: lucianaximenes@bol.com.br Instituição: UECE Título: Um Guerreiro nas trilhas do (des)encantamento, nas décadas de 1950/60 Pensar a transição do rural ao urbano sobre a perspectiva de um jovem trabalhador das camadas populares é o que pretendemos neste trabalho. São sonhos e visões de mundo compreendidos a partir da trajetória de Raimundo Guerreiro, de Pacoti a Fortaleza. A partir de uma experiência individual traçamos o que é viver o rural e o urbano durante as décadas de 1950-60. São nos percursos relatados pela oralidade que percebemos como ocorre o encantamento e desencantamento desses espaços por ele vivenciado.

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Nome: Manuela Arruda dos Santos E-mail: manuarrudasantos@hotmail.com Instituição: UFRPE Título: O Recife: entre a falta de (com)postura e a busca por uma nova ética urbana Este trabalho tem por objetivo analisar a construção do discurso da higiene como elemento norteador de mudanças de caráter estrutural, ocorridas no Recife, entre 1831 a 1845. Ao discutirmos os relatos de cronistas e viajantes sobre a realidade cotidiana, deparamo-nos com ruas estreitas e sujas, falta de água potável e hábitos considerados incivilizados pelo olhar do “outro”. Tal cenário contrastava com o ideário vindo da Europa, em voga na época, que propagava a cidade como o “locus” de modernidade, civilidade e higiene. Examinamos os investimentos discursivos do poder público e dos médicos na construção de uma nova sensibilidade em relação à sujeira e à limpeza do Recife, durante a primeira metade do século XIX. Embasados nos pressupostos da Medicina Social, esses discursos começam a se materializar por meio da adoção de medidas direcionadas ao combate do lixo e imundícies que infestavam a cidade, comprometendo a saúde da população e dificultando as transações econômicas. Foi em torno da discussão acerca das condições de salubridade da cidade que surgiram algumas questões que procuramos responder ao longo do trabalho. Nome: Maria de Nazaré Sarges E-mail: sarges@ufpa.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Temporada Tauromachica no Colyseu Paraense: migrantes galegos e práticas culturais em Belém (XIX/XX) No final do século XIX e início do XX, as cidades amazônicas vivenciaram o esplendor da economia gomífera e um intenso processo de urbanização dos seus espaços urbanos. Ao lado desse frenesi econômico, social e cultural, as cidades do norte do Brasil, em especial Belém do Pará, receberam um expressivo contingente de imigrantes ibéricos. Os “galegos” chegavam sob o forte apelo da propaganda imigrantista do governo paraense, e ao desembarcarem na cidade de Belém não demonstraram interesse em se fixar no campo visto que pouquíssimos eram lavradores. Na cidade exerceram várias atividades, desde vender peixes pelas ruas, carregar pianos, lavar as casas de pessoas ricas, ambular pelas ruas da cidade, ou até mesmo ensinar o idioma de Cervantes ou Victor Hugo às damas e cavalheiros enriquecidos com a exportação da borracha. Os imigrantes ibéricos procuraram não somente buscar a sua inserção no mundo do trabalho, mas também desenvolver estratégias de adaptação à nova terra e aos novos costumes e de solidificação de suas identidades por meio de criação de associações e de práticas culturais que traziam de suas terras, como as touradas que se tornaram concorridas nas tardes de domingo do Colyseu Paraense. Nome: Maria Izilda Santos de Matos E-mail: mismatos@pucsp.br Instituição: PUC/SP Título: Paisagens sonoras: Copacabana - a praia e noite Esta investigação busca uma contribuição para os estudos de história cultural, elegendo questões que envolvem a cidade e suas paisagens sonoras. A análise observa as experiências urbanas num tempo-espaço específico – Copacabana, nos anos 1950. Copacabana destacava-se entre os bairros do Rio de Janeiro, então Capital Federal; neste momento eram intensas as transformações, difundiam-se novas práticas de sociabilidade na praia, novas formas comportamento e de sensibilidades expressas no samba-canção, o estilo musical em voga nas noites do bairro. Assim, pretende-se recuperar e desvendar essas experiências a partir da produção musical, privilegiando as trajetórias de Dolores Duran, Antonio Maria e Sérgio Porto. Nome: Mário Ribeiro dos Santos E-mail: mariorisan@yahoo.com.br Instituição: UFRPE Título: Circuitos da Folia: História, Cotidiano e Cultura Carnavalesca nas ruas do Recife (1920-1940) Diante de um cenário marcado pelo ideário da modernidade, no qual um conjunto de medidas normatizantes estabelece um nível de sistemas de valores, que interferem no cotidiano da cidade, estruturando condutas individuais e coletivas, o presente trabalho tem por finalidade estudar os momentos de lazer coletivo, em especial o Carnaval de Rua do Recife, buscando apresentá-lo como uma manifestação do espaço vivido, dotado de uma ética própria, com domínio espacial institucionalizado e sujeitos condicionados a uma realidade inventada. Para tal, utilizaremos como fontes as posturas municipais, os discursos existentes nos processos policiais, jornais e revistas que circulavam na cidade no período em questão.

Nome: Palmira Petratti Teixeira E-mail: palmirapetratti@uol.com.br Instituição: Senai Título: A vila operária Maria Zélia: História de um memorial ideológico do trabalho na cidade de São Paulo A Vila Operária Maria Zélia foi construída em 1917 pelo industrial Jorge Street, para abrigar os trabalhadores de sua fábrica: a Companhia Nacional de Juta. O complexo vila Maria Zélia se constituiu um retrato fundamental de uma época e de uma forma de ocupação do espaço urbano. A vila Maria Zélia, seguiu o modelo de vila operária predominante no período: casas edificadas no interior de um terreno, separadas da via pública por um portão. Contava com 198 casas de seis diferentes tamanhos que variavam em 75m² a 110m². As famílias mais numerosas e que contribuíam com maior numero de operários, moravam nas casas maiores, assim como os administradores. Os solteiros habitavam um prédio destinado a eles. Todas as edificações eram de boa qualidade: assoalho, portas e janelas em pinho de riga, chuveiro elétrico, água encanada e calçamento nas ruas. O aluguel das casas era descontado dos salários, cobrava-se uma taxa pelo uso da água e a eletricidade era paga pelo morador. Tais concessões aos trabalhadores foram impares em uma época em que não havia direitos trabalhistas. Os antigos operários, moradores da vila, na década de 60 adquiriram a posse legal de suas casas. A lembrança do industrial Jorge Street permanece viva entre os moradores da vila. Nome: Paulo Marreiro dos santos Júnior E-mail: paulomarreiro@hotmail.com Instituição: PUC/SP Título: Afetando a moral pública O artigo evidencia o controle social da Manaus da Borracha, através da criminalização de populares e suas práticas. Populares, protagonistas das crônicas policiais, foram vistos como perturbadores da ordem, que burlavam e afetavam à moralidade pública. Foram personagens que, através do noticiário de “porta de cadeia”, mostraram suas faces e historicidades. Assim, pretende-se esclarecer, com mais detalhes, algumas determinações sociais cotidianas, tendo em vista a linha tênue que diferencia a legalidade e a ética, o que está escrito nos códigos e o codificado socialmente (mesmo com ausência de norma escrita) a que estavam submetidas alguns segmentos da sociedade manauara, fruto de tensões cotidianas entre pobres urbanos e autoridades e elites. Tais tensões cotidianas foram percebidas através das normatizações oficiais, do número de prisões, formalização de queixas-crimes e aberturas de inquéritos e processos, sendo a análise direcionada para uma categoria específica, presente nos livros de registros policiais: “afetando a moral pública”. Buscam-se a percepção dos motivos dessas prisões e as sensações, reações às imposições de uma sociedade que se via moderna, civilizada, disciplinada e europeizada. Nome: Raimundo Nonato Gomes dos Santos E-mail: rnonatog@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Roraima - UFRR Título: Para um mundo assolado pelos castigos divinos só a santa igreja poderá redimi-lo: a villa de Boa Vista e os beneditinos no jornal do Rio Branco 1916-1917 Tomando como fonte básica o “Jornal do Rio Branco” nos anos de 19161917 e os conceitos de práticas e representação conforme Roger Chartier (1990), o presente artigo analisa a construção da identidade dos moradores da então Vila de Boa Vista do Rio Branco, atual cidade de Boa Vista capital de Roraima, na segunda década do século XX. Acreditamos que é a partir desse jornal que a identidade dos moradores da Vila de Boa Vista, ou mais especificamente do “riobranquense”, começa a ganhar uma construção mais sistematizada nos discursos dos beneditinos. Trata-se de um período em que o mundo vivenciava a Primeira Guerra Mundial e a região do Rio Branco uma forte epidemia de febre amarela. Nesta perspectiva, o trabalho analisa as práticas discursivas dos habitantes dessa região, em especial dos padres beneditinos. Nome: Rosana Maria Pires Barbarto Schwartz E-mail: rmpbs@uol.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: Moradia Popular para São Paulo: outra cidade Esta pesquisa realiza uma radiografia da moradia na cidade de São Paulo, revela os déficits habitacionais, mostra as políticas públicas desenvolvidas pelos governos municipal e estadual, trajetórias, experiências cotidianas, conquistas e avanços obtidos, por meio da participação das mulheres lideranças dos movimentos de luta por moradia na cidade.

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62 Nome: Roseli T. Boschilia E-mail: roseli.boschilia@ufpr.br Instituição: UFPR Título: Tensões no espaço urbano: imigração portuguesa, identidade e nacionalismo A comunicação problematiza os conceitos de imigração, identidade e nacionalismo, tendo como foco um episódio ocorrido em Curitiba, em 1902, quando a Sociedade Portuguesa Beneficente 1º de Dezembro foi invadida por um grupo de pessoas não identificadas. Com forte vocação para as atividades ligadas ao comércio, os imigrantes portugueses, tradicionalmente, buscavam inserir-se nos centros urbanos. No contexto da segunda metade do século XIX, algumas cidades brasileiras se configuravam como um espaço promissor para o grupo. Nas áreas urbanas mais desenvolvidas, além de terem maiores chances de emprego, os portugueses também estavam mais próximos das redes de solidariedade. Contudo, ao abrigar igualmente outros grupos de imigrantes – que disputavam espaço e trabalho com a população local – as cidades, muitas vezes, se transformavam em palco de tensões e conflitos sociais. Nesses embates, era comum aflorarem questões ligadas à nacionalidade e identidade étnica, como ocorreu em Curitiba, por ocasião da invasão da Sociedade Portuguesa, objeto desse estudo. A análise dos discursos produzidos em torno desse episódio possibilita a reflexão de conceitos caros à história da imigração e, em especial, à trajetória desse grupo, como nacionalismo, identidades, diferenças e desigualdades. Nome: Senia Regina Bastos E-mail: bseniab@terra.com.br Instituição: Universidade Anhembi Morumbi Título: A imigração, a cidade de São Paulo e a Revista do Arquivo Municipal Nos anos 1930 a sociedade paulistana vivenciou a criação de três importantes instituições: a Escola Livre de Sociologia e Política (1933), a Universidade de São Paulo (1934) e o Departamento de Cultura e de Recreação de São Paulo (1935). Na esteira dessa intensa efervescência cultural, em 1934, foi criada a Revista do Arquivo Municipal – RAM. A Revista passou a constituir o principal veículo de divulgação das ações da equipe do Departamento de Cultura, principalmente das divisões de Documentação Histórica e Social, de Educação e Recreio, de Expansão Cultural e de Bibliotecas, além da publicação dos artigos dos intelectuais das referidas instituições de ensino. Este artigo tem por objetivo analisar a temática imigração nos artigos da RAM, especialmente os estudos desenvolvidos pela Divisão de Documentação Histórica e Social: ensaios acerca da nacionalidade e profissão dos pais dos alunos dos grupos escolares da cidade (1936). Os ensaios de Samuel H. Lowrie, preocupado com a assistência filantrópica (1936), a ascendência das crianças registradas nos parques infantis (1937), a origem da população (1938) e a participação do negro na composição social da cidade (1938); os estudos sobre a concentração de imigrantes de Araújo (1940; 1941). Nome: Sidiana da Consolação Ferreira de Macêdo E-mail: sidimacedo@yahoo.com.br Instituição: UFPA Título: Os lugares de comer e seus sujeitos: Belém, 1850-1900 Ao longo da segunda metade do século XIX, a cidade de Belém conheceu importantes transformações urbanas e demográficas, sendo neste contexto que se investiga quais os lugares de comer existentes até então, que passam a existir ou deixam de ter lugar na cidade, com as mudanças das práticas alimentares ou não daí decorrentes; bem como, como tais mudanças e permanências se entrelaçam e fazem parte da vidas dos sujeitos envoltos com a produção, venda e consumo de comidas na cidade de Belém, se observando como se dava as relações entre eles, tensionadas e/ou circulares, relações essas configuradas por marcadores sociais de gênero, origem e de classe. Assim sendo, na Belém da segunda metade do século XIX, ao lado das transformações urbanas e demográficas há mudanças de comportamentos e atitudes, inclusive em relação às práticas alimentares, havendo entre as elites e camadas médias urbanas um refinamento dessas práticas à moda européia em detrimento das formas tradicionais alimentares da população, com o surgimento de novos hábitos à mesa e novos lugares de comer, como hotéis e seus restaurantes com chefes importados, enquanto a rua se tornava cada vez mais o espaço da alimentação e lazer dos mais pobres e trabalhadores, entre eles as vendedoras de comidas, escravas ou livres. Nome: Sidinalva Maria dos Santos Wawzyniak E-mail: sidinalva@yahoo.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná

Título: Uma identificação simbólica nipônica: o “perigo amarelo”. (Brasil, 1937-1945) No transcorrer da Era Vargas (1930-1945), as estruturas do país estavam marcadas por ideologias que pretendiam a implantação de um sistema discriminatório que utilizava o controle da população, de seu cotidiano às normatizações de sua vivência social. A partir da implantação do Estado Novo, foi então decretada, em 1938, uma série de “medidas nacionalista, e xenófobas”, com o objetivo de converter as diferenças em igualdade. Tal política, implantada em relação aos estrangeiros, não levou em consideração a pluralidade, um atributo favorável à construção de uma identidade brasileira multicultural. Renunciando ao diverso, o sistema político desejou o impossível, a eliminação das características bioculturais. No transcorrer deste processo, os imigrantes japoneses passaram a sofrer discriminação ante a população nacional. O estudo que é objeto dessa comunicação teve como meta discutir as estratégias acionadas pelos imigrantes japoneses frente ao sistema discriminatório que se implantava a partir de decretos-lei que estabeleciam as regras para a eliminação das características que pudessem diferenciar a população nacional e estrangeira, exigindo abandono dos laços e dos valores herdados dos países de origem. Nome: Sueli de Araujo Montesano E-mail: suelimontesano@hotmail.com Instituição: FACCAMP Título: A invisibilidade do poder disciplinar: controle fabril e urbano Essa comunicação focará o poder disciplinar de uma empresa sobre seus trabalhadores no espaço fabril e na cidade, pelas memórias operárias. Ao recrutar, fixar a mão de obra, estabeleceu estratégias administrativas, veladas de controle. A pequena cidade possibilitou a dominação da organização sobre a força de trabalho, pela visibilidade do espaço, coibiu participação política partidária, sindical e discriminou os “indesejáveis”. Dessa forma, silenciou por muitos anos os trabalhadores e conteve as resistências mais visíveis. Nome: Sylvia Costa Couceiro E-mail: couceiro@fundaj.gov.br Instituição: Fundação Joaquim Nabuco Título: Médicos, curandeiros e cartomantes: a ‘divina ciência’ X o ’charlatanismo’ no Recife dos anos 1920 A partir de meados do século XIX, quando a medicina começou a constituir-se enquanto campo de saber científico, baseada em técnicas sistemáticas, iniciou-se na cidade do Recife uma luta entre as práticas de cura e as medicações tradicionais usadas pela população, fruto da diversidade das suas raízes culturais, e a medicina que se oficializava. Este trabalho busca compreender os embates e conciliações entre a medicina oficial e os chamados “charlatães”, no Recife do início do século XX, analisando a convivência entre saberes diversos que se deparavam: de um lado, as idéias européias, fruto do racionalismo e do cientificismo, alicerçadas em novos padrões e procedimentos e na construção de uma ‘ética médica’; do outro, noções fundamentadas em origens culturais distintas, perpassadas por elementos que mesclavam natureza, magia e religiosidade, que se encontraram no Novo Mundo. Nome: Tania Soares da Silva E-mail: tania_soares@uol.com.br Instituição: PUC/SP Título: Paula Souza: ciência e tecnologia como ideologia Antonio Francisco de Paula Souza (1843-1917) tem o seu nome inscrito na história de São Paulo pela participação ativa na vida política da cidade e do país, mas principalmente por estar vinculado à idealização e direção da Escola Politécnica. Muitos estudos foram elaborados no sentido de responder questões relativas ao papel da Poli no processo da concretização dos ideais de progresso paulista. Este trabalho, no entanto, não trata efetivamente da história institucional da Escola Politécnica em seus significados e relações. Mas procura destacar a figura de Paula Souza, nas suas ligações familiares e seus laços de sociabilidade como “caso exemplar” para discutir o comportamento das elites brasileiras, especificamente, uma parte da elite em São Paulo revelando sua capacidade de adequar-se às demandas sociais como estratégia de manutenção de poder. Nome: Uelba Alexandre do Nascimento E-mail: uelba_ufcg@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: Relações amorosas, ligações perigosas: cafetões, gigolôs e prostitutas na zona de meretrício em Campina Grande (1930-1950)

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O mundo das relações amorosas na zona de meretrício de Campina Grande, Paraíba, era bastante complexo e dele só temos notícia quando nos deparamos com vários processos crimes ou crônicas de memorialistas que nos deixam entrever um pouco deste mundo. As meretrizes lutavam, muitas vezes com unhas, dentes, pauladas e sapatos, por seus amores perdidos, pouco importando se suas ações fossem ou não qualificadas pela justiça como ciumentas, descontroladas ou degradantes. O que importava para elas era o amor perdido que tentavam desesperadamente reconquistar, ou quando não conseguiam, se vingar daquela que foi a causa do seu infortúnio. Sendo assim, nosso trabalho tem por objetivo discutir, através das análises de processos criminais, as relações amorosas que envolviam cafetões, cafetinas, gigolôs e prostitutas na zona de meretrício da cidade de Campina Grande entre 1930 e 1950. Nome: Wagner de Sousa e Silva E-mail: wagnerone2@bol.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: De perseguido a Reconhecido: perseguição e resistências nas práticas de Bumba-meu-boi na cidade de São Luis-MA Este trabalho aborda as práticas do Bumba-meu-boi no Maranhão, especificamente em São Luis, no período de 1890 a 1920. O foco temático gira em torno das perseguições ao Bumba-meu-boi, cometidas pelas autoridades policiais e governamentais, por meio de decretos e códigos de posturas, que visavam disciplinar as manifestações populares e o espaço. Também é analisada a resistência dos manifestantes, ou seja, dos brincantes daquela festança que, apesar das perseguições, continuaram praticando e transmitindo a sua atividade cultural por muitas gerações. O recorte temporal do estudo, referente às três primeiras décadas da República brasileira, foi delimitado por ser o período em que a resistência referida foi identificada nas fontes documentais de forma intensa. A pesquisa tomou por base documental jornais de época, documentos oficiais do Governo do estado do Maranhão, além de bibliografia sobre o tema. Nome: Wesley Garcia Ribeiro Silva E-mail: garciawesley@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: Cultura política e construção dos espaços: práticas do território urbano em Natal - RN (década 1960) Nos anos de 1960, ocorria na Cidade do Natal um dinâmico processo de crescimento urbano, com o surgimento de novos espaços se constituindo ao redor dos núcleos de ocupação originários. Com grandes problemas de infra-estrutura, tais locais eram motivos de várias reportagens dos jornais da época, que noticiavam, por exemplo, a falta de abastecimento de água e de energia elétrica, além da violência que desolavam os chamados “bairros primos pobres da cidade”. Por outro lado, os periódicos, seja numa linha crítica, irônica ou simpática, também destacavam as ações da municipalidade no sentido de se fazer presente nestes espaços, não apenas efetivando obras de melhoramentos urbanos, mas também a partir de visitas e inaugurações com motivos os mais diversos, que se tornam aí cada vez mais constantes. Este trabalho se propõe a refletir sobre tais questões, compreendendo as ações da municipalidade, num sentido simbólico, enquanto práticas de produção do território; elementos estratégicos construídos a partir de relações de força que buscavam legitimar não apenas a integração dos novos espaços à urbanidade, mas também seu próprio poder sobre estes. Pretende-se aqui, portanto, uma análise da cultura política em relação à configuração e legitimação dos espaços urbanos.

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63 63. Diferenças e desigualdades Silvio de A. Carvalho Filho – UERJ/UFRJ (silvioacf@terra.com.br) Carlos Engemann – Universidade Severino Somba (cengemann@bol.com.br) Muitas das caracterĂ­sticas individuais sĂŁo utilizadas para a construção das diferenciaçþes sociais, toGDYLD FRQVWDWDPRV TXH YiULDV GHODV VmR HVFROKLGDV DUELWUDULDPHQWH FRPR WUDoRV GLDFUtWLFRV GDV KLHrarquizaçþes sociais. Entre essas diferenciaçþes, ressaltamos as de classe e status, de gĂŞnero, de JHUDomR GH RFXSDomR QR PHUFDGR GH WUDEDOKR DVVLP FRPR DV pWQLFDV H D UDFLDLV DV OLQJ tVWLFDV DV UHJLRQDLV H QDFLRQDLV HQWUH RXWUDV TXH QmR DSHQDV GLVWLQJXHP PDV KLHUDUTXL]DP H H[FOXHP SHVVRDV LQĂ XHQFLDQGR GLUHWDPHQWH QR FXUVR GH VXDV YLGDV $V WD[LRQRPLDV SURGX]LGDV QmR VmR QHXWUDV envolvendo relaçþes de saber-poder e construindo subjetividades, a partir das quais grupos sociais SULYLOHJLDGRV HVWDEHOHFHP SDGU}HV pWLFRV IUHT HQWHPHQWH KHJHP{QLFRV SRU PHLR GRV TXDLV VH QDWXUDOL]D D GHVLJXDOGDGH H RV SHUYHUVRV VLVWHPDV GH WUDEDOKR H GLVWULEXLomR GH UHQGD +RGLHUQDPHQWH cabe-nos indagar que relaçþes e implicaçþes escondem-se por trĂĄs de cada um destes pontos de YLVWD D LUUHGXWtYHO LJXDOGDGH KXPDQD H D LQFRQWRUQiYHO GLIHUHQoD GRV VHUHV KXPDQRV H GRV JUXSRV VRFLDLV TXH FRQVWLWXHP D KXPDQLGDGH (VWH 6LPSyVLR HVWi FRP EDVH QXP QRYR PRGHOR pWLFR YROWDGR ao respeito Ă s diferenças, contanto que isso nĂŁo implique a eliminação do direito Ă igualdade, ou seja, a prerrogativa das pessoas serem tratadas como iguais em todas as esferas institucionais. Portanto, encontra-se aĂ­ uma plataforma ĂŠtica sobre a qual se assentam nĂŁo apenas nossas pesquisas, mas XPD SURSRVWD GH LQWHUYHQomR VRFLDO D WHRULD FUtWLFD VREUH DV GHVLJXDOGDGHV SDUD OXWDU SHOD HT LGDGH GRV GLUHLWRV KXPDQRV

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Carolina Sade Pereira da Silva E-mail: anacarolina@ifcs.ufrj.br Instituição: Unirio Título: Cultura e ditadura: Plano Nacional de Cultura e a cultura nacional na ditadura militar As açþes do Conselho Federal de Cultura (1966-1990), incentivaram o processo de institucionalização da cultura nacional por meio da criação do Plano Nacional de Cultura, estimulando assim a criação de órgãos culturais municipais e estaduais. No Rio de Janeiro este Conselho ficou responsåvel, dentre outras funçþes, por reequipar as instituiçþes mais importantes do estado, como a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes, o Museu Histórico Nacional e as universidades federais. O presente Conselho era composto por um grupo de intelectuais ligados ao governo ditatorial que definiam as bases da cultura nacional. Concomitantemente, intelectuais avessos à estrutura autoritåria do Estado construíram outros conceitos de cultura nacional bem como outras formas de intervenção social. Este artigo propþe levantar premissas acerca de tal impasse procurando apontar quais medidas foram conflitantes entre estas duas vertentes da cultura nacional e quais as heranças intelectuais deixadas por cada uma dessas vertentes. Aborda ainda as influências dos diferentes conceitos de cultura nacional nas universidades federais. Por fim, analisa a visão que os intelectuais avessos à estrutura autoritåria do Estado retratavam em seus meios de comunicação alternativos. Nome: Ana Lúcia Vieira E-mail: vieira.analucia@gmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Nova ordem social e as visitadoras sociais: um nó no cotidiano operårio de uma indústria têxtil no Rio de Janeiro Discutimos neste texto parte dos resultados da nossa pesquisa sobre a constituição de uma nova ordem social durante o governo varguista na qual o operariado assalariado figura como elemento central. Para tanto, investigamos um caso de interação entre trabalhadores da indústria têxtil e a instituição das visitadoras sociais. Essas agentes sociais representam, em nosso trabalho, o lugar de operacionalização de uma biopolítica exercida no âmbito das relaçþes de saber, poder e subjetividades do período. Essas açþes primeiramente acontecem em seu pólo individualizante pela disciplina e depois em seu pólo massificante pelos dispositivos de controle e regulação efetivando-se no cotidiano pela ação de uma categoria específica de pessoas exercendo o que Michel Foucault identifica como uma função pastoral, ou

função “condutoraâ€? em relação a outros indivĂ­duos. Entendemos que para identificar os efeitos das atividades desenvolvidas pelas visitadoras sociais no âmbito do cotidiano desses trabalhadores faz-se necessĂĄrio clarificar as demandas e interesses provenientes dos diferentes grupos sociais ocupando, ainda que de forma desigual, um lugar nesses jogos de poder. Nome: Ana Maria da Silva Moura E-mail: ana.m.moura@br.inter.net Instituição: Universidade Severino Sombra TĂ­tulo: Sobre o conceito de diferença na AmĂŠrica Portuguesa - sĂŠculo XVIII Em nossa pesquisa sobre fronteiras na AmĂŠrica portuguesa do sĂŠculo XVIII, destacamos as diferenças entre as linhas e as zonas de fronteiras, mas enfatizando a articulação entre os aspectos eminentemente polĂ­ticos no estabelecimento das linhas e os processos sociais desenvolvidos pelos agentes histĂłricos presentes nas zonas fronteiriças. O fazer histĂłrico polĂ­tico dos limites interfere diretamente nas zonas fronteiriças, cujas populaçþes e culturas possuem grande dinamismo social e hibridismo cultural. Nossa comunicação analisa um dos aspectos que caracterizam e legitimam a ação polĂ­tica portuguesa nessas zonas de fronteira: os embates entre açþes e valores, atĂŠ entĂŁo dominantes da cultura lusa e aqueles que caracterizarĂŁo a sua ilustração. Nome: Carlos Alberto Dias Ferreira E-mail: carlossobrio@hotmail.com Instituição: Universidade Severino Sombra TĂ­tulo: Francisco Paulo de Almeida- BarĂŁo de Guaraciaba: Inserção de um negro nas atividades econĂ´micas, sociais e polĂ­ticas do Brasil no sĂŠculo XIX Este trabalho objetiva a construção da sĂ­ntese biogrĂĄfica de Francisco Paulo de Almeida, um negro que em sua trajetĂłria (1826-1901), conseguiu o tĂ­tulo de baronato, pertenceu a oligarquia cafeeira do Vale do ParaĂ­ba do Sul Fluminense, com diversas fazendas; foi empresĂĄrio com firmas de importação e exportação; deu sua contribuição na Estrada de Ferro do Vale do ParaĂ­ba; foi sĂłcio fundador do Banco Territorial de Minas Gerais e do Banco de CrĂŠdito Real de Minas Gerais. ApĂłs a Proclamação da RepĂşblica, adquire o PalĂĄcio Amarelo, atual sede do Legislativo, na cidade de PetropĂłlis-RJ, onde passa a ser perseguido pelo legislativo, atĂŠ vender seu imĂłvel. Desfrutou da amizade da Princesa Isabel e do Conde D’Eu, seus filhos homens foram enviados a França para estudar, tendo o mesmo feito diversas viagens a França, vindo a falecer em Janeiro de 1901.

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Nome: Cassi Ladi Reis Coutinho E-mail: cassiladi@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: A estética negra em Salvador O objetivo deste artigo é investigar o processo de emergência e institucionalização de uma estética negra em Salvador, de 1996 a 2005, enfocando em especial a moda e penteados associados ao cabelo. Para entender a relação entre o processo de afirmação étnica negra – em particular – no que tange a estética – e o mercado (indústria de cosméticos, mídia, etc.). Além das mudanças que possam ter ocorridos no cotidiano dos sujeitos históricos envolvidos, através da busca por uma estética própria aceita pela sociedade. Para tal é necessário compreender o impacto dos movimentos negros mundiais, em especial o movimento negro norte-americano, na década de 1970, assim como a primeira participação do bloco Ilê Aiyê, no carnaval de Salvador, em 1975, na formação de uma “consciência estética negra” em Salvador. Analisar a forma como a estética negra vem tomando espaço no mercado comercial brasileiro e como contribui para o fortalecimento de uma auto-afirmação dos afro-descendentes. E investigar em que medida essa estética pode ser considerado um processo de afirmação sociocultural dos negros ou não e um produto do consumo absorvido pela indústria do comportamento, pela massificação dos meios de comunicação. O uso de fontes orais, artigos de jornais e revistas se fazem necessário para melhor Nome: Clébio Correia de Araújo E-mail: clebio2000@ig.com.br Instituição: Universidade Estadual de Alagoas Título: O Candomblé Nagô em Maceió: itinerário de uma identidade em construção O candomblé nagô na cidade de Maceió, conhecido como Xangô, chama a atenção por uma invisibilidade social que contrasta com a sua ampla dominância em todas as regiões periféricas da cidade. A partir da produção de entrevistas realizadas com antigos praticantes dessa religião afro-brasileira, indaga-se sobre o percurso identitário dessa manifestação religiosa diante da ostensiva hostilidade das classes dominantes e da pressão uniformizante do Estado e de um candomblé elitizado de origem baiana. Abarcando a grande massa de miseráveis da cidade, o Nagô vê-se ante o desafio de transformar-se para sobreviver sem, no entanto, perder suas especificidades, ou seja, a meio caminho entre uma marginalidade tolerada ou uma invisibilidade total. Nome: Daniel Mandur Thomaz E-mail: thomaz.hist@yahoo.com.br Instituição: UERJ Título: A Heurística do Medo: Imprensa, Poder e Escravidão no Período Regencial O presente trabalho analisa, através do tema do medo, as discussões sobre escravidão no período regencial do Brasil. A repercussão na imprensa do Rio de Janeiro do levante Malê, ocorrido na Bahia em 1835, gerou uma ambiência de medo e paranóia capaz de legitimar ações violentas e arbitrárias contra escravos. A constatação crassa da alta capacidade estratégica envolvida na articulação da revolta causou uma fissura no discurso que interditava ao negro a capacidade intelectual. A hipótese principal desse trabalho é de que o grande medo que varreu 1835, determinando medidas jurídicas, políticas e policiais, foi fruto desse fenômeno, cujo efeito será a construção de uma ambiência de medo e paranóia generalizada, que chamaremos de zona de tensão permanente. Essa zona de tensão possibilitou a apropriação do medo por diferentes tendências políticas. O medo produziu efeitos heurísticos, na medida em que gerou discursos que buscavam, de acordo com sua tendência política, nomear as ameaças à sociedade e apontar medidas cabíveis para saná-las. Além disso, o medo produziu também efeitos políticos através dos embates entre diferentes projetos de poder que sugeriam políticas públicas para desarmar o perigo de levantes negros na Corte. Nome: Débora M. Mattos E-mail: dmattos@usp.br Instituição: Universidade do Extremo Sul Catarinense Título: A Campanha de combate à “lepra” em Santa Catarina: entre os discursos médico e filantrópico e a prática da exclusão A campanha nacional que foi implementada no combate à “lepra”, no contexto dos anos 30, foi resultado de um longo período de inquietações marcado pela crescente presença da enfermidade no seio da sociedade brasileira. Nesse período, diferentes vozes brasileiras discutiam o real significado das enfermidades para um país que almejava se desenvolver. Entre

essas vozes, aquelas que representavam a elite científica, sobretudo médica, promoveram discursos acerca das medidas que deveriam ser tomadas em relação ao problema. Embora essas elites assumissem posicionamentos diferenciados quanto ao modelo de combate a ser adotado, as transformações políticas que atravessaram o país após 1930, com a dissolução do federalismo e a centralização do poder nas mãos de um forte representante de Estado, influenciaram a legitimação das medidas de isolamento aos portadores da doença, bem como aos seus filhos sadios. Este trabalho tem como objetivo demonstrar como se deu a implantação da Campanha Nacional de Combate à Lepra em Santa Catarina à luz do Estado-Novo. Nome: Edson Beú Luiz E-mail: edsonbeu@gmail.com Instituição: Universidade de Brasília - UnB Título: Brasília: A desconstrução do espaço físico e cultural dos filhos dos candangos A proposta articula a cidade de Brasília com o universo cultural do trabalho, tomando por referência o processo de construção de identidade geracional. Refere-se, mais pontualmente, aos filhos dos operários da construção civil, “candangos”, que tiveram papel importante nas décadas de 50 e 60. A titulação “candangos” é dada aos operários que edificaram a nova capital da República e, atualmente, uma classificação que desqualifica através do ordenamento do espaço citadino tensionado por práticas de políticas habitacionais segregativas. Cidade, trabalho e identidade são as categorias privilegiadas neste texto, para adensar o debate sobre o lugar praticado de sujeitos no universo cultural ao qual se agrega. Tem por eixo de análise as representações plurais da cidade e dos atores que a habitam, como apreciações valorativas que transformam diferenças em desigualdades. É nesta perspectiva que a ambiência tomada é o olhar da periferia, isto é, dos filhos de candangos removidos para a cidade-satélite de Ceilândia. Objetiva-se, portanto, avaliar os impactos causados pelo rompimento abrupto das teias de relações que constituíam o cotidiano deste segmento e ainda compreender os sentimentos que nutrem pela capital que o país construiu. Nome: Fabiana Maria de Carvalho Izaias E-mail: fabiizaias@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Os homens-urubu: urbanização, modernidade e os processos de marginalização e estigmatização de catadores de lixo A partir de meados de 1990 observa-se um aumento exorbitante de pessoas vivendo no e do lixo no Brasil. Este fenômeno se inscreve no universo das muitas problemáticas imbricadas na teia das novas relações estabelecidas a partir do processo de urbanização brasileiro. A cidade é o lócus privilegiado das vivências dos catadores de lixo. Apropriam-se dos locais públicos para reinventá-los. A rua se traveste em local de moradia, de trabalho e de atividades usualmente privadas, como tomar banho ou dormir. Esta apropriação não se dá sem contradições e é envolvida por tensões oriundas das lutas pelo direito à cidade e a seus espaços. Na esteira dos processos históricos da modernidade urbana localizamos práticas de higienização, pelas quais se afirma uma perspectiva de estética que preza por determinados princípios de ordem e beleza. Ao mesmo tempo, na história da civilização ocidental se constituiu uma vinculação de cunho moral, entre sujeira/marginalidade/ desordem. Estas perspectivas passam a se constituir como instrumentos de normatização dos espaços urbanos. Esta normatização é um dos focos de conflito entre os catadores e outros atores citadinos. Nossa comunicação abordará aspectos deste conflito, que desencadeou processos de marginalização e estigmatização dos catadores de lixo. Nome: Francisco José Alves E-mail: fjalves@infonet.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: Sexo e violência O texto analisa termos do calão para se referir ao ato sexual. Aborda a semiologia destes termos, mostrando como eles conotam uma visão do ato sexual como sendo um campo de guerra, onde há dominadores e dominados; vencedores e vencidos. Mostra assim como, na visão popular, a cópula sexual remete a uma concepção calcada na violência física e/ou simbólica. A abordagem recai, sobretudo, sobre os verbos “furar” (com conotação sexual) e foder; além dos adjetivos “furado” e “fodido”. Nome: Gabriel Passold E-mail: gabrielpassold@hotmail.com Instituição: FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau Título: Xokleng e a negação de sua identidade pelos “outros”: O medo

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63 e a intolerância nas relações interétnicas A pesquisa aborda à intolerância nos embates provindos da colonização do Vale do Itajaí, Santa Catarina, em meados do século XIX e início do XX, que resulta no assassinato da população indígena local, os Xokleng. Devese compreender a banalização das ações perversas nas relações interétnicas. Se atos de intolerância nessas relações ocorrem indiscriminadamente, e a população é conivente com a violência, torna-se indispensável a reflexão. O estudo se dá através de pesquisa bibliográfica, entre dissertações, obras e revistas, partindo para uma análise das fontes primárias: relatórios de Província, cartas, e jornais do período. Nas falas oficiais e nos jornais, vê-se a negação da identidade indígena. A forma como relatavam a presença do índio e o exagero da crueldade com que o descreviam comprova a necessidade de construir uma imagem que incitasse o medo, de forma a justificar a violência, através da ação dos bugreiros (caçadores de índios). Os governantes e diretores das colônias promoviam as investidas, para resolver o “problema indígena” e consolidar a civilização, sendo que e a população local em sua maioria consentia. A forma perversa e metódica dos assassinatos incita-nos a desconstruir essa intolerância que, da negação da identidade do outro, vai até a sua eliminação física. Nome: Gustavo Pinto de Sousa E-mail: gpsus@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Os africanos livres e o projeto de medicina na Casa de Correção 1831-1850 O trabalho aqui proposto tem como objetivo a discussão do projeto médico adotado pela Casa de Correção no seu trato com os africanos livres. Levando em consideração as resoluções médicas para disciplinar a sociedade. Pensando a medicina como uma forma de produção de discurso, como observa Michel Foucault. Pois a Casa de Correção em sua gênese estava preocupada com os problemas que a esfera mesólogica poderia acarretar a boa execução das obras. Desta forma, encontramos no espaço das obras, a presença de médicos e de uma enfermaria responsáveis por gerir a complexa situação dos negros libertos. Delimitando as “comedorias” e o tratamento para os miasmas do meio, como acreditavam os licenciados pela medicina. A medicina, portanto, se torna um instrumento para legitimar, normatizar e instituir a presença dos africanos livres na Casa de Correção. Usando como arcabouço os ideais de humanização e civilização para redenção dos africanos aprendidos no ilícito comércio. Nome: Irani da Silva Neves E-mail: iranineves@hotmail.com Instituição: Ufal Título: A Lei 10.639/03: Perspectiva e desafios para a prática pedagógica Este texto é parte do meu projeto de pesquisa ora em desenvolvimento no Mestrado em Educação Brasileira, CEDU – UFAL, neste artigo traçaremos uma retrospectiva sobre identidade negra, tomando como referência a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888 até a implementação da lei 10.639/03 em 09 de janeiro de 2003. Utilizamos como referência para elaboração de nosso trabalho documentos oficiais: o texto oficial da Lei 10.639/03, bem como documento que trazem a história do Movimento Negro do Brasil. Objetivo de nosso trabalho é analisar de que forma o movimento negro influenciou, a partir da abolição, como impulsionador para a implementação de políticas educacionais que atendessem a população negra. Podemos concluir que a superação das desigualdades raciais começa aos poucos a ser incorporadas como uma das tarefas do Estado brasileiro, trata-se do resultado efetivo da luta do Movimento negro brasileiro, promovendo uma intervenção no Estado, na política educacional, consequentemente no currículo escolar. Nome: Isabel Orestes Silveira E-mail: isasilveira@mackenzie.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: Impactos socioculturais e espaços urbanos A cidade pode ser percebida como espaço contraditório em que participam a desordem, as tensões, os conflitos, as carências, o subversivo e os problemas sociais; mas também os elementos lúdicos, as efervescências culturais, as heterogeneidades, os processos dinâmicos que se renovam, mesclam e se envolvem. Entendemos que a cidade pode ser compreendida no encontro de histórias múltiplas do cotidiano, onde a situação humana se faz pela força criadora apesar das mais duras condições. Esta pesquisa se propõe a refletir acerca do design vernacular presente nas manifestações populares, destacando o fato de que a cidade pode ser o espaço urbano ativo e ativador do processo de criação. Nome: Júlio César Medeiros da Silva Pereira

E-mail: gulho@uol.com.br Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Título: Jesuítas, saúde e escravidão na Fazenda de Santa Cruz: tradições, esperanças e sociabilidade escrava Este trabalho pretende analisar as influências dos padres jesuítas na formação da comunidade escrava da Fazenda Santa Cruz, a maior fazenda agropecuária pertencente ao Império, durante o século XIX. A pesquisa tem demonstrado que os escravos da Fazenda do Imperador possuíam uma sociabilidade que girava em torno de uma gama de direitos herdados de antigos costumes e tradições deixadas pelos inacianos, sobretudo a cura. Os laços de solidariedade eram reforçados através do matrimônio, dos dias de descanso e a cura dos doentes através do tratamento de saúde gratuito feito pelos próprios escravos, assim como o cuidado de recém-nascidos e velhos. Nesse sentido, o hospital dos escravos de Santa Cruz emerge como um local privilegiado para a manutenção desses interesses. Nome: Júlio Cláudio da Silva E-mail: julioclps@uol.com.br Instituição: Programa de Pós-Graduação em História Social- UFF Título: História de vida, história do ativismo negro: biografia e a memória pública de Ruth de Souza (1930-1951) Os depoimentos concedidos pela atriz Ruth Pinto de Souza ao longo dos anos resultaram em um rico material publicado como entrevistas ou biografia. Essas narrativas situam as décadas de 1930 e 1940 como os anos de seu encantamento pelo mundo do cinema e teatro. A história ganha relevância por ser protagonizada pela primeira atriz negra a interpretar um personagem do repertório clássico no Brasil e a primeira brasileira a disputar um prêmio no Festival de Veneza. Naqueles anos os poucos personagens negros eram encenados por atores brancos, pintados de preto. A despeito de seu talento, o sonho da menina só se tornou carreira, graças à fundação do Teatro Experimental do Negro. Alem de grupo de teatro o TEN foi uma associação negra destinada a denunciar o racismo dentro e fora dos palcos. O objetivo da nossa comunicação é recuperar alguns aspectos da história dos primeiros anos de atuação da atriz Ruth de Souza e do TEN a partir das suas narrativas autobiográfica. Analisaremos os significados da fundação do TEN e de sua rede de solidariedade com professores, jornalistas, dramaturgos, pintores, bem como as conseqüências desta para o destino de seus integrantes. Nome: Jussara Galhardo Aguirres Guerra E-mail: filhosol@digi.com.br Instituição: Museu Câmara Cascudo -UFRN Título: Construindo outra história: do silêncio as múltiplas vozes indígenas no Rio Grande do Norte. Até algumas décadas atrás, aceitava-se quase que inquestionavelmente o extermínio indígena no Nordeste Brasileiro. A historiografia insistia em evidenciar as “dispersões” e a “miscigenação” das populações indígenas como fenômenos que culminaram num processo de “aculturação” definitivo e no aniquilamento físico e cultural desses povos. Neste sentido, antropólogos não se detiveram no assunto, sobretudo no estado do Rio Grande do Norte. O presente texto propõe fazer uma reflexão crítica no tocante à historiografia local em que a temática indígena no Rio Grande do Norte se tornou amplamente difundida no senso comum e nos conteúdos escolares por meio de relatos e episódios fragmentados, bem como demarcados pelo triunfalismo do colonizador. Propõe-se, portanto, comparar dados oficiais com as informações da história oral presentes nas histórias particulares das alteridades locais, cuja origem e memória social fazem conexão com antecessores indígenas que se estabeleceram em seus espaços territoriais por meio de migrações, apontando para uma sobrevivência indígena em território potiguar. Nome: Kleiton de Sousa Moraes E-mail: kleiton_angra@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: O olhar em viagem: A Inspetoria de Obras Contra as Secas e os a(u)tores do Sertão O trabalho objetiva problematizar os “olhares” lançados sobre o sertão semi-árido no início do séc. XX pelos cientistas da Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS). Através da análise dos relatórios e estudos científicos produzidos pelo órgão observei que a construção de um olhar social sobre os sertões das secas foi de fundamental importância no direcionamento posterior da ação modernizante da IOCS na região. Atentei no trabalho para as representações imagéticas produzidas nestes estudos onde verifiquei uma tensão entre um olhar romantizado do sertão e um olhar que o entendia como “patologia” na construção da nação brasileira. A partir desse enfoque discuto a historicidade da percepção do sertão no imaginário social

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brasileiro da 1ª República onde se entrelaçavam elementos da literatura e da ciência para a conformação de um olhar sobre o espaço sertanejo. Nome: Leila Maria Passos de Souza Bezerra E-mail: leila.passos777@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará Título: Re-significações híbridas de cidadania e solidariedade na experiência do voluntariado contemporâneo em Fortaleza-Ce: entre a democratização e o neo-conservadorismo narcisista? Este artigo problematiza a (re)valorização do voluntariado no Brasil dos anos 1990 e 2000, marcada pela tensão entre a democratização inconclusa e o ajuste estrutural neoliberalizante. Propõe-se a analisar as resignificações de cidadania, solidariedade e voluntariado, constitutiva da tríade simbólica deste ator da sociedade civil convocado para agir diante da Questão Social. Para tanto, realizou-se pesquisas bibliográfica, documental e de campo. Optou-se pela pesquisa qualitativa realizada junto ao voluntariado vinculado a associação filantrópica, que presta assistência social a crianças e adolescentes pobres em Fortaleza-Ce. Utilizou-se de entrevistas semi-estruturadas e observação participante. Essa proposta de voluntariado entre desiguais alicerça-se numa solidariedade indiferenciada articulada à cidadania singularizada e intimista, esvaziada das dimensões coletiva, conflitual e de crítica do existente. Nos discursos e práticas sociais destes atores, observou-se a reiteração da figura do “pobre destituído de direitos” como público-alvo das ações solidárias, delineando riscos de erosão real e simbólica tanto de direitos, cidadania social e democracia, como dos espaços de sua conquista e legitimação por parte de sujeitos coletivos e plurais: a esfera pública e a política. Nome: Luciléia Aparecida Colombo E-mail: leiacolombo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São Carlos Título: A SUDENE e o Brasil: uma instituição de combate à desigualdade nordestina Este trabalho trata das políticas de desenvolvimento da região nordestina promovidas pelo Governo Federal após a extinção da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). O Brasil tem longa herança de heterogeneidade nacional, com regiões e sub-regiões desenvolvidas e industrializadas, ao lado de regiões e sub-regiões atrasadas, com proporções de pobreza e miséria próxima a dos países de maior grau de subdesenvolvimento e atraso econômico e social. Houve, ao longo do tempo, algumas tentativas para a diminuição deste cenário desigual, particularmente com a criação da SUDENE. É tarefa do presente trabalho analisar como se deram as ações do Executivo, entre os Governos do Presidente José Sarney, até o Governo do Presidente Lula, com relação ao desenvolvimento regional nordestino. Nossa hipótese sustenta que o desenho de tais políticas (mesmo que tímidas, se comparadas às implantadas pela SUDENE) deriva de dois fatores associados. Primeiro, da valorização de políticas descentralizadas com o fim dos Governos Militares. Podemos supor, ainda, que a integração produtiva do Nordeste esbarra em um complexo jogo de alianças político-eleitorais, originárias em um período em que a região passou a ter um papel mais relevante no cenário nacional. Nome: Luiz Alberto de Souza Marques E-mail: bettamar2@terra.com.br Instituição: UNISUL Co-autoria: Marcelo Nascimento Mendes E-mail: marcelojpt@gmail.com Instituição: UNISUL Título: “A vida na zona”: desigualdades, valores e as complexas redes que cotidianamente se estabelecem entre profissionais do sexo, sua prole e o mundo sob o foco educacional O presente trabalho resulta de estudos feitos para a monografia da graduação em História (UNISUL) e atualmente no Mestrado em Educação em torno das relações que ocorrem entre profissionais do sexo, seus filhos e a sociedade. O mesmo se volta a descrição/ caracterização dos contextos socialmente constituídos à margem do exercício da profissão do sexo. Assim, num estudo qualitativo, relatamos as diversas interações que ocorrem entre as partes citadas, suas implicações e a forma em que as quais se estabelecem na dinâmica de educação formal que ocorre no Bairro de Taquaraçú em Laguna/SC. O trabalho destaca as redes de relacionamento, história de vida, saberes, valores e padrões éticos presentes no cotidiano dos mesmos. Evidencia a existência de um contexto que exclui a mulher profissional do sexo e que naturaliza a desigualdade sob códigos e normas que vulnerabilizam, além das mesmas, a sua prole.

Nome: Maria do Carmo Gregório E-mail: carmogregorio@ig.com.br Instituição: UBRACE – União Brasileira de Cultura e Educação Título: Diferentes movimentos: as organizações negras no Rio de Janeiro em 1944 O Centro de Cultura Afro-brasileiro, fundado em 24 de março de 1936 no Recife, figura entre as entidades negras que atuavam no Rio de Janeiro na década de 1940. No ano de 1944, a entidade caiu na teia da polícia política recebendo um investigador do DOPS. O investigador se infiltrou na entidade e atuou como militante participando inclusive da elaboração do estatuto da instituição. Existia uma aproximação muito grande entre os intelectuais negros que primavam por relações raciais mais democráticas no Brasil. A pesquisa junto aos boletins da policia política, permitiu vislumbrar os conflitos em relação ao tipo, formação e ação que deveriam ter um movimento e uma liderança negra no Distrito Federal no ano de 1944. Deste conflito, resultou a criação de outra instituição, o Círculo Afro-brasileiro. Longe de apontar para o consenso, ou seja, para um único caminho a ser trilhado, e para a unidade, na forma de pensamento sobre a questão racial, a documentação apresenta divergências que estavam relacionadas às concepções mais amplas da política interna e externa. Eram matrizes teóricas que pontuavam o devir da humanidade no período e que foram interpretadas pelas lideranças negras em suas lutas locais. Nome: Marilea de Almeida E-mail: marileade@uol.com.br Instituição: Universidade Severino Sombra Título: A historicidade da categoria remanescente de quilombo: uma análise da Comunidade de São José da Serra (1997-2007) A emergência de uma determinada identidade é histórica, ou seja, localizada em um ponto específico no tempo. A Constituição de 1988, através do seu artigo 68, favoreceu que a categoria “remanescente” passasse a ser pensada ao mesmo tempo em termos identitários e legais. Partindo deste pressuposto, o presente trabalho pretende analisar o processo de construção identitária de uma comunidade quilombola no tempo presente. A comunidade investigada é a “Comunidade Negra Remanescente de Quilombo São José da Serra, cobrindo-se o período de 1997 a 2007. Tal comunidade situa-se na Fazenda São José da Serra, propriedade particular localizada a cerca de 13 Km da sede do Distrito de Santa Isabel do Rio Preto, no Município de Valença, Estado do Rio de Janeiro. Nome: Marilene Rosa Nogueira da Silva E-mail: mrns@terra.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Condenados/as pelo ventre: os ingênuos na Casa de Detenção da Corte Os livros de matrículas que cobrem os anos de 1863,1879 e 1881 capturam as pessoas ordinárias, as vidas de algumas linhas enfim as desventuras de escravos e escravas feitos/as prisioneiros/as na cidade do Rio de Janeiro. O material expõe o controle judicial dos crimes menores que recaía sobre uma população considerada suspeita por sua condição social e marcas genéticas.Analiso as vidas breves nascidas após a Lei do Ventre Livre que ainda sob a tutela dos senhores foram conduzidas com suas mães para a prisão. Destaco nas fichas dos pequenos detentos a incompletude daqueles que não tiveram tempo para aprenderem um ofício, nem mesmo para o próprio crime. Uma espécie de certidão de nascimento, uma memória involuntária, era concedida pela Casa de Detenção em seu ritual de carceralização. Os ingênuos fichados recebiam um número de matrícula, nas anotações além das características físicas, constava a data da entrada sem registro da saída, provavelmente, não resistiram as condições precárias das instalações provisórias destinadas as escravas. Problematizo a relação escravidão e punição nos debates parlamentares da lei 2040. Discuto os limites operacionais da fiscalização, controle e inserção social dos ingênuos. Nome: Michelle Airam da Costa Chaves E-mail: michellehist@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Poder paralelo? É comum, atualmente, ao abrirmos jornais, revistas ou assistirmos o noticiário a recorrente utilização do termo poder paralelo em referência ao tráfico de drogas e as milícias, que atuam, principalmente, na cidade do Rio de Janeiro. São considerados poderes sem ligação com o Estado. Nossa análise refere-se ao considerado poder paralelo em relação à atuação das milícias, tendo como estudo de caso a favela carioca Rio das Pedras. Pretendemos expor que a atuação de grupos armados nesta região, não foi combatida pelo

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63 governo desde os seus primórdios como “justiceiros”. As políticas públicas de segurança e a população aterrorizada pela violência apóiam muitas vezes o extermínio dos criminosos. Da mesma forma, a fraca atuação do Estado deixa por conta da Associação de Moradores a organização de diversos serviços que deveriam ser de sua responsabilidade: segurança, posse da terra, etc., que no caso estudado tem relação com os grupos armados. Não concordamos então, com o conceito de poder paralelo, sem vínculo entre Estado e a milícia. Utilizaremos o termo poder transversal, por considerarmos haver uma negligência do Estado em relação ao desenvolvimento das milícias. Nome: Monike Garcia Ribeiro E-mail: monnike.ribeiro@globo.com Instituição: Colégio - Q I Título: Um projeto de política-cultural no Brasil contemporâneo: Trem/Caravana da cultura (1962 à 1964) Este texto discorre sobre um projeto cultural chamado de Trem/Caravana da Cultura, cujo autor foi o Secretário Geral do Conselho Nacional de Cultura - Paschoal Carlos Magno, ocorrido na década de 60. O conjunto documental que ensejou esta pesquisa faz parte do Arquivo CFC/Minc, o referido projeto Trem/Caravana da Cultura perdurou de 1962 a 1964, quando foi extirpado pelo golpe civil-militar em 64. No âmbito dos estudos sobre política cultural destaca-se este projeto para a História do Brasil Contemporâneo e para a Memória Social. Nome: Natália Ledur Alles E-mail: natalia.alles@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: “Mariposas” contando histórias: a representação da prostituição construída por profissionais do sexo em um folhetim O artigo pretende analisar as representações sociais da prostituição construídas no folhetim Mariposa – uma puta história, produzido por profissionais do sexo de Porto Alegre e publicado em uma revista de cultura gaúcha. Através da análise dos capítulos do folhetim publicados até julho de 2008 e do acompanhamento das reuniões de produção, procurou-se compreender o processo de construção de uma prostituta fictícia por mulheres reais que, compostas por múltiplas identidades, atribuem e emprestam características a uma personagem. Considerando que, comumente, as profissionais do sexo são estigmatizadas (conforme Goffman) e percebidas como impuras (utilizando Douglas), o artigo analisa como as participantes do folhetim transpõem suas experiências pessoais para o relato ficcional, lidando com as noções preconceituosas de que são alvo e apresentandose como pessoas comuns que assumem diversos papéis na sociedade: são mães, filhas, esposas, estudantes, consumidoras, amigas e, dentre tantas identidades possíveis, também profissionais do sexo. Nome: Pablo de Souza Oliveira E-mail: pablo.olive@hotmail.com Instituição: USS VASSOURAS Título: A desativação da estrada de ferro Bahia e Minas: memórias e conflitos sociais em Novo Cruzeiro (MG) Novo Cruzeiro era apenas um pequeno povoado quando a Estrada de Ferro Bahia e Minas começou a fazer parte de seu cotidiano em 1924. A presença da ferrovia deu suporte para práticas econômicas e sócio-culturais na cidade que se formou em 1943. Sua desativação não foi de forma alguma festejada por qualquer grupo social da cidade, o que não impediu conflitos de imagens construídas na época ou posteriormente sobre o fato e suas conseqüências. O que se pretende com esta apresentação é comparar e buscar as condições de possibilidades destas diferentes construções, bem como das memórias produzidas a partir de fontes oficiais e outras como textos literários e músicas de autores da cidade e depoimentos colhidos a partir do método da História Oral. Nome: Pablo Jaime Edir Campos E-mail: pablo_jec@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Ações afirmativas como estratégia de combate às desigualdades raciais e promoção da dignidade O Brasil é considerado hoje como sendo o país no qual vive a maior população dos antigos escravos africanos das Américas. A influência afrodescendente se propaga para praticamente todos os campos da vida cultural e social brasileira. Tamanha importância, contudo, historicamente não vem se expressando no plano dos direitos sociais. Facilmente se constata a precária situação de vida dos afro-descendentes brasileiros que estão visivelmente confinados nos piores empregos, situação de escolaridade, con-

dições de habitação. A existência das desigualdades sociais no Brasil, bem como a sua gravidade, tem sido um ponto de consenso entre os teóricos e políticos de todos os quadrantes ideológicos em nosso país. Menos consensual, entretanto, é a analise na qual o componente racial possui um caráter determinante no processo de construção de nosso atual cenário social. Fato conhecido no cenário das desigualdades brasileiras é que há uma desigualdade racial considerável no país. Seja qual for o plano indicador escolhido para analisar as desigualdades raciais, em todos eles o negro encontra-se em uma situação pior que os indicadores dos brancos. Tal quadro vem reforçar a necessidade de implementação de políticas públicas de ação afirmativa dirigidas para a população negra. Nome: Rangel Cerceau Netto E-mail: cerceaup@hotmail.com Instituição: UFMG Título: Mestiçagem, família e as representações de mulatos, mamelucos e crioulos entre os séc. XVIII e XIX A partir de conceitos como mestiçagem e trânsito, este trabalho busca analisar e demonstrar, no contexto colonial e imperial brasileiro, algumas representações que autoridades, padres, moralistas, dicionaristas, naturalistas, cronistas, botânicos e viajantes criaram sobre as definições de mulatos, mamelucos e crioulos. Desse modo, em diferentes espaços e momentos históricos, esses agentes de formação e mediação, diante de suas relações com o meio, atribuíram várias definições a certos vocábulos e verbetes que denominavam os sujeitos sociais. Nome: Rita de Cássia Santos Freitas E-mail: ritacsfreitas@uol.com.br Instituição: Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense Título: Violência conjugal...violência de gênero Este trabalho busca discutir em uma perspectiva de gênero questões relativas a chamada violência conjugal que refere-se a violência relacional afetiva que ocorre na esfera privada e são manifestação de poder construído histórico culturalmente em nossa sociedade. A violência conjugal é caracterizada como uma violência de gênero presente no cotidiano doméstico e conjugal, principalmente, das mulheres. Segundo dados das DEAMs, no Brasil, 70% dos incidentes acontecem dentro de casa, sendo o agressor o próprio marido ou companheiro; mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves, decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos. Mas, existem outros agravantes menos visíveis que acompanham a violência física que geram sérios impactos psicológicos/emocionais como: (ameaças; chantagens; xingamentos; proibição à amizades ou visita à parentes), sexual (forçar a realizar relações sexuais ou tipos de atos sexuais; criticar o desempenho sexual) e por atos destrutivos (jogar fora ou destruir documentos pessoais; matar os animais de estimação). Em geral tais manifestações da violência são progressivas e pode começar com abusos verbais que, em escala, de maior intensidade, pode se tornar fatal. Nome: Surama Conde Sá Pinto E-mail: suramaconde@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Título: Rumo a uma legislação social A lei Elói Chaves, de 1923, que concedeu aos trabalhadores associados às Caixas de Aposentadorias e Pensões ajuda médica, aposentadoria, pensões para dependentes e auxílio funerário, é considerada um marco na luta da classe operária pela criação de uma legislação social. A elaboração desse dispositivo de lei, no entanto, suscitou grande debate no Congresso. O objetivo dessa comunicação é apresentar uma primeira reflexão sobre os eixos que nortearam a discussão sobre a elaboração desse código no Legislativo Federal no período. Tomando como base documental os Anais da Câmara e do Senado, visa-se investigar, em meio aos argumentos apresentados na ocasião em defesa do projeto de lei, o que gerava consenso, o que produzia dissenso, o posicionamento das bancadas estaduais e, em especial, a participação dos representantes cariocas nos debates sobre a questão.

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64. HistĂłria e ReligiĂŁo no Mundo Luso-Brasileiro (SĂŠculos XVI-XXI) Margareth de Almeida Gonçalves – UFRRJ (margarethgoncalves@terra.com.br ) Evergton Sales Souza – UFBA (evergtons@yahoo.com.br) $ SURSRVWD GR 6LPSyVLR 7HPiWLFR p FRQVWLWXLU XP HVSDoR GH UHĂ H[mR HP TXH D SDUWLU GH SHVTXLVDV UHFHQWHV RX HP FXUVR GH FDUiWHU KLVWyULFR H LQWHUGLVFLSOLQDU VHMDP IRFDOL]DGRV VLWXDo}HV H VXMHLWRV VRFLDLV TXH H[SUHVVHP H[SHULrQFLDV H PDQLIHVWDo}HV GR IHQ{PHQR UHOLJLRVR $R LQYpV GH WUDWDU D HVIHUD GD religiĂŁo e as vivĂŞncias religiosas como fatos residuais, isolados e estanques da estrutura social, buscaVH SURGX]LU UHJLVWURV SUREOHPDV H KLSyWHVHV TXH IDYRUHoDP QRYRV DUUDQMRV WHyULFRV RX PHWRGROyJLFRV de anĂĄlise. O SimpĂłsio TemĂĄtico tem como objetivo promover o debate sobre modelos institucionais da religiĂŁo e prĂĄticas nem sempre condizentes com o prescrito, confrontando abordagens que partam GHVGH R WUDEDOKR GH PLFURDQiOLVH DWp DV YLV}HV PDLV JOREDOL]DQWHV GD ORQJD GXUDomR DWHQGR VH GR ponto de vista espaciotemporal, ao mundo luso-brasileiro a partir do sĂŠculo XVI.

Resumos das comunicaçþes Nome: Angelo Adriano Faria de Assis E-mail: angeloassis@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa TĂ­tulo: O fenĂ´meno marrano no Brasil, da colĂ´nia aos nossos dias Implantado o monopĂłlio religioso em Portugal em fins do sĂŠculo XV, os judeus seriam convertidos Ă força, transformados em cristĂŁos-novos, e vĂ­timas de todo tipo de preconceito anteriormente direcionado aos judeus. Apesar de convertidos ao cristianismo, uma considerĂĄvel leva destes antigos judeus continuaria a juydaizar e a repassar seus ensinamentos Ă s novas geraçþes, adotando comportamentos e prĂĄticas marranas. Cientes do problema da continuidade judaica, foi criado, em 1536, o Tribunal da Inquisição em Portugal, com o objetivo de zelar pela fĂŠ cristĂŁ, perseguindo aqueles que consideravam seus principais detratores – os cristĂŁos-novos suspeitos de manter prĂĄticas judaicas em segredo. Apesar das perseguiçþes, o judaĂ­smo sobreviveu, e nĂŁo pode ser desconsiderado hoje o nĂşmero de indivĂ­duos que afirmam ter laços de parentesco com os antigos cristĂŁos-novos e que procuram um maior conhecimento da religiĂŁo dos antepassados distantes. Esta comunicação busca analisar o fenĂ´meno marrano no Brasil desde a colĂ´nia atĂŠ os nossos dias, sua influĂŞncia na religiosidade no Brasil, assim como as especificidades deste comportamento tanto na necessidade de ocultĂĄ-lo para nĂŁo sofrer as agruras causadas pelo Santo OfĂ­cio, quanto na atualidade, onde a ascendĂŞncia marrana ganhou ares de prestĂ­gio. Nome: Beatriz CatĂŁo Cruz Santos E-mail: biacatao@openlink.com.br Instituição: UFRRJ TĂ­tulo: SĂŁo Gonçalo de Amarante nos vilancicos portugueses dos sĂŠculos XVIII A comunicação faz uma histĂłria dos vilancicos de SĂŁo Gonçalo de Amarante, que integram a Coleção Barbosa Machado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e apresenta reflexĂľes sobre a relação santo-devoto no ImpĂŠrio Ultramarino PortuguĂŞs no sĂŠculo XVIII. O trabalho identifica os vilancicos como um gĂŞnero retĂłrico poĂŠtico que parece ter forte relação com os padrĂľes estĂŠtico-musicais estabelecidos pela Capela Real entre a Restauração (1640) e o reinado de D. JoĂŁo V (1708-1750). O gĂŞnero atualiza o santo, constituindo uma prĂĄtica religiosa de centros de culto do reino, que rivalizava com outras prĂĄticas religiosas e festivas existentes na AmĂŠrica portuguesa. A afirmação apĂłia-se numa perspectiva comparativa entre este conjunto documental e outras evidĂŞncias encontradas sobre relação santodevoto e, em particular, sobre o santo de Amarante pertencentes Ă sociedade colonial escravista. A hipĂłtese tambĂŠm dialoga com uma bibliografia da HistĂłria e das CiĂŞncias Sociais, que analisa a relação santo-devoto, a santidade e as festas de SĂŁo Gonçalo. Nessa literatura, ainda hoje, o santo ĂŠ comumente associado Ă festa, Ă dança e ao sexo numa interpretação que apresenta contrastes com o santo dos vilancicos. Nome: Caetana Maria Damasceno E-mail: cdamasce@uol.com.br Instituição: UFRRJ TĂ­tulo: Franciscanismo, objetos de sedimentação de poder e conquista do mundo na religiosidade contemporânea Os atores sociais que dominam a cena deste trabalho pertencem Ă Fra-

ternidade CatĂłlica denominada Toca de Assis/TA, formada por religiosos chamados de “Filhos e Filhas da Pobreza do SantĂ­ssimo Sacramentoâ€?, um Instituto de Vida Consagrada, nĂŁo clerical. A TA tem vĂĄrias casas fraternas em diversas regiĂľes do paĂ­s e pretende alcançar o status de congregação religiosa de beneplĂĄcito papal. Sua “missĂŁoâ€? ĂŠ “atenderâ€? os “pobres de ruaâ€?, “entrar no coração delesâ€?. Este “atendimentoâ€? os revela cotidianamente nas ruas das grandes e mĂŠdias cidades brasileiras. Nesta espĂŠcie de “conquista do mundoâ€?, a TA acaba por chamar a atenção dos transeuntes graças ao uso do traje composto de um amplo camisolĂŁo marrom amarrado na cintura por um cordĂŁo, lembrando o hĂĄbito de SĂŁo Francisco. No Rio de Janeiro, os primeiros contatos com a TA feminina foram realizados numa das casas que as abriga, localizada junto ao Convento das Carmelitas, no bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Como lembra Margareth Gonçalves (2005) tal convento caracteriza-se entre outros aspectos pelas “prĂĄticas de ascese individualâ€?, marcadas pela “renĂşncia ao contato com o mundoâ€? e com as quais se combinam “o ideal da solidĂŁo contemplativaâ€?. Ora, de algum modo, hĂĄ uma paradoxal oposição entre este tipo de exercĂ­cio de renĂşncia. Nome: Cesar Augusto Tovar Silva E-mail: cesartovar@uol.com.br Instituição: ColĂŠgio Santo InĂĄcio/PUC-RJ TĂ­tulo: A Plasticidade de Santo AntĂ´nio. Consideraçþes sobre a devoção antoniana no Rio de Janeiro colonial atravĂŠs de suas imagens Conforme Gilberto Freyre, em Santo AntĂ´nio se uniram a Igreja e Portugal: “as duas forças principais que formaram o Brasilâ€?. No programa colonizador portuguĂŞs, colonizar implicava em formar tanto sĂşditos quanto fiĂŠis. Dessa forma, a devoção a um santo lusitano ia ao encontro de tal anseio, pois conjugava “sensibilizaçþesâ€? em relação Ă religiĂŁo catĂłlica e ao reino portuguĂŞs. Santo AntĂ´nio (1195-1231), um dos santos mais populares da AmĂŠrica portuguesa, teve no Rio de Janeiro colonial sua devoção oficialmente ligada ao convento franciscano estabelecido na cidade a partir dos princĂ­pios do sĂŠculo XVII. O monopĂłlio de seu culto pĂşblico, bem como de formação de confrarias sob sua invocação, foi garantido aos frades pelo mesmo documento que lhes conferiu a posse das terras onde se estabeleceram. Dessa forma, as imagens de seu templo tiveram importância fundamental na construção do imaginĂĄrio local sobre tal devoção. Considerando imagens como formas “plasticizadasâ€? de idĂŠias – no caso, de devoçþes –, estudĂĄ-las significa buscar entender percepçþes e significados, enriquecendo, dessa forma, o conjunto de pesquisas realizadas no campo da histĂłria cultural voltadas para o perĂ­odo colonial. Nome: ClĂĄudia Bomfim da Fonseca E-mail: crbomfim@gmail.com Instituição: UFRJ TĂ­tulo: ExĂ­lio Ritual ou Rito de Passagem? O desterro de ciganos para o Brasil e sua integração na sociedade colonial Este estudo pretende demonstrar que os ciganos sĂŁo personagens de uma histĂłria curiosa no Brasil: Chegaram no sĂŠculo XVI desterrados pela Inquisição e pela polĂ­tica de saneamento da metrĂłpole que os via como sujos, no Rio de Janeiro do sĂŠculo XIX foram integrados a sociedade colonial vistos como alegres e hoje sĂŁo adorados como entidades religiosas. Ao considerar que o Brasil era comparado ao purgatĂłrio e a travessia marĂ­tima a um ritual de limpeza, busco compreender, numa perspectiva globalizante e de

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64 longa duração, a relação entre a exclusão e a integração destes ciganos que povoaram a colônia e que, em lugar de terem no desterro um exílio ritual, acabaram por vivenciar um rito de passagem. Uma nova imagem social dos ciganos foi construída na colônia associando-os à sensualidade e à alegria. No Rio de Janeiro do século XIX, os ciganos habitavam o que hoje é a Praça Tiradentes, possuíam uma rua com seu nome, eram comerciantes e traficantes de escravos e participavam de festas protocolares da corte portuguesa. Hoje, os ciganos despertam medo ao mesmo tempo em que são adorados como entidades da Umbanda. Experimenta-se a aceitação de uma figura liminar, criando um trânsito entre pólos opostos, estabelecendo uma fluidez de fronteiras que é tipicamente brasileira. Nome: Ediana Ferreira Mendes E-mail: edianamendes@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Festas e procissões na cidade da Bahia colonial (1640-1750) As cerimônias públicas, festas e procissões reais, serviram para a Coroa portuguesa como forte instrumento de legitimação e intensificação do seu poder. Estas festividades representaram, ao longo do Antigo Regime, parte importante da cultura e cotidiano dos vassalos – espaço de sociabilidade, devoção e excelente palco político para disputas de interesses locais. A vida da corte poderia estar longe da realidade do ultramar português, mas as datas importantes para a realeza – como nascimentos, casamentos, aniversários e exéquias de membros da família real – deveriam ser comemoradas em todo o império lusitano. Estes festejos eram denominados reais, pois além de exaltarem a monarquia e seus reis, eram financiadas pelos cofres públicos. Somavam-se a estas, outras inúmeras festas de cunho religioso e cívico, também realizadas às expensas da Coroa. As Câmaras Municipais – instâncias locais de poder – tinham o compromisso de organizar e ordenar tais festejos. Esta comunicação visa analisar a implementação e a organização destas festas na cidade da Bahia e, em segundo plano, vislumbrar algumas problemáticas concernentes ao tema, como os conflitos de preeminência e os gastos feitos em procissões. Nome: Edianne dos Santos Nobre E-mail: e.snobre@gmail.com Instituição: UFRN Título: “Eu te darei um coração capaz de me amar”: Maria de Araújo e o ensaio de uma mística moderna feminina (Século XIX) Na pesquisa que desenvolvemos no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande Norte, discutimos a construção do povoado de Juazeiro, localizado no interior cearense, como um espaço sagrado, a partir da análise do conjunto de depoimentos de nove beatas, contidos em um processo episcopal do final do século XIX que foi instaurado para investigar a ocorrência de um possível milagre eucarístico. Neste trabalho, apresentamos a trajetória da beata Maria de Araújo conjeturando que os depoimentos desta beata traduzem uma experiência mística religiosa fundada no catolicismo devocional ou penitencial, herdeiro das tradições medievais ibéricas. Consideramos que as narrativas dessa beata estão inseridas em uma tradição mística que tem seu ponto alto na tradição barroca (MARAVALL, 1998). Neste sentido, tomando como viés interpretativo a teatralização dos eventos ocorridos com Maria de Araújo. Discutimos a partir da sua narrativa como a experiência religiosa e mística do “corpo sofredor” (CESAREO, 1994) – como instrumento divino – será traduzida na transformação de Juazeiro como espaço de sacralidade. Nome: Evergton Sales Souza E-mail: evergtons@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: Iluminismo católico e feitiçaria. A Real Mesa Censória e o fim da magia Embora Portugal não tenha conhecido uma caça às bruxas, as teorias demonológicas que estearam o movimento tiveram largo curso no país. As novas tendências teológicas que passaram a preponderar em terras lusitanas, a partir da segunda metade do século XVIII, provocaram mudanças no modo da elite letrada pensar a magia. Assim, sob a influência da erudição e do pensamento das luzes, a crítica dos meios intelectuais à crença na magia ou feitiçaria se fez cada vez mais forte. Em 1774, a Real Mesa Censória (RMC) examinou o pedido de impressão de um livro italiano intitulado “Defesa de Cecilia Faragò”, acusada do crime de feitiçaria, cuja tese sustentada é a da inexistência da arte mágica atribuída aos feiticeiros. Tomando por base o longo parecer sobre a obra, escrito pelo deputado da RMC, Fr. José da Rocha, no qual se explicita a posição do tribunal sobre o assunto, a presente comunicação procura mostrar como os pressupostos

da ilustração católica concorreram para a mudança no modo de conceber a feitiçaria em Portugal. Nome: Fabricio Lyrio Santos E-mail: fabriciolyrio@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Título: Catequese e civilização: notas sobre o “Regimento para a administração dos índios” do padre Manuel de Siqueira Ancorado na discussão sobre catequese e colonização no século XVIII, o trabalho analisa o “Regimento para a administração dos índios”, do padre Manuel de Siqueira, documento a respeito do qual existem poucas referências na historiografia. Escrito por volta de 1745, o documento revela a preocupação da ordem inaciana em defender a administração das aldeias e o controle sobre a catequese indígena, conforme preconizado pelo Regimento das Missões do Maranhão, de 1686, sugerindo que o estatuto jurídico das missões encontrava-se, desde então, ameaçado, o que contradiz a tese corrente de que tal ameaça teria surgido apenas a partir da ascensão ao poder de Sebastião José de Carvalho, futuro Marquês de Pombal, considerado inimigo declarado dos jesuítas. Manuel de Siqueira, que ocupava o cargo de Provincial, traduz a hesitação vivida pela ordem jesuíta no momento em que a “civilidade” dos índios era proposta como objetivo último da política colonial. A análise deste documento se mostra, portanto, fundamental para o entendimento do contexto histórico em questão. Nome: Fernando Antonio Mesquita de Medeiros E-mail: fernando.am.medeiros@gmail.com Instituição: UFAL Título: Igreja, esquerda católica e anticomunismo nos anos 1960/70 em Alagoas Buscamos compreender o modo como a Igreja insere-se na sociedade e especificamente como esta instituição insere-se na questão social; Como, ao longo das décadas de 1960/70, a instituição mantém ou muda sua inserção na sociedade através da atividade pastoral via movimentos eclesiais. Buscamos identificar os diversos segmentos da Igreja, dentre os quais a esquerda católica no interior desses movimentos, suas lutas e utopias e os projetos sociais em conflito no interior da instituição e investigar a produção do imaginário anticomunista na sociedade brasileira, tomando essa instituição como sujeito privilegiado dessa produção. Concebermos a existência de uma multiplicidade de tendências em seu interior, ainda que, em momentos diversos, uma ou outra seja dominante, sobressaindose entre as demais. Diante desta multiplicidade, afirmamos que a tradição é o elemento agregador da sua existência temporal. Ela caracteriza, dá rosto e é reivindicada pela Igreja, ao mesmo tempo em que é ameaçada por mudanças no decorrer de sua história. É no contexto dessa multiplicidade que buscamos considerar a capacidade da Igreja em gerar espaços e organismos de enfrentamento à situação de dominação, ao tempo em que é, ela própria, utilizada como um instrumento de legitimação desta dominação. Nome: Gabriela dos Reis Sampaio E-mail: grsampaio@hotmail.com Instituição: UFBA Título: De “Uanga” a “O Feiticeiro”: feitiços e feiticeiros em romances e literatura de viagens do Brasil e da África, século XIX A partir da análise do romance UANGA (Feitiço), do escritor angolano Oscar Ribas, escrito em 1951 e ambientado no final do século XIX, pretendo estabelecer relações com algumas obras da literatura brasileira dos oitocentos que tratam de práticas de magia e feitiçaria entre africanos e seus descendentes no Brasil escravista, em especial o romance O FEITICEIRO, de Xavier Marques, de 1897. Busco, também, interpretar práticas religiosas e de feitiçaria oriundas de regiões da África Central do século XIX, baseada nas descrições presentes nestes e em outros romances e em relatos de alguns viajantes que estiveram nas regiões do Congo e Angola entre os séculos XVIII e XIX, relacionando-as com relatos sobre práticas de feitiçaria entre africanos e seus descendentes no Brasil do período. Nome: Geraldo Magela Pieroni E-mail: geraldopieroni@yahoo.com Instituição: UTP Título: Religiosidade e feitiçaria no mundo luso-brasileiro inquisitorial No Santo Ofício, durante o Antigo Regime português, o tema feitiçaria era tradicionalmente tratado no feminino. O Manual dos Inquisidores é explícito: “Existem as feiticeiras? (...) É preciso dizer antes de tudo que mulheres celeradas, pervertidas por Satanás, dizem-se e crêem-se seduzidas

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Nome: Tatiane Dos Santos Duarte E-mail: thaty_duarte@yahoo.com.br Instituição: UnB Título: “A autoridade não vem do sexo, mas sim do Senhor”: investidura religiosa e delegação política Nesta comunicação procuro capturar (Brenner, 1998) as performances ritualísticas e os papéis desempenhados por mulheres que transitam do domínio da religião evangélica para o da grande política (e vice e versa), no âmbito de uma pesquisa mais ampla realizada em um município da Baixada Fluminense/RJ. Interessa-me em analisar a trajetória religiosa de uma pastora, cujas competências específicas (Bourdieu, 1996), adquiridas no âmbito da sua circulação por diferentes tradições pentecostais, lhe permitem ser (re)conhecida em diferentes espaços sociais (como o da “grande” política). Em diversos rituais, seu discurso aponta para a constituição de sua autoridade espiritual, o que lhe tem garantido ser a “porta-voz autorizada” (Bourdieu, 1996) de um novo Ministério. A análise do processo de construção de sua “competência” religiosa e política vem sendo objeto de minha atenção, considerando diversas situações sociais, nas quais ela e outros atores sociais são colocados em perspectiva e analisados por meio da descrição etnográfica em diálogo com a narrativa histórica contextualizada. Tal perspectiva nos permite tanto repensar o(s) lugar(es) de mulheres evangélicas nos diferentes espaços sociais quanto nos possibilita enfrentar os desafios das abordagens analíticas das relações de gênero. Nome: Vanderlei Marinho Costa E-mail: vander.his@gmail.com Instituição: UFBA Título: “Manejos jesuíticos”, “calúnias e imposturas protestantes”: usos da apocalíptica no embate entre credos (Brasil, século XIX) A despeito das transformações que podem ser entendidas como sinais do avanço de um certo “processo civilizatório”, no curso do século XIX brasileiro, e de suas implicações no âmbito da cultura letrada, alguns aspectos da cultura considerados (até mesmo necessariamente) descartáveis, pelos grupos que comandaram as ações de tal processo, mantiveram-se em pleno uso. É o caso do apocalipsismo, cuja operância é objeto desta comunicação, na qual se expõem usos da apocalíptica nos embates travados entre católicos e protestantes, sobretudo na imprensa. Nome: Wilma de Lara Bueno E-mail: buenofamilia@uol.com.br Instituição: UTP Título: Monaquismo feminino no século XX: concepções do sagrado na vida religiosa A pesquisa buscou conhecer o modelo de vivência das monjas beneditinas que fundaram o Mosteiro do Encontro no Paraná, em 1964. Para tanto, foi necessário conhecer as origens do monarquismo e como ele se expandiu no Ocidente, a partir dos preceitos de São Bento de Núrsia e da Regra por ele criada no século VI. Para dar conta do objeto de estudo foi necessário traçar a trajetória das mulheres que comungaram dos ideais monásticos, desvelando a condição feminina no interior dos muros dos conventos e as relações que se constituíram com o clero e com a sociedade, em geral. Na abordagem da vivência beneditina contemporânea constatou-se que elas se mantiveram atentas à Regra do fundador, organizando-se em unidades cenobíticas para realizar o trabalho produtivo que lhes trouxe o sustento e a autonomia. A vida das monjas, no período estudado, organizou-se ritmada pelos Ofícios das Horas, pelas várias celebrações cotidianas. A prática do silêncio, da solidão na cela, a profissão e os votos de pobreza pessoal, obediência e castidade permaneceram como parte inerente à vocação. A atuação das monjas se efetivou na vida comunitária e no acolhimento ao outro, como forma de preservar as virtudes cristãs e cumprir o programa religioso.

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65 65. Militares, polĂ­tica e sociedade no Brasil Renato LuĂ­s do Couto Neto e Lemos – UFRJ (relemos@ifcs.ufrj.br) Celso Castro - FGV/CPDOC (celso.castro@fgv.br) (VWH VLPSyVLR WHPiWLFR DFROKH XPD DPSOD GLYHUVLGDGH GH DERUGDJHQV UHIHUHQWHV j LQVWLWXLomR PLOLWDU QR %UDsil. Um dos tipos mais espetaculares e estudados de relaçþes dos militares com a sociedade tem sido suas intervençþes na polĂ­tica, em particular a construção de um regime autoritĂĄrio de longa duração a partir do JROSH GH (QWUHWDQWR D LPSRUWkQFLD GHVWH WLSR GH HYHQWR QmR SRGH REVFXUHFHU R IDWR GH TXH RV PLOLWDUHV H[HUFHP RXWURV SDSpLV PHQRV H[SOLFLWDPHQWH SROtWLFRV LQVHULQGR VH QDV PDOKDV GD VRFLHGDGH SRU PHLR GH SURFHVVRV GHVYHODGRV TXDQGR VH DQDOLVDP DV IRUPDV GH UHFUXWDPHQWR R SHUĂ€O VRFLDO GRV LQWHJUDQWHV das forças armadas, as matrizes ideolĂłgicas enriquecidas pela sua experiĂŞncia corporativa etc.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre de SĂĄ Avelar E-mail: alexandre.avelar@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia TĂ­tulo: Intelectualidade militar e modernização brasileira: o CĂ­rculo de TĂŠcnicos Militares ( 1937-1945 ) O presente trabalho tratarĂĄ do CĂ­rculo de TĂŠcnicos Militares ( CTM ), uma organização surgida no interior das Forças Armadas durante o Estado Novo e que abrigava oficiais de baixa patente. O elo que unia estes militares era a identificação de um certo perfil e missĂŁo para a instituição militar. Segundo seus representantes, com fortes ligaçþes com o meio civil-empresarial, o desenvolvimento econĂ´mico - aqui identificado claramente com a indĂşstria - deveria ser o grande objetivo a ser perseguido pelos militares brasileiros, posição esta que se contrapunha ao projeto hegemĂ´nico de GĂłis Monteiro, de perfil combatente. A produção intelectual do CTM deve ser lida como um verdadeiro projeto de modernização autoritĂĄria para a superação daquilo que era identificado como a grande debilidade da nação brasileira: o nosso precĂĄrio desenvolvimento industrial, que nos colocava em situação desvantajosa frente Ă s outras naçþes em um momento de graves conturbaçþes internacionais. MerecerĂĄ destaque ao longo da exposição a figura do entĂŁo major Edmundo de Macedo Soares, o principal ideĂłlogo do CĂ­rculo e seu maior expoente intelectual. Nome: Amilton Justo de Souza E-mail: amiltonjusto@yahoo.com.br Instituição: UFPB TĂ­tulo: A censura polĂ­tica da DivisĂŁo de Censura de DiversĂľes PĂşblicas Ă mĂşsica de protesto no Brasil (1969-1974) O presente trabalho trata-se de pesquisa em andamento no Programa de PĂłsGraduação em HistĂłria da UFPB, e tem por objetivo discutir alguns critĂŠrios utilizados pelos TĂŠcnicos de Censura e/ou Censores Federais da ditadura militar brasileira, entre 1969 e 1974, para classificar uma canção como de protesto polĂ­tico contra a ordem vigente, contribuindo entĂŁo para o conjunto de estudos historiogrĂĄficos sobre a censura musical e a mĂşsica de protesto no Brasil. Portanto, partimos da tese de que alĂŠm da “censura moral e dos bons costumesâ€? que imperava na mĂşsica popular brasileira desde 1946, tambĂŠm houve no Brasil uma censura polĂ­tica em relação a essa mesma mĂşsica, principalmente entre 1969 e 1974, quando do “endurecimentoâ€? do regime militar pela chamada “linha duraâ€? do governo. Nome: Ana Paula Lima Tibola E-mail: anita_p12jm21@hotmail.com Instituição: PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica do Rio Grande do Sul TĂ­tulo: Militares e Modernidade: conexĂľes teĂłricas entre conhecimento cientĂ­fico e ideologia na formação dos oficiais do ExĂŠrcito brasileiro (1810-1864) Em 4 de dezembro de 1810, foi publicada a carta de lei que criou uma Academia Real Militar na Corte e cidade do Rio de Janeiro. A Academia foi idealizada pelo Ministro das Secretarias de Estado dos NegĂłcios Estrangeiros e da Guerra, D. Rodrigo de Souza Coutinho. No episĂłdio da invasĂŁo de NapoleĂŁo Bonaparte, fora D. Rodrigo quem mais defendeu a instalação da Corte portuguesa no Brasil. No entender do Ministro, a preservação da colĂ´nia americana seria imprescindĂ­vel para garantir a soberania de Portugal. Logo, tornava-se fundamental a existĂŞncia de um ExĂŠrcito forte e organizado. Uma anĂĄlise dos estatutos da Academia mostra que a formação dos oficiais do ExĂŠrcito fazia parte de um projeto modernizador, essencialmente ligado ao Racionalismo moderno. Este Racionalismo fundamentou toda a concepção de ciĂŞncia moderna, de secularização do mundo e de busca pelo progresso atravĂŠs de um mĂŠtodo

pautado no conhecimento matemĂĄtico. Na dĂŠcada de 1850, os estudantes militares lançaram, nas pĂĄginas do jornal O militar, duras crĂ­ticas Ă elite polĂ­tica imperial. Pretende-se com esse artigo, portanto, estabelecer possĂ­veis relaçþes entre os pressupostos teĂłrico-metodolĂłgicos que formavam os oficiais – presentes nos currĂ­culos e livros-texto da Academia - e o discurso desses militares. Nome: AndrĂŠa Bandeira E-mail: andreabasa@uol.com.br Instituição: Universidade de Pernambuco-UPE/Universidade da BahiaUFBA TĂ­tulo: MemĂłrias da ResistĂŞncia: falas femininas da repressĂŁo militar (Recife-PE, 1964-1979) O objetivo da presente comunicação ĂŠ discutir a representação/imagem das açþes dos militares a partir do olhar de duas militantes polĂ­ticas, inseridas em dois diferentes grupos organizados no Recife, nas dĂŠcadas de 1960-70. Abordaremos os atributos e perfis dos militares e a forma como esses homens exerciam seu poder. Nome: Angela Moreira Domingues da Silva E-mail: angela.moreira@fgv.br Instituição: CPDOC/FGV TĂ­tulo: Ditadura militar e resistĂŞncia legal: anĂĄlise da atuação da Justiça Militar atravĂŠs do diĂĄrio de uma advogada de presos polĂ­ticos (19681979) Durante pelo menos cinco anos intercalados – 1968, 1972, 1973, 1974 e 1979 –, a advogada MĂŠrcia Albuquerque registrou em seu diĂĄrio episĂłdios e situaçþes referentes Ă sua atuação profissional na defesa de presos polĂ­ticos em Pernambuco, durante a ditadura militar (1964-1985). AtravĂŠs da leitura desta fonte, tem-se acesso ao que se pode considerar serem os bastidores da intrincada relação entre a advogada e os presos polĂ­ticos que defendeu, suas famĂ­lias, os ĂłrgĂŁos de segurança e, finalmente, os integrantes da estrutura da Justiça Militar. Assim, a proposta do presente trabalho ĂŠ analisar a atuação do tribunal castrense atravĂŠs de uma nova perspectiva, ou seja, utilizando um enfoque diferenciado dos tradicionais estudos sobre o foro militar, uma vez que, atravĂŠs do registro de MĂŠrcia Albuquerque, pode-se ter acesso a relatos acerca da estrutura do tribunal, que nĂŁo estĂŁo presentes na produção documental prĂłpria da Justiça Militar em sua dinâmica processual. Nome: Celso Castro E-mail: celso.castro@fgv.br Instituição: FGV/CPDOC TĂ­tulo: A cobiça internacional sobre a AmazĂ´nia: entrevistas com militares brasileiros As Forças Armadas brasileiras, em particular o ExĂŠrcito, tĂŞm atribuĂ­do, nas Ăşltimas dĂŠcadas, crescente importância Ă regiĂŁo AmazĂ´nica. Apesar da importância do tema, ainda se tem pesquisado pouco a respeito da visĂŁo dos militares sobre essa regiĂŁo. Esta comunicação pretende tratar de um aspecto particular, porĂŠm de grande importância polĂ­tica e estratĂŠgica: a visĂŁo dos militares sobre a “cobiça internacionalâ€? em relação Ă AmazĂ´nia. A fonte de dados utilizada nessa comunicação ĂŠ um conjunto de entrevistas inĂŠditas realizadas com sete generais-de-ExĂŠrcito que estiveram Ă frente do Comando Militar da AmazĂ´nia entre 1980 e 2002. O perfil dos entrevistados corresponde, portanto, ao dos comandantes militares de mais elevado nĂ­vel na regiĂŁo. Podemos supor que suas opiniĂľes representem as diretrizes gerais adotadas pelas Forças Armadas na regiĂŁo durante o perĂ­odo em que estiveram no comando.

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Nome: Clarice Helena Santiago lira E-mail: claricelira@yahoo.com.br Instituição: UESPI Título: A mobilização militar no Piauí em tempos de Segunda Guerra Esse estudo teve como pretensão construir uma narrativa dos tempos da Segunda Guerra no Piauí (1942-1945), tendo como objetivo principal analisar a forma como a mobilização militar foi operacionalizada na sociedade piauiense. Procurou-se discutir como se deu a mobilização militar e de que modo as forças de ar, terra e mar se comportaram, no Piauí, diante da arregimentação de soldados para a guerra. O presente trabalho inseriu-se nos estudos da história sociocultural, por considerar a importância das configurações históricas na constituição das relações sociais, ao tempo em que também deu margem à criatividade e liberdade de pensar, agir e sentir dos sujeitos históricos que vivenciaram o período em estudo. Os documentos escritos, utilizados na produção da pesquisa, foram principalmente jornais locais, relatórios e boletins internos. No que se refere às fontes orais, estas foram compostas principalmente pelas narrativas dos ex-combatentes e de seus familiares. Nome: Cláudio Beserra de Vasconcelos E-mail: cb.vasconcelos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: A repressão a militares após o golpe de 1964 e os conflitos dos anos anteriores O projeto de dominação implantado no Brasil após o golpe de Estado em 1964 requeria o estabelecimento de um equilíbrio estático do sistema político. Com essa meta foi posto um prática um processo repressivo para eliminação dos adversários políticos (reais e potenciais) do novo regime. Uma das instituições mais atingidas por este expurgo foram as próprias Forças Armada. Considerando este fato, o objetivo da apresentação será o de verificar a configuração política dos militares cassados, de modo a comprovar a relação dos conflitos ocorridos entre as facções existentes no interior das Forças Armadas brasileiras durante os anos 1945 e 1964 e o processo punitivo aplicado após o golpe. Em paralelo, procurarei enquadrar essa política dentro do processo de adequação dos países periféricos às exigências do capitalismo internacional, que necessitava, igualmente, de um sistema político com um equilíbrio estático. Nome: Daniel Martins Gusmão E-mail: dmgusmao@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Os arquivos de memória oral da Marinha brasileira – constituição e trajetória No âmbito da Marinha do Brasil, a organização militar que tem por propósito contribuir para o estudo, a pesquisa e a divulgação da História Naval brasileira é a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM). A Marinha iniciou as atividades de registro da memória oral no século XX, através de gravações de conteúdos variados, sendo que as primeiras foram realizadas na década de 70. Foi no final dos anos 90, que esta atividade ganhou escopo e formou-se uma equipe que através dos métodos em vigor da História Oral, criou o Projeto Memória, em 1998, que, em última análise, tem o objetivo de elaborar o registro da História Naval brasileira, englobando a história administrativa e operativa da Marinha, dos seus navios, estabelecimentos, biografias e dos Corpos e Quadros da Instituição. O conteúdo deste programa baseia-se em depoimentos individuais, enfocando a história de vida dos militares envolvidos direta ou indiretamente nos respectivos temas. O presente trabalho busca resgatar a constituição da formação da memória oral da marinha brasileira, enfocando que através da História da Marinha conheceremos uma grande parte da História do Brasil. Nome: David Antonio de Castro Netto E-mail: d4v1d@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Legitimação e ditadura: a propaganda comercial em foco Nossa pesquisa tem como objetivo compreender um dos caminhos que a ditadura militar brasileira, no período de 1969 até 1980, utilizou no permanente processo de legitimação do Estado de Segurança Nacional,a propaganda comercial televisiva. Após o “boom” provocado pelo “milagre-brasileiro”, uma onde grande de produtos surge no mercado nacional, esses novos produtos têm como “alvo” principal uma classe média, que embora fosse restrita, estava com um crescente poder aquisitivo. Nesse contexto, as propagandas comerciais profissionalizamse e começam a ter papel de destaque na cena nacional, as duas primeiras grandes agências são: JW Thompson e como McCann Erikson. Diferente de estudos realizados anteriormente, que tinham como ponto de partida, as propagandas vinculadas pela agência do governo, a AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas), nossa pesquisa tem como ponto inicial, as propagandas

vinculadas pela televisão e de como tais propagandas, de maneira direta ou indireta, vinham comungar com os moldes que o regime militar brasileiro tentava implantar na sociedade. Nome: Dayane Rúbila Lobo Hessmann E-mail: djnodari@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Combatendo a “PESTE VERMELHA”: A construção do subversivo entre o alto e baixo escalão dos órgãos de repressão durante a ditadura militar brasileira (1964-1985) Observa-se um número significativo de estudos sobre o período pós- Golpe de 1964. Verifica-se ainda nesta bibliografia a predominância da resistência ao Regime Militar. Assim, do lado da esquerda e dos “vencidos” já foram extraídas expressivas revelações. Porém, o lado da direita, daqueles que apoiaram e colaboram com o Regime ainda começam a ser explorados. Nesse sentido, a comunicação visa apresentar parte da pesquisa que venho realizando no mestrado em História da UFPR. Objetiva-se analisar a construção do perfil do “subversivo” que foi produzida e naturalizada entre o alto e baixo escalão do sistema repressivo/informativo durante a Ditadura Militar Brasileira, assumindo e legitimando o discurso dominante. Para tanto, se privilegiará como fonte “Os setes matizes do Vermelho” e “Os sete matizes da Rosa” escritos pelo General Ferdinando de Carvalho 1977 e 1978, respectivamente. E, o “Dicionário: Segurança Nacional e Subversão (teórico e prático)”, elaborado pelo delegado Zonildo Castello Branco, publicado em 1977 e de caráter reservado. Nome: Eduardo Lucas de Vasconcelos Cruz E-mail: domquixote_22@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita filho UNE Título: O Exército como elemento pioneiro da presença do Estado nas regiões inóspitas: a fusão da segurança ao desenvolvimento O propósito deste trabalho consiste em discutir como e porque as Forças Armadas – especialmente o Exército – reivindicaram e assumiram o papel de “ponta-de-lança” do processo de colonização do território brasileiro, fundindo necessidades de desenvolvimento – entendido este como melhoria da malha viária, assistência às populações isoladas, aprimoramento da juventude desvalida incorporada à caserna e até contenção de desmandos regionais – e imperativos de segurança nacional, tais como a chamada vivificação das fronteiras, amortecimento de tendências separatistas e integração dos “quistos étnicos” ao restante do País. O fenômeno estudado não se prende a uma periodização rígida, porquanto desprovido de marcos reputados inaugurais, tais como determinado acontecimento ou certas normas legais – sendo que estas últimas apenas convalidavam ou ampliavam práticas há muito correntes nas Forças Armadas –, mas circunscreve-se geograficamente às regiões consideradas pelos EstadosMaiores como militarmente mais vulneráveis conforme a época, sobretudo o sul do País e, mais recentemente, a Amazônia. Nome: Everaldo Pereira Frade E-mail: everaldopereira@mast.br Instituição: Museu de Astronomia / Coord. de documentação e arquivo Título: Os ex-combatentes da guerra do Paraguai nas ruas do Rio de Janeiro: discursos e práticas em torno de um exército vencedor (1870/1874) O dia primeiro de março de 1870 é considerado oficialmente como a data do final da Guerra do Paraguai (1865/1870), marcando o momento da última resistência paraguaia e a morte do generalíssimo Solano Lopez. A partir daí, as forças brasileiras ficaram ociosas, estacionadas em Assunção, esperando o retorno aos seus lugares de origem. A insatisfação quase geral da tropa, causada pelas péssimas condições em que se encontrava, acabou por fomentar desordens e insubordinações, tornando-se comuns os saques e a violência, principalmente contra a população paraguaia. Por outro lado, o governo brasileiro se preocupava com o retorno desse explosivo contingente, tentando postergar ao máximo possível o embarque de volta do exército vencedor. Este trabalho busca destacar o retorno dos ex-combatentes da Guerra do Paraguai, analisando o posicionamento do governo imperial e da elite política, seus temores, suas estratégias, suas ações e seus discursos no sentido de capitalizar um possível descontentamento dos militares, no caso dos liberais, ou neutralizá-lo, no caso dos conservadores, ao mesmo tempo que eram discutidas e implementadas reformas importantes no exército brasileiro. Nome: Fabiano Godinho Faria E-mail: fabianohist@hotmail.com Instituição: UFRJ

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65 Título: A política militar de João Goulart e o crescimento do movimento Golpista nas Forças Armadas O presente trabalho visa compreender de que maneira a política de promoção às patentes mais altas das Forças armadas (general, almirante e brigadeiro) durante o governo de João Goulart provocou um aumento da atividade golpista no seio destas. A hipótese central é de que ao oferecer os cargos mais importantes e as patentes mais altas a seus aliados, alguns oficiais até então “neutros” que esperavam por sua promoção se sentiram prejudicados e se aproximaram da oposição golpista. Some-se a isto o fato de que algumas promoções foram duramente criticadas pelos setores mais conservadores, como por exemplo, a do almirante Aragão (que não passou pelo colégio naval) e que políticos tidos como comunistas e/ou subversivos (como Brizola) foram, durante o governo de Goulart, homenageados com insígnias militares, tais como a Ordem do Mérito Naval, em 1962. Sem desconsiderar o aspecto político mais geral, e as interações econômicas e de classe que perpassam o movimento de insubordinação militar, essa comunicação pretende pensar qual foi o impacto de medidas como estas dentro da forças armadas. Nome: Fernanda de Santos Nascimento E-mail: fernandaisrael@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul Título: Autoritarismo e militares: uma análise da revista A Defesa Nacional na década de 1930 Em 1934 Pedro Aurélio de Góes Monteiro ao ser convidado a ocupar a pasta de Guerra do então Governo Provisório, elaborou um relatório sobre os problemas e as necessidades do Exército Brasileiro. Neste documento o general não se furtou em tecer algumas considerações sobre os problemas brasileiros relacionados à economia e a política. As considerações contidas neste documento – relacionadas principalmente a falência do liberalismo como sistema político e a necessidade de um estado forte - serão encontradas na fala de outros militares principalmente em artigos publicados pela revista A Defesa Nacional durante a década de 1930. Tal ocorrência demonstra a influência, entre os militares, das idéias relacionadas ao autoritarismo, corrente intelectual que se desenvolveu no Brasil entre os anos de 1920 e 1940. O objetivo deste artigo é, portanto, analisar a influência deste pensamento entre os militares buscando evidenciar que o apoio do Exército ao golpe do Estado Novo tem também relação com a crença comum – de militares e intelectuais - na falência do liberalismo e na necessidade de se instituir um projeto nacional de acordo com a realidade brasileira. Nome: João Ignácio de Medina E-mail: jigmedina@gmail.com Instituição: APERJ Título: Os insubordinados marinheiros de 1910 e de 1964 A Revolta da Chibata em 1910 e o Movimento da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) em 1964 foram dois importantes levantes ocorridos no seio de uma organização militar no século passado no Brasil. Pelo fato de ambos terem sido movimentos de subalternos, sem a participação de oficiais da Marinha ou políticos, e ocorridos em contextos de crise de extrema complexidade na história do Brasil republicano, podem ser considerados objetos de estudo de grande relevância histórica. Este trabalho intenta analisar de forma comparada ambos os movimentos para além da questão organizacional, incluindo os marinheiros envolvidos na sociedade fazendo deles atores políticos e históricos importantes, caros para a compreensão da evolução da República brasileira. Nome: João Júlio Gomes dos Santos Júnior E-mail: jjjhst@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS Título: Conde de Paço D`Arcos: um diplomata, militar e político português no início da República brasileira Carlos Eugênio Correia da Silva, o Conde de Paço D`Arcos, foi o primeiro diplomata português credenciado para representar a Coroa portuguesa no Brasil no início do período republicano. Militar de carreira da Armada portuguesa, foi administrador das colônias e político ligado ao Partido Regenerador de Portugal. Durante sua Missão Diplomática no Brasil (1891-1893), o Conde de Paço D`Arcos foi um observador privilegiado dos embates políticos presentes nos primeiros anos da República – em particular da Revolta da Armada e da Revolução Federalista -, conforme atesta seu vasto acervo de telegramas e relatórios para o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. O objetivo desse trabalho é perceber de que forma a sua condição de militar e político condicionaram sua visão crítica sobre a situação política nacional e a instabilidade do novo regime. A hipótese aqui levantada é que sua formação como

militar, respeitador da hierarquia, e sua atuação como administrador e político conservador, orientaram sua percepção sobre a política brasileira. Nome: Karla Guilherme Carloni E-mail: karlacarloni@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Marechal Henrique Teixeira Lott: esquecimento e contradições Henrique Batista Duflles Teixeira Lott nasceu ano de 1894 e sentou praça em 1911, ainda na 1.ª República. Construiu uma carreira exemplar, sendo apelidado “Caxias” por seus contemporâneos. Ao chegar aos 60 anos de idade, como general, a vida parecia previsível: sair da ativa e se recolher na tranqüilidade do lar. Entretanto, outro foi o destino do velho militar. Era 11 de novembro de 1955, quando Lott, ocupando a prestigiada pasta do Ministério da Guerra, liderou um movimento militar que impediu um golpe de Estado e garantiu a posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República. A vida política e militar deste personagem é objeto de esquecimento e controvérsias na sociedade e nos meios acadêmicos. A necessidade de resgatar e discutir os silêncios e as lembranças em torno do marechal e dos episódios protagonizados por ele, tem a sua relevância não somente pelos seus feitos na história política e militar brasileira, mas, principalmente, pelos valores que a sua meteórica carreira política agregou. A partir de 1955 a imagem de Lott despontou no cenário político como redentor das esquerdas reformistas e revolucionárias preocupadas, naquele momento, com a luta por reformas sociais e a construção de uma política econômica independente. Nome: Kátia Eliana Lodi Hartmann E-mail: katiaeliana@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT Título: Os discursos de militares e da imprensa durante o regime militar em Cuiabá-MT (1964-1968) Entre os anos de 1964 e 1985 o Brasil foi governado por militares, momento em que a direção das Forças Armadas, aliada a uma pequena parcela da sociedade civil, assumiu o controle de vários setores do poder público. Com a deposição do presidente João Goulart o país passou por um regime ditatorial e antidemocrático, pelos quais os direitos civis e políticos foram abafados. No Mato Grosso, em que pesem as suas especificidades, a situação não fugiu do contexto nacional. Foram anos sombrios que marcaram a população através da censura, atos institucionais, repressão policial e desigualdade social. A proposta do presente trabalho é entender como se deu o regime militar em Mato Grosso, especificamente na capital Cuiabá, através da análise dos discursos de militares e da imprensa durante os seus anos iniciais. Algumas fontes pesquisadas são inéditas, no caso os Boletins Internos (BI’s) do 16º Batalhão de Caçadores de Cuiabá, instituição que participou do processo de “tomada” do poder em 1º de Abril de 1964. O principal questionamento que nos permeia é se os discursos escolhidos (dos BI’s e do jornal “O Estado de Mato Grosso”) seguem as mesmas tendências políticas e ideológicas ou têm opiniões contrárias. Essa comunicação versará, ainda que preliminarmente, sobre esta questão. Nome: Kees Koonings E-mail: c.g.koonings@uu.nl Instituição: Universidade de Utrecht & CPDOC/FGV Título: O “exército político” brasileiro: faccionalismo militar e a dinâmica do regime de 1964-1985 Neste trabalho intento analisar a experiência do regime militar brasileiro de 1964-1985 como “exército político” desde a perspectiva do faccionalismo interno à corporação militar. Para analisar o caso brasileiro, eu distingo uma facção “moderada” e uma facção “linha- dura” nos distintos ciclos que a ditadura atravessou entre 1964 e 1985. As lições que eu procuro tirar do caso brasileiro indicam que muito da dinâmica da ditadura resultou do faccionalismo intramilitar, no qual os moderados tenderam a dar prioridade à institucionalização e à legitimação, ao passo que os integrantes da linha-dura tenderam a defender uma marca mais repressiva do envolvimento político militar, devido à ameaça que percebiam à segurança interna. Houve, no interior do regime brasileiro, uma constante tensão entre os dois pólos, mas, ao mesmo tempo, um tornouse refém do outro, uma vez que nenhuma das duas facções ousou encenar uma ruptura, por medo de destruir a unidade final da corporação militar. Nome: Lauriani Porto Albertini E-mail: lalicso@gmail.com Instituição: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAr) Co-autoria: Piero C. Leirner E-mail: pierolei@gmail.com Instituição: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAr) Título: Carreiras, tensões e distensões pós-1964

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Neste trabalho pretendemos abordar um ponto geralmente pouco estudado em relação ao regime militar: as carreiras dos militares do exército brasileiro durante o período dos primeiros anos que sucederam os fatos de março de 1964. Um dos pontos que pretendemos explorar, ainda que de maneira resumida e preliminar, trata das influências que o regime teve – ou não teve – em aspectos relativos à dinâmica interna da corporação. Trata-se, assim, de verificar o nível de imanência que a política exerceu sobre o exército na época. Desse modo, propomos uma espécie de inversão de perspectiva em relação a uma visão que tradicionalmente verifica os desdobramentos da ingerência militar na política: pretendemos, aqui, ver os desdobramentos políticos na vida militar. O que inicialmente nos chamou atenção foi o fato de que os militares que exerceram cargos governamentais ou em empresas estatais passavam, temporariamente, ou definitivamente, para uma condição “paisana”, deixando a farda e assumindo o “terno”. Mas, de outro modo, nos preocupamos em tentar demonstrar o que acontecia na carreira militar quando esses fatores passaram a ser incluídos no horizonte profissional da caserna. Pretendemos também mostrar como a hierarquia se chocou com problemas de natureza política em relação ao regime. Nome: Lina Maria Brandão de Aras E-mail: 4259@associados.anpuh.org Instituição: UFBA Título: Em armas pelo sossego público. Bahia e Pernambuco (18171827) A presente comunicação objetiva discutir o recrutamento e a organização de homens em armas para a manutenção do chamado sossego público. A emergência da rebeldia civil, militar e religiosa presente no norte do Brasil, motivou o governo instalado no Rio de Janeiro a arregimentar homens em armas capazes de combater as agitações políticas em Pernambuco a partir da Bahia. Tal opção se respaldava na capacidade de mobilização de homens e na fidelidade política das autoridades instaladas na Bahia em relação ao poder metropolitano e, depois, imperial, contribuindo para que em 1827 a Comarca do São Francisco passasse a jurisdição jurídico-administrativa da Província da Bahia. Por fim, a Bahia se firmou, ao longo do século XIX, como lócus privilegiado para o recrutamento e o fiel da balança em tempos de crise no norte do Brasil. Nome: Lorenna Burjack da Silveira E-mail: lorenaburjack@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: A Divulgação da Repressão e da Tortura do Regime Militar Brasileiro de 1964 na Imprensa dos Estados Unidos O objetivo dessa comunicação é realizar uma discussão acerca da atuação de exilados brasileiros, do regime militar de 1964, em conjunto com religiosos e intelectuais norte-americanos, no sentido de divulgar nos Estados Unidos a repressão e a tortura praticada pelos militares brasileiros. Dessa forma, foram criados grupos que condenavam o suporte que o governo de seu país estava oferecendo às ditaduras anticomunistas na América Latina. Como exemplo dos grupos pode-se mencionar o North American Congress on Latin American (NACLA), o American Friends of Brasil, American Committee for information on Brazil, Committee Against Repression in Brazil (CARIB), que foram responsáveis pela publicação de periódicos como NACLAS Newsletter e o Brazilian Information Bulletin. Além disso, os membros desses grupos, como o brasilianista Ralph Della Cava, se mobilizaram para que essas denúncias também fossem publicadas em períodos de renome internacional, tais como o New York Times e o Washington Post. Nome: Luiz Fernando Figueiredo Ramos E-mail: fernandoramoshist@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: O Sistema Nacional de Segurança Interna (SISSEGINT) em Belo Horizonte: anticomunismo e repressão política Este artigo estuda a importância do imaginário anticomunista do governo militar iniciado em 1964 na formação da identidade dos órgãos de repressão da área de informação e segurança interna. A hipótese levantada é que tal imaginário anticomunista, enquanto parte da identidade dos órgãos de repressão, passa a ser peça fundamental na ação contra os movimentos considerados “subversivos” pelo regime de 64. Para provar esta hipótese será estudado a seção de Belo Horizonte da então chamada “Comunidade de Informações,” do qual pertenciam o Sistema Nacional de Segurança Interna (SISSEGINT) e seus órgãos subordinados: o Destacamento de Operações de Informações (DOI) e o Centro de Operações de Defesa Interna (CODI). Tais órgãos de caráter civil-militar foram implantados nacionalmente a partir de 1970, e em 1971 na cidade de Belo Horizonte, ambos surgem enquanto expressão máxima da ação repressiva contra as esquerdas revolucionárias, sendo essências, portanto,

no combate à guerrilha urbana. A partir de pesquisa bibliográfica e em especial às fontes primárias destes órgãos (definíveis no Arquivo Público Mineiro), conclui-se que a mediação entre a ideologia da Escola Superior de Guerra (ESG) e a ação repressiva dos órgãos de informações foi fundamental para a desarticulação da “subversão.” Nome: Luiz Rogério Franco Goldoni E-mail: lgoldoni@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Os militares e a engenharia no Estado Novo Os Relatórios do Ministério da Guerra entre 1934-1944 sugerem que a Instituição Militar, por falta de outros atores, atuava como “grande formadora de profissionais altamente qualificados” e de “parque industrial pioneiro”. Estes papéis condiziam com o pensamento dos generais Góes Monteiro e Dutra, que entendiam que a qualidade das Forças Armadas dependeria da capacidade organizacional, intelectual e econômica da nação. As ações voltadas para o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento e para o desenvolvimento industrial subordinavam-se formalmente à construção da nação. Mas esta construção parece representar apenas um artifício legitimador da modernização militar. Analiso o fomento da grande área da engenharia e as relações das fábricas e institutos de pesquisa militares com o setor privado. Os militares foram os primeiros a fabricar pólvora de base dupla no Brasil. Parte da produção de suas fábricas (principalmente produtos químicos) servia de insumo para a indústria civil. O Gabinete de Análises foi pioneiro na padronização e classificação de materiais de construção, como madeira e cimento. Foi o precursor no uso de novos aparelhos, como as serras motorizadas. Os primeiros engenheiros químicos e metalúrgicos do país foram formados na Escola Técnica do Exército. Nome: Manuel Domingos Neto E-mail: mdomingosneto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Os generais e o CNPq Os militares exerceram relevante papel no desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Brasil desde o século XIX. Este trabalho é dedicado a sua atuação no CNPq, principal agência brasileira de fomento a pesquisa, fundada em 1951. Concebido como uma autarquia subordinada à Presidência da República, esta entidade surge formalmente destinada a promover e estimular pesquisa em qualquer área do conhecimento, mas, de fato, tinha como grande escopo o desenvolvimento da tecnologia nuclear. Os oficiais das três Armas integraram a direção do CNPq ao longo de seus primeiros trinta anos de existência e acompanharam com atenção a elaboração da política científica brasileira durante a Ditadura Militar. A partir do exame das atas do Conselho Deliberativo do CNPq, de entrevistas com ex-presidentes e diversos cientistas, de manifestações de autoridades governamentais e de documentos dos comandantes militares, o trabalho examina, entre outros aspectos, as proposições dos oficiais relativas a escolha de prioridades para os investimentos científicos, a constituição das áreas do conhecimento, a montagem do sistema de avaliação de mérito e os esforços em vista da institucionalização da comunidade científica. Nome: Maria da Conceição Fraga E-mail: ceicafraga@cchla.ufrn.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: A luta pela anistia no Brasil e as diferentes noções de cidadania Trata de uma pesquisa que analisa a anistia no Brasil, especialmente a anistia ocorrida em 1979. Investiga as diferentes noções de cidadania advindas de uma legislação que anistiou representantes do estado e membros da sociedade civil envolvidos em prisões durante os governos militares (nas décadas de sessenta e setenta do século passado). Tem como objetivo distinguir as diferentes noções de cidadania a partir do lugar social vivenciado pelos protagonistas da trama. De um lado noções advindas de militares que participaram de um forte sistema de controle social, especialmente através de controle da informação sobre a vida política, social e pessoal de militantes políticos, autoridades religiosas, estudantes, sindicalistas e intelectuais; de outro lado, noções advindas desse conjunto de militantes políticos que em grande parte foi preso, torturado, desaparecido, morto ou foi morar fora do país. Eis o desafio deste artigo. Nome: Maria Regina santos de Souza E-mail: mamuk22003@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Leis descumpridas, vidas sofridas: um estudo sobre as viúvas, os órfãos e os recambiados cearenses da “guerra do Paraguai” (1867-1889) Segundo os relatos dos jornais de Fortaleza, no biênio de 1867/1868 o Ceará registrou uma das maiores cifras de soldados doentes, mutilados e ceifados

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65 nos combates do Paraguai. Nesse ínterim, nos Relatórios Militares é possível destacar vários requerimentos de pensão enviados, sobretudo por esposas e companheiras de combatentes cearenses mortos nos campos paraguaios ao Ministério da Guerra, bem como se ressalta o número de órfãos da peleja. Terminado o conflito em 1870, um problema social instalou-se na província: soldados inválidos, viúvas e crianças desamparadas aumentavam a massa de pedintes fortalezenses. Como essas pessoas viveram durante e no pós-guerra? Esta comunicação tem objetivo inquirir sobre as experiências de pessoas que tiveram mudanças bruscas em suas vidas relacionadas a “guerra do Paraguai”. Nome: Nelson de Sena Filho E-mail: nsena@funec.br Instituição: Centro Universitário de Caratinga Nome: Renata Marques Cordeiro E-mail: tatamarx@hotmail.com Instituição: Centro Universitário de Caratinga Título: A ditadura militar no interior do Brasil: O Grupo Caratinga - Um estudo de caso Os anos 70 foram, dentro do período ditatorial em nosso país, os mais violentos. O País era governado pelo general-presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), cuja gestão ficara conhecida como os “anos de chumbo”. A violência e a tortura foram práticas comuns do período. Nas cidades médias esta realidade não foi diferente. Os estudos realizados nestes locais possibilitam importantes leituras sobre os métodos e práticas utilizados pelos militares. Utilizando um documento liberado pelo “Ministério do Exercito”, (CMP e IIª RM – 2ª Seção) datado de 10 de setembro de 1973 (Brasília), e intitulado “Infiltração Subversiva”, este artigo pretende estudar a atuação da ditadura militar no interior do país. Assim, pretende-se a partir desse estudo de caso analisar as práticas militares em cidades do interior do país. O documento tem como assunto principal o “Grupo Caratinga”, ou seja, um grupo de estudantes que foram presos na cidade de Caratinga, leste de Minas Gerais, que na época possuía pouco mais de 100.000 habitantes. Nome: Neuma Brilhante Rodrigues E-mail: neumabr@uol.com.br Instituição: ISPAM-DF Título: A temática da profissionalização do Exército Brasileiro na autobiografia do Marechal de campo Raimundo José da Cunha Mattos (17761839) É um consenso da historiografia militar que o Exército Brasileiro passou a existir como uma organização moderna e profissional a partir da Guerra do Paraguai. Entretanto, isso não significa a inexistência de iniciativas anteriores de profissionalização, cujo principal exemplo luso-brasileiro foram as reformas do Conde Lippe (1764-1777). Cunha Mattos fez uso de suas Memórias Políticas, Militares e Biográficas para inserir-se como herdeiro dessas reformas. Ele descreveu nessa autobiografia sua experiência na divisão portuguesa na Guerra do Roussillon e da Catalunha, ocorrida entre Espanha e França (1793-1795). Em sua narrativa, as tropas espanholas envolvidas no conflito serviriam como exemplo dos vícios e perigos decorrentes da concepção aristocrática de Exército, enquanto a Divisão Auxiliadora – especialmente a artilharia – seria retratada como uma ‘tropa ideal’ imbuída de valores modernos e com aspirações profissionalizantes. Escrita após a guerra Cisplatina, os silêncios e as ênfases das Memórias da Guerra do Roussillon parecem ter sido usados como meio de aprofundar as críticas do então brigadeiro e deputado do Império brasileiro à condução da campanha da Cisplatina, afirmar seu desejo de reformas no Exército brasileiro e criar uma memória específica de si mesmo. Nome: Paulo Giovani Antonino Nunes E-mail: paulogantonino@hotmail.com Instituição: UFPB/DH/CCHLA Título: Golpe civil-militar e implantação da ditadura militar na Paraíba: adesão, repressão e resistência (1964-1968) Nos momentos que antecederam o golpe civil-militar no Brasil, em 1964, o Estado da Paraíba vivia um momento de grande efervescência política e social; com um governo que apesar de aliado das forças conservadoras do estado tinha práticas próximas do ideário populistas, desenvolvido em nível nacional pelo governo de João Goulart, com vários setores da sociedade civil bastantes mobilizados, e principalmente com um movimento camponês, expresso através das Ligas, com capacidade de mobilização e de confronto com os grandes proprietários rurais. Esta pesquisa, ora em andamento, pretende analisar as tramas políticas que se desenvolveram durante o golpe, a repressão sobre a sociedade civil e a reação desta; bem como a implantação da ditadura militar no referido estado, observando as forças políticas e sociais que participaram desta construção, as que resistiram a elas e a repressão que abateu sobre as mesmas.

Nome: Piero de Camargo Leirner E-mail: pierolei@ufscar.br Instituição: UFSCar Título: O Subversivo Re-ativo: noções militares sobre a inimizade na década de 1960 em uma perspectiva comparada Esta comunicação pretende abordar as noções que envolvem a categoria “inimigo interno” utilizada durante a década de 60 no Brasil. Como contraponto, sugiro ainda um contraste com a noção de inimizade gerada no contexto da guerra de independência de Angola pelo exército português. Para tanto, me apoiarei em documentação publicada, embora de circulação restrita, obtida a partir de pesquisas realizadas tanto em organizações militares do Brasil como na biblioteca do instituto de Defesa Nacional em Lisboa. Procurando vincular esse material a uma perspectiva estrutural e sistêmica da guerra, pretendo, por fim, discutir as possibilidades de uma noção de “inimizade generalizada” a partir de um construto conceitual da antropologia. Nome: Rachel Motta Cardoso E-mail: rachel.cardoso@gmail.com Instituição: FIOCRUZ Título: Cotidianos de guerra: o serviço de saúde do exército (1918-1943) O presente trabalho, em sua fase inicial de pesquisa, é resultado de projeto de doutorado para o Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS) da Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. Ao tratar das correntes no Exército a partir do conceito de “partidos militares” em minha dissertação de mestrado, verifiquei a importância da discussão sobre a influência de potências estrangeiras no desenvolvimento nacional. Tais correntes demonstravam as divisões existentes nas Forças Armadas e tinham sua origem em questões ligadas à influência de participação externa em questões consideradas estratégicas, como, por exemplo, a ligada ao petróleo ao final da década de 1940. A participação do Brasil nas duas Guerras Mundiais não está desligada deste tipo de pensamento. A Missão Médica Militar brasileira à França, que atuou na “Grande Guerra” ou 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e a criação do 1º Batalhão de Saúde para a Força Expedicionária Brasileira (F.E.B.), em 1943, para combater ao lado dos aliados na 2ª Guerra Mundial (1939-1945) serão consideradas como marcos na história do Serviço de Saúde do Exército. Estes limites foram estabelecidos levando em consideração o princípio de influências estrangeiras no processo de formação de militares do Serviço de Saúde do Exército. Nome: Rafael do Nascimento Souza Brasil E-mail: raffbrasil@yahoo.com.br Instituição: UFRJ Título: Nação, por que te quero - a trajetória do nacionalismo militar no processo político brasileiro (1930 – 1964) O trabalho visa partilhar algumas questões acerca do papel exercido pelo nacionalismo no panorama político nacional. Portanto, esta comunicação pretende apresentar alguns apontamentos iniciais acerca da pesquisa desenvolvida em torno da trajetória política do jornal nacionalista O Semanário (1956 – 1964). Mais especificamente, procuramos traçar uma perspectiva histórica sobre essa variável de peso dentro da arena política do país: o nacionalismo. Dessa forma, a pesquisa busca mapear a natureza, o conteúdo e os efeitos do pensamento nacionalista, apontando os seus diferentes formatos e suas respectivas composições sociais, sobretudo as articulações entre setores civis e militares, materializadas nas páginas do jornal O Semanário. Nome: Raimundo Hélio Lopes E-mail: raimundohelio@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: “Ceará não poupará esforços corresponder confiança honrado governo”: organização, formação e estrutura dos batalhões provisórios do Ceará durante a Guerra de 1932 O presente trabalho procura analisar os batalhões provisórios cearenses que atuaram na Guerra de 1932, mais conhecida como “Revolução Constitucionalista”. Por algum tempo, alguns autores acreditaram que as questões ligadas a esse conflito estavam circunscritas a São Paulo, contudo, pesquisas recentes apontam para um forte envolvimento de toda a Nação a partir de relevantes instituições federais, como as Interventorias locais e as Forças Armadas. Sobre o Exército, é importante analisar a atuação de destacados oficiais, assim como sua postura em relação às tropas provisórias. A opção por essas forças foi cercada por discussões e alguns posicionamentos conflitantes. Do Ceará, assim, partiram seis tropas para a guerra, sendo dois corpos oficiais do 23º Batalhão de Caçadores e quatro batalhões provisórios de caráter voluntário. Esses eram formados por pessoas oriundas de diversas camadas da sociedade, como funcionários públicos, operários, promotores, reservistas do Exército e

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retirantes. A participação desses últimos está relacionada com a seca de grandes proporções que assolara a região Nordeste desde o início do ano de 1932. Além de jornais e ofícios da Interventoria, documentos pesquisados no Arquivo Histórico do Exército e no Cpdoc da FGV são fundamentais para essa pesquisa. Nome: Renato Luís do Couto Neto e Lemos E-mail: relemos@ifcs.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Militares e política: uma discussão de paradigmas O objetivo desta comunicação é apresentar uma discussão dos paradigmas subjacentes às análises das relações entre militares e política correntes na historiografia brasileira. Para isso, propõe-se uma tipologia dos principais modelos explicativos aplicados ao tema, com destaque para suas teses principais, os períodos que pretendem abranger os pressupostos teóricos que trazem embutidos.

Em meu trabalho pretendo mostrar a história do Real Arsenal de Guerra e a sua importância durante a Guerra, a evolução do armamento e do equipamento e o apoio da Inglaterra, que em 1º de março de 1865 foi formada a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra foi vencida pela Tríplice Aliança, e como conseqüências, o Paraguai teve o seu território destruído e a sua população arrasada, além do mais, perdeu terras para a Argentina e teve boa parte da sua economia sob controle argentino. A evolução do equipamento do pós Guerra do Paraguai.

Nome: Rodrigo Patto Sá Motta E-mail: rodrigosamotta@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Incômoda memória. Os arquivos das ASI (Assessorias de Segurança e Informações) universitárias No início dos anos 1970 foram criadas Assessorias de Segurança e Informações nas Universidades brasileiras, como resultado do processo de expansão do sistema repressivo do regime militar. Tais agências eram ramificações da comunidade de informações no interior do sistema universitário, para melhor vigiar setor considerado estratégico. Com o declínio do estado autoritário e o início da transição democrática, o destino dos arquivos das ASI passou a causar preocupações aos gestores do sistema de informações, uma vez que poderiam revelar o que se desejava esconder. Este trabalho trata das polêmicas relacionadas a esses arquivos, que guardam memória comprometedora para vários dos grupos envolvidos. Nome: Rogério Rosa Rodrigues E-mail: roger_es@yahoo.com Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC Título: O amanuense e a República dos camaradas: Lima Barreto e a Campanha Civilista (1909-1910) No ano de 1915, Lima Barreto começou a publicar em folhetim Numa e a Ninfa. Por meio deste romance o escritor construiu uma sátira da campanha presidencial que opôs o então Ministro da Guerra Hermes da Fonseca ao prestigiado senador Rui Barbosa. Essa disputa eleitoral ficou conhecida como Campanha Civilista. O objetivo desta comunicação é verificar como Lima Barreto representou o papel que os militares tiveram na articulação do nome de Hermes da Fonseca à presidência da República, bem como seu posicionamento político em relação à disputa travada pelo principal cargo do executivo nacional. As fontes a serem utilizadas serão o romance Numa e a Ninfa, memórias, correspondências e crônicas do escritor e amanuense do Exército bem como a produção historiográfica acerca da Campanha Civilista. A hipótese a ser desenvolvida é de que a candidatura de Hermes da Fonseca articulou uma velha oficialidade militar e políticos radicais que atribuíam ao Exército papel importante na modernização política e social do país. Nome: Silvana Cassab Jeha E-mail: silvanajeha@gmail.com Instituição: PUC-Rio de Janeiro Título: Histórias de recrutas: população e nação através do recrutamento para a Armada Imperial. Brasil, 1822-1864 Através de requerimentos de pedidos de desembarque produzidos por recrutas da Armada vindas de diversas localidades do Brasil e um banco de dados de mais de 2000 pessoas, pretendo apresentar fragmentos biográficos de sujeitos livres pobres e seus familiares. Essa amostra da população do território do Brasil, traz à tona muitas questões que serão esboçadas: políticas de ordenação e construção da nação; a questão do homem pobre livre, sua ocupação, cor e relações familiares; política indigenista; formas de trabalho compulsório, etc. Por um lado analiso a idéia de população dos homens de Estado, a partir da qual praticam políticas públicas como o recrutamento militar. Por outro, procuro refletir como essas políticas incidem nos indivíduos e demonstrar algumas de suas reações. Mesmo considerando as limitações geradas pelas relações de poder, busco realçar as possibilidades de ação do sujeito dentro do sistema normativo. Nome: Tiago Manasfi Figueiredo E-mail: tiago.manasfi@ig.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: O arsenal do exército brasileiro na guerra do Paraguai 1865-1870

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66 66. Marxismo e ĂŠtica em tempo de crise: contradiçþes e revoluçþes Virginia Fontes - UFF e EPSJV/FIOCRUZ vfontes@superig.com.br Gilberto Grassi Calil - Universidade Estadual do Oeste do ParanĂĄ historiaelutadeclasses@uol. com.br O GT HistĂłria e Marxismo, a partir do tema geral da ANPUH, apresenta o SimpĂłsio TemĂĄtico “Marxismo e eWLFD HP 7HPSR GH &ULVH &RQWUDGLo}HV H 5HYROXo}HVÂľ SDUD HVWDEHOHFHU XP GLiORJR FRP DQiOLVHV KLVWyULFDV SHUVSHFWLYDV WHyULFDV H DERUGDJHQV PHWRGROyJLFDV TXH WHQKDP FRPR UHIHUrQFLD D GLDOpWLFD H R PDWHULDOLVPR KLVWyULFR SURFXUDQGR FRQWULEXLU SDUD DPSOLDU R DOFDQFH GRV REMHWRV H FDPSRV GH DQiOLVH KLVWyULFD $ FUtWLFD GD HFRQRPLD SROtWLFD HODERUDGD SRU 0DU[ GHPRQVWUD VXD DWXDOLGDGH QD FULVH FRQWHPSRUkQHD DR DVVLQDODU RV OLPLWHV H FRQWUDGLo}HV GD VRFLHGDGH FDSLWDOLVWD H HVWLPXODU XP FRQKHFLPHQWR YROWDGR SDUD D VXD VXSHUDomR $ pWLFD VRPHQWH SRGH VHU HIHWLYD VH IRU SURIXQGDPHQWH KLVWyULFD FDSD] GH LQWHJUDU DV FRQGLo}HV REMHWLYDV GD KLVWyULD H DV VXEMHWLYLGDGHV TXH QHOD VH IRUPDP 2 VHU KXPDQR VHU VRFLDO GD SUi[LV WUDQVIRUPD R PXQGR H D VL PHVPR DR ORQJR GR WHPSR H SDUD TXH SRVVD WRUQDU VH FULDGRU OLYUH GH VXD SUySULD KLVWyULD SUHFLVD VXSHUDU UHYROXFLRQDULDPHQWH RV OLPLWHV VRFLDLV TXH EORTXHLDP VXD SOHQD KLVWRULFLGDGH D H[LVWrQFLD GH FODVVHV VRFLDLV H D DFXPXODomR FHJD GR FDSLWDO 2 WHPD eWLFD H 0DU[LVPR VXJHUH WDPEpP UHĂ H[}HV FUtWLFDV VREUH RV SURFHVVRV UHYROXFLRQiULRV 3DUD WDQWR p SUHFLVR VXSHUDU R WHUUHQR GR SHQVDPHQWR ~QLFR DLQGD SUHGRPLQDQWH ´QmR Ki DOWHUQDWLYDVÂľ H GH HFOHWLVPRV DR JRVWR GD PRGD UHWRPDQGR R Ă€R FUtWLFR H emancipador do marxismo. Propomos reunir neste SimpĂłsio TemĂĄtico investigaçþes relativas aos embates em curso na luta de classes, jV HVWUDWpJLDV GH GRPLQDomR UHVLVWrQFLD H HPDQFLSDomR FRQVWUXtGDV KLVWRULFDPHQWH SHORV VXMHLWRV VRFLDLV jV UHODo}HV GH WUDEDOKR FXOWXUD H SRGHU H jV FDUDFWHUtVWLFDV FRQWHPSRUkQHDV GDV VRFLHGDGHV FDSLWDOLVWDV

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriano Carmelo VitorinoZĂŁo E-mail: adrianocarmelo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Perspectivas da Esquerda Brasileira apĂłs o fim da UniĂŁo SoviĂŠtica Em meados da dĂŠcada de 1950, com as denĂşncias dos crimes de StĂĄlin, as rupturas dos partidos comunistas ganharam destaque com o movimento dissidente conhecido como Eurocomunismo. Contudo, a queda do “Muro de Berlimâ€?, em 1989, constitui uma das grandes expressĂľes simbĂłlicas que marcaram uma inflexĂŁo qualitativa nas transformaçþes econĂ´micas, polĂ­ticas e sociais no Leste Europeu, com impacto mundial e influĂŞncia decisiva nos debates da esquerda mundial e brasileira, alterando as concepçþes da Revolução SoviĂŠtica e as perspectivas de transformaçþes sociais no Brasil. A partir de um enfoque polĂ­tico, econĂ´mico e social, objetiva-se investigar o impacto da queda dos regimes do Leste Europeu sobre as concepçþes da Revolução SoviĂŠtica e sobre as perspectivas de transformação social dos partidos de esquerda no Brasil, tomando por referĂŞncia o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Comunista do Brasil (PC do B), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Destacamos a necessidade de desenvolver uma anĂĄlise comparativa do impacto do fim da URSS entre os partidos da esquerda brasileira, sobre as alteraçþes nas interpretaçþes do mundo a partir daqueles acontecimentos e de mudanças em suas perspectivas de transformação social. Nome: AruĂŁ Silva de Lima E-mail: arualima@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana TĂ­tulo: Precedentes histĂłricos da ĂŠtica liberal no Brasil: os casos de Juracy MagalhĂŁes e OtĂĄvio Mangabeira (1927-1946) A presente proposta de comunicação tem como objetivo expor os resultados finais da dissertação de mestrado desenvolvida no mestrado em HistĂłria da Universidade Estadual de Feira de Santana. Trata-se de um estudo de trajetĂłria de dois grupos polĂ­ticos que construĂ­ram uma ambivalente aliança polĂ­tica. Juracy MagalhĂŁes e OtĂĄvio Mangabeira sĂŁo eixos estruturadores desse trabalho. A disposição da apresentação estĂĄ dividida em quatro momentos, sendo o primeiro a exposição do tema central, a saber, o liberalismo udenista na Bahia. A seguir, trĂŞs capĂ­tulos da dissertação serĂŁo apresentados. O primeiro reporta-se Ă construção do liberalismo baiano em diĂĄlogo com outras expressĂľes regionais e, tambĂŠm, com estratĂŠgias de interação entre grupos internacionais. O segundo refere-se ao anticomunismo, componente precĂ­puo da UDN, como fator aglutinador de grupos dirigentes cujas divergĂŞncias foram minimizadas face ao “populismoâ€? var-

guista e ao avanço do PCB. O terceiro capĂ­tulo destaca a importância desses dois agentes no americanismo forjado no paĂ­s, principalmente a partir da segunda metade da dĂŠcada de 30, influenciando na construção de liberalismo e anticomunismo inventado no Brasil. A relevância desse trabalho, por fim, situa-se na historicização da ĂŠtica liberal de um grupo dirigente local no Brasil. Nome: Camila Oliveira do Valle E-mail: kkdovalle@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Locke e a “revolução gloriosaâ€? A pesquisa analisa a teoria de Locke e sua relação com a “revolução gloriosaâ€?. A teoria liberal começa a ser desenvolvida num contexto de crĂ­tica ao Absolutismo e ao despotismo, mas em sua base estĂŁo os senhores e privilĂŠgios feudais. Justificando a nĂŁo intervenção do soberano sobre o indivĂ­duo, afirma a propriedade, e considera o mercado como o espaço da oportunidade e nĂŁo da coação. Locke busca solucionar as controvĂŠrsias em torno da propriedade com a criação do governo civil, realizado via “acordoâ€? – que serve mais aos que tĂŞm muito a perder. O governo baseia-se na noção de que as leis organizarĂŁo a sociedade, mas se garante em função do apoio que as leis tĂŞm na força – “concentradaâ€? no executivo. Ainda que esteja num contexto de mudanças e de oposição a uma teoria que sustentava o poder patriarcal do Rei (Filmer), daĂ­ afirmar a soberania do povo, o governo civil e o direito de resistĂŞncia, Locke “salvaâ€? o rei, senhores e burgueses, aceita a escravidĂŁo, a “servidĂŁoâ€? e a apropriação dos “frutosâ€? do trabalho alheio, e justifica a resistĂŞncia na preservação da propriedade – jĂĄ individualizada e um direito mesmo no estado de natureza. A teoria lockeana reconhece a acumulação, o dinheiro e a propriedade desigual – e limita a prĂłpria humanidade nos marcos da economia polĂ­tica. Nome: Carla Luciana S. da Silva E-mail: carlalssilva@uol.com.br Instituição: Unioeste TĂ­tulo: Crise do capitalismo e o fascismo atual na/da grande imprensa brasileira O trabalho analisa algumas formas da ofensiva conservadora em resposta ao momento atual de crise do capitalismo na imprensa brasileira. Ela estĂĄ em consonância com uma postura social mais ampla, de lançar bases para a manutenção de uma postura de passividade, e estĂĄ especialmente assentada na reconstrução do processo histĂłrico, buscando reconstruir uma historiografia que negue de diversas formas o peso histĂłrico da luta de classes. Para isso vale atĂŠ mesmo o apoio tĂĄcito Ă ditadura e a governos fascistizantes. O estudo busca mostrar como essa postura estĂĄ sendo assumida por alguns veĂ­culos de comunicação brasileiros: a

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Folha de São Paulo e as revistas Carta Capital e Veja. O jornal considerou a ditadura brasileira de “ditabranda” ao estabelecer a comparação com o governo Chavez que não saberia seguir as “regras do jogo democrático”. Quanto a Carta Capital, a forma com que repercutiu a posição do governo brasileiro no caso Cesare Battisti permite que percebamos de forma mais explícita as posições reacionárias nem sempre claras na sua ambigüidade. Veja por sua vez daria inúmeros exemplos para o estudo. Ateremos-nos ao ato autoritário de fechamento das escolas itinerantes do MST pelo governo do Rio Grande do Sul a partir da cobertura da revista. Nome: Cristiane Soares de Santana E-mail: crysthianesantana@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: O processo de “integração na produção” da ação popular: uma experiência maoísta na Bahia (1967-1970) A presente pesquisa tem como objetivo principal apontar a influência do pensamento de Mao Tsé Tung no processo de “integração na produção” realizado pela Ação Popular na Bahia entre os anos de 1967-1970. Na abordagem por nós adotada, o estudo de tal processo buscará apresentar a influência do ideário maoísta neste período da história de um antigo agrupamento da esquerda católica, então engajado no esforço de se constituir em uma organização de caráter proletário. Baseando-nos na documentação pesquisada no Arquivo Edgard Leuenroth (Fundo Brasil Nunca Mais e Duarte Pacheco Pereira) e Arquivos Públicos do Estado do Rio de Janeiro (Fundo Jair Ferreira de Sá) e do Estado de São Paulo (Fundo Deops - SP), investigamos a trajetória de militantes pequeno-burgueses enviados para viverem e trabalharem como camponeses ou operários visando articular a guerra popular prolongada no país na luta contra a ditadura militar. Assim, temos como objetivo analisar a influência do pensamento maoísta na construção da estratégia de luta da AP através análise dos documentos partidários e alguns textos das Obras Escolhidas de Mao Tsé Tung Nome: Danilo Enrico Martuscelli E-mail: daniloenrico@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: A tese da burguesia mundial e a ideologia da globalização Diversos estudos têm enfatizado a idéia de que viveríamos nos últimos anos um processo inusitado de unificação e integração da burguesia em nível mundial. Os enfoques teóricos para sustentar essa tese geral são variados. Em linhas gerais, é possível identificar três variantes explicativas principais do processo de unificação e integração da burguesia em escala mundial. A primeira variante acentua o papel das grandes corporações transnacionais no ordenamento econômico e político do capitalismo contemporâneo, vindo até mesmo a sugerir a possibilidade de formação de um Estado transnacional. A segunda variante destaca o processo de internacionalização dos altos quadros e sua relação com a difusão das grandes empresas transnacionais. A terceira variante procura ressaltar a financeirização como elemento fundamental para a dissolução das clivagens e fracionamentos no interior das classes dominantes. Sustentamos a hipótese segundo a qual a tese da unificação e integração da burguesia em escala mundial assimila, mesmo que a contragosto, a ideologia da globalização. Assim, o objetivo desta comunicação é demonstrar como essas variantes explicativas da tese da unificação e integração da burguesia em escala mundial assimila, em graus variados, a ideologia da globalização. Nome: Danúbia Mendes Abadia E-mail: danubiaassis@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: O jornal Combate e o desenvolvimento das lutas autonomistas dos trabalhadores portugueses na Revolução dos Cravos (1974-1978) O golpe realizado pelo Movimento das Forças Armadas em 25 de Abril de 1974 marcou o fim de 48 anos de regime fascista em Portugal. No entanto, logo após o 25 de Abril, a reorganização das novas estruturas de poder e a retomada do processo de acumulação do capital no país foram desestabilizadas por um vasto processo de auto-organização dos/as trabalhadores/as. O desenvolvimento das diferentes lutas nas empresas, nos bairros e nas colônias portuguesas, foi acompanhado pelo coletivo que organizou, no período, o jornal Combate; foi a partir do acompanhamento das lutas autonomistas que tomavam lugar no processo da revolução que o Combate pode diagnosticar, in loco, a processualidade no modo de desenvolvimento do capital, assim como as diversas formas de organização autônoma da classe trabalhadora. Nome: Eurelino Teixeira Coelho Neto E-mail: eurecoelho@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Estado e lutas sociais; hegemonia e experiência. Reflexões metodoló-

gicas para uma história social da política Trata-se de discutir questões de método na produção historiográfica, considerando que tanto o reducionismo etnográfico (chamado culturalista), marcante na história social e cultural, quanto o reducionismo que isola a política nos espaços institucionais, predominante na história política (mesmo que “nova”) dificultam a compreensão da política como atividade do ser social. O texto recupera aspectos das análises marxianas da história política francesa (Lutas de Classe na França de 1848 a 1850 e O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte) como referências para uma abordagem totalizante e antireducionista dos fenômenos políticos. O interesse recai sobre as inovações metodológicas expressas naqueles textos em que Marx investiga a dialética entre a ação dos sujeitos históricos (que fazem a história) e as condições dadas em que tais sujeitos têm de agir (que eles não escolhem). Já no século XX, elaborações de A. Gramsci e E. P. Thompson descortinam novas possibilidades analíticas que, incorporando elementos como religião, cultura popular, literatura ou o papel dos intelectuais em seus estudos sobre política, reafirmam a perspectiva marxiana de uma abordagem integradora das múltiplas dimensões da vida social. Nome: Felipe Abranches Demier E-mail: felipedemier@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Bonapartismo e cesarismo nos estudos sobre o período 19301964 da república brasileira: alguns apontamentos introdutórios O fito desta pequena comunicação é assinalar a presença da idéia de “autonomização relativa do Estado”, fenômeno histórico-político abordado por alguns clássicos do pensamento marxista, em alguns dos destacados trabalhos científicos que se dedicaram ao chamado período “populista” da história nacional. Mais especificamente, buscaremos, de modo bastante sucinto, expor como os conceitos de “bonapartismo”, tal como foi trabalhado por León Trotsky, e de “cesarismo”, da forma como foi desenvolvido por Antônio Gramsci, encontram-se presentes em uma parcela da produção bibliográfica acadêmica que visou compreender as relações entre classes social e Estado, no período da república brasileira localizado entre 1930 e 1964. Nome: Fernando Silva dos Santos E-mail: fesantos.mt@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás - Campus de Jataí Título: Trajetórias militantes no sudoeste goiano: as múltiplas determinações no processo de formação do Partido dos Trabalhadores em Jataí O Partido dos Trabalhadores (PT), desde a sua criação no final da década de 1970, foi caracterizado como uma espécie de possibilidade de aglutinar e canalizar as manifestações que reclamavam a organização das classes trabalhadoras no Brasil, as quais viviam ainda sob um regime militar que duraria de 1964 a 1985. A pesquisa tem como objetivo a análise da formação e estruturação do Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade de Jataí. Nosso referencial, para essa análise, são relatos das trajetórias pessoais de militantes e simpatizantes dos setores que participaram do processo de fundação do partido na cidade, relacionando-os a multiplicidade de processos singulares e particulares, que refletem, sob o prisma de uma análise dialética, um momento de síntese coletiva, ou seja, a mediação entre as experiências particulares dos indivíduos e a construção de objetivos comuns. O desenvolvimento da pesquisa apóia-se no debate sobre a consciência de classe, na análise documental e na coleta e análise imanente dos relatos das entrevistas, que buscam a partir das trajetórias militantes, traçarem o perfil social de lideranças em cada um dos segmentos que se apresentavam como partes do processo de formação orgânica do partido. Nome: Gelsom Rozentino de Almeida E-mail: rozentino@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Rio de Janeiro Título: A crise do sistema penitenciário: capitalismo, classes sociais e a oficina do diabo A pesquisa pretende reconstituir em sua análise os percursos que resultaram na disciplina da força de trabalho pela instituição carcerária, primeiro para a manufatura, depois para a fábrica, com os seus diferentes modelos e sua crise até os dias atuais. Temos como referência duas vertentes principais. Para Foucault, o cárcere é o emblema do modelo de organização do poder disciplinar exercitado no contexto social de quem detém o próprio poder, um modelo que assume aspectos quase metafísicos e que perde, exatamente devido à sua generalização e abstração, uma dimensão histórica precisa. De forma diversa, Melossi e Pavarini procuram constantemente comparar os esquemas teórico-interpretativos que propõem para explicar primeiro a gênese e depois o desenvolvimento dos distintos sistemas penitenciários e a incidência

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66 concreta que as instituições penitenciárias têm na organização econômica e social que estão analisando. Nome: Gilberto Grassi Calil E-mail: historiaelutadeclasses@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná Título: A ação orgânica das revistas semanais no encaminhamento do processo de “democratização”: uma abordagem da imprensa como aparelho privado de hegemonia O objetivo deste trabalho é sistematizar e apresentar algumas conclusões de um conjunto de pesquisas realizadas no âmbito do Laboratório de Pesquisa Estado e Poder da Unioeste, através de pesquisas de Iniciação Científica e de Mestrado que abordam a ação orgânica dos diversos veículos da imprensa escrita semanal que intervieram para o encaminhamento do processo de reconstrução do Estado de Direito no contexto da crise da ditadura civil-empresarial militar. A premissa fundamental em comum é a compreensão gramsciana dos veículos da imprensa como Aparelhos Privados de Hegemonia (APHs), ou seja, instrumentos utilizados por uma classe ou fração de classe para disseminar visões de mundo. A constituição de APHs e sua intervenção no interior da sociedade civil são fundamentais no embate hegemônico. No período compreendido entre o início da crise da ditadura brasileira e a promulgação da Constituição de 1988, disseminaram-se na sociedade civil perspectivas diversas em torno do encaminhamento do processo em curso, correspondentes aos interesses das distintas classes e frações. Neste contexto, revistas semanais como Veja, Istoé e Visão expressaram e difundiram, sob perspectivas distintas, visões e projetos alternativos para a reafirmação da hegemonia burguesa. Nome: Hugo Villaça Duarte E-mail: hugovduarte@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Estratégias e táticas revolucionárias: um breve estudo sobre a Ação Popular (1963-1971) Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa mestrado sobre a trajetória política da Ação Popular no período de 1963 a 1971. Seu objetivo central é debater as estratégias e táticas revolucionárias formuladas pela direção da AP no período em questão. Pretende-se também observar que, embora tenha se apresentado como uma alternativa política ao Partido Comunista Brasileiro, a organização não foi a fundo na crítica à estratégia do PCB, chegando muitas vezes a reproduzir suas teses. Nome: Igor Gomes Santos E-mail: santosig@uol.com.br Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFBA) Título: Transformismo na Feira O Objetivo desse trabalho é discutir o processo político do Partido dos Trabalhadores do município de Feira de Santana que o retirou de um posicionamento marcado pela linha teórica do marxismo e da “esquerda petista”. Para tanto identificamos a relação entre o PT e o MOC, movimento social destacado da cidade, e a adesão de importantes intelectuais deste último no PT, trazendo para dentro do partido linguagens, concepções e modalidades organizativas próximas a da terceira via e de formas “solidárias” e “sustentáveis” de desenvolvimento. A interpretação deste processo é balizada segundo sugestões de A. Gramsci, que propõe um interessante programa de pesquisa para a compreensão das dinâmicas dos intelectuais coletivos. A documentação utilizada foram jornais, entrevistas, documentos do PT e do MOC, programas políticos eleitorais e cartilhas. Nome: Irene Spies Adamy E-mail: ireneadamy@hotmail.com Instituição: Unioeste Título: Entidades Rurais Patronais e o I Plano Nacional de Reforma Agrária A disputa em torno do projeto de reforma agrária na assembléia nacional constituinte foi marcada pela atuação de entidades representativas da classe dominante agrária, que tiveram na União Democrática Ruralista sua expressão nacional. Atuando tanto ao nível da sociedade civil quanto no âmbito da sociedade política, e por vezes fazendo uso da violência, conseguiram manter intocado, salvo em alguns aspectos específicos, o privilégio do direito sobre a propriedade da terra no Brasil. Nome: Joana Darc Virgínia dos Santos E-mail: joana_dvs@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica - SP Título: Participação popular e governabilidade: a implantação do Programa de Urbanização de favelas na cidade de Diadema (1983-1988) Com o objetivo de compreender o conteúdo das lutas sociais por moradia de-

senvolvidas na cidade de Diadema e a forma específica do atendimento destas demandas na relação com o poder municipal, durante a primeira gestão petista 1983-1988, trataremos nesta comunicação de pesquisa sobre particularidades da classe trabalhadora residente em Diadema e sobre os desdobramentos da implantação do Programa de Urbanização de Favelas. Gilson Meneses chegou à prefeitura de Diadema pelo PT em sua primeira gestão (1983-1988) com o desafio de implantar as promessas de campanha a partir de recursos parcos e comprometidos com dívidas das administrações anteriores. O Programa de Urbanização de favelas, carro chefe de sua plataforma de governo, consistiu na implantação de infra-estrutura básica e concessão de posse da terra aos moradores. Nome: Joana El-Jaick Andrade E-mail: joanandrade@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: August Bebel e a emancipação feminina Não obstante a teorização empreendida por Marx e Engels em relação à dupla exploração da mulher no âmbito da sociedade capitalista, a primeira produção teórica de particular relevância para um enfoque marxista da questão de gênero, justamente por sua ampla difusão e repercussão, foi o livro de August Bebel, intitulado A mulher e o Socialismo (1879). Ao examinar e problematizar a condição das mulheres no final do século XIX, Bebel abriu espaço para um novo campo de ação no interior da social-democracia. A vinculação da dependência econômica, subordinação política e baixo status social das mulheres sob o modo de produção capitalista, à exploração de classe, possibilitaram-lhe enxergar o novo papel desempenhado pelas militantes socialistas como imprescindível às lutas proletárias. O presente trabalho pretende analisar a contribuição de Bebel para a construção teórica da “questão feminina” no cerne da tradição marxista, a recepção de suas idéias pelas diversas correntes da social-democracia européia e sua influência sobre as novas formas de organização e estratégias de ação levadas a efeito por socialistas como Klara Zetkin, Rosa Luxemburg e Alexandra Kollontai. Nome: João Alberto da Costa Pinto E-mail: joaoacpinto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Os Gestores como classe dominante no capitalismo: um roteiro de apresentação do marxismo de João Bernardo Proponho nesta comunicação uma exposição sintética do modelo teórico desenvolvido por João Bernardo com o propósito de justificar as perspectivas conceituais de uma interpretação historiográfica sobre a historicidade da organização sócio-institucional do capitalismo brasileiro no período 1870 – 1960. Se as práticas de exploração da força de trabalho são o termo fundacional das instituições que caracterizam a historicidade das formações sociais capitalistas, nessas instituições é que se encontra a realidade fundamental a ser aferida pelo historiador porque é nelas que se define a totalidade processual de tais práticas, logo, do ponto de vista dos trabalhadores, submetidos à lógica da Lei do Valor (Marx), todas as instituições capitalistas (fundamentalmente o Estado, as Empresas e os Sindicatos) demarcam-se como espaços de organização da exploração. Os Gestores definem-se como classe nas práticas históricas da organização da exploração consolidando para tanto, na reprodutibilidade das instituições, os princípios de sua auto-organização (junto com a burguesia) como classe dominante já que impõem através das mesmas a organização heterogênea das classes trabalhadoras. Da heurística desse modelo depreendo a hipótese dos Gestores como classe dominante na organização do capitalismo brasileiro Nome: Kenia Miranda E-mail: keniamiranda2006@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A natureza sócio-histórica do trabalho docente: do sacerdócio à sindicalização O propósito desta comunicação é analisar os aspectos relativos à natureza sóciohistórica do trabalho docente e a condição de classe desses trabalhadores. Nesse sentido, investigaremos o processo que deu origem à construção de um trabalhador coletivo da educação e o seu caráter majoritariamente feminino. Por fim, refletiremos sobre os dados de sindicalização dos professores no país e sobre a experiência sindical no estado do Rio de Janeiro. Nome: Larissa Costard E-mail: larissa_costard@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: “A Opção Brasileira”: a obra de Mario Pedrosa e as análises trotskistas do golpe de 1964 A temática ‘História e Ética’ remete à discussão sobre o papel social do historiador e a responsabilidade de sua produção. Num contexto historiográfico de múltiplas visões – e revisões – do golpe de 1964 o presente trabalho tem como

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objetivo realizar uma análise da obra A Opção Brasileira, de Mario Pedrosa. No livro de 1966, o marxista e crítico de arte, inserido na tradição trotskista, faz um balanço do governo João Goulart e os caminhos que levaram a implementação do regime militar no Brasil, a partir das relações entre o capital e o poder. A interpretação do regime como forma de consolidação de determinado momento histórico do capitalismo no Brasil e no mundo leva à crítica das estruturas do Estado brasileiro, e abre espaço para a discussão das estratégias de ação naquele contexto, relembrando que a produção intelectual está cercada de fundamentos e conseqüências políticas. Retomar a dimensão de classe e o papel do regime na aceleração do capitalismo no Brasil torna-se tarefa ética do historiador no presente, para a compreensão e crítica das revisões historiográficas e para o despertar da consciência do uso real de nossa produção. Nome: Laurindo Mekie Pereira E-mail: mekie1@hotmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: Gramsci e o estudo das identidades territoriais Neste trabalho analiso o pensamento de Antonio Gramsci com o objetivo de identificar a contribuição das categorias do pensador italiano para o estudo das identidades regionais. Na presente conjuntura, não obstante a mundialização do capital, permanecem ou reaparecem discursos regionalistas/nacionalistas. A leitura gramsciana acerca da questão meridional, embora construída para o entendimento daquele objeto, apresenta-se com razoável grau de universalidade e constitui um instrumental analítico percuciente para a compreensão destas temáticas na atualidade. Nome: Leandro de Oliveira Galastri E-mail: leandrogalastri@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas / Université Paris 8 Título: A revista Le Devenir Social e a difusão do marxismo na França (1895-1898) Pretendemos discutir o papel da revista francesa Le Devenir Social no debate socialista do final do século XIX e sua inserção nas discussões concernentes à “primeira crise do marxismo”. Após a morte de Engels, em agosto de 1895, a tarefa de defesa e difusão do marxismo na Europa ocidental resta principalmente a cargo de poucos discípulos de grande envergadura teórica, como Karl Kautsky na Alemanha, Antonio Labriola na Itália e Georges Sorel em França. Este edita, entre os anos de 1895 e 1898, a revista Le Devenir Social, com sede em Paris. Com o propósito declarado em frontispício como Revue Internationale d’économie, d’histoire et de philosophie, todas as 46 edições mantêm, logo abaixo desse subtítulo, a citação de Marx segundo a qual Le mode de production de la vie matérielle domine en généralle le développement de la vie sociale, politique et intelectuelle, numa delimitação inconteste de sua postura editorial. Ao longo de seus quatro anos de existência, a revista publicará artigos de Labriola, Kautsky, Bernstein, Croce, Paul Lafargue, Sorel, Plekhanoff, além de outros importantes nomes da época mesmo em áreas como a ciência jurídica, psiquiatria e biologia. A revista publicou também extratos de Marx e Engels, este chegando a colaborar com Le Devenir ainda em vida. Nome: Ludmila Gama Pereira E-mail: ludmilagama@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A universidade e a contra-revolução clara e rígida: uma análise sobre as transformações do meio acadêmico na década de 1960 à luz de Florestan Fernandes A principal finalidade deste trabalho é trazer uma reflexão acerca da relação entre universidade e sociedade em um recorte histórico específico, a partir, principalmente, das análises do sociólogo Florestan Fernandes. A análise privilegiará as reflexões do sociólogo sobre o regime militar instaurado no Brasil em 1964 e também seus escritos sobre universidade e intelectuais no mesmo período. Nome: Marly de Almeida Gomes Vianna E-mail: magvianna@uol.com.br Instituição: Universo Título: Os comunistas na imprensa da primeira metade do século XX O trabalho procura entender como as lideranças que se diziam do movimento operário – especificamente os comunistas - expressaram sua política e sua ideologia, com a finalidade de levar consciência à classe que queriam representar e ganhar adeptos para sua causa entre outras camadas da população e comparar essa expressão com a dos anarquistas e socialistas. Nome: Martina Spohr E-mail: martina_spohr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense

Título: Cultura e hegemonia: análise do mercado editorial brasileiro na primeira metade da década de 1960 Esta comunicação pretende desenvolver, a partir do debate em torno do conceito de cultura e de sua ligação com o conceito de hegemonia, uma análise do mercado editorial brasileiro na primeira metade da década de 1960, utilizando conceitos de Antonio Gramsci, Raymond Williams e Jesus Martin-Barbero. Temos como objetivo contextualizar a difusão ideológica do grupo do capital multinacional e associado realizado através de empreendimentos culturais, mais especificamente da edição de livros, partindo da percepção de que as editoras se movimentavam por congruência ideológica com este grupo, embora elas mesmas não se enquadrassem naquela categoria. Alguns dos valores difundidos pelos projetos editoriais foram o anticomunismo e um modelo de democracia isento de características consideradas “negativas” - a agitação sindical, o nacionalismo extremado, etc. As características do mercado editorial e sua influência nos projetos desenvolvidos por editoras do período junto à divulgação de valores do grupo do capital multinacional e associado contribuíram para a construção do projeto hegemônico de sociedade difundido por este setor que expressou a aspiração por uma nova ordem, do ponto de vista de atores econômicos, políticos e militares críticos do sistema político praticado no Brasil desde 1946 Nome: Mirza Maria Baffi Pellicciotta E-mail: mirzapellicciotta@yahoo.com.br Instituição: Prefeitura Municipal de Campinas Título: Elementos para uma história do trotskismo nas movimentações estudantis brasileiras dos anos 1970 Através do estudo das práticas estudantis na década de 1970, identificamos elementos de uma trajetória transnacional de discussão, troca de referências e experiências que contribuíram para a eclosão de movimentações coletivas de forte identidade cultural e política no período. Com atenção sobre a formação e desenvolvimento da tendência estudantil Liberdade e Luta (criada na USP em meados da década de 1970 e dissolvida no interior do PT nos primeiros anos da década de 1980, já como tendência estudantil nacional), procuramos resgatar e discutir alguns acontecimentos, experiências e elaborações de fundamentação trotskista que, ao tomarem o conceito de política como campo transnacional, permitiram à esta tendência radicalizar e subsidiar sua radicalização, substantivar e mediar relações entre as movimentações estudantis e outros processos sociais em curso, contribuindo de forma substancial para a ampliação e consistência política do movimento estudantil em meio a outros processos sociais. Nome: Muniz Gonçalves Ferreira E-mail: munfer@terra.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Raças, Nações e Lutas de Classes: o olhar da Internacional Comunista (IC) sobre o mundo periférico no período 1928-1940 As leituras da história do comunismo internacional concluem com a constatação de que a estratégia definida pela IC para os chamados países coloniais e semi-coloniais engendrou o germe das deformações dogmáticas impostas pelo stalinismo ao conjunto do movimento comunista internacional. Estas análises possuem em comum o fato de serem, evidentemente, produzidas pós factum e tenderem a localizar, no final dos anos 20, os germes daquilo que só viria a se cristalizar anos depois: a fossilização burocrática staliniana. A partir de uma pesquisa realizada sobre um conjunto de fontes produzidas no período 1928-1940 e até aqui pouco exploradas pelos pesquisadores, em particular os periódicos La Correspondencia Sudamericana (1927-1930), El Trabajador Latino-Americano (1928-1930), Boletim do Bureau Sul-Americano da Internacional Comunista (1931) e La Internacional Comunista (1940), este trabalho pretende reexaminar as posições adotadas pela principal agência do comunismo mundial na primeira metade do século XX acerca das peculiaridades étnicas, sociais e políticas dos países e regiões do mundo extra-europeu. Nome: Paloma Alves de Oliveira da Silva E-mail: paloma_alves@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica - SP Título: Caio Prado Jr. e o sentido da revolução na especificidade da burguesia brasileira (1955-1966) O objetivo desta pesquisa é situar o conceito de revolução na produção de Caio Prado Júnior entre os anos de 1955 a 1966, particularmente explicitada em seu livro A Revolução Brasileira, mas também presente em outros escritos do autor, incluindo-se alguns manuscritos ainda inéditos. Apesar dos múltiplos estudos sobre a obra de Caio Prado, este tema ganha relevância pelo debate que abre sobre o papel da burguesia no Brasil e na América Latina. São pouquíssimos os estudos sobre a burguesia brasileira e, menos ainda, os que se dedicam, como Caio Prado faz neste trabalho, a analisar as condições específicas deste segmento social, ou parcelas dele, de trilhar os caminhos clássicos que possibilitaram, na Europa, a

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66 ascensão revolucionária da burguesia industrial ao poder e, com isto, liberar as forças sociais para o desenvolvimento pleno do capitalismo, rompendo com o arcaísmo do Antigo Regime. Ressalta-se aqui, nosso intuito de utilizar a ontologia marxiana para interpretar o pensamento de Caio Prado, conforme ele mesmo o concebeu e o manifestou, a partir das condições objetivas do momento em que escreve, amparando-nos, principalmente, nas indicações de Georg Lukács e Agnes Heller como aporte teórico-metodológico para discutir a especificidade deste aspecto da realidade brasileira. Nome: Paulo Alves Junior E-mail: pauloalvesjr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual Paulista / Araraquara Título: A teoria da história na obra de Lucien Goldmann A obra de Lucien Goldmann se insere na produção da segunda metade do século XX como umas das mais significativas no cenário do “marxismo ocidental”. Com relação a essa importância sua contribuição trás a tona a importância do legado lukacsiano, principalmente continuando as formulações do mestre húngaro, apontamos que o conceito de consciência possível tem sua origem nessa aproximação frutífera. Além desse traço, expressivo da contribuição goldmanniana, acreditamos também que suas formulações propiciam uma importante leitura a respeito da filosofia e teoria da história, principalmente por desenvolver um traço da filiação marxista não com Hegel, mas sim em Pascal e Kant, representantes do pensamento trágico típico dos alemães. Nome: Paulo Julião da Silva E-mail: pauloemac@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Pernambuco e o anticomunismo no período democrático (1945 – 1964) Em nosso trabalho, analisamos como se deu a perseguição ao comunismo no estado de Pernambuco de 1945 a 1964. O recorte histórico se dá, levando em conta o período que é tido como democrático mesmo com o Partido Comunista (PCB), tendo sido posto na ilegalidade, o que é questionável já que o país vivia numa democracia. É importante observar que além de setores políticos da sociedade, religiosos como, por exemplo, Igrejas Protestantes e Católica participaram desse embate. Ao analisar a historiografia sobre a época, percebemos que houve um intenso combate ao comunismo no Estado, justificado politicamente ou religiosamente, como vemos em alguns casos. Além da historiografia, possuem sua relevância em nossa análise, dois dos maiores jornais de circulação do Estado, o Jornal do Commercio e o Diario de Pernambuco, bem como alguns protestantes como O Batista Pernambucano, o AME, e O Arauto Pentecostal, para se ter uma idéia do que a população, que tinha acesso aos referidos jornais, liam a respeito do comunismo. Nome: Pedro Henrique Pedreira Campos E-mail: phpcampos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A formação do grande capital brasileiro no setor da indústria de construção: resultados preliminares de um estudo sobre causas e origens A economia brasileira hoje tem como uma de suas áreas mais dinâmicas e desenvolvidas a indústria de construção. Contando com uma escala nacional e presença internacional consolidada, as empresas do setor de construção pesada detêm um oligopólio no tocante ao mercado de grandes obras realizadas no país. O presente estudo busca hipóteses explicativas das causas e origens da existência de empresas tão poderosas nesse tipo de atividade. Nesse sentido, o estudo da organização dessas empresas e a presença de seus representantes no interior do aparelho de Estado, bem como o exame das políticas públicas específicas parecem ser pontos-chave para a compreensão dessa marca da economia brasileira atual. Nome: Ricardo Gaspar Muller E-mail: rgmuller@superig.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: Exterminismo e luta de classe em E. P. Thompson: primeiras reflexões Em Protest and Survive, de 1980, Thompson antevê a Europa não como um teatro de guerra, mas como o teatro da paz, resultante de pressão popular democrática. Para esse cenário acontecer seria necessária uma détente internacional que assegurasse um futuro independente do sistema de guerra: definida a estratégia, as contradições do papel da Europa na guerra fria seriam usadas contra Washington e Moscou. Sua construção demandou a dedicação de Thompson e incentivou várias formas de resistência popular. Resistência necessária porque a política da Guerra Fria se estruturava de tal maneira que a idéia de extermínio da sociedade era coerente com a lógica do processo. Percebendo a existência de “uma dinâmica interna e de uma lógica recíproca que requerem uma nova cate-

goria”, Thompson propõe o conceito de exterminismo, adequado para examinar a lógica e a dinâmica dessa realidade. À sombra dessas colocações, Thompson insiste na formação de uma nova consciência. A questão da luta de classe permanece fundamental, mas o imperativo agora é o da salvação da própria humanidade, com o exterminismo a causa se redefine. Buscamos discutir a importância das idéias defendidas por Thompson, relacionar teoricamente as categorias e localizar sua atualidade e relevância política. Nome: Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira E-mail: ricardogilberto@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Contra a Ética reacionária: o Pós-Modernismo e a conservação da ordem O presente trabalho incidirá em um balanço das críticas ao pós-modernismo, corrente da teoria social de base irracionalista (a partir de leituras contemporâneas de autores como Nietzsche e Heidegger). Buscarei, na primeira parte do texto, apontar suas principais características teóricas, partindo da tese defendida por diversos autores, como Ciro Cardoso, J. Foster, Wood, etc., da existência de duas correntes dentro do movimento, uma mais radical e textualista, anti-realista ontológica e epistemologicamente, e outra menos, que, apesar de admitir, ou relevar, a existência ontológica do mundo, rejeita a possibilidade de conhecê-lo cientificamente. Numa segunda etapa, o contexto histórico de aparecimento do pós-modernismo será o objeto principal. Fazendo uma breve discussão das teses de Lukács e Jameson, que consideram, o primeiro, o irracionalismo como corrente filosófica hegemônica do período imperialista, e o segundo, o pós-modernismo como a lógica cultural específica do período do capitalismo tardio, defenderei a idéia do pós-modernismo como um fenômeno específico do mundo contemporâneo a partir da segunda metade do século XX e como uma expressão necessária, orgânica, do pensamento conservador, apontando suas conseqüências para o pensamento histórico e para a ação transformadora. Nome: Rodrigo Dias Teixeira E-mail: rdteixeira@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A CUT e a defesa do espaço público-não estatal (1995-2000) A partir da segunda metade da década de 1990, em paralelo ao recebimento de recursos do FAT para execução de cursos de Formação Profissional, a CUT reformulou sua concepção de Estado, diferenciando o conceito de “público” de “estatal” na perspectiva de incluir agentes da sociedade civil enquanto parte da “esfera pública”. A co-responsabilização na prestação de serviços assistenciais fazia parte desta concepção, sendo, portanto, legítimo o recebimento de recursos estatais para efetivação de programas que teriam “função pública”, como a Formação Profissional. Entretanto, ao defender que existia uma “esfera pública” que incluiria entidades da sociedade civil, a Central legitimava a política neoliberal de terceirização das políticas públicas através das ONGS, entidades filantrópicas e agências, sendo dirigida intelectualmente e moralmente pelas classes dominantes. Esta concepção acabou por ampliar a implementação por parte da CUT de serviços assistencialistas financiados pelos fundos públicos, realizando ações nas áreas de seguro-desemprego, intermediação de mão-de-obra, requalificação profissional, micro crédito e cooperativismo. Nome: Tânia Serra Azul Machado Bezerra E-mail: taniasamb@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Ética marxista no Sindicato dos Gráficos do Ceará? No doutorado, objetivamos registrar/analisar a práxis de um grupo de trabalhadores que, no tempo presente, organiza-se no Sindicato dos Gráficos do Ceará, experienciando um processo de formação política. Inspirados pelo materialismo histórico-dialético trabalharemos com a intersecção de fontes orais (histórias de vidas) com fontes escritas diversas (fotografias, jornais, etc). A problemática investigativa anuncia-se ao passo que, mesmo em tempos de fragmentação da classe trabalhadora e de destituição da luta sindical, os sujeitos desta pesquisa, reúnem-se interessados em estudar Marx e as transformações político-econômicas contemporâneas. Estaríamos diante de um movimento de resistência? As reflexões/ações do grupo encontram na ética marxista uma possibilidade de superação da crise enfrentada. Os resultados parciais desta investigação demonstram que a práxis formativa destes trabalhadores cinge-se à tese de que a formação é parte fundamental do conjunto destas relações sociais, portanto, determinada por relações mais amplas, mas constituindo potente instrumento de mudança da realidade social. Em nossas hipóteses, esta busca por uma educação politizadora, aliada à práxis de luta contribui para a formação de uma subjetividade revolucionária pautada na consciência de classe.

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Nome: Vanessa de Oliveira Brunow E-mail: vanessabrunow@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Thompson, Classe Social, trabalhadores, movimentos sociais e filantropia: Um estudo sobre o uso conceitual nas experiências dos trabalhadores no Brasil nas décadas de 1970, 1980 e 1990 Pretendemos com esse trabalho, fazer uma discussão sobre conceitos de classe social e experiência segundo Edward Thompson. Tal perspectiva, apesar de ter sido desenvolvida por Thompson para entender a classe trabalhadora pré-Revolução Industrial, pode vir a ser elemento importante para entender os trabalhadores e os movimentos sociais no Brasil Contemporâneo. Para isso, exigem-se alguns cuidados, que entre outras coisas, seria pensar o contexto político e teórico em que tais teorias foram desenvolvidas. Além disso, é importante atentar para os diferentes usos que a historiografia brasileira, tem feito das teorias thompsonianas. Toda essa discussão tem a intenção de ajudar numa melhor compreensão da prática social de uma Organização Não Governamental e sua relação com os movimentos sociais de várias regiões brasileiras nas décadas de 1970-1990. Entretanto, será possível realizar uma análise mais rica e proveitosa para a historiografia por meio de uma análise e discussão apurada dos referencias teóricos citados. Nome: Vicente Neves da Silva Ribeiro E-mail: vicente.ribeiro@ufrgs.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: Renda Petroleira e Hegemonia: a Venezuela bolivariana entre rupturas e continuidades Esta comunicação apresenta os principais resultados da pesquisa de mestrado que analisa a disputa pelo controle do petróleo na Venezuela entre 2001 e 2003. Em um primeiro momento, apresentamos o conceito marxista de renda da terra e a particular relação da renda petroleira com a construção da hegemonia burguesa na Venezuela do século XX, tendo o Estado como eixo de sua captação e distribuição. A combinação entre queda dos preços do petróleo, crise da dívida e política petroleira neoliberal entre as décadas 80 e 90 colocaria em crise este modelo, abrindo caminho para a “Venezuela pós-rentista”. No marco de uma crise de hegemonia, emergem novos atores políticos e uma retomada da política petroleira centrada no fortalecimento da propriedade nacional sobre o subsolo. A disputa pelo estabelecimento desta nova política será o eixo dos conflitos no país entre 2001 a 2003, opondo duas lógicas na questão petroleira: a maximização da renda captada pelo Estado e a acumulação de capital no setor. Na disputa pelo controle do petróleo e no seu desenlace encontra-se a tensão entre rupturas e continuidades no seio do projeto bolivariano, por um lado retomando o papel do Estado venezuelano durante o século XX e por outro abrindo novas perspectivas de transformação.

uma cidade com índices alarmantes de AIDS, hepatite, abuso sexual, alcoolismo e entorpecentes, prostituição e marginalização social. Nome: Zulene Muniz Barbosa E-mail: zulene.mb@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual do Maranhão Título: Transformações na América Latina: do zapatismo ao bolivarianismo Esta comunicação analisa de um lado, as transformações da América Latina sob o signo do neoliberalismo que se impôs como via única de qualquer sociabilidade. Examinam-se os impactos desta ofensiva que inspirada no Consenso de Washington aprofundou as históricas desigualdades no continente latino americano impulsionando manifestações e revoltas populares diretamente relacionadas com o aumento da miséria. Por outro lado, o desencanto com as políticas neoliberais conduziu, no plano político, as campanhas eleitorais contrárias à programática neoliberal que questionaram a hegemonia neoliberal. Analisa-se a crise dessa ideologia a partir da força dos movimentos sociais que conjugado por uma vigorosa heterogeneidade de lutas empurrou governos antiliberais a assumirem contornos e posições variados: do zapatismo mexicano ao bolivarianismo venezuelano o conjunto dessas manifestações demonstram que as veias da America Latina pulsam e se abrem para novas experimentações, protagonizadas por uma multiplicidade de sujeitos coletivos que recusam de maneira radical a subordinação inclusive da natureza (da biodiversidade) ao capital e, impulsionam caminhos alternativos condicionados mais uma vez pela forma formas assumida pelas lutas de classes no interior de cada pais .

Nome: Virginia Fontes E-mail: vfontes@superig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense e EPSJV/FIOCRUZ Título: Ética e historicidade no mundo do capital Como formar historiadores para uma ética embebida de historicidade, se o cotidiano e a lógica social impulsionam uma educação centrada no mercado a cada dia mais competitivo, com menos direitos e mais constrangedor intelectualmente? Como pensar uma ética quando os fundamentos da própria vida se convertem em mercadoria? Como enfrentar a lógica preponderante que gera perspectivas moralizantes reducionistas (transcendentais ou utilitárias e pragmáticas) ou nihilismos permissivos? Três posturas predominam: a neutralidade, reduto onde uma ética do “fato” isentaria o historiador de suas próprias contradições; o reconhecimento dos pares, independentemente do teor e das questões tratadas, como avalizador da “boa” ciência e, finalmente, o vôo solo das individualidades, fundando a ética no julgamento individual. Este artigo analisa teoricamente tais posturas, demonstrando que, nelas, a história se torna refém da lógica social dominante – a do capital – e se impede de refletir sobre as implicações de uma ética emancipadora presente tanto na elaboração da reflexão histórica, quanto na própria vida social, atravessada por inúmeras contradições. Nome: Vívian Lara Cáceres Dan E-mail: viviancdan@hotmail.com Instituição: Unioeste Título: O Estado burguês: suas faces e seus impactos na ocupação urbana com foco no espaço popular da praça da feira de Cáceres-MT A Praça da Feira é um microcosmo da sociedade e do que acontece em toda a cidade e quero dar conta de conhecer melhor este espaço que exala uma enorme quantidade de problemas sociais, lugar este onde o Poder Público também atua e tenta modificá-lo estrategicamente. Trata-se então de um estudo que abordará o Estado e suas frações de classe, bem como as políticas públicas aí também efetivadas para realizar alguns apontamentos sobre essa realidade que escancara

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67 67. Ética, arte, polĂ­tica e visĂľes de mundo na cultura moderna JoĂŁo Masao Kamita – PUC/Rio (masao@puc-rio.br) Antonio Edmilson Martins Rodrigues – PUC/Rio (edmilson@puc-rio.br) Trata-se de discutir a formação do Mundo Moderno tomando como referĂŞncia as vĂĄrias formas de experiĂŞncia SURGX]LGDV SHOR KRPHP PRGHUQR 'HQWUH HVWDV H[SHULrQFLDV GHVWDFDP VH DV UHODo}HV HQWUH pWLFD SROtWLFD religiĂŁo e arte.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Barroso Botelho E-mail: botelho.drica@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Chabloz vê Chico, Chico vê Chabloz: estudo do conceito de arte primitiva na obra pictórica de Chico da Silva Chico da Silva (1922?-1985) apareceu como uma nota dissonante no cenårio das artes plåsticas de Fortaleza. Seu tema, o colorido de suas pinturas e sua história de vida são peças de um panorama complexo para falar de uma sociedade e sua vida cultural. Mostrado por um crítico franco-suíço, Jean Pierre Chabloz (1910-1984), provocou um processo de estranhamento nesse cenårio. Sua visibilidade devida a um estrangeiro suscita questþes acerca do reconhecimento sobre o que Ê produzido por um artista local, bem como, o que haveria nessa produção que permitiu um diålogo com os movimentos artísticos europeus. Para uma melhor compreensão dos aspectos sócio-culturais de onde surgiu a arte de Chico da Silva, investiguei o processo de ressignificação de sua obra após o aval do olhar de Jean Pierre Chabloz, discutindo as construçþes históricas dos conceitos de arte primitiva, inserindo-o dentro das reflexþes do modernismo, e dos valores de poder que permeiam tal distinção. A pesquisa foi resultado da observação de sua obra pictórica encontrada nas casas de classe mÊdia, shoppings e museus de Fortaleza e de outras capitais do Brasil. Pelas informaçþes quotidianamente faladas sobre sua trajetória de vida, de simples artesão anônimo a artista internacional com prêmio na Bienal de Veneza. Nome: Alan Christian de Souza Santos E-mail: bochartt@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Parå Título: A construção social dos pedreiros-livres: a maçonaria e a atuação dos maçons paraenses (1870-1917) O intuito deste trabalho Ê refletir acerca da atuação dos maçons na sociedade paraense do final do sÊculo XIX e inicio do XX considerando os elementos agregadores de uma nova identidade social típica de um igualmente novo regime político nacional, construído paulatinamente atravÊs de um processo histórico no qual a maçonaria se fez presente sem guardar muito segredo. Pretende-se abordar a organização da imprensa maçônica de BelÊm do Parå durante os episódios da Questão Religiosa e ao mesmo tempo demonstrar que a atuação maçônica não se resume aos bastidores do conflito com a Igreja, mas perpassa o momento de fortalecimento da causa abolicionista e republicana e se estende atÊ a consolidação do novo regime. Assim, acreditamos ser possível chamar a atenção para a possibilidade de se pensar a instituição maçônica não apenas pelo seu caråter elitista, porÊm tambÊm por sua relação ambígua com o elemento popular principalmente atravÊs das pråticas beneficentes. Partindo do principio de que não existe um mundo à parte no universo social, Ê preciso compreender o lugar da maçonaria na sociedade e mais especificamente neste caso, nos interessa saber o lugar da maçonaria paraense em meio à constituição de tramas históricas. Nome: AndrÊ Nunes de Azevedo E-mail: andazi@bol.com.br Instituição: UERJ Título: Algumas questþes em torno da idÊia de civilização O presente trabalho trata de discutir a gênese e o desenvolvimento da idÊia de civilização na Europa do Setecentos. A idÊia Ê operar uma investigação histórica sobre o surgimento da palavra na Europa, mais especificamente na França e sua ligação com fenômenos próprios do sÊculo XVIII tais como a percepção da aceleração do tempo e o historicismo. TambÊm serå considerada a apreensão da idÊia de civilização na cultura alemã e suas diferenças para com a original francesa.

Nome: Antonio Edmilson Martins Rodrigues E-mail: edmilson@puc-rio.br Instituição: PUC-Rio TĂ­tulo: A ĂŠtica protestante e a noção de cĂĄlculo no ambiente polĂ­tico do Estado moderno Trata-se de discutir a presença na estruturação do Estado moderno de prĂĄticas polĂ­ticas inscrita na visĂŁo de cĂĄlculo desenvolvida por Maquiavel e associĂĄ-la ao modo pelo qual as reformas protestantes desenvolvem as noçþes de poder e de soberania. Utilizaremos como referĂŞncia central a produção de Calvino e de Lutero sobre a autoridade secular e as proposiçþes de Maquiavel em O PrĂ­ncipe. Nome: Breno Ferraz Leal Ferreira E-mail: brenoferreira@usp.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: Consideraçþes sobre a noção de modernidade do Verdadeiro MĂŠtodo de Estudar (1746), de LuĂ­s AntĂłnio Verney A associação entre o nome de LuĂ­s AntĂłnio Verney (1713-1792) e a introdução da “filosofia modernaâ€? em Portugal remonta Ă historiografia novecentista, construção essa que adentrou ao sĂŠculo XX (agora relacionando Verney Ă s “Luzesâ€?) e ĂŠ ainda reiteradamente afirmada. De fato, algumas das dezesseis cartas que compĂľem o seu Verdadeiro mĂŠtodo de estudar (1746) permitem relacionar seu discurso aos parâmetros da epistemologia empĂ­rico-experimental, na linhagem de Newton e Locke. Nesse sentido, hĂĄ certa noção de progresso e a recomendação de uma enorme quantidade de autores modernos. Entretanto, encontram-se em outras partes da obra, e em particular na carta sobre Ética, alguns sentidos que nĂŁo coadunam automaticamente com o exposto acima. Assim, pode-se sugerir tambĂŠm uma leitura da obra que destaque a presença de valores ligados a uma ĂŠtica nobiliĂĄrquica, como o modelo de educação da sociedade de corte de LuĂ­s XIV, e catĂłlica. TambĂŠm os exemplos provindos da Antiguidade exercem função significativa, o que demonstra a presença do topos da historia magistra vitae em sua concepção de HistĂłria e, consequentemente, o afasta das noçþes que, a partir do Iluminismo tardio de finais do sĂŠculo XVIII, entenderam a HistĂłria como progresso, como apontou o historiador Paolo Rossi. Nome: Carolina Ruoso E-mail: carol@ruoso.com Instituição: Galeria Antonio Bandeira TĂ­tulo:Um museu de arte para a cidade de Fortaleza. Da intitucionalização do Museu de Arte da Universidade Federal do CearĂĄ Os museus sĂŁo lugares de construção de memĂłrias e a histĂłria da arte faz parte desses lugares e ĂŠ o foco desta investigação. O recorte desta pesquisa ĂŠ o Museu de Arte da Universidade Federal do CearĂĄ (MAUC). A nossa narrativa se preocupa com os percursos da produção de uma institucionalização para a arte cearense. A implantação deste museu ĂŠ reconhecida como fruto da imaginação museal do Reitor Martins Filho em meados do sĂŠculo XX. Ele ĂŠ representado como um agente mobilizador, articulador e produtor cultural, com uma dedicação especĂ­fica ao circuito das artes visuais no CearĂĄ. Do conjunto das açþes que envolvem a formação da coleção do museu, destacamos a promoção e o estĂ­mulo a circulação de obras de arte e artistas, principalmente entre Fortaleza e Europa. Como este movimento provocou os artistas gerando possibilidades de apropriação? Ou ainda, podemos falar de recepção da arte? E como a coleção do MAUC revela as tramas destas histĂłrias? Nome: Daniel Pinha Silva E-mail: danielpinha@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO TĂ­tulo: Machado de Assis e a querela entre antigos e modernos nas letras brasileiras Na dĂŠcada de 1870, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) estĂĄ

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inserido em um contexto em que uma nova geração intelectual se propõe a questionar os pressupostos de uma geração letrada anterior, encerrada como passado. Trata-se da proposição renovadora do Realismo em relação ao Romantismo, examinada por Machado no artigo “A nova geração”, publicado em 1879. O objetivo desta comunicação é analisar a leitura crítica empreendida por Machado de Assis ante ao embate antigos/ modernos proposto pela nova geração, interrogando sobre a maneira que Machado incorpora o passado das letras nacionais para a interpretação de seu tempo. A sugestão central do trabalho é a de que há na proposta machadiana o questionamento do sentido da querela como condição de afirmação da singularidade do tempo presente, configurando, dessa maneira, uma nova leitura sobre o passado literário nacional. Nome: Fernando Vojniak E-mail: fernandovojniak@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Título: Manuais e métodos de ensino da leitura e da escrita no Brasil no século XIX: o ensino universal Neste trabalho, apresenta-se parte da investigação da história dos manuais e métodos de ensino da leitura e da escrita na fase de sua modernização. Para esta comunicação, priorizou-se a narração das aventuras das idéias do ensino universal de Joseph Jacotot no Brasil a partir da chegada do médico francês Benoît Jules Mure no Rio de Janeiro nos anos de 1840 para divulgar, além da homeopatia, as idéias da Panecástica do pedagogo francês. Nome: Gerson Luís Trombetta E-mail: gersont@upf.br Instituição: Universidade de Passo Fundo - PPG em História Título: Tensão e resolução: a dinâmica sonora e o espírito da modernidade Apesar de ser a mais “metafísica” dentre as formas artísticas, a música é um fenômeno mensurável e capaz de “encarnar” o senso de tempo como nenhuma outra, abrindo “portas” para a compreensão de coletividades e eras. Outro aspecto que torna a música um fecundo objeto de investigação é seu caráter universal e sua presença em todas as sociedades. Amparado na convicção que as expressões artístico-musicais articulam dialeticamente o desenvolvimento do pensamento humano com os contextos específicos, o trabalho investiga como se caracterizam as musicalidades que deram “corpo” à idéia de tempo como “flecha” (tempo da ruptura ou do progresso), essencial para a consolidação do espírito da modernidade. Na música, especialmente, o ideal de progresso (tempo “flecha”) aparece através do binômio “tensão e resolução”, característico de composições tonais e indicativo claro da confiança que a razão - aqui simbolizada pelo momento da resolução - pode fazer frente às ameaças e às tensões que o tempo impõe – exemplificadas nesse caso pela dissonância. Diferentemente do arcaico, o espírito moderno admite em sua concepção de tempo a ameaça e a tensão, mas somente na medida em que pode resolvê-las. Nome: Helena Vieira Leitão de Souza E-mail: helena_vieira01@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: O Colecionismo na Modernidade: considerações sobre o papel da arte antiga na cultura moderna O objetivo desta comunicação é tratar de algumas questões relacionadas às práticas de colecionismo de objetos antigos considerados artísticos na primeira modernidade. Nestes termos, trata-se de estudar uma prática que, embora já realizada na Antiguidade e na Idade Média, consolidou-se no início do Renascimento, assumindo um caráter inteiramente distinto daquele conhecido até então – é quando pela primeira vez objetos “recolhidos” ganham um espaço próprio para serem vistos, estudados e admirados, bem como para servirem como elementos constitutivos de uma identidade históricocultural. Assim, procuraremos demonstrar como esta coleta de objetos principalmente greco-romanos, e sua posterior exibição, articulava-se com as novas experiências dos homens daquela época em relacionar-se com o passado clássico para a formação de um mundo moderno. Por fim, daremos destaque ao papel dos primeiros homens a realizarem um ofício de “arqueólogo” e àqueles que os financiavam em lugares como Itália, França e Inglaterra, dentre outros, sublinhando as relações entre ética e estas práticas. Nome: Isabel Cristina Fernandes Auler E-mail: isabelauler@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Título:A consolidação identitária jesuítica em meio ao debate reformista A proposta deste trabalho consiste na análise da cultura visual do jesuíta Jerônimo Nadal, através do estudo de sua obra de meditações Adnotationes

et Meditationes in Evangelia (1607). A publicação do livro Adnotationes et Mediatationes in Evangelia deu-se durante o generalato de Claudio Acquaviva (1573-1615). Durante esse período a Companhia passara por muitas provações, devido a inúmeros conflitos externos e internos. Foi também durante sua administração que as missões jesuíticas para novos continentes foram intensificadas e a publicação de obras jesuíticas expandiu-se. De acordo com José Antonio Maravall a cultura barroca caracterizava-se por atitudes ortodoxas e conservadoras que se assemelhavam ao caráter político da época, cujo objetivo centrava-se na manutenção dos quadros estamentais da sociedade. A liberdade de engenho era de fato valorizada, mas estava sujeita a um forte princípio de unidade e subordinação. Pretendo demonstrar que essa máxima da glorificação da obediência é semelhante ao papel da cultura visual jesuítica, como por exemplo, as imagens nadalinas, pois restringem a imaginação e posteriormente a ação do devoto, na medida em que impõe um modelo, através do qual este deve direcionar-se. Nome: Isabela Maria Azevedo Gama Buarque E-mail: isabuarque@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: Profissionalização X Dança: os anos 1980 e 1990 no Rio de Janeiro A transição dos anos 80 para os anos 90, no Brasil, acarretou significativas mudanças no plano da Cultura, especialmente no que diz respeito à produção artística. Devido à criação de Leis de incentivo à cultura, a forma de se fazer arte ganha outros significados. Na passagem de uma década para outra, as artes conviveram com as mudanças de paradigmas e com os saltos tecnológicos. Esses fatores propiciaram de alguma forma uma segmentação dos campos artísticos, que são um retrato da própria sociedade, em determinada instância. Neste processo, a dança enquanto campo artístico obteve ganhos, mas também sofreu as conseqüências neste novo modelo de produção artística. Esse trabalho visa o debate comparativo entre duas companhias cariocas de dança – Cia. Dança Deborah Colker e Cia. Nós da Dança – pensando sua formulação histórica e partindo de análises da noção de legitimação e profissionalização deste campo no referido período no Brasil, apontando caminhos para um diálogo mais profundo sobre a trajetória dessa arte, com o intuito de discutir a recente configuração do campo. Nome: João de Azevedo e Dias Duarte E-mail: jadduarte@gmail.com Instituição: PUC-Rio Título: A amizade em Montaigne: transformações na experiência de pessoa no século XVI É comum ler-se os Ensaios como um texto onde se afirma uma subjetividade moderna. Tal interpretação tem, porém, de lidar com o “conservadorismo” de Montaigne. Sugere-se que, ao invés de encarnar um self moderno, Montaigne participa de uma experiência mais antiga de pessoa. A singular exploração montaigniana da esfera privada deve-se ao seu contexto sociopolítico específico. As guerras civis religiosas transtornaram a ordem tradicional e a experiência de pessoa no século XVI. Até então, a inconstância inerente ao ser privado podia ser controlada mediante uma educação de si através de modelos retirados de uma tradição atemporal de valores clássicos cristianizados. Porém, a cisão da Igreja e a manipulação desses valores pelas facções envolvidas na disputa romperam a coesão da tradição retirando a eficácia dos modelos. Impossibilitado de formar-se, restava a Montaigne ensaiar-se. O tratamento dado à amizade nos Ensaios demonstra essa mudança na experiência de pessoa. Ao contrário dos textos clássicos sobre a amizade, Montaigne discute menos a amizade como modelo exemplar para as relações públicas do que sua amizade singular com La Boétie, em relação à qual “os próprios discursos que a Antiguidade nos deixou me parecem frouxos em comparação com o sentimento que tenho a esse respeito”. Nome: João Masao Kamita E-mail: masao@puc-rio.br Instituição: Departamento de História PUC-Rio Título: O conceito de liberdade republicana e a cidade ideal O trabalho pretende correlacionar o debate político entre os humanistas dos séculos XIV e XV em torno da questão da liberdade republicana com as conquistas plásticas da arte renascentista. A premissa é a de que o experimentalismo que questiona os padrões convencionais da arte gótica e que incentiva a produção de engenhos individuais tem como uma das condições fundamentais o ideal de liberdade defendido pelas repúblicas italianas. Nesse sentido, a cidade ideal seria a obra-de-arte por excelência do humanismo renascentista.

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66 Nome: Lenin Campos Soares E-mail: lenincampos@hotmail.com Instituição: UFMG Título: O Rei Ungido: Apropriações da imagem de Davi na América Portuguesa Para construir uma América, a América Portuguesa, após o seu “descobrimento” em 1500. Os europeus seu utilizaram, além da colonização física e política de uma dominação ideológica do espaço através de textos escritos, crônicas, e a partir delas imaginaram uma América que era mais européia do que americana. Uma destas crônicas foi a Crônica da Companhia de Jesus escrita pelo padre jesuíta Simão de Vasconcelos. Nosso objetivo é reconhecer nesta crônica os modos que este padre imaginou a América nos atendo, principalmente, a como o jesuíta utiliza as referências à Antigüidade Clássica e nas referências a tradição judaica, contudo nos concentramos aqui neste artigo nos Livros de Samuel, Crônicas e Reis, porque como tal ação se dá durante o Renascimento (século XVII) a produção intelectual certamente acaba por envolver os topoi renascentistas. Para realizar isto nos basearemos nos autores ligados à História Intelectual/ Cultural como Burckhardt e Ginzburg e também autores ligados à Análise de Discurso, com Certeau e Foucault, para enfim poder entender como, a partir desta crônica, a imagem de Davi foi utilizada para assegurar o controle e posse do território americano pelo rei de Portugal. Nome: Manuela Aguiar Araujo de Medeiros E-mail: manuela.aguiar@gmail.com Instituição: UEPB Título: A História e a Literatura entre “As Flores do Mal” A literatura e o conceito modernidade nortearão esse trabalho a fim de compartilhar e/ou analisar a história em sua dimensão literária e a literatura como objeto possível de investigação histórica tendo como exemplo a obra As Flores do Mal, de Charles Baudelaire. Assim, pretende-se estudar de que forma a literatura traz importantes mutações do objeto da história e do métier do historiador, pois passamos a lidar com outra linguagem, com sinestesias estéticas, com novas formas de ver e dizer o passado. Derrida, Dominique Maingueneau, Albuquerque Júnior, Michel Foucault, Deleuze dialogam com essa proposta e trazem para o historiador uma outra percepção de obra e autor: Não são abstratos, invariáveis ou universais, porque os lugares sociais ou as instituições nas quais os autores produzem obras são muito variáveis. Nome: Marcos Olender E-mail: olender@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Inventário e Planejamento Urbano: Dimensões da Proteção A utilização do inventário como instrumento de proteção do patrimônio público, função consolidada com a sua explicitação na Constituição Federal de 1988, vem sendo problematizada a partir da própria acepção dada à definição constitucional por diferentes agentes envolvidos nesta preservação como, por exemplo, os Órgãos de Proteção do Patrimônio nacional ou estaduais e o Ministério Público. No caso do Estado de Minas Gerais devido a implementação da “Lei Robin Hood” e da conseqüente ampliação da elaboração e aplicação dos Planos de Inventário em centenas de municípios mineiros (a partir da orientação do próprio IEPHA-MG), tal “problematização” assume uma importância fundamental na própria formulação e desenvolvimento das políticas públicas municipais de preservação do patrimônio cultural. Estudar e analisar não só a forma como estas políticas vêm se implementando em alguns desses municípios a partir destas posturas divergentes e apontar outras possibilidades de utilização de instrumentos de proteção que possam complementar o emprego, por um lado, do inventário (entendido aqui como instrumento fundamental de conhecimento e identificação deste patrimônio) e, por outro, do tombamento, com ênfase no planejamento e na legislação urbanística, é o objetivo desta comunicação. Nome: Michelly Pereira de Sousa Cordão E-mail: michellycordao@gmail.com Instituição: UFCG Título: (Re)significando os conflitos da Roma liviana: “expectativas” de Maquiavel para a Florença moderna O trabalho faz parte do nosso projeto de dissertação que tem como interesse estudar a recepção de motivos e temas da história de Tito Lívio (séc. I a.C.) nos Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, escritos por Maquiavel nos inícios do séc. XVI. Para esta comunicação, analisaremos como o escritor florentino articula neste corpus discursivo a Roma antiga/liviana e a Florença moderna, dando ênfase ao tema dos conflitos políticos. Em sua (re)leitura de Lívio, Maquiavel toma Roma como modelo por excelência de

república por considerá-la a mais “perfeita” entre todas as repúblicas, antigas ou modernas. Posição que, segundo ele, foi alcançada, sobretudo pela maneira como a cidade usou os tumultos entre a plebe e o senado romano a seu favor, criando “boas leis”, por ele vistas como as principais responsáveis pela grandeza da urbe. Conflitos narrados exaustivamente por Lívio, porém, com tons de negativização, visto vê-los como culpados das “falhas” de Roma. Partindo disto, percebemos que Maquiavel constrói uma “expectativa” para seu presente em função da atualização que promove da “experiência” passada. Trata-se de uma leitura valorativa do tema dos conflitos com que Maquiavel queria demonstrar aos seus leitores que Florença também poderia se tornar perfeita tal como Roma o fora. Nome: Patrícia Domingos Woolley Cardoso E-mail: pat_hist@hotmail.com Instituição: PPGH Universidade Federal Fluminense Título: A Companhia de Jesus e o saber científico em Portugal do século XVIII: diferentes linguagens sobre o moderno Aluísio de Azevedo, em sua obra Casa de Pensão (1884), descreve João Coqueiro, um dos personagens centrais da trama, como sendo “um indivíduo dissimulado, sagaz, interesseiro, capaz de atos surpreendentes quando o assunto era conforto ou dinheiro”, em suma, “o tal dono de pensão era um verdadeiro jesuíta!”. Esse tipo de imagem reflete o alcance e a persistência do imaginário anti-jesuítico difundido pelo gabinete pombalino (1750-1777). Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro ministro de D. José I, esforçouse por combater seus inimigos políticos através de forte propaganda, atribuindo aos mestres-padres da Companhia de Jesus toda a pobreza intelectual e as mazelas que assolavam o reino português. Até mesmo foram arrolados no chamado Processo dos Távoras (1758-1759), acusados de serem os principais articuladores de um golpe político que pretendia matar o rei. Contudo, a despeito dessa “imaginalogia”, a postura dos membros da Companhia de Jesus frente às questões e novidades do século XVIII não foi homogênea. É este o fato que constitui o objeto de análise da presente comunicação. Nome: Patrícia Souza de Faria E-mail: psouzadefaria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Viçosa Título: A Reforma Católica no Oriente Português: o arcebispo e místico D. Gaspar de Leão (1560-1576) Analisamos a Reforma Católica nos domínios portugueses do Oriente a partir da trajetória de D. Gaspar de Leão, arcebispo de Goa marcado pela espiritualidade franciscana. A historiografia sobre a ação católica no Oriente privilegiou a Companhia de Jesus e a associou ao espírito humanista da Era Moderna, enquanto as ordens mendicantes (como os franciscanos) foram preteridas e tratadas como herdeiras de uma estática cosmovisão medieval. A experiência de D. Gaspar reverberou os ventos da Reforma Católica: reforçou o poder episcopal, paroquial e as decisões do Concílio de Trento presentes no Primeiro Concílio Provincial de Goa (1567). A atividade de D. Gaspar no Oriente refletiu os anos vividos em Évora sob o impacto do humanismo português, das experiências místicas franciscanas, das memórias sobre a Reconquista e a conversão forçada dos judeus, pois publicou obras escatológicas onde vaticinou a conversão definitiva de muçulmanos e de judeus. Investigamos a Reforma Católica no Oriente com base nas reflexões sobre a cultura moderna ibérica (Falcon, A. E. Rodrigues, R. Barbosa Filho) e a disciplina cristã (Prosperi, P. Prodi e F. Palomo) para tratar das estratégias de cristianização e de disciplina da sociedade utilizadas na Era Moderna. Nome: Rachel Saint Williams E-mail: lwllsrachel@yahoo.com.br Instituição: PPGHIS/ UFRJ Título :Nos limites da ética: Razão de Estado e Neo-estoicismo no discurso político espanhol seiscentista Um dos maiores dilemas que atingiu a prática política européia no período moderno está relacionado à emergência da doutrina da Razão de Estado. É possível afirmar que tal doutrina representa um fenômeno singular na história dos discursos políticos, pois mal acabava de despontar na Itália as discussões acerca da razão de Estado, podia-se verificar a enorme propagação de tratados, memoriais, manuais políticos e panfletos que abordavam a referida temática. Juristas, diplomatas, conselheiros, historiadores, literatos e cortesãos empenharam seu labor em definir o que era a razão de Estado e em meditar sobre suas implicações na prática política. É claro que quando uma doutrina alcança tamanha aceitação e propagação, as propostas de interpretação e uso concernentes a ela não são homogêneas, sendo que um dos maiores princípios de diferenciação será sua adaptação ao contexto local no qual estão inseridos. Neste sentido, nossa problemática está orientada a

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compreender como a corrente filosófica do neo-estoicismo, em sua vertente política, pôde fornecer uma diversa percepção dos pressupostos básicos que organizavam o entendimento do exercício político e também uma nova base ética para legitimar a práxis governamental do Estado Moderno, estabelecendo uma cisão no paradigma político vigente. Nome: Renata Soares da Costa Santos E-mail: renatadahistoria@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO Título: Cinearte: revistando o Projeto de Cinema Educativo Em meio às diversas transformações vividas pela sociedade urbana moderna, o cinema, foi uma das criações mais instigantes da virada do século XIX para o século XX. Ao chegar ao Brasil, assustou a população, provocou reações adversas até que, aos poucos, foi sendo acalentado e até mesmo mitificado pelos espectadores. Dessa forma, a nova arte ganhou status, elevou-se dentro da indústria cultural brasileira e dividiu, junto aos impressos, novos modos de comunicação em uma sociedade que vivenciava mudanças. O cinema, já no início do século XX, apresentava-se como uma possibilidade proveitosa de educar. Tal discurso foi um dos principais argumentos de intelectuais, artistas e produtores que defendiam a implantação de um cinema educativo no Brasil. Assim, buscando compreender os pensamentos e sensibilidades que permeavam a conformação do projeto de cinema educativo, trabalhamos com a sua veiculação promovida pela Revista Cinearte entre 1926 e 1939. Deste modo, uma das questões que permeará este trabalho de pesquisa é a hipótese de que o projeto de cinema educativo encontrou na Revista Cinearte um importante fórum de discussão, o que ajudou no fortalecimento de sua elaboração e difusão no Brasil. Nome: Rogério Luis Gabilan Sanches E-mail: rogerluis_sanches@hotmail.com Instituição: UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso Título: As transformações ocorridas durante a segunda metade do século XX sob a ótica das histórias em quadrinhos O Trabalho propõe a análise das publicações de Histórias em Quadrinhos (HQ’s) durante a Guerra Fria, período em que as maiores editoras dos Estados Unidos, a Marvel e a DC, criaram os seus principais personagens. A História seria veículo de diálogo com as HQ’s, sendo essas um instrumento de difusão de determinadas perspectivas históricas e políticas em confronto no período em estudo. Tais editoras têm linhas diferentes: a Marvel adotou postura clara em relação ao conflito, não escondendo a parcialidade em relação aos Estados Unidos, estimulando a dicotomia bem contra o mal. Já a DC, demonstra uma preocupação com os rumos da Guerra Fria, sobretudo com a Doutrina Reagan. O estudo, ainda em elaboração, identifica e analisa as repercussões do conflito no material antes indicado, buscando ‘novas’ possibilidades da difusão dos saberes históricos. A metodologia identificada compreende, além da pesquisa bibliográfica, utilizará da análise do discurso, conceitos de imprensa, história política, história cultural, entre outros. Nome: Victor Emmanuel Teixeira Mendes Abalada E-mail: vicmanu43@yahoo.com.br Instituição: UNIRIO Título: O Rei-Lírico: Apontamentos iniciais de uma análise histórica das opere serie de Metastasio O objetivo do trabalho é discutir os primeiros passos do projeto desenvolvido no mestrado que visa analisar o gênero lírico da opera seria não apenas como um espetáculo, mas focando no aspecto retórico-pedagógico das obras como um instrumento de poder. O grande ponto não é uma análise pura e simples de alguns dos grandes libretos do gênero, de cunho do poeta Pietro Metastasio, mas, sim, uma análise histórica que os mostre como, ao mesmo tempo, reflexo da sociedade de corte e “espelho”, um manual tanto para o monarca absoluto quanto para a sociedade, servindo como formadores (e/ ou fixadores) de valores e de uma identidade que se associam ao Estado absolutista, fundamentando a instituição. Assim, o ponto de partida da análise desejada são os então-populares libretos que foram reaproveitados ao longo do século XVIII, em grande parte escritos inicialmente na e para corte de Viena. Embora o contexto específico espaço-temporal seja sem dúvida importante, é o aspecto transversal da obra que deseja ser ressaltado, uma vez que ela é utilizada por sociedades diferentes, mas com o sistema absolutista (e um ideal greco-romano, impresso nas obras) em comum, sendo visto ali não apenas um guia para a sociedade de corte da Áustria, mas um guia para toda uma visão de mundo da Europa absolutista.

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68 68. IdĂŠias, intelectuais e instituiçþes: HistĂłria e ĂŠtica Fernando Antonio Faria – UFF (ideias2008@uol.com.br) As anĂĄlises a serem desenvolvidas devem procurar consolidar uma visĂŁo comparativa e interdisciplinar, a SDUWLU GH DERUGDJHQV LGHQWLĂ€FDGDV FRP GLIHUHQWHV WUDGLo}HV DFDGrPLFDV 2V HL[RV TXH RUJDQL]DP H QRUWHLDP DV UHĂ H[}HV GR JUXSR GHYHP FRQWHPSODU DVSHFWRV DWLQHQWHV j KLVWyULD H KLVWRULRJUDĂ€D GDV LGpLDV LQWHOHFWXDLV H LQVWLWXLo}HV HP HVSHFLDO DQDOLVDGRV VRE D yWLFD GD 5HS~EOLFD GR UHSXEOLFDQLVPR GR IHGHralismo, da democracia, do Estado, da sociedade civil, da sociedade polĂ­tica, dos movimentos sociais, e GDV UHODo}HV GH SRGHU GRV GLYHUVRV SURMHWRV SROtWLFR VRFLDLV FRQFRUUHQWHV QD FHQD S~EOLFD EUDVLOHLUD H GD ĂŠtica, ao longo dos sĂŠculos XIX, XX e XXI.

Resumos das comunicaçþes Nome: Antonio Maureni Vaz Verçosa de Melo E-mail: maurenivaz@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual do PiauĂ­ (UESPI) TĂ­tulo: “Em palavras de ordem e em linha de condutaâ€?: a participação dos intelectuais piauienses na Era Vargas (1930-1945) A relação dos intelectuais com o Estado, principalmente na Era Vargas, os transformaram em atores importantes da construção de um novo projeto para o Brasil. No PiauĂ­, as sociabilidades deste grupo, atuaram de forma significativa a partir do processo revolucionĂĄrio de 30, inserindo-se nas teias burocrĂĄticas do Estado, e passando a atuar em vĂĄrios setores, contribuindo com as reformas de modernização da capital, bem como nos discursos de ordem e nacionalidade. Por isso utilizamos como referĂŞncias, leituras de Miceli (1979), Oliveira (1982), Pandolfi (1999), Bomeny (2001), Nascimento (2002) e outros. A compreensĂŁo da participação deste grupo na construção da Era Vargas no PiauĂ­ e outras unidades da federação ĂŠ de suma importância para podermos analisar sobre este perĂ­odo, onde uma das atribuiçþes deste grupo era transformar o discurso varguista “em palavras de ordem e em linha de condutaâ€?. Nome: Alexandra Padilha Bueno E-mail: leca_pr2003@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do ParanĂĄ TĂ­tulo: Deslizes de sentido: razĂŁo, fĂŠ e moralidade na produção literĂĄria de Mariana Coelho O presente trabalho ĂŠ fruto de algumas indagaçþes sobre a produção cultural de Mariana Coelho, educadora e intelectual portuguesa que viveu em Curitiba durante cerca de meio sĂŠculo. Tentando inscrever a escrita de Mariana em sua experiĂŞncia social, podemos vislumbrar o que significou para esta mulher estar inserida em um campo intelectual formado por homens de letras. Homens de uma elite ilustrada, profundamente conservadora, ainda que, em vias de transformação pela experiĂŞncia intelectual e por uma realidade social que se modificava cada vez mais rĂĄpido, marcada pelas inovaçþes tĂŠcnicas que impunham novas formas de comportamento e sensibilidade daqueles que dela participam. Entendemos Mariana como uma intelectual que faz existir publicamente por meio das palavras, coisas que sĂł existiam no estado implĂ­cito, tal como destaca Bourdieu (1990), trazendo Ă luz o que era confuso, sustentando o poder simbĂłlico de nomear, que se dĂĄ por meio de sua atuação no campo simbĂłlico e ideolĂłgico. (p.179) A anĂĄlise se centrarĂĄ na obra Cambiantes (1940) que trata-se de uma coletânea de escritos da autora de vĂĄrias ĂŠpocas, do inĂ­cio do sĂŠculo atĂŠ meados da dĂŠcada de 1930. Nesse trabalho procuramos estabelecer as relaçþes entre esta obra e o contexto paranaense, da escrita e da publicação da mesma. Nome: Alexandre Pinheiro Ramos E-mail: alexandre1337@yahoo.com.br Instituição: UFRJ TĂ­tulo: Apontamentos para um estudo do “sistema de bens simbĂłlicosâ€? da Ação Integralista Brasileira (1935-1937) Este trabalho tem como seu principal objetivo propor alguns apontamentos referentes a uma anĂĄlise pormenorizada de um dos principais meios de divulgação e propagação das idĂŠias e princĂ­pios defendidos pela Ação Integralista Brasileira no perĂ­odo compreendido entre os anos de 1935 e 1937. Nestes termos, pretende-se refletir sobre o sistema de bens simbĂłlicos do movimento integralista, entendendo-o como a reuniĂŁo de bens culturais (como livros e revistas) cuja circulação pela sociedade brasileira procura obedecer suas diferenciaçþes internas, estabelecendo um determinado produto cultural para um grupo social especĂ­fico. Visando explicitar a forma como se estrutura

tal sistema de bens simbĂłlicos, bem como demonstrar seu funcionamento, utilizaremos como exemplo duas revistas ligadas Ă Ação Integralista Brasileira que representam de maneira eficaz a distinção estabelecida entre o pĂşblico alvo do Integralismo assim como suas estratĂŠgias para a melhor difusĂŁo de suas idĂŠias. Nome: Aline Marinho Lopes E-mail: alinemarinho78@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro TĂ­tulo: O conceito de mudança social no pensamento de Maria Isaura Pereira de Queiroz A temĂĄtica da mudança social constituiu o fio condutor da produção sociolĂłgica da dĂŠcada de 1950. A escolha de temas e enfoques mostra uma preocupação constante com os problemas levantados pela transição de uma sociedade baseada numa economia fundamentalmente agrĂĄria para uma sociedade na qual a produção industrial assume preeminĂŞncia sobre o conjunto da economia. Reunindo pesquisas sobre o messianismo, o coronelismo, as crenças e os estilos de vida das populaçþes rurais, a obra de Maria Isaura Pereira de Queiroz procura afastar-se dos caminhos Usuais, abrindo perspectivas originais. O trabalho tem por objetivo analisar a contribuição especĂ­fica de sua obra para o entendimento do processo de mudança social no Brasil e, portanto, para a sociologia brasileira, destacando as peculiaridades de seu pensamento. Nome: Ana Cristina Meneses de Sousa Brandim E-mail: acmbrandim@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do PiauĂ­ e Universidade Federal de Pe TĂ­tulo: Discurso da (des)ordem: a crĂ´nica jornalĂ­stica de ArimathĂŠia Tito Filho como prĂĄtica instuidora de poder em Teresina A crĂ´nica de ArimathĂŠia Tito Filho no jornal o Dia, em Teresina, ĂŠ um vestĂ­gio de prĂĄtica instituidora da ordem e da desordem, jĂĄ que seus escritos jornalĂ­sticos procuram influenciar um pĂşblico nĂŁo-especializado sobre questĂľes que atravessam aspectos ligados a valores, moralidades e ĂŠticas, que partem de um determinado lugar acadĂŞmico, pois o cronista em questĂŁo, entre tantas outras funçþes, era presidente da Academia Piauiense de Letras (APL). Tal atividade fez com que houvesse uma circulação das idĂŠias da Academia na sociedade teresinense, onde se procurou conter tudo aquilo que era entendido como desordem. Ordem e desordem figuram assim como discursos que se travam no intuito de fazer aparecer uma “realidadeâ€? social e cultural. Nome: Ana Cristina Santos Matos Rocha E-mail: anasmrocha@yahoo.com.br Instituição: FGV/CPDOC TĂ­tulo: Intelectuais e polĂ­tica educacional: a experiĂŞncia de IsaĂ­as Alves Esta comunicação pretende, atravĂŠs do estudo biogrĂĄfico de IsaĂ­as Alves, analisar a relação entre intelectuais e Estado brasileiro durante os anos de 1930 a 1942. Neste perĂ­odo, IsaĂ­as Alves ocupou cargos da administração pĂşblica na Bahia e no Rio de Janeiro, a exemplo de sua atuação como secretĂĄrio de educação e saĂşde na Bahia (1938-1942). A pesquisa tambĂŠm procura investigar como Alves se articulou com outros intelectuais a partir de um projeto conservador de reforma educacional. Ainda que suas idĂŠias fossem conservadoras, IsaĂ­as Alves tambĂŠm trabalhou ao lado de indivĂ­duos comprometidos com a renovação, como AnĂ­sio Teixeira. Dessa forma, para analisar a trajetĂłria deste educador, ĂŠ necessĂĄrio compreender suas concepçþes sobre tradição e inovação no campo da educação. Esse estudo se encerra em 1942, quando Alves deixa o cargo de secretĂĄrio de educação e saĂşde da Bahia para se dedicar Ă criação da Faculdade de Filosofia da Bahia. Nome: AntĂ´nio de Almeida E-mail: antonioa@ufu.br

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Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Da “Ética na Política” a “Política sem Ética”: o PT e as vicissitudes da esquerda no poder Os escândalos de corrupção que explodiram em 2005, envolvendo membros do governo Luis Inácio Lula da Silva e integrantes do Partido dos Trabalhadores, não significaram, apenas, a reedição de mais um desses lamentáveis episódios, dentre os muitos que têm ocorrido no Brasil. Mais do que isso, os desdobramentos daqueles acontecimentos revelaram o fim de um ciclo para o PT, anunciando uma guinada do partido à direita. Ao se envolverem com as práticas de corrupção os petistas frustraram as expectativas de todas as pessoas que acreditaram na proposta de uma nova forma de se fazer política no país e abandonaram uma das suas principais bandeiras, que lhes rendeu votos, credibilidade e capital político: o compromisso partidário com a ética na política. Nome: Arissane Dâmaso Fernandes E-mail: arissanedamaso@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título:O Brasil de Ignácio Rangel Ignácio Rangel, advogado por formação e autodidata em economia, atuou mais notavelmente entre os anos 1950 e 1980. Ocupou diversos cargos públicos, tendo por exemplo participado da formulação da segunda etapa do Plano de Metas. Com base em Schumpeter, Marx e Keynes, entre outros, formulou uma teoria bastante original sobre a realidade nacional, a tese denominada “dualidade básica da economia brasileira”. Essa teoria desvelava as especificidades que teriam possibilitado o país a realizar uma industrialização sem reforma agrária prévia, diferente portanto do que afirmava o Partido Comunista (ao qual ele fora filiado) nos anos 1930. Apesar das previsões econômicas acertadas feitas a partir desse modelo teórico e principalmente da sua originalidade, a teoria rangeliana permanece pouco conhecida, mas por tudo que ela representou deve ser revisitada. Esse é justamente o objetivo central dessa comunicação. Nome: Dulce Portilho Maciel E-mail: dportilho@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: Clero católico, pequenos agricultores e grande capital no vale mato-grossense do rio Araguaia (1971-1972): a visão do sistema de segurança e informações do governo central sob o regime militar O trabalho consiste em exame de um conjunto de documentos, distribuídos entre 1971 e 1972, pela Divisão de Segurança e Informações (DSI) do Ministério do Interior (MINTER), os quais integram, atualmente, o Fundo da Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (SUDECO) no Arquivo Nacional. Estes documentos destinavam-se a 21 dirigentes de órgãos vinculados ao MINTER, entre eles, a SUDECO. Intitulavam-se, inicialmente, “Síntese das Atividades Subversivas no Brasil”; depois, “O Quadro da Subversão no Brasil - Síntese”. Seus conteúdos organizam-se em diferentes seções – ações de grupos guerrilheiros; subversão no meio estudantil; infiltração comunista na imprensa; etc. -, entre as quais, freqüentemente, uma sob o título “Subversão no Meio do Clero”. O trabalho leva em conta, por outro lado, informações contidas em documentos produzidos, na mesma época, pelo Serviço de Segurança e Informações da SUDECO, acerca de graves conflitos por terras, então desenrolados na região em foco. Um número considerável de religiosos (bispos, padres e freiras) participou destes conflitos, ao lado dos agricultores (em geral, posseiros), avultando-se, neste contexto, a liderança do bispo de São Félix do Araguaia, D. Pedro de Casaldáliga. Nome: Elizabeth Santos de Carvalho E-mail: elizascarvalho@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: O ministério das Relações Exteriores como patrocinador da produção intelectual - um olhar sobre a Revista Americana (1909-1919) A Revista Americana (1909-1919) atuou como um instrumento divulgador da política externa brasileira. A comunicação busca demonstrar de que modo o periódico constituiu um meio de produção cultural a serviço da política externa formulada pelo barão do Rio Branco e seus seguidores, relacionando a produção intelectual com a prática política. Neste sentido destacaremos a construção de um ideal americanista - elementos comuns entre essas nações que as identificavam como parte de um todo para sua atuação conjunta no sistema internacional - como fio condutor dessa publicação. Nome: Fabrício Augusto Souza Gomes E-mail: fabricio.gomes@gmail.com

Instituição: UNIRIO Título: O Intelectual pensa o Brasil: o Nacional-Desenvolvimentismo na perspectiva do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) Este trabalho vincula-se à linha de pesquisa da História das Instituições, com dimensões econômicas, políticas e sociais, orientado em abordar a questão do nacional-desenvolvimentismo no Brasil, sob o ponto-de-vista do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiro), no cenário político que envolveu o período de 1955 a 1964. O ISEB, criado em 1955 durante o Governo de Café Filho, foi um dos pináculos do pensamento contemporâneo brasileiro e era formado por um grupo de intelectuais, oriundos das mais diversas orientações teóricas e ideológicas, reunidos em torno de uma visão dualista da História e de um ideal em comum – o projeto de pensar a transformação do Brasil através de seu processo de industrialização e de desenvolvimento, negando o plano das especialidades e direcionando-se a pensar no “Todo”, em contraponto com as individualidades parciais que o integravam, assim como o contexto da realidade brasileira versus a especificidade da própria instituição. Ao mesmo tempo, simbolizou o engajamento do intelectual na vida política e social do Brasil, com a convicção de que, por meio do debate e do confronto das idéias, seria possível formular um projeto ideológico comum para a nação. Mesmo após sua existência, o ISEB acabou por influenciar o pensamento contemporâneo brasileiro. Nome: Fernando Antonio Faria E-mail: ideias2008@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Economistas: retórica e projetos O objetivo desta comunicação é refletir sobre algumas questões presentes na retórica dos economistas, que iluminam as condições históricas do lugar atribuído ao Estado, nos projetos para o Brasil da segunda metade do século XX. Nome: Fernando Perlatto E-mail: fperlatto@yahoo.com.br Instituição: IUPERJ Título: Biografias cruzadas: intelectuais, Partido dos Trabalhadores e interpretação do Brasil O presente trabalho busca, a partir da análise das biografias de intelectuais como Florestan Fernandes, Francisco Weffort, Francisco de Oliveira, Carlos Nelson Coutinho e Marilena Chauí, compreender suas trajetórias de vida e a relação dos mesmos com o PT, marcadas por aproximações e rompimentos políticos. Ainda que pertencentes a diferentes “gerações”, no sentido de Sirinelli, bem como provenientes de diversos espaços acadêmicos e políticos, estes intelectuais buscaram relacionar suas reflexões acadêmicas com a intervenção política na esfera pública. Para tanto, analisaremos as interpretações formuladas em instituições como o CEDEC e a Fundação Perseu Abramo, que atuaram como estruturas de sociabilidade e debate teórico daquilo que seria a interpretação hegemônica do PT. Dessa forma, a discussão que perpassa o presente trabalho diz respeito à relação entre a formulação de uma determinada interpretação do Brasil e as transformações políticas desde o final dos anos 80 – quando haverá um encontro entre a interpretação do populismo e o movimento operário, que trouxe, por conseguinte, em seu bojo a perspectiva da ruptura com a Era Vargas –, passando pela “década neoliberal” até a ascensão do PT ao poder, a recuperação da Era Vargas e o debate sobre o “silêncio dos intelectuais”. Nome: Gleudson Passos Cardoso E-mail: gleudsonpassos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará/UECE Título: “Águias do Céu no seu mundo dileto”. Poesia Decadista-Simbolista e Experiência Social de Trabalhadores em Fortaleza no Final do Século XIX O presente estudo se propõe analisar a trajetória e a produção intelectual de Lopes Filho (1868 - 1900) e Lívio Barreto (1870 - 1895). Suas obras e experiências de vida foram relevantes pela participação deles junto à cena literária e intelectual de Fortaleza no final do século XIX. Ambos estão compreendidos naquele grupo de autores que se alinharam à escola decadentista-simbolista. Sendo o primeiro amanuense e o segundo caixeiro, no que se reporta à experiência social das camadas trabalhadoras daquele período, eles fizeram parte daqueles com habilidade nos temas literários se propuseram, a participar da vida pública e apresentar suas leituras sociais junto ao público leitor. Através da produção literária deixada por estes autores, foi possível perceber suas vivências, campos de tensão, relações de poder, projetos e frustrações experimentadas por eles no circuito letrado durante os primeiros anos de República. As estratégias de inserção adotadas nas redes de sociabilidades,

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68 circuito de idéias e rodas de debates, bem como, as formas de publicação utilizadas, apontaram para as condições de produção escrita e práticas da leitura que foram conciliadas com suas atividades de trabalho, o que revelou o desejo de inserção desses grupos na construção da ordem republicana. Nome: Iara Conceição Guerra de Miranda Moura E-mail: iaraconceicaoufpi@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Ações político-culturais de incentivo á produção historiográfica piauiense na década de 1970 O presente trabalho tem como objetivo analisar as medidas político - culturais no que diz respeito á produção historiográfica no Estado do Piauí, da década de 1970, período marcado pelo predomínio do regime civil-militar brasileiro (1964-1984), tendo em vista as relações de poder existentes entre intelectuais, mais especificamente, os historiadores, e os governantes políticos, bem como, o tipo de produção desenvolvida á partir dessa relação. Procuro entende assim, como se efetivava essa relação, qual era sua característica, e quais eram as pretensões político - culturais que os governantes e os intelectuais almejavam com essa aproximação. Nome: Joana de Lira Bezerra E-mail: joana.lira@gmail.com Instituição: UFRN Título: Luis Manoel Fernandes Sobrinho e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte: uma análise institucional e historiográfica (1903-1910) A criação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte a 29 de março de 1902 assinala um momento importante para a historiografia norte-rio-grandense. Não obstante a existência de trabalhos a respeito desse estado, o IHGRN inicia a tradição historiográfica legitimada por uma instituição cujo principal objetivo era a promoção de documentos que subsidiassem a pesquisa histórica no Rio Grande do Norte. É nesse sentido que a Revista do IHGRN, instrumento fundamental da divulgação de seus trabalhos, se transforma na principal fonte de análise desta instituição enquanto campo de produção simbólica, e os textos do sócio-fundador Luis Manoel Fernandes Sobrinho se apresentam como foco privilegiado da análise historiográfica, dada a regularidade de suas contribuições à Revista/IHGRN. O objetivo da comunicação é discutir algumas questões concernentes à atuação dessa instituição enquanto campo de produção simbólica relacionada à produção historiográfica no Rio Grande do Norte e dos seus membros através da figura de Luis Fernandes enquanto historiador representativo daquele grupo de intelectuais. Nome: João Marcelo Ehlert Maia E-mail: jmehlert1@hotmail.com Instituição: CPDOC - FGV Título: Idéias e prática estatal: o caso da Fundação Brasil Central Uma questão comum aos estudiosos no campo da história intelectual diz respeito ao efeito das idéias sobre o mundo social. Esse trabalho procura responder a esse dilema teórico por intermédio de um estudo de caso focado na Fundação Brasil Central, órgão do Estado Novo surgido no âmbito da “Marcha para Oeste”. A FBC foi criada em 1943 com o objetivo de desbravar e colonizar os espaços do Centro-Oeste brasileiro, projeto tido como essencial para a segurança nacional e o desenvolvimento econômico do país. Nesse processo, os funcionários da Fundação recorriam a um repertório cultural produzido nos anos de 1920 e 1930. O objetivo deste trabalho é investigar o nexo de sentido entre o que chamo de imaginação espacial brasileira – conjunto de obras e textos dedicados ao Brasil Central, produzidos por geógrafos, literatos e militares durante a Primeira República – e as práticas de colonização da FBC, como forma de averiguar o papel dessas imagens geográficas na conformação da ação estatal. Sustento a hipótese de que as idéias referentes ao espaço do “Oeste” não operavam como simples justificativas ideológicas posteriormente construídas, mas como substrato cognitivo que instituía a própria região e informava as práticas estatais. Nome: José Renato Lattanzi E-mail: renato@mat.uff.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Ética e Jornalismo: a imprensa ante o golpe militar É possível falar de ética jornalística em meio à crise política que envolveu o Brasil na década de 1960? A atuação dos jornais na cobertura dos eventos que antecederam a tomada de poder pelos militares poderia ser entendida sob a ótica da análise factual sem comprometimento político? Este trabalho pretende avaliar a situação da imprensa no período, reunindo elementos que

identifiquem o posicionamento de duas empresas jornalísticas, O Globo e Correio da Manhã, diferenciando entre ambas os elementos que caracterizem atuações mais ou menos éticas, o que configuraria o direcionamento em favor de determinada corrente política. A partir do estudo desses dois jornais, é possível atribuir à imprensa um papel atuante na disputa pelo poder, trazendo à luz fatores determinantes para o envolvimento dessas instituições da sociedade civil no processo que levaria ao fim do ciclo democrático. Nome: Leila Medeiros de Menezes E-mail: klmmenezes@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: Caminhos do coração: Gonzaguinha, um cavaleiro solitário Assumimos a história do tempo presente como motivo para as nossas discussões. Definimos os chamados “anos de chumbo” – 1968 a 1978 – como o momento privilegiado para juntarmos os estilhaços e recompormos a memória recente a cerca da censura política, avivando, assim, as cores de uma paisagem desbotada na memória das nossas novas gerações. A obra de Gonzaguinha será a nossa matéria-prima. Ele que, com ética e sensibilidade a flor da pele, assumiu a palavra poética como denunciante da palavra política e social para colocar-se na contramão do “sistema”. A produção musical do compositor oscilou entre as coisas do coração, a exaltação da vida – canções atemporais – e a denúncia das arbitrariedades do regime, marcadas por um tempo onde lutar por seu direito [era] um defeito que [matava] – canções datadas. É esse percurso que iremos evidenciar através de suas canções: um compositor inteiro em sua diversidade. Um verdadeiro ator do político. Nome: Luiz Alberto Scotto de Almeida E-mail: l.scotto@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: As duas repúblicas de um intelectual desiludido - a política como força motriz na vida e obra de Euclides da Cunha Euclides da Cunha foi um dos nomes de maior destaque na instalação e consolidação da República brasileira, um intelectual engajado noprojeto políticoideológico de mudança do sistema político. Entretanto, o abalo das convicções republicanas de Euclides da Cunha - seja pela desilusão com os militares, seja pelo desencanto com os governos civis – fez com que produzisse duas visões distintas dos episódios de Canudos. Em sua cobertura jornalística, para o jornal O Estado de São Paulo, defendeu a intervenção do governo, apoiou o Exército e condenou de forma veemente os jagunços. Quatro anos mais tarde lançou Os Sertões e, agora, acusava os militares e o Estado de terem realizado um massacre e conta, de maneira aterradora, como os sertanejos de Canudos foram eliminados. Compreender o papel do intelectual Euclides da Cunha é objetivo deste trabalho, que coloca em evidência a desilusão política do autor como força motriz para existência em sua obra de duas guerras de Canudos: uma em que o Exército cumpre seu papel republicano e civilizador; outra em que protagoniza um massacre em nome da civilização. Nome: Maria Emilia Prado E-mail: emiacp@gmail.com Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: O projeto desenvolvimentista e os Cadernos do Nosso Tempo Este trabalho tem como objetivo contribuir para a discussão a respeito do papel dos intelectuais na esfera pública e na política no Brasil a partir da análise do trabalho desenvolvido no Instituto Superior de Estudos Brasileiros e no seu antecessor o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política. Nesse sentido será importante a compreensão do significado das propostas desenvolvimentistas aí desenvolvidas, o papel exercido pelos intelectuais que integraram os dois institutos bem como o significado da revista Cadernos do Nosso Tempo editada pelo IBESP. Esta análise será feita adotando-se uma abordagem metodológica onde os escritos serão compreendidos a partir do tempo histórico em que foram produzidos, buscando inseri-los tanto na tradição intelectual brasileira. Nome: Mariana de Castro Schwab E-mail: schwabmariana@yahoo.com.br Instituição: UFG - UEG Título: Nacionalismo, políticas sociais e Marcha para o Oeste nos artigos de Paulo de Figueiredo durante o Estado Novo (1937-1945) Paulo Augusto de Figueiredo foi um intelectual que colaborava com a revista Cultura Política e com a Revista Oeste, de Goiás. Figueiredo, professor universitário, funcionário do Estado de Goiás e político, não foi uma figura intelectual tão conhecida, pois seu nome não aparece entre os autores de maior vulto nos anos 30 e 40, porém seus artigos traduzem a política estabe-

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lecida por Getúlio Vargas para o país. Além disso, Figueiredo representava a expressão da autoridade do Estado Novo no centro do país através da Revista Oeste. O autor, em sua obra, demarca três pontos capitais da doutrina do Estado Novo: o nacionalismo, a Marcha para o Oeste e as políticas sociais. Estes pontos serão abordados neste trabalho através dos artigos de Figueiredo publicados durante o Estado Novo, de modo que se possa fazer uma análise de sua obra de acordo com as doutrinas oficiais do governo de 1937 a 1945. Nome: Névio de Campos E-mail: nmestrado@ig.com.br Instituição: UEPG Título: O papel do clero e do laicato católico no processo de constituição da Universidade católica do Paraná (1959) O objetivo deste artigo é analisar o processo de constituição da Universidade Católica do Paraná (UCP), discutindo o papel do clero e do laicato católico no processo de constituição dessa instituição. A educação e o ensino superior constituem aspectos fundamentais da intervenção político-pastoral da Igreja Católica no Brasil e no Paraná. A criação de escolas e a fundação de instituições de Ensino Superior e de centros culturais materializam a ação da Igreja. A forte presença da Igreja Católica no Ensino Secundário e no Ensino Superior constitui a estratégia de formar as elites intelectuais e políticas do Brasil e do Paraná. Em Curitiba, o Instituto Santa Maria (1925), o Círculo de Estudos Bandeirantes (1929), a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (1938), a Faculdade Católica de Filosofia de Curitiba (1950) e a Universidade Católica do Paraná (1959), foram criados com o objetivo de formar as novas gerações (lideranças intelectuais e políticas), assim como aglutinar os intelectuais e políticos que ocupavam as esferas públicas para servir ao projeto da Igreja Católica. Nome: Paulo César dos Santos E-mail: cesarufc@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Comissão Científica de Exploração: Ciência e lendas no Ceará de 1859 Em 1856 foi criada, por iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), a Comissão Científica de Exploração. Sua finalidade era organizar uma expedição pelo interior do Império. Tal viagem objetivava conhecer o interior do território nacional e suas riquezas, colher material para o Museu Nacional e promover a pesquisa científica no país. Pensar um território para explorar, significa buscar nele algo que possa trazer lucros, e a seca nesse momento ainda não fazia parte de um discurso de integração nacional como viria a ser no fim do séc. XIX. As lendas sobre ouro e prata circulavam no Ceará desde a época da invasão holandesa e passaram a fazer parte do anedotário do povo, passando da oralidade para a escrita. Entre naturalistas e viajantes foi-se criando o imaginário do “el dorado” cearense. Entre os escritos sobre tesouros nesta província destacam-se os do Pe. Francisco Teles de Lima, que viajou pelo interior do Ceará entre o final do séc. XVIII e início do XIX, escrevendo um “manual topográfico” das lendas. Foi justamente este manuscrito que foi parar no IGHB, que mais contribuiu para chamar a atenção da intelligentsia nacional para esta província. A ciência do Império cedeu ante o imaginário popular. Nome: Renata Lima Barboza E-mail: rlimabarboza@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Da penumbra às estrelas, caminhando pelas ruas: poemas, crônicas e canções na trajetória intelectual de Orestes Barbosa Por meio da análise da trajetória intelectual de Orestes Barbosa, com ênfase em sua atuação como compositor e, também, observador do cenário musical da cidade do Rio de Janeiro, das décadas de 30 e 40, pretendemos apresentar uma breve reflexão sobre a tênue relação estabelecida entre os campos da literatura, jornalismo e música popular no supracitado período, tendo como base os conceitos de circularidade cultural e apropriação das práticas e produtos culturais. Nome: Ricardo Emmanuel Ismael de Carvalho E-mail: ricismael@hotmail.com Instituição: PUC-Rio Título: Celso Furtado e o Nordeste como uma Invenção Virtuosa da Política A idéia de Nordeste se institucionalizou a partir da divisão do Brasil em cinco regiões, feita pelo IBGE nos anos 40, e em seguida por conta da criação do Banco do Nordeste e da SUDENE, ocorrida nos anos 50. Com

passar do tempo tornou-se freqüente a discussão sobre ação do Nordeste junto ao governo federal ou nas votações no Congresso Nacional. Tudo isso contribuiu, muitas vezes, para encobrir as diferentes realidades, os interesses contraditórios, os impasses e as disputas no interior da região. O objetivo deste artigo é discutir as idéias de Celso Furtado sobre os diferentes caminhos que, sistematicamente, tem orientado a movimentação do Nordeste na federação brasileira. Nesta perspectiva, a cooperação entre os governos nordestinos aparece como um problema, ou como uma tradição ausente na cultura política. Para Furtado não existia um Nordeste antes da SUDENE, pois faltava uma articulação política dos interesses estaduais. A idéia de cooperação regional veio de cima para baixo, enfrentando resistências e desafiando antigas tradições. O Nordeste representa, portanto, um processo de construção política em curso, historicamente apoiado pelo governo federal, constituído por forças estaduais centrífugas e envolvido pelo irresistível impulso do crescimento econômico. Nome: Robson Norberto Dantas E-mail: robsondantas@uol.com.br Instituição: PUC/SP Título: O lugar de autor de Adonias Filho Esta comunicação é sobre a quase desconhecida faceta política da obra de Adonias Filho (1915-1990), autor com extensa produção literária, jornalística e ensaística. Escreveu vários romances ambientados no Sul da Bahia. Seu percurso foi longo e mutável, com atuação em jornais do Rio de S. Paulo, foi dirigente de diversos órgãos ligados à cultura. Os críticos literários definiram-no autor católico, metafísico, trágico e até mesmo apolítico. A sua obra literária é até hoje estudada nas universidades brasileiras, porém pouco se sabe sobre a historicidade em que ela fora escrita. Salvo exceções, ignora-se que ela foi o ponto de chegada de embates extra-literários com o marxismo. O meu objetivo é mostrar que as suas diferentes linguagens, a literária, a jornalística, estão permeadas por uma concepção de história, de sociedade e de homem, imbricadas em paixões políticas do tempo. Longe de aceitar a ilusão biográfica do autor e o lugar pré-definido pela crítica literária, a minha idéia é discutir o lugar de autor como algo que é ao mesmo tempo de produção social e política, em constante movimento, ora reforçando certas imagens, ora transformando-as, conforme as questões históricas do momento. Nome: Rogério dos Santos França E-mail: seanpoo2000@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: Nas trincheiras de uma ordem que desaba: a atuação política e intelectual de Nestor Duarte na Bahia das décadas de 1930 e 1940 Nestor Duarte Guimarães foi um dos nomes proeminentes na cena política e intelectual da Bahia nas décadas de 1930 e 1940 do século passado. O advogado, político e literato Nestor Duarte fazia partes dos grupos políticos que foram desalojados do poder com a emergência do regime instaurado em 1930. Autor de três romances de cunho regionalista, um conhecido ensaio no campo dos estudos sobre o pensamento político brasileiro ( o ensaio publicado em 1939, A ordem privada e a organização política nacional), e o primeiro projeto de reforma agrária apresentado na Câmara Federal em 1947, Nestor Duarte conformou em sua produção discursiva e em sua prática política uma visibilidade do que seria a nação, o povo e o papel das instituições políticas. Este trabalho que é parte de um projeto de mestrado desenvolvido na UFPE busca analisar a atuação política e intelectual de Nestor Duarte no referido período. Tomando alguns temas de sua produção - o que seria o político para o autor e seu papel, por exemplo -buscaremos, como sugeriu Foucault, determinar a relação entre sua prática discursiva e práticas de outra ordem( ou entre os domínios discursivos e não-discursivos) observando sua intencionalidade e funcionalidade na configuração de saber e poder da Bahia nos idos das décadas de 1930 e 1940. Nome: Sérgio Paulo Aurnheimer Filho E-mail: spfa@ig.com.br Instituição: UERJ Título: Benjamin Constant entre o Poder do Sabre e o Saber da Pena: um intelectual e sua ação institucional no Governo Provisório Republicano O texto pretende estudar a atuação de Benjamin Constant como membro dos primeiros gabinetes ministeriais republicanos, principalmente, no Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos. O objetivo é relacionar a gestão política do Ministro Benjamin Constant com a representação dos interesses de certo grupo social que pode ser identificado tanto por sua origem fundamentalmente urbana bem como pela base profissional liberal ou burocrática. Benjamin Constant é então visto como um representante das frações secundárias da classe dominante proprietária. Sendo suas propostas

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68 estudadas para identificar o quanto de difuso positivismo e liberalismo mitigado que poderiam possuir no sentido de verificar a aplicação da seguinte complementação da definição conceitual: Benjamin Constant seria um intelectual orgânico, como aponta a conceituação de Gramsci, atuando em plena crise de hegemonia da passagem do Império para a República. Nome: Thiago Riccioppo E-mail: thiagoriccioppo@gmail.com Instituição: UNIPAC- Uberaba Título: História, ética e nacionalidade: a trajetória política do deputado federal Fidélis Reis na Primeira República Esta apresentação visa traçar aspectos da história política de deputado federal Fidélis Reis, representante pelo Partido Republicano Mineiro do município de Uberaba/MG e região do Triângulo Mineiro. Na vida pública desde 1919, Fidélis Reis foi eleito para o cargo de deputado estadual por Minas Gerais e, no ano de 1920, para deputado federal, cargo ao qual permaneceu até 1930. As atuações parlamentares de Fidélis Reis centraram-se principalmente na criação da lei que levou seu nome – Lei Fidélis Reis – nela foi instituída a obrigatoriedade do ensino profissional industrial no país em 1926. Dentre suas preocupações, tanto na Câmara federal quanto em diversos artigos e livros, podemos destacar além da questão do ensino profissional, a defesa de projetos xenófobos contrários à imigração de japoneses para o Brasil e de negros afro-americanos vindos dos Estados Unidos. Jeffrey Lesser e Thomas Skidmore, dentre outros autores, observaram os arcabouços das ações do deputado Fidélis Reis relacionadas a certas temáticas. Entretanto, nosso objetivo é tratar a atuação específica do mesmo, problematizando questões concernentes às filiações de idéias defendidas pelo deputado mineiro imbricadas ao imaginário social, os desafios enfrentados pela nacionalidade e a política da Primeira República. Nome: Valter Fernandes da Cunha Filho E-mail: fernandescunha@uol.com.br Instituição: Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil Título: Federalismo e Desenvolvimento Regional: o Paraná entre práticas e representações Este trabalho propõe demonstrar que as políticas desenvolvimentistas porque passou o Estado do Paraná entre as décadas de 1950 e 1970, tiveram origem numa forma específica de representação do quadro político nacional em que o Estado dos paranaenses aparecia como preterido pelo poder público federal. Neste particular, a Universidade do Paraná, fundada em 1912, apresentou-se como o centro intelectual e berço do imaginário político que propunha um desenvolvimento autônomo para a região. Este trabalho, portanto, busca enfatizar que o “parananismo” (práticas de valorização da cultura e do “homem” paranaense), em sua vertente política, teve sua origem em uma forma específica de representação das relações federalistas, arquitetada a partir da Universidade do Paraná. Através de métodos de socialização, esta representação adquiriu status de cultura política, gerando um ethos específico em um determinado grupo de intelectuais e administradores públicos. Este trabalho defende, portanto, a proposta de que uma dada representação do cenário político requereu um certa prática política que se converteu nas políticas desenvolvimentistas levadas a cabo pelo governo paranaense. Nome: Virgínia Rodrigues da Silva E-mail: Vick1789@hotmail.com Instituição: Universidade federal Fluminense Título: A Corte e o constitucionalismo: notas sobre a cultura política liberal no Rio de Janeiro (1821-1822) A formação do Estado e da Nação envolveu no Brasil do século XIX, bem como nas demais sociedades pós-revolucionárias, a construção da noção de cidadão e a afirmação dos direitos civis e políticos. As discussões acerca do novo estatuto social, e das premissas que o acompanhavam trouxeram, para o Brasil, tensões e dilemas que ao longo dos anos de 1821 e 1822 se constituiriam em processo de transformação dos valores sociais e políticos do Antigo Regime. Tendo em vista que a imprensa periódica artesanal ocupou, no período da Independência, lugar de destaque na criação e conformação das variadas vertentes do liberalismo, esta pesquisa pretende investigar o processo ensejado pelo aumento do debate em torno ideário liberal que veiculavam. Dessa forma, com o intuito de aprofundar o exame das transformações nas concepções jurídicas e políticas do primeiro liberalismo constitucional, partiremos da análise de alguns escritos políticos e das questões trazidas pelos discursos constitucionais ao debate público na década de 1820, especialmente no que tange às questões da origem e legitimidade do poder e do entendimento da natureza da política e da vida pública.

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69. Povos tradicionais - HistĂłria e cultura Jose Miguel A. Neto – Universidade Estadual de Londrina (jneto@uel.br) JosĂŠ A.Campigoto – Unicentro (ja.cam.pi@hotmail.com) O presente simpĂłsio apresenta-se como um espaço para discussĂŁo de pesquisas relacionadas Ă temĂĄWLFD ´3RYRV 7UDGLFLRQDLV KLVWyULD H FXOWXUD Âľ $WXDOPHQWH R HPSHQKR GH FLHQWLVWDV SHUWHQFHQWHV D YiULDV iUHDV GR FRQKHFLPHQWR QD LQYHVWLJDomR H QR UHFRQKHFLPHQWR OHJDO GRV JUXSRV PDUJLQDLV DSUHVHQWD VH FRPR GHVDĂ€R DRV KLVWRULDGRUHV GD FXOWXUD 3DUHFH TXH HP QHQKXPD RXWUD pSRFD VH IDORX WDQWR VREUH R WHPD H VH HVWXGRX WDQWR HVWHV JUXSRV FODVVLĂ€FDGRV DLQGD FRPR H[FOXtGRV GD KLVWyULD 6RE WDLV FDWHgorias abriga-se a diversidade de grupos e tipos de povoamento existentes em determinado territĂłrio ou paĂ­s, marginalizados socialmente e, diga-se, ao mesmo tempo, que foram, atĂŠ recentemente, pouco considerados nas polĂ­ticas de escrita. Esse tratamento tangente pode-se dever Ă aplicação de esquemas teĂłricos gerais e globalizantes que implicam a negligĂŞncia e atĂŠ mesmo o menosprezo a respeito das SHFXOLDULGDGHV GDV FDUDFWHUtVWLFDV H GDV VLQJXODULGDGHV TXH QRV SHUPLWHP LGHQWLĂ€Fi ORV FRPR REMHWRV GH HVWXGR LVWR p FRPR IHQ{PHQRV LVROiYHLV 1R FDVR GR %UDVLO DEUDQJH SRU H[HPSOR RV LQGtJHQDV os remanescentes de quilombos, os caiçaras, os açorianos, os babaçueiros, os caboclos, os caipiras, os sertanejos, as quebradeiras de coco, os pantaneiros, os jangadeiros, os pescadores artesanais, os seringueiros, os vargeiros, os faxinalenses e muitos outros. A questĂŁo ĂŠ que esses grupos, atualmente, VmR SRVWRV HP GHVWDTXH SRU VXDV HVSHFLĂ€FLGDGHV WDLV FRPR DV IRUPDV SUySULDV GH XVR H SRVVH GD WHUra, o aproveitamento ecolĂłgico dos recursos naturais, o cultivo da vida comunitĂĄria e a preservação da memĂłria comum.

Resumos das comunicaçþes Nome: Ancelmo Schorner E-mail: ancelmo.schorner@terra.com.br Instituição: UNICENTRO - Campus de Irati/PR Título: Apropriaçþes e usos da terra nos Faxinais na região de Irati (PR): entre a idÊia de igualdade e do lucro - 1990-2005 Os Faxinais são classificados, haja vista sua organização social, econômica e cultural, como pertencente à categoria dos povos tradicionais (indígenas, quilombolas, caboclos, pescadores artesanais). Chama-se Sistema Faxinal a um modo de utilização das terras em comum existente no Sul do Brasil. Ele constitui-se como acontecimento singular por causa de sua forma organizacional, onde o caråter coletivo se expressa na forma de criadouro comum (terras de criar) e terras de plantar, o que vale inclusive para pessoas que não são as proprietårias legais da terra. Contudo, segundo o Instituto Ambiental do Paranå (2004), hå dez anos existiam cerca 150 Faxinais. Destes, 44 mantinham sua organização social e a paisagem de matas de araucåria; 56 estavam desativados, mas preservavam as matas; e 52 estavam extintos. Os números indicam sua trågica história, onde o desenvolvimento do capitalismo no campo representa um de seus vilþes. Por outro lado, hå um movimento de revivescência destes povos pelo seu reconhecimento jurídico e a sua re-significação política, tal como as pesquisas realizadas no Laboratório dos Faxinais da UNICENTRO/PR, campus de Irati. Nome: Caroline Gonzalez Vivas E-mail: carolinevivas@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: Histórias em Jenipapo: arte, identidade e patrimônio indígenas Este trabalho analisa e discute a importância de grafismos e pinturas corporais, em complemento às narrativas e demais fontes do patrimônio oral em sociedades indígenas ågrafas para a construção de saberes, conhecimentos e tradiçþes que são representantes e estão inseridos no que se entende por patrimônio imaterial. Em outras palavras, dentro de todo o conjunto que representa os patrimônios intangíveis, este artigo pesquisa o papel das narrativas orais e gråficas em sociedades indígenas brasileiras para a construção de suas identidades. Nome: Cleber Alves Pereira Júnior E-mail: clebercuiaba@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Título: O Código de Posturas e os futuros cururus oitocentistas O cururu Ê uma pråtica cultural formada pela mistura de dança, canto e música que hoje goza de relativo prestígio junto aos órgãos governamentais de Mato Grosso, sobretudo quando se trata de associar esse folguedo popular a uma propalada identidade cultural matogrossense. Entretanto, historicamente, essa relação não foi sempre tão serena. No decorrer do sÊculo XIX, as autoridades políticas de Mato Grosso, seguindo uma tendência de persegui-

ção aos costumes populares verificada em diversos pontos do ImpĂŠrio, empreenderam esforços no sentido de restringir e controlar a feitura do cururu, particularmente na cidade de CuiabĂĄ, onde o policiamento era mais intensivo que no restante da provĂ­ncia. Em contrapartida, os grupos populares recriavam tĂĄticas que lhes permitiam conviver com as injunçþes institucionais, de maneira que, mesmo circunscrito, o cururu continuou a ser praticado por parte da população cuiabana. Nesse sentido, buscaremos demonstrar que o CĂłdigo de Posturas de CuiabĂĄ funcionava como um instrumento de controle do horizonte de expectativa das pessoas que freqĂźentavam cururus, num perĂ­odo em que a noção de futuro ganhava cada vez mais relevância aos olhos dos administradores imperiais. Nome: Eveline Almeida de Sousa E-mail: evelinehistor@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do ParĂĄ TĂ­tulo: As populaçþes indĂ­genas da AmazĂ´nia no pensamento de JosĂŠ VerĂ­ssimo JosĂŠ VerĂ­ssimo exerceu um papel fundamental na literatura brasileira nas Ăşltimas dĂŠcadas do sĂŠculo XIX, tecendo grandes obras sobre a histĂłria da escrita no Brasil e sua relação com a cultural nacional. Nasceu em Ă“bidos (ParĂĄ), atuou como crĂ­tico literĂĄrio, historiador, jornalista e etnĂłgrafo, com vĂĄrios estudos sobre a sociedade amazĂ´nica, defensor da educação e do progresso. Conhecido nacionalmente por sua liderança crĂ­tica e sua erudição entre os meios intelectuais, foi um dos mais importantes nomes da intelectualidade da AmazĂ´nia. Sua obra discute temas diversos, de cunho social, econĂ´mico, cultural, ligados principalmente Ă literatura brasileira e Ă s questĂľes pertinentes Ă vida na regiĂŁo amazĂ´nica. Nesse sentido, a ĂŞnfase deste trabalho estĂĄ em seus estudos etnogrĂĄficos e sociais sobre a AmazĂ´nia, no tocante Ă s suas percepçþes em relação Ă s populaçþes indĂ­genas. O autor toma o indĂ­gena como um dos elementos cruciais nas relaçþes sociais na regiĂŁo. ConstrĂłi uma etnografia dos hĂĄbitos e costumes das populaçþes indĂ­genas amazĂ´nicas, e faz uma discussĂŁo sobre o lugar do indĂ­gena naquela sociedade, e qual seria o seu fim o com o advento da civilização e do progresso, ideais pretendidos pelos intelectuais. Deste modo, propĂľe-se discutir como os Ă­ndios sĂŁo pensados em VerĂ­ssimo. Nome: Fernando Barros Jr. E-mail: fernandodbarros@gmail.com Instituição: UFPE TĂ­tulo: Fronteiras ĂŠtnicas, jurĂ­dicas e histĂłricas: ReflexĂľes sobre a organização sĂłcio-polĂ­tica Pankararu Como resultante da sedentarização de populaçþes habitantes do entorno do SĂŁo Francisco que, por meio da catequese, buscavam proteção na missĂŁo sediada na aldeia de Tacaratu, os atualmente denominados Pankararu sĂŁo possuidores de uma organização polĂ­tica e social deveras complexa. Assim, durante todo o processo colonial – nĂŁo-contĂ­nuo e extensivo Ă s polĂ­ticas contemporâneas – essas organizaçþes vivenciaram sucessivos momentos de mu-

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69 danças em face às relações estabelecidas com as populações não-índias circunvizinhas, a Igreja, o Estado e seus representantes, além de outros grupos indígenas. Na história mais recente deste grupo, pode-se notar o processo nomeado formação da “Árvore Pankararu”, quando várias outras populações tiveram sua etnogênese baseada, principalmente, na persistência das “viagens” de parte dos componentes Pankararu para as estadias com parentes. Nesse sentido, pode-se tomar para análise o surgimento de novas questões e debates que passaram a reelaborar a situação política dentre os Pankararu. Destarte, a separação jurídica-burocrática da Terra Indígena gerou novas possibilidades que trazem à luz as novas formas das amarras necessárias para a manutenção da unidade social em torno da etnia. Nome: Gabriel Passetti E-mail: gpassetti@gmail.com Instituição: USP Título: Os Maori e os britânicos. Alianças e disputas pelas terras da Nova Zelândia A costa da Nova Zelândia foi uma das últimas a ser identificada pelos europeus. Os encontros entre os nativos Maori e os estrangeiros se deram a partir dos últimos anos do século XVIII e foram caracterizados por aproximações e distanciamentos. Esta apresentação se propõe a discutir as peculiaridades desta colonização e os interesses que moveram os diferentes grupos envolvidos neste processo. Na década de 1830, discutia-se no Reino Unido a expansão do Império e como esta deveria se dar, pois distintos projetos estavam em disputa. Os liberais defendiam a liberdade dos povos e do comércio, com a atuação mínima e indireta. Grupos de investidores queriam formalizar colônias para as crescentes classes médias capitalizadas pela Revolução Industrial e os missionários anglicanos desejavam estabelecer uma sociedade ideal de nativos cristianizados. Grupos Maori, tradicionalmente rivais, possuíam um extenso arsenal e lutavam entre si, procurando controlar a instalação dos ocidentais e o acesso a seus produtos, estabelecendo importantes trocas culturais. Com formalização da anexação pelo Império Britânico, em 1840, alterou-se o equilíbrio de forças. Ao deixar de controlar as terras e regular a presença estrangeira, os Maori se reorganizaram e passaram a oferecer resistências armadas. Nome: Giovana Acacia Tempesta E-mail: giovana_tempesta@yahoo.com.br Instituição: UnB Título: História e historicidade apiaká A comunicação visa discutir o processo histórico vivenciado pelos apiakás, povo de língua tupi-guarani que quase foi extinto no início do século XX, mas que conseguiu se reorganizar em termos demográficos e políticos e hoje tenta estabelecer uma relação de parceria com o Estado, ao mesmo tempo em que mantém viva as hostilidades com os vizinhos kaiabis (igualmente tupi-guaranis). A história dos apiakás confunde-se com o longo e penoso processo de exploração e colonização da região dos formadores do Tapajós, que corresponde à atual porção norte do estado de Mato Grosso, área tradicionalmente habitada por diversos povos do tronco tupi que adotaram distintas estratégias de interação com os brancos. Pretendo apreender a concepção apiaká sobre o contato, bem como as categorias sociais e a forma de organização sociopolítica dele resultantes. Nome: Helio Sochodolak E-mail: sochodo@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO Co-autoria: Jair Antunes E-mail: jair1903@gmail.com Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste- UNICENTRO Título: O Faxinal e a narrativa trágica Este trabalho tem por objetivo apresentar a narrativa trágica como forma de manifestação da visão de mundo entre os povos faxinalenses que habitam o sul do Estado do Paraná. A narrativa trágica aparecia para os gregos como o lócus pelo qual a comunidade helênica despojava-se de todos os seus caracteres individualizantes e assumia a perspectiva da unidade natural originária. Com a ascensão da visão lógico-socrática, porém, tal perspectiva trágica teria se perdido para a ocidentalidade. Todavia, acreditamos que, em alguma medida, operando por analogia, podemos ainda hoje encontrar elementos semelhantes à cultura trágica grega nas narrativas daqueles povos que estão à margem da cultura cientificista dominante. Nas narrativas orais e nos rituais faxinalenses afloram aspectos de uma visão de mundo que os remetem, em grande medida, aos elementos constituintes da tragicidade pré-platônica e que fazia parte da cotidianidade helênica do século V a.C. Isto fica evidente, por exemplo, na visão cíclica do tempo, o qual rompe com a perspectiva linear da temporalidade ocidental e passa a exercer a contagem do tempo conforme as estações do ano

ou os dias santos ou da época da colheita ou plantio. É desta perspectiva da narrativa trágica na contemporaneidade que pretendemos trabalhar. Nome: Jaci Guilherme Vieira E-mail: jacivieira@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Roraima Título: A Igreja Católica de Roraima no processo da homologação da Raposa Serra do Sol e a violência gerada a partir da organização indígena: 1960 a 1990 A história do estado de Roraima é marcada pela disputa entre os que defendem e os que são contra a homologação das terras indígenas. Para a classe dominante local essa homologação, neste caso, a área indígena Raposa Serra do Sol, reduz drasticamente o desenvolvimento econômico da região, hoje baseada na pecuária, mineração e na cultura do arroz, onde grande parte da mão-de-obra é indígena. São essas populações que barateiam o trabalho nas fazendas, engordam os lucros dos pecuaristas e rizicultores, sustentam com a venda de sua força de trabalho o luxo dos fazendeiros de possuírem em suas garagens várias carros da linha Hillux. Não se trata aqui de um processo de proletarização do índio, haja vista que nem seus direitos trabalhistas são reconhecidos. Trata-se somente da exploração pura e simples da força de trabalho como também do seu próprio território. Essa discussão apontada não resolve o nosso problema, queremos aqui também evidenciar uma discussão mais detalhada a respeito da diferença de valores entre índios e não índios sobre a questão da terra. Estudar, pela primeira vez, na história do Antigo território Federal do Rio Branco, e do atual estado de Roraima a intensificação da violência, entre índios e não índios, que a todo o momento esteve muito presente, em especial. Nome: Jose Josberto Montenegro Sousa E-mail: josbertoms@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Título: Argumentos/enunciados da poética popular: um mosaico de signos No repertório poético do chamado cancioneiro popular - difundido em romances da literatura de cordel - como A História do Boi Mandingueiro e do Cavalo Misterioso, do poeta potiguar Luiz da Costa Pinheiro -, a narrativa constitui-se por uma profusão de símbolos e signos, expressões de religiosidades, crenças e rituais de encantamento alusivos a injunções de ancestrais culturas luso-afro-indígenas em processos de incorporação e ressignificação de sentidos. Neste trabalho pretendo refletir sobre argumentos/enunciados da poética popular de folhetos de cordel para compreender a historicidade de culturas tradicionais. Nome: Kalna Mareto Teao E-mail: kalnamt@yahoo.com.br Instituição: Ufes Título: Atuação política das lideranças Guarani Mbya do Espírito Santo e a questão fundiária A questão fundiária envolvendo índios do Espírito Santo e a empresa Aracruz Celulose perdurou por aproximadamente quarenta anos (1967-2007). Nosso intuito consistirá na abordagem do papel das lideranças Guarani Mbya nesse processo, utilizando-nos da análise de seus depoimentos orais e de jornais locais, principalmente no que se refere à terceira fase da luta pela terra, nos anos de 2005 e 2006. A escolha deste período se deve ao fato de que observamos uma atuação política de forma incisiva dos indígenas que agiam tentando atribuir maior visibilidade ao conflito fundiário com a finalidade de pressionar o Estado a homologar as terras. Procuraremos estabelecer a relação entre os Guarani e os Tupinikim, a relação desses povos com outros movimentos sociais e o papel do Estado nesse processo. Nome: Karina Moreira Ribeiro da Silva e Melo E-mail: karinaemelo@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: A aldeia de São Nicolau nos oitocentos: mais de um século ‘sem nada fazer, nada pensar, nada sentir!’ Este projeto de pesquisa, em fase inicial, tem como principal objetivo analisar fontes documentais primárias de cunho administrativo disponíveis para o estudo do aldeamento de São Nicolau do Rio Pardo no século XIX. O mesmo foi fundado em 1757, em território que hoje corresponde ao Rio Grande do Sul. Enquanto os demais aldeamentos guarani-missioneiros se extinguiram ou se transformaram em vilas e freguesias, ele permaneceu como uma aldeia indígena até o terceiro quartel do século XIX. Procura-se recompor as relações sociais e de poder em que tais indígenas estavam inseridos, levando em conta seu papel de agente social e sua participação ativa

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no processo histórico. Para tanto, prioriza-se a documentação recolhida nos Arquivos Históricos de Rio Pardo, de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. A problemática que orienta o projeto é apresentar uma leitura de fontes que possibilite vislumbrar os motivos que levaram São Nicolau a permanecer enquanto um aldeamento indígena, e que razões possibilitaram sua sobrevivência por este considerável período de tempo. A relevância desta pesquisa reside no fato de que há lacunas historiográficas que tornam estes indígenas invisíveis no século XIX, ao mesmo tempo em que os afasta das relações estabelecidas durante um longo processo histórico. Nome: Libertad Borges Bittencourt E-mail: libertadborges@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: O índio e a ordem: organizações indígenas na América Latina O presente trabalho reflete sobre como as organizações indígenas vem atuando nos cenários nacionais e internacionais com base na identificação étnica. A partir da década de 1920, as Conferências Interamericanas ampliaram as discussões sobre as comunidades indígenas, impulsionando a articulação dos diferentes movimentos, no sentido de traçar diretrizes para os governos latino-americanos. Esse processo fortaleceu a mobilização indígena, ampliando seus contatos e fazendo com que se conscientizem de que a luta é comum a diversos povos indígenas em todo o continente e a outras minorias em todo o mundo. Nome: Marcos José Veroneze Soares E-mail: marcosveroneze@yahoo.com.br Instituição: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Marcelina Título: Descendentes de nativos da Zona da Mata Mineira: lembranças, trajetórias e memórias Este trabalho consiste num projeto de identificação de descendentes de nativos da Zona da Mata Mineira, bem como de suas memórias e do significado atribuído por eles à sua ancestralidade. A pesquisa se fundamenta, inicialmente, em fontes orais, para, em seguida, analisar fontes outras como documentos pessoais, fotografias e fontes cartoriais, visando reconstituir as trajetórias de algumas famílias. Os objetivos iniciais são de identificar um contingente -já significativo até o atual estágio de nossos trabalhos- de descendentes de nativos na região, tentando demonstrar que, se a miscigenação foi uma estratégia de dominação, através de um processo de deculturação/ aculturação, utilizada pelos colonizadores, parece ter sido também, por outro lado, uma forma de sobrevivência para a população nativa. A partir de interessantes resultados já colhidos até o momento, a pesquisa poderá também servir de base para futuros projetos de formação, organização e mobilização de grupos de descendentes de nativos da região, visando ao reconhecimento de direitos específicos relativos à sua ancestralidade. Nome: Niminon Suzel Pinheiro E-mail: niminon@unirp.edu.br Instituição: Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Co-autoria: Sonia da Silva Rodrigues E-mail: soniadalavia@yahoo.com.br Instituição: INCRA/MG Título: Terras Indígenas Guarani - Barão de Antonina e Itaporanga (SP) Em 2006, indígenas Guarani deslocaram-se para os municípios de Barão de Antonina e Itaporanga (SP) em um processo de retomada de seus territórios imemoriais. As terras em questão foram local de residência, em aldeias, e de passagem, caminhos que trilharam por vários séculos. No século XIX, foi estabelecido o aldeamento de São João Baptista do Rio Verde, sistema utilizado pelos latifundiários e políticos, naquele período, para converter indígenas em mão-de-obra para lavouras e pecuária, bem como, em “civilizá-los” para não obstruir o avanço da sociedade capitalista. Os Guarani atuaram de diferentes maneiras em relação com o não-indígena. Dentre elas destacamos: se aliaram em face de inimigos em comum, como os Kaingang; em outros momentos abandonaram o aldeamento para viver em aldeias na mata longe de não-índio; participaram de magotes para conseguir alimentos e ferramentas de não-indígenas. No século XX, o aldeamento foi desativado e os índios, convencidos pelo SPI, mudaram para o Posto Indígena Araribá (Avaí/ SP), junto com outros Guarani. Alguns indígenas permaneceram nas terras do antigo aldeamento, mas foram pressionados e expulsos por posseiros e fazendeiros. O antigo território permaneceu na memória indígena, sendo freqüentemente lembrado na fala dos anciãos. Nome: Oséias de Oliveira E-mail: oseias@oseias.org

Instituição: UNICENTRO Título: De Maria a Dandara: a questão da identidade entre remanescentes de áreas quilombolas Herdeiros de uma propriedade conhecida como Fundão, os remanescentes quilombolas do Paiol de Telha foram assentados pelo Incra, em 1985 sob o regime de comunidade tradicional, em uma área que se limita com uma colônia de descendentes de alemães (Colônia Socorro), no distrito de EntreRios, município de Guarapuava (Paraná). Como esta colônia apresenta os serviços básicos, como comércio local, educação, etc, os remanescentes quilombolas a freqüentam de forma assídua, não sem dificuldades de relacionamento. A partir do incentivo reconhecimento e credenciamento como uma comunidade quilombola pela Fundação Palmares, estes remanescentes assentados na área delimitada pelo Incra iniciaram um processo de afirmação e valorização cultural extremamente intrigante, o qual consiste na recuperação de aspectos culturais, como música, dança, brincadeiras, demais atividades coletivas e, principalmente, uma nomeação cultural que inclui palavras de dialetos africanos. A proposta deste trabalho, então, é refletir sobre o processo de reelaboração identitária de uma comunidade tradicional que se vê em fase afirmação cultural quilombola, em uma região marcada por um discurso de enaltecimento dos imigrantes europeus. Nome: Palloma Cavalcanti Rezende Braga E-mail: pallomabr@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: A Dinâmica da Reprodução -História e singularidades nos diferentes espaços indígenas O entendimento cultural indígena sobre a reprodução humana vem sendo interpretada no campo da Antropologia desde as Etnografias clássica (Malinowski: 1986; Turner: 1974: Firth: 1998) e hoje essa temática é abordada sobre a perspectiva de gênero e corporalidade (Belaunde: 2004: Overing: 1999; Martins: 2003; Viveiros de Castro: 1974). Tais perspectivas de abordagem em diferentes regiões indígenas da América do Sul deflagraram na análise versões indígenas particulares sobre a concepção, gestação e parto, demonstrando que tais processos reprodutivos entre os ameríndios são também dependentes de fatores externos ao corpo, como a religião e parentesco. Tal dinâmica de entendimento cultural sobre a reprodução demonstrados nesses estudos viabilizaram o reconhecimento da participação do pai diretamente no processo de gestação e interpretaram as diferentes roupagens culturais que figuram as sociedades indígenas. Essas Etnografias pretendem ser aqui retomadas de modo a revelar a história da produção desse conhecimento na Antropologia nos mais variados espaços indígenas da América do Sul (região amazônica, Brasil Central e Nordeste do Brasil), no intuito de trazer esse material para o campo da História, já que são muitas as singularidades apresentadas sobre tal análise nos diferentes espaços. Nome: Patrícia Raiol Castro de Melo E-mail: paty-raiol@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Pará Título: Mão-de-obra indígena em corpos de trabalhadores (1838-1859) Em 1838 o General Soares de Andréa cria os Corpos de trabalhadores, justificados pela necessidade de conter indivíduos ociosos na província do GrãoPará, transformando-os, segundo o discurso do General, úteis no processo de reconstrução da mesma, arrasada pelos motins cabanos. Dessa instituição de trabalho almeja-se compreender o sistema de seu funcionamento atentando especificamente àquela que basicamente a compunha: a mão-de-obra indígena, suas atitudes, conflitos e formas de resistência mediante aos recrutamentos forçados. Neste viés enseja-se dar maior visibilidade ao elemento indígena, personagem marginalizado durante certo tempo, mas que no trabalho ora aqui proposto será compreendido e observado segundo princípios de um ramo mais recente dos estudos históricos: a História indígena e do indigenismo. Apontar a relevância das populações indígenas e buscar entre elas atores sobremaneira relevantes contribuindo desse modo, ao processo de construção do saber histórico no que tange á sociedade amazônida, ainda mais por se tratar de um espaço que no referido período apresentava-se constituído pela expressiva presença deste contingente populacional. Nome: Renata de Almeida Oliveira E-mail: renatinhaunirio@gmail.com Instituição: UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Título: Poder local guarani: conflitos e negociações Neste trabalho pretendo abordar a tensão entre duas esferas de poder na aldeia guarani de Paraty-Mirim: o poder tradicional do cacique e um novo poder que surge com a formação dos professores indígenas. Sendo assim,

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69 relatarei o”caso”do conflito entre o cacique da aldeia e o professor Darci tomando-o como um sintoma de uma mudança importante na esfera das decisões locais. É importante analisar este conflito não apenas em termos da esfera do individual, mas apontar para o significado das transformações nas formas de organização guarani do ponto de vista coletivo, de como o surgimento da escola guarani e do curso de professores indígenas está interferindo nas formas de organização social da aldeia ao introduzir um novo poder que não existia anteriormente, de como esta interferência termina por sublinhar o papel da família na aldeia e enfraquece a noção de um “coletivo guarani”.O novo poder-o professor-a meaça o poder tradicional - o cacique - e a solução encontrada foi afastar o novo poder e sua família, expulsando-os da aldeia. Esta por sua vez, procura para encontrar novas formas de sobrevivência, reforçar o pertencimento ao grupo familiar.Trata-se de uma conjugação sutil entre indivíduo,família e grupo étnico,onde dependendo da situação um dos pólos é evidenciado em detrimento do outro. Nome: Sandra Nancy Ramos Freire Bezerra E-mail: sandranfb@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Assombrações do Cariri: o imaginário popular como elemento de reflexão histórica O presente artigo é decorrente de uma pesquisa de iniciação vinculada ao Instituto Ecológico Cultural Martins Filho IEC, ligado a Universidade Regional do Cariri URCA, realizada em 2006. O estudo objetiva compreender o universo cultural das crenças em torno das assombrações, sua difusão e a relação com a religiosidade popular, a partir do referencial teórico centrado no campo da História cultural. A problemática analisada no estudo utilizará como fonte a abordagem da história oral a xilogravura e o cordel. Aponta para um conjunto de indagações pouco exploradas na produção historiográfica local e para a necessidade de apropriação desse objeto na compreensão histórica cultural no âmbito do Cariri. Nome: Simone Pereira da Silva E-mail: symonepsilva@bol.com.br Instituição: UFPB/PPGH Título: Do folclórico ao popular: representações e apropriações do Reisado de Congo no município de Barbalha (1970 - 1980) A partir da década de 1970, os participantes do Reisado de Congo – por incentivo da municipalidade barbalhense – modificaram intensamente suas práticas ao mesmo tempo em que tentavam tirar “proveito” frente a atual conjuntura socioeconômica. Isso nos leva a tentar compreender a construção de representações sociais dos brincantes sobre a manifestação e as (re) significações simbólicas operadas a partir da interferência pública da municipalidade barbalhense nas décadas de 1970 a 1980, momento de início e consolidação de mudanças na expressão. Nesse contexto, buscamos mediante Michel de Certeau e de Roger Chartier, entender os mecanismos de inversão e reapropriação por parte das classes populares, que buscavam extrair das circunstanciais melhores condições econômicas para si ou para seu grupo. Dessa forma, pretendemos perceber – a partir, especialmente de fontes orais – os resultados das relações sociais no desenvolvimento da referida manifestação, refletindo em mudanças simbólicas e costumeiras da prática do reisado, bem como, a construção de novas representações, condizentes com os interesses em jogo.

rações diversificadas inerente ao protagonismo destas populações, que até o presente momento vinha sendo negado pela história regional, que enfatizava apenas as ações dos imigrantes. Nome: Suzete Camurça Nobre E-mail: suzetecamurca@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Amazonas Co-autoria: Therezinha de Jesus Pinto Fraxe E-mail: tecafraxe@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Amazonas Título: Memória, história oral e ethos: comunidades ribeirinhas do Médio Solimões/Amazonas Este artigo apresenta algumas peculiaridades da história e do ethos de nove comunidades situadas ao longo do Médio Solimões: Santa Luzia do Baixio, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Nazaré, Bom Jesus, Santo Antônio, Matrinxã, Lauro Sodré, Esperança II e Santa Luzia do Buiçuzinho. As histórias da ocupação dos espaços, as especializações das atividades produtivas, as organizações sócio-políticas nos levam a questionar a imagem das comunidades amazônicas como paisagens indistintas caracterizadas por uma vida estática e um empecilho ao desenvolvimento econômico da região. As histórias das comunidades apresentam sobre outra perspectiva a história do estado do Amazonas, tal como a queda do período áureo da borracha e as decorrentes migrações internas que se imbrica com a formação histórica da comunidade Nossa Senhora das Graças. Ou ainda, a recente construção do gasoduto Coari-Manaus que tem provocado mudanças na paisagem da comunidade Esperança II bem como na vida de seus moradores, que tem encontrado neste grande projeto uma alternativa de emprego em substituição ou complemento das atividades baseadas no complexo mata-rio-quintal. Diante destes contextos, procura-se compreender a relação entre os “locais” e os “globais”, num mundo onde estes fazem as regras do jogo. Nome: Tereza Cristina Ribeiro E-mail: cristapuia@yahoo.com.br Instituição: UFBa Título: O facão e o copo d’água: aspectos da visibilidade indígena diante da mídia nacional O trabalho se propõe a discutir de que forma vem sendo construída a participação política dos povos indígenas brasileiros através de suas entidades e organizações na sociedade não indígena do tempo presente e de como a mídia se posiciona diante disso, ora favorecendo, ora criminalizando os povos e organizações indígenas do Brasil.

Nome: Soraia Sales Dornelles E-mail: soraiazuca@gmail.com Instituição: UFRGS Título: A experiência vivida por imigrantes italianos e índios Kaingang na Serra gaúcha (1875- 1925): pioneiros em terras incultas e devolutas Esta pesquisa objetiva esclarecer a experiência vivida por índios Kaingang e imigrantes italianos no sul do Brasil, entre os anos 1875 e 1925, na região da Serra gaúcha. Esta investigação pretende resgatar a presença e resistência indígena em meio às suas relações com o elemento envolvente, ‘civilizador’, marcadas pela diversidade de respostas por ambos os grupos. A questão envolve o mito do vazio demográfico sugerido em obras de referência que tratam da ocupação italiana na região tradicional Kaingang, bem como sua efetividade histórica. A metodologia deste projeto busca estabelecer um diálogo entre antropologia e história através do cruzamento de documentos escritos e fontes materiais. Podemos considerar, no estágio em que se encontra esta pesquisa, que o padrão colonial do século XIX, no contexto em questão, impôs aos Kaingang a necessidade de optar por formas alternativas a da violência física como forma de resistência. Observa-se a complexidade da relação estabelecida entre os Kaingang e os imigrantes italianos. Para além da falsa hipótese do vazio demográfico encontramos um universo de inte-

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70. Mobilidades urbanas em tempos modernos: migraçþes, sociabilidades e modernização na cidade contemporânea Francisco A. do Nascimento – UFPI (falcide@uol.com.br) Luiz Felipe FalcĂŁo – UFSC (luiz.felipe@mailcity.com) As cidades, em sua grande maioria, atraĂ­ram e continuam a atrair na contemporaneidade um grande Q~PHUR GH LQGLYtGXRV VHGX]LGRV SHODV RSRUWXQLGDGHV UHDLV RX IDQWDVLRVDV GH FRQVHJXLU QRYDV H PHOKRres condiçþes de vida pautadas por uma economia monetĂĄria que a tudo envolve; pelas probabilidades de encontros e desencontros num ambiente que conjuga tanto liberdade de movimentos e garantia de DQRQLPDWR TXDQWR WUDWDPHQWR LJXDOLWiULR H DĂ€UPDomR GH VLQJXODULGDGHV SHODV SRVVLELOLGDGHV GH GHVOL]Dmentos atravĂŠs de fronteiras e de territĂłrios ora permeĂĄveis, ora intransponĂ­veis, nem sempre visĂ­veis H SDOSiYHLV PDV FODUDPHQWH VHQWLGRV H SRU YH]HV HPEDUDOKDGRV &RP LVVR DV FLGDGHV FRQIRUPDP panoramas em ininterrupta transformação material e simbĂłlica, reunindo indivĂ­duos de diferentes proceGrQFLDV H KiELWRV H LPSXOVLRQDQGR SURFHVVRV GH PRGHUQL]DomR GHVFRQWtQXRV TXH FRUUHP SDUDOHORV RX VH FUX]DP HP YHORFLGDGHV GLIHUHQWHV SDQRUDPDV HVWHV TXH VH DVVHPHOKDP H VH LQWHJUDP QDTXLOR TXH SRGH ser denominado de um mercado mundial de cidades, mas que, ao mesmo tempo, animam a produção de identidades culturais singulares a cada uma delas, proporcionadas pelas experimentaçþes sempre renovadas e plenas de incertezas do viver urbano, das mobilidades e das potencialidades por ele ensejadas nos tempos modernos, assim como pelas distintas maneiras de narrĂĄ-las e de recordĂĄ-las.

Resumos das comunicaçþes Nome: Anael Pinheiro de UlhĂ´a Cintra E-mail: anael@onda.com.br Instituição: Universidade Federal do ParanĂĄ TĂ­tulo: Perfil dos imigrantes nos centros urbanos paranaenses na dĂŠcada de 1970 O presente artigo reflete sobre as caracterĂ­sticas dos imigrantes que, em busca de novas condiçþes de vida, se deslocaram para os principais centros urbanos paranaenses na dĂŠcada de 1970, tais como: Curitiba, Londrina, Ponta Grossa, MaringĂĄ, Cascavel, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Umuarama. Entende-se que as transformaçþes no processo de urbanização ocorreram em ĂŠpocas diferentes entre os estados brasileiros, sendo que a mudança de uma população predominantemente rural para predominantemente urbana, ocorreu no ParanĂĄ, durante a dĂŠcada de 1970. A partir da anĂĄlise dos dados de migração dos microdados do Censo DemogrĂĄfico, ĂŠ nosso objetivo apresentar o perfil destes imigrantes considerando as regiĂľes que contribuĂ­ram para o intenso fluxo populacional em direção aos centros urbanos paranaenses citados, as ocupaçþes que os imigrantes encontraram, bem como, as condiçþes de moradia, de renda e de escolaridade. Que condiçþes teriam estes imigrantes encontrado nestas cidades a fim de assegurar-lhes ali sua permanĂŞncia? Tal caracterização contribui para pensar, de modo mais amplo, o poder de atração das grandes cidades contemporâneas, em especial, as do ParanĂĄ. Este artigo ĂŠ decorrente de estudo em desenvolvimento no Programa de PĂłs-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do ParanĂĄ. Nome: Bruno Sanches Mariante da Silva E-mail: brunosanches@sercomtel.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina TĂ­tulo: O “discurso de felicidadeâ€? e o “perigo amareloâ€? em Londrina (1934 – 1956) Sentimentos anti-nipĂ´nicos recrudesceram entre autoridades brasileiras no Brasil pĂłs-1934, mergulhado na ideologia nacionalista, e a eclosĂŁo da Segunda Guerra Mundial. Na AssemblĂŠia Constituinte de 1934 houve grande discussĂŁo acerca da presença estrangeira no Brasil. A partir daĂ­ os japoneses, principalmente, passaram a representar um perigo constante no imaginĂĄrio das autoridades brasileiras e alvo de medidas polĂ­ticas contundentes. Nesse mesmo perĂ­odo, no Norte do ParanĂĄ, desenvolvia-se um empreendimento imobiliĂĄrio, que formou vĂĄrias cidades e fazendas de cafĂŠ na regiĂŁo. Sua “capital regionalâ€?, Londrina, atraiu grande nĂşmero de migrantes atravĂŠs do “discurso de felicidadeâ€?, que atribuĂ­a Ă regiĂŁo o tĂ­tulo de Terra da PromissĂŁo, Eldorado. Um episĂłdio crĂ­tico, estudado em nossa pesquisa, foi a construção de um novo aeroporto em Londrina entre os anos de 1945–56. Essa construção se deu sobre terras desapropriadas de famĂ­lias japonesas e nipo-descendentes. Examina-se o oportunismo do momento, tendo em vista a fragilidade nipĂ´nica frente ao governo.Entre a felicidade e a realidade, a histĂłria oficial privilegiou a primeira e mesmo a sociedade, por meio de elementos urbanos – como praças e monumentos – vem soterrando os conflitos, que constituem objeto de nossa pesquisa.

Nome: Claudia Cristina da Silva Fontineles E-mail: cfontinelles@yahoo.com.br Instituição: UESPI/CEFET TĂ­tulo: ReminiscĂŞncias de um tempo de euforia “Tocador e obrasâ€?, “Construtor de Teresinaâ€?, “Grande empreendedorâ€?, essas sĂŁo algumas das referĂŞncias feitas acerca dos governos de Alberto Tavares Silva, sobretudo quando ele administrou o Estado do PiauĂ­ na dĂŠcada de 1970, durante seu primeiro mandato (1971-1975). Entender os elementos que contribuĂ­ram para que esse mandato repercutisse com mais força na memĂłria da população piauiense que o segundo governo (1987-1991) ĂŠ o que discute a presente pesquisa. Para desenvolvĂŞ-la recorreu-se a fontes documentais, hemerogrĂĄficas e televisivas. No campo teĂłrico, subsidiaram esses estudos as anĂĄlises de Paul Ricouer, Maurice Halbwachs e Michel Pollack. Nome: Cristiano de Jesus da Cruz E-mail: crizhistoria@hotmail.com Instituição: UNEB TĂ­tulo: Mangabeira: entre Vargas e as “invasĂľesâ€? A referente comunicação objetiva analisar a polĂ­tica urbana e habitacional da administração de OtĂĄvio Mangabeira (1947-1951) no estado da Bahia, bem como o estudo da relação do governo estadual com as “invasĂľesâ€? (habitaçþes urbanas ilegais) e GetĂşlio Vargas, principal nome polĂ­tico do cenĂĄrio nacional no perĂ­odo estudado. O contexto polĂ­tico vivenciado na dĂŠcada de 1940 determina algumas alianças e posicionamentos contraditĂłrios na polĂ­tica baiana. Mangabeira ĂŠ eleito governador da Bahia por meio de um acordo interpartidĂĄrio, encontrando na capital grandes problemas urbanos e habitacionais, entre eles, o surgimento de uma nova alternativa habitacional: as “invasĂľesâ€?. AlĂŠm disso, seu governo e sua carreira polĂ­tica ĂŠ fortemente influenciado por GetĂşlio Vargas. Enfim, tanto as açþes de Vargas como os problemas habitacionais de Salvador foram fatos marcantes no governo Mangabeira. O trabalho foi realizado atravĂŠs de anĂĄlises de testemunhos, livros, dissertaçþes e jornais. Nome: Emerson CĂŠsar de Campos E-mail: emecampus@yahoo.com.br Instituição: UDESC TĂ­tulo: Uma Praça, muitos TerritĂłrios: lugares de sentidos e sociabilidades na Praça XV de Novembro (FlorianĂłpolis-SC) entre 1990-2006 Pretendemos informar resultados de uma pesquisa que se encontra em fase conclusiva. Nela buscamos (professor e bolsistas) estudar o chamado “Centro Antigo ou HistĂłricoâ€? da cidade de FlorianĂłpolis. Partimos das visĂ­veis transformaçþes ocorridas particularmente em sua conhecida Praça XV de Novembro. Identificamos açþes e projetos de sucessivos governos aplicados Ă Praça, e investigamos as sociabilidades vividas, falas e sentidos construĂ­dos a partir dela. Tais sociabilidades sĂŁo produzidas por grupos diversos que ocupam os espaços da Praça: ambulantes, mĂşsicos, sem tetos e outros, e tambĂŠm seus ocupantes eventuais: turistas, transeuntes, trabalhadores e outros. A regiĂŁo estudada ĂŠ um espaço de entroncamento das açþes e de manifestaçþes pĂşblicas, desde sua criação e, este estudo permitiu analisar uma sĂŠrie de sociabilidades que se acentuam e ganharam visibilidade maior a partir da dĂŠcada de 1990: uma sĂŠrie de movimentos sociais e as tentativas de “revitalizaçãoâ€? urbanĂ­stica; os projetos

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70 que chamaram (e chamam) à população a participar da Praça; as ações que tentaram (e tentam) “folclorizar” os grupos mais freqüentes. A interpretação das sociabilidades auxiliaram à compreensão mais elaborada da intricada urbanidade vivida nas duas últimas décadas em Florianópolis. Nome: Fabiana de Santana Andrade E-mail: fabysdrade@yahoo.com.br Instituição: UEFS Título: A Pescadora Artesanal e a Natureza: a apropriação dos recursos marinhos e as modificações do meio ambiente em Ilhéus – BA (19602007) Este trabalho discute a relação das pescadoras e pescadores artesanais com o meio ambiente no período de 1960 a 2007 no município de Ilhéus - BA. De acordo com o Projeto GEPAM várias experiências internacionais têm demonstrado que as mulheres têm se preocupado mais com a situação do meio ambiente do que os homens. Há nessa perspectiva uma questão vigente que envolve as particularidades de Gênero que concebe a mulher como aquela que cuida e que conservar o que é importante para os seus filhos. Segundo a Etonobiologia os pescadores artesanais de águas marinhas conseguem distinguir e reconhecer facilmente algumas espécies de animais, devido à prática do manejo e do saber lidar com essas espécies. As pescadoras em Ilhéus também possuem um conhecimento específico do meio natural. A atividade extrativista das pescadoras depende justamente da dinâmica de reprodução do mangue e do conhecimento que possuem da natureza. Através dos depoimentos orais, fotografias, jornais locais, atas das Colônias de Pesca, será discutida as particularidades das relações de gênero com o meio natural que está relacionada às diversas experiências de ser pescadora e pescador artesanal na cidade de Ilhéus-BA. Nome: Fabiana Machado da Silva E-mail: fabimasilva@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia-UNEB Título: O trem das grotas: A ferrovia leste brasileiro e seu impacto social em Jacobina (1920-1945) Entre os aspectos da modernidade em Jacobina entre 1920 a 1945, a ferrovia foi um elemento significativo pela representatividade e influência modificadora. A ferrovia apareceu como um instrumento transformador da vida econômica local e dos hábitos cotidianos considerados atrasados, próprios a região sertaneja. Falar de Jacobina é também falar da Leste, marco importante na constituição do espaço urbano, há uma relação entre ambas, uma é indissociável da outra. A Leste teve um lugar principal na disputa sobre o que era considerado moderno em Jacobina, uma vez que trouxe mudanças não só na paisagem urbana como na vida social e cultural de seus habitantes. Abordam-se as transformações sociais, culturais e urbanas, os aspectos do cotidiano, da construção das relações sociais, ressaltando em que medida as elites locais vivenciaram a modernidade e o progresso, proporcionados pela influência e simbologia da ferrovia, como isso influenciou a reestruturação e a transformação da infra-estrutura urbana e suas representações sócio-culturais. Discutem-se os impactos da Leste em Jacobina, as relações entre as transformações sociais e seu ambiente ferroviário, com a articulação sócio-regional e redes de sociabilidade, a conectividade e assentamentos de núcleos urbanos na região. Nome: Francisco Alcides do Nascimento E-mail: falcide@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Sonhos e Pesadelos dos Moradores da Periferia de Teresina nas Décadas de 1960 e 1970 Teresina cresceu do ponto de vista demográfico muito rapidamente nas décadas de 1960 e 1970, acompanhando uma tendência que atingia as principais cidades brasileiras, afetando de forma profunda a construção do espaço urbano da capital do Piauí. É deste período o surgimento das primeiras favelas na cidade. Por outro lado, o tecido urbano de Teresina é rasgado por novas avenidas e ruas e este fato determinou a expulsão de moradores das regiões atingidas para as áreas mais distantes do Centro. Tais áreas eram desprovidas dos principais instrumentos básicos (água, luz, telefone, calçamento, transporte coletivo, esgoto sanitário). A idéia dos administradores municipais e estaduais era transformar Teresina em um dos mais belos centros turísticos do Nordeste. A proposta desta comunicação é discutir os discursos construídos pelos diversos segmentos sociais sobre as transformações espaciais, demográficas e econômicas que atingiram a cidade. As fontes empregadas são variadas, mas foram privilegiadas as hemerográficas (especialmente os jornais) e fontes orais. Estas foram construídas com o emprego da metodologia da História Oral, sendo as entrevistas do tempo e trajetória de vida, as mais empregadas.

Nome: Francisco Antonio Zorzo E-mail: fazfeira@uefs.br Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santanta Título: A emergência do capitalismo ferroviário na Europa na segunda metade do século XIX: a implantação da ferrovia na França, Itália e Espanha O objetivo desta comunicação é apresentar algumas reflexões sobre o processo de implantação da malha ferroviária européia na segunda metade do século XIX, bem como avaliar alguns de seus efeitos espaciais e urbanos. Primeiramente, pretende-se remontar, em linhas gerais, o processo de implantação da rede ferroviária, mostrando os principais elementos e informações sobre as redes nacionais, acompanhados de um relato e de um mapeamento do processo de crescimento e fusão das empresas de estrada de ferro. Em segundo lugar, pretende discutir como o processo de construção da malha de ferrovias se inseriu dentro da dinâmica do capitalismo emergente na Europa, analisando o papel do Estado e as estratégias territoriais das grandes empresas de estrada de ferro em cada região e em algumas das principais cidades, tais como Paris, Roma e Barcelona. Nome: Francisco Canella E-mail: franciscocanella@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Entre um passado de lutas e um presente de exclusão social, as memórias de moradores da comunidade Nova Esperança Em princípios da década de 1990, movimentos organizados de sem-tetos promoveram uma série de ocupações em Florianópolis. Suas ações produziram forte impacto na política da cidade, bem como no seu cotidiano e nas representações acerca de Florianópolis. Tais ocupações evidenciavam a sua face excludente, contrapondo-se à imagem da cidade como paraíso turístico. A partir de entrevistas com moradores que participaram de uma dessas ocupações e de dados de natureza etnográfica, analisamos o modo como hoje acionam o passado vivenciado no processo de lutas. Em seus relatos orais, rememoram desde os momentos da ocupação, em que viviam sob barracos de lona, até o mutirão para a construção das casas. Essas histórias, reconstruídas como um tempo de dificuldades, mas também de vida comunitária e união, são confrontadas com um presente marcado pelo individualismo, pela violência e por uma série de atributos que reforçam uma auto-imagem negativa da localidade onde vivem e revelam o enfraquecimento dos laços sociais no plano local. Partindo do pressuposto de que a memória é atualizada em razão de questões presentes, procuramos relacionar as percepções de passado e presente dos moradores com as mudanças na condição social dos moradores e no lugar simbólico ocupado pela localidade na cidade. Nome: Gláucia de Oliveira Assis E-mail: galssis@hotmail.com Instituição: UDESC Título: Fluxos do Local para o Global: os laços transnacionais construídos entre os catarinenses e a região de Boston (Estados Unidos) no início do século XXI Nesse início de século, as imagens e notícias de brasileiros que partem de cidades médias no Brasil, como Criciúma, Governador Valadares, Londrina, para tentar a vida em New York, Boston, Barcelona ou Londres, revelam um novo movimento da população brasileira. Esses movimentos migratórios ocorrem num mundo considerado cada vez menor, pela compressão do espaço pelo tempo, como conseqüência da melhoria dos meios de comunicação, transporte e informática. Nesse contexto, as relações entre aqueles que partiram e aqueles que permaneceram, os investimentos na terra natal, os movimentos de mão-de-obra se processam de maneira mais intensificada apontando para o contexto transnacional destes fluxos. Neste artigo pretendemos discutir essas conexões entre “aqui” e “lá” a partir dos laços transnacionais construídos entre a cidade de Criciúma (SC) e a cidade de Boston (EUA). A pesquisa seguiu o percurso dos emigrantes e realizou-se nos dois lugares envolvendo observação participante da vida cotidiana nas cidades e de relatos orais de emigrantes e seus familiares. O objetivo foi demonstrar como os deslocamentos de homens e mulheres tem sido vivenciados de maneiras distintas e transformado o cotidiano das cidades, reconfigurando espaços e identidades. Nome: Helder Remigio de Amorim E-mail: hra1901@hotmail.com Instituição: UFRPE Título: “Imponente, moderno, chic e bem construído”: considerações sobre o advento do supermercado no portal do sertão pernambucano (Arcoverde 1970-1980) Esta pesquisa trata das relações entre cidade e modernização. O nosso recorte

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espacial é Arcoverde, cidade do sertão pernambucano. O recorte cronológico é a década de 1970, período em que seus habitantes se viram às voltas de uma novidade trazida pelos fortes ventos da modernidade: a chegada do primeiro supermercado. Nesse sentido, procuramos analisar as transformações que esse advento causou no cotidiano dos seus moradores. Assim, podemos compreender que esse estabelecimento contribuiu para o surgimento de novas práticas sociais, bem como novas regras de conduta. O supermercado com seu conforto e comodidade passou a ser um grande aliado dos mais favorecidos e aspiração dos mais humildes. No tocante as fontes adotadas, entrevistas, periódicos, acervos pessoais e documentos institucionais, têm nos dado subsídios para investigarmos, os variados aspectos dessa modernização. Nome: Ivanilda Aparecida Andrade Junqueira E-mail: ivanildaj@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: A prática das ações museológicas contemporâneas e a constituição de museus em Uberlândia, Minas Gerais Nas últimas décadas, várias discussões e debates têm se estabelecido em torno da questão da preservação do patrimônio histórico e sua relação com o campo da museologia. O resultado é uma série de mudanças em torno dos conceitos de museus e museologia, acompanhadas por uma redefinição das funções educativas no âmbito dos museus, pois, segundo Primo, a ação museológica deve criar situações que levam ao desenvolvimento e à reflexão da comunidade. Nesse sentido, a partir da década de 1970, novas correntes pedagógicas buscam soluções mais democráticas para a área da educação reforçando o papel do museu como agente decisivo na educação da comunidade. É nesse momento que as novas correntes da museologia buscam suporte no método pedagógico defendido por Paulo freire, para quem a relação educador e educando se estabelece a partir do diálogo e da reflexão. Considerando a análise de alguns documentos produzidos ao longo da segunda metade do século XX, responsáveis por mudar a prática e o pensar museológico atual, nos propomos a discutir a constituição dos museus e centros culturais uberlandenses e a importância das ações museais e educativas que ali são desenvolvidas com o intuito de complementar a formação do cidadão crítico, que pauta suas vivências na colaboração e união com seus pares. Nome: João Paulo França Streapco E-mail: jstreapco@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Representações e memória social através do futebol em São Paulo As discussões acerca do papel da memória e suas relações com a história despertam o interesse de considerável número de pesquisadores que atuam neste campo do saber. A inauguração do Museu do Futebol (e de diversos Memoriais de Conquistas em diversos clubes pelo Brasil) coloca algumas perguntas que devem estimular um debate fecundo e permitir a aproximação daqueles que estudam esportes em geral, e futebol, em particular, com discussões que se apresentam de maneira mais ampla através da história cultural. A rememoração ocorre num universo tanto de palavras, de coisas, de práticas e gestos corporais, e neste sentido, o futebol ganha grande importância na sociedade brasileira no decorrer de todo o século XX. O estudo do futebol na cidade de São Paulo contribui para o debate mais amplo da historiografia acerca de memórias e representações que circularam e se cristalizaram no imaginário social e que envolvem questões como identidades, classes sociais, etnias e nacionalidades. Este trabalho tem por objetivo analisar as relações entre futebol e a memória social brasileira, explorando um dos aspectos pouco analisados pelas recentes pesquisas sobre o esporte, através do estudo da história do futebol na cidade de São Paulo: o futebol como vetor ou lugar de memória em nossa sociedade. Nome: Jorge Henrique Maia Sampaio E-mail: recadojorge@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Onde o bonde faz a curva: o progresso chega aos arrabaldes Esse trabalho consiste em analisar o processo ocorrido na capital cearense no período em que circulou o bonde elétrico (1913 – 1947). Como esse meio de transporte coletivo modificou a vida dos moradores da cidade, e como a partir dele a cidade foi ganhando uma nova geografia urbana. Elemento de ligação entre o centro e a periferia no começo do século XX, o bonde causou mudanças de percepção entre os moradores e a cidade, e entre esses mesmos moradores e a máquina. Questões como velocidade, distância, tempo e espaço, agora eram percebidas de outra maneira. Nome: José Valdenir Rabelo Filho E-mail: primorabelo@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual Vale do Acaraú

Título: Cidade: uma materialidade subjetiva Este trabalho, na medida em que se propõe a pensar a cidade de Sobral a partir dos significados simbólicos atribuídos por seus diversos atores sociais, ressignifica as possibilidades de ler/ver este lugar, o qual, por vezes, não é aqui entendido como um complexo harmônico e uniforme. A Sobral, da forma como é lida aqui, é uma cidade que carrega em seu interior outras muitas cidades, é essencialmente um complexo dinâmico e plural, palco de atuação caleidoscópica, pois de conflito, onde atores múltiplos compartilham e se confrontam quanto à legitimidade da construção simbólica sobre o lugar. Ir ver o conflito, as tensões sociais, é ler as muitas cidades silenciadas e negadas. Assim sendo, o intento deste trabalho é observar como a cidade é dita e inventada, significada por seus diversos personagens históricos. Nome: José Valmi Oliveira Torres E-mail: josevalmi@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Co-autoria: Rosilene Dias Montenegro E-mail: rosilenedm@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: (Re) Construindo identidades em Campina Grande: o Imaginário da Modernidade à Luz da Mídia Impressa Campinense O presente trabalho faz uma análise de seis notícias publicadas no Jornal Diário da Borborema sobre a Escola Politécnica da Paraíba, primeira escola superior na cidade de Campina Grande, criada em 1952, pelo então governador da Paraíba, José Américo de Almeida, escola esta, que se tornou em pouco tempo de existência, referência no ensino de Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica na Paraíba e Nordeste. Temos como recorte temporal 1957, ano da criação desse jornal até 1963, com a criação do Curso de Engenharia Elétrica da mesma. Objetivamos mostrar como esse veículo de comunicação vai construir a imagem de uma Politécnica moderna, onde a mesma estava contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da cidade de Campina Grande e demais região. Buscamos ainda, demonstrar até que ponto essas matérias publicadas nesse tablóide discursivo vai contribuir para que a cidade fosse percebida posteriormente como pólo científico e tecnológico. Nome: Josefa Núbia de Jesus Passos E-mail: ibamerica@bol.com.br Instituição: UFS Título: Diversão e prazer: a Zona do Bonfim em Aracaju na década de 1950 Nas primeiras décadas do século XX havia nas proximidades do centro de Aracaju uma região conhecida como Zona do Bonfim ou simplesmente como Bonfim. Seu nome fora tomado de uma grande duna que lhe era próxima, o Morro do Bonfim. O Morro e a Zona do Bonfim eram redutos de bares e prostíbulos que funcionavam por toda a madrugada, dissonando com a quietude do restante da cidade. As noites de diversão no Bonfim continuaram até 1955, quando o morro foi demolido. A comunicação referente a este resumo pretende apresentar as diferentes visões da população aracajuana da década de 1950 a respeito do Morro e da Zona do Bonfim. A pesquisa sobre esta região de Aracaju está em andamento e suas primeiras conclusões tem suporte em jornais e em escritos de memorialistas. Também foi utilizada bibliografia alusiva à urbanização da capital e à situação econômica de Sergipe no início do século XX. As primeiras leituras vão apontando que boa parte da população da capital demonstrava desprezo pelo Bonfim. Ele era tachado como sendo um espaço de imoralidade, prostituição e brigas. Da força policial, freqüentemente eram exigidos maior vigilância e controle sobre a diversão dos trabalhadores humildes e dos indivíduos sem ocupação, principais freqüentadores das noites do Bonfim. Nome: Julia Santos Cossermelli de Andrade E-mail: juliadeandrade@gmail.com Instituição: CEBRAP Título: Centros Históricos e as políticas públicas de revalorização urbana As revalorizações urbanas em áreas centrais tem sido comuns no Brasil e em diversas cidades do mundo. Nosso objetivo é refletir sobre o desenvolvimento das políticas públicas especificamente para os centros históricos. Isso significa analisar as práticas e representações dos agentes envolvidos (poder público, iniciativa privada e agências multilaterais, como o BID e o Banco Mundial). De modo geral, as políticas de revalorização dos centros históricos procuram se justificar pelo resgate das tradições e da memória da cidade e atribuem à História, materializada no patrimônio arquitetônico, o papel de agente de animação cultural tão atraente para as finanças municipais. As intervenções a que estamos assistindo visam reformar o patrimônio cultural imobiliário, promover uma refuncionalização das áreas centrais e gerar uma gentrificação,

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70 ou seja, a substituição dos habitantes pobres da região pelo comércio, serviços mais sofisticados e moradia das classes médias e alta. Nossa perspectiva aponta para a crítica destes projetos urbanos responsáveis pelo aumento da segregação sócio-espacial e pelo agravamento das desigualdades urbanas. Nome: Leda Rodrigues Vieira E-mail: ledahistoria@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Cidade ferroviária: História e memória da ferrovia piauiense na cidade de Parnaíba, 1916 a 1937 A implantação das estradas de ferro no Piauí aconteceu mediante muita demora e paralisações, sendo somente em 1916 a inauguração do primeiro ramal ferroviário piauiense ligando Portinho à Cacimbão na região norte do Estado. Nesta região foram inaugurados outros trechos e estações ferroviárias entre os anos de 1920 a 1937, atingindo cidades como Parnaíba, Amarração (atual Luís Correia), Bom Princípio, Frecheiras, Cocal, Deserto, Piracuruca e Piripiri. A proposta deste artigo é discutir e problematizar o processo de constituição das estradas de ferro em território piauiense entre os anos de 1916 a 1937 e a forma como deu significados aos ferroviários a partir de suas experiências, vivenciadas não apenas nos locais de trabalho, bem como nos outros cenários sociais da cidade de Parnaíba, situada na região norte do estado. Para tanto, analisamos as memórias da população através de crônicas e fontes orais na perspectiva de seguirmos os rastros da memória de ex-ferroviários e outros atores sociais nos diversos espaços que compõem o mundo da ferrovia, onde parte da população conviveu em seu cotidiano com trabalhadores e a circulação do trem nas cidades atingidas pelos trilhos e/ou dotadas de estações. Nome: Lenita Maria Rodrigues E-mail: lenitamaria@bol.com.br Instituição: UFGD Título: Campo Grande, MS, e a Feira Livre Central: patrimônio e memória A Feira Livre Central de Campo Grande, MS, que acontecia nas ruas no período de 1925 a 2004, está ligada ao processo de “patrimonização” de alguns momentos do cotidiano da cidade contemporânea. A feira existe nas memórias dos habitantes, e tem sua continuidade promovida na Feira Central que foi construída pela Prefeitura, mantendo alguns feirantes e fixando-a próxima à antiga Estação Ferroviária, elaborando uma relação tempo-espaço própria da modernidade. A pesquisa procura entender a relação do poder público, assim como da população, com a valorização de novos patrimônios e, como a adaptação, desses patrimônios a novos usos, pode camuflar a destruição autorizada. Assim como, a modernidade inclui permanência e preservação e, ao mesmo tempo, inovação e destruição. Nome: Luiz Felipe Falcão E-mail: luiz.felipe@mailcity.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Cidades do desejo, desejos de cidade A produção de imagens acerca das cidades, de sua trajetória e de sua atualidade, bem como de seus habitantes, expressa muitas vezes o desejo de conformá-las segundo determinados interesses e pretensões, os quais se confrontam com outros interesses e pretensões num enfrentamento que objetiva assegurar legitimidade para tais enunciações, de maneira que expressam aquilo que se poderia denominar de “desejos de cidade” capazes de emprestarem elementos simbólicos e materiais às cidades que são desejadas visando singularizá-las e distingui-las em face de outras cidades desejadas, como o demonstra, por exemplo, o amplo estoque de representações disponibilizado para uma cidade como Florianópolis. Nome: Marcia Cristina Pinto Bandeira de Mello E-mail: marciabandeira@ugf.br Instituição: Universidade gama Filho/Colégio Pedro II Título: O turismo como elemento da comunicação intercultural: A inserção da cidade do Rio de Janeiro no universo multicultural Este trabalho possui como objetivo demonstrar como o turismo, ou melhor, a experiência turística, pode ser um elemento de comunicação intercultural. Enquanto fenômeno de curta duração, não possui o objetivo de formular culturas híbridas e nem tão pouco culturas mestiças. Porém, defendemos que esse contato face a face, possibilitado pela atividade turística, pode mexer com as representações sociais dos atores envolvidos: turistas e nativos. O que poderá desencadear um processo de transformação, nas representações sociais características de cada sociedade. Defendemos também que dentro da sociedade atual e deste universo multicultural em que vivemos, a atividade turística fomenta um sentimento de inserção do indivíduo em algo global, e que quanto mais

esse indivíduo se propõem a conhecer o distante, o diferente e o incomum ao seu cotidiano, mais se sentirá incluso nesse “mundo”. Desta forma, entrará em contato com patrimônios culturais e históricos que não lhe pertence, mas que representam a memória e a história de outras sociedades. De posse deste patrimônio, o turista, desencadeia um sentimento de inclusão na humanidade; desenvolve a idéia de que ele conhece a alma do lugar e a alma da sociedade que visitou. Nome: Mariana Cicuto Barros E-mail: marianacicuto@hotmail.com Instituição: Escola de Engenharia São Carlos – Pós-Graduação Arquitetura Título: Construção e Divulgação do Desenvolvimento Nacional. O caso da Arquitetura A diversidade de experiências dos arquitetos nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, desde o campo do desenvolvimentismo nacional e sua crítica até a implementação de políticas públicas como o BNH, configurou um campo legitimado de idéias e de ações decorrentes das contradições que condicionaram o trabalho destes profissionais no período. Pretende-se descobrir este campo de discussões inaugurado também pelos arquitetos que buscaram uma atuação junto à sociedade e voltada para as necessidades da população, principalmente no que diz respeito à questão habitacional. Nome: Nilson Almino de Freitas E-mail: nilsonalmino@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA Título: Migração, política e construção da ética do “serviço desinteressado”: o bairro, a “liderança” e o morador Esse artigo discute questões levantadas durante pesquisa realizada na cidade cearense de Sobral sobre percepção espacial por parte dos seus moradores, com base no arquivo permanente de documentos orais do Laboratório das Memórias e das Práticas Cotidianas (LABOME/UVA). Aqui pretende-se explorar a “ética do serviço desinteressado” construída pela imagem que o líder comunitário faz de si. É uma imagem que é construída em um contexto espacial onde a migração serve como suporte, pois acontece em bairros que abrigam moradores mais pobres que vieram para Sobral em busca de melhores condições de vida. As narrativas contadas pelos líderes comunitários falam tanto das circunstancias históricas da produção da riqueza na cidade, quanto da participação pessoal como personagem principal de uma trama espacial e temporalmente definida, recheada de tensões e atos de esperteza por parte do narrador, que sempre diz fazer tudo em favor da “comunidade”. A História da cidade passa então a ser vista a partir de sua perspectiva enquanto “servidor” que não necessariamente espera recompensar diante de seus préstimos, assim como se posiciona como criador do espaço e do tempo. Nome: Odair da Cruz Paiva E-mail: odairpaiva@marilia.unesp.br Instituição: Universidade Estadual Paulista - UNESP - Campus de Marília Título: Migrações em Cidades Globais. Latino-Americanos em São Paulo: Entre o Homo-Sacer e a Vida Nua (Zoe) As migrações contemporâneas recolocam novos sentidos e desafios para a compreensão dos deslocamentos populacionais que, por sua vez, guardam especificidades importantes. A pluridirecionalidade dos fluxos, políticas restritivas, criminalização, xenofobia e trabalho escravo, são algumas delas. Atualmente, mais de 200 milhões de pessoas estão fora de suas regiões de origem. Esses deslocamentos abrem espaço para a multiplicidade de interpretações e pesquisas. A migração de latino-americanos (bolivianos, paraguaios e peruanos, notadamente) para a cidade de São Paulo apresenta dilemas que incidem sobre duas questões básicas. De um lado, seus influxos de ordem econômica impõem a esta população o desafio de superar o paradoxo de constituir-se como elemento fundamental para a reprodução do capital e sua condição de população sobrante e descartável (homo-sacer). A segunda deriva da imigração como estratégia de superação de sua condição de vida no país de origem e suas possibilidades de humanização (Zoe). Entre uma e outra questão, o vivido urbano, as demandas pelos serviços públicos, as determinações da cultura e a constituição e fruição dos espaços de sociabilidade constituem um ambiente importante para a compreensão do vivido destes sujeitos na cidade de São Paulo. Nome: Pedro Pio Fontineles Filho E-mail: ppio26@hotmail.com Instituição: UESPI Título: As Escritas de Clio: Literatura e Modernização da cidade de Teresina, nas duas primeiras décadas do século XX

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O processo de modernização desperta uma série de discursos e representações acerca das transformações na cidade e no cotidiano da população. A cidade torna-se ponto de confluência de diferentes formas de conceber e de sentir os espaços, visto que os traçados urbanos agregam múltiplas sociabilidades. Nesse sentido, o presente estudo faz uma breve discussão acerca das aproximações e limiares entre história e literatura, no intuito de analisar as possibilidades de percepção da literatura como substrato da pesquisa histórica. Este trabalho dedica-se ao estudo das formas de sentir e de pensar oriundas dos olhares dos poetas e cronistas que vivenciaram as transformações da capital piauiense em fins do século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX, refletindo sobre os efeitos da modernização nos espaços urbanos. Os escritos literários expressam a diversidade discursiva, pois demonstram sutilezas, ironias, paixões, desencantos e resistências acerca do turbilhão de transformações pelas quais a capital piauiense passava. A literatura mostra, nesse sentido, a constituição de memórias, sentimentos e conflitos sobre a modernização da cidade de Teresina, a partir das diferentes maneiras de sociabilidades desencadeadas pelos ideais modernizadores. Nome: Priscilla Régis Cunha de Queiroz E-mail: priscilla_regis@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Immensos Vendedores: vendedores ambulantes de carne em Fortaleza A presente pesquisa tem como objetivo compreender o trabalho dos sujeitos que se dedicavam a venda ambulante de carne na cidade de Fortaleza no período de 1889 a 1920 num contexto de transformação e regulamentação das condutas e dos espaços da cidade. Por meio da análise de fontes como, jornais do período, de ofícios da Intendência Municipal, entre outras, buscamos compreender quem são esses vendedores e que táticas usavam para se manter no comércio informal de gêneros alimentícios. Nesse sentido, a pesquisa problematiza o consumo, o comércio formal e informal de gêneros bem como a reutilização e a ressignificação cotidiana dos espaços da cidade por parte dos vendedores ambulantes que resistem a ação disciplinarizadora das elites. Dessa forma, abordaremos os conflitos nos quais esses sujeitos estavam inseridos e, partindo de uma análise pontual, tentaremos perceber a dinâmica maior da sociedade do período. Nome: Rafael Damaceno Dias E-mail: rafaelcielo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Percepções sobre uma invasão: imprensa e migração em Florianópolis (1970 – 2000) Durante as décadas de 1970 e 1980 é possível observar na imprensa que circulava em Florianópolis a percepção que esta cidade seria alvo de uma invasão. Isto estaria acontecendo em decorrência da presença de grande número de migrantes advindos de outros estados brasileiros (especialmente do Rio Grande do Sul) conforme, por exemplo, se manifestava em títulos de reportagens como: “Enxurrada de gaúchos incomoda muita gente”, publicada no jornal O Estado em julho de 1987. Essa pesquisa pretende perceber o modo como tal percepção sobre os migrantes esteve articulada com transformações no modo de entender as relações sociais existentes na cidade. Para tanto, serão utilizadas reportagens e a produção de colunistas sociais e cronistas que ocupavam lugar de destaque na imprensa de circulação diária em Florianópolis. Nome: Raimundo Alves de Araújo E-mail: arcanjoberne@bol.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceará-UECE Título: Seca, urbanização e patrimonialismo nos sertões do Ipu do início do século XX O presente trabalho abordará o processo de urbanização ocorrido na cidade de Ipu nas primeiras décadas do século XX, percebendo o uso do discurso da seca por parte da sua classe dirigente para fomentar a assim chamada “modernidade” e, ao mesmo tempo promover a aquisição dos capitais necessários ao projeto de urbanização e modernidade pensado por suas oligarquias (processo este que se sustentaria no patrimonialismo e no paternalismo clientelista para com os moradores da cidade). A seca forneceria o imaginário simbólico e discursivo do qual as elites locais e estaduais iriam fazer uso para conquistar os capitais necessários ao projeto “modernizador” pensado para os sertões do Ipu; tais práticas acarretaram dois discursos antagônicos sobre a cidade: o de “cidade próspera” e “em sintonia com o mundo burguês”, e o de “cidade maldita”, carente de ajuda oficial e vítima de secas e epidemias devastadoras. Nome: Regianny Lima Monte E-mail: regiannymonte@yahoo.com.br

Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Cidade do desejo: sonhos e frustrações no processo migratório para Teresina na década de 1970 As cidades são compostas por uma rede de serviços, leis e estruturas que demarcam e regulam seus espaços, é nelas que se encontram o ser citadino, já adaptado à vida urbana. O habitar nas cidades, fazer parte de suas estruturas, é um desejo de boa parte da população rural que projeta na migração para os grandes centros urbanos uma maneira de melhorar de vida, deixando assim as amarras da vida rural, sofrida e sem perspectiva de mudança. Foi com esse desejo que muitas pessoas deixaram sua vida no campo e rumaram para Teresina, em meados da década de 1970, período em que a cidade passava por um processo de modernização e transformando-se em um ponto de atração cada vez mais constante. O sonho de melhorar de vida esbarra nas dificuldades encontradas na cidade, no acesso a moradia e ao trabalho regular. O poder público intervém no sentido de normatizar a ocupação do solo urbano remanejando esse excedente populacional para áreas distantes e sem infra-estrutura adequada. O sonho de mudar de vida com o processo de migração para as cidades vem acompanhado por muitas dificuldades, frustrações e lutas. Nome: Reinaldo Lindolfo Lohn E-mail: reilohn@terra.com.br Instituição: UDESC Título: Cidade e democracia: espaço público e modernização no processo histórico brasileiro contemporâneo (1970-2000) – o caso de Florianópolis (SC) Este trabalho discute o pressuposto segundo o qual a configuração urbana brasileira contemporânea mantém relação com o processo de democratização recente. A urbanização é um dos fatores marcantes das transformações ocorridas no país, ao evidenciar as tensões que marcaram a construção de um novo ordenamento da sociedade durante e após a ditadura militar instalada em 1964. As relações políticas formais e, principalmente, as sociabilidades cotidianas foram profundamente atingidas por traços de uma sociedade urbana que se caracterizam por novos dinamismos e conflitos. Muitas cidades brasileiras foram praticamente reconstruídas ao longo da ditadura militar, através de mecanismos que ampliaram as possibilidades de acesso à moradia para as classes médias. Além disso, foram afetadas pelas ondas de modernização e por fenômenos como a violência e a segregação sócio-urbanas. Pode-se, então, questionar como esses processos afetaram e afetam o processo de democratização política do Brasil. Toma-se o caso de Florianópolis, cidade na qual a modernização promovida pela ditadura militar e pelos processos socioeconômicos recentes (turismo e indústria do lazer) é visível, tanto em seus aspectos físicos quanto, principalmente, na cultura urbana e nas relações sociais e políticas vigentes. Nome: Rodrigo de Oliveira Soares E-mail: teachershistoria@hotmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Seja bem vindo esta é minha casa: um estudo da casa como representação do espaço Em 2005, na cidade de Goiânia, no Bairro do Parque Oeste Industrial, a polícia (cerca de 150 militares) fez cumprir uma ordem de reintegração de posse do local, sendo esses moradores deslocados e assentados em outro bairro, o Setor Grajaú. O acontecimento fora um reflexo, inerente ao sistema estabelecido (capital – urbanização) à falta de habitação. Em nossa primeira hipótese, escrevemos que o desejo, ou sonho da casa própria, impulsionaram os eventos em torno do caso dos assentados do Real Conquista. O ponto circunstancial da primeira hipótese é verificar como um “sonho” se torna veículo mobilizador de uma massa de pessoas em torno da luta. A partir das considerações feitas na primeira hipótese, partimos para uma segunda em que, através do relato dos assentados, podemos angariar informações, colocando o “sujeito” como fonte de pesquisa, podendo, através da fala, buscar primeiro uma visão que os inventários de papel silenciam, colocando o saber do senso comum como instrumento de pesquisa científica. Em Guattari e Merleau Ponty, para os quais o espaço pode e deve ter seu leque de interpretação ampliado, ao escrever que “o espaço não é o meio (real ou lógico) onde se dispõe as coisas, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível” (Merleau Ponty:1971). Nome: Sara Krieger do Amaral E-mail: sarinha.k.a@gmail.com Instituição: FURB Título: Futebol e Samba na Cidade Alemã: a formação da Sociedade Recreativa Desportiva Cultural de Samba “Protegidos do Galeão”, em Blumenau (1976-1984) O estudo propõe-se a analisar as relações entre sociedade civil, poder público e membros do Galeão Esporte Clube, time de futebol que se tornou escola de

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70 samba, em Blumenau, no fim da década de 1970. O objetivo é desvendar que motivos levaram estes trabalhadores, vindos do litoral, a se associar, considerando que tal união ocorreu através de elementos identitários, construídos simbolicamente. O início da redemocratização na política nacional marcou o período, que, em Blumenau, ficou caracterizado pela restauração das tradições dos imigrantes alemães, objetivando atrair turistas. Além disso, o desenvolvimento industrial atraiu operários de várias regiões, que ao chegarem depararam-se, em alguns casos, com falta de empregos e estigmatização feita pelos antigos moradores. A não identificação com o associativismo local fez com que alguns migrantes criassem a Soc. Rec. Desp. Cult. de Samba Protegidos do Galeão. A entidade sofreu pela falta de apoio, deixando de existir quando os incentivos à cultura alemã se intensificaram. A elite que, por interesses eleitorais, apoiou a cultura negra, mais tarde, determinou a supremacia da cultura economicamente instrumental e excluiu as demais. Ainda assim, a criação desta sociedade indica a busca pela liberdade de escolha das atividades de lazer. Nome: Tatiane Rosa Sarat E-mail: tatirsarat@yahoo.com.br Instituição: UFMT Título: Várzea Grande no processo de re-ocupação das terras amazônicas - 1970/1990 A Amazônia é uma região de múltiplas representações, sendo possível contar uma infinidade de histórias tendo-a seja como “cenário” ou como “protagonista”. A Amazônia foi focalizada nesse trabalho através de um evento que foi o processo de ocupação de suas terras nas três ultimas décadas do século XX. A protagonista dessa trama é a cidade Várzea Grande que por sua localização geográfica estratégica constituía-se em via de acesso direto ao norte e mais a oeste de Mato Grosso, diante dos propósitos de ocupação do território amazônico, ganhou importância como sendo o “corredor” que ligaria a Capital, local das decisões, a parte norte, local aonde iriam se efetivar as práticas de ocupação e colonização. A cidade de Várzea Grande, não estava incluída na delimitação espacial geográfica e simbólica do “Paraíso”, imagem que foi associada às novas cidades da Amazônia, contudo a nossa protagonista recebeu uma imensa quantidade de migrantes que foram atraídos pelas propagandas de prosperidade realizadas para a atração de colonos. Este trabalho pretende focalizar a forma como foram estabelecidas as relações por esses migrantes na ocupação do espaço citadino, ressaltando a multiplicidade de culturas que constituiu uma verdadeira “Babel” de sotaques, costumes e práticas culturais. Nome: Thiago Leandro de Souza E-mail: thlsouza@yahoo.com.br Instituição: UDESC Título: Novos caminhos velha segregação: Florianópolis e a construção de novos espaços de elite Este trabalho propõe uma breve análise da construção de novos espaços de segregação social e espacial na Ilha de Santa Catarina, tendo como foco principal o surgimento do empreendimento Jurerê Internacional. A discussão gira em torno das diferentes visões de cidade encontradas dentro deste novo tipo de enclave, onde os muros, comuns em condomínios fechados, são substituídos por outras formas de exclusão. Analisamos aqui a construção de comunidades planejadas. A utilização do planejamento urbano e comunitário em Jurerê Internacional, como modelo de cidade idealizada, que procura valer-se da implementação de políticas públicas de construção da imagem turística de Florianópolis. Nome: Túlio Augusto Pinho de Vasconcelos Chaves E-mail: tuliochaves@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: O solar do barão do Japurá: entre idéias e representações O final da década de 1960 e inicio de 1970 é um período marcado por profundas discussões relativas às rápidas transformações que a cidade sofria. Os investimentos federais, associados ao crescimento urbano implementaram inúmeras modificações na estrutura da cidade, que se refletem tanto pelas modernas construções urbanas como prédios residenciais, comercias, conjuntos etc., quanto pelas transformações nas áreas publicas como praças, vias etc. Todos eles revestidos pela idéia de modernização da cidade que se transforma em metrópole. Esse discurso modernizador entra logo em contato com grupos que buscarão defender determinados bens da modernização da cidade. Tentando perceber esse conflito de ordem ideológica, a demolição do “Solar do Barão do Japurá” configura-se em um dos mais interessantes casos ocorridos na década de 1960, para a compreensão de algumas representações que se estabeleceram a cerca da questão patrimonial em Belém.

Nome: Vanessa Martins Dias E-mail: vanessa.sanjuan@gmail.com Instituição: Faculdade de História, Direito e Serviço Social-Unesp Franca Título: A imigração espanhola em Franca - SP (1900-1955) Neste trabalho pretende-se apresentar o estudo realizado sobre a imigração espanhola na cidade de Franca-SP, entre os anos de 1900 e 1955. Vários fatores, dentre eles políticos, econômicos e sociais, podem ter ocasionado a vinda desses espanhóis para as áreas do estado de São Paulo que detinham o maior cultivo de café. No entanto, grande parte deles encontrou situações distintas das que esperavam e, justamente por isso, criaram mecanismos que possibilitariam não só a adaptação em um novo território, como também a inserção e a ajuda mútua. A cidade de Franca tem em seu histórico a imigração espanhola e, em certa medida, conserva características que não diferem das principais análises que se atêm à imigração espanhola de um modo geral. È o segundo principal fluxo imigratório para a cidade, sendo o primeiro os italianos. Nesse sentido, o principal foco do trabalho está na tentativa de se aferir como esses imigrantes da colônia espanhola em Franca conseguiram se adaptar a uma nova cidade e, nesse sentido, quais foram às estratégias as quais recorreram para poderem sobreviver e se ajudarem num novo território. Nome: Vanessa Moraes de Gouvêa E-mail: moraesgouvea@gmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Interfaces dos discursos: narrativas e significações das experiências de sujeitos que participaram do movimento social dos sem-teto, em Florianópolis/ SC, (1984-2008) O presente trabalho refere-se a um desdobramento da questão contida na proposta de mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Cristiani Bereta da Silva, acerca da criminalização dos movimentos sociais, em Florianópolis/SC, nos últimos vinte e cinco anos. Sendo esta pesquisa elaborada a partir da investigação dos significados produzidos a partir das experiências de sujeitos que participaram do movimento social urbano dos sem-teto, em Florianópolis/SC, a partir de meados da década de 1980. Dessa forma, tendo por base a recuperação histórica acerca do surgimento do movimento dos sem-teto, a qual remonta ao processo de transição do regime militar para o civil, bem como valendo-nos dos suportes metodológicos que são utilizados por autores que orientam a prática de pesquisa em história oral, no tempo presente, recortamos algumas das análises elaboradas sobre os discursos, que constituíram e foram constituídos pelos sujeitos políticos participantes deste movimento social. Ressaltando-se que, em determinados momentos, estes discursos apontaram para a temática da criminalização dos movimentos sociais, atuantes no cenário público e político, da referida cidade. Nome: Vânia Lucia da Silva Lopes E-mail: ruadasflores_1@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Espaço, trabalho e conflito: os feirantes sob a ditadura militar em Fortaleza (1968-1972) Em Fortaleza, os chamados anos de chumbo foi experimentado com intervenções urbanas de caráter pontual designadas, pela imprensa local, de “humanização da cidade”. As reformas urbanas ocorridas na cidade são partes integrantes da política desenvolvimentista do regime militar, tendo como um de seus expoentes o Plano de Desenvolvimento Integrado, destinado a urbanizar as principais capitais do país. Na cidade de Fortaleza, as intervenções urbanas contribuíram para consolidar as expectativas de afastamento das camadas pobres do perímetro urbano com a construção de conjuntos habitacionais. O caráter pontual das intervenções urbanas pode ser apreendido pela rede de conflitos envolvendo o uso dos espaços públicos e os grupos que realizam atividades de venda a céu aberto, como ambulantes e feirantes. Essa comunicação discute as formas de atuação dos feirantes a partir da articulação da feira com as tramas sociais e políticas da cidade no período de ditadura militar. A partir da análise das formas de inserção da feira e dos feirantes no espaço urbano do período, abre-se uma perspectiva diversa de confrontos que não aquela das “posições radicais” de enfrentamento armado e revolucionário defendida pelas esquerdas organizadas, mas de mediações várias com as esferas de poder local.

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71. Relações de gênero e interculturalidade Ana M. Colling – UNISALLE (acolling21@yahoo.com.br) Losandro Tedeschi – UFGD (tedeschi@ufgd.edu.br) Os estudos de Gênero e os estudos culturais têm se revelado uma área de pesquisa profícua A interculturalidade pensada juntamente com a perspectiva relacional de gênero torna-se importante instrumento epistemológico, necessário para se analisar possíveis transformações nas identidades culturais. As análises de conceitos como raça, etnia, classe, geração, relações de poder, natureza X cultura DWUDYHVVDGDV SRU UHODo}HV GH JrQHUR QRV SHUPLWHP HQWHQGHU DV VRFLHGDGHV FRQWHPSRUkQHDV QDTXLOR TXH HODV DSUHVHQWDP FRPR SURFHVVRV H DUWHIDWRV FXOWXUDLV H QDV SUiWLFDV GH VLJQLÀFDomR GH XP WHPSR TXH UHGHÀQH IURQWHLUDV

Resumos das comunicações Nome: Adriano Cecatto E-mail: adriano_tto@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: A implantação do ensino misto no Colégio Marista Santa Maria de Curitiba no final da década de 1970 Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de implantação do ensino misto no Colégio Marista Santa Maria de Curitiba, no final da década de 1970, com ênfase nas respectivas mudanças e desdobramentos. As mudanças foram provocadas pelo advento da modernidade, iniciada no séc. XVIII, com o Iluminismo, que buscava romper com a tradição e a fé e reforçar a idéia de progresso. Como sabemos, diante desse cenário, a Igreja Católica necessitou de estratégias para se adaptar às necessidades da sociedade, atingindo a organização de suas instituições educacionais. Uma das estratégias foi a implantação do ensino misto. No final da década de 1970, o Colégio Marista Santa Maria, com o objetivo de adaptar-se a essas novas exigências, passou a oferecer ensino para ambos os gêneros de alunos. A partir desse quadro, esse trabalho analisou como a instituição se organizou para enfrentar essas mudanças. Para tal, o Colégio Santa Maria, apoiado no discurso da Igreja Católica, soube adaptar-se às necessidades sociais trazidas pela modernidade. Nome: Adriano Henrique Caetano Costa E-mail: adrianohcaetano@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Homens que fazem Sexo com Homens (HSH): Uma categoria, muitos significados A categoria de “gays e outros homens que fazem sexo com homens” é considerada como uma das populações prioritárias em relação às políticas públicas de prevenção às DST/HIV/AIDS no Brasil. Uma reflexão sobre a referida categoria HSH pode ser situada no campo das ciências sociais articulando o debate sobre gênero e sexualidades, mais especificamente, em torno da distinção entre identidade sexual (homossexual, heterossexual e bissexual) e papel sexual (homens que fazem sexo com homens). Tais questões remetem aos processos identitários e identificações circunstanciais, trazendo para a arena da prevenção um deslocamento nos discursos a respeito da sexualidade. Desde então, os discursos institucional e suas representações se dirigem menos às identidades e se concentram mais nas práticas sexuais. Na cultura sexual brasileira essas questões geram uma ambivalência, tendo em vista que é possível um homem fazer sexo com outro homem e não ser, ou não se identificar, enquanto homossexual. E este contexto, por sua vez, é o “calcanhar de Aquiles” das políticas de prevenção. Nesse sentido, o Estado se esforça em regular e controlar as práticas sexuais de acordo com a fluidez identitária. Assim, proponho refletir como essas “ressemantizações” contribuem para uma maior abertura das tolerâncias. Nome: Alexandre Martins Joca E-mail: mjalex@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Discursos e representações de jovens gays sobre identidades e práticas sexuais: encontros e desencontros com a política identitária Apesar das transformações sociais no campo da sexualidade, observada no último século, a padronização das sexualidades humana, definidas de acordo com a seqüência “sexo-gênero-sexualidade”, ou “sexo-gênero-desejo” como prefere Butler (2003), continua vigente e a ditar comportamentos e condutas sexuais. Essa é a lógica desencadeadora, nos sujeitos, de um processo definidor dos modos de ser e viver a sexualidade, sob a condição de corresponder

aos padrões de “homem” e “mulher”, masculinidade e feminilidade de acordo com o gênero imposto e sua suposta identidade sexual, limitando-nos à possibilidade da vivência da heterossexualidade. Numa perspectiva pósestruturalista, a partir da crítica à política identitária do sexual e no intuito de estabelecer distinções entre sexo, gênero e sexualidade, ou entre identidades de gênero e identidades sexuais, este artigo, a partir dos discursos e das representações de jovens gays de Fortaleza sobre identidades, comportamentos e práticas sexuais, reflete acerca do processo identitário e da vivência de desejos, e prazeres presentes no cotidiano desses jovens, estejam estes indo de encontro à suposta identidade sexual ou na contramão desta. Nome: Aline Martins dos Santos E-mail: aline_rural@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Mulheres: que maravilha! A mulher e as histórias em quadrinhos Na década de 60, o poder e a atuação das mulheres na coletividade norteamericana vinham crescendo, o desenvolvimento da consciência feminista e da luta pelos direitos civis das mulheres começaram a transformar os papéis de gênero nos Estados Unidos. Estas mudanças sobre a performance das mulheres na sociedade estadounidense refletiram-se nos quadrinhos de super-heróis. Até então os criadores e editores nunca haviam estado tão preocupados em criar novas idéias para atrair o público jovem feminino para suas publicações. Nosso objetivo com este trabalho é tentar marcar as transformações ocorridas em relação à personagem da Mulher Maravilha desde sua criação (década de 40) até a década de 60, quando a personagem tem sua história totalmente revisitada. Traçando assim, um panorama com o feminismo nos momentos em que o movimento tem mais peso e ocorrem mudanças significativas na sociedade. Nome: Ana Luiza Timm Soares E-mail: anatimmsoares@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Identidades ou Papéis? Performatividades de Gênero e a Imprensa O presente trabalho têm como objetivo empreender análise de artigos de periódico rio-grandino “O Tempo” verificando os embates travados por este em prol da perpetuidade de uma “identidade feminina”, em contraposição à uma “identidade feminista” sendo a primeira intrinsecamente imbricada, na visão deste meio de comunicação, à esfera privada, onde ser mãe, esposa e dona-de-casa fazia-se o ideal de mulher almejado pela sociedade do período. Além disso, pretende-se verificar a diferenciação existente entre os conceitos de identidade e de papel social. Nome: Andréia da Silva Correia E-mail: a.deia.correia@hotmail.com Instituição: UEFS Título: Para além da justiça... Representações de gênero: Análise de processos crimes de Santo Antonio de Jesus - BA entre 1900 e 1940 O inicio do século XX é o momento, no Brasil, de redefinição de valores, marcado por uma negociação da diferença que evidenciava a construção e desconstrução de representações no campo da cultura e das relações entre os gêneros. Como estas se definiam no âmbito dos conflitos entre os sexos e o tipo de representações que se buscava construir para as categorias homem e mulher na cidade de Santo Antonio de Jesus, na Bahia, é o que nos interessa neste trabalho. Alguns processos crimes de defloramento e violência física e sexual são o ponto de partida para entendermos os tipos de comportamentos e atitudes que se tentava implantar com o objetivo de disciplinar, principalmente, as mulheres das camadas populares, alvo preferido de juristas e

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71 médicos nas suas representações discriminatórias. O estudo evidencia ainda as circunstâncias que as mulheres em Santo Antonio de Jesus, se utilizavam das leis, que as subordinavam ao masculino, para defender seus interesses, apontando para desconexões entre o objetivo das legislações (código civil de 1916 e código criminal de 1940) e a necessidade prática e cotidiana de algumas mulheres, no período entre 1900 e 1940. Nome: Andreza de Oliveira Andrade E-mail: andrezaclio@hotmail.com Instituição: UEPB Título: Gênero e História das mulheres: problemáticas e possibilidades conceituais Tomando a História de Gênero como a história de um conceito permeado por práticas discursivas que apontam para debates políticos acerca da construção de identidades culturais e para a reinvenção do papel feminino na sociedade, entendo que este conceito é fundamental para se produzir não apenas uma epistemologia feminina e/ou feminista, mas também para produzir um conhecimento pautado pela pluralidade dos pontos de vista e das representações. Nesse sentido, o diálogo entre a História de Gênero e a História das mulheres, demonstra como estas estão intrinsecamente relacionadas, o que muitas vezes acaba por configurar alguns problemas conceituais. E é justamente no sentido de pensar tais problemáticas que o presente trabalho suscita reflexões e propõe possibilidades para se articulação de um arcabouço teórico, relativo ao Gênero e ao campo da História das Mulheres que leve em consideração os espaços de confluências entre esses campos, sem, no entanto, deixar de considerar suas particularidades conceituais. Nome: Carolina Barbosa Neder E-mail: carolbneder@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Operárias têxteis em Juiz de Fora: luta e resistência na Era Vargas Este trabalho busca tecer uma análise sobre o lugar que a mulher trabalhadora ocupava na sociedade e no âmbito do trabalho, na cidade de Juiz de Fora MG, no período que se estende entre as décadas de 1930 e 1960. A partir de reflexões feitas sobre o relato de cinco ex-operárias que trabalharam em fábricas têxteis da cidade, no período proposto, pretende-se recuperar as relações de poder, intrinsecamente ligadas às relações de gênero, estabelecidas entre patrões e/ou os mestres e as operárias. A partir das fontes orais, pretende-se resgatar a história dessas mulheres e preencher as lacunas deixadas pela história, principalmente no que diz respeito às relações de poder e à exploração da força de trabalho feminina na Era Vargas. Assim, buscar-se-á entender em que circunstâncias as relações de poder, culminaram em assédios e crimes sexuais e na burla de direitos assegurados pela CLT. Além disso, poder-se-á observar as alternativas de resistência exercidas pelas operárias em pequenas transgressões e em todas as possibilidades de anti-disciplina encontradas em seu cotidiano, contra a opressão e violência vivenciadas no interior dos espaços de produção. Nome: Debora Breder E-mail: deborabreder@hotmail.com Instituição: Universidade Cândido Mendes Título: Masculino/feminino: os avatares do corpo em The Brood (1979) e The Fly (1986), de David Cronenberg A noção de identidade está intrinsecamente relacionada às representações sobre o corpo e a diferença entre os sexos, às substâncias que o compõe e a seu lugar no mundo – representações estas que variam segundo as diferentes épocas e culturas. Considerando tal fato, esta comunicação propõe uma reflexão acerca das representações sobre o corpo e a construção hierárquica da diferença masculino/feminino, nas sociedades ocidentais modernas, a partir da análise do discurso cinematográfico – um discurso não apenas imagético e sonoro, mas também ideológico e simbólico que refrata, em suas imagens animadas, e projeta, nos seus interstícios, uma cosmologia. Mais especificamente, a partir da análise de dois longas-metragens de David Cronenberg – cineasta canadense cuja obra, de seu próprio ponto de vista, versaria sobre a questão da “identidade”, e que teria justamente no “corpo” seu personagem central. Nome: Dulcilei da Conceição Lima E-mail: dulcilei@gmail.com Instituição: Mackenzie Título: Luiza Mahin: estudo sobre a construção de um mito libertário Esse estudo tem como objetivo, discutir a construção mítica da personagem Luiza Mahin e seu papel de liderança, a partir da apropriação feita pelo segmento feminino do movimento negro. O primeiro e principal registro sobre Luiza Mahin data de 1881. Trata-se de uma descrição feita por Luiz Gama

(sobre sua mãe) em carta endereçada ao jornalista Luiz de Mendonça, que havia solicitado ao abolicionista informações para elaboração de um artigo biográfico. A partir dessas informações, surgiram publicações, poemas e romances que ao longo de todo o século XX (a última publicação data de 2006) alimentaram o desenvolvimento de um mito coletivo, que adquiriu um caráter libertário ao transformar Luiza em símbolo da luta das mulheres negras pela liberdade e reconhecimento. Nas inúmeras versões acerca da personagem, surgem informações que extrapolam àquelas fornecidas por Gama. A mais significativa delas diz respeito à sua participação na Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador no ano de 1835. A essa seguem-se outras, como a de que Luiza Mahin teria nascido livre na Bahia e era alfabetizada na língua portuguesa. João José Reis, em sua obra Rebelião Escrava no Brasil, afirma que “o personagem Luiza Mahin, resulta de um misto de realidade possível, ficção abusiva e mito libertário”. Nome: Edna Maria Nóbrega Araujo E-mail: edna.n@terra.com.br Instituição: UEPB - Universidade Estadual da Paraíba Título: A beleza feminina no discurso da publicidade no final do século XX Neste trabalho pretendemos analisar como a partir das últimas décadas do século XX, o culto a juventude e a beleza feminina, tem sido propagado através da exposição publicitária de produtos cosméticos e tratamentos clínicos de estética. A ênfase na juventude caminha passo a passo com a rejeição da velhice. Permanecer jovem, não envelhecer é o discurso assumido pela mídia, que através das promessas de eterna juventude, divulga diferentes formas para evitar a obsolescência do corpo e combater os sinais de sua degradação por meio de uma “reciclagem permanente”. Nesse caso, o efeito de verdade produzido por estes discursos buscam dar um toque de naturalidade aos inúmeros tratamentos para embelezar o corpo. Nome: Fabio Pessanha Bila E-mail: fpbila@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Título: Memórias das lutas pela liberdade: Ipanema da contracultura ao movimento anti-homofobia Nosso trabalho pretende mostrar a praia de Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro, através de sua história como lócus privilegiado de movimentos libertários iniciados nos anos 60 e existentes ainda hoje. Nos anos 60 o movimento da contracultura foi traduzido em atitudes ousadas e contestadoras à ditadura militar e aos padrões morais cultuados pela sociedade da época. A emblemática figura de Leila Diniz pode ser tomada como exemplo, pois foi uma mulher transgressora. Reivindicava ser independente e desprezava o ideário de mulher burguesa. Ipanema também abrigou os hippies que pregavam um estilo de vida flower power. O lema cultuado pelos freqüentadores da praia de Ipanema era: “É proibido proibir”. Nos dias atuais, no trecho da praia de Ipanema, entre as ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Mello, é freqüente o hasteamento da bandeira do arco-íris – símbolo do movimento gay -, e também gestos e atitudes denunciadores da condição homossexual. Isso nos possibilita refletir acerca desse comportamento enquanto postura política que busca impor valores e condutas afirmativas da cidadania homossexual em uma sociedade de maioria heterossexual com visíveis práticas homofóbicas. Por isso, cabe-nos pensar a praia de Ipanema como possuidora de uma aura simbólica de liberdade, ainda hoje. Nome: Hugo Augusto Vasconcelos de Medeiros E-mail: hugoavmedeiros@hotmail.com Instituição: UFPE Título: “Piada de casamento e sogra, quem não gosta?”: uma análise comparada entre o humor dos anos 1930 e dos anos 2000 Durante a década de 1930, o Jornal Pequeno publicava uma seção chamada humorismos, onde, quase sempre apareciam piadas sobre a relação entre homens e mulheres. Desde 1995, o sítio www.humortadela.com.br publica piadas e anedotas sobre variados temas, sendo os mais acessados os que abordam justamente as relações entre homens e mulheres, presentes, sobretudo, nas piadas das seções “casais”, “sexo” e “sogra”. Neste trabalho, nosso objetivo será analisar os discursos sobre gênero produzidos nestes dois periódicos, focando como os/as jornalistas se valem do humor para descrever personagens, montar estereótipos, e construir representações acerca do feminino, do masculino e das relações amorosas que surgiam entre ambos. Para tanto, nos valeremos de uma análise discurso comparativa entre os humorismos do Jornal Pequeno, dos anos 1930, e as piadas atualmente publicadas nas categorias “casais” e “sogra”, presentes no sítio humortadela, enfatizando as semelhanças e diferenças no léxico e na forma de apresentar homens, mulheres e o amor, percebendo a ligação entre

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as mudanças/permanências e as variações históricas dos papéis sociais das relações de gênero e emocionais. Nome: Luciana Martins Castro E-mail: lucianamcastro@yahoo.com.br Instituição: UFF Título: Nísia Floresta e Helena: história e literatura no Rio de Janeiro oitocentista No Rio de Janeiro oitocentista, sob a égide de uma sociedade patriarcal, os principais papéis desempenhados pelas mulheres eram os de esposa, mãe e dona-de-casa. Naquela realidade, no entanto, Nísia Floresta contrariou esta lógica predominante e fundou, na Corte, o primeiro colégio para meninas que equiparou-se aos melhores estabelecimentos de ensino voltados para o público masculino. A reação da sociedade levou Nísia Floresta a sofrer toda ordem de discriminações, uma vez que suas propostas educacionais podiam ser consideradas inovadoras para a época. A partir do estudo desta proposta educacional, procuraremos elementos de compreensão da sociedade imperial carioca ao resgatarmos os pontos de interseção entre história e literatura, com destaque para o romance Helena, de Machado de Assis. Nome: Marcia Veiga E-mail: marciaveiga2005@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: É Fantástico: Ex-gay não existe! Será? As representações da homossexualidade no jornalismo do Fantástico Neste artigo pretendo discutir algumas representações sociais da homossexualidade através da análise da reportagem “É possível deixar de ser homossexual?”, exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, no dia 4 de janeiro de 2009. Sendo o jornalismo um campo de produção de sentidos e construção de “realidades” sociais, acredito ser importante refletir sobre temas contemporâneos, em especial sobre os comportamentos humanos, área que o jornalismo vem habitualmente atuando de forma “didática”. Interessa-me tentar compreender em que medida as concepções hegemônicas de gênero e sexualidade acabam por permear os discursos jornalísticos e contribuir na produção de representações que mantenham entendimentos e visões de mundo essencializantes e resultem na manutenção de um padrão hierárquico e excludente. Nome: Marcos Profeta Ribeiro E-mail: marprofeta@hotmail.com Instituição: PUC-SP/UNEB Título: Mulheres e poder no alto sertão da Bahia: a correspondência epistolar de Celsina Teixeira Ladeia (1901-1930) A partir da análise das correspondências pessoais de D. Celsina Teixeira Ladeia (irmã de Anísio Teixeira) a pesquisa visa contribuir para a ampliação dos estudos sobre a atuação feminina no alto sertão da Bahia, evidenciando tensões sociais entre mulheres da elite no contexto familiar e social. As diversas correspondências trocadas entre D. Celsina e irmãs, sobrinhas, demais parentes e amigos, provenientes de diversas localidades, próximas ou distantes de Caetité (BA), revelam indícios da atuação feminina na condução dos negócios de família, na fundação de associação caritativa e na formação de ampla rede de poder e sociabilidade. O acervo produzido e conservado por D. Celsina indica atuações que vão alem do objetivo de informar sobre eventos familiares, daí a necessidade de investigar quais são os “códigos estabelecidos” e qual o “lugar inventado/construído” pelas mulheres da elite caetiteense. Portanto, é fundamental indagar também sobre a prática da escrita de correspondências, as circunstâncias em que foram produzidas/recebidas, a intensidade das trocas, os pactos epistolares estabelecidos pelos missivistas, e as experiências vividas e relatadas pelos mesmos, a fim de perceber nuances de poderes em “fragmentos múltiplos, difusos e periféricos” das mulheres da elite caetiteense. Nome: Margarete Nunes Santos Gomes E-mail: maguenunes@hotmail.com Instituição: UNEB Título: Mulheres fumageiras e seus caprichos: Uma história feminina refletida a partir das concepções de gênero e poder Este artigo busca fazer uma análise da construção da relação de gênero a partir do estudo da memória de mulheres trabalhadora da atividade fumageira no Recôncavo Sul, especificamente em Conceição do Almeida-Ba, dando ênfase às mudanças ocorridas diante da inserção dessa mão-de-obra feminina nesse processo produtivo. Partindo das condições desse trabalho, do cotidiano, das memórias, busca-se traçar o perfil destes sujeitos, dedicando uma maior atenção às relações formadas no trabalho, na família, as relações

de poder, além das estratégias de resistência, se referido aos papéis que estas mulheres desempenharam, considerando-se a importância histórica do trabalho feminino neste contexto social. A preocupação que permeia está discussão envolve a divisão e hierarquização social e sexual do trabalho, história de vidas marcadas por sistemas de idéias reproduzidas historicamente, trazendo assim, uma discussão teórica sobre a história das mulheres e do gênero, suas lutas e relações de empoderamento, mulheres que assumiram novos papéis na dinâmica social o que propicia um campo fértil de análise historiográfica. Nome: Maria Dolores de Brito Mota E-mail: domota@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Mulheres no sindicalismo rural – reconfigurando a política A inserção das mulheres trabalhadoras rurais no sindicalismo rural brasileiro revela-se por diferentes marcas pelas quais estampam a sua presença neste espaço político e reportam aspectos de um fazer política que comumente é nomeado como diverso ou específico do movimento de mulheres. Essas marcas sinalizam os lugares onde se verifica a inclusão do feminino no campo da política sindical rural. Esse estudo se baseou numa pesquisa documental, que considerou material produzido no âmbito do movimento sindical rural do estado do Ceará e de entrevistas com duas mulheres, integrantes de diretorias sindicais. A experiência política das trabalhadoras rurais no sindicalismo cearense se revela na nomeação do movimento sindical rural como “movimento dos trabalhadores e trabalhadoras rurais”, instituindo uma fala com e para as mulheres, na inserção de uma mística na militância, na adoção de cotas e na expressão de elementos da subjetividade feminina e da vida privada no fazer político. Assim, a participação política das mulheres requer o deslocamento da legitimidade, uma reconfiguração dos espaços e uma nova sensibilidade pública. Nome: Maria Emília Granduque Jose E-mail: mimihildita@hotmail.com Instituição: UNESP Título: A percepção da figura de Malinche a partir do discurso cronístico espanhol do século XVI A historiografia pós-conquista, elaborada entre os séculos XIX e XX, tem criado tramas adicionais em torno da figura de Malinche e provocado o surgimento de novas interpretações sobre seu papel na conquista espanhola do século XVI. Uma dessas interpretações, que tornou-se quase uma verdade histórica para muitos historiadores, trata-se de atribuir à Malinche o estereótipo de traidora do povo mexicano. Dessa forma, o trabalho tem como finalidade perceber como a figura de Malinche foi construída pelo discurso cronístico do século XVI, o qual ilustra as primeiras visões sobre esta personagem, e qual foi sua participação no processo da conquista no México. A caracterização de Malinche no século XVI foi elaborada a partir da percepção dos personagens históricos que presenciaram e historiaram os feitos da conquista. Assim, o trabalho fundamenta-se na leitura de três cronistas espanhóis que relataram suas interpretações sobre a mexica Malinche: Frei Bernardino de Sahagún, Francisco Lopez de Gómora e Bernal Diaz del Castillo. São cronistas inseridos no evento da conquista e que vão interpretar Malinche a partir da visão de mundo da época, marcada por uma sociedade masculina e religiosa, tal como era a espanhola. Nome: Maria Veronica Perez Fallabrino E-mail: laveronica@uol.com.br Instituição: Universidade Tuiuti do Paraná Título: Dos deveres da esposa: o papel feminino nas famílias da alta sociedade florentina do século XV O presente trabalho expõe a relevância do papel feminino dentro das altas camadas sociais da Florença do século XV. Fiel companheira para o esposo, educadora e exemplo de virtude para os filhos, firme colaboradora no governo da família e na administração do patrimônio da casa, a função da mulher acabou transcendendo os limites do universo privado tornando-se essencial no sustento da organização social que estruturava e engrandecia a cidade. A pesquisa fundamentou-se em obras literárias produzidas por dois teóricos da época, Leon Battista Alberti e Francesco Barbaro, resgatando através delas o ideal feminino segundo era exaltado e reproduzido entre os grupos constituintes da elite florentina. Nome: Mariana Selister Gomes E-mail: marianaselister@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: A construção do Brasil como paraíso das mulatas: do imaginário

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71 colonial ao marketing turístico A partir de uma arque-genealogia inspirada em Michel Foucault, o artigo analisa o saber de que o Brasil é o paraíso das mulatas, entendendo que esta identidade foi construída historicamente em relações de poder patriarcal e de biopoder, nas quais gênero e raça foram utilizados como dispositivos de saber-poder. Os conflitos atuais em torno dessa identidade permitem desnaturalizá-la e buscar os indícios de sua construção. Essas disputas são protagonizadas por movimentos e pessoas que defendem a possibilidade de outras identidades culturais – como o movimento feminista no combate a mercantilização da imagem da mulher, o movimento negro na luta contra esteriotipação da mulher negra e contra o que considera mito da democracia racial e, ambos no combate ao marketing turístico que teria vendido a mulher brasileira, principalmente a mulher negra, como atrativo para o turismo sexual. Os indícios da construção do Brasil como paraíso das mulatas estão na carta de Pero Vaz de Caminha e seu imaginário colonial de paraíso, no livro Casa Grande e Senzala e seu ideário de mestiçagem positiva, nas imagens do marketing turístico de 1970-90 e seu incentivo ao turismo sexual, entre outros possíveis locais de enunciação desse saber-poder.

Título: As três Rachéis: mulher, escritora, personagem (1930-1939) A ampliação dos estudos feministas e de gênero a partir da década de 1980 contribuiu para o resgate da biografia e da atuação política das mulheres ao longo da história brasileira, ressaltando sua importância como sujeitos ativos. Também as confluências entre a disciplina histórica e a literatura possibilitaram a apreensão dos escritos destas mulheres e sua utilização como fontes válidas para a pesquisa. Este trabalho visa analisar a obra e biografia de uma das mais importantes autoras brasileiras do século XX, hoje muito pouco estudada pela academia - inclusive pela historiografia: Rachel de Queiroz. Com uma carreira de mais de setenta anos, a intelectual cearense presenciou os mais importantes acontecimentos políticos e literários do país, algumas vezes participando diretamente. Sendo assim, este trabalho procura, através do olhar de gênero, articular três aspectos dos dez primeiros anos de carreira da autora (1930-1939): Rachel de Queiroz como mulher de seu tempo; Rachel de Queiroz como mulher escritora; e Rachel de Queiroz como renovadora de uma linguagem literária que também recria a figura da mulher. Para isto utilizou-se como fonte os quatro primeiros romances publicados pela autora, críticas literárias da época, biografias e autobiografias, além de fontes pessoais.

Nome: Miguel Rodrigues de Sousa Neto E-mail: miguelrodrigues.snetto@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Título: Territorialidade homoerótica e os espaços de disputas sociais Os grupos que se constituíram (e foram lançados) na margem da sociedade, caracterizados como minoritários, diferenciam-se dos demais grupos sociais, mesmo que os permeando ou compondo-os. O movimento de afirmação homossexual é um deles. O movimento de afirmação homossexual contemporâneo tem suas raízes nos Estados Unidos da América, em fins da década de 1960. Podemos associá-lo aos debates contra-culturais daquele período. Atualmente ainda não podemos dizer que os movimentos de afirmação homossexual tenham chegado ao seu auge e muito menos de que suas lutas já terminaram. A sociedade, decomposta – como afirma Castoriadis –, não “permitiu” tanto. Outrossim, não é também o caso de completa absorção pelos aparelhos midiáticos. Durante a década de 1990 os grupos voltaram a crescer. Com o sucesso das “paradas” o movimento gay poderia transformarse em mero evento. Festividade. Isso levaria à espetacularização das atividades desenvolvidas pelos grupos ou, ainda mais, poderíamos ver os homossexuais de uma outra forma: se antes era assassinos, depressivos, ladrões, violentos, passariam a dóceis e divertidos seres diferentes? Assim, pretendo discutir a mudança dos juízos de valor bem como de comportamento partindo do pressuposto de que esse “foco” na mídia é um desdobramento da mídia.

Nome: Sandra Regina Colucci E-mail: s.colucci@uol.com.br Instituição: Universidade Camilo Castelo Branco Título: Mães, médicos e charlatães: configurações culturais e múltiplas representações dos discursos médicos-sanitaristas. São Paulo, 1920-1930 Mães, Médicos e Charlatães busca compreender os sentidos da responsabilidade da mulher na maternagem dos filhos. A política sanitarista implementada pela reforma Paula Souza, em 1925, e as tensões geradas pela complexidade dos sentidos do que seria saúde e “charlatanismo” teriam inserido as mulheres numa ordem social que, estabelecendo culpas frente à responsabilidade imposta pela criação dos filhos, tornar-se-ia componente da socialização da mulher.

Nome: Mônica Sepúlveda Fonseca E-mail: monicamonic@ig.com.br Instituição: UFBA Título: Mulheres Herdeiras em Juazeiro-Bahia: 1850-1891 O município de Juazeiro está localizado à margem direita do Rio São Francisco e a 500 km de Salvador-Ba. Desde 1850, apresenta intensa vocação comercial, uma vez que, era parada obrigatória das boiadas e tropas de carga que cruzavam o Rio São Francisco. Dentro desse contexto de desenvolvimento econômico e social, observa-se um número considerável de inventários, testamentos, arrolamentos e partilhas amigáveis favorecendo mulheres, o que constitui objeto de pesquisa. A presente comunicação objetiva discutir, através dos documentos e em torno das relações de gênero, o perfil dessas mulheres herdeiras, o papel econômico, social e político que exerceram no município a partir do recebimento do espólio, seu nível de instrução e a influência do patriarcado e da Igreja em suas vidas. Nome: Nalva Maria Rodrigues de Sousa E-mail: nalvinharodriguess@gmail.com Instituição: UESPI Título: Entre a casa e a rua: mudanças no cotidiano feminino em Teresina na década de 1970 O presente texto analisa algumas matérias do jornal O Dia, em Teresina, da década de 1970, as quais têm como tema transformações no cotidiano feminino. Essas matérias têm como ponto comum a saída de algumas mulheres do espaço privado, onde agregavam mais funções ao seu cotidiano. A tensão entre a casa e a rua é notada nas reportagens do período estudado, através de opiniões de apoio a essas “novas” mulheres como também de um certo “despontamento” às mudanças sociais. Nome: Natália de Santanna Guerellus E-mail: nati_sg7@yahoo.com.br Instituição: UFF

Nome: Sandro José da Silva E-mail: sandrodobem@hotmail.com Instituição: UFRPE Título: Cinemas, bares e boates: A construção do gay e de novas sociabilidades entre homens que desejam outros homens no Recife dos anos 70 Para além de questões envolvendo somente a ditadura militar, os anos 70 foram um período de redefinição nas representações de certos segmentos sociais. É o caso dos homossexuais, identificados agora com uma nova imagem: o gay. Essa personagem propõe um novo estilo de vida, desligado dos antigos territórios clandestinos, onde prostitutas, travestis e michês há muito exerciam os seus ofícios. Agora o mote era desconstruir as representações anteriores, mesmo que nem todos os sujeitos se adequassem ao novo “padrão”. Isso posto, é preciso cautela quando se lê e analisa as fontes que descrevem a cidade do Recife como um lugar paradisíaco para os homossexuais, sobretudo nos fins do período em tela sob as luzes inebriantes das discotecas. Pois, tanto os antigos quanto os novos espaços não deixam de ser alvo de críticas, por vezes surgidas no próprio meio gay. O que as fontes sugerem, é que não houve tanto uma diminuição dos preconceitos, e sim um rearranjo da maneira como os homossexuais viviam os seus desejos e ainda a interferência da indústria de entretenimento, quando abriu espaços capazes de encapar a permanência de antigos preconceitos a despeito de toda a produção discursiva e imagética positiva em torno da figura do gay. Nome: Silvana Rodrigues de Andrade E-mail: silvanarandrade@gmail.com Instituição: Fundação Getúlio Vargas/CPDOC Título: “Para Além do “teto de vidro”: as representações do “ideal” de mulher executiva A ocorrência de mulheres em cargos executivos, como de diretoria e gerência, vem crescendo significativamente no Brasil a partir da década de 1990, sinalizando um possível rompimento do “teto de vidro” existente para a ascensão de mulheres para cargos de maior prestígio. O mercado editorial brasileiro já dá indícios do aumento dessa participação. Em junho de 2004, foi lançada no Brasil a revista Vida Executiva, com o slogan: “para as mulheres que buscam o sucesso com equilíbrio”. Com publicação mensal, o periódico abordou questões relativas às estratégias de carreira, à conciliação família e trabalho e aos conceitos do mundo empresarial, a partir de uma reapropriação dos símbolos e significados compartilhados pelo grupo de mulheres executivas. Ao considerar a hipótese de que essas trabalhadoras fazem parte de uma representação recente da mulher no mercado de trabalho brasileiro, este estudo tem como objetivo investigar as representações dessas trabalhadoras nas sete primeiras publicações da revista Vida Executiva, ou seja, de junho a dezembro de 2004. Esta análise poderá auxiliar na investigação da formação

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de um ethos, de um “estilo de vida” e principalmente de um habitus próprio de um campo com freqüentes disputas e tensões. Nome: Simone da Silva Costa E-mail: sisicosta@bol.com.br Instituição: Escola Municipal de Santa Rita Título: Feminismo católico: representações, adaptações e capacidades da mulher no discurso noelista (1930-1933) O presente estudo objetiva analisar o discurso do Movimento Noelista no sentido de compreender as representações, adaptações e capacidades das mulheres frente ao movimento feminista no contexto da sociedade no início do século XX. Nesta perspectiva, cabiam as noelistas se dedicar as atividades intelectuais com o intuito de formar um perfil feminino, a partir dos preceitos morais cristãos. A vida moderna havia gerado a emancipação feminina tornando-se alvo de grandes debates dentro dos meios mais conservadores e, principalmente, dentro da Igreja Católica, pois atingia a principal célula do organismo social, a família. Temia-se a resistência feminina em assumir o seu “verdadeiro” papel social preferindo a “falsa liberdade” que a vida moderna poderia lhe oferecer. Pode-se compreender, portanto que, ao passo que a cidade se modernizava, buscando substituir os valores “antigos” por “novos”, a Igreja se posicionava contrária a essa substituição, defendendo valores que consideravam fundamentais para a manutenção da ordem, emergindo assim, o discurso “feminista católico”. Nome: Udineia Braga Braga E-mail: udibraga@yahoo.com.br Instituição: Secretaria de Educação do Estado da Bahia Título: Canudos: Uma guerra, muitas mulheres... História de Canudos ainda hoje desperta a atenção de historiadores, pesquisadores e cientistas de diversas áreas, dado a dimensão e a complexidade daquele arraial messiânico, liderado por Antonio Conselheiro, que se estabeleceu no semi-árido baiano no final do século XIX. Para lá segue uma multidão de pessoas: Trabalhadores, sem terra, ex-escravos, velhos, mulheres e crianças que com ele chega a Canudos e lá se estabelecem. Quem eram estas mulheres? Qual o papel delas naquela comunidade? Porque buscavam o caminho de Canudos? Trabalhava na criação de animais, no plantio? Que outras funções desenvolviam? A vasta literatura existente sobre Canudos ignora estas mulheres. Portanto, faz-se necessário voltar a este acontecimento histórico para estudá-las e conhecer, não apenas as mulheres sobreviventes, mas aquelas que abriram mão de suas casas, famílias, trabalho ou de nada, e buscaram o Belo Monte para lá encontrar alento para sua vida. Esta pesquisa pretende, portanto reconhecer a importância das mulheres de Canudos como agente histórico além de se debruçar sob as relações de gênero vivenciadas por elas, que influenciaram no desfeche daquele fato histórico. Nome: Walquiria Farias de Albuquerque E-mail: wrrfa@oi.com.br Instituição: UFRPE Título: Mulheres e a pluralidade de conduta: Burlando normas e Leis estabelecidas na colônia brasileira - Século XVIII Esse artigo tem por objetivo problematizar historicamente a pluralidade de condutas de mulheres na colônia brasileira. Na elaboração da sondagem e analisando cotidiano dessas mulheres, foram surgindo novas visões da historia, mediante aos objetos de pesquisa, tendo como núcleo de exploração: As mulheres e seu posicionamento na sociedade colonial e os “desvio de conduta”, mostrando a obtenção de espaço público e privado. No processo de investigação a documentações comprobatório dessa hibridez feminina veio a desmistificar parâmetros pré-estabelecidos por uma sociedade patriarcal, devido a implantações da Igreja Católica e o Estado português com leis e normas a serem seguidas. Com essa “desconstrução” de ideais acirradas em subordinação das mulheres, a escrita será conduzida em vieses no decorrer da junção de dados do projeto apresentado. A sondagem documental foi realizada em laboratórios de pesquisa como da UFPE (LAPEH – Laboratório de Pesquisa Histórica) e bibliografias que serão citadas. O principal objetivo desse trabalho será conduzir o tema proposto a novas visões e abordagens na história.

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72 72. Olhares musicais: outras leituras e experiĂŞncias musicais Francisco JosĂŠ Gomes Damasceno – UECE (fjgdamasceno@hotmail.com) 1D SHVTXLVD DFDGrPLFD FRQWHPSRUkQHD D PXOWLGLVFLSOLQDULGDGH WRUQD VH IXQGDPHQWDO QD QRYD VHDUD GH SRVVLELOLGDGHV TXH VH DEUH QR FDPSR KLVWRULRJUiĂ€FR 'HVWDUWH D P~VLFD DSUHVHQWD VH FRPR HQUHGR QHVWD FRPSRVLomR UHDOL]DGD SRU DQWURSyORJRV OLQJ LVWDV Ă€OyVRIRV P~VLFRV H KLVWRULDGRUHV HQWUH RXWURV QD TXDO SUHWHQGHPRV FRQWULEXLU FRP UHĂ H[}HV H GHEDWHV UHDOL]DGRV D SDUWLU GDV SHVTXLVDV IHLWDV HP WRUQR desta temĂĄtica. 2 TXH DUJXPHQWDPRV p TXH D P~VLFD QmR VH FRQVWLWXL DSHQDV GR DUUDQMR FRPELQDGR H VLJQLĂ€FDWLYR GRV sons e silĂŞncios, nem se restringe a si prĂłpria, mas que se instaura de forma mais ampla, dentro de XQLYHUVRV VHQVtYHLV H UHIHUHQFLDGRV QR XQLYHUVR GR KXPDQR H GR H[SHULHQFLDO TXH DEVRUYH GRV FDPSRV KXPDQRV VXD ´WH[WXUDÂľ H GHQWUR GHOHV UH HODERUD D SUySULD H[SHULrQFLD KXPDQD WRUQDQGR D PDLV EHOD H assim, redimensiona a prĂłpria vida se constituindo ela prĂłpria em um vasto territĂłrio de subjetividades e sentidos. Desta forma, a experiĂŞncia musical da qual falamos aqui, nĂŁo ĂŠ apenas aquilo que podemos sentir e/ou, neste caso, ouvir, e nĂŁo ĂŠ senĂŁo ela em si mesma, mas ela se fazendo em prĂĄticas de elaboração que possĂ­veis em resposta Ă s nossas aspiraçþes, desejos, e, principalmente, Ă s nossas capacidades criativas, tanto no sentido de inventar os suportes materiais desta expressĂŁo, como no sentido de entendĂŞ-las em si.

Resumos das comunicaçþes Nome: Ada Dias Pinto Vitenti E-mail: adavitenti@gmail.com Instituição: UnB - Universidade de BrasĂ­lia TĂ­tulo: “Sinhores donos da casa o cantadĂ´ pedi licença...â€? Um olhar sobre o repertĂłrio de Elomar Figueira Melo (1970 - tempo presente) Esta pesquisa enfoca o repertĂłrio do artista e compositor brasileiro Elomar Figueira Melo partindo do pressuposto de que a mĂşsica constitui-se uma fonte de pesquisa em histĂłria, pois compĂľe um gĂŞnero discursivo dentre tantos outros que se pode considerar nas diversas atividades da esfera humana. Trata-se de elencar composiçþes musicais entendidas como discursos veiculados de um lugar de fala assim como ocorre, por exemplo, com a literatura, o discurso midiĂĄtico, o acadĂŞmico e o iconogrĂĄfico. A anĂĄlise do repertĂłrio de Elomar possibilita o questionamento dos estereĂłtipos empregados Ă mĂşsica nordestina assim como Ă prĂłpria regiĂŁo, que por vezes ĂŠ mostrada atravĂŠs de alegorias, exotismos e caricaturas. Ao falar do sertĂŁo nordestino, estou falando de um lugar cuja existĂŞncia foi forjada em tempo e espaço determinados e que, ao contrĂĄrio do que se possa pensar, nem sempre foi evocado pelos mesmos referenciais. Dessa maneira ĂŠ que grande parte dos discursos que tratam desse universo estĂŁo carregados de modelos preconcebidos, tirando-lhe sua historicidade, suas especificidades, sua dinâmica cultural. A principal preocupação desse estudo reside em rever antigos conceitos, questionar noçþes cristalizadas sobre identidade brasileira e especificamente as identidades nordestinas. Nome: Adriana Evaristo Borges E-mail: adryanaborges@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de GoiĂĄs TĂ­tulo: Rupturas na cultura musical e na polĂ­tica atravĂŠs da obra de VinĂ­cius de Moraes (1930-1970) Os anos que compreendem 1930-1960 representaram grandes mudanças nos campos da polĂ­tica, da economia, da cultura e da sociedade. Talvez possa ser um perĂ­odo entendido como mais significativos em termos de acontecimentos polĂ­ticos e culturais para o Brasil. As rupturas propostas pelos ideais polĂ­ticos de Vargas atĂŠ o golpe de 64 e a estrutura militarista, refletem tambĂŠm na mudança de concepção cultural, construindo novas ideologias e redefinindo a sociedade. Desta forma, pretendo nesta comunicação, analisar atravĂŠs da obra de VinĂ­cius de Moraes, principalmente a sua produção musical, as rupturas na cultura musical e na polĂ­tica considerando principalmente as relaçþes que estabelece com os interlocutores de ambas. Relaçþes essas que podem tornar possĂ­vel enxergar nĂŁo apenas o artista VinĂ­cius, mas um homem de compreensĂŁo de sua condição polĂ­tico-social e que acabou por enriquecer ainda mais a produção cultural, tornando-se referĂŞncia dentro e fora do Brasil. Nome: Adriana Mattos de Oliveira E-mail: drikamattosuff@yahoo.com.br

Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: A Jovem Guarda e a IndĂşstria Cultural: anĂĄlise da relação entre o Programa Jovem Guarda, a indĂşstria cultural e a recepção de seu pĂşblico Este trabalho tem por objeto de estudo o Programa Jovem Guarda, que foi exibido pela Rede Record de 1965 a 1968 e teve como apresentadores Roberto Carlos, Erasmo Carlos e WanderlĂŠa, bem como o movimento que ĂŠ anterior ao prĂłprio programa e que foi por ele denominado. Nosso objetivo geral consiste em, a partir da anĂĄlise de alguns pontos referentes ao Programa Jovem Guarda, buscar o entendimento das estratĂŠgias utilizadas pela indĂşstria cultural na criação de seus produtos, bem como as diferentes recepçþes efetuadas por seu pĂşblico consumidor. Para isso, recorremos ao conceito cunhado por Theodor Adorno e Max Horkheimer em 1947 de indĂşstria cultural, bem como Ă s formulaçþes de Raymond Williams acerca do materialismo cultural e de JesĂşs Martin-Barbero sobre as mediaçþes existentes entre a produção da indĂşstria cultural e sua recepção. Nome: AluĂ­sio BrandĂŁo E-mail: aluisiobrandao@yahoo.com.br Instituição: Uberlândia TĂ­tulo: O rock brasileiro nos anos 80: a relação rock e polĂ­tica na “dĂŠcada perdidaâ€? Afinal, a dĂŠcada de 1980, no Brasil, foi realmente a “dĂŠcada perdidaâ€?? NĂŁo ĂŠ difĂ­cil nos depararmos com atributos negativos como este que caracteriza os anos 80, do sĂŠculo passado, como a “dĂŠcada perdidaâ€?, “a dĂŠcada que nĂŁo foiâ€? ou ainda “aquela que passou meio despercebidaâ€?. Durante a dĂŠcada de 1980 surgiram no Brasil destacados grupos de rock nacional. Os Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Ira!, Engenheiros do HawaĂ­, LegiĂŁo Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, TitĂŁs, BarĂŁo Vermelho, entre outros, alcançaram notĂĄvel ressonância em nĂ­vel nacional e por vezes atĂŠ internacional, contagiando uma parcela significativa da população brasileira, especialmente os jovens da ĂŠpoca. Bandas como essas e outros tantos roqueiros da dĂŠcada de 80 chegaram a ser tachadas negativamente de “alienadasâ€? ou “apolitizadasâ€?, para muita gente, pois, segundo esses, as cançþes produzidas por elas nessa ĂŠpoca seriam desprovidas de conteĂşdo polĂ­tico. Mas atĂŠ que ponto isso procede? Creio ser necessĂĄrio problematizar tal questĂŁo. Nome: Ana Barbara Aparecida Pederiva E-mail: babi.pederiva@uol.com.br Instituição: UNICSUL TĂ­tulo: A PrĂŠ-HistĂłria do Rock no Brasil: Juventude, Rebeldia e Contestação Resgatar a chegada do rock and roll no Brasil levarĂĄ Ă percepção das influĂŞncias desse estilo na mĂşsica brasileira e a anĂĄlise da adesĂŁo de parte dos jovens brasileiros ao estilo musical e de vida proposto pelo rock. Portanto, discutiremos as ambigĂźidades inerentes ao rock and roll, a construção de imaginĂĄrios sociais e de culturas jovens.

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Nome: Ana Claudia de Assis E-mail: anaclaudia@ufmg.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Os tons nacionais e as dissonâncias dodecafônicas Durante a década de 40 e primeira metade dos anos 50 do século XX, o ambiente musical brasileiro empreendeu um dos mais significativos debates acerca da criação musical, explicitando a relação dos atores/compositores e a sociedade brasileira. Este debate, moldado por diversas conjunturas históricas daquele período, teve como estímulo inicial a chegada do dodecafonismo. Sinônimo de técnica musical da vanguarda européia dos anos 1920, o dodecafonismo foi trazido ao Brasil pelo músico alemão H.J.Koellreutter e, na medida em que ele se estabelecia nas pautas musicais brasileiras, estimulava um processo de revisão dos princípios nacionalistas tradicionais. De antemão podemos dizer que o cerne da questão era a coexistência de dois tipos diferentes de música: a dodecafônica, estranha aos ouvidos e ao gosto do público brasileiro e a nacionalista, estética predominante no Brasil desde o século XIX e que recebia o apoio de importantes personagens da vida intelectual e musical brasileira, dentre eles M. de Andrade e Villa-Lobos. Pretende-se no âmbito deste trabalho refletir sobre a experiência musical, partindo do pressuposto de que a música dodecafônica produzida aqui, buscou despertar uma nova sensibilidade estéticomusical no público brasileiro dos anos 1940. Nome: Bianca Miucha Cruz Monteiro E-mail: bianca.miucha@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A sociedade carioca das décadas de 1920 e 1930 a partir do samba de Sinhô Esta comunicação tem como objetivo identificar através de que mecanismos e estratégias e com que intenções o sambista Sinhô buscava se inserir no mercado fonográfico. Penso que um dos motivos seria o de ver no samba a possibilidade de alcançar maior visibilidade e status social e, conseqüentemente, pleitear direitos. Com o objetivo de levantar esta reflexão, pretendo examinar em que medida Sinhô utilizava a música como espaço de expressão político-social. Pretendo analisar, a partir deste pressuposto, de que maneira a indústria fonográfica funcionava como veículo de expressão e divulgação de sua visão de mundo e de sua visão sobre comportamentos individuais e coletivos da sociedade carioca daquele momento. Desta forma, buscarei perceber como a música era utilizada por sinhô como espaço de reflexão das relações sociais e étnicas vividas pela sociedade carioca da década de 1920 e primeira metade da década de 1930. Neste sentido, as canções de Sinhô podem ser pensadas como uma possibilidade de narrar uma memória construída sobre a sociedade do Rio de Janeiro das décadas de 1920 e 1930 e uma forma de sustentar essa memória. As canções podem ser vistas, portanto, como lugares de memória, onde o presente se reinscreve no passado na construção de uma determinada memória. Nome: Charles D´Almeida Santana E-mail: sant-anna@ig.com.br Instituição: PUC-SP Título: Bandas Marciais Civis e Novas Paisagens Sonoras Filarmônicas das cidades do Recôncavo da Bahia, a partir do anos sessenta do século passado e em meio a um volumoso e incessante movimento de renovações musicais, passam por uma fase crítica no que se refere a sua própria existência. Embora a criação e manutenção das bandas tenha se realizado com dificuldades, desde o seu surgimento nos meados do século XIX, é na segunda metade do XX que muitas fecham as portas definitivamente, sendo visto as sedes ruírem com o tempo e desaparecer grande parte de sua história com a perda de acervos de partituras, composições, instrumentos, fardamentos, memórias de seus músicos que falecem sem conseguir deixar herdeiros. Mas, muitas mantêm, com algum vigor, a formação e naipes tradicionais, triblando a eletrificação dos sons musicados, a desarticulação de seus territórios urbanos acompanhada da ampla redução do número de apresentações. A luta pela continuidade envolve possíveis acomodações aos novos tempos com modificações dos repertórios, envolvimento de empolgados “torcedorres”, apoio de órgãos públicos, busca do auto-financiamento por intermédio do desenvolvimento de novas atividades da Sociedades Euterpes. Nome: Cícero Francisco Barbosa Junior E-mail: cicerofbj@gmail.com Instituição: PUC-SP/COGEAE Título: Tinhorão e a “circularidade” das idéias na música popular brasileira

Pretendemos analisar aspectos do discurso do crítico musical José Ramos Tinhorão, para isso utilizaremos os artigos que escreveu para o Jornal do Brasil sobre a produção fonográfica de 1974 até 1982, fase em que já residia na cidade de São Paulo e trabalhava como autônomo. Defendeu a brasilidade, sem interferências ou influências externas e principalmente estadunidenses. Sua análise caminha na direção de que a “verdadeira música brasileira” é melhor, e “é melhor, porque é do povo”. A interessante relação de discos e artistas que Tinhorão mapeia neste período é o caminho para descortinar o conflito entre classes que será lançada na coluna “Música Popular”. Trataremos da perspectiva do “dialogismo bakhtiniano” - as maneiras como as classes sociais se influenciam mutuamente. O conceito de “circularidade” das idéias proposto por Mikhail Bakhtin seria o meio para entendermos como crítico e pesquisador relaciona o artista, sua classe social e sua produção. Nome: Ciro Augusto Pereira Canton E-mail: cirocanton@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: Das velhas senzalas às novas favelas: a Missa dos Quilombos A partir de um diálogo possível entre História e Musicologia, pretendemos trabalhar com o conceito de engajamento político e sua inserção num contexto de transformações da esquerda armada nas chamadas esquerdas alternativas dos anos 1970. Valorizando as minorias políticas, tais movimentos não abandonaram, entretanto, as utopias revolucionárias da década anterior – como atestam os ideólogos da Teologia da Libertação e sua preferência pelos “pobres da terra”. Com textos de Dom Pedro Casaldáliga e do poeta Pedro Tierra e música de Milton Nascimento, o álbum Missa dos Quilombos (1982) aborda a condição do negro no Brasil, revelando o caráter híbrido e conflitante de uma sociedade marcadamente miscigenada. Nome: Débora Dutra Fantini E-mail: deboradutrafantini@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título:Elis Regina: aquarela do Brasil. Uma análise da questão nacional percebida através da obra musical de Elis Regina Carvalho Costa A música produzida no contexto histórico da década de sessenta pode ser uma das formas de se analisar a maneira com que a sociedade se expressava e refletia seus pensamentos acerca de si própria e do país no qual estava inserida. O surgimento da intérprete Elis Regina constitui-se como um importante fato a ser diagnosticado neste cenário musical, uma vez que a cantora aparece em um período de reorganização da esfera musical popular e também momento de intenso debate acerca das questões nacionais. A cultura produzida no país nos anos 60 foi um estímulo à reflexão política e à criação artística ocupadas com o popular. Partindo de uma perspectiva interdisciplinar as relações entre história, cultura e música popular podem desvendar processos pouco conhecidos e raramente levantados pela historiografia. A discussão aponta para a possibilidade e, principalmente, a viabilidade do historiador tratar a música e a canção popular como uma fonte documental importante para mapear e desvendar os discursos sobre a identidade nacional construída através das canções que cantaram o Brasil, em especial as cantadas por Elis Regina Carvalho Costa. Nome: Edilson Mateus Costa da Silva E-mail: emateushistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará - UFPA Título: “Uma trágica ópera tapuia”: Crônicas da Integração Nacional na Amazônia a partir das canções de Paulo André e Rui Barata (anos 1970/80) O processo de Integração Nacional na Amazônia é marcado por crises de identidade nos meios intelectuais e artísticos. Os artistas paraenses passam a ler a realidade brasileira em contraste com a amazônica, tendo como pano de fundo um processo de exploração econômica, um sentido de degradação da natureza, do qual não é acompanhado de melhorias sociais. A definição do letrista Rui Barata a obra da dupla: “Uma trágica ópera tapuia”, nos remete a idéia de que as canções estão habitadas por essa temática, a obra deles estabelece uma narrativa sonora desses tempos. Nome: Emy Falcão Maia Neto E-mail: emyhistoria@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Os sinos e os sons “de ontem e anteontem”: reflexões sobre a “paisagem sonora” pré-rádio em Fortaleza. (1900- 1930) Nessa pesquisa buscamos apresentar a cidade de Fortaleza, nas primeiras décadas do século XX, a partir da sua “paisagem sonora”. Para isso,

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72 partimos das narrativas de memorialistas e cronistas locais (Otacílio de Azevedo, Edigar de Alencar, Eduardo Campos, João Nogueira, Blanchard Girão, Marciano Lopes, entre outros) sobre os sons, em especial dos sinos das igrejas, para refletir sobre a relação dos fortalezenses com as mudanças sonoras que acompanham os ideais de modernidade na capital alencarina. “Máquinas falantes” (fonógrafos, vitrolas, gramofones e etc.) e aparelhos ruidosos aparecem nesse trabalho como pontos de tensão entre os “sons da modernidade” e os sons de “ontem e anteontem” (para usar a expressão de Edigar de Alencar) na construção do sensível. Assim, construir essa paisagem sonora é apresentar um subsidio para conhecer a forma como os sujeitos se relacionam com os ruídos e com a música num momento em que a relação com os sentidos estava mudando na cidade. Nome: Fernanda Paiva Guimarães E-mail: feguimaraes@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Os lugares do samba: histórias de vida do samba carioca A presente pesquisa tem como objetivo refletir, em diversos sentidos, sobre os lugares ocupados pelo samba no Rio de Janeiro. Procura abordar, partindo de sua trajetória de fins do século XIX às primeiras décadas do século XX, o lugar que o gênero ocupa na constituição de uma identidade “brasileira”. Também o espaço físico ocupado pelo samba importa aqui: em que lugares da cidade se fez presente, como foram se formando as escolas da samba e de que forma cada agremiação passou a se destacar e diferenciar das demais. Partindo desse panorama, a análise se voltará para o “ser” sambista: de que forma se define, como se dá ou não a sua ligação com as escolas de samba, buscando com isso registrar seu lugar dentro ou fora da Escola, mas sempre numa certa “geografia”, ainda que simbólica. Atenta-se para a simbologia de certos espaços físicos, como a avenida por onde se desfila e outros espaços fundamentais para a vivência do compositor. Para o desenvolvimento da pesquisa, serão acessadas gravações musicais, fontes bibliográficas e audiovisuais diversas e, principalmente, a partir da gravação de entrevistas, a memória no tempo presente de quem está envolvido em algumas das comunidades onde o samba tem forte influência. Nome: Francisco Gerardo Cavalcante do Nascimento E-mail: f26gerardo@ig.com.br Instituição: Universidade Estadual do Ceara Título: MangueBit: Novas possibilidades na indústria cultural fonográfica brasileira da década de 1990 Na conjuntura da indústria cultural fonográfica brasileira da década de 1990, alguns aspectos devem ser observados, dentre eles a substituição do “LP” disco do vinil, pelo “CD” compact disc e o domínio do mercado fonográfico exercido pelas grandes gravadoras transnacionais denominadas de Majors. Neste contexto o MangueBit, movimento musical surgido na cidade de Recife no início da década de 1990, permeado pela cultura popular pernambucana dos maracatus, cirandas, afoxés, caboclinhos, entre outros, e pelas influências estrangeiras como o funk, soul, hip hop, rock, entre outros; configurou-se como nova possibilidade musical em que as negociações culturais e a hibridação cultural nortearam a mudança dos holofotes midiáticos do Sudeste para o Nordeste brasileiro em especial para a cidade de Recife. Destarte a presente pesquisa estuda as diversas alternativas encontradas pelos artífices do MangueBit na busca da autopromoção e visibilidade neste espaço dominado pelas Majors através de novas experiências musicais baseadas na diversidade cultural da capital do Estado de Pernambuco. Nome: Haroldo de Resende E-mail: haroldoderesende@ufu.br Instituição: UFU Título: Experiências musicais: histórias em torno da canção Kukukaya Perscruta-se imagens poético-musicais a partir da canção Kukukaya (Jogo da asa da bruxa), discutindo a presença de sentidos e significados em opções e relações, tanto de intérpretes, como de ouvintes/receptores. Composta pela paraibana Cátia de França, a canção pode ser considerada um dos standards do cancioneiro nordestino daquela geração projetada nacionalmente no fim dos anos 1970, com a abertura da indústria fonográfica para ritmos e artistas do nordeste de acentuada conotação pop. Kukukaya foi inspirada num conto cigano, cujo mote gira em torno da criação, do nascimento, da vida, com suas dores e alegrias. Na recriação de Cátia de França há a incorporação de elementos nordestinos aos referenciais místicos ciganos. Kukukaya hoje dá nome a um bar cultural temático na cidade de Fortaleza que tem como propósito ressaltar no cotidiano da cidade as-

pectos da cultura sertaneja nordestina. Trata-se de uma canção que não se restringiu à combinações de notas musicais, arranjos e acordes, mas de um artefato cultural instaurador de sensibilidades, propiciando elaboração de experiências subjetivas na invenção de suportes materiais e simbólicos de práticas sócio-culturais como expressão política e estética, consubstanciando articulações entre experiências artísticas e concepções de mundo. Nome: Joaquim Olegário Leite Júnior E-mail: joajunior@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: “Na batucada da vida”: um estudo em perspectiva histórica da prostituição na música popular brasileira De Noel Rosa a Odair José, a música popular brasileira sempre abordou a questão do cotidiano da prostituição. Além dos cantores citados, muitos outros compositores, independente do gênero musical trabalham com esta temática em suas letras. Encontramos a figura da prostituta em sambascanções como os de Lupicínio Rodrigues, a canção brega de Odair José, o sertanejo de João Mineiro e Marciano, etc., são exemplos que figuram no panteão de sucessos lançados em variadas épocas. Os rótulos dados às prostitutas são variados nestas canções, por exemplo: a dama do cabaré, a secretária da beira do cais, a flor da noite da boate azul. Iremos analisar a forma com que em variadas épocas e variados gêneros visualizam a dinâmica desta profissão. Pretende-se perceber a recepção do público frente a tais canções, que, em sua maioria foi sucesso de vendagem, elevando a carreira de seus interpretes. Interessante notar o paradoxo existente entre estas músicas que, foram grandes sucessos, dentro de uma sociedade que, independente da esfera social, é vinculada a um conservadorismo que até hoje é latente em nosso cotidiano. Pela impossibilidade de trabalhar com todas as canções sobre prostituição feitas no Brasil por seu grande recorte temporal, foram então eleitas oito músicas. Nome: José Rada Neto E-mail: radaneto@yahoo.com.br Instituição: UDESC Título: Raul Seixas e utopia política: ruptura de valores e a construção da “Sociedade Alternativa” No correr da década de 1970, a música assume um papel de destaque no campo de disputa e divulgação de ideologias políticas, constituindose como verdadeiro “laboratório de idéias” para refletir sobre a sociedade brasileira. E é justamente nesse espaço cultural privilegiado de produção de utopias que emerge a figura do cantor Raul Seixas, realizando fusões com diversos ritmos musicais (samba, baião, cafona e pop com rock) acompanhados de idéias e posturas que se voltam para a libertação do indivíduo das amarras sociais. Esse deslocamento do campo político-institucional para o político-individual é o que permite ao cantor propor que cada indivíduo adotasse a “Sociedade Alternativa” e não uma alternativa para a sociedade, visto que em sua concepção política a mudança social deveria se operar do plano micro em direção ao macro. Antes de libertar a sociedade, é preciso que cada indivíduo seja livre, senhor de seus próprios valores e possuidor de uma ética nova que oriente sua ação. Nome: Maria Renata Pires Estrela E-mail: piresestrela@yahoo.com.br Instituição: UEFS- Universidade Estadual de Feira de Santana Título: Epahei: imagem de força e sedução em canções dedicadas a Senhora das Tempestades Para os participantes do Candomblé os orixás representam a fé e modelo de conduta moral e social. Seus arquétipos influenciam na personalidade dos seus filhos. Nas representações artísticas e cotidianas sobre Iansã observamos como os elementos culturais e visuais da fé se personificam, formando imagens de mulheres poderosas e sedutoras. Existe uma gama de músicas dedicadas a essa deusa africana. Escolhemos as músicas A Dona do raio e do Vento, Iansã e A Deusa dos Orixás interpretadas respectivamente por Maria Bethânia, Rita Ribeiro e Clara Nunes. Contamos também com imagens da festa do dia 04 de dezembro que acorre no município de Santa Bárbara-Ba. Através desse material buscaremos analisar as memórias suscitadas pelas imagens nos devotos barbarenses, visualizar a imagem da mulher sensual e ao mesmo tempo guerreira da deusa africana, compreender a força e importância do orixá para quem acredita em seu poder, bem como perceber suas características mais preponderantes. Esse trabalho é parte integrante da pesquisa que está em pleno desenvolvimento no curso de Mestrado em Desenho Cultura e Interatividade da Universidade Estadual de Feira de Santana, sob orientação da professora Dr. Marise de Santana.

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Nome: Marlécio Maknamara E-mail: neosergipano@hotmail.com Instituição: UFS/UFMG Co-autoria: Marlucy Alves Paraíso E-mail: escrevequeeuleio@yahoo.com.br Instituição: UFMG Título: Sons de Nordeste, invenções de gênero: o dispositivo pedagógico da nordestinidade e suas atualizações no forró eletrônico O Nordeste brasileiro é inventado por diferentes demarcações discursivas e não-discursivas. Essa invenção, por sua vez, não se faz sem uma distribuição diferencial dos modos de ser nordestino e nordestina, culminando em diversificados processos de subjetivação. No presente trabalho parte-se do pressuposto de que tais processos se dão em associação a um dispositivo que ensina os indivíduos a tornarem-se sujeitos dotados de nordestinidade. O argumento desenvolvido é o de que há um “dispositivo pedagógico da nordestinidade” que tem em gênero uma de suas principais linhas de força e na experiência musical do forró eletrônico um campo privilegiado de sua atualização. Para tanto, este trabalho apresenta o conceito foucaultiano de dispositivo no intuito de fundamentar o entendimento de “dispositivo pedagógico da nordestinidade”; explicita pontos-chave dos estudos de gênero, buscando significar a experiência musical do forró eletrônico como generificada; e faz alguns encaminhamentos de ordem metodológica, no sentido de subsidiar futuras explorações acerca da produção de subjetividades generificadas no forró eletrônico. Nome: Michel Platini Fernandes da Silva E-mail: m.platini@gmail.com Instituição: PPG-PMUS - UNIRIO/MASR Título: A harmonia e o descompasso do moderno e do antigo na coleção de música da Casa de Cultura Christiano Câmara Este artigo visa refletir sobre as concepções de moderno e antigo que são trabalhadas pelo colecionador Christiano Câmara. Essas categorias aqui são abordadas a partir de dois pontos de vista: de um lado, um colecionador de discos, crítico de música popular e erudita e cinema; de outro, duas revistas de equipamentos e crítica musical do final dos 1970. O artigo vai explorar a fala de Câmara e sua experiência musical, a acuidade de seus ouvidos na percepção dos detalhes que o discurso tecnocrático progressista da indústria fonográfica e de equipamentos deixa passar. Nome: Nilsângela Cardoso Lima E-mail: nilcardoso@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piaui Título: Fascínio do rádio na construção social dos músicos da RDT nos anos 1950 Em 1948, ano em que é instalada a Rádio Difusora de Teresina, chegava à capital piauiense não apenas uma estação de rádio, símbolo da modernização, mas também a oportunidade para homens e mulheres que esperavam ansiosamente ingressar na vida radiofônica. No tocante aos conjuntos musicais que temperavam a programação da RDT animando os programas de auditórios dos anos 1950, era significativo o grau de preconceito dirigido às pessoas que atuavam no rádio. Por um lado, a atividade de músico não era reconhecida como uma profissão de status, assim como era vista como “desclassificadora”, já que os músicos não tinham um salário fixo, e ainda, a condição de amador e autodidata. Assim, através das fontes pesquisadas e o do método/técnica da História Oral, o presente trabalho faz um estudo sobre os músicos e cantores que trabalharam na RDT nos anos 1950 e 60, e que através do capital simbólico, buscavam assumir uma nova identidade e se distinguir dos demais profissionais assumindo um nome estrangeiro que lhe conferisse glamour, estratégia em função de ser aceito e legitimado pela sociedade teresinense, num período em que o status de “speaker e cantor de rádio” fascinava não só os ouvintes, como também os jovens que viam a RDT como uma porta de entrada para exercer um posto tão desejado. Nome: Pablo de Oliveira de Mattos E-mail: pablodeoliveirademattos@gmail.com Instituição: PUC-Rio Co-autoria: Raphael Diego Neves Martins E-mail: rmhistoriador@yahoo.com.br Instituição: PUC_RIO Título: “Ressoam os Atabaques Lembrando a África Distante”: Resistência e Identidade nos sambas-enredo da década de 1960 Este trabalho analisa a relação entre experiência musical e relações sócioraciais vividas no Brasil da década de 1960, a partir da análise de alguns sambas-enredo que exploram o tema da África. O ponto de convergência entre esta experiência e o universo do sensível é percebido através das signi-

ficações atribuídas pelos sujeitos participantes desta experiência, tornandoa assim uma forma de resistência. Os atores envolvidos neste processo, ao criar e reforçar laços identitários relacionados à diáspora africana assumem uma postura de embate diante das relações sócio-raciais brasileiras. Esta tradução da tradição afro-brasileira exerce papel de resistência às tentativas de negação/esquecimento de seus códigos culturais. A tradição afrobrasileira, apesar de representada nestes sambas-enredo sob os limites da experiência do cativeiro e do folclore, compartilha signos e experiências que fogem à produção acadêmica deste momento. Neste sentido, a análise desta manifestação cultural popular, que não se limita aos quatro dias da festa do carnaval, permite compreender sua complexidade bem como sua importância diante da identidade e resistência do negro no Brasil. Nome: Ricely de Araujo Ramos E-mail: ricelyr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei Título: Música Viva e a nova fase da modernidade musical brasileira Ao falarmos da nova fase da modernidade musical brasileira o primeiro nome que devemos mencionar é o do grupo Música Viva, que atuou entre os anos de 1938 e 1952. Nele, encontramos reunidos, sobre o comando de H.J. Koellreutter, compositores que viram nas novas técnicas composicionais surgidas na Europa no início do século XX uma forma mais ousada e combativa de colocar a música em sua realidade cultural, trazendo à tona, com a publicação do “Manifesto 1946–Declaração de Princípios”, uma série de discussões pouco abordadas no meio musical brasileiro, dentre as quais podemos encontrar o questionamento com relação a posição ideológica do artista. A pesquisa proposta busca compreender e relacionar a influência do Música Viva sobre a música de vanguarda que ressurge no Brasil na década de 1960. Aqui nos debruçaremos em observar essa ação em especial sobre o grupo Música Nova, atentando para uma possível tradição de manifestos vanguardistas no cenário musical brasileiro. Para isso utilizaremos como fontes centrais de nosso trabalho o já citado “Manifesto 1946” e o manifesto “Compromisso Total com o Mundo Contemporâneo”, publicado pelo Música Nova em 1963, os quais serão observados como um símbolo de representação, determinando as relações e posições que identificam os grupos. Nome: Rinaldo Cesar Nascimento Leite E-mail: rinaldocesarleite@hotmail.com Instituição: UEFS Título: Representações da Bahia nas canções brasileiras do início da era fonográfica (ou A imagem da Bahia na música antes de Dorival Caymmi) Quando se fala da Bahia na esfera musical, logo se pensa em Dorival Caymmi como um dos inventores da “baianidade”, a partir dos anos 1930. Porém, muito se fez antes de Caymmi em termo de música referente a esta do país. Nesta comunicação, objetiva-se demonstrar que nas três primeiras décadas do século XX, correspondente ao início da era fonográfica no país, o “cancioneiro” brasileiro já se encontrava impregnado de referências à Bahia e aos baianos(as). Complementarmente, pretende-se assinalar uma série de imagens, valorações e idealidades atribuídas à terra e ao povo baiano. Muitas vezes afirmativas de peculiaridades positivas, antecipando parte daquilo que constitui o repertório imagético caymmiano, outras vezes negadoras da posse de características especiais, despontavam diversas representações musicais compostas e/ou cantadas tanto por indivíduos naturais da Bahia, a exemplo de Xisto Bahia e Bahiano, quanto por nascidos em outros estados brasileiros, como Sinhô e Eduardo das Neves. Ao expressar as percepções de sujeitos que compartilhavam signos de uma cultura popular (pensada aqui em termos de circularidade), analisarei as formulações de um tipo de identidade baiana a partir de fontes musicais, em período mais ou menos equivalente à chamada Primeira República. Nome: Tamara Paola dos Santos Cruz E-mail: tamara_br@msn.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Escolas de Samba Cariocas: Sambas Enredos e Governos Militares (de 1964 a 1986) Proponho nesta comunicação analisar o impacto dos sambas enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro (grupo especial) durante a ditadura militar nos desfiles de carnaval. Através de uma pesquisa histórica sobre estes grêmios recreativos, minha investigação visa compreender o jogo de pressões e limites impostos a carnavalescos, sambistas e comunidades na elaboração de enredos e organização dos desfiles carnavalescos. Objetivo compreender a ação dos governos militares nas escolas de samba através

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72 dos órgãos e mecanismos de censora existentes. Para isto, são utilizados documentos do Fundo Polícia Política (APERJ), letras dos sambas enredos e testemunhos orais de carnavalescos e membros das escolas de samba que vivenciaram as produções carnavalescas no período. Ao relacionar cultura, política e manifestações populares através de uma das maiores festas e expressões culturais que identifica o Brasil (não só em todo território da nação, como também no exterior) - o carnaval; entendo que esta festa popular foi palco para que as escolas de samba do Rio de Janeiro durante os “anos de chumbo”, “encenassem” importantes debates políticos e ideológicos. Denunciando através principalmente dos sambas enredos a realidade política da época. Nome: Tatiana de Almeida Nunes da Costa E-mail: tialmeida2002@yahoo.com.br Instituição: PUC-RIO Título: Ela é carioca: discursos bossanovistas e o processo de (re)construção de representações da classe média carioca O presente estudo tem como objetivo pensar possíveis relações entre as

canções produzidas pela dupla Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, pontualmente no ano de 1958, e o processo de (re)construção das representações da classe média carioca no referido período. Acompanhando um movimento surgido no seio da historiografia contemporânea que introduziu uma nova forma de abordagem historiográfica através da análise de novos objetos e fontes, nos deparamos com a possibilidade de analisar um segmento social utilizando como fonte histórica o discurso musical. Assim, selecionamos 11 canções da dupla compostas no recorte temporal proposto, visando problematizar a ação artística/intelectual, a partir de uma perspectiva que enxerga as músicas bossanovistas não apenas como fruto da subjetividade artística, mas, também pensando as influências/interferências do meio social em que esses artistas estavam inseridos. Para realizar tal empresa, optamos por realizar uma abordagem multidisciplinar nos debruçando em referências historiográficas, mas, também, dialogando com a literatura, com a sociologia e a teoria musical.

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73. PrĂĄticas de memĂłria e aprendizagens da HistĂłria Junia Sales Pereira – UFMG (juniasales@gmail.com) (VWH 6LPSyVLR SURS}H VH j UHĂ H[mR VREUH DV SUiWLFDV GH PHPyULD H DSUHQGL]DJHQV GD KLVWyULD 5H~QH WUDEDOKRV YROWDGRV j FRPSUHHQVmR GDV SRWHQFLDOLGDGHV GH DSUHQGL]DJHQV GD KLVWyULD QR WUDEDOKR FRP Ă€RV GH PHPyULD WHFLGRV SRU GLVSXWDV VLPEyOLFDV HP TXH HVWmR SUHVHQWHV JHVWRV GH HVTXHFLPHQWR H[HUFtFLRV GH UHPHPRUDomR H LQWHQFLRQDOLGDGHV HGXFDWLYDV 9LQFXOD VH DRV HVWXGRV TXH FRQĂ€JXUDP RV diferentes espaços sociais como ambientes de memĂłria e aprendizagem, encenando objetos culturais, SUiWLFDV VRFLDLV H LGpLDV VREUH D KLVWyULD H D PHPyULD 9ROWD VH j FRPSUHHQVmR GDV DSUHQGL]DJHQV QRV FHQiULRV VRFLDLV GH PHPyULD LQFOXLQGR VH D HVFROD R PXVHX H RV FHQWURV GH PHPyULD ² HP VXD GLVSHUVmR H SOXUDOLGDGH 3UHWHQGH VH TXH RV WUDEDOKRV LQVFULWRV HQVHMHP GLVFXVV}HV GH FDUiWHU WHyULco e metodolĂłgico vinculadas a pesquisas em ambientes escolares e nĂŁo escolares, com temĂĄticas e objetos de investigação que se dedicam Ă compreensĂŁo dos mecanismos da rememoração, da FRPSUHHQVmR GR SDSHO GDV VRFLDELOLGDGHV QD DSUHQGL]DJHP KLVWyULFD H GH YDORUL]DomR GRV UHJLVWURV DUWHIDWRV FXOWXUDLV QR WUDEDOKR FRP D PHPyULD &RQVLGHUD VH SHUWLQHQWH D SUREOHPDWL]DomR VREUH RV P~OWLSORV VLJQLĂ€FDGRV GD PHPyULD ² RV VLJQLĂ€FDGRV VRFLDLV GD PHPyULD RV SDUDGR[RV HQYROYLGRV QRV DWRV GH OHPEUDQoD D VXD SDUDGR[DO UHODomR FRP D KLVWyULD ² SULYLOHJLDQGR VH D UHODomR H UHOHYkQFLD GHVWHV VLJQLĂ€FDGRV SDUD DQiOLVH GDV DSUHQGL]DJHQV GD KLVWyULD QD FXOWXUD HVFRODU (VWDUmR UHXQLGRV QHVWH VLPSyVLR WUDEDOKRV UHODWLYRV j WHPiWLFD SURSRVWD WDQWR VRE D IRUPD 3URMHWRV GH ,QYHVWLJDomR FRPR QD IRUPD GH UHODWyULRV DQDOtWLFRV GH SHVTXLVDV UHODWRV UHĂ H[LYRV GH H[SHULrQFLD GLVVHUWDo}HV RX teses - em andamento ou concluĂ­das.

Resumos das comunicaçþes Nome: Aline Antunes Zanatta E-mail: zanatta@usp.br Instituição: Museu Republicano “Convenção de Ituâ€?-MP-USP TĂ­tulo: Museu Republicano “Convenção de Ituâ€?: estudos de pĂşblico e projetos educativos O Museu Republicano “Convenção de Ituâ€? foi inaugurado pelo Presidente do Estado de SĂŁo Paulo, Washington Luis Pereira de Sousa, a 18 de abril de 1923 na cidade de Itu, e desde entĂŁo, subordinou-se administrativamente ao Museu Paulista (o popularmente conhecido Museu do Ipiranga) que, em 1934 tornou-se Instituto complementar da recĂŠm-criada Universidade de SĂŁo Paulo e a ela se integrou em 1963. A casa da convenção foi tombada pelo IPHAN em 1967, e pelo CONDEPHAAT em 1980. A partir de 2003, o Museu passou a integrar o chamado Centro HistĂłrico da cidade de Itu, pois, por meio de uma ação conjunta entre IPHAN, CONDEPHAAT e Prefeitura Municipal, foi tombada a “estrutura urbana configurada pela paisagem, o conjunto de logradouros e elementos arquitetĂ´nicos que configuram o Centro HistĂłrico de Ituâ€?. As açþes educativas do Museu Republicano foram efetivamente estruturadas a partir de 2006 com a contratação de uma tĂŠcnica educativa. Ao longo do ano de 2006, realizamos estudos de pĂşblico a fim de traçar as caracterĂ­sticas dos visitantes do museu cuja finalidade residiu na elaboração de estratĂŠgias educativas. Pretendemos apresentar alguns resultados deste estudo, bem como algumas propostas de açþes educativas que contemplam o Museu, Centro HistĂłrico e Comunidade local Nome: Ana Maria do Nascimento Moura E-mail: amnm_rn@yahoo.com.br Instituição: CEFET-RN TĂ­tulo: HistĂłria ensinada e relaçþes ĂŠtnico-raciais: reflexĂľes sobre memĂłria e a Lei 10.639/03 Este trabalho objetiva investigar os discursos direcionadores das prĂĄticas de implementação do ensino de HistĂłria e Cultura Afro-Brasileiras, confrontando-os com a produção historiogrĂĄfica sobre o ensino de HistĂłria e sua dialĂŠtica com as prĂĄticas de memĂłria. Partimos do pressuposto que as relaçþes ĂŠtnico-raciais, assim como as representaçþes construĂ­das sobre elas, sĂŁo permeadas por conflitos e disputas de poder que se refletem na construção de polĂ­ticas educacionais e currĂ­culos escolares. Por outro lado, vemos a escola como espaço mĂşltiplo, (re)criador e dinâmico, no qual ocorrem diferentes apropriaçþes destes discursos e possĂ­veis transformaçþes dos mesmos nas prĂĄticas educativas. Considerando a crescente produção sobre o ensino de HistĂłria, faz-se mister que essas questĂľes sejam refletidas Ă luz das pesquisas na ĂĄrea, permitindo maior fundamentação e eficiĂŞncia das propostas para uma educação anti-racista. Assim, propomos uma anĂĄlise dos documentos orientadores da implementação da Lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade da temĂĄtica “HistĂłria e Cultura Afro-Brasileiraâ€?

nos currículos escolares, observando a relação que se propþe entre História e Memória e sua vinculação com a historiografia. Nome: AndrÊa Borges de Medeiros E-mail: andreabmedeiros@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Cultura de escola e memórias: quando as fontes falam O texto em questão procura estabelecer um diålogo com as fontes documentadas num arquivo de escola, que teve como intenção de memória as pråticas com as temåticas sobre a compreensão da diversidade humana e das relaçþes Êtnico-raciais. A anålise versa sobre a relação destas fontes com uma cultura de escola que foi se constituindo como um paradigma de transformação curricular. Nesse enfoque os fios de anålise procuram mapear a trajetória escolar de duas turmas de Educação Infantil num intervalo de quatro anos. Esse olhar para as fontes pretende subsidiar uma pesquisa que tem como foco o processo de (re) significação das experiências veiculadas na escola, a partir da narrativa das crianças quando em contato com as pråticas documentadas. Como estratÊgia de mapeamento das fontes alguns critÊrios de classificação foram utilizados para evidenciar as redes de significação e transpor a face material da escola. São eles: a) caracterização dos sujeitos envolvidos a partir da escrita dos professores registrada nos diårios de classe e nos portifólios de aprendizagem; b) seleção dos temas desenvolvidos; c) referências bibliogråficas; d) tipos de materiais documentados; e) artefatos complementares ( fotografias e objetos culturais ). Nome: Claudira do Socorro Cirino Cardoso E-mail: claudira@portoweb.com.br Instituição: PUC-RS Título: Acervo documental de Alberto Hoffmann: organização e possibilidades de pesquisa A comunicação pretende relatar e discutir as coleçþes textuais reunidas por Alberto Hoffmann no período de sua atuação enquanto liderança política do Partido de Representação Popular (PRP) no Rio Grande do Sul, no Regime de 1946 e do bipartidarismo, quando atuou na Aliança Libertadora Nacional (ARENA). Tomar-se-å como referência os acervos auto-referenciais resguardados nessa instituição, focado na documentação partidåria e parlamentar, alÊm de entrevistas realizadas com esse ex-dirigente, coletadas a partir de um programa de História Oral, desenvolvido pelo Centro de Documentação sobre a Ação Integralista Brasileira e o Partido de Representação Popular (CD-AIB/PRP). A presente proposta apresenta a forma como esses suportes materiais da memória estão organizados, as atividades desenvolvidas visando possibilitar o acesso e a preservação dessas fontes e objetos de anålise da história política do Rio Grande do Sul. Nome: Cleria Botelho da Costa E-mail: cleria@unb.br Instituição: Universidade de Brasília

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73 Título: O patrimônio cultural e o tempo Este texto, inicialmente, discutirá, criticamente, a dicotomia proposta pela UNESCO de patrimônio material e patrimônio imaterial. O argumento utilizado é que o patrimônio cultural é uma categoria histórica, ou seja, que se realiza através do tempo e da afetividade daqueles que a partir de suas vivencias cotidianas o confere, embora não institucionalmente, o título de patrimônio. Nome: Cristiane Tavares Fonseca de Morais Nunes E-mail: cristiane@fslf.com.br Instituição: Faculdade São Luiz de França Título: Não haveria luz se não fosse a escuridão. Notas sobre a trajetória de uma professora primária em um Grupo Escolar no interior de Sergipe Ninguém melhor do que a própria protagonista para falar do que viveu e experienciou. O passado é evocado pela memória e pelas lembranças da professora primária Eunice Pereira da Fonseca através da reconstituição da sua “história de vida”, objetivando a compreensão das práticas escolares e das ações no cotidiano escolar. Através da conciliação de informações sobre a prática profissional docente e a cultura escolar no período de 1950 a 1970, no grupo escolar Comendador Calasans em Santa Luzia do Itanhy, interior de Sergipe, onde foi a primeira diretora e atuou por mais de 30 anos, sendo possível verificar as iniciativas pioneiras, quando saía às ruas em busca de contribuições da população para a merenda escolar e para o fardamento das crianças. Militante do PSD e da UDN tentava se equilibrar entre as variáveis do poder e a alternância dos partidos, contrariando as regras em uma época em que a mulher era submissa e deveria estar em casa, cuidando do esposo e dos filhos. Sob a luz de candeeiros e velas promove a educação de adultos, contribuindo na região com o Movimento Paulo Freire nas aulas radiofônicas, levando literalmente luz onde a escuridão sempre impossibilitou que os olhos estivessem abertos para novas possibilidades. Nome: Denize Siqueira da Silva E-mail: denise.siqueira@ta.ufrpe.br Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: Virando as páginas: revisitando a memória e resgatando a gênese da UFRPE (1912-1936) A presente comunicação pretende apresentar uma síntese da pesquisa de mestrado (em andamento). O estudo tem uma temática que se insere dentro das recentes abordagens historiográficas da história das Instituições no Brasil. O objeto de estudo é “As Escolas Superiores de Agricultura e Medicina Veterinária de São Bento, célula mater da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE. Assim, mais que rememorar seu passado e sua patrimonial dimensão histórica, este trabalho de pesquisa objetiva compreender como se deu o surgimento e funcionamento dos referidos centros de ensino superior. Para isto, partimos de uma visão culturalista da história, a partir da revisitação a memória coletiva, que nos possibilita analisar as relações de poder entre a Igreja, representada pela Ordem Beneditina, o Estado e a elite agrária local. Nossas categorias são: Patrimônio, Memória e Cotidiano. Nome: Dilton Candido Santos Maynard E-mail: dilton_maynard@hotmail.com Instituição: UFS Título: Aprender história pela Internet: ensino, memórias e cibercultura Esta pesquisa analisa as relações entre a Internet, o ensino de história e os grupos de extrema-direita. Sabe-se que o advento da rede mundial de computadores, em meados dos anos 1990, produziu uma explosão documental sem precedentes. Com a emergência de diferentes portais na world wide web, desenhou-se um oceano de informações. Afloraram daí múltiplas memórias e tentativas de reescrita da história. Entre tais projetos de reconstrução historiográfica, está a apropriação por grupos de extremadireita dos sites educativos. Espaços virtuais destinados a servir como suportes pedagógicos, algumas destas páginas têm funcionado como veículo para divulgação de supostas revisões da história. Nelas o navegante pode, por exemplo, encontrar verbetes, artigos e imagens e participar de fóruns voltados a estabelecer como falsificações as memórias sobre as experiências do Holocausto na II Guerra Mundial. O internauta também é orientado a rever seus conceitos sobre figuras como Adolf Hitler, Benito Mussolini e Martin Luther King. Em meio a apropriações simbólicas e batalhas da memória, portais como o www.metapedia.org e www.martinlutherking. org são exemplos de ferramentas eletrônicas dedicadas a promover uma

leitura intolerante da história sob a pretensa pátina de luta por liberdade de expressão. Nome: Elisangela Esteves Mendes E-mail: eem@jfnet.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: A Constituição do Arquivo da Secretaria de Educação de Juiz de Fora e a Feitura do Tecido da Memória na Rede Municipal O Trabalho de mestrado em desenvolvimento, procura estudar a constituição do Arquivo da Secretaria de Educação de Juiz de Fora a partir do século XX e através de seu acervo, investigar seus atores, os personagens envolvidos, os jogos de poder, o esquecimento e a memória ali representados. O estudo se completa com a investigação dos acervos escolares da Rede Municipal e seu diálogo com as comunidades às quais pertencem, bem como com a História e a Memória do ensino público municipal. Buscando se integrar a um movimento de resgate nacional da memória da educação no Brasil, este trabalho pretende trazer novas fontes e novos olhares sobre as fontes escolares. Nome: Jessika Fernanda Souza dos Santos E-mail: jfernanda_santos@yahoo.com.br Instituição: Universidade Veiga de Almeida Título: O Patrimônio Cultural Brasileiro e o Conselho Federal de Cultura O trabalho tem como objetivo estudar a relação do governo federal com a área do patrimônio histórico e artístico, entre os anos de 1966 e 1974, a partir do Conselho Federal de Cultura (CFC), criado em 21 de novembro de 1966, pelo Decreto-Lei n° 74, um momento em que a cultura estava ocupando um lugar de destaque no governo federal. O Conselho Federal de Cultura era composto por quatro câmaras: artes, letras, ciências humanas e patrimônio histórico e artístico nacional. O presente estudo está centrado nas discussões e deliberações internas da Câmara de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e no debate temático mais amplo realizado pelo Conselho Federal de Cultura acerca das questões do patrimônio. Uma das principais questões que será analisada é a da diferença dos procedimentos adotados com relação ao Patrimônio entre a Câmara de Patrimônio do CFC e o SPHAN. A primeira tomava sob sua responsabilidade um conjunto maior de bens, ou seja, preocupava-se com bens passíveis ou não de tombamento, tendo em vista a importância dos mesmos para o conjunto da população. Já a ação do SPHAN limitava-se estritamente aos bens tombados. Nome: Jezulino Lúcio Mendes Braga E-mail: luciohistoria@yahoo.com.br Instituição: Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Título: Os Museus na Sociedade Contemporânea Se ainda no século XXI perguntarmos a qualquer cidadão o significado de museus surgirá em seu discurso a idéia de um espaço destinado a guarda e preservação de coisas antigas. É corriqueira a expressão “Isto já virou museu!” referindo-se a um objeto que não atende mais a necessidade pela qual foi fabricado. Logo percebemos que estas visões estão ligadas à tradicional função dada aos museus. O museu- templo, espaço sacralizado, onde o homem deveria ter uma atitude de contemplação, pois este espaço era destinado a preservação da memória. Nesta comunicação discutiremos a idéia de museu na sociedade contemporânea a luz das teorias de Deleuze e Guatari sobre a cultura na sociedade capitalista. O homem contemporâneo simula novas relações com o mundo equipando seus sentidos com instrumentos que lhe expandem o alcance de modo exponencial. O desafio dos museus é justamente fazer parte destas relações simuladas. Nome: Junia Sales Pereira E-mail: juniasales@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Tematizando os ofícios; temas de história no Museu de Artes e Ofícios Esta pesquisa intitulada “Tematizando os ofícios” é coordenada pela UFMG em parceria com a PUC Minas (Cefor) e com a UEMG, conta com apoio Fapemig, problematiza os usos educativos do museu prevê-se a investigação da potencialidade educativa de objetos e contextos expositivos num Museu que tem o trabalho e os ofícios como motes de constituição preferencial de seu acervo e de suas ações sócio-educativas. O produto final previsto no projeto é um CD room interativo contendo propostas de abordagem temática do museu e sugestões de ações para educadores (do museu e da escola). Esta proposta é afinizada às ações já em curso no MAO, sobre-

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tudo com a criação e implementação do projeto Trilhas & Trilhos, em que é proporcionada ao professor da Educação Básica a exploração de novos percursos na visita educativa. Afiniza-se também às oportunidades formativas disponíveis nas mídias digitais e funda-se numa visão aberta e plural da visitação escolar. Tem como fundamento a noção de parceria educativa - museu e escola - em torno de uma série de ações que se concretizam na visita escolar e que se desdobram em ações no momento pós-visita e que têm sua origem no pré-visita. Afiniza-se, no campo do ensino de história, à perspectiva da história temática e na perspectiva da história comparativa. Nome: Luana da Silva Oliveira E-mail: luadoliveira@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Jongo - de patrimônio familiar a patrimônio cultural brasileiro: permanências e transformações entre tradição e modernidade A partir da nova conceituação de patrimônio cultural e do decreto-lei 3.551, de 4 de agosto de 2000, que instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial, possibilitando a esses bens passarem a constituir o Patrimônio Cultural Brasileiro, o “Jongo no Sudeste” foi inventariado e passou a compor a lista dos patrimônios culturais imateriais do Brasil. A permanência dessa manifestação cultural de origem africana e o reconhecimento de sua importância através do título de patrimônio, representam uma luta política dos afro-descendentes que a praticam e traça uma trajetória marcada por rupturas e continuidades, sendo que este binômio se situa na tensão que existe entre tradição e modernidade. Precisamos pensar como e porque se deu essa passagem de prática cultural simbólica negra, familiar, de diversão e resistência, em suma um “patrimônio familiar”, para um patrimônio que manifesta a identidade do Brasil e do povo brasileiro no âmbito dos direitos culturais. Assim, analisar a institucionalização do patrimônio imaterial, que traz como diferencial políticas públicas de salvaguarda, mas sabendo que os bens culturais em questão, não dependem do título para se manterem vivos e sim, da sabedoria transmitida e cultivada nas bases familiares dos grupos e comunidades. Nome: Lydiane Batista de Vasconcelos E-mail: lydianebatista@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Tecendo um fundador: as narrativas carnavalescas na cidade de Caicó-RN (1990-2008) Na década de 90 um grupo de moradores da cidade de Caicó se reuni para protestar contra o descaso das autoridades para com um dos mitos fundadores da cidade, o Poço de Sant’Ana. O que seria apenas um protesto acaba por se tornar um bloco de carnaval. Esta pesquisa trabalha a partir das narrativas orais e de outras construções da memória, a exemplo dos arquivos privados, observando como estas memórias utilizam o passado para explicar o presente. Neste sentido, faz-se necessário que o historiador pense a historia oral a partir do tempo em que se fala, e não apenas do tempo de que se lembra. Refletindo, sobretudo, no caráter seletivo da memória, pois o entrevistado, ao ser interpelado, organiza sua narrativa a partir não apenas das suas memórias do passado, mas de inúmeras outras praticas discursivas que reforçam a narrativa e constroem a memória do bloco Ala Ursa do Poço de Sant’Ana como indissociável do seu presidente Ronaldo Batista Sales(Magão). Estas narrativas quando engendradas em torno do bloco e do seu presidente, acabam por acionar o esquecimento no que diz respeito aos outros blocos que povoavam as ruas de Caicó durante o reinado de Momo. Propomos tecer as memórias dos moradores da cidade, pensando a partir dos debates teóricos e metodológicos a cerca da história oral. Nome: Maria do Socorro de Sousa Araújo E-mail: socorroaraujo@terra.com.br Instituição: UNEMAT/UNICAMP/FAPEMAT Título: Percorrendo traços da cultura escrita entre a modernidade e a contemporaneidade Esta Comunicação apresenta uma abordagem sobre formas de produção, difusão e consumo de textos escritos, privilegiando a epistolografia como um estilo peculiar de registro histórico. Dos manuscritos que circularam no mundo moderno europeu às sociedades latino-americanas na contemporaneidade, a cultura epistolar tem revelado uma estética de comportamentos individuais, de cunho social e político, além de demarcar práticas de convívio e instalar redes de informações entre pessoas de diferentes níveis sociais. Essa cultura escrita, produzindo uma memória de si, intencionalmente ou não, constitui um processo de (re)conhecimento dos sujeitos que percorre e entrança as dimensões do público e do privado. Apontando uma percepção de si, a escrita epistolar tende a pertencer aos campos da

biografia e/ou autobiografia, compondo especialmente uma memória registrada através de diferentes linguagens operadas como instrumentos de poder e sedução. E o conhecimento histórico, cujo alcance está para além dos registros de memória, procura destrinçar as operações que dão sentido às tramas humanas constituidoras dessas múltiplas sociabilidades. Nome: Ricardo Souza da Silva E-mail: ricsouzasilva@uol.com.br Instituição: SED-MS Título: Labirintos da Memória: análise sobre fato e ficção na história de Mato Grosso do Sul A criação do Estado de Mato Grosso do Sul, em outubro de 1977, decidida e patrocinada pelo alto escalão do governo Ernesto Geisel, deixou os segmentos dominantes da sociedade local eufóricos e atônitos, pois, mesmo constituindo uma antiga aspiração das elites “sulistas”, há muito tempo a questão andava esquecida. Ao tomarem ciência da possibilidade concreta da divisão de Mato Grosso, inicialmente procuraram intervir no processo de montagem do novo aparelho de Estado. No momento seguinte, voltaram suas preocupações para a construção de uma memória à nova unidade da federação. Em pouco tempo essa memória, com forte conteúdo mítico e ufano, passou a se impor sobre outras referências, emergindo como fonte de estudo sobre o passado local e como suporte para elaboração de livros didáticos e concursos públicos, além de servir como guia para propagandas privadas e governamentais. O presente trabalho estudou o processo de construção e as características dessa memória, buscando identificar a utilização da ficção, em detrimento ao fato, na constituição de suas narrativas e temáticas por intermédio da leitura contrapontual em trabalhos de alguns de seus principais expoentes: o jornalista J. Barbosa Rodrigues, o professor Hidelbrando Campestrini e o engenheiro Acyr Vaz Guimarães. Nome: Rita de Cássia Mesquita de Almeida E-mail: ritadecassia.86@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: As Crianças e a Cidade: laços, nós e fios narrativos O trabalho que ora se apresenta é resultado do meu trabalho de conclusão de curso e base, ainda inicial, da minha dissertação de Mestrado (PPGE/ UFJF). Desde os primeiros anos do século XX o tema do urbano vem sendo discutido e analisado sob diversos prismas. Marx, por exemplo, compreende que, por conta do fortalecimento da propriedade privada, houve uma demanda de organização comunitária da cidade. Assim, entende-se o desenvolvimento da cidade desencadeado por dois processos: um de concentração espacial de pessoas e meios de produção e outro de segregação de grupos sociais no sítio urbano. Entretanto, todas as análises feitas sobre a formação espacial das cidades são relevantes, mas não esgotam possibilidades de análise do tema urbano. Estudos que demonstrem como se dá a apropriação do espaço urbano, sobretudo pelas crianças, ainda são reduzidos na historiografia em geral. A proposta inicial desse trabalho é compreender de que maneira a criança se apropria da memória urbana que lhe é apresentada. A criança, assim como o adulto, é habitante da cidade, embora constitua sua percepção de lugar de maneira distinta da do adulto. E foi de maneira distinta que as quatro crianças entrevistadas me apresentaram cidades emaranhadas de laços, nós e fios narrativos. Nome: Sonia Regina Miranda E-mail: soniareginamiranda@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora – Faculdade de Educação Título: Práticas de Memória e contemporaneidade: apropriações do saber histórico em ambientes virtuais de aprendizagem A comunicação que ora se apresenta para avaliação traz uma pesquisa em fase inicial de desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFJF e se insere em um projeto investigativo maior, integrado a uma rede interinstitucional de pesquisa proposta e coordenada pela Profa. Dra. Ernesta Zamboni (UNICAMP), relativa ao entendimento das interfaces entre Cultura contemporânea e Ensino de História. Pretendo focalizar a questão das práticas de Memória e apropriações do saber histórico em Ambientes Virtuais de Aprendizagem. As relações constituídas entre os estudantes nesses ambientes têm gerado elos pautados pela assincronicidade espaço-temporal, o que produz relações historicamente novas no tocante ao estabelecimento de estratégias capazes de promover fios identitários e sentidos de pertencimento. Além disso, as linguagens telemáticas associadas à disseminação de alternativas historicamente novas de produção de memórias privadas e públicas tem produzido novos lugares de Memória, para nos utilizarmos da expressão clássica de Pierre Nora. Nesse sentido, novas modalidades de fixação de identidades grupais têm se

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73 projetado a partir da mediação desses ambientes que, por certo, instituem mecanismos novos de relação com o saber e, em particular, com o conhecimento histórico. Nome: Soraia Freitas Dutra E-mail: soraiafreitasdutra@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Minas Geral Título: Museus e Escolas: Percursos Proprios, Interações Necessárias Esta comunicação visa socializar algumas preocupações acerca da relação museu e escola tematizadas na pesquisa O fenômeno da escolarização/desescolarização dos museus e a construção de novas parcerias entre museu e escola. Nosso objetivo central é compreender o movimento de escolarização/desescolarização dos museus no contexto das transformações sociais vivenciadas nas últimas décadas do século XX e início do século XXI. Por um lado, podemos dizer que a escola produziu uma forma própria de ação e um modo de transmissão escolar que invadiu diferentes instituições sociais. Por outro, os museus, ao serem apontados como apêndice da escola e criticados pela incorporação de formas escolarizadas, desenvolveram metodologias de ação educativa utilizando os bens culturais como mediadores nos processos educativos. Por meio de uma pesquisa documental e etnográfica das ações educativas, orientadas para o público escolar, desenvolvidas no Museu Histórico Abílio Barreto (BH-MG), pretende-se investigar as experiências de interação entre esse museu e as escolas. Essa pesquisa buscará compreender, tendo como base o trabalho de campo e uma reflexão de literatura, em que medida esses espaços se diferenciam, se complementam ou se excluem. Nome: Vera Lúcia Chacon Valença E-mail: veravalenca@uol.com.br Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina Título: O Museu das Crianças do Brasil: aprendendo com as histórias, tecendo a memória e dialogando com as diversidades culturais: uma experiência de parceria entre idosos e crianças Trata-se de divulgar o Museu das Crianças do Brasil e um dos seus recursos pedagógicos: a Trupe da Memória, de aprendizagem intergeracional. A Trupe é constituída por um grupo de idosos que participa, através da História Oral, da pesquisa: Memórias da Infância. Espaço de aprendizagem lúdico criativo, o Museu faz parte da Rede Hands On. Estruturado sobre quatro eixos: arte, cultura, meio ambiente e história, o museu realizará atividades complementares às da escola. Busca compreender as descobertas, as invenções, as vivências, os saberes e fazeres. Contribui para a história da infância local através de pesquisas como: Valores cultural/estéticos predominantes em crianças catarinenses de diferentes etnias, que envolveu 1200 crianças de várias regiões do Estado. Nesse espaço de socialização e de aprendizagem de cidadania crítica, o Museu oferece oportunidade de expressão cultural, através de várias formas de representação simbólica. O projeto prevê, a criação no Brasil de várias células museológicas. A experiência piloto está sendo desenvolvida em Pomerode, Santa Catarina.

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74. Instituiçþes polĂ­ticas, cultura jurĂ­dica e cultura religiosa: HistĂłria e ĂŠtica Gizlene Neder – UFF (gizlene@superig.com.br) O simpĂłsio temĂĄtico enfocarĂĄ estudos sobre cultura jurĂ­dica e cultura religiosa, e sobre suas relaçþes FRP D KLVWyULD GDV LGpLDV H GDV LQVWLWXLo}HV SROtWLFDV QXPD SHUVSHFWLYD PXOWLGLVFLSOLQDU (VWD WHPDWL]Dção serĂĄ discutida, tendo em vista o tema geral do XXV SimpĂłsio Nacional de HistĂłria e privilegiarĂĄ as LPSOLFDo}HV HQWUH pWLFD KLVWyULD H GLUHLWR 2 REMHWLYR JHUDO GHVWH VLPSyVLR WHPiWLFR p UHXQLU FRQGLo}HV SDUD D FRQVROLGDomR GH XPD OLQKD GH WUDEDOKR PXOWLGLVFLSOLQDU H WHP FRPR REMHWLYRV HVSHFtĂ€FRV 'LVFXVVmR PHWRGROyJLFD QR FDPSR GDV FLrQFLDV VRFLDLV VREUH DV UHODo}HV HQWUH KLVWyULD MXVWLoD direito; cultura jurĂ­dica, cultura religiosa e as relaçþes de força (polĂ­tica), inscritas no eixo temĂĄtico da KLVWyULD GDV LQVWLWXLo}HV H KLVWyULD GR FDPSR LQWHOHFWXDO 2. Implementação de um canal de discussĂŁo sobre as instituiçþes polĂ­ticas, com especial destaque para o campo jurĂ­dico e o campo religioso.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre Miguel França E-mail: alexmfranca@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense - PPGSD TĂ­tulo: A PolĂ­tica Criminal e a Construção de infâncias desiguais: o caso dos “meninos impossĂ­veisâ€? de PasĂĄrgada Trabalhando com o medo e com a construção de subjetividades oriunda da polĂ­tica criminal e seus efeitos nas crianças de 7 a 12 anos moradoras de uma favela carioca, o trabalho busca analisar importantes permanĂŞncias histĂłricas no controle social da cidade do Rio de Janeiro atravĂŠs da pesquisa sobre o significado de operaçþes policiais no “sentirâ€? destas crianças. Assim, atravĂŠs de entrevistas, anĂĄlise de redaçþes e desenhos, o objetivo foi identificar o que o controle social e a criminalização seletiva, mais do que barrar, constrĂłi no terreno do desejo. Neste sentido, as conclusĂľes apontam para o fato de que a polĂ­tica criminal mantĂŠm simbolicamente a produção de infâncias desiguais como estratĂŠgia de gestĂŁo da pobreza, ressignificando atravĂŠs das prĂĄticas policiais violentas a diferença antes prevista na legislação entre a criança, ligada Ă famĂ­lia e Ă escola, e com o “menorâ€?, este oriundo de famĂ­lia pobre, “desestruturadaâ€?, encarado e tratado como “semente do malâ€? e que precisa ser controlado. Para estes, desde pequenos o medo e o terror impostos pela polĂ­cia sĂŁo fortes instrumentos de controle que os levam a sentir o seu lugar na estrutura da cidade. Nome: Ana Paula Barcelos Ribeiro da Silva E-mail: anapaulabarcelos@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: Positivismo X Neotomismo: ReflexĂľes sobre prĂĄticas historiogrĂĄficas no Brasil e na Argentina (1870-1940) Neste trabalho propomos analisar as prĂĄticas historiogrĂĄficas no Brasil e na Argentina entre as dĂŠcadas de 1870 e 1940. Relacionando diĂĄlogos intelectuais e teoria da histĂłria, pensamos o Neotomismo como uma alternativa a visĂŁo de histĂłria positivista predominante entre as dĂŠcadas de 1870 e 1910. Positivismo que, com teorias evolucionistas, dificultava o alcance de reconhecimento e legitimidade por paĂ­ses de passado colonial ao ratificar suas caracterĂ­sticas de desqualificação. O Neotomismo teria oferecido a muitos intelectuais a possibilidade de, ao falar de sua prĂłpria histĂłria, conjugar fĂŠ e razĂŁo, tradição e modernidade. TendĂŞncia observada em especial entre as dĂŠcadas de 1920 e 1940. Utilizando periĂłdicos e atas de congressos de histĂłria, demonstramos como os conflitos entre fĂŠ e razĂŁo influenciaram a escrita da histĂłria no Brasil e na Argentina. Nome: Anna Marina Madureira de Pinho BarbarĂĄ Pinheiro E-mail: annapin09@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro TĂ­tulo: Direitos Sexuais e Reprodutivos: o olhar da enfermagem sob as usuĂĄrias de maternidades de risco na cidade do Rio de Janeiro O presente trabalho visa discutir a percepção sobre os direitos sexuais e reprodutivos das usuĂĄrias da maternidade de risco do Hospital GetĂşlio Vargas, na perspectiva dos profissionais de enfermagem que trabalham nestas maternidades. Cabe salientar que os referenciais teĂłricos buscarĂŁo dar conta das relaçþes entre cultura jurĂ­dica, cultura polĂ­tica e cultura religiosa no Brasil, com inspiração nas discussĂľes realizadas pelo Labora-

tĂłrio de Cidade e Poder da UFF, ao passo que as bases empĂ­ricas utilizadas constarĂŁo de entrevistas realizadas com profissionais de enfermagem deste Hospital no âmbito da Pesquisa: Determinantes Sociais da SaĂşde, coordenada pela Prof. (a) SĂ´nia Fleury, na Fundação GetĂşlio Vargas Nome: Delton R. S. Meirelles E-mail: delton@vm.uff.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: JuĂ­zes leigos: a visĂŁo dos juristas sobre a reforma judiciĂĄria de 1832 A legitimidade judicial, mais do que uma restrita discussĂŁo tĂŠcnico-jurĂ­dica sobre o monopĂłlio da jurisdição estatal e a investidura de seu corpo de magistrados, ĂŠ um tema que se insere num debate de importância ideolĂłgica, polĂ­tica, sociolĂłgica e, especialmente, histĂłrica. Profissionais e leigos, comunitĂĄrios ou impostos, os magistrados se encontram no centro das transformaçþes do cenĂĄrio polĂ­tico na formação dos Estados modernos. O objeto desta comunicação serĂĄ a anĂĄlise das impressĂľes da literatura jurĂ­dica brasileira oitocentista sobre os juĂ­zes leigos, enfocando a tensĂŁo entre a utopia republicana do CĂłdigo de Processo Criminal de 1832 (com a importação de um ideal de cidadania liberal) e a cultura jurĂ­dica conservadora e centralizadora. Nome: Fabiana Cardoso Malha Rodrigues E-mail: fabianamalha@click21.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: A governança republicana e o debate sobre a reforma da legislação civil na passagem Ă modernidade Este trabalho ĂŠ dedicado Ă anĂĄlise das implicaçþes da implementação do CĂłdigo Civil de 1916. Buscamos evidenciar os espaços existentes entre as esferas de poder possibilitando mecanismos de apropriaçþes a partir de disputas que vĂŁo do âmbito dos sentimentos aos mais gerais e que definem essas apropriaçþes. Para este trabalho utilizamos como fontes, prioritariamente, relatĂłrios ministeriais relacionados ao tema mais geral, a saber: idĂŠias jurĂ­dicas na passagem Ă modernidade no Brasil. TambĂŠm apontamos como fonte consultada os ComentĂĄrios de ClĂłvis Bevilacqua publicados em 1943 sobre o Direito de FamĂ­lia com a intenção de buscarmos indĂ­cios de sua reflexĂŁo apĂłs algumas dĂŠcadas de implementação do CĂłdigo Civil. Nome: Fernanda Aparecida Domingos Pinheiro E-mail: fe_domingospinheiro@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas TĂ­tulo: Francisca Maria do Sacramento: defesa da liberdade no tribunal de Mariana, sĂŠculo XVIII Neste trabalho examinarei uma ação cĂ­vel, iniciada em 1763, visando Ă confirmação e conservação da liberdade de Francisca Maria, mulher parda. AtravĂŠs da descrição e compreensĂŁo do seu conteĂşdo, pretendo refletir sobre a estruturação desse documento. Assim buscarei entrever o funcionamento da Justiça durante o Antigo Regime, bem como sua prĂĄtica no interior da AmĂŠrica Portuguesa – Mariana, Minas Gerais. TambĂŠm recorrerei Ă leitura de outras açþes de mesma natureza produzidas em fins do sĂŠculo XIX, nessa mesma localidade. Portanto, levarei em consideração os diferentes contextos histĂłricos para estabelecer as transformaçþes no rito processual. Destaco ainda que outros aspectos presentes no documento investigado tambĂŠm serĂŁo discutidos, tais como: definiçþes do conceito

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74 de liberdade e dos traços distintivos dessa condição social, a possibilidade de viver como forro sem o registro legal da alforria e o temor resultante da ameaça de retorno ao cativeiro. De fato, tal processo de legitimação da condição de liberto pela via judicial me permitirá observar a organização dessa esfera pública em torno dessa questão específica e a necessidade de se ampliar os estudos sobre os libertos para além de suas experiências referentes à obtenção da manumissão e de sua sobrevivência material. Nome: Gisálio Cerqueira Filho E-mail: gisalio@superig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Sobre a fala de D. Pedro: religião, política e ética O D. Pedro em questão não é referência ao Imperador do Brasil... Mas ao bispo espanhol (catalão), nascido em 16/02/1928. Foi nomeado administrador apostólico da prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso, Brasil) no dia 27/04/1970 e bispo prelado da mesma prelazia em 27/08/1971, em pleno regime militar. Sua ordenação episcopal deu-se a 23/10/1971. Foi alvo de processos de expulsão do Brasil, tendo saído em sua defesa o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. No ano de 2000 foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela UNICAMP. Adepto da teologia da libertação adotou como lema para sua atividade pastoral “nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”. É poeta, autor de várias obras que inspiraram o movimento das comunidades eclesiais de base. Apresentou sua renúncia à Prelazia em conformidade ao Can. 401 §1 do Código de Direito Canônico em 2005. No dia 02/02/2005 o Papa João Paulo II aceitou sua renúncia ao governo pastoral de São Félix. No presente trabalho são abordados a sua passagem pelo Centro de Formação Intercultural (CenFI), Petrópolis, e a carta Circular de 2009 «Hoy ya no tengo esos sueños», referida ao Cardeal Carlo M. Martini, S.J., que foi arcebispo de Milão, Itália. Nome: Gizlene Neder E-mail: gizlene@superig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Degredo e Pena de Morte no Brasil Império Este trabalho enfoca as relações entre cultura jurídica e cultura religiosa referidas às formas como a idéia de punição se apresenta nos debates sobre a justiça criminal. A subjetivação que resulta na permanência cultural de longa duração e suas implicações nos direitos são analisadas a partir dos debates parlamentares sobre pena de morte e degredo, no contexto do Código Criminal de 1830. Nome: Henrique Cesar Monteiro Barahona Ramos E-mail: henrique@ajsoares.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O Império do Jurisconsulto: Teixeira de Freitas e o Ultramontanismo O trabalho a ser apresentado versará sobre o advento do periódico jurídico O Direito, publicado em 1873, na Corte do Rio de Janeiro, através do qual pensamos dar valorosa contribuição para a história das idéias jurídicas do Brasil no final dos Oitocentos. Levando em conta a especificidade de constituir tanto o objeto como também a fonte da pesquisa acadêmica, cotejaremos o contexto social, político e ideológico em que surgiu o periódico em referência. Percorrendo este caminho, será possível investigar também o engajamento dos seus redatores nas idéias postas em circulação no ano que ocorreu justamente os julgamentos dos Bispos do Pará e Olinda, no episódio que ficou conhecido como “a Questão Religiosa”. Dentro do vasto espectro temático que a revista se nos apresenta, daremos relevo à amplificação das idéias defendidas pelos atores do periódico na data do seu advento, explorando a oposição entre Igreja/Maçonaria, uma tensão que teria culminado na decisão de Augusto Teixeira de Freitas sair do silêncio em que se encontrava e escrever artigos de doutrina para defender o Ultramontanismo, lançando novas luzes sobre a biografia deste importante jurista nacional do século XIX. Nome: Jefferson de Almeida Pinto E-mail: jeffal@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O periodismo jurídico em Minas Gerais: publicações, circulação de idéias e cultura jurídica Este trabalho surgiu de nossas indagações a respeito do comportamento dos juristas mineiros em relação às idéias e práticas jurídico-penais e suas tensões com a cultura religiosa na passagem à modernidade. Ao buscar resposta para esta problemática tivemos necessariamente que nos ocupar

com o que liam, como liam e o que escreviam estes juristas na passagem do século XIX ao XX. Para tanto, fizemos o levantamento em bibliotecas e outras instituições vinculadas ao saber jurídico de livros, revistas, jornais, enfim, publicações que possibilitariam traçar um panorama jurídico-político tendo como referenciais seus principais interlocutores, entre intelectuais diversos e juristas, bem como a circulação e as possíveis trocas de idéias. Nome: Luiz Fábio Silva Paiva E-mail: luizfabiocs@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Notas sobre a materialização da dor na política penal brasileira O trabalho reflete sobre como, a partir do processo de democratização do Estado brasileiro, o sistema de justiça criminal tem sofrido pressões relativas à aplicação de punição para autores de crimes. Observa-se como a justiça criminal tem reagido ao que se convencionou chamar “clamor social” e possibilitado a discussão sobre o atual estado da arte do Direito no Brasil. Os assassinatos da atriz Daniela Perez e do menino João Hélio, assim como a tentativa de homicídio da funcionária pública Maria da Penha são alguns casos a serem discutidos não com o objetivo de se verificar uma linha do tempo referente ao trabalho da justiça criminal, mas com a intenção de se compreender como esses eventos congregam significações pertinentes ao modo de gerir, aplicar e discursar sobre a justiça no Brasil. Reflete-se sobre como os sofrimentos de vítimas de violência, partilhados por outras pessoas e amplamente expostos nos meios de comunicação, criam novos problemas para a Justiça cujas soluções ultrapassam a aplicação da lei e envolvem a compreensão do que é justo e injusto no campo jurídico. Os valores presentes nos casos citados não interessam ao pesquisador em sua positividade ou negatividade, mas em sua significação pertinente a relação entre operadores da justiça e seu público. Nome: Márcia Barros Ferreira Rodrigues E-mail: mbfrodrigues@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo Título: A Fantasia na política: sofrimento e culpa no casamento como sacramento Analisar a partir do romance “Jóias de Família” de Zulmira Tavares, a relação entre a formação social brasileira no contexto republicano e o “casamento” dos valores burgueses com o fundamentalismo religioso romanocristão; da ilustração iluminista com a cultura religiosa conservadora e seus efeitos político-ideológicos nos sentimentos inconscientes. O romance será tomado como unidade de análise e o foco é analisar as fantasias de poder e autoridade e sua influência nas permanências de longa duração. Nome: Marcos Guimarães Sanches E-mail: m.g.sanches@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro / UGF - RJ Título: A problemática do Direito Colonial A moderna historiografia na hispano-américa e no Brasil tem se ocupado freqüentemente do problema da existência de um direito colonial, ou no nosso caso, de um direito luso-brasileiro. È inegável no caso do Brasil, a elaboração e /ou aplicação de instrumentos normativos específicos para o mundo colonial, entendendo-se como tal, desdobramentos ou particularidades dentro do quadro de um direito nacional português. No contexto do Antigo Regime nem sempre é apropriado falar em direito na sua forma singular, ainda que restrito a um Estado soberano, pois o direito nacional é parte de um conjunto de pluralidade de direitos. A discussão teórica que se propõe é da possibilidade ou da possível extensão de se pensar num direito colonial luso-brasileiro numa cultura jurídica plural e em uma época, que para lembrar Grossi, a afirmação do direito está se consolidando em detrimento da existência de direito. Nome: Mariana Emanuelle Barreto de Gois E-mail: emanuellegois@hotmail.com Instituição: UFS/Centro de Educação Superior a Distância Título: “Rixosas e turbulentas”: mulheres nas vilas de Lagarto e Riachão oitocentista (1850-1890) A presente comunicação objetiva analisar as mulheres como agenciadoras de violência nos processos crimes numa sociedade oitocentista e patriarcalista. A fim de perceber que estas mulheres lagartenses e raichoenses, isoladas e frustradas em suas vivências criaram uma relação fora do mundo vitimado passando a serem homicidas, infanticidas, ofensoras e invasoras de terras. O lócus de análise são os autos criminais da vila de Lagarto que

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no século XIX estendia sua jurisdição até o distrito de Riachão do Dantas, regiões estas onde a riqueza era predominantemente rural, mas, a justiça já estava presente apesar das poucas cadeias existentes na província. As fontes trazem á tona mulheres protagonistas de inúmeras histórias, entre as quais: Maria Capenga, Leolina, Joaquina, Urbana, Gertrudes, Thomasia e outras. Para a execução desta pesquisa foram visitados o Arquivo Judiciário do Estado de Sergipe, Arquivo Público do Estado, bem como uma vasta leitura bibliográfica sobre a historiografia do crime e gênero, tomando como base o Boris Fausto (2005), Mariza Corrêa (2001); Sidney Chalhoub (2001) dentre outros. A partir desta pesquisa “Rixosas e turbulentas” focalizam-se vidas de mulheres que andavam nas vilas do lar à botequins aparecendo nas páginas amareladas dos documentos. Nome: Maristela Toma E-mail: mstoma2000@yahoo.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título:Punição e Razão de Estado: o degredo no Império colonial português Ao longo de quase sete séculos os portugueses lançaram mão da pena de degredo para punir criminosos dos mais variados tipos. Durante esse período a aplicação da pena conheceu variações, originando modalidades distintas de degredo. Para apreender o significado do degredo no período moderno entendemos ser necessário situá-lo em relação às outras penas de expulsão, enquanto práticas historicamente consolidadas. Cruzando os significados jurídicos atribuídos ao degredo com as variadas práticas que pena assumiu em Portugal, nossa análise pretende apontar as especificidades do degredo no período moderno evidenciando suas imbricações com a lógica do Absolutismo português. Pretende-se assim traçar uma definição de degredo que aponte para as suas especificidades no contexto da construção do Império colonial português. Nome: Nancy Rita Sento Sé de Assis E-mail: nrsentose@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Tribunas de honra, tribunais de justiça: discursos e práticas da ética e da moralidade oitocentista Com o incremento das atividades da imprensa, no início do século XIX, o Brasil foi efetivamente inserido no singular fenômeno da modernidade oitocentista de valorização da chamada opinião pública, então em curso nas sociedades ocidentais. Uma rápida pesquisa nos periódicos – jornais, revistas e almanaques – veiculados no Brasil após a Independência, permitem-nos afirmar que o processo que culminou com o 07 de setembro de 1822 instituiu não apenas o Império do Brasil, mas um verdadeiro Reinado da Opinião. Nesse reinado, a palavra honra, tanto quanto a palavra ética na atualidade era repetida “com freqüência de vírgulas, solenidade de ponto final, autenticidade de aspas e responsabilidade de arrivistas.” O uso e abuso da palavra “honra” na imprensa e o impacto dessa prática nas instituições jurídicas e religiosas, bem como sobre a moral das autoridades que as representavam, é o assunto da nossa comunicação. Ao abordá-lo, buscaremos também avaliar as estratégias utilizadas pelas autoridades jurídicas e eclesiásticas do Recôncavo Baiano oitocentista, no sentido de assegurar, reivindicar e preservar a sua honra perante a chamada opinião pública. Nome: Nivia Valença Barros E-mail: niviabarros@globo.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: DPCA - Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente: repressão ou elemento constitutivo para uma segurança cidadã? O tema da infância e da adolescência em relação à violência sofrida e as cometidas e, às conseqüentes medidas sócio-educativas que são aplicadas é uma problemática que envolve complexos e múltiplos fatores e enseja inquietude em toda sociedade, destacando-se cada vez mais nas discussões no âmbito particular e público. Uma Delegacia de Proteção deveria ser concebida como uma política de segurança, percebida não apenas como repressão penal exercida pela polícia, mas como de atuação em uma primeira linha de contenção da violência em defesa da paz social ou como a face mais visível do sistema criminal. As Delegacias de Proteção à Criança e Adolescente foram criadas com o intuito de aliar a segurança a uma concepção de proteção preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, mas suas práticas nestes anos de vigência não têm se apresentando como um diferencial às práticas puramente repressivas. A Política de Segurança Pública deve concentrar-se em um difícil equilíbrio entre prevenção e repressão. Assim, em face de uma sociedade cada vez

mais desigual e injusta na garantia dos direitos sociais, políticas públicas são criadas na tentativa de “apaziguar e puramente conflitos”, mesmo que de maneira residual. Nome: Ozias Paese Neves E-mail: ozias_pn@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Transformações na sociedade e no campo do direito durante a ditadura militar: o papel da OAB A comunicação tratará da história do tempo presente abordando o campo da política e do direito no Brasil durante a ditadura militar estabelecida em 1964. O recorte utilizado diz respeito à atuação e as mutações nos posicionamentos da Ordem dos Advogados do Brasil –OAB - durante o regime militar. Partiremos da defesa que a OAB fez do regime militar e do papel que alguns juristas tiveram na implementação do arcabouço jurídico-institucional da ditadura; abordaremos as mudanças na estrutura da OAB e as rupturas havidas com a passagem para a defesa dos direitos humanos, da redemocratização e da reconstitucionalização. Valer-nos-emos da cultura política como ferramenta de análise para observar as estratégias e as transformações havidas no campo do direito, compreendido a partir das concepções de direito como ordenamento em sociedade de Antônio Manuel Hespanha e Paolo Grossi. Nome: Paulo Baía E-mail: paulobahia@ifcs.ufrj.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Pensamento social e político de José de Souza Marques Estudar a dinâmica da vida social, política e cultural de uma personalidade como José de Souza Marques, que tem por objetivo maior desenvolver tanto a educação cidadã quanto o republicanismo democrático, além de estreitar o contato com comunidades múltiplas e diversificadas por meio de um discurso acadêmico que valoriza um fazer cotidiano que perde adeptos dia a dia, contribui para pensar outras questões pertinentes, como o papel das lideranças locais, educadores e militantes sociais nos processos de construção de identidades, memórias e representações coletivas de uma nacionalidade brasileira e o papel de instituições como escolas, igrejas não católicas e a maçonaria como espelhos das múltiplas comunidades locais de informação, instrução e construção de uma cidadania periférica aos padrões ibéricos brancos e excludentes, ao longo da história da sociedade e do Estado no Brasil dos séculos XIX a XXI. Nome: Rafael Pereira de Souza E-mail: rafael.rps@ig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: “Desvendando mistérios!”: repressão e resistência dos cultos afro-brasileiros nas páginas policiais Este artigo enfoca a questão relacionada à perseguição às casas destinadas aos cultos afro-brasileiros nas últimas décadas do século XIX na cidade do Rio de Janeiro. Através dos jornais da época, demonstra-se que a crença no poder do feitiço e no poder de produzir o mal dos feiticeiros negros existia no Império do Brasil e que era compartilhado por pessoas de todas as classes da sociedade imperial e escravista brasileira, apesar de não haver lei alguma que punisse os acusados de feitiçaria no Código Criminal do Império, promulgado em 1830, ao contrário das acusações de feitiçaria feita pela Inquisição portuguesa no período colonial e do Código Penal de 1890 no período republicano. Nome: Ricardo G. Borrmann E-mail: ricborrmann@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Tal Mercado, Tal Príncipe: O Paradigma da Perfeição na Economia Política Burguesa A presente dissertação de mestrado se insere na relação da teoria política com a história das idéias e a análise das ideologias. A partir da hipótese de que “o funcionamento do ‘mercado perfeito’ supõe a existência de um ‘tirano perfeito’”, desejamos investigar as relações entre economia e política sob o prisma dos ideais de perfeição contidos nas idéias de príncipe e mercado perfeitos. Para tanto, adotamos a hipótese trabalhada por Gisálio Cerqueira Filho e Gizlene Neder de que os ideais de perfeição estão cravados no imaginário sócio-político, a partir das “permanências de longa duração” do pensamento religioso de acento tomista. A análise estará focada, portanto, no rastreamento das expressões invisible hand (Adam Smith) e bellum omnium contra omnes (Thomas Hobbes), idéias-chave para a compreensão da ordem burguesa.

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74 Nome: Thiago Quintella de Mattos E-mail: tquintellademattos@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Cultura Política/Cultura Religiosa a partir do romance boliviano de Néstor Taboada Terán O presente trabalho é um desmembramento da dissertação de mestrado em Ciência Política defendida pelo autor, na Universidade Federal Fluminense, em 2007, sob orientação do Prof. Dr. Gisálio Cerqueira Filho. Discute-se os sintomas e conseqüências — Vulnerabilidade Psíquica — dos miscigenados da América Latina, do ponto de vista étnico e ideológico, diante do poder autoritário político e religioso, consoante estudo e análise do romance histórico do escritor boliviano, Néstor Taboada Terán, Manchay Puytu: El amor que quiso ocultar Dios, (1977). Nome: Thiago Werneck Gonçalves E-mail: thiagowerneck21@globo.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: O hábito e o avental: a Igreja Católica e a Maçonaria na Questão Religiosa (1872-1875) O objetivo principal deste trabalho é abordar a importância da Questão Religiosa ocorrida durante o Segundo Reinado (1872-1875). Apesar de acreditarmos que a maçonaria tenha se envolvido no conflito, não podemos afirmar que ela foi protagonista do mesmo, posto que tecnicamente a Questão Religiosa desenrolou-se fundamentalmente entre o Estado imperial e a Igreja católica. No entanto, entre o final do século XIX e início do século XX, a ação da instituição maçônica ligou-se ao campo liberal, estando inserida nos debates e polêmicas em torno da luta pelo estabelecimento de uma sociedade secular – desprovida de preconceitos religiosos,

sociais ou políticos. Todos estes posicionamentos, anunciados pela imprensa maçônica, eram contrários à visão de mundo católica. Durante o movimento ultramontano, as autoridades católicas intensificaram as críticas à maçonaria, deixando transparecer sua insatisfação com o fortalecimento e a emergência de uma sociedade nova e secular. Ao mesmo tempo, os maçons travaram uma luta com os membros do clero, os quais, em função de seu discurso conservador, foram considerados os maiores inimigos do progresso e do liberalismo. Nome: Walter de Mattos Lopes E-mail: walteruff@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: As honrosas cadeiras do excelentíssimo tribunal: nobres, magistrados e negociantes na composição da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação (1809-1821) Após a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, uma série de medidas foi tomada com o escopo de transformar a cidade em centro do Império português, no processo de enraizamento do estado e dos interesses que gravitavam em torno de sua órbita. Criado por Alvará Régio de 23 de agosto de 1808, o tribunal da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação deste Estado do Brasil e Seus Domínios Ultramarinos assentou nas cadeiras de deputado de seu conselho deliberativo, altos magistrados de carreira e proeminentes homens de negócios, que exerciam suas funções sob a presidência de um nobre de grandeza titulada. O trabalho tem como objetivo central a demonstração do perfil prosopográfico dos deputados nomeados para o conselho do tribunal, entre 1808 e 1821, recuperando suas trajetórias individuais e relações sociais estabelecidas entre si, articuladas institucionalmente no âmbito do organismo.

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75. História e cultura da à frica e afro-brasileira Paulino de Jesus F. Cardoso – UESC (paulino.cardoso@gmail.com) Manuel Jauarå – UFSJ (keba@ufsj.edu.br) $ SURSRVWD GH 6LPSyVLR 7HPiWLFR WHP FRPR REMHWLYR FRQJUHJDU WUDEDOKRV GH SHVTXLVDV H UHVXOWDGRV de projetos acadêmicos voltados ao estudo de temåticas sobre a Historia e Cultura dos povos africaQRV H D FRQWULEXLomR KLVWyULFR FXOWXUDO GHVWHV SRYRV SDUD D IRUPDomR GD LGHQWLGDGH QDFLRQDO

Resumos das comunicaçþes Nome: Allysson Fernandes Garcia E-mail: allysson.garcia@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de GoiĂĄs; Universidade Federal de GoiĂĄs TĂ­tulo: Reconhecimento e afirmação: ampliação da esfera pĂşblica negra no Brasil contemporâneo A cultura hip-hop ĂŠ um importante espaço de produção de sentidos para a juventude negra das AmĂŠricas e vem contribuindo para a auto-formação em espaços de fronteira. Ela tem propiciado um “modo melhorado de comunicação para alĂŠm do insignificante poder das palavrasâ€? – faladas ou escritas – ao se materializar em formas culturais inĂŠditas, onde a PoiĂŠsis – a criação – e a poĂŠtica passam a coexistir. Estas formas culturais sĂŁo: a literatura autobiogrĂĄfica, as maneiras especiais e exclusivas de manipular a linguagem falada e, sobretudo a mĂşsica. Tais formas culturais nĂŁo estĂŁo contidas dentro das fronteiras nacionais ou ĂŠtnicas, mas contribuem na constituição de uma esfera pĂşblica alternativa, conquistada principalmente atravĂŠs do rap. Neste trabalho pretendo apresentar como os rappers contribuem para ampliar a voz afro-descendente perante o silĂŞncio sociolĂłgico, rasurando uma histĂłria da nação desejada como homogĂŞnea. Nome: Antonio Vilamarque CarnaĂşba de Sousa E-mail: vilamarc@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: Afro-cearenses em construção: discursos identitĂĄrios sobre o negro no CearĂĄ (1982-1995) Os processos de construção dos discursos identitĂĄrios negros no CearĂĄ abordados a partir da historicidade do Movimento Negro cearense, apreendido entre 1982 quando passam a se articular diversos grupos de consciĂŞncia negra por todo o estado, dando origem a uma trajetĂłria militante unificada, que designamos por Movimento Negro, atĂŠ 1995 quando se consolida um processo de fragmentação dessa unidade discursiva. Nesse perĂ­odo, verificamos a instalação de confrontos entre os novos discursos ĂŠtnicos militantes promovidos por esses grupos do Movimento Negro em oposição ao discurso hegemĂ´nico estigmatizante sobre o negro cearense, verificados a partir do censo comum cujas matrizes remetem a tradição historiogrĂĄfica nascida no Instituto HistĂłrico, Ă s formas especĂ­ficas do racismo no CearĂĄ e ao processo de alienação e expropriação da cultura negra no CearĂĄ. Esta anĂĄlise busca compreender e avaliar o redimensionamento da histĂłria vivida pelos negros cearenses atravĂŠs desses discursos e de sua inserção social. Nome: Benjamin Xavier de Paula E-mail: benjaminx@usp.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: HistĂłria e Cultura da Ă frica e afro-brasileira na educação bĂĄsica: a construção de um novo paradigma educacional Nossa Pesquisa constitui-se numa investigação cientĂ­fica sobre as relaçþes ĂŠtnico-raciais no universo escolar cujo resultado serĂĄ nossa tese de doutoramento, a partir de dois enfoques: o currĂ­culo e a formação dos docentes. Buscamos desenvolver um estudo original e inĂŠdito sobre a temĂĄtica, que, do ponto de vista da concepção teĂłrica seja capaz de restabelecer uma ressignificação da HistĂłria e da Cultura do povo Afro-brasileiro, que em Ăşltima instância, significa estabelece novas bases para se pensar a prĂłpria sociedade brasileira por meio da educação; e do ponto de vista especĂ­fico, seja capaz de fornecer um aporte teĂłrico/prĂĄtico para os educadores de todos os nĂ­veis e modalidades de ensino, sobre a implementação dos pressupostos da Lei 10.136/2003 e das demais legislaçþes correlatas. Nesta perspectiva nossa perspectiva teĂłrico-metodolĂłgica serĂĄ a pesquisa

engajada, comprometida com a ruptura e superação das prĂĄticas racistas no universo escolar. Nome: Breitner Luiz Tavares E-mail: breitnert@hotmail.com Instituição: Universidade de BrasĂ­lia TĂ­tulo: Raça e Pensamento Social Brasileiro O objetivo deste artigo ĂŠ apresentar uma reflexĂŁo sobre os intelectuais, para se pensar como este grupo, estruturado de determinadas formas, assume a posição de fomentadores de um discurso sobre a categoria raça como elemento na construção de uma identidade nacional brasileira. A categoria raça, entendida como um desses referenciais discursivos dentro do pensamento social brasileiro serĂĄ localizada nos textos de alguns intelectuais. TambĂŠm serĂŁo consideradas algumas contribuiçþes de movimentos sociais interessados na formulação de uma teoria do tipo ĂŠtnico brasileiro enquanto povo, e do Brasil como nação. O que estava em jogo, nesse debate intelectual nacional, era fundamentalmente a questĂŁo de saber como transformar essa pluralidade de raças e mesclas, culturas e valores civilizatĂłrios tĂŁo diferentes, identidades tĂŁo diversas, numa Ăşnica coletividade de cidadĂŁos, numa sĂł nação e num sĂł povo. AlĂŠm disso, o conceito de raça foi utilizado de diversas formas para segregar os negros no Brasil que se organizaram politicamente para a reconstrução polĂ­tica desse conceito. Nome: Carlos Rafael Vieira Caxile E-mail: rafaelcaxile@hotmail.com Instituição: PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica - SP TĂ­tulo: A PrĂĄtica do Maracatu na Cidade de Fortaleza Temos como objetivo central nessa pesquisa explicitar a prĂĄtica do maracatu, presente na cidade de Fortaleza, enquanto expressĂŁo e manifestação rica em aspectos simbĂłlicos e espaços de sociabilidade e integração cultural; momentos de liberação e contestação da ordem vigente. Utilizaremos para desenvolvimento da pesquisa certos materiais depositados no Arquivo PĂşblico do Estado do CearĂĄ, como Registros de OfĂ­cios e CĂłdigos de Posturas, relacionados Ă discriminação dos costumes e prĂĄticas permitidas Ă população urbana de Fortaleza. Como tambĂŠm memĂłrias escritas e orais. Esse Ăşltimo material trĂĄs mĂşltiplas possibilidades de anĂĄlise para o pesquisador, conquanto nĂŁo se busque neles o rigor e isenção presentes nos textos de cunho historiogrĂĄfico. Nome: Caroline Moreira Vieira E-mail: carolinemvieira@ig.com.br Instituição: Universidade Estadual do Rio de Janeiro / FFP TĂ­tulo: Cultura popular: ambigĂźidades e negociaçþes A proposta deste trabalho consiste em promover uma discussĂŁo sobre o conceito de cultura popular. O tema se justifica pela existĂŞncia de muitas controvĂŠrsias teĂłricas em torno do conceito, sofrendo muitas crĂ­ticas por ser utilizado para diversas finalidades e assumindo significados polĂ­ticos em diferentes contextos. A opção pelo emprego do conceito pode ser interessante se contextualizado na anĂĄlise de experiĂŞncias sociais e culturais das camadas pobres que criam e recriam significados aos seus valores, Ă s suas festas, Ă s suas religiĂľes e Ă s suas tradiçþes, nĂŁo perdendo de vista o seu carĂĄter dinâmico, complexo e conflituoso. Assim, analisaremos a identidade de um grupo de mĂşsicos ligados a uma regiĂŁo chamada de “pequena ĂĄfricaâ€? no Rio de Janeiro nas trĂŞs primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XX, entendendo que hĂĄ ambigĂźidades na percepção e nas atitudes com relação Ă chamada cultura popular, ocorrendo repressĂľes, mas tambĂŠm tolerâncias e negociaçþes por parte do Estado e por setores da elite carioca. Estes sujeitos se tornariam grandes referĂŞncias na mĂşsica popular brasileira, tendo suas produçþes, muitas com traços de sua identidade afro-religiosa, gravadas pela recente indĂşstria fonogrĂĄfica.

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75 Nome: Cláudio Eduardo Rodrigues E-mail: rodridu@uber.com.br Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Título: Emancipação afro-descendente: uma análise do exercício da cidadania nas comunidades quilombolas do Vale do Mucuri à luz dos conceitos filosóficos modernos A filosofia moderna, em especial a kantiana, forjou o conceito de emancipação, compreendendo pelo mesmo a condição pela qual os seres humanos adquirem a autonomia ou a capacidade de deliberar e agir segundo os ditames da razão. Todavia, Kant compreende que a humanidade não atingiu a emancipação plena e que ela encontra-se em processo de emancipação. Nessa perspectiva, aos olhos eurocentricos de Kant, diversos povos e culturas - em especial os indígenas e africanos – sequer vivenciariam tal processo, devendo ser determinados pela cultura européia esclarecida. Nessa perspectiva, o presente trabalho pretende oferecer um contraponto ao pensamento kantiano, valendo-nos do próprio conceito de emancipação forjado pelo filósofo alemão, com o intuito de analisar como algumas comunidades quilombolas do Vale do Mucuri – Minas Gerais – consolidaram o processo emancipatório de seus membros e exercendo a sua cidadania enquanto quilombolas. Nome: Elio Chaves Flores E-mail: elioflores@terra.com.br Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: Cenas da Negritude: a África no Teatro Experimental do Negro (1944-1966) O presente trabalho, originário de pesquisa em andamento, procura analisar as representações da África elaboradas pelos intelectuais da negritude brasileira que se reuniram em torno do Teatro Experimental do Negro (TEN). Desde sua fundação, em 1944, até o Festival Mundial de Artes Negras, realizado na capital do Senegal, Dacar, em 1966, Abdias Nascimento, Guerreiro Ramos e os demais componentes do TEN organizaram eventos, escreveram peças, artigos e manifestos sobre as questões raciais no Brasil e o lugar da África no mundo contemporâneo. A dramaturgia dos negritudinistas e os seus escritos políticos constituem o corpus documental da pesquisa. Por sua vez, os aportes teóricos que lhe dão embasamento são os inscritos nos Estudos Culturais sobre a África e os africanos na diáspora. Nome: Fabrício dos Santos Mota E-mail: fabriciosmota@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: “Guerreir@s do terceiro mundo”: Identidades negras na música Reggae da Bahia (anos 80/90) Este estudo analisa as manifestações étnico-identitárias de negritude a partir dos registros fonográficos da música Reggae produzidos na Bahia, entre os anos 80 e 90. A cultura musical Rasta-Reggae - uma das mais emblemáticas expressões da música negra no século XX – se constituiu em um forte referencial simbólico das políticas culturais no Atlântico Negro. A (re) criação do estilo afro-jamaicano no contexto em destaque foi registrada em um universo de canções que interagem com a construção/ legitimação de sentidos de pertencimento negro e anti-racismo, a partir de temas como a África e o Caribe na Diáspora bem como a História e memória das populações negras no Brasil. Investigando a presença e cristalização do Reggae na cultura local - a partir dos discos e outras fontes impressas e iconográficas - pretende-se compreender a produção de novos referenciais identitários, a partir da produção e circulação de um estilo estético-musical de tendência transnacional. Refletir sobre a relevância da música negra no universo da contracultura contemporânea fortalece, portanto, um parâmetro de análise dos movimentos sociais e seus desdobramentos nas últimas décadas aproximando-se da experiência dos sujeitos sociais e suas recriadas estratégias de mobilização e intervenção na vida pública. Nome: Fátima Machado Chaves E-mail: fatimchaves@gmail.com Instituição: Secretaria Municipal de Educação Título: O ensino de História e cultura afro-brasileira e africana: a lei nº 10.639/03 e a prática nas escolas municipais do Rio de Janeiro Identificamos como a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica, definida pela Lei nº 10.639/03, vem se processando, ou não, nas práticas escolares do município do Rio de Janeiro. Embora a legislação demonstre avanços, no cotidiano das escolas, existem poucos projetos pedagógicos que incluam, de forma condizente, temas sobre a diversidade racial brasileira, a história

e culturas africanas, sendo alguns insuficientes e simplistas pelo tempo despendido e abordagem dos mesmos. Dentre as dificuldades objetivas, temos a precária e/ou inexistente formação docente na temática, a fragilidade dos subsídios teóricos e metodológicos e o descaso das instituições educacionais públicas. Entretanto, subjetivamente, indicia-se que o principal problema no processo de ensino e aprendizado nesta temática relaciona-se aos preconceitos sociais adquiridos historicamente sobre a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Urge a desconstrução e eliminação de alguns elementos básicos das ideologias racistas brasileiras. Nome: Francione Oliveira Carvalho E-mail: francionecarvalho@ig.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: As imagens da cultura negra na escola e a prática docente: uma questão de identidade A partir da discussão multiculturalista do filósofo Charles Taylor sobre a questão da identidade, essa pesquisa investiga como as ações humanas e os posicionamentos morais dos professores interferem na abordagem que fazem do negro no cotidiano escolar. Concentra-se na análise das imagens e dos temas afro-brasileiros utilizados pelos professores de História, Arte e Língua Portuguesa da cidade de São Paulo e região metropolitana. A percepção que os professores possuem deles mesmos depende de estruturas cognitivas, afinidades comuns e outras qualificações inscritas num cenário que surge das interações com os diversos grupos sociais. É justamente essa percepção que faz com que diferentes professores façam diferentes tipos de seleção no interior da cultura e comprova que o modo pelo qual a informação é selecionada está ligado às crenças e valores que orientam suas vidas. Nome: Gizelda Costa da Silva Simonini E-mail: gizeldasimonini@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: O Ensino da História da África: formação e atuação docente O trabalho tem como principal objetivo investigar como os professores de história resgatam a história da África no ensino e como se dá á formação dos profissionais da área de história para trabalhar o assunto, principalmente depois da ampla discussão provocada pela aprovação da lei que obriga seu ensino na educação básica. Esse estudo visa também à formação continuada dos professores de História. A metodologia tem como base a História Oral para o resgate das experiências de professores de história, para tanto entrevistarei profissionais que atuam ou atuaram no ensino fundamental e médio. Serão entrevistados professores negros e brancos para resgatar as vivências culturais, sociais, as influências e o significado de ser professor, além da sua contribuição para o resgate da história dos africanos no passado e sua importância hoje, visando à valorização e a luta contra o preconceito existente no país. Serão entrevistados cinco professores, sendo eles das redes municipal, estadual, federal e particular de ensino. O critério de seleção dos professores inclui também uma experiência superior a dez anos, assim como atuação em movimentos sociais e em pesquisa. Uma questão importante para compreensão do tema é perceber a atuação desses profissionais antes e depois da Lei 10.639/2003. Nome: Ivaldo Marciano de França Lima E-mail: ivaldomarciano@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: História e memória nos maracatus-nação do Recife: a performance de Luiz de França, mestre do Maracatu-nação Leão Coroado entre os anos de 1970 a 1997 Luiz de França foi maracatuzeiro e bastante ativo entre os anos de 1950 até sua morte, em 1997. Articulava o maracatu Nação Leão Coroado, um dos mais antigos maracatus-nação ainda em funcionamento no Recife, Pernambuco. Nos anos 1960 preconizava-se o desaparecimento desta manifestação cultural e vários folcloristas fizeram campanhas para “salvar” os maracatus. Neste contexto, e em momentos de extrema dificuldade, Luiz de França buscava apoio junto aos intelectuais (principalmente os folcloristas) e jornalistas, ora afirmando que as tradições estavam morrendo (e com elas o seu maracatu), ora mostrando que a sociedade de um modo geral não poderia deixar de apoiar o seu grupo, e que não era correto tratá-lo da mesma forma que os demais maracatus, visto que estes não dispunham da “autenticidade” e “tradição” tal qual o Leão Coroado. Luiz de França sabia o que setores expressivos da sociedade desejavam ouvir. Este trabalho tem como objetivo discutir e analisar algumas das estratégias utilizadas por Luiz de França na sociedade pernambucana dos

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anos 1970, sobretudo a encenação da decadência dos maracatus-nação, da perda da tradição.

verdianos, que se organizaram na Associação dos Naturais E Amigos de Angola.

Nome: Jacqueline Wildi Lins E-mail: jwlins@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Uma trajetória em narrativas: vida e obra em Valda Costa Este texto aborda a vida e a obra da artista florianopolitana Valda Costa. Trata-se de uma artista afro-descendente, de origem pobre, moradora do Morro do Mocotó, um bairro de baixa renda, freqüentadora dos ambientes culturais locais da época, que, entre os anos 1970 e 1980, alcançou a condição de pintora com grande aceitação no mercado local de artes plásticas. Faleceu em 1993, aos 42 anos de idade, pobre e esquecida. Mergulhar na produção plástica dessa artista permitiu tecer considerações sobre as subjetividades que ficaram registradas na sua obra como expressão e veículo da sua experiência no mundo, ou seja, como manifestação material dos seus dilemas, seus medos, suas angústias e sua esperança. Dessa forma, a obra de Valda Costa pode ser entendida como o seu espaço íntimo por meio do qual a artista se relacionou com o mundo social que a circundava, ou seja, o espaço onde e a partir de onde Valda se defrontou com o seu destino num jogo complexo de interações entre individualidade, máscara social e recursos retóricos. Para compreender as singularidades de Valda Costa em função da sua produção, busquei referências conceituais no campo da Teoria da Imagem e da História para auxiliar na descoberta de algumas chaves de “leitura” para a obra analisada.

Nome: José Dércio Braúna E-mail: jdbrauna@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: A história em transe: questões pós-coloniais moçambicanas na obra de Mia Couto Partindo das relações entre História e Literatura, o trabalho em desenvolvimento busca “ler” as tramas que a obra do moçambicano Mia Couto tece com a história pós-independência de seu país. Busca-se perceber e problematizar as questões trabalhadas em sua obra, como: os rumos do país na pós-independência sob a orientação da Frelimo-Frente de Libertação de Moçambique; as relações entre “tradição” e “modernidade” (suas conceitualizações), entre o universo da escrita e da oralidade; entre as diferentes racionalidades para explicação e ordenação do mundo; entre crenças locais e religiões instituídas; entre o Estado e ONGs, entre outras muitas questões. Todas elas “lidas” em diálogo com as questões postas pelas teorias pós-coloniais, as quais se debruçam sobre as sociedades híbridas que o fim do colonialismo em África deixou atrás de si. Também para pensar todas as questões pós-coloniais moçambicanas, lidaremos com os discursos e prática da Lusofonia, dentro do qual a obra miacoutiana ganha visibilidade e publicização, notadamente em Portugal. Propõe-se, para dar corpo a esse trabalho, o estudo de seus romances “O outro pé da sereia”, “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra” e “O último vôo do flamingo”.

Nome: Joanice de Souza Vigorito E-mail: jovigorito@globo.com Instituição: Centro Universitário Geraldo Di Biase Título: Candomblé: A Identidade Africana, o Axé, no Objeto Sagrado, no Corpo Imaginário O presente trabalho consiste no esforço de conectar a origem africana do negro no Brasil, através da produção da cultura material do Candomblé como representante da religião de matriz africana, com base na tradição ancestral, perpetuada nas manifestações rituais e na história oral de um povo impelido a reconstruir sua identidade numa nova realidade, num novo continente. Considerada igualmente importante às manifestações de resistência a dominação advinda de uma ideologia estranha a cosmogonia africana, como o catolicismo, gerada no seio da sociedade brasileira desde o início do sistema escravista e tão claramente expressa no período de 1967-1983, na Baixada Fluminense/RJ. Nome: Joceneide Cunha dos Santos E-mail: jocunha@infonet.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Alguns apontamentos das vivências dos africanos nas terras sergipanas (1790-1850) Nos últimos anos as vivências dos africanos e suas identidades têm despertado as atenções dos historiadores. No entanto, os trabalhos que abordam os africanos em Sergipe apenas citam os mesmos. Este trabalho tem como objetivo analisar alguns dados coletados sobre os africanos em Sergipe no interstício de 1790 a 1850. Optei por trabalhar com três localidades, Santo Amaro, São Cristóvão e Lagarto. Vilas essas que possuíam características econômicas distintas, a primeira fica localizada na zona da Mata e produzia açúcar, a segunda era a capital da Província, e tinha uma produção diversificada, por fim, a terceira está localizada na zona de agreste e produzia produtos voltados para o mercado interno. As fontes históricas utilizadas foram os registros eclesiásticos e os inventários post-mortem, essas fontes foram quantificadas e os dados cruzados. A pesquisa está em andamento, no entanto, os dados coletados já permitem perceber que havia variações nas concentrações de africanos de Vila para Vila. Segundo que havia uma diversidade maior de nações africanas em algumas vilas. Terceiro, que os africanos de nação angola são majoritários nos dados coletados. Por fim, os africanos eram uma parte significativa da escravaria nas terras sergipanas. Nome: José Bento Rosa da Silva E-mail: bentons@zaz.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Título: Africanos na Foz do Itajaí (SC) nos séculos XIX e XX O trabalho investiga a presença de africanos na região da Foz do Itajaí, litoral norte do Estado de Santa Catarina, nos século XIX e XX. No século XIX na condição de escravos, conforme diversas fontes históricas. No século XX, na condição de refugiados, sobretudo, angolanos e cabo-

Nome: Júlio César da Rosa E-mail: cesarosa_2@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: União Operária: Resistência e manifestação cultural negra em Criciúma na década de 30 Esta pesquisa foi realizada com o intuito de investigar quais os motivos que levaram a população de origem africana de Criciúma a construir um espaço de socialização e lazer, no contexto histórico de 1937. Para tanto, num primeiro momento, faremos uma breve reflexão acerca do mito da democracia racial e sobre as diferentes formas de resistência engendradas pelos negros no Brasil, antes e depois da abolição dos escravos. Num segundo momento, discutiremos a fundação do Clube Recreativo União Operária enquanto espaço singular da resistência dos afro-descendentes em Santa Catarina, de luta contra o preconceito, o racismo e a discriminação. Num terceiro e último momento, abordaremos os fazeres quotidianos daqueles que foram integrantes do Clube, de forma a apresentar as estratégias que utilizaram para a manifestação de seus referenciais culturais, mas, além disso, de inclusão social. Nome: Juvenal de Carvalho Conceição E-mail: juvenalc@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Anotações sobre as guerras de independência de Angola O objetivo deste texto é caracterizar o processo de independência de Angola. Usando a imprensa brasileira como fonte básica, destaca o desenvolvimento da luta armada em suas várias fases, a presença estrangeira, sobre a influência da guerra fria e as implicações regionais do conflito. Identifico quatro fases: a) A guerra de libertação contra Portugal desenvolvida entre 1961 e 1974; b) Os conflitos armados entre as três organizações (MPLA, FLNA e UNITA) durante o governo de transição de janeiro até outubro de 1975; c) A guerra civil e a invasão sul-africana iniciada com a ofensiva conjunta de 21 de outubro de 75; d) A última fase iniciada com a vitória do MPLA na guerra civil e com a conseqüente passagem da FLNA e da UNITA para a luta guerrilheira contra o governo de Luanda. Observo também as relações entre os movimentos de libertação e as várias nações existentes no território angolano; as relações dos movimentos angolanos com organizações similares nas outras colônias Portuguesas; o significado de 25 de Abril; as divergências entre os movimentos de libertação e os interesses econômicos que Angola despertava como elemento chave para compreensão da guerra prolongada vivida pelos angolanos. Nome: Laiana Lannes de Oliveira E-mail: lannes.laiana@gmail.com Instituição: Fundação Osório Título: “Entre a Miscigenação e a Multirracialização: Brasileiros Negros ou Negros Brasieiros?” Os desafios do movimento negro no período de valorização nacionalista

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75 O trabalho propõe analisar as estratégias, discursos e práticas do movimento negro brasileiro entre 1930 e 1950. Através da análise das duas principais instituições desse período – Frente Negra Brasileira e Teatro Experimental do Negro – a pesquisa procura compreender as tensões e os desafios enfrentados por uma liderança que buscava conciliar a valorização racial com o projeto de homogeneidade nacionalista, característico do período em questão. Os periódicos oficiais – A Voz da Raça e Quilombo -, assim como as memórias e a produção acadêmica dos principais atores envolvidos nesse processo, representam os instrumentos que nos auxiliam na compreensão das soluções encontradas por aqueles que, assumiram a luta contra o preconceito e em prol da elevação moral e material do negro, em uma conjuntura de consolidação da ideologia da democracia racial. Nome: Leonam Maxney Carvalho E-mail: leonamcarvalho@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais Título: Processos Criminais como fontes históricas para o estudo das relações escravistas em Minas Gerais no século XIX Analisando processos criminais do Fórum da Cidade de Oliveira, em Minas Gerais, investigamos algumas possibilidades que estas fontes podem nos fornecer, quando buscamos dados sobre as sociabilidades dos escravos dessa região, no século XIX. A partir do estudo de processos de homicídio de escravos contra senhores, reconstruímos a história narrada sobre os réus. Buscamos uma interpretação dos modos com que estes escravos atuaram dentro destas fontes, partindo do pressuposto de que os processos criminais são fontes especiais para este tipo de análise. Também foram utilizados inventários e testamentos de indivíduos ligados aos mesmos réus, articulando-se um diálogo entre o perfil social de cada réu e os modos como os representantes da justiça apreenderam suas posturas. Logo, debatemos algumas possibilidades de análise dos comportamentos e das sociabilidades de africanos e crioulos no interior de Minas Gerais. Nosso objetivo é contribuir para o entendimento das relações sócio-culturais entre escravos, sociedade e justiça no interior de Minas Gerais, no período provincial brasileiro, tendo como base a compreensão da complexidade do processo criminal como fonte. Nome: Luiz Fernandes de Oliveira E-mail: axeluiz@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Título: História e Cultura afro-brasileira nos Currículos de História da FAETEC O texto vai analisar uma experiência institucional: o Núcleo de Estudos Étnico-Raciais e Ações Afirmativas / NEERA da Fundação de Apoio às Escolas Técnicas do Rio de Janeiro - FAETEC. A partir de uma perspectiva teórica questionadora do eurocentrismo, localizamos a produção do grupo “Modernidade/Colonialidade”, formado por intelectuais de diferentes procedências e inserções, que busca construir um projeto epistemológico, ético e político a partir de uma crítica à modernidade ocidental em seus postulados históricos, sociológicos e filosóficos. Nesta perspectiva, o NEERA, os sujeitos envolvidos e os desafios teóricos e políticos, implicados ao mesmo tempo em conflitos político-pedagógicos e de produção de conhecimentos, estão se constituindo como uma experiência que está refletindo um esforço coletivo e institucional de produção e elaboração de novos saberes históricos, novos olhares e uma nova perspectiva didática e política no âmbito do ensino de história e das relações raciais na educação básica. Nome: Luiz Gustavo Freitas Rossi E-mail: lgusfrossi@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: Édison Carneiro e os estudos das relações raciais no Brasil (19301950) A proposta tem como objetivo apresentar alguns dos resultados parciais de minha pesquisa de doutorado em curso, a qual trata da trajetória e da produção intelectual de Édison Carneiro (1912-1972). O foco da apresentação recai na recuperação de uma série de expedientes biográficos através dos quais se busca entender as posições intelectuais e políticas de Carneiro no interior dos estudos das relações raciais e dos movimentos políticos sobre os direitos dos negros, notadamente entre os anos de 1930 e 1950. Trata-se, neste sentido, de mostrar: de um lado, a forma como sua militância comunista evidencia as distintas estratégias de intervenções científicas e políticas de que “o negro” estava sendo objeto a partir da década de 1930 e, por outro lado, como sua própria negritude coloca uma série de questões para se pensar as relações entre intelectuais/

movimento negro e raça e política, tendo em vista o envolvimento de Carneiro com o Teatro Experimental do Negro na virada das décadas de 1940 e 50. Nome: Manuel Jauará E-mail: keba@ufsj.edu.br Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei Título: O Poder Tradicional se Fortalece no Processo de Transição Democrático. Será o modelo de democracia em África – Caso África Lusófona O objetivo desta comunicação é ampliar o debate sobre as estruturas e dinâmicas do funcionamento das instituições estatais africanas. Evitando a simplificação dos estudos que apontam para a existência de sociedade sem Estado ou com estado, onde, contudo prevalece uma contumaz anarquia institucional. Nesta comunicação, procurarei discutir a composição do poder e seu exercício na África profunda (na feliz expressão do Fabio leite, 1984), antes da chegada dos europeus, no atual espaço geográfico lusófono e o processo de transição das estruturas do poder negro-africano para o poder dito “moderno” (colonial e pós-colonial). Tentarei sublinhar os instrumentos do poder e seus usos. A nossa tese parte do pressuposto que asseguram que todas as organizações sociais, entre as quais, o Estado enquanto uma instituição social construída, para garantir coesão social e integridade da comunidade. Realiza objetivo de assegurar harmonia social, através dos governantes eleitos ou indicados fazendo usos de recursos, tais como: exercício do poder, via monopólio legal do instrumento da violência, via influencia, enquanto processo. se Fortalece no Processo de Transição Democrático. Nome: Maria Caroline de Figueiredo Veloso E-mail: carolveloso@msn.com Instituição: Universidade de Brasília Título:Protagonistas da história: negras em destaque na historiografia brasileira atual Partindo de artigos de historiadoras e historiadores veiculados na Revista Nossa História, teço uma discussão sobre as representações de algumas mulheres negras, atrizes sociais em diferentes tempos e espaços na sociedade brasileira. Nome: Maria Luzinete Dantas Lima E-mail: luzinetedantas@uol.com.br Instituição: Universidade Potiguar Título: Lei 10.639/03: Obrigatoriedade do Ensino de História da África e afro-brasileira na Educação Básica: Experiência através de projetos interdisciplinares em escola da zona rural de Macaíba/RN A Lei 10.639/03 estabelece a obrigatoriedade do Ensino de História da África e dos africanos no Brasil, como forma de corrigir a ausência desses conteúdos no cotidiano de sala de aula e a pouca profundidade com que tais assuntos sempre foram tratados nos livros didáticos. A presente exposição tem como objetivo comprovar a ausência e/ou superficialidade do trabalho dessas temáticas e a existência de preconceito e discriminação, bem como as causas e conseqüências de tais atitudes. A pesquisa foi realizada no Centro Educacional Rural Alfredo Mesquita Filho, escola pública municipal localizada na comunidade rural de Traíras, município de Macaíba RN. Seriam o preconceito e a discriminação racial entre alunos frutos da sociedade a que pertencem? A abordagem histórica da África e dos afro-brasileiros nos livros didáticos está se adequando à nova lei ou continua contribuindo para perpetuação de estereótipos? Como trabalhar o respeito pelo outro e a conscientização das diferenças? E, principalmente, como fazer valer a Lei 10.639/03? Seria a aplicação dessa lei responsabilidade única e exclusiva dos professores? São para essas questões que buscamos respostas. Nome: Marionilde Dias Brepohl de Magalhaes E-mail: mbrepohl@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: Imperialismo alemão na África A conquista de colônias na África por parte da Alemanha se deu de forma tardia e sem a anuência, em princípio, dos poderes oficias. Isso não impediu que associações privadas ocupassem um enorme território, administrado de acordo com os interesses de empresários ligados à propaganda em favor da ampliação do espaço vital. Esta ocupação ocorreu entre 1890 até 1917, quando, em virtude da derrota alemã na Primeira Guerra, suas colônias passaram a ser administradas por outras potências imperialistas.

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Conquanto efêmera e de pequeno impacto na economia alemã, a política colonial deste país foi de decisiva importância como um laboratório para o formulação de doutrinas racistas, tanto quanto para a prática da tortura e do genocídio. Sabe-se que estas práticas também foram adotadas por outras potências que ocuparam o continente africano, em nome da superioridade européia. Mas no caso alemão, tais experiências serviram para formar um razoável número de indivíduos que se filiariam as entidades nazistas, incluindo aí aqueles que apoiaram o genocídio no interior da Europa. Apresentar os principais aspectos do imperialismo alemão na África, suas diferenças em relação aos demais e estabelecer as conexões entre este contexto e o nacional socialismo é o objetivo da minha comunicação. Nome: Marluce de Lima Macedo E-mail: marlucemacedo@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: Intelectuais Negros e memória: Tradição e insurgência A memória enquanto uma dimensão produtora da história, também é produzida por esta, na medida em que os seus personagens são os próprios sujeitos históricos, que lhe dá vida e constroem significados para a mesma. A história emerge dos “seus” sujeitos: em experiências, discursos e perspectivas. Toda memória-história é produzida a partir dessa “localização”, o que permite afirmar a existência de diferentes histórias e memórias. Os grupos e os indivíduos produzem memórias e conhecimentos por meio dos significados e pelas representações que dão sentido às suas experiências e àquilo que são. Os discursos e os sistemas de representação sobre a memória constroem os lugares a partir dos quais os indivíduos se posicionam e falam. Partindo desse pressuposto, essa reflexão debruçarse-á sobre memória, tradição e insurgência na produção literária de “intelectuais negros” - oriundos de grupos não hegemônicos, ou seja, grupos que não detiveram historicamente o poder central – num exercício que busca pensar uma (re)configuração dos quadros da memória, afirmando outros campos de produção de conhecimentos criados e protagonizados por esses grupos; saberes e experiências negados ou/e invisibilizados pelos grupos hegemônicos. Nome: Martha Rosa Figueira Queiroz E-mail: marthafigueira@hotmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Imprensa Negra: Recife, 1980 a 1997 Este trabalho objetiva mapear a imprensa negra no Recife a partir dos anos de 1980, considerados como os que deram eco à comunidade negra. Tendo como referência teórica os princípios da História Cultural, a imprensa negra será concebida como prática discursiva, sendo suas páginas reveladoras de processos tecidos pela militância negra, primordiais à construção de significados, percepções e representações. Almejamos, assim, contribuir com pesquisas sobre os jornais negros no nordeste do país. O trabalho analisará cinco jornais publicados entre 1981 e 1997. São jornais com distintos formatos, representando diferentes tendências e tendo diferentes objetivos de atuação: Angola, do Centro de Cultura Afro-Brasileira; Negritude, do Movimento Negro Unificado/MNU-PE; Omnira, do Grupo de Mulheres do MNU-PE; Negração, do Afoxé Alafin Oyó e Djumbay, da Djumbay. Nossa intenção é olhar esses periódicos como um caleidoscópio que nos auxilie no exercício de registrar a atuação do Movimento Negro na cidade do Recife no citado período, buscando perceber linhas de atuações, temáticas, atividades, alianças, dificuldades, posicionamentos frente às conjunturas nacional e internacional e, principalmente, as táticas empreendidas pela comunidade negra recifense no enfrentamento ao racismo. Nome: Michelle Maria Stakonski E-mail: miimss@gmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Sínodo e Mesa, sino e batuque: Discursos dos sínodos diocesanos e as tensões religiosas na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos de Florianópolis (1910-1930) O presente trabalho busca observar algumas tensões das teias de relações forjadas no interior da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos no período de 1910 a 1930, época em que Igreja Católica passava por uma reforma estrutural, que a transformaria em uma das principais instituições disciplinares da Primeira República. Esta pesquisa pretende colaborar para a compreensão de alguns aspectos das práticas culturais e associativas das populações de origem africana, contribuindo, deste modo, para dar visibilidade às experiências de africanos e seus descendentes catarinenses no que tange as resistências e táticas

de sobrevivência da cultura religiosa destas populações no seio de uma instituição religiosa católica e leiga em meio ao cenário da pós-abolição na Florianópolis republicana. A capital catarinense reverberava anseios de modernidade nas mais variadas esferas da vida dos sujeitos, inclusive na religiosa, personificada pela ação normatizadora da Romanização do catolicismo e nas estratégias de perseguição da instituição-símbolo do modo de vivência religiosa (híbrida) da sociedade em moldes coloniais: As irmandades leigas. Nome: Núbia Challine de O. Coelho E-mail: nubiachalline.o.c@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: Diversidade cultural e educação no contexto da lei 10.639/2003: as contribuições do ensino de História A História do Brasil foi marcada, por séculos, pela idéia de harmonia entre os diversos indivíduos que compunham nossa sociedade. Contudo, como demonstrado por diversos estudos e indicadores sociais, a discriminação e o preconceito marcam o cotidiano dos brasileiros e, de forma acentuada, os afro-brasileiros. A situação de discriminação e preconceito, associada à vontade de sustentar a imagem de uma sociedade isenta de conflitos, fez com que a desigualdade alcançasse índices alarmantes, inclusive no que diz respeito à educação e aos afro-descendentes. Dentro desse contexto, a lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas brasileiras, nos convida a uma reflexão sobre o papel sócio-político que compete à escola, e, de forma particular, ao ensino de História, num contexto marcado pela afirmação de uma sociedade plural e complexa. O multiculturalismo, o pluralismo, a mestiçagem, as relações raciais, e toda a problemática social aparecem, assim, como estímulos tanto para questionamentos e críticas quanto para a adoção de políticas públicas e práticas pedagógicas que procurem diminuir as desigualdades e proporcionar a todos os brasileiros a oportunidade de se reconhecerem como cidadãos. Nome: Petronio Jose Domingues E-mail: pjdomingues@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: Os clubes e bailes blacks de São Paulo na pós-abolição: algumas notas de pesquisa A proposta desta comunicação é abordar a história dos clubes e bailes blacks em São Paulo nas primeiras décadas do século XX. Entre outros aspectos, serão discutidos a organização e o perfil destes clubes e bailes, sua clientela, dinâmica de funcionamento e as razões pelas quais eles faziam sucesso no seio de uma parcela da comunidade afro-paulistana. Nome: Raphael Rodrigues Vieira Filho E-mail: raphafilho@gmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: Populações negras e indígenas no sertão das jacobinas séculos XVIII e XIX: é possível encontrá-las em documentos oficiais? O presente trabalho tem como objetivo localizar as populações negras e indígenas do sertão baiano em documentos de fácil acesso produzidos pela administração colonial. A historiografia sobre o sertão baiano foi produzida basicamente por memorialistas e têm como uma das principais características, atribuírem a um ancestral das famílias poderosas locais a descoberta, ou “achamento”, do local onde foi instalado o núcleo urbano central da região. Uma outra característica é a total omissão com relação às populações indígenas e negras. Esses fatos são atribuídos à falta de documentação primária falando especificamente dessas populações submetidas, compensada pela farta documentação produzida sobre a administração colonial e logicamente as pessoas que exerciam esse poder localmente. Este trabalho visa mostrar que mesmo analisando documentos de acesso relativamente fácil, pois foram publicados, em diversos periódicos e até em conjuntos de CDROM e encontram-se disponíveis em diversas bibliotecas, é possível encontrar e dar visibilidade a esses grupos populacionais e até mesmo saber um pouco dos contatos entre eles e entre os europeus. Foram encontradas informações suficientes para dar visibilidade as populações negras e indígenas no sertão das Jacobinas. Nome: Renata de Lima Silva E-mail: renatazabele@gmail.com Instituição: Universidade estadual de Campinas Título:Cultura Afro-brasileira e Dança Brasileira Contemporânea Considerando a pluralidade cultural brasileira há de se considerar que a

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75 Dança Brasileira Contemporânea pode acontecer a partir de diferentes motivações, não podendo se esperar da linguagem em questão uma única forma ou mesmo padrão, mas um princípio fundamental, a saber, a busca de motivos da cultura popular para expressão e significação corporal. É neste contexto que a cultura afro-brasileira apresenta-se como um valioso reservatório de simbologias e recursos técnicos. Esses por sua vez, podem ser transpostos para a dança contemporânea, valorando traços dessa identidade cultural, já que parte significativa das corporeidades presentes nas manifestações dançadas da tradição brasileira tem matriz africana. Partindo desses pressupostos, o presente artigo pretende apresentar uma reflexão sobre a cultura afro-brasileira na dança contemporânea, trazendo a baila alguns de seus aspectos históricos. Nome: Solange Pereira da Rocha E-mail: banto14@hotmail.com Instituição: Universidade Federal da Paraíba Título: A hora da partilha: fragmentação familiar e manutenção de vínculos parentais de mulheres escravas com sua prole no litoral da Paraíba Imperial O presente trabalho apresenta alguns resultados de uma tese de doutorado, na qual investiguei o parentesco – consangüíneo e espiritual – da população negra, escrava, liberta e livre, da Paraíba Imperial. Nesta comunicação, procuro destacar algumas histórias de mães escravas tanto das que, no momento da divisão de heranças de importantes proprietários de engenhos de açúcar localizados na várzea da Paraíba, foram separadas de seus filhos e de suas filhas quanto das que conseguiram manter a convivência com suas crianças, a partir da compra de alforria, evidenciando algumas das estratégias de mulheres escravas para manter o vínculo consangüíneo com os seus filhos/as. Para o desenvolvimento da pesquisa, inserida na perspectiva da história social da escravidão, inúmeros documentos – testamentos, inventários e registro de batismo – foram analisados, utilizando variadas metodologias como demografia, ligação nominativa e micro-história, possibilitando, assim, a recuperação da experiência escrava na Paraíba, na qual busquei apreender a lógica e a autonomia escrava, mesmo que relativa, nas suas ações cotidianas. Nome: Taiane Dantas Martins E-mail: taiuibai@bol.com.br Instituição: Universidade do Estado da Bahia Título: Vida dos escravos no sertão baiano: gênero, idade, etnia e quantitativo de escravos por propriedade em Xique-Xique (1832-1888) Este artigo faz parte de um projeto de mestrado em execução que busca analisar aspectos da vida dos escravos e escravas no Sertão Baiano, município de Xique-Xique, sito às margens do rio São Francisco, levantando aspectos do seu cotidiano, das relações estabelecidas pelos escravos entre si, com os senhores e com outros livres e libertos, estratégias de sobrevivência material e cultural utilizadas por estes e relações de trabalho estabelecidas em um recorte temporal compreendido em 1832 e 1888, através de inventários, testamentos, processos-crime e cíveis, registros de nascimento, casamento, óbito e batismo, correspondências de juízes, párocos, câmara municipal e delegados. Será abordado no presente artigo, com a utilização de cerca de 140 inventários o gênero, a idade, a etnia e o quantitativo de escravos por propriedade considerando três períodos: 1832-1850 (emancipação local até Lei de Abolição do Trafico); 1851-1872 (desta até a Lei do Ventre Livre) e 1872-1888 (desta até a Abolição), buscando detectar permanências e mudanças nestes aspectos da vida dos escravos no sertão de Xique-Xique. Dentro dessa análise há aspectos que chamam atenção como o grande quantitativo de crianças e jovens e de nascidos no Brasil, bem como a variedade de atividades desenvolvidas por estes.

estado do Ceará. Para tanto, utilizar-se-á da metodologia da historia oral, buscando captar memórias de mulheres, dando especial atenção às suas histórias de vida no que concerne a inserção na profissão, as relações conjugais e de parentesco, a processos de reconstrução de identidades e formas de resistência e empoderamento por elas desenvolvidas. Acreditase que este será o meio mais eficaz para captar a realidade desde o contexto vivido pelas rabidantes em todas suas dimensões. Assim, pretende-se fazer uma abordagem interdisciplinar, dialogando com algumas disciplinas das ciências humanas, em especial a antropologia, a sociologia e a história. Nome: Viviane de Oliveira Barbosa E-mail: vivioliba@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Gênero, Identidades e Mobilização na África do Sul Discriminadas e excluídas por suas condições de gênero, étnico-raciais e seus múltiplos pertencimentos, mulheres rurais, em diversos lugares do mundo, têm se organizado em movimentos sociais, a exemplo do Rural Women’s Movement (RWM), em KwaZulu-Natal, na África do Sul. A presente proposta pretende analisar as condições sócio-históricas que possibilitaram a constituição do RWM, abordando relações de gênero, questão agrária e ambiental, construções identitárias, mecanismos de exclusão e de organização social, particularmente entre 1970 e 2003. O RWM foi gestado em fins dos anos 80, através da mobilização de mulheres que perderam suas terras “ancestrais” por ocasião do apartheid (1948-1994). Reivindicações pelo acesso a terra e por políticas voltadas para o uso sustentável de recursos naturais constituíram as principais características da mobilização. Nas décadas de 70 e 80, houve levantes generalizados contra o apartheid por toda a África do Sul, e a partir dessas reivindicações e em contato com lutas sociais mais específicas, foi organizado o RWM, um movimento de trabalhadoras rurais que reunia em sua pauta questões como eqüidade de gênero, melhoria nas condições habitacionais, políticas de saúde e educação e discussões em torno do trabalho infantil e do bem estar social. Nome: Willian Robson Soares Lucindo E-mail: wrsl0202@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: O Centro Cívico Palmares e a educação em associações combativas Este trabalho tem o objetivo de divulgar e apresentar as propostas de utilização das reflexões dos estudos culturais, que serão utilizadas em parte da pesquisa de mestrado Escolarização de Cidadãos/ãs de Cor: Um estudo de propostas educacionais de afro-descendentes (São Paulo/1888-1920). Nesse sentido, apresentaremos modos de refletir sobre a educação em associações combativas da década de 1920 a partir de notícias de jornais, relatórios enviados à Direção Geral da Instrução Pública, estatutos e depoimentos sobre o Centro Cívico Palmares. Até o presente momento este Centro é entendido, aqui, como fruto de um acúmulo de experiências das associações das populações de origem africana no início século XX, que possibilitaram a reconquista dos espaços de visibilidades e buscaram formas de integração e de superação dessas populações na sociedade paulistana, partindo, então, desde o controle de comportamento à política de ajuda mútua.

Nome: Tatiana Reis E-mail: tatianaraquel.reis@gmail.com Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Relações de gênero em África: as rabidantes e o comércio informal em Cabo Verde Este trabalho visa analisar a relação entre dinâmicas de gênero, processos de reconstrução de identidades e comércio transatlântico, tendo como ponto de partida as experiências de mulheres negociantes do setor informal, no Mercado de Sucupira, localizado na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Essas mulheres, conhecidas como rabidantes, comercializam produtos adquiridos não só em outros países africanos, como também em países europeus e do continente americano, como EUA e Brasil. No caso brasileiro, as mercadorias se originam principalmente de Fortaleza, no

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76. HistĂłria no cinema/ HistĂłria do cinema Sheila Schvarzman – Universidade Anhembi Morumbi (sheilas@uol.com.br) Rosana Catelli – UESC (ecatelli@uol.com.br) (VVH 6LPSyVLR SURFXUD GDU SURVVHJXLPHQWR DR WUDEDOKR LQLFLDGR H SXEOLFDGR HP KWWS PQHPRFLQH FRP EU FLQHPD KLVWLQGH[ KWP $ SURSRVWD p GLVFXWLU DV GLYHUVDV DERUGDJHQV VREUH D UHODomR HQWUH D +LVWyULD H R &LQHPD FRP RV SHVTXLVDGRUHV TXH WrP VH RFXSDGR GD DWLYLGDGH FLQHPDWRJUiĂ€FD D SDUWLU GD DQiOLVH GH VXDV SUiWLFDV ² GHQWUR H IRUD GD WHOD (QWUH DV YiULDV DSUR[LPDo}HV SRVVtYHLV HP torno dessa relação, destacamos primeiramente as pesquisas sobre a HistĂłria do Cinema, no Brasil H QR PXQGR $ SHVTXLVD KLVWRULRJUiĂ€FD VREUH FLQHPD WHP LGR DOpP GH KLVWRULDU IRUPDV H WpFQLFDV RX a trajetĂłria de artistas, temĂĄticas ou gĂŞneros. Tem compreendido os vĂĄrios nĂ­veis da produção, circulação e fruição das imagens. Pensamos ainda a relação Cinema e HistĂłria pelos cenĂĄrios sociais e culturais gerados a partir de uma ampla circulação de imagens nas cidades desde inĂ­cio do sĂŠculo XX. 2 TXH VLJQLĂ€FD FRQVLGHUDU R FLQHPD FRPR SUiWLFD VRFLDO FRPR KLVWyULD FXOWXUDO RX FRPR HYHQWR FXOWXUDO Nesse sentido, incluĂ­mos os estudos de cinema que o vĂŞem como uma experiĂŞncia estĂŠtica da modernidade, uma nova cultura visual e uma determinada visĂŁo a respeito da tĂŠcnica, do entretenimento, da educação, entre outras questĂľes. Concebendo o cinema como parte de um complexo cultural a UHĂ H[mR VREUH VXD SURGXomR H UHFHSomR QRV UHPHWH D SHQVDU DV FRQYHUJrQFLDV FRP D PtGLD LPSUHVVD com o rĂĄdio, com a televisĂŁo e mais recentemente com a Internet. Pensamos tambĂŠm nos estudos VREUH DV P~OWLSODV HQFHQDo}HV GD +LVWyULD UHDOL]DGDV SHOR &LQHPD 7UDWD VH GH UHĂ HWLU FRPR QXP GDGR FRQWH[WR KLVWyULFR R FLQHPD UHFRQVWUyL XPD UHDOLGDGH 7DQWR SHOD Ă€FomR FRPR SHOR GRFXPHQWiULR D realidade persistentemente foi representada pelo cinema. Esse fato nos coloca diante de uma sĂŠrie de TXHVW}HV SDUD UHĂ H[mR UHODFLRQDGDV DR FRQFHLWR GH UHSUHVHQWDomR D UHODomR VXMHLWR REMHWR FRQYHQomR LQYHQomR Ă€FomR UHDOLGDGH

Resumos das comunicaçþes Nome: Alexandre Busko Valim E-mail: alexandrebvalim@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: A Guerra Cultural Americana: Desenhos animados, propaganda e integração continental durante a II Guerra Mundial Meu objetivo Ê examinar os desenhos animados fabricados nos Estados Unidos e Canadå e que foram disseminados nos Estados Unidos, Canadå e Brasil durante a II Guerra Mundial. O impacto social desses produtos serå discutido, assim como as relaçþes entre propaganda, psicologia, política e cultura na formação da opinião pública nos EUA, Canadå e Brasil. A investigação da disseminação dessas produçþes contribui para elucidar quais, como e onde as representaçþes dos aliados e dos inimigos foram mais incisivas, em uma espÊcie de arena político-cultural, em que Brasil, Canadå e EUA foram atores de destaque. Pretendo assim, contribuir para o debate acerca das ansiedades e expectativas das pessoas que tiveram acesso a esses produtos, assim como os dos seus líderes. Os progressos nas tÊcnicas utilizadas na produção de desenhos animados, bem como no campo da propaganda e na formação de consenso são ainda mais significantes se considerarmos que a II Guerra Mundial foi um imenso laboratório em que muitas tÊcnicas posteriormente utilizadas durante a Guerra Fria, foram criadas ou aperfeiçoadas. Por fim, essas produçþes tambÊm evidenciam o impacto de novas tecnologias e um novo entendimento sobre o lugar do Cinema na propaganda, política, arte e sociedade. Nome: Alexandre Sardå Vieira E-mail: alesarda@hotmail.com Instituição: Centro Federal de Educação Tecnológica Título: Sessão das Moças: cinema e educação. Florianópolis: 19431962 De 1943 a 1962, figurava no calendårio de lazer florianopolitano a Sessão das Moças. Nas tardes de terça-feira, jovens da cidade sentavam-se às poltronas do Cine Ritz para assistir aos dramas e comÊdias românticas, ao mesmo tempo em que teciam redes de sociabilidades. Nessas sessþes, as espectadoras estavam expostas aos modelos de comportamento comuns a maioria dos filmes exibidos e à aura mítica estabelecida pelo star sys-

tem. Assim, a própria sessão se estabelecia como um espaço pedagógico em que modelos de família, amor romântico, casamento, moda, trabalho e comportamentos femininos e masculinos eram expostos repetidamente nos filmes exibidos. Pensar em uma pedagogia cinematogråfica implica em perceber como determinados padrþes repetiam-se na tela, bem como eram enunciados nos jornais da Êpoca, onde eram publicadas resenhas, sinopses, cartazes e anúncios. A sedução dos participantes fazia parte dessa pråtica cultural, em que os elementos dos filmes eram salientados e a narrativa romântica jå apresentada antecipadamente. Na tela e nos jornais, a sociedade florianopolitana construía um espaço seguro para a proteção dos valores morais desejados. Nome: Aline Campos Paiva Moço E-mail: alinecpaiva@uol.com.br Instituição: PUC-SP Título: Entre a reconstituição histórica e a narrativa fílmica: um estudo sobre o polêmico O Nascimento de uma Nação (1915) As perspectivas iniciais da pesquisa apontam para a abordagem que a história faz do cinema, principalmente nos chamados filmes históricos. por filmes históricos entendo aqueles que procuram adotar o passado como tema, como instrui Cristiane Nova. Como recurso teórico para incluir o cinema como fonte histórica foi imprescindível a leitura de Marc Ferro, Ismail Xavier, Robert Sklar, entre outros. Como objeto da pesquisa adoto o filme O Nascimento de uma Nação, de 1915. Para esmiuçå-lo, busco compreender o filme em seu tempo histórico e o que ele representou para os espectadores e para a ind´pustria cinematogråfics da Êpoca. Meus recusrsos para tel Ê estudar a vida de seu idealizador e toda sua memória pessoal, do autor do livro, Thomas Dixon Jr., que deu origem ao filme, da sociedade norte-americana que frequentava os cinemas no período e como esta sociedade recebeu o filme. No entanto, a maior preocupação e a finalidade deste trabalho Ê entender como um filme pode gerar tanta polêmica mesmo remetendo-se ao passado. Procurarei identificar as particularidades do filme que geraram controvÊrsia no período e posteriormente. O Nascimento de uma Nação trata da Guerra civil de 1861-1864 e coloca os negros em uma posição subalterna e a KKK como a unificadora do país: eis a polêmica. Nome: Alzilene Ferreira da Silva E-mail: lenesferreira@yahoo.com.br

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76 Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Título: A magia do cinema na praça: prática social de cinema na Praça Tomé de Sousa São nos espaços da cidade, moldados a partir dos usos cotidianos que a vida se efetiva, como produto das relações sociais, da acumulação histórica e da tecedura realizada no presente. A praça é vista como exemplo dessa relação, pois consiste em um espaço fértil de possibilidades de convivência urbana. No rastro dessas considerações, surge o presente estudo sobre sociabilidade na Praça Tomé de Sousa, localizada na cidade de Salvador-Ba, tendo como enfoque precípuo a relação especial entre o cinema e a praça, no que diz respeito ao espaço das práticas de exibição da arte cinematográfica. Atualmente no Brasil pululam projetos dessa natureza, que visam a apresentação do cinema à grande parcela da população que não tem acesso às salas convencionais de projeção. Nesse particular o Projeto Cinema na Praça, realizado em Salvador, torna-se a referência empírica desse trabalho. O cinema toca de modo peculiar as pessoas, despertando afetos e isso se reverbera em múltiplas práticas sociais. Para a feitura da pesquisa, afora a revisão bibliográfica, realizou-se observações participantes na Praça, entrevistas semi-estruturadas com cineastas e freqüentadores das sessões de cinema. Também investigação em jornais e revistas impressos e na Internet, além de fontes documentais e iconográficas. Nome: Carlos Adriano Ferreira de Lima E-mail: carlosadriano_@hotmail.com Instituição: UEPB Título: Mas, afinal o que é um filme histórico? Reflexões sobre os gêneros cinematográficos O cinema se firma, cada vez mais, como um dos principais produtores de cultura histórica. Nessa perspectiva, filmes cuja representação do passado são marcados por adereços considerados de “época” são definidos como “filmes históricos”. Nosso objetivo é analisar a construção de um gênero cinematográfico no que diz respeito ao ensino escolarizado de história que, em geral, é tomado equivocadamente como reprodução fidedigna do real. A proposta desse trabalho é discutir esse relação cinema, história e ensino a partir da análise do conceito de gênero cinematográfico. Nome: Carolina Ruiz de Macêdo E-mail: carolruiz1984@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Brasil estrada a dentro: imagens de brasilidade em “Bye Bye Brasil” e “Cinema, Aspirinas e Urubus” Trata sobre a incessante busca da identidade nacional brasileira a partir da análise das representações de Brasil presentes nos filmes “Bye Bye Brasil” (1979), de Carlos Diegues, e “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), de Marcelo Gomes. A análise dos filmes está pautada pela contextualização dos filmes nos períodos histórico-ideológicos em que foram realizados, na observação da estética/técnica para construção dos sentidos, bem como referenciada teoricamente nos estudos identitários , nas discussões acerca da nacionalidade e nas construções identitárias brasileiras. Observa-se como fio condutor o elemento da estrada, presente em ambos os filmes como signo de busca tanto da sorte dos seus personagens quanto de um conceito de nação, de uma identidade brasileira. De maneiras diferentes, porém ambas críticas, os filmes desbravam o país e suas características através do percurso de seus personagens: a busca do futuro de realizações desvela um país diverso , “autêntico”, e que tenta se definir através do contínuo embate entre local-estrangeiro, tradicional-moderno. O trabalho propõe então identificar algumas das representações de brasilidade elaboradas, evocadas, ressemantizadas ou satirizadas por estas duas significativas obras da cinematografia nacional. Nome: Caroline Lima Santos E-mail: carolinea.lima@yahoo.com.br Instituição: UNEB Título: Da Direita para Esquerda: Corisco como guerrilheiro no Cinema Nacional Esse trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local (PPGHIS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Assim, discute as representações sociais atribuídas ao cangaço no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha. Na seqüência, considera o filme como documento histórico, tomando-o como fonte para análise da conjuntura política brasileira na década de 1960 e refletindo acerca do poder estético e ideológico da linguagem cinematográfica. Parte da premissa segundo a qual o cangaço foi representado na película supracitada como um movi-

mento de denúncia e de contestação ao status quo, colocando em questão o poder dos latifúndios e da Igreja Católica no Nordeste brasileiro. A partir desse enfoque, o estudo problematiza, com base na análise do projeto da esquerda nacional, no contexto dos anos sessenta, o conceito de povo e o seu papel na revolução brasileira. Finalmente, assinala que a produção cinematográfica de Glauber trabalhou a imagem do cangaço mediante a uma perspectiva mitológica e não histórica. Nome: Daniela de Campos E-mail: dcampos7@hotmail.com Instituição: PUC-RS Título: Operários no cinema brasileiro. Estudo dos personagens Tião de Eles não usam black-tie e Severino de O homem que virou suco Este trabalho tem como objetivo analisar dois personagens do cinema nacional: o Tião, de Eles não usam black-tie (Leon Hirszman, 1981) e José Severino da Silva, o operário-padrão de O homem que virou suco (João Batista de Andrade, 1980). Além da proximidade temporal em que apareceram nas telas de cinema, uma vez que Tião já existia nos palcos de teatros, essas duas figuras possuem vários pontos em comum, os quais serão abordados. Trata-se de dois operários que trabalham em indústrias metalúrgicas. São, contudo, dois anti-heróis, pois, ao contrário dos outros personagens, não estavam comprometidos com a luta da classe operária. O exame desses dois papéis fictícios serve, no entanto, como ponto de partida, para que se aprofunde o conhecimento histórico sobre o trabalhador nacional da indústria. Se pensarmos sob o ponto de vista da historiografia, são personagens que as pesquisas históricas não costumam contemplar. São figuras que o cinema demoniza e sobre as quais a história muitas vezes silencia. Dessa forma, ao nos debruçarmos sobre esses dois personagens do cinema nacional, pretende-se também entender qual o papel destinado a esse tipo de operário pela historiografia brasileira. Nome: José Luiz de Araujo Quental E-mail: josequental@gmail.com Instituição: UFF Título: O Cinema Novo e a Cinemateca do MAM-RJ: identidade e patrimônio Para uma geração que estava realizando sua formação cinematográfica em meados da década de 1950, assistir os grandes filmes da história do cinema não era tarefa fácil. O contato com obras cinematográficas que não já não estavam sendo exibidas nas salas de cinema da cidade era bastante restrito. Essa dificuldade se repetia no acesso a livros e revistas especializados. Estas limitações começaram a ser contornadas através das atividades dos cineclubes, mas principalmente pela entrada em cena das cinematecas. Criada em 1955 a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Cinemateca do MAM) desempenhou um papel singular na formação de toda uma geração de cineastas, críticos e cinéfilos. Para um grupo de jovens que no início da década de 1960 formaria o Cinema Novo, a Cinemateca ganhou um lugar privilegiado em seus discursos, tornando-se um símbolo, uma referência e um diferencial. O objetivo deste breve trabalho é observar alguns aspectos do processo de construção de identidade do grupo do Cinema Novo através da relação estabelecida por eles com a Cinemateca do MAM. De que forma este espaço foi apropriado pelo discurso cinemanovista passando a ocupar um lugar fundamental na formação de uma unidade entre seus membros e na busca pela construção de um patrimônio cultural. Nome: Juliane Lassarotte Eichler E-mail: jueichler@bol.com.br Instituição: UERJ Título: O “triunfo da vontade” e a estética nazista: o nacional-socialismo como modernidade alternativa Nacional-socialismo representou, ao negar os princípios centrais da modernidade ocidental – as concepções liberais e sobretudo o modo de vida capitalista - , a idéia de uma outra “modernidade” baseada, ao mesmo tempo, no resgate e na projeção futura das antigas glórias da nação germânica. Neste sentido, o filme “O Triunfo da Vontade” da cineasta alemã Leni Riefenstahl aparece como a grande representação estética do nazismo, traduzindo em imagens os principais aspectos da ideologia nacional-socialista. Ao trabalhar com extrema genialidade todo um conjunto de referências simbólicas e míticas presentes no imaginário alemão, Riefenstahl construiu, portanto, uma das mais impactantes peças de divulgação do regime hitlerista, apresentando ao mundo os ideais do Terceiro Reich e a força da “nova Alemanha”.

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Nome: Leandro Maia Marques E-mail: leandromaiam@yahoo.com.br Instituição: UFU Título: Uma análise historiográfica do povo, presente no filme Garrincha: alegria do povo, de 1963 No presente trabalho, desenvolveremos uma análise historiográfica do documento fílmico “Garrincha:alegria do povo”, de 1963, documentário dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, pois,referenciado pela noção de materialismo cultural (Raymond Williams), buscarmos construir dois focos de análise: o filme em si enquanto narrativa , e este em relação circular com o contexto sócio-político que condicionou a sua realização, recortando o contexto entre os anos de 1962 (atuação destacada de Garrincha na vitória da Copa do Mundo) e 1963. Neste sentido, colocaremos uma hipótese: a relação entre o dado fílmico de Mané Garrincha ser “engolido pela rede” na última sequência do filme, e a apatia do torcedor”povo” acerca do futebol, enquanto uma prática social que lhe diz respeito como sujeito histórico privilegiado e como público. Para enriquecermos tal análise, desvelaremos a abordagem dada por certos filmes da “primeira fase”do cinema novo, acerca do “popular”, como categoria de análise a ser problematizada, presente tanto no protagonista quanto no “público-torcedor” que aparece em destaque em certas sequências do filme. Somada à análise da presença do “popular” na filmografia de Joaquim Pedro de Andrade, pretendemos construir o nosso recorte historiográfico. Nome: Luís Alberto Rocha Melo E-mail: luisrochamelo@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Walter da Silveira e o “cinema independente” O presente trabalho aborda a ideia de “cinema independente”, termo que, na historiografia clássica do cinema brasileiro, tem servido para designar as idéias e a ação de um grupo de críticos e cineastas de esquerda considerados precursores do movimento do Cinema Novo dos anos 1960. O “cinema independente” será analisado, aqui, exclusivamente sob a ótica do crítico, cineclubista e advogado Walter da Silveira (1915-1970), através de artigos publicados na imprensa baiana entre os anos 1940-60. Destacaremos três linhas mestras do pensamento de Walter da Silveira, no intuito de relacioná-las à questão da autonomia relativa do campo cultural e das ideias de independência no cinema brasileiro. A primeira diz respeito ao compromisso que o cinema deveria ter com as grandes questões de seu tempo e à missão do crítico como “intérprete” da contemporaneidade. A segunda, abrange as discussões relacionadas à formação de uma “escola nacional” para o cinema brasileiro. Por fim, examinaremos a problematização que Walter da Silveira faz do conceito de “produção independente”, para ele uma formulação que carrega, em si, a sua própria inviabilidade. Nome: Luis Felipe Kojima Hirano E-mail: luis.hirano@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Oscarito e Grande Otelo: imaginário racial e brasilidade nas chanchadas da Atlântida Pretende-se apresentar as reflexões preliminares da pesquisa de mestrado em curso, sobre a construção de certa brasilidade em filmes da produtora Atlântida, focalizando as representações das relações raciais. A partir do diálogo entre História, Antropologia e Estudos de Cinema, procura-se compreender tal produção no contexto mais amplo de construção de uma identidade nacional nos idos de 1930, 40 e 50, quando diversos elementos da “cultura afro-brasileira”, como samba, carnaval e capoeira, são eleitos de modo ambíguo como símbolos de nossa nacionalidade. Empreendida por diferentes grupos sociais, como artistas, escritores e músicos; difundida nos meios de comunicação e incentivada pelo Estado, tal visão de Brasil também ganhou lugar nas chanchadas, onde serão recriadas esquetes cômicas, também encenadas nas rádios, cassinos e teatro de revista, e números musicais, geralmente sambas e marchinhas. Destaque-se uma dupla formada por um branco e um negro: Oscarito e Grande Otelo, cuja comicidade é produzida especialmente sob sinais diacríticos “raciais”. Assim, busca-se refletir como essa produção não só dialogou com tal contexto, mas também fez parte desse processo, criando uma versão singular do imaginário nacional por meio de determinada “linguagem cinematográfica”. Nome: Marco Alexandre de Aguiar E-mail: ma-aguiar@uol.com.br Instituição: UNIFAC Título: Representações guerrilheiras no cinema: os filmes Lamarca (Brasil, 1994) e A Batalha de Argel (Itália, 1966)

O cinema ao criar certas representações políticas transformou-se em um grande divulgador de ideologias. Dessa maneira os filmes, assim como outros elementos produzem determinadas visões que se inserem na disputa pela memória sobre determinadas conjunturas. Nesse sentido este artigo analisa dois filmes com a mesma temática, ou seja, a atuação de grupos guerrilheiros, mas produzidos em lugares e épocas bem distintas. O filme Lamarca (Brasil, 1994, Sérgio Rezende) insere-se na chamada retomada do cinema brasileiro, enquanto A Batalha de Argel (Itália, 1966, Gillo Pontecorvo), está no contexto do cinema político italiano dos anos 60 e 70 do século passado. Ao realizar essa reflexão pretendemos contribuir para o estudo sobre a relação entre as áreas de cinema e memória. Nome: Marine Souto Alves E-mail: marinealves@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC Título: Cinema, literatura e memória: a construção da literatura machadiana no Cinema Brasileiro – Um Olhar Sobre a Adaptação de “Dom Casmurro” em “Dom” O presente trabalho de pesquisa se propõe a discutir a relação entre Literatura e Cinema no que se refere ao processo de adaptação da linguagem literária para a linguagem cinematográfica, sob o crivo teórico da memória. Busca-se entender como se dá nas telas do cinema brasileiro, o trabalho da memória no resgate da literatura do escritor, Machado de Assis, tendo como corpus de análise o livro “Dom Casmurro” e o filme “Dom”, de Moacyr Góes. Partimos do pressuposto de que o cinema possibilita uma releitura da obra e não a busca de uma correspondência imediata com a história original expressa no suporte literário e entendemos que ao realizar um resgate da literatura num processo de adaptação, o cinema acaba por estabelecer uma relação com a memória, na medida em que, cria e recria outra obra. Tal fato é passível de observação se consideradas algumas adaptações da obra machadiana para a grande tela, como ocorre no caso do filme “Dom”. A análise será orientada pelos conceitos traçados, principalmente, por Maurice Halbwachs, Jacques Le Goff, Ecléa Bosi e alguns teóricos do cinema como Bill Nichols e os que discutem, mais precisamente, a relação Cinema/Literatura, tais como, Robert Stam, Ismail Xavier, José Carlos Avellar, Hélio Guimarães, Jandal Johnson, Tânia Pelegrini, entre outros. Nome: Moacir José dos Santos E-mail: santos.mj@ig.com.br Instituição: UNITAU Título: História e cinema: a cultura popular na obra de Amâcio Mazzaropi (1960-1979) A produção do cineasta Amâcio Mazzaropi tem como característica explorar as expressões da cultura popular presentes no Vale do Paraíba. Esse trabalho resulta da pesquisa sobre a elaboração de uma linguagem específica a obra de Mazzaropi, a qual combina diversos gêneros de apelo popular, desenvolvidos no cinema do século XX, como o western e a comédia. A trajetória histórica das produções de Mazzaropi apresenta uma progressiva ruralização dos temas nas décadas de 1960 e 1970, inversa a intensa urbanização que alterou o perfil da sociedade brasileira no século passado. A pesquisa identifica na interação entre as características dos filmes do cineasta e o momento histórico, os mecanismos que explicam o sucesso de Mazzaropi. O desenvolvimento de filmes de perfil rural, combinados ao uso de gêneros consagrados no cinema mundial e a temas da cultura popular rural, explica o sucesso do cineasta que utilizou referências culturais conhecidas por um público que experimentava um processo rápido de urbanização. Nome: Moema de Bacelar Alves E-mail: moemabacellar@yahoo.com.br Instituição: Museu de Arte de Belém Nome: Alna Luana Mendes Paranhos Email: alna_luana@yahoo.com.br Instituição: Secretaria Executiva de Educação (SEDUC) Título: A produção paraense de curtas e a prática de ensino Apesar de haver crítica e público de cinema no Estado do Pará, poucos pesquisadores se debruçam sobre o tema da produção atual de curtas e sua utilidade como prática didática. No final da década de 1990 e início dos anos 2000, com o surgimento de novas propostas cinematográficas a partir de leis de incentivo e premiações, o cinema local ganha novo impulso. Curtas como: “Dias” de Fernando Segtowick; “Quero ser anjo”, de Marta Nassar; “Chama Verequete”, de Luis Arnaldo Campos e Rogério Parreira; “A onda, Festa na Pororoca”, de Cássio Tavernard; “A Revolta das Man-

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76 gueiras”, de Roberto Eliasquevici, abordam a realidade e costumes locais de forma diversificada. Um olhar atento sobre esses curtas nos possibilita um diálogo entre essa produção artística e as várias experiências com a cidade e a cultura regionais. Além desse diálogo, podemos também nos utilizar dos curtas enquanto um recurso para se trabalhar as práticas culturais tanto em sala de aula, quanto em atividades não formais. Dessa forma, mantemos viva a discussão desse fazer artístico, bem como despertamos a criticidade de nossos jovens. Nome: Regina Ilka Vieira Vasconcelos E-mail: reginailka@bol.com.br Instituição: UFU Título: História e verdade no cinema documentário: processo de construção de memória em O fim e o princípio (Eduardo Coutinho, 2005) Esta comunicação tem o objetivo de discutir a prática de constituição de sujeitos históricos a partir dos procedimentos de busca dos sujeitos cinematográficos, dos procedimentos narrativos do filme O fim e o princípio, de Eduardo Coutinho. Pretende refletir sobre a produção da imagem do morador do sertão nordestino a partir das entrevistas realizadas pelo cineasta com membros de uma comunidade rural no interior da Paraíba, bem como a partir do próprio percurso traçado para a seleção dos entrevistados. Com o exercício de pensar sobre os significados da prática de filmagem desses sujeitos reais, pretende também apontar o diálogo entre os posicionamentos do cinema documentário contemporâneo e a história social, através das relações entre cultura e memória, história e verdade. Nome: Rodrigo Candido da Silva E-mail: globaldrigo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Em missão de guerra: os filmes Rambo na era Reagan e a emergência da nova Guerra Fria O presente trabalho tem o intuito de identificar as representações que os filmes da trilogia Rambo fazem do contexto político dos Estados Unidos na década de 1980, principalmente da empreitada conhecida como Segunda Guerra Fria, na qual, o presidente Ronald Reagan Reagan retomou uma corrida armamentista com a URSS e valores conservadores. Nos filmes em questão essas características podem ser observadas através do caráter belicista contido, bem como da presença de representações que podem ser associadas à cultura difundida naquele momento, como o individualismo e a masculinização. É importante ressaltar que os filmes fizeram muito sucesso na época e tiveram forte impacto na opinião pública, tanto dos EUA como em outros países. Até hoje, os filmes da trilogia representam um fenômeno político, social, cultural e comercial de grande repercussão na cultura da mídia, fazendo com que sua análise seja de fundamental importância. Nome: Rosana Elisa Catelli E-mail: ecatelli@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz Título: A presença norte-americana no debate sobre cinema e educação no Brasil, 1920 a 1950 A bibliografia referente ao cinema educativo no Brasil ressalta os vínculos entre a formação do Instituto Nacional de Cinema Educativo, durante o governo Vargas, e a criação de instituições semelhantes na Itália e na Alemanha. Esse trabalho procura investigar outras referências desse debate, ou seja, as idéias norte-americanas sobre cinema e educação. Os Estados Unidos desenvolveu uma cinematografia com fins educacionais e uma ampla bibliografia sobre o assunto desde o início do século XX. Alguns dos fundadores do cinema educativo no Brasil tinham contato com essas idéias, principalmente pelo ideário da Escola Nova e pela freqüência em cursos da Universidade de Chicago nos anos de 1920. O objetivo desse trabalho é investigar as concepções norte-americanas sobre cinema e educação e a possível circulação dessas idéias no Brasil. Nome: Rosane Meire Vieira de Jesus E-mail: rosanevieiraj@gmail.com Instituição: FACED/ UFBA Título: Cinema na escola! Cinema com a história! Neste texto as autoras relatam, comentam e teorizam uma experiência na qual se buscou relacionar o cinema com o ensino de História. Esta experiência se concretizou no estágio curricular, etapa final da formação de professores do curso de licenciatura em História da FFCH da UFBA. Tendo como referências os temas discutidos na disciplina Metodologia de do Ensino de História I ministrado na Faculdade de Educação da UFBA, particularmente cinema e ensino de História, os estagiários realizaram uma oficina no Colégio Alberto Silva localizado no município de Simões Filho sobre o tema.

Dessa maneira, com a intenção de fazer uma integração entre palavras e imagens sem predomínio de umas sobre os outras. Durante dois meses, a biblioteca do colégio se transformou, todos os sábados pela manhã, em uma sala de cinema. Os filmes com temas referentes à História do Brasil eram assistidos, comentados e contextualizados por uma platéia composta por alunos e professores do colégio e pelos organizadores do evento. Nome: Sander Cruz Castelo E-mail: sandercruzcastelo@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Nas entranhas de uma Terra em Transe: o tempo da revolução brasileira Os cinemanovistas produziram narrativas audiovisuais sobre a teoria e a ação revolucionária, em concomitância com as narrativas escritas no seio da intelectualidade de esquerda, consagrando-se, assim, como alguns dos principais formuladores da ideologia da revolução brasileira. Por meio do filme Terra em Transe (1967), pretende-se analisar o ideário da revolução brasileira em três contextos distintos, separados pelo golpe civil-militar de 1964 e o AI-5 (1968), quais sejam, “O tempo da revolução burguesa”, marcado pela defesa de uma “revolução democrático-burguesa de conteúdo antifeudal e antiimperialista”, difundida no Brasil pelo PCB; “O tempo da revolução socialista”, celebrizado pela relativa superação do etapismo revolucionário e a ação armada de grupos guerrilheiros inspirados no foquismo cubano e no maoísmo; e “O tempo da restauração”, fundado na modernização conservadora engendrada pelos militares, amparada na Doutrina de Segurança Nacional. Ademais, crê-se que a película de Glauber Rocha enseja a problematização da própria “mentalidade revolucionária”, entendida por Leszek Kolakowski como a crença na “salvação total do homem” mediante a “negação total do mundo existente”, fim ao qual se subordinariam todos os outros valores, transmutados, portanto, em meios. Nome: Sheila Schvarzman E-mail: sheilas@uol.com.br Instituição: Universidade Anhembi Morumbi Título: O Filme de Viagem no Cinema Silencioso Brasileiro Através de Brasil Pitoresco:Viagens de Cornélio Pires, filme realizado em 1925 pelo jornalista Cornélio Pires procuramos observar o documentário de travelogue, o filme de viagem e sua aclimatação no Brasil. Como, num gênero produzido e concebido como um veículo colonialista se manifesta um olhar paulista sobre um Brasil que se denomina de “pitoresco”. De que forma o filme funciona na construção do personagem do “folclorista” num período de forte desenvolvimento da cultura regional, e como o gênero travelogue se adapta à paisagem, hábitos e regionalismos brasileiros. De que forma ainda, como uma atividade que é a extensão da lanterna mágica do século XVII e das conferências de viagem do século XIX, o gênero internacional do travelogue se aclimata no Brasil recuperando enquadramentos e imagens do pitoresco nas artes e na cultura brasileira, num gênero fortemente marcado por visões colonialistas. Nome: Shirly Ferreira de Souza E-mail: shirlyferreira@yahoo.com.br Instituição: UNICAMP Título: O País de São Saruê e o Cinema de Autor na década de 1960 Um silêncio forçado. Nove anos de interdição. Vinte e cinco anos para finalmente ser acessível ao público. Eis a trajetória do documentário O País de São Saruê, de Vladimir Carvalho, um filme que trata da luta do sertanejo pela sobrevivência no interior da Paraíba. Interditado em 1971 pelo regime militar, no período de 1971 a 1979, esse filme e sua trajetória singular sugere várias questões, das quais destacarei apenas uma: qual o diálogo que ele estabelece com os movimentos cinematográficos e com os embates políticos de sua época? A investigação dessa questão perpassa a discussão sobre cinema de autor/cinema comercial travada na década de 1960, quando escrever uma história panorâmica do cinema brasileiro, como o fez Alex Viany em Introdução ao Cinema Brasileiro (1959), expressava a preocupação política de, dentre outras coisas, mostrar aos brasileiros sua própria filmografia e afirmar a produção nacional frente à estrangeira. Em contraposição a esse recorte, Glauber Rocha, em Revisão Crítica do Cinema Brasileiro(1963), reivindicou a diferenciação entre cinema de autor/cinema comercial como fio condutor para se fazer a história do cinema brasileiro. A hipótese é que “O País de São Saruê participa desse debate estético e político como cinema de autor. Nome: Thiago Barboza de Oliveira Coelho E-mail: tbocoelho@yahoo.com.br

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Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Walter da Silveira e o Clube de Cinema da Bahia Este trabalho se concentra em apresentar uma proposta focada na análise do papel desempenhado pelo advogado, militante político e crítico de cinema, Walter da Silveira como peça chave na formação de uma geração de estudiosos e cineastas, que promoveram uma relevante produção para o desenvolvimento da atividade cinematográfica brasileira. O desenvolvimento de iniciativas como a fundação do Clube de Cinema da Bahia e o curso de cinema ministrado em parceria com a UFBa, aliados a sua produção intelectual, destacam o papel de Walter da Silveira como um agente fomentador da cultura baiana. Tais atividades suscitaram uma efervescência no debate, estudo e produção cinematográfica, tornando Salvador um pólo difusor de cultura fílmica de vanguarda, que teve no Cinema Novo sua representação mais marcante. Nome: Wallace Andrioli Guedes E-mail: wguedes2004@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Brasil Canibal: Em Busca de uma História do Conceito de Antropofagia no filme “Macunaíma” O presente trabalho busca analisar a reapropriação do conceito oswaldiano de antropofagia pelo cineasta Joaquim Pedro de Andrade ao realizar seu mais conhecido e premiado filme, “Macunaíma”. Nesse sentido, o trabalho analisa o conceito criado nos idos da década de 1920 por Oswald de Andrade, buscando compreender, em seguida, as mudanças efetivadas no conceito por Joaquim Pedro, através de um profícuo diálogo com o contexto em que produziu “Macunaíma”, a década de 1960. Assim, tornam-se de fundamental importância para tal pesquisa movimentos como o Cinema Novo e o Tropicalismo. Tal pesquisa pretende ainda utilizar, como aporte teórico e metodológico, a História Social dos Conceitos proposta pelo historiador alemão Reinhart Koselleck, compreendendo, assim, a antropofagia como um conceito no tempo, logo, um objeto do historiador.

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77 77. Igreja, sociedade e relaçþes de poder na Idade MĂŠdia Leila Rodrigues da Silva – UFRJ (leila.rlk@terra.com.br) Maria Filomena Pinto da Costa Coelho – UnB (filo-coelho@hotmail.com) Nossa proposta de ST visa aprofundar a discussĂŁo sobre as relaçþes entre a Igreja e a sociedade na Idade 0pGLD FRP rQIDVH QRV GLVFXUVRV GH SRGHU WDQWR HP QtYHO PLFUR TXDQWR PDFUR 'HVHMDPRV UHĂ HWLU DFHUFD GH FRPR D ,JUHMD VH HVWUXWXURX QR PHGLHYR HP VXDV P~OWLSODV GLPHQV}HV FRPR VH UHODFLRQRX FRP DV LQVWkQFLDV GH SRGHU XUEDQR VHQKRULDO UHDO LPSHULDO FRPR LQĂ XHQFLRX H QRUPDWL]RX D VRFLHGDGH FRPR FDUDFWHUL]RX H GLDORJRX FRP RV ´RXWURVÂľ ² H[FOXtGRV H PDUJLQDOL]DGRV FRPR LQWHUIHULX QD FRQVWUXomR GH discursos de gĂŞnero; como contribuiu, ou interditou, a criação artĂ­stica; como dialogou com a justiça, dentre outras questĂľes. A metodologia adotada pelo ST serĂĄ a apresentação das comunicaçþes, agrupadas pelas coordenadoras pela proximidade temĂĄtica, seguida de discussĂľes.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adriana Maria de Souza Zierer E-mail: medievalzierer@terra.com.br Instituição: Universidade Estadual do MaranhĂŁo TĂ­tulo: Imagens Femininas n’A Demanda do Santo Graal O objetivo deste trabalho mesclando os campos da HistĂłria e da Literatura ĂŠ analisar algumas imagens positivas e negativas de personagens da novela de cavalaria A Demanda do Santo Graal. Escrita no sĂŠculo XIII e pertencente ao ciclo da Post–Vulgata da MatĂŠria da Bretanha, a narrativa possui uma forte influĂŞncia cristĂŁ. O propĂłsito central dos cavaleiros ĂŠ (re) encontrar o Santo Graal, vaso com o sangue de Cristo na Cruz, garantidor da prosperidade do reino arturiano. Para isso os cavaleiros nĂŁo poderiam ter aventuras amorosas durante a busca. Ainda que muitas vezes a imagem feminina apresentada no manuscrito seja misĂłgina, associada ao afastamento dos cavaleiros de seu verdadeiro intento, seria simplista afirmar que esta ĂŠ a Ăşnica representação feminina na novela. Ao contrĂĄrio, podemos destacar que a mulher muitas vezes possui papel central no relato e busca realizar os seus desejos. Outro elemento positivo ĂŠ o traço mariano de algumas personagens, como a irmĂŁ de Persival, que conduz os eleitos ao caminho do Santo Graal. SerĂŁo analisadas algumas personagens, como a adĂşltera Guinevere, relacionada ao amor cortĂŞs e alguns pares dicotĂ´micos divididos em mulheres santas/demonĂ­acas. Desta forma poderemos observar algumas imagens construĂ­das sobre o feminino no perĂ­odo medieval. Nome: AlĂŠcio Nunes Fernandes E-mail: alecionunesfernandes@gmail.com Instituição: Universidade de BrasĂ­lia TĂ­tulo: Sociedade corporativa, justiça e poder: o Directorium Inquisitorum (sĂŠc. XIV - XVI) Milhares de pĂĄginas jĂĄ foram escritas sobre a Inquisição, com os mais diversos recortes espaciais e temporais, com os mais distintos propĂłsitos, sob as mais diversas perspectivas. Ainda assim, tal assunto nĂŁo se esgota nem perde seu fascĂ­nio para nĂłs historiadores. A proposta da pesquisa, que ora comunicamos, ĂŠ a de revisitar o tema, mas construindo um objeto de estudo algo diferente: o arcabouço institucional da Inquisição entendido Ă luz do modelo corporativo de sociedade, ajudando a decifrar as lĂłgicas que subjazem Ă justiça de seus manuais e regimentos. Para tanto, analisaremos o Directorium Inquisitorum – escrito em 1376 por Nicolau Eymerich, revisto e ampliado por Francisco de La PeĂąa, em 1578 – com vistas a compreender de que forma a cultura polĂ­tica da sociedade corporativa se manifesta nesse corpus. Dada a cronologia da fonte primĂĄria escolhida, refletiremos sobre a adequação de se falar, nos moldes propostos por Jacques Le Goff, na idĂŠia de uma longa Idade MĂŠdia. Nome: Aline Cristina de Freitas Vian E-mail: acfvian@gmail.com Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: Mudanças nas relaçþes de poder em Portugal na primeira metade do sĂŠculo XIII: causas do fortalecimento do poder real frente ao poder eclesiĂĄstico Ao longo do sĂŠculo XII o poder da Igreja consolidou-se em Portugal no contexto das guerras de Reconquista. A paz e a governabilidade dependiam diretamente da ação e do poder militar do rei associado ao papel da Igreja

de consolidação do cristianismo e de manutenção dos fiĂŠis. VĂĄrias observâncias religiosas foram recompensadas pelos reis com privilĂŠgios e imunidades como forma de reconhecimento aos serviços prestados na luta, reforçando, tambĂŠm, seu poder como representantes da Santa SĂŠ. Estabeleceu-se um equilĂ­brio de forças nas relaçþes entre a realeza e os clĂŠrigos. Mas, na primeira metade do sĂŠculo XIII, a situação se modificou. Houve o arrefecimento das guerras de Reconquista e amenizaram-se as desavenças com os reinos vizinhos de Castela e LeĂŁo. Os reis iniciaram a criação de uma estrutura administrativa que lhes permitisse governar e ter maior controle do que acontecia no reino, o que interferia diretamente na ação e no poder exercido por diversos eclesiĂĄsticos. Houve vĂĄrias contendas envolvendo a Igreja e a Realeza. O embate destas forças resultou numa nova estrutura de poder, um novo equilĂ­brio, onde houve o fortalecimento do poder real e a criação de um aparato administrativo complexo e, onde a voz da Igreja jĂĄ nĂŁo era ouvida e nĂŁo tinha o mesmo peso de antes na vida do reino. Nome: Almir Marques de Souza Junior E-mail: almiruff@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense TĂ­tulo: A Guerra como Palco de Manifestação do Sagrado (Castela SĂŠculo XIII) Graças ao trabalho de renomados historiadores sabemos que a figura do rei medieval era cercada de elementos sagrados e sobrenaturais. Nos reinos de França e Inglaterra a unção com o Ăłleo santo e a capacidade de curar certo tipo de doença tornou-se marca da vinculação entre realezas e o poder divino. Mas, ao observar que tanto a cerimĂ´nia de unção como as habilidades taumatĂşrgicas encontravam escassas referĂŞncias entre as casas rĂŠgias hispânicas, nĂŁo tardou para se construir a errĂ´nea percepção de que as monarquias ibĂŠricas eram isentas de elementos maravilhosos e sagrados. Outro grupo de autores propĂ´s que as bases do poder real em Castela se encontravam consolidadas em aspectos mais pragmĂĄticos, tais como a guerra e o poderio militar. Esta apresentação busca demonstrar como a prĂłpria guerra poderia ser concebida como um palco de manifestação de elementos sagrados e miraculosos. Neste sentido, os relatos de conflitos contidos nas crĂ´nicas castelhanas do sĂŠculo XIII serĂŁo de grande importância para provar que a percepção dos elementos sobrenaturais nĂŁo escapava aos homens daquele reino. Aqui, o sagrado e o maravilhoso nĂŁo precisavam de rituais especĂ­ficos para serem percebidos, eles se faziam presentes em eventos mais “cotidianosâ€? como o combate pela causa de Deus. Nome: Amanda Pereira Dias E-mail: amanda_pdias@yahoo.com.br Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: As relaçþes entre cristĂŁos e muçulmanos na penĂ­nsula ibĂŠrica: perspectivas e prĂĄticas da igreja espanhola As igrejas ibĂŠricas na Espanha tornaram-se uma importante referĂŞncia para a população durante o processo de declĂ­nio do ImpĂŠrio Romano do Ocidente. Com a ausĂŞncia do poder administrativo do impĂŠrio, a Igreja fora paulatinamente ocupando esse espaço e se fortalecendo como instituição, tornando-se o Ăşnico referencial de unidade na regiĂŁo. A conversĂŁo do rei visigodo ao catolicismo sedimentou a relação entre o poder civil e o poder eclesiĂĄstico, contribuindo para reforçar o poder da igreja perante a população. Essa situação transformou-se com a invasĂŁo muçulmana no sĂŠculo VIII. Os muçulmanos, comandados pelos ĂĄrabes, derrubaram o reino visigĂłtico e dominaram a regiĂŁo. A igreja acreditava que a Espanha

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encontrava-se nessa situação por conseqüência dos pecados da população, as pessoas tinham se esquecido de Deus e o maior agravante era que a corte visigótica, liderada pelo rei, era a maior pecadora. Dessa forma, os muçulmanos eram instrumentos da ira divina, um meio para os cristãos alcançarem a redenção dos seus pecados. Um conjunto de Crônicas escritas no século IX confirmava essa visão da igreja, e a principal delas é a Crônica Profética Nome: Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva E-mail: andreiafrazao@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Reflexões sobre as normativas laicas e eclesiásticas direcionadas à vida religiosa feminina nos séculos XII e XIII Em nossa comunicação, apresentaremos as conclusões do estudo de normas presentes em textos eclesiásticos e laicos, elaborados nos séculos XII e XIII, sobre a vida religiosa feminina. Foram analisados: atas dos quatro concílios lateranenses, convocados e dirigidos pelo papado, contendo normas para toda a cristandade romana; atas sinodais de reuniões da diocese de Calahorra realizadas em 1240 e 1256, de caráter local; o Fuero Real e as Siete Partidas, códigos legislativos elaborados no século XIII em Castela, por iniciativa real. Tais conclusões vinculam-se ao projeto A Vida de Santa Oria e o monacato feminino em La Rioja no século XIII: uma análise a partir da categoria gênero, desenvolvido com o apoio financeiro do CNPq. Nessa investigação, partindo das idéias de Joan Scott, analisamos, comparativamente, as normas acima mencionadas com a Vida de Santa Oria, a única obra redigida em castelhano no século XIII que apresenta a biografia de uma reclusa, e com textos notariais produzidos em mosteiros femininos calagurritanos. Nome: Carlile Lanzieri Júnior E-mail: lanzierijunior@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A mão que açoita é a do mestre que ama e ensina: os castigos físicos na educação monástica medieval através de fontes originais Amor, sobriedade e humildade eram valores arraigados no monasticismo medieval. Tornar o homem menos violento e mais propenso ao perdão eram as metas que eles traziam. Com efeito, essa procura pelo bem comum reverberou nos ensinamentos oferecidos pelos mestres monásticos. Entretanto, a procura pelo amor fraterno através da boa formação passava pela punição corporal dos estudantes, sobretudo os jovens e indisciplinados. Longe de se reduzirem a meros atos de violência, essas ações demonstravam aos discentes o quanto a elevação espiritual era valorizada em detrimento ao que se relacionava ao corpo, origem de pecados. Analisar as manifestações dessas práticas através de fontes de diferentes épocas é a finalidade deste trabalho. Nome: Carolina Coelho Fortes E-mail: carolfortes@hotmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Os Pregadores em Bolonha: a universidade como elemento de identidade institucional da ordem dominicana no século XIII Criada no início do século XIII, a Ordem dos Irmãos Pregadores surgia como resultado das transformações eclesiásticas, religiosas, culturais e sociais dos séculos precedentes. Pretendia responder às necessidades espirituais das cidades que cresciam e enfrentar os grupos heréticos que se espalhavam por várias regiões do ocidente cristão. Para tanto, desde muito cedo, os frades investiram em um tipo de convencimento informado. Em outras palavras, a dedicação ao estudo deveria guiá-los na pregação salvadora de almas. É por isso que sua presença nas cidades universitárias se fez sentir ainda nas primeiras décadas daquele século. Nesta comunicação pretendemos discutir os vários aspectos que cercam a fundação do studia generalia de Bolonha. Salta-nos aos olhos o fato desta universidade não possuir, ao longo de todo o século XIII, uma faculdade de Teologia. No entanto, ali estava os dominicanos que, inclusive, elegeram essa cidade como local privilegiado de suas reuniões anuais, os capítulos gerais. Acreditamos que, apesar das diversas proibições papais, o estudo de direito civil era um fator atraente para uma ordem que buscava se legitimar através do recurso às leis. Nome: Celso Silva Fonseca E-mail: cfonseca@unb.br Instituição: Universidade de Brasília Título: A monarquia portuguesa nos século XIV e XV: a reimposição do juramento e menagem A historiografia portuguesa não discorda que houve, durante o reinado de

D. João II, monarquia com perfis de centralidade. A gestação do Absolutismo, no século XV ainda na sua juventude - pois, monarquia centralizada -, conheceu percalços consideráveis e sobreviveu a dosagens abortivas de insuspeita eficácia. A feição do feudalismo português, que se entrelaçou às exigüidades territoriais, não permitiu o alargamento da base material dos terratenentes e impeliu os segmentos sociais a definirem-se em parâmetros diferenciados àqueles das estruturas feudais clássicas. Não foi por acaso que os monges brancos engendraram relações produtivas e práticas comerciais diferentes, se não contrárias, aos ditames de uma economia de auto-subsistência. Foi nessa especificidade que se desenvolveu em Portugal política com perfis de centralidade. Nome: Claudia Costa Brochado E-mail: claudiabrochado@hotmail.com Instituição: Instituto de Educação Superior de Brasília Título: Igreja e matrimônio na Idade Média A Igreja na Idade Média procura, de forma marcante, controlar as relações sociais em todos os seus âmbitos. Nas relações estabelecidas pelo vínculo matrimonial esta presença se faz imprescindível para que seu controle se efetive. Desta maneira, define um corpo legal que norteia os litígios derivados dessas relações, inscrito, por exemplo, nas Decretais de Gregório IX. Trabalhando três corpos documentais – a legislação eclesiástica já citada; os Usatges (Usos) de Barcelona, considerado o primeiro código feudal europeu; e os processos matrimoniais abertos no tribunal eclesiástico de Barcelona, no século XV – propõe-se uma discussão em torno do controle (e descontrole) sobre essas relações. Nome: Conceição Solange Bution Perin E-mail: sol_perin@yahoo.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Em tela um estudo do mestre franciscano São Boaventura de Bagnoregio: ‘Os três caminhos da vida espiritual, ou incêndio do amor’ Este trabalho tem por objetivo fazer um estudo sobre uma das obras de São Boaventura de Bagnoregio (1217-1274), intitulada Os três caminhos da vida espiritual, ou incêndio do amor. Nesta obra, o autor como representante dos mendicantes, franciscanos, em fins do século XIII, revela que a meditação, a oração e a contemplação, eram importantes para o entendimento dos Escritos Sagrados. Entretanto, para São Boaventura, essa compreensão só aconteceria se ocorresse o desenvolvimento do intelecto. Para ele o intelecto era primordial para o indivíduo entender Deus como criador de tudo e de todos. Assim, os homens ao obedecerem aos mandamentos conseguiriam a vida eterna. Portanto, este estudo visa entender a preocupação deste autor com a sociedade da época, bem como a forma como ele priorizava os ensinamentos religiosos e, conseqüentemente, a necessidade do intelecto para o ‘bom’ comportamento e ação dos homens no seu cotidiano. Nome: Danielle Kaeser Merola E-mail: danikaeser@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: O âmbito religioso e civil no processo normativo da conduta sexual das mulheres virgens no reino visigodo do século VII: convergências e divergências A presente comunicação faz parte da pesquisa desenvolvida no mestrado realizado no Programa de Pós-Graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação da professora Leila Rodrigues da Silva. Nosso objetivo é tecer as conclusões a respeito da comparação acerca das normatizações da conduta sexual das mulheres virgens nas esferas religiosas e civis no reino visigodo do século VII. Tais esferas estão projetadas sobre a realidade histórica do reino visigodo como parte integrante do seu âmbito político, social e ideológico em que a religião cristã configurou diferentes modelos. Tal análise abrange documentos produzidos na Península Ibérica do século VII, momento em que a Igreja Cristã está em processo de estruturação e institucionalização como entidade de poder. Sobre a documentação empregada, utilizamos as atas conciliares de Toledo após a conversão de Recaredo em 589 e a Regra de Leandro de Sevilha (590) para a esfera religiosa e a Lex Visigothorum, promulgada em 654, para a esfera civil. Este estudo alude a doutrina relativa ao comportamento sexual, sua transformação em pecado e crime numa tentativa de identificação das regras que vai ditar o modelo de conduta da sociedade visigoda. Nome: Darlan Pinheiro de Lima E-mail: darlanpl@ig.com.br

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77 Instituição: Universidade Luterana do Brasil Título: O significado da doutrina dos Sete Pecados Capitais na Ordem Cisterciense: o exemplo de Alcobaça A doutrina dos Sete Pecados Capitais foi com certeza a mais importante forma de classificação de pecados criada durante o período medieval. Isto é notório com a readaptação da doutrina pelo Papa Gregório Magno no início do período medieval e logo, com a agregação da doutrina à da Igreja Católica, onde será utilizada, principalmente nos rituais de confissão e nos sermões. O objetivo do presente estudo é identificar o significado da doutrina do setenário para a ordem monástica dos cistercienses. Para isso, analisarei fontes das regras fundacionais e textos de expressão doutrinária e literária. Para identificar e relacionar a importância da doutrina para a ordem analisa-se três tipos de documentos: as regras fundacionais, às quais se encontram a Regra de São Bento e principalmente a Carta de Caridade, documento extremamente importante para a ordem cisterciense; um códice de caráter doutrinário, chamado Virgeu de Consolaçon, e dois textos literários: O Orto do Esposo e o Boosco Deleitoso. Desta forma, trarei informações que nos possibilitará compreendermos a importância da doutrina para a ordem em fins do século XV e início do século XVI. Nome: Edmar Checon de Freitas E-mail: edmarcfreitas@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A monja, sua filha e o bispo: uma querela doméstica e seus desdobramentos na Gália merovíngia Ao longo dos dez livros de suas Historias, Gregório de Tours (c.538-594) registra uma série de episódios que nos permitem penetrar no cotidiano da Igreja e da sociedade de seu tempo. Muitos dos acontecimentos relatados parecem insignificantes, pouco apropriados à seriedade de uma crônica que se inicia com a criação do mundo. Mas sob essa aparente superficialidade o bispo de Tours nos revela o universo político e religioso da Gália de seu tempo, colocando-nos diante da complexidade das redes de poder que lá se emaranhavam. É isso que pretendemos discutir aqui, tomando por base o conflito entre a monja Ingetrude e sua filha, em torno do controle da propriedade familiar. Nome: Giovanna Aparecida Schittini dos Santos E-mail: giovanna.schittini@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Direito e gênero: Rui Gonçalves e o Estatuto Jurídico das Mulheres em Portugal na transição para a Idade Moderna O Reino de Portugal no século XVI pode ser considerado como um momento ímpar para a reflexão acerca das mudanças ocorridas na passagem do período medieval para o moderno. No que diz respeito ao discurso sobre as mulheres, é possível perceber a multiplicidade de suas representações sociais, inseridas nos mais diversos tipos de obra, como os tratados morais, as cantigas e as obras jurídicas. Um exemplo deste último tipo é a obra do jurista Rui Gonçalves, intitulada Dos privilégios e prerrogativas que o gênero feminino tem por direito comum e ordenações do Reino mais que o gênero masculino, publicada em 1557 e dedicada à rainha D. Catarina de Áustria, regente em Portugal por ocasião da morte de seu marido, D. João III. Com base em fontes jurídicas, literárias e religiosas, a obra de Gonçalves tem como objetivo central a oposição aos discursos misóginos vigentes à época, por intermédio da enumeração das virtudes femininas e a compilação das principais leis portuguesas sobre as mulheres, com base em obras como as Ordenações Manuelinas e Las Siete Partidas, bem como a Bíblia, Homero, Aristóteles e Bocaccio. Pretende-se, com base nesta obra, analisar o discurso jurídico português do século XVI em relação às mulheres, buscando identificar os pontos de intersecção entre gênero e direito. Nome: João Cerineu Leite de Carvalho E-mail: cerineu@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense / Universidade Gama Filho Título: O Senhorialismo de D. Afonso V no Estado português Avisino do século XV A estruturação do Estado português baixo-medieval, no qual o caráter nobiliárquico daquela sociedade se mantinha em meio à reestruturação que a conjuntura dos séculos XIV e XV demandava, fundava-se em uma doutrina jurídica advinda de uma realidade alheia a idéias de um Estado “plenamente centralizado”. Propomos, então, uma leitura um pouco distinta daquela encontrada em diversas obras de referência da historiografia sobre o Portugal baixo-medieval, sobre o período que vai da regência do Infante D. Pedro até o fim do reinado de D. Afonso V (1438-1481), ao qual muitas

vezes se atribui o adjetivo de “neofeudal”, e se aponta um “recuo” em uma suposta caminhada em direção do Estado Moderno. Buscando nos afastar de perspectivas de caráter estadualista, visamos compreender tal recorte temporal considerando que o poder político não se instaura e se efetiva em esquemas pré-estabelecidos, mas que sua dinâmica deve ser buscada na identificação e compreensão das condições materiais da produção do poder. Levando em consideração a realidade social na qual tais relações se estabeleceram e ordenaram, assim como as condições conjunturais às quais precisaram se adaptar e agir, procuramos observar o Portugal quatrocentista inserindo-o na lógica estatal nobiliárquica do final da Idade Média. Nome: Leila Rodrigues da Silva E-mail: leila.rlk@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: O paradigma de monge nos De ecclesiasticis officiis e na Regula Isidori A experiência monástica remonta ao Oriente tendo se caracterizado em sua fase inicial pelo eremitismo e pela crítica à instituição eclesiástica, o que promoveu a reação contundente das lideranças clericais. No Ocidente, o monacato não conheceu o mesmo percurso que marcou suas origens orientais. Ainda que a proposta cenobítica e a submissão a regras tenham distinguido desde cedo sua trajetória no reino visigodo, o zelo episcopal dedicado ao fortalecimento da Igreja manteve a atividade monástica entre as questões que ocuparam as autoridades religiosas. Nesta comunicação abordaremos dois dos documentos dedicados ao tema, De ecclesiasticis officiis e Regula Isidori, escritos por Isidoro de Sevilha, à luz de uma das premissas do projeto de pesquisa (A produção intelectual eclesiástica nos reinos germânicos: a consolidação da Igreja e a normalização da sociedade) que desenvolvemos na UFRJ. Segundo tal premissa, o rico conjunto de textos produzidos no âmbito visigodo a propósito do movimento de organização da Igreja revela, entre suas formulações, modelos de conduta para os vários atores da sociedade que se buscava cristianizar. Em consonância com tal perspectiva, procuraremos identificar nos referidos documentos os traços de um perfil idealizado de monge. Nome: Leonardo Augusto Silva Fontes E-mail: leonardo.fontes@ymail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: A marginalização dos mouros na literatura religiosa do século XIII – os exemplos das Cantigas de Santa Maria e da Legenda Áurea O século XIII é considerado por muitos historiadores como o do apogeu da cristandade, sendo marcado por grandes transformações, entre elas, a humanização das relações entre homens e mulheres medievais com o sagrado; a interiorização da fé; a guerra contra os considerados infiéis, heréticos e pagãos; o surgimento e consolidação de línguas vulgares diante do latim. Estes últimos aspectos serão ressaltados neste trabalho, cujo norte é a comparação entre dois tipos de fonte religiosa – uma de produção laica, régia (Cantigas de Santa Maria) e outra, eclesiástica (Legenda Áurea) – que, entre outros aspectos, atuaram na marginalização dos muçulmanos na sociedade cristã. Apesar de a Igreja calcar sua doutrina na universalidade de sua fé, a alteridade é percebida mais como uma ameaça neste momento, inclusive pelos poderes temporais. A ética cristã em relação ao outro era transmitida, também, através das expressões visuais e literárias. É com esta discussão que este trabalho visa contribuir. Nome: Luís Miguel Rêpas E-mail: filomena@unb.br Instituição: Universidade Nova de Lisboa Título: Riqueza, prestígio e poder: mosteiros e nobreza em tempos medievais Nobreza e mosteiros desenvolveram uma relação de proximidade baseada numa mutualidade de interesses. Fundados pelos monarcas e pela aristocracia, e evidenciando um recrutamento centrado nesta classe social, os mosteiros, na sua grande maioria, nasceram e cresceram na sua dependência. Por outro lado, a nobreza logo percebeu que também teria muito a ganhar com esta sua ligação ao mundo monástico. Ao longo dos últimos anos procuramos perscrutar a interação estabelecida entre a nobreza e os mosteiros de monjas cistercienses em Portugal, durante a Idade Média. Neste trabalho apresentaremos algumas das nossas conclusões: veremos como os mosteiros se expunham aos interesses e à influência predominante de certas linhagens, que transferiam para as comunidades monásticas as estruturas clientelares da sociedade medieval, projetando nelas as solidariedades e vassalagens masculinas; veremos ainda como as linhagens interferiam e procuravam manipular as eleições das novas abadessas, com o intui-

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to de controlar o governo dos mosteiros; abordaremos o uso da violência, as pressões exercidas junto da Cúria Pontifícia, o enxovalhamento público das candidatas ao cargo, a insubordinação face à autoridade legitimamente eleita e as elevadas compensações monetárias oferecidas à parte vencida.

co que defende a jurisdição da Igreja sobre a “cura d’almas”. Este aspecto permite compreender a cultura política que embasou as lógicas dos atores sociais na baixa Idade Média e que, na longa duração, é também visível na América Portuguesa.

Nome: Marcelo Pereira Lima E-mail: inperpetuum@uol.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense / PEM – Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Da “casa del rey” a “casa de la reyna”: a unidade jurídica afonsina tem um gênero? A historiografia sobre o reinado de Afonso X não tem incorporado os pressupostos dos Estudos de Gênero às análises sobre o programa de unificação jurídica e renovação do direito sob o monopólio do poder monárquico. Nesta comunicação, dedicaremos algumas linhas para discutirmos se, como e por que o gênero constitui um fator relevante para esclarecer parte desse programa. A estratégia metodológica adotada aqui é estabelecer (des) conexões entre os aspectos institucionais inerentes ao governo de Afonso X e às diretrizes de gênero, comparando especialmente a “casa del rey” e a “casa de la reyna”. Em termos mais teóricos e epistemológicos, partimos de uma perspectiva baseada em uma História Institucional de Gênero e em uma Epistemologia Relacional do Direito.

Nome: Maria Rita Sefrian de Souza Peinado E-mail: mritapss@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: Santo Agostinho, o teórico da Igreja na Idade Média A Igreja, na Idade Média, assume a função articuladora da sociedade, por meio de sua mensagem evangelizadora. Santo Agostinho, principal representante desta instituição, viveu na transição da Antiguidade para a Idade Média, período de intensas transformações sociais e políticas. Analisaremos algumas proposições que esse autor fez porque elas direcionaram o pensamento medieval sob inúmeros aspectos como, por exemplo, no ensino de leitura e escrita. Estes conhecimentos comporiam, de acordo com o autor, a formação dos cristãos. A Igreja, por seu turno, como instituição, por meio dos discursos dos padres, inclusive os de Santo Agostinho, assumiu o governo dos povos, na medida em que criou condições para o estabelecimento da comunicação entre nômades e romanos. Consideramos que ao se estabelecer politicamente, a Igreja contribuiu com a organização da sociedade medieval efetivando a transmissão de um legado cultural, pois na medida em que evangelizava também educava os povos, a partir da conservação do conhecimento greco-latino.

Nome: Marcelo Tadeu dos Santos E-mail: marcelotadeu73@gmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: Cultura política medieval e longa duração: poder real e tradição no império português O objetivo desta pesquisa é apresentar a forma como se configura a teia de relações de poder dentro do Império português, dentro de uma estrutura cujos desdobramentos podem ser entendidos como parte da cultura política medieval. Nesse sentido destaca-se a tensão entre o monarca e os poderes locais, marcada por uma mistura de conveniência e de concorrência na busca pela construção de um equilíbrio político. Tendo como ponto de partida uma abordagem pautada no conceito de longa Idade Média buscamos perceber o papel que o monarca ocupa dentro desse jogo político, onde lhe cabe fazer justiça, garantindo a cada estamento àquilo que lhe é de direito. Conseqüentemente, isso permite estudar os conceitos de graça e perdão, instrumentos que estão à disposição do rei para exercer suas funções. Nossas fontes, os sermões pregados por Antonio Vieira entre os anos de 1653 e 1662, na região do Grão-Pará e Maranhão, são documentos construídos no interior de uma lógica conflitiva, que aponta para a necessidade de saídas mediadas e pactuadas, onde a Igreja assume o papel de principal agente na difusão do modelo corporativo de sociedade, permitindo ao historiador compreender tal realidade política numa perspectiva de longa duração. Nome: Marcus Silva da Cruz E-mail: marcuscruz@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso Título: Religião e identidade no discurso historiográfico do IV século: Eusébio de Cesaréia e Amiano Marcelino O IV século marca um momento de crucial importância para o mundo mediterrâneo. A religião cristã progressivamente assume uma relevância crescente na sociedade com a conversão com a conversão dos imperadores, bem como de membros da elite romana e de parcela significativa da população do Império. No entanto, esse fenômeno não significa o desaparecimento da religião pagã que continua arraigada em todos os grupos sociais além de manter um diálogo intenso com a religião cristã. Por outro lado a religião assume um papel fundamental na constituição da identidade deste homem tardo romano que caminha para tornar-se medieval. Entendemos que esta transformação ocorre exatamente quando a religião passa ser o elemento hegemônico no processo de constituição da identidade. Neste trabalho iremos discutir a relação entre religião e identidade no IV século a partir do discurso historiográfico tanto pagão, representado por Amiano Marcelino, quanto cristão através da obra de Eusébio de Cesaréia. Nome: Maria Filomena Pinto da Costa Coelho E-mail: filo-coelho@hotmail.com Instituição: Universidade de Brasília Título: O fardo da cura d’almas. Tradição ibérica e sociedade corporativa O trabalho é parte de um projeto maior, “Cultura política, instituições medievais e tradição ibérica”, e analisa alguns exemplos do discurso eclesiásti-

Nome: Mário Jorge da Motta Bastos E-mail: velhomario@gmail.com Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Uma História asséptica e monótona: o problema da transição da Antigüidade ao Medievo (Séculos V/XI) Ainda que seja o tempo – a duração dos processos históricos – o elemento essencial da dinâmica da História e, portanto, o referencial-chave do ofício do historiador, nós hesitamos, com considerável freqüência ao enquadrarmos o nosso objeto, em relação à valoração do peso diferenciado das duas dimensões fundamentais de qualquer temporalidade: a das permanências que carreia e a das transformações que evoca. Ora, em se tratando de dimensões intrínsecas à História, não deveriam causar-nos tanto constrangimento! Dentre as temáticas em meio às quais a questão se faz mais candente situa-se o problema da transição entre os períodos históricos. Ainda que o tópico pareça superado no quadro do paradigma hoje hegemônico em nossa disciplina, foram diversos e célebres os autores que se dedicaram ao tema. Propomo-nos a desenvolver, na mesa em questão – apoiados em fontes ibéricas diversas do período – uma abordagem crítica das principais vertentes historiográficas voltadas à caracterização da transição da Antigüidade ao Medievo, destacando as perspectivas clássicas – e os debates! – associadas às “escolas romanista e germanista”, as controvérsias relacionadas às noções de continuidade e ruptura e, em especial, o consenso atual em torno à concepção genérica da “síntese civilizacional”. Nome: Moisés Romanazzi Torres E-mail: mrtorres@ufsj.edu.br Instituição: Universidade Federal de São João del Rei Título: Guilherme de Ockham - suas perspectivas teológico-filosóficas e políticas As perspectivas lógicas e teológicas de Guilherme de Ockham, muito especialmente o nominalismo (com todos seus elementos) e a distinção entre fé e razão, igualmente suas perspectivas políticas e eclesiológicas, quero dizer, a antiherocracia ockhamista, nascem diretamente de suas concepções teológico-filosóficas particulares. Igualmente foram formuladas a partir de interesses de grupo enquanto acadêmico oxfordiano, franciscano e partidário da causa imperial (nesta última já atuando como um “intelectual de corte”): as disputas filosóficas e de poder entre as Universidades de Oxford e Paris e entre franciscanos e dominicanos (no caso das perspectivas lógicas e teológicas) e a defesa do Império e, em particular, de Luís da Baviera contra a plenitudo potestatis papalis de João XXII (no caso da antihierocracia). Ademais, longe de constituírem entidades isoladas todas essas perspectivas (lógicas, teológicas, políticas e eclesiológicas) formam um conjunto coeso onde podemos detectar inter-relações constitutivas. Nome: Rejane Barreto Jardim E-mail: rejane.jardim@hotmail.com Instituição: Pontifica Universidade Católica - RS Título: Corpo e poder no medievo castelhano do século XII O presente trabalho se propõe a realizar uma discussão que dê conta das

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77 experiências religiosas a partir das representações de gênero e do corpo como local de poder, observáveis em dois textos produzidos no século XIII na sociedade Ibero-Castelhana. Nesse sentido nossa proposta de estudo analisará, prioritariamente e de forma comparada, os textos de Afonso X e Gonzalo de Berceo, respectivamente uma das cantigas presentes no texto As Cantigas de Santa Maria e um milagre presente nos Milagros de Nuestra Senhora, ambos produzidos no século XIII, e que apresentam um discurso sobre o corpo e o feminino que nos permite pensar sobre as orientações que se davam ao exercício da religiosidade entre as mulheres e as normas sobre os cuidados de si. Nome: Rui Campos Dias E-mail: rui.camposdias@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: O Defensor Pacis (1324) e seu momento histórico Sem entrar na discussão das divisões temporais no período que denominamos Idade Média, trabalharemos com a noção de que a Baixa Idade Média se estendeu de meados do séc. XI ao séc. XV. Neste período, mas especificamente no séc. XIV, um pensador chamado Marsílio de Pádua produziu umas das mais importantes obras no que diz respeito às relações de poder entre Reino e Sacerdócio e o pensamento político na Idade Média; esse tratado se chama Defensor Pacis ou O Defensor da Paz. Essa obra não surgiu nesse momento por acaso, mas foi resultado de todo um conjunto de idéias e acontecimentos que, desde o séc. XI modificava as estruturas de poder no Ocidente europeu. O objetivo deste trabalho é contribuir para melhorar a contextualização e o entendimento do período de produção da principal obra de Marsílio de Pádua, que é a principal fonte de pesquisa de nossa dissertação de mestrado, em desenvolvimento, intitulada: Reino x Sacerdócio na Baixa Idade Média: Marsílio de Pádua e a formação do discurso de autonomia do poder temporal em relação ao poder espiritual; da qual este trabalho integrará parte do primeiro capitulo. Como objetivo final, teremos a chance de mostrar alguns resultados preliminares de nossa pesquisa de mestrado.

quanto uma concepção historiográfica embasada na História Cultural, trabalhando sob o prisma do Imaginário. O contraste entre o judeu “real” e o judeu “sobrenatural” permitirá refletir como se constroem os preconceitos e como se marginaliza o “outro”, criando estereótipos de média e longa duração. Nome: Thiago de Azevedo Porto E-mail: thiazepor@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: O reconhecimento da santidade e as relações de poder na Idade Média: uma análise comparativa dos casos de Domingo de Silos e Domingo de Gusmão O presente trabalho se propõe a apresentar um estudo sobre o reconhecimento institucional da santidade na Idade Média ocidental, a partir de uma análise comparativa dos casos de Domingo de Silos e Domingo de Gusmão. A abordagem em questão apresenta-se fundamentada em leitura crítica e análise discursiva das documentações de época relacionadas aos reconhecimentos prestados a estes dois santos ibéricos. A partir do conceito de relações de poder, serão analisados os interesses e as motivações presentes na aclamação episcopal de Domingo de Silos, em Burgos, no século XI, e na canonização de Domingo de Gusmão, pelo papado, no século XIII, bem como as relações estabelecidas em cada caso e que tinham como principal objetivo o reconhecimento institucional da santidade de ambos. Além do estudo específico de cada caso, realiza-se uma reflexão mais geral acerca das diferentes instâncias de reconhecimento institucional da santidade que vigoraram entre os séculos XI e XIII na Europa, a partir de uma análise comparada dos procedimentos que envolveram as aclamações de Domingo de Silos e Domingo de Gusmão.

Nome: Sandra Regina Franchi Rubim E-mail: srfrubim@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Maringá Título: O Governante como educador segundo Dante Este texto tem como objetivo analisar, a partir da obra Monarquia, de Dante Alighieri, algumas virtudes que ele considerava necessárias ao governante para que este pudesse promover o desenvolvimento intelectual de seus súditos. Na época de Dante, ou seja, fins do século XIII e início do XIV, com a força da Escolástica, das comunas, dos burgueses, das universidades, das corporações de ofício, do estabelecimento do poder laico, principiam a construção de um novo tempo histórico, o da sociedade burguesa, e de uma nova mentalidade: a citadina. Com base no método histórico-social, podemos perceber que, nas formulações de Dante, está presente a idéia de que somente o imperador, fazendo uso da razão e praticando virtudes éticas e políticas, poderia assegurar um governo justo e harmonioso, possibilitando o desenvolvimento do indivíduo e do intelecto humano. Concluímos, portanto, que as idéias defendidas por Dante, nas circunstâncias de seu tempo, representam um legado histórico importante para a atualidade. Ao eleger o governante como educador de seus súditos, como um modelo a ser seguido, esse autor deixa para a nossa contemporaneidade a idéia de que podemos governar nossos atos, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do indivíduo, para a preservação e o bem viver da sociedade. Nome: Sergio Alberto Feldman E-mail: serfeldpr@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo Título: Os judeus em Castela: da reconquista às conversões forçadas. Tolerância e exclusão social nos séculos XIII e XIV Esta comunicação faz parte de uma pesquisa que pretende analisar a presença judaica no reino de Castela nos séculos XIII e XIV sob duas óticas: a socioeconômica e a do imaginário social. Ao se distanciar de uma análise restrita pretendemos ampliar o foco tentando observar a função sócio-econômica dos judeus no processo da Reconquista e a proteção a eles promovida pelas coroas dos reinos peninsulares, lado a lado com a imagem construída pela Igreja e em específico pelos monges mendicantes que elaboraram uma espécie de “remontagem” e “upgrade” da visão da malignidade judaica já articulada pela Patrística nos primeiros séculos da Cristandade. As fontes alternarão crônicas reais, códigos legais, narrativas de monges, panfletos e pregações. A proposta teórico-metodológica tem o objetivo de juntar tanto a visão socioeconômica de alguns historiadores,

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78. A educação e a formação da sociedade brasileira Wenceslau Gonçalves Neto – Universidade Federal de Uberlândia (wenceslau@ufu.br) Carlos Henrique de Carvalho - Universidade Federal de Uberlândia (carloshcarvalho06@yahoo.com.br) Nossa proposta de ST visa aprofundar a discussĂŁo sobre as relaçþes entre a Igreja e a sociedade na Idade 0pGLD FRP rQIDVH QRV GLVFXUVRV GH SRGHU WDQWR HP QtYHO PLFUR TXDQWR PDFUR 'HVHMDPRV UHĂ HWLU DFHUFD GH FRPR D ,JUHMD VH HVWUXWXURX QR PHGLHYR HP VXDV P~OWLSODV GLPHQV}HV FRPR VH UHODFLRQRX FRP DV LQVWkQFLDV GH SRGHU XUEDQR VHQKRULDO UHDO LPSHULDO FRPR LQĂ XHQFLRX H QRUPDWL]RX D VRFLHGDGH FRPR FDUDFWHUL]RX H GLDORJRX FRP RV ´RXWURVÂľ ² H[FOXtGRV H PDUJLQDOL]DGRV FRPR LQWHUIHULX QD FRQVWUXomR GH discursos de gĂŞnero; como contribuiu, ou interditou, a criação artĂ­stica; como dialogou com a justiça, dentre outras questĂľes. A metodologia adotada pelo ST serĂĄ a apresentação das comunicaçþes, agrupadas pelas coordenadoras pela proximidade temĂĄtica, seguida de discussĂľes.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alvaro de Oliveira Senra E-mail: alvarosenra@gmail.com Instituição: Centro Federal de Tecnologia - RJ TĂ­tulo: A Associação de Educação CatĂłlica do Brasil (AEC) e os conceitos de privado e pĂşblico nĂŁo-estatal: Estado, educação e mercado no Brasil atual Tomando como referĂŞncia a atuação da Associação de Educação CatĂłlica do Brasil (AEC), entidade nacional fundada em 1945, este trabalho objetiva analisar os conceitos que esta entidade representativa de instituiçþes de ensino e educadores catĂłlicos tem utilizado para defender a “liberdade de ensinoâ€?, tese que condensa suas proposiçþes de negação do monopĂłlio da educação ao Estado. Em diferentes perĂ­odos de sua trajetĂłria esta entidade estabeleceu estratĂŠgias distintas, que se apropriaram dos conceitos de privado e pĂşblico nĂŁo-estatal como matizes de um discurso que buscou legitimar a existĂŞncia de uma rede de educação privada em relação Ă s estruturas do Estado moderno, mas nĂŁo identificada com a idĂŠia liberal do “privadoâ€? como espaço de realização do interesse individual/mercantil. Busca-se contribuir para discutir a relação entre Estado, mercado e sociedade civil no quadro da histĂłria da educação brasileira, tendo como objeto a ação da AEC. Nome: Antonietta de Aguiar Nunes E-mail: antoniettaan@terra.com.br Instituição: Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia TĂ­tulo: Educação indĂ­gena no Brasil antes da chegada dos europeus O trabalho trata dos grupos humanos que habitavam o territĂłrio hoje brasileiro quando aqui chegaram os europeus. Relaciona a seguir os diversos grupos indĂ­genas identificados nos tempos coloniais e passa a tratar genericamente da educação entre vĂĄrios grupos indĂ­genas antes da chegada dos europeus. Detalha depois a educação entre os tupinambĂĄs, grupo mais conhecido e estudado relacionando os vĂĄrios grupos etĂĄrios e a forma de educação em cada um deles. Conclui afirmando que a transmissĂŁo oral, a narrativa dos mitos ancestrais, a imitação das atividades dos adultos e a prĂĄtica de brincadeiras e jogos com outras crianças e jovens do mesmo grupo etĂĄrio eram as formas principais de incorporação de cada novo membro Ă tribo. E que todos os adultos se sentiam responsĂĄveis pelo ensino aos mais jovens e a aprendizagem se fazia de forma natural, espontânea, sendo desconhecidos os castigos e puniçþes fĂ­sicas. Nome: Antonio Carlos Ferreira Pinheiro E-mail: acfp@terra.com.br Instituição: Universidade Federal da ParaĂ­ba TĂ­tulo: Uma escola propedĂŞutica na provĂ­ncia da Parahyba do Norte: o Lyceu parahybano (1836-1834) Este trabalho ĂŠ resultante de estudos desenvolvidos no âmbito do Grupo de Pesquisa HistĂłria da Educação da ParaĂ­ba Imperial, vinculado ao Programa de PĂłs-Graduação em HistĂłria - UFPB. Objetiva analisar alguns aspectos relativos Ă histĂłria do Lyceu Parahybano que se constituiu uma das mais importantes instituiçþes educacionais da ProvĂ­ncia da Parahyba do Norte. Fundado em 1836, o Lyceu Parahybano promoveu, nos seus primeiros 40 anos de existĂŞncia, diretrizes e objetivos de ensino que visavam atender a juventude pertencente, prioritariamente, Ă elite masculina que vislumbra-

va se preparar para o ensino superior jurĂ­dico ou mĂŠdico. Nesse sentido, os seus dirigentes e professores centraram as suas prĂĄticas pedagĂłgicas na perspectiva propedĂŞutica, seguindo dessa forma certo padrĂŁo existente em outros liceus e escolas similares criadas no Brasil imperial. Tratamos essa questĂŁo Ă luz dos referenciais interpretativos propugnados por Thompson (1987) e MagalhĂŁes (2004). Para analisarmos as peculiaridades dessa instituição utilizamos como fontes os discursos e exposiçþes elaboradas pelos Presidentes da ProvĂ­ncia, os relatĂłrios dos diretores da instrução pĂşblica/ particular, as correspondĂŞncias emitidas pelos diretores do Lyceu Parahybano, alĂŠm de sua prĂłpria legislação. Nome: Armindo Quillici Neto E-mail: armindo@pontal.ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia TĂ­tulo: Os fundamentos histĂłricos e filosĂłficos sobre a Constituição do Ensino Superior no Brasil: a transição entre os perĂ­odos do ImpĂŠrio e da RepĂşblica O presente artigo pretende mostrar quais tendĂŞncias filosĂłficas influenciaram durante o surgimento e desenvolvimento do ensino superior brasileiro no final do perĂ­odo do ImpĂŠrio e nas primeiras dĂŠcadas da RepĂşblica. Queremos identificar quais concepçþes influenciaram mais significativamente a formação dos professores e a constituição do prĂłprio sistema de ensino nesse perĂ­odo. Sabemos que o paĂ­s recebeu influĂŞncia de correntes tais como: o Tomismo, o Iluminismo, o Positivismo, o Liberalismo, o Pragmatismo, o Ecletismo e tantas outras vertentes filosĂłficas. Os autores mais utilizados sĂŁo aqueles clĂĄssicos que se dedicaram ao entendimento da filosofia no perĂ­odo do ImpĂŠrio e da RepĂşblica. Paim (1974), por exemplo, identifica a presença da concepção do “Ecletismo Esclarecidoâ€?, que entra no Brasil por intermĂŠdio do pensamento de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769 – 1846) e influi fortemente na formação da concepção filosĂłfica do povo brasileiro. Citamos Cruz Costa (1967) e outros estudiosos que influenciaram na formação do pensamento brasileiro durante a segunda metade do sĂŠculo XIX e durante o sĂŠculo XX: Severino (1993), Paim (1974), Fernando de Azevedo (1971), Cunha (1986), Nagle (1974), Antunha (1975), Lauwerys (1969), Bergo (1979) e Brzezinski (1996). Nome: Berenice Corsetti E-mail: cor7@terra.com.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas TĂ­tulo: A problemĂĄtica do rendimento escolar no Brasil: uma anĂĄlise da contribuição de AnĂ­sio Teixeira (1934/1971) O trabalho apresenta resultados parciais de pesquisa que estĂĄ sendo realizada sobre a problemĂĄtica do rendimento escolar no Brasil, envolvendo o perĂ­odo de 1934 atĂŠ a dĂŠcada de 1990. Neste momento realizamos um recorte temporal situado entre 1934 e 1971, analisando a contribuição de AnĂ­sio Teixeira, no que interessa para a reflexĂŁo sobre a questĂŁo do rendimento escolar, tema presente em sua obra relacionado com a qualidade da escola. Trata-se de um trabalho historiogrĂĄfico, baseado em fontes documentais. A tipologia de fontes inclui as obras de AnĂ­sio Teixeira, bem como os artigos que publicou na Revista Brasileira de Estudos PedagĂłgicos, no perĂ­odo que indicamos. Sob o ponto de vista metodolĂłgico, utilizamos a metodologia histĂłrico-crĂ­tica, procurando articular texto e contexto, analisando os documentos histĂłricos que se constituem em fontes para nosso trabalho numa perspectiva dialĂŠtica. A investigação desenvolvida possibi-

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78 litou apontar as iniciativas adotadas por esse educador, com vistas à melhoria do rendimento da aprendizagem nas escolas brasileiras, bem como a influência das idéias norte-americanas nas propostas apresentadas para qualificar o desempenho escolar. Nome: Sirlene Cristina de Souza E-mail: sirlenehistoria@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Co-autoria: Betania de Oliveira Laterza Ribeiro E-mail: betanialaterza@netsite.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: A renovação historiográfica em perspectiva: uma análise do Grupo Escolar de Ibiá Este texto é resultado de estudos desenvolvidos no programa de Pós – Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, e tem como objetivo uma reflexão entorno da renovação historiográfica a partir da análise de novos métodos e novas fontes de pesquisa. Essa nova abordagem historiográfica possibilitou diferentes investigações, ampliando o campo de pesquisa, contribuindo com o desenvolvimento de outras vertentes da história, como a História da Educação. Dessa forma, a pesquisa que se encontra em andamento acena para um processo de construção num constante movimento interpretativo, sendo que a mesma serve como exemplo prático dessa nova perspectiva historiográfica. Assim, propomos um inventário das práticas escolares de maneira a realizar um mapeamento cultural do Grupo Escolar de Ibiá, MG (1932 a 1949) utilizando como metodologia a pesquisa qualitativa, mais sem desprezar os dados quantitativos. Nesse sentido, busca-se compreender os aspectos mais específicos do funcionamento escolar, abarcando as mais diversas dimensões do cotidiano da escola, com o intuito de contribuir para o enriquecimento dos trabalhos realizados no debate sobre a temática História das Instituições Escolares. Nome: Carlos Edinei de Oliveira E-mail: c.edinei@terra.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: O Ginásio Estadual de Tangará da Serra – MT: formando migrantes (1969-1975) O objetivo deste trabalho é o de analisar a proposta de formação do aluno e da aluna migrante na década de 1970, durante o período em que ocorreu a ocupação migratória de Tangará da Serra – MT. A análise será construída tendo como referência principal o Regimento Interno do Ginásio Estadual de Tangará da Serra elaborado em 1969, com eficácia até 1975. Outras fontes históricas também servirão como elementos de comparações e análise para melhor compreensão da formação educacional que receberam os filhos (as) de migrantes na região sudoeste de Mato Grosso. O espaço em questão era o único da localidade, que poderia proporcionar o mais alto nível de instrução naquela época em Tangará da Serra – MT. A História Cultural constitui na baliza teórico-metodológica que permitiu o exercício frente às fontes documentais, em especial neste estudo, aos documentos escolares. Nome: Carlos Henrique de Carvalho E-mail: carloshcarvalho06@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: A educação popular no Brasil e Portugal no âmbito das relações do Estado com a Igreja Católica (1931 a 1961) Esta comunicação apresenta as discussões em torno da necessidade de se criar um sistema de ensino popular, ou seja, o processo de organização da educação básica no Brasil e em Portugal, no período de 1931 a 1961, quando se adensam as propostas sobre esta modalidade de educação nos dois países, principalmente quando se buscava ampliar a escola primária e a educação de adultos (campanhas nacionais de alfabetização de massa), empreendidas por Salazar em Portugal e no Brasil a partir governo de Getúlio Vargas. A influência da Igreja Católica nos projetos de escolarização popular é notada através da JUC, JOC e pelas iniciativas de Paulo Freire no Brasil nos anos de 1950. Isso numa época de redefinições no plano governamental, nos respectivos países, e dos próprios rumos nas diretrizes sociais do Vaticano, ao salientar sua preocupação com o “estado de indigência educacional” dos setores marginalizados dos países do “Terceiro Mundo”. Dentre as fontes pesquisadas, no Brasil, merecem destaque o acervo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Revista A Ordem, um dos periódicos mais importantes para a divulgação das concepções católicas no país, para identificar os princípios sobre a educação popular propostos pela chamada “ala conservadora” da igreja.

Nome: Cecilia Hanna Mate E-mail: hannamat@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo / Presidente Prudente Nome: Iliada Pires da Silva E-mail: iliadapsilva@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo / Presidente Prudente Título: O discurso da reforma em dois tempos Buscamos neste espaço explorar o discurso das reformas da educação como necessidade e possibilidade de entrada do país no mundo da modernidade. A partir de duas pesquisas diferentes foi possível tangenciarmos dois momentos – final do século XIX e final da década 1920 – de euforia reformista presente nos discursos das reformas desses períodos, ambas construídas pela historiografia no estado de São Paulo. No primeiro caso, discutimos as estratégias utilizadas pelos discursos dos reformadores republicanos entre 1890-1894, divulgados pela imprensa como “A grande reforma”, que buscavam vincular a sua ação administrativa à experiência de instaurar uma nova temporalidade para a instrução pública. No segundo caso e tendo como fontes as revistas de educação, problematizamos a reforma de ensino 1929, tida por seus autores como “renovadora” que anunciava a construção de um corpo social harmonioso, ordeiro e produtivo por meio da constituição de um sistema de escolarização. Ancoradas em autores como o norte-americano Thomas Popkewitz, estudioso dos significados do termo reforma na história da educação, procuramos captar as disputas e relações de poder presentes nestes dois momentos. Nome: Cíntia Mara de Souza Palma E-mail: cmspalma@hotmail.com Instituição: Pontifica Universidade Católica - SP Título: O espaço que educa: políticas educacionais, sanitárias e urbanísticas na constituição do espaço escolar da Escola Normal do Braz (1911 - 1915) O presente trabalho ateve-se à configuração espacial da Escola Normal do Braz, procurando destacar como a análise do espaço escolar pode evidenciar as prescrições pedagógicas, urbanistas e médico-higienistas que estiveram em pauta no processo de construção de uma forma escolar moderna. São Paulo, no período estudado, fez parte de um processo internacional de reestruturação urbana, pelo qual passaram as cidades a partir do nascimento das ciências do urbanismo e sanitarismo. Procurou-se compreender as relações existentes entre o urbanismo, o sanitarismo e a higienização, e a reordenação urbana da cidade de São Paulo, visando captar de que forma essas ciências prescreveram a ocupação do solo para o uso de escolas. Partindo de estudos na área de História da Educação, confrontados com leis e anuários de ensino, procurou-se compreender a representação da escola, da escola normal, e da própria escola estudada em um período de intensos debates pedagógicos, consubstanciados com a Reforma da Instrução Pública. Finalmente, ressaltam-se neste trabalho as prescrições urbanistas, médico-higienistas e pedagógicas, que regulamentavam e normatizavam a edificação dos espaços escolares, e que contribuíram para a construção da Escola Normal do Braz. Nome: Crislane Barbosa de Azevedo E-mail: crislaneazevedo@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: Instrução Pública e modernização no Sergipe republicano Ao estudar a história da educação sergipana percebe-se por parte da administração pública uma busca pelo estabelecimento de uma educação moderna, enfática no início da República. Em decorrência disso, o presente estudo apresenta uma análise sobre as relações existentes entre as questões educacionais e as discussões sobre modernização em Sergipe no começo do regime republicano (1889-1930). Para tanto foi feita pesquisa bibliográfica e documental e a análise foi desenvolvida sob perspectiva histórica. A gênese de um processo de modernização foi localizada no estado décadas antes da implantação da República. O caráter de inovação, do vislumbrar novas perspectivas, encontra-se em Sergipe desde a sua constituição como província do Império. Em relação à instrução pública percebeu-se que esse processo modernizador foi materializado principalmente por meio das reformas da instrução, com destaque para a implantação dos grupos escolares a partir da reforma Rodrigues Dória de 1911. Esse processo modernizador é aprofundado na década de 1920, momento de consideráveis mudanças na sociedade sergipana onde têm espaço novas reformas da instrução pública. Nome: Diana Gonçalves Vidal E-mail: dvidal@usp.br Instituição: Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo Título: Migração e escolarização: a circulação de pessoas entre Brasil e

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Galicia (1860-1940) Entre 1860 e 1940, espanhóis da região da Galícia e portugueses provenientes do Norte de Portugal migraram para a América Latina, escolhendo como destino, em especial, a Argentina e o Brasil. Para Costa Rico e Peña Saavedra, a desintegração das estruturas agrárias tradicionais e os sistemas de apropriação dos excedentes da terra na Galícia atuaram de forma a expulsar parte do campesinato rumo à emigração americana. Para Felgueiras, a queda das relações comerciais entre Portugal e Brasil, fruto da independência brasileira, propiciou o surgimento de um movimento migratório às terras americanas, particularmente, intenso no período em tela. Tentando compreender como a circulação desses sujeitos interferiu no tratamento da questão educativa nos três países, em trabalho anterior, discorri sobre as relações históricas estabelecidas entre Brasil e Portugal. Nesta comunicação, retomarei a problemática, circunscrita a Brasil e Galícia. Para tanto, parece-me importante discorrer acerca de cinco aspectos: a) a dupla invisibilidade da imigração galega no Brasil; b) a amplitude do fenômeno migratório galego; c) Brasil e Argentina como destino e/ou passagem; d) semelhanças entre a migração galega e a do Norte de Portugal para as terras brasileiras; e) relações entre migração e escolarização. Nome: Diomar das Graças Motta E-mail: diomar@elo.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: A inserção do legado da produção historiográfica da educação em um contexto situado A produção de conhecimento sobre a História da Educação maranhense, tem propiciado acontecimentos singulares. Questões merecem destaque neste fazer: a pouca atenção do poder público; e o descaso com a memória educacional. No século XVII, há evidências, da não aplicação dos recursos para uma escola, que os franciscanos não conseguiram fazê-la. Nos séculos XVIII e XIX, os governantes deixaram a iniciativa educacional para os religiosos e os filhos da elite estudavam na Europa; a escola normal era moeda de barganha política – partidária. A memória educacional, não tem acervo e documentos na guarda de particulares são impiedosamente destruídos. Todavia essas questões não influenciaram decisivamente na produção historiográfica, que irrompe na década de 1970 e é ampliada até o presente, com monografias, dissertações e teses, além da produção de pesquisadores da história da educação, a exemplo a obra, no prelo, sobre o resgate da legislação da instrução pública maranhense no período do Império. Neste sentido, consideramos pertinente veicular esse legado, a fim de procedermos ao debate sobre a formação da sociedade brasileira, suas múltiplas relações, inclusive com a educação, em contextos situados. Nome: Dirce Djanira Pacheco e Zan E-mail: dircezan@unicamp.br Instituição: Faculdade de Educação/UNICAMP Título: Documentos curriculares para o Ensino Médio e a Agenda Política dos anos de 1990 no Brasil A análise de documentos curriculares pode fornecer pistas importantes para a compreensão das ações do estado em determinados contextos históricos, especialmente as que se dão no plano das políticas públicas. Partindo do pressuposto de que o currículo é uma construção social, pretende-se, com este trabalho, analisar os documentos produzidos pelo Ministério da Educação (MEC) nos anos de 1990, voltados para o ensino médio no Brasil, com o objetivo de desvendar aspectos da política educacional do governo federal nesse período. Ao mesmo tempo em que é possível identificar em tais documentos, diretrizes e bandeiras que expressam a valorização da diversidade cultural, o reconhecimento do aluno enquanto sujeito do processo de aprendizagem e o compromisso com o princípio da cidadania, a investigação atenta desse material pode revelar orientações educacionais que respondem às demandas de um projeto de modernização concebido num contexto marcado pela globalização econômica e pela reestruturação produtiva geradora de transformações profundas na esfera do trabalho. Portanto, se por um lado essa reforma curricular se mostra permeável às lutas pelo aprofundamento da democratização do país, por outro consiste num importante instrumento de construção da hegemonia. Nome: Dorval do Nascimento E-mail: dna@unesc.net Instituição: Universidade do Extremo Sul Catarinense Título: Formação do povo brasileiro: raças, ciência e identidade nacional em livros escolares (1933 – 1946) O objetivo da presente comunicação é refletir sobre as representações presentes em livros escolares brasileiros relacionadas às concepções sobre a formação do povo brasileiro e os destinos propostos para o país no contex-

to do projeto nacional formulado pelo governo getulista. Buscou-se cruzar as discussões de intelectuais brasileiros do período em torno das raças no Brasil com as representações constantes dos livros escolares e disseminadas no âmbito escolar, em articulação com as formulações relacionadas à identidade nacional. O corpus da pesquisa é constituído por oito livros escolares, sendo três da década de 1930 e cinco da década de 1940. A pesquisa trabalhou com três livros de leituras, três livros de ciências naturais e dois livros de história do Brasil do período referido. A intenção foi capturar diferentes representações que compuseram índices de enunciação sobre as temáticas. Pretendeu-se evidenciar as mudanças de ênfase e sentido, relacionadas às concepções sobre a composição do povo brasileiro e sua formação, e as implicações desses deslocamentos na formulação do projeto governamental de país. Nome: Fábio Alves dos Santos E-mail: fabbioallves@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: A proposta de Rui Barbosa para o ensino no Pedro II: educação e ciência O século XIX foi marcado por uma crescente difusão da cientificidade no mundo ocidental. Figuras como Charles Darwin e Herbert Spencer foram formuladores de teorias da evolução das espécies e das sociedades e contribuíram enormemente para o abalo do prestígio gozado pelas matérias que compunham o currículo escolar humanista – Retórica, Grego, Latim. Nas nações que encabeçavam o que se entendia por civilização, ganhou força a defesa de maior espaço para as ciências nos currículos do ensino secundário, contando com a participação de intelectuais como Auguste Comte. Os debates eram intensos. Afinal, para que serviria o ensino secundário? Qual sua finalidade? O que significava formar elites? Na segunda metade do século XIX a defesa de um ensino mais científico, mais utilitário passou por uma ascensão crescente. As discussões eram polarizadas entre os que defendiam a permanência da supremacia dos estudos literários contra os propugnadores de uma maior participação das ciências, em particular as Matemáticas e as Ciências Naturais. No terceiro capítulo de seu parecer sobre a reforma da Instrução Pública Rui Barbosa apresenta o que para ele constituía um ponto fundamental do substitutivo que propunha: a importância das Ciências Físicas e Naturais como fios condutores do ensino secundário. Nome: Wilma de Nazaré Baía Coelho E-mail: wilmacoelho@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará / Universidade da Amazônia Co-autoria: Felipe Tavares de Moraes E-mail: soad.lg@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Pará Co-autoria: Rafaela Paiva Costa E-mail: www.rafaelapaivacosta@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Pará Título: A construção de uma concepção político-educacional hegemônica: manuais escolares e intelectuais da primeira República no Pará Este trabalho tem por temática a educação na Primeira República no Pará e por objeto o trabalho do intelectual José Veríssimo na Diretoria da Instrução Pública no Pará (1889-1891) e o reflexo das discussões intelectuais no conteúdo dos manuais ou livros escolares acerca da adequação da realidade étnico-racial brasileira, notadamente miscigenada, ao projeto civilizatório europeu, o qual, em sua origem, não considerava como positiva esta realidade. Assim, analisamos a relação entre o discurso de intelectuais e autoridades públicas e a política educacional oficial deste período, e as representações de raça, nação e civilização, correntes nestes materiais, para compreender de que forma estas discussões alcançaram o campo educacional e, por meio dele, a sociedade. Trabalhamos, então, com as formulações teóricas de Roger Chartier, sobre Representação; Intelectual Orgânico de Antonio Gramsci; Discurso, de Mikhail Bakhtin; e Dominação Simbólica e Campo Educacional, de Pierre Bourdieu. Observou-se, de modo geral, que o pensamento de Veríssimo foi transposto para a política educacional da Primeira República no Pará, e que estes manuais pretendiam a formação de cidadãos voltados para a ordem e para o progresso, na qual o problema racial foi silenciado. Nome: Fernanda Lima Rabelo E-mail: fernandalr@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: As orientações norte-americanas no pensamento educacional e

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77 administrativo no Brasil: as missões Cooke e Abbink e a organização do ensino técnico brasileiro (1941-1950) No início da década de 1940, o Brasil e os EUA estavam envolvidos em uma política conhecida como equilíbrio pragmático, onde as duas nações negociavam interesses em um período de emergência de guerra. O intercâmbio entre técnicos, especialistas econômicos e educacionais, intelectuais e burocratas norte-americanos ao Brasil e brasileiros aos Estados Unidos durante a década de 1940 foi essencial como uma demonstração das negociações existentes entre as nações e teve um papel importante na expansão no Brasil das noções de conhecimento técnico, educacional, administrativo e institucional de american state-building. Duas missões conjuntas foram criadas com o objetivo de ampliar esses canais entre as nações durante a década de 1940: a Missão Cooke, em 1942 e a Missão Abbink, em 1948. O objeto desse estudo é analisar o intercâmbio de profissionais da educação, técnicos e intelectuais na construção do aparato administrativo e educacional no Brasil de 1941 a 1950, período de criação, implementação e extinção dessas missões e dos programas de intercâmbio entre as nações. Mais do que simples programas técnicos, elas foram uma tentativa de se adaptar o pensamento intelectual, educacional e administrativo norteamericano ao ambiente brasileiro. Nome: Flávio César Freitas Vieira E-mail: flavio36vieira@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Co-autoria: Wenceslau Gonçalves Neto E-mail: Wenceslau@ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Profissionalismos da professora Alice da Silva Paes no ensino primário da Escola Pública Municipal Noturna em Uberabinha (1924) A presente pesquisa documental da área da História da Educação estabeleceu por objetivos identificar as relações na constituição dos profissionalismos da professora da Alice da Silva Paes em sua atuação profissional à frente da Escola Municipal Noturna urbana do ensino primário para alunos maiores de 16 anos, em 1924, em Uberabinha-MG. As fontes primárias utilizadas foram jornais, revistas, documentos oficiais da Câmara Municipal de Uberabinha, atas, relatórios, leis, relatórios da inspetoria escolar, diários, fotos, entre outros, além do aporte legal educacional oriunda dos governos do estadual e municipal. O arcabouço teórico sustentou por foco as categorias de análises profissionalismo, profissionalização e profissionalidade e autonomia do professor que aplicadas às fontes visaram atingir os objetivos da pesquisa. Os resultados obtidos possibilitaram a identificação dos profissionalismos associado e competente restrito para a atuação da referida professora na direção da turma da Escola Municipal Noturna da cidade, bem como o processo sistêmico na constituição da tensão sobre a autonomia profissional da referida professora envolvendo elementos da profissionalização e da profissionalidade, sob a influência das idéias pedagógicas circulantes à época. Nome: Francisco Ari de Andrade E-mail: andrade.ari@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Ceará Título: Política, Legislação e Reforma do Ensino Imperial: um olhar a partir da experiência da Província do Ceará (1834-1844) O presente texto é uma reflexão sobre a educação cearense, na primeira metade do século XIX. Foram tomadas como referências duas medidas políticas: a reforma do ensino de primeiras letras de 1836-1837 e a instituição do Liceu em 1844. Com a publicação do Ato Adicional de 1834 houve uma descentralização política para as províncias organizarem seus sistemas de ensino primário e secundário. No Ceará, a organização da instrução primária gerou expectativas e demandas para o ensino secundário. A pressão da sociedade cearense pela organização do sistema escolar convergiu com a criação do Liceu. A legislação para o funcionamento da escola primária e secundária cearense, na primeira metade do século XIX, foi o marco inicial da construção do sistema escolar cearense. Palavras-chave: legislação – reforma – sistema Nome: Gabriela Pereira da Cunha Lima E-mail: gabiplima@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Co-autoria: Rosana Areal E-mail: rosanareal@ichs.ufop.br Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto Título: Educação nos tempos de chumbo: uma visão do pensamento conservador católico através das páginas do jornal “O Arquidiocesano”

Após o Concílio Vaticano II, a Igreja tornou-se mais tolerante e próxima dos problemas que a cercavam, inspirada pela Teologia da Libertação. Havia, porém, uma heterogeneidade de visões e posturas entre os católicos, a respeito do posicionamento adequado da cristandade face aos acontecimentos sociais e políticos do seu tempo. Nem todos os seus membros viam com bons olhos as mudanças pela qual a instituição passava, e é esse o caso de Dom Oscar de Oliveira, que comandou a Arquidiocese de Mariana nos “anos de chumbo”. Utilizando como fonte principal o jornal “O Arquidiocesano”, dirigido por Dom Oscar, pretendemos compreender de que forma os setores conservadores da Igreja produziam discursos e representações acerca da Educação. Pensamos que a imprensa é uma fonte documental extremamente valiosa, por nos aproximar de idéias, atores e vozes difíceis de serem apreendidas em outros tipos de documentação, funcionando como vitrines das idéias de uma época. Nas páginas desse órgão oficial impresso da Arquidiocese, é possível vislumbrar as tensões existentes entre ensino católico e laico, bem como os padrões de comportamento e modelos educacionais considerados adequados, pelo grupo católico que o jornal representava para a prática de professores e pais. Nome: Jacqueline da Silva Nunes Pereira E-mail: jsnpereira@ibest.com.br Instituição: Centro Universitário de Maringá Título: Michelet e a Educação Feminina no Século XIX Este estudo tem por objetivo analisar a concepção de educação da mulher, no século XIX, a partir da análise de duas obras de Jules Michelet; A Mulher e o Povo. Segundo o autor, a mulher enquanto educadora é responsável pela formação da sociedade, é base da família que por sua vez, é à base da pátria. Procuraremos identificar qual o papel que a mulher desempenha no processo de educação para com os seus filhos bem como ela é vista pelo autor no século XIX. Assim, nosso objetivo é apresentar exemplos que nos reportem a uma analise histórica que permita refletir sobre as práticas pedagógicas contemporâneas. Palavras-chave: Educação; Michelet; Mulher; Educação. Nome: João do Prado Ferraz de Carvalho E-mail: jdopradofc@uol.com.br Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie Título: Educação, escolarização das massas e desenvolvimento econômico no debate político educacional de meados do século XX no Brasil Numa resenha publicada na Revista Anhembi nº 100, de março de 1959, sobre o livro de Geraldo Bastos Silva intitulado Educação e Desenvolvimento Nacional, o sociólogo Luiz Pereira comparava o debate educacional da década de 30 do século XX no Brasil com o debate travado no momento no qual ele escrevia final da década de 50 e início da década de 60. Afirmava que o “estado de subdesenvolvimento econômico da nação” tornara-se importante preocupação da “consciência nacional” que então incluía a educação e a escolarização das massas como uma questão, dentre outras, “a ser mobilizada para se ultrapassar esse estágio econômico” marcado pelo atraso. Essa ênfase dada à função econômica da escola, na visão desse sociólogo, caracterizava o tom do debate educacional de meados do século XX no Brasil e mobilizava educadores, sociólogos e outros intelectuais, inclusive sendo tema de destaque do Manifesto dos Educadores Mais uma Vez Convocados de 1959, diferentemente do que ocorrera quando da publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932. Discutir a questão acima, educação, escolarização das massas e desenvolvimento econômico, tendo como referência as transformações vividas pela sociedade brasileira em meados do século XX, é o tema deste trabalho. Nome: José Carlos Souza Araújo E-mail: jcaraujo@ufu.br Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: A profissão docente nas mensagens dos presidentes de Estado do Rio de Janeiro nos anos 1920 O objeto desta é compreender o ser professor no Estado do Rio de Janeiro nos anos 1920, a partir das Mensagens dos Presidentes do Estado, as quais se constituem como forma de comunicação oficial entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo; são elas enviadas anualmente pelo primeiro, cujo teor se expressa pelas diversas ramificações que envolvem a administração pública. Nesse particular, a temática educacional se faz presente, bem como as referências sobre a profissão docente estão relativamente evidenciadas. Tal objeto implica em distinguir três dimensões em vista de uma categorização a orientar a pesquisa: Qual professor que se tem? Qual professor que se quer ter? Quais os caminhos deverão ser percorridos em vista

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em vista do professor que se quer ter, levando-se em conta as possibilidades e os obstáculos? Em outras palavras, trata-se de distinguir e evidenciar três categorias: a profissão docente existente, o profissionalismo a nortear tal profissão, e a profissionalização que se exercita em vista dos ideais expressos pelo profissionalismo, reconhecendo-se também uma consciência dos empecilhos à referida profissionalização. Nessa direção, trata-se de trazer à tona a perspectiva do Estado, e não as reivindicações docentes expressas através de associações, sindicatos etc. Nome: José Damiro de Moraes E-mail: jdamiro@gmail.com Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Título: Francisco Ferrer e o racionalismo como ação educacional anarquista no Brasil da Primeira República Em 2009 completam-se 100 anos da morte de Francisco Ferrer y Guardia (1859-1909). Este educador anarquista e livre pensador catalão foi condenado ao fuzilamento por criar escolas que fugiam dos moldes tradicionais: as Escolas Modernas. Sua proposta educacional chamou a atenção dos setores conservadores espanhóis representados naquele momento pela Igreja Católica e pela Monarquia. Vítima de uma farsa, Ferrer foi condenado por um tribunal militar e morto em 13 de outubro de 1909. Entretanto, suas idéias espalharam-se pelo mundo e atravessaram o Atlântico. Em vários locais foram criadas escolas com os princípios educacionais do racionalismo, método de ensino e aprendizagem desenvolvido por Ferrer. No Brasil coube aos anarquistas criarem escolas dentro deste pensamento. Esta comunicação tem como objetivo estudar como os educadores anarquistas brasileiros discutiram e defenderam o racionalismo e a obra de Ferrer entre os anos de 1906 a 1920 nos periódicos. Essa periodização assim definida visa englobar os três Congressos da Confederação Operária Brasileira (COB) nos anos de 1906, 1913 e 1920. Ambiente de discussão da educação destinada ao proletariado e também abrange o funcionamento de várias escolas que tomavam para si o título de Escola Moderna. Nome: Libania Nacif Xavier E-mail: libaniaxavier@hotmail.com Instituição: Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Memória e História do Sindicalismo docente no Brasil e em Portugal (1960-1980) A comunicação apresenta a análise da produção de escritos sobre o sindicalismo docente no Brasil e em Portugal, a partir do levantamento de material impresso – revistas, boletins, livros, dissertações e teses -- publicadas entre as décadas de 1960-1980 nos dois países. Este recorte temporal se justifica em função do interesse por captar a relação entre memória e história no âmbito dos escritos sobre os movimentos associativos de professores no contexto de transição política ocorrido em Portugal - que culminou com a Revolução dos Cravos, em 1974 - e no Brasil - que teve o seu auge com o processo de transição democrática de fins da década de 1970. Concluímos que essa produção se encontra marcada pelo envolvimento de seus respectivos autores / atores nos movimentos políticos de oposição ao regime autoritário, promovendo o imbricamento entre memória e história que vai marcar os escritos sobre o tema. Ao mesmo tempo, percebemos que é esta mesma produção que vai possibilitar a elaboração de um campo de registros e de interpretações que, posteriormente, dará suporte à elaboração de novas interpretações no âmbito da história da profissão docente, particularmente no que tange às suas relações com o Estado, em ambos os países. Nome: Marcos Paulo de Sousa E-mail: sousamp04@hotmail.com Instituição: Universidade Presidente Antonio Carlos Título: A análise do discurso e a Biopolítica como práticas interpretativas das relações tecidas pelos periódicos uberlandenses (1937-1945) acerca da Educação, Família e Infância Este trabalho objetiva apresentar algumas considerações pontuais acerca do contexto histórico-educacional estadonovista, a partir da perscrutação dos principais jornais publicados na cidade de Uberlândia (MG), entre os anos de 1937 e 1945. Importa salientar que esta comunicação faz parte de uma pesquisa em andamento alicerçada, essencialmente, em matérias publicadas nos jornais “O Repórter”, “A Tribuna” e “O Correio de Uberlândia”. Procuraremos evidenciar, por meio da análise do discurso e do conceito de biopolítica de Michel Foucault, as relações tecidas pelos jornais citados acerca da educação, família e infância. Nesse sentido, as matérias jornalísticas são percebidas como mecanismos discursivos que buscavam engendrar práticas de disciplinarização e de regulamentação da população.

Nome: Maria Angela Borges Salvadori E-mail: maria_salvadori@uol.com.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Humor e educação nas ondas do rádio (São Paulo, anos 19301940) Nos anos 1930 e 1940 diferentes programas radiofônicos de matriz humorística alcançaram grande popularidade em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Um desses programas, a Escola do Nhô Totico, voltado inicialmente para público infantil, atraia também adultos e constituiu-se em uma das maiores audiências da então Rádio Cultura paulista. Nesta comunicação busco analisar fragmentos desse programa recolhidos em documentos de matriz sonora ou preservados pelas memórias de alguns ouvintes. Tais documentos destacam a multiplicidade de personagens - todos interpretados pelo autor e rádio-ator Vital Fernandes da Silva – que, respondendo às questões postas por um professor, por seus erros, comentários ou linguagens, provocavam o riso. Em um período no qual a escola era vista oficialmente como lugar de construção da unidade nacional, tais programas ressaltavam a diferença e, em muitos momentos, a pouca “eficácia” daquele projeto homogeneizador. Nesta análise, faço-me acompanhar pelos estudos bakhtinianos relativos à linguagem e ao humor e pelos conceitos thompsonianos de costume e experiência, dialogando com tais autores na busca do sentido da popularidade deste e de outros programas radiofônicos centrados no cotidiano de salas de aula. Nome: Maria Helena Camara Bastos E-mail: mhbastos@pucrs.br Instituição: Pontifica Universidade Católica – RS Título: Permuta de luzes e idéias: O periódico “A Instrução Pública (1872-75/1882-83)” O estudo repertoria o periódico “A Instrução Pública”, editado no Rio de Janeiro e dirigido por J.C. de Alambary Luz (1872-1874/1887-1888), José Joaquim do Carmo e José Rodrigues de Azevedo Pinheiro Junior (1875). Considerada a primeira publicação periódica de educação e ensino editada no Brasil, é uma instância privilegiada para a apreensão dos modos de funcionamento do campo, pois permite acompanhar o aparecimento e o ciclo de vida, conhecer as lutas por legitimidade que se travam dentro do campo, analisar a participação dos agentes produtores na organização do sistema de ensino e na elaboração dos discursos que visam instaurar as práticas exemplares. Um primeiro levantamento permitiu verificar os autores que mais publicaram no periódico. Alambary Luz é a presença mais significativa e constante, estando presente em quase um terço dos números publicados. Privilegiamos os seus editoriais que possibilitam analisar o propósito da publicação, como um fórum privilegiado de discussão e circulação de idéias, com a intenção de difundir as luzes da instrução e as modernidades educacionais. Nome: Mariza Silva de Araújo E-mail: marizasilaraujo@unp.br Instituição: Universidade Potiguar Título: Manoel Dantas: um homem de múltiplos saberes e a educação republicana (1889-1920) Esse trabalho objetiva refletir sobre a história de vida de Manoel Dantas: poeta, historiador, advogado, jurista, educador, político, tribuno, jornalista, geógrafo. Destaca-se a contribuição do biografado como educador e Diretor da Instrução Pública no Rio Grande do Norte na República Velha (18891930). Nesse período, Manoel Dantas exerceu durante 21 anos o cargo de Diretor da Instrução Pública, cargo de destaque na administração da educação. Os escritos do biografado evidenciam uma visão futurista que se tecia com sua erudição e imaginação. São notados valores progressistas que fundamentaram a ação desse homem de ideário republicano que argumentava a favor da educação como instrumento promotor do progresso. Fundou em Caicó (RN) o jornal “O Povo”, que circulou de 1889 a 1892. Investigá-lo na forma do gênero biográfico significa considerá-lo como um sujeito “globalizante”, ou seja, abrange as dimensões que interessam ao historiador: o econômico, o social, o político, o religioso, o cultural. Dos fragmentos de sua existência que ficaram registrados por meio das chamadas fontes documentais incidem o olhar do pesquisador. Os escritos sobre a vida de Manoel Dantas revelam múltiplas imagens de sua existência e os entrelaces do tempo de uma vida (tempo biológico) com o tempo histórico. Nome: Marlos Bessa Mendes da Rocha E-mail: marlosbessa@ig.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: O Decreto Leôncio de Carvalho (1879)

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78 O propósito deste trabalho é entender os significados das proposições do decreto-lei sobre educação de Leôncio de Carvalho, de 1879, tanto em termos do contexto político geral da época, quanto do que ele significou na tradição das políticas públicas de educação que vêem se formulando ao longo do Império. Pode-se dizer que o decreto-lei Couto Ferraz, de 1854, é um ponto de inflexão nas políticas públicas de educação ao longo do Império. Foi ele quem estabeleceu pela primeira vez uma estruturação funcional da educação, via ordenação de suas instâncias deliberativas, que vinha sendo requisitada desde a primeira lei de educação de 1827. Ali se estabeleceu o controle estatal sobre toda a oferta de ensino, público e privado; as exigências de exame de capacitação dos candidatos a mestres; a estruturação do ensino primário em 1º e 2º graus; a questão do método do ensino; a obrigatoriedade escolar. O último decreto, por sua vez, caracterizou-se como um novo paradigma da política de educação do Império, num contraponto acentuado com a tradição advinda do anterior. O traço da novidade por ele trazida é a questão do “ensino livre”. O que se passou na política pública de educação nesse quartel de século que a fizeram enveredar por caminhos tão distintos? Nome: Mauro Castilho Gonçalves E-mail: mauro_castilho@uol.com.br Instituição: Universidade de Taubaté Título: A “boa cultura”: vigilância e censura católica em meados do século XX A pesquisa apresenta um levantamento e uma análise das edições de 1952 e 1953 do jornal católico O Lábaro, semanário da Diocese de Taubaté, SP, especialmente uma coluna intitulada “Orientando”, na qual os editores selecionaram e analisaram filmes, revistas e livros. O recorte temporal e a fonte primária estão relacionados à atuação da Igreja católica na área da cultura e da educação durante as décadas de 1940 e 1950, quando a instituição lançou uma campanha mundial para propagar a “boa cultura”, adotando procedimentos de vigilância e censura. Nas diversas edições, foram selecionados 102 filmes, 11 revistas e 10 livros, apresentando-os a partir de critérios que ora aconselhava, ora desaconselhava os leitores o contato com aquela produção cultural. A partir dos estudos que elegeram a imprensa como objeto de veiculação de modelos, projetos e práticas, esta pesquisa privilegiou categorias relacionadas à História Social, especialmente os estudos de E.P. Thompson e R. Williams. Os resultados indicaram que houve por parte da Igreja uma intencionalidade no que tange à formação e consolidação de um modus operandi, particularmente em razão do surgimento e fortalecimento de instituições de ensino controladas pelos católicos na circunscrição diocesana. Nome: Miriam Waidenfeld Chaves E-mail: miriamfeld@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: Estratégias de socialização de colégios católicos do Rio de Janeiro durante os anos 1920/1950 Durante os anos 1920/1950 as propostas em torno do desenvolvimento nacional brasileiro encontravam-se diretamente atreladas ao debate educacional que, por sua vez, não poderia ser concebido sem a contribuição do pensamento católico produzido por seus intelectuais. Nesse sentido, este texto tem como objetivo mostrar de que modo três dos mais tradicionais colégios católicos do Rio de Janeiro produziram um certo ethos educacional que, sem sombra de dúvidas, permeou a formação de parcela significativa de nossa elite durante o período investigado. Ou seja, pretende-se salientar que para esses colégios as formas de transmissão dos conhecimentos de ordem cognitiva e as estratégias de socialização constituíam-se mutuamente visando à formação de uma identidade estudantil que estivesse em acordo com os princípios educacionais das escolas em pauta. As revistas escolares – “Echos”, “A Vitória Colegial” e “A Alvorada” – escritas e produzidas por seus reitores, professores ou alunos são a fonte privilegiada deste estudo. Através desta investigação é possível perceber que comportamentos e atitudes eram valorizados pela educação escolar católica da época que a partir dessa ação pretendia influenciar a própria formação da cultura nacional. Nome: Raquel Discini de Campos E-mail: raqueldiscini@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Floriano de Lemos e a educação brasileira via jornais (1906-1965) Nas primeiras décadas do século XX era prática comum entre os letrados a utilização da imprensa para a publicidade de idéias e o encetamento de polêmicas. Floriano de Lemos foi um desses personagens que versou sobre os

mais variados temas, desde os mundanos, ligados às modas, aos saraus, ao embelezamento das ruas, dos seres humanos e outros, numa clara intenção civilizatória; e também sobre assuntos mais específicos ligados à sua área de formação, a Medicina. Tanto os temas mundanos quanto os científicos culminaram, de alguma maneira, na tentativa de educar o povo brasileiro em geral, e os seus pares em particular. Homem de bel esprit, Floriano fundou ou administrou impressos em diversas partes do Brasil, além de ter se aproximado diretamente do poder político. Desenvolveu também carreira na educação escolar, ensinando diferentes saberes em todos os níveis de ensino. O personagem em questão, assim como seus escritos serão analisados não apenas pelos que eles têm de singular, mas, principalmente, pelo que eles revelam sobre um tempo (a primeira metade do século XX), uma cultura e um grupo social (os intelectuais que atuaram fora dos grandes centros, suas intenções educativas e suas redes de sociabilidade) e um espaço em inexorável transformação (o interior do país). Nome: Samuel Barros de Medeiros Albuquerque E-mail: samuelalbuquerque@ufs.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe Título: Sacerdotisas de Minerva: notas sobre preceptoras alemãs em Sergipe (1860-1920) Este trabalho consiste na divulgação da pesquisa “Preceptoras alemãs em Sergipe (1860-1920)”, que está sendo desenvolvida no curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia - UFBA, sob a orientação da Profª Drª Lina Maria Brandão de Aras. Inspirado em procedimentos teórico-metodológicos da Nova História Cultural e explorando uma variada documentação dispersa em acervos públicos e privados, o referido estudo analisa as representações e práticas de preceptoras alemãs que atuaram em Sergipe, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Dessa forma, além da compreensão de uma prática educativa que marcou a formação das elites brasileiras, esta pesquisa tenciona ampliar o debate acerca da história da docência, lançando luzes sobre períodos e objetos pouco focalizados pelos holofotes da historiografia educacional. Nome: Sandra Cristina Fagundes de Lima E-mail: sandralima@ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Arquivo pessoal como fonte para a História da Educação O trabalho é resultado de uma pesquisa concluída cujos propósitos foram apresentar o arquivo pessoal como fonte para as pesquisas em História da Educação e perscrutar as relações estabelecidas entre a constituição de um desses arquivos e as representações de seu proprietário, no período de 1933 a 1961. Elegemos como objeto de análise o arquivo histórico formado pelo professor, inspetor e secretário Municipal de Educação do Município de Uberlândia, Jerônimo Arantes. Empregamos como fontes os documentos que compõem o referido arquivo, tais como: livros, jornais, revistas, correspondência pessoal e iconografia. A análise desse acervo possibilitou: a) engendrou mais uma possibilidade para se refletir sobre a história da educação no município; b) compreender a relação de Arantes com a memória e o seu envolvimento com o passado de Uberlândia, tanto em sua dimensão factual quanto no aspecto que concerne à fundamentação teórica, orientadora de sua produção; c) apreender as representações que seu autor ajudou a produzir sobre a história da cidade e, também, aquelas que foram construídas a respeito de si próprias; d) auxiliou a discernir as escolhas que ele efetuou em meio às diversas possibilidades de caminhos existentes para se pensar e escrever sobre o passado. Nome: Sauloeber Tarsio de Souza E-mail: sauloeber@pontal.ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Memórias de professoras: o Mobral no meio rural de Uberlândia-MG (1970-1985) Historicamente, a educação escolar no Brasil foi ofertada de maneira desigual às diferentes camadas sociais. As campanhas de alfabetização promovidas pelo governo federal surgiram com a proposta de redução dos elevados índices de analfabetismo que passaram a incomodar os diferentes níveis de governos, desde os anos 30, quando tiveram início os acelerados processos de industrialização e urbanização. É no contexto da Ditadura Militar, que o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) surgiu visando à expansão quantitativa da educação para jovens e adultos. A cidade de Uberlândia foi pioneira na implantação do MOBRAL em Minas Gerais, no segundo ano desse projeto no município foram criadas novas classes de alfabetização em bairros periféricos e na zona rural. A proposta

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desse trabalho é apontar as especificidades desse programa de alfabetização no meio rural de Uberlândia. As fontes consultadas indicam que esse projeto no campo também partia da concepção de que o analfabeto seria uma “chaga ou praga social” que deveria ser combatida. Também podemos afirmar que as condições necessárias para o funcionamento das salas nas fazendas dependiam da disposição das 22 professoras contratadas que residiam no local de trabalho, algumas delas objetos de nosso estudo, por meio de entrevistas. Nome: Sonia Mª de Castro Nogueira Lopes E-mail: sm.lopes@globo.com Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Título: A formação do professor de História na Universidade do Distrito Federal (1935-39) Este estudo tem por objetivo investigar a formação dos professores secundários de História na Universidade do Distrito Federal, instituição criada na cidade do Rio de Janeiro por iniciativa de Anísio Teixeira em abril de 1935 e extinta em janeiro de 1939. Reflete sobre o projeto original de formação docente que defendia um modelo integrado entre o curso de conteúdos específicos e a formação profissional. Observa as mudanças curriculares implantadas durante a breve existência dessa Universidade que acabaram por privilegiar a formação de especialistas, ao apartar o curso de conteúdos das disciplinas pedagógicas e conclui que este modelo permanece ainda hoje nas universidades brasileiras. Apóia-se nos estudos de Ivor Goodson sobre teoria do currículo e utiliza como fontes documentais atos administrativos e matrizes curriculares do referido curso. Nome: Tereza Fachada Levy Cardoso E-mail: fachada@gmail.com Instituição: Centro Federal de Tecnologia - RJ Título: Notas sobre a criação do ensino público há 250 anos O objetivo desta comunicação é celebrar um marco pouco lembrado pelos historiadores: o surgimento da escola pública em todo o Reino português, do qual o Brasil era parte, como América Portuguesa. De fato, a partir do Alvará de 28 de junho de 1759, a monarquia lusa assumia, com a Reforma dos Estudos Menores, a reorganização dos estudos, instituindo a educação pública em todas as partes do seu território, através do sistema de ensino das Aulas Régias. Tornava-se obrigação do Estado garantir a educação gratuita, estabelecer suas diretrizes e pagar os docentes, subordinados todos a uma política fortemente centralizadora. E consequentemente, esse Alvará de 1759 também marca o surgimento da figura do professor público: os professores régios de gramática latina, grego, retórica e os mestres de ler, escrever e contar constituem os dois primeiros grupos de professores selecionados, nomeados, pagos e controlados pelo Estado. A partir de então a educação passava a ser conduzida por organismos burocráticos governamentais e não mais sob a diretriz de uma ordem religiosa, como fora até então pelos padres da Companhia de Jesus. Esta comunicação propõe-se discutir os motivos e os limites impostos pela época, para a criação do ensino público no mundo luso-brasileiro. Nome: Wenceslau Gonçalves Neto E-mail: wenceslau@ufu.br Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Título: Política e religião em Minas Gerais: Estado e Igreja Católica no início da República A proclamação da República fecha o ciclo de associação entre Igreja e Estado no Brasil, ruptura litigiosa envolvendo casamento civil, secularização dos cemitérios, laicidade do ensino e do governo. Configura-se nesses primeiros tempos uma perda de influência e de participação nas decisões políticas por parte da Igreja junto ao poder constituído. No entanto, com base na documentação (Atas, Leis, Relatórios, etc) encontrada no Arquivo Público Mineiro e arquivos municipais, julgamos necessário nuançar esse processo, que tem diferenciações tanto em termos regionais como nos níveis local e nacional. Se no patamar das relações com o poder federal ocorre um distanciamento ocasionado pela separação entre Igreja e Estado, nos níveis estaduais e locais a situação toma outra configuração. A começar pelas constituições, pois a mineira inicia-se invocando o nome de Deus, diferentemente da nacional. E nas relações municipais é extremamente difícil separar as práticas políticas das religiosas, dadas as ligações profundas existentes entre a elite e a autoridade eclesiástica locais. Essa proximidade resultará em alianças e envolvimento dos padres na vida política local, além de ocuparem diversos cargos na administração pública, estadual e municipal, tanto pelo voto como por nomeação.

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79. MemĂłria, narrativas (auto)biogrĂĄficas e literatura de testemunho no Cone Sul da AmĂŠrica Carla Simone Rodeghero – UFRGS (carlasr@cpovo.net) ClĂĄudio Pereira Elmir – Unisinos (elmir@unisinos.br) 2 HVWXGR GD KLVWyULD SROtWLFD GD $PpULFD /DWLQD GDV TXDWUR ~OWLPDV GpFDGDV SHUPLWH SHUFHEHU D UHDOL]Dção de um processo comum, o qual estĂĄ marcado por uma sĂŠrie de rupturas institucionais em diferentes paĂ­ses do Continente em um curto espaço de tempo. Especialmente ao longo da primeira metade GRV DQRV H QD SULPHLUD PHWDGH GD GpFDGD GH YiULRV IRUDP RV JROSHV GH (VWDGR SHUSHWUDGRV pelos quais foram derrotados majoritariamente regimes democrĂĄticos cujo modo de acesso ao poder KDYLDP VLGR DV HOHLo}HV 6H QR %UDVLO D UXSWXUD SROtWLFD IRL PHQRV WUDXPiWLFD QRV SULPHLURV DQRV GR QRYR UHJLPH QR &KLOH H QD $UJHQWLQD ² DSHQDV SDUD FLWDU GRLV FDVRV UHSUHVHQWDWLYRV QmR REVWDQWH D PDLV FXUWD GXUDomR GDV GLWDGXUDV H DQRV UHVSHFWLYDPHQWH UHODWLYDPHQWH j H[SHriĂŞncia brasileira (de 20 anos), ĂŠ possĂ­vel designar Ă queles paĂ­ses a consumação imediata de Estados terroristas. A proposta de SimpĂłsio TemĂĄtico que ora submetemos Ă avaliação da ComissĂŁo Organizadora do XXV 6LPSyVLR 1DFLRQDO GH +LVWyULD GD $138+ WHP HP YLVWD R DFROKLPHQWR GH FRPXQLFDo}HV GH SHVTXLVD TXH WUDEDOKHP FHQWUDOPHQWH FRP DV QDUUDWLYDV UHODFLRQDGDV DR SHUtRGR KLVWyULFR GDV GLWDGXUDV FLYLO militares pelas quais passou o cone sul da AmĂŠrica. Neste sentido, estamos considerando tanto as investigaçþes que se realizam no campo disciplinar da HistĂłria, quanto pesquisas que envolvam outras iUHDV GH FRQKHFLPHQWR TXH HVWDEHOHoDP GLiORJR FRP R FRQKHFLPHQWR KLVWyULFR FRPXQLFDomR OHWUDV DUWHV Ă€ORVRĂ€D FLrQFLDV VRFLDLV SVLFRORJLD $ TXHVWmR FHQWUDO TXH RULHQWD R 6LPSyVLR FLUFXQVFUHYH VH j PHPyULD SURGX]LGD VREUH DTXHODV FLUFXQVWkQFLDV WHQKDP VLGR HODV FRQWHPSRUkQHDV DRV DFRQWHFLPHQWRV ² QRWDGDPHQWH DV GpFDGDV GH H RX HQJHQGUDGDV HQWUH D FULVH GDTXHOHV UHJLPHV SROtWLFRV H RV GLDV DWXDLV 1DUUDWLYDV KLVWRULRJUiĂ€FDV MRUQDOtVWLFDV OLWHUiULDV DUWtVWLFDV VmR DOJXQV GRV lugares privilegiados de construção da memĂłria que estamos vislumbrando.

Resumos das comunicaçþes Nome: Antonio MaurĂ­cio Freitas Brito E-mail: mafbrito@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado da Bahia TĂ­tulo: MemĂłrias sobre o Decreto 477: repressĂŁo, colaboracionismo e ressentimento O ano de 2009 marca a passagem dos 40 anos do Decreto 477 - editado em 26 de fevereiro de 1969. TambĂŠm chamada de “AI-5 da universidadeâ€?, esta medida repressiva consolidou o esvaziamento do amplo protesto estudantil de resistĂŞncia Ă ditadura militar no Brasil, na fase 1964-1968. NĂŁo obstante sua importância Ă ĂŠpoca, o Decreto 477 tem sido pouco discutido pela historiografia sobre o movimento estudantil brasileiro. Esta comunicação analisa a aplicação do Decreto 477 na UFBA e a cassação de matrĂ­cula de alguns militantes estudantis. As narrativas construĂ­das suscitam diversas questĂľes, desde a maneira pela qual a experiĂŞncia foi vivida no plano subjetivo, atĂŠ a vigĂŞncia de uma memĂłria do ressentimento em relação ao colaboracionismo de autoridades universitĂĄrias. Nome: Beatriz de Moraes Vieira E-mail: beamv@terra.com.br Instituição: Instituto de Humanidades - UCAM TĂ­tulo: Um “cemitĂŠrio ubĂ­quoâ€?: HistĂłria e Literatura no Brasil dos anos 1970 A imagem da histĂłria como “cemitĂŠrio ubĂ­quoâ€? encontra-se no livro de poemas de Afonso Henriques Neto e Eudoro Augusto, O Misterioso LadrĂŁo de Tenerife, publicado em 1972 e tido como uma das obras caracterĂ­sticas da contracultura brasileira, ou da “poesia do sufocoâ€? produzida pela geração do “desbundeâ€?, como entĂŁo se dizia. Tomando o poema como fonte histĂłrica (Adorno, Benjamin) e observando o seu teor testemunhal (Seligmann), este trabalho busca analisar indĂ­cios de como a histĂłria foi concebida e sentida no Brasil sob a ditadura civil-militar, bem como a inflexĂŁo sofrida na relação sujeito-histĂłria, levando em consideração as questĂľes ĂŠticas colocadas Ă anĂĄlise crĂ­tica da experiĂŞncia de dor. Nome: Carla Simone Rodeghero E-mail: carlasr@cpovo.net Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul TĂ­tulo: Rememoração ou esquecimento: os significados da anistia para os protagonistas da luta (1975-1979) O trabalho visa discutir as diferentes concepçþes de anistia que marcaram a atuação de militantes que empunhavam esta bandeira a partir de 1975. Na atuação de protagonistas como a advogada Therezinha Zerbine, a escritora

Mila Cauduro, e o general Peri Bevilacqua podem ser captadas representaçþes que associavam a anistia a reconciliação nacional, a “pacificação da famĂ­lia brasileiraâ€?, e, ainda, a ato generoso das autoridades. Estas representaçþes conviveram e disputaram espaço, a partir de 1978, com aquelas construĂ­das pelos ComitĂŞs Brasileiros de Anistia espalhados pelo paĂ­s, que passaram a defender uma “anistia ampla, geral e irrestritaâ€?, propondo o desmonte radical da ditadura. Na comparação entre estas diferentes formas de dar significado Ă anistia, ĂŠ possĂ­vel perceber situaçþes nas quais a anistia ĂŠ associada ao esquecimento do passado e outras que tomam a luta pela anistia como oportunidade valiosa para trazer tal passado Ă tona. Neste quadro, o trabalho analisarĂĄ a convivĂŞncia e a disputa entre as concepçþes de anistia/esquecimento e as de anistia/memĂłria, mostrando como o caso da anistia se liga Ă s polĂŞmicas mais gerais - e ainda atuais - a respeito de como a sociedade brasileira lidou/ lida com as marcas e as feridas deixadas pela ditadura. Nome: ClĂĄudio Pereira Elmir E-mail: elmir@unisinos.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos TĂ­tulo: Desafios metodolĂłgicos da literatura de testemunho para o trabalho do historiador Muito se tem falado nos Ăşltimos anos sobre as dificuldades que a literatura de testemunho oferece para o trabalho crĂ­tico, especialmente no campo dos estudos literĂĄrios. As discussĂľes envolvem, entre outras variĂĄveis, as relaçþes que este gĂŞnero - se assim for entendido - pode estabelecer com as noçþes de alta literatura, cânone e objeto estĂŠtico. A relativização destes conceitos ĂŠ um dos corolĂĄrios deste debate. O compromisso polĂ­tico da literatura de testemunho, seu apego Ă referencialidade e Ă s questĂľes ĂŠticas que, por conta disto, atravessam estes textos propĂľem ao historiador desafios metodolĂłgicos nĂŁo negligenciĂĄveis no inquĂŠrito que o mesmo ĂŠ capaz de fazer Ă s narrativas. O objeto da comunicação ĂŠ situar este debate no âmbito de interesse da pesquisa histĂłrica, tendo em vista, especialmente, a literatura testemunhal produzida por exilados polĂ­ticos das ditaduras militares na AmĂŠrica Latina. Nome: Fraya Bergamini E-mail: frayaberga@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul TĂ­tulo: Lutas democrĂĄticas: a campanha pela anistia nos jornais alternativos Coojornal (1978-1980) e O Rio Grande (1979) Este trabalho tem por objetivo analisar a campanha em prol da anistia empreendida pelos jornais Coojornal e O Rio Grande, ambos de imprensa alternativa, durante o perĂ­odo compreendido entre os anos de 1978-1980. Pretende compreender como se deu a cobertura da campanha pela anistia por estes periĂłdicos na conjuntura de abertura polĂ­tica do regime militar brasileiro,

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79 demonstrando a aproximação dos jornais com setores de oposição que defendiam uma anistia ampla, geral e irrestrita e a volta ao Estado de direito. A pesquisa também visa analisar que tipo de anistia os jornais defendiam. Nome: Ianko Bett E-mail: ibett@bol.com.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Título: Representações anticomunistas na grande imprensa argentina durante o golpe militar no Brasil (1964) O artigo apresenta a análise das representações anticomunistas que foram difundidas na grande imprensa argentina, no contexto do golpe militar brasileiro de 1964. A pesquisa faz parte de um projeto maior que consiste em analisar o anticomunismo católico nas grandes imprensas de Porto Alegre e Buenos Aires, no contexto dos golpes militares (1964 e 1966), ocorridos no Brasil e na Argentina respectivamente. Neste texto, o enfoque recairá sobre a análise do modo como a grande imprensa argentina representou, através de notícias, artigos e editoriais, a realidade brasileira por ocasião do golpe militar de 1964 e qual foi o lugar estabelecido para o “perigo comunista” em tais matérias jornalísticas. Para tanto, serão utilizados os principais jornais de Buenos Aires à época, quais sejam, La Nación, Clarín, La Razón e El Mundo. Nome: Jarbas Gomes Machado Avelino E-mail: jarbasgma@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Biografando uma tradição: a invenção da Escola do Recife no Piauí entre o fim do século XIX e início do XX a partir da arte de contar as trajetórias de vida de si e dos outros Neste artigo, pretendo discutir a emergência, a partir da prática escriturística, de uma tradição, e, assim também, de uma identidade, que distingue e aproxima os bacharéis em Direito, inseridos no âmbito da sociedade piauiense entre o final do século XIX e início do XX, constituída em torno de uma forma específica de atuar socialmente e de um repertório de percepções de si e dos outros seus pares que gera um sentido de pertencimento. Essa tradição, que aqui caracterizarei como inventada, refere-se ao que se convencionou chamar de Escola do Recife. Para atingir esse propósito, sirvo-me, enquanto material empírico, de textos biográficos e autobiográficos produzidos por bacharéis em Direito, formados pela Faculdade de Direito do Recife, e que, no Piauí, atuaram em diversas frentes, tendo, contudo, como instrumento legitimador social e intelectualmente a escrita. É essa escrita que é aqui objeto de problematização enquanto lugar social a partir do qual será inventada uma tradição, uma identidade, um repertório de dizeres e fazeres distribuidores de um status, de um sentido de pertencimento. Nome: Marcelo Hornos Steffens E-mail: mhsteffens@zipmail.com.br Instituição: Centro Universitário Newton Paiva Título: “Presidente Vargas” entre a narrativa mitológica e a narrativa histórica Busco analisar algumas características da escrita biográfica, a partir do livro de Paul Frischauer, “Presidente Vargas” (1943). Nessa biografia, o escritor austríaco - que teria sido contratado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) especialmente para produzir essa obra sobre Getúlio Vargas - lançou mão de uma série de recursos narrativos - perigo de invasão estrangeira, infiltração dos nazi-fascistas e comunistas nas redações de vários jornais - para justificar, de alguma forma, a instalação, em 10 de novembro de 1937, da ditadura do Estado Novo. Mas, além disso, vale ressaltar que em muitas passagens o texto de Paul Frischauer assume a forma de uma narrativa mitológica, na forma e na direção da conceituação de Raoul Girardet na obra “Mitos e mitologias políticas”. Assim, procuro identificar neste trabalho a presença dessas passagens e verificar, a partir das discussões que serão realizados neste simpósio temático, sua ocorrência em outras obras desse gênero. Nome: Marcia Pereira dos Santos E-mail: marciasantoss@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás – Campo Catalão Título: Sensível acesso ao passado: memória e esquecimento O campo das sensibilidades, no interior da historiografia diz respeito a uma série de fenômenos humanos. Partindo desse pressuposto e de reflexões sobre as sensibilidades desenvolvidas dentro da História Cultural, o presente artigo problematiza a relação entre a memória e o esquecimento, tecendo um diálogo com a filosofia de Paul Ricoeur quando este discute a questão da narrativa e da escrita de si, ou autobiografia, e, ainda, aquelas que se dedicam à memória, a história e ao esquecimento.

Nome: Maria Ângela de Faria Grillo E-mail: lagrillo@msn.com Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco Título: O Mercado de São José: lugar de memória No Recife, o Mercado de São José se constitui um lugar de memória dos vendedores ambulantes, do som das violas dos cantadores e do recitar dos folheteiros. Assim, se constitui em um lugar em que saberes, celebrações e formas de expressão se reúnem em toda sua complexidade. É um lugar privilegiado em que se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas e em que a circulação e consumos dos bens da cultura imaterial se encontram em toda sua ambigüidade. Ao seu redor daquele imponente edifício se estabeleceram uma grande quantidade de cantadores, poetas e vendedores de cordel, mostrando que a cultura popular tinha raízes mais profundas que as elites pernambucanas imaginavam. Ao escolhermos registrar essa experiência, identificamos a importância das referências culturais que estão em circulação no mercado, para a construção das identidades locais, regionais e nacionais. É importante ainda considerar que essa cultura imaterial não era reconhecida enquanto patrimônio cultural da cidade. Diante de tantas manifestações que compõem a vida cultural do Recife, é importante que, ao promovermos a discussão e a valorização das práticas culturais que transformam o mercado em um lugar, possamos contribuir para a aceitação das diversidades e da legitimidade desses fazeres. Nome: Mariluci Cardoso de Vargas E-mail: marilucivargas@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Título: Posições estabelecidas, apoios dados, trabalho coletivo: o MFPARS e seus apoiadores na memória das filiadas Considera-se que o período em que o MFPA-RS (1975-1979) atuou foi um momento de transição política para o retorno democrático e assim exigiu um engajamento dos novos movimentos sociais com órgãos institucionais que se posicionavam como opositores da ditadura civil-militar. Essa comunicação visa valorizar a memória construída pelas filiadas do MFPA-RS, acerca do diálogo e da contribuição de grupos apoiadores da anistia, que trabalharam na tentativa de mobilizar a sociedade civil para questões políticas de forma a contribuírem para a prática de uma cultura política de resistência. O trabalho do MFPA-RS ao lado do Movimento Democrático Brasileiro - RS (MDB-RS), da Ordem dos Advogados do Brasil - RS (OAB-RS) e da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), por exemplo, abriu caminhos para que a luta pela anistia fosse reconhecida e legitimada. Nesse sentido serão apresentadas as formas que o diálogo com esses movimentos permeiam as narrativas das que vivenciaram esse momento político no RS. Nome: Marta Gouveia de Oliveira Rovai E-mail: martarovai@usp.br Instituição: Universidade de São Paulo Título: Narrar e viver: Diálogos entre passado e presente nos limites entre o “ter sido” e o “estar sendo” O trabalho trata sobre narrativas de homens e mulheres que vivenciaram a organização operário-estudantil e a repressão a uma greve realizada na cidade de Osasco, no ano de 1968. Através dos relatos dessa “comunidade de destino” constrói-se uma identidade - recortada por conflitos, lacunas, formas diferentes de dizer e narrar - pela qual o grupo se posiciona no mundo, cria marcos e molda constantemente seu papel social no presente. O passado relatado não é apenas o tempo revisitado, mas ainda o tempo vivido, presentificado nas palavras e emoções de seus narradores. Nome: Mateus Gamba Torres E-mail: mateustorres@ig.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Os julgadores na Operação Barriga Verde (1975-1978): imparciais defensores da lei, ou funcionários a serviço do status quo? Com o intuito de desestruturar o Partido Comunista Brasileiro, então vivendo na clandestinidade, o Exército, juntamente com as Polícias Federal e Militar, põem em prática a chamada Operação Barriga Verde. Ação conjunta entre estes órgãos, que estabeleceu a prisão de 42 réus, acusados de fazerem parte da estrutura do partido. Tais prisões, em seu conjunto formaram um inquérito policial e consequentemente um processo judicial, o n° 42.031, e que, apresenta em seu interior, com relação aos réus, dois tipos de depoimento, um policial e outro judicial. Perante o juiz de direito, com seu advogado o discurso do réu, mostra sua revolta contra as confissões obtidas na fase policial sob tortura. Tais relatos são, porém, desconsiderados pelos Juízes Militares, que julgarão o processo, e desconsideram a hipótese de prova obtida por meios ilícitos, mediante tortura, utilizando assim, para condenar tais réus,

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confissões extraídas de forma ilegal, sem a assistência de um advogado, ou qualquer pessoa que demonstre sua legalidade durante a fase do inquérito. O presente trabalho tentará demonstrar como os juízes militares utilizavam os relatos dos acusados existentes no processo como prova de cometimento de um “ilícito penal” contra a segurança nacional. Nome: Paulo Roberto Rodrigues Guadagnin E-mail: pguadagnin@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: A experiência de utilização dos processos trabalhistas nos estudos sobre o Regime Militar brasileiro no Rio Grande do Sul (1964-1968) Em 1964, após a deposição do presidente João Goulart, o êxito do novo regime dependeu diretamente do sucesso das instituições do Estado brasileiro em manterem a estabilidade do ordenamento político em todas as esferas, sejam públicas ou privadas. À Justiça do Trabalho (JT), em específico, competia julgar contendas como greves e dissídios coletivos, atribuição que poderia conflitar com a política de estabilização econômica do governo ou o enquadramento do movimento sindical. A comunicação ora proposta versa sobre a experiência, em andamento, de pesquisa sobre o papel que ocupou a Justiça do Trabalho nos anos iniciais do Regime Militar. O enfoque pretendido é a análise das posturas adotadas pela JT nas decisões judiciais e as razões das mesmas, utilizando-se do potencial dos processos trabalhistas enquanto fonte histórica. Esta discussão é um esforço no sentido de avançar em relação a uma série de questionamentos referentes às decisões que o judiciário tomava no período e suas implicações na sociedade, percebendo, desta forma, em quais termos que o Tribunal Regional do Trabalho gaúcho foi integrado no processo de instalação e consolidação do regime. Nome: Renata Jesus da Costa E-mail: renataufg2@hotmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica - SP Título: O Universo feminino de Carolina de Jesus A presente comunicação visa analisar o universo feminino da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. Utilizando como fonte de pesquisa a obra literária Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicado em 1960. Perspectiva que procura valorizar um aspecto dessa obra, até então, pouco explorado pelas pesquisas acadêmicas referentes à autora. Tendo em vista que alguns pesquisadores, como Levine e Meihy, por exemplo, preocuparamse em abordar nas narrativas de Carolina a “voz dos excluídos”. Outros se propuseram a discutir a relevância literária de suas obras. Para este trabalho a atenção, em relação ao referido livro da autora, debruça-se sobre a tentativa de perceber as ações da escritora enquanto sujeito feminino frentes aos problemas sociais e culturais que caracterizaram sua época; propondo como eixo temático o casamento. Nome: Ricardo Henrique Borges Behrens E-mail: r.behrens@uol.com.br Instituição: Universidade Federal da Bahia Título: Fascínio verde: intelectuais e militância integralista nas memórias de Ruben Nogueira Este trabalho é parte de uma pesquisa embrionária sobre a circulação, aceitação e divulgação das idéias integralistas entre jovens intelectuais baianos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade da Bahia. Tomando como referência a trajetória de um desses estudantes, o jurista baiano Ruben Nogueira, esta reflexão será promovida através de análise da autobiografia do mesmo, intitulada O homem e o muro. Memórias políticas e outras. Memórias que descortinam, entre outras, as lembranças da militância integralista. Nesse sentido, a presente comunicação tem como objetivo perceber as estruturas de sociabilidade daqueles intelectuais, bem como avaliar a atuação dos mesmos na esfera estadual tentando perceber que lugar este movimento de âmbito nacional reservava aos intelectuais dos Estados. Reconhecendo a centralidade ideológica do Integralismo nas figuras de Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale, este trabalho busca identificar o campo de atuação daqueles que Jean-François Sirinelli chamou de intelectuais intermediários. Nome: Rosilene Dias Montenegro E-mail: rosilenedm@hotmail.com Instituição: Universidade Federal de Campina Grande Título: A história de vida de Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque O presente trabalho faz parte do Projeto Memória da Ciência e Tecnologia em Campina Grande (1952-2002), apoiado pelo Centro de Humanidades e UFCG, e tem como objetivo apresentar aos pesquisadores alguns dos resultados do trabalho de pesquisa sobre as memórias e histórias sobre o professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque e sua relação com a ciência e tecnologia na cidade de Campina Grande-PB e no Brasil. Engenheiro Civil, egresso da

UFPE, onde se formou em 1955, Diretor da antiga Escola Politécnica da Paraíba, Reitor da FURNE (atual UEPB), Reitor da UFPB, Presidente do CNPq’(1980-85), Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque se tornaria uma das personagens mais importantes na história da ciência e tecnologia na Paraíba e Brasil pela atuação política e administrativa que implementou por onde passou. Conhecido internacionalmente e reconhecido nacionalmente pela sua importância para a política cientifica e tecnológica no Brasil, a história de vida de Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque tem sido divulgada de forma assistemática, cabendo o desafio da escrita sobre uma personagem tão singular e um tema tão difícil de ser abordado pelos historiadores como o da ciência e tecnologia. São aspectos dessas histórias que se entrecruzam: Lynaldo Cavalcanti e Ciência e Tecnologia que propomos aqui. Nome: Sérgio Luiz de Souza de Costa E-mail: slscosta@uol.com.br Instituição: Centro Federal de Tecnologia - RJ Título: O Arconte e seu Outro: Gabriel García Márquez e os Mcondistas A pesquisa mapeia as obras de Gabriel García Márquez, Alberto Fuguet e Edmundo Páz Soldán como portadores de percepções próprias a respeito da América Latina, numa perspectiva comparativa. Investigamos a produção de textos literários inscritos em realidades distintas e percebidos como representativos de cartografias imaginárias e portadores de memórias ancestrais. Trabalhamos com a noção de arquivo como imaginada pelos filósofos Michel Foucault e Jacques Derrida e percebemos García Márquez como o Arconte, aquele que guarda os arquivos da cultura latino-americana. Assim, elegemos como operadores de análise os conceitos de espaço e tempo, entrelaçados em relações de poder. Confirmamos como importante referencial de análise o contexto da modernidade tardia e a lógica cultural que o excede. Nome: Suzane de Alencar Vieira E-mail: suzanealencar@gmail.com Instituição: Universidade Estadual de Campinas Título: O discurso testemunhal e a produção da categoria “vítima” Este trabalho discute a relação entre catástrofe e testemunho a partir da vasta produção testemunhal (entre autobiografias, narrativas cinematográficas e fotografias) sobre as vítimas da catástrofe radiológica do Césio-137, desencadeada em 1987, em Goiânia, capital do estado de Goiás. Em 21 anos de catástrofe e cessados os efeitos da contaminação radiológica, o número de vítimas continua a aumentar. As vítimas são produzidas discursivamente a partir dos testemunhos que atualizam, ampliam e definem o evento. Testemunhar não apenas institui uma verdade sobre o evento, mas também identifica e define a vítima ao configurar discursivamente a substância radiológica nos corpos e na trajetória das vítimas. Os testemunhos configuram um campo de intensas disputas políticas em torno da definição da categoria vítima e da extensão e intensidade da catástrofe. Nesse contexto, o estudo sobre o testemunho permite, a partir de uma interlocução entre antropologia e história, problematizar a categoria “vítima” e a temporalidade do evento radiológico ao estender seus efeitos ao âmbito discursivo. Nome: Telma Cristina Delgado Dias Fernandes E-mail: tcddiasfernandes@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual da Paraíba Título: Um olhar sobre construções amorosas e erotismo na literatura de Ana Cristina César A poética de Ana Cristina César passeia pelo cotidiano do seu tempo e das suas próprias singularidades. São escritos eivados de paixões, desejos e medos. Prosa e poesia marcadas pela história da poética marginal, mas que alguns críticos literários entendem como uma construção poética diferenciada em relação a produção do período. Seus escritos são principalmente da década de 1970. Propomos discutir questões pertinentes à história e à sensibilidade, tentando perceber suas linhas de fuga e seu desejo de se sentir livre. Mas a liberdade talvez seja apenas uma lenda da modernidade. Através da narrativa produzida por essa autora buscaremos perscrutar as falas dos corpos e dos afetos, os desejos pontuados por subjetivações e multiplicidades, entendendo o mundo como criado e não como reflexo. Este trabalho sobre as narrativas de Ana C. faz parte de um projeto que abrange outros autores, entre eles Herbert Daniel, principal personagem de uma pesquisa inserida no Projeto de Iniciação Científica, na Universidade Estadual da Paraíba.

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80 80. HistĂłria polĂ­tica: idĂŠias, prĂĄticas e instituiçþes Tiago Losso – UFSC (tiagolosso@gmail.com) Luciano A. Abreu – PUCRS (luciano.abreu@pucrs.br) 4XDLV DV FRQH[}HV HQWUH SUiWLFDV H UHSUHVHQWDo}HV SROtWLFDV" &RPR DV LQYHVWLJDo}HV KLVWyULFDV VREUH LGpLDV LQVWLWXLo}HV H SUiWLFDV SROtWLFDV SRGHP FRQYHUJLU SDUD XPD FRPSUHHQVmR ´WRWDOL]DQWHÂľ GD SROtWLFD" 7RPDQGR D SROtWLFD FRPR XP IHQ{PHQR TXH VH H[SUHVVD HP YiULDV GLPHQV}HV D SURSRVWD GHVWH 6LPSyVLR 7HPiWLFR p FRQJUHJDU SHVTXLVDGRUHV LQWHUHVVDGRV HP LQYHVWLJDU R SDVVDGR SDUD Ă€QV GH LQterpretação e compreensĂŁo de idĂŠias, prĂĄticas e instituiçþes polĂ­ticas. Esta proposta deve explorar um GLiORJR TXH WHP VH PRVWUDGR IUXWtIHUR HQWUH WHyULFRV GD SROtWLFD H KLVWRULDGRUHV QXPD SHUVSHFWLYD TXH SULPD SHOD FRPSOHPHQWDULGDGH GH HVWXGRV UHDOL]DGRV QRV kPELWRV GLVFLSOLQDUHV GD WHRULD SROtWLFD H GD KLVWyULD GR SHQVDPHQWR H GRV HYHQWRV SROtWLFRV (VWD RULHQWDomR KLVWyULFD GD UHĂ H[mR VREUH D SROtWLFD conduz o pesquisador a problemas tĂ­picos do trato com o passado, indicando a necessidade de um GLiORJR VLVWHPiWLFR HQWUH D SURGXomR KLVWRULRJUiĂ€FD QR FDPSR GD SROtWLFD HVSHFLDOPHQWH QR kPELWR GD KLVWyULD GR SHQVDPHQWR SROtWLFR H D WHRULD SROtWLFD FRQWHPSRUkQHD $VVLP LQYHVWLJDU D SROtWLFD OLGDQGR FRP VXDV P~OWLSODV FRQĂ€JXUDo}HV GLVSHUVDV WHPSRUDOPHQWH H JHRJUDĂ€FDPHQWH FRQWH[WXDOL]DQGR H LQWHUSUHWDQGR VHXV VLJQLĂ€FDGRV WUDQVIRUPD VH HP XP HPSUHHQGLPHQWR TXH VH HQFRQWUD DOpP GH HVWULWDV amarras disciplinares. Nesse sentido, este SimpĂłsio TemĂĄtico objetiva criar um espaço multidisciplinar SDUD H[SRVLomR H GLVFXVVmR GH SHVTXLVDV VXEVWDQWLYDV H PHWRGROyJLFDV TXH FRQĂ XDP SDUD XPD LQWHUSUHWDomR GH FXQKR KLVWyULFR GR SURFHVVR GH HODERUDomR H FLUFXODomR GH LGpLDV SUiWLFDV H LQVWLWXLo}HV polĂ­ticas.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adilson Junior Brito E-mail: clio051@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Pernambuco TĂ­tulo: Como deve ser o ImpĂŠrio brasiliense? Traços do sentimento patriĂłtico amazĂ´nico, 1823-1824 Este trabalho tem por objetivo situar a construção do Estado e da nacionalidade “brasileirosâ€? no complexo de relaçþes sociais e polĂ­ticas marginais da provĂ­ncia do GrĂŁo-ParĂĄ. Num momento polĂ­tico de grande incerteza quanto ao futuro, o ImpĂŠrio Brasiliense passava a ser um artefato mĂşltiplo e complexo, em que variadas utopias se debatiam na arena de interesses que procuravam legitimar a ruptura com Portugal. Temas como “liberdadeâ€?, “igualdadeâ€? e “direitos naturaisâ€? agitavam vivamente todos os que viviam na AmazĂ´nia, especialmente a parcela majoritĂĄria da população, composta por indĂ­genas, mestiços, negros e brancos pobres, que se entendiam como parte de um corpo social que deveria sofrer modificaçþes decisivas na relação Estado-sociedade para adentrar a era da modernidade. No cotidiano da capital e do interior provincial, prĂĄticas e discursos “popularesâ€? sinalizavam as vontades dos que nĂŁo possuĂ­am tĂ­tulos, mercĂŞs e honrarias, mas que nĂŁo se faziam de rogados ao sugerirem como deveria ser o ImpĂŠrio Brasiliense. Nome: Adriano Nervo Codato E-mail: adriano@ufpr.br Instituição: Universidade Federal do ParanĂĄ TĂ­tulo: IdĂŠias, prĂĄticas e instituiçþes: qual a direção da causalidade? A disposição antiliberal das classes dirigentes durante os anos trinta nĂŁo implicou na renĂşncia a um aparato institucional em nome do governo carismĂĄtico. Essa disposição estava, na realidade, na base de uma aspiração oposta: no governo burocrĂĄtico dos institutos, comissĂľes e autarquias. Por isso, assim como foi feito para tocar a polĂ­tica econĂ´mica, dois aparelhos foram concebidos e instituĂ­dos para administrar as alianças polĂ­ticas interelites: os Departamentos Administrativos e as Interventorias Federais. O discurso oficial do Estado Novo inspirou a criação de ambos e especialmente os Departamentos foram uma manifestação eloqĂźente da ideologia autoritĂĄria. Mas eles sĂŁo tambĂŠm o canal privilegiado por onde a ideologia de Estado se manifesta. Esse aspecto, que a relação linear postulada entre discurso, instituiçþes e prĂĄticas administrativas perde de vista, ĂŠ inclusive mais importante para entender o sucesso do autoritarismo: paradoxalmente, o efeito da ideologia torna-se a causa da sua supremacia. A comunicação apresenta alguns elementos empĂ­ricos para entender porque os Departamentos Administrativos podem ser, nesse contexto, o meio eficiente de integração entre as oligarquias tradicionais e as idĂŠias do regime estadonovista. Nome: Affonso Celso Thomaz Pereira E-mail: affonso.thomaz@bol.com.br Instituição: IFRJ TĂ­tulo: O conceito de repĂşblica no Iluminismo. Debates teĂłricos

Nossa pesquisa tem por objetivo estudar o conceito de ‘repĂşblica’ no iluminismo, tendo como referĂŞncia o pensamento polĂ­tico de Kant. Nos limites deste simpĂłsio, acreditamos ser de grande pertinĂŞncia realizar um debate sobre o ambiente intelectual contemporâneo envolvido com o objeto em si ou com o debate teĂłrico que orienta as pesquisas em histĂłria das idĂŠias polĂ­ticas e histĂłria dos conceitos polĂ­ticos. O conceito de ‘repĂşblica’, ou o tema do republicanismo, ressurge com força no Ăşltimo quartel do sĂŠculo passado no centro de uma discussĂŁo acerca do liberalismo polĂ­tico ligado ao tema da justiça distributiva. A investigação das origens dos conceitos e categorias movidos pela tradição liberal passou a ocupar um papel central: buscava-se distanciar do juĂ­zo contemporâneo e da perspectiva teleolĂłgicofatalista ao se analisar na origem do liberalismo polĂ­tico – sĂŠculos XVII e XVIII – um conjunto de tensĂľes e instabilidades presas a conceitos fundadores que serviam de tradição para os temas do bem-pĂşblico e da justiça social. Neste sentido, tomaremos as pesquisas de John Pocock, Pierre Rosanvallon, Reinhart Koselleck e ElĂ­as Palti como exemplares para o debate acerca da teoria da histĂłria e do conceito de repĂşblica. Nome: Ana Luiza AraĂşjo CaribĂŠ de AraĂşjo Pinho E-mail: analuizacaribe@yahoo.com.br Instituição: Fundação GetĂşlio Vargas TĂ­tulo: De forasteiro a unanimidade: a ascenção polĂ­tica e Juracy MagalhĂŁes na Bahia no perĂ­odo de 1931-1934 Juracy MagalhĂŁes revolucionou a forma de fazer polĂ­tica na Bahia, modificou tanto que atĂŠ hoje sua forma de agir ĂŠ imitada pelos candidatos ou ocupantes de cargos eletivos. E ĂŠ mais impressionante ainda pensar que antes de ser indicado para o cargo de interventor, em 1931, ele nĂŁo possuĂ­a nenhuma experiĂŞncia polĂ­tica, alĂŠm do mais, era muito jovem (apenas 26 anos), e foi enviado para um estado bastante conturbado. O sucesso de Juracy Ă frente do governo do estado deve-se, em grande medida, a sua capacidade de construir alianças sĂłlidas, capazes de, em trĂŞs anos, lhe darem maioria absoluta nas eleiçþes de 1934 e de elevĂĄ-lo a condição de expoente da polĂ­tica da Bahia – ao lado de OctĂĄvio Mangabeira – a partir de 1945. Este trabalho tem como objetivo analisar, com base nas biografias deste Tenente Cearense, quais as estratĂŠgias polĂ­ticas utilizadas para alcançar hegemonia polĂ­tica na Bahia no curto perĂ­odo de trĂŞs anos (1931-1934). Nome: Bruno Cordeiro Nojosa de Freitas E-mail: brunonojosa@gmail.com Instituição: Universidade Federal do CearĂĄ TĂ­tulo: Pedras no telhado: polĂ­tica e sociedade do CearĂĄ nas eleiçþes distritais de 1860 Decorrente de pesquisa historiogrĂĄfica iniciada sob exigĂŞncia do curso de Mestrado em HistĂłria Social da Universidade Federal do CearĂĄ, o presente trabalho tem como foco a polĂ­tica imperial atravĂŠs das atividades eleitorais na provĂ­ncia do CearĂĄ durante metade do sĂŠculo XIX. Partindo de um evento especĂ­fico, as eleiçþes da vila de Telha em 1860, em que grupos polĂ­ticos distintos incorreram em sangrento confronto, se busca a percep-

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ção não apenas do fato, como também de suas apropriações nas diversas fontes. Inserto em um período de transformações na legislação eleitoral do Império, como a criação dos círculos eleitorais e a “lei das inelegibilidades”, o evento permite pensar características mais abrangentes da sociedade cearense e da vida política no império. Ao tratar o pleito de Telha como situação-limite, podemos pôr em discussão as noções de coronelismo, política familiar e violência no sertão, da mesma forma que é possível problematizar os comportamentos dos sujeitos envolvidos; tanto os munidos de bala quanto os providos da escrita. Refletimos, assim, sobre o fato ocorrido e suas representações. Como fontes para tal, utilizou-se principalmente de periódicos, cartas, diários de viajantes, relatórios de presidentes de província e legislação provincial e imperial. Nome: Carolina Paes Barreto da Silva E-mail: carolina_pbs@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Discursos impressos de um liberal exaltado: investigando a noção de república através da trajetória de Antônio Borges da Fonseca e d’O Repúblico (1830-1837) O início da construção da nação brasileira foi marcado por um intenso embate político-ideológico, fazendo da imprensa lugar privilegiado nesse processo. Em meio ao clima efervescente das questões políticas acerca da construção do Estado Imperial, uma série de impressos de matrizes liberais levantava polêmicas sobre a soberania e a legalidade do governante, o papel e o poder do Imperador dentro de uma ordem regida pela Constituição. Nesse contexto, em um quadro flagrante de crise política, saiu a lume no Rio de Janeiro o jornal O Repúblico, escrito pelo liberal exaltado Antônio Borges da Fonseca. Acompanhando os acontecimentos políticos que precederam a abdicação de D. Pedro I, o periódico permitiu aos leitores seguir o desenrolar das disputas travadas na Corte e a divulgação de diversos projetos políticos e conteúdos liberais e constitucionais. Nesse sentido, o presente trabalho pretende investigar as propostas defendidas pelo jornalista, bem como o sentido e a amplitude dos conceitos por ele utilizados no jornal, contribuindo para um melhor conhecimento das tendências políticas que compunham o grupo dos liberais exaltados. Também propõe analisar os diferentes significados da noção república, buscando delimitar o deslocamento semântico deste termo nos anos de 1830. Nome: Cássio Alan Abreu Albernaz E-mail: cassioalbernaz@hotmail.com Instituição: PUC-RS Título: Os gaúchos do poder: trajetórias e heranças políticas dos ministros da “Era Vargas” (1930-1945) Este estudo parte do método prosopográfico para analisar a elite gaúcha tendo como objeto mais específico os Ministros de estado, durante o período da chama “Era Vargas”. Dessa forma, busca-se compreender essa elite política através das seguintes perguntas: Qual o perfil dos ministros gaúchos? Sob que bases e redes sociais assentam seu poder? Quais os recuros pessoais e coeltivos dessa elite política? Quais os percursos de suas trajetórias políticas? A hipótese desse trabalho parte da idéia de que a “herança política” constituiu-se num fator importante para o recrutamento ministerial. Assim, é necessário acompanhar as trajetórias políticas e sociais buscando compreender como chegam e quem representam para tentar percrustar a complexidade das teias e dos laços sociais que compoêm o grupo do poder. O estudo da biografia coletiva das elites ministeriais gaúchas, nesse contexto, possibilita investigar a partir da relação entre poder regional e nacional como se processam historicamente as articulações de elites políticas e como reconvertem seus capitais políticos e sociais para a manutenção de grupos no poder. Nome: Celia Costa Cardoso E-mail: celcard@hotmail.com Instituição: UNG/UNICASTELO Título: Governadores sob a tutela militar: análise comparativa entre os Estados de São Paulo e Sergipe (1963-1967) A pesquisa investiga os vínculos políticos dos governos dos Estados de São Paulo e Sergipe com os acontecimentos políticos nacionais no período de 1963 a 1967, recuperando práticas e memórias de agentes políticos que apoiaram ou se opuseram aos conspiradores de 1964, bem como o papel dos estados dentro dos projetos nacionais estabelecidos pelos governos militares. Torna-se relevante desenvolver um estudo comparativo da atuação política dos governos de Adhemar de Barros em São Paulo, adesista civil, e Seixas Dória em Sergipe, defensor das reformas de base e contrário ao golpe de 64. As práticas políticas distintas desses governos exigem uma

análise acurada da política federativa dos governos militares e do grau de autonomia e participação dos estados. Assim, discute-se a trajetória dos governos estaduais sob os governos militares no que se refere à política federativa e à problemática da segurança nacional. Nome: Douglas Guimarães Leite E-mail: douglas.leite@gmail.com Instituição: Universidade de São Paulo Título: A República dos Sabinos: elementos para uma reinterpretação dos discursos políticos na revolta da Sabinada (Bahia – 1837/1838) Esse artigo tem o objetivo de discutir a diversidade política dos discursos revoltosos na Sabinada, em 1837, na Bahia, e demonstrar a existência de grupos políticos específicos, que fazem da revolta um espaço para a consolidação e para o diálogo de suas diferenças. Para isso, pretende identificar esses pensamentos a partir de sua trajetória de formação, na exploração do uso da imprensa e dos documentos jurídicos da revolta, demarcando assim suas duas principais tendências políticas: o federalismo monárquico e o republicanismo. Os jornais O Sete de Novembro e o Novo Diário da Bahia – espécies de crônica do movimento – publicados no curso da rebelião que tomou a cidade de Salvador por 4 meses, são as principais fontes para esse trabalho que procura evidenciar na revolta a existência de uma consistente voz republicana, até aqui negada ou pouco explorada pelos trabalhos escritos sobre a Sabinada. Nome: Elio Cantalicio Serpa E-mail: ecserpa@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Goiás Título: Revista Brasília: “ver o outro nos próprios olhos” Em 1942 o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de Coimbra criou a revista Brasília. Uma revista de cunho acadêmico e institucional, diferenciando-se de outras na sua concepção e destinada a um público específico. A publicação contou com o apoio do Instituto para a Alta Cultura da Propaganda Nacional, da era salazarista e o Brasil se constituiu em interlocutor básico. As preocupações fundamentais da revista Brasília giraram em torno de questões relacionadas com a língua, com a história e com a literatura. O que se pretende saber é como as escritas, constantes na Revista Brasília, travaram uma guerra política no campo das idéias, tendo como interlocutores setores da intelectualidade brasileira da era Vargas. Nome: Fabio Carminati E-mail: fcarminati@gmail.com Instituição: Ufsc Título: Sobre história e idéias (ou acerca da representação de si na história) O texto que segue inscreve-se no campo da história das idéias, e nele tecem-se reflexões a respeito da relação entre o modo como os agentes sociais vêem a si mesmos na história, as práticas concretas e a dinâmica social e política. Para isso, como fio condutor, recorre-se ao conceito de imaginário historicamente estruturado – e à correlata atividade imaginária – entendido como mediação entre a atividade prática e a vida social. Nesse sentido, evocam-se três grandes momentos históricos: o nascimento do humanismo cívico, a Reforma Protestante, e o processo de “adaptação” das idéias liberais no Brasil imperial e escravista. Nesses três grandes momentos, mostraremos que, na maneira como os grupos sociais representam a si mesmos e as suas práticas, e nas idéias através das quais eles fazem isso, encontra-se referência à produção ou à reprodução social. E, mais ainda, que esse processo de significação não é determinista, mas sim envolve uma série de complexidades e mediações que só uma análise histórica e sociológica, como a que pretende este trabalho, pode levantar. Nome: Fabrícia Carla Viviani E-mail: fabriciaviviani@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Título: O conceito de democracia na proposta de representação classista do Clube 3 de Outubro O propósito deste trabalho é identificar qual é conceito de representação submersa à proposta de representação classista (profissional), idealizada em 1932 pelo grupo tenentista do Clube 3 de Outubro. Diante do cenário mundial de crise do liberalismo e das críticas internas às formas de representatividade oligárquica, no qual a competição política se concretizava via partidos regionais, os “tenentes” visualizavam na organização corporativa o sustentáculo da construção da nação. A prática corporativa de representatividade pressupõe uma organização política de acordo com as posições estruturais dos indivíduos na sociedade, correspondendo a interesses gru-

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80 pais. A representação, portanto, refletiria o interesse orgânico da sociedade, organizada em grupos e expressada como tais. Sendo assim, seguiremos o pressuposto de que esse tipo de representação transcendia os fundamentos de representatividade da democrática liberal e se constituiria em uma ressignificação do conceito de representação a partir da concepção orgânica da sociedade. Assim, essa hipótese sinaliza que nesse momento a tentativa de redefinição do conceito de representatividade democrática passaria da sociedade individualizada ao modelo de maior interferência da sociedade enquanto setores organizados coletivamente. Nome: Fagner dos Santos E-mail: agkfs@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Título: A “Política dos Governadores” em números: alguns aspectos sobre as metas de Campos Sales e o comportamento do Legislativo entre 1899-1902 A Política dos Governadores é tomada entre diversos historiadores como justificativa para a aparente acomodação político-partidária do período entre 1899 e 1920. Um acordo entre o governante federal e as lideranças locais trocava a independência do Executivo de um controle do Congresso Nacional pela garantia da manutenção do poder local. É sabido que, a partir de Campos Sales, a política de intervenção se tornou ferramenta de pressão comum em um dos sentidos desta relação. O objetivo dessa comunicação é apresentar subsídios para a discussão da contrapartida proveniente dos Estados. Partindo da observação que a renovação dos postos no Legislativo foi bastante grande durante todo o período da República Velha (acima de 40%), a proposta é um cruzamento entre os projetos apresentados pelos discursos presidenciais do período com os decretos aprovados pelo legislativo para obter parâmetros de “eficiência” da manipulação local no cenário nacional. A situação política local e os resultados eleitorais para o Congresso também são tomados como fundamentais para um mapeamento do apoio recebido por Campos Sales, resultando em um panorama político do Brasil no período. Nome: Fernanda dos Santos Bonet E-mail: fernanda_bonet@yahoo.com.br Instituição: PUCRS Título: A edição extraordinária da revista “Cultura Política”: breves considerações sobre o discurso oficial do primeiro ano da participação do Brasil na II Guerra Mundial O Estado Novo, através do Departamento de Imprensa e Propaganda, desenvolveu inúmeros instrumentos de comunicação visando propagar os valores e os ideais do regime. A revista “Cultura Política” foi uma dessas ferramentas, sendo seu objetivo a produção do discurso, servindo como ponto de referência para intelectuais incumbidos de divulgar o regime e para o corpo burocrático do Governo, pois nela encontravam-se as justificativas dos planos e ações do Estado nos diversos setores. Em 22 de agosto de 1943 foi lançado o número 31 da revista “Cultura Política”, uma edição extraordinária sobre “O Brasil na Guerra” que marcava o primeiro aniversário da entrada do país no conflito mundial. No presente trabalho pretendo apresentar esta edição e apontar algumas idéias constantes nos artigos que formaram o discurso do governo sobre o primeiro ano de participação do Brasil na II Guerra Mundial. Nome: Javier Amadeo E-mail: jamadeo41@hotmail.com Instituição: USP Título: Revolução inglesa: o nascimento da consciência cívica moderna O pensamento político inglês do século XVII se constitui como um elemento fundamental na transição para perspectivas políticas modernas, das quais uma de suas marcas essenciais é o surgimento da consciência cívica. A essência desta alteração encontra-se no desenvolvimento de uma consciência da dimensão pública na vida social. Um dos elementos centrais do surgimento da consciência cívica na história inglesa foram as décadas de controvérsia constitucional que culminaram com a guerra civil. Frente a este vazio conceitual provocado pela dissolução do governo as diferentes doutrinas tentaram refletir nas linguagens da lei, do humanismo e da apocalíptica sobre uma série de problemas teóricos em relação a: direito, propriedade, revolução, natureza e conhecimento, e a relação entre autoridade política e obrigação. Desta forma, é possível sustentar que a consciência cívica na Inglaterra revolucionária não se articulou a partir de uma tradição de linguagem exclusivamente, e sim a partir de uma série de tradições discursivas que fizeram eclosão com a dissolução do governo. O presente trabalho tem como foco a análise dessas linguagens, seus conceitos princi-

pais e a avaliação dos elementos contribuíram de forma fundamental para o desenvolvimento da consciência cívica moderna. Nome: Jhonatas Lima Monteiro E-mail: jhonatas_monteiro@yahoo.com.br Instituição: UEFS Título: Burocratas e “Questão Nordeste”: incursão exploratória a partir de uma contribuição da História regional (1950-1980) O texto proposto tem como objetivo analisar, ainda de forma exploratória, um determinado conceito de região Nordeste (re)construído pela prática dos “quadros técnicos” de algumas das agências estatais diretamente envolvidas com a “resolução” da chamada questão regional, entre os anos 1950 e 1980. A hipótese de trabalho delineada é que, nesse período, os intelectuais vinculados a essas agências estatais em ação no território do Nordeste brasileiro atuaram enquanto sistematizadores de um conceito de região que serviu de interface ideológica à interação do capital do CentroSul, em expansão, com a ação política dos grupos sociais dominantes nordestinos. Para tanto, indícios sutis encontrados nas fontes são analisados a partir de uma visão informada por contribuições da História Regional e das perspectivas que abordam a produção do espaço, em uma formação social capitalista, de maneira combinada aos processos de dominação social. O escopo de fontes circunscreve-se aos textos encontrados nas publicações do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), Instituto de Desenvolvimento de Pernambuco (CONDEPE) e Ministério do Interior. Nome: Jivago Correia Barbosa E-mail: jivagobarbosa@ig.com.br Instituição: UFPB Título: Política e assistencialismo na Paraíba: o governo de José Américo de Almeida (1951-1956) Através desta pesquisa, em desenvolvimento junto ao Programa de Pós Graduação em História/UFPB, abordo o governo de José Américo de Almeida (1951-1956), eleito através do voto direto depois da acirrada campanha política na Paraíba. Estabeleci este tema, por se tratar de um assunto pouco explorado pela historiografia paraibana. As questões primordiais que norteiam o presente trabalho são a conjuntura política na qual José Américo ascende ao poder em 1950, a violenta eleição, considerada uma das campanhas mais radicais e cruentas já disputada na Paraíba, e a influência que esta teve na primeira composição do secretariado de seu governo. Como pano de fundo para essa discussão, analisaremos a volta de Getúlio Vargas ao poder em 1950 - cinco anos depois de ser escorraçado do Palácio do Catete como ditador - “nos braços do povo”. Para a realização deste trabalho, já estão sendo analisadas e fichadas algumas das principais notícias referentes ao Governo, encontradas no jornal “A União”, imprensa oficial do Estado. Também venho pesquisando o arquivo Público do Estado que se encontra no Espaço Cultural e a Fundação Casa José Américo de Almeida. Nome: João Batista Bitencourt E-mail: jbbit@pop.com.br Instituição: Universidade Federal do Maranhão Título: Caminho sinuoso: a trajetória do campo político na historiografia francesa contemporânea Entre as muitas razões para eleger a política objeto de discussão, podese destacar o fato de ser o político um canteiro controverso na seara dos historiadores. Um campo temático que realizou um caminho sinuoso. Já foi o tema por excelência da história, assim como já se configurou como aquilo que os historiadores deveriam rejeitar. Essa comunicação, ao olhar a historiografia francesa contemporânea, considerando seu destaque e sua influência sobre a brasileira, busca rastrear tal trajetória que percorre lugares extremos. Da história como memória política da nacional, da Escola Metódica, ao renascimento da história política com o nascimento da nova história cultural, como afirmou Jean-François Sirinelli na última década do século passado, passando pela irrelevância que a temática apresentou para as três gerações dos annales, a história política percorreu uma trajetória de contornos tortuosos que faz labiríntica sua própria história. Nome: João Batista Carvalho da Cruz E-mail: jb_historia@yahoo.com.br Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Título: Alberto Pasqualini e as eleições estaduais de 1947 no Rio Grande do Sul A criação do Partido Trabalhista Brasileiro marcou profundamente a política no Rio Grande do Sul no período 1945-64. Com uma tradição de

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bipolaridade, a política gaúcha daquele contexto se caracterizou pela oposição entre um campo mais progressista, representado pelo PTB, e outro conservador, liderado pelo Partido Social Democrático. Nesta apresentação buscamos analisar a atuação do candidato a governador Alberto Pasqualini nas eleições estaduais de 1947, recorrendo para isso a elementos da teoria do campo político desenvolvida por Pierre Bourdieu. Procuramos compreender parte da trajetória desse agente e o tipo de capital político por ele acumulado. As fontes utilizadas são os periódicos da época, entrevistas e artigos de lideranças partidárias, bem como um conjunto de cartas trocadas entre essas. Uma possível contribuição do presente trabalho será evidenciar a importância que aquela disputa eleitoral assumiu no processo de formação do PTB gaúcho, especialmente por se tratar de um momento privilegiado de criação de símbolos políticos. Nome: Karina Kuschnir E-mail: karinakuschnir@gmail.com Instituição: UFRJ Título: Clientelismo e conexão política em espaços urbanos A partir da história do conceito de clientelismo, o trabalho visa compreender práticas e representações acerca da política por parte de diferentes atores sociais em contextos urbanos. O objetivo é investigar, mapear e analisar formas de conexão entre políticos e população associadas ao âmbito da clientela e suas múltiplas denominações na história das idéias políticas. O panorama histórico e teórico vem iluminar práticas que encontramos no Brasil atual, especialmente os chamados “Centros Sociais” mantidos por parlamentares para prestação de serviços à população. Quais as possíveis comparações entre fenômenos históricos relacionados ao clientelismo e esses Centros Sociais? Como se configuram as suas representações e ações políticas e sua relação com a sociedade mais abrangente? A comparação permitirá discutir o processo de continuidade (ou não) das formas de organizar as relações entre políticos, população, instituições e espaço urbano. Como essas formas variam no tempo e qual a relação entre concepções sociais mais amplas e as categorias em jogo? Como estratégia metodológica foi realizado levantamentos bibliográfico, bem como estudos de caso etnográficos com grupos políticos específicos. A pesquisa faz parte de um projeto mais amplo, em desenvolvimento no LAU/IFCS/UFRJ. Nome: Leonardo Dias Nunes E-mail: leonardodiasnunes@hotmail.com Instituição: Unicamp Título: A dualidade básica da economia brasileira: a intervenção de Ignácio Rangel no debate econômico da década de 1950 O presente trabalho tem por objetivo analisar a obra Dualidade básica da economia brasileira de Ignácio Rangel, escrita em 1953, como uma intervenção do referido autor no debate econômico da década de 1950. Para realizar tal empresa busca-se transpor o método do contextualismo lingüístico da Escola de Cambridge para a análise da história do pensamento econômico. Tal método parte da premissa que o entendimento de uma obra se faz de melhor maneira ao se buscar a intenção do autor ao escrevê-la, desta forma, a obra é entendida como um instrumento de intervenção do autor dentro de um debate estabelecido. Para tanto, a análise da obra Dualidade básica da economia brasileira foi feita conjuntamente com a análise da formação intelectual e a atividade profissional do autor como técnico economista durante o segundo Governo Vargas (1951-54). Como resultado desta análise conclui-se que Ignácio Rangel tinha por objetivo influenciar os tecnocratas do aparelho estatal com suas idéias. Estas propunham uma ação intervencionista do Estado brasileiro no comércio exterior, de forma que este pudesse enfrentar a crise cambial decorrente do desequilíbrio externo. Nome: Leonardo Martins Barbosa E-mail: leonardombarbosa@gmail.com Instituição: PUC - RJ Título: Tempos da redemocratização. O tempo político na Revista de Cultura e Política (1978-1982) No final dos anos de 1970, a Abertura política brasileira se intensificou de tal modo que passou a ser experimentada como uma efetiva Redemocratização do país. Neste momento, o conceito de democracia tornou-se central no debate político e possibilitou que essa experiência fosse vivenciada como um tempo em que o futuro se abria com vastas possibilidades. A partir da abordagem teórica proposta por Reinhart Koselleck no livro O Futuro Passado, este trabalho procura analisar o conceito de democracia como indicador e fator desta realidade vivida. A estrutura semântica do conceito de democracia usado pelo regime militar na Abertura, em 1974, pensa um

tempo histórico que aproxima o passado do futuro. No entanto, o final da década de 1970 é palco de um debate político cada vez mais rico e ousado, no meio do qual surge, dentre outras publicações, a Revista de Cultura & Política, organizada pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea. Nela os significados da democracia adquirem uma estrutura temporal em que passado e futuro são separados por uma forte ruptura. O significado deste conceito de democracia choca-se com o proposto pelo regime militar e passa a direcionar a ação política em prol da construção de um regime que se diferencie substantivamente do passado político brasileiro. Nome: Luciano Aronne de Abreu E-mail: luciano.abreu@pucrs.br Instituição: PUC - RS Título: O regionalismo político gaúcho à luz da “democracia autoritária” Em termos político-ideológicos, a implantação do Estado Novo, em 1937, representou não apenas uma quebra dos princípios liberais e federativos que até então haviam pautado as relações políticas no Brasil Republicano mas, sobretudo, o resgate de uma tradição política conservadora e centralista brasileira, representada neste contexto pelo pensamento de Oliveira Viana, que definiu este regime como uma “democracia autoritária”. Ao longo deste estudo, pretende-se o regionalismo político gaúcho à luz dos princípios da “democracia autoritária” supostamente vigente no Brasil durante o Estado Novo. Nome: Lupercio Antonio Pereira E-mail: lupantonio@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Maringá (UEM) Título: Pensamento modernizador no Brasil imperial: ainda sobre o lugar das idéias liberais Captar as incoerências e contradições dos liberais no passado tem sido dos esportes preferidos de muitos historiadores e cientistas sociais brasileiros. Com isso, desqualifica-se e diminui-se o papel representado pelos liberais e pelo liberalismo na história do Brasil imperial. Entendemos que essa interpretação de que o liberalismo foi uma “idéia fora de lugar” na história do Brasil padece de uma fragilidade que compromete a compreensão do fenômeno representado pela ação das idéias liberais no Brasil. A raiz dessa fragilidade está no procedimento desses autores de comparar o Brasil com um modelo de sociedade liberal burguesa que, a rigor, não existia contemporaneamente sequer nos países mais desenvolvidos do mundo Ocidental. Compara-se, portanto, uma sociedade concreta, a brasileira com um modelo abstrato e idealizado de sociedade liberal burguesa que, a rigor, não existia contemporaneamente sequer nos países mais desenvolvidos. O problema maior desse procedimento consiste, portanto, no seu anacronismo: toma as práticas políticas possíveis ou necessárias em uma época histórica para jogá-las em outra época. O objetivo dessa comunicação é mostrar que há outras possibilidades de interpretar o papel desempenhado pelo liberalismo na história do Brasil. Nome: Marcelo Coelho Raupp E-mail: mcraupp@zipmail.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Entre o traço e o palanque: tecnocracia e personalismo político no PSD catarinense (1960-1965) A política catarinense de meados da década de 1960 apresentou uma característica fundamental: a coexistência de diferentes elites políticas. E dentro do PSD (Partido Social Democrático) estadual esta foi uma característica marcante. De um lado, um grupo de larga tradição, voltado para uma ação de caráter mais personalista, geralmente identificada por práticas tidas como “clientelistas” e “populistas”. De outro, pela emergência de certas demandas técnico-administrativas dentro dos aparelhos estatais, provenientes de um ímpeto de modernização, entram em cena personagens atrelados a um diferente perfil, construído por uma perspectiva tecnocrata. O primeiro carregava a influência de Aderbal Ramos da Silva (ex-governador), através de uma liderança cada vez mais fundamentada na figura do Deputado Ivo Silveira. O segundo grupo, fortalecido no período aqui assinalado, ganhou evidência com o “Seminário Sócio-Econômico” e, posteriormente, com o “Plano de Metas do Governo”; isto, através da supervisão destacada do intelectual Alcides Abreu. Sendo fundamental para os primeiros o controle da máquina pública, refinada pelos segundos, entra em cena uma nova correlação de forças em busca do poder partidário, resultado simultâneo da fricção e da simbiose entre novas e antigas culturas políticas. Nome: Márcio José Pereira E-mail: marciomjp25@gmail.com

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80 Instituição: UEM Título: Os imigrantes alemães em Curitiba: práticas políticas repressivas, alterações do cotidiano e personificação do Estado Novo no governo paranaense de Manoel Ribas A presença da política no cotidiano e a ação de seus desdobramentos têm lugar reservado na história, dada à ênfase que a política tem no processo de emancipação do homem e de seus interesses. A repressão causada aos imigrantes alemães em Curitiba durante o decorrer da II Guerra Mundial possui como base as ações políticas executadas e estabelecidas durante o Estado Novo, no Paraná personificado no plano estadual do interventor Manoel Ribas. Levando em consideração que não existem delineações ou fronteiras para o que definimos como político, pois o mesmo ora dilata, ora retrai as concepções acerca de seu próprio significado e da sua importância dentro da sociedade, o presente trabalho procura apresentar possibilidades de entendimento das alterações de cotidiano ocorridas em Curitiba na década de 1940 em relação à presença do imigrante alemão no meio social, a partir de uma alteração visível no quadro político nacional, principalmente pós-declaração de guerra ao Eixo em 1942. Nome: Marco Antônio Machado Lima Pereira E-mail: mamlpereira@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual Paulista/Franca Título: O “redespertar” da história política Neste trabalho iremos abordar as principais contribuições de Pierre Rosanvallon e René Rémond para a renovação dos estudos em história política. Na segunda parte da apresentação, nossa proposta será rediscutir o conceito de “representação” à luz da psicologia social, mostrando em que medida tal conceito poderá abrir caminhos fecundos para os historiadores que privilegiam a esfera do político, uma vez que temas como a análise da natureza do poder e o exercício do poder político adquiriram um lugar privilegiado na produção historiográfica brasileira recente. Nome: Marcos Alves Valente E-mail: mvalente@cse.ufsc.br Instituição: UFSC Título: Celso Furtado e o problema do desenvolvimento regional Neste artigo será abordada a trajetória de Celso Furtado no período de 1958 a 1964 quando ocupa posições administrativas e políticas no governo brasileiro no BNDE, na SUDENE e no Ministério do Planejamento. Pode-se considerá-lo como o formulador do problema do desenvolvimento regional no Brasil ao concentrar sua atenção na interpretação do subdesenvolvimento do país através do seu olhar para a Região Nordeste, quando assume o posto de coordenador do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste atribuído a ele por Juscelino Kubitschek. A situação política e econômica do país no final dos anos 1950 o levaram a aconselhar o presidente da república a dar um atenção especial à região Nordeste o que culminou com a fundação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste, que Furtado dirigirá como Superintendente. Os trabalhos aí desenvolvidos culminam na luta pela industrialização do Nordeste, numa tentativa de diminuir o fosso que separava em termos de crescimento e nível de renda o Nordeste da região Sudeste. Nome: Martha Victor Vieira E-mail: marthvictor@bol.com.br Instituição: Universidade Federal do Tocantins Título: As idéias de Raimundo José da Cunha Mattos sobre o Estado imperial brasileiro Essa comunicação pretende analisar os escritos produzidos por Raimundo José da Cunha Mattos, durante a época da independência, buscando demonstrar a forma como esse autor apropriou-se de diversas idéias presentes na teoria política moderna, a fim de defender os interesses do Estado Imperial, o qual adotou como pátria após o rompimento dos vínculos políticos entre Brasil e Portugal. Notadamente, informado pelo que poderíamos interpretar como uma concepção hobbesiana de Estado, Cunha Mattos advoga veementemente as prerrogativas do Imperador D. Pedro I e a integridade do território brasileiro. Nos textos de Cunha Mattos, podese perceber, porém, em determinados argumentos, certa hesitação desse militar em aderir a independência. Percebe-se também a dificuldade em estabelecer a fronteira entre ser “português” e ser “brasileiro”. Fronteira essa que era uma condição sine qua non para a construção de um novo Estado no início dos anos vinte do século XIX. Nome: Murilo Eugenio Bonze Santos E-mail: murilobonze@bol.com.br Instituição: UERJ

Título: A Câmara munical na Corte imperial: a relação entre poderes local e central na cidade do Rio de Janeiro (1861-1872) O presente trabalho visa discutir o que era essa instituição política, a Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro no período imperial, com ênfase no Segundo Reinado. Assim, a análise dessa questão poderá contribuir para um melhor entendimento do que foi a política carioca durante o Império, e demonstrar como ocorriam as práticas políticas na cidade, levando em conta a participação tanto dos agentes que atuavam diretamente na Câmara, os vereadores, quanto ao conjunto dos habitantes da cidade. Interessa saber também como eram as relações dos vereadores eleitos com os habitantes da cidade do Rio de Janeiro, as formas de comunicação que existiam entre eles e as relações estabelecidas com o poder central. Para melhor aprofundar a discussão, exemplos de situações que opunham a municipalidade e o poder central serão tratados, visando observar o quanto o projeto de centralização política encontrava resistência no âmbito do poder local, e como este poder mobilizava estratégias para manter sua atuação política dentro do campo política da cidade do Rio de Janeiro. Nome: Nathália Henrich E-mail: natha_henrich@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Título: “O Brasil, os Estados Unidos e o monroísmo”: pensamento e prática política do Barão do Rio Branco O artigo busca analisar as idéias do Barão do Rio Branco sobre as relações Brasil -Estados Unidos a partir de seu próprio texto, “O Brasil, os Estados Unidos e o monroísmo”, publicado sob o pseudônimo de J. Penn, na seção “A pedidos” do Jornal do Comércio, em 1906. O texto se tornou fundamental para entender o deslocamento do eixo diplomático da Europa para os Estados Unidos - marca da política externa de Rio Branco - pela defesa aberta das suas próprias ações em este sentido como Ministério do Estrangeiro. Fazendo amplo uso da transcrição de documentos que corroboravam sua posição pró-aproximação, o objetivo do texto é claro: convencer a opinião pública do acerto em fomentar a amizade com os Estados Unidos. Por esta característica “panfletária” é que o artigo se mostra frutífero para a análise da relação entre o pensamento político de seu ator e sua atuação como político. Justamente por ser a primeira dimensão pouco explorada na literatura em detrimento da primeira e Rio Branco ser tratado quase sempre como apenas um político, é que textos como este ajudam a trazer luz sobre seu pensamento e as idéias que animavam sua atividade política, bem como destacam a importância do contexto em que estava imerso e os debates que se travavam aí para a conformação de seu pensamento e ações. Nome: Nei Antonio Nunes E-mail: neinunes@bol.com.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: A racionalidade política em questão: considerações sobre o poder e a democracia nas sociedades modernas e contemporâneas O alvorecer dos regimes totalitários e autoritários no século XX mostrou o quanto as instituições políticas estavam longe da efetivação da democracia, conforme preconizada pelo ideário político moderno. Das formas de violência às práticas de sujeição, denunciadas por pensadores como Hannah Arendt e Michel Foucault, vimos regimes políticos degenerarem ao ponto de vilipendiarem os espaços de liberdade constituídos pelos mais diferentes grupos sociais. Dirá Giorgio Agamben que no subsolo do longo processo de reconhecimento dos direitos e das liberdades formais, nossas democracias legitimaram as mais diferentes formas de exceção e, assim, a sujeição e a morte de milhares de pessoas. Cremos que estas constatações reacendem, em nossos dias, o debate sobre os limites e possibilidades dos aparelhos estatais de segurança e, assim, sobre o modelo de racionalidade política que subsidia suas práticas de poder. Em face do exposto, procuramos analisar a emergência histórica, na modernidade, dos dispositivos estatais de segurança. Por fim, na transitoriedade entre o moderno e o contemporâneo, refletimos sobre as possíveis vinculações entre os aparatos de segurança, as práticas biopolíticas e o ideário liberal. Nome: Nora de Cássia Gomes de Oliveira E-mail: noradecassia@hotmail.com Instituição: UFPB Título: Elites políticas na província da Bahia (1824-1831) O projeto de independência formulado e executado a partir do Rio de Janeiro, não foi aceito de imediato e sem restrições pelas diferentes províncias e isso gerou as principais preocupações para o novo Estado, ou seja, a estabilidade política dependia da adesão provincial para garantir a

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unidade política e territorial, afastando o perigo de fragmentação sofrido pala América hispânica. A concretização desse projeto de Estado centralizado e unificado territorialmente deveu-se a atuação de uma elite política que neste trabalho está representada pelos presidentes e vice-presidentes de província que atuaram na Bahia durante o Primeiro Reinado. Nessa discussão mapeamos o perfil desses representantes uma vez que os estudos sobre elites políticas na Bahia têm se detido, particularmente, no exame dos representantes do Senado da Câmara e nos presidentes e deputados da província a partir do período regencial. Nome: Rafael Athaides E-mail: rafael.athaides@gmail.com Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Título: A historiografia das relações nazi-integralistas Nas décadas de 1920 e 1930, os fascismos ganhavam adeptos no continente europeu e, sobretudo em suas vertentes alemã e italiana, espalhavam correligionários pelo globo no intuito de arregimentar adeptos entre as comunidades de emigrantes e descendentes. Com essa finalidade, o Partido Nazista ampliou seu raio de ação distribuindo 83 filiais pelo mundo, sendo o Brasil o país que abarcou a maior delas fora da Alemanha. Ao mesmo tempo, um partido brasileiro com caracteres fascistas ganhava vulto: a Ação Integralista Brasileira que, longe de ser apenas uma fórmula mimética, buscava em bases nacionais alcançar o poder congregando o número máximo adeptos que sua propaganda pudesse alcançar. Os dois organismos, compartilhando elementos do fenômeno fascista, portanto, conviveram no Brasil e, como têm mostrado uma série de estudos, ora se identificavam – chegando a propor ações conjuntas – ora se repeliam, de acordo com um considerável número de variáveis. Esta comunicação tem por objetivo apresentar as linhas gerais do debate historiográfico em torno das complexas relações nazi-integralistas, nos anos 1930. Nome: Ricardo Virgilino da Silva E-mail: rsilva@cfh.ufsc.br Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Título: História intelectual e ciência política A comunicação aborda a relação entre a história das idéias e as ciências humanas - especialmente a ciência política -, tomando como ponto de partida as contribuições recentes do filósofo inglês Mark Bevir. Seu projeto de refundação de uma perspectiva intencionalista na história das idéias tem sido objeto de larga atenção da crítica especializada. Objetiva-se, aqui, examinar as formulações de Bevir sobre o papel das “intenções autorais” na prática história intelectual, bem como a centralidade atribuída pelo autor a este ramo da historiografia no conjunto das ciências humanas. Procurarse-á também analisar as principais objeções levantadas pelos críticos do novo intencionalismo e o modo pelo qual Bevir tem procurado reagir a tais objeções. Nome: Suzana Zanet Garcia E-mail: garcia.rezende@gmail.com Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Título: Vargas e Borges: as práticas coronelistas entre o poder local e o regional na República oligárquica Este trabalho objetiva analisar as práticas coronelistas no Rio Grande do Sul durante a Primeira República, no recorte temporal que abrange os anos de 1913 a 1917. A desistência do cargo de deputado da Assembléia dos Representantes por Getúlio Vargas no ano de 1913 é o fio condutor que engendrou a pesquisa. Em meio a esse cenário sóciopolítico aferimos perceber as múltiplas convenções coronelistas que consubstanciaram as relações de micro-poder efetivadas entre Getúlio Vargas e o presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros. Como fonte primária, será realizada a apreciação de missivas, as quais expõem ações e estratégias políticas de ambos os protagonistas. Além da análise das correspondências, será feita a leitura de algumas obras relevantes para o entendimento do sistema coronelista. Compreendemos que o cenário político da Primeira República Sul-rio-grandense, converteu-se em palco de fraudes e violências que fomentaram as tradicionais práticas do patromonialismo e de mandonismo originárias do período colonial e imperial brasileiro. A influência política, a profícua rede de compadrio e de dependência, vinculadas ao coronelismo, também foi constatada no “clã” dos Vargas no município de São Borja e no Estado do Rio Grande do Sul.

Título: “Tradição, Família e Propriedade”: contra-revolução, ultramontanismo e anticomunismo nos escritos de Plínio Corrêa de Oliveira O presente trabalho tem como objetivo apontar algumas das características centrais do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, líder operacional, doutrinário e espiritual da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Redator-chefe da Revista Catolicismo, Plínio Corrêa de Oliveira fez da mesma a porta-voz da TFP e principal meio de divulgação das idéias do catolicismo integrista e ultramontano brasileiro, alcançando ao longo dos anos, desde sua fundação em 1951, até a morte do pensador em 1995, um grande número de leitores e admiradores entre os católicos. O trabalho faz parte de uma dissertação de mestrado cujo enfoque está centrado no anticomunismo católico brasileiro, mais especificamente no discurso da TFP do Brasil. A entidade, fundada em 1960 experimentou um crescimento vertiginoso nas décadas de 1960 e 1970, quando viu seus quadros se espalharem por mais de 14 países da América, Europa e África, tornado-se um baluarte do anticomunismo brasileiro, e oficialmente teve seu fim na década de 1990, quando Plínio Corrêa de Oliveira, presidente do grupo veio a falecer. Nome: Tiago Losso E-mail: tiagolosso@gmail.com Instituição: UFSC Título: Um olhar estrangeiro na historiografia brasileira O objetivo desta comunicação é começar a explorar algo que pode ser um canto escuro no campo de investigação sobre o pensamento social brasileiro, qual seja, a penetração de categorias elaboradas pelos ideólogos e protagonistas da Era Vargas na historiografia sobre o Brasil republicano, em especial naquela preocupada com a política. Dentro dessa historiografia, especialistas norte-americanos destacam-se como autores de livros influentes, que constam mesmo na bibliografia de historiadores brasileiros. Mais especificamente, a atenção está circunscrita à análise da obra Oswaldo Aranha – uma biografia, escrita por Stanley Hilton e publicada em 1994. Pretendo explorar a existência de elementos do discurso oficial do Estado Novo na narrativa construída por Hilton, transformados, assim, em categorias históricas. Nome: Vanessa Silva de Faria E-mail: nessasf2000@yahoo.com.br Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora Título: Eleições e eleitores: a experiência eleitoral em Juiz de Fora, 1876 No histórico das eleições no Império do Brasil vários debates foram travados na Câmara e no Senado com a finalidade última de fazer da escolha dos representantes da nação um processo imparcial e representativo, uma vez que os homens do XIX acreditavam que tornando a legislação eleitoral mais rígida, as fraudes eleitorais tenderiam a sofrer significativa redução. O texto é o estudo do caso de Juiz de Fora no ano de 1876, e se apresenta como uma tentativa de compreender como as práticas políticas na segunda metade do oitocentos afetavam os eleitores daquele município. Discutimos três momentos particulares da vida eleitoral brasileira em que foram feitas alterações na legislação referente à eleições - 1872 a 1889 – enfatizando, todavia, o período compreendido entre 1875 e 1881, regido pela chamada Lei do Terço, pela qual as juntas de qualificação passaram a ser eleitas pelos eleitores da paróquia e pelos imediatos na ordem da votação correspondente ao terço do número de eleitores. Nome: Wilma Peres Costa E-mail: wilma_peres@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de São Paulo Título: Reflexões para uma história do estado brasileiro - a especificidade do escravismo no pós independência O trabalho pretende discutir questões teóricas e a prática de pesquisa para a proposição de uma história do Estado Brasileiro, Atenção especial é dada ao passado colonial, tanto no que aproxima quanto no que diferencia das outras experiências egressas do colonialismo ibérico. Fiscalidade, recrutamento, sistemas de contagem e outros mecanismos próprios da construção do Estado serão propostos como linhas de pesquisa que devem ser exploradas em seu travejamento com a escravidão, qualificando a experiência brasileira no século XIX e em longa duração.

Nome: Thalisson Luiz Valduga Picinatto E-mail: thalissonp@gmail.com Instituição: UEM

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81 81. Relaçþes internacionais dos Estados americanos: HistĂłria e Historiografia contemporâneas Albene Miriam Ferreira Menezes – UnB (albene@unb.br) Ana Luiza Setti Reckziegel – Universidade de Passo Fundo (anareck@wavetec.com.br) O SimpĂłsio tem como objetivo agregar os estudos acerca das relaçþes internacionais dos Estados $PHULFDQRV QR PXQGR FRQWHPSRUkQHR VpFXORV ;; H ;;, QD HVIHUD GDV FRQVRQkQFLDV H GLVVRQkQFLDV SROtWLFDV H HFRQ{PLFDV QDV LQWHUIDFHV GD FXOWXUD GD LGHRORJLD H GDV YDULDGDV PDQLIHVWDo}HV GD LGHQWLGDGH IUHQWH DRV WHPSRV GH JOREDOL]DomR DQDOLVDGDV QR kPELWR GD KLVWyULD H GD KLVWRULRJUDĂ€D respectiva.

Resumos das comunicaçþes Nome: Adelar Heinsfeld E-mail: adelar@upf.br Instituição: UPF Título: O pacto ABC de 1915: as relaçþes entre Brasil e Chile A partir de 1904, quando Rio Branco ocupava o MinistÊrio das Relaçþes Exteriores do Brasil, iniciou-se a negociação para a efetivação de um Tratado de Cordial Inteligência Política entre os Estados Unidos do Brasil, a República do Chile e a República Argentina. Este tratado que ficou conhecido como Pacto ABC foi negociado por Rio Branco com representantes argentinos e chilenos atÊ a sua morte (1912); a negociação continuou na gestão de Lauro Mßller atÊ 1915, quando então o mesmo foi assinado. Por razþes diversas o Pacto do ABC não foi ratificado, permanecendo como letra morta. O objetivo oficial do Pacto ABC era a manutenção da paz no Cone Sul da AmÊrica. No entanto, trabalhamos com a hipótese de que a diplomacia brasileira pretendia isolar a Argentina no concerto das naçþes sul-americanas e impedir que ela continuasse a exercer influência sobre os demais países da região. Era necessårio impedir que a Argentina conquistasse a hegemonia na AmÊrica do sul, para, posteriormente, o Brasil conquistå-la. Neste sentido, o Chile desempenharia um papel fundamental, como o fiel da balança.

tem diversas experiências concretas no qual esse direito de consulta prÊvia foi invocado, notadamente no Equador, Guatemala, Colômbia, Bolívia e Peru. No Brasil, embora a Convenção 169 da OIT tenha sido ratificada em 2002, ela ainda não foi implementada. Nome: Ana Luiza Setti Reckziegel E-mail: anareck@wavetec.com.br Instituição: UPF Título: O peronismo sem Perón: impressþes do exílio (1955-70) Esta comunicação tem o objetivo de analisar o contexto sócio-político que se segue à queda de Perón em 1955 a partir da anålise da correspondência do expresidente a lideranças peronistas e da documentação produzida pela resistência peronista. O cenårio argentino neste momento apontava para a continuidade da influência peronista no campo social e político o que pode ser visualizado em organizaçþes como os Comandos Revolucionårios Peronistas, a Comissão Reorganizadora da Juventude Peronista e o Movimento Revolucionårio Peronista. A partir dessa movimentação pretende-se mapear a ação dos grupos peronistas e as ligaçþes que mantinham com o ex-presidente no exílio.

Nome: Albene Miriam Ferreira Menezes E-mail: albene@unb.br Instituição: UnB Título: A matriz energÊtica brasileira, a questão da ågua e o processo de integração da AmÊrica do Sul Um dos maiores potenciais hidrelÊtricos do planeta localiza-se na AmÊrica do Sul. Ao longo da história, a utilização desse recurso, por vezes, tem provocado tensþes entre os países que compartilham åguas transfronteiriças. Neste ensaio, pretende-se trazer uma contribuição ao debate sobre a questão do uso das åguas transfronteiriças e fronteiriças como insumo propulsor da matriz energÊtica brasileira e as controvÊrsias políticas e diplomåticas que o mesmo sucinta. O enfoque da questão parte do pressuposto que as controvÊrsias levantadas pelos vizinhos do Brasil, alÊm dos tradicionais argumentos econômicos tendem, cada vez mais, a ter como base questþes de ordem ambiental. Nossa hipótese pressupþe que o processo de integração sul-americano abre o horizonte para o diålogo político e diplomåtico e harmonização das legislaçþes nacionais referentes ao tema; assim como formulação de estratÊgias comuns para o compartilhamento das åguas transfronteiriças e fronteiriças. A abordagem parte da perspectiva que a complexidade do tema envolve variåveis de múltiplas dimensþes (interesses nacionais, meio ambiente, bens compartilhados etc.).

Nome: AndrÊ Luiz Reis da Silva E-mail: reisdasilva@hotmail.com Instituição: UFRGS Título: A palavra do Brasil na ONU durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): universo conceitual Esta pesquisa tem como objeto de anålise os oito discursos do governo brasileiro na abertura das Sessþes Ordinårias da AssemblÊia Geral da ONU, ocorridos durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Nesses discursos, se revela a tônica da atuação do Brasil nos fóruns multilaterais, a leitura que o governo brasileiro fazia das transformaçþes no sistema internacional, bem como os posicionamentos da política externa brasileira. Na metodologia da pesquisa, procura-se analisar o universo conceitual da diplomacia brasileira no período, observando-se os termos recorrentes e sua definição. Assim, no universo discursivo da política externa do Brasil, apareciam nos pronunciamentos na ONU os termos democracia e reforma (ampliação do Conselho de Segurança), globalização (riscos e oportunidades, bem como assimetrias), integração (contrapartida à globalização e defesa do Mercosul), capitais volåteis (necessidade de controlar), liberalismo (contra o protecionismo), multilateralismo (contra o unilateralismo), governança global (regulação das relaçþes internacionais), bom como os novos temas (meio ambiente, patentes, clåusulas trabalhistas). Estas idÊias sintetizavam a visão e a atuação do Brasil nos diversos fóruns multilaterais.

Nome: Ana Catarina Zema de Resende E-mail: ana.zema@gmail.com Instituição: UnB Título: A convenção 169 da OIT: aplicação, sucessos e desafios na AmÊrica Latina O reconhecimento constitucional da configuração multiÊtnica e pluricultural de suas populaçþes por parte de uma sÊrie de estados latino-americanos, reforçado pelas ratificaçþes da Convenção 169 da OIT, constitui um notåvel rompimento com o passado. O novo constitucionalismo pluralista e as emergentes normas internacionais implicam no reconhecimento dos direitos coletivos e do direito à autonomia dos povos indígenas por parte do Estado. O direito de consulta prÊvia, previsto pela primeira vez em âmbito internacional em 1989, quando a OIT adotou a Convenção de número 169, tem demonstrado ser uma poderosa ferramenta política na defesa dos direitos dos povos indígenas, sobretudo na AmÊrica Latina, onde se encontra o maior número de países que jå ratificaram e incluíram as disposiçþes da Convenção 169 em sua legislação nacional. Jå exis-

Nome: Andrea Helena Petry Rahmeier E-mail: deapetry@gmail.com Instituição: PUC Título: Relaçþes diplomåticas e militares, entre Alemanha e Brasil, de 1937 a 1942 O presente texto aborda as relaçþes diplomåticas, políticas e militares entre Alemanha e Brasil. O trabalho inova em relação aos jå existentes sobre essa temåtica, pois inverte a ótica de anålise, investigando as açþes diplomåticas, políticas e militares da Alemanha em relação ao Brasil. A base fundamental foi a documentação militar e diplomåtica existente no Arquivo Nacional Alemão (Bundesarchiv), tanto no departamento sobre os assuntos relacionados com o período da história alemã denominado de Reich (Abteilung Deutsches Reich), quanto no conjunto de documentação militar (Abteilung Militärarchiv); no MinistÊrio das Relaçþes Exteriores (Auswäriges Amt). Nestes arquivos, estão os registros governamentais do III Reich, tornando possível compreender a relação da Alemanha com o Brasil.

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Nome: Andrea Marcia de Toledo Pennacchi E-mail: isis13@terra.com.br Instituição: UNESP/Assis e Associação Educacional Toledo (Pres. Prudente) Título: A guerra fria e os serviços de inteligência estratégica Predecessora da CIA, a OSS (Divisão de Serviço Estratégico) foi formada pelos EUA no início da 2ª Guerra para coleta e análise de informações estratégicas, além de conduzir operações especiais e secretas que não pudessem ser designadas para outras agências oficiais. No fim do conflito, coube ao Gal. Brig. J. Magruder supervisionar a liquidação da OSS e preservar os recursos de inteligência clandestina que, em 1947, seriam absorvidos pela CIA com a finalidade de combater e conter a expansão comunista. A política de containment foi enunciada igualmente em 1947 por George F. Kennan, diplomata de carreira e estrategista dos primórdios da Guerra Fria. Ele advogava que, para conter “as tendências expansionistas” dos soviéticos, seriam necessárias “atitudes preventivas e contra-ataques pontuais a qualquer manobra efetuada por eles, em qualquer parte do mundo”. Esta pesquisa de doutorado procurará relacionar os conceitos de guerra psicológica da Guerra Fria com o conceito de containment defendido por Kennan, entrelaçando-os com a atuação das agências de serviços estratégicos clandestinos na América Latina entre 1940 e 1950. Para tanto, serão utilizadas fontes da OSS, livros e correspondência pessoal de Kennan e relatórios da CIA do período. Nome: Antonio Carlos Moraes Lessa E-mail: alessa@unb.br Instituição: UnB Título:Une drôle de guerre? As origens, o desenrolar e as conseqüências da guerra da lagosta entre o Brasil e a França (1961-1963) Na comunicação se pretende examinar em linhas gerais o processo de deterioração das relações políticas entre a França e o Brasil entre 1960 e 1964, exemplificando-o com o conflito de natureza diplomática que entrou para a história com o nome de “Guerra da Lagosta”, ocorrido entre 1961 e 1963. O conflito foi provocado pela negativa do governo brasileiro em permitir a pesca ou captura do crustáceo nas costas do litoral do nordeste do país (ao largo da faixa que se estende de Recife, Estado de Pernambuco, a Fortaleza, capital do Ceará) por barcos lagosteiros franceses. Se seguiram inúmeros apresamentos efetuados pela Marinha de Guerra brasileira, culminando no envio de navios de guerra franceses às costas do Brasil para garantir os interesses dos pescadores envolvidos na querela, e na abertura de um conflito diplomático sem precedentes na história das relações bilaterais e de grande singularidade na história das Relações Internacionais do Brasil. Nome: Bruno de Oliveira Moreira E-mail: brunodeoliveiramoreira@yahoo.com.br Instituição: UFBA Título: A revolução e a imprensa: a cobertura das execuções públicas cubanas pelo jornal A Tarde (1959) Quando, nos primeiros dias de 1959, os rebeldes cubanos tomaram a Ilha, a imprensa mundial celebrou. O tom amistoso predominou nos textos das principais agências de notícias internacionais. No entanto, a partir das sentenças de morte proferidas pelos tribunais revolucionários, ainda em 1959, os noticiários passaram a conciliar o tom elogioso com a crítica às condenações e às execuções públicas. A presente pesquisa objetiva analisar, do ponto de vista historiográfico, a abordagem do jornal baiano “A Tarde” acerca do episódio das execuções dos criminosos da ditadura de Fulgêncio Batista, nos meses de 1959 em Cuba. Tal cobertura fora caracterizada pela reprodução de notícias da Associated Press (agência estadunidense) e pela elaboração de notas e editoriais sobre a questão. O tema aqui abordado integra uma pesquisa de maior amplitude que busca a análise da cobertura da Revolução Cubana pelo “A Tarde” entre 1959 e 1964 e que se encontra em andamento. Nome: Christiane Vieira Laidler E-mail: christiane@rb.gov.br Instituição: UERJ/ FCRB Título: Direito internacional e imperialismo. Os Estados Unidos e as repúblicas latino-americanas no início do século XX O trabalho tem o objetivo de abordar o crescimento da influência norte-americana no cenário internacional na primeira década do século XX, quando o país pautou as Conferências internacionais influindo na construção do Direito, sobretudo no que dizia respeito a interesses comerciais ameaçados pelas guerras coloniais ou pelas disputas com outras potências. Dentro deste quadro, alteraramse também as relações com a América Latina, com a ampliação das intervenções que os Estados Unidos justificaram através da Doutrina Monroe. As repúblicas latino-americanas buscaram salvaguardar sua soberania, lutando pela ilegalidade de intervenções feitas para cobrança de dívidas e pela igualdade jurídica das nações nas instituições internacionais.

Nome: Cleber Batalha Franklin E-mail: cleber.franklin@globo.com Instituição: UFRR Título: O projeto Calha Norte e as relações entre o Brasil e a Venezuela (1985-1995) No período de 1985 a 1995 as relações entre o Brasil e a Venezuela passaram pelo seu pior momento. A implantação do Projeto Calha Norte levantou suspeita por parte dos vizinhos amazônicos como sendo um projeto militar expansionista. Esta percepção foi sustentada com a invasão de garimpeiros brasileiros nas nascentes do Rio Orenoco na Venezuela, o que provocou graves incidentes sócioambientais como os altos índices de morbidade e mortalidade entre os Yanomami e a derrubada de uma aeronave brasileira por parte de militares venezuelanos. Foram necessárias ações diplomáticas para atenuar o clima mútuo de desconfiança o que gerou as bases para um período de estreitamento das relações. Nome: Daniel Santiago Chaves E-mail: daniel@tempopresente.org Instituição: TEMPO PRESENTE / UFRJ Título: Bolívia em xeque? Santa Cruz de la Sierra e a encruzilhada da integração sul-americana A grande originalidade do processo político na Bolívia dos últimos 10 anos concentra-se em dois grandes eixos: de um lado, um ferrenho apego aos ideais democráticos, recusa ao golpismo e aos atalhos fáceis do poder. Por outro lado, o MAS/Movimiento al Socialismo tornou-se um eficiente instrumento de alargamento do processo democrático, indo além das formas tradicionais e limitadas da democracia liberal. Contudo, deve-se destacar que o movimento autonomista crescente em Santa Cruz de la Sierra não seria meramente expectador do processo, mas agente reativo da conservação das atuais dinâmicas do poder instituído. Nessa direção, devemos observar atentamente as novas formas de organização política e persistência das elites em um redimensionamento das relações nacionais. Partidos, descentralização política, federalização, elites e separatismo são alguns dos motes deste trabalho. Nome: Eduardo Munhoz Svartman E-mail: svartman@upf.br Instituição: UPF Título: Oficiais brasileiros nos EUA: experiência, memória e incorporação seletiva de idéias O texto investiga as experiências e memórias produzidas por oficiais das forças de terra e ar do Brasil que fizeram cursos ou desempenharam funções administrativas ou diplomáticas nos EUA no âmbito dos acordos de cooperação militar ou de defesa mútua pelos dois países entre os anos 1930 e 50. No plano militar, estes acordos operacionalizaram a reconversão doutrinária e operacional do Exército Brasileiro do modelo francês para uma adaptação do modelo norte-americano, o que foi viabilizado pelo envio de oficiais para estagiar naquele país e pela vinda ao Brasil de missões e consultores. Esta experiência de internacionalização contribuiu para a difusão de uma visão predominante favorável aos Estados Unidos até o final da década de 1940 e para acentuar as clivagens ideológicas no corpo de oficiais na década de 1950. Paralelamente, a experiência junto aos EUA tendeu a reforçar antigas disposições para a intervenção política entre oficiais brasileiros, de modo que os sentidos produzidos pelos agentes pesquisados reforçaram a crença não necessariamente na democracia liberal, mas no planejamento do desenvolvimento econômico, na necessidade de fortalecimento militar, na urgência do combate ao comunismo e na necessidade de um maior protagonismo dos militares na política interna. Nome: Elaine Gomes dos Santos E-mail: nanivitorino@gmail.com Instituição: Prefeitura do Município do RJ Título: Relações Brasil e Argentina: política externa, América Latina e imprensa Análise das relações entre Brasil e Argentina durante a década de 1930, tendo como mote referencial as viagens diplomáticas do General Justo ao Brasil, em 1933 e de Getúlio Vargas a Argentina, em 1935, simbolizando o desejo de reaproximação, construção e fortalecimento das relações de cooperação entre os dois países. Com isso, analisar a política externa de ambos e traçar um histórico da mesma, através da visão da imprensa sobre as relações de Brasil e Argentina, utilizando reportagens de jornal que noticiaram essas viagens diplomáticas confrontadas com as produções historiográficas sobre política externa, tendo como referencial teórico Amado Cervo. Compreendendo, assim, ora as relações tensas, ora as atitudes cooperativas desses países, levando em consideração a disputa da hegemonia na América Latina.

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81 Nome: Fernando da Silva Camargo E-mail: fscam@hotmail.com Instituição: Escuela de Estudios Hispano-Americanos Título: Nova hipótese sobre a decisão de invasão da banda oriental do Uruguai em 1811 o “Fator Torres Vedras” A historiografia vem apresentando, há mais de 180 anos, diferentes hipóteses que expliquem a decisão do príncipe-regente D. João de invadir da Banda Oriental do Uruguai com tropas luso-brasileiras. Entre elas computam-se, por exemplo, a noção de uma ancestral vocação imperialista portuguesa na América do Sul; a idéia de uma vocação geopolítica lusitana de ocupar a margem esquerda do Rio da Prata e de seus principais afluentes; a particular e isolada tentativa joanina de tirar partido do carlotismo e assegurar direitos de sucessão monárquica a seus descendentes; entre outros. Efetivamente, entretanto, nenhuma dessas posições, de maneira isolada, foi suficiente para convencer a comunidade dos historiadores. O trabalho vem apresentar mais uma possibilidade interpretativa para o fenômeno descrito e verificar a possibilidade de conjugar todas essas hipóteses num único modelo explicativo. A nova hipótese será conhecida como “fator Torres Vedras” e implica a Guerra Peninsular, o translado da corte para o Brasil e a questão dos tratados de 1810 entre Portugal e Inglaterra. Nome: Guilherme Barbosa E-mail: guilhermeubarbosa@yahoo.com.br Instituição: UnB Título: Entre o realismo e a ideologia, o experimento e o destino: as contradições da Aliança para o Progresso (1961) O tema proposto nesta comunicação é o exame da controvertida e contraditória política externa norte-americana para a América Latina no início da década de 1960, especialmente implementada por meio da Aliança para o Progresso. O objetivo é analisar historicamente um período no qual a lógica da Guerra Fria foi determinante para a rearticulação do sistema interamericano. Espera-se oferecer destaque à posição dos EUA comprometida com a preservação de sua hegemonia continental, subordinada à estratégia mais ampla de manutenção das estruturas capitalistas de produção. Essa atuação norte-americana expressada pela Aliança para o Progresso causou forte impacto sobre a América Latina, atingindo aspectos materiais e simbólicos, ao influir nas concepções de democracia, desenvolvimento, segurança, reformas e nas relativas à própria identidade latino-americana. Nome: Haroldo Loguercio Carvalho E-mail: haroldo@ufrnet.br Instituição: PUC - RS Título: Dinâmicas de integração na ordem capitalista: opções para a América Latina O trabalho faz uma análise dos aspectos fundamentais dos processos de integração econômica implementados a partir da segunda metade do século XX, diagnosticando as particularidades dos processos nos países do centro do sistema capitalista e nos países tidos como periféricos. Procurase mostrar que o grau de complementaridade econômica tem sido um dos fatores facilitadores em países com graus de desenvolvimento econômico similares, especialmente no caso de Europa, enquanto a assimetria, característica das integrações latino-americanas, impõe a necessidade de padrões de flexibilidade, gradualidade e reciprocidade que acabam tornando-se entraves objetivos ao aprofundamento dos projetos integracionistas. Ao olharmos a conjuntura econômica oscilatória deste início de século procuramos em situações anteriores medir os resultados das ações implementadas na região da América Latina, pautadas, via de regra, por ações isoladas e com viés nacionalista para com seu entorno, e submissas às determinações do centro do sistema, evidenciando seu caráter de dependência histórica. Por outro lado, torna-se necessário interpretar os novos componentes da economia regional latino-americana e associá-los as estratégias diplomáticas do período atual. Nome: Helder Volmar Gordim da Silveira E-mail: helders@pucrs.br Instituição: PUCRS Título: A institucionalização do regime militar brasileiro na ótica da diplomacia argentina A comunicação busca analisar as formas discursivas pelas quais a diplomacia argentina interpretou o processo de institucionalização do regime militar implantado em 1964 no Brasil. Procura-se enfatizar o modo como o discurso diplomático, reproduzindo interpretações recorrentes acerca da solução autoritária no Cone Sul, possivelmente atuou como uma ideologia de tal solução frente à crise política e institucional que crescia na região pelo menos desde a década de 1950.

Nome: Helenize Soares Serres E-mail: helyitaquirs@gmail.com Instituição: URCAMP/São Borja Título: Organização geopolítica da Região do Povo da Cruz Com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, delimitando as possessões entre as Coroas ibéricas, o território platino passou a pertencer de fato à Coroa espanhola. Como nesse momento as terras pertenciam à Espanha, o Império lusitano só efetivaria seu desejo de possuí-las por meio de uma ocupação. Há uma necessidade constante de entendimento das relações existentes entre as estâncias missioneiras e as reduções jesuíticas, e é dentro desta perspectiva que procuramos, por meio de nossa pesquisa baseada no conteúdo das cartas ânuas, compreender como se davam estas relações entrem a o povo da cruz, no lado oriental do rio Uruguai, estância que pertencia a redução de La Cruz do lado ocidental do mesmo rio, discutindo questões pertinentes, tais como a presença de outros grupos indígenas como os charruas e minuanos no espaço pertencente à coroa espanhola. Nome: Henrique Alonso de Albuquerque Rodrigues Pereira E-mail: henriquealonso@yahoo.com Instituição: UFRN Título: Confrontar a revolução: os Estados Unidos e o treinamento policialmilitar na América Latina O objetivo deste trabalho é analisar as políticas de treinamento policial-militar adotadas pelos Estados Unidos na América Latina no início da década de 1960. Neste momento, em grande parte como uma reação a experiência da Revolução Cubana (1959), o governo estadunidense começou a implementar uma reorientação de sua política externa militar para a América Latina. Se antes investiu no treinamento que objetivava garantir a segurança hemisférica contra ataques externos, a partir da década de 1960 o governo dos Estados Unidos começou a desenvolver políticas de treinamento policial-militar na América Latina que enfatizavam a contra-insurreição e a defesa interna no continente. Para a realização deste trabalho, foram utilizados como fontes de pesquisa documentos produzidos naquele período pelo Departamento de Estado (órgão responsável pela implementação da política externa estadunidense), tanto nos Estados Unidos como também em várias de suas representações diplomáticas na América Latina. Nome: Humberto de França e Silva Junior E-mail: humberto.franca@fundaj.gov.br Instituição: Fundação Joaquim Nabuco Título: Joaquim Nabuco e a III Conferência Pan-Americana. A influência de Joaquim Nabuco no redirecionamento da política externa brasileira e a Doutrina Pan-americanista: 1905 - 1910. A atuação de Joaquim Nabuco em Washington e na III Conferência Pan-Americana de 1906. Nome: Ione de Fátima Oliveira E-mail: ione@unb.br Instituição: UnB Título: Relações Brasil – República federal da Alemanha: dinâmicas diplomáticas, políticas e econômicas Desde meados dos anos de 1930 visualizamos os primórdios da inflexão na política externa brasileira como instrumento de consolidação do projeto nacional de desenvolvimento. Na década de 1950, no contexto do conflito Leste-Oeste e da politização da política internacional, o Brasil buscou, nas relações com a República Federal da Alemanha, ampliar possibilidades para sua inserção nos países ricos do mundo capitalista. A partir das experiências diplomáticas vividas entre o Brasil e a Alemanha Ocidental, o governo brasileiro almejou não só projeção política no plano internacional, mas também acordos econômicos a fim de atrair capitais estatais para obras de infra-estrutura com o objetivo de resolver os chamados pontos de estrangulamento do desenvolvimento nacional. Nas negociações com outros agentes alemães – principalmente os industriais –, o Brasil procurou o capital necessário para incrementar o setor de bens de consumo duráveis e de base. Dessas relações resultou que o cenário internacional possibilitou ao Brasil apenas a projeção política em questões regionais ou bilaterais e o crescimento industrial ocorreu essencialmente via internacionalização da produção. Nome: Iuri Cavlak E-mail: iuricavlak@yahoo.com.br Instituição: Unesp Título: A integração de Brasil e Argentina no desenvolvimentismo (1958-1962) Para muitos pesquisadores das relações internacionais, o período de maior aproximação diplomática entre Brasil e Argentina ocorreu no contexto desenvolvimentista, na virada dos anos 1950 para os anos 1960. Após a frustrada tentativa do Pacto ABC, união arquitetada por Getúlio Vargas e Juan Perón, uma nova conjuntura integracionista se abriu com os governos de

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Juscelino Kubitschek e Arturo Frondizi. Através da OPA, da ALALC e dos Acordos de Uruguaiana, Brasil e Argentina atingiram um novo patamar em suas relações bilaterais. Nome: Luís Henrique Silva Sant’Ana E-mail: l.santana@yahoo.com Instituição: UFBA Título: Revolução de 1930: uma história contada pelos diplomatas estadunidenses no Brasil No início de 1930, o U.S.S. Salt Lake City estava para singrar por águas brasileiras a fim de realizar operações de treinamento militar com marinheiros do Brasil. Contudo, os diplomatas dos EUA estavam preocupados, pois em 1º de março daquele ano haveria eleições presidenciais no Brasil e a viagem de treinamento poderia ser encarada como provocação as forças opositoras ao governo do Presidente Washington Luís. Os distúrbios de fevereiro na cidade de Montes Claros-MG, durante a visita de Mello Vianna, candidato ao governo estadual, parecia alimentar ainda mais as preocupações dos estadunidenses. Chega a eleição e Júlio Prestes sagra-se vencedor do pleito federal. Após o resultado eleitoral, o presidente-eleito fora convidado para visitar os EUA e os entretenimentos foram planejados para receber o novo presidente brasileiro. A crise política se inicia no Brasil e as autoridades diplomáticas estadunidenses começam a preocupar-se com a situação. Contudo, elas ainda acreditam na capacidade de controle da situação pelo governo federal brasileiro. A revolução irrompe em vários estados brasileiros e os diplomatas dos EUA iniciam o planejamento para a retirada de seus compatriotas do Brasil. Após a vitória dos revolucionários, por que não reconhecer o novo governo brasileiro? Nome: Marcelo Vieira Walsh E-mail: prof.marcelowalsh@yahoo.com.br Instituição: UCG Título: O Processo de adesão do Brasil aos aliados na II guerra mundial (1939-1945): o papel decisivo do chanceler Oswaldo Aranha O presente artigo pretende desenvolver reflexão e discussão do papel desempenhado pelo chanceler Oswaldo Aranha (1938-1944), sob a perspectiva historiográfica renouviniana-duroselliana das Relações Internacionais. Essa visão historiográfica parte da premissa que a relação entre as Forças Profundas (multiplicidade de fatores) e o Homem de Estado (seu caráter, personalidade, desígnios) gera os acontecimentos internacionais no tempo histórico. Preliminarmente, pretendese levantar um estudo biográfico de Oswaldo Aranha antes do ano de 1938, destacando os seguintes tópicos: os seus principais traços de personalidade; a sua ideologia liberal; a sua trajetória política, desde o Rio Grande do Sul, até a vitória da Revolução de 1930, destacando as relações com o personagem histórico Getúlio Vargas; o exercício do cargo de Embaixador dos Estados Unidos (19341937), como antecedente da futura aliança Rio de Janeiro-Washington. No cargo de Chanceler (1938-1944), Oswaldo Aranha desempenhará papel ativo na construção da aliança Brasil-Estados Unidos como elemento vital para a adesão geral da América Latina na causa aliada contra as potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Nome: Maria Monserrat Llairo E-mail: ceinladi@econ.uba.ar Instituição: Universidade de Buenos Aires Título: Mercosur - Unión Europea y la India! Una relación triangular? El presente trabajo efectúa un análisis histórico de las relaciones entre MERCOSUR y la Unión Europea, remontándose incluso, brevemente, a los orígenes coloniales de la misma, para comprender los términos de dicha relación. Se abordan luego en el trabajo la evolución de las relaciones entre los bloques de integración regional de Europa y América Latina, en la segunda mitad del siglo XX. Dentro de estos procesos de integración regional, se analizan los que dieron lugar a la creación de la Unión Europea y el MERCOSUR, en la dimensión de las relaciones políticas entre ambos bloques. El énfasis del estudio está puesto en los últimos años de la década de 1990, en la cual se crean “oficialmente” estos bloques regionales. La relación con la India, se aborda desde el punto de vista de las relaciones políticas de dicho país, con los bloques bajo estudio, y su análisis se incorpora debido a la importancia creciente que ha adquirido este país en el contexto global actual. La introducción del análisis triangular pretende efectuar una mirada distinta sobre las relaciones políticas que se entablaron entre los dos bloques regionales, con la India.

Pretendemos nesse trabalho, analisar a emigração alemã após a Primeira Guerra Mundial, na década de 1920. Partimos do ponto de vista que a depressão econômica e a instabilidade política na República de Weimar têm forte conotação no fluxo migratório alemão. Em foco está a imigração para os Estados Unidos da América e Brasil, países que recebem no período número considerável desses imigrantes em função de suas respectivas políticas imigratórias. Nossa linha de abordagem destaca que os processos de “acolhimento” dos imigrantes naqueles países se diferenciam substancialmente e, por conseguinte, a adaptação e inserção na sociedade adotiva vão ser distintas. Nossa hipótese reza que, onde a concessão da cidadania foi facilitada a inserção e participação política dos imigrantes foi mais rápida e conseqüentemente ocorreu maior identificação com a sociedade receptora. As argumentações acima se baseiam em arquivos alemães e brasileiros, além de obras de sociólogos e historiadores alemães, norte americano e brasileiro. Nome: Paulo Raphael Pires Feldhues E-mail: pfeldhues@yahoo.com.br Instituição: UnB Título: A Guerra das Malvinas/Falklands e a espionagem brasileira – algumas considerações Com a instalação dos militares no Executivo Nacional, após o Golpe de 1964, o antigo sistema de informações foi reformulado. Nasceu, sob o patrocínio intelectual do general Golbery do Couto e Silva, o Sistema Nacional de Informações (SNI), que logo passou a orientar as decisões dos novos mandatários do país, a partir de informações privilegiadas obtidas pelos mais variados expedientes. Não apenas deliberações ligadas à política interna eram alimentadas pelas fontes do Serviço, mas também o cenário mundial, no que abrangia a defesa nacional, mereceu especial investigação. O conflito anglo-argentino pela posse do arquipélago das Malvinas/Falklands, em 1982, contou com cobertura do SNI, o qual auxiliou na formulação de uma estratégia político-militar conveniente aos interesses brasileiros. A proposta do presente artigo é analisar a atuação do SNI no conflito em tela com base nos documentos desse órgão trazidos à lume pela abertura de seus arquivos. Nome: Ronaldo Bernardino Colvero E-mail: ronaldo@rpssistemas.com.br Instituição: PUC - RS Título: A fuga da família real portuguesa e as investidas sobre o território espanhol na América meridional Contando com o poderio britânico e com as alianças mantidas com Portugal, especialmente desde o início do século XVIII, foi possível que um dos fatos mais extraordinários de todo o processo de reordenação no mundo ocidental ocorresse: a fuga da família real portuguesa e de vários áulicos da corte bragantina para o Brasil. Nessa jornada não estava implicada apenas a porção européia de Portugal, que “do dia para a noite” se veria sem rei, mas, sobretudo, a porção americana que de fato passaria a contar com inúmeras instituições necessárias ao funcionamento de um Estado absoluto e soberano. Nosso objetivo aqui, portanto, é verificar alguns aspectos que foram sendo alterados com a chegada da família real à América, especialmente àqueles direcionados aos territórios espanhóis na região do Rio da Prata. Nome: Sabrina Steinke E-mail: sabrinasteinke@hotmail.com Instituição: PUC - RS Título: As relações do Brasil e Argentina na fronteira uruguaiana / Paso de los libres: rota de fuga e seqüestros binacionais (1976-1983) Após a implantação do mais recente regime castrense na Argentina (1976-1983) proliferaram-se as fugas de cidadãos argentinos e de outras nacionalidades, que outrora buscaram abrigo nesse país. Contrários ao sistema governamental imposto, e correndo risco de morte devido suas posições políticas e ideológicas, procuravam junto às fronteiras uma tentativa de escapar das retaliações e agressões que vinham sendo submetidas a esses, então denominados, “subversivos”. Nessa comunicação serão pontuadas algumas fugas e seqüestros ocorridos na fronteira entre Uruguaiana e Paso de los Libres, que demonstram a colaboração entre Estados, e entre cidadãos fronteiriços. O objetivo é analisar a cooperação entre instituições públicas de ambos os países sob regimes militares, e também a integração entre as pessoas que ali viviam ou estavam de passagem envolvidas diretamente ou indiretamente em um cenário de conflito.

Nome: Mercedes Gassen Kothe E-mail: mercedes@upis.br Instituição: UPIS Título: Imigração e cidadania nos Brasil e EUA nos anos 1920: o caso dos alemães

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82 82. Biografias e autobiografias: escritas, narrativas e invençþes de si Juçara Luzia Leite – Ufes (jujuluzialeite@yahoo.es) Iranilson Buriti de Oliveira – UFCG (iburiti@yahoo.com.br) Pretendemos reunir pesquisas que discutem teĂłrico-metodologicamente o tema. Baseadas em diferentes WLSRORJLDV GH IRQWHV KLVWyULDV GH YLGD PHPRULDLV HStVWRODV DUTXLYRV SHVVRDLV OLWHUDWXUD GLiULRV tQWLPRV coleçþes, cadernos de classe) tais pesquisas se voltam para a fronteira HistĂłria/MemĂłria revelando sensibilidades e emoçþes na construção formativa e identitĂĄria do sujeito. Propomos debater metodologias SRVVtYHLV GH SHUPLWLU XPD FRPSUHHQVmR VLPXOWkQHD GD IRQWH FRPR WDO H FRPR REMHWR GH SHVTXLVD TXH investigam construçþes de uma narrativa de si representadas em como formas de escritas (auto)biogrĂĄĂ€FDV 'LIHUHQWHV H[SHULrQFLDV GH VXEMHWLYLGDGH SRGHP VHU UHSHQVDGDV H UHVVLJQLĂ€FDGDV SRLV WDLV IRQWHV UHYHODP D VtQWHVH GR FXOWLYR GH XPD ´YHUGDGHÂľ PDLV LQWHULRU TXH QR SODQR GR LPDJLQiULR FRUUHVSRQGH D uma verdade pessoal mais autĂŞntica que sincera. Para tanto, ĂŠ preciso que se observem procedimentos para que se possa discernir entre o documento e a pessoa que o produziu, bem como as os diferentes debates que congregam os estudos centrados na MemĂłria, na HistĂłria Oral e outras diferentes formas de registros que revelam sensibilidades e emoçþes. Pressupomos que o sujeito que se estuda com essa abordagem tem a necessidade de construção de uma imagem de si, para si e para os outros, construĂ­da em torno de representaçþes fundamentadas na intenção de preparar o porvir em uma espĂŠcie de arqueoORJLD GR HX FRP LQWHQomR DXWRELRJUiĂ€FD 2 LQGLYtGXR H VHX JUXSR SUHFLVDP VH DSRLDU HP UHSUHVHQWDo}HV inclusive de si mesmo. Tais representaçþes inscrevem-se por marcas no cotidiano desses sujeitos posVLELOLWDQGR LQYHVWLJDo}HV GH FXQKR ELRJUiĂ€FR H DXWRELRJUiĂ€FR (VVDV IRUPDV GH UHJLVWUR GH XP SUHVHQWH passado-porvir revelam uma determinada compreensĂŁo da realidade social, transformada em narrativa por seus autores, podendo ser apreendida pela pesquisa a partir de questĂľes sobre a temporalidade KLVWyULFD SUHVHQWHV HP FRQFHSo}HV FRPR PHPyULD LGHQWLGDGH VXEMHWLYLGDGH H UHDOLGDGH

Resumos das comunicaçþes Nome: Ana Beatriz Silva Pessoa E-mail: ceffetiana@yahoo.com.br Instituição: UFRN TĂ­tulo: O passado revisitado: memĂłrias autobiogrĂĄficas como fonte para o resgate da histĂłria e da cultura de uma ĂŠpoca “A memĂłria ĂŠ um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca ĂŠ uma das atividades fundamentais dos indivĂ­duos e das sociedades de hoje, na febre e na angustiaâ€?.(LE GOFF,1990). AtravĂŠs do universo literĂĄrio, ĂŠ possĂ­vel entrar em contato com lembranças sociais e ver que, nas memĂłrias, estĂŁo presentes os processos de formação e permanĂŞncia da cultura de uma sociedade. Nas lembranças pessoais, os indivĂ­duos carregam muito mais que traços particulares, pois nestas lembranças estĂĄ presente o contexto social no qual a pessoa viveu e do qual assimilou valores, costumes, cultura. Nossas memĂłrias sofrem influĂŞncia das diversas memĂłrias que nos cercam, permeadas de construçþes culturais, sociais e histĂłricas. Portanto, o objetivo deste trabalho serĂĄ o de evidenciar os aspectos culturais e histĂłricos presentes na obra de Madalena Antunes intitulada Oiteiro: MemĂłrias de uma SinhĂĄ-Moça. Por meio da analise desta obra serĂĄ possĂ­vel perceber os aspectos que permeiam a narrativa, servindo de fonte inestimĂĄvel de pesquisa para um resgate cultural da comunidade da ĂŠpoca, com a descoberta de seus aspectos peculiares, as impressĂľes de pessoas comuns sobre acontecimentos histĂłricos, suas tradiçþes e a sua cultura de modo geral. Nome: Ana Maria Ribas Cardoso E-mail: anaprofa@terra.com.br Instituição: ColĂŠgio Pedro II e UERJ TĂ­tulo: Eu, uns e outros. Escrit(ur)as de Juscelino Kubitschek O trabalho diz respeito Ă dimensĂŁo polĂ­tico-cultural dos Anos JK, atravĂŠs da revisitação da(s) (auto)biografia(s) do presidente da RepĂşblica Juscelino Kubitschek que – “escondendo as lĂĄgrimasâ€? – narra(m) histĂłria(s) na perplexidade do tempo de uma vida. O que faz reconhecer os nĂłs entre tempos do mundo e experiĂŞncias humanas e, logo, amplia os horizontes da pesquisa histĂłrico-biogrĂĄfica, construindo outro caminho entre indivĂ­duo e coletivo e rastreando a matizada configuração de identidades. O objetivo ĂŠ discutir como a trajetĂłria individual de JK – moldada pela inserção social de origem – e pĂşblica – constituĂ­da e constitutiva do nacional-desenvol-

vimentismo – (re)inventou o Brasil e o alçou Ă condição de mito polĂ­tico. Da trĂĄgica morte de JK Ă sua entrada no panteĂŁo erguido em BrasĂ­lia. Do exĂ­lio Ă volta ao paĂ­s. Da prisĂŁo, da cassação e da doença. Do homem pĂşblico JK ao “menino pobre NonĂ´â€?, telegrafista, mĂŠdico e polĂ­tico – aspectos que merecem ser enfatizados nas escrit(ur)as para processar-apagar a vida-morte de Juscelino Kubitschek. Apaziguar o drama humano e relançar utopias. Rememoração de vivĂŞncias – tantas vezes lacunares e fragmentĂĄrias – a indicar os (des)encontros da histĂłria com a memĂłria pela arte da palavra escrita. Tudo a envolver em dobras presente futuro passado. Nome: Ana Paula Gomes de Moraes E-mail: anagm3@gmail.com Instituição: UFMT Co-autoria: Filomena Maria de Arruda Monteiro E-mail: filomena@cpd.ufmt.br Instituição: UFMT TĂ­tulo: Narrativas de vida e de formação dos professores de EJA O presente trabalho ĂŠ parte de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento que investiga como vem sendo construĂ­da a aprendizagem profissional dos professores que atuam na EJA. A pesquisa pauta-se na abordagem qualitativa, fundamentando-se nos aportes teĂłricos e metodolĂłgicos das narrativas orais e escritas de seis professores. Ancoram-se teoricamente nos seguintes autores: AbrahĂŁo (2004) e Souza (2006) que contribuem na utilização da abordagem das narrativas. Mizukami (2002) fundamenta o processo de aprendizagem docente; Marcelo (1999), e NĂłvoa (1999) trazem a contextualização das concepçþes de formação entendida como desenvolvimento profissional. Na anĂĄlise dos dados, foram traçados dois grandes eixos temĂĄticos: a) VivĂŞncias Pessoais e experiĂŞncias escolares; b) O contexto de atuação profissional. Constata-se que as narrativas vĂŞm propiciar a reconstrução dos conhecimentos sobre as experiĂŞncias pessoais dos sujeitos, entrecruzando-se com a compreensĂŁo do processo de formação e construção das aprendizagens docentes. As aprendizagens sĂŁo de diferentes naturezas tecidas na vivĂŞncia cotidiana do fazer pedagĂłgico e nas especificidades dos conhecimentos gerados pelo contato com os alunos. Nome: Antonio de PĂĄdua Carvalho Lopes E-mail: apadualopes@ig.com.br Instituição: UFPI TĂ­tulo: Os escritos autobiogrĂĄficos de homens e os relatos sobre esco-

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larização no Piauí O estudo analisa 28 textos de autores piauienses, escritos no século XX, nos quais eles falam de si. A definição do corpus considerou a existência nos textos de uma identidade entre autor, narrador e protagonista (LEJEUNE, 1994), embora “os gêneros existam não só como modo de escrever e falar, mas também como de ler e ouvir” (BRUNER E WESER, 1995). Nele objetivamos compreender o modo como foi vivenciada a escolarização por seus autores e, ao mesmo tempo, o lugar das autobiografias no estudo dos processos de escolarização. Espaço carregado de memória de formação, os escritos autobiográficos são importantes como fonte para o estudo dos processos de escolarização. Embora comportem uma dimensão da formação que extrapola a educação formal, os escritos autobiográficos nos ajudar a entender as vivências escolares, pelo que neles há de relatos de experiências de escolarização. Os escritos autobiográficos possibilitam, assim, uma visão heterogênea da trama dos processos formativos e nos ajudam a pensar os processos de escolarização da sociedade piauiense e as ações educativas a partir de diferentes olhares e experiências. Nesses escritos a escola aparece em sua multiplicidade de formas e de modos de fazer. Nome: Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio E-mail: gaudencio_bruno@yahoo.com.br Instituição: UFCG/UEPB Co-autoria: Josemir Camilo de Melo E-mail: jcdemelo@uol.com.br Instituição: UFCG/UEPB Título: “A dama da academia”: uma metabiografia de Leônia Leão A Biografia é uma narração de fatos particulares das fases da vida de uma pessoa ou personagem. Alvo de críticas ao longo de décadas por parte das Ciências Humanas, graças ao “endeusamento dos personagens e fatos históricos” (Borges, 2005), atualmente o gênero vem passando por mudanças (principalmente em sua estrutura narrativa), o que possibilitou um olhar diferenciado dos pesquisadores. Destaque entre as críticas o que Bourdieu (1996) chamou de “Ilusão Biográfica”, ou seja, a crença da ordenação dos acontecimentos de uma vida como uma história com começo, meio e fim, formando um conjunto estável e coerente. É nesta perspectiva que propomos uma alternativa de construção biográfica: a metabiografia, sendo o objetivo deste estudo “metabiografar” a senhora Lêonia Leão, 86 anos, personagem paradigmática, que participou durante anos dos principais fatos educacionais e literários de Campina Grande, Paraíba. Além de entrevistas abertas, realizaremos pesquisas em jornais e documentos da Academia Letras de Campina Grande. Na metabiografia, idealizada por Vilas Boas (2003,2008) o autor (Biógrafo) se posiciona diante das soluções e impasses inerentes ao seu trabalho e explicitá-los, expondo as opções e os conflitos decorrentes da relação biografado-biógrafo. Nome: Carla Rodrigues Gastaud E-mail: cgastaud@terra.com.br Instituição: UFPel Título: Práticas epistolares: cartas de amor no século XX Cartas são documentos indiciadores de certo modo de escrever e de ler, de certa competência gráfica, o conjunto epistolar, que estudo aqui, é formado pela correspondência de Rita e Antônio. São mais de quatrocentas cartas, ainda em seus envelopes, guardadas em duas caixas, as dela em uma e as dele em outra. Escolhi, neste artigo, trabalhar com algumas das cartas da “caixa de Antônio”, mais exatamente, com as trinta primeiras cartas escritas por Antônio entre os anos de 1934 a 1938, no começo do namoro, período em que ele estudava em Porto Alegre e ela morava em Pelotas. Como todas as cartas, as cartas de amor devem iniciar pela data e pelo local em que foram escritas. Segue-se a “invocatória”, a forma pela qual se trata o amado, que muda de acordo com o aprofundamento ou esfriamento do relacionamento. As expressões de afeto nas despedidas também se modificam, enviar abraços ou beijos ao final pode ser uma decisão muito difícil. Os assuntos tratados nas cartas são do dia-a-dia: o cotidiano de estudante, o andamento doméstico, os lazeres permitidos aos namorados, entre outros. Um tema recorrente nas cartas são as próprias cartas: a letra, o papel, a pena, o tamanho, a resposta, o estado de espírito do correspondente, o lugar de onde escreve e as peculiaridades do correio. Nome: Carlos Roberto da Rosa Rangel E-mail: c.rangel@terra.com.br Instituição: UNIFRA/PUC - RS Co-autoria: Renata Waleska de Sousa Pimenta E-mail: re_waleska@yahoo.com.br Instituição: UNIFRA/PUC - RS

Título: Getúlio Vargas por ele mesmo A pesquisa procura compreender as ações do governo de Getúlio Vargas, entre 1939 e setembro de 1942, período da II Guerra Mundial contemplado nos diários desse ator social. Busca-se compreender os valores que circunscreviam a ética do poder presidencial, tomando-se como referência os rituais dos despachos burocráticos, as conversações de gabinete, os cerimoniais construídos em torno do Presidente e o culto ao presidencialismo como expressão máxima do poder individual no interior do Estado. A partir dessa abordagem antropológica do poder, a metodologia vale-se do cruzamento que se faz entre o que relata o Presidente em seus diários e o que se encontra nas autobiografias dos seus interlocutores, nas correspondências pessoais e na conjuntura histórica que situava o ator “Getúlio Vargas” em um quadro de referência de onde extraia os elementos objetivos e subjetivos para alimentar suas decisões políticas. Mostra-se que o mito e os rituais construídos em torno do Presidente da República não foram suficientes para mantê-lo no poder, mas contribuíram para o colapso do segundo governo varguista, na medida em que havia uma defasagem entre as necessidades concretas de ação política e o referencial simbólico que sustentava a imagem do Presidente Vargas. Nome: Catarina Maria Costa dos Santos E-mail: catmcsantos@gmail.com Instituição: ETRB/I COMAR Título: O feminino e o sagrado na vida de uma educadora cristã na Paraíba dos anos 30 Esta pesquisa tem como principal objeto de investigação as práticas religiosas protestantes no interior da Paraíba nos anos 30. Trata-se de uma incursão no acervo pessoal da canadense Ernestine Horne. O acervo documental e biográfico desta missionária é composto de correspondências, anotações de estudos bíblicos e teológicos, diários de classes, históricos escolares, agenda de visitas aos presos na Penitenciária Pública da Paraíba, fotografias, cadernos de meditações, livros, calendários, registros de testemunhos orais, revistas, boletins eclesiásticos e alguns jornais. As análises preliminares deste acervo têm possibilitado uma leitura crítica do universo religioso do nordeste, sobretudo o protestante, constituído de sensibilidades e de práticas humanísticas que revelam ao leitor da documentação, informações acerca da expansão missionária no interior do nordeste. A partir das particularidades femininas, especialmente da biografia de D. Ernestine, busca-se compreender os nexos entre a religião protestante, a educação cristã e a formação das mulheres que estudaram no Instituto dirigido por esta professora, missionária e educadora. Nome: Cícera Patrícia Alcântara Bezerra E-mail: patyalcantara11@hotmail.com Instituição: UFPE Título: Ecos do ABC divino: narrativas de Joaquim Mulato Ao narramos nossas experiências pessoais e/ou coletivas, engendramos espaços fronteiriços por onde a memória transita. As experiências religiosas e suas inúmeras imagens constituem um desses espaços privilegiados de ressignificação das relações humanas. Nesta perspectiva, tentaremos discutir no referido trabalho, algumas das imagens que compõem o “mosaico” narrativo de Joaquim Mulato de Souza, primeiro Decurião da ordem de penitentes da Cruz, localizado no município de Barbalha/Ceará. Nosso interesse por tais narrativas se deu principalmente por compreendemos que estas constituem um instrumento fundamental para construção da identidade religiosa do grupo, assim como a do próprio Cariri cearense, já que de acordo com as palavras do Decurião, o grupo teria sido criado no final do Século XIX pelo Padre Ibiapina, como forma de expurgação dos pecados humanos em decorrência do surto epidêmico de Cólera Morbo. As falas de Joaquim Mulato são revestidas desse imaginário penitencial, que acrescidas à sonoridade melancólica dos seus benditos, embalam os rituais de autoflagelação no Sítio e proporcionam a ressignificação da sua história entrelaçada a do restante da Irmandade. Nome: Deise Cristina Schell E-mail: deisecris@gmail.com Instituição: Unisinos Título: “Yo, rebelde hasta la muerte”: as cartas de Lope de Aguirre e a escrita de si Lope de Aguirre foi protagonista de uma das mais singulares expedições espanholas de conquista no século XVI, tendo participado de uma pelo Amazonas entre 1560 e 1561, que ficou célebre pelos atos de violência e de “lesa majestade” em que se envolveram os seus participantes. Logo depois deste evento, e ao longo dos anos e séculos seguintes, a Jornada de Oma-

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82 gua e Dorado, como se chamou a expedição, foi contada e recontada por vozes e perspectivas diversas. As três cartas redigidas por Lope de Aguirre, dirigidas ao Padre Provincial Montesinos, ao Rei da Espanha Felipe II e ao Governador da Venezuela Pablo Collado, fazem parte de um vasto corpus documental que ajudaram a construir a memória do evento e do personagem Aguirre. Buscaremos analisar este tipo textual através do que Ângela de Castro Gomes chama “escrita de si”, uma “busca de um ‘efeito de verdade’, no qual o autor faz uma ‘representação/invenção de si’” (GOMES, 2004). Desta forma, acreditamos que será possível verificar como Aguirre se constitui como sujeito de sua própria história. Nome: Delmo de Oliveira Arguelhes E-mail: delmo.arguelhes@gmail.com Instituição: UnB Título: Sob o céu das valquírias: as concepções de heroísmo e honra dos pilotos de caça na Grande Guerra (1914-18) Concepções de heroísmo, honra e cavalheirismo expressas nas autobiografias de quatro ases da Grande Guerra de 1914-18. Concepções similares, contidas em grandes obras literárias da Antiguidade, do Medievo e do Romantismo europeu foram examinadas com o objetivo de estabelecer suas permanências e ressignificações nos relatos desses pilotos. Nome: Edeílson Matias de Azevedo E-mail: edeilson.potiguar@yahoo.com.br Instituição: UFU Título: Joaquim Silvério dos Reis: sentimentos e subjetividades na conspiração Indivíduo pouco notabilizado na historiografia brasileira no que diz respeito a ausência de atributos enobrecedores, Joaquim Silvério dos Reis foi relegado às fímbrias dos estudos coloniais sobre Minas Gerais setecentista. A mácula de traidor parece ter afastado a possibilidade de trabalhos sobre sua significação histórica, sobretudo acerca de sua conduta política, tanto antes da participação naquele movimento que se pretendia emancipatório como também a respeito das motivações que o levaram a delatar seus companheiros de conjura. Sobressai a respeito daquelas duas iniciativas uma confluência de manifestações de sentimentos tais como aflição, ambição, mágoa, ofensa, queixa, difíceis de serem dissociados, portanto, impossíveis de caracterizarem determinadas condutas políticas se discutidos separadamente. As incursões feitas nas fontes de pesquisa indicam que foi essa confluência de sentimentos que o levou à participação na Conjuração Mineira e à delação de seus companheiros de conspiração. É sobre as ações desse personagem, guiadas sobremaneira, mas não exclusivamente, por tais sentimentos que a pesquisa de doutoramento se detém. Essa discussão está inserida no imbricamento das sensibilidades, sentimentos e subjetividades que tem se mostrado assaz promissora para se problematizar. Nome: Fabiana de Souza Fredrigo E-mail: fabianafredrigo@yahoo.com.br Instituição: UFG Título: Francisco de Paula Santander e a exposição de seus projetos para a América independente: entre a memória e a autobiografia Entre os anos de 1818 e 1826, Francisco de Paula Santander foi o interlocutor preferido de Simón Bolívar, conforme a correspondência entre ambos permite inferir. Em 1826, Simon Bolívar e Santander desentenderam-se em virtude de defenderem projetos distintos para a América independente. Embora tenha participado de várias campanhas nas guerras de independência, Santander é reconhecido por seu trabalho frente à administração da Grã-Colômbia. O estudo dos documentos deixados pelos generais da independência permite captar, ao mesmo tempo, seus projetos para a América e as tentativas de efetivação de um projeto de memória (em torno de si e do grupo). Partindo desse pressuposto, esta comunicação pretende discutir dois textos escritos por Santander, publicados em 1869, em Paris, e reeditados em 1973, na Colômbia. Num desses textos, o general deixa o testemunho de sua trajetória; no outro, investiga as razões de seu desentendimento com Simón Bolívar. A partir das reflexões sobre a relação entre a História e a Memória, a autobiografia, bem como a avaliação sobre os procedimentos metodológicos aplicados às fontes, nesse caso, cartas e peças autobiográficas, pretende-se expor o universo conflituoso da geração da independência acossada pela emergência de uma nova cena pública. Nome: Flávia Pereira Machado E-mail: terraliberdade@yahoo.com.br Instituição: UEG Título: O indivíduo no turbilhão dos acontecimentos: José Fernan-

des Sobrinho, uma biografia em meio aos conflitos agrários no norte goiano Com a aproximação da história com outras disciplinas, a partir da década de 1980, como a literatura, a lingüística e a antropologia, as narrativas biográficas, os acontecimentos e a preocupação com o cultural são trazidos novamente à cena. Assim, elegemos um personagem histórico para a recomposição das lutas, sensibilidades, memórias, vivências e identificações no universo rural da região norte de Goiás, palco de diversos conflitos agrários entre as décadas de 1950 e 1960: José Fernandes Sobrinho. Zé Sobrinho nasceu no povoado de Traíras, município de Niquelândia, em 14 de setembro de 1927, um homem do campo autodidata e militante do Partido Comunista do Brasil, participando ativamente da Revolta de Trombas e Formoso. A “sede” de memória de Zé Sobrinho resultou na publicação de “Vivências no Agreste” em 1997 e a constituição de um acervo particular com diários pessoais, manuscritos inéditos, recortes de jornal, atas de reuniões das associações de trabalhadores rurais da região, entre outros. A complexidade deste personagem e de suas memórias nos impulsiona à discussão sobre o indivíduo e a história, o relato biográfico, a relação entre Memória e História e a utilização dos arquivos pessoais como fonte histórica. Nome: Francisco Gouvea de Sousa E-mail: chico_gouvea@yahoo.com.br Instituição: PUC-RJ Título: Retórica e biografia: a escrita da história de um sócio do IHGB Manuel Duarte Moreira de Azevedo foi, entre os sócios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro dos anos de 1870 a 1890, aquele que mais se dedicou a publicar memórias históricas na revista do instituto, publicando também algumas biografias. Pretendemos tratar desses dois tipos de produção especialmente por sua complementaridade. Se nas memórias históricas é possível identificar uma proximidade com o topos História magistra vitae, suas biografias aparecem fortemente marcadas por um conceito particular de gênio. Ambas as modalidades de escrita da História podem ser tratadas, ainda, enquanto pesquisa da retórica e retoricidade em jogo na produção historiográfica do IHGB. Nome: Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro E-mail: gmaraf@hotmail.com Instituição: UEFS Título: Memórias e fotografias: entre lembranças e reminiscências do passado vivido A partir do uso da fotografia e de como a mesma possibilita o afloramento de lembranças e reminiscências do passado histórico, o presente trabalho pretende fazer uma reflexão sobre as fotografias e memórias de três irmãs e ex-professoras das Escolas Paroquiais que existiram na região de Jacobina, Bahia, entre os anos de 1939 e 1979. Nessa perspectiva, a fotografia está sendo considerada como fonte e registro de memória assim como, de afloramento de lembranças. Como categoria de análise, tal relação será discutida na fronteira da relação entre História, Memória e Oralidade, tentando observar, através das fotografias e das “lembranças” tratadas através delas, os tipos de memórias que cada uma das professoras construiu dessa vivência histórica. Nome: Giovana de Aquino Fonseca Araújo E-mail: giovannaaquino@ig.com.br Instituição: FAVIP Título: Memórias e oralidade dos feirantes luso-brasileiros sobre seus respectivos lócus de trabalho diário: aspectos de identificação e valores concebidos por esses sujeitos na contemporaneidade Sabemos que os métodos e as técnicas de pesquisa em História tem se ressignificado a cada década, desde a inserção da História Social e da Nova História Cultural, onde os sujeitos por si só já se auto-definem, e suas memórias contextualizadas no tempo investigado viram fontes de pesquisa de grande contributo para a Historiografia Brasileira e mundial. Nesse sentido, e guiados pelo método de pesquisa da História Oral, pretendemos apresentar os discursos produzidos pelos feirantes na contemporaneidade, localizados nas feiras Luso-Brasileiras, em especial a feira nortista portuguesa na cidade de Ponte de Lima e a feira nordestina brasileira em Campina Grande-PB. Tais discursos serão evidenciados no tocante aos aspectos de identificação e de valores desses feirantes com o lócus de trabalho diário, a partir do cotidiano vivenciado por esses sujeitos sociáveis. Para tanto dialogaremos com os adeptos da História Oral, Marieta M. Ferreira, Paul Thompson e Maurice Halbwachs, bem como com os historiadores sociais

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e culturais: E. P. Thompson e Michel de Certeau respectivamente, além do Stuart Hall e Tomaz Tadeu Silva, teóricos pós-modernos dos Estudos Culturais. Nome: Giulianne Chrishina Barros dos Anjos E-mail: giuliannebarros@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: Relatos biográficos, construções de identidades: o monteirense de ontem e hoje presente em Guerreiro Togado Neste trabalho busca-se analisar uma narrativa biográfica (o livro Guerreiro Togado) construída a partir da memória. Memória daquele que a produziu (Pedro Nunes Filho), e também dos seus depoentes, sobre a revolta armada, proveniente de Alagoa do Monteiro, que convulsionou o Estado da Paraíba em 1911 e 1912, liderada por Augusto Santa Cruz, figura central de tal narrativa. Desta forma, percebemos que Guerreiro Togado é uma narrativa que parte do desejo de Nunes Filho de registrar esta história, registro que ressignifica muitas informações por meio do cruzamento da oralidade com os documentos escritos da época, conectando o tempo em que escreve ao tempo da revolta. Nunes Filho entende que narrar esta história é a contribuição que pode dar à memória da sua região, mas, concomitante a isso, o autor a utiliza para reafirmar identidades, pois perpassa a obra um ideário de sertanejo viril, obstinado e astuto. O autor institui para Santa Cruz uma personalidade contraditória, lhe atribuindo características que deveriam ser “resgatadas” pelos monteirenses de hoje e outras que revelariam uma forma de ser própria dos políticos do início do século XX, não mais aceitáveis. Analisamos, portanto, como Pedro Nunes constrói identidades não só para Augusto, mas para o monteirense de forma geral. Nome: Iranilson Buriti de Oliveira E-mail: iburiti@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: A pena de Belisário: narrativas de nordeste nas correspondências de Belisário Penna A presente pesquisa aborda as imagens construídas pelo médico Belisário Penna (1868-1939) sobre os sertões da Paraíba e do Rio Grande do Norte nas correspondências que o mesmo enviou ao médico paraibano Flávio Maroja, e ao Dr. Accácio Pires, chefe do setor de Profilaxia Rural da Paraíba. Tais correspondências, escritas no período de 1921 a 1926, apresentam cenários de sertão descritos como lugares “excelentes para se viver”, principalmente no que concerne à parte chamada Seridó, narrada por Belisário como um pedaço de Sertão habitado por “uma gente sadia e robusta, operosa e civilizada, constituída de brasileiros genuínos, sem mistura, que lutam heroicamente com uma natureza hostil e a vencem pelo trabalho e pela inteligência, graças à saúde que desfrutam, porque ali desconhecem geralmente a opilação e a malária”. Desta forma, esta pesquisa, fruto do trabalho de pós-doutoramento junto à Fiocruz, objetiva colocar em análise os escritos de Belisário acerca do Nordeste, mostrando como este médico procurava apresentar as heterogeneidades acerca da saúde e da doença desta cartografia brasileira, ao mesmo tempo em que desconstruía a imagem estereotipada de um sertão envolto pela miséria e pela doença. Nome: Jane Bezerra de Sousa E-mail: jane_bezerrasousa@yahoo.com.br Instituição: UFPI Título: Ser e fazer-se professora no Piauí nas primeiras décadas do século XX: a história de vida da normalista Nevinha Santos Maria das Neves Cardoso Rodrigues, professora primária, formada pela Escola Normal do Piauí no ano de 1928, foi professora e diretora do grupo Escolar Coelho Rodrigues em Picos-PI até o ano de 1951. Aos 87 anos de idade, escreveu textos com suas memórias e decidiu publicálas no Jornal Meio Norte, Teresina-PI. O artigo mostra a trajetória de vida da professora Nevinha; sua infância em Marruás; o encontro com as primeiras letras na escolinha de Dona Belinha Bacelar; o ingresso na Escola Normal Oficial do Piauí, as amizades construídas, os professores, as práticas pedagógicas, o cotidiano escolar e a cidade de Teresina no seu período de formação como normalista. Aborda também o significado de ser professora normalista e sua missão salvacionista. Como fontes foram utilizadas os artigos escritos pela professora Nevinha Santos, jornais, decretos e leis. As análises foram feitas dentro do referencial da história nova que possibilita o conhecimento dos protagonistas anônimos, dos microtemas o que corresponde ao nosso trabalho, pois suas recordações levam a complementar a história da educação e ouvir os que não foram citados em documentos oficiais.

Nome: Jaquelini Scalzer E-mail: jaquesca@bol.com.br Instituição: UFES Título: Professores de História e suas representações identitárias O presente trabalho é parte de minha pesquisa de mestrado e tem por objetivo a análise da forma como os professores de História constroem suas representações identitárias, bem como os reflexos desta em sua prática cotidiana. Partindo do pressuposto de Pesavento de que as identidades são sempre múltiplas, pois decorrem de um sentimento de pertença advindo da intercessão dos aspectos pessoais subjetivos, objetivos e profissionais, construído dentro de um contexto sócio-histórico, foi possível perceber nos professores pesquisados que os referenciais utilizados na construção de sua representação identitária estão diretamente relacionados à forma como eles se percebem em relação aos demais que integram o grupo referencial – professores de História; a forma como os demais professores do grupo o vêem e a visão que seus alunos têm do mesmo. Outra constatação relevante é o fato que esta auto-representação interfere com mais força na construção de sua identidade do que o inverso. O que nos leva a concluir que as representações identitárias são matrizes de práticas sociais, guiando as ações e pautando as apreciações de valor, traduzindo-se em discursos e imagens que, muitas vezes, cumprem a função de verdadeiros ícones, altamente mobilizadores das práticas do grupo. Nome: José Henrique de Paula Borralho E-mail: jh_depaula@yahoo.com.br Instituição: UEMA Título: Um Pantheon Equinocial: a construção biográfica de maranhenses e a formação do império brasileiro Esta apresentação tem a intenção de demonstrar como no Maranhão do século XIX, a cognominada “Atenas Brasileira”, ou a construção de biografias de maranhenses que participaram da construção do império brasileiro, é também um projeto de construção de uma cultura oficial que, enquanto intelectuais, organizaram a forma como as estâncias sociais legitimadoras interpretavam a sociedade, posicionavam os indivíduos, controlavam o aparato burocrático do estado, didatizavam o passado, construíam o futuro, conduziam o presente. A visibilidade desses atores estava lastreada pela construção de biografias, ou seja, era necessário fazer conhecer como os organizadores da cultura oficial maranhense deveriam ser emblematizados enquanto pessoas insignes, já que carregavam a missão da construção da vida pública. Essa distância foi construída através da linguagem literária, jornalística e, sobretudo, biográfica. Isso se aplica bem à figura de Antonio Henriques Leal e à forma como ele narrou o Pantheon repleto de figuras correligionárias do seu partido, o Liberal. Ao biografar determinadas figuras e colocá-las no panteão da imortalidade, Antonio Henriques Leal construía um tipo de memória sobre o passado desses maranhenses atrelados ao passado da nação brasileira. Nome: Juçara Luzia Leite E-mail: jujuluzialeite@yahoo.es Instituição: UFES Título: Arquivos pessoais: panorama e possibilidades de pesquisa As pesquisas (auto)biográficas, atualmente, apresentam-se como um campo em expansão e suas questões teórico-meteodológicas têm sido amplamente debatidas, revelando um imbricamento de diferentes áreas do conhecimento, como a História, a Psicologia, a Lingüística, a Filosofia, a Educação, as Artes, etc. Considerando este contexto, objetivo traçar um panorama das pesquisas realizadas no país cujo objeto e/ou fonte tem sua origem em um arquivo pessoal. Para tanto, parto da discussão sobre a importância dos arquivos pessoais, compreendidos simultaneamente como fonte e objeto das pesquisas (auto)biográficas, enquanto construções de uma narrativa, de uma escrita, e/ou de uma inscrita de si. Considero que a prática de arquivamento de documentos pessoais possibilitou o controle de si e sua invenção. Como a prática da escrita de si, revelada através de arquivos pessoais, corresponde a um reordenamento da relação privado/público no momento em que se aproximam na esfera da sociedade, a pesquisa com arquivos pessoais possibilita que se repense a oposição individual/coletivo através do resgate de uma dimensão mais interna das fontes. A ampliação das pesquisas e o caráter pluridisciplinar do campo justificam a necessidade do panorama e a reflexão sobre as perspectivas. Nome: Juciene Batista Félix Andrade E-mail: jucieneandrade@yahoo.com.br Instituição: UFPE/UVA Título: Jane Austen: mundos de razão e de sensibilidade

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82 Jane Austen, escritora inglesa que viveu em meados do século XVIII, articulou uma leitura de mundo interessante em seus romances, destacando-se “Razão e Sensibilidade” e “Orgulho e Preconceito”. A autoria dessa escritora produziu uma narrativa poética sobre diversas concepções de mundo. Operando em fins do século XVII e início do século XVIII Austen reflete sobre a condição de vida das famílias inglesas e sua principal preocupação: casar suas filhas com bons partidos. Em grande medida, esse enredo serve para a autora refletir sobre as condições de vida das mulheres, seus costumes, o casamento como meio de enobrecimento etc. Fundamentalmente, o que intentamos com essa comunicação é problematizar o poder ativo da linguagem numa romancista que não se esconde através de artifícios inocentes. A sua narrativa produz uma explicação sobre as estruturas, sobre o universo das regras sociais e sobre si. Nome: Lincoln de Abreu Penna E-mail: lin.penna@yahoo.com.br Instituição: Universo Título: Autohistória. A trajetória intelectual e política de uma geração Trata-se de um inventário memorialístico e analítico da geração nascida nos anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pretende-se, com isso, examinar as influências teóricas, filosóficas, historiográficas e ideológicas que orientaram integrantes dessa geração no mundo acadêmico, bem como em sua produção científica. Discutem-se as autobiografias, registro de trajetórias de vida, com as autohistórias, depoimentos comprometidos com o tempo dos seus autores. Nome: Marcelo de Sousa Neto E-mail: marceloneto@yahoo.com.br Instituição: UESPI Título: Por múltiplos ângulos: o estudo biográfico e a (re)construção do sujeito Padre Marcos de Araújo Costa constituiu-se em um dos mais influentes membros das famílias do Centro-Sul piauiense na primeira metade do século XIX, no qual mais que uma influência pontual ou localizada, representou figura de grande prestígio nas redes de poder social e político em que se inseriu, revelando muito da sociedade em que viveu. Entretanto, a historiografia piauiense criou uma memória sobre o Padre de “benemérito educador” que não esgota sua complexidade social e política. Esta memória (re)criada, que fabrica a história sobre o Padre, representa uma produção marcada pelo lugar social de seus produtores, no qual criou-se, por meio de biografias e crônicas, uma memória escrita que concentra suas discussões apenas em um Padre educador. Neste sentido, localiza-se em escritos, de 1839, do botânico inglês George Gardner um ponto de inflexão dos mais significativos, uma vez que este, primeiro de seus biógrafos, minimiza sua atuação como artífice político e como religioso, ressaltando apenas sua importância como educador. Refletir acerca de Padre Marcos e sua atuação política e de como a historiografia piauiense construiu sua imagem de “benemérito educador” representam os objetos de análise do presente estudo. Nome: Maria Bernadete Moreira Kroeff E-mail: kroeffm.ez@terra.com.br Instituição: PUC - RS Título: Historiar a “si” mesmo: caminhos da narrativa auto(biográfica) O presente resumo objetiva trazer à discussão aportes teóricos e metodológicos que envolvem as pesquisas com histórias de vida, narrativas, auto(biografias), e biografias como exercício de escrita de “si”. Métodos que trabalham com trajetórias individuais, apresentam especificidades próprias, recolhem depoimentos, descrevem a vida do indivíduo de forma relacional a partir do contexto sociocultural no qual está inserido; um universo repleto de representações e subjetividades, no qual resulta um documento escrito, um texto narrativo; revelador de sentido que foi construído pelas vivências e vozes dos próprios atores. Além da reflexão sobre o uso das referidas metodologias, busca-se repensar sobre a escrita de si, observando o alcance e limites na produção historiográfica atual. Enfatizar o emprego da História Oral e da memória nas vidas recriadas, naquilo que contam, nas lacunas e silêncios, trajetórias reconstituídas que oferecem inúmeras possibilidades de indagações históricas. Nome: Nileide Souza Dourado E-mail: nileide@terra.com.br Instituição: UFMT

Título: A Trajetória de vida de Pessoa Comum O trabalho pretende discutir sobre a memória de si, ou seja, a escrita de um texto biográfico, na abordagem da História Oral, cuja temática versa sobre a trajetória de vida, o cotidiano e as representações de uma mulher nordestina, pessoa comum. As narrativas históricas reportam sobre a experiência individual e familiar, vivenciadas no interior da Bahia e de Mato Grosso, na primeira metade do século XX. O estudo permite ainda, perceber dimensões que não apenas as impressões imediatas passadas pela narradora, bem como detectar histórias luminosas, e dignas de serem registradas, configurando uma história de vida que, além de permanecer na memória de si, pode também sobreviver, por intermédio da investigação, na dos outros. Nome: Olívia Morais de Medeiros Neta E-mail: olivianeta@yahoo.com.br Instituição: UFRN Título: Francisco de Brito Guerra e a vila do príncipe (Rio Grande do Norte, século XIX) Francisco de Brito Guerra, em 1801, recebeu ordens sacras no Seminário de Olinda e assumiu a Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó, da Vila do Príncipe em 1802. Objetivamos analisar a relação entre Brito Guerra e a Vila do Príncipe na esfera religiosa, educacional e política. O corpus documental é composto pelo testamento e inventário de Brito Guerra, Livro de Tombo da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó e decretos provinciais e imperiais. Esse trabalho orienta-se pela História Social de conformidade com Georges Duby e Peter Burke e atenta para o estudo das esferas da cultura, da economia e da sociedade na vida em comunidade. Na esfera religiosa, a relação de Brito Guerra com a Vila do Príncipe se expressa por sua condição de vigário, de visitador apostólico e delegado do Crisma na Província do Rio Grande do Norte e da Paraíba; na educacional pela implantação, em 1803, da escola de Gramática Latina e pela aprovação provincial, em 1832, da Cadeira de Gramática Latina para a Vila do Príncipe. Na esfera política essa relação dar-se pela atuação de Brito Guerra como deputado provincial e geral, bem como Senador do Império. Nesses termos, a relação de Brito Guerra com a Vila do Príncipe se dá pela intersecção da esfera religiosa com a educacional e política. Nome: Paloma Porto Silva E-mail: palomaporto_51@yahoo.com.br Instituição: UFPB Título: Ser-no-mundo e ser-si mesmo: considerações a propósito da experiência do ser em Balthazar Vieira de Mello Balthazar Vieira de Mello, intelectual de destaque no campo da Inspeção Médica nas escolas, constrói, em forma de narrativa, modelos pedagógicos para uma educação infantil baseada na higiene, civismo e disciplina em São Paulo. O médico desenvolve uma estratégia cívico-pedagógica aos moldes do saber médico, higienizando corpos e mentes das crianças, para torná-los sujeitos civilizados. Pretendemos, com este estudo, estabelecer um diálogo com a questão do Ser que a hermenêutica de Martin Heidegger propõe para construção de uma narrativa histórica a partir da leitura de uma vida em uma obra, como diria Michel Foucault, já que vida & obra não são elementos separáveis, não podem ser tratados como duas coisas distintas. Entender a (auto)construção da vida desse médico, a partir de sua obra “A Hygiene Escolar”, publicada em 1902, nos possibilitará ver uma faceta singular e provisória daquilo que o médico-higienista escreveu para si, com interesses pré-definidos de atender a demandas higiênicas da época em questão. Entender quais os impulsos e desejos, como diria Heidegger que movem este médico-higienista, que o inserem na mundanidade do mundo a que ele estava envolto e como o estudo dos mesmos, a partir de seus escritos, nos permite compreender um fragmento do Ser de si próprio. Nome: Patrícia Pereira Xavier E-mail: patriciatlc@yahoo.com.br Instituição: PUC-SP Título: História, memória e biografia: o dragão do mar na escrita de Edmar Morel (1949) Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Dragão do Mar, entrou para a escrita da História como o jangadeiro que teria liderado seus companheiros em 1881, fazendo com que suas embarcações não transportassem os escravos que seriam enviados para as fazendas no sul. O episódio da greve dos jangadeiros foi considerado por intelectuais, escritores e por alguns historiadores, o grande responsável pela abolição precoce da província do Ceará, que até hoje é conhecida como “Terra da Luz”, pois, quatro anos antes da abolição no Brasil, em 1884, libertou seus escravos. O objetivo do estudo é entender de que forma foi construída a imagem do jangadei-

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ro ao longo do tempo, refletindo sobre a relação entre História e Memória. Em 1949 Edmar Morel publica o livro: “Dragão do Mar o jangadeiro da abolição” onde narra a trajetória de Chico da Matilde. Através desse escrito procuro compreender a maneira pela qual o “jornalista-historiador” conta a história de vida de Francisco José do Nascimento, desde a data em que nasceu em 1839 até o dia de sua morte em março de 1914. Quais são os períodos e episódios reforçados pelo livro de Morel? Que fontes utiliza, porque decide escrever o livro, e que tipo de imagem ele constrói através de sua narrativa? São algumas questões a serem discutidas. Nome: Paulo Miguel Moreira da Fonseca E-mail: paulommf@gmail.com Instituição: UERJ Título: A negra, o visionário, o traidor: indivíduos e trajetórias na historiografia colonial recente O presente estudo procura cotejar três exemplos recentes de trabalhos biográficos dentro da temática da América Portuguesa. Duas biografias tradicionais e uma “não-biografia” que dialogam e constroem suas personagens à luz das atuais discussões a cerca do objeto biográfico, narrativa e sujeito histórico. Baseando-nos nesses exemplos, visamos mapear as distâncias e as proximidades entre os diferentes trabalhos no que se refere à teoria, à metodologia, às fontes e à escrita da História. Com isso, buscamos estabelecer um balanço dessa forma de estudo, no Brasil nos últimos dez anos, que se refira ao corte cronológico proposto. Nome: Paulo Roberto Staudt Moreira E-mail: moreirast@terra.com.br Instituição: UFRGS Título: Pardas vivências: burocracia, tipografia e associativismo religioso na trajetória de um indivíduo negro (Porto Alegre, século XIX) Temos investido em um projeto sobre as trajetórias de um indivíduo negro que viveu no Rio Grande do Sul, entre meados do século XIX e primeiras décadas do XX. Nosso interesse neste sujeito deve-se a sua biografia poder servir de pretexto para a análise de vários tipos de inserções de negros como ele numa sociedade marcada pelo fim do cativeiro. Ele foi batizado na cidade de Jaguarão (RS), em 1849, com o nome de Aurélio Viríssimo de Bittencourt, filho de uma negra livre e de um oficial da marinha. Após os primeiros anos passados junto a sua mãe, onde teve acesso às primeiras letras, foi de mudança para a capital da província, onde se educou e ingressou no mundo dos jornais, primeiramente como tipógrafo e finalmente como proprietário de um jornal. Aurélio foi um nome muito presente no abolicionismo local e no associativismo religioso, como participante ativo de diversas irmandades. Além do mundo da tipografia, a sua inserção profissional foi marcada por seu ingresso no funcionalismo público, culminando sua ascensão profissional com a chefia do gabinete de governo de dois importantes presidentes de estado. Nosso intento é, desrespeitando a ilusão biográfica que poderia nos levar a analisá-lo como um predestinado ao sucesso, explorar as experiências de um pardo numa sociedade em transformação. Nome: Pedro Felipe Marques Gomes Ferrari E-mail: ferrari.pedro@gmail.com Instituição: UnB Título: A contextualização fronteiriça de si: a experiência de um praça brasileiro na Segunda Guerra Mundial A partir das pequenas estratégias de um 3º sargento, José Gonçalves Gomes Filho, o presente trabalho tem por objetivo vislumbrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) em campanha durante a Segunda Guerra Mundial por meio das representações por ele erguidas. Escrutinando seus diários, álbum fotográfico e outras fontes, o intuito é enxergar a experiência a partir do indivíduo. Notar, portanto, suas táticas pessoais frente ao desconhecido ao engendrar novas fronteiras e ressignificar sua identidade ao sabor de novas adaptações. Recontextualizando a si mesmo, o praça lida com formulações específicas sobre o conflito – e, por conseguinte, reinvenções de sua inserção na guerra. Faz-se orbitar entre identidades propostas em seu discurso: fragmenta-se entre o estudante em solo estrangeiro, o filho, irmão e o militar. De suas anotações surge um esforço autobiográfico a erigir espaços e concepções a partir dos quais encaixar a si. Das relações com notícias tomadas com oficiais, recria o conflito com base em sua experiência – reformula, recorta, propõe entendimentos para além do proposto pela fria movimentação “macro” de tropas e estratégias militares. Nome: Raimundo Nonato Pereira Moreira E-mail: marrano.alto@bol.com.br

Instituição: UNEB Título: Como um grego antigo nas ruas de Bizâncio: (auto)biografia, invenção de si e narrativa histórica em Diário de uma expedição, de Euclides da Cunha Este trabalho apresenta alguns resultados preliminares de uma pesquisa intitulada Euclides da Cunha na Bahia: uma investigação histórica acerca da presença do correspondente de O Estado de São Paulo no território baiano durante a Guerra de Canudos. Para tanto, analisam-se onze das reportagens que integram o Diário de uma expedição (1935), escritas por Euclides, durante a sua estadia em Salvador, no período de 7 a 30 de agosto de 1897. Na seqüência, evidenciam-se indícios da presença do autor de Os Sertões (1902) nos periódicos baianos da época – a exemplo do Diário da Bahia, Jornal de Notícias e Diário de Notícias. Finalmente, discutem-se certos elementos autobiográficos e pertinentes à escrita de si, presentes nos textos do correspondente de guerra, relacionando-os com as reflexões teóricas e metodológicas delineadas por autores como Pierre Bourdieu, Giovanni Levi, Sabina Loriga e Angela de Castro Gomes, dentre outros. Nome: Regina Coelli Gomes Nascimento E-mail: reginacoelli2@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: A arte de ser feliz: narrativas de vidas (des)encantadas com a História O projeto de pesquisa que ora apresento foi arquitetado com o objetivo de responder a duas questões: Como os professores e professoras de História do Ensino Fundamental e Médio de Campina Grande-PB vêem a docência no período de 1980 a 1990 – opiniões sobre os alunos, os colegas, o Estado, as políticas públicas – e como se vêem - quais as orientações que articulam suas trajetórias profissionais e seus projetos de vida. Com ênfase, na satisfação profissional, no prazer que o exercício do magistério provocou ou não em suas vidas. O projeto nasce com o objetivo de constituir um arquivo de depoimentos em suportes orais e escritos, que permitam à ampliação e a compreensão da trajetória de vida dos (as) professores /as de História de Campina Grande. Além de constituir um acervo de fontes orais e escritas para uso de pesquisadores, planeja-se também a produção de recursos para uso didático, a exemplo da constituição de um acervo fotográfico, produção de vídeos e de um livro. Utilizaremos como fontes de pesquisa os jornais: Diário da Borborema e Jornal da Paraíba e entrevistas com os sujeitos envolvidos em função das possibilidades de exercícios de análise centrados no trabalho da escrita de si. Nome: Rita Morais de Andrade E-mail: ritaandrade@hotmail.com Instituição: UFG Título: O caso do vestido e a biografia cultural das roupas Roupas são objetos que têm uma circulação social. Sua longevidade material, geralmente maior que a humana, possibilita-lhes transitar por diversos espaços e tempos. Para pensá-las numa perspectiva cultural e histórica é necessário apreendê-las em contextos específicos já que sua condição circulante e suas inerentes qualidades deteriorantes deslocam-nas continuamente para novas situações, para novos estados (no sentido proposto por Deleuze de que o que está por vir (o devir) não é o vazio, mas algo revelado por potências pré-existentes). Parece-me, portanto, mais vantajoso pensar em investigações sobre a roupa como método de estudo e interpretação histórica no lugar de engessá-las na classificação que se fez delas no momento em que foram criadas, desprezando o seu itinerário, suas mudanças físico-químicas e as implicações sobre os sentidos das roupas antigas na cultura contemporânea. Esta comunicação apresenta formas sensíveis de vestir em que as roupas (e não as pessoas) são protagonistas da narrativa histórica. Adulterações nos projetos originais de determinadas roupas colocam em xeque a idéia de hegemonia da moda e permitem pensar o “vestir” não apenas como uma prática que envolve corpos físicos, mas que se expande em versões inesperadas, inacabadas e imperfeitas da cultura. Nome: Silêde Leila Oliveira Cavalcanti E-mail: sileilaoc@hotmail.com Instituição: UFCG Título: Entre asilos e recreios: histórias de amores e saudades de idosos paraibanos O Problema ora proposto como estudo/pesquisa de doutorado se insere nas novas abordagens teórico-metodológicas que transitam no campo das subjetividades e dos sentimentos, tendo como recorte temático as sensibilidades afetivas de idosos(as) na contemporaneidade articuladas as identidades de gênero e de família. A intenção é adentrar nas experiências e

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82 sensibilidades amorosas de homens e mulheres idosos(as) campinenses/ paraibanos residentes em instituição asilar e freqüentadores de grupos de terceira idade. Buscamos a partir das narrativas das memórias identificar os modelos familiares fundantes nas vidas desses indivíduos quando de suas juventudes, comparando-os com as novas configurações evidenciadas no momento de suas existências “envelhecidas”. Perguntamos que projetos, crenças e condutas amorosas/familiares/geracionais se configuravam e/ou se configuram entre os idosos institucionalizados? Quais os mapas de afeto desejados/sonhados e quais as cartografias sentimentais configuradas? Quais as crenças sobre juventude e envelhecimento? O caminho de pesquisa tem demonstrado a riqueza das questões sobre identidade, gerações e sensibilidades, ainda por serem investigadas e aprofundadas, especialmente na ciência histórica. Nome: Silvera Vieira de Araújo E-mail: silverapipoco@yahoo.com.br Instituição: UFCG Título: Narrativas sobre a cidade: a construção da higiene estética de Campina Grande através dos discursos dos comerciantes (1930-1960) Dentre as narrativas possíveis sobre a cidade moderna, este trabalho tem como proposta problematizar a narrativa que nos informa sobre as dimensões políticas, sociais e culturais que sedimentaram a construção da higiene estética de Campina Grande (1930-1960). Neste sentido, objetiva-se analisar as ações e discursos da classe comerciária local que contribuíram para a construção da higiene estética da cidade através da exclusão da mendicância do centro da cidade. Entre as contribuições teóricas destacam-se os conceitos de disciplina e de discurso de Michel Foucault, para analisar as tecnologias e narrativas disciplinares impostas aos sujeitos da cidade. A metodologia a ser utilizada refere-se à análise de fontes como os jornais que circularam na época e as atas das reuniões da Associação Comercial, conjugada a uma análise do material bibliográfico. Considera-se, possível uma leitura da cidade a partir das práticas de higienização e estética, fundamentais para a construção de um novo tempo, de um novo espaço e de novas versões para narrar a cidade. Neste contexto, a exclusão da mendicância das ruas centrais da cidade significou uma medida de higienização e embelezamento de Campina Grande, segundo o discurso da classe comerciária local. Nome: Thiago Borges de Aguiar E-mail: tbaguiar@usp.br Instituição: USP Título: A necessidade de “escrever para educar” na correspondência de Jan Hus Neste trabalho fazemos um estudo sobre a necessidade de escrever cartas para educar por parte do sacerdote Jan Hus, da Boêmia do século XV. Este personagem da reforma da Igreja Católica no período anterior a Martinho Lutero possui um importante lugar a ser reconhecido na História da Educação. Sua ação educativa na Capela de Belém, em Praga, especialmente voltada ao ensino da moral cristã e à defesa da verdade, precisou ser interrompida pela oposição do alto clero romano às suas idéias, forçando o capelão a se exilar. No entanto, Jan Hus utilizou da escrita de cartas para continuar a educar. Partindo da problematização da figura desse educador e da caracterização de sua correspondência, apresentamos suas motivações para escrita epistolar (trabalho intelectual, aconselhamento, refutação de acusações, defesa da verdade e continuidade da tarefa pastoral-educativa à distância) e o modo como utilizou dessa escrita para educar defendendo a verdade.

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84. HistĂłria, natureza e territĂłrio Haruf Salmen EspĂ­ndola – UNIVALE (haruf@univale.br) (P QR ;;,,, 6LPSyVLR 1DFLRQDO GH +LVWyULD IRUDP RUJDQL]DGRV GRLV VLPSyVLRV WHPiWLFRV GHQWUR GD PHVPD OLQKD ´+LVWyULD 6RFLHGDGH H $PELHQWHÂľ H ´+LVWyULD $PELHQWDO ² %DODQoRV H 3HUVSHFWLYDVÂľ Durante o evento ocorreram reuniĂľes entre os organizadores de ambos os simpĂłsios. Em abril de GXUDQWH R ,,, 6LPSyVLR RUJDQL]DGR SHOD 6RFLHGDGH /DWLQR DPHULFDQD H &DULEHQKD GH +LVWyULD $PELHQWDO 62/&+$ TXH RFRUUHX QD (VSDQKD RV SDUWLFLSDQWHV EUDVLOHLURV GHFLGLUDP SHOD DSUHVHQWDomR GH XPD ~QLFD SURSRVWD SDUD 6HJXLQGR HVVD RULHQWDomR IRL SURSRVWR H DFHLWR R VLPSyVLR WHPiWLFR ´+LVWyULD 1DWXUH]D H 7HUULWyULRÂľ QR ;;,9 6LPSyVLR 1DFLRQDO GD $138+ (P RV SDUWLFLSDQWHV GH /RQGULQD VH Ă€]HUDP SUHVHQWH QR ,9 6LPSyVLR /DWLQR DPHULFDQR H &DULEHQKR GH +LVWRULD $PELHQWDO TXH RFRUUHX HQWUH D GH PDLR QD 8)0* HP %HOR +RUL]RQWH 1R (QFRQWUR GHFLGLX VH SHOD UHDSUHVHQtação do simpĂłsio temĂĄtico na XXV encontro nacional da ANPUH com o objetivo de garantir o espaço para a HistĂłria Ambiental e seu desenvolvimento no paĂ­s.

Resumos das comunicaçþes Nome: Alda Heizer E-mail: aldaheizer@jbrj.gov.br Instituição: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro TĂ­tulo: Nação e natureza: a biologia no Brasil de Mello LeitĂŁo Pretende-se analisar a pertinĂŞncia da inclusĂŁo da obra de Mello LeitĂŁo A Biologia no Brasil no projeto editorial “civilizatĂłrioâ€? da Coleção Brasiliana, a partir dos anos 1930, durante o governo Vargas. A Brasiliana, como ficou conhecida, teve como diretor Fernando de Azevedo e tinha como objetivo editar livros sobre o Brasil escritos por brasileiros. O livro de Mello LeitĂŁo A Biologia no Brasil, prefaciado por Roquete Pinto, ĂŠ parte dessa literatura nacionalista de contornos pedagĂłgicos definidos e que se tornou referĂŞncia para trabalhos futuros em HistĂłria da CiĂŞncia no Brasil. Pretende-se analisar algumas caracterĂ­sticas da obra em questĂŁo e sublinhar a importância de circunstanciĂĄ-la numa historiografia presente na HistĂłria da CiĂŞncia, especialmente atĂŠ a dĂŠcada de 1980, quando o cenĂĄrio historiogrĂĄfico das ciĂŞncias no Brasil apresenta mudanças de objetos, abordagens e fontes para uma HistĂłria da Botânica. Nome: Alfredo Ricardo Silva Lopes E-mail: alfredorsl@gmail.com Instituição: UFSC TĂ­tulo: A degradação da lagoa de Sombrio-SC e as relaçþes ambientais para subsistĂŞncia dos pescadores (1960-2005) O presente trabalho tem como objetivo historicizar o processo de degradação da Lagoa de Sombrio, no extremo Sul de Santa Catarina, bem como, o atual debate sobre sua preservação, por meio de entrevistas realizadas junto aos pescadores locais. A Lagoa de Sombrio, que jĂĄ foi a maior lagoa de ĂĄgua doce do estado de SC, perdeu a sua visibilidade frente Ă população local, a partir da construção da BR-101 em finais da dĂŠcada de 1960 e inĂ­cio de 1970, pois antes da rodovia, era pela lagoa que a população navegava atĂŠ o porto de Torres-RS. ApĂłs a construção a ligação sinuosa que unia a Lagoa de Sombrio ao rio Mampituba (divisa natural entre SC e RS) foi substituĂ­da por um canal em linha reta, o que proporcionou a utilização das antigas margens da lagoa para o plantio do arroz irrigado. Outro elemento relevante que contribuiu para a deterioração da lagoa ĂŠ a presença do esgoto cloacal das cinco cidades que costeiam o manancial. Assim, as entrevistas com os pescadores da regiĂŁo possibilitaram levantar o modo de vida anterior comparando com a atual escassez de peixes e, ainda, a visualização da dimensĂŁo das relaçþes locais com o meio ambiente. Nome: Ă lvaro Mendes Ferreira E-mail: alvarofigueiro@yahoo.com.br Instituição: UFF TĂ­tulo: Abstração espacial e a cartografia da Idade Moderna Durante a passagem da Idade MĂŠdia para a Moderna assiste-se a uma progressiva preocupação com a abstração: o tempo, a massa, o peso e mesmo qualidades que hoje julgamos incomensurĂĄveis como a graça ou virtude foram submetidas Ă quantificação. O espaço, naturalmente, nĂŁo ficou fora de tal esforço. Com a redescoberta dos trabalhos de Ptolomeu no sĂŠculo XIV, os cartĂłgrafos e os cosmĂłgrafos europeus passaram a dispor de ferramentas para conceber e representar o espaço nĂŁo mais em termos corogrĂĄficos (ou seja,

meramente paisagĂ­sticos), mas sim a partir duma perspectiva matemĂĄtica em que a projeção de coordenadas astronĂ´micas sobre o globo determina a posição deste ou daquele objeto na superfĂ­cie terrestre. Pouco a pouco, o espaço desvincula-se da sua experiĂŞncia vivida e ĂŠ abstraĂ­do. Em especial a partir do sĂŠculo XVI, observa-se uma tendĂŞncia a minimizar o carĂĄter simbĂłlico que se percebia nos mapas medievais (p. ex., o ecĂşmeno esquematizado dos T-O) e a sua pesada ornamentação (decorrente do horror vacui, que, alĂŠm de monstros, gerava terras-fantasmas) em favor de representaçþes mais abstratas, favorecendo assim certo discurso da “neutralidadeâ€? e “objetividadeâ€? cartogrĂĄfica. Analisaremos as conseqßências da abstração do espaço na cartografia da Idade Moderna. Nome: Ana Elizabete Moreira de Farias E-mail: anaelizabete82@yahoo.com.br Instituição: UFPB TĂ­tulo: Problematizando a noção de convivĂŞncia com o Semi-ĂĄrido O Nordeste do Brasil ĂŠ talvez a regiĂŁo do paĂ­s sobre a qual mais se escreveu atĂŠ hoje. Ao longo da histĂłria, a regiĂŁo tem sido tratada como uma questĂŁo a ser resolvida – a questĂŁo Nordeste. A seca, bem como a escassez de ĂĄgua no sertĂŁo, sĂŁo apontadas, na maioria dos discursos, como as grandes responsĂĄveis pela misĂŠria que atinge a regiĂŁo. Os discursos e as imagens – construtores do regionalismo – que falam e mostram o Nordeste estĂŁo repletos de subjetivaçþes que depreciam a regiĂŁo e o povo nordestino. A seca em si, seria um fenĂ´meno natural e a causa que impediria o desenvolvimento regional. O “polĂ­gono das secasâ€? seria a representação espacial deste caos, e o espaço pioneiro para as açþes contra os traumas do flagelo. Com a emergĂŞncia da proposta de ConvivĂŞncia com o Semi-Ă rido, a partir do final do sĂŠculo XX, esse debate vem ganhando outros contornos. A construção de uma nova territorialidade ĂŠ caracterĂ­stica dessa nova imagem que se intenta construir do Nordeste. Uma imagem que tenta romper com a grandiosa lĂłgica do combate Ă seca e converter as açþes em função de novos saberes e novas demandas do mundo atual. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho ĂŠ problematizar a noção de ConvivĂŞncia com o Semi-Ă rido a partir dessa nova forma de ver e dizer o Nordeste. Nome: AngĂŠlica Kohls Schwanz E-mail: angelicars@tutopia.com.br Instituição: UEM TĂ­tulo: A transformação da paisagem e a identidade do gaĂşcho: do pampa Ă floresta Este trabalho tem por objetivo discutir a construção da identidade do gaĂşcho, associada a uma dada paisagem - o Pampa - que tem sofrido profundas transformaçþes a partir do plantio de florestas para extração de celulose. Desde a ocupação do territĂłrio do Rio Grande do Sul hĂĄ uma tipicidade na definição do que seja a paisagem gaĂşcha e uma associação entre a mesma e o seu habitante, o gaĂşcho, como que a formar uma identidade entre ambos. Essa identidade foi construĂ­da desde a ocupação do territĂłrio rio-grandense e seguiu aos dias atuais, propagada pelos centros de tradiçþes dentro e fora do Brasil. Ao considerar que o homem faz parte do ambiente, que a sua relação com o mundo ĂŠ dada a partir do lugar onde vive e que este, define sua cultura, seus hĂĄbitos e tradiçþes, compreendo que as transformaçþes no ambiente agem sobre a percepção do sujeito a respeito do mundo que o rodeia, de suas memĂłrias e de suas identidades. Parto do pressuposto de que a imagem do

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84 associação ambientalista, e por sindicalistas da cidade. Em meados da década de 1980, havia se formado na cidade uma “paisagem do medo”, que mobilizava a opinião pública contra a captação das águas daquele rio. Nome: Gilmar Machado de Almeida E-mail: gmachadoalmeida@yahoo.com.br Instituição: Unirio Título: A espacialização dos serviços de abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro desde a sua fundação até 1888 Nossa proposta consiste em relacionar às formas de acessos a água existente na cidade com o processo evolução do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro. Destacando como esse processo de expansão foi responsável pela destruição de quase todos os mananciais que fornecia água para a cidade. Para essa pesquisa trabalharemos com fontes cartográficas produzidas nos séculos XVIII e XIX destacando os pontos de captação e distribuição de água da cidade do Rio de Janeiro. Essa iniciativa nos ajuda a relacionar as múltiplas formas de acesso à água com acelerado processo de degradação das nascentes e fontes. Na segunda metade do século XIX, o espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro contava com três modelos de acesso a água: o primeiro utilizava mão-de-obra escrava para trazer a água das margens dos rios as mais variadas residências. O segundo momento combinava a construção do aqueduto, chafarizes e bicas públicas com a mão-de-obra escrava. No entanto, nesta época surgem os primeiros problemas ambientais ocasionados pela crescente destruição e ocupação das matas e florestas ao redor das nascentes e dos rios que abasteciam a cidade. O último momento surgiu com o desenvolvimento do sistema de captação e distribuição de água direto às residências através das chamadas penas d’água. Nome: Haruf Salmen Espíndola E-mail: haruf@univale.br Instituição: UNIVALE Título: Legitimação e mercantilização de terras em Minas Gerais Estudo da legitimação de terras devolutas por meio da venda, num contexto de expansão mercantil, entre 1930 e 1960. A Lei de Terras de 1850 é o ponto de partida, porém o estudo centra na legislação republicana, quando ocorreu a transferência da jurisdição da União para os estados. No início do século XX a região do rio Doce era formada de terras devolutas. Duas correntes abrem a fronteira agrícola: posseiros que buscam terras “desocupadas” e interesses mercantis favorecidos pela expansão capitalista. A documentação confirma a precedência da posse como definidora do direito, tais como a “preferência de compra” e os valores a serem pagos pelos posseiros. Uma grande quantidade de requerimento de legitimação foi feita pela mesma pessoa ou por adolescentes. A disputa pela terra leva vários interessados a comprarem o direito de posse ou a pagar esse direito, para assegurar a “preferência de compra”, mesmo antes da avaliação do Estado. Os mecanismos de legitimação consolidam o processo de mercantilização antes mesmo das terras serem propriedades privadas. A ocorrência de hasta pública, como previsto na lei, desde a de 1850, foi inexpressiva, confirmando a existência de “esquema” que envolvem posseiros com posição de poder. Nome: Helaine Nolasco Queiroz E-mail: helaineq@hotmail.com Instituição: UFMG/IEPHA (MG) Título: Ouro Branco fixada na escrita viajante do século XIX Durante o século XIX, passaram por Ouro Branco-MG dezenas de viajantes, estrangeiros e nascidos no Brasil, os quais deixaram em seus diários as impressões sobre o arraial, a Serra de Ouro Branco e as fazendas e povoados vizinhos. Ainda que tenham permanecido apenas um ou dois dias naqueles arredores, os viajantes fazem menção, em seus relatos, a diversos aspectos, tais como: a conformação urbana e arquitetônica; os costumes e eventos sociais; a existência de doenças; o estado das estradas que davam acesso a então capital da província, Vila Rica; a paisagem no alto da Serra de Ouro Branco; a forma de atravessar a região e os perigos dos caminhos; as plantas e animais encontrados; as atividades minerais em decadência e em potencial; a hospitalidade dos habitantes; a qualidade e o preço dos pousos; a existência de índios e quilombolas, dentre outros. Tais relatos se apresentam como fonte bastante rica para o estudo da apropriação do território das minas e da forma como a visão estrangeira influenciou os padrões de conhecimento do Brasil no período. Destaca-se o apoio do governo imperial à tais viagens e a própria visita do imperador Dom Pedro II a Ouro Branco, no final do oitocentos, o que remete às tentativas de domínio cultural, político e econômico daquela região. Nome: Ilsyane do Rocio Kmitta

E-mail: ilsyanekmitta2@ibest.com.br Instituição: UFGD Título: Experiências vividas: narrativas entrelaçadas pela singularidade de um espaço provisório As fontes orais possibilitam questionamentos relacionados à forma de como são sentidas e vividas às experiências individuais ou coletivas. Assim temos relatos emocionados, com gestos que silenciam as palavras, o olhar perdido no espaço como uma estratégia de se recriar mentalmente o cenário da experiência vivida. Temos a melancolia, o silêncio, os questionamentos, tudo sobremaneira resguardado como algo que cravou suas marcas na memória, mas que teve suas arestas lapidadas pelo tempo. Compreender como a história local contempla em suas características e modificações o fenômeno das enchentes, fazendo uma leitura da história a partir da memória de um povo que considera que a enchente é um fenômeno natural, porém marcante na região do Pantanal. É dentro deste contexto que situamos nosso objeto de pesquisa, em andamento no Programa de Mestrado, que são as experiências vividas nas enchentes do Pantanal em Porto Murtinho, enfatizando a relação do homem e da natureza neste universo de águas. Nome: Karuna Sindhu de Paula E-mail: saojorge06@yahoo.com.br Instituição: UFPE Título: A terceira margem do rio Jaguaribe: história, natureza e cultura O presente estudo tem como objeto de pesquisa o Rio Jaguaribe. O Rio é aqui compreendido como sujeito histórico complexo e dinâmico, intercalado por secas e enchentes; demarcado (e interrompido) por intervenções técnicas sobre o seu fluxo. Partindo de relatos orais a pesquisa atém-se as narrativas sobre vidas permeadas pelas enchentes e pelas secas do Jaguaribe. No decorrer das entrevistas as memórias sobre o Jaguaribe foram sendo suscitadas pelos deslocamentos deste rio. O mote das narrativas foi sendo construído pelas memórias daquilo que aparecia como fora da cotidianidade do Rio: “um dilúvio” ou “a catástrofe” da enchente do Orós, ocorrida no ano de 1960. Por se tratar de o maior rio do Estado do Ceará, evocado como mola propulsora do desenvolvimento e subsistência do sertão semi-árido cearense, o Jaguaribe é palco de diversas intervenções técnicas e governamentais. Interessa a essa pesquisa perceber como estas intervenções são apreendidas e ressignificadas pelas pessoas que vivem às suas margens, bem como as mitologias que são tecidas a partir dessas ressignificações. Interessa perceber o Rio como muito mais que mero meio de subsistência para as pessoas e cidades de todo o seu vale, mas sim como elemento de integração dos ‘seres no ambiente’. Nome: Luilton Sebastião Lebre Pouso da Silva E-mail: lppsa@uol.com.br Instituição: UCG Título: O sagrado e o mito no “wilderness” matogrossense: reconhecimento do drama social no contexto da marcha para o oeste O presente trabalho pretende apresentar os conflitos culturais vivenciados entre três grupos de pessoas, distintos e diferentes entre si, que convergiram no Vale do Araguaia, por ocasião da Fundação Brasil Central (FBC), criada pelo Decreto-Lei nº 2009/140 no governo de Getúlio Vargas, que em Mato Grosso teve sua base instalada em Nova Xavantina; estes grupos são: os índios Xavante, os Salesianos de Dom Bosco (Igreja Católica) e os Colonos. O recorte temporal desta abordagem compreende de 1930 a 1960. O inicio da interação marcada por tensões que agravava a convivência e aumentava a discriminação mútua, conduziu nosso olhar a uma percepção diferenciada nas relações de poder e as representações culturais, que deram origem a novas formas de diálogos a partir do entendimento do imaginário do outro, que por ser diferente, não é necessariamente excludente. Nome: Luis Fernando Tosta Barbato E-mail: lfbarbato@gmail.com Instituição: Unicamp Título: Brasil, um país tropical: o clima na construção da identidade nacional brasileira (1839-1889) O trabalho que se pretende realizar tem por objetivo compreender o papel do clima na construção da identidade nacional brasileira, tendo por fontes principais as Revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – o IHGB -, no período correspondente entre a fundação da revista do instituto – em 1839 – e o fim do Segundo Reinado – em 1889. Através de tal estudo, buscarei entender como os intelectuais brasileiros desse período, preocupados em criar um sentimento nacional em um Brasil, a princípio, carente de laços de união e à beira do colapso territorial, utilizaram o clima tropical para tal finalidade. Além de compreender as dificuldades de se aplicar a então noção de civilização a um país detentor de um clima considerado hostil e

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84 dades e impossibilidades de ação existente no contexto histórico-geográfico em que se constituiu determinada sociedade. Não se trata de determinismo geográfico, mas do plausível condicionamento do meio. Nome: Sandra Regina Mendes E-mail: srmba@hotmail.com Instituição: UESC Título: Tropas e tropeiros nos caminhos do cacau As entradas e bandeiras no Sertão da Ressaca na Bahia, aliadas a posterior implantação da pecuária, delinearam os primeiros caminhos ligando o sertão e o litoral. Sua consolidação no século XIX, através da ligação com Camamu, permitiu irradiar novos núcleos populacionais como na área do Baixo Contas. Ainda neste século, com a expansão da lavoura cacaueira, essas terras, próprias ao plantio do cacau, foram efetivamente ocupadas. Com a implantação da lavoura cacaueira se tornou emergente meio de transporte para viabilizar o escoamento da produção. Neste contexto, as tropas tornaram-se imprescindíveis, sendo responsáveis não apenas pelo escoamento da produção, mas também pelo abastecimento e a comunicação entre os locais. Este trabalho, portanto, busca discutir a ocupação e desenvolvimento de uma área periférica da região cacaueira investigando o papel das tropas e dos tropeiros neste processo. As variáveis ambientais regionais são apontadas como fatores decisivos para explicar as precárias condições das estradas bem como o avanço do uso deste transporte. Nome: Sandro Vasconcelos da Silva E-mail: sanohman@yahoo.com.br Instituição: UFRPE Título: “Nos tempos que só se faltava cuspir à francesa”: um reflexo da modernização urbana nos costumes da população recifense entre as décadas de 1850-1860 O Recife da primeira metade do século XIX, cidade cosmopolita e de grande relevância político-econômica, foi alvo de várias transformações que buscavam um melhoramento de sua infra-estrutura, numa tentativa de equiparála às grandes cidades européias consideradas símbolos de civilização. Desta feita, alguns costumes oriundos do continente europeu passaram a ser incorporados ao cotidiano da capital pernambucana como uma forma de refinamento social. O objetivo do presente trabalho é discorrer como tais mudanças ocorridas na cidade influenciaram, através da multiplicidade das novas formas e funções do espaço urbano recifense, os costumes dos mais variados segmentos da população no período que marca o início da segunda metade dos oitocentos. Nome: Simone Fadel E-mail: simonefadel@uerj.br Instituição: UERJ Título: A (re)apropriação do espaço conservado: unidade de conservação, gestão e participação popular O presente trabalho apresenta o resultado da investigação das estratégias de proteção ambiental constituídas na região da Baixada Fluminense no estado do Rio de Janeiro. As áreas protegidas através de diferentes tipos de Unidades de conservação são bastante recentes (na região) e se constituem em regiões consideradas “rurais”, onde a agricultura de subsistência ainda é uma marca presente na atividade econômica das populações do lugar. Nesse sentido, a perspectiva de conservação da biodiversidade da região que contempla ecossistemas como manguezais e mata atlântica não pode se privar de um olhar crítico no sentido de perceber que a perspectiva de proteção ambiental contém instrumentos para corroborar o domínio das classes mais abastadas sobre os espaços públicos da cidade (o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC - estipula diferentes restrições de uso, podendo ser áreas de proteção integral, de uso indireto ou direto, no caso das Reservas Biológicas, Parques e outros). Desta forma, os espaços já definidos previamente pelo atributo da conservação natural, isto é, não se trata de um rio, uma floresta, mas de um conjunto que pelos seus atributos coletivos e orgânicos necessita ser preservado, não só a idéia de natureza, mas de um constructo social. Nome: Thereza Martha Pressotti E-mail: themar@terra.com.br Instituição: UFMT Título: As nações de “bárbaros” e os “restos de lotes de gentios” nas Notícias Práticas das Minas de Cuiabá (Séc. XVIII) Nas Notícias Práticas das Minas de Cuiabá há significativos relatos do que se viu e ouviu dizer das sociedades ameríndias nos caminhos dos rios aos sertões do Cuiabá. Colecionadas pelo padre jesuíta português Diogo Soares, reuniu informações de sertanistas paulistas da primeira metade do XVIII, e

integrava o projeto dos padres matemáticos no Brasil de elaboração do Atlas da América portuguesa. Dos relatos, a evidência do numeroso povoamento e práticas sociais na natureza. Aspecto relevante são as descrições dos ataques paiaguá, e tantas outras ações/reações manifestas nas relações de colonização entre indígenas e colonizadores. Pretende-se destacar destas escritas sertanistas, as atuações de grupos indígenas ditos “bárbaros” e “domésticos”, analisando-as diante das relações de conquista no centro do continente sulamericano. Nome: Valéria Mara da Silva E-mail: valeriamara@gmail.com Instituição: UFMG Título: Pela carta fitogeográfica das orquidáceas brasileiras: atividades de campo e divulgação científica na revista Orquídea A partir da década de 1930 iniciou-se no Brasil um movimento de organização de sociedades orquidófilas, tendo como núcleo a Sociedade Brasileira de Orquidófilos (SBO, Niterói/RJ). O objetivo principal da agremiação era reunir amadores e profissionais em torno de atividades de divulgação científica e da publicação da revista Orquídea (1938-1974). Uma das principais atividades desenvolvidas pelos grupos orquidófilos em associação com entidades científicas eram as atividades de campo, as chamadas caçadas de orquídeas. O objetivo desse trabalho é analisar as relações estabelecidas entre as atividades de campo, divulgação científica e o pensamento acerca da botânica produzidos ao longo do periódico. Nome: Valéria Maria Santana Oliveira E-mail: valeriamsoliveira@hotmail.com Instituição: UFS Título: História e história ambiental: as rupturas e avanços nas relações homem-natureza O objetivo deste trabalho é traçar uma breve contextualização da evolução da consciência ecológica no Mundo e no Brasil, a partir de alguns marcos históricos, trazendo a influência das visões de natureza presentes nas relações entre o homem e o meio natural ao longo da história. Para este fim, trazemos a definição, níveis de abordagem e campos de atuação da História Ambiental como subsídios para uma reflexão acerca da historicidade das relações homem – natureza. As atuais concepções acerca da relação homem-natureza têm raízes bastante antigas, porém, a idéia de uma natureza objetiva e exterior ao homem, o que pressupõe uma noção de homem não-natural e fora da natureza, cristalizou-se com a Revolução Industrial e tornou-se dominante no pensamento ocidental. Assim, neste quadro de ruptura da solidariedade homem-natureza e de falência ideológica é que se coloca a crise ecológica como um grande desafio para a humanidade. Com o advento da Nova História e sua abertura a novos temas e novas abordagens, uma janela foi aberta para um maior reconhecimento da necessidade de estudar as relações históricas entre as sociedades e seus ambientes. Nome: Yuri Simonini Souza E-mail: ysimonini@gmail.com Instituição: UFRN Título: O natural não natural: a concepção de criação da natureza pelo homem moderno e sua inserção na cidade (séculos XVIII e XIX) Dentre as diversas transformações ocorridas no mundo ocidental, principalmente a partir dos séculos XVIII e XIX, as revoluções comerciais, urbanas e industriais e o pensamento racionalista imprimiram uma nova relação entre o homem e o meio natural ao seu redor. Como conseqüência, novas concepções – influenciadas por pressupostos científicos e religiosos – surgiram os quais resultaram numa nova elaboração conceitual da Natureza com o intuito de intervir e de explorá-la economicamente ao mesmo tempo em que legitimava a supremacia humana ante o meio natural. Paralelamente, enquanto em que o homem tentava se afastar da natureza, este ensejava incorporá-la à vida urbana, de forma sistematizada, a partir da criação de jardins e de parques públicos e, posteriormente, de cidades-jardins. O trabalho tem como objetivo compreender o significado do que seria essa Natureza, a partir da constituição de uma relação de poder e de hierarquização unilateral e questiona como o homem moderno a percebia por meio de uma construção representativa e de que forma ele inseriu a Natureza dentro da cidade.

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85. Sensibilidade moderna e valores em mutação na literatura e nas artes Antonio Herculano Lopes – Fundação Casa de Rui Barbosa (herculano@rb.gov.br) Claudia de Oliveira – Fundação Casa de Rui Barbosa (olive.clau@gmail.com) 6pFXORV GD QRomR GH SHUWHQFHU D XPD HUD ´PRGHUQDÂľ FULDUDP QD KLVWyULD GDV VRFLHGDGHV RFLGHQWDLV XPD verdadeira tradição do novo, apurando o sentimento de se viver num universo instĂĄvel, em constante PXWDomR 7DO VHQWLPHQWR QR FDPSR GRV YDORUHV pWLFRV FRVWXPD VHU IRQWH GH DQJ~VWLD DR UHWLUDU GRV LQGLYtGXRV DV UHIHUrQFLDV TXH GHYHULDP JDUDQWLU OKHV DOJXPD HVWDELOLGDGH QDV UHODo}HV VRFLDLV $V OHWUDV H DV DUWHV WrP VLGR FDPSR SULYLOHJLDGR SDUD D H[SUHVVmR GRV VHQWLPHQWRV DPELYDOHQWHV TXH DFRPSDQKDP D percepção da mudança constante e da falta de terreno sĂłlido. Este SimpĂłsio TemĂĄtico se propĂľe a reunir WUDEDOKRV TXH VH GHEUXFHP VREUH DV GLYHUVDV OLQJXDJHQV DUWtVWLFDV FRPR IRQWH GH LQWHUSUHWDomR KLVWyULFD D SDUWLU GDV VHQVLELOLGDGHV GLDQWH GR TXH p SHUFHELGR FRPR ´WHPSRV PRGHUQRVÂľ

Resumos das comunicaçþes Nome: Aldair Smith Menezes E-mail: aldairsmith@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Sergipe TĂ­tulo: “Os desvalidosâ€?: imagens do sertĂŁo nordestino Esta comunicação tem como objetivo descortinar como as imagens do sertĂŁo presentes na obra “Os Desvalidosâ€?, do escritor sergipano Francisco JosĂŠ Costa Dantas aludem discussĂľes sobre o imaginĂĄrio social a respeito do sertĂŁo e dos sertanejos. Imagens que revelam quadros sĂłcios de memĂłria apropriados para fabricar lembranças. O romance esculpe uma narrativa sobre o sertĂŁo entre o final do sĂŠculo XIX e a primeira metade do sĂŠculo XX, apresentando as angĂşstias, os dilemas e as perspectivas de homens e mulheres premidos por uma modernidade inconclusa e excludente. A partir da histĂłria do personagem Coriolano, homem simples de carĂĄter forte e valores firmes, o narrador desvela um momento peculiar da histĂłria do sertĂŁo nordestino marcado pela seca, pela misĂŠria e pelo cangaço. Nome: Amina Maria Figueroa Vergara E-mail: aminaverg@gmail.com Instituição: Universidade de SĂŁo Paulo TĂ­tulo: A United Fruit Company e a Guatemala de Miguel Ă ngel Asturias Em fins do sĂŠculo XIX um jovem empresĂĄrio estadunidense fundou uma empresa exportadora de bananas na RepĂşblica da Costa Rica: a United Fruit Company. A empresa obteve grandes lucros durante as duas primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XX, se repartiu em vĂĄrias pequenas empresas apĂłs a crise de 1929, retomando fĂ´lego na dĂŠcada de 1950. Minha exposição pretende mostrar uma das possibilidades de interpretação da realidade e aproximação da verdade sobre a histĂłria da United Fruit Company na Guatemala. Utilizando-me da trilogia bananeira: Viento fuerte (1949), El Papa verde (1954) e Los ojos de los enterrados (1960) do escritor guatemalteco – laureado com o PrĂŞmio Nobel de Literatura de 1967 – Miguel Ă ngel Asturias, como fonte histĂłrica e da interconexĂŁo entre o discurso literĂĄrio e o discurso histĂłrico, como metodologia, minha intenção ĂŠ mostrar a interpretação de Asturias sobre a ação desta multinacional em seu paĂ­s. Nome: AndrĂŠ Luiz de AraĂşjo E-mail: andreharaj@gmail.com Instituição: PUC-SP TĂ­tulo: Farnese: uma histĂłria do corpo na arte contemporânea (19641976) Este trabalho aqui apresentado trata-se de uma notĂ­cia de pesquisa e, tem como preocupação analisar alguns aspectos histĂłricos das relaçþes entre arte contemporânea e representaçþes do corpo (conceito estĂŠtico, polĂ­ticas corporais, poĂŠtica e transformaçþes na sensibilidade), na obra do artista plĂĄstico brasileiro Farnese de Andrade entre os anos de 1964 a 1976. Contudo, vale lembrar que, essa perspectiva de procedimentos de estudos adotados submete-se aqui ao fio condutor de uma histĂłria. O principal objetivo desta pesquisa ĂŠ enfocar questĂľes que despertam interesse nos domĂ­nios da histĂłria do corpo & cultura: a problematização da arte no contexto da ditadura no Brasil que se agrega na obra de arte sua dimensĂŁo polĂ­tica; a subjetividade em obra: Farnese, artista contemporâneo; a figura humana no cerne da obra de arte e o corpo paradoxal: entre o orgânico e morto, entre o totalitĂĄrio e dilacerado. Dessa forma, buscaremos a historicidade contida em suas representaçþes e sensibilidades, considerando mĂşltiplos fatores que, nas dĂŠcadas de 1960 e 1970, estabelecem complexos de relaçþes: transformaçþes da consciĂŞncia, poĂŠtica da obra, constantes metamorfoses do corpo e o aviso explĂ­cito da arte sobre a crise do humanismo ocidental.

Nome: Andreza Santos Cruz Maynard E-mail: andreza_scruz@hotmail.com Instituição: Faculdade SĂŁo LuĂ­s de França TĂ­tulo: A misteriosa chama: memĂłrias do fascismo na obra de Umberto Eco Esta comunicação se debruça sobre o romance “A misteriosa chama da Rainha Loanaâ€? (2004), do escritor italiano Umberto Eco. O texto narra o drama de Yambo, um livreiro que perde a memĂłria em um acidente e tenta, a todo custo, recuperĂĄ-la. A partir das tentativas do protagonista em acessar os “palĂĄciosâ€? e “cavernasâ€? da memĂłria, Eco apresenta ao leitor indĂ­cios da vida italiana sob os auspĂ­cios do fascismo. Trata-se de um texto que oferece uma instigante bricolagem entre campos do saber como a histĂłria, a filosofia, a literatura e mesmo a psicanĂĄlise. Apresentado como “romance ilustradoâ€?, o livro possui uma estrutura grĂĄfica recheada de imagens de revistas, livros, cartazes, etiquetas e outros objetos existentes nos tempos de predomĂ­nio do fascismo italiano. A obra revela o orgulho em ter Benito Mussolini como o Duce, as cançþes dos jovens balillas, as dificuldades encontradas quando a ItĂĄlia entrou em declĂ­nio militar e passou a perder uma derrota apĂłs a outra. O romance ĂŠ permeado por diferentes fontes que funcionam como catalisadores da memĂłria de Yambo. AtravĂŠs da obra, ĂŠ possĂ­vel identificar aspectos da vida europĂŠia nos anos 1930 e 1940. Eco oferece elementos para refletir sobre os tempos de apologia ao regime que se proclamava totalitĂĄrio. Nome: Anita Prado Koneski E-mail: anitapk@uol.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina TĂ­tulo: Corpo visual e corpo performĂĄtico: experiĂŞncia das artes Podemos perceber que a produção artĂ­stica no transcurso do perĂ­odo que compreendemos como moderno atĂŠ nossa contemporaneidade tem um viĂŠs de investigação no corpo. Em Baudelaire vemos inaugurada a experiĂŞncia do corpo, atravĂŠs do flâneur, pautada no “visualâ€?, ou seja, no corpo como centro do mundo, mas que permanece no mesmo instante oculto ao mundo. Corpo que tudo vĂŞ, mas nĂŁo quer ser tocado no qual o “visualâ€?estĂĄ atrelado ao ocultar-se. O flâneur que define o corpo moderno instala o indivĂ­duo na condição de voyeur sendo que ele ĂŠ anĂ´nimo, um nĂşmero a mais na multidĂŁo. O flâneur tem uma vivĂŞncia da intersubjetividade como distanciamento dos corpos. A caminhada nas sensibilidades e percepçþes realizadas nas artes leva-nos a pensar numa concepção de corpo nĂŁo mais pautada no “visualâ€?, mas numa concepção de corpo em “relaçãoâ€? em que o corpo ĂŠ consciĂŞncia da prĂłpria materialidade para a vida. Nas performances, por exemplo, o corpo caracteriza-se pela multiplicidade sensorial, inferindo uma transformação na nossa experiĂŞncia com o corpo. O presente ensaio pretende pensar questĂľes relacionadas a esta intersubjetividade fundada nas artes a partir do corpo “visualâ€? e o corpo “relacionalâ€? ou performĂĄtico e pontuar as questĂľes pertinentes a esta proposta. Nome: Antonio Herculano Lopes E-mail: herculano@rb.gov.br Instituição: Fundação Casa de Rui Barbosa TĂ­tulo: Entre Rio e Paris, meu coração balança Na virada do sĂŠculo XIX para o XX, o Rio de Janeiro misturava brilho mundano, que procurava emular Paris, com forte dinamismo de uma cultura popular urbana, ambos estimulados pela nascente indĂşstria do entretenimento. As vanguardas dos anos 20 elegeram esse momento como alvo de seu escĂĄrnio, caracterizando a intelectualidade da ĂŠpoca como “prĂŠmodernaâ€?. HĂĄ cerca de 20 anos, a crĂ­tica literĂĄria e artĂ­stica e a produção historiogrĂĄfica sobre o perĂ­odo começaram um processo de revisĂŁo da tĂĄbu-

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85 la rasa promovida pelo modernismo brasileiro. Meu estudo se associa a esse esforço, a partir de um autor relegado nas histórias literárias a uma menção genérica ao grupo dos parnasianos. Tomás Lopes foi diplomata e escritor, tendo deixado, ao morrer aos 33 anos, onze publicações, entre romance, poesia, contos, crônicas e livros de viagem. Seu olhar voltou-se para as elites cariocas do período e reflete uma sensibilidade que tanto celebra o fim nostalgicamente pressentido de uma civilização de refinados valores aristocráticos quanto lamenta a frivolidade da elite, que deveria ser a guardiã de tais valores; tanto celebra o advento dos novos tempos democráticos e, em particular, das mudanças no papel das mulheres quanto lamenta a vulgaridade do povo, que deveria ser o motor das mudanças. Nome: Beatriz Polidori Zechlinski E-mail: beatrizpz@uol.com.br Instituição: Universidade Federal do Paraná Título: O romance moderno e o “gosto feminino” – instabilidade no espaço letrado francês do século XVII Este trabalho é uma análise de dois textos publicados em 1694 e lidos na Academia Francesa: “Contra as mulheres” (“Contre les femmes”), de Nicolas Boileau, e “Apologia às mulheres” (“L’Apologie des femmes”), de Charles Perrault. No momento da produção desses textos acontecia uma desestabilização do espaço letrado francês em vista da atuação das mulheres como produtoras e consumidoras de literatura. A ascensão do romance – que na sua maior parte era escrito e lido por mulheres – foi o mote central de uma série de conflitos e embates no ambiente letrado da sociedade do Antigo Regime, porque ele trazia os sentimentos e as emoções para o centro dos seus interesses e era o propulsor de uma esfera pública para o debate literário. Boileau e Perrault discutem, nos textos analisados, os efeitos positivos e negativos do surgimento, a partir do romance, de um “julgamento feminino” da literatura ou de um “gosto feminino”. A análise desses textos, inserida em uma pesquisa mais ampla sobre escritoras francesas do século XVII, visa refletir sobre as questões de gênero que estavam no cerne de uma enorme ansiedade a respeito do rumo da civilização e dos valores franceses naquele período, já que o potencial de feminizar-se o gosto francês era percebido, por muitos, como uma ameaça. Nome: Claudia de Oliveira E-mail: olive.clau@gmail.com Instituição: Fundação Casa de Rui Barbosa Título: Miscigenação, raça e sexualidade no projeto cultural do Segundo Império e no modernismo Partindo de uma imagem alegórica sobre o Rio de Janeiro e seus habitantes, a comunicação apresenta uma reflexão sobre os temas da miscigenação, raça e sexualidade no projeto cultural do Segundo Império e no modernismo, tomando como fontes de análise as telas, A Carioca (1882), do pintor Pedro Américo, e A Negra (1923) e Abaporu (1928), da pintora Tarsila do Amaral. Nome: Eliezer Cardoso de Oliveira E-mail: ezi@uol.com.br Instituição: Universidade Estadual de Goiás Título: O real em tela: a sensibilidade da catástrofe nas obras de Siron Franco O objetivo desta comunicação é analisar a produção estética do artista goiano Siron Franco sobre o acidente com o Césio 137, ocorrido em Goiânia em 1987. Em seus quadros sobre o acidente, o autor utiliza materiais não-convencionais – ferro, chumbo, terra, etc. – que passam compor a pintura. Esse tipo de material demonstra uma sensibilidade específica de uma estética pós-moderna, na qual há uma tendência de se misturar elementos realistas – concretos – com os elementos simbólicos da pintura. Assim, enquanto na arte clássica, procura-se imitar a vida; na arte moderna, interpretá-la, na arte pós-moderna, procura-se fundir a vida com a arte. Essa “fome pelo real”, para utilizar uma expressão consagrada Slavoj Zizek, é maior nas obras sobre a catástrofe, pois nesse tipo de arte, a inspiração artística incide sobre um acontecimento real, abrindo perspectiva para que o autor utilize elementos concretos não-convencionais como forma de simbolicamente insuflar a sensibilidade do público. Nome: Elizabeth Ghedin Kammers E-mail: bettykammers@hotmail.com Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Santa Catarina em exposição: desenhos e pinturas de motivos catarinenses em tempos de modernidade Este trabalho tem como tema principal a primeira exposição de pinturas

e desenhos de motivos catarinenses realizada em dezembro de 1957 na cidade de Florianópolis. O objetivo da pesquisa foi analisar as obras dessa exposição partindo do princípio que elas estariam representando “motivos catarinenses” e que foram produzidas por integrantes do primeiro grupo de artistas modernos da cidade. A discussão teórica é centrada nas contradições de um modernismo sem modernização, característico dos países latino-americanos, onde identidades visuais modernas foram criadas inspiradas em tradições folclóricas e populares. As pinturas e desenhos analisados foram divididos em dois blocos: por um lado, identificados pela solução plástica inovadora com que representam antigos motivos ligados às tradições regionais, às vezes contrastadas com elementos da modernidade; e, por outro, pela abordagem do cotidiano da cidade, onde temas banais como vendedores ambulantes e até o vento sul ganham uma representação pictórica moderna. Nome: Elson de Assis Rabelo E-mail: elson_rabelo@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Vale do São Francisco Título: Literatura oral: a articulação do popular e a busca da experiência sensível A partir da apropriação de textos de literatura oral do escritor piauiense Fontes Ibiapina (1921-1986), propomos uma discussão em torno da articulação do “popular”, no âmbito do discurso ficcional e nos enunciados do folclore. Inseridos no conjunto da obra literária regionalista do autor, os textos, no entanto, são prefaciados com ênfase no caráter científico que caracterizaria o discurso do folclore. Nessas obras, o popular aparece como matéria de expressão, como lugar da experiência sensível inaugurada pela história e como força do argumento ficcional. A escritura de Fontes Ibiapina se entrecruzava com sua prática etnográfica, num projeto intelectual, estético e “científico”, que implicava a viagem, a observação e o registro das manifestações populares. É daí que se entende, nesses contos, um ingênuo “abuso da linguagem popular”, pela inserção de fragmentos, ditados e demais expressões que – ante a transformação dos espaços, das sociabilidades e das sensibilidades ocorridas desde os anos 1950 no Piauí – traduziriam um núcleo de experiência autêntica, permanentemente criador e renovador, ao passo que o “povo”, sujeito da cultura, ia sendo definido discursivamente de modo aristocrático e evolucionista. Nome: Fernanda Lopes Torres E-mail: fernandalopestorres@uol.com.br Instituição: PUC - Rio Título: Robert Smithson: um “artista moderno morrendo de modernismo” Pretendemos identificar aspectos do tempo histórico contemporâneo nas Câmeras Enantiomórficas (1965) e no texto Passeio a Passaic (1967) do artista norte-americano Robert Smithson. Esses trabalhos provocam sensação física de tempo proporcional ao aumento progressivo da diferença entre experiência e expectativa da era moderna (Koselleck). A partir das numerosas imagens que encurtam distâncias e aceleram o ritmo da vida cotidiana aumentando nossa sensação de transitoriedade, Smithson busca recriar a estrutura do tempo em espelhos câmeras onde espelhos são dispostos frente a frente; entre eles se situa o espectador, cujo olhar é redirecionado por imagens refratadas em sentidos opostos ao invés de se multiplicarem ao infinito numa única direção. Resulta um ponto cego, não um ponto de fuga, compatível com o fenômeno contemporâneo da não-contemporaneidade. Tal fenômeno é apresentado no relato de sua caminhada em Passaic: suas coordenadas espaciais, dadas por terminologia fotográfica, são convertidas em imagens que, como os reflexos das suas câmeras, refratam as ruínas às avessas daquele subúrbio abandonado - edificações que se erguem em ruínas antes mesmo de sua construção pela obsolescência planejada urbana correspondente à falta de prospecção bem detectada por nosso artista moderno. Nome: Francisco Francijesi Firmino E-mail: jesifirmino@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Título: História e melancolia: a crise da identidade cearense em José Alcides Pinto (1960-1970) Este artigo trata dos discursos que, entre as décadas de 1960 e 1970, se propunham a enunciar a modernização do espaço cearense, centrando a análise nos romances que compõem a trilogia da maldição, de José Alcides Pinto. O Autor, através do uso da alegoria e da melancolia, envereda na tentativa de restaurar e salvar pela linguagem as formas de expressão do Ceará que acreditava estarem ruindo devido às ações tanto da igreja Ca-

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tólica, quanto de órgãos federais como a SUDENE. Corroborando com os discursos do movimento regionalista tradicionalista, de Recife, o autor percebeu o Ceará se decompondo entre as tentativas de modernização e caracterizou sua obra pelo temor da história e do progresso, ou seja, pelo medo da potência apocalíptica do tempo sobre as identidades. Lutando contra a fatuidade, assumiu uma atitude mística, buscou as origens do espaço e um tempo natural fixo, fazendo com que a história do Ceará e a história universal, as narrativas bíblicas e científicas sobre o início o mundo, assim como as mitologias alencarinas e freyreanas, respectivamente, sobre o Ceará e o nordeste; em sua narrativa, aparecessem todas como uma só e mesma coisa, misturadas para compor certezas delirantes que, de algum modo fizessem da escrita um refúgio para aquilo que o tempo destrói. Nome: Gabriela Alexandra Mitidieri Malta Cals Theophilo E-mail: gabicals@hotmail.com Instituição: UFRJ Título: “Sou romântico? Concedo.” A apropiação de tópicas do romantismo literário brasileiro pelo modernismo literário da década de 1920 Este trabalho busca compreender os modos como os artífices do modernismo literário brasileiro se apropriaram de tópicas românticas, construindo suas auto-representações a partir da oposição ao “outro” romântico. As representações do passado colonial serviram, no romantismo, à construção de um determinado projeto de nacionalidade literária: algumas tópicas, especialmente aquelas relacionadas ao índio, à natureza e à independência cultural (crítica à imitação de modelos clássicos e antilusitanismo), foram reativadas no modernismo, em função de um novo projeto de nacionalidade literária e no interior de uma auto-representação associada à idéia de vanguarda. Nome: Gervácio Batista Aranha E-mail: gbaranha@bol.com.br Instituição: UFCG Título: Retratos urbanos: o cotidiano da cidade na ótica dos cronistas O objetivo deste trabalho é demonstrar que a crônica diária, publicada nos jornais, lida por uma multidão de leitores, numa época em que a imprensa não tinha concorrência como veículo de comunicação de massa, constitui uma fonte cada vez mais recorrente por parte de historiadores preocupados com a emergência do urbano entre os séculos XIX e XX, em especial no que se refere ao modo como os atores sociais produziram, sentiram e representaram a vida cotidiana citadina. Desse ponto de vista, como será demonstrado, é praticamente impossível focalizar o cotidiano de inúmeras cidades pelo mundo afora, no período estudado, sem passar pelos cronistas locais. Daí a identificação de muitas delas com seus respectivos cronistas: a Londres de Dickens, o Rio de Assis ou o Recife de Mario Sette, dentre outras. Nome: Getúlio Nascentes da Cunha E-mail: getulionascentes@uol.com.br Instituição: Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão Título: Melindrosas e almofadinhas: feminilidades e masculinidades no Rio de Janeiro da década de 1920 O período do pós-guerra encerrou a assim chamada Belle Époque e deu início aos “Anos Loucos”, marcados por uma aceleração da vida e das mudanças na sociedade carioca. Nesse contexto ganharam grande visibilidade as figuras da melindrosa e do almofadinha, que subverteram os papéis tradicionalmente atribuídos ao feminino e ao masculino. As melindrosas com seus cabelos curtos, o uso de calças e atitudes ousadas. Os almofadinhas por seu jeito delicado e atitudes tidas como “afeminadas”. Nesse sentido, a proposta do texto é analisar como essas figuras questionaram os padrões tradicionais de comportamento e como modificaram as imagens do feminino e do masculino na sociedade do Rio de Janeiro. Para tanto trabalharemos essencialmente com a literatura produzida à época e com artistas como J. Carlos. Nome: Gladson de Oliveira Santos E-mail: gladsonde@yahoo.com.br Instituição: UNIT Título: Memória, literatura e história: José Lins do Rego e o cotidiano na sociedade açucareira Entre as últimas décadas do século XIX e as décadas iniciais do século XX, a economia açucareira passou por um intenso processo de transformação tecnológica que gerou um grande impacto social. As conseqüências sociais causadas pela modernização da economia açucareira foram estudadas tardiamente pelas ciências humanas, fato que determina um grande silêncio

em relação ao cotidiano da população rural que viveu este período. A obra regionalista de José Lins do Rego permite a fundamentação de uma interpretação histórica sobre o impacto social causado pelo processo de modernização. Rego retrata, brilhantemente, o cotidiano da população rural durante o processo de transição dos engenhos bangüês às usinas de açúcar. Nome: Gustavo Henrique Ramos de Vilhena E-mail: gustavo.ufpi@gmail.com Instituição: Universidade Federal do Piauí Título: Entre náufragos e nômades: literatura, cidade e os territórios seguros da saudade Este trabalho parte do pressuposto de que a cidade, junto com o desejo de torná-la inteligível, emerge enquanto objeto problemático para os literatos piauienses na transição entre os séculos XIX e XX. As dizibilidades urbanas são inventadas a partir do jogo das diferenças que inventa o outro, e de uma economia que negativiza a cidade e valoriza o campo, inaugurando uma tensão forjada no estranhamento. Mas essas observações deixam perguntas. Por que a cidade era referenciada como uma ameaça ao universo rural? Que força corruptora encarnava o horror de torná-la alheia a qualquer felicidade plena? Existiu algo nas narrativas do urbano capaz de torná-lo especialmente incômodo. Este artigo propõe como chave de leitura para esta questão a idéia de que, neste momento, o tempo passa a ser referenciado enquanto esvaziamento do ser, um tempo devir que faz da experiência urbana um processo de desenraizamento e descontinuidade com o passado, levando à sensação de “naufrágio”. A literatura, então, converte a saudade numa possibilidade segura de construir raízes sólidas diante desta experiência desterritorializante. Nome: Igor Antonio Marques de Paiva E-mail: marquespaiva.igor@gmail.com Instituição: UFMT Título: Uma apreensão de mundo moderno na narrativa de viagem de Alexander von Humboldt Em 1799, desembarcava no porto de Cumaná, cidade colonial espanhola localizada na província da Venezuela, o viajante naturalista prussiano Alexander von Humboldt. Armado com instrumentos científicos e um salvoconduto assinado pelo rei espanhol Carlos IV, o naturalista adentrava aos interiores coloniais para descortinar a configuração da natureza dos trópicos americanos no mote da Geografia das plantas. A produção literária desta viagem, materializada na “Relation historique”, publicada nos anos de 1817, 1819 e 1825, traz a cena o homem de ciência, na figura do escritor-viajante prussiano. Nesta comunicação pretendemos avaliar o impacto das transformações do período iluminista no modo como Humboldt coloca na forma de literatura as suas experiências ao longo do primeiro ano de sua viagem as colônias americanas. Esta questão implica considerar os conceitos de homem de ciência, e como desdobramento a definição dicotômica de sociedade moral e sociedade política tecidos no momento de crise do Ancién Régime. A partir do diálogo da análise da narrativa e da constituição de conceitos chaves, avaliaremos a emergência de uma maneira moderna de apreender a realidade, ainda em processo de transformação, enunciada nos textos do naturalista prussiano. Nome: Joëlle Rachel Rouchou E-mail: joelle@rb.gov.br Instituição: Fundação Casa de Rui Barbosa Título: Álvaro Moreyra: cartas e recortes O Rio de Janeiro da virada do século XIX para XX assiste, e é ator, de um novo mundo, dentro das engrenagens do que se convencionou chamar de modernidade. Um jovem poeta, jornalista, cronista, amante de cinema, de teatro, bon-vivant, Álvaro Moreyra (1888-1964), atua nesse cenário como promotor de uma cultura que chegará a novos públicos. Vamos abrir seu arquivo pessoal que contém correspondência com os filhos, cartas de sua esposa Eugênia Moreyra, anotações, fotografias, e recortes de matérias de jornais, um universo ajuda a contar a história da cidade do Rio de Janeiro em seis décadas do século XX. O cotidiano da família simultaneamente com sua exposição nos jornais como autor e como personagem, nos apontam para uma possibilidade de pesquisa sobre um escritor que deixou uma tradição de sociabilidade. O arquivo permite acompanhar diversas formas de representação do mundo desde o jovem poeta gaúcho Álvaro que desembarca no Rio de Janeiro da Primeira República, a militância no Partido Comunista, o casamento e a paixão por Eugênia Moreyra, as festas em sua casa de Copacabana. Aponta também para as mutações da vida na cidade moderna, do escritor movendo-se entre literatura e jornalismo, com novos questionamentos e buscando compreender formação de um novo imaginário.

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85 Nome: José de Arimatéa Vitoriano de Oliveira E-mail: ari_vitoriano@hotmail.com Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE Título: A leitura sensível de um tempo em mudança: crônicas da modernidade na Fortaleza das décadas iniciais do século XX Se a modernidade enseja em si a mudança e a ruptura, ao lançarmos um olhar sobre a literatura, mais especificamente a crônica, nos deparamos com diversas representações que compunham o imaginário social da cidade de Fortaleza nas décadas iniciais do século passado, representações estas também profundamente marcadas pela mudança e pela ruptura. Conforme Sandra Pesavento, a crônica é uma leitura sensível do tempo. Sendo assim, consideramos ser este gênero literário capaz de captar as várias e variadas divergências e convergências que eram urdidas cotidianamente na capital cearense numa época de intensas e frementes transformações urbanas, pois sendo o cronista um observador privilegiado do seu tempo, tempo este moderno, de mudanças e rupturas, aspectos antagônicos como exaltação e pesar diante da modernidade podem ser vislumbrados, o que nos possibilita entrever traços de uma sensibilidade moderna em questão. Nome: José Maria Vieira de Andrade E-mail: zemarvi@yahoo.com.br Instituição: UFPI Título: No limiar do labirinto: história e experiência urbana na ficção de O. G. Rego de Carvalho Este trabalho propõe uma leitura histórica do romance “Ulisses entre o amor e a morte”, do literato piauiense Orlando Geraldo Rego de Carvalho, escrito entre o final dos anos quarenta e início da década de cinquenta, mais precisamente quando o jovem escritor estava vivendo o calor das agitações e transformações culturais que se processavam no meio intelectual teresinense da metade do século. Nossa reflexão tem como propósito central tomar este texto ficcional enquanto um pretexto para pensar os paradoxos da experiência urbana vivenciada e registrada pelos intelectuais da época, a partir da análise de alguns aspectos essenciais presentes na narrativa, a saber: a noção de sujeito que se constitui e se desfaz numa dimensão autobiográfica e a imagem de cidade labiríntica, redescoberta no romance por meio da percepção infantil e adolescente. Nome: José Martinho Rodrigues Remedi E-mail: jose.remedi@gmail.com Instituição: UNISINOS/ UNISC/ UCS Título: Um lance cavalheiresco: duelo e representação da honra na literatura A presente comunicação trata-se de um work in progress, são os primeiros acercamentos para uma análise em que se deseja apreender um sujeito moderno constituído através de discursos múltiplos que sinalizam como deveriam ser seus modos de ser e viver num lugar em construção que é a cidade. Especificamente, através das manifestações literárias e imagéticas pretende-se chegar ao modelo de cidadão honrado que era desejado para o convívio urbano e aos recursos que ele deveria recorrer para preservar a sua honradez. Como ensaio de interpretação, utilizou-se o conto Duello, de Miguel Zamacois, publicado na Revista do Globo, de 1929, em Porto Alegre, RS. Nome: Leonardo Ayres Padilha E-mail: padilhauff@yahoo.com.br Instituição: PUC - Rio Título: A ética da cordialidade ou a formação do brasileiro em Sérgio Buarque de Holanda Este trabalho se propõe a examinar o conceito de cordialidade em “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda a partir de uma avaliação da presença do modernismo brasileiro nesta obra. A interpretação sugerida toma o movimento da década de 1920 como elemento fundamental para o autor na articulação entre a construção da nacionalidade, o estabelecimento de uma ética própria e a configuração da personalidade do brasileiro diante do concerto internacional. Neste sentido, os interlocutores privilegiados de Sérgio Buarque são Alceu Amoroso Lima e Mario de Andrade. Nome: Luciana Lamblet Pereira E-mail: lulamblet@gmail.com Instituição: UFF Título: George Orwell e “iluminação profana” Nascido Eric Arthur Blair, George Orwell, aos dezenove anos, entrou para a Polícia Imperial Britânica. Os horrores que presenciou na Índia e na Birmânia, frutos do imperialismo, fizeram com que desertasse e voltasse

à Europa, renunciando à fortuna da família e até ao próprio nome. Foi a Paris, disfarçou-se de mendigo, trabalhou em fábricas e viveu ao lado dos operários franceses. Voltou a Inglaterra e atuou como professor primário junto aos trabalhadores do norte do país. Vivenciou a opressão, a miséria e a desigualdade. Em 1936, partiu para a Guerra Civil Espanhola, ao lado dos milicianos do P.O.U.M., combateu as tropas franquistas e assistiu às prisões, perseguições e censuras impostas tanto pelos fascistas quanto pelos comunistas. Fascismo, stalinismo, intolerância, desigualdade social, imperialismo, II Guerra Mundial e o papel do intelectual frente aos desafios desta primeira metade do século XX são os temas dos artigos, livros autobiográficos e romances deste intelectual. Suas análises e perspectivas contribuem para a compreensão desta era das crises, dos extremos e das incertezas, pois, acima de tudo, Orwell exerceu a função que Sartre atribuiu aos intelectuais: fazer com que ninguém possa ignorar o mundo e considerar-se inocente diante dele. Nome: Luiza Larangeira da Silva Mello E-mail: luizalarangeira@yahoo.com.br Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Título: Os felizes reinos sem história. A temática da inocência e as reflexões sobre o mito adâmico e a democracia na obra de Henry James A obra de Henry James é, nas letras norte-americanas, um dos mais significativos legados da tradição que, desde o segundo decênio do século XIX, discute a relação entre a identidade nacional e o mito adâmico. James integra uma vertente dessa tradição que pensa criticamente tal relação e tem como predecessores homens de letras como Herman Melville, Nathaniel Hawthorne e seu próprio pai, Henry James (senior). Na virada do século XIX para o XX, o mito do Adão americano – cuja característica essencial é a inocência e a obra mais eminente é uma sociedade democrática radicalmente expurgada das formas sociais decadentes do Velho Mundo –, tem de ser repensando ante a velocidade vertiginosa das transformações que a democracia liberal opera nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais, sobretudo na vida metropolitana. São as reflexões de James acerca do mito do adâmico na sua contemporaneidade o objeto da presente comunicação. A tensão entre a força da tradição, representada pela velha Europa, e o ideal de um mundo absolutamente novo, uma Jerusalém terrestre, erigida na wilderness americana, surge explicitamente, por vezes de forma quase alegórica, na prosa jamesiana dos primeiros anos do século XX, tanto na ficção quanto na literatura de viagem. Nome: Máira de Souza Nunes E-mail: msnunes@facinter.br Instituição: Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) Título: O folhetinista Ponson du Terrail: tradição e modernidade no II Império francês A presente pesquisa se destina ao estudo das relações existentes entre a obra do folhetinista Ponson du Terrail (1829-1871), publicada nos jornais franceses durante o II Império, e o processo de modernização da sociedade durante o século XIX. A publicação coincide com o governo do imperador Napoleão III, período em que a França viveu um processo de grande desenvolvimento. Resultado das transformações políticas, econômicas e sociais sofridas a partir da grande Revolução de 1789, esse processo caracterizou-se pela ascensão da burguesia ao poder, o avanço do capitalismo, mudanças nas esferas pública e privada, as quais criaram uma série de contradições que estiveram presentes durante todo o século e marcaram a sociedade do II Império. A análise da obra de Ponson du Terrail visa perceber de que maneiras essas contradições estão representadas, traçando um panorama sobre o processo civilizador; a experiência burguesa, moderna e urbana; e sua influência sobre as atitudes e os modos de vida da sociedade oitocentista. Nome: Marcelo Neder Cerqueira E-mail: mnc@superig.com.br Instituição: Universidade Federal Fluminense Título: Modernidade, literatura e relações de poder em Arthur Schnitzler Esta comunicação enfoca as contradições sociais e as relações de poder inscritas na formação da cultura burguesa pela relação entre política e arte através da literatura de Arthur Schnitzler. Entendemos que a modernidade da virada do século XIX para o XX, seus antecedentes e desdobramentos, falam diretamente à contemporaneidade. A modernidade vienense e o discurso estético de Schnitzler parte de uma perspectiva fundadora da existência e formuladora da cultura moderna. As relações de poder são aqui entendidas como uma expressão de relações de força que sempre se colo-

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cam através da linguagem, conectando, assim, sujeito e sociedade, parte e todo. Desta forma, nossa interpretação passa pelo entendimento dos conceitos de ideologia, em Marx, e de cultura em Bakhtin. Tomaremos como dimensão empírica a análise do romance Traumnovelle. Nome: Marcus Alexandre Motta E-mail: marcusalexandremotta@globo.com Instituição: UERJ Título: Ética e História na idéia de arte de Fernando Pessoa A idéia primeira de nossa proposta temática é a de que, em sua extensa obra, Pessoa oferece um pensamento genuinamente artístico, envolvendo a opção por onipresentes questões éticas que interrogam as formas do conhecimento filosófico ou histórico sobre o fenômeno artístico. Nesse aspecto, a artisticidade de Fernando Pessoa traça uma resposta que se constituiria num ato de abertura à idéia de que poesia é autônoma no seu saber, em razão de sua estrutura ética. Isso demonstra por sua vez que as “soluções” teóricas delineadas na modernidade, ou aquelas cunhadas pela tradição, por muito interessantes ou “refinadas” que sejam não podem a priori explicar o fenômeno da arte e nem tampouco conjecturar sobre a ética que lhe é imanente — o que corresponde a assumir a condição moral e histórica da modernidade que talvez possa ser assim expressa: há um destino em mim, um sonho que sou eu e uma ação que só cabe a mim. Nome: Maria do Carmo Couto da Silva E-mail: mariadocarmo.couto@gmail.com Instituição: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/UNICAMP Título: O naturalismo português e a modernidade brasileira na virada do século XIX: as pinturas adquiridas para Galeria da Escola Nacional de Belas Artes Em 1902 a aquisição de obras de arte portuguesas pela Galeria da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, durante a gestão do escultor Rodolfo Bernardelli, é um evento importante que nos leva a refletir sobre a ligação dessas obras com visualidade produzida no Brasil desde as últimas décadas do século XIX. A proposta aqui apresentada visa abordar a relação entre a produção artística local e a portuguesa nesse período, marcada por uma nova orientação para as artes, integrando um processo de modernização que, no Brasil, se desenvolve mais objetivamente a partir da reforma da antiga Academia Imperial de Belas Artes, em 1890. É possível afirmar que os vínculos entre Brasil e Portugal já ocorriam, por exemplo, por meio da divulgação dos escritos do crítico Ramalho Ortigão em periódicos brasileiros. Outro elemento importante nesta relação foi a aguda sátira política do caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro, presente no meio carioca nos anos 1870. A aquisição de obras de arte contemporâneas para a principal instituição de ensino artístico do país, como pinturas realizadas por José Malhoa e Columbano Bordalo Pinheiro, pertencentes ao Grupo do Leão de Lisboa, revela a intensa relação entre os dois países e nos possibilita repensar a arte brasileira na virada do século. Nome: Marina Haizenreder Ertzogue E-mail: frtzogue@terra.com.br Instituição: Universidade Federal do Tocantins Título: Quando Gastão Bousquet se despede da felicidade? A escrita da solidão através de crônicas no Diário de Notícias (1889-1891) O texto aborda a temática da solidão através de crônicas do jornalista Gastão Bousquet, publicadas na série “Rapidamente” no Diário de Notícias, jornal de propriedade de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, durante o período de 1889-1891. A partir de uma leitura, na perspectiva da história das sensibilidades, é possível compreender porque a solidão dificilmente pode ser interpretada sem uma referência a noção de individuo na modernidade. A descoberta do eu individual foi fundamental para o surgimento da escrita de si passando pela conquista da privacidade. Foram meros detalhes como quartos privativos ou escrivaninhas com chaves que, segundo Peter Gay, serviram para que a classe média respondesse à nova intimidade com confissões, viciando-se em tudo que a remetesse à busca do “eu” no cotidiano e nas artes Por essa razão, a leitura dos escritos de Gastão Bousquet permitiu investigar as particularidades da crônica enquanto gênero literário e as representações do homem fin-de-siècle em relação ao seu sentimento mais intimo: a solidão. Nome: Marisa Schincariol de Mello E-mail: marisasmello@hotmail.com Instituição: UFF Título: Literatura na modernidade / subalternidade à brasileira Este trabalho tem por objetivo apresentar os limites e contradições do

projeto de emancipação da modernidade à brasileira, relacionando as formações de compromisso na política, no pensamento social e na produção artística e cultural nos anos 1930 e 1940, a partir das representações da mulher, de negros e negras, da desigualdade social e exclusão econômica nos romances de Jorge Amado, Graciliano Ramos e Érico Veríssimo. Classe, gênero e raça influenciaram e reforçaram uns aos outros no processo de exclusão de uma parte da população dos direitos e deveres dos cidadãos na modernização capitalista brasileira. No entanto, houve um esforço por construir a imagem de um país que se modernizava nos termos de uma democracia racial, promovida pela miscigenação, igualdade entres os gêneros, cordialidade e se abria progressivamente rumo a um futuro promissor. Procuramos, dessa forma, compreender as potencialidades que se abrem com o turbilhão da modernidade e, ao mesmo tempo, manter um olhar crítico, já que as invenções e progressos por si não são suficientes e nem libertadores Nome: Maurel Ferreira Barbosa E-mail: histor_ufpa@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Pará Título: O Pagé: romance naturalista nas páginas do “A República” No contexto de mudanças e transformações do final do séc. XIX encontramos em folhetim, nas páginas amareladas pelo tempo do periódico A República, um romance intitulado “O Pagé”, de subtítulo “Romance Naturalista”, onde o autor Marques de Carvalho afirma ser esta primeira obra de cunho naturalista no Pará. Dessa forma, é nosso objetivo analisar a obra problematizando o naturalismo ali presente, assim como, a visão de mundo do literato como um intelectual inserido num determinado contexto e que escreve refletindo esse contexto. Influenciado pelo cientificismo do período, Marques de Carvalho menciona tipos sociais e suas “physiopatologias”. Na obra em questão dará destaque para a representação da figura polêmica do pagé naquela sociedade que se modernizava com o comércio da borracha. Além de abordar implicitamente o embate entre ciência e curandeirismo nos idos do dezenove, o romance deixa ver a Belém daquele período, com seus prédios e espaços sociais comumente freqüentados pela elite belenense e por uma intelectualidade imbuída de um projeto civilizador para essa sociedade. Nome: Monica Pimenta Velloso E-mail: mpvelloso@uol.com.br Instituição: FCRB Título: Cabelos à la garçone e charuto: representações de uma sensibilidade modernista feminina O moderno brasileiro é fluído e instável, agregando múltiplas temporalidades, vivências, experiências e sensibilidades. Os efeitos problemáticos do paradigma historiográfico de 1922 que atribuiu centralidade à experiência paulista até hoje se fazem sentir. Predomina o foco nos autores e acontecimentos canônicos, desconsiderando-se, no conjunto da vida social,os sinais de modernidade que expressavam novas idéias, valores e práticas comportamentais. Neste cenário, a presença da figura feminina é praticamente ausente. A proposta desse trabalho é analisar a figura da poeta, jornalista e escritora Eugenia Moreira que teve papel relevante na articulação do modernismo no Rio de Janeiro. Serão discutidas as articulações entre os domínios público e privado, as representações e práticas que envolviam a figura da mulher escritora. Recorrendo à uma performance excêntrica em relação aos padrões comportamentais da época, Eugenia impôs sua presença, colaborando na configuração do moderno. Apesar da interlocução com os modernistas paulistas, sua figura foi praticamente eclipsada da história do modernismo brasileiro. Nome: Régia Agostinho da Silva E-mail: ruaformosa@hotmail.com Instituição: Universidade Federal do Maranhão/UFMA Título: “A mente, essa ninguém pode escravizar”: Maria Firmina dos Reis e a escravidão no Maranhão A pesquisa procura acompanhar a trajetória de vida e obra da escritora Maria Firmina dos Reis (1825-1917) percebendo como a mesma trabalhou a temática da escravidão e da abolição em seus escritos, tanto em seu principal romance “Úrsula” de 1859, como no conto “A Escrava” de 1887. Busca-se também perceber a escrita de autoria feminina em um período em que a palavra pública era coisa rara entre as mulheres do século XIX. Nome: Rosangela Miranda Cherem E-mail: rosangela@fastlane.com.br Instituição: UDESC

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85 Título: Víctor Meirelles e o olho fisgado pela imagem Enquanto desfrutava de uma bolsa de estudos na Europa como aluno da Academia Imperial de Belas Artes (1853 a 1861) Victor Meirelles realizou uma série de pequenas figuras em óleo sobre papel denominadas Estudo de Trajes Italianos, sendo que uma das mais estranhas remete a uma mulher que caminha sem notar em direção a uma espécie de céu noturno concebido como um olho gigante que fatalmente engolirá aquele corpo. A partir deste trabalho pode-se estabelecer uma relação com outros pintores da América Latina, situados entre meados do século XIX e primeira metade do XX. Ao problematizar a relação entre distância e olhar, é possível reconhecer que as convenções acadêmicas e as experimentações vanguardistas mais se mesclam do que se rompem, remetendo à persistência de certas investigações plásticas. Sob um plano chapado e dramático, o que se afirma como sintoma tanto remete ao fundo barroco e à distância em relação ao sagrado, como à profundidade cubista e certas perturbações surrealistas. Nesta abordagem cruzam-se duas importantes implicações teóricas. Uma é proveniente da relação da obra de arte com o tempo e a sobrevivência das formas, tal como aborda Georges Didi-Huberman e a outra é proveniente da noção de acontecimento, tal como entendida por Gilles Deleuze.

Título: “Theatro a Vapor” por Arthur Azevedo: a capital encenada nas páginas de “O Século” Arthur Azevedo (1855-1908) foi um dos literatos mais atuantes de seu tempo e um dos primeiros a se posicionar, não sem conflitos, como um “comunicador de massa”, tornando-se conhecido através dos meios mais populares da época: o teatro e o jornalismo, profissão que exerceu por mais de 35 anos. Através do teatro e da imprensa, desempenhava o papel de mediador, dialogando com diversos grupos sociais. O presente trabalho se deterá no jornal, o principal espaço de experimentação literária daquele tempo e discutirá a colaboração de Arthur na coluna “Theatro a Vapor” de “O Século”, onde publicou semanalmente, sainetes (pequenas peças teatrais) entre 1906 e 1908. A partir de algumas mini peças dessa série, analisaremos as opções estéticas do autor, tanto relativas à forma, minidramas que não eram encenados, mas lidos; como ao conteúdo, diálogos jocosos que faziam referência aos principais acontecimentos noticiados na mídia. A forma e o conteúdo desses sainetes definem um estilo autoral e permitem entrever como o literato retratava a polifonia da capital federal em transformação e como ele se posicionava frente ao projeto civilizador urbano. Se por um lado seus textos colocavam em cena as sensibilidades de uma época, por outro, produziam discursos que também as afetava.

Nome: Sandra Makowiecky E-mail: sandra.makowiecky@terra.com.br Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina Título: Aldo Beck: a narrativa visual de uma cidade e a sensibilidade moderna A cidade de Florianópolis na década de 50 sentiu os ares da modernidade. Por outro lado, dentro desse processo que reivindica a inserção da cidade na onda da modernização que percorre todo o país, aparece outro discurso que vai marcar a peculiaridade da cidade e de sua formação cultural, social e histórica, presente nas obras de artistas e intelectuais. Em meados do século Florianópolis ainda demonstrava um caráter pouco afeito às inovações. Todavia, esta é uma visão que trata de ver apenas a manifestação da arte moderna, como movimento. Ao prestarmos mais atenção a uma história das sensibilidades, destacamos as obras de Aldo Beck, um pesquisador da história. Gostava de fixar em telas ou no papel, as figuras do cotidiano ou idealizações de sua mente. A ternura de Aldo Beck para com sua cidade ficará gravada em seu trabalho artístico como excepcional fonte de pesquisa e seu valor cada vez mais confirmado por aqueles que avidamente procuram por reminiscências de um passado que não mais existe. Vemos em Aldo Beck uma tradição de narrador visual da cidade, aquele que sonha com o que ela já foi, conta as suas pregas e rugas enquanto elas não morrem, e assim, salva-as do esquecimento. O quanto isto tem de moderno, é o que nos propomos a avaliar neste trabalho. Nome: Silvia Cristina Martins de Souza e Silva E-mail: scms@terra.com.br Instituição: Universidade Estadual de Londrina Título: A volta ao mundo em oitenta dias a pé: diversidade cultural e sensibilidades na dramaturgia de Francisco Correa Vasques A dramaturgia produzida pelo ator fluminense Francisco Correa Vasques (1828-1892), composta em sua maior parte por cenas cômicas, oferece ao historiador um rico quadro construído a partir do seu olhar sensível de cronista do cotidiano, usos, costumes, valores e hábitos do Rio de Janeiro dos Oitocentos. Afonsina No ano de 1886, Vasques escreveu uma cena cômica que parodiava o romance “A volta ao mundo em oitenta dias”, de Júlio Verne, a que deu o título de “A volta ao mundo em oitenta dias a pé”. É em torno desta cena cômica que se desenvolverá esta comunicação que tem como objetivo entender como, a partir do olhar de um indivíduo “comum” como Vasques, foram vivenciadas as contradições existentes entre a busca do progresso e da civilização e a realidade cotidiana da escravidão na sociedade fluminense dos idos de 1880. Nome: Tatiana de Freitas Massuno E-mail: totiones@hotmail.com Instituição: UERJ Título: O Fausto de Fernando Pessoa: alegoria O presente trabalho é um estudo sobre a obra “Fausto” de Fernando Pessoa que pretende observar de que forma a obra em questão pode ser apreendida como uma alegoria, na acepção benjaminiana do termo. Busca-se ainda compreender como a relação modernidade/ antiguidade que Walter Benjamin observa como estando no cerne da alegoria moderna se apresenta no drama poético pessoano. Nome: Tatiana Oliveira Siciliano E-mail: tatios@terra.com.br Instituição: Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Acre Alagoas Diretor: Sérgio Onofre Seixas de Araújo Universidade Federal de Alagoas Centro de Educação – CEDU, sala 7 Campus A. C. Simões, BR 104 norte – km 96,7 Tabuleiro dos Martins Maceió – AL – CEP 57072-970 E-mail: anpuh_al@yahoo.com.br Telefone: (82) 9102-8097 / (82) 9974-2823 Amapá Diretora: Katy Eliana Ferreira Motinha Sede provisória da ANPUH/AP Av. Mendonça Furtado, 1220 - Centro Macapá - AP - CEP 68902-000 E-mail: katymotinha@uol.com.br Telefone: (96) 217-1492 / (96) 222-4998 Amazonas Diretora: Patrícia Maria Melo Sampaio Departamento de História - Campus Universitário da UFAM Bloco Arthur Reis - Setor Norte - Avenida Rodrigo Otávio, 3000 Manaus - AM - CEP 69077-000 E-mail: anpuh-am@ufam.edu.br Telefone: (92) 3647-4320 Bahia Presidente: Alexandre Galvão Carvalho Universidade Estadual de Santa Cruz Centro de Documentação e Memória Regional UESC - CEDOC Pavilhão Adonias Filho - Térreo Rodovia Ilhéus/Itabuna, BR 415, Km16 Salobrinho Ilhéus - BA - CEP 45662-000 E-mail: anpuhba@yahoo.com.br Telefone: (73) 3680-5020 / (73) 3680-5242 http://www.uesb.br/anpuhba Ceará Presidente: Altemar Muniz Rua Carlos Jereissati, 268 Alto São Francisco Quixadá – CE – CEP 63900-000 E-mail: anpuhceara@gmail.com Telefone: (85)96243835 http://www.anpuhceara.org Distrito Federal Diretora: Diva do Couto Gontijo Muniz Universidade de Brasília - UnB Departamento de História - Sala 10 Campus Darcy Ribeiro Asa Norte Brasília - DF - CEP 70910-900 E-mail: divamuniz@brtutbo.com.br

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