MICHAEL BUCKLEY
AS IRMÃS GRIMM S U S P E I TO S I N C O M U N S LIVRO 2
Ilustrações de Peter Ferguson
São Paulo 2010
Sabrina
procurou na escuridão armada com uma
pá e usando as paredes frias de pedra como guia. Cada passo era um desafio a sua capacidade de se equilibrar e aos seus sentidos. Tropeçava em rochas de superfície incerta e sem querer chutou uma ferramenta abandonada, causando um eco forte pelo túnel. O que quer que estivesse a sua espera no labirinto sabia que ela estava se aproximando. Infelizmente, Sabrina não podia se virar. Sua família estava em algum ponto do labirinto cheio de voltas e não havia mais ninguém que pudesse ajudá-los. Sabrina rezava para que todos ainda estivessem vivos. Havia uma curva fechada no túnel e, ao caminhar nela, Sabrina viu uma luz distante e brilhante. Apertou o passo, e logo o túnel se abriu em uma enorme caverna, entalhada nas rochas de Ferryport Landing. Tochas presas nas paredes iluminavam um pouco o local, não o suficiente para desfazer as sombras negras em cada canto. Sabrina analisou a caverna. Alguns baldes velhos e pás estavam encostados na parede que se esfarelava. Ela começou a voltar por onde tinha vindo quando sentiu um golpe nas costas. Caiu, derrubando a pá. Sentiu uma dor aguda percorrer-lhe o corpo, seguida por uma dor latejante. Ainda conseguia mexer os dedos, mas sabia que o braço estava quebrado. Gritou, mas os gritos foram abafados por um som agudo parecido com um assovio. Ao ficar em pé, Sabrina segurou a pá e a balançou ameaçadoramente, procurando por quem a havia atacado. – Vim buscar minha família – ela gritou na escuridão. Sua voz ecoou de todos os lados do cômodo rochoso.
Mais uma vez ela escutou o som agudo e parecido com um assovio, seguido por uma risada fria e arrogante. Uma perna longa e fina saiu das sombras, passando bem perto da cabeça de Sabrina. A perna bateu contra a parede atrás da menina, transformando as rochas em pó. Sabrina ergueu a pá pesada e a lançou na pedra, afundando a ponta afiada na carne do monstro. Gritos de dor ecoaram pela caverna. – Não será fácil me matar – Sabrina disse, esperando que sua voz parecesse mais confiante ao monstro do que a si própria. – Matá-la? Isto é uma festa! – uma voz respondeu. – E você é a convidada de honra.
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TRÊS DIAS ANTES
–V
amos começar essa festa logo! – Sabrina reclamou baixinho ao esfregar a perna ao sentir uma cãibra. Ela e sua irmã de 7 anos, Daphne, estavam abaixadas atrás de uma prateleira de bonecas Donna Assadura havia quase três horas. Ela estava cansada, faminta e um tanto irritada. Havia uma semana que elas estavam nessa “vigilância” e estava começando a parecer que elas tinham perdido outra noite de sono perfeitamente boa. Até mesmo Elvis, o dogue alemão de 100 quilos, havia desistido e já estava roncando no chão ao lado delas. É claro que a opinião de Sabrina sobre como passar seu tempo livre não era levada em conta, ela já tinha percebido isso, principalmente quando havia um mistério a ser resolvido. A avó das meninas adorava um bom mistério, por isso, quando Gepetto reclamou que sua loja de
brinquedos havia sido roubada todas as noites por duas semanas, a vovó Relda ofereceu à polícia sua ajuda e a de suas netas para pegar os meliantes. Sabrina tentou imaginar o que uma senhora, duas crianças e um cachorro dorminhoco podiam fazer que as mais avançadas câmeras de vigilância e os detectores de movimento não podiam, mas ela sabia que sempre que a avó enfiava uma ideia na cabeça, não havia quem pudesse convencê-la do contrário. Na maioria das cidades, a polícia não confia em uma senhora, duas crianças e um cachorro dorminhoco para resolver crimes, mas Ferryport Landing não era uma cidade qualquer. Mais da metade de seus moradores fazia parte de uma comunidade secreta conhecida como os Sobreviventes, que eram, na verdade, personagens de contos de fada que haviam fugido da Europa para escapar de uma perseguição. Após terem se estabelecido na cidade ribeirinha quase 200 anos antes, agora eles usavam disfarces mágicos para viver e trabalhar ao lado de seus vizinhos normais. Os ogros trabalhavam no correio, as bruxas administravam o restaurante que ficava aberto 24 horas e o prefeito da cidade era o lendário Príncipe Encantado. Os seres humanos não faziam ideia de nada disso – exceto a família Grimm. Por mais fantástico e emocionante que parecesse viver entre personagens de contos de fada, aquela situação não era exatamente um sonho para Sabrina Grimm. Sendo a última de uma longa linhagem de Grimm (descendentes dos famosos Irmãos Grimm), ela e sua irmã haviam assumido a responsabilidade da família de man12
ter a paz entre os Sobreviventes e os seres humanos que ali viviam há menos de três semanas. E não era um trabalho fácil. A maioria dos Sobreviventes via os Grimm como o obstáculo de suas vidas. Uma maldição de 200 anos havia prendido os Sobreviventes em Ferryport Landing por toda a eternidade, e o tatatataravô das meninas, Wilhelm, era o responsável por isso. Tentando evitar uma guerra entre os Sobreviventes e os seres humanos, Wilhelm havia se aliado a uma bruxa poderosa chamada Baba Yaga e, juntos, haviam jogado um feitiço sobre a cidade. A liberdade dos Sobreviventes só poderia ser retomada quando o último Grimm tivesse morrido e, até aquele momento, os Grimm estavam vivinhos da silva. Mas, apesar de tudo isso, a vovó Relda havia feito algumas amizades verdadeiras na comunidade. O delegado Cícero era um de seus amigos. O policial gorducho com charme sulista era, na verdade, um dos três porquinhos – não tão inhos assim. Nos últimos tempos, ele havia procurado a família para conseguir ajuda nos casos sem solução de Ferryport Landing. E ali estavam as Grimm, com cãibras na perna e tudo o mais, esperando por alguém ou alguma coisa entrar em ação. Depois de cinco longas noites, a paciência de Sabrina já havia acabado. Ela tinha coisas importantes para fazer, mas se esconder atrás de luzinhas e caixas de enfeite de Natal não era uma delas. Sabrina procurou no bolso e tirou de lá uma pequena lanterna. Ela a acendeu e um feixe de luz iluminou um livro que estava 13
a seus pés. Ela o pegou e começou a ler. Não foi muito longe na leitura. – Sabrina – Daphne sussurrou –, o que está fazendo? Vai fazer com que nos vejam. Desligue essa lanterna. Sabrina reclamou, fechou o livro e o colocou de lado. Se o Livro da Floresta trazia alguma dica sobre como elas poderiam salvar seus pais, teria de esperar. A irmãzinha de Sabrina havia assumido o trabalho de detetive com afinco. Assim como a avó delas, Daphne adorava tudo o que o trabalho envolvia – a vigilância, as muitas horas de investigação. Era um talento natural e ela levava as coisas a sério. De repente, ouviu-se um barulho de algo sendo arrastado na sala. Sabrina rapidamente desligou sua lanterna e espiou por trás da prateleira de bonecas. Havia alguma coisa se mexendo perto de uma vitrine do brinquedo Não Irrite o Tigre. Daphne levantou a cabeça e olhou ao redor também. – Está vendo alguma coisa? – a menininha sussurrou. – Não, mas está vindo daquela direção – Sabrina respondeu. – Acorde o Dominhoco e veja se ele consegue farejar alguma coisa. Daphne chacoalhou Elvis até ele ficar em pé. O cachorrão havia retirado um curativo de uma ferida causada em uma briga pouco tempo antes e ainda estava um pouco grogue. Ele olhou ao redor como se não lembrasse onde estava. – Está sentindo o cheiro de vilões, Elvis? – Daphne perguntou. 14
O cachorro farejou o ar. Ergueu as orelhas e arregalou os olhos. Gemeu baixo para mostrar às meninas que, sim, sentia o cheiro de alguma coisa. – Vá pegá-los, garoto – Daphne gritou, e o cachorrão saiu disparado como um foguete. Infelizmente, naquele momento Sabrina percebeu que a guia da coleira de Elvis havia se enrolado nos pés dela. Enquanto o cachorro uivava alto e corria pela loja, a menina era arrastada atrás dele, derrubando prateleiras de jogos de tabuleiro e espalhando bolas por todos os lados. Eles esvaziaram caixas de peças de quebra-cabeças e espalharam um exército de soldadinhos de chumbo pelo chão. Sabrina se esforçou para segurar a guia, mas sempre que estava quase se libertando, o cachorro fazia um movimento brusco e a arrastava de novo. – Ligue a lanterna! – Daphne gritou. – Ei, solte-me! – alguém bradou. – Qual é a grande ideia? – outra pessoa berrou. Elvis fez um círculo, e Sabrina foi parar em uma pilha do que pareciam folhas pontiagudas. Algumas se prenderam a seus braços e pernas e uma ficou colada em sua testa. Quando as luzes finalmente foram acesas, Elvis parou, ficou ao lado de Sabrina e latiu. A menina sentou-se e olhou para si. Ali estava ela, no meio da Loja de Brinquedos de Gepetto, coberta por ratoeiras grudentas, cada uma delas com um homenzinho, com poucos centímetros de altura, presos na cola. – Liliputianos – Sabrina disse. 15
– Eu sabia! – a vovó Relda disse, aparecendo atrás de uma prateleira de bonequinhos de plástico. A senhora, trajando um vestido azul-claro e um chapéu da mesma cor com um aplique de girassol costurado nele, teve a coragem de rir. Quando Sabrina a olhou com cara feia, vovó Relda tentou parar, mas não conseguiu. – Oh, liebling – ela disse com seu sotaque alemão. Daphne se apressou e tentou tirar uma das ratoeiras da camisa de Sabrina, mas viu que a cola era muito resistente e dezenas de liliputianos, seres muito pequenos de Lilipute, país imaginário do livro Viagens de Gulliver, do escritor inglês Jonathan Swift, estavam grudados em sua irmã. – Quem foi o maluco psicopata que teve essa ideia? – um dos liliputianos gritou indignado. A vovó Relda curvou-se e sorriu. – Não se preocupe. Com um pouco de óleo vegetal poderemos libertá-los bem rápido. – Mas digo que vocês estão presos – o delegado Cícero disse ao sair de trás de uma prateleira de bolas de futebol americano. Seu rosto rechonchudo e rosado exibia um sorriso orgulhoso enquanto ele ajeitava a calça sobre a grande barriga. O delegado sempre tinha de ajeitar a calça larga. Os liliputianos reclamaram e resmungaram quando o delegado começou a arrancar as ratoeiras grudentas da roupa de Sabrina. – Vocês têm o direito de permanecer calados – Cícero disse. – Qualquer coisa que disserem pode ser usada contra vocês no tribunal. 16
– Ai! – Sabrina gritou quando o delegado puxou uma ratoeira de sua testa. – Não vou dizer nada, seu policial – um dos liliputianos respondeu. – Vou deixar meu advogado dizer o que for preciso quando nós o processarmos por abuso de poder. – Abuso de poder! – o delegado Cícero exclamou. Infelizmente, quando o policial gordinho ficava nervoso ou ansioso, o disfarce mágico que ele usava para esconder sua verdadeira identidade parava de funcionar. Naquele momento, seu nariz sumiu e foi substituído por um focinho achatado e rosado. Duas orelhas peludas de porco surgiram no topo de sua cabeça e uma série de roncos e guinchos saiu de sua boca. Cícero já estava quase transformado quando o segurança da loja ao lado entrou. – O que está havendo aqui? – o segurança perguntou com uma voz grossa e autoritária. Ele era um homem alto e enérgico, com cabelo de corte militar. Encheu o peito e puxou um cacetete que estava preso em seu cinto. Olhou para a multidão como se estivesse totalmente preparado para lidar com um bando de bandidos, mas quando viu o porco em um uniforme de policial curvado sobre uma dezena de homenzinhos, sua confiança desapareceu e seu cacetete caiu ao chão. – Esquecemos que algumas das lojas têm guardas – vovó Relda disse delicadamente enquanto procurava dentro de sua bolsa e se aproximava do homem assustado. Ela soprou um pouco de pó cor-de-rosa no rosto 18
dele, que ficou com os olhos vidrados. Ela disse que ele teria outra noite de trabalho e que nada fora do comum havia acontecido. O guarda concordou com um movimento de cabeça. – Mais uma noite de trabalho – ele disse, caindo no feitiço do pó do esquecimento. Sabrina fez uma careta. Ela detestava quando a mágica era usada para resolver problemas, principalmente quando os problemas envolviam seres humanos.
– As armadilhas com cola foram uma ideia brilhante – o delegado Cícero disse enquanto levava a família com o carro de patrulha para casa. A vovó Relda estava na frente e ficou feliz com o elogio, enquanto Sabrina e Daphne estavam na parte de trás, brigando com Elvis por um espaço no banco. Cícero havia trancado os liliputianos no porta-luvas e sempre que as reclamações ficavam altas demais, ele batia em cima do painel com a mão gorducha e gritava: – Silêncio! – Fico feliz por termos sido capazes de ajudar – a vovó Relda respondeu. – Gepetto é um senhor muito gentil. Fiquei arrasada ao saber que ele estava sendo roubado, e com o Natal se aproximando ainda por cima! – Sei que as festas são épocas complicadas para ele, porque sente saudade do menino – Cícero disse. – É difícil acreditar que em 200 anos ninguém teve nenhuma notícia de Pinóquio. 19
– Nos diários de Wilhelm está escrito que ele se recusou a entrar no barco – a vovó Relda disse. – Acredito que se eu tivesse sido engolida por um tubarão, também não ia ficar muito animada em voltar para o mar. – Pensei que tivesse sido uma baleia – Daphne disse. – Não, querida, apenas no filme – a avó respondeu. – Pena ele não ter contado a seu pai. Quando Gepetto descobriu que ele não estava no barco, já estavam longe demais para voltar. – Bem, agradeço muito por sua ajuda – o delegado disse. – O prefeito tem cortado verbas de todos os lados e atualmente não tenho homens suficientes, nem dinheiro, para pegar alguns bandidos por conta própria. – Ou descobrir se o guarda estava de folga, para que não tivéssemos sido obrigadas a mexer com o cérebro dele – Sabrina reclamou. – Delegado, os Grimm estão sempre a sua disposição – a vovó Relda disse, ignorando Sabrina. – Agradeço por isso, Relda, e gostaria de poder lhe dar o crédito pela captura, mas se o Prefeito Encantado descobrisse que estamos trabalhando juntos, meu traseiro já estaria à venda como uma daquelas bolas na loja de Gepetto – Cícero explicou. – Será nosso segredinho – vovó Relda disse. – Como está o Sr. Canis? A vovó Relda se ajeitou no banco. Sabrina e Daphne a observaram com atenção, esperando por sua resposta. – Ele está bem – a senhora respondeu, forçando um sorriso. 20
Sabrina não conseguia acreditar no que acabara de escutar. No pouco tempo que conheciam a senhora, a vovó Relda nunca havia mentido. O Sr. Canis não estava “bem” nem de longe. Três semanas antes, o companheiro constante e hóspede da avó, o Sr. Canis, havia se transformado na criatura selvagem conhecida como Lobo Mau. Desde então, ninguém mais o tinha visto. Ele havia se trancado dentro do quarto enquanto se esforçava para dominar seu demônio interno. Todas as noites, Sabrina e Daphne escutavam os assustadores uivos e o som de sua respiração ofegante pela parede. O Sr. Canis estava longe de estar “bem”. – Bom saber – Cícero disse, mas do banco de trás Sabrina conseguiu ver o olhar de dúvida em seu rosto. – Quero dar um telefonema – um dos liliputianos disse de dentro do porta-luva. – Fomos enquadrados. – O delegado bateu com força no painel – Digam isso ao juiz! O delegado Cícero estacionou seu carro de patrulha na entrada do velho sobrado amarelo da família. Era muito tarde e todas as luzes estavam apagadas, Sabrina abriu a porta e Elvis saiu, ainda com as armadilhas coladas em suas costas enormes. Estava muito frio, e Sabrina desejou que os dois adultos não demorassem. A vovó Relda conseguia falar sem parar. Mas o delegado voltou a agradecer e pediu licença, afirmando que precisava cuidar de uma papelada na delegacia. Na porta da frente, a vovó Relda pegou uma chave gigante de dentro da bolsa e começou a destrancar as 21
portas. Sabrina já tinha pensado que a avó era uma paranoica por cadeados, mas nas últimas três semanas ela havia visto coisas que nunca sonharia serem possíveis e agora compreendia por que a casa ficava tão bem trancada. A vovó Relda bateu à porta três vezes e avisou à casa que a família estava de volta, fazendo com que a última fechadura mágica escorregasse para trás e a porta fosse aberta. Depois de servir alguns biscoitos e usar um pouco de óleo vegetal para esfregar Elvis, a vovó Relda disse: – Limpem-se e depois durmam. Vocês têm escola amanhã. Já está bem tarde. – Na verdade, vovó – Sabrina respondeu –, acho que vou ficar doente. Detestaria ir para a escola e passar minha doença a todos. A vovó Relda sorriu. – Sabrina, já faz três semanas. Se vocês duas não forem à escola amanhã, eles me prenderão. Agora, para a cama. Sabrina franziu o cenho, fingiu uma tosse para fazer com que a senhora se sentisse culpada e subiu os degraus. Será que sua avó não conseguia ver que existiam coisas mais importantes a fazer do que ir para a escola?
Muito tempo depois de Daphne ter caído em um sono profundo e barulhento, Sabrina saiu da cama de quatro postes que elas dividiam e que já tinha pertencido a seu pai. Os aeromodelos dele ainda estavam pen22
durados no teto e a luva de beisebol velha continuava sobre sua escrivaninha. Ela se abaixou e puxou diversos livros empoeirados e um chaveiro que estava embaixo da cama antes de ficar em pé novamente e ir para o corredor em silêncio. Sabrina era muito boa em escapar. Na verdade, ela diria que era uma especialista. Em um ano e meio entrando e saindo de um orfanato e de casas de pais adotivos, ela havia aprendido a andar com leveza em pisos de madeira e evitar cantos que fizessem barulho. Antigamente, usava essa habilidade para escapar de situações ruins. Em 18 meses, as irmãs Grimm haviam fugido de mais de uma dezena de casas de famílias adotivas. Algumas dessas famílias as tinham feito de empregadas, enquanto outras tentaram transformá-las em sacos de pancada para seus outros filhos. Mas agora as meninas não queriam mais fugir. A vovó Relda havia lhes dado uma casa. Mas saber fugir continuava tendo suas vantagens. Principalmente quando Sabrina sabia que estava fazendo alguma coisa que sua avó não aprovaria. Quando Sabrina chegou à porta no topo da escada, procurou em meio a sua coleção cada vez maior de chaves e encontrou a comprida de latão que servia na fechadura. Depois de destrancar a porta, ela olhou rapidamente ao redor para ter certeza de que não havia ninguém de olho e entrou. O quarto estava vazio, apenas com um espelho de corpo inteiro pendurado na parede. Uma única janela permitia a entrada de luz da lua suficiente para que Sabrina conseguisse enxergar. Ela se aproximou do espelho e viu seu 23