aventuras nunca vistas e linhas do tempo alternativas
SĂŁo Paulo, 2017
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De volta para o futuro: aventuras nunca vistas e linhas do tempo alternativas Back to the future: untold tales and alternate timelines MAY 2016. FIRST PRINTING. 2016 © Universal Studios Licensing LLC. Back to the Future is a trademark and copyright of Universal Studios and U-Drive Joint Venture. Licensed by Universal Studios Licensing LLC. All rights reserved. The IDW logo is registered in the U.S. Patent and Trademark Office. IDW Publishing, a division of Idea and Design Works, Copyright © 2017 by Novo Século Editora Ltda. All rights reserved.
COORDENAÇÃO EDITORIAL
GERENTE DE AQUISIÇÕES
Vitor Donofrio
Renata de Mello do Vale
EDITORIAL
ASSISTENTE DE AQUISIÇÕES
João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda
Talita Wakasugui
TRADUÇÃO
EDIÇÃO DE ARTE E TEXTO
Maurício Muniz
João Paulo Putini
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) De volta para o futuro : aventuras nunca vistas e linhas do tempo alternativas organização de Justin Eisinger e Alonzo Simon ; tradução de Maurício Muniz. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2017. (De volta para o futuro ; 1) Título original: Back to the future: untold tales and alternate timelines 1. Histórias em quadrinhos 2. Ficção I. Eisinger, Justin II. Simon, Alonzo III. Muniz, Maurício 17-1352
CDD 741.5
ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:
1. Histórias em quadrinhos 741.5
novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11º andar – Conjunto 1111 CEP 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – SP – Brasil Tel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323 www.gruponovoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br
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nos estamos no futuro!” o que esta hq é ( e nao é), e como chegamos aqui...
Quando a IDW me convidou a fazer uma nova série em quadrinhos baseada em De Volta para o Futuro, a intenção primária da editora era dedicá-la a viagens no tempo, algo sobre o qual eu conheço um pouco, pelo menos no que se refere a contar histórias sobre elas. O problema com histórias sobre viagem no tempo é que não apenas você pode fazer qualquer coisa, como pode desfazer qualquer coisa. Uma máquina do tempo é, na verdade, poderosa demais para a maioria das histórias porque você pode usá-la para corrigir a trama. Ela pode se tornar uma muleta, um mecanismo para trapacear o público, para disfarçar uma história ruim. É por isso que, em DVPOF, tornamos a mecânica da viagem no tempo extremamente complexa – tão complexa que, em 1955, Marty e Doc tinham apenas uma chance de realizá-la. Foi um conceito que retomamos na Parte III: nós incapacitamos a máquina do tempo em 1885 de tal maneira que nossos heróis teriam novamente apenas uma única chance de voltar ao futuro. Eu não queria fazer versões diferentes dessas histórias novamente. Com certeza não poderíamos fazê-las melhores aqui, nem em qualquer outra mídia. Isso me fez concluir que não era uma boa ideia transformar a viagem no tempo no conceito central desta série. Precisávamos inventar algo mais, algo que preservasse o coração e a alma de DVPOF. Algo centralizado em nossos personagens. Os personagens de quadrinhos tradicionais não envelhecem. Superman e Batman estão por aí há mais de 75 anos e nem Clark Kent ou Bruce Wayne têm cabelos grisalhos. Eles são eternos, já que são constantemente atualizados para cada geração. Mas De Volta para o Futuro trata só de datas específicas no contínuo espaço-tempo. Trata das histórias pessoais de nossos personagens. Marty McFly nasceu em 1968. Ele tem 17 anos em 1985 e 47 em 2015. George e Lorraine dão seu primeiro beijo no baile Encanto Submarino, em 12 de novembro de 1955, seguido pela enorme tempestade de raios que frita o relógio da torre no tribunal de Hill Valley precisamente às 22:04. De jeito nenhum iríamos modificar qualquer desses fatos. Mas… nós queríamos trazer DVPOF para o dia de hoje? Será que queríamos mesmo ver as aventuras de Marty McFly aos 47 anos de idade? Ou um novo elenco que envolvesse outros membros da família McFly? Esta foi uma questão que exploramos há alguns anos, quando a Telltale Games desenvolveu seu videogame de DVPOF (relançado recentemente para PS4 e X-Box). Discutimos conceitos que envolviam os filhos de Marty, ou Marty velho, ou Marty velho em uma aventura com sua versão mais jovem, e nenhum deles parecia bom o bastante. Finalmente decidimos que o motivo pelo qual as pessoas gostariam de jogar um game de DVPOF seria para passar algum tempo com os personagens que conheciam e amavam dos filmes. Então, foi isso que fizemos. O game se passa seis meses após os eventos de DVPOF Parte III – e nossos fãs ficaram encantados. (E, por sinal, a IDW está produzindo atualmente uma adaptação em quadrinhos do game, então confira!) E foi isso que decidimos fazer aqui. Sem atualizações, sem reinvenções, sem “reimaginações” dos personagens. Estes seriam OS PRÓPRIOS personagens. Mas quem são eles? Pensei em algumas das perguntas que me fizeram ao longo dos anos. A maioria das perguntas sobre DVPOF são sobre coisas que estão nos filmes – como certas coisas foram filmadas, esclarecimentos sobre pontos da trama e detalhes sobre viagens no tempo. Mas algumas perguntas são sobre coisas que não estão nos filmes – perguntas sobre os personagens e suas histórias. Como Marty e Doc se conheceram? Por que a casa de Doc foi incendiada? O que aconteceu quando Doc visitou pela primeira vez o ano de 2015? George e Lorraine nunca se perguntaram o que aconteceu com “Calvin Klein”? Por que a máquina do tempo apresentou defeitos depois que Biff a roubou? Responder a algumas dessas perguntas parecia uma abordagem interessante para uma série em quadrinhos de DVPOF, motivo pelo qual incluímos o subtítulo “Aventuras nunca vistas e linhas do tempo alternativas”. Esse conceito também se encaixa muito bem em De Volta para o Futuro Parte II, porque aquele filme é todo sobre histórias nunca vistas e linhas do tempo alternativas. O 1985 da Parte II é claramente uma linha temporal alternativa, e 2015 é revelado como uma linha temporal alternativa no final da Parte III. Nas cenas de 1985 da Parte II, criamos uma história inteiramente nova que se passava entre e em paralelo às cenas do primeiro filme. Eu sou suspeito, mas ainda acho que aquilo foi muito legal. Então, aqui estamos nós. Como você verá, estas histórias (em sua maioria) se encaixam no tecido já existente do universo de DVPOF. Os fãs já perguntaram se “essas histórias são oficiais”. Bem, quando você tem uma máquina do tempo e uma premissa que diz que linhas temporais podem ser alteradas, você tem possibilidades infinitas que podem existir em uma realidade ou outra – e todas elas podem ser apagadas. Dados esses parâmetros, tudo é oficial, ao menos temporariamente. Por outro lado, isto é ficção e seu objetivo é diversão, pura e simples. Se você se divertir, então conseguimos nosso objetivo – mesmo se “forçamos a barra” de vez em quando. LEGO Batman é incrivelmente divertido e claramente não traz histórias “oficiais”. Então, pense nestas histórias em termos de jazz: vamos fazer variações sobre os temas de DVPOF, mas o material original sempre permanecerá inalterado. Preciso elogiar John Barber e Erik Burnham por seus excelentes roteiros. Eles são sujeitos apaixonados, energéticos e talentosos, e o amor que têm por esses personagens ficará claro quando você ler estas histórias. E é tremendamente gratificante (e lisonjeiro) que tantos ótimos desenhistas tenham contribuído para esta série, seja com histórias ou com algumas capas alternativas maravilhosas, algumas das quais você encontrará entre as histórias. Um elogio especial vai para Marcelo Ferreira, cujo trabalho nos impressionou tanto que agora ele é o artista regular da série. Agradeço também a Tom Waltz e à equipe da IDW por seu comprometimento com a qualidade e por suportar minhas constantes sugestões de última hora. Então, sim, vou dizer: “O futuro parece ótimo!”. Também de interesse… (as mensagens comerciais). Por falar em linhas temporais alternativas, se você está se perguntando por que o nosso 2015 é diferente daquele descrito em DVPOF Parte II (hã, talvez porque DVPOF Parte II é só um filme?), temos uma resposta dentro do contínuo espaço-tempo para essa pergunta chamada “Doc Brown Salva o Mundo” em nossa nova e fantástica coleção comemorativa de 30 anos lançada em Blu-Ray e DVD, já à venda. A série de animação da CBS de 1991, todos os 26 episódios, também está disponível pela primeira vez em DVD – se você já tiver a coleção em Blu-Ray da trilogia lançada em 2010, pode comprar a série animada separadamente. Se não, pegue a coleção de luxo chamada “The Complete Adventures”, embalada em um capacitor de fluxo que realmente tem um “fluxo”. Além disso, confira o belo e novo livro Back to the Future: The Ultimate Visual History. É uma bela crônica da produção dos filmes, com fotos, arte e outros materiais que raramente foram vistos. E o Back to the Future In Concert está agora rodando por casas de concerto do mundo todo e é sua única chance de ouvir toda a trilha de DVPOF (juntamente com algumas novas músicas de DVPOF) tocada por uma orquestra sinfônica completa – é uma experiência incrível. Por favor, visite backtothefuture.com para checar as últimas informações sobre eventos atuais e futuros de DVPOF. Também é um ótimo lugar para comprar alguns colecionáveis muito bacanas de DVPOF. Continua…!
bob gale ROTEIRISTA DA TRILOGIA
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ARTE DE CAPA dan schoening
CORES DA CAPA luis antonio delgado
LETRAS shawn lee
EDITOR ORIGINAL tom waltz
EDITORES DA EDIÇÃO ENCADERNADA ORIGINAL justin eisinger e alonzo simon
DESIGN DA EDIÇÃO claudia chong
PUBLISHER ORIGINAL ted adams
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prefacio a ediçao brasileira Uau! Já chegamos – e ultrapassamos – o tão esperado 21 de outubro de 2015. E é claro que todo fã da trilogia consegue entender o importante significado dessa data. É o famoso marco temporal para onde viajam Doutor Brown e Marty McFly quando se aventuram num tempo à frente do deles. Todo mundo, em algum momento da vida, já deve ter parado para pensar como será o futuro, certo? O que os geniais Robert Zemeckis e Bob Gale fizeram, no distante 1989, foi entregar algumas dessas opções; você só tinha que assistir a DVPOF Parte II, divertir-se com os personagens e ganhar de brinde um sonho para o futuro! Nós, do Blog BTTF, que já passamos da casa dos 30 anos, recordamos de grande parte da nossa infância assistindo à trilogia, e o que geralmente nos fascinava era a possibilidade de viajar no tempo e, principalmente, ter uma visão do futuro e ver se a mesma se concretizaria. A perspectiva de ver coisas que poderiam ser inventadas, o progresso da humanidade… Sempre foi ótimo ter o ano de 2015 como norte, imaginando que poderíamos ter carros voadores em larga escala ou usar hoverboards para ir ao trabalho. Pode parecer, à primeira vista, que Zemeckis e Gale passaram longe, mas eles conseguiram acertar muitas previsões! Seja por mera sorte – TVs finas, múltiplos canais ao mesmo tempo, videoconferência, óculos interativos, jovens distraídos e que usam gadgets à mesa de jantar, moda retrô com roupas supercoloridas, drones etc. –, seja por um empurrãozinho de empresas e pessoas (fãs e cosplayers, estamos falando de vocês!) que se esforçaram para tornar real o que o filme propunha, 2015 respirou muito DVPOF. É a vida imitando a arte! Um dos segredos do imenso sucesso da trilogia é a identificação que o espectador sente pelos personagens. Mesmo aqueles que conhecerem a trilogia somente agora certamente ainda serão capazes de sentir algum tipo de vínculo com os protagonistas – um adolescente que toca guitarra e/ou que curte skate, alguém que imagina o passado dos pais ou que deseja ir para o futuro, pegar um almanaque e fazer umas apostinhas, quem tem um tio maluco metido à cientista ou mesmo quem deseja enfrentar o valentão da escola que nasceu para fazer bullying. Não adianta discutir: De Volta Para o Futuro é simplesmente o melhor filme sobre viagem no tempo. É o que mais bem abrange os pontos e possibilidades a respeito do assunto – paradoxos, mudar o passado ou o futuro, romances entre pessoas de diferentes épocas, evitar eventos, rever os pais, rever a si mesmo, ficar preso no tempo –, com explicações lógicas e convincentes dentro do universo criado. De quebra, ainda tem a máquina do tempo mais atraente da galáxia: o envenenado DeLorean. Quem nunca morreu de vontade de dar uma voltinha em um? Muitas vezes rotulado como mero cinema “pipoca”, a realidade é que a franquia é superinteligente e merece ser vista com olhar mais analítico. São muitos gêneros ao mesmo tempo – ficção, aventura, comédia, romance e faroeste –, tudo muito bem combinado. Questões delicadas são tratadas de modo singelo, como problemas escolares de adolescentes, relacionamentos familiares, o papel das mulheres, responsabilidades e consequências, superações pessoais, mudanças de comportamento, sonhos visionários, ganância. Em resumo, são tramas atemporais. E, claro, os efeitos especiais cultuados até hoje ajudam a máquina a continuar girando ainda por tantos anos. Talvez a iniciação de alguns na trilogia tenha ocorrido por meio de um Blu-ray ou em um serviço de streaming; os mais velhos, porém, sofriam com exibições esporádicas na TV aberta ou com poucas fitas VHS nas extintas videolocadoras (o que é isso mesmo?). Encontrar outros fãs para debater teorias mirabolantes ou caçar juntos pequenos detalhes era raríssimo! Somente com a chegada da internet em terras tupiniquins é que muitas minúcias ocultas dos bastidores foram reveladas. E nos últimos dez anos é que a coisa melhorou, pois gradativamente o brasileiro tem conseguido comprar artigos de colecionador. Todavia, muita coisa ainda fica fora do nosso alcance, infelizmente. E agora que o futuro já é passado, o que podemos fazer? Reviver. Com este maravilhoso e aguardado lançamento da Geektopia, teremos a oportunidade de apreciar um pouco mais de Hill Valley, conhecer histórias não contadas e linhas do tempo alternativas. Como Doc Brown e Marty se tornaram amigos? Que outras implicações teve o 1985 distópico da Parte II? Como estão Clara e os filhos Júlio e Verne? Só lendo esta compilação das graphic novels do universo expandido de De Volta para o Futuro, tudo com a participação do roteirista Bob Gale, para saber o passado, o presente e o futuro dos queridos heróis que aprendemos a amar. Nossa equipe está imensamente grata por participar dessa estreia ímpar, cujo propósito, parafraseando Bob Gale, é simples: nos divertir com boas histórias. Como diria um sábio amigo: “Seu futuro ainda não foi escrito, nem o de ninguém. Seu futuro é o que você fizer dele, então o faça bem”. E você, o que pretende fazer do seu futuro? Quer uma dica? Venha agora conosco viajar no tempo!
a melhor pagina para quem ama de volta para o futuro www. blogbttf. com
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ARTE DE CAPA POR dan schoening / CORES DE luis antonio delgado
quando marty conheceu emmett HISTÓRIA: bob gale | ROTEIRO: bob gale e john barber | ARTE: brent schoonover ARTE-FINAL: david witt | CORES: kelly fitzpatrick
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grande scott!
… são 0,04 gigawatts.
é isso… é um…
calma, emmett. somos só nós.
… resultado extremamente decepcionante.
pai.
emmett?
hã? é claro… … minha cabeça só estava imersa no problema atual.
suas eternas tentativas em retornar ao futuro.
futuro?
eu diria “ir de volta para”, mas essencialmente sua mãe está correta, verne. veja só…
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… lá fora esta o futuro, filho.
você tem razão. é hora dE os meninos saberem mais sobre o pai.
ou, ao menos, esteve lá fora. ou devo dizer, estará…
“não parece grande coisa hoje, mas em 1915 aquele pedaço de terra morta será da nossa família… os browns.”
emmett…
“já fomos os von brauns, mas essa é uma história diferente, pra outro dia.”
“um menino não podia ter playground melhor que a estrada riverside, 1640!”
“apesar de que, quando eu reinventar o capacitor de fluxo, você e júlio terão toda a história como playground, portanto posso estar enganado.”
“continuando:”
“éramos ricos e eu tinha… certos interesses E INCLINAÇÕES A invenÇÕES.”
“eu o inventei da primeira vez naquela casa, depois de escorregar no banheiro…”
“… que é um tipo de latrina dentro de casa… uma invenção que tenho certeza DE que vão gostar.”
“pra resumir A HISTÓRIA, a casa se incendiou em 1962.”
“alguns acharam que foi um acidente, outros que foi sabotagem. causa oficial: indeterminada."
“nos anos 1970, a maior PARTE DO terreno tinha sido vendidA a empreiteiras.” “só sobrou aquela casa secundária… lembrança de um passado glorioso invadido por um presente banal.”
“ao menos ninguém saiu ferido.”
“além disso, a casa secundária ficou ilesa. hã… felizmente.”
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DRIVE THRU “habitada por emmett lathrop brown… eu… e mais ninguém.”
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“até o dia em que tudo mudou…”
ei, mcfly!
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e a vida, mcfly?
preciso emprestar seu tubo interocitor.*
precisa do meu…
… mas… pra quê?
hã, oi, needles. a‑ham.
pro meu amplifi cador. os tabascos vão se apresentar à noite e queimei meu tubo porque forcei a barra.
“emprestar”.
do jeito que tá tocando, seu tubo deve tá novo.
nada feito… me paga antes.
é o seguinte, needles. eu alugo pra você… por cinco paus.
pode ser… te pago quando devolver amanhã.
ei, cuidado!
foi tua culpa, mcfly. agora vou te que quebrar tua cara.
como é?! fui eu que saí no prejuízo. tinha um tubo e agora fiquei sem.
* Tubos interocitores não existem no mundo real. Foram uma invenção do escritor Raymond F. Jones em 1949, para seu conto The Alien Machine, e podiam executar as mais variadas funções. (N.T.)
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deixa eu te explicar um troço, mcfly. a vida é injusta, saca? e hoje é meu dia de ser injusto contigo.
né, galera?
mas vou te dar uma chance. me arruma outro tubo até as quatro e eu não te dou uma surra. gulp!
eu nem tenho grana! como vou arrumar um tubo?
não, não, não, não.
qual teu galho, mcfly? é covarde?
acho que vai ter que roubar um.
ninguém me chama de covarde, needles.
ninguém.
então, prove. seja macho. leva o tubo lá na torre do relógio às quatro horas.
daí eu devolvo sua guitarra.
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ótimo. ótimo mesmo.
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tá, você não tem mais tubos interocitores.
mas sempre teve dúzias deles… já saquei.
… que houve com seu estoque?
e.l.b. empreen dimentos. hã? nunca ouvi falar.
nós vendemos.
todos eles?
fica na estrada john f. kennedy, 1640.
isto é um comércio.
avenida j.f.k., 1640. beleza, posso ir lá e…
avenida j.f.k., 1640? pra quem?
epa.
sei lá. não fui eu que vendi.
é a casa do dr. brown.
dá pra verificar?
quer saber, cara? tem razão! ele deve querer os tubos pro seu novo raio da morte.
você o conheceu? ele próprio veio aqui comprar os tubos?
raio da morte?
nem, encomendou por correio.
é o que todos dizem que ele está construindo. acho que foi isso que incendiou a casa dele em 1962. opa. barra pesada.
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ei, não seja burro, mcfly. se for até lá, vai arriscar sua vida. esse dr. brown é doido de pedra…
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alô.
“… se meter com ele é pedir encrenca na certa.”
hã, alô? isto é uma gravação. ah. vá embora, por favor. não aperte o botão de novo. você foi avisado.
ora, bem…
… needles está exigindo encrenca. o que vier, é lucro.
por que todo mundo resolveu dar advertências hoje? vê se atende o interfone.
ughh. … v-o-70.
se você tenta de novo, se arrepende.
hein?
“você tenta…”
foi uma corrente elétrica… inofensiva, mas desconfortável. saia agora ou a próxima será consideravelmente mais desconfortável.
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toc toc
senha correta. você pode entrar.
foi moleza.
oi? alguém em casa? … é… sabia que não ia ser fácil assim.
lá estão os tubos… eureca.
… não que isso me ajude em algo.
eu bem que podia quebrar a…
pense, mcfly, pense.
… não, qual é, mcfly?
o cadeado não vai abrir com um jogo de palavras, a não ser…
você não é assim.
… a não ser… … a não ser que isso.
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escondida atrás da placa? tá brincando.
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