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CRÓNICA: 25 DE ABRIL NA MATEMÁTICA

CARLOS MARINHO

PROFESSOR DE MATEMÁTICA

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25 DE ABRIL NA MATEMÁTICA

MARYAM MIRZAKHANI

Durante muitos anos o acesso ao ensino e à matemática foram vedados em Portugal a um conjunto alargado de pessoas pelo seu género, idade, cor, que os afastavam da aprendizagem. Basta nos lembrarmos o que acontecia antes do 25 de abril de1974. Não se pense que esta limitação foi só em Portugal. A Medalha Fields é um prémio concedido a matemáticos de todo o mundo com menos de 40 anos de quatro em quatro anos. A Medalha Fields é conotada como o “Prémio Nobel dos Matemáticos”. No ano de 2014 fez-se história na matemática, pela primeira vez uma mulher recebeu este prémio. Maryam Mirzakhani, de origem iraniana, mas residente nos EUA, tornou-se a primeira mulher a ser galardoada pelo seu trabalho em geometria complexa. O anúncio foi feito em Seul, no Congresso Internacional de Matemática 2014. Nunca na história da Medalha Fields (desde 1936) houve uma mulher premiada. Mirzakhani tinha 37 anos e foi professora na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América. Foi na adolescência que descobriu a paixão pelos números ao participar nas Olimpíadas da Matemática, onde ganhou várias medalhas de ouro. A vencedora da Medalha Fields era licenciada em Matemática pela Universidade de Tecnologia de Sharif, em Teerão, e tinha uma pós-graduação em Harvard. Maryam Mirzakhani morreu aos 40 anos vitima de doença prolongada. Fica na história como a primeira mulher a marcar a diferença, ganhando um prémio que até aí, era dado só a homens. Quando se trabalha com qualidade o género, a idade, a cor não podem nem devem ser obstáculos ao mérito dos melhores. Os que mais e melhor trabalham devem ser recompensados. Pablo Picasso referiu um dia quando o questionavam sobre o seu trabalho, “quando a inspiração me visita estou sempre a trabalhar”. “No passado dia 22 de março de 2018, na Escola Superior de Educação Paula Frassinetti, o ensino da matemática esteve na ordem do dia. Natural de Matosinhos, Carlos Marinho, Coordenador do Clube de Matemática da Sociedade Portuguesa de Matemática, convidado por Daniela Gonçalves, também de Matosinhos, coordenadora do Departamento de Professores da ESEPF, realizou uma palestra de matemática, para um público exclusivamente feminino, no âmbito dos cursos de Licenciatura em Educação Básica e de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º ciclo do Ensino Básico. Inserido num ciclo de aulas abertas esta palestra serviu para contribuir para uma reflexão centrada na formação de professores, fomentando espaços de encontro com conhecimentos, visões e práticas formativas promotoras de desenvolvimento do ensino. Pelas reações, esta palestra foi um sucesso.

ENGENHEIRO CICIL E ADMNISTRADORA HELENA VAZ

EU ACHO QUE SENDO UMA REFERÊNCIA NACIONAL E INTERNACIONAL, COMO É, A MATOSINHOS SPORT DEVE SER MOTIVO DE ORGULHO PARA OS MATOSINHENSES.

IMAGENS MATOSINHOS SPORT

Helena Vaz, engenheira civil e administradora executiva da Matosinhos Sport, deu-nos a conhecer o universo do desporto que é levado ao peito por toda a equipa que compõe a empresa. Pioneiros em diversas modalidades, atividades e infra estruturas, a Matosinhos Sport coloca o concelho e os cidadãos no pódio deste ‘mar de desporto’.

Como e quando surgiu a Matosinhos Sport?

A Matosinhos Sport nasceu em novembro de 2002.A autarquia sentiu na altura, tal como hoje, a necessidade da existência de uma equipa dedicada e especializada na gestão de equipamentos desportivos e na prossecução de atividades desportivas no município. Isto para além do forte apoio ao associativismo levado a cabo pelo município e face ao enorme parque desportivo municipal e às novas tendências, que levavam a uma maior intervenção na área do desporto formal, mas também informal. Cumpre 16 anos este ano, é uma empresa jovem e como tal cheia de energia!

Qual é a principal missão da empresa?

Bem, há uma frase “batida” que consta de toda a documentação da Matosinhos Sport, que é a de “assegurar o planeamento, a administração, a gestão e a manutenção de espaços e equipamentos desportivos da Câmara Municipal de Matosinhos, bem como promover e realizar atividades de animação desportiva”, mas acho-a um pouco generalista… Repare: a empresa tem sob sua alçada 9 piscinas municipais (2 descobertas, as restantes cobertas) e ainda diversos equipamentos desportivos, entre 5 campos de futebol, 14 pavilhões, 1 pista de atle-

tismo, 1 campo de ténis, 1 ginásio, mais de 10 salas de desporto… é um parque desportivo de referência, direi que sem comparação a nível nacional! Além disso, está sempre a crescer… Neste conjunto de equipamentos temos milhares de pessoas, ligadas ou não a dezenas e dezenas de instituições do concelho, que somam, num ano civil normal, mais de 2.000.000 – repare, mais de 2 milhões – de utilizações! Isto sem falar dos eventos nacionais e internacionais que levamos a cabo e que trazem a Matosinhos milhares de pessoas, com um impacto significativo na economia local.

Perante este número de eventos, utilizadores e utilizações, entre jogos, treinos, aulas, entre outros, quase todos os dias, em milhares de horas por ano, a questão é: quem coordena todo este movimento, quem o gere, quem o planeia, ou simplesmente quem faz a manutenção e limpeza diária, ou dá as aulas e organiza as turmas das escolas de natação, por exemplo?

É aqui que está a Matosinhos Sport! É a esta a sua missão, dia após dia, semana após semana, mês após mês, não só por estamos sob a bandeira da melhoria contínua que nos é imposta pelo facto de sermos uma empresa certificada, pela norma ISO 9001:2008 no âmbito da Gestão de Equipamentos e Atividades Desportivas e de Lazer, mas sempre na procura do melhor para o concelho e para todos os que beneficiam das nossas instalações e atividades.

HIDROGINÁSTICA

Os serviços são direcionados para que público (só cidadãos do concelho ou fora)?

Os nossos serviços são direcionados a todos, de todas as idades, desde os que vivem ou residem no concelho, mas também para aqueles que aqui trabalham ou estudam ou que apenas nos visitam. No entanto, o nosso foco está, obviamente, no munícipe, no matosinhense. Para ter uma ideia, só a rede de 7 piscinas municipais dispõe atualmente de cerca de 17.000 clientes ativos, divididos entre particulares, empresas, escolas (e entre elas as crianças do 1º ciclo) e o movimento associativo (que não engloba só clubes, mas também IPSS) e que são, na sua maioria, matosinhenses. Por outro lado, é nos nossos campos relvados e pavilhões municipais que encontramos muitos dos mais de 7000 atletas federados de Matosinhos, oriundos de mais de 40 instituições desportivas do concelho e a praticar mais de 20 modalidades diferentes! No entanto, se falarmos das piscinas descobertas das Marés e Quinta da Conceição que recebem mais de 50.000 pessoas na época balnear e muitos outros que, ao longo do ano, chegam a Matosinhos pelo turismo arquitetónico, estamos a falar de outro publico, maioritariamente de fora do concelho e mesmo do país, com gente de todo o mundo que vem à procura das obras dos grandes arquitetos, dos Pritzker de Matosinhos, Souto Moura e Siza Vieira.

Quais são as modalidades/atividades que dispõem?

Se estivermos a falar das modalidades que disponibilizamos nas piscinas municipais estamos a falar de mais de 20 modalidades aquáticas diferentes, desde o mergulho ao triatlo, passando pelas atividades de lazer e a natação destinada a todas as idades. No entanto, é uma abordagem superficial; eu prefiro dizer que nós marcamos pela inovação e originalidade: foi em Matosinhos, pela mão da Matosinhos Sport, que pela primeira vez foram disponibilizadas em piscinas municipais, equipamentos e modalidades aquáticas como o Aquagym (ginásio dentro de água),

AQUAFIT BOARD

Hidrobike, Aquapole e Aquaboxe e, mais recentemente, o Aquafitboard; tudo isto sempre sob alçada de um quadro técnico de um know how de referência (que partilha experiência em ações de formação nacionais e internacionais, (e)levando o bom nome do concelho) que desenvolve o seu trabalho em equipamentos seguros, com sistemas inovadores de tratamento de ar e água, entre outros e que são garantias de bem estar dadas a todos os seus utilizadores.

O que é o Centro de Desportos e Congressos? Foi construído com que objetivo?

Estamos a falar de um local onde funciona a sede da empresa, mas também outros serviços como o Centro Qualifica de Matosinhos, o Centro ACP Kids ou o Instituto Português de Afasia; mas também é o local onde se situa o ginásio MS Fit e onde ficam os pavilhões Ilídio Ramos – onde joga o voleibol do Leixões S.C. - e Prof. Costa Pereira, talvez um dos maiores pavilhões desportivos de Portugal, com capacidade para cerca de 3500 espectadores sentados, e que recebe regularmente – para além de mais de uma dezena de entidades que detêm mais de 100.000 utilizações individuais anuais, divididas entre fitness, voleibol, basquetebol, futsal, patinagem… - eventos das seleções nacionais, como a Liga Mundial de Voleibol, o Campeonato da Europa de Basquetebol, ou o Campeonato da Europa de Karaté… É um espaço multidisciplinar, onde acontece tanta coisa todos os dias e que, de “um elefante branco”, como gosta de dizer quem não sabe, só tem a cor das paredes!

O que é a MS Fit? Quais as modalidades que dispõem? Quem pode praticar?

É um ginásio municipal, que nasceu com um caráter low cost, e que maximiza diversos espaços não só no Centro de Desportos e Congressos, mas ainda nas piscinas de Guifões e Custóias. Atualmente detém cerca de 600 utilizadores individuais ativos que representam, entre aulas de grupo e individuais, cerca de 48.000 utilizações anuais. Tem cerca de duas dezenas de modalidades fitness, para todas as idades, mas merecem destaque as destinadas aos mais novos, como o Hip Hop Kids e o Zumba Kids, muito populares! As atividades do MS Fit são também ponte para o ‘Põe-te a Mexer’, programa de desporto informal, com caminhadas e aulas de fitness gratuito, que nasceu aqui em Matosinhos e que é hoje replicado, claro que com outro nome, por toda a parte.

Existem parcerias com outras empresas ligadas ao desporto?

Para além das várias associações e clubes, nas nossas instalações há várias empresas a desenvolver a sua atividade: por exemplo, as empresas de mergulho, ou as associações de nadadores salvadores, que aqui treinam antes de ir para o mar. Mas também temos parcerias com promotores privados e de eventos desportivos e

HIDROBOARD

PERANTE ESTE NÚMERO DE EVENTOS, UTILIZADORES E UTILIZAÇÕES, ENTRE JOGOS, TREINOS, AULAS, ENTRE OUTROS, QUASE TODOS OS DIAS, EM MILHARES DE HORAS POR ANO, A QUESTÃO É: QUEM COORDENA TODO ESTE MOVIMENTO, QUEM O GERE, QUEM O PLANEIA, OU SIMPLESMENTE QUEM FAZ A MANUTENÇÃO E LIMPEZA DIÁRIA, OU DÁ AS AULAS E ORGANIZA AS TURMAS DAS ESCOLAS DE NATAÇÃO, POR EXEMPLO? É AQUI QUE ESTÁ A MATOSINHOS SPORT!

empresas de formação em fitness de terra e aquático, entre outras. Talvez a mais importante das parcerias seja aquela que desenvolvemos com as autarquias da chamada Frente Atlântica, Gaia e Porto, não só na partilha de experiencias, mas também na organização de eventos de grande dimensão, como o Campeonato do Mundo de Vela 49nrs ou as provas de Surf e Bodyboard e ainda a Maratona Internacional do Porto. Mas vamos ainda mais longe, com partilha de experiências com outros concelhos, de Portugal e Espanha, em especial os do Noroeste Peninsular, ou mesmo outras cidades, de outros países e continentes.

Que impacto/importância tem a Matosinhos Sport para os matosinhenses?

Bem, se essa pergunta fosse colocada a algumas pessoas, dir-lhe-iam nenhuma…, mas estaria a perguntar a quem não sabe, não conhece ou não tem competência para discernir o que é, na realidade, a Matosinhos Sport e a relevância que tem no concelho e na vida dos matosinhenses. É tão simples quanto isto: se a Matosinhos Sport deixasse de existir, de um momento para o outro, praticamente deixariam de existir quaisquer condições para a prática desportiva informal nas piscinas municipais; por exemplo, as crianças do 1º ciclo do ensino básico que através do pelouro da Educação da Câmara Municipal têm a possibilidade de aprender a nadar – gratuitamente – nas nossas piscinas municipais, ficariam já excluídas. No caso dos clubes e da prática desportiva formal, a federada, a falta de gestão e organização dos espaços, a ausência de manutenção, a falta de qualquer intervenção ou até adaptação dos mesmos de hora para hora ou dia para dia para a prática das diversas modalidades criaria o caos e a impossibilidade de treinos regulares ou do desenrolar de competições já agendadas. Estamos a falar do prejuízo de centenas de equipas, com centenas de horas de treino e jogo por semana! Deixar estes espaços sem manutenção ou sem supervisão especializada, por qualquer período pelo mais curto que seja, seria absolutamente desastroso; a título de curiosidade, se a água de algum dos 13 tanques das 7 piscinas municipais for deixada por tratar durante 2 ou 3 dias, ficará irremediavelmente inutilizada e imprópria, constituindo um risco para saúde pública. Já para não falarmos de sistemas de ventilação de pavilhões, de tratamento de relvados, de limpeza…

Eu acho que sendo uma referência nacional e internacional, como é, a Matosinhos Sport deve ser motivo de orgulho para os Matosinhenses.

Projetos ou atividades relevantes para o presente ano:

Digo-lhe já uma novidade, a título de curiosidade: Aqua Pilates. Mas também refiro a passagem para a nova norma, a 9001:2015. Entre várias outras surpresas que não posso desvendar! Importa ainda referir um acordo de relevo, aquele que fizemos com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos e que permitirá aos munícipes/utentes da ULS a utilização das piscinas municipais em modalidades especificas como as destinadas a grávidas e jovens mães (pré e pós-parto) e ainda outras, como o Aquagym, para reabilitação de várias patologias.

Projetos para o futuro (que possa mencionar):

Há vários projetos para este ano e para o futuro próximo, muitos ainda a ser tratados – através da Câmara Municipal - e que passam não só pelo reforço do apoio ao Associativismo ou pela dinamização de atividades e eventos, mas também pela construção de novos equipamentos desportivos e requalificação de vários existentes. Por outro lado, as populações especiais, como os seniores, merecem a nossa maior atenção, pelo que estamos a finalizar um programa municipal específico. Estamos no início de um novo mandato, logo, a seu tempo surgirão mais novidades.

C.R.P.F. LAVRA

O OBJETIVO PRINCIPAL PASSA PELA CONQUISTA DO CAMPEONATO!

TEXTO TIAGO SÁ PEREIRA

Quem o diz é Nuno Teixeira, Vice-Presidente do Centro de Recreio Popular da Freguesia de Lavra. O C.R.P.F Lavra tem vindo a fazer uma temporada fantástica, somando 13 vitórias e apenas uma derrota em 14 jogos disputados. Com 39 pontos amealhados, Nuno Teixeira admite que o “desejo passa por recolocar o Lavra na segunda divisão do Hóquei Nacional”, um “clube com bases familiares e onde todos trabalham por amor à instituição que representam”. Um dos principais responsáveis pela campanha é o guardião Nuno Costa. Aos 30 anos de idade e após rejeitar alguns convites da Primeira Liga, Nuno assume o “sonho de representar o Lavra no principal escalão”, equipa que já representa há 23 anos. O Lavra tem, neste momento, a melhor defesa da competição, com 32 golos sofridos. Facto que enche de orgulho o técnico Fernando Pinto: “estou consciente de que o grupo está recheado de qualidade e que o trabalho desenvolvido por todos continuará a trazer frutos”. Já na Taça de Portugal, a equipa alcançou os quartos-de-final da prova, caindo perante o histórico Valongo, que milita no primeiro escalão, num jogo que terminou 2-4. Também a formação é tida em conta. Com cinco escalões de formação e pavilhão próprio, estão lançadas as fundações para o futuro do Lavra.

NUNO COSTA

FUTSAL É O QUE SE SEGUE

A direção do Leixões Sport Clube tem vindo a fazer uma aposta sustentável para devolver aos mais altos palcos do desporto nacional o histórico clube de Matosinhos. Os resultados estão à vista, com a luta pela subida à Liga Nos a ser ainda possível e com vários títulos conquistados em modalidades como o Voleibol e a Natação. Deste modo, no dia 19 deste mês, foi anunciado nas redes oficiais do clube, a criação da secção de Futsal. Após a conquista do Campeonato da Europa pela Seleção Portuguesa, em fevereiro deste ano, eis que o Leixões decide enriquecer o ecletismo do clube com uma das modalidades em maior crescimento no país. Com equipas em todos os escalões, desde os Séniores até à Academia, a aposta é forte para um futuro sustentável. A data da apresentação oficial será em data ainda a anunciar.

PAULO MENGO ABREU

PROFESSOR DE HISTÓRIA

UM LÍDER COM OS DIAS CONTADOS

Decorreu nos pretéritos dias 16, 17 e 18 de fevereiro o 37º Congresso do PSD, após diretas entre Santana Lopes e Rui Rio que terminou com a vitória do segundo com cerca de 54% dos votos. À partida poderiam os mais incautos pensar que o Congresso do partido seria uma reconfirmação do vencedor e, acima de tudo, um cerrar de fileiras em torno do líder do maior partido da oposição, de forma a potenciar uma candidatura forte para as próximas legislativas. A realidade, sem surpresa para quem conhece razoavelmente o PSD, mostrou-se bem distinta, mais parecendo um contar de espingardas para o período posterior ao próximo ato eleitoral, dando este como perdido e, como tal, começando de imediato a “contagem de espingardas”. Desde logo pelo posicionamento do antigo líder parlamentar, Luís Montenegro, que não esteve com meias palavras disparando em direção a Rui Rio, “Não deixe que o PSD se transforme no grupo de amigos de Rui Rio ou na agremiação dos amigos de Rui Rio”. Mais, anunciou a cessação do mandato de deputado, mas que não abandonaria a política e que não pediria licença a ninguém no dia em que decidisse avançar. Calculista quanto baste, deixou o trabalho “sujo” ao novo líder, sabendo de antemão das dificuldades que esperam Rio perante a popularidade de António Costa. Rei do calculismo, não avançou nas primárias do partido, colocando-se na cómoda situação de não estar, estando, através da participação em programas televisivos e outros eventos do género, preparando o próximo passo. Contando com o apoio de algumas “segundas linhas” como Hugo Soares e Carlos Abreu Amorim, acantonam-se como grupo de indefetíveis Passistas que continuam sem digerir o resultado das últimas legislativas. De resto não admira a confusão criada em volta do novo líder parlamentar, como de resto a fraca votação obtida atesta, bem como da nova Vice-Presidente, Elina Fraga, antiga Bastonária da ordem dos advogados, que ousou em tempos, no exercício dessas funções, afrontar Passos Coelho. E a senda persecutória continuará, com outros alvos, enfraquecendo propositadamente Rio e preparando o terreno para Montenegro, o que não deixa adivinhar nada de bom, até porque a cópia é sempre pior que o original. Ora, se o original foi o que foi…

GREVE DOS PROFESSORES

IMAGENS ANTÓNIO COTRIM/LUSA | TEXTO TERESA TEIXEIRA

FENPROF indica adesão acima dos 70% e anuncia novas formas de luta

O dia de greve na zona Norte do país teve lugar a 16 de março. Várias escolas estiveram fechadas em consequência do protesto, anunciou o sindicato dos professores. A paralisação foi convocada pelos sindicatos dos docentes após não ter sido possível acordo com o Governo relativamente à contabilização do tempo de serviço para o progresso das carreiras na função pública. A greve ocorreu entre os dias 13 e 16 de março, com as diferentes zonas do país a serem divididas entre estes dias. Na zona Norte o protesto ocorreu no dia 16 e abrangeu os distritos do Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança. Para este dia ficou também agendada a paralisação na região autónoma dos Açores. Apesar da participação nacional ter sido considerada “boa” pela Federação Nacional dos Professores (FENPROF), a Norte o distrito de Bragança registou uma participação modesta. No caso do Porto, e mediante as notícias divulgadas em diversos meios de comunicação social, a greve obrigou ao encerramento de diferentes locais de ensino no distrito, como aconteceu na escola Clara de Resende. O estabelecimento ficou fechado por falta de funcionários suficientes para assegurar o seu funcionamento, conforme noticiado à data pelo Porto Canal. Em Matosinhos não há confirmação pública sobre os estabelecimentos que tenham estado encerrados, sabendo-se que no caso da Escola Secundária da Boa Nova, em Leça da Palmeira, o funcionamento foi assegurado. Em declarações efetuadas à agência Lusa no último dia de protesto, no Porto, Mário Carneiro, secretário-geral da FENPROF, referiu que a adesão se fixou entre os 70% e os 75%. O representante referiu que esta paragem obrigou ao fecho de centenas de escolas em todo o país e anunciou que a luta dos docentes não ficará por aqui.

Diferendo com o governo longe de estar sanado

Mário Carneiro referiu que é intenção dos professores manter o diálogo e que nesse sentido os representantes sindicais vão requerer audiências com Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, com o primeiro-ministro António Costa e também com Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República. “O que vai acontecer é uma janela de oportunidades que todos vamos dar uns aos outros. Esperamos que até 9 de Abril seja possível conversar, negociar e encontrar caminhos para resolver os problemas atuais”, referiu o responsável, em declarações aos jornalistas no último dia de greve. O protesto dos docentes é consequência da insatisfação com os moldes em que o Governo pretende aplicar o descongelamento das carreiras em 2018. Os representantes dos professores exigem que seja contabilizado para evolução de carreiras todo o período de congelamento. Já o Governo, em diversas declarações públicas, noticiou não existirem meios financeiros para aceder a esta reivindicação. Representantes do atual executivo referiram ainda, em declarações efetuadas ao longo do final do ano passado e início de 2018, que estava prevista a evolução de metade do corpo docente incluído nos quadros, num total anunciado de 50.151. Os sindicatos não aceitam a perda destes anos de serviço e o acordo sobre o período de contabilização não se encontra ainda à vista.

RESTAURANTE S.VALENTIM

À esquerda:Chefe Valentim Santos Ao centro: Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro À direita: Jõao Soares

SARAMPO: TUDO O QUE PRECISA DE SABER

TEXTO UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA DE MATOSINHOS

As notícias dos últimos dias alertaram para uma doença que se considerava praticamente eliminada em Portugal – o sarampo. Este surto vem lembrar que esta doença altamente contagiosa afinal ainda existe, podendo ser introduzida no nosso país através de casos importados, mas que é prevenível através da vacinação. E porque o sarampo voltou às primeiras páginas dos jornais, é preciso informar a população sobre a doença e como a evitar.

O que é?

O sarampo é uma doença infeciosa aguda causada por um vírus. O vírus do sarampo é extremamente contagioso, transmitindo-se por via respiratória, através de aerossóis e gotículas de saliva expelidas nos acessos de tosse e espirros. Embora seja menos comum, pode ser também transmitido através do contacto com produtos infetados com secreções. O período de incubação geralmente é de 10 a 12 dias, embora possa variar entre 7 e 21 dias (habitualmente é mais prolongado nos adultos). Após este período, os sintomas de sarampo evoluem em duas fases distintas: · a primeira fase, denominada “período prodrómico”, caracteriza-se por sintomas inespecíficos como febre, tosse, congestão nasal, conjuntivite e sensibilidade à luz. Por vezes, mas nem sempre, surgem manchas brancas na boca que se assemelham a grãos de sal, as chamadas “Manchas de Koplik”, que são muito características da doença. Este período dura geralmente 3 a 4 dias, mas pode subsistir por 7 dias. · na segunda fase, o “período exantemático”, aparecem manchas avermelhadas na pele, que surgem inicialmente na face e pescoço e só depois se espalham pelo tronco, braços e pernas (embora não atinjam as palmas das mãos nem as plantas dos pés). Estas manchas desaparecem na mesma ordem que apareceram, ou seja, da face para os pés, podendo dar origem a descamação da pele. O período de contágio é entre os 4 dias antes do aparecimento destas manchas, até 4 dias depois. Embora o sarampo seja habitualmente uma doença benigna e auto-limitada, podem ocorrer complicações graves como pneumonia ou encefalite, podendo mesmo ser fatal. Nos adultos, a doença tipicamente é mais grave.

Tratamento

Não existe tratamento específico para o sarampo. É recomendado repouso, ingestão de muitos líquidos e o controlo da febre e sintomas. É essencial restringir o contacto com outras pessoas para evitar o contágio, particularmente com os mais suscetíveis, como as crianças com menos de um ano, grávidas, imunocomprometidos ou indivíduos que não estejam vacinados.

Prevenção

A principal forma de prevenir a doença é a vacinação. Em Portugal, a vacina faz parte do Plano Nacional de Vacinação, sendo administrada em conjunto com as vacinas contra a parotidite epidémica (mais conhecida por “papeira”) e contra a rubéola, sendo conhecida pela sigla VASPR. A vacina é gratuita e encontra-se disponível nas unidades de saúde, estando recomendadas duas doses, a primeira aos 12 meses e a seguinte aos 5 anos. A vacinação antes destas idades está prevista apenas em situações excecionais e requer sempre prescrição médica. Adultos nascidos após 1970, que nunca receberam a vacina e nunca tiveram sarampo, também têm indicação para vacinação. Embora seja incomum, a doença pode surgir em pessoas vacinadas, mas com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso. Em Portugal, a cobertura vacinal para o sarampo é elevada (98% para a primeira dose e 95% para a segunda), conferindo imunidade de grupo à população, isto é, tornando difícil a propagação do vírus e protegendo indiretamente aqueles que não receberam a vacina. Além disso, a grande maioria das pessoas mais velhas tiveram contacto com a doença na infância, estando portanto imunes à mesma. Assim, não há motivos para temer uma epidemia de grande dimensão. Perante uma situação de sintomas compatíveis com sarampo, deverá ser contactada a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e restringir-se ao máximo contacto com outras pessoas.

JOSÉ HENRIQUE CORREIA

PROFESSOR DE HISTÓRIA

ATRIBULAÇÕES

Enquanto nos EUA,as relações perigosas entre Donald Trump e a Rússia são um folhetim sem fim à vista,em Itália,a carreira politica de Sílvio Berlusconi parece não ter fim. Aos 81 anos,o ex-primeiro-ministro e a sua Forza Itália permitiram contrabalançar forças nas recentes eleições legislativas,depois de uma não muito longínqua vitória(sobre esquerda e populistas),nas locais,na Sicília. Na véspera,o Líbano levara um abanão quando o primeiro-ministro,Saad Hariri,se demitira. O anúncio feito em Riade,coincide com um aumento da tensão entre Arábia Saudita e Irão,levando muitos a temer o fim do status quo multiconfessional libanês por pressão dos arquirrivais do Médio Oriente. No Zimbabué,um golpe militar contra Robert Mugabe,visou uma das ditaduras africanas mais duradouras. Já no Quénia, sobre se,Uhuru Kenyatta tomaria posse com Presidente,a expetativa tribal tremeu. Após umas eleições anuladas pela justiça e outras boicotadas pela oposição,continuará o país unido? Também Marrocos treme desde que,há um ano,aumentaram os protestos na região nortenha do Rif. O drama de Ghouta Oriental terá exclusividade de análise em abril.

1 PEÇA 3 LOOKS PARA DIFERENTES OCASIÕES

NESTA EDIÇÃO VOU TENTAR DEMONSTRAR A IMPORTÂNCIA DE TER UM VESTIDO PRETO NO SEU GUARDA ROUPA E COMO O PODERÁ UTILIZAR EM 3 OCASIÕES DESTINTAS.

TEXTO CAROLINA COSTA LEITE

1.Uma festa ou jantar especial

Com os acessórios apresentados – os sapatos, os brincos e a mala, torna o look mais “polish”.

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2.Trabalho

Com a colocação de um blazer e uns botins torna o vestido apropriado para qualquer ambiente de trabalho um pouco mais formal.

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3.Fim de semana descontraído

A união das sapatilhas com o casaco de ganga torna esta peça um pouco mais descontraída. Perfeito para um passeio à beira mar.

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CINEMA

TIAGO LEÃO

BLOG: SALA3

ANIQUILAÇÃO

TÍTULO ORIGINAL:ANNIHILATION REALIZADOR: ALEX GARLAND GÉNERO: AVENTURA, DRAMA, FANTASIA ELENCO: NATALIE PORTMAN, JENNIFER JASON LEIGH, GINA RODRIGUEZ MAIS DURAÇÃO: 1H 55MIN

O Netflix veio para fazer mossa! As suas séries originais têm tido grande sucesso, já não se pode dizer o mesmo dos seus filmes. Não têm sido todos um erro mas a maior parte sim. “Aniquilação” de Alex Garland (“Ex-Machina”) tenta ser uma daquelas exceções: um filme de ficção-científica que nos quer deixar a pensar. Alguns cientistas parte numa missão secreta para uma zona misteriosa onde as leis da natureza e da física não se aplicam. Uma coisa que se destaca logo é a qualidade de todo o elenco. Temos Natalie Portman, Tessa Thompson, Oscar Isaac, Jennifer Jason Leigh - entre outras mais - que conseguem transmitir uma história única em cada uma das personagens, mesmo que tenham pouco tempo no ecrã. A fotografia do filme é muito boa, com ótimo tratamento e uma vivacidade acima do normal das produções do serviço de streaming (o que também é normal, visto que o filme foi produzido pela Paramount e o Netflix apenas o comprou). A história pode ter várias interpretações… Temos a abordagem mais direta à exploração de uma ameaça vinda do espaço e todas as implicações na natureza, como a criação de mutantes animais e vegetais. Nas entrelinhas, podemos perceber o verdadeiro sentido desta jornada, o significado de cada descoberta e como resolvem lidar com cada nova informação. No geral, não é um filme tão consistente como “Ex-Machina” e, em alguns momentos, tenta ser mais esperto do que na verdade é. Mas tal não implica que “Aniquilação” não seja um bom filme no catálogo do serviço.

NAS SALAS

O ÚLTIMO RETRATO

REALIZADOR: STANLEY TUCCI GÉNERO: DRAMA TÍTULO ORIGINAL: FINAL PORTRAIT ELENCO: GEOFFREY RUSH, ARMIE HAMMER, CLÉMENCE POÉSY DATA DE ESTREIA: 15/03/2018 DURAÇÃO: 9OM

De visita a Paris, em 1964, James Lord (Armie Hammer), um escritor americano e amante das artes, é convidado pelo reconhecido artista Alberto Giacometti (Geoffrey Rush) a pousar para um retrato. Giacometti assegura a Lord que o processo demorará apenas alguns dias. Lisonjeado e curioso, Lord concorda em posar. Assim começa não só a história de uma peculiar amizade, mas também uma exploração, através do olhar de Lord, sobre a beleza, frustração, profundidade e ocasional caos do processo artístico.O “Último Retrato” é o retrato de um génio e de uma amizade entre dois homens profundamente diferentes, que vão ficando cada vez mais próximos um do outro, através de um singular e sempre mutável ato de criatividade.

PARA LER

UM LIVRO HOJE, PORQUE NÃO?

A COMIDA QUE ME FAZ BRILHAR

ANO: 2018 AUTOR: ISABEL SILVA

“A Comida Que Me Faz Brilhar” é o segundo livro de Isabel Silva, de 31 anos, adepta incondicional do desporto e da alimentação saudável.

“Não tenho a pretensão de ser chef de cozinha, nem nutricionista, nem PT (personal trainer). Sou apenas uma mulher apaixonada pelo bem-estar, por uma vontade enorme de me sentir saudável, porque não há nada melhor do que nos sentirmos saudáveis e vivo nessa busca constante e prazerosa. E este livro é o reflexo deste pensamento, com pratos simples e fáceis de fazer”, afirmou a autora.

A MINHA BREVE HISTÓRIA

ANO: 2014 AUTOR:STEPHEN HAWKING Autobiografia de um dos mais brilhantes cientistas do nosso tempo, que mostra um Hawking apenas entrevisto nos seus livros anteriores: o estudante curioso a quem os colegas alcunharam Einstein, o gracejador que apostou uma assinatura da Playboy sobre a existência de buracos negros e o jovem marido e pai lutando para conquistar um lugar no difícil mundo académico, sem esquecer o diagnóstico, aos 21 anos, da doença que o confinaria a uma cadeira de rodas. Um relato corajoso e sensível, uma mensagem de esperança e uma lição de vida. Stephen Hawking tem deslumbrado leitores em todo o mundo com uma série de best-sellers sobre os mistérios do Universo. Agora, pela primeira vez, o cosmólogo mais brilhante do nosso tempo, em vez de olhar para o Universo, olha para dentro, oferecendo-nos um olhar revelador sobre sua própria vida e evolução intelectual. A Minha Breve História relata a viagem improvável de Hawking, desde a sua infância no pós-guerra em Londres até aos anos de celebridade mundial. Ricamente ilustrado com fotografias raramente vistas, este relato conciso, inteligente e sincero apresenta um Hawking raramente vislumbrado nos livros anteriores.

PARA JOGAR

O QUE NÃO PODE FALTAR A UM GAMER

SURVIVING MARS

TEXTO VÍTOR PAIVA

LANÇAMENTO: 15 DE MARÇO 2018 DESENVOLVEDOR: HAEMIMONT GAMES GENERO: SIMULAÇÃO, ESTRATÉGIA PLATAFORMAS: PLAYSTATION4, XBOX ONE, MICROSOFT WINDOWS, OS X, LINUX.

Dos criadores da série de videojogos Trópico, chega-nos agora um novo desafio: Sobreviver no Planeta Vermelho. Neste novo jogo, o jogador tem como sua responsabilidade administrar uma colonia humana em Marte. Tentando evitar o colapso, os conflitos e claro aumentar cada vez mais o numero de habitantes. Assentando-se nos cânones de um clássico jogo de estratégia, não deixa de ser esta uma abordagem interessante, capaz de nos providenciar uma experiencia imersiva. Até ao momento o jogo não dispõe de modo Multiplayer, que pode ou não vir a ser incluído num futuro DLC.

PARTIU O HOMEM QUE RELEMBROU O MUNDO DE OLHAR PARA AS ESTRELAS.

TEXTO TERESA TEIXEIRA

Stephen Hawking - cientista, orador, autor, figura inspiradora e controversa. O nome não deixa ninguém indiferente, nem na hora da partida. O conhecido físico faleceu a 14 de março deste ano, na sua casa de Cambridge, em Inglaterra, aos 76 anos de idade. Hawking ficou especialmente conhecido pelo seu trabalho sobre a relatividade e os buracos negros –estudos que iniciou enquanto estudante de cosmologia na Universidade de Cambridge. Uma das suas obras mais conhecida é “Uma Breve História do Tempo”, publicada em 1988 e conotada como um dos livros científicos mais vendidos no mundo. Mas não foi apenas o trabalho de Hawking que lhe valeu a fama mundial. O cientista sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença degenerativa que lhe foi diagnosticada aos 21 anos. Apesar das previsões médicas lhe darem escassos anos de vida, o físico viveu mais de 50 anos com a doença, sem nunca parar de trabalhar e com uma vida pessoal preenchida que incluiu dois casamentos e três filhos. A forma frontal e cheia de humor com que lidou com a ELA deixou marcas profundas em milhares de pessoas. Foram várias as frases inspiradoras do cientista, sempre com uma tónica esperançosa na vida e no ser humano. Em 2014, o filme “Teoria de Tudo”, que valeu um óscar ao ator que o protagonizou, Eddie Redmayne, tornou Stephen Hawking ainda mais conhecido do grande público. A película, que o cientista reconheceu posteriormente ter visto com agrado, focou-se essencialmente na sua vida pessoal e na relação com a primeira esposa, Jane Hawking.

QUANTOS MAIS VÃO PRECISAR MORRER PARA QUE ESSA GUERRA ACABE?

MARIELLE FRANCO

A ONDA DE INDIGNAÇÃO QUE JÁ PASSOU AS FRONTEIRAS DO BRASIL

TEXTO TERESA TEIXEIRA

Marielle Franco foi assassinada no Rio de Janeiro a 14 de março de 2018. A vereadora foi assassinada a tiro, na sequência de um ataque perpetrado por um carro que parou ao lado daquele onde seguia. Para muitos, o assassinato da vereadora da câmara do Rio de Janeiro foi uma execução motivada pelo incómodo que as suas opiniões geravam – forma como o crime tem sido definido na generalidade dos órgãos de comunicação social. Marielle Franco foi eleita vereadora em 2016. Mulher, negra e membro da comunidade LGBT, a socióloga assumia-se como representante das minorias. As suas opiniões eram conhecidas da opinião pública, sobretudo quando o assunto era a violência das autoridades para com os habitantes das favelas. A morte de Marielle Franco gerou grande comoção no Brasil – as manifestações de apoio para com a vereadora multiplicam-se e o local do crime já foi transformado num espaço de homenagem. Mas esta onda de indignação já passou fronteiras – um pouco por todo o mundo as vozes unem-se contra a impunidade que dizem sentir. A 19 de março mais de 1000 pessoas marcharam em Portugal em homenagem e protesto e figuras conhecidas como Viola Davis e Kate Perry já mostraram publicamente o seu apoio. O nome de Marielle Franco tornou-se sinónimo de indignação e mágoa em todo o mundo. A morte da vereadora é mais um sinal da crescente onde de violência no Brasil – uma semana depois deste crime outro vereador, Paulo Teixeira, foi também assassinado a tiro. Até à hora do fecho deste artigo os assassinos de Marielle Franco continuam por identificar.

ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOS

IMAGENS ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOS

A NM esteve nas recentes instalações da Orquestra Jazz de Matosinhos, na antiga Real Vinicola, à conversa com o diretor Pedro Guedes, que nos contou desde o passado ao presente, o que dá ritmo a este projeto.

Como é que começou esta aventura?

Esta aventura começou há 21 anos atrás, em janeiro de 1997. Na altura o Heritage Cafe fazia programação de jazz e eu fui sugerir ao dono, o João Vilhena, que à semelhança do que existe nos EUA, em que todas as semanas há um dia em que as Big Bands tocam (segunda feira), poderíamos fazer a mesma coisa, ou seja, ter uma orquestra da casa. A orquestra chamava-se Heritage Big Band e tocávamos música original minha e arranjos originais meus, de standards ou de outras músicas. É lógico que manter uma orquestra não é uma coisa simples e para um bar conseguir manter uma orquestra, é complicado. A partir de certa altura, o João Vilhena começou a sentir dificuldades para continuar a dar apoio e fomos falar com a Câmara Municipal de Matosinhos (CMM), com o vereador Manuel Seabra. No fundo fomos propor uma orquestra de jazz de Matosinhos, que seria a primeira orquestra de jazz com apoio de uma câmara municipal. E assim nasceu a nossa orquestra. A primeira vez que o nome foi proferido foi na inauguração da loja da Fnac no Norteshopping em 1998. Desde 1999 que somos uma Associação sem fins lucrativos – a Associação Orquestra Jazz de Matosinhos onde temos vindo a desenvolver trabalho.

Quais são as vossas influências? Repertório?

No fundo existem dois tipos de orquestra: as de autor, que é como a Duke Ellington, Count Basie, Maria Schneider, entre outras, que são orquestras dedicadas à execução da música original dos líderes e existem também orquestras de repertório, que começaram a surgir sobretudo após a segunda guerra mundial na Alemanha, onde eram tocados diversos repertórios.

Quando surge a Casa da Música, em 2005, foi estabelecido um acordo connosco no qual teríamos de apresentar três programas diferentes por ano, e começamos a ensaiar lá tornando-se a nossa casa. No fundo, a Casa da Música moldou-nos o espírito porque deixamos de ser apenas uma orquestra de autor para passar a ser também de repertórios. Tocamos coisas que vão desde o jazz mais tradicional a old music, a música contemporânea, a experiências com a Orquestra Sinfónica da Casa da Música do Porto. Em termos estéticos e de géneros houve uma diversidade enorme de projetos. E isso tem enriquecido a orquestra, tem crescido musicalmente e tem tido desafios que não propriamente expectáveis para uma orquestra.

Já tem concertos agendados para este ano?

Terminou agora um processo de candidatura aos apoios quadrienais do Ministério da Cultura, através da Direção Geral das Artes, nos quais a orquestra ficou classificada em primeiro lugar. Foi a instituição mais bem colocada. E estávamos à espera disso porque este resultado vai levar a uma data de concertos mas só agora e após resolver estas questões burocráticas. Vai ser um ano cheio e precipitado, na segunda metade do ano vão acontecer várias coisas. Assim, concertos marcados para breve temos o concerto da Grande Pesca Sonora a 26 maio e temos o concerto na Casa da Música com o Manel Cruz dia 9 de junho.

Novos desafios?

Temos conseguido conciliar a nossa vida cá com os concertos que damos lá fora. Temos tocado em grandes países europeus. Apesar de ser algo complicado, porque uma orquestra não é um grupo ou um quarteto, tem uma logística pesada para toda gente, para quem nos contrata para quem viaja, tudo.

Este edifício traz enormes desafios, desafios de crescimento da orquestra. Hoje em dia, uma orquestra não se cinge só a ser um grupo de músicos que toca e interpreta música. Temos um serviço educativo, que é uma parte muito importante da nossa atividade e é uma parte que queremos dinamizar mais. Queremos receber aqui mais crianças e mais pessoas. Uma das ideias é fazer aqui a orquestra das famílias de Matosinhos que virá aqui ensaiar. Temos sempre uma representação final em que juntamos a orquestra com os miúdos do concelho. Dar-lhes de volta um bocadinho daquilo que temos para dar, já que Matosinhos tem sido extremamente generoso connosco. Por outro pensamos e acreditamos que um sítio com esta dimensão deve não só servir a orquestra mas também mais instituições, dado que somos financiados publicamente, a nossa obrigação é também sermos um ponto de apoio para as instituições de ensino superior no Grande Porto como o IPP, o ISMAI, a ESMAE, a FEUP e o INESTEC com quem temos diversos protocolos. Ficaríamos muito contentes se isto fosse um espaço por onde passassem os futuros músicos.

Achámos que o futuro das artes também passa muito pela integração das novas tecnologias, de novos media. Em parceria com a FEUP e o INESTEC fizemos aquilo a que chamamos um CARA – Centro de Alto Rendimento Artístico. A ideia é que seja um espaço onde se possa otimizar a performance artística, que fosse um local de ensaio e gravação, porque quanto mais depressa notamos os erros que fazemos, mais rapidamente evoluímos.

Queremos estudar a interação em tempo real, que é uma coisa muito importante para as máquinas, para o futuro, e a improvisão que no jazz é um dos aspetos fundamentais na linguagem musical.

Quantos músicos compõem a orquestra?

Nós somos 17 músicos.

Como funciona o serviço educativo?

O serviço educativo existe desde a altura em que começamos. Aliás a CMM desenvolvia na altura um projeto que consistia num grupo de músicos que ia às escolas do concelho e que contava, no fundo, uma história do jazz através de exemplos musi-

CARLOS AZEVEDO, SÉRGIO GODINHO , PEDRO GUEDES

OS GRANDES DESAFIOS SÃO POR EXEMPLO ESTE NOVO EDIFÍCIO QUE A CMM NOS CEDEU. E CURIOSAMENTE PASSADOS 20 ANOS VOLTAMOS À MESMA RUA ONDE COMEÇAMOS, PORQUE O HERITAGE CAFE ERA NA RUA D JOÃO I NO OUTRO QUARTEIRÃO ALI AO LADO. VOLTAMOS A CASA EM GRANDE ESTILO.

cais ao longo dos anos. Essa pasta foi-nos um bocado entregue a partir do momento em que começamos a pertencer à CMM. O primeiro passo foi apostar numa posição mais ativa, nós queríamos que os alunos interviessem mais. Nós vamos às escolas e estamos a trabalhar com os alunos durante o ano letivo todo com a Grande Pesca Sonora que resulta sempre num concerto final em que juntamos os alunos do concelho das diversas escolas com a orquestra. Tem sido umas das nossas preocupações e da CMM.

Os alunos gostam de participar?

Curiosamente sim! Têm acontecido coisas extraordinárias como alunos que abdicaram das férias da páscoa para estarem a fazerem ensaios para participarem na Grande Pesca Sonora. A participação dos pais também é muito ativa. Reflete que o trabalho está a ser bom e que cria impacto. Já receberam alguma distinção/homenagem? PG: Recebemos a medalha de mérito da CMM e recebemos agora do governo, no dia 5 de outubro, a medalha de mérito cultural. Logo nesse dia tão importante!

Festivais ou locais de referências de jazz?

Ui… (risos) Já tocamos por exemplo no Blue Note Jazz Club; Birdland; Tonic; Carnegie Hall; tocamos também em Viena de Áustria; entre muitos muitos outros.

PAULO GASPAR

PROF. DOUTOR

EXCLUSÃO SOCIAL

MAYARA ANDRADE E PEDRO GUEDES

INICIATIVAS

·Devido à reação da Grande Pesca Sonora ter sido tão boa com as famílias, este ano estreamos a Orquestra de Famílias de Matosinhos e as sessões são gratuitas aos sábados duas vezes por mês aqui das 11h as 12h30. É aberto a toda a comunidade, tenham ou não instrumento, podem levar pais, avôs, irmãos, quem quiserem.

·A orquestra tem um programa dedicado aos ‘Novos talentos’ onde músicos da nova geração podem tocar com a orquestra. Diversos relatórios, das mais variadas organizações internacionais – Banco Mundial, ONU, UNICEF, OCDE, OMS – dão conta que o problema da exclusão social se tem agravado nas últimas décadas. O quotidiano das sociedades contemporâneas demonstra a emergência ou o aumento de um conjunto de fenómenos sociais que, não sendo completamente novos, ganham uma dimensão particularmente importante na medida em que parecem ameaçar a coesão dos tecidos sociais em que ocorrem. O baixo nível de educação formal e de formação profissional, condicionam o acesso ao mercado de trabalho, nomeadamente aos sectores que oferecem melhores condições de trabalho e estabilidade, com níveis de remuneração mais compensadoras, ficando os indivíduos mais sujeitos à instabilidade do emprego e aos baixos rendimentos, correndo riscos acrescidos de empobrecimento e de exclusão social. A escola sempre esteve atenta à “criança tipo” da sociedade dominante, e não às heterogeneidades sociais e culturais existentes. Relativamente ao nível dos programas de formação profissional, também se mostram desadequados a alguns grupos, não considerando as suas habilitações e apetências inatas, o que exclui esses indivíduos do acesso a recursos fundamentais para a sua sobrevivência na sociedade. De uma maneira ou de outra as pessoas são afastadas da esfera dos bens e dos privilégios económicos, do mundo dos valores, da escolaridade normal e de um meio familiar condigno. O combate à exclusão passará por medidas globais e uniformizantes. A sociedade civil tem demonstrado possuir criatividade e encontra-se cada vez mais mobilizada para as tarefas de natureza social. Procurar soluções criativas, adequadas e adequadamente contextualizadas no meio envolvente é uma das difíceis formas de conseguir a inserção dos excluídos. Encorajar nas pessoas um processo de inclusão pela responsabilização, incentivá-las a integrarem certos movimentos locais, grupos, colectividades que lhes permitam dar novos e determinados passos no sentido de conquistar maior autonomia, de realizarem a sua cidadania apresentam-se como condições para contornar os fenómenos de exclusão.

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