Novo
Almourol
fevereiro 14 | n°393 | Ano XXXIII | Preço 1,20 euros | MensaL DIRECTOR LUIZ OOSTERBEEK
Novos desafios Entrevista a Maria do Céu Albuquerque, bi-presidente: da autarquia abrantina e da Comunidade Intermunicipal. O futuro da região em equação. p04e05 p18e19
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CEAC: Espaço de aprendizagem e criação artística Num concelho definitivamente rendido à arte, o Centro de Estudos de Arte Contemporânea de Vila Nova da Barquinha oferece à população diversos ateliês, desde a pintura ao vídeo, desenho à fotografia. Miúdos e graúdos podem inscrever-se nas actividadaes do CEAC e dar largas à imaginação.
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Camas Turísticas mais que duplicam no concelho de Vila Nova da Barquinha em 2014 Aproveitando quadros de apoio, várias empresas fazem nascer projectos ligados à hotelaria e restauração no concelho. Com o apoio e acompanhamento da ADIRN, Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte, são dez os projectos a nascer. Alguns estão já em construção, como é o caso do Art Inn Barquinha ou a Quinta do Carneiro em Limeiras. O presidente da autarquia congratula-se e aponta o futuro
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Exposição Bustos e Cabeças de Rui Sanches Roger e Joan, chegar perto para ficar longe Vieram a Portugal carregando o sonho do filho, uma portuguesa por quem se apaixonou em Inglaterra. O filho por cá criou família. Para ficar perto dos netos, o casal britânico recuperou casa antiga em Constância mas com a crise o filho, a nora e os netos, emigraram para Nova Iorque
Exposição antecipa nova obra pública do artista no Castelo de Almourol. Inauguração da exposição é dia 8 de Fevereiro, na Galeria do Parque de Vila Nova da Barquinha
02 CURTAS & GROSSAS
Mação: Casa colectiva A Câmara Municipal de Mação aprovou a aquisição de três edifícios devolutos no centro histórico da vila e empreitada de requalificação - cerca de 400 mil euros - incluindo equipamentos, para ali criar a denominada “Casa das Associações”. O objectivo é restaurar os edifícios degradados e reunir ali associações cujas sedes estão sem condições de operacionalidade, e melhorar as suas condições de trabalho, como sejam o caso das associações Melbandos, Aflomação, Acripinhal e Gabinete Empreendedor de Mação (GEMA), entre outras.
Trabalhadores da Câmara de Tomar vão ter uma tolerância de ponto por mês como compensação pelos cortes salariais ditados pelo Governo este ano Pesados na ponte? A Estradas de Portugal está a estudar as condições para uma eventual utilização da ponte sobre o Tejo em Constância/Vila Nova da Barquinha por veículos pesados, avançou o presidente da empresa. A EP está a “verificar que soluções podem existir” para a necessidade de acesso à A23 por parte da celulose do Caima, tendo em conta as condicionantes na ponte que liga Constância Sul a Praia do Ribatejo.
Fevereiro 2013
NovoAlmourol
27.000 O valor em euros do investimento total da Câmara do Entroncamento ao aderir ao programa piloto apresentado pela EDP relativo à instalação de luminárias LED. A autarquia vai instalar 94 luminárias (candeeiros) na Avenida Dr. José Eduardo Victor das Neves e prevê uma redução de cerca de 80% do consumo de energia.
Alunos de Barquinha na Gulbenkian No dia 5 de Março, alunos das escolas de Vila Nova da Barquinha, Óbidos, Mondim de Basto e Paredes, vão apresentar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, oito documentários no âmbito da “Operação Stop”, projecto em que os alunos participam em todas as etapas de realização de um documentário, uma parceria entre os agrupamentos de escolas e as câmaras municipais envolvidas. “Operação Stop” juntou grupos de professores e alunos em torno de uma oficina de vídeo para reflectir sobre a realidade escolar.
Cem Soldos: Festival Bons Sons já aquece De 14 a 17 de Agosto, em Cem Soldos (Tomar), esperam-se concertos, exposições, projecções vídeo, entre outras manifestações para celebrar a música portuguesa de diversas origens e diferentes linguagens artísticas. A primeira edição foi em 2006 e ao longo de oito anos de existência, o BONS SONS tem vindo a consolidar-se como uma plataforma de referência para a divulgação da música portuguesa. Sob o lema “Venha Viver a Aldeia”, o festival por onde passaram nomes como António Zambujo, Dead Combo, B-Fachada, Lula Pena, Diabo na Cruz, Linda Martini, Vitorino ou Legendary Tigerman, organização do Sport Clube Operário de Cem Soldos, está em preparação da edição 2014, já com nova imagem, e promete “4 dias, 8 palcos e 40 concertos”. A não perder este Verão, um dos eventos mais importantes do país ao nível da cultura. Os nomes que vão subir aos vários palcos espalhados pela aldeia deverão ser conhecidos em breve.
↑ rio acima Turismo em crescimento
Parabéns Mitsubishi
Melhores caminhos
Concelho de Vila Nova da Barquinha preparase para ver aumentar exponencialmente o número de camas turísticas disponíveis. Atractividade do património ganha asas num sector que cresce no país, em contraciclo com a crise (pág 8).
A fábrica em Tramagal celebra 50 anos em Fevereiro. Desde 1964 produz veículos comerciais em Portugal nomeadamente para os mercados Europeus. Alvo de investimentos frequentes, a fábrica é um dos maiores empregadores na região.
A Estradas de Portugal tem 7,6 milhões de euros para conservação corrente de estradas no distrito, até 2016, prevendo aindainvestimento de 3,2 milhões este ano noutras empreitadas. A ponte metálica em Abrantes é uma delas.
Partos abaixo do mínimo
Insolvências no distrito
População desprotegida
Em 2013 apenas 784 crianças nasceram na Maternidade de Abrantes, número muito aquém das 1200 esperadas pelo Ministério da Saúde. O Centro Hospitalar do Médio Tejo mostra preocupação, a mesma dos cidadãos na hora de decidirem ter filhos. Este país não está para novos.
A União dos Sindicatos de Santarém fez um balanço da situação no distrito e durante o ano de 2013 contabiliza um total de 222 empresas que declararam insolvência. Em 2012, o número de insolvências, foi de 261 sendo que entre 2011 e 2013 encerraram 645 empresas na região.
Em reunião quinzenal do executivo municipal de Abrantes, dia 28 de Janeiro, a presidente da câmara, Maria do Céu Albuquerque, reiterou a preocupação com a situação da falta de médicos de família no concelho, “cerca de 40% da população não tem médico de família” , afirmou.
↓ rio abaixo
NA PRIMEIRA PESSOA 03
Fevereiro 2014
facebook.com/Jornal-Novo-Almourol
“
Prefiro ter pouco e bom, a muito e mau! Professor de Arqueologia, desde que veio a Portugal pela primeira vez que não mais deixou de ter ligação ao país, nomeadamente a Vila Nova da Barquinha, onde viveu durante algum tempo O que mais gosta de fazer nos tempos livres? Viajar, conhecer gente nova… O meu trabalho é a minha vida. Gosto de trabalhar em arqueologia, e portanto, ter tempo livre, para mim, é tempo perdido. E beber vinho e cerveja com os amigos, todas as noites... O que mais o irrita? Entrevistas a jornais (risos). Um amigo perder tempo com coisas que não me interessam. Burocracias. Comida mal feita. A falta de qualidade de vida, sobretudo! Prefiro ter pouco e bom que muito e mau! Até onde gostava de ir? O meu trabalho leva-me a todas as partes do mundo. A minha viagem preferida seria entrar numa máquina do tempo para conhecer os homens e mulheres da Pré-história Se eu pudesse... ... decidir como seria a minha vida, seria cantor de Rock n’ Roll. Eu tive muita sorte... Faço uma vida saudável, divertida e interessante, portanto não mudaria nada do que me aconteceu. No lugar de ser um cantor de Rock n’ Roll tornei-me um arqueólogo.
CV
Stefano Grimadli
50 anos Trento, Itália Professor de Arqueologia
1963
Dia 24 Novembro, o dia em que nasci
1986
Conheci o meu professor Amilcar Bietti, que me ensinou tudo na Universidade
1996
Ano da minha primeira estada em Portugal com a chegada a Vila Nova da Barquinha onde conheci o Professor José da Silva Gomes , do Centro de Interpretação e Arqueologia do Alto Ribatejo
2000
Nascimento do meu filho
2013
Viagem a uma comunidade de índios no Maranhão (Brasil), onde aprendi muitas coisas sobre a vida.
04 ENTREVISTA
fevereiro 2014
NovoAlmourol
“Deixar de olhar estritamente para o nosso território e pensar os projectos de maneira a que possam contribuir de forma sustentada e integrada para toda a região”
ENTREVISTA MARIA DO CÉU ALBUQUERQUE
Soltar amarras e ser mais A presidente da autarquia abrantina e do Conselho Intermunicipal do Médio Tejo explicou a necessidade de articulação para um novo modelo de desenvolvimento, em que todos trabalham em conjunto TEXTO&FOTOS Ricardo alves
Com a entrada em cena de um novo Quadro Comunitário que desafios para a região?
Vários. Como é que seremos competitivos, à escala nacional e regional, e poderemos ter presença efectiva na vida dos cidadãos, correspondendo a uma estratégia da melhoria da qualidade de vida? O desafio maior é passarmos deste patamar de desenvolvimento, que até aqui tem passado exclusivamente pelos municípios, para a região, quando nos preparamos para desenvolver o actual Quadro Comunitário de apoio, e aquilo que se pretende ao nível do desenvolvimento dos municípios passa para escala da região. Deixarmos de olhar estritamente para o nosso território e pensar os projectos de maneira a que possam contribuir de forma sustentada e integrada para toda a região - agora alargada a 13 municípios, todos diferentes e complementares, inclusivamente com escalas diferentes, com pequena e média dimensão. Tem de haver uma cultura de solidariedade… Mas são mesmo complementares, a nível sociológico e identitário?
Se olharmos para o território percebemos isso, as vocações claras de cada um dos territórios… É evidente que vai haver sempre a necessidade de duplicação de serviços, de investimentos, até porque o território é muito grande, serve 250 mil habitantes, e o que se prevê é que haja serviços e investimentos que têm de existir em todos os municípios, mas depois tem de haver complementaridade em determinadas acções, de maneira a todos terem escala. Falo ao nível do turismo e da cultura, em que todos nós podemos ganhar se nos organizarmos de forma integrada, pois todos temos uma especificidade. Pode dar-nos um exemplo?
Por exemplo, em Fátima claramente o turismo religioso, em Tomar e Vila Nova da Barquinha o património Templário, ou Abrantes e os concelhos à sua volta com o património natural em torno do Tejo e Zêzere. E já temos três factores que se podem complementar. Mas depois há outras questões que cada um dos municípios tem, sejam as fortalezas, as igrejas - que muitas são património nacional - os pequenos núcleos museológicos ou os projectos maiores - como em Abrantes em que nos propomos fazer um museu de arqueologia e arte - a arte contemporânea na Barquinha… há aqui muito potencial que pode ser organizado enquanto produto turístico para vendermos a região.
Em pacote…
Em pacote, porque ninguém vem aos municípios do médio tejo para passar uma semana, mas se juntarmos num pacote ir a Fátima, a Tomar, à Barquinha, ir ao Sardoal, vir a Abrantes, talvez tenhamos a capacidade para ter aqui meia dúzia de dias de turismo. Essa articulação tem ou deve ser feita pela Comunidade Intermunicipal (CI)?
A esta altura era expectável que a legislação que, supostamente, dá novas competências às comunidades intermunicipais, nos ajudasse a fazer este caminho. Ainda deixa tudo do nosso lado, dos autarcas. E esse é o grande desafio: mudar o registo e ter um novo paradigma de desenvolvimento integrado. O que é expectável da Comunidade é escolhermos as áreas específicas em que vamos trabalhar em conjunto para afirmarmos a região como competitiva. Como por exemplo?
Seja a valorização dos recursos endógenos e potencial turístico, seja criar valor para a actividade empresarial, seja a qualidade de vida e a coesão, e depois a dimensão que é particularmente importante para nós que diz respeito à massa crítica urbana. Cada um dos concelhos, mesmo os de média dimensão, são pequenos. O primeiro estudo estratégico que fizemos elenca uma constelação urbana onde pontuam cidades de média dimensão e pequenas vilas à volta. Se nos organizarmos à volta dessa capacidade criamos uma massa crítica capaz de competir com outras zonas do nosso país. Um país muito pequeno com grandes assimetrias?
Costumamos dar o exemplo de quando estamos no Brasil ou noutro país grande e nos perguntam, “onde fica o médio tejo?”. Dizemos que fica a uma hora de Lisboa e para eles é a mesma região. Os 250 mil habitantes que compõem a região são massa crítica, seja ao nível da mobilidade e transportes, seja nos serviços complementares em cada um dos territórios. É um eixo fundamental. A verdade é que essas identidades locais são muito diferentes, as médias cidades não têm grande proximidade...
Não podemos esquecer o passado nem as marcas de cada um dos territórios. A intenção é que cada um dos territórios coloque ao serviço do projecto aquilo que cada um tem de melhor mas temos de nos deixar de preconceitos, daquilo que foram vivências do passado, sob pena de “perdermos o
comboio”. Claramente os instrumentos de gestão e investimento que vão estar disponíveis não permitem que cada um olhe para si. Isso não é perder identidade, é antes a sua afirmação no contexto regional, em que cada um se afirma e assume como é, com o que tem, valoriza o que cada um dos seus pares também tem e em conjunto desenvolvem competências para nos superarmos a nós próprios. Como é ter 13 presidentes de Câmara nas reuniões da CIMT, todos eles percebem a importância de se entenderem?
Neste momento é unânime, todos concordam sobre a necessidade de nos articularmos e de nos prepararmos para este novo modelo de desenvolvimento. Nesta altura preparamo-nos para fechar o Quadro Comunitário e já nos preparamos para o novo desafio. De tal maneira que estaremos no final do mês (ver pág. 13) um fim-de-semana reunidos a discutir a estratégia para o médio tejo, e de cada um dos concelhos, mas sempre na perspectiva regional. É um bom princípio e temos trabalhado de forma árdua. As reuniões têm sido participadas e os presidentes de Câmara normalmente não faltam a estas reuniões. Dentro do grupo de presidentes, uma vez que são vocês que têm mais conhecimento, uma possível, e muito aventada, reorganização administrativa – fusão de municípios - pesa no delinear de projectos intermunicipais?
Esse é um tema que não está actualmente em cima da mesa pois criaria situações menos confortáveis e não é por aí que queremos ir. A haver algo nessa matéria nunca passará por manifestações espontâneas por parte dos municípios. O que é facto é que todos temos percepção que o que está a acontecer hoje com o Centro Hospitalar do Médio Tejo também vai ter que acontecer noutras matérias. Não podemos continuar a ter tudo em todo o lado, os recursos são cada vez mais pequenos, seja por via do orçamento de estado, seja pelas receitas próprias. Aquilo que todos nós somos obrigados a fazer, individualmente e depois colectivamente, é percebermos onde podemos ganhar escala.
Mais especificamente, em que áreas tal pode acontecer?
Dou o exemplo: na educação. Se por um lado podemos ter um enfoque assertivo, ter uma carta e um projecto educativos regionais, que não existem como a compra de refeições - em vez de 13 procedimentos fazemos apenas um – os transportes escolares, as Aulas de Enriquecimento Curricular - tudo são processos morosos, burocráticos em que
ENTREVISTA 05
Fevereiro 2014
facebook.com/Jornal-Novo-Almourol
Ganhou as eleições de 2013 com maioria reforçada e viu regressar à equipa Nelson de Carvalho, ex-presidente da câmara de Abrantes que a levou para a vida política
No dia 28 de Outubro foi eleita presidente do Conselho Intermunicipal do Médio Tejo, acumulando essas funções com as de presidente da autarquia abrantina
Campanha autárquica do PS em Abrantes foi considerada por vários especialistas como uma das melhores no país. Para o mandato deseja maior proximidade com os cidadãos. encerra sem falar com os representantes. A democracia é isto?
Há aqui uma questão de princípio, a esta altura o que mais nos aflige é a falta de respostas. A CIMT já pediu várias reuniões a vários governantes e até hoje estamos à espera. Já pedimos à Sra. ministra da justiça reuniões para podermos discutir o modelo. Fizemos vários ofícios ao nível municipal e da CI manifestando a nossa opinião sobre a reforma que está em curso, mas até à data não houve sequer o acatamento da nossa opinião, nem sequer a possibilidade de podermos discutir abertamente com o ministério. Vemos com muita preocupação este afastamento e esta centralização das politicas do governo, pese embora tudo apontasse para que as comunidades ganhassem algumas competências. Desejamos afirmar-nos como capazes de fazer interlocução do território, mas nem a CI nem os municípios têm essa capacidade. Gostávamos de fazer parte dessas soluções. A cultura, pode ser um elemento agregador em termos intermunicipais?
Do meu ponto de vista é um elo absolutamente determinante. Aquilo que cada um dos municípios tem vindo a fazer nessa área tem de ter cada vez mais um carácter supramunicipal, até de complementaridade de agendas. Não faz sentido que eu tenha a Luísa Sobral numa semana e na semana seguinte a tenha em Torres Novas, quando posso ter a Luísa Sobral numa semana e noutra o Rodrigo Leão. Não faz sentido haver sobreposição. Todos saímos a ganhar, nomeadamente os cidadãos. A oferta cultural passa a ser muito maior
Nos Paços do concelho em Abrantes, o seu local de trabalho, Maria do Céu Albuquerque recebeu o NA e posou para a objectiva junto a uma fotografia da lendária bailarina Pina Bausch
a CIMT tem um papel determinante e isso leva-nos a gastar menos dinheiro e a desenvolver os procedimentos mais facilmente, e o cidadão pode beneficiar com maior qualidade de serviços e menos oneroso. O exemplo concreto do agrupamento de corpos de bombeiros supramunicipal, esse é um projecto para reavivar?
É claramente um exemplo mas que não depende de nós. O problema é que a actual lei da intermunicipalidade diz que a todo tempo cada CI pode escolher os projectos a desenvolver, mas imagine que entendemos que a educação e a cultura podem vir a ser competências para a CI. Depois é necessário que saia legislação que o permita. Portanto o que a lei dá depois tira?
O agrupamento de bombeiros é um bom exemplo daquilo que não pode acontecer. Quatro municípios do norte do médio tejo – Sardoal, Mação, Abrantes e Constância – com duas associações humanitárias, assinaram um acordo de princípio para estudarem a possibilidade de criar um agrupamento de bombeiros. A legislação já o permite mas, por outro lado, precisamos de legislação que
Há uma maior transferência de públicos?
regulamente o seu funcionamento e a sua existência, e isso ainda não aconteceu. A esta altura estamos de mãos e pés atados, queríamos ter os instrumentos do nosso lado que nos permitissem ir mais além. Disse que em vez de 13 projectos pode haver apenas um, o mesmo se transporta para a reivindicação? As questões da justiça e da saúde estão na ordem do dia, em que pé estão?
A esta altura a principal preocupação é tentar não perder serviços. Podemos perder competitividade. Se perdermos tribunais, hospitais, centros de saúde, vamos perder a capacidade de reter pessoas. São áreas basilares da qualidade de vida dos cidadãos. Aquilo que reivindicamos é sermos parte da solução e não do problema. O pior que pode acontecer é sermos surpreendidos com o encerramento de serviços, e a maior reivindicação é sermos ouvidos, que o governo tenha a consideração de partilhar connosco, eleitos democraticamente pelos cidadãos, a estratégia, ouvirem o que temos para dizer. Percebemos que há coisas que têm de ser feitas de forma diferente, não queremos é que sejam feitas à revelia dos autarcas. O governo criou uma moldura legal que reforça as competências das comunidades e depois
Com certeza que sim. De há algum tempo para cá temos combinado as festas com Constância e Barquinha: nós no dia 14, Barquinha em 13 e Constância dia 10 de junho - com as Pomonas. Temos tentado conciliar para não haver sobreposição, para que em vez de termos uma intensidade durante uma semana, termos em 15 dias uma maior distribuição, uma maior oferta . Mas a criação de públicos esgota-se aí?
Claro que é importante podermos fazer não só mais pela formação de públicos mas também pela formação de conteúdos, e nisso a CI poderá ter um papel determinante, fazer como a ‘Arte em Rede’. Mas também gostava de incluir neste domínio o turismo cultural, pois o nosso território tem um conjunto de eventos de grande expressão, dos vários enquadramentos, e esses eventos podem ser comunicados em conjunto, até para fora da região. Voltamos ao pacote.
Exactamente. Como também podemos ter uma possibilidade do ponto de vista do património construído, termos uma oferta diferenciadora. Que pode passar por uma oferta conjunta do património, seja do nacional, sejam outros equipamentos dispersos nestes 13 municípios, mas que os possamos recuperar e dinamizar.―
06 ECONOMIA
fevereiro 2014
NovoAlmourol
VILA NOVA DA BARQUINHA
GADEL no centro da estratégia do desenvolvimento económico TEXTO Ricardo alves
O Município de Vila Nova da Barquinha
(VNB), a empresa municipal CDN - Gestão e Promoção do Parque Industrial de VNB - e o Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento e Empreendedorismo Local (GADEL ) vão trabalhar em estreita ligação com o objectivo de apoiar a criação de empresas, emprego e projectos no concelho. Em despacho de Fernando Freire, presidente da autarquia, datado de 15 de Janeiro último, são determinadas aprovadas as sugestões do GADEL relativamente a vários pressupostos que visam dotar o concelho de maior capacidade de acompanhamento de projectos e empresas e promoção do concelho junto de potenciais investidores. A sinergia entre o muni-
cípio, a CDN e o GADEL ganha desde logo forma com a criação de um espaço físico dedicado ao investimento concelhio, com a presença de um técnico do gabinete, um representante da empresa municipal e um assistente administrativo. A sala vai situar-se no segundo andar do edifício dos Paços do Concelho. A informatização e modernização dos dados do concelho é outra das prioridades com a “criação de uma base de dados dedicada ao investimento concelhio, com possibilidades de novos investimentos privados por freguesia, e outras informações relevantes”. Uma outra novidade é a criação da “Via verde ao investimento”, que consiste em dar maior prioridade de tratamento aos processos relacionados com o desenvolvimento económico que entrem na câmara municipal para licen-
ciamento. O objectivo desta medida é “acelerar a sua análise e aprovação, possibilitando aos investidores executarem projectos com celeridade”, lê-se no parecer aprovado por Fernando Freire. O GADEL vai funcionar como receptor de informações sobre os “pedidos de licenciamento de actividades económicas (incluindo turismo) por forma a serem identificadas possibilidades de apoios nacionais ou comunitários”. Emprego e empreendedorismo. Na calha está também a “criação de redes de desenvolvimento económico e de promoção do emprego concelhio com uma rede de parceiros com actividades regulares e práticas ao nível do empreendedorismo, empresários, potenciais investidores e associações empresariais”. No âmbito do estreitar de oportunidades, entre empresários
Potenciar as características geográficas de VNB para chamar investimento e articular futuros e actuais projectos locais
e desempregados, está prevista a criação da plataforma de emprego municipal, onde os cidadãos poderão inserir os seus dados, seja na procura ou oferta de emprego. O “Viveiro de Empresas” é outro projecto, e que visa o acolhimento de novos projectos empresariais em fase de início de actividade, com a criação de um espaço físico dependente de possível financiamento. Transversalmente expresso no documento está o objectivo de estabelecer maior contacto directo com
os empresários, potenciais investidores e escolas e realizar sessões de empreendedorismo junto das crianças em ambiente escolar. O site do município na internet vai igualmente ter disponível um espaço para divulgação das empresas do concelho e vai proceder-se à produção de um filme e power point de promoção, pelo Gabinete de Informação e Relações públicas do município, para os investidores. As valências estão em funcionamento e foram já apresentadas no dia 4 à Nersant.―
QUADRO COMUNITÁRIO
Programas regionais com aumento de fundos da UE TEXTO NOVO ALMOUROL
Comparativamente ao Quadro de Referência Estratégica Nacional
(QREN), o país vai receber menos milhões do Quadro Comunitário 2014-2020, uma diferença de cerca de 230 milhões. No entanto, há um reforço de cerca de 2000 milhões no financiamento desti-
nado às regiões. O Acordo de Parceria 2014-2020 entregue pelo Governo na Comissão Europeia (CE) no dia 31 de Janeiro, define que 44% dos 21.182 milhões previstos para o próximo quadro comunitário de apoio vão destinar-se aos programas operacionais das regiões. É o Norte que vai receber a maior fatia dos fundos
comunitários, Mais de dois terços do financiamento dos programas regionais, sendo a região portuguesa com o nível de PIB per capita mais baixo face à UE. O Centro, a segunda região mais pobre, passa a receber 2117 milhões de euros, com um aumento de 24,8% em relação ao actual QREN, um reforço de 420,3 milhões de euros. O novo QREN, ascende
a um total de 21.182 milhões de euros a que se somam cerca de 4000 milhões de euros do Fundo Agrícola de Desenvolvimento Rural. Mais de 6000 milhões de euros serão alocados às pequenas e médias empresas com prioridade à competitividade e internacionalização das mesmas. Também o ensino e a formação ao longo da vida surgem em destaque no acordo
entregue em Bruxelas. A CE tem três meses para analisar o acordo de parceria que tem de ser adoptado no prazo de quatro meses após a entrega. O documento deverá entrar em vigor entre Maio e Abril, sendo ainda necessário submeter a Bruxelas os pressupostos dos diferentes programas operacionais, que têm de estar no terreno no máximo até Janeiro de 2015. ―
CAMINHANDO 07
fevereiro 2014
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Caminhos de Ferro da Barquinha
Pérolas do seu passado OPINIÃO
Crónica do Entroncamento texto Rafael ferreira Entro.Culturas é a nova iniciativa da Câmara Municipal do Entroncamento que pretende envolver as Associações Culturais do concelho num programa cultural anual, promovendo simultaneamente a aproximação das associações com a população, de uma maneira descentralizada pelas áreas referência da cidade. O programa realizar-se-á nos segundos e quartos domingos de cada mês, pelas 17h00, sendo dada a possibilidade aos agentes culturais da cidade a quem caiba a participação em determinado dia, o apresentar convidados e parceiros de outras áreas geográficas, nos vários campos da actividade artística, e em harmonia com a Câmara. Trata-se de uma medida que foi bem acolhida pela oposição, admitindo-se mesmo abertura a eventuais sugestões da própria população, conforme foi alvitrado por David Ribeiro da CDU. Relativamente aos custos financeiros que implicará, conforme foi questionado por Rui Gonçalves do PSD, o Presidente da Câmara, Jorge Faria, considera que para a cultura, dentro das possibilidades, também é devida afetação de recursos financeiros, como noutras situações em que isso também é pertinente. Relativamente à inoperabilidade do Cineteatro São
João e, portanto, a impossibilidade de poder acolher alguns dos espetáculos que venham a realizar-se, Jorge Faria esclareceu que está a ser estudada em profundidade a situação e a eventual realização de reparação pontual que o devolva ao Entroncamento, com dignidade, até ao fim do ano e, quando se consiga a obtenção de fundos comunitários, uma intervenção de fundo. Neste âmbito, para o mês corrente foram agendados para o Centro Cultural: no dia 12 Tuna e Escola de Cavaquinhos da Universidade Sénior; no dia 26 – Orfeão do Entroncamento.
Proteção Civil., foram proferidos discursos de circunstância, e realçado o valor do corpo de bombeiros, da que é, a nível distrital, considerada uma “Associação de excelência”. José Salvado, Presidente da Direção, por sua vez, destacou o aproximar do final das obras de requalificação do “novo” Quartel, “sem luxos, mas com operacionalidade e conforto”, cuja inauguração, assim como o recebimento de uma “nova viatura”, em recuperação, deverão ocorrer no próximo mês. Depois da atribuição de louvores, condecorações e promoções, realizou-se o desfile de viaturas, terminando o programa com um “Porto de Honra”.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento festejou no dia 11 de Janeiro, os seus 65 anos. Após a alvorada, às 8h00, com toque de sirenes e hastear da bandeira, tiveram lugar o desfile apeado, com a participação da fanfarra dos Bombeiros de Alcanena, Missa por alma de bombeiros, directores e associados falecidos, e romagem ao cemitério. Na sessão solene que se lhe seguiu, em que, para além dos elementos dos órgãos institucionais da Associação estiveram presentes o Presidente da Câmara, Jorge Faria, o representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, comandante Avelino, e Joaquim Chambel, da Autoridade Nacional de
Bispo da Diocese no Entroncamento. D. Manuel Pelino, vai estar na cidade de 28 de Janeiro a 9 de Fevereiro, em Visita Pastoral. Do programa constam a visita a instituições, estabelecimentos de ensino e empresas, actos de natureza religiosa e contactos a nível populacional. No dia da chegada visitará a Câmara Municipal bem como as Juntas de freguesia, que coincidem no nome e com a área geográfica das duas paróquias. No último dia da visita fará um passeio pela cidade, acompanhado pela Banda Filarmónica dos Bombeiros do Entroncamento até ao Centro Cultural onde, pelas 17h00, participará no “Entro.culturas”.―
VILA NOVA DA BARQUINHA
ABRANTES
TOMAR
O Posto de Turismo está à procura de artesãos, artistas e produtores regionais interessados em pôr à venda os seus produtos na loja do Parque, gerida pela empresa “Welcome To”. A Loja está situada em local privilegiado, junto ao Parque Ribeirinho e Centro Cultural da vila. Os interessados podem usar o email posto.turismo@ welcome-to.pt ou contactar o 918 429 086 para mais informações. ―
Vai realizar-se entre os dias 21 de Fevereiro e 10 de Março no Tecnopolo, Alferrarede. O executivo camarário, decidira a transferência da feira para o Barro Vermelho, local do mercado semanal, mas o investimento necessário ( 100 mil euros) adiou a decisão. Será o último ano no Tecnopolo e a intenção da autarquia é que a feira anual e o mercado semanal, passem a realizar-se nos terrenos do Vale da Fontinha, junto ao antigo mercado diário. ―
O edifício do Mercado Municipal de Tomar vai reabrir ao público no dia 25 de Abril. Realizadas as obras exigidas pela Lei, o executivo camarário e os vendedores visitaram o mercado de Torres Vedras para perceber de que modo podem oferecer maior vivência ao mercado tomarense tornando-o um dos principais pólos de atracção da cidade. O Mercado de Tomar quer chegar mais junto da população jovem. ―
Procuram-se criadores
Mercado Feira de São Matias vai reabrir
João Paulo Geraldes Marques
No tempo em que os caminhos de ferro em Portugal tinham um brilho enorme e eram um valor de orgulho português, a CP tinha um concurso que era o das estações floridas. Esse concurso era feito para que as nossas estações fossem umas “rainhas.” Tinham um jardim que os chefes de estação e todos os que nela trabalhavam cuidavam com amor e carinho. Esse trabalho era feito para elas ficarem mais bonitas para os passageiros e era também um orgulho para todos, era tal que a administração da CP dava prémios às mais bonitas e cuidadas. Então, no XX concurso anual das estações floridas, em 1961, a estação da Barquinha foi distinguida com Menção Honrosa – Diploma e prémio de 200$00. O 1º prémio - troféu e 2500$00 - foi entregue à estação de São João da Madeira; o 2º prémio - troféu e 2000$00 - foi para a estação de São Mamede de Infesta; o 3º prémio – troféu e 1500$00 - foi para a estação de Valença do Minho; o 4º prémio – diploma e 1000$00 - foi para a estação do Porto/Trindade; o
5º prémio - diploma e 750$00 - para a estação de Chaves; o 6º prémio - diploma e 500$00 para a estação de Celorico de Basto. Neste concurso existiam ainda mais quatro categorias de prémios: Menção honrosa extra concurso – diploma e prémio de 500$00; Menção honrosa especial e prémio de persistência – diploma e prémio de 400$00; Menção honrosa especial diploma e prémio de 250$00; Menção honrosa - diploma e prémio de 200$00 - na qual está a nossa estação. Os chefes de estação deslocavam-se então até ao Palácio da Foz para uma cerimónia onde eram entregues os prémios pelo director – geral da companhia. Este é mais um dos orgulhos em ter os caminhos de ferro na Barquinha e que não se deve deixar que um dia tenham fim, porque noutros países são as vias para o futuro e esses povos têm muito orgulho neles. Um bom ano de 2014 com tudo de Bom e com o desejo de que os nossos comboios tenham mais notícias como esta, que marquem a nossa história.
08 TURISMO
FEVEREIRO 2014
NovoAlmourol
VILA NOVA DA BARQUINHA
Aumento de camas turísticas abre horizontes
O Turismo é das poucas áreas que regista crescimento no país e no concelho de Vila Nova da Barquinha (VNB), “casa” do Castelo de Almourol e do Parque de Esculturas Contemporâneas do Almourol (PECA) a oferta mais que duplica TEXTO RICARDO ALVES
O investimento total é de 2.1 milhões em 10 projectos na vertente turística com uma participação de capital público na ordem de 1.2 milhões e são fruto de candidaturas através da ADIRN – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte. Para além do aumento exponencial no número de camas turísticas, a restauração é umas das áreas mais presentes no quadro de projectos sob coordenação da ADIRN. A “Quinta das 3 Ribeiras” e a "Casa do
Patriarca, em Atalaia investiram nos projectos já existentes mas em Tancos vai nascer um Bar e Loja de Artesanato “Amores Pitorescos”. Alojamento. Em Limeiras está já em construção a Casa de Turismo de Habitação “Quinta do Carneiro” e em Tancos vai ser criada uma unidade de Actividades Rurais Turísticas e Pedagógicas. A vila, sede de concelho, vai receber três novos projectos, dois deles já em construção (foto). O “Art Inn Barquinha” e “Barquinha Nature House” são duas unidades
"Ameaça-nos a perspectiva de sermos só consumidores, capazes de consumir qualquer coisa em qualquer ponto do mundo, vindo de qualquer cultura, mas de perdermos toda a originalidade." Claude Lévi-Strauss
de turismo no espaço rural, na modalidade de Casa de Campo, e que se traduzirão em 27 quartos (15 + 12). As unidades,
É neste espaço, junto ao Centro Cultural, que estão em construção 27 quartos em pleno coração da vila
que resultam da reabilitação de edifícios existentes, serão ainda compostas por sala de estar e de pequenos-almoços, espaço de
exposição e espaço de venda de produtos típicos, junto ao Centro Cultural de VNB. A cerca de 200 metros, nas traseiras do Museu 21, em frente ao PECA, a empresa Sonetos do Tejo de Jacqueline Henriques, Unipessoal Lda., vai investir cerca de 276 mil euros na criação de uma unidade de alojamento Local. Para além dos projectos referidos, nota ainda para o Albergue de Juventude e Centro de Convivio de Tancos, que resulta da ampliação e conversão da antiga escola primária da localidade.―
FERNANDO FREIRE
"O concelho e a região possuem um enorme potencial" TEXTO ricardo alves
fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, congratula-se com o aumento exponencial da oferta de camas turísticas no concelho. Em breve entrevista ao NA, fala de grandes potencialidades. A falta de camas turísticas tem sido apontada como uma lacuna pelos executivos de VNB. Este aumento é o começo de uma nova etapa turística no concelho?
Pela sua localização geográfica e pela sua história, Vila Nova da Barquinha é detentora de um vasto e rico património natural, arqueológico e arquitectónico: dos monumentos nacionais Castelo de Almourol e Igreja Matriz de Atalaia, até
ao PECA, um magnífico produto turístico que necessita de ser melhor divulgado, e provavelmente melhor enquadrado de forma a poder tornar-se numa mais-valia para a região, com a novel Galeria de Arte e a Escola Ciência Viva, julgamos que encetámos uma nova etapa para tornar o turismo numa actividade económica geradora de crescimento e progresso para a região e para VNB. VNB tem dos volumes de projectos e investimento maiores na área de acção da ADIRN. A que se deve?
Nos últimos anos os projectos do Município foram, essencialmente, do QREN. Todavia, tendo os fundos comunitários vários programas, não olvidamos o PRODER cuja responsabilidade de gestão cabe à ADIRN. Consequência de
grande dinamização do programa, com contacto pessoal com os promotores, e da ajuda dos técnicos do Município e da ADIRN, foi possível efectuar elevado número de candidaturas com elevada capacidade técnica e aprová-las com benefício das microempresas, IPSS´s, colectividades, etc. Estão reunidas as condições para aproveitar o potencial turístico do concelho?
Com relevância da nossa conhecida hospitalidade, com a criação do posto de turismo, de novas cinco unidades de alojamento local e com a construção do albergue da Juventude, estão iniciadas as condições de informação e da oferta de alojamento. Temos de valorar a permanência das pessoas no nosso território o que, certamente,
será fonte de riqueza e de desenvolvimento da região. Quais as grandes preocupações do executivo na área do turismo?
É importante mudar mentalidades e olhar o turismo como uma receita e não uma despesa. Temos que apostar na requalificação do património, como é exemplo o castelo de Almourol, apostar nos percursos ribeirinhos, na ciclovia para ligar os concelhos confinantes e facilitar a mobilidade entre as populações. E não nos podemos esquecer que o concelho, e a região, possuem um enorme potencial para o desenvolvimento, um aeroporto regional em Tancos – Praia do Ribatejo e, também, um novo produto turístico, o turismo militar, centrado no turismo activo, aproveitando as excelentes relações
institucionais com as autoridades militares. Que efeitos terá este aumento na vila, no seu centro histórico, económicamente?
A presente entrevista é direccionada para o nosso concelho. Porém, devemos ter uma visão regional do âmbito do quadro 2014-2020. Existem na região inúmeros pólos de atracção turística que podem complementar a oferta e ajudem a acrescentar as estadias médias na nossa Vila e no Médio Tejo (como Fátima, o Convento de Cristo, etc). VNB tem uma centralidade de excelência quer em termos rodoviários quer ferroviários quer aeroportuários, (não devemos deixar cair a questão do aeroporto!) o que permite deslocações rápidas e seguras para quem nos visita. O facto de termos pontos de relevante interesse turístico favorece a criação de pólos de comércio e de restauração no nosso concelho o que levará os visitantes, ou turistas, a tornarem-se consumidores. Se isso acontecer todos ganhámos, porém, o futuro a Deus pertence.―
ARTÍSTICO 09
FEVEREIRO 2014
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CEAC - VN DA BARQUINHA
Um espaço de Artes à sua espera Actuando como parte integrante da dinâmica artística que marca Vila Nova da Barquinha, o CEAC é resultado de 11 anos de actividade do ateliê de desenho e pintura até então “residente” na galeria de arte do Centro Cultural TEXTO Carlos Vicente
Depois do projecto magnânimo do parque de lazer que alicia à Barquinha milhares de visitantes, só a cereja em cima do bolo: um parque de escultura contemporânea, nicho de mercado, não só para os especialistas mas também para um público mais alargado que tem como referência a contemporaneidade e a arte pública da mais relevante que tem acontecido nos últimos anos no país. Centro de Estudos de Arte Contemporânea (CEAC). Na procura de uma identitariedade e identificação com a beleza ribeirinha paisagística e monumental, cheia de história e tradições de um povo ribeirinho, surge na antiga casa da hidráulica (não é por acaso) um espaço para ateliês onde a prática é corrente e a criatividade um bem a explorar numa sociedade a quem se pede cada vez mais um espírito criador e empenhado. O CEAC é resultado de 11 anos da actividade ímpar do ateliê de desenho e pintura até então “residente” na galeria de arte do Centro Cultural da Barquinha. Com a nova galeria do parque e o “museu” de escultura contemporânea, impunha-se uma parceria que concretizasse no terreno toda esta aproximação às artes a um nível mais exigente, surge assim o novo ateliê para formação teórico-prática e laboratorial, leccionadas por docentes e técnicos do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), nos domínios do Desenho e Pintura, Fotografia e Vídeo e Teatro de Marionetas, ao abrigo do protocolo celebrado pela Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha e a Fundação EDP e IPT. Desenho e Pintura. Iniciação através da aprendizagem e desenvolvimento de conhecimentos nos domínios técnico e prático, da linguagem plástica. Da captação da forma aos
degrádez dos desenhos, da paleta de cores aos mais emaranhados resultados das plasticidades dos pastéis secos, aguarelas, acrílicos e a clássica pintura a óleo. Cada aluno, depois de uma aprendizagem básica do traço e das cores, cria um projecto pictórico a que tenta dar corpo com a ajuda claro dos professores e colegas mais “antigos”. Um projecto apoiado pela técnica aprendida e pela amizade dos demais. Estes trabalhos são postos à prova em exposições ao longo do ano e principalmente no final numa colectiva do Ateliê.
Fotografia e Vídeo. Iniciação através da aprendizagem e desenvolvimento de conhecimentos teórico-práticos nos domínios técnico e laboratorial de produção e edição nas áreas analógica e digital. Conhecimento das máquinas fotográficas analógicas e digitais, a experimentação em laboratório das químicas e dos processos analógicos daí resultantes. Faça as suas fotos à “moda antiga”, aprenda a partir desse sistema as potencialidades das máquinas digitais e “curta” com as suas curtas-metragens num ateliê de vídeo. Faça as suas curtas. Em Fevereiro começam as aulas de vídeo com o professor João Seguro que o ensinará a dar os primeiros passos na técnica de aquisição de imagens, preparação e montagens das mesmas para realização de curtas-metragens. Estas serão apresentadas na sala estúdio, num momento úni-
Calendarização Os ateliês têm início em Outubro, até final de Maio, com aulas acompanhadas pelos monitores do CEAC e Professores do IPT. Este ano em regime experimental serão efectuados durante o mês de Junho e Setembro encurtando assim o período de férias, nestes meses serão apenas acompanhados pelos técnicos de cultura do CEAC.
co de crítica cinematográfica e palmadas nas costas. A intenção será sempre fazer melhor. Teatro de marionetas. Iniciação ao Teatro de Marionetas, através da aprendizagem e desenvolvimento de conhecimentos teórico-práticos nos domínios técnico-artístico e performativo. Atelier de construção e elaborações de personagens de forma a dar vida e cor a uma estória e sua representação ao público. Temos, ao longo do tempo, tentado criar um grupo informal para apresentação deste teatrinho. Não tem sido fácil. Fica o repto aos jovens e menos jovens do concelho que gostem e queiram criar um grupo de bonecreiros, que apareçam no CEAC demonstrando essa vontade. Daremos o espaço e o apoio necessário à sua concretização.
Ateliês para crianças. Evento mensal para crianças e jovens a partir dos 5 anos de idade, no primeiro sábado de cada mês, de outubro a final de maio no CEAC ou no parque ribeirinho se as condições o permitirem e
sujeito a uma temática monitorizada pelos alunos do departamento de artes plásticas do IPT. Desde a leitura, ao desenho, à pintura, à bricolagem, aos jogos, uma potencialidade de brincadeira e tempo bem passado acompanhado por dois monitores (alunos do IPT – Artes) que o farão descobrir as suas capacidades criativas. “Palavras soltas” na sala estúdio. Na primeira Quinta-feira de cada mês, convidamos para uma “conversa de cá…" uma personagem da nossa terra, alguém da comunidade que nos conte como era, que dê o seu testemunho olhos nos olhos e nos faça compreender melhor o nosso espaço de acção. Geralmente pessoas com uma acção ou um trabalho na comunidade, seja em associações, seja em dar um pouco de si e do seu tempo à causa de todos. Pessoas com histórias de vida. Embora embrionário, este conceito tem sido bem aceite e a plateia cresce com o tempo e com o passa palavra destas “conversas”. Próxima “conversa de cá” será a 06 de Fevereiro pelas 18h30 com Carlos Carvalheiro e, claro sobre teatro. Congresso de artes. Realização de um congresso de artes, promovido pela parceria IPT, EDP e CMVNB, para os alunos do CEAC, IPT e comunidade em geral. Compreender melhor as artes de hoje e a sua relação com o meio.―
Regime Funcional de Outubro a final de Maio. Aulas teóricopráticas, semanais em regime de ateliê e práticas laboratoriais, com a duração de 3 horas, leccionadas em dois turnos, mais uma tarde de ateliê livre. Ou seja: uma aula com professor durante 3 horas, mais uma tarde em que poderá pôr em prática os ensinamentos, acompanhado pelos colegas “artistas” e pelo monitor do CEAC.
Horários - Horário em regime normal – Semanal das 15h às 18h. - Regime Pós-laboral – Semanal das 18h às 21h - Ateliês livres às Quintas-feiras entre as 15h e as 21h. - Ateliês para crianças todos os primeiros Sábados do mês. - Palavras soltas – conversa com personagens de cá, na primeira Quinta-feira de cada mês. - Exposições dos artistas dos ateliês - Grupo de poesia, reuniões informais, palavras por nós escritas, numa tentativa criativa e poética.
Inscrições As inscrições nas actividades do Centro de Estudos de Arte Contemporânea Almourol, podem ser feitas no local, na Casa da Hidráulica, Rua da Barca em Vila Nova da Barquinha ou através dos contactos 249 720 358 ou 92 62 73 161. Pode igualmente inscrever-se deslocando-se ao Centro Cultural da Barquinha.
010 NÓS
Fevereiro 2014
NovoAlmourol
IDENTIDADE
Desigualdades A desigualdade é vista, hoje, como uma praga universal, firmemente instalada, no pior dos sentidos. Não é preciso ser bruxo nem ter canudo algum para reconhecer essa revoltante realidade.
Também o nosso país (porque havia de ser excepção) é terreno fértil para alimentar esse monstro, era ruinosa desgraça que os poderes teimam em ampliar, para sofrimento de muitos e luxos e faustos de uma minoria cada mais vez mais radical e voraz nos processos de sustentação. Ficámos a saber, recentemente, que o país, (o nosso) conta este ano com mais umas dezenas de milionários relativamente ao transacto, feito badalado pela comunicação social como trivial fatalidade. Em contraponto a essa novidade lá vai relatando, pontual e timidamente, casos de misérias extremas, do abandono revoltante de inúmeros idosos, condenados a uma existência deplorável e a um cruel isolamento social. De tal modo que a morte os surpreende nesse estado de excomungados da sociedade, só descobertos semanas, meses, às vezes anos após o sucedido. Estão pintados, superficialmente, os graus das desigualdades correntes no tempo que nos
é dado viver e sentir, revoltados, não convencidos mas impotentes para contrariar um sistema corrupto, que põe em pé de igualdade o escandaloso salário mensal de 32000 euros de um gestor e o mínimo ou menos do que isso como paga a uma multidão anónima de trabalhadores, sem falar na legião de desempregados, sem recursos. Somos, escandalosamente, um país socialmente desigual. Não só de hoje….de sempre! Basta pegar na história. Do quanto ao nosso torrão, de Parques Ribeirinhos, de esculturas modernistas e faustos assim? Que diz a história recente?! E as páginas da história passada?! A segunda metade do século XIX, tempo de vacas gordas, de sólidas e consistentes fortunas que o Tejo foi engrossando e consentindo, também este buraco foi negro de desigualdades, permitidas, consentidas e levadas ao extremo das consequências. Basta, tão só, que nos debrucemos sobre a leitura das páginas dos copiadores oficiais da época, para nos surpreendermos e tirar
conclusões. Afinal, os dias de crise actual, não são tão diferentes quanto possa parecer dos que foram vividos por algum dos antepassados que por aqui vegetaram. Um relato pungente, dramático, narrado ao pormenor num desses copiadores, despertou-me a atenção e foi ocasião de reparo para este apontamento e desabafo, oportunidade para considerar que, afinal, a história repete-se constantemente, a par dos maus e negativos exemplos. Ora leiam... Registo de correspondência Expedida pala Câmara Municipal de 1868 a 1873. Página 108-V Registo 24 Ao Presidente da Junta da Paroquia desta Freguesia, por oficio do digníssimo administrador deste Concelho datado de ontem que me foi entregue às 8 horas da noite, consta achar-se na cadeia desta vila um preso por nome Francisco António em estado morbo carecendo de ser recolhido a um hospital, segundo as prescrições do facultativo competente, mas este enfermo totalmente pobre e em estado de nudez em que se
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TEXTO António Luís Roldão
acha, sem camisa nem ceroulas, nem fato algum, à excepção de umas calças, e uma camisola muitíssimo velhas, não pode ser transportado para hospital algum, e mesmo querendo-o irá provar não haver caridade alguma nesta paroquia. Por estas razões sirva-se V.ª Ex. a em vista dos artigos 306-n.º3 e 312 – n.3 e 4 (…) do Código Administrativo providências, socorrendo o aludido enfermo pelo cofre da junta a que V.ª Ex. a dignamente preside, ao menos com uma camisa, ceroulas e camisola no mais curto espaço de tempo para que não feneça na cadeia sem recursos que pode conseguir no hospital; por isso rogo a V.ª Ex. a se digne tomá-lo na devida consideração e acusar-me a recepção deste oficio com o que fica declinada a minha responsabilidade. Deus guarde V.ª Ex. a. [Barquinha, 18 de Fevereiro de 1872, O Presidente da Câmara: Manuel Rodrigues Teixeira. A brutalidade da denúncia nos termos da descrição do documento, ficando para a história como página negativa, dispensaria qualquer outro comentário. Ele falaria, por si, às consciências,
em qualquer período de tempo. Contudo, alguns pormenores, exigem uma palavra mais. Em primeiro o descartar de responsabilidades da autoridade oficial, do Administrador para o Presidente da Câmara e deste para a Igreja, na pessoa do Pároco. Indicia este procedimento o desumano fechar de olhos dos responsáveis da governação (provavelmente bem instalados na vida) num acto que está , directamente sob a sua alçada. Mas não mexeram uma palha para resolver tão dramática e pungente situação. De denúncia em denúncia chegaram à entidade eclesiástica, como solução. Aí está! Ontem, como hoje, cabe à Igreja o papel de acudir, minimizar, dar resposta às desumanas condições de vida de muita gente, privada de meios de sustentação por causas, as mais diversas. São gritantes, hoje, inúmeros casos de seres humanos mergulhados no mais degradante dos sofrimentos a quem, semelhantemente, os poderes oficiais fecham os olhos. Não me alongo que a matéria é conhecida, do domínio público. Serve de reflexão. ―
PUBLICIDADE 011
fevereiro 2014
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012 APRENDER
fevereiro 2014
NovoAlmourol
PACAD, "Um Risco na Paisagem" e "Uma Paisagem em Risco" são as exposições permanentes
MAÇÃO
Museu com museu dentro TEXTO RICARDO ALVES
Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado no Vale do Tejo é um local a visitar, um espaço de memória dentro de outro que é Mação
O Museu Municipal Dr. João Calado Rodrigues, agora também designado por Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado no Vale do Tejo fica situado na vila de Mação. Da arte rupestre no vale do Ocreza à Trindade Cristã, são vários os testemunhos desse caminho. O museu não é apenas o espaço físico entre as suas paredes. É antes composto por toda a região que pretende guardar dentro
de si e, tal como esta, é um espaço de diversidade e de interrogação. Em 2000 com a descoberta a 6 de Setembro de uma gravura rupestre paleolítica com mais de 20.000 anos na margem do Rio Ocrez, procedeu-se a uma reorganização do inventário do Museu e começou a ser delineado um programa apoiado por uma Comissão internacional de Acompanhamento. A Câmara de Mação celebrou protocolos com o Instituto Politécnico de Tomar, o Centro de Estudos da Pré-História do Alto Ribatejo, o Instituto Por-
tuguês de Arqueologia e a Federação Internacional de Arte Rupestre. Entre Agosto de 2003 e Março de 2005 todo o edifício foi reestruturado e foi inaugurada a exposição "Um risco na paisagem - Artefactos, lugares e modos de vida nas origens do agro-pastoralismo". As actuais exposições apoiam-se numa pequena parte das colecções do Museu, falam sobretudo das origens da agricultura e da arte porque este é um tema em que Mação tem uma importância nacional, e porque a
agricultura e o trabalho da terra são as suas bases identitárias. O Museu de Mação está aberto de Segunda a Sexta, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. As visitas guiadas realizam-se nos mesmos dias das 10h00 às 17h00 e nos Sábados, Domingos e Feriados das 10h00 às 13h00—14h00 às 17h00. Fora deste horário fixo o Museu abre todos os dias da semana, a qualquer hora do dia ou da noite, desde que feita uma marcação prévia de 24h. O outro Museu, a céu aberto, o concelho, está aberto 24h por dia.―
ACTUAL 013
fevereiro 2014
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CIMT
Presidentes em retiro planearam ciclo crucial Autarcas do Médio Tejo reuniram com especialistas de várias áreas para desenhar a estratégia de abordagem conjunta ao novo quadro comunitário, tido como crucial para a região texto Ricardo alves Reunidos durante o fim-de-semana, nos dias 1 e 2 de Fevereiro no Vimeiro, os presidentes das 13 autarquias que constituem a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) prepararam uma abordagem conjunta aos fundos do próximo Quadro Comunitário de Apoio (2014/2020). A juntar aos 13 presidentes de câmara o “retiro” contou igualmente com a participação de especialistas em matérias como a administração local, a intermunicipalidade e o marketing, na preparação de um novo ciclo tido como “crucial”, afirmou Maria do Céu Albuquerque, presidente CIMT, à Lusa. A autarca afirmou ainda que “a reunião foi bastante produtiva", referindo que os autarcas apresentaram os seus projectos estratégicos de desenvolvimento, discutiram as competências JUSTIÇA
Tomar e Abrantes em disputa As duas autarquias estão disponíveis para acolher as segundas secções cível e criminal da comarca de Santarém no âmbito do futuro mapa judiciário. Primeiro foi Maria do Céu Albuquerque, presidente da câmara de Abrantes, que o propôs no final de Dezembro de 2014. Agora foi a vez de Anabela Freitas, presidente da Cãmara de Tomar, que em comunicado de 31 de Janeiro, anunciou ter escrito uma carta à ministra da Justiça indicando Tomar, mesmo que seja necessário “a assegurar alguns custos inerentes”. Anabela Freitas invoca que o concelho de Tomar é o mais indicado devido à sua “localização, existência de transporte ferroviário e pelo actual quadro de juízes e número de processos entrados”.―
Mobilidade, Saúde e Educação são algumas das áreas que deverão ser canalizadas para a gestão em sede da CIMT
da CIMT e dos municípios e analisaram as possibilidades de obtenção de recursos para investimento à escala municipal e intermunicipal. Maria do Céu Albuquerque contou ainda que se discutiram os “vectores a canalizar para gestão em sede de CIMT", em áreas como a mobilidade, a educação, saúde, tecnologias de informação e conhecimento, informação geográfica, cultura, turismo, protecção civil, entre outras.
O plano estratégico definido para a região do Médio Tejo "vai ser objecto de apresentação pública em ocasião a definir oportunamente", acrescentou a presidente da CIMT. A CIMT é actualmente constituída pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha e Vila de Rei.―
014 PUBLICIDADE
fevereiro 2014
NovoAlmourol
CULTO 015
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OS PASSOS DE SÍSIFO
A Causa da Coisa Opinião Luiz Oosterbeek A história europeia das últimas três décadas, desde a chegada de Mitterrand e Köhl ao poder em França e na Alemanha, foi uma história de crescimento acelerado da despesa pública, com significativo aumento da circulação de dinheiro. Essa estratégia respondeu na Europa aos sinais de afundamento do sistema monetário internacional (anunciado pelo fim da paridade dólar/ouro já na década de 1970) e à dupla crise das superpotências (a URSS, que ruiu, e os EUA, que foram dando mostras de perda crescente de capacidade para socorrer a Europa no plano socio-económico). O aumento da despesa pública não foi, porém, essencialmente um aumento de investimento reprodutivo, e sim um aumento de gastos sociais, essencial para consolidar uma visão de alargamento das comunidades europeias (transformadas em União), evitando a alternativa de degradação social e novos conflitos intra-europeus (que seriam facilitados pela diminuição do poder dos dois blocos).
Muito cedo, esta estratégia revelou fragilidades financeiras graves, levando a que por mais de uma vez diversos países, sobretudo do Sul e incluindo a França, ficassem em situação de pré-ruptura. Isso levaria a uma dupla decisão: a da estimulação crescente do crédito (primeiro sobre bens móveis, mas rapidamente mudando o paradigma da gestão do sector imobiliário e das políticas de habitação, tal como nos EUA) e a da criação de uma moeda única (que estabilizasse e harmonizasse o regime financeiro europeu, evitando novas crises, nomeadamente em França), ambos a caminho de uma federalização (jamais confessada) da Europa. As hesitações no plano político, porém, acabaram por ter como resultado um conjunto de medidas isoladas, não integradas de forma coerente, excepto numa óptica estritamente financeira. A financialização da economia foi o resultado lógico deste processo, e a derrota do projecto de Constituição Europeia (em 2004) agravou uma realidade que explodiria a partir de 2008, mas que na verdade es-
tava anunciada há muito. Tudo isto é importante quando pensamos em Portugal, e nas suas possíveis estratégias de superação da crise. A economia financializada (de que as chamadas “bitcoins” fustigadas por Paul Krugman, são um indicador claro) não conseguirá senão agravar os indicadores sociais, ambientais, culturais e estratégico-económicos da crise. Mesmo quando sugere crescimento económico, o seu preço é um maior fosso social, uma instabilidade crescente no sector produtivo (ironicamente, também na produção de moeda, com sinais agravados de desagregação do sistema monetário internacional) e tensões culturais amplificadas (de que é expressão o recrudescer dos fascismos na Europa e no norte de África).
Muito cedo, esta estratégia revelou fragilidades financeiras graves, levando a que por mais de uma vez diversos países, sobretudo do Sul e incluindo a França, ficassem em situação de pré-ruptura.
A Portugal, e ao Médio Tejo, coloca-se a necessidade de pensar que agenda pensa trilhar: uma de curto prazo, embalada na ilusão de uma recuperação ainda na base da economia financeira, ou uma outra, mais integrada e de médio prazo, que valorize a tangibilidade dos bens acumuláveis e transitáveis?
Com escassos recursos minerais, uma população envelhecida e uma desestruturação galopante das estruturas do Estado Social (incluindo o ensino superior), Portugal mais não é do que uma versão bastante rigorosa de uma Europa, preocupada em disfarçar as suas rugas mas que não cuida do bom funcionamento dos seus órgãos internos. Quando pensamos em “que utilidade pode ter Portugal”, ou o Médio Tejo, numa Europa que se tem de reorientar, parece óbvio que para além do potencial logístico de articulação com o Atlântico (em relação ao qual pouco investimos) da capacidade de inovação no campo do conhecimento (hoje muito abalada), resta apenas o turismo e uma economia produtiva quase de subsistência…que sabe a pouco para justificar um País. Enquanto pensamos, vale a pena não esquecer que antes de 2020 haverá um presidente americano que será o primeiro, desde o século XIX, a perder o pódio de nº1…para a China. Alguém acredita que isso não terá consequências profundas na tal “saída da crise”?―
DOM RAMIRO
(r) anos depois… Opinião CARLOS VICENTE Dom Ramiro voltou… não que a pertinência das palavras cruas sejam coisa do passado, na realidade são cada vez mais necessárias nas explicações dos factos que as motivam. O reino está pobre. Eram poucos os que sustentávamos, agora mais que muitos (e é assim pelo mundo, daí a generalidade) O saber que se conquista com esforço, pouca importância tem para os Senhores do regime… que continua a ser legado de famílias, outrora através dos laços de sangue, hoje, pelos laços das ideologias. Muitos são os que espreitam por aqui e por ali o poder. O poder do Poder. O querer perpetuar
“aquilo” a importância conferida, talvez honrarias, talvez a vaidade de ser vaidoso, mesmo com o “esforço” que isso implique.
(...) a arte enquanto projecção do belo e do transcendente é a melhor motivação criada,, Mas para alguns, essa é a sua razão de viver, ontem, o fim da vida era para acompanhar os mais novos no desbravamento do “mundo”, hoje é uma continuidade do “eu” do narcisismo voluntarioso dos que, não deixam para os mais novos as rédeas do mundo que vai ser deles. Somos impositores cruéis. Se
lhes deixamos alguma coisa, são sim, dívidas para pagar e estradas à beira do abismo. É nesta penitência que Dom Ramiro volta do seu reino de trevas (chorando a morte de sua esposa e a fuga de sua filha com
o “pagem mouro”) para o inferno de hoje. E, dito assim, tudo o que acontecer parecerá melhor, aos olhos dos leitores, dos amigos e inimigos e das “generalidades” também. Não será de forma alguma,
uma guerra mas um alerta, um acordai de Lopes Graça, rio acima do Fausto e cuidado que eles ainda comem tudo do “maravilhoso” Zeca. Nesta coluna quero acima de tudo e deste flagelo momentâneo, falar de arte e de turismo, desta comunhão inquestionável. A paisagem enquanto monumento é uma das gratuidades do nosso concelho, a arte enquanto projecção do belo e do transcendente é a melhor motivação criada, que poderá revolucionar aquilo que somos e a maneira de vermos os outros. Impõe-se falar do Mercado das Artes, impõe-se falar do Turismo do Concelho e não deixarei de o fazer ao longo (espero) de mais meses que formam os anos e que fazem as memórias de todos nós.―
016 NA RUA
FEVEREIRO 2014
NovoAlmourol
VILA NOVA DA BARQUINHA
Esculturas de Sanches vivem de uma forte tensão plástica e dramatismo discursivo.
As esculturas do interior de Rui Sanches TEXTO JNA
"Bustos e Cabeças " (desenhos e esculturas) é
A exposição “Bustos e cabeças” como que anuncia a próxima presença de uma obra pública da autoria de Sanches, cuja construção está prevista acompanhar a reabilitação do Castelo de Almourol
uma exposição de Rui Sanches, um dos mais importantes escultores e desenhadores revelados nos anos 80 do século passado, que vai estar patente ao público na Galeria do Parque, em Vila Nova da Barquinha (VNB), entre 8 de Fevereiro e 25 de Maio. A exposição, constando de desenhos, mas principalmente de esculturas de interior, como que anuncia a próxima presença de uma obra pública da autoria de Sanches, cuja construção está prevista acompanhar a reabilitação do castelo do Almourol, acrescentando-se assim mais uma significativa peça ao Parque de Escultura
Contemporânea Almourol. No catálogo, da autoria do comissário da mostra, João Pinharanda, pode ler-se que "a selecção de peças desta exposição isola um tema recorrente na obra de Rui Sanches. (...) "O tema de Bustos e Cabeças recorre a uma vasta tradição histórica, ancorada na Antiguidade Clássica e nunca abandonada nos tempos criativos posteriores.”. “Como tema cultural, os bustos e as cabeças resultam do generalizado interesse pela representação humana (...) ou pela humanização da representação divina (...). "Negando todo o realismo ou naturalismo e todo o idealismo o trabalho de Rui Sanches garante-se numa dimensão abstractizante, estrutural e formal." Pinharanda caracteriza as
esculturas de Sanches como vivendo de uma forte tensão plástica e dramatismo discursivo. Esta tensão dramática advém dos vários caminhos tomados. Advém dos jogos de duplicação das cabeças (...) e da associação das cabeças com outras formas (...); advém da associação dos múltiplos materiais (bronzes, contraplacados, espelhos, ferro, por exemplo) usados numa mesma obra; advém da propositada indecisão de escala e estatuto das peças (...); finalmente, advém do modo como as obras se desconstroem dentro de si mesmas. Apenas uma das esculturas apresentadas resulta de encomenda com vocação celebrativa (...) Todas as outras peças apresentadas podem ter sido vistas como anti-monumentos. Pen-
sadas ou não como maquetas de peças maiores, a todas cabe questionar, desde seu interior, a pertinência da vocação comemorativa e celebrativa da escultura”, escreve Pinharanda. “Sanches está, simultaneamente, a assinalar e a integrar o discurso anti-monumental da arte contemporânea, a revelar as fontes do seu niilismo, a negar a ilustração como destino para a arte actual e a afirmar a sua exigente vocação intelectual e democrática”, uma exposição que é fruto da colaboração da Fundação EDP com o Município de VNB na programação da Galeria do Parque, com inauguração marcada para dia 8 de Fevereiro, pelas 16:30 na Galeria do Parque, Edifício dos Paços do Concelho de VNB. A entrada é gratuita.―
CULTURA 017
FEVEREIRO 2014
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Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações
A união do rebanho obriga o leão a deitar-se com fome
23. O Portugal imobiliário e turístico, a Crise e o Futuro.
Provérbio Africano
CONSTÂNCIA
Sardoal
vila nova da barquinha
Feira Nacional "Os Dois do Fumeiro Menecmos" ExpoAnimalia De 1 de Fevereiro a 9 de Março, o Centro Ciência Viva de Constância, acolhe uma exposição de répteis vivos de quatro continentes. Além do contacto visual, o visitante poderá interagir, tocar e manusear alguns exemplares, com uma abordagem acerca das características morfológicas, da sua alimentação, origem e modo de reprodução. Informações: info@ constancia.cienciaviva.pt, ou 249 739 066 e 911 588 984.―
A 8ª edição da Feira Nacional do Fumeiro, Queijo e Pão volta a realizar-se no mesmo local e na data inicial. Depois de inserida nas Festas do Concelho de Sardoal, em 2013, regressa ao Quartel dos Bombeiros Municipais da vila nos dias 28 de fevereiro, 1 e 2 de março. Além do fumeiro, queijo e pão, oriundo de vários pontos do país, o programa de animação é composto por atividades como workshops, cozinha ao vivo, animação musical, percurso pedestre, entre outras.―
O “Ultimacto”, Grupo de Teatro de Cem Soldos, apresenta a peça “Os Dois Menecmos”, de Plauto, no dia 15 de Fevereiro, pelas 21h no CIR, exTuna, em Moita do Norte. A organização é do Clube de Instrução e Recreio exTuna. A comédia é uma adaptação de um texto de um dos maiores dramaturgos da Roma Antiga e conta a história de dois irmãos gémeos separados à nascença e a incessante busca de um deles pelo irmão que muitos anos mais tarde reencontra.―
ABRANTES
Pedro Abrunhosa apresenta novo disco TEXTO ANDRÉ LOPES
Pedro Abrunhosa e a banda Comité Caviar
apresentam “Contramão” no cineteatro São Pedro, em Abrantes, no dia 28 de fevereiro. O novo disco de originais, feito a partir da “realidade portuguesa, como a emigração e a crise”, é composto por melodias rock, funk, gospel, flamengo, e conta com as participações do fadista Camané, do cantor catalão Duquende, do Saint Dominic
Choir e do Quarteto de Cordas de Matosinhos. A observação da realidade portuguesa reflete-se em todo o álbum, mas mais particularmente nas músicas “Para os braços da minha mãe”, interpretado com Camané, que descreve a nova “geração que emigra porque é empurrada” e em “Todos lá pra trás”, uma “fotografia de figuras caricatas que existem no país, dos candidatos a cargos que querem apenas o cargo, não a função”. Do disco “Contramão”, fazem ainda
parte “Toma Conta de Mim”, “Voámos em Contramão”, “Não Estamos Sós”, “Senhor do Adeus” que se farão ouvir em Abrantes”. Pedro Abrunhosa faz-se apresentar com a banda Comité Caviar, formada por Marco Nunes, Cláudio Souto, Eurico Amorim, Miguel Barros, Pedro Martins e Paulo Praça. Os bilhetes têm o preço de 10€ e podem ser comprados no Posto de Turismo de Abrantes ou na bilheteira do cineteatro São Pedro no dia do espetáculo. ―
SARDOAL
Concerto da Filarmónica União Sardoalense no património histórico TEXTO andré lopes
A Igreja de Santa Maria da Caridade, no Sardoal,
recebe a Filarmónica União Sardoalense para um concerto
peculiar, num ambiente religioso, património histórico da vila. O concerto, dirigido pelo maestro Américo Lobato, acontece no dia 8 de Fevereiro, pelas 15 horas. A entrada é gratuita e aberta a toda a comunidade. A
Filarmónica União Sardoalense, que completou, em 2012, 150 anos, alia-se, nesta ocasião, à Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, instituição com mais de 500 anos de vida, para um concerto singular. ―
Luís Mota Figueira Professor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar
Em artigo dedicado ao investimento estrangeiro em Portugal, nomeadamente no sector do Turismo, em www.ionline.pt/ artigos/dinheiro/turismo-uma-tentacao-investimento-estrangeiro , refere-se que “Esta é a melhor altura dos últimos 15 anos para se comprar casa em Portugal. A conclusão é do director geral da ERA, Miguel Poisson, que considera que o nosso clima não é contagiado pela crise. “Portugal é facilmente identificado como um destino priviligiado (sic) de férias, devido ao clima, ao golfe, às praias e à gastronomia. O mais importante é sermos capazes de desenvolver e manter uma oferta de produto turístico que esteja alinhada com a promoção da qualidade urbana, ambiental e paisagística do território. E é nesse âmbito que o sector do imobiliário dá um contributo importante”. Independentemente da questão imobiliária que é relevante dada a quantidade de construção especulativa que foi sendo reunida antes da Crise, e que agora tenta sair do Caos que construiu, importa perguntar se, porventura, nas equações que estão em cima da mesa, foi ajuizado qual o lugar das Pessoas. No contexto de Empreendedorismo que, de repente, parece ser a poção mágica para criar riqueza e iniciativa individual e colectiva, também muitos olham o Turismo como a forma de melhor vendermos o que resta do País, para vencermos a Crise. Sendo certo que são componentes relevantes na Economia não são, infelizmente, a solução que muitos desejariam. Numa lógica imediata até parecem funcionar porque animam um ambiente que tem sido depressivo, desde há anos consecutivos. Mas os Países, para além da questão económica, vivem de uma outra lógica: da imagem cultural que os distingue num Mundo cada vez mais competitivo. Por isso, a identidade é um Valor intrínseco, não comercializável, intangível, único, revelador
de uma colectividade, de um Povo. A Cultura tão maltratada actualmente em Portugal, é um dos Valores que importa trazer à discussão neste ambiente optimista que o actual Governo não se cansa de propagandear. Porque não é a produção cultural focada da mesma forma? Há bons exemplos que revelam, apesar de tudo, a sua capacidade resistente.
(...) importa perguntar se, porventura, nas equações que estão em cima da mesa, foi ajuizado qual o lugar das Pessoas"
Também ficámos a saber ontem pelas televisões e pelas palavras do Ministro dos Negócios Estrangeiros que em 23 dias se reuniram cerca de 40 milhões de euros de investimento estrangeiro ao abrigo do cartão dourado especialmente desenhado para a captação deste tipo de investimento. Acontece que esta situação de atracção de investimento não é apenas uma realidade económica pelo facto de os investidores encontrarem bons produtos para investimento mas, acima de tudo, pelas condições excepcionais que a desestruturação do Estado Social e a desregulamentação progressiva do Mercado de Trabalho, para além da depreciação contínua do factor Trabalho, acabam por fazer coincidir numa atmosfera de grande optimismo para quem queira arriscar capitais no nosso País, com todas as comodidades, acrescente-se. Vale a pena pensar sobre isto. Tomar, 28 de janeiro de 2014
018 FIGURA Casal deixou a cidade em que vivia, em Inglaterra, para viver em Portugal. Em Constância apenas viram uma casa, o suficiente para escolherem a vila poema
fevereiro 2014
NovoAlmourol
Joan diz que Portugal é "tão bonito", com pessoas com grandes ideias mas que raramente se concretizam. Roger ficou fascinado pelo calor humano e simpatia
Escolheram Constância com objectividade: os serviços básicos, as acessibilidades, os transportes e os rios. Objectividade britânica que se perde com a paisagem
CONSTÂNCIA
Amores em fuga Roger e Joan vivem em Constância e o seu (longo) percurso até nós conta peripécias dignas de um romance. Vindos de um país frio, com uma economia muito diferente da portuguesa, um viver muito diferente também, o casal britânico viajou para Portugal em busca de uma paixão perdida. Não a deles, que há muito existia, mas do filho, que acabou por ficar. O filho, a nora e os netos emigraram. Estão sozinhos, mas bem acompanhados, e sorriem Texto RICARDO ALVES Fotografia RICARDO EScada
sim foi, em 2011. “Tem serviços de saúde, o comboio perto, autocarros, bons acessos, dois rios… Não viveria num sítio de onde não pudesse viajar com facilidade”, confessa Roger.
Em 1998, Roger e Joan, acompanharam o seu filho naquela que seria, talvez, a maior e mais importante aventura da sua vida. O filho mais velho do casal perdera-se de amores por uma jovem Portuguesa, Luísa. Conheceram-se em Londres, Inglaterra, na “Imperial College” onde Luísa finalizou os seus estudos. A partida da jovem estudante para Portugal deixou o filho de Roger e Joan com o coração em mil pedaços. Ele com 28 anos, ela com 25, com família na Serra da Estrela mas residente em Lisboa, tinham de se reencontrar. “Ele estava desesperado por vir a Portugal”, começa por contar Roger, “estava em frenética perseguição!”. Roger e Joan não falam português e apenas arriscam algumas palavras e expressões que ouvem diariamente pela vila. Na primeira vinda a Portugal, a de “resgate” de Luísa, Roger fez a sua primeira grande viagem, “pegámos no Land Rover, carregámos as malas e fiz uma grande viagem pelo lado errado da estrada (ndr. em Inglaterra conduz-se pelo lado esquerdo). “Viemos por Espanha, eu não falo nada de espanhol, absolutamente nenhum português e achei muito difícil, e muito diferente. As pessoas respondem de forma diferente em cada país”, divaga Roger. Após muitas outras viagens para o nosso país, o casal acabaria por se estabelecer em Lisboa, em pleno centro da capital, na Rua Pascoal de Melo, perto de Arroios. “Não gosto de Lisboa”, dispara rápido Roger, “não conhecia, mas estávamos perto da família”. “Viemos uma vez por Arganil e Mirandela e é tão diferente de Lisboa, gostámos do Minho, do Norte mas era muito longe”. Acabaram em Constância e a decisão foi simples, mais que o nascer da paixão pelo nosso país, ao contrário do filho. “Demorou algum tempo mas também nós nos apaixonámos por Portugal. Durante uma das nossas viagens descobrimos esta região e gostei, simplesmente. Olhámos em redor e gostei logo de Constância”. “Eu podia viver aqui”, pensou imediatamente Roger, e as-
Uma casa em ruínas, uma vida inaugurada. Joan, de 75 anos, e Roger, 66 anos, viviam numa pequena cidade inglesa, ‘Bradford on Avon’, com cerca de 9 mil habitantes, e Joan vê muitas semelhanças com Constância. “É uma cidade no meio de um vale, com um rio, barcos e edifícios antigos”, explica Joan, e Roger finaliza “e também sofre de cheias”. A cidade inglesa é conhecida pelos seus bares (pubs) e restaurantes, as lojas e os edifícios cuja história remonta ao tempo dos Romanos. Em Constância apenas visitaram uma casa, “esta”, diz Joan olhando em redor. “Estava completamente em ruínas”, conta Roger que veste roupa de trabalho, sempre com a fita métrica à cintura, “sabíamos que estava em mau estado mas uma arquitecta portuguesa que conhecemos em Macau, a Carla, negociou com a câmara e projectou a reconstrução. Está agora muito próxima do projecto original de há 100 anos”. Sobre as pessoas, apenas encontra elogios, “têm sido muito amáveis, muito prestáveis, tal como a Câmara Municipal de Constância que mediou o processo”. Na casa, “trabalho nela todos os dias, menos aos domingos, desde que chegámos” diz Roger, com grandes janelas viradas para o Tejo, estão as fotos dos filhos, da nora, dos netos, a companhia dos dias que procuraram em Portugal mas que actualmente são a única presença possível nas suas vidas. Emigraram para os Estados Unidos da América. A crise que não olha a nacionalidades. Talvez se o contexto fosse Inglaterra as coisas tivessem sido diferentes, num país mais forte economicamente em que os jovens não se vissem obrigados a emigrar em busca de melhor vida. Joan e Roger vieram para Portugal para encurtar distâncias com a família mas acabaram ainda mais longe. Os netos, Sara (9 anos) e Tiago (11 anos), vivem em Rochester, no estado de Nova Iorque, com os pais. “Não sabem quanto tempo, mas já têm os vistos de residência e por lá deverão ficar”. O filho é um Físico Teórico e
Luísa é professora de Química Teórica, ambos na Universidade de Rochester, uma das melhores nos EUA. Apesar de resignado às evidências o casal deixa escapar que “são mais dois cérebros que fugiram do país”. Numa lombada da sala está um pequeno tecido doirado pendurado no qual o casal pendurou os postais que recebe, muitos corações e flores coloridos em dezena e meia de postais. A maior comunicação que têm com a família emigrante é através de carta. Roger mostrou o bloco que usa e tem sempre à mão. “Há sempre uma caneta por perto, e por vezes uso a pena e tinta, à antiga”. Não têm televisão, computador, e até o telefone fixo “está em vias de desaparecer”, conta Roger. Comunicam por telemóvel e passam os dias a ler livros e jornais, é assim que também vão conhecendo Portugal, a região e algumas palavras em português. Em Inglaterra, Roger construía barcos, e alguns berços em forma de barco, entre outros. Desde que compraram a casa que Roger é inseparável da fita métrica e uma navalha, “uso-a para as laranjas, faço compotas e doces com elas”. No exterior da casa tem uma laranjeira farta, ao NA ofereceu um saco. “A minha mulher trabalhava, era enfermeira, e eu tomava conta das crianças, e fazia coisas, mobília, barcos e berços, uma ou duas casas”, “isso não é bem verdade”, interrompe-o Joan em gargalhadas, refutando a insistência de Roger em dizer que não trabalhou. Após algum silêncio Roger fala entre sorrisos do modo como a comunidade o aborda, “Ó Roje, ó Roje”, mas retorna o olhar, a espaços vazio. “A minha nora, Luísa, está a ter dificuldades na América. Diz que em Portugal as pessoas vão ao encontro das outras, ao passo que na América elas afastam-se”, confidencia Joan. Longe da família e em pleno Inverno, o casal aquece-se à salamandra sempre de janelas escancaradas para o rio, “gostamos de ver os pássaros subir o rio ao fim da tarde”. Apesar das distâncias Roger e Joan sorriem. Sente-se o calor da casa, da hospitalidade e simpatia. Olham o Tejo, que em Constância encontra o Zêzere, os pássaros, na esperança que o reencontro com a família suba rápido o rio e lhes espreite pelas janelas novamente, para dentro de uma casa que todos os dias fica mais pronta para a receber.―
fevereiro 2014
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3 1 4
2 5 6
1. Apelido diferente na porta 2. Os traços históricos da sua casa foram respeitados à risca 3. Roger lê as notícias no NA 4. Olhar o rio é um dos prazeres do casal 5. Joan e Roger na sua sala 6. Vieram para estar perto e ficaram ainda mais longe
FIGURA 19
020 NA RUA
FEVEREIRO 2014
NovoAlmourol
Crónica Musical
NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO - ESTA
Gloriosa Hipnose Humberto Felício Músico e Produtor
Não me compete condenar ninguém, muito menos o povo hipnotizado com os reis da bola e com as deprimentes novelas colaterais. Continuo no entanto aterrorizado com a geral despreocupação assumida pelos aficionados da bola. Ninguém se aflige com a violência que o futebol transpira? Ninguém se incomoda com a corrupção galopante!? Estou convencido de que a violência está no ADN desta malta. Encarregados de educação partem para a agressão num simples jogo de crianças, adeptos praticam atos de violência e vandalismo, comunicam-se livremente insultos futebolísticos... etc, etc... Os meios de comunicação continuam a dar o destaque que se conhece a este movimento e o povo continua hipnotizado. Será que os "cromos" da bola pensam no que estão a "transmitir" aos seus filhos, será que se preocupam com a educação dos mais novos.
(...) Ninguém se aflige com a violência que o futebol transpira? Vejo no futebol uma incubadora de brutos. Afrontam-me comparações baratas com a competição futebolística, afrontam-me o comentário fácil e inútil de comunicadores que descartam as suas responsabilidades de educadores que influenciam comunidades. Num destes dias, depois de um concerto, depois de uma noite muito animada, já de regres-
so ao hotel com a comitiva, decidimos aconchegar a barriga numas máquinas de vending abertas 24 horas. Encontramos dentro do estabelecimento uns "clones" do CR7 a vandalizar as máquinas. Do alto dos meus 36 anos decidi intervir dizendo que já estavam a demorar muito tempo, como quem diz, deixem-se disso e vão mas é pra casa dormir. Depois de proferir tais palavras levei um potente murro no nariz, acabei por cair e enquanto andava de gatas a procurar os óculos levei porrada a sério no corpo todo. Lá fomos de ambulância para o hospital todos partidos. Conclusão, diz que os rapazes estão muito assustados por termos feito queixa na polícia, diz que são uma equipa de futebol e que o treinador é uma pessoa influente e desde então já recebi várias tentativas no sentido de retirar a queixa. Quero que os encarregados de educação, incluindo o treinador, fiquem cientes do que estão a produzir. Não quero estragar a vida destes supostos atletas, quero apenas que tomem consciência da personalidade que estão a construir. Quero que nos lembremos que o desporto também deve e tem que ser sinónimo de formação pessoal, individual. Quem está com estas crianças, seja o treinador durante treinos e competições, sejam os pais quando vão com eles ver um jogo ou quando assistem ao delas, está a deixar uma marca, um contributo. O que dizer de um pai que da bancada, durante o jogo do filho, insulta o árbitro, discute com pais da outra equipa, etc.? Que dizer de um treinador que não estimula a cooperação, o respeito? Digam-me.―
Pintura de René Magritte subiu ao palco do Cine-Teatro São Pedro TEXTO micael reis
No passado dia 24 de Janeiro os abrantinos tiveram a oportunidade de ver um espectáculo de dança contemporânea: "La Ligne de Vie". Em palco foi representada uma parte do universo artístico do pintor belga surrealista René Magritte, cujas obras marcaram um período importante na história da arte. Em palco estiveram cinco bailarinos da Companhia de Dança de Almada: três femininos e dois masculinos. Foi representada uma narrativa com uma linguagem "Magrittiana" em que as várias personagens presentes tanto se tornaram personagens da pintura de Magritte como representaram personagens reais - o próprio casal Magritte (René e Georgette) - proporcionando assim uma experiência com um misto de real e fictício. O mundo de René Magritte foi fortemente marcado pelo surrealismo e pela morte de sua Mãe. Ou seja, quem assistiu aos 50 minutos deste bailado teve acesso a um conjunto de imagens
que nos transporta até uma visão de um "enigma ambíguo" e que acaba por ser resolvido pelo espírito. Os objectos (que estavam pendurados por fio de côco, dando a sensação de estarem suspensos no ar) são pistas importantes para percebermos que obras serão representadas pelos bailarinos. E não só. Estes objectos fazem um apelo à memória, à imaginação e às recordações do pintor. A coreógrafa do "La Ligne de Vie" é Carla Jordão, licenciada em Dança, no ramo de Espectáculo, pela Escola Superior de Dança. A sua experiência profissional está ligada à Dança e ao Teatro como intérprete (em
companhias e projectos), e à criação coreográfica. Tem participado em várias performances em Portugal, Espanha, França, Grécia, Polónia, Áustria e Alemanha. Mas quem falou ao NA foi a professora e ensaiadora Maria João Lopes, que nos disse que este trabalho "foi uma forma de dar estímulos aos bailarinos para que fosse possível trabalhar em torno da partilha e não passando só por chegar e implementar um movimento em estúdio. Permitindo assim aos bailarinos que dessem um cunho pessoal a esta narrativa". E isso foi possível de observar num dos solos que nos foi apresentado por um dos bailarinos. ―
CULTURA 021
FEVEREIRO 2014
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TORRES NOVAS
Fusão da dança urbana e contemporânea em "Hu(r)mano" TEXTO andré lopes
O Teatro Virgínia estreia, a 15 de fevereiro, o espectáculo Hu(r)mano, com coreografia de Marco Silva Ferreira. A criação de dança tem como matéria de interesse as danças urbanas onde os intérpretes emergem de uma forma mais individualizada e recontextualizada. Para o coreógrafo Marco da Silva Ferreira, natural de Santa Maria da Feira, a dança é gerada por uma “interação entre o ´eu` humano e o ´nós` urbano.” Hu(r)mano conta com as interpretações de Anaísa Lopes, André Cabral, Marco da Silva Ferreira e Vítor Fontes.
Os bilhetes para o espectáculo custam 7,5€, com descontos aplicáveis, e podem ser com-
prados na bilheteira do Teatro Virgínia ou através da Bilheteira Online, Fnac e Worten.―
VILA DE REI
Festival Rock na Vila com Mind da Gap no cartaz TEXTO andré lopes
A 11ª edição do Festival Rock na Vila tem data
marcada para os dias 6 e 7 de Junho, no Parque de Feiras, em Vila de Rei. A programação do festival já está definida, mas ainda só foram divulgados os concertos do pri-
meiro dia. O rapper sertaginense J-K irá fazer a abertura do festival, seguindo-se o concerto da banda Mind da Gap e a animação prossegue noite dentro com a presença dos DJ Hugo Rafael e Ana Isabel Arroja, da Rádio Comercial. Em 2013, pelo Festival Rock na Vila passaram Filipe Pinto, Boss AC, Pop Xula, Planeta
Vaca, Black Shot e Hollow Page, num programa composto também por exposições, torneios de jogos de computador e desportos radicais. O festival já é uma referência na região centro, tendo sido nomeado, em 2013, para os Portugal Festival Awards, que distinguiu alguns festivais portugueses.―
TOMAR
O Freestyle de Slimmy TEXTO andré lopes
“Freestyle Heart” é o nome do disco que Slimmy
leva ao Cineteatro Paraíso, em Tomar, no dia 21 de Fevereiro. Inserido no TomarJovem, o concerto do multi-instrumentista portuense terá como som de fundo o terceiro disco de originais, desenvolvido em parceria
Disco Riscado
com o músico canadiano Andrew Torrence e com um som mais rock e eletrónico. Dez anos depois de ter lançado “Beatsound Loverboy”, o cantor aposta em música feia em português com “Anjo Como Tu” que tem feito sucesso nas plataformas sociais. O concerto tem início agendado para as 21h30 e os bilhetes têm o preço de 7€.―
Cultura de fio a pavio Luís Ferreira Designer Director Artístico Festival Bons Sons
Uma região que possui 135 imóveis classificados e um monumento considerado Património da Humanidade pela UNESCO. Uma região tão rica em património edificado como no imaterial. Um enquadramento natural invejável com jardins, rios, e parques naturais singulares. Uma localização estratégica com acessos de luxo. Uma rede de equipamentos culturais, desportivos e hospitalares acima das necessidades. Esta não é uma descrição de uma região do Norte da Europa. Falo, sim, da região do Médio Tejo. Falo de uma região com cerca de 230 mil habitantes e de um potencial de atracção turística muito superior à sua população. O que nos falta para sermos uma potência? Falta sentido de pertença. Falta visão de conjunto. Falta trabalho intermunicipal. Falta projecto. Acima de tudo falta projecto e conteúdo para preencher e concretizar as legítimas expectativas advindas de todo este património herdado. Sendo completamente errado reduzir a arte e a cultura ao seu potencial turístico e económico, ele existe. Com limites bem definidos, sem comprometer os princípios basilares da arte e a identidade dos movimentos culturais, a cultura deverá ser usada como um elemento diferenciador da região, de agregação da sua população e de comunicação da sua identidade. A cultura é a peça que falta para o crescimento turístico da região. Num olhar geral pelos programas dos vários municípios não conseguimos destacar um projecto cultural com objectivos concretos, com princípio, meio e fim, resumindo-se a oferta a eventos pontuais sem contexto. Não há fio condutor que agregue uma lógica de programação. As casas da cultura ainda são povoadas apenas pelos poucos projectos que conseguem percorrer as salas à custa da bilheteira. Conseguem-no, na sua maioria, com recurso a figuras mediáticas. Não deixam de ser programações avulsas sem objectivo, sem projecto e sem plano de comunicação. Este desnorte resulta da falta de recursos, é certo, mas também da falta de programadores, de curadores e de ideias. Os museus carecem de vida própria. São pouco mais do que arquivos
de colecções, sem serviço educativo e programação activa que comunique o espólio que preservam. Temos edifícios emblemáticos tornados obsoletos, caricaturalmente animados por sessões de cinema vazias de critério, ou por festas da catequese. Perdeu-se o fio à meada. Salva-se a honra com destaque feito ao Teatro Virgínia que trabalha, desde há anos, num campeonato nacional. Se saltarmos da programação cultural para a formação e criação artística percebemos que nenhum município tem ambição suficiente para se demarcar do marasmo da representação do “artista da terra”. Por facilitismo ou ausência de contraditório apoiam-se artistas cuja única relevância é o facto de terem aqui as suas raízes e não se valoriza o trabalho artístico em si. Perpetua-se a visão provinciana da cultura. Não se traz nada de novo aos munícipes e não se projecta a cultura de dentro para Portugal e para o Mundo. A tentar furar o status quo, o Festival Materiais Diversos tem conquistado gradualmente novos territórios, envolvendo a população e as estruturas organizadas de Minde na criação artística, tanto na sua globalidade como os grupos organizados como Ranchos Folclóricos e Escolas de Música. Existe um trabalho associativo generalizado, muito digno, que cativa as camadas mais jovens para a prática cultural. Contudo, a região necessita de agentes que a posicionem na vanguarda da criação artística para que esta consiga criar e fixar as novas gerações. Falta a esta “região de excelência” projectos que no seu todo lhe dêem valor e a comuniquem como um espaço de futuro e que não viva só à sombra de possibilidades e símbolos do passado. Faltam também políticas que criem pontes entre os vários municípios para que sejam esbatidas as grandes assimetrias que ainda prevalecem e que dificultam a entrada num campeonato mais exigente que tem como horizonte mínimo a Europa. Olhemos de fora para esta região que tem que fazer do passado o seu futuro e do futuro a sua actividade. Sem pontas soltas.―
022 CARDÁPIO GASTRONÓMICO
VILA NOVA DA BARQUINHA
É já o 20.º ano consecutivo em que o peixe do rio volta a
animar a gastronomia em Vila Nova da Barquinha, o que diz bem do sucesso da iniciativa. O Município e os restaurantes do concelho unem-se para promover mais uma edição da mostra gastronómica “Mês do Sável e da Lampreia”, entre 8 de Fevereiro e 20 de Abril, uma iniciativa que tem como principal objectivo promover a cozinha típica e tradicional. Banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão o concelho de Vila Nova
da Barquinha tem no peixe do rio a sua principal fonte de sabores. Iguarias como Açorda de Sável e Arroz de Lampreia, entre outras receitas tradicionais, são servidas à mesa dos 7 restaurantes aderentes, num concelho cuja história está intimamente ligada à actividade piscatória. Ao provar os pratos únicos da gastronomia portuguesa e que remontam aos princípios da nacionalidade, os visitantes poderão ganhar bilhetes para passeios de barco ao Castelo de Almourol e conhecer um monumento ímpar tanto na região como no país, com um património arqui-
NovoAlmourol Crónica de Enologia
XX Mês do Sável e da Lampreia TEXTO JNA
fevereiro 2014
tectónico e paisagístico magnífico (1 bilhete por dose, sendo a promoção válida apenas ao fim-de-semana). Para os amantes das iguarias que e até 20 de Abril vão ser reis e rainhas gastronómicas, deixamos os restaurantes aderentes e os contactos que podem utilizar para reservas: Almourol (Tancos) 249720100; A Carroça (Limeiras) 249739718; Chico (Praia do Ribatejo) 249733224; Ribeirinho (Barquinha) 249712292; Soltejo (Barquinha) 249720150; Stop (Atalaia) 249710691; Tasquinha da Adélia (Barquinha) 249711792. Bom repasto.―
Vinhos e iguarias típicas Eng. Teresa Nicolau Enóloga
Retomando a crónica anterior em que aguçámos os sentidos mais recônditos dos nossos caríssimos leitores sobre a Região Vitivinícola do Tejo, apresento-vos dois vinhos produzidos bem próximo de nós. O vinho branco “Solar dos
Loendros” Vinho Regional Tejo – Reserva Branco 2012, oriundo das castas Fernão Pires e Malvasia instaladas em solos argílo calcários nasceu este vinho de cor citrina, aroma a frutos tropicais destacando mangas, papaias e ananás, resplandecendo-se fortemente na boca pela sua frescura e acidez. Este vinho foi galardoado com Medalha de Prata em 2013 no Concurso Internacional “Selezione del Sindaco” Itália e é produzido pela Casa Agrícola Solar dos Loendros Lda., situada no MarmeleiroTomar. O vinho tinto que vos apresento é o “Vila Jardim” Vinho Regional Tejo 2009, oriundo das castas Syrah, Merlot e Aragonês com estágio
em barrica de carvalho francês durante 8 meses obteve-se este néctar de cor rubi, no aroma revela frutos silvestres amadurecidos ao sol dos que se destacam amoras pretas, mas também chocolate moka e um leve toque de tabaco. Na boca sente-se a madeira bem envolvida de taninos com boa estrutura e persistente. Este vinho foi produzido pela Quinta Vale do Armo, situada no Sardoal. É com estes dois néctares que vos convido a degustarem algumas das nossas iguarias gastronómicas mais típicas, das quais destaco o sável acompanhado deste vinho branco e a lampreia acompanhado deste vinho tinto.―
FEIRA NACIONAL DA AGRICULTURA
GNR e Pedro Abrunhosa agendados TEXTO André Lopes
São já conhecidos alguns nomes que vão passar pelo palco da
O "Mês" dedicado ao Sável e à Lampreia tem cada vez mais comensais a deslocarem-se aos restaurantes do concelho.
Feira que acontece de 7 a 15 de Junho, em Santarém. Pedro Abrunhosa e Comité Caviar sobem ao palco do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas
(CNEMA) no dia 7 de junho. David Antunes e The Midnight Band, que ficaram conhecidos no programa “5 para a meia-noite” , passam pela feira no dia 9 e convidam para o espectáculo ilustres figuras: Simone de Oliveira, Herman José, Vanessa, FF e Pacheco (Pedro Fernandes). O concerto dos
GNR, a banda de Rui Reininho, decorre a 13 de junho e Anselmo Ralf atua no dia 14. A Feira Nacional da Agricultura incidirá na “produção nacional”, acolhendo o Salão Prazer de Provar, que agrega o Salão Nacional do Azeite, o Salão Nacional da Alimentação e o Festival do Vinho.―
CARDÁPIO CULTURAL 023
Fevereiro 2014
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Fevereiro Mús ica
t e at r o/ dança
s abe r
C INE M A
pat r i m ó n i o
e t n o g ra f i a
ar livre
ga st r o n o m i a
L I T ERAT URA
Feira Nacional do Fumeiro, Queijo e Pão 28 Fevereiro, 1 e 2 Março, Bombeiros Municipais de Sardoal Oitava edição da mostra gastronómica com iguarias de todo o país
e xp o s i ção
Concerto Ciganos d'Ouro 1994-2014 20 anos 7 Fevereiro
“Território Comum" Espólio da Ordem dos Arquitectos Até 25 Maio
XX Mês do Sável e da Lampreia Até 20 Abril Restaurantes aderentes concelho de Vila Nova da Barquinha -
“Biombos” por Catarina Castel-Branco Até 21 Fevereiro
“Nil-city” coreografia de Flávio Rodrigues 14 Fevereiro
Torres Novas Sala de exposições temporária do Museu Municipal -
Exposição de Cerâmica e Porcelana de Isabel Gil Até 28 Fev Biblioteca Municipal José Cardoso Pires Vila de Rei -
“Exposição comemorativa dos 150 anos de Roque Gameiro” Até 30 Abril Alcanena Museu de Aguarela Roque Gameiro -
“A Rota das 7 Irmãs” Roteiro de 7 capelas de Abrantes e Sardoal Até 28 Fevereiro Antiga Galeria Municipal de Arte de Abrantes 14h às 18h -
Teatro Virgínia, Torres novas 21h30 -
Teatro "Tristeza e Alegria na Vida das Girafas" Tiago Rodrigues 22 Fevereiro Teatro Virgínia Torres Novas 21h30 -
quARTel – Galeria de Arte de Abrantes -
Escola Ciência Viva de Vila Nova da Barquinha -
“Carlos Reis A cor e a luz da alma portuguesa” 150 anos do nascimento Até 28 Fev
Cine-teatro São Pedro Abrantes 21H30 -
Hu(r)mano coreografia de Marco da Silva Ferreira 15 Fevereiro
Cinema 12, 19 e 26 fevereiro
Cine-Teatro São Pedro, abrantes 21h30 -
Abrantes Cine-Teatro São Pedro 21h30 Dia 12 - “E Viveram Felizes Para Sempre” Dia 19 - “Os Incompreendidos” Dia 26 - “O Passado” -
Slimmy 21 Fevereiro Cine-teatro Paraíso Tomar 21h30 -
"Trava ou Destrava Línguas" de Anabela Brígida e Carla Bolito 20 e 21 Fevereiro Escolas do Concelho de Torres Novas -
Cinema 15 Fevereiro e 8 Março
Concerto Zé Perdigão “Os Fados do Rock” 7 Fevereiro
Cine-Teatro São Pedro Alcanena 8€ -
Sardoal, Centro Cultural Gil Vicente, 16h e 21h30 Dia 15 – “2 Tiros” Dia 8 Março – “Thor – O Mundo das Trevas” -
Capitão Ortense 22 Fevereiro Café-concerto Teatro Virgínia Torres Novas 23h30 -
Pedro Abrunhosa e Comité Caviar 28 Fevereiro Cine-teatro São Pedro Abrantes 21h30 -
Teatro "Os Idiotas" José Pedro Gomes, Jorge Mourato e Aldo Lima 21 Fevereiro Cine-teatro São Pedro Abrantes 21h30 -
GestART 1 a 10 Abril
museu de mação Dia 1 – Ateliê de Cerâmica Dia 2 e 3 - Jornadas de Arqueologia Iberoamericana Dia 3 - Concerto de Jazz Dia 4 e 8 - Gestão Integrada do Território Dia 5 - Música Napoletana Dia 7 -Mostra de Cerâmica Dias 9 e 10 -Seminário de Arte Rupestre
024 POR AGORA É TUDO
fevereiro 2014
Novo
Almourol
Título Jornal Novo Almourol Propriedade CIAAR - Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo Director Luiz Oosterbeek Sub-Directora Cidália Delgado Editor Ricardo Alves Chefe de Redacção André Lopes Redacção Maria de Lurdes Gil Jesuvino, Ana Tomás, Paulo Varino, Rafael Ferreira, Patrícia Bica, Núcleo de Comunicação ESTA Opinião António Luís Roldão, Alves Jana, Augusto Mateus, António Carraço, Teresa
Nicolau, João Gil, Luís Mota Figueira, Luís Ferreira, João Geraldes Marques, Joaquim Graça, Bruno Neto, Humberto Felício, Tiago Guedes, Carlos Vicente, Miguel Pombeiro Edição Gráfica Pérsio Basso e Paulo Passos Fotografia Flávio Queirós, Ricardo Alves, Ricardo Escada Paginação Novo Almourol Publicidade Novo Almourol Departamento Comercial 249 711 209 - novoalmourol@gmail.com Jornal Mensal do Médio Tejo Registo ERC nº 125154 Impressão FIG - Indústrias Gráficas SA Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo - Largo do Chafariz, 3 - 2260-419 Vila Nova da Barquinha Email ciaar.vnbarquinha@gmail.com
Editorial
ABRANTES
Ponte sobre o Tejo vai entrar em obras Obras de conservação e reforço da estrutura metálica vão durar ano e meio e afectar a circulação entre o Rossio ao Sul do Tejo e Abrantes
Texto NOvo almourol
A Estradas de Portugal assinou no dia 30 de janeiro, em Abrantes, o contrato da empreitada para a reabilitação da ponte metálica sobre o rio Tejo prevendo-se que as obras possam iniciar-se no 2º trimestre do ano (abril ou maio). Durante o período de intervenção, o prazo de execução é de
18 meses, a circulação no tabuleiro vai fazer-se em apenas uma faixa de rodagem para veículos ligeiros, com circulação alternada e os veículos pesados estão impedidos de circular. Apenas as viaturas de socorro terão passagem garantida 24 horas por dia, enquanto a circulação dos peões será sempre assegurada por um dos passeios. A autarquia informou em comunicado que está a preparar um conjunto de iniciativas para
O que é o Médio Tejo? minimizar os efeitos dos trabalhos, que serão anunciadas em breve, e que passam, desde logo, por articulação com a Rodoviária do Tejo para que fiquem assegurados os transportes escolares. A ponte está actualmente classificada como estando em estado de conservação (EC) de nível 3 (sendo o nível 5 o pior). A obra foi adjudicada por aproximadamente 2,9 milhões de euros à à empresa Domingo da Silva Teixeira, S.A.―
Luiz Oosterbeek Director
Num pequeno livro intitulado “O homem que [não] chegará”, o Antropólogo Michel Singleton diz que a definição, ou o reconhecimento, de quem é ou não verdadeiramente humano, é um desafio ético fundamental na nossa sociedade. Parece que nos reconhecemos a todos como humanos, mas na verdade erguemos constantes barreiras e recusamos a partilha e, sobretudo, a coordenação “pelos outros” (em rigor, os que não reconhecemos como humanos). O que é o Médio Tejo? Quem são, e o que são, as suas gentes, num território marcado essencialmente pela diversidade, dos calcários aos xistos, da campina à serra?
"Parece que nos reconhecemos a todos como humanos, mas na verdade erguemos constantes barreiras"
abrantes
Helena Duque lança "Heroína" "Quando Maria Alice de Castro reencontra inesperadamente Ricardo Martins, a sua vida fica completamente desconcertada. Ele surge com os fantasmas antigos e revela-se tão irresistível como ela se lembrava. No entanto, Ricardo faz parte de um passado que Maria Alice deseja esquecer, o que a leva recusar ouvir a voz do passado." O livro , com o título "Heroína", da abrantina Helena Duque, foi apresentado dia 1 de Fevereiro, no Espaço Jovem em Abrantes.
VILA Nova da barquinha
ENTRONCAMENTO
abrantes
O Município deliberou a isenção a 100% do pagamento de taxas relativas a publicidade e à ocupação do espaço público com suportes publicitários, bem como a isenção de 50% do pagamento de taxas relativas à ocupação do espaço público com mobiliário urbano às empresas e empresários em nome individual que tenham tido um volume de negócio em 2013 inferior a 250 mil euros. Os requerentes terão de fazer prova do volume de negócios.
Conversas Filosóficas
Taxas de publicidade
Filmagens Canal História Uma equipa do Canal História realizou no dia 3 de Fevereiro filmagens junto ao Castelo de Almourol, depois de ter estado no concelho de Tomar também para o efeito. O trabalho, alusivo aos monumentos templários da região, será emitido em seis episódios com início no dia 5 de Maio, no canal por cabo.
O Café Filosófico, espaço de conversas, tem já a agenda de Fevereiro definida com os locais e temas seguintes: 10 Fevereiro "UTOPIA, com Nelson Carvalho" e 24 Fevereiro - "Livro do mês: O Príncipe, de Maquiavel". As conversas decorrem “como sempre, das 21h00 às 23h00 no café “53 by Trincanela” em Abrantes, “só para quem gosta de pensar com os outros”.
Depois de terem falhado as tentativas de uma definição monolítica, nunca assumida por todos (os templários, o triângulo das cidades médias), o caminho que o Médio Tejo tem de percorrer, para criar uma verdadeira identidade, passa ainda pelo desafio de reconhecer a sua diversidade e por encontrar nas diferenças a justificação da partilha e a força da resiliência. Este número do NA ilustra algumas oportunidades que se abrem ao Médio Tejo, com destaque para a entrevista com Maria do Céu Albuquerque. Mas também há grandes riscos, de que os maiores são o desemprego e a ainda insuficiente gestão integrada de recursos. Entre ambos se jogará o nosso futuro.