Proibida - The Black Door

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Velvet

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S達o Paulo 2013

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The Black Door Text copyright@2007 by Velvet Publish by arrangement with St. Martin´s Press, LLC. Copyright@2013 by Novo Século All rights reserved Coordenadora Editorial Carolina Ferraz Diagramação Claudio Braghini Junior Capa Monalisa Morato Tradução Débora Isidoro Revisão Equipe Novo Século Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Velvet Proibida / Velvet ; [tradução Débora Isidoro]. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2013. Título original: The black door. 1. Ficção erótica 2. Ficção norte-americana I. Título.

13-01217 CDD-813 Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura norte-americana 813.5

2013 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À NOVO SÉCULO EDITORA LTDA. CEA – Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia 2190 – 11º Andar Bloco A – Conjunto 1111 CEP 06455-000 – Alphaville – SP Tel. (11) 2321-5080 – Fax (11) 2321-5099 www.novoseculo.com.br atendimento@novoseculo.com.br

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Proibida é dedicado à minha agente, Sara Camilli, que teve a visão antes de ela ganhar foco! Muito obrigada por seu amor e pelo apoio. Você é a melhor!

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer às seguintes pessoas que me ajudaram a transformar Proibida em uma realidade: Minha família de St. Martin, Matthew Shear, John Murphy, minha editora Monique Patterson, uma das melhores no ramo, e Emily Drum (seu braço direito!), Anne Marie Tallberg e Christina Ripo. Denise Milloy e Bill Boyd, obrigada pela maravilhosa fotografia! Billy do Plush Chicago, obrigada por me deixar usar sua boate tão legal para a sessão de fotos. Saunté Lowe, obrigada pela ponte com as celebridades. Amy Olsen, obrigada por sua amizade! E aos seguintes modelos (sem nomes completos por razões óbvias) que deram tempero à trama: Kevin M., Paul M., Lou M., Andrew M.S., Jack M., Michael N., Michael F., A. Mense, J. Sasson, C.E.W., H.K.W., David H., F. Collier, Bill C., T. Crown, Frank M., I. Allen, A. Phillip, Phillip W., Steve A., W.S. e Daryn M. (só para citar alguns!). E finalmente aos leitores, obrigada pelo apoio, e espero que gostem de ler Proibida tanto quanto eu gostei de escrevê-lo! Velvet

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Prólogo

– Cento e cinquenta e seis com Riverside Drive – ela disse ao motorista, depois se recostou no assento da limusine preta e fechou os olhos, antevendo a noite excitante. Estava a caminho da Black Door, uma boate muito discreta. Não era um clube noturno só para associados; a Black Door era um playground ultraexclusivo para adultos, dedicado a atender unicamente às necessidades carnais de mulheres. Ela sentia os hormônios começando a fluir só por pensar nas possibilidades que a esperavam. Em poucos minutos, o carro parou diante de um edifício sem identificação com uma porta preta e brilhante de três metros de altura. Ela saiu do automóvel e se equilibrou sobre o salto agulha vermelho de quinze centímetros de altura. Enquanto caminhava para a entrada, a brisa da noite atravessava a seda pura do vestido que ela usava sob uma capa preta que a cobria até o tornozelo. Cautelosa, bateu na porta. Alguns segundos depois um bonitão mascarado de 1,80m de altura abriu a porta para a decadência e pediu a senha. – Molhada e pronta – ela cochichou com voz suave e sedutora, falando através da meia máscara. O porteiro se afastou para o lado, e ela examinou seu pacote volumoso, envolto apenas por um apertado fio dental de couro preto. No saguão, ela removeu a capa. A temperatura ambiente era baixa, e já podia sentir os mamilos enrijecerem. Quando olhou para baixo, ela viu o contorno das grandes auréolas redondas sob a seda pura. O porteiro umedeceu os lábios com a língua ao ver seus seios salientes, depois se colocou 9

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atrás dela e ajustou sua máscara de couro vermelho. Estavam tão próximos que ela sentia o membro ereto pressionando suas costas. Um gemido de prazer escapou de sua garganta, e, instintivamente, ela encurvou o corpo para aumentar a pressão. Os dois começaram a se mover, movimentos de fricção leves e sedutores bem ali, no meio do saguão. Ele a enlaçou com uma das mãos e massageou um seio farto, enquanto a outra se esgueirava por baixo do vestido e encontrava a área do prazer. – Ohh... – ela gemeu, sentindo o dedo penetrar sua umidade. A agressividade a pegou de surpresa e ela ficou tensa por um instante, mas recuperou-se depressa e se entregou à sedução daquele toque. Quando ela estava perto do orgasmo, o porteiro parou de repente e disse: – Agora está pronta para a Black Door. Ela ouvia as pessoas se divertindo na parte mais interna da boate e caminhou para a porta decorada e fechada. Cada passo fazia seu coração bater mais depressa...

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Ariel sentou-se à mesa oval da sala de reuniões e, junto com os colegas, ouviu sem muito interesse o relatório do administrador sobre o faturamento semanal. Ariel Renée Vaughn era uma das três mulheres associadas à Yates Gilcrest, uma das líderes entre as firmas de advocacia de Nova York, com escritórios em cada grande cidade do mundo. O discurso de Bob sobre aumentar os lucros da firma não se aplicava a Ariel, que tinha dois dos maiores clientes da lista de faturamento em seu rol, por isso ela cruzou as longas pernas e olhou pra a janela panorâmica. Do vigésimo andar era possível ver com facilidade a copa das árvores no Central Park. Com o outono no auge de sua glória, a robusta mistura de ferrugem, rubi e citrino das folhas decorava o céu como a paleta de um pintor. A mente de Ariel se entregou a um devaneio. Havia percorrido um longo caminho desde aquela menina que vivia em uma casa apertada com outras cinco crianças órfãs, todas abrigadas em um lar temporário. A mãe a entregara para adoção depois do parto, mas ela nunca fora adotada. Ariel havia passado a infância mudando de casa em casa, sempre em lares temporários, até ir parar na casa da sra. Grant, uma viúva de coração generoso que a incentivara a estudar muito e obter boas notas, porque assim seria aceita em uma boa faculdade e conseguiria um bom emprego. E Ariel havia feito exatamente isso. Com média alta em todas as matérias e resultados fabulosos nas provas de admissão, ela havia conseguido uma bolsa de estudos de quatro anos na Columbia University e estudara direito. Meses antes da formatura na escola de direito da Columbia ela havia sido recrutada pela Yates Gilcrest 11

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como associada júnior e trabalhara com diligência ao longo dos anos, galgando lentamente os degraus. Depois de dez anos de trabalho duro, Ariel finalmente se tornara associada de fato. Com um gordo salário de seis dígitos, um luxuoso apartamento de dois dormitórios na parte mais exclusiva da cidade e um dos juízes mais poderosos da cidade como amante, Ariel deveria estar no topo do mundo, mas ultimamente se sentia inquieta. Faltava alguma coisa, e ela não conseguia decidir o que era. – E para encerrar – Bob olhou em volta, notando as expressões entediadas dos que o ouviam, percebendo a impaciência com que esperavam pelo fim da reunião –, não vamos esquecer o evento beneficente anual dos Lancaster na sexta-feira. Os Lancaster eram uma das famílias mais ricas da cidade, com uma fortuna avaliada em 1 bilhão de dólares, e eram também o pão e a manteiga da firma. Todos os anos a matriarca da família organizava um baile de gala no famoso Waldorf-Astoria em benefício do Boys & Girls Clubs of America. Comparecer ao jantar de gala era uma obrigação para todos os associados e suas caras metades. – Dito isso, a reunião está oficialmente encerrada. Ariel recolheu suas anotações e as enfiou em uma pasta grossa de couro preto. Ao se levantar, ela ajeitou a saia justa que havia subido um pouco no quadril. Seu corpo era exuberante, o traseiro era redondo e perfeito, os seios eram fartos, e as pernas eram torneadas e perfeitas como as de Tina Turner. Como trabalhava em uma companhia antiquada com austeros e grisalhos republicanos no comando, Ariel escondia as curvas embaixo de jaquetas de corte perfeito, camisas discretas e suéteres largos que direcionavam a atenção para seu cérebro, não para o corpo. Rápida, ela abotoou a jaqueta do tailleur para esconder a saia justa demais e seguiu pelo corredor até seu escritório. – Sra. Vaughn, aqui estão seus recados – disse a secretária de Ariel, entregando a ela um maço de pequenos papéis cor de rosa. – Obrigada, JoAnne – Ariel respondeu pegando os recados. 12

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Depois de entrar em sua sala e fechar a porta, ela parou atrás da mesa masculina de mogno e deu uma olhada rápida nas mensagens. Uma delas era de seu corretor falando sobre uma casa de praia à venda nos Hamptons por um preço excelente; outra era de sua mãe adotiva, a sra. Grant, com quem ela ainda mantinha um relacionamento próximo; dois recados eram da melhor amiga, Meri; e um deles era do Juiz Hendricks. Ariel e Preston Hendricks estavam juntos há anos, e, embora mantivessem um relacionamento sério e comprometido, os lençóis haviam esfriado há um bom tempo. Ele era como um sapato velho – confortável, nunca apertava os dedos. Além do mais, formavam o casal perfeito para as fotos. Ambos tinham segurança financeira e respeito na comunidade legal, e era só uma questão de tempo até o Juiz Hendricks tentar a sorte na carreira política. Ariel estaria bem ao lado dele no caminho até Washington. Ela pegou o telefone e ligou para a casa da mãe adotiva. – Oi, mãe – disse. – Como vai minha filha favorita? – a mulher perguntou repetindo o cumprimento habitual. – Tudo bem. Recebeu o cheque que eu mandei? Para desânimo da mãe adotiva, Ariel mandava um cheque mensal que não só cobria as despesas da casa, mas era suficiente para comprar tudo que ela quisesse. – Quantas vezes tenho que dizer para parar de me mandar dinheiro? – ela protestou. – O que recebo do estado para cuidar dessas crianças é mais do que suficiente. – Não quero ofender você, mãe, mas está ficando velha demais para trocar fraldas e correr atrás de todas essas crianças. – Bem, se me der netos, não vou precisar das crianças que abrigo para ter companhia. Ariel revirou os olhos. Como havia completado trinta anos alguns anos antes, a sra. Grant a pressionava para se casar com Preston e ter uma família. 13

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– Mãe, não tenho tempo para bebês, eu... – Bem, espero que tenha tempo para o Juiz Hendricks – ela a interrompeu. – Aquele homem vai ser importante. Vi a foto dele ontem no jornal, estava em algum tipo de evento para angariar fundos. É um homem bonito. De certa forma, ele lembra o sr. Grant quando tinha essa idade. – O marido da sra. Grant havia morrido há muitos anos vítima de um infarto, e ela nunca mais se casara. – Você precisa parar de trabalhar tanto, devia dar mais atenção àquele homem. Homens como ele não aparecem todos os dias, sabe? Ariel ouvira esse comentário mais de uma vez e estava ficando cansada da pressão. – Sim, eu sei – respondeu simplesmente. A sra. Grant ouviu a nota aborrecida na resposta. – Escute, meu bem, não quero ser chata. Só não quero que você acabe velha e sozinha como eu. Ouça quando eu digo que viver sem um homem não é uma festa. – Não se preocupe, mãe. Não vou deixar Preston escapar. Prometo. – Ela sorriu para o telefone, tentando consolar a velha mulher. – O Juiz Hendricks está na linha um – JoAnne informou pelo interfone. – Falando nele, preciso atender, mãe. – Vá de uma vez, meu bem, não deixe esse homem esperando. Conversamos mais tarde. O tom de barítono de Preston soou do outro lado da linha. – Bom dia, srta. Vaughn. – Juiz – ela respondeu. O cumprimento fazia parte da rotina e era um lembrete de como se conheceram. Ariel trabalhava como assistente para um dos juízes mais importantes do Estado de Nova York, e de vez em quando via um cavalheiro de aparência distinta passando pelos corredores do tribunal com sua toga preta aberta, flutuando ao vento. Ela soube que seu nome era Preston Hendricks e que era juiz recém-nomeado. Apesar de ele ser mais velho, 14

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Ariel se sentira atraída por sua firmeza e costumava ir se sentar no fundo da sala para ouvir os julgamentos que ele presidia. De sua posição à frente da corte, era difícil para Preston não notar a jovem atraente com seios provocantes e olhar atento, penetrante. Divorciado, pai de um filho crescido, estava mais do que pronto para retomar sua estagnada vida amorosa, e aquela jovem se encaixava perfeitamente em sua intenção. Em um encontro casual no elevador, ele se apresentou como Juiz Hendricks. E desde aquele dia, eles se cumprimentaram formalmente até começarem a sair, três semanas mais tarde. Embora fosse quinze anos mais velho que ela, Preston era um tigre na cama, apresentando à amante posições até então desconhecidas. Jovem, ela só estivera com rapazes inexperientes, e a experiência com um homem mais maduro era excitante. O apetite do juiz por ela era insaciável. Ele mergulhava entre suas coxas grossas e chupava seu clitóris até fazer seu corpo estremecer passando de um orgasmo ao outro. Depois penetrava sua vagina molhada e escorregadia com o membro duro e grosso e mexia até levá-los a outra dimensão de êxtase. No início do relacionamento o sexo era diário, frequentemente três vezes por dia – de manhã, na hora do almoço e à noite. A esposa do juiz sempre havia sido pequena e magra, quase sem carnes para apertar. Por isso ele simplesmente amava o corpo exuberante e cheio de curvas de Ariel, especialmente os seios redondos e fartos. Não era incomum que a chamasse à sua sala, trancasse a porta e a fizesse tirar o sutiã sob o suéter justo. O contorno dos mamilos grandes e duros sob o tecido o deixava absolutamente louco. Sentado em sua cadeira, lambendo os lábios, ele se masturbava até estar a um passo do orgasmo. Era como ter um espetáculo pornô privado. Depois a puxava para perto e levantava seu suéter. Ariel tinha uma rosa vermelha tatuada no seio esquerdo; a flor parecia tão verdadeira que ele se sentia sempre impelido a tocá-la antes de sugar e morder os mamilos, e depois a debruçava sobre a mesa, abria suas pernas e a penetrava por trás. Porém, com o passar dos anos, o foco de Preston se transferiu dos desejos sexuais para os objetivos políticos, e agora faziam amor uma vez por mês, quando muito. 15

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– Como está seu dia? – ele perguntou. – Indo. Acabei de sair de uma reunião chata, e Bob nos lembrou sobre o evento beneficente dos Lancaster na sexta-feira. Lembra? Pedi para você marcar na sua agenda no mês passado. – Sim, eu lembro. Mas não vou poder ir. Ela suspirou alto. – Como assim? Todos os sócios estarão lá com suas caras-metades, sem mencionar o clã Lancaster. E me recuso a comparecer sem um acompanhante – ela se irritou. Recentemente, Preston a estava cozinhando em banho-maria, e não gostava nada disso, especialmente porque tentava entender e apoiar sua carreira. – Sinto muito, mas vou ter que ir a Washington para um jantar com o senador Oglesby. Sei que prometi que iria com você, mas o gabinete do senador telefonou há uma hora, e, quando o senador Oglesby chama, você vai sem fazer perguntas – ele explicou. Ariel sabia que as aspirações políticas de Preston eram prioritárias, e que afiliar-se ao partido correto poderia levá-lo à Suprema Corte, mas, ainda assim, não gostava de ser preterida no último minuto. – Eu entendo – ela disse com uma nota de tristeza na voz. – Ei, não fique triste. Tenho certeza de que vai se divertir muito sem mim ao seu lado. Escute, amor, preciso voltar à corte – ele disse, apressando o fim da ligação. Ariel ficou sentada, segurando o fone. Não esperava que Preston deixasse de comparecer ao evento beneficente e queria tentar convencê-lo a adiar o jantar para o dia seguinte, mas nem teve chance. Agora estava sem companhia e sem alternativas. Ela decidiu ligar para Meri; talvez a amiga tivesse um amigo ou conhecido, um homem sobrando e que pudesse emprestar para acompanhá-la ao evento. Meri Renick era uma viúva do golfe, embora não fosse a esposa típica cujo marido jogava em tempo livre, deixando-a sozinha enquanto passava horas com os amigos. Não, Meri era uma viúva de fato, seu marido havia morrido no nono buraco. Sofreu um infarto fulminante no campo 16

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de golfe, deixando para ela sua vasta fortuna. Sem filhos para sustentar, Meri gastava centenas de milhares de dólares aprimorando seus dotes, até recuperar o rosto dos trinta anos de idade e um corpo adequado às feições. Na maioria das noites, podia ser vista em um restaurante elegante jantando com um ou dois bonitões, ou caminhando pela Madison Avenue com um acompanhante de cada lado. Ela não justificava os homens mais jovens que aqueciam sua cama à noite e até mesmo durante o dia. – Queriiida – Meri ronronou ao telefone. – Estava pensando em você. – E no que estava pensando? – Que não nos falamos há algum tempo e que já era hora de contarmos as novidades durante um almoço com aperitivos. – Normalmente elas faziam uma sessão mensal, pelo menos, de conversa de mulheres na cobertura de Meri. Ariel conhecia Meri há dez anos. Elas se conheceram quando Ariel a representara no processo de divórcio do primeiro marido. Inicialmente, Meri não confiara muito na arrojada e jovem advogada de seios fatais e corpo destruidor, mas Ariel fora bem recomendada, e depois de ela ter negociado um acordo muito vantajoso para Meri, as duas se tornaram amigas rapidamente. – Acho ótimo. – Ariel abriu a agenda. – O que acha de terça-feira? Meri hesitou por um momento. – Hum, vamos ver... Não, na próxima terça não. Vou jantar com Paul e quero comer sobremesa. – E quem é Paul? – Ariel não ouvira esse nome antes. – Um dos homens mais deliciosos que já experimentei. E é dono do maior pinto que já vi. Deve ter uns trinta centímetros, pelo menos, e é grosso como um rolo de moedas de meio dólar. Quase morri engasgada na primeira vez que caí de boca – ela contou sem pudor, como se falar sobre sexo fosse a coisa mais natural do mundo. Ariel se espantava com a liberdade com que Meri divulgava detalhes de suas experiências sexuais. Com quase cinquenta anos, ela fazia mais sexo que muitas mulheres de vinte. 17

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– Falando em homens, preciso de um para... – Não me diga que você e o bom juiz finalmente puseram o ponto final na história. Há anos eu venho dizendo que ele é velho demais para você. Acredite em mim. Precisa de um garanhão jovem para fazer seu mundo tremer todos os dias. – Meri era defensora do sexo. Acreditava que transar regularmente mantinha a mente e o corpo jovens. – Meu mundo está muito bem, obrigada, mas preciso de um acompanhante para o evento beneficente dos Lancaster. Preston vai estar fora da cidade, e não quero ir sozinha. Você sabe como aquela gente pode ser pretensiosa. Todos estarão acompanhados, e não quero ser a esquisita sozinha – ela explicou. – Bem, minha querida, você procurou a pessoa certa. Tenho a solução perfeita! – ela disse com um gritinho eufórico. – Você precisa usar meu serviço de acompanhantes; eles têm alguns dos melhores e mais brilhantes homens da cidade, sem mencionar que também são os mais bonitos. – Serviço de acompanhantes? – Ariel perguntou chocada. Sabia que Meri vivia no limite, mas não esperava que estivesse envolvida com um sórdido serviço de acompanhantes. – Por que o espanto? É extremamente elegante, totalmente chique e legal. Uso o tempo todo – ela confessou. Ariel apoiou os cotovelos sobre a mesa e ouviu com atenção. – Então, me conte exatamente como isso funciona. – Ouvira apenas boatos sobre esse tipo de serviço e estava curiosa para descobrir como operavam de verdade. – Bem, minha querida, é muito simples. Você liga para o número privado, diz a que tipo de evento vai e de que tipo de homem precisa para completar sua noite. Dá as informações do seu cartão de crédito e o endereço onde devem ir buscá-la – ela explicou, recitando os detalhes como se fossem os ingredientes de um bolo. – Meri, você fala de um jeito muito casual, como se eu fosse comprar um par de sapatos novos ou uma bolsa. 18

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– De certa forma, você vai mesmo comprar outro acessório. A única diferença é que o acessório vem com benefícios adicionais! – ela riu. – Quando falou sobre classe e elegância, pensei que sexo não fizesse parte do negócio. Quero só uma companhia, não um garanhão para acasalamento – Ariel declarou, deixando claro que não queria se envolver em um caso sórdido. – Esse serviço é estritamente platônico, mas, se precisar de manutenção, também tenho a conexão certa para isso – Meri contou maliciosa. Ariel não queria admitir, mas a verdade era que precisava de uma revisão caprichada. Devia ser por isso que andava tão irritada ultimamente. A última vez que ela e Preston fizeram sexo havia sido... nada. Ele rolara para cima dela no meio da noite, introduzira o pênis, fizera alguns movimentos sem entusiasmo, depois voltara ao seu lugar na cama e dormira de novo. Sentia falta da paixão que um dia haviam compartilhado, mas sabia que Preston estava preocupado. Além do mais, sexo não era tudo, ela repetia para si mesma. – Tem certeza de que é um serviço confiável? – perguntou cética. – Lembra-se do homem com quem eu estava na Bienal do Whitney? – Está falando do sósia de Richard Gere no terno Armani? – Esse mesmo. Bem, ele não era um magnata da indústria naval da Nova Zelândia, como falei. Era um acompanhante pago – revelou orgulhosa. – De jeito nenhum! – Ariel estava perplexa. O homem que havia conhecido no Whitney Museum era elegante, articulado, um perfeito cavalheiro. Se ele era a definição de um garoto de programa, então se dava por vencida, sem mais perguntas. – Tudo bem, qual é o número? – ela perguntou, pegando uma caneta e um pedaço de papel. Meri sabia o número do telefone de cor. – Acredite em mim, você não vai ser a única mulher na sala com um acompanhante de aluguel. Na verdade, vou levar um dos meus antigos. E como sempre, vou criar uma persona impressionante para ele, e ninguém vai perceber nada. Sugiro que faça o mesmo. 19

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Ariel se sentia um pouco desconfortável e começou a questionar sua decisão. – Meri, tem certeza de que isso é totalmente seguro? E se alguém perguntar por que estou lá com outro homem, em vez de Preston? – Sim, é totalmente seguro. E se alguém perguntar sobre Preston, diga apenas que ele está fora, viajando a negócios; isso é verdade, mas você pode acrescentar uma mentirinha branca e dizer que seu acompanhante é um velho amigo da família. A expressão “amigo de família” sempre soa mais apropriada, ou platônica, devo dizer, do que um velho amigo de escola. Confie em mim, querida, você não tem motivo para se preocupar. Escute, tenho que correr, meu encontro para o almoço chegou, mas encontro você depois do evento beneficente – ela disse, e desligou o telefone. Ela se sentiu mais à vontade com a confiança de Meri. Acostumando-se com a decisão de usar o serviço de acompanhantes, Ariel decidiu apresentar-se com o nome do meio para garantir algum anonimato. Ela criou uma história plausível para seu “encontro”, e também uma lista de atributos: inteligente, versado, atraente, bem vestido e, acima de tudo, discreto. Ariel sublinhou a palavra discreto duas vezes, porque a última coisa de que precisava era Preston ou os sócios descobrindo que estava usando um garoto de programa como acompanhante para aquela noite.

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