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APRESENTAÇÃO
Escrever sempre foi algo bastante fluido para mim. As palavras, em geral, aparecem na tela com facilidade, motivo pelo qual consegui manter, ao longo de dois anos, uma rotina de produzir artigos semanais. Os cinquenta textos iniciais foram publicados em meu primeiro livro adulto (sim, escrevi uma obra infantojuvenil, mas essa é outra história), lançado em 2021 com o título O futuro é analógico. Na obra, abordo temas relacionados aos avanços da tecnologia da informação, em especial seus impactos na sociedade em tempos pandêmicos, ressaltando a importância de que tais avanços sejam em prol do ser humano.
A publicação se encerrou com um conto, “Concurso mundial de poesia”, no qual compartilho uma ideia nascida quando das leituras de Isaac Asimov, incrementada por uma análise sobre a pandemia da COVID-19 vista do futuro e poesias de minha própria autoria. Em sua extensa contribuição literária, Asimov escreveu sobre ficção, ramo em que é um dos maiores do mundo, e ciência. Foi o criador do conceito de cérebro positrônico, precursor da inteligência artificial, bem como das conhecidas três leis da robótica, cujo objetivo é conter possíveis ameaças dos seres artificiais para a humanidade.
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Transformar os escritos semanais em uma obra única foi um processo bem divertido. As revisões me obrigaram a reler os textos e, eventualmente, fazer novas reflexões. As participações especiais, com coautores brilhantes, deram um charme adicional ao trabalho. No entanto, o mais legal foi associar citações de pessoas famosas em cada capítulo. Uma delas, inclusive, rendeu muito mais do que o esperado. Vint Cerf, um dos criadores da internet, ao ser citado e informado sobre o fato, acabou por escrever um artigo maravilhoso, uma pérola, que recomendo fortemente para quem ainda não teve a oportunidade de ler meu primeiro livro.
Em janeiro de 2022, parei minha sequência de produção semanal. Avaliei que já tinha percorrido assuntos demais e, como gosto de trazer sempre uma perspectiva nova, estava correndo o risco de ser repetitivo ou cair na mesmice. Decidi escrever apenas quando algum fato interessante ou impactante surgisse e, por alguns meses, sedimentei uma convicção de que o segundo livro não aconteceria, mesmo já tendo escrito mais de quarenta artigos inéditos.
Além de tudo, eu estava empacado com o fechamento desta eventual segunda obra. Gostei da ideia de inserir o conto ao final, mas confesso que nenhuma ideia nova me atraiu a ponto de criar outro conto nos moldes que me agradam. Então, estava definido: ficaria apenas em um livro.
O ano de 2022 foi desafiador; tive que enfrentar a crise empresarial mais grave da minha carreira – felizmente já superada –e, no plano pessoal, terminei um casamento de quase 25 anos. Os problemas, não raro, servem para nos aprimorar, nos tornar mais resilientes, mais experientes e mais fortes. Nesse contexto, foram germinadas as sementes que geraram a edição deste segundo livro. No segundo semestre de 2022, assisti a uma série chamada The Sandman, oriunda de uma adaptação de quadrinhos. Nela conheci, pela aparição no episódio final, uma deusa da mitologia grega chamada Calíope, cuja natureza é inspirar autores humanos. Os escritores normalmente nutrem com a deusa uma relação exclusiva de inspiração, embora, na série, ela tenha sido aprisionada para servir a um só mestre. O poder da deusa é tamanho que até Camões já lhe suplicara ajuda em Os Lusíadas.
Para minha sorte, conheci minha Calíope pessoal, que me despertou a ideia de finalizar o segundo livro com poesias – inspiradas não só nela, mas também em outras musas – correspondentes à fase preliminar da final do concurso narrado no conto do primeiro livro. Escrevi, inclusive, uma poesia para uma das filhas dela, tão inspiradora quanto a mãe, porém prometi a mim mesmo não a publicar.
Reeditando a mitologia, minha relação com Calíope foi estritamente de inspiração. Entretanto, ainda assim, prefiro manter seu nome em sigilo, mesmo sabendo que serei incansavelmente provocado a revelar sua identidade, por meus filhos e por várias outras pessoas.
Esta nova edição se apresenta, portanto, em formato muito similar à primeira, com cinquenta artigos que instigam reflexões sobre a interação entre tecnologia e desenvolvimento humano, e é finalizada por um conjunto de poemas.
Apresentar mais uma vez o meu lado poeta é uma realização adicional. Para mim, traz uma imensa satisfação, e meu desejo é que você, leitor, aprecie tanto quanto eu essa ousadia da minha parte.
Os momentos vividos por nós, brasileiros, nos últimos anos trouxeram muitas reflexões. As poesias ao final desta publicação são também um reforço público do meu posicionamento sobre a importância da arte em nossa sociedade.
Boa leitura!