Origem do homem: criação ou evolução?
Zuleika Sant`Ana
Origem do homem: criação ou evolução?
coleção novos talentos da literatura brasileira
S ão Pau l o 2 0 1 3
Copyright © 2013 by Zuleika Sant`Ana.
Produção Editorial Novo Século Diagramação Project Nine Capa Monalisa Morato Revisão Alessandra Angelo Fabrícia Romaniv
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Sant’Ana, Zuleika Origem do homem : criação ou evolução? / Zuleika Sant’Ana. -1. ed. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2013. -- (Coleção novos talentos da literatura brasileira) 1. Criação 2. Evolução 3. Homem - Origem 4. Religião e ciência I. Título. II. Série. 13-03300 CDD-215 Índices para catálogo sistemático: 1. Ciência e religião 215 2. Religião e ciência 215
2013 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À NOVO SÉCULO EDITORA LTDA. CEA – Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia 2190 – 11º Andar Bloco A – Conjunto 1111 CEP 06455-000 – Alphaville – SP Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323 www.novoseculo.com.br atendimento@novoseculo.com.br
Agradecimentos Primeiramente, agradeço a Deus por ter colocado em minhas mãos o material necessário para que esse livro fosse escrito. Agradeço aos que, direta e indiretamente, contri buíram para responder à questões tão intrigantes. Logicamente não consegui citar a biografia de todos, pois são referências de longas datas. Agradeço aos meus dois filhos, Luciano e Daniel Sant’Ana Oliveira, pela contribuição para a realização dos textos. Enquanto um ajudava com a programação do computador, outro corrigia e analisava-os, tornando possível sua conclusão. Agradeço-lhes por compreender a minha ausência. Agradeço também às minhas noras, Michele França Sant’Ana Oliveira e Marcia Santos Oliveira, pelo grande empenho em tornar possível a concretização de ideias que servirão de base para eliminar dúvidas e trocar informações para novas discussões a respeito do mundo espiritual e material da humanidade. Zuleika Sant’Ana
Sumário Apresentação ......................................................................9 Introdução ....................................................................15 Capítulo 1
A Busca........................................................25
Capítulo 2
O Início.......................................................29
Capítulo 3 Autoconhecimento.......................................39 Capítulo 4 Poder............................................................50 Capítulo 5
A Escolha.....................................................71
Capítulo 6
A Importância Da Conscientização..............91
Capítulo 7
Encontro Consigo Mesmo..........................105
Capítulo 8
Como Fazer a Escolha Certa.......................117
Capítulo 9
O Engano..................................................135
Capítulo 10 A Descoberta..............................................152 Capítulo 11 Desejos.......................................................175 Capítulo 12 Realizando Um Projeto Antigo...................186 Capítulo 13 Unindo o Inconsciente ao Consciente........203 Capítulo 14 Conquistando o Impossível........................221 Capítulo 15 Enfim, Livres..............................................239 Conclusão
..................................................................257
Apresentação “No Egito, as bibliotecas eram chamadas de remédio da alma, porque, com efeito, nelas tratava-se da mais perigosa das enfermidades e da origem das demais: a ignorância.” Jacques Bosseau
A intenção de escrever este livro surgiu da ideia de ajudar pessoas a obterem respostas para duas perguntas: “Quem somos?” e “Para onde vamos?”. A ignorância da origem da raça humana causou uma enfermidade na alma. Longe de Deus, eles tinham a sensação de estarem perdidos e abandonados, sem conseguir acreditar que os fatos pudessem ser mudados, escolheram acreditar em algo que não era verdadeiro, mas que lhes dava segurança. Sem respostas às suas indagações, contribuíam para que o MAL fosse praticado por seu intermédio, já que não sabiam o que queriam e não conseguiam trabalhar as etapas das realizações de seus sonhos, porque se dividiam entre o fato de merecer e ser dignos de subir patamares, ao invés de lutar para atingir sua plenitude. Diziam ao perverso que ele era justo, fazendo de tudo para se manterem pequenos, sem notar que ao cumprir as expectativas de ídolos e mitos abandonaram a si e os seus valores, para crer em crendice e superstições. 9
Mas tudo que está fora de nossa percepção parece mentira, então ao invés de equilibrar o mundo material com o espiritual, para compreender os desígnios de seus destinos, os homens escolheram meios de investigar a verdade, através das ciências. Com o aumento da civilização, o poder passou a ser resultado de heranças. Porque presos às crenças limitadoras, o ser humano temia fazer uso de seus talentos e habilidades para criar um mundo melhor, mas com essa atitude eles inventaram um sistema desumano para consigo mesmos, porque não viam necessidade de cumprir os mandamentos de Deus, mas, sim, criar religiões apenas para buscar bens materiais, suprimento alimentares, roupas etc. Inventaram um sistema desumano para consigo mesmo, passaram a criar religiões, não para aproximar-se de Deus, mas para buscar bens materiais, suprimento alimentares, roupas, calçados, então não viam necessidade de cumprir os mandamentos de Deus etc. Então colocavam homens considerados sagrados para buscar respostas previamente prontas a serem memorizadas, repetindo frases feitas, provérbios e ditados populares. Como papagaios, atraíam para si uma realidade de acordo com o seu modo de pensar, sem perceber que essa atitude piorava ainda mais suas vidas, porque passaram a submeter-se a homens manipuladores, ficando cada vez mais desprovidos de sua identidade, o “Eu individual”. Sem isso passaram a ser aferroados pelas traições e pela competitividade, porque traídos pela própria consciência se enchiam de remorsos, culpa, autopiedade; cheios de ódio por si mesmo, passaram a fazer uso da autocensura para se agredir, mas ao abandonar a si mesmos 10
passaram a depender do outro, presos em cordas sociais, conduzidos a degradação moral, social e física, porque não conseguiam ser ver como eram. No século XVIII, com o surgimento da ciência, passos através de experiências com a natureza. Fora dos fatos religiosos e filosóficos, os cientistas começaram a fazer perguntas. Pois a pergunta ajuda-nos a fechar a janela num foco. Não existe realidade sem antes sonharmos com ela. Mas com medo da verdade a ciência criou a chave de defesa mental. Essa chave servia de alarme para avisar toda vez que houvesse um julgamento da própria consciência, essa chave ajuda o homem a fugir dos ataques contra os pensamentos negativos e avisos indesejáveis. Sem perceber a armadilha no modo de pensar, a ciência ensinou o ser humano olhar apenas para o lado daquilo que eles gostavam, então passaram a dar ouvidos apenas às ideias positivas, subjugando o negativo, sem perceber que a impressão de bem-estar levava-os à perdição. Porque meia-verdade é uma mentira maior. Ao invés de enfrentar a verdade de peito aberto, os seres humanos passaram a criar uma variedade de sugestões, dados e informações que vinham de acordo com os seus interesses, aceitando simplesmente aquelas enviadas ao cérebro sem perceber que enganavam a si mesmos. Não se preocupavam em saber de onde vinham essas informações, então passaram a seguir conteúdos memorizados. Sem se preocupar em saber de onde vinham, os homens permitiam que essas ideias funcionassem como narradores de conteúdos a serem memorizados sem experiência com os fatos, foram enganados pela dicotomia da vida, então passaram a colecionar fracassos, pois viviam das experiências alheias que 11
quase nunca servem para nós. Assim como faz o criador de borboletas, querendo tirá-la do casulo antes do tempo, mata ao invés de ajudar, mas no casulo a pessoa se encontra, porque tem experiências próprias. É em seu “casulo” que o homem descobre as leis mentais. Na busca de resposta, o ser humano aprende a descobrir o que quer sem ser forçado. O que são leis mentais? São normas que não dependem da fé. Sendo ou não verdade, este modo de pensar trava a mente do indivíduo. E essa é a percepção que o indivíduo tem da verdade. Adaptados ao fracasso, os homens ouviam só o que queriam, já que a rede de alarme travava suas mentes para impedi-los de aceitar o que não queriam ouvir. Quando ouviam outra coisa, se não concordassem, recusavam-se a ouvir o restante. Sem saber o que era certo ou errado, associavam aquilo que ouviam aos conhecimentos fragmentados daquilo que já sabiam, não avançando assim no conhecimento material e espiritual. Não sabiam diferenciar a verdade da mentira e, cheios de dúvida, deixavam-se guiar pela sede dos hábitos e costumes, criando a realidade de acordo com o que escolhiam seguir. Desconhecendo a veracidade, eles mesmos escolhiam suas verdades, criando obstáculos para não serem libertos do erro. Com o surgimento da ciência, os estudos acadêmicos passaram a castrar a curiosidade espiritual e intuitiva da humanidade, então ela recusava o saber puro para buscar respostas de acordo com hipóteses. Sem equilíbrio material e espiritual, quanto mais estudo e conhecimento o indivíduo possuía, menos religioso ele era. Só aceitava aquilo que julgava ser a verdade. Por esse motivo, decidi escrever esse livro: para ajudar as pessoas a 12
compreenderem fatos que passaram despercebidos tanto pela ciência como pela religião. Após pesquisas em vários livros de histórias, parábolas, textos de vários autores, filósofos, escritores e, principalmente, na Bíblia, senti desejo em contribuir com as pessoas, ajudando-as a sair desta encruzilhada. Não se trata de um livro totalmente original, pois li muito e pesquisei vários autores para que pudesse formar minha própria opinião. Conferi uma coisa com outra para expressar de maneira original a minha ideia. Apesar de trabalhar em três períodos por dia, nas horas vagas eu colocava em prática o meu objetivo. Levei cerca de dezessete anos para finalizar este trabalho, chegando à conclusão que “ninguém educa a ninguém e ninguém se educa sozinho, mas os homens se educam juntos para transformar o mundo” (Paulo Freire). O saber surge da troca de ideias. Quando unimos um fato a outro, obtemos as respostas que nos ajudam a decifrar o quebra-cabeça da vida. Essas ideias parecem sem valor para alguns, mas, para outros, poderá ser valiosa. Muitos não leem livros até o final, mas eu os aconselho a fazê-lo desta vez, para que possam encontrar dentro de si as respostas. Todos sabem identificar a verdade quando a ouvem, mas pretendo confrontar os erros dessas duas teorias: Criação e Evolução. Criação é a palavra de Deus e a evolução é a ciência, uma contradiz a outra. Mas tanto a religião, quanto a ciência falharam em dar respostas às duas perguntas. Quem somos? Por que nascemos? A ciência falhou porque se julgava dona da verdade, negando aos homens os valores morais e espirituais. E a religião falhou porque, repleta de preconceitos, recusava-se a unir as diferenças, excluindo o desigual, não levando em 13
conta que aquele que exclui o pobre, rejeita também aquele que o criou. “O mundo tornou-se um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles que observam o mal, deixando-o acontecer.” Albert Einstein
O problema do ser humano com sua imagem fez com que ele acreditasse mais na mentira do que na verdade. “Precisamos manter-nos flexíveis no pensamento, para que as ideias preconcebidas e convicções anteriores não nos privem da oportunidade de adquirir novos e amplos conhecimentos.” Edward Bach
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Introdução “No jogo da vida, o nosso adversário é o tempo. Se perder para ele, faça o que fizer, será sempre um derrotado.” Napolleon Hill
A partir do século XVII, tornou-se comum que cientistas, filósofos e escritores procurassem explicações a respeito de diversos aspectos da sociedade, mas a ciência destina-se mais a procurar a verdade do que encontrá-la. Então ao invés de examinar a Bíblia, passaram a fazer uso da imaginação para encontrar uma solução na natureza e nos meios técnicos, tais como ferrovias, telégrafos e portos. Após várias experiências, a ciência descobriu que o sofrimento humano era causado por reflexos do nosso modo de pensar, ou seja, recebemos da vida aquilo que estamos abertos a receber. Com a descoberta das leis da física – ação e reação – a ciência percebeu que o ser humano precisava fazer sua parte, sem iniciativa eles nunca evoluiriam. Com a descoberta da lei da ação e reação a ciência percebeu a importância do trabalho na vida humana. Essa descoberta ajudou a humanidade ter consciência do seu poder. Ação devolvia a dignidade e o respeito social ao homem, mas os egoístas exploravam os mais fracos, querendo sempre mais. Porque eles precisam humilhar os fracos para se sentir poderosos. 15
A ganância levava-os a se verem como deuses, mas distanciados do Criador os homens passaram a buscar seus interesses a ferro e a fogo, então a ciência, na busca de desafiar os deuses e a natureza, explicava a origem humana por meio da teoria do Bigbang, a qual era defendida por dois cientistas: Haldane e Oparin. Essa teoria nega a existência do Criador e a criação de Adão e Eva após o surgimento da teoria de Darwin que é a teoria da evolução, a ideia da criação foi perdendo a força, mas ao mesmo tempo a humanidade começou a libertar dos homens manipuladores que faziam uso da religião para escravizar a humanidade sob o medo. Com o surgimento das teorias de Darwin, a humanidade rompeu as ataduras da manipulação religiosa, ficando livre para criar suas próprias ideias. Ela passou a crer que era descendente de macacos, teoria que vigora em nosso meio até os dias atuais. Mas a religião foi perdendo a força porque os seres humanos começaram a abandonar suas rezas e crendices, bem como as superstições, dando início a um grande avanço intelectual, sem se preocuparem em saber de onde vinham essas concepções. Os seres humanos não conseguiam individualizar-se porque eram guiados por uma energia externa que culminava em reação de acordo com as ideias de outros. Hipnotizados, não tinham condições de desligar-se de princípios subliminares. Simplesmente aceitavam as respostas prontas da ciência. O biólogo americano Steve Grebe disse para a revista Superinteressante: “A ciência é perigosa demais para ser decidida apenas por cientistas. Não só os cientistas, mas todos os cidadãos devem ajudar a decidir na tomada de decisões, ao invés de restringir a humanidade a obedecer à ética”. Segundo 16
ele, os cientistas não estavam capacitados a ensinar a respeito das energias do planeta, ou da totalidade do universo, porque nem eles mesmos sabiam quem eram. Contudo, na esperança de obter os desejos mais secretos da alma, não conseguiam estimular o cérebro a ir além das circunstâncias. Na busca de serem reconhecidos, diziam-se imparciais, expressando ideias parciais, generalizando tudo, sem perceber que a vida é dual: quente e frio, alto e baixo, branco e preto, morte e vida, verdade e mentira, bem e mal, corpo e alma, matéria e espírito, certo e errado. Logo, toda generalização é falsa. Afirmavam que todo fato sem comprovação era considerado mentira. E até hoje a ciência também não comprovou suas teorias. Sem compromisso com a vida, o indivíduo não planejava, mas cumpria papéis criados pela sociedade. Fingindo não ver a realidade e, na tentativa de fugir da pressão do casulo, criava para si uma sina. Escolhia suas verdades de acordo com uma fantasia, não de acordo com o desejo da alma, já que não era a verdade que interessava. “No esforço para entender a realidade, somos como um homem que tenta compreender o mecanismo de um relógio fechado. Ele vê o mostrador e os ponteiros, escuta o tique-taque. Mas, sem saber como abrir a caixa, imagina o mecanismo responsável pelo que ele observa e nunca estará seguro de que a sua explicação é uma única possível” Albert Einstein
Mesmo sem saber que aquela não era a única explicação possível, a humanidade, sem respeito por si mesma, escolhia ouvir as hipóteses sem comprovação da ciência. 17
“Um bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa de qualquer coisa.” Górgia de Leontini
Mas homens habilidosos tentavam provar a veracidade de suas experiências, criando um animal a partir de um único osso. Com o objetivo de fabricar aquilo que queriam, ignorando o mundo além dos sentidos físicos, consciente ou inconscientemente, os cientistas fabricaram a verdade que eles queriam, arrastando consigo a humanidade. Sem compromisso consigo mesma, a humanidade buscava respostas prontas e, sem questionar, não percebia que nem todo fóssil tem condições de reproduzir filhos, impossibilitando a comprovação de seus descendentes. Logo, essas teorias não eram confiáveis, mas essas crenças preenchiam o imaginário da humanidade com símbolos de acordo com aquilo que ela julgava ser a verdade. Enquanto os religiosos também não se opunham, por viver uma falsa realidade, sem atitudes ou planejamentos, fazendo votos de pobreza e de castidade para obter o perdão, não tinham experiências com Deus ou uma fé sem comprovação, acabavam por idolatrar os apóstolos Paulo, Pedro ou até mesmo Maria. Sem conseguirem se ver como um deles, seguiam informações e boatos externos. Manipulados pela cultura, sem metas nem alvos, não conseguiam provar o poder da fé para ajudar a humanidade a crer no Criador. Foram conduzidos à miséria e às dores da escravidão, porque todo o pensamento, longe da percepção, traz confusão e seus sinais já estavam estampados na miséria e no sofrimento humano. Sem a percepção, não enxergavam a intenção dos outros a seu respeito; e quanto mais religioso, maior era caracterizada a depravação humana. 18
Sem a consciência do EU, deixavam-se guiar pelos hábitos, repetindo palavras sem mesmo saber o que diziam, tudo isso por não terem experiências com os fatos. “A sociedade deveria pregar o regulamento na porta dos laboratórios” Steve Grebe
A humanidade não possuía uma bússola que a ajudasse na compreensão do lugar onde queria chegar. Sem entender a complexidade da vida, deixava-se guiar por um turbilhão de informações sem experiência e comprovação. Como sonâmbulos, foram enrodilhados no erro, guiados pelas emoções do sentido. Esse empobrecimento mental controlava o cérebro humano e, sob o comando de um hipnotizador, eram controlados de fora para dentro e de dentro para fora. Em transe, não conseguiam trocar as referências interiores para dar o próximo passo, voltando-se sempre ao passado em busca de segurança, guiados por todo tipo de lendas e religiões. Comparados a um ser irracional, nada faziam para mudar. Sem atualizações, foram transformando-se em expectadores passivos de sua história, acreditando que tudo era fruto do acaso e da sorte. Sem esboçar reação, foram explorados e humilhados pelos líderes que, aproveitando da ingenuidade do povo, enriqueciam às suas custas. A humanidade então, presa a uma carga cumulativa de ansiedade e medo, ficava cada vez mais distante de sua verdadeira origem, já que a ilusão dissipava a consciência. Como irracionais, os homens dobravam seus joelhos diante de outros homens, objetos e deuses que eles mesmos 19
fabricavam. Sem caminhos definidos, não analisavam as informações recebidas de fora para dentro, por não terem saúde mental suficiente para ouvir a intuição, sem que fossem influenciados por estímulos que seguiam moldes culturais. Engessados pelo modo errado de pensar, são caracterizados dois tipos de pessoas: aqueles que eram guiados do lado externo para o mundo interno e os que eram guiados do mundo interno para o externo, de acordo com seus valores. Afinal, são os nossos valores que nos diferenciam dos animais. Separados de sua natureza interior, foram transformados em coisa nenhuma, ou sem valor. Apegados cada vez mais à natureza exterior, não ouviam seu interior, deixando-se guiar pela mecânica psicológica. Sem saber como trocar as referências interiores com as exteriores, não conseguiam obter experiências com os fatos. Um exemplo: quem não conhece a tristeza não consegue discernir o que é a alegria por não ter tido experiência anterior com o lado oposto. Sem os opostos, a humanidade nunca teria consciência da vida. Sem conhecer as trevas, nunca saberia o que é a luz. Sem conhecer o mal, os homens não saberiam o que é o bem. É a diferença que nos define. Dois são os lados que nos dão a compreensão de nossas particularidades. O mundo nos conhece pelo que somos. Sem os opostos, seríamos todos iguais. As palavras por nós proferidas ajudam a definir o nosso destino. Da mesma forma que um texto e contexto expõem o ponto de vista de um filósofo, escritor ou cientista, cada indivíduo é definido por aquilo pensa. E o que pensa reflete naquilo que ele faz. Para mudar a história de fracasso da humanidade, se fazia necessária a troca das falsas referências para ajudá-la a 20
encontrar a saída. Iludidos pela sensação de bem-estar, homens foram conduzidos ao erro. Estimulados pelo mal, brincavam com a vida, julgando-se espertos. Visando manipular as forças ocultas, não tinham disposição para cavar o ouro na Terra e esperavam pelo outro. Essa negligência levava a humanidade a uma deformação moral e física. “A intuição só será dada aos que se prepararem para recebê-la através de um longo treino” Louis Pasteur
Da mesma forma, dificilmente conseguiremos atingir a perfeição sem esforços. Iludidos, os seres humanos acreditavam que os grandes homens foram previamente selecionados para buscar informações para o restante da humanidade. Essas neuroses viravam crenças inatas, com disposição na linguagem dualista. Sem perceber que as palavras têm duplo sentido, a humanidade não conseguia exercer o pensamento de forma correta por negar sua natureza espiritual para buscar respostas nos estudos acadêmicos. Esses estudos tornaram-se ineficientes para ajudar a humanidade a fim de que resolvesse seus problemas no mesmo nível em que foram criados. O “saber” puro, ou seja, aquele que existe antes da experiência, era ignorado e descartado até mesmo pelo próprio indivíduo. Logo, não utilizava da imaginação para descobrir caminhos, preferia ignorar sua consciência para ouvir as informações que nada tinham a ver com ele. Essa manipulação criava mitos e ídolos. Tudo que era considerado marginal à pedagogia escolarizada, era visto como coisa alguma ou sem valor. A humanidade então passou a sofrer 21
pressões sociais e preconceitos raciais, já que somente os sábios eram detentores do saber no mundo. Não havia disposição para arar o terreno fértil do sucesso, já que a maioria não tinha conhecimento suficiente para quebrar os paradigmas, os quais exigiam três componentes: necessidade de mudar, desejo de começar, disciplina para permanecer. “O êxito humano depende de 95% de transpiração e 5% de inspiração” Thomas Edison
Guiado por seu Ego, o indivíduo corria atrás da alegria, sem saber que tudo precisa de tempo. Na busca de resultados rápidos, dividia o mundo sempre em grupos antagônicos: os materialistas e os espiritualistas; ricos e pobres; sábios e primitivos; bons e maus etc. Longe de suas raízes, sofria carências existenciais. Preso na teia das tradições, perdia a forma individual para seguir a maioria. “A ciência é obra do espírito humano e destina-se a estudar mais do que conhecer, a procurar a verdade mais do que encontrá-la” Emile Picard
A ciência, sendo obra do espírito humano, passou a governar a humanidade. Visando exibir seus egos, os cientistas procuravam, a todo custo, manter a mesma realidade, fazendo com que a humanidade obedecesse a uma cultura ditada pelas tradições, moda, publicidade e propaganda, e, sem estilo próprio, os seres humanos submetiam-se à cultura, sendo assolados e convencidos de serem miseráveis, pobres coitados, 22
infelizes, idiotas, animais etc. Essas informações traziam consigo a raiz da amargura, fazendo brotar enfermidades na alma. Assolados, foram orientados pelo modelo social e, ignorando seu papel espiritual e material na sociedade, conformavam-se com a mediocridade, perdendo assim a identidade, desprezando sua própria angústia. Reprimiam seus sonhos para seguir as informações que os esmagavam, escravizando-os, levando-os a um estado de impotência que os obrigava a perder a consciência daquilo que eram. Por não saberem o que era o fracasso (uma opção), ajoelhavam-se aos pés dos ídolos. O maior desafio do ser humano é o de tornar o conhecimento acessível, primeiro para si mesmo, depois para o outro. Entretanto, sem achar saídas, eram reincidentes em seus erros, fazendo com que o mal se tornasse necessário para ajudá-los a encontrar seu caminho de volta. A dor obriga o indivíduo a procurar por si mesmo. A humanidade sabotava sua felicidade, pois as pessoas, malogradas por aquilo que acreditavam ser, não sabiam que antes de serem reconhecidas pelo “outro”, precisavam primeiro serem reconhecidas por si mesmas. Mas era necessário conhecimento, disciplina, desejo e esforço. Afinal, quem deseja as coisas fáceis e rápidas será malogrado, porque não suporta ficar no mesmo local até conseguir entender as causas do fracasso. Então, o indivíduo precisa dotar-se de convicção para quebrar as cadeias e romper barreiras. Contudo, sem entender esses assuntos, a humanidade foi se degenerando, porque seguia o senso comum. Como disse Galileu: “Não se pode ensinar a um homem, mas pode-se ajudá-lo a encontrar-se dentro de si”. O esvaziamento do Eu Divino não deixava o homem aproximar-se da perfeição para obter o conhecimento 23
em todas as áreas: financeira, sentimental, social, profissional e, principalmente, espiritual; então a humanidade precisava adquirir conhecimento para evoluir em todas as áreas. Sem conhecer o labirinto das causas, a humanidade foi ficando presa a modelos copiados desde Adão e Eva, porque nossas verdades mexem com nossos valores. Então, acomodada à mentira, as pessoas não esforçavam-se para unir percepção ao modo de pensar para sair da hipnose da repetição, porque a imagem que possuíam de si não era boa, então falavam mal de si mesmo, como se falassem de outras pessoas. Sem saber controlar a mente, os indivíduos carregavam no subconsciente a pesada carga da condenação de seus erros, aceitando a ideia de merecer o sofrimento, o castigo e a punição; dificultavam a mudança do quadro da sua história, porque, cheios de dúvida, atraíam para si o que acreditavam; desmagnetizados, tornavam-se depressivos, amargurados, murmuradores, insatisfeitos, violentos e suicidas, porque tinham medo de articular diferentes modos de pensar para aceitar os dois lados da mesma moeda, material e espiritual. Sem conhecer os inimigos invisíveis, não sabiam se proteger. Porque é o conhecimento que muda o conhecido, dando-nos coragem de olhar para dentro de nós, para aceitar nossa divindade.
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