INFORMATIVO NOSSA SENHORA DO BRASIL Ano 8 • Edição 52 • Outubro/Novembro — 2018
NESTA EDIÇÃO NA RAIZ ESPIRITUAL DA CRISE [2] CARTA DO SANTO PADRE AO POVO DE DEUS [3] PORQUE NÃO REZAR O TERÇO [7] O PECADO ATUAL [9] SÃO FRANCISCO DE ASSIS [11] SEM MIM NADA PODEIS FAZER [13] ACONTECEU [14] PARA LER [15] ATIVIDADES DA PARÓQUIA [16]
PAPA
NA RAIZ ESPIRITUAL DA CRISE
“Neste texto, que vai à raiz espiritual da crise, o Pontífice pede a todos nós, enquanto corpo único e ferido da Igreja, para fazermos penitência e rezarmos.”
U
m membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele”: começando por São Paulo, o Papa escreve uma “carta ao povo de Deus” dramática e sem precedentes. Desse modo entrega a toda a Igreja uma profunda reflexão sobre a tragédia dos abusos, porque, afirma, “a única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a todos como Povo de Deus”. É evidente que nessa dramática situação não são suficientes denúncias nem punições, embora sejam indispensáveis. E não basta circunscrever a responsabilidade ao âmbito do clero: é preciso aprofundar a análise, a fim de compreender a origem desse mal profundo e extirpá-lo. Por isso devem ser envolvidos, como o Papa Francisco indica, todos os crentes. Que em muitos casos foram vítimas, mas noutros, contudo, e em várias medidas, também foram cúmplices. As modalidades dos abusos revelam culpas muito graves: o sacerdócio confundido com um papel de poder a exercer sobre os outros, a cobertura hipócrita como praxe normal de comportamento pelo “bem da Igreja”. Praticamente, uma atitude que nega cada palavra pronunciada por Jesus, como denuncia o Pontífice citando o Magnificat. Com essa carta, Bergoglio deseja ampliar o olhar também aos leigos que suportaram e silenciaram por tanto tempo. E muitos se questionam: por que os fiéis aceitaram silenciar até quando estavam ao corrente? Por que continuaram a fechar os olhos sem 2 • Informativo Nossa Senhora do Brasil |
defender as vítimas? São questões que, por exemplo, formulou a si Isabelle Gaulmyn num livro sobre os abusos em Lião, dos quais ela mesma, jovem escoteira, foi testemunha e pelos quais, num certo sentido, sente-se um pouco cúmplice. De fato, também os leigos preferiam aceitar essas situações num contexto do qual podiam obter favores e ajudas mundanas em vez de correr o risco de uma batalha que os podia ver derrotados diante de estruturas de poder vistas como ameaçadoras. Com efeito, nesses casos alguns fiéis não acreditaram no Evangelho e preferiram uma anuência entorpecida em vez de ajudar a sua Igreja, a comunidade à qual, em virtude do sacerdócio batismal, pertencem exatamente como o clero. Alguns fiéis adormeceram e fecharam os olhos, como se essa situação não lhes dissesse respeito, confirmando com tal comportamento o pior clericalismo. Porque clericalismo, afirma o Papa na sua carta, é precisamente isso: pensar que a Igreja é representada só pelos sacerdotes, constituídos numa hierarquia de poder, e não uma comunidade solidária de crentes testemunhas do Evangelho. Mas, diz o Pontífice, “essa solidariedade exige que, por nossa vez, denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa” porque “é necessário que cada batizado se sinta envolvido na transformação eclesial e social
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de que tanto necessitamos”. Precisamente por isso o Papa Francisco recorda, e não pela primeira vez, que “dizer ‘não’ ao abuso é dizer energicamente ‘não’ a qualquer forma de clericalismo”. Neste texto, que vai à raiz espiritual da crise, o Pontífice pede a todos nós, enquanto corpo único e ferido da Igreja, para fazermos penitência e rezarmos, chegando a propor um “jejum que nos dá fome e sede de justiça e nos encoraja a caminhar na verdade, dando apoio a todas as medidas judiciais que forem necessárias. Um jejum que nos sacuda e nos leve ao compromisso com a verdade e na caridade com todos os homens de boa vontade e com a sociedade em geral para lutar contra qualquer tipo de abuso de poder, sexual e de consciência”. Em suma, é impossível imaginar uma verdadeira conversão na Igreja, diz o Papa, “sem a participação ativa de todos os membros do povo de Deus”. Lucetta Scaraffia, jornalista. Referência:
L’Osservatore Romano, editorial de 20 de agosto de 2018.
CARTA DO SANTO PADRE AO POVO DE DEUS
U
m membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele.” (1Cor 12,26). Estas palavras de São Paulo ressoam com força no meu coração ao constatar mais uma vez o sofrimento vivido por muitos menores por causa de abusos sexuais, de poder e de consciência cometidos por um número notável de clérigos e pessoas consagradas. Um crime que gera profundas feridas de dor e impotência, em primeiro lugar nas vítimas, mas também em suas famílias e na inteira comunidade, tanto entre os crentes como entre os não crentes. Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se fizer para pedir perdão e procurar reparar o dano causado. Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para ser ocultadas e perpetuadas. A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a proteção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade.
Um membro sofre?
1 - Nestes últimos dias, um relatório foi divulgado detalhando aquilo que vivenciaram pelo menos 1.000 sobreviventes, vítimas de abuso sexual, de poder e de consciência, nas mãos de sacerdotes por aproximadamente 70 anos. Embora seja possível dizer que a maioria dos casos corresponde ao passado, contudo, ao longo do tempo, conhecemos a dor de muitas das vítimas e constatamos que as feridas nunca desaparecem e nos obrigam a condenar veementemente essas atrocidades, bem como unir esfor-
ços para erradicar essa cultura da morte; as feridas “nunca prescrevem”. A dor dessas vítimas é um gemido que clama ao céu, que alcança a alma e que, por muito tempo, foi ignorado, emudecido ou silenciado. Mas seu grito foi mais forte do que todas as medidas que tentaram silenciá-lo ou, inclusive, que procuraram resolvê-lo com decisões que aumentaram a gravidade caindo na cumplicidade. Clamor que o Senhor ouviu, demonstrando, mais uma vez, de que lado Ele quer estar. O cântico de Maria não se equivoca e continua a se sussurrar ao longo da história, porque o Senhor Se lembra da promessa que fez a nossos pais: “Dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias!” (Lc 1,51-
53). Sentimos vergonha quando percebemos que o nosso estilo de vida contradisse e contradiz aquilo que proclamamos com a nossa voz. Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas. Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos. Faço minhas as palavras do então Cardeal Ratzinger quando, na Via-Sacra escrita para a Sexta-feira Santa de 2005, uniu-se ao grito de dor de tantas vítimas, afirmando com força: “Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer comple-
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tamente a Ele! Quanta soberba, quanta autossuficiência! A traição dos discípulos, a recepção indigna do Seu corpo e do Seu sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: ‘Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos’ (Mt 8,25)” (nona estação).
Todos os outros membros sofrem com ele
2 - A dimensão e a gravidade dos acontecimentos obrigam a assumir esse fato de maneira global e comunitária. Embora seja importante e necessário em qualquer caminho de conversão tomar conhecimento do que aconteceu, isso, em si, não basta. Hoje, como povo de Deus, somos desafiados a assumir a dor de nossos irmãos feridos na sua carne e no seu espírito. Se no passado a omissão pôde tornar-se uma forma de resposta, hoje queremos que seja a solidariedade, entendida no seu sentido mais profundo e desafiador, a tornar-se o nosso modo de fazer a história do presente e do futuro, num âmbito em que os conflitos, tensões e, especialmente, as vítimas de todo o tipo de abuso possam encontrar uma mão estendida que as proteja e resgate da sua dor (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 228). Essa solidariedade exige que, por nossa vez, denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa. Uma solidariedade que exige a luta contra todas as formas de corrupção, especialmente a espiritual, “porque trata-se duma cegueira cômoda e autossuficiente, em que tudo acaba por parecer lícito: o engano, a calúnia, o egoísmo e muitas formas sutis de autorreferencialidade, já que ‘também Satanás se disfarça em anjo de luz’ (2Cor 11,14)” 4 • Informativo Nossa Senhora do Brasil |
(Exort. ap. Gaudete et exultate, 165). O chamado de Paulo para sofrer com quem sofre é o melhor antídoto contra qualquer tentativa de continuar reproduzindo entre nós as palavras de Caim: “Sou, porventura, o guardião do meu irmão?” (Gn 4,9). Reconheço o esforço e o trabalho que são feitos em diferentes partes do mundo para garantir e gerar as mediações necessárias que proporcionam segurança e protegem a integridade de crianças e de adultos em situação de vulnerabilidade, bem como a implementação da “tolerância zero” e de modos de prestar contas por parte de todos aqueles que realizam ou acobertam esses crimes. Tardamos em aplicar essas medidas e sanções tão necessárias, mas confio que elas ajudarão a garantir uma maior cultura do cuidado no presente e no futuro. Juntamente com esses esforços é necessário que cada batizado se sinta envolvido na transformação eclesial e social de que tanto necessitamos. Tal transformação exige conversão pessoal e comunitária e nos leva a dirigir os olhos
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na mesma direção do olhar do Senhor. São João Paulo II assim o dizia: “Se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar” (Carta ap. Novo millennio ineunte, 49). Aprender a olhar para onde o Senhor olha, estar onde o Senhor quer que estejamos, converter o coração na Sua presença. Para isso nos ajudarão a oração e a penitência. Convido todo o povo santo fiel de Deus ao exercício penitencial da oração e do jejum, seguindo o mandato do Senhor[1], que desperte a nossa consciência, a nossa solidariedade e o compromisso com uma cultura do cuidado e o “nunca mais” a qualquer tipo e forma de abuso. É impossível imaginar uma conversão do agir eclesial sem a participação ativa de todos os membros do povo de Deus. Além disso, toda vez que tentamos suplantar, silenciar, ignorar, reduzir em pequenas elites o povo de Deus construímos comunidades, planos, ênfases teológicas, espiritualidades e estruturas sem ra-
ízes, sem memória, sem rostos, sem corpos, enfim, sem vidas[2]. Isso se manifesta claramente num modo anômalo de entender a autoridade na Igreja – tão comum em muitas comunidades onde ocorreram as condutas de abuso sexual, de poder e de consciência – como é o clericalismo, aquela “atitude que não só anula a personalidade dos cristãos, mas tende também a diminuir e a subestimar a graça batismal que o Espírito Santo pôs no coração do nosso povo”[3]. O clericalismo, favorecido tanto pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, gera uma ruptura no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que denunciamos hoje. Dizer “não” ao abuso é dizer energicamente “não” a qualquer forma de clericalismo. É sempre bom lembrar que o Senhor, “na história da salvação, salvou um povo. Não há identidade plena, sem pertença a um povo. Por isso, ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade
humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo” (Exort. ap. Gaudete et exultate, 6). Portanto, a única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a todos como povo de Deus. Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos permitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro. Tudo o que for feito para erradicar a cultura do abuso em nossas comunidades, sem a participação ativa de todos os membros da Igreja, não será capaz de gerar as dinâmicas necessárias para uma transformação saudável e realista. A dimensão penitencial do jejum e da oração ajudar-nos-á, como povo de Deus, a nos colocar diante do Senhor e de nossos irmãos feridos, como pecadores que imploram o perdão e a graça da vergonha e da conversão e, assim, podermos elaborar ações que criam dinâmicas em sintonia com o Evangelho. Porque “sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual” (Exort. ap. Evangelii gaudium, 11). É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis. Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros. A consciência do pecado nos ajuda a reconhecer os erros, delitos e feridas geradas no passado e permite nos abrir e nos comprometer mais com o presente num caminho de conversão renovada.
Da mesma forma, a penitência e a oração nos ajudarão a sensibilizar os nossos olhos e os nossos corações para o sofrimento alheio e a superar o afã de domínio e controle que muitas vezes se torna a raiz desses males. Que o jejum e a oração despertem os nossos ouvidos para a dor silenciada em crianças, jovens e pessoas com necessidades especiais. Jejum que nos dá fome e sede de justiça e nos encoraja a caminhar na verdade, dando apoio a todas as medidas judiciais que sejam necessárias. Um jejum que nos sacuda e nos leve ao compromisso com a verdade e na caridade com todos os homens de boa vontade e com a sociedade em geral, para lutar contra qualquer tipo de abuso de poder, sexual e de consciência. Dessa forma, poderemos tornar transparente a vocação para a qual fomos chamados a ser “um sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Conc. Ecum. Vat. II, Lumen gentium, 1). “Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele”, disse-nos São Paulo. Por meio da atitude de oração e penitência, poderemos entrar em sintonia pessoal e comunitária com essa exortação, para que cresça em nós o dom da compaixão, justiça, prevenção e reparação. Maria soube estar ao pé da cruz de seu Filho. Não o fez de uma maneira qualquer, mas permaneceu firme de pé e ao seu lado. Com essa postura, ela manifesta o seu modo de estar na vida. Quando experimentamos a desolação que nos produzem essas chagas eclesiais, com Maria nos fará bem “insistir mais na oração” (cf. Santo Inácio de Loiola, Exercícios espirituais, 319), procurando crescer mais no amor e na fidelidade à Igreja. Ela, a primeira discípula, ensina-nos a todos os discípulos como somos convidados a enfrentar o sofrimento do inocente, sem evasões ou pusilanimidade.
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Olhar para Maria é aprender a descobrir onde e como o discípulo de Cristo deve estar. Que o Espírito Santo nos dê a graça da conversão e da unção interior para podermos expressar, diante desses crimes de abuso, a nossa compunção e a nossa decisão de lutar com coragem. Deus construímos comunidades, planos, ênfases teológicas, espiritualidades e estruturas sem raízes, sem memória, sem rostos, sem corpos, enfim, sem vidas[2]. Isso se manifesta claramente num modo anômalo de entender a autoridade na Igreja – tão comum em muitas comunidades onde ocorreram as condutas de abuso sexual, de poder e de consciência – como é o clericalismo, aquela “atitude que não só anula a personalidade dos cristãos, mas tende também a diminuir e a subestimar a graça batismal que o Espírito Santo pôs no coração do nosso povo”[3]. O clericalismo, favorecido tanto pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, gera uma ruptura no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que denunciamos hoje. Dizer “não” ao abuso é dizer energicamente “não” a qualquer forma de clericalismo. É sempre bom lembrar que o Senhor, “na história da salvação, salvou um povo. Não há identidade plena, sem pertença a um povo. Por isso, ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo” (Exort. ap. Gaudete et exultate, 6). Portanto, a única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a todos como povo de Deus. Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos per6 • Informativo Nossa Senhora do Brasil |
mitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro. Tudo o que for feito para erradicar a cultura do abuso em nossas comunidades, sem a participação ativa de todos os membros da Igreja, não será capaz de gerar as dinâmicas necessárias para uma transformação saudável e realista. A dimensão penitencial do jejum e da oração ajudar-nos-á, como povo de Deus, a nos colocar diante do Senhor e de nossos irmãos feridos, como pecadores que imploram o perdão e a graça da vergonha e da conversão e, assim, podermos elaborar ações que criam dinâmicas em sintonia com o Evangelho. Porque “sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual” (Exort. ap. Evangelii gaudium, 11). Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros. A consciência do pecado nos ajuda a reconhecer os erros, delitos e feridas geradas no passado e permite nos abrir e nos comprometer mais com o presente num caminho de conversão renovada. Da mesma forma, a penitência e a oração nos ajudarão a sensibilizar os nossos olhos e os nossos corações para o sofrimento alheio e a superar o afã de domínio e controle que muitas vezes se torna a raiz desses males. Que o jejum e a oração despertem os nossos ouvidos para a dor silenciada em crianças, jovens e pessoas com necessidades especiais. Jejum que nos dá fome e sede de justiça e nos encoraja a caminhar na verdade, dando apoio a todas as medidas judiciais que sejam necessárias. Um jejum que nos sacuda e nos leve ao compromisso com a verdade e na caridade com todos
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os homens de boa vontade e com a sociedade em geral, para lutar contra qualquer tipo de abuso de poder, sexual e de consciência. Dessa forma, poderemos tornar transparente a vocação para a qual fomos chamados a ser “um sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Conc. Ecum. Vat. II, Lumen gentium, 1). “Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele”, disse-nos São Paulo. Por meio da atitude de oração e penitência, poderemos entrar em sintonia pessoal e comunitária com essa exortação, para que cresça em nós o dom da compaixão, justiça, prevenção e reparação. Maria soube estar ao pé da cruz de seu Filho. Não o fez de uma maneira qualquer, mas permaneceu firme de pé e ao seu lado. Com essa postura, ela manifesta o seu modo de estar na vida. Quando experimentamos a desolação que nos produzem essas chagas eclesiais, com Maria nos fará bem “insistir mais na oração” (cf. Santo Inácio de Loiola, Exercícios espirituais, 319), procurando crescer mais no amor e na fidelidade à Igreja. Ela, a primeira discípula, ensina-nos a todos os discípulos como somos convidados a enfrentar o sofrimento do inocente, sem evasões ou pusilanimidade. Olhar para Maria é aprender a descobrir onde e como o discípulo de Cristo deve estar. Que o Espírito Santo nos dê a graça da conversão e da unção interior para podermos expressar, diante desses crimes de abuso, a nossa compunção e a nossa decisão de lutar com coragem. Papa Francisco Cidade do Vaticano, 20 de agosto de 2018. Referência:
[1] “Esta espécie de demônios não se expulsa senão à força de
oração e de jejum.” (Mt 17, 21) [2] Cf. Carta do Santo Padre Francisco ao povo de Deus que peregrina no Chile, 31 de maio de 2018. [3] Carta do Papa Francisco ao Cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, 19 de março de 2018. © Copyright – Libreria Editrice Vaticana
NOSSA SENHORA
POR QUE NÃO REZAR O TERÇO?
Q
uem nunca se perguntou a razão de os católicos sempre portarem um Terço, seja no bolso, no retrovisor do carro ou na porta de casa? O que há no Terço de tão poderoso que parece que, com sua simples presença física, invoca-se a providência e uma proteção de Deus? Lembro-me, ao escrever, da casa de minha avó, em que em cada cômodo está exposto um Terço. Por grande parte da vida, nunca entendi a razão por trás dessa estranha devoção. O Terço parecia algo reservado às velinhas da igreja que repetem mil Ave-Marias porque não tinham muito o que fazer durante o dia. Ou parecia apenas uma peça de decoração dos carros. Ninguém me havia explicado o que era o Terço e eu, na minha soberba juvenil, decidi repeli-lo como algo ultrapassado e sentimental. Mas Nossa Senhora, provavelmente pela intercessão dessas simpáticas velinhas que desfilam o Terço em suas mãos o dia inteiro, decidiu quebrar minha arrogância e, passado os anos rebeldes da adolescência, fui obrigado a me render e percebi, finalmente, que o Terço é a melhor arma de batalha do Cristão. Que nele estão escondidas todas as virtudes necessárias para o cristão atingir a salvação e que, por meio dele, não há batalha ou dificuldade que não possam ser superadas. Sem entrar em detalhes biográficos enfadonhos, lembro-me a primeira vez que comprei um Terço – simples, de madeira – e que a alegria carregava na alma ao tê-lo comigo sempre e a rezá-lo diariamente. Mas por que relato esses traços autobiográficos? Por que sei
que essa experiência inicial de rejeição ao Terço não se resumiu à história deste pobre escritor. E creio que, como eu, muitos poderão um dia descobrir o Terço. Mas, afinal, o que é o Terço e como surgiu? O Terço, como o próprio nome diz, é a terça parte do Rosário, que foi provavelmen-
te revelado por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão no século XIII. O Rosário consiste em 15 dezenas de Ave-Marias, intercaladas por 15 Pai-Nossos. O Terço, portanto, são cinco dezenas de Ave-Marias e cinco Pais-nossos. A cada Pai-Nosso e dez Ave-Ma-
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rias há um mistério da vida Cristo ou da vida de Nossa Senhora a ser meditado. Existem três grupos de mistérios, contendo cinco deles cada: os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. O Papa São João Paulo II instituiu um quarto grupo de mistérios: os mistérios luminosos. Em uma busca rápida na internet é possível achar quais são os mistérios que compõem o Rosário. Recomenda-se que a cada dia da semana reze-se um desses grupos: às segundas e sábados, os luminosos; às terças e sextas, os dolorosos; às quartas e domingos, os gloriosos; às quintas, os luminosos. Mas essa divisão é apenas uma sugestão. Tomemos um mistério como exemplo para vermos como um cristão deve rezar o Terço. Apenas assim poderemos entender a força do Rosário e o porquê de Nossa Senhora, em todas as suas aparições, exigir sempre a sua recitação. Por exemplo, no terceiro mistério gozoso o nascimento de Jesus Cristo é contemplado. Antes de começar a dezena, anuncia-se o mistério e, nesse momento, quem reza o Terço deve meditar ou contemplar o mistério. Colocar-se na cena, imaginar como ela aconteceu ou dizer interiormente alguma oração. Quando começamos o Pai-Nosso e as Ave-Marias, não se deve repeti-los como orações sem alma e frias. Deve-se interiormente, com as palavras dessas orações, “entrar” dentro da cena meditada. Meditar as virtudes que ela nos convida a exercitar, praticar o amor a Deus e exercer nossa fé. No caso do nascimento de Jesus, contemplemos, por exemplo, a Sua pobreza. Como Deus, dono legítimo de todo o universo, criador do céu e da terra, tornou-se um pequeno bebê sem posse alguma e, a partir dessa meditação, devemos nos sentir impelidos a 8 • Informativo Nossa Senhora do Brasil |
nos desapegar de nossos bens. Ou meditemos como o Filho de Deus foi rejeitado pelos homens e obrigado a nascer num pobre lugar frio e tiremos desse fato um propósito para as nossas vidas. Todos os mistérios do Rosário são ricos para a meditação. Há aspectos e temas a ser contemplados por quem os reza que nunca
Mas quando fazemos o propósito de rezar o Terço todos os dias ou, pelo menos, alguns dias da semana, estamos nos educando e preparando nossa alma para o grande encontro com Deus e a Virgem Maria que um dia ocorrerá no céu. Ah! Que alegria será! Como nos alegraremos por cada Ave-Maria rezada e nos arrependeremos das Ave-Marias não rezadas! poderão ser esgotados, pois cada um desses mistérios revela de alguma forma o amor de Deus por nós, que é infinito. Nenhuma inteligência humana é capaz de compreendê-los completamente. O Rosário torna-se, assim, uma oração sempre nova e a repetição de Ave-Marias pouco monótona. Então, se a meditação dos mistérios é o ponto principal do Rosário, porque é necessário repetir os Pai-Nossos e as Ave-Marias? Porque, por meio dessa repeti-
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ção, somos lembrados sempre a amar nosso Pai e nossa Mãe do céu. Se um dia chegarmos ao paraíso, vamos louvar por toda a eternidade a Deus e a sua criação e, nesta, louvaremos mais a obra-prima das mãos divinas: a Virgem Maria. A repetição de Pai-Nossos e Ave-Marias não é nada mais do que uma antecipação do que será o céu, onde nunca nos cansaremos de contemplar a beleza de Deus e de Sua Mãe e de agradecê-Lo por tudo o que Ele fez por nós. Essa antecipação do céu na terra de fato exige sacrifícios. Não é todos os dias que sentimos a vontade de rezar o Terço. Muitas vezes queremos apenas dormir ou fazer outra coisa. Mas, quando fazemos o propósito de rezá-lo todos os dias ou, pelo menos, alguns dias da semana, estamos nos educando e preparando nossa alma para o grande encontro com Deus e a Virgem Maria que um dia ocorrerá no céu. Ah! Que alegria será! Como nos alegraremos por cada Ave-Maria rezada e nos arrependeremos das Ave-Marias não rezadas! Este texto não pretende esgotar toda a grandeza do Rosário, pois seriam necessários livros e mais livros para isso. Ao contrário, pretende ser apenas um convite para você que o lê: porque não começar a rezar o Terço hoje? Certamente, ganhará muito em troca de muito pouco. GUSTAVO CATANIA RAMOS
DOUTRINA
O PECADO ATUAL
E
m seu infinito amor e liberalidade, Deus fez o homem livre. Isso nos torna capazes de deliberar nossas escolhas e de, por meio delas, cooperar ou não com a graça divina. Toda vez que nossa liberdade nos leva a faltar ao “amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo”, a “ferir a natureza do homem e ofender a solidariedade humana” (CIC 1849), comete-se um pecado. Assim, o Catecismo da Igreja Católica[1] define pecado como “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna” (loc. cit.). A primeira espécie de pecado é o original, fruto da soberba e da desobediência, cometido por nos-
so primeiro pai, Adão. Todos os que dele descendemos, à exceção da Santíssima Virgem Maria, contraímos tal pecado, que precisa do santo Batismo para ser apagado. Muito poderia ser escrito sobre o pecado original, mas concentremo-nos neste texto na segunda espécie de pecado: o pecado atual. O Catecismo de São Pio X[2] o explana como “todo aquele que o homem, chegado ao uso da razão, comete por sua livre vontade” (CSPX 946). Apuram-se daí dois elementos intrinsecamente relacionados à caracterização do pecado, a saber: a razão e a vontade. Há, ainda, um terceiro, que é a matéria propriamente dita, isto é, a conduta (quer em ação, quer em
intenção). Ausente qualquer um dos três fatores, não se caracteriza pecado. Dessa forma, o cometimento de um ato sem que fosse conhecido seu caráter pecaminoso ou sem que houvesse intenção de seu executor em cometê-lo não lhe poderia ser imputado como falta. Já nas Sagradas Escrituras é bem estabelecida a divisão dos pecados segundo sua gravidade: “Toda iniquidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte” (1Jo 5,17). Tal divisão foi posteriormente assimilada à tradição e se encontra amparada pela própria experiência humana. Afinal, em sendo o pecado uma ofensa cometida a contra Deus, contra o próximo ou contra a pessoa do
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próprio pecador, é fácil conceber que algumas ofensas encerrem mais gravidade que outras. Tanto é assim que os pecados atuais se classificam em mortais e veniais (CIC 1854). Diz-se do pecado mortal aquele que “destrói a caridade no co-
Dessa forma, um pecado mortal não é senão o último passo de uma longa marcha em direção ao abismo que dá morte à alma, cujo percurso é composto por um sem-número de pecados veniais que o precederam. Para pôr fim a essa procissão fúnebre, recorramos sem hesitar à Confissão, cuja graça sacramental, adquirida por virtude da paixão e morte de Cristo Jesus, confere a nós o auxílio necessário para vivermos cristãmente. ração do homem por uma infração grave da lei de Deus” (CIC 1855). Recebe tal nome porque “dá morte à alma, fazendo-a perder a graça santificante, que é a vida da alma como a alma é a vida do corpo” (CSPX 949). Desse 10 • Informativo Nossa Senhora do Brasil |
modo, quem o comete coloca a si mesmo, por uma ação da vontade contrária à caridade, em privação da graça e da amizade com Deus. O pecado mortal também faz quem o comete perder o céu e merecer o inferno, além de privá-lo dos merecimentos adquiridos por Cristo e torná-lo incapaz de adquirir novos (CSPX 950). O estado de graça, uma vez perdido, pode ser recuperado – mediante o arrependimento e do perdão de Deus – pelo sacramento da Confissão e a alma que nele se encontra comete um grave sacrilégio ao receber algum dos demais sacramentos (CSPX 542). Por representar uma “possibilidade radical da liberdade humana” (CIC 1861), um pecado mortal pressupõe, além da gravidade da matéria, a plena consciência dessa gravidade e vontade deliberada de cometê-lo. Matéria grave é aquela que desobedece aos Dez Mandamentos, segundo orientou o próprio Cristo ao jovem rico: “Não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe” (Mc 10,19). A plenitude de consciência supõe “o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus” (CIC 1859). A resolução da vontade, por sua vez, envolve “um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal” (loc. cit.). Apenas quando esses três requisitos estão totalmente satisfeitos tem-se um pecado mortal. Do contrário, fala-se em pecado venial, que é todo aquele que, em sendo “leve em comparação com o pecado mortal, não nos faz perder a graça divina, e que Deus facilmente perdoa” (CSPX 952). Portanto, comete pecado venial aquele que não observa a lei moral em uma matéria leve, ou ainda que a desobedece em matéria grave sem pleno conhecimento ou sem ple-
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no consentimento (CIC 1862). Se esse caráter de pecado “não priva da graça santificante, da amizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte, da bem-aventurança eterna” (CIC 1863), a alma que o pratica fica debilitada na caridade e estagnada no crescimento nas virtudes, além de impor sobre si penas temporais que terão de ser remidas neste mundo ou no outro (CSPX 955). Por essas razões, não se devem desprezar os pecados veniais, como nos faz saber Santo Agostinho: “Esses pecados que chamamos leves, não os consideres insignificantes; se os consideras insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los” (CIC 1863). Resta observar ainda o efeito proliferativo do pecado, pelo qual cada ato pecaminoso gera uma maior propensão a que se torne a pecar. Ainda que a consciência humana seja “o núcleo mais secreto e o sacrário do homem, no qual ele se encontra a sós com Deus, cuja voz ressoa na intimidade do seu ser” (CIC 1776), ela pode ser obscurecida pelas inclinações perversas resultantes da pertinácia no pecado, o que culmina por corromper a avaliação concreta do bem e do mal (CIC 1865). Dessa forma, um pecado mortal não é senão o último passo de uma longa marcha em direção ao abismo que dá morte à alma, cujo percurso é composto por um sem-número de pecados veniais que o precederam. Para pôr fim a essa procissão fúnebre, recorramos sem hesitar à Confissão, cuja graça sacramental, adquirida por virtude da paixão e morte de Cristo Jesus, confere a nós o auxílio necessário para vivermos cristãmente. JAN MARCEL IENTILE Referências: [1] Catecismo da Igreja Católica, Edição Típica Vaticana, 2002. [2] Catecismo Maior de São Pio X, Editora Permanência, 2010.
SANTO
SÃO FRANCISO DE ASSIS
A
s proezas que alcançou a caridade e os milagres que operou a providência na vida de São Francisco são de tanta profusão e clamor que qualquer hagiógrafo seu ficará tentado, parece-nos, a neles concentrar, se não mesmo esgotar, todo seu texto. Encontrará, com efeito, antes
mesmo da busca consciente do Poverello de Assis pelo Cristo, o desprendimento que levava o jovem Francisco a contristar-se de remorso por ter diferido a atenção que lhe solicitava um pobre pedinte de esmola enquanto atendia um rico freguês da tapeçaria de seu pai – e assim a correr afobadamente à sua procura para,
ocorrendo-lhe às portas da cidade, dar-lhe todo o dinheiro que portava e o casaco que trajava. Não menos se haverá de admirar, ainda, com o episódio em que, dirigindo-se Francisco à caverna oculta onde se preparava, só, para a radical ascese que entrevia já para seu futuro, deparou ele com um leproso arrastado por
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muletas, fétido de odor, de lábios comidos e buraco ulceroso no lugar do nariz. Apesar do impulso para desviar o caminho, Francisco foi até o doente, saltou da sela, deu-lhe o dinheiro que possuía e, posto quisesse voltar para trás... inclinou o rosto sobre a mão que recebera a esmola – já sem dedos e coberta de chagas, qual tumor aberto – e beijou-a. Ou, ainda, narrará comovido a pobreza e a extrema humildade com que viveu o assisense quando, tendo renunciado à posição social de que gozava a sua família, e precisando pedir do que comer, recebia de alguns comerciantes, em cuja porta batia, ríspidas e injuriosas respostas, mas controlava a ira e, instantes depois, voltava a dirigir-lhes a palavra, agradecendo “pelos ossos e pela humilhação que é alimento bem aceito para minha alma, pois precisa ela de praticar a humildade”. Isso para não falar do célebre milagre das andorinhas do povoado de Alviano, que às centenas aglomeravam-se chilreantes em sobrevoo da praça central, onde tencionava pregar o já afamado santo. Como não lhe dessem trégua as aves, tomou após certo tempo a palavra dizendo mansamente aos “irmãos e irmãs andorinhas” que se calassem, pois chegara sua vez de falar – no que foi imediatamente atendido com o mais perfeito silêncio. Terminado o sermão, e irrompendo o povo em hino de júbilo, ajuntaram-se a ele simultaneamente em coro as aves e os sinos da então vazia igreja – momento em cuja comoção centenas e centenas de senhores e servos, homens e mulheres, confessaram seus pecados e pediram admissão às fileiras franciscanas. Certamente que não é sem proveito o relato extensivo desses momentos exemplares – afinal, o fascínio pelos atos dos santos converteu ninguém menos que um 12 • Informativo Nossa Senhora do Brasil |
convalescente Inácio de Loyola e a pobreza abraçada e vivida por Francisco, entendida enquanto virtude cristã, é aplicável a todos os que professamos a mesma fé, considerado o estado de vida de cada qual. Ocorre, porém, que não foi no desapego para com os bens materiais, ou na íntima comunhão para com toda a criação, que consistiu a perfeição da imitatio Christi de Francisco. Antes, sua plena configuração a Cristo se deu pela cruz: tanto espiritual, ao ser contrariado em seu desejo de que sua ordem mantivesse a mesma inópia dos primeiros dias, quanto física, com as chagas que lhe foram impressas ao fim de sua vida. A cruz é, como sabemos, a única escada de que dispomos para o céu: “Si quis vult post me venire, abneget semetipsum, tollat Crucem suam et sequatur me”. Mas, como bem observou o Padre António Vieira, é precisamente quanto à cruz que carregou que se distingue São Francisco da quase totalidade dos homens: “Manda-nos Cristo que tomemos a nossa cruz, e o sigamos a Ele. O exemplo há de ser seu, e a cruz há de ser nossa. E não seria melhor que, assim como a pessoa a que havemos de seguir é a de Cristo, assim a cruz que havemos de levar fosse também de Cristo? Parece que sim. Pois, por que não diz Cristo: ‘Quem Me quiser seguir, tome a Minha cruz, senão, tome a sua: Tollat crucem suam?’. A razão é porque estima Cristo tanto a Sua cruz que a não quer dar a outrem. Como disse o Senhor: ‘Quem quiser seguir-Me, tome a cruz, mas essa cruz há de ser a sua, que a Minha não a dou a ninguém. Não estimo Eu tampouco os tormentos e instrumentos de Minha paixão, que os haja de dar a outrem’”. E, no entanto, “amou o Senhor tanto a São Francisco que lhe deu a melhor parte de sua glória, e a
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maior glória de Sua paixão, que são as cinco chagas que lhe imprimiu no corpo”. Conclui o grande pregador – e também nós – com admoestação ainda hoje proveitosa: “Nas outras festas dos santos concluem-se os sermões com exortar a que os imitemos. Nesta, a que vos hei de exortar? A que peçais a Cristo que vos imprima também as suas chagas? Eis aqui quem é São Francisco, que nem à sua imitação é bem que aspiremos a nossos desejos. Contudo, quero deixar dois pontos à vossa meditação, que são os principais que devemos considerar nestas chagas, enquanto dadas e enquanto recebidas: enquanto dadas, e enquanto chagas de Cristo, considerai quanto amou Deus aos homens; enquanto recebidas, e enquanto chagas de Francisco, considerai quanto pode um homem amar a Deus. A confusão que daqui devem tirar nossas ingratidões fique ao juízo de cada um. Oh! Se o temos, que pasmado será o nosso do imenso que devemos a Deus, e do mal que lhe correspondemos! Não sei que contas havemos de dar a Deus quando no-las pedir à vista de S. Francisco! (...) Enfim, Cristo era Deus, e Francisco era homem; e, à vista de tanto dever da parte de Deus, e de tanto poder da parte nossa, não sei que há de ser de nós, que tão pouco fazemos! Valha-nos a graça divina, penhor da glória”. GIL PIERRE DE TOLEDO HERCK Referência: Os santos que abalaram o mundo, René Fülöp-Miller, José Olympio Editora, 8ª ed., 1976. Falar com Deus – meditações para cada dia do ano, v. 7, Francisco Fernández-Carvajal, Ed. Quadrante, 1992. “Sermão das chagas de São Francisco, em Lisboa na Igreja da Natividade”, anno de 1646, in Sermoens de P. Antonio Vieyra da Companhia de Jesu, v. XII, 1699, fac-símile da Ed. Anchietana, 1945.
GRUPO DE ORAÇÃO ESPÍRITO SANTO
“SEM MIM NADA PODEIS FAZER” (Jo 15,4)
O
mundo foi criado por Deus e para Deus e o homem tenta caminhar por suas próprias pernas, negando seu Criador. Colocando-se no lugar Dele, revive na atualidade o caos, produto do pecado original... Deus, na Sua infinita sabedoria, predestinou-nos para participarmos deste momento e sermos agentes da transformação da história. Você, eu e cada um de nós fomos individualmente escolhidos para vivermos neste tempo, pois, onde abunda o pecado, superabunda a graça. Para isso temos que usar as armas poderosas que Jesus nos deixou. Uma delas é a oração, poderosa em Deus para arrasar “fortificações” e aniquilar o mal, conforme 2Cor 10,4-5. A oração é para todos os que não se conformam com o que está errado, mas têm esperança num mundo novo e transformado pela força do amor. A oração é sempre fecunda, mesmo que nosso esforço pareça estéril. Deve ser perseverante, humilde e confiante, principalmente diante das dificuldades. Lembremo-nos da oração perseverante da pobre viúva perante o juiz iníquo; da oração da cananeia que, por sua humildade, alcançou a graça; do pedido confiante do centurião romano que demonstrou enorme fé no poder da palavra de Jesus, de quem alcançou elogio e milagre. “Tudo o que pedirdes com fé na oração vós o alcançareis.” (Mt 21,22) “Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado.” (Mc 11,24) Para você ser um cristão “de pé”, forte, equilibrado, senhor de si e capaz de amar, precisa aprender a rezar. Rezar é uma ordem, um mandamento do Senhor. Sem
oração ninguém se sustenta espiritualmente ou consegue cumprir a vontade de Deus. A razão é clara: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,4). Esse “nada” indica que por nós mesmos não conseguimos fazer o bem e nem evitar o mal. São Tomás de Aquino diz que todas as graças que o Senhor determinou conceder-nos, desde toda a eternidade, somente serão concedidas por meio da oração. E sobre isso São Paulo insiste: orai sem cessar! Vivei sempre contentes e em todas as circunstâncias, dai graças (cf. 1Ts 5,16-18). O poder da súplica de quem reza não tem limites, pois está vinculado à misericórdia de Deus, que diz “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt 21,22) e “Tudo o que pedirdes ao Pai em Meu nome, vo-lo farei” (Jo 14,13). A eficácia da oração está na união da criatura com o Criador – nessa aliança formada pela oração entre Deus e o homem, este só concorre
com sua fraqueza, a qual confessa implorando o auxílio divino; Deus contribui com sua bondade, poder e fidelidade. Sabe por quê? Não para que Deus conheça as nossas necessidades, mas para que fiquemos conhecendo a necessidade que temos de recorrer a Deus, reconhecendo-O como único autor de todos os bens. São João Crisóstomo, doutor da Igreja, diz que a oração supera a dignidade dos anjos, pois a dignidade angélica é inferior à dignidade do encontro do homem com Deus. Os anjos nos ensinam a nos aproximarmos de Deus com temor e alegria, valorizando a honra incomparável que nos foi concedida de termos acesso para conversarmos com Deus, em oração. Deus conta com você para ser luz no meio das trevas e testemunha de que Ele está vivo e ressuscitado no meio de nós! Não tema! São João Paulo II foi testemunha e proclamou: “A oração pode mudar a história!”. Que Maria, mãe e intercessora nossa, ensine-nos a permanecermos em silêncio e oração, confiantes na promessa do Senhor de que o mal não prevalecerá.
VENHAM NOS CONHECER ÀS QUINTAS-FEIRAS DAS 14H30 ÀS 16H30.
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ACONTECEU
CHÁ-BINGO NO TERRAÇO ITÁLIA
N
o dia 28 de agosto, aconteceu o nosso tradicional bingo no Terraço Itália em prol das obras sociais e de misericórdia da Creche Nossa Senhora do Brasil. Contamos com a presença de 180 pessoas. Sucesso!
Agradecemos ao Grupo Comolatti, que mais uma vez nos apoiou. Nossa receita foi de R$ 60.123,00! As crianças da Creche Nossa Senhora do Brasil agradecem a todos pela generosidade.
FEIJOADA DO BEM
N
o dia 16 de setembro, em comemoração ao encerramento das festividades da nossa Padroeira foi organizado, no salão paroquial da igreja, uma feijoada oferecida pelo Terraço Itália. Aproximadamente 200 pessoas estiveram presentes. Para as crianças foi montada uma área de recreação. Com isso, conseguimos arrecadar para as obras sociais e de misericórdia da igreja R$ 28.950,00! Mais uma vez agradecemos a generosidade do Grupo Comolatti, que nos proporcionou esse delicioso evento.
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PARA LER
A SOMBRA DO PAI
E
m A sombra do Pai, Jan Dobraczynski, um dos mais destacados nomes da literatura polonesa contemporânea, tece magistralmente a história de José de Nazaré. Conta a vida do humilde carpinteiro e as dificuldades da missão de ser o chefe da família de Nazaré; os claros e escuros da fé; o clima de tensão com que os judeus esperavam a vinda do Messias; as situações políticas da corte de Herodes, o Grande, com suas intrigas, degenerações e crimes. Para isso, o autor leva a cabo a ambiciosa tarefa de pintar a figura de São José, pai do Filho de Deus e esposo de Maria Santíssima, valendo-se apenas dos breves relatos que os Evangelhos trazem sobre a sua figura e da literatura extrabíblica da época. O resultado dessa empreitada é um agradável romance que ajudará o leitor a entrar na realidade da época e a ficar mais próximo desse homem que, enquanto guardião do Filho de Deus, foi a "sombra do Pai".
Jan Dobraczynski Editora Cultor de Livros 328 páginas ADQUIRA ESTE LIVRO NA LIVRARIA DA PARÓQUIA:
(11) 3082-9786
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EXPEDIENTE PAROQUIAL
BATISMO
SECRETARIA
Inscrições com antecedência na secretaria paroquial. Curso preparatório de Batismo para pais e padrinhos, comparecer munidos de uma lata de leite, para ser doada para instituições de caridade, e documentação. A lista de documentos para a inscrição está no site da Paróquia. Para mais informações ou esclarecimentos procurar pessoalmente a secretaria paroquial.
Atendimento em dias úteis, das 8h30 às 19h, aos sábados, das 9h às 14h e aos domingos, das 9h30 às 19h.nsbrasil@nossasenhoradobrasil.com.br (11) 3082 9786
CONFISSÕES
Segundas, quartas, e sextas, antes ou após as missas; terças e quintas, das 9h às 12h; E aos domingos, antes e durante as missas.
DATAS DO CURSO DE BATISMO
2110 e 25/11. Obs: O curso terá início às 9h.
MISSAS
HORÁRIOS E DIAS PARA BATISMO
Segundas-feiras: 8h, 9h, 12h05, 17h30 e 18h30. De terças a sextas: 8h, 9h, 12h05 e 17h30. Sábados: 8h, 9h, 12h e 16h. Domingos: 8h, 10h, 11h15, 12h30, 17h, 18h30 e 20h. Para missas individuais, de sétimo dia ou outras intenções, verificar outros horários na secretaria paroquial.
Aos sábados às 10h, 11h e 13h (individuais), e domingos às 9h, 13h30 e 15h30 (individuais) e 14h30 (coletivo). Os batizados devem ser marcados com antecedência.
EXPEDIENTE PASTORAL
CURSO DE NOIVOS
O curso se inicia com três encontros às quartas-feiras à noite, no horário das 20h às 21h30, e termina no fim de semana, incluindo o sábado, das 14 às 19h, e o domingo, das 8h30 às 12h. A seguir, a Santa Missa com especial intenção para os noivos às 12h30. 6° Curso: 24/10 — 31/10 — 7/11 — 10 e 11 /11
PROCLAMAS
OUTUBRO
Grupo Sementes do Espírito Segundas-feiras, às 20h. Grupo de Oração Espírito Santo Quintas-feiras, às 14h30.
Plantão de Oração Terças-feiras, às 15h. Obs.: é necessário marcar previamente contatando uma pessoa responsável nos grupos de oração.
Vicentinos Terças-feiras, às 19h Terço dos Homens Terças-feiras, às 20h30
MATRIMÔNIO
Informações sobre datas e horários disponíveis para casamento devem ser solicitadas somente na secretaria paroquial pessoalmente.
Terço das Famílias 4 de Outubro às 19:30 horas 1 de Novembro às 19:30 horas
PASTORAL DA MÚSICA – CORAL Ensaios: Quartas-feiras, das 19h30 às 21h30. Domingos, chegada às 11h para cantar às 12h30 e chegada às 17h para cantar às 18h30.
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO QUINTAS-FEIRAS, DAS 8H30 ÀS 17H.
HORA SANTA com Exposição do Santíssimo Sextas-feiras, às 11h.
GRUPO DE JOVENS DIVINO CORAÇÃO Domingos, às 11h para jovens acima de 28 anos e às 18h para jovens entre 17 e 27 anos
Apostolado da Oração Missa toda primeira sexta-feira do mês, às 8h.
ORAÇÃO DAS MIL AVE-MARIAS
5- Gabriel de Souza Adde e Patricia Oliva da Fonseca Amoroso Lima / Ricardo Ávila Darouche Nascimento e Carolina Guerino Pedral / Lourenço Chofi Neto e Carla Rebizzi Vasone 6 - Rodrigo Clemente Kherlakian e Raquel Maria de Almeida Nogueira Tiago / Maciel da Costa Ferreira e Raquel Martini Machado /Alessandro Gomes e Glaucia Cardoso de Santana / Bruno Garbin Couceiro e Fernanda Gois Brandão dos Santos 11- Rafael Curcio Cavalcante e Mariana Gama da Costa 12 - Caio Luiz Salomão e Sheila Maria Vaz Moreno 13 - Victor Hugo Seco Correia da Silva e Gabriela Vargas Sabino / Ivan Francisco Froes Guidi e Patricia Borges Alla / Rafael Chiuzini e Talita Souza Fontes / Fausto Andrade Batista dos Santos e Barbara Neves Cardoso / Fernando Henrique de Souza e Maísa de Oliveira Freitas 19 - Arthur Longano Bevilacqua e Marina do Prado / Carlos Renato O. de Castro Prado e Renata Cristiane Reina / Marcelo Amore Kanazawa e Camila Silva Coelho 20- Daniel Bassetto Lorenzetti e Marcia Alves de Oliveira / Igor Belletti Mutt Urasaki e Mayara Mei Hua Lu / Rodolfo Rodrigo Vitali e Tatiane Marinho Barazoli / Cauê Diniz Simioni e Sthefany Toledo Fusco /Vinícius Neves Barbosa de Lima e Jessica Oliveira Rodrigues Alves / Joseph Thomas Todaro e Gleice da Silva Sarôa 26-Caio Ragghiante Viscardi e Daniela Santos Lopes 27- Bruno Mitihilo Okazaki e Nayara Dantas Massunaga /Antonio Jairo Dias Correa e Carolina Nicoletti Shinzato / Paulo Roberto Casarin Benetti e Bianca Pinheiro da Silva / Virgilio Russo Spena Visentini e Carolina Samara Kairalla Bahmdouni / Sergio Silva Vieira e Luana Fernandes Bezerra
NOVEMBRO
3 - Carlos Augusto Fattori Nunes e Barbara Martins / Fernando Eduardo Manteufel e Thaís Manteufel / Túlio Henrique Maia Garcia e Bruna Vila Real / Humberto Ferreira Nunes e Priscila Maia Cavaca Nunes / Keyton Rogério da Silva e Natália Zanholo de Oliveira / Orlando Luvisotto e Graziella Siniscalco Sciarretta Garcia 9 - Guilherme Moraes Nieto e Ana Cavalcante Puntel Cordeiro / Rafael Teixeira Chagas e Priscyla Pregil da Silva 10 - Odilon Bado Castrioca e Mariana Macuco Marcatto / Denis Mantelatto Amaral e Celina S. da Silva Coelho / Sergio Santos do Nascimento e Ana Lúcia Germano Gomes da Silva / André Zibelli Ferreira e Caroline Morgante Pinheiro de Faria / Tarik Bechara Leal e Mariana Rego Moliterno / Juscelino Ryoiti Ogata e Tayna Correa Pires 16 - Ramon Hamzagic Demetrio e Nadia Reigado Molina / Gustavo Hellmeister Bellorio e Claudia Moreno Secco / Laércio Barbosa Correia Junior e Gabriella Stefany Adriano Leite 17 - Paolo Zupo Mazzucato e Thatiana Resende Amorim / Ulisses Mainart da Silva e Juliana Arisseto Fernandes / Rafael Dalla Mora Faulin e Raíssa Gadelha Abrantes / Willian Jeffrey da Silva Freitas e Mariana Caramelo Jordão /Guilherme da Costa Ferreira da Silva e carolina Poletti Silva 19 - Bruno Miranda Lopes e Nathalia Danilli Martinez 24 - Lucas Machado Rocha e Fernanda de Almeida Peixoto / Michael Bruno Leite Josino e Patricia Andrade Josino / Rafael de Souza Cruz Vilicic e Mariana de Mendonça Carpentieri / Renato Bussanara Sanchez e Carolina Haddad M. Trombini 30 - Ivan Najas Sammarco e Ana Clélia Canovas Percinoto
Todo primeiro sábado do mês, das 10 às 14h.
Missa de N. sra. de schoenstatt 18 de Outubro, às 20h. 22 de Novembro, às 12h. 16 de Outubro, Às 14h30
INFORMATIVO NOSSA SENHORA DO BRASIL Ano 8 • Edição 52 • Outubro/Novembro — 2018
RECOLHIMENTO FEMININO
tema: “O santo do cotidiano”.
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6 de Novembro tema: “O sentido da vida"
Outubro/Novembro - 2018
Periodicidade: bimestral • Distribuição: gratuita • Tiragem: 2.000 exemplares Edição: Alecsandro Souza • Revisão: Marcus Facciollo
Acesse a versão digital no site: www.nossasenhoradobrasil.com.br