Apenas uma vez by Novo Século Editora

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Cleia Lira

SÃ£o Paulo, 2 018

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Apenas uma vez

Nair Ferraz Fernanda Guerriero Antunes revisão: Luiz Alberto Galdini capa: Dimitry Uziel diagramação: Nair Ferraz coordenação editorial: preparação:

editorial

João Paulo Putini ● Nair Ferraz ● Rebeca Lacerda Renata Mello do Vale ● Talita Wakasugui ● Vitor Donofrio aquisições

Cleber Vasconcelos

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Lira, Cleia Apenas uma vez / Cleia Lira. ‑ Barueri, SP: Novo Século Editora, 2018. (coleção talentos da literatura brasileira)

1. Ficção brasileira I. Título. 18‑0026

cdd‑869.3

Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção: Literatura brasileira 869.3

novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699‑7107 | Fax: (11) 3699‑7323 www.gruponovoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br

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Dedico este livro a Mara, minha querida irmĂŁ, que me fez acreditar nos meus sonhos.

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Agradecimentos

Autores não escrevem um livro sozinhos. Nós temos a ideia e a colocamos no papel, mas, depois disso, a obra já não é mais nossa. Dividimos, então, com a pri‑ meira leitora, com o primeiro revisor, com o primeiro diagramador e com o primeiro capista, pessoas maravi‑ lhosas que trabalharam duro para que você, meu caro leitor, pudesse ler estas páginas. Por isso, muito obri‑ gada, Ana, minha querida leitora, por ser a primeira a acreditar neste romance. Agradeço, também, à Camille, pelo trabalho e em‑ penho na leitura deste livro. Outra figura importante para que Apenas uma vez chegasse até o leitor tão lindo como está agora é a Laizy, obrigada pelas horas que você passou procurando a imagem perfeita. E não poderia me esquecer da Mara, minha querida irmã, que teve a paciência de ler cada página e de me fazer acreditar que eu poderia contar esta história. Ainda falta um agradecimento especial ao meu leitor. Estou honrada em compartilhar esta história com você. Por fim – e eu sempre deixo para o final; está virando um ritual –, obrigada, Cicero, meu amado esposo, você é

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a inspiração da minha vida. Agradeço todos os dias pelas filhas lindas que você me deu. Jenni e Duda, vocês são as histórias perfeitas que nunca me canso de ler. Beijos no coração de vocês, com carinho, Cleia Lira

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1 A viagem para Las Vegas “Viva Las Vegas, o dia virando noite A noite virando dia Se você a vir uma vez Você nunca mais será o mesmo.”* (“Viva Las Vegas”, Elvis Presley)

Helena É para ser uma viagem épica. Nem sei como consegui autorização de meus pais para viver essa aventura com meus amigos. Enfim, o que interessa é que estou no aeroporto de Guarulhos neste exato momento, embarcando com meus colegas do último ano do Ensino Médio, com a coordenadora da escola, a professora de História e, também, a mãe da minha melhor amiga. Estamos todos indo passar dez dias na cidade do pecado, Las Vegas. Acreditam que eu estou indo para Vegas numa via‑ gem de formatura? Não é o máximo? E ainda tem mais, o meu crush desde o começo do ano está indo também. Vocês podem imaginar a minha ansiedade para embar‑ car logo nessa viagem, que promete mudar totalmente a minha vida. * Tradução livre. (N.E.) 9

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Talvez achem que estou apostando tudo numa sim‑ ples viagem de formatura, mas não é nada disso. Nunca viajei sem os meus pais e nunca namorei ninguém. É claro que já fiquei com um garoto numa festa da escola, mas não é como namorar. Sem contar que eu estava tão nervosa que foi um fiasco total: trocamos alguns beijos num lugar escuro da festa e, depois, cada um seguiu o seu caminho. Sempre gostei muito de estudar, então costumo tro‑ car as festas e baladas para ficar em casa estudando. Confesso que meus pais ajudaram muito nesse aspecto, já que nunca me deixaram sair de casa; sempre que peço é um interrogatório sem fim e acabo desistindo. Ter um pai juiz e uma mãe médica não é fácil! Sem contar o meu irmão Tiago, que quase não sai da minha cola. A minha sorte é que agora ele está fora de casa, cursando faculdade de Direito, e não tem mais tempo para pegar no meu pé. Quando estudávamos na mesma escola, ne‑ nhum menino se aproximava de mim com medo dele. E aí, então, vocês me perguntam: “Como eles dei‑ xaram a filha caçula viajar sozinha para Las Vegas!?”. Acontece que com apenas 17 anos passei em primeiro lugar no curso de Medicina, numa das melhores univer‑ sidades do país; logo, meus pais não poderiam me negar uma viagem dessa. E eu vou aproveitar esse momento de liberdade até o último segundo. – Olha ali, Helena – disse a minha amiga desmiolada, tocando meu ombro para chamar a minha atenção. – A oferecida da Rafaela sentada ao lado do Pedro. Aquela

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menina não perde tempo mesmo. Só falta se sentar no colo dele! A Gabi é totalmente o oposto de mim – loira, bai‑ xinha e com os olhos castanhos –, mas desde que a co‑ nheci na escola não nos separamos mais, isso porque nossas personalidades se completam. – Como você é exagerada, Gabi! Espere um pouco, antes de sair julgando os outros. Eu odeio admitir, mas dessa vez a minha amiga tem razão, aquela debochada da Rafaela está se jogando em cima do Pedro. Tenho de reconhecer que é muito difícil ficar per‑ to dele sem perder a fala. Ele é simplesmente perfeito. Sabem aquele crush sobre o qual comentei agora há pouco? Então, é ele! Acho que eu e todas as garotas da escola estamos apaixonadas por esse garoto, por isso, mesmo estando numa viagem juntos, acho impossível ele me notar. Não que eu seja muito feia; na verdade, sou até bonitinha, mas nunca trocamos uma palavra se‑ quer, e ele nunca nem reparou que eu existo. Não sei o que acontece comigo… Os caras até me olham de um jeito diferente quando passo na rua, os ga‑ rotos da escola comentam algo quando eu ando pelos cor‑ redores, mas é só isso. Acho que agora vocês entendem a minha necessidade de fazer algo novo nessa viagem. – Helena! Acorda! Eu estou falando com você. – Mi‑ nha amiga começou a acenar com as duas mãos na fren‑ te do meu rosto, chamando a minha atenção. – Nossa, desculpe, Gabi. Eu estava pensando em ou‑ tra coisa, totalmente distraída. 11

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– Sei bem em que você estava pensando, ou me‑ lhor, em quem! – Ela estava olhando algumas poltronas à frente, onde o Pedro estava sentado. Fico vermelha, da cor de um tomate, por ser pega no flagra olhando para o garoto, e até tento negar o que aparentemente é obvio para ela. – Não é nada disso que você está pensando, Gabi! – disse olhando para a janela do avião. Quem sabe, se eu negar bastante, ela acaba acreditando em mim. – Eu não estou pensando em nada neste momento, amiga, você pode ficar tranquila. Meus pensamentos são os mais puros possíveis – Gabi disse revirando os olhos e fazendo o sinal da cruz com os dedos. – Não precisa exagerar. Na verdade, você está can‑ sada de saber que eu adoro o Pedro, acho que até ele sabe disso, de tanto que não tiro os olhos dele. Só que agora já cansei de ficar esperando ele me notar e estou partindo para outra. Vou procurar um gringo e me diver‑ tir muito em Vegas. – É isso aí, amiga! É agora que você vai tirar todo o seu atraso, pegar todos os gringos que passarem pela frente e ainda deixar lá a sua virgindade – ela falou tão alto que até as pessoas que estão sentadas do outro lado começam a rir da minha situação. – Não é para tanto, Gabi! Eu ainda não sou louca como você, que conhece um carinha em um dia e no outro já vai para cama com ele. Eu já te falei muitas ve‑ zes, vou esperar o cara certo aparecer para isso, e com certeza não vai ser na primeira noite – comentei baixinho apenas para a minha amiga ouvir, já que, depois que ela 12

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elevou o tom de voz para contar sobre a minha vida se‑ xual, todos os passageiros começaram a ficar atentos à nossa conversa. – Por favor, não diga que só vai transar quando se casar?! – comentou indignada. Acho até que o avião inteiro escutou o que ela disse… – Fale mais baixo, amiga! Os passageiros não preci‑ sam saber sobre a minha vida sexual – resmunguei cha‑ teada com a Gabi por expor a minha vida assim, dentro de um avião. – Tudo bem, Helena, desculpe… não era a minha intenção, mas você me tira do sério com essa conversa de virgem forever – ela disse arrependida. – Não é para sempre, Gabi. Não vou esperar o ca‑ samento nem o príncipe encantado, só quero que seja com o cara certo – disse já cansada de sempre ser julga‑ da por não querer sair com qualquer garoto. – É claro que entendo, mas como vai achar o cara certo se você nunca se arrisca? – ela me questionou e ago‑ ra com toda razão, já que nunca faço nada por impulso. Sempre penso muitas vezes, antes de tomar qual‑ quer decisão, então talvez agora seja a hora de mudar um pouco essa atitude. – Pode deixar, amiga, dessa vez eu vou correr meus riscos. E devo confessar que serão muitos, eu prometo – disse sorrindo e olhando nosso avião que decolava com destino a Vegas. – Eu pago para ver – ela me desafiou sorrindo e me encarou por uns segundos, para descobrir se eu real‑ mente estava falando a verdade. 13

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