– Vim discutir a possibilidade de unirmos forças, Erik – Xavier pros‑ seguiu. – Acredito que seria mutuamente vantajoso esquecermos nossas diferenças e trabalharmos juntos. Errado novamente, Logan pensou. A melhor maneira de trabalharmos juntos é nos lembrando das diferenças. Assim não teremos nenhuma surpresa quando o velho Magneto se voltar contra nós. De novo. – Como uma força independente do Capitão América e de Reed Richards, há muito que podemos conseguir juntos – Xavier finalizou. – Interessante – Magneto disse. – Janet e eu estávamos discutin‑ do exatamente isso. “Massacre seus inimigos e todos os seus desejos se‑ rão realizados”, foi o que Beyonder prometeu, e, tendo visto seus pode‑ res, acho que todos podemos acreditar em sua habilidade de cumprir a promessa. Entretanto, devemos lutar contra Destino e seus lacaios. Se Destino vencer, Beyonder vai realizar seus desejos sociopatas… mas nós temos o poder de realizar uma nova Era de Ouro, aqui e por todo o uni‑ verso. Humanos e Mutantes em paz, Charles. É o que você quer, não é? O custo não é alto, considerando os benefícios a receber. Ele se voltou para Vespa. – Uma luta até a morte, minha cara. Conforme concordamos, certo? – Você sabe o que é certo, Mag? – ela retrucou. – O fato de você ser um maníaco pomposo e egoísta, apesar de ser uma graça.
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super‑heró
GUER SECRE uma história do universo marvel
alex irvine
adaptado da graphic novel de jim shooter, mike zeck & bob layton
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RRAS RETAS S茫o Paulo, 2015
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Marvel Super Heroes – Secret Wars Published by Marvel Worldwide, Inc., a subsidiary of Marvel Entertainment, LLC.
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Equipe Novo Século gerente editorial Lindsay Gois editorial João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda Vitor Donofrio
tradução Paulo Ferro Junior
gerente de aquisições Renata de Mello do Vale assistente de aquisições Acácio Alves auxiliar de produção Emilly Reis
revisão Gabriel Patez Silva
preparação capa Elisabete Franczak Branco Vitor Donofrio p. gráfico e diagramação ilustração de capa Vitor Donofrio Will Conrad
Equipe Marvel Worldwide, Inc. editor sênior, projetos especiais Jeff Youngquist editora‑assistente, projetos especiais Sarah Brunstad gerente, publicações licenciadas Jeff Reingold svp print, vendas & marketing David Gabriel vp, desenvolvimento internacional CB Cebulski editor‑chefe Axel Alonso diretor de arte Joe Quesada produtor executivo Alan Fine
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Irvine, Alex Super‑heróis Marvel: Guerras Secretas Alex Irvine; [tradução Paulo Ferro Junior]. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2015. Título original: Marvel Super Heroes: Secret Wars 1. Ficção norte‑americana 2. Super‑heróis. i. Título 15‑09441 Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção: Literatura norte‑americana 813
cdd‑813
Nenhuma similaridade entre nomes, personagens, pessoas e/ou instituições presentes nesta publicação são intencionais. Qualquer similaridade que possa existir é mera coincidência.
novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699‑7107 | Fax: (11) 3699‑7323 www.novoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br
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STEVE ROGERS sabia que estava em algum tipo de espaçonave. Estava para‑ do em meio a uma enorme área aberta sob um domo transparente, através do qual podia ver um campo de estrelas. Ele ainda usava seu uniforme de Capitão América e segurava com firmeza o escudo ao lado do corpo. Mas o sentimento de familiaridade terminava ali. Um momento an‑ tes, Steve estava conduzindo um exercício de treinamento para novos re‑ crutas da S.H.I.E.L.D. em uma das instalações de admissão comandadas por Nick Fury em Long Island. Um lampejo forte o cegara e ele se enco‑ lheu, pensando que algo havia dado errado com o equipamento de treino. Então, subitamente, ele não estava mais em Long Island. Steve deu uma volta completa, observando e analisando o que havia ao seu redor. A nave era enorme, do mesmo tamanho de um aeroporta‑ ‑aviões da S.H.I.E.L.D., no mínimo. A área aberta onde Steve havia apare‑ cido era cercada por uma parafernália de monitores e consoles, e nenhum deles se parecia com nada que a atual tecnologia da S.H.I.E.L.D. ou Stark era capaz de produzir. Steve olhou para cima e através do domo mais uma vez, e viu os traços de uma enorme liberação de energia celestial se dissi‑ pando, multicolorida e avassaladora. Ele piscou com força. As estrelas acima não lhe eram familiares, e ele não via nenhum pla‑ neta próximo. Pelo que parecia, estava no meio do nada em um espaço galáctico. E não estava sozinho. Outros heróis haviam aparecido ao seu redor, e, pelas suas expressões, estavam tão confusos quanto ele. Automaticamente, Steve executou uma avaliação mental e atualizou sua estimativa de ameaças. Três integrantes do Quarteto Fantástico estavam presentes: Senhor Fantástico, Tocha Humana e Coisa. Onde estaria a Mulher Invisível? Steve fez uma nota mental para lembrar‑se de pergun‑ tar isso depois. O Homem‑Aranha olhava ao redor cautelosamente – sua figura magra e uniformizada agachada ao lado da forma enorme e alaran‑ jada de Coisa. Muitos dos companheiros Vingadores de Steve também es‑ tavam lá: Gavião Arqueiro, Mulher‑Hulk, Homem de Ferro, Thor, Vespa, Hulk e Espectro. Isso era uma boa notícia. Ele conhecia seu pessoal, e sabia que podia contar com eles.
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Dos X‑Men, ali estavam Noturno, Colossus, Lockheed (o dragão de estimação de Kitty Pryde), Wolverine, Vampira, Ciclope, Tempestade e Charles Xavier. Outra anotação foi feita no arquivo mental de Steve: Depois de avaliar o nível de ameaça, perguntar a Xavier o que ele sabia a respeito daquilo. Além de ser um telepata, Xavier geralmente tinha co‑ nhecimento das ameaças globais antes que qualquer um da S.H.I.E.L.D. tivesse a menor pista do que poderia estar acontecendo. Quando Steve terminou a volta notou alguém parado ali, destacando‑ ‑se imponentemente: Magneto, o adversário mortal dos X‑Men, também completamente uniformizado. Pela força do hábito, Steve quase atacou Magneto com o escudo, mas não era de sua natureza agredir um homem sem ser provocado. Magneto era o único inimigo ali, e ele parecia tão estupefato e confu‑ so quanto os outros. Steve não lhe deu importância e começou a procurar algum ponto dentro de seu campo de visão de onde pudesse surgir um ataque. Havia muitos meios de sair daquela sala, portanto havia muitas maneiras de os inimigos entrarem, mas ele não percebeu nenhuma amea‑ ça iminente. Nos primeiros segundos, quando todos faziam mais ou menos a mesma coisa que Steve, as perguntas começaram a surgir. – Como foi que nós…? – Onde estamos? – Ahh, entendi! – Homem‑Aranha disse, erguendo a mão. – Estamos em algum tipo de nave gigante no espaço sideral. Ele disparou uma teia, que se prendeu a uma viga no alto, e tomou impulso para alcançar o domo transparente, fixando‑se nele. Será que ele não pode simplesmente caminhar por aí, como um cara normal?, Steve pen‑ sou. Mas deveria relevar isso, já que o Homem‑Aranha era o mais jovem de todos ali, ou pelo menos é dessa maneira que ele agia, sempre insolen‑ te e exibicionista. O Senhor Fantástico – Reed Richards – parecia estar avaliando a si‑ tuação, como se fosse um quebra‑cabeça criado exclusivamente para ele. Era assim que ele encarava tudo, Steve se deu conta. As têmporas grisa‑ lhas e a abordagem pensativa, sem mencionar o vocabulário carregado de 12
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palavras que antigamente eram chamadas de “pomposas”, quase torna‑ vam Richards o estereótipo do Professor Aloprado. Com exceção, é claro, de seus poderes, que agora estava exibindo. Ele esticou a cabeça e o braço até o painel de instrumentos mais próximo e o examinou. O restante do corpo – e de seu uniforme, com o logotipo do número “4” circundado por um círculo branco – não se moveu. Pela milionésima vez, Steve se perguntou como o tecido azul do traje do Senhor Fantástico resistia a toda aquela elasticidade. Reed poderia receber uma bolada se patenteas‑ se aquilo. – Nenhuma origem identificável – ele disse. – Esses aparelhos pare‑ cem ser krees, shi’ars… Vou ter que dar uma olhada nisso logo. – Vamos reunir os cientistas – Steve disse. – Xavier? Banner? Alguma ideia de como foi que chegamos aqui? Ele estava olhando para o Hulk quando terminou de fazer a pergun‑ ta. Era difícil para Steve conciliar a mente de Banner presa em um corpo tomado pela raiva primitiva do Hulk. Em todo caso, Reed foi o primeiro a tentar responder. – Teleporte, algum tipo de fenda dimensional… difícil dizer – consi‑ derou Reed. – Isso é óbvio, Richards – retrucou Hulk. Notando a impaciência na voz de Banner, Steve olhou para o Homem de Ferro em seguida. – Tony? – Hum, não faço ideia – Homem de Ferro disse, passando o peso do corpo para a outra perna enquanto desviava o olhar. – Reed é o perito aqui. Steve ergueu uma das sobrancelhas. Não era normal Tony Stark ad‑ mitir que alguém soubesse mais do que ele sobre alguma coisa. – Vamos montar alguns grupos e começar a explorar – sugeriu ele. – Se isso é uma nave, é melhor descobrirmos como funciona. Vamos deli‑ mitar territórios para cada equipe. – Espere aí – disse Homem‑Aranha. – Nós não estávamos juntos na Terra, então por que estamos todos no mesmo lugar agora? Nós fomos escolhidos para algum tipo de jogo de “queimada” galáctico? Quero dizer, eu estava terminando de fazer um sanduíche. 13
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– Nós estávamos todos no Edifício Baxter – explicou Reed, e então olhou ao redor. – Onde está a Susan? Steve tomou nota: nem mesmo Reed sabia por que sua esposa – Sue Richards, a Mulher Invisível – não estava lá. – Típico do Reed… Só agora reparou que minha irmã não está aqui – reclamou Johnny Storm, o Tocha Humana. – Estamos todos sentindo falta de alguns membros – comentou Ciclope. – Nem todos os X‑Men estão aqui… e nem todos os Vingadores. – Pois é – disse Homem‑Aranha. – Alguns de nós não fazem parte de suas equipes sofisticadas. – Não tem nada de sofisticado nos X‑Men, cara – Wolverine disse. Ele e o resto dos mutantes também estavam uniformizados, como se estivessem prontos para uma luta. Ciclope sempre usava um visor de quartzo‑rubi para controlar seus raios ópticos, mas alguns dos ou‑ tros X‑Men podiam ser facilmente confundidos com pessoas normais. Colossus, quando não estava na forma de aço orgânico, aparentava ser apenas o garoto fazendeiro russo e grandalhão que ele era. Tempestade podia facilmente ser confundida com uma musicista ou artista alternati‑ va, com suas roupas de couro e seu cabelo moicano. Wolverine tinha toda uma pinta de andarilho, exceto quando mostrava as garras. E havia o Noturno. É muito difícil alguém não se destacar na multi‑ dão quando tem a pele azul, três dedos preênseis em cada pé, o mesmo número em cada mão, e uma cauda pontuda. E o que o dragão roxo – Lockheed – estava fazendo ali? Ele é o leal companheiro de Kitty Pryde, que não estava por perto. – Estamos aqui – Wolverine disse. – Vamos decidir. O que eu que‑ ro saber é: o que ele está fazendo aqui? – perguntou, apontando para Magneto. Steve deu um passo na direção de Wolverine, no caso de ter que im‑ pedir uma luta, e então um movimento lá fora, contra o campo de estre‑ las distantes, chamou sua atenção. – Atenção – Steve disse. – Outra nave. Às quatro horas. Xavier franziu o cenho e disse: – Sinto que há outros humanos lá… nossos inimigos. 14
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– Quem? – Steve perguntou, olhando para a outra nave que se apro‑ ximava. Ela também tinha um domo de vidro, mas Steve não conseguia identificar as figuras lá dentro. – Kang, o Conquistador. Gangue da Demolição. Homem Absorvente. Doutor Octopus. Homem Molecular. O Lagarto. Doutor Destino – Xavier ia relacionando lentamente, enquanto concentrava seus poderes telepá‑ ticos. – Talvez… mais alguns. Alguma coisa… outra mente… os está pro‑ tegendo de minha investigação psiônica. – Bem aleatório – Homem‑Aranha comentou. – Assim como nós. Só que malvados e feios. Ei, Espectro, talvez você possa fazer seu lance de velocidade da luz… quem sabe dar um pulinho lá e voltar antes que eles notem a sua presença. – Espere aí – Steve disse. – Melhor não nos apressarmos. Não vamos começar uma luta antes de entender o que está acontecendo. – E por falar em lutas – o Coisa disse. – Concordo com Wolverine. O que este traste está fazendo aqui em vez de estar com nossos camara‑ das do outro lado? – Ele apontou para Magneto, que estava afastado do restante dos heróis. O formato pedregoso de Ben Grimm se posicionou para a luta, e Steve viu que até mesmo Magneto teria problemas se en‑ frentasse o Coisa. – Eu também estou me perguntando por que fui jogado no meio de tipos como vocês – Magneto retrucou. – Pessoal, temos um problema bem maior. Literalmente – Homem‑ ‑Aranha disse. – Estão vendo? Ele apontou, e agora todos estavam perto o bastante para ver que a espaçonave lá fora não trazia apenas uma bela variedade dos seus inimi‑ gos humanos. Galactus estava entre eles, pairando sobre o resto das formas na nave. Aquela era uma nova categoria de perigo. Galactus era tão velho quanto o universo, e tão poderoso quanto um deus imaginado por qual‑ quer civilização antiga. Ele vagava pelo universo em busca de planetas que pudesse consumir, sempre procurando uma maneira de saciar sua fome incontrolável. Ninguém naquele grupo de heróis era páreo para esse tipo
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de poder. Se eles tivessem que lutar contra os ocupantes da outra nave, e Galactus ficasse do lado dos oponentes, seria uma luta muito curta. – Um problema maior – disse Ben. – Hahaha. CHARLES XAVIER Sua mente alcançou outra. Não era a de algum de seus aliados nem de algum de seus inimigos. Uma consciência ambiente, um campo de pensa‑ mento e desejo, infundindo o espaço ao redor da ciência de sua presença. Xavier nunca havia sentido nada parecido com aquilo. Arrancado de casa em Westchester e jogado em uma nave estranha no espaço sideral, mes‑ mo assim ele não sentiu medo. Em vez disso, teve a sensação do destino como uma pressão física, um peso em sua mente e alma. Os X‑Men esta‑ vam ali por uma razão. E iriam descobrir qual era na hora certa. Ele estendeu sua consciência e acessou, muito sutilmente, algumas das outras mentes ao redor. Elas também o sentiam, embora ele perce‑ besse que estavam se esforçando para compreendê‑lo. Nem todas esta‑ vam conscientes do que estava acontecendo. Xavier estava. Sentia‑se ilimitado, como se o próprio ar que respi‑ rava fosse uma mensagem dizendo: Sim. Sim. Sim. Ele estava conscien‑ te da possibilidade, de que as coisas eram possíveis ali de uma maneira que nenhum deles jamais teria sonhado que poderiam ser na Terra. Não era apenas uma sugestão hipnótica da consciência que ele havia tocado. Xavier estava em total posse de suas faculdades mentais. Era um cumprimento. Ele se deu conta de que poderia ser algo novo ali. Algo mais do que o instrutor, preso como estava à sua cadeira de rodas. Ele poderia agir. Ali as regras eram diferentes. Todas elas. Ele não tinha ideia de como seriam diferentes, ou de quem havia feito com que fossem assim, mas aquela diferença era parte e parcela do modo como sua mente vivenciava a realidade daquele lugar. Coisas que não seriam possíveis antes pareciam absolutamente possíveis ali. Aquilo que havia sido tomado dele poderia lhe ser ofere‑ cido novamente. E se não pudesse, o que ele perderia tentando? 16
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Ao seu redor, os X‑Men conversavam. Os Vingadores conversavam. Três membros do Quarteto Fantástico conversavam. Todos eles falavam sem parar, e Xavier mergulhava cada vez mais profundamente em si mes‑ mo, até alcançar um ponto no qual ele soube que tudo o que efetivamente desejasse seria alcançado. Xavier cedeu ao seu desejo mais apaixonado. Ele se levantou.
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