Sumário
4 chico
um sonho que se realizou
Chico adormece e se vê fora do corpo físico, em desdobramento
7 MENSAGEM o relógio
Nossas verdadeiras virtudes
14 capa
jesus no comando
próxima edição O ensino da religião
8 ensinamento
obsessão e bondade divina
Motivos e objetivos da obsessão
10 reflexão levem as pedras
Superação de obstáculos
12 mediunidade diretrizes de segurança
Questões sobre mediunidade
18 estudo
26 com todas as letras
Tipos de obsessão e seus perigos para encarnados e desencarnados
Importantes dicas da nossa língua portuguesa
mistificadores - obsessores
som igual leva a erros graves
EDITORIAL
N
o estudo da mediunidade é oportuno relacionar determinados comportamentos que podem comprometer o intercâmbio útil. Empolgação sem discernimento; Boa vontade sem estudo; Exercício sem disciplina; Instrumentalidade sem equilíbrio; Força sem direção. Quase sempre, atitudes como estas conduzem a resultados frustrantes por alimentarem a confiança cega nos comunicados que chegam de além-túmulo. Apesar do risco que isso representa, inúmeros companheiros se deixam levar pela irresponsabilidade, assumindo posturas inadequadas. Recusam a crítica construtiva; Isolam-se em suas teorias e práticas; Duvidam da capacidade alheia; Iludem-se quanto à auto-suficiência; Trocam o esclarecimento pelo espetáculo; Com isso, abrem as portas para entidades mistificadoras que passam a explorar-lhes o psiquismo. Necessário compreender que esse tipo de comportamento freqüentemente nasce da vaidade doentia, que aprofunda as raízes do personalismo no solo da alma. O orgulho exacerbado é uma chaga que desfigura o espírito. Nasce, muitas vezes, da falsa imagem que o indivíduo faz de si próprio, por desconhecer sua verdadeira realidade interior. A prática mediúnica, porém, nos padrões espíritas, deve representar um curso de reeducação interior para
Edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. Editorial Jornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765) Projeto Gráfico Fernanda Berquó Spina Revisão Zilda Nascimento Administração e Comércio Elizabeth Cristina S. Silva
o próprio médium. A convivência com o plano extrafísico deve conduzi-lo a transformações de ordem moral. A certeza sobre a imortalidade do espírito deve incentivá-lo à mudança de hábitos, principalmente os mentais. A heterogeneidade evolutiva dos desencarnados deve despertar-lhe o discernimento. O contato com as dores humanas, dos dois lados da vida, deve representar, ao mesmo tempo, uma advertência e um convite. Praticada nestes moldes, a mediunidade representará, sobretudo, um salto interior para a superação do ego, a fim de que o ser possa gravitar em níveis de consciência mais elevados. Lembra que uma das principais metas do ser humano é a identificação plena com o amor cósmico, o que equivale a encontrar-se com as potencialidades divinas existentes em si mesmo. Sem a predisposição para amar nessa esfera de compreensão, dificilmente produziremos resultados compensadores no intercâmbio mediúnico porque, distantes do amor que sabe discernir, continuaremos sujeitos ao orgulho que insiste em cegar, comprometendo nossos melhores propósitos no campo espiritual. Augusto LEVY, Clayton. Mediunidade e Autoconhecimento. CEAK. 2003
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chico
FidelidadESPÍRITA | Outubro 2008
Um Sonho que se Realizou por Suely Caldas Schubert
25-11-1948 “(...) Quando saiu o “Parnaso de Além-Túmulo”, em 1932, eu tinha um desejo enorme de comprar alguns livros de Espiritismo, entretanto, meu salário era de 90 cruzeiros por mês e namorava o Catálogo da Livraria da FEB, inutilmente. Meu único amigo no Rio, por esse tempo, era o Quintão, mas envergonhava-me de pedir-lhe publicações. Em Belo Horizonte, não conhecia ninguém da comunidade doutrinária. Tempos depois da saída do “Parnaso” (não sei mais a época certa. Deve ser de 1932 a 1935. O tempo voa), certa noite recebi “A Verdade”, o jornal que me vinha de tuas mãos, quando eu não te conhecia pessoalmente, e, como sempre, devorei a página consoladora assinada por “Vovó Virgínia”. Dormi ou me libertei do corpo carnal meditando nela, quando me senti, fora do veículo denso, num jardim. Lá estavam uma senhora cercada de luz e um cavalheiro parecendo muito mais moço que ela. Uma secreta ligação me atraía para ela e aproximei-me timidamente. Quis, abraçá-la mas receei ser intruso. Então ela sorriu, enlaçou-me e disse:
— Você não me conhece mais? Eu sou Virgínia. Associei as palavras com pessoa que escrevia em “A Verdade” e entreguei-me ao seu maternal coração. Ela me contemplou, bondosa, e disse: — Que deseja você? Ingenuamente, eu me recordei dos livros que eu desejava obter em vão e disse-lhe, à maneira de criança: — Vovó Virgínia, eu queria alguns livros para aprender o caminho... Sorridente, a senhora abraçou-me, com mais carinho, e disse: — Vou mandar os livros que você deseja, e prometo mais, que você trabalhará conosco e receberá muitos livros... Em seguida, a dama e o cavalheiro me trouxeram até a casa, numa excursão, em que a palestra foi inesquecível para mim, e retomei o corpo, em lágrimas de contentamento. Decorrida uma semana, o Laboratório Wantuil me escrevia uma carta em nome de Vovó Virgínia (lembras –te?) — o assunto deve constar de teu arquivo — oferecendo-me 10 livros espíritas, a serem escolhidos por mim,
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chico
Outubro 2008 | FidelidadESPÍRITA
no Catálogo da Federação (que eu observara ansiosamente), em nome dela. Escolhi os dez livros, e por sinal que eram dos mais caros e escrevi-te acrescentando que Vovó Virgínia, a generosa doadora, devia ser tu mesmo, abstendo-me, contudo, de relatar-te o fato em si, temendo desagradar-te. Recebi as obras, que ainda guardo comigo e arquivei mentalmente o assunto. Quando visitei, porém, o teu lar acolhedor, em setembro de 1939, encontro o Zêus, perto da escada de acesso ao andar superior, e reparei com assombro que ele, embora criança, era perfeitamente o cavalheiro que estava com a luminosa entidade no jardim. Notei tudo e calei-me. Quando subiste à Presidência da FEB, em 1943, recebi algumas visitas da grande missionária que te foi abnegada mãe na Terra e compreendi melhor. Não me surpreende, pois, tenha sido ele o teu Papai. Entendi-lhe a ligação sublime com a tua Mãezinha, desde a primeira hora de meu conhecimento pessoal, isto é uma grande alegria para mim. Muitos fatos aparentemente estranhos vão se desenrolando em minha vida espiritual, mas se for relacioná-lo pararemos muito tempo na jornada. A ordem é de marcha para a frente e para o Alto. Peço-te dizer ao Zêus que recebi a estampa (...). Estou muito contente com a tua lembrança, alusiva a um pormenorizado estudo dele da glândula pineal. Penso que ficará um trabalho excelente. A informação de que André Luiz e o autor americano estão de acordo me reconforta muito. O caso Caracala é impressionante. Fiz uma pesquisa em companhia de assine: (19) 3233-5596
amigos espirituais e percebi a extensão do drama. Por agora, não posso reviver o passado. Voltar aos túmulos é sofrer muito. Vamos trabalhar e conquistar forças para que o futuro nos ajude a ver o pretérito de maneira proveitosa. Na questão Caracala, não tenho mais dúvidas. É ele mesmo. Deus o favoreça e a nós todos para alcançarmos o
O desdobramento é uma ação natural do Espírito encarnado que, no repouso do corpo físico, recupera parcialmente a sua liberdade porto da redenção. (...) NOTA FINAL: “Wantuil, desculpa-me haver contado esse caso tão comprido. Vendo-te a sublime tarefa junto do livro espiritista-cristão, no Brasil, e sendo teu devedor de sempre, desejei salientar que os primeiros livros espíritas que me vieram em grupo beneficiar a alma me vieram do teu templo familiar. Deus os abençoe a todos. Chico.” Vários pontos ressaltam da narrativa desta carta.
Virgínia — então desencarnada — foi mãe de Wantuil de Freitas. Este escrevia, no jornal “A Verdade”, páginas consoladoras inspiradas por ela, páginas que recebiam a assinatura de “Vovó Virgínia”. Recebendo o jornal, Chico lê uma dessas páginas na qual se detém em meditações. Adormece e se vê fora do corpo físico, em desdobramento. Ele se encontra com Virgínia, que está em companhia de um jovem. É bastante interessante Chico ter feito o pedido dos livros à Vovó Virgínia, nesse encontro espiritual, e o fato de que uma semana depois o seu pedido seria atendido. Isso prova a excelente sintonia entre os participantes da ocorrência. Inspirado pela mãe, Wantuil escreve uma carta a Chico Xavier, não em seu próprio nome, mas em nome dela, oferecendo-lhe dez livros. O médium, como é do seu feitio, mantém-se discreto, não revelando o encontro espiritual. Em setembro de 1939, sete anos depois, ele conhece Zêus Wantuil e identifica-o como o cavalheiro que acompanhava Vovó Virgínia. Ao contar agora o caso, já transcorridos 16 anos, Chico confirma as ligações espirituais entre Wantuil, Zêus e Virgínia. Posteriormente, em 1967, esse assunto foi relembrado por Chico Xavier, numa entrevista por ele dada a “O Espírita Mineiro”, de julho de 1967, entrevista inserida no cap. 8 de “No Mundo de Chico Xavier”, obra de autoria de Elias Barbosa. Eis como o médium se refere à Vovó Virgínia: “(...) Lembro-me de que foi ele,
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ensinamento
FidelidadESPÍRITA | Outubro 2008
Dr. Wantuil de Freitas, que em 1932, depois do lançamento de “Parnaso de Além-Túmulo”, me escreveu, em nome de Vovó Virginia, nobre entidade que o auxiliava em seu Jornal “A Verdade”, que então era editado por ele no Rio, oferecendo-me dez livros espíritas que foram para mim um tesouro de conhecimentos novos, de vez que
da alma, questões 400 a 418, principalmente. Na questão 401, o Codificador indaga: “Durante o sono, a alma repousa como o corpo?” Ao que os Espíritos responderam: “Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo
maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro. Dizes freqüentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. E amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra oca-
em 1932 a aquisição de livros, pelo menos para mim, era muito difícil e, às vezes, quase impossível ante as dificuldades da vida material.” * O desdobramento é uma ação natural do Espírito encarnado que, no repouso do corpo físico, recupera parcialmente a sua liberdade. Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec trata do assunto no capítulo VIII — Da emancipação
e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.” Na questão 402: “Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono? “Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire
sião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro. (...) “O sono liberta a alma parcialmente do corpo.”
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Fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. Págs. 242 - 248. Feb. 1998.
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MENSAGEM
Outubro 2008 | FidelidadESPÍRITA
O Relógio por Wallace Leal V. Rodrigues
O
colégio onde eu estudava, em menina, costumava encerrar o ano letivo com um espetáculo teatral. Eu adorava aquilo, porém nunca fora convidada para participar, o que me trazia uma secreta mágoa. Quando fiz onze anos avisaram-me que, finalmente, ia ter um papel para representar. Fiquei felicíssima, mas esse estado de espírito durou pouco: escolheram uma colega minha para o desempenho principal. A mim coube uma ponta, de pouca importância. Minha decepção foi imensa. Voltei para casa em pranto. Mamãe quis saber o que se passava e ouviu toda a minha história, entre lágrimas e soluços. Sem nada dizer ela foi buscar o bonito relógio de bolso de papai e colocou-o em minhas mãos, dizendo: — Que é que você está vendo? — Um relógio de ouro, com mostrador e ponteiros. Em seguida, mamãe abriu a parte traseira do relógio e repetiu a pergunta: — E agora, o que está vendo?
— Ora, mamãe, aí dentro parece haver centenas de rodinhas e parafusos. Mamãe me surpreendia, pois aquilo nada tinha a ver com o motivo do meu aborrecimento. Entretanto, calmamente ela prosseguiu: — Este relógio, tão necessário ao seu pai e tão bonito, seria absolutamente inútil se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou o menor dos parafusos. Nós nos entrefitamos e, no seu olhar calmo e amoroso, eu compreendi sem que ela precisasse dizer mais nada. Essa pequena lição tem me ajudado muito a ser mais feliz na vida. Aprendi, com a máquina daquele relógio, quão essenciais são mesmo os deveres mais ingratos e difíceis, que nos cabem a todos. Não importa que sejamos o mais ínfimo parafuso ou a mais ignorada rodinha, desde que o trabalho, em conjunto, seja para o bem de todos. E percebi, também, que se o esforço tiver êxito o que menos importa são os aplausos exteriores. O que vale mesmo é a paz de espírito do dever cumprido... Fonte: RODRIGUES, Wallace Leal V. E, Para o Resto da Vida... Págs. 31 - 32. O Clarim. 2005.
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ensinamento
FidelidadESPÍRITA | Outubro 2008
Obsessão e Bondade Divina por Édo Mariani
A
obsessão é um tema muito importante e necessita ser analisado e compreendido por se tratar da influência exercida pelos espíritos sobre a humanidade. Em o livro OBRAS PÓSTUMAS, no item 56, Allan Kardec, codificador do Espiritismo, assim a define: “... consiste no domínio que os maus espíritos assumem sobre certas pessoas, com o objetivo de as escravizar e submeter à vontade deles, pelo prazer que experimentam em fazer o mal”. Muitas pessoas que não conhecem o Espiritismo nos perguntam: como pode Deus permitir que o homem seja perturbado por espíritos desconhecidos, perigosos e inimigos? O Centro Espírita pode afastá-los? O intelectual e estudioso da doutrina Espírita, professor e
psicólogo Rodrigues Ferreira escreve sobre o assunto instrutiva página da qual vamos nos servir para os comentários deste artigo. Raciocinemos com lógica e bom senso: se os espíritos, como afirmam, fossem desconhecidos, teríamos na obsessão uma barbaridade inominável. Se forem inimigos é sinal que convivemos com eles em outra época, em outra vida, em algum lugar. E naturalmente não foi uma convivência boa, lesamos seus
O obsidiado é o algoz de ontem e que agora se apresenta como vítima
direitos, roubamos sua liberdade, prejudicamo-los tão seriamente que se decidiram a vingar. Como fomos separados pelo fenômeno da morte, perderam-nos de vista. Mas, a lei determina, quem deve, pagará. Não é assim que nos ensinou Jesus ao afirmar que “cada um receberá segundo suas obras?” Um dia nos localizaram reencarnados em outro corpo, e nos reconheceram, o espírito era o mesmo. Daí o motivo da vingança e devedor o pagamento. Mesmo que ele nos tivesse perdoado, nós ainda teríamos que sofrer, por-
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ensinamento
Outubro 2008 | FidelidadESPÍRITA
que éramos devedores da lei. De qualquer modo, nós só nos libertamos da dívida sofrendo as conseqüências dela. Aí então, se o espírito que foi prejudicado não perdoou, ele passa à cobrança e temos, nesse caso, a obsessão. Se ele nos perdoou e não cobra, temos o carma, o débito com a Lei Divina, o qual de uma forma ou de outra precisa ser pago para o ressarcimento da dívida e aí ficar livre dela para nosso equilíbrio, pois enquanto mantivermos o sentimento de culpa jamais poderemos sentirmo-nos felizes. É por isso que Deus permite a obsessão. Dessa mesma forma entende Suely Caldas Schubert. No livro de sua autoria OBSESSÃO DESOBSESSÃO na página 62 da primeira edição, ela assevera com a sua autoridade no assunto: “O obsidiado é o algoz de ontem e que agora se apresenta como vítima. Ou então é o comparsa de crimes, que o cúmplice das sombras não quer perder, tudo fazendo por cerceá-lo sem sua trajetória. “As provações que o afligem representam oportunidade de reajuste, alertando-o para a necessidade de se moralizar, porquanto, sentindo-se açulado pelo verdugo espiritual, mais depressa se conscientizará da grandiosa tarefa a ser realizada: transformar o ódio em amor, a vingança em perdão, e humilhar-se, para também ser perdoado”. Enquanto sofremos, vamos adquirindo experiências e crescemos interiormente. O sofrimento é educativo, não é castigo divino como muitos pensam. Emmanuel, o amigo espiritual assine: (19) 3233-5596
do médium Chico Xavier, ensinanos que o sofrimento é a pedagogia divina a nos ensinar a viver e crescer. As pessoas obsidiadas não sabem de suas dívidas passadas nem gostam de aceitá-las e, assim, saem procurando tudo quanto é sorte de solução. Acham que nada fizeram para sofrer essa “doença”, que os médicos não descobrem e não conseguem curar
A obsessão tem cura, de um outro modo, é verdade, mas tem cura. e chegam a acreditar que é castigo de Deus e por isso vão ao ponto de pedir soluções urgentes e totais. Na verdade o que sentem não é uma doença física, o que estão sentindo, é uma dívida que precisa ser ressarcida. Muitas dessas pessoas procuram o Centro Espírita, afoitas, querendo melhorar depressa. Não sabem que essa melhora só vem com o merecimento. Isso é Lei Divina. A obsessão tem cura, de um outro modo, é verdade, mas tem cura. O Centro Espírita sabe como fazer. O primeiro trabalho é conscientizar sobre isso. Em o Livro dos Médiuns, Kardec ensina-nos que a doutrina espírita para nos beneficiar precisa ser com-
preendida e para compreendê-la é necessário estudá-la e é isso que o Centro Espírita faz, informando que a vida nossa não pode ser vivida de modo egoísta, desinteressados das outras pessoas e exclusivamente voltadas para si mesmas. Como não fazem nenhum bem para ninguém, não possuem mérito para receber os benefícios que estão buscando. De outro modo, se merecessem algo, seus problemas seriam resolvidos, ou melhor ainda, nem teriam chegado a ter as dificuldades. Pretender que o Centro Espírita afaste os obsessores e os liberte das aflições, sem que nada façam para sua transformação moral espiritual, não tem sentido e nem cabimento algum. Os obsessores julgam possuírem direito adquirido, porque eles foram lesados, incompreendidos e prejudicados anteriormente. O que precisa fazer agora, é o esforço de consertar o mal, de corrigir o erro. Aí vem a necessidade de mudanças, o que só se consegue através da coragem, muito esforço e da boa vontade. Não é assim que aprendemos no Evangelho de Lucas quando ele narra o nascimento de Jesus, descrevendo que na Noite de Natal os espíritos mensageiros que compareceram para a recepção e homenagem a Jesus pelo seu nascimento, cantaram a canção que ficou indelevelmente marcada em nossas almas? : “Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade?”(grifamos)
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reflexão
FidelidadESPÍRITA | Outubro 2008
Levem as Pedras por Orson Peter Carrara
E
ra um morro bem alto a ser escalado, subida dura e difícil! Eles sabiam, todavia, que alcançar o cume seria a consagração para suas vidas. Já na saída, uma voz misteriosa, cuja origem não conseguiram identificar, os advertiu: Levem as pedras! Ao chegarem no alto da montanha sentirão muita alegria pelas pedras que levarem, mas também sentirão muita tristeza!
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reflexão
Outubro 2008 | FidelidadESPÍRITA
Ficaram sem entender, inclusive porque a advertência se repetiu mais duas vezes. Prudentes, resolveram seguir o conselho. Alguns encheram os bolsos, outros carregaram pequenas pedras em uma das mãos, outros colocaram o que foi possível nas próprias mochilas, outros improvisaram sacos e aumentaram o próprio peso da bagagem; outros acharam aquilo uma grande bobagem e nada levaram. Foram diferentes reações ao conselho e, obviamente, divergentes quantidades de pedras carregadas morro acima, variáveis em peso, quantidade e tamanho. Durante a escalada, muitos descartaram o peso que concluíram ser desnecessário na árdua subida, outros tomaram a mesma providência, só que parcialmente e uma minoria manteve a carga original. Cada um teve seu momento de chegada, face aos esforços e rumos diferentes, mas no alcance do topo, a surpresa confirmava a estranha advertência ouvida. As pedras se transformavam em pérolas de grande valor. Havia a grande alegria pelas pedras trazidas e uma grande tristeza pelas pedras descartadas no trajeto ou nem trazidas...
O desprezo na coleta, a quantidade transportada, o peso suportado, a atenção à misteriosa advertência e o valor que se dava às pedras antes, durante e depois da escalada, faziam agora enorme diferença em suas vidas... Assim é a vida. Conquistar virtudes exige esforço, perseverança, suor e lágrimas muitas vezes; a luta pela conquista de valores morais pede permanente sacrifício de nossos mesquinhos
Conquistar virtudes exige esforço, perseverança, suor e lágrimas muitas vezes
interesses particulares, tendo em vista o objetivo maior a ser alcançado que renderá louros de paz e felicidade. No entanto, ainda preferimos as facilidades. Ainda nos deixamos levar pelo comodismo e com isso perdemos a chance de levar conosco os únicos tesouros que permanecem quando todos os outros ilusórios recursos humanos nenhuma utilidade mais terão. Desprezamos a paciência, a tolerância, a compreensão, a honestidade, a dignidade e ainda valorizamos a calúnia, a revolta, o egoísmo... Que pena! Não entendemos ainda que precisamos carregar as pedras do silêncio e da renúncia, do sacrifício e da boa vontade, do trabalho digno e da perseverança, do otimismo e da alegria, da fé e da solidariedade, únicos valores que nos habilitam às pérolas da felicidade duradoura... Com isso, esquecemos o presente – notável oportunidade de exercício e aprendizado de sabedoria, para nos apegarmos ao passado e ficarmos na expectativa do futuro. Um já aconteceu, não há o que ser feito e outro nem sabemos como e se ocorrerá. E esquecemos o presente, valiosa dádiva...
Fonte: Artigo originalmente publicado no site o autor: www.orsonpcarrara.k6.com.br
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MEDIUNIDADE
FidelidadESPÍRITA | Outubro 2008
Diretrizes de Segurança
por Divaldo Franco e Raul Teixeira
44. E aqueles grupos que se fecham em torno deles mesmos e seus membros não freqüentam palestras, reuniões doutrinárias e se dedicam tão somente ao fenômeno em si, ao intercâmbio mediúnico? Estarão procedendo corretamente? Divaldo - O mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei e que façais ao próximo quanto desejardes que o próximo vos faça, equivalendo dizer que todo aquele que se isola perde a oportunidade de evoluir, porque todo enquistamento degenera em enfermidade. 45. Uma pessoa com problemas mediúnicos deve ser encaminhada, sem risco, para uma reunião mediúnica? Divaldo - A pergunta já demonstra que a pessoa tendo problemas, deve primeiro eqüacioná-los, para depois estudar e aprimorar a faculdade que gera aqueles problemas. Como na mediunidade
os problemas são do espírito e não da faculdade mediúnica, é necessário que primeiro se moralize o médium. Abandonando as paixões, mudando a direção mental, criando hábitos salutares para sua vivência, reflexionando no Evangelho de Jesus, aprendendo a orar, ele eqüaciona, na base, os problemas que inquietam o efeito, que é a faculdade mediúnica. Somente após o quê, é-lhe lícito educar a mediunidade. No capítulo I de O Livro dos Médiuns o Codificador examina o assunto na epígrafe: Há Espíritos?. Explica Allan Kardec que ninguém deve levar a uma sala de química, por exemplo, alguém que não entenda das fórmulas e das composições químicas. Explico-me: um leigo chega numa sala e vê vários vidros, com água branca e uma anotação que lhe parece cabalística: HNO3 + 3HCL . Para ele a anotação não diz nada. Mas, se misturar aqueles líquidos corre perigo. Assim, também é necessário
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MEdiunidade
Outubro 2008 | FidelidadESPÍRITA
primeiro que o indivíduo conheça no laboratório do mundo invisível as soluções que vai manipular, para depois partir para as experiências. É de bom alvitre, portanto, que alguém que tenha problemas de mediunidade seja encaminhado às sessões doutrinárias de estudos, para primeiro evangelizar-se, conhecendo a Doutrina a fim de que, mais tarde, canalize as suas forças mediúnicas num bom direcionamento. Há uma praxe entre as pessoas pouco esclarecidas a respeito da Codificação Espírita, que induz se leve o indivíduo a uma sala mediúnica para poder eqüacionar problemas, como quem tira uma coisa incômoda de cima da pessoa. O problema de que a criatura se vê objeto pode ser o chamamento para mudança de rota moral. A mediunidade que aturde é um apelo para retificação das falhas. E é necessário ir-se às bases para modificar aqueles efeitos perniciosos. Daí, diante de uma pessoa com problemas mediúnicos, a primeira atitude nossa será encaminhar o necessitado à aprendizagem da Doutrina Espírita, que é a terapêutica para seus problemas. A mediunidade será educada a posteriori como instrumento de exercício para o bem, mediante o qual granjeará títulos para curar o mal de que se é portador. 46. Basta ao médium freqüentar as reuniões para resolver seus problemas? Raul - A questão de resolver problema se torna relativa. Os problemas que o médium resolve no
trabalho dedicado à Doutrina Espírita são de ordem moral, porque ele passa a entender porque sofre, passa a compreender porque enfrenta dificuldades na família, na saúde, mas isto não quer dizer que a mediunidade seria o suporte, o apoio para que ele possa vencer, vitoriar a etapa de lutas. Aí percebemos que, se estivermos pensando nestes tipos de problemas físicos, a mediunidade não vai conseguir alijá-los do médium. Mas, não somente aí vamos achar a necessidade do médium, pois deverá ser levado ao trabalho de assistência aos que precisam, à renovação através dos estudos continuados, à participação efetiva, ao ato da caridade, que, conforme nos diz um Espírito Benfeitor, terá que iniciar-se pelo dever, tornando-se um hábito até que isso se lhe penetre na alma em nome do amor, para que se torne um médium sério, sensível, e não um médium que apenas freqüenta a reunião, recebe seu guia, seu espiritozinho e depois volta para casa, sem ligar para o sofrimento da humanidade (não é da humanidade do Vietnã, do Camboja) a humanidade da sua rua, do seu bairro, dessa gente que sofre e que geme à volta de todos nós. Vemos tantos médiuns preocupados em ouvir o gemido dos espíritos desencarnados e não ouvem os gemidos dos encarnados. Temos outros ansiosos por ver espíritos, sem notarem os que sofrem a sua volta; vários desejosos de materializar entidades, sem a preocupação de espiritualizar-se. Então, para o médium será importante que ele se ajuste à dinâmica da Doutrina Espírita, no trabalho da caridade, no esforço da renovação dele e daqueles que o cercam.
Fonte: FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J. Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.
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CAPA
Outubro 2008 | FidelidadESPÍRITA
Jesus no Comando por Amélia Rodrigues / Divaldo Pereira Franco
A
s confabulações íntimas entre Jesus e os discípulos, quando terminavam as exaustivas tarefas diuturnas, ofereciam campo aos companheiros tímidos, que não logravam compreender a dimensão da sublime empresa da Boa Nova, para que se aclarassem questões nebulosas e mais se aprofundassem no entendimento do ministério recém-abraçado. Surpreendidos pela eloqüência ímpar da palavra do Mestre, por mais reflexionassem, deixavam-se dominar por interrogações sucessivas, ao mesmo tempo intentando mergulhar nas reminiscências trazidas do Mundo Espiritual, quando se haviam preparado para o apostolado libertador. Não obstante, envoltos pelo escafandro material, sentiam-se aturdidos, em face dos conceitos audaciosos e especiais que lhes eram apresentados, sem alcançarem o sentido exato nem a total extensão da revolução patrocinada por Jesus...
Vivendo o mundo do corpo no mundo das paixões, imantados às circunstâncias algo ingratas, era-lhes difícil abstrair das lições evangélicas as conotações humanas da sociedade em que se encontravam engajados. Por isto, permita-lhes o Senhor os largos colóquios, a convivência íntima aclaradora de todas as dificuldades que lhes pairavam nos painéis do discernimento. Eram aqueles os momentos da perfeita identificação, em que as almas se abriam ao aroma recendente do Rabi em termos de amor e de liberdade. A alocução do Mestre sobre o perdão surpreendera Pedro, ante a complexidade da benevolência que nos devemos uns para com os outros, a ponto da necessidade de perdoarmos sempre sem cessar... Os companheiros tiveram reações diferentes, cada um de acordo com a própria estrutura temperamental...
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FidelidadESPÍRITA |Outubro 2008
O perdão indistinto colhia-os, inesperadamente, desde que, habituados à dureza do Mosaísmo, defrontavam o problema da íntima dulcificação, como conseqüência à compreensão das faltas alheias. As horas que se seguiram foram preenchidas pelas reflexões, mesmo depois que o poviléu se espalhou, retornando aos deveres habituais. Assim, quando o Amigo se apresentava em meditação, na casa generosa em que se acolhia, João, o jovem discípulo, acercou-se, e, sem mais delongas, expôs ao Divino
A dificuldade em perdoar está na razão direta da profundidade do amor
Benfeitor as inquietações que o perturbavam. Narrou as dificuldades que sentia para perdoar totalmente aos perseguidores e comentou a inevitável emoção de que se via possuído pela mágoa, quando ofendido. Havia honestidade e interesse no aprendiz, desejoso de receber ajuda no problema que o aturdia. Alongando as considerações referiu-se aos testemunhos que aguardavam o Senhor e o estado íntimo que o dominava desde já, em vista da saudade que o colhia por antecipação.
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Havia uma dúlcida emoção que pairava no ar. O grande silêncio parecia sustentado por uma balada suave que se espraiava na voz da Natureza. Nesse clima de ternura, o Mestre, sentindo a alma contrita e devotada do discípulo fiel, respondeu-lhe: — És jovem, e a juventude louçã é a quadra da força, da intemperança e da coragem, que não passa de precipitação... À medida em que a vida premia a experiência com as dores e as conquistas do conhecimento, a razão sucede à impetuosidade e a harmonia ao tumulto perturbador. Não obstante, a idade juvenil é o período da ensementação, em que se prepara o porvir de cuja colheita ninguém se eximirá, cada um conforme o trato com a semeadura... Talvez, para permitir que João se deixasse penetrar pelo ensinamento, fez uma breve pausa, para logo aduzir: — A dificuldade em perdoar está na razão direta da profundidade do amor. Quando se ama, desinteressadamente, pela empatia do próprio amor, o perdão surge como efeito natural, facultando a perfeita compreensão dos limites e das dificuldades do ser amado. “Se o amor, no entanto, é destituído de ampla dimensão e repousa nas bases falsas dos interesses mesquinhos e subalternos, ou pelo deslumbramento transitório, mais difícil se faz a solidariedade pelo perdão aos ofensores. “Se não há um vínculo de afetividade, é claro que a revolta, que nasce do amor-próprio ferido, assine: (19) 3233-5596
arme de animosidade a vítima, que tomba, inerme, na reação infeliz, esquecendo-se de que, por sua vez, um dia necessitará, também, de perdão...” No silêncio que se fez espontâneo, o aprendiz da palavra de luz percebeu a razão porque o amor é a alma da vida em todas as suas manifestações, donde defluem todas as conquistas do esforço moral e das realizações superiores. Meditava no conteúdo da lição ouvida, quando o Mestre, pausadamente, prosseguiu: — Daqueles a quem amamos, jamais estaremos separados. O Filho do Homem deverá marchar para o testemunho, comprovando a excelência do Seu amor e sustentando a fraternidade entre aqueles que Lhe são fiéis. “O amor é um hálito vital, que se manifesta e mantém, mesmo quando a criatura não se dá conta. Assim é conosco. Estaremos unidos e identificados pelo ideal comum... Aqueles que me amam,
O amor é um hálito vital, que se manifesta e mantém, mesmo quando a criatura não se dá conta
sentir-me-ão na presença do aflito e do necessitado, do velhinho desvalido e da criança em abando no, do enfermo em agonia e do desditoso em alucinação... Quantos lhes distendam as mãos gentis, a mim o farão, e ouvir-me-ão, ver-me-ão nos seus apelos e lamentos, nas suas aparências e desditas. Eu lhes falarei, sustentá-los-ei com alento inusitado e entusiasmo profundo que os animarão ao prosseguimento do ministério até o nosso encontro final...” João tinha os olhos orvalhados. Estranha emoção dominava-lhe as paisagens íntimas, dulcificando-lhe as ansiedades. Nesse momento, Jesus concluiu a entrevista afetuosa, afirmando: — “Onde dois ou três se reunirem em meu nome, eu estarei entre eles”, como a lecionar, que no aconchego fraterno, na comunhão entre as criaturas, Ele se faria presente, sem que deixasse, no entanto, de estar também com os que O amam em soledade, os que O seguem em silêncio e testemunham-Lhe esse amor em sacrifício e renúncia... Nos longes dos tempos as expectativas delineavam o mundo melhor do amor e do perdão, da fraternidade com Jesus comandando as consciências e as vidas.
Fonte: FRANCO, Divaldo P. Há Flores no Caminho. Págs. 37 - 41. Livraria Espírita Alvorada Editora. 1982.
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Mistificadores - Obsessores por Yvonne A. Pereira
- “O invólucro semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível? - Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável.” (ALLAN KARDEC - O Livro dos Espíritos”. Pergunta n° 95.)
Tão variada é a classe das entidades mistificadoras desencarnadas que chega a haver confusão com a das entidades obsessoras, tornandose difícil, em determinados casos, separar uma da outra. Procuraremos tratar aqui de uma modalidade de mistificadores que poderá também ser considerada especialidade de obsessores, visto que participa de uns e de outros. Mistificar é, na palavra dos dicionários, o ato de - enganar, iludir, lograr, abusar da credulidade de alguém, engodar -, valendo-se de ardis e subterfúgios, malícia e mesmo maldade. Existem os mistificadores, inofensivos, brincalhões apenas, que levam o tempo alegremente, se bem que também levianamente, cujas ociosidades e futilidades só a si mesmos prejudicam, e que todos consideram irresponsáveis quais crianças travessas, e a quem ninguém levará a sério. Na Terra como no Espaço eles pro1iferam, sem realmente prejudicar senão a
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como homens, quer como Espíritos já desencarnados, causando no seio das duas sociedades sérios desequilíbrios e danos vultosos, não raro desorganizando a vida e os feitos dos incautos que se deixam embair pelas suas atitudes dubias. Dentro do Espiritismo, costumam estes, os desencarnados, causar sérios prejuízos aos médiuns orgulhosos e insubmissos à disciplina em geral, que a boa prática da Doutrina recomenda, e também entre diretores de organizações espíritas pouco competentes, moral e intelectualmente, para o importante mister. Suas atitudes mistificadoras, porém, serão facilmente observadas si próprios. Existem os hipócritas, e desmascaradas por um adepto perigosos, portanto, que sabem prudente, bom conhecedor do terenganar porque se rodeiam de falsa reno prático da Doutrina, como da seriedade, a qual mantêm, apoia- sua filosofia, e, acima de tudo, por dos em certa firmeza de lógica, e a alguém que, portador de qualidades quem somente observadores muito morais elevadas, se haja tornado prudentes saberão descobrir. Na bem inspirado e assistido pelos Terra como no Espaço, proliferam planos superiores do Invisível, pois também esses, quer encarnados,de tudo isso mesmo nos adverte o
Mistificar é, na palavra dos dicionários, o ato de - enganar, iludir, lograr, abusar da credulidade de alguém, engodar
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estudo da Doutrina Espírita. Muito conhecidas são ambas as classes de mistificadores para que nos ocupemos a repetir o que todo aprendiz do espiritismo conhece. Há, todavia, ainda uma terceira classe, a mais impressionante que se nos tem deparado no longo exercício da nossa mediunidade, a mais perturbadora, perigosa e difícil de ser combatida, porque geralmente ignorada sua existência pelos próprios adeptos do Espiritismo, e a qual age de preferência nas próprias paisagens invisíveis, em torno de entidades desencarnadas não devidamente moralizadas, mas também podendo interferir na vida dos encarnados, prejudicando-os e até os levando aos estados alucinatórios ou mesmo ao estado de obsessão, pelo simples prazer de praticar o mal, diver tindo-se. Tais entidades são per versas, enquanto que as simplesmente mistiticadoras nem sempre se apresentam verdadeiramente malvadas. Obtém, aquelas resultados satisfatórios, na torpe tarefa de perseguição e engodo, contra pessoas que, com a devida confiança, não exerçam a oração e a vigilância mental de cada dia, como defesa contra males psíquicos, as quais atraem para seus detestáveis agrupamentos espirituais durante o sono corporal, e também contra Espíritos desencarnados frágeis, revoltados, descrentes assine: (19) 3233-5596
ou levianos, que a tempo não se harminizaram com o dever, o que 1hes evitaria tais situações após o decesso corporal. Geralmente, esses a quem, aqui denominamos mistificadores - obsessores não foram inimigos das suas vítimas através das existências, nem mesmo as conheceram anteriormente, às mais das vezes. Se exercem a perseguição e o assédio, alcançando funestos êxitos, será porque encontram campo aberto para suas operações nos sentimentos bastardos das mesmas, afinidades morais e mentais de má categoria, naqueles a quem se agarram,
tornando-se, então, para estes, tais acontecimentos, o prêmio-castigo da sua o incúria na prática de ações reformadoras, ou da má vontade em se voltarem para os aspéctos superiores da vida. A encarnados e desencarnados que 1hes ofereçam, pois, afinidades, essas desagradáveis criaturas freqüentemente desgraçam, impelindo-as a desastrosas ações, até mesmo nos setores da decência dos costumes, cujas conseqüências, sempre lamentáveis, re-
quererão, daqueles que se deixarem embair por suas artimanhas, longos períodos de sofrimento e reparações inapeláveis, muitas vezes através de reencarnações amargurosas. O leitor que, atento, perlustrar as páginas de algumas obras doutrinárias, mormente as psicografadas, há de observar citações sobre falanges inferiores do mundo invisível, que afligem e perturbam os recém-desencarnados desprevenidos, falanges cujos integrantes seriam vultos disformes, grotescos, extravagantes, e cujas configurações e ações pareceriam fruto de pesadelos àqueles que não se afinam com as blandícias da Espiritualidade. Provocam-nos, seduzem-nos, aterrorizam-nos, criando mil fantasmagorias que às pobres vítimas parecerão alucinações diabólicas, das mesmas se servindo, ainda, como joguetes para a realização de caprichos, maldades e até obsenidades. Comumente, queixam-se os suicidas de tais falanges, cujo assalto lhes agrava, no pélago de males para onde o suicídio os atirou, o seu já insuportável suplício. E nas sessões práticas, ou mediúnicas, da Doutrina Espírita, quando bem organizadas e dirigidas, não é difícil ouvirem-se queixas idênticas da parte de Espíritos comunicantes muito inferiores, ou ainda de suicidas. Que aspecto mostrariam essas entidades, porém, para serem con-
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sideradas tão feias e repulsivas, por todos quantos a elas se referem, revelando-as aos homens?... Que espécie de deformidades, para torturarem até à loucura um recém-desencarnado ou a um homem, a este, porém, perseguindo de preferência no estado de sono, até ao extremo de uma obsessão?... Confessamos que tais cogitaçôes jamais nos preocuparam e, por isso, nossa atenção não se voltaria para o assunto se nossos próprios Guias Espirituais para ele não nos despertassem o interesse, embora já tivéssemos notícias da sua existência no mundo invisível. Ora, foi uma dessas falanges estranhas, surpreendentes, extravagantes, que nosso instrutor espiritual Charles nos levou a conhecer e examinar
durante certo desprendimento sob a ação letárgica, em memorável lição, que aqui tentaremos descrever por sua ordem e sob suas intuições vigorosas, em a noite de 18 de março de 1958. ... Uma de nossas parentas, menina de dez anos de idade, justamente a caçula dentre seis irmãos, acusava anormalidades nos modos comuns a uma criança, anormalidade que uma razão esclarecida em assuntos espíritas compreenderia provirem de inf luenciações da parte de seres desencarnados inferiores. Caracterizavam-se os seus modos por trejeitos cômicos, carantonhas horríveis, palavreado piegas ou atrevido, desagradável, tolo, que a todos da família irritava e aos estranhos escandalizava, e tornando
necessária toda a paciência e boavontade, que a Doutrina Espírita recomenda, para que se pudesse suportar tal estado de coisas, pois, além do mais, a dita criança se rebelava contra qualquer disciplina, desobedecendo a tudo, renitente, odiosa, dando mesmo impressão de se encontrar desequilibrada das faculdades mentais. Tentaram-se castigos variados, sem serem esquecidas as clássicas sovas de chinelos. Tais, porém, os escândalos por ela provocados nessas ocasiões, tais cenas se desenrolavam, então, dentro do lar, com repercussões desagradáveis até pela vizinhança, que substituída foi a prática dos castigos pela de conselhos, amabilidades, persuasão, etc. A criança, no entanto, resistia irritantemente a todas
Uma de nossas parentas, menina de dez anos de idade, justamente a caçula dentre seis irmãos, acusava anormalidades nos modos comuns a uma criança 20
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as afabilidades, como resistira aos castigos, rejeitava a prece e os “passes” que lhe desejavam aplicar, continuando com as mesmas atitudes impertinentes. Fora das crises, no entanto, mostrava-se perfeitamente normal: conversava com inteligência e demonstrava até precocidade, e era aplicada nos estudos, com boas notas no curso primário que então concluía. Consultou-se, por isso mesmo, o Espaço, como seria natural em família espírita, e o Espírito “Charles”, desvelado amigo e Instrutor espiritual da família, após prescrever medicamentação para o sistema nervoso da paciente, afirmou sem rebuço: - “Ela afinou-se com entidades inferiores durante o estágio no Espaço, antes da reencarnação. Arrependimento sincero, porém, levou-a, a tempo, a se retrair das mesmas, e desejar encaminhar-se para melhores planos. É médium, ou antes, possui faculdades mediúnicas, que futuramente poderão frutificar generosamente, a serviço do próximo, se bem cultivadas. Os antigos companheiros do Invisível assediam-na, tentando reavê-la para o sabor de velhos conluios. Conheceis o remédio para tais desarmonias. Aplicai-o!” Sim! O remédio único seria o trabalho de reeducação da menina à base do Evangelho, preces, paciência, vigilância, amor, disciplina rigorosa, sem concessões que redundassem em cumplicidade com caprichos prejudiciais, fraternidade e caridoso interesse para com os infelizes sedutores desencarnados. Na noite de 18 de março de 1958, no entanto, encontrando-nos, durante uma temporada, na resiassine: (19) 3233-5596
estudo dência daqueles nossos familiares, eis que a figuração espiritual de Charles, envolvida na sua luminosa e bela roupagem de iniciado hindu, apresentou-se à nossa visão e, adormecendo-nos em sono magnético, como habitualmente, arrebatou nosso espírito, deixando o corpo carnal imerso em letargia. Passado o primeiro atordoamento, fenômeno invariável nesse gênero de desprendimento, nós nos reconhecemos
O remédio único seria o trabalho de reeducação da menina à base do Evangelho, preces, paciência, vigilância, amor, disciplina rigorosa
no recinto da própria residência da paciente, sem alçar ao Espaço, acompanhada pelo nobre amigo, mas rodeada de seres disformes, extravagantes, feios, grotescos repulsivos. E Charles apresentava-os: - “São estes os antigos companheiros da menina B..., durante seu estágio no Invisível, antes da
reencarnação presente. Pertencem a uma classe especial de mistificadores, a qual descai para a de obsessores... Não são inimigos dela, segundo a terminologia humana, e nem se vingam, porque ela nenhum mal cometeu contra eles... Porém, não são também amigos, porquanto não o são de quem quer que seja, visto que ainda não adquiriram o senso da fraternidade nem a favor de si próprios... Simplesmente, seduziram-na, quando no Espaço... e ela, inconseqüente, leviana, prazenteira, sedenta de novas sensações e - por que não dizê-lo? - inferior, carente de ideais generosos que a impelissem para o Alto, mas também sem maldade, deixou-se embair pelas suas mistificações e engodos e afinou-se com eles, no simples intuito de se divertir, supondo-os inofensivos, tal como o homem folgazão que se mistura a um bando de carnavalescos a fim de se distrair das preocupações fatigantes, sem medir quaisquer conseqüências. Com o tempo, no entanto, verificou o erro que cometera e retraiu-se, procurando, na prece, o auxílio, que lhe não faltou... E asilou-se entre vós, reencarnada, como se o fizera no seio de um reformatório onde se reeducasse, impulsionando-se para progressos novos. Observa-os... Eles não vêem a mim, mas a ti somente... e, quais crianças travessas, exibirão suas peraltices, as quais eles próprios julgam irresistíveis, pensando em seduzir-te para seu bando...” Revelou, então, Charles, a identidade espiritual da menina em questão, a qual existira, ainda neste século, no ambiente doméstico que fora o nosso próprio, porém, sem laços consangüíneos, e durante
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nossa infância, proibindo, todavia, revelássemos seu antigo nome e condição a quem quer que seja. Entrementes, as entidades em apreço iam e vinham pela casa, ocultavam-se umas das outras atrás das portas, por baixo das mesas e das cadeiras, como quem brincasse de esconde-esconde; batiam-se mutuamente, com socos e pontapés violentos, pavorosos, o que as levava a gritar e chorar; davam saltos altíssimos, como se fossem acrobatas, cabriolavam, faziam piruetas de todos os modelos, caminhavam sobre as mãos, com os pés voltados para cima, quais palhaços no picadeiro de um circo de diversões; penduravam-se às bandeiras das portas, rindo-se às gargalhadas, num bulício ensurdecedor, o qual ouvíamos como se se tratasse de rumores materiais, pregavam dentadas umas nas outras, puxavam-se os respectivos cabelos, aos berros, cuspinhavam-
se reciprocamente, quais moleques que brigassem; choravam de dor, corriam atrás do agressor, esbofeteando-se mutuamente! Vestiam-se grotescamenre e eram como que carnavalescos fantasiados: vestes
Outras entidades se apresentavam com gorros, becas, funis com borlas pendentes ou faixas de fitas
extravagantes, de cores muito vivas, bimbalhando guizos quais bufões medievais, algumas berrantemente listradas, outras apresentando blusões ou camisolões excessivamente grandes no corpo, enquanto ainda outras, com calções curtos e muito apertados, deixavam à mostra pernas marmóreas e como que ressequidas, verdadeiros caniços; ou, muito grossas, revestidas de meias berrantes, tortas, deformadas. Suas cabeleiras dir-se-iam postiças: excessivamente abundantes, caindo em manto pelas costas e ombros e semi-ocultando o rosto; ou curtas, excessivamente ralas, mas endurecidas, como revestidas de arame; ruivas, eriçadas para cima ou para os lados, até ao horrível; negras, amarelas, roxas, vermelhas, verdes... o que, ajuntando à indumentária extravagante, as tornava verdadeiros fantasmas assombradores! Algumas dessas pobres entidades
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traziam capas escarlates recamadas impossível a um cérebro humano de guizos, ou listrada em cores vivas, engendrar, a qual seria, antes de pés enormes, calçados de botas ou tudo, grotesca e cômica, não fora sapatos muito pontudos — coisa rara a dramaticidade que, em essência, de se poder observar em Espíritos conserva, com a possibilidade de desencarnados, mesmo em estado levar à loucura alucinatória não de transe — e tocavam flautins apenas os Espíritos recém-desencarmuito primitivos e pequenas gaitas, nados que caem em suas garras, no próprias de crianças; dançavam Além-Túmulo, mas também pessoas desagradavelmente, notando-se que encarnadas, que por elas se deixem o faziam com ares de provocação, influenciar, até a possibilidade mostrando na fisionomia trejeitos de enxergá-las com freqüência e e esgares, carantonhas horripilantes plenamente se afinarem, por isso à guisa de sorrisos. Trajava, uma delas, manto roxo, exibindo cabeleira até os ombros, encaracolada, coroa de espinho e um caniço nas mãos, displicentemente parodiando a imagem do “Senhor dos Passos” observada nas procissões do culto católico, e o fazia usando sapatos desmedidamente grandes e seblante grotescamente compungido. Outras entidades se apresentavam com gorros, becas, funis com borlas pendentes ou faixas de fitas, chapéus de três bicos, com abas enormes ou copas excessivamente altas, exatamente como gostariam de ostentar os carnavalescos humanos. Acreditamos, mesmo, que tais falanges influenciam, durante o Carnaval, os incautos que se deixam arrastar pelas paixões de Momo, impelindoos a excessos lamentáveis, comuns por essa época do ano, e através dos quais eles próprios, Espíritos, mesmo, com suas vibrações. Mosse locupletam de todos os gozos e trava-se uma delas excessivamente desmandos materiais, valendo-se, alta, roliça, qual tronco de árvore. para tanto, das vibrações viciadas De certa altura saíam os braços, e contaminadas de impurezas dos que mais pareciam longas tiras de mesmos adeptos de Morno, aos cipó, e que se moviam em reviraquais se agarram. voltas, como os tentáculos de um Algumas dessas feias criaturas polvo, distribuindo chicotadas em espirituais traziam uma feição ain- torno de si. Do corpo assim roliço da mais singular, completamentedesciam, então, as pernas, varas
Algumas dessas feias criaturas espirituais traziam uma feição ainda mais singular, completamente impossível a um cérebro humano engendrar
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finíssimas, com enormes sapatos pretos, quais pequenas canoas. Os traços fisionômicos eram desenhados quase no ápice do rolo, isto é, do inacreditável corpo. Não havia pescoço e ombros e nem roupas, mas o chapéu lá estava, completando a monstruosidade. Essa horrível entidade fazia-se acompanhar de outra que se diria o seu contraste, propositado e caprichoso: excessivamente pequena, rotunda, com um rosto de dimensões desproporcionadas para o tamanho do corpo, faces gordíssimas, vermelhas, como se o infeliz vivesse eternamente soprando alguma coisa; chapéu com abas enormes, botas, esporas e chicote, tudo desconforme e impressionante pela fealdade e pela desarmonia. Dentre as duas, não se saberia qual a mais desagradável e chocante, mas era certo que tais arremedos humanos causavam malestar insuportável, pavor mesmo, não tanto, talvez, pela grosseria da forma, mas pelas influenciações nocivas e contaminantes que suas mentes, desajustadas da harmonia da Criação, deixavam irradiar, pois que o médium, assim arrebatado do corpo físico, para estudos e observações no Invisível, adquire percepções pasmosas, não lhe escapando à visão ou ao entendimento nenhum pormenor daquilo que os Instrutores lhe dão e auxiliam a examinar. Outra entidade, do novo grupo que acabamos de descrever, medindo cerca de metro e meio de altura, usando sapatos grotescos, muito grandes, calçados em pés trocados, e um paletó demasiadamente amplo para o volume do corpo e da estatura, mostrava a particularidade de
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bigodes tão extensos que se arrastavam pelo chão, até uma distância aproximada de três ou quatro metros! Ela os exibia provocantemente, qual palhaço, soprando-os de quando em vez, e aquela ridícula metragem de bigodes, então, se levantava no ar, ondulante, para se enrolar depois, tomando a posição natural dos bigodes humanos. Não nos foi possível conter o riso diante desse infeliz mistificador, que se nos afigurou mais leviano e cômico do que mau. Porém, incontinenti, Charles nos repreendeu, com vivacidade, e, segurando nossa mão com força, disse num murmúrio: — “Rir-se é aplaudir, louvar seus atos, e, portanto, afinar-se com eles... Haverá troca de vibrações... e de qualquer forma se estabelecerá o malefício... Será necessário ao médium, como ao Espírito, diante deles, o domínio de toda e qualquer impressão ou emoção, um equilíbrio isolante, que traduza superioridade moral...” Alguns outros pareciam aleijados, pois se mostravam com pernas e braços tortos, bocas retorcidas em esgares e carantonhas chocantes, olhar estrábico, enquanto suas vestes seriam antes andrajos, e não fantasias. Gemiam e choravam, bradando pelo socorro de alguém que os ajudasse a se recompor, pois não conseguiam reequilibrar-se no estado que lhes era natural antes das farsas mistificadoras, que criavam no intuito de atormentar o próximo. Pareciam sofrer superlativamente, aterrorizados, deprimidos, decepcionados. E Charles tornou, explícito: — “Esse o final de tantas leviandades e inconseqüências por eles praticadas. Como ninguém mais
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ignora, o perispírito é um corpo semimaterial, sutil, impressionável, sensível, registrando em suas potencialidades vertiginosas até as ondulações dos mais suaves pensamentos. Agindo sobre esse envoltório tão delicado quão sublime, a mente e a vontade individuais farão dele o que desejarem, visto que a mente — ou o pensamento, a vontade, a energia psíquica, a essência do ser — cria, produz, edifica, realiza, conserva, aplica, modifica, servindo-se das poderosas forças
Como ninguém mais ignora, o perispírito é um corpo semimaterial, sutil, impressionável, sensível
que lhe são naturais. Dedicadas ao exercício contínuo de tantas ações desarmoniosas, afeitas a tantas inconveniências e inconseqüências, comumente durante longas décadas, essas entidades terminam por viciar não apenas a própria mente, como ainda as próprias essências, ou matérias sutis e maleáveis do perispírito, o qual se deforma ante os choques, por assim dizer magnéticos, das vibrações
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emitidas para o lamentável feito, se afeiam ante o domínio mental de tantas carantonhas e desfiguração da forma ideal perispirítica imaginada pela Criação. Mal-intencionadas e avessas ao Bem, tanto se fazem de feias e desagradáveis, deformando voluntariamente o perispírito, no só intuito de infelicitarem o próximo, mistificando-o até à obsessão, através do pavor e da alucinação que infundem, que, depois, quando percebem a conveniência de se deterem, porque prejudicam a si próprias, já não conseguem forças para se refazerem e voltarem ao natural. Não é em vão que se abusa das leis gerais da Criação, na Terra como no Espaço, e, por isso mesmo, esses infelizes assim permanecerão, sob sua inteira responsabilidade e por livre e espontânea vontade: contundidos pela mente, feridos pelos choques desarmoniosos das próprias vibrações dirigidas a atos contrários ao alvo estabelecido pela Divindade Suprema. E, tais como se encontram, serão encaminhados para a reencarnação, como infratores da ordem pública o seriam para um presídio, único recurso da atualidade — a reencarnação — para, lentamente, reequilibrá-los na harmonia geral, visto que as formas pesadas da matéria carnal serão como que formas ortopédicas necessárias à minoração de tais enfermidades vibratórias, de origem moral-consciencial. Mas, como facilmente se compreenderá, os pobres folgazãos, inconseqüentes e malvados, renascerão doentes fisicamente, já que doentes graves são como Espíritos, arrastando o corpo intermediário, ou perispírito, brutalizado como assine: (19) 3233-5596
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vês... Serão, portanto, enfermiços, raquíticos, retardados, vítimas de males incompreensíveis, que a Medicina terrena diagnosticará como de origens sifilíticas; serão feios, tristes, doloridos, tardos de movimento e ação, porque tardos de vibrações, sofredores e até dementes, tolos, medíocres... causando, muitas vezes, repugnância e compaixão a quem os conhecer. A sentença cristã — A cada um segundo as próprias obras — é artigo mais elástico do que os homens têm imaginado. Esses infelizes que aí vês, ferindo, atraiçoando, mentindo, perseguindo seus irmãos de Humanidade, na Terra como no Invisível, a si próprios feriram, atraiçoaram, mentiram, perseguiram... E assim sendo, as más ações, engendradas por suas mentes desorganizadas, reduziram-nos a sofredores em luta com provações melindrosas, a convalescentes psíquico-conscienciais que demandarão períodos seculares, até que atinjam o necessário equilíbrio, isto é, a regeneração e a reparação completa do mal praticado. Do que fica exposto, depreenderás as responsabilidades que pesam sobre os ombros dos espiritistas, médiuns ou não. Através deles, será necessário que os ensinamentos e revelações que a Espiritualidade concede sejam concienciosamente propagados entre os homens, a estes auxiliando na reeducação de si mesmos, a fim de não mais se deixarem enredar nas teias obsessoras de criaturas de tal espécie, que agem de preferência através do sono corporal de cada noite, pois as vossas sociedades estão repletas de casos lamentáveis, originados do conluio das paixões de uns e de assine: (19) 3233-5596
outros... assim como repletas estão de reencarnações expiatórias desses mistificadores terríveis, que acabas de surpreender em ação... E que leigos e espíritas meditem, a tempo, sobre o perigo dos desequilíbrios no mundo mental de cada um, que bem poderão fornecer acesso a uma
A sentença cristã — A cada um segundo as próprias obras — é artigo mais elástico do que os homens têm imaginado
invasão análoga do Invisível...” Resta-nos acrescentar que a criança que deu motivo à presente lição se corrigiu das anormalidades apresentadas. E o que mais contribuiu para tão feliz desfecho foi o serviço de conselhos e preces a favor das entidades influenciadoras, durante as fraternas e tão belas reuniões do Culto do Evangelho no Lar, que os espíritas há algum tempo tão amorosamente praticam, recordando os tempos apostólicos... Fonte: PEREIRA, Yvonne A. Devassando o Invisível. Págs. 122- 137. Feb. 2003.
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com todas as letras
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Som Igual leva a Erros Graves por Eduardo Martins
N
a hora de escrever, você já teve dúvidas a respeito de pares como xeque/cheque, taxar/tachar hora/ ora, houve/ouve, haja/ aja e trás/traz, por exemplo? Se teve, saiba que essas são algumas das principais armadilhas que ameaçam um bom texto. Por isso, não hesite (jamais escreva “exite”, que é erro grave). A consulta aos livros de referência, mesmo que seja um dos vários minidicionários existentes no mercado, é sempre indispensável nessa hora. Ela poderá evitar equívocos cada dia mais comuns nos jornais e revistas com palavras do mesmo som (homófonas ou homônimas), como x e ch. Então, atente sempre para o sentido: xeque é a situação, no jogo de xadrez, em que o rei fica sob ameaça. Por analogia, diz-se que alguém ficou em xeque, está em xeque ou foi posto em xeque (e nunca “em cheque”, uma vez que cheque é o documento bancário). A imprensa recorre muito ainda à dupla tachar/ taxar. Mas é preciso distinguir: tachar significa acusar, pôr defeito em, e taxar, impor tributo a. Portanto: Músico é tachado (e não “taxado”) de conservador / O deputado tachou (e não “taxou”) o adversário de ladrão. / O governo taxou ainda mais os contribuintes. A presença ou não do h inicial também dá origem a confusão em pelo menos três situações. Assim, como equivalente a por enquanto, a locução
correta é por ora (ora, no caso, é a redução de agora). Assim: Por ora (e nunca “por hora”), o técnico vai acumular os dois cargos. /Por ora (e nunca “por hora”), vamos esperar. Por hora significa por 60 minutos e aparece apenas em frases como: Ele estava a 60 quilômetros por hora. Os outros dois casos do uso do h ocorrem com duas flexões do mesmo verbo. Então, lembre-se: se haver tem h, é natural que todas as suas pessoas mantenham essa letra inicial. E como saber se se trata do verbo haver? Basta substituí-lo por existir. Portanto: É provável que a novela saia do ar sem que haja (e não “aja”, como saiu num jornal) nenhuma tentativa de conclusão da trama. / O fundamental é o dinheiro. E haja (e não “aja”) disposição. A flexão aja (de agir) pode ser substituída por atue: É preciso que ele aja (atue) com rapidez / Não aja (atue) antes da hora. Houve, igualmente de haver, é mais uma forma com h que já figurou muitas vezes nos textos no lugar da sua homônima, ouve, de ouvir. No caso, é só aplicar os equivalentes existir (haver) e escutar (ouvir): Fale alto porque ele ouve (e não “houve” — o sentido é o de audição) mal. /Não houve (existiu) demora. Finalmente, diferencie mais este par: traz (e nunca “trás”) é a flexão de trazer: Sempre traz presentes para os pais. Trás é o mesmo que atrás: Chegue para trás. / Veio de trás. Por isso, também, atrasar atrasado, atrás, detrás, traseira, etc.
Fonte: MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 119. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.
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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
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Fé
“Mas os cuidados deste mundo, os enganos das riquezas e as ambições doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, que fica infrutífera.” — Jesus. (Marcos, 4:19.)
A árvore da fé viva não cresce no coração, miraculosamente. Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do esforço da criatura. Qualquer planta útil reclama especial atenção no desenvolvimento. Indispensável cogitar-se do trabalho de proteção, auxílio e defesa. Estacadas, adubos, vigilância, todos os fatores de preservação devem ser postos em movimento, a fim de que o vegetal precioso atinja os fins a que se destina. A conquista da crença edificante não é serviço de menor esforço. A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa auréola doada a alguns espíritos privilegiados pelo favor divino. Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis conseqüências. A sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo desdobramento cada aprendiz
funciona como orientador, engenheiro e operário de si mesmo. Não se faz possível a realização, quando excessivas ansiedades terrestres, de parceria com enganos e ambições inferiores, torturam o campo íntimo, à maneira de vermes e malfeitores, atacando a obra. A lição do Evangelho é semente viva. O coração humano é receptivo, tanto quanto a terra. É imprescindível tratar a planta divina com desvelada ternura e instinto enérgico de defesa. Há muitos perigos sutis contra ela, quais sejam os tóxicos dos maus livros, as opiniões ociosas, as discussões excitantes, o hábito de analisar os outros antes do auto-exame. Ninguém pode, pois, em sã consciência, transferir, de modo integral, a vibração da fé ao espírito alheio, porque, realmente, isso é tarefa que compete a cada um.
Emmanuel - Chico Xavier Vinha de Luz
Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar”
O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” convida você e sua família para estudar o Espiritismo.
R. Prof. Luís Silvério, 120 Vl. Marieta - Campinas/SP
Venha conhecer a Filosofia, a Ciência e a Religião Espíritas.
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- Uma aula por semana - Aulas apostiladas e dinâmicas - Exibição de filmes (em telão) alusivos aos temas
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ATIVIDADES PARA 2008
CURSOS GRATUITOS
Cursos Dias Horários Início 1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 11/02/2008
Aberto ao Público: Necessário Inscrição: 3032-0256 / 3386-9019 3233-5596
1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana.
sábado
14h00 - 15h00
16/02/2008
Aberto ao Público: Necessário Inscrição: 3032-0256 / 3386-9019 3233-5596
2º Ano
3ª Feira
20h00 - 22h00
12/02/2008 Restrito
2º Ano Sábado
16h00 – 18h00
16/02/2008 Restrito
3º Ano
20h00 - 22h00
13/02/2008 Restrito
9h00 – 11h00
17/02/2008 Restrito
4ª Feira
3º Ano Domingo Parábolas Evangélicas: Estudo das Parábolas de Jesus à luz do Espiritismo. Duração: 1 ano com uma aula por semana.
20h00 – 21h00
06/03/2008
sábado
20h00 – 21h00
Aberto ao público. Não é necessário fazer inscrição. Basta comparecer na data. 07/03/2008
Atendimento ao público Assistência Espiritual: Passes
2ª Feira
20h00 - 20h40
ininterrupto Aberto ao Público
Assistência Espiritual: Passes
4ª Feira
14h00 - 14h40
ininterrupto Aberto ao Público
Assistência Espiritual: Passes
5ª Feira
Estudos Bíblicos: Estudo da Bíblia à luz do Espiritismo com aulas e projeção (em telão) de filmes alusivos aos temas. Duração: 1 ano com uma aula por semana.
5ª Feira
Aberto ao público. Não é necessário fazer inscrição. Basta comparecer na data.
20h00 - 20h40
ininterrupto Aberto ao Público
Assistência Espiritual: Passes Domingo
09h00 - 09h40
ininterrupto Aberto ao Público
Evangelização da Infância: De 3 a 14 anos Domingo
10h00 - 11h00 Fev / Nov Aberto ao Público
Mocidade Espírita: De 15 a 23 anos Domingo
10h00 – 11h00
ininterrupto Aberto ao Público
Palestras Domingo
10h00 - 11h00
ininterrupto Aberto ao Público